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DO JORNAL DE SINTRA
1934-2009
2009
MEMÓRIAS POÉTICAS
DO JORNAL DE SINTRA
1934-2009
Introdução 7
Festeja o Seu Primeiro Aniversário 9
No Segundo Aniversário 11
Avante 13
Por Motivo do Nosso Aniversário 15
Da Vila Velha 17
A Serra 19
Saudação ao Jornal de Sintra 21
A António Medina Júnior 23
No Aniversário do Jornal de Sintra 25
Espinhos 27
Sonho e Companhia 29
No Aniversário do «Times Saloio» 31
Ode a Sintra 35
Poema ao Jornal de Sintra 37
Vir a Sintra 39
Um Soneto 41
Salvé Jornal de Sintra 43
As Veredas do Silêncio 45
Abraço Amigo 47
Ao «Jornal de Sintra» 49
Recordando um Homem Bom 51
Coisas que Acontecem 53
Versos dedicados ao Jornal de Sintra 55
Poetas Populares «Jornal de Sintra» 57
No 54.º Aniversário do Jornal de Sintra 59
Notas Biográficas 61
Introdução
7 de Janeiro de 1935
Caríssimo Medina
Parabens!
Parabens mui sinceros cá do ZÉ!
O trabalho que tens
tido, a bôa vontade, a grande fé,
obrigam-me a escrevêr as pobres linhas
que seguem e que são todas ditadas
pelo meu coração.
Não adivinhas
minha grande alegria, ao vêr coroadas
de um êxito completo
tuas aspirações. O teu Jornal,
«o mais novinho neto
do teu pai», como tu habitual-
mente (vai mesmo assim que é p'ra rimar)
lhe chamas, está fazendo um vistão.
O peor é dar «chá» até fartar
a certas creaturas, sem razão.
Mas, para isso, há desculpa, caro Medina:
A «Catedral do Bem»
─ redacção e oficina ─
nunca teve nem tem
no seu seio redactores abrutados
na forma de escrevêr,
a não ser eu que sou os teus pecados
por ter um grande geito p'ra «morder».
Mas é justificada, bom António,
a escrita mordaz que eu adoto,
pois vejo nesta terra do demónio
─ o que em qualquer aldeia reles noto ─
um despreso, um desleixo de tal sorte
que, quem fôr visitar
o nosso Portugal do sul ao norte
vê que o primeiro lugar
em desleixo e também em porcaria
à nossa «Bela» Sintra, sem favôr,
pertence. Ah! Mas um dia…
Deixemos coisas tristes.
Directôr :
Falar de tal assunto faz quisília.
Resolvo terminar:
Apresenta à Sr.ª D. Emília
─ o teu «Anjo do Lar» ─
e a essa tua prole preclaríssima
─ os teus «Herdeiros certos
da fortuna incertíssima» ─
meus protestos de estima mais abertos.
E para ti, «Humílimo tipógrafo,»
trabalhadôr honesto, homem de fé,
envio-te este pobre e fraco autógrafo
e um abraço sincero do teu
ZÉ
P.S.
Se, em comemoração do dia de hoje,
Ofereceres patuscada e àgua-pé,
envia um convite, pois não foge
a essas «coisas», o teu velho
ZÉ
JORNAL DE SINTRA
Nº 103 - 12.1.1936
ÀVANTE!
FERNANDO FERREIRA
7.1.1936
JORNAL DE SINTRA
n.º 103 12-1-1936
POR MOTIVO DO NOSSO ANIVERSÁRIO
Medina:
Saúde e… milho
A ti desejo e aos teus,
A mulher, eu e o filho
Vamos bem, graças a Deus.
Parabéns e obrigado
P´la recepção carinhosa
Que fizeste ao dedicado
Teu velho RAMIRO ROSA
JORNAL DE SINTRA - 1.3.1936
DA VILA VELHA
Medina:
Pedes-me para escrever
Trez quadras. Mas tu abusas.
Tenho muito que fazer
E estão em férias as musas.
Jornal de Sintra
9.1.1944
A SERRA
Ao grande amigo de Sintra, sr. António
Medina Júnior, e em homenagem ao «Jor-
nal de Sintra» pelo seu XIII aniversário.
JOSÉ SALVADOR
Corresp. do «Jornal de Sintra»
JORNAL DE SINTRA
N.º 618 7.1.1945
Saudação ao “JORNAL DE SINTRA”
SINGRANDO…
JOSÉ MANGENS
No Aniversário do «Jornal de Sintra»
Ao meu amigo Medina Júnior
Mafra, 1962
JOSÉ MANGENS
CABRAL ADÃO
Vieram anos
as horas mudaram
relógios apressados
escrevem ritmos
contam verdades
na mentira das horas
que roubam minutos
E levam o passado
para longe
Para longe...
O Além…
oh, é aqui, presente
no espírito vosso e nosso
de toda a gente
onde as palavras chegaram
vieram os anos
hoje é outra era
Tavarede
Figueira
Onde há memórias repetidas
Sintra
horas vividas em doce estar
com pensamentos na distância
de berço em ondas suaves
onde lençóis de espuma
sabem beijar
Hoje, aqui…
Sintra é a serra
é ainda o mar
da minha terra
é Éden
onde vida cresceu.
Sim,
eu que nasci em Tavarede
que cantei
que sorri
canto
sorri como sempre
nesta certeza
de estar contente
no meu espaço de vida
entregando-me
Lede meus amigos!
Chamam-vos as palavras
de minha boca
e a coragem
oh, aí a tendes também
não a vendo
multiplico-a em cada tiragem
e ofereço-a
no desejo ímpar de bem servir
sem outra cobrança
que os sons da paz
Hoje
na plenitude da minha tarefa
onde «limonete»
enfeita meus sonhos
onde “viagens” do “ vapor”
são cantigas de menino
as realidades são trigo
as dores são joio
aqui, Sintra
adoptiva terra
glória em medalha esculpida
eis o «Times Saloio»
meu destino
minha vida .
Coimbra
FRANCISCO DE BRITO
Sintra!
Teus montes são muralhas verdes
De histórica nobreza - sentinelas heróicas!
Irmãos do mar em cimo encastelados,
Nas tuas casas de pedras construídas,
As paredes guardam, em séculos dormidos,
Silenciosos murmúrios de vento e brisas leves.
Em tuas ruas, estreitas como abraços,
De amantes em hora da partida,
Passeiam em sonhos, hinos e mensagens,
Teus heróis, em memórias festejados.
Sintra!
Sintra!
MOACIR ANDRADE
JORNAL DE SINTRA, n.º 2282 - 5/5/1978
POEMA
ao «Jornal de Sintra»
Tu és pequeno…
mas vives,
e subsiste
e alongas-te.
Tu não és só Sintra.
Tu vais ao norte,
Tu vais ao sul,
Tu vais ao estrangeiro.
Cada letra tua
é algo da nossa terra.
Algo que amamos
e por que lutamos.
Tu és pequeno,
muito pequeno mesmo;
Mas és tu próprio
e por isso vives
e viverás.
Todos assim o queremos!
Tu és o «Jornal de Sintra».
AVELINO COUTO
Vir a Sintra
é sempre receber um convite da Natureza!
Vir a Sintra
é sempre belo,
seja em que ocasião isso acontecer!
Vir a Sintra
é receber uma dádiva
em tudo quanto Sintra desafia!
Vir a Sintra
é um convite à Poesia!
JOSÉ CASTELO
JORNAL DE SINTRA - 7.1.1979
SALVÉ «Jornal de Sintra»
servindo às gerações
de Sintra, bela e altaneira,
do turismo - capital.
Foi em 7 de Janeiro
- quarenta e seis anos, lá vão…
que o número primeiro
MÁRIO MOTA
Lisboa, 7-1-981
AO «JORNAL DE SINTRA»
O Jornal de Sintra
Faz sempre que eu sinta
Uma grande saudade
Do seu Director
Que fez o favor
De ser meu compadre.
«Jornal de Sintra»
É um grande lutador,
Que luta com toda a malta,
Sem nunca virar a cara,
Tantos anos a lutar
E sem nunca fraquejar
Isso é coisa muito rara…
FERNANDO COSTA
Raízes de Taverede
e dos jornais da Figueira
lá vão elas até Sintra
e vão de Sintra, sei lá,
até onde ia a palavra
quente, afável, sempre amiga,
do amigo, agora ausente,
António Medina Júnior,
eu vos sinto, eu vos saúdo,
No Jornal a fazer anos
na jovem Maria Almira,
luz dos olhos de seu pai.
Num bater de coração,
a recordar, recuei
deste tempo, em que se vai,
aos tempos que já lá vão.
E o trabalho fez-se festa
e feliz quem ser não há-de
ao ver no JORNAL DE SINTRA
esta doce comunhão:
- ao lado da saudade,
vai lúcida e firme a acção!
Parabéns à Directora
parabéns a toda a gente
que de forma diligente
limpando gralhas e joio,
e sempre, sempre na hora,
sabe atirar cá para fora
o nosso «Times» saloio!...
Janeiro de 1988
EDUARDO SILVESTRE
MOACIR ANDRADE
Moacir Andrade nasceu em Manaus, 1927 e, além de pintor, antropólogo,
ecologista, folclorista e sociólogo, é uma das personalidades marcantes no
panorama cultural no Amazonas.
É, entre outros, co-fundador de instituições como a Fundação Cultural do
Amazonas, Instituto Brasileiro de Antropologia da Amazónia e Academia de
História do Amazonas.
Em Portugal foi um dos fundadores da Sociedade dos Amigos de Ferreira de
Castro e um colaborador entusiasta do Jornal de Sintra.
JOSÉ MANGENS
José Mangens nasceu em Mafra, em 1886 e, em 12 de Dezembro de 1962, o Jornal
de Sintra dedica-lhe um artigo a propósito do seu 75.º aniversário.
Autodidacta apaixonado pelo saber, é na biblioteca do Convento de Mafra, onde
trabalhou, que colheu a sua vasta cultura.
O seu estro poético e prosaico, angariou-lhe em Sintra inúmeros admiradores,
sendo distinto colaborador do Jornal de Sintra e prezado amigo de A. Medina
Júnior.
FERNANDO COSTA
Deve considerar-se Fernando Duarte Costa, um ícone da sua terra. Ninguém,
melhor que ele, o pequeno lavrador, o carteiro, o poeta popular, o músico,
personifica a diversidade de uma Sintra rural, citadina e cultural.
Para além de símbolo da gente saloia, Fernando Duarte Costa é um exemplo de
lealdade ao trabalho e aos amigos e de fidelidade aos princípios sagrados de amor
à terra e à família.