You are on page 1of 64

MEMÓRIAS POÉTICAS

DO JORNAL DE SINTRA

1934-2009

Edição da Associação de Professores de Sintra

2009
MEMÓRIAS POÉTICAS
DO JORNAL DE SINTRA
1934-2009

“Somos modestos. Queremos continuar a ser modestos e a viver


modestamente. E, se há alguém que suponha que fazemos esta
afirmação por simples e pantomineira forma de dizer, êsse alguém
engana-se redondamente. De facto, orgulha-nos a nossa
modéstia. Temos honra nela. A nossa modéstia é a garantia
máxima de que o nosso exercício na Imprensa é salutar”.

António Medina Júnior


Edição:
Associação de Professores de Sintra
ISBN: 978-989-95341-4-8

Foto capa: Jorge Damásio


Impressão: Grafoeste, Artes Gráficas, Lda.
Edição de 2009

Associação de Professores de Sintra


Praceta Francisco Ramos Costa, 13 C - Tapada das Mercês
2725-579 Mem Martins, Portugal
Tel +351 21 917 04 61 Fax +351 21 917 84 51
profsintra@netcabo.pt
ÍNDICE

Introdução 7
Festeja o Seu Primeiro Aniversário 9
No Segundo Aniversário 11
Avante 13
Por Motivo do Nosso Aniversário 15
Da Vila Velha 17
A Serra 19
Saudação ao Jornal de Sintra 21
A António Medina Júnior 23
No Aniversário do Jornal de Sintra 25
Espinhos 27
Sonho e Companhia 29
No Aniversário do «Times Saloio» 31
Ode a Sintra 35
Poema ao Jornal de Sintra 37
Vir a Sintra 39
Um Soneto 41
Salvé Jornal de Sintra 43
As Veredas do Silêncio 45
Abraço Amigo 47
Ao «Jornal de Sintra» 49
Recordando um Homem Bom 51
Coisas que Acontecem 53
Versos dedicados ao Jornal de Sintra 55
Poetas Populares «Jornal de Sintra» 57
No 54.º Aniversário do Jornal de Sintra 59
Notas Biográficas 61
Introdução

A Associação de Professores de Sintra pretende com esta pequena


publicação prestar uma justa homenagem ao Jornal de Sintra, ao seu
fundador, António Medina Júnior e aos que continuaram a sua obra, na
ocasião em que este periódico completa 75 anos de existência.

Ao longo destes anos o Jornal de Sintra soube informar, divulgar


iniciativas e opiniões, constituindo-se um importante elo de comunicação
entre Sintra e as suas gentes.

Muitos foram os seus colaboradores que, numa demonstração de


cidadania, dedicaram ao Jornal de Sintra muito do seu tempo e energia.
Alguns deles expressaram-se em verso, em poemas de cariz popular
que agora apresentamos, prestando-lhes também a nossa homenagem.

Não sendo possível incluir nesta publicação todos os trabalhos


publicados pelo Jornal de Sintra, optou-se por reunir alguns cujo o tema
se prende com o Fundador, com Sintra ou com o próprio Jornal.

Associação de Professores de Sintra


FESTEJA O SEU PRIMEIRO ANIVERSÁRIO

Festeja o seu primeiro aniversário,


Sem foguetes, sem música, sem nada,
─ Motivo porque é festa bem chalada ─
Este hebdomadário.
Se o Director fosse hoje um homem franco,
Abrindo a sua bolsa recheada,
Oferecendo uma boa caldeirada
Regada a vinho tinto e vinho branco,
já a festa era outra, e merecia
Que rasgado elogio aqui fizesse.
Mas assim, sem sentir qualquer interesse,
Encontro-me co’ a Musa muito fria.
Contudo, eu não quero cometer
Qualquer incorreção,
Deixando de cumprir o meu dever
Saudando, de todo o coração,
O senhor Director,
Nesta data p'ra ele tão gloriosa,
Fazendo votos, e não é favor,
Para que a sua bela e clara prosa
Continue a encher o seu jornal,
Bastante «adjectivada»
─ Ou então, se preferem, “Medinada” ─.
O que torna esta folha colossal.
Também quero aqui hoje afirmar
Ao senhor Director e Camaradas,
Que, se a inspiração não fraquejar,
Continuo co'as minhas parvoiçadas,
Ainda quero fazer outra promessa:
Encerrar o «frasquinho de veneno»,
Imitando em bondade o nazareno.
Sempre que alguém piada não mereça,
Mas isto é o pior!
Porque eu, mesmo à morte, embora mangue,
Sei que morderei em muito senhor!...
─ Está na massa do sangue!...
Mas, enfim! Vou fazer todo o possível,
P'ra ser um bocadinho mais suave.
O que aliás, bem sei, é pouco crível
Pois que o veneno é minha forte trave.
E, peremptoriamente, a terminar,
Vou fazer o meu voto derradeiro:
(De viva voz seria soluçar)
Desejo que o jornal, grande, altaneiro
Singre sempre, na vida, mui taful,
Sob a égide bendita e protectora
Da Divina Senhora
Do lapinhos azul.

7 de Janeiro de 1935

José Alfredo da Costa Azevedo

In POSTAIS DA VILA VELHA E DE GIGARÓS…E COISAS DE SINTRA.


Obras completas de José Alfredo da Costa Azevedo
VI Edição da Câmara Municipal de Sintra,1998
NO SEGUNDO ANIVERSÁRIO

Caríssimo Medina
Parabens!
Parabens mui sinceros cá do ZÉ!
O trabalho que tens
tido, a bôa vontade, a grande fé,
obrigam-me a escrevêr as pobres linhas
que seguem e que são todas ditadas
pelo meu coração.
Não adivinhas
minha grande alegria, ao vêr coroadas
de um êxito completo
tuas aspirações. O teu Jornal,
«o mais novinho neto
do teu pai», como tu habitual-
mente (vai mesmo assim que é p'ra rimar)
lhe chamas, está fazendo um vistão.
O peor é dar «chá» até fartar
a certas creaturas, sem razão.
Mas, para isso, há desculpa, caro Medina:
A «Catedral do Bem»
─ redacção e oficina ─
nunca teve nem tem
no seu seio redactores abrutados
na forma de escrevêr,
a não ser eu que sou os teus pecados
por ter um grande geito p'ra «morder».
Mas é justificada, bom António,
a escrita mordaz que eu adoto,
pois vejo nesta terra do demónio
─ o que em qualquer aldeia reles noto ─
um despreso, um desleixo de tal sorte
que, quem fôr visitar
o nosso Portugal do sul ao norte
vê que o primeiro lugar
em desleixo e também em porcaria
à nossa «Bela» Sintra, sem favôr,
pertence. Ah! Mas um dia…
Deixemos coisas tristes.
Directôr :
Falar de tal assunto faz quisília.
Resolvo terminar:
Apresenta à Sr.ª D. Emília
─ o teu «Anjo do Lar» ─
e a essa tua prole preclaríssima
─ os teus «Herdeiros certos
da fortuna incertíssima» ─
meus protestos de estima mais abertos.
E para ti, «Humílimo tipógrafo,»
trabalhadôr honesto, homem de fé,
envio-te este pobre e fraco autógrafo
e um abraço sincero do teu

P.S.
Se, em comemoração do dia de hoje,
Ofereceres patuscada e àgua-pé,
envia um convite, pois não foge
a essas «coisas», o teu velho

JORNAL DE SINTRA
Nº 103 - 12.1.1936
ÀVANTE!

( A António Medina Júnior, por ocasião do 2.º aniversário de


«Jornal de Sintra»)

Dois anos já lá vão em que as misérias,


Os males, as desgraças e as paixões
Correram todo o mundo aos repelões
Por sob a luz das lâmpadas sidérias!

Dois anos já lá vão e nas artérias


E veias do jornal de mil funções
O sangue corre fresco aos borbotões,
Ao som de tantas músicas funérias!

Cumprindo o seu dever por sobre a terra,


Fizeram-lhe no mundo enorme guerra,
Mas ele não deixou de ser constante!

Agora que os dois anos são passados


E outros depois virão, talvez mais grados,
Eu só direi, feliz: ÀVANTE, ÀVANTE!!

FERNANDO FERREIRA
7.1.1936

JORNAL DE SINTRA
n.º 103 12-1-1936
POR MOTIVO DO NOSSO ANIVERSÁRIO

Medina:
Saúde e… milho
A ti desejo e aos teus,
A mulher, eu e o filho
Vamos bem, graças a Deus.

Meu amigo (verdadeiro).


Estes meus versos baratos,
Vão lembrar-te o sapateiro
Que quis passar dos sapatos…

Mas tu deves conhecer


O ditado bem aviado:
“ Dando do que tem, qualquer,
A mais não é obrigado.”

Tudo isto p´ra dizer-te,


Neste verso mal forjado,
Que venho p´ra agradecer-te
O haveres-me convidado

Para a Festa do «JORNAL


De Sintra», tão estimado
E que não teme, afinal,
Os lobos do povoado….

A festa um defeito teve


(Ouve-o bem, não sejas mouco)
O defeito de… ser breve…
!Durou pouco, muito pouco!

Quando estamos entre amigos


O tempo passa a correr,
Esquecendo os inimigos
Que todos temos de ter.

Parabéns e obrigado
P´la recepção carinhosa
Que fizeste ao dedicado
Teu velho RAMIRO ROSA
JORNAL DE SINTRA - 1.3.1936
DA VILA VELHA

Medina:
Pedes-me para escrever
Trez quadras. Mas tu abusas.
Tenho muito que fazer
E estão em férias as musas.

Trez quadras! Que patétice!...


Não as faço, isso não.
Agora só faço «quadros»
P'rá segunda exposição.

Trez quadras. Obra fiada


Meu caro, tem juizinho!
As quadras não deixam nada,
E os quadros dão dinheirinho!

Trez quadras! Nem uma apenas!


Não me ficas em favor.
Tenho «pena»! Mas com «penas»,
Faços os quadros para expor!...

E posta assim a questão,


Talvez sem graça nenhuma,
Mando-te um xi-coração…
Mas quadras, filho… nem uma!...

JOSÉ ALFREDO DA COSTA AZEVEDO

Jornal de Sintra
9.1.1944
A SERRA
Ao grande amigo de Sintra, sr. António
Medina Júnior, e em homenagem ao «Jor-
nal de Sintra» pelo seu XIII aniversário.

Dia claro, sem nuvens, primaveril,


Além, nitidamente, no horizonte;
No ambiente azulado destaca-se o monte
Que para mim possui encantos mil;

A linda serra que se destaca, côr de anil,


Vista da minha varanda, ao Oeste,
E’ a de Sintra ─ que perpétua verdura veste
Como se sempre e sempre fôsse Abril.

Tão fascinadores são os seus encantos,


Que me fazem olvidar todos os prantos
Num grande enlevo espiritual;

Entreabre-se-me a alma num sorriso


Ao notar que temos um paraíso
Neste cantinho do mundo ─ Portugal!

Santa Eulália - Dezembro de 1945

JOSÉ SALVADOR
Corresp. do «Jornal de Sintra»

JORNAL DE SINTRA
N.º 618 7.1.1945
Saudação ao “JORNAL DE SINTRA”

Pelo seu 22.º aniversário

SINGRANDO…

Vela branca a velejar,


- O donaíroso «Barquinho»
Lá vai dobrando sozinho
As torvas ondas do mar…

Que a luz da estrela polar


O guie por bom caminho,
E o leve, altivo e sãozinho,
Ao porto que demandar!

E há-de arribar com certeza;


- Barcos desta natureza
Não poderão sossobrar.

Pois nesse mar porceloso


Ao leme, firme, animoso,
Vai Medina a comandar…

Montelavar Dezembro 1995.


Josué António Capucho
( Assinante desde a fundação)

JORNAL DE SINTRA - 8.1.1955


A António Medina Júnior

Mais um ano que passa. E sempre avante!


Pela nobre Sintra ergue o seu Pendão.
E para a defender, nunca hesitante,
Se mostrou seu brioso coração.

É como um paladino confiante


Que lida com ardor e com paixão.
É Sintra a sua Dama! Ele, o amante
Que lhe rende a maior dedicação.

E fez do seu Jornal um baluarte


Para Sintra exalçar em toda a parte,
Do Norte até ao Sul de Portugal!

Enaltece os encantos e a beleza


Dessa famosa Terra Portuguesa.
O seu sonho d'Amor! Seu Ideal!

Mafra, - Janeiro de 1960

JOSÉ MANGENS
No Aniversário do «Jornal de Sintra»
Ao meu amigo Medina Júnior

Mais um ano que passa. O seu jornal


Esta data celebra jubiloso.
Parece uma bandeira triunfal
Nas mãos de um paladino valoroso!

Você, Medina, abriga um Ideal


Nesse seu coração pundonoroso:
O de ver exalçado em Portugal
Esses nome de Sintra já famoso.

Não pensa em recompensas. Nem precisa.


Sua vida norteia uma Divisa:
«A Sintra dedicar seu coração».

Com seu ânimo audaz de lutador,


Por Sintra manifesta um grande amor,
Que merece do seu Povo gratidão.

Mafra, 1962
JOSÉ MANGENS

Jornal de Sintra nº1451 - 7 de Janeiro de 1962


ESPINHOS!

Já ouço no meu pobre coração


O badalar dum sino funerário
Rindo da minha doce ilusão!
Navego assim sem sorte nem padrinhos
Apenas ao sabor do meu fadário…
Longe das rosas, perto dos espinhos!

Dentro de mim só mora a desventura


Envolvida em crepes d’amargura!
Sou igual aos pobres fuzilados
Indiferentes à sua triste sorte
Não vendo o pelotão que lhes dá a morte.
Também caminho eu d´olhos vendados
Reclamando o que toda a gente tem:
As carícias das quentes mãos d’alguém!...

MANUEL ALBERTO MAGALHÃES

JORNAL DE SINTRA - 10.1.1970


SONHO E COMPANHIA

A António Medina Júnior


no aniversário
do seu, e meu, fiel jornal.

Alto da Vigia. O mar e a noite


Na contemplação da serra -
- o monte santo,
O monte-Rei, de coroa iluminada
E vertentes a escorrer
lendas bonitas.
O mar encapelado
A deitar babas de alvo leite
Nas rochas de basalto,
Carícias perpétuas em que a pedra
desfalece.
E a noite a cobrir todo este beijo
de terra e mar,
Conivente do sonho e do mistério…

E quando Sintra dorme um sonho


etéreo
E quando me sinto no Alto da Vigia
A vigiar o meu próprio sono
Feito de carinhos e desmaios
Não desejando que se faça dia…
É quando a praia, a serra, a onda bravia
E o Amor do meu sangue e dos
meus braços,
Me fazem companhia…

CABRAL ADÃO

JORNAL DE SINTRA n.º 1967 8/1/1972


NO ANIVERSÁRIO DO «TIMES SALOIO»

Houve um Natal em Tavarede


a era
os anos passados são segredo
e ali
a dois passos do mar
ouvindo águas em sussurros
o Menino nasceu
sem medo
contando sonhos
de barcos e pescadores
mas ficando em terra
na rota alegre
de folguedos e amores

Luares foram cantados


estrelas e notas
formaram eternas sinfonias…
doces violinos
suaves guitarras
tocavam noites e dias
saudando Maios
em Maio, Abril ou Agosto
e na serenata
as janelas sem luz
a Lua sem rosto…
ainda eram esperança
onde o tempo
cantando
bailando
era sempre tempo.

Vieram anos
as horas mudaram
relógios apressados
escrevem ritmos
contam verdades
na mentira das horas
que roubam minutos
E levam o passado
para longe
Para longe...

mas não há desenganos


só anos passaram
e as saudades
de vozes em coro
de uma tuna «afinada…»
Revivendo primaveras
no desabrochar de flores
lá vão em marcha
como antigamente

O Além…
oh, é aqui, presente
no espírito vosso e nosso
de toda a gente
onde as palavras chegaram
vieram os anos
hoje é outra era
Tavarede
Figueira
Onde há memórias repetidas
Sintra
horas vividas em doce estar
com pensamentos na distância
de berço em ondas suaves
onde lençóis de espuma
sabem beijar

Hoje, aqui…
Sintra é a serra
é ainda o mar
da minha terra
é Éden
onde vida cresceu.

Sim,
eu que nasci em Tavarede
que cantei
que sorri
canto
sorri como sempre
nesta certeza
de estar contente
no meu espaço de vida
entregando-me
Lede meus amigos!
Chamam-vos as palavras
de minha boca
e a coragem
oh, aí a tendes também
não a vendo
multiplico-a em cada tiragem
e ofereço-a
no desejo ímpar de bem servir
sem outra cobrança
que os sons da paz

Hoje
na plenitude da minha tarefa
onde «limonete»
enfeita meus sonhos
onde “viagens” do “ vapor”
são cantigas de menino
as realidades são trigo
as dores são joio
aqui, Sintra
adoptiva terra
glória em medalha esculpida
eis o «Times Saloio»
meu destino
minha vida .

Coimbra

FRANCISCO DE BRITO

JORNAL DE SINTRA - 20.1.73


ODE A SINTRA
Ao meu grande irmão e amigo
António Medina
MOACIR ANDRADE

Manaus, Amazonas, Brasil, 5-4-1978

Sintra!
Teus montes são muralhas verdes
De histórica nobreza - sentinelas heróicas!
Irmãos do mar em cimo encastelados,
Nas tuas casas de pedras construídas,
As paredes guardam, em séculos dormidos,
Silenciosos murmúrios de vento e brisas leves.
Em tuas ruas, estreitas como abraços,
De amantes em hora da partida,
Passeiam em sonhos, hinos e mensagens,
Teus heróis, em memórias festejados.

Sintra!

Cidade mulher, de sol acalentada,


Brasão heráldico da saga lusitana!
Do cume dos teus montes de elmos coroados.
Destas bênçãos, de águas cristalinas
Das fontes debruçadas como ânforas
Sobre o mar, tecendo a tua história.

Sintra!

A tua primavera é um Rosário


de policrómicas dádivas florais.
Perfume, festa e alma do teu povo,
Berço altaneiro de descobridores.

MOACIR ANDRADE
JORNAL DE SINTRA, n.º 2282 - 5/5/1978
POEMA

ao «Jornal de Sintra»

Tu és pequeno…
mas vives,
e subsiste
e alongas-te.
Tu não és só Sintra.
Tu vais ao norte,
Tu vais ao sul,
Tu vais ao estrangeiro.
Cada letra tua
é algo da nossa terra.
Algo que amamos
e por que lutamos.
Tu és pequeno,
muito pequeno mesmo;
Mas és tu próprio
e por isso vives
e viverás.
Todos assim o queremos!
Tu és o «Jornal de Sintra».

AVELINO COUTO

JORNAL DE SINTRA - 7.1.1979


VIR A SINTRA

(Ao jornalista e amigo de sempre,


ANTÓNIO MEDINA JÚNIOR)

Vir a Sintra
é sempre receber um convite da Natureza!

Vir a Sintra
é sempre belo,
seja em que ocasião isso acontecer!

Vir a Sintra
é receber uma dádiva
em tudo quanto Sintra desafia!

Vir a Sintra
é um convite à Poesia!

Adoro vir a Sintra!

Sintra - Dez. - 1978 (inédito) MÁRIO MOTA

JORNAL DE SINTRA n.º 2318 19/1/1979


UM SONETO

Ao meu querido amigo António Medina


Júnior, na passagem do 46.º aniversário
do seu «Jornal de Sintra»

Quarenta e seis anos de existência


faz o «Jornal de Sintra», um bom jornal
cujo valor tem sido o ideal
de que todo o sintrense tem consciência!

Honra seja feita ao director,


A António Medina, homem justo,
que vencendo a inércia a todo o custo
serviu o povo com profundo amor!

Quarenta e seis anos a lutar


por uma Sintra, bela estância de prazer,
tem sido o labor que sua fé domina

Bem hajas, bom amigo! Assim te quero dar


nestes versos escritos a correr,
um grande xi- coração, caro Medina!

JOSÉ CASTELO
JORNAL DE SINTRA - 7.1.1979
SALVÉ «Jornal de Sintra»

Salve «Jornal de Sintra» - um jornal


de «milhentas» tradições,
por mais um feliz natal

servindo às gerações
de Sintra, bela e altaneira,
do turismo - capital.

Foi em 7 de Janeiro
- quarenta e seis anos, lá vão…
que o número primeiro

deste jornal surgiu,


e jamais outro se viu
tão bem servir a Nação,

informar com precisão


e propagar com firmeza
de Sintra a sua beleza.

Salvé grande Director,


pai Medina - o criador
E figura pioneira,

corpo e alma do jornal.


Salvé Sintra, igualmente,
de gratas recordações,

d´onde tantas amizades


lembrarei eternamente
e p´ra quem mando saudades.

Salvé os seus redactores


e os seus colaboradores:
- a família do jornal.

E assim, p’ra terminar


(presente de aniversário),
envia muito saudar
um queluzense honorário.
Rio de Janeiro, 2 de Janeiro de 1980
A. A. Marques da Silva
JORNAL DE SINTRA - 25/1/1980
AS VEREDAS DO SILÊNCIO

(À distinta poetisa e Artista, Dr.ª Maria Almira,


e a seu Pai, o querido Amigo António Medina Júnior)

Estas veredas de Sintra, de convites abertos,


sempre que as subo e desço, sentindo-as,
vivo-as em seu silêncio de contraste inadiáveis
no mistério interior, maior, apetecido,
de uma imensidade rara, acontecida sempre dádiva!

Renasce então, em mim,


uma razão de ansiedades e de novidade que me visita
e que em mim se abraça em inesperados
que me prendem…

Todas as horas de Sintra, em iluminuras de Poesia,


são horas - ambição crescente e tão amadas,
vestidas de encontros desejados, que deparo em fruto!

São horas descobertas que se constroem, felizes,


em contínuo encantamento!

(Não sei viver beleza mais iluminada,


onde a beleza tanto se enfeitiça!)
Apenas sei viver esse feitiço ardente de enamorado
abrindo o peito em florões de ternura!

MÁRIO MOTA

JORNAL DE SINTRA n.º 2368 11/1/1980


ABRAÇO AMIGO

Meu prezado e bom Medina

Cumpro alegre a minha sina


de poeta e de pelintra
honrar o «Jornal de Sintra»
com todo o meu coração;
ai! dos anos que lá vão
sempre com grande amizade,
que saudade, que saudade!
do bom tempo que vivemos;
ainda tinhas saúde
e eu alegria também
e a tua Mulher o Bem
da alegria de viver.
Tudo isto não esquecemos.
Parabéns por esta data
do teu famoso jornal
que tem sido para Sintra
o verdadeiro ideal.
Apeteço ardentemente
neste solene momento
que ele e o seu Director
tenham mais anos de vida
cheios de grande esplendor
a bem da Sintra afamada
de quem és um lutador.
A terminar esta carta
que encerra carinho à farta
faço votos p'ra que sejas,
ainda, mais feliz,
e num abraço singelo
vai expressa a felicidade
e a verdadeira amizade
que sincero te deseja
o amigo
JOSÉ CASTELO

Lisboa, 7-1-981

JORNAL DE SINTRA, nº2420 - 16/1/1981


Poetas Populares

AO «JORNAL DE SINTRA»

Justo e sem presunção,


Digo com certa razão,
E penso que não vos minta:
Muitas vezes, julgo eu
Que há gente que nunca leu
O nosso «Jornal de Sintra»

Povo do nosso concelho:


Este jornal é já velho
Mas sempre há-de existir.
Porém uma coisa é certa:
Tem sempre uma porta aberta
Para fins de bem servir.

Sempre activo nas funções,


Honesto em informações,
É mesmo trigo sem joio.
Não há outro mais idoso
Neste concelho famoso
Do Património Saloio.

Sintra, 6 de Janeiro de 1984

MANUEL FREIRE DE LIZ

JORNAL DE SINTRA - 10/2/1984


RECORDANDO
UM
HOMEM BOM

O Jornal de Sintra
Faz sempre que eu sinta
Uma grande saudade
Do seu Director
Que fez o favor
De ser meu compadre.

Saudades sem fim


Sinto eu dentro em mim
E são verdadeiras
Das tardes passadas
Numas patuscadas
Debaixo das nespereiras.

O meu pouco valor


Ao pé desse senhor
Que era meu Amigo
Nunca foi notado
E em todo o lado
Conviveu comigo.

Agora os seus filhos


Que seguem seus trilhos
Vão continuar
Com essa Amizade
E eu sinto vontade
De os abraçar.

Ribeira de Sintra, 20-4-84


FERNANDO DUARTE COSTA
COISAS QUE ACONTECEM
(Que não chegaram a
ser publicadas e per-
deram a oportuni-
dade de o ser.)

Muito embora eu saiba bem


Que não passo de um pelintra,
Não deixo de ter p'ra dar
afecto ao «Jornal de Sintra».

É que de há quase meio século,


eu fui amigo a valer
de quem na verdade foi-o:
desse grande Pai Medina,
O Pai do «Times Saloio»!

Por isso ao findar o «Encontro


dos Poetas Populares
de Sintra», que me enternece
com a abundante beleza,
é daqui perto, em Colares,
que deveras me apetece
dizer em rimas singelas
o que foi muita tristeza
de, por doente, não ter
tido a grande felicidade,
a sorte de poder ver
essa Festa original,
Hino de simplicidade.

Porque assim foi, por meu mal,


presto aqui, em pé quebrado,
Nestas rimas mal rimadas
minha sincera homenagem
ao som desarmonioso
de uma ferrugenta lira,
c'um abraço afectuoso
à Amiga Maria Almira.
Quem havia de pensar
que estando muito empenhado
em assistir ao «Encontro
dos Poetas Populares»,
nesse tal dia aprazado
as nuvens escuras viessem
o meu desejo ensombrar…
Coisas tristes que acontecem!

JOÃO (poeta popular) DE LISBOA

JORNAL DE SINTRA, n.º 2670 - 17/1/1986


VERSOS DEDICADOS
AO
«JORNAL DE SINTRA»

Sintra tem o seu jornal,


Informador principal,
De todo o seu reboliço,
Que é fruto de um grande esforço,
E de um constante alvoroço,
Sem o leitor dar por isso...

Todos gostam de saber,


O que está a acontecer,
É isso que tudo quer,
Mas ninguém dá o valor,
Nem ninguém pode supor,
O esforço de uma mulher…

Ela deve estar cansada,


Desta longa caminhada,
Mas, p'ra frente, sempre vai...
E sem o esforço sentir
Tudo faz p'ra prosseguir
A obra do querido PAI…

Bem haja, querida doutora,


Deus lhe dê a toda a hora
Boa saúde e coragem…
E eu, a Deus fico a pedir,
P'ra que possa prosseguir
Nessa longínqua romagem…

Ribeira de Sintra, 12-1-1987

Fernando Duarte Costa

JORNAL DE SINTRA, n.º 2720 13/2/87


POETAS POPULARES

«Jornal de Sintra»

Ele é um velho pimpão,


Que aparece em nossa casa,
Sempre com cara de novo.
É um grande fanfarrão,
Como o calor de uma brasa,
Ele aquece o nosso povo…

É um grande lutador,
Que luta com toda a malta,
Sem nunca virar a cara,
Tantos anos a lutar
E sem nunca fraquejar
Isso é coisa muito rara…

Bem se vê, que ele herdou


E nas suas veias ficou
O sangue de um valente,
Continua na defesa,
Reforça a nossa fraqueza
Defende e anima a gente…

Deus lhe dê continuidade,


Pois faz falta, na verdade,
Cá, em Sintra, este jornal,
Talvez evite o abuso,
Que agora está em uso,
De dizer e fazer mal…

FERNANDO COSTA

JORNAL DE SINTRA, n.º 2751 23/10/1987


NO 54.º ANIVERSÁRIO
DO «JORNAL DE SINTRA»

(Num repente e recuando…)

Raízes de Taverede
e dos jornais da Figueira
lá vão elas até Sintra
e vão de Sintra, sei lá,
até onde ia a palavra
quente, afável, sempre amiga,
do amigo, agora ausente,
António Medina Júnior,
eu vos sinto, eu vos saúdo,
No Jornal a fazer anos
na jovem Maria Almira,
luz dos olhos de seu pai.
Num bater de coração,
a recordar, recuei
deste tempo, em que se vai,
aos tempos que já lá vão.
E o trabalho fez-se festa
e feliz quem ser não há-de
ao ver no JORNAL DE SINTRA
esta doce comunhão:
- ao lado da saudade,
vai lúcida e firme a acção!
Parabéns à Directora
parabéns a toda a gente
que de forma diligente
limpando gralhas e joio,
e sempre, sempre na hora,
sabe atirar cá para fora
o nosso «Times» saloio!...

Janeiro de 1988
EDUARDO SILVESTRE

JORNAL DE SINTRA, nº. 2763 29/1/1988


NOTAS BIOGRÀFICAS:

JOSÉ ALFREDO DA COSTA AZEVEDO


José Alfredo da Costa Azevedo (1907-1991) não foi apenas poeta popular
historiógrafo, homem de cultura, artista e político, foi acima de tudo um Homem
Bom de Sintra.
As obras de José Alfredo, publicadas pela Câmara Municipal de Sintra são um
notável contributo para avaliar da sua paixão pela pesquisa e investigação de uma
Sintra manuelina, romântica, barroca, mas também saloia e vegetalista.
Foi um colaborador assíduo do Jornal de Sintra e as suas qualidades humanas de
seriedade, brilho, probidade metódica e científica, humor e sensibilidade artística,
fazem dele um genuíno agente/ produtor de cultura de Sintra.
(in, Prefácio de” Bairros de Sintra”, de J. Alfredo da Costa Azevedo)

MOACIR ANDRADE
Moacir Andrade nasceu em Manaus, 1927 e, além de pintor, antropólogo,
ecologista, folclorista e sociólogo, é uma das personalidades marcantes no
panorama cultural no Amazonas.
É, entre outros, co-fundador de instituições como a Fundação Cultural do
Amazonas, Instituto Brasileiro de Antropologia da Amazónia e Academia de
História do Amazonas.
Em Portugal foi um dos fundadores da Sociedade dos Amigos de Ferreira de
Castro e um colaborador entusiasta do Jornal de Sintra.

JOSÉ MANGENS
José Mangens nasceu em Mafra, em 1886 e, em 12 de Dezembro de 1962, o Jornal
de Sintra dedica-lhe um artigo a propósito do seu 75.º aniversário.
Autodidacta apaixonado pelo saber, é na biblioteca do Convento de Mafra, onde
trabalhou, que colheu a sua vasta cultura.
O seu estro poético e prosaico, angariou-lhe em Sintra inúmeros admiradores,
sendo distinto colaborador do Jornal de Sintra e prezado amigo de A. Medina
Júnior.

FERNANDO COSTA
Deve considerar-se Fernando Duarte Costa, um ícone da sua terra. Ninguém,
melhor que ele, o pequeno lavrador, o carteiro, o poeta popular, o músico,
personifica a diversidade de uma Sintra rural, citadina e cultural.
Para além de símbolo da gente saloia, Fernando Duarte Costa é um exemplo de
lealdade ao trabalho e aos amigos e de fidelidade aos princípios sagrados de amor
à terra e à família.

JOSUÉ ANTÓNIO CAPUCHO


Josué António Capucho, muito conceituado e digno operário de mármores, foi
sempre um homem estudioso, amigo da família e do meio recreativo e cultural da
sua terra.
Foi assinante desde o n.º 1 do Jornal de Sintra.

You might also like