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ENTREVISTA
‘Nuncaescapamos
danossarelação
comatecnologia’
dois últimos ainda sem tradu- meio digital. Mas continuará es-
Futuro ção em português) se mostrou tável na mídia e na publicida-
um otimista quanto aos desdo- de. Eu não diria que a internet
: JULIANA ROCHA bramentos das relações inter- tem um influência majoritária
nacionais e falou sobre a inte- nas distorções de um idioma.
gração entre o ser humano e
Derrick de Kerckhove, consi- as máquinas e sobre a evolu- Qual seria, então, a influência
derado um dos mais criativos ção da comunicação e das for- maior da rede sobre os idiomas?
pesquisadores em comunica- mas de governo. Tem um papel protetor, mes-
ção digital, chegou sorridente mo das línguas mortas. Não
para a entrevista com o Link. A internet ainda é anglófona? acredito que irá lapidar a for-
Em visita ao País para o lança- O inglês não é mais a língua do- ma como nos comunicamos na
mento do livro Do público para minante, mas ainda desempe- direção de um espanglês (fu-
as Redes, organizado pelo pro- nha e continuará desempe- são de espanhol com inglês) ou
fessor Massimo di Felice, da nhando um papel forte nas co- outra variação destas. Por que
Universidade de São Paulo, o municações internacionais. sempre que algo novo aparece
canadense trazia nas mãos um insistimos em pensar que irá BOA!– Ele acha que a internet mudará a política: ‘Nunca tantos desonestos coordenaram a vida social’
MacBook Air e um iPhone, de- Uma crítica comum à comunica- destruir o que já estava aí? A
vidamente protegido por um ção online é a de que favorece o mídia entra em pânico: “Ó nunca escaparam da relação A explosão das comunicações manceriam para que fosse
empobrecimento do vocabulário céus, a língua irá morrer, os com a tecnologia. deixa às claras a deterioração mantida a infraestrutura de
pelo uso de gírias, abreviaturas e jornais irão morrer”. Qual é?! do sistema político. Nunca vi- tráfego e serviços públicos.
Fim? ‘Por que quando grafias alternativas. A internet nos Como devemos pensar a interrela- mos tantos desonestos coorde- Mas a esfera federal só seria
faz mais estúpidos no falar? O sr. acha que a integração homem- ção homem e máquina? nando a vida social. Para aten- composta em momentos de cri-
algo novo aparece, No filme Blade Runner – O Ca- máquina tem crescido ao ponto de A questão contemporânea é se der ao ambiente atual, penso se e teria de ser transparente.
achamos que irá des- çador de Andróides, de 1982, há nos levar a uma era onde o homem existem evidências de uma in- que seria mais adequado um Talvez sob a forma de consul-
truir o que está aí?’ uma língua estranha que supos-
tamente seria o inglês do futu-
não mais controla a máquina, mas
é apenas outro ponto na rede?
tegração maior e mais profun-
da, com cada célula se comuni-
governo sob demanda. tores, que poderiam ou não re-
ceber salários, e surgiriam
ro ou, ao menos, o falado em Nos anos 60, era moda dizer cando com cada outra célula vi- O que é e como funcionaria um go- quando houvesse conflito en-
capa de silicone azul para evi- Los Angeles. Sempre me recor- que os seres humanos eram os va ou elétrica no sistema. O verno sob demanda? tre os municípios. Seria quase
tar riscos no frágil corpo de do disso quando perguntado so- brinquedos sexuais das máqui- que podemos dizer é que esta- Eu não me considero um pen- como ter o telefone vermelho
alumínio. “Sou um grande fã bre as mudanças na língua. nas. Não éramos responsáveis mos vivendo a transição da sador de esquerda e nem es- de volta.
da Apple, embora não de Ste- Acredito que exista uma previ- pelas atividades executadas, era das mentes e grupos políti- tou dizendo que a internet
ve Jobs. É semelhante à rela- são acertada ali, mas não a es- mas pobres vítimas da técnica. cos isolados para a era das substituirá o governo. O que Há algum exemplo já existente
ção que nutro pelos Estados tenderia para o nível global. É o reverso desta idéia de que mentes interconectadas e gru- proponho, na realidade, é ape- que se assemelhe a esse governo
Unidos: eu gosto da América, Acredito que o inglês, que é a estamos no comando. Mas, na pos globais, onde cada rede po- nas uma maneira de sobrevi- sob demanda?
mas não do presidente George língua internacional e pela qual verdade, não faz sentido pen- de agir e competir por espaço. ver mais adequada ao nosso O que vemos na União Euro-
Bush”, divertiu-se. O autor de se estabelecem as pontes trans- sarmos a oposição máquina e tempo. A municipalidade conti- péia hoje, que é um sistema
A Pele da Cultura, Connected In- culturais, ficará mais aberto a não-máquina. Nossos corpos, Quais as influências dessa multipli- nuaria nos moldes como já é. maduro, é uma fórmula bastan-
telligence e Global Village (os contribuições externas no nossas mãos, nosso cérebro cidade de vozes para a política? Acredito que os impostos per- te interessante.
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DESERTO DIGITAL - Estrada corta o deserto do Kalahari, em Botswana, um dos países sem cabos