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Volume 0
E
ste projeto não chegou até aqui por acaso. O fato de ter se transformado
em papel impresso evidencia uma primeira vitória.
Ele seguiu o mesmo caminho de algumas idéias privilegiadas, desde que
surgem na mente de um criador até a coroação com uma existência material, que
se possa divulgar ao mundo.
E para que isto ocorresse contribuíram diversas pessoas.
Neste momento, fazemos menção especial à presidente do Conselho de
Curadores da Fundação Armando Alvares Penteado, Sra. Celita Procopio de
Carvalho e aos diretores da entidade mantenedora da FAAP, Dr. Antonio Bias
Bueno Guillon, diretor-presidente, Dr. Américo Fialdini Jr., diretor-tesoureiro e
prof. Victor Mirshawka, diretor-cultural. Sem a anuência da FAAP, e seu apoio,
talvez este livro, e seus desdobramentos, não passassem de uma idéia.
Além disso, merecem agradecimento todos os alunos da área de Pós-Gra-
duação da FAAP que se dispuseram a utilizar um pouco de seu tempo livre e sua
capacidade de reflexão para responder à pergunta chave do projeto: Qual é a sua
Teoria sobre a Vida?
E
xiste alguma coisa que seja comum a todo ser humano?
Talvez o fato de passarmos pelo mesmo ciclo – nascer, viver, morrer –
apesar disto acontecer em tempos diferentes.
Talvez o fato de termos sangue nas veias e uma mesma estrutura genética
elementar.
Talvez o fato de termos alguns desejos essenciais: saúde, longevidade, bele-
za, felicidade, eternidade. Não está em discussão o entendimento destes em cada
cultura, mas sua recorrência.
Talvez o fato de vivermos no mesmo planeta, e estarmos sujeitos às mesmas
e implacáveis leis naturais.
Quem sabe o fato de sermos tão diferentes...
Quem sabe o fato de acreditarmos que somos capazes de realizar qualquer
coisa, e tentarmos por todas as formas nos convencer disto repetindo infinita-
mente para o espelho que somos deuses.
À luz dos modernos avanços científicos, a distância entre o inalcançável e
o possível diminuiu assustadoramente. A tendência parece ser a do desapareci-
mento desta distância.
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De qualquer forma, mesmo que não haja um elemento que nos una de for-
ma inquestionável, a não ser nossa diferença, gostamos de brincar disto. De agru-
par as pessoas por preferências, por características, por vocações.
Assim nasceu o projeto A Teoria. Da vontade de refletir sobre perguntas
essenciais que sempre aguçaram nossa curiosidade, e de unir as pessoas dispostas
a escrever suas respostas.
Qual é a sua Teoria sobre a Vida?
Esta é pergunta principal que foi colocada à frente do projeto, como desa-
fio a todos os alunos de Pós-Graduação da FAAP.
A resposta a ela certamente depende de outras perguntas e respostas, tais como:
De onde viemos?
Qual é a importância da família?
Como devemos cuidar do meio ambiente?
Qual o nosso propósito na vida?
O que é consciência?
Para onde vamos?
Existe alma?
O que é o amor?
Quem ousou participar do projeto precisou elaborar uma resposta com
tamanho equivalente a não mais de duas páginas de texto padrão. O resultado
vem a seguir, classificado em ordem alfabética pelos títulos atribuídos pelos or-
ganizadores.
No fim, estão juntas pessoas cujas características comuns incluem a dispo-
sição para refletir e pensar sobre alguns mistérios da vida, manifestar conclusões
e divulgá-las a outros. Em suma, disseminar conhecimento, nos melhores mol-
des das modernas redes colaborativas que permeiam o mundo cibernético e que
transformam tão velozmente a cultura e os valores da espécie humana.
É importante salientar que o meio de interação com os participantes foi um
portal de internet, que divulgou as normas do projeto, intermediou a submissão
dos textos e a troca de idéias e experiências entre todos, antes da confecção final
do livro.
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Amor e Propósito
“O
que é que eu estou fazendo aqui?”. Sempre me faço esta pergunta
e, cada vez que isso ocorre, compreendo um pouquinho mais so-
bre a complexidade da vida.
Viemos para este mundo por decisão divina, e acredito plenamente que só
iremos embora pelo mesmo motivo – ter a convicção de que um Ser Superior e
Todo Poderoso olha por nós me encoraja, me fortalece e me faz querer ser me-
lhor a cada dia, buscando a Sua perfeição.
Entendo a vida como um estágio no qual fazemos escolhas que moldam o
nosso caráter e que, por sua vez, imprime em nossas almas quem verdadeiramen-
te somos. Devemos encará-la como uma oportunidade de obter sucesso, mas não
sucesso relacionado a dinheiro e status, e sim sucesso como ser humano.
As situações que a vida nos apresenta estão sujeitas a dois caminhos, duas
opções de escolha: uma boa e outra não tão boa. Não estou falando de bem ou
mal, nem de certo ou errado, pois são questões totalmente relativas à criação,
crenças e culturas; estou falando de escolhas conscientes e de decisões pensadas
e sensatas.
Fazer o que deve ser feito nem sempre é fácil, mas ter coragem para tomar
as decisões corretas é necessário.
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Devemos evoluir. Buscar o melhor para nós é primordial, mas evitar indife-
rença às situações que podem prejudicar outras pessoas ou até mesmo o planeta
em que vivemos é essencial para o alcance do tão almejado objetivo da vida, o
sucesso como ser humano.
Devemos ajudar uns aos outros. Fazer o bem sem esperar recompensa en-
riquece nosso caráter e é uma forma eficaz de ficar “de bem com a vida”, além de
beneficiar nossa consciência.
Devemos ser gratos. Os acontecimentos de nossas vidas sempre nos ensi-
nam: os bons nos trazem alegria e auto-estima, os maus nos educam e fortale-
cem. É preciso agradecer a cada resultado obtido e a cada dia que amanhece re-
vigorando nossas chances de fazer diferente, nos dando uma nova oportunidade
de sermos pessoas melhores.
A gratidão é um sentimento nobre que engrandece a alma e precisa ser pra-
ticada sempre que possível.
Vocês podem pensar que é difícil agir dessa maneira, mas eu digo que não
é, pois conheço uma forma de conseguir tal proeza: é uma fórmula mágica, que
deve ser espalhada por onde formos, chamada AMOR!
Agindo com amor, respeitamos, entendemos, relevamos, lutamos pelo que
é justo. Nos tornamos pessoas melhores, mais felizes e damos qualidade a cada
dia que vivemos.
Seria este o segredo do sucesso de uma vida? Amar? Eu acredito
que sim. E sendo a vida uma oportunidade de amar e melhorar, de aprender
e evoluir, sempre que houver a dúvida: “O que é que eu estou fazendo
aqui?”, entenderei cada vez mais que estou vivendo, que estou amando, que
estou evoluindo e que, com toda certeza, estou fazendo melhor para
SER MELHOR!
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Amor Virtuoso
O
que é a nossa vida? Para onde vamos? Por que viemos? Existe alma?
Estas são perguntas que vamos nos fazer por toda a nossa existência.
Salvo em alguns casos, em que as religiões colocam suas “verdades dog-
máticas” que respondem a estas perguntas a seus fiéis e seguidores.
Mas, acima de qualquer filosofia de vida e religião, segue minha teoria so-
bre a vida. Ela não vem com o intuito de responder a estas e outras perguntas,
e sim como uma “Teoria Padrão”, perfeitamente aplicável a qualquer indivíduo
que possui esta dádiva ou este dom que é a vida. E, se verdadeiramente aplicada,
será capaz de mudar a vida daquele que a pratica e dos demais que o rodeiam.
A teoria da vida consiste em apenas um pilar: o amor.
O amor é conhecido pelos gregos em três níveis, cada um com seu signifi-
cado particular: Eros, Ágape e Philia. E é neste terceiro que baseio minha teoria.
Philia significa, em grego moderno, um amor virtuoso, que é um conceito desen-
volvido por Aristóteles. Inclui, resumidamente, presença de valores e virtudes.
Nos textos antigos, Philia denotava o tipo de amor que existia entre os
membros da família e entre os amigos, um desejo de fraternidade entre os
homens.
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A presença das virtudes, por exemplo, poderia corrigir erros brutais que
causam conseqüências dolorosas à nossa sociedade. Alguns deles seriam extin-
tos de nosso meio caso houvesse o “amor Philia”. Por exemplo: assassinatos, se-
qüestros, roubos, corrupção e afins são pura falta de virtude e afeto com os seres
humanos.
O amor seria então uma preocupação com o objeto amado. E este objeto
pode ser você mesmo, sua vida, seus filhos sua família, seus colegas de trabalho,
sua comunidade, sua sociedade.
Pensando assim, se temos a preocupação com este ou aquele objeto, vamos
dispensar a ele todo o nosso cuidado, respeito, carinho e atenção, e jamais fare-
mos algo que o corrompa, estrague, machuque, suje etc.
Assim, lanço um desafio: Ame! Ame o que e a quem quiser, mas ame e
utilize as ferramentas deste amor de forma responsável, sem fazer nada que possa
atingir a um terceiro, pois assim você estaria corrompendo o verdadeiro sentido
do amor.
Os males da vida estão correlacionados diretamente com a ausência de
amor. Os exemplos são muitos e, infelizmente, presentes em nossas vidas: o mais
completo dos exemplos é a violência.
Parece simples, mas a prática do amor requer doação, disciplina e é extre-
mamente exigente. Mas nunca impossível, e temos belos exemplos, bem perto
de nós, de pessoas que não hesitam em se colocar em segundo plano em favor de
outra pessoa.
Assim, concluo minha teoria que, como eu disse, não responde a muitas
perguntas, mas nos mostra caminhos seguros de como viver de maneira satisfa-
tória esta nossa existência.
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Antítese
N
ascemos. Chegamos ao mundo para fazer parte dele. Antes de nós, se-
res humanos, as plantas, animais e demais elementos já estavam aqui.
Já havia vida no planeta, vivendo em perfeita harmonia. Viemos para
complementar. Mas, para o homem, não era suficiente. E buscamos nos desen-
volver.
Nos tornamos seres pensantes, racionais, inteligentes e... civilizados. E
achamos que o mundo já não estava tão bom e poderia ser melhorado. Criamos
ruas, destruímos matas, criamos casas, derrubamos árvores, inventamos tecnolo-
gia, dinheiro, trabalho, bens materiais e viramos escravos de tudo isso.
Evoluímos. Conseguimos voar. Fomos à Lua. Mas ainda precisávamos de
mais. Criamos computadores, internet e telefones celulares. A tecnologia se de-
senvolve rapidamente, buscamos o sucesso contínuo. Estudamos mais e, mui-
tas vezes, sabemos menos. Perdemos a razão. Pensávamos que éramos donos do
mundo e escolhemos quem faria parte dele, afinal, precisamos de espaço, preci-
samos de conforto.
Brincamos de Deus. Criamos um mundo competitivo. Matamos. Menti-
mos. Roubamos. Nos tornamos solitários, egoístas e depressivos. E encontramos
a cura para doenças que criamos. Buscamos soluções para a solidão que causa-
mos. Somos prisioneiros dos nossos medos.
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Aprendizado
A
vida é uma grande universidade. A nossa entrada nesta instituição, tal
como nas outras, é muito difícil e só se torna possível após passarmos
pelo mais disputado vestibular: a fecundação, concorrendo com mi-
lhões de espermatozóides.
A universidade da vida é muito exigente, o êxito do aluno depende da sua
capacidade, do seu desprendimento para aprender sempre, melhorar a cada dia e
persistir, mesmo nas adversidades.
Na universidade da vida, o aluno recebe, todos os dias, oitenta e seis mil
segundos. Ao final do dia, se eles não forem gastos, serão zerados. Por isso, preci-
sam ser gastos da melhor maneira possível.
A pressão do dia-a-dia na universidade da vida é muito forte, o aluno tem
que controlar suas emoções, fazer do perdão um companheiro diário, pensar po-
sitivamente e não se importar de onde veio, mas sim aonde quer chegar.
O principal fator que me levou a acreditar que a vida é uma grande univer-
sidade foi o encontro com meu pai, que me ensinou e ensina coisas simples - coi-
sas que todo pai provavelmente ensina, mas em sua grande maioria não vai além
da teoria. Ele não, sua teoria é complementada com muita prática. Que coisas
simples são essas? Que práticas são essas?
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Desde muito cedo, meu mestre me ensinou que, para finalizar o curso
com sucesso, preciso ter objetivos definidos, agir em particular do mesmo modo
como agiria em público. Errar é permitido, mas é preciso ser honesto para admi-
tir. Aprendi com o mestre que devo tratar meus filhos como visita, que nada dá
mais alegria aos filhos que a harmonia entre os pais. É preciso priorizar a família,
pois as amizades podem acabar, mas a família é para sempre. Não existe nenhum
mal que Deus não possa vencer; quanto mais trabalhar, mais sorte terá; não im-
porta quanto você ganha, e sim quanto você poupa; somente quando tiver um
novo trabalho, deixe de amar o atual.
Meu principal professor na universidade da vida sempre foi e ainda é muito
rigoroso nas suas avaliações, porém é muito justo. Certa vez, me ensinando sobre
amizade, ele me disse que muitos são cremados porque não têm amigos para
carregar o caixão. Disse também que é preciso conhecer bem os amigos e ainda
mais os inimigos.
Poderia escrever muitas páginas sobre os ensinamentos do meu mestre que
fazem a diferença no meu dia-a-dia.
Não tenho dúvidas de que estamos aqui para aprender. Por algum motivo,
fomos matriculados nesta grande universidade que é a vida e nela aprendemos
todos os dias, desde o primeiro até o último.
Quando estou diante daquele homem simples que já me ensinou tantas
coisas, encontro respostas para muitas perguntas essenciais. Tenho plena consci-
ência de que nossa convivência aqui na universidade da vida um dia se encerra-
rá, mas nossos laços serão eternos. Agradeço ao grande reitor por esse encontro
maravilhoso.
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Aproveitar a existência
A
o indagar sobre o que é a origem da vida, não faço referência alguma às
teorias do surgimento da vida: abiogênese e biogênese. Afinal, a ciência
tem sempre uma visão baseada em teorias e bases nem sempre provadas
e, ainda por cima, complexas.
Vida é o tempo de existência de um ser vivo neste plano físico que deno-
minamos “nosso mundo”, segundo alguns dicionários. Nos RPG´s e games, vida
seria a quantidade de energia ou pontos que, ao se acabarem, tiram o personagem
do contexto no qual ele se encontra. Já nos sites de pesquisa da internet, encon-
tramos outras definições: uma editora de livros religiosos ou uma modelo dotada
de um belo corpo.
Prefiro defini-la como o ato de aproveitar e usufruir de nossa existência, e
não simplesmente o fato de existir inconscientemente.
Loucura? Afirmo que não usando um simples argumento: eu sei que corte
de cabelo uso, de qual matéria é feita a água, ou o que ingeri em minha última
refeição. Tudo isso porque vivi, ou porque outras pessoas viveram e registraram
esses momentos, ou ainda devido a provas materiais de qualquer coisa que vemos
hoje.
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Faço essa relação pois ninguém sabe ao certo como a vida, em sua definição
científica, surgiu. São TEORIAS de que uma célula se uniu a outra, ou forças se
juntaram, ou qualquer outra mais complexa desenvolvida por cientistas.
Definido o conceito de vida, iniciarei a explicação sobre o que eu acredito
ser a origem da vida entre oito e dez mil anos atrás, quando o homem acabara de
tomar consciência de que era diferente de tudo que existia neste mundo; e com o
aprendizado da agricultura e o sentimento de organização, o homem caminhava
a passos lentos para o aprendizado do sentido de saber viver.
O despertar de sua consciência como sociedade surgia, afinal, nesse mo-
mento, o homem estava descobrindo o mundo, mas ainda com as obrigações
evolutivas e em busca de melhorias para o seu bem-estar.
Com o passar dos anos, a sociedade, em seu processo evolutivo, cansada
dessa obsessão pelo crescimento, volta sua atenção para o bem-estar do indivíduo
antes esquecido pelo sentimento do “todo”.
As pessoas incorporaram a compreensão do viver. Ao fazer isso, o homem
deu origem a tudo que existe hoje, aplicando conceitos e teorias de acordo com
suas experiências desde a época em que o homo sapiens estava se desenvolvendo.
E essas teorias mudam com o passar do tempo, afinal, a experiência de gerações
se juntam, sempre em busca de uma nova origem.
Concluindo, a origem da vida seria o momento em que o ser humano des-
pertou para a idéia de fazer parte de um contexto infinitamente maior que ele,
tomando consciência de si e do universo, definindo primeiro o conceito do que
era vida para ele e, a partir disso, foi dando “origem à vida e ao universo”, definin-
do tudo ao seu redor.
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As formas de Deus
“
...devemos amar a humanidade como a Suas criaturas, compreendendo que
todos crescem na árvore de Sua misericórdia, são servos de Sua onipotente von-
tade e manifestações de Seu beneplácito... Em suma, toda a humanidade deve
ser tratada com amor, amabilidade e respeito, pois o que vemos neles não são senão
sinais e atributos do próprio Deus.”
(Escrituras Bahá’is)
Minha teoria traz como fonte de pesquisa uma das religiões mais recentes
da humanidade: a Fé Bahá’i. Uma religião mundial, independente, com suas pró-
prias leis e escrituras sagradas, surgida na antiga Pérsia, atual Irã, em 1844. A Fé
Bahá’i foi fundada por Bahá’u’lláh, título de Mirzá Husayn Ali (1817-1892), e
não possui dogmas, rituais, clero ou sacerdócio.
Com aproximadamente seis milhões de adeptos, é a segunda religião mais
difundida no mundo, superada apenas pelo Cristianismo, conforme afirma a En-
ciclopédia Britânica. Os bahá’ís residem em 178 países do mundo, em pratica-
mente todos os territórios e ilhas do globo.
Com o propósito de amor à humanidade, a Fé Bahá’i tem como princípio:
xxA unidade da humanidade;
xxA livre e independente busca da verdade;
xxA eliminação de todas as formas de preconceito e discriminação;
xx A igualdade de direitos e oportunidades para o homem e para a mulher;
xxA harmonia essencial entre a religião, a razão e a ciência.
Mas o que a Fé Bahá’i tem a ver com Deus? Minha teoria propõe que cada
indivíduo faça a sua própria pesquisa, busque a Deus em seu mais íntimo pensa-
mento e consiga sintetizar aquele que consideramos o princípio de que devemos
amar uns aos outros como a si mesmo.
O Deus representado pelas mais diversas religiões, muitas vezes como um
homem solteiro, velho e poderoso, pouco a pouco ganha a imagem de compas-
sivo e onipotente, auxiliando e guiando a humanidade no caminho do bem, no
caminho do bom.
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N
o começo do ano de 2008, eu recebi um e-mail da Revista Marie Claire
para que eu enviasse uma foto minha e um texto sobre o seguinte tema:
“Eu sou a pessoa mais bonita do mundo!”.
Tudo isso era para uma matéria sobre beleza. Mesmo a revista sendo des-
tinada ao público feminino, resolvi participar, pois percebi a oportunidade de
poder compartilhar os pensamentos de um homem sobre beleza e também sobre
o meu estado de espírito, no intuito de contribuir com o universo feminino.
Além disso, percebi também uma forma maravilhosa de poder dizer que se sentir
“bonito” significa estar “vivo”.
O texto que eu escrevi dizia o seguinte:
“Sou a pessoa mais bonita do mundo, porque estou vivo! Hoje, com meus
34 anos de idade, consigo perceber em mim uma beleza que não conseguia en-
xergar quando era mais novo.
Hoje me sinto mais leve e percebo refletida em meu sorriso toda a minha
imensa satisfação de estar vivo e fazer parte deste mundo.
Hoje não me importo mais com pequenos defeitos estéticos que antes me
incomodavam tanto. Pequenas gordurinhas já não me atrapalham mais. Os cabe-
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los brancos que teimam em aparecer pouco me importam, pois percebo a beleza
da maturidade em minha vida.
Hoje não busco mais a academia de ginástica para conquistar o corpo per-
feito, mas sim para me manter o mais saudável possível. Associados a isso, é claro
que não poderiam faltar certos cuidados com a alimentação. Nada de radicalis-
mo, pois acredito que para me sentir bonito preciso de certos prazeres, como
encontrar com amigos em um bar, tomar uma cerveja e bater um bom papo.
A minha receita para nos sentirmos bonitos é muito simples. Basta apre-
ciarmos as coisas boas que a vida nos oferece de graça: um pôr-do-sol, um dia de
chuva, o contato com as pessoas que amamos. E, acima de tudo, amar!”
Bom, para a minha enorme satisfação, tanto o texto quanto a foto foram es-
colhidos para serem publicados na revista. Isso, de certa forma, me deu a certeza
de que tudo aquilo que eu queria ter expressado valeu a pena.
A intenção era demonstrar o quanto eu realmente me sinto vivo e bonito.
A foto havia sido tirada recentemente, em um momento pra lá de oportuno,
afinal, era festa de réveillon, e não tem como ficarmos indiferentes a essa ocasião
única de retomarmos nossa vida do zero, mesmo que simbolicamente.
E nos sentirmos bonitos é maravilhoso, ainda mais quando nos propomos
a iniciar um novo ciclo de vida. Talvez por isso eu tenha sido escolhido para a
matéria. Acontece que estamos reduzindo, a cada ano, as nossas chances de ini-
ciar este ciclo. Por mais importantes que sejam as teorias, atualmente elas devem
ser transformadas em práticas. Ainda dá tempo. A vida não pode esperar, você
não acha?
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M
inha Teoria sobre a Vida consiste em afirmar que todo ser humano
tem um vazio do tamanho de Deus, e a única forma de sermos verda-
deiramente felizes é buscando a Deus.
Se olharmos para a História desde o início da humanidade até os dias de
hoje, podemos ver que a humanidade não mudou em questões como: orgulho,
egoísmo, ciúme, ira, obsessão, imoralidade, corrupção, roubo, assassinato, etc...
Todos nós desejamos ter uma família, um ótimo emprego ou um negócio
próprio, uma namorada(o), marido (esposa), casar ou ser solteiro, farrear e curtir
muito a vida, estar com os amigos, beber, ter um belo carro, ser rico, enfim... Mas
será que a vida consiste apenas nisso?
Todos nós sentimos um vazio em algum momento de nossas vidas, em que
todas as coisas que fazemos perdem o sentido, pois nada que fazemos nos torna
felizes de verdade. Sentimos solidão, tristeza e angustia justamente pela falta de
propósito que há em nossas vidas. Muitas vezes, esse sentimento não vai embora
porque sentimos a falta de Deus em nossa vida. Nada em nossa vida preenche
mais do que um relacionamento com Deus, para o qual podemos entregar nossas
frustrações, dificuldades, desânimo e tantas situações desafiadoras que passamos
na vida, e com as quais Ele pode nos ajudar.
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O caminho
A
vida... A Teoria... sobre a vida. Podemos começar assim: Tudo é à toa,
desperdício, em vão, é tudo sem importância, se não encontramos “A
Verdade”, ”O Caminho”.
Muitas pessoas passam à vida toda sem descobrir o seu caminho, a própria
verdade. Atrevo-me a dizer que todos têm caminhos diferentes, mas a verdade
de todos é uma só: A verdade é o amor e o caminho para isso são as diferentes
maneiras de amar as pessoas em nossa volta; o caminho é qualquer forma de viver
esse amor.
Quando não fazemos algo além de nós e vivemos para si, estamos fora do
caminho, do real propósito da vida. Acredito que ninguém nasce para ser fe-
liz, mas para fazer alguém mais feliz, assim encontramos a verdadeira felicidade.
Podemos ver isso quando observamos pessoas ricas, mas sozinhas; pessoas com
sucesso profissional, mas infelizes; com ótimo casamento, mas infiéis. Quando
dedicamos a nossa vida à nossa própria felicidade, não há outra conseqüência
senão a frustração.
O caminho e a verdade são o equilíbrio, a paz, a ausência de ansiedade, a
segurança, o reconhecimento do nosso próprio valor e o do próximo. Isso é a
vida real, é a vida com valor; sem isso, é tudo em vão. A verdade é tudo que é real,
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o que realmente vale à pena; é o valor verdadeiro do ser humano, de nós mesmos
e dos outros tanto quanto nós; é o pensar além de nós. Porque o mal do mundo
tem origem em basicamente duas coisas: baixa auto-estima e egoísmo.
Quando descobrirmos o nosso verdadeiro valor, o valor do nosso seme-
lhante seja ele diferente quanto à educação, social ou cultural; quando se vê a
vida além da vaidade de deixar nosso nome em um livro ou em algo que nos
exalte e observarmos que o que vale na verdade é deixarmos nossa marca nas pes-
soas em nossa volta, dando nosso tempo, nossa paciência, nossas palavras, nosso
conhecimento, teremos dado nossa vida e tudo o que temos. E quando tivermos
consciência que isso deixará conseqüências nessas vidas, marcas que ninguém
poderá apagar, teremos encontrado o caminho e a verdade da vida.
O caminho é amar, que deve ser algo contínuo por toda a vida, pois quando
morrermos, saberemos que a caminhada não foi em vão, que a vida não terminou
com nossa morte, mas ficou no amor que plantamos nas pessoas que conhece-
mos.
O caminho nos leva à verdade, que está aí para quem quiser ver. Basta sim-
plesmente ver além, viver além, basta amar o AMOR.
Como pode existir bondade, paixão, tolerância sem que seja fruto do amor.
Caridade sem amor é esmola, precisamos mais que isso.
Quando se pensa em fazer algo que seja bom para alguém, como se fizésse-
mos algo para nós mesmos, nos baseamos em um princípio egoísta.
Devo amar mesmo que eu não receba algo de volta, mesmo que não me
amem, mesmo assim eu farei; farei porque eu amo a vida, eu sou grato à vida,
grato por sua vida, simplesmente sou feliz em poder amar.
Melhor amar do que ser amado.
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Caminhos
N
o momento em que nascemos, começamos a percorrer uma estrada
chamada “VIDA”. Esta estrada contém desvios, retornos, atalhos, obs-
táculos e não possui uma direção correta ou apenas uma linha de che-
gada. Cada um dos caminhos nos levará para um lugar diferente e único.
Todos chegamos à vida sem um objetivo pré-definido, e cada um de nós
é responsável pelo caminho que irá seguir. A complexidade das condições em
que nascemos e crescemos, das situações que vivemos e de um futuro sempre
desconhecido direciona nossas ações, atitudes e moldam ou transformam nossos
comportamentos e nossas personalidades.
O comportamento e a personalidade são os responsáveis pelos caminhos
que escolheremos em nossas vidas. Alguns desses caminhos possuem imprevistos
que encerram nossa caminhada antes do que imaginávamos, outros são atalhos
que nos ajudam a vencer grandes desafios. A dificuldade de descobrir por qual
caminho devemos seguir é que faz a “VIDA” ser tão intrigante, desafiadora e
enigmática.
No início de tudo, somos direcionados por pessoas mais experientes que já
conhecem alguns segredos dessa estrada, mas em certo momento de nossa jorna-
da adquirimos livre arbítrio para escolher qual o rumo que iremos seguir. Exis-
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tem pessoas que preferem caminhos solitários e que não chamam muita atenção,
outros preferem seguir a maioria, num caminho mais seguro e confiável, e alguns
mais aventureiros preferem seguir por caminhos até então pouco explorados.
Quem está certo? Impossível descobrir...
Estamos todos espalhados por essa estrada, personagens únicos que pen-
sam e agem diferente e que, dentro dessa busca pelo sucesso, precisam se conhe-
cer, se aceitar e interagir rumo aos seus próprios objetivos. Saber se relacionar é
tão importante quanto descobrir os melhores caminhos, pois independente do
rumo a ser seguido, sempre teremos pessoas ao nosso lado que permanecerão em
nossos caminhos por toda a nossa jornada.
O sonho de conseguir encontrar o melhor caminho nessa estrada é o que
traz esperança a todos os andarilhos que peregrinam pelos diversos cantos da
“VIDA”, seja atrás de segurança, aventura ou novidades.
Por mais precavido que alguém seja, é certo que enfrentará muitos desafios
em sua caminhada. Talvez o segredo seja encarar de frente os obstáculos, até ul-
trapassá-los; continuar andando em busca do sucesso, aceitando naturalmente os
imprevistos; pegar o retorno sempre que necessário, utilizando o conhecimento
adquirido para recomeçar determinados trechos da caminhada; ter a percepção
ou a intuição de quais desvios serão úteis em sua jornada; aproveitar e achar os
possíveis atalhos sem medo de ser feliz; e nunca deixar de aproveitar tudo o que
vê, escuta, descobre e aprende durante nossa jornada na maravilhosa estrada da
“VIDA”.
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Ciência,
misticismo e religião
N
ossas indagações a respeito da vida possuem respostas passíveis de duas
teorias: uma de cunho científico, que funciona como ciência exata; e
outra de cunho místico-religioso.
O conhecimento que advém da leitura sobre o assunto, somada à reflexão
apurada da realidade, à observação de fatos e às experiências vivenciadas, é sufi-
ciente para que certas questões sobre a vida percam seu significado idealista. O
rumo que a evolução de meu pensamento tomou, provavelmente, foi o mesmo
de muitos. Na infância, por exemplo, a criança não possui ainda uma boa capa-
cidade de avaliar informações. Ela pode atribuir como verdadeiras informações
falsas ou equivocadas, transmitidas por um adulto ou alguém de sua confiança.
Contudo, conforme acumulamos conhecimento empírico, vamos formando um
estado mental de percepção de fatos e objetos que estão ao nosso redor, nossa
consciência.
É no decorrer desse desenvolvimento que somos capazes de questionar no-
vamente respostas que outrora nos foram dadas. Foi nesse processo que pude,
um dia, chegar mais próximo de minha teoria sobre a vida. Descobri que a vida
e a morte não pressupõem duas esferas contrapostas de corpo e alma. O ser hu-
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mano é fruto da evolução das espécies, assim como qualquer outro ser vivo. E,
como tal, volta à matéria.
É justamente nesse ponto de origem de uma nova vida que encontramos o
nosso propósito: reproduzir a espécie. Em torno desse objetivo maior, buscamos
o parceiro ideal e, mascarando essa mecânica da natureza, está o sentimento que
une as pessoas e contribui para que as relações humanas sejam mais harmônicas:
o amor.
Muitos acreditam que a alma está aprisionada ao corpo do homem ou que
ela é o reflexo de nossos sentimentos. Quando amamos, temos a sensação de flu-
tuar. A alma se eleva. Contudo, se não existir este lado espiritual, tão mágico
como quando nos acontece um déjà-vu, como explicar nossos sentimentos, nos-
sos pressentimentos, premonições e visões?
Na verdade, todo esse conjunto de sintomas está contido no cérebro, este
complexo órgão vital dentro do qual ocorrem inúmeras reações químicas res-
ponsáveis pelas sensações e ações. A isto eu denomino alma, no sentido de ser
aquilo que nos põe em movimento. É esta complexidade de corpo e alma que nos
diferencia de todos os outros animais.
A importância da família entra como parte fundamental na constituição
de um ser humano. É ela que nos passa grande parte de nossos valores morais,
nos ajuda a construir um caráter e nos auxilia em nosso desenvolvimento. Dessa
forma, temos a oportunidade de viver melhor, já que há um enriquecimento em
nossa formação como ser humano.
Esta teoria se encerra com a questão do meio ambiente, já que sua destrui-
ção progressiva pode, no futuro, acabar com nossas fontes de energia vital e com
o ciclo de vida e morte.
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Coincidência
ou providência
C
oincidências não existem. Eu acredito em providência Divina ou “Deus-
cidência”. Existe sempre uma sintonia, quando tudo gira em perfeita
harmonia. Como o cosmo é lindo! Principalmente sem lixo cósmico,
que começa a cair sobre a Terra.
Olha-se a vida e verifica-se o quanto o homem já aprendeu, riu, chorou,
amou, odiou e o quanto ainda está por vir. Quantos Sóis ainda raiarão para aque-
cer a Terra? Quantas Luas ainda surgirão no céu para clarear as noites?
Será que ainda tem gente que repara na beleza da Lua? Ou a “falta de tem-
po” também impede que se aproveite a beleza da natureza? A pressa e o consu-
mismo consomem o homem, seu tempo, sua disposição e sua vivacidade.
Quantos vivem a própria vida como meros espectadores, sendo que a vida
é para ser vivida ativamente no presente, porque é um presente de Deus. Este
tem que ter o maior peso na balança, pois, se a pessoa vive apenas lembrando o
passado, ou carregando suas culpas e desculpas, o presente se torna um fardo. Ou
se ela fica sonhando com um futuro, o presente acaba, e o futuro chega sem ter
sido plantado. O que não é plantado não tem colheita e não pode dar frutos, e os
sonhos não se realizam.
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38
A
vida é um começo, meio e fim. Sobre o começo, já sabemos como acon-
tece. O meio é o que nos motiva. E o fim? Não planejamos o fim. Esta-
mos sempre preocupados com o meio e, mesmo assim, a preocupação
não é com a vida em si, mas com os meios para que ela siga para algum lugar.
Alguns imaginam que têm o controle da própria vida. Outros querem mais é que
sua vida seja levada sem a menor preocupação, porque sempre haverá um fim. O
mais interessante é que, independente da história de cada um, ninguém escapa
do começo, do meio e do fim. Nenhuma crença, por mais diferente que seja,
conseguiu escapar desta equação. Vários pensadores desenvolveram excelentes
teorias para explicar o óbvio e para acalentar a mente das pessoas. Será mesmo
que existe algo além do começo, do meio e do fim?
O começo, quem dera, fosse igual para todo mundo! O meio, se fosse to-
talmente dependente dos sonhos, seria fantástico, na maioria das vezes. E o fim,
quem pensa no fim? O máximo que se deseja é que seja um fim tranqüilo, sem
sofrimento.
Perfeito, não é mesmo? O que lembrarão de você depois do fim? Esta é a
grande onda do momento... deixar um legado para a posteridade. Mas e o fim
propriamente dito? Melhor não pensarmos, não fomos feitos para isso. A nossa
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natureza defende a vida com unhas e dentes. Ela está em primeiro lugar. Não há
racionalidade para simplesmente terminar, colocar um ponto final. O fim está
fora do controle, ele simplesmente acontece de acordo com o que foi o meio.
A qualidade do meio é que leva a vida. O meio é o senhor do nosso destino.
Ninguém decide o meio, ele simplesmente acontece, assim como o início e o
fim. Mas o que torna o meio especial? Depende dos valores individuais. Duas vi-
das iguais podem produzir uma pessoa com plenitude e outra desgostosa. Então,
qual o segredo? Uma boa vida depende principalmente da maneira como o seu
condutor explora as oportunidades que lhe são dadas. Há sempre duas escolhas.
É importante não acertar sempre. A vida precisa de Felicidade, mas o so-
frimento é imprescindível para o crescimento e o desenvolvimento. O equilíbrio
é algo que está presente, como uma mágica, em tudo que fazemos e em como a
vida se move. Então a chave é o equilíbrio? Evidentemente, o equilíbrio será o
regulador imprescindível para quem deseja viver sua vida intensamente. Os fa-
tores cotidianos nos provam que o caminho do equilíbrio sempre será a decisão
sensata.
Entender como aplicar o equilíbrio que move a vida não é uma tarefa fácil,
principalmente para quem já tem alguns anos de vida. É importante que o equi-
líbrio aconteça no começo e no meio, porque o fim será simplesmente uma con-
seqüência. Nesse dia, você descobrirá a contribuição para o equilíbrio do meio
daqueles em que você fez a diferença no começo!
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Consciência
V
IVER: nascer, crescer, transformar. Fazer nascer, fazer crescer, deixar
transformar. Ver nascer, ver crescer, ver transformar. Tornar-se parte es-
pontaneamente. Esta é a história de uma família, de um casal, de uma
pessoa, da humanidade.
Como entender a vida, se sou parte de algo maior, tão incongruente e di-
verso? A certeza, quanto mais busco alcançá-la, mais distante se torna.
Sou o que chega aos meus cinco sentidos. Sou o que vivo, o que percebo, o
que sinto. Faço relações com meu repertório acumulado e devolvo em forma de
nova informação, que detona novos processos e que, entropicamente, perpetuam
a complexidade. Absorvo, mas também partilho. Busco a sabedoria através da
observação e ofereço o exemplo, bom ou ruim.
Impossível conceber a vida sem admitir inter-relações. E relacionar-se exige
respeito, que pressupõe amor, tão nobre sentimento que, vulgarizado, assume
figura piegas, lugar-comum, clichê.
Muitos já se debruçaram sobre a definição de amor, matéria-prima dos po-
etas, argumento dos romancistas, inquietação dos filósofos, base das religiões -
até mesmo a ciência procura sua fórmula. Porém, para quem o toca, impossível
defini-lo. E para que mesmo? Numa sociedade em que tudo se mercantiliza e
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assume seu valor de mercado, aquilo que não se pode controlar é mesmo o que
se revela mais precioso.
A era Cristã trouxe os conceitos que melhor sintetizam a necessidade de
inter-relações, a vitória pela cooperação, pela interação. Talvez, se seguíssemos as
Escrituras: “Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”,
não precisássemos dos demais mandamentos, tampouco das leis humanas, pois
seríamos uma sociedade de respeito mútuo.
Nossa família representa, dessa forma, um ótimo celeiro de aprendizado,
uma pequena amostra da sociedade, espaço perfeito para treinarmos o amor in-
condicional e daí reconhecermos sua importância, pois é justamente nesse clã
que acontece a nossa primeira experiência de amor que, uma vez aprendida em
pequena amostra, mais fácil se torna a sua reprodução em maior escala.
O poder, o conforto e a admiração são estágios a serem percorridos no
caminho do auto-conhecimento e da auto-afirmação para nos reconhecermos
merecedores da troca de amor universal. Amar e ser amado. “Nirvana” para os
budistas, “Estado de Luz” para os espíritas, “Reino dos Céus” para os católicos,
ou tantas outras definições para tantas outras ideologias. Não importa, o objeti-
vo é sempre o mesmo.
A trilha, porém, não é uma linha reta, tampouco uma estrada demarcada.
A cada instante uma escolha, a cada escolha um desafio. A vida não nos fornece
seu manual prático, mas somos dotados do dispositivo que nos torna capazes de
transmutar realidades: a consciência. Saber usá-la é o nosso grande trunfo.
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Crenças
S
egundo o dicionário Michaelis, teoria são princípios básicos e elementares
de uma arte ou ciência. Sistema ou doutrina que trata desses princípios.
Conhecimento especulativo. Conjetura, hipótese. Utopia. Noções gerais,
generalidades. Opiniões sistematizadas.
Para explicar a teoria da vida e responder questões pertinentes e misterio-
sas como: nossa origem; nosso destino pós-vida; a existência, ou não, da alma;
enfim, tudo aquilo que o mundo tenta responder, às vezes de forma satisfatória,
em outras nem tanto, é necessário assumir isenção total de pré-conceitos, isto é,
a cegueira religiosa precisa ficar de lado. Por uma simples razão: não há unani-
midade de conceitos. Não me refiro a termos mundiais, não! Duas pessoas não
têm a mesma opinião a respeito da teoria da vida. Afinal, nem mesmo nós temos
certeza absoluta de nenhuma destas questões elementares.
Defendemos até as últimas conseqüências uma opinião, uma teoria que foi
criada sabe-se lá por quem e com que interesse.
Matamos uns aos outros e criamos guerras por conta dessa cegueira religio-
sa disseminada há milênios. Sem perceber, passamos uma vida inteira enclausu-
rados em nosso sofrimento por simples medo. Receio de ser castigado. Pavor de
algo que criamos em nossa imaginação. Um círculo vicioso que só é alimentado
por temor.
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Degraus da vida
Q
ual a sua teoria sobre a Vida?
“Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar a beleza
de ser um eterno aprendiz” (Gonzaguinha).
Será que existe uma teoria para a vida? Muitos diriam que sim, especial-
mente cientistas, filósofos ou mesmo pessoas comuns, afinal, como seria possível
explicar o nosso surgimento e o de outros seres?
As respostas podem ser as mais variadas, porém o sentido que damos a essa
palavra é algo mais intrínseco, mais valioso.
E nós, damos valor à vida? E o que se entende dela?
Viver é ter sabedoria, sentimentos, atitudes, reações, conclusões. Compre-
ender que tudo é mutável. Por isso, a cada instante, as pessoas e as coisas se trans-
formam.
A Vida é assim, somos nós que não a enxergamos direito. E desse jeito ela
segue, como o curso de um rio, com seus obstáculos, seus atalhos, ora enfrentan-
do tormentas, ora encontrando águas mais calmas.
O caminho da Vida é guiado pelas pessoas, e quem garante a sua existên-
cia? Experiências, pesquisas, dogmas, religiões, fé. Nada disso faz sentido se a
nossa teoria de Vida não for capaz de provar o óbvio: quem nela está é para nela
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Diferenças
E
xiste teoria para a vida?
A teoria da vida que eu conheço é nascer, crescer, aprender, sobreviver,
colaborar, se defender, ensinar, doar, dar exemplos e, se não me esqueci
de nada, morrer.
E a vida é bela? Sim, é muitíssimo bela, se a fizermos bela.
Problemas, complicações, aborrecimentos, desilusões, decepções, traições,
ofensas, mágoas, tudo isso faz parte da vida, assim como uma infinidade de coisas
boas que também existem.
O que seria de nós, se somente acontecessem coisas boas e satisfatórias?
Tédio, rotina, marasmo...Tudo faz parte, e a maioria delas depende única e exclu-
sivamente de nós mesmos. Somos o que escolhemos ser.
Hoje em dia, não podemos dizer que a vida humana tem teoria. Quem en-
sinou o homem a matar seu próprio filho? Ou o filho a matar sua própria mãe?
Isso seria um instinto animal e não um aprendizado. Quem ensinou o homem a
viciar seus semelhantes, a participar ou ser cúmplice de atos aterrorizantes?
Vivemos no mesmo mundo, no mesmo planeta, e eu pergunto: por que
existem tantas diferenças entre nós?
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Em busca da felicidade
R
eflitam sobre a passagem a seguir, de minha autoria. Ela vai ao encontro
com a minha teoria sobre a vida, que nada mais é do que ir em busca da
felicidade.
“Caro Everest, qual é o motivo da sua altura extrema? Por que tantos ten-
tam alcançá-lo? Você mais parece um cemitério do que uma montanha! Falta até
ar! Mas eu entendo o motivo da sua existência. As fotos que vi dos afortunados
que conseguiram chegar ao seu ápice são extraordinárias. Só de pensar que não
há nada mais de matéria que possa ser tocada acima de você, sinto uma enorme
liberdade. Pensando bem, há nuvens, estrelas, planetas, mas estes eu deixo para o
futuro, para uma outra vida. Certa vez, você me perguntou por que eu não tentei
desafiá-lo e o ignorei. Agora já sei o porquê. Foi o medo da morte. Sabe, ainda
sou jovem demais, tenho muita energia para gastar. Não quero morrer tão cedo,
desejo desfrutar e me dedicar à vida, pois esta é curta e tem fim, além de ser algo
precioso. Mas somente para quem a vive com sabedoria. Talvez um dia você me
convença a conhecê-lo mais de perto. Em minha sã consciência, tenho certeza
que esse dia chegará quando nada fizer mais sentido para mim. Aí, valerá tudo,
o medo da morte desaparecerá, e a idéia de morrer congelado não me desagrada,
pois estarei na companhia de um gigante como você, sabendo que o meu corpo
permanecerá na terra por toda a eternidade.”
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Encontro
E
NCONTRAR e o ENCONTRO. Verbo e substantivo que aparecerão
inúmeras vezes neste texto, sempre em destaque. Por quê? Minha teoria
sobre a vida é a de que ela é feita de ENCONTROS, e já explicarei me-
lhor a conjectura.
Tomemos-nos nós, homens, como exemplo. Nossa vida começa a partir do
instante em que um espermatozóide ENCONTRA um óvulo materno. Em se-
guida, o feto ENCONTRA, na barriga da mãe, o calor e o refúgio necessários
para os cerca de nove meses que se seguirão. Porém, antes, houve o ENCON-
TRO de dois seres humanos, no amor, para que o milagre da vida pudesse ger-
minar.
Ao nascer, o pequeno bebê ENCONTRA o mundo. Ainda indefeso, sem
falar, tampouco andar, é muito possível que ENCONTRE cuidado, carinho,
amor e atenção dos pais, ingredientes indispensáveis para ENCONTRAR feli-
cidade no futuro. Os dias ENCONTRAM as noites, e o presente, aos poucos,
vai ao ENCONTRO do Futuro, o fenômeno é quase imperceptível, mas cons-
tante. No início desta vida, os dias parecem que demoram um pouco a passar; do
meio para o fim, voam.
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Evolução
D
o Renascimento de da Vinci à Era Científica de Newton, o cérebro
humano se mostrou capaz de comprovar que a Terra não era o centro
do sistema solar, nem tampouco do universo. A partir daí, a humani-
dade deixou de ser ignorante sobre sua natureza e sobre o lugar que ocupa no
universo. Quando Galileu desprezou a honra de ser mártir para se manter vivo,
ele pôs acima de tudo a importância do conhecimento e registrou, pela primeira
vez na história da humanidade, uma direção na qual os princípios que regem o
universo devem ser compreensíveis e compartilhados por todos, indicando esta
ser a essência da vida. Uma coisa é certa e ela existe por um único propósito:
EVOLUÇÃO. Uma evolução orgânica, que se cria e se consome em permanente
transformação, conduzida pela mente humana. Engels manifestava que a inter-
venção humana na natureza corresponde a uma reação, ou seja: a evolução bio-
lógica e cultural andam juntas. Talvez você ainda não tenha se dado conta, mas
existe uma conspiração em curso, da qual participamos. Basta pensar que somos
concebidos em uma única célula que, por sua vez, é descendente de entidades
individuais que, por algum motivo, há 600milhões de anos, interagiram e inicia-
ram um processo evolucionário, por meio da cooperação de uma com as outras.
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Existe nos seres vivos uma ordem que permite que células vivas indiquem
o lugar e a função deixados pelas que morreram. Hoje, no seu corpo, você não
tem as mesmas células que tinha quando nasceu, com exceção dos neurônios;
mesmo assim, você continuou acumulando experiências e conhecimento. Essa é
a ferramenta que a evolução usa para: armazenar, organizar, transformar e com-
partilhar o conhecimento através de gerações. Isso explica a intimidade no uso
da tecnologia digital pelas crianças de hoje, que nascem com um conhecimento
inato para interagir com a sociedade moderna.
Os indícios de inteligência sempre estiveram relacionados a organizações
sociais onde as espécies que melhor se adaptaram ao processo evolutivo são as que
mais interagiram e transformaram o meio, conseguindo transferir conhecimento
através de grupos e costumes. O homem entende que, vivendo em sociedade,
tem condições de produzir cada vez mais manifestações e se transformar em pro-
duto de sua cultura, criando uma dependência cada vez maior de relacionamento
que o conduz a viver nas megalópoles de hoje e interferir em todo o ecossistema.
Imagine se hoje a raça humana, em sua totalidade, fosse dizimada por uma catás-
trofe nuclear, por uma pandemia ou pelo aquecimento global. Nós simplesmen-
te deixaríamos de existir, porem as marcas no planeta e nas organizações sociais
que sobreviverem terão na memória a passagem do homem na Terra.
Devemos compreender que não somos o centro do universo, mas que
temos a capacidade de desenvolver e transportar o conhecimento para ger-
minar a vida.
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Evolução Individual
U
ma vida é para ser vivida. A intensidade cabe à decisão de cada um.
Cada pessoa, na sua individualidade, escolhe o caminho a percorrer,
lança sementes e colhe os frutos. A sabedoria oferece dicas para o viver,
afinal, o importante é ser feliz, basta saber como. O caminho escolhido deve ser
aberto, desbravado, e a conduta pode torná-lo mais fácil, ou menos difícil.
Teorizar a vida não é nada fácil, pois descobrimos um pouco a cada dia e,
ao final, quando já temos experiência o bastante, já não resta muito tempo para
vivê-la como deveria, além de alguns arrependimentos.
A vida do ser humano pode ser dividida em três partes: nascimento, apogeu
e morte. A partir do nosso nascimento, aqueles que nos educam nos lideram e
transmitem valores, seus valores; crenças, suas crenças; cultura, sua cultura. Estes
são os moldes do nosso caráter.
Nosso apogeu é incerto, pois não sabemos até onde podemos chegar, mas
com certeza chegaremos ao fim. Da base da nossa formação, partimos para as
descobertas, em busca das verdades. Depois de algum tempo, descobrimos que
não há verdade absoluta.
Da relatividade individual, vemos os caminhos sendo definidos para cada
um. Jamais um indivíduo será igual ao outro, ou poderá viver a vida do outro.
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Alguns chamam isso de missão. Se temos algo a cumprir, não sabemos ao certo,
não há verdade absoluta. Será que cada um faz seu destino?
Sim. Podemos traçar nossas metas e buscar situações e oportunidades que
favoreçam os acontecimentos. Podemos desenvolver competências e exercitar
habilidades. Precisamos assumir o controle de nossas vidas.
Todos precisamos ser líderes. Não líderes como normalmente conhecemos,
alguns que até admiramos, mas líderes de nossas vidas. A liderança também tem
sua importância quando nos tornamos educadores e líderes das nossas crianças,
até que eles possam caminhar pelas próprias pernas e se tornar líderes de suas
vidas.
A visualização dos sonhos faz parte das definições de nossas metas. Onde
estaremos, como estaremos e até onde queremos chegar. A conduta do dia-a-
dia abre ou fecha portas no caminho. A maneira como vivemos e nos relacio-
namos nos alimenta de sentimentos e sensações e garante as satisfações e, às
vezes, infelizmente, insatisfações. Esta conduta precisa ser melhorada a cada
dia. É a evolução.
Se na infância tivermos bons líderes, com certeza receberemos palavras de
elogio e incentivo, o que garante um diferencial nesta caminhada. Aqui vale a
reflexão: será que reconhecemos e incentivamos nossos liderados?
O que lançamos ao mundo recebemos de volta, portanto, vamos semear
educação, compreensão, paciência, tolerância, fraternidade. Tudo aquilo que
queremos viver realmente.
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Fé
F
é. Fé na vida. Fé no mundo. Fé divina.
O que muitos de nós ouvimos quando vivemos uma dor é alguém dizendo
“isso vai passar, tenha fé”. Fico imaginando se a pessoa que diz “tenha fé”
sabe o que é ter fé e de que fé ela está falando.
Quando penso em fé, penso em pessoas importantes dentro da igreja.
Exemplos: Martinho Lutero, que infringiu todas as leis da igreja onde crescera
para formar um novo pensamento, uma nova religião. Madre Teresa de Calcutá,
que renunciou muitas coisas em troca de ajudar o outro na pobreza, no sofri-
mento, na dor. Joana D’Arc, que enfrentou batalhas movida por vozes, com o
apoio de muitos cavalheiros que a seguiram dando a própria vida. O que estas
pessoas tinham que as moveram nesse caminho de conflito, da pobreza e da mor-
te? Foi fé? A fé como crença religiosa se baseia na confiança em um divino, em
algo muito poderoso que vai nos acalentar nos momentos de dor e que vai tirar
os pecados que tanto nos fazem sofrer.
Quando penso em fé, penso no treinador de vôlei Bernardinho; além de
toda técnica, este treinador tem fé na equipe, no jogador, na capacidade e no
potencial de cada um, fé na pessoa. Ele aposta que vai dar certo, convence o outro
que vai dar certo e dá certo mesmo. A fé do treinador Bernardinho se baseia na
confiança conquistada em cada um dos seus jogadores.
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Quando penso em fé, penso nos moradores de favelas, moradores das ruas.
Todos os dias são uma luta pela sobrevivência contra a fome, o frio, a solidão.
Vivem com uma única expectativa: manter a vida de um dia para o outro, buscar
maneiras para garantir o alimento do dia e, no outro dia, torcer para ter a mesma
sorte. A fé dessas pessoas se baseia na confiança de que é no amanhã que vão
conseguir sair desta vida.
Quando penso em fé, penso em muitos líderes e em suas causas libertado-
ras, como Gandhi, Martin Luther King, Che Guevara. Homens imortais de nos-
sa história que abriram mão do bem para sua vida pelo bem de um povo inteiro.
A fé desses homens... sinceramente, não sei como defini-la, e não sei se consigo
imaginar.
Seja como for o pensar sobre a fé, o confiar no divino, nas pessoas, na vida,
seja o nome que você dê para aquilo que estou chamando de fé, o mais importan-
te é saber que algo nos move. E, para mim, é a fé.
Fé que nos faz ter planos, que nos faz ter direção, mesmo que mudemos de
caminho algumas vezes. Fé que nos faz continuar a caminhar e a seguir. Podemos
perder dinheiro, carreira, pessoas e sempre continuaremos com o dia seguinte.
Há um motor que se movimenta dentro de nós e que segue sua engrenagem.
Quando vivenciar uma dor, pense na frase “isso vai passar, tenha fé”, e se
não souber o que isso quer dizer, confie no que mais fizer sentido, naquilo em
que confia.
E se não souber o que isso quer dizer, confie no que mais fizer sentido, mas
confie. Existe uma engrenagem dentro de nós.
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Felicidade
A
vida... é uma mistura de sentimentos que nos guiam para caminhos que,
ao mesmo tempo, são iguais, porém cada um sente o seu momento, do
seu jeito, do ponto de vista que interesse mais, que dê maior satisfação...
Cada indivíduo sente sua situação como sendo diferente do outro, e é isso que faz
os seres humanos serem únicos, apesar de viverem dentro do mesmo universo.
De todos os sentimentos, aquele que une todos em um só é a FELICIDA-
DE, pois esta felicidade é, para cada um de nós, única. O que o faz feliz? É ter
paz? Ter saúde? Ser amado? Ser reconhecido por algo que fez ou que disse? Ter
bens? Ter tudo isso junto? Ou outras coisas que não foram citadas aqui? Pode ser
tudo isso, como podem ser outras vontades, pois a vida tem tantos segredos que o
conceito daquilo que buscamos para ser feliz é diferente para cada ser humano, o
que pode fazer com que este significado mude por qualquer fator inesperado.
Todos sabemos que a vida consiste em nascer, viver e morrer. O nascimento
é algo que apenas acontece, sem que tenhamos a consciência da aventura que
teremos a oportunidade de conhecer, a aventura chamada “vida”. Já a morte é
temida, pelo fato de termos consciência de que esta aventura de viver não mais
existirá, e o que vem depois é algo desconhecido, e tudo que é desconhecido traz
o medo, pois não conseguimos nem ao menos fazer uma “idéia” do que pode nos
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60
A fórmula da vida
D
esde pequeno, sempre tive muito interesse por assuntos que atiçavam
a minha curiosidade. “Por que quando a Terra gira eu nunca sinto que
estou de cabeça pra baixo?”, “Por que os planetas são tão parecidos com
os átomos?”, “Onde eu estava antes de nascer?”
Com o decorrer do tempo, por mais que a ciência avançasse na exploração
do macro e do microuniverso, eu me sentia insatisfeito com as teorias que sur-
giam para explicar o fenômeno da vida. Daí, resolvi eu mesmo criar uma teoria
com a mesma intensidade que eu criava meus questionamentos de infância. Per-
doem-me os matemáticos, físicos, cientistas e pesquisadores em geral a pretensão
deste artista que vos escreve, mas sintetizei essa teoria numa fórmula:
x
V=
e
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parafuso e até um planeta desabitado estão vivos, pelo simples fato de marcarem
sua presença física numa certa fração do tempo.
Polêmico? Talvez. Porque estamos condicionados a ver a vida onde existe
ar entrando e saindo. Mas o conceito de vida pode ser bem mais amplo. Basta
existir para estar vivo. Não importa de que material você é feito. As convenções
nos distanciam da realidade. Por exemplo, o tempo. Aprendemos a contá-lo com
nosso relógio. Enquanto aqui é meio-dia, no Japão é meia-noite. Mas todos es-
quecemos que existe um tempo real que ninguém conta, que é aquele vivido
na meia-noite de lá e ao meio-dia daqui, simultaneamente. Esse tempo é único,
onipresente e real. Mas pouco se fala dele.
Uma vez vi uma frase ser grafitada em um muro que dizia o seguinte: “A
vida passa, está passando, passou, e você não viu”. Achei brilhante porque é isso,
a vida estava ali, na frase em si. Na pessoa que a escrevia. E no muro, enquanto
ele existisse.
A fórmula anteriormente apresentada pode parecer apenas uma constata-
ção matemática da existência. Mas ela é o ponto de partida para avançarmos um
pouco mais na teoria da vida. Temos que ter um olhar cauteloso com aquilo que
está ao nosso redor. Somos responsáveis por tudo e por todos com quem dividi-
mos essa nossa fração da eternidade. Assim como somos responsáveis por tudo o
que ainda não existe e que pode ocupar uma fração do tempo no futuro.
Quanto mais significado damos à nossa existência, colorindo nossa fração
com as cores da nossa história, mais significativa e visível ela vai ser para as gera-
ções futuras. E, claro, quanto maior o significado, maior será a herança. E o que
é a herança, senão a constatação da própria vida?
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Generosidade
O
conhecimento da sincronia pela qual a Natureza distribui energia e
equilibra suas ações desde sempre e para sempre no Universo é anta-
gônico à dificuldade de mentes sempre referenciadas num início, meio
e fim compreenderem a eternidade. O texto da existência não segue um padrão
finito, como este aqui; ele sempre foi escrito no tempo e seguirá adiante, mesmo
que não tenha mais ninguém para acompanhá-lo, mesmo que nosso planeta dei-
xe de existir, engolido pelos homens esfomeados, inteligentes como gafanhotos
que devoram em segundos o que a Natureza demorou milhares de anos para
produzir.
Sem tempo para admirar o pôr-do-sol e as estrelas, o homo-non-sapiens
segue soberano, com domínio da sua própria genética e com a conquista de ou-
tros planetas. Segue clamando pela Paz entre as nações e incapaz de viver em
harmonia com os membros de sua própria família. Somente os seres humanos
capazes de viver em paz sob o mesmo teto podem organizar a Paz mundial. A
Paz nunca pode ser imposta, ela surge naturalmente depois do diálogo inteli-
gente, assim como a chuva depois dos dias quentes, como o sono após um dia de
trabalho e como o sorriso depois de um reencontro saudoso. Paciência é a ordem
que recebemos da Natureza para aguardar pelo momento em que a maioria terá
o mínimo de conhecimento necessário; assim, cada um no seu ritmo atingirá a
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A história de cada um
T
odos possuímos uma teoria própria sobre a vida... isso é fácil... cada um
inventa a sua, oferece um monte de respostas para as mesmas perguntas
e as explica da maneira mais excitante possível para conquistar adeptos,
torcendo para que um dia suas frases bem elaboradas sejam repetidas por séculos
e imortalizadas nos livros de história...
Mas o que eu realmente gostaria de conseguir aqui é expressar a ânsia mun-
dial, o sentimento, a agonia do querer saber e não saber querer nem ao menos por
onde começar a procurar... é elocubrar para chegar a algum lugar onde é possível
enxergar a luz no fim do túnel... e eu sinto que a resposta está aqui dentro, e den-
tro de cada ser, mas não sei bem onde...
Nascemos e morremos de olhos fechados...vivemos presos num corpo fí-
sico e buscamos a liberdade na espiritualidade... crescemos querendo aprender
e supomos que talvez a ignorância seja o melhor caminho para a liberdade tão
desejada...
Corremos atrás do amor e o sufocamos no peito quando descobrimos que
ele também nos faz sofrer... fugimos do choro, mas sonhamos em chorar de tanto
rir... desejamos requinte e encontramos a felicidade no simples...
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Hoje!
P
ercebo que o mundo é um sistema de forças e sentimentos cruzados e rela-
cionados entre si. E nossa existência é um processo contínuo de emoções,
consciência e desenvolvimento.
Minha consciência é o que me dá a capacidade de sentir emoções que, por
sua vez, me animam, me trazem movimentos, mudanças e acontecimentos. Mi-
nhas emoções me levam ao encontro do amor para com meus semelhantes, seja
no relacionamento familiar, amoroso ou com amigos e colegas. Amor pelos ani-
mais, pela natureza e o cuidado com os mesmos.
Com amor, mantenho minha alma próspera, em harmonia, e vivo em ple-
no bem-estar. Aprecio a arte, assim como aprecio a música, a fotografia e a lem-
brança. Aprecio o belo e os simples detalhes do dia-a-dia da vida.
Valorizo minhas conquistas nesse mundo cheio de surpresas, mas procuro
ter atenção com o aprendizado recebido em cada passo percorrido, para enten-
der e evoluir cada sentimento. Paro, penso, afasto o sentimento e coloco a razão
nas minhas atitudes, nos próximos e nos momentos em que vivi, para absorver
todas as lições que recebo a todo momento. Através delas, amadureço a idéia de
percorrer por caminhos através dos quais chegarei cada vez mais próximo ao que
realmente desejo encontrar.
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A
h... o humano... aquele pedacinho irrisório de carne, ossos, covardia, te-
cidos, sistemas e egoísmo, expondo-se e engolindo o mundo. Já tentei
por tantas vezes dar o devido apreço ao ser humano que acabei por me
tornar um deles.
Descobri recentemente. E aqui estou, convivendo mascaradamente bem
com todas as formas de feitio moral, numa patética tentativa de me proteger
contra o desgosto e o desespero. Em vão. A devassidão me sorriu. Uivo por cada
sombra seca da mão que maltrata o fraco. Já despendi tantas vírgulas à procura
de algum sinal do elevado... humano... que acabei por descobrir que a vida é uma
peleja faminta entre lobos semelhantes. Cansei. Não me surpreendo mais.
E, como diria Plauto, ainda há de se considerar o medo: aquela parcela úni-
ca de verdadeira humanidade varrida para debaixo do tapete das máscaras mun-
danas. Medrosos contumazes, forjadores é que somos. Passamos a vida fugindo
covardemente do ataque e atacando covardemente para fugir da vida. O medo,
percebi recentemente, pode explicar todos os infortúnios humanos, fictícios, qui-
méricos, utópicos: da guerra à solidão, do sarcasmo ao narcisismo, aconchega-se
absolutamente tudo entre os braços dos temores, reais e imaginários, o que vem a
inflamar o universo daquelas deliciosas peculiaridades humanas e patéticas.
69
Mas não reclamemos. O medo é o que nos salva do fastio da vida o tempo
todo: temor travestido de lógica, de praticidade, de falta de tempo, de “apenas
sexo”, ou força bruta, dinheiro, determinação e medo - medo mascarado de medo.
Esse é o meu favorito: nos fechamos na muralhinha de papel dos terrores cotidia-
nos, vivendo de ilusões doloridas, passados nebulosos e receios que esfumaçam o
verdadeiro medo dos “valentes” lobos: a morte. É a essência de lobo essa emula-
ção humana? Deve ter havido um tempo em que minhas dores somente urravam
por um surto de ousadia, por não conter a existência, que se separavam embe-
vecidas pelo calhorda e ensurdecedor acaso, e não pela crueldade da deglutição
dos demais. Sim... já ouvi histórias de pés que oravam a si mesmos e de olhos que
traçavam uma linha reta. Já fui, por vezes, tomada por um doce respiro de quem
sabe que a sombra é passageira e que no futuro a mãe nos acolherá. Mas agora
é tarde. Sou humana demais para isso. Ultimamente, tenho sentido todos aque-
les medinhos medianos execráveis que nos transformam em uma raça comum.
Eu, que chutei cega o morno por uma vivência mais respirável, senti o cheiro
do temor em meu próprio sangue. Medo da dor. Da dor que não se vê. Preferi o
morno a arriscar-me um pouco. Já sangrei demais sozinha. Solidão e sangue. E
amaldiçoei minha própria covardia.
Ah...o humano....aquele pedacinho irrisório de carne, ossos, covardia, teci-
dos, sistemas, egoísmo ... e medo.
70
O inefável
1. Precisa-se de consciência do limite. 2800 toques.
2. Abrir uma brecha no tempo e contemplar; o instante é tudo.
Silêncio, concentração, ação. Às vezes só ser espontâneo, intuir a impro-
visação. Disposto a tudo: uma crise nervosa, um olhar caótico, existencialismo,
um momento sagrado. O instante único, fugas. O homem, uma pequena peça
dentro de tudo, não pode chegar a uma tendência absoluta, só refletir! Ignoro
a verdade, embora seja necessária a palavra objetiva para se abrigar dentro do
fenômeno social. Depois desta condição antropofágica, estrutura-se toda uma
identidade desde um começo não-começo. Gera-se uma individualidade baseada
nos limites daquele instinto insaciável, que não é voraz, mas ainda atenta contra
outras existências.
Onde morreu o homem moderno? Onde nasceu o contemporâneo?
Silêncio! A pós-modernidade é silêncio.
Neste ponto, só posso regozijar-me diante da possibilidade poética da lin-
guagem, a experiência inefável é minha teoria, as palavras são metáforas, menti-
ras de instantes incomunicáveis; Nietzsche. Simples índex de presenças dentro
desta realidade, conglomerado das infinitas probabilidades. Rejeito a ciência, é
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útil, mas não deixa de ser excludente. Olhe para mim, que sou artista e cada dia
luto para abolir a sombra dos grandes discursos sobre as mentes fracas do dia-
a-dia, da história cronológica; discurso, poder, poder, discurso; Foucault. Mas
acredito em quê? Cine é cinema em castelhano: ressalto minha procedência para
explicar este estilo peculiar de mexer o português. Colombiano, nasci em Dui-
tama, cidade pequena, mas me desenvolvei em Bogotá. O que você “piensa” da
Colômbia?
Teoria da vida? É mais complexo do que um simples texto, do que um ten-
to. Homem é, na minha humilde opinião, a possibilidade de criar sentidos além
das palavras, além da comunicação, no limite com a loucura. Não há hierarquias
nem relevâncias, tente jogar fora a ilusão da importância, quebrar com a função
social “estouentrandonumcaos, nãoconcebosenãoumaanarquia”. Redirecionan-
do-me: vontade e desejo, iguais e opostos; Ditirambos de Dionysos.
Vontade de fazer é ação estética. Desejo de viver é onde o instante se funde
comigo, gerando esta utopia da existência, que me permite até mirar-me den-
tro dos infinitos olhos alheios e redescobrir minha eterna insignificância, que
é o que é realmente importante, um suspiro de insignificância no esplendor de
um tudo indizível! Como vivo com consciência daquela existência provisória?
Mesmo desfrutando com prazer cada dia, acordo como que perdido, e algumas
chaves me orientam para começar a fazer o que o dia tem me designado. É um
jogo e, como tal, é tão difícil como fácil. Depende do instante e como se relacio-
na comigo.
Caos, princípio da ordem!
Inefabilidade, sensação da experiência estética.
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O
surgimento da vida tem inúmeras explicações, da biologia à filosofia. A
primeira baseia-se em experimentos científicos, amostragens e análises.
A segunda é um tanto complexa e requer entendimento sem precon-
ceitos para com os pontos de vista filosofais. Contudo, ainda falta mencionar
a visão da espiritualidade que, possivelmente, contempla uma explicação mais
abrangente acerca desse tema.
A vida tem início muito antes de chegarmos ao plano terrestre. Sob a re-
gência de uma força, conhecida por muitas religiões como Deus, é ela a respon-
sável por criar a alma, nossa essência. Quando estamos prontos para reencar-
nar, recebemos um “plano de vida” com os principais momentos que viveremos,
como o nascimento dos filhos. A Kabbalah, por exemplo, acredita que existe
um caminho pré-definido a ser percorrido, e aqueles que deixam a vida os levar
seguem automaticamente esse caminho. Entretanto, os que tomam as rédeas da
vida para si com atitudes proativas e não reativas podem modificar o que foi
escrito previamente.
Após esses processos, chegamos ao que nos encontramos hoje e, para que
haja uma convivência harmoniosa entre os homens e o universo, é importante
conduzir com sabedoria nossos sentimentos, os bons e os ruins. Certamente o
amor é o mais sublime, pois quando estamos harmonizados a ele, os dias são vivi-
dos de maneira intensa, observamos e aprendemos com cada instante que passa.
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74
Inspiração e transpiração
A
sociedade na qual vivemos é muito complexa. Cada pessoa tem uma
formação, uma cultura, um valor, uma crença, um desejo. Além disso,
cada um tem uma experiência de vida diferente do outro. Por exemplo,
uns foram criados sob os conceitos ortodoxos da religião católica, no qual o ca-
samento é sagrado e primordial para a felicidade, enquanto outros foram criados
sob os conceitos de que Deus nem sequer existe. Na situação extrema, quando
esses conceitos entram em conflito, fatalmente acontece a guerra. Vide o inter-
minável combate entre Israel e Palestina. Saber respeitar a diversidade cultural,
harmonicamente, é um desafio árduo e diário.
Contudo, é comum em todos os seres humanos a vontade de evoluir. E isso
é a chave para que a humanidade progrida.
Por natureza, o homem é um ser preguiçoso. Ele está sempre em busca de
idéias geniais que facilitem o cotidiano da vida. O ideal seria que, só com a força
do pensamento, ele pudesse realizar seus sonhos e desejos. Mas como isso não é
possível, a humanidade foi criando mecanismos, verdadeiras engenhocas, para
ter menos trabalho. O primeiro bom exemplo disso é a tão falada e antiga roda.
Depois, o ser humano foi ficando mais “metido”. É difícil chegar do outro lado
do mundo? Cria-se um meio de transporte para isso. A comunicação precisa ser
móvel? Vamos então criar uma forma com a qual possamos nos comunicar em
qualquer espaço, com qualquer pessoa.
75
E por que existem pessoas que conseguem fazer acontecer e outras não?
Por que há aqueles com brilho nos olhos e outros que apenas estão “cumprindo o
expediente”? Como algumas pessoas conseguem realizar tantas coisas que trans-
formam o mundo e outras passam despercebidas? De onde vem a inspiração?
A verdade é que cada pessoa tem a resposta dentro de si. Muitas pessoas
passam anos da sua vida ouvindo a resposta de outras pessoas, acreditando que
é a sua resposta. Demoram a perceber e ficam frustradas com o fracasso. Não
entendem por que não são felizes e não conseguem atingir “seus” objetivos. Al-
gumas pessoas que nunca vão achar a solução.
Contudo, há pessoas que conseguem ultrapassar essa barreira e ouvir a sua
resposta interior. Quando isso acontece, elas são dotadas de uma força descomu-
nal, de poderes e idéias inimagináveis que causam a transformação do mundo.
Aí então elas conseguem fazer acontecer. Os sonhos se tornam realizáveis, seus
desejos são legítimos, e a felicidade é cotidiana. Surge uma paz interior que nun-
ca existiu anteriormente. Essas pessoas se tornam dispostas a lutar pelo famoso
“mundo melhor”.
É evidente que não basta inspiração. A regra é clara: 10% inspiração e 90%
transpiração. Todo sonho que você quer que se concretize precisa de muita “mão
na massa”. A questão é: como você quer contribuir para o mundo?
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Jardineiro
J
á deixei muita gente feliz, outras decepcionadas (aquela menina apaixona-
da), e ainda não aprendi o que a vida tem. Cheguei ao ponto de me perder,
me drogar, sair de mim mesmo para encontrar simples respostas. Será que
quando extravasamos, quando perdemos a linha, isso se torna uma reta que lá na
frente vai nos levar para a direção certa?
Sinceramente, só sei que nada sei, já os porquês, talvez. Para uns, a teoria é
aproveitar até o último segundo, não se arrepender jamais, cheirar todas as flores,
amá-las, sejam elas belas ou não. Em um jardim cheio de expectativas e inquietu-
des, a semente se deleita ao toque de cada gota carregada de esperança.
Para mim, a teoria é viver, é ser, existir, criar, saber chorar quando preciso,
fazer o que tiver que ser feito. Tenho pensado muito na vida, mas só pensar
não vai fazer com que minha semente cresça nesse jardim que mais parece uma
selva.
Atitudes têm de ser tomadas quando necessárias, dúvidas têm de ser escla-
recidas. Toda ação provoca reação: reaja, lute, enfrente, seja você mesmo, regue
sua semente com verdade, mas não esqueça que nem sempre ela se torna aliada;
muitas vezes, analisando friamente, percebemos que, se tivéssemos mentido, te-
ria sido melhor.
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Maternidade e grandeza
O
mistério que envolve o amor materno vai além das explicações biológi-
cas, em que o fator hormonal ou instintivo é destacado. Como explicar
que todo o infortúnio que se passa para gerar uma vida pode ser re-
compensado simplesmente por um sorriso banguela?
A mulher tem sua vida transformada desde o momento em que sabe da ma-
ternidade, tudo ao seu redor passa a ser em torno dessa criatura que nem mesmo
nasceu. Modelos de mães são analisados, na esperança de se criar uma identidade
ou mesmo de despertar esta mãe dentro da sua alma.
Para um filho, sua mãe tem uma aura sagrada, um quê de divindade que de
maneira alguma pode ser maculado.
Mesmo como forma de xingamento, o amor de mãe vem em primeiro lu-
gar - todos nós, um dia, fomos chamados de “filhos da mãe”, mas dificilmente de
“filhos do pai”.
De tão forte, porém, este amor torna-se egoísta, partindo-se do ponto de
que, para que a mãe esteja em estado de plena felicidade, seu rebento também
deverá estar feliz; logo, a mãe pode ser levada a um longo sofrimento para que
seu filho esteja feliz e, por conseqüência, ela também. A máxima que já virou
clichê, de Coelho Neto, “ser mãe é padecer no paraíso”, não poderia ser mais
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Meu caminho
A
lma, a energia que nos foi concedida, essência única com a mis-
são de evoluir. Vida, a busca por evolução espiritual e pessoal.
Um caminho que envolve dedicação, com momentos felizes e tristes, pes-
soas que aparecem e desaparecem de repente; simplesmente para dizer ou mostrar
algo de que se precisava saber; e outras que permanecem um longo período e que
nos ajudam nesse caminho.
A família nos ensina os valores e princípios da sociedade, nos prepara para
caminhar por conta própria e fazer as escolhas que decidirão as próximas etapas. É
a primeira experiência de compreensão e convivência com outras pessoas.
Os amigos são a extensão da família, porém sob nossa escolha. A segunda
experiência e é com quem aprendemos a lidar com as diferenças.
Sociedade, com seus conceitos, teorias, regras, valores...
Inevitável viver dentro das regras da sociedade, mas afastar-se, através da me-
ditação, de viagens a lugares bem diferentes de onde se vive, do contato com a natu-
reza e, às vezes, de conversas sem censura com pessoas especiais, aquelas com quem
se discute um mundo diferente; tudo isso é necessário. Desprender-se e tentar ver
o mundo de fora, como se não pertencesse a ele, mantém o equilíbrio e redireciona
o foco para o que realmente desejamos ser, precisamos ter e fazer para não seguir
somente o que a sociedade espera de nós.
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Mistério da vida
A
ssim como diversas religiões atribuem a autoria da criação aos seus res-
pectivos deuses, outras justificativas chegaram próximas a uma respos-
ta aceitável para a teoria da vida. Para mim, a verdade simplesmente é.
Tudo que puder ser dito sobre ela irá torná-la falsa. A verdade não pode se tornar
um objeto. Sentir é o único conhecimento possível. Nem tudo o que existe pode
ser percebido no mundo material, ainda que os céticos duvidem da existência da
alma. Por vezes, nos sentimos confortáveis e enriquecidos, sem algum motivo
aparente e, então, passamos a questionar nossa origem. É só pararmos um instan-
te e percebermos o que nossa alma nos comunica através das emoções refletidas
no corpo. O amor é o mais nobre valor expressado e o mais difícil de se definir.
A paixão, ao governar sozinha, é como uma chama que queima até se destruir,
enquanto a razão, se for somente ela a soberana, é uma força que confina. O fato
é que o amor é suficiente ao amor, nem mais, nem menos.
Desde os primórdios, quando o amor se tornou perceptível aos homens,
outros povos tentaram decifrar nossa origem através de diversas práticas e regis-
tros. No Oriente, os antigos, em sua relação com a natureza, criaram a palavra
dharma para simbolizar o propósito de vida. Encontrar o dharma é, sobretudo,
uma busca individual. Quando se gosta do que faz, o trabalho perde considera-
velmente seu peso de sacrifício e esforço. Quando agimos conscientemente, a
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84
Oportunidades
D
e repente, deparamo-nos com questões essenciais.
Vividas, mas será que realmente vivenciadas?
Pense e reflita: por quantas vezes em sua vida agiu mecanicamente, sem per-
ceber, sentir e pressentir o teor do seu dia? Sem notar sua luminosidade, aquele aperto
de mão, carinho, palavra, amigo... O momento em que sentiu os olhos borbulharem
de emoções, rompendo-se rapidamente em gotas de lágrima?
Afinal, qual a teoria sobre a vida?
Uma hábil e eloqüente questão que, mais que palavras, demanda energia.
A vida se faz em oportunidades!
A oportunidade de transformar partículas em matéria, em acreditar na co-
esão de átomos que, tal como o qual integra e representa, deseja nada mais, nada
menos, que aprender a VIVER... Coesamente ou não!
E quantas inflexões observamos neste choque de idéias e ideais? Seriam
elas frutos de uma sociedade plenamente desperta, ou que luta diariamente para
sobreviver? O que “atomicamente” falando deveria ser tão natural!
Sobreviver... Diariamente lemos, em jornais, notícias de pessoas que apren-
deram a sobreviver, apesar das dificuldades.
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NATURAL, palavra tão simples, sincera em seu significado bruto, traz a expres-
são da vontade humana: Que no decorrer de sua vida, o transcorrer de seus caminhos
seja o mais natural possível, de forma que todos os seus laços e lastros indiquem: “Você
manteve sua ESSÊNCIA, foi natural e não deixou que os julgamentos sociais (cá entre
nós, nada sociáveis) engessassem-lhe A ALMA”.
Certas pessoas tão naturais, por vezes, são tidas como “inocentes”, “sem
etiqueta”, mas comer manga com as mãos é a manifestação plena da essência
da vida! Felicidade, nua, crua, sem julgamentos... Assim, natural como a vida e
como deveria ser o VIVER.
Se vivêssemos cada dia tal como ele é, com respeito ao próximo e a si mes-
mo, aprenderíamos que a teoria da vida concebe em si o desafio de questionar o
ser humano em seus atos, para que, num momento evolucional físico, psíquico
ou espiritual, recaia em si a responsabilidade por viver CADA MOMENTO.
E cada momento representa em si a oportunidade única de aprender que
cada um é um! Ser unicamente indivisível, coeso, enfrentando-se em conceitos e
teorias sociais que visam ENSINAR a todos o poder do amor.
E amar ao próximo como a ti mesmo é uma linguagem de difícil acesso,
muitas vezes, via de mão única.
Quantas vezes, perdido num amor absurdamente único e exclusivo, quem
foi excluído foi o SEU QUERER.
Amor é respeitar... a ti em primeiro lugar, e AO PRÓXIMO como A TI
MESMO.
Afinal... “vida é o período de existência compreendido entre o nascimento
e a morte”, e essa existência, se preenchida com entusiasmo, aprendizado e ale-
gria, trará em si a certeza plena de querer VIVER.
Seremos vivos no dia em que aprendermos a viver A VIDA plenamente,
além da teoria!
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Origem e finalidade
D
esde a Antiguidade, procuramos compreender o significado da vida e
para onde iremos após a morte.
Para responder a essas perguntas, foram criados os mitos. Porém come-
çamos a sistematizar o pensamento, para responder às perguntas sobre o signifi-
cado da vida e da morte. Assim foi criada a filosofia.
Os filósofos perceberam que tudo que existe deve ser feito da mesma subs-
tância. Para alguns, a água, o ar, o fogo, a terra, porém, para Demócrito, existia o
átomo como partícula que se unia a outras e formaria todas as coisas. Após 2.200
anos, foi provada a existência dos átomos, e descobrimos que tudo é composto
por eles.
Foi o filósofo Aristóteles quem definiu a idéia de teleologia, que significa
“Que tudo que existe tem uma finalidade”.
Portanto a Teoria do Átomo Teleológico é:
“Teoria que considera tudo que existe como vindo da mesma fonte e de
mesma substância, guiada por uma força maior que governa tudo de forma per-
feita e lhe confere finalidade”.
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Otimismo e pessimismo
À
procura de um sentido para a existência, perguntei para três pessoas:
qual o sentido da vida? A primeira, um otimista, respondeu-me: “Nada
melhor do que nascer numa família bem-estruturada, crescer sob o cari-
nho dos familiares, ter acesso a boas escolas, viver um grande e duradouro amor.
Atingir o sucesso profissional, acompanhado de sua recompensa financeira, e
poder constituir minha própria família, transmitindo-lhe valores éticos e mo-
rais, praticando, sempre, os ensinamentos cristãos para poder aspirar por uma
moradia digna na outra vida”.
Em seguida, o pessimista disse-me: “Conheço a história de meus fa-
miliares e, comigo, não poderia ser diferente. Nascido pobre, em um lar de-
sestruturado, sem apoio do Estado, da Igreja e de quase todos, não tive voz
nem vez. Quase sem estudo, quase sempre sem emprego, a saída foi a sobrevi-
vência na quase marginalidade. Até tentei acreditar no amor, mas não consegui.
Também quis fazer com que meus filhos tivessem uma história diferente, não
tive sucesso. Às vezes penso que esta sina pode ser culpa do destino ou que as mi-
nhas descrenças me levaram aonde não cheguei. Mas, com uma vida assim, devo
ainda acreditar em Deus, se parece que Ele que não acreditou em mim?”
Perguntei, então, a mim mesma. Tive um lar cercado de amor. Uma edu-
cação que me ensinou que a vida é mais do que ter, é ser. E, para isso, devemos
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buscar o saber. Tive ciência, contudo, das dificuldades enfrentadas por meus pais
e avós na luta diária pela subsistência. Pude estudar em boas escolas, escolher
minha profissão e exercê-la plenamente, fato que, por óbvio, não me eximiu de
enfrentar dificuldades e desafios no mercado de trabalho. No amor, muito cedo,
uma escolha infeliz. Mais tarde, a chance da remissão. A felicidade de ter en-
contrado um companheiro de vida, solidário e altruísta como poucos em nossos
tempos o são.
Por meio dos rendimentos no trabalho, pude alimentar minha paixão pe-
los livros e pelas viagens. Ao ler, percebemos o quanto ainda precisamos apren-
der. Ao conhecer o mundo, nos damos conta do quanto ainda somos carentes de
conhecimento para entender as culturas diversas à nossa. Não obstante, é certo
que nem precisamos ir tão longe: nosso país possui realidades tão distintas que
parece abrigar muitas nações dentro de uma só.
Penso que todas as pessoas têm, umas mais, outras menos, razões de sobra
para serem pessimistas em sua visão sobre a vida. Eu, no entanto, continuo ten-
tando ser otimista, procurando uma razão maior para a existência. Reconheço
que Deus já me deu muito do que eu esperava da vida. Mas, como a vida é uma
eterna caminhada, continuo, sigo em frente.
E espero que, mais tarde, Ele esteja me esperando, com sua sabedoria infi-
nita e luz eterna.
90
Pensamento e evolução
C
onsidero, pelas constantes buscas pela melhoria das condições de vida,
pelas condições ambientais, tão relevantes em nosso tempo, pela ori-
gem e evolução da vida, que o mais importante e menos valorizado fa-
tor é a ação do “pensar”.
Digo pensar pois só os seres humanos, ditos inteligentes, animais racionais,
têm essa capacidade explícita, e denomino a ação do pensar como fator deter-
minante para a sobrevida de qualquer espécie dentro da Teoria da Evolução de
Darwin. A partir do momento em que pensamos, estamos aptos a dirigir a ação
e a ordem dos acontecimentos, interferindo positiva ou negativamente na exis-
tência de uma espécie.
Muitas vezes, tentamos obstinadamente salvar uma espécie da extinção,
como se pensássemos e soubéssemos que somos superiores à ação da Evolu-
ção, não aceitamos morrer e muito menos que a nossa interferência pode nos
matar...
Quando pensamos na melhor forma de nos locomovermos, nos relacionar-
mos, ou até mesmo nos comunicarmos, estamos agindo diretamente e interferin-
do principalmente no meio ambiente, sem darmos tempo para que a Natureza se
recomponha, o que sempre traz conseqüências para todos.
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Toda e qualquer ação tomada pela nossa “irracionalidade” pode e vai nos
afetar de alguma forma no decorrer da nossa existência. Nos dias atuais, estamos
preocupados com as nossas ações, pois os resultados delas são sofridos por nós
mesmos, e não por outras gerações futuras, como acontecia no passado.
Por citar o passado, dentro da mesma teoria, os povos antigos, além de me-
nos populosos, condição primordial para a subsistência, eram muitas vezes nô-
mades, dentro do próprio espaço físico da aldeia, do feudo ou da cidade. Todos
costumavam plantar em locais diferentes a cada safra e se utilizavam dos recursos
naturais de uma forma mais coerente, mesmo sem a intenção de preservação, mas
sim de uso da melhor matéria-prima existente.
E, para considerar o futuro, a superpopulação da raça humana será o prin-
cipal problema que enfrentaremos. Sob júdice pessoal entrarão vários conflitos
sobre os valores pré-estabelecidos para a vida em sociedade. Estaremos de novo
sujeitos à lei do mais forte, e o mais forte pode ser você, defendendo-se em busca
de alimentos e proteção para com os seus.
Hoje é fato que dependemos um do outro para sobreviver, aprendemos tão
bem a viver em sociedade que é insano pensar em viver como ermitão, loucura ter
a sua própria vida desvinculada de certos valores éticos e morais que preconizam
nossa sociedade. Pois então, dentro do nosso livre-arbítrio, finalizo deixando
uma questão que me ocorre: “Posso, sabendo conscientemente, agir e, conse-
qüentemente, interferir na minha vida ou na de outros?”.
92
Pensar e questionar
M
inha teoria é de que precisamos muito pouco, quase nada, para ser
feliz. Aliás, felicidade para mim é algo muito mais relativo, muito
mais cheio de nuances do que as propagandas de margarina e lojas de
departamento nos induzem a acreditar.
Somos escravos, por educação, das verdades que nos dizem tantas vezes
pela televisão. A extrema realização do ter - que nos vendem todos os dias e que
chegará quando a milésima e última parcela for quitada - é vazia e só pode nos
levar ao desespero.
Penso. Penso muito, e isso é algo tão rotineiro para mim como o ato de res-
pirar. Por conta disso, é sempre com surpresa que chego à freqüente constatação
de que grande parte das pessoas à minha volta deixa de pensar (e por opção).
E quando digo pensar, não me refiro a comentar casos chocantes como o da
garota Isabella - supostamente atirada pela janela pelo próprio pai para acobertar
o assassinato cometido pela madrasta -, que são apenas válvulas de escape para
o coração imenso e inutilizado de toda uma nação. Tampouco quero dizer que
a vida é, em seu único fim, uma contemplação aristotélica, com a obrigação de
todas as idas e vindas de um Sócrates.
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94
Plenitude
V
ida é o nome dado ao intervalo de tempo entre o nascimento e a morte
de um ser vivo, que é todo elemento que respira e obedece a um ciclo, ou
seja, nasce, cresce, envelhece e morre. O tempo de vida é relativo à sua
espécie e a acontecimentos imprevisíveis. Os seres vivos são divididos em animais
e vegetais. Os animais se dividem em racionais e irracionais.
Os animais racionais são conhecidos como seres humanos. Jorge Furtado,
no filme Ilha das Flores, de 1989, diferenciou o ser humano dos outros animais
pelo seu telencéfalo altamente desenvolvido, por um polegar opositor e por ser
livre.
Outro fator que diferencia o ser humano dos demais animais são suas ne-
cessidades. Maslow defende que as necessidades humanas se distribuem em uma
hierarquia de cinco necessidades: fisiológica, segurança, sociais, estima e auto-
realização. Os seres humanos nascem em condições semelhantes, sem desejos
materiais, e buscam apenas satisfazer as necessidades fisiológicas e de segurança,
até adquirir a consciência de onde vivem, com quem vivem, o que possuem e o
que podem possuir, adquirindo novas necessidades.
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Poesia!
V
ida é para viver
Grande segredo não há
Quanto mais simples for
Melhor você viverá.
Amar tudo e todos
Fazer o melhor que puder
Tentar ser sempre alegre
Um bom homem ou mulher.
Proteger a natureza
A terra, a água e o ar
Defender a flora e a fauna
O céu e também o mar.
Respeitar cada ser vivo
Tentar sempre ajudar
Não permitir injustiças
Nem ofensas tolerar.
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Valorizar os idosos
Pois têm muito a ensinar
Aceitar suas palavras
E seus conselhos acatar.
Ajudar os pequeninos
A crescer com dignidade
Ensinar-lhes o amor
A alegria e a bondade.
Não desprezar seus irmãos
Nunca humilhar ninguém
Pois todos merecem atenção
E o nosso amor também.
Ver a beleza da vida
No nosso dia-a-dia
Pois é nas pequenas coisas
Que mora a alegria.
Agradecer sempre a deus
Por tudo aquilo que temos
Por tudo aquilo que somos
E tudo o que recebemos.
Achar graça nas coisas
Ter senso de humor
Não levar tão a sério
Uma pequena dor.
Ter religiosidade
Seja ela qual for
Acreditar com firmeza
Numa força superior.
Cuidar sempre da saúde
Pois é nosso maior bem
Nosso corpo é nosso templo
E nossa morada também.
Trabalhar com afinco
E com muita disposição
Pois é feliz quem possui
Um trabalho e uma profissão.
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100
Progresso
A
vida é feita de escolhas. Ninguém está errado. Cada um tem um refe-
rencial, uma opinião para as decisões. As nossas ações geram reações e
podem perdurar por gerações. A teoria gera a prática, e a prática gera a
teoria. O momento proporciona a experiência, e o conhecimento pode trazer a
felicidade ou a infelicidade.
Só se atinge a felicidade progredindo, evoluindo, criando momentos de
aprendizagem e trabalhando para construir o futuro. O progresso é a lei da natu-
reza. Segundo Ferreira (1988), é marchar para frente. É o conjunto das mudan-
ças ocorridas no curso do tempo.
A teoria sobre a vida é a de que o homem está vivo para progredir, para
evoluir, porque nada é por acaso, logo, as escolhas gerarão causas e efeitos.
A Terra vem evoluindo desde a sua criação até os dias atuais, porque nada é
estacionário na natureza. A vida que cada um tem é o que cada um criou, por isso,
a missão que cada um tem no planeta Terra é descobrir o motivo pelo qual está
aqui. Não basta nascer, crescer, reproduzir e morrer. É preciso muito mais.
O homem é uma caixa composta de várias peças: valores, princípios, moral,
conhecimento etc. Na teoria de que a vida é um progresso, é preciso influenciar o
seu meio ambiente com ações que estimulem as pessoas a mudarem suas vidas.
101
Por isso, na teoria do progresso, entender o outro pode ser a grande sacada
da vida, visto que, conhecendo o outro, poderá ajudá-lo a estar no lugar certo, no
momento correto e fazendo bem as coisas.
O progresso é a lei do sonho e da imaginação. É quando o homem põe para
fora o seu talento para ajudar a humanidade a evoluir. Este é um grande desafio
da vida.
A destruição é um meio de atingir, pela transformação, o progresso, um
estado mais perfeito, porque tudo morre para renascer. Na teoria do progres-
so, é preciso amor, caridade, justiça, crença em um ideal, atrair o que se quer,
trabalhar, estudar, organizar e planejar. O progresso é o fruto do que se pensa e
faz, no que, um dia, acreditou-se e apostou-se. As diferenças são um importante
tempero para contribuir para a evolução. O progresso pode ser moral, científico,
tecnológico, artístico e intelectual.
A procura pelo bem-estar força o homem a se desenvolver. O progresso é
fruto do trabalho, que é originado da inteligência. O progresso geral é a resultan-
te de todos os progressos individuais. O progresso moral é o que traz a felicidade.
Acreditar no futuro é acreditar no progresso. O homem quer ser feliz e por isso
procura o progresso para aumentar a sua felicidade.
O progresso permite construir uma história, e se ele é o ingrediente para a
felicidade, é preciso tentar criá-lo todos os dias, já que a felicidade dura pouco,
porque o moderno de hoje é o arcaico de amanhã.
102
Projeto “A Vida”
A
vida é um grande projeto atemporal que possui início e fim. Ao longo
dos anos, temos as “entregas” não só para nós, mas também para nossos
clientes (família, amigos, desconhecidos etc). Sendo assim, nossas vi-
das se encaixam perfeitamente nas nove áreas de conhecimento apresentadas no
PMBOK (Project Management Body of Knowledge):
1. Escopo - Ao nascermos, acredito que temos uma definição do que pode-
remos ser. Porém, ao longo dos anos, podemos ter “mudanças no escopo” (geral-
mente não previstas) que farão com que nosso projeto tenha mais essência.
2. Tempo - Até podemos planejar o tempo deste projeto (cuidando da nos-
sa saúde, não fumando nem bebendo, gerenciando nossas limitações etc), po-
rém, como em todo projeto, podemos ter imprevistos, alguns possíveis de ser
resolvidos, outros, infelizmente, não têm uma solução muito rápida/fácil.
3. Recursos Humanos - Em qualquer projeto, os Recursos Humanos são
itens importantes, pois, caso faltem, pode atrasá-lo ou fazer com que seja um fra-
casso. Os recursos administrados para esse projeto são diversos: amigos, família,
casa, carro, viagens...
4. Qualidade - Este item é visto ao longo de todo o projeto:
103
xx Cuidados no nascimento;
xx Educação ao longo da adolescência;
xx Responsabilidade na vida adulta;
xx Experiências e momentos marcantes no fim da vida.
5. Comunicação (ah, a comunicação... que problema esse item!) - Quando
pequenos, que dificuldade para falar... Na adolescência, ninguém consegue nos
entender! Vamos ficando adultos e, às vezes, o que queremos falar/expressar tem
vários significados. Com o avanço da tecnologia, então, muitas vezes não nos
fazemos entender. E quando estamos na terceira idade, ninguém tem paciência
de ouvir nossas experiências, histórias, lições de vida.
6. Riscos - Como lema, tenho uma boa definição para este projeto: “Não
tenha medo de arriscar e arrisque”. Claro que, na nossa vida, seria interessante
termos para sempre uma ação neutralizante para os possíveis riscos, mas este pro-
jeto não nos permite listar “todos” os riscos.
7. Custos - O valor que o projeto terá depende só de você!
8. Integração - Como no PMBOK, nosso projeto sem integração dos nove
itens não funcionará e será um fracasso.
9. Aquisição - Depois de todos os itens citados, o que você, “meu cliente”,
acha de tudo isso?
Que tal deixarmos de lado a preocupação de que este projeto será uma so-
lução perfeita?
A princípio, este projeto será uma “Versão Beta”, e provavelmente estare-
mos em “Versão Beta” até morrer. Mas não seria interessante ao menos nos pro-
pormos a fazer este projeto ser diferente? Que tal dividirmos a responsabilidade
deste sucesso?
104
Propósito
Q
uando penso na vida, logo a associo ao amor, à minha fé, à famí-
lia e ao bem. As intenções com o amor são sempre boas, justificadas
na sua ingenuidade e pureza que sequer passam por qualquer pré-
julgamento antes de ser manifestado.
Quando penso nesse amor, automaticamente lembro-me dos meus pais,
depois das minhas irmãs, do meu marido, dos sobrinhos e daqueles amigos que
moram de graça no coração.
Minha família é a base da minha existência, de como me comporto, de
como trato as pessoas e de como eu posso perceber a vida e enxergar o mundo. É
o meu porto seguro. Todos reconhecem sua importância para o decorrer de toda
a vida. Consciente ou inconscientemente, este reconhecimento existe.
Mas viver não é fácil, quero dizer, sobreviver não é fácil.
A busca pela sobrevivência, simples existência, nos induz a uma vida que às
vezes parece fugir do nosso controle.
Vemo-nos fazendo muitas coisas com o sentimento de obrigação e insatis-
fação, porque não tivemos tempo de absorver a necessidade desta ação através de
um olhar positivo.
105
106
Razão e emoção,
ciência e arte
C
omo viver mais feliz?
Por que este é um tema tão presente?
Encontramos o tempo todo, pela mídia, conceitos e mandamentos, regras
que vão do cuidado com a natureza à alimentação e ética. Tantos, que podemos criar
um manual completo para nos (re)educar.
Também muito se questiona a substituição dos valores humanos pelos valores
materiais e financeiros e a nossa responsabilidade com o amanhã. Percebemos, assim, o
homem sempre em busca da transcendência. E vemos sua necessidade em aperfeiçoar-
se cada vez mais.
Só posso concluir que esta busca vem da necessidade do principal objetivo da
natureza, que é a preservação da espécie. Afinal, o que seria uma vida completa? Penso
que é unir, da forma mais harmônica possível, as vidas mental, emocional, física e espi-
ritual. Deixo toda esta complexidade e me concentro ao que faz parte de meu universo
de trabalho com arte e criatividade e que tanto me atrai: razão e emoção. Ciência e
arte. Aprendemos desde criança que precisamos distinguir o certo do errado, o bem
do mal, e fica difícil, como adultos, perceber que nada é certo ou errado, tudo depende
do contexto.
107
108
Reflexões
S
empre iremos parar e pensar no que é a vida, como ela foi criada ou o que
estamos fazendo aqui nesta realidade. Qualquer tentativa de explicação
para essas perguntas será fraca e frágil, por melhor que seja.
De acordo com os maiores sábios, quando paramos e fazemos essas per-
guntas, estamos no caminho certo. É a partir dessas perguntas que chegaremos
ao autoconhecimento.
E começa aqui uma dessas tentativas, uma viagem dentro de várias filosofias e -
por que não? - dentro da alma humana, na busca do autoconhecimento.
Para entender um pouco a vida, a primeira pergunta que surge é:
“De onde viemos?”
Do princípio de que há somente uma raiz, uma só origem de onde viemos,
há uma Força Superior por trás de tudo, que é a existência plena.
Foi criado o corpo material, e para ele foram criadas as almas, que são partes
dessa Força com existências individuais, ou seja, pequenas partículas espirituais presas
no corpo material. Essas partículas espirituais é o que dá vida.
Ao contrário do corpo material, para a alma não há morte; uma vez criada,
ela não deixa de existir, sendo eterna para completar seus ciclos de aprendizado
e amadurecimento.
109
110
O sentido da vida
P
orque não somos apenas seres pensantes e possuímos capacidade de sentir,
podemos dizer qual o sentido da vida... Quando começou a vida? Numa
evolução bacteriana? No Big Bang? Ou antes disso? Mas o que é vida? Há
algo que não seja vida? Tudo é vida. A morte é vida, só que diferente. O conjunto
de células vivas de um coração pode dar vida a outro corpo que esteja morrendo...
A vida é conceito absoluto, morte é relativo.
Vamos pensar naquilo de que somos constituídos: pele, ossos, nervos, mús-
culos etc. Estes elementos são constituídos de células, que são constituídas de
átomos, que são constituídos de prótons e elétrons, e por aí vai, em partes cada
vez menores e distantes...
Fiquemos nos átomos. Imagine a conhecida fórmula H2O em um copo
com gelo e limão. Imagine ainda que essa água tivesse seu início na chuva, que
formou o rio, que foi para a represa, que chegou à torneira para, finalmente, se
depositar dentro desse copo. Esses dois conjuntos de átomos atravessaram o uni-
verso em diferentes formas e elementos para chegar até aqui e tiveram inúmeras
possibilidades para seguir outros caminhos e formar outros elementos, mas quis
o destino que chegassem até esse copo na forma de água. Se alguém bebe essa
água, os átomos que a constituem passam a se integrar e interagir, vibrando na
freqüência dos átomos de quem a bebeu. E, depois de cumprida a missão, passa-
111
rão por nós e continuarão sua jornada em outras formas, em diferentes matérias,
pois nada desaparece, apenas se transforma! A água, uma pedra, uma planta, nós
somos da mesma coisa, vibrando em freqüências diferentes.
Portanto, morte como fim não existe. O que existe é a constante transfor-
mação de elementos que constituem tudo o que há no Universo. Lembre-se: os
átomos que hoje vibram em você já brilharam numa estrela. E esses eternos ciclos
de transformação têm apenas um objetivo: a evolução!
O Universo evolui e nós também. Não há outra razão de toda essa existên-
cia que não seja a evolução. A vida, tal qual nós a conhecemos e concebemos,
serve apenas para passarmos pelas experiências necessárias para a evolução de
cada um. Temos como propósito na vida evoluir, ou seja, ser feliz. E cada um sabe
qual é o seu ponto de felicidade – mas quase nunca se lembra. E é por esse esque-
cimento que muitas vezes precisamos de ciclos e mais ciclos de transformações
para chegarmos a reconhecer esse ponto de felicidade.
Portanto, tudo é vida. Nada desaparece e tudo se transforma. Einstein já
nos mostrou que a diferença entre matéria e energia é uma sacudidela constan-
te - à velocidade da luz - em seus elementos. Movimento, vibração, freqüência,
expansão, evolução - é disso que se constitui a vida.
A vida tem como objetivo a evolução. Não existe coincidência e não somos
obra do acaso. Afinal, somos uma idéia de Deus.
112
Simplicidade
T
udo seria mais simples. Está tudo complicado.
Não que minha vida não seja complicada, ela é, mas eu tento, eu me
esforço para simplificá-la. Meu pai sempre me diz: faça o bem, que ele
volta. Simples assim. Faça o melhor, que ele volta. É como estudar, trabalhar, se
aposentar: planta e colhe.
Não estou falando para você trabalhar sem parar, estou falando para você
fazer o melhor em tudo. Quanto melhor, melhor. Entendeu? Quando você tra-
balha, vem o seu salário; quando faz o bem, ele volta. Aplico isso na minha vida
e, de alguma maneira, tento fazê-lo assim, desde as coisas mais simples às mais
complexas.
O que me dói quando entro no assunto complexidade. Começamos pela
maneira de gerenciar uma nação. Não seria mais fácil se tratássemos o Brasil
como uma grande empresa? Uma S.A.? Um condomínio gigante? Vejamos. Nós
somos os associados desse grande clube. Pagamos a mensalidade em forma de
impostos. Já calcularam quanto você paga de impostos por mês? Por ano? Com
certeza, é uma quantia enorme, visto que o Brasil tem uma carga tributária nada
ínfima. Este é o valor da mensalidade.
113
114
M
uitos cientistas têm várias explicações sobre a vida, das mais inusita-
das às inventivas ou especulativas. Mas a vida é simples, é o acordar,
o respirar, o olhar para o horizonte e sentir a vida penetrando em sua
alma.
Pessoas vivem vidas que não são delas próprias. Outros acreditam que o
dinheiro trará toda a felicidade que almejam. Que o trabalho é tudo para o sus-
tento e para a sua realização e de sua família.
Para mim, basta sentir o calor do pôr-do-sol batendo em meu rosto, um
beijo da pessoa amada e o abraço dos amigos.
A vida não tem uma teoria própria, são várias, de vários seres humanos, que
precisam apenas viver cada momento com intensidade, amor e vibração.
É claro que nada é perfeito, todos temos problemas, dificuldades, mas é
por isso que a vida se torna especial. Os obstáculos que enfrentamos no dia-a-dia
fazem com que construamos a nossa vida. Perfeição é só uma simples palavra que
nos motiva a lutar por nossos sonhos.
O meu ideal é poder dar o que aprendi com meus antepassados - amor,
coragem, carinho, segurança, esperança, sonhos.
115
Quero alcançar o porto-seguro para uma vida cheia de realizações. Não sou
uma pessoa de muita fé, mas sigo o meu coração, pois ele é o caminho da vida.
A cada batida, é o momento do renascer. É o compasso musical que me
guia por caminhos nunca percorridos.
Lembro-me de um garoto de cinco anos. Seu maior sonho era ser jogador
de futebol. O impedimento para a realização de seu sonho estava no pai e na
sua raça. Seu pai, imigrante ilegal, trouxe a família para um país que acreditava
ser melhor que Cuba, mas exigia de seu filho o mesmo sonho, que aceitasse sua
condição de jardineiro. Jogador de futebol, nem pensar, “isso não põe comida no
prato, sonhos são para ricos e não para gente como nós, pobres”. A sorte lhe bate
à porta, um jogador que veio para ajudar é nada menos que um dos melhores no
time em que estava fazendo testes. Em agradecimento, reintegra-o ao time.
O que posso dizer é que, no final, este sonhador, com a ajuda de pessoas, da
sua perseverança, da sorte e principalmente de sua fé, fez florescer um campeão.
Portanto, a teoria da vida está no acreditar que o impossível é possível. Ou-
vir o seu coração e lutar. Sonhos podem sim ser realizados, mesmo que tudo e to-
dos estejam contra. Os desafios nos tornam o que somos, seres humanos capazes
de superar qualquer obstáculo.
A Teoria da Vida está no amor, no caminhar por caminhos, mesmo que
estes possam ser difíceis. É no sonho que acredito, e nas pessoas que fazem deste
uma realidade.
Dedico isto ao meu grande e verdadeiro amor. Sem a sua existência, a
minha vida não seria nada. Só posso dizer que a felicidade e tudo que realizei
e irei realizar estão intrinsecamente voltados a ele, pelo seu exemplo de pessoa
e de vida.
116
Sonhos e decisões
A
quilo que se deseja… Nossos sonhos, desejos e aspirações muitas vezes
ficam guardados em um lugar distante, e simplesmente querer retomá-
los pode não ser uma tarefa elementar.
O que queremos fazer, quais decisões tomar, o caminho que vamos traçar,
tudo isso está totalmente em nossas mãos. Mas tomar decisões, mesmo que sim-
ples ou aquelas que sabemos que vão afetar nossas vidas para sempre, pode gerar
desconforto e angústia. É interessante observar as diferentes reações do ser hu-
mano em variadas situações. Por que reagimos de formas tão distintas? Por que
um problema que para mim parece simples, para o outro pode causar tanta dor?
Muitas vezes me pergunto como a vida consegue abrigar tantas personalidades e
moldes de caráter. Por que somos bons e maus?
O mundo em que vivemos, a cada dia que passa, se torna mais caótico. E
a tensão é sentida no ar. Problemas de ordem econômica, social, política, entre
outros, afetam diretamente nossas vidas. É incrível perceber que, diante de tanta
confusão, algumas pessoas simplesmente não se importam. Como é fácil passar
pela vida sem simplesmente vivê-la. Sempre penso na falta de sensibilidade em
tempos tão modernos. Vivemos num acúmulo progressivo de poluição, estresse,
trabalho, trânsito e nos esquecemos do relacionamento humano, da interação
com o próximo, da observação dos pequenos detalhes, das alegrias, das sutilezas
117
118
Teoria da natureza
V
ocê já parou para pensar que, independente da teoria da origem da
vida em nosso planeta, independente da crença, a vida não existiria se
não houvesse uma natureza tão diversificada e tão repleta de recursos
naturais?
As discussões sobre a origem da vida, para onde vamos, de onde viemos,
giram em torno de elementos da natureza, se analisarmos que, para criar o ser
humano, foi necessário existir um habitat natural para sua sobrevivência. Se nos
considerarmos uma criação divina, como versa a religião, somos parte da natu-
reza por Ele criada. Se surgimos da evolução biológica, da evolução de primatas,
também somos parte de uma natureza pré-existente.
A necessidade de cuidados com o meio ambiente fica explícita,
pois, se não cuidarmos do nosso habitat natural, seremos exterminados
pela falta dele. O que será de nós se nosso oxigênio, nossas águas, nossos
alimentos se tornarem impróprios para consumo? Viveremos com alimentação
sintética, em bolhas de oxigênio, tomando água dessalinizada dos oceanos? Pre-
cisamos notar que a vida gira em torno da natureza e que pouco nos preocupa-
mos com ela.
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120
A teoria do ciclo
M
inha teoria baseia-se no movimento cíclico. Entendo que cada uma
de nossas ações dará ensejo a um ciclo de reações.
Assim como os planetas se ligam ao redor do sol e formam um sis-
tema, ligado a outros sistemas, e assim sucessivamente, tudo no universo está
ligado. Como se fossem vários e diferentes círculos, todos interligados, todos
capazes de se comunicar.
Cada uma de nossas ações será capaz de produzir uma energia que nos li-
gará a alguns desses “círculos” que, atrelados a outros, fazem com que tudo se
comunique.
É por serem círculos que estão sempre em rotação, fazendo com que tudo
seja cíclico. Basta notarmos os planetas: se o sol se apagasse, os planetas seriam
atingidos, dando outro destino a nossa galáxia, que assim também influenciaria
nas demais, tudo ciclicamente.
E, assim, um ato pode vir a ter grandes conseqüências. Portanto, temos que
cuidar bem do meio ambiente, que sustenta a saúde de todo o nosso planeta e,
ciclicamente, de todo o universo.
121
122
Trinta segundos
A
vida, não mais que um comercial de 30 segundos.
As pessoas simplesmente querem AMAR, aquele amor de 30 segundos
do comercial da margarina, como se o amor só contemplasse isso. Con-
tudo, as relações também estão cotadas somente aos “30 segundos” de FELICI-
DADE.
Felizes aqueles que conseguem enxergar o amor além desses moldes impos-
tos e impregnados em nossas almas, que imperam hoje mais do que nunca. Cada
vez mais percebo que o MAIOR dos sentimentos é jogado facilmente na vala
comum do imediatismo, da intolerância e do egoísmo. Isso é muito mais comum
do que pensamos, fazendo com que cresça diariamente dentro de nós o pior cân-
cer que um homem pode ter: valores doentes que permeiam nossa sociedade,
entrando em nossos corações, nos nossos lares e em nossa família.
Felizes aqueles que conseguem enxergar no outro o amor além dos “30 se-
gundos”. Enxergá-lo no fracasso, na discórdia, na partilha, na doação, na conces-
são, na tolerância, no desprendimento e no perdão. Amá-lo nas suas limitações,
nos seus erros, nos seus defeitos, enfim, amá-lo, sobretudo, na sua condição de
ser humano: um ser maravilhoso, ÚNICO e infinito. Você já pensou como so-
mos “infinitos”? Somos dotados de uma imensa capacidade de amar, um amor
verdadeiro.
123
Cada vez mais percebo como somos feitos de carne, ossos e coisas. Acredito
que talvez tenhamos alma, ou pelo menos um dia a tivemos. Acho que hoje, mais
do que nunca, alma é coisa realmente do outro mundo! Talvez de um mundo
paralelo.
O mundo agora é mais divertido: um mundo irreal. Eu mesmo posso fazê-
lo do meu jeito.
Optamos definitivamente pelo irreal, pelo virtual. Um mundo onde nós
somos os Criadores. Tudo é feito para nós, personalizado, exclusivo, “feito para
você”!
Obtemos a técnica de gerar vida, na hora e como quisermos. Tiramos vida
e questionamos até sua concepção. Quem dita a regra somos nós. Nesse mundo,
ou melhor, nesse mundo de “30 segundos”, nós somos o criador, a natureza, o
amor e, sobretudo, o sentimento mais importante de todos esses: A FELICI-
DADE.
Às vezes, tento encontrar o mundo paralelo, aquele velho mundo. Prova-
velmente atrás do cenário do comercial. Esse mundo é triste, ele dói e nos faz
sofrer. Tem doenças que levam à morte, e simplesmente temos que aceitá-lo. Não
podemos fazer nada. Um mundo de pessoas feias e mal vestidas, que não têm
nada e insistem em compartilhar: compartilhar o quê? Pessoas submissas, hu-
mildes e nascidas para servir: pedem perdão. Um mundo que incrivelmente não
nos incentiva a liderar, a tomar frente das coisas. Um mundo onde apenas temos
que respeitar.
Às vezes, fico pensando: graças a nós, vivemos hoje num mundo melhor,
ele está cada vez melhor, você não acha? Só acho que ele poderia durar bem mais
que 30 segundos.
124
A vida continua
A
Teoria da Vida...
Cada um tem uma teoria sobre a vida...
Falar sobre a vida não é algo tão simples, porque envolve muitos aspec-
tos e formas diferentes de pensar.
Política, educação, cultura, religião e gastronomia são exemplos de costu-
mes diferentes de cada povo, as formas de vida são distintas, em que podemos ver
a riqueza da diversificação de uma população.
Uma forma cruel de evolução são as guerras, fazem com que muitas
pessoas sofram para poder expressar seus pensamentos, ambições e seus
fanatismos religiosos.
A reflexão sobre a vida consiste em definir uma meta de vida honesta e
ética, em que a consciência é a chave da tranqüilidade.
Quando agimos com boas intenções, os erros se transformam em apren-
dizagem, e assim se dá o crescimento do ser humano, desde o comportamento
pessoal até o profissional.
Durante a nossa existência, nos deparamos com infinitos caminhos, e cabe a
nós decidir qual direção devemos seguir e batalhar para nos manter nela.
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A vida é o agora
A
princípio, parece difícil teorizar sobre a vida quando se é muito jovem.
Mas mesmo com pouca idade, muitas pessoas já devem ter se questio-
nado sobre o sentido da vida, da família, dos amigos, do dinheiro e do
amor.
Provavelmente você já ficou sem respostas e, por isso, se sentiu perdido, o
que pode ter lhe tornado suscetível a um pessimismo absoluto. Esses sentimentos
podem ter lhe deixado inerte, ou ter-lhe feito ir atrás de respostas.
As coisas podem começar a fazer algum sentido quando nos entregamos
aos nossos sentidos, quando vivemos alguma forte emoção, muitas vezes inexpli-
cável, vinda, por exemplo, de um abraço aconchegante, de uma prova de amizade
ou mesmo de uma prova de amor. Coisas que lhe façam perceber o quanto você
pode ser especial para alguém.
Mas a vida não é feita só de emoções positivas, às vezes certos aconteci-
mentos nos remetem a tristes realidades, como o fato de vivermos num mundo
de contrastes, separados por classes sociais. Deveríamos refletir e nos questionar
sobre o porquê disso, pois só quando temos consciência de que algo não vai bem
é que tentamos mudar.
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128
A vida é o lugar!
A
vida é o lugar para onde somos trazidos quando nascemos. Nes-
se lugar, vamos passar muito ou pouco tempo, ninguém sabe ao cer-
to. Gosto de entender que vamos passar o tempo suficiente para,
entre outros feitos, experimentar, aprender, descobrir, crescer, reproduzir,
realizar e criar.
A Vida é o lugar onde teremos todas as experiências necessárias.
Experimentaremos o carinho da mamãe e do papai, o convívio com irmãos
e outros familiares, o relacionamento com as pessoas que conheceremos
nas escolas, nas baladas, nos empregos. Descobriremos nesse lugar o que
significa amar, odiar, temer, em todos os graus de intensidade possíveis
e imagináveis, em incontáveis situações corriqueiras que quase sempre
passarão despercebidas. Visões das mais belas até as mais bizarras, chei-
ros dos mais agradáveis aos mais fétidos, gostos dos mais doces aos mais
amargos, sons dos mais melódicos aos mais estrondosos, e sensações, das mais
agradáveis até as mais inimagináveis.
A Vida é o lugar onde cresceremos física, emocional e espiritualmente.
Crescimento esse que se dará à custa de muito aprendizado, de muito traba-
lho, de muito suor, de muitas alegrias com os sucessos e de muitas tristezas e
reflexões com os fracassos. Uma hora deveremos aprender a lidar com um corpo
129
cada vez maior, mais desengonçado, porém mais forte e ágil. Depois, teremos de
conviver com um envelhecimento sem fim, ações da gravidade, problemas das
mais diversas formas e fontes, oriundos de toda aquela velocidade alcançada no
instante anterior. Precisaremos trabalhar para garantir nosso lugar ao sol, com
todo conforto e segurança que imaginamos e desejamos para nós mesmos e para
aqueles que estão junto conosco, bem próximos. Ora apanharemos, ora seremos
acariciados por esse complexo ecossistema que compõe esse lugar, com a simples
finalidade de desenvolvermos forças espirituais, as quais nos julgamos incapazes
de perceber, entender ou manipular.
A Vida é o lugar onde nos reproduziremos. Não pense você apenas nesse
tipo de reprodução sexual ou física. Também não leve para o lado da cópia ou
da pirataria. Refiro-me à reprodução de crenças, idéias e ideais que evoluem e
que são capazes de causar a evolução daqueles que, direta ou indiretamente, têm
contato com eles. Vamos todos buscar a imortalidade através da transmissão de
nossos pensamentos, ensinando sobre os mais variados temas aos outros, conven-
cendo muitos sobre esse ou aquele ponto de vista, atraindo a atenção de alguns
para pequenas e grandes revoluções. Testaremos novos conceitos e discutiremos
enorme gama de conteúdos de nossa fértil mente criativa.
A Vida é o lugar onde realizamos coisas, apenas de passagem, e deixaremos
saudade. Morrer? Não. É apenas o começo de outra viagem, para outro lugar...
130
M
inha teoria da vida tem como base ações que, em uma retrospectiva
nos momentos finais de minha existência, me permitam afirmar: va-
leu cada segundo, amei, fiz o meu melhor e fui feliz. Sou uma pessoa
realizada!
No aspecto profissional, o objetivo é crescer, construir, deixar um
legado. Evoluir como profissional, trabalhar no desenvolvimento pessoal
e intelectual com paixão, tendo a busca da excelência como uma meta.
E tão importante quanto adquirir conhecimento é repassá-lo. A preocupação
com o próximo é constante. Aqueles que me cercam crescerão comigo.
Guiado pelos valores de respeito, humildade, honestidade e comprometi-
mento, creio no vencer quando possível, mas acima de tudo fazer o meu melhor,
me superar. A atleta Gabriele Andersen-Scheiss é um exemplo de superação. Na
prova de maratona da Olimpíada de Los Angeles/84, ao cruzar a linha de che-
gada em 37º lugar, estava desorientada, cambaleando, seus músculos não mais
atendiam a seus comandos, mas ela terminou a prova. Uma vencedora!
No aspecto pessoal, curtir cada segundo com aqueles que amo e cooperar
para um mundo melhor. Ao assumir um relacionamento, sua manutenção é res-
ponsabilidade de ambos. Amar-se, respeitar-se, namorar todos os dias. A recon-
131
132
P
ela janela do quarto, vejo os prédios se erguerem, um após o outro, como
se fossem as espigas de milho da fazenda do meu avô em São José do Rio
Preto, cidade que eu freqüentava quando era garoto. Mas cresci, sou um
homem, e estou longe de minhas raízes, longe do Brasil, estou em Londres.
Sou de uma família cristã, na qual você nasce com quatro conceitos bási-
cos: Vida, Morte, Bem e Mal e, com o passar dos anos, a ferro e fogo você começa
a entender o real significado de cada uma destas palavras.
Vou começar de trás pra frente, com a morte. Lembro-me de quando tinha
cinco anos, minha mãe me levou ao caixão do meu avô e disse para eu segurar
na sua mão pela última vez - o velho Braulino era o velhinho mais legal que exis-
tiu. Aproximei-me, toquei sua pele desfalecida e olhei seus cabelos grisalhos, um
bom avô, que nasceu, viveu e morreu no campo, o choque do gelo de seu corpo
fez com que eu desse um pulo para trás, então pensei naquele momento: “Tocar
na mão é dizer adeus a quem se gosta”.
Fiquei um bom tempo sem conseguir tocar em alguém novamente, tinha
medo de que, se tocasse essa pessoa, ela se fosse, ficasse gélida, sem vida, como
meu avô ficou.
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134
Vivacidade
J
á parou para pensar que, quando você era pequeno, achava graça de seus avós
tentarem fazer aquilo que você sabia que eles não conseguiriam: correr, pular
corda, dançar coordenadamente? Sabe por que eles faziam isso? Porque re-
almente se achavam capazes para tal, pois, em suas mentes, não existe a limitação
física.
Cheguei a esta conclusão por estar quase alcançando a terceira década de
vida e, às vezes, me pego a pensar em tudo que já aconteceu em minha vida: meu
primeiro dia de aula, o descobrimento de uma vida longe dos pais, o ginásio, o
colegial, o primeiro beijo e logo após o primeiro namorado, a faculdade, o pri-
meiro emprego e agora a pós-graduação, sem contar quando descobrimos o ver-
dadeiro amor de nossas vidas. E tudo parece igual, meus pensamentos hoje são
mais responsáveis, pois a vida nos cobra isso, porém me sinto jovem e estranho
quando me chamam de ‘tia’.
Tudo começou a ficar estranho quando comecei a ver meus irmãos casan-
do. Eles se foram e iniciaram uma nova vida, e minha casa foi ficando vazia. De-
pois disso, comecei a perceber que os cabelos dos meus pais começaram a ficar
brancos. O que está acontecendo? O tempo está passando, mais continuo igual,
para mim nada mudou!
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136
Vivência
M
inha teoria sobre a vida pode ser relativa, pois não sou onisciente.
O único detentor da verdadeira onisciência é Deus.
O Universo é formado por átomos, e mesmo que não possamos en-
xergar Deus concretamente, a olho nu, ELE está em tudo o que presenciamos.
Discordo dos céticos que não acreditam que somos fontes de energia. To-
dos os seres são dotados de energia. Essa energia é necessária para que possamos
interagir com outros seres ao nosso redor, deixando ensinamentos e acumulando
experiências.
Energia é como impressão digital: intransferível, mas comunicável.
É como a alma.
Há controvérsias a respeito de como os seres humanos passaram a habitar o
Planeta Terra, mas é indiscutível que há comprovações científicas que informam
para onde iremos, digo, se há vida além da vida física, corpórea, carnal. E é a es-
peculação mais polêmica: a suposição da existência do post mortem.
O mais importante é falar sobre alicerces. E denomino alicerces certos
princípios fundamentais que sustentam o caráter de um ser humano, tais como
família, educação e amor. A família é a base de todo e qualquer relacionamento.
Através do núcleo familiar, você aprende conceitos como respeito, dignidade,
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Viver em sociedade
Q
ual é a sua teoria de vida?
Existem teorias sobre tudo na vida, teoria científica, teoria psicanalíti-
ca, teoria da evolução, enfim... Qual é a sua teoria de vida?
O sentido da vida é sempre em prol do próximo. Ainda que não tenhamos
consciência disso, nossa vida é vivida sempre em favorecimento do outro. Isso é
tão verdade que o próprio Deus enviou seu único filho pensando nos outros.
Se escolhermos cursar uma graduação com o pensamento em ganhar di-
nheiro, no fundo estaremos ajudando o próximo, o pensamento está sempre em
nós mesmos, mas as conseqüências ou atitudes estão sempre dependendo ou fa-
vorecendo o outro, que pode estar do nosso lado ou do outro lado do mundo.
Quando escolhemos uma roupa para sair, no nosso subconsciente quere-
mos que os outros admirem e, se possível, ainda nos elogiem. Não nos vestimos
para nós mesmos.
Quando estamos nos dedicando a fazer algo que fique perfeito, queremos
conseguir para nos sentirmos capazes, mas muito mais queremos que os outros
saibam que somos capazes, isso está no subconsciente, não pensamos, mas sen-
timos.
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Então, a teoria de vida que mais devemos ter em mente é que precisamos
viver mais em equipe e, ao mesmo tempo, para nós mesmos. É tão difícil pensar o
que é uma teoria de vida. Esta é uma pergunta que não paramos para analisar em
nosso cotidiano e, agora, pensar nisso é quase uma tese de mestrado.
Isso quer dizer que viver a vida de tal forma que possa ter uma teoria de
vida, com certeza não é para todos, mas sim para quem quer ser alguém na vida,
para quem se preocupa com o próximo, com o presente e com o futuro, mas que
consegue viver intensamente, aproveitando cada instante de sua vida e fazendo
com que as pessoas ao redor possam refletir e viver cada minuto com muita in-
tensidade, como se fosse o último.
Por que nascemos? Por que vivemos? Por que devemos estudar? Por que
temos que nos adaptar à sociedade? Por que não criamos nossa própria socieda-
de? Por que os pais criam os filhos para o mundo? Por que precisamos tanto dos
outros e somos tão individualistas? Por quê? Por quê?
São tantos porquês sem análises que, se formos respondê-las, não consegui-
mos tão rápido. Temos que nos adaptar à sociedade em que vivemos e, ao mesmo
tempo, somos tão individualistas. Temos que nos dar as mãos, mas ao mesmo
tempo, cada um vive sua vida sem se preocupar com o próximo. Vivemos num
mundo assim e… por quê?
Por que valorizamos mais as pessoas que morrem do que as que estão vivas?
O que temos que fazer tem que ser em vida e não depois que ela já se foi. Às vezes,
uma pessoa espera a vida inteira por um carinho e só o recebe depois de morta,
mas ela não irá sentir nada, já morreu.
Enfim, a melhor teoria de vida é viver a vida de forma que não olhemos
para trás e nos perguntemos: Por que eu não vivi mais a vida?
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