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Muitos sabem o que fazer para melhorar dentro da empresa, mas preferem deixar para os outros fazerem,
afirma William Edwards Deming. Aproveito para completar esta afirmação, dizendo que não apenas muitos
sabem o que fazer, não apenas preferem deixar para os outros fazerem, como também não gostam quando
os outros fazem. Sentem inveja pois a proatividade do vizinho incomoda. Preferem que ninguém faça nada.
Quando alguém se apresenta para fazer, logo é criticado, é boicotado e alijado da empresa. “Eu não farei nada
para melhorar e também não colaborarei com ninguém que queira fazer algo para melhorar.”
As cinco doenças fatais da administração são tão comuns e tão presentes em nosso dia‐a‐dia, que se
torna impossível comentar somente uma sem entrar na doença seguinte. Estão interligadas, são
interdependentes.
A falta de objetivo constante de uma empresa que não pensa num futuro, não tem um planejamento
estratégico de médio e longo prazo, são situações comuns. Empresas que visam somente “fechar o
faturamento no final do mês”, produzindo de forma alucinante, exigindo dos funcionários até mesmo o que
eles não têm condições de fazer. Trabalham sem saberem o real objetivo. Trabalham somente porque são
obrigados a trabalhar – primeiramente, pelo seus superiores e, depois, para terem forma de sustento. O
resultado disso é que a empresa tem um futuro incerto a cada mês, sempre dependente do faturamento.
Como comentei que as doenças são interdependentes, a necessidade de faturamento a todo custo
obriga os funcionários a produzir de qualquer forma e, em muitos casos, sem qualidade, entrando na doença
seguinte exposta por Deming. Produtos ruins são despachados a qualquer custo, não existe planejamento
estratégico visando uma diferenciação da empresa no mercado, não existe uma iniciativa ou um trabalho de
marketing visando novos mercados. Interessa somente o lucro imediato, ou seja, o faturamento.
A avaliação de desempenho premia uns em detrimento de tantos. Estimula a competição, o
individualismo, o segrego. Mesmo quando a avaliação é informal, ela causa mal estar entre todos pois
elimina o espírito de equipe. Deming afirma que a avaliação de desempenho deve possuir regras claras e
objetivas, acordadas desde o início do processo de avaliação. Uma avaliação tendenciosa e sem critérios faz
com que o funcionário perca a motivação e busque outras colocações.
Acredito que esta doença dita por Deming, que é a avaliação de desempenho, está intrisicamente
ligada à mobilidade da administração, ou seja, não conhecer os problemas do dia‐a‐dia da empresa. Apenas
conhece‐se aquilo que é dito e nem sempre todas as verdades são para todos os ouvidos. Não se envolver
com os problemas da empresa desde a raiz cria as situação exposta acima, a respeito de somente uns poucos
ganharem pelo esforço de muitos: não se conhece o esforço de todos, a administração é baseada em
controles que nem sempre traduzem a realidade.
Este ponto acima nos leva, por fim, à quinta doença dita por Deming, que é a utilização de dados
visíveis. Despachar produtos a qualquer custo, encaminhar para os Clientes produtos de qualidade duvidosa,
nos faz perguntar “o quanto somos prejudicados quando algum Cliente reclama? Compensa corrermos o
risco de perdermos o Cliente apenas visando o faturamento fácil? Quanto perderemos com uma reclamação
do Cliente?”. Da mesma forma, podemos também perguntar “tal Cliente ficou satisfeito com nossos prazos e
nossa Qualidade. O que isso pode gerar de negócios futuros para nós? Que impacto terá na empresa esta
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AS CINCO DOENÇAS FATAIS DA ADMINISTRAÇÃO (por Deming) Sandro Cantidio
satisfação obtida?” Desta forma, podemos entender o que quis dizer quando afirmei que as cinco doenças
fatais da administração, expostas por Deming, estão interligadas e são interdependentes.
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