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AS CINCO DOENÇAS FATAIS DA ADMINISTRAÇÃO (por Deming) Sandro Cantidio 

Muitos sabem o que fazer para melhorar dentro da empresa, mas preferem deixar para os outros fazerem, 
afirma William Edwards Deming. Aproveito para completar esta afirmação, dizendo que não apenas muitos 
sabem o que fazer, não apenas preferem deixar para os outros fazerem, como também não gostam quando 
os outros fazem. Sentem inveja pois a proatividade do vizinho incomoda. Preferem que ninguém faça nada. 
Quando alguém se apresenta para fazer, logo é criticado, é boicotado e alijado da empresa. “Eu não farei nada 
para melhorar e também não colaborarei com ninguém que queira fazer algo para melhorar.” 
  
                As cinco doenças fatais da administração são tão comuns e tão presentes em nosso dia‐a‐dia, que se 
torna impossível comentar somente uma sem entrar na doença seguinte. Estão interligadas, são 
interdependentes. 
  
                A falta de objetivo constante de uma empresa que não pensa num futuro, não tem um planejamento 
estratégico de médio e longo prazo, são situações comuns. Empresas que visam somente “fechar o 
faturamento no final do mês”, produzindo de forma alucinante, exigindo dos funcionários até mesmo o que 
eles não têm condições de fazer. Trabalham sem saberem o real objetivo. Trabalham somente porque são 
obrigados a trabalhar – primeiramente, pelo seus superiores e, depois, para terem forma de sustento. O 
resultado disso é que a empresa tem um futuro incerto a cada mês, sempre dependente do faturamento. 
                
                Como comentei que as doenças são interdependentes, a necessidade de faturamento a todo custo 
obriga os funcionários a produzir de qualquer forma e, em muitos casos, sem qualidade, entrando na doença 
seguinte exposta por Deming. Produtos ruins são despachados a qualquer custo, não existe planejamento 
estratégico visando uma diferenciação da empresa no mercado, não existe uma iniciativa ou um trabalho de 
marketing visando novos mercados. Interessa somente o lucro imediato, ou seja, o faturamento. 
  
                A avaliação de desempenho premia uns em detrimento de tantos. Estimula a competição, o 
individualismo, o segrego. Mesmo quando a avaliação é informal, ela causa mal estar entre todos pois 
elimina o espírito de equipe. Deming afirma que a avaliação de desempenho deve possuir regras claras e 
objetivas, acordadas desde o início do processo de avaliação. Uma avaliação tendenciosa e sem critérios faz 
com que o funcionário perca a motivação e busque outras colocações. 
  
                Acredito  que  esta  doença  dita  por  Deming,  que  é  a  avaliação  de  desempenho,  está  intrisicamente 
ligada à mobilidade da administração, ou seja, não conhecer os problemas do dia‐a‐dia da empresa. Apenas 
conhece‐se aquilo que  é  dito e  nem sempre todas as  verdades são para todos os ouvidos. Não se envolver 
com os problemas da empresa desde a raiz cria as situação exposta acima, a respeito de somente uns poucos 
ganharem  pelo  esforço  de  muitos:  não  se  conhece  o  esforço  de  todos,  a  administração  é  baseada  em 
controles que nem sempre traduzem a realidade. 
  
                Este ponto acima nos leva, por fim, à quinta doença dita por Deming, que é a utilização de dados 
visíveis. Despachar produtos a qualquer custo, encaminhar para os Clientes produtos de qualidade duvidosa, 
nos faz perguntar “o quanto somos prejudicados quando algum Cliente reclama? Compensa corrermos o 
risco de perdermos o Cliente apenas visando o faturamento fácil? Quanto perderemos com uma reclamação 
do Cliente?”. Da mesma forma, podemos também perguntar “tal Cliente ficou satisfeito com nossos prazos e 
nossa Qualidade. O que isso pode gerar de negócios futuros para nós? Que impacto terá na empresa esta 
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satisfação obtida?” Desta forma, podemos entender o que quis dizer quando afirmei que as cinco doenças 
fatais da administração, expostas por Deming, estão interligadas e são interdependentes. 
 

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