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Assuntos Tratados

1ª Horário
 Fim da Personalidade: Morte real; Morte presumida; Ausência; Comoriência
 Direitos da Personalidade: Conceito; Conflito entre os direitos

2º Horário
 Direitos da Personalidade (continuação)
 Características dos Direitos da Personalidade: Absolutos; Limitados; Absolutamente
indisponíveis; Vitalícios; Extrapatrimoniais; Atipicidade

1º HORÁRIO

FIM DA PERSONALIDADE

Pessoa natural: o fim da personalidade ocorre com a morte – com a morte a pessoa deixa de
titularizar relações jurídicas (todas suas relações jurídicas são transferidas aos herdeiros).
Segundo a Lei 9.434/97 (transplante de órgãos), a morte no Brasil ocorre com a cessação das
atividades encefálicas (morte real).

MORTE PRESUMIDA

É o estado em que não se tem certeza da ocorrência da morte. Ela pode ocorrer de duas formas:

1) Sem declaração de ausência – art. 7º, CC – é novidade do novo CC:


I – não é necessário um procedimento de ausência. Há pedido de declaração de morte presumida
com sentença de sua declaração.
II – não é necessário haver situação de guerra declarada – pode ser aplicada por analogia em
situações semelhantes (ex: FARC Colombiana).
Parágrafo único: estas hipóteses só podem ser aplicadas quando estiverem sido encerradas as
buscas e averiguações.

2) Com declaração de ausência:


Ausente (art. 22, CC): é o que desaparece do seu domicílio sem deixar notícias ou representante
constituído. Alguém tem que assumir o controle patrimonial da vida do ausente, por isso para ele é
nomeado um Curador. O ausente é capaz (apesar de ter Curador – que vai atuar apenas na
gestão patrimonial) – ATT = no CC/16 o ausente era incapaz. Só há necessidade de nomeação
de Curador se o ausente houver deixado patrimônio.

Não há prazo para pedir a declaração de ausência. Ações Declaratórias não prescrevem nem
decaem.

Um ano após declaração de ausência será aberta Sucessão Provisória e os herdeiros serão
imitidos na posse.

Dez após o trânsito em julgado da sucessão provisória, abre-se a sucessão definitiva com imissão
definitiva na posse, passando a ser considerados proprietários e não mais meros possuidores. O
prazo será de cinco anos se o ausente já contar com 80 anos – arts. 37 e 38, CC.

Há morte presumida com declaração de ausência em todos os casos em que a lei autoriza a
sucessão definitiva (art. 6º c/c art. 37/38, CC).

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Obs.: ausente casado – a sucessão definitiva (declaração de morte presumida) rompe o vínculo
matrimonial.

Obs: se o ausente reaparecer após a sucessão definitiva, retomará os bens no estado em que se
encontram (legislador preocupou-se com a gestão patrimonial). O retorno tem que acontecer no
prazo máximo de 10 anos após a sucessão definitiva (após esse prazo, não terá direito a reaver
nenhum patrimônio) – art. 39, CC.

COMORIÊNCIA

É a presunção relativa de simultaneidade de mortes quando envolve herdeiros entre si (art. 8º,
CC) – metade do patrimônio vai para os herdeiros de cada um deles. Se um morre primeiro, o
outro imediatamente herda todo o patrimônio, e, se este morrer também, passará a totalidade dos
bens para seus herdeiros.

DIREITOS DA PERSONALIDADE

Conceito: é o conjunto de atributos inerentes à condição de ser humano.

No âmbito internacional são os direitos humanos. A CF internaliza os direitos humanos criando os


direitos fundamentais. Uma vertente dos direitos fundamentais são os direitos da personalidade
(que são aqueles ligados de forma direta e imediata à pessoa humana). Direitos da Personalidade
são uma projeção interna dos direitos humanos.

Os direitos da personalidade, ao serem previstos pelo legislador (art. 11 e seguintes CC), são uma
das formas de se concretizar o principio constitucional da Dignidade da Pessoa Humana (valor
central da CF).

São direitos subjetivos existenciais ou extrapatrimoniais.

O que ocorre quando se tem um conflito entre direitos subjetivos existenciais e direitos subjetivos
patrimoniais? O centro do direito privado sob a vigência do CC/16 era o direito de propriedade, daí
esse código ser considerado patrimonialista. Com a constitucionalização do direito civil (após
CF/88), ocorreu uma mudança de paradigma, ou seja, o principal valor do Ordenamento passou a
ser a pessoa humana e a especial proteção de sua dignidade. Tal fenômeno ficou conhecido
como despatrimonialização do direito privado ou personificação do direito privado. Em virtude da
ótica atual, havendo o conflito, deve prevalecer o direito existencial, os direitos da personalidade.

RE 466.343, STF – alienação fiduciária – não pode haver prisão, pois senão haveria agressão a
um direito da personalidade (liberdade) em proteção a um direito patrimonial.

No conflito entre dois direitos existenciais, tem que ser feito o sopesamento, a ponderação entre
os valores envolvidos no caso concreto (a prisão civil do alimentante é possível, porque há conflito
entre dois direitos existenciais – sopesamento de valores). O legislador não aponta qual será a
solução para esse conflito. A solução virá da ponderação realizada pelo magistrado de acordo
com as circunstâncias do caso concreto.

2º HORÁRIO

Enunciados 274 e 279 do CJF – indicam soluções de conflitos entre direitos da personalidade.

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Nem tudo que é de interesse do público é de interesse público (ex.: não há exclusão dos direitos
da personalidade de pessoas públicas, mas mera possibilidade de diminuição de sua proteção no
caso concreto).

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

Absolutos
São direitos subjetivos oponíveis erga omnes. Toda sociedade deverá se abster da prática de atos
que venham a lesar direitos da personalidade de terceiros. É um dever jurídico genérico negativo.
O Estado também é obrigado a respeitar os direitos da personalidade – há uma eficácia vertical
dos direitos da personalidade (eficácia vertical dos direitos fundamentais). Existe também uma
eficácia horizontal dos direitos fundamentais, pois também são oponíveis entre o titular e os
demais particulares.

Limitados
O seu exercício sempre estará condicionado ao respeito aos direitos da personalidade de
terceiros.

Relativamente indisponíveis
Alguns direitos da personalidade podem ter o seu exercício cedido. A cessão do exercício deverá
ser temporária, específica (não genérica) e deverá respeitar a dignidade de quem o está
cedendo (é o limite da cessão).

Vitalícios
Os direitos da personalidade se extinguem com a morte. Os parentes do titular morto podem
requerer a proteção aos direitos da personalidade (arts. 12, p.u. e 20, p.u., CC), apesar de ser o
direito do parente que foi ofendido de forma reflexa, pois o morto não tem mais direitos da sua
personalidade. Não há prazo decadencial ou prescricional para sua proteção.

Dano moral é a violação a um direito da personalidade. Não devem ser confundido a não
existência de prazos para proteção dos direitos da personalidade com a ação de reparação do
dano moral advindo da lesão ao direito da personalidade (prazo prescricional de 3 anos – art.,
206, § 3º, V).

Extrapatrimoniais
Não é possível avaliar economicamente os direitos da personalidade.

A dificuldade de se fixar o quantum indenizatório na ação de dano moral repousa nesse caráter
extrapatrimonial. O direito em si não tem preço, mas a sua cessão poderá ser remunerada,
quando a lei permitir.

Atipicidade
Os arts. 11 e seguintes do CC elencam de forma exemplificativa os direitos da personalidade,
valendo-se o legislador da técnica das cláusulas gerais para se conceder a proteção a esses
direitos.

O art. 12, CC é a cláusula geral de proteção aos direitos da personalidade (fundamento legal de
proteção). Esse artigo deve ser conjugado com o art. 461, CPC (tutelas específicas).

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