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Assuntos Tratados:

1º Horário
 Ação Reivindicatória (continuação)
 Função Social da Propriedade

2º Horário
 Conseqüências do Descumprimento da Função Social da Propriedade
 Formas de Aquisição da Propriedade

1º HORÁRIO

AÇÃO REIVINDICATÓRIA (continuação)

Polêmicas sobre Ação Reivindicatória

1. O prazo para propositura de ação reivindicatória para STJ é imprescritível (Resp. 49203).

2. A promessa de compra e venda é considerada pelo STJ título de domínio (propriedade) para
fins de ação reivindicatória (Resp. 252020).

3. Estando em curso uma promessa de compra e venda, o promitente vendedor, diante do


inadimplemento do promitente comprador, para poder valer-se da ação reivindicatória, primeiro
terá que propor a resolução do negócio jurídico em curso (art. 475 do CC), para que, assim, a
posse do comprador seja considerada injusta, nos termos do artigo 1.228 do CC (Resp. 556620 e
241486 do STJ).

4. Os pedidos de resolução do negócio e da ação reivindicatória podem ser acumulados segundo


o STJ (revisão).

5. A Ação Reivindicatória é uma ação executiva lato sensu (art. 461-A do CPC); assim, pode-se
pensar também a antecipação da tutela específica nos termos do art. 461, § 3º do CPC.

6. O detentor pode ter legitimidade passiva (ser réu) na Ação Reivindicatória? Há um aparente
conflito de normas entre o art. 1.228 (permissão ao detentor) do CC e o art. 62 (obrigação de
nomear à autoria) do CPC. Parcela da doutrina entende que o art. 1.228 do CC seria
inconstitucional por ofender a coisa julgada e seus limites subjetivos. Porém tal raciocínio é
ancorado na perspectiva de um dos casos de detenção que é o do servidor da posse ou fâmulo da
posse (art. 1.198 do CC).

Obs.: para prova do CESPE → na prova de Direito Civil adotar a literalidade do art. 1.228, e na
prova de Processo Civil adotar a literalidade do art. 62.

Desvantagem de ser detentor → quem é detentor não tem direito aos efeitos da posse.

FUNÇAO SOCIAL DA PROPRIEDADE

A função social da propriedade irá conformar o exercício das faculdades inerentes ao domínio. Só
será legítimo o exercício subjetivo do direito de propriedade, se houver o cumprimento da função
social; essa é uma exigência da Constituição e da legislação ordinária.

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No art. 5º, XXII e XXIII da CR/88, o constituinte ao resguardar a propriedade privada exigiu que a
ela fosse concedida uma função social. “No Brasil é assegurada a propriedade privada desde que
cumpra sua função social”.

A função social é uma clausula geral (art. 1.228, § 1º do CC) dentro do nosso sistema, assim será
papel do aplicador do direito, seja do Executivo (INCRA) seja do Judiciário, trazer a concretude a
essa cláusula geral.

Obs.: lembrando que as cláusulas gerais são uma técnica legislativa, através da qual a vagueza
contida na norma é intencional. O legislador opta por essa abertura semântica, abandonando em
algumas passagens a tradicional técnica legislativa regulamentar.

O que ocorrerá quando a função social não for cumprida?


Haverá um exercício ilegítimo do direito subjetivo de propriedade. O titular terá praticado um ato
de abuso do direito. O art. 1.228, § 2º do CC consagra a Teoria dos Atos Emulativos ou dos atos
Chicaneiros, em que teremos o abuso do direito de propriedade, quando seu exercício estiver
vinculado à intenção de prejudicar outrem (animus nocendi). A dificuldade de aplicação desse
artigo reside exatamente na comprovação do elemento subjetivo. Superando tal concepção,
temos hoje o abuso do direito previsto no art. 187 do CC, no qual não há exigência de
comprovação de elementos anímicos. O critério do art. 187 é objetivo.

2º HORÁRIO

Conseqüências do Descumprimento da Função Social da Propriedade:

Na propriedade urbana → art. 182, § 4º da CF/88 exige função social para propriedade rural. O
Município é que deve zelar pelo cumprimento da função social da propriedade.

O art.182, § 4º da CF foi regulamentado pela Lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade).

O Estatuto da cidade prevê a obrigatoriedade do plano diretor para cidades com mais de 20.000
habitantes. A função do plano diretor é traçar uma política urbanística para o município. Podendo
estabelecer áreas as quais deve se concebida de forma prioritária a função social, editando lei
municipal específica. Essa lei estabelecerá prazo para os proprietários daquela área parcelem,
edifiquem ou utilizem sua propriedade, originando uma obrigação propter rem. Se não cumprir, o
município pode adotar a medida de instituir o IPTU progressivo, com a intenção de coagir o
cumprimento da função social (intenção extrafiscal). O município pode continuar cobrando o IPTU
na alíquota máxima, é ato discricionário, ou pode desapropriar (desapropriação-sanção), com
pagamento em Títulos da Dívida Pública, resgatáveis em 10 anos. Obs.: para o Município expedir
os Títulos da Dívida Pública tem que ter autorização do Senado.

Desapropriação-sanção não segue as regras da desapropriação do art. 5º, XIV, da CF


(pagamento posterior).

Obs.: é opção do Município desapropriar, mas, se o fizer, terá o mesmo prazo que o proprietário
tinha para conceder função social à propriedade. Se não o fizer, o Prefeito responde por ato de
improbidade.

Na propriedade rural → art. 184 da CF. O INCRA (autarquia federal) responsável por fazer uma
análise in loco do cumprimento da função social da propriedade, segundo os critérios da Lei
8.629/93, fará o relatório aconselhando a desapropriação para reforma agrária; pagamento será

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em Títulos da Dívida Agrária, resgatáveis em 20 anos. A entidade federativa responsável por
emitir TDA é a União.

OBSERVAÇÕES:

1) Na desapropriação para fins de reforma agrária, o proprietário poderá receber indenização em


dinheiro no caso de benfeitorias.

2) Segundo o STF e o STJ o Estado-Membro pode promover seu programa de reforma agrária,
porém deverá seguir as regras do art. 5º, XXIV da CF, e o fundamento deve ser o do interesse
social, para qualquer propriedade, produtiva ou não.

3) Essas desapropriações não se confundem com confisco. Obs.: hipótese de confisco: art. 243
da CF.

4) Desapropriação Judicial no interesse privado (art. 1.228, § 4º e § 5º) → a Ação Reivindicatória,


nesses casos, tem caráter dúplice, pois os réus podem fazer um pedido contraposto no bojo
dessa ação, preenchidos os requisitos de posse por 5 anos, boa-fé, pedindo ao juiz que estipule
uma indenização ao proprietário, e que julgue improcedente o pedido da Ação Reivindicatória. O
Estado-julgador, quando estipular essa indenização, estará desapropriando no interesse privado
em respeito àquele que deu uma função social à posse (posse trabalho).

Conceitos jurídicos indeterminados: “extensa área”, “considerável número de pessoas”, “obras de


interesse social, econômico relevante”.

Polemicas sobre o § 4º e § 5º

1) Nomenclatura → alguns autores entendem que o instituto aqui previsto seria uma espécie de
usucapião onerosa, porém, para a maior parte da doutrina, seria uma modalidade de
desapropriação por interesse privado.

2) Bem Público → segundo o CJF, quando a área for bem público, só se aplicará o instituto, se se
tratar de bem público dominical (vide Enc. 83 c/c 304 do CJF).

3) Segundo o CJF, esse instituto pode ser aplicado quando tivermos também uma ação
possessória.

4) População de baixa renda → segundo o CJF, se o número de pessoas for composto por
população de baixa renda, caberia ao poder público arcar com a indenização, para garantir o
direito constitucional de moradia (Enunciado. 308).

5) Ultrapassado o prazo prescricional para se exigir a indenização, deve ser autorizado o registro
da sentença junto ao RGI (Enunciado 311).

FORMAS DE AQUISIÇÃO DE PROPRIEDADE

Originária → é aquela em que não o haverá transmissão de eventuais vícios existentes na


titularidade anterior. Ex.: usucapião, desapropriação, acessão.

Derivada → ao revés, na aquisição de propriedade eventual, os vícios serão transmitidos. Ex.: o


registro, a tradição, a sucessão legítima ou testamentária.

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A principal importância prática é com relação ao imposto; na aquisição derivada normalmente
existem fatos geradores de tributos.

Principais formas de aquisição:


1) Dos imóveis → registro, usucapião e acessão;
2) Dos Móveis → tradição, usucapião e ocupação.

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