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Assuntos Tratados

1º Horário
 CRIMES CONTRA A PESSOA
 Introdução
 Crimes Contra a Vida: Homicídio

2º Horário
 CRIMES CONTRA A PESSOA (continuação)
 Crimes Contra a Vida (continuação): Homicídio (continuação), Instigação,
Induzimento e Auxilio ao Suicídio, Infanticídio

1º HORÁRIO

CRIMES CONTRA A PESSOA

Introdução

Os crimes contra a pessoa incluem:

- Crimes contra a vida – art. 121 a 128;


- Crimes de lesão corporal – art. 129;
- Crime de periclitação da saúde e da vida – art. 130 a 136;
- Crime de rixa – art. 137;
- Crimes contra a honra – art. 138 a 140;
- Crimes contra a liberdade individual: art. 141 a 154.

Crimes contra a vida

Homicídio (art. 121)

Comporta duas variáveis:

- Crime doloso (homicídio simples, privilegiado ou qualificado);


- Crime culposo (homicídio culposo simples ou qualificado).

Privilegiado – art.121, § 1º.

Todas as razões que o justificam são de natureza subjetiva:

- Relevante Valor Moral;


- Relevante valor Social;
- Violenta Emoção.

Qualificado – art. 121, § 2º

I e II: trazem os motivos determinantes. São de cunho subjetivo: jamais haverá um crime de
homicídio qualificado-privilegiado com situações previstas nesses incisos conjugada com o
parágrafo primeiro, pois se trata de duas figuras de cunho subjetivo.
Os outros incisos (III – meios; IV – forma): são de natureza objetiva, podendo configurar um
homicídio privilegiado-qualificado (só qualificadoras objetivas podem formar o homicídio
qualificado-privilegiado).

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V: traz hipótese de conexão do homicídio com outro crime. Também são aspectos de
natureza subjetiva.

Obs.: O crime de homicídio é hediondo: no homicídio simples desde que praticado em


atividade de extermínio e no caso de homicídio qualificado (por qualquer um dos incisos). O
qualificado-privilegiado jamais será hediondo – art. 1, I, Lei 8.072.

Obs.: Lei 9.434/97, art. 3 (lei de doação de órgãos): considera a morte consumada com
base no cessamento da atividade cerebral.

Qualificação doutrinária do crime

- Comum: pode ser praticado por qualquer pessoa;


- Instantâneo: consuma-se no exato momento em que ocorre a morte (acaba a vida);
- Forma livre: podem ser praticados por qualquer meio (ação ou omissão);
- Simples: protegem um único bem jurídico.

Início da vida

A partir do rompimento da bolsa, do saco amniótico. Antes desde momento poderá ocorrer a
figura do aborto.

Homocídio simples (Caput)

Aqui existe um elemento subjetivo implícito que é o dolo: tipo normal.

O art. 1º, I da lei 8.072, será hediondo o homicídio simples, aquele cometido em atividade de
extermínio. Se na atividade de extermínio ficar configurado um relevante valor social, o
homicídio não será mais hediondo (fim nobre).

Homicídio privilegiado (Parágrafo 1º)

- Prestigia-se o aspecto subjetivo, atenuando-se a culpabilidade;


- Relevante valor moral: diz respeito ao indivíduo;
- Relevante valor social: diz respeito à própria coletividade, à sociedade.

Os dois são considerados em virtude dos valores médios da coletividade, o sentimento


médio da sociedade.

Violenta emoção, logo, em seguida a injusta provocação da vítima: pelo art. 28, I do CP não
pode ser utilizada para excluir imputabilidade penal. Mas, aqui, se trata de causa de
diminuição de pena de 1/6 a 1/3 (um artigo não exclui o outro). O estado de emoção tem
que ter sido despertado logo, em seguida, a uma injusta provocação da vítima (feita ao
próprio autor ou a terceiro).

Art. 65, III, c do CP – circunstância atenuante: aqui o indivíduo está, simplesmente,


influenciado pela emoção. No homicídio privilegiado ele está dominado pela emoção.

Obs.: Legítima Defesa Imprópria: ocorre quando age com violenta emoção após injusta
provocação. Não é legítima defesa porque não há agressão, mas apenas provocação.

Homicídio qualificado (Parágrafo 2º)

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- Motivos determinantes: paga, promessa de pagamento ou qualquer outro motivo torpe

“Ou outro motivo torpe”: interpretação analógica (é uma analogia dentro da lei): qualquer
outra situação que se assemelhe ao pagamento ou à promessa de pagamento (é diferente
de analogia que só é admitida quando beneficiar o réu).

- Motivo determinante: motivo fútil

É um motivo vazio, desproporcional, mas existente.


Crime praticado sem nenhum motivo não é qualificado (será simples ou privilegiado)

- Meios

“Ou outro meio incidioso”: é aquele que revela uma traição.


Meio cruel é aquele que impõe um sofrimento desnecessário à vítima.
Aqui, também, deve ser usada a interpretação analógica.

Obs.: Tortura: lei 9.455, art. 1º, § 3º. Nesse artigo o sujeito morre em virtude da tortura,
porém a finalidade era torturar. No homicídio qualificado a tortura é utilizada como meio de
matar.

- Formas de execução

Nesse caso utiliza a interpretação analógica.

- Traição física: é atingir uma pessoa pelas costas;


- Traição moral: é enganar, ludibriar.

Emboscada: é a tocaia (ficar escondido).

Dissimulação:

- Moral (é se passar por falso amigo);


- Material (quando há a utilização de um disfarce).

STJ – HC 0378 – portador do vírus da AIDS (relação sexual com intenção de matar):
responderá por tentativa de homicídio qualificado.

- Conexão

Ocultação: significa que o crime ainda não foi desvendado, impede a descoberta do crime.
Impunidade: significa que se sabe da existência do crime, mas não se sabe quem é o autor.

Essa conexão pode ocorrer de três formas:

- Teleológica: Mata-se para garantir a execução de um crime;


- Conseqüencial: Mata-se para garantir a ocultação ou a impunidade;
- Ocasional (relação efetivamente ocasional – responde pelos delitos praticados): Mata-se
sem nenhuma das finalidades acima – não pode ser condenado por este inciso V.

2º HORÁRIO

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CRIMES CONTRA A PESSOA (continuação)

Homicídio (continuação)

As conexões que geram o homicídio qualificado são apenas a teleológica e a conseqüencial.

Obs.: Matar a testemunha que presenciou um crime impossível. Não há homicídio


qualificado, pois efetivamente não houve crime anteriormente.

Homicídio culposo (parágrafo 3º e 4º, primeira parte)

De todos os crimes contra a pessoa é o único crime que admite a forma culposa.

§ 3º: forma culposa simples;

§ 4º, primeira parte – forma culposa qualificada: são situações que qualificam o crime
culposo:

- Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício.


Crítica: já é da essência da própria imperícia;
- Deixa de prestar socorro às vítimas;
- Fugir para evitar prisão em flagrante: tem sido reconhecido como inconstitucional, pois
ninguém é obrigado a fazer prova contra si mesmo.

Obs.: art. 305, Lei 9.503 (CTB): aqui não há inconstitucionalidade, porque não é “para fugir
do flagrante”, mas para “fugir da responsabilidade penal”.

Obs.: HC 84.380 do STF – homicídio culposo qualificado pela omissão de socorro. Mesmo
com a morte imediata, instantânea, incide a qualificação pela omissão de socorro.

Perdão judicial (Parágrafo 5º)

É uma causa de extinção da punibilidade que só pode ser usada quando a lei permitir.
Trata-se de uma sentença declaratória.
É um direito público subjetivo, embora o artigo diga “poderá”.
O CTB também prevê a figura do perdão judicial.

Instigação, induzimento e auxílio ao suicídio – art. 122

Trata-se de um crime de ação múltipla. A realização de qualquer das condutas já configura o


crime. E, se realizar todas as condutas, responderá só por um crime.

- Induzir: é fazer nascer uma idéia que não existia;


- Instigar: é estimular a levar adiante o propósito do sujeito;
- Auxiliar: é prestar auxílio material.

- É um crime condicionado: é aquele em que o legislador só admite a punição se ocorrer


um resultado, que aqui é a morte ou lesão corporal de natureza grave. É crime que não
admite tentativa.

É simples e de forma livre.

Quem tem o dever legal de proteção pode responder no caso de omissão.

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Inimputáveis: não têm a capacidade de discernimento. Caracteriza-se o homicídio.

É crime de dano, pois exige uma agressão ao bem jurídico penalmente protegido (não pode
haver dolo de perigo).

- É crime unissubjetivo: eventualmente pode ser praticado por duas ou mais pessoas.

Obs.: Atos materiais: o auxílio não pode levar o indivíduo a realizar atos materiais de matar,
pois senão responderá por homicídio.

Obs.: Pacto de morte: quem pratica atos materiais pode responder por homicídio. Quem não
realiza atos materiais poderá responder por participação em suicídio.

Forma qualificada – art. 122, PU

Causas especiais de aumento de pena

II: tem que ser feita uma interpretação lógica, sistêmica para saber quem é “menor”. Art.
224, CP: haverá presunção de violência quando a vítima for menor de 14 anos:

- Se a vítima for menor de 14 anos haverá homicídio, pois há presunção de violência.


- A forma qualificada aplica-se apenas à vítima maior de 14 e menor de 18 anos.

O inciso II também exige que a capacidade de resistência tenha sido reduzida – se houver
sido totalmente suprimida haverá homicídio.

Infanticídio – art. 123

Crime de mão própria é aquele em que não se admite a co-autoria.

O art. 123 admite a figura da co-autoria, portanto trata-se de crime próprio.

O estado puerperal é uma elementar, logo se comunica no concurso de pessoas.

O legislador optou por um critério fisiológico: a mãe tem que estar sob influência do estado
puerperal (é um estado em que todas as mães entram após o parto).

O início do parto ocorre com a ruptura da bolsa: a partir daí poderá haver infanticídio ou
homicídio.

Estado Puerperal: se atingir um viés patológico, de doença mental – art. 26, CP – isenção
ou redução de pena com imposição de medida de segurança.

É crime de forma livre, de dano, instantâneo, plurissubsistente (é realizado através de vários


atos que podem ser fracionados – admite tentativa) e unissubjetivo.

Obs.: art. 61, II “e” e “h” – a mãe responde pela agravante da letra “e” já que praticou o crime
contra descendente/criança? Não porque esse fato já é do próprio tipo penal o que poderia
acarretar bis in idem.

Obs.: Infanticídio Putativo: matar o filho de outrem, pensando que era o seu por estar em
estado puerperal.

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Obs.: “durante ou logo após o parto”: se não houver essa relação de imediatidade, mesmo
que haja estado puerperal, não haverá infanticídio, mas homicídio.

Aborto – art. 124

Há quatro formas de abortos: auto-aborto, aborto com consentimento, aborto sem


consentimento e aborto qualificado (preterdoloso).

Obs.: Mulher tenta se matar, sabendo-se grávida: se não morrer e o feto morrer, responderá
por auto-aborto. Se nem um nem outro morrer será punida por tentativa de infanticídio (não
existe tentativa de suicídio).

Obs.: o art. 124 e o art. 126 representam uma exceção à Teoria Monista, Unitária, pois cada
agente responderá por um crime distinto.

Obs.: Não cabe co-autoria no art. 124, mas admite participação.

Aborto sem o consentimento da gestante – art. 125

É punido de forma mais severa.

Aborto com o consentimento da gestante – art. 126

Aborto qualificado – art. 127

Aqui tem que haver resultado morte ou lesão corporal que advêm de culpa: crime
preterdoloso (o aborto é que é doloso).

Art. 129, § 2º, V do CP: há dolo em relação à lesão e o aborto advindo de culpa – tem que
ter ciência de que a vítima era gestante (tem que ter consciência da gravidez). Se tiver dolo
para a lesão e para o aborto haverá concurso formal imperfeito.

Aborto legal – art. 128

- Aborto Necessário: tem que ser praticado por médico. Se a pessoa que fizer o aborto
não for qualificada, isto é, médico (ex.: enfermeira) poderá ser beneficiado pelo estado
de necessidade;
- Aborto Sentimental: estupro + consentimento da gestante. Aplica-se por analogia a
atentado violento ao pudor.

Para a realização de ambos não é necessária autorização judicial.

Bibliografia: Cezar Roberto Bittencourt, Rogério Greco, Guilherme Nucci (CP Comentado).

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