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Serviço de Cirurgia Cardio-torácica do CHVNG

Cuidados de Enfermagem ao doente


traqueostomizado

Trabalho elaborado por:


Enfª Manuela Linhares
Enfº Pedro Silva
Sumário

0- Introducção........................................................................................................2
1- Traqueostomia – abordagem teórica.................................................................3
1.1- Indicações vantagens e desvantagens.............................................................4
1.2- Complicações no pós-operatório imediato, tardio e após remoção da
cânula.....................................................................................................................5
1.3- Tipos de cânulas.............................................................................................6
1.4- Quando insuflar o cuff ..................................................................................7
1.4.1- Técnica de insuflação .................................................................................7
2- Cuidados de Enfermagem................................................................................8
2.1- No pós- operatório imediato...........................................................................8
2.2- Cuidados gerais ao doente com Traqueostomia ............................................8
3- Plano standard segundo CIPE/ICNP...............................................................13
4- Conclusão........................................................................................................16
Bibliografia..........................................................................................................17

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0-Introducção

Este trabalho insere-se no âmbito do programa de acções de formação do


Serviço de Internamento da Cirurgia Torácica do CHVG. Consequentemente, o
contíudo deste visa colmatar e rever conhecimentos teóricos, assim como
elaborar orientações que permitam melhorar a prática clínica ao nível da
detecção de problemas em que a Enfermagem pode intervir e/ou também na
vigilância a Ter sob este tipo de doentes.
Sendo assim, este trabalho è composto por 3 partes: uma primeira em que se
procura fazer uma abordagem teórica sobre a traqueostomia; uma segunda parte
em que se apresentam os cuidados de Enfermagem fundamentados; e finalmente
uma terceira parte em que procuramos aplicar os conceitos anteriores a nossa
pratica diaria a través da elaboração de um plano standard segundo a linguagem
da CIPE (a qual è pela primeira vez utilizada neste serviço), além disso
incluímos em anexo normas orientadoras para a execução do penso da
traqueostomia e da aspiração de secreções, procedimentos estes que fazem parte
das intervenções incluídas no plano standard.
A metodologia usada foi a pesquisa bibliográfica e observação directa da
prática clínica.

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Traqueostomia: abordagem teórica

A traqueostomia é uma abertura artificial na traqueia (ver fig. ) na qual o


tubo é inserido. É utilizada para:

1- Estabelecer e manter uma via respiratória.


2- Impedir a aspiração de vómito de alimentos, vedando a traqueia e
separando-a do tubo digestivo na pessoa inconsciente ou
paralisada.
3- Tratar o doente que necessita de ventilação com pressão positiva e
não pode ser dada eficazmente por meio de máscara.
A opção de se efectuar inicialmente entubação endotraqueal ou
traqueostomia depende das instalações disponiveis e da opção do médico.
Actualmente a maior parte dos médicos consideram mais seguro fazer
entubação endotraqual de emergência e depois fazer a traqueostomia como
procedimento sem carácter de emergência, no bloco operàtorio, se for
necessário apoio ventilatório prolongado.
O tubo endotraqueal não permanece colocado mais de 10 a 14 dias.

Indicações

A traqueostomia é efectuada no caso de:

- Paralisia da laringe bilateral, em que a passagem do ar è


inadequada o que leva a dispneia incapacitante e estridor com
esforço.
- Edema agudo da laringe que faz com que a via aérea se estreite ou
feche, e exige a restauração da passagem do ar. O edema agudo da
laringe pode resultar de choque anafilatico, urticária, laringite
aguda, grave doença inflamatória da garganta ou edema após
entubação. Se este for crónico devida a tratamento da laringe por
radiações ou tumores do pescoço, exige uma traqueostomia.
- Se for necessário manter uma via respiratória durante um periodo
prolongado ou se houver traumatismo das vias aéreas que
impeçam o emprego de um tubo endotraqueal como por exemplo,
queimaduras graves, obstrução da laringe causada por tumores,
infecções ou paralisia das cordas vocais.
A traqueostomia pode ser temporária ou definitiva.
É definitiva no caso de tumores da laringe (laringectomia). Estes doentes
necessitam sempre da traqueostomia para evitar a aspiração de alimentos e
de liquido para dentro do tracto respiratório inferior, porque a laringe que
fornece o esfíncter protector não está presente.
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É temporária no caso de laringectomia parcial, no caso de doentes que
precisam de apoio ventilatório prolongado, sendo removida a canula de
traqueostomia logo que o doente deixe de precisar de apoio ventilatório.

Vantagens e desvantagens

A traqueostomia é a via de eleição para manutenção das vias aéreas a


longo prazo, sendo isenta das complicações orais, nasais, faríngeas,
laríngeas da entubação endotraqueal. O tubo é mais curto, mais largo e
menos curvo que o tubo endotraqueal, assim a resistência oferecida ao
fluxo de ar é menor e a respiração processa-se com maior facilidade. Há
outras vantagens mas também algumas desvantagens que se encontram no
quadro seguinte.

Vantagens Desvantagens
- Maior facilidade na remoção das - Necessita intervenção cirúrgica e
secreções, tanto através da aspiração anestesia.
como - Se ocorre exsudação durante as
pela tosse. primeiras 24 horas, pode ser difícil
- Maior aceitação e conforto do reinserir a canula.
doente. - Possibilidade de criação de falso
- Possibilidade do doente se trajecto em doentes com pescoço
alimentar e falar. grosso.
- Facilita o desmame do ventilador, - Possível laceração da membrana
dado que após a desconexão é mais traqueal posterior durante a inserção
fácil a respiração a traves de uma da canula.
canula de traqueostomia. - Erosão da artéria inonimada (é
- Ausência de lesão da laringe. secundaria a necrose da parede
- Ausência de entubação anterior) pela extremidade da sonda
endobrônquica. ou no caso de traqueostoma baixo. È
- Não compromete a higiene oral e uma complicação rara mas
drenagem dos seios. potencialmente letal (expulsão de
- Fixação mais fácil. sangue vivo, sonda de traqueostomia
- No doente que respira pulsátil e perda de sangue continua
espontaneamente é mais fácil a pela de traqueostomia pulsátil e
ligação ao ventilador no caso de perda de sangue continua pela canula
surgir dificuldade respiratória. de traqueostomia.

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Complicações da traqueostomia

As complicações podem ocorrer no inicio ou tardiamente na evolução do


controle do tubo de traqueostomia. Podem até ocorrer anos após Ter sido
removido o tubo.
Imediatamente após a realização da traqueostomia pode surgir:
- Hemorragia.
- Pneumotoráx.
- Embolia gasosa.
- Aspiração (resultante da escolha inadequada da sonda ou
insuficiente insuflação do cuff).
- Enfisema subcutâneo e/ou do mediastino (ocorre quando o ar se
escapa da incisão da traqueostomia para os tecidos, atravessa os
planos da fascia subcutânea e vai acumular-se na face, pescoço e
faringe).
- Lesão do nervo laríngeo.
- Penetração da parede traqueal posterior.

As complicações a longo prazo incluem:


- Obturação das vias aéreas em virtude do acumular de secreções
ou protusão do balão sobre a abertura do tubo.
- Infecção. A traqueostomia requer uma incisão da traqueia que está
associada a risco de infecção da sutura e sepsis. Os cuidados
assépticos ao local da inserção e a utilização de uma técnica de
aspiração correcta contribuem para reduzir o risco de infecção.
- Ruptura da arteria inonimada (ver desvantagens).
- Disfagia
- Fistula traqueoesofágica é secundaria a uma necrose da mucosa
da parede posterior da traqueia devido ao cuff durante 3 a5 dias. A
fistula permite a fuga de ar para o estomago e também a aspiração
do conteúdo gástrico para a traqueia. Pode suspeitar-se desta
situação peranta a necessidade crescente de introducção de ar no
cuff.

Os problemas que podem surgir depois de removida a canula são:


- Estenose traqueal que ocorre uma semana a 2 anos após a
traqueostomia. Resulta da cicatrização da zona lesada devido à
permanência do cuff.
- Paralisia das cordas vocais (secúndaria à lesão do nervo laríngeo).

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Tipos de cânulas

Ao longo dos anos muitos têm sido os diferentes materiais e modelos


utilizados. A maior parte das cânulas são feitas de material plástico e
possuem um cuff. Os materiais das cânulas estão continuamente a ser
sujeitos a avaliação para se encontrar uma substância flexível, que não
produza irritação nem permita que as secreções adiram e sejam estáveis
dentro do organismo. Os tubos de metal foram usados durante muitos anos
e são feitos de prata ou possuem banho de prata. Devido á sua rigidez e
desconforto provocado no doente, elevado risco de necrose por pressão,
estimulação da produção de muco pelo metal e irritação tecidular que
produzem, estas cânulas já não são utilizadas e quando são utilizadas ,
geralmente destinam-se a doentes com uma traqueostomia permanente após
laringectomia.
As cânulas de PVC (cloreto de polivinilo) são as mais frequentemente
utilizadas, devido à sua baixa toxicidade tecidular e maleabilidade à
temperatura do corpo e também por serem mais baratas que as de silicone
(silastic).
As cânulas de traqueostomia podem ter um único lúmen ou uma cânula
interna e outra externa.

As cânulas de lúmen simples podem necessitar de ser mudadas mais


frequentemente que as cânulas de duplo lúmen, isto, porque são mais
difíceis de limpar e mais susceptíveis de ficarem obstruídas. Em
contrapartida as cânulas de lúmen simples proporcionam um maior
diâmetro para o fluxo de ar que as de duplo lúmen, reduzindo, assim a
resistência ao ar e permitindo que o doente ventile através dela com maior
facilidade.

As cânulas de duplo lúmen tem a possibilidade de se retirar a interna para


ser limpa ou até ser substituída. Está deve ser limpa diariamente e em
S.O.S. com o uso H2O2 e solução alcoólica diluído ou uma solução
desinfectante. As mudanças da cânula externa devem acontecer semanal ou
quinzenalmente garantindo a sua mobilidade, limpeza e bom
funcionamento.
A 1º mudança da cânula externa é feita com o apoio do médico que
realizou o estoma e só deve acontecer ao 3º ou 4º dia após a sua realização.
Aquando da mudança da cânula externa corre-se o risco de o estoma fechar
pelo que se deve ter sempre à mão um dilatador traqueal ou pinça
hemostática curva, esta deve ser usada também no caso de a cânula ser

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expulsa pela tosse. A função desta pinça ou dilatador é conservar a abertura
permeável.
Uma cânula de traqueostomia fenestrada, tem uma abertura na parte
superior da cânula externa, que permite que o ar inspirado através do nariz,
passe pelo seu interior. Quando a abertura externa é tapada, o ar pode
passar pelas cordas vocais, permitindo que o doente fale. Se for necessário,
assistência ventilatória , a cânula interna poderá ser inserida, de modo que
o doente possa ser ligado a um ventilador.

Quando se deve insuflar o cuff

O cuff só deve ser insuflado no caso de:

- Ser necessário ambuar o doente.


- Ser necessário ventilação controlada.
- De se alimentar o doente inconsciente por gavagem par impedir que
haja aspiração de alimentos.
- Ser necessário exercer pressão nos locais de hemorragia, após
intervenção cirúrgica na garganta ou no pescoço.

Técnica de insuflar cuff

Encher uma seringa de 10 ou de 20 ml de ar, insuflar lentamente o cuff .


À medida que o ar é introduzido, avaliar a fuga de ar em volta do tubo.
Esta é determinada :
- Pela capacidade do doente em falar ou emitir sons.
- Pela possibilidade de se sentir ar a sair pela boca do doente.

Quando a via respiratória está fechada e não há passagem de ar detectável


em volta da cânula, retirar 0,5 ml de ar. Isto cria uma «fuga mínima», e
assegura que esteja a ser exercida a mínima pressão possível sobre a parede
da traqueia, prevenindo assim complicações de que já falamos com:
- Traqueomalacia
- Estenose traqueal
- Fístula traqueo-esofágica
- Erosão de um vaso sanguíneo importante.

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Cuidados de enfermagem

O doente com traqueostomia é um doente que depende muito da equipe


de enfermagem. Após ter-lhe sido efectuada uma traqueostomia ele pode
ficar apreensivo devido à sua incapacidade de comunicar com os outros e
com o medo de asfixiar.

Cuidados de enfermagem no pós-operatório imediato

No pós-operatório imediato será necessária grande vigilância do doente ,


para despiste de complicações que possam surgir, das quais já falamos
anteriormente.

- Monitorização continua.
- O estoma recentemente feito deve ser mantido, através da aspiração de
secreções adequada . Esta deve ser efectuada de 5 em 5 minutos durante as
1º horas do pós-operatório. A necessidade de aspiração poderá ser
determinada pelo som do ar que vem da cânula especialmente se o doente
respirar fundo. Quando a respiração é ruidosa , o pulso e a frequência
respiratória aumentam, o doente necessita de aspiração. Os doentes que
estão conscientes podem geralmente indicar quando necessitam de
aspiração. Um doente que consiga expulsar as secreções pela tosse não
necessita de ser aspirado tão frequentemente.
- Se os sinais vitais se encontram estáveis, o doente deve ser colocado em
semi-fowler para facilitar a ventilação, promover a drenagem, minimizar o
edema e evitar a tensão sobre as linhas de sutura.
- Os analgésicos e sedativos deverão ser administrados cuidadosamente de
modo a não deprimir o centro respiratório assim como o reflexo da tosse.

Cuidados gerais ao doente com traqueostomia

A traqueostomia constitui uma porta aberta à entrada de microorganismos


patogénicos para vias respiratórias inferiores, aumentando o risco de
infecção. É essencial que sejam rigorosamente implementadas as seguintes
intervenções preventivas de enfermagem.

1- Reduzir ao mínimo o risco de infecção.

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Qualquer tubo inserido no interior da traqueia provoca irritação da mucosa
e em consequência há maior produção de muco.

PROCEDIMENTOS FUNDAMENTOS
- Observar o doente regularmente
quanto ao excesso de secreções Remove as secreções da árvore
e fazer aspiração segundo respiratória e melhora a oxigenação.
norma do serviço e com a
frequência necessária.

- Substituir traqueias , peça em T


ou máscara de O2 sempre que
estas caiam ao chão e protege-
las quando não estão a ser
usadas pelo doente.

- Remover a água que condensa na


traqueia e não a introduzir
novamente no nebulizador.
- Diminui a probalidade de
- Despejar a água destilada restante contaminação e previne a proliferação
do nebulizador de cada vez que de microorganismos.
este é enchido de novo, ou pelo
menos a intervalos de 24 horas.

- Fazer penso do estoma conforme


norma do serviço.

2- Assegurar adequada ventilação e oxigenação.

PRODECIMENTOS FUNDAMENTOS

- Vigilância das saturações de o2.


- Vigiar frequências respiratórias
e expansão torácica que deverá Assegurar que o doente está a ventilar
ser simétrica. bem .

- Posicionar o doente de 2 em 2
horas ou de 3 em 3horas se

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doente inconsciente. Obter máxima ventilação e perfusão
- Proporcionar segurança e pulmonar, prevenindo também as
conforto. úlceras de pressão.
- O cuff deve ser insuflado caso
seja necessário ambuar o Para que não haja fuga de ar entre o
doente. estoma e a cânula.

3- Proporcionar frequentes cuidados à boca .


As secreções têm tendência a acumular-se na boca e na faringe.

PROCEDIMENTOS FUNDAMENTOS

- Fazer cuidadosa aspiração da Melhorar o conforto do doente,


orofaringe quando necessário. removendo as secreções que se
tenham acumulado num acesso de
- Inspeccionar os lábios, a língua e tosse.
a cavidade oral regularmente.

- Limpar a cavidade oral com


espátulas embebidas em tantun - Proporcionar higiene oral ao
verde ou qualquer outro doente e hidratação oral e lábios.
desinfectante oral.

- Aplicar vaselina ou qualquer


outro lubrificante nos lábios
gretados

4- Minimizar as dificuldades resultantes da privação da fala.

PROCEDIMENTOS FUNDAMENTOS

- Estabelecer um método de
comunicação aceitável.

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- Organizar as perguntas, de modo
que o doente possa responder ´´
com um simples «sim» ou «não»,
acenar de cabeça ou por
movimentos das mãos.

- Se o doente sabe escrever,


incentiva-lo a escrever num papel
para comunicar . - Estabelecer uma boa
comunicação com o doente, de
- Conversar com o doente e maneira a que ele fique menos
explicar-lhe todas as actividades apreensivo em relação ao seu
estado e a que nós o possamos
- Encorajar a família e os amigos a entender.
falarem com o doente .

- Ter sempre a campainha ao


alcance do doente .
- Ajudar o doente a orientar-se no
- Orientar com frequência o doente . espaço e no tempo.

- Repetir com insistência que a


capacidade de falar regressará
quando a cânula for retirada.

5- Manter o equilíbrio nutricional.


O doente com cânula de traqueostomia é geralmente capaz de deglutir e de
fazer uma ingestão oral normal, excepto no caso de o doente estar
inconsciente e terá que ser alimentado por SNG.

PROCEDIMENTOS FUNDAMENTOS

- Providenciar alimentação tendo em


conta os gostos do doente.
- Proporcionar equilíbrio
- Providenciar dieta liquida por nutricional e hidratação oral ao
SNG no caso de inconsciência. doente.

- Incentivar o doente a ingerir


dieta mole se consciênte.

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- Insuflar cuff caso o doente seja
alimentado por SNG. - Evitar aspiração de alimentos para
a traqueia.
- Elevar a cabeceira da cama a 45º.

- Se necessário administrar antes - Verificar o aparecimento de


das refeições ou misturado com secreções traqueais tingidas de
o alimento se SNG azul de azul. Caso isto aconteça não
metileno. continuar a alimentar o doente.
- Prevenir a regurgitação e vómitos
- Controlar regularmente a de alimentos.
colocação da SNG e o conteúdo
residual do estômago.

Após a remoção da cânula de traqueostomia verifica-se uma fuga de ar


temporária no local da incisão. Pode fazer-se a aspiração do estoma.
Contudo, o uso frequente do estoma para fazer a aspiração pode atrasar o
encerramento e a cicatrização da traqueostomia.

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Plano de cuidados segundo a Classificação
Internacional da Prática de Enfermagem

Ao elaborar este trabalho decidimos criar um plano de cuidados standard


para o doente traqueostomizado. Sabemos que um plano standard para uma
situação especifica pode ser redutor quanto aos cuidados globais que
devemos prestar aos nossos doentes por isso devemos ter em atenção que
este plano standard deve ser completado com os problemas pertencentes a
outras áreas que também são da responsabilidade da Enfermagem.
Decidimos também que adoptaríamos a linguagem da Classificação
Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE). Seguidamente, temos uma
pequena abordagem introductoria a esta classificação que nos parece ser a
mais completa e concensual daquelas que até hoje foram desemvolvidas.
A CIPE deverá permitir medir a enfermagem nas três dimensões
seguintes:
- a diversidade das populações de clientes de um ponto de vista de
enfermagem (problemas/diagnósticos de enfermagem)
- a variabilidade dos padrões das práticas (intervenções de
enfermagem)
- as variações dos resultados clínicos de enfermagem (resultados)
Este tipo de informação acerca da pratica de enfermagem é
potencialmente útil par influenciar as políticas de saúde, tornando a pratica
de enfermagem mensurável de uma forma internacionalmente reconhecida.
Desde 1989, o ICN-Concelho Internacional de Enfermeiros vem
desenvolvendo a CIPE recorrendo a um processo de 3 etapas: colheita de
termos (pesquisando em classificações anteriores), agrupamento dos termos
e hierarquização dos termos em grupos estabelecidos.
Esta hierarquização de termos pode ser visualizada como uma pirâmide
de conceitos. Sendo assim uma CIPE ideal terá 3 pirâmides:
- uma para os problemas/diagnósticos de enfermagem (de forma
suplementar a classificações existentes por ex. doenças,
desvantagens, deficiências e incapacidades).
- uma para intervenções de enfermagem (suplementar a
intervenções médicas e cirúrgicas)
- uma para os resultados esperados das acções de enfermagem.
Em 1992 a União Europeia, iniciou um projecto de informatização de
dados de enfermagem. Em 1995 foi adoptado que este projecto (Telenurse)
se deveria centrar na promoção do consenso acerca do uso da CIPE na
Europa (classificação/linguagem comum a ser usada na Europa).
A seguir apresentamos o plano de cuidados para o doente
traqueostomizado.

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Cama _______

Etiqueta do doente

Plano de Cuidados Standard: Traqueostomia

Fenómenos de Enfermagem

Limpeza ineficaz das vias aéreas

Aspiração-potencial

Ferida cirúrgica

Acção comunicativa

Mucosas secas

Outros __________________________

__________________________

Intervenções de Enfermagem

- do tipo: Observar

Monitorizar S-V
Inspeccionar traqueostoma e sonda de traqueostomia
Auscultar tórax
Palpar tórax
Avaliar secreções
Avaliar comunicação
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- do tipo: Gerir

Optimizar ventilação: Posicionar em semi-fowler ou fowler.


Programar hidratação ( ______ cm3/ hora)

- do tipo: Executar

Aspirar secreções ( Procedimento nº ).


Trocar penso da traqueostomia ( Procedimento nº ).
Trocar cânula de traqueostomia.
Preencher cuff antes das refeições.

- do tipo: Cuidar

Encorajar comunicação ( formas alternativas á verbal ).

- do tipo: Informar

Instruir ( tosse assistida, respiração diafragmatica )

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4-Conclusão

Findo este trabalho ficamos com 3 ideias fulcrais:

- O doente traqueostomizado è um doente extremamente


dependente dos cuidados que se lhe possam prestar, por isso a
nossa acção deverá primar pela vigilância/monitorização de
complicações e problemas com os quais o doente se depara.
- Por outro lado, a nossa acção deverá quando possível,
proporcionar um maior nível de independência ao doente seja a
través de um maior controle da parte respiratória ( exercícios
respiratórios, tosse assistida), assim como da comunicação
(utilização de linguagem não verbal).
- Quando isso não seja possível dado o estado de dependência do
doente, a nossa capacidade de execução dos procedimentos deve
ser de grande qualidade pelo alto impacto que têm sobre o doente.

Esperamos que este trabalho possa melhorar a nossa abordagem aos


doentes traqueostomizados pois este é o principal objectivo deste trabalho,
objectivo este que só poderá ser avaliado na nossa pratica clinica futura.
Quanto aos restantes achamos que este trabalho atinge os objectivo
propostos de melhorar os conhecimentos do pessoal de Enfermagem acerca
deste assunto, assim com aferir ideias acerca da abordagem ao doente
traqueostomizado.

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Bibliografia

THELAN, Lynne A. et all. “Enfermagem em cuidados intensivos:


diagnostico e intervenção”. 2ª edição. Lisboa: Lusodidactica. Cap. 23 e 24.

SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G. “Brunner/Suddart Tratado de


Enfermagem médico-cirúrgica”. 7ª edição. Rio de Janeiro:
Guanabara/Koogan, 1994. Unidade 6.

ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES DA ESCOLA SUPERIOR DE


ENFERMAGEM DE SÃO JOÃO. “Enfermagem médico-cirúrgica modulo
II : afecções do aparelho respiratório”. Porto: AESESJ, 1998.

THE DANISH INSTITUTE FOR HEALTH AND NURSING


RESEARCH. “Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem
ICNP/CIPE com introducção à telenurse”. Versão alfa. Lisboa: Instituto de
Gestão Informática e Financeira da Saúde.

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ANEXOS

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Norma do penso de traqueostoma

A execução do penso tem por finalidade:

- Prevenir infecções.
- Manter a integridade dos tecidos.
- Vigiar o aparecimento de possíveis complicações.

Objectivos:

- Uniformizar procedimentos.

Material necessario:

- Campo esterilizado.
- Compressas esterilizadas.
- Luvas esterilizadas.
- Soro fisiológico ou agua destilada.
- Agua oxigenada.
- Iodopovidona.
- Nastro

Execução:

- Explicar procedimentos.
- Lavar as mãos
- Calçar luvas esterilizadas.
- Limpar a placa da sonda com agua oxigenada, e a seguir lavar o
estoma.
- Lavar com soro fisiológico e realizar antissepsia com
iodopovidona.
- Mudar nastro se sujo apertando-o de maneira a que 2 dedos
possam ser inseridos sobre o nastro.
- Colocar compressas estereis entre a placa da canula e a incisão
segundo a figura seguinte.
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Norma de aspiração de secreções traqueal

Quando o tubo de traqueostomia está presente é necessário aspirar as


secreções do doente porque a eficácia do seu mecanismo de tosse está
diminuído.
A aspiração traqueal é realizada com base na avaliação dos ruidos
adventicios ou sempre que as secreções estiverem nitidamente presentes. A
aspiração desnecessária pode iniciar o broncospasmo e provocar um trauma
mecanico na múcosa traqueal.
Todo o equipamento que entra em contacto directo com as vias aéreas
inferiores do doente deve ser esterilizado de modo a prevenir infecções
sistémicas e pulmonares.
A aspiração de secreções é efectuada para:

- Prevenir infecções.
- Manter as vias aéreas permeaveis.

Objectivo da norma:

-Uniformizar procedimentos.

Material necessário:

- Cateteres de aspiração (com 1/3 do lumen do traqueostoma).


- Luvas esterilizadas.
- Soro fisiológico de 10 ml.
- Frascos de SF de 100 ml.
- Máscara de protecção.
- Fonte de O2 com peça em T.
- Aspirador.

Execução:

- Explicar ao doente todos os procedimentos. Posicionar em


semifowler com hiperextensão do pescoço.
- Lavar as mãos.

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- Ligar a fonte de aspiração com pressão inferior ou igual a 120
mm/Hg.
- Verificar fonte de O2.
- Abrir o envolucro da sonda de aspiração e conectar ao aspirador.
- Pegar na sonda de aspiração com luva esterilizada.
- Introduzir algumas gotas de SF se secreções espessas.
- Inserir cateter aspirando e rodando-o suavemente com
movimentos de 360º ( não mais do que 10 a 15 Seg.).
- Ventilar o doente com O2 nos intervalos das aspirações, pedindo
ao doente que faça varias respirações profundas.
- Nos intervalos deve-se introduzir a sonda no frasco de SF estéril e
aspirar.
- Aspirar cavidade orofaringea após asp. traqueal.
- Lavar sonda de aspiração e rejeite-a assim como o SF restante.
- Registar procedimento e características das secreções

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