You are on page 1of 1

DE JOÃO DE NORONHA

No Reino Unido abriu-se um precedente assunto e, no próximo número, muito mais


perigoso e que pode ter repercussões haverá a publicar sobre o tema.
incalculáveis a nível da integração da
comunidade portuguesa no Reino Unido. O Começa a desenhar-se um movimento
governo, a polícia e os sindicados, ao de união na comunidade portuguesa
permitirem que centenas de trabalhadores liderado por António Cunha. Uma tentativa
espalhados por vários locais no Reino arrojada e difícil, tantas são as feridas e as
Unido se virassem pura e simplesmente mazelas entre os vários sectores da
contra os seus colegas, pelo facto apenas de comunidade, que se têm digladiado nos
serem estrangeiros, criaram uma barreira passados anos e erguido barreiras difíceis
explosiva, que pode vir a degenerar no de transpor. Contudo vale a pena ouvir e
início de uma guerra xenófoba e sem fazer o esforço para ajudar a criar a coesão.
tréguas à igualdade de oportunidades no Na verdade é essencial que esta
acesso ao trabalho das comunidades comunidade se organize e se prepara para
imigradas no Reino Unido. Por outro lado, um futuro próximo, cheio de desafios e
o facto de se ser inglês não pressupõe dificuldades, onde as exigências vão ser
competência para efectuar um certo ofício, enormes e sem organização, temo que se vá
trabalho ou emprego. É por demais sabido perder algum do pouco terreno ganho.
que há falta de centenas de milhares de Temos a todo o custo levar para a frente a
quadros técnicos e médios neste país, já Federação e o Congresso Nacional. Dois
para não falar em pessoal altamente órgãos que sejam chamados a representar
qualificado como, por exemplo os da os portugueses quando for necessário
saúde. intervir e exigir o respeito pelos nossos
Mais surpreendente ainda é quando o interesses e população. Tal como os
ministro da economia britânico admite que polacos, em dois anos, fizeram e onde a
há mais dois terços de ingleses a Federação, apoiada pelo corpo diplomático
trabalharem na Europa, do que polaco no Reino Unido, até já foi recebida
trabalhadores europeus contratados no liderado por Susana Forte Vaz, reconverteu Thetford sabem – não existe nenhum local pelo primeiro-ministro britânico para
Reino Unido. Vamos, pois, esperar pelos o projecto, falou à câmara de Breckland e no centro da cidade para alojar este tipo de discutir princípios e apoios à comunidade
desenvolvimentos futuros neste campo, propôs, tal como lhe foi solicitado pela centro comunitário português. Depois vem polaca. Contrariamente àquilo que temos
porque, a meu ver, o ódio demonstrado própria edilidade, um novo pedido de a história que o centro poderia ser um pólo vindo a observar nos últimos anos neste
pelos manifestantes contra a nossa raça, as licenciamento que agora veio recusado. E para o aumento de criminalidade na área. território, tem de ser a comunidade
notícias na maior parte dos media e os recusado porquê? Na base de que, na Mas como? Depois de um ano de portuguesa a liderar o caminho via a
muitos e-mails de opinião do público em opinião do poder local, não estarem actividade (2008/2009) existem defender os seus interesses e não esperar e
geral, são elucidativos dos sentimentos dos seguros de que a organização procurou fundamentos para comprovar o aumento de andar a reboque da embaixada e
britânicos acerca de todos nós... e em devidamente o mesmo espaço dentro da crime na área? Não! Diz-nos o Breckland e consulados, para conseguir os seus
tempo de eleições ninguém vai arriscar ir cidade. Para quem conhece Thetford, com afirma a polícia num relatório público. intentos. Organizada a nossa comunidade
contra a opinião pública. Depois, tanto a certeza que, tal como eu, deve estar a Contudo, noutro relatório, para deitar pode exigir dos nossos governantes e corpo
nossa diplomacia como o nosso Estado não pensar que a carta de recusa foi feita abaixo o centro português de Thetford, a diplomático a intervenção desejada, para
têm força nem vontade para bater o pé e certamente num escritório de mesma polícia levanta preocupações sobre que sejamos aceites e respeitados.
defender os interesses dos nossos correspondência na Índia, ou noutro local o assunto. Mas tem a polícia provas do Ultimamente tem sido uma vergonha ver a
emigrantes. Se já não defendem os direitos remoto, sem conhecimento de causa. Ou aumento de crime na área desde que o forma como os portugueses são tratados a
essenciais que um Estado de direito deveria então, mesmo, uma brincadeira de mau centro abriu? Não! Então porque escreve todas as instâncias, enquanto as
dar aos seus cidadãos emigrados, quanto gosto. Mas assim não é. Apesar da recusa um documento levantando objecções? Será autoridades se quedam no silêncio e se
mais preocuparem-se com situações cuja do relações de imprensa do Breckland em que os portugueses são, para a polícia, um escondem por detrás de paredes, ignorando
defesa dos mesmos passaria por enfrentar aceitar que esta decisão encobre um acto de pólo para o aumento dos problemas de as necessidades, expectativas e aspirações
os mais poderosos. Gostaria de ver a discriminação à comunidade portuguesa na crime e desordem na área? Qual é o índice dos portugueses no Reino Unido. Nunca
reacção da embaixada inglesa em Portugal, área, certo é que os argumentos de recusa de crime dos portugueses na área? Porque seremos ouvidos ou respeitados, se nunca
se acontecesse o mesmo aos seus súbditos são tão débeis que bradam os céus! Não só no Reino Unido, segundo a embaixada, é estivermos organizados e ligados na defesa
em terras lusas. toda a gente sabe não haver um prédio de 0,06%. Isto só demonstra como, por vias dos nosso interesses. A união éo primeiro
capaz de albergar este projecto no centro de indirectas, utilizando a lei passo para o reconhecimento institucional –
Muito se tem escrito sobre o Centro Thetford, como em seu redor temos uma indiscriminadamente e escondendo-se por sem medos e sem preconceitos. A nossa
Comunitário Português de Thetford, quantidade de empreendimentos similares, detrás dela, actuam os que inteligentemente sobrevivência não se compadece da
conhecido como The European Challenge. desde restaurantes, lojas, leiloeiros, igrejas, discriminam. protecção cega e exagerada de certos
Não só pelos disparates que se dizem, stands de carros e outros negócios que nada Abriu-se mais um precedente, que a meu indivíduos e instituições – é preciso
como também pela cena triste do primeiro têm a ver com um complexo industrial. ver vai acabar nos tribunais, a conhecer primeiro defender os interesses do
andar onde, contra a lei, um dos inquilinos Mas porque é um centro português, tudo pela tenacidade e compromisso que colectivo e, para isso, é preciso coragem e
andou a vender álcool sem alvará e licenças vale para deitar abaixo. Até a utilização de conhecemos na mentora do projecto. O convicções fortes, para vencer a inércia de
para tal. Depois deste incidente, o TEC, um facto que todos os que vivem em nosso jornal continua a investigação ao muitos e as críticas de outros.
PUB.

You might also like