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erseguições, apupos, agressões

P verbais e ameaças amedrontam


grande parte dos portugueses que
trabalham na central eléctrica de
Staythorpe, nova frente de protestos
e greves de trabalhadores ingleses, vindos
um pouco de toda a parte, para se
manifestarem e tomarem parte em acções de
discriminação e xenofobia, contra
trabalhadores portugueses, polacos,
espanhóis e italianos.
António Cunha, líder dos conselheiros das
comunidades no Reino Unido, disse ao
nosso jornal que a situação era
“preocupante” e já ter alertado a embaixada
de Portugal em Londres e a presidência da
República portuguesa, para esta nova
“moda” de discriminação por parte dos
trabalhadores ingleses.
“Não está em causa a perda dos empregos
detidos pelos nossos nacionais”, afirmou
António Cunha, “está sim em causa a forma
como os portugueses estão a ser tratados e
discriminados, num país que sempre nos
ensinou a moderação e a igualdade de
oportunidades.”
A pressão sobre os portugueses que
trabalham nas imediações de Nottingham é
um facto que já vem de há muito tempo,
afirmou-nos a empresária Leonor Pereira,
que acrescenta não saber de qualquer
problema grave envolvendo portugueses ali
residentes. A comunidade vive uma vida
normal e bem integrada na sociedade local e,

Trabalhadores portugueses
a seu ver, estes incidentes não irão modificar
o rumo dos acontecimentos.
Estes protestos de cerca de 350
trabalhadores, alguns oriundos de
outras regiões, foram lavrados,
Todas

perseguidos e insultados
segundo os sindicados,
como apoio aos grevistas as greves se têm
de Lindsey e ao facto de, baseado nas
recentemente, a central declarações do primeiro
eléctrica de Staythorpe
ter contratado cerca de
ministro, no ano passado, que serviu de mote para as condenaram as manifestações contra a Amado, que considera a situação inaceitável,
250 polacos, em vez de quando afirmou que actuais greves surpresa. contratação de trabalhadores portugueses em na verdade os portugueses acabaram por ser
trabalhadores locais. “oportunidades de trabalho “Quando falei acerca de I n g l a t e r r a , c o m o P C P, B E e P E V a obrigados a abandonar o local de trabalho e
Os sindicados na Grã-Bretanha eram trabalhos britânicos, referia-me responsabilizarem a crise e a direita e a a voltar a Portugal, pela mão da Embaixada
acrescentam que estes para os trabalhadores a dar qualificações às pessoas no exigirem uma acção por parte do Governo em Londres.
protestos têm o apoio da britânicos” Reino Unido, encorajá-las a fazer português. No entanto, os trabalhadores portugueses
maioria do público. No cursos, adquirir os conhecimentos O debate foi suscitado por uma declaração contratados para trabalhar numa refinaria da
entanto, os protestos que são para que elas tenham as capacidades para política da deputada do PS, Celeste Correia, Total, no Norte de Inglaterra, e impedidos de
diariamente ouvidos nas imprensa e nas desempenharem os mesmos trabalhos que a condenar os protestos em Inglaterra contra o fazer por operários britânicos, esperam
instituições públicas, dizem-nos o contrário. são feitos actualmente pelos estrangeiros”, a contratação de trabalhadores portugueses e poder regressar a Inglaterra na próxima
Entretanto, a empresa Almtrom, que gere justificou Gordon Brown. a considerar que a “crise global” revelou semana, após um acordo alcançado entre os
as centrais eléctricas, afirma empregar mais A legislação comunitária confere o direito “como é instável” o actual sistema da grevistas e a empresa francesa.
de dois terços de trabalhadores ingleses, pelo de liberdade de circulação e movimento aos globalização. Os trabalhadores acreditam que cumprirão
que os protestos não têm “razão de ser”. trabalhadores dos países-membros da União “A crise global financeira revela novas o contrato de trabalho vigente com a firma
Acrescenta que as alegações de que Europeia. Brown realçou que “estas acções facetas”, afirmou, repudiando “formas de que os contratou, a empresa italiana IREM
“trabalhadores locais não vão integrar as não são uma boa coisa (para o país e para os proteccionismo ou o exacerbar de SPA, adiantou um representante dessa
novas contratações para o departamento trabalhadores) e não são defensáveis”. nacionalismo e de xenofobia”. empresa em Portugal.
técnico, são falsas.” O primeiro-ministro britânico admitiu, no No mesmo sentido, o deputado do PCP, Os grevistas que bloqueavam o acesso às
entanto, que “as pessoas estão inquietas Jorge Machado, condenou os protestos instalações, em Lindsey, aceitaram regressar
Brown condena greve sobre o que poderá acontecer com os seus alertando que “quando a crise do capitalismo ao trabalho. Em causa estava um projecto de
Gordon Brown veio a público criticar empregos em diferentes sítios do país”. aperta, procuram-se outras respostas para construção entregue à subcontratada IREM,
como “indefensáveis” as greves que têm “Estou determinado a tomar medidas não responsabilizar o capitalismo”. que empregou 195 trabalhadores
paralisado a indústria, cujo objectivo era o rápidas para salvar os postos de trabalho que Celeste Correia admitiu que “foi infeliz” a estrangeiros, entre os quais cerca de 40
de apontar os trabalhadores estrangeiros, possam ser salvos”, acrescentou. frase do primeiro-ministro britânico, Gordon portugueses. Uma obra para realizar até 31
incluindo os portugueses, como mão-de- Os protestos reflectem a preocupação dos Brown, em 2007, “trabalhos britânicos para de Maio e onde os postos de trabalho terão
obra excedentária. Todas as greves se têm trabalhadores britânicos quanto ao galopante trabalhadores britânicos”, que está a servir sido vedados a ingleses, argumentavam os
baseado nas declarações do primeiro aumento do desemprego no Reino Unido, de mote para as actuais greves-surpresa em grevistas.
ministro, no ano passado, quando afirmou actualmente nos 6,1 por cento, número que Inglaterra. O caso chegou às mais altas esferas
que “oportunidades de trabalho na Grã- corresponde a 1,9 milhões pessoas. Do lado do CDS-PP, o deputado Hélder políticas britânicas, com o secretário de
Bretanha, eram para os trabalhadores Os protestoscomeçaram quando a Amaral condenou igualmente “os estado da Economia, Pat McFadden, a
britânicos”. empresa petrolífera francesa Total atribuiu comportamentos” dos manifestantes defender o princípio da livre movimentação
Gordon Brown apelou aos grevistas para um contrato de construção de uma unidade ingleses e afirmou que o Governo “não pode de trabalhadores e a recordar que há três
pararem as acções de protesto, depois das na refinaria de Lindsey, no leste de ficar em silêncio”. vezes mais britânicos colocados em
m a n i f e s t a ç õ e s c o n t r a t r a b a l h a d o r e s Inglaterra, à empresa italiana IREM. Cerca O deputado social-democrata Carlos empresas britânicas noutros países europeus
portugueses e outros europeus se terem de 100 trabalhadores portugueses e italianos Gonçalves questionou o “apoio que o do que europeus na Grã-Bretanha. “Um
estendido às infra-estruturas energéticas por trabalham na obra, número que deverá subir Governo português presta aos nacionais no relatório recente da Comissão Europeia
toda a Grã-Bretanha. para os 400 em Março. Os sindicatos estrangeiro” e alertou para o encerramento revelou que havia 47.000 trabalhadores
Numa entrevista emitida pelo canal de ingleses queixam-se que não tiveram de vários postos consulares. temporários britânicos colocados no resto da
televisão BBC, Gordon Brown viu-se oportunidade de se candidatar aos empregos. União Europeia, três vezes mais do que os
obrigado a explicar o que quis dizer, em Governo português sem força 15 mil trabalhadores do resto da Europa
Outubro de 2007, com a frase “trabalhos Deputados portugueses criticam Apesar dos protestos do ministro dos colocados no Reino Unido”. Bruxelas está
britânicos para trabalhadores britânicos”, As bancadas parlamentares portuguesas Negócios Estrangeiros português, Luis atenta e já condenou o incidente.

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