O teatro Gil – Vicentino é, essencialmente, um teatro de tipos. O
tipo não é uma personagem individual e bem caracterizada, mas uma figura colectiva que sintetiza as qualidades e os defeitos da classe, da profissão ou do estrato social a que pertence. Não tem traços de psicologia individual própria e não evolui psicologicamente. É o resultado da observação dos traços característicos da generalidade das pessoas, do seu grupo social ou classe ou profissão. Assim, na figura do Fidalgo, por exemplo, condena-se, não aquele Fidalgo em particular, mas a generalidade dos Fidalgos da época.
Estas personagens raramente têm nome e, se o têm, ele é
irrelevante. São chamadas personagens – tipo ou planas, estáticas e lineares.
Para que os espectadores as pudessem facilmente identificar,
apresentavam-se no palco com elementos distintos (símbolos/adereços), que tanto podiam ser um objecto, um animal como até uma ou mais pessoas. Outro processo de identificar as personagens era o tom de voz e a linguagem.
Personagens alegóricas – O Diabo, o seu companheiro e o
Anjo. Elas figuram não só os julgadores (advogados de acusação e juízes) mas também a própria noção de castigo (o Mal - o Inferno) e de prémio (o Bem – O Céu).