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PLANTAS

QUE CURAM
Enciclopédia das Plantas Medicinais
AO LEITOR
J
I
gnoradas n u m a s épocas da Após uma época de bilhantes
história, e até desprezadas progressos científicos, em que a
noutras, as plantas medici- terapêutica —ciência da cura—,
nais têm esperado vários milé- d e p o s i t o u t o d a s as suas espe-
nios, calada e pacientemente, que ranças exclusivamente em sofis-
nós, os seres humanos, dirijamos ticados laboratórios e em dispo-
para elas a nossa atenção, a fim sitivos de alta tecnologia, volta a
de conhecê-las, estudá-las, aplicá- r e s s u r g i r o interesse pelos re-
las —e porque não?—amá-las. médios simples que a Natureza
oferece: n ã o só as plantas, mas
também a água (hidroterapia), o
sol (helioterapia) ou as terras
m e d i c i n a i s (geoterapia), entre
outros.

A. ajuda de que o ser humano


necessita para as suas muitas do-
enças c padecimentos, vem ago-
ra da terra, das simples ervas do
c a m p o . Nesses humildes restol-
hos, nessa árvore bravia esqueci-
da, nos "simples" —como anti-
g a m e n t e se c h a m a v a m as plan-
tas medicinais—, é aí que a Na-
tureza esconde os seus melhores
remédios para a s a ú d e dos hu- espécies de vegetais que povoam
manos. o planeta Terra q u e , com esta
obra, não fazemos mais do q u e
a s s o m a r t i m i d a m e n t e a o vasto
Quando sair para o c a m p o , oceano do conhecimento da
caro leitor, não m e n o s p r e z e botânica e da fitoterapia.
aquilo que parece simples, essas
humildes plantas. Antes observe-
as com consideração c respeito, A Publicadora Atlântico faci-
pois é delas que procede a maior lita e n o r m e m e n t e esta tarefa do
parte dos medicamentos. E se c o n h e c i m e n t o , a o utilizar n a
for crente e acreditar num Deus presente obra, que faz parte da
de amor que criou a vida, eleve o a m p l a E n c i c l o p é d i a de Edu-
olhar para o céu em sinal de gra- c a ç ã o e S a ú d e , a tecnologia
tidão, por Ele nos ter provido de mais a v a n ç a d a no c a m p o da
tantos vegetais benéficos, capa- edição, j u n t a m e n t e com u m a
zes de curar as doenças e de ali- realização editorial de nível in-
viar os nossos sofrimentos, tor- ternacional.
nando assim mais suportável a
nossa passagem por esta vida.
Caro leitor, conheça as plan-
tas, e amá-las-á. É este o sincero
É tão amplo e variado o mun- desejo do autor,
do das plantas, há tanto desco-
berto e tanto mais ainda p o r
descobrir nas cerca de 400.000 Dr. Jorge D. Pamplona Roger.
Plan geral
Volume 1
Ao leitor 5
Plano geral da obra 6
índice de doenças 8
índice de plantas 12
Prólogo 16
Apresentação 17
Prefácio 18

Primeira parte: Generalidades


1. O m u n d o vegetal 22
• Classificação dos vegetais
• Tipos de folhas
• Anatomia das folhas
• Tipos de raízes
• Tipos de caules
• Tipos de inlloresccncias
• Anatomia de uma flor Colheitaeconservação,
cap. 2

El mundo vegetal, cap 2. C o l h e i t a e c o n s e r v a ç ã o 44


• Guardiães ou destruidores?

3. F o r m a s de p r e p a r a ç ã o e e m p r e g o 54 » j**}
• A ai te de prepai ar tisanas ^* * « ^ ^ ^ ^ ^
• Vantagens e inconvenientes dos extractos '^^
• Técnica de aplicação das lomenlações ^ V\
Formas de preparación y ernpleo, cap. 3
• O uso seguro das plantas medicinais &_/jj

4. Princípios activos 76 nl m
.. * r • • . Precauções e toxicidade
V
• A lotossintese 5
• Procedimentos para a obtenção das
essências
Princípios activos, cap. 4 • A aromaterapia

5. Precauções e toxicidade das plantas. . . . 98

6. Da planta ao m e d i c a m e n t o 110

• Como obter os melhores resultados


das plantas
• Uma pioneira da moderna iitoterapia *
• As plantas medicinais na América
• Como se descobriram as propriedades
, i , Da planta ao medicamento,
das plantas ^
da obra

Segunda parte: Descriç


Significado dos ícones 124 - 125
Explicação das páginas 126-127
7. Plantas para os olhos 128
8. Plantas para o sistema nervoso 138
9. Plantas excitantes 176
10. Plantas para a boca 186
11. Plantas para a garganta, nariz e ouvidos. . . 200
12. Plantas para o coração 212
13. Plantas para as artérias 226
Plantas para os olhos, cap. 7 Plantas para a garganta,
14. Plantas para as veias 248 cap. 11
15. Plantas para o sangue 262
16. Plantas para o aparelho respiratório 280
17. Plantas para o aparelho digestivo 346
18. Plantas para o fígado e a vesícula biliar .. . 378
Volume 2
Testemunho 400
Plano geral da obra 402
Plantas para as veias, cap. 14 índice de doenças 404
índice de plantas 410
Plantas para o aparelho
19. Plantas para o estômago 416 respiratório, cap. 16

l
Plantas para o aparelho genital
20. Plantas para o intestino
21. Plantas para o ânus e o recto
22. Plantas para o aparelho urinário
23. Plantas para o aparelho genital masculino.
24. Plantas para o aparelho genital feminino ..
25. Plantas para o metabolismo
476
538
548
602
614
644
masculino, cap. 23
26. Plantas para o aparelho locomotor 654
27. Plantas para a pele 680
28. Plantas para as infecções 736
29. Plantas para outras doenças 774
* Glossário 778
Unidades de medida 782
Procedência das ilustrações 783
Bibliografia 784
; índices alfabéticos 786
Plantas para a pele, cap. 27 índice geral alfabético 794

7
índice de doenças
Abcesso dentário, ver Fleimão dentário 188 Antocianinas, plantas com 128
Abcessos 689 Ânus, eczema 539
Acidez do estômago 418 Ânus. fissura 539
Ácido úrico, excesso de, ver Gota 647 Apetite, excesso de, ver Bulimia 648
Acne 687 Apetite, falta de 347
Açúcar no sangue, excesso, ver Diabetes 648 Ardor de garganta, ver Garganta, irritação 201
Afecções do coração 213 Ardor dos olhos (legenda de foto) 130
Afonia 203 Areias na urina, ver Litíase urinária 550
Afrodisíacas, plantas 602 Arritmia 214
Aftas 187 Arrotos, ver Gases no estômago 421
Alcalinizantes, plantas 645 Arteriosclerose 228
Alcoolismo 776 Articulação, entorce, ver Entorse 657
Alergias 777 Artrite úrica 659
Alimentar, infecção tóxica, ver Salmonelose 740 Artritismo, ver Atrite úrica 659
Alopecia, ver Cavície 688 Artrose 659
Alternativas ao café 177 Ascite, ver Barriga de Água 380
Alternativas ao chá 177 Asma 283
Amcbíasc 740 Astenia 140
Amigdalite e faringite 201 Atonia intestinal 485
Analgésicas, plantas, ver Dor e nevralgia 142
Anemia 263 Balsâmicas, plantas 289
Angina de peito 214 Barriga de água 380
Anginas, ver Amigaclalite e faringite 201 Beleza da pele 686
Angor pectoris, ver Angina de peito 214 Béquicas, plantas, ver Garganta, irritação 201
Anorexia, ver Apetite, falta de 347 Bexiga, infecção, ver Cistite 554
Ansiedade 141 Blefarite 129
Ansiolíticas, plantas, ver Nervosismo e ansiedade . . . . 141 Boca, aftas, ver Aftas 187
Antidiarreicas, plantas 480 Boca, inflamação, ver Eslomatite, plantas 189
Antiescorbúlicas, plantas 645 Boca, mau hálito 187
Anliespasmódicas, plantas 147 Boca, mau sabor 187
Anliespasmódicas uterinas, plantas 621 Bolhas nos pés, ver Pés, transtornos 660
Anti-inflamalórias urinárias, plantas 549 Broncodilatadoras, plantas 288
Antilactagogas, plantas 615 Bronquite 282
Anti-reumálicas, plantas 655 Brucelose 740
Antitússicas, plantas 288 Bulimia 648

Cabeça, dor de 143


Café, alternativas ao 177
Cálculos biliares, ver Vesícula biliar, transtornos 380
Cálculos urinários, ver Litíase urinária 550
Calos, ver Calosidades 683
Calosidades 683
Calvície 688
Cancro 777
Cansaço ocular (legenda de foto) 130
Cardiopatias, ver Afecções do coração 213
Cardiotónieas, plantas 212
Caspa 688
Cefalcia. ver Dor de cabeça 143
Celulite 686
Cervicite 620
Em letra negrita figuram os nomes das doenças que aparecem
como títulos nas tabelas de doenças.

D efesas diminuídas 738


Dentes, dor 188
Dentes, erupção 187
Dentes, fleimão 188
Depressão imunitária, ver Diminuição das defesas .. . 738
Depressão nervosa 140
Depurativa, cura 647
Desmaio 228
Desnutrição 646
Desporto 660
Diabetes 648
Diarreia, ver Gastrenteritc 481
Difteria 740
Digestão, transtornos, ver Dispepsia 419
Digestivas, plantas 348
Diminuição das defesas 738
Disbacteriosc intestinal 479
Disenteria 482
Dismenorreia 617
Dispepsia 419
Chá, alternativas ao 177 Diuréticas, plantas 556
Ciática 658 Doença de Parkinson,
Circulação sanguínea insuficiente, ver Doenças orgânicas do sistema nervoso 144
ver Falta de irrigação sanguínea 228 Doenças do coração 213
Cirrose, ver Hepatite 379 Doenças febris 738
Cistite 554 Doenças orgânicas do sistema nervoso . 144
Climaclério, ver Menopausa 619 Doenças psicossomáticas 142
Colelitíase, ver Vesícula biliar, transtornos 380 Dor de cabeça 143
Cólera 740 Dor de costas, ver Lumbago 658
Coleréticas e colagogas, plantas 382 Dor de dentes 188
Colesterol, plantas contra o 229 Dor de estômago 420
Cólica biliar 381 Dor do ouvido (legenda de foto) 204
Cólica hepática, ver Cólica biliar 381 Dor dos rins, ver Lumbago 658
Cólica intestinal 483 Dor e nevralgia 142
Cólica renal 551 Dor reumática 657
Colite 482
Colo do útero, infecção, ver Cervicite 620 Jb>czema 685
Cólon irritável 483 Eczema anal 539
Comichão, ver Prurido cutâneo 684 Edemas 552
Condilomas e papilomas 683 Ejaculação precoce 604
Conjuntivite e blefarite 129 Emenagogas, plantas 621
Contusão 656 Eméticas, plantas 417
Convalescença 739 Enfisema pulmonar 284
Coração, alteração do ritmo, ver Arritmia 214 Entorse 657
Coração, doenças, ver Afecções do coração 213 Enurese 555
Coração, infarto 214 Enxaqueca 143
Coração, insuficiência, ver Cardiotónicas, plantas . . . . 212 Epilepsia 144
Córnea, inflamação, ver Qucratite 130 Epistaxe, ver Nariz, hemon-agia 203
Coronáiias, doenças arteriais, ver Angina de peito . . . . 214 Equimose, ver Hematoma 263
Crianças, plantas sedativas 146 Eritema pernio, ver Frieiras 229
Cura depurativa 647 Erupção dentária 187
Em letra negrita figuram os nomes das doenças que aparecem
como títulos nas tabelas de doenças.

Hipertensão arterial 227 Laxantes, plantas 484


Hipertensão portal, ver Barriga de água 380 Lcucorreia 620
Hipcrtiroidismo 648 Lipotimia, ver Desmaio 228
Hipertrofia da próstata, ver Próstata, afecções 603 Líquidos, retenção, ver Edemas 552
Hipcmricemia, ver Gota 647 Litíase urinária 550
Hipocloridria, ver Falta de sucos gástricos 418 Lombrigas, ver Parasitas intestinais 486
Hipolipemiantes, plantas, Lumbago 658
ver Colesterol, plantas contra o 229
Hipotensão arterial 227 Má digestão, ver Dispepsia 419
Hipotiroidismo 648 Magreza , 646
Hipotonia gástrica, ver Estômago descaído 420 Malária, ver Paludismo 743
Malta, febre de, ver Brucelose 740
Impotência sexual 604 Mama, infecção, ver Mastite 616
Imunitária, depressão, ver Diminuição das defesas .. . 738 Mamilo, gretas 616
Inapetência, ver Apetite, falta de . . .: 347 Mastite 616
Inchaço antes das regras, Mau hálito 347
ver Regras, retenção de líquidos 618 Mau sabor de boca 187
Incontinência urinária 555 Memória, perda de 144
Menopausa 619
Infarto do miocárdio 214
Menstruação, dor, ver Dismenorreia 617
Infecção da mama, ver Mastite 616
Infecção tóxica alimentar, ver Salmonelose 740
Infecção urinária 554
Insecto, picada, ver 776
Insónia 142
Insuficiência cardíaca, ver Cardiotónicas, plantas . . . . 212
Insuficiência circulatória cerebral,
ver Falta de irrigação sanguínea 228
Insuficiência hepática,
ver Fígado, mau funcionamento 379
Insuficiência pancreática, ver Pâncreas, insuficiência . 381
Insuficiência renal, ver Nefrite e nefrose 553
Intelectual, rendimento insuficiente 143
Intestino, alterações cia Hora,
ver Disbacteriose intestinal 479
Intestino, atonia 485
Intestino, cólica 483
Intestino, espasmo, ver Cólica intestinal 483 Menstruação excessiva, ver Regras excessivas 618
Intestino, fermentações 479 Menstruação irregular, ver Regras irregulares 618
Intestino, gases 478 Micose da pele 689
Intestino, lombrigas, ver Parasitas intestinais 486 Mordedura de répteis 776
Intestino, parasitas 486 Mucolílicas, plantas 289
Intestino, vermes, ver Parasitas intestinais 486
Intoxicação 775 Na rcóticas, plantas 146
Intoxicação alimentar, ver Salmonelose 740 Nariz, hemorragia 203
Irrigação sanguínea, falta de 228 Nariz, inflamação, ver Rinite 203
Irritação da garganta 201 Nefrite e nefrose 553
Irritação da pele 684 Nefrose 55^
Nervos no estômago 421
Lábios, gretas 187 Nervosismo e ansiedade 141
Lactação, infecção das mamas, ver Mastite 616 Neurastenia, ver Nervosismo e ansiedade 141
Laringite 202 Nevralgia 142
índice de doenças (continuação)

Esclerose em placas,
ver Doenças orgânicas do sistema nervoso 144
Escorbuto, plantas contra o 645
Esfbladelas dos pés, ver Pés, transtornos 660
Esgotamento e astenia 140
Espasmo intestinal, ver Cólica intestinal 483
Esterilidade feminina 616
Esterilidade masculina 603
Estômago, acidez 418
Estômago descaído 420
Estômago, dor • 420
Estômago, falia de sucos 418
Estômago, gases 421
Estômago, hemorragia 421
Estômago, nei*vos 421
Estômago, úlcera 423
Estomatite, plantas 189
Estrias da pele 688 Garganta, irritação 201
Estudantes, ver Rendimento intelectual insuficiente .. 143 Gargarejos, plantas para 204
Excesso de apetite, ver Bulimia 648 Gases intestinais 478
Excitação sexual excessiva 604 Gases no estômago 421
Expectoração, sangue na, ver Hemoptise 284 Gastrentcrite 481
Expectorantes, plantas 286 Gastrite 422
Gastrite crónica 423
F a l t a de apetite 347 Gengivas, transtornos,
Falta de irrigação sanguínea 228 ver Piorreia, gengivite e parodontose 188
Falta de sucos gástricos 418 Gengivite 188
Faringite 201 Gesíação, ver Gravidez 616
Febre, ver Doenças febiis 738 Gota 647
Febre de Malta, ver Brucelose 740 Gravidez 616
Febre tifóide 741 Gretas da pele 683
Febris, doenças 738 Gretas do lábio 187
Feridas e úlceras 682 Gretas do mamilo 616
Fermentações intestinais 479 Gripe 742
Fígado, intoxicação 380
Fígado, mau funcionamento 379 Jtlálito fétido, ver Mau hálito 347
Fissura anal 539 Halitose, ver Mau hálito 347
Flebite 249 Hematoma 263
Fleimão dentário 188 Hematúria 552
Flora intestinal, alterações. Hemicrania, ver Enxaqueca 143
ver Disbactcriose intestinal 479 Hemoptise 284
Fluidificanles do sangue, plantas 263 Hemorragia 264
Fluxo vaginal, ver Leucorreia 620 Hemorragia gástrica 421
Frieiras 229 Hemorragia nasal, ver Nariz, hemorragia 203
Frio, frieiras 229 Hemorróidas 540
Fungos da pele, ver Micose da pele 689 Hemostáticas, plantas 262
Furúnculos e abcessos 689 Hepatite 379
Herpes 690
Cjralactagogas, plantas 615 Hidropisia 552
Garganta, ardor, ver Garganta, irritação 201 Hiperexcitação sexual, ver Excitação sexual excessiva . 604
Garganta, infecção, ver Amigdalite e faringite 201 Hipermenorreia, ver Regras excessivas 618

10
índice de doenças (continuação)

Obesidade 646 Plantas com acção protectora capilar 248


Plantas com antocianinas 128
Ocitócicas, plantas 621
Olhos, ardor (legenda de foto) 130 Plantas contra o colesterol 229
Olhos, irritação (legenda de foto) 130 Plantas contra o escorbuto 645
Ossos, debilidade, ver Osteoporose 659 Plantas digestivas 348
Osteoporose 659 Plantas diuréticas 556
Ouvido, dor (legenda de foto) 204 Plantas emenagogas 621
Ovário, insuficiência 619 Plantas eméticas 417
Plantas expectorantes 286
Pálpebras! inflamação, ver Conjuntivile e blefarite . . 130 Plantas fluidificantes do sangue 263
Palpitações 213 Plantas galactagogas 615
Paludismo 743 Plantas hemostáticas 262
Pancadas, ver Contusão 656 Plantas laxantes 484
Pâncreas, insuficiência 381 Plantas mucolíticas 289
Papilomas 683 Plantas narcóticas 146
Parasitas intestinais 486 Plantas ocitócicas 621
Parkinson, ver Doenças orgânicas do sistema nervoso 144 Plantas para a estomatite 189
Parodontose 188 Plantas para gargarejos 204
Pediculose 777 Plantas peitorais 285
Pedras na urina, ver Lilíase urinária 550 Plantas purgativas 477
Pedras na vesícula, ver Vesícula biliar, transtornos . .. 380 Plantas remineralizantes 645
Peito, infecção, ver Mastite 616 Plantas revulsivas 658
Peitorais, plantas 285 Plantas sedativas 145
Pele, beleza 686 Plantas sedativas para crianças 146
Pele, comichão, ver Prurido cutâneo 684 Plantas sudoríficas 737
Pele, estrias 688 Plantas vasoconstritoras 229
Pele, fungos, ver Micose da pele 689 Plantas vasodilatadoras 229
Pele, gretas 683 Pneumonia 283
Pele, irritação 684 Prisão de ventre 485
Pele. micose 689 Proctite 539
Pele seca 687 Próstata, afecções 603
Perda de memória 144 Prostatite, ver Próstata, afecções 603
Perda de visão, ver Visão, diminuição 130 Protectoras capilares, plantas 248
Pés, transtornos 660 Prurido cutâneo 684
Picada de insecto 776 Psicossomáticas, doenças 142
Pielonefrite 553 Psoríase 686
Piolhos, picada, ver Pediculose 777 Ptose gástrica, ver Estômago descaído 420
Piorreia, gengivite e parodontose 188 Pulmonia, ver Pneumonia 283
Pirose, ver Acidez d« estômago 418 Purgativas, plantas 477
Plantas afrodisíacas 602
Plantas alcalinizantes 645 (Jueimaduras 775
Plantas antidiarreicas 480 Queratite 130
Plantas antiespasmódicas 147
Plantas antiespasniódicas uterinas 621 IVaquitismo 660
Plantas anti-inflamatórias urinárias 549 Recto, inflamação, ver Proctite 539
Plantas antilactagogas 615 Regras excessivas 618
Plantas anti-reumáticas 655 Regras irregulares 618
Plantas antitússicas 288 Regras, dor, ver Dismcnorreia 617
Plantas balsâmicas 289 Regras, retenção de líquidos 618
Plantas broncodilatadoras 288 Remineralizantes, plantas 645
Plantas cardiotónicas 212 Renal, litíase, ver Litíase urinária 550
Plantas coleréticas e colagogas 382 Rendimento intelectual insuficiente 143
Em letra negrita figuram os nomes das doenças que aparecem
como títulos nas tabelas de doenças.

Répteis, mordedura, ver Mordedura de répteis 776


Retenção de líquidos, ver Edemas 552
Retenção de líquidos antes das regras,
ver Regras, retenção de líquidos 618
Reumática, dor 657
Reumatismo, plantas contra o 655
Revulsivas, plantas 658
Rim, cólica, ver Cólica renal 551
Rim, infecção, ver Pielonefritc 553
Rim, Insuficiência, ver Nefrite e nefrose 553
Rinite 203
Rins. dor de. ver Lumbago 658
Ritmo cardíaco, alteração, ver Arritmia 214
Rouquidão, ver Afonia 203

oahnonelose 740
Sangue na expectoração, ver Hemoptise 284
Sangue na urina, ver Hematúria 552 Tonificantes, plantas, ver Esgotamento e astenia 140
Sarna 690 Torcedura, ver Entorse 657
Secura da pele 687 Tosse 285
Sedativas, plantas 145 Tosse convulsa 74\
Sedativas para as crianças, plantas 146 Trombose 264
Seio, infecção, ver Maslile 616 Tuberculose 743
Serpentes, mordedura, ver Mordedura de répteis 776
Sexual, excitação excessiva, cera do estômago 423
ver Excitação sexual excessiva 604 Úlcera varicosa 250
Sida 742 Úlceras da pele 682
Sífiles 740 Unhas frágeis 688
Sinusite 202 Uretrite 555
Sistema nervoso, doenças orgânicas 144 Úrica, artrite, ver Artrite úrica 659
Sono, falta de, ver Insónia 142 Úrico, ácido, excesso de, ver Gota 647
Sopoiiferas, plantas, ver Insónia 142 Urina, cálculos, ver Litíase urinária 550
Stress 141 Urina, infecção, ver infecção urinária 554
Substitutos do café 177 Urina, sangue na, ver Hematúria 552
Substitutos do chá 177 Urinária, incontinência 555
Sucos gástricos, falta de 418 Urinária, infecção 554
Sudação excessiva 687 Urinária, litíase 550
Sudação excessiva dos pés, ver Pés, transtornos 660 Urinários, cálculos, ver Litíase urinária 550
Sudoríficas, plantas 737
Vaginite, ver Leucorreia 620
Varizes 249
1 abagismo 776 Vasoconstritoras, plantas 229
Taquicardia 213 Vasodilatadoras, plantas 229
Tensão alta, ver Hipertensão arterial 227 Veias, inflamação, ver Flebite 249
Tensão baixa, ver Hipotensão arterial 227 Vermes intestinais, ver Parasitas intestinais 486
Tensão nervosa, ver Stress 141 Verrugas 683
Terçol 130 Vesícula biliar, transtornos 380
Tifóide, febre 741 Visão, diminuição 130
Tinha 690 Vitamina C, plantas contra a sua carência,
Tiróide, hiperfunção. ver Hipertiroidismo 648 ver Plantas contra o escorbuto 645
Tiróide, hipofunção, ver Hipotiroidismo 648 Vómitos 420
índice de plantas
Abacateiro (Persea americana), 719
Abelmosco
(Hibiscus abelmoschus), 362
Abeto-branco (Abies alba), 290
Abeto-do-canadá,
cm Abeto-branco, 291
Abóbora (Cucurbita pepo), 605
Abrótano, em Absinto, 429
Abrótano-fêmea (Santolina
cha ma ecypa rissi is), 470
Abrunheiro-bravo
(Prunus spinosa), 372
Absinto (Ariemisia absinthium), 428
Acácia-bastarda
(Robitiia pseudoacacia), 469
Açafrão (Crocus sativus), 448
Açafrão-bastardo = Cólquico, 666
Açafrão-da-índia = Cúrcuma, 450
Açafroa (Carthamus tinctorins), 751
Acónito (Aconitum napeUus), 148 Algodoeiro Argentina (Potentilla anserina), 371
Acoro-cheiroso = (Gossypium herbaceum), 710 Aristolóquia
Cálamo-aromático, 424 Alho (Allium sativum), 230 (Aristolochia clematitis), 699
Açucena (Lilium candidum), 716 Alho-de-urso, em Alho, 233 Arnica (Arnica montaria), 662
Adónis-da-itália Aliaria (Alliaria officinalis), 560 Arruda (Ruía graveolens), 637
(Adónis venudis), 215 Aljôfar (Lithospermum officbiale), 579 Artemísia (Artemísia vulgaris), 624
Agave = Piteira, 558 Almeirão = Chicória, 440 Artemísia-mexicana,
Agrião (Nasturtium officinalis), 270 Aloés (Aloé vera), 694
em Sanlónico, 431
Agrimónia Alquemila = Pé-de-leão, 622
Árvore-da-goma-arábica,
(Agiimonia eupatoria), 205 Alquequenje (Physalis alkekengi), 585
Agripalma (teouorus cardíaca), 224 Alteia (Althaea officinalis), 190 em Acácia-bastarda, 469
Aipo (Apium graveolens), 562 Amieiro (Alnus glutinosa), 487 Árvore-das-gotas-de-neve,
Álamo-negro = Choupo-negro, 760 Amieiro-negro em Freixo, 669
Alcachofra (Cynara scolymus), 387 Asaro (Asarum europaeum), 432
(Rliamnus frangida), 526
Alcaçus (Glycyrrhiza glabra), 308 Amieiro-rubro, em Amieiro, 488 Asclépia (Asclepias tuberosa), 298
Alcaravia (Camm can>i), 355 Amor-de-hortelão, Aspérula-odorífera
Alecrim (Rosmarinns officinalis), 674 em Erva-coalheira, 361 (Aspenda odorata), 351
Aleluia, em Azedas, 275 Amor-perfeito-bravo Assa-fétida (Ferida assafoetida), 359
Alface-brava-maior (Viola tricolor), 735 Aveia (Avena saliva), 150
(Lactuca virosa), 160 Ananás (Ananás sativus), 425 Aveleira (Coiylus avellana), 253
Alfalfa = Luzerna, 269 Anémona-hepática Avenca
Alfarrobeira (Ceratonia siliqua), 497 (Anemone hepática), 383 (Adiantum capillus-veneris), 292
Alfarrobeira-das-antilhas, Ancto = Endro, 349 Azedas (Rumex acetosa), 275
em Alfarrobeira, 497 Angélica (Angélica archangelica), 426 Azevinho (Ilex aquifolium), 672
Alfairobcira-negra, Anis-estrelado (Illicium verum), 455 Azinheira, em Carvalho, 210
em Alfarrobeira, 497 Anis-verde (Pimpinela anisum), 465
Alfazema Anona (Anno)ia mnricata), 489 B a d i a n a = Anis-estrelado, 455
(Lavandula anguslifolia), 161 Ansarinha - Argentina, 371 Balsamita, em Tanaceto, 537
Alfazema-brava, em Alfazema, 162 Antenária (Antennaria dioica), 297 Bardana (Arctium lappa), 697
Alforva (Trigonella Aquileia = Milefólio, 691 Barosma (Barosma betulina), 567
foennm-graecitm), ATA Arando (Vaccinium myrtillus), 260 Barrele-de-padre = Evónimo, 707
Alga-perlada (Cliondrns crispus), 301 Arando-vermelho, em Arando, 261 Basílico = Manjericão-grande, 368
Alga-vcsiculosa = Bodelha, 650 Arenária (Spergularia rubra), 596 Baunilha (Vanilla planifolia), 376
Em letra negrita figuram os nomes das plantas principais,
que servem de título nas páginas de descrição.

Baunilha-dos-jardins,
em Tomassol, 713
Bccabunga, em Verónica, 475
Bela-sombra, em Fitolaca, 722
Beladona (Atropa belladonna), 352
Beldroega (Portulaca oleracea), 518
Bérberis (Berberis vulgatis), 384
Betónica (Stachys officinalis), 730
Belónica-dos-pânlanos,
em Estaque, 641
Bétula (Beiula alba), 568
Bico-de-cegonha
(Erodium cicutariutn), 631
Bico-dc-ccgonha-moscada,
em Bico-de-cegonha, 631
Bico-de-grou =
Erva-de-são-roberto, 137
Bisnaga (Aimni visnaga), 561
Bistorta (Pofygonum bistortum), 198 Canela-da-china, em Caneleira, 443 Castanheiro-da-índia
Bodclha (Facas vesicalasas), 650 Caneleira (Aescalas hippocastanum), 251
Bola-de-neve = Noveleiro, 642 (Cinnamomum zeylanicum), 442 Cavalinha (Equisetum arvense), 704
Boldo (Peumus boklus). 390 Canforeira Ceanoto = Chá-de-nova-jersey. 191
Bolsa-de-pastor (Cinnamomum camphora), 217 Cebola (Allium cepa), 294
(Capsdla bursa-pastoris), 628 C â n h a m o (Camiabis saliva), 152 Cebola-albairã, em Cebola, 296
Bonina (Bellis perenais), 744 Capilária = Avenca, 292 Celidónia (Chelidoniion majas), 701
Bons-dias (Calysiegia sepium), 491 Capsela = Bolsa-de-pastor, 628 Cenoura (Daucus carola), 133
Borragem (Borago officinalis), 746 Capucha, em Fisale, 721 Centáurea-áspera,
Bonagem-bastarda = Buglossa, 696 Cardo-corredor em Fel-da-terra, 437
Borragem-brava, em Borragem, 747
(Eryngium campestre), 573 Cerejeira (Prunus aviam), 586
Briónia (Bryonia àioica), 490
Cardo-de-santa-maria Cerejeira-da-virgínia
Briónia-branca, em Briónia, 490
(Silybum marianum), 395 (Primas serotina), 330
Buglossa (Anchasa azurea), 696
Cardo-leilciro = Cardo Cersefi-bastardo
Buglossa-oficinal, em Buglossa, 696
Buxo (Buxus sempervirens), 748 de-santa-maria, 395 (Tmgopogon pratensis), 243
Cardo-marítimo, Chá (Tliea sinensis), 185
em Cardo-corredor, 574 Chá-apalache, em Azevinho, 673
Cacaueiro (Theobroma cacao), 597
Cardo-morto = Tasneirinha, 640 Chá-de-java = Ortossifão, 653
Cacto-grandifloro
Cardo-penteador Chá-de-nova-jersey
(Cerens grandi floras), 216
(Dipsacus salivas), 572 (Ceanothus americanas), 191
Cafeeiro (Cofjea arábica), 178
Cardo-santo (Cnicas benedictas), 444 Chagas (Tropaeolam majas), 772
Cainito (Chrysophyllutn caimito), 302
Cardo-santo-mexicano, Chicória (Cichorium iulybas), 440
Calaguala (Palypodiam calaguala), 724
em Cardo-santo, 445 Choupo-branco,
Cálamo-aromático Carlina (Cadina acatais), 749 em Choupo-negro, 761
(Acorns calamus), 424 Carlina-ornamental, em Carlina, 750 C h o u p o - n e g r o (Papaias nigra), 760
Calêndula • Maravilha, 626 Carriço, em Grama-francesa, 559 Choupo-tremedor, ^
Calumba (Cacadas pahnatus), 446
Cártamo = Açafroa, 751 em Choupo-negro, 761
Camomila
Carvalhinha Cicuta (Conium muculalam), 155
(Matricaría chamomitta), 364
(Teacriam chaniaediys), 473 Cicuta-menor, em Cicuta, 155
Camomila-romana = Macela, 350
Carvalho (Quercus robur), 208 Cidra, em Limoeiro, 267
Cana (Arando dottax), 566
Cana-amarga, em Cana, 566 Caivalho-branco, em Carvalho, 210 Cinco-em-rama
Cana-de-açúcar Cáscara-sagrada (Potentilla reptans), 520
(Saccharun officinarum), 332 (Rhamnus purshiana), 528 Cinco-em-rama americana,
Canafístula (Cássia fistula), 494 Castanheiro (Castanea saúva), 495 em Cinco-em-rama, 520
índice de plantas (continuação)

Cinoglossa Énula (Irada helenium), 313 Escrofulária


(Cynoglossum officinale), 703 Epilóbio (Scroplutlaria nodosa), 543
Cipreste (Cupressus sempeivirens), 255 (Epilobium angusiifolium), 501 Espargo (Asparagus officinalis), 649
Coca (Erytiiroxylon coca), 180 Epilóbio-peludo, em Epilóbio, 501 Espinheiro-alvar = Pilrileiro, 219
Cocleáría (Cochlearia officinalis), 356 Equinácea Espinheiro-cerval
Coentro (Coriandrum sativum), 447 (Echinacea angustifolia), 755 (Rhamnus cathartica), 525
Cólquico (Colchicum autumnale), 666 Equiseto-dos-campos = Cavalinha, 704 Espirulina (Spirulina máxima), 276
Colútea (Colulea arborescens), 498 Erigerão (Erigeron canadensis), 268 Estaque (Stacltys silvatica), 641
Cominho (Cuminum cyminum), 449 Erva-benta = Sanamunda, 194 Estragão (Artemísia dracunculus), 430
Condurango Erva-cidreira (Melissa officinalis), 163 Estramónio
(Gonolobus condurango), 454 Erva-coalheira (Galium verum), 361 (Datura stramonium), 157
Consolda-maior Erva-da-trindade = Eucalipto (Eucalyptus globulus), 304
(Symphytum officinalis), 732 Eufrásia (Euphrasia officinalis), 136
Amor-perfeito-bravo, 735
Consolda-menor, Eupatória = Agrimónia, 205
Erva-das-azeitonas, em Segurelha, 375
em Consolda-maior, 733 Evónimo (Evonymus europaeus), 707
Convalária = Lírio-dos-vales, 218 Erva-de -são-ro bert o
Copaíba (Copaifera officinalis), 571 (Ceranium robertianum), 137 r a i a (Fagus silvatica), 502
Coriandro = Coentro, 447 Erva-doce = Anis-verde, 465 Favária (Sedum telephium), 726
Coronilha-de-frade, Erva-dos-burros = Onagra, 237 Fedegoso (Cássia occidentalis), 630
em Globulária, 503 Erva-dos-cachos-da-índia = Feijoeiro (Phaseolus vulgaris), 584
Corriola, em Bons-dias, 491 Fitolaca, 722 Fel-da-terra
Couve (Brassica oleracea), 433 Erva-dos-calos = Favária, 726 (Centaurium umbellatum), 436
Cravinho (Eugenia catyophyllata), 192 Erva-dos-gatos = Valeriana, 172 Feno-grego = Alforva, 474
Cúrcuma (Curcuma longa), 450 Erva-dos-muros = Parietária. 582 Feto-macho (Dryopleris filix-mas), 500
Cuscuta (Cuscuta epithymum), 386 Erva-dos-vasculhos = Fidalguinhos (Centáurea cyanus), 131
Gilbarbeira, 259 Figueira (Ficus carica), 708
D a m i a n a (Tunwra diffusa), 613 Erva-dos-vermes = Tanaceto, 537 Figueira-da-índia
Dedaleira (Digitalis purpúrea), 221 Erva-formigueira (Opunlia ficus-indica), 718
Dedaleira-amarela, em Dedaleira, 222 (Chenopodium ambrosioides), 439 Fisale (Physalis viscosa), 721
Dedaleira-de-flores-grandes, Erva-luísa = Lúcia-lima, 459 Fitolaca (Phytolacca americana), 722
em Dedaleira, 222 Erva-moura (Solanum nigrum), 729 Flor-da-noite,
Dedaleira-lanosa, em Dedaleira, 222 Escabiosa-mordida em Cacto-grandifloro, 216
Dente-de-leão (Succisa pratensis), 731 Flor-da-paixão = Passiflora, 167
(Taraxacum officinale), 397 Escarola, em Chicória, 441 Flor-do-paraíso = Chagas, 772
Dictamno (Dictamnus albus), 358
Dictamno-real, em Dictamno, 358
Digilal = Dedaleira, 221
Doce-amarga
(Solanum dulcamara), 728
Dormideira
(Papaver somnijerum), 164
Dormideira-brava,
em Dormideira, 166
Douradinha
(Ceterach officinarum), 299
Drias (Dryas ociopetala), 451

E b u l o (Sambucus ebulus), 590


Éfedra (Ephedra distachya), 303
Eleuterococo, em Ginseng, 609
Endívia, em Chicória, 441
Endro (Aneíhum graveolens), 349
Engos = Ébulo, 590
Ver mais sinónimos de nomes de plantas
nos índices alfabéticos que figuram no fim do segundo volume.

.Labaça (Rumex patientia), 532


Laminaria
(Laminaria saecharina), 652
Laranjeira (Citrus aurantium), 153
Lavanda = Alfazema, 161
Levístico (Levislicum officinale), 578
Lilás (Syringa vulgaris), 472
Lima, em Limoeiro, 267
Limoeiro (Citrus limon), 265
Língua-cervina
(Phyllitis scolopendrium), 321
Língua-de-cão = Cinoglossa, 703
Língua-de-vaca = Buglossa, 696
Linho (Linum itsitatissimum), 508
Linho-bravo, em Linho, 509
Linho-das-pradarias, em Linho, 509
Linho-purgante, em Linho, 509
Líquen-da-islândia
Folhado, em Noveleiro, 643 Groselheira-espim (Cetraria islandica), 300
Framboeseiro (Rubus idaeus), 765 (Ribes uva-aispa), 588 Lírio (íris germânica), 315
Frângula = Amieiro-negro, 526 Groselheira-negra, em Groselheira, 468 Lírio-de-maio = Lírio-dos-vales, 218
Freixo (Fraxinus exeelsior), 669 Guaiaco (Guaiacum officinale), 311 Lírio-dos-vales
Fumaria (Fumaria officinalis), 389 (Convallaria majalis), 218
Funcho (Foeniculutn vulgare), 360 Lírio-florentino, em Lírio, 315
tiamamélia
Lírio-pálido, em Lírio, 315
(Hamamelis virginiana), 257
Galega (Galega officinalis), 632 Litospermo-americano,
Harpagófito
Galcopse (Galeopsis dúbia), 306 em Aljôfar, 579
(Harpagophytum procumbens), 670
Gatunha (Ononis spinosa), 581 Lobélia, em Tabaco, 183
Genciana (Gentiana lutea), 452 Hera (Hedera helix), 712 Loendro (Nerium oleander), 717
Gengibre (Zingiber officinale), 377 Hera-terrestre Lóios = Fidalguinhos, 131
Gengibre-silvcslrc, em Ásaro, 432 (Glechoma hederacea), 307 Lombrigueira =
Gerbão = Verbena, 174 Hibisco (Hibiscus sabdariffa), 363 Erva-formigueira, 439
Gergelim (Sesamutn indicum), 611 Hidraste (Hydrastis canadensis), 207 Loureiro (Lanrus nobilis), 457
Giesta (Sarothamnus scoparius), 225 Hipericão Louro-cerejo, em Loureiro, 458
Gilbarbeira (Ruscus aculeatus), 259 Lúcia-lima (Lippia triphylla), 459
(Hypericwn peiforatum), 714
Ginjeira, em Cerejeira, 587 Lúpulo (Humulus lupulus), 158
Ginkgo (Ginkgo biloba), 234 Hipericão-do-gerês, Luzerna (Medicago sativa), 269
Ginseng (Panax ginseng), 608 em Hipericão, 714
Ginseng-americano, em Ginseng, 609 Hipofaé (Hippophae rhamnoides), 758
JVlacela (Anthemis nobilis), 350
Ginscng-chinês, em Ginseng, 609 Hissopo (Hyssopus officinalis), 312 Macieira (Pirus malus), 513
Girassol (Helianthus annutis), 236 Hortelã-pimenta Malmequer-dos-brejos
Globulária (Globidaria vulgaris), 503 (Mentha piperita), 366 (Caltha palustris), 665
Goiabeira (Psidium guajaba), 522 Malva (Malva silvestris), 511
Golfão (Nymphaea alba), 607 I n u l a - c a m p a n a = Énula, 313
Malvaísco = Alteia, 190
Gracíola (Graliola officinalis), 223 Ipecacuanha Mamoeiro = Papaieira, 435
Grama, em Grama-francesa, 559 (Cephaelis ipecacitana), 438
Mandioca (Manhioí esculenía), 460
Grama-francesa Manduba = Mandioca, 460
(Agropyrum repetis), 559 Jaborandi Manjericão-grande
Granza (Rubia tinctorum), 589 (Pilocarpus pennalifolius), 759 (Ocitnwn basilicum), 368
Grindélia (Grindelia robusta), 310 Jalapa (Convohndus jalapa), 499 Manjerona (Origanum majoraria), 369
Grindélia-áspera, em Grindélia, 310 Jalapa-falsa, em Jalapa, 499 Maracujá = Passiflora, 167
Groselheira (Ribes rubrion), 468 Jasónia (Jasonia glutinosa), 456 Maracujá-roxo, em Passiflora, 168
índice de plantas (continuação)

Maravilha (Calendula officinalis), 626 Pimpinela-menor


Margaça-das-bolicas = Camomila, 364 (Sangnisorba nnnor), 533
Margarida = Bonina, 744 Pimpinela-oficinal
Maro, cm Carvalhinha, 473 (Sangnisorba officinalis), 534
Marroio (Mairubiitm vidgare), 316 Pinheiro (Pinus pinasíer), 323
Mate (Ilex paraguayensis), 182 Pinheiro-alvar = Abeto-branco, 290
Mático, em Pimenteira, 370 Piripiri = Pimentão, 354
Medronheiro (Arbutus unedo), 563 Pistácia (Pistacia lenliscns), 197
Mcimendro-ncgro Piteira (Agave americana), 558
(llyoscyamus niger), 159 Podofilo (Podophyllum peltatum), 517
Meliloto (Melilottts officinalis), 258 Poejo (Mentha pulegium), 461
Melissa = Erva-cidreira, 163 Poejo-americano, em Poejo, 462
Melissa-bastarda Polígala-da-virgínia
(Melittis melissophyllum), 580 (Polygala senega), 327
Menta-de-cavalo, em Monarda, 634 Poligonato-da-américa,
Milcfólio (AchiUea millefolium), 691 em Selo-de-salomão, 723
Millurada = Hipericão, 714 Polipódio (Polypodium vidgare), 392
Milho (Zea mays), 599 Primavera (Prinuda veris), 328
Milola, em Hibisco, 363 Prímula = Primavera. 328
Mirtilo = Arando, 260 Pulmonária
Miito = Murta. 317 (Pulmonaria officinalis), 331
M o n a r d a (Moinada didyma), 634 Pulsatila (Anemone pnlsaiilla), 623
Morangueiro (Tragaria vesca), 575
Morugem (Slellaria media), 334 (Quaresmas (Saxífraga granulara), 591
Moslarcla-branca, Quássia (Quássia amara), 467
em Moslarda-negra. 664 Quássia-da-jamaica, em Quássia, 467
Mostarda-dos-campos, Quenopódio-bom-henrique
em Moslarda-negra, 664 (Chenopodium bonns-Henricns, 702
Mostarda-negra (Brassica nigra), 663 Quina (Cinchona officinalis), 752
Murta (Myrtus communis), 317 Quina-amarela, em Quina, 753
Murta-lolhuda, em Murta, 317 Quina-vermelha, em Quina, 753
Musgo-amargo =
Líqucn-da-islândia, 300 Papaieira (Carica papava), 435 Jvabanete e Rábano
Musgo-da-irlanda = Alga-perlada, 301 Papoila (Papaver rhoeas), 318 (Raplianus salivas), 393
Papoila-branca = Dormideira, 164 Rábão-rústico,
Nêveda-dos-gatos Parietária (Parietaria officinalis), 582 em Rabanete e Rábano, 394
(Nepeia calaria), 367 Passiflora (Passiflora incarnaia), 167 Rabárbaro, em Ruibarbo. 530
Nogueira (Jrtglans regia), 505 Pau-rosa-das-canárias, Rainha-dos-prados = Ulmeira, 667
Nogueira-preta, em Nogueira, 506 em Bons-dias, 491 Ratânia (Krameria iriandra), 196
Nopal = Figueira-da-índia, 718 Pé-de-gato = Antenária, 297 Rauvólíia (Rauwolfia serpentina), 242
Norça-branca = Briónia, 490 Pé-de-leão (Alchemilla vulgaris), 622 Regaliz = Alcaçus, 308
Norça-preta (Tatnus communis), 679 Pegamassa = Bardana, 697 Rícino (Ricinns communis), 531
Noveleiro (Vibitnntni opidus), 642 Pereiro = Macieira, 513 Rinchão (Sisymbrium officinale), 211
Pervinca (Vinca minor), 244 Robínia = Acácia-bastarda, 469
Oliveira (Olea enropaea), 239 Petasite (Peiasiies hybridus), 320 Romãzeira (Púnica granaium), 523
Onagra (Oenoiiíera biennis), 237 Pilosela (Hieracium pilosella), 504 Rorela (Drosera roltuidifolia), 754
O r é g ã o (Origaiuini xndgare), 464 Pilriteiro (Craiaegns monogyna), 219 Rosa-canina (Rosa canina), 762
Oi elha-de-lebre = Pilosela, 504 Pimenta-d'água Rosa-de-damasco, em Roseira, 635
Ortossifão (Polygonttin bydropiper), 21A Rosa-do-japão, em Abelmosco, 362
(Ortosiphon stamineus), 653 Pimenta-malagueta = Pimentão, 354 Rosa-pálida, em Roseira, 635
Pimentão (Capsicnm frmescens), 354 Roseira (Rosa gallica), 635
Jr aciêneia-dos-jardins = Labaça, 532 Pimenteira (Piper nigrum), 370 Rosmaninho, em Alfazema, 162
Palheira = Bisnaga, 561 Pimpinela-magna, em Saxífraga, 322 Ruibarbo (Rlieum officinale), 529
Ruibarbo-das-hortas, Trevo-branco,
em Ruibarbo, 530 em Trevo-dos-prados, 340
Ruibarbo-palmado, Trevo-cervino
em Ruibarbo, 530 (Eupaloriunt caimabinum), 388
Trevo-d'água
Sabal = Serenoa, 610 (Menyanrhes irifotiata), 463
Saboeira • Saponária, 333 Trevo-dos-prados
Sabugueiro (Sambucus nigra), 767 (Trifolittni praiense), 340
Saião-curto Tróculos-brancos = Verbasco, 343
(Sentpeivivum tectorum), 727 Segurelha-dos-jardins, em Tussilagem (Tussilago farfara), 341
Salepeira-maior = Segurelha, 375
Satirião-maeho, 512 Selenicéreo, U l m e i r a (Filipendida ubnaria). 667
Salgueirinha (Lythrum saltearia), em Cacto-grandifloro, 216 Ulmeiro (Ulmus campestris), 734
510 Selo-de-salomão Ulmeiro-americano,
Salgueiro-branco (Sãlix alba), 676 (Pofygonaium odoratum), 723 em Ulmeiro, 734
Salgueiro-da-babilónia, Sempre-noiva Unho-de-cavalo = Tussilagem, 341
em Salgueiro-branco. 677 (Polygotium aviculare), 272 Urtiga-branca (Laniiitm álbum), 633
Salgueiro-de-casca-roxa, Sene-americano, Urtiga-maior (ílrtica dioica), 278
em Salgueiro-branco, 677 cm Scne-da-índia, 493 Urucu (Bixa orellana), 700
Salgueiro-frágil, Sene-da-índia Urze (Calluna vulgaris), 570
em Salgueiro-branco, 677 (Cássia angtislifolia), 492 Uva-de-cão = Norça-preta, 679
Salicária = Salgueirinha, 510 Senc-dc-alexandria, Uva-ursina
Salsa (Petroselinum sativum), 583 em Sene-da-índia, 493 (Arctostaphylos uva-ursi), 564
Salsaparrilha-bastarda Sene-de-espanha,
(Smila.x aspem), 592 em Sene-da-índia, 493 Valeriana (Valeríana officinalis), 172
Salsaparrilba-da-jamaica, Senécio-viscoso, em Tasneirinha, Vara-de-ouro
em Salsaparrilha-bastarda, 593 640 (Solidago virga-aurea), 594
Salsapanilha-das-honduras, Serenoa (Serenoa repens), 610 Verbasco (Verbascum tbapsus), 343
em Salsaparrilha-bastarda, 593 Serpão (Thyniits serpyllwn), 338 Verbena (Verbena officinalis), 174
Salsaparrilha-de-lisboa, Sésamo = Gergelim, 611 Verbena-azul, em Verbena, 174
em Salsaparrilha-bastarda, 593 Siderita (Siderilis angnstifolia), 471 Vermiculária, em Favária, 726
Salsaparrilha-filipina, Silva (Rubus fmtlcosus), 541 Verónica (Verónica officinalis), 475
em Salsaparrilha-bastarda, 593 Sincciro = Salgueiro-branco, 676 Verrucária = Tornassol, 713
Salsaparrilha-mexicana, Sobreiro, em Carvalho, 210 Viburno (Viburnum lantana), 199
em Salsaparrilha-bastarda, 593 Sorveira, em Tramazeira, 535 Viburno, em Noveleiro, 643
Salva (Solvia officinalis), 638 Viburno-americano,
T a b a c o (Nicotianu labacum), 183 em Noveleiro, 643
Salva-dos-prados, em Salva, 638
Tamarindeiro Vicária, em Pervinca, 245
Salva-esclareia (Solvia sclarea), 766
(Tamarindus indica), 536 Videira (Vilis vinifera), 544
Sanamunda (Geum urbanum), 194
Tanaceto (Tanacetutn vulgare), 537 Vidoeiro = Bctula, 568
Sanguissorba-oficinal =
Tanchagem (Plantago major), 325 Vinagreira = Azedas, 275
Pimpinela-oficinal, 534
Taraxaco = Dcnte-de-leão, 397 Vinca a Pervinca, 244
Sanícula (Sanicula europaea), 725
Tasna, em Tasneirinha, 640 Violeta (Viola odorara), 344
Sanícula americana,
Tasneirinha (Senecio vulgaris), 640 Visco-americano,
em Sanícula, 725
Teixo (Taxus baccata), 336 em Visco-bvanco, 247
Santánfco (Artemi&ia matitima), 431
Tepezcohuite, em Calaguala, 724 Visco-branco (Viscum álbum), 246
Saponária (Saponária officinalis), 333
Tília (Tília europaea), 169 Vulnerária (Anihxllis vulneraria),
Saramago,
Tomilho (Tliynuis vulgaris), 769 661
em Rabanete e Rábano, 393
Toranja, em Limoeiro, 267
Sassafrás (Sassafrás officinalis), 678
Tormentila (Poientilla erecta), 519 Zaragatoa (Plantago psylluim), 515
Satirião-macho
Tornassol Zaragatoa-arenária,
(Orchis máscula), 512
Saxífraga (Pimpinella saxifraga), 322 (Helioiropimn europaeuni), 713 em Zaragatoa, 515
Segurelha (Satureja montana), 374 Tramazeira (Sorbus aacuparia), 535 Zimbro (Juuiperus commuuis), 577
PRÓLOGO

A
obra que, em boa hora, a uso das plantas como importante
Publicadora Atlântico, em agente curativo e preventivo.
colaboração com a Edito-
rial Safeliz, de Madrid, acaba de edi- É sabido que muitos dos medica-
tar, marca uma viragem na forma mentos usados pela Medicina oficial
como o público em geral e a comu- têm a sua origem nas plantas ou são
nidade médica em particular po- inspirados nelas. No entanto a for-
dem, de aqui em diante, encarar o ma empírica, muitas vezes sem base
científica e tocando mesmo as raias
do charlatanismo, com que estas,
muitas vezes, são usadas tem causa-
do uma marcada oposição entre as
tradicionais crenças populares e o
rigor científico da Medicina. Por
isso esta notável obra vem, oportu-
namente, reafirmai- o valor da cura
pelas plantas, ancestralmente con-
hecido, mas agora assente em bases
científicas e expurgado de toda a es-
peculação e crendice popular.

Quem a escreve tem autoridade


para o fazer. 0 Dr. J. Pamplona Ro-
ger, eminente médico espanhol, es-
pecialista em ciiurgia geral e do apa-
relho digestivo, que exerceu durante
quinze anos, aprendeu na sua práti- Rogci" tem utilizado, com êxito, as
ca clínica, a nível particular e plantas medicinais não só no trata-
hospitalar, as propriedades cica- mento das feridas como também na
trizantes de certas plantas, quando cura de outras doenças de diversas
aplicadas localmente nas feridas de áreas da patologia humana.
difícil cicatrização. Animado com os
bons resultados obtidos, continuou É por isso que, com toda a con-
a investigar o valor curativo das vicção, vos recomendo esta in-
plantas, tendo dividido o seu tempo, dispensável obra de consulta para
durante dez anos, entre o trabalho todos, em que o autor soube expla-
como cirurgião e a investigação fito- nar, com seriedade e proficiência, os
terápica. Durante esse período visi- seus conhecimentos e a sua ex-
tou os principais laboratórios cientí- periência clínica com as plantas me-
ficos dedicados ao estudo medicinal dicinais. Ela será, de ora em diante,
das plantas na Espanha, Alemanha um elemento de referência para to-
e Estados Unidos da América. dos os profissionais de saúde e um
apoio imprescindível para a saúde e
Neste último país fez estudos na bem-estar dos lares que a pos-
Secção de Produtos laboratoriais do suírem.
Instituto Nacional do Cancro, em
Washington D.C., onde se está de-
senvolvendo um vasto programa de
investigação sobre as propriedades
anticancerígenas de algumas plantas Dr. Samuel Ribeiro
medicinais. Como resultado das Médico pediatra
suas investigações, o Dr. Pamplona Director da revista Saúde e Lar
A
s mentes mais abertas da urgências, tinham u m a relação di-
medicina oficial interrogam- recta com hábitos malsãos de vida.
se a respeito dos motivos por
q u e os doentes recorrem, cada vez Segue pois o doutor Pampiona Ro-
com maior frequência, aos profissio- ger u m a corrente iniciada funda-
nais que, mesmo não sendo médicos, m e n t a l m e n t e pela OMS (Organi-
praticam diferentes formas de medi- zação Mundial de Saúde) nos últimos
cina natural, como a fitoterapia; ou anos da década de 1970-80, ao pro-
que, pelo menos, se servem de alguns mover uma maior atenção às formas
do seus métodos. Assim, o professor terapêuticas da medicina tradicional,
Léon Schwartzenberg, distinto onco- criando inclusivamente um serviço
logista, que foi ministro da Saúde em especializado na Secretaria da OMS,
França, assinalava recentemente: na sede de Genebra. Em 1991, a 44.;'
«Apesar de todos os progressos ac- Assembleia Mundial da Saúde adop-
tuais, a nossa medicina tecnológica tou a resolução 44.34, na qual insta
tem muito a aprender destas medici- com os estados membros da Organi-
nas mais "tranquilizadoras". Isto não zação para que promovam o empre-
é forçosamente voltar para trás. O go de «remédios tradicionais inó-
progresso nunca deve ser sectário.» cuos, eficazes e cientificamente váli-
dos».
Entre essas mentes abertas às no-
vas tendências da terapêutica, ocupa O autor do presente livro dedica-
lugar de destaque o doutor Jorge D. se em pleno, desde há alguns anos, a
Pamplona Roger. Especialista em ci- investigar e promover um modo de
rurgia geral e digestiva, tem vindo a vida são, baseado no uso racional e
interessar-se cada vez mais, no exer- científico dos remédios que a nature-
cício da sua disciplina, pela medicina za oferece. Que um médico, com a
preventiva e pela educação para a sa- bagagem científica do doutor Pam-
úde, após haver observado que boa plona, tenha dado esta volta coperni-
parte das patologias que apareciam ciana à sua carreira, é um claro indí-
na sua consulta, ou no serviço de cio de que alguma coisa importante
está a acontecer na ciência e arte de
curar. Merece pois este livro a mais
atenta consideração tanto dos doen-
tes como dos sãos (situação transitó-
ria, como muito bem sabemos, já que
um são é muitas vezes um doente que
ignora sê-lo), pois para todos eles
acabará por ser enormemente pro-
veitoso.

Dr. José A. Valluena


Presidente do Centro Internacional de
Educação paia a Saúde (Genebra)
Colaborador externo da OMS
(Organização Mundial de Saúde).
\

T
em-se produzido nas últi- visíveis e importantes. Harold
mas décadas um desen- Burn, catedrático de farmacolo-
volvimento tão especta- gia da Universidade de Oxford,
cular da indústria farmacêutica, afirma: «Toda a substância elabo-
assim como da produção de me- rada num laboratório, e portanto
dicamentos sintéticos, que se e s t r a n h a aos organismos vivos,
torna razoável perguntar se um tem de ser aceita com a máxima
livro sobre plantas medicinais precaução por médicos e doentes,
pode ter ainda algum valor prá- e não deve considerar-se inofen-
tico. Acaso não existem já medi- siva sem provas válidas.»
camentos específicos para cada
doença?
E m b o r a seja certo que os con-
trolos a que tem de ser submeti-
Os medicamentos de síntese d o q u a l q u e r m e d i c a m e n t o são
química proporcionados pela
agora m a i s rigorosos do q u e
moderna indústria farmacêutica
nunca antes foram, e que os fár-
têm provado a sua eficácia em
m a c o s a c t u a i s são, em geral,
caso de processos agudos e de
b a s t a n t e seguros, os efeitos se-
afecções graves, devido em parte
ao carácter imediato dos seus cundários continuam a aparecer.
efeitos. Ora bem, nenhum produ- O n ú m e r o de doentes alérgicos
to químico é isento de efeitos se- aos antibióticos e a outros medi-
cundários mais ou menos impre- camentos aumenta continua-
m e n t e ; os f e n ó m e n o s de into-
lerância digestiva aos medica-
mentos, especialmente aos anti-
inflamatórios, são motivo de nu-
m e r o s a s c o n s u l t a s médicas;
cada vez há mais pessoas "pre-
sas" a d e t e r m i n a d o s sedativos,
t r a n q u i l i z a n t e s e o u t r o s psico-
fármacos. Calcula-se q u e u m a
em cada dez consultas médicas
tem a ver com efeitos indesejá-
veis de algum medicamento.

Estes fenómenos, cada vez


mais frequentes, têm s u s c i t a d o
-
um renovado interesse pelos me- A partir das substâncias activas
d i c a m e n t o s n a t u r a i s de origem de uma planta, e dos resultados
vegetal, tanto por parte dos mé- p r o p o r c i o n a d o s pela investi-
dicos como dos doentes. A anti- gação Farmacêutica e clínica, de-
ga fitoterapia, renovada pela duzem-se as suas propriedades e
ciência moderna, conserva, hoje aplicações medicinais.
como ontem, o seu poder curati-
vo, sobretudo nas afecções cró-
nicas, n a s d o e n ç a s degenerati- Na primeira parte desta obra
vas, nos estados de c a n s a ç o in- apresentam-se todos os aspectos
justificados, assim como nas nu- técnicos e práticos da fitoterapia:
merosas doenças metabólicas de fundamentos de botânica, colhei-
que sofremos como consequên- ta, formas de emprego das plan-
cia do inadequado estilo de vida tas, princípios activos e proprie-
predominante na actualidade. dades, sem esquecer as possíveis
contra-indicações e efeitos tóxicos
de algumas plantas medicinais.
As plantas têm sido utilizadas
como r e m é d i o p a r a as doenças
dos seres h u m a n o s —e também Na segunda parte enumeram-
dos a n i m a i s — desde t e m p o s se as plantas medicinais mais
m u i t o antigos. Todas as civili- úteis para cada uma das doenças
zações se têm valido delas para e p a d e c i m e n t o s mais c o m u n s .
aliviar o sofrimento e, em mui- Descrevem-se mais de 500 plan-
tos casos, até p a r a c u r a r a do- tas, o r d e n a d a s segundo as suas
e n ç a . O Criador terá possivel- aplicações medicinais. Ao anali-
mente dado aos seres h u m a n o s sar as substâncias activas vege-
os vegetais, com todo o seu po- tais e o m o d o c o m o a c t u a m , o
der curativo, p a r a lhes t o r n a r autor não se limita a reproduzir
mais suportável o fardo da vida. os c o n h e c i m e n t o s tradicionais
de tipo empírico, mas esforça-se
p o r oferecer, n u m a linguagem
Conhecemos hoje qual é exac- acessível a todos, os últimos re-
t a m e n t e a c o m p o s i ç ã o de mui- s u l t a d o s da m o d e r n a investi-
tíssimas plantas medicinais, de gação fitoterápica.
modo a podê-las aplicar de for-
ma racional quando melhor con-
venha. Isto é precisamente o que O leitor tem, pois, nas suas
o autor procura fazer neste livro: m ã o s , mais do que um simples
guia de plantas medicinais. A pe- As plantas medicinais n ã o se
culiaridade e o valor deste livro deveriam usar unicamente para
residem, precisamente, no modo p r o c u r a r nelas u m a acção cura-
racional, e ao mesmo tempo su- tiva —como se faz com um fár-
mamente prático para o grande maco— depois de já se ter mani-
público, como o autor apresenta festado a doença. Precisamente,
os tratamentos à base de plantas uma das suas grandes virtudes é
medicinais. Obras c o m o esta a capacidade que têm de regular
contribuem para superar a falta os processos vitais e de prevenir
de credibilidade que o uso d a s a d o e n ç a . O uso a d e q u a d o das
plantas havia suscitado em cer- p l a n t a s medicinais, d e n t r o d e
tos meios científicos e t a m b é m um conjunto de hábitos de vida
entre os médicos. À medida que sã, pode evitar que as debilida-
as plantas medicinais se forem des do nosso organismo, e a sua
conhecendo melhor, serão cada predisposição para sofrer de cer-
vez mais utilizadas e apreciadas tas e n f e r m i d a d e s , evoluam até
por médicos e doentes. Os labo- se converter em doenças decla-
ratórios farmacêuticos estão a radas.
dirigir os seus esforços de inves-
tigação para o m u n d o vegetal,
que ainda conserva grandes se- O m u n d o das plantas medici-
gredos por revelar, de tal forma nais tem m u i t a s coisas a ofere-
que cada vez há mais medica- cer para o nosso próprio bem-es-
mentos à base de plantas medi- tar. Este livro ajudá-lo-á a con-
cinais. hecer melhor as plantas e a usá-
las a d e q u a d a m e n t e p a r a o cui-
dado da sua saúde.
Como produto que são da na-
tureza, as plantas medicinais
exercem o seu poder curativo e E n t r á m o s já na era da "medi-
também preventivo q u a n d o se cina verde".
usam em c o m b i n a ç ã o com ou-
tros elementos naturais que fa-
vorecem a saúde, como o sol, a
água, o ar puro, uma alimen-
tação sã, e o equilíbrio mental. Dr. Ernst Schneider
Doutor em Medicina pela
Esta tem sido a minha p r ó p r i a
Universidade de Diisseldorf
experiência d u r a n t e os longos
(Alemanha).
anos de exercício profissional
Autor da Enciclopédia Científica de
como médico. Medicina Natural "Naturama".
M :

• J -Vir* ^W^VJ

I,

índice dos capítulos


1. 0 mundo vegetal 22
2. Colheita e conservação 44
3. Formas de preparação e emprego 54
4. Princípios activos 76
5. Precauções e toxicidade das plantas 98
6. Da planta ao medicamento 110

.
PLANTAS
QUE CURAM
Enciclopédia das P l a n t a s Medicinais
*

PRIMEIRA PARTE O
rENERALIDADEO

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* -
«Os prados e as colinas são as
melhores farmácias.»
PARACELSO
Médico e naturalista
do século XVI
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O MUNDO VEGETAL

S
UE SURPRESA! Este pedacinho sa uniforme e contínua, como acontece
de cortiça é formado por milha- com uma pedra ou um mineral, mas pela
res de minúsculos alvéolos, uni- união de muitas pequenas unidades inde-
dos uns aos outros. Parece um pendentes.
favo fabricado pelas abelhas...!-, -Vou chamar células -disse Hooke- a es-
exclama Robert Hooke, célebre tes pequenos alvéolos que formam a cor-
físico inglês do século XVII, surpreendido tiça. Porque, em latim, cellula significa pe-
por aquilo que contempla através do mi-
quena cavidade.
croscópio.
O seu espírito científico fá-lo assombrar-
-se diante do que a outros passaria desper-
cebido. Hooke acaba de descobrir que a A célula: unidade de vida
matéria viva não é formada por uma mas-
Estudando os vegetais com o microscó-
pio, os cientistas notaram que não era só a
casca do sobreiro que era constituída por
células. Todos os seres vivos, quer sejam ve-
getais quer animais, são formados por uma
A célula vegetal ou por muitas células agrupadas.
Cada célula é uma unidade de vida. É a
porção mais pequena de um ser vivo que
tem vida própria; ou seja, que nasce, se ali-
menta, cresce, se reproduz e morre.
O tamanho das células oscila geralmente
Núcleo entre 5 e 50 míerones (milésimas de milí-
metro). Isto quer dizer que, num milíme-
tro, caberiam de 20 a 200 células, segundo
o seu tamanho.
Algumas células são predestinadas a viver
apenas durante alguns minutos, renovan-
do-se continuamente, enquanto outras vi-
vem tanto tempo como o ser vivo de que
fazem parte.

Constituição celular
Cada célula é formada por:
Vacúolo
• O núcleo, que contém a informação ge-
nética que recebeu da sua antecessora,
em que se encontram impressas todas as
Membrana de celulose Cloroplastos
suas características sob a forma de cro-
mossomas e genes, as quais, por sua vez,
transmitirá às suas descendentes.

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A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D l C l N A i S

1 * Parte: G e n e r a l i d a d e s
I
Observando ao
microscópio a cortiça,
proveniente da casca do
sobreiro, Robert Hooke
descobriu, no século XVII,
que a matéria viva é
formada por pequenas
unidades chamadas
• O citoplasma, de consistência viscosa se- células.
melhante à clara de ovo, o n d e se produ-
zem todos os processos bioquímicos.
• A membrana riloplásmica, q u e r o d e i a
completamente a célula e filtra selectiva-
mente as substâncias q u e elevem p e n e -
trar no seu interior.

Características d a c é l u l a v e g e t a l
As células q u e c o n s t i t u e m os vegetais
apresentam duas características funda-
mentais, que as células animais n ã o pos-
suem:
As células vegetais
diferenciam-se das
/. A membrana de celulose animais por se
encontrarem rodeadas
Trata-se de uma espessa m e m b r a n a celu- de uma espessa
lar, situada por fora da m e m b r a n a cito- membrana de celulose
plásmica e formada por celulose. É c o m o que as envolve, e por
um estojo poroso (pie a isola e protege, e conterem cloroplastos
que persiste quando a célula m o r r e , lians- cheios de clorofila.
Assim, a celulose
lormando-se no seu sarcófago. As células (também chamada fibra
animais não têm esta espessa m e m b r a n a vegetal) e a clorofila
celulósica, pelo que, q u a n d o m o r r e m , se são as substâncias mais
decompõem completamente, não deixan- representativas do reino
do rasto. vegetal.

A membrana das células adultas p o d e


conter outras substâncias além da celulose:
• a lenhina, nas células da madeira:
• a suberina, nas da casca do sobreiro ou
cortiça;
• a pectina ou a cutina, na cutícula q u e co-
bre os ramos jovens e as folhas.
Portanto, o que Hooke viu realmente ao
microscópio-a cortiça- não (oram as célu-
las da casca do sobreiro, mas os seus esto-
jos ou membranas celulares, q u e persistem
depois da morte das células. Igualmente, a
madeira é constituída pelas espessas mem-
branas de celulose e lenhiua (pie cobriam
as células do tronco da árvore, q u e já mor-
reram.

2. Osplastas
Esta é outra peculiaridade das células ve-
getais. Os plastas são uns c o r p ú s c u l o s si-

23
Cap. 1: O MUNDO VEGETAL

Á esquerda:
As colossais sequóias dos
bosques da Califórnia
contam-se entre as árvores
mais aftas do planeta.

À direita:
A ilha de Tenerife, nas
Canárias, alberga vários
exemplares de dragoeiros
como este, árvores
rnilenárias que chegam a
ter 5000 anos de idade.

tuados no citoplasma, que contêm diversas


substâncias corantes. Os mais comuns são Diversidade do reino vegetal
os cloroplastas, de cor verde devida ao seu
conteúdo em clorofila.
K nos cloroplastas que tem lugar a fotos- —Estes tijolos são para cobrir a parede ex-
síntese, extraordinária reacção química terior, aqueles paia as divisões interiores, e
pela qual as substâncias minerais inorgâni- os outros para o pavimento da cozinha...
cas do solo e do ar se transformam em ami- O arquitecto dá as ordens necessárias
do e em outras substâncias orgânicas, para que cada um, das centenas, ou talvez
graças à energia da luz solar. milhares de diferentes elementos que
As células são uns prodigiosos laborató- constituem a casa, seja colocado no seu de-
rios químicos. Em cada uma delas, apesar vido lugar. Quando o edifício estiver ter-
do seu diminuto tamanho, se produzem minado, todos reconhecerão o trabalho de
milhares de reacções químicas que diio quem projectou a obra e dirigiu a sua exe-
como resultado a síntese de glícidos (hi- cução.
dratos de carbono), lípidos (gorduras) e
No entanto, poucos têm consciência da
prótidos (proteínas), que, ou se vão acu-
maravilha que é o (acto de os milhares de
mulando no seu interior, ou passam para o
milhões de "tijolos", isto é, de células que
exterior.
Formam uma planta ou outro ser vivo, se
Os alcalóides, essências e outros princí- acharem tão bem colocados no seu lugar, e
pios activos, também produzidos nas célu- funcionando adequadamente. Que arqui-
las vegetais, são armazenados numas cavi- tecto ou engenheiro fez. o desenho? Quem
dades situadas no citoplasma, chamadas va- o realizou? Porque se agrupam sempre as
cúolos. Quando estes vacúolos se rompem células epidérmicas para cobrir as folhas e
pela pressão exercida sobre alguma das os caules? Porque se unem entre si as cé-
partes da planta, libertam-sc os princípios lulas alongadas e ocas para formar os vasos
activos contidos no seu interior. pelos quais corre a seiva?
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

Os vegetais são os seres vivos f o r m a d o s


por células vegetais. Alguns consistem
numa única célula (unicelulares), c o m o as
bactérias e certos tipos cie algas ou cie fun-
gos. Outros são formados por n u m e r o s a s
células (pluricelulares), c o m o as algas e
fungos comuns, e todos os vegetais supe-
riores ou plantas.
O mundo vegetal oferece u m a surpreen-
dente diversidade de "construções," pois
são praticamente infinitas as possibilidades
de combinar os diferentes tipos e o n ú m e -
ro cie elementos ou células.

Variedade d e t a m a n h o
O tamanho dos vegetais p o d e oscilar des-
de algumas milésimas de milímetro, c o m o
os micróbios, até mais de 80 melros, c o m o
as colossais sequóias da Califórnia, ou mes-
mo lf)0 melros, c o m o os eucaliptos gigan-
tes da Austrália, c o n s i d e r a d o s as árvores
mais altas do m u n d o . Mas liá a i n d a um ve-
getal que os ultrapassa em t a m a n h o : o sar-
gaço gigante, uma alga marinha q u e p o d e
atingir 300 metros de c o m p r i m e n t o .

Variedade d e v o l u m e
Quanto ao volume, a m a i o r árvore do
mundo, e também uma das mais longevas
(calcula-se q u e l e n h a e n t r e -1000 a 5000
anos), é possivelmente o cipreste de Moc- O famoso cipreste de Moctezuma". t a m b é m conhecido
como "árvore de Tule", encontra-se no belo estado mexica-
tezuma, que existe no cemitério de Santa no de Oaxaca. Segundo a informação que é dada ao visi-
Maria de Tule, no estado mexicano de Oa- tante, mede 41,8 metros de altura e o seu gigantesco tron-
xaca. Debaixo da sua imensa copa de 132 co atinge 14 metros de diâmetro. Calcula-se que tenha um
metros d e d i â m e t r o , única n o m u n d o , volume de 816,8 metros cúbicos, e um peso de 636,1 tone-
acampou o conquistador espanhol 1 lernán ladas, o que o torna a árvore mais volumosa do m u n d o (em-
bora não seja a mais alta) e, possivelmente, a criatura viva
Cortês com todas as suas tropas, no a n o de de maior peso e volume que existe sobre o planeta Terra |as
1519. baleias maiores não ultrapassam as 150 toneladas de peso}.
Botanicamente, trata-se de um ahuehuete ou sabino (Taxo-
Variedade de habitat dium m u c r o n a t u m ) , da família das Taxodiáceas.

Umas plantas vivem na á g u a , c o m o os


agriões ou os nenúfares, outras em regiões
secas ou desérticas, c o m o a piteira ou o alo-
és; umas em terrenos Frios, c o m o a fram-
boesa ou o a r a n d o , o u t r a s em lugares
quentes, c o m o a figueira ou a alfazema;

2b
c o n h e c e n e n h u m a o u t r a árvore q u e tenha
ultrapassado esta idade.

Variedade de estrutura:
de uma a milhões de células
• Os vegetais mais simples, ou protófitos,
são formados por uma única célula de di-
m e n s ã o microscópica. È por e x e m p l o o
caso da alga espirulina, q u e se evidencia
pelas suas extraordinárias propriedades
medicinais. Q u a n d o a ingerimos, engo-
limos milhões de indivíduos, todos eles
formados por células idênticas. Como é
lógico, nestes seres vivos não faz sentido
identificar q u a l q u e r parte diferenciada.
• Os talófitos são vegetais cujo c o r p o ou
Toda a terra é um imenso
lalo é formado geralmente por uma mas-
jardim ou, peio menos, esse sa de múltiplas células p o u c o diferencia-
foi o desejo do Criador. Mas umas em regiões polares como os musgos das, ou seja, m u i t o semelhantes e n t r e si.
além de servirem de ou líquenes, outras em regiões tropicais. Não possuem verdadeiros tecidos e
adorno, as flores e as c o m o o guaiaco ou o abacateiro. órgãos; n ã o têm raízes n e m caules, nem
plantas, muitas das quais folhas nem ílores. K o t aso das algas, dos
possuem propriedades
fungos e dos líquenes. Usam-se os talos
medicinais, contribuem Variedade de duração
grandemente para o bem- da alga-perlada. da laminaria, do líquen-
-estar e para a saúde. A vida dos vegetais tem uma duração -da-islándia. do sargac<»-\ esiculoso ou bo-
m u i t o variável: a l g u m a s bactérias vivem delha, também chamado fuco.
apenas d u r a n t e uns minutos; a grama e ou-
tras ervas p o d e m ler u m a existência limi- • As corinófítas são os vegetais superiores,
tada a alguns dias. em caso de seca. Toda- vulgarmente c h a m a d o s plantas. São for-
via o abeto chega até aos (SOO anos, e o cas- m a d a s por m i l h õ e s de células, e n t r e as
tanheiro e a oliveira p o d e m passar do mi- quais há s e t e n t a ou o i t e n t a tipos dife-
lénio. rentes. Cada um destes tipos de células é
especializado em realizar d e t e r m i n a d a s
No cemitério de Yorkshire, na Inglaterra, funções, f o r m a n d o assim os diferentes
existe um teixo que se calcula ter cerca de órgãos ou partes da planta: a raiz, o cau-
3000 anos. I lá sequóias na Califórnia, e ba- le, as folhas, as Ílores, etc.
obás em Africa, que têm mais de 1000 anos
de existência. Estas veneráveis árvores con-
tinuam vivas, impassíveis, depois de terem Variedade de forma
visto surgir e desaparecer grandes impé-
rios, civilizações e outras criações humanas. A forma dos vegetais também apresenta
e n o r m e s contrastes: desde a delicadeza de
Porém o recorde da longevidade é os- u m a violeta até à agressividade de um cac-
tentado por um dragoeiro do vale da Oro- to, desde a simplicidade do tomilho até á
tava, na ilha e s p a n h o l a de Tenerife, q u e sofisticação de u m a orquídea. E q u e dizer
em l«S(')H loi a r r a n c a d o por um furacão. No da sua cor, dos diversos tons de verde das
seu tronco foi possível contar mais de 5000 folhas, todos eles parecidos, mas n e n h u m
anéis (que equivalem a 5000 anos)! Não se e x a c t a m e n t e igual; ou da g r a n d e diversi-

2b
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1* P a r t e : G e n e r a d a d e s
I

todo o espectro luminoso?


Partes das plantas
Conhece o prezado leitor alguma planta
feia? Dentro da imensa riqueza de formas,
gamas e matizes, cada vegetal conserva o Os p r i n c í p i o s activos distribuem-se de
seu equilíbrio, a sua h a r m o n i a e e n c a n t o . forma desigual pelas diferentes partes ou
Além disso, muitos deles scrvem-nos de ali- órgãos da planta, devido à especialização
mento e curam as nossas doenças. das suas células. Não basta saber q u e a va-
leriana é um b o m sedativo; é preciso sabei'
q u e p a r t e da planta se deve utilizar. Nal-
g u n s casos, todas as p a r t e s da p l a n t a
Variedade d e p r o p r i e d a d e s
c o n t ê m os mesmos princípios activos, sen-
medicinais do indiferente utilizar unias ou outras. Mas
t a m b é m se d ã o os seguintes casos:
A grande riqueza do m u n d o vegetal tam- A OMS (Organização
bém se manifesta nos múltiplos princípios • Q u e os princípios activos medicinais se Mundial de Saúde)
medicinais que as plantas sintetizam: Des- c o n c e n t r e m n u m a única p a r t e da planta. considera como planta
P o r e x e m p l o , só a raiz do g i n s e n g con- medicinal' todo o vegetal
de antibióticos, c o m o os do alho e das cha-
tém substâncias tonificantes. que contenha, em um ou
gas; até cardiotónicos, c o m o os da deda- mais dos seus órgãos,
leira e do cacto; passando p o r sedativos, • Q u e cada p a r t e da planta produza subs- substâncias que possam ser
como os da papoila e da valeriana; ou tâncias diferentes, e t e n h a p o r t a n t o pro- usadas com finalidades
então anti-reumálicos, c o m o os do harpa- terapêuticas ou que sejam
p r i e d a d e s diferentes. As flores da laran-
gófito; ou tonificantes, c o m o os do ginseng precursoras na semi-s/ntese
e do alecrim. A sua gama de p r o p r i e d a d e s quimico-farmacèutica.
cobre praticamente todas as necessidades
da terapêutica. «Os p i a d o s e as colinas são
as melhores farmácias», c o m o disse Para-
celso. o famoso médico e naturalista suíço
do século XVI.

Unidade de o r i g e m

Temos consciência do mérito do arqui-


tecto que construiu a nossa casa? A o r d e m
nunca surge do acaso, por muitos milhões
de anos que queiramos conceder-lhe. Do
acaso só pode surgir uma crescente desor-
dem.

Para que apareça a o r d e m c se m a n t e -


nha, é indispensável a acção d i r e c t a de
uma inteligência superior. Q u a n d o apro-
fundamos o estudo do m u n d o vegetal, n ã o
podemos deixar de r e c o n h e c e r a actuação
do grande Criador do Universo, q u e pro-
jectou os "edifícios" (seres vivos), dispon-
do tão acertadamente os seus "tijolos" (cé-
lulas) .
S/,

Tubórcufo

Raiz

W
'4T
28
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
o
I Parte: G e n e r a l i d a d e s

jeira são sedativas; os seus frutos, as la-


ranjas, são tonificantes; e a casca das mes-
mas é digestiva e aperitiva.
• Que umas p a r t e s p r o d u z a m princípios
medicinais, e n q u a n t o o u t r a s p a r t e s d a
mesma planta elaborem substâncias tó-
xicas. E este o caso da rai/ da consolda,
que é um g r a n d e cicatrizante, devido à
alantoína que contém; e n q u a n t o no seu
caule e folhas se e n c o n t r a um alcalóide
que os torna muito tóxicos.
Por tudo q u a n t o Uca d i t o , c o n v é m co-
nhecer e saber identificar c a d a u m a das
parles ou órgãos c o n s t i t u i n t e s de u m a
planta.

Raiz
A raiz é o órgão encarregado de extrair
do solo os sais minerais e a á g u a . e de
bombeá-los para as folhas, com o fim de ali-
mentar toda a planta. Km geral, todas as
plantas produzem e armazenam na sua raiz.
amido, inulina e outros glícidos (a q u e ge-
ralmente se dá o n o m e de hidratos de car-
bono) como por e x e m p l o a alcachofra, a
bardana, a rarlina, o cersefi-bastardo, a chi-
cória, o dente-de-leão, a equinácea, a jala-
|),i c ,i ratânía. A bardana (Arctium lappa
L.') é uma das plantas cuja
No e n t a n t o , na raiz de o u t r a s p l a n t a s assim c o m o o u t r o s princípios activos. F.m
raiz é mais rica em
também se p r o d u z e m alcalóides ( p o r m u i t o s casos é p r e f e r i d o à raiz. p r o p r i a - princípios activos: contém
exemplo: ipecacuanha, rauvólfia). glicósi- m e n t e dita (historia, c á l a i n o - a r o m á t i c o . substâncias antibióticas,
dos (por exemplo: acónito, cinoglossa, cúrcuma, polipódio, ruibarbo). diuréticas e
hipogficemiantes (que
equinácea, saxífraga) ou vitaminas ( p o r fazem descer o nível de
exemplo: a c e n o u r a ) . glicose no sangue).
Bolbo
Nalguns casos, apenas se aproveita a cas-
ca da raiz, por se acumularem nela os prin- Chamasse b o l b o a um e n g r o s s a m e n t o
cípios activos, c o m o no caso da bérberis, s u b t e r r â n e o d o caule, formado por n u m e -
do buxo, do chá-dc-nova-jcrsey ou da goia- rosas c a m a d a s sobrepostas. No b o l b o en-
beira. contram-se essências enxofradas (alho, ce-
b o l a ) , substâncias a r o m á t i c a s ( a ç u c e n a ) ,
ou alcalóides (o c ó l q u i c o ou a ç a l í ã o -
Rizoma -bastardo).
O rizoma é um caule s u b t e r r â n e o , q u e
tem aparência de raiz, p o r é m na realidade
Tubérculo
não cresce para baixo mas sim horizontal-
mente. Também acumula glícidos (hidra- Um t u b é r c u l o é um caule s u b t e r r â n e o
tos de carbono) e substâncias de reserva. especializado em a r m a z e n a r substâncias de
C a p . 1 : O MUNDO V E G E T A L

"TTT T*TO

sw&

ceas)) ou lenhoso (com madeira), como


nas árvores e arbustos. A madeira usa-se
pela sua essência (canforeira, cipreste,
guaiaco, quássia) ou então para queimar e
preparar carvão vegetal (choupo-negro,
faia).

Gema
Cada gema é o esboço de um futuro
ramo. Contém resinas e essências. Km fito-
terapia usam-se, por exemplo, as gemas de
abeto-branco, hétula, choupo-negro e pi-
nheiro.

Folhas
Podemos dizer que as folhas são o labo-
ratório químico por excelência da planta.
Nelas se realiza a fotossíntese, isto é, o con-
junto de reacções químicas mediante as
quais a planta produz substâncias comple-
xas a partir das substâncias inorgânicas da
terra e do ar. As células das folhas contêm
clorofila, qtie capta a energia da luz solar e
a transforma em energia química.
As folhas produzem a maior parte dos
Além de beleza e aroma princípios activos das plantas, especial-
agradável, as flores
oferecem numerosos
mente os alcalóides, essências, glicósidos e
reserva. Assim, por exemplo, o do satirião- taninos. Por isso são a parte mais usada das
princípios activos de acção -macho, uma orquídea de cujo tubérculo
medicinal: óleos essenciais, plantas medicinais. Algumas das folhas
alcalóides, pigmentos,
se extrai uma farinha medicinal. mais úteis em fitoterapia são as de: aloés,
glicósidos e outros. aveleira, boldo, damiana, dedaleira, uva-
Córtex -ursina, hamamélia, loureiro, nogueira,
oliveira, silva, videira e visco-branco
O córtex ou casca é a camada que cobre
o caule e a raiz. Nela se acumulam abun-
dantes princípios activos (amieiro, amiei- Flores
ro-negro, caneleira, carvalho, cáscara-
-sagrada, condurango, quina, tília, etc.) As llores são o órgão reprodutor da plan-
ta. Contêm numerosos princípios activos:
óleos essenciais (acácia-basiarda, açucena,
Caule chagas, tanaceto, tília), alcalóides (buglos-
sa, papoila, passiflora), pigmentos (lidal-
O caule serve de comunicação entre a
guinhos, roseira), glicósidos (cacto, laran-
raiz e o resto da planta, e nalguns casos
jeira, lúpulo, maravilha, sabugueiro), e
contém princípios activos (alcachofra,
muitos outros.
cana-de-açúcar, cavalinha, costo-espigado,
éfedra, espargo). O caule pode ser herbá- • Estigmas: De algumas flores, como as do
ceo (no caso das plantas chamadas herbá- açafrão OU do milho, usam-se apenas os
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 * Parte: G e n e r a d a d e s

Os frutos fornecem
sobretudo vitaminas, sais
minerais, açúcares e ácidos
orgânicos. Alguns, como os
da tramazeira (Sorbus
aucuparia' L.J, chamados
sorvas, contêm ainda
pectina, fibra vegetal
solúvel de acção laxante, e
taninos de acção
adstringente. O resultado
desta combinação de
princípios activos é um
efeito regulador e
normalizador do trânsito
intestinal.

estigmas (parte superior do pistilo ou Sumidade


órgão feminino da flor).
Chama-se sumidade à parte superior de
• Àinentilhos: São cachos pendentes for- uma planta, em que se encontram peque-
mados por flores quase sempre unisse* nas folhas e flores que se usam conjunta-
xuais. Usam-se, por exemplo, os da ave- mente (absinto, alecrim, orégão, tomilho,
leira. urze, vara-de-ouro e, em geral, todas as
plantas da família das Labiadas). Quando
Fruto contém muitas dores, dá-se-lhe o nome de
sumidade florida.
O fruto é o órgão vegetal que procede da
flor e que envolve as sementes.
Os frutos carnudos contêm abundantes Semente
ácidos orgânicos, açúcares e vitaminas
Em cada semente encontra-se o gérmen
(arando, bérberis, caiuito, cerejeira, pilri-
da futura planta e um ou dois cotilédones
teiro, sabugueiro, silva); outros são secos,
com substâncias de reserva. As sementes
tomo os das Umbelíleras. e contêm óleos
proporcionam glícidos e lípidos (aveia,
essenciais (anis-verde, cominho, salsa); e
aveleira, cacau, milho, noz), mucilagens
alguns usam-sc pelo látex que produzem
(alíorva. linho, zaragatoa) e óleo (dormi-
(dormideira).
deira, linho, onagra, rícino, videira).
A baga é um fruto carnudo, mas sem ca-
roço. As sementes dos cereais chamam-se
grãos.
Pedúnculos
Secreções
C) pedúnculo é a ramificação do caule
que segura a flor, o fruto, OU a folha (nes- As secreções não se podem considerar
te caso chama-se peciolo). Por exemplo, propriamente partes de uma planta,já que
usam-se os pedúnculos (ou pés) da cereja se trata de substâncias líquidas mais ou me-
e os da avenca. nos viscosas produzidas pelo vegetal:

31
Cap. 1: O MUNDO VEGETAL

Os nomes científicos das


plantas, em latim, baseiam- Papoila (Papaver L.)
-se no sistema binomial de
Lineu: primeiro o género e k
depois a espécie.
Ao contrário do nome
vulgar, cujo âmbito de
Nome comum Género Espécie Botânico
validade é local, o nome que a classificou (Lineu)
cientifico é utilizado em
todo o mundo. Desta forma
é muito facilitado o
entendimento entre
especialistas de diferentes
o látex, esbranquiçado, diferente da sei-
países. va, (dormideira, celidónia, Figueira, al- Os nomes das plantas
face-brava-maior, papai eira):
Como dar ordenadamente nomes à
a resina, rica em essências balsâmicas, g r a n d e variedade das plainas q u e formam
(abelo, assa-félida, copaíba, guaiaco, pi- 0 m u n d o vegetal? Com classificá-las? Pela
Somente uma parte das c o r das suas flores? Pela forma rias suas fo-
n h e i r o , pistácia); e
mais de 390 000 espécies
vegetais que povoam o lhas? Ou talvez pelas substâncias químicas
planeta Terra foram que produzem?
identificadas e classificadas. a seiva, líquido nutritivo da planta, (hé-
Quantos segredos por
Na Grécia antiga. Aristóteles, Teofrasto e
rnia, piteira, videira).
descobrir guarda ainda o Dioscórides já idealizaram sistemas para
m u n d o vegetal! d a r nomes ás plantas e classificá-las. Desde
e n t ã o , o u t r o s investigadores e cientistas
t a m b é m tentaram estabelecer um sistema
universal, mas n e n h u m teve êxito. Deste
m o d o o crescente n ú m e r o de n o m e s e de
classificações q u e se usavam dificultava o
i n t e r c â m b i o de c o n h e c i m e n t o s e expe-
riências e n t r e os botânicos, farmacêuticos
e médicos cie diversas regiões ou países.
Para fazer frente a esta diversidade, o
g r a n d e naturalista e b o t â n i c o sueco Cari
von Linné (latinizado: L i n n a e u s ; aportu-
g u e s a d o : Lineu) introduziu em 1753 um
m é t o d o de nomenclatura e classificação de
plantas q u e obteve aceitação universal. De-
nomina-se sistema binomial, pois atribui a
cada espécie um p a i ' d e nomes: o primeiro
c o r r e s p o n d e ao g é n e r o , e o s e g u n d o à es-
pécie p r o p r i a m e n t e dita. Lineu teve, como
A d ã o no j a r d i m do É d e n , o privilégio de
pôr o n o m e a todas as plantas conhecidas.
Utilizou o latim q u e , p o r ser u m a língua
morta, n ã o dava lugar a q u e se produzis-
sem deformações nos n o m e s .

Os n o m e s vulgares das p l a n t a s variam


muito e n t r e os diferentes idiomas do mun-
do. Inclusivamente n u m a mesma região ou
área linguística, as m e s m a s plantas rece-
bem nomes diferentes. Porém os nomes la-
tinos q u e Lineu lhes atribuiu continuam fi-

32
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
I

xos e são de uso universal. Sirva de h o m e -


nagem a este g r a n d e observador da natu-
reza o ele maiúsculo seguido cie um p o n t o
[LI que figura a seguir ao n o m e científico
da maior parte das plantas m e d i c i n a i s ,
aquelas a que I Jneu pôs o n o m e e q u e clas-
sificou.

A classificação das plantas

Lineu classificou as plantas s e g u n d o as


particularidades dos respectivos órgãos re-
produtores. No e n t a n t o , à m e d i d a q u e a
botânica foi p r o g r e d i n d o , e s p e c i a l m e n t e
graças ao microscópio, o sistema original
de Lineu foi-sc modificando e aperfeiçoan-
do até chegar ao esquema actual.
Dentro de cada espécie
existem numerosas
variedades. Por exemplo,
A e s p é c i e e as s u a s v a r i e d a d e s da espécie Rosa gallica' L.
O género
(roseira) existem mais de
A unidade de classificação é a espécie: t 0 000 variedades, cada
As espécies parecidas e n t r e si a g r u p a m-
agrupa todos os indivíduos q u e têm a qual produzindo rosas com
-se em g é n e r o s . P o r e x e m p l o , a p a p o i l a
maior parte das suas características em co- características peculiares.
(PapaverrhoeasL.) e a d o r m i d e i r a {f^ijxiver
mum. Assim, por exemplo, a papoila (Pa-
somniferum L.) p e r t e n c e m ao m e s m o géne-
paverrho&tsL.) é u m a espécie.
ro Papava: Ambas as espécies produzem al-
Todas as papoilas de um c a m p o de trigo calóides similares, e m b o r a sejam mais acti-
se parecem m u i t o e n t r e si. Mas q u a n d o vos os da d o r m i d e i r a .
comparamos as q u e crescem em Portugal,
por exemplo, com as q u e crescem no Bra-
sil, notaremos algumas diferenças. Todas A família
são papoilas e pertencem à mesma espécie; Vários g é n e r o s similares a g r u p a m - s e
mas constituem variedades diferentes. n u m a família. Por e x e m p l o , a papoila e a
d o r m i d e i r a , j u n t a m e n t e c o m a celidónia
As variedades q u e u m a m e s m a espécie
(CheUdonium majusL..), f o r m a m a família
pode apresentar são c o n s e q u ê n c i a do tipo
das Papaveráceas. Todas elas produzem um
de terreno onde se cria, do clima e das pos-
látex rico em alcalóides mais ou m e n o s
síveis hibridações ou c r u z a m e n t o s q u e te-
narcóticos.
nha sofrido. A sua composição química é a
mesma para todas as variedades, mas p o d e
haver diferenças na concentração dos prin- A o r d e m e a divisão
cípios activos. Assim, por e x e m p l o , a dor-
mideira que se cria nos países do Médio As famílias similares agrupam-se em or-
Oriente e da Ásia produz mais morfina q u e d e n s ; estas em classes, e estas, p o r sua vez,
a europeia. em divisões ou tipos.
Ca: O MUNDO VEGETAL

Classificação dos
São os vegetais mais sim-
ples e pequenos que exis-
tem (microscópicos). São
PROTOFITOS unicelulares, isto é, são for-
mados por uma só célula e
procariotas, em que o nú-
cleo não se encontra defi-
nido. No entanto, apesar

São vegetais formados geralmente por múltiplas


células, mas todas elas semelhantes. Se não hou-
ver diferenciação celular, ou se esta for muito es-
cassa, também não existirão tecidos nem órgãos.
O talo, ou corpo destes vegetais, é constituído por
uma massa de células quase iguais, sem vasos
nem fibras condutoras; e é destituído de raízes,
caules ou folhas.
Os talófitos compreendem as algas, os fungos e os
líquenes como, por exemplo, o líquen-da-islândia
(Cetraria islandica L, pág. 300).

CRIPTOGAMICAS

Plantas que se caracterizam por possuir células diferencia-


das que formam tecidos e órgãos distintos. O cormo é o apa-
relho vegetativo destas plantas, que, ao contrário do talo dos
talófitos, é formado por verdadeiras raízes, caules e folhas
bem diferenciadas; todas elas são sulcadas por vasos e fi-
bras condutoras.
CORMOFITAS Todos os vegetais a que vulgarmente chamamos 'plantas',
são cormofitos, quer dizer, pertencem ao reino das metafitas.
Dentro deste reino incluem-se também as briófitas, constituí-
das pelos musgos, e que não figuram neste esquema por não
se descrever nenhuma nesta Enciclopédia de Plantas Medi-
cinais
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

I vegetais
da sua simplicidade, têm uma grande im-
portância biológica, pois sem eles seria impos-
sível a vida na Terra.
Os protófitos incluem as bactérias, que não têm
clorofila, e as cianófitas ou algas azuis, que a Os seres vivos, em lugar dos dois
têm. reinos tradicionais, vegetal e ani-
A espirulina (Spirula máxima, pág. 276) é um
mal, classificam-se actualmente em
exemplo deprotófito (alga azul) com aplicação
cinco reinos:
medicinal.
• MONERAS: incluem os protófitos e
os procariotas.
• PROTOCTISTAS: algas unicelulares e
protozoários.
• FUNGOS: leveduras, mofos, fungos
ALGAS superiores (cogumelos).
• METAFITAS: vegetais pluricelulares
com tecidos definidos (cormo).

A FUNGOS
• METAZOÁRIOS: animais pluricelula-
res.

LÍQUENES

Criptogâmicas são todas as plantas sem flores. Crip-


togâmicas vasculares são as que não têm flores mas
possuem cormo (raízes, caules e folhas sulcados
por vasos condutores). A cavalinha (Equisetum ar-
vense L., pág. 704) e os fetos como o feto-macho
(Dryopteris filix-mas L, pág. 500), são exemplos de
criptogâmicas vasculares.
São plantas fanerogâmicas (com
flores) cujas sementes se encon-
tram descobertas, sem a protecção
de um fruto (gimnospérmica: do gre-
GIMNOSPERMICAS go gymnos, nu, e sperma, semente).
Compreendem umas 800 espécies,
São plantas cormófitas com tecidos e órgãos bem
entre as quais se destaca a ordem das
diferenciados (raízes, caules e folhas), que se re-
Coníferas, como o abeto e o pinheiro.
produzem por sementes. A sua característica que
mais se evidencia éade possuírem flores, ou seja,
órgãos reprodutores visíveis e bem diferenciados
(masculino e feminino). São as plantas mais nu-
merosas da terra (umas 200 000 espécies). Se- São plantas fanerogâmicas (com flo-
gundo o tipo de sementes, classificam-se em gim- res) que produzem sementes encerra-
nospérmicas e angiospérmicas. das no ovário, que posteriormente se
transformam em fruto (angiospérmica:
ANGIOSPÉRMICAS do grego ageion, vaso ou recipiente, e
sperma, semente). São as plantas su-
periores dentro da escala vegetal, e
formam o grupo mais numeroso das fa-

4
nerogâmicas ou plantas com flores.

35
Tipos
Quanto à sua forma

Sagitada
A sua forma
Lanceolada lembra a de
Cordiforme Com a forma de uma flecha
A sua forma lembra a de um uma lança [por (por exemplo
coração (por exemplo a norça- exemplo a a corriola,
-preta. pág. 679]. bistorta, Pág. 491).
pág. 198).

Bilobada
É fendida em dois lóbulos
(por exemplo o ginkgo. Palmada
pág. 234). É uma folha
composta, em que
as suas divisões ou
foliolos se dispõem
como os dedos de
Ovóide uma mão (por
Elíptica Tem a forma de exemplo o
Tem a forma de uma uma oval (por castanheiro-da-índia,
elipse (por exemplo a [ exemplo a pág. 251).
beladona. pág. 352). escrofulária,
pág. 543).

Quanto à sua nervacao


Paralelinérvea
As nervuras correm
paralelas ao l o n g o da
folha (por exemplo o Peninérvea
visco-branco, As nervuras
ág. 246). nascem ao longo
de um eixo central
(por exemplo a
aveleira,
pág. 253).

Curvinérvea
As nervuras
descrevem
uma curva ao
Radial
longo da
As nervuras saem como raios a
folha (por
partir de um centro comum (por
exemplo a
exemplo o malmequer-dos-
tanchagem,
-brejos, pág. 665).
pág. 325).

'V
3b
S/,.

de folhas
Quanto ao contorno do bordo

Denteada Lobulada
Inteira
O bordo tem O bordo tem recortes que
O bordo è liso pequenos recortes formam lóbulos (por
(por exemplo o jpor exemplo a exemplo o carvalho.
loureiro. urtiga, pág. 278). pág. 208)
pág. 457).

V '
Fendida
Partida
Os recortes do bordo
Os recortes do bordo
aproximam-se da nervura
atingem a nervura
central (por exemplo o
central, por exemplo a
ca rd o-de-sa nta-ma ria,
chicória, pág. 440).
pág. 395).

Quanto à posição no caule

Peciolada Alternas
As folhas estão São folhas pecioladas que nascem
unidas ao caule por uma a uma. ao longo do caule.
meio de um peciolo
ou pé).

Sésseis
São folhas que
não têm peciolo
(pé). Quando
formam um
Opostas prolongamento ao
longo do caule
São folhas pecioladas que
chamam-se
nascem duas a duas. uma
em frente da outra. decorrentes.

37
S/,

Anatomia das folhas


Gema terminal
É o órgão de crescimento do caule. A partir dela
cresce o caule e se formam novas folhas.

Limbo
É a parte plana da folha. A sua
face voltada para cima chama-
sse página superior ou ventral,
Pecio/o e a voltada para baixo, página
Pequeno pé que inferior ou dorsal.
une a folha ao
caule.

Página
superiqr

Vértice ^»
Nervuras
São o prolongamento do pecfolo. È
por elas que corre a seiva.
Página
inferior

As folhas sáo os laboratórios químicos das plantas,


nos quais substâncias inorgânicas simples como a
água, o anidrido carbónico e certos minerais, se
transformam em substâncias orgânicas: hidratos de Gema axilar
carbono, gorduras, vitaminas e outros princípios Órgão de crescimento que se situa
activos. entre o caule e o peciolo Na Primavera
A síntese das proteínas começa na raiz. a partir do dá lugar a um novo caule com folhas,
azoto existente no solo. ou a uma flor.

Cutícula ou epiderme
Revestimento que cobre as folhas
para evitar que sequem.

Secção de uma
folha vista ao
microscópio
Parènquima
É formado por
ÉÉM
células muito ricas ,
em clorofila, o que 1
dá a cor verde â
folha
^.
3
Nervuras
São na realidade
vasos condutores
de seiva.

Estornas
Pequenos orifícios situados na página inferior da folha, através dos quais esta
elimina vapor de água e oxigénio, e absorve anidrido carbónico. Os estornas
sáo rodeados por uns lábios que actuam como válvulas, abrindo-se e
fechando-sc para regular assim a passagem da água e dos gases segundo as
necessidades da planta.

''S
38
S/,

Tipos de raízes
A raiz absorve minerais e água do solo por meio de uns finos peJinhos
absorventes na extremidade das suas ramificações Além disso, fixa o vegetal
ao terreno.

Raiz típica Tuberosa


Produz engrossamentos chamados tubérculos,
nos quais se acumulam hidratos de carbono,
Raiz principal proteínas e outras substâncias de reserva.

.
Raiz
secundária

Napiforme
Tem uma
forma cónica,
e armazena
substâncias
de reserva
(por exemplo
Pêlos a cenoura,
absorventes pág. 133).
Zona de crescimento

Lenhosa
As suas ramificações
Fasciculada são duras e grossas
Formada por raízes (por exemplo o
secundárias da mesma carvalho, pág. 208).
grossura, que nascem
juntas na base do caule
(por exemplo a cçbofa. /
pág. 294). /

Bolbo
Na realidade, o bolbo
náo é uma raiz, mas
uma gema
subterrânea formada
por folhas carnudas
sobrepostas (por
exemplo a cebola,
pág. 294).

Raízes adventícias
São as que nascem directamente de um caule aéreo, ou então de um
caule subterrâneo, chamado rizoma (por exemplo a verónica, pág. 475)

,#—
//,-

Tipos de caules
O caule liga a raiz e as folhas. Contém vasos condutores pelos quais circula a
seiva.

Lenhoso
A celulose que cobre as
células dos caules
lenhosos (troncos) Subterrâneo ou rizoma
encontra-se impregnada É um caule que se desenvolve e estende por debaixo do solo.
de lenhina. Esta Embora pareça uma raiz. na realidade não o é [por exemplo o
substância confere á ásaro, pág. 432).
celulose a dureza e
consistência próprias da
madeira.
Herbáceo
É um caule frágil, pois
a celulose que cobre as
Gordo ou suas células não está
suculento lenhificada. Renova-se
É grosso, cada ano (por exemplo
esponjoso e a chicória, pág. 440)
sem folhas.
Trepador Armazena uma
Não tem a grande
consistência quantidade de
suficiente água no seu
para se interior. Próprio
manter do cacto [pág.
erguido por 216) e de
si mesmo, outras plantas
pelo que típicas das
precisa de se regiões
apoiar desérticas.
noutras
plantas por
meio de
gavinhas
(por exemplo
a norça-
-preta.
pág 679).

Cana
Rastejante ou estolhoso É um caule herbáceo,
Cresce horizontalmente, apoiando-se no solo (por cilíndrico e oco, com
exemplo o morangueiro. pág. 575). nós bem marcados.

40
• At,.

Tipos de inflorescências
As inflorescências são grupos de flores que têm um
pedúnculo comum. (

Em espiga \
Formada por grupos
de flores que nascem
directamente do caule Em capitulo
fpor exemplo a Os capítulos florais
gatunha, pág. 581). são grupos de
pequenas flores
unidas por um
mesmo pedúnculo.
Os capítulos dão a
impressão equivoca
de serem uma única
flor, quando na
realidade são muitas
(por exemplo a
arnica, pág. 662).

Em corimbo
Formada por flores
cujos pedúnculos
nascem de diversos
Em amentilho pontos, mas que
É uma espiga que pende, atingem a mesma
formada por flores muito altura {por exemplo o
pequenas (por exemplo a milefólio. pág. 691).
aveleira, pág. 253).

Em umbela
composta
Formada por
Em umbela várias umbelas
Formada por flores cujo pedúnculo simples |por
sai de um ponto c o m u m exemplo o anis,
fpor exemplo, a primavera, pág. 328). pág. 465J.

W
41
Anatomia
Estames

A flor é o órgão de
reprodução das plantas
fanerogãmicas, isto é, que
têm flores. As fanerogãmicas
dividem-se em dois grupos:
plantas gimnospérmicas
(com sementes nuas, ou seja. Pétafas
não envoltas num fruto,
como por exemplo o pinheiro
e outras coníferas), e plantas
angiospérmicas (em que as
sementes estão envoltas num
fruto mais ou menos
carnudo). As flores das
angiospérmicas são as
maiores e mais vistosas
Sépalas

Tipos de flores

Labiada
As pétalas da
corola
formam dois
lábios, um
superior e
outro inferior.

Rosácea
É a flor típica da
família das
Campanulada Rosáceas, cujas
A sua corola (conjunto pétalas estão
das pétalas) tem a forma dispostas em
de um sino. forma radial.

"W
42
r ys,.

de uma flor
Pistilo, carpelo ou

f ineceu
o aparelho feminino da
flor. Consiste em estigma
(orifício pegajoso por
onde entra o póienj,
estilete (tubo por onde o
pólen desce) e ovário com
um ou vários óvulos
(células germinais).

Estigma
Estames ou
androceu
Estilete
São o aparelho
masculino da
flor Cada estame
consiste num
filete e numa
antera, onde se
formam os gráos
de pólen.

Grão de pólen
A fecundação das flores
Para que se dé a fecundação e se forme a
semente e o fruto depois da flor, é preciso
que um gráo de pólen caia sobre o estigma
da flor. Se o pólen e a flor forem da mesma
espécie, o pólen emite um prolongamento
que desce pelo estilete até chegar ao ovário.
Ali os cromossomas masculinos do pólen
Centro unem-se com os femininos do óvulo, e forma-
| Núcleo germinativo -se a semente e o fruto.
vegetativo
4 Contém os cromossomas As plantas com flores reproduzem-se
com a informação sexualmente. Isto significa que existem duas
genética da planta. partes, a masculina e a feminina. Ambas
devem unir-se para dar lugar a uma nova
planta.

Cobertura exterior

43
COLHEITA E CONSERVAÇÃO

A
S FARMÁCIAS, as ervanárias e al- riqueza de princípios activos das plantas,
guns estabelecimentos especializa- assim como a.s técnicas da sua colheita e
dos em produtos naturais, dispõem conservação.
de uma grande variedade de plan-
tas medicinais em diversas apresentações.
Quando adquirimos estas plantas devemos
poder contai com a garantia dos profissio- Concentração
nais que as comercializam e, portanto, é de
supor que estejam bem identificadas e cor-
dos princípios activos
rectamente conservadas.
Não obstante, talvez o leitor deseje apro- Nem todas a.s plantas da mesma espécie
veitar uma saída ao campo para colher as produzem sempre igual quantidade e con-
suas próprias plantas. Além de desfrutar o centração de princípios activos. Ksles po-
ar puro, a paisagem e o exercício, levará dem variar muito de uma planta para ou-
consigo paia casa algumas plantas que po- tra, dependendo de diversos factores bio-
dem ser autênticos medicamentos para a lógicos ou ambientais. Convém conhecer
sua saúde. Ora bem, neste caso deverá ter estes factores, para evitar surpresas quanto
em conta alguns factores que influem na à intensidade das propriedades medicinais

Colher plantas medicinais,


ao mesmo tempo que se dá
um passeio pelo campo, é
um prazer sumamente
gratificante. Apresentam-se
neste capitulo diversas
indicações que é
conveniente ter em conta.


SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

l " Parle: G e n e r a l i d a d e s

das plantas colhidas, q u e r por excesso q u e r


por deleito.

Segundo a idade
Os sucos das plantas jovens são aquosos
e contêm poucos princípios activos em dis-
solução. A medida que crescem, a u m e n t a
a sua produção e concentração, para voltar
a diminuir com o envelhecimento, ato ao
ponte de deixarem e n t ã o de servir p a r a
aplicações medicinais. É pois c o n v e n i e n t e :
colher as plantas q u a n d o n ã o sejam n e m :ypi±^- i^
muito jovens nem velhas.
No entanto, o m o m e n t o ó p t i m o para
tolhê-las varia de umas plantas para outras,
em virtude da respectiva d u r a ç ã o da vida.
Assim, por e x e m p l o , nas p l a n t a s a n u a i s O clima e o terreno influem
(que só vivem um a n o ) , costuma coincidir muito na riqueza de
com o começo da floração, na Primavera. segurelha, orégão, salva, tomilho) p r o d u - princípios activos de uma
Para as plantas que vivem vários anos, po- zem mais princípios activos em climas e ter- planta.
rem, é preciso esperar p a c i e n t e m e n t e q u e renos secos e exposlos ao sol. Mal se nota
cheguem ã sua maturidade. Por e x e m p l o , o c h e i r o do t o m i l h o q u e cresça em sítios
a genciana leva 10 anos para começar a dai" h ú m i d o s . O m e s m o a c o n t e c e c o m as Uin-
flores e produzir uma raiz rica em substân- belííéras ( p o r exemplo: angélica, anis, co-
cias medicinais; a canforeira só c o m e ç a a m i n h o ) , q u e p e r d e m o seu aroma nos ter-
produzir cânfora depOio dos 30 a n o s de renos h ú m i d o s .
idade; e o castanheiro n ã o c o m e ç a a d a r
fruto antes dos 25 anos, e a n t e s dos 100 E interessante verificar c o m o cada espé-
não atinge a maturidade. cie vegetal p a r e c e ter e s c o l h i d o um am-
b i e n t e p a r a desenvolver m e l h o r o s seus
lixistem alguns princípios activos q u e só princípios activos. As plantas q u e se criam
se produzem nas plantas maduras ou com- nas m o n t a n h a s p o d e m tornar-se inactivas
pletamente desenvolvidas. É o caso dos al- q u a n d o crescem nas terras baixas costeiras
calóides, que praticamente não se encon- ( c o m o a c o n t e c e com a valeríana ou a clc-
tram nas plantas jovens. Por exemplo, a al- daleira), o vice-versa.
face tenra quase não tem substâncias acti-
vas; no entanto, q u a n d o espiga e floresce, Má p l a n t a s tropicais q u e , q u a n d o se
produz alcalóides de efeitos sedativos e transplantam para sítios t e m p e r a d o s , dei-
hipnóticos. O mesmo acontece com o acó- xam de produzir substâncias medicinais. É
nito, (pie e n q u a n t o jovem é inofensivo, o q u e a c o n t e c e c o m a á r v o r e da q u i n a ,
mas quando amadurece c o n t é m alcalóides com o guaiaco e com diversas espécies pró-
muito tóxicos q u e p o d e m p r o v o c a r a prias de climas q u e n t e s .
morte. A q u a l i d a d e do t e r r e n o t a m b é m influi
no r e n d i m e n t o das plantas: umas precisam
de solos calcários e outras de solos a r e n o -
Segundo o clima e o t e r r e n o
sos ou siliciosos. É curioso c o m o as plantas
As plantas produtoras de essências, c o m o p r o d u t o r a s de alcalóides r e n d e m mais em
as da família das I.abiadas (por e x e m p l o : solos ácidos, pois desta forma são forçadas
Cap. 2: COLHEITA E CONSERVAÇÃO

da regularmente -ou seja, é cultivada-,


produ/.em-se interessantes mudanças na
sua fisiologia, que se repercutem nas res-
pectivas propriedades medicinais. As plan-
tas cultivadas:
• Elaboram maior quantidade de hidratos
de carbono que as silvestres. Oir-sc-ia
que lhes acontece o mesmo cine às pes-
soas, que quando adquirem hábitos se-
dentários acumulam maior quantidade
de substâncias de reserva. Assim, por
Quando se sai para o exemplo, a cerejeira brava dá frutos me-
campo com crianças, deve- nos doces e menos vistosos do que a cul-
-se vigiá-las para evitar que a produzir substancias alcalinas (alcalói- tivada; e, no entanto, as cerejas bravas
sofram intoxicações des) para compensar a acidez. Por sua vez, são muito mais ricas em princípios acti-
acidentais com plantas as plantas destinadas a produzir Tolhas ren- vos medicinais.
venenosas. O melhor é dem mais em solos ricos cm nitratos, en-
ensinar-lhes as precauções quanto as que produzem sementes se de- • Reduzem o seu sabor amargo ou acre, e
que se devem ter q u a n d o tornam-se mais facilmente comestíveis.
se colhem plantas
senvolvem melhorem solos ricos em fosfa-
tos. Acontece algo assim, por exemplo, com
medicinais.
a chicória c o cardo bravo, que perdem
o seu sabor amargo característico quan-
S e g u n d o a cultura
do se cultivam; mas diminuem igual-
Quando unia planta silvestre é retirada mente as suas propriedades medicinais,
fio seu ambiente natural e posta num ter- que em grande parte dependem das
reno lavrado e adubado, e podada e rega- substâncias amargas que contêm.

Á beira dos caminhos


costumam crescer
numerosas plantas
medicinais. Mas, cuidado!
Caso se trate de caminhos
ou estradas transitadas por
automóveis, as plantas que
ali crescem têm
normalmente um elevado
nível de contaminação por
resíduos de carvão e
chumbo provenientes dos
gases de escape.
A SAÚDE PEIAS PLANTAS MEDICINAIS
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

Sempre que possível, devem preferir-se


as plantas silvestres, ou então aquelas que
tenham sido cultivadas em condições tão
parecidas quanto possível com as do seu es-
tado natural. Tenha isto em conta quando
decidir plantar no seu jardim uns canteiros
de salva, de cavalinha ou de sabugueiro,
para dar apenas alguns exemplos.

Colheita
Acaba de amanhecer, e o azul límpido do
céu anuncia que irá estar um dia bom. O
Se encontrar uma planta no
leitor prepara a sua mochila. Não se es- campo, e não souber de
queceu de munir-se de um livro com boas que espécie se trata, não
ilustrações que lhe permitam identificai-as fne toquei Primeiro
plantas. Sai bem de manhã, quando o ar identifique a planta, depois
ainda está fresco, disposto a colher as suas Rábano colha-a sem destruir nem
devastar.
espécies preferidas. Quando chega ao lu-
gar escolhido, o Sol já fez notar a sua pre- Plantas que devem
sença, e o orvalho acaba de evapoiav-se. usar-se frescas
Este é justamente o momento! Aproveite
essas primeiras horas da manhã de um dia
seco c de sol, para proceder á colheita. Em algumas plantas acontece que,
logo após terem sido colhidas, se de-
sencadeiam reacções químicas estati-
Técnica da colheita zadas por enzimas, que nalguns ca-
Toda a gente é capaz de colher plantas. sos desactivam os seus princípios ac-
tivos, e noutros os transformam em
Mas, quando estas se vão usar para fins me- substâncias tóxicas, como acontece,
dicinais, terão de ser tomadas algumas pre- por exemplo, com os agriões. Por
cauções especiais, como as que a seguir se isso tém de usar-se sempre frescas.
descrevem: São as seguintes:

1. Evitar as plantas dos lugares


contaminados Planta Pág. Partes utilizadas

Infelizmente, em pleno campo também Agrião 270 Folhas, caules


pode haver contaminação química, li mui- Aliaria 560 Toda a planta
ta! Não colha as plantas que crescem em Cinoglossa 703 Folhas
determinados lugares, se quiser que a sua Cipreste 255 Frutos, madeira
tisana não se transforme num coquctel de Cocleária 356 Toda a planta
substâncias químicas venenosas.
Hera 712 Folhas
Vejamos quais são os lugares mais conta- Pilosela 504 Toda a planta
minados que devem evitar-se:
Rabanete e Rábano 393 Raiz
• As bermas das estradas: Aí abundam os Saião-curto 727 Folhas
resíduos de carvão mineral, chumbo e
outros tóxicos provenientes dos gases de Tormentila 519 Rizoma
escape dos automóveis, que podem im- Trevo-cervino 388 Folhas, raiz
pregnai os vegetais. Verbena 174 Toda a planta

47
C a p . 2: C O L H E I T A E C O N S E R V A Ç Ã O

* Conforme a duração do ciclo biológico, as plantas


herbáceas podem ser:
• Anuais: São plantas que nascem, crescem, frutificam
e morrem no prazo de um ano. Em geral, as plantas que se 4. Identificar bem as plantas
reproduzem por sementes são anuais.
• Bienais: São plantas que precisam de dois anos para Diante de qualquer planta, se tiver dúvi-
completar o seu ciclo biológico. No primeiro ano nascem das, aproxime-se calmamente da espécie
e crescem, e no segundo frutificam e morrem. São plan- em questão. Observe-ihe os pormenores.
tas bienais: aipo, alcaravia, bardana, buglossa, cenoura, Aspire-lhc o aroma. Consulte OS desenhos
dedaleira, onagra e verbasco. e fotografias do seu livro. Se persistirem as
• Vivazes: São plantas que vivem vários anos, flores- dúvidas e não conseguir identificar com
cendo em cada um deles. No entanto, as suas partes aé- certeza a espécie, abstenha-se de usá-la. Os
reas (caules, folhas, etc.) morrem todos os anos, sobre- erros podem pagar-sc muito caros.
vivendo unicamente, de ano para ano, os rizomas ou as
raízes. Quer dizer, os órgãos aéreos das plantas viva- 5. Colher sem destruir
zes são anuais, enquanto que as suas raízes vivem vá- Não arranque a planta, sempre que isso
rios anos. seja possível, 'lenha em conta que existem
As plantas lenhosas (arbustos e árvores) costumam vi- espécies protegidas (como a genciana ou a
ver desde vários até centenas ou mesmo milhares de anos. arnica), e que nos parques nacionais é
proibido colher plantas.

6. Não misturar espécies diferentes


Não é correcto juntar num mesmo cesto
• As orlas e sítios próximos dos campos ou saco espécies diferentes. K preferível
de cultura: Se estes tiverem sido pulve- utilizar um recipiente para cada espécie,
rizados com pesticidas e herbicidas, é de forma que as plantas se possam identi-
praticamente certo que as plantas em ficar com mais clareza.
volta também terão sido atingidas por
salpicos dessas substâncias químicas. Partes q u e s e c o l h e m
• Os lugares próximos de chaminés ou va- Dado que nem todas as partes de uma
zadouros de indústrias poluentes (mer- planta têm sempre interesse do ponto de
cúrio, cádmio, e t c ) . vista médico, é necessário ler em conta
uma série de indicações, segundo a parte
2. Colher apenas as plantas saudáveis e da planta que vamos apanhai".
limpas
Flores
Devem-se colher apenas as plantas sau-
dáveis e limpas. Rejeite portanto aquelas As flores colhem-se antes que a corola se
que apresentem sinais de terem sido ata- encontre completamente aberta, que é
cadas por insectos ou parasitas, ou roídas quando as pétalas contêm mais substâncias
por caracóis. Cuidado com as que possam activas. Durante o seu transporte, há que

m
ter excrementos de animais! evitar o calor e os sacos de plástico.

Folhas
3. Procurar que as plantas estejam
enxutas As lolhas colhem-se no começo da flo-
ração, mas antes que as flores se tenham
As plantas colhidas em dias húmidos ou desenvolvido, por ser esta a altura em que
chuvosos criam facilmente bolor, e são por- contêm uma maior quantidade de sucos.
tanto mais difíceis de conservar. Há por- Não se devem cortar todas, porque assim a
tanto que colhê-las quando se encontrem planta morreria. Deiíam-se fora as folhas
bem enxutas. manchadas (pode ser sinal de uma in-
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parle: G e n e r a l i d a d e s

A conservação das plantas


medicinais requer três
processos: secagem,
envasilhamento e
armazenamento.
fecção por vírus). Não se devem a m o n t o a r Casca da planta
nem enrugar, mas devem armazenai-se es-
tendidas n u m lugar plano. C o m o r e g r a geral, colhe-se a casca no
p r i n c í p i o da Primavera, s e m p r e antes da
floração, q u e é q u a n d o circula mais seiva
Caules pelos caules e ramos, e t a m b é m q u a n d o se
separa mais facilmente do tronco.
O momento ideal para c o l h e r os caules
é depois de lerem b r o t a d o as folhas, mas
Raízes e rizomas
antes de terem saído as flores.
As raízes e rizomas colhem-se no O u t o -
n o , depois de Lerem caído todas as folhas,
Sumidades ou na Primavera, q u a n d o c o m e ç a m a bro-
tar. Nas plantas bienais, o m o m e n t o ideal
As sumidades. Isto c, as extremidades flo-
é o O u t o n o do p r i m e i r o a n o . Nas plantas
ridas das plantas, rolhem-se e m p r e g a n d o
vivazes, é c o n v e n i e n t e esperar pelo segun-
uma tesoura apropriada, n ã o as p a r t i n d o
do ou terceiro a n o de vida.
com a mão. a fim de n ã o lesar ou o f e n d e r
os caules. Deve-se cortar o caule n u m pon- Antes de p r o c e d e r à sua conservação, as
to onde ainda seja tenro e n ã o mais abai- raízes e os rizomas têm de ser b e m lavados,
xo, onde se Icnhiilca e e n d u r e c e . Costuma com o Ihn de eliminar a terra e OS insectos
ser suficiente um c o m p r i m e n t o de 20 a 30 q u e possam ter a d e r e n t e s . Não convém es-
cm. fregá-los com u m a escova, para não elimi-

49
C a p . 2: C O L H E I T A E C O N S E R V A Ç Ã O
V

Amorperleito

Plantas que devem


usar-se secas

Existem plantas que contêm enzimas


(fermentos) que hidrolizam ou oxidam
nar as camadas de células superficiais, que alguns dos seus próprios componen-
podem conter princípios activos, como tes químicos, quer sejam tóxicos quer
acontece com a raiz da valeriana. inactivos, transformando-os noutros
com acção medicinal. Este processo
fermentativo é lento e tem lugar si-
multaneamente com a secagem. Por-
tanto, estas plantas devem ser usadas
Conservação secas para que tenham efeitos medi-
cinais:

Uma secagem correcta é a Como normalmente as plantas medici-


chave para uma boa nais não irão ser utilizadas imediatamente Partes utilizadas
conservação das plantas após a sua colheita, é necessário saber Amieiro-negro 526 Casca
medicinais. quais são os melhores métodos tle conser- Amor-perfeitobravo 735 Toda a planta
var-lhes as propriedades curativas.
Anémona-hepática 383 Folhas
A conservação das plantas medicinais re- Antenária 297 Flores
quer três processos: secagem, envasilha-
Aristolóquia 699 Folhas, flores, raiz
mento e armazenamento.
Asaro 432 Folhas, raiz
Asclépia 298 Raiz
1. S e c a g e m
Calumba 446 Raiz
A secagem consiste em eliminar pro- Cáscara-sagrada 528 Casca
gressivamente a humidade. Uma planta
Cinoglossa 703 Raiz
húmida é fácil presa de bactérias e fungos,
que a atacam, alterando-lhe os princípios Cravinho 192 Botões das flores
activos. Além disso, estas bactérias e fun- Epilóbio 501 Flores, raiz
gos podem produzir substâncias tóxicas. Feijoeiro 584 Vagens
As bactérias precisam de mais de 40% de Galega 632 Toda a planta
humidade para se poderem reproduzir; e Galeopse 306 Toda a planta
os fungos, de 15% a 20%. Uma planta bem
seca não costuma ter mais de 10% de hu- Gracíola 223 Toda a planta
midade, o que impede a reprodução des- Líquen-da-islândia 300 Talo
ses microrganismos. Lírio 315 Rizoma
Malmequer-dos-brejoí 665 Folhas, flores
Conselhos práticos para secar Noveleiro 642 Casca
correctamente as plantas Pimenteira 370 Frutos
• Tempo necessário: Com tempo quente, Tussilagem 341 Folhas, flores
as flores secam cm 4 a 8 dias, e as folhas
em 3 a 6 dias. Com tempo frio, podem
demorar mais alguns dias.
• A secagem nunca deve ser feita ao sol,
porque se perderiam muitos dos prin-
Não se devem colocar directamente so-
cípios activos das plantas, especialmen-
bre cimento ou tijoleira.
te as essências. Tem de fazer-se sempre
à sombra, em locais bem arejados e
• Devem dispor-sc cm camadas finas, e ser
isentos de pó.
remexidos uma ou duas vezes por dia.
• Os produtos vegetais colhidos esten-
dem-se sobre um papel ou cartão no • Não se deve utilizar papel impresso,
solo, ou então em cima de prateleiras. como o de jornal, pois os produtos quí-

50
SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

micos das tintas p o d e m passar para a


planta.
• As sumidades e as flores q u e n ã o per-
cam facilmente as suas pétalas pendu-
ram-se atadas em ramalhetes, de cabeça
para baixo, ao l o n g o cie u m a c o r d a ,
num lugar à sombra e bem arejado (por
exemplo, perto de u m a j a n e l a a b e r t a ) .
Estes ramalhetes p o d e m envolver-se
com um cone de papel, para evitara ex-
posição directa ã luz.

• Os frutos podem secar-se estendidos em


tabuleiros ou enfiados n u m um cordel.
A maior parle das plantas p o d e m tomai-
se tanto frescas c o m o secas. Má, no entan-
to, algumas que só têm eleitos medicinais
quando estão frescas, e n q u a n t o outras só
podem ser usadas depois de secas (ver as
tabelas respectivas, págs. 47, 50).

2. E n v a s i l h a m e n t o
Depois de secos, os p r o d u t o s vegetais co-
lhidos têm de ser envasilhados de maneira
que não sofram d e t c , ; oração pela acção do
ar, do sol, da humidade, do calor, ou de ou-
tros factores exteriores. Convém rotular os
recipientes em que se
armazenam as plantas, e
Conselhos práticos para o
guardá-los n u m lugar
envasilhamento escuro, fresco e seco, para
se conservarem bem os
• E preferível envasilhar os p r o d u t o s ve- seus princípios activos.
getais sem os triturar, pois assim ofere- 3. Armazenamento
cem uma m e n o r superfície sobre a qual
Os recipientes q u e c o n t ê m os p r o d u t o s
possam actuar as bactérias, os fungos c
das plantas devem conservar-se n u m lugar
as enzimas q u e os a l t e r a m ou fazem
escuro, fresco e seco. A luz, o calor e a hu-
rançar. É preferível triturá-los imediata-
m i d a d e são as principais causas de dete-
mente antes da sua utilização.
rioração.
• Utilizar recipientes de vidro, cerâmica, F, necessário verificar periodicamente o
lata, tecido ou cartão. Deve-se evitar o estado das plantas armazenadas, para de-
plástico. Não é preciso q u e a t a m p a seja tectar a t e m p o insectos, fungos, moios ou
hermética. putrefacçòes q u e possam alterar o seu va-
lor medicinal.
• É necessário rotular os recipientes com
o nome da planta c convém t a m b é m in- C o m o regra geral, as plantas medicinais
dicar o lugar da colheita e a data do en- n ã o se devem conservar d u r a n t e mais de
vasilhamento dois anos.
Guardiães ou destruidores?
Plantas ameaçadas de extinção

As plantas são imprescindíveis para a manutenção da vida Nós que, como seres humanos, deveríamos ser os guar-
neste planeta. Todos os animais e os seres humanos de- diães deste legado de diversidade biológica que nos foi con-
pendem das plantas verdes para a obtenção de alimento, fiado pelo Criador, transformamo-nos às vezes em seus des-
pois elas são os únicos seres vivos capazes de aproveitar a truidores. Segundo a União Internacional para a Conser-
energia solar para produzir hidratos de carbono, proteínas, vação da Natureza, 20% das 390 000 espécies que existem
gorduras, vitaminas e outras substâncias orgânicas. no mundo (cerca de 78 000) correm o risco de desaparecer.
A Smithsonian Institution, dos Estados Unidos, calcula que,
Acresce que as plantas contribuem de modo decisivo para das 20 000 espécies diferentes de plantas fanerogâmicas
o equilíbrio ecológico e o mantimento do meio ambiente: existentes no território continental daquele país, 10%, isto é,
evitam a erosão do solo, enriquecem a atmosfera com oxi- umas 2000, estão ameaçadas ou em perigo de extinção, ou
génio, armazenam água e fertilizam o solo. já desapareceram.

Além de tudo isto, os vegetais são também uma fonte muito Quais são as causas de semelhante extermínio de espécies
importante de substâncias medicinais. vegetais? Segundo o Livro Vermelho de espécies vegetais
ameaçadas, publicado pelo Ministério da Agricultura espa-
Cada uma das mais de 390 000 espécies vegetais que po- nhol, algumas dessas causas são as seguintes:
voam o planeta Terra constitui uma forma diferente de vida,
com genes próprios e únicos. Quando uma espécie desa- • fogos florestais;
parece ou se extingue, dá-se uma perda irreparável no pa- • desenvolvimento turístico dos litorais e das zonas monta-
trimónio biológico da humanidade. nhosas;

«Os bosques precedem as civilizações. Os desertos, seguem-nas.»


François-René Chateaubriand [1768-1848), escritor e politico francês.

Iher sem devastar

• Colher unicamente nos lu-


gares onde seja permitido;
nunca nos parques nacionais ou natu-
rais, nem nas reservas biológicas.
0
Respeitar as espécies protegidas,
por estarem em perigo de extinção
(convém obter informações previamen-
te, junto das autoridades agrícolas da
região).
• Colher apenas pequenas quantida-
des de plantas, especialmente das que
sejam pouco abundantes.
* Colher sem destruir nem arrancar
as plantas, sempre que seja possível.
Ao guardar e proteger as plantas do
nosso planeta, estamos a contribuir,
entre outras coisas,
para curar e aliviar
uma multidão de
doentes actuais e
futuros.
5 *
\
*

'''/
52
//,

• contaminação da água, do ar e do solo (por herbicidas agrí-


colas);
• colheita de espécies raras por entusiastas das plantas;
• construção de barragens, auto-estradas e estradas de ou-
tro tipo.

Poderemos imaginar a enorme perda que teria sido para a hu-


manidade se as árvores do género Cinchona, das selvas sul-
-americanas, tivessem sido arrasadas pelos buldózeres antes
de se descobrir nelas a quinina que serviu para curar tantos
doentes de paludismo? Ou se as lindas flores da família da de-
daleira tivessem sido colhidas maciçamente antes de se ter
descoberto que produziam os glicósidos cardiotónicos que têm
dado alívio a um tão grande número de doentes do coração?

Contribuamos todos com a nossa pequena parte -ou talvez


não tão pequena- para conservar, o melhor possível, as es-
pécies vegetais. E se sairmos a colhê-las, tenhamos em con-
ta as recomendações dadas na página contígua.

A foto da esquerda mostra as fantásticas cataratas do


Iguaçu, na fronteira entre o Brasil e a Argentina. Na Amé-
rica do Sul encontram-se as maiores selvas do planeta,
uma autêntica reserva vegetal que ainda encerra muitos
segredos botânicos e medicinais por descobrir. Por isso a
selva amazónica já foi definida como "a maior farmácia
do mundo".
A genciana (Gentiana lutea
L.) é uma das muitas
plantas ameaçadas de
extinção, pelo que, quando
se encontra, nunca se deve
colher.

O m u n d o vegetal poderia
existir sem os animais e sem os
seres humanos, ao que
corresponde o facto de terem
sido criados primeiro, tal como
refere o relato bíblico. No
entanto, os animais e os seres
humanos náo poderiam
sobreviver muitos dias sem as
plantas. Respeitá-las e protege-
ras faz parte do nosso dever
como habitantes do planeta
Terra.
FORMAS DE PREPARAÇÃO
E EMPREGO
SUMÁRIO DO CAPÍTULO '• ^ XISTEM diversas formas de prepa-
Ij i ar as plantas medicinais com vista
• • à sua utilização. Com todas elas se
JL^ pretende:
Banhos 65
Banhos de vapor com plantas 70 • Tornar mais fácil e exequível a adminis-
Bochechos 72 tração da planta.
Cataplasmas 68 • Aumentar a concentração de alguns dos
Clisteres 72 princípios activos da planta que, pelas
Colírios 72 suas propriedades físico-químicas parti-
Compressas 68 culares, se tornam mais facilmente solú-
Decocção 57 veis utilizando um determinado método
Extractos 63 de preparação. Por exemplo, mediante
Fomentações 70 a destilação por vapor conseguem-se ex-
Fricções 70 trair, e portanto concentrar, os óleos es-
As tinturas constituem uma Gargarejos 71 senciais.
forma clássica de Injvsâo 56
preparação das plantas • Favorecer a conservação da planta ou
medicinais.
Irrigações vaginais 73
dos seus preparados. Por exemplo, as
Lavagens oculares 72
decocções conservam-se durante mais
Linimentos 61
tempo do que os sumos frescos c inclu-
Loções 70
Maceração 57
sive do que as infusões, devido a que du-
Oculares, lavagens 72
rante a decocção o líquido fica pratica-
Pós 60 mente esterilizado.
Sumos 60 Para cada planta medicinal existem cer-
Tinturas 63 tas formas ideais de preparação e de em-
Tisanas 54 prego. E conveniente conhecê-las e saber
Unguentos 64 aplicá-las adequadamente, com o fim de
Vaginais, irrigações 73 aproveitar melhor as propriedades das
Xaropes 61 plantas ou da suas partes.

Tisanas

As tisanas ohtêm-se tratando os produtos


vegetais com água. São a forma mais po-
pular de preparar as plantas medicinais. A
água é o veículo ideal para se extrair a
maior parte dos produtos químicos pro-
duzidos pelas plantas, por se tratar de um
dissolvente universal por excelência.

54
y/y.

A arte de preparar tisanas

O 1. Colocação da parte
da planta a usar num
Nr ^ ^ recipiente adequado.
As plantas podem
estar soltas no

k^
recipiente, ou então
colocadas dentro de
um coador para
v infusões ou n u m
saquinho. O habitual
é pôr primeiro as
plantas e
seguidamente deitar-

r -Ihes a água por cima.


Mas também se pode

L
fazer o inverso.

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D '

-.

. •.- Â
. í «í

^ -J" 1 2. Escaldão das


plantas com água a
ferver.

3. Tomar a infusão depois de a


ter deixado repousar e
arrefecer em recipiente tapado,
para evitar que as essências e
outros componentes se
volatilizem com o vapor.

W
''S
55
C a p . 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO

Saiiquinhos para infusões

\ Existem no comércio
numerosos prepara-
dos de plantas já prontos para
ser usados em infusões. As par- Técnica de preparação
tes da planta são fornecidas
dentro de um saquinho que ser- As infusões preparam-se seguindo os pas-
ve de filtro, já trituradas e con- sos abaixo indicados:
venientemente dosificadas. O I. Colocação: Colocar as parles a usar (fo-
modo de emprego é muito sim- lhas, flores, etc.) num recipiente de por-
ples: celana, barro cozido, vidro ou matéria
1. Colocar o saquinho numa semelhante, que resista bem á acção sú-
chávena ou copo. bita do calor. As parles das plantas a uti-
2. Deitar a água a ferver. lizar podem estar soltas dentro do reci-
3. Deixar repousar durante uns piente, ou então juntas num coador
5 minutos, tapando o recipiente para infusões, que se coloca dentro do
com um pires ou outro tipo de tampa. recipiente.
l
2. Escaldão: Verter a água acabada de fer-
ver sobre as plantas, na proporção ade-
quada.
As tisanas usam-se sobretudo paia tomar 3. Extracção: Tapar o recipiente e esperar
pela boca (via oral). Todavia lambem se durante um certo tempo para dar lugar
podem utilizar em compressas, colírios, a que se produza a extracção e disso-
loções, etc, como mais adiante se indica na lução dos princípios activos. Normal-
secção "Formas de emprego" (pág. 64). mente, bastam 5 ou 10 minutos. Quan-
to mais espessas ou duras forem as par-
As tisanas são o resultado da acção da tes das plainas utilizadas, tanto mais
água sobre os produtos vegetais. Conforme tempo será necessário para a sua ex-
se aplique essa água, são três os procedi- tracção.
mentos pelos quais se pode obter uma ti-
sana: infusão, decocção e maceração. Nos 4. Filtração: Coaras plantas, passando o lí-
três casos, deve-se começar por: quido por um coador. Caso se lenham
colocado previamente as plantas num
1. Pesar ou medir a quantidade adequada coador para infusões, dentro do reci-
de produto vegetal a utilizar. piente, basta levantá-lo e deixar escorrer
2. Esmiuçar e triturar bem as partes da o líquido.
planta a utilizar. Tal como se indica no
capítulo anterior "Colheita e conser- Conservação das infusões
vação" (ver pág. 51), as plantas devem-
-se guardar tão inteiras quanto possível, Km geral, as infusões podem conservar-
e esmiuçar no momento em que vão ser -se durante cerca de doze horas. Preparam-
utilizadas. Desta forma, conservam me- -se logo de manhã e vão-se tomando ao
lhor as suas propriedades. longo do dia. Se o ambiente íov muito
quente, O mais aconselhável é guardá-las
Infusão no frigorífico. Podem ser aquecidas nova-
mente, mas sem chegar a ferver. Não se de-
A infusão é o procedimento ideal para
veriam tomar infusões que lenham sido
obter tisanas das partes delicadas das plan-
preparadas com mais de 21 horas de ante-
tas: folhas, flores, sumidades e caules ten-
cedência.
ros. Com a infusão cxirai-se uma grande
quantidade de substâncias activas, com
muito pouca alteração da sua estrutura Decocção
química e, portanto, conservando-se o má- A decocção utiliza-se paia preparar tisa-
ximo das propriedades. nas â base de partes duras das plantas (ia-
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

1* P a r t e : G e n e r a d a d e s V..

É iceração em azeite

} Enche-se um frasco com as par-


tes da planta a macerar, e cobre-
se com um óleo, de preferência o azeite.
Deixa-se repousar durante vários dias ou
semanas, conforme a planta.
Com esta técnica obtêm-se óleos de hipe-
ricão, alfazema, maravilha, urucu, açuce-
na, arnica e loureiro, entre outras plantas.
Os óleos assim obtidos usam-se sobretu-
do em aplicação local sobre a pele. Desta
forma se aproveitam as propriedades
emolientes (suavizantes) do óleo sobre a
pele, além da acção especifica da planta
utilizada.
Na página 627 ilustra-se a preparação do
óleo de calêndula ou maravilha.

ízes, rizomas, casca, s e m e n t e s ) , q u e preci- Maceração


sam de sor mantidas em ebulição para li-
bertar os seus p r i n c í p i o s activos. A d e - A m a c e r a ç ã o consiste na extracção dos
cocçao apresenta o inconveniente de q u e princípios activos de u m a planta ou p a r t e
alguns dos p r i n c í p i o s activos p o d e m de- dela, á t e m p e r a t u r a a m b i e n t e , utilizando a
gradar-sc pela acção p r o l o n g a d a do calor. água c o m o dissolvente ( t a m b é m se p o d e
fazer c o m álcool ou azeite). Trata-se sim-
plesmente de "pôr de m o l h o " , tão b e m tri-
Técnica da decocçao turadas q u a n t o possível, as partes das plan-
Uma d e c o c ç a o deve preparar-se do se- tas a utilizar.
guinte m o d o : A m a c e r a ç ã o é o m é t o d o preferível para II •

1. Colocação: Colocar o p r o d u t o n u m re- os seguintes casos:


cipiente a d e q u a d o , com a p r o p o r ç ã o de • Plantas cujos princípios activos se des-
água requerida. truam com o calor.
2. Cocção: Ferver d u r a n t e 3 a 15 minutos, • Plantas muito ricas em taninos. Q u a n d o A infusão, a decocçao e a
em lume b r a n d o . se t o m a m p o r via oral, um excesso de ta- maceração têm em comum
ninos dá à infusão um gosto a m a r g o ou utilizar-se a água como
3. Deixar repousar d u r a n t e alguns minu- agente extractor. Por isso se
áspero. A maceração tem a vantagem de agrupam estes três
tos. extrair a maior parte dos princípios ac- métodos sob o nome
•1. Filtrar com um coador. tivos, d e i x a n d o os taninos na planta. genérico de tisanas.
Os processos fisico-quimicos
Técnica da maceração pelos quais a água extrai os
Conservação das decocções princípios activos das
Para fazer u m a m a c e r a ç ã o , procede-se plantas sáo diferentes em
Dado terem sido fervidas, as d e c o c ç õ e s cada caso, mas o resultado
conservam-se d u r a n t e mais t e m p o do q u e d o seguinte m o d o :
final é muito semelhante.
as infusões, especialmente se forem guar- 1. Colocar as parles a utilizar, com a pro-
dadas no frigorífico. Podem ulili/ar-se du- p o r ç ã o de água r e q u e r i d a (à t e m p e r a -
rante vários dias, se bem q u e não convenha tura a m b i e n t e ) , n u m recipiente o p a c o
deixar passai mais de u m a semana. (que não deixe passar a luz).

h/
C a p . 3: FORMAS DE P R E P A R A Ç Ã O E EMPREGO

Dosagem das tisanas


Folhas ou Raízes ou
Volume
flores secas* rizomas secos*
Uma colher de café = 5 ml lg 3g
Uma colher de sobremesa = 10 ml 2g 5g
D o s e a m e n t o das tisanas
Uma colher de sopa = 15 ml 4g 10 g
Uma pitada (o que se apanha entre o Em geral, as plantas medicinais não exi-
0,5 g 1.5 g
indicador e o polegar) = 2 ml gem um doseamento tão rigoroso como os
Um punhado = 20 ml 5g 12 g medicamentos. Dada a ampla margem de
'Quantidades aproximadas tolerância da maior parte delas (ver pág.
102), na generalidade não é necessário me-
dir com exactidão o peso de planta que se
utiliza numa tisana nem o volume que se
toma.
Na análise particular de cada planta, por-
menorizam-se as respectivas doses. No en-
tanto, em geral, podemos dizer que, para
um adulto, são as seguintes:
• Infusões: de 20 a 80 g de planta seca por
litro de água, o que equivale aproxima-
damente a uma colher de sobremesa
(2 g) por chávena de água (150 ml).
• Decocções e macerações: de 50 a 50 g
por litro de água.
O habitual, para um adulto, é tomar de
3 a 5 chávenas de tisana por dia (uma chá-
vena = 150 ml).
Uma medida de planta seca
equivale a 3 ou 4 de planta 2. Deixar repousar num lugar fresco, ao Em todo o texto desta obra, caso não se
fresca abrigo do sol. Remexer de vez em quan- indique o contrário, as quantidades reco-
do. mendadas referem-se sempre a plantas se-
cas. Quando se utiliza a planta fresca, é ne-
3. Se a maceração For de partes moles (fo- cessário empregar uma quantidade 3 a 4
lhas, flores, e t c ) , bastam 12 horas. vezes maior para obter o mesmo efeito que
Quando se trate de partes duras (raízes, com a planta seca.
casca, sementes, e t c ) , tem de se esperar
24 horas. Tempos mais longos podem
dar origem a fermentação ou ao apare- Doses infantis
cimento de bolor. Para as crianças preparam-se tisanas mais
4. Filtrar com um coador. diluídas (com menos quantidade de plan-
ta); ou então podem preparar-se com igual
5. O líquido resultante da maceração pode concentração, em cujo caso se administra
ser aquecido suavemente antes de se to- uma quantidade menor de tisana em cada
mai". toma. A dose infantil reduz-se proporcio-
nalmente segundo a idade:
Conservação das macerações • Idade escolar ((> a 12 anos): a metade íla
dose que para um adulto.
As macerações podem conservar-se du-
rante bastante tempo (até um mês), espe- • Idade pré-escolar (de 2 a 0 anos): um
cialmente quando o líquido extractor uti- terço da dose dos adultos.
lizado como dissolvente for o azeite ou o • Crianças até 2 anos: fie um quarto a um
álcool em Lugar íla água. oitavo da dose de adulto.
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

As tisanas preparadas com


a mistura de várias plantas
podem dar um resultado
positivo, mas é preciso ter-
-se a certeza de que as
diversas plantas usadas
combinam adequadamente
umas com as outras.
Na segunda parte desta
obra, apresentam-se tabelas
de plantas para diversas
afecções, que se combinam
favoraveJmente.

As crianças devem admín istrar-.se unica- grande valor nutritivo. Caso não se dis-
mente plantas isentas de qualquer tipo de ponha de mel, pode-se usar em substi-
efeitos tóxicos. tuição açúcar escuro, melaço (mel de
cana) ou xarope de bordo, que também
são ricos em minerais e vitaminas, e supe-
Quando e c o m o adoçar as tisanas?
riores em propriedades ao açúcar branco.
O preferível é tomar as tisanas no seu es- Umas gotas de sumo ou um pouco de
tado natural, sem as adoçar. Contudo, nal- casca de limão podem também melhorar o
guns casos pode ser conveniente adoçá-las: sabor de algumas tisanas.
• Quando se trate de plantas de gosto Porque não fazer tudo o que seja possí-
muito desagradável. vel para converter a nossa medicina num
• Quando sejam tisanas para as crianças, prazer?
excepto no caso de se pretender um
eleito vermífugo (expulsão de parasitas Tisanas d e u m a o u d e várias
intestinais). Neste caso concreto não é plantas?
conveniente administrar açúcar ou mel,
A mistura de vários tipos de plantas
pois estes produtos favorecem o desen-
numa mesma tisana pode ter efeitos posi-
volvimento dos vermes.
tivos se essas plantas se combinarem ade-
• Quando se administrem a doentes con- quadamente, tendo em conta a sua com-
valescentes ou debilitados. posição e as suas propriedades.
Não convém adoçar as tisanas que, pelo Todas as plantas que se recomendam
seu efeito aperitivo, se ingerem antes das para cada doença nas tabelas da segunda
refeições, já que os açúcares podem dimi- parte desta obra (por exemplo págs. 129-
nuir a sensação de fome. Também deverão 130, 140-144, etc.) podem ser combinadas
abster-se de adoçá-las os diabéticos, que em entre si.
caso de necessidade podem usar edulco- A mistura de várias plantas tem a vanta-
rantes químicos. gem de que os possíveis efeitos indesejáveis
Quando se decida adoçar uma tisana, o de cada uma delas (mau sabor, intolerân-
mel é o produto ideal E proveniente das flo- cia digestiva), ficam atenuados. Mas nem
res e contém sais minerais e vitaminas de sempre é necessário misturar as plantas.
W.J& . , w

Os sumos frescos das


plantas constituem a forma
de preparação mais rica em
vitaminas, enzimas e outros Uma única planta, bem aplicada, pode Sumos
princípios activos. No exercer maiores efeitos que a mistura de
entanto devem tomar-se várias, se não forem bem combinadas. Devem-se preparar com a planta fresca
acabados de fazer, para que
conservem todas as suas recém-colhida, esmagando-a num almofa-
propriedades. riz e filtrando-a seguidamente. Também se
podem obter por meio de uma liquidilica-
dora eléctrica.
Outras formas de preparação
Os sumos, também chamados sucos, po-
dem-se obter tanto das plantas herbáceas
como dos frutos. O sumo das folhas do
Além das simples tisanas, existem outras aloés é muito apreciado como aperitivo e
formas de preparar as plantas medicinais digestivo.
que requerem conhecimentos e instru-
mentos especializados, próprios da pro-
Os sumos têm a vantagem de conter to-
fissão farmacêutica. São as chamadas "pre-
dos os princípios activos sem degradar, es-
parações gaíénicas" em honra do médico
pecialmente, as vitaminas. Todavia muitos
grego do século II d.C, ou também "pre-
deles deverão tomar-se em doses reduzi-
parações oficinais", porque se fazem nas
das, a pequenas colheradas, pois podem
"oficinas" (laboratórios) de farmácia.
tomar-se um tanto fortes para os estôma-
gos delicados. Km certos casos pode ser
No entanto, algumas destas formas de conveniente diluí-los com água. Muitos de-
preparação, como os sumos ou os xaropes, les são usados para fazer xaropes.
também podem fa/.er-se em casa, com
meios mais simples. Expomos seguida- Em nenhum caso se deve fazer sumo das
mente as formas de preparação mais utili- plantas que apenas se devam consumir se-
zadas em fitoterapia. cas (ver pág. 50).

60
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 * Parte: G e n e r a l i d a d Y

Pós
Para a obtenção de pó com fins medici-
nais, as partes da planta a utilizar deixam-
-se secar d u r a n t e mais t e m p o do q u e o ha-
bitual, e depois trituram-se reduzindo-as a
pó. Pode-se o b t e r pó m e d i c i n a l de u m a
plaina a partir das sua.s folhas (por exem-
plo, da dedaleira ou do sene-da-índia), das
sumidades floridas (absinto, l ú p u l o ) , da
casca (cascara-sagrada, salguei r o - b r a n c o ) ,
dos frutos (coentro), e s o b r e t u d o das raí-
zes (ginseng, harpagófito, jalapa, polígala-
•da-virgínia, violeta, e t c , c t c ) .
0 pó oferece as seguintes vantagens:
1. Aprovcitam-sc ao máximo os princípios
activos da planta, especialmente q u a n d o
se trate de partes duras c o m o as raízes.
2. Permitem um d o s e a m e n t o mais exacto,
como se exige, por e x e m p l o , no caso de
plantas p o t e n c i a l m e n t e tóxicas ( d e d a -
leira, rauvólfia) q u e se e m p r e g a m em
doses muito p e q u e n a s ( d e a l g u n s gra-
mas, ou m e s m o de miligramas).
Os xaropes preparam-se
adicionando mel ou açúcar
Formas de administração do pó (de preferência não
O pó medicinal pode-se administrar das plantas, facilitando p o r t a n t o a sua in- refinado) a uma infusão ou
gestão. Tornam-se de grande utilidade decocção mais concentrada
seguintes formas: do que o normal, ou
para administrar às crianças pequenas.
• Em infusão ( p o r e x e m p l o : c a n e l e i r a , também a um sumo de
S e m p r e q u e seja possível, os x a r o p e s de- frutos. Geralmente os
ginseng, lúpulo, sene-da-índia), verten- xaropes preparam-se a
do-se-lhe água q u e n t e p o r cima. vem preparar-sc c o m mel, pois desta ma-
50%, isto é. acrescentando
neira se acrescentam as suas p r o p r i e d a d e s o mesmo peso de açúcar
• Aspirando-o pelo nariz c o m o estei titua-
peitorais e tonificantes às próprias da plan- ou de mel que de infusão
tório (ásaro, betónica) ou c o m o hemos-
ta. Na falta de mel, pode-se usar açúcar es- ou de frutos.
tático contra as hemorragias nasais (fo-
curo. Para a preparação, a mistura deve ser
lhas da videira). Aquecer a mistura facilita a
aquecida em lume b r a n d o . Facilita-se assim dissolução dos açúcares.
• Misturado com mel, c o n s t i t u i n d o u m a a dissolução dos açúcares.
Na página 295 explica-se a
pasta (abrótauo-lêinea, absinto, coen-
A maior parte dos xaropes utiliza-se em preparação do xarope de
tro). cebola, contra a tosse.
caso de afecções respiratórias ( p o r exem-
• Misturado com azeite p a i a aplicação ex- plo: p a p o i l a , c e b o l a , i p e c a c u a n h a , sabu-
terna emoliente (sementes de u r u c u ) . gueiro, violeta). Os q u e se- p r e p a r a m com
frutos têm p r o p r i e d a d e s tonificantes, res-
Xaropes frescantes e vitamínicas ( p o r e x e m p l o os
de bérberis, framboesa, groselha ou silva).
Os xaropes consistem em soluções con-
centradas de açúcares com s u m o s ou ou- Os diabéticos devem abster-se de ingerir
tras partes da planta. T ê m a vantagem de xaropes, devido ao seu forte c o n t e ú d o de
disfarçar o sabor desagradável de muitas açúcar.

61
y/,.

Vantagens e inconvenientes
dos extractos
Os extractos constituem uma forma artificial de preparar as plantas medicinais, com
as suas vantagens e inconvenientes que convém conhecer.

Vantagens: Inconvenientes:
Maior concentração: Com o extracto consegue-se Maior risco de toxicidade: Desde o momento em que
uma maior concentração de certos princípios activos se altera o equilíbrio natural dos componentes de uma
da planta, precisamente os que são solúveis no dis- planta, extraindo ou purificando alguns dos seus prin-
solvente empregado para a extracção. Isto faz que o cípios activos, aumenta o risco de se produzirem efei-
extracto tenha, em geral, uma acção mais potente tos tóxicos. Portanto, as doses de extractos devem ser
que a da planta inteira. cuidadosamente respeitadas. Existem duas razões
Maior disponibilidade: O extracto pode estar dispo- para isso:
nível em qualquer época do ano e em qualquer mo-
1. Maior concentração de determinados componen-
mento do dia, sendo o seu uso tão fácil como tomar
umas gotas. Pelo contrário, preparar um sumo fresco tes (os princípios activos).
ou uma infusão de plantas não está sempre ao nosso 2. A falta de outros componentes que acompanham
alcance. os princípios activos da planta no seu estado natu-
ral, cuja função é precisamente a de compensar ou
diminuir os possíveis efeitos tóxicos dos princípios
activos.
Isto explica, por exemplo, o facto de que as essências
(extractos muito concentrados) tenham de ser usadas
com grande precaução, especialmente quando são in-
geridas, pois podem produzir facilmente intoxicações
(ver pág. 97).
Maior possibilidade de degradação dos princípios
activos: Se o extracto não tiver sido obtido num labo-
ratório especializado e pelos métodos correctos, corre-
-se o risco de destruir certos princípios activos da plan-
ta sensíveis ao calor ou aos dissolventes utilizados.
Presença de dissolventes: O dissolvente que mais
se emprega é o álcool etílico. Os restos dele que po-
dem ficar no extracto representam um inconveniente
para as crianças e para determinadas pessoas a quem
o álcool se torna especialmente nocivo, mesmo em do-
ses pequenas.

Os extractos de plantas medicinais


devem ser considerados como
fármacos para todos os efeitos, tanto
q u a n t o às suas vantagens como
quanto aos seus possíveis efeitos
indesejáveis.

''//•
62
A SAÚDE PELAS F L A U T A S M E D I C I N A I S

1 •" Porte: G e n e r a l i d a d e - . V

Linimentos
Os linimentos são u m a mistura
(emulsão) de extractos de plainas medici-
nais com a/.eite e / o u álcool, de fraca con-
sistência, que se aplicam s o b r e a pele
acompanhados de u m a massagem suave.
ÂSsubstâncias activas peneiram nos tecidos
profundos. Os linimentos usam-se sobre-
luclo nas afecções reumáticas e musculares.

Extractos
Os extractos obtêm-se pela acção de um
dissolvente sobre as p a n e s activas da plan-
ta. No fim pode eliminar-se o dissolvente,
ficando unicamente os princípios activos
da planta. Como dissolventes utilizam-se o
álcool etílico, o propilenglicol, o éter, a gli-
cerina, diversos óleos e a água.

Tipos de extractos
O líquido extractivo resultante p o d e con-
centrar-se em diferentes graus, com o q u e
se obtêm diferentes tipos de extractos:
u m a c o r r e n t e de ar a alta t e m p e r a t u r a .
• Extractos líquidos: têm a consistência de Deste m o d o se c o n s e g u e q u e o dissol-
um líquido ligeiramente espesso. vente se evapore de forma rápida e de-
• Extractos fluidos: têm a consistência do sapareça por c o m p l e t o .
mel fresco. São os mais utilizados, devi-
do à sua facilidade de uso e à sua boa
Tinturas
conservação. Nos e x t r a c t o s fluidos, o
peso do produto obtido é o m e s m o q u e As tinturas são soluções alcoólicas com
o da planta seca utilizada para a sua ob- q u e se consegue u m a concentração muito
tenção. alta de certos princípios activos da planta,
• Extractos moles: têm consistência pas- precisamente os q u e são solúveis em álcool.
tosa, s e m e l h a n t e à do mel. ( ' o n t e m Preparam-se d e i x a n d o m a c e r a r a planta,
como máximo 2 0 % de água. bem seca e triturada, em álcool, à tempera-
tura ambiente, d u r a n t e dois ou três dias, ou
• Extractos secos: p o d e m ser reduzidos a até 15 dias c o m o no caso da arnica.
pó. Contém c o m o m á x i m o 5% de água.
A sua vantagem é a g r a n d e c o n c e n - I lá dois motivos pelos quais as tinturas se
Os usos externos são a
tração de princípios activos q u e a p r e - devem usar com grande precaução: forma mais segura de
sentam (I g de extracto seco equivale a aplicar as tinturas.
1. A sua elevada concentração de determi-
5 g d a planta). Ingeridas por via oral,
nados princípios activos. Por isso, não s<- devem ser empregadas com
• Ncbulizados: V. u m a das técnicas mais deve ultrapassar a dose prescrita, q u e muita precaução, dado o
modernas para a o b t e n ç ã o de extractos. n o r m a l m e n t e é de 15 a 25 gotas (de 3 a seu conteúdo alcoólico.
Consisto em atomizar ou vaporizar a so- 7 para as crianças pequenas) dissolvidas
lução extractiva e submetê-la e n t ã o a em água, três vezes ao dia.

G3
Cap. 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO

O unguento popúleo, que se prepara


com os brotos tenros rio choupo-negro,
tem um eleito muito benéfico contra as he-
morróidas (ver pág. 760). Os unguentos de
meimendro e de acónito, plantas tóxicas
por via interna, usaram-se durante muito
tempo como calmantes de nevralgias, ciá-
ticas e dores rebeldes.

Formas de emprego

Chegado o momento de utilizar uma


planta ou algum dos preparados elabora-
dos com plantas, distinguimos:
Nos unguentos, pomadas e
• Uso interno: Quando se ingere pela
cremes, os princípios boca. passando ao estômago e ao resto
activos acham-se 2. O seu conteúdo alcoólico: Mm hora a do aparelho digestivo. Dali exerce a sua
dissolvidos n u m excipiente quantidade de álcool que se ingere ao acção, quer deixando-se absorver e pas-
gorduroso, o que facilita a tomar umas golas de tintura não seja sando ao sangue, quer actuando direc-
sua absorção pela pele. muito elevada, pode ser suficiente paia tamente sobre a parede do tubo digesti-
produzir intolerância digestiva em pes- vo (como a libra ou as mucilagens de al-
soas sensíveis. As tinturas são contra-in- gumas plantas).
dicadas em caso de afecções hepáticas.
Internamente empregam-se as tisanas
Em geral, recomendamos que as tinturas (infusão, decocção ou maceração), e
se administrem unicamente em doentes também os óleos, xaropes, sumos, pós,
com padecimentos muito concretos, e sem- tinturas e outros preparados farmacêu-
pre sob indicação e vigilância médica. Em ticos galénicos.
nenhum caso se devem administrar a crian-
• Uso externo: Quando a planta ou os
ças pequenas. O mais recomendável é uti-
seus preparados se aplicam sobre a pele
lizá-las unicamente por via externa, como
ou as cavidades do organismo (boca, ou-
por exemplo as de acónito, alecrim, arnica
vido, vagina, etc.) sem passar ao tubo di-
ou cânhamo.
gestivo.
Para uso externo empregam-se as mes-
Unguentos mas tisanas, sumos, óleos e outras prepa-
Nos unguentos, os princípios activos cu- rações que paia o uso interno, embora
cou tram-se dissolvidos numa substância convenha que sejam mais concentradas
gorda. As gorduras mais usadas tradicio- Má que terem conta que muitas substân-
nalmente têm sido a vaselina, o azeite, a la- cias activas das plantas podem absorver-se
nolina e o sebo animal. Os unguentos são pela pele, quando se aplicam por via ex-
sólidos à temperatura ambiente, e amole- terna, passando assim ao sangue. Portanto,
cem quando se estendem sobre a pele com as plantas potencialmente tóxicas devem
uma fricção suave. As pomadas e os cremes ser aplicadas com prudência, mesmo em
preparam-se com outros excipientes gor- uso externo. Assim acontece, por exemplo,
dos elaborados pela indústria farmacêuti- com as pomadas e unguentos de acónito,
ca moderna. meimendro. cânhamo OU cicuta, utilizados

64
k SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 ° Parte: G e n e r a l i d a d e s y

Alecrim

r Plantas para utilizar em banhos

Para um banho com plantas medicinais, preparam-se 2-3 litros


de uma infusão ou decocção concentrada (40-80 g de planta por litro de
água). Deita-se a dita infusão ou decocção na banheira ao mesmo tempo que
desde a antiguidade para acalmar nevral- se coa, misturando-a com a agua do banho. Em vez de infusão ou decocção,
gias e dores reumáticas. podem usar-se 5 a 10 gotas de essência da planta.

Os banhos, clisteres, f o m e n t a ç õ e s , ba-


nhos de vapor e o n d a s aplicações cie hi-
droterapia, já têm em si mesmos efeitos cu- Planta Pág. Parte utilizada Acção
rativos, ainda q u e se laçam u n i c a m e n t e Abrótano-fêmea 470 Sumidades (infusão) Emoliente, relaxante e sedante
com água. Q u a n d o se fazem com unia ti- Alecrim 674 Sumidades floridas (infusão Tonificante
sana ou outra p r e p a r a ç ã o de p l a n t a s , os
Alfazema 161 Agua ou essência Relaxante e repousante
eleitos medicinais próprios destas plantas
somain-se aos da água, com o q u e se ganha Cálamo-aromático 424 Rizoma (decocção) Sedante em caso de insónia
cm eficiência. Camomila 364 Capítulos florais (infusão) Relaxante
Manjerona 369 Essência Anti-reumática e tonilicante

Banhos Maravilha 626 Óleo Suavizante da pele


Salva 638 Folhas (decocção) Embeleza a pele
Um banho consiste na imersão completa
Tomilho 769 Sumidades floridas (infusão Tonificante e anti-reumática
ou parcial do corpo em água, a q u e se po-
dem acrescentar p r e p a r a d o s de p l a n t a s Trevo-dos-prados 340 Flores e folhas (decocção) Suavizante da pele
medicinais, c o m o por exemplo:
• Infusões ou d e c o c ç õ e s c o n c e n t r a d a s :
Como norma geral, uma infusão ou de- As p e r n a s e a p a r t e s u p e r i o r do c o r p o
cocção para acrescentar posteriormente n ã o devem estar em contacto com a água.
à água do b a n h o p o d e fa/er-se com 40- O ideal é utilizar u m a b a n h e i r a especial
-80 g da planta (dois ou três p u n h a d o s para b a n h o s de assento, e m b o r a estes tam-
grandes) por cada litro de água. Para b é m se possam tomar n u m bidé, n u m a ba-
uma banheira de t a m a n h o normal, cos- cia larga, ou sentando-se n u m a b a n h e i r a
tuma ser suficiente preparar dois ou três com as pernas encolhidas E n q u a n t o se
litros de infusão ou decocção. U m a vez toma o b a n h o , deve-se friccionar suave-
coada, acrescenta-se à água da banheira. m e n t e o baixo v e n t r e ( a n a t o m i c a m e n t e
• Essências: Costuma ser suficiente utili- c h a m a d o hipogástrio) c o m u m a esponja
zar de "•> a 10 gotas de essência, dissolvi- ou um p a n o de algodão.
das na água da banheira. Os b a n h o s de assento p r o d u z e m um es-
Os banhos usam-sc e s p e c i a l m e n t e pelo tímulo circulatório na parle inferior do ab-
sen efeito anii-reumático, relaxante e seda- d ó m e n , q u e tem efeitos favoráveis sobre as
tivo (por exemplo, com abrótano-fêmea, al- vísceras q u e ali se alojam: intestino grosso,
fazema, cálamo-aromático, manjerona, tre- bexiga e órgãos genitais internos. Além dis-
vo). O banho com cálamo-aromático t o m a - so, actuam directamente sobre a pele e mu- Utensílios necessários para
te especialmente útil contra a insónia. cosas e x t e r n a s d o s ó r g ã o s genitais e do se preparar um banho de
assento: banheira, infusão
â n u s . T o r n a m - s e m u i t o eficazes nos se- ou decocção da planta para
Banhos de assento guintes casos: ser adicionada ã água,
coador e esponja ou luva
Para tomar um b a n h o de assento c o m • Afecções do ânus e do r e c t o , c o m o as de banho.
plantas medicinais, p r e p a r a m - s c um ou h e m o r r ó i d a s ou a fissura do ânus.
dois litros da decocção ou infusão a utilizar • Cistites e infecções urinárias.
(que g e r a l m e n t e é mais c o n c e n t r a d a do
que aquela q u e se utiliza para ingerir), e • Afecções da próstata.
despejani-se n u m a banheira, acrescentan- • Transtornos ginecológicos em geral, mas
do a água necessária até se atingir o nível em especial as regras dolorosas e as in-
do baixo ventre, por debaixo do u m b i g o . fecções genitais femininas.

bb
C a p . 3: FORMAS DE P R E P A R A Ç Ã O E E M P R E G O
f/

Plantas para utilizar em banhos de assento

Os banhos de assento com plantas medicinais são muito recomendáveis para as afecções do ânus e do recto, dos
órgãos urinários inferiores (bexiga e uretra), assim como dos órgãos genitais. Tomam-se tépidos ou frios, excep-
to quando baia espasmos abdominais ou fissura anal, casos em que devem tomar-se quentes.

Planta Pág. Preparação Indicações Acção Observações


Decocção com 100 g de sementes
Desinflama-as e Também se aplica em forma de
Alforva 474 trituradas (ou de farinha) por litro de água.
Hemorróidas redu-las cataplasma fria sobre o ânus
Deixar ferver durante um quarto de hora
Também se pode usar
Decocção com 30-40 g de folhas e casca Sedante e
Aveleira 253 empapando compressas
de ramos jovens por litro de água Hemorróidas anti-inflamatória
que se aplicam sobre o ânus
Decocção com um punhado de folhas,
Anti-séptica
Cardo-santo 444 caules e/ou flores de cardo-santo, Hemorróidas
por cada litro de água e cicatrizante

Cicatriza e detém a 0 banho de assento deve ser


208 Decocção com 60-80 g de casca Hemorróidas pequena hemorragia quente, de uns 10 minutos de
Carvalho
por litro de água e fissuras anais que as acompanha duração

Decocção de 50 g de casca de ramos Acalma a dor e reduz


251 Hemorróidas
da-índia jovens e/ou sementes por litro de água as hemorróidas

Infusão com 30-50 g de flores ou de frutos Transtornos Regula e normaliza


Chagas 772 0 banho tem de ser quente
por cada litro de água menstruais as regas

Reduz-lhes o tamanho
Decocção com 50 g de gálbulos (frutos)
Cipreste 255 Hemorróidas e alivia a dor que
por litro de água produzem

Decocção com 20 g de planta Acalma a dor e Também se aplica em forma de


Escrofulária 543 Hemorróidas
por litro de água reduz-lhes o tamanho compressas sobre o ânus

Decocção com 100 g de folhas e/ou Cicatrizante Recomendam-se duas ou três


Nogueira 505 Hemorróidas
nogalina (cascas verdes) por litro de água e anti-inflamatória aplicações por dia

Decocção com 30-40 g de casca da raiz Hemorróidas e Anti-inflamatória


Ratània 196
por litro de água infecções genitais e adstringente

Decocção com 50-80 g de folhas e brotos Desinflama-as Aplica-se também em forma de


Silva 541 Hemorróidas
de silva por litro de água e evita que sangrem compressas sobre o ânus

Decocção com 50-100 g de planta Também se pode usar em


Tanchagem 325 Hemorróidas Desinflama os tecidos
por litro de água clisteres

N o r m a l m e n t e o s b a n h o s d e assento to- Fissura anal: esta afecção caiai teri/.a-se


nnam-se com água fria ou morna, a m e n o s pela d o r ao defecai, q u e nalguns casos
que se Indique o c o n t r á r i o . Desta forma se é a c o m p a n h a d a da emissão de algumas
o b t é m um m a i o r efeito tonificante. No en- gotas de s a n g u e . Não se deve confundir
t a n t o , existem casos em q u e é preferível c o m as hemorróidas. Em caso de fissu-
usar água quente: ra convém aplicar banhos de assento
• Espasmos abdominais: c a u s a d o s , p o r quentes, enquanto que. quando se tra-
e x e m p l o , p o r cólicas digestivas, cistites te de hemorróidas, se recomenda que a
«ni d i s m e n o r r e i a (regias dolorosas). água esteja fria.

66
A SAÚDE P E U S PLANTAS MEDICINAIS
a
I Parte: G e n e r a l i d a d e s

Os banhos de assento com plantas


medicinais podem-se preparar facilmente
em casa, como se expõe na página 65.

Os banhos quentes aos pés


(pedilúvios) sáo muito
eficazes para
descongestionar a cabeça
em caso de constipação ou
gripe.

Os banhos às mãos
(manilúvios) dão resultados
muito bons contra as
A duração de um b a n h o de assento deve Banhos às mãos (manilúvios) frieiras.
ser curta (inferior a 3 minutos) caso se faça
com água fria, e n q u a n t o p o d e c h e g a r aos Ou manilúvios, ou banhos às mãos, apli-
10 minutos se a água for m o r n a ou q u e n t e . cam-se c o m êxito p a r a m e l h o r a r a circu-
Normalmente tomam-se u m o u dois p o r lação s a n g u í n e a nas e x t r e m i d a d e s s u p e -
dia, ou mesmo três. E conveniente renovar riores. Devem tomar-se tépidos ou p o u c o
todas as vezes a água. q u e n t e s . Para fazer d e s a p a r e c e r o eritema
p é r n i o (frieiras) e as mãos frias e arroxea-
Banhos aos pés (pedilúvios) das devidos a espasmos das artérias, reco-
m e n d a m - s e os manilúvios de g i n k g o (ver
Os pedilúvios, ou b a n h o s aos pés, quan- pág.234).
do se t o m a m q u e n t e s , t o r n a m - s e m u i t o
úteis para aliviai - as d o r e s de cabeça, (es-
pecialmente se se juntar à água farinha de Cataplasmas
mostarda), e para m e l h o r a r a circulação
nas pemas (com Tolhas de videira ou de ur- A.s cataplasmas p o d e m preparar-se de di-
tiga-branca, por e x e m p l o ) . Fa/.em-se nor- versas maneiras:
malmente a c r e s c e n t a n d o aos 3 ou 5 litros • Com farinha de sementes (linho, mos-
necessários para o pedilúvio, um litro da tarda, alforva): Amassa-se a farinha com
mesma infusão ou d e c o c ç ã o q u e se reco- água até formar u m a pasta uniforme e
menda tomar pela boca. fluida. Seguidamente aquece-se num re-

67
Cap. 3: fORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO
/

As cataplasmas de plantas
medicinais exercem um
grande efeito anti-
-inflamatório sobre a pele e
os tecidos profundos.

tites, dores menstruais, ele. (grãos de


milho, linho, tomilho).
• Peitorais e anti-inflamatórias: O protó-
tipo destas compressas é a que se prepa-
ra com farinha de linhaça (sementes de
linho). Pode-se acresc cniar-lhes um
pouco de mostarda para que tenham,
além disso, eleito revulsivo.
• Revulsivas: Atraem o sangue para a
pele, descongestionando os órgãos in-
ternos. Prescrevem-se sobretudo em
afecções reumáticas. Preparam-se, por
exemplo, com malmequer-dos-brejos,
urtigas, mostarda ou arruda.

Técnica de aplicação das cataplasmas


Na aplicação tias cataplasmas convém ler
em conta <> seguinte:
• Temperatura: As cataplasmas aplicam-se
cipiente, agitando-se sempre, até que quentes, entre 40° e 50°C. Uma forma
adquira uma consistência pastosa. Apli- prática de conseguir isto é aquecê-las
ca-se sobre a pele com uma espessura de com um ferro de engomar, durante al-
um ou dois centímetros, protegida com guns minutos, envolvidas numa fronha
um pano de algodão ou de flanela. ou num pano.
• Com folhas ou raízes de plantas frescas • Protecção da pele: As cataplasmas com
esmagadas (agrião, bardaria, cebola, con- efeito revulsivo, especialmente as que
As compressas aplicam-se solda, couve): Esmagam-se num almofa- contenham farinha de mostarda, cha-
empapando um pano n u m riz até obter uma papa uniforme, que se madas sinapismos, podem provocar irri-
liquido obtido a partir da estende sobre um pano e se aplica fria ou tação na pele, pelo que devem envolver-
planta medicinal (tisana,
sumo, e t c ) .
quente, conforme seja necessário. -se cuidadosamente num pano de flane-
la. Pata as restantes basta uma gaze.
• Com frutos (morangos, figos), esmaga-
dos e envolvidos num pano. • Duração: de 5 a 10 minutos. É melhor
fazer várias aplicações cúrias ao longo
Utilidade das cataplasmas do dia, do que uma única prolongada.
As cataplasmas, permanecendo durante Compressas
longo tempo em contacto com a pele, re-
forçam diversas propriedades das plantas, As compressas tornam-se mais fáceis de
como, por exemplo, as seguintes: usar do que as cataplasmas, embora o seu
efeito também se torne menos imenso.
• Cicatrizantes (a/.edas, bardaria, couve,
consolda, figos, tanchagem). Técnica de aplicação das compressas
• Resolutivas, para amadurecer e provo- As compressas fa/.em-se da seguinte ma-
car o esvaziamento de abcessos e forún- neira:
culos (abacate, alforva, borragem, linho,
1. Impregnar um pedaço de gaze ou flane-
mandioca).
la numa tisana, sumo, (intuía ou outro
• Analgésicas e sedativas, para cólicas, cis- preparado líquido.

68
jh

Fomentaçoes
Técnica de aplicação

1 ^m 4 ^n
a(A ^ ^

r"),^ S, ^5

> ^

1. Preparar um ou dois litros de uma infusão ou decocçao 4.Cobrir estes dois panos com um cobertor de lã, para
da planta adequada. Normalmente convém que seja um conservar o calor. Está provado que a lã é o material que
pouco mais concentrada do que o habitual (de 50 a 100 melhor conserva o calor, mesmo quando está húmida ou
g por litro de água). Também se podem acrescentar, a um molhada. (Foto ©)
ou dois litros de água quente, 5 a 10 gotas de essência
da planta. 5. Passados 3 minutos, quando o pano húmido já começa
2.Quando o líquido descrito estiver bem quente, submer- a arrefecer, volta-se a empapar no líquido quente.
ge-se nele um pano ou toalha de algodão. (Foto O)
6. A aplicação das fomentaçoes deve durar de 15 a 20 mi-
3. Escorrer o pano e aplicá-lo sobre a zona a tratar, prote- nutos. Terminar com uma fricção de água fria sobre a
gendo a pele com outro pano seco. (Foto ©) zona tratada.

-'//•
C a p . 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO

I Fortmentações com plantas medicinais


) As fomentações com plantas tornam-se especialmente efica-
zes, pois aos efeitos terapêuticos próprios da água e do calor
adicionam-se os da planta medicinal utilizada. Aplicam-se sobre a zona
afectada em cada caso. As suas indicações mais importantes são: le que se empapa na infusão ou decocção
1. Dores de costas causadas por afecções reumáticas, por artrose, ou medicinal: um seco por baixo, para prote-
por tensão muscular. Recomenda-se especialmente em caso de lum- ger a pele, e ouiro por cima para conser-
balgia (dor de rins) ou de ciática. var o calor.
Plantas recomendadas: harpagófito, alfazema, alecrim, carvalho.
Usam-se sobretudo em afecções respira-
2. Cólicas ou espasmos abdominais: biliares, intestinais ou renais.
tórias (catarros e bronquite), inflamações
Plantas recomendadas: laranjeira (flores), camomila, alfazema, salva.
da garganta e da traqueia, cólicas (renais,
3. Infecções agudas da garganta e das vias respiratórias: laringite, tra- hepáticas ou intestinais) e dores ciáticas.
queíte, bronquite. Nestes casos fazem-se com a mesma tisana
Plantas recomendadas: abeto, pinheiro, eucalipto, tomilho, tussilagem. que se recomenda para o viso interno, com
o qual se reforça a sua acção.

Loções e fricções
As loções e as fricções fazem-se com uma
infusão, decocção, maceração ou sumo,
2. Aplicá-lo sobre a zona de pele afectada, que se estende com uma ligeira massagem
durante um tempo que depende de cada sobre a pele. As fricções aplicam-se da mes-
planta (de 5 a 10 minutos geralmente). ma maneira, geralmente com óleos essen-
ciais (ver pág. 96), e com uma massagem
3. Se a ga/.e ou flanela se secar, voltar a im-
mais enérgica.
pregná-la. É melhor renovar as com-
pressas frequentemente e aplicá-las vá- Podem-se aplicar com a mão ou com um
rias vezes ao dia, em vez de manter a pano suave impregnado no líquido.
mesma durante muito tempo.
Algumas plantas podem tingir a pele Indicações das loções e fricções
quando se aplicam em compressas, espe- As loções têm as seguintes aplicações:
cialmente as que contém taninos (amieiro,
carvalho, nogueira). Uma fricção com • Afecções da pele em geral (por exem-
sumo de limão pode ajudar a restabelecer plo com amor-perfeito, arandos, equi-
a cor normal da pele. nácea, folhas de oliveira, maravilhas, sa-
namunda, saponária, tomilho, tussila-
Indicações das compressas gem ou urtiga).
As compressas usam-se como cicatrizan- • Prurido, ou seja, comichão na pele (bor-
tes e anti-séplicas em feridas e úlceras da ragem, erva-moura, verónica).
pele (agrimónia, alcaçuz, amieiro, avelei-
ra, carvalho, cavalinha, cebola, chagas, cou- • Beleza: eliminação da celulite, embele-
Os banhos de vapor com ve, hera, maravilha, nogueira), para a be- zamento da pele ou emagrecimento
foJhas de tília limpam, leza da pele (hamamélia, morangueiro, ro- (equinácea, gilbarbeira, morangueiro,
suavizam e embelezam a
pele do rosto. seira, tília), para os olhos (camomila, fi- roseira).
dalguinhos), ou como analgésicas e cal-
mantes (lúpulo, visco-branco). • Reumatismo (alfazema, loureiro).
• Afugentar os mosquitos (absinto).
Fomentações
B a n h o s d e vapor c o m plantas
As fomentações aplicam-se como as
compressas, mas com 0 líquido à tempe- Os banhos de vapor com plantas apli-
ratura máxima que a pele possa suportar. cam-se sobre a cabeça, o tórax ou até sobre
Colocam-se mais dois panos, além daque- o corpo todo.

70
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s Y..

Técnica dos banhos de vapor com plantas


Estes banhos de vapor ía/em-se da se-
guinte maneira:
1. Colocar uma panela de água a ferver
com as plantas OU essências a utilizar, em
cima de um banco. A panela deve estar
tapada. Km vez de plantas, podem-se
juntar à água 2 ou 3 gotas de um óleo es-
sencial.
2. O doente senta-se numa cadeira c cobre-
-se com uma toalha grande ou um
lençol, de forma que não se escape o va-
por.
3. Destapar a panela progressivamente
para deixar sair o vapor.
4. A aplicação dura de 10 a 15 minutos, até
que deixe de sair vapor.
5. Convém terminar com uma fricção de
água fria ou álcool sobre a zona que es-
teve exposta ao vapor.

Indicações dos banhos de vapor com


plantas Os gargarejos e bochechos
2. Inclinar a cabeça para trás. feitos com flores e cascas
Os banhos de vapor com plantas são de de romãs são muito úteis
grande utilidade para combater as afec- 3. Tentar pronunciar a letra 'a' de forma em caso de faringite,
ções respiratórias: sinusite, faringite, larin- prolongada, durante meio ou um mi- gengivite |inflamação das
nuto. gengivas) e parodontose
gite, traqueíte, catarros bronquiais e bron- (afrouxamento e queda dos
quite. Também são indicados no caso de 4. Deitar fora o líquido da boca: Nunca se dentes).
otite. Facilitam a eliminação do muco, ger- deve engolir, pois se supõe que esteja
mes e restos celulares depositados nas mu- contaminado com as substâncias resi-
cosas respiratórias, com o que se acelera o duais.
seu processo de regeneração e cura.
5. Repete-se todo o processo durante 5 a
10 minutos.
Gargarejos
Os gargarejos são uma forma fácil e sim- Indicações dos gargarejos
ples de aplicar as plantas medicinais sobre Os gargarejos actuam sobre a mucosa que
o interior da garganta. reveste o fundo da boca, a faringe (gargan-
ta) e as amígdalas (anginas). Limpam a imi-
Técnica dos gargarejos cosidade, os germes e os restos de células
Os gargarejos fazem-se da seguinte ma- mortas e de toxinas que se depositam nessa
neira: zona em caso de irritação, de inflamação ou
1. Tomar, sem engolir, um sorvo de tisana de infecção. Têm efeito emoliente (suavi-
(geralmente infusão) morna. Não se de- zante), anti-séptico e adstringente (secam,
vem usar líquidos muito quentes nem desinílamam e cicatrizam).
muito concentrados. As plantas que mais se usam para os gar-

71
Cap. 3: FORMAS DE PREPARAÇÃO E EMPREGO

Colírios
Os colírios são líquidos utilizados para
tratar as afecções dos olhos ou das pálpe-
bras.
Devem ser pouco concentrados, não
irritantes, e aplicados a uma temperatura
morna. Recomenda-se fa/.ê-los com in-
fusões preparadas com água previamente
fervida, ou com decocções, para conseguir
uma maior esterilidade. São muito utiliza-
dos os colírios de agripalma, camomila,
eufrásia, lidalguinhos ou folhas de videi-
ra.

Lavagens o c u l a r e s
Ás lavagens oculares (aos olhos) fazem-
-se empapando uma compressa na de-
cocção de uma planta, e deixando escor-
rer suavemente o líquido do lado da fon-
te para o do nariz (de fora para dentro).
A semelhança do que acontece com os
colírios, é preferível fazer as lavagens ocu-
lares com infusões para as quais se tenha
fervido previamente a água, ou com de-
cocções, para que o líquido que entra em
contacto com o olho esteja estéril. Omco
minutos de fervura é suficiente para con-
seguir uma esterilidade adequada

As lavagens ocufares devem Clisteres


fazer-se deixando escorrer o garejos são: abrunheiro-bravo, alecrim,
líquido a partir da fonte Os clisteres, ou enemas, consistem na in-
amieiro, historia, casca e folhas de casta-
para o nariz, pois é este o trodução de um líquido no intestino gros-
trajecto seguido nheiro, cebola, cinco-em-rama, drias, epi-
so através do ânus, por meio de um briga-
normalmente pelas lóbio, gatunha, hidraste, moranguciro,
dor com um tubo de borracha. O líquido
lágrimas. nogueira, ratãnia, roniã/.eiía, sabugueiro, a introduzir pode ser uma infusão ou de-
sanamunda, tanchagem, tormentila e ver- cocção pouco concentrada, á temperatura
bena. do corpo (37°C).

Bochechos Precauções na aplicação cie clisteres


Os bochechos consistem em mover um
Quando se aplica um distei-, devem to-
sorvo de líquido (geralmente infusão ou
mar-se algumas precauções:
decocção) em todos os sentidos, dentro
da boca. São muito úteis em caso de esto- 1. Colocar O paciente sobre o sevi lado di-
matite, gengivite, piorreia e outras afec- reito, com as pernas encolhidas.
ções da boca e dos dentes. Fa/cm-sc com 2. Introduzir a ponta do irrigado! com a
as mesmas plantas que os gargarejos. ajuda de azeite ou vaselina.

72
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

Os cJisteres com infusões


ou decocçoes de plantas
medicinais conjugam a
acção de limpeza da água
com os efeitos medicinais
das plantas.

3. Evitar que o líquido entre a unia espasmos digestivos (assa-íétida) ou


pressão excessiva, não elevando o reci- diarreias dos lactentes (salgueirinha).
piente que o contém a mais de um me-
tro acima do nível do doente. • Eliminar os parasitas intestinais (alho,
quãssia, tanaceto).
4. É suficiente um volume de 300-500 ml de
líquido. Nas crianças bastam 100-200 ml.
Irrigações vaginais
5. O paciente tem de reter o líquido du-
rante 5-10 minutos. Uma irrigação vaginal consiste na intro-
dução de infusões ou decocçoes pouco
6. Não aplicar mais de três dis teres num concentradas, e à temperatura do corpo
dia. Deverá evitar-se aplicá-los depois (37°C), na vagina, por intermédio de uma
das refeições. cânula ou brigador especial.
7. Em muitos casos, é necessária a pres-
crição e supervisão de um médico. As plantas mais utilizadas para estas irri-
gações são: historia, cinco-em-rama, malva,
pé-de-leão, pimpinela-oficinal, ratânia,
Objectivos dos disteres
romázeira, roseira, salgueirinha, salva e sal-
Com os enemas, pretende-se: guei ro-branco.
• Esvaziar o recto e o intestino grosso em Aplicam-se em caso de vaginite e leucor-
caso de prisão de ventre, especialmente reia (corrimento excessivo). No caso de
quando seja devida a uma afecção febril gravidez deve-se evitar todo o tipo de irri-
ou infecciosa (por exemplo com folhas gações vaginais.
de oliveira, malva ou sene-da-índia).
Quando se faz uma irrigação vaginal é
• Desinflamar o ânus e o recto em caso de necessário aplicar pouca pressão, para evi-
fissuras, hemorróidas e inflamações tar que o líquido suba para o útero, cuja ca-
anais (com carvalho, tanchagem ou za- vidade está normalmente fechada pelo
ragatoa). colo uterino. E recomendável que as irri-
• Desinflamar o intestino grosso em caso gações vaginais se apliquem sob vigilância
de colite ou diarreia (erigerâo, malva), médica.
Uso seguro das plantas medicinais
Primeiro que tudo adoptar um estilo de vida são

Antes de aplicar qualquer planta medicinal de


forma regular ou continuada (aliás c o m o em 3. Usar unicamente plantas bem identificadas: O
qualquer outro tipo de tratamento), é necessá- mais recomendável e seguro é que se encontrem en-
rio ter em conta o seguinte: vasilhadas, correctamente etiquetadas e sob a garan-
tia de um laboratório ou profissional farmacêutico.
As leis de muitos países, incluindo os da União Euro-
peia, proíbem a venda ambulante de plantas medici-
1. Procurar a causa dos transtornos, por pouco im- nais.
portantes que possam parecer. Tomar umas plantas
(como qualquer outro medicamento) com o único ob-
jectivo de acalmar ou de neutralizar certos sintomas,
pode produzir um alívio momentâneo.
Contudo, se a causa desses sintomas persistir, a 4. Evitar a automedicação irreflectida: O ideal é
doença continuará a progredir até se manifestar com que as plantas medicinais sejam receitadas ou reco-
maior intensidade, e então pode ser demasiado tarde mendadas por um médico competente.
para se curar.
Todavia, a legislação sanitária na maior parte dos paí-
Perante qualquer sintoma estranho, é necessário sub- ses regista um certo número de espécies de plantas
metermo-nos a um diagnóstico médico, feito por pro- de uso habitual, que se podem usar livremente, sem
fissionais competentes, com meios e procedimentos receita médica. Neste caso, fala-se de automedi-
científicos. Só depois disso se poderão aplicar com cação responsável: A própria pessoa decide que
segurança os tratamentos à base de plantas medici- plantas vai tomar, mas de forma responsável, isto é,
nais, ou quaisquer outros. informando-se previamente das propriedades das di-
tas plantas, assim como das possíveis precauções
que o seu uso requeira.

2. Eliminar hábitos nocivos para a saúde:


Se os sintomas ou transtornos se deverem a hábitos
malsãos ou a um estilo de vida pouco saudável, o tra- 5. Precaução ao usar uma planta durante longos
tamento com plantas acabará por ter pouca utilidade; e períodos de tempo: Como norma geral, deve-se evi-
até poderia chegar a ser contraproducente, ao disfarçar tar o uso continuado de uma mesma planta durante
determinados sintomas enquanto persiste a sua causa. mais de dois ou três meses. Quando isto possa pare-
O primeiro passo para o restabelecimento da saúde cer necessário, convém informar-se bem dos possíveis
deve ser a adopção de um estilo de vida são, elimi- efeitos secundários indesejáveis da dita planta, além
nando os hábitos nocivos que possam existir. De bem de obter o conselho de um médico.
pouco serviria tomar plantas mucolíticas ou expecto-
rantes para tratar a bronquite, continuando a fumar ou
a respirar ar contaminado, por exemplo.
A maior parte das doenças crónicas nos países de-
senvolvidos estão directamente relacionadas com os 6. Prudência com as grávidas e as crianças: É
hábitos alimentares inadequados e com o consumo de preciso ser-se especialmente prudente no momento
substâncias tóxicas como o tabaco, as bebidas alcoó- de lhes administrar uma planta medicinal, como aliás
licas e outras drogas. qualquer outro medicamento (ver págs. 101-102).

~'S/
74
Ah*
Casos
práticos 1. Procurar a causa dos transtornos
João é um homem robusto de 55 anos, que nunca ti-
nha sofrido de transtornos importantes. Desde há mais
de um ano perdeu o apetite; e certos alimentos, como
por exemplo a carne, provocam-lhe repulsa e até mes-
mo náuseas.
Automedica-se com umas plantas que lhe recomen-
daram uns vizinhos da aldeia, muito eficazes -segun-
do garantem- para abrir o apetite. Nos primeiros me-
ses conseguiu alguns resultados, mas ultimamente,
embora não sinta dores, o apetite não melhora, ema-
O uso adequado das pjantas medicinais, j u n t a m e n t e greceu, e finalmente decide-se a ir ao médico.
com outros hábitos de vida sá, pode impedir que as Um exame endoscópico ao estômago mostra que a
debilidades do nosso organismo evoluam até se trans-
causa da sua inapetência (fastio) é um cancro no estô-
formar em doenças declaradas.
mago. O tumor já se encontra demasiado adiantado
para se poder prognosticar um bom resultado cirúrgico
Este é um caso típico de cancro do estômago. Se João
tivesse procurado a causa do seu sintoma no princi-
pio, logo que este apareceu, o prognóstico da sua
doença teria sido muito mais favorável.

2. Eliminar hábitos nocivos para a saúde


Marcelo é camionista e passa muitas horas sentado
ao volante. Sofre de hemorróidas que frequentemen-
te se inflamam e sangram.
Marcelo gosta de
comida forte, mui-
to condimentada
com pimenta ou
malagueta pican-
te. Na fruta, qua-
se nem toca. Ele
próprio nota que,
quando come comida muito picante, piora das hemo-
rróidas. Mas descobriu umas plantas que lhe reco-
mendaram numa farmácia, com as quais toma uns
banhos de assento que o aliviam muito. Assim conti-
nua com as suas comidas picantes, e quando se vê
em apuros, toma um banho de assento.
Mas as hemorróidas
foram piorando, até

<Í que um dia sentiu


) uma dor anal muito
intensa, que não
melhorava com as
plantas nem com nada. O seu médico assistente man-
dou-o de urgência para o cirurgião de serviço, com o
diagnóstico de trombose hemorroidal, uma compli-
cação muito dolorosa das hemorróidas.
Se Marcelo tivesse adoptado uma alimentação mais
sã, as hemorróidas não teriam progredido. Nesse
caso, os banhos de assento com plantas a que habi-
tualmente recorria teriam sido suficientes para melho-
rar e até para curar a sua doença.

75
PRINCÍPIOS ACTIVOS

UMÁRIO DO CAPÍTULO
0 laboratório vegetal
Ácidos orgânicos 92 As plantas são uns laboratórios bioquí-
Açúcares 78 micos extraordinários. A partir de substân-
Alcalóides 84 cias tão simples como a água (I I.-O) da ter-
Amido 78 ra e 0 anidrido carbónico do ar (CO2), são
Antibióticos 87 capazes de produzir amido (hidrato de car-
Cálcio 83 bono ou glfcido), devolvendo além disso
Celulose 79 oxigénio (()-•) ao ar.
Essências 90 Esta reacção química, conhecida como
Fécula, ver Amido 78 Fotossíntese, é processada graças à clorofi-
Ferro 83 la contida nas lollias das plantas, que (ap-
Flavtnióidcs, ver Glkósidos Jlavonóides 88 ta a energia do Sol e a transforma cm ener-
Fósforo 83 gia química.
Glícidos 78
Glkósidos 85 Fará sermos mais exactos, esla reacção
Gorduras 80 química indica-nos que, com seis molécu-
Hidratos de carbono 78 las de água e outras tantas de anidrido car-
Inulina 80 bónico, se produz uma de glicose e seis de
lodo 84
oxigénio (ver quadro da página contígua).
Lípidos 80 Numa segunda fase, as moléculas de gli-
Magnésio 83 cose polimeri/.am-se (unem-se entre si)
Minerais 83 para formar amido e celulose, que são as
As plantas são capazes de Mucilagens 79 substâncias mais abundantes do reino ve-
produzir uma ampla getal. Ambas têm a mesma fórmula quími-
Óleos 80
variedade de princípios ca, e diferem unicamente pela forma como
activos, a partir de Óleos essenciais, ver Essências 90
substâncias tão simples Oligoelementos 84 estão unidas as moléculas de glicose que as
como o vapor de água e o Pectina 79 constituem.
anidrido carbónico do ar, e Potássio 84 A partir da glicose e do amido produzi-
do azoto e outros Proteínas 81
elementos minerais.
dos nas lollias, combinando-os com os sais
Resinas 90 minerais que absorvem pela raiz, as plan-
Rutina, ver Glkósidos Jlavonóides . , . 88 tas sintetizam lípidos (gorduras), essências,
Saponinas ver Glkósidos saponínkos . 88 glicósidos, taninos, vitaminas e outros prin-
Silício 84 cípios activos. As proteínas e os alcalóides
Taninos 93 produ/em-se na raiz, a partir dos nitratos
Vitaminas 81 do solo, de onde são transportados para o
resto da planta por meio dos vasos condu-
tores do caule e das suas ramificações.
Dista forma as plantas sintetizam uma
grande variedade de substâncias químicas.
Até agora já se identificaram cerca de
12 000 diferentes, e, com toda a certeza,
ainda restam muitas por descobrir e anali-

76
Fotossíntese
A base química da vida na Terr

A fotossíntese processa-se em duas fases:


Primeira fase:
6H2O + 6CO2 •C6H12O6 + 6O2
Água + Anidrido carbónico = Glicose + Oxigénio
Segunda fase:
n (C6H12O6) • n (CeHioOs) + n (H2O)
Várias moléculas de glicose unidas = Amido + Várias
moléculas de água

A partir de duas substâncias inorgânicas, a água (que


retiram do solo) e o anidrido carbónico (gás que faz
parte do ar), as plantas produzem glicose e depois
amido, duas substâncias orgânicas que fazem parte
da matéria viva. A partir da glicose, do azoto mineral e
de outros elementos do solo, os vegetais produzem to-
das as demais substâncias de que são formados, me-
diante uma complexa série de reacções químicas.
Esta extraordinária reacção química que é a fotossín-
tese só é possível graças à clorofila, pigmento verde
que se encontra exclusivamente nas plantas, e que ac-
tua como catalizador ou facilitador da reacção.
A fotossíntese é a base química da vida sobre o nos-
so planeta. E, embora possa parecer-nos simples,
nenhum laboratório foi capaz de reproduzir esta re-
acção bioquímica. Graças a ela, o simples torna-se
complexo; a matéria inorgânica transforma-se em
orgânica. Dito de outro modo: A matéria morta -do
solo e do ar- transforma-se em matéria viva - o vege-
tal.

Funções das foIh

1. Elaboração da seiva a partir 2. Produção de o x i g é n i o e de 3. Armazenamento de nutrien-


das substâncias absorvidas vapor de água, como resul- tes como o amido, açúcares,
pela raiz. tado da fotossíntese. vitaminas, etc.

'''/
n
Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS

tose (monossacáridos), e a sacarose (dis-


sacárido). Encontram-se sobretudo nos
Irutos. Os organismo» animais utili/ain-nos
como fonte básica de energia, pelo que
têm eleito tonificante.
Os diabéticos têm de ingeri-los sob con-
trolo, embora tendo sempre cm conta que
a mesma quantidade de açúcar é muito
mais bem tolerada se for tomada junta-
mente com as vitaminas, a libra vegetal, os
ácidos orgânicos e os restantes componen-
tes dos frutos, do que se for tomada como
produto químico puro em forma de açúcar
Os princípios activos
contidos nas plantas
refinado (branco) de mesa.
medicinais, náo só aliviam A frutose acha-se presente, em conjunto
os transtornos mas também sar. Dentre iodas estas substâncias, dá-se o
regulam os processos vitais com a glicose, nos frutos maduros. Ao con-
e previnem a doença. nome de princípios activos àquelas que trário desta última, a frutose não precisa da
apresentam uma acção específica sobre o insulina para ser aproveitada pelo organis-
organismo. Segundo n siui natureza quí- mo, pelo que é muito mais bem tolerada
mica, classilicam-se em vários grupos que por quem sofra de diabetes (falta de insu-
convém conhecer: glícidos, lípidos, proteí- lina) .
nas, vitaminas, minerais, alcalóides, glicó-
sidos, essências e resinas, ácidos orgânicos, O.s frutos descritos nesta obra, mais ricos
taninos. Vamos pois deler-nos um pouco a em açúcares, são: bérberis, alfarrobas,
estudá-los. arandos, cainito, cerejas, framboesas, mo-
rangos, groselha, anona, figos, medronhos,
ananás, uvas e amoras de silva. Os caules da
cana-de-açúcar são muito ricos em saca-
Hidratos de carbono rose.

Amido
Os hidratos de carbono, conhecidos tam-
bém como glícidos, são substâncias com- O amido é o glícido (hidrato de carbo-
postas de hidrogénio, oxigénio e carbono. no) mais representativo dos que são pro-
São muito abundantes nos vegetais, que os duzidos pelas plantas, A sua molécula é um
produzem por meio da fotossíntese. polímero, formada pela união em cadeia
de numerosas moléculas de glicose. As suas
Para uma melhor compreensão descre-
propriedades são:
vemos separadamente os tipos de glícidos
ou hidratos de carbono mais importantes • Energética: As enzimas digestivas rom-
que se acham presentes nas plantas: açú- pem as moléculas de amido, libertando
cares, amido, celulose, mucilagens, pecti- a glicose, que é o combustível (energia)
na e inulina. mais importante para as nossas células.
• Emoliente: Tem acção suavi/anic e anti-
Açúcares -inflamatória sobre a pele e as mucosas.
()s açúcares são glícidos (hidratos de car- A maior parte das plantas produz amido
bono) simples, solúveis cm água e de sabor como substância de reserva nas raízes e nas
doce. Os mais comuns são a glicose c a fru- sementes. As mais ricas em amido, dentre

70
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

1" P a r t e : G e n e r .1 I 1 cl B O e s

as tratadas neste livro, são: aveia, castanhas,


lírio (raiz), mandioca (raiz), milho.

Celulose
A celulose 0 u m a fibra vegetal insolúvel.
É o hidrato de c a r b o n o mais a b u n d a n t e
nos vegetais. Kmbora o nosso o r g a n i s m o
não seja capa/ de assimilá-lo (o dos rumi-
nantes sim), d e s e m p e n h a uma i m p o r t a n t e
função mecânica no intestino: a de facili-
tar o avanço das fezes e evitar a prisão de
ventre.

Mucilagens
As mucilagens são derivados dos glícidos
cie consistência gelatinosa, q u e têm a pro-
priedade de reler água (efeito hidrófilo),
pelo que incham e a u m e n t a m de volume.
As mucilagens têm as seguintes acções:
• Lubrificam e protegem a c a m a d a m u -
cosa de t o d o o t u b o digestivo, q u e re-
O amor-perfeito-bravo
veste o seu interior desde a boca até ao (Viola tricolor L.) contém
ânus. Actuam l o c a l m e n t e , sem ser ab- mucilagens e saponinas,
sorvidas para o s a n g u e . Protegem tanto de q u e se administrem tanto nas colites que lhe conferem
da irritação m e c â n i c a p r o d u z i d a p e l o (efeito anti-inflamatório) c o m o na pri- propriedades suavizantes,
são de ventre. anti-inflamatórias e
movimento do bolo alimentar, ou das fe-
cicatrizantes. As loções e
zes, como da irritação química produzi- • Emolientes e anti-inflamatórias, aplica- lavagens com a sua infusão
da pelos sucos digestivos (especialmen- combatem eficazmente a
das sobre a pele.
te os ácidos) e pelas fermentações intes- secura, as estrias e as rugas
tinais. A isso se deve o seu efeito emo- • Antilússicas: Sobre o a p a r e l h o respira- da pele, pelo que é muito
tório, suavizam as mucosas irritadas em apreciado como cosmético.
liente (suavizante), anti-infiamatoiio e
ligeiramente laxante. Tornam-se úteis caso de laringite ou traquefte, acalman-
em todas as afecções inflamatórias do do a tosse.
aparelho digestivo: esofagite, gastrite, úl-
Os vegetais com maior c o n t e ú d o em mu-
cera gastroduodenal, gasti enterite, coli-
cilagens são: allóiva. alga-peilada, alteia,
te, proctite ( i n f l a m a ç ã o d o recto), fissu-
amor-perfeito-bravo, b o r r a g e m , couve-, li-
ras anais e hemorróidas.
n h o , líquen-da-islândia, malva, polipódio,
• Obesidade: Se se t o m a r e m mucilagens salguei ri n h a . sul irião-n incho ( o r q u í d e a ) ,
com água, fazem a u m e n t a r o volume do t a n c h a g e m , tussilagem e zaragatou.
bolo alimentar no estômago, produzin-
do sensação de s a c i e d a d e . Daí q u e se
Pectina
usem para combater a obesidade-. No in-
testino, a u m e n t a m o volume- das fezes, A pectina é um glícido (hidrato de- car-
com o que facilitam o seu trânsito e ex- b o n o ) epie n ã o é absorvido no intestino
pulsão em caso de prisão de- ventre- cró- mas actua localmente c o m o lubrificante e
nica. Isto explica o a p a r e n t e p a r a d o x o suavizante paia a passagem das fezes, â se-

79
Cap. 4: ICIPIOS ACTIVOS

car tem a particularidade de não precisar


da insulina para o seu metabolismo, pelo
que os diabéticos o toleram muito melhor
do que à glicose. Além disso, favorece a.s
funções do ligado.
A inulina (sem V) não se deve confun-
dir com a insulina (com V ) , que é a hor-
mona que o pâncreas segrega e que regu-
la o nível da glicose (açúcar) no sangue.
Um baixo nível de produção de insulina
ou a falia dela -caso dos diabéticos-, pro-
voca a subida do nível de glicose no sangue
e na urina.

Os frutos da oliveira ('Olea Lípidos ou gorduras


europaea' L.) proporcionam
o mais medicinal de todos
os óJeos. O chamado
Os lípidos ou gorduras são substâncias
azeite, da azeitona, actua
como laxante, colagogo, cujas moléculas são formadas pela união
emoliente e regulador do da glicerina ou outros álcoois, com dife-
colesterol. rentes ácidos gordos. Contém hidrogénio,
oxigénio, carbono e, nalguns casos, fósfo-
ro. As plantas produ/em-nos a partir dos
hidratos de carbono, como substâncias de
reserva energética.
melhança do que fazem as mucilagens ou
a fibra vegetal de celulose. Os lípidos usam-se pelas suas proprieda-
des nutritivas e energéticas, e pela sua
Contêm-na sobretudo a.s maçãs, e tam- acção suavizante e emoliente. São ricos em
bém outros frutos, como por exemplo: os lípidos: o abacate, a alfarroba, a aveia, as
abrunhos, as alfarrobas, os arandos, as cas- avelãs, as azeitonas, o cacau, a alga espiru-
tanhas, as cerejas, a goiaba, a rosa-canina, lina, o gérmen de milho, as sementes de gi-
as sorvas e o tamarindo. rassol, as nozes.

Inulina Óleos
A inulina é um glícido formado por ca- Os óleos são substâncias gordas líquidas
deias de moléculas de frutose, em vez de â temperatura ambiente, que se extraem
glicose como o amido. C.hama-se assim por por pressão a frio e decantação (também
ter sido descoberta na raiz da énula (Inala por meio de dissolventes e outros proces-
helenium L.). Encontra-se sobretudo nas ra- sos industriais), dos frutos e das sementes
ízes como material de reserva (alcachofra, das plantas.
bardana, carlina, chicória, consolda-maior,
São compostos por esteies da glicerina
denlc-de-lcão. énula, equinácea e petasi-
com ácidos gordos mono ou polinsatura-
te).
dos e, ao contrário das gorduras animais,
A inulina transfoi ina-se em frutose (açú- apresentam a propriedade de reduz-ir o co-
car da fruta) durante a digestão. Este açú- lesterol no sangue.
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 •' Parte: G e n e r a l i d a d e s

Não se devem confundir com os óleos es-


senciais ou essências (ver "Essências", pág.
90).
Os óleos usam-se pelas suas proprieda-
des:
• Laxantes (de azeitona, azeite) ou pur-
gantes (de cártamo, de rícino).
• Hipolipemiantes, isto é, redutores do
colesterol no sangue (de sementes de al-
godoeiro, do azeitona, de dormideira,
ou de girassol; de gérmen de milho, de
onagra, ou de grainha de uva).
• Emolientes (de sementes de algodoeiro,
de linho, ou de oliveira). O azeite da oli-
veira, o rei dos óleos, também se usa
como dissolvente dos princípios activos
de outras plantas postas a macerai nele
(por exemplo, sementes de urucu ou su-
midades de hipericão). Desta forma se
aplica externamente sobre queimaduras
e diversas afecções da pele.

Proteínas
A luzerna (Medicago sativa
Todas as plantas produzem e contêm L.J é muito rica em
proteínas em maior ou menor proporção. proteínas de grande valor
São substâncias complexas, cujas molécu- te (também rico em lípidos ou gorduras), biológico, além de conter
vitaminas, minerais e
las são formadas por cadeias de aminoáci- as alfarrobas, a alforva, a aveia, as avelãs, a enzimas.
dos. Contêm hidrogénio, oxigénio, carbo- bodelha (alga), o cacau, as castanhas, o
no e nitrogénio (a/.olo). milho.
Algumas proteínas são de grande valor
biológico, devido ao seu conteúdo em ami-
noácidos essenciais, islo é, aqueles que o
organismo humano não pode produzir. Es- Vitaminas
tas proteínas de grande valor biológico, im-
prescindíveis na dieta {los seres humanos,
encontram-sc não só nos alimentos ani- As vitaminas são substâncias de natureza
mais mas também em muitos dos vegetais. química muito variada que têm em comum
Assim, por exemplo, a alga espirulina, o o seguinte:
gergelim, a luzerna e as nozes, são espe-
• Actuam como biocatalizadores de nu-
cialmente ricos em proteínas de grande va-
merosas reacções químicas, pelo que se
lor nutritivo.
tornam imprescindíveis para a vida. Um
Outras plantas, tratadas nesta obra, de biocatalizador é um catalizador orgâni-
elevado conteúdo proieínico são: o abaca- co, li um catalizador, em química, é

81
Cap 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS

Vitamina Bi2
A vitamina B12 é produzida por certas
bactérias, seres vivos que fazem parle do
reino vegetal. Os mamíferos superiores, es-
pecialmente os herbívoros, obtêm a vita-
mina B12 das plantas que ingerem, que ha-
bitualmente se acham contaminadas por
bactérias produtoras de Biv. Os animais ar-
mazenam esta vitamina nos seus tecidos,
especialmente no ligado. O leite e os ovos
também contêm vitamina B12. Portanto, a
fonte primária da vitamina B12 são deter-
minadas bactérias que a produzem, e que,
apesar de serem microscópicas, também
são vegetais.
Os seres humanos não têm a mesma ca-
Cada tipo de vitamina
exerce uma função
pacidade que têm os animais, de absorver
preventiva e benéfica sobre todo o produto que, sem chegar a fazer a vitamina Br.» que se encontra nas bacté-
o nosso organismo. Os parle dos produtos finais da reacção, rias que contaminara os vegetais; ou então,
frutos das plantas torna possível que esta se produza, ou a possivelmente, os vegetais que ingerimos,
constituem uma boa fonte acelera. por estarem mais limpos, não contêm tan-
de vitaminas. A goiaba tas bactérias como aqueles que os animais
(Psidium guajaba' L.J é • Não podem ser produzidas pelo nosso
muito rica em vitaminas A, organismo, pelo que têm de ser ingeri- ingerem. O facto é que os humanos que se-
B e sobretudo C, o que das com regularidade. guem uma dieta estritamente vegetariana
explica o seu efeito podem sofrer deficiências de vitamina B12,
tonificante sobre o Os vegetais são a fonte mais importanle- se bem que isto aconteça com menor fre-
organismo. de vitaminas para o nosso organismo, ex- quência do que seria de esperar. A alimen-
cepto da D, que é sintetizada na nossa pele tação vegetariana complementada com
por acção dos raios solares. ovos e leite proporciona as pessoas saudá-
veis uma quantidade suficiente de Bw.
Damos seguidamente uma relação das
principais vitaminas e das plantas analisa- A alga espirulina (ver pág. 27(3) é uma
das nesta obra que são ricas em cada uma das fontes mais ricas de vitamina Bi2 que se
dessas vitaminas: conhecem; mas não porque a dita alga a
produza; antes porque habitualmente está
Provitamina A (caroteno) contaminada por umas bactérias muito ri-
cas na dita vitamina.
Contêm provitamina A numa percenta-
gem elevada: agriões, cacau, cenouras, ce-
rejas, framboesas, sementes de girassol, Vitamina C
goiabas, luzerna, maçãs, papaias. Beldroegas, cocleária, couve, framboe-
sas, goiabas, laranjas, limões, rosa-caniua,
Vitaminas do grupo B sorvas, são boas fontes naturais de vitami-
na c.
Abacate, aipo, aveia, cacau, cerejas, den-
te-de-leão, espirulina, gergelim, ginseng,
sementes de girassol, morangos, moi ugem, Vitamina E
nozes, são plantas ricas em vitaminas do Agriões, espirulina, girassol, milho, ger-
complexo B. gelim, são plantas ricas em vitamina K.

82
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S _

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

Vitamina P
Espargos, gilbarbeira, laranjas, lu/.erna,
c a/guinas outras plainas q u e se analisam
nesta obra, são boas fontes cie vitamina P.
A vitamina P t a m b é m se c h a m a rutina (ver
pág.88).

Minerais

Depois de se q u e i m a r u m a planta seca,


toda a matéria orgânica Uca calcinada, e a
suas cinzas são os minerais da planta.
Normalmente, os á t o m o s dos minerais
contidos nas p l a n t a s a c h a m - s e u n i d o s a
moléculas de ácidos, f o r m a n d o desta ma-
neira sais minerais. Vejamos os m i n e r a i s
mais importantes para o ser h u m a n o , q u e
se encontram nas plantas analisadas nesta
obra:

Cálcio
O cálcio é indispensável para a formação
dos ossos. Intervém nas funções do coração
e do sistema n e r v o s o . Encontra-se espe-
cialmente nas s e g u i n t e s plantas: aljôfar,
aveia, borragem, cebolas, gergelim, goia-
bas, luzerna, maçãs, nozes, pulmonária, ur-
liga-maior.

Fósforo «O vinho, tomo-o nos


cachos», dizia o famoso
O fósforo intervém t a m b é m na c o m p o - cientista francês Luís
sição dos ossos e no sistema n e r v o s o . Magnésio Pasteur. As uvas sáo uma
Conlêm-no: alforva, aveia, cebolas, cenou- O m a g n é s i o c u m p r e i m p o r t a n t e s fun- fonte muito apreciada de
vitaminas e minerais,
ras, gergelim, goiabas, luzerna, maçãs, no- ções no s a n g u e e nos ossos. Encontra-se
especialmente de ferro.
zes. e m : cebolas, couves, gergelim, maçãs, m o
r u g e m , tília.
Ferro
Potássio
O feiro é imprescindível para a pro- O potássio é um diurético muiio seguro,
dução de s a n g u e . A b u n d a e m : a b a c a t e , especialmente se aparece a c o m p a n h a d o
agrião, azedas, cerejas, espirulina, gerge- de ílavonóides ou saponinas. Encontramo-
lim, goiabas, labaça, maçãs, q u e n o p ó d i o - -lo e m : alcachofras, a r e n á r i a , bico-de-ce-
-bom-henrique, urtíga-maior, uvas. g o n h a , cardo-penteador, cavalinha, cebo-

83
/ Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
V

-penteador, na grama, na morugem, na


sempre-noiva e na urtiga-maior.

Iodo
O iodo é imprescindível para o desen-
volvimento do sistema nervoso e para o
funcionamento da glândula tiróide. En-
contra-se no agrião, na alga-perlada, na b<>-
delha e na laminaria.

Oligoelementos
Os oligoelementos são minerais (enxo-
A cavalinha ('Equisetum
arvense' L.j é uma das
fre, cobre, /.inço, manganésio, etc), que se
plantas mais ricas em encontram nas plantas, e também no nos-
oligoelementos minerais, so organismo, em pequeníssimas quanti-
especialmente em silício. A dades (oligo = pouco em grego). Contudo,
isto se deve o seu efeito cumprem importantes funções metabóli-
regenerador sobre os cas. Geralmente actuam como biocataliza-
tecidos. O seu uso, t a n t o
por via interna como
dores de determinadas reacções químicas
externa, aumenta a pureza nos seres vivos.
da pele e fortalece as unhas Todas as plantas contêm quantidades
e o cabelo.
mais ou menos importantes destes ele-
mentos, que retiram do solo. As plantas sil-
vestres, que crescem em terrenos não cul-
tivados, costumam ser mais ricas em oligo-
elementos do que as cultivadas. Os terre-
nos de cultura intensiva empobrecem com
o tempo em tais elementos, especialmente
quando se usam adubos minerais inorgâ-
nicos, que contem apenas determinados
minerais e não toda a gama de oligoele-
mentos.

Alcalóides
las, cenouras, cerejas, grama, limões, or-
lossilão, parielária, uvas. Os alcalóides são substâncias azotadas
muito complexas, de reacção alcalina, e
Silício que mesmo em pequenas doses produzem
O silício contribui para a elasticidade e grandes efeitos sobre todo o organismo.
beleza da pele, assim como para a força do São substâncias muito activas, que po-
cabelo e das unhas. Torna-se muito reco- dem resolver doenças graves, mas que tam-
mendável na artrose e na osteoporose. En- bém podem intoxicar se não se usarem
contra-se sobretudo na cavalinha, e tam- correctamente. É o caso da colquicina do
bém no aljôfar, na borragem, no cardo- cólquico ou açafrão-bastardo (pág. 666),

M
A SAUCE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s V..

Pervincd

Plantas com alcalóides ' \

Os alcalóides são substâncias muito activas produzidas por algumas plantas,


como as que aparecem nesta tabela. Em geral, estas plantas devem usar-se
com prudência, e algumas delas unicamente sob vigilância médica.
que detém de Forma espectacular os sinto-
nias de um ataque de gota; da reserpina da
rauvólfia (pág. 242), q u e faz d e s c e r a Planta Pág. Alcalóide Acção
pressão arterial e equilibra o sistema ner- Acónito 148 Aconitina Anestésica e analgésica
voso em caso de d o e n ç a s m e n t a i s ; ou da Agripalma 224 Leonurina Emenagoga
vincaniinada pervinca (pág. 214), q u e me- Alcaçus 308 Atropina Parassimpaticolitica
lhora notavelmente a circulação sanguínea
Aveia 150 Avenina Tonficante
no cérebro.
Beladona 352 Atropina Parassimpaticolitica
Os alcalóides, tomados j u n t a m e n t e com
Beladona 352 Hiosciamina Parassimpaticolitica. alucinogénia
o resto dos p r i n c í p i o s activos da planta
Bérberis 384 Berberina Colagoga e tonificante
muna tisana, iornam-.se m e n o s perigosos
doque q u a n d o se tomam isoladamente em Boldo 390 Boldina Colerética e colagoga
forma de extractos purificados ou fárma- Buxo 748 Buxina Febrífuga
cos (ver capítulo 6, "Da planta ao medica- Cacaueiro 597 Teobromina Estimulante, diurética
mento*, pág. 64). Assim, o ó p i o , q u e con- Cafeeiro 178 Cafeína Estimulante, excitante
tém uma mistura de mais de 25 alcalóides.
Calumba 446 Berberina Colagoga e tonificante
entre os quais a morfina, é mais seguro de
administrai' do q u e a morfina pura. Chá 185 Cafeína (teína) Estimulante, excitante
Cicuta 155 Coniina Sedante, analgésica
Acresce ainda q u e n e m todos os alcalói-
des são igualmente activos, n e m se encon- Coca 180 Cocaína Excitante
tram nas mesmas percentagens. Com t u d o Cólquico 666 Colquicina Anti-inflamatória, analgésica
isto queremos indicar q u e muitas plantas Doce-amarga 728 Solanina Sedante, narcótica
que tem alcalóides p o d e m ser usadas c o m o Erva-moura 729 Solanina Sedante, narcótica
remédios caseiros com total segurança, res- Estramónio 157 Atropina Parassimpaticolitica
peitando as doses e indicações, c o m o é o
Estramónio 157 Hiosciamina Parassimpaticolitica, alucinogénia
raso da aveia, do boldo ou do alcaçuz. No
entanto, o uso de certas p l a n t a s q u e Fumaria 389 Fumarina Anti-inflamatória.anti-nistamínica
contêm alcalóides r e q u e r u m a p r u d ê n c i a Hidraste 207 Berberina Colagoga e tonificante
especial e, sendo possível, vigilância médi- Ipecacuanha 438 Emetina Emética, expectorante
ca, como indicamos em cada caso. Mate 182 Cafeína Estimulante, excitante
Mate 182 Teobromina Estimulante, diurética
Meimendro-negro 159 Atropina Parassimpaticolitica
Glicósidos Meimendro-negro 159 Hiosciamina Parassimpaticolitica, alucinogénia
Pervinca 244 Vincamina Vasodilatadora
Quina 752 Quinina Febrífuga, tonificante
As moléculas dos glicósidos. t a m b é m
Rauvólfia 242 Reserpina Hipotensora, sedante
chamados heterosidos, são constituídas do
ponto de vista q u í m i c o pela u n i ã o de dois Tabaco 183 Nicotina Estimulante, depressora
tipos de substâncias:
• um glícido (açúcar), q u e p o d e ser a gli-
cose, a pentose, ou outros. são m u i t o variadas. Para q u e os glicósidos
• uma substância n ã o açucarada, chama- libertem a sua parte activa, a genina, é pre-
da genina ou aglicona. q u e p o d e ser um ciso q u e se produza uma reacção química
ácido, uni álcool, OU o u t r o c o m p o s t o de hidrólise catalizada por uma enzima.
orgânico. Km geral, os glicósidos são substâncias
As p r o p r i e d a d e s d o s glicósidos d e p e n - muito activas, q u a n d o p e n e t r a m no orga-
dem da natureza química da sua genina, e nismo h u m a n o . Por isso as plantas q u e os

85
Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
*/

Cebola j z a k

Plantas com substân- i | | •!


cias antibióticas '"m|y§

Mostram-se nesta tabela os antibióti-


cos mais importantes presentes nas
plantas descritas nesta obra. Do pon-
to de vista químico, a maior parte de-
les são glicósidos.

Planta Pág. Antibiótico


Alcaçus 308 Liquiritina
Alho 230 Bissulfureto de alilo
Bardana 697 Arctiopicrina
Carlina 749 Carlinóxido
Cebola 294 Bissulfureto de alilpropilo
Chagas 772 Glicotropeolina
Enula 313 Helenina
As antocianinas, Equinácea 755 Equinacósido
substâncias que dão a cor
Pilosela 504 Umbeliferona
viva a certas flores como a
rosa, têm acção medicina/. Pulsatila 623 Anemonina
Rabanete e Rábano 393 Gluco-rafenina
Rorela 754 Naftoquinonas (plumbagona)
Uva-ursina 564 Hidroquinona

contêm devem ser doseadas e administra-


das com prudência.
r Segundo a sua composição química e a
Cor dos glicósidos acção que têm, os glicósidos classificam-se
antocianínicos em: antocianínicos, antraquinónicos, car-
(antocianinas) mentos que comunicam a cor azul, violeta
diotónicos, cianogenéticos, cumarínicos,
ou vermelha a certas flores, frutos e raízes.
fenólicos, ílavonóides, saponínicos e sulfu-
Um mesmo pigmento é capaz de apresen-
Meio Cor rados.
tar diversas cores, dependendo da reacção
Alcalino (básico) Azul G l i c ó s i d o s antocianínicos do meio em que se encontra.
Neutro Violeta
Os glicósidos antocianínicos também são As antocianinas actuam como anti-sépti-
Ácido Vermelho conhecidos como antocianinas. São os pig- cas, anti-inflamatórias e protectoras capila-
res. Encontram-se especialmente nas se-
guintes plantas: arandos, fldalguinhos,
malva, monarda, roseira, salgueirinha, vi-
Decomposição dos glicósidos deira e violetas.

\ Para que os glicósidos actuem dentro do organismo, é neces- G l i c ó s i d o s antraquinónicos


sário que as suas moléculas sejam decompostas pela acção As geninas dos glicósidos antraquinóni-
de uma enzima específica para cada glicósido, que se encontra também cos são formadas por diversos derivados do
na planta. Desta forma se liberta a genina, que é a parte activa do gli- núcleo antraquinónico; e os açúcares que
cósido. Vejamos dois exemplos: os compõem são a glicose, a ramnose ou a
Planta glicósido + enzima = genina + glícido arabinose.
Alho aliína + aliinase = dissulfureto de alilo + açúcar Estes glicósidos são inactivos no seu esta-
Mostarda sinigrina + mironase = essência sulfurada + açúcar do natural. Por acção de umas enzimas
produzidas pelas bactérias intestinais, li-
berta-se a genina, que é o princípio activo.

8G
A SAÚOE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 • Parte: G e n e r a l i d a d e s

Antibióticos nas PK
plantas
• •
"
Os antibióticos são substâncias químicas produzidas por seres vivos, ge-
ralmente vegetais, que são capazes de destruir ou de deter o crescimento
Este processo tem lugar no intestino gros- de outros seres vivos como bactérias, vírus e outros microrganismo. Luís
so, pelo que a sua acção laxante ou purga- Pasteur, o grande biólogo francês do século XIX, já previu que «a vida pode
tiva se manifesta a partir de seis horas após destruirá vida», embora naquela época não se tivessem ainda descoberto
terem sido ingeridos. os antibióticos.
Têm as seguintes acções: A maior parte dos antibióticos que se usam em terapêutica procedem de
vegetais inferiores, como as bactérias ou os fungos. Não obstante, as plan-
• Laxante ou p u r g a n t e ( c o n f o r m e a tas superiores também produzem antibióticos, ainda que em quantidades
dose). Efeito seguro e p o t e n t e . Actuam muito pequenas. Estes têm uma estrutura química mais complexa que a dos
estimulando OS movimentos pcrisláhicos produzidos pelos vegetais inferiores, e nalguns casos é pouco conhecida.
do intestino grosso e d i m i n u i n d o a ab- Tudo isto dificulta o seu isolamento, a sua dosagem e utilização clínica. Tal-
sorção de água. C o m o resultado, as te- vez por isso, os antibióticos produzidos pelas plantas superiores são pou-
zes passam mais r a p i d a m e n t e e são me- co conhecidos e utilizados. A investigação química e farmacêutica está a
nos secas. desenvolver-se neste campo, e são de esperar interessantes progressos
num futuro próximo.
• Digestiva, colcrética e colagoga.
Km geral desaconselha-se o seu uso pelas
grávidas, d u r a n t e a m e n s t r u a ç ã o , em caso
de cólicas, ou q u a n d o se sofra de h e m o r -
Glicósidos cianogenéticos
róidas (ver pág. 99).
As plantas mais ricas em glicósidos an-
A genina dos glicósidos cianogenéticos é
traquinónicos são: aloés, amieiro-negro, ca-
o ácido cianídrico, substância m u i t o tóxi-
nafísiula. cáscara-sagrada, espinheiro-cer-
ca, q u e p o d e libertar-se m e d i a n t e a masti-
val, granza, ruibarbo e sene-da-índia.
gação, c o m o a c o n t e c e c o m a s a m ê n d o a s
amargas, as s e m e n t e s das ameixas e de ou- _ s ,..._,
. T , - • i r» - ° glicósidos contidos na
Glicósidos cardiotónicos trás plantas da cfamília botânica das Rosa- d e d a f e i r a r D igitalis
ceas. Em doses altas p o d e provocar intOXl- purpúrea' L.l exercem um
A genina dos glicósidos cardiotónicos é cações. notável efeito sobre o
formada por um núcleo ciclopentano-per- coração, aumentando a
hidiofenanti e n o , q u i m i c a m e n t e s e m e - força das suas contracções.
lhante aos sais biliares, ao colesterol, às
hormonas sexuais e a outras substâncias de
grande actividade biológica. O a ç ú c a r
constituinte é a glicose, a galactose ou di-
versas pen toses.
A sua acção consiste em a u m e n t a r a
força contráctil do coração, e em regular o
seu ritmo. As suas substâncias são m u i t o
potentes, com r e s u l t a d o s e s p e c t a c u l a r e s
em muitas afecções do coração. Dcvcm-sc
dosear e administrar com prudência, e sem-
pre sob vigilância médica.
A planta mais usada pelos seus glicósidos
cardiotónicos é a dedaleira, insubstituível
no tratamento de muitos d o e n t e s . O u t r a s
são: adónis-da-itália, asclépia, cacto-gran-
difloro, ceboia-albarra, gracíola e lírio-dos-
-vales.

87
C a p . 4 : P R I N C Í P I O S ACTIVOS
V

a arbutina, contida sobretudo na uva-iusi-


na, e também na damiana, no medronhei-
ro e na urze.

Glicósidos flavonóides

A genina dos glicósidos flavonóides é for-


mada pela ílavona e seus derivados. Cons-
tituem um amplo grupo de substâncias
químicas, cuja propriedade comum é a de
reforçar a parede dos capilares, melho-
rando os intercâmbios de substâncias nu-
tritivas e de oxigénio entre o sangue que
por eles circula e os tecidos. São também
A hera (Hedera Helix' L.) é diuréticas (por exemplo, a cavalinha), to-
mu/to rica em saponinas de nificantes do coração (pilriteiro), hemos-
acção cicatrizante e Os glicósidos cianogenéticos de interesse táticas (como a bolsa-de-pas(or, devido ao
analgésica. medicina! obtêm-se das folhas do louro-ce- flavonóide diosmina) e anti-infiamatórias.
Por isso se aplica rejo ou loureiro-real, assim como a casca
localmente sobre a pele. da cerejeira-da-virgínia. Têm acção sedati- A rulina, também chamada rutósido ou
va e aiitíespasmódica. vitamina P, é um dos glicósidos flavonóides
mais activos. Encontra-se na arruda, no es-
pargo, na gilbarbeira, na laranjeira e outras
Glicósidos cumarínicos plantas cítricas, na pimenta-d'água, no sa-
A genina dos glicósidos cumarínicos, bugueiro e na tussilagem.
também denominados lactónicos, assim
como os seus derivados, são as substâncias
responsáveis pelo típico cheiro a feno que Glicósidos saponínicos
exalam certas plantas herbáceas. Estes gli-
cósidos possuem propriedades anticoagu- As geninas dos glicósidos saponínicos,
lantes (a vitamina K ou dicumarol é um de- chamadas sapogeninas ou saponinas, são
rivado da cumarina), antiespasmódicas geralmente derivados tcrpénicos. Têm a
(por exemplo, a bisnaga, útil na angina de propriedade de diminuir a tensão superfi-
peito), antibióticas (bardana, pilosela) e cial da água, provocando a formação de es-
sobretudo venotónicas (castanheiro-da-ín- puma como faz o sabão. In vitro produzem
dia). melilolo, gilbarbeira). hemólise (destruição dos glóbulos verme-
lhos).
A esculina é o derivado cumarínico mais
activo sobre o sistema nervoso. Encontra- As suas acções mais importantes são:
se sobretudo no castanheiro-da-índia, e fez
parte de vários preparados farmacêuticos • Expectorantes: fluidificam as secreções
contra as varizes, hemorróidas e edemas. mucosas, facilitando assim a sua expec-
toração (por exemplo: alcaçuz, polígala-
-da-virgínia, primavera, saponária, ver-
Glicósidos fenólicos basco, violeta).
Os glicósidos fenólicos libertam a genina • Diuréticas (como a salsapai rilha-baslar-
hidroquinona, de potente ac cão anti-séptica
da).
c anti-inflamatória sobre os órgãos uriná-
rios. O mais importante destes glicósidos é • Cicatrizantes e analgésicas (hera).

88
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
1

Nas últimas décadas, a


investigação químico-
-farmacêutica tem feito
notáveis progressos,
identificando a maior parte
dos princípios activos
presentes nas plantas
medicinais. Agora sabemos
como e porquê actuam a
maior parte das plantas que
antigamente eram usadas
simplesmente por tradição
ou intuição.

89
//,

Procedimentos para
a obtenção das essências
• Destilação: Faz-se por meio de um dispositivo cha- floral também se encontram presentes pequenas quan-
mado alambique. Aquece-se a água que existe no fundo tidades de óleos essenciais em suspensão. As águas
do alambique até à ebulição. Os princípios voláteis das florais usam-se principalmente em perfumaria, embo-
plantas colocadas sobre a água são arrastados pelo va- ra na actualidade se comecem já a investigar as suas
por. Estes vapores, que contêm os óleos essenciais da aplicações medicinais.
planta, passam a um círculo refrigerante, onde arrefe-
cem e se condensam, formando o líquido destilado. Uma • Pressão: Este método consiste na aplicação de
vez terminado o processo, deixando-se repousar o líqui- pressão sobre as partes activas da planta, até se extrair
do destilado, ficam separadas por decantação duas a essência. Emprega-se especialmente para obter as
fracções deste mesmo líquido: essências contidas na casca dos citrinos (laranja, limão
e mandarina).
-o óleo essencial (essência), que fica por cima flu-
tuando, por ser de menor densidade e insolúvel na • Extracção com dissolventes: Consiste na dissolução
água, e dos princípios aromáticos das plantas num dissolvente
-a água floral (hidrossol), formada pelo vapor de água volátil, que posteriormente se evapora deixando um re-
condensado juntamente com as substâncias hidrosso- síduo seco muito aromático chamado essência abso-
lúveis da planta que foram arrastadas por ele. Na água luta.

Vapor arrastando a
essência

Saída da água
refrigerante

Saída da
água floral
(hidrossol)

Alambique para a destilação de óleos essenciais ou essências

'ss
91
Cap. 4: PRINCÍPIOS ACTIVOS
r/

Ácidos orgânicos

Nas plantas encontra-se uma grande va-


riedade de ácidos orgânicos, que se con-
centram especialmente nos frutos. São os
seguintes: cítrico, málico e tartárico, salicí-
lico, oxálico e ácidos gordos.

Á c i d o s cítrico, m á l i c o e tartárico
Qs ácidos cítrico, málico c tartárico são
muito abundantes nos frutos e nas bagas,
embora a sua concentração vá diminuindo
á medida que amadurecem. Aumentam a
produção de saliva e limpam a cavidade bu-
cal, produzindo sensação de frescura (efei-
to refrescante) e diminuindo o número de
bactérias causadoras das cáries e das in-
fecções da boca.
Aumentam também a produção de sucos
gástricos, pelo que têm efeito aperitivo.
Além disso, são ligeiramente laxantes e
diuréticos.
Os sumos de fruta são
muito ricos em ácidos
orgânicos, além de Á c i d o salicílico
conterem açúcares, sais
minerais e vitaminas. uma essência: o resíduo viscoso que fica, é O ácido salicílico é um ácido de tipo fe-
a resina. A. composição química das resinas nólico que tem três acções principais: anti-
c uma mistura muito complexa de: glíci- -inflamatória, analgésica (acalma a dor) e
dos, ácidos orgânicos, essências terpénicas, antipirética (faz baixar a febre). Usa-se
álcoois, ésteres, etc. com notável êxito em diversas afecções reu-
São muitas as plantas que produzem re- máticas.
sina, mas só algumas delas se usam para
fins medicinais. As propriedades das resi- O ácido salicílico encontra-se em estado
nas são muito variadas: natural em valias plantas (ver tabela tia pá-
gina seguinte). A partir dele obtem-se um
• Purgantes, como a resina de podoíllo, derivado, o ácido acetilsalicílico (a popu-
que lambem se usa externamente con- lar aspirina), que. a indústria farmacêutica
tra as verrugas. conseguiu produzir por processos de sín-
• Anti-sépticas urinárias, como, por exem- tese química sem necessitar do ácido sali-
plo, a da copaíba. cílico natural.
• Antiespasmóclicas, como a da assa-fétida. A aspirina tem as mesmas propriedades
• Rubefacientes e anti-reumáticas: a do que o ácido salicílico natural, mas mais in-
pinheiro (a sua resina chama-se colofó- tensas, pelo que podem produzir com mais
nia), a do abeto e a do guaiaco. facilidade efeitos secundários indesejáveis.

92
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

1"* P a r t e : G e n e r a l i d a d e s V.,

Plantas que contêm


ácido salicílico

O ácido salicilico é um precursor do


acido acetilsalicílico, vulgarmente co-
nhecido como aspirina. As plantas que tas ciladas neste livro, encontram-se no
contêm ácido salicilico constituem
uma alternativa natural ã aspirina e a abacate, no girassol {semente), na espi-
outros fármacos analgésicos ou antt- rulina e na nogueira (no/).
•inftamatôrios.
Ácido oleico: É um ácido monoinsatu-
rado, principal componente do azeite
Planta Pag. Partes utiliz? de oliveira, que também se encontra no
Maravilha 626 Flores abacate. Contribui para regular o nível
Morangueiro 575 Frutos do colesterol.
Macieira 513 Frutos
Amorperleito-bravo 735 Toda a planta
Pé-de-leão 622 Toda a planta Taninos
Primavera 328 Rizoma , raiz
Pulmonária 331 Toda a planta
Salgueiro-branco 676 Casca Os taninos são compostos fenólicos que
Ulmeira 667 Sumidades coagulam a gelatina e outras proteínas, for-
mando uma camada seca e resistente à pu-
tivfacçáo sobre a pele e mucosas. Possuem
propriedades adstringentes, hemostáticas,
Ácido o x á l i c o anti-sépticas e tonificantes. Secam e dão re-
O ácido oxálico é um dos mais abundan- sistência à pele e às mucosas, favorecendo
tes no mundo vegetal, especialmente nas a resolução dos processos inflamatórios e a
folhas verdes. A sua fórmula química é cicatrização.
HOOC-COOií. Normalmente acha-se as-
O seu sabor é muito amargo e áspero, e As folhas e a casca do
sociado ao potássio e ao cálcio, com os
nalgumas plantas pode tornar-se excessivo castanheiro são muito ricas
quais Forma sais minerais. Nas pessoas pro- em taninos, o que lhes
ou indesejável. Chega a provocar into-
pensas a isso, estes sais, que se eliminam confere propriedades
lerância em estômagos delicados. As tisa-
pela urina, têm tendência a precipitar-se adstringentes.
nas obtidas por maceração têm a vantagem
formando cálculos urinários. Por isso se de-
de extrair outros princípios activos da plan-
saconselha o uso das plantas ricas em áci-
ta c apenas uma quantidade mínima de ta-
do oxálico, como por exemplo as azedas, o
ninos.
ruibarbo e a aleluia, a quem sofra de litía-
se urinária (pedras nos rins). Ingeridos em doses elevadas, os taninos
podem impedir a absorção de certos mi-
nerais como o cálcio e o ferro, assim como
Ácidos g o r d o s das vitaminas. Por isso, não .se recomenda to-
Os ácidos gordos são, juntamente com a mar plantas ricas em tanino durante perío-
glicerina, o principal componente das gor- dos prolongados de tempo (mais de um
duras. Entre os mais importantes figuram mês), de forma continuada.
os seguintes:
Os taninos encontram-se muito reparti-
• Ácidos linoleico e linolénico: São ácidos dos por todo o reino vegetal. As plantas
gordos polinsaturados, chamados es- mais ricas em taninos são: agrimónia,
senciais porque o nosso organismo ne- amieiro, avenca, historia, carvalho, casta-
cessita deles, mas não é capa/, de produ- nheiro, chá, chias, faia, hamamélia, me-
zi-los por si mesmo. Cumprem impor- dronheiro, morangueiro (folhas), noguei-
tantes funções no organismo, especial- ra, pé-de-leão, ratânia, salgueirinha, silva,
mente no tecido nervoso. Entre as plan- tormentila e ulmeiro.

93
Aromate
O emprego terapêutico dos óleos essenciais (essências

O poder dos aromas


Antes de chegarem aos pulmões e passarem ao san-
gue, as moléculas de essência estimulam as células
olfactivas que se encontram no interior das fossas
nasais [1].
Estas células são na realidade neurónios que, atra-
vés do nervo olfactivo, enviam impulsos eléctricos
com a mensagem olorosa codificada. O nervo olfac-
tivo [2] conduz o estímulo até diversas partes do cé-
rebro: à amígdala e ao hipocampo do lóbulo tempo-
ral [3], sede da memória; ao tálamo [4], sede das
emoções; e, sobretudo, ao hipotálamo [5], e através
dele, à hipófise [6], centro regulador da produção de
hormonas de todo o organismo.
A relação entre o nervo olfactivo, o tálamo, o hipotá-
lamo e a hipófise, poderia explicar os conhecidos efei-
tos reguladores dos aromas sobre o sistema neuro-
-hormonal.

A aromaterapia, que literalmente quer dizer 'tratamento por


meio dos aromas', constitui na realidade uma forma de fi-
toterapia ('tratamento por meio das plantas*). As proprie-
dades curativas dos óleos essenciais já eram conhecidas
desde tempos muito antigos, embora de forma meramen-
te empírica. Hoje sabemos a razão por que os óleos es-
senciais produzem determinadas acções fisiológicas sobre
o organismo. Não obstante, resta ainda muito por investigar
acerca do mecanismo pelo qual certos aromas conseguem
influir sobre o estado de espírito e inclusivamente sobre o
comportamento.
Para se obter um bom resultado, os tratamentos com óleos
essenciais devem durar entre uma e três semanas, aplica-
dos de qualquer das seguintes formas:
1. difusão atmosférica,
2. fricção sobre a pele,
3. banhos com essências,
4. via interna.

'''/
'.)•!
//s<

1. Difusão atmosférica
É a forma mais importante de aproveitar as propriedades
curativas dos óleos essenciais. Estes podem passar para
o ar mediante vários procedimentos:
• Por simples evaporação, colocando umas gotas sobre
as costas da mão ou em cima de uma fonte de calor
como, por exemplo, um radiador, e aspirando o aroma.
Também se pode impregnar um lenço de assoar, ou mes-
mo a almofada da cama, com umas gotas de essência.
• Por meio de um difusor eléctrico: pequeno aparelho
que, mediante um mecanismo vibratório, produz uma va-
porização do óleo essencial contido no seu interior. Tem
a vantagem de funcionar a frio, pelo que a essência se
vaporiza sem sofrer os efeitos indesejáveis do calor. Dez
ou quinze minutos de funcionamento do difusor eléctrico
são suficientes para encher o ar de um compartimento
com micropartículas de essência vaporizada.
Antes de passar aos pulmões, os óleos essenciais estimu-
lam primeiramente o sentido do olfacto, de onde exercem
a sua influência sobre todo o sistema nervoso.
Provou-se que depois de se ter respirado durante alguns
minutos num ambiente carregado de óleos essenciais, es-
tes já se encontram no sangue e, pouco tempo depois, po-
dem detectar-se também na urina. Embora as quantidades
de essência absorvidas pelo organismo sejam muito pe-
quenas, tomam-se suficientes para exercer notáveis efei-
tos fisiológicos e terapêuticos
Em geral, recomenda-se aspirar a essência uma hora de
manhã e outra à tarde.
O simples facto de aspirar o aroma de uma fJor
(continua na página seguinte) afecta o equilíbrio hormonal, o sistema nervoso,
o aparelho respiratório e, inclusive, o nosso esta-
do de espirito.

Os óleos essenciais
obtêm-se principalmente
por meio de alambiques
destiladores como este
que se vê na fotografia,
pertencente ao Museu
dos Aromas e do
Perfume (La Chevèche
de Graveson-en-
Provence, França).
A produção de uma boa
essência exige certa dose
de arte e de paciência.
De cem quilos de foJhas
de eucalipto, por
exemplo, obtêm-se uns
dois litros de óleo
essencial.
Aromaterapia 121
I ie o seu próprio ambiente
com as essências

É preferível usar um único óleo essencial de cada


vez, em lugar de misturar vários deles.
Segundo o efeito que se deseje obter, podem-se
criar diversos ambientes com uma das essências
que seguidamente se indicam:
• Ambiente balsâmico para casos de sinusite, fa-
ringite e diversas afecções respiratórias: eucalipto,
pinheiro, tomilho ou alecrim.
• Ambiente relaxante e sedativo para casos de ner-
vosismo ou insónia: alfazema ou laranjeira. Estas
duas essências recomendam-se especialmente
para as crianças muito inquietas, com dificuldade
em conciliar o sono.
• Ambiente tonificante: limão, alecrim, hortelã ou
segurelha.
• Ambiente anti-séptico para prevenir os contágios
em caso de gripe ou constipações: tomilho, salva,
eucalipto ou caneta.
• Ambiente para afugentar os mosquitos e outros
insectos: erva-cidreira ou lúcia-lima.
• Ambiente antitabaco: lúcia-lima, gerânio, sassa-
icções com essências
frás ou alfazema.

Segundo o efeito que se queira obter, as fricções


serão feitas com um dos óleos essenciais seguintes:
• Fricção tonificante, que convém aplicar de
(continuação da página anterior) manhã, a seguir a um duche frio: alecrim, gerânio,
limão ou pinheiro.
2. Fricção sobre a pele • Fricção relaxante a aplicar à noite, depois de um
Uma fricção com óleo essencial faz que este penetre atra- duche ou banho quente: alfazema, manjerona, ca-
vés da pele, infiltrando-se nos tecidos e passando final- momila ou laranja.
mente para a linfa e o sangue. Ao efeito do óleo essencial • Fricção digestiva sobre o estômago e o ventre,
sobre os tecidos, junta-se o efeito próprio da massagem que se aplica depois de cada refeição, para evitar
que acompanha a fricção, pelo que os resultados costu- os gases e as digestões pesadas: alcaravia, man-
mam ser muito notáveis. Quando se aplicam óleos essen- jerona ou alfazema.
ciais em fricções sobre a pele, convém ter em conta o se- • Fricção respiratória sobre o peito e as costas, re-
guinte: comendada em caso de constipação, bronquite,
• Aplicar a fricção sobre o peito, o ventre, as costas, a asma e tosse catarral: pinheiro, eucalipto, alfaze-
nuca, os braços e as pernas. ma, alecrim ou cipreste.
• Evitar o contacto do óleo essencial com as mucosas • Fricção antidolorosa sobre as pernas ou as cos-
dos olhos, da boca e dos órgãos genitais. tas, para aliviar as dores musculares ou articula-
• Para uma aplicação normal são suficientes 20 ou 30 go- res: alecrim, zimbro, pinheiro ou manjerona.
tas de óleo essencial, que se colocam nas palmas das • Fricção circulatória para melhorar o retorno do
mãos de quem aplica a fricção. sangue venoso em caso de varizes, pernas incha-
• Em caso de peles sensíveis, a essência pode diluir-se, das ou celulite: cipreste ou limão.
misturando-a em partes iguais com azeite de oliveira,
óleo de gérmen de trigo ou de amêndoas amargas.

'''S
96
y*.
Além de proporcionar uma
agradável sensação de
bem-estar, a inalação de
essências (aromaterapia)
pode exercer notáveis
acções medicinais:
restabelecimento do sono
em caso de insónia,
equilíbrio do sistema
nervoso quando haja
esgotamento ou depressão,
aumento da capacidade
respiratória e normalização
da tensão arterial, entre
outras.

3. Banhos com
essências
Os óleos essenciais menciona-
dos nos tratamentos anteriores
também podem juntar-se à
água do banho (ver pág. 65).
Usam-se de 3 a 10 gotas por
banheira.
As essências também se adi-
cionam à água dos banhos de
vapor {ver pág. 71). Neste caso
bastam 2-3 gotas.

4. Via interna • Não ingerir um mesmo óleo essencial durante mais de 3


Embora não seja esta a forma ideal de aplicá-los, os óleos semanas consecutivas.
essenciais também se podem ingerir por via oral, como • Não se recomenda administrá-los a crianças menores
complemento de qualquer dos tratamentos anteriores. A de 6 anos. Para estas são preferíveis os hidrossóis (ver
mesma essência que se aplica em difusão, em fricção ou pág. 91).
em banhos, pode ingerir-se para reforçar o seu efeito, ten- • Recomenda-se ingerir os óleos essenciais colocando as
do em conta as seguintes precauções: gotas de uma das três formas seguintes:
• Os óleos essenciais são princípios activos muito con- - Sobre as costas da mão.
centrados, pelo que não se devem ultrapassar as do- - Numa colher juntamente com mel.
ses indicadas, que em geral são de 1 -3 gotas, 3 ou 4 ve- - Num copo com água morna (não quente, pois os prin-
zes por dia. cípios activos decompõem-se com o calor).

97
PRECAUÇÕES E
TOXICIDADE DAS PLANTAS
~w ^ mbora a maior parce das plantas
SUMÁRIO DO CAPÍTULO m J medicinais se possa usar sem
J È * qualquer risco, existem alguns ca-
-JL J sos muito concretos, em que cer-
tas plainas podem produzir eleitos indese-
Bócio hipotiróide 100 jáveis. Falando em termos farmacológicos,
Cardiovasculares, afecções 99 poderíamos dizer rpie algumas plantas
Colite 99 apresentam conli a-indi< ações; ou seja, que
Coração, doenças 100 não se recomenda o seu uso em determi-
Debilidade 100 nadas situações.
Digestivas, afecções 98
Estômago 98 Contudo, assinale-se que, ao contrário
Fígado, afecções do 99 do que acontece com alguns fármacos, as
Gastrite 98 contra-indicações do uso das plantas não
Gravidez 102 são absolutas e formais, mas apenas relati-
Hemorróidas 99 vas. O facto de não serem tomadas cm con-
O café é uma das plantas sideração não produz, geralmente, trans-
tóxicas mais usadas no Hiperteiisào arterial 99
m u n d o . Contém cafeína, Infância 102 tornos graves. Passamos a citar algumas si-
um alcalóide que gera Intestinal, oclusão 99 tuações ou doenças em que convém evitar
dependência. Lactação 102 o uso de certas plantas, ou pelo menos u.sá-
No seu estado natural, tal Menstruação 101 -las com precaução.
como os mostra a Nefrite 100
fotografia, os grãos de café Nervosismo 100
náo se tornam tão tóxicos
Oclusão intestinal 99
como torrados. Durante o
processo da torrefacção, Próstata, adenoma da 100 Precauções nas
produzem-se substâncias
irritantes para o aparelho
Urinárias, afecções
Urogenitais, afecções
100
100
afecções digestivas
digestivo, as vias urinárias e
o pâncreas.

Gastrite
Em caso de gastrite, é necessário evitai as
plantas que causem irritação sobre o esió-
mago, por terem sabor forte ou picante, es-
pecialmente: cravinho, felo-macho, gengi-
bre, mostarda-negra, pimentão picante e
pimenta.

Ulcera g a s t r o d u o d e n a l
E necessário evitar, especialmente na fase
aguda da doença ulcerosa gastroduodenal,
as plantas que provocam aumento da se-
creção de sucos gástricos (as especiarias
em geral, as plantas amargas e as aperiti-
vas). 1'". bem sabido que o ácido clorídrico
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 * Porte: G e II e r o I i d o O

desempenha um importante papel no apa-


recimento da úlcera, especialmente na do
duodeno.
As plantas que mais fazem aumentar a se-
creção de sucos no estômago, e que por-
tanto convém evitar em caso de úlcera gas-
troduodenal, são: absinto, café, canela,
chá, cravo, cúrcuma, feto-macho, gencia-
na, gengibre, mau-, milefólio, mostarda-
•negra, pimentão picante, poejo, quássia.

Colite
Sempre que haja inflamação do intesti-
no grosso (cólon), manifestada por gases,
fermentações e diarreias (entre outros sin-
tomas), são contia-indicados:
• Os purgantes em geral, e especialmente
a jalapa, o rícino, <» ruibarbo e o sene-da-
As sementes do rícino sào
-índia. muito venenosas, pois a
• O café, pela acção irritante da sua essên- ingestão de três delas pode
cia. provocar a morte a uma
criança. No entanto, o óleo
tite, cirrose e hepaiopatias (doenças do li- que se obtém das mesmas
gado) em geral, devido à acção dos seus al- sementes é um purgante
Oclusão intestinal calóides. seguro e eficiente.
Km caso de oclusão intestinal são for-
malmente conira-indicados todos os pur-
gantes, tanto os elaborados ã base de plan-
tas medicinais como os de síntese quími-
ca. Precauções nas afecções
cardiovasculares
Hemorróidas
Quando se sofre de hemorróidas não se
devem ingerir os purgantes com glicósidos
antraquinónicos, que provocam congestão
de sangue na pelve, e portanto fazem au- Hipertensão arterial
mentaras hemorróidas. Especialmente alo-
és, cáscara-sagrada, amieiro-negro e rui- A bolsa-de-paslor, o caie. <» inale, a pi-
barbo. Os picantes como a pimenta ou a m e n t a e o chã. p o d e m a u m e n t a r a tensão
mostarda também são contra-indicados, jã arterial. As avelãs também têm um ligeiro
que irritam a mucosa anal, à saída com as eleito hipertensor. O alcaçuz retém líqui-
fezes. dos nos tecidos, se for tomado durante
muito t e m p o de forma continuada, e tam-
b é m p o d e a u m e n t a r a pressão arterial.
Afecções do fígado I .ogo, lodos os que sofram de hipertensão
A tasneirinha, usada como emenagogo, devem abster-.se de consumir estas plantas
mrna-se < onti.i-indic ada em «aso de hepa- ou os seus derivados.

9'J
C a p . 5: P A E C A U C Ó E S E T O X I C I D A D E DAS P L A N T A S
V.

Plantas a evitar durante a gravidez

Durante a gravidez devem-se evitar todas as plantas tóxicas


de aplicação medicinal descritas na tabela da página 103 e, além disso, aque-
las que seguidamente mencionamos:
é muito intenso e podem até provocar he-
matúria.
Planta Pág. Motivo
Absinto 428 Emenagogo, risco de aborto
A d e n o m a da próstata
Açafrão 448 Risco de aborto em doses elevadas
Agrião 270 Risco de aborto Quem sofra de um adenoma da próstata
Alcacus 308 Produz hipertensão e edemas, em uso continudado terá de evitar os diuréticos potentes (mi-
lho, cavalinha, cie.) especialmente à noite,
Aloés 694 Ocitócico, provoca contracções uterinas
que é quando a dificuldade paia urinar é
Amieiro-negro 526 Laxante/purgante, provoca contracções uterinas mais acentuada.
Artemísia 624 Emenagoga, risco de aborto
Boldo 390 Embora não haja provas, poderá afectar o feto
Buxo 748 Pode produzir vómitos e irritação nervosa
Cafeeiro 178 Diminui o crescimento do feto Precauções em afecções
Cáscara-sagrada 528 Laxante/purgante, produz congestão da pelve diversas
Dictamno 358 Emenagogo, risco de aborto
Jalapa 499 Purgante e emenagoga, risco de aborto
Romãzeira 523 Alcalóides tóxicos (a casca), possível afectação do feto
Ruibarbo 529 Purgante, produz congestão da pelve Bócio hipotiróide
Salsa 583 Emenagoga, risco de aborto Quem sofra de bócio hipotiróide deve
Salva 638 Ocitócica, contrai o útero evitar a couve, pois tem efeito antitiróide
Sene-da-índia 492 Purgante, provoca contracções uterinas (diminui a função da liróide). Em geral,
Tanaceto 537 Emenagogo (tuiona), risco de aborto recomenda-se não usar a couve de forma
diária ou continuada durante mais de dois
ou três meses.

Doenças do coração Cálculos renais ou urinários


Desde que se sofra de qualquer transtor- Em caso de lilíase (cálculos ou pedras)
no cardíaco, é necessário evitar o uso de renal ou urinária, é necessário evitai as
café, chá, chocolate e mate, inclusive como plantas ricas em ácido oxálico ou oxalalos
plantas medicinais, pelo efeito excitante da (formadores de cálculos), como a aleluia,
cafeína e da teobromina sobre o coração. as azedas e o ruibarbo.

Debilidade
Precauções em afecções Nos casos de debilidade são contra-indi-
cadas a casca da romãzeira e o rizoma do
urogenitais feto-macho.

Nervosismo
N e frite
As plantas ricas em essências (especial-
As bagas do zimbro e OS caules do espar- mente eucalipto e salva) produzem irrita-
go são contra-indicados no caso de infla- bilidade nervosa quando se ultrapasse a
mação dos rins (nefrite, glomerulonefrite, dose terapêutica. Daí que se desaconselhe
pielonefrite), porque o seu efeito diurético o seu uso por pessoas nervosas ou irritáveis.

100
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I
V
1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

s/,.

Plantas abortivas
Atenção: Nenhuma das plantas que cita-
mos como possuidoras de efeito abortivo
são adequadas para provocar um aborto.
Existe um velho aforismo atribuído a Hi-
pócrates, que adverte: "Não existem abor-
tivos, o que há são tóxicos para a mãe e
para o feto."
Para provocar um aborto com qualquer
destas plantas é necessária uma dose tão
elevada que, com toda a certeza, produzi-
rá uma intoxicação da mãe, com graves
efeitos indesejáveis: cólicas intestinais,
vómitos, excitação nervosa, convulsões,
etc. Tem havido casos de mulheres grávi-
das que morreram quando tentavam pro-
vocar em si mesmas um aborto com plan-
tas.
Quando indicamos "risco de aborto" na ta-
bela das plantas (pág. 100), não queremos
dizer que se trate de uma planta abortiva
em termos absolutos, mas que aumenta o
risco de sofrer um aborto em mulheres já
predispostas a ele por alguma razão, seja
ou não conhecida.

Tentar provocar um aborto ã


base de plantas tóxicas
representa um risco de morte
para a mãe, ao mesmo tempo
que para o feto.

W
'V

vicos, e alem disso contraem a musculatu-


Precauções na ra do útero. Sc forem usadas durante as re-
gras ou nos dias que as antecedem, podem
menstruação e na gravidez provocar dolorosos espasmos merinos. São
elas: aloés, amieiro-negro, cáscara-sagrada,
quássia, ruibarbo e senc-da-índia.

Menstruação
As doses elevadas de alho, cru ou em ex-
A.s plantas que contêm glicósidos antra- tractos, podem aumentar notavelmente as
quinóniros, de acção purgativa, produzem hemorragias menstruais, pela sua acção
unia congestão do sangue nos órgãos pél- fluídificante do sangue (ver pág. 230).

101
C a p . 5: PRECAUÇÕES E TOXICIDADE DAS PLANTAS

Precauções relacionadas
com a infância

Lactação
Ilá certas plantas q u e as mulheres que
a m a m e n t a m d e v e m evitar, ciado que <»s
seus princípios activos:
As crianças, assim como as • Passam para o leite e p o d e m prejudicar
grávidas, devem ser muito
prudentes no uso de o b e b é : absinto, buxo. café, mate, casca-
qualquer planta ou va-sagv«\d<\, amieivo-negro e, em geral,
medicamento. Iodas as plantas perigosas cm doses ele-
Gravidez vadas, ou seja q u e são potencialmente
tóxicas (ver pág. 104).
D u r a n t e :i gestação são contra-indiçadas • Passam para o leite e. ainda que não se-
cm geral iodas as plantas medicinais tóxi- jam tóxicos, lhe c o m u n i c a m um sabor
cas (ver pág. 103), pelo risco de provoca- amargo: artemísia, genciana c. em geral,
rem malformações no feto ou um a b o r t o . iodas as plantas amargas.
• Diminuem a p r o d u ç ã o de leite: amieiro,
cana c o m u m , salva e p e n u n c a .
Mas. além das plainas c l a r a m e n t e tóxi-
cas, na gravidez convém evitar as q u e figu-
ram na tabela da página 100. As q u e apa- Infância
recem nesta tabela são plantas cie uso ha- Em geral é preciso ter muita prudência
bitual, q u e não apresentam efeitos tóxicos. q u a n d o se administram plantas medicinais
No e n t a n t o , nas m u l h e r e s grávidas p o d e m às c r i a n ç a s . K necessário evitar todas as
ter eleitos indesejáveis. plantas tóxicas (ver pág. 103) e, por pre-
(fonliiiua na búgfnã 106)

A importância da dose

Nas plantas tóxicas (como por exemplo a dedaleira), a dose tóxica é muito próxima da dose terapêutica, pelo que a margem de
manobra se toma muito estreita. Uma dose dupla da recomendada como terapêutica pode produzir efeitos tóxicos, e uma tripia pode
ser mesmo mortal.
No entanto, nas plantas não tóxicas {como por exemplo o tomilho), podem-se tomar doses dez vezes maiores do que as reco-
mendadas sem que se produzam sintomas importantes: e a dose mortal não existe, ou seja, que por muita quantidade que se tome des-
tas plantas, não há risco de se provocarem efeitos irreparáveis.

Planta Parte utilizada Dose terapêutica Dose tóxica Dose mortal


Digital (exemplo de Pó das suas folhas 2 g (vómitos, 3 g (suores frios, convulsões, alterações do
1 g (para um dia) braquicardia, diarreia) ritmo do coração e paragem cardíaca)
planta tóxica) secas
Tomilho (exemplo de 200 g (sintomas leves:
Sumidades 20 g (para um dia) Não existe
planta não tóxica) excitação, náuseas)

102
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " F^.irle: G e n e r a l i d a d e s

Deúaleira
I
Plantas tóxicas de aplicação medicinal

As plantas que a seguir se registam são de uso restrito a determinadas doenças, e de preferência sob vigilância médica. O
uso indevido destas plantas pode produzir intoxicações graves; no entanto, a sua utilização correcta pode resolver graves trans-
tornos e até salvar a vida de um doente.

Planta Pág. Parte utilizada Princípio activo Aplicação medicinal Efeitos tóxicos em uso interno

Acónito 148 Raiz Alcalóide: aconitina Anestésico, dores insuportáveis Paralisia nervosa

Arnica 662 Flores, raiz Óleo essencial Vulnerária (só em uso externo) Vómitos, vertigens, convulsões

Alcalóides: atropina, Asma, cólicas, dilatação da pupila (em


Beladona 352 Folhas, raiz Taquicardia, delírio, convulsões
hiosciamina preparados farmacêuticos)
Antigamente usava-se como purgante (hoje A raiz é muito irritante. As bagas
Briónia 490 Raiz, bagas Alcalóide: brionma não se usa nem interna nem externamente) são mortais

152 Folhas Analgésico contra nevralgias e dores Alucinações, loucura


Cânhamo Canabmóis reumáticas (em uso externo)
Castanheiro- Escuhna, saponinas Emoliente, cosmético (só em uso externo) j Vómitos, diarreias, hemólise
2511 Sementes
•da-índia
Analgésico, sedante: dores insuportáveis, Vómitos, paralisia muscular,
Cicuta 155 Frutos, (olhas Alcalóide: coniina paragem respiratória
cancro, nevralgias (uso interno e externo)

Coca 180 Folhas Alcalóide: cocaína Estimulante, mal da montanha Anestésico local

666 Toda a planta kt**iuA*. *,J,...IAI«»


Wcalo.de. colquic.na Acalma as crises de gota (em preparados Vómitos, diarreia, paralisia
Cólquico farmacèu,icos)

Consolda- 732 Toda a planta Alcalóide e


Cicatrizante e emoliente (só em uso externo) Paralisia nervosa
-maior glicósido
Insuficiência cardíaca (em preparados Náuseas, vómitos, bradicardia,
Dedaleira 221 Folhas Glicósidos farmacêuticos) paragem cardíaca
Doce- Vómitos, diarreia, transtornos
•amarga 728 Caules, folhas Alcalóide: solanina Emoliente, cicatrizante (só em uso externo) nervosos
Asma e alergias Estimulante do sistema nervoso
Éfedra 303 Caules Alcalóide: efedrina simpático
(em preparados farmacêuticos)
Emoliente, alivia comichões (só em uso Vómitos, diarreia, transtornos
Erva-moura 729 Folhas, caules Alcalóide: solanina nervosos. Bagas doces mas tóxicas
externo)
Saponinas,
Escrolulária 543 Toda a planta UM contra as hemorróidas Vómitos e diarreias
glicósidos

157 Alcalóides:
Estramónio Folhas Asma, cólicas (uso interno e externo) Alucinações, transtornos mentais
hiosciamina. atropina

Evónimo 707 Frutos Glicósido: evonimina Cardiotónico. Contra a sarna (uso externo) Diarreias, transtornos cardíacos

e™„„ „ . . Cicatrizante, analgésica (as folhas, em uso Folhas: reacções alérgicas. Bagas:
Hera 712 Bagas, folhas muito tóxicas
baponinas externQ)

Cardiotónico muito activo. Contra a sarna Transtornos cardíacos. Paragem


Loendro 717 Flores Glicósido: folineriina (em uso externo) cardíaca
Malmequer- Revulsivo, anti-reumático (só em uso Irritante digestivo
665 Toda a planta Protoanemonina
dos-breps externo)
Meimendro- Alcalóides: atropina, Anestésico, narcóticos (uso interno e Alucinações, taquicardia, paragem
159 Folhas cardíaca
•negro escopolamina externo): dores insuportáveis
Alcalóide: Vulnerária (só em uso externo)
Norçapreta 679 Bagas, raiz Vómitos, diarreia
diosgenina

Viburno 199 Folhas, bagas Glicósido Desinflama a boca (só em bochechos) Vómitos, diarreia

103
C a p . 5: PRECAUÇÕES E I O X I C I 0 A O E DAS PLANTAS

Hortelã- ^M

P
-pimenta J^

Plantas perigosas somente em doses elevadas

O uso das plantas que a seguir se registam não apresenta riscos especiais, desde que se respeitem as doses indicadas
na página correspondente.

Planta Pág. Propriedades Efeitos secundários


Abeto-branco 290 Balsâmica, revulsiva Irritação do sistema nervoso pela terebintina
Absinto 428 Digestiva, vermífuga, emenagoga Tremores, convulsões, delírio, vertigens: causados pela essência tuiona
Açafrão 448 Digestiva, emenagoga Transtornos nervosos e renais; abortivo
Adónis-da-itália 215 Cardiotónica Náuseas, vómitos, diarreia
Anémona-hepática 383 Hepática, vulnerária Intolerância digestiva
Anis-estrelado 455 Digestiva, carminativa Delírio, convulsões: causados pela essência anetol
Aristolóquia 699 Emenagoga, vulnerária, antkeumática Irritação do estômago
Arruda 637 Ocitocica, emenagoga, antiespasmódica Risco de aborto, reacções alérgicas na pele
Artemísia 624 Emenagoga, aperitiva Irritação nervosa devida à essência
Ásaro 432 Emética, purgante Vómitos, diarreia
Bérberis 384 Colagoga, cardiotónica Transtornos do sistema nervoso
Betonica 730 Adstringente, vulnerária Gastrenterite
Boldo 390 Colerética, digestiva Sonolência, sedação
Buxo 748 Sudorífica, febrífuga Vómitos, transtornos nervosos
Cafeeiro 178 Estimulante, cefaleias Gastrite, arritmias cardíacas, dependência
Calumba 446 Digestiva, antidiarreica Náuseas, vómitos
Cebola-albarrã 296 Cardiotónica Náuseas, vómitos, arritmia
Celidónia 701 Antiespasmódica, colerética, sedativa Intolerância gástrica
Chá 185 Estimulante Taquicardia, nervosismo, dependência
Coentro 447 Digestiva, carminativa, tonificante Excitação nervosa pela essência
Condurango 454 Aperitiva Convulsões
Copaiba 571 Anti-séptica urinária Erupções, nefrite
Cravinho 192 Estimulante, anti-séptica, analgésica Irritação do estômago
Dormideira 164 Analglésica, sedativa Obnubilação mental, depressão respiratória, dependência
Erva-formigueira 439 Digestiva, anti-helmintica Intolerância digestiva
Espinheiro-cerval 525 Purgante Cólica intestinal
Eucalipto 304 Balsâmica, anti-séptica Gastrenterite, hematúria, transtornos nervosos devidos a essência
Feto-macho 500 Vermífuga Irritação gástrica
Funcho 360 Carminativa, digestiva Convulsões pela essência
Giesta 225 Cardiotónica, ocitocica, diurética Excitação nervosa, hipertensão
Ginseng 608 Tonificante Nervosismo
Globulária 503 Purgante, colagoga Vómitos, diarreia
Gracíola 223 Cardiotónica Vómitos, cólicas intestinais
Grindélia 310 Antiespasmódica, expectorante Alterações cardíacas
Hipericão 714 Vulnerária, balsâmica, digestiva Fotossensibilização
Hissopo 312 Expectorante, carminativa Convulsões pela essência
Hortelã-pimenta 366 Digestiva, colerética, anti-séptica, tonificante Insónia, irritabilidade, espasmos da laringe em crianças (essência)
Ipecacuanha 438 Emética, expectorante Irritante para a pele

104
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 •' Parte: G e n e r a l i d a d e s

Planta Pág. Propriedades Efeitos secundários


Lírio-dos-vales 218 Cardiotónica Vómitos, diarreias
Mostardanegra 663 Rubefaciente. anti-reumática Gastrite
Pilriteiro 219 Cardiotónica, sedativa Bradicardia, depressão respiratória
Pimenta-dágua 274 Hemostática, cicatrizante Irritação digestiva
Pimenteira 370 Tónica digestiva Irritação digestiva, sangue na urina, hipertensão
Pinheiro 323 Balsâmica, anti-reumática Irritação do sistema nervoso pela essência
Podofilo 517 Purgante, antimitótica Diarreia
Polígala da virginia 327 Expectorante Náuseas e vómitos
Quássia 467 Digestiva, febrífuga Vómitos
Romãzeira 523 Vermífuga Tremores musculares e paralisia (a casca)
Salsaparrilha-bastarda 592 Diurética, depurativa Náuseas, vómitos
Salva 638 Anti séptica, tonificante, emenagoga Convulsões, trantornos nervosos pela essência
Sanamunda 194 Adstringente, disgestiva Intolerância gástrica
Satitónico 431 Vermífuga Nervosismo
Saponãria 333 Expectorante, diurética Irritação digestiva
Sassafrás 678 Sudorífica, diurética, depurativa Convulsões pela essência
Selo-de-salomão 723 Diurética, vulnerária, hipoglicemiante Transtornos nervosos
Tanaceto 537 Vermífuga, emenagoga Vómitos, convulsões
Tasneirinha 640 Emenagoga Possível toxicidade sobre o fígado
Trevo-cervino 388 Colerética, depurativa Vómitos
Trevo-d'água 463 Aperitiva, febrífuga Diarreia, vómitos
Visco-branco 246 Hipotensora, vasodilatadora Vómitos, hipotensão, transtornos nervosos

O loendro ('Nerium oleander' L.) é um exemplo de O selo-de-salomáo (Polygonatum odoratum' Dru-


planta tóxica de aplicação medicinal. A ingestão ce) é um exemplo de planta perigosa somente em
de duas das suas folhas pode provocar a morte por doses altas. Se se respeitarem as doses indicadas
paragem cardíaca. No entanto, as flores são muito da sua parte medicinal, o rizoma, não há perigo de
apreciadas contra a sarna, aplicadas em cataplas- intoxicação,
mas sobre a pele.

105
C a p . 5: PRECAUÇÕES E T O X I C I D A D E DAS P L A N T A S

Viscobranco jMo^^^' >

Plantas com alguma parte tóxica '


'l
* w W
As plantas que a seguir se registam tèm uma parte medi-
cinal e outra parte venenosa. Convém saber distingui-la* para evitar intoxi-
cações.
Plantas tóxicas de aplicação
Planta Pãg. Parte medicinal Parte tóxica
medicinal
Abrunheiro-bravo 372 Frutos Sementes (o miolo) O q u e n e m todos sabem é q u e algumas
Asclépia 298 Raiz seca Folhas, caules desias plainas, qualificadas como tóxicas,
Cerejeira-da-vírgínia 330 Casca
também podem curar graves doenças e in-
Folhas
clusivamente salvar a vida. A mesma plan-
Cersefibastardo 243 Folhas, raiz Sementes, frutos ta pode malar ou pode < mar. Como pode
Colútea 498 Folhas Sementes uma planta ser tóxica e medicinal ao mes-
Fitolaca 722 Raiz Bagas mo tempo? Para que uma destas plantas
Lirio-dos-vales 218 Folhas, flores Bagas lenha efeitos medicinais, é preciso:
Noveleiro 642 Casca seca Bagas 1. Que a dose seja correcta;
Rícino 531 Óleo (sementes) Sementes inteiras
2. Que seja bem indicada para a doença da-
Selo -de-salomão 723 Rizoma Bagas, folhas quele que a toma. A mesma dose que
Teixo 336 Cúpula carnosa das sementes 0 resto da planta para um indivíduo doente é curativa,
Viscobranco 246 Folhas Bagas para um são poderia ler efeitos IÓXÍCOS.
As plantas que citamos na tabela da pá-
gina 103 constituem remédios drásticos
n imlhiiMção rlri página 1<>2> que se devem usar unicamente em doenças
graves que assim o exijam. Nestes casos
caução, também as que são perigosas em concretos, são de um grande valor te-
doses alias (ver pág. 104). Por exemplo, rapêutico. Como agradece o doente do co-
não convém administrar às crianças: ab- ração, que se sente asfixiar, uma infusão de
sinto, buxo. romã/.eira (casca), santónico e dedaleira ou um medicamento preparado
Feto-macho. com os seus glicósidos! O mesmo podería-
mos dizer de quem sofre um ataque de ar-
trite gotosa, no que respeita à colquicina
do cólquico. No entanto, uma mesma dose
A toxicidade das plantas destas plantas pode ter efeitos tóxicos in-
desejáveis numa pessoa saudável ou que
medicinais não precise dirias.
As doses têm de estar bem calculadas,
A maior parle das plantas medicinais não para se manterem dentro da estreita mar-
são tóxicas e podem tomar-se com menor gem terapêutica destas plantas, já que a sua
risco do qualquer fármaco de síntese quí- dose tóxica é um pouco superior à respec-
mica. tiva dose terapêutica. K desejável que as
plantas tóxicas de acção medicinal a que
Toda a gente sabe. no entanto, que exis-
nos referimos sejam preparadas e adminis-
tem plantas venenosas. Segundo os espe-
tradas por profissionais. De facto, actual-
cialistas em toxicologia vegetal, calcula-se
mente, muitas delas (arnica, beladona,
em 700 as espécies de plantas mortíferas
coca, cólquico, dedaleira. êfedra) admi-
que crescem no planeia Terra. A mais fa-
nisiram-se unicamente em Forma de pre-
mosa de iodas talvez seja a cicuta, que cau-
parados Farmacêuticos, perfeitamente do-
sou a morte rio sábio grego Sócrates no sé-
si ficados.
culo V a.C. Muitas ounas têm sido utiliza-
das ao longo da história por envenenado- Alguma destas plainas só se empregam
rcs profissionais «ai pelos Fabricantes dos em aplicações externas. Apesar disso, cita-
outrora Famosos "pós de herdar." mos os seus eleitos tóxicos por via interna

106
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 ' P.irle: G e n e r a l i d a d e s

como informação. Aplicadas localmente",


plainas como o acónito, o cânhamo, a ci-
cuta e o meimendro-negro, por exemplo,
têm um poderoso efeito anestésico em d<>-
res de difícil tratamento, causarias por can-
cro ou nevralgias, mas terão de ser usadas
com muita prudência, inclusive quando se
aplicam localmente, pois os seus princípios
activos também se absorvem através da
pele.

Plantas perigosas u n i c a m e n t e em
doses elevadas
A maior parte das
Há outro grupo de plantas cujo uso em intoxicações por p/antas
doses alias pode produzir efeitos secundá- produz-se em crianças de
rios indesejados. São plantas potencial- tenra idade que, por
de- intoxicações, cujos resultados podem ocasião de uma saída ao
mente tóxicas; mas desde que se respeitem chegar a ser lalais. K muito importante sa- campo, chupam ou
as doses indicadas, e se u n h a m em conta ber como prevenir os envenenamentos por mordiscam frutos, flores ou
as precauções assinaladas, podem-se usai plainas, e o modo de actuar cm caso de se folhas venenosas, sem que
sem perigo. lerem produzido. os pais se dêem conta
disso.

Plantas c o m partes tóxicas Causas d a s i n t o x i c a ç õ e s


Existem plantas que produzem princí- As inioxicações por plantas costumam
pios medicinais nalgumas das suas partes, c produzir-se na maior parle dos casos:
substâncias lóxicas sem nenhuma apli- • por se confundir uma planta venenosa
cação terapêutica, noutras. Convém co-
com uma medicinal, ou
nhecê-las. para evitar intoxicações aciden-
tais por engano (ver tabela, pá»;. 10b) • pela administração de uma dose exces-
siva de uma planta potencialmente tó-
xica.
Plantas q u e frescas o u s e c a s
são tóxicas
Prevenção
Há plantas que se devem usai quer uni-
camente frescas, quer unicamente secas. Primeiro que ludo, o ideal ê evitar que se
paia evitar a presença ou a formação de produza uma intoxicação. Para isso, ê ne-
substâncias tóxicas (ver págs. 47 e 50). cessário:
1. Identificar sem nenhuma dúvida qual-
quer planta, antes de a tomar. E preciso
ser-se prudente com algumas plantas
As intoxicações por plantas oferecidas ou indicadas por pessoas pre-
tensamente "entendidas" em ervas.
Não c estranho que, por diversas causas. 2. Pesar as doses tia planta administrada.
se produzam acidentes tóxicos relaciona- .'S. Vigiar as crianças nas saídas ao campo.
dos com o uso das plantas em geral, c das A maior parte dos casos de intoxicação
plantas medicinais em particular. As dáo-se com crianças (pie chupam ou
crianças são as mais implicadas neste tipo mordiscam Mores e plantas.

107
3 C a p . 5: P R E C A U Ç Õ E S E T O X I C I D A D E DAS P L A N T A S

Confusões frequentes entre plantas

Quando se colhem certas plantas, deve-se ter cuidado para não confundi-las
com outras parecidas, mas tóxicas. Estas são algumas das plantas que se po-
dem confundir por parecença com outras, causando intoxicações acidentais. • estimulando a garganta com os dedos,
com uma colher, ou com uma pluma
embebida em Óleo ou azeite, ou então
Planta Pág. Parte usada Confunde-se com Pág. • dando a beber uma colher de xarope de
Castanheiro 495 Sementes Castanheiro-da-india 251; ipecacuanha.
Rabanete e Rábano 393 Raiz Acónito 148
Sabugueiro 767 Bagas Beladona 352 O vómito não deve ser provocado mis se-
Sabugueiro 767 Bagas Ébulo 590 guintes casos:
Salsa 583 Folhas Cicuta 155 • quando já se tenham passado mais de
Verbasco 343 Folhas Dedaleira 221 três ou quatro horas depois da ingestão,
• quando o doente já esteja a vomitar de
forma eficiente,
4. Não plantar espécies tóxicas em jardins • quando esteja entorpecido ou incons-
ou em lugares ao alcance das crianças. ciente (poderia sufocar-se).

3. Praticar uma lavagem ao estômago


S i n t o m a s gerais
Faz-se com a ajuda de uma sonda intro-
Uma vez ingerida a planta venenosa, os
duzida através da boca ou do nariz. Deve
sintomas de intoxicação podem demorar a
manifestar-se, desde alguns minutos até ser praticada por um profissional de saúde.
mesmo três dias (como no caso das se-
mentes de rícino). Ainda que possam ser 4. Administrar carvão vegetal
muito variados, os sintomas mais frequen- É um antídoto de uso geral, muito útil
tes são: no tratamento urgente das intoxicações
• sensação de irritação ou de ardência na por via digestiva. Obtém-se após a com-
garganta; bustão da madeira de laia, eucalipto, chou-
po-negro ou de outras árvores (ver pág.
• náuseas c vómitos; 761). O carvão chama-se 'activado' (puni-
• dores de cabeça, visão confusa, dificul- do foi preparada num laboratório especia-
dade de movimentos e convulsões. lizado pata aumentai o seu poder de ab-
sorção. Apiescnta-sc em forma de compri-
midos ou cápsulas, de que se- podem tomar
C o m o agir
de 2 a 20, ou até mais. Também se vende
em caso de intoxicação em pó.

/. Guardar uma certa quantidade como O carvão vegetal não deveria faltar em
nenhuma caixa de medicamentos. Km ca» i
amostra de urgência pode-se dar a mastigar ao in-
Dcvcm-se tomar amostras da planta ou toxicado qualquer pedaço de carvão de
das plantas de que se possa suspeitar terem madeira de uma árvore não tóxica, ou até
sido a causa da intoxicação, paia que sejam mesmo um pedaço de pão queimado.
identificadas por especialistas. O carvão vegetal tem uma extraordinária
capacidade de- absorver (isto é. de reter na
2. Provocar o vómito sua superfície) substâncias químicas que
Normalmente, muitas plantas tóxicas já depois se eliminam com as fezes, que ad-
provocam vómitos. Mas se estes não surgi- quirem a cor negra. Também se adminis-
rem ou não forem suficientes para expul- tra, com excelentes resultados, em caso de
sai o conteúdo do estômago, terão de ser diarreia ou de fermentação intestinal, para
provocados: absorver as toxinas.

108
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E O I C I H A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s

Troncos de eucalipto
prontos para serem
queimados com o fim de
obter carvão vegetai.
Este náo deveria faltar
em nenhuma caixa de
medicamentos, por ser
um antídoto e
antidiarreico muito eficaz.

O carvão vegetal não substitui <> vómito Existem antídotos específicos para al-
nem a lavagem ao estômago. Na realidade, guns tóxicos, que costumam ser também
para se obter melhor resultado, recomen- outros tóxicos de acção contraria. Por
da-se esvaziar primeiro o estômago por exemplo, o antídoto da cicuta é a estrieni-
meio de um destes dois métodos, e depois na. O seu uso correcto é muito difícil, e
administrar o carvão vegetal. Quanto me- está reservado a médicos e farmacêuticos.
nos for a quantidade de planta venenosa
que fique no estômago, tanto mais eficien-
te será O antídoto aplicado. 6. Como agir nos casos mais graves

Colocar o paciente deitado com a cabeça


5. Administrar outros antídotos voltada para um dos lados, para o caso de
vomitar. Tapá-lo com um cobertor. Vigiar
Os sais de magnésio e a clara de ovo os movimentos respiratórios e aplicara res-
também se usam t o m o antídotos univer- piração artificial se for necessário.
sais, embora a sua eficácia seja muito me-
nor que a do caixão. Nenhum óleo se deve
usar tomo antídoto, já que pode favorecer 7. Assistência hospitalar
a dissolução, e portanto maior absorção de
certas toxinas. O leite tem sido usado como Todas estas medidas são para casos leves,
antídoto, embora sem um suficiente fun- ou enquanto não se chega a um hospital.
damento químico, pelo que não podemos Em nenhum caso se deve atrasai a trans-
recomendar o seu uso. ferência para um hospital.

109
DA PLANTA
AO MEDICAMENTO
Matéria Médica de Dioscórides, ou sim-
Das plantas aos medicamentos plesmente "o Dioscórides", foi o livro de
texto básico para todos os médicos oci-
de síntese química dentais durante mais de 1700 anos. Se-
gundo Foni Quer, a sua difusão só foi ul-
trapassada pela da Bíblia. Servia como re-
No século I d . C , o médico e botânico
ceituário ou vade-mécuin, no qual se con-
grego Dioscórides escreveu uma obra que sultavam as plantas e remédios úteis paia
abrangia iodos os remédios que a nature- cada doença. Li/.cram-se diversas traduções
Actualmente, segundo o za oferece, com particular insistência nas para o latim e o italiano, que tiveram am-
"Boletim da Organização plantas medicinais (descrevem-se cerca de
Mundial de Saúde" |vol 65,
pla divulgação em toda a Europa. A tra-
600). Os seus discípulos loiam-na am- dução mais importante para o castelhano
pág. 1 59). mais de 2 5 % dos
medicamentos, nos pliando depois, ate atingir seis volumes. foi a (pie fez o Di. And rés de Laguna, no
laboratórios de farmácia de Esta extraordinária obra, conhecida como século XVI. Km Portugal, e também no sé-
todo o mundo, procedem culo XVI, o principal comentador das
directamente das plantas. obras de Dioscórides foi o Dr. Amato Lusi-
tano.
Com o progresso da química e o surgi-
mento da farmacologia, a partir do século
XVIII, os médicos foram substituindo a
pouco e pouco as suas receitas ã base de
plantas, baseadas no "Dioscórides". por
prescrições ã base de produtos químicos
extraídos das plantas.
• Lm 1803, um jovem farmacêutico
alemão. Seriúrner, isolou um alcalóide
a partir do ópio da dormideira, a que
chamou morfina, recordando o nome
de Morléu. deus grego do sono.
• Lm 1817, isolou-se o princípio activo da
ipecacuanha, a emetina.
• O químico alemão Hoffmann obteve a
aspirina a partir da casca do salgueiro,
em meados do século XIX.
• Lm 1920 os farmacêuticos franceses IV-
lletier e ('aventou isolaram a quinina a
partir da árvore da quina.
Descobertos e isolados os princípios ac-
tivos ílas plantas, pensou-se que com eles
se podiam substituir as velhas receitas ã

110
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

1 " Parte: G e n e r a l i d a d e s
I
Diferenças entre plantas e medicamentos

Medicamentos à base de substâncias purificadas Plantas medicinais

Os princípios activos das plantas absorvem-se em geral com


maior facilidade que os seus equivalentes inorgânicos, obtidos
Limitada em caso de substâncias químicas inorgânicas ou por síntese química. Isto deve-se a que, por se tratar de
Absorção moléculas orgânicas (ou seja, que já fazem parte de um
minerais.
organismo vivo: a planta), atravessam mais facilmente a mucosa
intestinal do que as substâncias inorgânicas ou minerais.
Apresenta diferenças segundo a variedade, terreno e época de
Dose de colheita, o que pode dificultar o tratamento com plantas que
Conhecida com exactidão. contenham substâncias muito activas ou tóxicas (por exemplo:
princípio activo
dedaleira, beladona, etc).
Depende da combinação de todas as substâncias activas da
Acção Depende de uma substância quimicamente pura planta, que se reforçam ou equilibram mutuamente. O conjunto
terapêutica da planta torna-se mais activo do que os seus componentes em
separado.
Maior que a das plantas, mas com o risco do possível
Rapidez de aparecimento de um efeito de "ricochete" (aumento dos Acção mais lenta mas mais persistente, sem efeito de
acção sintomas depois de ter passado o efeito do medicamento "ricochete" nem resistências.
administrado), ou de resistência a médio ou longo prazo.
Efeitos Podem ser importantes, e não completamente conhecidos até Na maior parte das plantas não existem ou são pouco
secundários e que tenham sido usados durante vários anos. importantes, por ser muito baixa a concentração de princípios
tóxicos Reacções alérgicas perigosas. activos.

É maior quanto mais purificada ou tratada quimicamente tiver


A planta em estado natural, mesmo no caso das
sido a substância activa. E o caso da morfina (principio activo
estupefacientes, é menos perigosa do que o principio activo
Risco de criar isolado), que se torna muito mais perigosa do que o ópio
purificado. As plantas sedativas suaves (passiflora, valeriana,
dependência (substância natural). A heroina (derivado químico da morfina)
etc.) não criam dependência, ao contrário dos tranquilizantes
tem ainda uma maior toxicidade e uma maior capacidade de
químicos.
criar dependência do que a morfina.

Quanto mais se manipula e


processa um produto vegetal,
tanto mais se isolam e
concentram os seus princípios
activos.
Deste modo se consegue uma
maior eficácia para certos casos
concretos, ainda que com a
desvantagem de se perderem as
propriedades globais da planta.

111
C a p . 6: O U U N D O V E G E T A L

mas mostrani-sr inadequados nos casos


crónicos, como por exemplo as doenças
reumáticas, pelos transtornos digestivos e
outros efeitos secundários que provocam.

Retorno ao natural

Nos últimos anos redescobriu-se o valor


dos remédios naturais, c a medicina volta
a fazei* um uso cicia vez maior das plantas
curativas. Foi possível comprovar que, em-
bora O seu eleito possa parecer mais lento,
os resultados são melhores a longo prazo,
especialmente em doenças crónicas. A me-
dicina e a botânica têm estado sempre in-
timamente unidas, ainda que, durante
uma certa época, a química farmacêutica
tenha gozado de maior protagonismo. Cal-
cula-se que, actualmente. 25% dos medi-
camentos prescritos contêm pelo menos
uma planta ou alguma substância derivada
dos vegetais. Esta proporção vai aumen-
tando, à medida que se investigam e si'
Quando, na primeira conhecem melhoras plantas medicinais.
metade do sécuio XX, os Certamente, a ciência médica actuai não
notáveis progressos na base de plantas. As substâncias puras eram
produção de medicamentos mais potentes, fáceis de dosificar, e a sua pode- prescindir dos potentes fármacos de
de síntese química tomaram administração em forma de cápsula, com- síntese química. Contudo devem-se usar
o lugar dos remédios primido ou outra, tornava-se mais cómoda. com cautela, i eservando-os para os casos
vegetais, pareceu que a mais agudos ou difíceis; pois em certas oca-
fitoterapia chegava ao seu
()s êxitos fia química farmacêutica fizeram
esquecer até há poucos anos os remédios siões, embora proporcionem um alívio
fim.
naturais, ou seja as plantas medicinais tal imediato, náo curam a doença, e além dis-
Contudo, actualmente está- so têm importantes efeitos indesejáveis.
-se a redescobrir o valor das como a natureza as oferece, e até os seus
plantas medicinais, que são rxirácios e preparados. "Prímum mm nocere", isto é. em primeiro
tanto ou mais eficientes lugar não causes dano. sentencia o famoso
que os fármacos, e com Mas a euforia cio êxito da química fat'- aforismo médico.
menos contra-indicaçõeS- macêuiica náo durou muito. Ao contrário
do que a princípio parecia, por exemploi O leitor sofre de insónia? Então experi-
os cada vez mais potentes antibióticos sin- mente a valeriana, a passillora ou o pi In-
téticos não foram capazes de acabar por teiro; que, ao contrário do que acontece
completo com as doenças infecciosas. V. com os sedativos químicos, não diminuem
certo que, graças a eles, se têm salvado mui- os reflexos nem criam dependência.
tíssimas vidas, mas também c certo que au- Sofre de dores reumáticas? Tente aliviá-
mentaram enormemente as resistências, las com o harpagófíto, o salgueiro ou o ale-
alergias e outros eleitos indesejáveis. Os crim, antes de se arriscai a sofrer uma gas-
potentes corticóides e fármacos anti-iníla- trite ou uma úlcera de estômago com os
matóríos podem resolver um caso agudo. fármacos anti-reuinálicos.

112
A SAÚDE PELAS FLAUTAS UEO<C'»Al S

1"' P a r t e : G e n e r a l i d a d e

Primeiro a palavra;
depois a planta;
em último caso a faca!"
Aforismo médico grego
Muitos medicamentos
actuam como autênticas
facas químicas, cujo uso
poderia evitar-se usando a
palavra (psicoterapia) ou as
plantas medicinais
(fitoterapia).

Sofre de prisão de ventre crónica? Use o


sene-da-índia, a malva ou as sementes de Plantas medicinais e
linho, em vez dos laxantes químicos, se qui-
ser evitar unia colite crónica com perda de medicamentos de plantas
potássio.
Os tratamentos aplicados para fazer fren- Os medicamentos normalmente apre-
te à doença devem ser proporcionais à sua sentam certos inconvenientes. Claro que as
gravidade ou malignidade. plantas medicinais, colhidas e receitadas
de forma empírica por "amadores", tam-
Diz um aforismo grego: "Primeiro a pa- bém podem tornai-se perigosas.
lavra; depois a planta; em último ais», a /ara!"
Alguns medicamentos de síntese química E possível que o ideal sejam os prepara-
são "Facas" que poderiam evitar-se utilizan- dos à base de plantas correctamente iden-
do sabiamente a palavra (psicoterapia) ou tificadas, ou os seus extractos, dosificados
as plantas medicinais (fitoterapia). e preparados por um profissional far-
macêutico, segundo prescrição de um mé-
E, logo à partida, o melhor de tudo é se- dico conhecedor das suas propriedades.
guir um estilo de vida saudável e uma ali- I.sia é a fitoterapia científica para que mo-
mentação correcta; algo que nunca pode- dernamente se tende, e que finalmente
rá sei substituído, nem pelas plantas medi- acabará com a divisão um tanto artificial
cinais nem pelos medicamentos. entre plantas e medicamentos.

113
//,.

Como obter os melhores resultados


com as plantas
Os melhores resultados para a saú-
de obtêm-se usando as plantas em
combinação com outros agentes na-
turais de acção medicinal, como por
exemplo a água (hidroterapia), o
mar (talassoterapia), o sol (heliote-
rapia), as terras medicinais (geote-
rapia), o exercício físico e a ali-
mentação saudável, baseada em
produtos vegetais.
Além disso, é necessário praticar há-
bitos de vida sadios, como a abs-
tinência do tabaco, das bebidas al-
coólicas e de outras drogas.
A acção conjunta de todos estes
factores exerce um notável estímulo
sobre os mecanismos de defesa e
de cura do próprio organismo, que
acabarão por ser os que vencem a
doença.

Nos remédios vegetais, os


princípios activos têm a
vantagem de estar
acompanhados de muitas outras
substâncias, aparentemente
inactivas. No entanto, estes
componentes que recheiam a
planta conferem-lhe, no seu
conjunto, uma eficácia e uma
segurança superiores às dos
princípios activos isolados e
purificados.
E além do mais, a eficácia das
plantas medicinais é aumentada
q u a n d o estas se utilizam no
quadro de uma cura
revitalizadora natural.

"S
114
S/s

Uma pioneira da moderna fitoterapia


Nos últimos anos do século XIX e nos pri-
meiros do século XX, os médicos ainda re-
ceitavam medicamentos à base de substân-
cias químicas muito enérgicas, algumas
então recém-descobertas, que hoje são con-
sideradas venenosas: o calomelano ou clo-
reto mercuroso (de acção fortemente pur-
gante), o tartarato de antimónio (vomitivo),
a estricnina (excitante tóxico), ou os sais de
arsénico (contra a sífilis e outras? infecções).
Os progressos da incipiente indústria quí-
mica e farmacêutica, tanto na Europa como
nos Estados Unidos, tinham desencadeado
um grande entusiasmo social. A contínua
descoberta de novos medicamentos cada
vez mais potentes, ainda que não menos tó-
xicos, parecia prometer um futuro próximo
em que iria existir um fármaco específico
para curar quase qualquer doença.
No meio daquele ambiente de euforia farma-
cológica, quando o interesse de todos os cientistas se dirigia para os
medicamentos de síntese química, Ellen G. White, notável autora nor-
te-americana dotada de uma grande capacidade pedagógica e pre-
ventiva, escrevia o seguinte: «Há plantas simples que podem ser usa-
das para o restabelecimento dos doentes, cujo efeito sobre o orga-
nismo é muito diferente do efeito dos medicamentos que envenenam
o sangue e põem a vida em perigo.»'
Esta pioneira da moderna fitoterapia recomendou o uso popular de
certas plantas medicinais, adiantando-se assim em mais de cem anos
às leis actualmente vigentes na maioria dos países ocidentais, que
permitem o livre uso de certas plantas sem necessidade de receita
médica: por exemplo, a infusão de lúpulo (como sedativo), os banhos
aos pés com mostarda (para descongestionar a cabeça), o carvão
vegetal (pelo seu efeito desintoxicante), e o pinheiro, o cedro e o
abeto (para as afecções respiratórias).
Além de promover o uso racional das plantas medicinais como alter-
nativa aos enérgicos remédios medicamentosos que se usavam na-
quela época, Ellen G. White fez finca-pé num facto que hoje é bem
conhecido pela ciência médica, mas que há um século constituía uma
autêntica novidade: A saúde não é fruto do acaso, mas antes a con-
sequência dos hábitos de vida e, em especial, da alimentação.
Nos nossos dias ganhou uma maior relevância, se assim se pode di-
zer, aquilo que foi o seu pensamento central acerca da saúde: Que o
uso inteligente dos agentes naturais, como a água. o sol, o ar, as
plantas medicinais, os alimentos sãos, assim como a adopção de há-
bitos saudáveis (exercício físico, repouso adequado, boa disposição O uso adequado das
mental e confiança em Deus), pode fazer muito mais pela saúde do plantas medicinais,
que os potentes medicamentos de síntese química ou que os trata- j u n t a m e n t e com outros
hábitos de vida saudável,
mentos agressivos.
podem impedir que as
'Selected Messages. vol. 2. pág. 288: Pacific Press Publishing Association, Moun- debilidades do nosso
tain View (Califórnia. EUA.). 1969. organismo evoluam até se
transformar em doenças
declaradas.

'''S
115
O cacau, estimulante,
diurético e cicatrizante
(pág. 597).
As plantas medicinais
O aloés, um
excelente cicatrizante
de feridas (pág.
694).

O milho,
alimentício e
diurético
(pág. 599).

As chagas,
uma
planta
antibiótica

Uma das pirâmides maias de Palenque (Chiapas, México). As grandes culturas autóc-
tones do continente americano, como a maia e a asteca no México, ou a inca no Peru,
atingiram um grande desenvolvimento no conhecimento e aplicações das plantas me-
dicinais. O m u n d o inteiro beneficiou das plantas medicinais americanas, como o ca-
cau, o aloés, o milho e as chagas, além das alimentícias, como o tomate ou a batata.

«Rogo a Vossa Majestade que não deixe passar mais médi- uma notável vantagem relativamente aos seus colegas es-
cos para a Nova Espanha (México), pois com os curandei- panhóis.
ros Índios já há suficientes.»
A medicina em geral, e o uso das plantas medicinais em par-
Assim escrevia Hernán Cortês ao imperador Carlos I de Es-
ticular, encontravam-se muito desenvolvidos nas culturas as-
panha e V da Alemanha, em 1522. depois de ter sido trata-
teca, maia e inca, assim como entre os índios povoadores
do com êxito pelos médicos astecas a uma ferida na cabeça,
da América do Norte.
que os médicos espanhóis não tinham sido capazes de cu-
rar. No México, capital da região do Anahuac, havia grandes jar-
Evidentemente, os médicos nativos sabiam como tirar bom dins botânicos em volta dos palácios do imperador, onde se
proveito da rica flora medicinal mexicana, o que lhes dava aclimatavam as plantas de todo o império.

m
''S
116
y/s-

na América A equinácea, estimulante natural


das defesas (pág. 755).

O hidraste, eficaz
contra os catarros
(pág. 207).

A hamamélia, tonifica as
Vista do Canyon Bryce fUtah, Estados Unidos) cuja espectacularidade se assemelha à
veias e embeleza a pele
do Grand Canyon do Co/orado. Os índios norte-americanos conheciam e respeitavam
(pág. 257).
os recursos que a natureza oferece, especialmente as plantas medicinais. A moderna
investigação cientifica pôde comprovar a eficiência de muitas das plantas usadas pe-
los índios, tais como a equinãcea, o hidraste e a hamamélia.

Refere o doutor José M.- Reverte Coma, professor de Histó- na, a ratânia, a quássia, as chagas e muitas outras plantas
ria da Medicina da Universidade Complutense de Madrid, de grande interesse medicinal.
que no México antigo existiam diversos profissionais de
saúde: Durante os séculos XVII e XVIII, partiram da Europa diver-
sas expedições botânicas para estudar a flora medicinal
• os tlama-tepati-ticitl, médicos generalistas que curavam americana, das quais talvez a mais importante tenha sido a
com plantas, banhos, dieta, laxantes ou purgantes; dirigida por Jorge Celestino Mutis em 1760. A chegada des-
• os texoxo-tlacicitl, que se dedicavam à cirurgia; tas novas plantas medicinais produziu toda uma revolução
• os papiani-panamacani, que apenas tratavam com "er- enriquecedora na terapêutica em uso no Velho Mundo. A qui-
vas". na foi para a medicina o mesmo que a pólvora tinha sido para
a arte da guerra.
Os exploradores espanhóis ficaram surpreendidos pela gran-
de variedade de novas plantas medicinais -e também ali- Na actualidade continuam-se a investigar as propriedades
mentares- que encontraram no Novo Mundo. curativas de muitas plantas do Novo Mundo, com base nos
Devemos ao doutor Diego Alvarez Chanca, médico espan- usos tradicionais que lhes dão os índios nativos. A selva
hol que acompanhou Colombo na sua primeira viagem à amazónica é um imenso armazém farmacêutico para a hu-
América, a primeira descrição da batata, do cacau, do milho, manidade, e muitos dos seus recursos continuam ainda por
da mandioca, da copaíba, do guaiaco e do pau-brasil. Ou- explorar. Este é mais um motivo, além dos ecológicos e meio-
tros descobriram a salsaparrilha, o aloés, o podofilo, a qui- ambientais, para se zelar pela sua conservação.

117
Como se descobriram as

N o g u e i r a (pág. 505)
O interior dos seus frutos
mostra uma grande
semelhança com a superfície
do cérebro. As nozes contém
abundante fósforo, elemento
importante na bioquímica
cerebral e do sistema
nervoso.

Laranjeira (pág. 153)


As suas folhas apresentam
um coraçãozinho na
base, pelo que se
recomendam contra as
afecções cardíacas. Dado
que sáo sedativas, têm
uma acção favorável
sobre muitas cardiopatias.

Os antigos acreditaram ser possível intuir as propriedades sem o mínimo rigor científico. No entanto, é curioso ob-
das plantas a partir das suas características. Esta ideia servar como algumas das suas proposições se puderam
transformou-se já no tempo de Hipócrates (século V a.C.) comprovar cientificamente. Por exemplo:
na chamada "teoria dos sinais". O próprio Dioscórides foi • as nozes são boas para o cérebro, pois contêm abun-
um dos seus fervorosos defensores. Também Paracelso, dante fósforo e ácidos gordos insaturados;
ilustre médico e naturalista suíço do século XVI, dizia as-
sim: «Todo o vegetal está assinalado pela natureza; e é • a aristolóquia contém efectivamente um alcalóide de
bom para aquilo que nos é indicado peio seu sinal.» acção ocitócica, que contrai o útero;
• a arenária é diurética e ajuda a expulsão de cálculos.
A teoria dos sinais • o meimendro tem acção analgésica;
À semelhança de muitos dos seus contemporâneos, o mé- • e as folhas de laranjeira são sedativas e benéficas para
dico espanhol do século XVI Andrés de Laguna, tradutor os doentes cardíacos.
da Matéria Médica de Dioscórides, acreditava que a tare-
fa do homem consistia em descobrir os sinais que o Cria- É claro que também há muitos casos em que a teoria dos
dor tinha deixado nas plantas, como forma de decifrar as sinais falha, por mais atraente e sugestiva que possa pa-
recer. Por exemplo:
suas virtudes. Outros eminentes botânicos e médicos tam-
bém aceitaram esta teoria dos sinais durante mais de dois • as sementes da rosa-canina não servem para tratar os
mil anos. Actualmente parece-nos uma anedota histórica cálculos urinários, apesar da sua semelhança com eles;

'//

118
S/,

propriedades das plantas |i]

Rosa-canina (pág. 762]


Como os seus ramos
lembram as presas da
queixada de um cão,
usaram-se para curar as
feridas causadas pelas
mordeduras de cães e
lobos. Nào se conseguiu
demonstrar esta
pretendida acção Aristolóquia (pág. 699)
curativa. As suas flores lembram os
órgãos genitais femininos
(externos e internos), pelo
que se usou para facilitar o
parto. Sabemos hoje que
contém substâncias
ocitócicas, que estimulam
as contracções uterinas.

• as folhas do trevo-dos-prados não curam as cataratas, anterior à boda, às noivas que pretendiam aparentar uma
apesar da sua mancha branca que lembra o halo duma virgindade perdida.
catarata ocular.

Noutros casos, exageraram-se as pretendidas proprieda- Da intuição para a experimentação


des deduzidas dos sinais de uma planta. Por exemplo, as
folhas da consolda nascem muito unidas ao caule, do que Actualmente, os enormes progressos da investigação quí-
Dioscórides deduziu que a planta devia ser um poderoso mica e farmacêutica tornam desnecessário recorrer à in-
cicatrizante. E não se enganou, pois pôde-se provar que tuição ou à tradição, como acontecia antigamente com a
contém alantoina, substância que nos nossos dias faz par- teoria dos sinais. Mas muito mais desaconselhável e até
te de numerosas pomadas. Mas no seu entusiasmo de perigoso é o emprego das plantas medicinais baseado na
mostrar o valor da teoria, o sábio grego chega ao extremo superstição ou na magia, que ainda persiste em determi-
de dizer que as raízes da consolda «cozidas com carne nados sectores sociais.
despedaçada, a juntam e acabam por unir».

Não teria sido nada difícil pôr em evidência o exagero de O uso racional e científico das plantas, baseado na experi-
Dioscórides; mas a ciência da antiguidade preferia lucubrar mentação química e farmacológica, é realmente a única
a experimentar. E assim, durante muitos séculos, os médi- maneira segura de utilizar correctamente as plantas medi-
cos recomendavam um banho em água de consolda no dia cinais.

119
Como se descobriram as propriedades das plantas (2)
M e i m e n d r o - n e g r o (pág. 1 59)
Desde tempos muito antigos tem sido usado
para açaimar as dores de dentes, com base
em que os seus frutos lembram uma peça
dentária, em que o cálice seriam as raizes
dentárias. Hoje sáo bem conhecidas as suas
propriedades analgésicas e narcóticas.

Pulmonária
(pág. 331J
As folhas da
pulmonária
lembram a forma
de um pulmão. Os
antigos usaram-na.
de forma empírica,
para tratar as
afecções respiratórias.
Hoje sabemos que a
pulmonária contém
mucilagens e alantoina
de acção emoliente
suavizante) sobre as mucosas
respiratórias, e além disso
saponinas, que actuam como
expectorantes.

Golfão fpág. 607)


Dado que nasce em lugares frios,
recomendava-se para "esfriar" os instintos
sexuais (anafrodisiaco). Hoje continua a ter a Trevo-dos-prados
mesma aplicação. Além disso, os (pág. 340)
partidários da teoria dos sinais A mancha
viam nas suas flores brancas branca nas
um símbolo da virgindade suas folhas
fez pensar que
serviria para curar as
cataratas, o que não
foi possível comprovar.
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1 mM
índice dos capítulos
7. Plantas para os olhos 128
8. Plantas para o sistema nervoso 138
9. Plantas excitantes 176
10. Plantas para a boca 186
1 1 . Plantas para a garganta, nariz e ouvidos . . 200
12. Plantas para o coração 212
13. Plantas para as artérias 226
14. Plantas para as veias 248
15. Plantas para o sangue 262
16. Plantas para o aparelho respiratório 280
17. Plantas para o aparelho digestivo 346
18. Plantas para o figado e a vesícula b i l i a r . . . 378

Volume 2
19. Plantas para o estômago 416
20. Plantas para o intestino 476
2 1 . Plantas para o ânus e o recto 538
22. Plantas para o aparelho urinário 548
23.Plantas para o aparelho genital masculino. 602
24. Plantas para o aparelho genital feminino . . 614
25. Plantas para o metabolismo 644
26. Plantas para o aparelho locomotor 654
27. Plantas para a pele 680
28. Plantas para as infecções 736
29. Plantas para outras doenças 774
PLANTAS
QUE CURAM
Enciclopédia das Plantas Medicinais

DESCRIÇÃU
SEGUNDA PARTE y ^ v

Alguém que desconheça as plantas


nunca poderá formar juízo
acertado acerca das suas virtudes.»
CARI. VON LINNÉ
Naturalista e médico sueco considerado o pai da
botânica m o d e r n a (1707-1788)

k..
Significado dos ícones de partes botânicas
usados nesta obra

Nesta enciclopédia usa-se um bom número de ícones, símbolos e tabelas para descrever
plantas, órgãos do corpo e doenças. Nestas quatro páginas fazemos a apresentação de
todos eles. de modo a que o leitor se familiarize com os mesmos e possa
interpretá-los facilmente.

Ramos

Sumidades (parte
Folhas superior da planta)
. > suculentas
J U L U I C M I O J

(p. ex. as pás da K^


figueira-da-índia) Amentilhos (ramos
pendentes de
Folhas dos fetos pequenas flores)
(frondes)

Folhas das plantas Flores


fanerogâmicas
(as folhas típicas)

Pedúnculos (pés)

Secreções (p. ex.


resina, seiva, látex)
Frutos

Caules e troncos Casca dos frutos

Madeira, carvão
Sementes

Vagens (bolsas que


envolvem as
Casca (córtex) sementes)

rw^^fT ™)N! Palha oU f a r e ,


°

Tubérculos
Rizoma (caules
subterrâneos)

Bolbos

ê AOk> ^

Talo (parte vegetativa Toda a planta


Toda a planta
de algas e musgos) excepto a raiz

124
Significado dos ícones de indicações médicas
usados nesta obra

Doenças do
Doenças dos olhos
sistema nervoso

Acção excitante
Doenças da boca e
dos dentes

Doenças
Doenças do da garganta,
aparelho nariz e ouvidos
respiratório

Doenças
Esgotamento e do coração
astenia (acção
tonificante)

Doenças
das artérias
Doenças do fígado
e da vesícula biliar
D Doenças
4T do sangue

Doenças do
metabolismo
Doenças do
aparelho digestivo
no seu conjunto
Doenças do
aparelho urinário
(rins e bexiga) Doenças
do estômago

Doenças
infecciosas (acção Doenças
antibiótica) do intestino

Doenças do Doenças do ânus


aparelho genital e do recto
feminino

Doenças do
aparelho genital Doenças do
masculino aparelho locomotor

Doenças das veias Doenças da pele

125
Explicação das páginas descritivas das plantas

ícone da Uso livre: A planta nào tem efeitos ícone da Titulo do capitulo
secundários nem contra-indicacões. parte botânica
forma de
uso da
planta:
Qj utilizada
[ver pág. 124)
Uso com precauções: Trata-se de uma ícone da indicação médica
planta potencialmente tóxica [ver pág. mais notável da planta
107). Pode-se usar sem riscos, desde que (ver pág. 125)
se tenham em conta as precauções
indicadas.

Uso perigoso: Trata-se de uma planta ícones de outras indicações


tóxica [ver pág. 106). de potente acção médicas da planta
sobre o organismo, mas que também (ver pág. I 25)
produz efeitos indesejados. Nalguns casos
não se recomenda o seu uso e, em
outros, apenas o uso dos seus extractos
dosificados, sob vigilância médica.

Nome cientifico Quadro de


da planta. preparação e
Dentro de cada capitulo, emprego
as plantas ordenam-se
.ill, ibeticamente segundo
o seu nome cientifico.

Número de
referência:
N o m e comum
A cada uma das
da planta diferentes formas de
preparação e
emprego se atribui
um número de
referência.
Subtítulo No texto principal
alude-se ás formas
Indica as características
de preparação e
mais notáveis da planta.
emprego com este
mesmo número.

Texto principal

Desenho
N ú m e r o de referência
••- i - « » . i c . j • da planta
da forma de preparação •

«• i mprego : .>3u.-
.".••>. M / M * .

Q u a d r o de precauções Sinonímia e descrição


para o uso da planta botânica da planta
(quando existam)

126
Quadro de informação Quadro de espécies botânicas
Nele se dão informações relacionadas
destacadas, relacionadas com a Nele se descrevem outras espécies similares,
planta que se está a descrever. relativamente á planta principal, quanto a
morfologia e propriedades medicinais.

o> Obtenção do óleo o da agua-de-allaiema y Outras espécies de "Alfazema'

E m l r m V A H M i ? i p * c « i • I HM
t tiffl Mrp OT J . T V ' Ifantft? -0 Jf « c m A t * * * p n 1 ò « t P l r t «o QMMra
r I j h j i ^ x x i leda* eOtt i « v i i r a gual-
\ •' M
rntflie M U < « J a < « « o o t e n r o , c
toOM o l w c c c n ao canwiname um
• Aguâ-de-sHs&ms: [> :*# ,r?i <«• I mai» «picca4o^ òa
i D i m M i n h o ( V a c U m / a Ui por ai
i - i , - : . . ; • ' . •'" - ; • ;-> >: •'..'.
u u i h y r » oUaieoi ,>gnjpadj» m#n
•V C V t w Je <Jc • ar ' Í I H A - W J f*** M p M i e i « mu-io M-m*-!har.v e ai
ranuirteU) tenrwui 4c wcçao qua
RIM piopíi»djKh>» irtMflcInali v*o
. J r>oM* 0 M M WV9* dra/i>Aar l*mMtfn * «stftecMJo pe
M m n m i i . A*c-noi C w H * o u * )
. . , n o r a '* '•• mtnahQt
;.. f • i r.i •: -• i • i.v.f .1,1 . .; r
cos f**-*i I T \ 1 I I A » Pooe-té<Hj*cont como f 4 j ItvrMtn t o c i A d v n
* J U J . M > » v • K W gur *s^r o m i u i -
- < :> T.i • : . . • • i a . j ^ i L M t i i t ^ i i l llMc*K - L i
».!nJUi«»c*-iL v.u fcMM I' M»
p cV M<rT*0JdM ftandas SrtMi ftjfn .. :; • . • ! • 1 . . • • . . - . -

i s * como toçâo aobn


Transa****"* ca* fcvrw p i i w v x»v
v i * W o d r AaP"# g u v a i Mcvnj»as-

Em cada capítulo aparecem as plantas mais importantes para o trata-


mento das doenças de um determinado órgão ou sistema.
Quando uma mesma planta tem várias aplicações, o que acontece
com frequência, inclui-se no capitulo correspondente à aplicação mais
importante.
Para compensar este facto e facilitar as procuras, nas tabelas de do-
enças dá-se a relação de todas as plantas úteis para cada doença, in-
dependentemente do capitulo onde se encontrem.

Planta
Nome comum das plantas
Explicação das tabelas de doenças
mais adequadas para a
doença. Cada uma das
plantas enumeradas se
pode tomar ou aplicar Pág. (Página)
Página do livro na qual se Acção
sozinha, ou então em
encontra a planta Acção mais notável da
combinação com
recomendada. As plantas planta, em relação com a
quaisquer outras das
estão ordenadas de acordo doença cujo tratamento se
plantas recomendadas está a descrever.
para essa doença. com o seu número de
página, por ordem crescente.

Doença A. A Uso
Referem-se algumas Doença pi*n. PH- Acçio Uio A forma de preparação e
doenças ou transtornos emprego de cada planta,
próprios do órgão ou
QutRAÍlIE
C;---.-< V
ímmtm para a doença que se
sistema descrito em cada descreve
1 ã*tto* <* *** ** r cc
" " > ' •• * '***
capitulo '. ' .' ." • .
I-»•• * arawrtu • > M < M M
Quando não se especifica a
Por razões óbvias de l M Ç n Pí UM n teria V*i 001 forma de emprego, entende-
espaço, a lista de doenças •••

-se que é para uso interno


e transtornos não é Por exemplo:
TERCOC
III l-rjiiAiHCnJc-1»
exaustiva. Escolheram-se •
Infusão", quer dizer que deve
unicamente as doenças •

• • • . . . . ,
Cn«t*t\\t\tt™ Jdrcoecaoâacava ser ingerida por via oral.
mais representativas de • •

' . mco>* * I » ^ J o « Lavagens com a decocçáo".


cada órgão, e as que •••

refere-se a um uso externo.


melhor respondem ao VlSAO. DlMlMJJÇAO W a x / l a x t - 1 » > »Hual, * u w « • » < —
( M o 1 ContitiMiM •
tratamento fitoterápico.
«—.) :--i W . 1 , 1 a ri < * . « \jr<u*ej da i»'tu i •• JwrcítiaúrlrUM

127
PLANTAS PARA OS OLHOS

UMÁRIO DO CAPÍTULO
Plantas com antocianinas
DOENÇAS E APLICAÇÕES
Antocianinas, plantas com 128
Ardor nos olhos (legenda de foto) .130 0 arando é a planta com maior con-
centração de antocianinas, e a que
Blefarite 129 mais efeito exerce sobre a vista, mas
Cansaço ocular (legenda dê foto) .130 há também outras que se podemusar
Conjuntivite e blefarite 129 como alternativa.
Córnea, in fia mação, ver (hera tile 1 311
Olhos, ardor í legenda de foto) . . .130
Olhos, irritação (legenda de foto) . / 30 Planta Página
Pálpebras, infla mação, Arando 260
ver Conjuntiviteeblefarite ...130 Fidalguinhos 131
Perda de visão. Malva 511
ver Visão, diminuição 130
Monarda 634
Plantas com antocianinas 128
Qjieratite 130 Roseira 635
Terçol 130 Salgueirinha 510
Visão, diminuição 130 Videira 544
Violeta 344
PLANTAS
Cenoura 133
Erva-de-são-roberto 137
Eufrásia 136 A vitamina A é necessária p a i a o bom
f u n c i o n a m e n t o das células da retina, sen-
Fidalguhdws 131
síveis aos estímulos luminosos.
As antocianinas são substâncias de natu-

A
S PLANTAS medicinais contri- reza giicosídica q u e c o m u n i c a m a sua tí-
b u e m p o r m e i o d e dois meca- pica cor azul a algumas Hores e frutos. São
nismos p a r a o b o m funciona- anii-sépticas, auti-inílamatói ias e, antes de
m e n t o do sentido da vista: Apli- t u d o , e x e r c e m unia acção p r o t e c t o r a so-
cadas localmente sobre os olhos, possuem bre- os vasos capilares em geral, e sobre os
uma acção anti-séptica e anti-inflamatória, cia retina em particular. Melhoram a irri-
muito útil para a higiene ocular, e em caso gação s a n g u í n e a na retina. Além disso, as
de conjuntivite e de outras afecções infec- a n t o c i a n i n a s favorecem a p r o d u ç ã o de
ciosas ou inflamatórias do pólo a n t e r i o r pigmentos sensíveis à luz nas células da re-
dos olhos. tina.
Ingeridas por via oral. há plantas medi- Por t u d o isto, em uso i n t e r n o , as plantas
cinais q u e fornecem vitamina A e antocia- q u e c o n t ê m vitamina A e a n t o c i a n i n a s
ninas, substâncias q u e m e l h o r a m a acui- m e l h o r a m a acuidade visual e a visão noc-
d a d e visual. turna.

128
A SAÚDE PELAS F L A M A S MEDICINAIS

2" P i í r t e : D e :-» e r i c <i o


I
Doença Planta Pág. Acção Uso

CONJUNTIVITE E BLEFARITE
Compressas sobre os olhos, banhos
A conjuntiva é uma delicada membrana oculares e gotas sobre os olhos
que reveste a parte anterior do globo FÍDALGUINHOS 131 Desinflamam o pólo anterior dos olhos
(colírio) com água de fídalguinhos
ocular, incluindo a parte interna das pál- (decoccão de flores de fídalguinhos)
pebras. Normalmente é transparente,
mas quando se irrita ou inflama (coiv
juntivite) adquire uma cor vermelha de Fortalece e hidrata as mucosas
sangue.
CENOURA 133 oculares
Come-se crua ou em sumo
Na maior parte dos casos, a conjuntivi-
te é produzida por microrganismos (ví- Lavagens oculares e colírio com a sua
rus ou bactérias), e agrava-se pela ex-
EUFRÁSIA 136 Anti-séptica e anti-inflamatória
infusão
posição ao fumo, pó, água contamina-
da ou luz excessiva. 0 forcar a vista
também pode produzir irritação ou con- ERVA-DE-SÃO-
137 Adstringente (seca a mucosa Lavagens oculares
gestão da conjuntiva. -ROBERTO conjuntival) com a sua decoccão
0 tratamento fitoterápico baseia-se em
aplicações locais de plantas anti-infia- Lavagens oculares
CHÁ 185 Adstringente
matórias, emolientes e anti-sèpti- com a sua decoccão
cas. Em geral, recomendam-se todas Lavagens oculares e colírio
as plantas emolientes (ver cap. 27). SANAMUNDA 194 Desinflama e desinfecta
com a sua infusão
Nos casos crónicos ou persistentes, a
conjuntivite pode estar relacionada com Anti-inílamatório. Muito útil em Compressas e banhos oculares
CARVALHO 208 conjuntivite por irritação ou alergia com a decoccão da casca
uma deficiência de vitamina A, ou com
um estado tóxico por mau funciona-
mento do fígado ou dos rins. Acalma e suaviza os olhos.
A blefarite é a inflamação das pálpe- HAMAMÉLIA 257 Alivia o ardor causado pelo pó, Lavagens oculares com a infusão
bras. Aplicam-se localmente as mes- fumo ou cansaço ocular de folhas e/ou casca
mas plantas que em caso de conjuntivi-
te. Convém prestar atenção às carên- 258 Emoliente (suavizante)
ME LI LOTO Lavagens oculares com a sua infusão
cias nutritivas, especialmente de vita-
mina A, e de oligoelementos como o
ferro. TANCHAGEM 325 Suavizante e anti-inflamatória Lavagens oculares
com a sua decoccão

VIOLETA 344 Suavizante. Lavagens oculares


Especialmente útil na blefarite com a infusão de folhas e/ou flores

ASPÉRULA- Lavagens oculares com a sua


351 Anti-inflamatória
-ODORÍFERA decoccão

FUNCHO 360 Anti-inflamatório Lavagens oculares com a infusão de


sementes

CAMOMILA 364 Cicatrizante, emoliente e anti-séptica Lavagens oculares com a sua infusão

Cataplasmas com a planta fresca


BELDROEGA 518 Emoliente e anti-inflamatória
esmagada

VIDEIRA 544 Anti-inflamatória e cicatrizante. Lavagens oculares com a seiva


Muito útil para a higiene ocular dos sarmentos

ROSEIRA 635 Alivia o ardor, desinflama e desinfecta Infusão de pétalas de rosa

Desinflama e suaviza a mucosa Lavagens oculares


ULMEIRO 734
conjuntival com a decoccão de casca

Lavagens oculares
ROSA-CANINA 762 Anti-inflamatória e anti-séptica
com a água de rosas

Ervade-são- SABUGUEIRO 767 Suavizante e anti-séptico Compressas e lavagens oculares


roberto com a infusão de flores

129
C a p . 7: P L A N T A S PARA OS O L H O S

Doença Planta Pág. Acção Uso

QUERATITE
É a inflamação da córnea, que é um dis- « 133 ^ T o ^ f Z ^ Z T C«ruaoue m 5 u m o
co transparente de aproximadamente
um milímetro de espessura, que cobre
a porção anterior do globo ocular. A
sua gravidade decorre do facto de que Eu™*» 136 A*sép.,caea„«,arr,a.óna S S f S . w f * ' " ^
a córnea inflamada pode ficar opaca e
dificultar a visão. Além do tratamento
especializado, recomendam-se estas
plantas e, em geral, todas as citadas VIDHRA 544 Antiinflamatòriae cicatrizante !£?*!!££*"*"""**"
para a conjuntivite. dos sarmentos

TERÇOL
F.DALGU.NHOS 131 Anti-inílamatórios & « S L ^ ! ? r S ^ C t í , a
Pequeno furúnculo que se forma no bor- de fidalguinhos (decocção de flores)
do da pálpebra. Com o tratamento pre-
tende-se que amadureça e que se abra.
Também se podem aplicar as outras CARVALHO 208 Anti-inflamatório Compressas com a decocção
plantas recomendadas para a conjunti- ca casca
vite, se possivel em compressas sobre
as pálpebras. VIDE.RA 544 Ant,inflamatória e cicatrizante ^ g ™ ^ * * C ° m * Se ' Vâ
dos sarmentos
VISÃO, DIMINUIÇÃO
As plantas que protegem os capilares C E NO U P, 133 5 g K S Í S * S L l l Conae-se crua ou em sumo
da retina, como o arando, ou que for-
necem a vitamina A necessária para as
células sensíveis à luz, podem melhorar
a acuidade visual. ARANDO 260 Melhora a irrigação sanguínea da retina Sumo fresco ou decocção de frutos

Eufrásia

As plantas mais empregadas para lavar


os olhos em caso de ardor, irritação ou
cansaço ocular devido a ter de forçar
muito a vista (por exemplo, quem
trabalhe em frente de um ecrã de
computador), são as seguintes:
camomifa, eufrásia, fidalguinhos,
hamamélia e roseira.
As lavagens e as compressas com estas
plantas fazem diminuir as olheiras e
embelezam os olhos, dando-lhes um
olhar límpido e brilhante.

130
Centáurea cyanus L
ai
Preparação e emprego

Fidalguinhos
USO INTERNO

Um b o m remédio O Infusão: 20-30 g de flores


jovens por litro de água. Toma-
para os olhos -se uma chávena antes de ca-
da refeição.

USO EXTERNO
Água de f i d a l g u i n h o s : Para

O S FIDALGUINHOS salpicam obtê-la faz-se uma decocção


as douradas soaras a partir do com as flores, de preferência
fim da Primavera, com o gra- frescas, na proporção de uns
cioso azul das suas flores. Desde tem- 30 g (2 colheradas) por litro de
pos muito antigos que a semente do água. Deixar-se ferver duran-
cnval se tem misturado com semen- te cinco minutos. Aplica-se so-
tes desta plaina, e assim viajaram jun- bre os olhos quando estiver té-
tas, cspalhando-se por lodo o inundo. pida, de uma das seguintes
Plínio, o Velho, naturalista romano do maneiras:
primeiro século da nossa era, descre- ©Compressas: Empapar
ve os fidalguinhos como -uma flor in- uma gaze e mantê-la uns quin-
cómoda para os ceifeiros», que sem ze minutos sobre os olhos,
dúvida procuravam evitá-la com as duas ou três vezes por dia.
suas foices ou gadanhas. Acerca desta €) Banho ocular: Por meio de
delicada planta, pouco mais chegou um recipiente adequado, ou
até nós escrito pelos autores clássicos simplesmente escorrendo so-
da antiguidade. bre o olho afectado uma gaze
impa embebida em água de
As suas virtudes medicinais foram fidalguinhos. A água deve cair
descobertas por Mattioli, botânico do do lado da fonte para o nariz.
século XVI. que afirma que «as flores
O C o l í r i o : Umas gotas de
azuis dos fidalguinhos desinllamam os
água de fidalguinhos no olho,
olhos avermelhados». A esta combi-
três vezes por dia.
nação de cores opostas, axul contra
vermelho, pensou Mattioli que se de-
viam as virtudes curativas desta plan-
ta, de acordo com a teoria dos sinais.
Outros nomes: lóios, lóios-dos-jardins.
Nos nossos dias. os herbicidas e OS saudades, ambretas. Brasil: escovinha,
processos de selecção das sementes de centáurea, centáurea-azul, cineraria, sultana.
cereal eslão a acabar com os fidal- Esp.: aciano, azulejo, ojeras. Fr.: bleuet.
guinhos, como se se tratasse de mais Ing.: corn-flower, blue-bottle.
uma erva daninha. Habitat: Crescem sobretudo nos campos
de cereais de toda a Europa, embora
tenham sido exportados para outros
continentes, como o americano. Em
Portugal esta planta ainda aparece
nalgumas searas, embora tenda a
desaparecer com a utilização dos herbicidas.
Descrição: Planta de caule fino. da (amilia das
Compostas, que atinge até meio metro de altura. As
flores são compostas, de um azul intenso. As folhas.
muito finas, aparecem cobertas por um suave veludo.
Partes utilizadas: as flores.

131
As flores dos fidal- isso em muitos sítios de Espanha se-
guinhos contêm an- da a esta planta o nome de 'ojeras'
tocianinas de acçáo
anti-séptica e anti-
(olheiras). As pessoas que lavam os
-inflamatória. Em ti- olhos com água de fidalguinhos têm
sana, por via oral. um olhar limpo e brilhante, que res-
melhoram a circula- plandece como as suas florezinhas
ção sanguínea nos azuis nos loiros trigais.
capilares da retina,
além de terem um São estas as indicações mais impor-
efeito aperitivo e tantes da água de fidalguinhos:
eupéptico.
• Conjimlivitc (inflamação da mem-
brana mucosa que cobre a parte an-
terior dos olhos) I00.O): Os banhos
oculares com água de fidalguinhos, e
também os colírios, ajudam a elimi-
nar as secreções (remelas), c fazem
desaparecer a congestão ocular.
• Blefarites (inflamações das pálpe-
bras), e terçóis (pequenos furúnculos
que se formam no bordo da pálpebra)
lô.ôl. Mesles casos vecomnula-se apli-
car a água de fidalguinhos em forma
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS A ÁGUA DE FIDALGUINHOS, obtida de compressas ou de banho ocular.
FLORES contêm antocianinas e polii- por decocção das suas flores, usa-se Antigamente pensava-se que os fi-
nos de acção anti-séptica e auti-infla- sobretudo pelo seu notável efeito antí- dalguinhos eram capazes de aclarai e
-matória; princípios amargos, que ac- -inflamatório, aplicada sobre o pólo conservar a vista, ainda que unica-
luani como aperitivos e eupépticos anterior dos olhos. mente àqueles que tinham olhos
(faciliiam a digestão); e flavonóidcs azuis. Por isso, cm francês, se chama
com um suave efeito diurético. As lavagens e banhos oculares com a esta planta "cassc-luncites" (quebra-
água de fidalguinhos aliviam eficaz- -óculos). Hoje sabemos que se traia
As flores tomam-seem infusão, an- mente o ardor e a irritação dos olhos. de uma lenda, mas. seja como for. re-
tes das refeições IO). K preferível não Também devolvem um aspecto fresco cordemos que os fidalguinhos são
adoçar. e limpo às pálpebras carregadas. Por "landes amisios dos olhos.

As compressas com
água de fidalguinhos,
sobre os olhos, redu-
zem o aspecto carre-
g a d o das pálpebras
e dáo um olhar lím-
p i d o e brilhante a
quem as aplica.

132
Daucus carota L
& L. P. .

Preparação e emprego

Cenoura
USO INTERNO
Essencial p a r a a vista e O Crua: A cenoura, em rode-
para a pele las ou cortada em tiras, deve-
ria ser c o m p o n e n t e indispen-
sável do prato de salada que
todas as pessoas saudáveis
devem comer todos os dias.
Em caso de estômago delica-

A
CENOURA pertence à mes- do, a cenoura crua pode co-
ma família botânica que a ci- mer-se bem ralada.
cuta (pág. 155), (Ir que a ce-
© Sumo: Toma-se acabado de
noura-brava se distingue por ler uma
fazer, só ou misturado com su-
mancha de cor púrpura no centro das
mo de limão e/ou de maçã, na
umbelas florais. A cenoura-brava tem
quantidade de meio a um copo
unia raiz lenhosa que a torna inade- por dia. Para notar os seus efei-
quada para a alimentação, mas que, tos benéficos, deve-se tomar
aplicada nu cataplasma, tem as mes- durante longos períodos de
mas propriedades medicinais da enl- tempo (no mínimo um mès).
uvada.
É importante notar que a pro-
vitamina A não se destrói du-
rante a cozedura, mas que se
degrada pela acção da luz.
© Infusão de sementes: 20-30
g por litro de água. Ingerem-se
3 ou 4 chávenas diariamente.

Uso EXTERNO:

O C a t a p l a s m a s de cenoura
cozida e esmagada, como sua-
vizante da pele.

Outros nomes: cenoura-brava.


Esp.: zanahoria. acenona, sinoria,
bufanaga, forrajera. Fr.: carotte
Ing.: carrol.
Habitat: A variedade silvestre, ou
cenoura-brava. é frequente nos
campos e lugares incultos de toda a
Europa. A planta é hoje cultivada nos
cinco continentes.
Descrição: Planta bienal da família das
Umbeliferas. de até 80 cm de altura. As
folhas são finamente divididas e as flores são
À beira dos terrenos cultivados brancas, agrupadas em umbelas terminais.
podem encontrar-se cenouras-
-bravas. Embora a sua raiz não Partes utilizadas: as raízes e as sementes.
seja comestível, em cataplasma
tem um notável efeito suavizan-
te sobre a pele.

133
A cenoura é um alimento-remédio ideal para as crianças: estimula o seu crescimento, aumenta as defesas, evita as diar-
reias, desenvolve uma boa visão e dá beleza à pele e ao cabelo. Além disso, contribui para a formação de uma denta-
dura forte e bem desenvolvida, especialmente se for mastigada crua.

No Papiro de Ebers, escrito pelo O CAROTENO, ou provitamina A. é rior do olho, blefarite (inflamação das
ano 1500 a.C. no Egipto, já se reco- o princípio activo mais valioso da ce- pálpebras) e queratíte (inflamação tia
mendava a cenoura como cosmético, noura. No fígado transforma-se em vi- córnea), entre outros.
aplicada cm rodelas sobre o rosio. tamina A ou retinol. Com <> consumo abundante de ce-
I loje sabemos que o seu efeito bené- noura obtêm-se excelentes resultados.
fico sobre a pele se deve especial- A VITAMINA A desempenha fun-
ções essenciais na fisiologia humana: permitindo melhorar notavelmente a
mente à provitamina A que contém. capacidade visual nos casos cm que a
K por isso que se diz que a vitamina A / nos mecanismos da visão na retina; sua perda seja devida a uma carência
é a "vitamina da beleza". / no bom estado da pele e das muco- de vitamina A.
sas; e •Alterações da pele: secura, rugas,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A RAIZ / na produção de sangue e de anti- atrofia, acne. A cenoura contribui, de
contém abundante pectina, substân- corpos (de lesas). forma muito acentuada, paia a saúde
cia glicídica de acção absorvente e an- Pelo seu abundante conteúdo em e a beleza da pele. tanto se for aplica-
(idiarreica; sais minerais diversos, es- provitamina A. a cenoura torna-se de da externamente IOI como tomada
pecialmente di- potássio e fósforo, as- grande utilidade quando se u n h a por via oral IO.0I. Dá-lhe uma pureza
sim como oligoelementos, que a tor- produzido uma carência desta impor- e suavidade que dificilmente se pode
nam remineralizante e diurética; óleo tante vitamina, quer por insuficiente conseguir com outros cosméticos.
essencial, que lhe confere o seu pe- fornecimento ao organismo ou má as- Existem casos rebeldes clc- acne que
culiar aroma e os seus eleitos vermí- similação, quer por aumento das ne- têm melhorado depois de um longo
fugos; e vitaminas do grupo li. um cessidades. tratamento à base de cenoura.
pouco da C. c, sobretudo, caioteno
(4500 pg por cada 100 g.) A cenoura ()s sintomas ou sinais de falta de vi- Também fortalece as unhas e o ca-
é uni dos vegetais mais ricos cm pro- tamina A, que a cenoura contribui belo, ao qual dá mais brilho.
vitamina A, apenas excedida pela lu- para superar, são os seguintes: • Alterações das mucosas: A vitamina
zerna (5300 ug por 100 g). Outras • Transtornos da visão IO.01: perda A também intervém na estabilidade
fontes importantes de caroteno são os da acuidade visual, bemeralopia (di- das mucosas, membranas que reves-
espinafres, a couve, os alperces, os to- ficuldade paia ver durante a noite ou tem o interior dos canais e cavidades
mates e os pimentos. com pouca In/), secura do pólo ante- orgânicas. Por isso se- toma liiil na

134
o Hipervitaminose A
tiróide), dismenorreia, depressão
nervosa, <• outros transtornos IO.61.
Outras aplicações da CENOURA são as
seguintes:
Os alimentos de origem animal, como o fígado dos mamíferos ou dos peixes,
contêm abundante retinol (vitamina A animal). O refinol pode chegar a ter efei- • Diarreia e colite: Especialmente nas
tos tóxicos se for ingerido em doses elevadas, ao contrário do caroteno (provi- crianças, devida à acção da pectina.
tamina A vegetal), que não tem nenhum risco de toxicidade, pois o organismo Adminisira-se ralada ou fervida IO,61.
só transforma em vitamina A (retinol) o caroteno de que necessita.
0 nosso organismo é incapaz de produzir a vitamina A se não se lhe fornecer o • Parasitas intestinais: O óleo essen-
seu precursor, o caroteno. cial que a cenoura contém é especial-
Necessidades diárias de vitamina A:
mente activo contra os oxiúros
10.61. Ibina-se crua e ralada: de meio
• 400 pg para as crianças, a um quilo, durante 21 horas, como
• 750 pg para os adultos, único alimento. Também dá bom re-
' 1200 pg para as mulheres grávidas ou que amamentam. sultado comer durante uma semana,
1 pg (micrograma) de vitamina A = 3,33 U.l. (unidades internacionais) todas as manhãs, duas cenouras em
jejum.
• Crescimento: A cenoura é um
autêntico alimento-remédio fiara as
crianças I0.6I.O seu sumo pode ad-
minislrar-se desde os dois meses de
prevenção da lilíase urinária c biliar, função cia mucosa gástrica, normali- idade, ou mesmo antes: aumenta as
pois está provado que uma mucosa sã zando a produção de sucos (útil nas defesas, evita as diarreias, protege
impede a formação de cálculos no in- gastrites) c colabora na cicatrização contra os parasitas, estimula o cresci-
leríor dos (anais urinários ou biliares. das úlceras. A cenoura acalma as do- mento, favorece a erupção dentária c
res do estômago e o excesso de aci- fortalece a dentadura se, na idade
A vitamina A tem também valor como dez. pré-escolar, as crianças, além de a to-
preventivo de catarros nasais, sinn- marem líquida, também a mastiga-
sats, faríngeos e bronquiais, pois. • Transtornos metabólicos e endócri- rem. K mui lo útil em caso de celia-
além de fortalecer as mucosas, au- nos: anemia, atraso do crescimento, quia (má assimilação por intolerância
menta as defesas. Também melhora a hipertiroidismo (regula a função da ao glúten).

• Curas depurativas: A cenoura é al-


calinizante do sangue, com o que
—W^^ Am I compensa e elimina os resíduos áci-
dos do metabolismo (ácido úrico e
outros) IO.61.

• Curas de desintoxicação: Toi na-se


muito apropriada para quem deseje
deixar de fumar IO.61.pois acelera a
eliminação da nicotina e. pelo seu
conteúdo em vitamina A, regenera as
mucosas do aparelho respiratório.

• Suavizantc da pele: Aplicada exter-


namente em cataplasmas, usa-se para
curar feridas infectadas, queimadu-
ras, eczemas, abcessos, acne. e, como
cosmético, para embelezar a pele lOl.
As SEMENTES de cenoura contêm um
óleo essencial de acção carminativa
(evita os gases intestinais), emenago-
ga (favorece as regias) e um tanto
diurética» como a maioria das Umbe-
líferas 101.

135
Euphrasia
officinalis L /K^N

Eufrásia
Ideal para lavagens
oculares

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém o glicósido aucubina,
taninos, ácidos fenólicos, flavonóídes,
vitaminas A e Ce vestígios de essência.
Tem propriedades anti-sépticas, anti-
-inflamatórias e adstringentes, espe-
cialmente eficazes sobre a mucosa
conjuntiva).
Tem-se utilizado com êxito desde a
Idade Média em easos de conjuiitivi-
lo, blefarite (inflamação das pálpe-
bras), queratile superficial (infla-
mação da córnea) e lacrimejo ocular Outros nomes: consolo-da-vista.
10.01 Dá muito bom resultado lavar Esp.: eulrásia, eufrasia oficinal.
com eufrasia os olhos remelosos, pois Fr.: euphraise [olficinalej.
além de arrastar as secreções desin- Ing.: [red] eyebright.
llama e seca a conjuntiva. Habitat: Pradarias e bosques
montanhosos de toda a Europa.
Também se aplica em gargarejos e Naturalizada no continente
bochechos, em caso de estomathe (in- americano.
flamação das mucosas bucais) e de fa- Descrição: Planta anual, da família
ringite l©l, assim c o m o em irrigações das Escrofulariáceas, que atinge de
nasais em caso de rinite IO! (infla- 10 a 30 cm de altura. As flores são
m a ç ã o fio interior do nariz). brancas com riscas violeta, sendo a
corola formada por dois lábios.
Parasita as raízes de outras plantas.
Partes utilizadas: a planta inteira.
A eufrasia encontra-se nas re-
giões montanhosas da Euro-
pa e da América.

O Preparação e emprego

USO EXTERNO © Colírio: 5-10 gotas em cada olho,


4 vezes por dia.
Infusão com 40 g de planta por litro
de água. Tem diversas aplicações:
© Gargarejos e bochechos, em
O Lavagens oculares: Deixar cair caso de afecções bucofaringeas.
o líquido de fora para dentro, ou se-
ja, da fonte para o nariz. As lavagens
oculares fazem-se sobretudo de O Irrigações nasais em caso de ri-
manhã. nite ou coriza.

136
Geranium
robertianum L O) t . IÉ P

Preparação e emprego
Erva-de-são
-roberto U S O INTERNO

O Decocção de 20 g de planta
por litro de água, de que se to-
Limpa os olhos e mam 3 ou 4 chávenas por dia.
desinflama a boca © Essência: A dose habitual é
de 2-4 gotas, três vezes ao dia.

Uso EXTERNO:

© L a v a g e n s oculares e bo-
chechos bucais, com uma de-
cocção de 40 g de planta por li-
tro de água.
O C o m p r e s s a s , com esta
mesma decocção (40 g por li-
tro).

D EVE-SE ter cuidado para não a


confundir com a cicuta (pág.
155). Ambas deitam um chei-
ro desagradável e têm folhas muito
parecidas. Ora a erva-de-são-roberto
toma-se fácil de identificar pelas suas
flores cor-de-rosa, e pelos Frutos que,
.secos, sc assemelham a uma pequena
candeia ou ao bico de um grou.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


As lavagens
planta contém uma substância amar- aos o/hos
ga (geranina), um óleo essencial que podem
lhe comunica o seu cheiro típico, e fazer-se com
importantes quantidades de tanino, a ajuda de
que determinam a sua acção adstrin- um copinho
próprio
gente. Km uso interno apresenta pro- para o
priedades adstringentes, diuréticas, efeito.
riuidificantes do s a n g u e e ligeira-
m e n t e hipoglk emiantes. 1'tili/a-se em
casos d e d i a r r e i a , e d e m a s ( r e t e n ç ã o
de líquidos), e c o m o c o m p l e m e n t o Outros nomes: bico-de-grou, bico-de-grou-robertino. erva-
no regime dos diabéticos IO.01. -roberta. Brasil: gerânio.
Esp.: hierba de San Roberto, hierba de San Ruperto.
A n u a l m e n t e entprega-se s o b r e t u d o Fr.: herbe à Robert. Ing.: herb Robert.
em uso externo, pelas suas p r o p r i e d a -
Habitat: Encontra-se vulgarmente em lugares sombrios
des a d s t r i n g e n t e s c v u l n e r á r i a s , n o s como muros, sebes e barrancos de toda a Europa e
seguintes casos: América do Norte.
• Afecções d o s olhos: irritação ocular, Descrição: Planta herbácea da família das Geraniáceas,
remelas, eonjimiivitc 101. que atinge de 20 a 60 cm de altura. Toda a planta tem um
tom avermelhado e exala um cheiro desagradável típico. As
• Afecções bucais: estomatite, faringi- (tares são rosadas, em grupos de duas.
te, gengivite 101. Partes utilizadas: a planta inteira.
• Erupções cutâneas: herpes, eczemas
e infecções da pele lOl.

137
PLANTAS PARA
O SISTEMA NERVOSO
Bi IARIO DO CAPÍTULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES Sedativas, plantas,
Ansiedade /•// ver Nervosismo e ansiedade 145
A nsioliticas, plantas, Sistema nervoso,
ver Nervosismo e ansiedade Ill doenças orgânicas do Ill
Antiespasmâdicas, plantas 147 Sono, falta ile, ver Insónia 112
Astenia 140 Soporiferas, plantas, ver Insónia . . . . 142
Cabeça, dor de 143 Stress /-//
Cefaieia, ver Dor de cabeça 113 Tensão nervosa, ver Stress /•//
Crianças. Plantas sedativas 146 Tonificantes, plantas,
Depressão nervosa 140 ver Esgotamento e astenia IH)
Doenças orgânicas
do sistema nervoso 144 PLANTAS
Doenças psicossomáticas 142 Atónito 148
Dor de cabeça 143 Alfaccbrava-maior 160
Dor e nevralgia 142 Alfazema 161
Enxaqueca 143 Alfazema-brava 162
Epilepsia 144 Aveia 150
Esgotamento e astenia 140 Cânhamo 152
Estudantes, ver Rendimento Cicuta 155
intelectual insuficiente 143 Cicuta-meuoi 155
Hemicrania, ver Enxaipteca 143 Dormideira 164
Insónia 142 Dormideira-brava 166
Inteirei uai, rendimento insuficiente .143 Erva-cidreira 163
Memória, perda da 144 Estramónio 157
Narcóticas, plantas 146 Elor-da-paixâo = Passijlora 167
Nervosismo e ansiedade 141 Laranjeira 153
Neurastenia, Lúpulo 158
ver Nervosismo e ansiedade 141 Maracujá = Passijlora 161
Nevralgia 142 Maracujá-roxo 168
Parkinson, ver Doenças Martírio = Passijlora 161
orgânicas dõ sistema nervoso 144 Meimendro-negro 159
Peida da memória 144 Melissa = Erva-cidreira 163
Plantas antiespasmâdicas 147 Papoita-branca = Dormideira 164
Plantas sedativas 145 Passijlora 167
Plantas sedativas para as crianças . . 146 Rosmaninho 162
Psicossomáticas, doenças 112 Tília 169
Rendimento intelectual insuficiente . . 143 Valeriana 172
Sedativas para as crianças, plantas . . 146 Verbena 174
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
2-' P a r t e : D e r. c r i ç £ o
I

A
S PLANTAS medicinais exercem como o rendimento e a produtividade. O
notáveis acções, tanto sobre o sis- sistema nervoso, como "director" das
tema nervoso central, sede das funções do organismo, é encarregado cie
funções mentais, como sobre o manter a tonicidade vital (pie nos permite
sistema vegetativo autónomo, que regula e desenvolver as actividades diárias. Elevar
coordena as ("unções dos diversos órgãos essa tonicidade constitui uma das necessi-
do corpo. dades mais peremptórias de muitas pes-
Ao contrário da maioria dos psicoíarma- soas que se queixam de esgotamento ner-
cos (medicamentos que actuam sobre as voso, astenia ou stress. 1". para isso, recorre-
funções mentais), as plantas exercem os -sc' frequentemente a substâncias estimu-
seus efeitos tonificantes c sedativos sobre o lantes ou excitantes que, embora consi-
sistema nervoso de modo fisiológico, suave gam produzir um eleito momentâneo.
e seguro, acabam por provocar um maior esgota-
mento depois de passado o eleito.
Alem disso, é muito raio que se produ/a
dependência de tipo psíquica ou físico Para o tratamento do esgotamento e da
com o uso das plainas medicinais que re- astenia, convém administrar dois tipos de
comendamos, ao contrário do que aconte- plantas medicinais:
ce com os estimulantes, sedativos, soporí- • Plantas nutritivas, que fornecem os nu-
Feros, e outros medicamentos de síntese trientes básicos mas que costumam es-
química. cassear na dieta, e de que as células ner-
)L certo que os medicamentos químicos vosas necessitam para o seu bom funcio-
exercem uma acção muito mais potente namento: vitaminas e oligoelemenios.
que a das plantas medicinais, mas também • Plantas tonificantes, que fornecem um
com maiores efeitos secundários e riscos estímulo fisiológico, não irritante, sobre
em geral. Perante um caso de excitação as funções do sistema nervoso e do resto
nervosa aguda, por exemplo, um psicofár- do organismo.
maco de- acção sedativa ou ansiolíiica (que
elimina a ansiedade) pode produzir um As plantas ou substâncias que somente
eleito rápido e mesmo espectacular, mas conseguem excitar ou estimular o sistema
que muito provavelmente se- fará acom- nervoso (como o café ou o chá), mas sem
panhar de eleitos indesejáveis nas horas se- nutrir nem favorecer as funções digestivas,
guintes, tais como falta de coordenação não conseguem a reparação biológica dos
motora e sonolência. sistemas ou órgãos afectados pelo esgota-
mento. Na realidade, o que conseguem os
Pelo contrário, as plantas actuam sobre excitantes ou estimulantes é uma sensação
o organismo regulando c equilibrando os subjectiva de vitalidade, mas sem a corres-
processos vitais, mais que anulando ou pondente recuperação orgânica. Isto leva
opondo-se a determinados sintomas. Por a um maior esgotamento, até chegar ao
isso exercem uma verdadeira acção equili- fracasso ou deterioração do organismo.
bradora das complexas funções nervosas e manifestado pelo infarto do miocárdio, a
mentais, assim tomo um eleito preventivo úlcera gastroduodenal, a depressão imu-
de transtornos e desequilíbrios. nitária (baixa das defesas) e, possivelmen-
te, aié mesmo o cancro.
O esgotamento e a astenia Além do uso das plantas que nesta obra
O esgotamento e a astenia (cansaço ex- se recomendam, o tratamento do esgota-
cessivo) constituem dois dos sintomas mais mento físico ou nervoso requer imperati-
frequentes na sociedade ocidental, forte- vamente uma mudança no estilo de vida
mente condicionada nor conceitos tais causador do esgotamento.

139
C a p . 8: P L A N T A S PARA O S I S T E M A H E 8 V O S I
V

Doença Planta Pág. Acção Uso

ESGOTAMENTO E ASTENIA AVEIA 150 Tonificante, nutritiva Flocos com leite ou caldo
Entendemos por esgotamento um es- Cru, em extractos ou em pasta
ALHO 230 Activa o metabolismo
tado de debilidade do organismo, em de alho com azeite
consequência de um esforço excessivo
que não seja acompanhado da neces- AGRIÃO 270 Abre o apetite e activa o metabolismo Cru ou em sumo
sária recuperação dos órgãos ou siste- ESPIRULINA 276 Nutre, tonifica e revitaliza Preparados farmacêuticos
mas afectados.
Fornece enzimas e oligoelementos
O esgotamento fisico costuma ser CEBOLA 294 Crua, em sumo, cozida ou assada
que activam o metabolismo
precedido por um grande esforço mus-
cular ou uma doença grave. O esgota- Remineralizante e vitamínica
mento nervoso pode aparecer a se- MORUGEM 334 Crua, cozinhada ou em decocção
Estimulante natural
guir a um período de grande actividade
intelectual continua, ou de tensão ner- SERPÃO 338 Tonificante e revitalizante Banhos quentes com a sua decocção
vosa prolongada. HORTELÃ-
366 Tonificante Infusão, essência
0 esgotamento fisico e o nervoso estão -PIMENTA
relacionados entre si, pois um pode MANJERICÂO-
aparecer como consequência do outro, 368 Tonificante, faz subir a tensão Infusão, essência
-GRANDE
e vice versa.
A astenia é um estado de falta ou de SEGURELHA 374 Tonifica o sistema nervoso Infusão, essência
perda de forças que aparece esponta- TRAMAZEIRA 535 Fornece vitamina C e ácidos orgânicos Frutos (sorvas) maduros
neamente, sem relação directa com um
esforço prévio. AIPO 562 Tonificante e remineralizante Cru, sumo fresco

MORANGUEIRO 575 Abre o apetite, estimula o metabolismo Cura de morangos


fruto lio cacau CACAUEIRO 597 Tonificante e ligeiramente estimulante Decocção de sementes, cacau

GINSENG 608 Aumenta o rendimento físico Preparados farmacêuticos

GERGELIM 611 Nutritivo, restaura a vitalidade Sementes

DAMIANA 613 Tonificante do sistema nervoso Infusão, extractos

ALECRIM 674 Tonificante geral Infusão, banhos, fricções

ALOÉS 694 Tonificante, estimula as defesas Sumo

HIPOFAÉ 758 Reconstituinte, aumenta o tono vital Frutos (bagas)


ROSA-CANINA 762 Tonificante e antiescorbútica Frutos frescos ou em decocção
Hortetò-pimenta Tonificante geral.
TOMILHO 769 Infusão, essência
Estimula as funções intelectuais

DEPRESSÃO NERVOSA AVEIA 150 Tonificante, nutritiva Flocos com leite ou caldo
Estado psíquico de abatimento e pro- ERVA-CIDREIRA 163 Equilibrante do sistema nervoso Infusão, extractos
funda tristeza, com ou sem causa evi-
dente, acompanhado de perda do ape- VALERIANA 172 Sedante suave, diminui a ansiedade Infusão, maceração ou pó de raiz
tite, insónia e tendência para a SERPÃO 338 Tonificante e revitalizante Banhos quentes com a sua decocção
inactividade.
Recomendam-se as plantas Tonificante e equilibradora Infusão, decocção
ANGÉLICA 426 do sistema nervoso
com acção tonificante e
equilibradora sobre o siste- Tonificante geral Sumo fresco
ma nervoso, assim como
AIPO 562
as que fornecem substân- GINSENG 608 Antidepressivo e ansiolítico Preparados farmacêuticos
cias nutritivas como a vi-
tamina B ou a lecitina. As GERGELIM 611 Nutritivo. Restaura a vitalidade Sementes
plantas e substâncias
esífmu/aníes ou exci- Estimula a função
SALVA 638 Infusão, essência
tantes não se devem das glândulas supra-renais
usar no tratamento da Tonificante e equilibrador
depressão. HIPERICÃO 714 Infusão
do sistema nervoso
Tonificante geral.
TOMILHO 769 Infusão, essência
Fiva cidreira Estimula as funções intelectuais

140
SAÚDE P E L A S P L A N T A S MEC

2 " P.irtc:
I

D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

NERVOSISMO E ANSIEDADE !_, i cr, Sedante do sistema nervoso. Contém Infusão de farelo (palha) por via oral
AvEIA 150
0 nervosismo é um estado de exci- vitaminasAeB e acrescentada à água do banho
tação nervosa, seja por urna causa jus-
tificada ou não. LARANJEIRA 153 Sedante e soporífera suave Infusão de folhas e/ou flores
A ansiedade é uma emoção indesejá-
vel e injustificada, cuja intensidade não LÚPULO 158 Sedante e soporifero Infusão e extractos
é proporcional à possível ameaça que
a provoca. A ansiedade é diferente do ALFACE-BRAVA- Decocção de folhas, lactucáno,
medo, pois este impli- 160 Sedante, acalma a excitação nervosa
-MAIOR sumo fresco
ca a presença de
um perigo real ,,-, Sedante e equilibradora do sistema
conhecido. A an- ALFAZEMA Infusão, extractos, essência
nervoso
siedade costuma
manilestar-se ex-
teriormente com ERVA-CIDREIRA 163 Sedante suave e equilibradora Infusão, extractos
um estado de hi-
perexcitacão ner-
PASSIFLORA 167 Diminui a ansiedade Infusão
vosa.
169 Sedante e relaxante Infusão de flores, decocção de casca,
As plantas medici- extractos
nais podem contri-
buir muito para ali-
viar o nervosismo e a 172 Sedante suave, diminui a ansiedade Infusão, maceração ou pó de raiz
ansiedade, proporcio-
nando sedação e equi- Sedante do sistema nervoso Infusão de flores, frutos frescos,
líbrio ao sistema ner- vegetativo, ansiolitico extractos
voso.
Contribui para a estabilidade do Cápsulas ou comprimidos do óleo
237 sistema nervoso e para o equilíbrio
hormonal das sementes

265 Sedante e antiespasmódico Infusão de folhas

318 Sedante e soporífera Infusão ou xarope de pétalas,


PAPOILA
decocção de frutos

MANJERONA 369 Sedante, alivia a ansiedade Infusão e essência

LÚCIA-LIMA 459 Alivia a ansiedade Infusão


SALGUEIRO-
676 Sedante, soporifero suave Infusão de flores
-BRANCO

STRESS ERVA-CIDREIRA 163 Sedante suave e equilibradora Infusão, extracto


Para o tratamento íitoterápico do stress,
recomenda-se combinar dois tipos de PASSIFLORA 167 Diminui a ansiedade Infusão
plantas: as tonificantes, para aumentar
a energia vital necessária para se en-
frentarem as situações que causam o Infusão, banhos quentes
TÍLIA 169 Tranquilizante e relaxante
stress, e as equilibrador as ou sedati- com infusão de flores
vas do sistema nervoso, com o fim de
tornar mais suave a resposta orgânica 426 Tonificante
ANGÉLICA Infusão de raiz
perante essas mesmas situações.
Além das plantas citadas, recomendam-
-se, como tonificantes, a segurelha VIDEIRA 544 Elimina toxinas e resíduos metabólicos Cura de uvas
(pág. 374), a
hortelãpimen-
ta (pág. 366) GINSENG 608 Tonificante Extractos
ou o alecrim; e
como equili-
brante, o pil-
riteiro (pág. DAMIANA 613 Tonificante e revitalizante Infusão
219)
, -
ROSEIRA 635 Sedante do sistema neurovegetativo Infusão de pétalas
Passrflora

141
C a p . 8 : P L A N T A S PARA O S I S T E M A N E R V O S O

Doença Planta Pág. Acção Uso

INSÓNIA LARANJEIRA 153 Sedante e soporífera suave Infusão de folhas e/ou flores
É a falta de sono, quer seia por dificul- LÚPULO 158 Sedante e soporífero Infusão e extractos
dade em conciliá-lo quer por um des- ALFACE-BRAVA- Decoccão de folhas, lactucário,
pertar precoce. Ao contrá- 160 Sedante, acalma a excitação nervosa
-MAIOR sumo fresco
rio de muitos sopori-
feros de síntese quí- ALFAZEMA 161 Sedante, acalma a excitação Inalações da essência
mica, as plantas ERVA-CIDREIRA 163 Sedante suave e equilibradora Infusão, extracto
medicinais que re-
comendamos são PASSIFLORA 167 Sedante, induz um sono natural Infusão
capazes de induzir
um sono natural e TlUA Induz um sono natural, Infusão de flores, decoccão de casca,
169 sem sonolência na manhã seguinte extractos, banho quente com flores
reparador, sem so-
nolência residual na
manhã seguinte, e V RIANA ,j2 Sedante suave, diminui a ansiedade, Infusão, banhos quentes
sem risco de criar soporífera com a decoccão de raiz
dependência. Infusão ou xarope de pétalas,
PAPOtLA 318 Sedante e soporífera
decoccão de frutos
ASPERULA-
Valeriana -ODORÍFERA
351 Sedante soporífera Infusão

CÁLAMO-
424 Relaxante muscular e sedante suave Banho com decoccão de rizoma
-AROMÁTICO

SALGUQRO-BRANCO 676 Sedante, soporífero suave Infusão de flores

DOENÇAS
PSICOSSOMÁTICAS , c, Sedante e equilibradora do sistema
ALFAZEMA Infusão, extracto ou essência
São as doenças cuja origem é psicoló- nervoso central e vegetativo
gica, pelo menos parcialmente, mas
que se manifestam com alterações fun-
cionais de diversos órgãos. Algumas
das mais frequentes são: úlcera gas-
troduodenal, cólon irritável, angina
de peito, e certos eczemas cutâneos. VALERIANA 172 Sedante, diminui a ansiedade Infusão, maceração ou pó de raiz
Estas plantas equilibram e modificam o
sistema nervoso vegetativo, verdadeiro
substrato da relação entre a mente e o
corpo.
ROSEIRA 635 Sedante do sistema neurovegetativo Infusão de pétalas

DOR E NEVRALGIA , t-3 Antiespasmódica e sedante.


LARANJEIRA Infusão de folhas e/ou flores
Útil contra as enxaquecas
Estas plantas analgésicas actuam tanto
por via interna, quando são ingeridas, CICUTA
JCC Analgésica e anestésica local Pó de frutos secos dissolvido
como por via externa, quando s.c apli- para dores insuportáveis em água, pomada
cam localmente sobre a pele. Em geral, Compressas quentes com a infusão de
a sua acção não é tão intensa e rápida , cg Acalma a dor de estômago
LÚPULO cones, cataplasmas quentes com os
como a dos analgésicos de síntese quí- e as nevralgias
cones (inílorescèncias)
mica ou à base de substâncias puras.
No entanto, os efeitos das plantas são MEIMENDRO- 159 Analgésico em caso de gota, Cataplasmas de folhas esmagadas,
mais duradouros e, em geral, têm me- -NEGRO ciática e nevralgias unguento
nos efeitos indesejáveis. DORMIDEIRA 164 Analgésica potente, narcótica Decoccão de cápsulas maduras
A nevralgia é PASSIFLORA 167 n es
A *' P asrT,
ódica, acalma cólicas
um tipo es- Infusão de flores e folhas
pecial de dor,
caracterizada \z„. r D I „„„ í 7o Analgésica em dores de ciática Infusão, maceração,
por ser intensa, VALERIANA uà enevralgja compressas de decoccão de raiz
intermitente e lo- U,DD,M, , 1A Analgésica em dores reumáticas Infusão ou decoccão,
calizada no trajecto VERBENA I/4 e nevralgias compressas e cataplasmas
de um nervo. O trata-
mento fitoterápico ofere- ULMEIRA 667 Arrateésica e anti-inflamatória em Infusão e compressas
ce especialmente uma ac- dores osteomusculares e nevralgias
ção preventiva. •J, p Analgésica em nevralgias Compressas, banhos e cataplasmas
HERA
Laranjeira e dores reumáticas com as folhas

142
SAÚDE : : . - i PIAUÍ «Et : '.- 5

?•' Parte: D e Cl i n .1 n

Doença Planta Pág. Acção Uso

DOR DE CABEÇA ERVA-


Antiespasmódica e sedante.
A dor de cabeça, ou cefaleia, deve-se -CIDREIRA
163 Acalma a dor de cabeça causada Infusão e extractos
a numerosas causas. As mais comuns pela tensão nervosa
são:
• Congestão, isto é, acumulação ex- 234 Vasodilatador,
GINKGO Infusão de folhas
cessiva de sangue na cabeça. Para melhora a circulação cerebral
isso, usam-se as plantas revulsivas
como a mostarda, que derivam o san- 244 Vasodilatadora, aumenta a irrigação
gue para outro lugar. PERVINCA Decocção, preparados farmacêuticos
sanguínea do cérebro
•Falta de irrigação sanguínea na
cabeça, para o que se usam as plantas PRIMAVERA 328 Antiespasmódica e sedante Infusão de flores
vasodilatadoras.
HORTELÃ-
• Má digestão ou mau funcionamento -PIMENTA
366 Tonificante e digestiva Infusão e essência
da vesícula biliar. Para isso se usam as
plantas digestivas e colagogas. Normaliza o funcionamento
BOLDO 390 da vesícula biliar Infusão ou extractos

POEJO
4,-, Acalma as dores de cabeça
de origem digestiva Infusão

MOSTARDA- 663 R evu ' s ' va ' descongestiona a cabeça Banhos de pés. quentes,
-NEGRA em caso de catarro nasal ou gripe com farinha de mostarda

ENXAQUECA (HEMICRANIA) LARANJEIRA 153 Antiespasmódica e sedante Infusão de folhas e/ou flores
É uma dor intensa, que geralmente l AO Previne o aparecimento das crises
afecta metade da cabeça, e que apare- TÍLIA Decocção da casca
de enxaqueca
ce com certa periodicidade, associada
a perturbações nos olhos. YJM Antiespasmódica, analgésica,
Durante a crise de enxa- VERBENA Infusão e decocção
diminui a intensidade da enxaqueca
queca produz-se um es-
pasmo das artérias LIMOEIRO 265 Sedante e antiespasmódico Infusão de folhas
que irrigam a cabeça,
para o que são úteis 044 Anti-inflamatória, Infusão de folhas e/ou flores.
as plantas anties- VIOLETA
acalma a dor de cabeça compressas sobre a testa
pasmódicas. Em
muitas ocasiões, > 1^
MANJERICÂO- oco Antiespasmódico, acalma as ui.„s« »«**«,:.,
as crises de enxa- -GRANDE 368 lnfusao e s s e n c i a
enxaquecas associadas a má digestão -
queca são desen- ff-
cadeadas por fer- CARDO-DE- 395 Regula a tonicidade dos vasos
mentações diges- Infusão ou decocção de frutos
tivas ou por cer-
-SANTA-MAWA sanguíneos
tos alimentos.
«pç Digestiva, alivia as enxaquecas
ANGÉLICA Infusão ou decocção
de origem digestiva

Maniertcâogrande VERÓNICA 475 Digestiva, tonificante, alivia as Infusão, sumo fresco


enxaquecas de origem digestiva

RENDIMENTO INTELECTUAL Flocos (sementes prensadas)


AVEIA 150 Tonifica e equilibra o sistema nervoso
INSUFICIENTE com leite ou caldo vegetal
As plantas ricas em ácidos gordos es-
senciais, como o limoeiro, em lecitina, Mf , f ., l r, 0 . cnc Fornece ácidos gordos essenciais, c„™„„t„„ /„„,„,-*
em vitaminas do grupo B, e em mine- NOGUEIRA 505 B
f o s f o r o e vltamin as B Sementes (nozes)
rais como o fósforo, favorecem um
bom rendimento intelectual. Também Ton nca aurnenta a
são úteis, embora de forma não conti- GINSENG 608 ' ' capacidade Preparados farmacêuticos
nuada, os tonificantes não excitantes, de concentração e de memória
como o ginseng ou o tomilho. Os estu-
dantes, e todos aqueles que estejam GERGELIM 611 Complemento nutritivo adequado Sementes (em diversas preparações)
sujeitos a um grande esforço intelec- ao sistema nervoso
tual, podem beneficiar do seu uso.
Estimula as faculdades intelectuais
TOMILHO 769 e a actividade mental Infusão, essência

143
C a p . 8; P L A N T A S PARA O S I S T E M A N E R V O S !

Doença Planta Pág. Acção Uso

MEMÓRIA, PERDA DE
Além destas duas plantas com acção Caíra* IIA Melhora a irrigação sanguínea
WNKGO <íá4
Infusão das folhas
vasodilatadora sobre as artérias cere- n Q c é r e b r o

brais (que melhoram a irrigação san-


guínea do cérebro), são convenientes
todas as recomendadas para o "Ren-
dimento intelectual insuficiente" Pcou.Nrn -?AA Vasodilatadora cerebral, melhora Decocção, preparados farmacêuticos
(pág. 143). KERVINCA cm a o x j g e n a çã 0 dos neurónios

EPILEPSIA Sedante e antiespasmódica.


Embora estas plantas não substituam PASSIFLORA 167 Permite diminuir a frequência Infusão de flores e folhas
o tratamento médico da epilepsia, po- i e intensidade das crises epilépticas
dem no entanto ajudar a reduzir a dose .
de fármacos aintiepilépticos e estabili- Sedante, antiespasmódica
zar o paciente. VALERIANA 172 e anticonvulsivante, previne o Infusão, maceração, pó de raiz
aparecimento dos ataques epilépticos

DOENÇAS ORGÂNICAS
DO SISTEMA NERVOSO
0 óleo de onagra é muito rico em ácido
linoleico, um factor essencial no de-
senvolvimento e no bom funcionamen- Contribui para a estabilidade
to dos neurónios. O seu uso é um bom Cápsulas ou comprimidos
ONAGRA 237 do sistema nervoso
compfemento do tratamento especifi- do óleo das suas sementes
e para o equilíbrio hormonal
co das doenças orgânicas do sistema
nervoso, tais como a esclerose em
placas ou a doença de Parkinson.

O g i n k g o fpág. 234) é uma árvore


de origem asiática dotada de
extraordinárias propriedades
medicinais. Trata-se de um
vasodilatador cerebral, que
aumenta a irrigação sanguínea no
cérebro, com o que os neurónios
recebem maior quantidade de
oxigénio e de nutrientes.
Por isso é útil a todos aqueles que
sofram de perda de memória, ou
que precisem de aumentar o seu
rendimento intelectual, como os
estudantes.
Toma-se a infusão das suas folhas,
se bem que existam também
Ginkgo diversos preparados farmacêuticos
que contêm extractos de ginkgo.

144
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D l C I K A ! S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Plantas sedativas

Acalmam a excitação do sistema ner-


voso. Estas plantas têm também uma
acção equilibradora e reguladora
sobre o sistema nervoso central e ve-
getativo.

Planta Pág.
Abelmosco 362
Agripalma 224
Alface-brava-maior 160
Alfazema 161
Aspérula-odorifera 351
Assafétida 359
Aveia 150
Cálamo-aromático 424
Cinoglossa 703
Dormideira 164
Endro 349
Erva-cidreira 163
Estaque 641
Laranjeira 153 O sumo fresco de aipo
Limoeiro 265 (pág. 562) é um
tonificante natural
Lúpulo 158 altamente
Melissa-bastarda 580 recomendável em caso
de esgotamento ou
Papoila 318
depressão nervosa. Tem
Passiflora 167 afém disso acçáo
Pé-de-leão 622 diurética e depurativa.
Pode misturar-se com
Pilriteiro 219 sumo de limão.
Salgueiro-branco 676
A dose habitual é de
Saxifraga 322 meio copo de manhã e
Tília 169 igual quantidade ao
meio-dia. antes ou
Valeriana 172 depois da refeição.
Verbena 174

Um sistema nervoso equilibrado


repercute-se favoravelmente sobre a
saúde do resto do organismo.
:
:.:. ; . - ' . * - ; : ; < A O S $ ' : " : NERVOSO

A aromaterapia é uma forma


segura e eficiente de aplicar
as plantas sedativas ás
crianças. Umas gotas de
essência de alfazema,
colocadas ao lado da
almofada no momento de se
deitarem, exercem uma
suave acçáo sedativa e
soporifera, muito
recomendável para as
crianças nervosas ou que
durmam mal.

Plantas sedativas
para as crianças

Nem todas as plantas sedativas são


recomendáveis para as crianças. As
seguintes apresentam uma acção sua-
ve e segura, pelo Que podem ser ad-
ministradas com segurança mesmo
às mais pequenas.

Planta Pág
Alface-brava-maior 160
Alfazema 161
Ti lia 169

A alface (pág. 160),


especialmente a brava-maior,
tem uma acçáo sedativa
semelhante á do ópio,
p lantas narcóticas
r

apesar de isenta dos seus São plantas que, em doses elevadas,
efeitos secundários. O seu provocam um sono pesado Inarcose),
uso é tão seguro que se diferente do sono natural. As plantas
administra ás crianças como narcóticas possuem também acção es-
sedativo e soporifero. tupefaciente (alteram as faculdades
A dose habitual é de um mentais) e afectam o sistema nervoso.
quarto a meio copo de sumo
de folhas frescas verdes |náo
brancas) antes de deitar. Planta Pág
Pode adoçar-se com mel. Meimendro-negro 159
Também se pode administrar Dormideira 164
uma decocçáo de folhas
Doce-amarga 728
verdes ou lactucário (látex
que mana dos seus caules). Erva-moura 729

146
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

?•' P a r t e : D e s c r i ç ã o
I
Plantas antiespasmódicas

Impedem os espasmos dos órgãos ocos. £síes órgãos


estão cobertos de músculos chamados lisos ou involun-
tários, controlados pelo sistema nervoso vegetativo. Quan-
do estes músculos se contraem violentamente, quase
sempre para vencer um obstáculo, produzem uma dor do
tipo cólica.
Um espasmo... Produz...
• no estômago uma dor de estômago
com náuseas
• no intestino uma cólica intestinal
• nos canais biliares uma cólica biliar (impropria-
mente chamada "hepática")
• ÍJOS canais urinários uma cólica neíritica ou renal
A acácia-bastarda ou robinia (pág. 469) é outra plan-
• no útero dismenorreia, espasmo
uterino ta antiespasmódica, que actua relaxando os espasmos
nervosos do estômago. Toma-se uma infusão das suas
As plantas antiespasmódicas actuam por intermédio do flores depois de cada refeição.
sistema nervoso vegetativo, relaxando o órgão ou canal
contraído, com o que aliviam a dor ou cólica correspon-
dente. Em farmacologia, conhece-se esta acção como an-
tícolinêrgica.

Planta Pág. Planta Pág.


Abelmosco 362 lúcia-lima 459
Acácia-bastarda 469 Macela 350
Alcaravia 355 Manjericão-grande 368
Alfacebrava-maior 160 Manjerona 369
Alfazema 161 Milefólio 691
Angélica 426 Nêveda-dos-gatos 367
Anis-estrelado 455 Orégão 464 A fumaria (pág. 391)
actua sobre o sistema
Arruda 637 Passiflora 167
nervoso vegetativo,
Artemísia 624 Petasite 320 relaxando os espasmos
Aspérula-odorífera 351 Pilriteiro 219 nervosos da vesícula e
dos canais biliares (acção
Assa-fétida 359 Poejo 461 antiespasmódica). Toma-
Avenca 292 Primavera 328 se muito útil nas
afecções hepatobilíares.
Camomila 364 Pulsatila 623
Cinco-em-rama 520 Rorela 754 Além disso é colerctica
(aumenta a produção de
Cominho 449 Salgueiro-branco 676 bílis). Deste modo, facilita
Dictamno 358 Salva 638 a função desintoxicante
349 Segurelha 374 do sangue levada a cabo
Endro
pelo fígado. O seu uso dá
Erva-cidreira 163 Serpão 338 também excelentes
Fumaria 389 Tilia 169 resultados em caso de
eczemas e erupções da
Funcho 360 Tussilagem 341
pele, devidas em muitos
Grindélia 310 Valeriana 172 casos á presença de
Hortelá-pimenta 366 Verbasco 343 toxinas na corrente
sanguínea, o que
Limoeiro 265 Verbena 174 vulgarmente se conhece
Loureiro 457 Verónica 475 como "sangue sujo".

147
Aconitum
napellus L.
a * : .

Preparação e emprego

Acónito
USO INTERNO
Uma planta que cura. 0 acónito tem de ser usado sem-
pre sob vigilância médica, e
e que mata empregando produtos de labora-
tório devidamente avaliados qui-
micamente, para se saber com
exactidão o seu conteúdo em
aconitina. Existem os seguintes
preparados farmacêuticos:
O Pó de raiz: em dose máxima
de 0,4 g diários, repartidos por vá-
rias vezes.
©Tintura alcoólica a 1/10: co-
mo máximo 6 gotas repartidas ao

O ACÓNITO c ÍI planui com


maior concentração de veneno,
cie iodas as que crescem na
Europa. Só a supera uma outra espé-
cie do mesmo género, o Aconitum ff-
longo do dia.
© Extracto hidralcoólico, que se
apresenta em pílulas, cuja dose
máxima não deve ser superior a
0,10 g por dia.
mx Wall., do Nepal, que se considera
o veneno vegetal mais activo do mun- USO EXTERNO
do. Com apenas I g da sua raiz pode-
O Loções com tintura alcoólica.
-se malar unia pessoa aduha.
© Pomada e unguento prepa-
rados ã base de extracto hidral-
coólico. Aplicam-se friccionando
sobre a zona dorida.

Precauções
Outros nomes: mata-cão.
napelo, capuz, pistolete, carro-
-de-vénus. Brasil: capacete-de-
0 acónito tenro (quando está a bro- •júpiter.
tar) é pouco tóxico. Depois de a
Esp.: acónito, anapelo. raiz dei
planta se ter desenvolvido, porém, é
diablo. Fr.: aconit (napel).
altamente venenoso. E cultiva-se nal- Ing.: monkshood.
guns jardins como planta ornamental!
Habitat: Terrenos montanhosos e
0 contacto prolongado com esta húmidos de toda a Europa e da
planta pode tornar-se perigoso. Tem América, especialmente do Norte.
havido casos de intoxicação em Apesar da sua grande toxicidade, e
crianças que tinham levado na mão. cultivado como planta ornamental em todo
durante algum tempo, um ramalhete o mundo
de acónito. Descrição: Planta herbácea, da família
Nas aplicações externas é preciso ter das Ranunculáceas, que atinge entre 50 e 150
cm de altura. As flores são muito belas, em forma de
presente que a aconitina também se
capacete, e podem ser de cor azul-escura, amarela ou
absorve pela pele, pelo que, mesmo branca. A raiz ê um tubérculo em forma de nabo.
por via externa, podem produzir-se
Partes utilizadas: a raiz
intoxicações. Não se devem fazer
mais de três aplicações diárias.

148
Convém saber
identificar bem
Desde tempos muita antigos que <> o acónito, uma
das plantas mais
acónito é usado para envenenar fle- venenosas que
chas e para justiçar os réus. No sécu- existem.
lo XVIII, o médico austríaco Stoerk
começou a utilizá-lo no tratamento
das dores nevrálgicas.
O acónito é uma planta altamente tóxica, mas que,
correctamente empregada, p o d e aliviar dores re-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda beldes, como as das nevralgias faciais.
a planta, e especialmente a raiz, con-
tém potentes alcalóides (aconitina e
napelina), assim como glicósidos fla-
vónicos, resinas, amido e manitol. O
princípio activo mais importante é a
aconitina, que é um potente anesté-
sico dos terminais sensitivos; é lam-
bem febrífugo e antitússico.
O acónilo usa-se com êxito, tanto
O Intoxicação por acónito
por via interna IO.@.€M como externa
10,01, para acalmar as dores incurá-
veis das nevralgias, em especial a do
nervo trigémeo, que afecta <> rosto, e Sintomas: De 10 a 20 minutos após a ingestão, produz-se uma sensação de irri-
a do nervo ciático. Também si- tem tação ou prurido na boca, nas mãos e nos pés, que a seguir se estende por to-
empregado como substituto da mor- do o corpo; sudação abundante e calafrios. Aparecem depois náuseas, vómitos
fina, para desabituar os dependentes e diarreias. Se a intoxicação for grave, produzem-se alterações no ritmo respi-
desta. ratório e cardíaco, que acabam em paragem cardio-respiratória e morte.
Primeiros socorros: Provocar imediatamente o vómito. É conveniente uma la-
()s princípios activos do acónito vagem ao estômago; administrar carvão vegetal e laxantes enérgicos.
são substâncias muito potentes que,
correctamente utilizadas, surtem va- Há que levar o doente com toda a urgência a um hospital, para ser interna-
do numa unidade de cuidados intensivos.
liosos eleitos medicinais. O acónito é
uma ílessas plantas (^w podem curai",
masque também podem matar.

N
Avena satíva L
P

Preparação e emprego
Aveia
USO INTERNO
Tonifica e equilibra O Os flocos (sementes prensa-
das) cozinhados com leite ou cal-
os nervos do de hortaliça.
© Infusão: Prepara-se com uma
colherada de palha de aveia por
chávena. Tomam-se 2 ou 3 chá-
venas por dia.

USO EXTERNO
© B a n h o relaxante: A inlusão
serve também para acrescentar
à água do banho na proporção de
um litro por banheira de tamanho
médio, com o que se obtém um
agradável efeito relaxante.

o S F L O C O S de aveia, q u e se
preparam p r e n s a n d o os grãos
trilhados, constituem um ali-
m e n t o integral muito p o p u l a r nos pa-
íses do C e n t r o e do Norte da Europa.
A aveia tem, além disso, interessantes
efeitos sobre o sistema nervoso.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
GRÃOS c o n t ê m 60%-70% de a m i d o e
outros glícidos (hidratos de c a r b o n o ) ;
1-1% de proteínas; 7% de lípidos (gor-
d u r a s ) , e n t r e OS quais se c o n t a u m a
significativa p r o p o r ç ã o de lecitina; vi-
taminas do g r u p o li; ácido pantoténi-
co; enzimas, minerais, s o b r e t u d o cál- Outros nomes:
cio e fósforo; oligoelementos diversos; Esp.: avena, avena común, avena
e um alcalóide (avenina), de efeitos blanca. Fr.: avoine. Ing.: oat.
tonificantes e equilibradores sobre o Habitat: Originária do Sul da Europa. A
sistema nervoso. sua cultura estendeu-se aos cinco
continentes.
A aveia é por isso muito recomen-
Descrição: Planta anual da família das
dada nos casos de d e p r e s s ã o , nervo-
Gramíneas, que atinge um metro de
sismo, insónia e e s g o t a m e n t o físico altura. As suas flores, da mesma
ou mental l©l. Os q u e sofrem de maneira que os grãos, agrupam-se
stress ou de impotência sexual, os es- duas a duas. em espigas.
t u d a n t e s - s o b r e t u d o em é p o c a de exa- Partes utilizadas: A paíha e os grãos.
m e s - , os d e s p o r t i s t a s e as m ã e s lac-
tantes, têm na aveia um alimento-re-
médio ideal. Pela sua excelente diges-
tibilidade, convém t a m b é m aos con- A palha ou farelo da aveia é
valescentes e aos q u e sofram de gas- sedativa e faz descer o
trite, de colite c de outras afecções di- co/esterof.
gestivas.

150
o A aveia e o colesterol

0 doutor James Anderson, da


Universidade de Kentucky, nos Es-
tados Unidos, estava a trabalhar
com doentes diabéticos, procu-
rando determinar se havia algum
cereal que fosse mais eficaz para
controlar os níveis de açúcar no
sangue. O doutor Anderson des-
cobriu que, quando os doentes to-
mavam farinha de aveia, não só
melhoravam os níveis de açúcar
no sangue mas também dimi-
nuíam os números do colesterol.

Estudando o assunto mais por-


menorizadamente, chegou-se à
conclusão de que este efeito era
provocado pela porção de farelo
que tinham os flocos de aveia. A
fibra solúvel de que é formado o
farelo da aveia actua absorvendo
os ácidos biliares que existem no
intestino, e arrastando-os junta-
mente com as fezes.

Os ácidos biliares formam-se no


fígado, a partir do colesterol do
sangue, e passam para o intesti-
no juntamente com a bílis. Nor-
malmente, a maior parte deles é
reabsorvida no íleo (terceira
porção do intestino delgado), pas-
sando de novo para o sangue, e
servindo de elemento base para
a produção de colesterol.
Os flocos de aveia são um alimento-remédio muito recomendável para des- O farelo da aveia, absorvendo os
portistas, estudantes e todos aqueles que desejem fortalecer e equilibrar o ácidos biliares e fazendo que se
seu sistema nervoso.
eliminem com as fezes, obriga o
organismo a produzir mais ácidos
biliares, necessários ao processo
digestivo. Para isso, tem de utili-
O farelo de aveia é rico em silício e "nocivo" (I.DL), enquanto que não zar o colesterol que existe no san-
em vitaminas A e B. Tem efeito seda- influi sobre o colesterol protector ou gue, com o que o seu nível dimi-
tivo sobre o sistema nervoso, tanto in- "bom" (HDL), que, como recente- nui.
gerido por via oral em forma de in- mente se descobriu, actua evitando a
fusão I© I, como aplicado externa- arteriosclerose. Portanto, o consumo de flocos de
mente na água do banho 101. aveia integrais (com o seu fare-
Este mecanismo de acção do fare- lo), é um bom método para redu-
Investigações realizadas têm de- lo de aveia sobre o nível de colesterol zir o colesterol.
monstrado que o farelo da aveia tem é comum a todos os produtos que
tim eleito redutor sobre o nível de co- contêm fibra vegetal, especialmente
lesterol no sangue. Esta diminuição quando é do tipo solúvel, como a
afecta apenas o colesterol chamado maça, por exemplo (pág. 513).

1
Cannabis sativa L.
v. .

Preparação e emprego

Cânhamo USO INTERNO


O Infusão com uma colhera-
Produz euforia... da de frutos de cânhamo, que
e transtornos mentais se deixam de infusão durante
dez minutos. Bebem-se 2 ou 3
chávenas por dia.

Outros nomes: cãnhamo-indiano,

O CÂNHAMO cukiva-sc clesck


tempos imemoriais, por pro-
porcionar uma fibra lêxii
com a qual se fabricam cordas e teci-
dos. São bem conhecidas as bebedei-
cânhamo-verdadeiro. linho-
•cânhamo, liamba, cãnamo.
canabe, haxixe.
Esp.: cahamo común. bangue (de
la índia), henequén europeo.
ras e os transtornos mentais que so- linabera. Fr.: chanvre. Ing.: hemp.
friam os operários que trabalhavam Habitat: Originário da Ásia
com libras de cânhamo. No século Central, estendeu-se a sua cultura
XIX descobri] am-sc os princípios res- pelas regiões temperadas e
ponsáveis pelo sou efeito estupefa- húmidas de todo o mundo.
ciente, os quais se apresentam cm Descrição: Planta dióica
(exemplares masculinos e
maior percentagem na variedade- in-
femininos diferenciados) da família
dica. das Moráceas. que atinge até 1.5
m de altura. As folhas são
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Das SU- espalmadas, divididas em 5 ou 7
MIDADES FLORIDAS das plantas femi- segmentos de bordo dentado.
As flores são de cor verdosa. e
ninas do cânhamo, especialmente da agrupam-se em cachos
variedade hidicrt, obtém-se uma resina terminais.
conhecida como haxixe ou marijua- Partes utilizadas:
na, rica em canabinol. ^0 as sumidades
m M floridas e os
Km árabe, hashashin, que significa M L ) frutos.
'bebedores de hashish', deu origem à
palavra "assassino*. Os has/iashineram
os membros de uma seita que, quan- Os frutos do
do entravam paia ela. faziam voto de cânhamo usam-
malar a quem o seu chefe ordenasse. -se contra o
Os seus crimes eram habitualmente colesterol.
perpetrados sol) os eleitos narcóticos
do haxixe.
() haxixe costuma ser usado em
forma de cigarro, feito com tabaco e
cânhamo ou haxixe, que produz eu- de fricções ou loções. Devido a poder
foria. Km doses elevadas causa perda ser absorvido mesmo através da pele,
do juízo, alucinações c loucura. O seu e ter efeitos estupefacientes, não se re-
consumo habitual faz perder a me- comenda o seu uso, já que existem ou-
mória c a vontade, alem de atrofiar as tros remédios isentos de loxit idade e
glândulas sexuais, provocando esteri- igualmente eficientes.
lidade e impotência. Km contrapartida, os FRUTOS do
() único emprego medicinal do haxi- cânhamo, muito apreciados pelas aves
Fórmula química do canabinol.
\c <• o de acalmar as dores nevrálgicas e pelo gado, não contêm canabinol. princípio activo de acção
e reumáticas, aplicado externamente em Km infusão, usam-se para fazer descer estupefaciente que se encontra
forma de tintura alcoólica, por meio o colesterol no saimue IOI. nas folhas e flores do cânhamo.

152
Citrus aumntíum L. f\
9 L A
Sinonímia cientifica: Citrus sinensis Pers.,
Citrus vulgaris Rísso
Espécie afim: Citrus aurantium var.
Laranjeira sinensis L. s Citrus sinensis (L.) Osbeck.
Outros nomes: C. aurantium: laranjeira-
-azeda. laranjeira-amarga: C sinensis:
A flor é sedativa la ra njeira • doce. la ranjeira • da •
-china, laranja-de-umbigo,
e o fruto tonificante laranja-da-baia. laranja-
-camoesa. laranjeira-
-romã.
Esp.: naranjo agrio,
naranjo dulce. naranjo
de la China.

D ESDE que a laranjeira chegou,


na Idade Média, às cosias me-
diterrâneas do Sul da Europa,
vinda do Médio Oriente e da Ásia. o
sen êxito não parou de aumentar. O
seu porte elegante, o magnífico aro-
ma das suas flores e, sobretudo, a ex-
celência dos seus frutos, no caso fia
laranjeira-doce, permiliram-lhe con- Fr.: oranger. Ing.: orange tree.
quistar os campos e as mesas de uma Habitat: Oriunda da Ásia Central. A sua
boa parte do inundo. cultura estendeu-se a toda a região
mediterrânea e a todas as zonas quentes
Poucos anos depois dos Descobri- do continente americano.
mentos, os Espanhóis levaram a la- Descrição: Árvore de ramos espinhosos,
ranjeira para a América, em particu- da família das Rutáceas, que atinge de 2 a 5
lar para o México, a Florida e a Cali- m de altura. As folhas são perenes, têm um
fórnia, onde actualmente se encon- peciolo alado em forma de pequeno coração.
tram os maiores laranjais do mundo. As flores são brancas, dispostas nas axilas das
folhas. Os frutos são as conhecidas laranjas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Partes utilizadas: as folhas, as flores e os frutos


(especialmente os da laranjeira-doce: ver o quadro da
árvore é rica em essências aromáticas página seguinte).
de eleitos medicinais, embora a maior
concentração se encontre nas flores,

n Precauções
J J? Preparação e emprego

USO INTERNO
As pessoas que sofram da vesícula
O Infusão de folhas e/ou flores, com 10-20 g por litro de água (3 folhas ou
biliar devem evitar comer laranjas de
6 flores são suficientes para preparar uma infusão sedativa). Ingerir 3 ou 4
manhã em jejum. Pela sua acção co-
chávenas por dia, especialmente antes de deitar.
lagoga, provocam um esvaziamento
brusco da vesícula biliar, que pode © Decocção: Ferver 30 g de casca de laranja, seca. cortada em pedacin-
causar ligeiros incómodos abdomi- hos, em meio litro de água, durante 15 minutos. Pode-se adoçar com mel.
nais, como peso no estômago ou sen- Toma-se uma chávena pequena depois de cada refeição.
sação de distensão.

15
A laranjeira-doce é a mais conhe-
cida e cultivada; no entanto, a varie- ^•^ Laranja
dade de laranjeira que mais se em-
prega em fitoterapia é a amarga, pois
embora ambos os tipos de laranjeira laranja industrial, embora com isso não
apresentem as mesmas qualidades, a se consiga recuperar todas as suas pri-
amarga possui uma maior concen- mitivas propriedades.
tração de substâncias aromáticas e de As laranjas contêm vitaminas A, B, C e
princípios activos. P, assim como ftavonóides, açúcares,
As FOLHAS, e sobretudo as FLORES ácidos orgânicos e sais minerais. Têm
da laranjeira, contêm uma essência propriedades anti-escorbúticas, toni-
ficantes, aperitivas e colagogas (pro-
composta por limoneno e linalol, en- 1
vocam o esvaziamento da vesícula bi-
tre outras substâncias aromáticas. A
liar). O seu consumo torna-se muito re-
A laranja-doce é uma das frutas mais comendado nos seguintes casos:
apreciadas, sobretudo nos países frios, • Doenças infecciosas ou febris.
pois no Inverno é uma fonte muito va-
liosa de vitamina C. Come-se directa- • Esgotamento, astenia (sensação de
mente a sua polpa, ou então espreme- cansaço).
-se para se obter um dos sumos mais • Desnutrição, anemia, raquitismo.
apreciados. O sumo de laranja tem de
ser bebido acabado de fazer, para se • Trombose, arteriosclerose e trans-
poderem aproveitar as suas proprieda- tornos circulatórios em geral. As la-
des nutritivas e medicinais, pois a vita- ranjas diminuem a viscosidade do san-
mina C destrói-se rapidamente em con- gue e têm um efeito protector sobre os
tacto com o oxigénio, e outros compo- vasos sanguíneos, devido, entre outras
nentes também sofrem mudanças des- coisas, à vitamina P.
favoráveis que alteram notavelmente os O fruto da laranjeira-amarga costuma
seu aspecto e sabor. Por isso é costu- ser utilizado somente na preparação de
me acrescentar vitamina C ao sumo de doces.

elas se deve a sua acção anti espasmó- faz p a r t e , j u n t a m e n t e com a erva-


dica, sedativa e ligeiramente soporí- -cidreira, da famosa "água-dos-carme-
fera (indutora do sono). O seu uso é litas" (pág. 163).
indicado nos seguintes casos:
• Dores das regras, provocadas por es-
• Insónia (O!: Provocam uma sedação
pasmos uterinos IOI.
suave que facilita a chegada do sono.
• N e r v o s i s m o c i r r i t a b i l i d a d e 101: Das flores extrai-se a essência de flor
Dão bons resultados nestes casos, sem de laranjeira ou néroli, e das folhas, a
apresentar perigo de dependência esse-ucia chamada petít-grain.
n e m outros efeitos secundários noci-
vos. Podem-sc a d m i n i s t r a r m e s m o a A CASCA dos frutos 101. espe< ial-
crianças p e q u e n a s , a c a b n a n d o - a s tnente das laranjas amargas, é rica em
para lhes facilitar um sono tranquilo. glicósidos flavonóidcs (naringina,
• Enxaquecas, d o r e s de cabeça causa- b e s p e r i d i n a e r u i i n a ) , de acção se-
Ambas as laranjeiras, a doce e a das por espasmos arteriais IOI. m e l h a n t e à da vitamina P. Devido a
azeda ou amarga, têm as mes- isio é usada nos casos de fragilidade
mas propriedades. No entanto, • T r a n s t o r n o s digestivos: espasmos capilar e vascular ( e d e m a s , varizes,
em fitoterapia preferem-se as flo- do estômago e dores gástricas de ori- t r a n s t o r n o s da c o a g u l a ç ã o ) . E um
res, as folhas e a casca do fruto gem nervosa (nervos no e s t ô m a g o ) , bom tónico digestivo, q u e tem efeito
da laranjeira-amarga, pela sua assim c o m o aerofagia e arrotos IOI.
maior concentração de princí- aperitivo e ajuda a digestão. Possui
pios activos. Os doces de \aranja • P a l p i t a ç õ e s cardíacas, d e s m a i o s e também um suave efeito sedativo, do
amarga sáo muito apreciados. desfalecimentos. A flor de laranjeira mesmo m o d o q u e as Mores e as folhas.

154
Conium
maculatum L. v

Preparação e emprego
Cicuta
Um potente tóxico USO INTERNO
0 Pó: Os frutos secos da ci-
que convém saber cuta trituram-se em forma de
distinguir pó. que se dissolve em água.
A dose máxima tolerável para
os adultos é de 1 g diário de
frutos, dividido por quatro to-
mas de 0.25 g cada uma.

A l l! MAS então a cicuta cresce


nos nossos campos? Muitos fi-
cara surpreendidos quando
ouvem dizer que a mesma planta,
com que o grande Sócrates pôs fim à
USO EXTERNO
© Pomada: Prepara-se com
1 g de frutos triturados, por ca-
da 9 g de dissolvente gordo.
sua vida no ano 339 a.C... ainda se en- Usa-se como anestésico local
contra à nossa volta. em caso de nevralgias e dores
intensas. Tenha-se sempre
A cicuta acha-sc muito disseminada
bem presente que a coniina se
e convém saber distingui-la de outras absorve pela pele.
plainas da mesma família botânica -
.is Umbclíferas-a que se assemelha: a
angélica (pág. 426), a salsa (pág. 583),
o aipo (pág. 562), c ale a cenoura-
-brava (pág. 133). &
Com a informação que oferecemos
no quadro junto, e comparando as
ilustrações de cada uma dessas plan-
tas, que se encontram neste obra. tor-

Sinonímia científica: Cicuta


Cicuta-menor officinalis Crantz.. Cicuta major
Lam.
Outros nomes: cicuta-maior,
cicuta - ordiná ria, cicuta -oficinal,
cicuta-de-atenas. cicuta-
-terrestre, ceguda. cegude.
A cicuta-menor ou aquática {Cicuta abioto. ansarinha-malhada.
virosa L.)* cresce em lugares húmi- Brasil: cicuta-da-europa.
dos do mesmo modo que a cicuta- tuncho-selvagem, grande-
-maior, embora seja menos frequen- -cicuta.
te do que esta. 0 aspecto da cicuta- Esp.: cicuta mayor. barroco.
-menor è semelhante ao 6a maior. Os zanahona de monte.
seus efeitos t ó x i c o s caracterizam- Fr.: (grande] ciguê.
-se por violentas convulsões e final- Ing.: hemlock. poison parsley.
mente paragem respiratória. O trata- Habitat: Cresce espontaneamente em toda a Europa
mento a seguir é o mesmo que para e América. Abunda em lugares frescos e húmidos, nas
margens dos rios e beiras dos caminhos.
a intoxicação por cicuta-maior.
Descrição: Planta herbácea que atinge de 30 a 150 cm de
' Esp.: cicuta menor, cicuta aquática. altura, da família das Umbeliferas. Tem o caule oco e
finamente estriado.
Partes utilizadas: os frutos.

155
na-se fácil identificá-la e evitar cort- II
fundi-la com outras plainas comple- Como identificar a planta da cicuta
tamente inócuas.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas
as partes da plaina, e em especial os O aspecto da venenosa cicuta é bastante semelhante ao de outras plantas da
frutos, contêm vários alcalóides (co- mesma família, como por exemplo o aipo e a salsa. Os seguintes pormenores
mina, coniceína, conidrína e pseudo- botânicos ajudarão a identificá-la:
-conidrina), além de um óleo essen- • O caule da cicuta distingue-se do de outras umbeiíferas por ter na sua parte
cial, e glicósidos flavónicos e cumarí- inferior umas manchas de cor avermelhada ou púrpura.
nicos. A comina é <> princípio activo • As folhas são grandes e brilhantes, e estão muito divididas.
mais importante da cicuta, que se en- • As flores são brancas, e estão agrupadas em umbelas desiguais de 10 a 20
contra presente numa proporção de raios.
2% nos Irmos, e de 0,5% nas folhas.
• O fruto é ovalado, com cerca de 3 mm, de cor parda verdosa, e muito sulca-
Absorve-se tanto por via oral como
do por nervuras ondeadas.
através da pele. pela qual penetra
com facilidade. • Toda a planta deita um desagradável cheiro a urina.

()s alcalóides são substâncias vege-


tais de reacção alcalina. As suas mo-
léculas são complexas e são formadas porcionam uma acentuada acção se- • dores persistentes, como as nevral-
por carbono, hidrogénio, azoto e oxi- dativa, analgésica e anestésica local. gias IO.0I.
génio. Os seus efeitos farmacológicos
são muito acentuados, e com peque- Nos nossos dias. embora disponlia-
A cicuta tem sido utilizada com êxi- mos de outros analgésicos potentes e
nas doses já se produzem eleitos tósi-
to para acalmar seguros, também se pode empregar,
cos.
mas sempre sob o vigilância cio médico,
Km doses terapêuticas, a coniina e • dores insuportáveis, como as pro- e respeitando fielmente a dosagem.
os restantes alcalóides da cicuta pro- vocadas pelo cancro 19,01, e para evitar eleitos tóxicos.

Intoxicação por cicuta

A coniina é semelhante, na sua estrutura colheram este método para tirar a vida
química e nos seus efeitos, a outro al- aos condenados à pena capital.
calóide: a nicotina, que se encontra no
tabaco. Ambos os alcalóides actuam so-
bre o sistema nervoso vegetativo, exci-
tando-o primeiro e deprimindo-o depois. Tratamento da intoxicação: Sempre
De meia hora a duas horas depois de que haja suspeita de que se tenha in-
se ter ingerido uma dose tóxica de co- gerido cicuta, deve-se provocar o vómi-
niina, produz-se ardor na boca, dificul-
dade de engolir, náuseas, dilatação das to e, se possível, fazer uma lavagem ao
pupilas e fraqueza nas pernas. Se a do- estômago. Administrar purgantes e
se for maior, produz paralisia muscular carvão vegetal. Praticara respiração ar-
(como a produzida pelo curare) e mor- tificial boca a boca, se o intoxicado tiver
te por paragem respiratória e asfixia.
Apesar de tudo, não se perde a cons- dificuldade para respirar. É necessário
ciência e mantém-se a lucidez até ao proceder à imediata transferência do
último momento. Por isso os Gregos es- doente para um centro hospitalar.

156
Datura
stramonium L » 4. A

Estramónio Preparação e emprego

Antiespasmódíco, USO INTERNO

mas tóxico Por se tratar de uma planta tó-


xica, não se deve usar inter-
namente, salvo por indicação
do médico.
O Pó de folhas: A dose máxi-

O ESTRAMÓNIO era desconhe-


cido na Europa durante a an-
tiguidade e a Idack- Média, até
que, pelos fins do século XVI, foi tra-
zido do México paia a Península. Dis-
ma é de 0,2 g de pó, três vezes
ao dia.

USO EXTERNO
tribuiu-se depois rapidamente por ©Cataplasma de lolhas es-
toda a Europa, devido às suas singula- magadas: aplica-se sobre a ar-
res propriedades sobre o sistema ner- ticulação afectada.
voso.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a


planta contém alcalóides activos sobre
o sistema nervoso vegetativo (hioscia-
mina. atropina e escopolamina), além
de ácidos cítrico e málico, taninos e
óleo essencial. Tem uma a r ç ã o seme-
lhante à do m e i m e n d r o (pág. Iõ9) e
da bcladona (pág. 352), q u e consisie
em inibir o sistema nervoso parassim-
pático. Possui as seguintes proprieda-
des e aplicações:
• Antiespasmódica: Relaxa a muscula-
tura do tubo digestivo, dos brônquios,
dos canais biliares e urinários (O).
• Analgésica, sedativa e antitússica
Outros nomes: figueira-do-inferno.
IOI. figueirinha-do-inferno. pomo-espinhoso,
• Tcm-sc usado em todo o tipo de có- erva-dos-bruxos, burladora, zabumba.
licas IOI.intestinais, biliares e renais; e Esp.: estramónio, chamico. vuélvete loco.
também c o m o antiasmático. Fr.: stramoine. pomme épineuse.
Ing.: stramonium, Jimson weed, thorn-appie.
• Aplicado externamente, acalma as do-
Habitat: Originária das Américas Central e do
res reumáticas l@l.
Sul, embora se encontre espalhada por quase
todo o mundo. Cresce à beira dos campos e
dos caminhos, sempre próximo de lugares
habitados
Precauções Descrição: Planta anual robusta, da
família das Solanàceas, que atinge de
30 a 90 cm de altura. Tem flores
grandes, brancas e em forma de trombeta.
Planta estupefaciente tóxica; produz O fruto é espinhoso, e toda a planta exala
alucinações e transtornos mentais, um cheiro desagradável
como sugerem alguns dos seus no- Partes utilizadas: as folhas.
mes populares, como o de erva-dos-
•bruxos, e o espanhol vuélvete loco
(torna-te louco).

15
Humulus lupulus L

Lúpulo Preparação e emprego

Acalma os nervos USO INTERNO


O Infusão com 10-20 g de co-
e tonifica o estômago nes por litro de água, da qual
se tomam 3 ou 4 chávenas
diárias. Esta mesma infusão
aplica-se quente, em com-
pressas, sobre a zona que so-

O NATURALISTA romano Plí- fre a nevralgia.


nio baptizou esta planta com €> Extracto seco: Ingerem-se
o nome de lúpulo, porque se até 2 g diários, repartidos por
apodera das hortas onde cresce, como 2-3 tomas.
se fosse um lobo (hipus em latim).
USO EXTERNO
Desde a Idade Média, a lupulina é uti-
lizada para aromatizar e conservar a © Compressas quentes com
cerveja, c têm-se vindo a descobrir as a mesma infusão de cones de
lúpulo que se descreve para o
suas numerosas propriedades.
uso interno. Aplicam-se sobre
a zona dorida.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: o LU-
O Cataplasmas: Preparam-
PU1.1NO, pó que se desprendi- quando
-se colocando um punhado de
se sacodem os cones, contém uma
cones de lúpulo num pano de
essência rica em hidrocarbonetos ler-
algodão, de forma que fiquem
pénicos, que lhe confere acção seda-
envolvidos. Molhar com água
tiva e soporífera (indutora do sono), quente o pano contendo os co-
assim como uma resina com princí- nes, e aplicá-lo sobre a zona
pios amargos, que explicam a sua dorida (em geral sobre o ven-
acção cónica digestiva e aperitiva. Nos tre).
CONES há também flavonóides, que
são substâncias de acção estrogénica e
anti-séptica. Vejamos as suas apli-
cações:
• Nervosismo, insónia, enxaquecas Outros nomes: engatadeira. húmulo.
lúparo, lúpulo-trepador. pé-de-galo.
10,©I.
vinha-do-norte.
• Hipcrexcitação sexual nos jovens do Esp.: lúpulo, lupulina. lúpio. oblón.
sexo masculino (acção annlrodisíaca). Fr.: houblon [à la bièrej. Ing.: hops.
Na Inglaterra vitoriana, enchiain-se as [common] hop. European hop.
almofadas com cones de lúpulo IO.0J. Habitat: Comum em bosques húmidos e
• Digestões difíceis e inapetência IOI. sebes da Europa e América do Norte.
Cultivado em muitas regiões de Portugal.
• Dores de estômago e dores de tipo Descrição: Planta trepadeira vivaz, da
nevrálgico IO.OI, aplicado externamen- família das Canabináceas. cujo caule
te cm compressas ou cataplasma. pode crescer até aos 6 metros. É uma
planta dióica. cujos exemplares
femininos produzem umas
inflorescèncias globulosas. que tomam
Precauções a forma de um cone (pinha) quando o
fruto amadurece.
Partes utilizadas: os cones (inflorescèncias da
planta do lúpulo) e o lupulino (pó amarelo que os
Não ultrapassaras doses indicadas, cobre).
dado que o lúpulo pode provocar náu
seas.

158
Hyoscyamus
nfgerL »

Meimendro Preparação e emprego

-negro USO INTERNO


O Infusão: 10 a 15 g de folhas
Narcótico e tóxico por litro de água. Tomar duas
chávenas por dia.
© Pó de folhas secas: 1 g é a
dose máxima diária tolerável.

O MEIMENDRO já se emprega-
va cm Babilónia (século XV
a.C.) contra as dores de den-
tes, lai como o atesta o Papiro de
Ebers. Dioscórides (século I d.C). pai
USO EXTERNO
©Cataplasma com folhas es-
magadas, que se aplica sobre a
zona dorida durante uns minu-
da fitoterapia, já menciona as suas tos.
propriedades narcóticas. O Unguento preparado ofici-
nalmente (em laboratório far-
Durante a Idade Média, o mei- macêutico).
mendro começou a fazer parte dos
apó/emas preparados por bruxas e
feiticeiros. Dizia-se que os malfeitores
o colocavam sobre as brasas com que
se aqueciam os banhos públicos, para
adormecer os banhistas com os seus
fumos, e depois saqueá-los.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contem alcalóides muito acti-
vos sobre o sistema nervoso (atropina.
hiosciamina e escopolamina). E um
potente antiespasmódico, analgésico
e narcótico IO,€H. Em doses elevadas
é estupefaciente e alucinogénio. Os
seus fumos já foram utílizados nas cri-
ses de asma (acção broncodilatadora]
e pai a acalmar a dor de dentes.

Aplicado localmente l©.OI. acalma a


dor da gola, a dor reumática, a ciática O meimendro-negro é
e outras nevralgias. considerado uma plan-
ta tóxica.

Outros nomes: meimendro. hiosciano. Brasil: meimendro-

5 Precauções
•preto. erva-dos-cavalos.
Esp.: beleno negro, jurcuario. tornalocos. Fr: jusquiame
[noirej. Ing.: [blackj henbane.
Habitat: Planta pouco frequente, que se pode encontrar à beira de alguns caminhos
e em terrenos baldios da região mediterrânea e da Europa Central. Estendeu-se
Excederas doses indicadas produz também ao continente americano.
náuseas e enjoos. Graças ao seu Descrição: Planta da família das Soianáceas. coberta de uma fina penugem. Pode
mau cheiro, não ê fácil haver intoxi- atingir um metro de altura. As flores são de cor amarela pálida, raiadas de violeta.
cações acidentais. Em doses ele- Toda a planta deita um cheiro nauseabundo.
vadas torna-se estupefaciente e Partes utilizadas: as folhas
alucinogénio.

1
Lactuca virosa L
* . . .

Preparação e emprego
Alface-
brava-maior
USO INTERNO
Sedativa e indutora O Decocção durante 10 mi-
nutos, com 100 g de alface
do sono por litro de água, da qual se
ingerem três chávenas ado-
çadas com mel durante o dia,
e outra antes de deitar. Utili-
zar de preferência a alface-
-brava, ou a cultivada bem de-
senvolvida e florida.
© Lactucário: Administram-
-se habitualmente de 0,1 a 1
g por dia.

A ALFACE das hortas, tenra e


esbranquiçada, como se come
normalmente em saladas, é
praticamente destituída de proprie-
dades medicinais. Ao contrário, a al-
€) S u m o fresco: obtido por
meio de uma liquidificadora.
Toma-se meio copo 2-3 vezes
por dia, e especialmente antes
de deitar. Pode misturar-se
face verde, completamente desenvol- com sumo de limão.
vida c madura, ou ainda melhor, a al-
face-brava. são um remédio muito
apreciado desde a antiguidade.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS Fo-


lhas comem clorofila, sais minerais, vi-
taminas e uni princípio amargo. Os
princípios activos sobre o sistema ner- As folhas brancas da
voso, no enianto. encontram-se no lá- alface cultivada sáo
pobres em princípios
tex branco que mana dos caules activos sedantes do
quando são cortados, do qual se ob- sistema nervoso. Nas
tém por solidificação o lactucário. folhas verdes, e
As folhas da alface, e especialmen- sobretudo no látex
Outros nomes: alface-brava, alface- da alface-brava,
te o seu látex, possuem as seguintes -maior. alface-virosa. acham-se muito mais
propriedades: Esp.: lechuga silvestre, lechuga virosa. concentrados.
• Sedativas IO.0.01, semelhantes às Fr.: lailue suavage, laitue vireuse.
do ópio, embora, ao contrário deste, > Ing.: prickly lettuce, bitter lettuce.
alface seja isenta de eleitos nocivos, de Habitat: Disseminada pelos terrenos
modo que se pode usar inclusivamen- secos e encostas pedregosas da Europa
te para as crianças pequenas, a quem Central e Meridional.
acalma a excitação e ajuda a conciliar Descrição: Planta da família das
o sono. Compostas, que atinge desde 0.4 m até
1.5 m de altura quando está espigada. O
• Antíafrodisíacas IO.0.01: Ajuda a seu caule é vertical e robusto, de cor
controlara excitação sexual. Dioscó- verdosa ou violácea, e dele emergem
rides dizia que 'atalha os sonhos ve- grandes folhas de bordo dentado.
néreos e reprime o desordenado ape- Partes utilizadas: as folhas e o látex.
tite de fornicar».
• Antitússicas IO.0.01: A alface é es-
pecialmente indicada nas tosses irri-
lalivas e na tosse convulsa.

160
Lavandula angustifolia
Miller
m >J t A A
Preparação e emprego
Alfazema USO INTERNO
O Infusão com 30-40 g cie sumi-
De perfume dades floridas e folhas, por cada li-
requintado, tonificante tro de água. Tomar três chávenas
e muito medicinal por dia, adoçadas com mel, depois
das refeições.
© Extracto fluído; Ingerem-se 30
gotas, 3 vezes ao dia.
€) Essência: A dose habitual é de
3-5 gotas, duas ou três vezes por
dia.

D ESDE tempos muito antigos, a


alfazema é utilizada tomo pro-
duto de beleza e de higiene.
Durante o Império Romano, os patrí-
cios e os cidadãos distintos acrescen-
USO EXTERNO
O Essência de alfazema: Não
são precisas mais do que algumas
gotas aspiradas ou esfregadas
sobre a pele, para se conseguir o
tavam alia/ema à água dos seus sump- efeito.
tuosos banhos, O seu outro nome "la-
© Lavagens e compressas: Em-
vanda*1 deriva do latim Imune (lavar).
prega-se a mesma infusão utilizada
As abelhas também gostam de des- para uso interno, embora se possa
frutar do requintado aroma da alfa/e- preparar mais concentrada. Lavar
ma e, com o néctar das suas flores, fa- directamente com ela as úlceras e
bricam um delicioso mel. feridas, e embeber depois uma
compressa que se coloca sobre a
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS su-
zona afectada, durante 15 a 30 mi-
nutos.
midades floridas e as folhas da alfaze-
ma são muito ricas (l%-5%) num © Fomentações quentes, que se
óleo essencial volátil, de composição preparam com infusão de alfazema
muito complexa, formado p o r diver- ou adicionando algumas gotas de
sos álcoois t e r p é n i c o s e seus ésteres. essência à água. Aplicam-se sobre
O mais i m p o r t a n t e deles é o linalol. o pescoço, as costas e os joelhos.
Esta essência é responsável pelas suas O Loções e fricções: Podem-se
variadas propriedades, que são as se- fazer com umas gotas de essência,
guintes: com óleo ou com água-de-allaze-
• Sedativa e equilibradora do sistema ma (ver a forma de preparação na
nervoso central e vegetativo IO,€>,©!: página seguinte).
Recomenda-se nos casos de nervosis-
Sinonímia científica: Lavandula officinalis Chaix,
Lavandula vera DC.
Outros nomes: lavanda, lavandula.
Esp.: lavanda, lavandula hembra, espliego. Fr.: lavande.
Ing.: lavender.
Precauções Habitat: Terrenos calcários, secos e soalheiros do Sul da Europa.
Espontânea no Centro e Sul de Portugal. Cultiva-se na Europa e na
América, pela sua essência.
Descrição: Subarbusto de base lenhosa, da família das Labiadas, que mede
A essência de alfazema em uso in de 15 a 60 cm de altura. As folhas são de cor verde acinzentada, estreitas e
terno deve-se usar com muita pre alongadas. As flores são de cor azul, pequenas e dispostas numa espiga
caução, devido a que, em doses ai terminal.
tas, pode produzir nervosismo e, in Partes utilizadas: Sobretudo as suas sumidades floridas, e também as
clusive, convulsões. folhas.

1
o Obtenção do óleo e da água-de-alfazema
ajuda a curar rapidamente. O óleo de
alfazema alivia a dor nas queimaduras
leves (de primeiro grau) e desinflama
as picadas de insectos.

preparar deixando 250 g de planta se-


ca em maceração durante duas se- • Relaxante e redutora da fadiga: De-
manas em um litro de azeite, filtrando- pois de marchas prolongadas, de in-

m"
o depois. tenso exercício físico, ou quando se
sente esgotamento, um banho com
água quente e água ou essência de al-
• Agua-de-alfazema: Dissolvem-se fazema ajuda a activar a circulação e
30 g de essência num litro de álcool a a eliminar a sensação de fadiga. Ob-
90°. Depois de deixar repousar a mis- tém-se um maior efeito se o banho
tura durante 24 horas, passa-se por for seguido de fricções I©1 com um
um filtro de papel e guarda-se em fras- pano de lã embebido em água, óleo
cos bem vedados. Pode-se diluir com ou essência de alfazema.
água, se se achar que está demasia-
do concentrada. Também se pode pre-
parar deixando em maceração 250 g • Sedativa: O simples facto de aspirar
de sumidades floridas secas, num li- o aroma da alfazema IOI exerce uma
tro de álcool, durante duas semanas. suave mas eficaz acção sedativa sobre
• Óleo de alfazema: Dissolvem-se 10
g de essência em 100 g de azeite de Transcorrido este tempo, passa-se por o sistema nervoso central. É muito re-
oliveira e aplica-se como loção sobre um filtro de papel e guarda-se em fras- comendável para a crianças que dor-
a zona dorida. Também se pode cos bem vedados. mem mal. Neste caso, dá muito bom
resultado colocar umas gotas de
essência de alfazema na almofada da
cama ou num lenço próximo da cara.

mo, neurastenia, enjoos, tendência em luxações, entorses, contusões e • Balsâmica IOJ: A essência emprega-
para a lipotimia (desmaio), palpi- distensões musculares. -se em inalações ou banhos de vapor
tações do coração e, em geral, em to- • Anti-séptica e cicatrizante 101: A in- para acelerar a cura das laringites, tra-
dos os casos de doenças psicossomá- fusão de alfazema emprega-se para la- queítes, bronquites, catarros bron-
ticas. var úlceras e feridas infectadas, que quiais e constipações.
•AI.

• Digestiva IO.O.Q): Tem uma acção


antiespasmódica e algo carminativa Outras espécies de 'Alfazema'
(antiflatulenta) sobre o tubo digesti-
vo, ao mesmo tempo que é aperitiva
e ajuda a digestão. Devido a que a Existem várias espécies de plantas aro- formas intermédias. Em Portugal é co-
essência tem também efeito anti-sép- máticas pertencentes ao género Lavan- nhecida como alfazema-brava.
tico, dá muito bons resultados em dula. Todas elas resistem igualmente ao
caso de colite (inflamação do intesti- sol e à aridez do terreno, e todas ofere-
no grosso), especialmente quando há cem ao caminhante um dos perfumes • Lavandula stoechas L** E o nosso
fermentação pútrida com decompo- mais apreciados do mundo vegetal. A rosmaninho. Caracteriza-se por as
sição das fezes e gases muito mal- composição destas espécies é muito se- suas flores estarem agrupadas num ra-
cheirosos. melhante, e as suas propriedades me- malhete terminal de secção quadrangu-
dicinais são as mesmas. Além da offi- lar. Também é conhecido pelos nomes
cinalis ou angustifolia, há que salientar de rosmarinho e rosmano.
* Anti iclimática c anti inflamatória
duas que, como ela, também se culti-
IO.OI: Aplicada externamente, a água,
vam:
o óleo, ou a essência de alfazema são
muito eficazes para acalmar as dores Esp.: espilego, lavandula, alhucema, la-
reumáticas, quer sejam de origem ar- • Lavandula latifolia (L f.) Medik. = La- vanda.
ticular quer muscular: dores artrósi- vandula spica L var. latifolia L. f.*: Mui-
cas do pescoço ou das costas, artrite to semelhante à alfazema, planta com a ' Esp.: cantueso, cantuesca, azaya, este-
gotosa, torcicolos, lumbagos, ciáticas, qual se híbrida e dá lugar a numerosas cados, tomillo borriquero.
etc. São também de grande utilidade

162
Mellssa officínalis L
9. M S\ ti

Erva- Preparação e emprego

-cidreira USO INTERNO


O Infusão: 20-30 g de planta
por litro de água. Tomam-se 3
Equilibra o sistema ou 4 chávenas por dia.
nervoso © Extracto seco: É costume
administrar-se 0,5 g, 3 vezes
por dia.
USO EXTERNO
©Compressas: Aplicam-se

J
A DIZIA Avicena, o grande médi- com uma infusão preparada à
co árabe do século XI, que a me- razão de 30-50 g de planta por
tissa "tom a admirável proprieda litro de água.
de de alegrar e confortar o co- O Banhos: Esta mesma in-
ração». Desde os começos do século fusão adicionada à água do
XVII, os monges carmelitas descalços banho (2 ou 3 litros por banhei-
preparam c o m esta planta a famosa ra).
"água-dos-carmelitas", q u e foi um re- © Fricções: Aplicam-se com
médio muito p o p u l a r c o n t r a OS des- a essência diluída em álcool
maios, síncopes e crises de- nervos. (álcool-de-melissa).

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS To-
lhas e as Hores contêm cerca de 0,25%
de óleo essencial, rico nos aldeídos ci-
tral e citronelal, aos quais deve a sua
acção antiespasmódica, sedativa, car- Água-dos-carmelitas
minativa, digestiva e anti-séptica. E
útil nos seguintes casos:
A água-dos-carmelitas torna-se
• P r o b l e m a s n e r v o s o s IO 0 1 : exci- pouco recomendável devido ao seu
tação, a n s i e d a d e , cefaleia devida a importante conteúdo alcoólico.
tensão ( d o r e s d e cabeça d e o r i g e m Conhecemos pessoalmente uma
nervosa). senhora idosa que, como os filhos
• Stress e depressão IO.0I: E muito in- tinham pedido a todos os comer-
ciantes do bairro que não lhe ven-
dicada nos casos de stress e depressão
dessem nenhuma bebida alcoóli-
nervosa, graças ao seu eleito sedativo ca, conseguia a sua ração etílica
suave e e q u i l i b r a d o r do sistema ner- nas farmácias, onde se fornecia
voso. diariamente de várias garrafinhas
• Insónia IO.0I: Tomada ã noite, aju- de água-dos-carmelitas, que bebia
avidamente até se embriagar.
da a vencê-la.
• Dores m e n s t r u a i s IO,01: Desde há
séculos, é r e c o m e n d a d a para aliviar Outros nomes: melissa. citronela-menor, limonete, chá-de-frança.
estas dores. Esp: melisa, toronjil, cedrón. abejera. Fr.: mélisse. citronelle.
• Também pode- ser de utilidade em Ing.: [sweetj balm, melissa.
caso de palpitações, espasmos e cóli- Habitat: Originária dos países mediterrâneos, mas cultivada em toda
cas abdominais, flatulência, enjoos e a Europa e regiões temperadas da América.
vómitos IO,01. Descrição: Planta vivaz da família das Labiadas, que atinge de 40 a 70 cm de
altura. Tem folhas dentadas e muito rugosas, que exalam um forte cheiro a limão.
• Externamente, é anti-séptica, antifún-
Partes utilizadas: as folhas e as flores.
gica (contra os fungos da pele), e an-
tivírica I0.O.0I, de acção demonstra-
da contra os vírus do h e r p e s e os mi-
xovírus do grupo 2.

16
Papaver
somniferum L
.

Preparação e emprego

Dormideira
USO INTERNO
Pode aliviar grandes O Decocção com 2 a 4 cápsulas
maduras de dormideira por litro de
dores... ou causar água, durante 5 minutos. Admi-
enormes sofrimentos nistram-se até 3 chávenas diárias,
uma antes de deitar.
© Óleo de sementes: Usam-se
1-2 colheradas (15-30 ml) em cru.
1-2 vezes por dia, para temperar
a salada ou outro prato de ver-
dura.

USO EXTERNO
© Para bochechos, podem-se

O s EFEITOS psicológicos desta adicionar até 6 ou 8 cápsulas por


planta já eram conhecidos pe- litro, na mesma decocção que pa-
los antigos Snmcrios, há cinco ra o uso interno.
mil anos. Mas é de Teofrasto, filósofo,
botânico c médico grego do século III
a.C... discípulo de Aristóteles, que se
conhece a primeira descrição do
s u m o da d o r m i d e i r a , a q u e d e u o Precauções
nome de of/ium (sumo, em grego).
Dioscóridesjá o recomendava no pri-
meiro século da nossa era. para miti-
Não ultrapassar as doses indi-
gar a dor e provocar o sono.
cadas.
Os médicos árabes, que durante a Não a ingerir juntamente com ne-
Idade Médica estenderam o seu uso nhum tipo de bebida alcoólica,
pela Ásia e pela Europa, receiíavam- pois isto faz aumentar os seus
-no frequentemente como aniidiai- efeitos tóxicos.
reico. No século XV1I1, aumentou
muito o seu consumo como medica-
mento, e lambem como droga, pelos Outros nomes: papoila-branca, papoila-da-
seus efeitos euforizantes. Esta situação •india. Brás. papoula.
agravou-se no fim do século XIX e Esp.: dormidera, amapola, amapola blanca.
princípio cio século XX. com a in- Fr.: pavot. Ing.: opium poppy.
venção da agulha hipodérmica. Habitat: Originária dos paises do Médio Oriente.
Km 1803, um jovem farmacêutico cultiva-se como planta medicinal na Turquia, no
alemão isolou um alcalóide do ópio, Irão. na China, no Sudeste Asiático e por todo o
sul da Europa. Tem sido usada como planta
a que chamou morfina, em memória ornamental em alguns jardins de paises quentes da
de Morfeu, o deus grego cio sono. Europa e da América. Pode-se encontrar como planta
Depois obtiveram-se outros alcalói- silvestre perto dos campos cultivados.
des c derivados semi-sintéticos como Descrição: Planta anual da família das Papaveráceas. de aspecto variável, com
a diacetilmorfina ou heroína. A gene- caule rígido e oco de até um metro de altura. As folhas são grandes, dentadas.
ralização do uso destes derivados do sem peciolo. abraçando o caule pela sua base. As flores são também grandes.
com quatro pétalas de cor branca, púrpura ou lilás, com uma mancha escura na
ópio com Uns não medicinais deu lu- sua base. O fruto é uma cápsula parcialmente achatada que contém numerosas
gar a uma autêntica doença social: o semenles.
hábito de ;is pessoas se drogarem por Partes utilizadas: as cápsulas, o seu látex, e as sementes.
opiáceos. Km iodo o mundo, centenas
de milhares eh- dependentes da he-

164
CH3 ™ SI mm CH2 mm CH

OH

OH
Fórmula química da m o r f i n a , o mais a b u n -
dante e importante dos 24 alcalóides q u e se
encontram no ópio. Tem uma potente acção
analgésica, estupefaciente e narcótica. O seu
grande inconveniente é a grande capacidade
que tem de gerar dependência física.

roína sofrem os graves efeitos tóxicos


destas substâncias, depois de terem
procurado nelas o que acreditavam
que seria um prazer. Já o havia dito
Andrés de Laguna, médico espanhol
do século XVI: «O ópio é um veneno
saboroso.»
Tudo isto não impede que o ópio
e os seus derivados, utilizados como
medicamento sob vigilância médica,
possam prestar um inigualável serviço
à humanidade. Acalmam as dores in-
curáveis e tornam suportável a vida
de muitos doentes de cancro, ataca-
dos por dores lancinantes. Além dis-
so, são fármacos insubstituíveis na anes-
tesia geral, sem os quais muitas inter-
O ópio é o látex q u e mana das cápsulas ou frutos desta bela
venções cirúrgicas seriam impossíveis flor, a dormideira. A morfina e outros alcalóides que se obtêm
de realizar. do ópio podem aliviar a dor, ou causar muito sofrimento (to-
xicodependência), conforme o uso que se lhes der.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Quan-
do se pratica um fino corte na cápsu-
la verde de uma dormideira, brota
um sumo leitoso: o LÁTEX. Deixando-
-se secar ao ar, transforma-se numa antitússica, a tebaína, de acção rela- predominem os da morfina, por ser o
massa gomosa de cor escura: o ópio. xante; e outros. mais abundante. São estes os mais im-
Cerca de 25% do peso do ópio é for- portantes:
mado por alcalóides (24 diferentes), / Derivados da isoquinoleína: a papa-
verina e a noscapina, de acção anties- • Analgesia: No paciente atormentado
que se dividem em dois tipos segun- pela dor, mal-estar ou preocupação,
do a sua estrutura química: pasmódica, entre outros.
produz um alívio completo da dor, se-
/ Derivados do fenantreno: morfina Os efeitos do ÓPIO são a soma dos guido de sonolência e obnubilação
(o mais abundante), de acentuada que são próprios de cada um dos al- mental (narcosc). Sydenham, famoso
acção analgésica; a codeína, de acção calóides que o compõem, embora médico inglês do século XVII, disse

165
«M.

V Dormideira-brava

Na Península Ibérica cria-se como


espécie autóctone a dormideira-bra-
va' (Papaver setigerum D.C.), de
propriedades semelhantes à Papa-
ver somniferum L, embora apre-
sente uma percentagem menor de
princípios activos do que esta últi-
ma. Ocasionalmente também tem
sido cultivada, tanto em Espanha co-
mo em França, para aproveitar as
suas propriedades medicinais.
' Esp.: dormidera silvestre.

Os derivados da morfina, obtida do ópio que se extrai da dormideira, de-


sempenham um papel fundamental na prática cirúrgica. Graças a estes deri-
vados consegue-se a anestesia geral, que permite levar a cabo numerosas in-
tervenções.

que «entre os remédios mais valiosos que contém, uma respiração lenia e / ( ) ópio é mais perigoso do que as
que aprouve a Deus Todo-poderoso superficial, pela acção sobre os cen- cápsulas da plaina.
dar ao homem para aliviar os seus so- tros respiratórios do tronco cerebral.
frimentos, nenhum é ião universal Doses elevadas produzem a morte por / Os alcalóides extraídos do ópio (a
nem ião eficaz tomo o ópio». No en- paragem respiratória. morfina, por exemplo) são mais tóxi-
tanto, na actualidade, a potência cos cio que o ópio completo.
• Efeito antidiarreico: O ópio diminui
analgésica do ópio foi suplantada pela as secreções digestivas e torna mais
dos seus derivados semi-sintéticos. / Os alcalóides semi-sintéticos (hero-
lentos os movimentos peristálticos do
O grande inconveniente do ópio e ína ou diacetilmorfina, por exemplo),
intestino. Por isso se tem usado am-
dos seus alcalóides reside na sua gran- obtidos, por processos químicos, a
plamente contra diarreias e disente-
de capacidade de produzir dependência partir dos alcalóides naturais do ópio,
rias. Actualmente dispõe-sc de outros
física. Depois de algumas doses, o do- apresentam uma maior toxicidade e
tratamentos menos tóxicos.
ente precisa dele de forma imperiosa, capacidade de criar dependência.
e não encontra nenhuma outra As CÁPSULAS maduras da dormi-
substância ou calmante que o substi- deira (as verdes apresentam uma Daí que o ópio, e naturalmente os
tua. Daí que tenha de ser usado com maior proporção de alcalóides tóxi- seus alcalóides, só possam ser usados
extrema prudência e sempre por cur- cos) podem empregar-se: por prescrição médica c. segundo a le-
tos períodos de tempo, excepto no caso • (lomo analgésico em dores rebeldes gislação da maioria dos países, com
de doenças terminais. IO). uma receita especial.
Quando se administra ópio a uma • Aplicada localmente em bochechos, Das SEMENTES da dormideira, ol>
pessoa sã, provoca uma sensação de a infusão de cápsulas de dormideira lém-se um óleo 101 que contém uma
euforia exagerada, que pode ser se- pode acalmar as dores de cientes IO). boa percentagem de lecitina, substân-
guida por outra de dísforia (ansieda- cia muito rica em fósforo, útil para re-
• domo sedativo, em casos de- insónia
de, tristeza e temor), de náuseas ou duzir o nível de colesterol no sangue
rebelde IO).
de vómitos. Logo se manifestam tam- e fortalecer o sistema nervoso. O óleo
bém os sintomas de dependência físi- K preciso recordar que a dormi- de dormideira acha-se completamen-
ca. Confessava um ex-toxicodepen- deira não cura a causa da dor nem da te isento de alcalóides estupefacien-
dente: "Primeiro toma-se para se es- insónia, que deverá proc urar-se e tra- tes, e portanto pode-se utilizai" como
tar melhor. Depois tem de se tomar ia r-se. óleo culinário de grande valor dieté-
para não se estar mal.» A toxicidade e o perigo de de- tico. As sementes também se empre-
• Depressão respiratória: O ópio pro- pendência da dormideira aumentam gam em pastelaria e no fabrico de
duz, devido especialmente à morfina ã medida que se purifica: pão.

166
Passiflora
IncamataL

Passiflora
Uma planta americana
contra o stress

E STA planta chamou a atenção


dos e u r o p e u s q u e viajaram até
ao Novo M u n d o , os quais julga-
ram ver, nos diversos órgãos das suas
lindas flores, os instrumentos utiliza-
Outros nomes: martírio, flor-da-paixão, maracujazeiro,
maracujá, maracujá-azul.
dos na paixão de Cristo: o azorrague, Esp.: pasionaría, pasiflora, granadilla. Fr.: passiflore. fleurda la
os cravos e o martelo. A passiflora foi passion. Ing.: passion flower, maypop.
introduzida na Europa e cultivada Habitat: Originária do sui dos Estados Unidos e do México.
como planta o r n a m e n t a l , até q u e , nos Encontra-se amplamente difundida pelas regiões tropicais da
América Central e do Sul, sobretudo pelas Antilhas e Brasil. Dá-
fins do século XIX, se descobriu q u e se em terrenos secos e abrigados. Naturalizada nos países
tinha um a c e n t u a d o efeito sedativo mediterrâneos do sut da Europa.
sobre o sistema nervoso. Descrição: Planta trepadeira de caules lenhosos, da família das
Passifloráceas, cujas flores brancas ou avermelhadas se evidenciam pela sua
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS FLO- grande beleza. As folhas estão divididas em três lóbulos. O fruto é ovóide,
RES e as FOLHAS da passiflora c o n t ê m carnudo, de cor alaranjada e com sementes negras.
p e q u e n a s q u a n t i d a d e s d e alcalóides Partes utilizadas: As flores, as folhas e os frutos.
indólicos, ílavonóides, diversos este-
róis e pectina. Não se sabe b e m a qual
destas substâncias se deve a sua acção
sedativa, antiespasmódica e soporífe-
ra, sendo mais provável q u e se deva à
-O? Preparação e emprego
c o m b i n a ç ã o de todas elas. As suas
principais indicações são:
• Ansiedade, nervosismo, stress 101: a USO INTERNO
passiflora actua c o m o um ansiolítico O Infusão: A forma mais conveniente de tomar a passiflora é a infusão de
suave, sem risco de d e p e n d ê n c i a ou flores e folhas. Prepara-se com 20-30 g por litro de água, e deixa-se infun-
viciação. É a planta ideal para os q u e dir durante 2 ou 3 minutos. Convém ingerir 2 ou 3 chávenas diárias, poden-
se e n c o n t r a m s u b m e t i d o s a tensão do ser adoçadas com mel, e mais uma antes de deitar, no caso de insónia.
nervosa. O Dicionário das plantas que €) Nas curas de desabituação do álcool ou das drogas, administram-se in-
curam, de I.arousse. diz: «Um presen- fusões mais concentradas (até 100 g por litro), adoçadas com mel. A dose
te q u e nos vem do antigo império dos é regulada segundo as necessidades do doente.
Astecas, a passiflora parece ser a plan-
ta de que a nossa civilização mais ne-
cessita.»

16
«Mj
• Insónia IOI: Causa uni s o n o natural,
sem que se produza depressão ou so- yr Maracujá-roxo
nolência ao despertar. Devido à sua
falta de t o x i c i d a d e , p o d e ser a d m i -
nistrada às crianças. No Brasil e nas Antilhas existe esta espécie de Passiflora, o maracujá-roxo* {Pas-
siflora eóulisSims. = Passiflora laurifoiia F. Vil'.), deflores avermelhadas, que tam-
• D o r e s e e s p a s m o s d i v e r s o s IOI: A bém é conhecida como maracujá-mirim. Esta é a espécie do género Passiflora
passiflora descontraí os órgãos abdo- mais conhecida nas Américas.
minais ocos, cuja c o n t r a c ç ã o causa O maracujá-roxo dá um fruto doce e um pouco ácido, de sabor autenticamente
d o r de lipo e s p a s m ó d i c o , ou cólica: "tropical", com cuja polpa gelatinosa se preparam deliciosos refrescos. 0 óleo das
e s t ô m a g o , i n t e s t i n o (cólica intesti- suas sementes é comestível. Esta espécie não se considera propriamente uma
nal), vesícula e vias biliares (cólica bi- planta medicinal.
liar), vias u r i n á r i a s (cólica r e n a l ) e
ú t e r o ( d i s m e n o r r e i a ) . Na prática, o ' Esp.: granadilla.
seu uso é indicado ein q u a l q u e r tipo
de dor, incluindo as nevralgias.

• Epilepsia IOI: C o m o tratamento com-


plementar, a passiflora p e r m i t e dimi-
nuir a frequência e a intensidade das
crises epilépticas.

• Alcoolismo e dependência de dro-


gas 101: Têm-sc Feito interessantes ex-
periências, a d m i n i s t r a n d o passiflora
(Imante os primeiros dias da cura de
desabituação do álcool, da h e r o í n a e
de outras drogas. Esta planta permite
q u e o s í n d r o m a de abstinência seja
mais b e m tolerado e c o m m e n o r re-
percussão física sobre o organismo. A
sua acção sedativa faz q u e o alcoólico
ou o t o x i c o d e p e n d e n t e s u p o r t e me-
lhor o desejo de consumir a droga, e
possa v e n c e r a a n s i e d a d e c a u s a d a
pela falta da mesma. Nestes casos, é
necessária a vigilância médica.

Os FRUTOS da passiflora (os mara-


cujás) são ricos em provitamina A. vi-
tamina C e ácidos orgânicos. São re-
frescantes e tonificantes. R e c o m e n -
dam-se no caso de e s g o t a m e n t o físico
e na convalescença de d o e n ç a s febris
ou infecciosas.

As pirâmides maias de Palenque, no es-


tado mexicano de Chiapas, são um dos
restos mais bem conservados desta civili-
zação. Tanto os Maias como os Astecas
conheciam e utilizavam as belas flores da
passionária, cujos efeitos sedativos sobre
o sistema nervoso não foram descobertos
na Europa antes do século XIX.

168
Tilia europaea L
Ú

Outros nomes:
Tília Esp.: tilo, tila, tilia, tillera. Fr.: lilleul, til, tillet. Ing.: linden.
Habitat: Difundida, tanto em estado silvestre como cultivada, por zonas
montanhosas da Europa continental, Córsega, e região
Acalma os nervos, do Cáucaso. Muito cultivada em Portugal. Na América
também existem diversas espécies de tílias.
protege o coração... e
muito mais

A S TÍLIAS são árvores majesto-


sas que vivem vários séculos, e
que parecera convidar-nos a
uma vida sossegada e serena, como a
que elas mesmas têm. Nos países do
centro e do noite da Europa, a tília
simboliza a unidade familiar e a paz
doméstica. O emprego da popular tí-
lia (infusão de flores) como sedativo
Descrição: Arvore grande, de até 20 m de altura, muito ramificada
remonta ao Renascimento, e é hoje na copa, da família das Tiliáceas. De folhas caducas, dentadas, com
um dos remédios vegetais mais utilizados. forma de coração e assimétricas na base. As flores são
esbranquiçadas ou amareladas e exalam um aroma agradável.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo-
Partes utilizadas: As inflorescências jovens e a casca da árvore.
res da tília contêm uma essência a r o
máttca rica em magnésio, com pro-
priedades sedativas, antiespasmódicas
e vasodilatadoras; mucilagens e pe- XJ Preparação e emprego
quenas quantidades de tanino, que as
tornam emolientes e anli-inflamató-
rias; e glicósidos ílavonóides, que as USO INTERNO USO EXTERNO
tornam suavemente diuréticas e su-
O Infusão de flores: 20-40 g por litro
doríficas. O Banho de flores de tília: Prepa-
de água. Ingerem-se cada dia 3-4
chávenas bem quentes; uma delas ra-se com 300-500 g de flores pos-
O CÓRTEX (casca) contém polife- tas em infusão com 1-2 litros de
nóis e cumarinas, que lhe conferem sempre antes de deitar. A tilia pode-
-se adoçar com mel. água, que se acrescentam à água
propriedades coleréticas (aumentam do banho quente, imediatamente an-
a secreção de bílis), antiespasmódicas © Decocção de casca: 30 g por li- tes de o tomar.
(especialmente activa sobre a vesícula tro de água durante 10 ou 15 minu-
biliar) hipotensoras e dilatadoras das tos. Pode-se misturar com a infusão ©Compressas: Quer seja para
artérias coronárias. de flores, para obter um efeito mais
afecções da pele quer para beleza,
completo.
As suas aplicações são muito varia- embebem-se compressas numa in-
das, mas todas elas giram em torno © Extracto fluido: A dose costuma fusão de 100 g de flores de tília por
dos seus efeitos sedantes e relaxantes: ser de umas 20-40 gotas, três vezes litro de água, que se mudam cada 5
ao dia, com uma quarta toma à noi- minutos. Aplicam-se diariamente
• Afecções do sistema nervoso te antes de deitar. duas ou três vezes.
!©,©,©!: Pela essência que contém, a
llor de tília é muito útil nos casos de

T
o Banhos de vapor

Os banhos de vapor (foto da di-


reita) são recomendados como
tratamento de beleza facial. Pa-
ra isso ferve-se uma caçarola de
água e, logo que se tire do lume,
junta-se-lhe um punhado de flores
de tília. 0 vapor que sai aplica-se
directamente sobre o rosto. Fazer
dois banhos por dia.

excitação nervosa, angustia e ansie-


dade.
• Insónia (O.0.01: A tília loina-se mui-
to eficaz nos casos de insónia, pois
provoca um sono natural. Ao contrá-
rio da maior parte dos hipnóticos e
sedativos Sintéticos, a infusão de tília
não produz sonolência ou entorpeci-
mento na manhã seguinte, e não gera
dependência. No entanto há que ler
presente que, como tratamento sua-
ve e nada agressivo que é, a tília actua
lentamente, e os seus efeitos podem
tardar vários dias para se manifestar.
Os banhos com água quente a que
se junta infusão de flores de tília lOl,
têm um notável efeito tranquilizante
e relaxante, e reforçam a acção da
planta tomada por via oral em tisanas.
Dão resultados espectaculares em
caso de insónia rebelde.
• Crianças nervosas ou que têm difi-
culdade em dormir IO,0,01: Reco-
menda-se também o uso da tília em
pediatria, por não ter efeitos secun-
dários ou indesejáveis. Convém às
crianças hiperactivas ou irritáveis.
Deve administrar-se durante vários
dias ou semanas para que a sua acção
se desenvolva.
• Afecções respiratórias 101: Pelo seu
conteúdo em mucilagens de acção
emoliente, e pelo seu efeito anties-
pasmódico, a flor de tília é indicada
nos catarros brônquicos, bronquites,
asma, gripe e tosse rebelde das Os banhos de vapor com flores de tília suavizam e embelezam a pele. Para
obter um efeito relaxante, acrescenta-se essa mesma infusão a água do ba-
crianças. Pode-sejuntar um pouco de nho, e toma-se um banho completo antes de deitar. O banho de flores de ti-
casea para um eleito mais intenso. lia dá muito bom resultado em caso de insónia ou nervosismo.

170
<*M.

Diversas tílias

Conhecem-se várias espécies de tí-


lia em todo o mundo. Todas, excepto
a última que mencionamos, têm as
mesmas propriedades medicinais:
• Til ia-vu Igar (Tília platyphyllos Sco-
poli)*, uma tília de folhas grandes, a
que em Espanha também se chama
tília da Holanda.
• Tília-de-folha-pequena {Tília cor-
data Miller)", que floresce 2 a 3 se-
manas antes da tília vulgar.
• Tília-híbrida (Tília europaea L)***,
resultado de hibridação entre as duas
espécies citadas anteriormente, e
que é a mais usada em fitoterapia.
• Tília-americana (Tília americana
L).""
• Tília-prateada (Tília tomentosa Mo- As flores da tília agrupam-se em inflorescências, que são conjuntos de flores
ench. = Tilia argêntea L),***** uma com um pedúnculo comum. Juntamente com a casca, são a parte medicinal
árvore ornamental, que tem as folhas mais apreciada da tília. A acção medicinal da tília abrange o sistema nervo-
brancas pela face inferior. Não se uti- so, os aparelhos respiratório, cardiovascular e digestivo, assim como a pele.
liza em fitoterapia.
• Esp.: tilo común, tilo blanco, tejo blan-
co, tilo de hoja grande.
" Esp.: tilo de hoja pequena, teja, tillera,
esquiya.
*** Esp.: tilo, tillera. modo, actua favoravelmente na pre- de cálculos biliares ou de transtornos
venção do infarto do miocárdio e da no funcionamento da vesícula biliar
**** Esp.: tilo americano. trombose. (disquinesias). Facilita a expulsão dos
***** Esp.: tilo plateado. pequenos cálculos da vesícula biliar
Os pletóricos, os cardíacos, os que (areias na bílis). Ajuda a uma melhor
sofrem de hipertensão arterial, os que digestão em caso de dispepsia biliar,
têm predisposição para arteriosclero- intolerância às gorduras, flatulência
se, para o infarto e, em geral, para as ou distensão abdominal após as re-
afecções circulatórias, beneficiam es- feições.
pecialmente do consumo da flor e da
• Afecções cardíacas e circulatórias casca de tília. •Afecções da pele 10): Aplicada ex-
(0,0.01: Tanto a flor como a casca da ternamente, a tília apresenta uma no-
tília têm um efeito vasodilatador e • Enxaquecas (€>): A tília (especial- tável acção emoliente (ami-inflama-
suavemente hipotensor. Actuam es- mente a casca) tem-se revelado muito tória e suavizante) sobre a pele. E in-
pecialmente sobre as artérias coroná- útil no tratamento da enxaqueca (dor dicada em caso de queimaduras, ec-
rias. Estão muito indicadas no caso de de cabeça lancinante devida a espas- zemas, furúnculos e irritações de ori-
angina de peito e de arritmias, que mos arteriais), tão difícil de tratar por gem diversa.
costumam afectar as pessoas com tem- meios químicos. A sua acção é mais
peramento nervoso ou submetidas a preventiva, pelo que se deve tomar de • Beleza e cosmética: Torna-se de
stress, com o que obterão um duplo forma sistemática, e não apenas quan- grande utilidade para combater os
benefício. do se apresenta o ataque. efeitos do vento, do frio ou do sol so-
bre a pele (pele seca, queimaduras so-
Ultimamente descobriu-se que a tí- • Afecções digestivas {01: Pela sua lares). Usa-se em cosmética para dar
lia (flor e casca da árvore) diminui a acção colerética e anti espasmódica so- suavidade e beleza à pele. O banho de
viscosidade do sangue, com o que este bre a vesícula biliar, a tília, especial- vapor com tília abre os poros e limpa
circula com maior fluidez. Deste mente a flor, convém aos que sofrem a pele.
Valeriana
offlcinalis L a
Preparação e emprego
Valeriana
USO INTERNO
Acalma os nervos O Infusão: 15-20 g de raiz tri-
e faz baixar turada por Mro de água, de que
a tensão arterial se tomam até 5 chávenas diá-
rias, adoçadas com mel, se se
desejar. No caso de insónia, to-
mar uma chávena, entre meia e
uma hora antes de ir dormir.
© M a c e r a ç ã o : 100 g de raiz
num litro de água quente. Dei-
xar repousar durante 12 horas.
Ingerem-se 3-4 chávenas por

A
VALERIANA produz efeitos dia.
bastante diferentes, segundo
€) Pó de raiz: Administra-se um
actuo sobre os seres humanos
grama, 3-4 vezes ao dia.
ou sobre os animais. Aos primeiros
proporciona um notável efeito sedati- USO EXTERNO
vo, enquanto aos segundos estimula O Compressas de uma de-
Fortemente. Assim, por exemplo, os cocção de 50-100 g de raiz se-
gatos ficam eufóricos quando cheiram ca, fervida num litro de água du-
a planta, e esfregam-se contra ela com rante 10 minutos. Aplicam-se
grande deleite. Por outro lado, o aro- quentes sobre a zona dorida.
ma da valeriana, que se intensifica © Banhos de água quente, de
com a secagem da planta, não tem acção sedativa, [untando um ou
para os humanos nenhum atractivo es- dois litros de uma decocção de
pecial, pois lembra o cheiro do suor valeriana igual àquela que se
dos pés. Questão de gostos... prepara para as compressas.
A valeriana usa-se em terapêutica
desde o Renascimento, quando se des-
cobriu a sua propriedade de evitar os
ataques epilépticos.
Outros nomes: valeriana-menor, valeriana-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cepa -silvestre, valeriana-selvagem, erva-dos-gatos.
e as raízes da valeriana contêm cerca
de 1 % de um óleo essencial com nu- Esp.: valeriana, valeriana oficinal, hierba de los
merosos componentes (terpeno.s, és- gatos. Fr.: valériane, herbe aux chats.
Ing.: ffragrantj valerian, English valerian.
teres de bornilo, etc.) e de 1 % a 5% de
valepotrialos, que são triésteres do áci- Habitat: Cresce nas orlas dos bosques, prados
do valei iânico. O óleo essencial tem húmidos e margens dos rios da Europa, para
acção anti espasmódica, e os valepo- desaparecer na região mediterrânea. Naturalizada
na América do Norte e na região mais meridional do
trialos, acção sedante. No entanto, o continente americano.
eleito terapêutico da valeriana deve-sc
à acção combinada de todos os seus Descrição: Pianta herbácea da família das Valerianáceas,
componentes, e não a algum em par- com caules erectos e estriados, que atingem de 0,5 a 2 m de
altura. As flores são pequenas, de cor rosada, e agrupam-se em
ticular, como alvas acontece com mui- ramalhetes terminais.
ta frequência em fitoterapia.
Partes utilizadas: a raiz e o rizoma.
A valeriana tem efeitos tranquili-
zantes, sedalivos, soporíferos (favore-
ce o sono), analgésicos (acalma a
dor), antiespasmódicos e anticonvul-
sivos. Produz uma sedação de todo 0

172
A valeriana tem um notável efeito equilibrador sobre o sistema nervoso vegetativo, quer seja ingerida em tisana quer
usada em banhos medicinais. Torna-se muito útil em caso de doenças psicossomáticas, nervosismo ou stress.

sistema nervoso central e vegetativo, • Distonias neurovegetatívas IO,©,0I: pode ajudar a reduzir a dose da mes-
diminuindo a ansiedade. Também di- ansiedade, neurose de angústia, neu- ma.
minui a pressão arterial. A sua acção é rastenia ou irritabilidade, dores de ca-
semelhante à dos fármacos tranquili- beça, palpitações, arritmias, hiper-
zantes maiores ou neurolépticos (fe- tensão arterial essencial (que não tem • Asma IO.0.01: Do mesmo modo que
notiazinas e derivados), mas não tem causa orgânica), tremores, neurose no caso da epilepsia, é mais eficaz na
nenhum dos correspondentes efeitos gástrica (nervos no estômago), cólon prevenção do que no tratamento do
tóxicos destes. As indicações da vale- irritável, e outras doenças psicosso- ataque agudo. A sua acção antiespas-
riana são as seguintes: máticas. móclica e sedativa evita o espasmo dos
brônquios que, juntamente com o
• Depressão nervosa e esgotamento edema da mucosa, é um dos factores
IO 0,01: causadores da asma.

• Insónia IO.©,©1: Pela sua acção so-


porífera, dá muito bons resultados se • Dores IO,©,©): Pelo seu efeito anal-
a infusão se combinar com um banho gésico torna-se útil para aliviar as do-
101 da mesma planta antes de deitar. res ciáticas e reumáticas. Além disso,
também actua externamente (91. Daí
• Epilepsia IO.0.01: Tomada regular- que se aplique localmente para aliviar
mente, previne o aparecimento dos a dor em caso de contusões, lombal-
Fórmula química do valepotriato mais
i m p o r t a n t e da valeriana, responsável ataques epilépticos. Não substitui a me- gias, ciática, distensões musculares e
pela sua acção sedativa. dicação antiepiléptica, se bem que dores reumáticas.

173
Verbena
offtcinalis L. <El _«.

Preparação e emprego
Verbena
Usar a planta fresca, sempre
Alivia as enxaquecas que seja possível, pois o seu
e as nevralgias princípio activo, a verbenalina,
vai-se degradando paulatina-
mente com a secagem.

USO INTERNO
O Infusão: 15-20 g por litro de
água. Ingerem-se 2 ou 4 cháve-

O T E M P L O d e Júpiter, n o Olim-
p o , era purificado c o m água-
-de-verbena, pois esta planta
era considerada u m a panaceia, capa/,
de livrar de todos os males. D u r a n t e a
nas por dia.
© Decocção: 20 g por litro, du-
rante 10 minutos. Dose igual à
da infusão.
Idade Média, foi usada pelos encanta-
dores e adivinhos, c o m o erva mágica. USO EXTERNO
Antigamente era r e c o m e n d a d a c o m o ©Gargarejos: a mesma in-
afrodisíaca ( « a c e n d e os a m o r e s apa- fusão ou decocção, mas mais
gados»), e é possível q u e o seja até cer- concentrada (40-50 g por litro).
to p o n t o , / a c t u a l m e n t e já p o d e m o s O Inalações: Executam-se res-
c o n h e c e r as suas p r o p r i e d a d e s e ver- pirando directamente os vapores
dadeiras aplicações. de uma decocção de verbena
quente.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- ©Compressas quentes: Fa-
tém verbenalina, um glicósido q u e ac- zem-se com a infusão ou de-
tua sobre o sistema nervoso vegetativo, cocção concentrada e aplicam-
especialmente sobre o parassimpático, -se sobre as correspondentes
e x e r c e n d o u m a acção sedativa, anties- zonas doridas.
pasmódica, analgésica, digestiva e anti- O Cataplasmas: A planta cozi-
-inflamatória. Contém também tanino da, ou passada pela frigideira
e mucilagem, q u e a fazem adstringen- (refogada), e envolvida num
lenço de algodão.

Verbena-azul Outros nomes: gerbão, girbào. gervão,


gerivão, algebão, algebrão. urgebão.
ulgebrão, algebrado. erva-sagrada. Brasil:
verbena-sagrada. erva-do-figado.
No continente americano existe uma Esp.: verbena, verbena macho, hierba de
espécie similar à verbena oficinal, todos los males. Fr.: verveine [officinale], herbe
conhecida como verbena-azul ou sacrée. Ing.: [European] vervain. holyherb.
americana {Verbena hastata)*. A Habitat: Bermas dos caminhos, terrenos incultos e
composição e as propriedades de ribanceiras de toda a Europa. Naturalizada no
ambas são semelhantes. A verbena- continente americano.
-azul é tradicionalmente usada como Descrição: Planta vivaz da família das Verbenáceas. de
sedativa, como antigripal e como até um metro de altura, com caules quadrangulares erectos
anticatarral, especialmente quando e flores pequenas, cor de malva, que crescem em espigas terminais. Sabor
há afecção das vias respiratórias. amargo.
Partes utilizadas: a planta dorida, quanto mais fresca melhor.
* Esp.: verbena azul. verbena america-
na.

174
As inalações com os vapores de uma decocção de
verbena sáo muito úteis em caso de sinusite.

te e emoliente. Por isso as suas apli- vorece a secreção da bílis (acção co-
cações são: lerética), pelo que se recomenda para
• Enxaquecas IO.0I: A sua acção an- as hepatopatias (doenças do fígado).
tiespasinódica sobre o sistema arterial A sua acção antiespasmódica também
evita que se produzam as crises cie dor se torna muito útil em caso de cálcu-
de cabeça, ou pelo menos diminui a los biliares.
sua intensidade. O tratamento destas
• Diurética IO,©l: Devido a ser ligei-
afecções é muito difícil e obiêm-se
ramente diurética, administra-se em
melhores resultados combinanclo-a
caso de cólica renal para acalmar a
com outras plantas. A verbena é isen-
dor e ajudar a eliminar as pedras. Pela
ta dos importantes eleitos secundá-
mesma razão se prescreve para o tra-
rios dos fármacos derivados da ergo-
tamento da obesidade e da celulite.
tamina. que habitualmente se empre-
gam para tratar as crises de enxaque- • Afecções da garganta IOI: Muito re-
ca. comendável em diversas afecções das
• Dores reumáticas, nevralgias, ciáti- vias respiratórias superiores, como fa-
ca: Aplica-sc tanto em uso interno (in- ringite, amigdalite e laringite, e infla-
fusão IOI ou decocção IOI), como ex- mações da garganta cm geral. Aplica-
terno (compressas l©l ou cataplasmas -se em gargarejos e em cataplasmas
101). 101. e também em infusão IOI.
• Transtornos digestivos: A sua acção • Sinusite: Kmprcga-sc para o trata-
eupéptica favorece a digestão. Pode- mento desta incómoda perturbação,
-se usar contra as diarreias e cólicas in- graças à sua acção anti-inflamatória e A verbena é m u i t o eficaz em
testinais, devido às suas propriedades t o d o o tipo de dores de cabeça,
adstringente. Aplica-se tanto por via tanto ingerida por via oral, como
adstringentes. oral IOI como em inalações IOI e em nas suas diversas aplicações ex-
• Descongestiona o fígado IO,91: Fa- compressas quentes sobre o rosto 101 ternas.
PLANTAS EXCITANTES

UIÁRIO DO CAPÍTULO l
E
POSSÍVEL que algumas pessoas
se surpreendam tom o lado de se
incluíram plantas de acção exci-
lante sobre o sistema nervoso,
Alternativas no café 177 normalmente qualificadas como drogas,
Alternativas ao chá 777 numa obra sobre plantas medicinais.

Km primeira lugar, acreditamos que, por


se tratar de plantas cujo uso e abuso se en-
contra, infelizmente, bastante espalhado
PLANTAS na moderna cultura competitiva, convém
Cafeeiro 178 conhecer bem a sua composição, as suas
Coca 180 propriedades e os seus eleitos sobre o or-
Lobelia 183 ganismo.
Mate 182
Tabaco 183 Além disso, de um ponto de vista estri-
Chá 185 tamente farmacológico, não se pode ne-
gar que algumas destas plantas excitantes,
ou os seus princípios activos, podem pro-
porcionar uma certa acção terapêutica. E
A nicotina do tabaco este o caso do chá e do mate, por exem-
produz uma estimulação ou
plo» e em menor medida também do cale
excitação transitória,
seguida de uma depressão, e das folhas de coca no sen estado natu-
sobre as funções do sistema ral, que podem aliviai" determinadas
nervoso centrai e afecções, na falta cie outros remédios
vegetativo. O resultado do mais seguros e eficazes. Pelo contrário,
seu uso traduz-se num no caso do tabaco, as muitas investigações
desequilíbrio irritativo do realizadas em torno dele, procurando en-
sistema nervoso.
contrar alguma virtude inquestionável de
aplicação medicinal, não têm dado resul-
tado.

Convém, pois, que quem se interessa


pela fitoterapia conheça os efeitos destas
plantas, já que, apesar de na sua maioria
serem nocivos, em determinados casos
muito concretos podem contribuir para
aliviai CHI resolver provisoriamente uma
doença; tendo presente que o seu uso não
se torna indispensável em nenhum caso. e
que sempre será possível encontrar outro
remédio alternativo com menos efeitos in-
desejáveis.

176
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

ALTERNATIVAS AO CAFÉ CARVALHO 208 Adstringente, nutritivo Infusão de bolotas torradas e moídas
As infusões destas plantas são isentas DENTE-DE- oq 7 Aperitivo.Melhora as funções
de cafeína e têm um aroma agradável, Infusão de raízes torradas
-LEAO da vesícula biliar e o fígado
além de propriedades medicinais.
rnWK« fl AAO Digestiva, melhora a digestão, Infusão de raízes secas,
omcomA <wu descongestiona o fígado torradas e moídas
Sucedâneo do café. Infusão de sementes torradas
FEDEGOSO 630
Desinflama a próstata e moídas
CHÁ-DE-NOVA-
ALTERNATIVAS AO CHÁ -JERSEY
191 Útil em catarros bronquiais Decocçâo de casca e/ou folhas
Estas plantas substituem com vanta-
gem o clássico chá, pois, além de se- ?.. Fluidifica as secreções bronquiais
VIOLETA Infusão de flores
rem aromáticas e medicinais, são isen- e acalma a tosse. Aromática.
tas de cafeína ou teina. Muitas outras DRIAS 451 Aperitiva e digestiva Infusão de folhas
infusões de plantas podem substituir o
chá: por exemplo, as de hortelã-pi- JASÓNIA 456 Digestiva e tonificante Infusão
menta com orégãos, ou a de erva-
-cidreira com camomila. 7fiQ Tonificante, estimula as faculdades
TOMILHO /Dy
intelectuais Infusão concentrada

Os problemas do uso continuado Com as raízes tostadas


O uso continuado ou regular de qual- do dente-de-leão,
quer destas plantas excitantes acarreia nu- misturadas com as da
chicória se se desejar,
merosos problemas para a saúde, perfeita- pode preparar-se um
mente identificados e demonstrados. Ne» substituto do café, de
caso das plainas que contêm cafeína, ^t^ M1 .^^» M agradável aroma e
como o caro, o chá e o mate. produz-se o
chamado síndroma da cafeína, ou tam-
•^^ muito saudável.

bém cafeísmo ou teísmo, caracterizado pe-


los seguintes sintomas:
• alterações no ritmo normal vigília-sono,
• irritabilidade nervosa,
• aumento da frequência do pulso c arrit- ^ f y
mias (transtornos n<> ritmo normal do
coração),

WiL.
• gastrite e colite crónicas.
No caso das plainas que contêm os alca-
*v\«
lóides nicotina ou cocaína, como o tabaco
ou a coca, as consequências do seu uso ha-
bitual são mais graves e evidentes, espe-
seja, a necessidade dç continuar a tomá-
cialmente no caso da coca. A deterioração
-las. Como acontece com outras drogas, a
de certas funções orgânicas, como as do
princípio a pessoa toma-as para se sentir
sistema nervoso e cardiovascular, é pro-
melhor, e depois tem de as tomar para não
gressiva, inevitável e. na maior parte dos
se sentir mal. Por isso, cremos que é pre-
casos, irreversível. A atrofia cerebral dos
ferível substituir o seu consumo pelo de
dependentes fia cocaína, ou a bronquite
outras plainas que não gerem dependên-
crónica dos fumadores, são um exemplo
cia, que proporcionem um estímulo suave
disso.
e fisiológico, sem riscos tóxicos, e cujo con-
sumo seja igualmente agradável. Além das
Procurando alternativas saudáveis alternativas ao cale e ao chá que se indi-
As plantas excitantes que descrevemos cam nesta página, convém ter em conta as
nas páginas seguintes têm iodas elas a ca- plantas tonificantes que se recomendam
pacidade di' produzir dependência, ou para o esgotamento e a astenia (pág. 1-10).

1/
Coffea arábica L
.

Cafeeiro
Preparação e emprego
Excita, mas não
alimenta
USO INTERNO
O Infusão dos grãos verdes ou
torrados.

N O SÉCULO XVI. os Árabes di-


fundiram .i infusão do cair.
Actualmente consoini-m-.se, só
nos Estados Unidos, mais de um
milhão de toneladas de grãos de café Outros nomes:
por ano. cafeeiro-comum.
cafezeiro, café.
O café em verde, como é produzi-
Esp.: caíelo, café común. Fr.; cateter,
do pelo cafeeiro, é submetido a um caie. Ing.: [common] coffee tree.
processo de Fermentação e torre-
facção antes de ser usado.
O consumo habitual de café pro-
duz dependência física e psíquica (ne-
cessidade de continuara consumi-lo)
e efeitos tóxicos, pelo que é conside-
rado uma droga.
A semelhança do que se passa com
outras drogas, como por exemplo o & Precauções
ópio, o seu princípio activo (a cafeí-
na) pode ser útil para o tratamento de
certas doenças num dado momento.
O café não se deve usar de for-
No entanto, o seu consumo habitual
ma continuada, nem sequer co-
provoca dependência c, em muitos mo medicamento, pois, pelo seu
casos, diversos problemas de saúde. conteúdo em cafeína, cria de-
pendência (necessidade de con-
PROFRÍEDADES E INDICAÇÕES: O tinuara tomá-lo) e tolerância (ne-
componente activo mais importante cessidade de aumentar a dose),
do café é o alcalóide trimedlxantina, como acontece com qualquer ou-
ou cafeína, que constitui 1% a 2% do tra droga. Usado como medica-
grão. Contém também um óleo es- mento, não se deveriam tomar
sencial, que lhe dá o seu aroma típi- Habitat: Originário da Etiópia e do mais de duas ou três chávenas
Sudão, onde ainda cresce
co, de acção irritante sobre o tubo di- espontaneamente. Muito cultivado por dia.
gestivo; ácidos cafeico e clorogénico, nas regiões tropicais e subtropicais O uso do café está formalmente
de efeito diurético; e diversas substan- da América e da África, onde se contra-indicado nos seguintes
cias gordas e nilrogenadas, que se oxi- criam múltiplas espécies do género casos: úlcera gastroduodenal,
dam e perdem as suas qualidades na- Coffea. gastrite, pirose (acidez do estô-
turais durante o processo de fermen- Descrição: Arbusto ou árvore da mago), colite, nervosismo, hiper-
tação e torreíàcçáo do grão de café. família das Rubiáceas, que pode tensão, cardiopatias, arritmias, go-
atingir até cinco metros de altura. As ta, gravidez (diminui o crescimen-
A cafeína é um alcalóide do grupo flores são brancas. Os frutos são
drupas vermelhas com duas to do feto) e lactação (a cafeína
das xanúnas, muito semelhante qui-
sementes: os grãos de café. passa para o leite materno).
micamente à purína e ao ácido úrico,
e responsável pela maior parte dos Partes utilizadas: as sementes.
efeitos do café, que são os seguintes:

178
H3C - N -c =o
1 1
o~c C -N
1 II
H3C-N - c -/v
Fórmula química da cafeína ou trimetil-
xantina, alcalóide principal do grão de
café.

-N-C=0
H3C-N -C D u r a n t e o processo de
1 1 torrefacção, as sementes
o=c C NH do cafeeiro sofrem um
processo de oxidação
1 II }CH em que se produz, entre
H3C -N -c N outras coisas, uma
essência de acção irri-
Fórmula química da teofilina, outra me- t a n t e sobre o t u b o di-
tilxantina semelhante ã cafeína. gestivo.

• Estimulante do sistema nervoso:


Depois de ingerir cafeína, podem fa-
zer-se maiores esforços intelectuais; • Intoxicação alcoólica
no entanto, diminui a capacidade de aguda (bebedeira): O
reter e assimilar o que se aprende. Os café pode neutralizar,
mecanógrafos, se beberem café, tra- ainda que de modo in-
balham com maior rapidez, mas co- completo, os efeitos de-
metem mais erros. A agilidade men- pressivos do álcool sobre
tal e dinamismo que se conseguem o sistema nervoso. Pode
são seguidos por uma maior sensação usar-se como remédio ca-
de fadiga e abatimento algumas ho- • Sobre o aparelho digestivo, o café seiro para "despertar" parcialmente
ras depois, o que induz a consumir produz um aumento na secreção de alguém que se tenha intoxicado com
outra dose. Isto deve-se a que o estí- sucos gástricos, o que pode facilitar a bebidas alcoólicas. Um tratamento
mulo da cafeína sobre o sistema ner- digestão num dado momento; mas o adequado da intoxicação etílica re-
voso é excitante e supérfluo. Uma seu uso continuado provoca acidez quer, entre outras coisas, grandes do-
chávena de café não contém nenhu- excessiva, gastrite, e favorece o apa- ses de vitaminas do complexo B, coi-
ma das substâncias nutritivas de que recimento de úlcera gastroduodenal, sa que não existe no café.
o cérebro necessita para o seu fun- assim como colite, devido também à
cionamento adequado, como por acção irritante do óleo essencial con- • Lipotimia (desmaio), desfalecimen-
exemplo a glicose, as vitaminas do tido no café. O fígado sofre do mes- to por esgotamento físico e fadiga
grupo B, a lecitina ou os sais minerais mo modo uma sobrecarga quando se IO): O café pode proporcionar um es-
(fósforo, cálcio, e t c ) . O café excita, ingere habitualmente café. tímulo provisório, embora em ne-
mas não alimenta; e, em doses eleva- nhum caso seja curativo. O que se
das, irrita e esgota o sistema nervoso. • O uso habitual do café está muitas deve fazer é aplicar o tratamento ade-
vezes relacionado com o cancro da quado para estes casos.
• Sobre o aparelho circulatório, o bexiga, com o cancro do pâncreas e
café produz um aumento da força com o cancro do cólon, assim como • Cefaleia (dor de cabeça), enxaque-
contráctil do coração e um ligeiro au- com o aumento do colesterol no san- ca, congestão cerebral por gripe ou
mento da pressão arterial. Ora, há gue. afecções catarrais, febre (Ol: O café
que ter em conta que doses repetidas "descarrega" a cabeça e produz um
produzem irritabilidade no músculo O emprego do café como medica- alívio subjectivo dos incómodos da
cardíaco, que se manifesta por taqui- mento pode justificar-se excepcional- gripe. Nestes casos, o verdadeiro tra-
cardia e arritmias (alterações do rit- mente, nos seguintes casos, desde que tamento consiste em aplicar os agen-
mo). A cafeína, ao aumentar o nível não disponhamos de outros trata- tes naturais, que estimulam as defesas
de adrenalina no sangue, é um factor mentos com menos efeitos secundá- orgânicas e têm uma acção preven-
predisponente dos ataques cardíacos. rios: tiva.

179
Erythroxylon
coca Lam. VI 0 J .
Preparação e emprego
Coca
Droga excitante... e USO EXTERNO
fármaco insubstituível Os derivados da cocaína, que
na anestesia se usam para a anestesia lo-
cal, infiltram-se sob a pele com
a ajuda de uma agulha hipo-
dérmica. Estes derivados semi-
-sintéticos estão isentos, nas do-
ses utilizadas, dos efeitos exci-
tantes da cocaína.

S
EGUNDO uma antiga lenda
inca. foi Manco Capar, o Filho
do Sol c fundador do império
dos Incas, quem deu as folhas de coca
aos humanos como um remédio divi-
no paia consolai' os aflitos, dar forças
ao cansado c saciar os famintos.
Quando Francisco Pizarro chegou ao
que é hoje o Peru, no começo do sé-
culo XVI, encontrou estabelecido en-
tre os Incas o costume de mascar Fo-
lhas de coca.
Os colonizadores europeus desco-
briram logo que se tornava rendoso
dar folhas de coca aos indígenas do
Novo Mundo, porque lhes tirava a
sensação de fadiga e, além disso, fazia
desaparecer a fome. Curiosamente,
Outros nomes:
ainda hoje a coca continua a ser ob-
jecto de enriquecimento económico Esp.: coca. Fr.: coca. Ing.: coca.
para uns poucos, os traficantes de nar- Habitat: Cresce
cóticos, ao custo da saúde de alguns, espontaneamente nas montanhas
andinas do Peru e da Bolívia, entre
os viciados na cocaína. os 500 e os 1800 m de altitude.
Cultivada na América do Sul e no
Sudeste Asiático.
Descrição: Arbusto da família das
Lináceas, que pode ter até 2mde altura.
As folhas sâo perenes, lanceoladas ou ovaladas.
com pectolo curto, sem pêlos. As fíores, pequenas,
nascem nas axilas das folhas, e são de cor branca
ÇOOCH, ou amarelada. O fruto é uma drupa vermelha com
uma semente.
Partes utilizadas: as folhas.

Fórmula química da cocaína, al-


calóide psicoactivo de notáveis
efeitos tóxicos sobre t o d o o or-
ganismo. Os seus derivados de
acção anestésica local não têm
estes efeitos.

180
Mas a coca tem duas faces: A coca- Os anestésicos locais
ína é um fármaco insubstituível nu me- derivados da cocaína
encontram-se isentos,
dicina. Dela derivam os anestésicos lo- nas doses terapêuticas,
cais, graças aos quais milhões de pes- dos efeitos tóxicos da
soas em todo o mundo recebem dia- mesma. A odontologia
riamente tratamento odontológico, e a cirurgia não seriam
ou se submetem a intervenções cirúr- possíveis, tal como as
gicas, sem dor. Quanto bem podem conhecemos
actualmente, sem a
fazer as plantas como a coca, quando ajuda destes fármacos.
se usam correctamente! A cocaína, pelo
contrário, não possui
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Na fo- nenhuma aplicação
terapêutica e,
lha de coca encontram-se diversos al- j u n t a m e n t e com o
calóides, entre os quais predomina a álcool, o tabaco e a
cocaína; uma essência aromática; ta- heroína, constitui o
ninos; hetcrosidos; e diversas substân- grupo de substâncias
cias inactivas, como o oxalato de cál- usuais mais nocivas
cio. para a saúde da
humanidade.
A COCAÍNA é o princípio activo a
que se devem os seus efeitos, entre os
quais há a destacar:
• Sobre o sistema nervoso: Produz
uma acentuada excitação, com au-
mento da actividade intelectual, faci-
lidade de palavra, euforia e aumento
da força muscular. Se a dose for au-
mentada, produzem-se tremuras, ner-
vosismo e até convulsões.
Após a fase de excitação, quando
desaparece o efeito, sobrevêm outra
fase de depressão com esgotamento e
abatimento, que induz a ingerir nova que se produz quando se viaja por sí- a cirurgia sem dor. Também se usa
dose. Está provado que, a seguir ao tios de grande altitude. Também se para infiltrar articulações, tecidos e
consumo de cocaína, aumenta a eli- empregam para acalmar as dores de nervos afectados de processos dolo-
minação de ureia, devido ao consumo garganta e de estômago, devido ao rosos.
e à degradação das próprias proteínas seu efeito anestésico local. Podem ser
do organismo. O estímulo que pro- úteis num dado momento, se bem
duz é obtido à custa de um empobre- que seja melhor prescindir delas e usar
cimento e esgotamento físico, não re- outros remédios menos tóxicos.
cebendo o corpo os nutrientes neces- Como acontece com outras drogas,
Precauções
sários para compensar o esforço rea- os efeitos tóxicos da coca são menores
lizado. na substância natural, e vão-se inten-
• Sobre o aparelho circulatório pro- sificando à medida que se refina ou A cocaína, o princípio activo das fo-
processa quimicamente. Apesar de lhas da coca, é uma das plantas com
duzem-se, com doses médias, taqui-
tudo, os mascadores de folhas de coca maior capacidade de criar depen-
cardia e hipertensão; com doses ele-
também sofrem de esgotamento físi- dência que se conhecem. Além dis-
vadas, arritmias, síncope, podendo-se
co, alterações nervosas e velhice pre- so, o seu uso continuado causa
inclusivamente chegar até à paragem uma rápida deterioração do orga-
cardíaca. matura, ainda que não sejam tão afec-
tados como os dependentes da cocaí- nismo, e especialmente do sistema
na. nervoso, com lesões permanentes
• Sobre a parte sexual, produz alte- e irreversíveis.
rações na libido e impotência (acção A verdadeira e grande aplicação da O uso habitual das folhas de coca
anafrodisíaca). cocaína é como anestésico local, em- produz os mesmos efeitos, embora
bora hoje se usem mais os seus deri- talvez não com tanta rapidez, pelo
As folhas de coca empregam-se
vados como, por exemplo, a procaína. que são igualmente desaconselhá-
como remédio popular nas regiões
andinas da América do Sul, para com- Injectada debaixo da pele ou das veis.
bater o mal da montanha e a fadiga mucosas, insensibiliza-as, permitindo

181
uayensls St.
Ilexpamgua]
HW.
2J 0 3 •
Mate Preparação e emprego
Excitante semelhante
ao café USO INTERNO
O Infusão com 20-40 g de fo-
lhas por litro de água. Não se de-

O MATE é uma bebida muito


popular na América do Sul,
especialmente nas regiões
onde a dieta é à base de carne. O seu
aroma lembra O «lo chá, do mesmo
vem ingerir mais de 3 chávenas
por dia.

USO EXTERNO
@ Compressas: Na medicina
modo que a sua composição química popular, usam-se embebidas
e os seus efeitos. na infusão para lavar feridas
Os sul-americanos tomam o mate infectadas e no tratamento de
tostando ligeiramente as suas folhas, queimaduras.
colocando-as numa casca de cabaça
OU de coco, e despejando sobre elas
água quente. Acrescentam-lhe bas-
tante actuar. Tradicionalmente soi-
vem-no por meio de uma cânula ter-
minada numa esfera com fulinhos,
Precauções
que serve de coador. Este utensílio
tem o nome de "bombilba".
O mate não se deve usar de
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As fo- forma continuada, nem sequer
lhas contêm cafeína (19o a 1,5%; o como medicamento, pois que o
café contém até 2%), teobromina seu conteúdo em cafeína cria
(outra xaniina excitante que também dependência (necessidade de
se encontra no cacau, pág. fj'.)7). tani- continuar a tomá-lo) e tolerân-
nos e ácido clorogénico. cia (necessidade de aumentar
a dose), como acontece com
!•'. um excitante nervoso e muscitlar,
qualquer outra droga que vicie.
ainda que de efeitos não tão assinala-
dos como os do café (pág. 178). C) seu O uso do mate é contra-indi-
consumo habitual produz, dependên- cado nos seguintes casos: úl-
cera gastroduodenal, gastrite,
cia (necessidade de continuara con-
pirose (acidez do estômago),
sumi-lo), assim como efeitos lóxicos nervosismo, hipertensão, car-
sobre o sistema nervoso (irritação). o diopatias, arritmias, gota, gravi-
coração (palpitações, taquicardias) e dez (diminui o crescimento do
o aparelho digestivo (gastrite e pre- feto) e lactação (a cafeína pas-
disposição para a úlcera gastroduode- sa para o leite).
nal).
Como planta medicinal pode ad-
ministrar-se, no falto cie outros remedias Sinonímia científica: llex paraguensis D. Don.
menos tóxicos, em caso de cefaleia Outros nomes: erva-mate, chá-mate, caúna. Brasil: congonha,
(dor de cabeça), congestão cerebral congonha-verdadeira.
pelo calor (insolação), e lipotimia ou Esp.: mate, yerba mate, té dei Paraguay. Fr.: mate.
desmaio IOI. l")cve-se ter sempre em Ing.: Paraguayan tea.
conta que o alívio que o mate oferece Habitat: Cresce em estado silvestre na Argentina, Chile, Peru e
ê sintomático (não cura a causa), e que Brasil, e cultlva-se sobretudo no Paraguai. Pouco conhecido fora da América do Sul.
o seu consumo habitual produz efei- Descrição: Pequena árvore ou arbusto da família das Aquifolíáceas, que pode atingir
tos tóxicos. 5 m de altura. As suas folhas são ovaladas, perenes, coriãceas e de cor verde
pardacenta.
Em uso exerno, o inale aplica-se em
compressas l@) pela sua acção anti- Partes utilizadas: as folhas.
-septiea e cicatrizante.

182
Nkxtiana
tabacumL.
3 51 LI LI

Tabaco
Uma planta tão
atraente... como tóxica

P OR ENCARGO do rei Filipe II Outros


de Espanha (Filipe 1 de Portu- nomes: erva-
-do-tabaco, erva-
gal), foi <> espanhol Gouxalo -santa.
Hernánde*/ de Toledo quem. no re-
Esp.: tabaco, tabaquera.
gressar da América em 1559, trouxe nicociana. Fr.: tabac.
consigo as primeiras plantas de taba- Ing.: tobacco.
co, l o ^ o se estabeleceram na Penín- Habitat: Originário da América Central, onde ainda
sula Ibérica as primeiras plantações cresce espontaneamente. Muito cultivado em todo o
iL' tabaco da Europa. O embaixador mundo.
de França cm Lisboa, |ean Nicot, acre- Descrição: Planta herbácea anual da família das
ditando que o tabaco linha um gran- Solanáceas, cujo caule erecto atinge até 1,7 m de altura. As folhas são grandes, com
de valor medicinal, difundiu as suas as nervuras muito marcadas pela face interior e o peciolo muito curto. As flores têm a
sementes pela França, e depois por forma de uma trombeta e são cor-de-rosa ou salmão.
toda a Europa. Partes utilizadas: as folhas.

-O tabaco prejudica? Como, se me


foi receitado contra a asma por um
excelente médico!? Lobélia
A infundada lama de plama medi-
cinal contribuiu para que <> hábito <!<•
lumar e <\r aspirar o tabaco si- arrei- A lobélia (Lobelia inflata L)*, co- a dependência da nicotina pela de-
gasse ainda mais como costume social. nhecida também como tabaco-in- pendência da lobelina, cujos efeitos
Em meados do século XIX, ainda era diano, é uma planta norte-america- são igualmente tóxicos, mas um
receitado nor al&uns médicos como na da família das Lobeliáceas. que pouco mais suaves, permitindo tam-
contém lobelina, um alcalóide de bém uma mais fácil libertação. Terá
efeitos semelhantes ao da nicotina, então de se abandonar progressiva-
embora menos intensos. mente o consumo da lobelina.
Antigamente usava-se como eméti- Doses altas de lobélia produzem di-
ca (vomitiva), antiasmática e expec- ficuldade respiratória, taquicardia e
Precauções torante. Hoje já não se usa como re- hipotensão.
médio, dado que se dispõe de mui- O tratamento substilutivo com lobe-
tas outras plantas não tóxicas, com lina não é o ideal, embora possa ser
estas mesmas propriedades. útil nos casos rebeldes de tabagis-
Recentemente, a lobélia adquiriu um mo, em que tenham fracassado to-
A nicotina usa-se como herbicida, novo interesse no tratamento do ta- dos os outros tratamentos.
pesticida e insecticida muito eficaz. bagismo. Ao fumador inveterado que Na Europa existe uma espécie simi-
Dado que se absorvem muito bem pe- não consegue deixar de fumar, subs- lar, conhecida na Madeira como ca-
la pele. os produtos que a conte- titui-se o tabaco pela lobélia (em pas- breira {Lobelia urens L), igual-
nham devem ser manejados com tilhas), e desta forma desaparece o mente tóxica.
muito cuidado, pois já se produziram desejo imperativo de fumar. Na rea- ' Esp.: lobelia, tabaco indio. hierba dei
intoxicações mortais. lidade, o que se consegue é trocar asma.

183
tratamento contra as doenças pulmo-
nares.
Muito poucos se davam conta, na-
quela época, chi toxicidade do tabaco.
Uma das primeiras vozes que .se le-
vantou para chamar a atenção sobre
OS perigos do tabaco foi Ellcn G. Whi-
te, prestigiada escritora e educadora,
que disse em 1875: «O tabaco é um
veneno lento e insidioso, e os seus
Fórmula química da nicoti-
efeitos são mais difíceis de eliminar na, alcalóide responsável pe-
do organismo do que os do álcool.» los efeitos do tabaco sobre
Hoje sabe-se bem como se torna difí- os sistemas nervoso e car-
cil deixar de fumar, tanto pela de- diovascular. A maior parte
pendência física que o tabaco pro- dos efeitos irritantes do ta-
baco sobre o aparelho respi-
duz, como pela dependência psicoló- ratório deve-se aos alcatrões
gica. do f u m o que se inala ao fu-
mar.
Até meados do século XX, os cien-
tistas não tinham mostrado plena-
mente os efeitos cancerígenos do ta-
baco, mas na segunda metade deste
século multiplicaram-se as investi-
gações sobre os eleitos nocivos desta
planta. Todos os anos se publicam O tabaco é uma planta
centenas de novos estudos mostran- m u i t o atraente, mas ve-
do a sua nocividade sobre o aparelho nenosa. O seu uso, se-
g u n d o a OMS, é a princi-
respiratório, o coração, as artérias, o pal causa evitável de má
esófago, o pâncreas e outros órgãos. saúde em todo o m u n d o .
O tabaco transformou-se na droga
que mais gastos, mais doenças e mais pressão, sobre o sistema nervoso cen- deídos, monóxido de carbono, e cer-
mortes causa em lodo o mundo; mui- tral e sobre todos os gânglios do siste- ca de mais 30 substâncias (<>xicas; ne-
to mais, inclusivamente, que as dro- ma nervoso vegetativo. Estimula a des- nhuma substância medicinal, nenhu-
gas ilegais como a heroína e a cocaí- carga de adrenalina pela medula das ma vitamina, nenhum elemento nu-
na. glândulas supra-renais, o que se tra- triente.
A União Europeia criou o progra- duz por vasoconstrição, taquicardia,
hipertensão e excitação. A intoxicação crónica pelo tabaco
ma preventivo "Europa contra o can- produz, estomattte (inflamação da
cro", cujo primeiro ponto é: "Não Doses elevadas pmchi/.vm suor frio, boca), bronquite crónica, palpi-
fume". Calcula-se que, se os habitan- tremura, vómitos, palpitações e trans- tações, angina de peito, hipertensão,
tes da Europa deixassem de fumar, se tornos cardíacos. falta de apetite e impotência sexual,
reduziria paia metade o número de A nicotina é um veneno muito for- entre muitos outros transtornos.
mortes por eanero. te. Os índios americanos usavam o Como qualquer outra droga, causa
O tabaco não leni nenhuma virtude sumo das folhas de tabaco para enve- fundamentalmente:
medicinal. Citamo-lo aqui pela sua nenar a ponta das suas Mechas.
importância social e sanitária como • Dependência física e psíquica: Ne-
Uma gota de nicotina colocada na cessidade de continuar a consumi-lo
droga tóxica. língua de um cão grande causa-lhe a para não se sentir pior.
A composição das folhas de tabaco morte em breves instantes. A dose
é muito complexa: lípidos, hidrocar- mortal para o ser humano é de 50-60 • Tolerância: Necessidade de aumen-
bonetos, gomas, açúcares, dois hete- mg, que é a quantidade contida em tar a dose progressivamente, para ob-
rosidos (labaciua e tabaciclina), quer» dois charutos médios. Felizmente, ter os mesmos efeitos.
citina, ácidos nicotínicos e clorogéni- quando se fuma, absorve-se unica- A desabituação do tabaco exige um
cos, uma essência e vários alcalóides, mente 10% da nicotina, e o organis- tratamento amplo, tanto médico
entre os quais se destaca a nicotina mo "aprende" a eliminá-la, embora á como psicológico, como o conhecido
( 1 % a 3%), cuja fórmula química é custa de sofrer os seus efeitos tóxicos. Plano de Cinco Dias paia Deixai de
CIOHMNS. Fumar, organizado com o apoio da re-
O fumo do tabaco contém, além
A nicotina produz uma estimu- de nicotina, alcatrões de acção irri- vista Saúde e Lar e da Associação In-
lação transitória, e depois uma de- tante e cancerígena, assim como al- ternacional de Temperança.

184
Thea sinensls L
a*LW
Chá
Excita e causa
prisão de ventre

O S CHINESES já usavam o chá


há 4000 anos, embora a sua
difusão na Europa se tenha
verificado só a partir do século XVII.
Sinonímia científica:
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-
Camellia sinensis (L.) Kuntze
lhas do chá contêm de 1 % a 4% de ca- Outros nomes: chá-da-china, chá-
feína (chamada teína para diferençar -da-índia, chá-preto, chá-verde.
a sua origem); taninos (15% a 20%) e Esp.: té, té de la China, árbol dei
uma essência. té. Fr.: thé. Ing.: tea.
Os seus efeitos são muito seme- Habitat: Originário do Sudeste
lhantes aos do café (pág. 178), ainda Asiático, China e Índia, onde ainda
que menos intensos devido a que as aparece espontaneamente. É
cultivado amplamente nestes dois
infusões se preparam mais diluídas. países, e também no Brasil e na
Uma chávena de chá contém 40-60 África Tropical.
mg de cafeína, e uma de café contém Descrição: Árvore ou arbusto da
de 100 a 200 mg. O chá provoca exci- família das Teáceas ou
tação do sistema nervoso, do coração Cameliáceas, que em estado
e do sistema circulatório. Aumenta a silvestre atinge até 10 m de altura,
e cultivado 1-2 m. As folhas são
secreção de sucos ácidos no estôma- perenes, de cor verde escura. As
go- flores sâo grandes, brancas e
Usado como estimulante, no caso aromáticas.
Precauções
de fadiga ou cie esgotamento, é um re- Partes utilizadas: as folhas.
médio de emergência, que não deveria
lornar-sc habitual. O chá, do mesmo
modo que o café, estimula mas não
fornece nenhuma substância nutriti-
va. Daí que o seu consumo regular
O Preparação e emprego
O chá não se deve usar de for-
ma continuada, nem sequer co-
mo medicamento, pois pelo con-
provoque precisamente esgotamento. teúdo em cafeína cria dependên-
O consumo habitual produz, o cha- cia (necessidade de continuar a
mado "teísmo" no países britânicos: USO INTERNO tomá-lo) e tolerância (necessida-
prisão de ventre, acide/, do estômago, O Infusão com 30-50 g por litro de de aumentar a dose). Ver o que
insónia e excitação nervosa. O consu- de água, de que se podem tomar, se diz na pág. 178 a propósito do
mo frequente de cliá gera dependên- como máximo, até 5 chávenas café.
cia, como acontece com qualquer ou- diárias. Desaconselha-se o uso do chá no
tra droga. caso de úlcera gastroduodenal,
USO EXTERNO gastrite, acidez do estômago, ner-
Pelo seu conteúdo em taninos, usa-
O Lavagens oculares: Em caso vosismo, hipertensão arterial ou
-se em diarreias e colites, e como tó-
de eonjuntivite, usa-se uma de- afecções do coração. As mulheres
nico digestivo em caso de digestão grávidas e as que amamentam de-
muito pesada ou indigestão MM. Nos cocção com 30-50 g da planta por
litro de água. Deixa-se ferver du- vem abster-se também do uso do
capítulos 10 e 20 podem-se cucou liar chá, pelos efeitos tóxicos da cafe-
diversas plantas para estas afecções, rante 5 minutos, de forma que fi-
que esterilizada antes de aplica- ína sobre o feto e sobre o lacten-
isentas dos inconvenientes do chá. te (passa para o leite).
da sobre os olhos.
Exteriormente, usa-se como colírio
para lavagens oculares em caso de
eonjuntivite (©I.

18£
PLANTAS PARA A BOCA

SI IARIO DO CAPITULO
A
ÍMPORTANCIA da boca para a
J saúde deriva dos factos funda'
mentalmente relacionados coin
D O E N Ç A S E APLICAÇÕES n sua anatomia c fisiologia:
Abcesso dentário, l.Na boca realiza-sc a mastigação, primei*
ver Piei mão dentário 188 ia fase do processo digestivo. A função
Aftas 187 das peças dentárias é decisiva para uma
Boca, inflamação, ver E&tomaliU . . . . 189 boa mastigação e digestão.
Boca, mau hálito 187
Boca. mau sabor de 187 2.A cavidade bucal contém uma grande
Boca, ulcerações, ver Aftas 187 quantidade e variedade de germes, ao
As plantas medicinais
podem contribuir de modo Dentes, fkimâo 188 ponto de ser unia das partes do corpo
muito positivo para a Dentes, dor de 188 onde existem mais micróbios. Estes mi-
higiene bucal. Dentes, erupção 187 crorganismos podem causar infecções
Dor de dentes 188 graves e estados tóxicos que se repercu-
Erupção dentária 187 tem sobre iodo o organismo.
Estomatite, plantas para a 189 A cavidade bucal, como todo o resto du
Flehnão dentário 188 tubo digestivo, está revestida em lodo o seu
Gengivas, transtornos, ver Piorreia, interior por uma camada de células cha-
gengivite e parodontose 188 mada mucosa. A inflamação da boca. e es-
Gengnrite 188 pecificamente dessa mucosa que a reveste,
dietas do lábio 187 tem o nome de estomatite. Etimologica-
Lábios, gretas 187 mente, este termo vem do grego sloma, que
Mau sabor de boca 187 quer dizer boca' (e não 'estômago*). \la-
Parodontose 188 llifesta-se por um enrubescimento da mu-
Piorreia, gengivite e parodontose . , . 188 cosa bucal, acompanhado por vezes de ul-
Plantas para a estomatite 189 cerações ou afias. Afecta sobretudo as gen-
givas, a ponta da língua e a face interior das
PLANTAS bochechas.
AlíMcegueira = Pisuhia 197 As causas mais frequentes da estomatite
Alteia' 190 são: irritantes químicos como o tabaco e as
Bistorta 198 bebidas alcoólicas, ingestão de alimentos
Ceanoto = Cká-de-nova-jersey I<>1 demasiado quentes, certos medicamentos
Chá-cle-nova-jersey 191 (especialmente os antibióticos), próteses
Cravinho 192 dentais mal ajustadas, e uma higiene bucal
Mahaisto = Alteia 190 deficiente.
Pistácia 197
Raíânia 196 Os bochechos com plantas medicinais
Sanammda 194 podem contribuir significativamente para
Vibumo 199 o tratamento, C sobretudo para a prevenção
da estomatite, da gengivite, da piorreia e
outras afecções bucais.

186
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

P a r t e D e s c r i ç ã o
I
Planta Pág. Acção Uso

AFTAS CHA-DE-NOVA-
São umas pequenas ulcerações, muito -JERSEY
191 Suaviza a mucosa bucal Bochechos com a decocçao
dolorosas, que tendem a curar-se es-
pontaneamente passados alguns dias. AGRIMÒNIA 205 Adstringente e anti-inflamatória Bochechos com a decocçao
As suas causas podem ser muito varia-
das, embora não seja Bochechos com a infusão
fácil determiná-las: in- SERPÃO 338 Anti-séptico (desinfectante)
concentrada
fecções víricas, aler-
gias alimentares,
carências de vitami- Gargarejos ou bochechos
DRIAS 451 Desinflama a mucosa bucal
nas do grupo B ou com a infusão
de ferro, entre ou-
tras. CINCO-EM-RAMA 520 Adstringente, anti-séptica e cicatrizante Bochechos com a decocçao
Os bochechos com
plantas adstringen- Bochechos com a decocçao
SILVA 541 Adstringente e hemostática
tes (secam as mu- de folhas e brotos
cosas), anti-sépti-
cas e cicatrizan- SALVA 638 Adstringente e anti-séptica Bochechos com a decocçao
tes, podem ser de
utilidade. Gargarejos ou bochechos
URUCU 700 Cicatrizante e suavizante
com a infusão de folhas

SANICULA 725 Cicatrizante Bochechos com a decocçao


Chãdenova-jersey
TOMILHO 769 Anti-séptico Bochechos com a decocçao

LÁBIOS, GRETAS Cataplasmas com a decocçao


ALFORVA 474 Anti-inflamatória e cicatrizante
As gretas labiais costumam ser causa- de sementes trituradas
das pela sequidão ou o frio, e provo
cam dor ao abrir ou mexer a boca.
Quando aparecem na comissura labial Cataplasmas com a planta fresca
PARIETÁRIA 582 Anti-inflamatória e emoliente
(boqueiras) costumam estar relacio- esmagada
nadas com a falta de certos minerais,
especialmente o ferro. O tratamento lo-
cal com compressas ou cataplasmas Aplicações da manteiga ou gordura
CACAUEIRO 597 Poderoso emoliente e cicatrizante
de plantas emolientes (suavizantes) e extraída das sementes
cicatrizantes pode acelerar a cura.

Cataplasmas de folhas esmagadas


ClNOGLOSSA 703 Emoliente e cicatrizante
ou compressas com o sumo fresco

MAU SABOR DE BOCA ritMÀom -380. Combate a auto-intoxicação Infusão, sumo ou extractos
Pode associar-se ou não ao mau hálito I-UMAHIA joy p o r pUtrefacção intestinal
(halitose). Costuma estar relacionado
com o mau funcionamento da vesícula Facilita o esvaziamento da vesícula
biliar ou com fermentações intestinais.
BOLDO 390 e a digestão Infusão de folhas ou extractos
Recomendam-se as plantas colagogas
e digestivas, especialmente estas qua- Van
tro que citamos. Mu» 426 e fermentações
l'&2ãS£&£&'*
intestinais «*.«*«:«#, d. «*
M.LEFòL.0 691 gggjgj diminui a s fermentações ||lfusào d e sumJda(Jes f|orJdas

ERUPÇÃO DENTÁRIA ALTEIA 190 Amolece as gengivas A raiz limpa dada a mastigar
Quando saem os dentes aos lactentes, e facilita a saída dos dentes aos lactentes
as gengivas sofrem um leve processo
inflamatório, cujos transtornos podem
aliviar-se com estas plantas.
Esfregar as gengivas com a infusão
AÇAFRÃO 448 Alivia os transtornos da dentição
concentrada de filamentos de açafrão

187
C a p . 1 0 : P L A N T A S PARA A BOCA

Doença Planta Pág. Acção Uso

DOR DE DENTES
A$ plantas medicinais podem exercer DORMIDEIRA 164 Analgésica e estupefaciente Bochechos com a infusão de cápsulas
um efeito analgésico local, aplicadas
em bochechos. Desta forma se evitam
os efeitos indesejáveis dos analgésicos Aplicar um fragmento de cravinho ou
de uso interno (ingeridos, injectados, CRAVINHO 192 Anti-séptico bucal e analgésico
uma gota de essência no dente dorido
etc.}. Em nenhum caso se deve relegar
o tratamento de fundo da infecção
dentária, causadora da dor. SANAMUNDA 194 Desinflama e desinfecta a mucosa
bucal, acalma a dor de dentes
Bochechos com a infusão

PAPOJLA 318 Sedante e analgésica Bochechos com a infusão de pétalas

FLEIMÃO DENTÁRIO
Além do tratamento antibiótico, po-
dem-se aplicar cataplasmas de figos ou
de outras plantas (ver "Abcessos", cap.
27) para acelerar a maturação do Favorece o amadurecimento dos Cataplasmas de figos frescos
FIGUEIRA 708
fleimão ou abcesso. abcessos e a cicatrização das feridas ou secos postos de molho

PIORREIA, GENGIVITE SANAMUNDA 194 Anti-séptica e analgésica bucal Bochechos com a infusão
E PARODONTOSE
Do ponto de vista etimológico, piorreia «„,„,. IQC Adstringente (seca as mucosas)
quer dizer 'derrame de pus', embora se Bochechos com a decocção de casca
RATANIA 196 e a n M a m a t o r i a
aplique especificamente à saída de pus
das gengivas. Os dentes ficam soltos e
caem. Almécega (resina) mastigada ou em
A gengivite é a inflamação das gengi- Dl„i/U1 ia-, Anti-sépticaeanti-inflamatória.
dentffricos, bochechos com
vas, frequentemente causada pela pior- PISTACIA ia/ p e r f u m a Q há|jt0
a decocção de folhas e caules tenros
reia.
A parodontose é um termo mais am-
plo, que inclui todas as afecções capa- Bisic RTA 19Ã Adstringente, fortalece as gengivas Bochechos com a decocção
zes de alterar a fixação dos dentes ao débeis e sangrantes de rizoma triturado
osso, das quais a mais frequente é a
piorreia.
r«ow«, u« oriR Adstringente e anti-inflamatório. Bochechos com a decocção
Estas afecções requerem um trata- CARVALHO im Li m p a as g e n g j v a s
mento odontológico especializado.
Os bochechos com estas plantas ser-
vem como complemento higiénico 502 P°deroso absorvente (retém partículas Carvão da madeira aplicado sobre
deste tratamento. FAIA
em dissolução), limpa as gengivas as gengivas à maneira de dentífrico

flor da písíácia /r.


ClNCO-EM- a deC CÇâ
-RAMA
520 Adstringente, ant.-séptica e cicatrizante 5 4 ^ * 2 ° °

ROMAZEIRA 523 P i n g e n t e , segura os dentes Bochechos com a infusão


aos maxilares de flores e casca

QUINA 752 Cicatrizante e anti-séptica Bochechos com a decocção

Absorvente, arrasta o tártaro e restos


flor da CHOUPO- de alimentos em putrefacção de entre Carvão da madeira aplicado sobre
760
ctnco-em-rama -NEGRO os dentes e as gengivas. as gengivas à maneira de dentífrico
Branqueia os dentes

188
A SAÚOE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

D e s c r i ç ã o
I
' • - 1

Plantas para a estomatite

A estomatite é a inflamação da mucosa


que reveste o interior da cavidade da
boca. Os bochechos com qualquer des-
tas plantas pode contribuir para minorar a
estomatite. Para se conseguir a cura
completa é preciso eliminar previamen-
te as suas causas.
ím aplicação local, todas estas plantas
têm acção adstringente (secam as mu-
cosas], anti-inflamatôria e anti-séptica. Os bochechos com infusões ou
decocções de p/antas ricas em
tanino tornam-se muito úteis
para a higiene bucal, como
por exemplo a infusão de
folhas e flores de framboesa
(foto inferior), ou a decocção
de folhas e casca de raiz de
goiabeira (foto do centro).

\v
Cravinho

Planta Página
Alcaçus 308
Amieiro 487
Bistorta 198
Carvalho 208
Castanheiro 495
Chá-de-nova-jersey 191
Consolda-maior 732
Cravinho 192
D ri as 451
Epilóbio 501
Erva-de-são-roberto 137
Framboeseiro 765
Goiabeira 522
Hidraste 207
Morangueiro 575
Murta 317
Nogueira 505
Quina 752
Ratânia 196
Roseira 635
Sabugueiro 767
Sanamunda 194
Silva 541
Tanchagem 325
Tormentila 519 |
Violeta 344

189
Aithaea offícinalis L.
Ol JL P A u

Preparação e emprego

Alteia
USO INTERNO

Um grande emoliente O Infusão de 30 g de folhas ou flores,


ou decocção de 20-30 g de raiz por
litro de água, de que se tomam dia-
riamente 3 ou 4 chávenas adoçadas
com mel.

Outros nomes: malvaísco.


Esp.: maivavisco, altea, acalia.
Fr.: guimauve [officinale}.
Ing.: marshmaiíow, alínea.
Habitat: Encontra-se em lugares
húmidos, terrenos pantanosos e
margens de riachos do Centro e do Sul

A
SEME1 ,1IANÇA da sua paren- da Europa. Cultivada como planta
te, a malva, a alicia, q u e lam- medicinai na Europa e América.
b e m se c h a m a malvaísco, é Descrição: Plania vivaz, vilosa, da
ioda doçura e suavidade. Até as suas família das Malvâceas, que pode atingir
folhas são d e l i c a d a m e n t e aveludadas até 2 m de altura. As folhas são grandes
e aveludadas, e as flores são brancas
com uma fina p e n u g e m . Dioscórides com 5 pétalas.
já a recomendava no .século I d . C , e
Partes utilizadas: a raiz, as flores e as
desde e n t ã o tem sido utilizada em to- folhas.
das as épocas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas


as partes cia plaina, e s p e c i a l m e n t e a
raiz. contêm mucilagem, pectina, sais
minerais e vitamina C. As suas p r o -
p r i e d a d e s são as m e s m a s q u e as da
malva ípág. ãl 1), mas mais intensas,
pelo seu maior c o n t e ú d o em mucila-
• . . - >
gem. E pois uma das plantas mais emo-
lientes que se c o n h e c e m . A mucilagem
deposita-se sobre a pele ou as muco-
sas, f o r m a n d o u m a c a m a d a protecto-
ra e anti-inflamatória.
As suas i n d i c a ç õ e s são m u i t o .se-
m e l h a n t e s às da malva: laxante, no
caso de prisão de ventre, e auti-infla-
matóría, no caso de gastrite, gastren- s
-"• **'" "' o/Sr"'*"
terite ou colite; para c o m b a t e r as
afecções respiratórias, assim c o m o as
irritações da boca e de outras muco-
sas digestivas IQ1.
A RAIZ limpa p o d e dar-se a masti- A alteia exerce a sua acção suavizante
gai ãs crianças d u r a n t e a é p o c a da sobre todo o tubo digestivo, desde a
dentição, pois amolece as gengivas e boca até ao ânus.
Facilita a saída dos dentes.

190
Ceanothus
amerlcanus L
A

Preparação e emprego

Chá-de- USO INTERNO

nov a-jersey O Decocção com uma colherada de


casca de raiz triturada, por chávena
de água. Ingerem-se 2-4 chávenas
por dia.
Excelente para
bochechar USO EXTERNO
€) Bochechos e gargarejos: Fazem-
-se com a mesma decocção que se
emprega internamente, se bem que
um pouco mais concentrada.

Outros nomes: châ-de-jersey, chá-


•de-nova-jérsia, ceanoto.
Esp.: té de Nueva Jersey, ceanoto.
Ing.: New Jersey tea, red root
Habitat: Frequente nos bosques e
campos óa América úo Norte. Na
Europa cultiva-se como planta
ornamental.
Descrição: Arbusto da família das
Ramnáceas, de la 1,5 m de altura.

O CHAMADO chá-de-nova-jer-
sey, ou ceanoto, é um dos re-
médios vegetais usados pelos
índios da América do Noite desde
tempos imemoriais. Perfeitamente in-
Tem folhas ovais, terminadas em
ponta e finamente dentadas. As
flores são pequenas, brancas ou
azuladas e nascem das axilas das
folhas.
tegrados no seu ambicnic. aqueles Partes utilizadas: a casca da raiz.
primitivos povoadores já tinham des-
coberto as virtudes desta planta, que
hoje estão confirmadas pela moderna
investigação científica. As suas folhas
utilizaram-se em substituição do chá,
durante a guerra da independência
norte-americana.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cas-


ca <la raiz contém um alcalóide (cea-
notina), lanino, resina e indícios de
um óleo essencial. Utiliza-se com exi-
lo nos seguintes casos:
• Afecções bucais c da garganta 101:
faringite, amigdalite (anginas), aftas e
outras irritações, aplicado localmente Os bochechos e gargarejos
em fonna de gargarejos e bochechos. com a decocção de casca de
raiz do chá-de-nova-jersey
• Afecções broncopulmonares (Oh ca- tornam-se m u i t o eficazes em
tarros bronquiais, tosse, bronquite as- caso de aftas e faringite.
mática.

191
Eugenia caryophyllata
Thunb.
m
Cravinho
Estimulante,
desinfectante e
analgésico

P ODES dai-me um cravinho para


eu pôr na boca?-diz um mensa-
geiro chegado da ilha de Java, a
um dos guardas do palácio do impe-
rador chinês, no século III a.C.
-Dói-tc algum dente, mensageiro?
-Nada disso. É que o novo impera-
dor quer que mantenhamos um cra-
vinho na hoca, para ter o hálito per-
Sinonímia científica: Syzygium
fumado quando nos dirigimos a ele. aromaticum (L.) Merr.-Perry., Caryophyllus aromaticus L.
Os veneráveis médicos chineses da Outros nomes: cravo-da-india, cravo-aromático, cravo-de-cabecinha, girofeiro.
dinastia Han (206 a.C. - 220d.C.)já Brasil: craveiro-da-índia.
mencionam nos seus escritos as pro- Esp.: clavero, clavo de especia, clavillo, giroflé. Fr.: giroflier, bois a clous.
priedades do cravinho, e especial- Ing.: clove tree.
mente a sua capacidade de perfumar Habitat: Originário das ilhas Molucas e Filipinas, embora actualmente se cultive
o hálito. Mas até à época das grandes noutras zonas tropicais da Ásia e da América.
viagens do século XVI, o cravinho, Descrição: Árvore da família das Mirtáceas, que atinge de 10 a 20 m de altura.
como muitas outras especiarias, che- Os cravinhos são as gemas (botões das flores), que se colhem no momento em
gava à Europa vindo da índia, em que ficam vermelhas. Depois de secas ao sol, ficam com uma cor parda.
quantidades muito reduzidas. Isto tor- Partes utilizadas: os botões das flores, secos.
nava as especiarias ainda mais apre-
ciadas. Por isso, um dos principais mo
tivos que levou Cristóvão Colombo a

J£ Preparação e emprego

Precauções USO INTERNO USO EXTERNO

O Infusão: 2 ou 3 cravinhos por cháve- O Elixir bucal: Fazer bochechos com


na de água, para tomar uma a cada re- um copo de água a que se tenham acres-
Quem sofra de úlcera gastroduode- feição. centado umas gotas de essência de cra-
nal e gastrite deverá abster-se do vinho. Refresca e desinfecta a cavidade
cravinho, como planta medicinal e co- © Essência: de 1 a 3 gotas antes de
oral.
mo condimento. Em doses elevadas, cada refeição.
tem efeitos irritantes sobre o apa-
relho digestivo, que se manifestam ©Condimento: Usá-lo com mode- © Dor de dentes: Para acalmá-la, apli-
por náuseas, vómitos e dores de estô- ração; um só cravinho pode ser suficiente car um fragmento de cravinho ou uma
mago. para condimentar toda a comida. gota de essência no dente dorido.

192
Um fragmento de cravinho,
ou uma gota da sua
essência, pode acalmar
rapidamente a dor de
dentes. Em aplicação local, a
essência de cravinho é um
realizar a sua viagem por mar foi a deu-se por todas as regiões tropicais excelente anti-séptico.
procura da rota mais curta para os pa- conhecidas. Ingerido por via oral, em
íses produtores de especiarias, entre infusão, o cravinho é
elas o cravinho. estimulante, aperitivo e
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo- carminativo.
As especiarias tropicais eram mui- res do cravinho contêm 15%-20% de
to apreciadas na Europa; mas talvez, o essência, constituída na sua maior
cravinho se destacasse entre todas de- parte por eugenol, juntamente com
vido a que, segundo a teoria dos sinais pequenas quantidades de acetileuge-
(ver pág. 118), era considerado um nol, carioFileno e metilamilcetona. A
poderoso afrodisíaco. Os ervanários c esta essência se deve o seu aroma, as-
os boticários da baixa Idade Média e sim como as suas propriedades:
do Renascimento viam no cravinho a
representação de um pénis em • Anti-séptico e analgésico bucal: A
erecção, com os testículos na sua essência de cravinho, que se usa em
base. Portanto, supunha-se que ac- forma de óleo, entra na composição
tuava sobre os órgãos genitais. de pastas dentífricas, elixires de uso
oral e perfumes. O seu poder anti-
Saberia isto Colombo, antes de ru-
-séptico é três vezes superior ao do le-
mar a poente com as suas caravelas? E
nol. Muito recomendável no caso de
bem provável que sim. De qualquer
estomatite (inflamação das mucosas
modo, o descobridor não chegou a
da boca) ou gengivite (inflamação
encontrar a terra onde se produziam CH2 -CH = CH2
das gengivas) IOI. Aplicada localmente,
os cravinhos. Foi a expedição de
pode acalmar temporariamente a dor
Fernão de Magalhães, navegador por-
de um dente cariado 101.
tuguês, e do espanhol Juan Sebastião
Elcano, a primeira a dar a volta ao • Estimulante (0,0,01 geral do orga-
mundo, que, em 1520, arribou às nismo, embora muito mais suave do 0-CH3
ilhas Molucas, nas proximidades da
que 0 café.
China. Ali embarcaram cravinho e
trouxeram-no para a Península como • Aperitivo (0,0,01 (aumenta o apeti- OH
um apreciado tesouro. A partir de te) e carminativo (elimina os gases in- Fórmula química do eugenol, principal
então, a cultura do cravinho esten- testinais). constituinte da essência de cravinho.

193
Geum urbanum L.

Preparação e emprego

Sanamunda
Cura as gengivas USO INTERNO
e tonifica a digestão O Infusão com 40-60 g de rizoma,
raiz ou folhas secas trituradas, por ca-
da litro de água. Tomam-se até 4 chá-
venas diárias. Não convém adoçar,
para aumentar assim o seu efeito.

USO EXTERNO
A mesma infusão que se usa inter-
namente aplica-se em:

A SANAMUNDA, também cha-


mada erva-benta, é uma hu-
milde planta, com aparência
d»- fragilidade, que adorna as bermas
dos caminhos e as estremas dos cam-
O Bochechos e gargarejos.
€) Compressas ou loções para o
tratamento de feridas ou chagas da
pele.
pos. Toda a planta, e particularmente O Lavagens oculares.
o rizoma (caule subterrâneo), exala © Colírio: 3 a 5 gotas, de 6 em 6 ho-
um aroma especial que lembra o da ras.
essência de cravinho.
Foi utilizada por Dioscórides, o
grande médico e botânico g'i'ego do
primeiro século da nossa era. Santa
Hildegarda, no século XII, chamava-
4he benedicta, por causa das suas gran-
des virtudes. No século XVII utili/ou-
-se como febrífugo, apesar de não ser
esta a sua propriedade mais impor-
tante, e pretendeu-se substituir com
ela a quina. I loje continua a ser apre-
ciada em fitoterapia, embora o seu
uso não seja generalizado.

PROPRIEDADES E INDICAC:ÕES: O ri- Outros nomes: cravoila, cariofilada,


cariofilada-maiof, erva-benta.
zoma, sobretudo, e em menor pro-
porção as (olhas, contêm abundantes Esp.: cariofilada, hierba de San Benito,
benedicta. Fr.: benoite (commune).
matérias tânicas (até 30%). Os tani- Ing.: [herbj bennet, blessed herb.
nos dão-lhe propriedades adstringen-
Habitat: Frequente nos bosques, sebes,
tes (seca as mucosas), anti-inflamató- muros e, em geral, lugares sombrios e
rias e vulnerárias (ajuda a sarar as fe- húmidos da Europa e da América do
Precauções
ridas). Norte.
Mas o seu princípio mais impor- Descrição: Planta herbácea da família
tante é um glicósido chamado geé>si- das Rosáceas, de 30 a 60 cm de altura.
Caule erecto e coberto por uma suave Recomenda-se não exceder a
do, que por acção da geasa. uma en- penugem. As folhas, dentadas, dividem- dose indicada, já que pode pro-
zima comida na mesma planta, se de- se em vários lóbulos desiguais. Dá umas vocar intolerância gástrica devida
compõe, libertando eugenol. Este flores pequenas, solitárias, de cor ao seu elevado conteúdo em ta-
óleo essencial, o eugenol, é responsá- amarela. ninos.
vel pelo seu aroma peculiar e pelas Partes utilizadas: o rizoma e a raiz, e
suas propriedades anti-sépticas, anal- também as folhas.
gésicas, bucais e digestivas. Por tudo

194
á
Os bochechos e gargarejos
com infusão de sanamunda
constituem um bom denti-
frico natural. Não só podem
curar como também preve-
r nir a piorreia, as aftas e o
mau hálito.

'•1

t isto, a sanamunda é indicada nos se-


guintes casos:
• Diarreias estivais, gasti enterites e
decomposição intestinal IOI. Actua
como um poderoso adstringente e ao
mesmo tempo como anti-inflamató-
rio e anti-séptico das mucosas do apa-
relho digestivo.
• Quando soja necessário tonificaras
funções digestivas IOI. Recomenda-se
o seu uso especialmente durante a
convalescença de doenças febris ou
debilitantes. Como todas as plantas
que contêm substâncias amargas, ac-
tiva a digestão nos casos de falta de
apetite ou de dispepsia (digestão pe-
sada, flatulência). Também se torna
útil no tratamento da gastrite cró-
nica.
• Afecções bucais: paradontose e gen-
givite (inflamação das gengivas),
piorreia e aftas 101. Aplicada local-
^ mente evft forma de gargarejos ou bo-
? Outra sanamunda chechos, contribui para desinflamar
e curar a mucosa bucal. Faz desapa-
recer a halitose (mau háVito), quando
seja devida a inflamação das gengivas.
Também acalma a dor de dentes.
Na Europa e na América do Norte, existe uma espécie similar à Geum urbanum L,
a Geum rivaleL. Os seus componentes são muito semelhantes e, em consequência • Feridas de difícil cicatrização c úl-
disso, também as suas propriedades. Caracteriza-se por ter folhas maiores e as ceras da pele 101.
flores purpúreas ou cor-de-rosa. Ambas as espécies se hibridam mutuamente, en- • Conjuntivite e blefarite 10,01: Apli-
contrando-se com frequência formas intermédias. ca-se sol) a forma de lavagens ocula-
res ou de colírio. Desinílama e desin-
fecta as delicadas mucosas oculares.

195
Kmmerta triandra
Ruiz-Pav. 01 P 9 • 9

Preparação e emprego

Ratânia
Poderoso adstringente USO INTERNO
e anti-inflamatório O Pó de raiz: Uma colherzinha das
cie café, 3 vezes ao dia.
O Decocção de 20 g de casca por li-
tro de água. Ingerem-se diariamente
3 chávenas.
© Extracto fluido: Administram-se
de 10 a 20 gotas, 3 vezes ao dia.

USO EXTERNO
O Decocção com 30-40 g de casca
por litro de água, com a qual se fazem
gargarejos, banhos de assento, irri-
gações vaginais e compressas.

A RAIZ da ratânia é usada no


Peru d e s d e t e m p o s i m e m o -
riais, para a l i m p e / a dos d e n -
tes e das gengivas. As d a m a s de Lima,
sua capital, usavam-na no século XIX
para b r a n q u e a r os dentes p o r ocasião
de festas e celebrações. Outros nomes: ratânhia. Brasil:
ratânhia-do-peru.
Esp.: ratânia, krameria, ratânia dei
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A raiz
Peru. Fr.: ratânhia du Pérou.
contém taninos catéquicos, flobafcno, Ing.: rhatany.
ácido kramérico ( u m alcalóide), ami-
Habitat: Terrenos secos e
do, mucilagem, açúcares, goma e descobertos das montanhas andinas
cera. O seu princípio activo mais im- do Peru, Bolívia e Chile.
p o r t a n t e são os t a n i n o s , q u e têm a Descrição: Arbusto que pode atingir
particularidade de n ã o amargai c o m o 50 cm de altura, da família das
acontece, por exemplo, com os do
carvalho (pág. 208). A sua forte acção
adstringente e anti inflamatória torna-
-a muito r e c o m e n d á v e l nos casos de
gastrenterite e colite IO.©,©), inclusi-
ve nas crianças.
Externamente, dá b o n s r e s u l t a d o s
nos seguintes casos:
Leguminosas, cujos ramos jovens
• Afecções b u c o f a r í n g e a s IO): esto- se encontram revestidos de um pêlo
matite (inflamação da boca), piorreia muito suave.
e gengivite, faringite, amigdalite, apli- As flores são de cor vermelha, e a
cada em gargarejos e bochechos. raiz, tortuosa ede 1 a 3 cm de
• H e m o r r ó i d a s e fissura anal IO): em diâmetro, é de cor parda ou
avermelhada.
b a n h o de assento.
Partes utilizadas: a raiz, Raiz de ratânia, arbusto
• Leucorreia (fluxo vaginal) e vagini- especialmente a sua casca. próprio das zonas andinas
te IO) em irrigações vaginais.
do continente sul-
• Frieiras IO), em compressas e m b e - -americano.
bidas n u m a decocção de casca.

196
PlstadalentíscusL

Pistácia
Fixa os dentes e
perfuma o hálito

A ALMECEGA ou mástique é a
resina que exsudam os caules
da pistácia quando se lhes la/,
uma incisão superficial. Dioscóridcs já
a recomendava no primeiro século da
Outros nomes:
almecegueira, aroeira, aroeiro. lentisco.
Esp.: lentisco, almácigo, charneca.
Fr.: [pistachier], lentisque. Ing.: mastic
nossa era, com o fim de «apertar as
gengivas afrouxadas» e para combater
tree, lentisk [pistachej, lentiscus.
Habitat: Originário das ilhas gregas, e
U> Preparação e emprego
o mau hálito. Actualmente faz parte espalhado por toda a região
de numerosos dentífricos e preparados mediterrânea. Cria-se em terrenos
farmacêuticos. secos, entre alfarrobeiras ou azinheiras.
Descrição: Arbusto da família das USO EXTERNO
Anacardiáceas, que pode atingir até um
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A AL- metro de altura. As folhas, que se O A almécega, mastigada ou em
MÉCEGA contém ácido mastíctico, conservam verdes durante todo o ano, pastas dentífricas.
masticina e essência rica em pineno. são coriáceas e glabras (sem pêlos). O © Bochechos com uma decocção
Quando se mastiga Eòrma uma massa fruto è uma baga, vermelha ou negra, do
de folhas e caules tenros (100 g por
mole como a cera, que adere aos den- tamanho de uma ervilha.
litro de água), até 5 vezes por dia.
tes. Pela sua acção anti-inflamatória e Partes utilizadas: a resina e as folhas.
anti-séptica, combate a piorreia e a
gengivite (inflamação das gengivas)
IO). Torna-se útil no tratamento da pa-
rodontose (inflamação e degene-
rescência dos tecidos de fixação do
dente) MM, que é a primeira causa da
perda de peças dentárias no mundo.
Perfuma o hálito, produzindo uma
sensação de frescura e limpeza.
Tanto a resina da
pistácia (almécega),
As FOLHAS e CAULES tenros contêm como a decocção
uma menor quantidade de princípios das suas folhas e
activos, mas em compensação pos- caules, constituem
um dentifrico
suem mais tanino. Utilizam-se do mes-
natural m u i t o útil
mo modo que a almécega, em boche- contra a piorreia e a
chos feitos com a sua decocção l@l, inflamação das
para desinflamar e fortalecer a den- gengivas.
tadura.

197
Polygonum
blstortum L ai r. si 9. J a
Preparação e emprego

Bistorta
Um potente USO INTERNO

adstringente O Decocção com 20-30 g de rizoma


triturado por litro de água, da qual se
ingerem 3 ou 4 chávenas por dia.

USO EXTERNO
@ Bochechos: Fazem-se com o lí-
quido resultante da maceração de 60-
-100 g de rizoma triturado, num litro
de água durante 4 horas.
© Irrigações vaginais: Fazem-se
com uma decocção de rizoma com

O RIZOMA desta plania, difícil


de arrancar, forma dois ângu-
los, uil como d seu nome in-
che;!: bistorta, isto é. 'duas vezes torci-
da', 1*1 de cor avermelhada e apresen-
40-50 g por litro de água.

ta uma elevada percentagem de fécu- Outros nomes: colubrina. serpentâda-vermelha.


la, pelo que tem sido usado como ali- Esp.: bistorta. serpentária, hierba sanguinária. Fr.: bistorte.
mento ein épocas de escassez. Ing.: bistort.
Habitat: Própria de terrenos montanhosos e húmidos.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri- Encontra-se na Europa e por todo o continente americano.
zoma da bistorta comem abundantes Descrição: Planta da família das
taninos gálicos e catéquicos, que lhe Poligonáceas. que pode atingir até um
conferem uma acção fortemente ads- metro de altura. Caule com bastantes nós,
tringente. V. possível que seja uma das típico das plantas desta família botânica.
As folhas são grandes e ovaladas, o as
plantas mais adstringentes q u e se ( o-
flores, cor-de-rosa, formam uma espiga
nhecem. Actua localmente, secando, ci- terminal.
catrizando e enrijando a pele e as mu- Parte utilizada: o rizoma (caule
cosas do organismo. Apresenta ainda subterrâneo).
uma acção anti-séptica (combate a in-
fecção) e hemostátiea (detém as pe-
quenas hemorragias). Por nulo isto, é
indicada nos seguintes casos:
• Gcngivitee parodonlose l©l (gengi-
vas débeis e sangrantes), aplicada em
bochechos com a maceração do rizo-
ma.
• Estomatite l©l (inflamação da mu-
cosa bucal), em bochechos, e faringi-
te, aplicada em gargarejos com a ma-
ceração do rizoma.
• Diarreias e gastrenlerites IO), em es-
pecial quando acompanhadas de in-
fecção e hemorragia (disenteria, sal- O rizoma (caule subterrâneo) da
monelose. Cólera). bistorta ó muito rico em taninos de
• Vaginites l©l (inflamações vaginais) acção adstringente, que secam e
a c o m p a n h a r i a s de Leucorreia (fluxo cicatrizam a mucosa bucal e intestinal.
esbranquiçado e abundante).

198
Vibumum lantana L
í\

Viburno
Desinflama as gengivas

E STE BELO arbusto europeu


chama a atenção pelo curioso
lacto cie as suas bagas não ama-
durecerem todas ao mesmo tempo, K
frequente encontrar, no mesmo ra- Outros nomes:
malhete, bagas vermelhas (que ainda Esp.: lantana,
não amadureceram) e azuladas ou morrionera,
pretas (maduras). Têm um sabor barbadejo, pierno.
Fr.: viorne lantane,
adocicado c áspero e, embora em al- mancienne.
gumas regiões montanhosas da Itália Ing.: wayfaring tree.
se comam fermentadas, tornam-se Habitat: Bosques e sebes de toda a
bastante irritantes para o aparelho di- Europa, sobretudo nas regiões
gestivo. montanhosas.
Descrição: Arbusto da família das
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS ba- Caprifoiiáceas, que atinge até 3 m de
gas contêm uni glicósido ainda não altura. As folhas têm as nervuras
bem identificado c tanino em abun- salientes e são mais claras pela face
inferior. As flores são brancas e crescem
dância. São adstringentes e anti-sépti- formando uma umbela. Os frutos são
cas. Desinflamam a mucosa buca) e bagas negras quando estão maduros.
limpam a cavidade oral. Partes utilizadas: as folhas e os frutos
Usam-se em bochechos e gargare- (bagas).
jos, em caso de gengivite (inflamação
das gengivas), amigdalite (anginas) e
faringite (Ol.

Preparação e emprego

Precauções
USO EXTERNO
O Bochechos e gargarejos com
uma decocção de 20 g de bagas bem
O viburno emprega-se exclusiva- maduras (pretas) e 2 ou 3 folhas de
mente em uso externo. viburno por litro de água, 3-4 vezes
As bagas não devem ser ingeridas, ao dia.
pois produzem vómitos e diarreias.

199
PLANTAS PARA
A GARGANTA. NARIZ E OUVIDOS
O
bUMARlO DO Cí .0

A
GARGANTA, o nariz e os ouvi-
J dos constituem uma unidade
anatómica e fisiológica, pois io-
DOENÇAS E APLICAÇÕES dos estes órgãos comunicam en-
tre si, e a camada mucosa que lhes reveste
Afonia 203
Amigdalite e faringite 201
o interior é contínua, sem transição entre
uns e outros. Ciada ouvido comunica com
Ardor na garganta,
a laringe através de um fino canal chama-
ver Garganta, irritação 201
do trompa de Eustáquio.
BêqtàttB, plantas,
ver Garganta, irritação 201
Dor do ouvido (legenda de foto) 204 Quando nos referimos ã garganta, in-
Epistaxe, ver Nariz, hemorragia 203 cluímos também a laringe e as amígdalas
Faringite 201 (anginas), assim como a laringe, no inte-
Garganta, ardor, rior da qual se produz a voz.
ver Garganta, irritação 201
Garganta, infecção, Formando uma unidade funcional com
ver Amigdalite e faringite 201 as fossas nasais e em comunicação com
Garganta, irritação 201 elas, estão os seios paranasais, que são ca-
Gargarejos, plantas para 204 vidades abertas na espessura dos ossos do
Hemorragia nasal, rosto. A inflamação destas cavidades é co-
ver Nariz, hemorragia 203 nhecida como sinusite.
Irritação da garganta 201
Laringite 202 As amígdalas e os seios paranasais são lu-
Nariz, hemorragia 203 gares especialmente propensos a ser colo-
Nariz, inflamação, ver Rinite 203 nizados por germes patogénicos, que neles
Ouvido, dor (legenda de foto) 204 se instalam, constituindo assim focos de in-
Plantas para gargarejos 204 fecção de onde se lançam toxinas para o
Rinite 203 sangue e também para outros órgãos. Mui-
Rouquidão, ver Afonia 203 tas bronquites crónicas ou repetitivas, por
Sinusite 202 exemplo, devem-se à presença de um loco
infeccioso permanente nos seios parana-
PLANTAS sais ou nas amígdalas.
Agrimónia 205
Aúnlieira 210 As plantas medicinais, quer aplicadas lo-
Carvalho 208 calmente em forma de gargarejos, irri-
Cawalho-branco 210 gações nasais ou inalações, quer ingeridas
Erisimo = Rinchão 211 por via oral, têm uma acção anii-inilama-
Eupatória = Agrimónia 205 tória, suavizante, antibiótica e facilitadora
Hidraste 207 da expulsão da mucosidade, que contribui
Rinchão 211 decisivamente para a cura e, sobretudo,
Sobreiro 210 paia a prevenção das afecções desta im-
portante região anatómica.
>E PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

P o r t e D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

AMIGDALITE E FARINGITE Gargarejos com a infusão


A amigdalite é uma inflamação das VERBENA 174 Anti-inflamatória e emoliente ou decocção, cataplasmas
amígdalas, vulgarmente chamada an- com a planta fervida, infusão
ginas. É geralmente produzida por
uma infecção, que pode ser bacteriana AGRIMÓNIA 205 S/ÍSEZT* * * ***** Gargarejos com a decocção
ou então vírica. Quando esta inflamação
afecta o conjunto da mucosa da faringe da garganta
(garganta), e não apenas as amígdalas,
fala-se de faringite. **• ™ â*S e g e n e r a a s c é l u l a s Gargarejos com a infusão

0 tratamento fitoterápico de ambas as 2ç,a Anti-séptico e cicatrizante,


afecções baseia-se nas aplicações lo- CARVALHO Bochechos e gargarejos
alivia o ardor e a comichão
cais, principalmente gargarejos, com
as plantas indicadas no tabela "Plantas Gargarejos com o sumo e toques
para gargarejos" (pág. 204). LIMOEIRO 265 Anti-séptico e cicatrizante nas amígdalas com uma compressa
As infecções faríngeas repetitivas das empapada no sumo
crianças requerem a administração de
plantas de acção antibiótica e esti- NOGUEIRA 505 Anti-séptica, cicatrizante, adstringente Gargarejos com a decocção
mulante das defesas, tais como o to-
milho, as chagas e a equinácea. URUCU 700 Adstringente e cicatrizante Gargarejos com a infusão de folhas

Aumenta as defesas Tomar a decocção de raiz


EQUINÁCEA 755
contra as infecções ou preparados farmacêuticos

Gargarejos com a infusão, banhos


TOMILHO 769 Anti-séptico, estimula as defesas
de vapor e inalações com a essência

CHAGAS 772 Antibiótica natural, limpa as mucosas Infusão ou decocção


AGRIMÓNIA 205 Suaviza a garganta e aclara a voz Gargarejos com a decocção
GARGANTA, IRRITAÇÃO
Pode ser originada por diversas cau- Anti-séptico e cicatrizante, alivia
CARVALHO 208 Gargarejos com a decocção
sas, entre elas: infecciosas (faringite a comichão e o ardor da garganta
crónica), irritativas (fumo do tabaco, ina-
lação de substâncias químicas), atrófi- Acalma a tosse e a irritação
RINCHÃO 211 da garganta Infusão, gargarejos
cas (debilidade das células mucosas
que revestem a garganta), e até tumo- Infusão, xarope, gargarejos
AVENCA 292 Alivia a secura e irritação da garganta
rais. Manifesta-se por ardor ou comi- com a infusão
chão na garganta, tosse seca, incómo-
do ao engolir e mucosidade. ANTENÂRIA 297 Expectorante, anti-inflamatória, Infusão, gargarejos com a infusão
amolece a mucosidade
Todas estas plantas têm acção bé-
quica, isto é, acalmam a tosse devida Suaviza e seca ao mesmo tempo,
a ardor ou irritação da garganta. Usam- TANCHAGEM 325 Gargarejos com a decocção
alivia a irritação da garganta
-se tanto por via interna como local-
mente em gargare- Adstringente, expectorante Decocção,
jos. PULMONAR IA 331 e anti-inflamatória gargarejos com a decocção
Rinchão
Acalma a tosse,
TUSSILAGEM Infusão, gargarejos com a infusão
desinflama as mucosas respiratórias
VIOLETA Suaviza a garganta e acalma a tosse Gargarejos com a infusão
ANANÁS Acalma a tosse, facilita a expectoração Sumo do fruto
Infusão, essência,
ORÉGÃO Expectorante, sedante, antitússico
inalações com vapor

Emoliente, protege as mucosas Gargarejos com a infusão

Acalma a tosse rebelde por irritação Decocção com a casca e/ou folhas,
das vias superiores gargarejos com esta decocção

Anti-inflamatório, sedante suave, Decocção,


alivia a irritação gargarejos com a decocção

754 Antitússica, antibiótica Infusão, tintura

201
C i p . I I : PLANTAS P i GARGANTA, NARIZ E OUVIDOS
f/

Doença Planta Pág. Acção Uso


LARINGITE Gargarejos com a infusão
Inflamação da mucosa que reveste a la- VERBENA 174 Anti-inflamatória e emoliente ou decocção, cataplasmas
ringe,, que é o órgão onde se produz a com a planta fervida, infusão
voz. E acompanhada por um aumento
da produção de mucosidade na gar- 205 Alivia a inflamação e a irritação
AGRIMÓNIA Gargarejos com a decocção
ganta, tosse, afonia ou rouquidão e. da garganta
nos casos graves, dificuldade em res-
pirar por espasmo das cordas vocais, RlNCHÃO 211 Acalma a tosse e a irritação
da garganta, expectorante Infusão, gargarejos com a infusão
que fecham a passagem do ar.
AVENCA 292 Alivia a secura e irritação da garganta,
acalma a tosse
Infusão, xarope,
gargarejos com a infusão

ANTENÁRIA 297 Expectorante, anti-inflamatória,


amolece a mucosidade Infusão, gargarejos com a infusão

LlQUEN-DA-
-ISLÃNDIA
300 Peitoral, expectorante e antitússico Decocção

Favorece a expectoração
ALCAÇUS 308 Infusão ou maceração da raiz
e desinflama as vias respiratórias
Fluidifica e desinfecta as secreções
MARROIO 316 mucosas Infusão

PETASITE 320 Expectorante e emoliente Infusão de rizoma e folhas

325 Suaviza e seca ao mesmo tempo,


TANCHAGEM
alivia a irritação da garganta Gargarejos com a decocção

Acalma a tosse, desinflama


TUSSILAGEM 341 as mucosas respiratórias Infusão, gargarejos com a infusão

VERBASCO 343 Alivia a tosse e facilita a expectoração Infusão de flores


AssA-FÉTiDA 359 Alivia os espasmos da laringe Lágrimas (grãos de goma)
RABANETE E
RÁBANO
393 Amolecem a mucosidade, antibióticos Crus, sumo fresco

ORÉGÃO 464 Expectorante, sedante, antitússico Infusão, essência, inalações com


vapor

D«i»ri * 7K/I Combate a tosse, antibiótica,


Infusão, tintura
KORELA /P4 a n t i e s p a s m o d i c a

SINUSITE Pelo seu conteúdo em caroteno


CENOURA 133 (provitamina A) fortalece as mucosas Crua ou em sumo
É a inflamação dos seios paranasais, e aumenta as defesas
que são pequenas cavidades abertas
na espessura dos ossos do rosto e que Inalações dos vapores da decocção,
comunicam com as fossas nasais atra- VERBENA 174 Anti-inflamatória e adstringente compressas quentes com a infusão
vés de pequenos orifícios. O interior ou decocção sobre o rosto
destas cavidades ou seios é revestido
por uma camada mucosa cuja infla- ABETO-BRANCO 290 Balsâmico e anti-séptico, Inalação e ingestão da essência
mação, de cura lenta, produz dor de ca- regenera as mucosas de terebintina
beça e outros transtornos. Inalação e ingestão da essência
PINHEIRO 323 Balsâmico e anti-séptico
Além de irrigações nasais, recomen- de terebintina
dam-se compressas sobre o rosto, ina- RABANETE E
lações de vapores ou essências, e a in- RÁBANO
393 Amoleces a mucosidade. antibióticos Crus ou em sumo fresco
gestão de plantas com acção antibió- Ad slr n
tica como o rabanete ou as chagas. ROSEIRA 635 f ' gente, anti-inflamatória, Lavagens nasais com a infusão
anti-séptica de pétalas

EQUINACEA 755 Aumenta as defesas Decocção de raiz ou preparados


contra as infecções farmacêuticos

CHAGAS 772 Antibiótico natural, limpa as mucosas Infusão ou decocção

202
2 °
SAÚDE PELAS P U M A S MEDICINAIS

P a r t e D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

ATONIA RiuruKn 911 Acalma a tosse e irritação da garganta, Infusão e gargarejos com a infusão
É a perda ou diminuição da voz. Geral- HINCHAO ÍIL expectorante
mente, é consequência de uma infla-
mação ou infecção da laringe ou cordas ALCACUS 308 Favorece a
expectoração e desinflama
vocais (laringite), embora também pos- Infusão ou maceração da raiz
as vias respiratórias
sa ser devida a causas tumorais, ner-
vosas ou outras.
A rouquidão é a mudança do timbre da PETASITE 320 Expectorante e emoliente Infusão de rizoma e folhas
voz, que fica áspera e pouco sonora.
Tem geralmente as mesmas causas
que a afonia. Decocção, gargarejos
PULMONÂRIA 331 Expectorante, anti-inflamatória
Estas plantas, usadas por via interna ou com a decocção
em aplicação local, desinflamam as cor-
das vocais e contribuem para eliminar
a mucosidade, que com frequência cau-
VIOLETA 344 Suaviza a garganta e acalma a tosse Gargarejos com a infusão
sa a afonia ou rouquidão.
Infusão de pétalas, gargarejos
ROSEIRA 635 Anti-inflamatória, anti-séptica
com a infusão

NARIZ, HEMORRAGIA CARVALHO 208 AdsWngente. anti-inflamatório Tamponamentos nasais ou irrigações


e hemostatico com a decocção
(EPISTAXE)
AVELEIRA 253 Tónico venoso, vasoconstritora, Decocção de folhas e casca
É uma hemorragia que se produz nas hemostática
fossas nasais. Deve-se, em muitos ca-
sos, à rotura de alguma pequena veia
na fossa nasal, embora também possa URTIGA-MAIOR 278 Vasoconstritora e hemostática Tamponamentos nasais com o sumo
estar relacionada com a hipertensão.
As plantas medicinais de acção he- ABRUNHEIRO- Tamponamentos nasais
mostátíca ou adstringente aplicam- 372 Adstringente
-BRAVO com a decocção de frutos
-se em tampões nasais, preparados
com uma compressa de gaze, ou em
irrigações nasais. Convém combinar o PILOSELA 504 Adstringente Tamponamentos nasais com a infusão
tratamento local com a ingestão de ti-
sanas de algumas plantas de acção he- Irrigações e tamponamentos nasais
mostáfica ou protectora dos capi- TORMENTILA 519 Adstringente e hemostática
com a decocção
lares.

VIDEIRA
r.. Adstringente, protectora capilar, Aspiração de pó das folhas secas,
hemostática infusão de folhas

BOLSA-DE- g2g Aumenta a resistência dos capilares,


Tamponamentos nasais com a infusão
-PASTOR hemostática

MILEFÓLIO 691 Cicatrizante e hemostatico Tamponamentos nasais com a infusão

Decocção, tamponamentos nasais


Carvalho CAVALINHA 704 Hemostática
com a decocção concentrada

RINITE EUFRÁSIA 136 Anti-séptica, anti-inflamatória Infusão, irrigações nasais


e adstringente com a infusão
É a inflamação da mucosa que reveste
o interior do nariz. Usam-se plantas
adstringentes eantí-séptícas para la HIDRASTE 207 AnteéPtte8» regenera as células Infusão, irrigações nasais
vagens e irrigações nasais, antibióti- mucosas com a infusão
cas como as chagas e esternutató-
rias como o ásaro. PINHEIRO 323 Balsâmico e anti-séptico Inalação e ingestão da essência
de terebintina
Provoca es
ÁSARO 432 ° P'rro e
descongestiona Aspiração do pó de folhas
o nariz ou de raiz secas

CHAGAS 772 Antibiótico natural, limpa as mucosas Infusão ou decocção

203
C a p . 1 1 : P L A N T A S PARA A G A R G A N T A , NARIZ E OUVIDOS

Plantas para gargarejos

Aplicadas localmente em gargarejos, todas estas plantas


exercem uma ou várias das seguintes acções: anti-sép-
tica (desinfectante), emoliente (suavizante), cicatrizan-
te e adstringente (seca as mucosas). Por isso se reco-
menda o seu uso nas afecções infecciosas ou inflamató-
rias da garganta, como a faringite e a amigdalite. Ver na
página 71 a maneira de fazer os gargarejos.

Planta Pãg. Planta Pág.


Erva-de-são-roberto 137 Verónica 475
Verbena 174 Amieiro 487
Chá-de-nova-jersey 191 Epilóbio 501
O sumo de limão é um grande anti-séptico.
Ratánia 196 Nogueira 505 Aplicado sobre as amígdalas por meio de
Bistorta 198 Malva 511 toques com uma compressa de algodão,
Viburno 199 Tormentila 519 pode destruir diversos tipos de germes
patogénicos q u e se localizam nessa zona da
Agrimónia 205 Cinco-em-rama 520 garganta (pág. 267).
Hidraste 207 Goiabeira 522
Carvalho 208 Romãzeira 523
Saramago 211 Pimpinela-oficinal 534
Limoeiro 265 Silva 541
Avenca 292 Morangueiro 575
Antenária 297 Roseira 635
Alcaçus 308 Salva 638
Murta 317 Urucu 700
Tanchagem 325 Figueira 708
Serpão 338 Sanícula 725
Tussilagem 341 Consolda-maior 732
Verbasco 343 Quina 752
Violeta 344 Rorela 754
Abrunheiro-bravo 372 Framboeseiro 765
Drias 451 Sabugueiro 767
Orégão 464 Tomilho 769 I

As delicadas
flores da
violeta (pág.
344J suavizam
a garganta e
aliviam a tosse, O óleo de açucena |pág. 716) tem acção
t a n t o tomadas emoliente (suavizante) e anti-séptica. A
em infusão aplicação de umas gotas no canal auditivo
como em dá bons resultados em caso de otite ou de
xarope. dor do ouvido.

204
Agrímonla
eupatoria L • «

Preparação e emprego

Agrimónia
USO INTERNO
Aclara a voz O Infusão ou decocção com
20 ou 30 g de flores e folhas por
e suaviza a garganta litro de água. Podem-se tomar 3
ou 4 chávenas por dia, adoça-
das com mel no caso de se de-
sejar.

USO EXTERNO
© B o c h e c h o s e gargarejos
com uma decocção concentra-
da (100 g por litro). Deixa-se fer-
ver até reduzir a um terço o vo-
lume da água. Pode-se acres-
centar salva e tília. Adoçar com
50 g de mel.
© C o m p r e s s a s para aplicar

A AGRIMÓNIA pertence à fa- sobre as feridas. Embebem-se


mília das Rosáceas, constituí- nesta mesma decocção con-
da por mais de duas mil espé- centrada, sem a adoçar.
cies, entre as quais se encontram se-
guramente as plantas de maior bele-
za. No entanto, ao contrário de outras
Rosáceas, a agrimónia é uma planta
de aspecto bastante modesto, que não
atrai particularmente a atenção. Cla-
ro que, como acontece com muitas
outras coisas, a beleza e a eficácia nem
sempre se conjugam.
A agrimónia é conhecida e utiliza-
da desde a antiguidade clássica. Outros nomes: eupatoria, eupatório-dos-
-gregos, erva-dos-gregos, erva-hepática.
Mitrídates Eupator, médico e rei do Brasil: eupatório.
Ponto (132-63 a.C), utilizou-a ampla-
Esp.: agrimónia común, eupatório,
mente e deu-lhe o seu apelido: eupa- hierba de San Guillermo,
toria. cientoenrama. Fr.: aigremoine
Dioscórides e outros médicos e [eupatoirej, herbe de Saint-
botânicos gregos, aplicavam-na em Guillaume. Ing.: (commonj
agrimony.
compressas sobre as feridas de guerra.
Avicena, o famoso médico árabe me- Habitat: Prefere as sebes, margens
de bosques e ribanceiras, em climas
dieval, também a recomendava. temperados. Encontra-se em toda a Europa e no
Sul do continente americano.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A plan- Descrição: Planta herbácea da família das Rosáceas,
la contém ílavonóides, óleos essen- de 40 a 60 cm de altura, com caules erectos, no cimo dos
ciais, e sobretudo taninos, a que se quais se dispõem em ramalhete as suas flores amarelas. As
deve a maior parte dos seus efeitos sementes dos frutos estão cheias de ganchinhos que aderem à
medicinais. Os taninos actuam como roupa de quem passa e ao pêlo dos animais.
adstringentes sobre a pele e as muco- Partes utilizadas: as flores e as folhas.
sas, formando sobre elas uma camada
de proteínas coaguladas que impede
a actuação dos micróbios. E neste pro-

205
Os gargarejos feitos com
uma decocção de agri-
mónia aclaram a voz e
suavizam a garganta.

cesso que se baseia precisamente o


curtimento das peles.
A agrimónia cm infusão exerce um
interessante efeito antidiarreico.
Também é vermífuga (expulsa os ver-
mes intestinais) e ligeiramente diuré-
tica IOI.
• Afecções da garganta 101: faringites esta planta medicinal, que aclara a voz
Acontece, porém, que a maior uti- agudas e crónicas, amigdalites e la- e suaviza a garganta.
lidade terapêutica desta planta é em ringites (afonia). Os gargarejos dão • Como cicatrizante 101 em feridas re-
aplicação externa. nalguns casos resultados espectacula- nitentes ou que não cicatrizam, cha-
Pelo seu efeito adstringente e anti- res, fazendo desaparecer em poucos gas, úlceras varico.sas das pernas. Apli-
-inflamatório sobre as mucosas, torna- dias a inflamação e irritação das mu- ca-se colocando sobre a zona afectada
-se de grande utilidade nos seguintes cosas da garganta. compressas empapadas numa de-
transtornos: cocção de agrimónia. As feridas se-
• Ulceras da boca 101 (altas), aplica- Os cantores, locutores e conferen- cam, facilitando assim a sua cicatri-
da em forma de bochechos. cistas podem beneficiar muito com zação.

206
Hydrastis
canadensls L

Preparação e emprego

Hidraste USO INTERNO


O Infusão de uma colherada de
Eficaz contra os rizoma triturada, por cada chá-
catarros vena de água. Deixar repousar
até arrefecer. Tomam-se duas
colheradas desta infusão de 4
em 4 horas.

USO EXTERNO
© Aplica-se esta mesma infusão
externamente, em bochechos,
gargarejos, irrigações e lava-
gens.

O HIDRASTE é um remédio po-


p u l a r n o s Estados U n i d o s e
no Canadá, q u e começa a em-
pregar-se t a m b é m no resto do conti-
nente a m e r i c a n o , devido às suas inte-
ressantes p r o p r i e d a d e s .

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : O ri-
zoma c o n t é m diversos alcalóides (hi-
drastina e b e r b e r i n a e n t r e o u t r o s ) ,
CH3
óleo essencial, resinas e glícidos, assim
c o m o vitaminas A, B e C, e sais m i n e -
rais, em especial, fósforo. T u d o isto
lhe confere p r o p r i e d a d e s anti-sépti-
cas, adstringentes, h e m o s t ã t i c a s e H3C
antí-inflamatórias. Utiliza-se com êxi-
to nos seguintes casos: OCHi
• Catarros nasais, faríngeos e b r ô n - Fórmula química da hidrastina,
quicos. O hidraste actua eficazmente principal alcalóide do hidraste.
r e g e n e r a n d o as células das m e m b r a -
nas mucosas, pelo q u e d i m i n u i a se-
creção de m u c o e a congestão e infla-
mação q u e a c o m p a n h a os estados ca- Outros nomes: hidrastis.
tarrais. Aplica-se tanto p o r via interna Esp.: hidraste, sello de oro.
101, c o m o externa (gargarejos) 101. Fr.: hydrastis. Ing.: goldenseal.
Habitat: Bosques montanhosos e
• Menstruação excessiva e metrorra- húmidos da América do Norte. Não
gias (hemorragias uterinas) 101, devi- se cria no continente europeu.
do ao seu efeito constritor sobre o úte-
ro. Nestes casos o seu emprego exige TV Descrição: Planta da família das
Ranunculáceas, cujos caules
a vigilância do médico. nascem de um rizoma rasteiro, e
• Vaginite e leucorreia 101, aplicada atingem de 30-40 cm de altura. De
folhas grandes e palmadas, de cor verde
em forma de irrigações e lavagens. escura. Na ponta do caule forma-se um
• Piorreia e gengivite (inflamação das pequeno capitulo floral.
gengivas). Partes utilizadas: o rizoma.
• Conjuntivites (irritações oculares)
101, por meio de lavagens.

207
H

Carvalho Outros nomes: carvalho-comum, carvalho-alvarinho, carvalheira, roble.


Esp.: roble, carballo, roble aibar, roble común. roble europeo. Fr.: chêne. rouvre.
Ing.: oak.
Anti-infíamatório Habitat: Árvore muito conhecida, que forma extensos bosques na Europa e na América.
e adstringente Descrição: Grande árvore da família das Fagáceas, de copa larga e de tronco grosso e
maciço, que atinge até 20 m de altura. As (othas são (obuladas. de cor verde-escura na
página superior e mais clara na inferior. As bolotas, os seus frutos, nascem de longos
peciolos pendentes dos ramos.
Partes utilizadas: a casca e as bolotas.

G
campo.
OSTARIA de provar uma bo-
lota -roga o garoto aos pais,
com quem vai passeando pelo

-Que estás IH a dizer, miúdo! As bo-


lotas são para os porcos. Come este
bocadinho de presunto que a tua mãe
preparou paia ii.
-Então, papá, se são boas para o
porco, que nós depois vamos comer,
porque c que não comemos logo as
bolotas, sem terem de passar pelo ani-
mal?
-Só pensas cm disparates, Ilibo!-
conclui a mãe.
E a pergunta fica no ar...
A lógica elementar do garoto con-
trasta com os hábitos alimentares de
muitos dos que se autodenominam
Homo sapiens (homem sábio).
Se os habitantes dos países "desen-
volvidos'" seguissem um regime ali-
mentar mais rico em vegetais, e não
tão abundante em produtos de ori-
gem animal, como é hábito, diminui-
O Preparação e emprego
riam drasticamente muitas das do-
enças mais comuns, como a arterios-
clerose, o ínfarto do miocárdio e a USO EXTERNO - Banhos de assento e clisteres
trombose. (para afecções do ânus ou do recto).
O Decocção com 60-80 g (umas 4
- Banhos dos braços (para as
colheradas) de casca de carvalho ou
frieiras).
azinheira, triturada, num litro de

o Eliminar a cor amarela


água. Deixar ferver durante 10 mi-
nutos em lume brando. Depois filtra-
-se e aplica-se localmente sobre a
zona afectada, em qualquer das se-
- Fomentações ou compressas
quentes (sobre músculos ou articu-
lações doridas).
- Compressas, embebendo um
guintes formas: pano de algodão ou uma gaze que
se renova de 4 em 4 horas (para
A cor amarela que fica na pele de- - Bochechos e gargarejos (para afecções da pele).
pois dô se aplicar o carvalho é de- as afecções da boca e da garganta).
vida à acção dos taninos que con- - Lavagens oculares ou tampões
tém. Para eliminá-la, esfrega-se a - Irrigações vaginais. nasais.
pele com sumo de limão.

208
Os banhos de mãos (manilúvios)
e de braços, assim como os de
pés e pernas fpedilúviosj, me-
lhoram os transtornos circulató-
rios das extremidades, como,
por exemplo, as frieiras.

2 0 % ) , e n t r e os quais se destaca o áci-


do quercitânico. Os taninos são ads-
tringentes, islo é, secam as mucosas
inflamadas e precipitam ou coagulam
as p r o t e í n a s do.s tecidos animais. K
p r e c i s a m e n t e nisto q u e se baseia o
seu e m p r e g o c o m o a g e n t e s curtido-
res: secam a pele dos animais e trans-
lormam-na e m c o m o .
Os taninos são os adstringentes mais
enérgicos que se conhecem. Actuando so-
bre os tecidos inflamados, secam-nos
e endurecem-nos transitoriamente,
e n q u a n t o vão s e n d o s u b s t i t u í d o s a
p o u c o e p o u c o p o r tecido são. T ê m
l a m b e m um eleito anti-inflamatório
e a n a l g é s i c o . Além disso, d e t ê m as
p e q u e n a s h e m o r r a g i a s superficiais
(acção hemostática).
As BOLOTAS t a m b é m c o n t ê m tani-
no, além de glícidos (hidratos de car-
b o n o ) cr lípidos (gorduras) de alto va-
lor biológico. São a d s t r i n g e n t e s e
constituem um alimento a p r o p r i a d o
nas diarreias por g a s t r e n l e n t e , espe-
cialmente nas crianças.
A CASCA do carvalho e da azinhei-
ra aplica-se p o r via externa em forma
de decocção IOI ( p o r via interna, em-
bora n ã o seja tóxica, p o d e produzir
n á u s e a s ) , e tem n u m e r o s a s indica-
ções devido às suas e x c e l e n t e s pro-
priedades curativas:
• E s t o m a t i l e e faringite: Nas infla-
m a ç õ e s da m u c o s a bucal e da gar-
ganta, aplica-se em b o c h e c h o s ou em
A h u m i l d e bolota torna-se um ali- n h o l a c o m o n o p o r t u g u ê s Alentejo, gargarejos, várias vezes por dia, com
m e n t o muito agradável para aqueles existem u m a s bolotas d o c e s , a i n d a o q u e se c o n s e g u e aliviar a sensação
q u e a i n d a n ã o têm o p a l a d a r defor- mais saborosas do q u e as c a s t a n h a s de a r d o r e c o m i c h ã o , ao m e s m o tem-
m a d o pelos artificiais e sofisticados sa- ( p á g . 4 9 5 ) , e q u e , c o m o eslas, lam- po q u e se o b t é m um eíéilo anli-scpii-
bores da cozinha m o d e r n a . Durante: b e m se p o d e m comei assadas. co e cicatrizante.
séculos, as bolotas foram um alimen- • Gengivite, p a r o d o n t o s e , p i o r r e i a :
to básico de povos de g r a n d e forca fí- P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A CAS- Em t o d o o tipo de inflamação das
sica, c o m o , aqui na Península, o povo CA de todas as árvores do g é n e r o gengivas, ajuda a l i m p a r a sujidade
vasco. T a n t o na E s t r e m a d u r a espa- Quercus é muito rica em taninos (ale a c u m u l a d a nos seus recônditos. Nos

209
•Al,
casos incipientes, pode firmar os den-
tes que começam a abanar como con- Azinheira, sobreiro, carvalho-americano
sequência da inflamação das gengivas
e dos tecidos que fixam o dente ao
osso alveolar.
Além do Quercus robur L, existem várias árvores do género Quercus, todas
• Conjuntívite e blefarite (inflamação elas produtoras de bolotas e de propriedades medicinais bastante semel-
das pálpebras): Fa/em-se banhos ocu- hantes, entre as quais há a destacar:
lares, ou então aplica-se uma com-
• 0 Quercus ilexL, de tamanho mais pequeno, chamado azinheira, azinho ou
pressa embebida no líquido da de-
carrasco-loureiro.*
cocção, de 4 em 4 horas. Obtêm-se
muito bons resultados no caso de • O Quercus suberL, o sobreiro, ou sobro**, de cuja casca se obtém a cor-
conjuntivites irritativas ou alérgicas, tiça. Por isso nalgumas regiões da América Latina lhe dão nome de pau-de-
assim como nos terçóis. cortiça.
• 0 Quercus alba L, carvalho-branco**", que forma grandes bosques no Mé-
• Hemorragias nasais: Aplica-se em xico, nos Estados Unidos e no Canadá.
forma de irrigação, ou então embe-
bendo uma gaze que serve de tam- ' Esp.: encina, carrasca, chaparro.
pão. Recomcnda-se combinar com a " Esp.: alcornoque, chaparreta. sobrero, tomadizo.
tormentilha (pág. 519).
'" Esp.: roble blanco.
• Frieiras: Banho dos braços ou dos
pés, três vezes ao dia, durante 15 mi-
nutos, com uma decocção de casca de
carvalho ou azinheira, quente. Faz
desaparecer a vermelhidão e a co-
michão da pele.
• Hemorróidas e fissuras do ânus:
Reduz a inflamação anal, detém a pe-
quena hemorragia que costuma
acompanhar estes incómodos, e favo-
rece a cicatrização das dolorosas fis-
suras anais. Aplica-se em forma de
banho de assento quente, de 15 mi-
nutos de duração, uma ou duas vezes
diárias, e também em enema (clis-
ter).
• Eczemas e gretas da pele: aplica-se
em forma de compressa, embebendo
um paninho de algodão. Seca, desin-
flama e cicatriza a pele.
• Ulceras e chagas de difícil cicatri-
zação, incluindo as de origem vascu-
lar, devidas a má circulação nos mem-
bros inferiores (úlceras varicosas).
Aplicar uma compressa embebida no
líquido da decocção, renovando-a de
4 em 4 horas.
• Dores reumatismais: As fomen-
tações ou compressas quentes com
uma decocção de casca de castanhei-
ro têm também efeito anti-inflamató- As bolotas são ricas
rio e anti-reumático. Usam-se para em hidratos de car-
acalmar dores osteomusculares ou ar- bono e gorduras de
ticulares na região cervical, dorsal ou grande valor nutri-
lombar, assim como nas coxas e per- tivo. Pela sua acção
adstringente cons-
nas. Os reumáticos e os artrósicos be- t i t u e m um alimen-
neficiarão com as lómentações de to a p r o p r i a d o em
carvalho. caso de diarreia.

210
Slsymbrium offlclnale
Scopoll *

Preparação e emprego

Rinchão
USO INTERNO
Desinflama a garganta O Infusão com 50 g de sumida-
des floridas por litro de água.
e aclara a voz Adoça-se com mel. Tomar até 5
ou 6 chávenas quentes por dia.

USO EXTERNO
€) Bochechos e gargarejos com
a mesma infusão que se empre-
ga para o uso interno. Pode-se

V OU TER que desistir -lamenta-


-se um dos componentes do
coro de Notre-Dame ao seu
médico-. listou afónico há dois me-
ses, como consequência de um catar-
adoçar, caso se prefira. Recorde-
-se que não se deve engolir o lí-
quido usado para os bochechos e
gargarejos.

ro, e sem poder cantar.


-Não desesperes. Toma esta eiva e
faz gargarejos com ela. Verás como
voltas a ter a tua voz- responde Morín,
famoso médico parisiense do século
XVII.
E o rinchão fez o seu efeito. Na
época em que não existiam microfo-
nes, os cantores, oradores e actores de
toda a Europa encontravam nesta
planta o segredo para manter a voz
clara e forte.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O
rinchão é semelhante à mostarda
(pág. 663) no seu aspecto, sabor e
composição. Contém um óleo essen-
cial sulfurado que, quando entra em
contacto com a mucosa da boca e da
faringe, provoca, por um mecanismo
reflexo, um maior afluxo de sangue à
laringe e aos brônquios, o qual favo- Outros nomes: erva-rinchão, erísimo,
rece a secreção mucosa e a expecto- ertsimo-das-boticas, erva-dos-
ração. -cantores. Brasil: agrião.
Tem propriedades béquicas (acal- Esp.: erisimo, sisimbrio, hierba de los
ma a tosse e a irritação da garganta), cantores, jaramago. Fr.: érysimum, herbe
aux chantres, Ing.: érysimum, hedge mustard.
anti-inflamatórias e expectorantes.
Habitat: Comum em terrenos baldios e perto dos
Torna-se muito útil nos casos de fa- lugares habitados de toda a Europa. Conhecido no
ringite, rouquidão ou afonia por la- continente americano.
ringite (inflamação das cordas vo- Descrição: Planta da família das Crucíferas, de 40 a 100 cm de altura,
cais), e bronquite IO 01. de caule rígido e erecto. As folhas são grandes e profundamente
Os melhores resultados obtêm-se divididas em vários lóbulos. As flores são pequenas, de cor amarela
quando se combina o uso interno (in- pálida.
fusão) com o externo (bochechos e Partes utilizadas: as sumidades floridas e as folhas.
gargarejos).

211
PLANTAS PARA O CORAÇÃO

ri
SUMARIO DO CAPITULO
J Plantas cardiotónicas
DOENÇAS E APLICAÇÕES
Afecções do coração 213 São aquelas que aumentam a força de con-
Angina de peito 214 tracção do coração e melhoram o seu rendi-
Arritmia 214 mento. 0 protótipo das plantas cardiotónicas
é a dedaleira.
Cardiopatias,
ver Afecções do coração 213
Coração, afecções, Planta Pág.
ver Afecções do coração 213 Erva-cidreira 163
Coração, alteração do ritmo, Adónis-da-itália 215
verAmtmia 214
Lírio-dos-vales 218
Coração, infarto,
Pilriteiro 219
ver In farto do miocárdio 214
Coronárias, afecções arteriais, Dedaleira 221
ver Angina de peito 214 Graciola 223
As plantas cardiotónicas
classificam-se em dois
Doenças do coração, Agripalma 224
grupos: ver Afecções do coração 213 Giesta 225
De tipo digitáfico. São Infarto do miocárdio 214 Feijoeiro 584
aquelas cujos princípios Insuficiência cardíaca,
Ulmeira 667
activos sáo gJicósidos ver Plantas cardiotónicas 212
semelhantes aos da dedal eira. Palpitações 213 Azevinho 672
Têm uma acção cardiotónica Plantas cardiotónicas 212 Alecrim 674
intensa, e devem-se Ritmo cardíaco, alteração, verAmtmia 214 Evónimo 707
administrar com grande Taquicardia 213 Loendro 717
precaução, pois a dose tóxica
situa-se muito próximo da Hipofaé 758
dose terapêutica. PLANTAS
Não digitálicas: Sáo plantas Adónis-da-itália 215
que fortalecem o Agripahna 224

A
funcionamento do coração, Cacto-grandifloro 216 S PLANTAS medicinais exer-
mas que não contêm cem notáveis acções sobre o co-
Canforeira 217
giicósidos digitálicos. Podem- ração. São especialmente apre-
-se administrar sem as Convolaria = IJrio-dos-vales 218
precauções dos remédios Dedaleira 221 ciadas as plainas que aumentam
digitáJicos. Digital = Dedaleira 221 a forca das contracções cardíacas (chama-
As plantas cardiotónicas. Kspinheiro-alvar = Pilriteiro 219 rias cardiotónicas), cujo protótipo é a de-
juntamente com as diuréticas Giesta 225 daleira.
(cap. 22). constituem a base Graáola 223 Além de fortalecer o coração, as plantas
do tratamento fitoterápico da Lirio-dos-vales 218 medicinais c o n t r i b u e m de forma decisiva
insuficiência cardíaca
Pilriteiro 219 para a prevenção de d o e n ç a s graves tio co-
[incapacidade do coração
para cumprir a sua função de Seknkáw 2/6 ração, c o m o ÍV a n g i n a de peito e o infarto
impulsionar o sangue). do miocárdio.

212
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S
2 " P a r l e : D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

AFECÇÕES DO CORAÇÃO jl jgg Vasodilatadora e suavemente Infusão de flores,


Estas plantas convêm a todos aqueles hipotensora, fluidifica o sangue decocção de casca, extractos
que sofram de alguma afecção cardía- Pu R(TFIRO 21 9 Aumenta a irrigação sanguínea nas Infusão de flores, frutos frescos,
ca, devido ao seu efeito tonificante do coronárias e combate o seu espasmo extractos
coração, ao seu escasso conteúdo em
sódio (que aumenta a tensão arterial), e ,„.„„ OCA Aumenta a resistência do músculo Sumo fresco, decocção de frutos,
ARANDO 260
ao seu efeito diurético isento de ris- cardíaco cura de arandos
cos.
ANONA 489 Rica em fósforo e potássio Frutos frescos ou em sumo

CASTAKHHRO 495 **&2SSÍ!£&


e elevado em potássio Castanhas cruas ou assadas

SUm
MACIEIRA 513 Diurética, baixo conteúdo em sódio olfem decocção °

FEIJOEIRO 584 Melhora o rendimento do coração Decocção de vagens, verdura

Mu im W} Diurético bem tolerado, não altera ,, - . p . t i W p -


MILHO 099 o equilíbrio electrolitico do sangue infusão de estiletes

U T O , a c t i v a a , ú n ç í i o
HIPOFAÉ 758 ã J ^ ^ Bagas maduras, xarope de bagas

TAQUICARDIA P.I DiTcion ?i Q Aumenta a força contráctil do coração Infusão de flores, frutos frescos,
í um aumento da frequência do ritmo riLKiitiRo LY? e regulariza o seu ritmo extractos
cardíaco. Quando se produz em repou-
so, sem uma causa fisiológica que a ex-
plique, pode precisar de ser tratada.
Em geral, todas as plantas cardiotóni- A ~ 224 ^ ^ S f o H g a n nervosa « • * • * * •
cas, que aumentam a força das con-
tracções cardíacas, e portanto a sua
eficiência, reduzem também a sua fre- 225 ~ J ^ « - * | * . « ( I .
quência. Ás plantas sedativas e equi-
libradoras do sistema nervoso vege-
tativo (pág. 145) também podem travar
a taquicardia. * " * » 310 K o S c a r d i a c o mais tento) """São, xarope

PALPITAÇÕES LARANJEIRA 153 Antiespasmódica, sedante Infusão de folhas e/ou flores


As palpitações definem-se como a per-
cepção desagradável do próprio bati- ALFAZEMA 161 Pedante e equilibradora do sistema infusão, extractos, essência
mento do coração, devido a uma mu- nervoso
dança brusca no ritmo ou na frequência
da pulsação cardíaca. Podem ser cau- ERVA-CIDREIRA 163 Antiespasmódica, sedante Infusão, extractos
sadas por estados de ansiedade, uso
de certos fármacos, consumo de tóxi-
cos como o café, tabaco ou álcool, e, uVALERIANA
„,-„..... i7o Antiespasmódica,
172 sedante do sistema Infusão,
w - » maceração,
. - . , « « , « .póJ de
t , i raiz
Bni,
nervos ^ 0 c e n t r a | e' v e g e t a t i v o
mais raramente, por certas doenças do
coração. No electrocardiograma mos-
tram-se como extra-sistoles. Além das LíRio-DGS- O i1o8 Tonificante do coração, w.icãn
ln,usao
plantas antiespasmódicas, sedativas -VALES ^ antiespasmódico
e tonificantes do coração que se indi-
cam, é necessário um tratamento de Puorrciorv 9i Q Aumenta a forca contráctil do coração Infusão de flores, frutos frescos,
fundo da ansiedade subjacente (ver riLRmEiRo e regulariza o seu ritmo extractos
pág. 141), e eliminar o consumo de
café, tabaco, álcool ou outros tóxicos. VISCO-BRANCO 246 Antiespasmódico, sedante Infusão, maceração de folhas

LIMOEIRO 265 Antiespasmódico, sedante Infusão de folhas

ASSA-FÉTIDA 359 Antiespasmódica, sedante Lágrimas (grãos de goma)

213
C a p . 1 2 : P L A N T A S PARA O CORAÇÃO

Doença Planta Pág. Acção Uso

ARRITMIA Vasodilatadora, Infusão de flores, decocção de casca,


TlUA 169 suavemente hipotensora extractos
É a alteração no ritmo das pulsações
cardíacas, quer por este ser irregular, Antiespasmódica, sedante do sistema
quer demasiado lento (braquicardia) VALERIANA 172 nervoso central e vegetativo Infusão, maceração, pó de raiz
quer demasiado rápido (taquicardia).
A arritmia pode ser secundária, devida ADÓNIS-DA-
a um estado de ansiedade, ao uso de 215 Cardiotónico, sedante Infusão
-rrÂUA
tóxicos (especialmente o café ou o
chá), ou a certos medicamentos. Nes- Aumenta a força contráctil do coração Infusão de flores, frutos frescos,
tes casos não costuma envolver gravi- PlLRITEIRO 219 e regulariza o seu ritmo extractos
dade e cede quando se corrige a cau-
sa. Mas noutros casos, a arritmia pode Cardiotónica, Extractos farmacêuticos,
ser a manifestação de afecções cardí- DEDALEIRA 221 normaliza o ritmo cardíaco infusão de pó de folhas
acas que requerem um diagnóstico
preciso por parte do médico. Tonifica o coração
GIESTA 225 e torna mais lento o seu ritmo Infusão, extractos

Hipotensora, sedante, Preparados farmacêuticos, pó de raiz


RAUVÓLFIA 242 normaliza o ritmo cardíaco

Antiespasmódica,
GRINDÉLIA 310 torna mais lento o ritmo cardíaco Infusão, xarope

Vasodilatadora, suavemente
ANGINA DE PEITO Infusão de flores,
TILIA 169 hipotensora, sedante, fluidifica
É uma afecção caracterizada pelo apa- o sangue decocção de casca, extractos
recimento súbito de uma dor no peito,
irradiando algumas vezes para o braço ADÔNIS-DA- Vasodilatador das artérias coronárias,
215 cardiotónico Infusão
esquerdo, com uma sensação de mor- - ITÂLIA
te iminente. É causada por um espas-
mo ou estreitamento nas artérias coro- Aumenta a irrigação sanguínea nas Infusão de flores,
nárias, que são aquelas que irrigam o PlLRITEIRO 219 coronárias e combate o seu espasmo frutos frescos, extractos
próprio músculo do coração. 0 trata-
mento fitoterápico baseia-se em plantas
antiespasmód/cas (aliviam o espasmo AGRIPALMA 224 Cardiotónica, sedante Infusão, extractos
das artérias coronárias), vasodilata-
doras coronárias (dilatam estas arté-
rias) e sedativas. Cru, extractos,
ALHO 230 Vasodilatador, fluidificante do sangue
decocção de dentes de alho
Quando o espasmo arterial é devido a
arteriosclerose (endurecimento e es-
Vasodilatador melnora a
treitamento) das artérias coronárias, VISCO-BRANCO ?46 . irrigação Infusão ou maceração de folhas
visco BRANCO zí4b sanguinea do miocárdio
também são aplicáveis as plantas re-
comendadas contra esta afecção arte-
rial (pág. 228).
SENE-DA-IND«A 492defecar
^ 2 2 em
?!5 S ?de
caso r f prisão
í S l f fde
cK L™
ventre Infusão, extractos

BISNAGA 561 Antiespasmódica, vasodilatadora Infusão

INFARTO DO MIOCÁRDIO
É a obstrução completa das artérias co- Dilata as artérias Óleo de sementes em cápsulas
ONAGRA 237 e impede a formação de coágulos ou comprimidos
ronárias, o que tem como consequên-
cia a necrose de uma parte do múscu-
lo cardíaco. Além das plantas reco-
mendadas para a angina de peito, a fi-
Combate a arteriosclerose coronária,
toterapia oferece plantas para a pre- Preparados farmacêuticos
ESPIRULINA 276 pela sua riqueza em ácidos gordos
venção e reabilitação do infarto e da
arteriosclerose (pág. 228), causadora insaturados
da obstrução das artérias coronárias.
As plantas fluidificantes do sangue
(pág. 263) também exercem uma
função preventiva. GERGELIM 611 Previne a arteriosclerose e o infarto Sementes em diferentes preparações

214
Adónis vemalis L
^K] £

Adónis- Preparação e emprego

-da-itália USO INTERNO


O Infusão com 8 g de sumidades
Potente cardiotónico floridas em 200 ml de água a
60°C, em que se deixam até arre-
fecer. A dose habitual é de 4 a 6
colheres de sopa por dia.

O
ADÓNIS-DA-ITALIA é um
protótipo das plantas medici-
nais cuja dose terapêutica e.stá
muito próxima da dose tóxica. Isto
quer dizer que se deve manejar com
precaução.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas


as parles da planta contém dois tipos
cie gticó&idos cardiotónicos, seme-
lhantes aos da dedalcira (pág. 221): o
adonidósido c o adonivei nósido. Pos-
sui propriedades cardiotónicas (au-
menta a força das contracções cardía-
cas), dilatadoras das artérias coroná-
rias (combate a angina de peito), diu-
réticas e ligeiramente sedativas. Por
O adónis-da-itália pode substituir
tudo isto, sob vigilância médica, torna- a dedaleira como cardiotónico,
-se um remédio altamente apreciado mas deve ser usado sob vigilân-
em diversas afecções do coração IOI. cia médica.
Ao contrário dos glicósidos da de-
daleira, tão amplamente utilizados
como cardiotónicos, os do adónis-da-
-itália não se acumulam no organismo
(eliminam-se rapidamente com a uri- Outros nomes: casadinhos, lágrima-
-de-sangue.
na). Por isso, torna-se útil para substi-
tuir temporariamente a dedaleira, es- Esp.: adónis vernal, flor de adónis, ojo
de perdiz. Fr.: adónis (du printempsj.
pecialmente nos tratamentos prolon- Ing.: [yellow} adónis.
gados.
Habitat: Europa central e meridional. É
pouco frequente. Prefere os terrenos
rochosos e calcários orientados para o
sul.
Descrição: Planta da família das
Precauções Ranunculáceas, de 10 a 40 cm de
altura. As folhas subdividem-se em
segmentos muito estreitos. As flores são
Em doses elevadas produz náuse- grandes (3-6 cm), de cor amarela, e
as, vómitos e diarreias. Pela sua to- abrem-se ao nascer do Sol.
xicidade e dificuldade de uma do- Partes utilizadas: as sumidades
sifícação correcta, unicamente o floridas.
médico tem competência para pres-
crevê-lo e controlar os seus efeitos.

215
Coreus
gmndlflorusM\\\BT Oi

Cacto-
grandifforo
Um grande amigo
do coração

Sinonímia
científica:
Cactus
grandillorus L.
Outros nomes: cirio-do-
-méxico, flor-cheirosa, flor-da-noite, flor-de-
•baile, flor-de-seda, tocha-espinhosa. Brasil:
cacto, rainha-da-noite.
Esp.: cactus, reina de la noche.
-AI.
Fr.: cactine. Ing.: cactus.
Habitat: Originário das Antilhas e espalhado
por toda a América Central. Não se dá na Selenicéreo

A S BELAS flores deste cacio da


América Central têm uma vi-
da muito curta: numa mesma
noite nascem, exalam o seu aroma e
murcham. Mas as suas interessantes
Europa.
Descrição: Planta trepadora da família das
Cactáceas, que se caracteriza pelos seus
caules carnosos cobertos de espinhos, e
0 selenicéreo (Selenicerus gran-
raízes aéreas com que se agarra às rochas e diflorus Britt.-Rose)*, chamado
às árvores. As flores são muito grandes (até em alguns países cacto-espinal,
propriedades medicinais persistem, e
30 cm), esbranquiçadas e muito aromáticas. cardão, gigante e rainha-das-flo-
tornam-na uma planta muito apre-
Os frutos são umas bagas ovóides de cerca res, é uma das diversas espécies
ciada.
de 8 cm de comprimento cada uma. da família botânica das Cactáce-
Partes utilizadas: as flores e os frutos. as, muito semelhante ao Cereus
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS FLO- grandiflorus L. As suas proprie-
RES contêm glicósidos cardíacos, fia- dades são também multo se-
vonóides e captina, um alcalóide mui-
to activo sobre o coração. Têm pro- Jf Preparação e emprego
melhantes. O selenicéreo é,
além disso, uma planta cultivada,
priedades cardiotónicas, antiarrítmi- pois os seus frutos são aprecia-
cas (regularizam o pulso) e vasodila- dos em muitos lugares, sobretu-
tadoras das artérias coronárias (OI. Po- do no México e nas Antilhas.
dem complementar ou até substituir O Flores: O mais seguro é tomá- Os géneros Cereus e Selenice-
a dedaleíra (pág. 221). Sào indicadas -las em forma de preparados far- rus de cactos têm em comum for-
no caso de insuficiência cardíaca, val- macêuticos elaborados com elas. mar caules erectos e cilíndricos.
vulopatias (alteração nas válvulas do © Polpa dos frutos: Podem in- As suas diversas espécies não
coração), transtornos do ritmo (pal- gerir-se de 2 a 10 por dia. se distinguem facilmente, pelo
pitações) e angina de peito (fazem de- que têm com frequência os mes-
€> Óleo das sementes: De meia
saparecer a sensação de opressão no a uma colherada é suficiente pa- mos nomes vulgares.
peito). ra se obter o efeito purgante. ' Esp.: pitahaya.
A. POLPA dos frutos contém mucila-
gens de acção laxativa 101, suave, e, as
SEMENTES, um óleo purgante 101.

216
Clnnamomum
camphora (L) Steb.

Canforeira
Tonifica o coração
e a respiração

A
CANFOREIRA é uma árvore
milenária, que começa a pro-
duzir cânfora a partir dos 30

•4J
anos. Na China conhecem-se exem-
plares com cerca de 2000 anos de
idade.

P R O P R I E D A D E S E INDICAÇÕES: A cân-
fora é u m a substância b r a n c a cristali-
na, q u e se o b t é m p o r c o n d e n s a ç ã o do
óleo essencial q u e destila da madeira
da canforeira. Do p o n t o de vista quí-
m i c o , trata-se d e u m a c e t o n a d o hi-
drocarboneto aromático borneol. FJor da
canforeira
Exala um forte e típico a r o m a , e tem
um s a b o r fresco e p i c a n t e . As suas
p r o p r i e d a d e s são:
Sinonímia científica: Laurus
• Estimulante cardio-respiratória IO): camphora L.
Estimula os c e n t r o s nervosos da res- Outros nomes: cânfora,
piração e da actividade cardíaca, au-
m e n t a n d o a frequência e a profundi-
O Preparação e emprego
canforeiro.
Esp.: alcanforero, [árbo! dei]
d a d e da respiração, e t o n i f i c a n d o o alcanfor, alcanfor dei Japón.
coração (acção analéptica). Usa-se em Fr.: camphrier. Ing.: camphor
casos de congestão p u l m o n a r (bron- tree.
USO INTERNO Habitat: Originária da costa
quite, p n e u m o n i a , a s m a ) , desmaios,
lipotimias, h i p o t e n s ã o e arritmias. O Pó de cânfora: até 0,5 g por oriental da Ásia (Japão. China),
dia, repartido em 3 ou 4 doses. onde é muito cultivada, assim
• Anti-séptica e febrífuga IOI: Muito como nos Estados Unidos.
útil em gripes e constipações. USO EXTERNO
Descrição: Árvore da família das
© Loções e fricções com óleo Laureáceas, que pode atingir até
• Anafrodisíaca IOI: Diminui a exci-
ou álcool canforados, que se pre- 50 m de altura. As suas folhas
tação sexual.
param dissolvendo a cânfora a são perenes e de consistência
• Anti-reumática e analgésica l@l: C) 10%, em azeite ou então em ál- coriácea; as flores são pequenas
óleo ou o álcool de cânfora usam-se cool. e brancas.
em aplicação externa p o r m e i o de Partes utilizadas: a essência da
fricções, para aliviar as d o r e s reumáti- sua madeira.
cas e as nevralgias.

217
Convallaria
majallsL H

Lirio-dos
-vales
Tónico cardíaco

A S FOLHAS e as sumidades flo-


ridas do lírio-dos-vales, ou
convalaria, são utilizadas pela
indústria farmacêutica na produção
de medicamentos tonificantes do co-
ração. No entanto, também podem
usar-se no seu estado natural, desde
que se tenham em conta as pre-
cauções que aqui se indicam.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém glicósidos cai diotóni-
cos, semelhantes aos da dedaleira, e Outros nomes: convalaria, lirio-de-maio, lirio-convale,
saponinas. Ao contrário destes, os gli- campainhas-de-maio, funquifho. Brasil: flor-de-maio.
cósidos da convalaria não se acumu- Esp.: convalaria, lirio de los valles, muguete. Fr.: muguet.
lam no organismo, o que representa Ing.: lily of the valley.
uma vantagem; mas em troca são mais Habitat: Bosques frescos de toda a Europa. Metade norte
difíceis de tolerar (produzem vómi- da Península Ibérica. Naturalizada na América.
tos). Descrição: Planta vivaz da família das Liliáceas, que
atinge de 10 a 30 cm. Tem duas grandes folhas elípticas e
Além da stia propriedade tonifi- alongadas, e um raminho de flores brancas muito
cante do coração, esta planta é anties- aromáticas. O fruto é uma baga vermelha.
pasmódica e diurética IOI. Emprega- Partes utilizadas: as folhas e as sumidades floridas.
-se, sempre sob vigilância médica, nos
casos de insuficiência cardíaca, hipo-
tensão, lipotimia, palpitações, hiperu-
ricemia (excesso de ácido úrico) e li-
tíase urinária (cálculos renais).
O Preparação e emprego

USO INTERNO
O Infusão: A dose habitual é de
Precauções 3 a 5 g de folhas e/ou sumidades
floridas, por chávena efe água. To-
mam-se uma ou duas chávenas
por dia.

Não ingerir as bagas, que são tóxi-


cas, nem ultrapassar a dose.
A intoxicação manifesta-se por vómi-
tos e violentas diarreias. As folhas e as flores do lírio-dos-
-vales têm um potente efeito
cardiotónico.

218
Cmtaegus
monogynaóacq.
m LI i .

Pilriteiro Outros nomes: escalheiro,


pirliteiro, espinheiro-atvar,
espinheiro-branco.
Fortalece o coração Esp.: espino blanco, oxiacanio,
nispero espinoso. Fr.: aubépinefà
e acalma os nervos un style}, epinière. Ing.: [common]
hawthorn, May bush.

C OMO te arranjas para ter umas


cabras tão fortes e ágeis? -per-
gunta uni camponês grego do
primeiro século da nossa era, a um
seu vizinho.
O verão já está a acabar, e os cam-
pos secos e pedregosos do Mediterrâ-
neo parecem não oferecei muito ali-
mento a estes rudes mamíferos. Habitat: Comum nos bosques
-Pois olha, vou dizer-te o segredo. de toda a Europa.
Já viste aqueles arbustos cheios de es- Naturalizado na América.
pinhos, com uns frutos pequenos e Descrição: Arbusto
vermelhos? Procura um desses arbus- espinhoso da família das
tos e dá as bagas a comer às tuas ca- Rosáceas, que atinge de
2 a 4 m de altura. As
bras. Em poucos dias notarás os resul- folhas são caducas,
tados. divididas em 3 ou 5
Efectivamente, as cabras do vizinho lóbulos. As flores são
adquiriram uma vitalidade como nun- brancas, aromáticas. Os
frutos são bagas de cor
ca antes haviam tido. Pareciam infati- vermelha.
Partes utilizadas: as
flores e os frutos.

Precauções -O? Preparação e emprego

Em doses muito elevadas (12 ou 15 USO INTERNO €) Frutos frescos: Embora apre-
vezes maiores que as recomenda- sentem uma menor concentração de
das), pode apresentar-se bradicar- princípios activos, também são efi-
O Infusão com 60 g de flores (umas
dia (diminuição da frequência do pul- cazes, e pode tomar-se um punha-
4 colheres de sopa) por litro de água.
so) e depressão respiratória. Com do deles 3 vezes ao dia.
As flores frescas são mais eficazes
as doses recomendadas não se pro- do que as secas. Administram-se 3 €) Extracto seco: Recomenda-se
duz nenhum efeito secundário inde- ou 4 chávenas diárias. de 0,5 a 1 g, 3 vezes ao dia.
sejável.

21Í
«M,

¥? Outras espécies
de pilriteiro

O Crataegus oxyacantha L. é uma es-


pécie de pilriteiro que coexiste com o
Crataegus monogyna L, ambos com
propriedades praticamente idênti-
cas. Diferenciam-se em que as ba-
gas da espécie oxyacantha tem 2 ou
3 caroços, enquanto as da espécie
monogyna apenas têm um.

As flores e os frutos do pilriteiro constituem um dos remédios vegetais mais


eficazes no tratamento da taquicardia, da hipertensão e de outros transtor-
nos cardiovasculares de origem nervosa.

gáveis, trepando pelos penhascos sob dos triterpénicos e diversas aminas ta a circulação do sangue nas arté-
O escaldante sol do verão grego. Bem biogenéticas (trimeiilamina, colina, rias coronárias, e combale o seu es-
pode ter acontecido que aqueles ca- tiramina, ctc.), que potenciam o efei- pasmo, causador da angina de pei-
breiros fossem contar a sua experiên- to cardiotónico. Toda a planta, graças to. 1*". um bom vasodilatador das ar-
cia a Dioscói ides, perspicaz observa- às propriedades do conjunto destas térias coronárias.
dor, brilhante botânico e Iarnoso mé- substâncias, é:
dico, que recomendou esta planta O eleito cardiotónico e anti arrít-
• Cardiotónica IO,0,01: Propriedade mico desta planta é semelhante ao
para fortalecer o organismo e para cu-
atribuída sobretudo aos flavonóides, que se obtém com a dedaleira, planta
rai- diversas doenças. Também pode
que inibem (impedem) a acção da que o pilriteiro pode substituir com
vir desse tempo o seu nome de Crato-
adenosin-trifosfatase (ATPase). Esta vantagens (não em casos agudos). O
egus, que em grego quer dizer 'cabras
enzima é a que decompõe o ATP, pilriteiro não tem a toxicidade nem
fortes'.
substância que serve de fonte de ener- os perigos de acumulação próprios da
O pilriteiro foi sempre muito apre- gia para as células, incluindo as do dedaleira.
ciado como remédio. Mas o conheci- músculo cardíaco. Impedindo-se a
mento empírico que se tinha dele, ba- destruição do ATP, as células dispõem • Normalizadora da tensão IO,0.€)I: O
seado nos seus eleitos sobre as cabias, de maior energia, e produz-sc um au- pilriteiro tem um efeito regulador so-
não pôde ser comprovado cientifica- mento da foiça contráctil do coração, bre a tensão arierial, pois fá-la descer
mente antes do século XIX. Foi só e uma regularização do seu ritmo. Por em quem a tenha alta e provoca a sua
nesta época q u e j e n n i n g s e outros esta razão, o pilriteiro tem as seguin- subida nas pessoas que sofram de hi-
médicos noi le-amei icanos estudaram tes indicações: potensão. A sua acção normalizadora
as propriedades cardiotónicas deste sobre a hipertensão é rápida e evi-
arbusto. -Insuficiência cardíaca (debilidade dente, conseguindo-se efeitos mais
do coração), acompanhada ou não duradouros do epie aqueles que se
Nos nossos dias, o pilriteiro goza de de dilatação das suas cavidades, de- conseguem com outros anti-hipei ten-
um grande prestígio como planta me- vida a miocardites ou miocardio- sores sintéticos.
dicinal e faz parte de numerosos pre- patias (inflamação ou degene-
parados jitoterapèuticos. rescência do músculo cardíaco), • Sedativa do sistema nervoso simpá-
lesões valvulares ou infarto de mio- tico (efeito simpalicolílico) IO,€>,0I
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS do- cárdio recente. Torna-se útil nas pessoas que sofrem
res sobretudo, e também os frutos do de nervosismo, manifestado por uma
pilriteiro, contêm diversos glicósidos —Arritmias (transtornos do ritmo do sensação de opressão no coração, ta-
Havónicos, que quimicamente são po- coração): cxtra-sístoles (palpi- quicardia, dificuldade em respirar, an-
lifenóis. aos quais se atribui o seu efei- tações), taquicardia, íibrilação au- gústia ou insónia. V. unia das plantas
to sobre O coração e o aparelho cir- ricular ou bloqueios. ansiolíticas (que eliminam a ansieda-
culatório. Kiiconirain-sc ainda deriva- -Angina de peito: o pilriteiro aumen- de) móis eficazes que se conhecem.
Dlgltalls purpúrea L
ÉÚ U J U

Preparação e emprego
Dedaleira
USO INTERNO
Tónico cardíaco muito
O Preparados farmacêuticos: A
potente, que pode maneira mais segura e mais
tornar-se tóxico bem tolerada de aplicar a deda-
leira é utilizar o seu extracto em
forma de preparado farmacêutico.
No entanto, a planta completa é
mais eficiente, embora requeira
mais precaução para se adminis-
trar a dose exacta. Só farmacêu-
ticos e médicos com experiência
em fitoterapia podem tirar o máxi-
mo proveito desta poderosa plan-
ta que, correctamente aplicada,
pode resolver graves problemas
cardíacos e, inclusivamente, sal-
var a vida.
© Infusión: Faz-se com 1 g de

A DEDALEIRA é um exemplo
típico de como uma mesma
planta pode curar ou matar.
No século XVII, na Inglaterra, deu-se
pela primeira vez uma infusão de fo-
pó obtido por trituração das folhas
secas, em 100 ml de água quen-
te, sem que chegue a terver. Dei-
xar repousar durante 15 minutos.
Tomá-la ao longo do dia, às co-
lhas cie dedaleira a um doente que so- lheradas. Não ultrapassar esta
fria de hidropisia de origem cardíaca dose. Não se deve tomar de for-
(inchaço de todo o corpo por falha ma continuada durante mais de
do coração). Poucos anos mais tarde, 10 dias seguidos, pois os glicósi-
a dedaleira foi incluída na Farmaco- dos acumulam-se no organismo; o
peia de Edimburgo. habitual é tomá-la 5 dias seguidos
e descansar dois.
Desde então, fizeram-se muitas in-
vestigações bioquímicas e biológicas USO EXTERNO
com esta planta, cujos princípios acti-
© Compressas: Prepara-se uma
vos ainda não puderam ser substituí-
infusão com 1 ou 2 folhas por litro
dos por nenhum produto químico.
de água, que se aplica sobre a zo-
na da pele afectada, empapando
compressas de algodão.

o Excelente cicatrizante Outros nomes: digital, abeloura, beloura, erva-dedal, troques, tróculos, caçapeiro,
maia, estoura-fSores, caralhotas, dedalário, dedaleiro-verdadeiro, nenas, luvas-de-
-santa-maria, estraques, estoirotes. Brasil: erva-deda, luvas-de-nossa-senhora.
Esp.: digita} purpúrea, dedal colorado, dedalera, dediies, guante de ia Virgen.
Fr.: digital [pourprée], gant de Notre Dame. Ing.: [purple] foxglove, common toxglove.
Em uso externo, as folhas desta plan-
ta são um excelente cicatrizante de Habitat: Comum em montanhas de terrenos siliciosos da Europa Ocidental.
úlceras e chagas cutâneas, incluin- Naturalizada no continente americano.
do as varicosas 101. Era esta a prin- Descrição: Planta bienal, da família das Escrofulariáceas, que atinge até 1,5 m de
cipal aplicação da dedaleira antes de altura. As folhas são grandes, aveludadas e lanceoiadas, e saem da parte inferior da
planta. As flores têm a forma de dedo, de cor púrpura ou rosada, e crescem todas
serem descobertos os seus efeitos juntas no extremo do caule.
sobre o coração.
Partes utilizadas: as folhas.

221
& Precauções

Apesar de a dedaleira ser


uma planta tóxica, as into-
xicações acidentais são ra-
Fórmula ras, devido ao seu desagra-
química da dável sabor. Depois de se
digoxina, comer folhas ou flores des-
glicósido cardiotónico obtido
ta planta, produz-se uma
especialmente a partir da dedaleira
lanosa. O radical (Dx}3 representa o irritação na boca, náuseas,
componente glicidico do glicósido, vómitos, alterações da
que no caso da digoxina é formado visão, bradicardia e, final-
por três moléculas do açúcar mente, paragem cardíaca.
digitoxose. Bastam algumas flores para
causar a morte de uma
criança (e utiliza-se como
planta ornamental!).
Actualmente, os glicósidos cia de- Os primeiros socorros
daleira são amplamente utilizados em consistem em lavagem ao
medicina, e têm salvo a vida a milha- estômago, purgantes, car-
res de doentes do corarão. vão activado, e a transferên-
Ao mesmo tempo, porém, a deda- cia urgente para um centro
leira é uma planta muito tóxica, e a hospitalar.
infusão de apenas uma pequena par-
te de uma única Colha (cerca de 10 g)
pode causar a morte de um adulto. E
um problema de dosificação: a mar-
gem terapêutica é muito estreita, e a
dose tóxica está muito próxima da cu- Devido a existirem grandes va- los efeitos cardiotónicos que a deda-
rativa. riações na concentração dos princí- leira tem sobre o músculo cardíaco.
pios activos, segundo o lugar onde a Os mais importantes são a digoxina e
planta se desenvolveu, a época da re- a digitalina. Possuem as seguintes pro-
colha, a rapidez da secagem das Fo- priedades:
lhas, e t c , a indústria farmacêutica re- -Aumentam & força das contracções
correu no i.soJamenio desses princí- do coração, melhorando o seu ren-
Outras dedaleiras pios activos quimicamente puros. dimento mecânico.
Deste modo, é mais fácil doseá-los e
aplicá-los correctamente. Em contra- -Normalizam o ritmo cardíaco quan-
partida, a eficácia destes extractos é do este é irregular ou demasiado
Existem diversas espécies similares
do género Digitalis. Três delas são menor, pois se prescinde de outras rápido (taquicardia).
bastante conhecidas: substâncias presentes na planta, e que Por tudo isto, os glicósidos da de-
- dedaleira-amarela (Digitalis lutea complementam a sua acção. daleira são um remédio insubstituível
L),' nos casos de insuficiência cardíaca
- dedaleira-de-flores-grandes (Digi-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Pode- IO.01 (incapacidade rio coração para
talis grandiflora Miller)," bombear o sangue de que o corpo
mos distinguir dois lipos de substân-
- dedaleira-lanosa (Digitalis lanata necessita), que nos casos agudos se
cias na dedaleira:
L).- manifesta clinicamente como edema
Estas três espécies diferenciam-se da / N ã o glicósidas: digilollavina (co- (encharcamento) pulmonar, ou
dedaleira purpúrea sobretudo pela cor rante amarelo), ticloexanol, ácidos como hidropisia (acumulação de lí-
das suas belas flores. As proprieda- málico e suecínico, tanino e uma dias- quido nas cavidades e tecidos do or-
des cardiotónicas e cicatrizantes de tase oxidante. Estas substâncias não ganismo). Além disso, normalizam o
todas elas são muito semelhantes. têm uma acção directa sobre o co- ritmo do coração e têm uma certa
* Esp.: digital amarilla. ração, ma.s complementam e poten- acção diurética, o que contribuí para
" Esp.: digital de flores grandes. ciam os efeitos dos glicósidos. melhorar o funcionamento do apa-
"' Esp.: digital lanosa. relho circulatório.
/ Glicósidos: São os responsáveis pe-

222
Gmtíola offícinalls L
•J P

Preparação e emprego

Gracíola USO INTERNO


O Infusão: Prepara-se com a
Fortalece o coração planta seca triturada. A dose má-
xima por toma é de 2 g de planta
seca, e de 10 g a máxima diária.
© Extracto fluido: A dose ad-
missível é de 20 gotas, de uma a
três vezes ao dia.

A GRACIOLA foi muito utiliza-


da na Idade Média e na Mo-
derna, dado que se lhe atri-
buíam imensas virtudes medicinais
que não puderam ser demonstradas.
Actualmente continua a ter utilidade
como substituto da dedaleira (pág.
221), embora sob a vigilância do médi-
co. Por isso se chama também 'peque-
na-dedaleira'.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém glicósidos cardiotóni-
cos, dos quais os mais importantes são
a graciolina e a graciosolina. Possui
propriedades tonificantes do coração,
diuréticas e purgativas IO.OI.
O seu uso actual é reservado aos ca-
sos em que existe intolerância aos
princípios activos da dedaleira. A gra-
cíola tem a vantagem de os seus glicó-
sidos cardiotónicos não se acumula- A gracíola tonifica o coração, e o
rem no organismo, como acontece seu uso constitui uma alternativa
com os da dedaleira. aos tratamentos com dedaleira.

Outros nomes: graciosa, cinifólio, erva-do-


•pobre, pequena-dedaleira.
Precauções Esp.: graciola, hierba dei pobre, hierba de la
fiebre, hierba de las calenturas. Fr.: gratiole
(officinale), petite digitale, herbe à pauvre homme.
Ing.: gratiole, hedge hyssop.
É necessário respeitar as doses in- Habitat: Difundida por pântanos e lugares húmidos
dicadas, por se tratar de uma planta da Europa e América do Norte.
potencialmente tóxica. As doses su- Descrição: Planta vivaz de 15 a 30 cm de altura, da
periores às recomendadas provocam família das Escrofulárias, cujo caule ê oco, redondo
vómitos e cólicas intestinais com he- na base e quadrangular no vértice. Folhas opostas e
morragia. finamente dentadas. As flores são de um cor-de-rosa claro ou amarelo.
Têm um cheiro desagradável.
Em intoxicações maciças pode haver Partes utilizadas: A planta florida seca.
inclusivamente paragem cardíaca.

223
Leonorvs
cardíaca L CJ 14 J

Preparação e emprego

Agripalma USO INTERNO


O Infusão com 30-50 g de sumi-
Acalma as pafpitações dades floridas e folhas por litro de
água, da qual se ingerem 3 ou 4
chávenas diárias.
© Extracto fluido: 10 gotas, três
vezes ao dia.

USO EXTERNO
© Lavagem das feridas com a
mesma infusão que se usa inter-
namente.

A AGRIPALMA cullivava-se nas


hortas dos mosteiros desde o
século XV, e era muito apre-
ciada em toda a Europa, ao ponto de
ser considerada capaz de aliviar todos
Precauções
os males. Daí resulta que, mais tarde,
tenha caído em descrédito. Actual-
mente, ainda que ocupe um lugar
modesto na fitoterapia, continua a ser Não excederas doses indicadas,
uma planta útil. pois a sua acção sobre o coração
poderia tornar-se demasiado in-
tensa, devido aos glicósidos car-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a diotónicos que esta planta possui.
planta contém um óleo essencial, um
princípio amargo (a leonurina), um
alcalóide (leonurinina), glicósidos e
taninos. Possui as seguintes proprie-
dades:
• Cardiotónica e sedativa 1O,0I: Toni- Outros nomes: cardíaca. Brasil:
fica o músculo cardíaco. Acalma a ta- chá-de-frade, erva-macaé.
quicardia de origem nervosa e as pal- Esp.: agripalma, cardíaca, cola de
pitações. Recomenda-se aos hiperten- león, mano de Santa Maria.
sos e aos que sofrem de angina de pei- Fr.: agripaume, cardiaque.
to. Ing.: [commonj mothenvort.
• Emenagoga IO.OI: O alcalóide que Habitat: Pouco frequente na Europa
e na América do Norte. Em Espanha
comem estimula as contracções uteri- só se encontra nos Pirenéus. Rara
nas e favorece o fluxo menstrual. Usa- em Portugal.
se nas dismenorreias (transtornos da
Descrição: Planta vivaz de 60 a 120
menstruação). cm de altura, da família das
• Adstringente IO.01: pelo seu con- Labiadas. As suas folhas são
leúdo em lanino, e carminativa (eli- grandes, pecioladas e palmadas, e
as flores de cor rosa ou púrpura.
mina os gases e flatulências intesti-
nais). Partes utilizadas: as sumidades
floridas e as folhas frescas.
• Cicatrizante l©l: A infusão da agri-
palma uiili/.a-se para limpar e curaras
feridas.

224
Sarothamnus scopaiius
(L) Wlmmer f. 19.

Preparação e emprego

Giesta
USO INTERNO
Tónico cardíaco O Infusão com 20-30 g de flo-
e diurético res e/ou ramos por litro de água,
da qual se tomam de 2 a 4 chá-
venas por dia.
© Extracto seco: Tomam-se
0,3 a 0,4 g, 3 vezes ao dia.

O
S LONGOS caules deste ar-
busto utilizam-se desde a anti- Precauções
guidade para fabricai vassou-
ras. For outro lado, só desde o século
XIX é utilizada era fitoterapia, quan- Não exceder as doses reco-
do se descobriu que continha substân- mendadas, já que podem pro-
cias muito activas sobre o sistema cir- duzir subidas da pressão arte-
culatório. rial. Os hipertensos devem evi-
tar o uso desta planta.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta, e especialmente as RAMAS,
contêm vários alcalóides, representa-
dos pela esparteína, que aumentam a
torça contráctil do coração c dimi- Sinonímia científica:
nuem o ritmo das suas pulsações. So- Cytisus scoparíus Lam.,
bre o útero, exercem uma acção oci- Spartium scoparium L.
tócica (aumentam a força das suas Outros nomes: giesta-brava, giesta-
contracções). Os ramos contêm tam- -ribeirinha, giesteira-das-vassouras,
bém aminas estimulantes do sistema giesteira-comum, retama, chamiça,
nervoso vegetativo (tiramina e dopa- escova, maias.
mina), que têm efeito vasoconstritor e Esp.: retama negra, escobón, hiniesta
hipertensor IO.©l. [blanca), hiniesta de escobas.
Fr.: genêt [à balais], genettier.
As FLORES contêm ainda ílavonói- Ing.: Scotch broom.
des (esGoparína), que as tornam diu- Habitat: Bermas de caminhos e sebes
réticas, e são especialmente recomen- em terrenos siliciosos (ou calcários)
dadas em caso de edemas por insufi- do centro e sul da Europa. Em
ciência cardíaca, assim como de gota, Portugal, encontra-se em quase todo o
pais. Acha-se aclimatada no
nefrose (albuminúria), nefrite e cál- continente americano.
culos renais IO.©I.
Descrição: Arbusto da família das
A giesta ulili/.a-se sob vigilância mé- Leguminosas, que atinge 1,5 a 2 m de
dica, nos transtornos cardiovasculares: altura. As flores são amarelas e o fruto
insuficiência cardíaca (efeito seme- é uma vagem pubescente.
lhante ao da digital, pág. 221), hipo- Partes utilizadas: as ramas jovens e
tensão, arritmias, taquicardias. Tem-se as flores em botão.
usado lambem como estimulante do
parto.

225
PLANTAS PARA AS ARTÉRIAS

Ti

A
SAÚDL' das artérias depende
ARIO DO CAPITULO
1 em grande parle da qualidade
do sangue que circula pelo seu
interior. Entre as centenas de
DOENÇAS E APLICAÇÕES
substâncias que o sangue transporta, o co-
Arteriosclerose 228 lesterol LDLserá possivelmente a mais pre-
Circulação sanguínea insuficiente, judicial para as artérias.
ver Falta de irrigação sanguínea . . 228
Colesterol, plantas contra o 229
O colesterol é um lípido que o nosso or-
ganismo produz e utiliza para diversas
Desmaio 228
funções bioquímicas. Quando existe em
Fritema pérnio, vfí'Frieiras 229
excesso, tem a particularidade de deposi-
Falta de irrigação sanguínea 228
O alho é um grande amigo tar-se na camada que reveste o interior das
Frieiras 229
do sistema cardiovascular. artérias, chamada íntima, onde provoca
Frio, frieiras 229
Faz descer a pressão uma irritação e, posteriormente, uma lesão
arterial e fluidifica o Hipertensão arterial 227
degenerativa. O resultado é um endureci-
sangue. Hipotensão arterial 227
mento da parede arterial e um estreita-
Insuficiência circulatória cerebral,
mento do seu lume (abertura interior),
ver Falta de irrigação sanguínea . . 228
conhecido como arteriosclerose. São vá-
Irrigação sanguínea, falta de 228
rios os factores que a favorecem, especial-
Lipotimia, ver Desmaio 228 mente:
Plantas contra o colesterol 229
Plantas vasoconstritoras 229 • o aumento de colesterol no sangue, ge-
Plantas vasodilatadoras 229 ralmente devido a uma alimentação rica
Tensão alta, ver Hipertensão arterial. .227 em produtos de origem animal, tomo
Tensão baixa, ver Hipotensão arterial . 227 por exemplo a carne e os seus derivados,
Vasoconstritoras, plantas 229 a manteiga, a nata, o queijo e os ovos;
Vasodilatadoras, plantas 229 • a hipertensão arterial;
• o hábito de fumar.
PLANTAS As plantas medicinais contribuem para a
saúde das artérias, reduzindo a tensão ar-
Alho 230
terial; e, também, fazendo descer o nível
Alho-de-urso 233
de colesterol no sangue, mediante um des-
Cersefi-bastardo 243
tes dois mecanismos:
Fwa-dos-bmros = Onagra 237
Extrai se da onagra um Ginkgo 234 • Diminuição da absorção intestinal de co-
óleo muito rico em ácidos lesterol: A libra do farelo de aveia ou a
gordos polinsaturados que Girassol » 236
reduz o nível de colesterol Oliveira 239 da polpa tia maçã retêm o colesterol no
no sangue. Onagra 237 interior do intestino, impedindo-o de
Pervinca 244 passar para o sangue.
Rauvólfia 242 • Diminuição da produção de colesterol
Vicária 245 pelo organismo: L" assim que actuam os
Visco-americano 247 óleos vegetais, ricos em ácidos gordos in-
Visco-branco .. 246 saturados, como o linoleico e o linolé-
nico.
SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

2* P o r t e : D e s c r i ç h o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

HIPERTENSÃO ARTERIAL Vasodiladora e suavemente Infusão de flores, decocção de casca,


TÍLIA 169 hipotensora, sedante, fluidifica o sangue extractos
O aumento da tensão arterial, seja da
tensão sistólica ou máxima, seja da Sedante, diminui a ansiedade
diastólica ou mínima, pode ter causas VALERIANA 172 e a tensão arterial Infusão, maceração ou pó de raiz
patológicas, como doenças dos rins,
arterioscleroses ou transtornos hormo- Infusão de flores, frutos frescos,
PILRITEIRO 219 Normaliza a pressão arterial
nais. No entanto, em boa parte dos ca- extractos
sos, desconhece-se a origem do trans-
torno e qualifica-se de hipertensão es- Vasodilatador, diminui tanto a tensão Cru, extractos, decocção
ALHO 230
sencial. máxima como a mínima de dentes de alho
A fitoterapia dispõe de plantas sedati- OLIVEIRA 239 Faz descer a tensão arterial Decocção de folhas
vas e equilibradoras da tonicidade
nervosa (pág. 145), plantas diuréticas
(ver cap. 221) e plantas vasodilatado- Hipotensor, vasodilatador,
VlSCO-BRANCO 246 Infusão ou maceração de folhas secas
ras (pág. 229), de provada eficácia hi- regulador do sistema cardiovascular
potensora, especialmente em caso de
hipertensão essencial. Hipotensora, diurética,
CEBOLA 294 depura o sangue de resíduos tóxicos Crua, sumo fresco, cozida ou assada
Oliveira Cebola LlNGUA-
-CERVINA
321 Normaliza os números da tensão Decocção de frondes

Hipotensora, diminui o tono


MANJERONA 369 do sistema nervoso simpático Infusão, essência

Diurética, antiespasmódica, iníusão, sumo da planta tresca,


FUMARIA 389 fluidificante do sangue extractos
Cura de maçãs e arroz contra a
MACIEIRA 513 Diurética, baixo conteúdo em sódio
hipertensão, infusão de folhas e flores
Diurético bem tolerado, não altera
MILHO 599 o equilíbrio electrolítico do sangue Infusão de estiletes

Normaliza a tensão arterial,


GINSENG 608 Preparados farmacêuticos
tanto se estiver baixa como alta

CAVALINHA 704 Diurética, remineralizante Decocção, sumo fresco

HIPOTENSÃO ARTERIAL Estimula os centros nervosos da


CANFOREIRA 217 respiração e da actividade cardíaca Pó de cânfora
A tensão arterial baixa manilesta-se por
abatimento, falta de tonicidade muscu- LlRIO-DOS-
lar e sensação de fadiga. As plantas -VALES
218 Tonificante do coração Infusão
que se recomendam tonificam
os sistemas cardio- Infusão de flores, frutos frescos,
PILRITEIRO 219 Normaliza a pressão arterial
vascular e nervoso, extractos
• e são preferíveis
Estimulante do sistema nervoso
^^S/T \d ao uso habitual de Infusão de flores e/ou ramas,
W - S ^ w y^ excitantes como o GIESTA 225 vegetativo, vasoconstritora,
extractos
café, o chá-mate hipertensora
ou o chá. MANJERICÃO- Tonifica os sistemas nervoso
-GRANDE
368 e cardiovascular Infusão, essência

SEGURELHA 374 Tonificante do sistema nervoso Infusão, essência

GlNSEiNG
608 Normaliza a tensão arterial, Preparados farmacêuticos
tanto se estiver baixa como alta
c..„. A oo Tonificante, estimulante
Infusão, essência
ÒALVA OJO das glândulas supra-renais

ALECRIM 674 Tonificante geral Infusão, banhos, fricções

Grnseng
™ S55SJ5U—»•*• * « o , essência

227
Cap. 13; PLANTAS PARA AS ARTÉRIAS

Doença Planta Pág. Acção Uso

DESMAIO
Perda súbita da consciência, com que- LARANJEIRA 153 Antiespasmódica, sedante Infusão de folhas e/ou flores
da no solo. Costuma ser acompanhado
de hipotensão. Além das plantas reco-
mendadas para a hipotensão, que po-
dem prevenir os desmaios, podem-se Sedante e equilibradora
usar estas três, que dão equilíbrio ao ALFAZEMA 161 do sistema nervoso
Infusão, extractos, essências
sistema nervoso e circulatório.

ERVA-CIDREIRA 163 Antiespasmódica, sedante Infusão, extractos

Vasodilatadora e suavemente
ARTERIOSCLEROSE Infusão de flores, decocção
TILIA 169 hipotensora, sedante, fluidifica
É um endurecimento e estreitamento de casca, extractos
o sangue
das paredes das artérias causado por
depósitos de colesterol, que impede a Cru, extractos, decocção
chegada de sangue suficiente aos teci- ALHO 230 Vasodilatador, fiuidificante do sangue
de dentes de alho
dos irrigados por esses vasos.
O tratamento íitoterápico consiste no Vasod lata Infusão, compressas, cataplasmas,
uso de plantas vasodilatadoras (pág. GiNKGO 234 ' d ° r ' melhora a irrigação
sanguínea banhos
229), fluidificardes do sangue (pág.
263), e plantas ricas em oligoelemen-
t o s como o silício, que favorecem a re-
generação dos tecidos que formam a PERVINCA 244 Vasodilatadora, aumenta a irrigação Decocção, preparados farmacêuticos
dos tecidos
parede arterial.
Todas as plantas que fazem descer o
nível de c o l e s t e r o l (pág. 229) previ-
nem e evitam o aparecimento da arte- VISCO-BRANCO 246 Melhora a irrigação sanguínea Infusão ou maceração de folhas
visco BRANCO <£4b d0 c o r a ç ã o e do cérebro
riosclerose, já que esta substância gor-
da é a que origina a degenerescência e
o estreitamento das paredes arteriais.
Pelo seu conteúdo em silício, evita a
GALEOPSE 306 degenerescência do tecido conjuntivo Infusão
das paredes arteriais

Regenera as fibras elásticas


HARPAGÓFITO 670 das paredes arteriais, Infusão de pó de raiz, cápsulas
faz descer o colesterol

NULEFÓUO 691 Fluidifica o sangue, Infusão


melhora a circulação

Pelo seu conteúdo em silício, estimula


CAVALINHA 704 a regeneração das fibras elásticas Infusão
Pervinca das paredes arteriais

FALTA DE IRRIGAÇÃO
SANGUÍNEA Infusão, compressas, cataplasmas,
PiMi/m 93/i Vasodilatador, melhora a irrigação
Também se chama insuficiência circu- HINKGO '** sanguínea banhos
latória, e caracteriza-se por uma des-
proporção entre o sangue de que um
órgão necessita e aquele que realmen-
te chega até ele através das artérias
que o irrigam. Afecta especialmente o
cérebro, produzindo, entre outros sin-
tomas, enjoos, perda de memória e re- m 0A/. Vasodilatadora, aumenta a irrigação
dução da capacidade intelectual. Decocção, preparados farmacêuticos
PERVINCA ^44 d o s t e d d o s

228
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso
Compressas com a decoccão
FRIEIRAS RATÂNIA 196 Adstringente e anti-inflamatória
de casca
Também chamadas eritema pérnio.
São um transtorno da circulação local ?nR Adstringente, alivia o enrubescimento Banho de pés ou mãos
CARVALHO
causado pelo frio, caracterizado pelo e a comichão com decoccão da casca
aparecimento de inchações avermelha-
das nos dedos das mãos ou dos pés, Infusão, compressas,
GINKGO 234 Vasodilatador e protector capilar
acompanhadas de comichão ou de dor. banhos de pés ou mãos
Além destas plantas, aplicadas em ba- o,. Adstringente, anti-inflamatória, Lavagens e compressas
nhos ou compressas, são indicadas PULMONÁRIA i i L
emoliente com a decoccão
também as protectoras capilares
(Pág. 248). ClNCO-EM- Compressas com a decoccão da raiz,
520 Adstringente, hemostática, cicatrizante
-RAMA banhos
Adstringente, protectora dos capilares, Decoccão de folhas,
VIDEIRA 544
hemostática banhos com a decoccão
Lavagens, banhos e compressas
MlLEFÓLIO 691 Vulnerária, cicatrizante, anti-séptica
com a infusão

As plantas
Plantas vasoconstritoras vasoconstritoras apJicam-
-se geralmente por via
Plantas contra o colesterol
externa para apertar os
vasos sanguíneos e deter
Provocam uma contracçãono calibre as hemorragias (acção
dos vasos sanguíneos. hemostática).
As plantas que diminuen o nivei de colesterol
no sangue também se chamam hipolipe-
Planta Pág. miantes, pois fazem ret iuzir a quantidade de
Giesta 225 lipidos ou gorduras no s ingue. 0 colesterol é
um dos lipidos ou gordu ras mais importantes
Aveleira 253 que circulam pelo sangue, além dos triglicéri-
Cipreste 255 dos e outros.
Gilbarbeira 259
Urtiga-maior 278
Planta Pág. Uso
Aveia 150 Infusão de farelo
As plantas vasodilatadoras Dormideira 164 Óleo das sementes
usam-se nas afecções
Plantas vasodilatadoras circulatórias causadas pela Girassol 236 Óleo das sementes
falta de irrigação Onagra 237 Óleo das sementes
sanguínea quer no
cérebro quer no coração Oliveira 239 Óleo dos frutos
São aquelas que dilatam os vasos san-
guíneos, especialmente as artérias, (angina de peito ou Alcachofra 387 Folhas, caules, flores
permitindo assim uma maior passa- infarto), quer ainda nas Macieira 513 Frutos
gem de sangue. pernas. Todos estes
transtornos são causados Videira 544 Óleo das sementes
geralmente pela Salsaparrilha-bastarda 592 Raiz, rizoma
Planta Pág. arteriosclerose.
Milho 599 Óleo do gérmen
Tília 169
Gergelim 611 Sementes, óleo
Adõnis-da-itália 215 Infusão de folhas
Ortossifão 653 e flores
Ginkgo 234
Infusão de raiz,
Onagra 237 Harpagófito 670 comprimidos
Pervinca 244 Algodoeiro 710 Óleo das sementes
Visco-branco 246 O alho é também
Abacateiro 719 Frutos
um hipolipemianto eficaz
Bisnaga 561 (redutor do nível i Borragem 746 Óleo das sementes
Salsa 583 de colesterol) 1 Açafroa 751 Óleo dos frutos

229
AlHum 8ativum L
/} PI l Al

Alho
Cura e previne com
eficácia uma multidão
de males

N
ESTE livro encontrará Iodas
as maravilhosas virtudes do
alho. c a maneira de comê-lo
para evitar o sen cheiro - dizia certo
vendedor ao seu cliente, com bastan-
te entusiasmo.
Este, sentindo na cara uma bafora-
da de hálito com forte cheiro a alho, Outros nomes: alho-vulgar, alho-comum.
fez-lhe a seguinte pergunta: Esp.: ajo. ajo común, ajo blanco. ajo colorado. Fr.: ail. Ing.: garlic.
—E você. pratica os conselhos do Habitat: Originário da Ásia Central, a sua cultura estendeu-se pelo mundo inteiro.
seu livro? Descrição: Planta bolbosa vivaz, da família das Liliáceas. que atinge de 30 a 80 cm
de altura. As suas flores são esbranquiçadas ou avermelhadas. A raiz tem um bolbo
-Claro que sim! Depois de comer composto de vários boibilhos, que são conhecidos como dentes.
os alhos, como uma maçã e mastigo
Partes utilizadas: O bolbo.
umas folhinhas de salsa... - respon-
deu imediatamente o vendedor, mui-
to convencido da eficácia do seu mé-
todo.
XJ Preparação e emprego
O certo é que quem tiver comido
alho não o pode ocultar. Todas as se- USO INTERNO ma perde-se uma parte das suas pro-
creções do corpo o denunciam. Além priedades, mas evita-se o mau hálito.
0 alho pode tomar-se de muitas ma-
do hálito, cheiram a alho os arrotos, neiras, entrando numa infinidade de
O Alho com azeite (esp. ajoaceite,
as ventosidades, o suor, a urina, e até receitas culinárias. Destacamos aqui
fr. ailloli): É talvez a melhor forma de
o leite das mães que amamentam. Al- administrar o alho. Obtém-se por
apenas aquelas que mais convêm do
guns resolvem comê-lo à noite, para emulsão de vários alhos triturados em
ponto de vista medicinal.
sofrerem sozinhos o incómodo mau azeite de oliveira, até conseguir uma
cheiro. Outros confiam na maçã e na O Cru: Mastigar de um a três dentes massa pastosa e homogénea, se-
salsa. E há ainda quem aceite a sua fe- de alho, preferentemente de manhã. melhante à maionese.
tidez, como aquele galhardo capitão
© Extracto de alho: Em cápsulas,
de cavalaria francês que, como relata USO EXTERNO
têm a vantagem de não provocar mau
Mességué, apesar de empestar de alho © Clisteres: Muito úteis contra os pa-
odor corporal de qualquer tipo, em-
todo o ambiente num raio de dez me- rasitas intestinais. Preparam-se mis-
bora seja necessário tomar doses ele-
tros, tinha conseguido uma reputação vadas para obter efeitos terapêuticos. turando 2 ou 3 colheradas de alho
inigualável entre as clamas da sua re- A dose habitual costuma ser de 6 a com azeite num litro de água morna.
gião... 12 cápsulas (600 a 1200 mg) por dia. Também se pode introduzir um den-
te de alho cru untado em azeite, no
Não é por acaso que o alho é origi-
© Decocção de dentes de alho: Pôr ânus, como se fosse um supositório.
nário da Ásia Central, região em que Desta forma se alivia o prurido anal
uma cabeça de alho num litro de
se encontram os homens mais longe- água, e ferver durante 5 minutos. To- das crianças, e se consegue um
vos do planeta, e onde a incidência do mar três chávenas por dia. Desta for- acentuado efeito vermífugo.
cancro é a mais baixa de todas as que
se conhecem. Os antigos Egípcios in-

230
& Precauções

O uso do alho em doses elevadas,


especialmente cru ou em extractos,
é desaconselhado em casos de he-
morragia, quer seja por causa trau-
mática (feridas, acidentes, etc.) ou
menstruai (regras abundantes).
Devido à sua acção fiuidificante do
sangue (vera secção corresponden-
te), as doses elevadas de alho po-
dem prolongar as hemorragias e di-
ficultar os processos de coagulação.
Não se recomenda o emprego con-
tinuado de grandes doses de alho
durante a gravidez.

O alho é um grande amigo do sistema cardiovascular. Ingerido de forma


t i n i a m o a l h o na dieta d o s robustos regular, produz uma descida da tensão arterial, tanto da máxima como da
escravos construtores de pirâmides. mínima. Para que o efeito seja notável, as doses devem ser e/evadas (até
como atestam as inscrições encontra- 3 dentes, ou de 6 a 12 cápsulas por diaj.
das nas proximidades das pirâmides
de Gize.
Os Gregos consideravam-no uma
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a tensão arterial, tanto da máxima
fonte de força física e obrigavam os
planta, mas especialmente o bolbo, como da mínima. Tem um eleito va-
atletas a comer um dente de alho cru
contém aliina (glicósido sulfurado), sodilatador, pelo que é útil aos hiper-
antes de cada competição nos Jogos
uma enzima (aliinase), vitaminas A, tensos, aos arterioscleróticos e aos que
Olímpicos, talvez para que assim cor-
Bi, Bit, C e niacina (vitamina do com- sofram do coração (angina de peito
ressem com mais fúria. Dioscórídes e
plexo B). A aliina é inodora, mas pela ou infarto). O alho é um grande ami-
Galeno consideravam-no uma pana-
acção da aliinase, que actua quando o go do sistema circulatório.
ceia. Contudo, nos templos das divin-
dades gregas, proibia-se a entrada aos alho é esmagado, converte-se primei-
• Fiuidificante do sangue IO0.0.OI: O
fiéis que cheirassem a alho. ro em aliicina, e depois em bissulfu-
alho actua como antiagregante pla-
reto de atilo (a genina do glicósido).
Na Idade Média, os médicos utili- quetário (impede a tendência exces-
que são os princípios activos mais im-
zavam uma máscara impregnada de siva das plaquetas sanguíneas para se
portantes, que comunicam o típico
alho para assistir aos doentes, espe- agruparem formando coágulos) e
cheiro a alho.
cialmente os que tinham peste. Mais como fibrinolítico (desfaz a librina,
tarde, a lama do alho chegou ao con- proteína que forma os coágulos de
A aliina e o bissulfureto de alilo são sangue). Tudo isto contribui para au-
tinente americano, sendo muito apre-
substâncias altamente voláteis, que se mentar a fluidez do sangue, tornando
ciado no México, no Peru e nos res-
dissolvem com grande facilidade nos o alho muito recomendável para
tantes territórios da Nova Espanha. Je-
líquidos e nos gases. Transportadas aqueles que tenham sofrido de trom-
rónimo Pompa assim o confirma na
pelo sangue, impregnam todos os bose, embolias ou acidentes vascula-
sua obra, Colección de medicamentos
Órgãos e tecidos do organismo. Desta res, por falta de irrigação sanguínea.
indígenas, escrita em meados do sé-
forma actuam por todo o corpo, ainda
culo passado.
que com maior intensidade sobre os • Hipolipemiante IO,0.0.01: Diminui
Muitas são as propriedades que se Órgãos através dos quais se eliminam: o nível de colesterol 1.1)1. (colesterol
têm atribuído ao alho ao longo da his- os pulmões e brônquios, os rins e a nocivo) no sangue, possivelmente de-
tória. K a maior parte delas foram con- pele. vido ao facto de dificultar a sua ab-
firmadas por investigações científicas sorção no intestino. Foi possível veri-
recentes. É provável que o alho seja o Podemos sintetizar as múltiplas ficar que, nas horas seguintes a um pe-
remédio vegetal vom maior número de propriedades do alho, desta forma*. queno-almoço à base de torradas com
propriedades demonstradas experimen- • Hipoten.sor IO.Ô.0.OI: Km doses ele- manteiga, o colesterol se eleva em
talmente. vadas, o alho provoca uma descida da 20%; mas, se si- esfregar o pão com

231
o Acção do alho sobre o
sistema cardiovascular

Colesterol LDL (nocivo) descida


Colesterol HDL (bom) ligeiro
aumento
Colesterol total descida
Triglicéridos descida
Actividade fibrinolítica aumento
Agregação plaquetária redução
Tensão arterial descida

Estes resultados obtêm-se depois de


tomar diariamente entre 600 e 900
mg de pó de alho desodorizado du-
rante 4 meses. Os extractos de alho
sem cheiro são tão activos como o
alho cru. Diversos estudos mostram
uma descida de 11% a 12% no nível
de colesterol, e até 17% no de trigli- A acção antibiótica do alho é mais notável q u a n d o se toma cru. Ao contrário
céridos. dos antibióticos habituais, que deprimem as defesas contra as infecções, o
alho estimula-as.

bastante alho, mesmo comendo a -Estafilococos e estreptococos, cau- - nas dispepsias fermentativas, cau-
manteiga, não se produz um tal au- sadores de furúnculos (boi bulhas sadoras de flatulência no cólon.
mento. Esta observação científica foi infectadas) e outras infecções da -nas infecções urinárias (cistites e
publicada no IndiemJournal o/Nutri- pele.
pielonefrites), com muita frequên-
tion (vol. 13,11." 1).
-Fungos de diversos tipos, leveduras cia causadas pelo Escherichia coli.
• Hipoglicemiante IO,0.©.OI: Dado e alguns vírus, como o do herpes. - e m diversas infecções bronquiais
que normaliza o nível de glicose no Crê-se que os princípios activos do (bronquites agudas e crónicas),
sangue, convém que seja utilizado pe- alho interferem nos ácidos nuclei- pois ao eliminar-se o bissulfurelo
los diabéticos (como complemento das cos do vírus, limitando assim a sua de alilo pelas vias respiratórias, ac-
outras medidas terapêuticas) e pelos proliferação. tua directamente sobre a mucosa
obesos, e também por aqueles que bronquial. É além disse» expecto-
tenham antecedentes familiares de O poder bactericida do alho no
tracto intestinal é selectivo perante as rante e antiasmático.
diabetes, como preventivo.
bactérias patogénicas, respeitando a • Estimulante das defesas IO.0.O.O1:
• Antibiótico c anti-séptico geral IO.0, flora saprófita normal, paia a qual é O alho aumenta a actividade das cé-
©Ol: Desde meados do século XX benéfico. Nisto tem vantagem sobre a lulas defensivas do organismo, os lin-
tem-se vindo a investigar as proprie- maior parte dos antibióticos conheci- fócilos e os inacrófagos. Kstas células,
dades anti-infecciosas do alho. Foi dos, pois regula a flora intestinal em que circulam no sangue, protegem-
possível comprovar a sua acção anti- vez de destruí-la. -nos dos microrganismos e são, além
biótica, tanto in vivo como in vitro, na disso, capazes de destruir também as
presença dos seguintes microrganis- O seu uso é muito indicado:
células cancerosas, pelo menos nas fa-
mos: - e m todos os tipos de diarreias, gas- ses iniciais da formação tuinoral.
-'Eschcrichia coli', causador da dis- trenterites e colites.
O consumo do alho tem um efeito
bacierinsc intestinal e de infecções - nas salmoneloses (infecções intes- benéfico em qualquer doença infec-
urinárias. tinais geralmente causadas por ali- ciosa, aumentando a capacidade de-
-'Salmonella typhr, causador da fe- mentos em mau estado). fensiva do nosso organismo, além de
bre tifóide, e outros géneros de Sal- destruir directamente certos micror-
- n a disbacteriose intestinal (alte-
monella causadores de graves in- ganismos. O alho eslá a ser usado com
ração no equilíbrio microbiano do
fecções intestinais. relativo êxito couto complemento no
intestino), provocada frequente-
tratamento da sida.
-'Shigella dysciiteriae', causador da mente pelo uso de outros antibió-
disenteria bacilar. ticos. • Vermífugo potente IO,0,01 contra

232
os tipos mais frequentes de parasitas
intestinais: Especialmente activo con- Alho-de-urso
tra os ascarídeos e os oxiúros (pe-
quenos vermes brancos que provo-
cam prurido anal nas crianças).
0 alho-de-urso (Allium ursinum L.)* é um alho
•Tonificante geral cio organismo e silvestre que possui propriedades muito se-
depurativo IO.0.Ô.0I: O alho activa as melhantes às do cultivado, embora a sua to-
reacções químicas do metabolismo e lerância digestiva seja menor.
favorece os processos de excreção de Este alho silvestre não se cultiva porque, além
substâncias residuais (catabolismo). da sua extensa difusão, não se pode conservar
Por isso é indicado para os estados de tanto tempo como o alho comum, de proprie-
debilidade ou esgotamento, para a dades muito semelhantes e muito mais bem es-
inapetência e para quem sofra de ex- tudadas.
cesso de resíduos ácidos (gotosos, ar- 0 alho-de-urso tem de ser usado fresco, pois
tríticos, certos reumatismos). quando seca perde uma boa parte dos seus
• Desintoxicante IO,©,©.OI, especial- efeitos.
mente recomendado nos tratamentos
• Esp.: ajo de oso.
para deixar de fumar. Normaliza a
tensão arterial geralmente elevada do

O alho é um fortificante geral do organismo, que dá saúde e bem-estar.

fumador, favorece a eliminação da


mucosidade retida nos brônquios e a
regeneração da sua mucosa, ao mes-
mo tempo que ajuda a vencer o dese-
jo de fumar, talvez pelo cheiro típico
que rlá ao hálito.
• Preventivo dos tumores malignos
1O.O.0.OI. especialmente dos cancros
digestivos. E possível que isto se deva
à sua acção reguladora sobre a flora
intestinal e normalizadora do funcio-
namento digestivo, embora possa
também estar relacionado com os
seus efeitos sobre o conjunto de re-
acções químicas do organismo (me-
tabolismo).
Alguns têm pretendido curar tu-
mores cancerosos com o alho, o que,
no nosso entender, carece de sufi-
ciente rigor científico e desperta fal-
sas esperanças nos doentes. Por isso,
de momento, só podemos recomen-
dá-lo como preventivo.
• Calicida: Aplica-se um pedaço de
alho esmagado sobre o calo, segu-
rando-o com um pequeno penso au-
loadesivo (ou uma ligadura). Km dois
ou três dias o calo amolece e desin-
flama-se, podendo ser extirpado com
maior facilidade.

233
Glnkgo biloba L.
JÍ. J I*

Preparação e emprego

Ginkgo USO INTERNO


Melhora os transtornos O Infusão: 40-60 g de folhas
por litro de água. Tomam-se 3
circulatórios chávenas diárias.

USO EXTERNO
@ Compressas com a mes-
ma infusão, embora mais con-
centrada (até 100 g por litro).
Aplicam-se sobre as mãos ou
os pés com problemas circu-
latórios.
€> Cataplasmas de folhas es-
magadas, sobre a zona afec-

D IA 6 de Agosto de 1945: Tudo


sào ruínas calcinadas cm Ili-
roshima. A cidade japonesa
acaba d« ser destruída pelo lança-
mento da primeira bomba atómica.
tada.
OManilúvios (banhos de
mãos) e pedilúvios (banhos
de pés) com uma infusão de
\o que na um parque público, um até 100 g de folhas de ginkgo
majestoso ginkgo ardeu como se fos- por cada litro de água. Apli-
se estopa. cam-se tépidos ou quentes, 1
a 2 vezes por dia.
Para surpresa dos sobreviventes, na
Os melhores resultados ob-
Primavera seguinte à catástrofe, quan-
têm-se combinando o uso in-
do ainda a cidade continuava a ser
terno por via oral, com a apli-
pouco mais do que um montão de es- cação externa.
combros, brota uma gema dos restos
do cepo carbonizado. O velho ginkgo
volta a rebentar, até se transformar de
novo na bela árvore que hoje pode-
mos encontrar no centro da Hiroshi- Outros nomes:
tna reconstruída. Esp.: ginkgo, árbof de oro, árbol de
las pagodas. Fr.: ginkgo, noyer du
A longevidade e resistência desta Japon. Ing.: ginkgo, maidenhair
árvore asiática parece estar de acordo tree.
com a sua virtude de ajudar os huma- Habitat: Oriundo da China, Japão e
nos a enfrentar os transtornos da ve- Coreia, espalhou-se como árvore
lhice. ornamental pelos parques e vias
públicas de algumas regiões
A medicina chinesa tem vindo a temperadas da Europa e da
usar, desde há quase 5000 anos, cata- América.
plasmas de folhas de ginkgo para Descrição: Árvore da família das
combater as incómodas frieiras- As Ginkgoáceas, que pode atingir até
suas notáveis propriedades têm sido 30 m altura. É dióica (pés
objecto de numerosas investigações masculinos e femininos diferentes),
científicas, e actualmente faz parte de de folhas caducas, grossas,
elásticas, que desde jovens se
vários preparados farmacêuticos. acham divididas em dois lóbulos.
Os seus frutos são drupas
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- amarelas, comestíveis enquanto
lhas contêm glicósidos llavonóides, frescas, mas malcheirosas quando
que rei ti na, luteolina, catequinas, resi- demasiado maduras.
na, óleo essencial, lípidos e certas Partes utilizadas: as folhas.
substâncias, do grupo dos terpenos,

234
Os banhos com infusão de folhas de
g i n k g o activam a circulação sanguí-
nea nos braços e pernas. Os manilú-
vios (banhos de mãos) tornam-se
muito eficientes em caso de frieiras.

específicas cio ginkgo: bilobálido e


ginkgólidos A, B e C ,
Como é comum em fitoterapia, os
efeitos da planta devem-se à acção
conjunta de iodos os seus compo-
nentes, não tendo sido possível atri-
buir os eleitos do ginkgo a nenhum
deles em concreto.
O ginkgo actua sobre lodo o siste-
ma circulatório, melhorando tanto a
circulação arterial como a capilar e a
venosa:
• Acção vasodilatadora: Aumenta a
perfusão (irrigação sanguínea) dimi-
nuindo as resistências periféricas nas
pequenas artérias. Compensa em par-
te os transtornos produzidos pela ar-
teriosclerose.
• Acção protectora capilar: Diminui a
permeabilidade dos capilares, redu-
zindo o edema (acumulação de líqui-
dos nos tecidos).
• Acção tónica venosa: Tonifica as pa-
redes das veias, diminuindo a acu-
mulação de sangue nelas e facilitan-
do o retorno sanguíneo.
São estas as suas indicações:
• Insuficiência circulatória IOI cere-
bral (falta de irrigação sanguínea no
cérebro), que se manifesta por verti-
gens, cefaleia, acufénios (zumbidos
nos ouvidos), perda do equilíbrio,
transtornos da memória e sonolência,
entre outros sintomas. «Alivia a ca-
beça», afirmam aqueles que usam o
ginkgo.
• Sequelas de acidentes IOI vasculares
cerebrais (tromboses, embolias, ele.): • Angiopatias (doenças dos vasos san- Nestas afecções circulatórias, reco-
Acelera a recuperação e melhora a guíneos) e transtornos vasomotores menda-se combinar o uso por via oral
motilidade destes pacientes. IO,©.©.01: doença de Reynaud, fragi- com as aplicações externas (compres-
lidade vascular, acropareslcsias (pés sas, cataplasmas, manilúvins e pedilú-
• Arteriopatias dos membros inferio-
ou mãos "dormentes"), frieiras. vios).
res (falta de irrigação nas pernas)
10.0.© oi: permite andai' maior • Varizes, debites, pernas cansadas, O ginkgo tolera-se muito bem, não
distância sem ler de parar por motivo edemas maleolares (tornozelos in- faz subir a pressão arterial e não apre-
de dor. chados) IO,0,©,OI senta efeitos secundários indesejáveis.

235
HellanthusannuusL
:>l m

Preparação e emprego

Girassol USO INTERNO

Combate o excesso O Infusão: 100 g de flores e cau-


les tenros por litro de água. Tomar
de colesterol 3-4 chávenas por dia.
© Ó l e o das sementes, como
complemento dietético.

Outros nomes: helianto.


Esp.: girasol, flor de sol. mirasol.

Q
UANDO esia belíssima plan- Fr.: tournesol. Ing.: [commonj
ta chegou à Europa, prove- sunflower.
niente da América Central Habitat: Oriundo das regiões
nos princípios do século subtropicais da América, mas
XVI, foi durante muito tempo utiliza- distribuído e cultivado por todo o
da unicamente como planta orna- mundo.
mental nos jardins e parques, pelo cu- Descrição: Planta anual, da família
rioso lacto de seguir o movimento do das Compostas, que pode chegar a
astro-rei. íer 2 m de altura. O seu grande
disco floral é na realidade um
Só no século XIX a ciência co- capítulo formado por numerosas
meçou a descobrir as suas excelentes pequenas flores.
propriedades nutritivas e medicinais. Partes utilizadas: as dores, os
No entanto, os povoadores do México caules tenros e as sementes.
pré-colombiano já usavam as semen-
tes do girassol tonadas como ali-
mento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo-


res do girassol comem um glicósido
flavonóide (quercimetrina), além de
histidina e outras substâncias em me-
nor quantidade. No México usam-se
as FLORES e os CAULES lemos como
balsâmicos e expectorantes IOI, para
catarros bronquiais e afecções respi-
ratórias.
Das SEMENTES de girassol exti ai-se
um óleo de grande valor nutritivo,
rico em ácidos gordos insaturados (es-
pecialmente o linoleico), assim como
vitaminas E, A e 15 101. O uso do óleo
de girassol é particularmente indica-
do na arteriosclerose, para lazer des-
cei o nível de colesterol no sangue, as-
sim como na diabetes, nas doenças do
fígado e em certas afecções fia pele
(eczemas e furunculoses).

236
Oenothera
bfennlsL V *

Onagra Preparação e emprego

Uma grande
descoberta USO INTERNO
óa fitoterapia O Cápsulas ou comprimidos: A
melhor maneira de aproveitar as
propriedades da onagra é ingerir
o óleo das suas sementes, obtido
por pressão a frio, em forma de
cápsulas, comprimidos ou outros
preparados semelhantes. Este é
talvez o óleo mais caro que se
conhece mas, felizmente, a dose
terapêutica é de 2-4 g por dia.

E STA curiosa planta, cujas flores


SC abrem à noite, foi introduzi-
da na Europa nos princípios do
século XVII, e era utilizada como
planta ornamental. Cedo se descobriu
que a sua raiz linha um sabor agradá-
vel, e que a planta servia para mais al-
guma coisa do que simplesmente en-
feitar. Na Europa Central, a sua raiz.
serviu aos camponeses para mitigar a
fome provocada pelas guerras nos sé-
culos XVIII e XIX.
Apesar de tudo, ainda não há mui-
to tempo, esta planta era pouco apre- Outros nomes: erva-dos-
ciada. Ainda é conhecida, com algum -burros, canárias, zécora. Brasil:
desprezo, como erva-dos-burros, por- minuana.
que estes humildes animais a comem Esp.: onagra, hierba dei asno,
com agrado. enotera, prímula. Fr.: onagre
{bisanuelle}, raiponce rouge,
No entanto, as investigações cientí- herbe à íâne. Ing.: [commonj
ficas efectuadas nos princípios dos evening primrose, feverplant.
anos oitenta revelaram que o óleo de Habitat: Originária da América
onagra tem propriedades medicinais do Norte, naturalizada na
interessantíssimas. Especialmente na Europa. Cresce nas bermas dos
caminhos e vias férreas, e nas
Alemanha e nos Estados Unidos, fize- terras arenosas e húmidas.
ram-se diversos ensaios clínicos em
doentes que sofriam de transtornos Descrição: Planta bienal da
família das Enoteráceas, que no
circulatórios, nervosos, genitais e reu- segundo ano atinge uma altura
máticos, obtendo-se excelentes resul- de um metro. Tem caule erecto,
tados. do qual saem grandes folhas
pubescentes. As flores são
Continuam a investigar-se as apli- amarelas, com quatro pétalas, e
cações desta planta, que goza de um têm um aroma agradável.
prestígio e uma popularidade cada vez Partes utilizadas: as sementes.
maiores no mundo da fitoterapia.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O óleo


extraído das sementes da onagra é
muito rico em ácidos gordos essen-
ciais polinsaturados, entre os quais se

237
*~Yy .-*".
Pefa sua riqueza em ácidos gordos essenciais, o
óJeo de onagra faz descer o nível de colesterol,
melhora a circulação sanguínea e tonifica o sis-
tema nervoso. Constitui um remédio m u i t o útil
para os transtornos da terceira idade.

destacam o ácido linoleico (71,5%) e


o linolénico (7%-10%), cuja denomi-
nea, entre outras funções. Em virtude ença de Parkinson, esclerose em pla-
nação química mais exacta é, respec-
disto, é longa a lista das doenças em cas, e, em geral, todas as afecções cau-
tivamente, cis-linoleico e gama-lino-
lénico. Este último desempenha um que se tem aplicado com êxito o ÓLEO sadas por degenerescência neuronal.
papel muito importante no organis- DE ONAGRA lOl:
• Transtornos do comportamento:
mo, como precursor químico das • Aumento de colesterol no sangue e,
crianças irritáveis, nervosismo, neu-
prostaglandinas, substâncias recente- em geral, todas as hiperlipemias (au-
mente descobertas, que cumprem mento do conteúdo gordo do san- rastenia, esquizofrenia.
numerosas funções metabólicas. Sa- gue). • Transtornos da resposta imunitária:
liente-se que a onagra é o único vege- •Transtornos circulatórios: hiper- alergia, asma, eczema, dermatite ató-
tal conhecido que contém pro- pica.
tensão arterial e tendência para trom-
porções notáveis do ácido linolénico, o
bose por aumento cia agregação pla- • Reumatismo: artrite reumatóide e
qual também se encontra presente
quetária. Pode actuar como preventi- processos reumáticos em geral.
no leite materno, e se torna impres-
cindível para o organismo (é um áci- vo dos acidentes vasculares cerebrais
(trombose e hemorragia cerebral) e • Problemas dermatológicos: excesso
do gordo essencial).
do infarto de miocárdio, pois dilata as de secreção sebácea (acne), rugas ou
O ácido linolénico e o seu deriva- artérias e impede a agregação pla- secura da pele, assim como fragilida-
do imediato, a prostaglandina F. I. são quetária e a formação de coágulos. de das unhas e do cabelo. Sabemos
indispensáveis para a estabilidade das
• Transtornos genitais: dismenorreia, que, desde há mais de cinco séculos,
membranas das células de lodo o or-
ganismo, para o desenvolvimento do ciclos irregulares, síndroma pre- os índios algonquinos da América do
Sistema nervoso, para o equilíbrio do -menstrual, esterilidade por insufi- Norte, com a finalidade de combater
sistema hormonal e para a regulação ciência ovárica. as erupções, esfregavam a pele com
dos processos da coagulação sanguí- • Afecções do sistema nervoso: do- sementes de onagra esmagadas.

238
Oiea eumpaea L
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Oliveira Preparação e emprego

USO INTERNO
Alimento antigo
O Decocção: Prepara-se com
e medicamento 40-50 g de folhas por litro de
de actualidade água. Fazem-se ferver até que
a água fique reduzida a meta-
de. Ingerem-se três chávenas
por dia.

Q UK lhe apetece comer?


-pergunta o médico a um
doente enfraquecido, que
se recupera nuni hospital
depois de uma complicada inter-
@ As azeitonas comem-se co-
mo aperitivo, na salada, ou du-
rante a refeição.
€> 0 azeite, quando se toma
com fins medicinais, ingere-
venção. -se em jejum ou antes das re-
-Talvez... uma latia/inha de pão feições, na quantidade de uma
coro azeite -sugere timidamente o de- ou duas colheres de sopa.
bilitado paciente. K insiste: Convém que seja virgem e, se
possível, extraído por pressão
-Poderei comei- pão com azeite...? a frio ou decantação.
O doente, um camponês da Euro-
pa Meridional, de pele tisnada pelo USO EXTERNO
sol. não esquece, nem mesmo pros- O O azeite também se apli-
trado na cama do hospital, 0 delicioso ca em forma de loção ou po-
sabor do pão caseiro com azeite de mada (unguento).
oliveira.
@ Enemas (clisteres): Bate-
A oliveira faz parte essencial da cul- -se com água quente em par-
tura mediterrânica. Desde que a pom- tes iguais. Pode-se acres-
ba enviada por Noé, paia comprovar centar outra parte de de-
a descida das águas do Dilúvio, re- cocção de malva ou malvaís-
gressou com um raminho de oliveira co.
no bico, esta árvore transformou-se
no símbolo da paz. Entre os Judeus, o
azeite era usado para ungir as pessoas
que deviam consagrar-se a uma
missão especial. E na época cristã con- Outros nomes: azeitoneira, zambujeiro (a
variedade silvestre).
verteu-se no símbolo do Espírito San-
to. Esp.: olivo, aceituno, olivera, azambujo.
Fr.: olivier. Ing.: olive [treej
Os Fenícios e os Romanos dissemi- Habitat: Oriunda do Próximo Oriente, cresce
naram-na por Ioda a bacia mediterrâ- tanto cultivada como silvestre, por todos os
nea. O azeite continua a sei a gordu- países mediterrâneos. Foi introduzida no
ra comestível mais importante na die- continente americano no século XVI.
ta popular cio Sul da Europa, com- Descrição: Árvore de porte médio, da
panheiro indispensável do pão, das sa- família das Oleâceas. Tem tronco grosso e
ladas e de tantos pratos saborosos. retorcido, folhas elípticas de bordo liso e cor
verde acinzentada. As flores são pequenas,
Segundo o investigador espanho esbranquiçadas. O seu fruto ê uma drupa: a
Grande Covián, o consumo de azeite, conhecida azeitona, ou o/íva. A ofiveira
(Mn vez de manteiga, explica o lacto silvestre (o zambujeiro) é mais pequena e
de a frequência de infarto do miocár- tem as folhas arredondadas; os frutos
dio e trombose ser significativamente negros são mais pequenos doque os da cultivada, mas contêm as mesmas
substâncias.
menor nos países mediterrâneos do
Partes utilizadas: as folhas e os frutos.
que nos do dentro e Norte da Europa
e na América do -Norte.
O azeite, merecidamente chamado o
rei dos óleos alimentares, é talvez o
melhor exemplo que se pode encon-
trar de um produto simultaneamen-
te alimentício e medicinal.

tensão IOI. O seu uso torna-se lam-


bem muito recomendável no caso de
arteriosclerose.

As AZEITONAS contêm lípidos (gor-


duras) e prótidos, além de sais mine-
rais (especialmente cálcio), enzimas c
vitaminas Ai, Bi, Bir e PP. São aperiti-
vas, tónicas da digestão e ligeiramen-
te laxantes 101.
O principal país produtor de azei- O azeite virgem é mais natural e de
te em iodo o inundo, é a Espanha, sabor mais forte, enquanto que o cha-
com os seus 180 milhões de oliveiras mado "puro" ou o refinado tem um O AZEITE ou óleo da azeitona c cons-
espalhadas desde a Andaluzia até à sabor mais neutro. tituído por uma mistura de diversos lí-
Catalunha. Deve-se distinguir entre: pidos, formados quimicamente pela
Ambos, mas especialmente o vir- união da glicerina com os chamados
/ Azeite de oliveira virgem: Obtido gem, são superiores aos óleos de se- ácidos gordos, dos quais o oleico (até
da azeitona por trituração, pressão a mentes (girassol, milho, ele.) quanto 80%) é o mais importante, seguido
frio ou decantação, c posteriormente ao valor nutritivo, propriedades me- do linoleico, do palmítico e do esteá-
filtrado; ou então por centrifugação. dicinais e estabilidade ao fritar. rico, entre outros. Tem as seguiuu-s
Não sofre nenhum tratamento com propriedades:
substâncias químicas. PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As • Emoliente, ou seja, que exerce um
FOLHAS da oliveira contêm oleurope- efeito suavi/.ante e unli-inflamuiório
/ Azeite puro de oliveira: Mistura de ína (até 1%), um glicósido; além de sobre a pele e as mucosas. Cura quei-
azeite virgem e de azeite refinado, tanino, açúcares e outras substâncias. maduras, feridas, úlceras e irritações
que foi submetido a processos lisico- São febrífugas (baixam a febre) e lu- da pele. Faz parte de numerosos un-
químicos para lhe reduzir o grau de potensoras, sendo um dos remédios ve- guentos e pomadas IOI. Km uso interno,
acidez. getais mais eficazes contra a hiper- tem uma acção anti-inllamatória e

240
o O azeite e a pele
A venerável oliveira
é toda ela
medicinal: as
azeitonas são
aperitivas e
tonificantes; o
azeite é suavizante,
Antigamente, quando não existia a colagogo (facilita o
grande variedade de produtos de be- esvaziamento da
leza de que dispomos actualmente, bílis) e redutor do
o azeite era um dos cosméticos mais colesterol; e as
apreciados. Entre o antigo povo de folhas fazem baixar
Israel, como noutras culturas da área a tensão arterial
mediterrânea, era costume ungir a e a febre.
cabeça com azeite para embelezara
pele e o cabelo.
Todos os óleos, mas especialmente o
da azeitona, têm acção emoliente
(suavizante) e protectora sobre a pe-
le que os absorve. Uma boa forma de
aplicar o azeite sobre a peie é a se-
guinte:
1. Aplicar uma loção com azeite,
acompanhada de uma suave mas-
sagem sobre todo o corpo.
2. Vestir uma bata ou um roupão e
esperar durante 15-20 minutos.
3. Passado este tempo, toma-se um
duche quente, ensaboando a pele
com o produto habitualmente utiliza-
do. Depois de enxugar, nota-se co-
mo a pele ficou mais suave e limpa.

protectora sobre a mucosa do estô- dras na vesícula), pois poderia desen- mento das artérias por deposito de co-
mago, pelo que é um excelente re- cadear uma cólica biliar. lesterol e cálcio nas suas paredes), ao
médio em caso de gastrite aguda (irri- contrário do colesterol ligado ãs lipo-
tação do estômago) l©l, produzida • Efeito sobre o colesterol [01: O azei- proteínas de baixa densidade (1.1)1.,
militas vezes por medicamentos como te não oferece uni acentuado efeito Lano Density Lipoprotein) ou colesterol
a aspirina, bebidas alcoólicas, cale, es- redutor do nível de colesterol no san- nocivo. Islo pode explicar o lacto de o
peciarias ou conservas em vinagre. gue, como o que possuem os óleos de consumo habitual de a/.eile como gor-
gérmen de trigo ou de milho, por dura alimentar estar directamente re-
• Laxante suave l€N, quer seja tomado exemplo. No entanto, usado de forma
em jejum quer aplicado em enema lacionado com um menor risco de hi-
continuada, lem a (acuidade de man- lário do miocárdio.
(distei) UDI. Além disso, facilita a ex- ter o colesterol sanguíneo em níveis
pulsão dos vermes intestinais. baixos. Comprovou-se experimental- • Anlitóxico, excepto nas intoxica-
• Colagogo, isto é, que facilita o esva- mente que o azeite aumenta as lipo- ções provocadas pelo fósforo ou seus
ziamento da vesícula biliar, o que aju- proteínas da alta densidade (HDL, derivados IO). Dá-se a beber à vítima
da o alívio das doenças abdominais ///'»/; Densiiy Lipoprotein em inglês), uni copo de a/.eile misturado com
devidas ao mau funcionamento da ve- que são encarregadas de transportar água quente, para provocar o vómito,
sícula l©l. Além disso, a bílis despeja- no sangue uni tipo de colesterol cha- e, depois de ler vomitado, dão-se-lhe
da no intestino facilita a digestão. No mado colesterol 1IDL. Este tipo espe- a beber novamente várias colheradas
entanto, deve-se usai" com prudência cial de colesterol tem a propriedade de azeite, para que desenvolva a sua
em caso de eolelitíase (cálculos ou pe- de evitara arteriosclerose (endureci- acção de antídoto no tubo digestivo.

241
Rauwotfía
serpentina Benth. LÍJ ± ÍQQQ

Rauvólfia Preparação e emprego

Acreditado hipotensor USO INTERNO


e enérgico sedativo O Pó de raiz: A dose média é
de 100-200 mg, duas vezes ao
dia. Ingere-se dissolvida num
pouco de água. A dose máxima
é de 1000 mg (1 g) por dia.
© Preparados farmacêuticos
à base rauvólfia: Trazem a indi-

A MEDICINA tradicional da
índia utiliza a raiz. desta planta
desde tempos remotos, como
antídoto coima as picadas de serpen-
tes e aranhas, e para acalmar os ner-
cação da dose recomendável.

vos. A moderna investigação far-


macêutica descobriu nela valiosos
princípios activos contra a hiper-
tensão arterial, e actualmente entra
na composição de diversas especialida-
%pL^L"s
des farma céu ficas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz CH,


Si -O
-OOt\^^í
P - CH,
O—CH,

CH,—0
desta planta contém cerca de vinte ti- FórmuJa
pos diferentes de alcalóides, dos quais química da reserpina, o alcalóide
o mais importante é a reserpina. Tem mais importante da rauvólfia.
propriedades hipotensoras (produz Tem propriedades hipotensoras e
uma descida na pressão arterial) e se- sedativas.
dativas do sistema nervoso, tudo isto
como resultado da sua acção depres-
sora sobre os centros subcorticais e
talamicos do cérebro.
A rauvólfia tonia-.se altamente eficaz
no tratamento da hipertensão arte-
rial, tão frequente no mundo desen-
Outros nomes: rauwolfia.
volvido. Também dá bons resultados
em caso de insónia rebelde, de psico- Esp.: rauwolfia, rauvólfia, ravolfia.
Fr.: rauwolfia, arbre aux serpents.
se e de outras doenças mentais IO.QI. Ing.: rauwolfia [root], Java
Outro alcalóide da rauvólfia é a aj- devilpepper.
malina, de propriedades antiarrítmi- Habitat: Originária das regiões
cas. tropicais da Ásia, especialmente da
índia, onde se cultiva para fins
medicinais. Actualmente cultiva-se
também na América Central.
Descrição: Pequeno arbusto de até
Precauções um metro de altura, da família das
Apocináceas. As suas folhas
terminam em ponta pelas duas
A reserpina da rauvólfia é um alca- extremidades, e as flores, brancas
ou cor-de-rosa, dispõem-se em
lóide muito activo, pelo que a planta forma de umbela.
e os seus extractos devem ser usados
sob vigilância médica. Partes utilizadas: a raiz.

242
Tragopogon
pratensis L. fr • A l

Cersefi- Preparação e emprego

-bastardo USO INTERNO


O Raiz: A melhor maneira de
aproveitar as suas qualidades é co-
Depurativo do sangue mer a raiz crua, cortada às rodeias
e aperitivo em salada. Também se pode co-
zinhar.
© Folhas tenras: Comem-se tam-
bém em salada; o seu gosto lembra
o da escarola e da chicória.

Precauções

A RAIZ do ccrsefi-bastardo já
era usada na Grécia antiga.
Aparece em frescos encontra-
dos ein Pompeia, o que indica que
também (a/ia pane da dieta romana.
Não comeras sementes e os fru-
tos, porque são tóxicos. O resto
da planta não apresenta nenhum
problema.

Durante toda a Idade Média, foi


cultivado e consumido, embora tenha
caído em desuso na era industria).
Agora volta a ser apreciado como ali-
mento e remédio natural.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES A raiz


de cersefi-bastardo tem um sabor ado- Outros nomes: barba-de-bode.
cicado e algo imu ilaginosn. Contém satsifi, cersifi, cercefi
diversos glícidos (hidratos de carbo- Esp.: salsifi, barba de cabra, barba
no), como o inositol e o manitol, e cabruna. Fr.: salsifis [sauvage},
também pequenas quantidades de barbe de bouc. Ing.: [yellow]
prótidos e de lípidoa (gordura). goatsbeard.
Habitat: Prados húmidos e bermas
E um bom aperitivo, e lambem diu- de caminhos de toda a Europa.
rético, sudorífico (aumenta a sudo- Naturalizado em regiões temperadas
ração) e depurativo. e frias do continente americano.
O seu uso é benéfico, especialmen- Descrição: Planta bisanual, da
te aos que sofram de arteriosclerose, família das Compostas, de 30 a 80
cm de altura. Tem caule erecto e
reumatismo, gota e hipertensão arte- abraçado por umas folhas alongadas
rial IO.01. Favorece a eliminação de terminadas em ponta. A raiz ê
resíduos tóxicos do metabolismo. Os carnuda, de cor castanha clara.
diabéticos podem lomá-lo .sem res- Partes utilizadas: a raiz e as folhas.
trição, devido a que os hidratos de car-
bono desta planta não elevam o nível
de glicose no sangue.

241
Vinca minorL

Pervinca
Ideal para combater
o envelhecimento

D IOSCORIDES e Galeno já Fa-


lavam da utilidade desta plan-
ta, a ejue a investigação farma-
cológica dedicou um grande interes-
se nos últimos anos. I loje claboram-se
com ela diversos preparados farmacoló-
gicos.

PROPRIEDADES F. INDICAÇÕES: O seu


princípio activo mais importante é a
vincamina (0,1% a 0,2%), um alcalói- Outros nomes: vinca, vincapervinca, congossa.
de indólico com notáveis proprieda-
Esp.: vincapervinca, brusela, hierba doncella. Fr.: pervenche, violette des morts.
des vasodilatadoras. Contém também Ing.: [early ílowering] periwinkle, lesser periwinkle.
taninos de acção adstringente e ou-
Habitat: Difundida por toda a Europa Central e do Sul. Cria-se nos bosques
tros alcalóides (até 35) recentemente húmidos, especialmente de carvalhos e de faias. Cultivada na América do Norte com
identificados. fins medicinais.
As suas aplicações são: Descrição: Planta vivaz da família das Apocinaceas, com caules rasteiros de até
2 m de comprimento. As suas folhas são perenes, coriáceas e de bordos lisos.
• Insuficiência circulatória cerebral: A As flores são pedunculadas e de cor azul violeta. De sabor muito amargo.
vincamina é um potente vasodilatador
Partes utilizadas: as tolhas.
das artérias cerebrais, que aumenta a
irrigação sanguínea do tecido cere-

O Preparação e emprego

USO INTERNO USO EXTERNO


O Decocção durante dois minutos,
© Compressas sobre a pele ou so-
de 30-50 g de folhas por litro de
bre as mamas (para deter a lac-
CH3OQ água. Ingerem-se de 3 a 5 chávenas
tação). Fazem-se com a mesma de-
diárias, adoçadas com mel, caso se
cocção descrita para uso interno.
deseje (é muito amarga).
Aplicam-se durante 10-15 minutos,
Fórmula @ Preparados farmacêuticos (cáp- duas ou três vezes ao dia. Em caso
química da vincamina, o sulas, xaropes, e t c ) : Seguir as do- de hemorragias ou hematomas, apli-
alcalóide mais importante da ses e indicações recomendadas em cam-se frias; sobre as mamas infla-
pervinca. A sua potente acção cada caso. madas, aplicam-se quentes.
vasodilatadora fê-lo passar a fazer
parte de numerosos preparados
farmacêuticos.

244
*v

Vicária

A vicária (Vinca rósea L.)",


que em Espanha é conheci-
da também como 'bru-
sela', 'flor dei príncipe',
'hierbadoncella', etc,
é uma planta de ou-
tra espécie similar, do
mesmo género da per-
vinca. A vicária é originária de
Madagáscar, mas também se
cultiva na América, onde rece-
be outros nomes espanhóis, como 'blanca
pobre', 'buenas tardes', 'dominica', 'jazmín dei mar', etc. Co-
meça a ser utilizada como antimitótica (impede a repro-
dução das células cancerosas) e no tratamento de certas
leucemias, linfomas (doença de Hodgkin e outros) e sarco-
mas. O seu uso ainda se encontra, porém, em fase experi-
mental.

* Esp.: vicária.

A pervinca aumenta a irrigação sanguínea do cérebro, pelo


que é uma planta ideal para combater os transtornos da se-
nilidade devidos â arteriosclerose.

bral e m e l h o r a o f u n c i o n a m e n t o do possui os mesmos efeitos q u e a vinca- • Colite e gastrenterite: Podc-se em-


sistema nervoso central IO.0I. E tam- mina, potenciados e enriquecidos, pregar para cortar a diarreia IO.0I.
bém hipotensora. Aplica-se c o m êxito além disso, pela presença de outros al-
em caso de cefaleia, vertigens, acufé- calóides e princípios activos. • Diabetes: Os alcalóides da pervinca
riios (zumbidos nos ouvidos), e n o u - a p r e s e n t a m u m m o d e r a d o efeito hi-
tras manifestações de insuficiência cir- • Enxaquecas: Por t u d o isto, t a m b é m p o g l i c e m i a n t e : fazem descer o nível
culatória cerebral (falta de irrigação) se usa nas e n x a q u e c a s para acalmar a de glicose no sangue, reduzem a gli-
devidas a a r t e r i o s c l e r o s e , a h i p e r - crise de d o r e evitar o seu reapareci- cosúria (eliminação de glicose com a
tensão ou outras causas. E u m a planta m e n t o IO,©l. urina) 10,61. No caso de diabetes, usa-
ideal para c o m b a t e r os transtornos da se em combinação com o regime dieté-
• H e m o r r a g i a s : O efeito adstringente tico e outros tratamentos.
senilidade.
e hemosiático dos taninos explica q u e
Recentemente também se p ô d e de- a n t i g a m e n t e se t e n h a utilizado a per- • Antilactagoga: Detém a p r o d u ç ã o
monstrar q u e a vincamina atravessa a vinca p a r a d e t e r as h e m o p t i s e s (he- de leite nas m u l h e r e s lactantes. Inge-
barreira hematoencefálica e actua no m o r r a g i a s b r o n q u i a i s ) q u e se a p r e - re-se p o r via oral IO,0I e aplica-se em
interior do tecido cerebral melhoran- sentam na tuberculose IOI. O seu uso c o m p r e s s a s s o b r e os peitos 1©I, em
do a oxigenação dos n e u r ó n i o s . Devi- actual neste caso só se justifica c o m o caso de i n l l a m a ç ã o (mastite) ou
do a t u d o isto, a vincamina q u e se ex- c o m p l e m e n t o d o t r a t a m e n t o especí- q u a n d o interesse s u s p e n d e r a lac-
trai desta prodigiosa planta é um dos fico antituberculoso. Externamente 101 tação.
fármacos mais usados a c t u a l m e n t e no aplica-se em caso de feridas sangran-
t r a t a m e n t o da irrigação sanguínea ce- tes, hematomas e contusões, para re- • Tonificante geral e do aparelho di-
rebral insuficiente. A planta c o m p l e t a duzir a hemorragia. gestivo IO,©l.
Vlscum álbum L.
% »J 9J J

Visco-
-branco
Eficaz contra
a hipertensão
e a arteriosclerose

O
S TORDOS, os pombos e ou-
tras aves da floresta, encarre-
gam-se de disseminar as se-
mentes do visco-branco. Depois de as
terem ingerido, vomitam-nas sobre os
ramos de outras árvores, a que as ba-
gas se agarram graças ao seu invólucro
gelatinoso. Ali germinam as sementes,
Outros nomes: visco.
geralmente sobre abetos, álamos ou
macieiras, surgindo uma nova planta. Esp.: muérdago, almuérdago, visco. Fr.: gui. Ing.: [European]mistietoe.
Habitat: Difundido peias regiões de bosques de todo o continente europeu e também
O visco-branco é uma planta muito do americano.
original. As suas raízes penetram nos Descrição: Planta parasita, da família das Loraniáceas, que afunda as suas raízes
ramos e troncos de outras árvores, em nos troncos de diversas árvores e se alimenta da sua seiva. As folhas são perenes
vez de penetrarem na terra. A semen- (sempre verdes) e os frutos são bagas gelatinosas semelhantes a pérolas.
te precisa de luz solar para germinar, Partes utilizadas: as folhas, colhidas antes de aparecerem os frutos.
ao contrário da maioria, que precisa
da escuridão. Por outro lado. a planta

,», O Preparação e emprego


Precauções
USO INTERNO USO EXTERNO

O Infusão com 10-15 g de folhas €) Compressas: Embebem-se nu-


Não ultrapassar as doses de folhas secas por litro de água, da qual se ma infusão com 30 g de folhas se-
quando usadas internamente. Excluir tomam 2 chávenas diárias. cas por litro de água. Aplicam-se so-
as bagas, que são tóxicas: Com cer- bre o peito (em caso de palpitações
ca de dez bagas surgem vómitos, hi- © Maceração, deixando repousar ou de sensação de opressão), sobre
potensão e transtornos nervosos. duvante uma noite 20 g de folhas se- as costas ou os rins (em caso de
Com maior quantidade pode sobrevir cas em meio litro de água fria. De- lumbago ou de ciática), ou sobre as
a morte por paragem cardio-respira- pois de filtrada, bebe-se no dia se- articulações afectadas pelo reuma-
tória. guinte em 3 ou 4 vezes. tismo.

246
Visco-americano

Existe na
América do
Norte uma va-
riedade, conhe-
cida em espa-
nhol como vis-
co-

-americano [Phora-
dendron flaves-
cens)' de proprie-
dades semelhantes
às do visco-branco.
Para os distinguir, dá-se nos Estados
Unidos, ao visco-branco, o nome de
'European mistletoe' {visco europeu).
* Esp.: muérdago americano.

O visco-branco é uma planta parasita, muito apreciada pela sua acção hipo-
tensora e dilatadora das artérias, especialmente as cerebrais e as coronárias.
No entanto, deve ser usado com prudência, devido aos seus possíveis efei-
tos tóxicos. As bagas são venenosas e devem deitar-se sempre fora.

adulta é capaz de produzir clorofila se conhecem contra a hipertensão ar- • Anti-inflatório: Aplicado localmente.
mesmo na escuridão, ao contrário das terial. Melhora a irrigação sanguínea alivia as dores reumáticas 16). Muito
restantes plantas, que amarelecem pe- do cérebro e do coração, quando en- eficaz nos ataques agudos de lumba-
rante a falta de luz. torpecidos devido ao estreitamento go ou ciática.
As suas propriedades medicamen- (arteriosclerose) das artérias cere-
tosas, já conhecidas desde os tempos brais ou coronárias. O seu uso é reco-
mendado em caso de arteriosclerose • Regulador da menstruação: limpre-
de Hipócrates e Plínio, são também ga-se em caso de transtornos do ciclo,
muito interessantes. Recentemente, cerebral (enjoos, vertigens, zumbidos
nos ouvidos) ou coronária (angina de de regras excessivas e de hemorragias
descobriu-se que o visco-branco apre- uterinas, devido ao seu eleito hemos-
senta uma actividade antitumoral, lac- peito). Pode-se administrar como
preventivo de novos ataques, nos in- tático 10,91.
to que ainda está a ser investigado.
divíduos que tenham sofrido trombo-
se ou embolias cerebrais.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS suas • Anticanccroso (0.01: Isolarain-.se re-
folhas contêm colina c acetileolina, • Antiespasmódico e sedativo: Acalma centemente na planta do visco-bran-
substâncias que actuam sobre o siste- a sensação de opressão no peito, as co certas proteínas conhecidas como
ma nervoso vegetativo, além de sapo- palpitações, o nervosismo e as enxa- lactinas, que têm um acentuado eleito
ninas. As bagas contêm também alca- quecas IO.01. Antigamente uiilizava-se destruidor das células minorais (efei-
lóides e outras substâncias té>xicas, para acalmar os ataques epilépticos e to citolítico). Ao mesmo tempo, estas
pelo que não se recomenda o uso me- as crises de histeria. proteínas estimulam o timo e as defe-
dicinal das mesmas. sas celulares do organismo. Realiza-
• Diurético e depurativo: Aumenta a ram-se experiências satisfatórias com
Eis as propriedades do visco-bran- produção de urina e a eliminação dos animais de laboratório, nos quais 0
co: resíduos tóxicos do metabolismo, visco-branco foi capaz de curar tumo-
• Hipotensor e vasodilatador: Possui como a ureia e o ácido úrico IO.OI. In- res superficiais. Esperamos que se
um notável eleito regularizado!- do sis- dicado nos casos de nelrite, gota, ar- façam novas descobertas nos próxi-
tema circulatório IO.OI. O visco-bran- tritismo, e sempre que se deseje de- mos anos, que permitam a sua apli-
co é uma das plantas mais eficazes que purar o sangue. cação clínica.

247
PLANTAS PARA AS VEIAS

UJVIÁRIO DO CAPÍTULO I Plantas com acção


protectora capilar
DOENÇAS E APLICAÇÕES
Fortalecem e regeneram as células
Flebite 249 que formam os finos canais ou vasos
Plantas protectoras capilares 248 capilares, pelos quais circula o sangue
Protectoras capilares, plantas 248 no interior dos tecidos. Os princípios
activos mais importantes, responsá-
Úlcera varicosa 250 veis pela sua acção, são a rutina ou vi-
Varizes 249 tamina P e as antocianinas. Aplicam-
Veias, inflamação, ver Flebite 249 -se em caso de hemorragias por fra-
gilidade vascular, edemas, varizes e
flebites. Com o fortalecimento das cé-
PLANTAS lulas que formam os canais capilares,
diminui a excessiva saida de líquidos
Arando 260 dos capilares para os tecidos. Desta
Arando-vermelho 261 forma se reduz o edema e inchação
Aveleira 253 dos tecidos, e melhora a circulação
sanguínea.
Castanheiro-da-índia 251
Cipreste 255
Enia-dos-vasadhos = Giibarbeira . . . . 259 Planta Pág.
Giibarbeira 259 Ginkgo 234
Hamamélia 257
As plantas venotónicas, Castanheiro-da-índia 251
assim como as massagens Meliloto 258
Mirtilo = Arando 260 Hamamélia 257
ascendentes nos membros
inferiores, favorecem a Giibarbeira 259
circulação venosa e Arando 260
embelezam as pernas. Sempre-noiva 272
Videira 544
Arruda 637

A
S VKIAS transportam o sangue lação sanguínea nas veias, evitando que se
de volta paia o coração, depois dilatem e lormem varizes. As plantas ve-
de ele ter passado pelos capila- notónicas também são úteis em caso de
res e irrigado os tecidos. O san- hemorróidas, pois estas nada mais são do
gue circula pelas veias quase sem pressão, que veias dilatadas na região do ânus.
<> que dificulta de modo particular o re-
torno do sangue das pernas, que leni de As compressas embebidas na decocção
subir vencendo a força da gravidade. rle certas plainas venotónicas e cicatrizan-
tes (pág. 250) ((instituem nina interessan-
As plainas medicinais fornecem substân- te ajuda no tratamento das úlceras varico-
cias venotónicas, (pie favorecem a circu- sas das pernas.

248
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte; D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

VARIZES Rica em flavonóides Decocção de casca de laranja


LARANJEIRA 153 de acção protectora capilar
São dilatações permanentes das veias.
Todas estas plantas têm acção venotó- riwiírn 9-Í/I Tonifica as paredes venosas, protector Infusão, compressas, cataplasmas,
nica, isto é, tonificam a parede das bINKGO £.& capi|ar banhos
veias, evitando assim a sua excessiva
dilatação. As plantas venotónicas ac- CASTANHEIRO- 251 T 0 " ' * ' 0 3 as paredes venosas, Decocção, compressas
tuam também favorecendo a circulação -DA-lNDIA protector capilar
de retorno do sangue no interior das Decocção de folhas e ramas,
veias. AVELEIRA 253 Tonifica a circulação venosa
compressas
Algumas destas plantas tem, além dis-
so, uma acção protectora capilar (ta- Decocção de gálbulos (frutos),
CIPRESTE 255 Tónico venoso
bela da pág. 248), pelo que for- essência
talecem e regeneram as
células que formam os fi- HAMAMÉLIA 257 Activa a circulação sanguínea nas veias Extracto, infusão de folhas e/ou casca
nos canais ou vasos
capilares pelos quais M,-. „ «T« OKQ Activa a circulação venosa, Infusão
circula o sangue. MEULOTO 258 fluidifica 0 sangue
Deste modo diminui
o edema e inchação fimuRRFiR& ?RQ Melhora a circulação venosa Decocção,
UILBARBEIRA ^ o y ( f o r t a | e c e a s p a r e d e s d o s capilares compressas com a decocção
dos tecidos, e me-
lhora a circulação ve- 260 Reforça a parede dos vasos capilares
nosa. ARANDO Sumo fresco ou decocção de frutos
e venosos
LIMOEIRO 265 Protector capilar, tónico venoso Sumo de limão, essência
iu,1D. rAA Melhora a permeabilidade capilar Decocção de folhas, banhos de pés
VIDEIRA D44 e a c j r c u | a ç ã o venosa com a decocção de folhas
ílífíM!/}!'!!,!
NOVELEIRO 642 Activa a circulação venosa Decocção de casca

FLEBITE Toni,ica as Compressas com a infusão,


GlNKGO 234 Pa r edes venosas, cataplasma de folhas esmagadas,
É a inflamação das veias. Acontece nor- protector capilar banhos de pés com a infusão
malmente nas veias varicosas, isto é,
previamente dilatadas. Além das plan- CASTANHEIRO- 25i Tonifica as paredes venosas, Compressas com a decocção
tas recomendadas para as varizes, o -DA-ÍNDIA protector capilar de casca e/ou sementes
tratamento fitoterápico da flebite requer
a aplicação local de compressas ou ca- Compressas com a decocção
AVELEIRA 253 Tonifica a circulação venosa de folhas e casca
taplasmas destas plantas, sobre a zona
afectada pela flebite. „njinDCin, OCQ Melhora a circulação venosa
r
GILBARBEIRA Í V Í % fortalece as paredes capilares Compressas com a decocção

Cataplasmas de folhas frescas


PFÍASSTE 320 Anti-inHamatóvia de acção local
esmagadas

Os frutos do arando (pág. 260) são m u i t o ricos em


antocianinas, substâncias que tingem a pele de
uma cor azulada típica. Ingeridas por via oral, as
antocianinas |pág. T28) reforçam a parede dos
vasos capilares e venosos, e beneficiam a
circulação sanguínea na retina, assim como a dos
membros inferiores.
O sumo de arandos é um bom remédio a ter em
conta em caso de varizes.

249
C a p . 1 4 : P L A N T A S PARA A S V E I A S

Doença Planta Pág. Acção Uso

ULCERA VARICOSA AGRIMÒNIA 205 Cicatrizante Compressas com a decocção


É uma perda de substância na pele, de CARVALHO 208 Adstringente, cicatrizante Compressas com a decocção
escassa ou nenhuma tendência para a DEDALEIRA 221 Cicatrizante Compressas com a infusão
cicatrização, causada por uma alte-
ração da circulação venosa. Associa-se CASTANHEIRO- 2=1 Tónico venoso, adstringente, Compressas com a decocção
geralmente a varizes e/ou flebite, e -DA-lNDIA anti-inflamatório de casca
localiza-se na parte inferior da perna, Compressas com a decocção
AVELEIRA 253 Cicatrizante, tónico venoso
próximo do torno- de folhas e casca
zelo. Compressas com a decocção
CIPRESTE 255 Tónico venoso
0 tratamento fito- de gálbulos de cipreste (frutos)
terápico da úlcera Compressas com a decocção,
varicosa consiste TANCHAGEM 325 Emoliente, adstringente
pensos ou cataplasmas de folhas
na ingestão de
plantas venotóni- CUSCUTA 386 Cicatrizante e anti-séptica Cataplasmas com a planta cozida
ca$ (ver "Varizes", Cataplasmas com as folhas cruas,
pág. 249) e pro- COUVE 433 Cicatrizante e vulnerária esmagadas, ou cozidas e misturadas
tectoras capila- com farelo
res (ver pág. 248),
combinadas com
AMIEIRO 487 Adstringente Compressas com a decocção
a aplicação de ca- SALGUEIRINHA 510 Cicatrizante e regeneradora da Compressas com a decocção
taplasmas e com- epiderme
pressas sobre a ZARAGATOA 515 Cicatrizante, protege e desinflama
zona ulcerada, Cataplasmas de sementes
a pele
com plantas ci-
catrizantes JQA Cicatrizante, favorece a regeneração
CAVALINHA Compressas com a decocção
Wev cap. 27), dos tecidos
anti-sépti- <5ANiruiA 7?R Limpa os tecidos necrosados Cataplasmas de folhas frescas
cas e ads- SANICULA i& e estimula a cicatrização esmagadas
tringentes.
BÉTÓNICA 730 Vulnerária, cicatrizante Compressas com a decocção
CONSOLDA- Compressas com a infusão,
Tanchagem 732 Cicatrizante
-MAIOR cataplasmas com a raiz esmagada

O castanheiro-da-índia (pág. 251J é uma bela


árvore cuja casca e cujas sementes contêm o
giicósido esculina, substância de forte acção
venotónica e protectora capilar.
A decocção da casca e/ou das sementes toma-se
por via oral (respeitando as doses), e aplica-se em
compressas sobre as pernas. Conseguem-se efeitos
notáveis em caso de pernas cansadas ou inchadas
devido a varizes ou a insuficiência venosa dos
membros inferiores. Também se apJica em banhos
de assento no caso das hemorróidas.
A esculina do castanheiro-da-indía faz parte de
diversos preparados farmacêuticos com acção
venotónica e antredematosa.

250
Aesculus
h/ppocastanum L !\ 6

Preparação e emprego
Castanheiro
-da-índia USO INTERNO
O Decocção: 50 g de casca de
ramos jovens e/ou sementes por li-
O remédio das veias tro de água. Tomam-se duas ou
por excelência três chávenas diárias.
@ Extracto seco: 250 mg, três
vezes por dia.

USO EXTERNO
© Compressas com a decocção

E STA FORMOSA árvore foi leva- de casca: Aplicam-se sobre as he-


da de Constantinopla para a morróidas ou as úlceras varicosas,
Áustria, e dali para outros paí- mantendo-as durante 5-10 minu-
ses da Europa Ocidental, pelo jardi- tos, 3 ou 4 vezes ao dia.
neiro do imperador Maximiliano, no O Banho de assento com a de-
princípio do século XVII. Como por cocção, em caso de hemorróidas
aquele tempo chegavam à Europa e de atecções prostáticas.
muitas plantas vindas das "índias" © Banho completo: Prepara-se
(América), pensou-se que a árvore era uma decocção com meio quilo de
mais uma delas, e, pela semelhança sementes esmagadas por litro de
que tinha eom o castanheiro, cha- água, que se fervem durante 5 mi-
mou-se-lhe castanheiro das índias, nutos. Prepara-se um banho
hoje castanheiro-da-índia. Provou-se quente acrescentando a decocção
depois que, na realidade, é oriundo à água. A pele fica muito suave e
da Grécia e da Turquia. impa, melhor do que com qual-
quer sabonete ou gel sintético.
O nome hippocaslanum ('casta-
nheiro de. cavalo' em Valhvt) vem do
facto de que os Turcos o davam a co-
mer aos cavalos velhos, para lhes acal-
mar a tosse e aliviar a asma de que so-
frem com certa frequência.
As castanhas deste castanheiro têm
um gosto muito amargo, que deveria
avisar, a quem as prova, de que não
são comestíveis. Registaram-se casos
de intoxicação, sobretudo em crian-

Outros nomes:
Precauções Esp.: castano de índias, castano caballuno, castano falso. Fr.: marronier [d'lndej,
chataignier de cheval. Ing.: [commonj horse chestnut.
Habitat: Árvore comum nos parques e avenidas da Europa e da América. Também se
encontra em estado silvestre nos bosques de regiões montanhosas.
As sementes, isto é, as castanhas Descrição: Árvore de folha caduca, da família das Hipocastanáceas, de belo porte e
desta árvore, não devem ingerír-se, grande loihagem. Atinge até 30 m de aíiura e, como o castanheiro comum, vive muito
tempo (até 300 anos). As folhas são palmeadas, grandes, de bordo dentado, e
por se tornarem tóxicas. Sobretudo, nascem em grupos de 5 a 9. As flores são brancas e agrupam-se em ramalhetes. Os
é preciso avisar as crianças, que po- frutos são grandes, rodeados de espinhos não muito duros, e contêm no interior uma
dem confundi-las com as castanhas ou duas sementes parecidas com as verdadeiras castanhas.
comestíveis. Partes utilizadas: a casca dos ramos jovens e as sementes.

251
O castanherro-da-índia é
uma befa árvore, de cuja
casca e sementes se extrai
o gíicósido esculina. Esta
substância natural faz
parte da composição de
numerosos preparados
farmacêuticos, devido à
sua acção tonificante da
circulação sanguínea nas
veias.

ças, por as terem c o m i d o em quanti- m i n u a a c o n g e s t ã o s a n g u í n e a , es- • Varizes das pernas, insuficiência ve-
dade. p e c i a l m e n t e nos m e m b r o s inferio- nosa, p e r n a s pesadas 10.®.01.
res. • Tromboflebites, úlcera varicosa das
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A CAS- —Protector capilar: Fortalece as célu- pernas 10,0 ©I.
CA dos r a m o s jovens c as SEMENTES las q u e formam a p a r e d e dos vasos • H e m o r r ó i d a s : Acalma a d o r e re-
(castanhas) c o n t ê m vários princípios capilares, lornando-os m e n o s per- du/.-lhes t a m a n h o IOM.OI
activos de g r a n d e valor medicinal: meáveis, favorecendo assim o desa- • P r ó s t a t a : Torna-se m u i t o eficaz lia
/ Esculina: (Uicósido c u m a r í n i c o q u e p a r e c i m e n t o d o s e d e m a s c in- congestão e hipertrofia desta glându-
exerce uma forte acção sobre o siste- chaços. la, tanto tomada em infusão ou ex-
ma venoso e sobre a circulação san- / Saponinas triterpénicas (escina) de tractos como aplicada em banhas de
guínea em geral. A esculina e n t r a na acção anli-inflamatória e antiedema- assento IO.0.01. Reduz o t a m a n h o da
composição de muitos preparados far- tosa, a b u n d a n t e s , s o b r e t u d o , nas se- próstata inflamada e facilita a saída da
macêuticos, pois a i n d a n ã o se conse- mentes. urina.
guiu sintetizar um fármaco que- supe-
A FARINHA da castanha-da índia é
re DS efeitos desta substância vegetal. / Taninos calequicos, adstringentes e
As propriedades da esculina são: anli-inl 'lama tórios.
especialmente rica em saponina, pelo
que se emprega em cosmética e na in-
-Tónico venoso: Au m e u la o t o n o da Esta planta torna-se muito útil em dúsiria do sabão 101. E um autêntico
parede venosa, o que determina todo o tipo de transtornos venosos, es- sabão vegetal, suavi/ante e protector
q u e as veias se- contraiam e q u e di- pecialmente em: da pele.

252
Corylus avellana L

Aveleira
Uma árvore nutritiva
e medicinal

A INDA se podem encontrar.


nas regiões montanhosas e
húmidas, bosques de aveleiras
silvestres, onde os esquilos dispõem
do seu paraíso. Nos meses de .Setem-
bro e Outubro, oferecem ao cami-
nhante as suas saborosas avelãs, que Outros nomes: avelaneira.
nada ficam a devei' às cultivadas. Esp.: aveilano, aveilano común, ablano. Fr.: noiseter. Ing.: hazel[nut}
tree, cob nut tree.
|á Dioscórides, no século I a.C, re-
comendava as avelãs para as doenças Habitat: Cresce espontaneamente nas regiões montanhosas da Europa e da
América do Norte. Cultiva-se nos países mediterrâneos.
respiratórias, embora não lhe tenha
escapado o facto de que, comidas em Descrição: Árvore ou arbusto da família das Betuláceas, que atinge de 2 a 5
m de altura. Costuma apresentar troncos ou rebentos múltiplos que partem de
quantidade, podem toi nar-se pesadas uma cepa comum. As folhas são dentadas e terminam em ponta.
para o estômago. Santa Hildegarda Partes utilizadas: os amentilhos (inflorescências em espiga), a casca dos
aconselhava-as contra a impotência ramos jovens, as folhas e os frutos (avelãs).
masculina. Mattioli, ilustre medico ita-
liano do século XVI, aplicava-as em
loção, trituradas e misturadas com
banha de urso, para lazer crescer o ca-
belo. O Preparação e emprego
Desde então, muitas outras apli-
cações se têm dado às avelãs, entre as
quais se destacam as de calmante dos USO INTERNO © Avelãs: Um punhado em jejum
nervos e contra a formação de cálcu- ou depois da refeição do meio-dia.
O Decocção de folhas e casca de
los urinários. O facto é que nenhuma ramos jovens (misturadas): 30-40 g
delas foi definitivamente demonstra- por litro de água. Ferver durante 3
USO EXTERNO
da. No entanto, uma coisa é certa: as minutos e deixar repousar durante
avelãs são um excelente alimento, rico O Compressas: Com a mesma de-
mais 15 minutos. Tomam-se uma ou
em lípidos (b'2%), proteínas (14%), cocção de folhas e casca, que se usa
duas chávenas por dia.
sais minerais e vitaminas. Por isso, internamente, embebem-se para se
quem precise de aumentai' o peso, © Decocção de amentilhos (faz aplicarem sobre as zonas afectadas.
sempre que o seu aparelho digestivo transpirar e emagrecer): 50 g de
funcione normalmente, fará bem em amentilhos primaveris por litro de © Banhos de assento: Também
comer iodos os dias de 12 a 15 avelãs água. Ferver durante 5 minutos e com esta mesma decocção.
como sobremesa. deixar repousar mais 15 minutos. Fil-
trar. Toma-se uma chávena depois © Fricções sobre a pele com óleo
Sem esquecer, naturalmente, que de cada refeição. de avelãs.
diversas partes da aveleira têm inte-
ressantes efeitos medicinais.

253
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas
as parles da árvore contêm llavonói-
des e taninos. A CASCA e as FOLHAS
têm as seguintes aplicações:

• Tónico venoso: O sen eleito mais


notável é o fie tonificar a circulação
venosa, favorecendo o retorno do
sangue paia o coração. A decocçao
de casca e folhas, tanto ingerida
como aplicada em compressas sobre
as pernas, é recomendada nos casos
de varizes, flebite e hemorróidas
IO.OI. Têm também um ligeiro efeito
vasoconstritor e hemostático, pelo
que se utilizam igualmente nos casos
de epislaxe (hemorragia nasal) e de
hipermenorreias (regras excessivas).

• Externamente, actuara como cicatri-


zantes e lornam-se úteis nas feridas
de difícil cicatrização e úlceras vari-
cosas. Sobre as hemorróidas, têm um A decocçao de folhas e casca de ramos jovens da aveleira facilita a cir-
acentuado efeito sedativo e anti-inlla- culação sanguínea de retorno no sistema venoso. Ingerida por via
malório: aplica-se a sua decocçao, oral, e aplicada localmente em forma de compressas, constitui um
bom remédio para aliviar o peso das pernas, em caso de varizes ou
tanto em compressas como em ba- insuficiência venosa dos membros inferiores.
nhos de assento 1©), além de se tomar
bebida, como se indica no parágrafo
anterior lOl.

OsAMENTILHOS (espigas florais) e


o seu pólen, colhidos na Primavera,
têm propriedades:
As avelãs fornecem gorduras e proteínas de grande valor
• Depurativas, sudoríferas e febrífu- nutritivo, e produzem um ligeiro aumento da pressão arte-
gas: Por isso se utilizam em caso de rial, pelo que convêm especialmente aos hipotensos.
gripe ou constipação, com a finalida-
de de acelerar a cura 1©1. Também se
empregam em casos de obesidade,
para depurar o organismo e provocar
uma perda de peso como conse-
quência da sudação.

As AVELAS usam-se como alimento


rico cm calorias e em substâncias nu-
tritivas (gorduras e proteínas) 101.
Devem mastigar-se bem ou, se neces-
sário, esmagar-se em forma de papa,
a fim de se conseguir uma boa assi-
milação. Têm um ligeiro efeito hi-
per tensor (fazem subir a pressão ar-
terial), pelo que aqueles que sofrem
de hipertensão não devem abusar de-
las.

O ÓLEO DE AVELÃS é adstringente


e fecha os poros da pele 101. Rcco-
menda-se para o cuidado das peles
gordurosas c nos casos de acne.

254
Cupressus
sempervirens L O: «J D AJ 1

Preparação e emprego

Cipreste USO INTERNO


O Decocção: 20-30 g de frutos
Tónico circulatório de cipreste verdes, esmagados,
e da bexiga ou igual quantidade da sua ma-
deira, por litro de água. Ferve-se
durante 10 minutos e filtra-se. To-
mar uma chávena antes de cada
refeição (3 por dia).
O Essência: Tomam-se de 2 a 4
gotas, três vezes por dia.

USO EXTERNO
€) Banhos de assento: Para o
tratamento das hemorróidas com
uma decocção para uso interno,
mas com maior concentração de
frutos (cerca de 50 g por litro). To-

O
CIPRESTE é uma árvore qua- mam-se três banhos por dia, mas
se tenebrosa. Firme e solene com a água já fria. Reduz o ta-
às porias de um cemitério, manho das hemorróidas e alivia o
apontando paia o céu com a sua copa incómodo e a dor que provocam.
e paia as tumbas com a sua alongada O Banhos de vapor: Para quem
sombra, parece querer lembrar aos se- sofra de caiarros bronquiais, è al-
res humanos o trágico destino que tamente benéfico fazer banhos de
nos espera nesta terra. E a árvore que vapor, acrescentando à água
melhor simboliza a morte. quente alguns frutos de cipreste,
Mas, ao mesmo tempo, é sinal de ou então umas gotas da sua
vida e de saúde para tantos que so- essência.
frem de doenças do aparelho respira- © Compressas sobre as pernas,
tório e do aparelho circulatório. com a mesma decocção que pa-
Já na antiga Grécia si- mandavam os ra o uso interno.
doentes do peito para os bosques de
ciprestes, para recuperai em a saúde
respirando o seu ar impregnado de
essências balsâmicas. Hipócrates e Ga-
leno recomcndavam-no como planta Outros nomes: cipreste-dos-
medicinal. Desde então tem vindo a •cemitérios.
ser utilizado com êxito, durante mais Esp.: ciprès, ciprès común. Fr.: cyprès
de dois mil anos, como árvore cura- [toujours vert\. Ing.: {Ifalian} cypress.
tiva. Habitat: Originário da Ásia Menor, hoje
encontrado em toda a Europa e
No estado mexicano de Oaxaca, naturalizado na América, onde existem
enconira-se o célebre cipreste de algumas variedades.
Mocte/iuna ou do Tule, de 50 m de al- Descrição: Árvore da família das
tura e \4 m de diâmetro no tronco, Cupressáceas, de folha perene, que
q u e p e r t e n c e a u m a espécie m u i t o atinge 20-25 m de altura. O seus frutos,
próxima do cipreste comum. Atribui- chamados gálbulos, apresentam uma
-se-lhe uma idade de 4000 ou 5000 forma poliédrica e são de cor verde
anos. Os antigos Astecas já emprega- acinzentada.
vam os frutos do cipreste (os gálbu- Partes utilizadas: os frutos verdes
los) para evitar os cabelos brancos e (gálbulos) e a madeira.
conservar a cor primitiva do cabelo.

255
Os banhos de assento com
uma decocção de gálbufos
(frutos) de cipreste verde
aliviam os transtornos da
micção próprios do síndro-
ma prostático, da cistite ou
da incontinência urinária. O
seu efeito é reforçado se, ao
mesmo tempo, se tomar por
via oral a decocção ou a
essência durante vários dias.
Pela sua acção t o n i f i c a n t e
sobre a circulação venosa,
estes banhos também se tor-
nam convenientes em caso
de hemorróidas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Na
madeira do cipreste, nos seus ramos
tenros, e especialmente nos frutos,
enconlra-sc entre 0,2% e 1,2% de
essência de cipreste, composta de vá-
rios hidrocarbonetos, assim como ca-
nino e diversas substâncias aromáti-
cas. Esta árvore tem as seguintes pro-
priedades:
• Tónico venoso potente: Tem uma
acção tão intensa como a hamamélia
(pág. 2.V7), uma das plantas mais ac-
tivas sobre o sistema circulatório CJUC
se conhecem. O uso do cipreste é in-
dicado para combater as varizes, as
úlceras varicosas e as hemorróidas,
tanto em uso interno 10,01 como em
aplicação lotai externa 10.©). dade da bexiga, e permite um melhor •Adstringente, devido aos taninos
controlo do sistema nervoso vegetati- que possui IOI. Usa-se em caso de co-
• Vasoconstritor (contrai os vasos san- vo sobre a musculatura deste órgão. lite ou diarreia.
guíneos). Torna-sc especialmente re-
comendável durante a menopausa, Km uso interno IO.01 ou em banhos
• Sudorífico, diurético e febrífugo
para deter as frequentes meirorragias de assento (€>l, é indicado nos casos
(ia/, baixar a lebre). He grande utili-
(hemorragias uterinas) devidas à con- de incontinência urinária diurna, ou dade nos catarros bronquiais, bron-
gestão do útero, como consequência nocturna durante o sono (enurese), quites, constipações e gripes IO.OI. A
do desequilíbrio hormonal próprio e no síndroma prostático (dificulda- essência de cipreste leni, além disso,
dessa etapa da vida feminina. de na micção devido a um aumento acção balsâmica, antitússica e expec-
•Tónico vesical: Aumenta a tonici- do tamanho da próstata). torante 101.

256
Hamamells virginiana
L

Hamamélia
Tonifica as veias
e embeleza a pele

O S FRUTOS desta árvore são


umas cápsulas lenhosas de
forma ovalada semelhantes às
avelãs, que quando estão maduras es-
talam de forma ruidosa. Possivelmen-
te por isso, os índios da América do
Norte acreditavam que esta árvore es-
cava enfeitiçada. Outros nomes: hamamélia-da-virginia. aveleira-de-bruxo, aveleira-de-teiticeira. Brasil:
Actualmente, a hamamélia é uma hamamélis, amieiro-mosqueado.
dos plantas mais eficazes que se conhe- Esp.: hamamélis, avellano de bruja. Fr.: hamamélis (de Virginiej. Ing.: witch hazel.
cem paia combatei" as afecções circu- Habitat: Originária da costa ocidental dos Estados Unidos e do Canadá. Cultiva-se na
latórias. Europa como planta ornamental.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As fo- Descrição: Árvore da família das Hamamelidáceas, que pode atingir até 5mde altura.
lhas e a casca desta árvore contêm di- Tem folhas alternas e ovaladas e flores com 4 pétalas amarelas em forma de tingueta.
versos tipos de taninos, entre os quais Partes utilizadas: as folhas e a casca.
se destacam os hamamelitaninos, as-
sim como flavonóides e saponinas.
Possui as seguintes propriedades. li Preparação e emprego
•Tónico venoso: Contrai a parede
das veias, activando a circulação san-
guínea no seu interior. Por isso é mui- USO INTERNO -se a mesma infusão que para o uso
to útil no caso de varizes, flcbites, per- O Extracto seco: A dose normal é interno, deixando-a ferver alguns mi-
nas pesadas c hemorróidas IO.©l. de 1-2 g, repartidos em 3 tomas diá- nutos, e muito bem filtrada, para que
rias. não fique nenhuma impureza; ou
• Hcmoslático (delem as hemorra-
então, a água destilada de hama-
gias): Fortalece as paredes das veias e © Infusão: 30-40 g de folhas e/ou
casca por litro de água. Tomar duas mélia.
capilares sanguíneos, efeito este se-
melhante ao da vitamina V (numa). chávenas diárias.
Utiliza-se nos transtornos da meno- O Compressas com a infusão: Apli-
USO EXTERNO
pausa e nas mclrorragias (hemorra- cam-se sobre a zona da pele afec-
gias uterinas) IO,©). €> Lavagens oculares: Emprega- tada.
• Sobre a pele: Activa a circulação da
pele, e tem eleito cicatrizante e ads-
tringente, Utiliza-se em dermatites,
eczemas, pele seca e rugas 101. Faz
parte de numerosos produtos de beleza. I©l. Combatem a conjuntivite produ- vocado por um trabalho que requeira
• Sedativo ocular: A infusão, ou a zida pelo pó, o fumo, a contaminação muita atenção visual, como por exem-
água destilada de hamamélia (prepa- e a acção irritante da água do mar ou plo a condução de automóveis ou o
ração farmacêutica), usam-se como das piscinas. Também se tornam úteis trabalho em frente de uni computa-
colírio para lavar e relaxar os olhos para aliviar o cansaço tios olhos pro- dor.

257
Melllotus
officinalls Lam. Oj í a J
Preparação e emprego

Meliloto USO INTERNO


O Infusão com 50 g de planta
Previne a trombose por litro de água, da qual se to-
mam 3 ou 4 chávenas por dia.

USO EXTERNO
© Lavagens oculares: Usa-se
uma infusão, mas mais concen-
trada do que para uso interno, à
razão de uns 200 g por litro de
água.

o MELILOTO é, juntamente
com os (idalguinhos (p«ig.
131) e a tanchagem (pág.
325). uma das plainas conhecidas des-
de a antiguidade como "quebra-ócu-
los" ou "íira-óculos", devido à sua
acção benéfica sobre os olhos. Recen-
temente descobriu-se que esta planta
é um excelente tónico da circulação
venosa, e é esta, no presente, a sua
aplicação mais importante.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém um glicósido, o melilotósido, que
com a secagem se transforma em cu-
marina, além de llavonóicles, vitamina
C, mucilagens e colina. Estas substân-
cias conferem-lhe as seguintes pro- As infusões de meliloto ali-
priedades: viam o peso das pernas e pre-
vinem a trombose.
• Tónico venoso e protector capilar
IOI: Muito úiil em caso de varizes, ede-
mas (retenção de líquidos), pernas
cansadas e h e m o r r ó i d a s . Pela sua Outros nomes:
acção anticoagulante, íluidificante do Esp.: meliloto, meliloto común, trébo!
sangue e aclivadora da circulação, o de olor [amarilloj, coronilla.
meliloto está indicado no caso de fle- Fr.: melilot [officinaij. Ing.: [yellow]
bite (inflamação das veias), assim melillot. [yellow) sweet clover. melilot
trefoil.
como para a prevenção da trombose
arterial e venosa. Tudo isto é ajudado Habitat: Encontra-se em terrenos calcários e beiras dos
caminhos de toda a Europa. Naturalizado em algumas
pelo seu suave efeito diurético.
zonas temperadas do continente americano, como o sul
• Antiespasmódico IOI: Útil nas cóli- dos Estados Unidos e a Argentina.
cas digestivas e nos espasmos gástricos Descrição: Planta da família das Leguminosas, de cheiro
ou intestinais. Ajuda a vencer a insó- agradável, que atinge de 60 a 120 cm de altura. As suas folhas estão divididas
nia. em três foliolos, e as flores são de um tom amarelo vivo.
Partes utilizadas: As sumidades floridas.
• Emoliente: Aplic a-se externamente
para lavagens o c u l a r e s em caso de
(onjunlivile, com muito bons resulta-
dos 101.

258
Ruscus acuíeaíus L
«. M m
Preparação e emprego
Gifbarbeira
USO INTERNO
Favorece
O Decocção: 40-60 g de raiz ou
a circulação venosa rizoma por litro de água, duran-
te 10 minutos. Tomar de 4 a 6
chávenas por dia.

USO EXTERNO

A S VERDADEIRAS folhas des- © Loção: Com a mesma de-


ta planta, conhecida já dos cocção de uso interno.
antigos Gregos, são umas es- €) Compressas: Embebem-se
camas pouco perceptíveis inseridas ao na decocção e aplicam-se sobre
longo do caule. O que parecem folhas a zona afectada.
são, na realidade, pseudofolhas, co-
nhecidas botanicamente como filo-
cládios. Sobre estes crescem a flor o o
Fruto.

PROPRIKDADKS E INDICAÇÕES: A raiz


c o ri/o ma da gilbarbeira contêm sa-
poninas esteróidicas de acção vaso-
constritora e anti-inflamatória (rusco-
geninas), assim como rutina de acção
protectora sobre os vasos capilares
(efeito vitamina l J ). A gilbarbeira é
possivelmente o remédio vegetal com
maior acção tónica sobre as veias. Por
isso entra na composição de numero-
sos medicamentos anti-hemorroidais e
antivaricosos.
As suas aplicações são as seguintes:
• Afecções venosas: varizes, debites,
pernas pesadas, edemas (retenção de
líquidos), hemorróidas !©,©!. Pelo As loções com decocção de
efeito dos seus princípios activos, me- raiz de gilbarbeira ajudam a
lhora a circulação no .sistema venoso combater a celulite.
c fortalece as paredes dos capilares,
diminuindo a cxsudação de líquidos Outros nomes: g//oarde/ra, gibatbeira, erva-dos
para os tecidos. O seu eleito diurético •vasculhos, azevinho-menor.
contribui para acentuar a sua acção Esp.: rusco, brusco, arrayán salvaje.
benéfica sobre a circulação venosa. Fr.: fragon, petit houx. Ing.: butcher's
broom, kneeholty.
• Gota, artritismo e Jitíase renal, pela
sua acção depurativa 101. Favorece a Habitat: Terrenos calcários e bosques,
especialmente de faias e azinheiras, de
eliminação do ácido úrico, e aumen- toda a Europa Central e Meridional.
ta o suor, o que também contribui
Descrição: Subarbusto sempre verde
para o seu efeito depurativo do san- da família das Liliáceas, com caule
gue. erecto de meio a um metro de altura. 0
• Externamente, aplica-se sobre a pele fruto é uma baga vermelha.
para reduzir a celulite, graças ao seu Partes utilizadas: o rizoma e a raiz.
eleito tonificante sobre os tecidos
10.©I

259
Vacdnium
myrtillus L 3 @ ey IJ

Arando Outros nomes: uva-do-monte,


mirtilo, erva-escovinha.
Esp.: arándano, arándono
Excelente remédio para común, mirtilo. uva de bosque.
Fr.: [aireiie) myrtille.
diabéticos e varicosos Ing.: bilberry, whortleberry,
(European) bíueberry.

U MA das muitas delícias que es-


peram o montanheiro é a de
se encontrar com esta planta e
desfrutar rias- suas saborosas bagas, do-
ces e um pouco ácidas. Pelas suas pro-
priedades alimentícias e medicinais,
os frutos do arando são um verdadei-
ro presente da natureza. Sc o leitor
ainda não teve ocasião de os provar, Habitat: Terrenos montanhosos e siliciosos de toda a
saiba que o seu agradável sabor per- Europa. Em Espanha, apenas se encontra nas
dura durante um certo tempo, assim montanhas da metade norte. Em Portugal, aparece
como a cor de amora que deixam nos nos pinhais e matos das montanhas desde o Alto
dentes e na língua de quem os tiver Minho à serra da Estrela. No continente americano,
pode encontrar-se em zonas montanhosas e frias de
comido. ambos os hemisférios.
Os anuídos entram na composição Descrição: Pequeno arbusto de folhas caducas, da
família das Ericáceas. que atinge de 25 a 50 cm de
de várias preparações farmacêuticas, altura. As folhas são ovaladas e finamente dentadas. 0
pois as suas excelentes qualidades me- fruto é uma baga, que começa por ser vermelha e
dicinais ainda não puderam ser ultra- se torna azul-escura quando amadurece.
passadas pelos produtos de síntese Partes utilizadas: as folhas e os frutos.
química.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS O Preparação e emprego


FRUTOS do arando contêm diversos
ácidos orgânicos (málico, cítrico, ele.)
de acção tonificante sobre o aparelho USO INTERNO que sintam debilidade durante a cu-
digestivo, açúcares, taninos, pectina, ra podem tomar até 3 ou 4 copos de
O Sumo fresco: Obtém-se esma-
mirtilina (glicósidocorante).antocia- leite diariamente.
gando os frutos maduros e filtrando-
ninas, e as vitaminas A, C e. em menor -os depois. Tomar 5 a 10 colheradas O Infusão de folhas: 30-40 g por li-
quantidade, a li. Além das suas pro- a cada refeição tro de água. Para a diabetes, tomar
priedades alimentícias e refrescantes, 3 ou 4 chávenas diárias, sem adoçar.
são adstringentes, antidiarreicos, anti- © Decocção de 50-70 g de frutos
Em caso de diarreia, toma-se uma
por litro de água. Ferver durante 15
-sépticos e vermífugos. São indicados chávena depois de cada evacuação,
minutos e filtrar. Tomar todo o líqui-
nos seguintes casos: até que as fezes voltem a ser nor-
do resultante, repartindo-o por vá-
mais.
• Alterações circulatórias do sistema rias tomas ao longo do dia.
venoso, como pernas pesadas, varizes. © Cura de arandos: De meio a um USO EXTERNO
Rebites, úlceras varicosas e hemorrói- quilo diário, quer frescos quer cozi-
das IO.@,€)l. As antocianinas contidas dos em puré. Tomam-se como úni- © Loção: Pode aplicar-se com o su-
no arando actuam protegendo e re- co alimento durante um perioôo de 3 mo fresco ou com a decocção dos
forçando a parede dos vasos capilares a 5 dias. As crianças e os adultos frutos.
e venosos. Desta forma impedem a sa-
ída de proteínas e de líquido para os

260
Os arandos. ou os extractos
que se elaboram com eles.
constituem um eficaz remé-
dio para tratar as varizes, a
perda de visão por degene-
rescência da retina e as para-
sitoses intestinais.
Além disso, o sumo de aran-
do ou os seus extractos são
úteis nas infecções urinárias
(cistites e uretrites). Está pro-
vado q u e , tomando-os de
forma regular d u r a n t e um
período de um a três meses,
se evitam as incómodas cisti-
tes repetidas nas mulheres
propensas a elas.

tecidos, com o que se reduz o edema intestino infantil. Neste caso reco-
e a congestão. Os arandos também ac- menda-se fazer uma cura de arandos
tuam sobre o coração, aumentando a frescos ou cozinhados em forma clt-
resistência do músculo cardíaco (mio- puré, durante três dias consecutivos
cárdio). 101. Só é permitido tomar leite, além
dos arandos. Segundo o doutor
• Degeneração da retina e perda de Schneider, o êxito deste tratamento
«A».
visão. As aniocianinas do arando ac- pôde ser comprovado no Hospital
tuam também sobre os capilares da Infantil da Universidade de Helsín-
Arando-vermelho retina, melhorando a irrigação das cé- quia (Finlândia).
lulas sensíveis à luz. São portanto mui-
to úteis na recuperação da acuidade
visual nocturna e para melhorar a • Infecções urinárias: O sumo de
adaptação à obscuridade IO,©.©f O arando fresco, OU os seus extractos,
seu uso torna-se especialmente indi- exercem uma acção anii-séptica sobre
cado na retinopatia diabética, na mio- os órgãos urinários, como a bexiga ou
pia, e na degenerescência da retina a uretra IOI. Fm caso de cistite repeli-
devida a hipertensão ou a arterioscle- da, frequente nalgumas mulheres, rc-
rose, ou a outras causas, como no caso comenda-se que comam arandos du-
da rctinosc pigmentaria. rante um a três meses, de forma con-
tinuada, para evitai novas recaídas.
• Diarreias em geral, e especialmente
as infecciosas devidas a disbacteriose • Afecções da pele, como o eczema, a
O arando-vermelho ou arando-de-ba- (alteração da flora intestinal) IO,©. folicillite e as úlceras varicosas 101.
ga-vermelha {Vaccinium vitis-idaea ©.O). Pelo seu efeito anti-séptico. é ca- Nestes casos aplica-se localmente o
L ) \ é de folha perene e dá umas ba- paz de travar a flatulência devida a sumo de arandos em forma de loção,
gas vermelhas. Tanto pelo aspecto fermentações e putrefacções intesti- ou então fresco, ou concentrado por
como pelas propriedades que tem, é nais. Desinflama e normaliza o fun- meio de decocção.
muito semelhante à uva-ursina (pág. cionamento do intestino, especial-
564). As suas folhas usam-se como mente do cólon. As FOLHAS do arando merecem
diurético, anti-septico e anti-infla- uma menção especial, Contêm lani-
matório urinário, em caso de cistite
Foi possível comprovar experi- íio, glicósidos llavonóides e glicoqui-
e pielonefrite, em infusão de 30 g mentalmente que, tanto as folhas nina, substância esta que faz baixar o
de folhas por litro de água {2-3 chá- como as bagas do arando, travam o conteúdo de glicose (açúcar) no san-
venas por dia). desenvolvimento excessivo dos coli- gue. Têm portanto os mesmos eleitos
bacilos {li\/hnirhirt roli), causadores adstringentes e anlidiarreicos que os
As folhas também são hipoglice- ria disbacteriose intestinal, e muitas
miantes, como as do arando. Os fru- frutos, mas além disso são hipoglicc-
infecções urinárias. miantes. Daí a sua Utilidade para os
tos, por sua vez, são adstringentes.
• Parasitose intestinal, especialmente diabéticos, pois permitem baixar i
' Esp.: arando rojo, arando punteado. dose de medicação oral ou de insuli-
a causada por oxiúros. pequenos ver-
mes que frequentemente infestam o na IOI.

261
PLANTAS PARA O SANGUE

IJMÁRIO DO CAPÍTULO
J Plantas hemostática

DOENÇAS E APLICAÇÕES
Anemia 263
Equimose, ver hematoma 263
FtukUfkantes do sangue, plantas . . . .263 São plantas que detêm as hemorra-
Hematoma 263 gias, tanto nos órgãos internos como
Hemorragia 264 na pele.
Nemosláliras, plantas 262 A sua acção é reforçada quando se
combina o uso interno (tisanas por
Planas Jluidificantes do sangue 263
via orai) com as aplicações exter-
Plantas hemostáticas 262 nas sobre o ponto sangrante, sempre
Trombose 264 que este se encontre acessível.

PLANTAS

Determinadas plantas Agrião 270


medicinais, assim como Aleluia 275
certos alimentos de origem Alfalfa = buxerna 269 Planta Pág.
vegetal, são aftamente Azedas 275 Bistorta 198
eficazes na prevenção e no Cidra 267 Hidraste 207
tratamento da anemia.
Erigerão 268 Pervinca 244
Espirulina 276 Viseo-branco 246
Uma 267
Aveleira 253
Limoeiro 265
Hamamélia 257
Luzerna 269
Pimenta-d'água 274 Erigerão 268
Sempre-noiva 272 Sempre-noiva 272
Toranja 267 Pimenta-d"água 274
Urtiga-maior 278 Tanchagem 325
Vinagreira = Azedas 275
Tormentila 519
Pimpinela-menor 533
Pimpinela-oficinal 534
Silva 541
Videira 544
Bolsa-de-pastor 628
Bico-de-cegonha 631
Urtiga-branca 633
Milefólto 691
Cavalinha 704

262
IE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

2-' P a r t e : D i> '•• c r i ç á O


I
Doença Planta Pág. Acção Uso
LUZERNA 269 ^' c a em 0 ' ' g o e ' e m e n t ° s ' vitaminas, Crua (brotos tenros), sumo fresco,
ANEMIA
enzimas e aminoácidos essenciais infusão, extractos
Diminuição da quantidade de sangue,
especialmente das hematias ou eritró- ESP.RUL.NA 276 S J S S Í K0, am,n0ádd0S essenciai5
Cápsulas, preparados farmacêuticos
citos (glóbulos vermelhos). O tratamen- e vitamina Bi2
to íitoterápico consiste no uso de plan- 27g Contém ferro e clorofila, estimula
tas antianémicas, ricas em ferro (o ele- UR71GA-MA10R
a produção de glóbulos vermelhos Sumo fresco, infusão
mento fundamental das hematias), mas
também com abundante presença de CEBOLA 294 Fornece ferro, oligoelementos e enzimas, Crua, em sumo, cozida ou assada
outros minerais, vitaminas (especial- que estimulam a produção de sangue
mente a C) e enzimas, que activam o Contém abundante ferro, antianémica, Folhas como verdura,
metabolismo no seu conjunto. Há plan- LABAÇA 532
depurativa em infusão ou em sumo fresco
tas, como o ginseng, que fazem au-
mentar a produção de glóbulos verme- Fornece ferro, outros minerais
lhos. VIDEIRA 544 Frutos (uvas), cura de uvas
e vitaminas, limpa o sangue
Tonificante, remineralizante,
MORANGUEIRO 575 Cura de morangos
abre o apetite
Tonificante, estimula a produção
GINSENG 608 Preparados farmacêuticos
de sangue na medula óssea
QUENOPÓDIO-
-BOM-HENRIQUE
702 Rico em ferro e vitamina C Folhas como verdura
Fornece
ABACATEIRO 719 abundante ferro, minerais, A polpa dos frutos
vitaminas e ácidos gordos insaturados

HEMATOMA ARNICA 662 Vulnerária e anti-inflamatória Tintura em aplicação local


Acumulação de sangue nos tecidos, Cataplasmas com a raiz
NORÇA-PRETA 679 Vulnerária, reabsorve os hematomas
fora dos vasos sanguíneos, Referimo- triturada e cozida
nos aqui aos hematomas localizados
debaixo da pele, causados por con- Compressas com a decoção do
SELO-DE-
723 Suaviza e embeleza a cútis, reabsorve
tusões ou feridas. Estas plantas, apli- -SALOMÂO os hematomas rizoma, cataplasmas com o rizoma
cadas localmente, facilitam a sua reab- esmagado
sorção e fazem diminuir a inflamação lo-
cal. São igualmente úteis todas as plan- Compressas com a decocção,
Qawinu A no** Anti-inflamatória, cicatrizante, favorece cataplasmas de folhas frescas
tas vulnerárias (ver cap. 26). oANicum fa a reabsorção dos hematomas esmagadas

Plantas fluidificante
do sangue
""J ^M CERTO sentido, unias as plan-
Êj ias medicinais ingeridas actuam O abacate (pág. 719) é um
m ' sobre o s a n g u e , já q u e os seus O seu uso e indicado como preventi- fruto muito nutritivo e rico
m J princípios activos acabam por ser vo da trombose em caso de hiper- em ferro.
transportados pelo fluido vital depois de tensão, arteriosclerose e sempre que
existam (actores de risco ou predis-
icrem sido absolvidas no intestino. posição para essa alteração sanguí-
No entanto, algumas plantas actuam di- nea.
rectamente sobre a composição do sangue
e sobre a sua capacidade de coagulai-se.
Diversas plainas são capa7.es de aumen- Planta Pág.
tara produção de hematias (glóbulos ver- Tília 169
melhos) e combater, deste modo, a ane- Alho 230
mia. O Ferro rios vegetais é ião mil como o Meliloto 258
de procedência animal para Formar o san- Cebola 294
gue. A absorção do Ferro vegetal é um pou-
Aspérula-odorífera 351
co mais difícil do q u e a do animal mas, em
compensação, tem a vantagem de estar Fumaria 389
normalmente acompanhado de- abundan- Milefólio 691
tes minerais e vitaminas. A vitamina (• lã- Amor-perfeito-bravo 735

263
: i p . 1 5 : P L A N T A S PARA O SANGUE

Doença Planta Pág. Descrição Uso

HEMORRAGIA Decocção de folhas e casca,


AVELEIRA 253 Vasoconstritora e hemostàtica
compressas com estas decocção
Saída de sangue para (ora dos vasos
sanguíneos. Estas plantas têm acção Favorece a coagulação do sangue,
hemostàtica (Ver também pág. 262) e SEMPRE-NOIVA 272 aumenta a resistência dos vasos Decocção, pó
vasoconstritora (ver também pág. sanguíneos
229). A sua acção é reforçada quando PlMENTA- Sumo fresco, como loção
se combina o uso interno (ingeridas por -D'ÀGUA
274 Detém as hemorragias, cicatrizante ou impregnando compressas
via oral) com as aplicações externas. Contrai os vasos sanguíneos,
Qualquer hemorragia anormal deve Sumo fresco, infusão,
URTIGA-MAIOR 278 detém as hemorragias,
ser motivo de consulta médica. tamponamentos nasais com a infusão
úttt em hemorragias nasais e uterinas
Infusão, tamponamentos nasais
PlLOSELA 504 Adstringente
com a infusão
V to* ^ *
CINCO-EM-RAMA 520 Adstringente e hemostàtica Decocção de rizoma e raiz
BOLSA-DE- £2g Contrai as pequenas artérias Infusão, tamponamentos nasais

Ml
-PASTOR sangrantes com a infusão
£07 Aumenta a resistência dos capilares
ARRUDA Infusão, essência
> sanguíneos
r AVIAI HMufl 7n/i Hemostàtica, regenera o tecido Decocção, sumo fresco,
Sempreooiva ' -^ CAVALINHA 704 C0njuntjv0 aplicações locais

TROMBOSE igg Vasodilatadora, hipotensora, Infusão de flores,


TÍLIA
diminui a viscosidade do sangue decocção de casca, extractos
É a formação de um coágulo dentro de
um vaso (.artéria ou veia), que perma- Cru, extractos, decocção
nece no mesmo lugar em que se for- ALHO 230 Antiagregante plaquetário, fibrinolitico
de dentes de alho
mou. Quando o coágulo se desloca do
lugar onde se formou, correndo pelo in- Previne os acidentes vasculares
terior da artéria ou veia em que se en- Cápsulas ou comprimidos
ONAGRA 237 cerebrais, diminui a agregação
contra, produz-se uma embolia. do óleo das sementes
plaquetária
A trombose arterial assenta, na maior
parte dos casos, sobre uma lesão ar- 24c Hipotensor, vasodilatador,
VlSCO-BRANCO Infusão ou maceração de folhas
teriosclerosa da parede das artérias. A melhora a irrigação sanguínea
fitoterapia oferece plantas que melho-
ram a irrigação sanguínea e fluidifi- MELILOTO 258 Fluidifica o sangue, activa a circulação Infusão
cam o sangue <Ver também pág. 263),
exercendo uma interessante acçào pre- Reforça a estabilidade dos vasos
ventiva deste transtorno. Também são LIMOEIRO 265 capilares, melhora a circulação, Sumo do fruto, essência
de utilidade preventiva as plantas que limpa o sangue
fazem descer o colesterol do sangue
(ver pág. 229). Previne a arteriosclerose,
GERGELIM 611 faz descer o colesterol
Sementes em diversas preparações

c ilila a absorção cio ferro contido nos ve- terial, especialmente cias artérias cere-
getais. brais, coronárias (origem do infarto do
miocárdio) e femorais (causa cia falta de
As plantas hemostáticas actuam favore- irrigação nas pernas). Actuam por um ou
cendo os mecanismos de coagulação do vários dos seguintes mecanismos:
sangue e, também, por moio da vitamina K
que contêm, coagulando os pequenos va- • diminuindo a tendência excessiva das
sos capilares pela sua acção adstringente. plaquetas do sangue para se agruparem
formando coágulos: acção antiagregan-
Mais aplicações terapêuticas têm as plan- te plaquetária,
tas que fluidificam o sangue e evitam que
este se coagule dentro dos vasos sanguí- • desfazendo a llbrina. proteína do plas-
neos, processo que se conhece como ma sanguíneo cpte forma OS coágulos:
a c ç ã o l i h l i m i l i l i c ;i,
trombose. Kstas plantas fazem que o san-
gue seja mais fluido, e exercem uma im- • travando os processos de coagulação do
portante acçào preventiva da trombose ar- sangue: acção anticoagulante.

264
Cltrus limon
(L) Burm. O) JL Z *

Preparação e emprego
Limoeiro USO INTERNO
Compêndio de grandes O Infusão de folhas: 30 g por li-
tro de água. Tomam-se 3 ou 4
virtudes medicinais chávenas diárias, adoçadas com
mel.
@ Infusão de casca: Esmaga-se
a casca de um limão por cada co-
po de água e faz-se infundir du-
rante uns minutos. Tomar 3 chá-

L IMÃO: Sinónimo de saúde. Bas-


ta pensarmos nele, e as nossas
glândulas salivares aumentam a
sua produção: Faz crescer-nos água na
boca.
venas diárias, adoçadas com mel.
€) Essência: A dose oscila de 3
a 10 gotas, 3 vezes ao dia.
O Sumo de limão: Convém to-
má-lo diluído com água, adoçado
James Cook, o famoso navegador com mel. e com uma palhinha, pa-
do século XVIII, que descobriu a ra que tenha o mínimo contacto
Nova Zelândia e as ilhas Havai, obri- possível com a dentadura (ataca
gava iodos os seus marinheiros a levar o esmalte dentário). Para a maior
uns (autos limões no seu equipamen- parte das aplicações, é suliciente
to pessoal. Naquela época não se con- tomar o sumo de um a três limões
heciam as vitaminas; mas o seu apura- por dia.
do instinto de marinheiro fizera-o in-
tuir que no limão podia residir o se- USO EXTERNO
gredo paia evitar o escorbuto da sua © Gargarejos e toques: Contra
tripulação. as afecções da garganta, fazem-
-se gargarejos com sumo de limão
E, efectivamente, o capitão Cook puro, quente, e com mel. Também
acertou. Os seus marinheiros resis- se pode aplicar impregnando com
tiam à dure/a das longas viagens tran- ele uma zaragatoa de algodão e
soceânicas, com maior força do que tocando sobre as amígdalas ou a
quaisquer outros, que caíam vítimas zona irritada.
do escorbuto. Em grande parte, foi © Anti-sepsia e beleza: Como
graças ao simples limão que aquele desinfectante para as feridas, e
lobo do mar conseguiu dominar os como cosmético, aplica-se diluído
oceanos e levar a cabo insólitas ex- num pouco de água.
plorações. Foi assim que a Armada
britânica deveu, numa boa medida, os
seus êxitos ao limão. Sinonimia cientifica: Chrus íimonum Risso., Citrus medica vaT. limon L.
Outros nomes: limoeiro-azedo.
Km lí)2<S, o químico húngaro Al-
bert S/.cnt-Gyórgyi conseguiu isolar o Esp.: limonero, limón agrio, limón real Fr.: citronnier. Ing.: lemon tree.
ácido ascórbico, a que se chamou vi- Habitat: Oriundo da Ásia Central, Sul da China e regiões próximas do
tamina C, substância à qual «>s citrinos Himalaia, onde ainda se encontra em estado silvestre. Actualmente a sua
devem os seus efeitos amicscorhúti- cultura esta espalhada pelas regiões temperadas de todo o mundo.
cos. Por esta descoberta, lói-lhe con- Descrição: Árvore de média estatura, da família das Rutáceas.
cedido o Prémio Nobel em 1937. As folhas são perenes e têm um espinho na sua base. A casca dos frutos é formada
por duas camadas: uma exterior, na qual se acham as glândulas secretoras da
Nas últimas décadas descobriram- essência, fina e de cor amarela, e outra interior, branca e mais grossa.
-se muitas outras virtudes e proprie- Partes utilizadas: as folhas e os frutos, incluindo a respectiva casca.
dades medicinais fio limão, além da
antiescorbútica. (fitaremos, no entan-
to, apenas aquelas que têm funda-

265
o Cura de limões
consiste em dar ao doente o sumo de
um limão dissolvido em meio copo
de água, com uma eolher/inha de bi-
carbonato de sódio.
Uma cura de limões tem de ser feita sob Cada dia que passa (ou
vigilância médica, pois trata-se de um cada dois dias segundo • Alcalinizante e depurativo: O limão
verdadeiro tratamento médico. A outros), toma-se mais provoca uma alcaliui/açao de todo <>
cura de limões è formalmente ( um limão, até chegar organismo, muito conveniente ás pes-
contra'indicada a quem so- a 7 ou 9 por dia. A soas que tenham uma alimentação
fra de insuficiência renal, partir de então, vai-se muito rica em carnes ou proteínas,
aos anémicos, aos que reduzindo a dose com o
que produz um excesso de resíduos
sofram de descalcificação mesmo ritmo, até tomar
óssea, às crianças pequenas
ácidos, como o ácido úrico, fazendo
só um limão. Descansa-
e aos idosos. Faz-se seguindo es- -se durante uma semana e re- virar o pi I (grau de acidez ou alcali-
te esquema: No primeiro dia toma-se o pete-se se for preciso. Dá resultados nidade) para a alcalinidade no san-
sumo de um limão, diluído em água, meia muito bons na gota, no artritismo e nos gue e na urina, facilita a dissolução e
hora antes de tomar o pequeno almoço. cálculos renais. a eliminação dos sedimentos líricos
dos rins e das articulações. O sumo
do limão torna-se altamente reco-
mendável para quem sofra de cálcu-
mento científico, e que puderam ser • Antiescorbútico: É a propriedade los renais, gota ou artritismo, assim
comprovadas experimentalmente. mais importante do limão, devido ao como para lodos aqueles que dese-
seu conteúdo em vitamina (! 101. Em- jem depurar o seu sangue e melhorar
bora haja vegetais que apresentam a sua saúde. IO).
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS
muito maior concentração de vitami-
FOLHAS do limoeiro são ricas numa na (I do que o limão, como a rosa-ca- • Dissolvente de cálculos renais: Os
essência aromática composta pord-Ii- nina (500-800 mg por 100 g) e a gro- citratos (sais de ácido cítrico) conti-
moneno, l-linanol e outros hidrocar- selheira (até -100 mg), o efeito anties- dos no sumo de limão, especialmen-
bonetos lerpénicos em menor pro- corbútico do limão é muito acentua- te o citrato potássico, impedem a for-
porção. São sedativas e antiespasmó- do, devido ã sua equilibrada compo- mação de cálculos renais e facilitam a
dicas. O seu uso é recomendado às sição em sais minerais e ácidos orgâ- sua dissolução. Isto foi comprovado
pessoas que sofram de nervosismo, in- nicos. em experiências científicas, tanto
sónia, palpitações, enxaquecas ou com cálculos de mato como de oxa-
asma IO). For serem também sudorí- O escorbuto é a doença que se ma- lato (os tipos mais frequentes).
ficas, são úteis aos doentes febris. Pos- nifesta como consequência da falta de
suem ainda efeito vermífugo (expul- vitamina C (ácido ascórbico). Esta vi-
sam os vermes parasitas do intestino). tamina só se encontra nos alimentos

A CASCA do fruto contém 0,5% de


vegetais frescos. Embora as deficiên-
cias graves sejam hoje muito raias,
© Sumo de limão integral
óleo essencial, cujo principal compo- não é invulgar enconirareni-se casos
nente é o d-limoneno, alem de cuma- leves entre aqueles que seguem uma
rinas e flavonóides. Tem proprieda- dieta desequilibrada ou pobre em ver-
des tonificantes sobre o aparelho di- Remédio contra a febre
duras e frutas frescas.
gestivo, e é recomendada aos que so- Tomam-se dois limões de boa quali-
fram de inapetência, digestões pesa- • Tonificante: Pelo seu conteúdo em dade e, uma vez lavados e limpos,
das e mau funcionamento do estô- vitaminas, sais minerais e ácidos, o sem os descascar, cortam-se em pe-
mago 101. Tal como as folhas, é sudo- limão estimula a actividade dos quenos pedaços. Estes introduzem-
rífica e vermífuga, e emprega-se com órgãos digestivos, e tem um efeito re- -se numa trituradora ou batedor, jun-
êxito para fazer baixara lebre. vitali/antc sobre lodo o organismo tamente com um pouco de água.
1©.0). E útil aos que sofrem de dis- Uma vez bem triturados, acrescen-
O SUMO do limão contém vitami- pepsia (digestão difícil) e, por mais tam-se quatro colheradas de mel, e
nas Bi, BseC (50 mg por cada 100 g), água até completar dois litros. Este
paradoxal que pareça, aos que sofrem
sais minerais (especialmente de po- líquido coa-se ou filtra-se e bebe-se
de acidez do estômago. Apesar do seu
tássio), oligoelcmentos, açúcares, mu- à vontade durante todo o dia.
sabor acido, o limão compoi ta-sc qui-
cilagens, ácidos orgânicos (cítrico, micamente como um antolho, e é ca- Com este sumo de limão integral, que
malico, arético e fórmico) c Havonói- paz de neutralizar tanto o excesso de inclui tanto a polpa como a casca, ob-
des (hesperidina). An ibuem-sc-lhe alcalis como o de ácido. tém-se um notável efeito febrífugo,
muitos efeitos, mas citaremos apenas especialmente em caso de gripe ou
os que leni sido demonstrados cienti- Em caso de indigestão ou digestão de constipação.
ficamente': muito difícil, um remédio popular

266
Esta propriedade dos citratos,
combinada com a acção alcalini/anie
descrita, faz do sumo de limão um
autêntico medicamento para os do-
entes dos rins IOI.

• Protector capilar e tónico venoso:


Pelo seu conteúdo em hesperidina,
diosmina e outros llavonóides, de
acção semelhante à da vitamina P, o
limão reforça a estabilidade dos vasos
capilares e melhora a circulação ve-
nosa. Torna-se útil nos casos de in-
chaço das pernas, edemas, varizes, he-
morróidas, tromboses, embolias, K
também muito aconselhável aos hi-
pertensos 10.OI.

• Anti-séplico: O sumo de lima») apli-


cado directamente sobre as amígda-
las e o interior do nariz, por intermé-
dio de uma zaragatoa de algodão, faz
desaparecer os bacilos diftéricos dos
portadores desta doença 10). Este lac-
to foi Comprovado pessoalmente pelo
doutor Krnst Schneider, e coincide
com outras experiências que mos-
tram o poder bactericida do limão.
Citemos como exemplo a epidemia
de cólera que se desencadeou na Ve-
nezuela no ano de 1855, e que foi do-
minada graças a um consumo inten-
sivo de limões pela população.

Aplicado localmente, o sumo de


limão torna-se muito útil contra as
amigdalites (anginas) e faringites 101.
Torna-se igualmente benéfico como anti-séptico paia todo o tipo de feri-
das e úlceras cutâneas 101.
• Cosmético: O sumo de limão suavi-
Outros citrinos za e hidrata a pele, fortalece as unhas
frágeis e dá brilho ao cabelo, além de
fazer diminuir a caspa (01.
Talvez seja bom recordarmos aqui
Tudo quanto foi dito do limão se aplica igualmente, ainda que com menor in- que os REFRESCOS chamados "limo-
tensidade, a outros citrinos congéneres, pertencentes igualmente à família nadas" ou "de lima", não só são des-
botânica das Rutáceas, como por exemplo: tituídos de propriedades medicinais,
• a cidra {Citrus medica L), também chamada limão-doce. como se tornam prejudiciais ã saúde,
• a lima [Citrus aurantifolia [Christ.-Panz.] Sw. = Limonia aurantifolia [Christ.- devido ao seu conteúdo em gás car-
Panz.]), também denominada lima-de-umbigo e lima-doce. bónico, corantes e aromatizantes ar-
tificiais, sem falar no açúcar ou ou-
• a toranja (Citrus máxima [Burm.J Merr. = Citrus decumanus L), também de-
tros edulcoranles. A melhor maneira
signada por toronja e toríngia."
de aproveitar as múltiplas virtudes
• Esp.: pomelo. dos sumos de limão, cidra ou lima, é
ingeri-los acabados de espremer da
Fruta.

267
Erigeron
canadens/s L

Preparação e emprego
Erigerão
USO INTERNO
Hemostático e
O Infusão ou decocção com
antidiarreico uma colher de sopa de folhas se-
cas, por chávena de água. Admi-
nistram-se 2 ou 3 chávenas por
dia.
© Extracto seco: A dose habi-
tual é de 1 -2 g por dia, repartidos
em 2 ou 3 tomas.

O S ÍNDIOS da America do Nor-


te têm usado esta planta des-
de tempos imemoriais paia o
tratamento das hemorragias uterinas
e das menstruações demasiado abun-
USO EXTERNO
© Enemas (clisteres) com a mes-
ma iníusão ou decocção que se
toma bebida.
dantes, Na Europa, a sua essência foi
uiili/ada durante a Primeira Guerra
Mundial como hemostático, para de-
ter hemorragias.
K unia planta muito apreciada nos
Estados Unidos e no Canadá, que vai
sendo cada vez mais conhecida e uti-
lizada na Europa.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém lanino. resinas, llavo- Outros nomes: avoadinha,
nóides, ácido gálico e colina, além de avoadeira. Brasil: cauda-de-
um óleo essencial (óleo de pulicária) -raposa.
composto por limoneno, dipenteno e Esp.: erigeron canadiense,
terpinol. O erigerão tem as seguintes olivarda dei Canadá.
Fr.: erigeron, vergerette du
propriedades: Canada. Ing.: horseweed.
• Hemostático. L tiliza-se sobretudo Canadian fleabane.
para deter as menstruações demasia- Habitat: Originário da América
do abundantes ou prolongadas !©.©!. do Norte. No século XVII foi
Também é eficaz nalguns casos dv he- trazido para a Europa, onde se
expandiu rapidamente. Planta
matúria (sangue na urina). Convém conhecida também na América
recordar que qualquer perda anormal do Sul. Encontra-se nos
de sangue deve ser objecto de consulta terrenos ermos, bermas dos
médica. caminhos e aterros.
• Antidiarreico: Detém as diarreias Descrição: Planta herbácea da
simples, mas também é eficaz nas di- família das Compostas, que
pode atingir um metro de altura.
senterias (diarreia acompanhada de
As suas abundantes folhas são
intuo e sangue) e na lebre tifóide alongadas e estreitas, e as
IO.€». flores de cor branca-creme.
• Diurético e anti-reumático: Facilita a Partes utilizadas: as folhas.
eliminação de ácido úrico com a uri-
na. E portanto indicado nos casos de
gola. lúpei ui icemia (excesso de ácido
úrico) e de litíase renal (cálculos ou
pedias nos rins). IO.OI.

268
Medicago sativa L.
oj ^ >J Pi J
Preparação e emprego
Luzerna
USO INTERNO
Nutritiva e hemostática O Como alimento: A luzerna, co-
mo muitas outras verduras e hor-
taliças, pode-se comer crua em
salada (os brotos tenros) ou co-
zinhada. 0 seu conteúdo em vita-
mina C resiste muito bem à coze-
dura.

Q
UE SORTE têm os cavalos,
de lhes darem luzerna a co- @ Sumo fresco: Um copo, to-
mer! mado de manhã, constitui um ex-
Desde os tempos mais remo- celente tónico.
los, os animais domésticos lêm des- €) Infusão: 30 g por litro de água.
frutado das vantagens desia nutritiva Tomam-se de 3 a 5 chávenas por
planta, enquanto mie os seus donos dia.
racionais a desprezam, por a conside- O Extracto seco: 0,5 a 1 g por
rarem pouco refinada para aparecer dia.
nas suas mesas.
Graças à moderna química analíti-
ca, conhecem-se hoje as excelentes
propriedades desia humilde planta.
Felizmente, sãojá cada vez mais aque-
les que tiram proveito dela. Outros nomes: alfalfa, meiga, meiga-
-dos-prados. Brasil: alfalfa-de-fior-roxa.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS Esp.: alfalfa, cadiilo de hierba, trebol de
BROTOS TENROS (germinados) da lu- carretilla, mielga. Fr.: luzerne [cultivéej.
zema são muito ricos em cálcio (525 tng.: lucern, tucerne, alfalfa.
mg por 100 g, o triplo do que existe Habitat: Originária do Médio Oriente,
no leite), fósforo, provitamina A em cultiva-se hoje nas regiões temperadas
forma de betacaroteno, vitaminas C, de todo o mundo.
B e K, enzimas, aminoácidos essen- Descrição: Planta forrageira da família
ciais e outros nutrientes, além de fibra das Leguminosas, que atinge de 30 a 80
vegetal. cm de altura As suas flores são de cor
azulada. O fruto ê um pequeno legume
Por isso, a luzerna possui proprie- enrolado em forma de caracol.
dades remineralizantes, tonificantes, Partes utilizadas: toda a planta.
de protecção contra v»s infecções e Ue-
mostáticas IO.©.0.01. E especialmen-
te indicada em caso de:
• anomia por deficiências vitamínicas
ou minerais;
• raquitismo e desnutrição;
O Germinados
• úlcera gastroduodenal;
• dispepsia e fermentações intesti- As sementes de luzerna podem fa-
nais, pela sua riqueza em enzimas; zer-se germinar em casa, e comem-
• prisão de ventre, pelo seu conteúdo -se os pequenos rebentos acaba-
em libra vegetal: dos de brotar (brotos ou germina-
dos). Os germinados são especial-
• hemorragias nasais, gástricas c ute- mente ricos em vitaminas e mine-
rinas. Recordemos eme qualquer per- rais.
da de sangue anormal deve ser objecto
de consulta médica.
Nasturtium
offWna/fe R. Br. Aí J

Agrião Outros nomes: agrião-de-água, agrião-das-


-fontes, mastruço-dos-rios..
Esp.: berro, berro de la fonte, mastuerzo de
Estimulante, depurativo agua. Fr.: cresson [d'eau], cresson des
fontaines. Ing.: [green] watereress.
e balsâmico Habitat: Cria-se perto das nascentes e regatos
de águas límpidas e frescas. Não gosta dos
charcos e represas. Encontra-se espalhado por
toda a Europa e América, onde se conhecem até
cinco variedades diferentes.

Q
UE SAUDÁVEIS-e econó-
micas- estas saladas pre-
paradas no campo, ã base
de verduras silvestres! O
agrião combina perfeitamente com o
dente-de-leão, as azedas e a urtiga.
Para um dia cie campo, torna-se mui-
to mais apropriado um prato assim,
do que a sopa que sobrou, aquecida
com o Fogareiro portátil, ou as san-
duíches dr carne.
Descrição: Ê uma
Mas, cuidado! Para poder desfrutar planta rasteira, da
da natureza, são precisos alguns co- família das Crucíferas,
nhecimentos que os habitantes das ci- com folhas de cor
dades têm de adquirir. Por isso diz um verde intensa, e flores
brancas, pequenas. O
velho ditado espanhol: "Tu, que co- seu sabor faz lembrar
lhes o agriào, tem cuidado com o na- a mostarda, ainda que
pclo." O napeio ou acónico (pág. 148) menos picante.
também cresce junto das águas límpi- Parte utilizada: as
das, e é uma das plantas mais veneno- folhas e os caules
sas que se conhecem. Felizmente, não finos.
v muito difícil distingui-lo do agrião.

O ditado, na verdade, deveria di-


zer: "Tem cuidado com a rabaça", por-
que é esla planta tóxica (embora não
O Preparação e emprego

USO INTERNO €) Sumo: Toma-se meio copo, ado-


Precauções çado com mel, a cada reteição.

O Crus: Se se tentar conservá-los, USO EXTERNO


As grávidas devem abster-se de co- podem tornar-se tóxicos. Para uso
mer agriões, pelo seu possível efeito culinário, quanto mais tenros e fres- ©Cataplasmas: Prepara-se com
abortivo. cos estiverem os agriões, tanto me- 100 g de agriões frescos triturados
lhor. É preciso lavá-los com muito cui- num almofariz, se possível de ma-
Não convém ingerir agriões em gran-
dado antes de os comer, ou então pô- deira. Aplicam-se sobre as zonas
des quantidades, uma vez que po-
-los de molho durante meia hora em afectadas, envoltas numa gaze.
dem fornar-se irritantes para o estô-
mago. As plantas que já tiverem flo- água com sal, pois podem abrigar pe- O Loções: Aplicar o sumo directa-
res ou frutos deve ser rejeitada, pois quenas larvas que os contaminam. mente sobre a pele.
tornam-se demasiado fortes.

270
Os agriões tèm um
notável efeito depurativo
do sangue, e além disso
sào tonificantes e
aperitivos. É necessário
ter-se a certeza de que a
água onde se criam não
está contaminada.

tanto como o acónito) que s<- costu-


ma confundir com <> agrião, A rabina
(A/iiioH nodijl&rum) é mais alia do que
o agrião e tem folhas maiores e de
um verde mais claro. Tem além disso
as flores em umbela (ramalhete), e
não apresenta um sabor ião agradá-
vel como o do agrião.

PuopRiKDAnr.s E INDICAÇÕES: O
agrião contém gluconasturtósido
(um glicósido sulfurado), iodo c-
lerro, assim como um princípio amar-
go e vitaminas A, G e I'.. As suas pro-
priedades são:
• Depurativo do sangue e diurético:
Muito indicado nos casos de gota, ar-
tritismo, obesidade, e de alimentação
rica em carnes e gorduras (O.O).
• Tonificante: O agrião possui um
suave eleito estimulante sobre todas
as (unções do organismo IO.0I. Abre
o apetite e aniva o metabolismo, pois
fornece quantidades importantes das
vitaminas A, C e E, além de minei ais
como o ferio e o iodo. Isto loi na-o
muito útil paia ajudar a vencer a as-
tenia (debilidade) por deficiência vi-
tamínica ou mineral.

•Expectorante: Pelo seu conteúdo


em óleos essenciais sulfurados, favo-
rece a expectoração e descongestio-
na o aparelho respiratório IO.0). Os
bronquíticos e enfisematosos podem
beneficiar das suas propriedades.

• Cicatrizante: As cataplasmas de
agriões, aplicadas sobre feridas ou
chagas de difícil cicatrização, facili-
tam a formação de pele nova l€)l.
lambem regeneram a pele no caso
de eczemas, acne e dermatosc 10.01.
Aplicadas sobre o couro cabeludo,
impedem a queda do cabelo 101.

271
Polygonum
aviculare L O) f

Sempre-
-noiva
Estanca as hemorragias
e cura as diarreias

D lOSCORlDESt o grande médi-


co e botânico grego do pri-
meiro século cia nossa fia, já
recomendava <> uso da sempre-noiva
«para os que arrancam sangue vivo do
j)ciu> e paia as que sofrem de mens-
truação excessiva». Devido ao seu efei- Outros nomes: carrioJa-bastarda, centtnódia, erva-da-muda. erva-da-saúde,
to liemostático (capa/ de deterás he- erva-das-galinhas, erva-dos-passarinhos, persicária-sempre-noiva, sanguinária,
morragias), os Romanos já a qualifi- sempre-noiva-dos-modernos.
cavam fie "sanguinária", como ainda Esp.: centinodia, lengua depájaro, hierba nudosa, sanguinária mayor.
hoje continua a ser conhecida em di- Fr.: renouée des oiseaux, persicaire des oiseaux. Ing.: knotgrass.
versos lugares. Habitat: Comum nas beiras dos caminhos, alqueives e terrenos secos.
N<> século passado, quando a tu- Disseminada por todo o mundo.
berculose causava estragos entre os Descrição: Planta rasteira da lamilia das Poítgonáceas, que se estende desde a
habitantes das insalubres aglome- beira dos caminhos até atravessá-los (chama-se passa-caminhos em catalão). O
seu caule é fino e tem muitos nós de onde nascem folhas alongadas e pequenas
rações urbanas, a sempre-noiva foi ob- flores cor-de-rosa, púrpura ou brancas.
jecto de lucrativo negócio. Recomen-
dava-se e vendia-se para combater a Partes utilizadas: Toda a planta.
tuberculose, dado que, pelo sen efei-
to hemosfÁtico, travava as hemor-
ragias bronquiais e pulmonares dos
"tísicos". Triste exemplo dos erros a
que pode levara fitoterapia mal utili-
zada! Pensou-se que, combatendo o O Preparação e emprego
sintoma (a hemorragia bronquial), se
curaria a doença (a tuberculose pul-
monar ou tísica). USO INTERNO por dia, embora se possa ultrapas-
sar esta dose sem perigo, já que a
(lonhece-sc hoje a composição quí- O Decocção: 30-50 g de planta flo- planta não tem efeitos tóxicos.
mica e as verdadeiras propriedades da rida (que é quando faz mais efeito)
sempre-noiva e de muitas outras plan- por litro de água. Deixar ferver du-
tas, mas se os tratamentos com plan- rante 10 minutos e coar; adoçar a © Pó: tomar de 2 a 5 g, três vezes
tas medicinais (ou com lárinaeos) não gosto. Tomam-se 4 ou 5 chávenas ao dia.
se aplicarem correctamente, pode-se
continuar A cair no erro de confundir
o sintoma com a doença.

272
A acção hemostática da sempre-
-noiva contribui para reduzir as
regras muito abundantes,
sempre que não sejam devidas a
alguma causa patológica.
Igualmente, a decocção de
sempre-noiva torna-se útil em
caso de hemorragias digestivas
ou respiratórias, após prévio
exame médico.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A sem- uni modo especial nas inflamações broncopulmonar que se manifesta
pronoiva contém taninos, llavonói- acompanhadas de hemorragia, que se pelo aparecimento de sangue junta-
des, silício, mucilagens e um óleo es- produzem nos intestinos e no estô- mente com o escarro). Tcnha-se bem
sencial. A sua acção hemostática, que mago IO.0I: presente que a sempre-noiva, embora
favorece a coagulação do sangue, • Gastrcntcrite e disenteria (diarreias ajude a deter a hemorragia, não cura
deve-se sobretudo ao seu grande con- com sangue). O seu eleito nestes ca- a doença que a causa (tuberculose,
teúdo cm taninos, que lêm a proprie- sos é muito notável, pois. além cie cu- cancro, e l e ) .
dade de coagular as proteínas. Por ou- rar a diarreia, faz parara hemorragia.
tro lado, os ílavonóides aumentam a • Menstruação excessiva (regras mui-
resistência das células que Formam as • Gastrites hemorrágicas e úlceras
to abundantes). Antes de tomar a de-
paredes dos vasos sanguíneos (em es- gastroduodenais sangrantes: Nestes
cocção de sempre-noiva, é necessário
pecial dos mais finos, os capilares), casos, devido à gravidade que a he-
submeter-se a uni exame ginecológico.
com o que se impedi- que o sangue morragia pode chegar a ler, só um me-
continue a sair rio seu interior. dico qualificado pode prescrever o uso
desta planta. Pelo seu conteúdo em óleo essen-
O máximo eleito combinado de cial, juntamente com outros princí-
ambas as substâncias consegue-se so- A sempre-noiva também se torna pios activos, a sempre-noiva possui
bre o tubo digestivo. Por tudo isto, a útil noutros tipos de hemorragias: um suave eleito diurético (aumenta a
sempre-noiva torna-se apropriada de • Hemoptise ligeira (hemorragia produção de urina).

273
Polygonum
hydroplperl.

Preparação e emprego
Pimenta-
-dágua USO INTERNO
O Infusão com 15 g de planta
fresca por litro de água, da qual
Detém as hemorragias se tomam 2 ou 3 chávenas por
e é cicatrizante dia.
© 0 pó das folhas secas usa-se
com condimento.

USO EXTERNO
© Sumo fresco: Aplica-se, diluí-
do com água, directamente sobre
a pele, como loção, ou impreg-
nando uma compressa.

A
S FOLHAS secas e trituradas
desta planta utili/am-sc tomo
sucedâneo da pimenta, so-
bretudo nas épocas evn que esta espé-
cie escasseia. Dioscóridcs já a reco-
mendava como revtilsiva, aplicada ex- Outros nomes: acataia, catalã,
ternamente. cravina-d'água, erva-de-moura,
persicária-mordaz, persicária-urente.
Brasil: pimenta-aquática, potincoba,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a erva-de-bicho.
planta contem um óleo essencial rico Esp.: pimienta de agua, persicaria
em terpenos, flavonóides (rutina) e picante, resquemona, chileperro.
laiiino. A sua propriedade mais im- Fr.: poivre d'eau, piment d'eau,
portante é a hemos tá ti ca (detém as persicaire {acre}. Ing.: [water]
hemorragias), atribuída ao seu conte- smartweed, water pepper.
údo em rutina. Por via interna, tem-se Habitat: Regiões temperadas e
utilizado com êxito paia estancar he- húmidas da Europa e da América do
morragias das vias respiratórias (he- Norte.
moptises) eurinárias (hematúria).as- Descrição: Planta anual da família
sim como para deter as regras dema- das Poligonáceas, que atinge de 30
a 80 cm de altura. 0 seu caule é de
siado abundantes I©.€>1. Tem também cor castanha, com os nós que
efeito diurético. caracterizam as Poligonáceas. As
Externamente pode aplicar-se sem flores são pequenas, de cor
esbranquiçada ou esverdeada.
riscos para curar feridas que sangrem
ou estejam infectadas 181. Além de de- Partes utiJízadas: Todas as partes
aéreas da planta fresca.
ter a hemorragia, é um excelente ci-
catrizante.

u Precauções

Não exceder as doses no uso in-


terno, já que se torna irritante para o
aparelho digestivo.

274
Rumex acetosa L.
"Jà 1 Jk

Azedas Preparação e emprego

USO INTERNO
Ricas em vitamina C
O Infusão: 30 g de folhas por li-
e depurativas tro de água, à razão de 2-3 chá-
venas diárias.
© Sumo fresco: um copo por dia.

A S FOI .1 IAS das azedas servem


para temperar as saladas com
o seu agradável sabor ácido.
Para os antigos navegadores, porém,
as azedas eram alguma coisa mais do
USO EXTERNO
€) Loção de sumo fresco sobre a
zona da pele afectada.
©Cataplasmas de folhas cozi-
que simples c saborosa verdura silves- das.
tre; procuravam-nas e apreciavam-nas
pela sua propriedade antiescorhútica.
Com efeito, sabe-sc hoje que contêm
de 20 a 25 mg de vitamina C por cada
100 g (o limão contém 50 mg).
Aleluia

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: ioda a


planta contém I ,&% de oxalato de po- A aleluia {Oxalis acetosella L.)', é
tássio, assim como ácido oxálico, gli- uma planta vivaz e rasteira, se-
(ósidos anlraquinónicos em pequena melhante na sua composição às
quantidade, vitamina C e sais de Ferro. azedas.
Estas sãos as suas propriedades:
As folhas contém bioxalato de po-
• Aperitiva, refrescante, tonificante e tássio, ácido oxálico, vitamina C e
antiescorbútica, pelo seu conteúdo mucilagens. São depurativas, diu-
em ácidos orgânicos e vitamina C. Fa- réticas, febrífugas e refrescantes.
cilita a digestão. Recomendável aos A sua aplicação mais importante
debilitados por doenças infecciosas c é como tisana refrescante em ca-
aos anémicos IO.0I. so de doenças febris, ou corno
depurativo para fazer uma cura
• Emoliente e cicatrizante em apli-
primaveril.
cação externa: Alivia o acne c a-*
erupções cutâneas IOI. O seu sumo Emprega-se como verdura fres-
fresco limpa as úlceras da pele e as fe- ca, em saladas ou sopas, e em in-
ridas infectadas 101. fusão (um punhado de folhas por
litro de água). O seu uso requer
as mesmas precauções que no
caso das azedas.
Precauções ' Esp.: aleluya, acederiila.

Outros nomes: vinagreira, Brás. azedinha-da-horta.


Não exceder as doses indicadas. Se
Esp.: acedera, agrida, vinagrera, acetosa, aíacamtnes,
se comerem fervidas, aconselha-se
zarrampin. Fr.: [grande] oseille. Ing.: [common) sorrei.
deitar fora o caldo, pela grande quan-
Habitat: Comum nos prados montanhosos de toda a
tidade de ácido oxálico que contém. Europa. Também se encontra nas regiões temperadas e irias
Convém evitar o seu uso em caso de do continente americano. A aleluia também aparece no Norte
gota, artritismo ou litiase renal (cálcu- de Portugal, onde floresce na Páscoa.
los no rim), devido ao seu elevado con- Descrição: Planta vivaz da família das Poligonáceas, que atinge
teúdo em ácido oxálico. de 20 a 70 cm de altura. As folhas são grandes, apresentando-se em forma de ponta
de flecha. As flores, verdes ou amareladas, agrupam-se em espigas.
Partes utilizadas: as (olhas e a raiz.

275
Splrulina máxima
(Set.-Gard.) Geltler 0| # 41 FJ A.

Preparação e emprego
Espirulina
USO INTERNO
Diminuta alga de
O Cápsulas de 400 mg a 1 g de
grandes virtudes pó de espirulina, é a forma habitual
nutritivas e medicinais da sua apresentação. Tomam-se
de 3 a 12 cápsulas diárias, repar-
tidas em 3 tomas. Nas dietas de
emagrecimento recomenda-se
ingeri-las meia hora antes das re-
feições.

Obtenção

A VARIEDADE mais comum de


espirulina, a Sfrimlina máxima,
é originária dos lagos salga-
dos do planalto mexicano, como o To-
lalcingo c o Texcoco. Na água destes
Da filtração da água dos lagos on-
de se cria esta alga, por pulveri-
lagos formam-se alias concentrações zação e dessecação a 70°C ob-
de bicarbonato de sódio e de outros tém-se a forma habitual de con-
sais potássicos e magnésicos, assim sumo, com a qual se elaboram as
como de minerais como o selénío, cápsulas ou outros preparados.
que evitam a contaminação da água. Os Astecas e os povos vizinhos
Descobriu-se recentemente, em re- dos lagos que a produzem, obti-
dor (lestes lagos mexicanos, uma ex- nham-na tradicionalmente por se-
tensa rede de canalizações de água cagem ao sol.
construídas pelos Astecas há mais de
500 anos. dedicadas à cultura da espi-
rulina. Aquele povo. seguindo a sabe-
doria popular, já usava a espirulina
muito antes de esta ter podido ser
identificada através do microscópio e
Sinonímia científica: Spirulina geitleriG.
de a química moderna ter descoberto de Toni
a sua excepcional composição.
Espécie atim: Spirrulina platensis (Nord)
Geitler
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A com- Outros nomes:
posição desie vegetal aquático tem Esp.: espirulina, alga espirulina.
sido objecto de surpreendentes inves- Fr.: spiruline. Ing.: spirulin.
tigações nos últimos anos, devido à Habitat: Cresce espontaneamente em lagos de
sua riqueza nutritiva. Além de clorofi- águas alcalinas no México, no Japão, na Tailândia e
la, como todas as algas, a espirulina no Chade (África). É cultivada nos Estados Unidos.
contém: Descrição: Alga unicelular microscópica, da família das
/ Prótidos: E uma das fontes naturais Cianofíceas (algas azuis), com a forma de uma espiral.
mais ricas em proteínas (ate 70% do Mede entre 0,1 e 0.3 mm.
seu peso; a soja: 35%; a carne: 20%). Partes utilizadas: a alga inteira.
As proteínas da espirulina são com-
pletas e de grande valor biológico,

276
pois contêm os oilo aminoácidos es-
senciais (aqueles que o organismo
não pode sintetizar) numa proporção
óptima, além dos restantes aminoáci-
dos não essenciais.
/ Lípidos (8% do sen peso), na sua
maior parle constituídos por ácidos
gordos insaturados, como o ácido li-
noleico, o linolénico, e, especialmen-
te, o gama-linolénico, A espirulina é
um dos vegetais mais ricos nestas im-
portantes substâncias de grande valor
para o tratamento da arteriosclerose.
/ Glícidos ou hidratos de carbono
(18%), entre os quais se evidencia
um açúcar natural raro. a ramnose,
que Favorece o metabolismo da glico-
se e tem um efeito Favorável sobre a
diabetes.
/ Vitaminas A, do grupo B, K e II
(biotina): V. notável o seu conteúdo
em vitamina B12, superior mesmo ao
rio ligado, o que torna a espirulina
um alimento muito apreciado pelos
que seguem uma dieta vegetariana es-
trita, ou seja, isenta até de ovos e pro-
dutos lácteos. Se bem que, na reali-
dade, a vitamina Bis não se encontra
na alga propriamente dita, mas num
tipo de bactérias que habitualmente
a acompanham.
/ Minerais e oligoelementos vários. E
especialmente rica em Ferro: 53 mg A espirulina é um bom complemento nutritivo para as pessoas da terceira ida-
por 100 g de parte comestível (a car- de, assim como em caso de desnutrição, anemia ou esgotamento, graças à
sua grande riqueza em proteínas, vitaminas e minerais.
ne contém entre 2 e 3 mg por 100 g,
e o ligado, 11 mg).

Devido à sua grande riqueza nutri-


tiva, a espirulina tem efeitos muito fa-
voráveis em numerosos estados e
afecções IO):
alguns investigadores, para reduzir a • Estados de desnutrição, convales-
• Dietas de emagrecimento: Devido sensação de fome. cença c esgotamento físico: Actua
ao seu escasso conteúdo calórico (300 como tonificante c rcvilalizaule geral
calorias por 100 g) cm relação ao seu • Doenças em que se requeira uma
do organismo
grande fornecimento proteico e vita- dieta estrita, como por exemplo a dia-
mínico, a espirulina é um óptímo betes, a hepatite, ou a pancreatite, cm
complemento paia as dietas de ema- que existe o risco de se produzirem • Arteriosclerose e suas compli-
grecimento. O seu emprego ajuda a carências. cações: angina de peito, infarto do
manter o equilíbrio nutritivo nas die- miocárdio e isquemia arterial (falta
tas Kipocalóricas, sem provocar debi- • Anemia: Pelo seu grande conteúdo de irrigação sanguínea), que afecta
lidade ou esgotamento devido a em ferro e em aminoácidos essen- sobretudo as pernas. A acção favorá-
carências. Além disso, a sua riqueza ciais, Favorece a síntese de hemoglo- vel da espirulina deve-se à sua rique-
em Fenilalanina, aminoácido essen- bina, constituinte essencial dos glé>- za em ácidos gordos insaturados,
cial presente em quantidades relati- bulos vermelhos. Muito recomendá- como os ácidos linoleico e gama-lino-
vamente elevarias, contribui, segundo vel durante a gravidez. lénico.

277
Urtice dioica L
'Ol m e £ M M
Urtiga- Preparação e emprego

-maior Para tranquilizar os que receiem


esta planta, deve dizer-se que, do-
Uma planta ze horas depois de ter sido arran-
cada, desaparece o seu efeito ur-
que se defende... ticante e adquire uma consistên-
e que nos defende cia suave como de veludo.

USO INTERNO
O Sumo fresco: É a maneira de
melhor aproveitar as suas proprie-
dades medicinais, especialmente
o seu efeito depurativo. Obtém-se
espremendo as folhas ou passan-
do-as por uma liquidificadora. To-

E UMA pena que tanta gente fuja


da urtiga e até a considere uma
erva daninha! Se soubessem
quantas virtudes encena esta planta
aparentemente agressiva!
ma-se de meio a um copo de
manhã, e outro tanto ao meio-dia.
© Infusão com 50 g por litro de
água, deixando infundir durante
um quarto de hora. Ingerir 3 ou 4
A urtiga é uma das grandes estrelas chávenas diárias.
da fitoterapia. Os seus pelínhos pecu-
liares tornam-na conhecida até de USO EXTERNO
quem não veja. Por isso um dos no- © Loção: O sumo aplica-se sobre
mes que lhe são atribuídos em espa- a pele afectada.
nhol é 'hierba de los ciegos' (erva-dos- O Compressas: Empapam-se
-cegos). com o sumo e aplicam-se sobre a
Dioscói ides já falava dela no sécu- zona afectada. Mudam-se 3 ou 4
lo I d.C. E O seu comentarista, Andrés vezes por dia.
de Laguna, médico espanhol do sé- ©Tampão nasal: Empapa-se
culo XVI, disse das folhas de urtiga, uma gaze no sumo de urtiga e in-
entre muitas outras coisas, que «po- troduz-se na fossa nasal.
dem excitar à luxúria», domo é possí-

O Urtigações
Outros nomes: urtigào. Brasil:
urtiga-mansa.
Esp.: urtiga mayor, urtiga [verde),
ortiga dioica. hierba dei ciego.
Fr.: [grande] ortie, ortie dioique.
Ing.: [great stingingj netlle.
Habitat: Espalhada por todo o
Com um ramo de urtigas recém-cor- mundo, pretere os lugares húmidos
tadas, fustiga-se suavemente a pele próximos de zonas habitadas.
sobre a articulação afectada pelo pro- Descrição: Planta vivaz da família das Urticaceas. que atinge de 0,5 a 1.5 m de
cesso inflamatório ou reumático altura. Tanto os caules, de secção quadrada, como as folhas, são cobertos de
(joelho, ombro, etc.) Produz-se um pelos urticantes. As suas flores, de cor verde, são muito pequenas.
efeito revulsivo que atrai o sangue Partes utilizadas: Toda a planta, especialmente as folhas
para a pele, descongestionando ao
mesmo tempo os tecidos internos.

278
p o r falta de ferro ou p o r p e r d a de
Um bom alimento s a n g u e IO.0I. O ferro e a clorofila
q u e a b u n d a m na urtiga são estimu-
lantes da p r o d u ç ã o de glóbulos ver-
A urtiga come-se crua em salada, em melhos. A urtiga convém também nos
omeleta, em sopas, ou simplesmen- casos de convalescença, d e s n u t r i ç ã o
te cozida como qualquer outra ver- e e s g o t a m e n t o , pelo seu e l e i t o re-
dura. Substitui perfeitamente os es- constituinte e tonificante.
pinafres, com a vantagem de ter me-
nos acidez. • V a s o c o n s t r i t o r a (contrai os vasos
As urtigas são uma boa fonte de sanguíneos) e hemoslática (detém as
proteínas: frescas contém de 6 a 8 hemorragias): Indicada especialmen-
g por cada 100 g, e, secas, de 35 a te nas hemorragias nasais 101 c uteri-
40 g (percentagem semelhante à da nas IO.0I. Muito útil para as m u l h e r e s
soja, que é um dos legumes mais ri- com menstruação a b u n d a n t e . Insisti-
cos em proteínas). mos em que qualquer hemorragia anor-
mal clcvt ser objecto de consulta mé-
dica.

• Digestiva: Dá bons resultados nos


transtornos da digestão devidos a ato-
nia ou insuficiência dos órgãos diges-
As urtigas são m u i t o ricas em
tivos 10.01. A urtiga contém pequenas
ferro, o qual, unido à clorofi-
la que possuem, explica a sua q u a n t i d a d e s de secretina, uma hor-
acção antianémica. m o n a t a m b é m produzida por deter-
minadas células do nosso intestino, a
qual estimula a secreção do suco pan-
creático e a motilidade do estômago
e da vesícula biliar. Isto explica que a
urtiga facilite a digestão e melhore a
vel q u e essas folhas urlicantes sejam tal, cuja composição química é muito assimilação dos alimentos.
Capazes de excitar o apetite sexual? s e m e l h a n t e à da h e m o g l o b i n a q u e
tinge de v e r m e l h o o nosso s a n g u e . • A d s t r i n g e n t e : Tcm-sc usado t o m
Cila Messegué q u e ú poeta latino
São muito ricas em sais minerais, es- êxito para a c a l m a r as fortíssimas
cio primeiro século cia nossa era, Caio
p e c i a l m e n t e d e f e n o , fósforo, mag- diarreias da cólera 101. E útil em todo
P e t r ó n i o , r e c o m e n d a v a aos h o m e n s
nésio, cálcio e silício, q u e as t o r n a m o tipo de diarreias, colites ou disen-
q u e quisessem a u m e n t a r a sua virili-
diuréticas e depurativas. Contêm terias.
d a d e , q u e se açoitassem «com um
t a m b é m vitaminas A, C e K, ácido fór-
r a m o de urtigas no baixo ventre e nas
mico, t a n i n o e outras substâncias q u e • Hipoglicemiante: As folhas de urti-
nádegas». A urtigação, ou seja, esfre-
ainda n ã o foram bem estudadas, q u e ga fazem baixar o nível de açúcar no
gar-se com urtigas frescas, já era pra-
no seu conjunto t o r n a m a urtiga uma sangue, o q u e se tem comprovado em
ticada pelos antigos Gregos. Além do
das plantas com mais aplicações medici- n u m e r o s o s d o e n t e s IO,01. Embora
seu efeito sobre a sexualidade, conce-
nais: n ã o possa substituir a insulina, per-
de excelentes benefícios aos reumáti-
mite d i m i n u i r as doses de medicação
cos e artrósicos q u e t e n h a m a cora- • Depurativa, diurética e alcalinizan- antidiabética.
gem de praticá-la. te: Indicada no caso de afecçê)es reu-
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : OS pe- máticas, artritismo, gota, cálculos re- • Galactoga: Aumenta a secreção do
rinhos d a urtiga c o n t ê m h i s t a m i n a nais, areias na urina; e, em geral, sem- leite das mães IO.0.OI. Torna-se por
(1%) e acetileolina ( 0 , 2 % a 1%), p r e q u e se precise de u m a acção de- isso r e c o m e n d á v e l d u r a n t e a lac-
substâncias q u e o nosso o r g a n i s m o purativa e d i u r é t i c a IO.01. A urtiga tação.
também p r o d u z e q u e intervêm acti- tem u m a notável capacidade de alca-
linizar o s a n g u e , facilitando a elimi- • Emoliente: Pelo seu efeito suavizan-
v a m e n t e sobre os a p a r e l h o s circula-
n a ç ã o dos r e s í d u o s ácidos d o meta- te, recomenda-se nas afecções cróni-
tório e digestivo, c o m o transmissores
bolismo relacionados com todas estas cas da p e l e , e s p e c i a l m e n t e os ecze-
dos impulsos nervosos do sistema ve-
afecções. O uso i n t e r n o da p l a n t a mas, as erupções e a acne 10,01. lam-
getativo. Cerca de 10 mg destas
p o d e ser c o m b i n a d o com urtigações bem se usa contra a queda do cabelo
substâncias são suficientes para pro-
(ver q u a d r o informativo, pág. 278) so- 101. Limpa, r e g e n e r a e embeleza a
vocar uma reacção cutânea.
bre a articulação afectada. pele I0.OI. Obtêm-se melhores resul-
As folhas c o n t ê m a b u n d a n t e cloro- tados se for tomada por via oral 101.
fila, o corante- verde do m u n d o vege- • A n t i a n é m i c a : Usa-se nas a n e m i a s além de aplicada localmente

279
PLANTAS PARA
O APARELHO RESPIRATÓRIO
Si IÁRIO DO CAPÍTULO
J
DOENÇAS E APLICAÇÕES Grindélia 310
Antítússicas, plantas 288 Grindélia-áspna 310
Asma 283 Guaiaco 311
Balsâmicas, plantas 289 Hera-terrestre 307
Broncodilatadoras, plantas 288 Hissopo 312
Bronquite 282 Inula-campana = Enula 313
Enfisema pulmonar 284 Lingua-cervina 321
Expectoração, sangue, ver Hemoptise .. 284 Líquen-da-islândia 300
Expectorantes, plantas 286 Lírio 315
Hemoptise 284 IJrio-Jlorentiiw 315
Mucolíiicas, plantas 289 Marroio 316
Peitorais, plantas 285 Mirto = Murta 317
Pneumonia 283 Morugem 334
Pulmonia, ver Pneumonia 283 Murta 317
Sangue na expectoração, Murta-Jolhuda 317
ver Hemoptise 284 Mmgo-da-irkmda = Àlga-(tnl<tda 301
Tosse 285 Papoila 318
Pé-de-gato = Antenária 297
Petasite 320
PLANTAS Pimpinela-magna 322
Abeto-branco 290 Pinheiro 323
Abeto-do-canadá 291 Pinheiro-alvar = Abeto-branco . . .290
Alcaçus 308 Poligala-da-virginia 327
Alga-perlada 301 Primavera 328
Antenária 297 Prímula = Primavera 328
Asclépia 298 Pulmonária 331
Avenca 292 Saboeira = Saponãtia 333
Cainito 302 Saponária 333
Canadeaçúcar 332 Saxífraga 322
Cebola 294 Seifão 338
Cebola-ailumã 296 Tanchagem 325
Cerejeiradavirgínia 330 Teixo 336
Douradinha 299 Trevo-branco 340
Éfedra 303 Trevo-dos-prados 340
Enula 313 Tróculos-bra ticos = Verbasco 343
Escolopendra = Eingua-cewina . .321 Tussilagem 341
Eucalipto 304 Verbasco 343
Galeopse 306 Violeta 344

280
A SAÚDE P E U S PLANTAS MEOICIMAIS

2 * Parle: D e s c r i ç ã o
I

^ • " " • v APARELHO respiratório é, pos- rapêuticos da água com os da planta Uti-
m • sivelmente, uin cios mais sensí- lizada.
• # v e i s á acção das plantas medici-
\ ^ , S nais. São muitas as formas de * Banhos (pág. 65), cataplasmas (pág. 07)
tratamento fitoterapia) que exercem uma e fomentações (pág. 70) com plantas
acção benéfica sobre os órgãos da respi- medicinais: São outras tantas formas efi-
ração. Por exemplo: cientes de tratamento das afecções do
aparelho respiratório.
• Infusões ou decocções quentes (pág.
56) de plantas peitorais: actuam em pri- Todos os órgãos respiratórios são gran-
meiro lugar localmente, quando passam demente beneficiados com o emprego das
junto da laringe e dos trechos superio- plantas medicinais. A acção destas não se
res das vias respiratórias. Posteriormen- limita a neutralizar os sintomas da doença, A papoila possui
te, os seus princípios activos passam ao mas exercem uma autêntica acção de lim- propriedades peitorais
peza do excesso de mucosidade deposita- e sedativas.
canal digestivo, e deste para o sangue,
atingindo as células pulmonares e bron- da no interior dos canais respiratórios.
quiais. Além disso, algumas plantas, como as cha-
gas (pág. 772) ou o tomilho (pág. 709).
• Xaropes (pág. 61): Esta forma de prepa- contêm também substâncias antibióticas,
ração uliliza-sc tradicionalmente em que impedem a proliferação bacteriana na
caso de afecções respiratórias. Os açúca- mucosidade retida.
res, em geral, exercem uma acção balsâ-
mica sobre os brônquios, notável sobre- Todos os dias passam pelos pulmões cer-
tudo no caso do mel. O "ideal, portanto, ca de mil litros de ar, o qual, normalmen-
é prepará-los com mel, s e m p r e q u e isto te, nas grandes cidades, contém fumos, mi-
seja possível. Os xaropes são especial- cróbios e partículas contaminantes em
mente indicados para as crianças, já que suspensão. Os brônquios dispõem de um
o seu sabor doce disfarça o possível mau eficaz mecanismo de limpeza, estando re-
gosto das plantas em dissolução. vestidos interiormente por uma camada de
muco, que agarra e arrasta para o exterior
• Inalação de essências (pág. 95): A aro- as partículas contaminantes e germes que
materapia, ou seja, o emprego das essên- entram com o ar. Em condições normais,
cias ou óleos essenciais para fins curati- este mecanismo chega para manter os
vos, constitui uma das grandes redesco- brônquios limpos.
bertas da Fitoterapia moderna. A simples
inalação de uma essência já exerce No entanto, pela acção do tabaco, de ou-
acções medicinais sobre o aparelho res- tros fumos ou substâncias irritantes, de de-
piratório: anti-séplicas, broncodilatado- terminados germes patogénicos, ou de al-
ras (dilatam os brônquios) e mucolíticas guns maus hábitos respiratórios, o meca-
(fluidificam as mucosidades bronquiais). nismo de limpeza dos brônquios deixa de
Respirar o aroma do eucalipto, ou duma funcionar correctamente, e produz-sc a
cebola crua partida em rodelas, acalma bronquite. As plantas medicinais podem
a tosse c desobstrui os brônquios. então actuar, restabelecendo o bom fun-
cionamento da mucosa bronquial, mas
• Banhos de vapor com plantas (pág. 70): com a condição óbvia de que desapareça
O vapor de água é um dos mucolíiicos o factor causador da perturbação. De pou-
mais eficientes que se conhecem. A ina- co serviria aplicar os melhores tratamentos
lação do vapor de água, á qual se podem fitoterápicos -ou de outro tipo-, conti-
juntar algumas gotas de essência para re- nuando por outro lado a fumar ou a res-
forçar o eleito, combina os efeitos te- pirar o ar contaminado.

281
/ Cap. 16: PLANTAS PARA O APARELHO RESPIRATÓRIO
y

Doença Planta Pág. Acção Uso

BRONQUITE Fortalece as mucosas e aumenta Crua ou em sumo


CENOURA 133 as defesas: acção preventiva
É a inflamação da mucosa que reveste
o interior dos brônquios. Tem normal- TÍLIA 169 Emoliente, antiespasmódica, sedante Infusão de flores
mente uma causa infecciosa, situação
que se agrava pela inalação de fumos Regenera as células
irritantes, como o do tabaco. Dá com HIDRASTE 207 Infusão de raiz
das membranas mucosas
febre, tosse, dor ao tossir e, por vezes,
dificuldade em respirar. Quando a do- ALHO 230 Antibiótico, expectorante Cru
ença se repete com uma certa fre- GIRASSOL 236 Balsâmico, expectorante Infusão de flores e caules tenros
quência, fala-se de bronquite crónica.
0 tratamento fitoterápico consiste na in- Antibiótica, facilita a expulsão Crua, sumo fresco, xarope
CEBOLA 294 da mucosidade, anti-infiamatória
gestão e inalação, através de essências
e banhos de vapor, de plantas com ASCLÉPIA 298 Expectorante, sudorífica Decocção de raiz
acção balsâmica (suavizantes das mu-
cosas respiratórias), mucoliticas (que LÍQUEN-DA-
Decocção
300 Peitoral, expectorante, antibiótico
desfazem a mucosidade e facilitam a -ISLÂNDIA
sua eliminação), expectorantes e an-
tibióticas. Ver mais plantas com estas EUCALIPTO 304 Anti-séptico, balsâmico, Infusão, essência, banho de vapor
acções, nas tabelas correspondentes. regenera a mucosa bronquial
Estas plantas exercem uma interessan-
Favorece a expectoração, acalma a
te acção preventiva de novas crises ou ALCAÇUS 308 Infusão, maceração, extracto
recaídas. tosse, desinflama as vias respiratórias

A traqueite é a inflamação da traqueia, HISSOPO 312 Mucolítico, expectorante, anti-séptico Infusão, essência
de onde partem os brônquios princi- ÉNULA 313 Facilita a expectoração, acalma a tosse Decocção, pó ou extracto de raiz
pais. 0 tratamenlo fitoterápico
é o mesmo que o de bron- Fluidifica e desinfecta as secreções
MARROIO 316 Infusão
quite, pois, na realidade, a bronquiais
traqueite é uma forma lo-
calizada de bronquite. TANCHAGEM 325 Fluidifica as secreções, Decocção de folhas e/ou raiz
desinflama a mucosa bronquial

327 Mucolítica e expectorante Decocção de folhas ou raiz, pó de raiz

04. Fluidifica as secreções, acalma a tosse, Infusão da planta seca


desinflama as mucosas respiratórias
Descongestiona os brônquios,
344 acalma a tosse, suaviza as mucosas Infusão de folhas e/ou flores, xarope
respiratórias

393 Mucolíticos, expectorantes, antibióticos Crus, sumo fresco

Facilita a eliminação das mucosidades


465 bronquiais, ajuda a superar as sequelas Infusão de frutos
do tabaco
Infusão ou decocção de flores
s 511 Expectorante, antitússica
e/ou folhas
577 Expectorante, anti-séptico bronquial Bagas maduras, infusão, essência
evu s va
663 ^ ' ' ' descongestiona Cataplasmas com a farinha
os órgãos internos
700 Expectorante Infusão de sementes
7 J Q Abranda as secreções, Infusão de flores e folhas
desinflama as vias respiratórias

754 Acalma a tosse


Infusão, tintura
e favorece a expectoração
760 Desinflama a mucosa bronquial Decocção de brotos tenros (gemas)
e facilita a expectoração e casca
Fluidifica a mucosidade, Infusão ou decocção de flores,
772 descongestiona os brônquios, folhas e frutos
acalma a tosse

282
SAÚDE PELAS PLANTAS

2 a Parte:
UEDICI

D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

PNEUMONIA Estimula os centros nervosos da


É uma inflamação do tecido pulmonar, CANFOREIRA 217 respiração, aumentando a sua Pó de cânfora
normalmente de causa infecciosa. 0 frequência e profundidade
tratamento fitoterápico à base de in-
fusões ou decocçôes de acção peito- Banhos, fricções, banhos de vapor e
ral e antibiótica, inalação de essên- ABETO-BRANCO 290 Balsâmico, anti-séptico, expectorante
inalações de essência de terebintina
cias, banhos de vapor com plantas, e
cataplasmas de farinha de mostarda, é ASCLÉPIA 298 Expectorante, sudorífica, cardiotónica Decocção de raiz seca
um complemento do tratamento anti-
-infeccioso especifico.
Tauruífteu ^9R Fluidifica as secreções, Decocção de folhas e/ou raiz
IANCHAGEM 9*3 d e s j n ( | a m a a mUCOsa bronquial
POUGALA-DA-
327 Mucolítica e expectorante Decoção de folhas ou raiz, pó de raiz
-VIRGiNtA

Fluidifica as secreções,
TUSSILAGEM 341 acalma a tosse, Infusão da planta seca
desinflama as mucosas respiratórias

Descongestiona os brônquios,
VIOLETA 344 acalma a tosse, Infusão de folhas e/ou flores, xarope
suaviza as mucosas respiratórias

MOSTARDA- fifio Revulsiva, descongestiona os órgãos


Cataplasmas com a farinha
-NEGRA internos

ASMA TÍLIA 169 Emoliente, antiespasmódica, sedante Infusão de flores


É uma doença caracterizada por ata-
ques de dificuldade respiratória, acom- Antiespasmódica e sedante,
VALERIANA 172 Infusão, maceração, pó de raiz
panhados de sibilos a cada respiração, previne o espasmo bronquial
tosse e sensação de opressão devida
a um espasmo dos brônquios. Costuma Estimula os centros nervosos
ser de causa alérgica ou infecciosa. CANFOREIRA 217 da respiração, aumentando a sua Pó de cânfora
0 tratamento fitoterápico baseia-se em frequência e profundidade
plantas de acção antiespasmódica
(para relaxar o espasmo bronquial), O bissulfureto de alilo, que lhe dá o seu
ALHO 230 Cru
broncodilatadoras e expectorantes, cheiro, é expectorante e antiasmático
como estas (ver também as tabelas es-
pecíficas de cada uma destas acções). LIMOEIRO 265 Sedante, antiespasmódico Infusão de folhas
As plantas medicinais têm sobretudo
uma acção preventiva de novos Antibiótica, facilita a expulsão
acessos ou recaídas. CEBOLA 294 Crua, sumo fresco, xarope
da mucosidade, anti-inflamatória

ÉFEDRA 303 Relaxa a musculatura bronquial Preparados farmacêuticos


GRINDÈLIA 310 Antiespasmódica e expectorante Infusão, xarope

Facilita a expectoração, acalma a


:NULA 313 tosse, antiespasmódica, antialérgica
Decocção, pó ou extracto de raiz

PETASITE 320 Antiespasmódica, sedante, emoliente Infusão de folhas e/ou rizoma

VERBASCO 343 Antiespasmódico, antitússico Infusão de flores, extractos

ASSA-FÉTIDA 359 Notável antiespasmódico e sedante Lágrimas (grãos de goma)

VERÓNICA 475 Previne as crises de asma, antitússica Infusão, sumo da planta fresca

Infusão ou decocção de flores


MALVA 511 Expectorante, antitússica
e/ou folhas

Grindèlia BISNAGA 561 Antiespasmódica, dilata os brônquios Infusão

283
ap. 16: PLANTAS PARA O APARELHO RESPIRATÓRIO

Doença Planta Pág Acção Uso

ENFISEMA PULMONAR
É a dilatação exagerada e permanente As suas essências sulfuradas
dos alvéolos pulmonares. Aparece ge- favorecem a expectoração
AGRIÃO 270 Cru ou em sumo
ralmente como consequência de repe- e descongestionam o aparelho
tidos acessos de bronquite. As plantas respiratório
medicinais são um elemento adicional
no tratamento desta doença, com uma
acção sobretudo preventiva. Também
são indicadas todas as plantas peito- Acalma a tosse, dilata os brônquios,
TUSSILAGEM 341 desinflama as mucosas respiratórias Infusão
rais.

Adstringente, hemostática,
HEMOPTISE PERVINCA 244 complemento do tratamento Decocção de folhas
É a emissão de sangue juntamente com antituberculoso
a expectoração, procedente do apare-
lho respiratório. Deve ser sempre moti- Aumenta a resistência das células dos
vo de consulta médica especializa-
SEMPRE-NOIVA 272
vasos sanguíneos Decocção, pó
da, para excluir qualquer tumorização
ou uma tuberculose pulmonar, Uma vez PlMENTA- Hemostática pelo seu conteúdo em
diagnosticada a causa, podem-se ad- 274 Infusão, pó de folhas
-D'ÁGUA rutina
ministrar plantas hemostátícas como
estas (ver mais algumas na pág. 262)
ClNCO-EM-
para travar as hemorragias. -RAMA
520 Adstringente, hemostática Decocção de rizoma e raiz

Os bosques em geral,
e os de coníferas em
particular, sào
lugares ideais para se
fazer exercício físico,
pois o ar está ali
repleto das essências
balsâmicas exaladas
pelas árvores. O
abeto (pág. 290) e o
pinheiro (pág. 323),
duas das espécies de
coníferas mais
frequentes,
produzem uma
essência m u i t o
medicinal: a
terebintina.

284
SAÚOE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

2-' P a r l e : D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso
TOSSE ALFACE-BRAVA- , £« Sedante, acalma a tosse irritativa, Decocção de folhas, lactucário (látex),
A tosse é, em muitos casos, um meca- -MAIOR útil na tosse convulsa sumo fresco
nismo defensivo do organismo para ex- 1 fiq Suavizante e antiespasmódica
pulsar mucosidades ou corpos estra- TlLIA Infusão de flores
bronquial
nhos situados no interior da traqueia ou
dos brônquios. Nestes casos a tosse é ,,_„., OQO Alivia a irritação nas vias respiratórias «,»«. u , ™ .
produtiva, e consegue arrancar mu- AVENCA 292 5uperi ores. béquica Infusão, xarope
cosidades. Noutros casos, a tosse é
LÍQUEN-DA-
seca e não produtiva, e é causada 300 Emoliente, antibiótico Decocção
por um foco irritativo de origem infec- -ISLÂNDIA
ciosa ou, mais raramente, tumoral. 304. Anti-séptico e balsâmico, regenera
EUCALIPTO Infusão, essência, banho de vapor
Estas plantas medicinais antitússicas as células mucosas danificadas
conseguem acalmar a tosse por meio
GRINDÉLIA 310 Antitússica, antiespasmódica Infusão, xarope
de vários mecanismos: descontraindo
o espasmo da musculatura bronquial ÉNULA 313 Facilita a expectoração, acalma a tosse Decocção, pó, extracto, essência
(acção antiespasmódica), amolecen-
do as mucosidades, o que facilita a sua Pétalas cruas, infusão ou xarope
PAPOILA 318 Vence a tosse pertinaz, sedante de pétalas, decocção de frutos
expulsão (acção mucolitica), e produ-
zindo sedação nervosa. 338 Calmante da tosse,
SERPÀO Infusão, essência
Ver mais plantas antitússicas na tabe- especialmente nas crianças pequenas
la inferior desta mesma página e na ta- F l u i d i f i c a as
bela da página 288. TUSSILAGEM 341 secreções, acalma a tosse, Infusão da planta seca
desinflama as mucosas respiratórias
ORÉGÃO 464 Expectorante, antitússico Condimento, infusão, essência
VERÓNICA 475 Antitússica, suaviza a garganta Infusão, sumo fresco
Infusão ou decocção de flores
MALVA 511 Expectorante, antitússica
e/ou folhas
RORELA 754 Alivia a tosse seca ou irritativa, antibiótica Infusão, tintura
TOMILHO 769 Anti-séptico, antitússico, expectorante Infusão, essência, vapores e inalações

As folhas e as flores da malva (pág. 511) são m u i t o ricas em mucila-


Plantas peitorais gens de acção emoliente (suavizante), expectorante e antitússica, além
de laxante. Muito recomendável em catarros, gripes e bronquites, tan-
to para os adultos como para as crianças.

São aquelas que actuam favoravel-


mente sobre as afecções do aparelho
respiratório em geral. São também
peitorais todas as plantas antitússi-
cas (pág. 288), broncodilatadoras
(pág. 288), balsâmicas (pág. 289) e
expectorantes (pág. 286).

Planta Pág.
Chá-de-novajersey 191
Girassol 236
Cebola 294
Douradinha 299
Líquen-da-islândia 300
Papoila 318
Cana-de-açúcar 332
Nêveda-dos-gatos 367
Rabanete e Rábano 393
Cinoglossa 703

285
C a p . 1 6 : P L A N T A S PARA O A P A R E L H O R E S P I R A T O I
V.

Plantas expectorantes

Facilitam a expulsão das secreções mucosas da traqueia


e dos brônquios. Actuam d minuindo a viscosidade do
muco que, ficando mais íluido, se elimina com maior faci-
/idade. Desta forma, os exp ectorantes limpam os bròn-
quios e acalmam a tosse.

Planta Pág. Planta Pág


Saramago 211 Saponária 333
Alho 230 Morugem 334
Girassol 236 Teixo 336
Cipreste 255 Serpão 338
Agrião 270 i Trevo-dos-prados 340
Abeto-branco 290 Tussilagem 341
Avenca 292 Violeta 344
Cebola 294 Funcho 360
Antenária 297 I Manjerona 369
Asclépia 298 Segurelha 374
Líquen-da-islândia 300 Trevo-cervino 388
Algaperlada 301 Polipódio 392
Eucalipto 304 Ananás 425
Galeopse 306 Angélica 426
Hera-terrestre 307 Ásaro 432
Alcaçus 308 Ipecacuanha 438
Grindélia 310 Poejo 461
Hissopo 312 Orégão 464
Énula 313 Anis-verde 465
Lírio 315 Verónica 475
Marroio 316 Malva 511
Papoila 318 Zimbro 577
Petasite 320 Buglossa 696
Lingua-cervina 321 Urucu 700
Saxífraga 322 Fisale 721
Pinheiro 323 Selo-de-salomão 723
Tanchagem 325 Sanicula 725
Polígala-da-virginia 327 Escabiosa-mordida 731
Primavera 328 Borragem 746
Cerejeira-da-virginia 330 Choupo-negro 760
Pulmonária 331 Chagas 772

O lírio (foto superior, pág. 315), o eucalipto (foto central,


pág. 304) e a tanchagem (foto inferior, pág. 325), são três
plantas expectorantes muito apropriadas para limpar os
brônquios de mucosidade e acalmar a tosse.

286
S/,.

A infusão peitoral das quatro flores


Aqueles que praticam exercício
físico ao ar livre, como no caso do
ciclismo, necessitam de ter os
brônquios e pulmões em condições
óptimas.
As infusões de plantas medicinais
peitorais, como esta das quatro
flores, preparam o aparelho
respiratório para cumprir a sua
função ventiladora com o máximo
de eficiência.

Tussilagem

A famosa infusão peitoral das


quatro flores prepara-se com
10 gramas de cada uma das
seguintes flores, por cada litro
de água: tussilagem (pág.
341), papoila (pág. 318J.
antenária (pág. 297) e malva
(pág. 51TJ. Torna-se m u i t o
eficiente em caso de catarro
brônquico, bronquite, asma, e
outras afecções
broncopulmonares, devido à
acertada combinação das
respectivas acções medicinais
das quatro plantas. Papoila Malva

'''S
287
C í p - 1 6 : P L A N T A S PARA O APARELHO R E S P I R A T Ó R I O

Além daquelas que se incluem na ta-


bela correspondente à tosse, estas
p/antas têm também acção antitússi-
ca, embora não como propriedade
principal

Planta
Chá-de-nova-jers
Saramago
Antenária
Douradinha
Alga-perlada
Galeopse
Alcaçus
Tanchagem
Primaver,
Trevo-dos-prados
Verbasco
Violeta
Polipódio

Plantas broncodilatadoras

Dilatam os brônquios, devido a rela-


xarem as fibras musculares que os en-
volvem. Têm utilidade no tratamento
da asma brônquica.

Planta
Éfedra
Tussilagem
Assa-fétida
Bisnaga

288
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Plantas balsâmicas

Contêm substâncias bafsàmícas


(mistura de resinas, essências e
óleos) de acção suavizante sobre
o aparelho respiratório.

Planta Pãg.
Alfazema 161
Cipreste 255
Abeto-branco 290
Cainito 302
Eucalipto 304
Guaiaco 311
Pinheiro 323
Manjerona 369
Segurelha 374
Copaiba 571
Hipericão 714
Fisale 721
Choupo-negro 760
Tomilho 769

Plantas mucolíticas As fomentações (ver págs.


69-70) com uma infusão ou
decocção de plantas
medicinais exercem uma
São as que dissolvem ou desfazem o poderosa acção anti-
muco, tornando-o mais fluido e, por- -inflamatória e
tanto, mais fácil de expulsar. As plan- descongestionante sobre o
tas expectorantes (pág. 286) tam- aparelho respiratório. Podem-
bém exercem acção mucolitica. -se fazer com quaisquer das
plantas peitorais ou
balsâmicas que citamos.
Planta Pág. Em lugar de usar o líquido da
Galeopse 306 infusão ou decocção de uma
planta, também se pode usar
Hissopo 312 a sua essência,
Saxífraga 322 acrescentando umas gotas à
Polígala-da-virgínia 327 água. As essências de
alfazema, eucalipto e tomilho
Primavera 328 são particularmente
Chagas 772 recomendáveis.

289
Abies alba Miller
%\ 1

Abeto-
-branco
Excelente
para bronquíticos
e reumáticos

A ESTA magnífica árvore, bem


poderia atribuir-sc o título de
"decano dos bosques". Não só
atrai a nossa atenção pelo seu porte
grandioso e geométrico, mas também
pela sua extraordinária longevidade,
já que pode chegar a viver até 800
anos. Durante todo esse tempo, o abe-
to enche os bosques com o fresco aro-
ma a terebintina, que tanto beneficia
os bronquíticos e asmáticos que por
eles passeiam.
Actualmente, tende-se a substituir
a terebintina do abeto pela do pi-
nheiro, possivelmente porque esta se
torna mais fácil de recolher. Embora
as suas propriedades sejam muito se-
melhantes, a terebintina do abeto é
possivelmente mais aromática, até, do
que a do pinheiro.
-GP Preparação e emprego
Sinonímia científica: Abies pectinata
A resina do abeto, ou terebintina, Lam.
acumula-se durante a Primavera, de- Outros nomes: abeto-pectinado,
USO INTERNO pinheiro-alvar.
baixo da casca e nas gemas. Quando
se pratica uma incisão na casca, brota O Infusão de 30-40 g de gemas Esp.: abeto blanco, abete. Fr.: sapin
por litro de água, de que se inge- blanc, sapin pectiné. Ing.: fir, silverfir.
então com a fluidez de um óleo, cujo rem 3 ou 4 chávenas diárias. As
cheiro fa/ lembrar o do limão, mas de Habitat: Regiões montanhosas da
gemas do abeto-branco são pe- Europa Central e Meridional. Na
sabor amargo. Esta resina pode-se des- gajosas por conterem muita tere- América existem espécies similares.
tilar, com o que se obtém a essência bintina, especialmente durante a
de terebintina ou aguarrás. Primavera. Descrição: Árvore da família das
Pináceas, que chega a atingir 50 m de
O Terebintina ou a sua essência: altura. O seu tronco cresce aprumado,
3 a 5 gotas, três vezes ao dia. com uma casca lisa e acinzentada. Dá
Precauções flores masculinas e femininas sobre a
USO EXTERNO mesma árvore. Produz pinhas de uns 5
cm de grossura, que, à medida que
© Terebintina ou a sua essência: amadurecem, vão libertando os pinhões
A inalação ou ingestão de doses ex- aplica-se em forma de banhos e as escamas. O seu aroma faz lembrar
cessivas de terebintina, ou da sua (de grande alívio para reumáticos o do limão; o seu sabor é um pouco
essência, pode produzir irritação do e asmáticos), Iricções, banhos acre.
de vapor ou inalações. Partes utilizadas: as gemas e a resina
sistema nervoso central, especial-
mente nas crianças. (terebintina).

290
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a nerária (sara as feridas e as con-
planta comem tanino, óleo essencial, tusões). Alivia as dores reumáticas, a Na América do Norte cria-se o abeto-
TEREBINTINA e provitamina A. A te- ciática, o lumbago e o torcicolo. De- -do-canadá (Abies balsamea Miller =
rebintina é uma oleoi resina que, apli- sinflama as articulações que tenham Abies canadensis L),* de cuja resina
cada externamente, possui as seguintes sofrido um entorse, assim como as se obtém o chamado bálsamo do
propriedades: contusões e dores musculares em ge- Canadá. Este bálsamo possui as
ral. Limpa as feridas infectadas e as mesmas propriedades que as da te-
• Balsâmica, anti-séptica e expecto- úlceras da pele 101. rebintina do abeto branco, pelo que
rante. Por isso é muito indicada nas as suas aplicações medicinais são as
afecções das vias respiratórias: sinu- mesmas.
site, traqueíie, bronquite, pneumonia • Ingerida por via oral IO.0I, a tere-
bintina do abeto, ou a sua essência, Além disso, o bálsamo do Canadá
e asma. Facilita a expulsão das mneo-
actuam de forma igualmente benéfi- usa-se para facilitar os exames mi-
sidades e regenera a mucosa que re- croscópicos de laboratório, pelas
veste as vias respiratórias 101. ca sobre os órgãos respiratórios. Além
do mais, é diurética, anti-séptica uri- suas características ópticas espe-
ciais.
• Revulsiva (atrai o sangue para a nária, e usa-se como preventivo da
pele e descongestiona os órgãos e te- formação de cálculos e areias nas vias * Esp.: abeto dei Canadá.
cidos internos), anti-rcumática e vul- urinárias.
F Adlantum capillus-
venerisL

Avenca %'Jh«B**^ Í*L«*

Acalma a tosse
e... fortalece o cabelo

Outros nomes: capitaria, capilária-de-montpellier, avenca-de-montpellier. Brasil:

N AO TE FAZ lembrar a Formo-


sa cabeleira da deusa Vénus?
-pergunta Lúcio Apuleio,
chamado o Platónico, a um dos seus
discípulos, enquanto observa uma
avenca-cabelo-de-vénus.
Esp.: culantrillo, culantrillo depozo, cabello de Vénus, capilera. Fr.: capillaire [de
Montpellier). Ing.: Vénus hair, maidenhair fern.
Habitat: Própria da Europa Meridional, embora também cresça em regiões
temperadas do continente americano. Prefere os lugares húmidos, como as paredes
avenca que cresce à volta de uma fon- dos poços, as fontes e as grutas.
te romana. Descrição: Planta vivaz, da família das Polipodiáceas, que atinge de 10 a 40 cm de
- E a minha deusa preferida - diz o altura. Botanicamente, trata-se de um feto, cujos esporângios estão situados numa
aluno com ar de satisfação. E en- prega do bordo exterior das frondes (parte foliácea dos fetos). Os caules e os
quanto continua a falar e a sonhar pecíolos (pezinhos que seguram as folhas) são finos, lisos e brilhantes. Têm um
sabor ligeiramente doce.
com a beleza de Vénus, o mestre Apu-
leio, filósofo e botânico romano do sé- Partes utilizadas: Os caules finos; os pecíolos (pezinhos) e as frondes (folhas).
culo IV d.C, autor de um Herbarium,
continua a contemplar a modesta
planta.
- Só vês o que tens diante dos o-
a Preparação e emprego
Ihos. Assim nunca chegarás a ser um
bom filósofo - repreende-o. USO INTERNO USO EXTERNO
- Mestre, vejo que tendes muita © Cataplasmas com 100 g de plan-
O Infusão: 30 g da parte aérea da
imaginação. Mas, que importância ta esmagada, que se aplicam direc-
planta, por cada litro de água. Adoçar
tem, que os longos e brilhantes ra- tamente sobre o couro cabeludo co-
com mel e tomar até 6 chávenas diá-
minhos desta humilde planta façam mo se se tratasse de uma boina, co-
rias.
lembrar os cabelos de Vénus? brindo-as com uma gaze ou pano de
© Xarope: Decocção com 100 g da algodão. Mantê-las colocadas du-
- Olha, rapaz. Todas as plantas têm rante meia hora cada dia. Para se
algum sinal que a Natureza pôs nelas, parte aérea da planta, num litro de
água. Deixa-se ferver até que o lí- conseguir que o cabelo volte a cres-
para que os humanos pudessem deci- cer, aplicar este tratamento diaria-
frar as suas virtudes. E uma doutrina quido fique reduzido a uma terça par-
te. Coar então e acrescentar cerca mente, durante uma ou duas sema-
sobre a qual estou a meditar. nas.
de 250 g de mel. Toma-se às colhe-
- Agora começo a compreender. radas. Muito útil para acalmar a tos- O Gargarejos com a mesma infusão
Mestre Apuleio, procuremos um cal- se rebelde das crianças. que se usa internamente.
vo e apliquemos-lhe um emplastro
desla planta sobre a cabeça!
Em infusão ou xarope,
a avenca acalma a tos-
se provocada por irri-
tação da g a r g a n t a , e
favorece a expecto-
ração. AJém disso, apli-
cada em cataplasmas
sobre o couro cabelu-
do, fortalece o cabelo,
evita a sua queda e,
inclusivamente, fá-lo
voltar a nascer.

este antigo e provado remédio. Por-


que não repetir a experiência do filó-
sofo Lúcio Apuleio?
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas
as partes da planta contêm mucila-
gem, tanino, açúcares e óleos essen-
ciais. Ao longo da história, são muitas
as propriedades que se lhe têm atri-
buído, mas mencionaremos apenas
aquelas que puderam ser demonstra-
das e comprovadas:
• Béquica (acalma a tosse e a irritação
da garganta): A avenca está especial-
mente indicada nas tosses secas pro-
vocadas por irritação das vias aéreas
superiores (faringe, laringe e tra-
queia) IO Ol. Podc-se administrar às
crianças pequenas, quer só quer
acompanhada de outras plantas bé-
quicas (ver pág. 280). Aplicado local-
mente, em gargarejos, alivia a secura e
irritação da garganta. lOl.
• Emoliente e expectorante: Reco-
mendada como tratamento de apoio
nas bronquites agudas e crónicas
IO.0).
• Antiespasmódica uterina: Alivia as
menstruações dolorosas (dismenor-
reia) e regulariza a menstruação (efei-
A experiência deu seguramente re- que, durante muitos séculos, a avenca to emenagogo) [Ol.
sultado e, lenda ou história, em várias foi um dos remédios mais utilizados
línguas modernas, alguns dos nomes para fortalecer e fazer crescer o cabe- • Fortalece o cabelo, evita a sua queda
vulgares desta planta lembram-nos a lo. Actualmente, os champôs e prepa- e, nalguns casos, fá-lo voltar a nascer
Vénus e a sua cabeleira. E foi assim rados cosméticos deixaram de lado
Allium cepa L
o: k m

Preparação e emprego

USO INTERNO

Cebola O Crua: Sempre que se possa, e


que o estômago o tolere (convém
acostumá-lo com doses progressi-
vas), deve-se comer a cebola crua,
Ideal para bronquíticos, pois é como produz maior efeito.
artríticos e reumáticos Geralmente, come-se cortada ou ra-
lada em salada (com azeite e
limão). A dose terapêutica mínima
recomendável é de uma cebola mé-
dia diária, e, a máxima, segundo a
tolerância.
© Sumo fresco obtido com uma li-
quidificadora, misturado com limão,

Q
UEM minta chorou por ter com mel ou com sumo de cenoura
tido de enfrentar uma cebo- ou tomate, e tomado às colheradas.
la! Segundo Andrés de La- Toma-se meio copo, duas ou três
guna, médico espanhol do vezes por dia.
século XVI, as mulheres da sua época
€) Cebola cozida ou assada: Per-
usavam-na, dizia ele, «quando, não
de completamente a acidez e o ar-
conseguindo chorar, querem provo-
dor, pelo que é muito bem tolerada
car umas lagrima/.inhas para enterne-
por todos os estômagos, ainda que
cer os seus asnos [leia-se maridos]». à custa da perda de uma percenta-
Também usavam a cebola as carpidei- gem dos princípios activos, e so-
ras profissionais que eram contratadas bretudo de uma redução do seu
para "fazer ambiente" nos funerais, efeito antibiótico. No entanto, assim,
com os seus prantos. tem a vantagem de poder ser co-
De certeza que nem umas nem ou- mida em maior quantidade sem re-
tras tinham conhecimento das mara- jeição. Se as cebolas forem cozidas
vilhosas propriedades deste lacrimo- em água, deve-se beber o caldo,
géneo vegetal. Os antigos médicos cal- que é muito rico em princípios acti-
deus, egípcios, gregos e romanos, es- vos. A dose mínima recomendável,
ses sim, conheciam-nas bem e utiliza- no caso das cebolas cozidas ou as-
vam bastante a cebola como planta sadas, é de duas ou três cebolas
medicinal. por dia, juntamente com o seu cal-
do.
"Contigo, pão e cebola." Trata-se de
O Xarope de cebola: Ver página
um ditado espanhol atribuído aos
seguinte.
amantes, fazendo alusão à aparente
simplicidade e humildade deste bolbo
K/J& USO EXTERNO
comestível. No entanto, a moderna in- © Sumo fresco: Aplica-se sobre a
Outros nomes:
vestigação bioquímica descobriu nela pele em loção ou empapando com-
Esp.: cebolla. Fr.: oignon. Ing.: onion. pressas.
extraordinárias propriedades medici-
nais: A cebola é antibiótica, antidia- Habitat: Planta originária da Pérsia e do
Médio Oriente, que se encontra O Cataplasmas de cebola cozida:
bética, afrodisíaca (apesar do seu cultivada em todo o mundo. Ideais para fazer amadurecer os ab-
cheiro), e até preventiva do cancro in- Descrição: Planta vivaz bolbosa, da cessos e furúnculos. Também dá
testinal. Não é sem razão que é um família das Liliâceas. que chega a atingir muito resultado aplicar directamen-
dos elementos fundamentais da sau- um metro de altura. Durante o seu te as cascas grossas da cebola co-
dável "dieta mediterrânica", tanto primeiro ano forma o bolbo, e no zida, quentes, sobre a pele.
crua, em saladas, como nos mais di- segundo desenvolve o caule, floresce e O Gargarejos com o caldo em que
versos pratos cozinhados, sempre tem- frutifica. se cozeram as cebolas.
perada, naturalmente, com bom azei- Partes utilizadas: o bolbo.
te de oliveira.

294
Aplicadas directamen-
te sobre a pele, as pla-
cas carnudas da cebo-
la cozida suavizam e
embelezam. São muito
recomendáveis em ca-
so de acne.

Comer uma cebola por dia é ga-


rantia de saúde. E, ainda que para
prepará-la tenhamos de chorar um
pouco, a longo prazo far-nos-á rir de
felicidade.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda


a planta contém uma essência volátil
rica em glicósidos sulfurados, dos
quais o mais importante é o bissullu-
reto de alilpropilo. E a esta essência
que se deve a maior parte das suas
propriedades. Contém igualmente
abundantes enzimas (fermentos), de
acção dinamizadora sobre a digestão
e o metabolismo; oligoelementos (en-
xofre, ferro, potássio, magnésio, flú-
or, cilicio, manganésio e fósforo); vi-
taminas (A, complexo B, C, E); flavo-
nóides de acção diurética; e uma hor-
mona vegetal de acção antidiabética,
a glicoquinina.

As virtudes salutíferas e curativas


da cebola são semelhantes às do alho
(pág. 230), o qual, em vez do bissul-
O xarope de cebola torna-se m u i t o útil contra as afecções respiratórias. Pre- fureto de alilpropilo, contém um
para-se cozendo várias cebolas cortadas às rodelas com um pouco de água e
bastante mel ou açúcar (de preferência escuro). Formar uma pasta homogé-
composto semelhante, o bissulfureto
nea e tomar às colheradas. de alilo. As propriedades da cebola
são as seguintes:
• Antibiótica: O sumo da cebola crua antiagregante plaquetário, impedin- crónica, doença gorda do fígado, cir-
compoi ta-se como um autêntico an- do a tendência excessiva de as pla- rose e insuficiência hepática.
tibiótico, com actividade comprovada quetas sanguíneas se agruparem for- Pela sua acção antibiótica e anti-
contra diversas bactérias que habi- mando trombos ou coágulos. -séptica, regula a flora intestinal, tra-
tualmente causam infecções na pele, • Vermífuga: Eficaz contra os ascarí- vando os processos de putrefacção em
entre as quais o estalllococo dourado. deos (lombrigas) e os oxiúros (pe- que se libertam substâncias tóxicas
Por isso se usa para curar feridas e fu-
quenos vermes brancos que causam muito irritantes, como o indol e o e.s-
rúnculos, abcessos, queimaduras (evi-
ardência no ânus das crianças). Nes- catol. Estas substâncias relacionam-se
ta que se infectem e acelera a sua ci-
te caso tem de ser comida crua IO.01. com o aparecimento de cancros no
catrização), gretas da pele e acne. Em
lodos estes casos aplica-.se esmagada • Hipoglicemiante: Pela acção da gli- cólon e no recto. Daí o efeito preven-
em forma de cataplasma (01, ou coquinina, faz descer o nível de gli- tivo da cebola contra o cancro intesti-
então o sumo fresco em loção ou em cose no sangue IO.0,01. Como com- nal.
compressas 101. Para fazer amadure- plemento no tratamento da diabetes, A acção tonificante geral deve-se ao
cer os abcessos, pode-se aplicar tam- permite reduzir a dose de insulina ou seu conteúdo em enzimas, que acti-
bém uma cataplasma quente de ce- de fármacos antidiabéticos. vam o metabolismo e que estimulam
bola co/ida ou assada 101. • Tonificante digestiva e geral do or- a produção de sangue (efeito antia-
ganismo: Aumenta todas as secreções némico), fornecendo ferro e oligoe-
• Expectorante e peitoral: Pela sua
digestivas (gástrica, intestinal, pan- lementos. O efeito afrodisíaco que se
acção antibiótica, mneolítica (facilita
creática), com o que melhora a di- lhe atribui, supõe-se que seja devido â
a expulsão da mucosidade, tornando-
gestão dos alimentos IO.0,01. Por isso revitalização geral que produz.
-a mais fluida) anli-inflamatória, tor-
na-se um remédio ideal no caso de mesmo, não convém aos que sofram de • Cosmética: Aplicada externamente,
afecções respiratórias: catarros das vias hiperacideze.de úlcera gastroduodenal estimula o crescimento do cabelo;
respiratórias, sinusite, laringite, bron- cm fase de actividade. Estimula a suaviza e embeleza a pele; limpa as pe-
quite, tosse, asma brônquica, enfise- função metabólica e desintoxicadora les sujas, com borbulhas e acne (0,01.
ma pulmonar. O xarope de cebola do fígado, pelo que se torna altamen- Para obter um resultado mais imen-
com mel é uma forma tradicional de te recomendável aos que sofram de al- so, recomenda-se combinai a apli-
administrá-la nestes casos 101. Os gar- guma doença do fígado: hepatite cação externa com o uso interno.
garejos com caldo de cebola 101 de-
sinflamam a faringe e são muito úteis
no caso de amigdalite (anginas).
r Cebola-albarrã
• Hipotensora, diurética, depurativa:
Muito recomendável para os hiper-
tensos, os obesos, os reumáticos, os
A cebola-albarrã (Urginea marítima { L }
artríticos e os gotosos, assim como Baker)* é uma espécie de cebola brava
para os doentes renais IO,0,0). Apro- que cresce nas regiões costeiras da Eu-
priada também nos casos de nefrose e ropa, e que chama a atenção porque o seu
albuminúria, retenção de líquidos, bolbo não está completamente enterrado,
areias e cálculos urinários. Alcaliniza como o da cebola comum. É também co-
notavelmente o pH (reduz a acidez) nhecida pelos nomes vulgares de cila-ma-
da mina, com o que favorece a elimi- rítima, cebola-marinha, albarrã-ordinária
nação do ácido úrico e de outros re- e alvarrã-branca.
síduos tóxicos do metabolismo. A cebola-albarrã contém uns glicósidos
• Fluidificante do sangue: A cebola é chamados cilarenos, de acção cardiotó-
muito recomendável para aqueles nica muito semelhante à da dedaleira (pág,
que sofrem de trombose (tendência 221). Antigamente era usada como alter-
para a formação de trombos ou coá- nativa aos tratamentos digitálicos, em do-
gulos no sangue), fazendo que o san- ses de 0,5 a 0,7 g de bolbo triturado, por
gue seja mais fluido e que circule me- dia. Doses elevadas provocam náuseas,
lhor IÕ,0.©1. Isto deve-se a que, como vómitos, arritmias, e até paragem cardía-
ca. Por isso é considerada uma planta tó-
foi possível comprovar (revista Pre-
xica, que, naturalmente, tem de ser usa-
veni ivr Medecine, vol. 16, pág. 670), a
da sempre sob vigilância médica.
cebola contém substâncias fibrinolíti-
cas, que desfazem os coágulos san- * Esp.: cebolla albarrana, escila, cebolla chir-
guíneos e impedem que se formem le, cebolla de grajo. Fr.: scille officinale. Ing.:
em excesso. Também está demons- seal squill.
trado que a cebola actua como um

296
Antonnaria dloica
Gaertn. IQl S J _
Preparação e emprego

Antena ria USO INTERNO


O Infusão com 30-40 g de capí-
Peitoral e colagoga tulos florais fêmeas, secos, por li-
tro de água, da qual se tomam 3
ou 4 chávenas diárias, adoçadas
com mel.

USO EXTERNO
O Gargarejos de 5 a 10 minutos,
3 vezes por dia, com a mesma in-
fusão que se usa internamente,
procurando não engolir o líquido.

T AMBÉM conhecida como "pé-


-de-gato", toda esta planta evo-
ca a suavidade desse animal. As
suas dores Fazem lembrar a almofa-
dinha que encobre as garras do dito
felino.
E usada desde o século XVIII. Du-
rante algum tempo, atribuíram-se-lhe
propriedades anticaiicerosas e curati-
vas da tuberculose, que não puderam
ser demonstradas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta, mas especialmente os capítu-
los florais fêmeas, contém mucilagem,
a que se deve a sua acção béquica (ali-
via a irritação da garganta), expecto-
rante e anti-inflamatória sobre as vias
respiratórias. Na sua composição tam-
bém encontramos Havonóides, a que Sinonímia cientifica: Gnaphalium
se atribuem as suas propriedades co- dioicum L.
Iagogas (facilita o esvaziamento da ve- Outros nomes: pé-de-gato, gnafálio.
sícula biliar). Esp.: pie de gato, pata de gato, [hierba]
A sua principal aplicação são as sanguinária, nafalio, antenaría dioica.
afecções respiratórias IO.01: faringite Fr.: pied de chat, gnaphale. Ing.: cafs
e laringite (alivia a ardência e irri- foot, mountain everlasting.
Habitat: Difundida peios prados de
tação da garganta), tosse seca c catar- montanha de toda a Europa. Também
ros brônquicos (abranda a mucosida- se encontra na costa ocidental da
de e facilita a expectoração). O idea América do Norte.
é combinar o uso interno (infusões) Descrição: Planta vivaz dióica, da família das
com o externo (gargarejos). Compostas, que mede de 5 a 20 cm de altura. As
Também se pode usar nas disqui- folhas são pubescentes e brancas na página inferior, e formam uma roseta basal. Os
capítulos florais das plantas masculinas são brancos, e os das femininas, rosados.
nesias biliares (vesícula preguiçosa ou
atóntea) lOl, em combinação com ou- Partes utilizadas: os capítulos florais fêmeas (rosados) secos.
tras plantas activas sobre as vias bi-
liares.

29
Ascfeplas
tvberosaL
I J U
Preparação e emprego
Asclépia
USO EXTERNO
Um expectorante O Decocção de uma colherada
muito usado de raiz seca e triturada por cada
chávena de água. Tomar uma ou
na América do Norte duas chávenas diárias.

V5*
y Diversas asclépias

O género Asclépias inclui, além da

E STA plaina, que produz uma


.seiva branca, foi muito utilizada
contra as doenças respiratórias
na América do Norte, onde os indí-
genas, que lhe deram o nome de 'raiz-
Asclépias tuberosa L, diversas es-
pécies próprias do continente ame-
ricano, entre as quais, pelo seu
emprego em fitoterapia, há que as-
sinalar as seguintes:
-da-pleurisia', a têm utilizado com êxi- • Asclépias curassavica L, cha-
to desde os tempos mais remotos. mada (em castelhano) 'bencerue-
co', 'platanillo' e 'flor de calentura'.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O prin- • Asclépias incarnata L: 0 seu no-
cípio activo mais importante desta me vulgar mais conhecido no Mé-
planta é a asclepiadina, um ghcósido xico e em toda a América Central
semelhante ao da dedaleira (pág. é 'algodoncillo' (algodãozinho) e
221). Também contém óleo essencial, deve-se ao facto de a sua casca
resina, amido, inucilagcm e tanino. proporcionar uma fibra têxtil. A raiz
A raiz. da planta possui um acen- e o rizoma destas duas espécies
tuado eleito expectorante e sudorífi- apresentam propriedades e utili-
zações medicinais semelhantes
co. Associando-ct a outros tratamentos,
às da Asclépias tuberosa L.
obtém-se com esta planta bons resul-
tados nos casos de catarro brônquico, • Asclépias speciosa Torr., Asclé-
bronquite aguda e crónica, e pneu- pias syriaca L: cultivam-se para
monia IO). comer como verdura e para fabri-
car chiclete (goma de mascar) com
o seu látex.

5 Precauções
Outros nomes:
Esp.: asclepsias, raiz de la pleuresia.
Fr.: asclépiade. Ing.: butterfly [milkjweed.
pleurisy root.
Habitat: Planta originária da América do Norte.
onde se cria em solos secos arenosos. Na
Europa, cultivam-se algumas espécies similares como
As folhas e o caule podem produzir plantas ornamentais.
intoxicações se forem ingeridos fres- Descrição: Planta da família das Asclepiadáceas, cujo
cos, devido a conterem um glicósido caule atinge facilmente um metro de altura. As folhas acham-se dispostas em
tóxico que desaparece com a seca- espiral, ao longo do seu caule erecto. As flores são de cor alaranjada ou
gem. amarela, e agrupam-se em umbelas na extremidade do caule.
Partes utilizadas: a raiz seca.

298
Ceterach offíclnarum
Lam.
J J
Preparação e emprego

Douradinha
USO INTERNO
Antitússica e diurética O Decocção com 30 g de fron-
des por litro de água. Deixa-se fer-
ver durante 15 minutos e tomam-
-se até 5 chávenas por dia. No ca-
so de afecções Dronco-pulmona-
res, toma-se bem quente e adoça-
da com mel.

D LOSCÔRIDES já mencionou
esta planta no século I d . C ,
com o nome de scolopendrio,
devido á semelhança das folhas com a
escolopendra, pequeno réptil que
também abunda nos muros velhos e
no meio das tochas. Galeno chamou- Outros nomes: ceteraque.
-lhe Splenio, porque acreditava que ela Esp.: doradilla, ceteraque, fiorde
podia reduzir o volume do baço (splen pedra. Fr.: cétérach officinal,
em grego). doradille. Ing.: rusty back.
É utilizada desde tempos muito an- Habitat: Cria-se em muros e
tigos e, embora não seja uma plaina penhascos da Europa Ocidental.
Aclimatada na América.
que se distinga pelas suas proprieda-
des, continua a ser útil ainda na ac- Descrição: Feto vivaz da família das
Polipodiáceas, que forma pequenos
tualidade. tufos de 20 a 25 cm de altura. As
frondes (parte foliácea dos fetos)
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: ("on- são divididas em lóbulos e cobertas
tem tanino e ácidos orgânicos. Desde por escamas douradas na página
há muito tempo que se utiliza com inferior. A raiz é fibrosa e de cor
negra.
bons resultados contra a Losse das
bronquites agudas e catarros brôn- Partes utilizadas: as frondes (folhas
do feto).
quicos, pois tem propriedades béqui-
cas, peitorais e antitússicas 101, Não é
tão activa como a avenca (pág. 2Í)'2),
um outro feto.
Também é diurética e sudorífica.
Proporciona uma certa acção anti-in-
flamatória sobre as vias urinárias, pelo
que se torna útil nos casos de cistite e
de cólica renal 101.

295
Cetmria
IslandbaL
mM »

Líquen-da-
-isfãndia
Remédio do Norte
contra as constipações

O S LÍQUENES, que não dis-


põem de folhas nem de raí-
zes, são um perfeito exemplo
de sobrevivência. Adaptanv-se ao frio
rigoroso e à extrema secura, e podem Outros nomes: musgo-amargo, musgo-da-islândia, musgo-islândico.
passar mais de um ano em eslado de Esp.: líquen de Islândia, musgo de Islândia. Fr.: mousse d'lslande. Ing.: Iceland
vida latente. moss.
Habitat: Bosques de coníferas e terrenos montanhosos de solos ácidos do Norte da
Os lapões do Norte da Escandiná- Europa e América. Em Portugal é raro, mas pode encontrar-se na serra da Estrela.
via utilizam esie líquen desde tempos Descrição: Líquen de 5 a 10 cm de
antiquíssimos. O grande botânico sue- comprimento, da família das Cetrariáceas,
co Lineu recomendava-o como medi- que se caracteriza pelo seu talo castanho
cinal no século XVIII. claro, profundamente dividido em lóbulos
desiguais.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- Partes utilizadas: o talo (corpo do
tém ácido cetrárico, de forte sabor líquen) seco.
amargo, que o tornam aperitivo e to-
nificante; grande quantidade de mu-
cilagem, que explica a sua acção emo-
liente (suavi/ante); e antibióticos como
o ácido úsnico, que se mostraram ac-
U> Preparação e emprego
tivos in vitro perante as microbaclérias
responsáveis pela tuberculose.
As suas propriedades e indicações USO INTERNO
ÍOI são as seguintes: O Decocção com 10-20 g por li-
• Peitoral, expectorante c antitíissico: tro de água durante dois minutos.
Na bronquite, c atarros, asma, traque- Para eliminar o seu sabor amar-
íte e laringite, dá excelentes resulta- go, mudar a água e voltar a ferver
dos. em 1,51 de água, até que fique re-
duzida a um litro. Tomar 3 ou 4
• Antituberculoso: Rccomcnda-se chávenas por dia, quentes e
como complemento no tratamento da adoçadas com mel. A decocção do liquen-da-islãn-
tuberculose pulmonar. dia é muito rica em mucila-
gens de acção expectorante.
• Antiemético: Ajuda a deter os vómi-
tos da gravidez.

300
Chondms
crispas Lyngb.
>J PJ ~3 3

Alga-
-perlada
Um poderoso emoliente

Outros nomes: botelho-crespo, musgo-branco.


musgo-da-irlanda, carragaheen.
Esp.: musgo de Irlanda, carragen, líquen de mar.
Fr.: carragaheen. Ing.: Irish moss.
Habitat: Vive nas rochas submarinas do Atlântico
Europeu, desde a Irlanda até ao Sul da península

E STA ALGA começou a ser usa-


da na Irlanda em meados do sé-
culo passado e, desde essa altu-
ra, têm aumentado as suas aplicações
medicinais. O (alo é de consistência
Ibérica.
Descrição: Apesar de também ser conhecida como musgo, trata-se
botanicamente de uma alga vermelha (rodófita) da família das Gigartinàceas,
cujo talo mede de 5 a 15 cm de altura. A cor varia do vermelho ao castanho
escuro, quando fresca, até ao esbranquiçado, depois de seca.
cartilaginosa (Chondms = cartilagem, Partes utilizadas: o talo (toda a alga).
em latim), devido à grande quantida-
de de mucilagem que contém.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Além


de 80% de mucilagem, o talo contém
iodo, provitamina D e sais minerais. O
seu princípio activo mais importante
é a mucilagem, que lhe confere pro-
-CP Preparação e emprego ^H
priedades emolientes, expectorantes
e laxantes.
O seu uso é indicado nos casos de USO INTERNO
bronquite e catarros, pois facilita a ex-
pectoração, alivia a tosse e desinllama O Decocção de 10 g de alga por
as vias respiratórias. Indicado tam- litro de água. Faz-se ferver d u -
rante 5 minutos. Bebem-se dois
bém cm caso de gastrite e de infla-
ou três copos por dia.
mação intestinal por colite ou prisão A alga-perlada é uma alga de inten-
de ventre crónica IOI. Usa-se abun- sa acção suavizante sobre as muco-
dantemente na indústria alimentar, sas respiratórias.
pelo seu efeito gelatinizante.

301
Chrysophyllum
caimito L
m
Cainito
Um fruto saboroso
e medicinal

O CAINITO é uma das árvores


mais vistosas da América tro-
pical. O seu írtiio é refrescan-
te e de um sabor muito agradável.
Não é, pois, estranho que se pro-
curem nele propriedades medicinais,
que de lacto as tem, ainda que até
agora não teimam sido confirmadas Outros nomes: cainiti, caniquié.
Brasil: caimito.
cientificamente. A sabedoria popular
tem nestes casos a palavra. Esp.: caimito [morado], caimo,
maduraverde. teta de burra.
Fr.: caimitier, caimite. Ing.: caimito,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A pol- Habitat: Oriundo das Antilhas.
pa dos FRUTOS contém 15 g efe glíci- Encontra-se nas zonas tropicais do
dos (hidratos de carbono) por cada México e da América Central.star-
100 g de parte comestível, 2 g de lípi- apple.
dos (gordura), e 1 g de prótidos; além
de sais minerais e pequenas quanti-
dades de vitamina A, B e C. Os frutos
são adstringentes, e servem particu-
larmente aos viajantes atacados de
diarreias, lacto frequente nos trópicos
-LC Preparação e emprego
M».
Segundo a tradição, as FOLHAS, Descrição: Arvore da íamiiia das
aplicadas pela sua lace inferior sobre USO INTERNO Sapotáceas, que pode atingir os
as chagas, fazem-nas supurar e depois O Frutos: podem comer-se à 15 m de altura, frequentemente
cicatrizar, aplicadas pela lace superior vontade. cultivada como ornamental, pelo
sobre as feridas, detêm a hemorragia. seu belo aspecto. As folhas têm
© Decocção de casca e folhas, uma penugem sedosa e de cor
A CASCA da árvore, as FOLHAS e à razão de 30-50 g por litro de dourada na página superior. O fruto
também a CASCA th) fruto, têm efeito água. Tomam-se de 3 a 5 cháve- é redondo, de uns 10 cm de
balsâmico (suavizam as mucosas res- nas quentes por dia. diâmetro.
piratórias) e febrífugo, pelo que se Partes utilizadas: Os frutos, as
utilizam nos casos de bronquite e folhas e a casca.
constipações l©l.

302
Ephedra
dísíachya L vi U U -J
Preparação e emprego

Efedra
USO INTERNO
Antiasmática O Preparados farmacêuticos:
e antialérgica gotas, comprimidos, supositórios.

A ÉFEDRA é talvez a planta me-


dicinal utilizada há mais tempo.
Na terapêutica chinesa, é co-
nhecida pelo nome cie ma-huang e
sabe-se que já era utilizada pelo im-
perador Chen-Nung, vários milénios
antes de Cristo.
A medicina ocidental só veio a des-
cobri-la no século XIX; e foi em 1926 Precauções
que o seu princípio activo, a efedrina,
.se sintetizou pela primeira vez nos La-
boratórios Merck, da Alemanha. Des-
de então, faz parte de numerosos pre- Trata-se de uma planta tóxica,
pa ra dos farma cêu ticos. ainda que não mate.
Só o médico tem competência
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a para prescrever correctamente es-
planta contém efedrina, um alcalóide ta planta, devido às complexas
muno activo sobre o sistema vegetati- acções que ela tem sobre o orga-
vo, assim como taninos, saponina, 0a- nismo.
vonas e um óleo essencial. A efedrina
actua de modo semelhante ao da
adrenalina, estimulando o sistema
nervoso simpático (acção simpatico-
tnimética). Eleva a pressão arterial, Outros nomes: Brasil: morango-do-campo, cipó-da
produz taquicardia, relaxamento da -amia
areia.
musculatura bronquial, tnidríase (di- Esp.: efedra, belcho, uva de mar. Fr.: ephèdre.
latação da pupila) e aumento da su- Ing.: desert te a, Mórmon tea, ephedra.
dação e das secreções salivar e gás- Habitat: Dunas secas, terras áridas e pedregais, tanto na
trica. costa como no interior. Originária da Ásia Central, embora
se tenha naturalizado em regiões secas da Europa e da
A aplicação clínica mais importan- América.
te da éfedra é a asma brônquica, pelo Descrição: Pequeno arbusto vivaz, da família das Eíedraceas, que pode ter até
seu eleito broncodilaiador, assim 25 cm de altura. Os ramos são muito finos, e nos seus nós crescem as flores, de
como as reacções alérgicas (urticária, cor amarela. O fruto é vermelho cor de vinho.
lebre dos fenos, e t c ) , devido a neu- Partes utilizadas: os caules.
tralizar os sintomas da alergia IO!.

303
ucatyptus
gfobuh
x/ft/sLabill.
a LI oi J
Preparação e emprego

Eucalipto
USO INTERNO
Muito eficaz contra as O Infusão: Prepara-se com duas
afecções bronquiais folhas grandes por cada chávena
de água (20-30 g por litro). Dei-
xam-se infundir durante 10 minu-
tos, com o recipiente tapado. Ad-
ministram-se 3 chávenas diárias,
adoçadas com mel.
@ Essência: Administram-se de
4 a 10 gotas, repartidas ao longo
do dia.

P OR MEADOS do século XIX, o


eucalipto Foi introduzido na Eu-
ropa e na América, procedente
da Austrália c da Tasmânia, países
onde chega a atingir mais de 100 m
USO EXTERNO
€> Banho de vapor, ao peito e à
cabeça, como se descreve na pá-
gina seguinte.
de altura. E uma das árvores mais al-
tas que se conhecem. Existem exem-
plares que chegam a medir IRO me-
tros.
O eucalipto cresce rapidamente e
absorve uma grande quantidade de
água do solo. Daí o seu emprego para
drenar terrenos pantanosos e evitar
assim que o mosquito anófele, trans-
missor do paludismo, crie as suas lar-
vas e se reproduza.
Outros nomes: (popular)
No entanto, esta bela árvore Cobra calipse, calipes.
um tributo nos terrenos onde se plan-
Esp.: eucalipto [azul, blanco],
ta: acidifica o solo e não deixa crescer alcanfor, gigante, ocalo, ocalito.
outras plantas à sua volta. Fr.: eucaiyptus. Ing.: eucalyptus,
blue gum (tree).
Habitat: Cultivado e naturalizado
em regiões de clima temperado,
da Europa e da América. Prefere

5 Precauções
os terrenos húmidos e
pantanosos.
Descrição. Árvore de grande
altura. Na Europa vêem-se
exemplares de até 30 m de
altura, mas na Austrália, de onde
Não convém ultrapassar as doses é originário, assim como na
recomendadas de eucalipto por via América, não é muito raro
interna (em infusão de folhas ou encontrarem-se eucaliptos de
essência). Em grandes doses, a 100 m. Pertence à família das
essência pode provocar gastrenterite Mirtáceas. O sewtronco é liso,
e hematúria (sangue na urina). Nas de cor clara, e as folhas são
doses recomendadas é completa- perenes, em forma de lança.
Partes utilizadas: as folhas e o
mente destituído destes efeitos se- carvão da sua madeira.
cundários.

304
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS suas ração das células danificadas, facilita
FOLHAS contêm canino, resina, ácidos a expulsão da mucosidade e acalma a
gordos c, sobretudo, essência, na qual tosse. O eucalipto é uma das plantas
se encontram os seus princípios acti- mais eficazes q u e se conhecem, para as
vos. Esta essência contém cineol ou afecções bronquiais e pulmonares.
eucaliptol, hidrocarbonetos terpéni-
cos, pineno e álcoois alifaiicos e ses- O CARVÃO da madeira de eucalipto é
quiterpénicos. A ela se devem as suas um remédio muito apreciado em dois
propriedades expectorantes, balsâmi- casos concretos:
cas, anti-sépticas, broncodilatadoras e
ligeiramente febrífugas e sudoríficas. • Intoxicações acidentais p o r vene-
nos, a l i m e n t o s em mau estado, fun-
O eucalipto é indicado em iodas as gos (cogumelos) venenosos, cie. Ac-
afecções das vias respiratórias, espe- tua c o m o um a n t í d o t o universal.
cialmente nos catarros bronquiais, na
asma e nas b r o n q u i t e s agudas e cró-
• Colite, d i a r r e i a , disbacteriose ou
nicas tO.Ô.Ôl.
f e r m e n t a ç õ e s intestinais: absorve as
Pela sua acção anii-sépiica e balsâ- toxinas intestinais produzidas pelos
mica (anti-inllamaiória) sobre a mu- g e r m e s p a i o g é n i c o s . Os seus efeitos
cosa b r o n q u i a l , colabora na regene- são espectaculares.

o Diversas e eficazes aplicações do eucalipto

Banhos de vapor -se nas farmácias, em pó, ou então em


forma de comprimidos ou cápsulas.
Os banhos de vapor são a melhor for-
ma de aproveitar todas as proprieda- Também se pode misturar o carvão de
des do eucalipto. Numa panela com eucalipto em pó com azeite, até formar
água a ferver, deita-se um punhado de uma mistura de consistência cremosa.
folhas de eucalipto, ou então 4 a 6 Este é um remédio tradicional muito efi-
gotas de essência, por litro de água. caz para limpar o tubo digestivo em ca-
O doente senta-se numa cadeira, co- so de indigestão, diarreia, fermen-
berto por um lençol ou uma toalha tação ou desarranjo intestinal.
grande, com o tórax nu, e coloca a ca-
beça por cima da panela, de forma que Com o carvão vegetal, conseguiram-
o vapor lhe chegue ao peito e à ca- -se resultados surpreendentes em ca-
beça. O banho deve durar entre 5e10 so de halitose rebelde (mau hálito) de-
minutos, e aplica-se 3 ou 4 vezes por Carvão de madeira vida a fermentações digestivas. Para
dia. combatê-la, tomar de uma a 3 colhe-
O carvão vegetal possui numerosas radas, 15 a 20 minutos antes das re-
0 vapor, juntamente com a essência acções medicinais, devido especialmen-
de eucalipto volatilizada, actua de duas feições.
te ao seu notável poder de adsorção (ver
maneiras: "Glossário"). Tanto ingerido, como apli-
• Directamente sobre a pele do pei- cado sobre a pele, tem uma grande ca- Essência contra a tosse
to, facilitando a eliminação de toxinas pacidade de reter toxinas e micróbios, as-
sim como os líquidos que se formam nos Dissolver 2 colheradas de mel em meio
pela pele e descongestionando os
processos inflamatórios. copo de água, e juntar 2 ou 3 gotas de
pulmões.
essência de eucalipto. Tomá-la em ca-
• Por inalação dentro dos brônquios. Convém que o carvão de eucalipto este-
so de tosse causada por faringite ou
Além disso, à acção anti-séptica, ja reduzido a um pó bem fino, para que a
laringite (infecção da garganta), tra-
balsâmica e expectorante da essên- sua acção se torne mais eficaz.
queite, bronquite ou catarro brônquico.
cia de eucalipto, acrescenta-se o efei- Podem-se ingerir de 5 a 6 g dissolvidos
to mucolítico do vapor de água, que em água, 4a6 vezes por dia. Em caso de Pode-se tomar até 4 ou 5 copos por
desfaz o muco bronquial e facilita as- emergência, também se pode mastigar di- dia. Para as crianças, é suficiente 2 ou
sim a sua eliminação. rectamente um troço de carvão. Vende- 3 copos por dia.

305
Gaíeopsis
dubfaleers hl A

Preparação e emprego

Galeopse
USO INTERNO
Expectorante e O Infusão de 20-30 g de planta
seca por litro de água. Tomar 1 ou
antianémica 2 chávenas diárias.

D IFUNDIDAS pela Europa e


América, existem várias espé-
cies de galeopse, tendo iodas
em comum as suas flores bilabiadas,
que lembram a boca de uma doninha
{gale, em grego).
No século XIX, quando a tubercu-
lose fazia estragos nas aglomerações
urbanas, a galeopse adquiriu lama de
planta aniiluberculosa. Hoje sabemos
As infusões de galeopse comba-
que dá resultado como planta peito- tem os catarros bronquiais, a
ral, mas não tem efeito curativo sobre anemia e a artrose, pelo que são
essa doença. muitas as mulheres que benifi-
ciam do seu uso.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta é muito rica em silício, e con-
tém também saponinas e taninos. Sinonímia científica: Gaíeopsis
Possui as seguintes propriedades: tetrahitL.
• Mneolítica e expectorante: Facilita a Outros nomes:
dissolução e expulsão do muco bron- Esp.: gaíeopsis, galeópside, hierba
quial. O seu uso é indicado nos catar- santa, ortiga real. Fr,: gaíeopsis,
ros bronquiais para aliviara congestão ortie royale. Ing.: hemp [dead]
dos brônquios e a tosse. nettle.
Habitat: Terrenos siliciosos e perto
•Antianémica: A galeopse utili/.ou-se das plantações de cereais da
com êxito para aumentara produção Europa Central e Meridional.
de glóbulos vermelhos, possivelmente Naturalizada no continente
devido a fazer aumentar a absorção americano.
de ferro. Descrição: Planta anual, da família
das Labiadas, que atinge de 15 a 70
• Antidcgeneraliva: Devido ao seu cm de altura. O caule e as folhas
conteúdo em silício, é indicada nas são pubescentes, e as flores são
rugas e estrias da pele, e nos casos de amarelas ou rosadas, com cálice
artrose, osteoporose e arteriosclerose; pungente.
iodos eles processos em que existe de- Partes utilizadas: a planta inteira,
generescência das libras do tecido seca.
conjuntivo.

306
Glechoma
hederaceal.

Hera-
terrestre
Expectorante e
vulnerária

Habitat: Terrenos húmidos, prados e bosques claros da Europa e América.


Espontânea na parte norte de Portugal (Trãs-os-Montes, Minho e Beiras).

A I IERA-TERRESTRE tem sido


utilizada c o m o planta medici-
nal d e s d e a idade Média. San-
ta H i l d e g a r d a , a b a d e s s a b e n e d i t i n a
alemã do século XVII, já a recomen-
Descrição: Planta vivaz, da família das Labiadas, que produz caules rasteiros. Os
ramos podem atingir 25 cm de altura. As flores sâo de cor violeta, rosa ou branca.
Partes utilizadas: As sumidades floridas.

dava contra as afecções pulmonares.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


O Preparação e emprego
planta contém um princípio amargo,
colinas, ácidos fenólicos e tanino. Pos-
sui p r o p r i e d a d e s expeclorantes e pei- USO INTERNO
torais. O seu uso p o r via interna é ade- O Infusão com 20-30 g de sumidades floridas por litro de água, da qual se
q u a d o nos casos de catarros brônqui- tomam 3-4 chávenas diárias, quentes e adoçadas com mel.
cos e b r o n q u i t e crónica, para facilitar © Sumo fresco da planta: uma colherada, 3 vezes ao dia.
a expulsão de secreções e desconges-
tionar o a p a r e l h o respiratório 10,01. USO EXTERNO
Também dá bons resultados na asma €) Compressas com uma decocção feita à razão de 60 g de planta por li-
brônquica. tro de água, que se aplicam sobre feridas e hemorróidas.
Externamente, usa-se c o m o vulnerá-
ria, para o t r a t a m e n t o de feridas e he-
morróidas l©l.

30
Glycyntiíza
glabraL 4. I9J KÉ

Preparação e emprego

Alcaçuz m USO INTERNO


O Infusão: 50 g de raiz seca por
Peitoral e digestivo litro de água, que não deve che-
por excelência gar a ferver (basta que esteja té-
pida); senão, fica com um sabor
muito forte. Tomam-se 3 ou 4 chá-
venas por dia.
© Maceração: Deixar, durante
uma noite, uns 40 ou 50 g de raiz
triturada, num litro de água fria.
Na manhã seguinte, filtra-se e to-
mam-se 3 a 6 chávenas diárias.
© Extracto: É de cor negra e
chupa-se em pedacinhos. Não re-
comendamos o uso habitual de
extracto de alcaçuz adoçado com
açúcar; é preferível o puro (sem
açúcap), que se pode combinar
com extractos de outras plantas
como a hortelã ou o anis.

V OU "fumar" um charutinho de
alcaçuz—comenta um rapazito
à saída da escola.
- O l h a ! Ali na esquina há um h o -
mem q u e v e n d e - exclama um com-
USO EXTERNO
Usa-se a mesma infusão que pa-
ra o uso interno, em:
O compressas sobre a pele,
panheiro.
© lavagens oculares,
E, colocando e n t r e os d e d o s aque-
le cilindro amarelo de rasca castanha, © bochechos.
leva-o à boca para chupá-lo, dando-se
um cerro ar de importância, e n q u a n -
to se deleita com o especial sabor da Outros nomes: regaliz, regaliza,
raí/.-doce (Cilyryn/iiza, do grego: gfykys, regoliz, raiz-doce, pau-doce. Brasil:
d o c e , e riza, raiz). alcaçuz-da-europa, madeira-doce.
Esp.: regaliz, paloduz. paloluz, paio
Esta cena repete-se com frequência dulce, ororuz [común), alcaçuz,
à saída de muitos colégios dos países alfender, regalicia, regaliza.
do Sul da Europa. Bom costume esse Fr.: réglisse. Ing.: licorice (root), sweet
wood.
de chupai raiz de alcaçuz., em vez de
Habitat: Originário dos países
fiimar. Mas, ai! q u e m sabe se n ã o virá mediterrâneos e do Próximo Oriente,
a q u e l e rapazito a trocai o " c h a r u t i - onde procura as terras húmidas e
n h o " d e alcaçuz pelos v e r d a d e i r o s argilosas. A sua cultura estendeu-se
charutos ou cigarros... E é possível até às regiões temperadas da América.
que, com o t e m p o , queira deixar de Encontra-se em Portugal na Beira, na
fumar. Então, talvez, algum c o n h e c e - Estremadura e no litoral do Alentejo.
Descrição: Planta herbácea que
dor das virtudes do alcaçuz, lhe diga: atinge até 1,5 m de altura, pertencente
- Lembras-te d a q u e l e s "charuti- à família das Leguminosas (subfamília
n h o s " d e alcaçuz c o m q u e nos deli- das Papilonáceas). As folhas são
constituídas por 7 a 17 folíolos
ciávamos à saída da escola? Pois e n t ã o elípticos. Dá flores azul-violeta e frutos
volta a chupá-los, p o r q u e te ajudarão em vagem de cerca de 2 cm. Da sua raiz principal saem abundantes e
a deixar de fumar e a reparar, no teu longos rizomas da espessura de um dedo.
organismo, os prejuízos causados pelo Partes utilizadas: A raiz e o rizoma.
tabaco.

308
Precauções

O aicaçus contém pequenas quantidades de uma substância


esferóide que estimula as glândulas supra-renais. Por isso,
quando tomado em grandes quantidades ou durante mui-
to tempo (mais de três meses seguidos), pode
produzir sintomas de hiperaldosteronismo: re-
tenção de líquidos (edemas) nas articulações
(principalmente tornozelos) ou na cara, enjoos
e dor de cabeça, cãibras musculares e hiper-
tensão arterial.
Estes efeitos secundários devem-se à diminuição
do nível de potássio no sangue e ao aumento do sódio, e
desaparecem rapidamente quando se suprime o tratamento.
O consumo prolongado de aicaçus é desaconselhado em caso de hipertensão
arterial, gravidez, ou quando se sigam tratamentos à base de corticóides.

•?• • . • • - ' v : '


Efectivamente, o alcaçuz é um bom •Afecções respiratórias: bronquite,
antídoto contra o tabaco, cm parte tosse, catarros brônquicos, faringite, O aicaçus é uma pJanta herbá-
devido à suas grandes propriedades laringite, rouquidão e traqueítc IO,©l. cea que cresce em terrenos hú-
midos. A sua raiz contém princí-
peitorais e digestivas. Facilita a expectoração, acalma a tos- pios activos expectorantes e ci-
Dizia Dioscórides no século I d.C: se e desinflama as vias respiratórias. catrizantes das úlceras gastro-
«O seu sumo é bom para as asperezas Além disso, apresenta uma acção an- duodenais.
da cana dos pulmões (...) e serve tam- tibiótica contra as bactérias patogéni-
bém contra os ardores do estômago.» cas mais comuns dos brônquios. Usa-
O alcaçuz Já vem oferecendo há mais -se ainda em caso de tuberculose,
de 2000 anos as suas excelentes virtu- como tratamento complementar.
des medicinais aos seres humanos, se- • Afecções digestivas (©,©,©!: Tem
jam ou não fumadores. Actualmente, uma notável acção sobre o estômago:
entra na composição de diversos pre- acalma a acidez e faz desaparecer ra-
parados farmacêuticos. pidamente a sensação de enfarta-
mento ou peso no estômago. Usa-se
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- com bons resultados em todo o tipo
tém vários grupos de substâncias acti- de dispepsias, meteorismo (gases e
vas: arrotos), dores de estômago, cólicas cação do tabaco, dá muito bons re-
/ Saponinas triterpénicas, principal- intestinais e biliares, e gastrite. sultados; pois, além de contribuii
mente glicirrízina, que, ao contrário para a regeneração rias mucosas res-
da maioria das saponinas, não tem • Ulcera gastroduodenal: Km 1950, piratórias e digestivas, o seu agradá-
poder hemolítico. Estas saponinas verificou-sc experimentalmente que vel sabor ajuda a vencei o desejo de
dão-lhe propriedades expectoranies, esta raiz. doce era capaz de cicatrizai" fumar l©).
antítússicas, anti-inilamaiórias e emo- as úlceras do estômago e do duodeno,
lientes. do que podem testemunhar muitos • Afecções ginecológicas: Pela sua
ulcerosos curados graças e ela IO,0. acção antiespasmódica, emprega-se
/ Flavonóides, especialmente liquiri- ©I. Constatou-se que o alcaçuz, forma para acalmar as dores menstruais IO.
tina, e pequenas quantidades de atro- uma película protectora sobre a mu- 9,01.
pina; a que deve as suas propriedades cosa do estômago, protegendo-a as-
anliespasmódicas, antibióticas, diges- sim da acção corrosiva do suco gástri- • Afecções cutâneas, oculares e bu-
tivas e cicatrizantes. co, o que permite a sua rápida cica- cais: Km uso externo, emprega-se em
trização. Hoje, o extracto de alcaçuz caso de eczemas, psoríasc, impeligo e
/ Vitamina do grupo B, açúcares e re-
é constituinte indispensável de diversos outras dermatites I©1; assim como
sinas.
medicamentos antiulcerosos. para lavagens oculares em caso de
As suas aplicações mais importan- conjuntivite (01, e paia bochechos
tes são as seguintes: • Tabagismo: Nas curas de desintoxi- contra a estomatite 101.

309
Gríndelia
robusta Nutt.
O J J
Preparação e emprego

Grindélia
USO INTERNO
Acalma a tosse... O Infusão com uma colher de so-
e o coração bremesa de sumidades floridas
por chávena de água. O habitual
é que os adultos tomem 3 cháve-
nas diárias, e se dê metade da do-
se às crianças pequenas.
© Xarope: Costuma preparar-se
na farmácia com 5% de extracto

P ROPRIEDADES E INDICAÇÕES:
Contém fenóis e flavonóides,
que lhe dão uma acção anti es-
pasmódica; e também saponinas, que
explicam a sua acção expectorante. A
fluido. Tomam-se 2-3 colheradas
por dia.

resina é formada por ácidos diterpé-


nicos, entre os quais si- destaca o áci-
do grindélico, de acção antitússica,
antiespasmódica e bradicardizante
(torna <> ri Uno cardíaco mais lento).
O sen uso é por isso indicado paia Precauções
o seguinte IO.QI:
• Asma brônquica: Pelo seu efeito an-
liespasmódico e e x p e c t o r a n t e .
Em grandes doses, tem efeitos
• Bronquite aguda e catarros brôn-
tóxicos e pode chegar a provocar
quicos: Suaviza as mucosas respirató- paragem cardíaca.
rias c facilita a sua r e g e n e r a ç ã o .
• Tosse convulsa e tosse brônquica re-
belde: Pelo seu efeito antilússico.
• Arritmias cardíacas, especialmente
as taquicardias.

Outros nomes: No Brasil: girassol-silvestre,


«Af* malmequer-do-campo.

f Grindélia-áspera
Esp.: grindélia {robusta}, hierba de la goma,
planta de la goma. Fr.: grindélia. Ing.: [shorej
grindélia, [broad] gum plant.
Habitat: Originária da costa ocidental norte-
americana. Cria-se em terrenos salitrosos e
Além da robusta, existe uma outra es-
marismas. Frequente na Califórnia.
pécie de Grindélia com as mesmas
propriedades medicinais: a grindélia- Descrição: Planta vivaz de cerca de 80 cm de
altura, da família das Compostas, cujos capítulos
-áspera (Grindélia squarrosa Pursc.).* se assemelham aos de uma bonina. O caule e as
Ambas são oriundas da costa do Pací- folhas estão impregnados de uma resina
fico da América do Norte, mas as suas pegajosa. Exala um aroma balsâmico e tem um
interessantes propriedades levaram a sabor um tanto amargo.
que, actualmente, tanto uma como ou- Partes utilizadas: as sumidades floridas.
tra se possam encontrar em muitas er-
vanárias, fora dos Estados Unidos.
* Esp.: grindélia áspera.

310
GuaJacum
offíclnaíe L

Guaiaco
Balsâmico e depurativo

A MADEIRA desia bela árvore,


aromática, cor de limão e
muito dura, chamou a aten-
ção dos primeiros espanhóis que via-
jaram até ao continente americano. A
partir do século XVI, começou-se a ex-
portá-la para a Europa, onde era con-
hecida como a "madeira da vida". Até
fins do século XIX, considerava-se Outros nomes: gaiaco. %
que era capaz de curar a tuberculose Esp.: guayaco, guayaçán [verdadero]. Fr.: gáiac. Ing.: guaiac, lignum vitae
e alé mesmo a sífilis. Hoje conhece- tree.
mos as suas verdadeiras propriedades. Habitat: Oriundo da América Central, encontra-se especialmente no Sul do
México, Antilhas, Colômbia e Venezuela.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A ma- Descrição: Árvore de tolha perene, da família das Zigoliláceas, que atinge
deira do guaiaco ressuma uma resina até 10 m de altura. A sua madeira é muito escura, pesada e resinosa. As
cujo princípio activo mais importante folhas são compostas, por 4 a 28 foliolos, e as flores pequenas e de cor
é o guaiacol ou gaiacol. Contém, além azulada.
disso, saponinas, goma e um óleo es- Partes utilizadas: a madeira triturada e a resina.
sencial. Estes componentes conlcrem-
-Ihe as seguintes propriedades IO.01:
• Balsâmica e expectorante, indicado
em todo o tipo de afecções respirató-
rias.
• Diurética, sudorífica e depurativa:
Jí Preparação e emprego
Usa-se em caso de reumatismo, artri-
tismo e gota. pois actua eliminando
do sangue o ácido e outras substâncias USO INTERNO
residuais. Também convém aos hiper- O Decocçao com 50 g de madeira triturada, por litro de água. Deixar ferver
tensos e arteriosclerosos, pelo seu durante 10 minutos, e tomar de 3 a 5 chávenas diárias.
efeito depurativo.
© Preparados farmacêuticos, elaborados à base da sua resina e do seu
Continua a usar-se popularmente princípio activo, o gaiacol.
na América Central, contra a sífilis,
apesar de ;i sua eficácia jic.s.se sentido
não ter podido ser demonstrada.
Hvssopus
* â. IH 14
Hissopo Preparação e emprego

Mucolítico e USO INTERNO


expectorante O Infusão com 50-60 g por litro
de água. Tomam-se 3 ou 4 chá-
venas diárias, quentes, adoçan-
do-as com mel em caso de

E MBORA na Bíblia se m e n c i o n e
0 MssopO c o m o s í m b o l o de pu-
reza, é possível q u e se trate de
outra espécie, pois aquela q u e actual-
m e n t e c o n h e c e m o s c o m esle n o m e
afecções bronquiais.
€> Essência: Ingerem-se 1-3 go-
tas, 3 vezes ao dia.

USO EXTERNO
n ã o se cria na Palestina. Dioscórides
Cala desta planta, q u e foi s e m p r e mui- €) Lavagens com uma infusão
to apreciada devido às suas n u m e r o - igual à que é utilizada interna-
mente.
sas virtudes.
O Gargarejos com esta mesma
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS To-
infusão.
lhas e s u m i d a d e s do hissopo c o n t ê m
um princípio a m a r g o , a niarrubiina,
q u e desenvolve uma acção mucolítica
(amolece as secreções bronquiais) e
e x p e c t o r a n t e ; u m a essência aromáti-
ca q u e estimula as secreções digestivas
e tem t a m b é m acção anti-séptica; as-
sim c o m o diversos c o m p o s t o s flavo-
nóides e tanino.
A sua principal indicação são os ca-
tarros brônquicos, a b r o n q u i t e cróni-
ca e a asma. Fluidifica a mucosidade,
i m p e d e q u e se infecte, c favorece a
sua e x p u l s ã o . T a m b é m se usa c o m o
carminativo (elimina os gases do apa-
r e l h o digestivo) e c o m o digestivo e
vermífugo (expulsa os parasitas intes-
tinais) IO.OI.
Aplicado externamente, é um b o m
vulnerário ( c u r a as feridas e con-
tusões) 101. Os gargarejos com água Outros nomes: hissopo-das-farmácias, erva-sagrada.
de hissopo d ã o b o n s resultados nas Brasil: alfazema-de-cabocio.
amigdalites IOI. Esp.: hisopo, hierba sagrada, rabo de gato, rabillo de
gato. Fr.: hysope [officinale). Ing.: hyssop.
Habitat: Oriundo dos países mediterrâneos
e cultivado como planta ornamental em
& Precauções jardins da Europa e da América. Pode-se
encontrar em estado silvestre, mas
actualmente é raro acontecer. Cresce nas
encostas secas e expostas ao sol.
Não se deve ultrapassar as doses Descrição: Pequeno arbusto de 30 a 60 cm de altura, da família
da essência, já que uma ingestão de das Labiadas, com flores de cor azul ou violeta dispostas ao longo
doses elevadas pode provocar con- de uma espiga terminal.
vulsões. Partes utilizadas: as folhas e as sumidades doridas.

312
Inula helenium L
«*. «

Preparação e emprego

Enula
USO INTERNO
Antitússica e antibiótica O Decocção: 40-50 g de raiz, se-
ca e cortada em pequenas rode-
las, por litro de água. Deve deixar-
se ferver em lume brando duran-
te 15 minutos. Tomam-se 4-5 chá-
venas diárias, adoçadas com mel,
repartidas ao longo do dia.
© Pó ou extracto seco: Admi-
nistram-se de 4 a 10 g por dia, re-
partidos em 3 tomas diárias.
€) Essência: A dose habitual é de
2-4 gotas, 3 vezes ao dia.

USO EXTERNO
O Compressas de algodão em-
papadas na mesma decocção que

S EGUNDO a mitologia grega, esta


planta surgiu das lágrimas fie Me-
lena, esposa de Menelau, rei de
Esparta e causador da guerra de
Tróia.
se emprega internamente. Apli-
cam-se durante 15 minutos, sobre
a zona afectada, 3 vezes por dia.

A énula é unia das plantas cuja re-


putação se manteve sempre elevada.
As suas virtudes medicinais foram
exaltadas pelos médicos, botânicos e
naturalistas mais famosos de toda a
história: Teofrasto, Dioscórides e Aris-
tóteles, na Grécia; Plínio, o Velho, em
Roma; Alberto, o Cirande, e Santa Hii-
degarda, durante a Idade Média; Mat-
Outros nomes: énula-campana, inula-
tioli e Laguna, no Renascimento. -campana. Brasil: inula, inulina.
Andrés de Laguna, tradutor e co- Esp.: heienio, inula, hierba dei moro, raiz
mentarista das obras de Dioscórides dei moro, [hierba dei) ala, hierba campana.
para castelhano, cli/.ia no século XVI: Fr.: [grande) aunée, inule aunée.
«Comida a énula, faz esquecer as tris- Ing.: elecampane.
tezas e angústias do coração, conserva Habitat: Oriunda do Centro da Ásia, mas
a Formosura de todo o corpo, e des- espalhada por toda a Europa e América. Cria-
se nos prados e lugares húmidos, quase
perta a virtude genital.» Que mais se sempre perto dos sítios de antigas plantações.
poderá pedir a uma planta? Cultivada em Portugal como planta ornamental.
A énula continua a manter o seu Descrição: Planta vivaz da familia das Compostas,
prestígio hoje, já não baseado na mi- que atinge até 2mde altura. O caule é robusto e
tologia, mas nas investigações científi- erecto, e as folhas grandes e finamente dentadas. Os
capítulos florais são de cor amarela clara, e acham-se
cas que sobre ela se estão a realizar. rodeados de numerosas brácteas.
Ultimamente, revelaram-se as suas
Partes utilizadas: a raiz.
propriedades antibióticas: a énula
mostrou-se eficaz, in vitro, contra o ba-
cilo de Koch, causador da tubercu-
lose.

312
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda
a planta, e especialmente a raiz, con-
tém uma essência, composta por uma
mistura de lactonas sesquiterpénicas,
assim como lielcnina (conhecida
também como cânfora de inula). Esta
essência possui propriedades expec-
torante», antitússicas, antibióticas, co-
leréticas e colagogas. Contém igual-
mente fruetosanos e anilina (um glí-
cido), a que se deve a sua acção diu-
rética ein uso interno, e vulnerária e
parasiticida quando se aplica externa-
mente sobre a pele. As suas indicações
mais importantes são:

• Afecções respiratórias: Em todas as


formas de bronquite e catai i os brôn-
quicos, facilita a expectoração e acal-
ma a tosse IO.0.©1. Alem disso, apre-
senta uma acção antimicrobiana so-
bre os germes que infectam a muco-
sa bronquial. Torna-se muito útil nas
bronquites com tosse seca, que com
frequência seguem à gripe. Nos casos
de tuberculose pulmonar, acalma a
tosse e tem um efeito tonificante so-
bre todo o organismo, pelo que ó um
bom complemento do tratamento anti-
tuberculoso.

• Asma alérgica: Possui ainda uma


acção antiespasmódica e antialérgica,
pelo que o seu uso é especialmente
indicado nos casos de bronquite as-
mática e asma brônquica de origem
alérgica, assim como noutras mani-
festações alérgicas.

• Transtornos digestivos: Pela sua


acção colerética (aumenta a pro-
dução de bílis no fígado) e colagoga
(estimula o esvaziamento da vesícula
biliar), actua como um tónico da di-
gestão e favorece as funções hepáticas
e biliares. Tem também um efeito
aperitivo. É útil nos casos de gastrite
e de dispepsia (má digestão) 1O.0,©I.

A énula, ou inufa, cresce em prados e lugares húmidos de toda a Europa e


• Afecções da pele: Pelo seu eleito América. A sua raiz contém uma essência expectorante e antitússica q u e tam-
vulnerário e parasiticida (destrói os bém possui propriedades antibióticas.
parasitas), emprega-se externamente
com êxito no tratamento da sarna,
pediculose (infestação por piolhos),
eczemas, prurido cutâneo (comichão
na pele), e erupções diversas IO).

314
a
Preparação e emprego
Lírio
Belo, aromático USO INTERNO
e medicinal O Decocção: 5-20 g de pó de ri-
zoma seco, num litro de água, que
se põe a ferver durante 10 minu-
tos, e da qual se bebem 2 ou 3
chávenas por dia.

D IOSCORIDES dedica um lon-


go parágrafo a esta planta, no
primeiro capítulo da sua Maté-
ria medira. Andrés de Laguna (século
XVI), seu tradutor e comentarista, in-
r Lírio-florentino / pálido

siste nas suas múltiplas propriedades,


como a de «purgar maravilhosamen- Além do lírio comum (íris germâ-
te O cérebro, sonido o seu sumo pe- nica L ) , que aparece na ilus-
las narinas». Anos mais tarde, o lírio tração, existe o lírio-florentino (íris
caiu em desuso, mas hoje voltam-se a florentina L.)*, também chamado
aproveitar as suas virtudes. lírio-branco, pela cor das suas flo-
res. Encontra-se espalhado por to-
da a costa mediterrânea e ilhas
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Na sua
Canárias. Nas zonas mediterrâ-
raiz há 50% de amido, além de nuici- neas, também se encontra o lírio-
lagem e um óleo essencial muito aro- -pálido (irispallida Lam.)** de flo-
mático, que lhe outorga o seu cheiro res azul-claras.
a violeta. Em estado fresco, o rizoma
A composição e propriedades
é um purgante violento, mas não tão
curativas destas três espécies de
intenso quando está seco. Também se lírio são as mesmas.
utiliza em diversos preparados bron-
quiais, pela sua notável acção expec- ' Esp.: lirio florentino, lirio de Floren-
torante e antitússica (Ol. É, além dis- cia, lirio blanco.
so, muito diurético. "Esp.: lirio pálido.

O Perfume
Outros nomes: lirío-cardano, lirio-cárdeno,
lirio-germãnico.
Esp.: lirio, lirio común, lirio cárdeno, lirio azul,
lirio morado, lirio pascual. Fr.: Íris
[d'Alemagne], [grande) flambe. Ing.: [Germanj
ir is. orris root.
Habitat: Originário da Europa Meridional,
mas naturalizado em todo o continente
europeu. Cultivado em toda a Europa e em
alguns países americanos.
Descrição: Planta vivaz, da família das
Iridáceas, com um caule erecto de 50 a 80
cm de altura, em cuja extremidade nascem
umas flores muito vistosas, de cor azul-
Pelo seu delicado aroma a violeta, em- •violácea. O rizoma é rasteiro e muito grosso.
prega-se em perfumaria e na con- Parte utilizada: o rizoma (caule subterrâneo)
fecção de dentffricos e de produtos seco.
para cosmética.

31E
B LI
Preparação e emprego
Marroio
Um bom expectorante USO INTERNO
usado desde a O I n f u s ã o : 30-40 g de sumida-
antiguidade des floridas e/ou folhas por litro de
água. Tomam-se 2 ou 3 chávenas
diárias, bem adoçadas com mel.

Outros nomes: marroio-branco,

O MARROIO tem sido utilizado ma rroio-de - (rança, ma rroio- vulga r,


desde tempos muito remotos marrolho, erva-virgem. Brasil: bom-
contra as afecções do apare- -homem.
lho respiratório. Dioscórides, no prin- Esp.: marrubio, marrubio blanco. malva
cípio da nossa era, já dizia que ««arran- rubia, juanrubio, menta de burro, hierba
ca os humores grossos do peito». O virgen, malva de sapo, malva de pavo,
hierba de la rabia. Fr.; marrube [blanc],
marroio não perdeu de então para cá herbe vierge. }ng.: [white] horehound,
a sua utilidade, e continua a ser uma marrubium.
planta muito apreciada pelas suas vir-
Habitat: Comum em terrenos
tudes.
soalheiros, secos e baldios, de toda a
Europa, de onde é originário, e da
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- América, onde se naturalizou.
tém um princípio amargo, a mairu- Descrição: Planta vivaz da família das
biina, a que se atribuem as suas pro- Labiadas, que atinge de 30 a 80 cm de
priedades expectorantes, béquicas altura. De caule erecto, rígido e algo
(calmantes da tosse e da irritação da lenhoso, com pequenas flores brancas
garganta), febrífugas, aperitivas e di- que se dispõem em grupos ao longo do
mesmo.
gestivas. Contribui também para elas
o seu conteúdo em saponinas, muci- Partes utilizadas: as sumidades floridas
lagens e taninos. Emprega-se: e as folhas.

• Nas afecções do aparelho respirató-


rio IOI. A sua acção sobre o aparelho
respiratório é a mais notável: fluidifi-
ca e desinfecta as secreções bron- O marroio fluidifica e
quiais, facilitando desta maneira a sua desinfecta as secreções
eliminação, c aliviando a tosse. Reco- mucosas bronquiais.
menda-se o seu uso em todas as
afecções bronquiais: catarros, lar inci-
tes, traqueítes, bronquites, asma, etc.
• Como tónico digestivo IOI. Devido a
aumentar o apetite' e facilitar a di-
gestão, torna-se de grande utilidade
para os doentes debilitados, bronquí-
ticos crónicos e. inclusivamente, aos
tuberculosos. Embora não actuo di-
rectamente sobre o bacilo de Knrh,
causador da tuberculose', limpa os
brônquios e tonifica todo o organis-
mo.

316
Myrtus communís L
O * IJ 9J

Preparação e emprego
Murta
USO INTERNO
Adstringente
O Infusão: Prepara-se com 15-
e anti-séptica, 20 g de folhas e bagas, num litro
além de aromática de água. Coar e tomar de 3 a 5
chávenas por dia.
© Essência: de 1 a 3 gotas, 3 ve-
zes ao dia, antes das refeições.

USO EXTERNO
© Gargarejos com a infusão que
se emprega internamente.
O Lavagens vaginais com esta
mesma infusão, cuidadosamente

A ALHAMBRA de Granada, um
dos monumentos mais visita-
dos da Espanha e talvez de
ioda a Europa, tem um lindo pátio de-
dicado às murtas. Nele se conjuga o
coada.
© Inalações da essência.

refinamento da arte árabe com a ver-


dura e a fragrância deste arbusto. Tan-
to Dioscórides, o grande médico e
botânico grego do século I a.C, como
Murta-folhuda
Avicena, o 'Galeno' árabe do século
XI, já recomendavam a murta pelas No México, existe uma espécie do
suas propriedades adstringentes e género Myrtus (Myrtus foliosa, H.B.-
anti-sépticas. K. Nov. Gen. = Eugenia florida D.C.),
a murta-folhuda, conhecida ali como
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- 'guayabito', nome que também se
aplica à espécie communis. A mur-
lhas e as bagas contêm lanino, resinas,
ta-folhuda usa-se do mesmo mo-
substâncias amargas, e sobretudo mir- do que a murta-ordinária, pelas suas
tol, essência rica em cineol, de acção propriedades adstringentes. Os fru-
anti-séptica e antibiótica na presença tos da murta-folhuda são de cor
de germes gram-posilivos. As suas pro- avermelhada.
priedades adstringentes e anti-sépti-
cas toi nam-na especialmente útil nos
seguintes casos: Outros nomes: murta-
-ordinária, murta-cultivada,
• Afecções respiratórias: rinites, sinu- murta-dos-jardins, murteira, mirto.
sites, bronquites, por acção da sua flor-do-noivado.
essência IO.©.0I. Esp.: arrayán, arrayán blanco.
• Diarreias, gastrenterites, dispepsias guayabito, mirto [comúnj. murta.
e infecções urinárias, pelo seu con- Fr.: myrte {commun}. Ing.: myrtle.
teúdo em taninos, tomada em forma Habitat: Originária da Europa, embora
também se crie no continente americano.
de infusão MM,
Descrição: Arbusto de caule muito
• Estotnatitcs (inflamação da mucosa ramificado, da família das Mirtáceas, que
bucal) e faringites, aplicada em forma atinge até 3 m de altura. As flores são brancas
de gargarejos l©l. ou rosadas, e os frutos são umas bagas negras,
de sabor áspero mas aromático.
• Leucorreia (fluxo vaginal anormal),
Partes utilizadas: as folhas e os frutos.
aplicada, mediante uma càniúa espe-
cial, sob a forma de lavagens ou irri-
gações vaginais IO!.

3
Papavermoeasl.
M .

Preparação e emprego

Papoila USO INTERNO

Sedativa e peitoral O Pétalas cruas em salada. Co-


Ihem-se, de preferência, nas ma-
nhãs de Primavera.
O Infusão com 6 ou 8 pétalas por
chávena de água. Tomam-se até
3 chávenas por dia. As pétalas
conservam-se secas à sombra.
€) Xarope: Prepara-se para as
crianças, infundindo, durante 5 mi-
nutos, 10 g de pétalas secas em
170 ml de água quente. Coa-se a
água e acrescentam-se-lhe 340 g
de açúcar escuro. Administram-se
de 2 a 4 colheres de sobremesa
(segundo a idade), antes de deitá-
las.

A LTIVA c o m o um galo com a


sua crista, e d e l i c a d a c o m o
u m a p l u m a , a papoila é u m a
das plantas m e d i c i n a i s mais belas e
atraentes. Q u e seria cios nossos dou-
O Decocção: Os frutos da pa-
poila, também chamados cápsu-
las, têm o mesmo efeito das pé-
talas, embora contenham maior
rados trigais se n ã o estivessem salpi- proporção de princípio activos.
cados p o r essas m a n c h a s d e s a n g u e Colhem-se quando estão ainda
brilhante? verdes, antes do Verão. A de-
cocção prepara-se com 2 ou 3
Os amigos Gregos e Romanos já a cápsulas em 100 ml de água. To-
c o m i a m e m salada, c o s t u m e q u e s e mam-se várias colheres de sopa,
tem m a n t i d o nalgumas zonas do Me- antes de deitar.
diterrâneo, c o m o na Catalunha. Ape-
sar da sua cor vermelha-escarlate, sím-
bolo da vitalidade, d e s d e t e m p o s re-
motos foi associada ao sono. S e g u n d o Outros nomes: papoila-vulgar, papoila-
a mitologia, o d e u s M o r r e u tocava - ordinária, papoila-das-searas, papoila-
c o m u m a papoila a q u e l e s a q u e m •rubra, papoila-vermelha, papoila-brava.
queria adormecer. Brasil: papoula.
Esp.: amapola, ababol, apamate.
coquelicot. Ing.: corn poppy, fieldpoppy.
PROPR1EDADF5 E INDICAÇÕES: O látex Habitat: Frequente nas searas e nos
da papoila c o n t é m q u a t r o alcalóides campos abandonados. Misturada com as
(readina, reagenina, rcarrubina I e sementes dos cereais desde tempos
II), mas n ã o c o n t é m morfina, c o m o remotos, tem-se estendido por todos os
antes se havia suposto. A papoila pos- continentes.
sui ainda antociauinas e mut ilageus. Descrição: Planta anual, da família das
Embora os eleitos dos alcalóides da Papaveráceas, como a dormideira (pág. 164)
papoila sejam s e m e l h a n t e s aos da que produz o ópio. O seu caule, que se acha coberto
morfina, são isentos da sua toxicida- de pequenos pêlos, segrega um látex branco quando cortado.
As flores são formadas por quatro pétalas de uma cor vermelha intensa,
de. Não há, p o r t a n t o , risco d e de-
com uma mancha negra na sua base. O fruto tem a forma de uma urna,
p e n d ê n c i a , o u d e criar h a b i t u a ç ã o com uma tampa no alto. Apesar de toda a gente a conhecer.
com o seu uso. Mességué disse q u e as descrevemos aqui a papoila com certo pormenor, por existirem algumas
papoilas são «o ópio inofensivo da far- espécies muito parecidas, mas destituídas de efeitos medicinais.
mácia familiar». São estas as suas pro- Partes utilizadas: As pétalas das flores e os frutos.
priedades:

318
• Sedativa e sonífera: De acção suave A papoila pertence ao gé-
e livre dos riscos dos psicofarmacos. nero botânico Papaver',
como a dormideira pro-
Devido a isto, recomenda-sc sobretu- dutora do ópio.
do às crianças e aos idosos, a quem fa-
Contém quatro alcalóides
cilita um sono tranquilo IO.O.OI. Aos de acção semelhante à
adultos, pode tornar-se útil para eli- da morfina do ópio, mas
minar a angústia ou a ansiedade, tão sem os seus efeitos inde-
frequentes nos nossos dias. sejáveis. Por isso t e m
sido chamada "o ópio
• Antitússica e expectorante: Espe- inofensivo da farmácia
cialmente indicada para vencer a tos- familiar".
se perima/, tia coqueluche (tosse con- As suas pétalas, e os seus
vulsa), das bronquites secas ou dos frutos ou cápsulas, t è m
ataques de asma. Além disso provoca uma acção sedativa, so-
uma sudação abundante, pelo que é porifera e antitússica sua-
ve e segura.
indicada para os engripados e enca-
larrados 10,0,0.01.
A papoila entra na famosa "infusão
peitoral das quatro flores", junta-
mente com a tussilagem, a antenária
e a malva.
• Dor de dentes: Os bochechos com
infusão das suas pétalas produzem
um notável eleito analgésico em mui-
tos casos

* *

*i

319
Petasites hybrídus
(L)Gaertn.
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t) S] !JJ

Preparação e emprego

Petasite
USO INTERNO
Peitoral O Infusão com 20-30 g de folhas
e anti-infíamatória e/ou rizoma, por litro de água, da
qual se tomam 3 a 5 chávenas
diárias.

USO EXTERNO
©Cataplasmas com as folhas
frescas esmagadas.

A PETASITE tem algumas se-


melhanças e propriedades co-
muns com a tussilagem (Tus-
silogo forjara L., pág. 341). Desde a
Idade Média que é usada na Europa
Precauções

Central, embora se prefira a própria


tussilagem, que tem melhor sabor. A petasite contém quantidades va-
riáveis de alcalóides que podem
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri- ser tóxicos para o fígado. Por is-
zoma e as folhas da petasite contêm so, a comissão alemã E de medi-
inulina, pectina e mucilagens, que a cina humana, secção de fitotera-
tornam expectorante e emoliente; gli- pia, não recomenda o seu uso,
cósidos e óleo essencial de proprieda- embora também não o proíba.
des antiespasmódicas, diuréticas, su-
doríficas e emenagogas; taninos e re-
sinas que a fazem vulnerária. As suas
principais aplicações são:
• Afecções respiratórias: Pelo seu efei-
to antiespasmódico, dá bons resulta-
dos nos casos de asma bronquial, evi-
tando que se apresentem crises agu-
das. Também se usa como antitússico Outros nomes: petasite-hibrida.
c expectorante, nas bronquites e Esp.: sombrerera, tusilago mayor, petasita.
broncopneumonias (O). Fr.: petasite hybride. Ing.: butterbur.
• Afecções da garganta: Indicada nas Habitat: Lugares húmidos e margens de
laringites, afonia e traqueíte IOI. correntes de água, em regiões frias e
temperadas de toda a Europa.
•Sudorífica: Indicada nos catarros
Descrição: Planta vivaz da família das Compostas,
brônquicos e na gripe IOI. que atinge até 50 cm de altura. A/o princípio da
• Anti-inflamatória: Externamente, as Primavera, nascem dos rizomas umas hastes
folhas frescas, aplicadas directamente floriferas, com capítulos rosados ou violáceos. As
ou esmagadas, em cataplasmas, em grandes folhas com longo pecioio aparecem depois.
caso de flebite (inflamação das veias), Partes utilizadas: o rizoma e as folhas.
furúnculos e adenopatias (gânglios
inflamados) 191.

320
Phyilltis scobpendríum
Newm.
a
Língua-
-cervina
Desinflama as mucosas

E STE FETO já Foi utilizado por


Dioscóriclcs, que disse, a respei-
to desta planta, tpie «tem a vir-
tude de desbastar o baço». Utilizou-se
desde então paia combater a csple-
nomegalia (aumento de tamanho do
baço). Os catalães ainda hoje lhe cha-
mam linha melsera, o que quer dizer
erva do baço. Antigamente dava-se
aos alcoólicos, que frequentemente
sofrem de congestão sanguínea no
baço, ainda que neste caso se obtives- Sinonímia científica: Scoiopendrium officinale Sm.
sem resultados escassos. Outros nomes: escolopendra, escolopendra-vulgar, língua-de-boi, lingua-de-
- veado, broeira.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS Esp.: lengua de ciervo, escolopendra, hierba de la sangre. Fr.: langue de cerí,
frondes deste feto contêm mucila- scolopendre. Ing.: hartstongue.
gem, tanino, açúcares e vitamina C. Habitat: Terrenos calcários, muros e rochas sombrias da Europa e da metade
Devido ao <,eu conteúdo em mucila- norte do continente americano. Em Portugal, encontra-se em lugares húmidos e
gens, são emolientes (acção anti-in- sombrios, desde o Minho até à Estremadura.
flamatória sobre as mucosas e a pele), Descrição: Feto vivaz da família das Poiipodiáceas, com frondes indivisas, de
e expectorantes. O tanino outorga- cor verde brilhante, alongadas (de 20 a 60 cm.) e terminadas em ponta.
-Ihes propriedades adstringentes. Partes utilizadas: as frondes (folhas dos fetos).

Usa-se em caso de bronquite e ca-


tarros, para amolecer as secreções e
facilitar a sua expulsão; e também em
gastrite e colite, para proteger e de-
sinllamar a mucosa digestiva IOI. O Preparação e emprego
Há bons resultados em caso de hi-
pertensão, para normalizar a tensão
arterial IOI; no entanto ainda não se USO INTERNO
sabe bem a que princípio activo se O Decocção de 30 g de frondes secas num litro de água, durante 10 minutos.
deve esta acção. Tomam-se 4 ou 5 chávenas por dia. Adoca-se com mel.
Externamente, usa-se para lavar Feri-
das, pela sua acção anti-inflamatória e USO EXTERNO
suavizante sobre a pele 101. Actua tam- O Lavagens com a mesma decocção que se usa internamente.
bém como vulnerária, para o trata-
mento das contusões e hematomas © Compressas com a dita decocção.
I©1: Neste caso, aplic a-se em compres-
sas.
«j ai o a
Preparação e emprego

Saxífraga USO INTERNO


O Decocção com 30 g de raiz
Antitússrca e sedativa por litro de água, durante 10 mi-
nutos. Para conseguir maior efei-
to sedativo, acrescentar 30 g de
sumidades floridas.

Pimpinela-magna

A pimpinela-magna (Pimpinella
magna L, Pimpinella major [L]
Hudson)*, é uma espécie muito
semelhante à saxífraga, quanto
às suas características botânicas
e propriedades. Tal como esta,

A O CONTRÁRIO do anis (Pim- e ao contrário do anis, também


frineUa anhum L., pág. 4 6 5 ) , não apresenta penugem no cau-
esta p i m p i n e l a n ã o t e m pe- le e nos frutos. Daí que, nalguns
n u g e m no caule e nos frutos, O seu lugares, os nomes destas duas
n o m e francês, boucage ou petit persíl pimpinelas sejam comuns ou se
(pequena salsa) debouc (de b o d e ) , faz confundam. Em diversas línguas,
referência ao cheiro a b o d e q u e dei- a magna também se qualifica de
ta, sobretudo, a sua raiz. maior e a saxífraga de menor,
com o fim de distingui-las uma da
outra.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: I o d a a
planta, e especialmente a raiz, c o n t é m * Esp.: pimpinela negra.
tanino, óleo essencial, saponinas, pim-
pinelina e resinas. O seu efeito fun-
d a m e n t a l consiste, em estimular a ac-
tividade secretora das células das vias
respiratórias, dos rins e da p e l e . As
suas propriedades são as seguintes IO): Outros nomes: pimpinela.
Esp.: pimpinela blanca. pimpinela alba,
• Mucolítica, expectorante e antitiissi- saxífraga menor, saxífraga parva.
ca: Aumenta e torna mais fluidas as se- Fr.: boucage, petit persil de bouc.
creções bronquiais, com o q u e se eli- Ing.: pimpernel, burnet saxifrage.
m i n a m c o m mais facilidade, e desa- Habitat: Prados secos, encostas pedregosas e
parece a tosse. Indicada nos catarros terrenos calcários de toda a Europa.
brônquicos e no caso de r o u q u i d ã o . Descrição: Planta vivaz, de caule oco e erguido, que
• Diurética e sudorífica: I n d i c a d a atinge de 0,3 a 1 m de altura, da família das Umbelíferas.
As flores são brancas ou cor-de-rosa, em umbelas que têm
s e m p r e q u e seja necessário d e p u r a r o de 8 a 15 raios muitos finos.
sangue de toxinas e resíduos m e t a b ó -
Partes utilizadas: A raiz colhida na Primavera (fresca) ou no
licos, e s p e c i a l m e n t e em casos de ar- Outono (seca) e as sumidades floridas.
tritismo, gota e afecções renais.
• Calmante da excitação nervosa.

322
Pinus pinaster Soland

Pinheiro
Alivia bronquíticos
e reumáticos

E NTRE as muitas espécies que se


conhecem, apenas duas têm
propriedades medicinais im-
portantes: o pinheiro-bravo (Pinus pi-
noster Soland), também conhecido
como pinheiro-marítimo, e o pinhei-
ro-silvestre (Pinus syhestris I..). a que
também se chama pinheiro-de-cas
-quinha e pinheiro-vennelho-do-báJti-
co.
O pinheiro-bravo, ou pinheiro-ma- Espécie afim: Pinus sylvestris L.
rítimo, caracteriza-se por ter as agu- Outros nomes: pinheiro-bravo, pinheiro-
lhas mais compridas e as pinhas mais -marítimo, pinheiro-das-landes.
volumosas do que o pinheiro-silvestre. Esp.: pino marítimo, pino negral. Fr.: pin. Ing.: pine.
Ambas as espécies produzem terebin- Habitat: As dez espécies de pinheiro conhecidas distribuem-se por toda a
tina, embora o pinheiro-marítimo dê Europa e regiões temperadas e frias do continente americano. Prefere os
maior rendimento. terrenos de solo leve ou arenoso.
Descrição: Árvore de 15 a 40 m, da família das Pináceas, de folhas perenes
PROPRIEDADES E ÍNDICAÇÓES: A TE- e acicu/ares. A mesma árvore dá flores mascutinas (estames amarelos) e
REBINTINA é uma oleorresina comida femininas (cones ou pinhas).
nas gemas e nas camadas exteriores Partes utilizadas: As gemas (brotos tenros) e a resina.
da casca do pinheiro, de onde exsuda
naturalmente ou por sangria. E for-
mada por dois constituintes princi-
pais:
/ uma essência (20%-30%), lambem XJP Preparação e emprego
chamada aguarrás, rica no hidrocar-
boneto pineno, cjiit" se obtém por des- O Fricções: Friccionar, com um pa-
USO INTERNO
tilação; e no de algodão molhado em terebinti-
O Infusão: Prepara-se com 20-40 g
de gemas de pinheiro por litro de na (ou a sua essência), o peito dos
água, de que se tomam 3 ou 4 chá- bronquíticos, até que a pele adquira
uma saudável cor vermelha. O mesmo
,ni venas por dia.
se aplica igualmente sobre as articu-
© Essência de terebintina: Ingerir
Precauções lações ou os músculos inflamados e
de 2 a 5 gotas, 3-4 vezes ao dia. doridos.
USO EXTERNO
© Banhos: Prepara-se uma decoc- © Inalações de vapor: Numa caça-
ção com 500 g de gemas de pinheiro rola com um ou dois litros de água,
A inalação ou ingestão de doses ex- em 4 litros de água. Ferver durante acrescentar um punhado de gemas
cessivas de terebintina ou da sua meia hora. Filtrar e acrescentar à água (30-50 g) ou umas gotas de essência
essência pode provocar uma irri- do banho (quente). Também se pode de terebintina. Aquecer num foga-
tação do sistema nervoso central, so- preparar um banho medicinal acres- reiro eléctrico (para evitar gases de
bretudo nas crianças. centando 40-50 gotas de essência de combustão) e inalar profundamente o
terebintina à água da banheira. vapor.

323
As fricções com terebintina, ou com a sua essência, me-
lhoram a evolução dos catarros bronquiais, assim como
das bronquites, t a n t o das crianças como dos adultos.

/ uma resina (70%-80%), que tam-


bém se chama colofónia ou resina de
violino.
A RESINA é o resíduo sólido que
liça depois de- se ler volatilizado a
essência. Ksia resina (colofónia) eni-
prega-sc em emplastros, linimentos e
unguentos de acção rubefaciente e
anti-reumática. O mais conhecido.
desde tempos muito antigos, é o un-
guento régio ou bosãtCO que, segundo
indica Foni Quer, se elabora fundin-
do uma parte de colofónia, uma de te-
rebintina, uma de cera, uma de sebo
v três partes de azeite de oliveira.
A TEREBINTINA e a sua essência
possuem propriedades balsâmicas,
anti-reumálicas, anti-sépticas, diuréti-
cas, depurativas, e previnem a For-
mação de cálculos nas vias urinai ias
lo.©l. São estas as suas aplicações Fun-
damentais:
• Afecções respiratórias: Inalada l©J,
em fricções IO), ou ingerida por via
oral IO.OI, c de grande utilidade em

o Alcatrão vegetal: um poderoso emoliente


todo o tipo de afecções do aparelho
respiratório (bronquite, asma, e t c ) ,
assim como em casos de consti-
pações, rinite e sinusite. Os banhos
quentes l©l com gemas de pinheiro,
Por destilação seca do tronco e das ra- ou com essência de terebintina, pro-
ízes do pinheiro-silvestre, obtém-se o al- porcionam um grande alívio para os
catrão ou breu vegetal, de composição asmáticos.
complexa em que predominam os fe-
• Anti-inflamatória (rcvulsiva): Apli-
nóis, que possuem propriedades balsâ-
cada externamente em banhos e
micas, expectorantes e anti-sépticas,
mas sobretudo emolientes (suavizan-
Fricções 10,01, a terebintina ou a sua
tes da pele). resina (colofónia) faz ruborescer a
pele, desinflamando os tecidos pro-
Pode-se ingerir (até um grama por dia, fundos (acção rcvulsiva). Obtêm-sc
em forma de cápsulas ou comprimidos excelentes resultados em lodo o tipo
de gelatina), embora a sua aplicação
de dores reumáticas, quer sejam arti-
mais importante seja a externa, nas
culares quer musculares (lumbago,
afecções da pele: dermatoses (dege-
torcicolo, dores cervicais, e t c ) quer
nerescências e inflamações crónicas da
pele como eczemas e psoríase), mico-
ainda provocadas por pancadas ou
ses (infecção por fungos) e parasitoses contracturas.
(afecções causadas por parasitas como • Tonificante: 1'rovoii-sc recentemen-
a sarna). te que a terebintina do pinheiro tem
Em uso externo, o alcatrão ou breu ve- a propriedade de estimular as glân-
getal aplica-se em forma de sabão, dulas supra-renais, o que se traduz
champô ou pomada. num eleito tonificante e revitalizado!
de todo o organismo IO,01.

324
Plantago major L

Tanchagem
Peitoral e cicatrizante

Tanchagem-maior Tanchagem-média

O
GÉNERO Plantago abrange Tanchagem-menor
umas 200 espécies, entre as Espécies afins: caminhos e ribanceiras; e a menor ou
quais se destacam, pelas suas Plantago media L. (tanchagem-média), lanceolada, os terrenos calcários. A
aplicações fitoterapêuticas, a zaraga- Plantago lanceolata L. (tanchagem- tanchagem-maior e a menor são
toa (pág. 515) e as três tanchagens, -menor). frequentes em Portugal.
usadas medicinalmente desde a anti- Outros nomes: tanchagem-maior, Descrição: Planta da família das
tanchage, chantage. Brasil: transagem.
guidade grega. O nome de Plantago Esp.: Ilantén, llantén mayor, hierba
Plantagináceas, que mede de 10 a 60 cm
faz referência à forma de pegada que estrella, arta, carmel, aycha-aycha, de altura. As três espécies caracterizam-
têm as suas folhas. huincallantén. Hantaina, plantaina, -se por ter folhas radicais (que nascem
plantaje, pan de pájaro. Fr.: plantain. directamente da raiz), com nervuras
Ing.: plantain. paralelas e confluentes na ponta. Diferem
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS três no tamanho e na forma das folhas, assim
Habitat: Difundida por toda a Europa e
tanchagens contêm uma grande naturalizada em todo o continente como no comprimento da espiga floral.
quantidade de mucilagens, que lhes americano. A maior prefere os terrenos Partes utilizadas: A planta inteira (folhas,
conferem propriedades emolientes, húmidos; a média, as beiras dos espiga floral e raiz).
expectorantes, antitússicas e béqui-
cas; tanino, que as torna adstringen-
tes, hemosiáticas e cicatrizantes; pec- O Preparação e emprego
tina; e alguns glicõsidos cromogéni-
cos, a aucubina e o catalpol, de acção
anti-inflamatória e anti-séptiea. USO INTERNO © Pensos de folhas: Lavam-se pre-
O Decocção: 20-30 g de folhas e/ou viamente e escaldam-se em água a
A TANCHAGEM-MAIOR contém, raiz por litro de água, que se deixa ferver durante um minuto, para de-
além disso, ácidos fenólicos, flavonói- ferver durante 3 a 5 minutos, e da sinfectá-las. Para as aplicar sobre as
des. colina e o alcalóide noscapina, de qual se bebem de 3 a 5 chávenas úlceras e feridas não se devem ma-
propriedades anti-espasmódicas e an- diárias. nipular com os dedos, mas com
titússicas. pinças esterilizadas. Fixam-se por
USO EXTERNO
As tanchagens suavizam e secam ao meio de uma ligadura, e é necessá-
© A mesma decocção que se pre- rio substituí-las duas ou três vezes
mesmo tempo, devido à acção combi- para para o uso interno, mas mais
nada das mucilagens (emolientes,sua- por dia.
concentrada (50-100 g por litro). Usa-
vizantes) com a dos taninos (adstrin- -se em g a r g a r e j o s , lavagens aos
gentes, produzem constrição e secu- olhos, compressas sobre a pele, O Cataplasmas de folhas cozidas e
ra). Isto confere-lhes um amplo elei- banhos de assento ou clisteres. esmagadas.
to anti-inllamatório. útil para curar
muitas afecções das mucosas respira-

325
A tanchagem é um grande emoliente |suavizante) das
mucosas respiratórias e da pele. Pode-se aplicar em
compressas empapadas com a decocçao de folhas, ou
em cataplasmas de folhas esmagadas.
A forma mais prática e eficaz de aplicar as folhas de
tanchagem sobre a pele talvez seja, porém, colocá-las
directamente sobre a zona afectada, à maneira de
penso, como se mostra nestas fotografias.
As folhas escaldam-se previamente durante um minu-
to, com o fim de as desinfectar. Dáo excelente resul-
tado em caso de úlceras varicosas, feridas e queima-
duras.

tórias e digestivas. Vejamos quais são • Afecções digestivas: colite, aeroco- folhas escaldadas em água a ferver
as suas principais aplicações: lia (gases no cólon), distensão do ab- IOI.
•Afecções respiratórias: bronquites dómen por excesso de gases ou má di-
gestão, putrefacções intestinais, dia- • Picadas de insectos e répteis: O
agudas e crónicas, catarros brônqui- doutor Leclerc afirma que as doni-
cos, asma IO). Fluidificam as secre- rreias, disenterias, prisão de ventre
crónica com inflamação do intestino nhas se esfregam contra moitas de
ções, facilitam a sua eliminação, cle- tanchagem antes de lutar com as ser-
sinllamam a mucosa bronquial e acal- grosso IO!.
pentes, com o fim de st- protegerem
mam a tosse. A tanchagem tem sido contra OS eleitos do veneno. No caso
• Hemorróidas: Os banhos de assen-
usada contra a tuberculose pulmonar de picada de mosquiios, aranhas,
e as pneumonias, como complemen- to e os enemas (clisteres) com de-
cocçao de tanchagem tornam-se mui- abelhas, vespas c lacraus, esfregar
to do tratamento especifico. A tan- energicamente a zona da pele afecta-
chagem-maior é a que tem um mais to eficazes para desinflamá-las 101.
da com umas folhas de tanchagem, e
forte efeito antitússico. • Afecções oculares: Km lavagens, a aplicar um penso 101 ou cataplasma
• Afecções da boca e garganta, em bo- decocçao de tanchagem alivia a eon- de folhas IOI.
chechos e gargarejos: Recomendam- juntivite e a blefarite (inflamação das
-se em caso de estorna ti te (inflamação pálpebras) IOI. Km caso de mordedura de cobra, é
da mucosa bucal), gengivite, faringi- preciso aplicar previamente o trata-
te, amigdalite e laringite IOI. Desin- • Ulceras varicosas, feridas que não mento de urgência habitual (incisão,
llamam a boca, tiram o ardor e a irri- cicatrizam, queimaduras: Podem-se torniquete, soro' antivenenoso) e, de-
tação da garganta, e aliviam os acessos aplicar compressas da decocçao de pois, uma fricção e um penso ou uma
de tosse convulsa (acção béquica). tanchagem 101, ou directamente as cataplasma de folhas de tanchagem.

326
Polygala senegal.
3 a
Polígala-da- Preparação e emprego
-virgínia
USO INTERNO
Grande efeito O Decocção com 5 a 10 g de fo-
expectorante lhas ou raiz triturada, por litro de
água. Ferver durante 3 minutos.
Tomar 3 ou 4 chávenas diárias,
adoçadas com mel.
€) Pó da raiz: Administra-se em

O S ANTIGOS Gregos deram o


nome de polígala às espécies
europeias desta planta (de
f)oly, muito, e gala, leite), pois empre-
gavam-na para aumentar a secreção
doses de 0,5 a 2 g diários.

láctea dos animais domésticos. Du-


rante muito tempo, dava-se na Euro- Outros nomes: polígala.
pa às vacas e às cabras com este fim, Esp.: polígala de Virgínia, polígala
ainda que os seus resultados sejam amerícana, [hierba] lechera. Fr.:
mais do que duvidosos. polígala. Ing.: milkwort, sonega
snakeroot.
Paralelamente, os índios norle-
Habitat: Terrenos pedregosos do
-americanos empregavam tradicional- Leste da América do Norte.
mente outra espécie de polígala, a se- Cultivada em outras partes do
nega, de composição semelhante à eu- mundo como planta medicinal.
ropeia, para tratar as afecções respi- Descrição: Planta vivaz da família
ratórias e as mordeduras de serpentes. das Poligaláceas, de caule rasteiro e
E curioso verificai' como a moder- perene, do qual nascem uns caules
herbáceos de até 30 cm de altura.
na investigação farmacológica deu As flores são pequenas, de cor
razão aos indígenas dos Estados Uni- azulada, rosada ou branca, e
dos. Actualmente, a polígala entra na agrupam-se na extremidade dos
composição de diversos preparados caules. Tem um sabor áspero e
farmacêuticos para o tratamento das acre.
afecções broncopulmonares. Partes utilizadas: a planta inteira,
especialmente a raiz.

r Poligalas europeias

Existem várias espécies de polígalas, PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a forma se facilita a sua expulsão e, com
todas elas com uma composição planta, e especialmente a raiz, é muito isto, a regeneração das mucosas res-
muito semelhante, embora a senega rica em saponinas, substâncias vegetais piratórias.
seja mais utilizada, devido à sua maior que, como o sabão fazem com que a A polígala-da-virgínia é uma planta
riqueza em princípios activos. Na Eu- água se torne espumosa, por diminuir nitidamente mucolítica e expectoran-
ropa conhecem-se, sobretudo, duas a sua tensão superficial. As saponinas te. O seu uso é pois indicado em to-
polígalas: mais importantes são o ácido poligáli- dos os casos de bronquite, catarros
• a amarga {Polygala amara L), que co e a senegina, substâncias que au- brônquicos, asma brônquica e pneu-
se cria no Norte da Europa e na Ásia mentam as secreções bronquiais. monia, assim como nas faringites, na
Ocidental. gripe e para combater a tosse IO,©l.
• a rupestre (Polygala rupestris O efeito resultante de todas estas A polígala-da-virgínia, devido ao
Pourr.), que se encontra repartida pe- substâncias é que o muco bronquial seu conteúdo em saponinas, tem
lo Sul da Europa. patológico se torna menos viscoso, e acção laxante, e, em doses altas, emé-
mais espumoso e abundante; desta tica (provoca o vómito) 101.

327
PrímulaverisL

Primavera
Expectorante
e anti-inflamatória

Q
UANDO chega a Primavera,
unia das primeiras plainas a
florir é precisamente esta.
Daí o seu nome. As Flores
são muito apreciadas como ornamen-
tais e aromáticas.
Os giandes médicos e botânicos da
antiguidade clássica não conheciam
esta planta, que tem vindo a ser usada
em terapêutica desde o século XVI.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz montanhas da Europa. Foi exportada


e o rizoma da primavera são muito Sinonímia científica: Primula
officinalis L. para regiões temperadas do continente
abundantes em saponinas triterpéni- americano.
cas (5%-l0%), das quais a mais im- Outros nomes: primavera-das-boticas,
primula. Descrição: Planta vivaz, herbácea, da
portante é conhecida pelo nome de família das Primuláceas. As suas folhas,
primulina. A isto se deve a sua acção Esp.: primavera, fiorde primavera, grandes e ovaladas, dispõem-se em
expectorante e mucolítica (fluidifi- primula, hierba de San Pablo, roseta basal. O caule mede de 15 a 30
gordolobilio. Fr.: primevère [officinale), cm e termina numa umbela de flores
cante das secreções bronquiais). Con- herbe à la paralysie, coucou. amarelas.
tém também dois heterosidos fcnóli- Ing.: [English} cowslip, primrose.
cos derivados do ácido salicílico (pi i- Partes utilizadas: A raiz, o rizoma
Habitat: Prados e bosques das (caule subterrâneo) e as flores.

O Preparação e emprego
Precauções
USO INTERNO litro de água, da qual se ingerem até
5 chávenas por dia.
O Decocção durante 15 minutos,
de 30-50 g de raiz e/ou rizoma tritu- USO EXTERNO
Algumas variedades que se criam em rados por litro de água. Tomam-se 3
vasos e em jardins têm as folhas re- ou 4 chávenas diárias, quentes e €) Compressas: Fazem-se com a
vestidas de uns pelinhos urticantes, adoçadas a gosto com mel. mesma decocção que para uso in-
que podem provocar irritação na pe-
terno, embora mais concentrada, e
le, inclusive reacções alérgicas.
© Infusão com 20-30 g de flores por aplicam-se sobre a parte afectada.

328
A primavera é uma planta herbácea que cresce nos prados e bosques das regiões montanhosas da
Europa, como esta dos AJpes, e também do continente americano. A sua raiz é expectorante e anti-
-inflamatória, e as suas flores são sedativas e diuréticas.

m a v e r i n a e p r i m u l a v e r i n a ) , q u e se m o n i a , e n t r e o u t r a s IOI. É útil tam- n o ( p r o v i t a m i n a A ) . T a m b é m têm


transformam por hidrólise em deriva- b é m nos catarros b r ô n q u i c o s simples duas aplicações:
dos do ácido salicílico. É esta a razão e p a r a a c a l m a r os acessos de tosse. • Pela sua acção antiespasmódica e se-
da sua acção analgésica, anti-inflama- E m b o r a a acção fluidificante e expec- dativa, e m p r e g a m - s e n o t r a t a m e n t o
tória e anti-reumática. Recorde-se q u e t o r a n t e das s a p o n i n a s d a p r i m a v e r a de enxaquecas e cefaleias 101. Dado o
a aspirina é o ácido acedlsalicflico, um n ã o seja tão a c e n t u a d a c o m o a da po- seu s a b o r agradável, a tisana de pri-
derivado sintético do ácido salicílico. lígala-da-virgínia (pág. 327), c o n t i n u a mavera é muito a p r o p r i a d a para acal-
Assim, as d u a s aplicações funda- a ser u m a planta muito útil. m a r a tosse nas crianças nervosas e hi-
mentais da RAIZ da primavera são: • Afecções reumáticas, gota IOI, e em peractivas.
• Afecções r e s p i r a t ó r i a s em q u e se aplicação externa, c o m o anti-inflama- • Pela sua acção diurética e depurati-
requeira um a u m e n t o da fluidez das tório no caso de contusões, entorses e va, usa-se no t r a t a m e n t o da gota e da
secreções bronquiais, para facilitar a d o r e s musculares. I©l. litíase úrica (cálculos úricos nas vias
sua expulsão: b r o n q u i t e aguda e cró- P o r o u t r o lado, as FLORES da pri- urinárias, areias), em combinação com
nica, asma b r ô n q u i c a e b r o n c o p n e u - mavera c o n t ê m flavonóídes e carote- outras plantas diuréticas 101.

329
Prunus
sentina Poir. ! r i\

Cerejeira-da-
-virgínia
Expectorante e
antitússica

A CASCA da ccrejeira-da-vh gínia


é um remédio tradicional dos
índios da América do Norte. A
investigação farmacológica moderna
confirmou as propriedades medici-
nais desta magnífica árvore, e o seu
uso estendeu-se pelos Estados Unidos Sinonímia científica: Prunus virginiana L, Prunus melanocarpa Rydb.
e por algumas regiões da Europa.
Outros nomes: cerejeira-negra, cerejeira-americana.
Na América do Centro e do Sul
existe uma espécie tão semelhante no Esp.: cerezo americano, cerezo de Virgínia. Fr.: céríster de Virgínia. íng.: (Virgínia]
aspecto e propriedades, que até al- bird cnerry, [American] choke cherry.
guns autores lhe atribuem uma deno- Habitat: Cresce em zonas de bosques da América do Norte.
minação científica similar, Prunus se-
rotina Ehrh., ou a sinonímia científica Descrição: Árvore da família das Rosáceas, que pode atingir 30 m de altura, coberta
por uma casca escura e rugosa. Produz frutos parecidos com as cerejas vulgares,
de Prunus capuli Cav. Esta cerejeira mas mais pequenos, de cor mais escura e de sabor um tanto amargo.
americana é conhecida popularmente
pelos nomes espanhóis de capulín, ce- Partes utilizadas: a casca.
rezo criolo, cerezo de los Andes, ce-
rezo negro silvestre ou mují,

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cas-


ca desta árvore contém um glicósido Precauções
cianogenético (prunasina), ácido cu-
mái ico, tanino, escopoletina e óleo es-
sencial.
ím Preparação e emprego

A sua principal acção medicinal é a


expectorante e antitússica. Facilita a As folhas da cerejeira-da-virgínia
eliminação da mucosidade das vias USO INTERNO são venenosas, pois contêm áci-
respiratórias e acalma a tosse. Torna- O Infusão: Prepara-se deitando do cianídrico. A casca, por sua
-se especialmente útil nos catarros e uma colher de sobremesa de cas- vez, não contém este tóxico, pelo
bronquites IO). ca triturada, numa chávena de que se pode usar sem perigo.
Certas tribos indígenas norte-ame- água quente.
rícanas empregam-na para aliviar as
dores do parto, pelo seu efeito seda-
tivo.

330
Pulmonaria
officinallsl. Et

Preparação e emprego

Pulmonaria
USO INTERNO
Peitoral O Decocção de 30-50 g de plan-
e anti-inffamatória ta por litro de água, durante 15 mi-
nutos. Tomam-se 3 ou 4 chávenas
diárias, adoçadas com mel.

USO EXTERNO
© Gargarejos com a mesmo de-
cocção de uso interno.
© Lavagens e compressas com
a dita decocção, que se aplicam
sobre a zona afectada.

D ESDE o século XVI, os parti-


dários da teoria dos sinais vi-
ram nas folhas desta planta a
superfície de um pulmão doente com
nódulos tuberculosos. Muitos tísicos
do século XIX, e da primeira metade
do século XX, foram tratados com a
pulmonaria, obtendo bons resultados
nalguns casos. Hoje continua a ser
uma planta útil nas afecções respira-
tórias.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém uma grande quantida-
de de mucilagem e de alantoína, subs-
tâncias que determinam a sua acção
emoliente; taninos, que a fazem ads-
tringente; uma certa quantidade de
saponinas, que a fazem expectorante;
ácido salitílico, assim como sais po-
tássicos c cálcicos, que a tornam anti-
-inflamatória, diurética e sudorífica.
Outros nomes: erva-dos-bofes, erva-
• Em uso interno, é indicada para di- -leiteira-de-nossa-senhora, salsa-de-
versas afecções respiratórias: de catar- -jerusalém.
ro brônquico, irritação da garganta, Esp.: pulmonaria, pulmonaria
tosse seca ou irritativa, rouquidão e manchada, pulmonaria medicinal,
afonia (aplicada em gargarejos) IO.0I. roseta, rosetas, salvia de Jerusatén.
Muito útil para combater os efeitos Fr.: pulmonaire. Ing.: [spotted] lungwort,
Jerusalém cowslip.
negativos do tabaco sobre as vias res-
piratórias IO). Na tuberculose pulmo- Habitat: Bosques claros e húmidos, sobretudo calcários, de toda a Europa. Na
nar, pode usar-se como complemento península Ibérica é mais frequente no quadrante nordeste. Acha-se introduzida nas
regiões temperadas e frias do continente americano.
do tratamento específico, sempre sob
vigilância médica. Descrição: Planta herbácea, vivaz, da família das Borragináceas. O caule, peludo,
atinge até 30 cm, e, na sua extremidade, nasce um ramalhete de flores cor-de-rosa e
• Externamente, emprega-se para curar violeta.
feridas, contusões, gretas da pele e Partes utilizadas: A planta florida.
frieiras 101.

331
Sacchamm
officinarum L

Preparação e emprego
Cana-de-
-acúcar USO INTERNO
O Sumo fresco: Extrai-se tritu-
rando ou esmagando os caules da
Um caramefo natural cana-de-açúcar.
© Decocção: Fervem-se 250 g
de cana-de-açúcar, descascada,
num litro de água. Beber à von-
tade.

A CANA-DE-AÇÚCAR é origi-
nária do Sudeste Asiático. Os
Árabes estenderam a sua cul-
tura pelo Mediterrâneo, e os Portu-
gueses e Espanhóis levaram-na para a
América no século XVI. E dela que se
obtém o açúcar de cana, assim como
o melaço, também chamado mel de
cana, que é o resíduo, em forma de
xarope, que fica depois de separar do
sumo da cana o açúcar cristalizado.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O
sumo da cana-de-açúcar contém de
16% a 20% de sacarose, glícido do
tipo dos dissacaridos, cuja fórmula
química é C12H22O11. Contém, além
disso, uma boa percentagem de sais
minerais e de vitaminas, a maior par-
te das quais ficam no melaço. O açú- Outros nomes: cana-sacarina, cana-
•doce.
car que não é refinado {açúcar escu-
ro) contém restos de melaço, que lhe Esp.: cana miei, cana melar, cana dulce.
dão a sua cor típica, e que o fazem Fr.: canne à sucre. Ing: sugar cane.
conservar uma certa quantidade de Habitat: Encontra-se nas regiões
sais minerais e vitaminas. Pelo contrá- subtropicais do Sul da Europa e na zona
rio, o açúcar refinado é praticamente tropical das Américas Central e do Sul,
sacarose pura, destituída de outras especialmente em Cuba.
substâncias nutritivas.
Descrição: Planta da família das
O sumo da cana-de-açúcar IOI e a Gramíneas, parecida com a cana vulgar,
decocção da sua polpa (01 têm pro- e cujos caules aéreos podem atingir 4
metros de altura. A sua medula é muito
priedades peitorais, além de tonifi- doce e sumarenta.
cantes e refrescantes. O seu emprego
beneficia os que sofrem de catarros Partes utilizadas: os caules.
bronquiais, bronquite crónica e asma.

332
Saponaria
offidnalís L K a & *.
Preparação e emprego

Saponaria
USO INTERNO
Expectorante O Decocção de 15 g por litro de
e amiga da pele água, de que se tomam até 2 chá-
venas por dia, adoçadas com mel.

USO EXTERNO
€) Loções e compressas com
uma decocção mais concentrada

A NTIGAMENTE, as lavadeiras
recorriam a esta planta para
lavar e desengordurar <>s teci-
dos, particularmente a lã. Emprega-se
habitualmente, para o cuidado da
do que a de uso interno.
® Cataplasmas com folhas e/ou
raízes cortadas às rodelas.
O Lavagem do cabelo: Faz-se
pele e do cabelo. com uma decocção de 20 g de sa-
ponaria por litro de água.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta, e especialmente o rizoma e a
raiz, contém unia saponina chamada No campo, esfregar as mãos
saporrubina, de acção expectorante, com flores de saponaria é, na
diurética, colagoga e depurativa. As falta de sabão, uma boa ma-
saponinas têm a propriedade de dis- neira de as lavar.
solver as gorduras na água, fazendo
espuma.
A sua propriedade mais importan-
te é a expectorante, pela capacidade
que tem de fluidificar as secreções
bronquiais. Embora dê resultado nas
afecções respiratórias IOI, devido à sua
toxicidade por via interna, o uso da sa-
ponaria foi substituído por outras
plantas mais seguras.
Externamente, lorna-se altamente
eficaz para combater os eczemas e
erupções da pile {©,©1, assim como
para a lavagem dos cabelos delicados Outros nomes: saboeira, saboneira, erva-saboeira.
IQL Esp.: saponaria, fhierbaj jabonera, hierba de balaneros,
jabõn de paio. Fr.: saponaire [officinalej, herbe à
foulon, savonnière. Ing.: soapwort, soap root.
/ Habitat: Comum nas bermas dos caminhos e
encostas de lugares húmidos, de toda a Europa e
da América do Norte. Em Portugal, no Norte e
Centro do pais.
Precauções Descrição: Planta vivaz da família das
Cariofiláceas, de 30 a 60 cm de altura,
com caule erecto e abundante rizoma.
As suas inflorescências terminais são
de cor rosada e têm um cheiro
Não exceder as doses recomenda agradável.
das no uso interno. Pode produzir in Partes utilizadas: Toda a planta.
toxicações.
ia m cu
Morugem
Verdura silvestre
expectorante
e emoliente

E STA humilde plaina c nmiio


apreciada pelos pássaros e pelas
galinhas; e também por aqueles
que conhecem a Nalure/a e os dons
que esta oferece aos seres humanos.
Bem no início da Primavera, quan-
do os campos começam a vestir-se de
verde, a morugem apresenta umas pe-
quenas Tolhas que nascem dos seus
tenros caules. É então o momento de
colhê-la e de preparar com ela uma
excelente salada. Há quem a utilize
como os espinafres. Crua ou cozinha-
Outros nomes: morugem-vulgar, morugem-branca, morugem-verdadeira, orelha-de-
da, a morugem não pica nem amarga, -toupeira.
e nada fica a dever às hortaliças culti- Esp.: álsine. pamplina [de canários], berrilo, quilloiquilloi, pajarera, hierba de los
vadas. canários, picagallina. Fr.: stellaire, mouron blanc, mouron des oiseaux.
tng.: [common] chickweed.
Habitat: Distribuída por todo o mundo. Prefere os lugares húmidos. Os agricultores
consideram-na uma erva daninha dos campos cultivados.
Descrição: Planta da família das Cariofiláceas, rastejante, com caules pouco
consistentes. As folhas são ovaladas e terminadas em ponta. As flores são
pequenas, com pétalas brancas que se abrem ao meio-dia, em forma de estrela.
Partes utilizadas: toda a planta.

O Preparação e emprego

USO INTERNO USO EXTERNO


O Crua em saladas ou cozinhada
© Cataplasmas: Cozem-se 100 g
como os espinafres.
de planta triturada em meio litro de
@ Decocção com 30 g de planta por água, até que se forme uma pasta
litro de água. Ferver durante 15 mi- homogénea. Aplicam-se em forma
A morugem é uma planta silvestre nutos, iiitrar, e tomar 3 chávenas por de cataplasma sobre a zona da pe-
muito apreciada pelas galinhas e
pelos pássaros, assim como pelos dia, uma antes de cada refeição. le irritada.
seres humanos que conhecem as
suas propriedades medicinais.

334
Além de expectorante e
emoliente, a morugem tem
um notável efeito tonifican-
te. Por isso se recomenda
A morugem já foi mencionada por formação de uma espuma fina e per- aos estudantes, particular-
Dioscóridcs no primeiro século da sistente. mente em época de exa-
mes, e a quem se encontre
nossa era, embora as suas proprieda- As saponinas são o princípio activo submetido a uma sobrecar-
des medicinais só tenham vindo a ser mais importante da morugem. A elas ga física ou intelectual.
bem conhecidas no século passado. O se deve a maior parte das proprieda-
abade Kncipp, célebre mestre da me- des desta planta.
dicina natural alemã, utilizou-a com
êxito nas doenças das vias respirató- • Expectorante: Utili/.a-sc nas bron-
rias. quites de todo o tipo, e também nos
simples catarros bronquiais, para pro-
vocar a eliminação das secreções secas
ou espessas 101.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta é rica em sais minerais e oligo- • Emoliente: Emprega-se no caso de contusões, irritações de origem física
elementos (especialmente magnésio, gastrite, para proteger a mucosa do (atritos, queimaduras solares, etc.) ou
silício, potássio, fósforo, ferro e co- estômago e aliviai" a sensação de peso química (por acção de substâncias tó-
bre), assim como em vitaminas do que acompanha este transtorno IO.0). xicas) 101.
grupo B e C. Também contém uma Também se utiliza no caso de colite • Tonificante: Pelo seu conteúdo em
certa quantidade de saponinas (do la- (inflamação do intestino grosso), sais minerais e vitaminas, a morugem
tim saponem, sabão), substâncias que para facilitar uma evacuação regular estimula todo o organismo de forma
diminuem a tensão superficial da e sem incómodos. Proporciona um natural, proporcionando uma sen-
água e a tornam espumosa como a suave efeito laxante 101. sação de vitalidade e de bem-estar. E
água com sabão. Nas mucosas do or- • Aplicada externamente, a morugem por isso muito útil no caso de fadiga
ganismo, as saponinas provocam a elimina a inflamação da pele devida a ou esgotamento (©,01.

335
Taxus baccata L

Teixo
Venenoso, mas útil

T ODAS as partes desta bela ár-


vore são a l t a m e n t e tóxicas, ex-
cepto a cúpula c a r n u d a de cor
vermelha q u e , à m a n e i r a de um ca-
p u c h o , cobre a.s suas sementes. Dios-
Outros nomes:
Esp.: tejo. Fr.: if [à baies]. Ing.: yew.
córides acreditava q u e era perigoso, Habitat: Zonas sombrias de bosques e barrancos de toda a Europa, América do
até, sentar-se à s o m b r a do teixo. Diz- Norte e metade meridional da América do Sul. É mais frequente nos bosques de
-se q u e os povos celtas envenenavam carvalhos ou azinheiras, e em terrenos calcários. Em alguns países goza de
protecção especial, para evitar que se extinga. Cultivado como planta ornamental
as flechas c o m o s u m o desta árvore, em parques e jardins.
paia paralisar as suas vítimas. Descrição: Árvore ou arbusto da família das Taxáceas, de até 20 m de altura,
dióica (flores masculinas e femininas em plantas separadas) e de folha perene. As
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A cú- sementes das flores femininas encontram-se envolvidas por uma cúpula carnuda
pula carnuda q u e envolve a.s sementes de cor vermelha (arilo), que é um falso fruto.
Partes utilizadas: os arilos (cúpulas carnudas que envolvem as sementes).
contém mucilagem, c com elas se pre-
para uma xarope peitoral para facili-
tar a expectoração IOI. C o n t é m tam-
bém p r o t e í n a s e possui u m a a c ç ã o
emoliente (suavi/ante e anii-inllama- Precauções
tória) em especial s o b r e o a p a r e l h o
respiratório.
O restante ria planta, i n c l u i n d o a
semente p r o p r i a m e n t e dita, c o n t é m
O Preparação e emprego
Planta muito tóxica, excepto a
cúpula de cor vermelha das se-
toxina, um alcalóide muito tóxico q u e mentes (arilos). A ingestão de al-
causa convulsões, paralisia nervosa, gumas folhas pode causar a
cólicas e transtornos do ritmo cardía- morte a uma criança.
USO INTERNO
co, até à paragem cardíaca e m o r i e . Em caso de intoxicação, provo-
Antigamente, usava-se em p e q u e n a s O Xarope: Esmagam-se as cú- car o vómito ou aplicar uma lava-
doses para estimular o pcristaltismo pulas (sem as sementes) e adi- gem ao estômago e administrar
intestinal e fazer subir a pressão arte- ciona-se-lhes igual peso de açú- grandes doses de carvão vegetal.
rial, mas para se conseguir este efeito car e a água necessária, até total É necessário proceder à trans-
utilizam-se hoje outras plantas não tó- dissolução. Tomar de 6 a 18 co- ferência imediata do envenena-
xicas. lheradas diárias. do para um hospital.
o teixo é abortivo, e m b o r a tam-
bém não se use com este fim, devido

336
à sua grande toxicidade. I lá que re- planta não leni qualquer utilidade, além
cordai" o aforismo que diz: "Os abor- de ser muito tóxica devido ao alcalói-
tivos são venenos, tanto para o Feto de laxina.
como para a mãe."
Paradoxalmente, esta planta vene-
No.s últimos anos. investigadores nosa, chamada por alguns "a árvore
norte-americanos e franceses desco- da morte", pode conter remédios
briram no teixo uma substância cha- muito úteis para salvar a vida dos do-
mada taxai, que tem a propriedade entes de cancro. O mundo vegetal
do impedir a reprodução das células conserva ainda muitos segredos por
minorais (acção aniimnóiica). lnves- desvendar.
tiga-se actualmente a possível apli-
cação do laxol e dos seus derivados
no tratamento do cancro, com ex-
pectativas promissoras. Diga-se que o
laxol se encontra em quantidades
muito pequenas na casca e nas folhas
do teixo, pelo que o uso directo da

O 0 teixo contra o cancro

O interesse pelo teixo começou em


1960, no Instituto Nacional do Cancro
dos Estados Unidos. Um grupo de
cientistas descobriu que o extracto da
casca de uma espécie de teixo, cha-
mado teixo-do-pacífico (Taxus brevi-
folia), mostrava uma notável activida-
de antitumoral sobre as células can-
cerosas.
Em 1971, identificou-se o princípio ac-
tivo do extracto de teixo e deu-se-lhe
o nome de taxol. A sua extracção é
muito dispendiosa, pois para se obte-
rem 100 mg de taxol é preciso um qui-
lo de casca da árvore. Felizmente,
conseguiu-se sintetizar quimicamen-
te o taxol, sem necessidade de dispor
da casca da árvore.
Nas numerosas investigações já rea-
lizadas, o taxol tem-se mostrado efi-
ciente contra o cancro do ovário
avançado, resistente a outros trata-
mentos, e contra o cancro da mama
com metástases. Todas as partes do teixo sào muito venenosas, excepto as pequenas cúpulas
A aplicação clínica do taxol tem sido carnudas, de cor vermelha, que envolvem as sementes e se chamam arilos.
adiada, à espera de que os investiga- Estes são muito ricos em mucilagem e servem para preparar um xarope pei-
dores consigam reduzir os seus efei- toral que facilita a expectoração.
tos tóxicos (diminuição dos glóbulos Da casca da árvore, especialmente do teixo-do-pacífico, extrai-se uma substân-
brancos), alergia, náuseas e queda do cia capaz de travar o desenvolvimento do cancro.
cabelo.

337
Thymus
serpyllum L O ei m *J i

Serpão
Acalma a tosse
e as dores

A SEMELHANÇA de outras
plantas cia Iam ília das Labia-
das, como o orégão (pág.
464), o tomilho (pág. 769), a hortelã-
-pimenta (pág. 366), o poejo (pág.
461), o serpão exala um aroma agra-
dável. Não é fácil diferençá-lo do to-
milho {Thymus vulgaris L., pág. 769),
sobretudo porque existem várias su-
bespécies intermédias. No entanto, es-
tas ires características do sei pão não
costumam estar ausentes:
Outros nomes: serpil, serpilho, serpol, erva-ursa. tomilho.
/ O lábio superior do cálice das suas
flores acha-se dividido em três dentes Esp.: serpol. serpillo, tomillo silvestre, tomillo saisero, tomillo sanjuanero. Fr.: thym
profundos; [bâtard], [thym] serpolet. Ing.: [wildj thyme, mother of thyme.
/ As folhas, que são planas e verdes Habitat: Terrenos secos, áridos ou pedregosos em terras baixas ou encostas
montanhosas de toda a Europa, até 2500 m de altitude. Naturalizado na América do
por ambas as faces (o tomilho tem os
Norte.
Descrição: Planta vivaz da família das Labiadas. que atinge até 40 cm de altura. Os
caules são rasteiros, as folhas pequenas e planas, e as flores são cor-de-rosa ou
púrpura, agrupadas em inflorescências terminais.
Partes utilizadas: as sumidades floridas.

O Preparação e emprego

USO INTERNO
O Infusão com 20-40 g por litro de água, de que se tomam de 3 a 5 cháve-
nas cada dia. Pode-se adoçar com mel. Como antitússico, administra-se
uma ou duas colheradas de hora em hora, até que a tosse se acalme.
© Essência: Administram-se 3-5 gotas, 3 vezes ao dia.
USO EXTERNO
© Banhos: Acrescenta-se à água de uma banheira média 2-3 litros de uma
decocção feita com 50-100 g, que se tenha deixado ferver durante 5 minutos.
O Lavagens, bochechos e gargarejos: Fazem-se com a mesma infusão
que para uso interno, mas mais concentrada.
© Compressas e fricções com a essência.

O serpão acalma a tosse e tonifi-


ca todo o organismo.

338
Para t o m a r um b o m b a n h o
tonificante, acrescentam-se à
água da b a n h e i r a 2-3 litros bordos das folhas voltados para baixo, em t o d o o tipo de c a l a r r o s b r o n -
de uma decocção feita com e estas são esbranquiçadas na página quiais.
50-100 gramas de sumidades
floridas de serpão por litro de inferior). • A f e c ç õ e s digestivas: O serpão utili-
água. Toma-se q u e n t e . Dá / O aroma lembra o do limão ou o da za-se contra a atonia do estômago, as
m u i t o bons resultados em digestões pesadas, as flatulências e as
caso de depressão, astenia e
erva-cidreira.
esgotamento, tanto em crian-
dispepsias em geral. IO.0I.
ças como nos adultos. P R O P R I E D A D E S E INDICAÇÕES: AS fo- • A f e c ç õ e s bucais e anais: Pela sua
lhas e as flores c o n t ê m unia essência a c ç ã o anti-séplica, o s e r p ã o é m u i t o
de composição variável s e g u n d o as su- indicado para fazer lavagens e boche-
bespécies, mas q u e s e m p r e possui ct- c h o s em feridas ou inflamações das
mol, timol e carvacrol. T a m b é m con- mucosas do a p a r e l h o digestivo, q u e r
tém p e q u e n a s q u a n t i d a d e s de ácidos seja na boca (aftas ou chagas) q u e r no
fenólicos, flavonóides e t a n i n o s . As ânus (fissura anal) 101. Km gargarejos,
p r o p r i e d a d e s do s e r p ã o são-lhe con- é muito benéfico no caso de amigda-
feridas pela sua essência: digestiva, lite (anginas) ou de faringite.
antiespasmódica, expectorante e antí-
• Reumatismos e nevralgias: Aplicada
séptica.
localmente, a essência de s e r p ã o acal-
As suas aplicações são semelhantes ma as d o r e s da ciática, das nevralgias
às de outras plantas da família das La- faciais e das dores reumáticas em ge-
biadas, com as seguintes particulari- ral 10).
dades: • Depressão, astenia e esgotamento:
• Afecções respiratórias: O serpão dá Dão muito bons resultados os banhos
muito bons resultados c o m o calman- q u e n t e s com serpão; são tonificantes
te da tosse, e s p e c i a l m e n t e da tosse e reviíalizanies l€)l. Convêm tanto às
seca convulsiva das c r i a n ç a s (O.Ql. crianças débeis c o m o aos adultos ne-
T a m b é m se usa na tosse convulsa e cessitados de um estímulo natural.

339
Trífofíum pratenseL
OJ S * U E .
Preparação e emprego
Trevo-dos-
-prados USO INTERNO
O Decocção durante 10 minutos,
de 20-30 g de folhas e/ou flores
Peitoral e digestivo por litro de água, da qual se to-
mam até 5 chávenas por dia.

USO EXTERNO
© Compressas e banhos com a
mesma decocção, porém mais

A MANCHA branca que as fo-


lhas do trevo apresentam fez
pensar os partidários da teo-
ria dos sinais que esta plaina deveria
ser boa para tratar as cataratas. Dios-
concentrada.

córides (século I d.(].) dizia que o


sumo do trevo misturado com mel
Trevo-branco
-resolve as nuvens, manchas brancas
e outros impedimentos que obscure-
cem a vista». Actualmente conhece-
mos as suas verdadeiras aplicações. O trevo-branco* (Trifolium repens
L, Trifolium nigrescens Schur.) é
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- uma espécie semelhante ao tre-
tém taninos, glicósidos, ácidos orgâ- vo-dos-prados ou trevo-violeta.
nicos e pigmentos. mas diferindo na cor das flores,
que são brancas. O trevo-branco
Dá resultado nas afecções respira- tem um cheiro intenso a feno.
tórias (bronquites, tosse e rouquidão)
Além de ter as mesmas aplica-
e nas digestivas (diarreia, gastrite, fal- ções medicinais que o trevo-dos-
ta de apetite) IO). -prados, a sua decocção acres-
Não está demonstrado que seja úti centa-se à água do banho para se
contra as cataratas. obter um acentuado efeito anti-
Externamente, usa-se em banhos e -reumático.
compressas contra as irritações e in- " Esp.: trébol blanco, trébol rastrero,
flamações da pele l©l. trébol de coche, trébol de Holanda.
Fr.: trèfle blanc. Ing.: white clover.

Outros nomes: trevo, trevo-violeta.


Esp.: trébol común, trébol rojo, trébol colorado, trébol
violeta, trébol violado, trébol de los prados. Fr.: trèfle
[commun], trèfle rouge, trèfle des prés. Ing.: wild clover,
red clover.
Habitat: Prados e pastos húmidos, especialmente de solo calcário, da Europa e da
América do Norte.
Descrição: Planta herbácea vivaz da família das Leguminosas, que atinge até 50
cm de altura. As folhas são divididas em (rês fofiofos ovalados que apresentam uma
mancha branca característica na face superior. Os capítulos florais são de um tom
vermelho - violáceo.
Partes utilizadas: As flores e as folhas.

340
Tussllago fariam L.

Tussilagem
O antitússico por
excelência

O S ESCRITORES latinos da an-


tiguidade definiam a tussila-
gem como Jilhtí (nite /Mirem (o
filho anões do pai), dado que as flores
nascem no princípio da Primavera,
dois ou três meses antes das folhas. Es-
(as só chegam à maturidade quando Outros nomes: tussilagem-l'arfara, farfara, unha-de-cavalo, unha-de-asno, erva-de-
já as flores começam a murchar. Esta •são-quirino.
planta utili/a-sc para combater a tosse Esp.: tusilago, fartara, pie de caballo, una de caballo, pata de mulo, passo de asno,
desde os tempos mais remotos. una de asno, pata de vaca. Fr.: tussilage, pas-d'âne. ing.: coltstoot, British tobacco.
Habitat: Terrenos húmidos e frios de toda a Europa. Prefere os solos argilosos,
Dioscórídes descreveu a tussilagem embora também se possa encontrar nos calcários. Encontra-se no continente
com o nome grego de bekiori, de onde americano, embora aí seja pouco comum.
ficou o termo 'béquico* para referir a Descrição: Planta vivaz, da família das Compostas, que atinge até 30 cm de altura.
propriedade de acalmar a tosse e a Dos seus caules subterrâneos saem cada ano caules fioríferos, carnudos, cujas
irritação da garganta. A tussilagem folhas estão reduzidas a escamas; na extremidade destes caules iorma-se o
contínua, passados dois mil anos, a ser capitulo floral, de cor amarela. As folhas grandes, de pecíolo comprido, aparecem
O béquico por excelência. depois das flores, e têm a página inferior esbranquiçada.
Partes utilizadas: as folhas secas e os capítulos florais.

Õ Preparação e emprego
Precauções
USO INTERNO se usar, para eliminar os pequenos
pêlos que se soltam dos capítulos
O Infusão com 30-50 g de planta florais, que podem irritar a garganta.
seca por litro de água, de que se to-
As folhas de tussilagem usavam-se mam de 3 a 5 chávenas diárias,
em salada, para combater o escor- quentes. Para melhorar o gosto, que USO EXTERNO
buto, dada a quantidade de vitamina não é muito agradável, basta juntar
C que contêm. No entanto, é preferí- uma pitada de hortelã ou de anis- © Gargarejos: Com a mesma in-
vel não se comerem as folhas ten- verde Às crianças pequenas, dá- fusão que para o uso interno, ou um
ras cruas, porque contêm pequenas se em colheradas com intervalos de pouco mais concentrada.
quantidades de um alcalóide tóxico meia ou de uma hora. €) Compressas e loções sobre a
para o fígado, que desaparece com a zona da pele afectada, com a infusão
secagem. A infusão deve ser filtrada antes de concentrada

341
A infusão de foihas secas e capítu-
los florais da tussilagem constituem
um valioso complemento dos pia-
nos ou tratamentos para deixar de
fumar. A sua acção consiste em lim-
par os brônquios de secreções, fa-
vorecendo a sua eliminação.

a sua eliminação, acalma a tosse, di-


lata os brônquios e desinilama as mu-
cosas respiratórias.
Muito apropriada para tratar bron-
quites agudas e crónicas, catarros
brônquicos, asma, enfisema pulmo-
nar, broncopneumonia, gripe, tra-
queíte, laringite, faringite e amigdali-
te (anginas) IOI. Dá muito bons re-
sultados em caso de afonia, aplicada
tanto interna IO) como externamen-
te 101.
Nas bronquites agudas e bronco-
pneumonias, para usá-la é preferível
esperar que tenha passado a fase aguda
(dois ou três dias) e comece a desa-
parecer a congestão inicial.
A tussilagem é uma planta aliada
do ex-fumador, pois contribui para re-
generar as mucosas respiratórias de
quem tenha deixado de fumar. To-
mada em infusão IOI, torna-se suma-
mente útil nas curas de desintoxi-
cação do tabaco, para ajudar a limpar
os brônquios das secreções acumula-
das. Tanto é assim que é um ingre-
diente fundamental dos chamados
"tabacos de ervas". No entanto, o mel-
hor, para quem sofra dos brônquios,
é abster-se de todo o tipo de fumos,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS ca- Possui também propriedades su- inclusive daquele que é produzido
pítulos florais, c sobretudo as folhas, doríficas e depurativas, pois provoca pela tussilagem.
contêm abundantes mucilãgens com a eliminação de toxinas tanto pela uri-
Externamente, utiliza-se para curar
propriedades expectorantes, béqui- na como pela transpiração 101. Esta
diversas afecções da peie: feridas e úl-
cas, aniiiussicas e emolientes (suavi- acção torna-se muito útil para com-
ceras, erupções e inflamações (der-
zamos) sobre as vias respiratórias. bater o componente infeccioso da
matites), assim como para reduzir a
Contém também álcoois triterpénicos maior parte das afecções respirató-
transpiração excessiva dos pés. É útil
e ílavonóides (rutina e hiperósido) de rias.
para as pessoas que se queixam de
acção antiespasmódica suave, que A tussilagem torna-se pois indicada pele gordurosa, e dá muito bom re-
contribuem para a acção antitússica e em todas afecções respiratórias: flui- sultado aplicada sobre o couro cabe-
broncodilatadora da tussilagem. difica as secreções bronquiais e ajuda ludo paia o limpar e fortalecer l©l.

342
Verbascum
tnapsusL
J
Preparação e emprego

Verbasco
USO INTERNO
Suaviza os brônquios e O Infusão: 20-30 g de flores por
todos os tecidos litro de água. Tomam-se 3 ou 4
chávenas diárias, depois de ter si-
do cuidadosamente filtrada com
um pano fino, com o fim de elimi-
nar os pelinhos.
@ Extracto seco: A dose habi-
tual é de 0,5 a 1 g, 3 vezes ao dia.

USO EXTERNO
€) Compressas empapadas nu-
ma decocção de 60-80 g de fo-
lhas e flores por litro de água. Apli-
cam-se sobre a pele afectada.
O Cataplasmas: Faz-se com as

A S VIRTUDES peitorais do ver-


basco já eram conhecidas na
Grécia clássica por Hipócra-
tes e por Dioscóridcs. Desde então,
tem vindo a ser utilizada com êxito na
folhas fervidas em leite, aplicadas
sobre a zona afectada.

fitoterapia.
As folhas têm-se utilizado como me- Outros nomes: baròasco, erva-
chas de candeia e como pensos para -de-são-fiacre, tróculos-brancos,
feridas. A sua aveludada suavidade já vela-de-nossa-senhora. Brasil:
lhe mereceu o qualificativo de "papel cirio-do-rei.
higiénico" silvestre. Esp.: gordolobo común,
gordolobo macho, verbasco,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo- candelária, candeia regia,
res, sobretudo, e em menor quanti- escobizo. Fr.: bouillon blanc.
molène. Ing.: mullein, Aaron's
dade as folhas, contêm mucilagem, a rod, hedge-taper.
que devem a sua acção emoliente
(suavizam os tecidos); saponinas e fla- Habitat: Espalhado pelos
vonóides, de efeito anti-inflamatório, lugares incultos e terrenos
pedregosos de toda a Europa.
antitússico e antiespasmódico; e di- Em Portugal encontra-se de
versos glicósidos e pigmentos. E diu- Trás-os-Montes e Minho até ao
rético e sudorífico suave. O seu uso Alentejo, embora pouco
está indicado nos seguintes casos: frequente. Conhecido no
continente americano.
* Irritações das mucosas respiratórias:
faringite, laringite, catarros brônqui- Descrição: Planta bienal da
família das Escrofuiárias, de
cos e asma (pela sua acção antiespas- caule erecto, que pode atingir
módica). Alivia a tosse e facilita a ex- 1,5 m de altura. As folhas são
pectoração IO.0L grandes e cobertas de
• Aplicado externamente, é útil nos fu- abundantes pêlos lanosos. As
flores são de cor amarela e
rúnculos, queimaduras, frieiras e he- nascem em grossas espigas.
morróidas IO,OI. Pode-se aplicar tan-
to em compressas embebidas numa Partes utilizadas: as flores e as
decocção de folhas e flores, como em folhas.
cataplasmas feitas com as folhas fervi-
das em leite.

343
Viola odorata L.

Violeta
Peitoral e aromática

A VIOLETA pertence à mesma


família botânica que O amor-
-perfeito-bravo (pág. 735). As
Flores de ambas as plantas são igual-
mente bolas c delicadas. Diferem em
Outros nomes: violeta-de-cheiro, violeta-roxa,
viola.
Esp.: violeta, violeta común, violeta olorosa,
viola. Fr.: violette (des jardins], violette odorante.
que as da violeta têm duas pétalas Ing.: [garden] violei sweet violei
para cima c três para baixo, enquan-
Habitat: Prados e bosques húmidos de toda a Europa. Cultivada e difundida no
to as do amor-perfeito-bravo têm qua- continente americano. Bastante disseminada, embora pouco frequente.
tro pétalas para cima e uma para bai- Descrição: Planta vivaz da família das Violáceas, que atinge de 5 a 15 cm de altura.
xo. É desprovida de caules aéreos, e tanto as folhas como as flores nascem de uma
Hipócrates, no século V a.C, já re- cepa central mediante compridos pedúnculos. Flores da característica cor violeta,
comendava as violetas pata o trata- embora por vezes sejam brancas ou rosadas, com 5 pétalas e muito aromáticas.
mento das enxaquecas. No princípio Partes utilizadas: As flores, as folhas e as raízes.
do século XX atribiiiu-se-lbcs a facul-
dade de curar os tumores cancerosos,
o que nunca pôde ser confirmado. A
violeta é uma das plantas peitorais mais
O Preparação e emprego
apreciadas em Fitoterapia.
USO INTERNO quarto de litro de água. Ferve-se até
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
que o líquido fique reduzido a meta-
planta contém saponinas (especial- 0 Infusão com 30-40 g de folhas
de. Tem que se tomar uma colhera-
mente a raiz), que a fazem expecto- e/ou flores por litro de água, de que
da de 5 em 5 minutos, até produzir o
rante e diurética; mucilagens, de se lomam 3 ou 4 chávenas por dia.
vómito.
acção emoliente, bcquica (antiiúsxi- Tem um sabor muito agradável.
ca) e laxante; ácido salicílico, de ciei- 0 Pó de raiz dissolvido à razão de
© Xarope de violeta: Pode substi-
lo anti-inflamatório e sudorífico; pig- 1 -4 g em meio copo de água; com o
tuir a infusão, especialmente para as
mentos (antocianinas) e glicósidos, a que se torna o efeito vomitivo ainda
crianças. Prepara-se com 50 g de
que se atribui o seu suave efeito diu- mais intenso
flores, que se deixam em maceração
rético; e essência, nas flores, que lhes em meio litro de água durante 12 ho-
outorga o seu agradável aroma. ras. Depois de filtrada, acrescentam- USO EXTERNO
As FLORES têm as seguintes apli- -se-lhe 200 g de mel e ferve-se du-
rante 5 minutos. Administram-se de © A mesma infusão descrita para
cações:
1 a 3 colheradas cada duas horas. uso interno aplica-se em boche-
• Afecções respiratórias: Pelo seu con- chos, em gargarejos, em lavagens
teúdo em saponinas, fluidificam as se- €) Decocção vomitiva: Prepara-se às pálpebras, ou em compressas e
creções bronquiais, descongestionam com 10-20 g de raiz triturada, num fomentações sobre a fronte.
os brônquios c acalmam a tosse 10,ôl.
As mucilagens exercem uma acção

344
O xarope de violetas
torna-se especialmente
benéfico para as crian-
ças, em caso de catarro
brônquico ou de gripe.
Açaima a tosse, fluidifi-
ca as secreções bron-
quiais e favorece a su-
dação.
Além do xarope, os
adultos também podem
tomar a violeta em in-
fusão de folhas e/ou flo-
res.

suavizante e anti-inflamatória sobre estomatite (inflamação da mucosa com maior efeito sudorífico, diuveti
iodas as mucosas; as das violetas ac- bucal), gengivite, amigdalite, laringi- co e laxante. Costumam usar-se mis
tuam especialmente sobre as mucosas te e afonia í©l. turaclas com as llores.
do aparelho respiratório. A violeta é, • Aplica-se em lavagens sobre os olhos
pois, uma planta muito útil para o tra- As RAÍZES são muito ricas em sapo
101 em caso de blefarite (inflamação ninas, pelo que têm uma acção eme
tamento dos catarros brônquicos, das pálpebras) e de conjuntivite.
bronquites, traqueíte e broncopneu- tica (vomiliva) 10.01. Administram-sc
monia. As violetas são também sudo- As FOLHAS das violetas têm pro- para provocar o vómito em caso de in
ríficas, pelo que se recomendam es- priedades semelhantes às flores, mas toxicação alimentar ou de indigestão
pecialmente quando a afecção respi-
ratória se faz acompanhar de febre,
tomo costuma acontecer com a gri-
pe. Possuem ainda um suave efeito
diurético c laxante, muito conve-
niente para os doentes febris.
• Cistite: Rccomendam-se, neste caso,
em virtude da acção anti-inflamatória
que as mut ilagens exercem sobre o
aparelho urinário IO.91.
• Enxaquecas e cefaleias: Tem-sc usa-
do com êxito, desde tempos antigos,
embora não se saiba bem qual dos
princípios activos da violeta é res-
ponsável por esta acção. Tradicional-
mente, as dores de violeta aplic am-se
lauto por via oral (infusão) IOI como
em compressas ou lomentaçõcs sobre
a fronte l@l.
• Afecções bucais e da garganta: Ex-
ternamente, a infusão usa-se para fazer
bochechos ou gargarejos em caso de
PLANTAS PARA
O APARELHO DIGESTIVO
SUMÁRIO DO CAPÍTULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES Camomila-romana = Macela ... .350
Cocleária 356
Anomia, ver Apetite, falta de . . .347 Dictamno 358
Apetite, falta de 347 Didamno-real 358
Hálito fétido, ver Mau hálito .. . .347 Endro 349
IIali tose, ver Mau hálito 347 Erva-coalheira 361
Inapelência, ver Apetite, falta de .347 Funcho 360
Mau hálito 347 Gengibre 377
Plantas digestivas 348 Hibisco 363
PLANTAS Hortelã-pimenta 366
Abelmosco 362 Macela 350
Abrunheiro-bravo 372 Manjericão-grande 368
Alcaravia 365 Manjerona 369
Amor-de-horlelão 361 Margaça-das-boticas = Camomila .364
Anelo = Endro 349 Milola 363
Ansarinha = Argentina 371 Nêveda-dos-gatos 367
N e n h u m tratamento, seja Argentina 371 Pimenta-malagiteta = Pimentão . .354
com plantas ou com Aspénda-odorífera 351 Pimentão 354
fármacos, pode compensar Assa-fétida 359 Pimenteira 370
os transtornos digestivos
devidos a uma alimentação Basílico = Manjericão-grande ... .368 Piri piri = Pimentão 354
incorrecta. Baunilha 376 Rosa-do-japão 362
Beladona 352 Segurelha 374
Camomila 364 Segurelha-dos-jardins 375

Q
UASE TODAS as plantas medi- efeito, o bolo alimentar não avança cor-
cinais exercem algum tipo de rectamente, e a digestão faz-se de modo
efeito sobre o aparelho digesti- lento e pesado.
vo. Aquelas que descrevemos • Aumentam a secreção de sucos digesti-
neste capítulo actuam sobre o vos por parle do estômago, intestino e
conjunto dos órgãos digestivos, entre os pâncreas, cuja carência torna lento o
quais o estômago, o intestino, o ligado e o processo da digestão.
pâncreas, listas plantas facilitam a digestão
mediante duas acções fundamentais: Para que estas plantas sejam realmente
eficazes, deve-se seguir uma alimentação
• Activam as ondas peristálticas, que são conecta, o mais saudável e natural possí-
as contracções do tubo digestivo que fa- vel. Não existe nenhuma planta medicinal,
zem progredir o conteúdo intestinal. nem por certo qualquer fármaco, capa/.es
Quando estas contracções não são sufi- de compensar os eleitos negativos de uma
cientemente intensas, ou não produzem dieta inadequada.

346
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
2 " Parte: D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

MAU HÁLITO
Cheiro anormal do ar expirado. Deve-se SANAMUNDA 194 Tónico digestivo, anti-séptico bucal Infusão, bochechos
geralmente a causas bucais (piorreia),
gástricas (retenção de alimentos no
estômago) ou intestinais (fermentações
e putrefacções). Além destas plantas, Almécega (resina) mastigada
PISTÂCIA 197 Perfuma o hálito, combate a piorreia ou em pastas dentífricas
servem todas aquelas que combatem a
piorreia (cap. LO), a dispepsia (cap.
19) e as fermentações intestinais
(cap. 20).
Combate as fermentações intestinais, Carvão da madeira em pó
EUCALIPTO 304 elimina as toxinas intestinais (também serve o carvão
causadoras do mau hálito da madeira de outras árvores)

POEJO 461 Combate as fermentações intestinais Infusão

APETITE, FALTA DE Infusão de rizoma, raiz


SANAMUNDA 194 Activa os processos digestivos ou folhas secas
Qualquer alteração ao longo do apare-
lho digestivo, desde o esófago até ao
intestino, pode provocar uma falta de MARROIO 316 Aumenta o apetite, facilita a digestão Infusão de sumidades floridas e folhas
apetite (anorexia nervosa). Também
pode ser causado por transtornos psí-
quicos. Antes de aplicar
qualquer tratamen- ARGENTINA 371 Abre o apetite, facilita a digestão Decocção de folhas e flores
to para abrir o
apetite, deve-se
diagnosticar ABRUNHEIRO- O 7 ? Estimula os processos digestivos, Frutos frescos, em xarope
a causa da -BRAVO aperitivo, tonificante ou em decocção
inapetência.
• — 374 %££>*£*''*»*»• infusão, essência

&nrti ira A?Z Aumenta a secreção dos sucos Infusão ou decocção de raiz
«NGEUCA 4^0 g a b r e Q a p e t jte> e |jmina o s g a s e s

Cardo-santo
ABSINTO 428 Tónico amargo, aumenta o apetite Infusão de folhas e capítulos florais

Estimula os movimentos
FEL-DA-TERRA 436 Infusão de sumidades floridas
de esvaziamento do estômago

r.msA « i ^ I\AA Tonifica o estômago Infusão ou decocção de folhas


CARDO-SANTO 444 e to do o aparelho digestivo

Contém amargos que excitam a secreção Maceração, decocção, pó


GENCIANA 452 de todas as glândulas digestivas
ou extracto de raiz

LOUREIRO 457 Facilita a digestão, abre o apetite Infusão de folhas e frutos

ARTEMÍSIA fi?4 Abre o apetite, estimula Infusão de sumidades floridas


HRTEMISIA 0^4 o esvaziamento do estômago ou de raiz

MlLEFÓUO 691 Tonilica os órgãos digestivos Irrlusão de sumidades floridas

nuiNfl 7co Aperitiva, tonificante, combate Infusão da casca


Segurelha VUINA iot as fermentações intestinais

347
a Cap. 1 7 : PLANIAS PARA O APARELHO OIGESTIVO

Plantas digestivas

£sfas plantas exercem uma acção favorecedora do


conjunto dos processos digestivos, regulando a moti-
lidade do estômago e do intestino (ondas peristálticas)
e aumentando a secreção dos sucos necessários para
a digestão.

Plantas Pág. Plantas Pág.


Lúpulo 158 Papaieira 435
Erva-cidreira 163 Fel-da-terra 436
Verbena 174 Chicória 440
Alteia 190 Caneleira 442
Arando 260 Cardo-santo 444
Urtiga-maior 278 Calumba 446
Alcaçus 308 Coentro 447
Serpão 338 Cominho 449
Macela 350 Genciana 452
Alcaravia 355 Condurango 454
Funcho 360 Anis-estrelado 455
Camomila 364 Jasónia 456
Hortelã-pimenta 366 Loureiro 457
Manjerona 369 Lúcia-lima 459
Segurelha 374 Em muitas ocasiões, a dor abdominal deve-se
Poejo 461
a transtornos funcionais da digestão, tais
Baunilha 376 Anis-verde 465 como "nervos no estômago', excesso de
Gengibre 377 Verónica 475 gases, misturas inadequadas de alimentos e
prisão de ventre. As plantas digestivas
Boldo 390 Zimbro 577 regulam e normalizam os processos digestivos,
Dente-de-leão 397 Levístico 578 desde que se corrija primeiramente o factor
causal.
Cálamo-aromático 424 Aljôfar 579
Ananás 425 Monarda 634
Angélica 426 Salva 638
Absinto 428 Milefólio 691
Estragão 430 Aloés 694

O funcho (pág. 360) pertence à família das


Umbeliferas, j u n t a m e n t e com o endro, a
angélica, a alcaravia, o coentro, o anis e o
cominho, entre outras plantas. Todas elas
produzem essências de acção digestiva e
carminativa (combatem os gases intestinais).

348
Anethum
graveolens L

Preparação e emprego

Endro USO INTERNO


Aperitivo O Infusão com uma colher de so-
pa (mais ou menos 15 g) de se-
e antiflatulento mentes, em meio litro de água. To-
mar 2 ou 3 chávenas diárias, de-
pois das refeições.

O
ENDRO é uma das plainas
medicinais mais antigas: os
Egípcios, os Gregos e os Ro-
manos já a conheciam e apreciavam,
usando-a como remédio e como con-
dimento.
O seu aspecto é muito semelhante
ao do funcho, e diz o médico espa-
nhol do século XVI, Andrés de Lagu-
na, que «se o gosto não fosse o juiz, fa-
cilmente se enganaria a vista, toman-
do um pelo outro».
Efectivamente, o endro tem um sa-
bor mais forte e picante do que fun-
cho, ainda que as propriedades de
ambos sejam muito semelhantes.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As se-


Sinonímia científica: Anethum
mentes do endro contêm uma essên- sowa Roxb.
cia (3%-4%), cujo componente mais
Outros nomes: endro-ordinário, endrão,
importante é a carvona. É um podero- anato, funcho-bastardo.
so carminativo (elimina os gases e fla-
Esp.: eneldo, aneto, anega, anisillo, hinojo
tulências intestinais), e aperitivo, além [falso]. Fr.: aneth (odorant), fênoueilpuant.
de diurético, galactogogo (aumenta a Ing.: [garden] dili, dilly, sowa.
produção de leite) e ligeiramente se- Habitat: Originário da Ásia Menor e
dativo. Também tem efeito emenago- actualmente disseminado, tanto em estado silvestre
go (estimula a menstruação). como cultivado, em toda a Europa mediterrânea e
América.
As suas indicações mais importan-
tes são os arrotos e os soluços infan- Descrição: Planta herbácea da família das
Umbelíferas, que atinge de 30 a 50 cm de altura. O
tis, assim como o excesso de gases no caule é estriado e as flores, amarelas, estão dispostas
estômago (aerofagia) c as flatulências em umbelas de 15 a 30 raios desiguais.
intestinais dos adultos IOI. Partes utilizadas: as sementes.
Também se utiliza como sedativo
no caso de vómitos, e como estimu-
lante da secreção do leite nas mães
que amamentam.

34
AnthemlsnoblIlsL
* í*

Preparação e emprego

Macela USO INTERNO


O Infusão: 5-10 g de capítulos
Digestiva por litro de água. Tomam-se até 6
chávenas por dia.
e antiespasmódica
O Pó: A dose oscila entre 2 e 10
g diários. Ingere-se diluindo-o em
água, acompanhado com um pou-
co de mel.
€> Essência: Administram-se 2-4
gotas, 3 vezes ao

T AMBÉM se chama camomila-


-romana a esta planta, porque
se cultivava cm Roma, nos sé-
culos XVI e XVII. Não consta, no en-
tanto, que fosse conhecida pelos anti-
USO EXTERNO
O Compressas embebidas em
uma decocção de 20-30 g de ca-
pítulos por litro de água, que se
gos Gregos ou Romanos. aplicam sobre a pele.
A pesar de as suas propriedades se- 0 Lavagens oculares com a
rem muito semelhantes às da verda- mesma decocção.
deira camomila (pág. 364), esta plan- © Fricções: Aplicam-se sobre a
ta conservou a sua personalidade pró- pele com a essência dissolvida
pria e o seu lugar na fitoterapia. em álcool.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A
essência da macela, ou camomila-
-romana, contém caznazuleno, de
acção antí-inflamatória, diversos éste-
res e um princípio amargo de acção
digestiva e carminativa (ajuda a ex- Outros nomes: macela-dourada,
pulsar os gases intestinais). Contém maceia-fior, maceta-galega, macefa-de-
além disso cumarinas e ílavonóides de •botão, macelão, marcela, camomila-de-
•paris, camomila-romana, falsa-
acção antiespasmódica. Possui tam- -camomila.
bém propriedades emenagogas (esti-
Esp.: manzanilla romana, camomila
mula e normaliza a menstruação) e romana, matricaria. Fr.: camomille
anti-reumáticas. romaine. Ing: Roman camomila, English
Aplica-sc em uso interno: camomila.
Habitat: Campos cultivados, prados e
• Afecções digestivas (principal apli- alqueives de terreno silicioso da Europa
cação): indigestões, dispepsia (di- Ocidental. Conhecida no continente
gestão difícil), flatulências, náuseas americano.
[O.0OI. Descrição: Planta vivaz da família das
• Cólicas intestinais, biliares ou re- Compostas, de 10 a 30 cm de altura e vilosa
nais: como antiespasmódica IO.©,0). ao tacto. É mais baixa e ramificada que a
camomila. As suas folhas são muito finamente
• Dores menstruais IO.O,©l segmentadas. Os capítulos florais são muito
Externamente usa-se para: parecidos com os da camomila, mas têm um
aroma mais intenso.
• Reumatismo: em Fricções MM. Partes utilizadas: os capítulos florais.
• Cicatrização das feridas, mediante a
aplicação de compressas sobre a pele
101.
• Lavagens oculares: como colírio l©l.

350
Preparação e emprego
Aspérula-
-odorífera USO INTERNO
O Infusão: 40-50 gramas de
Uma planta eficiente planta seca por litro de água,
mas pouco utilizada de que se ingerem 2 ou 3 chá-
venas por dia.

USO EXTERNO
© Lavagens oculares: Fa-
zem-se com uma decocção
de 50 g de planta por litro de
água. Deve ferver durante pe-
lo menos 5 minutos, para que
fique esterilizada antes de se
aplicar aos olhos.

N OS PAÍSES germânicos, há
muitos séculos que se fabrica
com ela O Muiwein (vinho de
Maio), bebida alcoólica obtida por
maceração das aspérulas em vinho
branco. Felizmente, o seu uso é cada
vez menor, pois, quando se toma com
certa regularidade, provoca violentas
dores de cabeça, perda da memória e
Uanstornos do sistema nervoso. Outros nomes:

Esp.: aspérula olorosa, aspérula,


PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O seu asperila [de los bosques], hepática
princípio activo é o asperulósido, um estrellada, hierba de las siete
gHcósiclo que se transforma em cu- sangrias, reina de (os bosques.
marina quando a planta se seca. São Fr.: aspérule [odorante], reine des
muitas as propriedades atribuídas à bois. Ing.: [sweet] woodruff.
aspérula:
Habitat: Vive nos bosques frescos e
• Antiespasmódíca: Facilita a digestão faiais da zona temperada da Europa.
das pessoas nervosas. Combate os es- Cultivada nos Estados Unidos e
pasmos do estômago c do intestino noutros países da América.
IOI. É este o seu efeito mais importante.
• Sedativa e soporífera (indutora do Descrição: Planta vivaz da família
sono) em doses altas IOI. das Rubiáceas, que atinge 20-30 cm
de altura. As suas folhas, que
• Anticoagulante e fluidificante do nascem em grupos de 6 ou 8, têm
sangue IOI. forma lanceolada e uma superfície
áspera, tal como o seu nome indica.
• Diurética e anti-séptica urinária,
As flores são brancas.
pelo que o seu uso c também indica-
do no caso de infecção urinária (pie-
Partes utilizadas: toda a planta,
lonelrite e cistite), assim como de lití- salvo a raiz.
ase (pedras nos rins) IOI.
• Anti-inflamatória ocular: Aplica-se
em caso de blefarite (inflamação das
pálpebras) e conjumivive l€M.

351
Atropa
beiladonna L
H

Beladona
Tóxico potente
e medicamento
insubstituível

R EFERE Mattíoli, notável botâ-


nico italiano cio século XVI,
tradutor e comentador dos li-
vros de Dioscórides, que os toscanos
chamavam a esta planta herba brlla (fau-
Outros nomes:
beladama, erva-midriática,
erva-moura-fuhosa. Brasil:
na. erva-envenenada.
- Que olhos tão grandes e brilhan- Esp.: belladona, belladama,
tabaco bastardo, botón negro,
tes que tens! domo os conseguiste? - solano mayor. Fr.: belledone.
pergunta uma dama a outra. Ing.: beiladonna.
- É muito fácil: deixando cair nos Habitat: Cria-se espontaneamente
olhos umas gotinhas do sumo que dei- em bosques montanhosos e
tam as bagas negras de uma planta sombrios da Europa Central e
que cresce nas montanhas. Meridional, e da América do Sul.
Descrição: Planta vivaz da família das
Foi possivelmente assim que, na Itá- Solanáceas, que chega a atingir 1,80 m de
lia medieval e renascentista, surgiu a altura. Tem folhas largas e ovaladas, flores grandes e
moda de andar com as pupilas dos o- solitárias com forma de campânula e de cor púrpura ou violeta. Os frutos são bagas
Ihos dilatadas. Mas não foram só as de cor negra e brilhante, semelhantes a cerejas.
mulheres que usaram esta planta que Partes utilizadas: as folhas e a raiz.
servia para fins cosméticos. Os bruxos
e envenenadores medievais descobri-
ram que, dando-a a ingerir às suas ví-
timas, podiam produzir alucinações e
delírios, além de uma grande varic- Precauções

Não se recomenda o seu emprego de beladona. Umas horas mais tar-


em forma de planta medicinal, pois de não conseguia engolir, e sofria os
CHO -CO-CH - CH.OH torna-se muito difícil aplicar a do- efeitos secundários de uma dose ex-
se correcta e podem produzir-se in- cessiva de beladona.
toxicações. Só o médico tem competência pa-

<D
CH Font Quer, o notável botânico e far- ra aplicar correctamente esta plan-
macêutico espanhol, relata no seu ta, que tanto pode curar como ma-
livro, Plantas medicinales: El Dios- tar. E dado o potente efeito da sua
córides renovado, como certo dia, acção, é mais seguro utilizar o prin-
em que se sentiu constipado e com cípio activo da atropina, sob a for-
alguns sintomas de asma, ele mes- ma de preparações farmacêuticas,
Fórmula química da atropina, o mo preparou o que lhe pareceu uma cuja dosagem é perfeitamente co-
alcalóide mais importante da be-
ladona. Trata-se de uma substân- ligeira infusão com algumas folhas nhecida.
cia muito potente, que faz parte
de diversos medicamentos.

352
Precauções

As bagas desta planta, de sabor um


tanto doce, são parecidas com ce-
rejas, e podem ser confundidas pe-
las crianças. Dez bagas podem cau-
sar a morte a um adulto, e 3 ou 4
a uma criança. A intoxicação ma-
nifesta-se por excitação nervosa, pu-
pilas dilatadas e visão turva, secu-
ra da boca, taquicardia e enrubes-
cimento do rosto.
Os primeiros socorros consistem
em provocar o vómito e administrar
carvão vegetal em pó, dissolvido em
água, a que se pode acrescentar
sulfato de magnésio. É necessário
transportar o mais depressa pos-
sível a pessoa afectada para um
hospital.

Na Idade Média, as damas utilizavam o sumo das bagas da beJadona como


colírio, para dilatar as pupilas e aumentar o brilho dos olhos. A beladona, e

^àâ* o seu alcalóide atropina, já não se usam pelo seu pretendido efeito embele-
zador, mas sim como um fármaco insubstituível em medicina de urgências e
em anestesiologia.

dade de efeitos sobre o organismo. In- torna-se insubstituível em medicina, es- todas as glândulas digestivas, incluin-
gerida em certa quantidade, causava pecialmente em anestesiologia. do as salivares (produz secura da
até mesmo a morte. PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a boca).
Foi devido aos notáveis e variados planta, particularmente as folhas, • Antiarrítmica: Utiliza-se no caso de
efeitos tóxicos desta planta, que Li- contém potentes alcalóides (atropina bradicardia (pulso lento) e para nor-
neu, o grande naturalista sueco do sé- e hiosciamina). malizar o ritmo cardíaco.
culo XVIII, lhe deu o nome de Atropa A ATROPINA é um parassimpatico-
be.Lladonna. Atropa era uma das três • Antiasmática: Relaxa os músculos
lítico, isto é, uma substância que blo-
Parcas da mitologia grega, uma divin- dos brônquios, aumentando-lh.es o
queia a transmissão do impulso ner-
dade de cujas mãos pendia o fio da voso nos terminais do sistema paras- diâmetro (acção broncodilatadora).
vida dos humanos, e que o cortava ca- simpático. São estas as suas proprie-
prichosamente a seu bel-prazer. Clinicamente, são muitas as apli-
dades mais importantes: cações da beladona e do seu princípio
Já no século XIX, o progresso da • Midriática: Provoca a dilatação das activo mais importante, a atropina.
bioquímica e da Fisiologia permitiu pupilas. Emprega-se muito na oftalmologia,
isolar a atropina, o alcalóide mais im- pelos efeitos que exerce sobre a pupi-
portante da beladona. As experiên- • Antiespasmódica: Faz relaxar os la; nos espasmos e cólicas do aparelho
cias científicas foram revelando os músculos do tubo digestivo e dos ca- digestivo e urinário, pelo seu efeito
muitos efeitos da atropina no orga- nais urinários, aliviando os espasmos antiespasmódico; nos transtornos do
nismo, e as suas aplicações terapêuti- e as cólicas. ritmo cardíaco e em muitas outras si-
cas. Em doses controladas, a atropina • Anti-secretora: Reduz a secreção de tuações clínicas.

353
Capslcum
frutescensL. K

Pimentão Preparação e emprego

Estimulante e revulsivo
USO INTERNO

O PIMENTÃO, tanto o doce


como o picante, era o condi-
mento mais apreciado pelos
Maias. Foi uma das primeiras plantas
que os Espanhóis, após o descobri-
O Como hortaliça: Em qual-
quer das suas preparações cu-
linárias.
® Seco em pó
mento ou o encontro com a América,
trouxeram consigo para a Europa, USO EXTERNO
onde rapidamente se expandiu o seu © Cataplasma: com pimentões
consumo. picantes, que se aplica sobre a
zona dorida, cobrindo-a depois
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas
com um pano de lã.
as variedades de pimentões contêm o
alcalóide capsicina (os picantes em
maior proporção), além de carotenos
e vitaminas (especialmente a C). O pi-
mentão picante estimula a produção
de sucos gástricos e intestinais, acti-
vando todos os órgãos digestivos. É
bom para quem sofra de digestões
lentas ou pesadas, para quem sofra de
plose gástrica (estômago caído) e
para os que tenham falta de apetite
IO). No entanto, sempre em pequenas
doses, pois a capsicina que contém
pode provocar gastrite e enterite.
Aplicado externamente, o pimento
picante é rubefaciente (irrita a pele e
as mucosas) e revulsivo, pelo que au-ai
o sangue para a pele e assim descon-
gestiona os órgãos e tecidos internos. Precauções
Por isso se utiliza no reumatismo,
lumbago, torcicolos e dores muscula-
res 101.
Devem abster-se de usar o pi-
mentão picante aqueles que so-
F Pimento fram de gastrite, de úlcera gas-
troduodenal, de colite e de he-
morróidas.
Outros nomes: pimentão-de-cheiro,
pimentão-de-caiena, pimenta-
-malagueta, jindungo, piripiri, cabeia.
Esp.: chile (largoj, chilejuipin, chile
0 pimento, ou pimentão-doce (Capsi- Dado que o alcalóide capsicina,
picante, guidilla, ají picante, ajíchirei,
cum annuum L)*, tem acção antifla- responsável da acção picante, se chilpepe, chivato, tempechile.
tulenta e laxante, se for comido cru ou elimina também pela urina, irri- Fr.: piment, poivron. Ing.: pepper,
assado no forno. Do mesmo modo que tando na sua passagem as mu- paprika.
o picante, também estimula a pro- cosas que revestem os canais uri- Habitat: Cultivado como hortaliça ou
dução de sucos digestivos. Frito, tor- nários, devem evitá-lo igualmente como condimento, em todos os países
na-se muito indigesto. É rico em caro- os homens que sofram da prós- tropicais e temperados.
teno (provitamina A). Dado o seu baixo tata (pode provocar retenção da Descrição: Planta da família das
conteúdo em hidratos de carbono e gor- urina), assim como as mulheres Solanáceas, de que existem mais de
duras, recomenda-se especialmente que sofram de cistite (inflamação cinquenta variedades. O fruto é verde,
aos diabéticos e obesos 10.01. da bexiga). vermelho ou amarelo, mais terminado
em ponta se for picante.
' Esp.: pimiento dulce, ajídulce. pimentón, Partes utilizadas: O fruto.
bombalón.

354
CarumcarvíL
Õ r r

Alcaravia Outros nomes: alcarovia, alcorovia,


cherivia, alchkovia, cominho-dos-prados,
carvi.
Combate os gases Esp.: alcaravea, carvia, carvi, carvi-comino,
digestivos comino de prado, hinojo de prado.
Fr.: cumin [des prés), carvi. Ing.: caraway.

O NOME desta planta tem res-


sonâncias arábicas, que nos le-
vam a imaginar os exóticos e
suculentos pratos orientais. A alcara-
via é originária dos países do Medi-
terrâneo Oriental. Usa-se como con-
dimento desde tempos muito remo-
tos. O pão, as hortaliças, os queijos, os
pastéis, e uma infinidade de pratos e
molhos, são beneficiados com o seu
Habitat: Comum nos prados e pastagens de regiões
aroma. montanhosas, embora também se cultive. Encontra-se
por toda a Europa e na metade norte do continente
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Na americano, se bem que o seu uso se tenha estendido a
composição desta planta, do mesmo * todo o mundo.
modo que na de outras umbelíferas si- Descrição: Planta bienal, de 20 a 60 cm de altura,
milares, como o anis (pág. 465) e o pertencente à família das Umbeliferas. As folhas são
escassas e finas: as flores, pequenas e agrupadas em umbeias.
funcho (pág. 360), destacam-se so- Os frutos são pequenos mas muito aromáticos.
bretudo as essências. A mais abun-
dante delas é a carvona, responsável Partes utilizadas: os frutos.
pelo grande efeito carminativo (anti-
llaiulento) dos seus pequenos frutos. U? Preparação e emprego
«Resolve as ventosidades do estô-
mago», dizia dela Andrés de Laguna,
ilustre médico e botânico do século USO INTERNO
XVI. E certamente a alcaravia é uma de água açucarada, duas ou três ve-
O Infusão: Meia colher (de sobre- zes ao dia.
das plantas com maior efeito carminati- mesa) de frutos, por cada chávena
vo. Daí o ser indicada nos casos em de água. Toma-se uma chávena de- © Com o leite: Ao leite ou à água
que haja excesso de gases: pois de cada refeição. do preparado lácteo (fórmula láctea)
dos bebés, junta-se meia colher (de
• aerofagia: deglutição de ar seguida © Essência: Até 3 gotas, três vezes sobremesa) de frutos, por litro. Fer-
de arrotos; ao dia. Aos lactentes dá-se uma ou ve-se e coa-se.
duas gotas dissolvidas num pouco

O Condimento • aerogastria: dilatação do estômago para os bebés com excesso de gases,


por gases; que a podem tomar juntamente com
• aerocolia: excesso de gases no intes- o leite- fôl.
Triturada em toda a espécie de pra- tino;
tos, acompanha especialmente bem • aero... A alcaravia também é eupéptica
as saladas e as hortaliças flatulen- (facilita a digestão), ligeiramente diu-
Faz desaparecer os Halos, e acalma
tas, como as couves. OS espasmos e convulsões intestinais rética, e ajuda a secreção láctea das
IO,©). É portanto de grande utilidade mulheres que amamentam IO.0I.
Cochlearia
offídnalisL

Cocleária
Antiescorbútica
e tónica digestiva

N AS COSTAS da Inglaterra,
atraca um barco que acaba de
chegar de uma longa viagem
pelo Atlântico. Achamo-nos em pleno
século XVIII, no tempo do capitão Ja- Outros nomes: cocleária-maior, cocleária-oficinal, erva-da$-colheres.
mes Cook, época de grandes viagens Esp.: cocleária, hierba de la cucharra, hierba dei escorbuto, rábano vagisco.
Fr.: cochléaire, herbe à la cuillère, herbe au scorbut. Ing.: scurvy grass, scorbute
e de intrépidos exploradores. grass.
- A tripulação está muito dizimada Habitat: Disseminada por terrenos pedregosos e húmidos, perto do mar ou de
- diz o capitão aos poucos aldeãos que cursos de água. É pouco frequente no Centro e no Norte da Europa, assim como na
aparecem a recebê-los. - Sentimo-nos metade norte do continente americano.
muito debilitados e as feridas não nos Descrição: Planta vivaz da família das Cruciferas, que atinge de 10 a 25 cm de
cicatrizam. No entanto não nos faltou altura. As folhas são carnosas, de pecioio longo, de cor verde escura e em forma de
a ração de trigo, cevada e carne seca. coração. As flores, brancas ou rosadas, crescem nos cachos terminais.
- Sangram-me as gengivas, e estão Partes utilizadas: a planta inteira fresca.
muito inchadas! — exclama penosa-
mente um curtido marinheiro.
Um dos camponeses observa como
descem da embarcação aqueles ho-
mens rudes, que foram capazes de
u> Preparação e emprego
vencer os embales do mar, mas que se
encontram abatidos por deficiência
da alimentação. USO INTERNO excelente tónico contra a astenia (fa-
diga) primaveril. Tomar um copo diá-
- Creio que tenho um remédio O Verdura: As suas folhas e caules rio, de manhã.
para vocês! - diz O humilde aldeão. - frescos podem comer-se como sa-
1 lá uma ervinha que cresce por estas lada, só ou acompanhada de outras USO EXTERNO
costas e que vos pode devolver o vigor verduras.
© Compressas embebidas com in-
que o mar vos roubou. K a "erva do es- fusão de cocleária, que se preparam
O Sumo: Convém bebê-lo imedia-
corbuto", que cura a doença dos na- tamente, para não se perderem as com 50 g de planta por cada litro de
vegantes. suas vitaminas. Só, ou misturado água. Aplicam-se sobre as zonas do-
Os marinheiros comem esta planta com sumo de laranja, constitui um ridas.
durante vários dias, e os seus sintomas
começam a desaparecer.

356
A dieta dos antigos marinheiros, ã base de carne seca, peixe e farinha, era muito deficiente em vitamina C. Devido ã sua
riqueza nesta vitamina, a cocleária salvou a vida de muitos marinheiros atacados de escorbuto nos séculos passados.
Actualmente, esta planta é utilizada por causa da sua acção tonificante e digestiva.

Sabemos hoje que a cocleária, tempos antigos, a cocleária continua creção de sucos gástricos e a activida-
scurvy grass (erva do escorbuto, em a ser usada pelas suas propriedades de de todo o aparelho digestivo, faci-
inglês), contém grandes doses de vi- medicinais e pelo seu agradável sabor. litando a digestão. Convém aos que
tamina C, precisamente o que faltava PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a têm falta de apetite, aos que sofrem
na dieta dos marinheiros, isenta de parte aérea da planta contém um gli- de atonia gástrica (sensação de estô-
frutas e verduras frescas. cósido sulfurado (glicoclearina), e mago cheio e dilatação) e, em geral,
um fermento chamado mirosina, que aos que sofrem de digestões pesadas
Nem Dioscórides no século I d.C,
o transforma em isossulfocianato de 10.01.
nem os seus comentaristas do Renas-
cimento, sabiam da existência desta butilo, substância semelhante à essên- • Diurética e depurativa: Favorece a
planta. Tendo o seu habitat no Atlân- cia de mostarda. A ele se deve o seu eliminação de substâncias ácidas resi-
tico e não se dando nos países medi- sabor parecido com o do agrião ou o duais, como a ureia e o ácido úrico.
terrâneos, foi ignorada pelos grandes da mostarda. A planta contém ainda Torna-se útil a alguns reumáticos, aos
herbanários e médicos da área latina a vitamina C, tanino e sais minerais. artríticos e gotosos, e aos sobrecarre-
da Europa. Mas nos séculos XVII e As suas propriedades são: gados por uma alimentação excessi-
XVIII fizeram-se, na França e na In- • Antiescorbútica: Devido ao seu con- vamente rica em carnes IO.0I.
glaterra, grandes plantações de cocle- teúdo em vitamina C, e à sua capaci- • Rubefaciente em uso externo: Usa-
ária, para socorrer os marinheiros e dade para estimular globalmente o -se, como a mostarda (pág. 663), para
exploradores que voltavam doentes metabolismo. Convém aos debilitados atrair o sangue para o exterior, com o
das suas viagens, por carência da por outras doenças, e a quem siga fim de descongestionar os órgãos in-
então desconhecida vitamina C. uma dieta deficitária em frutas e ver- ternos. Aplica-se em compressas sobre
Hoje em dia, embora o escorbuto duras frescas IO,©l. a zona afectada (articulações infla-
já não seja tão frequente como nos • Aperitiva e digestiva: Estimula a se- madas, por exemplo) lôl.

357
9] (>] 10] e

Preparação e emprego

Dictamno
USO INTERNO
Aromático e tonificante O Infusão com uma colher de so-
bremesa de folhas frescas (5 g)
ou uma grande de folhas secas,
por chávena de água. Podem-se
acrescentar uns gramas de cas-
ca triturada. Tomar até duas chá-
venas, bebendo-as por sorvos, ao
longo de todo o dia.

E STA PLANTA é muito bela e


perfumada», dizia Mattioli, o
mais ilustre intérprete e tradu-
tor das obras de Dioscórides, referin-
do-se ao dictamno. «O que indica que *.v».
não a terá criado a natureza sem ex-
celentes faculdades.»
y? Dictamno-real
Curioso, este raciocínio do médico
renascentista: É bela, logo será boa.
Assim, até ao século XX, alribuíram- Existe no continente americano o
-se grandes virtudes a esta planta; ain- dictamo-real ou fraxinella, [Dic-
da que com escasso fundamento. tamnus fraxinella L)*, que é mui-
Hoje conhecemos melhor as suas ver- to semelhante ao dictamno euro-
dadeiras propriedades. peu e tem as mesmas proprie-
dades. Por isso se atribuem in-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- distintamente a ambas as espé-
tém um óleo essencial rico em anetol cies os mesmos nomes vulgares.
e estragol, saponinas, princípios amar-
* Esp.: dictamno real.
gos e colina, assim como dictamnina,
um alcalóide que actua sobre o útero.
Tem propriedades emenagogas, di-
gestivas, antiespasmódicas, vermífu-
gas e diuréticas. É um tónico geral do
Outros nomes: dictamno-branco,
organismo IOI. fraxinela.
Usa-se actualmente como ingre- Esp.: dictamo, fresnillo, chitán.
diente em muitas receitas de plantas Fr.: dictamne. Ing.: dittany, fraxinella.
medicinais, pelo seu agradável aroma. Habitat: Planta espontânea no Sul e
Centro da Europa, embora pouco
frequente. Introduzida no continente
americano. Cultiva-se como planta
ornamental em parques e jardins, e
Precauções como planta medicinal.
Descrição: Planta vivaz, da família das
Rutáceas, que atinge de 50 a 70 cm de
altura. As folhas lembram as do freixo,
Em doses elevadas, pode provocar de onde lhe vem o nome de fraxinela. As
hemorragias uterinas e abortos. O dic- flores são grandes, cor-de-rosa ou
tamno é contra-indfcado na gravi- brancas, muito cheirosas.
dez. Partes utilizadas: as folhas e a casca
da raiz.

358
Fervia
assafoetídaL
m D
Preparação e emprego

Assa-fétida USO INTERNO

Nauseabunda, mas O Lagrimas: A assa-fétida


apresenta-se em forma de
m u i t o medicinal grãos de goma, chamados "lá-
grimas", de que se tomam até 8
por dia. Para atenuar o seu in-
suportável fedor, amassam-se
com miolo de pão e engolem-se
como uma pílula.

USO EXTERNO
ô Enemas: Contra os espas-
mos digestivos, é preferível apli-
cá-la em forma de enema (clis-
ter), que se prepara com uma
infusão com 4-5 g de assa-féti-
da em 2 litros de água a ferver.

Outros nomes:
Esp.: asafétida, estiércol dei
diablo. Fr.: assa fétide.

E
CURIOSO de ver como variam
os costumes e os gostos dos di- Ing.: asafétida.
versos povos e culturas. Na Eu- Habitat: Planta originária do
ropa (em Espanha) chama-se a esta continente asiático. Cresce
especialmente no Irão, na
planta "esterco do diabo" -poder-se-á Turquia e no Afeganistão, mas é
imaginar algo mais detestável?- en- conhecida em todo o mundo.
quanto que nos países árabes é co- Descrição: Árvore de 2-3
nhecida como "manjar dos deuses", e metros de altura, da família das
se utiliza até como condimento. Umbeliferas. A raiz e o tronco
soltam uma resina gomosa, com
Realmente, qualquer pessoa que a aspecto de suco leitoso,
prove, ou simplesmente que a cheire, conhecida como assa-fétida.
fica impressionada com o cheiro re- Partes utilizadas: a goma ou
pugnante que ela tem. No entanto, as resina que escorre do tronco e
suas qualidades medicinais são extra- da raiz da planta.
ordinárias.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O óleo


essencial sulfuroso, que lhe dá a sua
fetidez, actua como um excelente an-
tiespasmódico e sedativo. Alivia de
forma imediata as cólicas, as flatulên-
cias e contorções intestinais lO,©l. É
também muito eficaz em caso de
asma, tosse convulsa, espasmo da la-
ringe com sensação de asfixia (o cha-
mado crupe ou garrotilho) e palpi-
tações nervosas MN.

35
Foeniculum
vulgare Mill. A

Preparação e emprego

Funcho USO INTERNO


Limpa o estômago O Infusão com uma colher de
sobremesa de sementes por ca-
e os olhos da chávena de água. Tomam-se
3 ou 4 chávenas por dia, depois
das refeições. Para os catarros,
adoça-se com mel.
© Essência: A dose normal é
de 1 -3 golas, 2 ou 3 vezes ao
dia.
USO EXTERNO
€) Lavagens oculares com
uma infusão igual àquela que se
usa internamente.

O FUNCHO já era usado pelos


antigos Egípcios, contra as
más digestões. Na índia, exis-
te uma tradição que qualifica esta
planta de «pérola dos afrodisíacos», e
por isso faz parte de poções suposta-
mente excitantes. Hoje, porém, as
mais importantes aplicações são as di-
gestivas e respiratórias.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta, e especialmente as sementes,
contêm uma essência rica em anetol,
estrago] e hidrocarbonetos terpéni- Sinonímia científica: Foeniculum
cos. Vejamos as suas propriedades e foeniculum Karst., Foeniculum officinale
AH.
aplicações:
Outros nomes: funcho-vulgar, funcho-
• Carminativo: Facilita a expulsão dos - ordinário.
gases intestinais e estimula os movi- Esp.: hinojo, hinojo común, hinojo
mentos peristálticos do intestino amargo, anis [de Florencia), comino,
I©.©1. É ligeiramente laxante. eneldo, hierba santa. Fr.: fenouil.
Ing.: fennel.
• Digestivo: Facilita o esvaziamento
do estômago e a digestão. Dá bons re- Habitat: Oriundo dos países
mediterrâneos, mas amplamente
sultados nas digestões pesadas ou len- difundido por toda a Europa e América.
tas, e no excesso de gases ou arrotos Cresce em terrenos não cultivados e Precauções
no estômago IO.0I. ribanceiras secas.
• Expectorante: Indicado em catarros Descrição: Planta vivaz de 80 a 140 cm
brônquicos e constipações !©,©!. de altura, da família das Umbeliferas. Os
caules são maciços, de cor verde
• Galactogogo: Aumenta a produção azulada. As folhas são finamente Não ultrapassar as doses,
do leite nas mães que amamentam divididas e têm um aroma típico. As pois a essência que contém po-
IO.©l. flores são amarelas e agrupam-se em de provocar convulsões.
umbelas terminais.
• Externamente, uiili/a-se para lavagens
ou banhos oculares, nas conjuntivites Partes utilizadas: as sementes.
crónicas 101.

360
GalIumvervmL Çj\ ,X
D U Li LI
Preparação e emprego
Erva-
-coalheira USO INTERNO
O Infusão com 10-20 g de plan-
Coalha o leite e ajuda ta por litro de água, de que se to-
mam 3 chávenas por dia.
a digestão
USO EXTERNO
© Compressas: Preparadas
com esta mesma infusão, porém
mais concentrada (30-40 g por li-
tro). Aplicam-se sobre a zona da
pele lesionada.

Outros nomes: coalha-leite, erva-do-


coalho, galião.

A S ATRAENTES flores da erva-


-coalheira cheiram delicada-
mente a mel. Seguindo a re-
comendação de Galeno, têm sido uti-
lizadas desde há mais de vinte séculos
Esp.: gálio, cuajaleche, hierba
sanjuaneca, presera. Fr.: caille-iail
gaillet. Ing.: [yellow] bedstraw.
Habitat: Comum nos prados e
bosques de toda a Europa.
para coalhar o leite (gola/galahtos, em Naturalizada em regiões temperadas
grego). Continuam a fabricar-se com do continente americano.
esta planta, hoje, excelentes queijos, Descrição: Planta vivaz da família
como o Chester. das Rubiáceas, que atinge de 20 a 80
cm de altura. As suas pequenas
flores, que se apresentam em cachos
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a terminais, são amarelas.
planta contém asperulósido, glicósi-
Partes utilizadas: as sumidades
dos flavonóides e cumarínicos, assim floridas.
como pequenas quantidades de um
Fermento láctico, cujo eleito é re- #
forçado pelo conteúdo da planta em
ácidos cínico e tânico.
São estas as suas propriedades: «At,
• Antiespasmódica: Recomenda-se
para dispepsias funcionais (má di-
>f? Amor-de-hortelão
gestão devida a nervosismo), pelo seu
efeito relaxante e sedativo sobre a
musculatura dos órgãos digestivos IOI. A erva-coalheira é muito seme-
• Diurética: O seu uso é indicado nas lhante a outra planta da mesma
afecções das vias urinárias (litíase re- família, o amor-de-hortelão (Ga-
nal, cistite), hidropisia ou edemas (re- Hum aparine L)*, embora este não
tenção de líquidos nos tecidos) e obe- tenha a capacidade de coalhar o
sidade 101. leite.

• Vulnerária: Aplicada externamente, a * Esp.: amor de hortelano.


erva-coalheira contribui para a cica-
trização de feridas e a cura de golpes
e contusões 101.

361
Hlbiscus
abelmoschus L
o. f J í5J *J J

Preparação e emprego
Abelmosco
USO INTERNO
Fragrância que relaxa
O Infusão de 50 g de sementes
e tranquiliza por litro de água. Tomar 2 ou 3
chávenas diárias.

A S SEMENTES do abelmosco
são muno apreciadas pelos
perfumistas hindus e árabes,
que as utilizam, além disso, como
afrodisíaco. Pela acção do calor ou da
Rosa-do-japão

fricção, soltam um imenso aroma a al-


míscar c a âmbar. Nalguns lugares da A planta que aparece na gravura
América Central, juntam-nas ao caie, é a rosa-do-japão (Hibiscus rosa-
sinensis L),* também conhecida
para que este fique mais aromático.
por rosa-da-china e mimo-de-vé-
nus, que é um arbusto ornamen-
PttOPlUEDADfcS E INDICAÇÕES: AS se- ta), semelhante ao abelmosco.
mentes contêm um óleo essência
As suas flores, de cor vermelha,
com acentuado eleito antiespasmódi-
são adstringentes e empregam-
co, ou seja, capa/ de relaxar os mús-
-se em infusão, para aliviar a Irri-
culos das vísceras ocas espasmadas.
tação da garganta e para lava-
Por isso se empregam com êxito para
gens dos olhos.
acalmaras cólicas intestinais, biliares
ou renais, assim como os espasmos * Esp.: rosa de China.
uterinos que acompanham a mens-
truação dolorosa (dismenorreia) tOI.
Também têm um eleito sedativo so-
bre o sistema nervoso.
Outros nomes: hibisco.
Esp.: abelmosco, almizcle [vegetal],
afgafia, anaucho, íagario. Fr.: Ambreife,
graine à musc. Ing.: abelmosk, musk-
mallow.
Habitat: Originário da índia, encontra-se
com bastante frequência nas zonas
tropicais da Amér/ca Centrai. Cuitiva-se
nas Antilhas e na Guiana.
Descrição: Arbusto da família das
Malváceas, que atinge até 2mde altura.
As suas folhas apresentam vários
lóbulos irregulares. As flores são
grandes e muito vistosas, com pétalas
A rosa-do-japão, que aparece no amarelas ou vermelhas. Dentro delas
desenho e na foto, pertence ao formam-se as sementes, que têm a
género botânico 'Hibiscus', do forma de um rim e umas estrias
mesmo modo que o abelmosco, acinzentadas.
ao qual se assemelha. Partes utilizadas: as sementes.

362
Hiblscus
sabdaríffal.
*. U J U
Preparação e emprego
Hibisco
USO INTERNO
Bonita flor O Infusão com um punhado de
que tonifica e refresca flores, com o seu cálice, por cada
litro de água. Adoçar com mel e
beber a gosto, como refresco.

O GÉNERO Hibiscus abrange


umas 200 espécies, a maior
parle das quais se utiliza, pe-
las suas belas flores, como plantas or-
namentais em parques e jardins de
Outros nomes: use (em Angola).
Esp.: hibisco, cahamo de Guinea,
lodo o mundo. As mais utilizadas do acedera [roja] de Guinea, carcadé,
aíeiuya, {flor de) Jamaica, rosa de
ponto de vista medicinal, juntamente Jamaica. Fr.: oseille de Guinée,
com a sabdarijfa, são o abelmosco {///- groseilier (du paysj, karkadé.
biscus abelmosckvs L.), a rosa-do-japão Ing.: Guinea sorrel, Jamaica sorrel,
(Hibiscus rosa-sinensis L.) e a inilola roselle.
(Hibiscus tiliaceus [.., canto inferior di- Habitat: Oriundo do Sudão, cultivado
reito). no Egipto, no Ceilão e em zonas
tropicais do México.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As sé- Descrição: Arbusto da (amilia das
palas das flores do hibisco contêm áci- Malvàceas, que atinge até 2 m de
altura. As folhas têm de 3 a 5 lóbulos.
do hibíscico, assim como uma mistura As flores são de cor amarefa ou
de ácidos orgânicos (málico, cítrico e avermelhada.
lartárico) e um corante vermelho, Partes utilizadas: as flores com o
que lhe conferem as seguintes pro- seu cálice.
priedades:
• Digestivas e tonificantes: Devido ao
seu conteúdo em ácidos orgânicos, as «Al.

infusões de hibisco têm um efeito es-


timulante das funções digestivas e to- Milola
nificantes do organismo no seu con-
junto l©l.
A milola (nome pelo qual é co-
• Laxantes suaves: Têm uma acção nhecido em Angola e Moçambi-
emoliente (suavi/ante) sobre as mu- que o Hibiscus tiliaceus L.)* é cul-
cosas do tubo digestivo, pelo que faci- tivada nos trópicos do continente
litam a função de evacuação intestinal americano, onde em países de lín-
IOI. gua espanhola lhe chamam ma-
• Diuréticas: As Flores de hibisco têm jagua, gatapa, algodoncillo, clavel
um suave mas eficaz efeito diurético, de arbolito e jarcia blanca.
pelo que são de Utilidade para os obe- As fibras da sua casca usam-se
sos e para aqueles que sofrem do co- para o fabrico de cordas e sacos,
ração IO). e as folhas empregam-se para for-
ragem.
• Aditivo natural: Pelo seu sabor ligei-
ramente ácido, assim como pela cor As flores e a casca da raiz da mi-
vermelha que conferem aos seus pre- lola têm propriedades laxantes e
parados, as flores do hibisco utili/am- emolientes (aliviam a inflamação
•se como aditivo natural, para melho- das mucosas) do tubo digestivo.
rar o aspecto e o saboreie outras plan- * Esp.: damajagua.
tas medicinais ou preparados alimen-
tares IOI.
Matricaría |TX|
chamomIllaL \\J\ »

Preparação e emprego

Camomila
USO INTERNO
A tisana digestiva O Infusão: 5-10 g de capítulos
florais por litro de água (equiva-
por excelência lentes a 5-6 capítulos por chá-
vena). Tomem-se 3 a 6 chávenas
diárias, quentes.

USO EXTERNO
© Lavagens ocuíares, nasais
ou anais. Fazem-se com uma in-
fusão um pouco mais concen-
trada que a do uso interno (até

Q
UASE todas as pessoas,
50 g de capítulos por litro). Dei-
quando se faia de tisanas ou
xar repousar durante 15-20 mi-
Infusões, pensam imediata-
nutos e filtrá-la conveniente-
mente na camomila. Pode-
mente antes de a utilizar.
ria d i/.c:i-se que é a tisana por excelên-
cia. © Banhos: Realizam-se jun-
tando à água da banheira de 2 a
- Dê uma chávena de camomila a 4 litros desta infusão concentra-
este doente, antes de lhe retirar o soro da. Estes banhos, com água
- di/ o cirurgião a uma estudante de morna, têm um acentuado efeito
enfermagem. relaxante e sedativo.
Ambos se encontram diante de um O Compressas com a infusão
jovem de 15 anos, operado há dois concentrada: Aplicam-se sobre
dias, a uma apendicite aguda perfu- a zona da pele afectada.
rada. O seu aparelho digestivo esteve © Fricções com óleo de ca-
paralisado durante este tempo, devi- momila. O óleo de camomila
do à peritonite (inflamação do peri- prepara-se aquecendo em ba-
loneu, que é a membrana que reveste nho-maria, durante 3 horas, 100
o interior da cavidade abdominal e os g de capítulos em meio litro de
seus órgãos) que se produziu como azeite de oliveira. Filtra-se o azei-
consequência da apendicite. te e conserva-se numa garrafa.
- Doutor, porque é que recomenda
sempre camomila aos recém-opera-
dos? - indaga a futura enfermeira, de-
pois de terminada a visita. Outros nomes: camomila-alemã,
camomila-dos-alemães. camomila-legítima.
- Há já muitos anos que sigo a re- camomila-vulgar, mançanilha, margaça-
gra de recomeçar a alimentação oral -das-boticas. matricária.
dos recém-operados com uma tisana Esp.: manzanilla, manzanilla común,
de camomila. Assim me ensinaram os camomila, manzanilla de Aragón,
meus mestres na arte e na ciência da manzanilla de Castilla, manzanilla dulce,
manzanilla alemana. magarza.
cirurgia. A camomila estimula os mo- Fr.: camomille [d'Alemagne}.
vimentos peristálticos do intestino, e Ing.: [German] camomile.
fá-lo recuperar a sua função, depois Habitat: Abundante pelos campos, lugares incultos, valados e caminhos de toda a
de ter estado paralisado pela perito- Europa. Cria-se também em regiões temperadas do continente americano.
nite. Descrição: Planta herbácea anual da família das Compostas, que atinge de 20 a 50
- E como poderemos saber que a cm de altura. Os caules são muito ramificados e as flores agrupam-se em capítulos
de cerca de 2 cm de diâmetro, parecidos com os das margaridas. Têm um cheiro
camomila produziu efeito?
característico e sabor amargo.
- Já terá reparado que todos os Partes utilizadas: os capítulos florais.
dias, quando faço a visita, pergunto

364
e Outras aplicações
da camomila

• Contra os insectos: A camomila


em saquinhos, dentro do armário,
afugenta a traça e outros insectos.
• Relaxante: Acrescentada a sua in-
fusão, um tanto concentrada, à água
do banho.
^ífiJl
• Cosmética capilar: Os cabelos,
castanhos ou louros, lavados com a
sua infusão, adquirem maior brilho e
beleza.

Tomar uma chávena de camomila, depois de comer, é um bom e saudável


costume, tanto para os jovens como para os mais velhos.

aos recém-operados se já expulsaram camomila também estimula a motili- moderadora sobre as reacções alérgi-
ventosidades. Por grotesco que pa- dade do tubo digestivo, como já se dis- cas, como a asma, a rinite e a conjun-
reça, este é o melhor sinal de que o in- se. Por isso é boa para os recém-ope- tivite alérgicas. Recomenda-se nas cri-
testino voltou a funcionar. rados e os que sofram de excesso de ses alérgicas agudas, para acalmá-las,
gases, que ajuda a expulsar (efeito e como tratamento de fundo para evi-
- Agora entendo, d o u t o r - conclui
carminativo) (O). Na realidade, a sua tá-las. Os melhores resultados obtêm-
a aluna.
acção consiste em regular e normali- -se combinando a aplicação interna
zar o funcionamento intestinal. (tisanas) IOI com a externa (colírios,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O irrigações nasais) l©l.
princípio activo mais importante da • Eupéptica: Torna-se indicada, em
camomila é a sua essência, cujos com- forma de tisana, nas indigestões ou di-
• Cicatrizante, emoliente e antí-sépti-
ponentes mais importantes são o ca- gestões pesadas. Alivia as náuseas e vó-
ca: No uso externo, dá bons resultados
ma/uleno (anti-inflamatório) e o bis- mitos, e estimula ligeiramente o ape-
para lavar todo o tipo de feridas, úl-
sabolol (sedativo). Contém ainda fla- tite IOI. As camomilas mais amargas
ceras e infecções da pele (©I. Provou-
vonóides e cumarinas, assim como têm uma acção eupéptica mais in-
-se que o camazuleno é eficaz contra
um princípio amargo tonificante. São tensa.
o estafilococo dourado, o estreptoco-
muitas as propriedades desta planta, • Emenagoga: Estimula a função co hemolítico e o Proteus. A infusão de
confirmadas todas elas pela investi- menstrual, normalizando a sua quan- camomila constitui um colírio muito
gação científica: tidade e periodicidade. Alivia as dores apropriado para lavagens oculares em
das regras. Dioscórides já lhe pôs o caso de conjun ti vi te ou irritação ocu-
• Sedativa e antiespasmódica: Torna-
nome de Malricaria, de matrix (útero, lar l©I.Utiliza-se também como anti-
-se muito útil contra os espasmos do
em latim). -inflamatória, aplicada em forma de
estômago e do intestino, devidos a
nervosismo ou ansiedade IO.©) Tam- • Febrífuga e sudorífica: Fazendo bai- compressas sobre eczemas, erupções
bém se administra em cólicas de todo xar a temperatura e provocar a trans- e outras afecções da pele l©J. As lava-
0 tipo, especialmente nas renais e bi- piração, convém aos doentes febris, gens anais com a sua infusão desin-
liares (incorrectamente chamadas he- especialmente às crianças pequenas flamam as hemorróidas l@l.
páticas), pelo seu efeito sedativo e re- IOI.
• Anti i-climática: O óleo de camomi-
laxante {©.©I. • Analgésica: Acalma as dores de ca- la usa-se em fricções contra o lumba-
' Tónica intestinal e carminativa: Em- beça e algumas nevralgias IOI. go, torcicolo, dores reumáticas e con-
bora possa parecer um paradoxo, a • Antialérgica: Tem-se revelado muito tusões I©1.
Mentha piperíta L
& LLJ •

Hortelã- Preparação e emprego

-pimenta USO INTERNO


Tonifica e acalma O Infusão: 10-20 g de folhas e
sumidades floridas por litro de
as dores água. Ingerem-se de 3 a 5 chá-
venas por dia.
© Essência: Administram-se 1-3

E XISTEM muitas espécies e va-


riedades de hortelâ-pimenta, ou
menta, que se hibridam entre
si, mas q u e c o n s e r v a m as suas p r o -
priedades medicinais. Hipócrates já a
gotas, até 3 vezes ao dia.

USO INTERNO
© Compressas e fricções: Apli-
recomendava c o m o afrodisíaca, virtu- cam-se com a essência ou com
de q u e se lhe r e c o n h e c e q u a n d o to- o álcool mentolado.
mada em grandes doses.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém de 1 % a 3% de uma essência de
composição muito complexa, com
mais de cem c o m p o n e n t e s , e n t r e os
quais se salienta o mentol, um álcoo
a que se deve a maior p a r t e das suas Precauções
p r o p r i e d a d e s : digestiva, carminativa
(elimina os gases e as putrefacções in-
testinais), c o l e r é t i c a , anti-séptica,
analgésica, tonificante e afrodisíaca
em doses elevadas. A essência c o n t é m A essência, em doses altas e uso
alguns polifenóis de acção antivírica interno, pode provocar insónia e
em presença do vírus da hepatite A. irritabilidade. Inalada em doses
elevadas, pode causar espasmos
• Km uso interno: R e c o m e n d a - s e em da laringe nas crianças.
dispepsias, gases intestinais, cefaleias
e enxaquecas, espasmos e cólicas di-
gestivas, atonia gástrica ( e s t ô m a g o
d e s c a í d o ) , h e p a t i t e vi ri ca (tipo A) e
esgotamento físico IO.01
• Externamente, as fricções c o m essên-
cia em dissolução alcoólica (álcoo Outros nomes: menta.
mentolado) aliviam as doTes reumáti- Esp.: menta, {menta) píperiia. menta inglesa, menta
cas e musculares, assim c o m o as ne- negra, toronjil [de menta]. Fr.: menthe (poivrée),
vralgias l€M. menthe anglaise. Ing.: peppermint, mini
Habitat: Terrenos frescos e sombrios de toda a
Europa e América do Sul. Cultiva-se pela sua
CH, essência, especialmente na Inglaterra.
I Descrição: Planta herbácea da família das
CH Labiadas, com caule violáceo e quadrangular, de 40

O CH
I
CH
CHOH Fórmula
química do
mentol, um dos
100
a 80 cm de altura. As inflorescências são cor-de-
^rosa ou violáceas, e dispõem-se em espigas
terminais.
Partes utilizadas: as folhas e as sumidades
floridas.
componentes
da essência da
CH, CH, menta.

366
Nepeta cataria L
a i Q Q
Preparação e emprego
Nêveda-dos
-gatos USO INTERNO
O Infusão com 30 g da planta por
litro de água. Toma-se uma chá-
Alivia as cólicas vena quente depois da cada re-
feição (3-4 por dia), que se pode
adoçar com uma colherada de
mel.

O S GATOS sentem-se especial-


mente atraídos pelo cheiro
desta planta, e é possível que
eles mesmos também a utilizem como
remédio. A tisana desta nêveda lem-
bra a da hortelã-pimenta, embora seja
menos aromática. A nêveda está hoje
um pouco caída no esquecimento,
mas contínua a ter interessantes pro-
priedades.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém uma essência rica em
carvacrol e timol, assim como lactona
e ácido nepetálico. Tem propriedades
antiespasmódicas, antidiarreicas, car-
minativas (elimina os gases dos inies-
tinos) e também peitorais. Usa-se so-
bretudo para acalmar as diarreias e as
cólicas que as acompanham IO); tam-
bém como antiflatulenta e como pei- Outros nomes: nêveda, erva-dos-
toral, no caso de catarro brônquico -gatos, erva-gateira, catéria. Brasil:
mentrasío.
101.
Esp.: nébeda, népeta, gatera.
hierba de los gatos, albahaca de los
gatos, menta gatuna, menta de
gatos. Fr.: cataire, herbe aux chats.
!ng.: catnip, catmint.
Habitat: Terrenos baldios e
pedregosos de grande parte da
Europa e da América do Norte.
Descrição: Planta vivaz da família
das Labiadas, que atinge de 20 a 60
cm de altura. As suas flores são
rosadas ou amareladas, o que a
distingue da erva-cidreira. Toda a
planta exala um cheiro típico a
hortelã.
Partes utilizadas: as sumidades
floridas e as folhas.

36
Odmum
basilicum L
a J a
Preparação e emprego
Manjericão-
-grande USO INTERNO
O Infusão com 20-30 g por litro
Facilita a digestão de água, de que se toma, depois
de cada refeição, uma chávena
e tonifica quente, adoçada com mel para
maior efeito.
© Essência: de 2 a 5 gotas, três
vezes ao dia.

USO EXTERNO
€) Fricções tonificantes com a
essência.
O Banhos: Junta-se a essência
à água do banho, para aproveitar
os seus efeitos tonificantes.

Outros nomes: manjerico-de-folha-

A LLM do sen agradável aroma,


é um condimento culinário
mui lo apreciado e possui in-
teressantes qualidades medicinais.
-grande, basilico, aifadega, alfavaca.
Brasil: manjehcão-roxo.
Esp.: albahaca, basilico, orégano [falso],
hierba real. Fr.: [grandj basilic.
Ing.: [sweet] basilic.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Habitat: Originário da índia e da Indonésia,
onde cresce espontaneamente. Desde
planta contém um óleo essencial rico
tempos muitos antigos que se encontra
em estragol (como tem o estragão, aclimatado na Europa. Difundido pelas
pág. 430) e eugenol (como tem o cra- regiões tropicais e subtropicais da
vinho, pág. 192), assim como linalol e América e de todo o mundo.
terpenos. A esta essência atribuem-se Descrição: Planta herbácea vivaz,
as seguintes propriedades: da família das Labiadas, que atinge
50 cm de altura, com folhas
• Autiespasmódico: Acalma os trans- lanceoladas de cor verde-clara. As
tornos digestivos de origem nervosa, flores são brancas ou rosadas, e
como sejam os espasmos gástricos dispõem-se em ramalhetes
(nervos no estômago), a aerofagia terminais.
(excesso de gases e arrotos) e a dis- Partes utilizadas: as folhas e as
pepsia nervosa (digestões lentas devi- flores.
das a tensão nervosa). Acalma tam-
bém as enxacpiecas devidas ou asso-
ciadas a uma má digestão IO.0I. Precauções
• Tonificante tio sistema nervoso e
cardiovascular: Recomcnda-sc nos ca-
sos de astenia, esgotamento nervoso,
fadiga e hipotensão arterial (tensão Em doses elevadas, a essência,
baixa) IO.G.OI. no uso interno, pode provocar
efeitos narcóticos; e, aplicada ex-
• Galactogogo: Aumenta a produção ternamente, pode irritar as mu-
de leite nas mães lactantes IO.OI. cosas.
• Emenagogo: Facilita a menstruação
c diminui as dores devidas a espasmos
ou congestão uterina IO.OI.

368
Oríganum
majoranaL

Preparação e emprego

Manjerona USO INTERNO


O Infusão: 40-50 g de sumida-
Sedante e disgestiva des por litro de água. Podem-se
tomar até 3 chávenas por dia.
© Essência: A dose habitual é de
4-6 gotas, 3 vezes ao dia.

USO EXTERNO
€> Fricções: Aplicam-se com a
essência dissolvida em álcool (10-
20 gotas em 100 ml).

A MANJKRONA n ã o cresce es- O Banhos: Acrescentando algu-


pontaneamente na Europa mas gotas de essência à água do
Ocidental, e p a r e c e q u e terá banho, obtém-se um notável efei-
sido divulgada pelos Cruzados, na Ida- to anti-reumátlco.
de Média.
Pela sua semelhança com o orégão
(pág. 464), q u e existe em estado sil-
vestre na Europa, t a m b é m se lhe deu,
nalguns lugares, o n o m e de orégão ou
o r é g ã o s . Os antigos Egípcios já usa- Sinonímia científica: Majoraria
vam a manjerona c o m o c o n d i m e n t o e hortensis Moench.
c o m o r e m é d i o . A c t u a l m e n t e conti- Outros nomes: majarona, orégãos.
n u a a sei u m a planta muito apreciada Brasil: manjerona-hortensis,
em fitoterapia. manjerona-inglesa, manjerona -
-verdadeira, amaracus, flor-de-
-himeneu, orégão-vulgar.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
princípios activos da manjerona resi- Esp.: mejorana, mejorana dulce,
mayorana, orégano [indígena],
d e m na sua essência, rica em substân- almoradijo, amáraco, sampsuco,
cias c o m o o t e r p i n c o l . Esta essência sarilla. Fr.: marjolaine.
possui as seguintes p r o p r i e d a d e s : Ing.: marjoram.
• An ti espasmódica e digestiva: Muito Habitat: Oriunda do Próximo
útil contra a flatulência (efeito carmi- Oriente, o seu cultivo estendeu-se a
nativo), os espasmos nervosos do estô- todos os países mediterrâneos e do
Norte de África. Também se cultiva
mago e as digestões pesadas IO,€M.
em alguns países americanos. Muito
• Sedativa: R e c o m e n d a d a para com- cultivada nas hortas e jardins de
b a t e r a excitação psíquica, o nervosis- Portugal.
mo e a insónia. É um b o m r e m é d i o Descrição: Planta vivaz, da família
contra a ansiedade IO.01. das Labiadas, que atinge de 15 a 40
cm de altura. As suas flores são
• Hipotensora: Diminui o t o n o do sis- brancas ou cor-de-rosa, e crescem
tema nervoso simpático, responsável agrupadas na extremidade dos
pela c o n t r a c ç ã o das artérias e, além caules. O seu aroma pode dizer-se
disso, também é diurética IO.0I. que é uma mistura dos aromas do
tomilho e da hortelã.
• Expectorante e peitoral IO.©I.
Partes utilizadas: as sumidades
• Anti-reumática: Aplicada externa- floridas.
mente, a essência acalma as d o r e s reu-
máticas e as contracturas musculares.
Km fricções 101, ou na água do b a n h o ,
lem eleito tonificante IOI.
Pipernigruml.
I J
Pimenteira Preparação e emprego

Estimula, mas
também irrita USO INTERNO
O Como condimento, a pimenta
misturada com os alimentos.

A S PROPRIEDADES digestivas
da p i m e n t a já e r a m conheci-
das há muito t e m p o pelos ha-
bitantes da índia. Alexandre M a g n o
foi quem, no século IV a . C , introdu-
ziu esta especiaria na Europa. Actual-
mente- é a mais utilizada.
Precauções
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
grãos d e p i m e n t a c o n t ê m 2 % d e
essência formada por diversos hidro-
carbonetos, de 2% a 1% de resina, e A pimenta, tomada em abundân-
o alcalóide de sabor picante piperidi- cia, produz uma forte irritação
das mucosas digestivas e uriná-
na, que se encontra s o b r e t u d o na cas-
rias (inclusive sangue na urina),
ca (razão pela qual a pimenta negra é
assim como um aumento da
mais forte do q u e a b r a n c a ) . A pi-
pressão arterial.
menta possui as seguintes proprieda-
des: O seu uso é especialmente de-
saconselhado em caso de gas-
• Tónico estomacal e digestivo: Em trite, úlcera gastroduodenal, pan-
pequenas doses, a u m e n t a a p r o d u ç ã o creatite, hemorróidas e hiper-
de sucos digestivos (saliva, suco gás- tensão.
trico, p a n c r e ã t i c o , e l e ) , à custa de
produzir uma discreta irritação sobre
as mucosas; é t a m b é m carminativa
( r e d u z a f o r m a ç ã o de gases). Em
grandes doses, é hriuuiva lOl.
• Febrífuga. Outros nomes: pimenta, pimenta-
• Parasiticida: Mata os parasitas intes- •comum, pimenta-negra, pimenta-
tinais (Ol. -branca, pimenta-da-índia, pimenta-
•canarim, pimenta-redonda. Brasil:
• Afrodisíaca de eleitos leves (O). pimenta-do-reino.
Esp.: pimentero, pimienta [blanca de la

F Mático
índia], negra (de la índia]. Fr.: poivrier
[commun], poivrier noir Ing.: (common]
pepper, black pepper, white pepper.
Habitat: Originária da índia e dos países
No Chile e na Argentina cria-se o chama- tropicais do Sudeste Asiático. O seu
do mático {Piper angustifolium L)*, que cultivo estende-se actualmente a todas as
contém um princípio amargo e uma essên- regiões tropicais de ambos os hemisférios.
cia. Em infusão (10 g por litro), usa-se co- Descrição: Arbusto trepador da família das
mo digestivo e, sobretudo, no tratamen- Piperáceas, cujos frutos são umas bagas
to da úlcera gastroduodenal, tomando 3- vermelhas que, uma vez secas, formam os
grãos de pimenta
-5 chávenas por dia. Externamente, em-
prega-se para lavar as feridas (decocção Partes utilizadas: os frutos secos com casca
de 50 g de planta por litro de água), em (pimenta-negra), ou sem ela (pimenta-branca).
virtude da sua acção cicatrizante.
' Esp.: mático, mono.

370
Potení/fía
anserínaL J
si a '£ •
Preparação e emprego
Argentina
USO INTERNO
Antiespasmódica O Decocção com 30-50 g de
planta por litro de água. Tomar de
e estomacal 3 a 5 chávenas diárias.

USO EXTERNO
©Compressas: Aplicar a mes-
ma decocção que se usa interna-
mente, para empapá-las. Colo-
cam-se sobre as hemorróidas du-
rante 5-10 minutos, 2 ou 3 vezes
ao dia.

H A OUTRAS espécies de Potm-


tilla medicinais, além da ar-
gentina: a cincoem-rama (/V
terUilla reptansL. / Poteníilla ctmadensis
L., pág. 520) e a tormeniila (Poteníilla
erecta l.. pág. 519). Todas elas têm em
comum o seu potente efeito sobre as
diarreias e as cólicas intestinais.
Outros nomes: ansarinha,
potentiia, potentila-anserina.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta contém Canino, flavonóides, Esp.: argentina, hierba de la
plata, [hierbaj plateada,
ácidos orgânicos, colina, princípios canelilla, anserína, buen varón
amargos e glícidos. silvestre, buen varón de
No uso interno, lem as seguintes Jarava. Fr.: anserine.
argentine. Ing.: silverweed,
propriedades: silver cinquefoil, argentina.
• Antiespasmódica: Acalma as cólicas, Habitat: Europa, salvo a costa
especialmente as intestinais, mas tam- mediterrânea. Comum em
bém as biliares e nefríticas (O). Em- todo o continente americano.
prega-se do mesmo modo em caso de Encontra-se nos sotos ricos e
dismenorreia e espasmos uterinos. húmidos.
Descrição: Planta da família
• Anlidiarreiea, devido ao seu conteú- das Rosáceas, que atinge de
do em lanino: Mostra-se muito efi- 20 a 40 cm de altura. As
ciente nos casos de gastrenierile e tolhas, dentadas e sedosas,
diarreias infecciosas 101. Costuma são prateadas pela parte
usai-sc associada à macela (pág. 364). inferior e nascem de uma
roseta central. As flores são
• Aperitiva e digestiva, devido, em solitárias, de cor amarela viva
parte, aos seus princípios amargos: e com 5 pétalas.
Abre o apetite e facilita a digestão IO!. Partes utilizadas: As folhas e
Externamente, aplica-se em com- as flores.
pressas sobre as hemorróidas, para de-
sinflamá-las e reduzir-lhes o tamanho,
graças à acção dos seus taninos 101.

371
Pmnus splnosa L
!\
V. Di •.

Abrunheiro- Preparação e emprego

-bravo USO INTERNO


O Infusão: Prepara-se com 60 g
Refrescante, tónico de flores por litro de água. Toma-
e aperitivo -se uma chávena por dia, de
manhã.
O Frutos: Podem comer-se fres-

v
cos ou então fervidos em água (só
AMOS dar um passeio pelo dois minutos), para lhes tirar o
monte e apanhamos abrunhos! gosto áspero.
© Xarope: Prepara-se com meio
Estas pequenas ameixas bravas, quilo de frutos, meio quilo de açú-
"sem dono", refrescam os caminhan- car e um copo de água. Ferve-se
tes e oferecem alimento no Outono esta mistura durante 15 minutos.
aos toldos, pombos e outras aves. Tem O xarope resultante, de cor ver-
um sabor um tanto áspero, mas agra- melha e sabor agradável, filtra-se
dável. Não se p o d e dizer q u e as suas com um pano e toma-se às co-
propriedades medicinais sejam espec- lheres, para combater as diarreias
taculares. E b e m possível, até, q u e se e para abrir o apetite.
devam, em boa medida, ao exercício O Decocção: Põem-se a ferver
que é preciso fazer para ir apanhá-las. 100 g de frutos num litro de água,
durante Í0 minutos, em lume
Em qualquer dos casos, vale a pena brando. Filtrar o líquido resultan-
tirar proveito desta humilde e simpá- te e tomar às colheradas.
tica fruta silvestre.
USO EXTERNO
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS FLO-
0 Tampões nasais com gaze
RES comem amigdalina (glicósido cia-
empapada na mesma decocção
nogenéiico), derivados da cumarina e
que se recomenda para uso in-
llavonoglicósidos. Têm propriedades
terno.
© Bochechos e gargarejos com
esta mesma decocção.

Outros nomes: ameixeira-brava, acácia-das-alemãs.


Esp.: endrino, endrinera, ciruelo endrino. ciruelo silvestre,
bruno, espino negro. Fr.: prunellier [noirj, prunier sauvage.
Ing.: blackthorn, sloe.
Habitat: Encontra-se vulgarmente nas encostas expostas
ao sol e nas bermas dos caminhos, das regiões
montanhosas de toda a Europa. Naturalizada no continente
americano.
Descrição: Arbusto de 1 a 3 m de altura, da família das
Rosáceas, que tem uma casca muito escura, e abundantes
espinhos lenhosos. As flores são de um branco marfim,
pequenas e muito numerosas. O fruto é uma baga
arredondada, de cor azul escura quando amadurece.
Partes utilizadas: as flores e os frutos (abrunhos).

372
Frescos, cozidos ou em xarope, os fru-
tos do abrunheiro-bravo abrem o ape-
tite e estimulam os processos digesti-
vos.

Precauções
laxantes, diuréticas e depurativas. C) pépticos (estimulam os processos di-
seu eleito laxante é suave, mas eficaz, gestivos), aperitivos e tonificantes do
c laz-sc acompanhar de uma acção an- organismo em geral IÔ,€>.©).
tíespasmódica (relaxante) da muscu- Comunicam, a quem os come, um As amêndoas que estão dentro dos
latura que cobre o intestino grosso. aumento do apetite e uma sensação caroços dos abrunhos, como as de
São muito indicadas na prisão de ven- refrescante e revitalizadora. Podem muitos outros frutos da família das
tre espásiica que se produz no cha- comer-5€ frescos, cozidos ou era xa- Rosáceas, libertam ácido cianídri-
mado cólon irritável IOI. rope. co, que é um poderoso tóxico, pelo
que não se devem comer nem
Os FRUTOS (abrunhos) contêm ta- O líquido resultante da decocção mastigar.
lúno (daí o seu sabor áspero), fiavo- dos abrunhos uiiliza-sc para lazer pa-
A casca dos ramos e da raiz con-
nóides, ácido málico, sacarose, pecti- rai- as epistaxes (hemorragias nasais), tém ácido prússico, que também é
na, goma e vitamina C. Ao contrário aplicado com um tampão nasal em- tóxico; por isso não se deve utili-
cias flores, têm propriedades adstrin- bebido no mesmo 1©1. Serve ainda zar, embora haja quem a recomen-
gentes, pelo que se (ornam úteis em paia fazer gargarejos nos casos de de como adstringente.
casos de diarreia vulgar e de desar- gengivite (inflamação das gengivas) e
ranjo intestinal. São além disso eu- faringite HM,

373
Satureja montana L
£ Al á) U

Segurelha
Carminativa,
tonificante e afrodisíaca

A
SEGURELHA é v e r d a d e i r a -
m e n t e u m a planta sensual.
Parece q u e o sen p e n e t r a n t e
aroma no-lo d e n u n c i a . N ã o é por isso
estranho que, já em tempos muito re-
cuados, fossem c o n h e c i d a s as suas vir-
tudes culinárias e afrodisíacas. Di/.-sc
q u e os Gregos a d e d i c a r a m a Dioní-
sio, a q u e m , depois, os Romanos cha-
maram Baco, deus em cuja h o n r a se
celebravam faustosas orgias. Efectiva-
mente, a segurelha facilita a digestão
e estimula as funções vitais. Deve mes- Outros nomes: satureja-das-montanhas.
mo sei verdade, pois os frades da Ida- Esp.: ajedrea [silvestre, de monte], Fr.; sariette. Ing.: savory.
de Média tinham proibido q u e fosse Habitat: Embora seja uma planta originária das regiões mediterrâneas, tem-se
plantada nas suas h o r t a s . . . estendido por todas as regiões temperadas da Europa e da América. Adapta-se
melhor aos climas secos e com bastante sol.
Q u e m não terá provado umas azei-
tonas caseiras, a p e t i t o s a m e n t e condi- Descrição: Trata-se de uma planta de não muito mais de 25-30 cm de altura, mas
que, no local onde se encontra, se faz notar pelo seu aroma especial, que convida
mentadas com esta apreciada planta, quem passa a abaixar-se e esfregar as mãos com ela. As suas folhinhas são finas,
c o m o o faziam as nossas avós? Nas al- terminadas em ponta, e cheias de pequenas covinhas onde se alojam as glândulas
deias do Sul de Espanha, e principal- produtoras de essência. As flores são pequenas, de cor branca ou rosada, e divididas
mente na Andaluzia, ainda se p o d e sa- em dois lábios, o que é próprio da família das Labiadas, a que pertence.
borear este castiço aperitivo. O mes- Partes utilizadas: folhas, flores e caules finos.
mo se poderá dizer, t a m b é m , de mui-
tas terras de província, em Portugal.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém ale \% de óleo essencial rico em
carvacrol c cimol, q u e lhe conferem
-Et Preparação e emprego
propriedades estimulantes, carmina-
tivas, antiespasmódicas, vermífugas,
diuréticas e peitorais; assim como ta-
ninos e polifenóis. USO INTERNO
• Sobre o a p a r e l h o digestivo, actua O Infusão com 20 g de planta por
como aperitivo, a b r i n d o o apetite e fa- litro de água, de que se podem in-
cilitando a digestão. Mas além disso, gerir até 3 ou 4 chávenas por dia.
tem ainda u m a m u i t o i n t e r e s s a n t e @ Essência: de 3 a 5 gotas, de-
acção carminativa. S e g u n d o cita o dis- pois de cada refeição.
t i n t o b o t â n i c o e farmacêutico Foni
Quer, «contraria as veniosidades do
estômago e intestinos». Nada m e l h o r

374
Vanllla planlfòlla
Andrews »J ijj U G
Preparação e emprego

Baunilha
USO INTERNO
Aromatizante O Usa-se em forma de açúcar
e digestiva baunilhado, xarope ou tintura.
© No entanto, a maneira mais
vulgar de se obter o seu autêntico
aroma é fervendo as vagens jun-
tamente com o produto a aroma-
tizar: chocolate, sobremesas, in-
fusões ou preparados de outras
plantas, etc.

?%&$*
A baunilha confere um sabor

O S ASTECAS do México usa- m u i t o agradável as sobremesas


vam a baunilha desde tempos doces e infusões de outras plan-
tas, além de tonificar as funções
muito remotos, como aroma- digestivas.
tizante para a sua bebida favorita, fei-
ta à base de grãos de cacau com fa-
rinha de milho. Os espanhóis intro-
duziram-na na Europa nos fins do sé-
culo XVI, mas não conseguiram que
se reproduzisse. Em 1836, um botâni- Sinonímia científica; Vanilta fragans
co belga descobriu que a planta só po- (SalisbJ Ames.
dia ser polinizada por um insecto que Outros nomes:
habita no México, e que fora dali era Esp.: vainillero, vainilla [mansa], bejuquilto,
necessário polinizá-la artificialmente. cuyanquillo, flornegra. Fr.: vanillier, pois
vanile. Ing.: vanilla.
Habitat: Originária do México, a sua cultura
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O prin-
estendeu-se por outras regiões tropicais da
cípio activo é o vanilosido, glicósido América (Colômbia, Venezuela, Antilhas),
que durante o processo de dissecação África (Madagáscar) e Ásia.
dá lugar à vanilina, responsável pelo Descrição: Planta trepadeira da família das
seu típico aroma. A vanilina possui Orquídeas, cujos caules (lianas) podem
propriedades estomacais e digestivas, atingir até 30 m de comprimento. Possui
coleréticas {aumenta a secreção de bí- raízes aéreas (adventícias) pelas quais se
lis), é um estimulante suave, e, segun- agarra à árvore que lhe serve de suporte.
As folhas são carnudas, e o fruto é uma
do alguns, um afrodisíaco (©,©!. vagem de cor escura, alongada (15 cm) e
Ainda que o seu uso actual se limi- com numerosas sementes.
te ao de condimento, convém ler pre- Partes utilizadas: o fruto (vagem) antes de
sente a sua acção tonificante sobre as amadurecer.
funções digestivas.

376
Zlnglber offldnale
Roscoe.
J
Preparação e emprego

Gengibre
A j u d a a fazer USO INTERNO
O Condimento: Em pequena
a digestão quantidade, para pratos crus e
cozinhados.
© Infusão: 2 g de rizoma tritura-
do em meio litro de água. Desta
bebe-se uma chávena depois de
cada refeição. Não se deve ul-
trapassar a dose prescrita.

Outros nomes: gengibre-amarelo, gengibre-


-das-boticas, gengivre.

C
ONFÚCIO, há 2500 anos, já fa- Esp.: jengibre, jengibre dulce, ajengibre.
lava do gengibre nos seus escri- anchoas. Fr.: gingembre. Ing.: ginger.
tos. Habitat: Oriundo da india e países tropicais do
Extremo Oriente. Muito abundante no México e
Os mercadores trouxeram-no do nas Antilhas, especialmente na Jamaica.
Oriente até às costas mediterrâneas, e
Descrição: Planta vivaz, da família das
em Roma era a especiaria mais apre- Zingiberáceas, que atinge uma altura de
ciada, a seguira pimenta. Dioscórides 1-1,3 m. As suas flores são muito vistosas e
(século I d.C.) já o conhecia e reco- lembram as das orquídeas. Reproduz-se por
mendava às pessoas de estômago de- meio do seu aromático rizoma.
bilitado. Partes utilizadas: o rizoma (caules
Durante toda a Idade Média foi ex- subterrâneos).
portado para a Europa, onde era alta-
mente apreciado, mas não chegou a
ser cultivado no velho continente.
Nos princípios do século XVI, o es-
panhol Francisco de Mendoza teve a
feliz ideia de levar raízes de gengibre
para o Novo Mundo, onde a sua cul-
tura se propagou rapidamente pelas
Antilhas, México c- Peru. Precauções
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri-
zoma contém um óleo essencial com Como acontece com quase todas
diversos derivados ter penicos, res- as especiarias, em doses altas
ponsáveis pela sua acção digestiva e produz gastrite.
carminativa (impede a formação de Não é conveniente para os ul-
gases no aparelho digestivo). cerosos.
E também sudorífico, e na índia Desaconselhamos o uso da tin-
atribuem-se-lhe eleitos afrodisíacos. tura alcoólica de gengibre, por ser
irritante para o estômago.
Recomenda-se nos casos de esgota-
mento, inapetência e de digestões pe-
sadas e flatulentas IO,01.

3"
PLANTAS PARA
o FÍGADO E A VESÍCULA BILIAR
Aintii

a uiviÁRio DO CAPÍTULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES Pedras na vesícula,
Ascite, ver Barriga de água 380 ver Vesícula biliar, transtornos 380
Barriga de água 380 Plantas coleréticas e colagogas .. 382
Cálculos na vesícula, Vesícula biliar, transtornos 380
Ver Vesícula biliar, transtornos 380
Cirrose, ver Hepatite 379
PLANTAS
Coklitiase,
ver Vesícula biliar, transtornos 380 Alcachofra 387
Coleréticas e colagogas, plantas . .382 Anémona-hepática 383
Cólica biliar 381 Bérberis 384
Cólica hepática, ver Cólica biliar . 381 Boldo 390
Fígado, intoxicação 380 Cardo-de-santa-maria 395
Fígado, mau funcionamento . . . . 379 Cardo-leiteiro =
Hepatite 379 Cardo-de-santa-maria 395
Hipertensão portal, discuta 386
ver Barriga de água 380 Dente-de-leão 397
Insuficiência liepática, Fumaria 389
ver Fígado, mau funcionamento 379 Polipódio 392
Insuficiência pan creática, Rabanete e rábano 393
ver Pâncreas, insuficiência . . . 381 Rábâo-rústico 394
Litiase biliar, Saramago 393
ver Vesícula biliar, transtornos 380 Taraxaco • Dente-de-leão 397
Pâncreas, insuficiência 381 Trevo-cervino 388

A
S PLANTAS medicinais exer- fígado e favorecem a digestão. Empregam-
cem dois lipos de acções prin- -se especialmente nos transtornos do liga-
cipais sobre o sistema hepatobi- do, como a hepatite.
liar: a colerética e a colagoga. A
produção da bílis é uma das funções pri- As plantas colagogas facilitam o esvazia-
mordiais do fígado. mento da bílis contida na vesícula biliar
As plantas com acção colerética aumen- para o duodeno. As plantas colagogas su-
tam a quantidade de bílis segregada pelo primem o espasmo da vesícula e do es-
fígado. A bílis liça armazenada na vesícu- fíncter de Oddi, aliviando a dor e facili-
la biliar, até que a passagem dos alimentos tando o correcto funcionamento dos sis-
provoque o seu esvaziamento para o in- tema biliar. Usam-se em caso de disquinc-
testino. Aumentando a produção de bílis, sia biliar (vesícula preguiçosa), dispepsias
as plantas coleréticas descongestionam o biliares e colelitíase (cálculos na vesícula).
A SAÚDE PELAS P U N I A S M E D I C I N A I S

2 " Parle: D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

FÍGADO, MAU VERBENA 174 Descongestiona


antiespasmódica
o fígado,
Infusão, decocção
FUNCIONAMENTO
O fígado é a glândula de maior tamanho CEBOLA 294 Estimula as funções metabólicas
e de desintoxicação do fígado
Crua, sumo fresco, cozida ou assada
do nosso organismo, na qual têm lugar
milhares de reacções químicas. Estas ÉNULA 313 Favorece a função hepática e biliar Decocção de raiz, pó
são as suas três (unções principais: ANÉMONA- Anti-inflamatória, descongestiva
383 Maceração de folhas
1. Transformação de alguns princí- -HEPÁTICA do fígado
pios nutritivos em outros. Favorece a evacuação da bílis,
BÉRBERIS 384 Infusão ou decocção de casca de raiz
2. Produção da bilis, necessária para a tónico digestivo
digestão das gorduras. Infusão de folhas, caule e/ou raízes,
ALCACHOFRA 387 Protectora do fígado, colerética sumo fresco de folhas, extractos
3. Desintoxicação do sangue, neutra-
lizando e eliminando numerosas subs- TREVO-CERVINO 388 Descongestiona o fígado Decocção de raiz
tâncias estranhas ou tóxicas que circu-
lam por ele. Descongestiona o fígado,
FUMARIA 389 desintoxicante
Infusão, sumo fresco, extractos
Muitas destas plantas têm acção cole-
rética, isto é, favorecem a secreção Potente colerético e colagogo,
BOLDO 390 facilita o esvaziamento da bílis
Infusão de folhas, extractos
de bilis por parte das células hepáticas.
Deste forma se descongestiona o fíga- POLIPÓDIO 392 Laxante suave e colagogo Decocção de raiz
do e se facilitam as RABANETE E Descongestionam e desintoxicam o
suas funções. Ou-
RÁBANO
393 fígado, regeneram as suas células
Crus, sumo fresco
tras, estimulam a
regeneração das cé- CARDO-DE- Estimula a regeneração das células Salada de folhas, infusão ou decocção
lulas hepáticas -SANTA-MARIA
395 hepáticas danificadas de frutos, extractos
danificadas por Salada, sumo fresco,
diversas cau-
DENTE-DE-
•LEÃO
397 Aumenta a produção de bílis
e facilita o seu esvaziamento infusão de folhas
sas (vírus, me-
dicamentos, Descongestiona o fígado, estimula
ABSINTO 428 Infusão, maceração
toxinas, etc). as suas funções
Favorece a secreção de bílis, Salada, sumo fresco, infusão
CHICÓRIA 440 descongestiona o fígado
Estimula a secreção e o esvaziamento Maceração, decocção, pó
GENCIANA 452 ou extracto de raiz
da bílis
BONS-DIAS 491 Colagoga (facilita a evacuação da bilis) Infusão de raiz ou folhas, pó

AMIEIRO- Favorece o bom funcionamento


526 Decocção de casca
•NEGRO do fígado
TAMARINDEIRO 536 Colerético e colagogo suave A polpa dos frutos
Cardo de-santa-maria
MARAVILHA 626 Aumenta a produção de bílis Infusão de flores

HEPATITE ESPIRULINA 276 Fornece


biológico
nutrientes de elevado valor Cápsulas, preparados farmacêuticos
É a inflamação do fígado, geralmente
causada por um vírus. 0 seu principal CEBOLA 294 Estimula as funções metabólicas
e de desintoxicação do fígado
Crua, sumo fresco, cozida ou assada
sintoma é a icterícia, tom amarelo 6a
pele devido a que o fígado é incapaz de HORTELÃ- A sua essência é activa contra o vírus
eliminar a bilis, pelo que esta passa 366 Essência, infusão
-PIMENTA da hepatite A
para o sangue e se infiltra na pele e ou-
Infusão de folhas, caule e/ou raízes,
tros tecidos. 0 tratamento à base de ALCACHOFRA 387 Protectora do fígado, colerética sumo fresco de folhas, extractos
plantas medicinais tem por objectivo
pôr o fígado nas melhores condições RABANETE E Descongestionam e desintoxicam o Crus, sumo fresco
de forma natural. As mesmas plantas RÁBANO
393 fígado, regeneram as suas células
podem usar-se como complemento no Salada de folhas, infusão ou decocção
395 Estimula a regeneração das células
CARDO-DE-
tratamento da cirrose. Além destas de frutos, extractos
-SANTA-MARIA hepáticas danificadas
plantas, todas as colerétícas (ver ta-
Salada, sumo fresco, infusão
bela da página 382) podem ter utilida-
de.
DENTE-DE-
-LEÀO
397 Descongestiona o fígado,
facilita a sua função de desintoxicação de folhas
Descongestiona o fígado, estimula Infusão, maceração
ABSINTO 428
as suas funções
Descongestiona todos os órgãos
VIDEIRA 544 digestivos, fornece açúcares e outros Frutos (uvas), cura de uvas
nutrientes de grande valor biológico

379
1 Cap. 1 8 : PLANTAS 10 E A V E S Í C U L A B I L I A R

Doença Planta Pág. Acção Uso


FÍGADO, INTOXICAÇÃO
Quando as células hepáticas tenham RABANETE E ^ Descongestionam e desintoxicam o
sido danificadas pela acção de fárma- RÁBANO fígado, regeneram as suas células Crus, sumo fresco
cos, produtos químicos ou cogumelos
venenosos, estas duas plantas podem
contribuir para reforçar a função desin-
toxicadora do fígado e regenerar as
suas células. CARDO-DE- yjc Estimula a regeneração das células Salada de folhas, infusão
-SANTA-MARIA hepáticas danificadas ou decocção de frutos, extractos

BARRIGA DE ÁGUA
A acumulação de liquido na cavidade CHICÓRIA 440 Activa a circulação portal, Salada ou sumo fresco de folhas,
peritoneal chama-se ascite, ou barriga CHICÓRIA 44U deSC0nges(i0na o ff gad0 infusão de raiz
de água. A causa mais frequente de as-
cite é a cirrose hepática. Estas plantas
activam a circulação no sistema portal, VmFiRA S44 Descongestiona o fígado,
descongestionam o fígado e favorecem Frutos (uvas) cura de uvas
VIDEIRA 044 e | j m j n a resíduos metabólicos
a eliminação do líquido abdominal. Des-
ta forma melhoram a evolução da cir-
rose hepática. Diurético intenso, rico em sais
ORTOSSIFÃO 653 potássicos, colagogo Infusão

SABUGUEIRO 767 Purgante, diurético Decocção da entrecasca

VESÍCULA BILIAR, Antiespasmódico, melhora


Infusão de flores
TÍLIA 169 o funcionamento da vesícula biliar
TRANSTORNOS
A vesícula biliar tem de esvaziar a bílis Colagoga, facilita o funcionamento
que contém, no momento preciso, para OLIVEIRA 239 da vesícula biliar Óíeo (azeitei dos frutos (azeitonas!
que a digestão continue o seu proces-
so normal. Mas este mecanismo de es- Tonifica as funções digestivas Decocção de raiz, pó, extracto,
vaziamento biliar sofre frequentes trans- ENULA 313 e hepatobiliares essência
tornos, conhecidos como vesícula
preguiçosa ou coledisquinesia, que Colagogo, melhora as digestões
se manifestam com digestão pesada, BERBERIS 384 Infusão ou decocção de casca de raiz
pesadas
dor na zona do fígado ou na região ve-
sicular, náuseas e dor de cabeça. Em Favorece o esvaziamento da vesícula
muitos casos, estes transtornos são CUSCUTA 386 Infusão
biliar
devidos a colelitiase (pedras ou cálcu-
los na vesícula) ou a barro biliar (bílis Potente colerético e colagogo,
espessa), A fitoterapia dispõe de plan- BOLDO 390 normaliza o esvaziamento da bílis Infusão de folhas, extractos
tas capazes de regular o mecanismo de
esvaziamento biliar e de fluidificar a bí- DENTE-DE- Aumenta a produção de bílis Salada, sumo fresco, infusão
lis, com o que se pode evitar a for- -LEÃO 397 e facilita o seu esvaziamento de folhas
mação de novos cálculos. Todas as
plantas colagogas (ver tabela da pág. Colerètica e colagoga, melhora as
382) também são de utilidade. GENCIANA 452 Maceração , decocção, pó de raiz
disquinesias biliares, tónico estomacal

Favorece o funcionamento da vesícula


QUÁSSIA 467 biliar, aperitiva Decocção

Amargo, tónico digestivo, Infusão de flores e folhas


CARVALHINHA 473 favorece o esvaziamento da vesícula

BONS-OIAS 491 Colagoga (facilita a evacuação da bílis) Infusão de raiz ou folhas, pó

Corrige a atonia ou preguiça


ORTOSSIFÃO 653 da vesícula Infusão de folhas e flores

Facilita o funcionamento da vesícula


HIPERICAO 714 biliar Infusão de sumidades floridas

380
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I

2 " Parle: D e s c r i ç ã o
I
Doença Planta Pág. Acção Uso

CÓLICA BILIAR PASSIFLORA 167 Relaxa os órgãos abdominais ocos, Infusão de flores e folhas
como a vesícula biliar
Produz-se quando a vesícula biliar tenta
expulsar um cálculo ou pedra que se MACELA 350 Antiespasmódica Infusão, pó, essência
tenha formado no seu interior. É um es-
tado agudo, que pode durar vários dias, ASSA-FÉTIDA 359 Potente antiespasmódico e sedante Lágrimas (grãos de goma)
em que se produzem contracções es-
pasmódicas da vesícula e das vias bi- ABELMOSCO 362 Antiespasmódico, sedante Infusão de sementes
liares que esvaziam a bílis para o intes- CAMOMILA 364 Antiespasmódica, sedante Infusão
tino delgado. Isto traduz-se em dor,
náuseas, vómitos e mal-estar geral. ARGENTINA 371 Antiespasmódica, acalma as cólicas Decocção
Além destas plantas, são indicadas to-
das as ant/espasmódicas (ver pág.
147). BOLDO 390 Potente colerético e colagogo,
normaliza o esvaziamento da bílis
Infusão de folhas, extractos

Antiespasmódico, sedante,
LINHO 508 anti-inflamatório Cataplasmas com a farinha

HARPAGÓFITO 670 Relaxa os espasmos eólicos Infusão da raiz, cápsulas

PÂNCREAS, INSUFICIÊNCIA Estimula a secreção do suco


URTIGA-MAIOR 278 Sumo fresco, infusão
pancreático
Estas três plantas favorecem a função
exócrina da glândula pancreática, au- Estimula a produção de suco
PAPAIEIRA 435 Látex, infusão de folhas
mentando a secreção de suco pancre- pancreático
ático, imprescindível para a digestão.
CARDO-SANTO 444 Favorece a função do pâncreas Infusão ou decocção de folhas

Todos os cardos são bons para o fígado. E a al-


cachofra (pág. 387), como cardo que é, não só
favorece as funções da glândula hepática mas
O cardo-de-santa-maria (pág. 395) constitui um dos remédios também reduz o nível de colesterol no sangue.
vegetais mais eficientes para as afecções hepáticas. O seu As partes mais medicinais da alcachofra não são
principio activo é a silimarina, substância capaz de regenerar os capítulos da planta, vulgarmente chamados
as células hepáticas, e que por isso entra na composição de alcachofras, mas sim as folhas, o caule e a raiz,
diversos preparados farmacêuticos. que se ingerem em infusão ou em sumo fresco.

381
1 C a p . 1 8 : P L A N T A S PARA O FÍGADO E A V E S Í C U L A B I L I A R

Plantas coleréticas e colagc gas

As plantas coleréticas aumentam a quantidade de bilis se-


gregada pelo fígado.
As plantas coíagogas facilitam o esvaziamento da bilis
contida na vesícula biliar para o duodeno.

Planta Pág. Colerética Colagoga


Tília 169 /
Oliveira 239 / /
Antenária 297 /
Émila 313 / /
Aspérula-odorífera 351 /
Hortelã-pimenta 366 / /
Baunilha 376 /
Bérberis 384 / /
Cuscuta 386 /
Alcachofra 387 / /
Trevo-cervino 388 /
Fumaria 389 /
Boldo 390 / /
Polipódio 392 / /
Rabanete e Rábano 393 </ /
Dente-de-leão 397 / /
Absinto 428 / /
Fel-da-terra 436 /
Cúrcuma 450 / /
Genciana 452 /
Quássia 467 / /
A laranja, especialmente a amarga, possui uma
Acácia-bastarda 469 / certa acção colagoga, se bem que não
Carvalhinha 473 / / suficientemente importante para que figure na
Anona 489 / / tabela j u n t a .
Bons-dias 491 / / Isto explica como nalgumas pessoas,
particularmente mulheres, a laranja causa
Globulária 503 / / intolerância digestiva q u a n d o ingerida de
Cáscara-sagrada 528 / manhã em j e j u m , pois provoca um
esvaziamento brusco da vesícula biJiar.
Ruibarbo 529 / /
Tamarindeiro 536 / /
Artemísia 624 / /
Maravilha 626 / /
Ortossifão 653 / /
Alecrim 674 /
Milefólio 691 /
Aloés 694 /
Evónimo 707 /
Maravilho
Carlina 749 /

382
Anemone
hepaticaL

Anémona
-hepática
Descongestiona
o fígado

A S FOLHAS desta pequena e


linda planta, que parecem
lembrar os lóbulos anatómi-
cos do ligado, terão possivelmente ins-
pirado os médicos renascentistas a uti-
lizá-la nas doenças hepáticas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a


planta contém glicósidos, saponina e
anemonol, substância tóxica quando
a planta está Fresca.
É unti-inflamntória e descongestiva
do fígado IO), p e l o q u e se traia de
mais um r e m é d i o a t e r em c o n t a no
Sinonímia científica: Hepática nobilis L
caso de afecções hepáticas (icterícias,
Outros nomes: anémona, anémola.
h e p a t i t e s , cirroses, e t c ) . T a m b é m é
diurética. Esp.: hierba dei hígado, hierba de la Trinidad, trinitaria, trébol dorado.
Fr.: [anémone] hépatique, herbe de la Trinité. Ing.: anemony, windflower.
O r a , COnhecem-se a c t u a l m e n t e ou- Habitat: Cria-se em terrenos calcários e montanhosos de toda a Europa.
tras plantas mais eficazes e menos tóxicas,
Descrição: Planta vivaz, de 10 a 25 cm de altura, da família da$ Ranunculáceas.
pelo q u e o uso da a n é m o n a - h e p á t i c a Não possui caule. As suas folhas estão divididas em três lóbulos, e saem
n o t r a t a m e n t o das d o e n ç a s d o fígado directamente da base. Dá flores azul-cíaro, rosa, ou brancas.
d i m i n u i u . N o e n t a n t o , persistem ou- Partes utilizadas: As folhas secas.
tras das suas aplicações.
Externamente, utili/a-se c o m o vul-
nerária e cicatrizante em caso de feri-
das e úlceras da pele 101.
£P Preparação e emprego
USO EXTERNO
O Maceração: Prepara-se com
30 g de folhas secas em um litro
de água, durante 12 horas. To- Precauções
mam-se 2-3 chávenas diárias,
adoçadas com mel.
ô Compressas empapadas no
líquido resultante da maceração. A planta fresca é tóxica. Não ul-
Aplicam-se sobre a zona da pele trapassar a dose indicada.
afectada.

3a
Berberis vulgarls L.

Bérberis
Digestivo e t o n i f i c a n t e

P ASSEANDO pelos lugares mon-


tanhosos e secos, é muito agra-
dável encontrar-se este arbusto
de aspecto um tanto hostil, pelos seus
espinhos pontiagudos, mas de delica-
dos frutos. Durante uma boa parte do
Outono, ainda se pode desfrutar des-
te refrescante presente da natureza. O
autor mesmo teve ocasião de os co- Outros Descrição: Arbusto espinhoso de
mer em abundância. Embora não es- nomes: berbere, hastes erectas, da família das
perássemos muito deles, devido às uva-espim, espinheiro- Berberidáceas, cujas espécies se
caracterizam por apresentar grupos de
suas reduzidas dimensões, os peque- •vinheto. 3 ou 5 espinhos em cada nó. As flores
ninos frutos da bérberis têm um sabor Esp.: agracejo, bérbero, são amarelas. Os frutos são umas
muito refrescante, entre o doce e o retamilla, agracillo, cambrón, pequenas bagas ovaladas, vermelhas
ácido. Para as cabias monteses e para vinagrera. Fr.: épine-vinette. ou cor-de-amora, dispostas em
muitas aves, constituem uma «sobre- Ing.: fcommon] barberry. cachos. A casca do tronco e das
raízes apresenta uma cor amarelada,
mesa» muito apreciada. Habitai: Cresce nas regiões que se tem usado para tingir a lã e
temperadas e montanhosas da outros tecidos.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Europa e da América,
planta, excepto os frutos, contém al- principalmente em terrenos Partes utilizadas: a casca das raízes,
secos e pedregosos. e os frutos.
calóides muito activos, que podem

O Preparação e emprego

USO INTERNO se acrescenta, depois de coado, o


& Precauções dobro do seu peso em açúcar, com
O Infusão ou decocção: Prepara- o fim de evitar que fermente. Assim
se com 40 g de casca de raiz por ca- se dispõe de um xarope, a partir do
da litro de água. Não é recomendá- qual se pode obter uma refrescante
Devido ao seu conteúdo em berberi- vel tomar mais de três chávenas por bebida em qualquer época do ano.
na, um alcalóide semelhante a morfi- dia.
© Doce: Com os frutos da bérberis
na, a casca da raiz de bérberis deve @ Xarope: Dos frutos obtém-se, por também se prepara um delicioso
usar-se com muita prudência, sem pressão, um delicioso sumo, a que doce.
exceder as doses prescritas.

384
• Para os guisados, pode empregar-
-se tanto fresca como seca, ou ainda
A segurelha exerce uma acção reduzida a pó num moinho de moer pi-
carminativa (antiflatulenta) e menta. A essência também se usa co-
antiespasmódica, pelo que cio que a segurelha, para temperar os mo condimento.
constitui u m c o m p l e m e n t o • Para temperar as azeitonas ao na-
ideal para temperar os legu-
pratos de legumes, como os feijões,
assim como os guisados de favas. Ain- tural. Aqui fica a receita utilizada em
mes e outros alimentos de di-
da por cima, relaxa os músculos do muitas povoações do Sul de Espanha,
gestão lenta ou difícil.
intestino (efeito antiespasmódíco), em regiões de olivais: Põem-se as
pelo que se torna útil nos casos de do- azeitonas de molho durante vários
res intestinais ou diarreia IO.01. É re- dias, mudando-lhes frequentemente a
comendável para os que sofram de água, até que esta saia clara e as azei-
tonas não amarguem. Depois deixam-
gastrite. Também apresenta uma cer-
-se de molho com segurelha (um pu-
ta acção vermífuga.
nhado por litro de água), sal, alhos e
• Sobre o sistema nervoso, exerce casca de laranja (para as pretas) ou
uma suave acção tonificante, pelo de limão (para as verdes). Êxito ga-
que é indicada nos casos de fadiga rantido.
crónica, debilidade, hipotensão e as-

»\»,
tenia IO,01. Claro que o uso da segu-
Segurelha-dos-jardins relha deve ser acompanhado de outros
tratamentos naturais, no quadro de
uma cura revitalizadora.
Há várias espécies de Satureja muito semelhantes na composição e nas pro- • A sua acção afrodisíaca não é sim-
priedades. Uma das mais conhecidas é a segurelha-dos-jardins (Satureja hor- plesmente uma lenda, embora seja
tensis L),* muito apreciada e cultivada em Portugal, não só pelas suas proprie- discreta e progressiva IO,01. No caso
dades medicinais mas também como condimento. É ligeiramente baça e um pou- de se desejar uma acção mais enérgi-
co mais pequena e delicada do que a segurelha ou satureja-das-montanhas (Sa- ca, deverá associar-se a outras plantas
tureja montana L). (ver. pág. 602).
A erva-das-azeitonas (Satureja calamintha [L] Scheele), também conhecida por • E ligeiramente diurética e depurati-
calaminta e nêveda, muito aromática, tem folhas ovadas ou ovado-arredondadas va, pelo que também é benéfica aos
e encontra-se nos lugares secos e áridos, sebes e caminhos. Além do emprego obesos, artríticos e gotosos IO.01.
que o seu nome obviamente sugere, tem também qualidades antiespasmodicas • Proporciona uma acção balsâmica e
e estimulantes. expectorante, devido aos óleos essen-
ciais que contém. E útil em bronqui-
* Esp.: ajedrea dejardin. tes agudas e crónicas, assim como nos
casos de IO,©l.
tornar-se tóxicos, de e n t r e os quais se
desiaca a berbei ina. Este alcalóide é
q u i m i c a m e n t e s e m e l h a n t e à morfina
e, s e g u n d o disse Font Quer, p o d e ate
utilizar-se para a d e s a b i t u a ç ã o dos
morflnómanos.

A CASCA DA RAIZ da bérberis é a par-


te da planta mais rica em berberina, e
apresenta as seguintes propriedades:
• Colagoga e digestiva: Fácil içando a
evacuação da bílis, descongestiona o
ligado e o sistema biliar, m e l h o r a n d o
deste m o d o as digestões pesadas IO).
Actua, p o r t a n t o , c o m o um tónico di-
gestivo, a u m e n t a n d o o apetite.
• Laxante: Ajuda a vencer a prisão de
ventre, q u a n d o seja devida a uma de-
ficiente secreção de bílis IO).
• Tónico cardíaco e circulatório: Tra-
dicionalmente tem-se usado c o m o es-
timulante em estados de esgotamen-
to ou após doenças febris IO).
• Diurética e febrífuga, ainda q u e de
efeito p o u c o intenso IO).
Os FRUTOS c o n t ê m glicose e levu-
lose, vitamina C, assim c o m o os áci-
dos orgânicos cítrico e málico. Tanto
frescos c o m o em s u m o ou em xarope,
são m u i t o eficazes p a r a refrescar e
acalmar a sede. T ê m um ligeiro efei-
to laxante. O s u m o e o xarope de bér-
beris t o r n a m - s e m u i t o a p r o p r i a d o s
para acalmai - a s e d e dos doentes fe-
bris, pois além de fazer baixar a tem-
peratura, estimula e tonifica l©,0l.
Os frutos da bérberis coJbetn-.se no
f i m d o Verão o u n o O u t o n o . P o d e m
usar-se sem limitação, visto n ã o con-
terem alcalóides.

A casca das raízes da bérberis exerce uma


acçáo favorável sobre a vesícula biliar. Favo-
recendo os esvaziamento da bílis, melhora as
digestões pesadas e a dispepsia de origem bi-
liar.
Por seu lado, os pequenos frutos silvestres da
bérberis são muito recomendáveis em caso de
febre devida a gripe ou outras afecções: bai-
xam a temperatura e tonificam.

38!
Cuscuta
epNhymum Mur.
PJ U JÉ) U

Preparação e emprego

Cuscuta USO INTERNO


O Infusão com 30 g de planta por
Digestiva e cicatrizante litro de água. Tomar duas cháve-
nas por dia.

USO EXTERNO
© Cataplasmas: Fervem-se, du-
rante meia hora, de 60 a 100 g de
planta por litro de água. Triturar
até conseguir uma massa pasto-
sa, que se aplica sobre a zona da
pele afectada.

E STA PLANTA c um autêntico


vampiro vegetal. Com os seus fi-
nos caules adere à sua vítima,
de que chupa literalmente a seiva até
secá-la e matá-Ja. Ataca de preferência
o tomilho, a alfazema, a segurelha, o
alecrim, a urtiga, o trevo e o lúpulo.
Antigamente pensava-se que a cus-
cuta adquiria as propriedades da plan-
ta a que parasitava, o que não pôde
ser demonstrado. Hoje, no entanto,
sabemos que a cuscuta tem as suas
próprias virtudes medicinais.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém um gllcósido amorfo
(cuscutina), resina, tanino e goma. Outros nomes: Descrição: Planta
linho-de-cuco, linho-de- parasita, da familia
Por via interna, é laxante e diurética. -raposa, cabelos, das Cuscutáceas, de
Ao mesmo tempo, favorece o esvazia- •cabelos-de-nossa-senhora, caule avermelhado e
mento da vesícula biliar (acção cola- enleios, abraços. Madeira: ({> flores esbranquiçadas ou
goga) e estimula os processos digesti- iinheio. Brasil: cipó-chumbo. rosadas. Não tem folhas
vos. E recomendada aos que sofrem Esp.: cuscuta, epitimo, cabellos e portanto também não
de cálculos biliares ou de transtornos [de tomillo], barbas de capuchino. tem clorofila. Forma um
Fr.: cuscute. Ing.: [commonj dodder, emaranhado de finos caules
no esvaziamento da vesícula biliar IO), em volta das plantas que
greater dodder.
Aplicada externamente cm Forma de Habitat: Comum nos montes de toda a parasita.
cataplasma, é cicatrizante e anli-sépti- Europa. Também se encontra em regiões Partes utilizadas: toda a
ca. Dú bons resultados no caso de ú\- montanhosas e temperadas ou frias do planta.
ceras varicosas e de feridas infectadas continente americano.
ou de cicatrização lenta IÔ1.

386
I Cyn
Cynara scotymus L

• Alcachofra
Regenera o fígado USO INTERNO
O Infusão de folhas, caule e/ou ra-
e baixa o colesterol ízes: 50-100 g por litro de água. To-
mar 3 chávenas diárias, preferivel-
mente antes das refeições.
© Sumo fresco: Obtém-se das

A ALCACHOFRA foi conside-


rada afrodisíaca durante o sé-
culo XVI, embora não se lhe
tenha prestado muita atenção como
planta medicinal. Foi só nos meados
folhas e ingere-se à razão de uma
chávena a cada refeição,
© Extracto seco: 1 -2 g diários, se
não se tolerar o sabor amargo da
do século XX que ganhou um grande infusão ou do sumo fresco.
prestígio como remédio para as do-
enças hepáticas e biliares. Actualmen-
te, os extractos de alcachofra entram na
composição de vários preparados far-
macêuticos, em virtude das suas notá-
veis acções medicinais sobre o fígado
e o metabolismo.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
princípios activos da alcachofra, que
se concentram sobretudo nas folhas,
são a cinarina (princípio amargo) e
alguns ílavonóides derivados da luteí-
*
na. É muito rica em enzimas, inulina
(hidrato de carbono muito bem tole-
rado pelos diabéticos, ver pág. 80),
W1^
potássio e manganésio. Embora a al-
cachofra propriamente dita, isto é, o Outros nomes: aicachofra-hortense.
capítulo floral, também participe dos Esp.: alcachofera, alcachofa, alcaucil,
cardo alcahofero, morrillera. segmentadas, de cor verde-acinzentada.
efeitos medicinais que descrevemos, Fr.: artichaut. Ing.: artichoke.
para conseguir uma acção terapêuti- Os capítulos florais são de cor azul-
Habitat: Própria dos países -violácea, rodeadas de brácteas (falsas
ca importante é preciso usar sobretu- mediterrâneos. Cultivada em regiões folhas), na base das quais se encontra a
do as folhas, o caule e/ou as raízes da temperadas de todo o mundo. parte comestível.
planta. Descrição: Planta da família das Partes utilizadas: as folhas da planta, o
Compostas, que atinge até 1,5 m de caule, os capítulos florais (conhecidos
As propriedades da alca- altura. As folhas são grandes, muito por alcachofras) e a raiz.
chofra são:

• Colerética (aumenta a secreção de • Hipoglicemiante: Pelo seu conteúdo


bílis) e hepatoprotectora (antitóxica): em inulina, é um alimento próprio
Recomenda-se nos casos de dispepsia para os diabéticos IO.0.0I. . Favorece
ou cólica biliar e de insuficiência he- a diminuição do nível de açúcar no
pática IO.@,©l. É muito indicada no sangue.
caso de hepatite.
Fórmula • Hipolipemiante: Faz descer a con-
química da centração de colesterol e de outros lí- • Diurética, depurativa e eliminadora
cinarina, pidos no sangue, pelo que se torna de ureia: Apropriada no caso de al-
princípio buminúria e na insuficiência renal
activo da muito recomendável no caso de arte-
alcachofra. riosclerose lO,@,©l. IO,© 01.

387
Eupatorium
cannabinum L. 'i\ A IS J
Trevo- Preparação e emprego

-cervino USO INTERNO


O Decocção de 50 g de raiz fres-
ca cortada às rodelas, ou com a
Descongestiona mesma quantidade de folhas num
o fígado e depura litro de água. Tomam-se 2 ou 3 chá-
venas diárias.
o sangue
USO EXTERNO
©Compressas empapadas na
mesma decocção que para o uso
interno. Colocam-se sobre a zona
de pele afectada.

N AO SL DEVE confundir esta


planta, também chamada eu-
patório-de-avicena, com a agri-
mónia (pág. 205), que também tem o
nome de eiipatório-dos-gregos, a qua
Precauções

pertence a outra família botânica e


possui propriedades medicinais dis- Em doses elevadas, pode pro-
tintas. vocar vómitos.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém resina, uma substância
amarga, tanino e indícios de essência.
Possui propriedades coleréticas (au- Outros nomes: eupatório-de-avicena.
menta a secreção de bílis no ligado, Esp.: eupatorio, canabina.
clescongesiionando-o), depurativas, Fr.: eupatoire. Ing.: hemp agrimony.
anti-reumátícas, laxantes e expecto- Habitat: Terrenos e bosques húmidos
rantes. Utili/a-se em casos de afecções da Europa e da América.
hepáticas (hepatites, cirroses), dores Descrição: Planta vivaz da família das
reumáticas, bronquites e caiairos, e Compostas, que atinge até 1.5 m de
altura. As suas flores são cor-de-rosa,
também como purgante suave IOI. azul-páiido ou brancas, agrupadas em
Aplicado externamente, é vulnerário: corimbos. A raiz emana um odor fétido.
cura feridas injectadas, úlceras e As suas folhas são de sabor amargo.
lesões da pele 1©I. Partes utilizadas: as folhas, e a raiz
acabada de arrancar.

£

V Eupatórios americanos

Existem na América várias espécies de xante, sudorífico e febrífugo, em cons- pelo nome espanhol de 'ayapana de Ton-
eupatórios: tipações e gripes. quín'.
• Eupatorium coliinum D.C: Conhecido pe- • Eupatorium purpureum L: Empregado • Eupatorium triplinerveMaH. = Eupatorium
los nomes espanhóis de 'hierba dei án- pelos índios norte-americanos como diu- ayapana Vent.: Proveniente dos trópicos
gel', 'barrilete' e 'majitero'. Cultiva-se pa- rético e tonificante. asiáticos. Prepara-se com as suas folhas
ra utilizar as folhas como sucedâneo do • Eupatorium staechadosmum Hance.: uma infusão estimulante. É conhecido no
lúpulo. Originário da Indochina, mas cultivado na Brasil como aiapana, e noutros países la-
• Eupatorium perfoliatum L: Cria-se na América tropical devido às propriedades tino-americanos como 'ayapana', 'curía',
América do Norte, onde se usa como la- medicinais das suas folhas. É conhecido 'diapalma' e 'té dei Amazonas'.

388
Fumaria
offíclnalls L O] 1^ *l [£J IH

Preparação e emprego

Fumaria
USO INTERNO
Descongestiona O Infusão de 50 g de planta por
o fígado e desintoxica litro de água. Toma-se uma chá-
vena antes de cada uma das três
refeições.
ô Sumo da planta fresca adoça-
do com mel, à razão de meio co-
po antes de cada refeição.
€) Extracto seco: Ingere-se um
grama antes de cada refeição.

N ÃO SE SABE se a fumaria se
chama assim porque, quando
é torcida ou esmagada, faz
chorar como se fosse fumo, ou então
porque as suas folhas cinzentas se as-
semelham ao fumo de um incêndio,
cujas labaredas seriam as flores.
Tem sido usada com êxito desde o
tempo de Dioscórides (século I d.C).

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém ílavonóides que a tor-
nam colerética e antiespasmódica;
sais de potássio, a que se deve a sua
acção diurética e depurativa; e diver- Outros nomes: erva-molarinha,
erva-pombinha, fumo-da-terra,
sos alcalóides derivados da isoquino- moleirinha. Brasil: fel-da-terra.
leína (fiunarina) que lhe conferem
Esp.: fumaria, plumaria,
uma acção anti-histamínica (a hista- palomilla, flor de pajarito, hierba
mina intervém nas reacções alérgicas) de la tierra, hierba de conejos,
e anti-inflamatória. capa de reina. Fr.: fumeterre
[officinalej. Ing.: [hedge]
Além disso, a fumaria contém prin- fumitory, earlh smoke.
cípios amargos e mucilagens. Tem as
seguintes indicações; Habitat: Nas proximidades de
campos cultivados, nas beiras
• Eczemas e erupções da pele devidos dos caminhos e em terrenos
a auto-intoxicação por putrefacção in- baldios. Originária da Europa,
testinal, insuficiência renal, afecções mas difundida em todo o mundo.
hepáticas (hepatite crónica), ou aler- Descrição: Planta anual, da família das
gias IO.0.0I. Fumariáceas. que atinge de 20 a 70 cm de
altura. As suas folhas são de um cinzento
• Afecções hepáticas: congestão e esverdeado, e as flores rosadas ou
mau funcionamento {lo fígado ou he- vermelhas. O aroma è ácido, e o sabor.
patite crónica, pelo seu efeito coleré- amargo.
tíco (estimulante da secreção de bílis) Partes utilizadas: Toda a planta excepto
IO0.0I a raiz.
• Hipertensão arterial, pelos seus elei-
tos diurético, antiespasmódico, depu-
rativo e fluidificante do sangue
IO0.0I

3<
Peumus boldus
Molina
líj \É

Boldo
Normaliza
o funcionamento
da vesícula biliar

O BOI.DO é uma cias plantas


medicinais mais utilizadas na
preparação de produtos far-
macêuticos para li atar as doenças do fí-
gado e da vesícula biliar. Existem vá-
rios medicamentos, produzidos por
diversos laboratórios, em cuja com-
Outros nomes:
Esp.: boldo. Fr.: boldo. Ing.: boldo.
-CP Preparação e emprego
posição entra o boldo. E que esta Habitat: Cresce espontaneamente
planta apresenta propriedades que no Chile e nas regiões andinas da
nenhum produto químico consegue América do Sul. Cultiva-se na Itália
USO INTERNO
igualar. e no Norte de África.
Descrição: Árvore ou arbusto de O Infusão com 10-20 g de folhas
No Chile, é uma planta muito apre- de boldo por litro de água, de que
até 5mde altura, da família das
ciada. Os primitivos povoadores dos Monimiáceas, com folhas elípticas se toma uma chávena antes de
Andes já a utilizavam como estomacal de superfície rugosa. As flores são cada refeição, até 4 diárias.
e digestiva. Hoje pode-se encontrar brancas ou amareladas. Toda a © Extracto seco: 1 g, 3 ou 4 ve-
este dom da Natureza nas farmácias e planta liberta um agradável aroma
semelhante ao da hortelã. zes ao dia, antes das refeições.
ervanárias de toda a Europa e Améri-
ca, onde continua a ser conhecido Partes utilizadas: as folhas.
pelo seu primitivo nome araucano.

Precauções
N -CH,

Não ultrapassara dose indicada (quatro chávenas por dia), pois em doses elevadas
CH, o boldo é soporífero (faz dormir) e anestésico sobre o sistema nervoso central. Es-
tes efeitos só se apresentam com doses muito elevadas, e de modo nenhum com
CH,- as que são indicadas.

OH Embora não haja provas concludentes de que possa afectar o feto, como medida
de precaução as grávidas devem evitar ingerir esta planta.
Fórmula química da boldina, o alcalóide
mais importante do boldo.

390
&

^L-y^ 4
Bal;V\
| B - *§• ^•^)L. •

Magnífica panorâmica de Torres dei Paine (Chile). O boldo é originário das regiões montanhosas andinas do Chile, em-
bora actualmente se encontre também, cultivado, no Sul da Europa e no Norte de África. A u m e n t a n d o a produção de
bílis, melhora o funcionamento do fígado e da vesícula biliar. Está provado que o consumo de boldo pode melhorar os
eczemas cutâneos, possivelmente devido ao facto de favorecer a função desintoxicante do fígado.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- quinesia biliar (transtorno no funcio- mem novos cálculos ou aumentem de
lhas do boldo contêm cerca de vinte namento da vesícula biliar) e cólicas tamanho aqueles que já existem.
alcalóides derivados da aporíina, dos biliares IO.0I.
quais o mais importante é a boldina. O boldo também se torna benéfico • Eupéptico (facilita a digestão) e ape-
que representa entre 25% e 30% do no caso de litiase biliar (pedras na ve- ritivo: O boldo está indicado nos ca-
total. Também são ricas no óleo es- sícula), para aliviar as perturbações di- sos de digestão lenta ou difícil, ina-
sencial que dá à planta o seu aroma gestivas e a sensação de distensão após petência, peso no estômago e os cha-
característico, e no qual se identifica- as refeições, sintomas característicos mados amargos de boca IO,©l.
ram eucaliptol, ascaridol e cimol. As desta doença IO.01. Na realidade o
Tolhas contêm ainda diversos flavo- boldo não é capaz de desfazer os cál-
nóides c glicósidos (boldoglucina). culos biliares, nem de provocar a sua • Laxante suave, possivelmente como
expulsão. Comprovou-se, no entanto, consequência do maior afluxo de bí-
As propriedades mais importantes lis no tubo disgestivo, que esta planta
que se produzem mudanças na com-
do boldo são: provoca IO.0I.
posição química e nas propriedades
• Colerético (aumenta a produção de físicas da bílis, tornando-a mais fluida
bílis no fígado) e colagogo (facilita o e menos litogénica (com menor O boldo associa-se normalmente a
esvaziamento da vesícula biliar): Por tendência paia a formação de pedras outras plantas coleréticas e colagogas
isso as folhas do boldo são indicadas ou cálculos); quer dizer que o boldo (alcachofra, alecrim, e t c ) , ou laxan-
no caso de congestão hepática e dis- impede que a bílis precipite e se for- tes (fràngula, sene, e t c ) .
vui
\lum
O 5) \M Q Q

Polipódio
Descongestiona
o fígado
Outros nomes:
Poiipódio-do-carvaiho,
fentelha, filipode, teto-
-doce.
Esp.: polipódio, filipodio.
Fr.: poíypode. fougère
réglisse. Ing.: [femalej
fern, polypody.

«2r>;

Habitat: Comum em todas as

T LOFRASTO e Dioscórides já
conheciam as propriedades ia-
xativas deste feto. No século
XVI, o médico espanhol Andrés de
Laguna dizia que «o polipódio pinga
regiões temperadas do
hemisfério norte. Nasce quase
sempre nos troncos de árvores
velhas, nos muros sombrios e
sobre as pedras cobertas de
com grande facilidade, de sorte que musgo.
nem revolve o estômago nem provoca Descrição: Feto da família das
fastio». Seguindo um velho costume, Polipodiáceas, de 15 a 50 cm de
este médico recomendava aos que so- altura, com frondes alongadas e
triangulares, em cuja face inferior
friam de prisão de ventre que comes- se encontram os esporângios. O
sem o caldo de um galo velho rechea- rizoma (caule subterrâneo) é
do de raiz. de polipódio e de sene. rasteja nte e dele partem
numerosas pequenas raízes. A
calaguala (pág. 724) é outro teto
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz do género Polypodium.
do polipódio contém um princípio
amargo glicosídico, saponina, murila- Parte utilizada: o rizoma.
gens e açúcares. Tem um agradável sa-
bor a alcaçuz. São esias as suas pro-
priedades:
• Laxante suave e colagogo: Indicado
em casos de prisão cie ventre crónica
O Preparação e emprego
e de insuficiência ou congestão hepá-
tica, assim como em transtornos da ve- bebem-se todos os dias 3 ou 4 chá-
USO INTERNO
sícula biliar IO.01. venas.
O Decocção com 30 g de raiz num
• Expectorante e antifússico. Útil em litro de água, fazendo-a ferver até © Pó de raiz: A dose habitual é de
caso de catarros bronquiais e de tosse que fique reduzida a metade. Deixa- um grama, de uma a três vezes ao
seca IO.0I. se repousar durante umas horas e dia.
• Vermífugo: Faz expulsar os parasitas
intestinais IO.0I.

392
Raphanus sativus l_
O Pt

Rabanete e Preparação e emprego

rábano
USO INTERNO
Regenera o fígado. O Cru em saladas, é um con-
dimento saudável e curativo.
Combate eficazmente a
© Sumo fresco do tubérculo, à
sinusite razão de 50 a 125 ml, três ve-
zes por dia, antes das refeições
e adoçado com mel ou açúcar
escuro.

Saramago

O saramago (Raphanus rapha-


nistrum L.).' também conhecido
por cabestro, é considerado a
espécie da qual procedem os

O S RABANETES são m u i t o
a p r e c i a d o s nos países m e d i -
terrâneos como condimento
para as saladas. Nalguns lugares, n ã o
se c o m e só a raiz mas t a m b é m as fo-
rabanetes e rábanos cultivados
como hortaliça.
As suas propriedades medici-
nais são as mesmas que as do
lhas, q u e lèm um agradável sabor pi- rabanete vulgar (Raphanus sa-
cante. O rábano {Raphanus Sativus L. tivus L).
var. Nigra) é uma variedade do raba- As sementes contêm um alca-
n e t e c o m u m , caracterizada pela c o r lóide, a sinalbina, que, pela
escura da raiz, muito empregada em fi- acção da enzima que o acom-
toterapia. panha, se transforma em
essência de mostarda.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- ' Esp.: rábano silvestre. Fr.: reve-
tém um glicósido sulfurado (gluco-ra- nelle. Ing.: wild radish.
fenina) que, por hidrólise enzimática,
se transforma em rafanol, substância
a q u e se devem as suas p r o p r i e d a d e s
colagogas, colercticas, antibióticas e
Outros nomes: rabão. Brasil: rabanete-
peitorais. C o n t é m t a m b é m sais mine- -das-hortas, nabo-chinês.
rais e vitaminas B e C. Sãos estas as Esp.: rábano, rabaneta. rabanete, nabo
suas aplicações: chino criollo, nabón. Fr.: radis.
Ing.: radish.
• Afecções hepatobiliares: Aumenta a
Habitat: Originário da Ásia Central,
p r o d u ç ã o de bílis pelo ligado (efeito actualmente cultivado em todas as regiões temperadas do
colagogo), o q u e o descongestiona e mundo.
desintoxica. Ao m e s m o t e m p o , me- Descrição: Planta herbácea, da família das Cruciferas, de folhas muito
lhora o funcionamento da vesícula bi- ramificadas e flores brancas com riscas cor-de-rosa ou violeta. A raiz é um
liar, ao favorecer a correcta evacuação bolbo de cor branca, vermelha ou parda escura.
da bílis para o d u o d e n o . O rabanete Partes utilizadas: a raiz fresca.
é pois muito indicado nos casos de he-
-At.

Rábáo-rústico

O rábão-rústico (Armoracia rustica-


na Gaertn. = Cochlearia armoracia
L)*, é também chamado rábão-
maior, rabanete-de-cavalo e cocleá-
ria-da-bretanha. Nalguns países da
América do Sul também lhe chamam
saramago.
Tanto na sua composição como nas
aplicações, é muito semelhante à
mostarda {pág. 663). Este rabanete
adquiriu grande notoriedade porque
os professores Enamorado e López
Garcés, da Universidade Politécnica
de Madrid, obtiveram dele um ex-
tracto, conhecido como PDG (peró-
xido de difenilglioxal). Administrado a
O rabanete e o rábano são grandes amigos do fígado, gJãndula que des-
doentes de esclerose múltipla, es- congestionam e desintoxicam. O seu consumo cru, ou em sumo, é muito in-
te extracto de rábano produziu me- dicado em caso de hepatite, cirrose, degenerescência do fígado devida ao
lhoras notáveis. Também está a ser consumo de álcool, e intoxicação hepática por fármacos ou produtos quími-
investigada a sua possível acção cos.
anticancerosa.
* Esp.: rábano rusticano. Fr.: raifort. Ing.:
horse radish.

patite aguda e crónica, doença gorda


do ligado, cirrose, intoxicação hepá-
tica por fármacos, produtos químicos
ou cogumelos, assim como nas dis-
pepsias biliares (vesícula preguiçosa).
Pode contribuir para regenerar o fí-
gado na hepatite alcoólica e no caso
de degenerescência gorda produzida
pelo álcool ou por outros tóxicos
IO.01
• Afecções respiratórias: E mucoliti-
co (amolece ;» mucosidade), expec-
torante e antibiótico. Muito indicado
em catarros brônquicos, bronquites e
laríngites, e de modo especial nas si-
nusites IO.0I. Trata-se de um valioso
remédio auxiliar nas curas de desin-
toxicação do tabaco.
• Aperitivo e diurético IO.OI.
Sllybum maríanum
(L) Gaertn.
U U J
Cardo-de- Preparação e emprego

-santa-maria USO INTERNO


O Salada: As folhas tenras
Regenera as céfulas sem espinhos, assim como o in-
terior das alcachofras do cardo-
hepáticas -de-santa-maria, podem comer-
-se em salada crua, tal como o
fazem os beduínos do Sara, pa-
ra quem constituem um delica-
do manjar.
© Infusão ou decocção com
30-50 g de frutos esmagados ou
triturados, a que podem acres-
centar-se folhas ou raízes. To-

O S ESPINHOS dos cardos são


as defesas que protegem um
grande tesouro medicinal.
Muilos, no entanto, permitem-se des-
prezar esias plantas, achando que são
mam-se de 3 a 5 chávenas por
dia. Esta dose pode ultrapassar-
-se sem nenhum perigo, jã que
a planta não apresenta nenhum
toscas e grosseiras, apropriadas unica- tipo de efeito tóxico.
mente para comida de burricos. E por © Extracto seco: 0,5-1 g, três
isso que, em grande parte da Espa- vezes por dia.
nha, lhe chamam "cardo borriquero",
enquanto na Argentina e no Uruguai
é conhecido por "cardo asnal".
Já teve o leitor ocasião de ver um
burro a comer um cardo? Os "inteli-
Sinonímia científica: Carduus
gentes" seres humanos precisaram de marianus L.
muilos séculos para descobrir aquilo
Outros nomes: cardo-mariano,
que estes humildes quadrúpedes co- cardo-leiteiro.
nhecem. E possível que muitos se ad-
Esp.: Cardo mariano, cardo de
mirem quando souberem que, deste Maria, cardo borriquero, cardo
cardo que os burros comem, se extrai lechero, cardo blanco. Fr.: chardon
a siliniaiina, potente medicamento Marie. Ing.: ímilk] thistle, Saint
contra as doenças do ligado, que faz Mary's thistle.
parte de vários preparados farmacêuti- Habitat: Espécie tipicamente
cos. mediterrânea, mas que se aclimatou
na Grã-Bretanha e na América do
Diz uma lenda que as manchas Norte. Cresce espontaneamente em
brancas que adornam as folhas deste terrenos secos e pedregosos.
cardo são gotas de leite que caíram do Descrição: Planta vigorosa, de
seio da Virgem Maria, quando fugia aspecto espinhoso, que atinge até
com o seu Filho da perseguição de dois metros de altura. Pertence à
I lerodes. Baseando-se nisto, a medici- família das Compostas. As suas folhas,
na medieval recomendava o cardo-de- grandes e espinhosas, chamam a atenção
pelas manchas brancas que se estendem ao longo
•sanla-maria às parturientes e amas de das nervuras. Os capítulos florais são cor-de-
leite, para aumentar a secreção do -rosa ou púrpura. Os frutos são duros, de
leite. 6-7 mm e de cor escura.
O progresso da ciência nos últimos Partes utilizadas: os frutos (sementes), as folhas
séculos, que foi dando a conhecer a e a raiz.
composição química das plantas, per-
mitiu abandonar muitas das supers-
tições populares a respeito das pio-
príedades das plantas m e d i c i n a i s .
Graças a isso, p o d e m o s hoje usá-las
com conhecimento de causa e maior
eficácia curativa.

PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : NOS
frutos do cardo-de-santa-maria, ou
caido-leileito, enconlram-sc as subs-
tâncias responsáveis pelos seus efeitos
medicinais. São os chamados flavo-
nolignanos. A doutora Coll (do La-
boratório de Farmacognosia e Far-
macodinamia da Faculdade de Far-
mácia de Barcelona) indica que estes
compostos residiam da união de um
flavonóide (a taxifolina) com uma
molécula àe tipo fenupropanôide (o
álcool coniferílico). A mistura dos di-
versos tipos (isómeros) de flavonolig-
n o a o i r a o o b a . . n o m o elo MUSCUM-UMI.
A SILIMARINA é capaz de estimular
a r e g e n e r a ç ã o das células hepáticas
danificadas por tóxicos como o álcool
etílico ou o tetracloreto de c a r b o n o ,
assim c o m o pela laloidina, substância
contida no amanha falóides {Amani-
taphalUndis [Fr.] Link.). o mais tóxico
de todos os cogumelos. A similarina
estimula a síntese de proteínas nas cé-
lulas hepáticas, e tem além disso u m a
i m p o r t a n t e acção anti-inflamatória
sobre o m e s ê n q u i m a (tecido fibroso
de suporte) do ligado.
Por tudo isto, o caido-de-santa-ma-
ria é especialmente indicado nos se- Dos frutos do cardo-de-santa-maria, ou cardo-leiteiro, extrai-se a
guintes casos: cilimarina, substância capaz de regenerar as células hepáticas. A
• Degenerescência g o r d a do fígado, silimarina faz parte de diversos medicamentos.
quer seja c a u s a d a p e l o álcool q u e r
por outros tóxicos !©,€)).
• I n f l a m a ç ã o do fígado causada poi
fármacos, c o m o , p o r e x e m p l o , anti- Km todos estes casos, a silimarina substâncias activas ( a m i n a s biogéni-
-inflamatórios, tuberculostáiicos, ano- c o m i d a nos frutos do cardo-de-santa- cas, óleo essencial, albuminóides e ta-
vulatórios ou psicofái maços I0,©1. -maria estimula a r e g e n e r a ç ã o das cé- n i n o ) , as quais p o d e r i a m explicar a
lulas hepáticas danificadas e restabe- sua acção reguladora sobre o sistema
• Intoxicações p o r substâncias hepa-
lece o seu f u n c i o n a m e n t o n o r m a l . nervoso vegetativo, q u e é o q u e con-
totóxicas, c o m o o tetacloreto de car-
C o n v é m q u e se saiba q u e , nem esta trola a t o n i c i d a d e dos vasos sanguí-
bono, os insecticidas organolbsfora-
planta, nem qualquer o u t r o tratamento, neos. Por isso, se utiliza com êxito nos
dos e OS cogumelos do g é n e r o Anrn-
alé á data, são c a p a / e s de curar com- casos de:
nita (A. phaUoides, A. vem a, A. virosa)
pletamente a cirrose em q u e já se l e n h a
10 01. • Enxaquecas e nevralgias 101.
p r o d u z i d o a necrose ( m o r t e ou des-
• Hepatite vírica aguda, hepatite cró- truição) de células do fígado. No en-
nica, hepatite alcoólica (inflamação tanto, m e s m o nos casos mais graves, • Esgotamento e astenia (fadiga) l@I.
do fígado causada pelo c o n s u m o de sempre se poderá esperar algumas • Cinetose (enjoos e vómitos nas via-
bebidas alcoólicas) IO.©). melhoras. g e n s ) : t o m a r u m a chávena fie tisana
• Insuficiência e congestão hepáticas, antes de sair l©l.
Os FRUTOS do cardo-dc-sanla-ma-
com ou sem icterícia IO,©). ria e, em m e n o r p r o p o r ç ã o , as folhas • Reacções alérgicas: febre dos fenos,
• Cirrose hepática IO.©l. e as raízes, c o n t ê m t a m b é m o u t r a s urticária, asma 101.

396
Taraxacum
officinaleYJeb. ma j
Dente-de- Preparação e emprego

-leâo y r USO INTERNO


O Salada: O seu agradável sa-
Um grande a m i g o bor, ligeiramente amargo, torna as
do fígado e dos rins folhas do dente-de-leáo um ingre-
diente muito apropriado para sa-
ladas primaveris, em que se pro-
cura sobretudo o efeito aperitivo
e depurativo. Pode temperar-se
com azeite de limão.
© Sumo fresco: Obtém-se por
pressão ou trituração das folhas e
raízes. Tomam-se 2 ou 3 colhera-
das antes de cada refeição. Para
conseguir um efeito depurativo im-
portante, deve tomar-se diaria-
mente durante um mês e meio, na
Primavera.

N ÃO BRINQUEM com essas


flores amarelas, senão vão fa-
zer xixi na cama - diz uma
mãe camponesa aos seus filhinhos.
€) Infusão: Prepara-se com 60 g
de folhas e raízes por litro de
água. Toma-se uma chávena an-
tes de cada refeição.
- Porquê, mamã?
- Olhem, essa planta que têm na
mão chama-se dente-de-leão por cau-
sa do feitio das folhas. Mas na Fiança,
onde existe em grande quantidade,
chama-se pissenlit, que quer dizer Outros nomes: taraxaco, coroa-de-
'urinar na cama'. -monge, frango, quartilho. Brasil:
Efectivamente, o dente-de-leão c alface-de-coco.
um grande diurético e, talvez por isso, Esp.: diente de león, amargón
insubstituível nas curas depurativas da [común}, taraxacón, peiosilla,
achicoria sifvestre, fecriugutfa.
Primavera, tão apreciadas nos países Fr.: pissenlit, dent de lion.
germânicos. Ing.: dandelion, lion's tooth.
Habitat: Muito comum nos prados,
campos e bermas dos caminhos de
toda a Europa e América.
O Sucedâneo do café
Difundida pelos cinco continentes.
Descrição: Pianta vivaz, da famiJta
das Compostas, que se eleva cerca
de 30 cm acima do solo. As folhas
são profundamente dentadas ou
Com as raízes torradas do ctente-cfe- fobuladas, e formam uma roseta
-leão, prepara-se uma infusão que po- basal junto à terra, de onde saem os
de substituir o café, com a vantagem pedúnculos florais, na extremidade
de cada um dos quais se apresenta
de não ter nenhum dos seus efeitos um capitulo florai de um amareh
nocivos. intenso.
Tem um sabor muito agradável, e Partes utilizadas: as folhas e a raiz.
conserva quase todas as proprie-
dades medicinais da planta.

397
As fJores sáo a parte mais atraente do dente-de-leáo,
embora não seja a mais medicinal. Usam-se sobre-
t u d o as folhas e a raiz, tanto em sumo fresco como
em infusão. As folhas também se comem cruas em
salada. A acção do dente-de-leão sobre a vesícula bi-
liar é m u i t o notável.

E quem nunca terá assoprado es- seus nomes vulgares que deriva dire- botânico alemão, recomendava-o
sas bolinhas brancas e peludas, que tamente do latim). para diversos transtornos e doenças.
enfeitam «>s piados, e que contêm as Embora o dente-de-leão seja men- Desde então, sua credibilidade como
sementes do dente-de-leão? A facili- cionado em textos do século XV, é só planta medicinal tem se mantido.
dade com que se dispersam permitiu no século XVI quando se começam a Em 171 6, o sábio beneditino Ni-
a esta planta, originária do Norte da registai as suas propriedades medici- colás Alexandre em seu Dklwnnaire
Europa, conquistar os cinco conti- nais. A primeira clara e importante botanique cl. phannaceuliqtte considera-
nentes. São muitos os habitantes de menção que nos chega de suas pro- va a coroa-de-monge ou quartilho
todo o mundo que têm beneficiado priedades diuréticas e depurativas é (outros dos nomes vulgares que esta
das suas untáveis propriedades me- de Bock (1546). planta recebe) como uma das prin-
dicinais. cipais ervas medicinais biliares, <«isto
A partir do século XVI, o dente-
O crédito que o dente-de-leão tem de-leão passa a fazer parte das far- é, que tem a virtude de corrigir c de
em alguns países é lai que certos au- macopcias europeias, tornando-se as- í restabelecer á normalidade os vícios
tores chegam a lalar de "taraxotera- sim, cada vez mais popular. I.eonhart da massa sanguínea».
pia", ou seja. a terapêutica baseada Fuchs (Wending, Baviera, 1501; Tu- As folhas do dente-de-leão tênvse
na aplicação do taraxaco (um dos binga, 1566), o famoso médico e usado tradicionalmente como verdu-

39B
E quem nunca terá
soprado essas
bolinhas brancas
e peludas,
que enfeitam
os campos e que
contêm as sementes
do dente-de-leão?

ia para salada. Outrora, os campone- Depois de submeter estes cães a ker confirmar as propriedades cole-
ses limitavam-se a colhê-las em estado um jejum de 24 horas, injectava-se- réticas e colagogas do dente-de-leão.
silvestre, mas hoje se cultivam com lhes no duodeno uma solução de ex- Vejamos, então, quais são as pro-
frequência como verdura e se comer- tracto de dente-de-leão, constatan- priedades cientificamente demons-
cializam em muitos mercados. do-se, como consequência, um con- tradas desta apreciada verdura sil-
siderável aumento, ainda que de cur- vestre:
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- ta duração, da secreção biliar. Atra-
• Aperitivo, digestivo e tónico esto-
lhas e a raiz contêm taraxacina, um vés de posterior autópsia, nào se ob-
macal: Aumenta as secreções de to-
princípio amargo semelhante ao da servaram efeitos purgativos no intes-
das as glândulas digestivas, facilitan-
Chicória (pág. 440), a que se devem as tino.
do deste modo a digestão e aumen-
suas propriedades tónicas e digestivas. Estes mesmos experimentos de- tando a capacidade digestiva IO,0.©|.
e inulina. As folhas contêm ainda II a- monstraram que a substância activa Aumenta a produção de saliva, de su-
vonóides, cumarinase vitaminas B e C. desta planta medicinal, comportava- cos gástrico, intestinal e panercálico,
se como um colagogo, cuja influên- assim como de bílis. Ao mesmo tem-
Ruthelord e Vignal observaram,
cia sobre a vesícula biliar justificava o po, estimula a musculatura de todo o
em suas experiências científicas, que
seu tradicional uso como remédio tubo digestivo. Por tudo isto, acelera
o extracto desta planta provocava
paia a vesícula. e estimula todos os processos da di-
contracções na vesícula biliar dos ca-
chorros, semelhantes às que se po- gestão, tanto físicos como químicos.
Após tais experiências, investigou-
dem observar após administrar-lhcs se com ratinhos de laboratório anes- • Colerético (aumenta a produção
calomelano. tesiados, o que permitiu a Bussenma- de bílis no fígado) e colagogo (la< ili
Embora em n e n h u m caso
se deva abusar das infusões
de produtos torrefeitos, a
raiz torrada do dente-de-
Jeão, q u a n d o tomada com
moderação, é um substitu-
to do café muito benéfico.

ta o esvaziamento da vesícula biliar): não seja capa/ de dissolver os cál- esta planta um bom remédio para ca-
A sua acção sobre o fígado e a vesí- culos, permite um melhor fun- sos de eczema, erupções, furúnculos
cula biliar é a mesma que sobre os cionamento da vesícula, enquan- e celulite, que muitas vezes são con-
restantes órgãos digestivos, ainda to se aguarda um tratamento defi- sequência de uma auto-intoxicação
que mais intensa. Trata-se tle uma das nitivo. produzida pela prisão de ventre
plantas mais activas sobre a função fi- • Diurético e depurativo: É um dos IO,0,©I.
liar, pelo que convém especialmente seus efeitos mais notáveis. Aumenta
aos que sofram de (0,€>,€)!: o volume da urina e favorece a eli- Por tudo isso, as folhas do dente-
minação de substâncias ácidas resi- de-leão, preferivelmente do silvestre,
-Insuficiência hepática, hepatite e cir- ou mesmo as do cultivado, desde que
rose: Pode chegar a triplicara pro- duais, que sobrecarregam o metabo-
lismo. Tem utilidade para os pletóri- esteja bem fresco, deveriam ser a ver-
dução de bílis, descongestionando dura preferida dos que sofrem de
assim o ligado c facilitando a sua cos, os gotosos e os artríticos 101. Se-
gundo o dito francês, o denie-de-leão problemas hepáticos, da mesma for-
função de desintoxicação. ma que para os dispépticos, gotosos,
"limpa o filtro renal e seca a esponja
- Disquinesias biliares (vesícula pre- hepática". anémicos e reumáticos.
guiçosa e outros transtornos do
• Laxante suave, não irritante, espe- Além disso, tradicionalmente vem-
seu funcionamento).
cialmente útil nos casos de preguiça se utilizando o LÁTEX da planta
-Colelitíase (cálculos na vesícula ou atonia intestinal. O seti efeito la- para acabar com verrugas, sardas e
biliar): Kmbora o denie-de-leão xante, unido ao depurativo, tomam certos tipos fie manchas da pele.

400
s&íl
f**L*.

..:
TESTEMUNHO

A
s plantas têm sido usa- endida e apreciada. listamos pe-
das em lodos os tempos rante a necessidade urgente de uti-
pelos seres humanos lizar estes recursos de maneira pro-
como fonte de alimentos, de produ- veitosa, tanto do ponto de vista da
tos cosméticos e de medicamentos. conservação do meio ambiente como
Também têm sido empregadas como do ponto de vista económico.
matéria prima para a construção
de habitações, assim como para a
obtenção de vestuário. A importân- As plantas são o fundamento de
cia das florestas, especialmente das alguns sistemas médicos tradicio-
tropicais, na manutenção do equi- nais muito elaborados, com milha-
líbrio ecológico da Terra, só agora res de anos de existência, em países
começa a ser devidamente compre- como a índia ou a China. Estes sis-
temas tradicionais de medicina con-
tinuam a desempenhar um papel
essencial nos cuidados médicos, ao
ponto de a OMS (Organização
Mundial de Saúde) calcular que oi-
tenta por cento dos habitantes do
mundo actual confiam principal-
mente nas medicinas tradicionais
para resolver os problemas básicos
da saúde.

Os produtos à base de plantas


medicinais desempenham, também,
uma importante função nos siste-
mas dos cuidados médicos de vinte
por cento do resto da população
extractos de plantas à procura da sua
possível actividade anti cancerosa, e mais
de 30000 tentando encontrar neles uma
actividade em presença do vírus da sida.

O desenvolvimento de agentes clini-


ca mente eficazes contra o cancro, como
O laxol (obtido a partir do teixo), e a des-
mundial, que reside principalmente em
coberta de agentes potencialmente acti-
países desenvolvidos. Se observarmos os
vos em presença do vírus da sida, de-
componentes dos medicamentos comer-
monstram o valor das plantas como fon-
cializados nos laboratórios farmacêuti-
te de novos medicamentos, e salientam a
cos dos Estados Unidos, verificaremos importância de consewar estes valiosos
que um em cada quatro contém extrac- recursos.
tos de plantas ou princípios activos de-
rivados de plantas superiores. Igual-
mente, pelo menos 119 substâncias quí- D R . GORDON M. CRAGG
Sccc,ão de Produtos Naturais,
micas consideradas como medicamentos Instituto Nacional do Cancro (NCI)
importantes, actualmente usados em um dos Estados Unidos.
ou mais países, derivam de 90 espécies
de plantas.

O Instituto Nacional do Cancro


(Nd) dos Estados Unidos da América
foi criado em 1927 com a missão de pro-
porcionar, fomentar e ajudar a coordenar
OS investigações relacionadas com o can-
cro. O Instituto Nacional do Cancro es-
tudou em profundidade mais de 100000
PLANTAS
QUE CURAM
Enciclopédia das Plantas Medicinais

D ESCRIÇÃVJ
SEGUNDA P A R T E ^ V

Mi
t

:..
PLANTAS PARA O ESTÔMAGO

a IÁRIO DO CAPÍTULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES Açafrão 448
Acidez de estômago 418 Açafrão-da-índia = ('.tire uma 450
Arroios, ver Cases no estômago 421 Acoro-cheiroso = Cálamo-aromático . .. 424
Digestão, transtornos, ver Dispepsia . .419 Alforva 474
Dispepsia 419 Almeirão = Chicória 440
Dor de estômago 420 Ananás 425
Emitiras, plantas 417 Angélica 426
Estômago descaído 420 Anis-eslrelado 455
Estômago, acidei 418 Anis-verde 465
Estômago, dor 420 Artemísia-mexicana 431
Estômago, falta de SUCOS 418 Áworeila-goma-arábica 469
Estômago, gases 421 Asaro 432
Estômago, hemorragia 421 liadiana • Anis-estrelado 455
As plantas medicinais Becabunga 475
normalizam as funções do
Estômago, nervos 421
Estômago, úlcera 423 Cálamo-aromático 424
estômago e contribuem de Calumba 446
forma decisiva para uma Falta de sucos gástricos 418
mefhor digestão. ('iinrla-da-china 443
Gases no estômago 421
Caneleira 442
Gastrite 422
Gastrite crónica 423 Cardo-santo 444
Cardo-sanlo-mexicano 445
Hemorragia gástrica 421
Carvalhinho 473
Hipocloridria,
ver Ealta de sucos gástricos 418 Centáuiea-áspera 437
Chicória 440
Hipotonia gástrica,
ver Estômago descaído 420 Coentro 447
Má digestão, ver Dispepsia 419 Cominho 449
Condurango 454
Nervos no estômago 421
Coriandro = Coentro 441
Pirose, ver Acidez de estômago 418
Plantas eméticas 417 Couve 433
Cúrcuma 450
Ptose gástrica, ver Estômago descaído .420
Drias 451
Sucos gástricos, falta de 418
Endívia 441
Úlcera do estômago 423
Eiva-doce = Anis-verde 465
Vómitos 420
Ervaformigueira 439
Ewa-htisa = Lúcia-lima 459
PLANTAS Escarola 441
Abrólano 429 Estragão 430
Abrótano-fèmea 470 Felda-teira 436
Absinto 428 Eeno-giego = Alforva 474
Acácia-bastarda 469 Genciana 452

416
SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

J
Gengibre-silveslre 432 Maro 473
Groselheira 468 Orégão 464
Grosdheira-negra 468 Papaieira 435
Ipecacuanha 438 Poejo 461
Jasónia 456 Poejo-americano 462
Lilás 472 Quássia 467
Lombrigueira = Erva-formigueira . . . . 439 Qjiássia-da-jamaica 467
Loureiro 457 Robinia = Acácia-bastarda 469
Louro-cercjo 458 Sardónico 431
Lúcia-lima 459 Siderita 471
Mamoeiro = Papaieim 435 Trevo-d'água 463
Mandioca 460 Verónica 475
Manduba = Mandioca 460

O
ESTÔMAGO é muito sensível dução de suco gástrico sem irritar nem in-
à acção das plantas medicinais, flamar a mucosa do estômago, contri-
possivelmente pelo facto de buindo deste modo para facilitar e acele-
que, quando são ingeridas rar os processos digestivos.
pela boca, têm de passar um certo tempo As plantas medicinais exercem também
no dito Órgão digestivo. uma notável acção curativa na úlcera do
A maioria das plantas actua directamen- estômago, que é a doença mais frequente
te sobre a mucosa que reveste a face inte- deste órgão. O alcaçuz, a couve e a mara-
rior do estômago: Algumas criam uma ca- vilha são notáveis pela sua capacidade de
mada protectora de mucilagem. como a cicatrizar as lesões ulcerosas; e também a
acácia-bastarda; outras secam e desinfla- mandioca, a acácia-bastarda, o linho e a za-
niam a mucosa gástrica pela sua acção ads- ragatoa, pela sua acção protectora sobre a
tringente, como a pimpinela ou o pé-dc- mucosa gástrica. (Iriam uma camada no
-ieão; e outras compensam o excesso de interior do estômago, que o i.sola do con-
acidez, como a cenoura, a mandioca ou a tacto com o corrosivo ácido clorídrico do O sumo da couve crua
suco gástrico. exerce uma notável acção
abóbora.
antiulcerosa e cicatrizante
No entanto, também bá plantas que ac- sobre o estômago.
tuam sobre o estômago por via sanguínea, Foi possível comprovar a


após terem passado para o sangue no in- cura de úlceras do
testino. As paredes do estômago são mui- estômago depois de se ter
to vascularizadas, e através delas circula Plantas eméticas tomado, durante três
semanas, de meio a um
uma quantidade importante de sangue. copo de sumo de couve
Para actuar sobre o estômago, os princí- antes de cada refeição.
pios activos de certas plantas precisam de São plantas que provocam o vómito
chegar até ele com o sangue que o irriga, com uma finalidade terapêutica.
sendo insuficiente o lacto de transitarem Usam-se para esvaziar o estômago do
pelo seu interior. E este o caso, por exem- seu conteúdo em caso de intoxica-
ção acidental (envenenamento) ou de
plo, da angélica, do alcaçus e do milefólio. indigestão.
O estômago segrega todos os dias até
quatro litros de suco gástrico, composto Planta Página
basicamente de água, acido clorídrico,
Ásaro 432
pepsina, mucoproleínas e um factor an-
tianémico conhecido como o "factor in- Ipecacuana 438
trínseco" de Castlc. São numerosas as Condurango 454
plantas medicinais que estimulam a pro- Fitolaca 722
C a p . 1 9 : P L A N T A S PARA O E S T Ô M A G O

Doença Planta Pág. Acção Uso

ACIDEZ DO ESTÔMAGO
CENOURA , -5o Normaliza a produção de suco gástrico, r
Sintoma também conhecido como pi- ii:s
neutraliza o excesso de acidez uua, sumo
rose. É uma sensação de queimadura
ou de ardor, que normalmente se loca-
liza na vulgarmente chamada "boca do
estômago", que anatomicamente cor- LIMOEIRO 265 Regula a acidez, do estômago, Sumo do fruto
responde à união entre o esófago e o neutraliza o excesso de acido
estômago. No estômago existe sempre
um certo grau de acidez, necessário
para a digestão, mas não percebido
como tal. A sensação de acidez perce- MANDIOCA 460 Suavizante, anti-inflamatória, digestiva A farinha em preparações culinárias
be-se realmente no esófago. quando o
ácido do estômago reflui para cima,
saindo do estômago, e atinge a zona in-
ferior do esófago. ACÁCIA- .„ Emoliente, protege as mucosas
-BASTARDA do excesso de ácido Infusão de flores
A fitoterapia dispõe de plantas capazes
de proteger as mucosas digestivas e
de absorver ou neutralizar o excesso de
ácido. Ao contrário dos medicamentos
alcalinos, as plantas medicinais não pro-
ZARAGATOA 515 Protege as mucosas digestivas Maceração de sementes
vocam efeito de ricochete (aumento
da acidez depois de ter passado o efei-
to curativo).
ABÓBORA 605 Suavizante, anti-inflamatória Polpa do fruto

ADSOrve
BODELHA 650 ° s u c o gástrico Alga fresca, decocção ou infusão, pó
e diminui a acidez

FALTA DE SUCOS GÁSTRICOS CÁLAMO- 424 Aumenta a produção de sucos


- AROMÁTICO no estômago Decocção ou infusão com o rizoma
O suco gástrico é necessário para a di-
gestão, embora uma boa parte dos
seus componentes seja reabsorvida ANANÁS 425 Substituto do suco gástrico Fruto fresco, sumo
posteriormente no intestino. A insufi-
ciência de sucos gástricos afecta ne-
gativamente todos os processos di- Aumenta a
ANGÉLICA 426 secreção dos sucos Infusão ou decocção da raiz
gestivos, produzindo peso no estôma- gástricos
go, fermentações intestinais e até
mesmo anemia.
Fci na TFRna AIF. Incrementa a produção de suco gástrico,
Há plantas medicinais que podem fazer 0Q
estimula o esvaziamento do estômago Infusão de sumidades floridas
aumentar sensivelmente a produção de
sucos gástricos, por meio
da estimulação das piiiucieioa AAO Aumenta a produção de sucos
glândulas secreto- Condimento, infusão
CANELEIRA w e a motilidade do estômago
ras. Em geral, todas
as plantas amargas, ... Estimula as glândulas secretoras
e todas as especia- CARDO-SANTO Infusão ou decocção de folhas
de sucos gástricos
rias ou condimen-
tos, aumentam a pro-
dução de sucos gás- ^crv Estimula a secreção de sucos
CÚRCUMA Infusão de rizoma, pó
tricos. gástricos
Antes de administrar
qualquer planta para Os seus princípios amargos excitam
GENCIANA 452 a secreção de todas as glândulas Maceração, decocção. pó
aumentar a produção ou extracto de raiz
de sucos, é necessá- digestivas
rio que se diagnos-
tique a causa, para
excluir quaisquer do-
POEJO 461 Facilita os processos digestivos Infusão
enças malignas.
Pel seu
MILEFÓLIO 691 ° P r ' ncí P io amargo aumenta Infusão de sumidades floridas
Cardosanto a secreção de sucos
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N J S

2 " Parle: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

DISPEPSIA SANAMUNDA 194 Activa a digestão Infusão de rizoma, raiz ou folhas secas
Digestão difícil e trabalhosa. As suas Fornece enzimas que melhoram
manifestações são muito variadas: sen- Crua (brotos tenros), sumo fresco,
LUZERNA 269 os processos digestivos e combatem
sação de peso ou de dor no estômago, infusão, extractos
as fermentações
flatulência e ardor, geralmente depois
das refeições. Por extensão, também Estimula a secreção de sucos
se entende por dispepsia qualquer URTIGA-MAIOR 278 Sumo fresco, infusão
digestivos e a motilidade do estômago
transtorno do processo digestivo,
seja ele localizado no estômago, nas Acalma a acidez e faz desaparecer Infusão, maceração, extracto de raiz
vias biliares ou no intestino. ALCAÇUS 308
a sensação de enfartamento e rizoma
A má digestão, ou dispepsia gástrica.
pode dever-se a causas alimentares, 350 Anti-inflamatória, digestiva,
MACELA Infusão, pó, essência
funcionais ou nervosas; em qualquer elimina os gases
delas não existe uma verdadeira lesão
orgânica no aparelho digestivo. No en- Facilita a digestão, Em salada, sumo fresco
COCLEARIA 356
tanto, também pode dever-se a causas alivia as digestões pesadas
orgânicas, como a úlcera do estôma- Facilita o esvaziamento do estômago
go ou do duodeno, o cancro do estô- FUNCHO 360 Infusão de sementes, essência
e a digestão
mago, a estenose do piloro (aperto à
saída do estômago) e outras patologias Alivia as náuseas e vómitos,
graves. CAMOMILA 364 Infusão de capítulos florais
estimula o apetite
Uma vez diagnosticada a causa da dis-
pepsia, o Iratamento com plantas me- HORTELÃ- Infusão de folhas e sumidades
366 Tonifica os processos digestivos
dicinais pode ajudar muito eficazmente -PIMENTA floridas, essência
o organismo a restabelecer a normali-
dade dos processos digestivos. ARGENTINA 371 Abre o apetite, facilita a digestão Decocção de folhas e flores
Naturalmente que, em todos os casos, Abre o apetite, facilita a digestão,
é necessária uma correcção dos há- SEGURELHA 374 Infusão, essência
elimina os gases
bitos alimentares errados que fre-
quentemente estão na origem da dis- BOLDO 390 Facilita a digestão, aperitivo Infusão de folhas, extracto
pepsia: mastigação deficiente; excesso
de alimentos, especialmente do tipo CÀLAMO-
gordo; tóxicos, como o tabaco, o álcool 424 Facilita a digestão Decocção ou infusão de rizoma
- AROMÁTICO
ou o café; incompatibilidades e outros.
Tonifica e estimula as funções Infusão ou decocção da raiz
ANGÉLICA 426 do aparelho digestivo
Tonifica os processos digestivos,
FEL-DA-TERRA 436 Infusão de sumidades floridas
abre o apetite
Tonifica o estômago
CARDO-SANTO 444 Infusão ou decocção de folhas
e todo o aparelho digestivo
DRIAS 451 Aperitiva, digestiva, adstringente Infusão de folhas

CONDURANGO 454 Acalma a dor e o peso no estômago Decocção de casca

JASÓNIA 456 Digestiva, adstringente Infusão de folhas e sumidades floridas

LÚCIA-UMA 459 Digestiva, antiespasmódica, Infusão de folhas


carminativa

Facilita os processos digestivos,


POEJO 461 aumenta a secreção de sucos
Infusão

SlDERITA 471 Anti-inflamatória do tubo digestivo Infusão de sumidades floridas

MlLEFÓUO 691 Tónico digestivo, aumenta a produção Infusão de sumidades floridas


de suco gástrico
ALOÉS 694 Aperitivo, estomacal Pílulas de azebre
Aperitiva, tonificante, combate
QUINA 752 Infusão da casca
as fermentações intestinais
»

419
1 9 : P L A N T A S PARA O E S T Ô M A G O

ça Planta Pág. Acção Uso

ESTÔMAGO DESCAÍDO
Transtorno também conhecido como
hipotonia ou ptose gástrica. Produz-
HORTELÃ- Infusão de folhas e sumidades
366 Digestiva, tonificante
-se como consequência da dilatação do -PIMENTA floridas, essência
estômago causada por excesso de ali-
mentos ou por obstáculos ao seu es-
vaziamento. No entanto, na maior parte
dos casos, o estômago descaído é de
origem constitucional. Costuma apa- 426 ^ o n ''' c a e estimula as funções
recer em pessoas altas e magras, de ANGÉLICA Infusão ou decocção de raiz
digestivas
constituição leptossómica. Manifesta-se
com sintomas de dispepsia gástrica.
As plantas medicinais que indicamos to-
nificam o estômago e estimulam o seu
esvaziamento, pelo que contribuem
para minorar os incómodos causados GENCIANA 452 Potente tónico estomacal Maceração, decocção,
pelo estômago descaído. pó ou extracto seco de raiz

Infusão de sumidades floridas


ARTEMÍSIA 624 Estimula o esvaziamento do estômago
ou de raiz

VÓMITOS ERVA-CIDREIRA 163 Antiespasmódica, sedante, digestiva Infusão, extracto


Além das plantas que
indicamos, também se
tornam úteis todas CHÁ 185 Tónico digestivo Infusão de folhas
aquelas que têm ac-
ção antiespasmódi-
E , i m i n a os
ca (pág. 147), pois FNnpn ^4Q S a s e s . vedante, Infusão de sementes
evitam os espasmos UNDRO j*y acalma os vómitos
do estômago que nor-
malmente se asso- CARDO-DE- OQC Acalma os enjoos e vómitos
ciam aos vómitos. Na- Infusão ou decocção de frutos
-SANTA-MARiA das viagens
turalmente que, pri-
meiro, é necessário CINCO-EM-
averiguar a causa. 520 Adstringente, acalma os vómitos Decocção de rizoma e raiz
•RAMA

Endro e»ua CQR Digestiva, antiespasmódica, y*,.*** «*•*«»:«


SALVA 6 3 8 ac * a|ma Q 5 v . m j t £ 5 e a s c . | j c a s Infusão, essência

D O R DE ESTÔMAGO
LARANJEIRA 153 Acalma as dores gástricas Infusão de folhas e/ou flores
As causas mais frequentes da dor de de origem nervosa
estômago são a dispepsia (pág. 419),
a úlcera gastroduodenal e a neurose
gástrica (nervos no estômago).
Estas plantas contribuem eficazmente 308 Acalma a acidez e as dores Infusão, maceração, extracto
ALCAÇUS
para aliviar a dor de estômago de for- de estômago de raiz e rizoma
ma fisiológica, mas só devem apli-
car-se com prévio diagnóstico da
causa da dor.
CMUNtt, 454 Sa d
8 y° S e S P a S m 0 S Decocção de casca

A mucilagem que contém


ZARAGATOA 515 cria uma camada protectora Maceração de sementes
no estômago e intestino

420
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
2'' P a r t e : D e s c r i ç ã o

NERVOS NO ESTÔMAGO 1 co Acalma os espasmos do estômago,


Através do sistema nervoso vegetativo, LARANJEIRA 103
sedante Infusão de folhas e/ou flores
o estado emocional influi de forma de-
cisiva nas funções do estômago. Este
facto foi demonstrado por Pavlov na V R 172 Sedante, acalma a dor,
sua clássica experiência. Cerca de me- Infusão, maceração, pó de raiz
antiespasmódica, diminui a ansiedade
tade das consultas aos especialistas do
aparelho digestivo são motivadas por
causas nervosas. ASPÊRULA- ,ci Combate os espasmos do estômago
Infusão
Estas plantas combatem os espasmos -ODORÍFERA e intestino, facilita a digestão
que afectam o estômago, e equili-
bram o sistema nervoso
ERVA- ofi. Relaxa os órgãos digestivos,
vegetativo, com o que Infusão
evitam as doenças -COALHEIRA melhora a dispepsia de origem nervosa
gástricas causadas
por um estado emo-
Acalma os espasmos gástricos,
cional exaltado. MANJERICÂO-
-GRANDE
368 melhora as digestões lentas Infusão de folhas e flores, essência
devidas a tensão nervosa

MANJERONA 369 JSXrÇTSSBlLdta


Manjericão-grande
CONDURANGO 454 5 £ ! B Í S *J • « &W™* Decocção de casca
do estômago

ORÉGÃO 464 Sedante, antiespasmódico, carminativo Como condimento, infusão, essência

GASES NO ESTÔMAGO AI mmc ™a Elimina os gases do estômago Infusão, maceração, extracto de raiz
Devem-se frequentemente a causas ALCAÇUS jus e c o m b a t e os arrotos e rizoma
nervosas ou a t-ansgressóes dieté-
ticas. As plantas que indicamos têm
eleito carminativo, isto é, eliminam o
excesso de gases ou flatulências gás- ENDRO 349 S ^ 2 f d a n t e ' Infusão de sementes
tricas. Antes de tudo, haverá que tra- acalma os vómitos
tar a causa.
355 Combate os arrotos e os gases
ALCARAVIA Infusão de frutos, essência
intestinais

FUNCHO 360 facilita a expulsão dos gases Infusão de sementes, essência


Mear avia digestivos

MANJERICÂO-
-GRANDE
368 Acalma o excesso de gases e arrotos Infusão de folhas e frutos, essência

M.HICD.M. OÍ;Q Antiflatulenta, acalma os espasmos int,lt.=n « ^ r i ,


MANJERONA 3 6 9 n e r v o s o s d o e s t ômago Infusão, essência

HEMORRAGIA GÁSTRICA
É um sintoma grave, que requer sem- Favorece a coagulação do sangue,
pre atenção médica especializada. SEMPRE-NOIVA 272 Decocção, pó
aumenta a resistência dos capilares
Pode manifestar-se como h e m a t é m e -
se (sangue no vómito) ou como mele-
na (sangue nas fezes). Estas plantas
podem ser úteis uma vez que tenha
sido leito o diagnóstico.
PlMPINELA-
-OFICINAL
534 Adstringente, anti-hemorrágica Decocção de raiz
1 C a p . 1 9 : P U N I A S PARA O ESTÔMAGl

Doença Planta Pág. Acção Uso


Normaliza a função da mucosa
GASTRITE A raiz crua (ou cozinhada) e em sumo
CENOURA 133 gástrica, colabora na cicatrização
E a inflamação da mucosa gástrica, fre- das úlceras
quentemente causada por tóxicos co-
mo o tabaco, o álcool ou o café; medi- Os flocos (sementes prensadas) cozidos
AVEIA 150 Muito digestiva e nutritiva
camentos (especialmente a aspirina e com leite ou em caldo de hortaliça
outros anti-inflamatórios); alimentos de-
masiado quentes ou frios; má masti- SANAMUNDA 194 Activa a digestão Infusão de rizoma, raiz e folhas secas
gação por problemas dentários ou pre-
cipitação no comer; e infecções diver- Suaviza, desinflama O óleo extraído dos frutos
OLIVEIRA 239 e protege a mucosa digestiva
sas, como a hepatite ou a gripe.
Além de corrigir a causa, o trata- Infusão, maceração ou extracto
mento da gastrite requer uma dieta ALCAÇUS 308 Acalma a acidez e a dispepsia
da raiz
teve {pode incluir alimentos crus bem
mastigados) e a administração de algu- LÍNGUA- Protege e desinflama as mucosas
ma ou várias destas plantas de accao -CERVINA
321 digestivas Decocção de frondes secas
suavizante e protectora.
334 Protege a mucosa do estômago, Crua, cozinhada,
MORUGEM
alivia a sensação de peso decocção de toda a planta

MANDIOCA 460 Digestiva, emoliente, anti-inflamatória A farinha do tubérculo cozinhada

SlDERITA 471 Desinflama


digestivo
as mucosas do tubo Infusão de sumidades floridas

Anti-inflamatório e emoliente,
UNHO 508 facilita a regeneração Decocção de sementes
das mucosas digestivas danificadas
Cria uma camada protectora Maceração de sementes
ZARAGATOA 515 no interior do tubo digestivo
PlMPINELA- Brotos crus em salada,
533 Adstringente, hemostática
-MENOR decocção da raiz
PlMPINELA-
534 Adstringente, hemostática, Decocção da raiz
-OFICINAL anti-inflamatória

PÉ-DE-LEÂO 622 Adstringente, anti-inflamatório Decocção de folhas e raiz

Cicatrizante e anti-inflamatória Infusão de flores


MARAVILHA 626
das mucosas digestivas

ABACATEIRO 719 Digestivo, antianémico Polpa dos frutos

A fitoterapia contribui com


remédios muito eficazes para
o tratamento das doenças do
estômago, como a gastrite ou
a úJcera gastroduodenal.
Contudo, uma alimentação
inadequada e uma dieta
insalubre impedem que as
plantas medicinais actuem
com toda a intensidade
possível.

422
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2a Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

GASTRITE CRÓNICA CÂLAMO- Infusão ou decocção com o rizoma


424 Facilita a digestão
0 diagnóstico da gastrite crónica deve -AROMÁTICO triturado
basear-se numa biopsia do estômago. É
habitualmente associada a uma dimi- ANANÁS 425 Substituto do suco gástrico 0 fruto ou o seu sumo, quinze minutos
nuição na secreção de sucos gástricos. antes das refeições
Estas plantas tonificam as funções di-
gestivas e facilitam a regeneração da DAC*,™»» A V ; Contém papaína, enzima semelhante Látex dos frutos, infusão de folhas
mucosa gástrica atrofiada, que é a ca- KAP "" às dos sucos digestivos
racterística mais importante da gastrite
crónica. Incrementa a produção de suco
FEL-DA-TERRA 436 gástrico e estimula o esvaziamento Infusão de sumidades floridas
do estômago

CÚRCUMA 450 Estimula secreção de sucos Infusão ou pó de rizoma


Fel-da-terra

GFNHANA 452 Aumenta a secreção de todas Maceração, decocção, pó


GENCIANA CM as g | â n d u | a s d i g e s t i v a s ou extracto de raiz
Aumenta o apetite, estimula
TREVO-D'ÁGUA 463 as secreções digestivas, Infusão de folhas, sumo da planta
favorece a digestão fresca, pó de folhas

Folhas e/ou raiz em pó, infusão


LEVÍSTICO 578 Tónico estomacal, facilita a digestão
de raiz, folhas ou sementes

Tonifica os órgãos digestivos,


Genciana MILEFÓUO 691 aumenta a motilidade e a secreção Infusão de sumidades floridas
de sucos do estômago
Normaliza a função da mucosa
ÚLCERA DO ESTÔMAGO CENOURA 133 gástrica, colabora na cicatrização A raiz crua (ou cozinhada) e em sumo
Também conhecida como úlcera gas- das úlceras
troduodenal, por se localizar com
mais frequência no estômago, e entre LUZERNA 269 Nutritiva, remineralizante Brotos tenros, sumo fresco, infusão,
este e o duodeno (saída do estômago). extractos
Consiste numa perda de substância na
mucosa do estômago, frequentemente Acalma a acidez e a dispepsia,
Infusão, maceração ou extracto
de 0,5 a 2 cm de diâmetro, que pode ALCAÇUS 308 cria uma película protectora
da raiz
cicatrizar e voltar a formar-se várias ve- sobre a mucosa do estômago
zes ao longo do ano. As suas causas Meio copo de sumo fresco
podem ser exógenas (as mesmas que COUVE 433 Cicatriza as úlceras do estômago
antes das refeições
se descreveram sob o titulo Gastrite) e
endógenas, ligadas à constituição
orgânica. MANDIOCA 460 Digestiva, emoliente, anti-inflamatória A farinha do tubérculo cozinhada

0 ácido clorídrico do suco gástrico é ACÁCIA- 469 Protege a mucosa do estômago


um factor indispensável para a for- -BASTARDA do excesso de ácido Infusão de flores
mação da úlcera. Certos tipos de
microrganismos tam- Desinflama as mucosas
bém desempenham SlDERrTA 471 Infusão das sumidades floridas
do tubo digestivo
um papel impor-
tante. Anti-inflamatório e emoliente,
As plantas que in- LINHO 508 facilita a regeneração Decocção de sementes
dicamos podem das mucosas digestivas danificadas
contribuir decidi- •7.„.„.T«. RIK Cria uma camada protectora no interior
damente para a Maceração de sementes
ZARAGATOA 515 d o t u b o d i g e s t i v o
cicatrização da
úlcera gastroduo- Cicatrizante e anti-inflamatória
denal, se bem que MARAVILHA 626 Infusão de flores
das mucosas digestivas
não seja possível
a cura sem que Acalma o stress relacionado
se tenham elimi- ROSEIRA 635 Infusão de pétalas
com a génese da úlcera
nado os factores
causais. Alga fresca, decocção ou infusão,
BODELHA 650 Absorve o excesso de acidez
pó seco
Acorus
calamusL

Preparação e emprego

Cálamo-
USO INTERNO
-aromático O Decocção ou infusão com
uma colher de sopa de rizoma
triturado (uns 15 g) por cháve-
Ajuda a digestão na de água. Tomar 2 ou 3 chá-
e acalma os nervos venas por dia, sem adoçar.

USO EXTERNO
© Banhos: Acrescenta-se à
água do banho uma decocção
feita com 500 g de rizoma tritu-
rado num litro de água.

Precauções

O uso continuado de cis-isoa-

E STA PI ANTA é proveniente da


Ásia e foi introduzida na Euro-
pa, no século XIII, pelos Tárta-
ros. Tem um a r o m a m u i t o agradável
que lembra o da tangerina, mas o sa-
sarona (um dos componentes
do óleo essencial do cálamo)
em animais que servem para
experiências, pode produzir
efeitos tóxicos do tipo mutagé-
bor é amargo. Nos países árabes utili-
nico. Por prudência, recomen-
za-se a sua essência c o m o afrodisíaco.
da-se evitar o uso interno do
cálamo (durante mais de um
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : O ri- mês, ou melhor ainda, empre-
zoma do t á l a m o c o n t é m um óleo es- gar preparados farmacêuticos
sencial amargo, o Olrum rnlumi, a q u e de óleo de cálamo desprovidos
se devem os seus efeitos medicinais. de cis-isoasarona.
Tem as seguintes propriedades:
• Aperitivo: a u m e n t a o apetite IO).
• Eupéptico (facilita a digestão): Tor- Outros nomes: ácoro-cheiroso,
na-se útil nos casos de digestão pesa- ácoro-verdadeiro. cana-cheirosa.
da, escassez de suco gástrico (hipo- Esp.: cálamo aromático,
cloridria), e gastrite crónica IO). ácoro [verdaderoj, calamis.
Fr.: açore. Ing.: calamus, sweet llag.
• Carminativo: elimina os gases do
Habitat: Cresce nas margens dos
tubo digestivo IOI. pântanos, charcos e rios. Encontra se em
• Relaxante muscular e sedativo sua- quase toda a Europa, na América do Norte
ve do sistema nervoso, q u a n d o se apli- e também na Argentina. Acha-se bastante
ca externamente, a c r e s c e n t a n d o a (\v- disperso e torna-se pouco /requente.
cocção á água de um b a n h o q u e n t e Descrição: Planta aquática da família das
101. Alivia a dor dos reumáticos, e aju- Aráceas, que mede 60 a 150 cm de altura.
As folhas são estreitas e lanceoladas.
da a conciliar o sono. A inflorescência é uma espiga cilíndrica.
• C a l m a n t e do p r u r i d o da pele no Partes utilizadas: O rizoma
caso de erupções c urticária. Um ba- (caule subterrâneo).
n h o com decocção de raiz de- cálamo
acalma o p r u r i d o e suaviza a pele 101.

424
3 a
Ananás
Substitui o suco
gástrico

O T Ã O APRECIADO a n a n á s ,
que se cultiva industrialmente
em estufas nos Açores, terá
sido transportado pelos p o r t u g u e s e s
da América do Sul para a índia e ou-
tras partes do m u n d o , s e g u n d o refere
Cristóvão da Costa, m é d i c o e botâni-
co do século XVI.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : O seu
princípio activo é a bromelina, uma en-
zima ( f e r m e n t o ) , eme, c o m o aconte-
ce com a pepsina cio estômago, é ca-
paz de cindir as proteínas, a c e l e r a n d o
a sua íligestão. Em virtude disto actua
como s u b s t i t u t o d o s u c o g á s t r i c o ,
quando este é s e g r e g a d o em fraca
quantidade (liipocioridria, falta de su-
cos, gastrite c r ó n i c a ) , a c e l e r a n d o a
passagem dos alimentos pelo estôma-
go e m e l h o r a n d o a digestão. Pode-se
administrar m e s m o aos lactentes q u e
sofram de transtornos digestivos.
O sumo de ananás possui t a m b é m
propriedades béquicas (acalma a tos- Sinonímia científica:
se) e e x p e c t o r a n t e s , possivelmente Ananás sativa L,
devido aos açúcares e ácidos orgâni- Ananás comosus (Strickm.)
cos q u e c o n t é m . E a i n d a d i u r é t i c o Merr., Bromelia ananás L
suave e vermífugo. Usa-se nas dietas Outros nomes: Brasil: abacaxi.
d e emagrecimento c o m o r e d u t o r d o Esp.: ananás, ananá, pina
apetite (acção a n o r e x í g e n a ) lOl.
O Preparação e emprego
[americana], pina de América,
pina tropical, pina de azúcar.
Fr.: ananás.
Ing.: pineaplle, ananás.
Habitat: Originário da América
Central; cultivado em todas as
USO INTERNO regiões tropicais do mundo.
O Uma ou duas rodelas de ana- Descrição: Planta herbácea da
nás antes de cada refeição, ou um família das Bromeliáceas, que
copo de sumo fresco quinze mi- atinge uns 50 cm de altura. As
nutos antes de começar a comer. folhas são alongadas e
O ananás em conserva perde espinhosas, em cujo centro
grande parte das suas proprieda- nascem as flores, de cor
azulada. O fruto é comum a
des digestivas, dado que a enzi- todas as flores de uma mesma
ma bromelina se desnatura facil- espiga.
mente.
Partes utilizadas: O fruto.

425
Angélica
archangellcaL 4.

Preparação e emprego
Angélica USO INTERNO

Facilita a digestão O Infusão ou decocçâo: Pre-


para-se com a raiz triturada,
e equilibra que é a parte mais activa da
o sistema nervoso planta, à razão de 20-30 g por
litro de água.
Também se podem acrescentar
folhas tenras e sementes. To-
ma-se uma chávena de tisana
antes de cada refeição, até três
vezes ao dia.

USO EXTERNO
© Banhos: Decocçâo com 100
g de planta num litro de água,
que se acrescenta à agua do
banho.

A ANGÉLICA é uma típica


plaina nortenha. Na Gro-
nelândia ocupa grandes ex-
tensões, e os habitantes daquele país
usam-na abundantemente desde tem-
Outros nomes: erva-do-espirito-
-santo. Brasil: jacinto-da-india.
Esp.: hierba dei Espiritu Santo,
pos remotos. Não sendo uma planta ajonjera, carlina, hierba de los
mediterrânea, não chegou a ser con- ángeles, raiz de larga vida.
Fr.: angélique [des jardins].
hecida poios grandes módicos c botâ-
Ing.: [garden] angélica.
nicos da antiguidade clássica.
Habitat: Originária do norte da
Começou a ser usada na Europa na Europa e da Ásia, ainda que o seu
Idade Média, durante as grandes epi- cultivo e uso se tenham expandido
demias da peste. Muitos atingidos por todo o mundo. Prefere os
pela peste proc uravam-na desespera- lugares frios e húmidos, perto de
rios e pântanos.
damente como último remédio ames
de se entregarem à morte, já que se Descrição: Planta herbácea da
família das Umbeliferas, que
tinha divulgado uma lenda, segundo costuma medir de 1 a 2 m de altura.
a qual o arcanjo Gabriel a mostrara a O seu caule é grosso e canelado.
um sábio ermitão, para que este pu- em cujo extremo se encontram as
desse combater ;i peste. Daí os mon- flores distribuídas em forma de
ges e frades lerem começado a Cultí- umbela.
vá-la nos seus conventos, com o fim de Existe um certo risco de confundi-la
elaborar com ela diversos tipos de re- com a cicuta (pág. 155), que
médios, infelizmente todos em forma também pertence à mesma família,
embora apresente diferenças
de licor alcoólico. Hoje ainda se pre- significativas. Além disso, a
param Com a angélica os licores Be- angélica exala um agradável aroma
nedictine e Chartreuse. entre picante e adocicado, enquanto
a cicuta tem um cheiro muito
desagradável.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A an-
gélica era recomendada para uma Partes utilizadas: A raiz
especialmente, e também as folhas
longa lista de- doenças, desde a peste tenras e as sementes.
ao reumatismo, como se se tratasse de
uma panaceia. Os seus princípios ac-

426
Ill
Precauções

Desaconselhamos formal-
mente o emprego dos lico-
res preparados com angé-
lica, pois os efeitos noci-
vos devidos ao seu ele-
vado conteúdo
alcoólico ul-
trapassam
em muito as
suas possí-
veis proprie-
dades medi-
cinais.

tívos são o f e l a n d r e n o , de acção di-


gestiva e espasmolítica, e a angelicina,
que exerce uma acção sedativa e equi-
libradora sobro o sistema nervoso. A
eStes princípios activos .se devem as
suas autênticas p r o p r i e d a d e s medici-
nais:
• Digestiva e carminativa: E um gran-
de tónico e estimulante das Funções
do a p a r e l h o digestivo. A u m e n t a o
apetite, facilita a digestão, a u m e n t a a
secreção de sucos gástricos e elimina
os gases e f e r m e n t a ç õ e s intestinais
101. E a planta por excelência para os
que lêm falta de apetite, os debilita-
dos e os dispépticos. Muito indicada
para aqueles q u e solvam de estômago
descaído ou atónico (ptose gástrica).
Dá bons resultados no caso de enxa-
queca de origem digestiva.
A angélica é uma dessas
• Tonificante e c q u i l i p r a d o r a do sis- plantas medicinais que po-
tema nervoso: Torna-sc muito útil nos dem prestar-nos bons ser-
rasos de depressões, neurose e debili- viços nesta vida moderna,
O s b a n h o s c o m água d e angélica que com tanta frequência
dade nervosa IOI. Rei omenda-se tam-
têm um eleito, m u i t o saudável sobre o nos provoca agitação nervo-
bém aos estudantes cm época de exa-
sistema nervoso (01. sa e transtornos digestivos.
mes, pessoas com stress, convalescen-
tes de doenças debilitantes e. em ge- • Tem também eleitos diuréticos e ex-
ral, a lodos aqueles q u e tenham de su- pectorantes, e m b o r a d e m e n o r inten-
perar alguma prova difícil. sidade q u e os anteriores.

427
Artemísia
absinthium L
E9 J
Preparação e emprego

Absinto
Aperitivo e emenagogo
"ífw USO INTERNO
O Infusão com 10-20 g de plan-
ta por litro de água. Para suavizar
o gosto amargo, pode-se acres-
centar alcaçuz, hortelã-pimenta ou
anis. Adoçar com mel. Para os
transtornos digestivos, tomam-
se uma ou duas chávenas por dia,
antes das refeições. Para os
transtornos da menstruação,

E STA IMANTA foi dedicada pe-


los antigos Gregos a Artemisa
(Diana para os Romanos), deu-
sa da fecundidade. Sem dúvida que,
para isso, influiu o seu notável efeito
tomam-se duas chávenas diárias
desta tisana, durante a semana
anterior à data em que se espe-
ram as regras.
© Maceração: Põem-se uns 100
sobre o útero.
g de flores secas num litro de azei-
Oin bem, aquilo que mais contri- te. Deixam-se repousar durante
buiu para a sua difusão nos últimos um mês. Toma-se uma colher de
tempos lerá sido, sem dúvida, a sua sobremesa deste azeite, em je-
virtude aperitiva e estomacal. O ver- jum, e outra antes do almoço, nas
mute é um licor à base de absinto, afecções da vesícula biliar.
pois Wermul é precisamente o nome
alemão desta planta. USO EXTERNO
No século passado, quando ainda © Insecticida: A infusão de ab-
se empregavam muitos remédios de sinto é um eficaz insecticida. Po-
forma empírica, sem um conheci- dem borrifar-se com ela os ani-
mento dos seus verdadeiros efeitos, mais domésticos e as plantas. Co-
pensou-se que o estimulante licor de mo loção aplicada sobre a pele,
absinto, obtido por maceração em ál- afugenta os mosquitos. E colo-
cool, era uma panaceia. A tal ponto se cando absinto seco em saquinhos
de pano entre a roupa, evita-se
abusou dele, especialmente cm
eficazmente a traça.
Franca, que se verificaram graves in-
toxicações agudas, crónicas, e até
mortes, como a do poeta francês Ver-
laine.
Outros nomes: grande-absinto, sintro. losna, losna-
•maior, citronela-maior. Brasil: absiniio.
Esp.: ajenjo, ajenjo comum, ajenjo maior, absintio,
artemisa [amarga], ajorizo, incienzo de Andalucia,
hierba santa. Fr.: absinthe. Ing: wormwood.
Habitat: Próprio de lugares montanhosos do Sul da
Precauções Europa. Abunda em valados e terrenos secos.
Noutros tempos era cultivado.
Descrição: Planta vivaz, da família das Compostas,
de 40 a 80 cm de altura, toda ela recoberta de uma
Respeitaras doses indicadas. Em do- fina penugem que lhe dá um aspecto prateado. As
ses elevadas, a tuiona é convulsi- flores, amarelas, agrupam-se em pequenos
capítulos.
vante e neurotóxica: provoca tre-
mores, convulsões, delírio e vertigens. Partes utilizadas: as folhas e os pequenos capítulos
florais.

428
f
*>
Abrotano Precauções

Devem abster-se do absinto as mu-


lheres grávidas, devido ao seu pos-
O abrotano é também conhecido por evitar a queda do cabelo. Faz parte de sível efeito abortivo, e as que ama-
aurónia {Artemísia abrotanum L.).* Não diversos champôs e preparados cos- mentam, pois ê eliminado juntamen-
tem relação com o chamado abrótano- méticos. te com o leite e toma-se nocivo para
•fêmea (pág. 470), que pertence a ou- a criança.
tra família botânica, mas sim com o ab- • Vermífugo (expulsa os vermes in-
testinais) e emenagogo (facilita a Também não é recomendado a quem
sinto (pág. 428). O abrotano diferencia- sofra de úlcera gastroduodenal ou
se do amargo absinto por ter as folhas menstruação): Dado que o abrotano
contém tuionas como tem o absinto, po- gastrite.
mais finas, e sobretudo pelo seu agra-
dável aroma e sabor a limão. de substituí-lo, com a vantagem de ser
mais agradável de tomar. Toma-se em
Tem sido muito cultivado na Europa co- infusão como o absinto (10-20 g por li-
mo planta aromática e medicinal. En- tro) e com as mesmas precauções.
contra-se naturalizado na América do
Norte. São estas as suas aplicações: • Contra as traças e perfumador da
roupa, colocando-se ramos da planta
• Tonificante do couro cabeludo: a no interior dos roupeiros.
infusão de abrotano (30 g por litro) apli-
ca-se em loção sobre o couro cabelu- • Esp.: abrotano macho. Fr.: aurone, ciiro-
do para fortalecer os folículos pilosos e nelle. Ing.: southemwood, lad's love.

Hoje sabemos q u e o absinto con- nagoga, mas tóxica em doses altas; sais
tém substâncias tóxicas, as tuionas, minerais (nitrato potássico) e taninos.
cuja acção é p o t e n c i a d a pelo álcool,
IIO qual se dissolvem c o m facilidade. Aplicado c o r r e c t a m e n t e , o absinto
Estimulante em p e q u e n a s doses, o li- olerece-nos interessantes p r o p r i e d a -
cor de absinto produz, u m a grave de- des medicinais, q u e passamos a men-
terioração do sistema nervoso: d e - cionar:
pendência, alucinações, convulsões, • T ó n i c o gástrico: C o m o todas as
demência e inclusive a m o r t e . plantas amargas, desenvolve um efei- O sabor amargo desta planta
tornou-se proverbial desde tem-
to tónico sobre o e s t ô m a g o , a u m e n -
Actualmente já n ã o st- usa o licor pos muito antigos. Salomão, pre-
t a n d o o a p e t i t e e e s t i m u l a n d o a se- cisamente nos seus Provérbios
de absinto c o m o tal, mas sim os ver- c r e ç ã o de sucos gástricos. É p o r isso |cap. 5, vers. 4), alude a ela ad-
mutes alcoólicos, em cuja composição útil aos q u e s o f r e m de fastio ou de vertindo que a infidelidade, ain-
entra o absinto. O seu uso é formal- dispepsia (digestões pesadas) IOI. Não da q u e possa ser excitante e
mente contra-indicado, pois aos co- é recomendável aos ulcerosos ou aos "doce" nos seus inícios, costuma
nhecidos efeitos nocivos do álcool se jun- ter um fim «amargo como o ab-
de t e m p e r a m e n t o s a n g u í n e o , pois o
tam os das tuionas do absinto, p o t e n - sinto».
a u m e n t o da secreção de sucos gástri-
ciadas, c o m o dizíamos, pelo p r ó p r i o eos t o m a - s e prejudicial para eles.
álcool. C o m o b e m indica Font Q u e r , «o ab- Ihor utilizar outros vermífugos (cap.
sinto não deve tomar-se sem necessidade-. 20, pág. 486).
• Emenagogo p o t e n t e : Actua sobre o
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : O uso • Colerético: Pelo facto de a u m e n t a r útero provocando a menstruação;
do absinto c o m o planta m e d i c i n a l a secreção biliar, exerce sobre o liga- além disso, normaliza os ciclos. K por-
não tem os desastrosos efeitos dos li- do u m a acção favorável, descongesti- t a n t o r e c o m e n d á v e l para as jovens
cores que com ele se fabricam; e n t r e va e de estímulo às suas funções. Dá pálidas e debilitadas, q u e g e r a l m e n t e
outras razões, p o r q u e o seu forte sa- b o m r e s u l t a d o nos casos de insufi- sofrem de regras irregulares e dolo-
bor amargo n ã o se presta muito a um ciência h e p á t i c a e na fase de conva- rosas IOI. Avicena, o célebre médico
consumo a b u n d a n t e . lescença rias hepatites virosas 101. bispano-árabe do século XI, receita-
• Vermífugo p o t e n t e : Os adultos con- va-o «para acalmar as m u l h e r e s aze-
Contém p r i n c í p i o s a m a r g o s (ab-
das e biliosas».
sintina), a q u e deve as suas proprie- s e g u e m tomá-lo. a i n d a q u e d e m á
dades digestivas; óleo essencial rico vontade; mas as crianças lejeitam-no Externamente, a infusão de absinto
em tuiona, de acção vermífuga e cme- a b e r t a m e n t e IO). Para elas será me- usa-se c o m o insecticida IOI.

429
Artemísia
dracunculus L ! 4. P\ 9

-QP Preparação e emprego

Estragão
USO INTERNO
Condimenta e ajuda O Condimento: Em saladas e to-
do o tipo de pratos.
a digestão O Infusão: 30 g de planta por li-
tro de água. Tomar uma chávena
antes de cada refeição, como ape-
ritivo; e depois da refeição, no ca-
so de se pretender a sua acção
digestiva.
© Essência: A dose recomendá-
vel é de 3-5 gotas, 3 vezes por
dia.

E STA PLANTA aromática é uma


das poucas que não crescem es-
pontaneamente nos países me-
diterrâneos, pelo que não era conhe-
cida na antiguidade greco-romana.
Precauções

Foram os Árabes que a introduziram


na Península Ibérica no século IX ou
X, de onde se estendeu o seu cultivo Da essência, não se devem ultra-
ao resto da Europa e à América. passar as doses indicadas, já que
O Estragão é muito apreciado se pode produzir uma forte exci-
como condimento, pela refinada co- tação do sistema nervoso.
zinha francesa. As suas propriedades
medicinais, porém, fazem dele algu-
ma coisa mais do que um simples con-
dimento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém uni Óleo essencial rico Outros nomes:
em estrago], Iclandreno e ocinieno. Esp.: estragón, dragoncillo. [hierba}
assim como em hidroxicumai ina. vinagrega. Fr.: esíragon. Ing.: tarragon,
estragón.
Tem propriedades:
Habitat: Originário da Ásia Centrai, embora
• aperitivas, digestivas e carminativas se cultive e algumas vezes se encontre em
(elimina os gases intestinais); estado silvestre em toda a Europa e
• anti-sépticas paia os germes patogé- nalguns países do continente americano.
nicos do tubo digestivo; Descrição: Planta vivaz aromática, da
família das Compostas, que atinge 60-80
• vermífugas: faz expulsar os parasitas cm de altura. As folhas são lanceoladas, e
intestinais; e as flores, de cor amarelada, agrupam-se
• emenagogas: estimula a menstrua- em capítulos esféricos e pequenos.
ção. Partes utilizadas: as folhas e os capítulos
florais.
Torna-se pois indicado nos casos de
inapetência, digestão lenia ou pesada.
flatulência, fermentação intestinal e
parasitas intestinais IO.©.€)!.

430
Artemísia
marítima L . . .

Preparação e emprego

Santónico USO INTERNO


O Pó das sumidades floridas se-
Um p o t e n t e vermífugo cas e trituradas. Administra-se em
infusão ou com mel, durante vá-
rios dias pela manhã, em doses
de 2 a 5 g às crianças, e de 4 a
10 g aos adultos. Uma hora de-
pois toma-se um laxante. É ne-
cessário observar as fezes para
comprovar a expulsão dos para-
sitas.

N O SÉCULO XVI chamava-se


santónico (sémen-contra ver-
mes), ou semente contra as
lombrigas, a uma mistura dos peque-
nos capítulos florais da Artemísia marí-
Artemísia-mexicana

tima L. com os de uma outra espécie No México cria-se uma espécie de


similar, a Artemísia cina Berg. O santó- Artemísia (Artemísia mexicana
nico tem continuado a usar-se desde Willd.)* ali conhecida por 'estafia-
os tempos de Dioscórides como ver- te'ou 'ajenjo dei país', de compo-
mífugo infantil. sição e propriedades semelhan-
tes às do absinto (contém óleo es-
sencial rico em tuiona) e às do san-
PROPRIKDADKS E INDICAÇÕES: As su- tónico (contém santonina).
midades floridas do santónico contêm A sua essência confere-lhe proprie-
uma essência aromática, santonina e dades aperitivas (aumenta a se-
diversos sais minerais. O princípio ac- creção de suco gástrico), coleréti-
tivo da planta é a santonina, derivado cas (aumenta a secreção biliar) e
da dimeiilnaftalina, potente vermífu- emenagogas (íaciMa a mens-
go. Tomam-se especialmente activas truação). Pelo seu conteúdo em
contra os Ascaris lumbricoides, vermes santonina usa-se como vermífugo
parecidos tom as lombrigas, de cor expulsa os parasitas intestinais).
branca, de 10 a 2ã cm de compri- A infusão prepara-se com 10 g da
mento, que costumam parasitar o in- planta por litro de água, e tomam-se
testino das crianças IOI. Têm se reve- duas ou três chávenas por dia.
lado igualmente eficientes contra ou- ' Esp.: artemisa mexicana.
tros parasitas intestinais.

Outros nomes: barbotina. semencina.


sémen-contra, sementes-de-alexandria.
Bra.r ': artemisia-maritima.
Precauções Esp.: ajenjo marino, ajenjo marítimo.
semen-contra. santónico. Fr.: absinthe
de mer, armoise maritime. Ing.: soa wormwood.
Não exceder as doses prescritas, Habitat: Regiões costeiras de toda a Europa, excepto as mediterrâneas.
Descrição: Planta da família das Compostas, de 30 a 60 cm de altura.
pois pode produzir-se excitação ner-
recoberta de uma penugem semelhante a algodão. Os pequenos capítulos
vosa. florais são de cor amarela-escura e muito aromáticos.
Não administrara crianças com me- Partes utilizadas: as sumidades floridas.
nos de dois anos.

431
Asamm
europaeum L Kl p] m i i ]

Asaro
Emético e purgante

O ASARO lem-se utilizado des-


de a antiguidade r o m a n a . Plí-
nio, o Velho, já o mencionava
nos seus escritos referindo-se à sua
p r o p r i e d a d e emética (vomitiva). No
entanto, actualmente caiu em desuso,
pois foi substituído pela ipecacuanha
(pág. 438), planta brasileira de inten-
so eíèilo emético.
Toda a planta exala um cheiro q u e
lembra o da terebintina, e tem um sa-
bor picante e n a u s e a b u n d o .
O seu n o m e , em francês, é asarei, se Outros nomes: orelha-humana.
bem q u e v u l g a r m e n t e s e c o n h e ç a Esp.: ásaro. bácara. Fr.: asaret. Preparação e emprego
c o m o cabaret, pois se usava para pro- Ing.: asarum, wild nard.
vocar o vómito dos ébrios, de manei- Habitat: Cria-se nos bosques de
ra q u e pudessem c o n t i n u a r a beber. árvores frondosas do continente USO INTERNO
europeu. Na Península Ibérica só O Infusão: Prepara-se com as fo-
se encontra nas montanhas do lhas ou a raiz frescas, na proporção
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Toda a
Norte. de 5-10 g por chávena. Não se de-
planta contém asarina. q u e é um po-
Descrição: Planta rasteira de 10- vem tomar mais de duas chávenas
d e r o s o irritante das mucosas digesti- -15 cm de altura, da família das por dia.
vas; óleo essencial, taninos, resinas e Arístoloquiáceas, que forma
ílavonóides. Estas são as suas proprie- grandes colónias nos bosques. As USO EXTERNO
dades: folhas são grandes, com a forma © Pó de folhas ou de raiz secas:
aproximada de um rim e cor Basta uma pitada (o que se apanha
• Emético: Pode-se usar para provocar verde-escura. As flores são entre o polegar e o indicador).
o vómito em caso de intoxicação oral solitárias, de cor púrpura ou
191, Dá bons resultados na intoxicação esverdeada. *M*
causada p o r álcool etílico (bebedei- Partes utilizadas: As folhas e a
ra). raiz. ^ Gengibre-silvestre
• Purgante de efeito catártico (irri-
tante), pelo que antigamente se utili-
zava para provocar violentas diarreias Existe na América do Norte uma
outra espécie de ásaro, conhecida
(purgas), que se supunham curativas.
como gengibre-silvestre* {Asarum
Actualmente continua a utilizar-se, canadense L). O seu aspecto e
mas em veterinária, para purgar o Precauções propriedades são muito semelhan-
gado.
tes às do ásaro europeu, se bem
• Esternutatório (provoca o espirro): que os efeitos irritantes sejam me-
UtiHza-se no caso de congestão nasal Tomado em doses elevadas pro- nos intensos. Utiliza-se também co-
paia provocara eliminação da muco- duz gastrenterite aguda, com risco mo sudorífero e como carminati-
sidade e aliviar a enxaqueca q u e mui- de hemorragia gástrica ou intestinal. vo, para eliminar as flatulências in-
tas vezes a c o m p a n h a a rinite 101. A planta fresca é mais irritante pa- testinais.
ra o aparelho digestivo, do que se- ' Esp.: jengibre silvestre. Ing.: wildgin-
• Também é expectorante, diurético e ger.
ca ou em pó.
abortivo, embora seja p o u c o utilizado
como lai, devido à sua toxicidade.

432
Brasslca oiemcea L
m 0. - L V e

Couve
Cura as úlceras da
pele... e do estômago

O S CELTAS e os R o m a n o s já
cultivavam couves, a hortaliça
por excelência. A couve é usada
há mais cie dois mil anos c o m o ali-
mento, e também c o m o planta medi-
cinal.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS fo-
lhas são ricas cm clorofila, e p o r t a n t o
em magnésio. C o n t ê m t a m b é m u m a Outros nomes: couve-
essência sulfurada s e m e l h a n t e à da •portuguesa, couve-galega,
mostarda, sais minerais, vitaminas (so- berça, verça.
b r e t u d o a ('., a A, e possivelmente a Esp.: col, berza. Fr.: chou.
U), mucilagens, e um factor antiulce- Ing.: cabbage.
roso ainda não bem identificado. Y. re- Habitat: Natural da Europa,
lativamente rica em glícidos ou hidra- onde se encontra em estado
tos de c a r b o n o (7%) e p r o t e í n a s silvestre nas costas do Canal da
Mancha, do Atlântico e do
(4%), mas o seu c o n t e ú d o g o r d o é Mediterrâneo Ocidental. Cultiva-
-se em todo o mundo.
Descrição: Planta da família das
Cruciferas. com folhas grandes
muito divididas e de consistência
carnosa. Destituída de repolho.
Precauções Partes utilizadas: as folhas.

O? Preparação e emprego

USO INTERNO as folhas cruas (previamente esma-


O Sumo da planta fresca: De meio gadas com um rolo de madeira ou
a um copo (100-200 ml) três ou qua- uma garrafa), ou então cozidas e
tro vezes por dia, antes das re- misturadas com larelo para as tor-
feições, ou seja, com o estômago va- nar mais compactas.
zio. Também se podem aquecer com um
Quando se come couve de forma con- USO EXTERNO ferro de engomar e aplicá-las como
tinuada durante longos períodos, po- um emplastro sobre a pele, como se
de ter efeito antitiróide e chegar a pro- © Cataplasmas: Preparam-se com ilustra na página seguinte.
vocar bócio.

433
As folhas de couve crua
aquecem-se com um
ferro de engomar e
aplicam-se sobre a peie,
muito baixo (0,6%). As couves pos- pogliccmiante (faz descer o nível do à maneira de emplastro
suem as seguintes propriedades: açúcar no sangue dos diabéticos) IO). ou cataplasma. A sua
acçáo é cicatrizante e
• Antiulcerosa: Por via interna, o seu vulnerária.
sumo é recomendado contra a úlcera • Diurética, depurativa e. ingerida em As feridas e úlceras
gastroduodenal, que consegue fazer jejum, vermífuga 14)1. cutâneas de difícil
cicatrizar IO). O Dr. Schneider, na sua cicatrização, assim como
obra A Saúde pela Nutrição, menciona os eczemas, e mesmo a
• Cicatrizante e vulnerária: A couve, acne, melhoram
experiências em que se demonstrou a aplicada em cataplasma, cuia fendas substancialmente com os
capacidade cicatrizante <lo sumo de infectadas, úlceras varicosas e persis- emplastros de folhas de
couve fresco sobre a úlcera gastro- tentes, eczemas, furúnculos e acne couve.
duodenal. Passados quatro ou cinco IO).
dias de tomar um copo desse sumo
antes de cada refeição, desaparecia a
• Anticancerosa: Existem evidências
dor do estômago. Ao fim de três se-
de que a couve pode actuar como pre-
manas, ohteve-se a cura da úlcera.
ventivo contra a formação de tumores
Esta acção antiulcerosa atribui-se à
cancerosos IO), possivelmente devido
ainda mal conhecida vitamina U.
ao seu conteúdo em caroteno (vita-
• Antianéinica, aiilieseorhútica e hi- mina A).

434
Carica papaya L
u. ^ _j _

Papaieira
Digestivo e vermífugo

O FRUTO da papaieira é um
dos mais apreciados entre io-
dos os produtos arbóreos ori-
ginários da America. Não se estranha,
portanto, a sua expansão por iodas as
regiões tropicais do Globo.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O látex


e as folhas da papaieira contêm papa-
ína, uma enzima proteolítica capaz de
hidrolisar as proteínas, libertando os
aminoácidos que as compõem. A pa- Outros nomes: mamoeiro, mamão.
paína actua de forma semelhante à cárica, papaia.
pepsina e à tripsina, enzimas comidas Esp.: papayo. papaya, mamón,
no suco gástrico e pancreático. mamén. mamona, mamão, lechosa.
arbol de melón. zapote. ababaya,
-CP Preparação e emprego
Tanto O LÁTEX como as FOLHAS, fruta bomba. Fr.: papayer.
são recomendados a quem sofra de in- Ing.: papaya [treej. melon tree.
suficiência de sucos digestivos, geral- Habitat: Originária do México e O Látex: Obtém-se praticando in-
mente devida a gastrite ou a pancrea- disseminada pelas regiões tropicais cisões sobre os frutos verdes e
tite crónica IO.01. Pelo seu efeito ver- da América. África e Ásia. sobre o tronco. Tomam-se 10-20
mífugo, são lambem muito úteis con- Descrição: Árvore dióica de 4-6 m g misturados com mel e água
da os parasitas intestinais, especial- de altura, da família das Caricáceas quente, depois de cada refeição.
mente as lenias. O tronco é cilíndrico, sem ramos, e Em seguida, caso se pretenda um
da sua parte superior nascem os efeito vermífugo, toma-se um la-
O FRUTO, conhecido como papaia frutos e as folhas. As árvores de xante enérgico.
ou mamão, é rico nas vitaminas A e C, flores masculinas não dão frutos.
e embora contenha pouca papaína, © Infusão: Prepara-se com 30 g
Partes utilizadas: o látex, as folhas
tonifica a digestão e normaliza <> fun- e os frutos. de folhas por litro, e tomam-se 3
chávenas diárias da mesma.
cionamento do intestino. O consumo
de papaias torna-se altamente reco-
mendável no caso de colite (incluin-
do a lllcerosa), cólon irritável e prisão
de ventre crónica.

O fruto da papaieira,

0
conhecido sobretudo
como papaia ou mamão,
Informação é muito apreciado como
sobremesa. Embora
tenha um escasso
conteúdo em papaína, é
A papaína faz parte de diversos pre- um excelente alimento-
-remédio para quem
parados farmacêuticos. Usa-se em
sofra de transtornos
cirurgia ortopédica para dissolver o digestivos e afecções
núcleo do disco intervertebral, no ca- intestinais, como o cólon
so de hérnia de disco. irritável ou a prisão de
ventre crónica.

435
Centauríum
umbellatum Glllb.
J J
Preparação e emprego

Fel-da-terra
USO INTERNO
Tónico amargo O Infusão com 30 g de sumida-
e cicatrizante des floridas por litro de água. To-
ma-se uma chávena antes de ca-
da refeição, se possível sem
adoçar. Quando se usa como an-
tidiabética, pode-se adoçar com
edulcorantes químicos do tipo sa-
carina, ainda que não convenha
abusar destas substâncias.

O C E N T A U R O Q u í r o n , perso-
n a g e m mitológica, m e i o ho-
m e m m e i o cavalo, curou-se
com esta planta de u m a ferida q u e o
Hércules lhe fez n u m pé. E daí q u e lhe
USO EXTERNO
© Compressas com uma de-
cocção de 50 g de sumidades por
litro de água. Aplicam-se sobre a
pele afectada.
vem o n o m e de centáurea.
T a m b é m se lhe c h a m a c e n t á u r e a -
-menor, para distingui-la da centáurca-
-maior (Centáurea scabiosa I..), q u e per-
tence à família das Compostas, e q u e
n ã o se usa em fitoterapia.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Toda a
planta c o n t é m diversos p r i n c í p i o s
amargos de tipo glicosídico. Com O o
dá a e n t e n d e r o seu n o m e latino,/?'/
terrai (lei da t e r r a ) , é i n t e n s a m e n t e
amarga, embora não lauto como a
Sinonímia científica: Centaurium
genciana (pág. 452), com a qual par-
erithraea Rafn.
tilha muitas das suas propriedades:
Outros nomes: centáurea-menor. Brasil:
• T ó n i c o e s t o m a c a l : C o m o todas a s chá-porrete.
plantas providas d e c o m p o n e n t e s Esp.: centaura menor, aciano. gota de
amargos, tonifica os processos digesti- sangre, hie! de la tierra. Fr.: petite
vos e abre o apetite. Faz a u m e n t a r a centaurée. Ing: [lesser] centaury [herb],
p r o d u ç ã o de suco gástrico e estimula drug centaurium.
os m o v i m e n t o s de esvaziamento do Habitat: Cria-se em prados e pastagens
estômago. Rccoiuenda-se nos casos de de toda a Europa, embora não seja muito
frequente. Encontra-se naturalizada
gastrite crónica por falta de sucos, ina-
nalgumas zonas das regiões temperadas da
petência, digestões pesadas, fermen- América.
tações intestinais e vómitos IOJ. K tam-
Descrição: Planta herbácea da
bém colerética, pelo q u e se usa em he- família das Gencianáceas, de 10 a 50
patopatías (doenças do ligado) cróni- cm de altura. As folhas são alongadas,
cas. formando as basais uma roseta. Tem
flores cor-de-rosa. terminais.
• Hipogliccmiante: Fazendo descer o
Partes utilizadas: as sumidades floridas.
nível de glicose no s a n g u e , torna-se
muito útil para os diabéticos IOI.
• Ligeiramente laxante e febrífuga IOI.
• C i c a t r i z a n t e : Limpa e cura feridas,
chagas, úlceras e eczemas da pele 101

436
I

As centáureas usadas em
fitoterapia, tanto a menor
como a áspera, criam-se
•Mi nos prados e pastagens das

f Centáurea-áspera
regiões temperadas da
Europa e da América.
São plantas pouco
frequentes, pelo que se
deve ser muito prudente
q u a n d o se trate de colhè-
A centaurea-áspera [Centáurea áspera hipoglicemias (descida excessiva do -las /ver pág. 52). Nalguns
L.)*, também muito amarga, possui um nível de glicose). Portanto, para ser uti- países são consideradas
efeito hipoglicemiante ainda mais in- lizada, torna-se necessária a vigilância espécies protegidas.
tenso do que a centáurea-menor. A médica.
centáurea-áspera pode chegar a subs-
tituir os fármacos antidiabéticos orais, e A dose habitual é de 1 a 3 chávenas de
permite reduzir a dose de insulina. Re- infusão cada dia, depois das refeições.
comenda-se fazer análises de sangue Prepara-se com 30 g de sumidades se-
(glicose) durante os primeiros dias ou cas por litro de água. É preferível não
semanas de tratamento, com o fim de adoçá-la.
regular a dose adequada da planta, já
que o seu uso pode mesmo provocar ' Esp.: centaura áspera.

437
Cephaeiis
ipecacuanha A. Rich.
Z 3
Preparação e emprego

Ipecacuanha USO INTERNO


O Pó de raiz: 4-6 g dissolvidos
Vomitiva, expectorante em água. Para as crianças,
e antidisentérica 0,1 g por ano de idade. Usa-se
como vomitivo e expectorante.
€> Xarope: Com uma ou duas
colheradas produz-se um vómi-
to fácil.
© Infusão: 8 g de raiz triturada
em 250 ml (um quarto de litro) de
água. Como expectorante to-

M AJESTADE, l e n h o um remé-
d i o secreto q u e descobri nas
índias, e q u e cura a disenteria
- d i s s e Jan Adrian Helvelius (1661-
-1727), m é d i c o , e t a m b é m b o m co-
mam-se 4 ou 5 colheradas de
hora a hora, para evitar que se
produzam vómitos.

merciante holandês, a Luís XIV, rei de


França.
—Pagar-vos-ei mil lufses de o u r o se
me c e d e r d e s esse s e g r e d o . S o u b e de Precauções
vários enfermos de disenteria a q u e m
haveis c u r a d o . . . Q u e r o c o m p r a r esse
remédio secreto!
Não exceder as doses pres-
- C o n t r a i o leito - r e s p o n d e u o mé- critas, para evitar que se pro-
dico comerciante. duzam vómitos violentos.
Em 1912 descobriram-se os princí- O pó de raiz é muito irritante
pios activos da i p e c a c u a n h a , e d e s d e para a pele.
e n t ã o faz parte de numerosos prepara-
dos fa n nacêui teos.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A raiz
c o n t é m e m e t i n a e o u t r o s alcalóides, Sinonímia científica: Callicocca
além de ácido ipecacuânico e saponi- ipecacuanha Brot.
nas. Vejamos as suas propriedades: Outros nomes: ipeca, poaia.
• Emética: Devido à emetina, provoca Esp.: ipeca, bejuquillo, pecahonda,
facilmente o vómito IO.@I. Emprega-se poaja, raiciila, raiz brasileha,
anillada menor. Fr.: ipécacuane.
para esvaziar o estômago em caso de
Ing.: ipecacuan.
intoxicação, q u a n d o n ã o é possível
proceder-se a u m a lavagem gástrica. Habitat: Originária dos bosques
húmidos e quentes do Brasil,
• Expectorante: A e m e t i n a e as sapo- Colômbia, Peru e México.
ninas conferem-lhe u m a intensa acção Descrição: Pequeno arbusto de 30
expectorante a doses baixas, pelo q u e a 50 cm de altura, da família das
entra na composição de diversos xaro- Rubiáceas, com raízes longas e
pes para os brônquios l©l. aneladas. As suas flores, brancas e
pequenas, crescem num capitulo
• Amebicida: A e m c i i n a destrói as terminal.
amebas q u e causam a disenteria ame- Partes utilizadas: a raiz triturada
biana e os abcessos a m e b i a n o s do li- em pó.
gado. Nestes casos recomeiída-se usar
algum dos preparados farmacêuticos
que existem à base de emetina.

438
Vum
L a P.
Preparação e emprego
Erva-
formígueira USO INTERNO
O Infusão, com 15-20 g de fo-
Tónico digestivo lhas e flores por cada litro de
água. Como tónico estomacal,
e vermífugo toma-se uma chávena depois de
cada refeição. Como anti-hel-
míntico, toma-se uma chávena
de manhã em jejum, durante 3
dias. Administrar um laxante de-
pois de cada toma de erva-formi-
gueira, para favorecer a expulsão
dos parasitas (rícino, aloés, ou
cáscara-sagrada, por exemplo,
págs. 531,694, 528).

A NTES da chegada de Colom-


bo, já os antigos povoadores
do México utilizavam a erva-
•formigueira pelas suas propriedades
medicinais. As lolhas e flores desta
planta deitam um cheiro muito forte, Habitat: Originária do México e
devido ao óleo essencial que contêm. América Central. A sua cultura
estendeu-se aos Estados
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A Unidos, América do Sul e alguns
países do Mediterrâneo.
essência da erva-formigueira é consti- especialmente a França.
tuída por hidrocarbonetos terpénicos
Descrição: Planta herbácea,
(cimeno, limoneno, terpineno, etc.) vivaz ou perene, da família das
e ascaridol. Tem as seguintes pro- Quenopodiáceas. que atinge de
priedades: 40 a 100 cm de altura. Tem um
caule muito ramificado. As
• Tónica estomacal e carminativa:
flores, de cor amarelada ou
(evita os gases intestinais): O seu uso esverdeada, são muito
dá muito bons resultados nas indi- pequenas e crescem em
gestões, flores do estômago, flatulên- espigas terminais.
cias e falta de apetite IO), Sinonímia Partes utilizadas: As folhas e
científica: as flores.
• Anti-helmíntica e vermífuga (destrói Chenopodium
os parasitas intestinais): É a sua apli- anthelminticum L
cação mais importante IOI. Torna-se Outros nomes: quenopódio,
altamente eficaz contra os ascarídeos e erva-formiga, ambrósia-do-
os anautiostomas, e não lauto contra -mêxico. chà-do-mèxico,
as ténias e os oxiúros. lombrigueira, formigueira,
usaidela. Brasil: erva-de-
•santa-maria.
Esp.: pazote. quenopódio,
hierba sagrada, hierba santa,
Precauções hierba de Santa Maria, hierba
hedionda, epazonte, té de
México. Fr.: chènopode
[ansérinej, ambroisine, thé du
Não exceder as doses indicadas, já Mexique, thé de íEspagne.
Ing.: Mexican tea. [Indian]
que pode provocar intolerância di-
wormweed.
gestiva.

439
!fl JQ
Preparação e emprego
Chicória
Um substituto do café USO INTERNO
O Salada: as folhas cruas cor-
sem contra-indicacões tadas antes da floração têm um
agradável sabor amargo. Po-
dem-se preparar com elas be-
las saladas silvestres altamen-
te aperitivas, em que se podem

A CHICÓRIA é um regalo para


os olhos do caminhante. As
bermas dos caminhos conser-
vam, ainda durante uma boa parte do
Verão, a refrescante cor azul-celeste
incluir dente-de-leão e alho,
temperando-as com azeite e
limão.
© S u m o fresco: Os que de-
sejem uma acção mais drásti-
das suas flores, contrastando com o ca, podem tomar o sumo fres-
tom palhete da paisagem. Não se tra- co das folhas, que se obtém
ta pois de uma planta que possa pas- espremendo-as com um pano
sar despercebida, nem sequer a quem ou com um aparelho liquidifi-
a não conheça. Parece sugerir ao ca- cador. É muito amargo, mas
minhante: «Udliza-me! Desfruta as não há fastio que lhe resista.
minhas virtudes!» Para a falta de apetite, reco-
menda-se tomar meio copo an-
A chicória é uma das plantas mais be- tes de cada refeição.
néficas, já que as suas extraordinárias
propriedades medicinais se adicio- €) Infusão: Com folhas e raiz
nam à de proporcionar um agradável frescas, à razão de 30 g por li-
substituto do caie. Nos tempos de es- tro de água. Tomam-se 2-3
cassez, na {alta do dispendioso café chávenas por dia: como aperi-
tivo, antes das refeições; co-
ulili/ava-se esta humilde planta, tida
mo digestivo, depois. Esta ti-
em pouca estima, talvez por ser tão
sana deve adoçar-se o mínimo
abundante e barata.
possível, para se poder con-
A chicória -dizem alguns com nos- seguir o maior benefício do seu
talgia- lomava-se durante a guerra, estimulante sabor amargo.
quando não havia café.
F. curioso que, neste caso, o su-
cedâneo -a chicória— acabe por ser
melhor do que o produto original -o
café.
Outros nomes: almeirão, chicória-brava. chicória-do-
-café. Brasil: chicória, chicória-amarga.
Esp.: achicoria, radicha, radicheta, amargón, husillo.
Fr.: chicorée. Ing.: chicory.

O Café de chicória
Habitat: Muito comum nas bermas dos caminhos,
ribanceiras e terrenos secos. Própria das zonas
temperadas da Europa e da América.
Descrição: Planta herbácea e vivaz da família das
Compostas, de caules rectos, que costumam atingir de
50 a 60 cm de altura. As flores são de uma bela cor
A raiz da chicória, que se arranca no
azul, e as suas pétalas terminam em cinco finas
Outono, seca. torrada e moída serve pontas; fecham-se à noite, ou quando faz mau tempo.
para preparar o "café de chicória". Po- Todas as partes da planta, incluindo o seu látex, têm
de-se misturar com malte, o que lhe sabor amargo.
dá um sabor ainda mais agradável. Partes utilizadas: as folhas tenras e a raiz.

440
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Co-
nhecida desde 0 tempo dos Egípcios.
e utilizada pelos seus faraós, esta plan-
ta foi qualificada pelo insigne Galeno
de «amiga do fígado». Tanto as raízes
como as folhas c o n t ê m inulina e le-
vulose, glícidos q u e favorecem as
funções do fígado. Mas a maior parte
das suas propriedades medicinais de-
vem-se aos princípios a m a r g o s q u e
contém, os quais actuam estimulando
todos os processos digestivos.

• No estômago actua c o m o eupépti-


ca, aumentando a secreção dos sucos
gástricos. Por isso, para as digestões
pesadas, dá mais resultado u m a chá-
vena de chicória depois da refeição,
do que uma colherzinha de bicarbo-
nato. Além disso, t o m a d a a n t e s das
refeições, é um p o d e r o s o aperitivo,
que abre o apetite das crianças e d o s
adultos.

• No fígado, favorece a s e c r e ç ã o da
bílis (acção c o l e r é t i c a ) , necessária
para a digestão das g o r d u r a s . Além
disso, activa a circulação portal e des-
congestiona o fígado.
• No intestino, activa os seus movi-
mentos (acção laxante). Lina cháve-
na de chicória pela m a n h ã , em jejum.

A apreciada raiz da chicória


arranca-se depois de a planta
ter florido mostrando as suas
características e vistosas flore-
zinhas azuis.

Endívia e escarola

A endívia e a escarola ajuda a vencei a preguiça intestinal e


{Cichorium endívia L.) a prisão de ventre. T a m b é m tem uma
são plantas cultivadas da certa a c ç ã o vermífuga q u e ajuda a
mesma família que a chi- expulsar os vermes intestinais.
cória. Claro que, para se Por t u d o isto. as indicações da chi-
conseguir que as suas cória são: inapetência, atonia gástrica,
folhas sejam tão brancas, digestões pesadas, dispepsia biliar de-
privam-se do sol, com o vida a deficiente f u n c i o n a m e n t o da
que perdem uma grande vesícula biliar, congestão hepática, hi-
parte das suas proprie- pertensão portal, prisão de ventre,
dades medicinais e do parasitas intestinais IO.© 01.
seu conteúdo vitamínico,
especialmente a vitami- A chicória possui ainda um suave
na A. e l e i t o d i u r é t i c o e d e p u r a t i v o , pelo
q u e se t o r n a i n d i c a d a nos casos de
gota e artritismo IO.0 01

441
Cinnamomum
zeylanlcum Blume O] «A

Preparação e emprego

Caneleira USO INTERNO


O Condimento: Tanto a canela
Um condimento em rama (casca dos ramos jovens
excelente que ajuda a da caneleira), como triturada em
pó, emprega-se como condimen-
digestão to em diversas preparações culi-
nárias.
© Infusão: Caso se deseje obter
um efeito mais intenso, pode fa-
zer-se uma infusão com um ou
dois pauzinhos de mais ou menos
10 cm cada um, de canela em ra-
ma, por cada chávena de água.
Podem-se acrescentar umas ro-
delas de limão. O seu efeito é
mais intenso se não for adoçada.
Tomar uma chávena depois de ca-
da refeição.

A CANELA já era conhecida e


Utilizada pelos Chineses 2500
anos antes de (Irisio, e era tão
apreciada como o ouro. Os antigos
Egípcios usavam-na para embalsamar
as múmias. A canela também era mui-
to apreciada pelo povo de Israel, e
Sinonímia científica: Laurus
Moisés recebeu indicação divina de cinnamomum L.
usá-la, juntamente com outras espe-
Outros nomes: caneleira-de-ceilão,
ciarias, no óleo santo com o qual se cinamomo.
ungiam os objectos do santuário e os Esp.: canelo, canelero, árbolde la
sacerdotes (Êxodo 30:23). canela, canelo de Ceilán, cinamomo.
Fr.: cannelier[du Ceylan].
A canela foi uma das especiarias
Ing.: [Ceylonj cinnamon Iree.
que indirectamente contribuíram
Habitat: Cresce espontaneamente e é
para o descobrimento da América.
cultivada no Sudeste Asiático.
pois Colombo navegou para o Oci- especialmente no Srí Lanka (antigo
dente, através do Atlântico, pensando Ceilão); também na índia, em
que encurtaria a roía para a índia, de Madagáscar e nas regiões tropicais da
o n d e se ira/ia a canela, e n t r e o u t r o s América do Sul.
apreciados produtos orientais. Du- Descrição: Árvore da família das
rante os séculos XVII e XVIII, a cane- Lauráceas. de até 10 m de altura, de
la tornou-se a especiaria mais lucrati- cujos ramos jovens se obtém uma
casca interior de cor escura. As folhas
va paia os I lolandeses. são grandes e ovaladas, e as flores
A canela, que continua a ser muito são brancas ou amarelas. Toda a
apreciada para usos culinários, possui planta exala um fragrante aroma.
notáveis eleitos medicinais. Alguns Partes utilizadas: a casca interior dos
consideram-na afrodisíaca, embora a ramos jovens, que uma vez
falta de provas científicas leve a crer fermentada se conhece como canela.
que possivelmente actue por sugestão.

PROPRIF.nADKS E INDICAÇÕES: A ras-


ca da caneleira contém óleo essencial,
aldeído cinâinii o. lanino. terpenos.

442
^v

F Canela-da-china

Além da autêntica canela do Ceilão, existe a canela da China (Çinnamomum aro-


maticum Nees. = Çinnamomum cássia Blume)', que se obtém da casca de outra
árvore similar, a caneleira chinesa, cujo sabor é mais picante e menos delicado. No
entanto as suas propriedades são as mesmas. John Russel, no seu livro Book of
Nature, publicado no século XV, dizia: «A canela é para os senhores e a canela da
China é para o vulgo. »>
' Esp.: canelo chino.

A casca da caneleira, em rama


ou moída, não pode faltar em
oxalato rle cálcio, amido e indícios de sofram de: inapetência (fastio), di- n e n h u m arroz-doce que se
preze, ou n u m bom leite-cre-
mucilagem. A acção de iodas estas gestões pesadas por atonia gástrica me como o da foto inferior.
substâncias cm conjunto dá-lhe pro- (estômago dilatado), e flatulência por
priedades digestivas, de tónico esto- insuficiência de sucos gástricos lO.©f
macal e aperitivas: aumento da se-
creção de sucos gástricos e intestinais, Ao contrário, o uso da canela não
assim como um aumento da motili- convém a quem sofra de úlcera pépti-
dade do estômago. ca gastroduodenal, pois nesta doença
produ/.-sc um excesso de suco gástri-
Como resultado desta acção tonifi- co ácido, que determina a formação
cante da canela sobre o aparelho di- da ulcera.
gestivo, produz-se um aumento do E sabido que uma das razões
apetite e uma melhora da função dis- Pelo seu conteúdo em tanino, a ca- q u e levaram Cristóvão Co-
lombo até ãs costas do Novo
gestiva no seu conjunto. O uso da ca- nela apresenta também um ligeiro Mundo foi a sua convicção de
nela favorece especialmente os que efeito adstringente. que, n a v e g a n d o sempre na
direcção do Ocidente, daria
com a terra da tão apreciada
canela.

443
Cnkm
benedlctus L. K % IÉ e • •

n Preparação e emprego

Cardo-santo USO INTERNO


O Infusão ou d e c o c ç ã o com
Um potente tónico um punhado de folhas frescas
do estômago ou secas (30-50 g) por litro de
água. Tomar até três chávenas
por dia, juntamente com as re-
feições. Caso se ache que esta
tisana é demasiado amarga, po-
de-se adoçar com um pouco de
mel ou açúcar escuro.

USO EXTERNO
© C o m p r e s s a s empapadas
numa decocção feita com um
punhado de folhas, caules e/ou
flores por cada litro de água.
Aplicam-se localmente sobre a

E STE CARDO recebeu o pom-


poso título de "santo" ou "ben-
to" provavelmente devido às
suas muitas propriedades medicinais,
mas sobretudo pelos .seus efeitos con-
zona da pele afectada.
0 B a n h o s de a s s e n t o com
esta mesma decocção.

tra a peste. Foi utilizado durante a Ida-


de Media contra esta terrível doença,
possivelmente com mais fé do que êxi- Precauções
to. No século XV foi administrado ao
imperador germânico Frederico III,
que sofria cie Cortes enxaquecas. De-
pois de ter sido considerado como um As tisanas e decocções para
remédio para quase todas as doenças, uso interno devem fazer-se bas-
as modernas investigações quimico- tante diluídas, pois de contrário
-farmacêuticas revelaram as suas ver- podem produzir um efeito mui-
dadeiras aplicações. to intenso sobre o estômago,
que pode chegar até ao vómito.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O car-


do-santo contém um princípio amar-
go, a cnicina, que actua estimulando Sinonímia científica: Centáurea
as glândulas que segregam os sucos di- benedicta L.
gestivos no estômago e no intestino Outros nomes: cardo-bento.
delgado. Daí a sua acção tónica esto- Esp.: cardo santo, cardo bendito, centáurea
macal, digestiva e aperitiva, lambem bendita, centáurea sudorífica. Fr.: chardon bénit. Ing.:
favorece as funções do fígado e do blessed thistle, hoiy thislle.
pâncreas, descongestionando e de- Habitat: Encontra-se espalhado por toda a Europa e Ásia.
sinflamando estes órgãos. Ocasionalmente, também se encontra na América do Norte,
assim como no Brasil, Chile e Argentina. Próprio de ribanceiras e
Na realidade, estas propriedades valados em terrenos secos.
são comuns à maior parle das plantas Descrição: Planta de 20 a 50 cm, com caule e folhas vilosos, pertencente à família
ricas em substâncias amargas. Mas o das Compostas. As folhas são grandes e espinhosas, com nervuras muito marcadas
cardo-santo apresenta, além disso, na página inferior. Os capítulos florais, pouco numerosos, são amarelos e acham-se
uma percentagem importante de mu- rodeados de espinhos avermelhados.
cilagem e de tanino, que potenciam a Partes utilizadas: Os caules, as folhas e as flores.
sua acção sobre o aparelho digestivo.

444
Quando as crianças, e os
adultos, apesar de não
sofrerem de nenhuma
doença, tém falta de apetite,
o cardo-santo pode tornar-se
muito eficaz.

Por tildo isto, as suas principais indi- cação externa, d e v i d o s o b r e t u d o às negativo, c o m o a Brucella, a Shig/ella e
cações são IO.0I: p r o p r i e d a d e s a n t i b i ó t i c a s d o seu a Ésckerichia coli. Usa-se paia lavar fe-
• Atonia digestiva, falta de apetite, di- princípio activo, a cnicina. S e g u n d o ridas, úlceras da pele 101 e p a i a ba-
gestões pesadas e vómitos. F e r n á n d e z e Nieto, esta substância é n h o s d e a s s e n t o e m caso d e h e m o -
eficaz c o n t r a bactérias de tipo gram- rróidas 101.
• Hipoacidez gástrica (iscasse/, de su-
cos n<> estômago).
• Insuficiência da função hepática C
pancreática.
Cardo-santo-mexicano
• E s g o t a m e n t o e convalescença de
enfermidades debilitantes.
• Diurético e febrífugo, devido ao seu 0 cardo-santo-mexicano {Argemone mexicana L ) ' , a que os habitantes do Méxi-
c o n t e ú d o em ílavonóides e ó l e o es- co e de outros países inter-americanos chamam 'chicalote', e também 'cardo blan-
sencial. co' e 'adormidera espinosa', distingue-se pelas suas flores amarelas com 3 ou 6
pétalas. Cresce no Sul dos Estados Unidos, no México e em toda a América Cen-
• Hipoglicemiante: Investigações re-
tral. Pertence à família das Papaveráceas (como a dormideira, pág. 164, e a papoila,
centes revelaram q u e o cardo-santo
pág. 318).
tem uma interessante acção hipogli-
As suas propriedades são semelhantes às do ópio, que pode substituir. As folhas
cemiante, isto é, faz descer o nível de
e as sementes usam-se em infusão como sedativas, analgésicas e contra a tos-
glicose no s a n g u e . P o r t a n t o , é um
se. Possuem um ligeiro efeito narcótico. Toda a planta contém um látex amarelo
bom tratamento complementar cia dia-
que se usa externamente contra as verrugas.
betes.
' Esp.: cardo santo mexicano.
• Anti-séptico e cicatrizante em apli-

445
Cocculus
palmatus Miers !\!

Calumba Sinonímia científica: Jateorrhiza miersi Oliv., Menispermum


palmatum Lam., Columbus coculus Miers
Outros nomes: colombo.
Esp.: colombo, calumba. Fr.:colombo. Ing.: co/ombo.
Tónico amargo Habitat: Planta originária das regiões tropicais da África Orientai.
e antídiarreico Cultivada na América do Sul.
Descrição: Arbusto trepador de folha perene, da família das
Menispermáceas. que atinge de 2a 5 mde altura. A raiz
é muito carnuda e pode atingir até 7 cm de diâmetro.
Partes utilizadas: a raiz cortada em rodelas e seca.

A RAIZ deste arbusto era utili-


zada pelos nativos africanos
como principal remédio con-
tra as diarreias e as disenterias, Quan-
do os Portugueses colonizaram Mo-
çambique e Madagáscar, no século
XVII, descobriram-no e trouxeram-no
para a Europa. Hoje encontra-se nas
farmácias de lodo o inundo, fazendo
parte de diversos preparados.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz


da calumba contém diversos alcalói-
des quimicamente semelhantes à ber- IS Preparação e emprego
berína (alcalóide que se encontra na
bérberis, pág. 384) e à morfina; prin-
cípios amargos (colombina); e diver-
Precauções
sas substâncias inertes (pectina, ami- USO INTERNO
do e oxalato). Não contém tanino. As
ODecocção com 10-15 g de
suas propriedades são:
raiz triturada (uma colherada) por Em doses elevadas tem efeitos
• Tónico amargo, aperitivo e eupépti- chávena de água. Ferver durante tóxicos: náuseas, vómitos, cóli-
co (facilita a digestão). Emprega-se na 10 minutos e adoçar. Tomam-se cas intestinais e, inclusivamente,
convalescença de doenças infecciosas de 6 a 8 colheradas diárias do lí- pode provocar paragem respira-
ou debilitantes e nas dispepsias (más quido resultante. tória.
digestões) 101.
• Antídiarreico e anti-septico intesti-
nal 101 devido aos seus alcalóides.

446
Coríandrum «\
satívum L • \l

Preparação e emprego
Coentro USO INTERNO
Eupéptico O Condimento: para temperar
diversos pratos.
e estimulante
© Infusão com 30 g de frutos
por litro de água. Toma-se uma
chávena depois de cada re-
feição.
€) Pó de frutos secos: Toma-se
uma colher de sobremesa (5 g)
misturado com mel, depois de
cada refeição.

O
S ESPANHÓIS costumam di- O Essência: três vezes ao dia.
zer: • Bom é o cilanlro, mas ingerem-se de 1 a 3 gotas.
não tanto.»
Embora se trate de uma das plantas
medicinais utilizadas desde há mais
tempo, pois já era de uso comum en-
tre os Assírios e os Egípcios, o coentro
pode produzir efeitos tóxicos sobre o
sistema nervoso (embriaguez), se For
ingerido em doses elevadas. É muito Precauções
apreciado como condimento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O S fru- Excluir as partes verdes da


tos contêm um óleo essencial rico em planta.
linalol, que é o princípio activo a que Não ultrapassar as doses
se devem as suas propriedades: prescritas.
• eupéptica: Facilita a digestão; A essência, em doses eleva-
• carminativa: elimina os gases; das, pode provocar convul-
sões.
• antiespasmódica;
• ligeiramente tonificante do sistema
nervoso, quando se toma em peque-
nas doses.
O coentro já tem sido usado como Outros nomes: coriandro.
vermífugo, embora não se tenba con- Esp.: cifaníro. anisiiio. cilanúro.
seguido demonstrar essa proprieda- coriandro. culantro Fr.: coriandre.
Ing.: coriander.
de.
Habitat: Originário dos países do
Km qualquer das suas preparações Mediterrâneo Oriental, mas espalhado
IO.0.©.OI, é indicado em caso de: e cultivado por toda a Europa e
• transtornos digestivos: gastrite, in- América.
suficiência pancreática, digestões pe- Descrição: Planta herbácea da família
sadas, inapetência, flatulência; das Umbelíferas. que atinge de 20 a 60
cm de altura. As flores são brancas ou
• na convalescença de doenças infec- cor-de-rosa. O fruto, que se caracteriza
ciosas, como iónico e estimulante do por ser redondo, mede de 3 a 5 cm de
apetite, e diâmetro.
• nas halitoses (mau hálito) dos con- Partes utilizadas: unicamente os
frutos maduros.
sumidores de alho e cebola, e dos Fu-
madores.

447
Crocus sativus L
) n\l * • • •
Preparação e emprego

Açafrão USO INTERNO


O Infusão com alguns filamentos
Aperitivo e e m e n a g o g o de açafrão por chávena de água.
Adoça-se com mel, melaço (mel
de cana) ou açúcar escuro.

USO EXTERNO
© Infusão concentrada: Prepa-
ra-se com uma quantidade de

A S BONITAS flores do açafrão


quebram com a sua cor ale-
gre a monotonia da paisagem
outonal. Os Egípcios, os Israelitas e os
Gregos apreciavam-no muito pelas
açafrão suficiente para que a
água adquira uma cor castanha
escura.

suas propriedades medicinais. Na Ida-


de Moderna exageraram-se-the as vir-
tudes, ao ponto de Iletodt, médico
alemão do século XVII, o ter reco-
mendado paia todos os inales, desde Precauções
a dor de dentes até à peste.
Nos nossos dias usa-se mais como
condimento do que como remédio.
E a especiaria mais cara de todas as Em doses relativamente altas, o
que se conhecem. açafrão é um potente tóxico. É
abortivo, e produz graves trans-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O tornos nervosos e renais.
açafrão contém um princípio amargo A intoxicação pode produzir-se
(picrocina), um corante (crocina) e com uma dose de 20 g.
um óleo essencial. Tem propriedades
digestivas, aperitivas e carminativas.
Além disso, é emenagogo e pode ali-
viar as dores menstruais IOI.
Externamente, usa-se a sua infusão Outros nomes: erva-ruiva, açaflor.
concentrada 101 para esfregar as gen- Brasil: açafrão-oriental, flor-da-aurora.
givas dos bebés e aliviar assim os incó- flor-de-hércules.
modos da dentição. Esp.: azafrán, azatrán-verdadero.
azafrán común, croco. Fr.: satran.
Ing.: saffron.
Habitat: Cultiva-se nos países
mediterrâneos. A Espanha é um dos
principais produtores do mundo. Em
Portugal a planta está bem
aclimatada. Também se cultiva
nalguns paises americanos.
Descrição: Planta bulbosa da família
das Iridáceas, de 10-15 cm de altura.
que dá umas lindas flores de cor lilás.
No centro de cada flor há 3 estigmas
de cor alaranjada, de que se obtém o
açafrão propriamente dito.
Partes utilizadas: os estigmas da flor.

448
Cumlnum
cyminum L i\ 1 ?. D J
Preparação e emprego

Cominho
USO INTERNO
Tonifica os órgãos O Infusão: 2 gramas de co-
minhos (a ponta de uma colher
digestivos de sobremesa) inteiros ou li-
geiramente esmagados, por
cada chávena de água. Ingere-
se uma chávena depois do al-
moço e outra depois do jantar.
Aos bebés podem-se dar duas
ou três colheradas desta mes-
ma infusão depois de cada to-
ma de alimento.
© Pó: Em doses de um grama
depois de cada refeição, dis-
solvido em água ou leite.

O S COMINHOS já eram utili-


zados como condimento, ou
como medicamento, pelos
Egípcios, pois encontraram-se conser-
vados nalguns túmulos. Nos últimos
€) Essência: administrar de 1
a 3 gotas, três vezes ao dia.

séculos, os seus frutos têm sido substi-


tuídos pelos da aicaravia (pág. 355),
d e p r o p r i e d a d e s muito semelhantes, Precauções
e m b o r a com um sabor mais -suave. No
entanto, os cominhos continuam a ser
um excelente c o n d i m e n t o e medica- A essência não deve ser dada
m e n t o . As saladas c o n d i m e n t a d a s a crianças pequenas, já que
com eles e m i t e m u m a r o m a m u i t o pode provocar-lhes convul-
agradável e satisfazem os p a l a d a r e s sões.
mais refinados. São t a m b é m um in-
grediente indispensável de alguns do-
ces tradicionais, aos quais, além de
emprestar o seu delicioso sabor, tam-
bém tornam mais digeríveis.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS co- Outros nomes: cominhos.


minhos contêm 10% de é>lco e t é r e o e Esp.: comino, comino común, comino fino, talso
uma essência cujo p r i n c í p i o activo anis. Fr.: cumin [de Maltej, faux anis. Ing.: cumin.
mais i m p o r t a n t e é o aldeído cuiníni- Habitat: Originário da Ásia Ocidental, e espalhado
CO. São aperitivos, digestivos e carmi- por toda a região mediterrânea. Cultivado nalguns
países da América.
nativos (fazem desaparecer os gases in-
testinais) IO.©.OI. Descrição: Planta herbácea anual, da
família das Umbeliferas, que atinge os
lambem proporcionam um (talo 50 cm de altura. As suas folhas sào
e l e i t o g a l a c t o g é n i o , ou seja, favore- muito finas, quase filiformes. Os frutos
cem a secreção de leite nas mães q u e formam-se na extremidade dos raios
a m a m e n t a m IO,©,01. das umbelas, medem 5 ou 6 mm de
comprimento e tèm costelas muito acentuadas,
Estas propriedades são comuns aos eriçadas de pêlos ásperos.
frutos fie outras UmbcliTcras, como a Partes utilizadas: os frutos.
aicaravia, «> coentro e o anis (págs.
355, 117. 455), de que se diferenciam
sobretudo pelo seu sabor peculiar.

449
Curcuma longa L
4

Preparação e emprego
Cúrcuma
USO INTERNO
Picante e eupéptica O Infusão com 15-20 g de rizo-
ma por litro de água. Ingere-se
uma chávena durante a refeição.
© Pó: Administra-se um grama
diário, repartido em três vezes.

Q UE PICANTE que está a co-


mida! - exclamam todos os
que viajam pela primeira vez
a um país tropical, seja da
América seja cia Ásia.
Cúrcumas asiáticas

Ainda que possa parecer estranho,


as especiarias e molhos picantes de- No Sudeste Asiático existem va-
sempenham uma importante função ias plantas do género Curcuma
(Curcuma purpurascens Blume.,
na dieia dos habitantes dos trópicos.
Curcuma xantorrhiza Roxb..
Sem elas seria difícil a conservação e
Curcuma pierreana Gagner.), al-
a digestão dos alimentos nos climas gumas das quais se cultivam
muito quentes. O bom uso das espe- pelo arrurruz (farinha alimen-
ciarias é mais uma manifestação de tar) que se obtém das suas raí-
sabedoria popular. zes. A purpurascens é aprecia-
A cúrcuma é um dos ingredientes da pelas suas propriedades
mais importantes do curry, molho pi- medicinais que, em princípio,
cante que contém, além disso, pi- se pode considerar que são as
menta, coentro, gengibre, cravinho, mesmas da cúrcuma da Amé-
cardamomo, cominho e 110/ mosca- rica. A Curcuma xantorrhiza é
da. Uma mistura explosiva para os de- conhecida em inglês pelo nome
licados estômagos não habituados! de 'amboima', e a espécie afim
Curcuma pierreana, peio de fal-
so arrurruz.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri-
zoma da cúrcuma contém um óleo es-
sencial, pigmentos, um princípio
amargo, ácidos orgânicos, resina e
amido.
1*. um tónico estomacal semelhante Outros nomes: curcuma. açatrão-da-
ao gengibre (pág. S77). Estimula a se- -índia.
creção dos sucos gástricos, e com isso Esp.: cúrcuma, jengibrillo. jengibre
facilita a digestão dos inapetentes 01 cimarrón, azafrán de Ia índia, turmérico.
Fr.: curry, safran des Indes.
dispépticos. Isa-se no caso de gastri- Ing.: turmeric, curry.
te crónica e hipocondria (falia de áci- Habitat: Originária da ilha de Java. embora espalhada por outros países
do clorídrico no estômago). tropicais da Ásia. da América Central e das Antilhas.
Também tem propriedades colago- Descrição: Planta vivaz da família das Zingiberáceas. que pode atingir um
gas IO.0I (facilita o esvaziamento da metro de altura. Apresenta de 5 a 10 tolhas grandes, com o peciolo muito
vesícula biliar) e carminativas (evita comprido. As flores são brancas ou amareladas. O rizoma é volumoso, de até
os gases intestinais) IO.01. 10 cm de diâmetro.
Partes utilizadas: O rizoma (caules subterrâneos).
Nalguns países da América (".entrai,
usa-sc para reduzir o nível do coleste-
rol.

450
Dryas octopetala L

Drias
Ajuda a fazer
a digestão

A
S M O N T A N H A S da E u r o p a
Central, especialmente os Al-
pes, cobrem-se no Verão com
esta p e q u e n a planta. Por m u i t o in-
tenso q u e tenha sido o frio do Inver-
no, com a chegada da Primavera tor- Outros nomes: chá-suiço.
na a rebentai" vigorosamente a drias, Esp.: dríada, té suizo.
e alguns meses mais tarde, e n t r a d o já Fr.: dryade à huit pétales.
o Verão, salpica a l e g r e m e n t e as pra- Ing.: white dryas.
darias e os rochedos. Habitat: Originária das regiões
árcticas da Europa, embora se
O s c a m p o n e s e s d a r e g i ã o alpina encontre difundida pelas regiões
por excelência, a Suíça, usam a drias montanhosas da Europa Central. Na Península Ibérica.
d e s d e t e m p o s r e m o t o s c o m o planta encontra-se só na cordilheira Cantábrica e nos Pirenéus.
digestiva e para aliviar as cólicas intes- Desconhecida na América.
tinais. Descrição: Planta vivaz, da família das Rosáceas, de 5 a
15 cm de altura. Tem caule lenhoso e rasteiro, e as folhas
A drias é tão resistente ao frio q u e lembram as do carvalho, embora sejam mais pequenas. As
se cria inclusivamente nas regiões árc- flores são grandes, solitárias, com 8 pétalas e estames
ticas do Norte da Europa. amarelos.
Partes utilizadas: as folhas.
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS fo-
lhas c o n t ê m t a n i n o e sais m i n e r a i s ,
entre os quais se destacam os silicatos
solúveis. São aperitivas, digestivas e
adstringentes. A tisana q u e se prepa-
ra com elas (chá suíço) é muito apre- JP Preparação e emprego
ciada nos seguintes casos:
• Trastornos digestivos: T r a n s t o r n o s
USO INTERNO USO EXTERNO
digestivos: dispepsias. indigestões, có-
licas intestinais e más digestões 101.
• Afecções bucofaríngeas: amigdalite O Infusão com 30 g de folhas por li- © G a r g a r e j o s : Emprega-se esta
(anginas), faringite, altas e diversas in- tro de água. Tomar 3 chávenas diá- mesma infusão, embora mais con-
flamações da mucosa oral (estomati- rias, antes das refeições. centrada: 40-50 g por litro.
tes). Nestes casos aplica-se em forma
de gargarejos 101.

451
Gentíana lutea L
m. /

O Preparação e emprego

Genciana
USO INTERNO
Excelente tónico O Maceração: Coloca-se um tro-
ço de raiz de genciana do taman-
digestivo ho de uma noz (uns 10 g) num li-
tro de água fria. Deixa-se mace-
rar durante 4-5 horas. Tomam-se
3 chávenas por dia, antes das re-
feições. Podem-se acrescentar
uns grãos de anis durante a ma-

O LHEM que plaina tão apru-


mada e vistosa - comenta um
excursionista para os seus
companheiros.
-Mas é uma genciana! -diz um
ceração, com o fim de tornar mais
suportável o seu intenso sabor
amargo, mas não convém adoçá-
-la.
©Decocção: 10 g por litro de
membro do grupo, conhecedor de água. Ferver durante uma hora.
plantas. Toma-se meia chávena antes de
-A raiz é muito apreciada pelas cada refeição.
suas propriedades medicinais. © Pó ou extracto seco: Ingere-se
—Então vamos arrancá-la c levá-la de 0,5 a 1 g antes de cada uma
das três refeições diárias.
para easa!
—Nem pensem nisso! -exclama o
entusiasta da botânica. -Talvez vos
custe a acreditar que esta planta cres-
ce tão lentamente que leva dez anos a
darás suas primeiras flores, e pode vi-
ver mais de cinquenta. Deixemo-la no
seu lugar, que se viermos a precisar
dela, ainda aqui estará disposta a ofe-
recermos as suas virtudes. Quem sabe Outros nomes: argençana,
se ainda irá viver mais anos do que argençana-dos-pastores, genciana-
nós! -amarela, genciana-das-boticas,
genciana-das-farmácias. grande-
-genciana. Brasil: genciana-dos-
jardins.
Esp.: genciana, genciana amarilla,
genciana mayor, junciana, gengiba.
Fr.: gentiane [jaune], grande gentiane.
Precauções Ing.: [yellow) gentian, bitterwort.
Habitat: Cresce nos prados e
encostas soalheiras das regiões
montanhosas da Europa Central e
Meridional. Prefere os solos calcários.
Não se deve confundir a genciana Muito rara em Portugal, pode
com o heléboro-branco (Veratrum ál- encontrar-se na serra da Estrela.
Cultivada na América.
bum L), planta tóxica que cresce nas Descrição: Planta vivaz da família das
proximidades da primeira, e que se Gencianáceas, que atinge de 60 a 100
distingue dela por ter folhas alternas cm de altura. De caule erecto e liso,
(saindo uma a uma do caule) e pelu- do qual saem folhas grandes,
das na face inferior, assim como pe- ovaladas, opostas uma em frente da
las flores, que são brancas e têm um outra. As flores, que nascem em
cheiro desagradável. cachos, são de um tom amarelo vivo.
Partes utilizadas: a raiz.

452
o Licor de genciana Precauções

Desaconselhamos o uso de prepa- Devem evitá-la as pessoas que so-


rados alcoólicos ou licores à base de fram de úlcera gastroduodenal ac-
genciana, pois os efeitos negativos tiva, pois o aumento do suco gástri-
do álcool contrariam os benefícios da co pode agravar a doença.
planta Também se deve evitar durante a lac-
tação, porque os seus princípios
amargos passam para o leite e, em-
bora não sejam tóxicos, levam o lac-
tente a rejeitá-lo.

A doçura das flores da


genciana alegra a vista,
apesar de a sua raiz conter a
substância mais amarga que
se conhece.

Exemplar conduta a deste amante Como diz o doutor Leclerc: «Tonifica


da natureza. A ambição de alguns co- sem irritar-.
Ihedores pouco cuidadosos pôs em
risco de extinção esta majestosa plan- • Colerética e colagoga: Estimula a
ta. E triste que se tenha estado a secreção de bílis pelo ligado, e o seu
arrancar sistematicamente a sua volu- esvaziamento para o duodeno. Reco-
mosa raiz, que pode chegai* a pesar mendada nos casos rle congestão he-
seis quilos, para aromatizar com ela li- pática e de disquinesias biliares (vesí-
cores alcoólicos. cula preguiçosa) IO.0.01.
Dioscóridcs, o grande médico e •Febrífuga: Esta acção não é muito
botânico grego do século I d.C. já di- marcada, mas é particularmente eficaz
zia na sua monumental Matéria médi- Contém igualmente diversos açúca-
res, taninos e pectina. em caso de paludismo. C.omprovou-se
ca, que «a raiz da genciana, bebida que é capaz de destruir os protozoá-
com água, socorre os doentes do fí- rios causadores do paludismo, que pa-
gado e do estômago». Nos nossos Tem as seguintes propriedades: rasitam os glóbulos vermelhos do san-
dias, quase vinte séculos depois, con- • Tónico estomacal: Os princípios gue. Pode utilizar-sc associada á qui-
tinua a ser válida a observação do sá- amargos da raiz de genciana excitam nina, e é especialmente indicada nos
bio grego, e a genciana é uma das a secreção de todas as glândulas di- casos de paludismo resistente á pró-
plantas aperitivas e digestivas mais apre- gestivas, incluindo as salivares. Por pria quinina 10.0,01.
ciadas. isso abrem o apetite (acção aperitiva)
e facilitam a digestão (acção eupépti- • Imunoestimulantc (estimulante das
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz ca ou digestiva). Torna-se especial- defesas): Comprovou-se que a admi-
da genciana contém diversos princí- mente indicada nas gastrites crónicas nistração de raiz de genciana provoca
pios amargos, entre os quais se desta- em que há uma escassa secreção de um aumento da produção de leucó-
cam a genciopicrina e a amarogenei- sucos gástricos (hipocloridria), na citos (glóbulos brancos), pelo que se
na. Esta última é a substância mais ptose ou atonia gástrica (estômago pensa que possa ter uma acção favo-
amarga que se conhece. Xutna di- descaído), nas indigestões e vómitos, rável nos casos fie depressão imunitá-
luição de uma parte em 50 milhões, nos casos de inapetência e na conva- ria (escassa resistência às infecções)
ainda se conserva o sabor amargo. lescença de doenças Febris IO.0,©I. IO 0.01.

453
Gonolobus
condurango Triana
^ ^ ^

Preparação e emprego

Condurango •'Ag

USO INTERNO
Açaima a d o r do
O D e c o c ç ã o com 30-40 g de
estômago casca ou de raiz. em meio litro de
água, durante 10 minutos. Deixar
depois em maceração durante 12
horas. Tomam-se de 3 a 5 colhe-
radas antes de cada refeição.

O TERMO indígena condur-angu


(liana d e c o n d o r ) a l u d e a o
lendário c o s t u m e d o c o n d o r
dos Andes, q u e utilizava as folhas des-
ta planta para se curar das m o r d e d u -
Precauções

Em doses altas tem efeitos tó-


ras das serpentes. E muito conhecida xicos, que provocam convulsões
e apreciada na América do Sul, para e inclusivamente paragem res-
curar os males do estômago. Km 1871 piratória.
foi introduzida na Europa, com a es-
perança de q u e pudesse curar o can-
cro do e s t ô m a g o , o q u e n ã o veio a
confírmar-se na r e a l i d a d e . O seu sa-
bor recorda o da canela, e m b o r a um
tanto amargo.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A cas- Sinonímia científica: Marsdenia


ca e a raiz do c o n d u r a n g o contém um condurango Rb.Ch
Óleo essencial, resina, ácidos orgâni- Outros nomes:
cos, substâncias gomosas e a m i d o . O Esp.: condurango. Fr.: condurango.
seu princípio activo mais i m p o r t a n t e Ing.: condurango.
é a c o n d u r a n g i n a , um glicósido amar- Habitat: Cresce espontaneamente na
go. vertente ocidental dos Andes, na
C) c o n d u r a n g o possui p r o p r i e d a - Colômbia, no Equador e no Peru, entre
1500 e 2000 m de altitude.
des aperitivas, digestivas e antieméti-
cas (faz parar os vómitos). O seu em- Descrição: Planta trepadora da família
das Asclepiadáceas que, como liana
prego lorna-se a p r o p r i a d o nos casos que é, se agarra ao tronco das árvores
de peso no estômago e digestões len- até chegar ao vértice das mesmas. As
tas IOI. Acalma a flor e os e s p a s m o s folhas são ovais ou cordiformes, peludas
("nervos") d o e s t ô m a g o , a i n d a q u e e de cor verde clara pela lace inferior.
n ã o seja conveniente usá-lo sem se ter Partes utilizadas: a casca do caule e a
primeiramente diagiwstieado a causa raiz.
dos transtornos.

454
Illlcfum verum Hook.
^ % ái _j J J
Preparação e emprego
Anis-
-estrelado USO INTERNO
O Infusão: Necessita-se de uma
menor proporção do que com o
Digestivo anis-verde, por ser mais concen-
trado. São suficientes 2-3 frutos
como o anis-verde, mas por chávena. Tomam-se duas ou
mais concentrado 3 chávenas diárias, após as re-
feições.
© Extracto seco: Administram-
-se de 100 a 300 mg por dia.

A ARVORE do anis-cstrolado
faz lembrar o loureiro, pelo
seu belo porte, e a magnólia,
pelas suas flores decorativas. Toda ela
exala uni agradável aroma muito se-
melhante ao do anis-verde, ainda que
mais imenso. Foi introduzida na Eu-
ropa nos finais do século XVII, quan- Precauções
do o uso das especiarias orientais se
achava no seu máximo apogeu.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O anis- A essência de anis-estrelado, pe-


-esirelado. apesar de pertencer a uma lo seu grande conteúdo em ane-
família botânica diferente da do anis- tol, tem efeitos tóxicos sobre o
-verde ou comum, contém o mesmo Outros nomes: anis-da-china, badiana. sistema nervoso (delírio e con-
princípio activo: uma essência rica em Esp.: anis estreitado, anis de estrella, vulsões), quando se tomam do-
anetol. Por isso as suas propriedades anis de China, badiana. Fr.: badiane, ses elevadas. As bebidas alcoó-
são semelhantes às do anis-verde (pág. anis de la Chine. tng.: star anise, licas preparadas com esta essên-
465): é eupéptico (facilita a digestão) Chinese anis. cia podem provocar envenena-
e carminativo (elimina os gases e as Habitat: Originário do Sul da China, da mentos.
flatulências intestinais). Coreia e do Japão. Cultiva-se também
no sudeste dos Estados Unidos e
Torna-sc muito útil (O.0I nos casos noutras zonas quentes e húmidas do
de digestões pesadas, fermentação in- continente americano.
testinal e flatulência (excesso de ga- Descrição: Árvore da família das Magnoliaceas, que atinge de 2 a 5 m de altura.
ses). A sua casca é branca e as folhas perenes e de forma lanceolada. Os frutos têm a
forma de estrela de 8 a 12 pontas, de cor castanha.
Pela sua acção ligeiramente anties-
pasmodica, alivia os espasmos das vís- Partes utilizadas: Os frutos.
ceras ocas (estômago, vesícula biliar,
intestino, útero, e t c ) .

455
Jasonia
glutinosa (L) D.C.
• •
Preparação e emprego

Jasónia
USO INTERNO
Estomacal e tonificante O Infusão com 20-40 g da
planta por litro de água, de que
se tomam até 4 ou 5 chávenas
diárias, depois das refeições.

E STA PLANTA é muito utilizada


no país vizinho, particularmen-
te nos territórios do antigo rei-
no de Aragão, para fazer unia tisana
muito apreciada. Tem um agradável
cheiro a cânfora, com um sabor um
pouco amargo. Substitui com vanta-
gem o chá vulgar. Outros nomes:
Esp.: té de roca, té de Aragón.
A jasónia era desconhecida por Fr.: thé vert. Ing.: rock'$ tea.
Dioscórides c outros autores da anti- Habitat: Própria dos países do
guidade clássica, pois não se dá na re- Mediterrâneo Ocidental. Abundante
gião mediterrânea oriental. em Espanha na Catalunha, Aragão e
Valência, especialmente nas zonas
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A sua montanhosas de vegetação
mediterânea. Encontrase nas gretas
composição não é bem conhecida. No das rochas calcárias, razão por que
entanto, sabe-se que não contém teí- nalgumas línguas, como em
na nem caleína. Possui uma essência espanhol, é conhecida pelo nome de
que lhe confere propriedades digesti- chá-de-rocha.
vas, assim como abundantes taninos, Descrição: Planta vivaz da família
que justificam o seu uso como anti- das Compostas, formada por uma
diarreico IO). pequena cepa lenhosa de que
emergem cada ano vários caules de
• Problemas digestivos: Popularmen- 20 a 40 cm de altura. Toda a planta é
te usada em casos de indigestão, di- viscosa e coberta de pêlos macios. As
gestões lentas e pesadas, diarreias c flores são amarelas, muito pequenas
fermentações ou putrefacções intesti- e agrupadas em capítulos na
nais IO] extremidade dos caules.
Partes utilizadas: as folhas e as
•Problemas nervosos: Apresenta sumidades floridas.
também uma acção tonificante, isen-
ta de eleitos irritantes sobre o sistema
nervoso como aqueles que se verifi-
cam com o café ou o com chá IOI.

456
Laums nobills L
Õl * iJ 15] 11 A
Preparação e emprego

Loureiro USO INTERNO

Facilita a digestão e O Infusão: Com um litro de


água, prepara-se uma infusão
alivia a dor reumática com 20-30 g de folhas de louro,
a que se pode acrescentar um
punhado de frutos maduros pa-
ra conseguir maior efeito. Como
aperitivo toma-se uma chávena
dez minutos antes de cada re-
feição, e, como digestivo, uma
chávena depois de cada refeição.

C ORRE! Tra/.-me uma coroa de


louros! -ordena Tibério César
ao seu servo.
-Sim, meu senhor. Trago-a imedia-
USO EXTERNO
© Óleo de loureiro: Prepara-se
deixando macerar durante 10
dias, ao sol, 30 g de folhas de
tamente - responde submisso.
louro num litro de azeite de oli-
-Não vês que se aproxima uma
veira. Aplica-se em loção sobre
tempestade? Preciso da protecção do a parte dorida. Também serve
loureiro -diz o imperador romano para afugentar insectos parasi-
com certa ansiedade. tas.
Antes de terem começado a soar os €) Bálsamo anti-reumático
trovões, Tibério César já havia posto (manteiga de loureiro): Esma-
na cabeça uns ramos de loureiro en- gar num almofariz um bom
trelaçados. E que, segundo uma tra- punhado de bagas de loureiro
dição romana, o loureiro nunca pode maduras. Pô-las a ferver, co-
ser sacudido pelos raios e, portanto, bertas de água, durante 5-10
quem se colocar debaixo das suas fo- minutos. Espremê-las depois
lhas encontra-se a salvo dos flagelos da com um pano fino, deixar arre-
natureza. fecer o líquido e recolher a ca-
mada de gordura que flutua.
O loureiro era consagrado ao deus Esta gordura ou manteiga de
Apolo, patrono dos triunfos, das belas loureiro aplica-se em fricções
artes e da medicina, e arquétipo da sobre a zona afectada. Não é
beleza masculina. Os imperadores ro- própria para ser ingerida.
manos, os atletas e os guerreiros ven-
cedores eram coroados com uma co-
roa de louros, que se supunha pro-
tegê-los dos raios e de outras forças
malignas. Não parece que tal coroa Outros nomes: loureiro-comum. loureiro-de-apolo. loureiro-
•dos-poetas, loureiro-vulgar, louro, sempre-verde.
tenha servido de muito aos "laurea-
dos" romanos, que poucos séculos de- Esp.: laurel, laurel común, laurel de condimento, laurel noble,
laurel real. loreda, loreto, loro. Fr.: laurier. Ing.: laurel.
pois vieram a sucumbir às mãos dos
bárbaros, outro flagelo semelhante ao Habitat: Originário dos países mediterrâneos. Cria-se em
algumas regiões próximas do litoral, de clima temperado.
do raio. Cultivado e naturalizado no continente americano.
Adverso às superstições relaciona- Descrição: Árvore de folha perene, da família das Lauráceas,
das com as plantas, o famoso médico que pode medir de 2 a 8 m de altura. As (olhas são
espanhol Andrés de Laguna conta lanceoladas, coriáceas, brilhantes pela face superior e baças
pela inferior. As flores são pequenas, de cor branca ou
que, estando ele mesmo em Roma amarelada. Os frutos são drupas semelhantes às azeitonas,
pelo ano 1539, «caiu um impetuoso produzidas unicamente pelos loureiros fêmeas.
raio no palácio do duque de Castro, e Partes utilizadas: As folhas e os frutos.
atingiu uni formosíssimo loureiro que
ainda hoje se vê ferido e despedaça-
Louro-cerejo

0 louro-cerejo ou loureiro-cerejeira
(Prunus laurocerasus L), também
chamado loureiro-real e loureiro-in-
glês\ é uma árvore da família das
Rosáceas, que produz umas bagas
negras semelhantes às cerejas. As
suas folhas, que cheiram como as
amêndoas amargas, contêm glicósi-
dos cianogenéticos que libertam áci-
do cianídrico, substância esta mui-
to tóxica. No entanto, por destilação
dessas folhas, obtém-se a água de
louro-cerejo, que tem propriedades
medicinais e se emprega como an-
tiemético (contra os vómitos), seda-
tivo e antiespasmódico.
" Esp.: laurel cerezo. Fr.: laurier-cerise.
Ing.: cherry laurel.

•Aperitivo, eupéptico (facilita a di-


gestão) e carminativo (elimina os ga-
ses do t u b o digestivo). E p o r t a n t o útil
aos inapetentes (que têm fastio) e aos
q u e sofram de digestões difíceis ou
O louro é condimento indispensável na cozinha mediterrânea. E o óleo ou o
bálsamo de folhas de louro, um anti-reumático e anti-inflamatório de grande
pesadas IO).
eficácia. •Suavemente diurético IO).
• Emenagogo (estimula a menstrua-
ção) e regulador do ciclo menstrual

do». E c o n c l u i dizendo: "Não há casa cineol; c o n t é m também tanino e um • Anti-reumático e anti-inflamatório


tão fone. n e m se e n c o n t r a coisa tão princípio a m a r g o . Os frutos c o n t ê m muito eficaz, aplicado externamente. 0
eficaz, q u e chegue para nos d e f e n d e r ainda 259Í de matérias gordas forma- óleo de loureiro 10) ou o bálsamo l€)l
dos juízos de Deus». anti-reumático q u e se prepara com as
das pelos ácidos láurico, oleico, pal-
suas folhas, utili/.am-se em fricções
mítico e linoleico. O princípio activo para aliviar os torcicolos, lombalgias
PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : AS fo- responsável rios efeitos medicinais do ciáticas, entorses dos tornozelos e ou-
lhas do loureiro são ricas n u m óleo es- loureiro é o seu óleo essencial. Veja- tras d o t e s osteomusculares (de ossos
sencial volátil, c o m p o s t o em 4 5 $ por mos as p r o p r i e d a d e s do loureiro: e músculos).

458
Uppla triphylla
Kuntze 91 «J J I .

Preparação e emprego

Lúcia-lima
USO INTERNO
Aromática, estomacal O Infusão com uns 30 g de fo-
lhas por cada litro de água. Tomar
e sedativa uma chávena bem quente depois
de cada refeição. Tem um sabor
muito agradável.

A LUCIA-LIMA é o u t r o dos
grandes presentes da flora do
Novo M u n d o , j u n t a m e n t e
com o tomate, a batata e muitas outras
plainas. E cultivada na Europa d e s d e
o século XVIII.
I lá quem a confunda com a verbe-
na (pág. 17-1), mas trata-se de plantas
diluentes, pertencentes até a famílias
botânicas distintas.

PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : Toda a
planta, e s o b r e t u d o as folhas, é rica
num óleo essencial c o m p o s t o p o r A lúcia-lima, pelas suas pro-
priedades sedantes, pode
mais de cem s u b s t â n c i a s , e n t r e as acalmar as dores menstruais.
quais o citral, o l i m o n e n o e o cariofi-
leno. Esta essência c o n l e r e - l h e pro-
priedades digestivas, antiespasmódi-
cas e carminativas (favorece a ex-
pulsão de gases do a p a r e l h o digesti- Sinonímia científica:
vo). Uppla citriodora L, Aloysia citrlodora L
A lúcia-lima é indicada nos seguin- Outros nomes: bela-luísa, cidrila, doce-
tes casos: •lima, erva-luisa, limonete, verbena.
Brasil: erva-cidreira.
• T r a n s t o r n o s digestivos: dispepsias
Esp.: hierba luisa, [reina] luisa, cidrón,
agudas (enlartamenio ou indigestão) cedrón. cedroncillo, hierba de la
e crónicas (digestões pesadas), e fla- primavera, verbena olorosa.
tulências 101. Fr.: verveine odorante, [verveine]
citronelle. Ing.: herb louise, lemon verbena.
• Dores m e n s t r u a i s ( d i s m e n o n c i a ) ,
cólicas biliares e renais, pela sua acção Habitat: Originária do Peru e do Chile, mas
aclimatada na Europa, onde se cultiva como planta
antiespasmódka IOI.
ornamental e aromática. . Em Portugal cultiva-se
• Indicada também em diferentes ti- sobretudo a variedade Lippia citriodora L.
pos de alterações n e r v o s a s , especial- Descrição: Pequeno arbusto da família das Verbenáceas,
mente cm caso di- ansiedade IOI. já q u e que atinge até 2 mde altura. As folhas são lanceoladas e
em muitos casos c o n s e g u e d a r me- rugosas, e exalam um intenso aroma a limão quando são
lhores resultados do q u e alguns tran- esmagadas. As flores são de cor violeta pálida ou lilás e crescem em
quilizantes químicos, com a vantagem ramalhetes.
de não ter os eleitos secundários des- Partes utilizadas: As folhas.
ses íánniicos.

459
Manhbt esculenta
Crantz.

Mandioca
Digestiva e emoliente

A MANDIOCA é uma planta


alimentícia muito apreciada
nos países quentes. No en-
tanto a sua raiz, se for comida crua,
produz uma intoxicação grave que
pode mesmo causar a morte. Isto
deve-se ao facto de contei' glicósidos
cianogenélicos, que libertam o vene-
noso ácido cianídrico.
Felizmente, estas substâncias tóxi-
cas desaparecem facilmente com o ca-
lor.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A RAIZ


contém até 40% de hidratos de car- Sinonímia científica: Manihot utilíssima
Pohl.
bono (sobretudo amido), mas é mui-
Outros nomes: manduba, manuba, maniva.
to pobre em proteínas e em lípidos
(gorduras). Daí que o seu valor nutri- Esp.: yuca, pari de yuca. mandioca,
mandiaco, manioca, manoco, mancobra,
tivo seja limitado, e por isso a man- tapioca, sagú branco, casa, casava,
dioca não deve constituir a base do re- guacamote, cascamote, pan de tierra
gime alimentar. caliente, aypí. Fr.: manioc, cassava, pain des
negres, sagou blanc. Ing.: [bitter] cassava,
E digestiva, emoliente (suavizante mandioca, manioc, tapioca plant, yueca.
e anti-inflamatória) e algo adstrin-
gente.
A TAPIOCA é preparada à base de
mandioca em forma de farinha. E de
muito fácil digestão e recomenda-se
O Preparação e emprego
em caso de gastrite, úlcera gastroduo-
denal, dispepsia (má digestão) e hi- USO INTERNO Habitat: Originária do Brasil. Difundida
percloridi ia (excesso de acide/) IO). por todas as regiões tropicais e
O Farinha: Obtém-se triturando
Convém também nas gastrenterites, subtropicais da América, Ásia e África.
o tubérculo passado pelo calor.
diarreias e colites. É um alimento ide- Adapta-se muito bem aos terrenos
Com ela se preparam diversos
al para doentes debilitados com es- pobres e secos.
pratos culinários.
cassa capacidade digestiva. Descrição: Arbusto da família das
Euforbiáceas, com caules lenhosos,
Externamente, a tapioca aplica-se em USO EXTERNO erectos e nodosos, que atinge até dois
cataplasmas quentes com sumo de © Cataplasmas: Preparam-se metros de altura. A raiz é tuberosa,
limão, para amadurecer furúnculos, acrescentando sumo de limão à branca, de até um metro de
borbulhas infectadas e abcessos 101. comprimento e 20 cm de diâmetro.
farinha. Têm de ser aplicadas
Também serve para curar as lesões da quentes. Partes utilizadas: o tubérculo (raiz)
erisipela (infecção da pele produzida tostado ou cozinhado.
pelo estreptococo).

460
MenthapulegiumL
4\ hj 9j H

Poejo
Um grande a m i g o
da digestão

M U I T O antes de existirem os
sprays insecticidas, a sabedo-
ria p o p u l a r já utilizava as fu-
migações de poejo para afugentar os
parasitas. Poejo vem do latim pulq&um
(pulga), pois os antigos Gregos e Ro-
manos já utilizavam os seus vapores
para matar as pulgas.
As propriedades medicinais do po-
ejo já se c o n h e c e m desde há milénios.
Dioscórides, o g r a n d e m é d i c o e botâ- Outros nomes:
nico grego do século I d . C , diz q u e
Esp.: poleo, poleo menta, poleo común, poleo europeo, poleo negro. Fr.: pouliot.
«tem força de aquecer, de e m a g r e c e r Ing.: [European] pennyroyal.
e de digerir».
Habitat: Cresce em lugares frescos, por vezes junto aos regatos, em toda a Europa.
-Enchi demasiado o estômago! Difundido pelo continente americano.
Vou pedir u m a chávena de poejo para Descrição: Planta vivaz, da família das Labiadas, muito aromática, de 25 a 40 cm
me ajudar a fazer a digestão - d i z o co- de altura. As flores agrupam-se nas axilas das folhas, são lilases, cor-de-rosa ou
mensal de um r e s t a u r a n t e depois de brancas, e têm um aroma que lembra o da casca de limão eoda hortelã.
uma opulenta refeição. Partes utilizadas: toda a planta.
-Pois vou p e d i r o u t r a para m i m ,
porque me disseram q u e o poejo aju-
da a aliviar a cabeça q u a n d o se b e b e u
um p o u c o . . .

£P Preparação e emprego

USO INTERNO bronquiais ou de transtornos da


menstruação, ingere-se uma chá-
Precauções O Infusão: Uma vez tirada a água vena bem quente de duas em duas
do lume, e passada a fervura, acres- horas.
centam-se 10-20 g de poejo por li-
tro de água e deixa-se infundir du- USO EXTERNO
rante alguns minutos. Pode-se ado- © Bochechos com uma infusão
Embora não seja contra-indicado no çar com mel. mais concentrada (30 g por litro de
caso de úlcera gastroduodenal, de- Como tónico digestivo, toma-se água) do que para o uso interno.
ve-se usar com prudência e fora das uma chávena depois de cada re- © Lavagens com a infusão con-
épocas de crise. feição. Nos casos de afecções centrada.

461
Além de facilitar a
digestão, o p o e j o acalma
as dores das regras,
especialmente nas jovens.

Deste m o d o o seu uso é indicado


s e m p r e q u e se trate de facilitar os
processos digestivos; na hipocloridria
(falta de sucos no estômago); nas di-
gestões pesadas; nos casos de mcteo-
íismo (excesso de gases) e de trans-
tornos da vesícula biliar (clisquincsias
biliares, vesícula preguiçosa).
• E x p e c t o r a n t e c antitússico: De uti-
lidade nos catai TOS e na tosse convul-
sa IOI.
• Emenagogo e antiespasmódico: Fa-
cilita a m e n s t r u a ç ã o e acalma as do-
res q u e p o d e m acompanhá-la IOI.
• Vermífugo: Paia expulsar os parasi-
tas intestinais toma-se u m a chávena
bem cheia em jejum, d u r a n t e 5 dias
seguidos IOI.
• Anti-séptico: Muito útil para boche-
c h a r em caso de mau hálito ou pio-
rreia t©l. e para lavar feridas da pele
131.
C e r t a m e n t e o poejo ajuda a resol-
ver estes p r o b l e m a s . Pois b e m , se via • Insecticida: Colocado em saquinhos
muito m e l h o r não ter de usá-lo c o m o e n t r e a roupa, afugenta as traças. Fs-
t r a t a m e n t o sintomático. Evitai os ex- fregando-se o pêlo d o s animais d o -
cessos é mais sábio do q u e c u r a r as mésticos c o m u m a infusão c o n c e n -
suas consequências, m e s m o com uma trada, maia os parasitas.
coisa tão natural c o m o u m a tisana.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Toda
a planta contém óleo essencial (0,5%-
-1%) à base de pulegona, uma cetona Poejo-americano
n ã o saturada. C o n t é m t a m b é m men-
tona, limoiieno e outras c€tonas. Eis
as suas p r o p r i e d a d e s : Na América do Norte existe o cha-
• Digestivo e tónico estomacal: Facili- mado poejo-americano (Hedeoma
ta os processos digestivos, a u m e n t a n - pulegioides Pers.)\ multo seme-
do a secreção de sucos (gástrico, in- lhante em aspecto e propriedades
testinal e pancreátieo) e estimulando ao poejo comum.
a motilidade do estômago e do intes- Os índios norte-americanos utilizam-
tino d e l g a d o . K carminativo (elimina -no tradicionalmente para acalmar as
o excesso de gases) e c o m b a t e as fer- dores de cabeça e as produzidas pe-
m e n t a ç õ e s intestinais, a c a l m a n d o as la menstruação, assim como para cu-
d o r e s de cabeça de origem digestiva rar feridas.
IOI. A u m e n t a t a m b é m a secreção de * Esp.: poleo americano.
bílis (efeito colagogo).

462
Ui K /: s 9j j

£P Preparação e emprego
Trevo-
-dágua USO INTERNO
O Infusão com 15-30 g de folhas
por litro, de que se toma uma chá-
Aperitivo e febrífugo vena antes de cada refeição.
© Sumo da planta fresca, à razão
de uns 20 ml dissolvidos em água
ou leite, 2-3 vezes ao dia.
€) Pó: Administram-se 2-3 g re-
partidos em três tomas diárias.

O TREVO-D'AGUA usa-se em li-


toterapia ;i partir cio século
XVI, dado que, não sendo
uma planta mediterrânea, não che-
gou a sei' conhecida pelos médicos da
Grécia clássica. Actualmente só existe
em pequena quantidade e, nalguns
países, é mesmo uma espécie prote-
gida.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-


OOlhas contêm um glicósido amargo
(meniantina), responsável das suas
propriedades tónicas sobre o apare-
lho digestivo. Faz aumentai" o apetite,
estimula as secreções digestivas e, em
geral, favorece a digestão. Recomen-
da-se em caso de atonia digestiva,
peso no estômago ou gastrite crónica
!©.©©!. Os seus efeitos são semelhan-
tes aos da genciana (pág. 452).
Contém também flavonóides e al-
calóides ainda não bem estudados, Outros nomes: trevo-dos-charcos.
que poderiam explicar as suas pro- trifólio-fibrino. fava-d'água. fava-dos-
priedades febrífugas, laxantes e eme* -pântanos, menianto. Brasil: trevo-
nagogas. Usa-se nos estados gripais -aquático.
10.0,©!. Esp.: trébol de agua, trébol acuático,
trébol fibrino, febrino. Fr.: ményanthe,
trèfle d'eau. Ing.: buck bean. [marsh]
trefoil.
Habitat: Pântanos, lagoas e charcos da
Europa Ocidental e da América do
"v Precauções
Norte. Pouco frequente. Espontâneo no
Alto Minho e na Serra da Estrela.
Descrição: Planta aquática vivaz, de
20-30 cm de altura, da família das
Meniantàceas. Caule grosso, carnudo e rasteiro, enterrado no lodo. As folhas
são de peciolo longo, divididas em três foliolos, e as flores são cor-de-rosa e
Em doses elevadas é purgante e agrupadas em cachos terminais.
emético (provoca o vómito). Partes utilizadas: as folhas.

463
Origanum vulgare L
J IS *j â AJ u a
Preparação e emprego

Orégão USO INTERNO

Digestivo O Condimento: As suas folhas


secas espalham-se em pó so-
e anti-reumático bre diversas preparações culi-
nárias.
©Infusão, com 15-20 g de
planta por litro de água, da qual
se ingere uma chávena depois
de cada refeição.
© Essência: Três tomas diá-
rias, de 46 gotas cada uma.

USO EXTERNO
O Inalações de vapor, nas
afecções respiratórias, adicio-

O ORÉGÃO é muito semelhan-


te ã manjerona (pág. 369),
embora, ao contrário desta,
costume encontrar-sc em estado sil-
vestre. É oriundo do Médio Oriente,
nando um punhado de planta à
água.
0 Cataplasmas: A planta es-
magada aquece-se numa caça-
rola e aplica-se envolvida num
e foi introduzido na Europa no sécu- pano sobre a zona dorida ou in-
lo XVI. flamada.
O Fricções: Podem-se fazer
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a com várias gotas de essência
planta é rica num óleo essencial que aplicadas directamente sobre a
contém timol e canacrol, de acção se- zona afectada. Para as fricções,
dativa, antiespasmódica c carminati- a essência também pode dis-
va. Contém além disso llavonóides e solver-se em álcool.
ácido ursólico, aos quais se atribuem
as suas propriedades anti-reumáticas.
O seu uso é indicado nos seguintes ca-
sos:
• Transtornos digestivos: dispepsia
Outros nomes: Orégào-vulgar, manjerona-
(má digestão) de origem nervosa, fla- brava, manjerona-selvagem. Brasil: orégano.
tulência, espasmos ou cólicas dos
Esp.: orégano, orégano común, orégano de
órgãos digestivos IO.€>l. Pela sua acção Espana, mejorana [silvestre}. Fr.: origano
carminativa (combate os gases intesti- [communj, marjolaine sauvage. Ing.: wild
nais), é um bom condimento para le- marjoram. mountain mint, orégano.
gumes, sopas e pizzas (Ol. Habitat: Difundido por toda a Europa, em
• Afecções respiratórias acompanha- terrenos de altitude média, soalheiros, secos
das de tosse seca ou irritativa, como a e pedregosos. Naturalizado no continente
americano.
laringite (irritação da garganta) ou a
tosse convulsa. O orégão tem também Descrição: Planta vivaz da família das
Labiadas, cujos caules erectos atingem até
acção expectorante, béquica e anti- 60 cm de altura. As folhas são pequenas, de
tússica, tanto em uso interno IO.© ©1 cor rosa-púrpura.
como externo IO). Partes utilizadas: As sumidades floridas.
• Dores musculares, torcicolos e lum-
bago, aplicado externamente tanto
em cataplasmas 10] como em fricções
sobre a pele 101.

464
Pimpinela anfsumL Qj ^
4) é%

Preparação e emprego

Anis-verde
USO INTERNO
Digestivo
O Infusão com uma colher-
e galactagogo zinha de café (3 g) de frutos
por chávena de água. Tomam-
-se até 3 chávenas quentes por
dia, de preferência depois das
refeições. Pode-se adoçar com
mel.
® Infusão para lactentes: Pa-
ra os bebés prepara-se a in-
fusão com uma ou duas co-

A
S PROPRIEDADES culinárias
Iherzinhas de café (3-6 g) de
e medicinais desta p l a n t a já frutos secos num quarto de li-
eram conhecidas no Egipto e tro de água (250 ml). Pode-se
na Grécia, e m b o r a t e n h a m s i d o os adoçar com uma colherzinha
Árabes que, na Idade Média, a intro- de açúcar (o mel não é bem to-
duziram na P e n í n s u l a e na E u r o p a . erado pelos lactentes). Vai-se
Andrés de Laguna, distinto m é d i c o e dando à criança pelo biberão
botânico espanhol do Renascimento, ou por uma colher no decorrer
que traduziu para c a s t e l h a n o e co- do dia.
mentou as obras de Dioscórides, disse
€) Essência: de 1 a 5 gotas, 2
desta planta, e n t r e o u t r a coisas, q u e ou 3 vezes ao dia.
«corrige a c o r r u p ç ã o e h e d i o n d e z do
hálito, resolve as i n o p o r t u n a s ventosi- O P ó : até 2 gramas diários.
dades e os arrotos azedos.»
O anis chamou-se t a m b é m , em Es-
panha, "lorna-maritos", pois leva a
que os maridos q u e t e n h a m a b a n d o -
nado as suas esposas, devido ao m a u Outros nomes: erva-doce.
hálito destas, voltem para elas... Mais Esp.: anis, matafahuga, híeròa
uma das muitas aplicações q u e esta dulce, simiente dulce. Fr.: anis [vert],
planta pode c o n t i n u a r a ter. petit anis. Ing.: anise.
Habitat: Originário dos países do
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: De-
Médio Oriente, embora a sua cultura
se tenha expandido pelos países do
vem-se s o b r e t u d o à sua essência, o Mediterrâneo. A Espanha é um dos
anetol, q u e , e n t r e t a n t o , isolada d o principais produtores do mundo. Em
resto dos princípios activos da planta Portugal a planta está aclimatada e
e concentrada, p e r d e as suas virtudes cresce espontaneamente.
curativas e p o d e , inclusivamente, tor- Descrição: Planta de 50 a 80 cm de
nar-sc tóxica (produz convulsões). A altura, da família das Umbelíferas,
isto se deve o facto de os licores de com caule estriado e flores
esbranquiçadas agrupadas em
anis fabricados com esta essência n ã o ramalhetes (umbelas). O fruto é um
possuírem p r o p r i e d a d e s medicinais, grãozinho ovalado, que exala um
e sim efeitos tóxicos, devidos tanto ao delicioso aroma. Embora pertença á
álcool como ao anetol. mesma família da venenosa cicuta
(pág. 155), é fácil distingui-la desta,
Pelo contrário, o fruto do anis, tal tanto pelo seu aroma típico como
como nos é oferecido pela natureza, pelas suas características.
acha-se praticamente isento dos riscos Parte utilizada: os frutos.
da essência. Isto deve-se, em parte, a
que, além do anetol, c o n t é m o u t r a s

465
As vacas, assim como as
ovelhas, aumentam a sua
produção de leite quando
t o m a m anis com a
forragem. As mães que
amamentam também
podem aproveitar a acção
gaiactagoga desta planta.
Além disso, como o anis
passa para o feíte materno,
este torna-se mais digestivo
e antiflatulento para o
bebé.

A infusão ou a essência, que


se preparam com os
pequenos frutos do anis,
exercem uma notável acção
digestiva e antiflatulenta.
Isto não acontece com os
licores de anis que, devido
ao seu elevado grau
alcoólico, são totalmente
desaconselháveis.

substâncias como fenóis, ácido máli- na-se muito eficaz no caso de gases ou lita a regeneração das células mucosas
CO, açúcares e colina. de diarreias malchcirosas l©l. E um IO.0.O). Além disso substitui, por um
São estas as suas propriedades: bom hábito dar infusões de anis aos aroma fresco, o cheiro a tabaco do há-
lactentes, à maneira de refresco. lito de quem acaba de deixar de fu-
• Sobre o aparelho digestivo: O anis é mar.
O protótipo das plantas com acção car- * Sobre o aparelho respiratório: Ex-
minativa, aperitiva, tonificante do pectorante. Facilita a eliminação das • Sobre a glândula mamária: Acção
estômago e digestiva. Limpa os intes- mucosidades bronquiais, tornando-as gaiactagoga, isto é, que aumenta a
tinos de fermentações e putrefacções mais fluidas. Convém aos asmáticos e produção de leite (O.0.OI. Por isso os
IO,©,©). Faz parte da "tisana das qua- bronquiticos. Recomenda-se especial- criadores de gado dão anis ás vacas e
tro sementes", juntamente com a al- mente aos que seguem um plano para ovelhas, misturando-o com as rações.
caravia, o lancho c o coentro (págs. deixar de fumar, pois actua como um Curiosamente, o anis é eliminado
355, 360,447), da qual Font Quer afir- verdadeiro antídoto da nicotina e dos com o leite, pelo que as mães que ama-
ma que não há ilato que lhe resista. alcatrões do tabaco: limpa os brôn- mentam, quando o tomam, benefi-
Nas crianças pequenas e bebés tor- quios de mucosidade irritante e lac i- ciam também os seus bebés.

466
Quassia amara L
K) A a a n D
Preparação e emprego
Quássia
USO INTERNO
Digestiva e febrífuga
O Decocção ou maceração
de 5 a 10 g por litro de água,
de que se toma uma chávena
antes de cada refeição.

USO EXTERNO

Q UASSI era o nome de um


nativo da Guiana, escravo,
que em 1756 revelou o seu
segredo para curar as lebres
a um oficial holandês que o tinha pro-
& Clisteres: Fazem-se com a
mesma decocção que serve
para o uso interno. Aplicam-se
uma vez por dia, como vermí-
tegido. Tratava-se da quássia-amarga, fugo.
um arbusto da Guiana.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém resina, mucilagens, pectina, cani-
no e o alcalóide qwassiiva, de sabor
muito amargo, que é o princípio acti-
vo mais importante desta planta, ao
qual deve as suas propriedades e indi-
cações como:
• Tónico estomacal, digestivo e aperi-
tivo. Aumenta a secreção do suco ás-
uico e Favorece o funcionamento da
vesícula biliar (acção colagoga) lOI.Pã Quássia-da-jamaica
muito bons resultados no caso de dis-
pepsia (digestão lenta ou difícil).
•Febrífugo: Muito útil como trata- Posteriormente à descoberta da
mento sintomático das lebres tropi- quássia-amarga, encontrou-se
cais 101. na ilha da Jamaica uma outra
árvore semelhante, com as
•Vermífugo: Km forma de enema mesmas propriedades curati-
(clister). consegue eliminar os oxiú- vas, mas muito mais alta, a que
ros parasitas que costumam localizas- se chamou quássia-da-jamaica
se no recto e no ânus, onde geral- {Picraena excelsa l.)'
mente não chega o efeito dos medi- ' Esp.: cuasia de Jamaica.
camentos tomados por via oral 101

5 Precauções
Outros nomes: pau-amargoso, pau-quássia,
quássia-amarga, quássia-amargosa: Brasil: morubá,
quina-de-caiena, quássia-do-surinan, pau-amarelo.
Esp.: cuasia, paio de cuasia, cuasia amara, cuasia
surinamense, quina de Cayena, copachtli, guavito.
Fr.: quassie-amère. Ing.: quassia. bitterash.
Doses altas produzem vómitos. Re- Habitat: Cresce espontânea e cultivada nas Artilhas, Guiana.
comenda-se evitar o seu uso em ca- Suriname e regiões tropicais da América Central.
so de úlcera gastroduodenal, e, pa- Descrição: Arbusto ou árvore da família das Simarubaceas, com
ra as mulheres, durante as regras flores vermelhas dispostas em cachos terminais.
(provoca cólicas uterinas). Partes utilizadas: a casca e a madeira do tronco e da raiz.

467
Rlbes mbrum L
«j L*J 4 a

Groselheira
Tonifica os órgãos
digestivos

Sinonímia Norte da Ásia. Cresce


científica: Ribes espontaneamente nos
spicatum Robs, Ribes silvesier bosques frescos dos Pirenéus.
Syme Esta planta é por vezes cultivada
Outros nomes: groselheira-comum, em Portugal, como em muitos outros
groselheira-vermeiha, groselheira-rubra, lugares, incluindo o continente
groseiheira-dos-cachos. americano.
Esp.: grosellero rojo, grosetlero de Descrição: Arbusto não espinhoso de
frutos rojos, corinto, uva de senora. 1-1,5 m de altura, da família das
Fr.: groseillier [à grappes], groseillier Saxifragáceas. Os seus frutos, de cor
rouge. Ing.: [Northern red] currant. raisin vermelha e em cachos pendentes,
íree. contém várias sementes pequenas.

E STE BELO arbusto faz lembrar, Habitat: Oriunda da Europa Central e do Partes utilizadas: os frutos (bagas).
à primeira vista, a videira, pelas
.suas folhas palmadas e cachos
de bagas pendentes, cie cor vermelha IJ? Preparação e emprego
e sabor agridoce, muito apreciadas
pelo seu sabor agradável e proprieda-
des estimulantes. O As groselhas podem comer-se frescas, em compota, xarope ou sumo,
sem qualquer limite além daquele que é ditado pelo apetite.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS fru-
tos contêm ácidos orgânicos, açúca- «A»-
res, mucilagem e vitamina C. Têm
propriedades aperitivas, digestivas,
depurativas, diuréticas c laxantes. Os
V Groselheira-negra
ácidos orgânicos que contêm (málico,
cítrico e lartárico), estimulam as se- A groselheira-negra (Ribes nigrum nóides de acção diurética, anti-
creções do estômago e intestinos, fa- L.)* distingue-se da vermelha preci- -inflamatória e anti-reumática.
cilitando e tonificando iodo o proces- samente porque os seus frutos ma- Usam-se em caso de reumatismo,
so da digestão. duros são negros. As bagas da gro- gota, excesso de ácido úrico e litía-
As groselhas IOI tornam-se muito selheira-negra têm as mesmas pro* se renal (cálculos nos rins), em for-
adequadas nos casos de priedades que as da vermelha e até ma de infusão (30 g por litro de
apresentam uma percentagem maior água), da qual se tomam 3 cháve-
• inapetência (falta de apetite), de vitaminas e minerais. nas diárias.
• convalescença de doenças febris e
Da groselheira-negra também se
infecciosas,
usam as folhas, que contêm flavo- * Esp.: grosellero negro.
• reumatismo e gota, e
• cálculos renais.

468
Robinia
pseudoacacfaL !\
maaa
Acácia- Preparação e emprego

-bastarda USO INTERNO


O Infusão com 15 a 30 g de flo-
Útil contra a acidez res por litro de água, de que se
recomenda tomar uma chávena
d o estômago depois de cada refeição.

USO EXTERNO

A ACAC1A-BASTARDA foi in- @ Gargarejos com a mesma


troduzida na E u r o p a no ano infusão que se usa internamen-
de 1601 p o r j e a n Robin, jar- te.
d i n e i r o do rei de F i a n ç a . Daí o seu
nome científico e também um dos no-
mes vulgares por que é conhecida.
E m b o r a s e use c o m o p l a n t a o r n a -
mental, possui interessantes proprie- Árvore-da-goma-arábica
d a d e s medicinais. As a b e l h a s elabo-
ram com o néctar das suas flores um
mel muito apreciado. Sangrando os ramos de outras
espécies de acácia, pertencentes
à família das Mimosáceas, espe-
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS flo-
cialmente a Acácia nilotica (L)
res e as folhas c o n t ê m Havonóidcs, gli- Del. (= Acácia arábica [Lasm.]
cósidos (robinina), t a n i n o e um óleo Willd. = Mimosa nilotica L), ob-
essencial. São a n t i e s p a s m ó d i c a s (ali- tém-se a goma-arábica, que é
viam os espasmos das vísceras ocas), um grande emoliente, útil tam-
colagogas (facilitam o esvaziamento bém contra a inflamação das mu-
da bílis) e e m o l i e n t e s (suavizam a cosas digestivas, e que faz parte
pele e as mucosas). Utili/am-se c o m o da composição de numerosos xa-
estomacais em caso de dispepsia (di- ropes e preparados farmacêu-
gestão pesada) e transtornos da vesí- ticos. A árvore-da-goma-arábica,
cula biliar. Feia sua acção emoliente, também conhecida como goma-
protegem as mucosas do esófago e do -arábica*, cultiva-se na África e na
estômago do excesso de ácido. Reco- Ásia tropicais, e também na Amé-
mendam-se nos casos de pirose (aci- rica, especialmente no Brasil e na
dez), esofagite e úlcera gastroduode- Argentina, onde as suas folhas e
nal (O). vagens se usam por vezes para
alimentar o gado, e a fibra para
Em gargarejos aliviam as irritações cordoaria.
da garganta 101. * Esp.: acácia gumffera.

& Precauções Outros nomes: talsa-acácia, acácia-de-


•flores-brancas, robinia.
Esp.: acácia falsa, acácia blanca, acácia espinosa,
robinia. Fr.: robinier, faux acácia, acácia blanc. Ing.: [false] acácia.
Habitat: Originária da América do Norte. Tem sido cultivada como planta ornamental
As sementes, a casca e as raízes, em todas as zonas temperadas do planeta.
apesar do seu sabor doce, são tóxi- Descrição: Árvore da família das Leguminosas, de 4 a 20 m de altura, com ramos
cas e provocam vómitos. providos de longos espinhos aguçados. As flores são brancas, em cachos
pendentes, muito aromáticas e de sabor açucarado.
Partes utilizadas: as flores e as folhas.

469
Santolina
chamaecyparissusL oj J J
Preparação e emprego

Abrótano- U S O INTERNO

•fêmea COMO DIGESTIVO E EMENAGOGO:


O Infusão com 6 ou 7 capítulos
florais por chávena de água. In-
Digestivo e vermífugo gere-se uma chávena depois de
cada refeição.
© Essência: 3 a 5 gotas de
essência, três vezes ao dia.
COMO VERMÍFUGO:
© Infusão de uma colher de
sobremesa de sementes por
chávena de água, que se toma
todas as manhãs durante uma
semana. Repetir outro ciclo
igual ao fim de um mês.
Õ Pó de sementes: 2-4 g diá-
rios, misturado com mel ou su-
mos.

USO EXTERNO

A ESTA PLANTA, que gosta do


sol mediterrânico, também
chamam guarda-roupa por-
que, colocados os seus ramalhetes flo-
ridos nos armários, protegem a roupa
©Banhos quentes: Prepa-
ram-se acrescentando à água
do banho 2 litros de infusão fei-
ta com um punhado grande de
da traça e de outros insectos. capítulos florais; ou então, jun-
tando 10 a 20 gotas de essên-
cia na banheira.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta, e especialmente as sumidades
Floridas, contêm até 1% de essência,
composta cie uma colona (a sautoli-
nona), e um éster de natureza fenóli-
ca. Outros cios seus componentes são:
taninos, resinas e um princípio amar-

As suas propriedades são muito se-


melhantes às da camomila (pág. 364):
• Tónico estomacal, digestivo e an-
tiespasmódico: Planta ideal para faci-
litar a digestão dos que sofrem do Outros
nomes: guarda-
estômago 10,01. •roupa, pequeno-
• Vermífugo: Muito útil contra os as- •limonete, roquete-dos-
carídeos e oxiúros (parasitas intesti- jardins. Brasil: santolina.
nais) frequentes nas crianças l©,OI. Esp.: abrótano hembra, Descrição: Planta vivaz da família das
guardarropa. Fr.: santoline Compostas, que atinge de 20 a 50 cm
• Emenagogo de efeitos suaves: pro- fcyprèsj. Ing.: lavender cotton, ground- de altura. As suas folhas são vilosas e
voca a menstruação IO.0I. cypres. acham-se finamente divididas, pelo que
fazem lembrar as do cipreste. Flores
• Aplicado externamente^ na água do Habitat: Planta própria dos países
terminais de cor amarela-ouro. De
banho 101, o abrótano-iêmea propor- mediterrâneos, onde prefere os
aroma forte e sabor amargo.
ciona um agradável eleito emoliente pedregais de terrenos calcários.
Cultiva-se em jardins e hortas. Partes utilizadas: os capítulos florais e
(desinflama a pele), relaxante c seda- as sementes.
tivo.

470
Sidentís angustífolia
Lagasca
£"\
UJ Í Q Q Q
Preparação e emprego

Siderita
USO INTERNO
Pouco conhecida, O Infusão com 30-40 g da
mas eficaz como planta num litro de água, da
qual se tomam 3 ou 4 cháve-
digestiva e vulnerária nas diárias.

USO EXTERNO
© Compressas, empapadas
na mesma infusão de uso in-
terno. Fixam-se sobre a pele
afectada mediante uma ligadu-
ra suave, e renovam-se cada 3
ou 4 horas.
€) Lavagem das zonas afecta-
das com esta infusão.

A
SIDERITA é muito apreciada
no Leste e no Sul de Espa-
nha, o n d e o seu e m p r e g o se
estendeu rapidamente nas últimas dé-

cadas.
Começou a ser usada em veteriná-
ria, para c u r a r os a n i m a i s feridos, e
SÃO tais os resultados conseguidos q u e
se tornou de uso c o m u m e n t r e os
camponeses e criadores de g a d o das Outros nomes:
regiões espanholas do Mediterrâneo. Esp.: rabo de gato, siderilide [de
hoja estrecha], rabogato. hierba
PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : Con- terral, zaharena.
tém uma essência com p r o p r i e d a d e s Habitat: Encostas incultas e baixas
antibióticas, assim c o m o ilavonoidcs da costa mediterrânica espanhola,
desde Tarragona até Málaga.
de acção anti-inllamatoria. Usa-se in-
ternamente, com muito b o n s resulta- Descrição: Planta de base lenhosa.
dos nas dispepsias, gastrites e úlceras da família das Labiadas, que atinge
de 20 a 50 cm de altura. Dos seus
gastroduodenais IOI. Possui uma in- raminhos erectos nascem umas
tensa acção anti-inflamatória sobre o flores de tom amarelo-limão.
aparelho digestivo. Partes utilizadas: as sumidades
A sua aplicação mais c o m u m é a floridas.
vulnerária: cicatriza as feridas e cura
as contusões com uma rapidez assom-
brosa. V. útil em toda a espécie de es-
íoladelas. golpes, feridas (infectadas
ou não), úlceras cutâneas c infecções
da pele I©.©].

471
Syringa vulgaris L
3 U
Preparação e emprego

Lilás
USO INTERNO
Belo, amargo O Infusão de 30 g de folhas,
e medicinal casca ou frutos, num litro de água,
da qual se tomam 3 chávenas diá-
rias. Quando interesse obter um
efeito febrífugo, prepara-se a in-
fusão unicamente com a casca.

D IZ UMA LENDA á r a b e q u e a
Providência pôs d i a n t e de nós
as formosas flores do lilás, q u e
só duram algumas horas sem mur-
char, para q u e meditemos no carácter
Outros nomes: lilaseiro.
Esp.: lilo, //7a. Fr.: lilás.
Ing.: lilac.
e f é m e r o d a beleza h u m a n a . Foram Habitat: Oriundo do irão e da
precisamente os Árabes q u e , no sécu- Turquia, mas cultivado como
lo X, introduziram este arbusto em Es- planta ornamental e aromática
em diversas zonas de clima
panha, de o n d e se difundiu pelo res-
temperado da Europa e da
to da E u r o p a , e, a partir do século América.
XVI. para o c o n t i n e n t e a m e r i c a n o .
Descrição: Arbusto florido
muilo alraeníe, da família das
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- Oleáceas, que pode medir de 1
lhas, a casca e os frutos contêm um gli- a 5 m de altura. As suas flores
CÓsido e uma substância muito amar- estão reunidas em ramalhetes
muito vistosos, e exalam um
ga conhecida c o m o siríngopicrína, se- aroma muito intenso.
m e l h a n t e à quinina, aos quais se de-
Partes utilizadas: as folhas, os
vem as suas propriedades:
frutos e a casca.
• Tónico estomacal, digestivo, aperi-
tivo c adstringente: R e c o m c n d a - s e
para combater as digestões pesadas e
a flatulência intestinal IO).
• Febrífugo c sudorífico: Especial-
m e n t e a casca. R e c o m e n d a - s e em
caso de gripe ou de afecções febris
IOI.
• Anti-reumático: O lilás é de g r a n d e
eficiência nos ataques de gota, c o m o
ami-inilamaiório IOI.

472
Teucrium
chamaedrysL O! âi j 3
Preparação e emprego

Carvalhinha USO INTERNO


Um aperitivo pouco O Infusão de 15 a 20 g de flores
e folhas por litro de água. Beber
conhecido uma chávena antes das refeições.
O efeito é maior se não se adoçar.

Maro

A CARVALHINHA é u m a da.s
plantas q u e crescem nos pe-
dregais e nas fendas dos mu-
ros velhos, adornando-os com um sua-
ve tom de p ú r p u r a . Deve o seu n o m e O maro {Teucrium marum L ) \
latino a Teucro, príncipe de Tróia. An- pertence ao mesmo género da
tigamente atribuíram-se-lhe, sem fun- carvalhinha, à qual se assemelha
d a m e n t o , muitas virtudes, c o m o , p o r na sua composição e proprieda-
exemplo, a de curar a gota. Os médi- des. Embora seja originário do
cos do i m p e r a d o r Carlos I de Espan- continente europeu, encontra-se
ha receitaram-lhe c a r v a l h i n h a para naturalizado em regiões tempe-
lhe c u r a r a gota, m a s falharam. De- radas da América Central.
pois disso, o imerecido prestígio des-
Usa-se como digestivo e como
ta planta, c o m o r e m é d i o p a i a quase tonificante em caso de astenia,
iodos os males, decaiu até aos nossos tendência para o desmaio e hi-
dias. potensão arterial (tensão baixa).
A infusão prepara-se com 10-15
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- g por litro de água, tomando-se
tém um óleo essencial, taníno e prin- até 5 chávenas por dia.
cípios amargos. C o m o todos os amar-
' Esp.: maro.
gos, tem um efeito tonificante na di-
gestão, e é t a m b é m colagoga (favore-
ce os esvaziamento da vesícula biliar).
Utiliza-se c o m o aperitivo e corno to-
nificante do estômago IOI. Além dis-
so, ajuda a eliminai - as flatulências
(excessos de gases no tubo digestivo). Outros nomes: camédrios, erva-carvalha,
erva-carvalhinha. carvalho-pequeno. Brasil:
têucrio.
O Licor de carvalhinha
Esp.: camedrio, germandrina, encinilla,
carrasquilla, hierba lercianera, pata de gallo,
sanguinária. Fr.: germandrée, petitchêne.
Ing.: [chamaedrys] germander, wall germander.
A carvalhinha também se emprega em Habitat: Terrenos calcários e pedregosos da Europa. Foi
exportada para o continente americano, embora seja ali
maceração alcoólica (licores e vin- pouco conhecida.
hos aperitivos), mas não a recomen- Descrição: Planta da família das Labiadas, de 10 a 30 cm de altura. O
damos assim, já que os evidentes
caule e a face inferior das folhas acham-se cobertos de pêlos. As flores sào de
efeitos negativos do álcool são supe- cor púrpura e crescem ao longo do caule.
riores a todos os possíveis benefícios Partes utilizadas: as flores e as folhas.
da planta.

473
Trigonella
foenum-graecumL >
£"*
\\J\
£fz
">% AJ JÉI fi h

Alforva Preparação e emprego

Desinflama e alimenta USO INTERNO


O Decocção com uma colherada
de farinha de sementes por cada
chávena de água. Toma-se em for-

A ALFORVA é u m a das plantas


medicinais mais antigas. O
papiro de Ebers, d o c u m e n t o
médico egípcio do século XV a . C , já
a recomendava c o m o emplastro para
ma de papa ou puré. Pode-se
acrescentar mel ou açúcar escuro.
© Extracto seco: 1 grama em ca-
da uma das três refeições diárias.
curai as q u e i m a d u r a s . Hipócrates sa-
USO EXTERNO
lienta as p r o p r i e d a d e s curativas da
mucilagem c o n t i d a na sua farinha. O Decocção com 100 g de se-
Nos países árabes a i n d a se cultiva mentes trituradas (ou de farinha)
c o m o planta forraginosa para o gado. por litro de água. Deixar ferver du-
Deu-se-lhc o n o m e de jheuutn graecum rante um quarto de hora. Aplicam-
(feno g r e g o ) p o r q u e se cultivava -se em forma de cataplasmas sobre
a b u n d a n t e m e n t e em todos os países a zona afectada (frias para o trata-
mediterrâneos, e em especial na Gré- mento das hemorróidas, quentes
nos restantes casos).
cia, apesar de a sua proveniência ter
O Banhos de assento: Tomam-
sido originalmente o Médio O r i e n t e .
-se com 2-3 litros da decocção des-
crita, fria.
P R O P R I K D A D E S E INDICAÇÕES: AS se-
mentes da alforva são muito ricas em
mucilagens e em proteínas. Em uso in- Outros nomes: fenacho, feno-grego, ervinha,
terno téin uma suave a c ç ã o l a x a n t e , alfarva, alforba. alforía, alíorna. Brasil: alíorga.
além de desinilamar e p r o t e g e r todas Esp.: alholva, fenogreco, trigonela.
as mucosas digestivas (acção emolien- Fr.: fenugrec, trigonelle. Ing.: fenugreek.
te das mucilagens) IO,01. Disto resul- Habitat: Planta originária do Médio Oriente,
ta q u e se estimulem lodos os proces- introduzida na Europa Ocidental a partir da
sos digestivos, facilitando um melhor Idade Média. Cresce entre as searas e nas
aproveitamento de outros alimentos. terras de lavoura.
Descrição: Pertence à família das
Embora se d i s p o n h a hoje de mui- Leguminosas, e não costuma ir além de
tos tipos de reconstituintes, a FARINHA meio metro de altura. Produz umas vagens
de sementes de alforva c o n t i n u a a ser estreitas e compridas, curvas, dentro das quais se
um remédio muito aconselhável para encontram entre 10e20 sementes amarelas. Toda a planta tem um cheiro
os inapentes (que sofrem de falia de característico não muito agradável.
apetite), magros e anémicos (O). Pro- Partes utilizadas: as sementes.
voca o a u m e n t o do apetite e permite
e n g o r d a r de maneira natural. Tcm-se
utilizado com êxito na convalescença
dos tuberculosos. cocção feita com s e m e n t e s de alforva dos mamilos e dos lábios, aplicada em
C o m o , além de t u d o o mais, a al- p r o d u z u m a pasta rica em mucila- cataplasmas; limpa e permite a sua ci-
forva fornece ainda proteínas de fácil gens, m u i t o eficiente nos s e g u i n t e s catrização, E igualmente útil no caso
assimilação (27% do peso das semen- casos: de abcessos, furúnculos ou borbulhas
tes), minerais (ferro, fósforo, e n x o - • H e m o r r ó i d a s . Aplicada directa- infectadas, e na celulite, já q u e favo-
fre) e vitaminas, as m u l h e r e s orientais m e n t e sobre o ânus l©l em forma de rece a d r e n a g e m e limpeza da pele
iitili/am-na para a r r e d o n d a r as suas cataplasma fria, nu em b a n h o de as- [©I.
formas, satisfazendo assim o gosto es- sento IO); dcsinllama-as e reduz-lhes o • Articulações inflamadas ou doloro-
tético dos esposos tamanho. sas (artrites, artroses, reumatismo ar-
Talvez a aplicação da alforva hoje • Afecções da pele: Feridas de difícil ticular); t a m b é m em forma de cata-
mais generalizada seja a externa. A de- cicatrização, úlceras da p e l e . grelas plasma q u e n t e l©l.

474
Verónica
offttinallsL. ê% ftJ «

Preparação e emprego

Verónica USO INTERNO


O infusão: 30-40 g da planta por
Um substituto do chá litro de água. Tomam-se 3 ou 4
e cosmético chávenas diariamente. Quando se
usa como aperitivo deve ser in-
gerida antes das releições.
© Sumo da planta fresca: Inge-
rem-se 2 ou 3 colheradas antes
de cada refeição.

USO EXTERNO
© Compressas: Preparam-se
com uma decocção de 30-40 g
por litro de água. Deve ferver du-
rante 10 minutos. Aplicam-se di-
rectamente sobre a pele.
O Loções com esta mesma de-

N OS PAÍSES do Norte da Euro- cocção.


pa, a infusão de verónica usa-
•se como substituto do chá,
pelo seu eleito tonificante natural,
isento de eleitos indesejáveis. Becabunga
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-
tém tanino e uma substância amarga
(aucubosido), que a fazem adstrin-
gente, tonificante, aperitiva e digesti- Esta espécie de verónica (Veróni-
va; saponinas e sais minerais, de efei- ca beccabunga L), conhecida co-
to expectorante, diurético e depurati- mo becabunga*. tem proprieda-
vo; e resina, manitol e ácidos orgâni- des curativas semelhantes às da
cos, a que possivelmente se deve a sua verónica-oficinal. As folhas carnu-
acção emoliente sobre a pele. Tem as das da becabunga usam-se como
seguintes indicações: o agrião (pág. 270).
•Afecções digestivas: inapetência, * Esp.: verónica becabunga.
peso no estômago. Dá bons resultados
nas enxaquecas de origem digestiva,
causadas por uma má digestão IO.0I.
• Afecções respiratórias: faringite, ca-
Outros nomes: verónica-das-boticas, verónica-
lai TOS, tosse, bronquite e asma (previ- -das-farmácias, verónica-da-alemanha. verónica-
ne as crises). Ê também aiititussica e •oficinal, verónica-macho, carvalhinha. chã-da-
bcquica (suavi/.anle da garganta) •europa, erva-dos-leprosos.
10,0). Esp.: verónica, verónica macho, té de Europa,
hierba de los leprosos, triaca. Fr,: véronique, thé
• Diurética, depurativa, estimulante d'Europe. Ing.: [low] speedwell, verónica.
natural. Proporciona uma sensação Habitat: Terrenos siliciosos, bosques e prados de toda a Europa, excepto na
de bem-estar IO.QI. região mediterrânea. Cria-se nas regiões frias da América do Norte e do Sul.
• Pele: Usa-se para lavai os eczemas, Descrição: Planta vivaz de caule rasteiro, da família das Escrofulariáceas, que
atinge até 40 cm de altura. Com folhas de bordo dentado, suavemente vilosas, e
para acalmar o prurido (comichão), flores de cor azul-pálida, dispostas em espiga terminal. De cheiro suave e sabor
para suavizar a pele ressequida pelo amargo.
frio nas regiões Irias, e como cosméti- Partes utilizadas: a planta inteira.
co IO.O).

475
PLANTAS PARA O INTESTINO

SUMÁRIO DO CAPÍTULO
J
DOENÇAS E APLICAÇÕES Vermes intestinais,
Antidiarràcos, plantas 480 ver Parasitas intestinais 486
Atonia intestinal 485
Cólica intestinal 483 PLANTAS
Colite 482 Alfarrobeira 497
Cólon irritável 483 Alfanobeira-das-antilhas 497
Diarreia, ver GastreníerUe 481 Alfanobeira-negia 497
Disbacteriose intestinal 479 Amieiro 487
Disenteria 482 Amieiro-negro 526
Espasmo intestinal, Amieiro-rubro 488
ver Cólica intestinal 483 Anona 489
Fermentações intestinais 479 lialsamita 537
Flava intestinal, alterações, Beldroega 518
ver Disbaderiose intestinal 479 Bons-dias 491
Gases intestinais 478 Briónia 490
Gastrenterite 481 liriánia-branca 490
Há plantas medicinais Intestino, alterações da flora, Canafishda 494
muito eficazes como ver Disbacteriose intestinal 479 Cáscara-sagrada 528
laxantes e como Intestino, atonia 485
adstringentes. Outras. Castanheiro 495
como a maçã, normalizam o
Intestino, eólica 483 Cinco^m-rama 520
trânsito intestinal. fn tesíin o, espas mo, Cinco-em-rama-americana 520
ver Cólica intestinal 483 Colútea 498
Intestino, fermentações 479 Coronilha-de-frade 503
Intestino, gases 478 Corrida 491
Intestino, lombrigas, Epilóbio 501
ver Parasitas intestinais 486 Epilóbio-peludo 501
Intestino, parasitas 486 Erva-dos-vemes = Tanaceto 537
Intestino, vermes, Espinheiro-cerval 525
Ter Parasitas intestinais 486 Faia 502
Laxantes, plantas 484 Feto-macho 500
Lombrigas, ver Parasitas intestinais . .486 Fràngula = Amieiro-negro 526
Parasitas intestinais 486 Globulária 503
Plantas antidiarreicas 480 Goiabeira 522
Plantas laxantes 484 Jalapa 499
Plantas purgativas 477 falapafalsa 499
Prisão de ventre 485 Labaça 532
Purgativas, plantas 477 Linho 508

476
IDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S
V
2 " Parte: D e s c r i ç ã o

J
Linho-bravo 509 Ruibarbo-das-hortas 530
Linho-das-pradarias 509 Ruibarbo-pahnado 530
LmJuhfmrgante 509 Snlepeirn-tnaior * Saliriào-macho . . . . 512
Macieira 513 Salgueirinha 510
Malva 511 Salicária • Salgiteitinha 510
Nogueira 505 Sa /igu issorba-ofián a l
Nogveira-prela 506 = Pimpinela-oficinal 534
Norca-branca = Bruma 490 Satirião-macho 512
Orelha-de-lebre = Pilosela 504 Sene-da-tndia 492
Paciência-dos-jardins = Labaça 532 Sene-americano 493
Pau-rosa-das-canárias 491 Sene-de-alexandria 493
Pereiro = Macieira 513 Sene-de-espanha 493
Pilosela 504 Sorvara 535
Pimpinela-menor 533 Tamarindeiro 536
Pimpinela-oficinal 534 Tanaceto 537
Podofilo 517 Tormentila 519
Rabáfbaro 530 Tramazeira 535
Rícino 531 Zaragatoa 515 As sementes do linho (pág.
Romãzeira 523 Zaragatoa-arenária 515 508) são um dos laxantes
mais eficazes e seguros.
Ruibarbo 529

T
ODO o canal do intestino é
Plantas purgantes sensível à acção das plantas me-
dicinais. São dois os principais
efeitos que estas exercem sobre
a mucosa intestinal:
São plantas que provocam uma eva-
cuação diarreica. Exercem uma acção la- • Laxantes e purgantes: Facilitam ou ace-
xante muito intensa, geralmente acom- leram o trânsito intestinal. As plantas la-
panhada de irritação do intestino. De- xantes são também emolientes, isto é,
vem-se usar com prudência, e é reco-
suavizastes da mucosa intestinal.
mendável a consulta médica para des-
pistar Qualquer causa de prisão de ventre • Adstringentes: Secam e conslringem a
devida a alguma oclusão intestinal mecâ-
nica (tumor, volvo ou torção intestinal,
pele e as mucosas. Ao diminuir a se-
etc-h em cujo caso são contraindicadas. creção das mucosas, exercem uma acção
antidiarreica. Também coagulam os pe-
quenos vasos sangrantes (acção anti-
Planta Pág. Parte Utilizada •hemorrágica).
Lírio 315 Rizoma Quase todas as plantas adstringentes de-
Bons dias 491 Raiz, folhas vem a sua acção aos taninos que contém.
Sene-da-india 492 Folhas, sementes
Os taninos coagulam as proteínas das cé-
lulas superficiais, com o que secam, endu-
Jalapa 499 Raiz
recem e desinflamam a pele e as mucosas.
Globular ia 503 Folhas
Espinheirocerval 525 Frutos
A maior pane das plantas medicinais
que actuam sobre o intestino têm a capa-
Amieiro-negro 526 Casca
cidade de regular o trânsito intestinal,
Cãscarasagrada 528 Casca pondo o organismo nas melhores con-
Ruibarbo 529 Rizoma dições para que a cura seja completa, e
Rícino 531 Sementes, folhas não meramente sintomática. E não es-
queçamos que, para o tratamento das
Aloés 694 Sumo das folhas
afecções intestinais, é necessário, além dis-
Açafroa 751 Frutos so, seguir um regime alimentar adequado.

477
C a p . 2 0 : PLANTAS PARA O I N T E S T I N O

Doença Planta Pág. Acção Uso


GASES INTESTINAIS Contém um óleo essencial
CENOURA 133 que evita os gases intestinais Infusão de sementes
Normalmente são produzidos por fer-
mentações intestinais devidas a into- Elimina as bactérias do cólon Cru, extractos,
lerância digestiva em relação a alguns ALHO 230 decocção de dentes de alho
causadoras de flatulências
alimentos, ou a alterações na flora bac-
teriana do intestino. ENDRO 349 Contém uma essência carminativa Infusão de sementes
As plantas que aqui se indicam têm uma Infusão, pó ou essência
acção carminativa, ou seja, favore- MAC E U 350 Digestiva, carminativa
de capítulos florais
cem a expulsão dos gases produzidos
pelas fermentações intestinais. A acção ALCARAV1A 355 Poderoso antiflatulento Infusão ou essência dos frutos
carminativa destas plantas costuma ser
devida às suas essências aromáticas. Alivia as cólicas
ASSA-FÉTIDA 359 "Lágrimas" da sua resina
e as flatulências intestinais
O carvão vegetal, seja de faia, seja de
álamo ou de outras árvores, exerce Facilita a expulsão dos gases
também uma notável acção antiflatu- FUNCHO 360 intestinais, estimula os movimentos Infusão ou essência das sementes
lenta, se bem que por um outro meca- peristálticos
nismo: absorve, isto é, retém na super-
CAMOMILA
^64 Regu'3 e normaliza o funcionamento Infusão de capítulos florais
fície das suas partículas urna grande intestinal, carminativa
quantidade de toxinas e de gases in-
testinais. HORTELÃ- „£ Elimina os gases e as putrefacções Infusão de folhas e sumidades
JO
-PIMENTA ° intestinais floridas, essência
Além da ingestão de alguma ou várias
destas plantas, o trata- Infusão de sumidades floridas,
MANJERONA 369 Antiespasmódica, digestiva
mento do excesso de essência
gases intestinais requer PIMENTEIRA 370 Carminativa em pequenas doses Os frutos secos
mudanças de hábitos
alimentares, com o SEGURELHA 374 Aperitiva, antiespasmódica, carminativa Infusão ou essência da planta
fim de eliminar os pro-
dutos causadores da CÀLAMO-
424 Aperitivo, carminativo Decocção ou infusão de rizoma
flatulência. O leite, os •AROMÂTICO
legumes, o pão bran-
flurci ir» A OP. Facilita a digestão, elimina os gases Infusão ou decocção de raiz
co e os bolos, cos-
tumam ser os aii- ANGÉLICA 4^b e as fermentações intestinais

mentos que mais Como condimento, infusão


frequentemente ESTRAGÃO 430 Aperitivo, digestivo e carminativo
ou essência da planta
causam flatulên-
cia. ERVA-FORMIGUERA 439 Tónico estomacal, carminativo Infusão de folhas e flores
COMINHO 449 Aperitivo, digestivo e carminativo Infusão, pó ou essência dos frutos
ANIS- ,« Facilita a digestão,
Infusão de frutos, extracto seco
Erva-iormigueira -ESTRELADO elimina os gases e flatulências

POEJO 461 ^'' m ' n a 0s g a s e s - Infusão


combate as fermentações intestinais
As folhas secas como condimento
ORÉGÃO 464 Sedante, antiespasmódico, carminativo
ou em infusão
Carminativo, aperitivo, limpa
Anis-estrelado ANIS-VERDE 465 os intestinos de fermentações Infusão de frutos, essência
e putrefacções
. 7 , Tonificante do aparelho digestivo,
CARVALHINHA Infusão de flores e folhas
elimina as flatulências
CQP Adsorvente, desinfectante, combate
FAIA Carvão da madeira
fermentações e gases intestinais
PIMPINELA-
533 Carminativa, facilita a digestão Decocção da raiz
-WENOR

MONAROA 634 Facilita a digestão, carminativa Infusão de flores


MiiPPrtnn fiQi Tónico digestivo, diminui Infusão de sumidades floridas
MILEFÓUO 691 as ,e rmen t a ções intestinais

Anis-verde ABACATEJRO 719 Digestivo e carminativo Infusão das folhas


CHOUPO-NEGRO 760 Adsorve as toxinas digestivas Carvão vegetal

478
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Descrição Uso

FERMENTAÇÕES INTESTINAIS Anti-séptica, evita as putrefacções Infusão de sumidades floridas,


ALFAZEMA 161 intestinais essência
Costumam produzir-se como conse-
quência de uma íalta de enzimas e su-
cos digestivos. Normaliza o funcionamento Sumo fresco ou decocção de frutos,
ARANDO 260 do intestino, evita as flatulências infusão de folhas
Normalmente, os alimentos devem ter devidas a putrefacções intestinais
sido digeridos e absorvidos para o san-
gue no intestino delgado, de forma que Combate as fermentações intestinais
ao intestino grosso cheguem unica- LUZERNA 269 pela sua riqueza em enzimas Brotos tenros, sumo fresco, infusão
mente a água e os resíduos não absor-
víveis, como a fibra vegetal. EUCALIPTO 304 Absorve as toxinas intestinais Carvão da madeira
Se, porém, assim não acontece, devi- Facilita a digestão, elimina os gases
do a uma falta de sucos digestivos, e ANGÉLICA 426 Infusão ou decocção da raiz
e as fermentações intestinais
chegam ao intestino grosso nutrientes
por digerir, as numerosas bactérias que ANIS- Facilita a digestão, elimina os gases
ali habitam fermentam os ditos nutrien- 455 Infusão de frutos, extracto seco
-ESTRELADO e flatulências
tes. Desta forma se produzem abun-
dantes gases, contorções intestinais Carminativo, aperitivo,
e até colites. ANIS-VERDE 465 limpa os intestinos de fermentações Infusão de frutos, essência
Estas plantas diminuem as fermen- e putrefacções
tações intestinais por diversos meca-
nismos, contribuindo de forma muito FAIA 502 Adsorvente, desinfectante, combate Carvão da madeira
acentuada para o bom funcionamento fermentações e gases intestinais
digestivo.
Regenera a flora intestinal,
As carnes e os alimentos de origem ani- LINO 508 regula os processos de putrefacção Decocção ou maceração de sementes
mal são os principais causadores de pu- e fermentação
trefaccões intestinais.
ABÚBORA 605 Suavizante intestinal, anti-inflamatória Polpa do fruto

Tónico digestivo, Infusão de sumidades floridas


MILEFÓUO 691 diminui as fermentações intestinais
Aperitivo, tonificante, combate Maceração, infusão de casca
QUINA 752
as fermentações intestinais
CHOUPO-NEGRO 760 Adsorve as toxinas digestivas Carvão da madeira

SALVA- Acalma os espasmos intestinais Infusão


-ESCLAREIA 766 devidos a fermentações

Combate as putrefacções intestinais Infusão de sumidades floridas,


TOMILHO 769 por desequilíbrio da flora intestinal essência
Tomilho

DlSBACTERIOSE INTESTINAL ALHO por) Equilibra a flora intestinal. Cru, extractos, decocção
Respeita a flora saprófita normal de dentes de alho
No intestino grosso existe normalmente
uma grande quantidade de microrganis- Trava o desenvolvimento excessivo
mos bacterianos, que constituem a flora ARANDO Sumo fresco ou decocção de frutos,
260 dos colibacilos causadores de infusão de folhas
intestinal. Estas bactérias desempe- disbacteriose intestinal
nham diversas funções insubstituíveis no -
processo digestivo, além de produzir CEBOLA
204 Re6ula a flora intestinal, travando Crua, sumo fresco, cozida ou assada
certas vitaminas, como a K. os processos de putrefacção
Devido à acção dos antibióticos, espe-
cialmente quando são ingeridos por via EUCALIPTO 304 Absorve as toxinas intestinais Carvão da madeira
oral, ou como consequência de colite,
a flora intestinal pode alterar-se: uns ti- FAIA ego Adsorvente, desinfectante, combate Carvão da madeira
pos de bactérias predominam sobre ou- fermentações e gases intestinais
tras, e algumas podem diminuir ou até CINCO-EM-RAMA 520 Adstringente, anti-séptica Decocção de rizoma e raiz
desaparecer.
Esta alteração da flora é conhecida CHOUPO-NEGRO 760 Adsorve as toxinas digestivas Carvão da madeira
como disbacteriose intestinal, e pode
ser resolvida com a ajuda destas plantas
-jcn Combate as putrefacções intestinais Infusão de sumidades floridas,
medicinais. TOMILHO
por desequilíbrio da flora intestinal essência

479
1 C s p . 2 0 : PLANTAS PARA 0 I N T E S T I N O

Plantas antidiarreicas

São plantas que detém as diarreias. A sua acção produz-se por um ou vários dos seguintes
mecanismos: adstringente, absorvente ou adsorvente, anti-séptico e antiespasmódico in-
testinal (relaxam a musculatura do tubo digestivo)-

Planta Pág. Parte Utilizada Planta Pág. Parte Utilizada


Cenoura 133 Raiz Nogueira 505 Folhas, frutos (casca)
Erva-de-são-
137 Toda a planta Salgueirinha 510 Sumidades
•roberto
Verbena 174 Toda a planta Satirião-macho 512 Tubérculo

Chá 185 Folhas Macieira 513 Frutos

Ratânia 196 Raiz Tormentila 519 Rizoma

Bistorta 198 Rizoma Cinco-em-rama 520 Rizoma, raiz

Agrimónia 205 Folhas, flores Goiabeira 522 Folhas, casca da raiz

Alho 230 Bolbos Romãzeira 523 Flores, frutos


A bistorta (pág. 198) é um
Pimpinela- poderoso adstringente que
Pervinca 244 Folhas 533 Toda a planta
-menor seca, desinfJama e cicatriza,
Arando Pimpinela- tanto a mucosa da boca
260 Frutos, folhas 534 Toda a planta
-oficinal femprega-se para a inflamação
Erigerão 268 Folhas Tramazeira 535 Frutos das gengivas) como a mucosa
intestinal em caso de diarreia.
Urtiga-maior 278 Toda a planta Silva 541 Folhas, caules, frutos

Murta 317 Folhas, frutos Videira 544 Folhas


Trevo-dos-
340 Flores, folhas Medronheiro 563 Frutos, folhas, casca
•prados
Verbasco 343 Flores, folhas Urze 570 Sumidades
Nèveda-dos-
367 Sumidades, folhas Morangueiro 575 Folhas
-gatos
Argentina 371 Folhas, flores Vara-de-ouro 594 Sumidades
Abrunheiro-
-bravo 372 Frutos Pé-de-leão 622 Toda a planta

Segurelha 374 Folhas, flores, caules Urtiga-branca 633 Folhas, flores

Calumba 446 Raiz Roseira 635 Flores

Jasónia 456 Folhas, sumidades Salva 638 Folhas

Mandioca Salgueiro-
460 Raiz -branco 676 Casca, folhas, flores

Amieiro 487 Casca Cinoglossa 703 Raiz, folhas

Anona 489 Folhas Figueira-da-india 718 Frutos

Castanheiro 495 Casca, folhas Ulmeiro 734 Madeira (carvão)

Alfarrobeira 497 Frutos Choupo-negro 760 Madeira (carvão)

Epilóbio 501 Flores, raiz Rosa-canina 762 Folhas, raiz A faia (pág. 502) proporciona
uma madeira muito apreciada,
Faia 502 Madeira (carvão), casca Framboeseiro 765 Folhas, flores pelo carvão de acção
antidiarreica e antitóxica que
Pilosela 504 Toda a planta Tomilho 769 Toda a planta dela se obtém.

480
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 J
Parte: D e s c r i ç ã o y

Doença Planta Pág. Acção Uso

GASTRENTERITE Infusão de folhas ou flores, decoccão


ALTEIA 190 Anti-inilamatóTio e suavizante
de raiz
É a inflamação do estômago e do
intestino. Habitualmente, a gastrente- cununm íQ/i Adstringente, anti-inflamatória Infusão de rizoma, raiz ou folhas
rite é produzida por diversos microrga- OANAMU iy
* e anti-séptica das mucosas digestivas secas
nismos patogénicos que afectam o
tubo digestivo. Manifesta-se com vó- RATÃNIA 196 Adstringente, anti-inflamatória. Pó de raiz, decoccão de casca
mitos, diarreias e, por vezes, febre. Recomendada para as crianças
0 tratamento dietético requer, nas MURTA 317 Adstringente, anti-séptica Infusão de folhas e bagas
primeiras horas ou dias, a abstenção
de todo o tipo de alimentos sólidos. Antidiarreica.
ARGENTINA 371 Costuma associar-se à camomila Decoccão de folhas e flores
Qualquer das infusões ou decoccoes
que citamos podem tomar-se como be- MANDIOCA 460 Suavizante, digestiva Farinha do tubérculo
bida durante a fase agu-
da da doença, até que 5QI Corta a diarreia e faz desaparecer
se reinicie a ingestão EPILÓBIO Infusão de flores e raiz
o mal-estar abdominal
de alimentos sóli-
dos como maçã, Infusão de folhas e/ou nogalina
NOGUEIRA 505 Adstringente potente, tónico digestivo
puré de cenoura, ou (cascas verdes)
farinha de mandioca Antidiarreica
(tapioca). SALGUEIRINHA 510 . especialmente útil Infusão de sumidades floridas
quando há emissão de sangue ou muco
SATIRIÂO-
512 Emoliente intestinal. Tisana, papa ou sopa com salepo
(farinha do tubérculo)
-MACHO Muito útil em diarreias infantis
C13 Antidiarreica, absorve as toxinas
Argentina MACIEIRA 0 fruto cru ou assado
intestinais
CINCO-EM- COQ Antidiarreica, normaliza a flora
Decoccão de rizoma e raiz
-RAMA intestinal

ROMÃZEIRA 523 Adstringente, vermífuga Infusão de flores com casca de romã

PIMPINELA-
533 Adstringente, hemostática Brotos crus, decoccão de raiz
-MENOR

Romãzeira Decoccão de brotos tenros e/ou


SILVA 541 Adstringente, antidiarreica
folhas, sumo ou xarope de amoras
VIDEIRA 544 Adstringente, anti-hemorrágica Decoccão de folhas
MORANGUEIRO 575 Adstringente, anti-inflamatório Infusão de folhas
ROSEIRA 635 Adstringente suave, anti-séptica Infusão de pétalas

Tanto os brotos tenros como


as folhas (ambos em
decoccão), e os frutos da
silva (pág. 541), exercem
uma notável acção
antidiarreica.
As amoras, ou o seu sumo,
sáo muito recomendáveis
para as diarreias infantis,
pelo seu agradável sabor e a
sua acção adstringente
suave e isenta de riscos.

481
I C a p . 2 0 : P L A N T A S PARA 0 I N T E S T I K I

Doença Planta Pág. Acção Uso

COLITE CHÁ 185 Tónico digestivo Infusão de folhas


É a inflamação do cólon, geralmente
causada por microrganismos patogéni- 23Q Equilibra a flora intestinal. Cru, extractos, decocção
cos, embora também por certos medi- ALHO
Respeita a flora saprófita normal de cientes de alho
camentos como os antibióticos, e por
tóxicos como o café.
EUCALIPTO 304 Absorve as toxinas intestinais Carvão da madeira
O uso repetido e o abuso de laxantes
irritantes também produz colite. As al-
terações da flora intestinal, e certos de- PAPAIEIRA 435 Normaliza o funcionamento do intestino Frutos
sequilíbrios do sistema nervoso, tam-
bém podem ser acompanhados de co-
lite (ver "Cólon irritável", pág. 483). Mfluninrfl zifin A ^ n t o ideal para doentes Farinha do tubérculo
MANDIOCA 460 c o m escassa capacidade digestiva

FAIA 5Q2 Adsorvente, desinfectante, combate Carvão da madeira


Mandioca fermentações e gases intestinais

Infusão de folhas e/ou nogaf/na


NOGUEIRA 505 Adstringente potente, tónico digestivo
(cascas verdes)

cu « « « M n RI n Antidiarreica, especialmente útil quando Infusão de sumidades floridas


ÒALGUEIRINHA Í)1U naja emiSSãO de Sangue OU mUCO

MAr.cioA RI ? Antidiarreica, absorve as toxinas O fruto cru ou assado


MACIEIRA 513 intestinajs

TRAMAZEIRA 535 Normalizadora do trânsito intestinal Frutos maduros (sorvas)

Decocção de brotos tenros e/ou


SILVA 541 Adstringente, antidiarreica
folhas, sumo ou xarope de amoras

PÉ-DE-LEÃO 622 Adstringente, anti-inflamatório,


; wffl sedante suave
Decocção de folhas e raiz

CHOUPO-
-NEGRO
760 Adsorve as toxinas digestivas Carvão da madeira

Tnun un 7KQ Combate as putrefacções intestinais infusão de sumidades floridas,


Siba i OMILHO /oy p Q r d e s e q u j | i b r i 0 da f ) o r a intestinal essência

198
DISENTERIA
É uma diarreia acompanhada da •— %S28&M**a Decocção de rizoma

emissão de mucosidade e sangue.


Produz uma afectação importante do ERIGERÃO 268 Anti-diarreico e hemostático Infusão ou decocção de folhas secas
estado geral. Costuma apresentar-se
de forma epidémica nas re-
giões tropicais. SEMPRE-NOWA 272 Cura a diarreia e corta a hemorragia Decocção da planta florida
Estas plantas usam-se co-
mo complemento do tra-
tamento especifico à base » " » 5
°* a t g U * . Musão d a Plan»a f r e s c a
de antibióticos e serotera-
pia intravenosa. Pela sua
acção adstringente e
hemostática, facilitam
a cura desta grave
doença. PIMPINELA-
-MENOR
533 Adstringente, hemostática Brotos crus, decocção de raiz

VIDEIRA 544 Adstringente, anti-hemorrágica Decocção de folhas

8fsfor(a
ALGODOEIRO 710 Emoliente, anti-inflamatório Infusão de flores e folhas

482
* SAIOE ptus Í U K U S HEOICUUIS
2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

CÓLON IRRITÁVEL VALERIANA 172 Equilibra o sistema nervoso vegetativo Infusão, maceração ou pó de raiz
Afecção do cólon de origem nervosa, i
caracterizada por transtornos funcio- ABRUNHEIRO- Laxante suave, antiespasmódico,
nais tais como mudanças bruscas entre . BRAV0 372 relaxa a musculatura do intestino Infusão de flores
prisão de ventre e diarreia, espas- grosso
mos e flatulências.
Além destas plantas, podem usar-se to- PAPAIEIRA 435 bonifica o aparelho digestivo e Frutos
das as que vêm mencionadas na normaliza o funcionamento do intestino
secção "Nervosismo e ansiedade" (ver
pág. 140).
635 Slr6SS e
ROSEIRA idosos ° S deseqUÍIÍbrÍ0S Infusão de pétalas

ERVA-CIDREIRA 163 Antiespasmódica, sedante, digestiva Iníusão, extractos


CÓLICA INTESTINAL
É um espasmo da musculatura que re- p A -. IFI n p .
167 Relaxa os órgãos ocos espasmados Infusão de flores e folhas
veste o intestino, que geralmente acom- ™ S S I F L 0 R A
panha a gastrenterite, colite, cólon irri-
258
tável, prisão de ventre e outras MELILOTO
alecções intestinais. Estas plantas re- S e S s * ° S eSPaSm ° S gáStrÍC ° S lnfusã0 de sumidades floridas
laxam a parede do intestino (acção an-
tiespasmódica) e travam a motilidade MACELA Infusão, pó ou essência
350 Digestiva, antiespasmódica
excessiva do tubo digestivo. de capítulos florais
qcq Alivia as cólicas e contorções
Maceta ASSA-FÉTIDA "Lágrimas" elaboradas com a resina
intestinais
ABELMOSCO 362 Antiespasmódico, açaima as cólicas Iníusão de sementes
CAMOMILA 364 Sedante, antiespasmódica, digestiva Infusão de capítulos florais
NÊVEDA-DOS- Acalma as diarreias e as cólicas
367 Infusão de sumidades floridas e folhas
-GATOS que as acompanham
ARGENTINA 371 Antiespasmódica, antidiarreica Decocção de folhas e flores
Cataplasmas de sementes trituradas
LINHO 508 Acalma as cólicas
sobre o ventre

Meliloto TnRMFNTUA 519 Adstringente, acalma as dores Decocção de rizoma


TORMENT.LA 019 e o s espaSlTl0S c o |jcos

ARRUDA 637 Antiespasmódica, anti-séptica Infusão de sumidades floridas

O linho (pág. 508J é uma planta


muito apreciada pela fibra têxtil
que dele se obtém.
As suas sementes são muito
ricas em mucilagem e pectina,
além de sais minerais e ácidos
gordos essenciais. Tomam-se em
decocção ou maceração, embora
também se possam mastigar
inteiras. Constituem um laxante
m u i t o eficaz e apreciado, pois,
além de facilitar o trânsito das
fezes, evitam os processos de
fermentação e putrefacção
intestinal.

463
1 C a p . 2 0 : P L A N T A S PARA O I N T E S T I N O

O efeito laxante das plantas


deve-se fundamentalmente
Plantas laxantes a três mecanismos:
• A u m e n t o da quantidade
de água contida nas fezes, o
que as torna mais volumosas
e moles: São os laxantes
hidrófilos, cujo princípio
São plantas que facilitam a evacuação das íezes, quer seja aumentando a quantidade de
água que contém, estimulando a actividade peristáitica (de contracção) do intestino, quer activo mais importante è a
aumentando a secreção de bílis. mucilagem (por exemplo:
Ao contrário dos laxantes de síntese química, que exercem uma acção irritante sobre a pa- linho, tanchagem, malva,
rede intestinal, estas plantas laxantes não provocam colite residual como efeito secun- amor-perfeito-bravo,
dário. zaragatoa).
• Estímulo da actividade
peristáitica (de contracção)
do intestino. O principio
activo mais importante destas
Planta Pág. Parte Utilizada Planta Pág. Parte Utilizada plantas são os glicósidos
Cacto-grandifloro 216 Frutos Malva 511 Flores, folhas antraquinónicos. Em doses
altas, actuam como
Oliveira 239 Frutos Macieira 513 Frutos purgantes (por exemplo,
Luzerna 269 Toda a planta Zaragatoa 515 Sementes canafístula, amieiro-negro,
Alga-perlada 301 Talo Beldroega 518 Folhas, caules sene-da-india).
Abrunheiro-bravo 372 Flores Labaça 532 Folhas, raiz • Provocar o esvaziamento
da vesícula biliar
Bérberis 384 Frutos Tamarindeiro 536 Frutos (propriedade colagoga). A
Trevocervino 388 Folhas, raiz Morangueiro 575 Frutos bílis transvasa para o intestino
delgado (duodeno), onde é
Fumaria ooq Toda a planta Frutos
(excepto a raiz) Cerejeira 586 necessária para a digestão.
Em quantidade elevada,
Boldo 390 Folhas Abóbora 605 Frutos essa mesma bílis tem um
Polipódio 392 Rizoma Artemísia 624 Folhas, sumidades, raiz efeito laxante (por exemplo:
boldo, dente-de-leão,
Dente-de-leão 397 Folhas, raiz Bolsa-de-pastor 628 Toda a planta fumaria).
Papaieira 435 Frutos Espargo 649 Caules, raiz
Chicória 440 Folhas, raiz Freixo 669 Lágrimas do maná
Sene-da-india 492 Folhas Figueira 708 Frutos
Canafístula 494 Frutos Amor-perfeito-bravo 735 Toda a planta A maçã (pág. 513) é um
Colútea 498 Folhas Framboeseiro 765 Frutos regulador intestinal: corrige
tanto a prisão de ventre
Linha 508 Sementes Sabugueiro 767 Frutos
como a diarreia.

A malva (pág. 511)


é uma das plantas
mais emolientes
(suavizantes) que
se conhecem.
Proporciona uma
acção laxante
suave e se.m
efeitos
secundários.

484
A S A L D E PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

PRISÃO DE VENTRE TREVO-


388 Aumenta a secreção de bílis, laxante Decoccão de raiz fresca
A maior parte dos casos de prisão de -CERVINO
ventre são de causa funcional, isto é,
não se devem a nenhuma lesão orgâni- Normaliza o funcionamento
ca do intestino. As plantas que se indi- BOLDO 390 da vesícula biliar, laxante suave Infusão de folhas
cam são especialmente recomendadas
para a prisão de ventre funcional,
pela sua acção laxante suave e fisio- DENTE-DE-
397 Laxante suave e depurativo As folhas em salada, sumo fresco
lógica. -LEÂO ou infusão
A prisão de ventTe pode dever-se a uma
atonia da parede intestinal. Neste CHICÓRIA 440 Activa os movimentos Uma chávena de infusão de folhas
caso, devem-se tomar as plantas reco- e vence a preguiça do intestino e raiz, de manhã em jejum
mendadas na parte inferior desta tabe-
la. - M ,.,„,. , Q 0 Em doses baixas, laxante; facilita a
Quando a prisão de ventre não ceda Infusão de folhas, extractos
SENE-DA-INDIA 492 e m J s s ã o d e f g z e s mo|es _ s e m c ó | j c a s
após a administração de um laxante de
qualquer tipo durante 3 ou 4
dias seguidos, deve-se N .•-», . .q. Laxante suave, não irritante sobre
CANAFÍSTULA Polpa dos frutos
consultar um médico. $\y, o intestino
M
M CQO Lubrifica o tubo digestivo, regenera As sementes em decocçao,
LINHO
a flora intestinal ou maceração, ou mastigadas

M ci i Laxante não agressivo. Infusão ou decoccão de flores


MALVA ou útil para crianças e idosos e/ou folhas

Aumenta o volume das fezes,


ZARAGATOA 515 laxante suave e seguro Maceração de sementes

AMIEIRO-
-NEGRO
526 Laxante suave. Não produz habituação Decoccão de casca

CASCARA- 52g Purgante enérgico, embora bem


Pó ou infusão da casca
Zaragatoa -SAGRADA tolerado
Senetíamáa

ATONIA INTESTINAL
frac ,ita a
Além de exercer uma suave acção la- FUNCHO 360 ' expulsão de gases intestinais, Infusão de sementes, essência
xante, estas plantas estimulam os mo- estimula os movimentos peristálticos
vimentos peristálticos do intestino, que
são os que fazem avançar as fezes no
seu interior.
Todas estas plan- CAMOMILA 364 Estimula a motilidade do tubo digestivo Infusão de capítulos florais
tas são especial-
mente indicadas
em caso de prisão
de ventre crónica, DENTE-DE- 297 Laxante suave e depurativo, útil em As folhas em salada, sumo fresco
de longa evolução, e -LEÃO caso de preguiça ou atonia intestinal ou infusão
rebelde a outros tra-
tamentos. Os resulta-
dos são lentos, mas CASCARA- r 9R Tonifica o intestino, purgante bem
eficazes. -SAGRADA
D
^° tolerado Pó ou infusão de casca
0 tratamento fitoterápi-
co deve ser acompa-
nhado de medidas físi- Pmr « • • R«fi Laxante suave e tonificante
cas (exercício, duches Cura de cerejas
CEREJ^RA 586 d o t u b o d i g e s t i v o
no ventre, etc.) e de
uma reeducação dos
hábitos defecatórios.
BOLSA-DE- coo Combate a preguiça intestinal u*,-s~ «i. „ i , « * ,
628
Deníe-de-teão -PASTOR que aparece nas doenças febris Infusão da planta

485
C a p . 2 0 : P L A N T A S PARA O I N T E S T I N O
/

Doença Planta Pág. Acção Uso

PARASITAS INTESTINAIS Vermífugo especialmente activo contra


São diversos os tipos de vermes que Clisteres de alho, alho cru, decocção
ALHO 230 ascarideos (lombrigas) e oxiúros
podem parasitar o intestino, especial- (pequenos vermes brancos) de dentes de alho
mente nas crianças pequenas:
Oxiúros: são vermes brancos, peque- Elimina os oxiúros.
nos, que se tornam difíceis de desco- ARANDO 260 Curo de arandos
Muito útil para as crianças pequenas
brir. Produzem sobretudo comichão
anal.
Ascarideos ou lombrigas: são maiores Eficaz contra os ascarideos
CEBOLA 294 e os oxiúros Crua, sumo fresco
do que os oxiúros. Podem produzir dor
abdominal, náuseas e inapetência.
Ténias: Há vários tipos, sendo as mais Verrn ,u
ABSINTO 428 ' 6 ° Potente, embora de sabor Infusão de folhas e capítulos florais
frequentes a ténia do porco ou solitária muito amargo
(pode medir até 5 metros), e a ténia do
quisto hidático.
FsTRArÁo d^n Vermífugo, expulsa os parasitas Infusão de folhas e capítulos florais,
Os parasitas intestinais vivem no inte- C5TRAGAO ««U i n t e s t jnajs essência
rior do intestino humano, e aderem as
suas paredes por meio de uma espécie
de ventosas que têm na cabeça. O látex misturado com mel e água
PAPAIEIRA 435 Vermífuga, útil contra as ténias
quente, seguido de um purgante
As plantas com acção vermífuga obri-
gam o parasita a soltar-se, o que facili-
ta a sua eliminação se de seguida se ERVA- ,qo Destrói os parasitas intestinais,
administrar um purgante. Infusão de folhas e flores
-FORMIGUEIRA especialmente os ascarideos

Uma chávena de infusão concentrada,


POEJO 461 Vermífugo, digestivo
em jejum, durante 5 dias seguidos

Clisteres com a decocção da casca


QUÂSSIA 467 Vermífugo para casos rebeldes
e madeira

ABRÓTANO- Infusão ou pó de sementes, todas as


470 Vermífugo. Útil para as crianças
-FÊMEA manhãs, durante uma semana

c_ . „.«u#. r n n Paralisa os vermes intestinais, Pó de rizoma e raiz ou extracto de


FETO-MACHO 500 f a c i | i t a n d 0 a s s i m a s u a e l i s ã o raiz, seguidos de um purgante

Riuji&ictofc «%?3 Expulsa os vermes do intestino, Maceração de casca de raiz, casca


°" especialmente a ténia ou solitária e membranas internas dos frutos

TAMARINDEIRO 536 Destrói os parasitas intestinais Infusão de folhas

Paralisa os vermes intestinais Infusão de sementes, capítulos florais


TANACETO 537
e facilita a sua expulsão secos, clisteres com a infusão

Vermífugo eficaz e seguro contra


As sementes (pevides) frescas, secas
ABÓBORA 605 ténias e ascarideos.
ou cozinhadas (seguir as instruções)
Útil para as crianças pequenas

Infusão de sumidades floridas


ARTEMÍSIA 624 Vermífuga, útil contra os oxiúros
ou de raiz triturada

CARL.NA 749 SUrfg°ase,ÍCaZC°ntraténiaS Decocção de raiz

T„«„ i n 7CG Vermífugo especialmente activo contra Infusão de sumidades floridas,


IOMILLO /by a s t é n l a s essência

486
Alnus glutinosa L
OJ *

Amieiro
Poderoso adstringente
e vulnerário

O S AUTORES da antiguidade
clássica desconheciam as va-
riadas propriedades medici-
nais do amieiro. Quem primeiro as
descobriu Foi Santa Hildegarda, aba-
dessa beneditina alemã do século XII,
que publicou dois interessantes trata-
dos sobre plantas medicinais.
Nos séculos XVUI e XIX, quando
as febres palustres faziam estragos e a Outros nomes: amieiro-vulgar, alno.
quinina importada da América era di- Esp.: aliso, aliso común, alno. Fr.: aulne [glutineux}. Ing.: {commonj alder.
fícil de conseguir, uiili/.ou-se com êxi- Habitat: Frequente nos bosques húmidos de toda a Europa temperada. Cresce
to corno febrífugo a casca de amieiro, esporadicamente nalgumas regiões da América do Norte.
a que se chamava a quinina europeia. Descrição: Árvore de folha caduca, da família das Betuláceas. que pode atingir 20 m
Actualmente, o amieiro continua a de altura. Tronco erecto, com casca gretada, de cor acinzentada. Folhas dentadas, de
ser usado em fitoterapia, além de ler cor verde-escura na parte superior e ciara na inferior. É uma árvore monóica, isto é,
muitas outras aplicações. A sua casca que tem numa mesma planta as flores masculinas, agrupadas em amentilhos de 6a 8
cm. e as femininas, formando pequenas pinhas de 1 a 2 cm.
utili/a-se para curtir o couro e a sua
serradura para defumar as carnes e os Partes utilizadas: a casca dos ramos jovens e as folhas.
peixes. A madeira é muito resistente
à água e praticamente imputrescível.
Com ela se fizeram algumas pontes
de Londres e de Veneza. Serve, além
disso, para confeccionar excelentes
12 Preparação e emprego
socos.
USO INTERNO -se localmente, quer como vulnerá-
PROPRIKDADKS E INDICAÇÕES: A CAS- rias (dentro das peúgas com a face
O Decocção: Prepara-se com 30-
CA tio amieiro é muito riea em tauino superior em contacto com a planta
-40 g de casca de ramos jovens, que
(até 20%). Contém ainda uma .subs- do pé), quer como anti-reumáticas
se fervem durante 15 minutos. Para
tância vermelha de tipo glicosídico, (cobrindo a zona dorida, depois de
uso interno, tomam-se 2 ou 3 chá-
emodina, e substâncias lipídicas. Pela venas diárias. se terem aquecido no fogão), ou co-
sua riqueza em taniuo, é um grande mo antilactagogas (sobre as ma-
adstringente, que seca e endurece as USO EXTERNO mas).
mucosas tanto em uso interno como © A mesma decocção é usada pa-
externo. Tem também propriedades ra bochechos e gargarejos, assim As folhas de amieiro devem aplicar-
febrífugas. E indicada nos seguintes como para compressas. -se verdes, sempre que seja possí-
casos: vel, especialmente quando se usam
© Cataplasmas: As folhas aplicam- como vulnerárias.
• Diarreias estivais, gastrenterites e
colites 101.

487
5VH
As folhas do amieiro
Amieiro-rubro prestam excelentes serviços
aos montanheiros que
conhecem as suas
propriedades vulnerárias.
Cofocam-nas bem
Na América do Norte é mais fre- espalmadas dentro das
quente encontrar-se o amieiro-rubro peúgas, com a face superior
(Alnus rubra L, também chamado em contacto com a planta
amieiro-de-oregon)* do que o vulgar. do pé. Deste modo aliviam
Ambas as espécies são muito próxi- o cansaço e evitam as
mas do ponto de vista botânico, e as escoriações, e até as curam
rapidamente q u a n d o já se
suas propriedades e aplicações tenham produzido.
medicinais praticamente idênticas.
' Esp.: aliso rojo.

Vista do monte Cervino, nos


Alpes suíços.

• Estomatitcs (inflamação da mucosa


bucal), amigdalites e faringitcs: Fa-
zem-se gargarejos com o líquido re-
sultante da sua decocção l©I.
• Ulceras varicosas, chagas e feridas
de difícil cicatrização: A decocção
aplica-se cm compressas sobre a zona
afectada I©l.
• Doenças febris como o paludismo
ou a brucelose, quando seja indicado
baixar a lebre. Nestes casos aplica-sc a
decocção da casca por via oral, sob vi-
gilância médica lOl.
As FOLHAS do amieiro contêm ta-
nino e açúcares, além de uma subs-
tância glutinosa que as recobre,
composta por dois álcoois (glutinol
e glutanol) e os seus corresponden-
tes ácidos. São estas as suas proprie-
dades:
• Vulnerárias, ou seja, que ajudam a
cicatrizar as feridas e a curar as con-
tusões. Tomam-se especialmente úteis
para tratar os pés doridos e as esfo-
laduras que aparecem como conse- • Anti-reumáticas: Envolve-se o do- de ter efeitos sudoríferos e depurati-
quência de locengas caminhadas, ou ente com folhas de amieiro previa- vos.
de calçado inadequado. Colocam-se mente aquecidas ao sol ou dentro de • Antilaetagogas, isto é, que provocam
as folhas espalmadas, dentro das pe- um forno, cobrindo bem a zona do- o desaparecimento do leite das mães
úgas, com a lace superior em con- rida. Tapar com um cobertor l€)l. lactantes. Para isso, coloca-se uma ca-
tacto com a pele 0. Prodiiz-sc um alí- Este "banho de folhas" é um bom re- taplasma sobre os peitos, feita com
vio na sensação de cansaço dos pés e médio para aliviar as dores provoca- folhas de amieiro trituradas, durante
uma rápida cura das escoriações. das por reumatismo ou artrose, além vários dias consecutivos.101.

488
Annona muricata L

Anona
Salutífera árvore
tropical

Outros nomes: anoneira. Brasil: pinha.

O
FRUTO desta árvore, conhe- Esp.: guanabano, guanabá, anona amarilla, anona de la índia, anona de México,
cido como anona, que chega cabeza de negro. Fr.: anone, cachiman épineux, [grand] corossol. Ing.: guanabana,
a pesar dois quilos, contém corossol. soursop [bush].
uma polpa esbranquiçada de- sabor Habitat: Oriunda das Antilhas e do México, e difundida nas regiões tropicais da
agradável, semelhante a da cherimó- América, da África e da Ásia.
lia ou fruia-do-conde (Anona cherimo- Descrição: Arvore da família das Anonáceas, de 6-8 m de altura, com um tronco
lia Miller), embora um pouco mais recto e de casca lisa. As folhas são grandes, lanceoladas, de cor verde intensa por
ácido. E muito apreciado pelas suas cima e esbranquiçada pela face inferior. O fruto é grande e coberto de bicos ténues.
propriedades medicinais e como ali- Partes utilizadas: os frutos, as folhas e as flores.
mento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A pol- l~2 Preparação e emprego


pa dos FRUTOS contém glícidos de fá-
cil metabolizarão, uma pequena pvo-
porção de proteínas (1%) e lípidos,
assim como vitaminas B e C em pe- USO INTERNO
quena quantidade, e sais minerais, es- O O fruto come-se fresco, ou em
pecialmente de fósforo e potássio. sumo adoçado com mel.
Possui propriedades adstringentes, €) Infusão de folhas: Prepara-
colagogas (facilitam o esvaziamento -se com 2 ou 3 folhas por cada
da vesícula biliar), digestivas e tam- chávena de água. Tomam-se 3
bém vermífugas. Recomendada aos ou 4 chávenas por dia.
hipertensos, obesos, cardíacos c dia- €) Infusão de flores: Bastam 1
béticos IOJ. ou 2 flores por cada chávena de
As FOLHAS usam-se em infusão co- água. Tomar 3 ou 4 chávenas diá-
mo antidiarreicas e como digestivas. rias.
Aplicadas localmente como cataplas-
ma, são anti-inflamatórias em caso de USO EXTERNO
papeira IOI. O Cataplasmas com as folhas
As FLORFS são peitorais e febrífu- trituradas sobre a região das pa-
gas, pelo que se usam em tisana nos rótidas.
casos de gripe e catarro brônquico

489
Bryonia dtofca Jacq.
j J
Preparação e emprego
Briónia
USO INTERNO
Um purgante drástico O Raiz: Tradicionalmente vinha
sendo usada como purgante drás-
usado noutros tempos tico, mas actualmente caiu em de-
suso por ter uma acção demasia-
do enérgica.

O
S BROTOS l e m o s desia plan-
ta, n a Primavera, p o d e m c o Outros nomes: briònia-dióica. norça-
mer-se c o m o espargos. Mas, •branca, erva-cobra, nabo-do-diabo.
muito cuidado! A raiz e os Irmos ver- Esp.: briónia, briónia dioica. nabo dei
melhos são venenosos. Estes persistem díablo, nuez negra, nueza [blanca},
até ao Outono, depois de ioda a plan- parra zarzalera. uva de lagarto, vid
ta se ter secado. Nem sequer as aves os blanca, vina blanca. Fr.: bryone
comem. Convém sabei distinguir a [dioiquej, vigne du diable. Ing.: (red)
bryony.
briónia da salsaparrilha, cujos Irmos,
esses sim, são comestíveis e medicinais Habitat: Comum em sebes e bosques
(pág. 592). Esta reconhece-se por ter do Centro e do Sul da Europa, em
especial perto das margens dos rios.
espinhos no caule e folhas em fornia Também se encontra no continente
de coração. americano.
Descrição: Planta trepadeira, da
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A raiz família das Cucurbitáceas, que chega a
da briónia é um n a b o muito g r a n d e , atingir 3 m de altura. As folhas têm 5
q u e c h e g a a atingir o t a m a n h o de lóbulos, e junto a elas nascem umas
gavinhas com que se agarra a outras
uma cabeça h u m a n a . E muito irritan- plantas e árvores. As flores são brancas
te para a pele. C o n t é m u m a resina e ou azuladas, e os frutos são umas
um alcalóide (a brionina), q u e fazem bagas vermelhas.
dela um p u r g a n t e drástico. Antiga- Partes utilizadas: a raiz.
m e n t e ulili/.ava-sc nos casos de con-
gestão ceiebral e hidropisia IOI, mas,
devido às diarreias q u e provoca, hoje
utilizam-se outros remédios mais sua-
ves. Briónia-branca

&
Precauções A briónia-branca (Bryonia alba L)"
ê outra espécie da mesma famí-
ia, com propriedades idênticas às
da briónia-dióica. Curiosamente,
As bagas vermelhas desta planta são é conhecida em Espanha como
muito tóxicas, e inclusivamente po- 'briónia blanca' e também 'vina ne-
dem tornar-se mortais. Em caso de gra', por ter flores brancas e fru-
intoxicação (improvável, devido a se- tos pretos.
rem muito irritantes e praticamente
não se poderem comer), é necessá- ' Esp.: briónia blanca.
rio provocar o vómito, administrar
carvão vegetal e transportar o doen-
te com urgência para um hospital.

490
Calystegia sepium
(L) R. Br. K lf

Bons-dias
Purgante enérgico,
mas bem t o l e r a d o

J
OI-IAN KUNZLE escreveu, fa-
lando da abundância desta
planta: «Devemos d a r graças a
Deus por ter posto literalmente
aos nossos pés um r e m é d i o tão valio-
so com esle.»

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Em to-
das as p a n e s da planta, e especial-
m e n t e na raiz, existe tanino e um gli-
cósido resinoso (a eonvolvulina), se-
m e l h a n t e na sua composição química
e nas suas p r o p r i e d a d e s ao q u e se ob-
tém da raiz d a j a l a p a (pág. 499). Tem
propriedades purgativas, colagogas e Sinonímia científica: Convoivulus sepium L.
t a m b é m coleréticas. Outros nomes: trepadeira, trepadeira-das-balsas, trepadeira-das-sebes, trepadeira-
• C o m o p u r g a n t e , actua energicamen- dos-tapumes.
te, mas sem produzir irritação nem vó- Esp.: correhuela mayor, carricillo, suspiro de monte, campanilla blanca, yedra
mitos. I n d i c a d a na p r i s ã o de v e n t r e campanilla. Fr.: [grandj liseron, liseron des haies. Ing.: [hedgej bindweed.
a g u d a !©.€>!.Pode administrar-se às Habitat: Muito frequente nos taludes e sebes de toda a Europa e América.
crianças. Descrição: Planta vivaz trepadora, da família das Convoívulaceas, cujos caules
• C o m o colagoga, facilita a evacuação chegam a ter 2,5 m de comprimento. As folhas são cordiformes, e as flores são
grandes e de um tom branco puro.
da bílis, e é indicada nos casos de in-
flamação ou c o n g e s t ã o h e p á t i c a , e Partes utilizadas: a raiz e as folhas.
nos transtornos do esvaziamento da
vesícula biliar IO.©l.

£%
"Al. Q Preparação e emprego yr Pau-rosa-das-canárias
Corriola
Nas ilhas Canárias existem duas
USO INTERNO espécies do género Convoivulus,
A corriola (Convoivulus arvensis L)* O Infusão com uma colherada que ali têm o nome vulgar de 'pa-
é um pouco mais pequena do que os de raiz ou de folhas trituradas por io de rosa' (Convoivulus floridus
bons-dias, mas possui praticamente cada chávena de água. Podem- L)* e de 'guaidil' (Convoivulus
as mesmas propriedades desta -se tomar até três chávenas por scoparius L). Obtém-se das suas
planta e é bastante frequente em Por- dia, adoçadas com mel. raízes uma essência, e possuem
tugal. Tem flores brancas ou rosadas, propriedades medicinais se-
© Pó: a dose normal é de 1 a 3 g
com cinco faixas longitudinais de cor melhantes às da bons-dias e da
diários, repartidos em três tomas.
mais intensa. corriola.
' Esp.: correhuela menor.

491
Cássia
angusíffoíía Vahl. K 3 .
Sene- Preparação e emprego

da-índia
USO INTERNO
O laxante por O Infusão: O pó dos foliolos de
excelência sene triturados utiliza-se em do-
ses de 1 a 8 g, tomados em in-
iusão à norte. Normalmente bas-
tam 2 ou 3 g para se obter um
efeito laxante. Para as crianças

P ARECE-ME que Vossa Mercê


anela muilo melancólico e an-
gustiado. Faria bem em purgar-
-se com nina onça de sene.
-Purgar-me, eu? Saiba o senhor
pode ser suficiente metade des-
ta dose. Não se recomenda to-
má-lo durante mais de 7 dias se-
guidos.
Para evitar o efeito irritante da re-
doutor que vou à casinha todos os sina, que em doses elevadas po-
dias, onde laço as minhas necessida- de provocar náuseas e vómitos,
des sólidas e também liquidas com recomenda-se pôr as folhas du-
ioda a normalidade. rante um ou dois dias em mace*
•«•Entenda liem a ciência que nos ração alcoólica. Passado este
deixou Galeno: A purga livra-nos dos tempo, seca-se o álcool e prepa-
humores inconvenientes, sobretudo ra-se a infusão com as folhas.
daquele humor negro e tenebroso, a © Extracto de sene: Recente-
alrabílis. que é a causa de toda a an- mente, a indústria farmacêutica
gústia e tristeza. pôs à disposição os senósidos
purificados, que se apresentam
- K ficarei livre desta tristeza que
em diferentes preparações far-
tanto me abate?
macêuticas. Acham-se comple-
- Pode ter a certeza disso, pois tamente isentos dos efeitos irri-
quando se purgar com o sene, des- tantes da resina, pelo que se tor-
pe i tar-se-vos-á o espírito e recupera- nam especialmente indicados pa-
reis o regozijo e a alegria. ra crianças e idosos.
Com lermos semelhantes a estes se
expressavam um médico e o seu do- USO EXTERNO
ente, lá pelo século XVI. Naquela épo- €) Enema: Com 20-30 g de sene
ca, quando ainda prevaleciam as teo- num litro de água, prepara-se
rias de Galeno, médico grego do sé- uma infusão que se administra
culo II, os purgantes eram ampla- em forma de enema (clister). O
mente utilizados para eliminar o "ex- efeito é imediato.
cesso de humores". Com eles se pre-
tendia curar muitas doenças.
O sene, introduzido na Europa no
século XI pelos Árabes, era um dos
purgantes mais apreciados. Com ele Outros nomes: sene, sene-de-meca.
se purgavam drasticamente os loucos, Esp.: sen, sen de ia índia, casia, sena. Fr.: sénè.
com o pouco êxito que seria de espe- Ing.: [Indian] senna, Tinnevelly senna.
Habitat: Originário da Arábia. Somália e outros países do mar
rar. E assim, à força de copiosas diar-
Vermelho. Muito cultivado no Sul da índia.
reias e de sangrias, exerciam os médi- Descrição: Arbusto ou subarbusto da família das Leguminosas, de 0,5-1 m de
cos de antanho a sua arte. altura. As suas folhas são compostas, formadas por 5 a 8 pares de foliolos
Actualmente o sene é uma das ovais. As flores são amarelas, e o fruto é uma vagem achatada que contém de 6
plantas medicinais mais usadas, não a 8 sementes.
para "purgar os maus humores", mas Partes utilizadas: os foliolos (tolhas) e as sementes.
como laxante eficaz e seguro.

492
* Outras espécies de sene Precauções

Além do sene-da-índia (Cássia angustifolia Vahl.),* que é o mais usado, existem ou-
tras espécies de propriedades semelhantes: o chamado sene-de-alexandria (Cássia
senna L. = Cássia acutifolia Del.),** o sene-de-espanha (Cássia obovata Colladon)"*
e o sene-americano (Cássia marylandica L)****. As propriedades e aplicações de
todos eles são as mesmas, se bem que apresentem, em relação ao sene-da-índia,
uma menor concentração de princípios activos.
' Esp.: sen de la índia.
" Esp.: sen de Alejandría.
'" Esp.: sen de Espana.
"" Esp.: sen americano.

Pela sua acção estimulante sobre os


órgãos ocos abdominais cobertos de fi-
bras musculares lisas (especialmente a
bexiga e o útero), não se deve usar du-
rante a gravidez, nem durante a mens-
truação, nem em caso de cistite ou de
colite.
Nas afecções do ânus e do recto (fis-
suras, hemorróidas, etc.) deve-se usar
com prudência e em doses reduzidas.

As plantas medicinais, como todo o


produto capaz de Influir sobre as funções
orgânicas, devem ser usadas com
prudência, de acordo com as suas
especificações e dosagem. Isto é
particularmente importante no caso das
grávidas, tal como se indica no quadro de
Precauções" que figura por cima desta
legenda.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- sklo. A reacção química que se pro- • Laxante: Facilita a emissão de fezes
lhas e as sementes do sene contêm duz é a seguinte: senósido (glicósido) + moles, sem cólicas.
2%-3% de glicósiclos antraquinóni- enzima = genina (princípio activo) +
• Purgante: Provoca a evacuação de
cos, conhecidos como senósidos A e açúcar.
fezes líquidas diarreic as, acompanha-
B; também possuem mucilagens e lla- Os derivados activos dos senósidos das de contracções (cólicas).
vonóides, que colaboram na sua exercem a sua acção laxante por dois
acção laxante, e uma resina de acção mecanismos: O efeito laxante ou purgante ma-
irritante que pode provocar náuseas e nifesta-se a partir de (i ou 7 horas de-
vómitos em doses elevadas. 1° Estimulam a motilidade do intesti- pois de ter sido tomado; pode pro-
no grosso, aumentando os movimen- longar-se durante um ou dois dias, e
Os senósidos sào inactivos no seu es- tos pcristál ticos. Aumentam ainda,
tado natural. Passam sem se alterar não é seguido de prisão de ventre re-
embora com menos intensidade, o activa.
pelo estômago e são parcialmente ab- tono muscular do aparelho urinário e
sorvidos no intestino delgado, para do útero. Recomenda-se o seu uso em casos
depois serem eliminados com a bílis. de prisão de ventre produzida por
Quando chegam ao cólon são trans- 2" Diminuem a permeabilidade da viagens, mudanças de alimentação,
formados quimicamente pela acção mucosa intestinal, pelo que dificultam postp&rtume intervenções cirúrgicas
de umas enzimas produzidas pelas a normal absorção de água que tem IO.0.61. Torna se úiil para evitar es-
bactérias intestinais (glicosidases), lugar no intestino grosso. forços durante a defecação em do-
que libertam a genina (aglicona), Segundo a dose, o sene tem dois elei- entes hipertensos ou com angina de
princípio activo da molécula do senó- tos: peito.

493
Cássia fístula L
O •

Preparação e emprego

Canafístula
USO INTERNO
Um suave e apreciado O Polpa diluída: à razão de 30
laxante a 60 g por litro de água a ferver.
Coar e tomar uma ou duas chá-
venas pela manhã.
€) Polpa ingerida directamente:
Bastam 5 g para que se produza
um efeito laxante.

E STA ARVORE e m b e l e z a as re-


giões tropicais da América. No
México a b u n d a na região cie
Tierra Caliente, desde Morelos e d e r -
r e i o aié Tabasco e C h i a p a s . As suas
propriedades medicinais c o m o laxan-
te são muito a p r e c i a d a s , e quase in- Outros nomes:
substituíveis, pelo q u e íaz parte de di- Esp.: canafístula, casia
versos preparados laxantes utilizados purgante, chácara, guayaba
em todo o mundo. cimarrona. Fr.: casse, cassier.
Ing.: purging cássia, cannatistula
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A pol- tree.
pa negra, espessa e d o c e dos frutos da Habitat: Própria das regiões
tropicais: índia, Sudeste Asiático,
canafístula contém, além de diversos
Antilhas, América Central. Não
açúcares e mucilãgens, nina p e q u e n a se dá na Europa.
q u a n t i d a d e d e derivados a n t r a q u i -
Descrição: Árvore da família das
nónicos, entre os quais p r e d o m i n a a Leguminosas, de 12 a 15 m de
reina. altura. Tem flores amarelas, em
cachos. 0 fruto é uma vagem
Esta mistura de princípios activos
comprida, cilíndrica, de cor parda
confere-lhe uma acção laxante suave, ou negra, cujo interior é
isenta do efeito purgante ou irritante so- compartimentado e contém, além
bre <> intestino. V, p o r t a n t o muito útil das sementes, uma polpa negra
em todo o tipo de prisão de ventre e, de sabor doce.
especialmente, pela b e n i g n i d a d e da Partes utilizadas: a polpa dos
sua acção, no caso de crianças on de Irulos.
pessoas idosas IO.0I.

494
Castanea
saí/va Millor Ol *

Castanheiro
Corta a diarreia
e acalma a tosse

O
CASTANHEIRO é u m a árvo-
re o r i u n d a cia Ásia Menor,
que tem sido cultivada desde
tempos imemoriais. Foi trazida para a
Europa pelos Gregos e pelos Roma-
nos, c posteriormente foi levada para Sinonímia científica: Fagus castanea L, Castanea vulgaris Lam., Castanea vesca
o Novo Mundo. Gaertner
Outros nomes: castanheiro-comum.
O castanheiro n ã o t e m pressa de Esp.: castano [comúnj, castanero, regoldo. Fr.: chataignier [commun]. Ing.: sweei
crescei". Aos 25 ou 30 anos c o m e ç a a chestnut, [SpanishJ chestnut.
dar fruto, e atinge a maturidade a par- Habitat: Cria-se em terrenos graníticos ou xistosos de regiões montanhosas, mas
tir dos 100 ou 150 anos. Contam-se ca- não nos calcários. Encontra-se vulgarmente, tanto no Centro e no Sul da Europa
sos de castanheiros q u e viveram mais como na América.
Descrição: Árvore robusta e de tronco grosso, da família das Fagáceas, que atinge
de mil anos. Os seres h u m a n o s pas-
até 20 m de altura. As folhas, caducas, são lanceoladas e dentadas em serra;
sam rapidamente por esta vida... As ár- nascem uma a uma, e não em grupos de 5 como no castanheiro-da-índia. Os frutos,
vores vivem muito mais do q u e nós! as castanhas, alojam-se em grupos de 2 ou 3, dentro de uma carapaça espinhosa (o
Quando m e e n c o n t r o d i a n t e d e u m ouriço).
castanheiro, além de desfrutar da sua Partes utilizadas: a casca, as folhas e as sementes (castanhas).
agradável presença c da sua generosa
sombra, n ã o posso evitar u m a forte
sensação de p e q u e n e z p e r a n t e o seu
aspecto vetusto e majestoso. O Preparação e emprego
Quem n ã o se s e n t e a t r a í d o p e l o
aroma de umas c a s t a n h a s assadas?
Também nisto nos dá o c a s t a n h e i r o USO INTERNO © A s castanhas podem-se comer
uma lição de paciência: Os frutos ver- cruas, assadas ou cozidas. Para as
des acham-se p r o t e g i d o s p o r u m a crianças pequenas prepara-se uma
O Decocção com 50 g de casca tri-
couraça rodeada de espinhos, q u e pa- papa muito nutritiva com castanhas
turada e outros 50 g de folhas, por
recem avisar as pessoas e os animais bem cozidas e esmagadas.
cada litro de água. Também se po-
de que ainda não chegou o m o m e n t o de fazer só com folhas, caso em que
de abri-los. Só q u a n d o a castanha ti- se põem 100 g por litro de água. USO EXTERNO
ver a m a d u r e c i d o e estiver a p t a para Ferver durante 15 minutos. Filtrar e © Bochechos e gargarejos: Fa-
ser comida, se abre por si mesma a sua adoçar, de preferência com mel. To- zem-se com a mesma decocção
carapaça de aguilhões. mar três ou quatro chávenas por dia, descrita para o uso interno. No caso
até que desapareça a diarreia ou a de se querer adoçar, recomenda-se
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A CAS- tosse. a utilização de mel.
CA da árvore e, em m e n o r p r o p o r ç ã o ,
as FOLHAS, são muito ricas em tanino,

495
*

A farinha de castanha torna-se muito apropriada


para a preparação de papinhas para bebés, espe-
cialmente em caso de diarreia. No entanto, as cas-
tanhas são também um excelente alimento para
todos os adultos, e particularmente para aqueles
que sofram do coração ou de tensão alta.

além de conterem açúcares, pectina, rebelde devida a irritação das vias res- tes, que neutralizam o excesso de áci-
óleo essencial e outros princípios ac- piratórias (acção béquica). A casca e dos no sangue e facilitam a sua elimi-
tivos. As suas duas propriedades mais as folhas do castanheiro também se nação pela urina, o que se torna es-
importantes são: usam com êxito no caso da tosse con- pecialmente útil a quem sofra de reu-
• Adstringente, isto é, secam e desin- vulsa. matismo por excesso de ácido úrico
flamam as mucosas. Por isso são mui- As CASTANHAS são ricas em glícidos (artritismo) e aos que consomem car-
to úteis para cortar as diarreias agu- (mais de 40%), e contêm pequenas ne em abundância.
das (Ol e para bochechar e fazer gar- quantidades, mas muito aproveitáveis, • Muito baixo conteúdo de sódio (1
garejos nos casos de inflamação da de gordura e proteínas, assim como mg por 100 g de parte comestível),
boca e da garganta l€)l. vitaminas A, li e C, e sais minerais. As e elevada proporção de potássio
• Antitússica: Tanto aplicadas local- suas propriedades mais interessantes (710 mg por 100 g). Por isso são
mente em gargarejos l€)l como em são 161: muito úteis na dieta rios hipertensos
forma de tisana 101, acalmam a tosse • Fornecem substâncias alcalinizan- c dos cardíacos.

496
Ceratonia slllqua L
Q| > • u a
Preparação e emprego

Alfarrobeira USO INTERNO


O Farinha: Vende-se nas farmá-
Excelente antidiarreico cias, e com ela se prepara uma
infantil papa de sabor agradável que, ao
mesmo tempo que corta a diar-
reia, alimenta.
© Goma: Também se vende nas
farmácias em cápsulas ou enve-
lopes. A dose normal (salvo indi-
cação em contrário no preparado
farmacêutico) para tirar o apeti-
te é de 0,5 a 1,5 g de goma de al-

O FILHO p r ó d i g o , da parábola
do Evangelho, desejava e n -
e h e r o estômago com as alfar-
robas que se davam aos porcos q u e ele
apascentava.
farroba, meia hora antes de cada
refeição, tomada juntamento com
um copo de água.

Embora esta á r v o r e se cultive há


milénios em toda a bacia mediterrâ- Alfarrobeiras americanas
nica como a l i m e n t o para o g a d o , as
suas notáveis propriedades medicinais
só há algumas d é c a d a s foram desco-
Na Argentina cria-se a alfarro-
bertas. beira-negra (Prosopis nigra L.),*
e na América Central e do Sul a
PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : A pol- chamada alfarrobeira-das-anti-
pa dos frutos, as ALFARROBAS, contém Ihas (Hymenaea courbaril L.),**
abundantes açúcares ( s o b r e t u d o sa- conhecida nalgums países latino-
-americanos como 'algarrobo dei
carose) e pectina, assim c o m o a m i d o
Orinoco', 'avaté', 'caguairán', 'gua-
(3,8%), proteínas ( 4 % ) . g o r d u r a s pinole' ou 'nazareno'. No Brasil:
(0,5%), celulose e sais minerais. As al- jacobã, jataí.
farrobas frescas sâo laxantes. Em con- A casca destas árvores segrega o
trapartida, a sua FARINHA seca c anti- copal, substância resinosa se-
diarreica, e além disso possui a p r o - melhante ao incenso, que se utili-
priedade especial de absorver as toxi- za como peitoral e antiasmática.
nas do tubo digestivo. Dá excelentes Dos frutos da alfarrobeira-das-an-
tilhas obtèm-se deliciosas bebidas
resultados nas diarreias infantis, ao refrescantes.
ponto de ser um dos tratamentos mais " Esp.: algarrobo negro.
utilizados nas gastrenterites dos lacten- " Esp.: algarrobo de las Antillas.
tes 101.
As .sementes são ricas em mucila-
gcm. A partir delas se p o d e o b t e r a Outros nomes: alfarrobeira-de-burro, alfarrobeira-canela,
GOMA DE ALFARROBA, a qual forma alfarrobeira-galhosa, alfarrobeira-mulata, lava-rica. Brasil:
figueira-do-egipto, fruto-de-pitágoras.
no estômago um gel viscoso que, de- Esp.: algarrobo [europeo] [dei Libano], garroto, pan de San Juan
vido ao seu grande a u m e n t o de volu- Bautista. Fr.: caroubier. Ing.: carob tree.
me por absorção de líquidos no estô- Habitat: Próprio dos países mediterrâneos. Conhecem-se algumas
mago, proporciona u m a sensação de variedades na América.
saciedade e tira o a p e t i t e , pelo q u e Descrição: Árvore de folha perene, de até 10 m de altura, da família das
costuma ser usada nas cuias de ema- Leguminosas. Dá frutos em forma de vagem de cor castanha-escura, que contêm de
12 a 16 sementes duras incrustadas numa polpa também castanha e de sabor doce.
grecimento 101. No intestino, a goma Partes utilizadas: os frutos (alfarrobas) e as sementes.
de alfarroba tem um eleito emoliente
(suavizante) e laxante.

497
Colutea
arborescens L li J i J
Preparação e emprego
Colútea
USO INTERNO
Laxante e diurético O Infusão com 100 g de colútea
suave por litro de água. Adoça-se com
mel e tomam-se 3 ou 4 chávenas
por dia, de preferência antes das
refeições.

Q
UANDO o vento sopra, as va-
gens da colútea agitam-se
unias comia as outras pro-
duzindo um ruído típico, que
se acredita ser capaz de afugentar os
lobos (daí o nome popular de espan-
ta-lobos).
Os grandes botânicos da antigui-
dade ignoraram esta planta, que não
convida a ser utilizada devido ao seu
cheiro nauseabundo e ao seu sabor
amargo. Actualmente emprega-se
pouco, ainda que continue a ter as
suas indicações como laxante suave.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-


lhas contêm um óleo essencial, ácido
coluteico, sais minerais e vitamina C.
Possuem propriedades laxantes e algo
diuréticas. Enipregam-sc nalgumas
ocasiões como substituto do sene. O
seu efeito laxante é suave, menos in-
tenso que o de outras plantas laxan-
tes; em troca, tem ainda um efeito
diurético e depurativo, o qual a torna
recomendável para quem sofra de
prisão de ventre e ao mesmo tempo
de obesidade ou excesso de ácido úri-
co IOI.

Outros nomes: espanta-lobos, sene-bastardo, falso-


-sene. Brasil: citamos.
Esp.: espantalobos, sonajas, garbancillos.
Fr.: baguenaudier[commun}, baguenaudier arborescent.
& Precauções Ing.: bladder senna.
Habitat: Cresce nos terrenos calcários e montanhosos
da Europa e da Ásia Ocidental. Acha-se naturalizado no
continente americano.
As sementes desta planta, que se en Descrição: Arbusto da família das Leguminosas, que
contram dentro de vagens, de aspec atinge de 1 a 3 m de altura. As suas flores são amarelas
e com manchas vermelhas. As vagens ocas (cheias de
to semelhante às lentilhas, são ligei
ar), que encerram as sementes, medem de 6 a 8 cm de
ramente tóxicas, e a sua ingestão po comprimento.
de provocar vómitos.
Partes utilizadas: as folhas.

498
Convolvulus
jalapaL !\ 91 D J J

Jalapa
Purgante drástico
mas bem t o l e r a d o

O S NATIVOS mexicanos utili-


zavam esta planta como pur-
gante, e os conquistadores es-
panhóis levaram-na para a sua pátria,
a partir de onde se difundiu o seu uso : rv
por ioda a Europa.
Sinonímia científica: Exogonium purga (Wender) Benth., Convolvulus purga
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz Wender., Ipomoea purga Hyane
da jalapa contém diversos hidratos de Outros nomes:
carbono, e os glicósidos convoivulina Esp.: jalapa, mechoacán negro, purga. Fr.: jalape. Ing.: jalap.
ejalapina, que são os seus princípios Habitat: Oriunda do México, concretamente do estado de Veracruz, de cuja capital,
activos. Possui uma forte acção purga- Jalapa Enriquez, tem o nome. Não se cria na Europa.
tiva, que em pequenas doses é bem to- Descrição: Planta trepadeira da família das Convolvuláceas, cujo caule cresce
lerada, e não provoca cólicas. Rcco- enroscado em volta de outras plantas. As flores são grandes, nascem das axilas das
menda-se quando se queira exercer folhas e têm cor rósea ou vermelha. As raízes são tuberosas e redondas, e estão
uma acção drástica sobre o intestino. cheias de um suco leitoso e resinoso.
For não ter mau sabor, é ú(if para pur- Partes utilizadas: a raiz.
gar as crianças 10). Tem também elei-
to vermífugo c emenagogo (estimula Jalapa-falsa
a menstruação).
O Preparação e emprego

Na América Central existe outra


espécie similar, a jalapa-falsa (Ml-
rabilis jalapa L ) \ Esta planta en-
USO INTERNO contra-se aclimatada na Europa.
Precauções O Pó de raiz: 1-3 g dissolvidos É conhecida nos Açores como bo-
em meio copo de água quente as-noites. A sua raiz é igualmen-
adoçada com uma ou duas co- te purgativa, como a da jalapa, e
lheres de mel ou açúcar escuro. a dose habitual é de 24 g de pó.
A dose infantil é de 50 mg (0,05
Não se deve administrar no caso de * Esp.: Dondiego de noclie, jalapa fal-
g) por quilo de peso corporal. sa, trompetilla, jazmin de México.
colite (inflamação do intestino) nem
durante a gravidez.

499
Diyopterís
fíllx-mas Schott . J
Preparação e emprego

Feto-macho USO INTERNO


O Pó de rizoma e raiz: Tomam-
Elimina os parasitas se 5 g de manhã e outros 5 g à
intestinais noite (para crianças pequenas,
metade da dose). Uns 15 minutos
depois, é necessário tomar 2 col-
heradas de um purgante salino
(sulfato de sódio ou de magnésio).
Não se recomenda o uso do óleo
de rícino neste caso.
© Extracto etéreo (obtido por
meio do éter): Tomar em jejum 3
5 gotas deste extracto de raiz de
feto-macho, preparado farma-
cêutico que geralmente se apre-
senta em cápsulas de 0,5 g (de
6 a 10 cápsulas). Habitualmente,
estas cápsulas já têm incluída
uma pequena dose de purgante,
pelo que não é necessário tomá-

O S PETOS são plantas crip-


togâmicas, isto é, sem flores.
Têm raízes, caules e folhas
sulcados por vasos condutores. Como
já notou Dioscórides no século I d.G,
lo seguidamente.

«a sábia Natureza deu-lhes a semente Precauções


[os esporos] nas (olhas».
Este feto chama-se macho pelo as-
pecto robusto das suas frondes, que o Quando se usa o feto-macho co-
distinguem do feto-iêmea (Athyrium ji- mo purgante, não se deve esque-
Ux-femina (I,.) Roth), mais fino e deli- cer de administrar o purgante, tal
cado; mas não pelo seu sistema de re- como se indica em "Preparação e
produção, que é idêntico no macho e emprego".
na fêmea. O leio comum (Pteris aqui- Durante todo o dia, quando se to-
lina I..) v tóxico. ma o extracto de feto-macho, não
se podem consumir bebidas al-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri-
coólicas nem azeite ou outro
óleo.
zoma do feto-macho contém, entre
outras substâncias, lilicina, que é ca- Não ultrapassar a dose de 10 g
paz de paralisar os músculos das le- Sinonímia científica: Polystichum filix de extracto. Em doses mais ele-
nias e de outros parasitas intestinais. Mas. vadas, produz náuseas, vómitos
e diarreia. Na intoxicação por do-
Desta forma o verme desprende-sc Outros nomes: dentebrura, samambaia.
ses muito altas, aparece além dis-
das paredes do intestino e liça parali- Esp.: helecho macho, dentabrón. so icterícia, albuminúria, debilida-
sado. E preciso então um purgante Fr: fougère màle. Ing.: [male] tem. de muscular e convulsões. O uso
para completar a acção, expulsando o Habitat: Cria-se nos bosques sombrios e desta planta exige a vigilância de
parasita, húmidos de toda a Europa e América. um médico.
Comprovou-se a acção vermífuga Descrição: Feto vivaz que atinge 1-1,5 m Quem sofrer de anemia, gastri-
de altura, da família das Polipodiáceas. As te, úlcera gastroduodenal ou car-
do feto-macho sobre os seguintes ti-
suas longas frondes (as folhas dos fetos)
pos de pai asilas intestinais IO.0J: lanceoladas nascem directamente do diopatias deverá abster-se de
• iodas as espécies de lenias, rizoma (caule subterrâneo). usar o feto-macho.
• botriocéfàlo. Partes utilizadas: o rizoma e a raiz.
• ancilostoma duodenal.

500
Epilobium
angustífoilum L
ITS1
t_F| 8au
Preparação e emprego

Epilóbio USO INTERNO


O Infusão com 50 g de flores e
Antidiarreico raiz secas num litro de água, de
e anti-inflamatório que se tomam 4 ou 5 chávenas
por dia. Devem evitar-se as flo-
res frescas.

USO EXTERNO
€) Bochechos e gargarejos: Fa-
zem-se com a mesma infusão que
se utiliza internamente.

Outros epilóbios

Dentro do género Epilobium exis-


tem outras espécies de proprieda-

E STA BELA planta das monta-


nhas europeias, além de alegrar
a vista com o sen colorido, co-
munica um agradável sabor doce às ti-
sanas que com ela se fazem. No Norte
des semelhantes, e cujos nomes
vulgares por vezes se confundem.
É o caso do epilóbio-peludo (Epi-
lobium hirsutum L), conhecido em
Espanha como 'hierba de San An-
da Europa é muito apreciada, co- tónio', ou do Epilobium alsinifolium
mcndo-se os seus brotos tenros em sa- L, a que no país vizinho é costu-
lada. me chamar-se 'alcinifolio'.
Existem cerca de 20 espécies de
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a epilóbio, todas elas com proprie-
planta contém tanino, pectina e mu- dades muito semelhantes.
cilagem. Tem propriedades adstrin-
gentes, devido ao seu conteúdo em ta-
nino; e emolientes (desinflama a pele
e as mucosas), graças à sua riqueza em
mucilagens e pectina. As suas apli-
Outros nomes:
cações mais comuns são as seguintes:
Esp.: epilóbio, laurel de San António. Fr.: épilobe.
• Diarreias, gastrenterites e, em geral, Ing.: willowherb, rose bay.
todas as inflamações da mucosa di- Habitat: Difundido por toda a Europa e Ásia
gestiva. Além de adstringente, o epi- Setentrional. Encontra-se nas serras do norte
lóbio é também anti-inflamatório. e do centro da Península Ibérica e na Sierra
Corta a diarreia e faz desaparecer o Nevada. Cria-se nos bosques frios de montanha.
mal-estar abdominal IOI. Descrição: Planta vivaz da família das
Enoteráceas, cujo caule rígido atinge 70-100 cm
• Estomatite (inflamação da mucosa de altura. As flores têm 4 pétalas e 4 sépalas
bucal), gengivite e faringite: Aplicada de um cor-de-rosa vivo ou púrpura.
cm bochechos e gargarejos, tem efei- Partes utilizadas: As flores, as folhas
to anti-inflamatório c deixa uma agra- e a raiz secas.
dável sensação de frescura na boca
101.

501
Fagus s//vaflca L.
V 1 *

Faia
O carvão da sua
madeira é m u i t o
medicinal

O
S FRUTOS da faia n ã o se de-
vem c o m e r em g r a n d e s quan-
tidades, pois q u e p a r e c e exis-
tir na sua casca q u a l q u e r substância li-
g e i r a m e n t e tóxica n ã o identificada,
que pode causar d o r de cabeça.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O
CARVÃO vegetal obtido da madeira de
faia é excelente para combatei" as fer-
mentações e gases intestinais, as coli-
Preparação e emprego
tes c as diarreias, pelo seu p o d e r o s o Outros nomes: faia-europeia.
eleito a b s o r v e n t e e d e s i n f e c t a n t e Esp.: haya, coscojo, faya, fue.
IOI.Também se torna útil c o m o denti- USO INTERNO Fr.: hêtre [commun], fayard. Ing.:
frico e c o m o aniidoío universal contra O Carvão: Tomam-se 10-20 g do [commonj beech, European beech.
ioda a espécie de intoxicações (pág. carvão, até 5 vezes ao dia, dissolvido Habitat: Forma extensos bosques em
em água ou mastigado tal como se toda a Europa, excepto no litoral
305).
encontra. Em casos graves, podem mediterrânico. Naturalizada no
Da sua MADEIRA t a m b é m se extrai tomar-se até 100 g de uma só vez. continente americano.
o creosote, um expectorante e anti-sép- © Decocção da casca: 60 g de Descrição: Árvore de grande porte,
lico das vias respiratórias rico em gaia- casca dos ramos por litro de água. que chega a atingir 40 m de altura,
col, q u e e n t r a na composição de nu- É preciso deixá-la ferver até que o da família das Fagáceas. Os bordos
líquido fique reduzido a metade, e das suas folhas acham-se cobertos
merosos xaropes. de pequenos e suaves pêlos. Os seus
tomam-se 2 ou 3 chávenas por dia.
A CASCA c o n t é m a b u n d a n t e s tani- Como vermífugo, tomam-se, du- frutos têm alguma semelhança com
nos. V. a d s t r i n g e n t e ( r e c o m e n d a d a rante 5 dias, 2 chávenas por dia, as castanhas.
em diarreias e disenterias), vermífuga em jejum. Partes utilizadas: A madeira e a
(faz expulsar os parasitas intestinais) casca dos ramos.
e tonificante i€)i.

502
Globularia
vulgarísL. JJ

Preparação e emprego

Globularia USO INTERNO


O Decocção de 40-50 g de fo-
lhas por lifro de água, que se põe
Purgativa e colagoga a ferver durante 15 minutos. To-
ma-se uma chávena à noite, an-
tes de deitar, e outra de manhã,
em jejum.

Coronilha-de-frade

N A ANTIGUIDADE clássica,
esta planta era conhecida
como "erva terrível", porque
se confundia com o sene (pág. 492),
de poderoso efeito laxativo. Sabemos Dentro do género botânico Glo-
hoje que 0 sen eleito n ã o é ião imen- bularia existe uma outra espé-
so como o do sene, e m b o r a se conti- cie muito semelhante à globu-
nue a usar a globularia c o m o laxante. lária-vulgar, ou seja a Globula-
ria alypum, a que também se
chama globularia, mas que é
PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : T o d a a
igualmente conhecida como
planta contém um glicósido, a globu- coronilha-de-frade." Esta outra
linarina, a q u e se deve a sua a c ç ã o planta, à semelhança da Glo-
purgativa, assim c o m o heterósidos, ta- bularia vulgaris, também tem
nino, resina e vitamina C. Além do as flores azuis, embora as fo-
seu efeito purgante, bastante enérgico, lhas sejam mais pequenas e
é colagoga (facilita o esvaziamento da cresçam ao longo do caule. As
vesícula biliar), sudorífica e ligeira- propriedades medicinais de
mente estimulante. ambas as espécies são prati-
Emprcga-se em casos de prisão de camente as mesas.
ventre crónica tOl.cjuando d e i x a m de * Esp.: coronilla de fraile.
fazer efeito outros laxantes mais sua-
ves.

Outros nomes: globulária-vulgar.


Esp.: globularia [mayor], escorciana,
(falso) sen. Fr.: globulaire.
Precauções Ing.: globularia, globe flower.
Habitat: Europa Centrai e
Meridional, distribuída por terrenos
calcários, secos e soalheiros.
Descrição: Planta vivaz de 15-20 cm
de altura, da família das Globulariáceas.
Não ultrapassaras doses indicadas, As suas folhas são ovais e formam uma roseta basal. As
pois pode produzir vómitos e fortes flores são de uma cor azul forte.
diarreias. Partes utilizadas: as folhas.

503
Hieradum
iL

Pilosela
Adstringente, diurética
e antibiótica

O
USO da pilosela, apesar de re-
m o n t a r à Idade Média, n ã o se
e n c o n t r a m u i t o divulgado,
talvez devido a q u e , u m a vez seca, a
planta p e r d e as suas virtudes medici-
nais.
Outros nomes: Piloseia-das-
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Con- -farmácias, pilosela-das-boticas,
tém uma g i a n d e q u a n t i d a d e de tani-
no, q u e a torna fortemente adstringen-
te; flavonóides; um óleo essencial, de
orelha-de-lebre. Brasil: orelha-de-rato,
morugem.
Esp.: vellosilla, pelosilla, pilosela,
O Preparação e emprego
propriedades diuréticas e depurati- hierba de la salud. cerrillejo, oreja de
ratón. Fr.: piloselle. épervière, oreille
vas; mucilagens, de a c ç ã o anti-infla- de souris. Ing.: mouse ear USO INTERNO
matória; e uma substância cumarínica [hawkweed], pilosella.
derivada d a u m b e l i i é r o n a ; d e acção Habitat: Prados e clareiras de O Infusão com 50-60 g de plan-
antibiótica- Tem as s e g u i n t e s indi- bosques de toda a Europa, excepto da ta fresca por litro de água, de que
cações: costa mediterrânica. Difundida pela se tomam de 3 a 5 chávenas diá-
costa atlântica da América do Norte. rias adoçadas com mel.
• Diarreias e disenterias: Detém as de- Descrição: Planta vivaz da família das
fecações sanguinolentas IOI. Compostas, com uma roseta de folhas
USO EXTERNO
pubescentes na sua base, de cujo
• Edemas, nefrose ( a l b u m i n ú r i a ) , in- centro sai um caule desprovido de © T a m p õ e s nasais: Fazem-se
suficiência renal: Além de a u m e n t a r folhas, de 10 a 20 cm de altura, com uma gaze ou algodão embe-
o volume de urina, favorece a elimi- terminando num capítulo floral bido na infusão descrita para uso
nação da ureia e d e s i n í l a m a os rins amarelo.
interno, mas mais concentrada
IOI. Partes utilizadas: a planta inteira, (100-150 g por litro).
fresca.
• Hemorragias: A sua forte acção ads-
tringente faz que, aplicada localmente,
d e t e n h a as hemorragias nasais IOI. To-
m a d o internamente, em infusão, tam-
bém se usa contra as menstruações ex-
cessivas 101.
• Brucclosc: Os seus princípios anti-
bióticos actuam selectivamente contra
a BnurUn mrllitrnsis, bactéria causado-
ra da brucclosc ou febre de Malta IOI.
Comprovou-se q u e o g a d o q u e pasta
nos p r a d o s o n d e a b u n d a a pilosela
não sofre de brucelose. Reduz a febre
e faz cessar a s u d a ç ã o característica
desta d o e n ç a . Deve ser t o m a d a d u -
rante vários meses.

504
Nogueira
Desinflama a pele
e as mucosas

N OGUEIRA é unia árvore re-


gia, como indica o sen nome
científico. O seu belo porte
chamou a atenção dos módicos e íito-
terapeutas da antiguidade clássica,
embora não tenham sabido avaliar su-
ficientemente as suas virtudes nutriti-
vas e medicinais. Dioscórides pensava
que as nozes «aumentam a cólera» e
que podiam prejudicar o estômago.
Andrés de Laguna, o médico espa- Sinonímia científica: Juglans duclouxiana Dode
nhol do século XVI que traduziu as Outros nomes:
obras de Dioscórides, chega mesmo a Esp.: nogal [común], nogal europeo, nuez europea, nuez común, nuez de Castilla,
dizer que «a sombra da nogueira é nocedo, noguera, noguero. Fr.: noyer. Ing.: [English] walnut, European walnut.
para todo o animal muito pesada e Habitat: Originária da Ásia Central, encontra-se difundida por toda a Europa Central
perniciosa, principalmente quando a e Meridional, assim como por todo o Norte do continente americano. Prefere os
ela adormece...» vales abrigados e os terrenos arenosos.
Desde o século XVIII, as investi- Descrição: Árvore de até 30 m de altura, da família das Jugtandáceas. A sua casca
é de cor acinzentada, e as folhas têm um longo pecíolo. Apresenta dois tipos de
gações no âmbito da química e da nu- flores, as masculinas e as femininas. 0 fruto é uma drupa.
trição mostraram as notáveis proprie-
Partes utilizadas: As folhas e os frutos.
dades curativas das folhas e dos frutos
da nogueira. Hoje sabemos que as no-
zes apresentam um elevado valor nu-
tritivo, com um conteúdo proteico se- -GP Preparação e emprego
melhante ao da carne, a qual suplan-
tam quanto à qualidade da sua gor-
dura e quanto à sua riqueza mineral e USO INTERNO gerem-se como vermífugo duas chá-
vitamínica. venas diárias.
O Infusão com 10-20 g de folhas
e/ou nogalina (cascas verdes) por li-
USO EXTERNO
tro de água. Tomar 3-4 chávenas por
dia. Esta infusão não se deve inge- © Decocção com 100 g de folhas
rir juntamente com outras plantas ou e/ou nogalina (cascas verdes) num li-
preparados farmacêuticos que con- tro de água, fazendo-a ferver duran-
tenham sais de ierro, gelatina, mu- te 15 minutos. Aplica-se em irri-
cilagens ou alcalóides, que podem gações vaginais, em lavagens à ure-
neutralizar as suas propriedades. O tra, lavagens aos olhos (conjuntivi-
ideal é tomá-la sozinha, ou adoçá-la te), em banhos de assento (hemor-
com mel se necessário. róidas), em lavagens ou compressas
sobre a pele, ou em gargarejos (fa-
© Decocção com 20 g de nogalina ringite). Recomendam-se duas ou
(cascas verdes) por litro de água. In- três aplicações por dia.
Fórmula química da jugfona, um dos
princípios activos da nogueira.

505
«Al*
A nogueira é uma
Nogueíra-preta árvore toda eta
medicinal. As suas
folhas são
adstringentes, anti-
-sépticas e
hipoglicemiantes; as
A nogueira-preta (Juglans nigra L.)* nozes destacam-se pelo
seu requintado sabor e
é originária do norte do Novo Mundo
excelentes propriedades
e pouco cultivada em Portugal. Ca- nutritivas. Hoje está
racteriza-se por ter a casca rugosa e provado que, em lugar
de cor escura ou negra. de fazer aumentar o
As suas propriedades são seme- colesterol, como antes
lhantes às da nogueira europeia. se pensava, fá-lo
diminuir.
Além da casca das suas nozes ver-
des e das folhas, usa-se também a
casca da árvore em decocção (30-
-40 g por litro de água) como ads-
tringente. As indicações da de-
cocção são as mesmas já descritas
da nogalina e das folhas da noguei-
ra (Juglans regia L).
* Esp.: nogal americano.

lí preciso lembrar que a noz é o en- IO). A sua acção tonificante sobre os • Transtornos ginecológicos: A Icu-
docarpo ou o caroço do fruto, e que órgãos da digestão manifesta-se por correia (corrimento branco), a cervi-
o seu interior comestível é a semente. um aumento do apetite, uma maior cite ou colpite (inflamação do colo do
O perícarpo ou casca das nozes ver- rapidez de passagem dos alimentos útero) e as úlceras do colo do útero
des, conhecido como NOGALINA, é a pelo estômago, e uma maior secreção constituem a aplicação mais importan-
parte exterior do fruto, carnuda e ver- de bílis e suco pancreático. Os dis- te da nogueira. A sua acção anti-infla-
de, a qual, embora não seja comestí- pépticos, inapetentes e convalescen- matória e anti-séptica é muito eficaz
vel, também é, juntamente com as fol- tes conseguirão melhorar com o seu quando se administra em forma de
has, usada em fitoterapia pelas suas uso. irrigação vaginal 101. Mas, atenção!
propriedades medicinais.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As
FOLHAS e a NOGALINA (cascas verdes
dos frutos) contem abundante!» tani-
O As nozes e o colesterol
nos de tipo gálico e catéquicos (9%-
-11%), que lhe conterem a sua pro-
priedade fortemente adstringente; as-
A 4 de Março de 1993, a prestigiosa re- Apesar de as nozes conterem até 60%
sim como derivados quinónicos, dos
vista médica New England Journal of de gordura, esta é formada na sua maior
quais o mais importante é ajuglona, parte por ácidos gordos polinsaturados
substância amarga que, juntamente Medecine publicava os resultados de
(sobretudo o linoleico e o linolénico), nu-
com a vitamina C e os ácidos orgâni- uma investigação levada a cabo pelo
ma proporção sete vezes maior do que
cos, explica as suas propriedades antí- doutor Joan Sabaté, na Escola de Saú- a de ácidos gordos saturados.
-septicas, cicatrizantes, tonificantes, de Pública da Universidade de Loma
vermífugas e hipoglicemiantes. Veja- Linda (E.U.A.), na qual demonstrava que As últimas investigações mostram co-
mos as suas principais aplicações: o consumo regular de nozes reduz o ní- mo os ácidos gordos insaturados, que
vel de colesterol no sangue. Desta for- se encontram sobretudo nos vegetais,
• Transtornos digestivos: A sua inten-
sa acção adstringente faz que as fo- ma se evidenciava a falta de fundamento exercem um efeito redutor sobre a pro-
dução de colesterol. Deste modo, o con-
lhas de nogueira e a nogalina (casca de algumas dietas contra o colesterol, sumo de nozes e de outros frutos se-
verde) se tornem úteis em lodos os nas quais se suprime o consumo de no- cos, não só não produz colesterol, co-
casos de diarreia, gastrenterite, coli- zes e de frutos secos. mo ainda o reduz.
te, desarranjo intestinal e flatulências

506
Está perfeitamente provada a
eficácia das irrigações vaginais
com uma decocção de foJhas de
nogueira, para o tratamento das
vaginites e de outras infecções
do aparelho genital feminino.

Antes de aplicar q u a l q u e r tipo de tra-


tamento em q u a l q u e r destas d o e n ç a s
femininas, é indispensável a explo-
ração e a avaliação do caso por um gi-
necologista, a fim de se ter a certeza de
não serem de origem maligna ou can-
cerosa. A.s irrigações vaginais nunca
devem ser aplicadas durante a gravi-
dez. Para obter um efeito mais inten-
so, recomenda-se tomar a infusão IOI,
além das aplicações locais.
• Uretrite (inflamação da u r e t r a ou
canal da urina) e cistite (inflamação
da bexiga): Aplua-sc u m a d e c o c ç ã o
de folhas e / o u nogalina (cascas ver-
des) l©l por meio de uma sonda uri-
nária, para aliviar o p r u r i d o e a irri-
tação q u e se sente q u a n d o se m i n a , e
desinllamar as mucosas urinárias.
• Afecções da pele e das mucosas: A
aplicação de u m a decocção de folhas
de nogueira ou de n o g a l i n a (casca
verde) sobre a pele é muito benéfica
sempre q u e se p r e t e n d a u m a acção
adstringente, cicatrizante e anti-infla-
matória: eczema, i m p e t i g o (crostas
amarelas), foliculite, linha, chagas e
úlceras q u e n ã o Cicatrizam, As (Viei-
ras, as anginas, as faringites, as con-
junrivites e as hemorróidas, são outras
das muitas afecções q u e m e l h o r a m
notavelmente com a sua a p l i c a ç ã o
»©).
• Parasitas intestinais: A acção vermí-
fuga é mais intensa nas cascas dos Fru-
tos verdes (nogalina) do q u e nas fo-
lhas I©).
• Diabetes: As folhas e a case a dos fru-
tos têm um suave m a s c o m p r o v a d o
efeito hipogliceniiante (fazem descer
o nível de açúcar no sangue) IOI. Ain- NOZES, c o n t ê m 15% de p r o t e í n a s de em idade de c r e s c i m e n t o . São de re-
da que só por si se t o r n e m insufi- alto valor biológico, 6 0 % de g o r d u - c o m e n d a i àqueles q u e sofram de es-
cientes para o t r a t a m e n t o da diabe- ras formadas p o r ácido linoleieo e li- gotamento, astenia ou transtornos
tes, podem ser um complemento útil de nolénico, e quantidades importantes d o sistema n e r v o s o . S e g u n d o s e t e m
outras medidas dietéticas, pois per- de cálcio, fósforo e vitaminas A, Bi, p o d i d o comprovar, o c o n s u m o habi-
mitem reduzira dose de fármacos an- IV.: e Bi>. Bem mastigadas, são um ali- tual de nozes r e d u z o nível do coles-
ticliabclicos. terol no s a n g u e (ver q u a d r o , pág.
m e n t o m u i t o nutritivo, a p r o p r i a d o
As sementes dos frutos, isto é, as para desportistas, estudantes e j o v e n s 506).

507
Unum
usitatissimum L Kl & A e
Preparação e emprego

Linho USO INTERNO


O Decocção durante 5 minutos
Suaviza as mucosas de 30 g de sementes por litro de
da pele água. Tomar 2 ou 3 chávenas por
dia, adoçadas com mel caso se
deseje.
© Maceração: Deixa-se em re-
pouso durante 12 horas uma co-
lherada de sementes por cada co-
po de água. Tomar 2 ou 3 copos
diários do líquido resultante.

H A 4000 ANOS que se cultiva o


linho nos países mediterrâ-
neos para obter fibra têxtil, e
há mais de 2500 anos que se utiliza
como medicamento. Hipócrates já o
© Sementes: Também se podem
ingerir as sementes inteiras, mas-
tigando-as (uma colherada de 12
em 12 horas).
recomendava c o m o e m o l i e n t e no sé-
culo V a . C . USO EXTERNO
O Cataplasmas: As sementes de
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS sc- linho trituradas (farinha de linhaça)
menie.s contêm uma grande quanti- acrescentam-se à água a ferver
dade de mucilagem e pectina, que lhe* até se obter uma papa espessa.
conferem p r o p r i e d a d e s emolientes e Normalmente são precisos de 30
laxantes, além de sais minerais e lípi- a 40 g por litro de água. Quando
dos de elevado valor biológico (ácidos se aplica a cataplasma convém
gordos essenciais insaturados). São es- proteger a pele com um pano fino
tas as suas indicações e aplicações: para evitar que se produzam quei-
maduras.
• Prisão de ventre crónica: Lubrifica
© Loções com óleo de linhaça:
o t u b o digestivo, t o r n a n d o as fezes
Aplicam-se directamente sobre a
mais moles. Além disso regenera a flo-
zona da pele afectada.
ra intestinal, r e g u l a n d o os processos
de putreracção e fermentação IO,©,
0 1 . O seu e l e i t o torna-se m u i t o evi-
dente, pois no caso de desarranjo in-
Sinonímia científica: Unum humile Miller, Linum
testinal as íe/.cs p e r d e m o seu c h e i r o humile Planch., Linum crepitans (Boenn.) Dum.
pútrido.
Outros nomes: iinho-da-terra, linho-do-inverno,
linho-galego, linho-mourisco.
Esp.: Uno, linera, linavera, Uno crepitante. Uno
oleaginoso. Fr.: lin. Ing.: flax.
Habitat: Originário do Próximo Oriente, mas
Precauções cultivado em numerosos países de clima
temperado da Europa e da América.
Descrição: Planta herbácea de 40 a 80
cm de altura, da família das Lináceas. O
seu caule é erecto e as folhas são
O óleo contido na farinha de linhaça alongadas e estreitas. As flores são de cor
cria ranço com muita facilidade, azul clara, com 5 pétalas. O fruto é uma
provocando irritação na peie. Convém cápsula globulosa, com 10 sementes de
portanto que, para preparar as cata- cor castanha.
plasmas, se use sempre farinha re- Partes utilizadas: A linhaça (sementes do
cente. linho).

508
As cataplasmas quentes de farinha
de linhaça são um remédio
tradicional, de provada eficácia
resolutiva, sedante e anti-
-inflamatória. Tornam-5e de grande
utilidade no tratamento de
abcessos, furúnculos e picadas de
insectos.
Também se empregam em caso de
regras dolorosas, cólicas renais ou
intestinais, e bronquites.

«Av

S£ Outras espécies de linho


Em todo o litoral mediterrânico da pe-
nínsula Ibérica e em Portugal, em
quase todo o país, se pode encontrar
o chamado linho-bravo ou linho-ga-
lego-silvestre (Linum angustifolium
S.)* de propriedades semelhantes
às do cultivado.
No Mediterrâneo encontra-se ainda
o linho-purgante (Linum catharticum
L),** cujo efeito laxante é mais in-
tenso.
Na América do Norte encontra-se
uma outra variedade, o linho-das-
pradarias {Linum lewisii Pursh.),***
a que ali também se costuma chamar
'das Montanhas Rochosas.'
' Esp.: lino silvestre.
'' Esp.: lino caiártico.
"' Esp.: lino de las praderas.

• Gastrite, duodenite c úlcera gastro-


duodenal: Apresenta uma acção anri-
-inflamatóvia e emoliente que favore-
ce a regeneração da mucosa digestiva
danificada. Recomenda-se tomar as
sementes de linho como complemento, diabéticos, pela sua escassa percenta- pasmos intestinais, picadas de insec-
associadas ao tratamento específico gem em glícidos e o seu elevado con- tos, abcessos e furúnculos 101. Têm
destes processos patológicos. teúdo em proteínas e lípidos (gordu- uma acção resolutiva, anti-espasmó-
• Inflamações das vias respiratórias e ras). Devem ser consumidas pelas pes- dica, sedativa e anti-inflamatória,
das urinárias: Bronquites e cistites, soas que sofram de desnutrição ou além de manterem o calor durante
particularmente, pelo seu eleito emo- queiram engordar l©l. muito tempo.
liente e suavi/anie sobre as mucosas As cataplasmas de FAIUN1IA de li-
nhaça apHcanvae sempve que se re- O ÓLEO de linhaça uuliza-se como
As SEMENTES de linho (linhaça) queira calor constante: catarros c snavizante da pele no caso de ecze-
podem usar-se como alimento. São es- bronquite, dores menstruais, cólicas mas, pele ressequida, queimaduras le-
pecialmente recomendáveis para os do abdómen (renais ou biliares), es- ves e dermatoses em geral 101.

509
Lythrum
salicária l. «

Preparação e emprego

Salgueirinha USO INTERNO


O Infusão: 40-60 g de sumida-
Adstringente des floridas por litro de água. In-
e cicatrizante gerem-se de 3 a 8 chávenas por
dia.

USO EXTERNO
@ Loções e compressas com
uma decocção de 100-150 g por
litro.
€) Lavagens e irrigações vagi-
nais com esta decocção.

D IOSC BRIDES já recomendava


esta planta no século I d.C.
como antidiarreica e hemostá-
tíca. Contínua a utilizar-se desde essa
altura e tem contribuído para curai"
muitos doentes, crianças e adultos.
Pelo seu conteúdo em tanino, tem
sido usada também para curtir peles.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém até 15% de taninos, a que deve a
sua acção adstringente e antidiarreica;
pectina e mucilagens, que a fazem
emoliente (suavi/ante da pele e mu- Outros nomes: salicária, erva-carapau.
cosas inflamadas); assim como flavo- Brasil: erva-da-vida.
nóides e antocianinas de acção anti- Esp.: salicária, arroyuela. Mies,
-inflamatória. Tem as seguintes indi- iisimaquia roja, litro. Fr.: salicaire,
cações: lysimaque rouge. Ing.: (purple]
loosestrife, spiked loosestrife, {purple]
• Diarreias, gastrenterites, disente- willow-herb.
rias, colites; Especialmente útil em ca- Habitat: Comum em prados húmidos,
sos graves, quando há emissão de san- charcos e margens de regatos e rios de
gue ou muco. Tem-se usado com êxi- toda a Europa. Naturalizada no continente
to na salmonelose é na febre tifóide americano.
(Ol. Muito apropriada pata combater Descrição: Planta vivaz da família das
as diarreias dos lactentes, tanto em bi- Litráceas, de caule erecto, robusto e de
berão como em clister, associada a um secção quadrangular, que atinge até 1,5
regime adequado (cenoura, arroz bran- m de altura. As suas folhas parecem-se
com as do salgueiro, e as flores, de
co, farinha de alfarroba, e t c ) . um tom rosa-púrpura, agrupam-se
• Ulceras varicosas, feridas infecta- em espiga.
das, eczemas e dermatoses: Possui um Partes utilizadas: As sumidades
notável efeito cicatrizante e regenera- floridas.
dor da epiderme 101.
• Vaginite, leucorreia e metrorragias
(hemorragias vaginais fora da mens-
truação), com exame médico prévio.
Aplica-sc em irrigações vaginais l©l.

510
Malva sllvestris L
hl \ú\ M •

Preparação e emprego

Malva USO INTERNO


O Infusão ou decocção de flo-
Suaviza e desinflama res e/ou folhas, com 30 g por li-
tro de água, da qual se tomam 3
ou 4 chávenas quentes por dia.

USO EXTERNO
© Infusão ou decocção: A mes-
ma que se aplica em uso interno,
mas um pouco mais concentrada,
também se utiliza externamente
em gargarejos, irrigações vagi-
nais, clisteres, e compressas

E STA PLANTA, símbolo do sos-


sego e da doçura, já era utiliza-
da pelos gregos há mais de dois
milénios. Hipócrates recomendava-a
como emoliente e laxante, proprie-
sobre a pele afectada.

dades que foram demonstradas e que


continuam a ter aplicação hoje.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta, c especialmente as flores e as
folhas, c o n t e m a b u n d a n t e s mucila-
gens. As flores possuem um p i g m e n t o
hidrossolúvel d o tipo das a n l o c i a n i -
nas.
Outros nomes: malva-maior,
As m u c i l a g e n s c o n l e r e m - l h e p r o - maiva-selvagem, malva-
priedades emolientes e laxantes. Ac- silvestre.
tuam revestindo as mucosas com Esp.: malva, malva común,
u m a c a m a d a viscosa, p r o t e g e n d o - a s malva real, malva extranjera,
assim d o s a g e n t e s irrilalivos. O u s o malves, alboheza. Fr.: mauve,
da malva é indicado nos seguintes ca- fromageon. Ing.: [high] mallow,
sos: cheeseflower.
Habitat: É vulgar enconlrar-se à
• Prisão de ventre crónica: Actua co- beira dos caminhos e em
mo um laxante n ã o agressivo, inclusi- campos húmidos de toda a
ve em doses elevadas, q u e lubrifica o Europa. Naturalizada no
tracto intestinal. Recomenda-se espe- continente americano,
cialmente para crianças p e q u e n a s e especialmente nos Estados
Unidos.
idosos IOI.
Descrição: Planta bianual da
• A f e c ç õ e s respiratórias: Tem e l e i t o família das Malváceas. de 20 a
expectorante e antitússico, pelo q u e 70 cm de altura, que chama a
se prescreve nos c a t a r r o s , g r i p e s , atenção pelas suas flores de cor
bronquites, tosse ii i nativa ou seca, e rosa-púrpura, com 5 pétalas.
em caso de asma IOI. Partes utilizadas: as flores e as
folhas.
• Afecções das mucosas e da pele:
Aplicada localmente, ajuda a c u r a r as
(ãringiles, asvaginites, as inflamações
do â n u s e do r e c t o , os e c z e m a s , a
acne, os furúnculos e, em geral, todas
as irritações superficiais 101.

511
OrcWsmascuteL ' \ j \ -l(fi>
(.) d I
Preparação e emprego

Satirião- USO INTERNO

-macho O O salepo prepara-se em forma


de tisana, papa ou caldo. Ac-
tualmente é importado dos países
Antidiarreico infantil orientais, pois as orquídeas estão
protegidas em quase todos os
países da Europa.

Outros nomes: salepeira-maior, salepo-maior,


satirio-macho, pata-de-lobo, escroto-canino.
Esp.: satirión manchado, orquídea macho.

A S ORQUÍDEAS formam a fa-


mília mais numerosa do reino
vegetal, com mais de 20000
espécies distribuídas por iodo o mun-
do. As suas formosas flores e peculia-
Fr.: orchis má/e, orchidée. Ing.: (early purple] orchid.
Habitat: Bosques de árvores frondosas eprados de
lugares montanhosos de toda a Europa. E originário
da Ásia Menor
Descrição: Planta vivaz da família das
ridades botânicas lornam-nas muito Orquidáceas, que atinge de 15 a 30 cm de altura.
procuradas e apreciadas. Tem folhas alongadas com manchas castanhas
avermelhadas. A raiz é tuberosa, com dois
Os seus dois tubérculos subterrâ- tubérculos desiguais.
neos têm despertado desde tempos Partes utilizadas: os tubérculos.
muito antigos a ideia de uns testícu-
los. O nome de orquídea deriva do la-
tim orquis (testículo). Todas as orquídeas são muito
atraentes, mas as flores do sa-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: NOS tirião-macho apresentam um
países árabes extrai-sc dos tubérculos aspecto único.
do satirião e de outras espécies simi-
lares de orquídeas uma farinha co-
nhecida como salepo. A origem {lesta
palavra encontra-se no árabe, yosa ata-
kb (testículos de raposo).
O SALEPO contém cerca de 50% de
mucilagem, 25% de fécula, 5% de
proteínas e 1% de açúcar. I". muito
apreciado como emoliente intestinal,
antidiarreico e tonificante. Recomen-
dasse nas gastrenterites, colites e dis-
pepsias. É um alimento excelente nas
diarreias infantis IOI.
Nos países orientais dá-se aos con-
valescentes e asténicos (debilitados e
fatigados). As suas pretensas virtudes
afrodisíacas não foram suficiente-
mente comprovadas e basciam-sc uni-
camente na teoria dos sinais, que atri-
bui a cada planta virtudes presumivel-
mente reveladas pelas suas caracterís-
ticas exteriores.

512
Plrus malus L
& i*

Macieira
Compêndio de virtudes
medicinais

A MAÇA c cm si m e s m a um
c o m p ê n d i o de virtudes medi-
cinais, conhecidas desde tem-
pos muito antigos. Salienlam-se as
suas propriedades digestivas, q u e a es-
cola médica de Salermo, nos séculos
X a XIII, na Itália, descrevia com o se-
Outros nomes: maceira, maçãzeira, pereiro.
guinte aforismo, s e g u n d o c k a Messc-
Esp.: manzano, manzanal, manzanera, pomera, camueso, maguillo, maguillo, maillo,
gué: Posl (riram do potum, post pomum pêro, perón. Fr.: pommier. Ing.: apple tree.
vnde encatum. (Depois da maçã, chichi; Habitat: Oriunda da Ásia Ocidental e amplamente distribuída por todo o mundo,
depois da fruta, caca). tanto cultivada como silvestre (Malus silvestris Miller). Prefere os climas frios e as
regiões continentais e nortenhas.
O d o u t o r Ernst S c h n e i d e r c u r o u
Descrição: Árvore da família das Rosáceas, de médio porte, com flores brancas e
casos graves de disenteria d u r a n t e a
frutos carnudos, de que se conhecem mais de mil variedades.
segunda g u e r r a m u n d i a l , exclusiva-
Partes utilizadas: os frutos, a casca e as flores.
mente com dieta de maçãs, à falta de
outros tratamentos. Descobriu e n t ã o
as extraordinárias p r o p r i e d a d e s cura-
tivas deste n o b r e fruto, cuja árvore é,
toda ela, medicinal. A m a ç ã é o ali- l£ Preparação e emprego
metito-remédio por excelência.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A USO INTERNO litro de água, durante meia hora. O


maçã contém de 12% a 15% de glíci- O Maçãs cruas (raladas), assadas líquido resultante, açucarado caso
dos (dextrose, levulose e s a c a r o s e ) , ou cozidas: De meio a um quilo por se queira, recomenda-se especial-
menos de 0,5% de lípidos e prótidos; dia. Convém sempre descascá-las, a mente aos doentes muito debilita-
minerais (potássio, cálcio, fósforo, não ser que procedam de cultura bio- dos, antes de iniciar uma dieta sóli-
magnésio, feiro e p o u q u í s s i m o só- lógica, e portanto não tenham sido da.
dio); vitaminas A, Bi, Bs, G e niacina; tratadas com insecticidas ou outros O Decocção de casca de maciei-
ácidos málico, cítrico e salicílico; ta- produtos químicos. ra: Prepara-se com 50-100 g de cas-
nino, de acção adstringente; pectina, © Sumo: Um copo diário de sumo ca da árvore por litro de água. To-
substância h i d r o c a r b o n a d a de acção de maçã, ao pequeno almoço, as- mam-se de 3 a 5 chávenas por dia,
absorvente e antidiarreica; e u m a segura uma boa forma física. Pode- como tonificante, febrífugo e ads-
-se misturar com sumo de limão ou tringente.
grande quantidade de en/.imas.
de cenoura para obter melhores re- © Decocção de folhas e flores:
As MAÇAS têm as s e g u i n t e s p r o - sultados revitalizantes. Faz--se com 50 g por litro de água.
priedades: Tomam-se 4 ou 5 chávenas diárias
© Decocção: Duas maçãs cortadas
• Antidiarreica: Têm a virtude de ab- em pedaços e postas a ferver num como diurético.
sorver as toxinas b a c t e r i a n a s q u e se
produzem nos intestinos, além de de-

513
o Curas de maçãs

Cura de maçãs: Para reforçar o seu


efeito em todas as indicações que
mencionamos, recomenda-se tomar,
durante 3a 5 dias, um a dois quilos
de maçãs como único alimento. Po-
dem-se comer raladas, cozidas ou
assadas, sem adoçar. Esta cura re-
pete-se de duas a quatro vezes por
ano.
Dieta de Kempner: Durante um mês
come-se exclusivamente maçãs e
arroz, de preferência integrai Os re-
sultados são excelentes em caso de
hipertensão, excesso de colesterol,
obesidade e afecções renais.

Todos, são e doentes, podem beneficiar


com o consumo diário da rainha das
frutas: a maçã.

si n flama r e secar a sua mucosa. São co, da ureia c de outros resíduos do conteúdo em fósforo. E muito reco-
úteis em todo o tipo de diarreias, quer metabolismo, pelo que é boa para os mendável em caso de excitação, ner-
sejam leves quer complicadas com co- artríticos, reumáticos, gotosos, e vosismo, stress e fadiga mental IO.©.
lites, ou disenteria (emissão de fezes quem sofra de cálculos urinários 01. O efeito é suave e lento, mas se-
com muco e sangue). Dão bons re- IO,0,0I guro.
sultados nas enlerocolites produzidas A maçã é um alimento-remédio ideal
Pelo seu baixo conteúdo em sódio
por alimentos em mau estado (toxi- em todas as doenças crónicas como:
(sal), as maçãs recomendam-se na die-
-infecçÕes alimentares), produzidas afecções digestivas e respiratórias, ar-
ta dos hipertensos, juntamente com o
frequentemente pelo microrganismo teriosclerose, artritismo, hepatopaiias
arroz (dieta de Kempner), com o que
Salmomdla lOl. São muito recomendáveis (afecções do fígado), afecções renais,
se obtém muito bons resultados na
nas gastrenterites infantis. obesidade, cardiopatias (afecções do
descida da pressão arterial e na re-
• Laxante: Curiosamente, a maçã tem dução dos edemas por retenção de lí- coração), hipertensão. Muito reco-
um eleito regulador sobre a Hora e o quidos (ver nesta mesma página o mendável para atrasai o processo do
peristaltismo intestinal, que lhe con- quadro "Curas de maçãs"). envelhecimento IO.0.0I.
fere propriedades aparentemente • Hipolipemiante: A pectina da maçã A DISCA DA MACIEIRA é tonifican-
contraditórias (antidiarreica e laxan- absorve os sais Ilibares no intestino, te, febrífuga e adstringente.Já foi usa-
te): Tomada pela manhã, em jejum, com o que diminui uma das matérias da em substituição da quinina. Ac-
dá bons resultados na prisão de ven- primas a partir das quais o organismo tualmente eniprega-se em doenças in-
tre crónica ou habitual 10,01. produz o colesterol. Para se obterem fecciosas como febrífugo e tonifican-
resultados é necessário comer duran- te, assim como na fase de convales-
• Diurética e depurativa: Pela sua ca-
te longos períodos (mais de três me- cença IOI.
pacidade de absorver as toxinas intes-
ses), duas ou três maçãs por dia IO), As FOLHAS e as FLORES da macieira
tinais, dá também bons resultados nos
além de seguir outras medidas dietéti- são muito diuréticas e recoincndam-
eczemas crónicos da pele, que em cer-
cas conln\ o excesso de colesterol. -se no caso de cálculos renais ou de
tas ocasiões se devem a uma auto-in-
toxicação do organismo. A maçã tam- • Tonificante e cquilibradora do sis- areias, de nefrile (inflamação dos
bém facilita a eliminação do ácido úri- tema nervoso: Talvez devido ao seu rins) e de hipertensão arterial 101.

514
Plantago
psyillum L e IÉ

Preparação e emprego
Zaragatoa
USO INTERNO
Um laxante que O Maceração de sementes: Tri-
turam-se, ou simplesmente es-
protege o t u b o magam-se, e deixam-se macerar
digestivo durante uma ou duas horas (uma
colher de sopa de sementes por
copo de água). Tomar depois a
mucilagem, filtrando o líquido re-
sultante. Pode-se acrescentar

O S ANTIGOS viram uma pare-


cença entre as pulgas (psyla
em grego) e as sementes des-
ta planta. Dioscórides recomendava-a
no século I d.C. como emoliente (sua-
uma colherzinha de grãos de anis
para melhorar o sabor. Ingere-se
de manhã, em jejum, e à noite an-
tes de deitar.

vizar! te), e assim continuou a ser usa- USO EXTERNO


da até meados do século XX, quando © Cataplasma de sementes: De-
se descobriu que, além do mais, tem pois de postas em maceração,
ainda um efeito laxante. Actualmente aquecem-se e prepara-se com
entra na composição de diversos pre- elas uma cataplasma, que se
parados farmacêuticos contra a prisão mantém pelo menos 15 minutos
de ventre. sobre a zona afectada, duas ou
três vezes por dia.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As se- © Enemas (clisteres): Fazem-se
mentes contêm abundante mucila- com o líquido resultante da ma-
gem (até 15%), que lhes confere ceração de sementes. É suficien-
acção laxante, emoliente e anti-infla- te 100-250 ml para cada apli-
matória. A zaragatoa é uma das plan- cação. Administrar até três ene-
tas com maior conteúdo em mucilagem mas diários.

2rM-
Espécies cultivadas
V do género Plantago
Outros nomes: psilio, erva-pulgueira,
Também se empregam outras espé- erva-das-pulgas, pulicária.
cies similares à zaragatoa comum e Esp.: zaragatona [común], [hierba]
com propriedades muito seme- pulguera, llantén de perro, ada de agua,
lhantes, como a zaragatoa-arenária psilio, coniza. Fr.: herbe aux puces,
{Plantago indica L. = Plantago arena- pucière, psyllium. Ing.: fleawod,
ria Waldst.-Kit.),* que se cultiva na Eu- psyllium.
ropa e na Ásia, para aproveitar a sua Habitat: Cresce em terrenos arenosos
mucilagem, com a qual se elaboram ou pedregosos de toda a área
diversos preparados farmacêuticos. mediterrânea. Cultiva-se com fins
medicinais.
Com o mesmo fim se cultiva a za- Descrição: Planta anual da família das
ragatoa-da-índia {Plantago ovata Plantagináceas, com caule herbáceo e
Forsk.)** nalgumas regiões medi- erecto, de até 30 cm de altura. As flores
terrâneas e na Ásia. são pequenas, brancas, agrupadas em
" Esp.: zaragatona arenaría. Ing.: Spa- espigas ovóides. Os frutos contêm duas
nish psyllium. sementes de 3 mm, lisas e de cor
castanha.
" Esp.: zaragatona de la índia. Ing.:
blond plantago. Partes utilizadas: as sementes.

515
q u e se c o n h e c e m , m u i t o s u p e r i o r à A zaragatoa é uma
linhaça ( s e m e n t e s d e l i n h o . pág. das plantas mais ricas
em mucifagens,
509). C o n t é m t a m b é m lípidos c o m
substâncias que
esteróis vegetais (sitosteróis), sais de multiplicam o seu
potássio e oligoelementos. Daí as suas volume em contacto
indicações: com a água. Devido a
isto, o seu consumo
• Afecções digestivas: A mucilagem ac- produz sensação de
tua como um colóide hidrófilo; isto é, saciedade no
as suas moléculas rodeiam-se de gran- estômago, e torna-se
de quantidade de moléculas de água, de grande utilidade
nas dietas de
q u e as fazem a u m e n t a r de volume e emagrecimento.
iransformar-se n u m a massa suave e
de aspecto gelatinoso. Desta forma, a
mucilagem consegue dois efeitos:

-Cria uma rapa viscosa c protectora


q u e cobre lodo o interior do t u b o
digestivo, desfie o estômago até ao
intestino grosso. Oferece com isto
uma acção suavizante e anti-infla-
matória sobre as m u c o s a s digesti-
vas, q u e resulta altamente benéfi-
ca em caso de gastrite, úlcera gás-
trica ou d u o d e n a l , e colite. Acalma
a pirosc (acide/.) e a d o r de estô-
mago, e faz parar as cólicas e a diar-
reia em caso de colite.

- A u m e n t a o volume das fezes e tor-


na-as mais brandas, com o q u e es-
tas se deslocam c o m m a i o r facili-
dade pelo tubo digestivo, exigindo
cações, a mais grave das quais é o can- cilagem, q u e incha e a u m e n t a de vo-
m e n o r esforço pcristállico ao có-
cro do cólon. lume com a água.
lon. T u d o isto se traduz n u m suave
efeito l a x a n t e , sem c o n t r a c ç õ e s , O t r a t a m e n t o com mucilagem de- Este eleito contribui t a m b é m para
nem irritação, sem criar habi- ve ser a c o m p a n h a d o de u m a mudança a d i m i n u i ç ã o de peso q u e se conse-
tuação e sem p r o v o c a r p e r d a de dos hábitos alimentares. g u e com a ingestão fie zaragatoa.
potássio ou sais minerais; ou seja, O eleito laxante fia mucilagem IOI Além disso c o m p r o v o u - s e q u e a
sem n e n h u m efeito secundário in- é reforçado pelo da hemicelulose, fi- m u c i l a g e m d i m i n u i os níveis fie co-
desejável. A mucilagem da zaraga- bra q u e forma a casca das sementes. lesterol e de triglicéridos no sangue
toa pode-se usar continuadamente du- IOI, possivelmente devido ao facto fie
O efeito benéfico da mucilagem so-
rante meses, ou m e s m o anos. Tor- interferir com a absorção fias gordu-
bre o intestino t a m b é m se p o d e o b t e r
na-se muito útil no t r a t a m e n t o da ras no intestino d e l g a d o .
a d m i n i s t r a n d o - a e m e n e m a s (cliste-
prisão de ventre crónica e das suas
res), m u i t o c o n v e n i e n t e s nas infla- • Afecções urinárias: A mucilagem fia
consequências, tais c o m o as hemor-
mações a n a i s e rectais IOI. Dcsinllama zaragatoa actua t a m b é m c o m o anti-
róidas ou a divcrticulose do cólon,
as h e m o r r ó i d a s e m i n o r a os incómo- -inflainatório sobre as mucosas uriná-
q u e também ajuda a prevenir.
dos das fissuras anais; recomendável rias. Ajuda a acalmar os incómodos fia
Os divertículos produzem-sc c o m o em caso fie p r o c t i t e (inflamação fio cistite e favorece a r e g e n e r a ç ã o fia
consequência do excesso de pressão recto) e de colite, inclusive a ulcero- mucosa irritada IOI. Usa-se em combi-
q u e o cólon tem fie exercer para fa- sa. Neste último caso usa-se c o m o com- nação com outros tratamentos.
zer avançar as fezes d u r a s ou resse- plemento fio t r a t a m e n t o específico.
• A f e c ç õ e s c u t â n e a s : Aplicada local-
quidas. A alimentação rica em carnes • T r a t a m e n t o da o b e s i d a d e : A admi- mente em forma fie emplastro, prote-
c produtos refinados, mas escassa em nistração fie s e m e n t e s de zaragatoa ge e desinflama a pele irritada em
fruta, v e r d u r a s e cereais integrais, com água em abundância, entre as re- caso de eczema e e r u p ç õ e s ou der-
produz fezes escassas e fluías q u e sub- feições, p r o d u z sensação fie plenitu- matose. K cicatrizante q u a n d o se apli-
metem o intestino grosso a um gran- de e saciedade no estômago, fazendo ca sobre q u e i m a d u r a s , feridas ou úl-
de esforço. O resultado de t u d o isto é d i m i n u i r o a p e t i t e IOI. Esta acção ceras varicosas 101. l a m b e m se usa em
a prisão de ventre e as suas compli- fleve-se à capacidade hidrófila fia mu- cosmética para a beleza fia pele.

516
Podophylium
pettatumL Kl

Podofilo
Purgante e possível
remédio contra o
cancro

O
P O D O F I L O , a o contrário d o
que sugerem alguns nomes
por q u e é c o n h e c i d o n o u t r a s
línguas, n ã o tem n e n h u m a relação
com a m a n d r á g o r a e u r o p e i a (Man-
drágora autumnalis Bertoloni = Man-
drágora officinalis L.), da família das Outros nomes:
Solanáceas. Esta m a n d r á g o r a é u m a Esp.: podofilo, mandrágora
planta tóxica, de acção s e m e l h a n t e à americana. Fr.: podophylle. pomme
de mai. Ing.: [American] mandrake,
da heladona (pág. 352), a c t u a l m e n t e
sem aplicações medicinais. Nos países
orientais atrihui-se-lhe a v i r t u d e de
wild iemon, May apple.
Habitat: Prados e bosques húmidos
O Preparação e emprego
promover a fecundidade. da região atlântica da América do
Norte. Não aparece na Europa.
Descrição: Planta herbácea da USO INTERNO
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : O S ín- família das Berberidáceas, que
dios norte-americanos utilizam d e s d e atinge até 50 cm de altura. O seu O A ingestão de 0,25 a 0,5 g de
há muito t e m p o a podojtlina (resina fruto é uma baga de cor amarela, raiz ou de 50 a 100 mg de podo-
da raiz do podofilo), q u e a partir de muito aromática. filina, provoca uma evacuação re-
1820 passou a e n t r a r na composição Partes utilizadas: A resina da raiz gular 12 horas depois de terem si-
de diversos preparadas farmacêuticos. (podofilina). do ingeridos.
O seu princípio activo, a podofilo-
USO EXTERNO
toxina, actua a doses baixas c o m o um
purgante enérgico, mas muito bem to- © Na pele, a resina de podofilo
lerado. Tem além disso efeito colago- aplica-se em forma de prepara-
go (esvazia a vesícula biliar) IO). Precauções dos farmacêuticos. Estes pre-
parados contêm uma suspensão
Descobriu-se r e c e n t e m e n t e q u e o oleosa da resina, misturada com
podofilo tem u m a acção antimitótica parafina. Para que surta efeito,
(impede a divisão das células), p e l o Em doses elevadas, o podofilo basta colocar diariamente umas
que se c o m e ç o u a usar com êxito no pode provocar violentas diarreias gotas de resina de podofilo sobre
tratamento d e c o n d i l o m a s a c u m i n a - e inclusivamente a morte. a parte afectada da pele.
dos, verrugas, papilomas e outras tu-
morizações vincas da pele l©l. Está a
investigai-se a sua aplicação no trata-
mento do c a n c r o .

517
Portulaca
oferaceaL O

Beldroega
Laxante
e calmante ocular

A BELDROEGA cultivava-se an-


tigamente como verdura para
salada, e ainda hoje há quem
saiba apreciar a macia e saborosa sopa
desta humilde planta que Eça de
Queirós descreve entre "a couvinha
na horta, ... os espinafres", e "algum
feijãozinho em terra muito fresca" (A
Outros nomes: portulaca, bredo-fêmea. Brasil: beldroega-pequena.
Cidade e as Seiras), embora hoje al-
Esp.: verdolaga, beldroaga, flor de las once, flor de un dia, porcelana, colchón de
guns camponeses a considerem uma nino, taríela, lega. Fr.: pourpier[potager], coupe-pied. Ing.: [common]purslane,
erva daninha. As suas aplicações me- pursley.
dicinais continuam, entretanto, váli- Habitat: Terrenos arenosos próximos de rios ou terrenos de cultura abandonados, de
das. toda a Europa. Muito comum no continente americano.
Descrição: Planta anual da família das Portulacáceas, rasteira, de caules grossos e
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a sumarentos. As folhas são pequenas, ovaladas, carnudas e esbranquiçadas pela
planta contém abundantes mucila- face inferior. As flores são pequenas e amarelas.
gens, que são o seu princípio activo Partes utilizadas: as folhas e os caules frescos.
mais importante e que lhe conferem

a
propriedades emolientes, anti-infla-
matórias e laxantes. Possui também
vitamina C, que a torna antiescorbú-
tica. Apresenta propriedades diuréti-
Preparação e emprego
cas e depurativas, embora não se
conheça bem o princípio activo que
lhes dá origem. As sementes são ver-
mífugas. USO INTERNO

Aplica-se em caso de prisão de ven- O Como verdura de salada, tem-


tre crónica. Como diurética e depu- perada com sal, azeite e limão.
rativa torna-se muito recomendável © Decocção: 100 g por litro de
em caso de obesidade ou de alimen- água. Tomam-se até 5 chávenas
tação sobrecarregada. Pela sua acção diárias.
suavizante e anti-inflamatória, tam-
bém se torna de grande utilidade nas USO EXTERNO
cistites e nos cálculos urinários IO,@l. © Cataplasmas da planta fresca
Externamente emprega-se em cata- esmagada.
plasmas nos casos de blefarite (infla-
mação das pálpebras) e de conjuntívi-
te m.

518
Potentílla erecta
(L) Râuschel 3aam
Preparação e emprego

Tormentila USO INTERNO


O Decocção de 30 g de rizoma
Potente antrdiarreico por litro de água, de que se inge-
rem 3 ou 4 chávenas diárias, até
que passe a diarreia.
© Pó: Administram-se de 2 a 4 g
diários em cápsutas.

USO EXTERNO
€) Banhos de assento: Acres-
centar à água do banho 1-2 litros
do líquido resultante de uma de-
cocção mais concentrada do que
a utilizada internamente (60-100
g por litro).
O Bochechos e gargarejos com
a decocção concentrada.
©Irrigação e tamponamento

D ESDE a Idade Média tem-se nasal com este mesmo líquido da


usado esta planta para acalmar decocção concentrada.
o que então se conhecia como
«tormentos» (cólicas intestinais). E
daí que deriva o seu nome de tor-
mentila. E. é devido ao seu intenso
efeito que se denomina em latim Pc-
tentillu, de potentem (potente). Sinonimia científiica: Potentílla
tormentilla L
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O prin- Outros nomes: tormentilha,
tormentina, sete-em-rama, consolda-
cipal componente do rizoma da tor- vermelha, solda.
mentila é o tanino, que representa até
Esp.: tormentila, tormentilla,
15% do seu peso. Contém também sietenrama, consuelda roja.
um glicósido (tormentilina) e ácido Fr.: [potentille] tormentille.
quino viço amargo. A sua acção é for- Ing.: tormentil.
temente adstringente e antidiarreica. Habitat: Difundida por planícies e
Também possui propriedades hemos- montanhas húmidas de toda a Europa.
táticas (detém as hemorragias). É in- Conhecida no continente americano.
dicada nos seguintes casos: Descrição: Planta da família das
Rosáceas, de 10 a 40 cm de altura e
• Diarreias infecciosas de todo o tipo. de caules frágeis. As folhas têm 3
Acalma as cólicas devidas a espasmos segmentos dentados, e as flores têm 4
intestinais, que frequentemente pétalas, no que se diferenciam das de
acompanham as diarreias IO.0J. outras Potentílla como a argentina
(pág. 371) e a cínco-em-rama (pág.
• Hemorróidas: Em aplicação local 520) que têm 5 pétalas.
(banhos de assento) desinflama-as c
Partes utilizadas: O rizoma (caule
consegue impedir que sangrem 101. subterrâneo) fresco.
• Estomatite ou faringite: em garga-
rejos IO).
• Epistaxe (hemorragia pelo nariz):
Aplicada em irrigação ou embebendo
um tampão de gaze 101.

519
Potentilla
reptansL

Cinco-em
-rama
Um poderoso
adstringente e
cicatrizante

E STA humilde planta tem, como


todas as Rosáceas, belas flores e
excelentes propriedades medi-
cinais. Os criadores de gado ulili/am-
-na tradicionalmente paia aumentai a
produção do leite das cabras e para
combater a hematúria (sangue na uri-
na) do gado. Os animais comem-na
como forragem e, à semelhança do
que acontece com os seres humanos,
a planta ajuda-os a curar as diarreias e
gasti enterites.
Outros nomes: potentila, potentilha, quinquefólio. Brasil: cinco-
^r
k 0V
Vamos referir-nos aqui indistinta- -folhas.
mente tanto à espécie europeia como Esp.: cincoenrama. loraca, lloraga, p/e de gallina. quinquefólio.
à americana, já que a sua composição Fr.: pontentille rampante, quintefeuille. Ing.: [creeping]
e propriedades são praticamente
idênticas. Outras plantas do género
~kjr cinquefoil, five-finger [grass}.
Habitat: Comum em prados húmidos e beiras dos caminhos,
Potenlilla tratadas nesta obra são a ar- tanto na Europa (R reptans) como na América do Norte (P. canadensis).
gentina (Pág. 371) e a tormentila Descrição: Trata-se de uma planta rastejante (reptans), com o máximo de um
(Pág.519). metro de altura, da família das Rosáceas, que se caracteriza por ter as folhas
divididas em 5 foliolos. As flores são amarelas e também têm cinco pétalas.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri- Partes utilizadas: o rizoma (caule subterrâneo) e a raiz.
zoma e a raiz da cinco-em-rama con-
têm diversos glícidos, e especialmen-
te taninos do grupo das catequinas,
que lhe conferem as suas proprieda-
des adstringente, hemostática, anti-
£í Preparação e emprego
•*_v
<F Cinco-em-rama-
-americana
USO INTERNO ma decocção que para o uso interno,
O Decocção com 50 g de rizoma e muito bem filtrada.
raiz fresca ou seca, por litro de água.
A cinco-em-rama-americana (Poten- Ferver durante 15 minutos e filtrar. €) Bochechos ou gargarejos com
tilla canadensis L)* cria-se em luga- Tomam-se 4 a 6 chávenas diárias esta mesma decocção.
res húmidos da América do Norte. O até que a diarreia desapareça.
seu aspecto e propriedades são O Compressas, loções, lavagens
praticamente idênticos aos da cinco- USO EXTERNO
e banhos com o líquido da de-
em-rama europeia. cocção, que se aplicam sobre a zo-
* Esp.: cincoenrama americana. © Irrigações vaginais com a mes- na da pele afectada.
Ing.: five-finger grass.

520
-séptica e cicatrizante. Faz diminuir a
secreção das mucosas, especialmente
as digestivas e as genitais, ao m e s m o
tempo que as desinflama e cicatriza.
Torna-se pois muito benéfica nos se-
guintes casos:
• Gastrcnterites e diarreias infeccio-
sas, especialmente q u a n d o a c o m p a n -
hadas de disbacteriosc (alteração da
Hora m i c r o b i a n a i n t e s t i n a l ) . Planto
ideal para combater as diarreias estivais
devidas a c o n t a m i n a ç ã o da água ou
dos alimentos IOI Para q u e a sua apli-
cação dê r e s u l t a d o , deve suspender-
-se a ingestão de alimentos e n q u a n t o
persistira diarreia, limitando-se a to-
mar unicamente líquidos.

• V ó m i t o s devidos a gastrite ou indi-


gestão IOI.
• Leucorrcia (fluxovaginal anormal)
devida a inflamação tia vagina ou do
colo do ú t e r o 101. Aplica-se em irri-
gações vaginais, com uma cânula es-
pecial.
• H e m a t ú r i a ( s a n g u e na u r i n a ) ou
h e m o p t i s e s ( s a n g u e na e x p e c t o -
ração) IOI. Nestes casos é imperioso
procedei a exame médico e diagnóstico
prévios. Tenha-se em conta q u e o apa-
recimento de algumas gotas de san-
gue em q u a l q u e r s e c r e ç ã o do orga-
nismo p o d e dever-se, e n t r e o u t r a s
causas, a uma d o e n ç a maligna.
• Inflamações na boca c faringe: Fa-
ringite, amigdalite, altas, piorreia e,
cm geral, t o d o o tipo de inflamações
da mucosa da boca e da g a r g a n t a .
Nestes casos aplica-se em forma de
bochechos ou gargarejos IOI.
• Furúnculos c espinhas: A decocção
da raiz aplica-se em forma de cata-
plasma q u e n t e sobre a zona afectada,
que se renova cada 2 ou 3 horas IOI.
Facilita o seu a m a d u r e c i m e n t o e a eli-
minação das substâncias residuais
que possam conter. T a m b é m se p o d e
aplicar em forma de loção, m o l h a n -
do a pele f r e q u e n t e m e n t e c o m o lí- A decocção de cinco-em-rama é uma arma eficaz para combater as típicas diar-
quido da decocção. reias estivais. A sua ingestão deve ser a c o m p a n h a d a da abstenção de ali-
mentos sólidos enquanto persistir a diarreia.
• Frieiras: As c o m p r e s s a s com d e -
d u ç ã o de raiz de cinco-em-rama IOI,
ou os manilúvios ( b a n h o s de mãos)
são eficazes contra as frieiras e o u t r o s
transtornos circulatórios dos tecidos
dérmicos.

521
Psldíum
guajabaL

Goiabeira
Corta a diarreia
e tonifica

A GOIABEIRA é uma árvore


muito aromática que já era
cultivada pelos nativos mexi-
canos antes da chegada dos espa-
nhóis. E a goiaba é uma das frutas mais
Outros nomes: goiaba, guaiaba, araçauaçu, araçá-
-goiaba.
Esp.: guayabo común, guayabo casero, guayaba
dulce. guayaba agría, guayaba colorada, guayaba dei
Peru. Fr.: goyavier. Ing.: guava tree.
ricas em vitamina C, já que algumas va-
riedades têm cinco vezes mais desta vi- Habitat: Originária da zona tropical do continente
americano, desde o México até ao Brasil. Cultiva-
tamina do que a laranja. -se actualmente nas zonas quentes da América,
da África e da Ásia.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS FO-
LHAS e a CASCA da raiz da goiabeira
contêm abundantes substâncias tâni-
cas. Na América Central empregam-se
desde tempos imemoriais para com-
bater as diarreias e a disenteria IO!.
o Preparação e emprego

Aplicada localmente, sob a forma de


bochechos e gargarejos, a sua de- USO INTERNO
cocção também se torna útil nos casos O Decocção com 50 g de folhas
de estomatite {inflamação da mucosa e casca de raiz por litro de água.
bucal) e de faringite l©l. Ingere-se uma chávena cada 4
Os FRUTOS contêm mucilagens, horas, até que a diarreia tenha pa-
pectinas, pequenas quantidades de rado.
prótídos e lípidos, minerais (potássio, © Os frutos comem-se frescos, Descrição: Árvore da família das
cálcio, ferro e sobretudo fósforo) e vi- em geleia ou em doce. Mirtáceas que atinge até 6 mde
taminas A, B, e especialmente a C. altura. De casca lisa e parda, com
USO EXTERNO folhas elípticas e opostas. Dá flores
Têm propriedades anti-escorbúticas, brancas e uns frutos carnudos, com
remincralizantes e tonificantes. O seu © Bochechos e gargarejos, que
se fazem com a mesma decocção forma esférica e polpa branca ou
uso é especialmente indicado nos ca- rosada.
sos de esgotamento físico, desnu- descrita para uso interno.
Partes utilizadas: as folhas, a casca
trição ou debilidade 1©I. Proporcio- das raízes e os frutos.
nam um ligeiro efeito laxante.

522
Púnica
granatumL "Kl t i l

Romãzeira
Um potente vermífugo

N
OS TÚMULOS egípcios de há
mais de quatro milénios, têm-
-se encontrado restos de ro-
mãs. Também eram apreciadas pelo
povo israelita. Os gregos considera-
vam-nas como o símbolo do amor e
da fecundidade. Não admira que a ár-
vore das romãs tenha sido consagrada
à deusa Afrodite, pelas pretensas vir- Outros nomes: romeira. Brasil: romã.
tudes afrodisíacas dos seus frutos. Esp.: granado, [común], granada, granadillo, pomogranado, balaustia, magrano.
Dioscórides, no primeiro século da Fr.: granadier. Ing.: pomegranate.
Habitat: Oriunda da Pérsia e cultivada nos países mediterrâneos e no continente
nossa era, já recomendava a raiz da
americano, desde a Califórnia até à Argentina e ao Chile. Podem-se encontrar
romãzeira «para expulsar os vermes árvores em estado silvestre, que crescem em sítios onde os pássaros depositam as
largos do ventre», referindo-se sem suas sementes com os excrementos, depois de terem comido o fruto.
dúvida às ténias. No entanto, até 1800 Descrição: Árvore da família das Punicáceas, que pode atingir 4 metros de altura.
anos depois, não se voltou a utilizar Distingue-se pelas suas belas e inconfundíveis flores de cor vermelha forte, com o
contra os parasitas intestinais. cálice aberto. O seu fruto é a singular romã.
A romãzeira é uma árvore muito Partes utilizadas: a casca da árvore (especialmente da sua raiz), as flores e os
frutos (romãs).
bela e muito viajada. Os Fenícios trou-
xeram-na da Ásia Ocidental para o
Mediterrâneo, e os Romanos, e poste-
riormente os Árabes, espalharam-na
por todos os países do Sul da Europa.
n? Preparação e emprego
Os Espanhóis levaram-na para a Amé-
rica, onde se estendeu por todo o con- USO INTERNO O Infusão de flores: 20-30 g por li-
tinente. O Maceração em meio litro de tro de água. Pode-se acrescentar a
água, durante 24 horas, de 60 a 90 casca de uma romã por cada litro.
g de casca da raiz, seca. No dia se- Vai-se ingerindo à razão de uma co-
guinte põe-se a ferverem lume bran- lherada hora a hora, enquanto durar
do até que o líquido fique reduzido a a diarreia.
metade. Toma-se repartido em 2 ou
Precauções 3 dias, de manhã em jejum. Pode- USO EXTERNO
se adoçar com mel ou aromatizar
com essência de hortelã-pimenta. 0 Bochechos e gargarejos com a
Para as crianças em idade escolar, mesma infusão de flores e casca de
A casca da raiz da romãzeira não se basta utilizar 20-30 g de casca de romã que para o uso interno.
deve administrar a pessoas débeis raiz. Convém beber uma tisana la-
ou nervosas, a crianças lactentes ou xante (pág. 484) duas horas depois O Lavagens e Irrigações vaginais
a mulheres grávidas. Não exceder as de cada toma. com esta infusão bem filtrada.
doses indicadas.

523
Tanto pela beleza das suas flores
como pela singularidade dos seus
frutos, a romázeira sempre chamou
a atenção de botânicos e médicos.
Sabemos hoje que merece toda a
nossa atenção pelo seu valor como
alimento e como medicamento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cas-


ca da raiz, e em menor proporção a
do tronco e dos íamos, contêm di-
versos alcalóides, o mais importante
dos (piais é a pcllctiei ina; assim como
tanino; glicósidos de acção adstrin-
gente; e brometos. A sua proprieda-
de fundamental é a vermífuga: Faz
expulsar os vermes que parasitam o
intestino humano, com especial efei-
to no caso da lenia ou solitária 101.
A casca da romãzcira, especial-
mente da raiz, deve a sua acção aos al-
calóides que contém. Se, porém, es-
tes princípios activos forem adminis-
trados isoladamente, proâuzemse
efeitos tóxicos sobre o organismo, se-
melhantes aos que produz a nicotina
ou o curare: tremores musculares e
paralisia; os mesmos efeitos que de-
vem produzir sobre os vermes, per-
mitindo assim a sua expulsão pelo
ânus.
Fm contrapartida, é curioso que
esses mesmos alcalóides, misturados
com o tanino e o resto das substâncias
que formam a casca da romãzeira, são
bem tolerados, e os seus efeitos tóxi-
cos tornam-se insignificantes. Este
mesmo fenómeno se verifica com
muitas outras plantas, pelo que se
caso de uma pessoa que, no dia se- • Inflamação das gengivas (gengivtte)
prefere, sempre que seja possível, ad-
guinte àquele em que comera algu- e do tecido que segura os dentes aos
ministrar a planta completa e não
mas romãs com as respectivas mem- maxilares (periodontite ou parodon-
unicamente os extractos das substân-
branas interiores, expulsou uma lom- tOSe). A sua infusão aplica-se em bo-
cias que se crê serem mais activas. A
briga intestinal sem o pretender nem chechos e pode conseguir que se fir-
acção curativa das plantas deve-se à
esperar. mem os dentes frouxos.
sábia combinação dos seus compo-
nentes, e não a um princípio isolado. As FLORES e a CASCA do fruto
(romã) são adstringentes e levemen- • Faringite e amigdalite, em gargare-
A casca dos FRUTOS e as membra-
te diuréticas. São indicadas nos se- jos |©|.
nas que os dividem internamente
guintes casos:
lambem proporcionam uma certa
acção vermífuga, ainda que menoráo • Diarreias, gastrenterite e colite, to- • Lcucorreia (corrimento branco):
que a da casca da árvore. Deu-se o madas em infusão 101. Aplica-se em irrigações vaginais IOI.

524
Rhamnus
catharticaL
ÍÉ S H D D Q

Espinheiro-
-cerval
Um p u r g a n t e enérgico

D
ESDE o século XI que se en-
contram documentados os
efeitos exercidos sobre o in-
testino por esta planta, que lambem
se utiliza em veterinária para purgar
os animais.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS fru-


tos do espinheiro-cerva] são ricos em
glicósidos antraquinónicos, aos quais
se deve a sua acção purgativa enérgica
(catártica) que, segundo o eminente
botânico Font Quer, «nunca talha».
Não há quem resista sem evacuar, de-
pois de ter ingerido alguns frutos do
espinheiío-ceival IO,€>l. Também pro-
porciona um certo efeito diurético.

Administra-se como coadjuvante em


tratamentos anti-helrnínticos, com o
fim de favorecer a expulsão dos ver-
mes ÍO,0I.
Outros nomes: escambroeiro,
espinha-cervina, espinha-de-veado, O Preparação e emprego
espinheiro-cambra.
Esp.: espino cerval, cambrón,
aladierno, espino blanco, espino
hediondo. Fr.: nerprun [purgatif], USO INTERNO
épine de cerf. Ing.: [commonj O Sumo: Espreme-se um pu-
buckthorn, purging buckthorn.
nhado de frutos maduros e, do su-
Habitat: Originário da Ásia
mo obtido, que se pode adoçar
Precauções Setentrional. Encontra-se difundido
com me! ou açúcar, tomam-se de
pelos bosques e regiões
montanhosas da Europa e da manhã 2 ou 3 colheres de sopa.
América. 0 Xarope: Obtém-se acrescen-
Descrição: Arbusto espinhoso da tando ao sumo fresco o seu mes-
Deve-se usar com prudência, isto é, família das Ramnáceas, que atinge mo peso em açúcar e fervendo-o
em doses baixas, porque em gran- de3a5mdealtura. Tem flores em lume brando até que fique es-
des quantidades pode provocar for- pequenas, esverdeadas, com 4 pesso. Tomar de 3 a 6 colheres
tes contorções nos intestinos, vómi- pétalas cada uma. Os frutos são diárias.
tos e, inclusivamente, hemorragias in- umas bagas negras e carnudas,
testinais. com 3 ou 4 sementes cada uma.
Partes utilizadas: os frutos.

525
Rhamnus
fmngulaL 'Kl 14

Amieiro-
-negro
Laxante Ideal para a
prisão de ventre
crónica

O GRANDE botânico renascen-


tista, Andrca Mattioli, publi-
cou em 1554 uma edição co-
mentada da Matéria médica de Dioscó-
rides, em que dizia, segundo mencio-
na Font Quer, que «a casca do amiei-
ro-negro é um purgante muito suave, Outros nomes: frângula, sanguinho-da-água, lagarinho.
que limpa admiravelmente o fígado. Esp.: frângula, arraclân, aliso negro, avellano bravio, avellanillo. Fr.: bourdaine.
(...) Porém só deve ser empregada Ing.; [alder] buckthom, black alder [tree].
seca; verde produz vómitos.» Habitat: Abundante nos bosques e lugares húmidos da Europa. Em Portugal,
frequente nas margens dos rios, lugares húmidos, matos e sebes de todo o país.
Não passou despercebido, a este Conhecido e usado no continente americano, onde também se cria a espécie
ilustre pioneiro da botânica, o curioso Rhamnus purshiana (cáscara-sagrada, planta que figura a seguir a esta) cujas
processo que ocorre na casca do propriedades medicinais são semelhantes às da Rhamnus frângula.
amieiro-negro: fresca toma-se tóxica, e Descrição: Arbusto da família das Ramnáceas, de 2-3 m de altura, sem espinhos,
tem um intenso efeito vomitivo. Mas, com pequenas flores de cinco pétalas. Dá como fruto bagas de cor vermelha no
com o tempo, vai perdendo esponta- Verão, e negra brilhante no Outono, quando amadurecem.
neamente a sua toxicidade e adqui- Partes utilizadas. A casca seca do tronco e dos ramos.
rindo uma notável qualidade medici-
nal. A partir de um ano de secagem, a
casca desta planta torna-se um apre- &
ciado remédio contra a prisão de ven- Preparação e emprego & Precauções
tre.
Sabemos hoje que uma das enzi-
mas contidas na casca do amieiro-ne- USO INTERNO
A casca do amieiro-negro não se
gro, a ramnodiastase, oxida lenta- ODecocção com 20-30 g de deve tomar juntamente com bi-
mente os seus glicósidos antraquinó- casca triturada, envelhecida (de carbonato de sódio, sais de fru-
nicos de acção vomitava, convertendo- um ano pelo menos), em meio li- tos, leite de magnésia ou qualquer
-os em franguloemodina e ramnosc, tro de água. Ferver durante 20 mi- outro alcalino, pois o seu efeito
princípios activos medicinais. Este nutos. Se se deixar repousar du- fica notavelmente diminuído.
processo dura cerca de um ano, es- rante umas horas, aumenta a sua
Desaconselha-se o seu uso em
pontaneamente, embora o calor seco eficácia. Filtrar e tomar uma ou
caso de gravidez, lactação, mens-
artificial possa acelerá-lo. duas chávenas, de preferência à
truação ou crise hemorroidal (he-
noite, para produzir efeito na ma-
Quem terá sido a primeira pessoa morróidas inflamadas).
nhã seguinte.
que, talvez há milhares de anos, ob-
servou esta interessante transfor-
mação que tem lugar no amieiro-ne-

526
O amieiro-negro é um arbusto cuja casca tem
uma acção laxante suave e eficaz. Recomenda-se
nos casos de prisão de ventre crónica devida a
preguiça intestinal, q u e com certa frequência
aparecem em mulheres jovens.

gro? Graças à sua perspicácia, e à de prios dos laxantes irritantes. Tão-pou- vezes com efeitos secundários nada
muitos outros investigadores 'Anóni- CO produz peida de potássio e de ou- desejáveis. Estes doentes, que costu-
mos, podemos hoje desfrutar das pro- tros sais minerais, nem colite secun- mam ser mulheres, se quiserem ven-
priedades curativas das plantas. dária, factos que se observam fre- cer o seu desagradável transtorno, de-
quentemente nos utilizadores habi- vem seguir também uma dieta rica em
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Como fibra vegetal.
tuais de laxantes químicos. E, como se
já dissemos, os princípios activos da isto não bastasse, o intestino não se
casca do amieiro-negro são os glicosi- • Colerético: Como dizia o botânico
habitua ao seu emprego, pelo que os Mattioli, a casca do amieiro-negro
dos antraquinónicos, que lhe dão as
seus efeitos permanecem constantes também favorece o bom funciona'
segui mes propriedades:
mesmo que se utilize durante muito mento do ligado pelo seu efeito cole-
• Laxante de acção suave, mas eficaz tempo. Torna-se pois ideal para quem rético. Os doentes de hepatite aguda
IOI. Não provoca contorções intesti- sofra de preguiça intestinal há muitos e crónica, de diversas hepatopalias ou
nais, nem evacuações líquidas, nem anos e já tenha experimentado diver- inclusivamente de cirrose, benefi-
outros transtornos secundários pró- sos laxantes, sem grande êxito, e por ciarão com o seu emprego IOI.

527
Rhamnus
purshlana D.C.

Preparação e emprego
Cáscara-
•sagrada USO INTERNO
O Pó de casca: 0,2-0,3 g, três
Um poderoso vezes ao dia.
© Infusão: 3 g de casca por chá-
e recomendável laxante vena de água. Tomar até três chá-
venas por dia, com o estômago
vazio.

A CASCA desta árvore era usa-


da pelos índios do Far West
(extremo ocidental da Amé-
rica do Nono). Chamou rapidamente
a atenção dos espanhóis que coloni-
Outros nomes: casca-sagrada.
Esp.: cascara sagrada, aladierno.
Fr.: cascara. Ing.: [Califórnia)
buckthorn, sacred bark.
zaram a Califórnia. Como sucede com
a casca do a m i e i r o - n e g r o {Rhamnus Habitat: Bosques de coníferas da
costa ocidental dos Estados Unidos
frangida L., pág. 526), uma espécie se- e do Canadá. Não aparece na
melhante que cresce na Europa, a cás- Europa.
cara-sagrada não se deve tomar antes
Descrição: Arbusto ou árvore de 6 a
que tenha passado um ano depois de 12 m de altura, da família das
ter sido colhida e posta a secar, por- Ramnáceas, com folhas ovaladas de
que fresca tem efeitos tóxicos. nervuras muito proeminentes. A
casca tem uma cor parda ou
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cas-
acinzentada, e apresenta-se
frequentemente coberta de líquenes.
ca desta árvore contém glicósidos an-
traquinónicos (emodina, crisorlna), Partes utilizadas: A casca seca do
semelhantes aos do amieiro-negro, as- tronco e dos ramos.
sim como outros glicósidos (aloína,
crisaloína). O seu intenso eleito pur-
gativo, mais drástico do que o do
amieiro-negro, deve-se à combinação
de todos estes princípios activos.
Apesar de ser um purgante enérgi-
co, na dose terapêutica é muito bem to- Precauções
lerado, e não provoca fortes con-
tracções nem colite. Pode-se usar du-
rante longos períodos de tempo, coisa
que não acontece com outros laxan-
tes químicos. Ideal para casos de Usar com prudência na gravidez,
prisão de ventre crónica ou atonia in- lactação, menstruação, e durante
testinal, especialmente nos idosos a crise hemorroidal (produz con-
(0,01. gestão da pelve).
'lambem tem um suave eleito cola-
gogo c eupéptico, pelo que facilita o
funcionamento da vesícula biliar e a
digestão !©,©!.

528
Rheum officinale
Balllon

Ruibarbo
Laxante e t ó n i c o

O ruibarbo é uma das plantas de


utilização mais antiga com
Uns medicinais. É citado nos
escritos do imperador chinês Chen-
-Nung, 2700 anos antes de Cristo. Foi
Dioscórides quem, no século I d . C ,
introduziu o uso desta planta na Eu-
ropa.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz


do ruibarbo contém derivados antra-
cénicos (antraqtiinonas livres e glicó-
sidos) aos quais deve a sua acção la-
xante e purgante, assim como tani-
nos, que o fazem adstringente, tonifi-
cante e digestivo. Os seus efeitos de-
pendem da dose ingerida:
Preparação e emprego

USO INTERNO
O Pó de raiz: Apresenta-se ha-
bitualmente sob a forma de com-
Precauções primidos. As doses são as que se Outros nomes: rabãrbaro,
indicam no texto, em "Proprieda- rapôntico.
des e indicações". Recomenda-se Esp.: ruibarbo [común], ruibarbo
começar sempre o tratamento ten- oficinal, ruibarbo medicinal, ruibarbo
• O uso continuado do ruibarbo po- teando com doses baixas. Dose de la China. Fr.: rhubarbe.
de produzir colite, isto é, inflamação do máxima para adultos: 3 g diários; Ing.: rhubarb.
cólon ou intestino grosso. Desacon- para as crianças pequenas, não Habitat: Originário da Ásia Central e
selha-se o seu emprego nos seguin- exceder os 0,05 g por ano de ida- Oriental, especialmente da China. A
tes casos: de. sua cultura estendeu-se ao mundo
• gravidez, menstruação e hemor- inteiro.
® Infusão de raiz: Faz-se com
róidas, pois provoca uma congestão Descrição: Planta vivaz da família
5-10 g por litro de água. Tomam- das Poligonáceas, que atinge 1-2 m
sanguínea nos órgãos pélvicos, in- -se de meia a 3 chávenas a noi-
conveniente nestes casos; de altura. As folhas são grandes e
te, antes de deitar. Uma chávena palmadas, e o rizoma muito
• litfase renal, pelo seu abundante equivale, aproximadamente, a 1 abundante, de um sabor amargo
conteúdo em oxalatos, que entram na g de pó de raiz. característico.
composição dos cálculos renais. Partes utilizadas: a raiz.

529
• Doses baixas (0,1-0,5 g de pó de raiz
IOI ou meia chávena de infusão 101):
Predomina o efeito adstringente dos
taninos. Detém as diarreias, abre o
apetite e estimula as Iunções do estô-
mago (eupéptico: facilita a digestão) e
do fígado (colerético: descongestiona
o fígado e facilita a secreção da bílis).
Em resumo, tonifica e regula todo o
aparelho digestivo.
• Doses médias (0,5-1 g de pó de raiz
(Ol ou uma chávena de infusão (01):
Predomina o efeito laxante das an-
traquinonas. Provoca uma evacuação
praticamente sem cólicas 8 ou 10 ho-
ras após a sua ingestão. Apresenta um
acentuado efeito descongestionante
sobre o fígado.
• Doses altas (de 1-3 g de pó de raiz
IOI OU 2-3 chávenas de infusão 101):
Purgante enérgico e vermífugo.

-.M,

¥ Outros ruibarbos

Na Europa e na América, cultivam-se


várias espécies afins do ruibarbo co-
mum ou oficinal. As propriedades me-
dicinais das suas raízes e rizomas são
em todas elas as mesmas. Os ruibar-
bos usados em fitoterapia são:
• Ruibarbo-palmado (Rheum palma-
tum L), a que em Espanha se atribuí-
am, segundo a procedência que se su-
punha ter, as designações de 'ruibarbo
de Alexandria' ou 'de la índia'.*
• Rabárbaro {Rheum rabarbarum L.
= Rheum undulatum L.),** que, pro-
veniente da Ásia, se encontra espa-
lhado pela Europa e pela América do
Norte. Os seus pecíolos são co-
mestíveis.
• Ruibarbo-das-hortas ou rapôntico
(Rheum rhaponticum L. = Rheum undu-
latum Pall.), chamado em alguns luga-
res da América Latina 'ruibarbo-de-co- Em doses médias |0,5-1 g de pó de raiz), o ruibarbo é um laxante eficaz, cujo
mer\ pois além das suas raízes e rizo- efeito será reforçado se, ao mesmo tempo, também se comer em abundân-
mas medicinais, também os caules e pe- cia fruta reguladora da actividade intestinal como, por exemplo, a maçã.
cíolos são consumidos como verdura.
• Esp.: ruibarbo palmado. Ing.: Chinese
rhubarb, Turkey rhubarb.
" Esp.: rabárbaro.
"' Esp.: rapôntico.

530
Rlcinus
communls L
\

Preparação e emprego
Rícino
USO INTERNO
Purgante clássico O Como purgante, de 5 a 10 g
e seguro de óleo nas crianças, e de 15 a 30
nos adultos, tomado de manhã
em jejum.

USO EXTERNO
© Loções com o óleo sobre a zo-

D IOSCORIDES, no século I
d.C, já conhecia as proprieda-
des purgativas do óleo de ríci-
no, todavia este só começou a ser usa-
do na Europa a partir do século
na da pele afectada.
€) Cataplasmas com as folhas
frescas esmagadas.

XVIII.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As se-


mentes do rícino contêm cerca de
50% de óleo, ricinina (um alcalóide)
e i icina, uma glucoproteína muito tó-
xica (aglutina os glóbulos vermelhos
do sangue) que fica na polpa da se-
mente depois de se extrair o óleo.
Nas doses recomendadas, o ÓLEO
de rícino produz, algumas horas de-
pois de ingerido, um efeito purgante
suave, não irritante, sem cólicas nem
contracções. Resolve eficazmente os
casos de prisão de ventre, inclusive
nas crianças IO). No entanto, quando
se trate de prisão de ventre habitual,
é preferível adoptar medidas dietéticas
e outros laxantes mais suaves. E tam-
bém útil para expulsar parasitas in-
testinais.
Externamente, tanto o ÓLEO como as
folhas da planta são emolientes e ci-
catrizantes. Aplicam-se em eczemas,
herpes, erupções, feridas, queimadu-
Outros nomes: bafureira, carrapateiro, catapúcia, mamona, mamoneiro, palma-
ras, e contra a calvície, tanto em -christi, tabaibo. Brasil: bafureiro, baga, mamoneira.
loções como em cataplasmas 10,01.
Esp.: rícino, higuerillo, higuerilla, higuero, higuera dei diablo, higuera dei inlierno,
higuereta, palma de Cristo, palmacristi, tártago, castor, quen/a, piojo dei diablo,
mamona, crotón, cherva. alcherva, catapúcia mayor. Fr.: ricin, palma Christi.
Ing.: castor bean, [castor-]oil plant, palma Christi. México seed.
Precauções Habitat: Originário da África tropical, e difundido pelas regiões temperadas de todo o
mundo, Cultivado com fins medicinais.
Descrição: Planta herbácea em regiões temperadas; arbusto, e mesmo árvore em
regiões tropicais. Pertence á família das Euforbiáceas. Caracteriza-se pelas suas
A ingestão de 3 sementes pode ser folhas grandes palmadas e frutos rodeados de espinhos e contendo três sementes
mortal para uma criança, e de 10 ou no seu interior.
15, para um adulto. Partes utilizadas: o óleo das sementes e as folhas.

531
Rumex
patíentía L O] *

Preparação e emprego

Labaca USO INTERNO


O As foíhas comem-se como
Laxante e depurativa verdura.
© Infusão com 30 g de folhas
e/ou raiz seca triturada por litro de
água, de que se tomam 2 ou 3
chávenas diárias.
€) Sumo fresco das folhas: um
copo por dia.

USO EXTERNO
O Cataplasmas de folhas e raiz
esmagadas, que se aplicam so-
bre úlcera e chagas.

E STA PLANTA p e r t e n c e ao mes-


mo g é n e r o botânico da labaça-
-crespa [Rumex crispus Lu, pás.
696), d e p r o p r i e d a d e s m u i t o seme-
lhantes, e das azedas (Rumex acetoso L.,
pág. 275), d e q u e s e d i f e r e n c i a p o r
n ã o ter um gosto ácido, mas sim amar-
go. Todas elas se usaram c o m o verdu-
ra na Idade Média e em épocas de es-
cassez de alimentos.

P R O P R I E D A D E S E INDICAÇÕES: Toda a Outros nomes: paciência-dos-jardins.


planta contém em a b u n d â n c i a ferro e Esp.: romaza, romaza-común,
fósforo, taninos, e glicósidos activos [romazaj paciência, acedera vejigosa,
sobre os aparelhos digestivo e renal. A espinaca sin aroma. Fr.: patience
[communej. Ing.: sorrei, patience
sua raiz foi usada c o m o laxante segu- dock, spinach dock.
ro, embora actue tão l e n t a m e n t e q u e
Habitat: Bermas dos caminhos e
é necessário e s p e r a r várias s e m a n a s terrenos sombrios de regiões da
para se notar o eleito. Daí o n o m e de Europa Central e Meridional.
paciência. E antianémica ( p e l o seu Encontra-se em quase todo o território
conteúdo em ferro), depurativa e algo continental português, sendo muito
diurética. frequente nas searas. Naturalizada no
continente americano.
O seu uso é indicado nos casos de Descrição: P/anta vivaz da família das
prisão de ventre rebelde, nas curas de- Poligonáceas, que atinge 0,5-1 m de
purativas de Primavera, nos eczemas, altura. O caule e as grandes folhas têm as
na atonia do a p a r e l h o digestivo e nas nervuras avermelhadas. Tem cheiro acre e
anemias por falta de ferro IO.©,0I. sabor amargo.
Aplicadas externamente, as folhas e Partes utilizadas: as folhas e a raiz seca.
a raiz da labaça esmagadas têm eleito
cicatrizante sobre úlceras e chagas da
pele IO).

532
Sanguísorba
mlnor Scop. lO) f >. * ej "

Preparação e emprego
Pimpinela
-menor USO INTERNO
O Brotos crus em saladas e ou-
Adstringente e tros pratos.
digestiva © Decocção com 50-100 g de
raiz por litro de água, durante 15
minutos. Podem-se juntar também
as partes aéreas da planta. Inge-
rem-se 4 ou mais chávenas por
dia.

USO EXTERNO
€) Loções com a mesma de-
cocção que se usa internamente.
O Compressas empapadas com

O S BROTOS tenros primaveris


da pimpinela-menor utilizam-
-se cm saladas pelo seu sabor
agradável e refrescante. Àsemelhança
da pimpinela-olicinal (pág. 534), esta
o líquido da decocção.

planta também não era conhecida pe-


los grandes médicos e botânicos da
antiguidade clássica. O seu uso csten-
deu-se pela Europa a partir do Renas-
cimento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém quantidades impor-
tantes de tanino, um óleo essencial e Sinonímia científica: Poterium
vitamina C. São estas as suas proprie- sanguisorba L.
dades: Outros nomes: pimpinela,
• Adstringente e hcmostática: Graças pimpinela-hortense, sanguissorba.
ao seu elevado c o n t e ú d o em taninos, Esp.: pimpinela [menor], pampanilla,
seca e coagula as m u c o s a s e a pele. sanguisorba [menor], hierba dei
cuchillo, hierba cuchillera, hierba de
Obúveranvsc bons resultados no tra- la enjaretadura, perifollo, ensaiada
t a m e n t o das gastrites e gastrenterites italiana. Fr.: [petite]pimprenelle.
a g u d a s , inclusive a c o m p a n h a d a s d e Ing.: [small] burnet, salad burnet.
evacuações s a n g u i n o l e n t a s (disente- Habitat: Cresce em ribanceiras,
ria), e no t r a t a m e n t o das enterocoli- bosques e lugares incultos de toda a
tes mucomembranosas ( u m a forma Europa Central e Meridional, mas
grave de diarreia) dos lactentes IO,©). falta no Norte do continente
europeu. Também se encontra na
• Carminativa e digestiva: Pelo efeito América do Norte.
do seu óleo essencial, r e d u z o c o n - Descrição: Planta da família das
teúdo gasoso do intestino, e facilita a Rosáceas, de 0,2 a 1 m de altura,
digestão 19.81. que se caracteriza pelo seu caule
anguloso, de cor avermelhada, e
• Diurética: Efeito suave e b e m tole- pelas suas flores pequenas,
rado IO 01. terminais, e de cor esverdeada.
• Cicatrizante: A p i m p i n e l a - m e n o r Partes utilizadas: Toda a planta,
usa-se externamente para curar feridas incluindo a raiz.
e úlceras cia pele l€>,©*.

533
ulsorba
balis L M H ti.' •

Preparação e emprego
Pimpinela-
-oficinal USO INTERNO
Poderoso adstringente O Decocção de 100 g de raiz
num liíro de água, durante 15 mi-
nutos, a que se podem juntar as
partes aéreas da planta. Bebem-
se 3 ou 4 chávenas diárias.

USO EXTERNO
© A mesma decocção, mas mais
concentrada. Também se pode
usar o sumo fresco da planta es-
magada. Tanto a decocção como
o sumo se aplicam de qualquer
das seguintes maneiras: com-

E STA PLANTA foi d e s c o b e r t a e


utilizada a p a r t i r do Renasci-
m e n t o . Devido ao facto de os
seus ramalhetes florais terem o aspec-
to de coágulos de s a n g u e , acreditou-
pressas, bochechos e gargare-
os, e irrigações vaginais.

-se q u e a planta poderia ser útil para o


tratamento das hemorragias. Foi utili-
zada com este fim d u r a n t e vários sé-
culos e, r e c e n t e m e n t e , p ô d e verificar-
-se o acerto daquela intuição.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda


a planta é muito rica em t a n i n o . Con-
tém igualmente saponinas, flavo nas e
vitamina C. Isto explica as suas p r o -
priedades adstringentes, anti-hemor-
rágicas e anti-inflamatórias. Pela sua
Outros nomes: pimpinela,
acção adstringente, seca as células su- sanguissorba-oficinai.
perficiais da pele e as mucosas, e co- Esp.: pimpinela mayor,
agula os p e q u e n o s vasos s a n g u í n e o s . sanguisorba, sanguisorba oficinal.
• Internamente, o sen uso torna-se Fr.: grande pimprenelle, pimpinelte
des prés, sanguisorbe [officinale].
apropriado em diarreias agudas e cró- Ing.: great burnet, Italian pimpernel.
nicas, disenterias e gastrites (inclusi-
Habitat: Prados húmidos da Europa e
ve as hemorrágicas) MN, da América do Norte. Encontra-se na
• Externamente, t a n t o a d e c o c ç ã o co- metade norte da Península Ibérica.
mo o s u m o fresco da pimpinela-ofici- Descrição: Planta vivaz da família das
nal se aplicam em c o m p r e s s a s , para Rosáceas, que atinge até um metro de
c u r a r feridas e úlceras da p e l e ; em altura. Salientam-se as suas pequenas flores
gargarejos nos casos de estomatite (in- de cor púrpura, agrupadas em inftorescências
ovaladas. Tem um cheiro suave e um sabor
flamação da boca) e faringite (irri-
ligeiramente amargo.
tação da garganta); em lavagens anais,
Partes utilizadas: a planta inteira, incluindo a
contra as hemorróidas (desinflama-as
raiz.
e trava a hemorragia); e em irrigações
vaginais em caso de leucorreia e vagi-
n i t e (€>).

534
Sorbus
aucupariaL

Tramazeira
Adstringente
e rica em vitamina C

A
TRAMAZEIRA, que é uma
sorvei ia brava, não forma ar-
voredo, mas eucoutra-se iso-
ladamente entre outras árvores de
m o n t a n h a . Faz-se notai - pelos seus vis-
tosos frutos, q u e são u m a delícia para
os pássaros. Em algumas cidades é
plantada para o r n a m e n t a ç ã o . K u m a
árvore elegante e longeva: vive mais
de 100 anos. Outros nomes: sorveira, sorveira-dos-passarinhos, cornogodinho, escancerejo.
Brasil: sorveira-brava.
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Os fru- Esp.: serbal silvestre, serbal de cazadores, Iresno silvestre, manzano falso,
tos (sorvas) c o n t é m diversos ácidos acafresna, amargoso, margojo, azarollo borde, capudio, cerveltón, sevillano. sorbito.
orgânicos (sórbico, cítrico e suecíni- Fr.: sorbierfdes oiseleurs]. Ing.: rowan [tree], mountain ash.
co), açúcares, pectúlã, tanino e gran- Habitat: Disperso em regiões montanhosas de clima temperado de toda a Europa.
des quantidades de vitamina C (até 80 Em Portugal encontra-se em Trás-os-Montes e nas Beiras interiores.
mg p o r 100 g ) . Descrição: Arvore ou arbusto da família das Rosáceas, que atinge até 6 m de altura.
A casca é lisa e cinzenta, e as flores pequenas e brancas. Os frutos são umas bagas
Nos países g e r m â n i c o s a t r i b u e m - alaranjadas ou vermelhas, que pendem em cachos.
-se-lhe n u m e r o s a s p r o p r i e d a d e s , em- Partes utilizadas: os frutos (sorvas) cozidos ou secos.
bora as q u e r e a l m e n t e se comprova-

f
ram sejam apenas as seguintes: •Al»
• Adstringente: Devido ao seu c o n -
t e ú d o em tanino, dá bons resultados
O Preparação e emprego Sorveira
no t r a t a m e n t o das diarreias e colites,
tanto agudas c o m o crónicas IOI. Esta
acção adstringente é parcialmente USO INTERNO
c o m p e n s a d a pelo c o n t e ú d o em pecti- O As sorvas são comestíveis A sorveira {Sorbus domestica L.
na dos seus frutos, q u e exerce um sua- apenas quando estão bem madu- = Pyrus domestica Smith)* dá
ve eleito l a x a n t e . O r e s u l t a d o desta ras, no Outono, o que se reco- umas sorvas maiores que as da
acção combinada é um efeito regula- nhece porque se tornam mais es- tramazeira, que se parecem com
dor e normalizador do trânsito intes- curas e moles. Se forem comidas nêsperas, e que quando estão
tinal. antes de amadurecerem comple- bem maduras, já dentro do Outo-
tamente, deixam um forte sabor no, se tornam castanhas. Estes
• Antiescorbútico e tonificante: Pelo áspero na boca e tomam-se irri- frutos da sorveira cultivada são
seu c o n t e ú d o em vitamina C e ácidos tantes. Um punhado de sorvas por mais agradáveis de comer do que
o r g â n i c o s , r e s p e c t i v a m e n t e . Reco- dia já exerce acção terapêutica. os da tramazeira, embora as pro-
menda-se o seu uso em caso de carên- Podem-se deixar secar, ou então priedades de ambas as espécies
cia de vitamina ('-, doenças febris, gri- pode-se preparar com elas um pu- sejam muito semelhantes.
pes, catarros, e s g o t a m e n t o , e em pa- ré ou compota, depois de cozi-
cientes convalescentes ou debilitados " Esp.: serbal común, acerolo, pomar,
das. A dose normal de sorvas é de silva, mostajo.
IOI. 3 a 5 colheradas, 3 vezes ao dia.
• Diurético suave e emenagogo: Faci-
lita a menstruação IOI.

535
Tamaríndus
Indica L L. J J
Preparação e emprego

Tamarindeiro USO INTERNO


Refrescante O Polpa: Tomam-se de 20 a 40
g de polpa diluída em água, até
e laxante suave três vezes ao dia.
@ Infusão com 30 g de folhas
por litro, de que se tomam 3 chá-
venas por dia.

N OS PAÍSES dns Cara/bas e da


América Central usam-sc cor-
rentemente os refrescos à base
de polpa de tamarindeiro, que são ao
mesmo (empo doces e ácidos. Além
do seu agradável sabor, possuem al-
gumas virtudes medicinais.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A pol-


pa que envolve as sementes do tama-
rindeiro é muito rica em glícidos
(60%-(55%) e em ácidos orgânicos (cí-
trico, tartárico e málico). Também
contém pectina.
São estas as aplicações medicinais
da POLPA:
• Laxante suave: Devido ao seu con-
teúdo em glícidos e em pectina. Cos-
tuma assoe iar-sc ao sene-da-índia
(pág. 492) para reforçai- a sua acção.
Provoca a emissão de fezes moles sem Outros nomes: tamarindeira,
nenhuma cólica IOI. tamarinheiro, tamarinheira, tamarineiro,
• Colerético e colagogo suave: Indica- tamarineira, tamarindo, tamarinho. Brasil:
do nas afecções biliares e hepáticas, tamarina, maná-do-brasil.
pela sua capacidade de descongestio- Esp.: tamarindo, tamarindero, mandarin.
nar o ligado e facilitar o esvaziamento Fr.: tamarin, tamarinier [d'lnde). Ing.: tamarind.
da vesícula biliar IOI. Habitat: Originário da África Tropical, extensamente
distribuído e cultivado na índia e na América Central.
• Refrescante e tonificante: Reco- Descrição: Árvore que atinge até 25 m de altura, da família
menda-se o seu uso nas afecções febris das Leguminosas, de folhas perenes. Os frutos sào vagens
e durante os treinos desportivos IO,©l. pendentes, de 15-20 cm de comprimento, em cujo interior há
• As FOLHAS têm efeito anti-helinínti- uma polpa amarela que envolve as sementes.
co e vermífugo (destroem os parasitas Partes utilizadas: a polpa dos frutos e as folhas.
intestinais) e também adstringente
[01.

536
Tanacetum
vulgareL
J J
Preparação e emprego
Tanaceto
USO INTERNO
Um poderoso O Infusão com 5 g de sementes
anti-helmíntrco por chávena de água, que se in-
gere de manhã em jejum.
€> Capítulos florais secos: Po-
dem-se tomar directamente 2-5 g
de capítulos triturados e dissolvi-
dos num pouco de água. Passada

P OR ALGUNS dos nomes co-


muns desta planta se vê que, tra-
dicionalmente, a virtude me-
dicinal que se lhe reconhece é a anti-
-helmíntica. Os botânicos clássicos
uma hora, administrar um pur-
gante. Repetir até três dias con-
secutivos.

USO EXTERNO
não a conheciam, e não se encontra
registada antes do século XII. €) Enemas (clisteres) da mesma
infusão que se usa internamente,
para reforçar a acção vermífuga
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- da infusão
tém taninos, flavonóides e uma essên-
cia rica em tuiona, a que deve as suas
propriedades:
•Vermífugas: Paralisa os vermes in-
testinais (lombrigas e oxiúros), e em- Precauções
bora não chegue a matá-los, facilita a
sua expulsão se se tomar seguida-
mente um purgante IO,0,©I.
• Emenagogas: Provoca e regulariza a Respeitar as doses recomenda-
das: Em doses elevadas pode
menstruação MM.
produzir vómitos e convulsões.
Não se deve administrar às grá-
vidas.
%
y Balsamita

Outros nomes: atanásia, atanásia-das-


A balsamita (Tanacetum balsamita -farmácias, tanásia, erva-dos-vermes.
L)* é uma espécie semelhante ao ta- erva-de-são-marcos.
naceto (Tanacetum vulgare L), que Esp.: tanaceto, [hierba] lombricera,
também se usa como vermífugo. Ca- hierba de las convulsiones, hierba de
racteriza-se pelas suas folhas gran- Santa Maria, hierba de San Marcos.
des e pubescentes. Usa-se igual- plumilla, atanásia, anastasia, buen varón de
mente como antitússico e carmina- Jarava. Fr.: tanaisie, herbe aux vers, barbotine.
tivo (antiflatulento). Prepara-se em Ing.: tansy, bitter buttons, parsley tem.
infusão, com 15-20 g de folhas por Habitat: Difundido por toda a Europa excepto na região
litro, de que se tomam 3-4 chávenas mediterrânea. Naturalizado na América do Norte. Em
por dia. Portuga) encontra-se em Trãs-os-Monles e nas Beiras.
Descrição: Planta vivaz da família das Compostas, com
Quando se usa como vermífugo, to- caule erecto de até 90 cm de altura. Folhas divididas em
mam-se uma ou duas chávenas em numerosos folíolos dentados e aromáticos. Capítulos com
jejum, e passada uma hora é neces- flores amarelas e sem ligulas (espécie de pétalas grandes que
sário administrar-se um purgante. rodeiam os capítulos florais das Compostas).
Partes utilizadas: os capítulos florais bem maduros, com as sementes.
* Esp.: balsamita, hierba de Santa Maria.

537
PLANTAS PARA
O ÂNUS E O RECTO
talo DO CAPÍTULO

O
RECTO constitui o último tro-
J ço do tubo digestivo. Situa-se
na continuação do cólon sig-
D O E N Ç A S E APLICAÇÕES
móide e antes do ânus. Encon-
Anus, eaema 539 trasse rodeado por uma forte camada mus-
Anus,fissura 539 cular, cuja função é a de empurrar as fezes
Eczema anal 539 para o exterior.
Fissura anal 539
Hemorróidas 540 O ânus, por sua vez, está rodeado por um
Froctile 539 grosso músculo, conhecido como csfínctcr
Recto, inflamarão, ver Prodite 539 anal, capaz de actuar como uma autêntica
válvula controladora da passagem rias fe-
PLANTAS zes. A sua abundante enervaçâo sensitiva
torna-o muito sensível, de maneira que
Escrofulária 543
q u a l q u e r p e q u e n a lesão na mucosa que o
Silva 541
revcsie provoca uma d o r muito intensa.
Videira 544
T a n t o a porção inferior do recto c o m o o
â n u s se a c h a m r o d e a d o s de u m a extensa
rede de p e q u e n a s veias, conhecidas c o m o
p l e x o hemorroidal. As dilatações destas
veias constituem autênticas varizes anais, a
q u e se c h a m a h e m o r r ó i d a s .
Os banhos de assento
constituem o uso externo As plantas medicinais p o d e m contribuir
mais eficaz nas afecções do
ânus e do recto. Na página
de forma m u i t o notável para a cura das
65 dão-se pormenores afecções anorrectais. Tomadas por via oral,
acerca da sua execução. as plantas laxantes ricas em mucilagcns au-
m e n t a m o volume das fezes, la/endo-as
também mais moles, facilitando o seu trân-
sito pelo recto e expulsão pelo ânus.

As plantas q u e tonificam a circulação ve-


nosa evitam a t e n d ê n c i a para a dilatação
das veias h e m o r r o i d a i s . As plantas com
acção protectora capilar evitam o edema e
a inflamação q u e costuma acompanhai" as
hemorróidas em fase de inflamação aguda.

Aplicadas externamente em forma de ba-


n h o de assento ou de compressas .sobre o
ânus. as plantas adstringentes e cicatrizan-
tes lornam-se m u i t o úteis no t r a t a m e n t o
das hemorróidas e rias fissuras do ânus.

538
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

FISSURA ANAL RATANIA 196 Adstringente, anti-inflamatória Banhos de assento com a decocção
É uma pequena chaga na mu-
cosa anal, muito dolorosa (es- Reduz a inflamação anal, detém as
pecialmente a seguir à defe- CARVALHO 208 pequenas hemorragias que acompanham Banhos de assento com a decocção
cacão), normalmente causa- a fissura, favorece a cicatrização
da pela prisão de v e n t r e
(ver pág. 485). SFRPin 33R Anti-séptico. Lavagens com a infusão
3cto
° Muito apropriado para lavagens
O tralamento fitoterápico
consiste na aplicação de
banhos de assento com SENE-DA-IND.A 492 ^S^SSfSSS^ ^ ^ Infusão de folhas, extractos
plantas adstringentes moles e sem cólicas
(secam e cicatrizam) e ci- r-xr Suavi2ante, anti-inflamatória, acalma Maceração de sementes,
ZARAGATOA
catrizantes, assim como os incómodos das fissuras anais ingerida e aplicada em clisteres
Ratania na ingestão de plantas
Íaxantes suaves. Cataplasmas da planta fresca
PARIETÁRIA 582 Anti-inflamatória, emoliente
sobre o ânus

ECZEMA ANAL
Apresenta-se com comichão, enrubes- Ajuda a curar as irritações
Compressas com a infusão
cimento e irritação na mucosa anal. A MALVA 511 superficiais da pele
ou decocção de flores e/ou folhas
fitoterapia utiliza plantas emofientes e e das mucosas
cicatrizantes como a malva.

PROCTITE Clisteres com a infusão ou decocção


Suavizante
E a inflamação do recto, último troço do MALVA 511 - anti-inflamatória, cria uma de flores e/ou folhas, esta mesma
tubo digestivo. Os enemas com plan- camada protectora sobre as mucosas
infusão tomada por via oral
tas emolientes e anti-inflamatórias,
assim como a ingestão de plantas ri-
cas em mucilagem, como a zaraga-
toa, constituem o tratamento fitoterá- Suavizante, anti-inflamatória, Maceração de sementes,
pico.
ZARAGATOA 515 protectora das mucosas digestivas ingerida e aplicada em clisteres

As crianças sofrem com


certa frequência de
prurido (comichão),
eczema e fissura do
ânus. Para elas é mais
fácil aplicar as plantas
em compressas sobre o
ânus, do que por meio
do tradicional banho de
assento.
Cap. 21: PLANTAS PARA O ÂNUS E O RECTO

Doença Planta Pág. Acção Uso

HEMORRÓIDAS Reduz a inflamação anal,


d e t é m as
São dilatações venosas, ou seja, ver- CARVALHO 208 pequenas hemorragias Banhos de assento com a decocção
dadeiras varizes das veias que ro- que acompanham a fissura,
deiam o ânus e a parte inferior do rec- favorece a cicatrização
to. Além dos factores constitucio-
nais, a prisão de ventre, as gravide- CASTANHEIRO- Acalma a dor e reduz o tamanho Banho de assento com a decocção
zes e a vida sedentária são as princi- -DA-lNDIA 251 das hemorróidas de casca e/ou sementes
pais causas conhecidas.
A fitoterapia dispõe de plantas úteis Decocção de folhas e casca,
para a fase aguda da doença, como o AVELEIRA
253 bonifica a circulação venosa, banhos de assento com esta
carvalho ou a escrofulária, que se apli- hemostática
mesma decocção
cam em banhos de assento e com-
pressas sobre o ânus; e também plan- Decocção de gálbulos (frutos),
tas para evitar que se voltem a formar CIPRESTE 255 Tónico venoso potente
banhos de assento com a decocção
ou que continuem a crescer: laxantes
suaves como a zaragatoa (ver mais
nas págs. 484-485), e tónicos veno-
sos como a aveleira, o cipreste ou o
MELILOTO 258 Tónico venoso, protector capilar Infusão de sumidades floridas
meliloto (ver mais na pág. 249).
Re,orca a
LIMOEIRO 265 estabilidade dos capilares Sumo do fruto
e melhora a circulação venosa

AorcwTiNfl 571 Desinflama as hemorróidas Compressas sobre o ânus com a


ARGENTINA 371 e r e d u z .| h e s 0 t a m a n h 0 decocção de folhas e flores

CARDO-SANTO 444 Anti-séptico e cicatrizante Banhos de assento


com a decocção de folhas

Cataplasma sobre o ânus com a


ALFORVA 474 Desinflama e reduz as hemorróidas decocção de sementes, banhos de
assento com esta mesma decocção

Banhos de assento com a decocção


NOGUEIRA 505 Adstringente, anti-séptica, cicatrizante de folhas e/ou nogalina (cascas
verdes)
Escrofulária
7«D«o«Tft« KI K Suavizante, anti-inflamatória, A maceração de sementes aplicada
ZARAGATOA 515 a m o l e c e as f e z e s em clisteres ou tomada por via oral

Desinflama as hemorróidas Banhos de assento


TORMENTILA 519 e fá-las deixar de sangrar com a decocção do rizoma

ESCROFULARW 543 Acalma a dor das hemorróidas Lavagens ou banhos de assento


e reduz-lhes o tamanho com a decocção

Desinflama as hemorróidas Banhos de assento com a decocção


VIDEIRA 544 de folhas, tisanas desta mesma
e evita que aumentem de tamanho
decocção

NOVELEIRO 642 Activa a circulação venosa Decocção de casca seca

Lavagens e banhos de assento


Cicatrizante, anti-séptica, hemostática; com a infusão de sumidades floridas,
MILEFÓLIO 691 desinflama as hemorróidas compressas sobre o ânus empapadas
Aveleira
nesta mesma infusão

540
Rubus
fmtkx/susL
a a
Preparação e emprego
Silva
USO INTERNO
Melhora as O Decocção: 30-50 g de brotos
hemorróidas e trava as tenros e/ou folhas num litro de
água, durante 5-10 minutos. To-
diarreias mam-se até 3 chávenas diaria-
mente.
O Brotos tenros da Primavera:
Podem comer-se directamente, e
também exercem acção curativa
ao contacto com a mucosa bucal.
€)Sumo de amoras". Toma-se
fresco, de 1 a 3 copos por dia.

D IOSCORIDES já recomendava
as folhas da silva para o trata-
mento das hemorróidas. Os
seus frutos têm sido usados desde a
antiguidade na alimentação humana,
O Xarope: Prepara-se juntando
ao sumo o dobro do seu peso em
açúcar, se possível integral (es-
curo), aquecendo ao lume até que
se dissolva por completo. O sumo
e constituem uma excelente gulosei-
de amoras ou o xarope costuma
ma natural para crianças e adultos. misturar-se com a decocção para
Conhecem-se umas cem espécies reforçar o seu efeito e melhorar o
de silvas e muitas mais variedades, to- sabor.
das elas com as mesmas propriedades.
USO EXTERNO
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-
0 Decocção mais concentrada
lhas e os brotos tenros contêm abun- (50-80 g por litro) que para uso
dantes taninos, que os fazem adstrin- interno. Apiica-se em compres-
gentes e hemostáticos. Os frutos sas, banhos de assento, e em
contêm, além do tanino, glícidos (gli- bochechos e gargarejos.
cose e levulose), provitamina A, vita- ® Cataplasmas com folhas es-
magadas num almofariz. Aplicam-
-se sobre a pele afectada.

O Brotos de silva
contra o tabaco
Outros nomes: sarça. Brasil: nhambuí.
Esp.: zarza, zarzamora, zarzaneda, zarzón,
artos, cambronera, cambrón, espino negro.
Os fumadores que desejem encontrar Fr.: ronce [noire], múríer des haies.
Ing.: brambie, [EuropeanJ blackberry.
um novo método para deixar o taba-
co podem experimentar este remédio Habitat: Amplamente difundida por toda a Europa,
de comprovada eficácia: segurar en- nas bermas dos caminhos, ribanceiras e sebes.
Naturalizada no continente americano.
tre os dedos um broto tenro de sil-
va, mastigando-o lentamente. Descrição: Arbusto espinhoso da família das Rosáceas,
que atinge até 4 m de altura. As suas flores são brancas ou
0 sabor ligeiramente amargo e doce rosadas, com 5 pétalas. O fruto é composto por várias
que proporcionam cria uma certa pequenas drupas vermelho-escuras ou negras, cada qual
aversão ao tabaco e diminui o dese- com uma semente no seu interior.
jo de fumar, pelo menos enquanto se Partes utilizadas: as folhas, os cautes tenros e os frutos
mantém o broto de silva na boca. (amoras de silva).

541
Na fotografia superior vé-se
claramente a forma de tomar
um banho de assento contra
as hemorróidas, com uma
decocção de folhas e brotos
de silva.
As fricções com uma luva de
banho no baixo-ventre
contribuem para melhorar a
circulação sanguínea na
pelve, o que também favorece
a cura das hemorróidas.
Na foto inferior podemos
observar as deliciosas amoras,
que t a n t o atraem as crianças
e os adultos.

mina C c ácidos o r g â n i c o s (cítrico,


láctico, succínico, oxálico, salicflico).
TC'in as seguintes indicações:
• H e m o r r ó i d a s : A d e c o c ç ã o das FO-
LHAS e BROTOS de silva aplica-sc lo-
calmente em b a n h o s de assento ou
compressas, para d e s i n l l a m a r e evitar
q u e sangrem (©I.
• Diarreias, g a s t r e n t e r i t e s e colites,
pelo seu notável efeito adstringente.
As FOLHAS e BROTOS IOI sáo-no mais
do q u e os FRUTOS l©,OI, mas costu-
m a m tomar-se j u n t o s para reforçar os
efeitos dos primeiros e aproveitar o
sabor destes últimos. Para as crianças
p e q u e n a s com diarreia, administra-se
o s u m o das a m o r a s em p e q u e n a s co-
lheradas l©l, ou o x a r o p e q u e se pre-
para com eJe l&i.
• D o e n ç a s febris: O s u m o dos FRU-
TOS (as amoras) é refrescante e toni-
ficante, pelo q u e se torna muito apro-
priado para os doentes febris ou de-
bilitados I©I.
• A f e c ç õ e s b u ç o faríngeas: T a n t o a
d e c o c ç ã o das FOLHAS e dos BROTOS
IOI, c o m o os b r o t o s t e n r o s 101 e os
FRUTOS l©l, têm um efeito benéfico
sobre as aftas, gengivite (inflamação
das gengivas), e s t o m a t i t e (inflama-
ção da m u c o s a b u c a l ) , faringite e
amigdalite.
• Feridas, úlceras da pele e furúncu-
los: Aplicam-se lavagens ou compres-
sas com a d e c o c ç ã o I©1, ou cataplas-
mas com as FOLHAS esmagadas n u m
almofariz l©l. Ajudam a curar e cica-
trizar.
ularía

Preparação e emprego

Escrofularia
USO EXTERNO
Eficaz contra as O Lavagens e compressas so-
hemorróidas bre a zona afectada, com uma de-
coecão de 20 9 de planta por li-
tro de água.
© Banhos de assento com o lí-
quido dessa mesma decocçáo.

Precauções

O NOME desta planta deriva de


'escrófula', que é como se
conheci* a afecção tuberculo-
sa dos gânglios linfáticos. A raiz da
planta, cheia de* nódulos, lembra os
A escrofuiaria deve ser aplicada
unicamente em uso externo. In-
gerida, provoca vómitos e diar-
aspecto que apresentam os gânglios reias.
do pescoço inflamados pela tubercu-
lose. Quando não existiam tratamen-
tos eficientes contra esta grave do-
ença, a escrofularia era um dos remé-
dios mais populares.
Hoje continua a ter Aplicação nou-
tros tipos de nódulos, concretamente
nas hemorróidas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Outros nomes: escrofularia-nodosa.


planta contém saponinas, glicósidos Esp.: escrofuiaria, escrofularia nodosa, hierba de
flavonóides, diversos ácidos orgânicos los tamparones. Fr.: sccoíutaire noueuse.
e um alcalóide. Ing.: figwort, scrofula plant.
Em uso interno é diurética, embo- Habitat: Cria-se nas zonas montanhosas
ra, por causa da sua toxicidade, apenas e de clima temperado da Europa e do
se empregue externamente pelas suas continente americano, exceptuando
a região mediterrânea.
propriedades emoliente (acalma as in-
flamações da pele e das mucosas) e ci- Descrição: Planta vivaz, da
famfiia das EscroMariáceas, que
catrizante, devido ao seu conteúdo atinge de 60 a 90 cm de altura.
em saponinas. For isso se aplica em Apresenta um caule quadrangular,
forma de lavagens e compressas MM. de cujo extremo surge um ramalhete
de pequenas flores. Tem um cheiro
Torna-se particularmente útil no desagradável.
caso de hemorróidas, já que acalma a
Partes utilizadas: toda a planta.
dor que produzem e lhes reduz o ta-
manho IO,©l.
Também se aplica em abcessos, fu-
rúnculos e feridas infectadas 191.

543
Vhis vinifom L
& JJ El Ql •

Videira
Até a sua seiva
é medicinal

E XISTKM iu> mundo cerca de


3000 espécies cultivadas de vi-
deira, que produzem um dos fru-
tos nmi.s medicinais que se conhecem. To-
das as civilizações antigas cia região
Outros nomes: videira-europeia, vide.
Esp.: vid, vidcomún, vidueno, parra. Fr.: vigne. mg.: grapevine.
mediterrânea conheciam a videira e a
Habitat: Originária da Ásia Menor e amplamente difundida por todos os países
utilizavam amplamente. mediterrâneos, onde se podem encontrar plantas silvestres (var. lambrusca).
Tanto o fruto como as folhas e a sei- Actualmente cultiva-se nos cinco continentes.
va desta nobre planta possuem abun- Descrição: Arbusto trepador da família das Vitáceas, com flores de pequeno
dantes propriedades medicinais c tamanho agrupadas em cachos compostos. Os frutos, os bagos de uva, são bagas
constituem um excelente alimento- negras ou esverdeadas que contêm de uma a quatro sementes lenhosas.
-medicamento natural, inteiramente Partes utilizadas: as folhas, a seiva, as bagas (uvas) e as sementes.
isento de toxicidade Não podemos
dizer o mesmo do vinho, produto da
degradação e decomposição do sumo
de uva, em cujo processo de transfor-
mação perde as suas notáveis proprie-
O Preparação e emprego
dades medicinais e se torna numa
droga líquida com capacidade para
intoxicar, alterar a conduta e provocar USO INTERNO © Pedilúvios (banhos de pés) con-
dependência. O Decocção de folhas: 40-50 g de tra as frieiras, e para melhorar a cir-
folhas por litro de água. Tomar 3 ou culação sanguínea, com a mesma
O sumo de uva é rico em substân- 4 chávenas diárias, antes das re- decocção que para os banhos de as-
cias de elevado valor biológico: açú- feições. sento (ver quadro na pág. 545).
cares de grande valor nutritivo, pro- © Cura de uvas com fins depurati-
teínas, vitaminas e minerais. O vinho, vos (ver quadro na pág. 547). © Pó: Para estancar as hemorra-
pelo contrário, perde a maior parte © Óleo de sementes de uva (grai- gias nasais, inala-se o pó das folhas
dos açúcares, que se transformam em nhas): Consome-se como qualquer secas á maneira de rapé.
álcool durante a fermentação, assim outro óleo comestível, à razão de 2
como as proteínas e vitaminas. O a 5 colheradas por dia. © Seiva do sarmento: Recolhe-se
sumo de uva é alimento e remédio. O num frasco limpo, e aplica-se direc-
vinho, que nada mais é do que o pro- USO EXTERNO tamente sobre a pele ou os olhos.
duto da sua decomposição, é destituí- O Banhos de assento contra as he- Não se pode conservar, pelo que se
do de substâncias alimentícias. Pelo morróidas (ver quadro na pág. 545). usa unicamente na Primavera.
seu conteúdo em álcool torna-se irri-
tante para os órgãos digestivos, e em

544
especial para o fígado, mesmo em pe-
CP Banho de assento contra as hemorróidas quenas quantidades.
Tenha-se em conta que o álcool etí-
Com 1-2 litros da mesma decocção que anormalmente dilatadas, contraem-se, e lico contido no vinho (de 60 a 120 g
se recomenda tomarem uso inferno, pre- melhora a circulação do sangue que por litro) é um poderoso veneno
para-se um banho de assento. Verte-se corre por elas. para o organismo. Quando o sangue
o líquido da decocção numa banheira contém um grania de álcool por litro,
adequada (pág. 65) e acrescenta-se a Em caso de crise hemorroidal (infla- já se verificam sintomas de intoxi-
água necessária para cobrir o baixo-ven- mação aguda das hemorróidas), os me- cação etílica (euforia, falta de domí-
tre. A temperatura da água do banho de- lhores resultados conseguem-se combi- nio mental, perda de reflexos). Um
ve ser fria, tal como sai da torneira. nando, durante 2 ou 3 dias, as acções nível de 4-5 g por litro de sangue pro-
Recomenda-se tomar até 3 banhos diá- curativas da videira em todas as suas
voca a morte por coma e paragem
rios, de cerca de 5 minutos de duração formas:
respiratória. Os valores máximos de
cada um. Consegue-se com isto desin- alcoolemia (concentração de álcool
flamar as hemorróidas e até evitar que • tisanas com a decocção das suas fo-
lhas Kftl. no sangue) permitidos nos países oci-
aumentem de tamanho, devido à acção
venotónica das folhas da videira.
dentais paia os condutores oscilam
• banhos de assento com esta mesma entre 0,5 e 0,8 g por litro de sangue.
Na medida em que a tonicidade das pa-
decocção, embora mais concentrada.
redes das veias aumenta, as hemorrói-
Pondo de parte os elogios de poe-
das, que mais não são do que veias • cura de uvas (ver quadro na pág. 547). tas e gourmels, a única propriedade me-
dicinal do VINHO, lealmente reco-
nhecida e comprovada, é a anti-sépti-
ca, quando se aplica externamente
sobre as feridas, devido ao álcool que
contém.
Como tal se usou na antiguidade,
e foi recomendado por Pioscórides.
LL
' este o emprego eme se lhe dá na pa-
rábola do Bom Samaritano. Os anti-
gos mitos de que o vinho "faz san-
gue", ou de que o vinho é bom "para
o coração", foram completamente
desmentidos pelo progresso científi-
co, como aconteceu com outras plan-
tas e tratamentos antigos. Sabemos
hoje que o consumo habitual de be-
bidas alcoólicas produz anemia me-
galoblástica e miocardiopatia (dege-
nerescência do músculo do coração).
«O vinho, tomo-o nos cachos», di-
zia Louis Pasteur, o grande cientista
francês do século XIX. As proprieda-
des medicinais estão na uva e nas fo-
lhas da videira, como a natureza no-
las oferece, e não no vinho. Desacon-
selhamos o seu consumo, mesmo
A videira e os seus
quando é utilizado como veículo ou
frutos, as uvas, da
maneira como a dissolvente de algumas plantas medi-
natureza no-las cinais, pois em certos doentes os efei-
oferece, são uma tos secundários do álcool podem ser
bênção. Em mais importantes do que- os possíveis
contrapartida, efeitos curativos dos princípios da
q u a n d o se planta que nele se encontrem em dis-
transformam em
álcoo/, podem
solução.
converter-se na
origem de uma
O melhor vinho, o autêntico vi-
autêntica praga nho, é o sumo puro do fruto da vi-
social. deira. E O «vinho novo» (S. Mateus

545
Se seguirmos o exemplo que
nos deixou o eminente
cientista francês. Loms
Pasteur, de tomar o v i n h o
unicamente nos cachos,
ganharemos em alegria, saúde
e longevidade.

26:29) de que, na Ceia do Senhor,


Cristo deu a beber aos Apóstolos, e de
que Ele próprio bebeu.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas


as partes da videira possuem interes-
santes propriedades medicinais:
As FOLHAS, especialmente da vi-
deira-pveta, contêm taninos de efeito
adstringente, e abundantes flavonói-
des e pigmentos antociânicos, que
lhe conferem acção protectora sobre
OS capilares sanguíneos e hemostáti-
t a. Kmpicgam-se nos seguintes casos:
• Afecções circulatórias venosas: he-
morróidas, frieiras, varizes, pernas
cansadas ou inchadas por transtornos
da permeabilidade capilar ÍOl. E um
dos remédios vegetais mais activos con-
tra estas afecções. Nestes casos, para
reforçar o efeito, recomenda-se com-
binar as aplicações intenta e externa;
isto é, que além de tomar a decocção
de folhas, se podem fazer banhos com
esta mesma decocção IO Ol
• Gastrenterites, diarreias crónicas e
especialmente disenterias com fezes
sanguinolentas, pelo efeito adstrin-
gente e anti-hemorrágico que pos-
suem KM.
• Hemorragias: Particularmente útil
nos transtornos da menopausa, para
evitar as perdas frequentes de sangue;
também em caso de hipennenorreia
(regras demasiado abundantes); as-
sim como para normalizar o ciclo
menstrual na dismenorreia (regras
irregulares ou dolorosas) IOI. Detém de cepas» que os sarmentos "choram" se pode usar como colírio para a hi-
as epistaxes (hemorragias nasais) se ttsa-se com êxito desde tempos muito giene preventiva dos olhos. Contém
for aplicada directamente, aspirando antigos para curai- as irritações da pele açúcares, ácido lartárico, tartai aios e
o pó das folhas secas trituradas, além (eczemas e erupções diversas), e so- outros ácidos orgânicos. Possui pro-
de tomar a sua infusão 101. bretudo para lavar os olhos afectados priedades anti -inflamatórias e cicatri-
de blefarite (inflamação das pálpe- zantes.
A SEIVA da videira obtém-se cor-
tando os sarmentos na Primavera, an- bras), terçol, conjuntivite e queratite As UVAS contêm cerca de 16% de
tes de brotarem as folhas. Esta «água (inflamação da córnea) (Ol. Também açúcares (glicose, Icvulose e sacaro-

546
se); até 1% de p r o t e í n a s (10 g p o r
quilo); 0,5% de lípiclos; vitaminas A,
c o m p l e x o li, Cl c P; sais minerais, es-
o Cura de uvas

p e c i a l m e n t e de potássio e de ferro;
ácidos orgânicos, e p i g m e n t o s anto- Faz-se comendo de um a três quilos de uva madura
ciânicos na pele. Possuem proprieda- como único alimento, durante três dias, ou mesmo até
des tonificantes, descongeslivas, la- uma semana. As curas mais prolongadas devem fa-
xantes, depurativas e antianémicas zer-se sob vigilância médica. Se se digerirem cor-
l©l, A melhor forma de aproveitar to- rectamente, podem comer-se também as peles e as
das as suas virtudes é s e g u i n d o u m a sementes (grainhas) bem mastigadas. Também se
pode beber sumo de uvas reconstituído a partir de
cuia de uvas.
concentrado por ebulição, ou melhor ainda, recém-
espremido. E necessário verificar se os sumos for-
necidos em embalagens não contêm conservantes quí-
A CURA DE UVAS (ver q u a d r o ao micos.
lado) consegue um efeito depurativo
muito notável, o q u e em l e r m o s co-
loquiais se c o n h e c e c o m o "limpeza do
sangue", e q u e outra coisa não é senão
a e l i m i n a ç ã o das toxinas e r e s í d u o s
metabólicos q u e i m p e d e m o normal • dieta sobrecarregada (rica em pro- • hemorróidas;
f u n c i o n a m e n t o dos órgãos e tecidos. d u t o s animais g o r d o s ) ;
• afecções hepáticas (iónicas: hepati-
A cura de uvas exerce u m a acção an- • artritismo e gota; te:, cirrose, hipertensão portal;
ticongesiiva sobre todos os órgãos fia
digestão, e sobre o fígado de forma • hipertensão; • anemia, esgotamento físico;
especial. Os glícidos q u e a uva con- • excesso de colesterol no sangue; • falta de r e n d i m e n t o , astenia, stress.
tém são de fácil assimilação, e as pro-
teínas e g o r d u r a s são de g r a n d e valor • doenças renais: litíase renal, neíriíe
As SEMENTES (grainhas) da uva
biológico. Convém pois, em geral, a e nefrose, insuficiência renal;
c o n t ê m ácidos gordos polinsaturados,
todos os q u e desejem m e l h o r a r o seu • obesidade: a p e s a r da sua riqueza úteis no t r a t a m e n t o do excesso de co-
estado de saúde e, especialmente, nos em glícidos, o c o n t e ú d o calórico da lesterol. Empregam-se em forma de
seguintes casos: uva é inferior a 80 calorias p o r 100 g; óleo l©l.

o Banho de pés alternado com decocçao de lolhas de videira

Consegue-se um efeito benéfico mais intenso sobre a circulação veno-


sa dos pés e das pernas, se se prepararem dois recipientes:
• um com decocçao quen-
te de folhas de videira.
• outro com água fria.
Alternam-se 5 minutos em
banho de decocçao quen-
te com 10 segundos em
água fria. Fazem-se 3 ou 4
alternâncias, começando
sempre pela decocçao
quente e acabando com a
água fria. Depois de termi-
nar o banho, pode-se dar
uma massagem ascen-
dente aos pés.

547
PLANTAS PARA •

O APARELHO URINÁRIO
uMÁRio DO CAPÍTULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES Uretrite 555
Urina, cálculos,
Anti/inflamatórias urinárias, plantas . 549
ver Litíase urinária 550
Areias na urina, Urina, infecção, ver Infecção urinária . 554
ver Liíiase urinária 550 Urina, sangue na, ver Hematúria .. . .552
Bexiga, infecção, ver Cistite 554 Urinária, incontinência 555
Cálculos urinários, Urinária, infecção 554
ver Litíase urinária 550 Urinária, litíase 550
As plantas medicinais são Urinários, cálculos,
Cistite 554
muito eficazes na ver Litíase urinária 550
Cólica renal 551
prevenção das cólicas
renais. Diuréticas, plantas 556
PLANTAS
Edemas 552
Agave = Piteira 558
Enurese 555
Aipo 562
Hematúria 552 Aliaria 560
Hidropisia 552 Aljôfar 579
Incontinência urinária 555 Alquequenje 585
Infecção urinária 554 Arenária 596
Insufiáência renal, Barosma 567
Béhda 568
ver Nefrite e nefrose 553
Bisnaga 561
Líquidos, retenção, ver Edemas 552 Cacaueiro 597
Litíase urinária 550 Cana 566
Nefrite e nefrose 553 Cana-amarga 566
Nefrose 553 Cardo-corredor 573
Pedras na urina, vei' Litíase urinária . 550 Cardo-penteador 572
Cardo-marítimo 574
Piehnefrite 553
Carriço 559
Plantas anti-inflamatórias urinárias . 549 Cerejeira 586
Plantas diuréticas 556 Copatba 571
Renal, litíase, ver Litíase urinária .. . 550 Ébulo 590
Retenção de líquidos, ver Edemas . . . . 552 Engos = Ébulo 590
Rim, cólica 551 Erva-dos-nmros = Parietária 582
Rim, infecção, ver Pielonefrite 553 Feijoeiro 584
Gatunha 581
Rim, insuficiência,
Ginjeira 587
ver Nefrite e nefrose 553 Grama 559
Sangue na urina, ver Hematúria . . . . 552 Grama-francesa 559

548
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I !

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Grama 589 Salsa 583
Groselheira-espim 588 Salsaparrilha bastarda 592
Levístico 578 Sakapamlha-du-jamaica 593
l .ilospcrmo-americuno 579 Salsapamlhadas-honduras 593
Medronheiro 563 Salsapamlha-de-li.sboa 593
Melissa-bastarda 580 Sahaparrilha-filipina 593
Milho 599 Salsapamlha-mexkana 593
Morangueiro 575 Urze 570
Paliteira = Bisnaga 561 Uva-ursina 564
Parietária 582 Vara-de-ouro 594
Piteira 558 Vidoeiro = liêtula 568
Quaresmas 591 Zimbro 577

UASE todas as plantas medici-

Q
nais actuam sobre o rim, pro-
duzindo um aumento da
quantidade de urina. Esta ac-
ção diurética das plantas é re-
forçada pela água que faz parte das tisanas.
Aumentando o volume fia urina, as plan-
tas facilitam a função eliminadora de
substâncias residuais levada a cabo pelos
Plantas rins. Deste modo, contribuem para limpar
anti-inflamatórias urinárias o sangue e para a depuração do todo o or-
ganismo.
O ácido úrico e a ureia são duas das
substâncias mais tóxicas que o nosso orga-
São aquelas que combatem especifi- nismo produz continuamente, e que de-
camente a inflamação localizada nos vem ser eliminadas com a urina. São mui- Os frutos do morangueiro
órgãos urinários (nefrite, no rim; cis- (pág. 575), cujas folhas
tite, na bexiga; prostatíte, na prós- tas, e muito eficazes, as plantas que facili- vemos nesta foto, exercem
tata). Muitas destas plantas possuem tam a eliminação destes resíduos metabó- uma notável acção
também acção anti-séptíca urinária licos (ver págs. 556-557). depurativa e eliminadora
e diurética. do ácido úrico.
M plantas tornam-se altamente eficazes
para aumentar a solubilidade dos sais mi-
nerais que normalmente se dissolvem na
urina e que, quando deixam de fazê-lo, se
Planta Página
precipitam formando os cálculos uriná-
Douradinha 299 rios. Existem inclusivamente plantas que
Pilosela 504 podem chegar a dissolver os cálculos uri-
Zaragatoa 515 nários (o que não acontece com os cálcu-
Medronheiro 563 los biliares).
Uva-ursina 564 Visto que os princípios activos de muitas
Barosma 567 plantas se eliminam com a urina, quando
Copaíba 571 estes têm acção anti-séptíca ou antibiótica
combatem de forma muito eficaz as in-
Gatunha 581
fecções do aparelho urinário, desde os
Parietária 582 rins até à uretra.
Granza 589
Há também plantas que aumentam o
Vara-de-ouro 594 tono e facilitam a função da bexiga, com
Abóbora 605 o que melboram os casos de enurese e in-
Serenoa 610 continência urinária.

549
C í p . 2 2 : PLANTAS PARA O APARELHO

Doença Planta Pág. Acção Uso

LlTÍASE URINÁRIA Pelo seu conteúdo em vitamina A,


A litiase é o aparecimento de cálculos CENOURA 133 fortalece as mucosas urinárias, A raiz crua ou em sumo
rum meio liquido, neste caso, na urina. o que evita a formação de cálculos
Os cálculos formam-se por precipitação
ou concreção de substâncias que nor- Favorece a eliminação de ácido úrico,
malmente se encontram dissolvidas. GlLBARBEIRA 259 Decocção de raiz ou rizoma
depura o sangue
Por alguma razão de tipo fisico-químico,
as substâncias dissolvidas deixam de o
estar e formam um corpo sólido, cha- Impede que se formem cálculos renais
LIMOEIRO 265 Sumo do fruto
mado cálculo. e facilita a sua dissolução
0 tamanho dos cálculos é muito variá-
vel, desde as areias, facilmente elimi- Facilita a eliminação dos resíduos
náveis, até aos grandes cálculos que URTIGA-MAIOR 278 ácidos do metabolismo que íormam Sumo fresco, infusão
ocupam toda a pelve renal. as areias
Estas plantas exercem uma acção
preventiva muito notória sobre a for- Favorece a eliminação de areias
CEBOLA 294 Crua, sumo fresco, cozida ou assada
mação de cálculos. Podem mesmo che- e ácido úrico
gar a dissolver, nalguns casos, os que
já se encontram formados.
PRIMAVERA 328 Diurética e depurativa Infusão de flores
Para que estas plantas exerçam a sua
acção, é necessário
que seiam tomadas Diurética, facilita a eliminação Os frutos crus, assados, cozidos,
durante um certo MACIEIRA 513 do ácido úrico em sumo ou em decocção
tempo: entre um e
seis meses, des- Facilita a eliminação de areias,
cansando uma se- BÉTULA 568 Infusão de folhas e/ou gemas
impede que se formem cálculos renais
mana em cada mês.

CARDO- Facilita a eliminação do ácido úrico, Infusão de raiz


573
-CORREDOR "limpa os rins"

Favorece a dissolução de cálculos Cura de morangos


MORANGUEWO 575
renais

ALJÔFAR 579 Potente diurético, facilita a eliminação Infusão de sementes e folhas


do ácido úrico
Alquequenje
Diurética e anti-inflamatória dos
GATUNHA 581 órgãos urinários
Decocção de raiz

Facilita a eliminação de areias, Bagas frescas ou secas,


ALQUEQUENJE 585
impede que se formem novos cálculos decocção de bagas

Sedante da dor, anti-séptica,


GRANZA 589 facilita a dissolução dos cálculos
Decocção ou pó de raiz

Facilita a dissolução e expulsão


QUARESMAS 591 de cálculos urinários
Infusão ou decocção da planta

ARENARIA 596 Favorece a expulsão de cálculos Decocção da planta

CQQ Sedante e anti-inflamatório


Raiz de MAÍZ
das vias urinárias
Infusão de estiletes
gatunlia

ULMEIRA 667 dos°cák:eurosdÍSSOllJÇâ0 * e ' Í m Í n a Ç ã ° «0 de sumidades floridas

C— ™ S r ^ S S o s d o organismo C o c ç ã o , sumo fresco

550
A SAÚDE PELAS PLANTAS M t O l C I N M S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o
c
Doença Planta Pág. Acção Uso

CÓLICA RENAL
Também chamada, cólica do rim ou **»*. 167 S S s S e d a n t e ' Infusão de flores e folhas
cólica nefritica. É um quadro clínico
caracterizado por uma dor muito inten- VERBENA 174 Acalma as cólicas renais Infusão ou decocção da planta florida
sa que parte de um ou dos dois rins e
irradia para a região da virilha do mes- MAC ELA 350 Antiespasmódica, digestiva Infusão, pó ou essência de capítulos
mo lado.
Produz-se quando um cálculo fica en- Potente antiespasmódico e sedante,
cravado no uréter, fino tubo que une o ASSA-FÉT1DA 359 alivia as cólicas
A resina em forma de "lágrimas"
rim com a bexiga. A dor é produzida pe-
los espasmos do fino músculo que for- ABELMOSCO 362 Acalma as cólicas Infusão de sementes
ma a parede do uréter, com os quais
procura eliminar o cálculo encravado no Infusão de capítulos,
CAMOMILA 364 Sedante, antiespasmódica banhos com a infusão
seu interior.
O tratamento fitoterápico consiste ba- LÚCIA-LIMA 459 Antiespasmódica Infusão de folhas
sicamente em plantas antiespasmódi- Cataplasmas quentes com a farinha
cas e diuréticas, que relaxam o uré- LINHO 508 Sedante e anti-inflamatório das sementes
ter espasmado e aumentam a produção
de urina. Em aplicação externa, tor- Antiespasmódico muito eficaz
nam-se muito úteis as cataplasmas
BIZNAGA 561 sobre os órgãos urinários
Infusão de frutos
quentes de farinha de linhaça.
MEDRONHEIRO 563 Anti-séptico e anti-inflamatório urinário Decocção das folhas

BÉTULA 568 Diurética, facilita a eliminação de areias Infusão de folhas e/ou gemas

Diurético potente,
ALJÔFAR 579 facilita a eliminação do ácido úrico
Infusão de sementes e folhas

Diurética, anti-inflamatória, Infusão ou sumo fresco de caules


PARIETÁRIA 582
ajuda a eliminar os cálculos e folhas
Sedante da dor, anti-séptica, Decocção ou pó de raiz
GRANZA 589 facilita a dissolução dos cálculos
Facilita a dissolução e expulsão
QUARESMAS 591 de cálculos urinários Infusão ou decocção da planta
Medronheiro 596 Favorece a expulsão de cálculos
ARENARIA Decocção da planta

O abelmosco (pág. 362)


e outras plantas do
género Hibiscus'
produzem belas flores
como esta.
As suas sementes contêm
um óleo essencial de
acentuado efeito
antiespasmódico, muito
útil para acalmar as
cólicas como as do rim.
Tomam-se em infusão.

551
C a p . 2 2 : P L A N U S PARA O APARELHO URINÁRIO
/
f/

Doença Planta Pág. Acção Uso

EDEMAS ERVA- Diurética,


361 facilita a eliminação de líquidos Infusão de sumidades floridas
-COALHEIRA
Acumulação excessiva de liquidos nos
tecidos. Podem dever-se a causas re- Aumenta o volume da urina,
nais, quando os rins estão inflamados PlLOSELA 504 Infusão de planta fresca
desinflama os rins
(nefrite) e não produzem suficiente uri-
na, e a causas circulatórias. Em am- Diurética, regenera e desinflama
bos os casos, dá-se uma passagem da BÉTULA 568 os tecidos do rim Infusão de folhas e/ou gemas
água e do cloreto de sódio do sangue
para os tecidos. CARDO-
572 Diurético potente, depurativo Decocção de raiz
Quando há edemas pro- -PENTEADOR
duz-se um aumento
de peso corporal e CARDO- Diurético,
573 Infusão de raiz
uma diminuição do -CORREDOR elimina o excesso de ácido úrico
volume da urina.
As plantas que se GATUNHA 581 Diurético e anti-inflamatório urinário Decocção de raiz
recomendam têm
um eíeito diuréti- Aumenta a produção de urina,
VARA-DE-OURO 594
desinflama os rins Decocção de sumidades floridas
co suave e segu-
ro, capaz de con-
seguir a eliminação Diurético, sedante e anti-inflamatório
MILHO 599 renal Infusão de estiletes
dos liquidos reti-
dos nos tecidos.
ESPARGO 649 Diurético, estimula a função renal Espargos, infusão de raiz seca

Diurético, Infusão de folhas e flores


ORTOSSIFÀO 653
favorece a eliminação de líquidos

Bêtiita
CAVAUNHA 704 ^^sáK&dooíganismo Decocção. sumo fresco

HIDROPISIA LÍRIO-DOS- Infusão com folhas e/ou sumidades


218 Tonificante do coração, diurética
É um edema generalizado, que se -VALES floridas
manifesta como inchaço por todo o cor-
po. É geralmente devida a insuficiência ??, Aumenta a eficácia do coração, Preparados farmacêuticos,
DE D ALE IRA
cardíaca ou a transtornos metabólicos diurética infusão de pó de folhas
graves.
CARDO-
0 tratamento fitoterápico, que deve ser 572 Diurético potente, depurativo Decocção de raiz
-PENTEADOR
aplicado sob vigilância médica,
baseia-se em plantas com acção diu-
rética e sudorífica enérgica, que fa- EBULO 590 Diurético, elimina liquidos retidos Decocção de folhas e ou raiz
cilitam a eliminação de líquidos, assim
como em plantas card/oíõn/cas que
melhoram o rendimento cardíaco.
JABORANDI 759 Sudorífico, diurético, elimina líquidos Infusão de folhas

c.D.,^,.e™« -rct Diurético, purgante, Decocção da entrecasca (líber)


SABUGUEIRO 767 evita a retenção de liquidos

HEMATÚRIA
É a expulsão de sangue com a urina. ERIGERÃO 268 Hemostático, desinflama os rins Infusão ou decocção de folhas secas
Uma vez conhecida a causa, podem-
-se administrar por via oral estas plan-
tas de acção hemostátíca e adstrin-
gente, que actuam sobre os órgãos
urinários, nos quais se produz a hemor- PIMENTA- Infusão da planta fresca,
274 Detém as hemorragias
ragia. -D'ÁGUA pó de folhas secas

ClNCO-EM-
520 Detém as hemorragias, adstringente Decocção de rizoma e raiz
-RAMA

552
SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

NEFRITE E NEFROSE
PlLOSELA 504 Diurética, desinflama os rins Infusão de planta fresca
A nefrite, também chamada glomeru-
tonefrite, é uma inflamação do rim, ge-
ralmente de causa autoimunitária, que Os frutos crus, assados, cozidos,
se manifesta com urina escassa e san- MAriciaa ci o Diurética,
mAciEiKA DL3 f a c j|j t a a eliminação do ácido úrico em sumo ou em decocção
guinolenta, edema facial (inchaço da
cara} e hipertensão arterial.
A nefrose é outro tipo de afecção re- IA»*.. K/M Facilita a eliminação de toxinas, Cura de uvas
nal, que se caracteriza pela emissão de VIDEIRA t>44 1jmpa Q sangue„

quantidades importantes de proteínas


com a urina. D<HT... . KGB Diurética, regenera e desinUama
Em ambos os casos é necessária a as- Infusão de folhas e ou gemas
BÉTULA 568 ostecidosd5rim
sistência médica. Estas plantas po-
dem facilitar a regeneração do tecido
renal afectado. CEREJEIRA 586 Diurética suave rica em potássio Decocção de pedúnculos

SALSAPARRILHA- ego Diurética.favorece a eliminação


Infusão de rizoma ou raiz
-BASTARDA de ureia e ácido úrico

VARA-DE-OURO 594 j £ J g f 0 b Q m f u n c i o n a m e n t 0 r e n a , Decocção de sumidades floridas

CACAUEIRO 597 Diurético e anti-inflamatório renal Decocção de sementes

CQQ Diurético,
MILHO Infusão de estiletes
sedante e anti-inflamatório renal

Vara-deouro ABÓBORA 605 Diurética, anti-inflamatória renal Polpa da abóbora

BlCO-DE-
-CEGONHA
631 Diurética e anti-inflamatória renal Sumo da planta fresca

BORRAJA 746 ^ r m l L ^ o S ^ S n n r i r n Sumo fresco das folhas


(Mo e a eliminação de ureia e acido unco

PlELONEFRITE ASPÉRULA-
351 Diurética e anti-séptica urinária Infusão da planta seca
É a infecção da pelve e do tecido re- -ODORlFERA
nal, causada geralmente por diversos
microrganismos. Mani- Decocção ou maceração
festa-se com febre alta ih»-IICCIMA RAA Potente anti-séptico
UVA-URSINA 564 eanl H n fiamató>io urinário de folhas secas
e dores nos rins.
O tratamento fitoterápi-
co consiste em plantas
com acção antibióti- *—« 567 S i S S ^ r t f c «•*> *«*«
ca, antr-sépnea (de-
sinfectante) e anti-in-
flamatória sobre os URZE 570 Potente anti-séptico urinário, diurético £ " J X £ â o de r a m i n h o s ou sumidades
floridas
órgãos urinários, espe-
cialmente sobre o rim.
CEREJEIRA 586 Diurético suave e seguro Cura de cerejas

Barosma Antibiotico
CHACAS 772 muito eficaz sobre as vias Salada de folhas, infusão
respiratórias ou decocção de flores, folhas e frutos

553
C e p . 2 2 : P L A N T A S PARA O A P A R E L H O U R I N Á R I O

Doença Planta Pág. Acção Uso

INFECÇÃO URINÁRIA 2oç, Antibiótico perante as bactérias causadoras Cru, extractos,


ALHO
de infecção urinária, como a £. coli decocção de dentes de alho
Os micróbios que produzem as in-
fecções urinárias são bastante sensí- «fin Anti-séptico urinário,
ARANDO Sumo fresco dos frutos, extractos
veis aos antibióticos de sintese quími- evita as cistites repetidas
ca, mas têm a particularidade de se tor-
nar resistentes com certa rapidez. MURTA 317 Anti-séptico urinário Infusão de folhas e bagas
Os anti-sépticos e antibióticos contidos
nas plantas medicinais têm uma acção ASPÉRULA-
351 Diurética, anti-séptica urinária Infusão da planta seca
menos intensa que a dos sintéticos, -ODORiFERA
mas provocam menos fenómenos de
resistência nos micróbios, não de- GRAMA-
559 Anti-séptica e anti-inflamatória urinária Decocção de rizoma seco
primem as defesas do organismo e -FRANCESA
desinflamam os órgãos urinários. Cor-
rectamente utilizados, podem resolver
infecções urinárias de diversos tipos, MEDRONHEIRO 563 Anti-séptico, anti-inflamatório urinário Decocção de folhas e casca
especialmente nos casos crónicos ou
de repetição. Decocção ou maceração
UVA-URSINA 564 Potente anti-séptico urinário
de folhas secas

c7« Anti-séptico urinário,


URZE Decocção de sumidades floridas
acalma a ardência ao urinar

CEREJEIRA 586 Diurética, desinflama as vias urinárias Cura de cerejas

EQUINÁCEA 755 Aumenta as defesas orgânicas Decocção de raiz triturada, extractos

Infusão, cataplasmas quentes


TOMILHO 769 Diurético e anti-séptico no baixo-ventre
Antibiótico natural. Salada de folhas, infusão
CHAGAS 772
Elimina-se com a urina ou decocção de flores, folhas e frutos

CISTITE DOURADINHA 299 Anti-inflamatória das vias urinárias Decocção de frondes


É a inflamação da bexiga,
geralmente causada por Fornece mucilagens de acção
VIOLETA 344 Infusão de flores
bactérias que sobem pela • emoliente e anti-inflamatória
uretra vindas do exterior.
ERVA-
Tem tendência para se 361 Diurética, útil nas afecções urinárias Infusão de sumidades floridas
•COALHEIRA
repetir, especialmente
nas mulheres. As plantas Antiespasmódico, sedante, Cataplasmas quentes com a farinha
LINHO 508 anti-inflamatório
medicinais exercem uma sobre a bexiga
acção sobretudo Acalma os incómodos da cistite,
prevent/va de novas ZARAGATOA 515 favorece a regeneração Maceração de sementes
recaídas, mas para da mucosa irritada
isso devem tomar-se
de uma a três Potente anti-séptico urinário, Decocção ou maceração
UVA-URSINA 564 acalma a sensação de ardor de folhas secas
semanas depois de
passada a fase aguda.
Diurético e anti-séptico urinário,
BAROSMA 567 Infusão de folhas
alivia o ardor e a dor sentida ao urinar
Erva-coallieira
Aumenta a produção de urina, acalma
PARIETÁRIA 582 Infusão de caules e folhas
e desinflama os órgãos urinários
Diurética, anti-inflamatória, alivia os
VARA-DE-OURO 594 Decocção de sumidades floridas
incómodos da micção

ARENÁRIA 596 Diurética e sedante urinária Decocção da planta

DiuTético, sedante, anti-inflamatório


MILHO 599 urinário Infusão de estiletes

Sementes (pevides) frescas,


ABÓBORA 605 Desinflama e descontrai a bexiga
secas ou cozinhadas

554
A SAÚDE P E I A S PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

URETRITE NnruciPA «in^ Adstringente, anti-séptica, desinflama Lavagens à uretra (com uma sonda
É a inflamação da uretra, que é o ca- IMOGUEIRA sua a u r e t r a urinária) com a decocção de tolhas
nal de comunicação da bexiga com o
exterior. Costuma ser causada por bac-
térias, e em muitos casos acompanha- GRAMA-FRAN-
559 Anti-séptica e anti-inflamatória urinária Decocção de rizoma seco
da de cistite (pág. 554). CESA
As plantas medicinais contra a uretrite
aplicam-se por via oral e/ou por meio Decocção ou maceração
de lavagens com uma
UVA-URSINA 564 Potente anti-séptico urinário de folhas secas
sonda uretral.
Anti-séptica, regenera a mucosa Infusão de folhas, lavagens uretrais
BAROSMA 567 urinária e faz desaparecer os (com uma sonda urinária) com a
incómodos infusão

Copaiba COPAIBA 671 Anti-séptico e anti-inflamatório urinário, Bálsamo de copaiba


eficaz contra a blenorragia (destilação da resina)

ENURESE
É a emissão involuntária de urina, Aumenta o tono da bexiga e permite Decocção de gálbulos (frutos),
especialmente durante o sono. É bas- CIPRESTE 255 um melhor controlo do sistema essência, banhos de assento
tante frequente em crianças e adoles- nervoso sobre este órgão com a decocção
centes.
AMcterapia oteiece plantas como o ci-
preste, muito eficazes para aumentar
o tono da bexiga, e deste modo a sua
capacidade de reter a urina. Também
são de utilidade as plantas tonifican- HIPERICÃO 714
neív2sonte 6 e q u " i b r a d 0 r d ° S Í S t e m a Infusão da planta seca
tes e equilibradoras do sistema ner-
voso, como o hipericão.

INCONTINÊNCIA URINÁRIA
Deve-se habitualmente a causas mecâ-
nicas, como o desprendimento da be-
xiga nas mulheres em consequência Aumenta o tono da bexiga e permite Decocção de gálbulos (frutos),
dos partos, ou as sequelas das inter- CIPRESTE 255 um melhor controlo do sistema essência, banhos de assento
venções sobre a próstata. 0 cipreste nervoso sobre este órgão com a decocção
torna-se eficaz, tanto em infusão como
aplicado em banhos de assento.

O hipericão (pág.
714) LIS,i se no
tratamento da
enurese infantil.

A uva-ursina (pág.
564J é um potente
anti-septico urinário.

555
C í p . 2 2 : P L A N T A S PARA O APARELHO U R l N A R l

Acções das plantas diuréticas


Plantas diuréticas Segundo as substâncias residuais que eliminam
em maior quantidade, as plantas diuréticas
apresentam uma ou várias das seguintes
Aumentam a produção e o volume de urina prt aduzida tos rins. As ptan- acções medicinais:
tas diuréticas não só aumentam a elir mação de água mas tanibém ta-
• Natriurética ou diurética sódica: Quando
vorecem a eliminação de diversas su bstãncií s resid uais cor tidas na
facilitam especialmente a eliminação de sais
urina. Segundo o tipo de substância q ue elimir am corr maior ii itensida-
de, apresentam uma ou várias acções
sódicos como o CINa {cloreto de sódio ou sal
comum). Sáo ricas em potássio. As plantas com
acção natriurética recomendam-se especialmente
em caso de hipertensão arterial, edemas, afecções
cardíacas e curas de emagrecimento.
f

V7
• Clorúrica: Quando aumentam a eliminação de
j água e de diversos cloretos (de sódio, potássio,
/ amónio, etc.J. As plantas que exercem esta acção
sáo diuréticas de uso geral.
Plantas Página
• Uricosúrica ou diurética úrica: Quando
Cenoura 133 / actuam sobretudo eliminando ácido úrico com a
Cafeeiro 178 y urina. Muitas das plantas uricosúricas empregam-
-se como depurativas em caso de gota ou
Giesta 225 y
artritismo [reumatismo de origem úrica).
Visco-branco 246 / • Diurética ureica: Quando facilitam
Cipreste 255 y especialmente a eliminação de ureia, que,
Gilbarbeira 259 y / juntamente com o ácido úrico, é um dos resíduos
tóxicos do metabolismo das proteínas. As plantas
Erigerão 268 / diuréticas usam-se sobretudo quando existe um
Urtiga-maior 278 • certo grau de insuficiência renal {incapacidade do
rim para eliminar, com a urina, os resíduos tóxicos
Cebola 294 / do metabolismo).
Guaiaco 311 / • Oxálica e fosfatúrica: Quando favorecem
Énula 313 y y especialmente a eliminação, com a urina, de
Pulmonária 331 / oxalatos e fosfatos respectivamente. Estes sais
costumam ser causadores das areias e dos cálculos
Aspérula-odorífera 351 y
renais.
Erva-coalheira 361 y

Alcachofra 387 / y

Fumaria 389 y

Dente-de-leão 397 y /
Ananás 425 y y

Cardo-santo 444 /
Pilosela 504 y

Macieira 513 y
Piteira 558 y y

Grama-francesa 559 y y

Aipo 562 y

Uva-ursina 564 y

Cana 566 y y

Barosma 567 y
Bétula 568 y y y

Urze 570 y

Cardo-penteador 572 y y

Cardo-corredor 573 y

Morangueiro 575 y
O visco-branco fpág. 246), além de vaso-
Zimbro 577 y
dilatador e hipotensor, é um bom diuré-
Aljôfar 579 y tico de acção uricosúrica.

556
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 ° Parte: D e s c r i ç ã o

/
/ /
<f o^
Planta Página
Gatunha 581 / /
Parietária 582 / /
Salsa 583 •
Feijoeiro 584 / /
Alquequenje 585 • / /
Cerejeira 585 / /
Groselheira-espim 588 /
Granza 589 / / /
Quaresmas 591 / / /
Salsaparrilha-bastarda 592 /
Vara-de-ouro 594 ^ •
Arenária 596 / /
Milho 599 • / /
Bico-decegonha 631 / /
Espargo 649 • •
Ortossifão 653 / •
Ulmeira 667 • /
Freixo 669 • / /
Harpagófito 670 •
Azevinho 672 S /
Bardana 697 • /
Cavalinha 704 • / As vagens do feijoeiro (pág. 584) são
Calaguala 724 • / / diuréticas de acção natriurética (eliminam
Borragem 746 • / / • sódio) e uricosúrica |eliminam ácido úrico).
Usam-se com êxito em caso de edemas por
Choupo-negro 760 / / insuficiência cardíaca ou renal, e na
Sabugueiro 767 / / / retenção de líquidos que se produz nos dias
anteriores ã menstruação.
Também se empregam em caso de diabetes,
pois reduzem o nível de glicose no sangue.

O sumo fresco das folhas de borragem


(pág. 746) antes da floração é um
excelente diurético e depurativo do
sangue, capaz de eliminar as numerosas
substâncias residuais e impurezas que
circulam por ele, especialmente em caso
de doenças infecciosas.

557
Agave americana L
m *
Preparação e emprego
Piteira
USO INTERNO
Depurativo e diurético O Infusão com 30 g de raiz ou
de folhas secas trituradas num li-
tro de água, de que se bebem 3
ou 4 chávenas por dia, adoçadas
com mel.

C ONHECEM-SE mais de 150 es-


pécies de piteira ou agave, mui-
to semelhantes no aspecto e
nas propriedades que apresentam, re-
partidas pelo México e por toda a
USO EXTERNO
© Compressas com o sumo ou
seiva das folhas, que se aplicam
sobre a zona da pele afectada.

América Central, que eram emprega-


das pelos antigos Astecas com fins me-
dicinais. Foram introduzidas na Pe-
nínsula no século XVI, e espalharam-
-se rapidamente pela costa mediterrâ-
nica.
Da piteira e espécies similares, ob-
tém-se uma fibra com a qual se fabri-
cam cordas.
As folhas carnudas de algumas es-
pécies que se criam no México pro-
duzem uma seiva ou suco açucarado,
ali chamada 'aguamiel', a partir da
qual se preparam diversas bebidas ai'
coólicas muito tóxicas devido ao seu
elevado grau alcoólico, algumas das
quais conhecidas por 'pulque', 'mez-
cal' e 'tequila'.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas Sinonímia científica:


as plantas do género Agave contêm Í V • • k Ml Alliaria petiolata(B\eti.)Cav.
glicósidos estevóides, entre os quais se Outros nomes: agave, pita
destaca a hecogenina, assim como sa- Esp.: agave, [pita] maguey,
poninas. A eles se deve o efeito diuré- pita [americana], pitara, mezcal,
henequén, cabuya, cocuiza, calamaco.
tico e depurativo que a RAIZ e as FO- Fr.: agave [d'Amérique}.
LHAS exercem sobre o sangue, pelo ing.: agave, century plant.
que se usam com bons resultados em Habitat: Planta originária da América
caso de edemas e retenção de líquidos Central, própria dos terrenos altos e
(O). semiáridos. Extensamente cultivada no
vale de Oaxaca (México). Enconfra-se
No México e nos países da Améri- naturalizada nos países
ca Central, o agave usase tradicional- mediterrâneos, especialmente em
mente em doenças infecciosas, em parques e jardins.
transtornos digestivos e em casos de Descrição: Pfanía da família das AmanVídáceas, que se desfaça pefas suas
icterícia ou de hepatite. grandes folhas basais (de um metro ou mais de comprimento),
Exteriormente, o sumo ou SEIVA que carnudas, terminadas em ponta, e com os bordos espinhosos.
As flores reúnemse num caule central de até 6 mde altura.
mana do caule é vulnerário e cicatri-
zante. ApVica-se cm compressas sobre Partes utilizadas: a raiz, as folhas e a seiva.
contusões e feridas da pele 101.

558
I
Aa
r^ssr i. ol f.

Grama- Preparação e emprego

-francesa USO INTERNO

Diurética e emoliente O Decocção de 30-50 g de rizo-


ma seco por litro de água. Ferver
durante 10 minutos. Tomam-se de
2 a 4 chávenas diárias.

C OM AS fibrosas raízes desta


planta, considerada como erva
daninha pelos agricultores, ia-
bricam-se vassouras rústicas. Mas é no
sangue e nos rins que a raiz da grama
Grama
faz a varredela mais eficaz.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri-


zoma da grama contém uma substân- A grama vulgar (Cynodon dacty-
cia mucijaginosa, a trilicina, assim lon Pers. = Panycum dactyíon LJf,
como uma substância antibiótica, po- é conhecida por vários outros no-
tássio, sílica e diversos glícidos. Possui mes como grama-das-boticas e
propriedades diuréticas, anti-sépticas grama-portuguesa. No Brasil atri-
e emolientes. Por isso se usa como: buem-se-lhe os nomes de gra-
minha, grama-fina e capim-de-
• Anti-scptico e aiiti-inflamatório nos -burro.
casos de cistite, uretrite e infecções Nas zonas tropicais e subtropi-
urinárias em geral IOI. cais da América cultiva-se am-
• Diurético e depurativo, nos cálculos plamente para forragem, como
urinários, gota, artritismo e celulite relva ou para fixação de terrenos.
101. Apresenta um rizoma mais gros-
• Sudorífico em caso de doenças in- so do que o da grama-francesa,
fecciosas que se manifestam com fe- mas a sua composição e pro-
priedades medicinais são muito
bre (gripe, constipações, sarampo, es-
semelhantes,
carlatina, etc.) IOI.
«M« * Esp.: grama comum, grama fina,

¥ Carriço
gramilla, pata de gallina.

0 carriço ou carriço-da-areia (Carexare-


naria L)* ê uma planta de 20 a 50 cm de
altura que cresce nos solos arenosos do
Centro e Norte da Europa, assim como da
América do Norte, e que também se po-
de encontrar no litoral português.
0 seu rizoma usa-se principalmente co-
mo diurético e sudorífico. Também se
Sinonímia científica: Triticum repens L.
emprega pelas suas propriedades di-
gestivas e suavemente laxantes. Pre- Outros nomes: grama-canina, grama-da-tosse. grama-dos-nervos.
para-se uma infusão com 10-20 g de ri- Esp.: grama de las boticas, grama oficinal, grama dei norte, grama canina.
zoma por litro de água, de que se tomam Fr.: chiendent [commun]. Ing.: witch grass, couch grass.
3 chávenas por dia, com as principais re- Habitat: Difundida pelos terrenos cultivados ou baldios de todo o mundo.
feições. Descrição: Planta vivaz de 40 a 100 cm de altura, da família das Gramíneas, com
longos rizomas rasteiros providos de nós, dos quais partem pequenas raízes.
* Esp.: grama roja, zarzaparhlia de Alema-
nia. Partes utilizadas: o rizoma.

559
Preparação e emprego

Aliaria USO INTERNO


O Sumo fresco: A melhor forma
Diurética e anti-séptica de aproveitar ao máximo as suas
virtudes é utilizar o sumo fresco
da planta. Para isso tritura-se num
almofariz e espreme-se num pa-
no de algodão ou, de maneira
mais rápida, usando um aparelho
de fazer sumos. Tomar duas co-
lheradas de sumo depois de cada
refeição.

USO EXTERNO
© Lavagens: As feridas e úlce-

E STA PLANTA tem um a r o m a ras da pele lavam-se com água


muito s e m e l h a n t e ao do alho, e fervida, a que se acrescentam
partilha c o m ele a l g u m a s das duas colheradas de sumo fresco
suas n o b r e s virtudes. R e c o m e n d a - s e por cada copo.
utilizar a planta fresca, p o u c o d e p o i s © Compressas: depois de lava-
de ter sido colhida, pois perde proprie- da a ferida, coloca-se-lhe em ci-
dades quando seca. I lá q u e m acrescen- ma um pano de algodão embebi-
te à salada os seus brotos tenros da Pri- do nessa mesma água com sumo
mavera, o q u e l h e dá um s a b o r esti- fresco.
mulante.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta c o n t é m glicósidos sulfurados
semelhantes aos do a l h o (pág. 2 3 0 ) ,
além de sinigi ina (glicósido p r e s e n t e
também na mostarda, pág. 663) e óle-
os essenciais.
Tem p r o p r i e d a d e s diuréticas, esti-
mulantes e anti-sépticas. É útil nos se-
guintes casos:
• A s t e n i a e fadiga primaveris. Muito
a p r o p r i a d a para Fazer u m a c u r a de-
purativa. R e c o m e n d a d a especialmen-
te aos obesos, gotosos, artríticos e hi-
pertensos IOI.
• Feridas renitentes e úlceras da pele. Sinonímia científica: Miaria petiolata (Bieb.) Cav.
Depois de lavadas com sumo fresco de Outros nomes: erva-alheira, erva-dos-alhos.
aliaria 101, cicatrizam mais rapida-
Esp.: Aliaria, hierba dei ajo.
m e n t e , graças à acção revitali/.anie e Fr.: alliaire officinale. Ing.: hedge garlic.
desinfectante da planta.
Habitat: Frequente em regiões montanhosas e frias da
Depois de se lavar a ferida, para re- Europa. Também se encontra no continente americano.
forçar o efeito cicatrizante, pode-se Descrição: Planla herbácea de 30 a 90 cm de altura, da família das Crucileras.
colocar sobre ela uma compressa ou O seu aspecto ê semelhante ao da mostarda.
penso de algodão e m b e b i d o no mes- As flores são brancas e agrupam-se num cacho terminal.
mo líquido (água com s u m o fresco de Partes utilizadas: A planta inteira fresca, sem a raiz.
aliaria) IOI.

560
Amml vtenaga
(L)Lam. m4 ® IJJ J •
Preparação e emprego

Bisnaga
USO INTERNO
Um potente O Infusão com 30 g de frutos
espasmolítico em meio litro de água. Depois
de coada, tomam-se por dia 3
chávenas adoçadas com mel.

O S AMANTES da vida natural


gostarão de saber que os raios
que formam as umbelas desta
planta, uma vez secos, são magníficos
palitos para os dentes. Além disso,
têm a vantagem de libertar um agra-
dável aroma.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
princípios activos da bisnaga, conhe-
cidos como furanocromonas (glicósi-
dos cumarínicos), encontram-se nos
frutos. Todos eles têm um acentuado
efeito antiespasmódico, pelo que se
tornam úteis nas seguintes enfermi-
dades: cólicas nefrílicas (ajuda a ex-
pulsai* os cálculos, pois tem também
um efeito diurético), asma (pelo seu
efeito broncodilatador), angina de
peito (pelo seu efeito vasodilatador),
e, em geral, sempre que se trate de
descontrair as diferentes vísceras ocas
e canais do organismo IO).

Espécie afim: Ammi majus L.


~ *
m. \& Outros nomes: bisnaga-das-searas, paliteira; A majus:
âmio-maior, âmio-vulgar.
Esp.: biznaga, ami, escarbadienies, dauco, gingidio, fistra;
A. majus: ami [vulgar], ameo [bastardo], peria. Fr.: herbe
aux gencives; A. majus: ammi [officinal). Ing.: spanish
carrot; A majus: bishop's weed.
Habitat: Cresce espontaneamente em terrenos incultos e
secos da região mediterrânea, de onde è originária. Foi
introduzida na Europa Central e na América do Norte.
Descrição: Planta anual, da família das Umbeltferas, que
atinge até um metro de altura. As flores dispõem-se em
}'^^i\» *áÉI' ( umbelas que podem ter até 80 ou 100 raios. A espécie
Ammi visnaga diferencia-se da Ammi majus (aquela que
Todas as vísceras ocas estão co- aparece no desenho), por serem as folhas da primeira
bertas por uma camada muscular,
que pode cair em espasmos, cau- mais estreitas e estarem divididas em firas.
sando dores intensas. A bisnaga Partes utilizadas: os frutos.
pode vencer os ditos espasmos.

561
ApiumgrnvoolensL f\ w

Preparação e emprego

Aipo USO INTERNO

Um grande depurativo O Saladas: As folhas e os cau-


es comem-se crus juntamente
e tonificante com outras verduras e hortaliças
também cruas.
© Caldo: O aipo e a cebola jun-
tos são componentes fundamen-
tais de todo o tipo de caldos de-
purativos, os quais se preparam
fervendo-os com diversas verdu-
ras e hortaliças.
© Infusão com 5-10 g de frutos
por chávena de água. Toma-se
uma chávena depois de cada re-
feição.
O Decocção com 40 g de raiz

O AI PO é ingrediente essencial
em todos os caldos e receitas
depurativas, juntamente com
a cebola (pág. 294), a urtiga (pág.
278), a couve (pág. 433) e o limão
por litro de água. Ingerem-se 2
3 chávenas por dia.
© Sumo fresco das folhas e dos
caules, obtido em liquidificadora.
(pág. 265). O óleo extraído das se- Os seus efeitos diuréticos e de-
mentes e da raiz tem fama de ser afro- purativos ficam reforçados mistu-
disíaco. rando-o com sumo de limão.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém um óleo essencial que
actua sobre os rins, glicoquininas, um
glicósico (apiina) cumarina e oleor-
resina, além de substâncias nitroge- Precauções
nadas e vitaminas B e C. Eis as suas
propriedades:
• Diurético e depurativo: Favorece a
eliminação de urina e, com ela, de re- As grávidas devem evitar o aipo,
síduos tóxicos do metabolismo, como já que pode provocar contracções
a ureia e o ácido úrico. Diz FontQuer uterinas.
que «faz urinar o mais renitente». E
recomendado aos que sofram de al-
gum grau de eficiência renal, gota ou
artritismo, assim como no caso de lití- Outros nomes: aipo-bravo, aipo-silvestre, aipo-
ase urinária (pedras no rim) (O.©.©. •hortense, aipo-dos-charcos, aipo-doce, salsa-
01. Além disso, é ligeiramente febrí- -do-monte. Brasil: aipo-do-rio-grande.
fugo. Esp.: apio, panul, palustre, apio comum, apio de
huerta, apio acuâtico, apio bravio. Fr.: céleri.
• Aperitivo e tonificante: Comunica Ing.: ceiery.
uma sensação de bem-estar c vitalida- Habitat: O silvestre é próprio dos terrenos salitrosos das costas
de. O sumo de aipo é muito útil como da Europa. Cultivado em todo o mundo.
tonificante geral e remineralizante, as- Descrição: Planta bienal da família das Umbeliferas, que atinge de 30 a 90 cm de
sociado a sumo de tomate, cenoura e altura. Ê facilmente reconhecido pelo seu caule erecto e canelado, pelas folhas de
limão 101. Recomendável para os que cor verde-escura e pelo seu peculiar aroma.
sofram de esgotamento ou depressão Partes utilizadas: as folhas, a raiz e os frutos.
nervosa.

562
Arbutus unedoL
' M <fc

Medronheiro
Anti-séptico urinário
e adstringente

O MEDRONHO, que figura,


juntamente com o urso, no
brasão de Madrid como sím-
bolo da capital espanholará era co-
nhecido por Dioscórides no século I
d.C. e pelo naturalista romano Plínio,
o qual parece que dizia, referinclo-se
a este fruto: «Unum edo» (eu corno
um), de onde terá surgido a desig-
nação latina de unedo.
Os medronhos podem fermentar
na árvore e chegar a conter 0,5% de
álcool. Por isso um dos nomes espa-
nhóis dados ao medronheiro é «bor-
rachín» (borracho, pessoa que anda Outros nomes: ervedo, èrvedo, êrvodo,
sempre um pouco embriagada). ervedeiro. Brasil: árvore-de-morangos.
Esp.: madrono, madrono común, madrohera,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS alborocera, albornio, borto, borrachín, arbol de las
FRUTOS do medronheiro contêm açú- fresas. Fr.: arbousier, arbee aux fraises. tng.: arbutus.
cares, ácidos orgânicos, pectina e ta- strawberry tree.
nino. São adstringentes, e não convém Habitat: Bosques de azinheiras e montanhas baixas da Europa Mediterrânea.
Conhecido em algumas regiões da América Central e do Sul. Encontra-se em quase
abusar deles HM. todo o continente poduguês.
As FOLHAS e a CASCA do arbusto Descrição: Arbusto de tolha perene, de 2-3 m de altura, da família das Ericaceas.
possuem até 36% de tanino, que as As suas flores brancas ou verdes, com a forma de guizo, apresentam-se em cachos.
torna muito adstringentes, e arbutina, O fruto é uma baga de cor vermelha quando amadurece.
um glicósido que tem acção anti-sép- Partes utilizadas: os frutos, as folhas e a casca.
tica e anti-inflamatória sobre o apa-
relho urinário. Usam-se para COmbai
ter as infecções minarias, as cistites, os
cálculos e cólicas renais, assim como
O Preparação e emprego
em caso de diarreias e disenterias 101.

USO INTERNO
Precauções O Os frutos (medronhos) co-
mem-se frescos, ou em doce.
@ Decocção com as folhas e a
Os frutos maduros do medronheiro casca do arbusto secas, que se
podem atingir um certo grau alcoóli- prepara com 30 g por litro de
co, dado que o processo de fermen- água. 8ebem-se 2 ou 3 chávenas
tação se pode iniciar na própria árvo- por dia no caso de infecções uri-
re. Por isso, e pelo seu notável efeito nárias, e 4 ou 5 em caso de diar-
adstringente, não convém comer mais reia.
de um punhado de medronhos por
dia.

563
r
Aictostaphybs \ I ^
i/va-unj/(L)Spren. 5\l ^

Uva-ursina
Poderoso anti-séptico
urinário

Q UANDO ainda havia ursos


nas montanhas da Europa,
gostavam de alimentar-se
das pequenas bagas da uva-
-ursina que, pela sua forma e sabor,
parecem pequenas maçãs Quinhentas. Slnonímia científica: Arbutus uva-ursiL.
São comestíveis, embora as proprie- Outros nomes: buxulo, medronheiro-rojante, medronheiro-ursino. uva-de-urso.
dades medicinais da planta residam Esp.: gayuba, uva de oso, uva de zorro, manzanilla de pastor, madrono rastrero.
sobretudo nas folhas. Fr.: raisin d'ours, busserole. Ing.: bearberry, bear's grape.
O uso da uva-ursina remonta a épo- Habitat: Embora seja oriunda do Norte da Europa e da Ásia, acha-se actualmente
cas muito antigas nos países do Norte expandida por toda a Europa e América do Norte. Em Portugal encontra-se nas
charnecas e matas do Norte do pais.
da Europa, mas os grandes botânicos
clássicos gregos e romanos desconhe- Descrição: Subarbusto lenhoso da família das Erícáceas, que atinge de 15 a 30 cm
de altura. Tem caules longos e rasteiros. As folhas são perenes, carnudas,
ciam esta planta. No século XVIII já pequenas e de cor verde escura. As flores são arredondadas, brancas ou rosadas.
eram conhecidas, em ioda a Europa c Dá fruto em bagas de um tom vermelho brilhante.
América, as excelentes propriedades Partes utilizadas: as folhas.
desta planta para o tratamento das do-
enças das vias urinárias.
Actualmente, as suas propriedades
já foram confirmadas pela investi-
gação científica. Trata-se de um re-
médio muito valioso para os doentes
li Preparação e emprego
das vias urinárias. Por isso se elaboram
diversos preparados farmacêuticos à USO INTERNO mam-se 3 chávenas por dia, ligeira-
base de extracto de uva-ursina. O Decocção: 50-60 g de folhas se- mente aquecidas. É uma boa alter-
cas e trituradas, humedecidas pre- nativa para tomar a uva-ursina sem
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo- viamente durante 3-4 horas, por ca- sofrer os efeitos indesejáveis do tani-
lhas da uva-ursina contêm taninos da litro de água. Ferver durante 15 no; ainda que, assim, os efeitos da
abundantes, que lhes conferem uma minutos e tomar uma chávena cada planta sejam menos intensos do que
acção adstringente, glicósidos llavo- 3-4 horas. Não convém espaçar mais os que se obtêm com a decocção.
nóides, que determinam a sua acção as tomas, pois os princípios activos © Existem diversos preparados
levemente diurética, e matérias gor- eliminam-se rapidamente pela urina. farmacêuticos à base de extracto
das e resinosas. Mas o princípio activo @ Maceração: 50-60 folhas num li- de uva-ursina, que o médico pode
mais importante é a arbutina, glicósi- tro de água. Deixam-se repousar du- receitar de acordo com a situação do
do fenólico cuja genina é a hidroqui- rante 24 horas. Depois coam-se e to- doente.
nona. Esta substância proporciona
uma potente acção anti-séptica e anti-

564
A uva-ursina é uma
planta sumamente
eficaz no tratamento
de todo o tipo de
infecções urinárias,
sempre que se consiga
que a urina seja
alcalina e não ácida.
Para se obter uma
alcalinizaçáo da urina,
o melhor é seguir uma
dieta vegetariana, em
que predomine o
consumo de fruta e
verduras.

-inflamatória sobre OS órgãos uriná- tratar estas afecções; se bem que, em trado. Em qualquer caso. tem uma
rios, e é eliminada pela urina. caso de infecção urinária, seja sempre acção benéfica sobre estas afecções,
necessário consultar o médico. impedindo a infecção da urina que
Para que a hidroquinona exerça a
A uva-ursina, só ou complementa- costuma acompanhá-las.
sua acção, é necessário que a urina
tenha reacção alcalina, pois fica inac- da por outros tratamentos, é indicada A uva-ursina dá uma cor esverdea-
tivada quando o pH é ácido. Isto não nos seguintes casos IO.0.01: da à urina, o que indica que o trata-
constitui nenhum problema para as • Pielonefrite: É a infecção da pelve mento está a produzir efeito.
pessoas que tenham uma alimentação renal (cavidade que existe dentro do
vegetariana, pois eliminam urinas al- rim), em que se recolhe a urina pro-
calinas. No entanto, aqueles que se- duzida. Esta infecção manifesta-se
guem um regime rico em carnes e com febre alta intermitente, urina
mariscos produzem urinas ácidas, e turva e dores nos rins. A uva-ursina, Precauções
nesses a uva-ursina não actua. eliminando pela urina os seus pro-
Convém, portanto, que durante o dutos activos, actua como um anti-
tratamento com uva-ursina se siga uma -séptico e anti-inflamatório.
dieta vegetariana, rica em frutas e ver- • Cistite (infecção e inflamação da be- O tratamento com uva-ursina não de-
duras que, além de alcalini/ar a urina xiga): A uva-ursina acalma a sensação ve durar mais de 10 dias seguidos,
e permitir que a uva-ursina actue, tem de ardor e a irritação que se produz ou 15 no máximo. Se for necessá-
um efeito positivo sobre as afecções ao urinar. E particularmente eficaz nas rio, pode repetir-se depois de passa-
urinárias. cistites crónicas rebeldes a outros tra- das algumas semanas.
tamentos. Algumas pessoas de estômago de-
A urina também se pode alcalinizar licado podem apresentar intolerân-
temporariamente tomando-se bicar- • Uretrite: Infecção da uretra, que cia digestiva ao tanino contido nas
bonato de sódio, embora a sua acção nalguns casos pode ser de origem ve- folhas da uva-ursina. Nestes casos,
dure pouco tempo e o bicarbonato nérea. recomenda-se reduzir a concen-
não seja isento de efeitos secundários. • Prostatite, produzida quase sempre tração da tisana (pôr só 20-30 g de
como consequência de uma infecção folhas), e tomar simultaneamente
Dado que os germes produtores de carvão vegetal (pág. 761), que ab-
infecções urinárias frequentemente urinária.
sorve os taninos.
se tornam resistentes aos antibióticos • Cálculos renais e areias: Ainda que,
e anri-sépticos habituais, a uva-ursina segundo alguns, dissolva os cálculos
oferece uma alternativa válida paia urinários, isto não pôde ser demons-

565
Arundo donaxL.
3
Preparação e emprego
Cana
USO INTERNO
Aumenta a produção O Decocção com o rizoma ou a
raiz da cana cortada em fragmen-
de urina e d e t é m a tos ou triturada, à razão de 50 g
lactação por litro de água. Ferver durante 15
minutos e tomar de 2 a 4 chávenas
por dia.

Cana-amarga

No Centro e Sul do continente ame-


ricano existe uma espécie de costo
(Costus spicatus Jacq.), ali conhe-
cida principalmente pelo nome de
'cana amarga'.*
Não é uma variedade da cana vul-
gar, pois pertence a uma outra fa-
mília botânica, a das Zingiberáceas.
Cresce até à altura de um metro. As
suas folhas são ligeiramente ovala-

D IOSCÓRIDES, o grande médi-


co e botânico grego do pri-
meiro século da nossa era, já
recomendava o uso da cana para au-
mentar a produção de urina. Possi-
das, grandes, de 10 a 30 cm de
comprimento. Entre as folhas supe-
riores cresce uma flor branca, ala-
ranjada ou amarela.
Emprega-se tradicionalmente na
velmente, na antiguidade clássica, co- medicina popular latino-americana
meçou a usar-se com este fim pelo fac- pelas suas propriedades:
Outros nomes: cana-vulgar.
to de crescer junto das correntes de • Diurética: Além de aumentar a
água. Esp.: cana común, cana hueca,
cahavera. Fr.: [grano] roseau, canne de produção de urina e a eliminação de
Provence. Ing.: cane, giant reed, Spanish substâncias residuais, tem uma in-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri- reed. teressante acção anti-inflamatória
zoma (caule subterrâneo) e a raiz da Habitat: Comum à beira dos rios e sobre os órgãos urinários. Reco-
cana vulgar contêm um açúcar (saca- canais do Sul da Europa. Espalhada por menda-se o seu uso em caso de ne-
rose) e abundantes compostos de síli- todo o continente americano. frite, cálculos urinários e inflamação
ca. As suas duas qualidades mais im- Descrição: Planta da família das da bexiga (cistite).
portantes são: Gramíneas, que atinge até 5 m de altura. • Emenagoga: Aumenta a mens-
Distingue-se do bambu porque de cada
• Diurética: Produz um aumento mo- nó sai uma única folha. truação quando esta é escassa.
derado da produção de mina, favore- Além disso acalma as dores mens-
Partes truais (dismenorreia).
cendo a eliminação da ureia, do ácido utilizadas:
úrico e de outras substâncias resi- o rizoma Usa-se em decocção, que se pre-
duais. Recomendada para os que so- (caule para com os caules, a raiz ou as fo-
frem de cólicas renais e também os subterrâneo) lhas esmagadas (50 g de planta por
que queiram lazer uma cura depura- e a raiz. litro de água). Ferver durante 15 mi-
tiva. IO). nutos, e tomar de 2 a 4 chávenas
por dia. Adoçar com mel.
• Galactófuga: Tomada durante al-
guns dias, detém a produção de leite • Esp.: cana amarga, cana agria, cana
nas mães que amamentam. E útil para cimarrona, costo de Arábia. Fr.: amo-
me en épi. Ing.: spiked alpinia.
aquelas que, por alguma razão, dese-
jem desmamar os .seus bebés IOI.

566
Barosma
betullnalhumb.
OJ J
Preparação e emprego

Barosma
USO INTERNO
Excelente remédio para O Infusão com 50 g de tolhas
os órgãos urinários por litro de água. Ingerem-se 3
chávenas por dia.

USO EXTERNO
© Lavagens à uretra: Com a
mesma infusão que se aplica no
uso interno podem-se fazer lava-
gens à uretra, no caso de uretrite.

E STA PLANTA era um remédio


usado pelos Hoientoies, povoa-
dores da África do Sul, antes da
chegada dos brancos. As suas exce-
lentes virtudes para combatei as in-
flamações dos órgãos urinários fize-
ram-na expandir-se por todo o mun-
do e pode cnconli ar-se em muitos es-
tabelecimentos ervanários e em pre-
parados fitoterapêuticos.
Outras barosmas
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-
lhas da barosma contêm um óleo es-
sencial (diosfenol), que é o seu prin-
No Sul do continente africano
cípio activo mais importante. Actua
existem também outras espécies
como:
de barosma, além da betulina: são
• diurético, a Barosma crenulata (L.) Hook e
• anti-séptico urinário, e como a Barosma serratifolia (Curtis)
Willd.
• anti-inflamatório dos órgãos genitais
e urinários, especialmente da bexiga Todas elas são arbustos de as-
pecto muito semelhante, que às
e da próstata.
vezes se cultivam, e cujas folhas
A barosma, juntamente com a uva- têm as mesmas propriedades
-ursina (pág. 564), é uma das plantas medicinais.
mais eficazes que se conhecem para
tratar as doenças inflamatórias dos
órgãos urinários. K indicada especial-
mente nos seguintes casos:
• Pielonefrite (inflamação da cavida- Outros nomes:
de renal e do rim) HM, Esp.: buchú, barosma. Fr.: buchu.
Ing.: Buchu, bucku.
• Cistite (inflamação da bexiga): Ali-
via eficazmente a comichão e a dor Habitat: Planta oriunda da África do Sul, que
também se desenvolve na América do Sul. Ê
que se sente ao urinar IOI. conhecida na Europa.
• Uretrite (inflamação da uretra ou Descrição: Arbusto da família das Rutáceas,
canal da urina), seja ou não de ori- que atinge os dois metros de altura. As folhas
gem venérea (blenorragia). Regenera são ovaladas, opostas e ligeiramente
a mucosa urinária e faz desaparecer os peludas. Toda a planta emite um aroma misto
incómodos. Dá resultado, tanto to- de hortelã e alecrim.
mada em infusão IOI como aplicada Partes utilizadas: as folhas.
em lavagens á uretra 101.

567
Betula alba L
Ol 0 D aa
Preparação e emprego

Bétula
USO INTERNO
Um b o m alívio para O Infusão de 20 a 50 g de folhas
e/ou gemas por litro de água. Po-
as cólicas dos rins de-se tomar até um litro por dia.
Como se torna um pouco amar-
ga, convém adoçá-la com mel ou
açúcar escuro. A adição de um
grama de bicarbonato de sódio
aumenta a eficácia da tisana de
bétula, pois os seus princípios ac-
tivos dissolvem-se melhor num
meio alcalino.
© Decocção de casca: de 50 a
80 g por litro de água. Ferver até
ficar reduzida a metade. Tomar 2
ou 3 chávenas diárias adoçadas
com mel.

A PESAR do aspecto delicado


desta árvore, o seu nome evo-
ca os castigos de que eram ob-
jecto OS alunos e pupilos de outros
tempos, em que as suas varas finas e
© Seiva: Ingere-se diluída em
água (a 50%) à maneira de bebi-
da refrescante. É preciso evitar
que fermente.
flexíveis se empregavam para sacudir
os preguiçosos e os rebeldes. Ainda USO EXTERNO
hoje, nas saunas dos países nórdicos, O Compressas sobre a pele:
se utilizam os ramos da bétula para Aplicam-se com a mesma infusão
açoitar os braços e as pernas, com o que se descreveu para o uso in-
fim de activar a circulação do sangue terno.
na pele.
O grande médico e botânico re-
nascentista italiano Mattioli baptizou-
-a de "a árvore nefrítica da Europa".
São muitas as aplicações desta ár-
vore elegante. A sua madeira, e so- Sinonímia científica: Betula verrucosa Ehrh.,
Betula pêndula Roth.
bretudo o seu carvão, são excelentes.
A sua casca é impermeável. Antiga- Outros nomes: vidoeiro, bidoeiro, bédulo, vido.
mente, os pastores fabricavam com Esp.: abedul, biezo, bieso. Fr.: bouleau blanc, b.
ela vasos para \íqv\klos, e até polainas pendant. Ing.: [silverj birch, whitebirch.
para a neve. Habitat: Cresce nas montanhas do Norte da
Espanha e da Europa, e no Canadá, onde
forma exlensos bosques, assim como em
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS FO- outras zonas frias e montanhosas do
LHAS e as GEMAS da bétula contêm so- continente americano. Em Portugal, encontra-se
bretudo flavonóides (miricitrina e hi- cultivada nas serras do Norte e Centro do pais.
perósido), que lhe conferem um no- Descrição: Árvore de aspecto gracioso, de folha caduca, da família das
tável efeito diurético (eliminação de li- Betuláceas. Sobressai nos bosques pela brancura da sua casca, que se
quideis); e também princípios amar- desprende em finas lâminas. Os seus ramos mais jovens são pendentes, daí
gos, taninos c.uéquicos e óleo essen- o nome de Betula pêndula, e com pequenos nódulos ou verrugas, de onde lhe
cial. vem outro dos seus nomes científicos: Betula verrucosa. Da flores masculinas e
femininas na mesma árvore.
São estas as suas aplicações: Partes utilizadas: as folhas, as gemas, a seiva e a casca.
• Edemas: Ajudam a eliminai os líqui-
dos retidos no organismo, especial-

568
Muitas mulheres, nos dias que antecedem as regras, sofrem retenção de
líquidos, o que lhes provoca inchaço nas pernas, no ventre e nos peitos.
As infusões de folhas e gemas de bétula, que são diuréticas mas não des-
mineralizantes, são ideais para aliviar estes incómodos.

mente no caso de insuficiência renal IOI. Foi possível comprovar que, nal- terna, por meio de compressas, as fo-
OU cardíaca IOI. As infusões de folhas guns casos, podem inclusivamente lhas e gemas têm acção anti-séptica e
de bétula não provocam, como outros dissolvê-los. O uso da infusão é indi- cicatrizante sobre chagas e feridas, de-
diuréticos químicos, a perda de sais cado tanto durante o ataque de cóli- vido aos taninos que contêm IOI.
minerais com a urina, nem irritam os ca nefrítica (do rim) como, de forma
tecidos do rim. Pelo contrário, são ca- continuada, para evitara formação de A CASCA da bétula, como a do sal-
pazes de regenerá-lo e desinilamá-lo, cálculos. gueiro (pág. (V7(S) e a da quina (pág.
fazendo diminuir a eliminação de al- 752), têm propriedades febrífugas.
bumina com a urina nos casos de ne- • Depuração: As folhas e gemas da bé- Toma-se em decocçáo para fazer bai-
frose e insuficiência renal. lula possuem um efeito depurativo so- xar a febre IOI.
bre as substâncias tóxicas que sobre-
• Usam-se também com êxito no sín- carregam o sangue, como o ácido úri- No princípio da Primavera, antes
droma pré-menstrual IOI. Tomando co. E por isso que as tisanas prepara- de aparecerem as folhas, serrando-
essa tisana durante os dias preceden- das com elas se tornam altamente be- -se-lhe um ramo ou pcrfurando-se-lhe
tes à regra, aumenta o volume de uri- néficas no caso de gota ou artritismo o tronco, a bétula pode fornecer to-
na e diminui o inchaço dos tecidos, IOI. dos os dias vários litros de deliciosa
especialmente nas pernas, ventre e seiva. Ksta SEIVA tem as mesmas pro-
• Doenças da pele: Pelo seu efeito de- priedades descritas para as folhas,
mamas. purativo, o seu uso por via interna tor- mas além disso constitui uma agradá-
na-sc indicado para limpar a pele de vel bebida IOI. As aldeãs do Norte da
• Cálculos renais: As infusões de fo-
impurezas nos casos de eczemas cró- Europa bebem-na para ter uma pele
lhas e pernas de bélula facilitam a eli-
nicos e celulite IOI. tão branca e limpa como a casca da
minação de areias da urina e impe-
dem a formação de cálculos renais • Chagas e feridas: Km aplicação ex- árvore.

569
CalIunavulgarisL *Q\ £
_J

Preparação e emprego

Urze
USO INTERNO
Anti-séptico urinário O Oecocção com 50 g de ra-
e alcatifa vegetal minhos ou sumidades floridas, por
cada litro de água. Ferver duran-
te 10 minutos. Adoçar com mel e
tomar 3 ou 4 chávenas por dia,
depois das refeições.

Q
UKM não lerá ainda repara-
do nessa alcatifa purpúrea
que cobre os solos de prada-
rias e terrenos incultos no lini
do Verão? É a urze, vão apreciada pe-
las abelhas para a elaboração do sen
mel, e também pelos amantes dos re-
médios naturais, graças às suas pro-
priedades medicinais.
Além da urze comum (chamada
também brecina) que aqui se descre-
ve, exisie vim outro úpo cie u n e que
também se conhece por torga ou
queiró (Eriça cinerea L.). E muito pa-
recida com a urze comum tanto no as-
pecto como na composição, apli-
cações e formas de uso.
Outros nomes: torga-ordinária,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a mongahça, magoríça, quebra-
•panelas, queiró, carrasca,
planta contém uma substância co- carrasquinha, urze-do-monte,
nhecida como arbutina, que ao ser hi- barba-do-mato.
drolisada pelas bactérias intestinais se Esp.: brezo, brezo común,
transforma em hidroquinema, um po- brecina. Fr.: bruyère, caltune.
tente anti-séptico urinário. Também Ing.: heather.
possui tanino, que lhe confere as suas Habitat: Costuma formar extensos
brejos em terras estéreis siliciosas
propriedades adstringentes, assim da Europa e também de parte da
como flavonóides de acção diurética. América do Norte.
O seu uso é recomendado nos ca' Descrição: Pequeno arbusto de 20 a
50 cm de altura, da família das
sos de: Eriáceas, cujas folhas são pequenas,
•Doenças urinárias: infecção, urina opostas e muito numerosas. As flores
tuna ou malchcu osa, ardência ao uri- nascem ao longo do caule, e a sua
nar, cistite e pielonefrite IOI. A sua cor varia entre o rosa, o vermelho púrpura e o
violeta.
acção anti-séptica sobre a urina per- Partes utilizadas: as sumidades floridas.
mite que esta recupere o seu aspecto
normal em poucos dias.
• Diarreias, em virtude do seu efeito
adstringente IOI.

570
Copaifera
offlcinalis L.
a ] a
Preparação e emprego

Copaíba
USO INTERNO
Eficaz contra a O Bálsamo de copaíba: Toma-
blenorragia -se uma colher de sobremesa (5 g),
uma ou duas vezes por dia.

Outros nomes: copaibeira,


copaibeiro, copaifera.
Esp.: copaíba, copayero, paio
de copaiba, paio de aceitillo,
paio de bálsamo. Fr.: copaier.
bois de sang, copahu, baume de
copahu. Ing.: copaiba [copal
tree), copaiove.
Habitat: Regiões tropicais da
América do Sul, especialmente o
Brasil, a Colômbia, a Venezuela
e também as Antilhas.
Descrição: Árvore de belo
porte, da família das
Leguminosas, que atinge de 15

N AS BACIAS do Amazonas e do
Orinoco, crescem várias espé-
cies de árvores do género Co-
paifera, que segregam uma resina
quando se lhes corta ou perfura o
a 20 mde altura. As flores são
brancas e crescem em espigas.
O fruto é uma vagem oval que
contém uma só semente
rodeada de polpa.
tronco. Por destilação desta resina, Partes utilizadas: a resina
obtém-se o chamado "bálsamo de co- extraída do seu tronco.
paíba", que já se utilizava na América
no século XVII como remédio contra
as doenças venéreas, chamadas hoje
DTS (doenças de transmissão sexual).

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O bál-


samo de copaíba IOI contém um óleo
essencial e uma resina, em cuja com-
Precauções
posição predomina o ácido copaíbico,
que se elimina pelos rins, e actua
como anti-séptico e anti-inflamatório
sobre as mucosas genitais c urinárias. Não ultrapassar a dose indica-
É eficaz contra a blenorragia masculi- da. Não a tomar durante mais de
na e feminina, doença venérea que se 10 dias seguidos, pois pode pro-
manifesta com inflamação e irritação vocar erupções cutâneas, nefrites
da uretra (conduto pelo qual se eli- e transtornos digestivos.
mina a urina para o exterior). Tam-
bém se tem usado como balsâmico
em casos de bronquite.

571
Dlpsacus satívus
(L)Scholler. j J

Preparação e emprego
Cardo-
penteador USO INTERNO
O Decocção com 40-50 g de raiz
Depura o sangue triturada em dois litros de água.
e limpa a pele Ferver até que o líquido fique re-
duzido a metade. Filtrar e adoçar
com mel. Bebem-se várias chá-
venas por dia. O tratamento deve
durar vários meses.

D URANTE muitos séculos, a hu-


manidade serviu-se dos espi-
nhos deste cardo para cai dar a
lã. E daí que vem o seu nome. Embo-
ra actualmente esta tarefa se execute
por meios mecânicos, o cardo-pente-
ador continua a oferecer-nos os seus
bons serviços como planta medicinal.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta, c especialmente a raiz, contém
um glicósido chamado escabiósido,
ácido salicílico e sais de potássio. Isto
explica as suas propriedades medici-
nais: diurética (aumenta a produção
de urina) e sudorífica (aumenta a su-
dação).
Sinonímia científica: Dipsacus fullonum L
A raiz do cardo-penteador é um Outros nomes: cardo-cardador.
bom depurativo do sangue. Os seus
Esp.: cardencha, carda, dipsaco, cardo
efeitos são moderados mas persisten- de cardar, escobilla. Fr.: cardège
tes, e pode tomar-se em qualquer sauvage. Ing.: (wildj teasel.
quantidade, pois é muito bem tolera- Habitat: Encontra-se vulgarmente nos
da pelo organismo. Toma-.se especial- solos frescos e argilosos da Europa Centrai
mente útil nos seguintes casos: e Meridional. Cresce também em grande
parte do continente americano.
• Excesso de líquidos nos tecidos: ede-
mas ou hidropisia de qualquer causa Descrição: Planta da família das Dipsacaceas.
IOI. que atinge até dois metros de altura. O caule tem
numerosos espinhos. Os capítulos florais,
• Excesso de ácido úrico (artritismo): formados peia união de muitas flores pequeninas,
Favorece a eliminação do ácido úrico são de cor lilás ou rosa; terminam em grandes
e de outras substâncias residuais que aguilhões de 6 a 10 cm de comprimento.
circulam pelo sangue 101. Partes utilizadas: A raiz.
• Acne, eczemas e erupções: Aumen-
ta a produção de suor, e com ele a eli-
minação de substâncias que irritam a
pele MM.

572
Erynglum
campestre L

Preparação e emprego

Cardo-
-corredor USO INTERNO
O Salada: Os seus brotos e
folhas tenras são muito apre-
Um eficaz diurético ciados por aqueles que gostam
de verduras silvestres.
e aperitivo
© Infusão com um punhado
de raiz triturada (30-40 g) por li-
tro de água. Deixar repousar
até que esteja bem fria, e tomar
duas ou três chávenas diárias.
Não guardar a infusão de um
dia para outro, pois perde as
suas propriedades.

O CARDO-CORREDOR é uma
umbelífera disfarçada de car-
do. Chama-se 'corredor' por-
que, no Outono, o vento arranca os
seus caules secos, cheios de folhas, e
an asta-os para colonizar novos terre-
nos.
O tronco e a raiz, no entanto, ficam
fortemente fixos na terra, e junto de-
les cresce um apetitoso cogumelo
(Pleurotus eryngii [Fr.-D.C] Quél.).
As propriedades medicinais desta
planta já foram assinaladas pelo gre-
go Dioscórides no século I d.C. Como
aconteceu com outras plantas, alri-
buíram-se-lhe empiricamente mais
propriedades medicinais do que Outros nomes: Brasil: gravatá-
aquelas que realmente tem. Hoje, do-campo, croatá-falso,
conhecida a sua composição química, caraguatá.
podemos determinar as suas verda- Esp.: cardo corredor, eringio, cardo
deiras indicações. setero. Fr.: chardon roulant.
Ing.: watiing street thistle. field
eryngo.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A sua Habitat: Frequente em prados
raiz contém saponinas, além de tani- secos, encostas expostas ao sol e
no, açúcares c um óleo essencial. As pousios de toda a Europa. Também
saponinas diminuem a tensão super- se pode encontrar no continente
ficial dos líquidos, e formam borbu- americano.
lhas como o sabão (do latim soponem, Descrição: Planta da família das
sabão). Estas substâncias conferem ao Umbeliferas, que atinge de 40 a 60 cm de altura. Os seus caules são delgados,
cardo-corredor um importante efeito e as folhas são espinhosas. Os capítulos florais são formados por muitas flores
pequeninas de um tom branco esverdeado. Toda a planta tem um cheiro
diurético. Por isso, o seu uso é apro- parecido com o da cenoura, salvo a raiz, que é um pouco amarga.
priado:
Partes utilizadas: a raiz (colhe-se na Primavera ou no Outono), os brotos tenros
• em caso de edemas (retenção de lí- e as folhas (colhem-se no Verão).
quidos), especialmente os que se pro-
duzem nas pernas e tornozelos IO,©l.

573
«A».

Cardo-marítimo

O cardo-marítimo ou cardo-ro-
lador (Eryngium maritimum L.)*
é semelhante ao cardo-corredor,
embora com folhas mais largas.
Cresce nos areais próximos das
costas de toda a Península Ibé-
rica. Tem as mesmas proprie-
dades que o cardo-corredor,
crendo-se até que actua com
mais intensidade.
* Esp.: eríngeo marítimo. Ing: sea
holly.

O consumo de cardo-
-corredor, como verdura
ou em infusão, é um bom
método para eliminar do
sangue o ácido úrico e
outros resíduos
metabólicos.

Do cardo-corredor utiliza-se a raiz


em infusão, assim como os brotos
tenros e as folhas, que se comem
como verdura.

• Em caso de excesso de ácido úrico


(artritismo) e de areias na urina, ca-
sos em que interessa "limpar" os rins
10 01.
Assinale-se que o efeito diurético
das saponinas do cardo-corredor é
bastante intenso, mas não constante,
pois vai diminuindo dia a dia, até de-
saparecer quase completamente ao
cabo de uma semana. Daí não ser re-
comendável tomá-lo durante mais de
dois ou três dias consecutivos. Depois rle
alguns dias de descanso, volta a ser
eficaz.
A raiz do cardo-corredor 101 tam-
bém tem propriedades aperitivas, e
faz parle das chamadas "CÍJICO raízes
aperitivas", juntamente com as de
granza (pág. 589), alcaparra, grama-
-francesa (pág. 559] e gatunha (pág.
581).

574
Fragaria vesca L

Morangueiro
Depura, tonifica
e embeleza

1'ANIX) Calamos de moran-

Q
gos silvestres referimo-nos
àquelas lágrimas vermelhas
como o sangue, que brotam
pelas encostas cios bosques exalando
ura requintado aroma; nào estamos a Outros nomes: moranga, tragaria, morangueiro-silvestre.
pensar em morangos cultivados, do- Esp.: fresai, frutilla, fresa europea. fresera, anube. arrugui, fragaria. Fr.: fraisierfdes
tados de menos aroma c sabor. O mo- bois}, fraisier sauvage. Ing.: (wild) strawberry.
rango que se usa em fitoterapia é o .siI- Habitat: Comum nas beiras dos caminhos e estremas de regiões florestais de toda a
vestre, por conter uma maior quanti- Europa. Encontra-se espontâneo nas sebes, bosques, principalmente nas regiões
dade de princípios activos. montanhosas do Norte ao Sut de Portugal, e também nas ilhas da Madeira e Açores.
È acíuaJmenie muito cultivado nas regiões temperadas de Ioda a Europa e do
O morango tem sido usado como continente americano, onde também se pode encontrar em estado silvestre.
alimento desde há milénios, mas as
Descrição: Planta vivaz da família das Rosáceas, que atinge de 5 a 20 cm de altura.
suas propriedades medicinais só vie- As folhas são trifoliadas. mais pálidas na face inferior. As flores são brancas e tèm
cinco pétalas Os verdadeiros frutos são na realidade os grãozinhos aderentes à
superfície do morango.
Partes utilizadas: os morangos (falsos frutos) e as folhas.

o Os morangos e a beleza -TP Preparação e emprego

USO INTERNO USO EXTERNO

O Compressas: Com a mesma in-


O Cura de morangos: A maneira fusão que para o uso interno, mas
mais eficaz de tomar os morangos é um pouco mais concentrada, empa-
seguindo uma cura, que se faz co- pam-se compressas de algodão que
Para suavizar, mendo de 1 a 1,5 quilos diários de se aplicam sobre as gretas da pele
limpar e embele- frutos maduros, durante 3 ou 4 dias, ou dos mamilos.
zara cútis, esmagam-se de sem ingerir nenhum outro alimento,
300 a 500 g de morangos maduros, O Bochechos e gargarejos com a
excepto água nos intervalos.
que se aplicam sobre a pele à ma- infusão concentrada.
neira de cataplasma. 0 Cataplasmas de morangos: Ver
O leite de morangos prepara-se mis- © Infusão: Prepara-se com 40-50 o quadro ao lado.
turando sumo de morangos com leite g de folhas por litro de água. Tem
em partes iguais, e aplica-se em for- um sabor muito agradável. Tomar 4 © Leite de morangos: Ver o qua-
ma de loção sobre a pele. ou 5 chávenas por dia. dro ao lado.

575
Precauções

Nalgumas pessoas sensíveis, a in-


gestão de morangos produz urtiça-
ria por reacção alérgica. Estas pes-
soas podem tentar dessensibilizar-
•se, colocando todos os dia um pe-
daço de morango debaixo da língua,
durante 8 ou 10 dias.

Os morangos, além da riqueza nutritiva que contêm, sáo uma deíicia


para o paladar mais exigente. E, graças ã sua complexa composição
bioquímica, o morangueiro é um dos vegetais com maior número de
aplicações culinárias, medicinais e, inclusivamente, cosméticas.

iam a descobri i-se no século M l . O ram o sangue. São estas as suas pro- l©l, os morangos têm uma acção sua-
grande botânico sueco Lineu, que priedades: vi/amc, limpadora e embelezadora,
pôs nomes a numerosas espécies ve- • Depurativas e alcalinizantes: ()s mo- muito superiora de muitas loções quí-
getais, conta <|iu' st- curou cia gota cie rangos facilitam a eliminação de micas. Com o leite de morangos IOI,
que sofria depois de se ler submetido substâncias residuais, como o ácido obtêm-se ainda melhores resultados
a um regime dietético em que o mo- úrico, que causam inflamação nas ar- (ver o quadro informativo da página
rango era um dos seus principais com- ticulações e nos rins. São muito reco- anterior). Também se- têm usado ex-
ponentes. mendáveis nos casos de artritismo e de ternamente paia curar as frieiras, t*•
gota, causados por um excesso de áci- fregando todos os dias as partes afec-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS mo- do úrico lOl. tadas (geralmente as mãos) com mo-
rangos contêm diversos açúcares, sais rangas maduros.
minerais, vitaminas A, H e (', ácidos • Laxantes: Devido ao seu conteúdo
em mucilagens, facilitam o trânsito in- As FOLHAS do morangueiro con-
orgânicos, pigmentos, enzimas c mu- têm tanino e (lavonóidcs, que as tor-
cilagens, Dcscobriu-se que lambem testinal e a evacuação. Tornam-se por-
tanto indicados para combater a nam adstringentes e anti-inflamató-
tem pequenas quantidades de ácido rias. Usam-se nos seguintes casos:
saiu ílit o e salicilatos, substâncias se- prisão de ventre e a preguiça intesti-
melhantes ã aspirina, que lhe confe- ual IOI. • Diarreias e gastrenterocolites, pelo
rem uma acção iinii-infiamatória. Se- • Tonificantes e reniineralizantes: Re- seu conteúdo em tanino l©l.
gundo Foni Quer. o sumo do moran- comendam-se especialmente em caso • Gretas da pele e dos mamilos: Apli-
g< > ('• HW dos pndutOS mais complexos fio de anemia, inapetência e nos estados cados localmente sobre a zona afecta-
reino vegetal, pela variedade das de convalescença de doenças febris da, secam-nas e cicatl i/am-nas l©l.
substâncias que n compõem. ou debilitantes IOI. Abrem o apetite e • Inflamações da boca (estomatite),
< >s MORANGOS dão saúde a ioda a
estimulam as funções metabólicas. das gengivas (gengivite) e da garganta
gente, uma vez que tonificam e esti- • Emolientes: Aplicados externamente (faringite), em bochechos e gargare-
mulam i»s funções orgânicas e depu- sobre a pele cm forma de cataplasma jos IOI*.

576
Juniperus
communís L A >.. 9

Zimbro Preparação e emprego

Diurético
USO INTERNO
e expectorante O Bagas maduras: Podem-se
engolir inteiras à maneira de pí-
lulas, 6 depois de cada re-
feição, 3 vezes por dia.
© Infusão: 30 g de bagas por

D IOSCÓRIDES, que viveu no


século I d.C, conhecia as pro-
priedades medicinais dos Fru-
tos do zimbro, que já nessa aluna ser-
viam para bastante mais úo que para
litro de agua; tomar até três
chávenas por dia.
€> Essência: Ingerem-se 2 go-
tas, 3 vezes ao dia.
aromatizar bebidas alcoólicas.
USO EXTERNO

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A plan- O Fricções de essência dis-


ai inteira, o cm particular as bagas, solvida em álcool. De 20 a 30
contêm um óleo essencial rico em icr- gotas de essência por cada 100
ml de álcool.
penos. As bagas contêm além disso gli-
cose, resina, ácidos orgânicos ejuni-
prina (glicósidoamargo). Estas BAGAS
têm as seguintes propriedades:
• Diuréticas: O óleo essencial do zim-
bro tem o efeito de aumentar a fil-
tração glumerular nos rins, e com isso
a produção de mina. No entanto,
grandes doses de z i m b r o t o m a d a s de Precauções
forma continuada ("orçam a capacida-
de de filtração do rim, e podem che-
gar a produzir nefrite. O uso do zim-
Desaconselha-se o seu uso em
bro é indicado em casos de edemas
caso de gravidez e de nefrite,
por insuficiência cardíaca, e como de-
pois em doses altas pode pro-
purativo paia eliminar o excesso de duzir albuminúria (emissão de
ácido úrico 10.0,01. albumina, um tipo de proteína,
• Expcetorantes e anli-séplicas bron- com a urina).
quiais: Dado que a essência se elimi-
na em grande palie pelos pulmões, as
bagas têm sido Utilizadas como trata-
mento complementar em todo o tipo Outros nomes: zimbro-comum,
de infecções broncopulmonares, in- zimbreiro, junipero.
clusive na tuberculose íO.0.01. Esp.: enebro. enebro común, nebro,
• Aperitivas, tonificantes do estômago junipero. Fr.: genévrier[commun],
pêtron.
e carminativas 10.01. Ing.: \cornmon) juniper.
• Emenagogas: Provocam uni maior Habitat: Frequente em terrenos
afluxo cio sangue para os órgãos geni- pedregosos e em bosques montanhosos
tais. Por isso as bagas do zimbro são de toda a Europa. Naturalizado no
indicadas nos casos de- regras escassas continente americano.
ou dolorosas (0.0.01. Descrição: Arbusto da lamilia das
Cupressáceas, que atinge de 1 a 3 m de altura. Tem folhas perenes.
• Revnlsivas: Aplicada externamente curtas e espinescentes. Os Irutos. as bagas do zimbro, são umas bolinhas
em fricções, a KSSENCIA do zimbro em azuis ou pretas, de sabor muito doce e resinoso.
solução alcoólica acalma as dores do Partes utilizadas: os frutos
reumatismo e da artrose IOI.

577
Levistícum
officinale Koch. O) 4 9

Preparação e emprego

Levístico
USO INTERNO
Diurético e tónico O Condimento: as folhas e/ou a
digestivo raiz em pó.
© Infusão de raiz: 20 g por litro
de água. Ingere-se uma chávena
depois de cada refeição.
;• €) Infusão de folhas: 30 g por li-
t tro de água. Igualmente uma chá-
vena depois de cada refeição.
O Infusão de sementes: 30 g
por litro de água. Tomar 2 ou 3
chávenas por dia.

Semente

O LEVÍSTICO é como um gran-


de ;iipo silvestre, com interes-
santes aplicações medicinais e
culinárias. Na Europa Ccmral uiiliza-
-se a sua raiz triturada como condi-
Outros nomes:
Esp.: levislico, apio de monte,
mento, pois o sabor lorna-sc seme- apio de montaria, legústico,
perejil silvestre. Fr.: livèche,
lhante ao da pimenta. Os caules ocos céléri bâtard. Ing.: [European]
do levístico iiiili/am-sc como palhi- lovage, sea parsley.
nhas para sorver líquidos quentes cm Habitat: Originário dos países
caso de constipação. do litoral mediterrâneo
ocidental, foi amplamente
PROPRIEDADES E INDICAÇÒKS: A RAIZ cultivado em toda a Europa e
contém um óleo essencial, c uiuarina, nalgumas regiões da América.
Na Península Ibérica encontra-
amido, lanino e vitamina (1. 1. um -se nos Pirenéus.
bom diurético c tónico estomacal; fa-
Descrição: Planta vivaz da
cilita a digestão quando há escassez de família das Umbelíferas, que
suco gástrico, como acontece na gas- atinge 1-2 m de altura. De
trite crónica c na atonia digestiva caule robusto mas oco. As
IO.©}. As FOLHAS têm as mesmas pro- flores são de cor amarelada ou
priedades, ainda que com menor in- esverdeada, e acham-se
dispostas em umbelas
tensidade IO.€>l. terminais.
As SEMENTES sàli carminativas (eli- Partes utilizadas: a raiz na
minam os gases intestinais) e emena- Primavera, as folhas e as
gogas (aumentam o fluxo menstrual). sementes nos começos do
como iodas as plainas da família das Outono.
Umbelíferas IO).

578
Uthospermum
offícfnaleL
u t?J _ J i

Preparação e emprego
1
Aljôfar
USO INTERNO
Utilizado para desfazer O Infusão c o m 50-100 g por li-
os cálculos renais tro de água, da qual se tomam 3
ou 4 chávenas diárias. Antiga-
mente ingeriam-se as sementes
trituradas.

Litospermo-americano

No continente americano apare-


ce uma espécie do género Li-
thospermum semelhante ao ofi-
cinal, o Uthospermum ruderale
(Lehm.) Dougl. Em inglês tem o
nome de 'stoneseed' (semente de
pedra).
O litospermo-americano é utiliza-
do como contraceptivo por algu-
mas tribos indígenas. Está a ser
investigada a possibilidade de o

O S PARTIDÁRIOS da teoria
dos sinais, que explica .is pro-
priedades das plantas bascan-
do-se no seu aspecto, atribuíram às
nacaradas sementes desta planta, des-
aljôfar ter também um efeito inibi-
dor sobre as hormonas gonado-
trópicas da hipófise.

de o tempo de Dioscórides, a pro-


priedade (!«• dissolver os calculeis uri- "*%/ f^^B\ Sinonímia científica: Uthospermum
nários. J erythorryzon Sieb.-Zucc.
Uthospermum ofticinale Forbes-Hemsl.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Outros nomes:
planta é rica em cálcio, além de mu- Esp.: mijo de sol. iitospermo oficinal, hijo
cilagens e pigmentos. Desde a anti- dei sol, granos de amor, aljôfar, canamones
guidade tem sido usada para dissolver de monte, perlina, quebrantahoces, té de
Benasque. Fr.: herbe aux perles, grémil
os cálculos urinários, bum potente diu- fofí/cinaíj, míftef de so/eií. thé de montagne.
rético uricosúrico (facilita ;i elimi- Ing.: [common] gromwell.
nação de ácido úrico). Dissolvi- as Habitat: Frequente em terrenos calcários de toda a
areias da urina e pode chegar a dis- Europa. Em Portugal surge espontâneo nos
solver um cálculo renal, especialmen- arredores de Bragança e Vimioso. Pouco conhecido na
te se for composto por uratos lOI.Mm- América.
io recomendada em caso de cólica re- Descrição: Planta vivaz da família das Borraginâceas. que atinge de 40 a 80 cm
nal c de gota. de altura. As folhas são um tanto vilosas, com as nervuras salientes peia lace
inferior. As sementes são arredondadas, muito duras, e com aspecto de
Também tem propriedades digesti- porcelana.
vas. Pelo sen sabor amargo, é um tó- Partes utilizadas: as sementes e as folhas.
nico <le iodos os órfãos digestivos:
abre o apetite e facilita ;i digestão IOI.

579
Melittis
melissophyllum L. ftj fà

Preparação e emprego
Melissa-
-bas tarda USO INTERNO
O Infusão com 20-30 g por litro
de água, de que se tomam 3 chá-
Depurativa e vulnerária venas por dia. Pode-se adoçar
com mel.

USO EXTERNO
© L a v a g e m das feridas com
uma infusão mais concentrada do
que a preparada para uso interno
(até 60 g por litro).
© C o m p r e s s a s empapadas na
infusão concentrada (até 60 g
por litro). Aplicam-se sobre a
zona afectada.

A O CONTRARIO da melissa
ou crva-cidreira (Melissa ofji-
cinaUs 1.., pág. 1 l>'í). a melissa-
bastarda não oferece um aroma ião
agradável. A bastarda caracteriza-se
pelas flores que nascem quase sempre
duas a duas, são maiores e mais visto-
sas, e geralmente cor-dc-rosa. Tam- Outros nomes: betónica-
bém diferem na sua composição e •bastarda.
propriedades. Esp.: loronjil silvestre, toronjilde
monte, melisa silvestre, melisa
bastarda. Fr.: mélitte à feuilles
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a de mélisse, mélisse ôâfarde,
planta contém uma cumarina que lhe mélisse des bois. Ing.: wild balm.
confere propriedades diuréticas e de-
Habitat: Bosques de carvalhos
purativas, ligeiramente sedantes, eme- ou de laias e terrenos ermos da
aagogas, e, aplicada externamente, Europa Central e Meridional. Em
vulnerárias (cicatriza as feridas e cura Portugal é frequente na região
as contusões). montanhosa do Norte e Centro
do pais.
Nos países do centro da Europa
Descrição: Planta vivaz de
usa-se a melissa-bastarda sobretudo caule erecto, da família das
como depurativa nas curas de Prima- Labiadas, que atinge até 50 cm
vera IO!. de altura. As folhas têm os
bordos dentados e as nervuras
Além disso, facilita a menstruação muito marcadas. As flores são
e acalma as dores que a acompanham cor-de-rosa ou brancas.
em caso de disnienorreia IOI embora
Partes utilizadas: A planta
não tão eficazmente como a erva- inteira, excepto a raiz.
-cidreira.
domo vulnerária, usa-se em apli-
cação externa para curai lei idas l©,©l,
que ajuda a cicatrizar, e paia aliviai" a
dor e a inflamação causadas por con-
tusões e entorses l@l.

580
Ononls spinosa L.
Oj • _

Preparação e emprego

Gatunha
USO INTERNO
Diurética O D e c o c ç ã o : 50-60 g de raiz
e anti-inflamatória cortada às rodelas por litro de
água. de que se tomam 3 ou 4
chávenas por dia.

USO EXTERNO
© Gargarejos com uma infusão
de 60-80 g de folhas e flores por
litro de água.
© Compressas com esta mes-
ma infusão.

L A SE me enganchou de novo a
charrua numa dessas malditas
raízes! —exclama o lavrador
arreliado. —Nem a minha junta de
bois é capaz de arrancá-las!
Efectivamente, a gatunha é uma
das plantas que mais dificuldades cau-
sam aos lavradores. O seu forte rai/a-
me consegue deter os animais de la-
voura. Além disso, como diz Andrés
de Laguna, «os burros [anos cm gre-
go], paia se- focarem, como não têm
quem Mies laça essa boa obra. costu-
mam reholar-sc em cima dela. por ser
áspera e espinhosa".
PROPRIEDADES I. INDICAÇÕES: AS
duras RAÍ2£S da gatunha contêm ono-
nina (glicósido llavonóidc), lauino.
resina, amido e saponinas.
Possui propriedades diuréticas e
anti-inflainatõrias sobre os órgãos uri-
nários. E indicada na cistite, nas in-
fecções urinárias, cálculos renais
(pode dissolvê-los), areias, edemas
(retenção de líquidos nos tecidos) e Outros nomes: galinha, resta-boi. rilha-boi. unha-gata.
afecções da próstata IOI. Esp.: gatuna, una de gato. gatuna, abreojos. aznallo. detienebuey. peine de
As FOLHAS e as FLORES, aplicadas asno. Fr.: bugrane (épineuse). arrête-boeuf. Ing.: (spiny} restharrow.
local menti', têm p r o p r i e d a d e s anli-sép- Habitat: Bastante comum em campos cultivados e prados secos de toda a
ticas e adstringentes. I lili/iiiii-sc em Europa. Naturalizada na América.
bochechos e gargarejos contra a amig- Descrição: Planta vivaz da família das Leguminosas, com caules rigidos de até
dalite (anginas) 101, e em compressas, 40 cm de altura, dos quais saem agudos espinhos. As suas flores apresentam
como cicatrizante no caso de lei idas um tom cor-de-rosa vivo.
de difícil cicaliizaçâo e úlceras da pele Partes utilizadas: a raiz. as flores e as folhas.
l©l.

581
Parietária
offícinalis L

Parietária
Alivia as cólicas renais

N A LITERATURA botânica
clássica, esta planta linha o
nome grego de helxinee o lati-
no de mumlis linha (erva cios muros).
Além de crescer pelos muros, cresce
também junto das correntes de água.
Daí alguns dos seus nomes vulgares.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
seus princípios activos são o nitrato
potássico e os flavonóides, que lhe
conferem propriedades diuréticas, e
as mucilagcns, que ;i tornam anti*
-inflamatória e emoliente.
• No uso intento, a sua aplicação mais
importante são as afecções das vias
urinárias: cólicas renais (ajuda a eli- Outros nomes: alfavaca, aifavaca-de-cobra, erva-dos-muros, erva-das-murathas.
minar os cálculos), cistites, e oligúria erva-das-paredes, erva-fura-paredes. erva-de-santana, erva-de-nossa-senhora.
helxina, cobrinha, pulitaina, pulitária.
(urina escassa) IO,01. O seu efeito é
muito interessante, pois ao mesmo Esp.: parietária, pelosilla, hierba de San Pedro, hierba dei muro. {hierba} caracolera,
albahaca de rio, albahaquilla loca, mariquillas, canarroya. Fr.: pariétaire [officinale}.
tempo que provoca um aumento na Ing.: pellitory of the wall.
produção fie urina, descontrai, suavi-
Habitat: Cresce entre as gretas das rochas e dos muros. Difundida por toda a
za e desinflama os órgãos urinários. Europa e regiões secas da América do Sul.
• Externamente, usa-sc para curar feri- Descrição: Planta vivaz da família das Urticáceas, que atinge até 30 cm de altura.
das, queimaduras, gretas dos lábios. Tem as folhas cobertas por uma penugem não urticante.
da pele c do nr.unilo, c fissuras anais Partes utilizadas: os caules e as folhas.
m.

O Preparação e emprego

USO INTERNO matizar com casca ou sumo de


O Infusão de 40-60 g de planta limão.
(melhor se for fresca) por cada litro
de água, de que se tomam 4 ou 5 USO EXTERNO
chávenas por dia. © C a t a p l a s m a s da planta fresca

582
K © Sumo fresco: Toma-se meio
copo, 3 vezes por dia. Pode-se aro-
esmagada, que se aplicam sobre a
zona afectada.
Petrosellnum
sstlvum Hoffm. o) U L 91 ú

Preparação e emprego
Salsa
Diurética, emenagoga USO INTERNO
e aperitiva O Infusão de folhas (30 g por li-
tro); de raízes cortadas em troços
(15 g por litro); ou de frutos (2-5
g por litro). Toma-se uma cháve-
na antes de catia uma cias três

A SALSA já era muito apreciada refeições diárias.


pelos Romanos, que a davam © Sumo da planta fresca. Inge-
aos gladiadores antes dos rem-se 2-3 colheradas antes de
combates. Nos nossos dias, continua a cada refeição.
ser bastante mais do que um condi-
mento. Porém, cuidado! A salsa sil- USO EXTERNO
vestre pode confundir-se com a vene- O Cataplasmas de folhas fres-
nosa cicuta (pág. 155). cas esmagadas, até formar uma
pasta que se aplica sobre a zona
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A salsa afectada.
contém apiina (o mesmo glicósido
que se encontra no aipo) e flavonói-
cles, que lhe conferem acção diuréti-
ca; óleo essencial, rico em apiol e mi-
risticina, que lhe outorga proprieda-
des emenagogas (estimula a mens-
truação), vasodilatadoras e tonificaii-
les. Contém lambem vitaminas A, ('. e
K (tocoferol) em abundância, assim
como fósforo, ferro, cálcio e enxofre.
A salsa é um complemento nutriti-
vo muito a ter em conta, pois é rico
em vitaminas A e (.'.. Além disso é nm
remédio natural indicado para os se-
guintes casos:
• edemas (retenção de líquidos) e ce-
lulite !©.©>:
• insuficiência cardíaca IO.QI;
Sinonímia científica: Pelrosetinum
• urina escassa e graus leves de insufi- crispum (Miller) Nym., Apium crispum
ciência renal IO.0I; Miller, Apium pelrosetinum L.
• inapetência, anemia l©l; Outros nomes: salsa-hortense. erva-
• convalescença, esgotamento físico: -anual.
Esp.: perejil. Fr.: persil. Ing.: [garden]
Nestes casos é especialmente indicada
parsley.
a raiz IOI: Precauções Habitat: Originária do Mediterrâneo
• disinenorreias: (menstruações irre- Oriental e cultivada em quase todo o
gulares, escassas ou dolorosas): Para o mundo.
sen tratamento usam-se sobretudo os As mulheres grávidas devem evi- Descrição: Planta herbácea, bienal, da
frutos IO.01; tar ingerir salsa de forma abun- família das Umbeliferas, que atinge de
20 a 80 cm de altura. Tem o caule
• picadas de insectos (vespas, aranhas, dante, por ter certo efeito oxitóci-
estriado, e as Itores são de cor amarela
cie): Aplica-sc mna cataplasma de Fo- co (contrai o útero), que poderia ou esverdeada, em umbela.
lhas frescas sobre a pele 101 para acal- predispor ao aborto. Partes utilizadas: As folhas, os frutos
mar a dor e reduzir a reacção infla- e a raiz.
matória da picada.
vulgaris L J I

Feijoeiro Preparação e emprego

Diurético USO INTERNO


e antídiabético O Como verdura: As vagens
verdes cozidas podem-se comer
temperadas com azeite e limão.
Desta forma também possuem

A S SEMENTES do Feijoeiro lêm eleito hipoglicemiante, embora


uma grande importância na menos intenso que o da de-
alimentação, não se devendo cocção.
no entanto esquecer que, cruas, se ©Decocção de 100 g de va-
lornam tóxicas, por conterem lasina, gens de feijoeiro secas, num litro
uma toxoalbumina que desaparece de água, até que esta fique redu-
com a cozedura. zida a metade. O liquido resul-
tante vai-se tomando ao tongo do
As sementes do feijoeiro, chamadas dia.
simplesmente feijões, eram. junta-
mente com o milho, a base da ali-
mentação dos Maias c dos Astecas do
México, que já cultivavam diversas va- As vagens de feijão
riedades desta planta. contra a diabetes
Nos princípios do século W des-
cobriu-se que as vagens do feijoeiro
possuem interessantes propriedades. A arginina é um aminoácido que
abunda nas vagens do feijão. Tem
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS VA- uma acção semelhante à da gli-
GENS contêm diversos aminoácidos, coquina (insulina vegetal), que faz
especialmente arginina; vitaminas A, descer o nível de açúcar no san-
H e (i; sais minerais e oligoelcmentos; gue.
fibra vegetal e amido. As vagens do Como tratamento complemen-
feijão apresentam três acções funda- tar da diabetes, a decocção das
mentais: vagens de feijão permite reduzir
• Diurética, devido aos sais minerais e a dose de insulina ou de anti-
ã arginina. São isentas dos efeitos in- diabéticos orais. Esta redução de-
desejáveis de alguns diuréticos quími- ve ser controlada pelo médico.
cos, como a perda de potássio. Esta
propriedade torna-se de grande nuli-
dade em (aso de edema por insull-
ciência cardíaca ou renal, e na re- Outros nomes: feijão.
tenção de líquidos pré-menstrual Esp.: judia, frejol, frejol. frijot,
IO.©I. l a m b e m se us.im em caso de habichuela. chaucha. poroto.
gota e de cálculos renais, pois favore- Fr.: haricot vert. Ing.: bean.
cem a eliminação de ácido úrico. Habitat: Originária do México e
América Centrai, espalhado por todos
• Cardioióniea: Acção semelhante à os paises do mundo.
da dedaleira (pág, 221). embora mui- Descrição: Planta anual da família das Leguminosas, de caule
to mais suave. Aumenta a loiça das trepador, que atinge até 3 m de altura nalgumas variedades, e de caule rasteiro
contracções e o rendimento do co- noutras. Os frutos são vagens verdes ou amarelas que contêm várias sementes
ração IO.01. com a forma aproximada de um rim.
Partes utilizadas: as vagens quê envolvem as sementes.
• Hipoglicemiante: A decocção de va-
gens de feijoeiro usa-se para reduzir <>
nível de glicose (açúcar) no sangue
(ver o quadro informativo nesta mes-
ma página) IO).

584
Physalls
a/kekengí L OJ j

Preparação e emprego

Alquequenje
USO INTERNO
Eficaz contra os O Bagas frescas ou secas, à
cálculos renais razão de 10 a 20 pela manhã, ou-
tras tantas ao meio-dia.
© Decocção de 50 a 100 g de
bagas por litro de água. de que se
tomam 3 ou 4 chávenas por dia.

A S BACIAS vermelhas do alque-


quenje são de 11111 requintado
sabor agridoce, e há quem as
conscrw (.'in doce ou cm vinagre. Nal-
guns lugares faz-se fermentar o vinho
com cias, com a finalidade de <» dotar
de pretendidas propriedades medici-
nais. Pois bem, é muito melhor comer
directamente as bagas desta plaina,
sem necessidade de misturá-las com
vinho.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES*. As ba-


gas são muito ricas em vitamina C
(mais q u e o l i m ã o ) , assim c o m o cm
ácidos orgânicos (cítrico e málico),
caroieno (provilamina A), fisalieno
(corante vermelho), e apresentam in-
dícios de alcalóides. Têm proprieda-
des diuréticas, depurativas e uricosú- Outros nomes: erva-noiva. cerejas-de-judeu.
ricas (aumentam a eliminação de <\i i- Esp.: alquequenje, capuli, halicabalo, alicabi. vejiga de perro, solano vejigoso.
do úrico). São um bom remédio para farolillo. tomatillo inglês. Fr.: alkékenge. coqueret [officinalj. Ing.: alkekengy. winter
(uui 11 soba de: cherry.
• JLitíase urinária: Favorecem <i disso- Habitat: Cresce na Europa Central e Meridional, assim como em regiões
temperadas da América Central e do Sul. Ê pouco frequente, e prefere a vizinhança
lução dos cálculos de sais micos e ;i das vinhas e dos bosques.
eliminação de areias IO,01. impedem
Descrição: Planta da família das Solanáceas. que pode atingir um metro de altura.
que os sedimentos urinários se preci- O seu fruto é uma baga de cor alaranjada ou vermelha, do tamanho de uma cereja,
pitem para Ibrmar novos cálculos. encerrada num cálice vermelho-escarlate que se dilata formando uma espécie de
• Gota e artrite úrica: Facilitam a eli- balão, a que vulgarmente se chama "capucho".
minação do ácido úrico (acção mico- Partes utilizadas: 0$ frutos (bogas).
súrica) IO.0I.

585
PrvnusaviumL

Preparação e emprego
Cerejeira
USO INTERNO
Alimenta, deleita o O Cura de cerejas: Faz-se co-
paladar... e, ao mesmo mendo como único alimento meio
tempo, cura quilo de frutos maduros, 4 ou 5
vezes por dia, durante um ou dois
dias. Se as cerejas forem bravas,
recomenda-se tomar uma quanti-
dade menor, pois contêm uma
maior proporção de princípios ac-
tivos. Os que sofram de debilida-
de gástrica ou de digestões len-
tas deverão comer as cerejas co-
zidas. Recomenda-se intercalar
entre as refeições de frutos várias
chávenas de tisana de pedúncu-
os (pés das cerejas).
€) Decocçáo de pedúnculos:

P ASSEANDO pelos vales fuscos,


ainda se podem encontrar cere-
jeiras "sem dono*, que oferecem
ao caminhante (e lambem aos pássa-
ros) os seus pequenos mas saborosos
Fervem-se 50 g de pés de cere-
ja (frescos ou secos) durante 5
minutos. Bebem-se várias cháve-
nas por dia, quer isoladamente
quer em combinação com uma
frutos isentos de insecticidas e pestici- cura de cerejas.
das.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As CE-


REJAS bravas, e também as cultivadas,
contêm uma combinação equilibrada
de princípios activos, que Fazem deste
fruto um excelente (dimenUhtemêdio:
/Glícidos: açúcares facilmente assi-
miláveis (inclusive pelos diabéticos) Outros nomes: cerejeira-brava,
em forma, de levulose ou frutose, cuja cerejeira-das-cerejas-pretas,
quantidade oscila entre 3% e 15%. Cerdeira.
/Vitaminas: caro te nos (provitamina Esp.: cerezo silvestre, guindo
A) em quantidade apreciável, assim (zorreroj, cerezo bravio, cerezo de
como pequenas quantidades de vita- monte, cerecera. Fr.: cerisier [de$
oiseaux), guignier. Ing.: wi!d cherry.
minas do grupo li e de vitamina d. mazzard. gean.
/ Minerais: Ferro, cálcio, Fósforo, en- Habitat: Comum nas zonas
xofre, sódio e, sobretudo, potássio, as- temperadas de ambos os
sim como uma ampla gama de oligo- hemisférios.
elementos (zinco, cobre, manganésio, Descrição: Árvore da família das
cobalto, etc), que conferem às cere- Rosáceas, de belo porte e casca
jas propriedades remineralizantes c castanha, lisa enquanto jovem e,
depois, rugosa e gretada. As folhas
tonificantes do organismo. são ovais e dentadas, as flores
/ Ácidos naturais: múliro, suecínico e brancas, e os frutos podem variar
cítrico, de ciija percentagem depende desde o vermelho claro até ao
O seu sabor mais ou m e n o s ácido, e vermelho amora escuro.
que actuam conto estimulantes d a s Partes utilizadas: os frutos e os
glândulas digestivas e c o m o depurati- seus pedúnculos (pés).
vos do sangue.

586
no. c de tonificá-lo para os meses es-
tivais. Beneficiarão especialmente
deste fruto medicinal:
• ()s obesos e pletóricos, a quem fará
emagrecer sem risco de desnutrição
ou de desequilíbrio mineral. Além
disso, as cerejas têm a propriedade de
a t e n u a i a .sensação de f o m e .
• Os artríticos e gotosos, a quem fará
descer os níveis de ácido úrico no san-
gue c aliviará as dores nas articu-
lações.
• Os que sofram de inflamação das
vias urinárias (pielonelViíe ou c islile)
devida a infecção crónica ou a litíase
(cálculos urinários).
• Os que sofram cie prisão de ventre
crónica devida a preguiça ou atonia
intestinal, já que a cereja tem um sua-
ve efeito laxante c tonificante de iodo
o tubo digestivo.

As cerejas, tão apreciadas por crianças


iças e adultos, são da máxima utilidade
para as populares curas depurativas da Primavera- E os seus pedúnculos (pe-
zinhos), tomados em infusão, constituem um dos melhores diuréticos vege-
ituem um
tais conhecidos.

J Fibra vegetal solúvel: pectina cm


pequena quantidade, que lhes confe- Cerejeiras e ginjeiras
re um suave efeito laxante.
/ Flavonóides, que as tornam ligeira-
mente diuréticas. Todas as numerosas espécies e variedades de cere-
/ A c i d o salicílico cm pequena pro- jeira, ou mais propriamente de cerejeira cultivada,
porção (cerca de 2 mg por quilo de provêm da cerejeira-brava (Prunus avium L), que
cerejas), que lhes confere um certo é originária da Ásia Menor.
efetlo aiUwnClamatório e antiartrí- As cerejas cultivadas costumam ser menos áci-
tico. das do que as bravas, pelo que satisfazem me-
Os I'i:i)ÚNCULOS dos frutos (os pés lhor os paladares acostumados aos sabores pou-
das cerejas) contêm sais minerais (so- co intensos e adoçados da dieta ocidental. Em con-
bretudo de potássio) e flavonóides, trapartida, as cerejas cultivadas contêm menor pro-
princípios a que se deve a sua acção porção de princípios activos medicinais do que as
bravas. Isto, no entanto, não impede que, tanto umas
diurética suave, segura c isenta de
como outras, possam ser consideradas com toda a propriedade como um autên-
efeitos secundários l©i. Constituem
tico alimento medicinal.
um dos melhores diuréticos vegetais
conhecidos. A ginjeira [Prunus cerãsus L)*, igualmente conhecida como ginjeira-gaiega e gin-
jeira-das-ginjas-galegas, e também a ginjeira-das-ginjas-garraíaís (Prunus avium
A CU1VX 1)E CEREJAS (ã base cie 1'rii- x cerãsus), dão frutos muito apreciados na confecção de sobremesas.
IOS e de tisanas de pedúnculos) é re-
Na Grã-Bretanha e na América do Norte, cultiva-se também uma planta híbrida
comendada a sãos e doentes IOI.
de Prunus avium e Prunus cerãsus, conhecida em inglês como 'Ducke cherry'
Graças à sua acção depurativa, cons- (Prunus x gondouini[Poit.-Turpin] Rehder. = Cerãsus gondouiniPoit.-Turpin).
titui um<t cios }iu'<7»<»i<\s/óntKisdc liber-
tar o organismo das impurezas acu- ' Esp.: guindo. Fr.: griotlier. Ing.: morello.
muladas durante os meses do Inver-

587
Ribes uva-críspa L. Çj
>J O] Lj ,

Preparação e emprego

Groselheira
-espím USO INTERNO
O Frutos frescos.
© S u m o dos frutos: meio copo
Útil para as curas de de 12 em 12 horas.
Primavera €) Geleia ou doce de frutos.

Precauções

Evitar as bagas verdes, já que


podem provocar intolerância di-
gestiva.

A GROSELHEIRÀ-ESPIM
muito apreciada nos países
do Norte da Europa, onde se
obtiveram variedades cultivadas que
produzem grandes e saborosos frutos.
c

Com eles se fabricam geleias e doces


que, além de agradáveis, têm proprie-
dades medicinais.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Os fru-


tos contêm ácidos orgânicos, açúca-
res, vitaminas A, li e ( 1, e sais minei ais,
que lhes conferem propriedades ape-
ritivas, digestivas, remineralizantes,
diuréticas e laxantes.
Em virtude do sen efeito diurético,
tanto frescos como em sumo ou doce. Sinonímia científica: Ribes grossularia L
os frutos da groselheira-espim são
Outros nomes:
muito apropriados para fazer as cha-
Esp.: grosellero espinoso, grosellero común, grosella
madas curas depurativas de Primave- blanca, grosella de Europa, uva crespa, uva espina.
ra IO.0.©I. muito populares na Euro- Fr.: groseiller vert, groseillier raisin crêpu. Ing.: white
pa Central e na Escandinávia. Com es- currant, common gooseberry, English gooseberry.
tas curas se pretende eliminar as toxi- Habitat: Difundida por bosques e sebes de toda a Europa,
nas acumuladas durante o Inverno, e sobretudo nos países do Centro e nos escandinavos.
compensar o possível défice vitamíni- Descrição: Subarbusto espinhoso da família das Saxifragaceas,
co, produto de uma dieta escassa em que pode atingir 1,5 m de altura. As flores são de cor vermelha ou
frutas e verduras. esverdeada. Dá fruto em baga de forma ovóide e de cor avermelhada
ou esverdeada, rodeada de pêlos e contendo várias sementes.
Também se usam como tonificante
Partes utilizadas: os frutos (bagas).
nos casos de inapetência e de esgota-
mento, assim como na convalescença
de doenças debilitantes como as in-
fecciosas IO.Ô €M.

588
Rubia tínctorvm L.
m. J>. 9 O

Preparação e emprego
Cranza
USO INTERNO
Diurética e sedativa
O D e c o c ç ã o com 30-40 g de
raiz esmiuçada num litro de
água. Ferver durante 10 minu-
tos. Bebem-se, por dia, de 4 a 6

D
ESDE tempos imemoriais, os chávenas.
povos mediterrâneos fizeram
uso cia raiz da granza paia tin- @ Pó de raiz: Ingerem-se 2
4 g diários, repartidos em 3 to-
gir de vermelho as lãs e os tecidos. Os
mas.
corantes sintéticos, como as anilinas,
descobertos no século XX, viciam
substituí-la na utilização industrial.
No entanto, as suas aplicações me-
dicinais permanecem. I lipócrates já a
utilizava tomo diurética, propriedade
pela qual continua a ser usada actual-
mente.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz


contém glicósidos antraquinónicos,
aos quais deve as suas propriedades
corantes e diuréticas; ciuaios alcalinos
e ácidos málico e tartárico. As suas
propriedades mais importantes sào:
• Diurética: Recomcnda-se em todo o
tipo de afecções renais (cálculos, cóli-
cas, infecções), assim como nas cisti-
tes 10.01.
• K sedativa da dor e anti-sóptica das Outros nomes: ruiva-dos-
vias urinárias, o que a torna muito úiil -tintureiros, ruiva-tintôria, solda-
nas cólicas IO.01. Yerillcou-se que é ca- •grande. Brasil: pega-pega.
paz de dissolver certos tipos de cálcu- Esp.: rubia, rubia de fintes, roja,
los renais (pedras do rim). roya, royuela, garanza, rebola,
sangralengua. Fr.: garance [des
• Aperitiva: Abre o apetite IO.01. teinturiers}. Ing.: madder.
• Colcrética: Indicada nos transtornos Habitat: Solos calcários da Europa
da vesícula biliar IO.01. Meridional, onde antigamente foi
cuílivada. Na península ibérica
• Emenagoga: Facilita as regras c acal- abunda a leste e a sul. Conhecida
ma as dores IO.0I. na América do Sul.
• Laxante: Favorece a evacuação in- Descrição: Planta vivaz da família
testinal «O.0I. das Rubiâceas, que atinge até um
metro de altura. O caule é
Ouundo se usa a granza como re- quadrangular, de cor avermelhada e
médio, tingem-se de cor-de-rosa a uri- coberto de ganchos espinhosos. A
na, as mucosidades e até <> suor. o que raiz é longa e serpenteante, de cor
não representa nenhum problema vermelha.
para a saúde. Partes utilizadas: a raiz.
Pensou-se que «> uso continuado da
granztf poderia ter efeito canceríge-
no, mas investigações recentes afasta-
ram essa ideia.

589
Sambucus ebulus L
'

I . •

Ebulo
Sudorífico e diurético

A S BAGAS do ébulo sào tóxi-


cas, <• comem distingui-las
das do sabugueiro (pág. 767).
Ambas as plantas pertencem à mesma
família botânica e têm aplicações se-
melhantes, embora st" use mais o sa-
bugueiro, por ler um cheiro mais to-
lerável.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém um glicósido, óleo es-
sencial, lanino e saponina. Possui
acentuadas propriedades sudoríficas,
diuréticas e laxantes. Por isso se em-
prega como:
• Diurético em caso de edemas (re-
tenção di- líquidos nos tecidos) ou de
insuficiência renal lOl.
"Sudorífico nas afecções leiais (res-
friados, gripe, paludismo, ele.) IOI.
• Anli-reuiná(ico: A decocção ou o ex-
tracto alcoólico empregam-se externa-
f P Preparação e emprego Outros nomes: engos,
mente em compressas 101 ou dicções sabugueirinho, erva-de-são-
-cristóvão. Brasil: sabugueiro.
l©l para acalmai as dores reumáticas.
Esp.: yezgo, actea, sáuco menor,
• Insecticida: As folhas frescas cai o lí- sauquillo, ébulo. enzo, ayebo.
USO INTERNO
quido da decocção, aspergido, afu- negrilios. negruchos, matapulgas,
gentam os insectos. O D e c o c ç ã o de 30 g de folhas mielgo, chavos. yambú. yubo.
e/ou raiz por litro de água. Ferver Fr.: hièble, petit sureau. Ing.: [dwarf]
durante 5 ou 10 minutos. Tomam- elder, wild elder, danewort.
-se até 3 chávenas por dia. Habitat: Difundido pelas orlas de
bosques e terrenos frescos de toda
USO EXTERNO a Europa. Naturalizado no
H continente americano.
© Compressas empapadas nu-
Precauções ma decocção como a usada in- Descrição: Planta vivaz, de cheiro
ternamente. Também se podem nauseabundo, caule erecto de até
1,5 m de altura, da família das
aplicar com o extracto alcoólico.
Caprifoliáceas. As flores são
Não exceder as doses prescritas de © Fricções com a decocção ou pequenas, brancas e em umbela. Os
raiz ou folhas. As bagas são muito o extracto alcoólico. frutos são bagas negras em cachos
tóxicas. voltados para cima.
Partes utilizadas: a raiz e as folhas.

590
Saxifraga
granulata L
Ol . J .
Preparação e emprego

Quaresmas
USO INTERNO
Eficaz contra os O Infusão ou decocção com
40-60 g de planta por litro de
cálculos urinários água, de que se tomam 2 ou 3
chávenas por dia.

As quaresmas sáo uma


das plantas mais efica-
zes para dissolver os cál-
culos urinários.

Q
l AXl)( > se arranca esta plan-
ta, podem ver-se uns peque-
nos bolho» que se forniam na
base do caule, de onde lhe
vem o nome de gromilala. Pela seme-
lhança que tem com alguns cálculos
urinários, desde tempos muito anti-
gos se pensou que o seu uso seria re-
comendado para curar o "mal da pe-
dra" ou liiíasc urinária. «Esmiuça a
pedra-, dizia Andrés de I ,aj>una no sé-
culo XVI, comentando os escritos de
Dioscóridcs. Outros nomes: sanicula-dos-
-montes. saxilraga-branca.
As quaresmas continuam hoje a ser Esp.: saxifraga, saxííraga-mayoc
Utilizadas com os mesmos fins, e são hierba de las piedras. Fr.: saxifrage.
muito apreciadas nos meios rurais do Ing.: saxifrage.
Sul da Europa. Habitat: Cria-se em terrenos
montanhosos e húmidos de toda a
PROPRIEDADES I. INDICAÇÕES: Toda a Europa. Abunda nos Alpes e nos
Pirenéus.
planta, e sobretudo a sua raiz. contém
Descrição: Planta herbácea de
taninos, resinas, glicósidos e vitamina
uns 50 cm de altura, da família
('..Tem um notável efeito diurético e, das Saxifragáceas. As folhas têm
possivelmente devido á sua faculdade o bordo dentado e o peciolo
di- alcalinizar a urina, ajuda a dissol- comprido. A flores são brancas e
ver e expulsar os cálculos urinários. dispõem-se em ramalhetes terminais.
Rccomcnda-se o seu uso paia faci- Partes utilizadas: a raiz, as flores e as
folhas.
litar a eliminação de mina. especial-
mente em caso de liiíasc minaria (cál-
culos nos rins), de areias na urina e de
cólicas renais IOI.

591
Smilax áspera L
A > ú

Preparação e emprego
Salsaparrilha-
-bastarda USO INTERNO
O Infusão com 30-40 g de ri-
Depurativa e aperitiva zoma ou raiz triturados, num li-
tro de água, de que se ingerem
de 3 a 5 chávenas diárias, an-
tes das refeições.

E
STA PLANTA já era conhecida
por D i osco ri d es c Teofrasto.
Também a mencionam Lacuna
e Mailidi. No entanto, a sua popula-
ridade atingiu o auge quando os es-
panhóis aplicaram o nome de salsa-
parrilha ;i várias espécies americanas
do género Smilox (século XVII). Es-
tas salsaparrilhas do Novo Mundo
(ver quadro da página seguinte)
eram usadas pelos indígenas tomo
depurativas, e, dado que se lhe atri-
buíam virtudes curativas sobre a sífí-
les, geraram-se grandes expectativas,
que logo se revelaram infundadas.
Outros nomes: salsaparrilha-do-
-reino. salsaparriiha-indigena,
PROPRIEDADES E INDICAÇÔKS: Con-
legação, alegra-campo, recama.
tém gVicÓsidos saponinieos, resina e Brasil: japecanga.
óleo essencial, que lhe conferem pro- Esp.: zarzaparrilla, zarza morisca,
priedades diuréticas, sudoríficas, de- uva de perro, salsaparrilla.
Fr.: liseron épineux, salsepareiile.
Ing.: sarsaparrilla.
Habitat: Bosques secos da América
Central e do Sul, e também do Sul

0
da Europa.
Descrição: Subarbusto espinhoso
Bebidas com salsaparrilha da família das Liliáceas, que trepa a
árvores de até 40 m de altura. As
suas folhas são grandes, com o
bordo circundado de espinhos e em
forma de coração alongado. As
flores são brancas, e os frutos
vermelhos ou enegrecidos.
A salsaparrilha uti-
liza-se como es- Partes utilizadas: o rizoma e a
raiz.
pumante em di-
versas bebidas re-
frescantes, devido
às saponinas que
contém

592
punitivas, aperitivas c tonificantes. *&
Favorece a eliminação de ureia, de
ácido úrico e de outros resíduos orgâ-
y Outras salsaparrilhas

nicos, e faz descer o nível de coleste-


rol no sangue. Usa-se nos seguintes Além da salsaparrilha-bastarda (Smiiax • salsaparrilha-de-lisboa (Smiiax spru-
casos IOI: áspera L), que cresce na Europa e que ceana A.D.C.), também chamada sal-
é representada na gravura da página saparrilha-do-maranhão ou salsaparri-
• reumatismo, artritismo, gota;
592, conhecem-se outras espécies dis- Iha-do-pará, própria do Brasil;
• doenças d o s rins: cálculos renais, tribuídas pela América e pelo Sul da Eu-
neíiites. insuficiência renal; ropa, entre as quais se destacam as se- • salsaparrilha-filipina (Smiiax leu-
guintes: cophylla Blume), que se cultiva na Ma-
• afecções febris: gripe, lebres tropi- lásia, Indonésia e Filipinas.
cais, ek . • salsaparrilha-mexicana ou de-vera- A composição e propriedades de to-
• inapetência, digestões pesadas. cruz (Smiiax aristolochiaefolia Miller.) das estas espécies do género Smiiax
• afecções dermatológicas: acne e ec- que, como o seu nome indica, se en- são muito semelhantes.
zemas. contra sobretudo em Veracruz e outros
lugares do México; Há várias espécies do género Smiiax
No tratamento da sífilis, p o d e ter cujas folhas se comem como verdura,
interesse c o m o complemento da trata- • salsaparrilha-das-honduras (Smiiax e outras cujas raízes e rizomas se uti-
m e n t o específico, pela sua acção de- regelii Killip.-Morton), própria da Amé- lizam como alimento.
purativa. rica Central e das Antilhas;
As salsaparrilhas americanas passaram
• salsaparrilha-da-jamaica {Smiiax or- a ser muito populares na Europa a par-
nata Lam), que prolifera r\a América tir do século XVII, pois se pensou que
Central e nas Antilhas; eram capazes de curar a sífilis.

Precauções

Em doses elevadas produz náuseas


e vómitos. Não se recomenda o con-
sumo das bagas da salsaparrilha.
Não confundir estas bagas com as
da norça-preta (pág. 679) ou as da
hera (pág. 712), que são muito tóxi-
cas.

Embora as bagas da salsaparri/ha


não sejam táo tóxicas como as da
norça-preta ou da hera, não se
recomenda o seu consumo. Podem
produzir náuseas e vómitos.
As partes medicinais da planta são
a raiz e o rizoma |os caules
subterrâneos).

593
Solidago
vlrga-aurea L O) \ tk

Preparação e emprego
Vara-de-
-ouro USO INTERNO
O Decocção: 30-40 g de sumi-
dades floridas por litro de água
Uma boa durante 5-10 minutos. Ingerem-
amiga dos rins se até 5 chávenas por dia.
© X a r o p e : Para o tratamento
das d i a r r e i a s infantis recomen-
da-se prolongar a decocção até
que o líquido se reduza para me-
tade, e juntar açúcar integral (es-
curo) ou mel, para que se forme
um xarope, que se administra às
colheradas.

USO EXTERNO
© C o m p r e s s a s empapadas nu-
ma decocção mais concentrada
que para uso interno: (50-100 g
por litro).
O Loções com a decocção con-

A RNAU de Vilanova (Valência


[Espanha], 1240 - Génova
[Itália], 1311), grande médi-
co medieval, entre cujos pacientes se
coutaram reis c papas, um dos mais
centrada.
© Cataplasmas da planta esma-
gada aplicadas directamente so-
bre a pele durante 15 minutos,
duas ou três vezes ao dia.
acreditados professores da antiquíssi-
ma Faculdade de Medicina de Mont-
pellier, foi o primeiro a descrever as
virtudes medicinais desta plaina, qua-
liJjrawlo-a como «admirável para pro-
vocar a urina e para quebrar as pedras
tios rins-. Hoje, sete séculos depois,
continua a usar-se com os mesmos Outros nomes: Virgáurea,
fins, e foi possível demonstrar a justi- virgáurea-verdadeira, verga-de-
ficação das suas propriedades. •ouro, erva-forte. Brasil; solidago.
Esp.: vara de oro, virga áurea.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- vara de San José. hierba de los
judios, hierba pagana. té de
tém taninos de acção adstringente; sa- Gredos. Fr.: solidago. verge d'or.
poninas e cumarinas, responsáveis Ing.: [European] golden-rod.
pela sua acção diurética; e llavonóidcs Habitat: Cresce em bosques e
com efeito diurético. Tem as seguin- matagais de terrenos não calcários
tes aplicações: de toda a Europa. Naturalizada no
• Afecções renais: K um bom diuréti- continente americano.
co que, além de aumentar a quanti- Descrição: Planta vivaz da família
dade de urina, favorece o bom fun- das Compostas, com caules
erectos que atingem até um metro
cionamento dos rins. K conveniente de altura. As flores são amarelas e
nos edemas (acumulação de líquidos agrupam-se em capítulos
nos tecidos), nefrite (inflamação dos terminais.
rins), nefrose (albuminúria, perda de Partes utilizadas: as sumidades
albumina tom a urina) e cálculos re- floridas.
nais (favorece a sua dissolução) 101.

594
Usa-se
tradicionalmente
nalguns lugares a
infusão de vara-de-
-ouro para deter as
diarreias infantis
que aparecem
durante o Verão ou
na época da
dentição.

• Cistite o afecções prostáticas: Pro-


porciona uma acção anli-inflamatória
sobre os órgãos urinários IO). Acalma
os incómodos da micção,
• Curas depurativas: Favorece a eli-
minação de resíduos do metabolis-
mo, como o ácido úrico. Serve nos ca-
sos de artritismo, gota, eczemas, e
sempre que se precise de limpai' o
sangue de subslâncias lõxic as IOI.
• Obesidade: Pela sua acção diuréti-
ca e depurativa, torna-se um bom
complemento no tratamento cia obesi-
dade IOI.
• Diarreias e colite: Pela sua acção
adstringente, em muitos lugares
usava-sc a vara-dc-omo paia lazer pa-
rar as diarreias infantis, especialmen-
te as estivais c as que se produzem
coincidindo com o período da den-
tição IOI.
• Adstringente c vulnerária: Km apli- As vistosas flores
cação externa, usa-se para cicatrizar fe- desta planta
ridas e cui ai úlceras (chagas) difíceis justificam
plenamente o seu
de- sarar, quer aplicada em compres- n o m e tradicional de
sas 101, (piei em loções IOI ou cata- verga-de-ouro ou
plasmas 101. vara-de-ouro.

595
Spergularía
rubra Dietrich Oj *

Arena ria
Diurética e sedativa

J£ Preparação e emprego

E CURIOSO que esta plaina


nasça em solos arenosos, e ao
mesmo tempo sirva admiravel-
mente para tratar as "areias" que se
formam nas vias urinárias dos seres
USO INTERNO
O Decocção com 50 g de plan-
humanos. Os partidários da teoria dos ta por litro de água. Ferver um mi-
sinais (verpág. 118) encontravam nes- nuto e deixar em infusão durante
ta planta mais um argumento a lavor 10 minutos. Tomam-se de 3 a 5
chávenas por dia.
da sua tese.
Sinonímia científica: Arenária
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a rubra L.
plaina é rica em sais minerais, espe-
Outros nomes: arenária-rubra.
cialmente de potássio, assim tomo em
ílavonóides e cumarinas, Possui pro- Esp.: arenária, arenária roja,
espergularia [roja]. Fr.: spergulaire
priedades diuréticas e sedativas sobre [rouge], sabline. Ing.: sandspurry.
o aparelho urinário. K indicada na li-
Habitat: Lugares siliciosos ou
tia.se urinária e especialmente no caso
de cólica renal, para acalmar a dor e
favorecer a expulsão dos cálculos (Ol.
arenosos de toda a Europa.
Descrição: Planta rasteira da
família das Cariofiláceas, com
ÍW, .V
?
Também se revela útil no trata- folhas muito finas e flores cor-de-
mento da cistite (inflamação da bexi- rosa ou púrpura.
ga) lOi. Partes utilizadas: a pianta inteira.

A arenária cosi uma usar-se em


combinação com a uva-ursina (pág.
564).

596
Theobroma cacao L.
* . •

Cacaueiro
Estimulante, diurético
e cicatrizante
Outros nomes:
cacauzeiro, cacau.
Esp.: cacao, cacaotero,
árbol dei cacao.
Fr.: cacaotier, cacaoyer,
cacao, Ing.: cacao

E STAS GENTES tomam uma be-


bida escura, que dizem vir do
paraíso - exclama assombrado
um soldado espanhol, lá pelos pri-
meiros anos do século XVI, dirigindo-
[tree].
Habitat: Originário do
México e da América
Central. O seu cultivo
estendeu-se às regiões
-se ao seu capitão, I [ernán Cortês. tropicais da África e da
Ásia.
—Eu lambem quero prová-la. Tra-
Descrição: Árvore da
gam-me um jarro! - ordena o con- família das
quistador. Esterculiáceas, que
Com restos de pocho-cocaua-ail ('be- atinge de 6 a 10 m de
altura, com grandes
bida de cacau e ceiba', na língua aste- folhas perenes e flores
ca) escorrendo-lbe dos lábios tintos amarelas ou
com a típica cor casianho-escura, I ler- avermelhadas. O fruto è
mán Cortês diz ao grupo dos seus ho- uma grande baga
mens que o observam atentamente: ovóide, de uns 25 cm de
comprimento por 15 de
-Parere-me um pouco amarga, mas grossura, de cor parda
é muito refrescante e saborosa... ou avermelhada quando
está madura. No interior
tem a polpa onde se
encontram as sementes,
em número de 20 ou 30.
Precauções
Partes utilizadas: as
sementes e a casca do
fruto.

12 Preparação e emprego
O uso do cacau por via interna, e es-
pecialmente do chocolate, desacon- USO INTERNO USO EXTERNO
selha-se nos seguintes casos:
• alergia ao cacau, O Decocção de semente: Prepa- © Manteiga de cacau: Aplicar di-
ra-se com 10 ou 12 sementes (tam- rectamente como se fosse uma po-
• digestões pesadas por litiase ou bém chamadas grãos ou lavas) por mada, sobre a zona da peie alerta-
dispepsia biliar (dado o seu conteúdo litro de água. Tomar 3 chávenas diá- da, até 6 ou 8 vezes por dia.
em gordura), rias.
O Supositórios e óvulos de man-
• prisão de ventre (agrava-a),
© Decocção de casca do fruto: pre- teiga de cacau: Preparados farma-
• acne juvenil, para-se com 50 g por litro de água. ceuticamente, usam-se em caso de
• insónia (especialmente nas crian- Tomam-se 3 chávenas por dia. hemorróidas ou de vaginite.
ças) ou taquicardia.

597
O cacau não é apenas o componente básico do chocolate, o doce universal por ex-
celência, mas também com a sua gordura se elaboram numerosos preparados far-
macêuticos e cosméticos, dos quais o mais conhecido é a popular manteiga de cacau,
tão eficaz no tratamento das gretas dos Jábios.

Pouco depois, os espanhóis intei- sem dúvida, bastante mais saudável do vena de cale contém de 100 a 150
ra ram-sc de que <> bocho-cacaua-alt, a que- o actual, enriquecido com açúcar mg).
que acabaram por chamar chocolate, e gordura.
era a Ixíbicla preferida do imperador Como preparação medicinal, usa-
M<>( ic/uma. Substituíram o Fruto cia -se a decocção de SEMENTES de cacau.
ceiba, uma outra árvore mexicana, PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As se- Esta é muito preferível ao chocolate,
pela canela e a baunilha. Mais tarde mentes do cacau contêm IO%-50% de pois se acha isenta dos seus inconve-
acrescentaram açúcar de cana cuba- lípidos (gordura), 12%-11% de pro- nientes (adição de açucare gordura).
no. E assim se chegou à fórmula bási- teínas, teobromina (1%), sais mine- Infelizmente, as sementes de cacau só
ca do chocolate moderno. rais e pequenas quantidades das vita- se encontram disponíveis nos países
minas A, lii e Ba. O cacau em pó ob- tropicais onde o cacau é cultivado.
Posteriormente, na Europa, aper- icm-se por trituração das sementes de
feiçoaram-sc os métodos do seu fabri- cacau .secas. A MANTEIGA de cacau exlrai-sc por
co, eiiriquecendo-o com a sua própria pressão das sementes torradas. K um
gordura (manteiga de cacau), até lhe A TEOBROMINA é um alcalóide cuja poderoso emoliente e cicatrizante, eme
dar consistência sólida. Embora se tra- fórmula química (3-7-dimetilxanti- entra na composição de numerosos
te de uma gordura vegetal, a mantei- na), assim como os seus efeitos, são se- preparados farmacêuticos e cosméticos.
ga de cacau é rica em ácidos gordos melhantes aos da cafeína. Diferencia-
salitrados, semelhantes aos de origem -se, no entanto, em que a teobromina A sua aplicação tcnna-se especial-
animal, pelo que se torna de difícil di- do cacau é mais diurética e menos ex- mente útil nos seguintes casos:
gestão e. além disso. Favorece a pro- citante do que a calcina. O deito diu- • gretas dos lábios produzidas pela se-
dução cie colesterol. rético da teobromina c acompanhado c ura ou pelo frio 101.
O CHOCOLATE actual contém, além de uma acção anti-inflamatória sobre
do cacau em pó (sementes tritura- o rim, pelo que se recomenda nos ca- • gretas do mamilo das mães lactantes
das), uma grande quantidade de açú- sos de neiVosc e neíYite l©l.
car (até 50% do seu peso), o que lhe • queimaduras, erupções e irritações
No conjunto, o cacau é tonificante
dá um grande conteúdo calórico, mas da pele 101.
e ligeiramente estimulante, embora
o torna pobre- em substâncias activas
cm Brandes doses, ou cm pessoas sen- • para ajudai" a nascer o cabelo l©l.
para o metabolismo, como as vitami-
síveis, possa produzir insónia e taqui-
nas c os sais minerais. Além disso, o
cardia. • hemorróidas e vaginite (ardência,
açúcar iraiislorma-o num factor de cá-
rie, especialmente para as crianças. irritação ou prurido na vagina) IO).
Algumas variedades de cacau con-
() primitivo chocolate líquido que têm também cafeína, muna quantida- A CASCA do cacau utili/a-se no Mé-
os Asiecas bebiam e que os conquis- de que pode chegar a 50 mg por chá- xico contra a tosse, em forma de de-
tadores espanhóis saborearam cia, vena de chocolate de 100 ml (a chá- cocção l©l. Também c estimulante.

598
Zea mays L í\ O V

Preparação e emprego

Milho
Notável alimento USO INTERNO
O Culinária: O milho e a sua fa-
e excelente diurético rinha tomam-se de muitas manei-
ras e em diferentes pratos como
mais um alimento.
@ Infusão de estiletes: 30 g por
litro de água. Toma-se quente ou
fria, de manhã ou de tarde, mas
não à noite, à razão de 3 a 5 chá-
venas por dia.
© Óleo: Obtém-se do gérmen do

O MII.HO era o alimento básico grão de milho. Usa-se como qual-


de muitos dos povoadores quer outro óleo de cozinha, de
pré-colombianos do conti- preferência cru.
nente americano. Era cultivado, des-
de o Sul do que agora são os Estados USO EXTERNO
Unidos, até ao Peru e à Bolívia, por O Cataplasmas de farinha de
Peles-vermelhas, Astccas, Maias e In- milho: Aplicam-se quentes sobre
cas. No México encontraram-se restos os rins ou a bexiga. Tornam-se
de milho em túmulos pré-históricos muito úteis em caso de cólica re-
de há mais fie 4000 anos. nal, se forem combinadas com a
ingestão de infusões de estiletes.
- Entrem no meu quintal e vejam
que nova e curiosa planta ornamental
me trouxeram das índias -dizia aos
seus amigos um nobre sevilhano, lá
pelo ano 1520.
— Mas que planta ornamental tão
extravagante! St- me arranjares alguns
desses grãos amarelos, também eu os Outros nomes: milho-grosso, milho-maês.
semearei no meu quintal. Esp.: maiz, choclo, mijo (turquescoj, millo,
abati, caucha, canguil, capiá. Fr.: mais.
Ing.: [Indianj com, maize.
Habitat: Oriundo do México e da América
Central, mas cultivado em todo o mundo
como alimento e forragem. Já não existe
como planta silvestre.
Descrição: Planta anual da familia das
Precauções Gramíneas, com flores masculinas e
femininas separadas. Estas últimas
agrupam-se numa espiga, que acaba por
se transformar em maçaroca. De cada uma
das flores femininas da maçaroca surge
um estile te de cerca de 20 cm de
comprimento. Todos os estiletes juntos
formam a cabeleira ou barba do milho. Os
frutos são os grãos de milho.
Os estiletes de milho, pelo seu acen- Partes utilizadas: os frutos, e os estiletes,
tuado efeito diurético, são desacon- por vezes incorrectamente chamados
selhados para quem sofra de hiper- estigmas.
trofia da próstata.

599
As chamadas barbas-de-
-mflho são na realidade
os estiletes das suas
flores femininas, de que
acabam por ficar apenas
os grãos. Constituem um
excelente diurético
recomendado em caso
de hipertensão arterial,
de pedras nos rins ou de
cistite.

K assim se foi espalhando o milho panha, no ano 1604. Pouco a pouco, provocar uma reacção inflamatória na
pela Espanha até que, mais de oiten- os seus grãos amarelos lo iam con- mucosa intestinal, doença conhecida
ta anos depois, Dom Gonzalo Méndez quistando os paladares europeus. como ecliaquia.
de Cancio, que foi governador espa- Além disso, no século XVIII descobri-
O GRÃO de milho tem as seguintes
nhol da Florida, o viu plantado cm vá- ram-sc as notáveis propriedades me-
rios quintais ejardins de Sevilha. dicinais dos seus estiletes (as barbas- aplicações:
-de-milho). • Emoliente e protector da mucosa in-
-Suponho que estareis a obter boas
testinal: O milho e a sua farinha,
colheitas desta nova planta trazida das
graças à total ausência de glúten, tor-
índias- comentou o governador a um PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O grão nam-se de grande utilidade para
distinto sevilhano, pouco depois do de milho contém glícidos ou hidratos quem sofra de ecliaquia e, em geral,
seu regresso a Espanha, de carbono (7()%-77%), proteínas para as crianças que sofram de defi-
(7%-10%) e gorduras (3%-5%), além ciente absorção intestinal ou diarreias
-Não c o que acontece, Dom Gon- de minerais e oligoelementos (sobre-
zalo; icmo-la apenas para ornamento. crónicas IOI.
tudo flúor). A sua proteína é mais
Ouvimos dizer que os índios comem completa do que se pensava, embora Actualmente, no caso dos lacten-
os seus grãos. Mas, a verdade é que um pouco inferior à do trigo e bas- tes, recomenda-se começai a dieta de
nunca os provámos. Com o trigo e a tante menos completa do que a da transição, de apenas leite, para aque-
cevada ião bons que lemos por aqui! soja. No entanto, fio mesmo modo la que inclui farinha de cercais, com
O governador iniciou a cultura do que o arroz, destaca-.sepela ausência de papinhas de milho ou arroz, que, por
milho nas Astúrias, no Norie de Es- glúten, substância proteínica que pode não terem glúten, se toleram melhor

600
A fachada da Universidade
Nacional Autónoma do
México, onde se fizeram
interessantes investigações
sobre as propriedades
nutritivas e medicinais do
milho.
Quando o milho era
totalmente desconhecido
na Europa e no resto do
m u n d o , as culturas asteca e
maia do México, assim
como a inca do Peru, já o
haviam adoptado como um
dos seus principais
alimentos.

grãos de pólen que as fertilizam. São


ricos em potássio e em ílavonóides.
que lhes conferem acção diurética;
contêm alantoina, que os torna seda-
tivos e anti-inflamalórios; e têm ain-
da taninos e esteróides. A sua acção
diurética e depurativa é intensa e mui-
to bem tolerada, sem irritar os rins
nem produzir descompensação no
equilíbrio elecirolítico do sangue. Po-
do que as de trigo, cevada ou centeio, nentes de uma dieia variada, torna-se dem-se tomai" durante longos perío-
que o contêm. ura alimento muito nutritivo e que dos de tempo. São muito indicados
contribui para suprir as necessidades nos seguintes casos:
• Refrcador do metabolismo: O mi-
lho reduz a actividade da glândula li- proteínicas da dieta. • Afecções circulatórias: edemas (re-
róide, e portanto liava o metabolis- • Redução do colesterol: O ÓLEO que tenção de líquidos); pernas inchadas
mo. Recomenda-se aos que sofrem de se extrai do gérmen de trigo é muito (inclusivamente na gravidez), afec-
hipcrtiroidismo e aos convalescentes, rico em ácidos gordos insaturados, ções cardíacas, hipertensão arterial,
anémicos e desnutridos, como re- pelo que é recomendado a (piem te- excesso de sal na dieta 101.
constituinte. É úiil nas (lic-ias para en- nha excesso de colesterol no sangue • Litíasc renal, quer devida a cálculos
gordar MM. 101. úricos quer de fosfato ou de oxalato;
Externamente, a FARINHA de milho cólicas renais, pela sua acção sedativa
(louvem referir o facto de que a e anti-in flama tó ria 101.
proteína do milho, chamada zeína, é aplic a-se em cataplasmas quentes so-
pobre em lisinae triptofano, dois ami- bre os rins em caso de cólica renal, as- • Inflamações i\o rim (nefrite), da be-
noácidos essenciais, assim como cm sim como sobre a bexiga em caso de xiga (cistite); albumina na urina (ne-
tiiacina, um factor vitamínico. Por cistite lOl. O seu eleito é reforçado frose) 101.
isso os povos que se alimentam uni- quando se usam conjuntamente com • Gota (excesso de ácido úrico), ar-
camente à base de milho sofrem a infusão de cslilcles (©I. tritismo, edemas subociilarcs (in-
carências nutritivas, que lhes podem Os ESTILETES OU estigmas do mi- chaço por baixo dos olhos), e sempre
causar doenças como a pelagra. Não lho, epie formam a sua formosa cabe- que se queira eliminar o excesso de
obstante, O milho combinado com leira ou barba, são na realidade uns fi- toxinas acumuladas no sangue (por
outros cereais, com leguminosas e nos tubos que desembocam no ovário exemplo, depois de ter passado uma
com leite, isto é, com outros compo- das suas Mores. Por eles penetram os gripe) 101.

601
PLANTAS PARA
0 APARELHO GENITAL MASCULINO
IÁRIO DO CAPÍTULO
J Plantas afrodisíacas
DOENÇAS E APLICAÇÕES
Afrodisíacas, plantas 602
Ejaculação precoce 604
•••".i^-.-^f-r.: • '
Esterilidade masculina 603
Excitação sexual excessiva 604 Aumentam o desejo e a capacidade
sexual. Nalguns casos, como por
í liperexcita ção sex uai exemplo o da cebola, o cheiro que
ver Excitação sexual excessiva . . . .604 deitam certas plantas pode contra-
'•'.•'!./ • ' • ' V V ' ' '
Hipertrofia da próstata, ver Próstata, riar o seu pretendido efeito afrodi-
afecções 603 síaco.
Impotência sexual 604
Plantas afrodisíacas 602
Próstata, afecções 603
Prostalite, ver Próstata, afecções 603 Planta Página
Sexual, excitação excessiva, Cebola 294
ver Excitação sexual excessiva . . . . 604
Hortelã-pimenta 366
O abacateiro era chamado Pimenteira 370
pelos índios mexicanos a PlANTAS
Segurelha 374
"árvore-testículo". Ainda Abóbora 605
que não influencie Baunilha 376
Damiano 613
directamente as funções Gengibre 377
genitais, não deixa de ser Eleulerococo 609
Gergelim 611 Cálamo-aromático 424
muito útil aos homens:
diminui o nível do Ginseng 608 Caneleira 442
colesterol e, aplicado sobre Ginseng-americano 609 Açafrão 448
o curo cabeludo, combate a Ginsengthinês 609
calvície. Genciana 452
Golfão 607 Satirião-macho 512
Sabal = Serenoa 610
Ginseng 608
Serenou 610
Sésamo = Gergelim 611 Damiana 613
Salva 638
Alecrim 674
Chagas 772

-m "T"A REALIDADE, a maior parte


/% / das plainas classificadas como
/ %/ afrodisíacas, o que fazem é to-
-X. T nificar e revitalizar o organis-
mo. A acção afrodisíaca é, pois, conse-
quência do aumento da vitalidade geral
que proporcionam.

602
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

2" Parte: O e c r i ç a o I
Doença Planta Pág. Descrição Uso

PRÓSTATA, AFECÇÕES CASTANHEIRO- ?c. Reduz o tamanho da próstata Decocçao de casca e ou sementes,
-DA-ÍNDIA e facilita a saída da urina banho de assento com a decocçao
Nos indivíduos do sexo masculino, jo-
vens ou de meia idade, a afecção pros- Decocçao de gálbulos (frutos),
tática mais vulgar é a prostatite de CIPRESTE 255 Aumenta a tonicidade da bexiga essência, banhos de assento
causas infecciosas; enquanto que, nos com a decocçao
que tenham mais de 50 anos, é a hi-
pertrofia ou crescimento exagerado UVA-URSINA 564 Potente anti-séptico urinário, Decocçao ou maceração
da próstata. eficaz em caso de prostatite de folhas secas
A fitoterapia utiliza plantas de grande BAROSMA
ccy Anti-séptica e anti-inflamatória Infusão de folhas, lavagens uretrais
eficácia no tratamento destas duas dos órgãos geniturinários (com uma sonda urinária) com a infusão
afecções.
VARA-DE-OURO
CQA Anti-inflamatória urinária, Decocçao de sumidades floridas
acalma os incómodos da micção
Trava o crescimento excessivo As sementes (pevides) frescas,
ABÓBORA 605
da próstata secas ou cozinhadas

SERENOA
CJQ Detém o crescimento da próstata Frutos frescos, decocçao de frutos,
e reduz os transtornos urinários extractos

FEDEGOSO 630 Anti-espasmódico, Infusão de sementes torradas


alivia os transtornos da próstata
cn,„„:ri:, 7cc Estimula as defesas, Decocçao de raiz, extractos
EQUINACEA 755 d e s c o n g e s t l o n a a pr'oslata

ESTERILIDADE MASCULINA Aumenta a produção de


Ê a incapacidade do sémen para fe- GINSENG 608 espermatozóides, estimula as Pó de raiz, extractos
cundar o óvulo feminino. glândulas sexuais
Além de melhorar a capacidade e a
potência sexual, estas plantas podem
aumentar o número e a vitalidade dos Aumenta o número e a vitalidade
espermatozóides. DAMIANA 613 dos espermatozóides Infusão de folhas, extractos

As pevides da abóbora (pág. 605)


contêm curcubitacina, principio
activo que desinflama a próstata e
refreia o seu crescimento excessivo.
Toma-se um p u n h a d o de pevides
frescas, secas ou cozidas, duas ou
três vezes ao dia.
As pevides da abóbora possuem
também acção vermífuga (eliminam
os parasitas intestinais).

603
Cap. 23: PLANTAS PARA O APARELHO GENITAL MASCULINO

Doença Planta Pág. Descrição Uso

. , cn Tonificante e equilibradora do sistema Flocos (sementes prensadas)


IMPOTÊNCIA SEXUAL nervoso cozinhadas com caldo ou leite
É a capacidade para consumar o acto
sexual, devida à falta de erecção do pé- S E f f l »au« 374 2 * ^ " ' infusão, essência
nis. Além das causas psicológicas, as
causas orgânicas mais frequentes são a
diabetes avançada e a arteriosclero- « — « » a S a ^ d a S Poda raiz, extractos
se das artérias ilíacas.
Além do tratamento das suas possíveis ts-rn— -
GERGELIM eu
611 Equilibrador do
- - * sistema
- I - U J - «nervoso,
ZJJK-_« a. „capacidade OSementes
^ M » * . . cruas
« • « • -ou
• • •torradas
»•*!••
AU.»i
causas psíquicas ou orgânicas, estas melhora sexual
plantas melhoram a erecção do pénis. 613
*"•* ISSSSStJSSST^ l** *«-.—*»
EJACULAÇÃO PRECOCE
Além da damiana, também são conve-
nientes todas as plantas tonificantes
do sistema nervoso recomendadas
para o esgotamento e a astenia (pág.
613 ssBBESEísiSaaar™"* ****•»—»
140).

EXCITAÇÃO SEXUAL
LÚPULO 158 Sedante, acalma a excitação sexual Infusão de cones
EXCESSIVA
Estas plantas exercem uma acção ana-
frodisiaca (diminuem o desejo sexual).
Podem ser de utilidade para os jovens GOLFÃO 607 Trava o apetite sexual excessivo Infusão de flores ou rizoma
demasiado ardentes, ou no caso de se
encontrarem diminuídas as faculdades
mentais.
SALGUEIRO- C-,C Acalma o nervosismo, a ansiedade i » * . . * - *u4u»»
676 l n , u s a o de f l o r e s
BRANCO e a hiperexcitação sexual

Plantas anafrodisíacas

Diminuem o desejo sexual. Também


se conhecem como antiafrodisia-
cas.
Embora se tenham usado mais na
antiguidade do que nos nossos dias,
continuam a ter aplicação em caso
de espermatorreia, isto è, derra-
mamento excessivo e involuntário de
sémen, que costuma ocorrer nos
adolescentes.

Planta Página
Lúpulo 158
Alface-brava-maior 160
Canforeira 217
Golfão 607
O golfão usava-se antigamente para refrear o apetite sexual
excessivo, devido â acção dos seus alcalóides. Salgueiro-branco 676

604
Cucurbita pepo L.

Abóbora
Desinflama a bexiga
e a próstata, expulsa
os parasitas intestinais

E XISTEM numerosas variedades


cultivadas de abóbora, que pro-
duzem frutos que podem pesar
desde meio quilo até mais de cin-
quenta.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS SE-


Espécies afins: Cucurbita melopepo L, Cucurbita ovifera L, Cucurbita verrucosa
MENTES da abóbora, também chama- L, Cucurbita máxima Duch.
das pevides, e especialmente o seu Outros nomes: abóbora-porqueira. abóbora-de-coroa. cabacinha-riscada,
gérmen, contêm até 35% de óleo; cabacinha-verrugosa, abóbora-menina, abóbora-moganga.
prótidos ricos em aminoácidos essen- Esp.: calabacera, zapallo, calabacin, pipián, auyama, ayote, purú, sapuyo,
ciais; e cucurbilacina, princípio activo vitoriera. Fr.: citrouille, courg. ing.: pumpkin.
que apresenta as seguintes proprieda- Habitat: Algumas variedades são oriundas do Médio Oriente, enquanto outras
des e indicações: são de origem americana. Precisa de terrenos húmidos e quentes. Actualmente
cultiva-se em todo o mundo.
• Antiprostáiica: A afecção mais fre- Descrição: Planta anual, da família das Cucurbitáceas, de caule rasteiro ou
quente da próstata, o adenoma (tu- trepador, de até 8 m de comprimento. As folhas são muito grandes e cobertas de
morização benigna), manifesta-se nos pelinhos picantes. As flores são amarelas e muito vistosas.
homens de idade madura por: perda Partes utilizadas: as sementes (pevides) e a polpa do fruto.
de forca do jacto da urina; polaquiú-
ria (necessidade de urinar frequente-
mente e apenas uma pequena quanti- J £ Preparação e emprego
dade), especialmente durante a noite
e depois de viagens sentado; e, nos ca-
sos em que o estado é avançado, com- USO INTERNO - Dividir esta pasta em três
pleta impossibilidade de urinar. porções iguais, para o pequeno al-
O As sementes (pevides) podem-
A cucurbilacina contida nas pevi- -se comer frescas, secas ou cozidas, moço, o almoço e o jantar. Não co-
des de abóbora actua em particular na quantidade de 50 a 100 g, duas mer outra coisa durante todo o dia,
sobre a próstata, desinilamando-a e ou três vezes por dia. excepto cenoura, que também é
travando a sua hipertrofia (cresci- anti-helmíntica.
€) Quando se usam contra os para-
mento excessivo) IOI. Isto deve-se ao sitas intestinais, recomenda-se se-
lacto de que a cucurbilacina bloqueia - Uma hora depois da terceira
guir o plano que passamos a indicar:
a divisão das células glandulares da toma, administra-se um purgante
- Fazer jejum durante 12 horas (por exemplo, uma infusão de sene
próstata (acção antimitótica), proces- (bebendo apenas água), a começar
so com o qual trava o crescimento des- ou de cáscara-sagrada, ou sais de
na tarde anterior ao tratamento. frutos, ou um par de colheradas de
ta importante glândula.
- Pesar de 200-400 g de pevides óleo de rícino).
No entanto, há a considerar que, com casca (para os adultos, até 800
embora as sementes da abóbora pos- g). Depois de descascadas, esma- - Observar as fezes. Se não se tiver
sam travar o crescimento da próstata, gam-se num almofariz. Pode-se conseguido a expulsão dos parasi-
e com isso aliviar os incómodos cita- acrescentar açúcar escuro à pasta tas, repete-se o processo ao fim de
dos, em nenhum caso podem fazer que se formou. dois ou três dias.
desaparecer o crescimento excessivo
já Formado,
• Anti-inflamatória urinária: O prin-
cípio activo das sementes de abóbora
também actua sobre a bexiga, desin-
flamando-a e descontraindo^. Daí
que as sementes de abóbora sejam in-
dicadas em caso de cistite, infecções
urinárias, incontinência urinária, eis-
tocelo (desprendimento da bexiga),
bexiga neurogêntea (irritação que se
manifesta por um desejo constante
de urinar) (Ol.
•Vermífuga: A cucurbitacina actua
soltando a cabeça da lenia (solitária)
da parede do intestino. Também dá
resultado contra o u t r o s parasitas in-
testinais, c o m o os ascarídeos. U m a
vez soltos os v e r m e s , deve a d m i n i s -
trasse um purgante para facilitar a sua
expulsão.
A eficaz a c ç à o v e r m í f u g a das se-
mentes de a b ó b o r a é isenta de perigo.
Por isso, as pevides da abóbora são o O doutor Klein,
ideal para as crianças q u e s o l t a m de médico vienés,
parasitas intestinais, em especial le- observou que, na
nias ou ascarídeos (lombrigas) 101. Transilvània. a
hipertrofia prostática
A POLPA da a b ó b o r a , assada ou co- era uma doença quase
zida, é muito rica em glícidos (hidra- desconhecida. Um
tos de c a r b o n o ) . K um e m o l i e n t e colaborador de Klein
chegou á conclusão de
(suavizante) de lodo o tubo digestivo, que isso se devia
e possui um ligeiro efeito diurético e provavelmente ao
anti-inflamatório. E p o r t a n t o indica- facto de que os
da para quem sofra de: habitantes dessa
região do Centro da
• problemas digestivos, c o m o dispep- Europa consumiam
sia (digesta») difícil), acidez do estô- grandes quantidades
mago, prisão de ventre, fermentações de sementes de
ou putrefacções intestinais; abóbora.

• h e m o r r ó i d a s , peia sua acção suavi- Segundo Rondale, o


efeito benéfico para a
zante e ligeiramente laxante. próstata, do consumo
• a f e c ç õ e s renais ( c o m o tratamento destas sementes, pode
complementar): insuficiência renal, ue- dever-se à sua riqueza
no oligoelemento
Frite ou glomerulonefrite, edemas zinco, e nos ácidos
( r e t e n ç ã o de l í q u i d o s ) , cálculos re- gordos linoleico e
nais. oleico, a que alguns
chamam
impropriamente
vitamina E

Chila

Da Cucurbita ficifolia Bauché, co-


nhecida como chila ou abóbora-
-chila, obtêm-se os fios de chila
muito usados em confeitaria.

606
Nymphaea alba L
o.

Golfão
Acalma o desejo '1 V*)i
sexual... segundo
dizem

O
GOLFAO-branco ou lis-dos-
-tanques (Nymphaea alba L.) c
o golfão-amarelo {Niipharlu-
//•a 11,. | Sibth. et Sm.) pertencem a gé-
neros botânicos diferentes, embora as
suas propriedades sejam muito se-
melhantes. Distinguem-se Facilmente
pela cor das flores.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo- Espécie afim: Nuphar lutea (L.) Sibth.-


res e o rizoma dos golfões contêm ta-
ninos e alcalóides (niníalina e nu fari-
-Sm.
Outros nomes: golfào-branco, golfo-
*U
na). A propriedade destas plantas que -branco, boieira, boleira-branca. lis-dos-
mais se tem distinguido é a analrodi- •tanques. nenúfar; N. lutea: golfão-
•amarelo, golfo-amarelo, boieira-
síaca, isto é. a de refrear o apetite se- -amarela, núfar.
xual, sugerida pela calma e tranquili-
Esp.r nenúfar [Manco], ninfa/blancaj,
dade dos lugares onde vegeta. Era ninfea, escudete de Europa, escudele
este o motivo pelo qual se utilizava de rio, lirio de agua, golfán blanco, rosa
abundantemente nos claustros, con- de amor, rosa de Vénus, aibahaca
vénios e seminários, embora não sai- moruna; N. lutea: ninfea groga,
bamos se com o resultado pretendido, (nejnúfar groc. Fr.: nénuphar.
já que, segundo indica Fonl Quer. Ing.: waterlily.
pode também produzir o efeito con-
trário: excitação.
O médico espanhol do século XVI, I P Preparação e emprego
Andrés de Laguna, acreditava nas pro-
priedades calmantes dos golfões ou Habitat: Charcos, lagos e cursos de
nenúfares. Diz acerca da raiz desta água muito lentos, de regiões
planta: "Reprime e impede os sonhos arborizadas.
USO INTERNO
venéreos; e, bebida com frequência. Descrição: Planta vivaz aquática,
O Infusão de 30 g de flores ou de da família das Ninfeáceas, que se
em pouco tempo torna cabisbaixo e rizoma triturado, por litro de água, caracteriza por ter folhas flutuantes,
sem brio aquele membro que hones- da qual se tomam 3 chávenas por com a forma de um coração, de até
tamente não se pode- nomear.» dia. 30 cm de diâmetro.
Actualmente, como plama medici- Partes utilizadas: as flores e o
nal IOI. o golfão é muitO pouco utili- rizoma
zado...

607
Panaxglnseng
CAMeyer
.\ I
!\J
Jjt
<# dl A

Preparação e emprego

Ginseng
USO INTERNO
Não dopa, O 0 ginseng apresenta-se habi-
tualmente em forma de prepara-
mas funciona dos farmacêuticos, extractos,
cápsulas, ampolas bebíveis, etc).
A dose habitual é de 0,5 a 1,5 g
de pó de raiz por dia, numa única
ou em várias tomas.
Há que ter em conta que a acção
do ginseng é lenta mas acumula-
tiva. Os eleitos começam a notar-
-se a partir da segunda ou tercei-
ra semana de tratamento.

A RAIZ do ginseng tem vindo a Recomenda-se tomá-lo de forma


ser utilizada ininterruptamen- continuada durante um certo tem-
te desde há mais de 1000 po (dois ou três meses no máxi-
anos, na China, pelas suas proprieda- mo), e descansar um ou dois me-
des tonificantes. ses antes de iniciar outro ciclo de
tratamento.
Foi introduzida na Europa a partir
do século XVIII e tem sido objecto de
numerosos estudos científicos, em função
das suas extraordinárias virtudes.
O seu nome científico, Panax, vem
dos radicais gregos pan (todo) c axos
(cura). Para os chineses, o ginseng é
Sinonímia científica: Panax
uma autêntica panaceia, capa/, de cu- schinsegn Nees.
rar uma grande variedade de afec-
Outros nomes: ginseng-
ções. Os seus eleitos afrodisíacos de- -coreano, ginseng-vermelho.
ram-lhe uma grande popularidade
Esp.: ginseng rojo, ginseng
nos países ocidentais, onde o stress e coreano. Fr.: ginseng.
o uso do tabaco, do álcool e de outras Ing.: ginseng.
drogas constituem uma agressão con- Habitat: Oriundo de zonas
tra a potência sexual. montanhosas e frias da Coreia,
da China e do Japão, onde se
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS cultiva amplamente.
princípios activos da raiz do ginseng Descrição: Planta da família das
são de uma grande complexidade quí- Aralíáceas. que atinge de 20 a
50 cm de altura. As folhas
mica, tanta, que até agora não tem
dispõem-se em grupos de cinco.
sido possível sintetizá-los. Chama-se- As flores são de cor púrpura e
-Ihes ginsenósidos, e quimicamente dão lugar a uns pequenos frutos
são glicósidos esteróides das sapoui- em baga. A raiz é carnuda, de
nas iriterpénicas. A eles se devem fun- cor acinzentada ou branca;
damentalmente as suas acções te- mede de 10 a 15 cm e tem um
rapêuticas, que são reforçadas pelos peso médio de 200 g.
restantes componentes: minerais e Partes utilizadas: a raiz a padir
oligoelementos, entre os quais se assi- do quinto ano.
nalam o enxofre, germânio, manga-
nésio, magnésio, cálcio e zinco; vita-
minas Bi, Ba, Be, bio ti na e ácido pan-
toténico; Pitosteróis; enzimas; assim
como outras substâncias.

608
«Al*
• Esgotamento psíquico, depressão,
r Tipos de ginseng ansiedade, insónia. Muito útil para os
estudantes em época de exames.
• Envelhecimento precoce, senilida-
de.
Existem vários tipos de ginseng: folium L): Oriundo do Nordeste dos Es-
tados Unidos e Sudeste do Canadá. • Hiper ou hipotensão arterial.
• Ginseng-coreano ou vermelho {Pa-
nax ginseng C. A. Meyer): É o ginseng Cria-se em estado silvestre nos bosques • Anemia: Especialmente útil para re-
por excelência, o mais rico em principios de faias e carvalhos. cuperar as perdas de sangue depois
activos, e que aparece na gravura da • Eleuterococo (Eleutherococcus sen- de hemorragias ou doações.
página anterior. ticosus Maxim.), também chamado gin- • Transtornos da sexualidade: im-
seng-russo ou siberiano: Cultiva-se com potência masculina, fiigidez femini-
• Ginseng-chinês (Panax repens Max.): fins medicinais e apresenta proprieda-
Cultiva-se na China e na Indochina. na, insuficiência hormonal, esterili-
des muito semelhantes às do ginseng- dade masculina ou feminina.
• Ginseng-americano (Panax quinque- -coreano.

Os efeitos do ginseng sobre o or- antí-stress devida â sua qualidade de


ganismo são muito variados MM: "adaptogénio", pois aumenta a capa-
cidade de adaptação do organismo
• Tonificante: Os ginsenósidos au-
aos esforços físicos ou psíquicos. Km
mentara o rendimento físico e a re-
estudos com ratos, viu-se que estimu-
sistência à fadiga. Isto não se deve a
la tanto a hipófise como as glândulas
nm efeito excitante, como acontece
supra-renais.
com a cocaína, o café, o chá e outras
drOgas, mas a uma melhora nos pro- • Sistema cardiovascular: Tem um
cessos metabólicos. O ginseng acele- efeito vasorregulador, normalizando
ra os processos enzimáticos da glico- a pressão arterial.
génese (produção de glicogénio no fí-
• Sistema reprodutor: Favorece a es-
gado a partir da glicose) e da glicoge-
pei inatogénese (aumenta a produção
nólise (produção de glicose a partir
de espermatozóides); estimula as
do glicogénio acumulado); diminui a
glândulas sexuais (tanto masculinas
concentração de ácido láctico no
como femininas), aumentando a pro-
músculo, causador das dores muscu-
dução de hormonas; aumenta a capa-
lares, graças ao melhor aproveita-
cidade sexual, melhorando a fre-
mento da glicose; aumenta a pro- O ginseng é um tónico geral do
quência e a qualidade da erecção no organismo, além de aumentar a
dução de AVI* (trífosfato de adenosi-
homem, e favorecendo a excitação capacidade sexual.
na), substância de grande capacidade
dos órgãos genitais na mulher. Não é
energética para as células; melhora a
um afrodisíaco no sentido restrito da
Utilização do oxigénio pelas células;
palavra, pois a sua acção não consiste
aumenta a síntese de proteínas (efei-
em excitar o desejo sexual, mas em
to anaboli/antc); estimula a heinato-
melhorar a capacidade e o Funciona-
poiese (produção de sangue) na me-
dula óssea, especialmente após as he-
mento dos órgãos genitais. Precauções
morragias. Todos estes efeitos bioquí- As indicações para o uso do gin-
micos puderam ser comprovados ex- seng são as seguintes;
perimentalmente. Deste modo o gin-
seng tonifica sem excitar e sem criar de- • Esgotamento físico: astenia (debili- Doses excessivas podem produzir
pendência, pois aumenta a produção dade) , fadiga fácil, falta de energia vi- nervosismo.
de energia nas células. tal, convalescença de doenças ou Não convém associá-lo com o ca-
operações. fé ou o chá, uma vez que isso pode
• Sistema nervoso: Possui eleitos an- • Prática desportiva. O ginseng não fi- provocar excitação nervosa; ou com
tidepressivos e ansiolíticos (elimina a gura na lista de substâncias proibidas medicamentos que contenham ferro,
ansiedade). Favorece a actividade por produzirem doping. pois este mineral interfere quimica-
mental, aumentando a capacidade de mente com os princípios activos do
• Stress, doenças psicossomáticas ginseng, reduzindo os seus eleitos.
concentração e de memória.
(gastrites, colites, enxaquecas, asma,
• Sistema endócrino: Tem uma acção palpitações).

609
Serenoa repens
Bartram. o| •

Serenoa
Detém o crescimento
da próstata

O S FRUTOS desta pequena


palmeira americana são umas
tamara/inhas que se comem
desde tempos muito remotos na Flo-
rida, Geórgia, Luisiana e outros esta-
dos do Sudeste da América do Norte.
Parece que os antigos povoadores in-
dígenas já conheciam as suas proprie-
dades medicinais, e que até as utiliza-
vam como afrodisíaco. Recentemente
descobriu-sc que têm princípios acti-
vos muito interessantes, e actualmen-
te entram na composição de vários
preparados farmacêuticos.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ex-


tracto lipídico que se obtém dos Fru-
tos, após dissolução num meio gordo,
contém diversos fi toste róis, especial-
mente o beia-silosierol; um álcool tri-
terpénico (ciclartenol); e álcoois gor- Sinonímia científica: Sabal
dos aliiáiicos de alto peso molecular; serrulata Schult.
todos eles de acção anti-inllamalót ia Outros nomes: sabal.
sobre a próstata. O seu mecanismo de
Esp.: sabal, palamerita, palmito.
acção de tipo hormonal impede a acção Fr.: serenoa. Ing.: shrub palmetfo,
proliferativa dos androgénios sobre o saw palmetto.
tecido prostático. Habitat: Dunas arenosas e regiões
• Próstata: O uso da serenoa, ou sa- costeiras do Sudeste dos Estados
bal. lorna-se muito útil cm c aso de hi- Unidos, principalmente na Florida.
Também se encontra em algumas
pertrofia ou de adenoma da próstata regiões da América Central.
IO.0.€)I. Detém o crescimento da
glândula e reduz notavelmente as do-
Descrição: Palmeira de uns 3 m de
altura, da iam ília das Palmáceas,
I P Preparação e emprego
enças urinárias próprias do síndroma com flores cor de marfim. Os frutos
prostático: disúria (dificuldade de uri- são drupas com cerca de 2 cm de
nar), polaquitlria (necessidade de uri- comprimento, que quando
amadurecem adquirem uma cor O Frutos frescos maduros: Po-
nar muitas vezes) e tenesmo vesical
escura, com a pele enrugada. dem-se comer 50-100 g por dia.
(sensação permanente de vontade de
urinar), lambem é indicado no caso Partes utilizadas: os Irutos © Frutos cozidos: 50-100 g diá-
de pro.siatites. tanto agudas como cró- maduros. rios.
nicas. © Extractos que fazem parte da
composição de diversos prepara-
• Diurético: Além das suas proprieda-
dos farmacêuticos.
des antiprostáticas, esta planta favore-
ce de forma suave a diurese-. E ligeira-
mente peitoral IO,01.

610
Sesamum
indicum L Oj

Preparação e emprego

Gergelim USO INTERNO


O As sementes de gergelim po-
Restaura a vitalidade dem comer-se cruas ou ligeira-
e a capacidade sexual mente torradas. Para isso, pri-
meiro deitam-se de molho em
água e, depois de se terem dei-
xado repousar durante uns 15 mi-
nutos, passam-se por um coador,
procedendo de maneira a não

O í ;ER( IELIM é unia plaina ole-


aginosa cultivada desde tem-
pos antiquíssimos. Na Meso-
potâmia, na índia, no Egipto, na Chi-
na e na Grécia, as .suas sementes eram
despejar o que tiver assentado no
fundo. Deste modo se eliminam
as pedrinhas e a terra que pos-
sam conter.

muito apreciadas como condimento <• Seguidamente torram-se numa


como alimento requintado e energé- caçarola, revolvendo-as constan-
tico. temente com uma colher de pau
para evitar que se queimem.
No túmulo de Ramsés III (secado Guardam-se num frasco de vidro,
XIII a.C.) pode ver-se num fresco a e tomam-se 2 ou 3 colheres de
maneira como os egípcios já adicio- café depois do pequeno almoço e
navam gergelim â massa do pão. .Ac- do almoço.
tualmente continua a ser de uso po-
pular em países orientais e america-
nos, onde inclusivamente se prepara
com ele uma bebida semelhante à or-
chata, que as mulheres tomam para
facilitar a secreção láctea quando
amamentam. Sinonímia científica: Sesamum
oríentale L.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: ÀS se- Outros nomes: sésamo, mafuta,
mentes de gergelim contêm uma ocota, gingelim, gerzelím, jorgelim.
grande variedade de princípios nutri- Esp.: sésamo, ajonjoli, aijonjoli,
tivos íle alto valor biológico: ajonjoté, alegria, jijiri. haholi.
Fr.: sésame. Ing.: sesame.
/ Lípidos ou gorduras (52%), prati-
Habitat: Amplamente cultivado nos
camente todos eles constituídos por países do Médio Oriente e na Índia,
ácidos gordos insaturados, o que lhes de onde é originário. Actualmente, a
confere uma grande eficácia na re- sua cultura estende-se a outras
dução do nível de colesterol no san- regiões tropicais e subtropicais da
gue. América, da África e dos países
mediterrâneos.
Entre as gorduras do gergelim en-
Descrição: Planta herbácea da
contra-se a lecitina, que c um fosfolí- família das Pedaliàceas, que atinge
pido (gordura fosforada) <|ue desem- até 1,5 m de altura. As flores são
penha uma importante função no brancas, cor-de-rosa ou púrpura. Os
nosso organismo. K componente es- frutos são umas cápsulas
sencial do tecido nervoso, e também pubescentes que contêm várias
sementes achatadas de 2 a 5 mm
se encontra no sangue, no sémen e na de comprimento, que normalmente
bílis; c intervém na função das glân- têm cor castanha; embora também
dulas sexuais. as haja brancas, vermelhas ou
negras, segundo as variedades.
A lecitina c um poderoso cmulsio-
nante, que facilita a dissolução das Partes utilizadas: as sementes.
gorduras em meio aquoso. Uma das

611
A cozinha tradicional do
Extremo Oriente, o
gergelim, sob diversas
formas e preparações, é
um componente
indispensável de
requintados e
numerosos pratos. Isto
acontece seguramente
porque a sabedoria
oriental já tinha
descoberto que as suas
propriedades
revitalizantes influíam
de m o d o muito
favorável na
manutenção da
capacidade sexual.

suas funções no sangue consiste em /Vitaminas, especialmente a K (to- que nos países orientais ela seja con-
manter dissolvidos os lípidos em ge- coferol), a Bi ou tiamina (0,1 mg por siderada uni restaurador da vitalida-
ral, e especialmente o colesterol, evi- 100 g) e a IV.' ou riboflavina (0,24 mg de e da capacidade sexual. Entre as
tando assim que se deposite nas pare- por 100 g), suas muitas aplicações, assinalamos as
des das artérias (arteriosclerose), O seguintes:
/ Minerais e oligoclemcntos diversos,
gergelim é, juntamente com a soja, o
especialmente cálcio, fósforo, feno e
vegetal mais rico em lecitina. • Problemas nervosos: esgotamento
magnésio, cobre e cromo.
/ Proteínas (20%) de alto valor bio- nervoso ou mental; stress; perda de
y Mucilagens, a que deve a sua acção memória; melancolia, depressão ner-
lógico, formadas por 15 aminoácidos
laxante suave. vosa; irritabilidade ou desequilíbrio
diferentes com uma elevada pro-
porção de metionina (aminoácido es- Observando a composição desta nervoso; insónia IOI. É um excelente
sencial). pequena semente, não é de estranhar complemento nutritiva para quem este-
ja submetido a uma grande activida-
de mental ou intelectual e deseje

o
manter um bom rendimento.

Maneiras tradicionais de preparar o gergelim •Sobrecarga física: prática desporti-


va, gravide/., lactação, convalescença
após intervenções cirúrgicas OU do-
Existem três outras maneiras de prepa- gergelim. Substitui com vantagem a enças IOJ.
rar o gergelim, além de torrar as se- manteiga ou a margarina.
mentes, com as quais também se apro- • Falta de rendimento ou de capaci-
• Gomásio: Pasta formada por 14 ou
veitam as suas propriedades: dade sexual, tanto no homem como
15 partes de gergelim torrado triturado e
• Óleo de gergelim: Pode-se usar co- uma de sal marinho. Também se lhe dá na mulher IOI.
mo qualquer outro óleo vegetal. É mui- o nome de sal de gergelim. Além das
to estável e pouco sujeito a criar ranço. suas propriedades medicinais, é um ex- • Excesso de colesterol no sangue; ar-
• Tahin: É uma pasta muito saborosa celente condimento muito popular nos teriosclerose; prevenção do infarto
que se obtém moendo as sementes de países orientais. do miocárdio e da trombose arterial
IOI.

612
Tumera
diffusaWUd. os
Preparação e emprego

Damiana
USO INTERNO
Tonificante O Infusão: 60-90 g de folhas
e afrodisíaca por litro de água. Tomar 2 ou 3
chávenas diárias.
© Extractos: sob a forma de
diversos preparados farmacêu-
ticos.

A damiana é uma planta


afrodisíaca m u i t o popular

A S FOLHAS desta planta, de


agradável sabor aromático,
empregam-se como substituto
do chá, e gozam fie merecida fama
como afrodisíaco.
no México.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As ro-


lhas contêm um óleo essencial (rico
em cineol, cimo] e pineno), o glicósi-
do arbutina, mn princípio amargo, ta-
nino e resina. As suas propriedades
medicinais não dependem de ne-
nhum destes compostos isoladamen-
te, mas resultam da combinação de to-
dos eles. São as seguintes:
• Tonificante nervoso: O seu uso dá
bons resultados em caso de astenia,
debilidade, esgotamento físico on in-
telectual e stress IO,€». Ao contrário
do que acontece com outros estimu-
lantes, tem uma acção suave e não
gera dependência.
Outros nomes: tumera.
• Estimulante dos órgãos genitais: Esp.: tumera, malva blanca, mejorana. Fr.: thé
Comprovou-se <^ue produz um au- bourrique. ing.: fmexican) damiana.
mento no número e na vitalidade dos Habitat: Sul dos Estados Unidos, México e países da
espermatozóides. Na mulher, regula- América Central. Não se dá na Europa.
riza o ciclo menstrual e estimula as Descrição: Arbusto da família das Turneáceas, que pode
funções do ovário. Km ambos os sexos atingir 2 m de altura. As folhas são pequenas e dentadas,
tem um eleito revitalizanle c afrodisí- mais claras pela face inferior. As flores são pequenas,
aco que, ao contrário de outros esti- amarelas, e nascem nas axilas foliares superiores.
mulantes sexuais, não tem efeitos secun- Partes utilizadas: as folhas.
dários conhecidos. E indicada em caso
de impotência masculina, ejaculação
precoce e espermatorreia (derrama-
mento involuntário de sémen) IO.G1
• Diurético suave- IO!.

613
PLANTAS PARA
O APARELHO GENITAL FEMININO
SUMARIO DO CAPÍTULO
D O E N Ç A S E APLICAÇÕES Plantas galactagogas 615
Antiêspasmódicas uterinas, plantas... 621 Plantas ocitócicas 621
Antilactagogas, plantas 615 Regras excessivas 618
Regras irregidares 618
Cervicite 620
Regras, dor, ver Disinenoireia 617
('.limar/mo, VttMenOpQUSQ 619
Regras, retenção de líquidos 618
Colo do útero, infecção, ver Cervicite .. 620
Retenção de líquidos antes das regas,
Dismenorreia 617
ver Regias, retenção de líquidos . . . 618
Emenagogas, plantas 62!
Seio, infecção, ver Mastite 616
Esterilidade feminina 616
J vtg/nih; ver Leucorreia 620
Fluxo vaginal, ver Leucorreia 620
Galactagogas, plantas 615
PLANTAS
Gestação, ver Gravida 616
Gravidez 616 Alquemila = Pc-de-ieão 622
Grelas do mamilo 616 Arruda 637
lliprri/ienowia, ver Regras excessivas . 618 Artemísia 624
Inchaço antes das regras, Betónka-dos-pántanos 67/
vn Regras, retenção de líquidos . . .618 Bico-decegonha 631
Injecção da mama, ver Mastite 616 Hico-de-ccgonha-moscada 631
líola-de-nivc = Noveleiro 672
Lactação, injecção das mamas,
Bolsa-de-pastor 628
ver Mastite 616
C.filéndula = Maravilha 626
Leucorreia 620
Cupselu = Bolsa-de-pastor 628
Mamo, infecção, ver Mastite 6/6
Cardo-morlo = lasneirinha 670
Mamih, gretas 616
Estaque 641
Mastite 616
Fedegoso 630
Menopausa 619 Folhado 643
Menstruação excessiva, Galega 632
ver Urgias excessivas 618 Maravilha 626
Menstruação irregular, Menla-de-cavalo 657
ver Regias irregulares 618 Monarda 637
Menstruação, dor, ver Dismenorreia . .617 Noveleiro 672
Ocilócicas, plantas 621 Pè-de-leão 622
Ovário, insuficiência 619 Pulsatila 623
Peão, injecção, ver Mastite 616 Rosa-de-da masco 635
Planttts mtiespasmèdwas uterinas... 621 Rosa-páiida 635
Plantou antilactagogas 615 Roseira 635
Plantas emenagogas 621 Salva 638
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I

2 " P.irto: D e s c r i ç ã o
I
J
Salva-dos-prados 63S
Senécio-viscoso 640
Itisiia 640
Tasiwirinha 640
Utiiga-branca 633
Yihurno 675
Viburno-americano 643

As plantas medicinais tanto


podem aumentar a secreção
de leite das mães Jactantes,
como diminui-la.

A
S PLANTAS medicinais podem
melhorar muito a saúde e <>
bem-estar da mulher. Muitas
delas conseguem aliviar as do-
res das remas (dismenorreia), normalizar Plantas galactagogas
os ciclos menstruais quando estes são irre-
gulares, e reduzir a hemorragia no caso de
ser excessiva.
Favorecem a secreção de leite nas
A disposição de ânimo, a emotividade e mulheres que amamentam. Ingerem-
até o carácter, dependem em certa medi- -se normalmente por via oral em for-
ma de tisana. A accãc estimulanle
da do equilíbrio hormonal. O organismo destas plantas sobre a produção de
feminino está sujeito ciclicamente a osci- leite deve-se aos seus óleos essen-
lações no nível de hormonas sexuais, o ciais.
que pode provocar desequilíbrios emo-
cionais com certa Frequência. Planta Página
I'. interessante verificai" que estas plantas Urtiga-maior 278
não exercem apenas uma acção sintomá- Endro 349
tica, acalmando as dores ou os transtornos Alcaravia 355
menstruais, mas chegam a produzir um Funcho 360
verdadeiro reajustamento no delicado Manjericão-grande 368
mecanismo hormonal que desencadeia a Cominho 449
menstruação de forma periódica. Deste
Anis-verde 465
modo. como também acontece noutros
Galega 632
campos da fitoterapia, as plantas medici-
nais exercem uma verdadeira acção pre-
ventívasobre muitas das doenças e trans-
tornos femininos,
Aplicadas localmente na forma de irri- Plantas antilactagogas
gação vaginal, as plantas medicinais ac-
tuam eficazmente nas infecções da vagina
e do colo do útero, causadoras da leucor- Reduzem ou detêm a secreção de
reia. Durante a gravidez e especialmente leite nas mulheres que amamentam. Uti-
durante a lactação, as plantas também po- lizam-se quando, por alguma razão, seja
conveniente suspender a lactação ma-
dem prestar bons serviços à mulher. Há terna. Empregam-se tanto por via oral
plantas que fazem aumentai a produção como em compressas sobre os peitos.
de leite, e outras (pie a diminuem. Nos
transtornos da lactação natural, como as
Planta Página
grelas no mamilo e as inflamações mamá-
rias (masiites), também a fitoterapia pode Pervinca 244
fornecer soluções praticas. Cana 566

615
Cap. 2 4 : PLANTAS PARA O APARELHO GENITAL F E M I N I N O

Doença Planta Pág. Acção Uso

ESTERILIDADE FEMININA
ONAGRA 237 Equilibra o sistema hormonal Óleo das sementes
E a incapacidade da mulher para con-
ceber na idade fértil. Pode ter causa
orgânica, devida a uma obstrução das
trompas de Falópio, por exemplo, ou GINSENG 608 Estimula as glândulas sexuais (ovários) Pó de raiz, extractos
então uma causa funcionai.
As plantas medicinais actuam unica-
mente neste último caso, estimulando DAM.ANA 613 J g j g J JnerV0S°'revitalizante- Infusão de folhas, extractos
a função do ovário e equilibrando o
sistema hormonal.
PULSATILA 623 Estimula a actividade do ovário Extracto da planta, pó da raiz

SALVA 638 Favorece o equilíbrio hormonal infusão de (olhas, essência


feminino

GRAVIDEZ r..ID1 , 07C Nutritiva, aumenta a produção N.«a«Ai«A*dM««


Estas plantas resultam especialmente ESPIRULINA 276 de g | o b u | o s v e r m e | h o s Capsulas de po de alga seca
úteis durante a gestação, pela sua
acção nutritiva e tonificante.
mi..
MlLH0
u« 5
KQG Diurético suave e bem tolerado, u*.»*.» ^„ nem^aF
Os edemas (retenção de líquidos), fre- " evita a retenção de líquidos Infusão de esMetes
quentes durante a gravidez, podem-se
aliviar com diuréticos suaves e segu-
ros, tais como os estiletes ou barbas- Nutritivo, equilibrador nervoso,
-de-milho. GERGELIM 611 prepara o organismo Sementes cruas ou torradas
Durante a gravidez, devem-se evitar para as sobrecargas físicas
as plantas ocitócicas e emenagogas
(ver pág. 621), que contraem o útero,
a a t e
assim como as citadas na página 100. F.GUE,RA 708 ^l m l°£ ° esS°tament0 Figos frescos, secos ou em decocção

GRETAS DO MAMILO
ALFORVA 474 Emoliente (suavizante), cicatr.zante S S m l r t k " 1 " ° dBC°CÇâ°
São pequenas úlceras cutâneas que
se formam no mamilo da mãe que ama-
menta. Devem ser tratadas com muita
higiene e com a ajuda de alguma des- MORANGUE.RO 575 seca
^ ^ef cicatriza ? 5 ' 1
t , ? ^ ^as? gretas 0
' Compressas
K com a infusão de folhas
tas plantas.
As gretas do mamilo constituem o fac-
tor causal mais importante das masti- c •• .„ i-.1«1j-«_tai „:-,•,;,,-*„ Cataplasmas com folhas esmagadas,
tes (inflamações das mamas) na lac-
C „ 7Q3 ^ J ^ o g g * = s s a s S o s ^ e s c o
tação, que podem chegar a formar um
abcesso de pus e obrigar a suspender
a lactação natural. Daí a importância de
se lhes prestar atenção e tratamento
adequado. AÇUCENA 716 ^^^airteUlcatrizarite, 0 ieo das flores

MASTITE
Referimonos aqui á inflamação ma-
mária que se produz durante a lac- PERVINCA 244 Detém a produção de leite, alivia as Compressas com a decocção de
tação natural. Em muitos casos, o fac- inflamações mamárias folhas sobre as mamas
tor desencadeante são as gretas no
mamilo.
Além do tratamento antibiótico (ver
plantas antibióticas na pág. 86), deve-
-se evitar a retenção do leite nos peitos,
e aplicar um tratamento local ã base de
de compressas ou cataplasmas com Dnrr « « . , 79R Melhora as inllamações mamárias S I 2 Í 7 S mpressas
L S K cr onmTeps t £
a °
DOCE-AMARGA 728 d a s mu | h eres lactantes Tenção
estas plantas.

616
A SAÚDE P E L A S P L A N T A S M E D I C I N A I S

2"' Parte: D K Í. C r i ç ;i o I
Doença Planta Pág. Acção Uso

DISMENORREIA LARANJEIRA 153 Antiespasmódica, sedante Infusão de folhas e/ou flores


Define-se como a irregularidade da ,cq Equilibra o sistema nervoso,
função menstrual, acompanhada de ERVA-CIDREIRA Infusão de folhas e flores, extractos
antiespasmódica
dor e de afectação do estado geral. A
dismenorreia secundária é uma con- lfi7 Acalma os espasmos do útero,
PASSIFLORA IO/ Infusão de flores e folhas
sequência de diversas doenças orgâni- sedativa
cas dos órgãos genitais. No entanto, o
ONAGRA 237 Equilibra o sistema hormonal Óleo das sementes
mais frequente é não se encontrar ne-
nhuma patologia orgânica, em cujo 2Q2 Alivia as dores menstruais,
caso se fala de dismenorreia primária AVENCA Infusão da planta
regulariza a menstruação
ou essencial.
Infusão, maceração ou extracto
A dor da dismenorreia deve-se às con- ALCAÇUS 308 Antiespasmódico, relaxa o útero
de raiz
tracções espasmódicas do útero. 0 tra- [_
lamento fitoterápico baseia-se em plan- ABELMOSCO 362 Acalma os espasmos uterinos Infusão de sementes
tas ant/espasmód/cas, que relaxam o
útero (ver mais na pág. 621), emena- CAMOMILA 364 Normaliza as regras e alivia a dor Infusão de capítulos florais
gogas, que normalizam a menstruação
(ver mais na pág. 621) e reguladoras MANJERICÃO- Facilita a menstruação, diminui as
368 Infusão de folhas e flores, essências
do equilíbrio hormonal, como a onagra -GRANDE dores devidas a espasmos do útero
ou a borragem. 42g Emenagogo potente,
ABSINTO Infusão da planta
As aplicações locais com cataplas- normaliza os ciclos
mas quentes de farinha de linhaça com-
AÇAFRÃO 448 Emenagogo, alivia a dor menstrual Infusão dos estigmas da flor
plementam a acção antiespasmódica
das tisanas ingeridas por via oral. 459 antiespasmódica, acalma as dores
LÚCIA-LIMA Infusão de folhas
menstruais
«Í. Facilita a menstruação,
POEJO Infusão da planta
acalma as dores
SOfi Antiespasmódico, sedante, Cataplasmas quentes com a farinha
LINHO
anti-inflamatório das sementes
GRANZA 589 Facilita as regras e acalma as dores Decocção ou pó de raiz
PÉ-DE-LEÂO 622 Acalma as dores menstruais Decocção de folhas e raiz
Estimula o ovário, acalma as dores
PULSATILA 623 Extracto da planta, pó da raiz
menstruais, regulariza o ciclo
g24 Normaliza o ciclo, Infusão de sumidades floridas
ARTEMÍSIA
acalma as dores menstruais ou de raiz
Combate os espasmos dolorosos
MARAVILHA 626 Decocção de flores
do útero, sedante
URTIGA-
633 Acalma as regras dolorosas Infusão de folhas e sumidades floridas
-BRANCA

MONARDA
C34 Normaliza o ciclo menstrual, acalma Infusão de flores
as dores das regras
roo Estimula e regula a menstruação,
SALVA Infusão de folhas, essência
acalma as dores das regras

TASNEIRINHA
CAQ Normaliza o ciclo, Sumo da planta fresca, extractos
acalma a dismenorreia
rfl. Alivia os espasmos uterinos
ESTAQUE Infusão de sumidades floridas
e as dores que provocam
rA0 Acalma os espasmos dolorosos
NOVELEIRO 642 Decocção de casca seca
do útero
SALGUEIRO- gyg Analgésico, anti-inflamatório,
Decocção ou pó da casca
-BRANCO acalma as dores das regras
MILEFÓLIO 691 Antiespasmódico, alivia a dismenorreia Infusão de sumidades floridas
746 Reguladora hormonal,
BORRAGEM Óleo das sementes
normaliza os ciclos menstruais

617
C a p . 2 4 : P I A N I A S PARA O APARELHO G E N I T A L F E M I N I N O

Doença Planta Pág. Acção Uso

REGRAS IRREGULARES ONAGRA 237 Equilibra o sistema hormonal Óleo das sementes
O ciclo menstrual depende das hormo-
nas produzidas pela hipófise e pelo ová- VISCO-BRANCO 246 Hemostatico, regula a menstruação Infusão ou maceração de folhas secas
rio. Em certas épocas da vida da mu-
lher, como a adolescência e a meno-
pausa, são relativamente frequentes LOUREIRO 457 Emenagogo, regula o ciclo menstrual Infusão de folhas
os transtornos do ciclo menstrual. Ge-
ralmente, são devidos a excessos ou SALSA 583 Estimula e regulariza a menstruação Infusão de frutos
carências das hormonas sexuais.
Estas plantas medicinais têm uma Infusão de sumidades floridas
ARTEMÍSIA 624 Emenagoga, normaliza o ciclo
acção equilibradora sobre as glându- ou de raiz
las endócrinas produtoras das hormo-
nas, e contribuem favoravelmente para MARAVILHA 626 Emenagoga e reguladora menstrual Decoccão de flores
a normalização do ciclo menstrual.
Infusão de sumidades floridas,
ARRUDA 637 Contrai o útero, emenagoga
essência
Banhos de assento com flores
CHAGAS 772 Regula e normaliza as regras
ou frutos

REGRAS EXCESSIVAS HIDRASTE 207 Contrai o útero, hemostática Infusão de raiz


Uma vez diagnosticada a causa da hi-
permenorreia ou menstruação exces-
siva, e exciuida qualquer causa VISCO-BRANCO 246 Hemostatico, regula a menstruação Infusão ou maceração de folhas secas
orgânica, estas plantas podem contri-
buir para reduzir a quantidade de san-
gue menstrual ou a duração das regras, AVELEIRA 253 Vasoconstritora, hemostática Decoccão de folhas e casca
pela sua acção vasocons-
tritora (contraem as pe- w MFI .. ncv Detém as hemorragias, fortalece as Infusão de folhas e/ou casca,
quenas artérias e capi- ÍD, pareCjes venosas e capilares extractos
lares) e hemostática
(favorecem a coagu-
lação do sangue). São SEMPRE-NOIVA 272 ^Ztaresistênciadosc^res Decoccão da planta
também indicadas as
plantas ocitócicas (ver PIMENTA- 274 Reduz as regras demasiado
pág. 621). Infusão da planta fresca
-D'ÁGUA abundantes
Todas elas se ingerem
por via oral, como in- URTÍGA-MAÍOR 278 Vasoconstritora, hemostática Sumo fresco, infusão de folhas
fusão ou decoccão.
VIDEIRA 544 Hemostática, protege os capilares neCoccãn de folhas
P>menta-d'água VIDEIRA MU sanguineos, reduz as regras uecocçao de tomas

MARAVILHA 626 Emenagoga e reguladora menstrual Decoccão de flores

BOLSA-DE- COO Hemostática, contrai o útero, corta as u*.wx» ^, „>^^


5 2 8
-PASTOR
-PASTOR regras rlemacmrln
rPor;K demasiado ahnnriantP*;
abundantes Infusão da planta

URTIGA- j-oq Detém as perdas excessivas de


-BRANCA sangue Infusão de folhas e sumidades floridas

m«~» 691 "SSj^^rXute*., ****«-«-«•««


Hamamèlia
CAVALINHA 704 Cicatriza os tecidos sangrantes Decoccão da planta

REGRAS, RETENÇÃO DE Aumenta o volume de urina


BÉTULA 568 Infusão de folhas e/ou gemas
LÍQUIDOS e diminui o inchaço dos tecidos
Ver também as plantas recomendadas
para os edemas (pág. 552).
FEIJOEIRO 584 D^ética elimina os líquidos retidos DeC ocção de vagens
nos tecidos

618
SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

MENOPAUSA Vasoconstritor, Decocção de gálbulos (frutos),


CIPRESTE 255
E o período da vida da mulher em que detém as metrorragias da menopausa essência
cessa a menstruação e a actividade re-
produtora. Não se trata de nenhuma do- 257 Detém as hemorragias, fortalece Infusão de folhas e/ou casca,
HAMAMELIA
ença em si mesma, mas de uma época as paredes venosas e capilares extractos
de mudança hormonal, durante a qual o
organismo feminino se deve adaptar a Hemostática, protege os vasos
uma diminuição da função ovárica. VIDEIRA 544 capilares, evita as perdas de sangue Decocção de folhas
anormais
A ingestão de tisanas destas plantas
alivia os transtornos próprios desta BOLSA-DE - Evita as perdas de sangue anormais
fase da vida feminina. -PASTOR 628 da menopausa Infusão da planta

Favorece o equilíbrio hormonal


SALVA 638 feminino Infusão de (olhas, essência

Alivia os espasmos uterinos


ESTAQUE 641 e as dores que provocam Infusão de sumidades floridas

OVÁRIOS, INSUFICIÊNCIA ONAGRA 237 Equilibra o sistema hormonal Óleo das sementes
Os ovários são as glândulas sexuais fe-
mininas. A sua função è dupla: produzir
as hormonas sexuais (estrogénios e n........ ci •> Regulariza o ciclo menstrual
progesterona) e libertar os óvulos ou Infusão de folhas
DAMIANA 613 e e s t i m u | a a f unç ão ovárica
células germinais que se unirão com os
espermatozóides para formar um novo
ser. Estas plantas podem estimular
ambas as funções ováricas. PI. emi fl &?•* Estimula o ovário, acalma as dores Extracto da planta, pó da raiz
ruLSATiLA otj menstruais, regulariza o ciclo

A menopausa é uma época


de transição, em que toda a
fisiologia feminina se deve
adaptar a uma nova
situação hormonal
caracterizada por um menor
funcionamento dos ovários.
As plantas medicinais
podem contribuir
favoravelmente para t o m a r
mais fácil esta complexa
época da vida da mulher.

619
C a p . 2 4 : P L A N T A S PARA O A P A R E L H O G E N I T A L F E U l N I N O

Doença Planta Pág. Acção Uso


LEUCORREIA Irrigações vaginais
RATÂNIA 196 Adstringente, anti-inflamatória
£ o derramamento, pela vagina, de um com a decocção de casca
fluxo espesso e esbranquiçado, se-
gregado pela própria vagina ou pelo Irrigações vaginais
útero. Produz-se habitualmente como BlSTORTA 198 Adstringente, anti-séptica
com a decocção do rizoma
consequência duma infecção, embora
também possa estar relacionada com
um desequilíbrio na flora bacteriana HlDRASTE 207 Adstringente, anti-inflamatório Irrigações vaginais com a infusão
normal da vagina, ou com uma alte-
ração hormonal.
A fitoterapia dispõe de diversas plantas Irrigações vaginais com a infusão
úteis para fazer irrigações vaginais
MURTA 317 Adstringente, anti-séptica de folhas e bagas
(ver pág. 73). Todas elas apresentam
uma acção adstringente (secam e de
sinflamam as mucosas), e algumas de- Irrigações vaginais com a infusão de
las também uma acção anti-séptica. NOGUEIRA 505 Adstringente, anti-inflamatória
folhas e/ou nogalina (cascas verdes)

Irrigações vaginais
Murta SALGUEIRINHA 510 Adstringente, cicatrizante com a decocção de sumidades
floridas

CINCO-EM- Irrigações vaginais


520 Adstringente, anti-séptica, cicatrizante
-RAMA com a decocção de raiz e rizoma

Irrigações vaginais
ROMÀZEIRA 523 Adstringente
com a infusão de flores e casca

PlMPINELA- Irrigações vaginais


534 Adstringente, anti-inflamatória
-OFICINAL com a decocção da planta

D é „ . . , . coo Adstringente, anti-inflamatória, Irrigações vaginais


KE-DE-LEAO b^ cjcatrjzante com a decocção de folhas e raiz

URTIGA- Irrigações vaginais


633 Adstringente, anti-inflamatória
-BRANCA com a decocção da planta

Adstringente, anti-inflamatória,
Irrigações e lavagens
ROSEIRA 635 anti-séptica.
com a infusão de pétalas
Muito apropriada para a higiene intima

Nogueira SALGUEIRO-
-BRANCO
676 Adstringente, desinfectante Irrigações vaginais com a decocção

CERVICITE
É a inflamação do colo do útero, cau-
sada normalmente por diversas bacté- Irrigações vaginais
rias ou vírus. Manifesta-se com lluxo mu- NOGUEIRA 505 Adstringente, anti-inflamatória com a infusão de folhas
coso ou purulento (leucorreia) e dores e/ou nogalina (cascas verdes)
nos dias das regras ou durante o coito.
Estas duas plantas, que também se
usam no caso da leucorreia, são as
mais indicadas em caso de cervicite,
pela sua acção adstringente, anti-
-séptica e anti-infíamatória.
Adstringente, anti-inflamatória,
Como se indica na página 73, durante a ROSEIRA Irrigações e lavagens
635 anti-séptica.
gravidez não se devem aplicar irri- com a infusão de pétalas
Muito apropriada para a higiene intima
gações vaginais.

620
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2A Parle: D e ;; c r i ç ã o
I
Plantas antiespasmódicas
uterinas Plantas emenagogas

Relaxam o músculo uterino espas-


mado. Deste modo, aliviam a dis- Provocam ou facilitam o aparecimento
menorreia e muitas dores pélvi- da menstruação. Em geral, têm uma
cas femininas devidas a espasmos função reguladora e normalizadora
uterinos. do ciclo menstrual. Não se recomenda
Estas plantas também exercem uma o seu uso durante a gravidez, pois au-
acção anti-espasmódica, embora mentam o risco de aborto.
menos especifica, sobre outros ór-
gãos ocos como o intestino ou as
vias urinárias.
Planta Pág. Planta Pág.
Planta Página Agripalma 224 Tanaceto 537
Avenca 292 292 577
Avenca Zimbro
Macela 350 Peta site 320 Melissa-bastarda 580
Trevo-cTágua 463 Endro 349 Salsa 583
Pulsatila 623
Macela 350 Granza 589
Maravilha 626
Camomila 364 Artemísia 624
Arruda 637
Manjericão-grande 368 Maravilha 626
Estaque 641
A pulsatila (pág. 623) Absinto 428 Arruda 637
Noveleiro 642 estimula a actividade do
Estragão 430 Salva 638
ovário, especialmente
quanto á produção de Açafrão 448 Tasneirinha 640
hormonas. Faz Loureiro 457 Estaque 641
desaparecer as dores
Plantas ocitócicas produzidas pelas regras e Poejo 461 Milefólio 691
normaliza o ciclo Trevo-d'água 463 Aloés 694
menstrual.
Abrótano-fèmea 470 Aristolóquia 699
Provocam contracções no útero. Estas Jalapa 499 Tornassol 713
plantas têm uma acção semelhante à da Tramazeira 535 Salva-esclareia 766
ocitocina, embora menos intensa. A oci-
tocina é uma hormona Que se liberta atra-
vés do lóbulo posterior da hipófise, e que
faz o útero contrairse fortemente, de-
sencadeando assim o parto. Estas plan-
tas usam-se para acelerar o parto. Nos
primeiros meses da gravidez podem ter
efeito abortivo (ver pégs. i 00102).

Planta Página
Giesta 225
Bolsa-de-pastor 628
Arruda 637
Aloés 694
Aristolóquia 699

As plantas medicinais contribuem para o


equilíbrio hormonal do organismo
feminino, pelo que proporcionam bem-
-estar e melhoram a disposição geral da
mulher.

621
Alchemilla
vulgaris L 21 P 9 IÉ

Preparação e emprego

Pé-de-leão USO INTERNO

Útil para a mulher O Decocção com 40-60 g de


folhas e raiz triturada por litro de
água. Ferver durante 10 minu-
tos. Tomar 3 ou 4 chávenas por
dia.

USO EXTERNO
© I r r i g a ç õ e s v a g i n a i s com o
líquido bem coado de uma de-
cocção mais concentrada que

O
PE-DE-LEAOjá foi estudado a usada internamente, à razão
por Dioscórides no século 1 de uns 100 g por litro de água.
d.C. Andrés de Laguna (séc. © Gargarejos com a decocção
XVI), seu tradutore comentarista, re- concentrada.
comendava os banhos no cozimento © C o m p r e s s a s empapadas
desta plaina para «apertar e cerrar as com esta decocção.
partes baixas», garantindo que assim
© Lavagens das zonas da
se restituía a virgindade perdida, O Fa- pele afectadas, com o liquido
moso médico espanhol prescrevia da decocção concentrada.
também a decocção do pé-de-leão
para as mulheres, porque -torna as te-
ias como maçã/.inhas".
Sem chegai' a estes extremos, a me-
dicina moderna continua a recomen-
dai esta planta para a saúde feminina.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: roda a


planta contém abundante tanino, as-
sim como ácido salicílico e diversos
ácidos gordos. É adstringente, anti-in-
ilamatória, sedante suave e cicatri-
zante.

São estas as suas aplicações:


•Transtornos ginecológicos: A prin-
cipal aplicação do pé-de-leão ou al- Outros nomes: alquemila.
quemila são as dores menstruais (dis- Esp.: pie de león, alquemila (vulgar], alquimila.
menorreia) IOI e o corrimento vaginal pala de león, manto de Nuestra Senora. Fr.: alchémille
(leucorreia) 101. Neste último caso [vulgaire], patte de lion. Ing.: ladys mantle.
apnea-se em irrigações vaginais. Habitat: Prados e pastagens húmidas de regiões
montanhosas da Europa. América do Norte e parte sul da
• Problemas do aparelho digestivo: América do Sul.
diarreia, colite crónica, gastrite, e lam- Descrição: Planta vivaz de 10 a 40 cm de altura, da família
bem (|tiando existe inapetência IOI. das Rosáceas, de folhas grandes e palmadas, com flores
• Irritação da garganta: Aplica-se por muito pequenas, sem pétalas e de cor verde.
meio de gargarejos IOI. além de inge- Partes utilizadas: toda a planta, incluindo a raiz.
rir a decocção. IOI.
• Feridas e úlceras cutâneas: Km For-
ma de compressas IOI e lavagens 101.

622
Anemone
pulsatilla L

Preparação e emprego

Puísatila
USO INTERNO
Estimula A puísatila deve ser usada unica-
a função ovárica I mente de uma das seguintes for-
mas:
O Extracto: 0,05-0,3 g diários.
© Pó de raiz: 1-3 g diários.

Precauções

Q
UANDO as flores da puísati-
A planta fresca é muito tóxica,
la secam, os frutos formam mas seca ou em extracto é isen-
uns ramalhetes plumosos, ta de toxicidade.
que o vento vai arrancando a
pouco e ponto. Daí o seu nome cien-
tífico, Anemone, que em grego faz re-
ferência a uma flor que st- abre ao me-
nor sopro de vento.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: ioda a


planta fresca contém anemonina,
substância irritante para a pele e as
mucosas. Possui propriedades anties- Sinonímia cientifica: Pulsatilla vulgaris
pasmódicas, cmenagogas, antibióticas Miller
c antimitóticas (inibe a divisão fias cé- Outros nomes: anémona, anémona-
lulas). C o n t é m além disso q u a n t i d a - •puísatila, anémona-dos-jardins, flor-
-do-vento, ilor-de-páscoa.
des inoclciadas de s a p o n i n a s e do la-
nino. Esp.: puísatila, puísatila común,
anémona, anemone, flor dei viento.
• Scdantc: Os seus extractos usaram- hierba dei viento. Fr.: [anemone]
-se na a n t i g u i d a d e c o m o sedativos, pulsatille, herbe au vent. fleur de
nos casos de tosses espasmódicas ((os- Pâques Ing.: [EuropeanJ Pasque
flower.
so convulsa) e de cólicas digestivas, e
paia c o m b a t e r a insónia IO,01. Habitat: Pouco habitual, mas
pode encontrar-se em bosques
• Dismenorreia (regras dolorosas): ou prados secos de terras
Esta é a sua mais importante aplicação calcárias da Europa Central e
actual, e também em caso de regras es- Meridional. Cultivada em Podugal.
cassas IO.01. Faz desaparecer as dores Descrição: Planta herbácea e vilosa,
e regula o ciclo menstrual. da família das Ranunculáceas, de 20 a
40 cm de altura, com folhas finas muito
• Insuficiência ovárica: Vcrilicou-.se, divididas. As flores são grandes, de cor
embora não se saiba b e m por que violeta ou púrpura, e apresentam seis
mecanismo, que a puísatila estimula a sépalas.
actividade ovárica, especialmente no Partes utilizadas: as folhas, as flores
que se refere ã secreção da hormona e a raiz.
Foliculina. Indicada nos casos de insu-
ficiência funciona] dos ovários e este-
rilidade IO.OI.

623
Artemísia vulgaris L
£ 51 J J

Preparação e emprego

Artemísia USO INTERNO


O Infusão: Prepara-se com 20-
Regula a menstruação -30 g de sumidades floridas ou
e abre o apetite de raiz triturada por cada litro de
água. Tomam-se de 2 a 4 cháve-
nas por dia.
©Corno vermífugo, isto é,
quando se trate de eliminar para-
sitas intestinais, deve-se adminis-
trar ao doente uma chávena em
jejum, e mais duas antes de cada

A
ARTKMIS1A já era usada po- refeição, durante 3 dias. Repetir
ios Gregos. Dioscórides, o pai outro ciclo igual uma semana de-
da fitoterapia, jã fala dela no pois.
primeiro século da nossa era. Andrés
cie Laguna, o famoso m ó d i c o espa-
nhol do s é c u l o XVI, q u e e x e r c e u a
medicina nos Países Baixos e em Bo-
lonha, Roma e Veneza, afirma a res-
peito desta planta: «Chama-se aquela Outras artemísias
planta artemísia, de Arteinh», igual-
mente chamada Diana, porque assim
c o m o a q u e l a deusa socorria as mu-
Nas regiões tropicais do continen-
lheres cie p a r l o , n e m mais n e m me- te americano, existem algumas es-
nos, lambem cia costuma sempre- aju- pécies e variedades muito seme-
dá-las.» lhantes à artemísia-comum que
A artemísia foi sempre uma planta possuem as mesmas proprieda-
usada pelos seus eleitos sobre o apa- des, como por exemplo a Artemí-
relho genital Feminino. A escola fran- sia dracunluoides Pursh., que se
cesa, com <> refinamento que a carac- cultiva na América do Norte, onde
teriza, já no Renascimento, dizia que é chamada 'false tarragon'.
«a artemísia faz q u e as m u l h e r e s vol-
tem a ver as suas flores», reíerindo-se
Outros nomes: artemisia-verdadeira,
artemisia-comum, flor-de-são-joão, erva-
-de-fogo, erva-de-sào-joão, urtemige,
rainha-das-ervas. Brasil: artemigem.
Esp.: artemisa, artemisa común, artemisa

O Banhos de artemísia
olorosa, artemisa sivestre, ajenjo, altamira,
artemísia, artemega, hierba de San Juan,
madra, tomarajas. Fr.: armoise [communej,
herbe de Saint Jean. Ing.: artemísia, mugwort.
Habitat: Comum em todo o tipo de terrenos da
Europa e zonas temperadas da América.
Descrição: Planta vivaz, da família das Compostas,
Em caso de transtornos da mens- parecida com o absinto (pág. 624) mas mais alta (60-
-120 cm). Os caules têm uma cor avermelhada, e as
truação, dá resultado combinar a in- folhas são prateadas pela face dorsal. Cada capitulo
gestão da planta com banhos de floral compõe-se de 10 ou 12 florezinhas de cor
água quente, a que se juntam uns amarela ou vermelha.
punhados de artemísia. Partes utilizadas: as folhas e as sumidades floridas.
no Verão: a raiz, no Outono.

624
A artemísia favorece o aparecimento das regras, nafguns casos de amenor-
reia (faita de menstruação) por causas funcionais.
Esta planta convém sobretudo às mulheres que sofram de regras irregula-
res ou de dismenorreia (dores menstruais), pois tende a normalizar os ciclos.

ao eleito desta planta sobre a mens- dia, dispomos de melhores remédios


truação. para fazer progredir o pano.
• Aperitiva e colagoga: Devido ao seu
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a princípio amargo, tem os seguintes
planta contém uma essência cujo efeitos: abre o apetite, estimula o es-
principal componente é o eucalipto! vaziamento do estômago (indicada
ou cineol, juntamente com uma pe- em caso de plose gástrica ou estôma-
quena quantidade de tuiona, lanino, go descaído), facilita a digestão, e
mucilagein, e um princípio amargo. normaliza a função da vesícula biliar.
As suas propriedades são as seguintes: E ligeiramente laxante IO).
Como acontece com a absinto, a ar-
temísia pode ter efeitos indesejáveis • Emenagoga: Pode provocar o apa- • Vermífuga: Provoca a expulsão dos
sobre o sistema nervoso, quando se recimento das regras nos casos de parasitas intestinais. Dá muilo bom
ultrapassem muito as doses indi- amenorreia (falta de menstruação) resultado contra os oxi tiros l©l. Na
cadas, ou se se tomar durante mais devida a transtornos funcionais. Tem América ("entrai é muito usada por
de 10 dias seguidos. também a propriedade de normalizar causa desta propriedade.
Devem abster-se da artemísia as o ciclo e de acalmar as dores mens-
Noutros tempos utilizou-se como
mulheres grávidas, por causa do truais (dismenorreia) IO).
sedativo, nos casos de epilepsia e de
possível efeito abortivo, assim como "dança de S. VIto* (doença de Par-
Antigamente, aplicava-se cm forma
aquelas que amamentam, porque dá
cie cataplasmas sobre o ventre das kinson), não sabemos se com funda-
um gosto amargo ao leite.
mulheres que tinham partos demora- mento. Hoje já não se emprega nes-
dos ou difíceis. Felizmente, hoje em tes casos.

625
CaJendula
offíclnalis L. O ». H >
Preparação e emprego
Maravilha
USO INTERNO
Cura as feridas O Infusão com uma ou duas flo-
e normaliza res por chávena de água, da qual
se tomam duas ou três chávenas
a menstruação por dia. Pode-se adoçar com mel.

USO EXTERNO
@ Compressas e lavagens com
uma decocção de 2 punhados de
flores por litro de água. Aplicam-
-se sobre a zona da pele afecta-
da.
€) Cataplasmas com pétalas
das flores frescas, que se apli-
cam envoltas num pano fino de
algodão.
O Loção de sumo fresco das
flores: Aplica-se sobre a zona da
pele afectada.
© Óleo: Aplica-se directamente
sobre a pele. Pode também
acrescentar-se à água do banho
para obter um agradável efeito
suavizante sobre a pele. Para a

A MARAVILHA, ou calêndula,
é um exemplo vivo cie como
a beleza e a utilidade se po-
dem conjugai-. As Flores desta plaina
saúdam o sol tia manhã, aimndo-.se e
obtenção do óleo de calêndula
por maceração, ver a pág. 57.
© Pomada: Pode-se preparar
uma pomada esmagando 100 g
de flores frescas e misturando o
mostrando <> seu formoso colorido. sumo resultante com 500 g de
No fim da tarde, fecham-se discreta- manteiga ou outro veículo gordo.
mente, até à manhã seguinte.
Os partidários da teoria dos sinais
(ver pág. 11«S), defendida por Para-
celso e outros módicos renascentistas,
recomendavam-na para a icterícia e Outros nomes: calêndula.
paia os transtornos da vesícula biliar,
Esp.: Calêndula oficinal, maravilha [dejardin). Fr.: souci
devido ao facto de a cor das Mores ser [des jardins]. Ing: calêndula, fgardenj marigold.
parecida com a da bílis. Não st- enga-
Habitat: Originária do Egipto, embora se cultive nos
naram muito aqueles pioneiros da jardins da Europa e de toda a América. Também se pode
ciência medica, porque hoje, que se encontrar em estado silvestre.
conhecem as suas propriedades, con- Descrição: Planta herbácea da família das Compostas,
tinua a ler essas mesmas indicações, anual, que mede de 30 a 50 cm de altura. As folhas são
além de outras mais q u e se foram des- alongadas, dentadas e carnosas, e as flores vistosas,
cobrindo. amarelas ou alaranjadas.
Partes utilizadas: as flores.
PROPRIEDADES E INI>ICAC:ÒF.S: AS flo-
res da maravilha contêm carotenóides
(provitamina A), um princípio amar-
go (calendina), llavonóidcs, saponi-
uas, resinas, óleos essenciais e peque-
nas quantidades de ácido salicílico.

626
Todas estas substâncias se c o m b i n a m
para fazer desta flor um remédio pre-
cioso. As suas propriedades mais no-
táveis são:
• E m e n a g o g a e r e g u l a d o r a do ciclo
menstrual: Dá resultado tanto em ca-
sos de m e n s t r u a ç ã o escassa, pelo seu
eleito emenagogo, como q u a n d o
existe u m a p e r d a excessiva de san-
g u e . Assim, pois, a maravilha norma-
liza a frequência (las regras e a sua
q u a n t i d a d e . T a m b é m elimina a d o r
q u e se p r o d u z com a m e n s t r u a ç ã o
( d i s m e n o r r e i a ) , pois tem acção c\s-
pasmolítica ( c o m b a t e os e s p a s m o s
d o l o r o s o s ) e l i g e i r a m e n t e sedativa,
Toma-sc desde uma semana antes da
d a t a e s p e t a d a para a m e n s t r u a ç ã o ,
até q u e esta t e n h a t e r m i n a d o (OI.Os
resultados são muito notáveis.

• Colerética: Aumenta a produção de


bílis no ligado. E p o r t a n t o indicada
O óleo de ca/êndula nos casos de congestão ou insuficiên-
prepara-se p o n d o a
macerar as flores em cia hepática IO!.
azeite. • Antiulcerosa: Tem a capacidade de
Passados alguns cicatrizar as úlceras do estômago e do
dias, filtra-se o
azeite, que d u o d e n o IOI.O seu efeito é mais in-
entretanto terá tenso q u a n d o se associa com a urtiga
adquirido uma cor (pág. 278) e a verónica (pág. 475).
avermelhada, e Pelo seu eleito cicatrizante c anli-in-
guarda-se n u m flamatório, t a m b é m é eficiente nos
frasco de vidro.
casos de gastrite (inflamação do estô-
m a g o ) , gastrenterile e vómitos (Ol.
• Anti-inflamatória, anti-séptica e ci-
catrizante: E uma deu plantas gue mais
se evidenciam pela sua qualidade vul-
nerária, isto é, c u r a d o r a de feridas e
contusões. Aplicada localmente, acele-
ra de forma notável a cura de ferida-s,
inclusive infectadas, assim c o m o de
úlceras da pele. q u e i m a d u r a s , furún-
culos c eczemas 10.0.0). Aplicada lo-
c a l m e n t e , tem acção anti-reumática
10.01.
• Calicida (elimina os calos). Km apli-
cação local, faz desaparecer as verru-
gas víricas (vulgares) da pele I0.O.0I.
Isto deve-se ao sen c o n t e ú d o em áci-
do salicílico.
• Emoliente (suavizanlc da pele): O
Óleo de calêndllla suaviza a pele 101.
M u i t o i n d i c a d o p a i a peles secas ou
delicadas, e para as crianças. O óleo
101 e a p o m a d a 101 d ã o resultados
m u i t o b o n s n o t r a t a m e n t o d e quei-
m a d u r a s e eczemas.

627
Capsella
bursa-pastorís L P A

Preparação e emprego
Bolsa-de-
-pastor USO INTERNO
O Infusão com 30 a 60 g de
planta por litro de água, deixan-
Detém as hemorragias do-a repousar durante 10 minu-
e normaliza as regras tos. Tomam-se 3 a 5 chávenas
diárias, fora das refeições. Nos
transtornos menstruais, deve-se
começar a tomar esta infusão
uma semana antes do dia em que
são esperadas as regras.

USO EXTERNO
© Compressas empapadas com
a mesma infusão que para o uso

O S FRUTOS desta planta fazem


lembrar as estreitas bolsas e
surrões dos pastores amigos,
de onde lhe vem o nome. Fazendo
honras ao que o seu nome representa
interno.
© Tampões de gaze impregna-
dos com a dita infusão, especial-
mente para as hemorragias na-
sais.
-uma bolsa Fácil de transportar-, esta
planta é uma cias mais viajadas e mais
disseminadas que se conhecem. En-
contra-se tanto mi orla marítima
como a 2000 melros de altitude nas
montanhas; tanto nos climas frios do Precauções
Centro e do Norte da Europa como
nas legiões tropicais chi América e da
Ásia. A pequena percentagem de ti-
ramina e de outras aminas bio-
E considerada originária dos paí- génicas, que a bolsa-de-pastor
ses mediterrâneos, mas a facilidade possui, provoca um leve efeito
que as suas sementes têm, de viajar e vasoconstritor e hipertensor.
adaptar-se a qualquer clima ou terre- Quem sofrer de hipertensão ar-
no, facilitou a sua difusão por todo o terial (tensão alta) deverá con-
mundo. trolá-la todos os dias enquanto
durar o tratamento com esta
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: ioda a planta.
planta contém aminas biogénicas (co-
lina, acetileolina e liramina entre ou-
tras), que actuam sobre o sistema ner- Outros nomes: capsela, erva-do-bom-
voso autónomo e vegetativo, provo- •pastor, mandioquinha-do-campo.
cando a contracção das arteríolas, do Esp.: bolsa de pastor, bolsita, zurrón de
útero, do intestino e de outros órgãos pastor, mastuerzo, hierba de los chingolos,
ocos. calzoncitos, pan y quesillo, jaramango blanco. Fr.: bourse à pasteur, capselle.
Ing.: shepherds purse.
As suas propriedades são:
Habitat: Planta disseminada por todo o mundo. Abunda nos campos cultivados
• Hemostática (detém as hemorra- (considerada erva daninha), à beira dos caminhos e muros velhos.
gias), devido às substâncias vasocons- Descrição: Planta anual, da família das Crucíferas. que atinge até 50 cm de
tritoras que contém e que contraem altura. As folhas formam uma roseta junto ao solo. As flores são pequenas e
as pequenas artérias sangrantes. Além brancas. A parte mais característica da planta é o fruto, de forma triangular e
disso, a bolsa-de-pastor é rica em lla- aplanada, e que tem um sabor um tanto salgado.
vonóides do tipo da diosmina (princí- Partes utilizadas: A planta toda.
pio activo de vários preparados far-

628
Uma compressa
de algodão
embebida numa
infusão de
bolsa-de-pastor
é u m bom
remédio para
estancar as
hemorragias
nasais.

e útil em diversas doenças, c o m o a se-


guir se indica:
• H e m o r r a g i a s uterinas (metrorra-
gias): K esta a sua aplicação mais im-
portante, pois corta, tanto as regras de-
masiado a b u n d a n t e s de algumas ado-
lescentes p o u c o depois da menarquia
(primeiras regras), c o m o as perdas de
s a n g u e q u e às vezes a p a r e c e m tia me-
n o p a u s a !Oi Q u e r dizer q u e serve
tanto para as filhas c o m o para as suas
mães. Salienie-se q u e , em a m b o s os
casos, é c o n v e n i e n t e q u e se s u b m e -
tam a um exame ginecológico q u e ex-
clua um alteração anatómica, uma tu-
mori/.ação ou o u t r a s causas de he-
morragia uterina.
• Epistaxc (hemorragias nasais): Nes-
tes casos, além de tomar d u r a n t e al-
guns dias uma infusão da plaina, tam-
b é m se p o d e aplicar esta localmente.
Para isso, coloca-se um t a m p ã o em-
b e b i d o com a infusão da planta, no
orifício nasal sangranie 1€>1. Também
se pode aplicar sobre feridas e úlceras
sangramos da pele l@).
• Aceleração do p a r t o , nos casos de
atonia ou d e b i l i d a d e m e r i n a IOI. A
sua acção é s e m e l h a n t e à da ergota-
mina, alcalóide q u e se estiai da cra-
vagem d o ( e n t e i o , mas com m e n o s
eleitos secundários.
• Atonia intestinal: A bolsa-de-pastor
torna-sc m u i t o úiil para combatei" a
a t o n i a intestinal q u e se produz, du-
macêuticos), que aumenta a resistência testino recuperar a sua tonicidade rante a convalescença de doenças fe-
da p a r e d e dos capilares e favorece a muscular e as suas contracções peris- bris ou infecciosas, assim c o m o nos
circulação venosa de r e t o r n o . tálticas (as q u e fazem p r o g r e d i r o frequentes casos de prisão de ventre
bolo intestinal). devida a preguiça intestinal IOI.
• Ocitócica: Contrai o útero e neutra-
li/a os vasos sanguíneos que provo- • Hipotensão: Rec omenda-se a plan-
cam hemorragias no seu interior. Devido a estas i n t e r e s s a n t e s pro- ta a q u e m sofra de tensão arterial bai-
p r i e d a d e s t e r a p ê u t i c a s , a bolsa-dc- xa, e s p e c i a l m e n t e m u l h e r e s magras
• Tónica do tubo digestivo: Paz o in- -pastor é uma planta muito apreciada

629
Cássia
occidentalis L

Fedegoso
Alivia as dores
das regras

E STA PLANTA tem um cheiro


desagradável, mas é apreciada
pelas suas propriedades medici-
nais. Na Colômbia, na Venezuela, no
Porto Rico e noutros países latino-
-americanos, as sementes de Fedegoso
torradas utilizam-se como sucedâneo Outros nomes: mudianhoca, munhanoca.
do cale. Esp.: brusca, café negro, caffecillo, pico õe pájaro, sen, vainillo. Fr.: casse fétide.
herbepuante. fng.: coilee senna, stinking weed.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS raí- Habitat: América Centra! e América do Sul. Cresce nas bermas dos caminhos, de
zonas temperadas. Também se cultiva em hortas e quintais.
zes do Fedegoso utilizam-se com êxito
na medicina popular, como anties- Descrição: Planta anual da família das Leguminosas, que cresce até um metro de
altura. As folhas são compostas e apresentam até 12 pares de foliolos lanceolados.
pasmódicas. A sua indicação mais es- As flores são amarelas e muito vistosas. 0 fruto é uma vagem comprida, de até 12
pecífica é a dismenorreia (mens- cm, que contém duas fileiras de sementes de cor escura.
truação dolorosa), que cosi uma ser Partes utilizadas: a raiz, as folhas e as sementes.
provocada por espasmos do útero. As
mulheres que sofrem de regras dolo-
rosas devem começar a tomai in-
fusões de raiz de fedegoso uns dias an-
tes da data em que esperam a mens-
truação.
J P Preparação e emprego
As SEMENTES tomam-se em infusão
como sucedâneo do cale e, nas re- USO INTERNO O Infusão de sementes torradas e
giões do continente americano onde moídas como o café ou a cevada
O Decocção de raiz esmiuçada à
cresce esta planta, usam-se contra os (uma colherada por cada chávena
razão de 30-50 g por litro de água.
transtornos da próstata 101. de água).
Ferver até que fique reduzida a uma
As FOLHAS têm eleito resolutivo, terça parte. Coar e adoçar com mel.
isio é, fazem desaparecer as infla- AcJministram-se duas colheres gran- USO EXTERNO
mações e inchaços. Utilizam-se em des a cada refeição (3 vezes ao
forma de cataplasma nos casos de ede- dia). © Cataplasmas de folhas.
mas, contusões, entorses e furúnculos
l€)l.

630
Erodium cicutaríum
(L) L'Hórft. ~\ ff u

Bico-de- %È*a> Preparação e emprego

-cegonha USO INTERNO


O Sumo da planta fresca: Este
pode-se obter usando uma liqui-
Reduz a menstruação dificadora ou esmagando num al-
mofariz 30 a 60 g de planta.
excessiva Toma-se duas ou três vezes por
dia. O sumo tem de ser tomado
acabado de extrair. Pode-se ado-
çar com açúcar escuro, melaço
ou mel.
USO EXTERNO
© Compressas: Aplicam-se so-
bre a zona afectada cerca de
50 g de folhas esmagadas de ca-
da vez.

E STA HUMILDE plaina c muito


apreciada como forragem paia
o gado.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém matérias tânicas, Fenol, flavonói-
des e sais de potássio. Sinonímia científica: Geranium cicutaríum L
• Hcmostátka: Esta é a st ia proprie- Outros nomes: maria-fia.
dade mais importante. A n u a espe- Esp.: alfiler, alfiierillo [hembraj. aguja [de
cialmente sobre o útero. Por isso é efi- pastor}, [pico de] ciguena. Fr.: épingle de
caz para estancar as hemorragias me- pasteur. Ing.: storksbill, alfiiaria, pin clover.
rinas (metrorragias), e para reduzir o Habitat: Originária da região mediterrânea, mas
fluxo menstrual excessivo lOl. amplamente distribuída por todo o continente
americano. Prefere os solos secos e arenosos.
• Ligeiramente diurética c aiUi-iufla-
Descrição: Planta herbácea da família das
matória: Usa-se nos casos de nefrite e Geraniáceas, de pequeno tamanho (30-40 cm)
como antiespasmódico nas cólicas uri- e folhas muito recortadas. As flores são cor-de-
nárias (O). -rosa ou púrpura. O fruto termina num longo
• Adstringente c vulnerária: Aplica-sc bico (24 cm), parecido com um alfinete, de onde
lhe vêm alguns dos seus nomes vulgares
externamente para ajudar a curar fe- em várias outras línguas.
ridas, úlceras e chagas da pele l©l
Partes utilizadas: o sumo da planta fresca e as
folhas.

!*«,

¥ Bico-de-cegonha-moscada

O bico-de-cegonha coexiste com o bico-de-cegonha-mosca- ma a almíscar. As suas folhas, maiores do que as do outro
da (Erodium moschatum UHerit.), outra espécie similar, tam- bico-de-cegonha, comem-se como verdura e também se uti-
bém chamada bico-de-grou-moscado, agulheira-moscada e lizam como forragem para o gado.
agulha-de-pastor-moscada. Ambas as plantas se asseme-
Do ponto de vista medicinal, usam-se as folhas e o rizoma,
lham à erva-de-são-roberto (pág. 137.)
cujas propriedades são muito semelhantes às do bico-de-
0 bico-de-cegonha-moscada deve o nome ao seu forte aro- -cegonha.

631
Galega offícinalis L
$ V

Preparação e emprego

Galega
USO INTERNO
Galactagoga O Infusão: por cada litro de
água, 20-30 g de folhas e flores
e antidiabética secas, que têm de ser colhidas
enquanto a planta se encontra
ainda em floração. Tomar duas
chávenas por dia, que se podem
aromatizar acrescentando uma
colher de sobremesa de frutos de
anis à infusão.

Outros nomes: caprária, falso-anil.


Esp.: galega, ruda cabruna, ruda

A GALEGA tem sido utilizada captada. índigo falso. Fr.: galega


empiricamente desde o sécu- (oíficinal], levanèse. Ing.: [common)
lo XVI contra diversos males, goats rue, European goats rue.
como as mordeduras de animais ve- Habitat: Prados húmidos e margens
nenosos, embora só nas últimas déca- de regatos da Europa Oriental e
Meridional. Frequente nas lezírias e
das se lenham descoberto as suas ver- locais húmidos do Centro e Sul de
dadeiras propriedades. Portugal. Cultivada na Europa e na
América do Norte.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a Descrição: Planta vivaz de 0,5-1 m
plaina contém taninos, saponinas, um de altura, da família das
princípio amargo, glicósidos ílavóni- Leguminosas. As suas folhas são
cos, um alcalóide (galegina) e glico- simétricas, formadas por 11 a 19
foliolos terminados em ponta, e as
quina (insulina vegetal). Tem três pro- flores são muito atraentes, lilases,
priedades fundamentais: rosadas ou brancas.
• Galactagoga: Refere Fonl Quer que, Partes utilizadas: a planta florida
segundo experiências realizadas, a ga- seca.
lega pode aumentar a produção lei-
teira das vacas entre 35% e 50%. Nas
mulheres que amamentam obtem-se
também bons resultados, embora não
tão espectaculares 101.E isenta de efei-
tos secundários sobre a criança lac- Precauções
tente.
• Diurética: Efeito suave e bem tole-
rado IOI.
• Hipoglicemiantc: Segundo investi- Utilizar unicamente a planta seca,
gações recentes, a galega la/, baixar o já que fresca pode tornar-se irri-
nível de glicose uo sangue dos diabé- tante.
ticos, ainda que os seus resultados se-
jam bastante variáveis. Convém admi-
nistrá-la sob vigilância médica.

632
Lamium aJbum L.
O. P r«

Urtiga- Preparação e emprego

-branca USO INTERNO


O Infusão com 15-20 g por litro.
Útil para corrigir os da qual se tomam 3 ou 4 cháve-
transtornos genitais nas por dia.

femininos USO EXTERNO


© Compressas empapadas no
líquido de uma decocção com 50-
-100 g por litro, que se deixa fer-
ver durante 10 minutos.
€> Lavagens, banhos ou loções
com esta mesma decocção.
O Irrigações vaginais com o lí-

A PESAR de se parecer com a quido, bem filtrado, desta de-


urtiga-maior (pág. 278), não cocção.
pica nem causa qualquer in-
cómodo a quem a toca. Por isso os es-
panhóis lhe chamam lambem ortiga
muerla (urtiga-morta), como se aque-
les que não incomodam estivessem
mortos...

PROPRIKDADI-S E INDICAÇÕES: A plan-


ta contém taninos catéquicos, flavo-
nóides e mucilagens. Devido ao seu
conteúdo em taninos, tem proprieda-
des adstringentes, tonificantes e he-
mostáticas (detém as hemorragias).
As mucilagens tornam-na vulnerária c
anti-inflamatória.
As suas aplicações mais importan-
À
tes são:
• Problemas ginecológicos: metrorra- Outros nomes: lãmio, lâmio-
gia (hemorragia uterina), dismenor- -branco. Brasil: lamium.
reia (regras dolorosas), e, em geral, os Esp.: urtiga branca, urtiga muerla,
transtornos do ciclo menstrual. De- lamio blanco. Fr.: lamierblanc, ortie
tém as perdas excessivas de sangue do blanche, ortie morte. Ing.: blind nettle,
útero lOI.Dá bons resultados em caso dead nettle, white nettle.
de leucorreia (corrimento vaginal). Habitat: Bermas dos caminhos e cercanias
aplicada em irrigações pela vagina 101. de lugares habitados de toda a Europa,
incluindo o Norte e Centro de Portugal.
• Diarreia e colite infecciosa, produ- Difundida pelo continente americano.
zidas geralmente por alimentos ou Descrição: Planta vivaz, da tamilia das Labiadas,
água contaminada IOI. que atinge de 20 a 60 cm de altura. Distingue-se da
• Em uso externo, cura as feridas e as urtiga-maior pelas suas flores brancas em forma de
contusões l©l. lábios.
Partes utilizadas: as folhas e as sumidades floridas.
• Relaxante: Km banhos de pés, alivia
o cansaço dos membros inferiores
produzido por longas caminhadas
101.

633
Monarda dldyma L.

Preparação e emprego

Monarda
USO INTERNO
Reguladora do ciclo O Infusão com uma colherada
menstrual e digestiva de flores (cerca de 20 g) por chá-
vena de água, de que se bebem 2
ou 3 chávenas por dia.

E STA PLANTA tem um aroma


agradável semelhante ao da
hortelã, e Foi muito usada nos
Estados Unidos como substituto do
chá. Os índios norle-americanos, que
ião integrados viviam no seu ambien-
te natural, incluíam uma monarda no
enxoval das noivas, pelo efeito regu-
lador desta planta sobre a mens-
truação.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo-


res da monarda contêm diversos óleos
essenciais, princípios amargos e uma
antocianina (a monardeína). São es-
tas as suas principais propriedades:
• Acalmam as dores das regras e aju-
dam a normalizar o ciclo menstrual
IOI.
• São carminativas (eliminam os gases
o flatulências). As flores cia monarda
facilitam a digestão e acalmam as náu-
seas c vómitos 101.

Outros nomes:
Esp.: monarda, té de Pennsylvania.
Ing.: Oswego tea.
Menta-de-cavalo Habitat: Originária da América do
Norte, onde se cultiva como planta
ornamental. Também se cultiva para
este uso na Europa Central.
Descrição: Planta da família das Labiadas. de uns 60-80
Encontra-se em toda a América uma cm de altura. De caule quadrangular e folhas opostas
outra espécie similar à monarda, a com os bordos dentados. As flores são terminais, com
menta-de-cavalo (Monarda punctata pétalas bilabiadas, de cor vermelha intensa.
L ) / que é sudorífica, diurética, car- Partes utilizadas: as flores.
minativa e tonificante do coração.
' Esp.: menta de caballo. Ing.: horsemint.

634
Rosa galllca L
21 é% • O KÉ

Roseira
Suaviza, desinfecta
e tonifica

A FANTASIA dos floricultores


permitiu, por meio da hibri-
dação, criar mais de 10 000
variedades de rosas diferentes, iodas
elas dotadas de extraordinário per-
fume e delicadeza. No entanto, do
pomo de vista medicinal, a Rosa gal-
//ÍY/OU rosa-rubra é aquela que maio-
res e melhores propriedades oferece.
Outros nomes: rosa-rubra, rosa-vermelha, rosa-da-
-provença, rosa-gálica, rosa-francesa-dobrada, rosa-
%.\t» -de-alexandría. Brasil: rosa-francesa.

F Outras roseiras medicinais


Esp.: rosa de Francia, rosa rubia, rosal francês, rosal
castellano, rosal de Jericó. Fr.: rosier, rose. Ing.: rose.
Habitat: Muito comum nos países mediterrâneos,
onde prefere os terrenos calcários e expostos ao sol.
Actualmente acha-se difundida por todo o mundo.
Descrição: Arbusto de 0,5 a 1,5 de altura, da família
das Rosáceas, com caules erectos providos de
espinhos, e flores solitárias, grandes, vermelhas e
aveludadas.
Além da rosa-rubra, há duas outras
Partes utilizadas: as pétalas das flores.
que se consideram medicinais, em-
bora as suas propriedades cura-
tivas sejam menos intensas:
• Rosa-pálida (Rosa centifolia L),
também conhecida como rosa-de-
Jí Preparação e emprego
-cem-folhas, rosa-de-jericó.4 Dá flo-
res de cor geralmente rosada e mui-
to apreciadas pelos perfumistas. USO INTERNO €) lavagens oculares,
• Rosa-de-damasco (Rosa da- O Infusão com 20-30 g de pétalas
mascena Miller)." É a mais apro- por litro de água, de que se tomam O lavagens e irrigações vaginais,
priada para a preparação da água 4-6 chávenas diárias (adoçada com
de rosas e da essência de rosa. mel).
© loções e compressas sobre a
USO EXTERNO pele.
• Esp.: Rosal cornún.
A mesma infusão que se emprega
" Esp.: Rosal de Atejandria. externamente usa-se em: @ Água de rosas: Prepara-se nos
© gargarejos, bochechos e lava- laboratórios por destilação ou por
gens nasais, dissolução da essência.

635
A beleza e o encanto da
rainha das flores, j u n t a m e n t e
com o seu agradável
perfume, fizeram que por
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS pé- externos femininos, aplicada em la- vezes se esquecessem as suas
talas da rosa contêm abundantes ta- vagens c irrigações IOI. virtudes medicinais, e outras
ninos com propriedades adstringen- vezes se exagerassem.
• Afecções digestivas: As pétalas de
tes; antocíantnas, responsáveis pela rosa são Úteis para travar as diarreias A infusão de pétalas de rosa
sua cor, dotadas de acção anti-sépti- tem propriedades
de diversas origens, em especial as es- adstringentes, anti-
ca; essência, lambem anti-séptica; tivais 101.A sua acção adstringente é -inflamatórias, anti-sépticas e
atidos orgânicos, cera e princípios suave, mas é completada pelo seu po- ligeiramente sedativas.
amargos. der anti-séptico.
Embora as PÉTALAS da rosa te- • Afecções respiratórias superiores:
nham .sido elogiadas por alguns Tanto bebida 101 como aplicada em
-•guiados talvez mais pelo sentido po- gargarejos, bochechos e lavagens na-
ético do que pelo científico— como sais 101. a infusão de pétalas ou a
remédio quase universal, as suas pro- água de rosas são eficazes em caso de
priedades são basicamente adstrin- catarro nasal, sinusite, faringite e
gentes, anti-inflamatórias e anti-sép- rouquidão.
ticas. Proporcionam também uma • Afecções oculares: A infusão de pé-
certa acção sedativa sobre o sistema talas é excelente em lavagens ocula-
nervoso. Têm as seguintes aplicações res nos casos de irritação ocular e
médicas: relacionados com a génese da úlce-
conjuntivile, especialmente para as ra gastroduodenal, a angina de pei-
crianças I©1. Alivia a comichão, de- to, a asma bronquial e o cólon irritá-
•Afecções ginecológicas: A infusão
sinilama as delicadas mucosas da vel IOI.
de pétalas de rosas usa-sc em irri-
conjuntiva ocular e exerce uma inte-
gações vaginais em caso de leucor- • Cuidado da pele: A ÁGUA DE ROSAS
ressante acção anli-séptica.
reia (aumento do fluxo vaginal), va- tonifica a pele, limpa a cútis e com-
ginite, cervicite (inflamação do colo •Doenças psicossomáticas: A in- bate as rugas e a acne 101. As mulhe-
do útero). Torna-se muito apropria- fusão de pétalas acalma o stress, a in- res romanas já a usava com êxito há
da para a higiene dos órgãos genitais sónia e outros transtornos nervosos mais de 2000 anos 10).

636
Ruta graveolens L.
rjj I
Preparação e emprego
Arruda
USO INTERNO
Normaliza as regras O Infusão com 2-5 g de plan-
ta por litro de água, de que se
ingerem duas chávenas por dia.
Para os transtornos mens-
truais, toma-se unicamente na
semana que precede a mens-
truação.

D IOSCORIDES (século I d.C.)


já conhecia as numerosas pro-
priedades medicinais desta
planta. Durante a Idade Média, culti-
vava-se sobretudo nos claustros dos
© Essência: Recomenda-se
ingerir 2-3 gotas diariamente.

USO EXTERNO

conventos, pela sua fama de antia- €) Compressas empapadas


frodisíaca. Actualmente continua a numa irrtusão concentrada (10-
utili/ar-se, sobretudo em diversos -20 g por litro de água), que se
transtornos femininos. aplicam sobre a pele da zona
alectada.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES:
• Afecções ginecológicas: A arruda
contém uma essência rica em metil-
uonilcelona, de forte actividade oci-
tócica (contrai o útero) e emenagoga
(facilita a menstruação). Por isso se Precauções
aplica em casos de amenorreia (falta
de regras), desde que se tenha a cer-
teza de não ter sido motivada por uma
gravide/; assim como no caso de re- Em doses elevadas é aborti-
gras escassas, irregulares ou dolorosas va e tóxica, pelo que é contra-
(dismenorreia) IOI. indicada durante a gravidez.
O contacto da planta com a pe-
• Antiespasmódicas e anti-sépticas: A le pode provocar reacções alér-
essência de arruda também é notável gicas.
por estas propriedades, pelo eme se
administra para acalmar as cólicas ab-
dominais IÔI.
• Anti-hemorrágica: A arruda contém Outros nomes: ruda, arrúdia.
também rotina ou rutosido (vitamina Esp.: ruda, ruda comum, ruda de Castilla.
P) que aumenta a resistência dos va- ruda hortense, arruda. Fr.: rue, pêganion,
herbe de grâce. Ing.: [common] rue. herbe-
sos capilares e pode deter algumas he- •of-grace.
morragias internas (©.01. No entanto.
Habitat: Originária dos países
nestes casos deve diagitosticar-se a cau- mediterrâneos e da Ásia Menor, onde
sa da hemorragia, antes de adminis- prefere os terrenos secos e pedregosos,
trá-la. Cuitivou-se noutras regiões temperadas da
Europa, e também na América.
• Anti-reumática: Externamente é re-
vulsiva e usa-se em compressas para Descrição: Planta herbácea vivaz, da
família das Rutáceas, que atinge uma
acalmar as dores reumáticas IOI. altura de 0.6-1 m. As flores são amarelo-
• Afecções dermatológicas: Pela sua
acção revulsiva torna-se útil em certas
doenças da pele: sarna, psoríase, ec-
-esverdadas e agrupam-se em umbelas.
Deita um cheiro forte muito peculiar.
Partes utilizadas: as sumidades floridas.
*w7 H *
zemas l©l.

637
Salvia officinalis L
J\! P « «

Preparação e emprego
Salva
Tónico ideal USO INTERNO
para a mulher... O Infusão com 15-30 g de fo-
lhas e sumidades floridas por litro
e muitíssimo mais de água, de que se tomam até
quatro chávenas por dia. Para os
transtornos menstruais, a salva
administra-se durante a semana
anterior às regras.
© Essência: Administram-se 2-4
gotas. 3 vezes ao dia.

USO EXTERNO
©Compressas e loções com
uma decocção de 80-100 g de
fofhas por fiíro de água.
© B o c h e c h o s e gargarejos
com esta mesma decocção.

P ROCUREM salva e dêem-tia a


bebei" às poucas mulheres que
ainda estão vivas. Só assim po-
deremos repovoar esta cidade - dizia
um médico na povoação egípcia de
0 Irrigações vaginais, com a
decocção bem filtrada.
O Banhos: Esta decocção
acrescenta-se à água do banho
Copio, no final da Idade Média. para se obter um efeito cosméti-
Unia epidemia de peste tinha dizi- co e embelezador sobre a pele.
mado o número dos seus habitantes, e
as mulheres dos sobreviventes que-
riam assegurara sua fecundidade.
- T o m e m infusão de salva durante Sinonímia científica:
sele dias. Depois junlctn-se aos vossos Salvia hispânica Etling,
Salvia hispanorum Lag.
maridos, e concebereis de certeza. Outros nomes: salva-mansa, salva-
•menor, salva-das-botiças, salva-
•das-farmácias, salva-verdadeira,
grande-salva, salva-da-catalunha,
chá-da-europa, chá-da-frança. chá-
-da-grécia.
Esp.: salvia. salvia oficinal, salvia
Salva-dos-prados fina, salvia de Caslilla, salvia dei
Moncayo, salvia de Granada, selima.
hierba sagrada, ié indígena,
verdecillo. Fr. sauge. Ing.: sage.
Habitat: Abunda em terrenos
A salva-dos-prados (Salvia pratensis calcários, secos e expostos ao sol.
L ) \ difere da S. officinalis na com- Acha-se aclimatada na América.
posição da sua essência, mas tem as Descrição: Subarbusto de base
mesmas aplicações medicinais. lenhosa, da família das Labiadas, de
Também existe uma outra variedade 50 a 80 cm de altura. As folhas sào
de salva: a salva-esclareia (Salvia ovaladas, de cor verde acinzentada.
sclarea L, ver pág. 766). As flores, azuladas ou violeta, são
dispostas em espiga.
' Esp.: salvia de los prados. Partes utilizadas: as folhas.
Precauções

Em doses elevadas, a essência de


salva é convulsivante e tóxica. Por
isso se recomenda não tomar sal-
va de forma continuada durante
mais de um mês.
O uso interno da salva é desacon-
selhado, em qualquer quantidade,
nos seguintes casos: lactação (su-
príme-a); gravidez, excepto no úl-
timo mês (contrai o útero); e esta-
dos de irritabilidade ou de grande
excitação nervosa.

Conta Andrés de Laguna, o célebre acção semelhante à da foliculina, hor- caso de doenças infecciosas, de tu-
médico espanhol do século XVI, que mona estrogénica feminina segrega- berculose e de certas afecções dege-
a receita deu resultado. As mulheres da pelo ovário. São estas as suas apli- nerativas IO ©I I- também febrífuga
coptas repovoaram a cidade em pou- cações: (baixa a febre).
cos anos. Desde então, a salva ganhou • Afecções ginecológicas: Pela sua
um notável prestígio como estimu- acção emenagoga e antiespasmódica, • Diabetes: Oferece- uma provada
lante da Fecundidade. Actualmente estimula e ao mesmo tempo regula a acção hipoglicemiante que permite
sabemos que esta planta contém menstruação; acalma as dores das re- reduzir a dose de medicamentos anti-
substâncias de acção estrogénica, que gras; combate os transtornos da me- diabéticos 10,0).
poderiam explicai em parte esses pre- nopausa IO.0I. Tomada no último
tendidos efeitos sobre a Fecundidade. mês antes do parto, lacilita-o estimu- • Afecções digestivas: E digestiva e
lando as contracções. Em suma, favo- carminativa; pela sua acção anti es-
Há todavia outras virtudes que Fo- pasmódica c anti-septica contribui
ram atribuídas ã salva, o que não pu- rece o equilíbrio hormonal do orga-
nismo Feminino, pelo que se pode para acalmar os vómitos, as diarreias
deram ser confirmadas. O seu nome e as cólicas abdominais Mll.Oferece o
vem cio latim salvare, porque se pen- pensai que também promova a Fe-
cundidade. Recomenda-sc o seu uso seu efeito colerético (estimula a se-
sava que era capa/ de salvar de quase creção de bílis), descongestionando o
todas as doenças, excepto da morte. em caso de vaginismo e de frigidez.
Em irrigações vaginais, combate a lcu- lígado e facilitando a digestão IO).
Graças à investigação científica, po-
demos hoje conhecer as suas verda- correia 10).
• Afecções da boca e cia faringe:
deiras propriedades e usá-la correcta- • Tonificante do sistema nervoso: Graças à sua acção adstringente e
mente. Possui uma leve acção estimulante so- anti-séptica, usa-se com muito bons
bre as glândulas supra-renais. Por isso resultados em caso de gengivite, altas,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a é indicada nos estados depressivos, as- amigdalite e faringite. Em gargarejos,
planta contém uma essência (até tenia, hipotensão, tremores, vertigens acalma <> ardor da garganta e a tosse
2,5%) rica em luíonas, que explica a e outras manifestações de desequilí- do fumador IO).
sua acção anli-séptic a, anli-sudoí ílíca brio neurovegetativo (0.01.
e emenagoga; taninos catéquicos, que • Excesso de sudação: E talvez a plan- • Afecções da pele: desinfecta c cica-
lhe conferem propriedades adstrin- ta com maior acção anli-xtidorifica que triza a pele. Util em (cridas, úlceras,
gentes e tonificantes; Flavonóides e se conhecei Uma ou duas horas de- Furúnculos, abcessos e picadas de in-
ácidos fenólicos, de acção anti espas- pois de ingerida, reduz, a transpiração sectos 101. Os banhos com salva con-
módica e colerética; c substâncias de excessiva, especialmente â noite, no tribuem para a beleza da cútis 10).

639
SenecbvulgarísL j\ A

Preparação e emprego
Tasneirinha
USO INTERNO
Potente e m e n a g o g o
O Sumo da planta fresca: To-
dos os dias, a partir de uma se-
mana antes da data em que é
esperada a menstruação, toma-
-se o sumo de 20-30 g de plan-
ta fresca esmagada num almo-

D IOSCORIDES chamava a esta


planta erígeron ('velho na Pri-
mavera' em grego). As pala-
vras senectude (velhice) e senilidade
vêm do latim senex (velho). Os capí-
fariz. Deve-se parar de tomá-lo
quando aparecer a menstrua-
ção.

tulos florais do senécio mostram


efectivamente um aspecto envelhe-
cido na Primavera.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Precauções


phuitci contém mitcilagens, tanino, re-
sina, sais minerais, e alcalóides co-
nhecidos como senecionina e seneci-
na, que lhe conferem propriedades
emenagogas. Esta planta tem sido du- Investigações recentes parecem
rante muito tempo utilizada para esti- demonstrar que os alcalóides da
mular a menstruação insuficiente ou tasneirinha têm uma acção tó-
escassa, e para normalizar o ciclo IO). xica para o fígado. Não obstan-
Também tem efeito sedante e acalma te, isto não se pôde confirmar de
a dismenorreia (dor menstrual). forma definitiva. Como precau-
ção, recomenda-se não exceder
as doses prescritas.
•A»-

Tasna e
senécio-viscoso

A tasna (Senecio jacobaea L.)* e tam-


bém o senécio-viscoso {Senecio vis- Outros nomes: cardo-morto, senécio.
cosus L.)** são espécies muito se- Esp.: senecio común, hierba cana. hierba
melhantes à tasneirinha e têm as sana. Fr.: séneçon [commun].
mesmas aplicações fitoterapêuticas Ing.: [common] groundsei, ragwon.
que esta, pois os seus princípios ac- Habitat: Frequente em toda a Europa, onde é
tivos, a senecionina e a senecina, são considerada uma erva prejudicial às culturas.
Naturalizada no continente americano.
comuns às três espécies.
A espécie jacobaea, que inclusiva- Descrição; Planta anual da família das
mente se cultiva nalguns lugares da Compostas, que atinge até 60 cm de altura. Os
capítulos florais são cilíndricos e de cor amarela.
Europa e da América do Norte para
aproveitamento das suas virtudes me- Partes utilizadas: a planta inteira florida.
dicinais, é conhecida em Portugal pe-
los nomes vulgares de tasna, tasnei-
ra e erva-de-sant'iago.*
" Esp.: senecio jacobeo. Fr.: herbe de
Saint Jacques. Ing.: ragweed.
'' Esp.: senecio viscoso.

640
Stachys sitvatícaL (J) ^

Preparação e emprego

Estaque USO INTERNO


O Infusão com 20-30 g de sumi-
Útil na menopausa dades floridas num litro de água,
de que se tomam 2 ou 3 cháve-
nas por dia, especialmente du-
rante a semana anterior à data
em que é esperada a mens-
truação.

Betónica-dos-pântanos

A betónica-dos-pântanos (Sta-
chys palusths L.),* que aparece
nos pântanos e valas da Beira
Litoral, é muito semelhante ao
estaque da espécie silvatica.
Usa-se normalmente sob a for-
ma de extractos. As suas pro-
priedades sedativas e anties-
pasmódicas são praticamente
as mesmas que as da sua con-

A
S FOLHAS desta p l a n t a são génere.
semelhantes às da urtiga- Segundo Leclerc, a sua admi-
-maior (Urlica dioica l... pág. nistração permite reduzir a do-
278), mas nào têm pêlos urticantes. se de barbitúricos nalguns pa-
Têm porém um s a b o r um t a n t o pi- cientes, com o que diminuem os
cante e exalam um cheiro fétido. riscos que sempre se correm
A betónica (Stachys officinalis [L.] com estes fármacos.
Trevisan, pág. 730) pertence ao mes- " Esp.: ortiga roja, betónica de tas
mo género botânico do estaque, mas marismas. Fr.: épiaire des ma-
possui propriedades diferentes. rais. Ing.: marsh betony.

PROPRIEDADES E I N D I C A Ç Õ E S : Toda a
planta contem um óleo essencial de
composição m u i t o c o m p l e x a , q u e Outros nomes: betónica.
tem acção antiespasmódica (relaxa os Esp.: ortiga hedionda, ortiga fétida, estaquis,
músculos de c o n t r a c ç ã o involuntá- betónica hedionda. Fr.: stachys, épiaire.
ria), sedativas e emenagogas (regula Habitat: Disseminada pelos bosques
e normaliza a menstruação). húmidos de toda a Europa, especialmente na
proximidade de laias e carvalhos.
A sua aplicação principal são as re- Descrição: Planta vivaz de 0.6-1 m de altura, da família
gras irregulares ou dolorosas (disme- das Labiadas, cujo caule e folhas se encontram revestidas
norreia) e os t r a n s t o r n o s da m e n o - de uma fina penugem. As suas flores são de cor púrpura e
pausa. Alivia as contracções espasmó- apresentam dois lábios como todas as plantas desta família.
dicas do músculo uterino e acalma as Partes utilizadas: as sumidades floridas.
dores provocadas pelos ditos espas-
mos 101.

641
Vlbumum opulus L

Noveleiro
Acalma as dores
das regras

Outros nomes: bola-de-neve. rosas-de-


•gueldres. Brasil: espinheiro-negro.
Esp.: Bola de nieve, mundillo, rosa de
Gueldres. Fr.: viome. boule de neige.

O NOVELEIRO, do mesmo mo-


do que as outras espécies do
género Viburnum, é um arbus-
to atraente, que se utiliza como plan-
ta ornamenta] em parques e jardins.
Ing.: cramp bark, guelder rose.
Habitat: Comum nas regiões de bosques,
frias e húmidas, de toda a Europa. Também
se encontra na América do Norte.
Descrição: Arbusto da família das
Mas, cuidado! Os seus vistosos iVuto- Caprifoliàceas, que atinge de2a4 metros
de altura. As suas folhas, parecidas com as
xinhos vermelhos são venenosos: têm do ácer, são divididas em 3 ou 5 lóbulos, e
um sabor tão amargo c ácido, qui- apresentam o bordo dentado. As flores, de
nem sequei os pássaros os comem. cor branca, agrupam-se num ramalhete
Em contrapartida, a casca do caule esférico, ficando as mais pequenas no
possui propriedades medicinais. Não centro. O fruto é uma baga pequena de cor
deve ser confundido com o pilriteiro vermelha.
Partes utilizadas: a casca do caule seca.
ou espinheiro-alvar (pág. 219), que
também dá frutos vermelhos.
Esta planta foi pouco utilizada pe-
los grandes médicos da antiguidade.
Hoje, no entanto, conhecemos as suas & Precauções
propriedades e, empregada correcta-
mente, pode tornarse uni remédio
útil.
O Preparação e emprego
Todas as espécies do género Vi-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A cas-
burnum produzem frutos vene-
ca contém flavonóides e cumarinas, nosos em bagas. São irritantes
substâncias a que se atribuem os seus USO INTERNO para o tudo digestivo e provocam
efeitos medicinais. Além disso contém O Decocção com 30 g de casca gastrenterites.
tanino, salicina, resinas e uma peque- seca e triturada, por cada litro de Em caso de intoxicação, provo-
na quantidade de viburnina. princí- água, de que se tomam 3 cháve- car o vómito e administrar carvão
pio amargo responsável pelos seus nas por dia. vegeta/.
efeitos tóxicos e irritantes sobre o
tubo digestivo. Os frutos são muito
mais ricos em viburnina. a isso se de-
vendo o lacto de serem venenosos.

642
As bagas de todos os
viburnos são tóxicas. No
entanto, a decocção da
sua casca seca è um dos
medicamentos vegetais
de maiores efeitos sobre
o útero, e também serve
para combater as varizes
e as hemorróidas.

A casca deste arbusto distingue-se


pelo seu eleito antiespasmódico e se-
dativo sobre o a p a r e l h o genital femi-
nino. Relaxa a musculatura do ú t e r o
e acalma as d o r e s q u e se p r o d u z e m
q u a n d o este ó r g ã o se contrai de for-
ma espasmódica. É um dos remédios ve-
getais que mais intensamente actuam so-
bre o útero, raive/ seja por isso q u e em
inglês é c o n h e c i d o c o m o cramp barh
(literalmente 'casca dos e s p a s m o s ' ) .
A bola-de-neve t o m a - s e a p r o p r i a d a
nos seguintes casos:
• Dores m e n s t r u a i s ( d i s m e n o r r e i a ) : 9&V
Acalma os espasmos dolorosos do úte-
ro, q u e st' p r o d u z e m d u r a n t e as re-
ff Viburno-americano e outros
gras IO!.
• A m e a ç a de a b o r t o : Relaxa o ú t e r o
q u a n d o SC apresenta u m a ameaça de Existem outras plantas do género Vi- -escura dos frutos quando amadure-
aborto e s p o n t â n e o , e p o d e evitar q u e burnum, de aspecto parecido e pro- cem. No mesmo cacho, podem-se en-
ele se produza. Não se verificou q u e a priedades semelhantes: contrar frutos vermelhos, azuis e de to-
casca do iioveíeiro wnh.i efeitos ne- das as cores intermédias em fase de
• Viburno-americano (Viburnum pru-
gativos sobre o feio. pelo q u e n ã o maturação.
nifolium L)*: de aspecto muito seme-
existe inconveniente na sua utilização lhante ao do viburno da espécie lanta- • Folhado (Viburnum tinus L.)*': Co-
por mulheres grávidas IOI. na, mas natural do continente america- mum na Europa. Distingue-se dos an-
•Varizes e h e m o r r ó i d a s : Esta planta no. Cria-se nos bosques dos Estados teriores por ter os frutos azuis. Não se
tem um ligeiro efeito activador sobre Unidos e do Canadá. deve confundir com o arando (pág.
a circulação venosa (tónico venoso). • Viburno (Viburnum lantana L, pág. 260).
Ajuda a descongestionar as varizes e 199): Disperso pela Europa. Diferencia-
as hemorróidas, especialmente se for ' Esp.: viburno-americano.
-se do noveleiro por ter folhas opostas,
associada a outras plantas venotóni- elípticas e pontiagudas, e pela cor azul- " Esp.: duritlo.
cas (ver pág. 249) IOI.

643
I

PLANTAS PARA O METABOLISMO

uiviÁRio DO CAPÍTULO
O
METABOLISMO é o conjunto
de reacções químicas por que
DOENÇAS E APLICAÇÕES passam as substâncias que o or-
ganismo recebe do exterior, e
Ácido úrico, excesso de, ver Gota 647 também aquelas que nele mesmo se for-
Açúcar no sangue, excesso, ver Diabetes 648 mam. Consiste em dois processos antagóni-
Alcaliniuuites, plantas 645 cos e simultâneos:
Antiescorbúticas, plantas 645
Apetite, excesso de, ver Bulimia 648 • Anabolismo: Síntese de materiais orgâ-
Bulimia 648 nicos p-ara acumular reservas.
Cura depurativa 647 • Catabolismo: Desintegração dos mate-
Depurativa, cura 647 riais armazenados com o fim de obter a
Desnutrição 646 energia necessária para manter a rida.
Diabetes 648
Os processos metabólicos são regulados
Escorbuto, plantas contra o 645
por hormonas, especialmente pelas pro-
Excesso de apetite, ver Bulimia 648
duzidas na tiróide e no pâncreas. Há plan-
Gota 647
tas medicinais que actuam sobre estas duas
Hipertiroidismo 648
Com a fitoterapia obtêm-se glândulas endócrinas: Sobre a tiróide, au-
Hiperuricemia, ver Gota 647
bons resultados no mentando ou diminuindo a sua actividade:
Hipotiroidismo 648
tratamento da obesidade, e sobre o pâncreas, potenciando a acção da
Magreza 646
sempre que se insulina, o que reduz o nível de glicose no
complemente com um Obesidade 646
sangue.
regime afimentar Plantas alcalinizantes 645
apropriado. Plantas contra o escorbuto 645 Como resultado da actividade metabóli-
Plantas remineralizantes 645 ca, produz-se uma certa quantidade de
Remineralizantes, plantas 645 substâncias tóxicas, que devem ser elimi-
Tiróide, hiper}unção, nadas. A maior parte destas substâncias são
vei Hipniiroidismo 648 de reacção ácida, como o ácido úrico e a
Tiróide, hipofunção, ureia. As plantas medicinais depurativas
ver Hipotiroidismo 648 ajudam o organismo na sua tarefa de eli-
Úrico, ácido, excesso de, ver Gota . . . .647 minar a importante quantidade de subs-
Vitamina C, plantas contra a carência, tâncias residuais que se produzem conti-
ver Plantas contra o escorbuto . . . . 645 nuamente. As rias de eliminação são prin-
cipalmente a urina e o suor.
PLANTAS A OBESIDADE é um dos transtornos me-
Alga-vesiculosa = Bodelha 650 tabólicos mais comuns, que também pode
Bodelha 650 ser tratado por meio dos seguintes tipos de
Chá-de-java = Ortossifâo 653 plantas medicinais:
Espargo 649 • Sedantes, para eliminar a ansiedade fre-
Laminaria 652 quentemente associada à obesidade, que
Ortossifâo 653 origina o desejo de comer de forma in-
controlada;

644
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 a Parte: D e s c r i ç ã o
1
Plantas remineralizantes Plantas contra o escorbuto

São plantas que combatem o escor-


Fornecem minerais e oligoelemen- buto, pela sua grande riqueza em vi-
tos, restaurando assim o equilíbrio mi- tamina C. Vale a pena recordar que
neral do organismo. esta vitamina se encontra unicamen-
te nas frutas e hortaliças frescas.
Os alimentos de origem animal nao
contêm vitamina C.
0 escorbuto é a doença que se de-
Planta Página senvolve como consequência da falta
de vitamina C. Embora se;a actual-
Cenoura 133 mente uma doença muito rara nos
Luzerna 269 países desenvolvidos, podem existir
défices encobertos desta vitamina.
Galeopse 306
Aipo 562
Morangueiro 575 Planta Página
Groselheira-espim 588 Laranjeira 153
Bodelha 650 Limoeiro 265
Azedas 275
Cavalinha 704
Cocleária 356
Couve 433
Rosa-caruna 762
Redutoras do apetite: As plantas que Framboeseiro 765
exercem esta acção não têm os efeitos
secundários dos anorcxígénios sintéti-
cos derivados das anfetaminas. Trata-se
de plantas ricas em mucilagens, como as
algas, que são capazes de absorver uma
grande quantidade de água no estôma-
go. Deste modo, aumentam o seu volu-
me e produzem a sensação de sacieda-
de por um mecanismo puramente físi-
co. Estas plantas tomam-se antes das re-
feições, ou quando se deseje eliminar a
sensação de fome. Provocam uma alcalmização dos fluidos
As quaresmas |pág. 591)
Diuréticas: Evitam a retenção de líqui- são um bom diurético orgânicos, especialmente do sangue e da
que, devido â sua urina. No metabolismo humano, sobrefu-
dos que habitualmente se produz, em do quando a alimentação é rica em car-
facufdade de afealinizar a
caso de obesidade. Convém salientar urina, favorece a nes, produz-se um excesso de substân-
que não é recomendável emagrecer à base cias ácidas tóxicas, como o ácido úrico,
dissolução dos cálculos
de forçar a eliminação de líquidos por que devem ser eliminadas. Os alcalini-
urinários. zantes são muito valiosos, pois neutrali-
meio de diuréticos químicos, como fazem zam e facilitam a eliminação desse ex-
alguns tratamentos contra a obesidade. cesso de ácidos nocivos.
Isso provoca desequilíbrios na compo- Alcalinizando-se a urina, facilita-se a dis-
sição dos líquidos e eiectrólitos orgâni- solução de sedimentos úricos (areias) e
impede-se que se formem cálculos.
cos. Felizmente, com as plantas diuréticas
nào existe este risco de desequilíbrio elec-
trolítico, pelo que se podem usar como
Planta Página
parte dos tratamentos de emagrecimen-
to. Além de eliminar água e ajudar a per- Urtiga-maior 278
der peso, facilitam a eliminação de Cebola 294
substâncias residuais que sobrecarregam Morangueiro 575
o organismo. Quaresmas 591

645
C a p . 2 5 : P L A N T A S PARA O M E T A B O L I S M O

Doença Planta Pág. Acção liso

DESNUTRIÇÃO Fornece vitaminas, minerais


LUZERNA 269 e aminoácidos essenciais
Brotos tenros, sumo fresco, infusão
Pode produzir-se uma m e n o r ingestão
de nutrientes, por uma assimilação in-
Fornece nutrientes essenciais,
suficiente, ou por um c o n s u m o ex- ESPIRULINA 276 vitamina B12, ferro e minerais
Cápsulas com o pó da alga dessecada
cessivo dos mesmos.
A fitoterapia recorre a plantas ricas em
URTIGA-MAIOR 278 Reconstituinte, tonificante, antianémica Sumo fresco, infusão de folhas
nutrientes, como a luzerna ou a espi-
rulina, e outras que facilitam a sua
assimilação mediante uma tonifi- LINHO 508 Fornece abundantes proteínas e gorduras Sementes cozinhadas
cação geral do organismo e dos pro-
cessos digestivos, como a urtiga-maior Remineralizante, tonificante,
GOIABEIRA 522 Frutos frescos, em geleia ou em doce
ou o hipofaé. ligeiramente laxante

Antiescorbútico, tonificante,
HIPOFAÉ 758 Os frutos frescos ou em xarope
estimulante das defesas

Flocos (sementes prensadas)


MAGREZA Fornece nutrientes de elevado valor
AVEIA 150 biológico, equilibra o sistema nervoso
cozinhados com leite ou caldo de
A magreza que se apresenta de modo hortaliça
espontâneo, sem u m a causa aparen-
te, é um sinal preocupante que deve ser AVELEIRA 253 Rica em gorduras e proteínas Frutos (avelãs)
sempre objecto de consulta médica.
Uma vez conhecida a causa da ma- Reconstituinte, provoca aumento do
ALFORVA 474 Decoccão da farinha das sementes
greza, pode-se administrar uma ou vá- apetite e engorda naturalmente
rias destas plantas, que fornecem
abundantes nutrientes e favorecem a
Reconstituinte, muito nutritivo
sua assimilação.
MILHO 599 quando se associa com outros cereais 0 grão e a sua farinha
e com leguminosas

VERBENA 174 Sedante, diurética suave Infusão ou decoccão da planta


OBESIDADE
A fitoterapia comple-
23Q Activa o metabolismo, favorece a Cru, extractos,
menta o tratamento ALHO
eliminação das substâncias residuais decoccão de dentes de alho
dietético da obesidade,
por meio de plantas que
reduzem o apetite e ac- 253 Depurativa, sudorífica, elimina a água
AVELEIRA Decoccão de amentilhos
tivam o metabolismo, e as substâncias residuais retidas
aumentando assim a CEBOLA 294 Hipotensora, diurética, depurativa Crua, em sumo fresco, cozida ou assada
combustão das calorias
ingeridas, e facilitam a ERVA- 3g, Diurético, evita a retenção de líquidos
Infusão de sumidades floridas
eliminação dos líquidos -COALHEIRA nos tecidos
retidos (diuréticas).
ANANÁS 425 Redutor do apetite O fruto fresco ou em sumo

k COLÚTEA 498

c, e
Laxante, diurético, depurativo

Produz sensação de saciedade no


Infusão de folhas

7
Zaragatoa Maceração de sementes
ZARAGATOA 3i o estômago, diminui o apetite

BELDROEGA 518 Laxante, diurética, depurativa Decoccão da planta fresca

Elimina toxinas e resíduos metabólicos,


VIDEIRA 544 Cura de uvas
"limpa o sangue"

rmc,r.o« *«£ Liberta o organismo de impurezas Cura de cerejas


CEREJEIRA btíb e resíduos, diurética (frutos e infusão de pedúnculos)

VARA-DE-OURO 594 » u ^ c a , ^ p u r a t h / a , limpa o sangue Decoccão de sumidades floridas

ESPARGO 649 Diurético, fornece fibra Espargos, infusão da raiz


com pouquíssimas calorias

BODELHA 650 Produz sensac


ão de
saciedade, Alga fresca, em decoccão,
infusão ou pó
Est mula
Bodelha LAMINARIA 652 ' ° metabolismo, Cozinhada, decoccão
produz sensação de saciedade
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
?•' Pnrte: D e s c r i ç ã o I
Doença Planta Pág. Acção Uso

CURA DEPURATIVA COCLEÀRIA 356 Antiescorbútica, favorece a eliminação Como verdura, sumo fresco
Embora as curas depurativas possam das substâncias ácidas residuais
fazer-se em qualquer momento do ano, As folhas como verdura,
nos países nórdicos é um costume tra- LABAÇA 532 Depurativa, diurética, antianémica
em infusão ou em sumo fresco
dicional fazè-las no começo da Prima-
vera. Durante o Inverno, devido ã ali- Indicada na astenia e fadiga primaveris.
mentação pobre em frutas frescas, acu- ALIARIA 560 Muito apropriada para fazer uma cura Sumo fresco da planta
mulam-se no organismo resíduos meta- depurativa
bólicos que podem ser eliminados me-
diante uma cura depurativa com uma MEUSSA- s-gQ Diurética e depurativa. Útil para as
Infusão da planta
ou várias destas plantas. -BASTARDA curas de Primavera
Os resultados são muito eficazes no CFRF IFIRA ftf&fi Diurética, liberta o organismo de Cura de cerejas
caso de eczemas, gota, obesidade, impurezas e resíduos (frutos e infusão de pedúnculos)
etc.
GROSELHEIRA- COO Muito apropriada para as cruas de Bagas frescas, em sumo,
As curas depurativas devem durar um -ESPIM Primavera pelo seu conteúdo vitamínico geleia ou doce
mínimo de três dias, sendo a duração
ideal uma semana. Durante a cura é VARA-DE-OURO 594 Diurética, depurativa, "limpa o sangue"
necessário seguir uma dieta vegetal Decocçao de sumidades floridas
de resíduos
muito ligeira, e ingerir água em
abundância, assim como sumos de fru- ESCABIOSA-
-MORDIDA
731 Diurético suave, tonificante, depurativa Infusão de flores, folhas e raiz secas
ta, de verduras e de plantas medicinais.
BORRAGEM 746 Depurativo de grande eficácia Sumo fresco das folhas
Alcaliniza o sangue, facilita a
GOTA LIMOEIRO 265 dissolução e eliminação do ácido úrico Sumo do fruto
É a doença que resulta do aumento do e dos seus sais (uratos)
ácido úrico no sangue, e do seu depó-
D e u r a t i v o do
sito nas articulações (conhecido como AGRIÃO 270 P sangue, diurético. Cru, sumo fresco
artrite úrica ou artritismo) e no teci- Muito recomendável no caso de gota
do renal.
URTIGA-MAIOR
270 Depurativa, diurética, alcalinizante, Sumo fresco, infusão
A gota afecta unicamente os indivíduos facilita a eliminação do ácido úrico
do sexo masculino, e o seu sintoma
mais típico é a inflamação dolorosa lo- DENTE-DE- OQT Diurético, depurativo, facilita
Sumo fresco das folhas e raízes
calizada na articulação do -LEÂO a eliminação de substâncias residuais
dedo grande do pé, embo- Em salada, caldo,
eco Diurético, favorece a eliminação
ra também possa afectar
do ácido úrico e da ureia infusão de frutos ou decocçao da raiz
as outras.
Estas plantas medic cgg Diurético, depurativo,
BÉTULA Infusão de folhas e/ou gemas
nais são muito efica- elimina o ácido úrico
zes na eliminação C7C Depurativo, alcalinizante,
do ácido úrico com < MORANGUEIRO Cura de morangos
elimina o ácido úrico
a urina, graças à sua
acção diurética uri- Bagas inteiras ou em infusão,
cosúhca (ver pág.
ZIMBRO 577 Depurativo, elimina o ácido úrico
essência
556).
c g 4 Diurético, favorece a eliminação
FEIJOEIRO Decocçao das vagens
de ácido úrico
ALQUEQUENJE 585 Diurético, bom uricosúrico Bagas frescas, secas ou em decoccáo
Diminui o nível de ácido úrico
CEREJEIRA 586 Cura de cerejas (frutos e pedúnculos)
no sangue, alivia as dores articulares
CÓLQUICO 666 Anti-inflamatório Extracto em preparados
v farmacêuticos
acalma as dores da crise de gota
rr-j Anti-inflamatória, analgésica,
ULMEIRA 3
acalma a dor articular Infusão de sumidades floridas

ccq Diurético, depurativo, laxante,


FREIXO
elimina o excesso de ácido úrico Decoccão ou infusão de folhas
Cerejeira
HftooAròrrm fi7n Anti-inflamatório, anti-reumático, Infusão de raiz, extractos
HARPAGOFÍTO 670 f a c j | i t a a eliminação do ácido úrico
gqy Diurética, depurativa, sudorífica,
BARDANA Infusão ou maceração de raiz
elimina o ácido úrico

647
C a p . 2 5 : P L A N T A S PARA O M E T A B O L I S M O
V

Doença Planta Pág. Acção Uso

BULIMIA ALFACE-BRAVA- Decocção de folhas, lactucário,


160 Sedante, acalma a excitação nervosa
É uma fome insaciável, normalmente -MAIOR sumo fresco
causada pela ansiedade e outros
transtornos nervosos.
O tratamento fitoterápico consiste em VALERWNA 172 È f i S , : í ? ^ ? e S L < l S Í ^ « b * ac Infusão, maceração ou pó de raiz
y K
plantas scdantes (ver mais na pág. indicada nas distonias neurovegetativas
145) e plantas que produzem sen-
sação de saciedade no estômago, MANJERONA 369 Sedante, alivia a ansiedade Infusão e essência
como as algas bodelha e laminaria.

Produz sensação de saciedade, Alga fresca, em decocção,


BODELHA 650
tira o apetite infusão ou pó

i « eco Estimula o metabolismo, Cozinhada, decocção


LAMINARA 652 p r o d u z 5 e n s a ç ão de saciedade

Cru, extractos,
DIABETES ALHO 230 Normaliza o nível de glicose no sangue
decocção de dentes de alho
Transtorno do metabolismo dos hidra-
tos de carbono, devido a uma falta de Discreto efeito hipoglicemiante,
insulina. Esta hormona, que se produz PERVINCA 244 reduz a glicosúria (perda de glicose Decocção de folhas, extractos
no pâncreas, leva a glicose do sangue com a urina)
a passar para o interior das células A«..,r,« ocn Fornece glicoquinma,
para poder ser metabolizada. Infusão de folhas
ARANDO 260 . . . ,- Jl ^i 1 fc3j3 M ⻫L«i»
Estas plantas medicinais constituem um de accao h pogl cemiante
complemento do tratamento dietético A. rarwnirpfl wi Hipoglicemiante, contém mulina, Alcachofras, infusão ou sumo fresco
ALCACHOFRA oo/ a | j m e n t o apr0priado para diabéticos de folhas, extractos
da diabetes. A sua acção pode
potenciar, e nalguns ca- rmníc A33 ?az descer o nível de glicose
sos substituir, a dos Sumo da planta fresca
uouvt w no sangue
fármacos antidiabéti-
cos que se tomam por
FEL-DA-TERRA 436 Tónico estomacal, hipoglicemiante Infusão de sumidades floridas
via oral.
Quando se tomam plan-
tas hipoglicemiantes co- CARDO-SANTO 444 Digestivo, reduz o nível de glicemia Infusão ou decocção de folhas
mo estas, devem-se fa-
zer exames periódi- Infusão de folhas e/ou nogalina
NOGUEIRA 505 Suave efeito hipoglicemiante (cascas verdes dos frutos)
cos da glicose no
sangue, da mesma
maneira que com FEIJOEIRO 584 Contém a^ginina, aminoácido que faz Decocção de vagens
qualquer outro trata- descer o nível de glicose no sangue
mento antidiabético.
GALEGA 632 Anti-diabética Infusão de folhas e flores secas

Fel-da-terra SALVA 638 Hipoglicemiante Infusão de folhas

BAR NA 6 q 7 Contém inulina (hidrato de carbono Infusão ou maceração de raiz


recomendável para os diabéticos)
SELO-DE-
723 Diurético, hipoglicemiante Decocção de rizoma
Feijão -SALOMÃO

HlPERTIROIDISMO CENOURA 133 Regula a função da glândula tiróide A raiz crua ou em sumo
É o aumento na função da glândula ti-
róide, produtora da hormona tiroxina.
coo Reduz a actividade da glândula tiróide, Os grãos ou a sua farinha
MILHO
trava o metabolismo em diversas preparações culinárias

HlPOTIROIDISMO D„r.,-,.,. cen Fornece abundante iodo, A alga fresca, em decocção,


BODELHA 650 tonifica a tirólde em infusão ou em pó
É o contrário do hipertiroidismo. Em
ambos os casos, as plantas são apenas
um complemento do tratamento. A alga em decocção
LAMINARIA 652 Estimula o metabolismo, fornece iodo
ou em preparações culinárias

648
Asparagus
officinalis L f HJ @

Preparação e emprego
Espargo
Contra a obesidade USO INTERNO
e a prisão de ventre O Os e s p a r g o s silvestres ou
cultivados utilizam-se em dife-
rentes preparações culinárias.
@ A raiz seca usa-se em in-
f u s ã o , à razão de 50 g por litro
de água. Tomam-se 3 chávenas
por dia.

O S ESPARGOS são na realida-


de a parte terminal dos caules
da planta (brotos tenros), que
quando crescem ao abrigo da luz fi-
cam brancos por não conterem clo- Outros nomes: espargo-hortense.
rofila. Os espargos brancos consti- Brasil: aspargo.
tuem um delicado manjar, mas quan- Esp.: esparraguera. espárrago
do se comem com fins medicinais são [comúnj, aspárago. Fr.: asperge.
preferíveis os verdes, já que estes apre- Ing.: aspaiagus.
sentam uma maior concentração de Habitat: Planta difundida por
princípios activos. terrenos arenosos e leitos de rios da
Europa Central e Meridional, assim
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Os ES- como de grande parte do continente
americano. Cultiva-se em muitos
PARGOS contêm asparagina (substân- países da Europa e da América.
cia que comunica um cheiro particu-
Descrição: Planta herbácea da
lar à urina), glicósidos (coniferina e família das Liliáceas, que pode
vanilina), metilmercaptan, um óleo atingir um metro e meio de altura.
essencial, rutina e tanino. Possuem as Do caule nascem umas agulhas
seguintes propriedades: suaves, que na realidade são ramos
modificados. As folhas sào muito
• Diurética: Os componentes citados pequenas, assim como as flores,
actuam sobre o rim, estimulando a cuja cor é branca ou acinzentada. O
sua função eliminadora, o qtie provo- fruto é uma baga vermelha.
ca um notável aumento na produção Partes utilizadas: Os caules tenros
de urina. O consumo de espargos é (espargos) e a raiz.
útil sempre que se queira estimular a
função renal, e especialmente nos ca-
sos de edemas (retenção de líquidos)
e obesidade (contém pouquíssimas Contra-indicações
calorias) IOI.
• Depurativa: As curas de espargos
tem dado bons resultados em casos de
eczemas crónicos, devido à sua acção Em grandes doses, os espar-
estimulante sobre as funções elimina- gos irritam o tecido renal, pelo
doras da pele IOI. que são contra-indicados em
• Laxante: A sua fibra faz aumentar o caso de nefrite, glomerulonefri-
bolo fecal, o que c útil no caso de te e outros estados inflamató-
prisão de ventre crónica IOI. rios do rim.

A raiz contém ainda saponina e cer-


tos açúcares. Tem o mesmo efeito diu-
rético que os espargos 101.
Fucus
vesiculosus L o] é

Bodelha
Combate a obesidade
e a celulite

A S ALGAS são vegetais aquáti-


cos, providos de clorofila ou
outros pigmentos, cujo ta-
manho pode ser microscópico (algas
unicelulares) ou igualar o de uma
Outros nomes: alga-vesiculosa, botelho, botilhào-vesiculoso. carvalho-marinho,
carvalhinho-do-mar. fuco, sargaço-vesiculoso, vareque-vesiculoso.
Esp.: fucus. sargazo vejigoso, fuco, encina de mar. Fr.: varech, fucus vésiculeux.
planta terrestre (algas multicelulares). Ing.: sea ware. wrack. bladder fucus.
Na China e no Japão, o uso das algas Habitat: Rochas e praias da costa atlântica europeia, desde a Noruega até à
como alimento perde-se na memória península Ibérica, onde abunda especialmente nas rias galegas e na foz do Tejo.
dos tempos. Frequente nas praias de toda a costa portuguesa.
Descrição: Alga da família das Fucaceas, de cor castanha, cujo talo é formado por
Os Fitoterapeutas dos séculos pas- lâminas com a forma de faixas que aderem pela base às rochas submersas. Estas
sados, observando as vesículas da bo- lâminas contêm umas vesículas cheias de ar (aerocistos) que as mantêm erguidas.
delha cheias de ar (flutuadores), pen- Na extremidade locaiizam-se os elementos reprodutores.
saram que. segundo a teoria dos si- Partes utilizadas: o talo (corpo da alga).
nais, seria úlil contra a papeira e as es-
crófulas (inflamação dos gânglios do
pescoço, frequentemente de origem O Preparação e emprego
tuberculosa).
A investigação científica moderna
confirmou a sua utilidade nestas USO INTERNO casos, pode-se tomar com a refeição
afecções, mas sobretudo descobriu in- ou depois da mesma.
O Alga fresca: Come-se à manei-
teressantes propriedades que a tor- ra de verdura, embora o seu sabor
nam niuito recomendável contra a não agrade a toda a gente.
obesidade e a celulite, tão /'requentes USO EXTERNO
© Decocção ou infusão de extrac-
hoje no mundo desenvolvido.
to seco da alga, à razão de 15-20 g
O C o m p r e s s a s empapadas no lí-
por litro de água. Tomam-se 3 ou 4
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A bo- quido da decocção, aplicadas quen-
chávenas por dia.
delha ou alga-vesiculosa. seca. contém tes sobre as zonas afectadas, 2 ou
cerca de 65% de glícidos, entre os © P ó : Administra-se em cápsulas. 3 vezes por dia, durante 10 a 15 mi-
quais se destaca o ácido algínico A dose habitual é de 0,5-2 g, de uma nutos.
(12%-18%) e a fucoidina (polissacári- a três vezes ao dia.
do mucilaginoso); lõ% de sais mine- Nas curas de emagrecimento, de- © Cataplasmas preparadas com a
rais, especialmente iodo, assim como ve tomar-se de qualquer das formas alga fresca, previamente aquecida
potássio e bromo; '1% de proteínas; e indicadas, quinze minutos antes das numa caçarola com água. Aplicam-
\%-1% de lípidos. Também contém refeições. Assim se consegue que -se quentes sobre a pele afectada
carotenos e vitaminas A, B, c; e li. É exerça uma maior acção anorexigé- durante 10 a 15 minutos, 3 ou 4 ve-
possível que contenha ainda peque- nia (que tira o apetite). Nos restantes zes por dia.
nas quantidades de vitamina B12, por
se encontrar frequentemente conta-

650
minada com algas microscópicas que Pelo seu conteúdo em iodo orgâ- • Emoliente: Km aplicação externa so-
são as verdadeiras produtoras desta nico, utiliza-se como tratamento com- bre a pele. sob a forma de compressas
vitamina. Isto torna a bodelha muito plementar do hipothoidismo. associa-
interessante para quem deseje seguir 101 ou de cataplasmas 101. a bodelha é
do ou não a bócio. Nestes casos, re-
uma dieta estritamente vegetariana, comenda-se o conselho do médico. A suavizante e anti-inllamalói ia. favore-
A bodelha tem propriedades an- bodelha pode-se tomar por via oral ce a eliminação de cloretos e ajuda a
liescorbúticas, nutritivas, reminerali- em qualquer das suas formas de pre- reduzir o volume de tecido adiposo.
/antes, depurativas e laxantes suaves; paração IO.0.0I. Além disso podem-
Tudo isto a torcia muito úiil em caso
mas actua sobretudo ajudando o -se aplicai- sobre o pescoço compres-
emagrecimento, reduzindo a celulite, sas empapadas com a sua decocção de celulite, rugas, estrias e flacidez da
e tonificando a glândula tiróide. As IO). pele 10,01.
suas aplicações fundamentais sào as
seguintes:
• Absorvente e anorexigénia (tira a
fome): O ácido algínico e os algina-
tos que dele derivam, assim como as
restantes mucilagens contidas na bo-
delha, têm a faculdade de absorver a
água numa quantidade de até seis ve-
zes o seu próprio peso. Graças a esta
propriedade, incham no estômago e
produzem sensação de saciedade.
Deste modo a bodelha torna-se um
remédio de grande utilidade no tra-
tamento da obesidade causada por
bulimia (excesso de apetite) IO.0.0I.
• Digestiva: A bodelha absorve o suco
gástrico, diminuindo a acidez. Con-
vém em caso de gastrite e refluxo eso-
fágico, hérnia do hiato, e outras cau-
sas de pirose ou hiperacide/ IO. 0,01.
• Nutritiva, remineralizante e anties-
corbútica: A bodelha fornece sais mi-
nei ais, vitaminas, proteínas e outros
elementos nutritivos, os quais evitam
que, durante as curas de emagreci-
mento prolongadas, se produzam es-
tados carenciais ou de desnutrição
IO 0.0)
• Laxante suave: A acção {lesta alga
contra a obesidade é reforçada pelo
seu efeito ligeiramente laxante e
emoliente, devido à sua grande ri-
queza em mucilagem IO.0.01.
• Tonificante da tiróide: Esta alga
possui uma elevada concentração de
iodo e de iodetos orgânicos: lõfl mg
por quilograma de alga (para obter
esta mesma quantidade de iodo da
água do mar seriam precisos uns 3000
litros). O iodo torna-se imprescindí-
vel para que a glândula tiróide pro-
duza a tiroxina, hormona que facilita
a combustão dos nutrientes que in-
gerimos e activa assim o metabolis- Diminuindo o apetite e agindo como laxante, aJém de acelerar o metabolismo, a bo-
•'
mo. delha consegue uma acção de emagrecimento eficaz e isenta de efeitos secundários.

651
Laminaria
saccharina Lam.

Laminaria
Tira a fome e tonifica

A S ALGAS, que são um ingre-


diente fundamental da cozi-
nhajaponesa, vão sendo cada
vez mais utilizadas nos países ociden-
tais. Existem várias espécies de lami-
nárias, todas elas com propriedades
semelhantes (por exemplo, Laminaria
digitata Lam. e Laminaria hyperborea Outros nomes:
Esp.: laminaria, correa.
Foslie). Com uma mistura delas, pren- Fr.: laminière. Ing.: kelp.
sadas e secas, prepara-se o kombu, que Habitat: Cria-se nas rochas
enira na composição de muitas recei- submarinas da costa atlântica da
tas culinárias orientais. Europa e da América do Norte.
Descrição: Alga castanha da família
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- das Laminariáceas, que podem
tém alginatos (gelatina vegetal que se atingir até 2-3 m de comprimento.
Adere às rochas por meio de uma
obtém das algas), glícidos (hidratos espécie de raízes, chamadas
de carbono), minerais (especialmen-
te iodo, cálcio e sódio), e vitaminas A O Preparação e emprego
rizóides. O seu talo está dividido em
fragmentos semelhantes a fitas
(frondes), que variam de forma e
eB.
tamanho segundo as diferentes
Os alginatos possuem a capacidade espécies.
de aumentar até seis vezes o seu volu-
me quando absorvem água. Por isso, USO INTERNO Partes utilizadas: o talo (corpo da
O Como acompanhamento de alga).
no estômago, produzem uma sen-
sação de saciedade, que se torna mui- saladas e diversos pratos cozi-
to útil para acalmar o apetite nos tra- nhados.
tamentos contra a obesidade. Tam- © Decocção com 30 g de algas
bém se usam em ginecologia para di- em 200 ml {um copo) de água,
latar o colo do útero, colocando no que se põe a ferver durante uns 5
seu interior um fragmento de alga de- minutos, e se toma antes de ca-
vidamente esterilizado. da refeição. Pode-se ingerir só o
líquido, só as algas, ou ambas as
As laminárias, como outras algas, coisas ao mesmo tempo.
são tonificantes e estimulantes do me-
© Existem diversos preparados
tabolismo, pelo seu conteúdo em
farmacêuticos à base de algas,
iodo. Por isso se recomendam aos
cujo emprego e dosificação vêm
obesos e àqueles que sofrem de hipo-
indicados nos respectivos folhe-
tiroidismo IO.0.©I. tos informativos.
Os alginatos também se usam na in-
dústria farmacêutica e alimentar co-
mo excipientes e espessantes.

652
Orthosiphon
stamineus Benth.

Preparação e emprego

Ortossifâo
USO INTERNO
Reduz o peso O Infusão com 20-30 g por litro
de água, de que se toma uma
e o colesterol chávena antes de cada refeição.

Espécie afim: Orthosiphon


grandiflorus Bold.

O CHA-DE-JAVA, ou ortossifâo, Outros nomes: chá-de-java.


usa-se desde épocas remotas Esp.: ortosííon, té de Java,
na Indonésia e noutros países koumis. Fr.: orthosiphon.
do Sudeste .Asiático. Na Europa foi in- Ing.: Javan tea.
troduzido nos fins do século XIX por Habitat: Originário da ilha de
viajantes holandeses. O agradável aro- Java (Indonésia), e espalhado
pela Birmânia. Tailândia,
ma e as notáveis propriedades medi- Filipinas e Nordeste da
cinais que possui têm facilitado a sua Austrália.
difusão por todo o mundo. Descrição: Planta vivaz da
família das Labiadas, que atinge
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Embo- 40-60 cm de altura. Tem caule
ra ainda não se conheça bem a sua quadrangular e inflorescências
em espiga, de cor púrpura,
composição, encontraram-se-lhe abun- azulada ou branca.
dantes sais potássicos, a que deve a sua
acção diurética, e um princípio amar- Partes utilizadas: as folhas e
as flores.
go que explica as suas propriedades
colagogas; encontram-se também de-
rivados terpénicos (ortossifonol), sa-
poninas, colina e um óleo essencial.
• Diurético enérgico, que favorece a
eliminação de resíduos orgânicos ni-
trogenados (especialmente a ureia).
Recomenda-se na insuficiência renal,
na retenção de líquidos (edemas e as-
cites) , e na litíase renal IOI.A sua prin-
cipal aplicação é, porém, como com-
plemento nas dietas de emagrecimen-
to, devido à sua acção diurética, de-
purativa e redutora do colesterol HM.
Desconhece-se o mecanismo median-
te o qual faz descer o nível de coleste-
rol no sangue.
• Colagogo: Usa-se nos transtornos da
motilidade da vesícula biliar (coledis-
quinesias), geralmente devidos a ato-
nia (preguiça) da vesícula. Pelo seu
efeito colagogo estimula o esvazia-
mento da bílis 101.

653
PLANTAS PARA
O APARELHO LOCOMOTOR
UMÁRIO DO CAPÍTULO
J
DOENÇAS E APLICAÇÕES torcedura, ver Entorse 657
ihica, artrite, ver Artrite úrica 659
Anti-reumáticas, plantas 655
Articulação, entorse, ver Entorse 657
Artrite úrica 659 PLANTAS
Artritismo, ver Artrite ática 659 Aça frão-bast arda = Cólquico 666
Artrose 659 Alecrim 674
Bolhas nos pés, ver Pés, transtornos . . . 660 Arnica 662
Ciática 658 Aivore-das-gotas-de-nnv 669
Contusão 656 Azevinho 672
Desporto 660 Chá-apalaclie 673
Dor reumática 657 Cólquico 666
Dores de costas, ver Lumbago 658 Freixo 669
Dores de rins, ver Lumbago 658 Harpagófito 670
Entorse 657 Malmequer-dos-brejos 665
Esfoladelas dos pés, ver Pés, transtornos 660 Mostarda-negra 663
Lumbago 658 Moslarda-liranca 664
Ossos, debilidade, ver Osteoporose . . . .659 Mostarda-dos-campos 664
Osteoporose 659 Norça-preta 679
As fricções com essências
de plantas medicinais (ver Pancadas, ver Contusão 656 Rainha-dos-prados = Cimeira 667
pág. 96) tèm-se mostrado Pés, transtornos 660 Salgueiro-branco 676
aJtamente eficazes para Plantas anti-reamátkas 655 Salguei) o-da-txibiUmia 677
acalmar as dores Plantas revulsivas 658 Salgueiro-de-casca-roxa 677
osteomuscuJares |de ossos
Raquitismo 660 Salgueiro-frágil 677
e músculos).
Reumática, dor 657 Sassafrás 678
Reumatismo, plantas contra o 655 Sinceiro = Salgueiro-branco 676
Revulsivas, plantas 658 Olmeira 667
Rins, dores de, ver Lumbago 658 Uva-de-eão = ,\orça-preta 679
Sudação escessiva dos pés, Vulnerária 661
ver Pés, transtornos 660

A
S PLANTAS anú-reumáúcas a t - a n t i - r e u m á t i c a s suo muito bem toleradas
uíam tanto em uso interno como p o r via oral.
externo, p r o d u z i n d o uma acção As p l a n t a s revulsivas t a m b é m contri-
anti-inflamatória e analgésica b u e m p a r a aliviar as d o r e s reumáticas.
lenta mas eficaz e segura. Ao c o n t r á r i o dos Aplicadas sobre a pele. causam irritação e
Fármacos anti-inflamatórios, q u e têm bas- enrubescimento, o que descongestiona e
tantes efeitos secundários c o m o a gastrite, desinflama o.s tecidos internos, atraindo
q u e é o mais i m p o r t a n t e deles, as plantas para a pele o sangue q u e por eles circula.

654
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o
I
Plantas anti-reumáticas

Exercem uma acção preventiva ou curativa sobre as doenças reumáticas. As afecções


reumáticas são aquelas que causam inflamação, dor e rigidez nalguma zona do aparelho
locomotor. Algumas destas plantas apHcam-se por via interna, ingeridas em tisanas ou ex-
tractos, enquanto que outras se usam externamente, em cataplasmas ou compressas
quentes sobre a zona afectada.

Planta Pág. Parte utilizada Planta Pág. Parte utilizada


Meimendro-negro 159 Folhas Alforva 474 Sementes
Alfazema 161 Sumidades, folhas Amieiro 487 Folhas

Valeriana 172 Raiz, rizoma Castanheiro 495 Frutos


Verbena 174 Toda a planta Macieira 513 Frutos
Cantareira 217 Essência, madeira Piteira 558 Folhas, raiz
Alho 230 Bolbos Piteira 558 Seiva
Onagra 237 Sementes Aipo 562 Folhas, raiz, frutos
Cerseh-basterdo 243 Raiz, folhas BéMa 568 Folhas, gemas, seiva
Viscobranco 246 Folhas Morangueiro 575 Frutos
Erigerão 268 Folhas Zimbro 577 Frutos
Urtiga-maior 278 Toda a planta Ébulo 590 Raiz, folhas
Abeto-branco 290 Gemas, resina Salsaparrilha-bastarda 592 Raiz, rizoma
Guaiaco 311 Madeira, resina Arruda 637 Sumidades
Pinheiro 323 Gemas, resina Mostarda-negra 663 Sementes
Primavera 328 Raiz, rizoma, flores Ma 1 m eq ue r-dos-brejos665 Folhas, flores
Serpão 338 Sumidades Ulmeira 667 Sumidades
Macela 350 Flores Freixo 669 Folhas
Pimentão 354 Frutos Harpagófito 670 Raiz

Cocleária 356 Toda a planta Azevinho 672 Folhas


Camomila 364 Flores Alecrim 674 Sumidades
Hortelã-pimenta 366 Folhas, sumidades Salgueiro-branco 676 Casca, folhas, flores
Manjerona 369 Sumidades Sassafrãs 678 Casca

Trevo-cervino 388 Folhas, raiz Hera 712 Folhas


Cálamo-aromático 424 Rizoma Choupo-negro 760 Gemas, casca da árvore
Orégão 464 Sumidades Framboeseiro 765 Frutos
Lilás 472 Folhas, frutos, casca (árvore! Tomilho 769 Sumidades

Além de acalmar os espasmos digestivos


e as flatulências intestinais, o orégão (pág. 464)
è um bom anti-reumàtico.
Aplicado externamente em fricções com a sua essência,
ou em cataplasmas, acalma as dores musculares
do torcico/o e do lumbago-

655
Cap. 26: PLANTAS PARA O APARELHO L O C O M O T !
/
V.

Doença Planta Pág. Acção Uso

CONTUSÃO Loções e fricções com a água,


Ê uma tesão traumática que geraf- ALFAZEMA 161 Antkeumàtica, antJ-infJamatórJa
o óleo ou a essência de alfazema
mente afecta a pele e os tecidos sub-
cutâneos, produzida pelo choque vio-
29
° S£SGf5?áSSS5 ,0,ta * ta
lento com um corpo rombo. Na con- Fricções com a essência
tusão não se produz ferida da pele,
embora sejam frequentes os traumatis-
« — • de terebintina

mos que apresentam ao mesmo tempo


contusões e feridas. HISSOPO 312 Vulnerário, cura as feridas e contusões Lavagens com a infusão
Além das medidas físicas, como a
aplicação de frio, o tratamento fitoterá-
pico consiste na aplicação local de plan- Lavagens e compressas
tas vulnerárias, como estas que se in- PULMONÁRIA 331 Anti-inflamatória
com a decocção
dicam, que des/nflamam os tecidos e
acalmam a dor.
ERVA- ,fi. Contribui para a cura de golpes Compressas com a infusão
-COALHEIRA e contusões de sumidades floridas

AMIEIRO 487 Vulnerário, antkeumático As folhas aplicadas sobre a pele

PITEIRA 558 Vulnerária, cicatrizante Compressas com o sumo

MEUSSA- Lavagens ou compressas


580 Alivia a dor e a inflamação
-BASTARDA com a infusão

c^™^* C nn Resolutiva, faz desaparecer


Cataplasmas de folhas
FEDEGOSO 630 as in f| amaç ões e inchaços

VULNERÁRIA 661 Cicatriza as feridas, cura as contusões Lavagens com a decocção

ARNICA
eco Anti-inflamatória, remédio tradicional l u a ™ . ..„h,.> ^ „ „ i ,
662
contra entorses e contusões
rnntr.Mtnrcoc.rnnf.Kfiflc Tintura sobre a pele

C u r a as
MnoM MCT» A7Q contusões, faz desaparecer Cataplasmas com a raiz
ç
os hematomas triturada e cozida

Arnica
Lava
MILEFÓUO 691 Vulnerário, cura as feridas e contusões g e n * e compressas
com a infusão

ARISTOLÓQUIA 699 Vulnerária, cicatrizante Compressas com a decocção

FIGUEIRA-DA- 71g Cura as feridas, contusões Cataplasmas com as pás do caule


-ÍNDIA e irritações da pele abertas ao meio e aquecidas

SELO-DE-
723 Vulnerário, cosmético Compressas com a decocção,
-SALOMÂO cataplasmas com o rizoma esmagado

».... . 79c Alivia a inflamação, favorece Cataplasmas com as folhas


SANICULA /do a reabsorção dos hematomas esmagadas

Cataplasmas com as folhas


SAIÁO-CURTO 727 Anti-inflamatório, vulnerário esmagadas, compressas
Figueira-da-inóia ou lavagens com o sumo fresco

656
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o
I
ENTORSE Loções e fricções com a água,
ALFAZEMA 161 Anti-reumática, anti-inflamatória
o óleo ou a essência de alfazema
Torsão ou distensão violenta de uma
articulação, que pode chegar a romper . „ n n Anti-reumático, desinflama os tecidos Fricções com a essência
algum ligamento ou fibra muscular. ABETO-BRANCO 290 a f e c t a d o s p e | 0 e n t o r s e de terebintina
Wèm da imobilização da articulação
afectada, tornam-se muito eficazes as
PRIMAVERA 328 Anti-inflamatória Compressas com a decocção
seguintes aplicações locais com es-
tas plantas: loções, fricções, compres-
sas e cataplasmas. É preferível e Anti-inflamatório, alivia as dores
LOUREIRO 457 Loções com óleo de loureiro
mais eficaz um destes tra- osteomusculares
tamentos externos,
do que a ingestão de MELISSA- Lavagens ou compressas
fármacos ou analgé- fck *> 580 Alivia a dor e a inflamação com a infusão
-BASTARDA
sicos, com os seus
indesejáveis efei- fi~Q Resolutivo, faz desaparecer
tos secundários. FEDEGOSO Cataplasmas de folhas
as inflamações e inchaços

Anti-inflamatória, remédio tradicional Tintura sobre a pele


ARNICA 662
contra entorses e contusões
Fricções com álcool de alecrim,
fi7. Vulnerário, anti-reumático,
ALECRIM fomentações e compressas quentes
relaxa a musculatura com a infusão

7?5 Alivia a inflamação, favorece Cataplasmas com folhas esmagadas


SANICULA
a reabsorção dos hematomas
Loureiro
BONINA 744 Anti-inflamatória, cicatrizante Compressas com a decocção

Acalma as dores reumáticas, quer Loções e fricções com a água,


DOR REUMÁTICA ALFAZEMA 161 sejam de origem articular quer muscular o óleo ou a essência de alfazema
Entende-se por dor reumática aquela
que afecta alguma parte do aparelho Infusão, maceração ou pó de raiz,
locomotor (ossos, músculos, articu- . 7? Analgésica, acalma as dores compressas com a decocção
VALERIANA
lações, ligamentos e tendões), acom- de ossos e músculos de raiz seca
panhada de um certo grau de infla-
mação. As doenças que mais comum- D.wur.tm Í O S Revulsivo, anti-inflamatório, Fricções com a terebintina
mente originam dores deste tipo são a DINHEIRO 5iô alivia as dores reumáticas ou a sua essência
artrose (degenerescência das cartila-
gens articulares), a artrite (ver pág. Revulsivo,
6595, o reumatismo articular cróni- PIMENTÃO 354 Cataplasmas com pimentos picantes
descongestiona os tecidos internos
co, e as afecções musculares como o
torcicolo.
CAMOMILA 364 Antkeumática Fricções com o óleo
Estas plantas de acção anti-reumáti-
ca e revulsiva acalmam a dor e redu-
zem a reacção inflamatória, tanto em HORTELÃ- Alivia as dores reumáticas Fricções com a essência
uso externo como interno. -PIMENTA 366 e musculares
Ver mais plantas anti-
Acalma as dores reumáticas Fricções ou banhos com a essência
; ' -reumáticas na pági- MANJERONA 369 e as contracturas musculares
na 655, e revulsivas
na página 660.
i nnnrmn /IK7 Anti-reumático, Loções com o óleo de loureiro
LOUREIRO 4D f alKfia as ( J o r e s de 0 S S Q S e m y S C U l 0 S

Cataplasmas com a planta esmagada,


ORÉGÃO 464 Anti-reumático fricções com a essência dissolvida
em álcool

fifi_ Anti-inflamatória, analgésica, Infusão de sumidades floridas,


ULMEIRA
alivia as dores osteomusculares compressas com a infusão
Fricções com álcool de alecrim,
Vulnerário, anti-reumático, fomentações e compressas quentes
ALECRIM 674
Ulmeira relaxa a musculatura com a infusão

657
Cap. 26: PLANTAS PARA O APARELHO L O C O M O T O R

Doença Planta Pág. Acção Uso

LUMBAGO Infusão, maceração ou pó de raiz,


, 72 Analgésica, acalma as dores
VALERIANA compressas com a decocção
Dor reumática originada nos ossos e de ossos e músculos de raiz seca
músculos da região lombar, ou parte
inferior das costas, que popularmente se Alivia as dores reumáticas. Compressas com a infusão
designa por cruzes. É VISCO-BRANCO 246
Muito eficaz no lumbago ou na ciática de folhas secas
hábito chamar-se a
esta dor, impropria- ABETO-BRANCO 290 Antkeumálico, desinflama os tecidos Fricções com a essência
mente, dor de rins. Na afectados pelo lumbago de terebintina
realidade não são es-
tes órgãos que doem, ooo Revulsivo, anti-inflamatório, Fricções com a terebintina
PlNHHHO
mas a zona do corpo alivia as dores reumáticas ou a sua essência
onde se encontram.
254 Revulsivo, descongestiona os tecidos
Além do tratamento PIMENTÃO Cataplasmas com pimentos picantes
internos
físico e postural, es-
tas plantas medicinais, 4 57 Anti-reumático, alivia as dores
em uso tanto interno
LOUREIRO Loções com óleo de louro
de ossos e músculos
como externo, contri-
buem de forma decisi- 67 Q Anti-inflamatório, anti-reumático,
HARPAGÓFITO
depurativo Infusão da raiz, extractos
va para aliviar a dor e
a inflamação do lum- '* Fricções com álcool de alecrim,
bago. ALECRIM
r-ifl Vulnerário, anti-reumático,
fomentações e compressas quentes
Alecrim relaxa a musculatura
com a infusão
MEIMENDRO- ,CQ Analgésico em caso de gota, Cataplasmas de folhas esmagadas,
CIÁTICA -NEGRO ciática e nevralgias unguento
Inflamação dolorosa do nervo ciáti-
co. Manifesta-se por uma dor na parte , 72 Analgésica, acalma as dores Infusão, maceração ou pó de raiz,
inferior das costas, que irradia ao lon- VALERIANA compressas com a decocção
de ossos e músculos
go da nádega e da parte de raiz seca
, posterior do músculo.
Costuma afectar só um VERBENA
,y. Analgésica em dores reumáticas Infusão ou decocção, compressas
dos lados. e nevralgias e cataplasmas
Em uso interno e ex- Alivia as dores reumáticas Fricções com óleo ou álcool
terno, estas plantas
CANFOREIRA 217 e as nevralgias canforado
aliviam a dor de tipo
nevrálgico (ver mais Alivia as dores reumáticas. Compressas com a infusão
VISCO-BRANCO 246 Muito eficaz no lumbago e na ciática de folhas secas
na pág. 142).
4c7 Anti-reumático. alivia as dores Fricções com óleo
LOUREIRO
de ossos e músculos ou bálsamo de loureiro
MOSTARDA- ggo Revulsiva, descongestiona Cataplasmas com a farinha
•NEGRA os tecidos internos

667 Analgésica e anti inflamatória em dores


Verbena
ULMEIRA Infusão e compressas
osteomusculares e nevralgias

O pimento picante,
• Plantas revulsivas

Causam irritação local e enrubescimento da


peie, o que alivia as dores reumáticas.

também chamado Planta Página


pimentão ou malagueta Urtiga-maior 278
(pág. 354), é um grande
revulsivo, capaz de
Abeto-branco 290
produzir alivio em caso Pimentão 354
de dores reumáticas Arruda 637
como o lumbago. Aplica-
-se em cataplasmas sobre Mostarda-negra 663
a zona dorida. Malmequer-dos-brejos 665

658
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2'' P a r l e : D e s c r

Doença Planta Pág. Acção Uso

ARTROSE ALFAZEMA
, gi Acalma as dores reumáticas, Quer Loções e fricções com a água,
É uma doença crónica, caracterizada sejam de origem articular quer muscular o óleo ou a essência de alfazema
pela degenerescência da cartilagem
das articulações. Afecta principalmente p..,..., o n í - Fornece silício, que evita Infusão da planta seca
as ancas e os joelhos. bALEOPSE J U O a degenerescência dos tecidos
0 tratamento fitoterápico não se limita
a aliviar a dor, mas também exerce AicABwa AIA Alivia a inflamação das articulações Cataplasmas com a decocção de
uma acção preventiva da degene- HLI-OKVA */<» devida a artrose ou artrite sementes
rescência articular. Embora os seus
efeitos não se notem de forma imedia-
ta, torna-se m u i t o eficaz a médio As folhas previamente aquecidas,
AMIEIRO 487 Anti-reumático, sudorífico, depurativo
e longo aplicadas sobre a articulação dorida
I / prazo.
n...r. n . cc7 Anti-inflamatória, analgésica, alivia as Infusão de sumidades floridas,
ULMEIRA 667 d o r e s o s t e o m u s c u |ar|s compressas com a infusão

HARPAGORTO 670 Anti-.nflamatór.o, anti-reumático, Infusão de raiz, extractos


depurativo

F o r n e c e si,lcio r e
CAVALINHA 704 ' 8enera a
cartilagem Decocção da planta
HarpagófHo articular

ARTRITE ÚRICA 2 3 Q Activa o metabolismo, favorece a Cru, extractos, decocção


ALHO
É a inflamação das articulações de eliminação das substâncias residuais de dentes de alho
vida a depósitos de ácido úrico. Tra-
ta-se com plantas diuréticas de acção LiMOFiun ?fi>S Alcaliniza o sangue, facilita a Sumo do fruto
uricosúrica Iver mais na pág. 556), LIMOEIRO too dissolução e eliminação do ácido úrico
plantas depurativas (ver pág. 647) e
plantas anti-reu- iio-r,™ «„.r, D oia Depurativa, diurética, alcalinizante. Sumo fresco, infusão
URT.GA-MA.OR 278 f a c i | i t a a eliminação do ácido úrico
màticas (ver mais
na pág. 655), tan- Elimina toxinas e resíduos metabólicos,
to em uso inter- VIDEIRA 544 Cura de uvas
"limpa o sangue"
no como exter-
no. ego Diurético, depurativo,
BÉTULA Infusão de folhas e/ou gemas
elimina o ácido úrico

MORANGUEIRO 575 ÍSXtSSS!^ Cura de morangos


elimina o acido úrico
Reduz o nível de ácido úrico Cura de cerejas (frutos e pedúnculos)
CEREJEIRA 586 no sangue, alivia as dores articulares

ULMEIRA
rr-j Anti-inflamatória, analgésica, Infusão de sumidades floridas
acalma as dores articulares
g™ Anti-inflamatório, anti-reumático, Infusão de raiz, extractos
HARPAGÓFITO
facilita a eliminação do ácido úrico

Limoeiro r-j2 Anti-reumático, limpa o sangue" Decocção ou infusão de folhas


AZEVINHO
de substâncias residuais

OSTEOPOROSE
Consiste numa perda da massa e con- Fornece silício,
sistência dos ossos, que os torna mais
GALEOPSE 306 evita a degenerescência dos tecidos
Infusão da planta seca
susceptíveis a f r a c t u r a s e defor-
mações. Deve-se aiactores hormonais
e metabólicos, que se agravam por uma
alimentação abundante em proteínas
ou em sal comum. As plantas ricas em Fornece silício, estimula a actividade
silício são um complemento do trata- CAVALINHA 704 Decocção da planta
das células que formam o osso
mento geral.
Cap. 26: PLANTAS PARA O APARELHO LOCOMOTOR

Doença Planta Pág. Acção Uso

RAQUITISMO
Doença infantil causada por carência LUZERNA Brotos tenros em salada,
269 Remineralizante, nutritiva
de vitamina D, que é a responsável sumo fresco ou infusão
pela absorção do cálcio.
Estas plantas são um complemento
do tratamento, pois melhoram o estado
nutritivo e facilitam a assimilação do cáf- CAVALINHA 704 Fornece silício, facilita a assimilação
e fixação do cálcio nos ossos Decocção da planta
cio.

Emoliente, alivia as esfoladelas


PÉS, TRANSTORNOS MORUGEM 334 Cataplasmas da planta
dos pés
Estas plantas medicinais, aplicadas lo-
calmente, podem aliviar muitos dos Suaviza a pele, evita a excessiva Compressas e loções com a infusão
transtornos correntes dos pés.
TUSSILAGEM 341 sudação dos pés concentrada
A higiene e o cuidado dos pés é parti- Lavagens, banhos ou loções
URTIGA- Relaxante, alivia o cansaço
cularmente importante em caso de dia- 633 com a decocção de folhas
betes ou de transtornos da irrigação
-BRANCA e peso dos pés
e sumidades floridas
sanguínea nas extremidades inferio-
Cicatrizante, anti-séptico, combate o Lavagens e banhos com a infusão
res. Nestes casos, uma simples esfola- MlLEFOLIO 691 mau cheiro e o excesso de transpiração de sumidades floridas
dela ou ferida nos pés pode dar lugar a
uma infecção grave. Vulnerária, cura as empolas nos pés
ARISTOLÓQUIA 699 Compressas com a decocção
e as unhas encravadas
Fornece nutrientes de elevado valor Flocos (sementes prensadas) cozinhados
DESPORTO AVEIA 150 biológico, equilibra o sistema nervoso com leite ou caldo de hortaliça
Naturalmente o desporto em si mesmo
nao é nenhuma doença, mas podem Nutritiva, energética.
NOGUEIRA 505 Sementes dos frutos (nozes)
chegar a sè-lo as consequências dos Alimento ideal para desportivas
treinos forcados.
Refrescante, tonificante.
Estas plantas medicinais preparam o or- TAMARINDEIRO 536 Polpa dos frutos, infusão de folhas
Útil nos treinos desportivos
ganismo para a sobrecarga física que
o treino desportivo exige, e constituem Aumenta o rendimento físico
uma eficaz ajuda para os desportis-
GINSENG 608 e a resistência à fadiga Pó de raiz, extractos
tas.
Complemento nutritivo útil em caso
GERGELIM 611 de sobrecarga física ou psíquica As sementes cruas ou torradas

O álcool de alecrim (pág. 674) prepara-se


esmagando n u m almofariz um punhado
de folhas verdes. Depois colocam-se num
frasco com uns 1 00 ml (um decilitro) de
álcool etílico. Ao fim de três dias de
repouso, filtra-se o líquido resultante, que
é o álcool de alecrim.
Aplicado em fricções, alivia as dores
musculares e reumáticas.
Anthyllis
vulneraria L.

Vulnerária
Cura e cicatriza
as feridas

E M FITOTERAPIAqualificam-se
de vulnerai ias iodas as plainas
que tenham a propriedade de
curar e cicatrizar as fendas. O termo
vem do latim vuhutm (ferida, trauma).
Outros nomes:
Esp.: vulneraria, trébol amarillo.
Irébol de las arenas, trebolillo, O Preparação e emprego
Esta planta recebe o nome de 'vulne- hierba de las montarias, mata
blanca, albaida, antilide, boja
rária' por antonomásia, desde o Re- nevadilia. Fr.: {anthyllidej
nascimento, em virtude da sua notá- vuinéraire, trefle jaune [des
vel propriedade cicatrizante. sables). Ing.: kidney vetch, USO INTERNO
woundwort, ladys fingers. O Infusão com 10-20 g por litro
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Habitat: Difundida por toda a de água, de que se tomam 2 ou 3
planta contém taninos, saponinas e Europa em prados e terrenos chávenas por dia.
Havonóides. A sua infusão usa-se para calcários.
lavar as feridas, quer limpas quer in- Descrição: Planta vivaz da USO EXTERNO
fectadas, as chagas e úlceras de difícil família das Leguminosas, de até © Lavagens das feridas com
cicatrização, as escoriações e as zonas 30 cm de altura. As folhas e o
uma decocção de 20-30 g de
cálice dos capítulos florais são
contusas. Favorece o aparecimento de cobertos de pêlos suaves. As planta por litro de água, que de-
uma crosta e a rápida epitelização (co- flores são amarelas e reúnem-se verá ferver pelo menos durante
bertura com pele) das zonas lesiona- em capítulos na extremidade de três minutos. Aplicam-se 3 ou 4
das 101. um caule erecto. lavagens por dia.
Na Suíça e noutros países europeus Partes utilizadas: A planta
inteira.
toma-se em infusão como depurativa
do sangue, e fez parte das chamadas
"tisanas de Primavera" IOI.

661
Arnica montana L

Preparação e emprego
Arnica
Remédio tradicional USO EXTERNO
contra as contusões O Tintura: Embebe-se uma com-
pressa com algumas gotas de tin-
tura diluídas em água, e aplica-
-se sobre a zona afectada. A tin-
tura sem ser diluída pode irritar
a pele.

A O EMINENTE botânico Foni


Quer "(njisi) admiração o fac-
to de que uma planta de uso
ião generalizado como a arnica, que
gozou de fama ponto vulgar entre os
Outros nomes: tabaco-dos-saboianos, betônica-dos-
-saboianos, dórico-da-alemanha. tabaco-dos-vosgos.
tanchagem-dos-alpes. cravo-dos-alpes, panaceia-das-
meditos, tU) mesmo modo que entre -quedas, quina-dos-pobres.
as pessoas do povo, [..,] Ibssc des- Esp.: arnica, hierba de las caídas, tabaco de montana.
conhecida dos grandes farmacologis- tupa de montana. tabaco borde, tabaco dei diablo.
ias da antiguidade». estornudadera. hierba santa. Fr.: arnica.
Ing.: [mountainj arnica, mountain tobacco.
Habitat: Cresce nos prados e bosques de zonas
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Contém montanhosas. Na Península Ibérica, encontra-se
um óleo essencial, fenóis, flavonóides apenas nos Pirenéus, na cordilheira cantàbhca e nas
c taninos. Possui um notável efeito es- serras mais altas do Norte de Portugal. Na América.
timulante sobre o coração e a circu- tanto do Norte como do Sul, pode-se encontrar em
zonas montanhosas e frias.
lação. Km contrapartida, torna-se al- Descrição: Planta de 30 a 50 cm de altura, da família
tamente tóxica paia o sistema nervo- das Compostas, com uma flor composta e muito vistosa.
so, pelo que hoje já se não recomenda de um tom amarelo intenso. Confunde-se facilmente
O seu uso interno. Deve consklcrar-so com a énula (Inula montana L). cujas propriedades
uma planta venenosa. medicinais são incertas e pouco estudadas. Ao contrário
destas falsas arnicas, a arnica verdadeira (Arnica
Por via externa, a p l i c a d a s o b r e a montana L.) possui um ou dois pares de folhas
pele em forma de TINTURA) c um ex- apenas, colocadas de tal forma que nascem uma
celente vulnerário e anti-inflamatório em frente da outra.
local, remédio tradicional para as pan- Partes utilizadas: a flor e a raiz.
cadas, contusões, entorses e hemato-
mas (nódoas negras) IOI. Também se
usa no caso de furúnculos c abcessos.
A TINTURA DE ARNICA prepara-sc
com 20 £ de flores e raízes secas, pos-
tas a macerai" d u r a n t e 15 dias em 100
ml de álcool a 90*. Também se p o d e
pôr a macerar em azeite.

Precauções

Esta planta deve-se usar unicamen-


te em aplicação externa, dado que,
ingerida, se toma tóxica para o sis-
tema nervoso.

662
Brassica nigra
(L) Koch.
91 1 .
Preparação e emprego

Mostarda-
-negra USO EXTERNO
0 C a t a p l a s m a s : A farinha de
mostarda aplica-se em cataplas-
mas quentes, misturando-a com
A planta rubefaciente a de linhaça para se tornar menos
por excelência irritante. Estas cataplasmas apli-
cam-se uma ou duas vezes por
dia, durante 10-15 minutos (mais
tempo pode provocar empolas).
As cataplasmas de mostarda cha-
mam-se sinapismos (de sinapis.
mostarda em grego: ver um dos
seus nomes científicos).
& Banhos de pés: Dissolvem-se
1 ou 2 colheradas de farinha de
mostarda em 2 ou 3 litros de água
quente. Tomam-se até dois ba-
nhos por dia, de 5 a 10 minutos
de duração cada um.

O S DIMINUTOS grãos ou se-


mentes de mostarda, que à
primeira vista mal se vêem,
constituem um hom exemplo do po-
dei' da.s coisas pequenas quando per-
mitimos que se desenvolvam.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


plaina contém uni glicósido (sinigri-
na) que, por acção da enzima miro-
nase, se transforma mim óleo essen-
Sinonímia científica: Brassica juncea
cial sulfurado de forte acção revulsiva. Sickenb., Sinapis nigra L
As sementes contêm ainda mucila-
Outros nomes: mostardeira.
gcns. de acção emoliente (suavi/.an- mostarda, mostarda-ordinária,
te), que compensam a acção revulsi- mostarda-preta.
va. Esp.: mostaza, mostaza negra,
A FARINHA de mostarda usa-sc so- ajenabo, aiezna, jebem, lágina.
bretudo por via externa. Como revul- loparda, lusarda. Fr.: moutarde Precauções
sivo, actua atraindo o sangue para a (noire). Ing.: (blackj mustard.
Habitat: Cresce em estado silvestre
pele, dcscongcsuoiv.vmlo assim os ve-
nos terrenos baldios e incultos de
a d o s c órfãos internos. Aplicada cm toda a Europa. Naturalizada na Por via digestiva, a mostarda é um
cataplasmas, 101 na-sc muito eficaz cm América. condimento irritante, do qual é
caso de reumatismo, ciática, nevral- Descrição: Planta anual de 0.2 a 1 m melhor prescindir. Devem abs-
gia, congestão pulmonar e bronquite de altura, da família das Cruciferas. ter-se completamente dela as
aguda IO! As flores são amarelas e crescem em pessoas que sofram de dispep-
cachos terminais. As sementes são
Os banhos de pés com farinha de sia ou de úlcera gastroduodenal.
arredondadas, de 1 mm de diâmetro.
mostarda são um remédio usado <U-^- Partes utilizadas: as sementes.
i\c tempos muito amigos, com as se-
guintes duas principais indicações:
• Dores de cabeça: Aliviam a riov de
cabeça, pois atraindo o sangue para
os pés descongestionam a cabeça. Re-
comendam-se especialmente em caso
de cefaleia cansada por infecção víri-
ca das vias respiratórias superiores
(catarro nasal, sinusite, gripe) ou por
hipertensão arterial 101.
• Hipertensão arterial: A mostarda
provoca uma vasodilatação periférica
(dilatação das pequenas artérias dos
membros), o que faz descei- a pressão
arterial (01.

Os tradicionais pedilúvros (banhos


de pés) com mostarda continuam
a ser um apreciado remédio,
devido à sua eficiência para aliviar
a dor de cabeça, especiaímente
q u a n d o ela se deve a constipação,
gripe ou sinusite.
Também se tornam úteis a quem
sofra de hipertensão arterial.

2V-8.

>pr Outras mostardas

Além da mostarda-negra, existem


outras duas espécies:
• Mostarda-branca (Sinapis alba
L), que dá umas sementes grandes
de cor creme, usadas para produzir
a mostarda de mesa.
• Mostarda-dos-campos (Brassica
kaber Wheeler = Brassica arvensis
(L.) Rabenh. = Sinapis arvensis L),
que tem umas sementes muito pe-
quenas.
As propriedades destas duas espé-
cies são muito semelhantes às da
mostarda-negra, embora menos in-
tensas.
CatthapalustrísL
!\

Malmequer
-dos-brejos
Alivia as dores
reumáticas

E STA PIANTA nada tem em co-


mum com os populares malme-
queres dos campos e jardins,
que pertencem a uma família botâni-
ca diferente.
Outros nomes: calla, calta-dos-
-pântanos.
Esp.: hierba centella, calta, hierba
Os capulhos ou botões florais do
malmequer-dos-brejos comem-se no
dei rosário. Fr.: populage des
marais. Ing.: cowslip, marsh
O Preparação e emprego
Centro da Europa curtidos em vina- marigold.
gre. A planta tem sido usada como Habitat: Zonas pantanosas e
bosques húmidos da Europa e costa
medicinal desde a Idade Média. da América do Node. Em Podugal, USO EXTERNO
encontra-se em Trás-os-Montes e O Cataplasmas com várias fo-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a no Minho, nos regatos e pauis. lhas frescas esmagadas, envolvi-
planta contem protoanemonina, uma Descrição: Planta vivaz de 30-40 das num pano fino de algodão.
substância irritante, saponinas e fla- cm de altura, da família das Aplicá-las três vezes ao dia, du-
vonas. A sua propriedade fundamen- Ranunculáceas. Os seus caules são rante 10-15 minutos, sobre a arti-
tal é a revulsiva: em aplicação externa, carnudos e ocos, e as folhas são culação inflamada, até que a pe-
grandes e com a forma de um rim. le adquira uma cor avermelhada.
provoca uma congestão e enrubesci- As flores, de cor amarela iode,
mento da pele que desinílama os te- Depois, é necessário lavar a pele
medem até 4 cm de diâmetro.
cidos situados interiormente. Por isso Partes utilizadas: as folhas secas e com água.
se usa esta planta em cataplasmas para os capítulos florais.
aliviai a inflamação das articulações
afectadas pelo reumatismo IOI.

Precauções

é desaconselhável o uso interno


das suas folhas e flores, por causa
do seu efeito irritante sobre o apare-
lho digestivo.

665
Colchicum
autumnaleL
3 . . .

Preparação e emprego
Cólquico
O Preparados farmacêuticos:
Resolve a crise de g o t a Constituem a maneira mais reco-
mendável de usar o princípio ac-
tivo do cólquico. Apresentam-se
em forma de comprimidos de col-
quicina, cuja dose é de 0,5 a 2 mg
diários.

E STA PLANTA dá uma bonita


flor, de aspecto completamente
inocente. Trata-se porém de um
potente tóxico, que só sob vigilância mé-
dica, e em determinados casos, pode
ter efeitos benéficos.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: ioda a


planta contém colquicina, um alcalói-
de muito activo. Km doses terapêuticas,
tem um acentuado efeito anti-infla-
matórío e analgésico. É também diu-
rética. A sua aplicação mais impor-
tante, em que é praticamente insubsti-
tuível, dado o seu efeito rápido e enérgi-
co, é o tratamento do ataque agudo da
gota IOI. Acalma de forma espectacu-
lar as violentas dores da artrite goto-
sa, que com frequência se localiza no
dedo grande do |>é. Precauções
A colquicina actua sobre o núcleo
das células, detendo e impedindo o
processo de divisão celular, conheci- Trata-se de uma planta muito ve-
do em biologia como mitose. Por esta nenosa. Duas flores, apenas, já
razão se tem tentado empregá-la no podem provocar a morte de uma
tratamento do cancro, se bem que os criança.
seus efeitos tóxicos sobre o organismo
são demasiado intensos paia permitir
o seu uso terapêutico. Fa/.em-se ac-
tualmente investigações com alguns Outros nomes: açafrão-bastardo. cebola-venenosa.
cólchico, cólchico-do-outono, dama-nua. dedo-de-
dos seus derivados químicos, que são -mercúrio, lirio-verde. mata-cào. narciso-do-outono.
mais bem tolerados. Esp.: cólquico. cólquico común. cólquico de otono, narciso
de otono. flor de otono. azafràn silvestre, mataperros.
Fr.: colchique [dautomne], safran faux.
Ing.: meadow salfron, autumn crocus.
NH -CO - CH, Habitat: Planta pouco frequente, que prefere as regiões
húmidas e montanhosas de toda a Europa. Cultivada para a indústria
farmacêutica nos Estados Unidos e no Canadá.
O Fórmula quí- Descrição: Planta vivaz da família das Liliáceas. que atinge de 10 a 40 cm de altura.
mica da col- As flores, parecidas com as do açafrão, são cor-de-rosa ou lilás. As folhas são
(•LJ quicina, principio grandes e lanceoladas. e o bolbo é do tamanho de uma castanha.
' activo do cólquico. Partes utilizadas: o bolbo e as sementes.
Trata-se de um alcalóide de g r a n d e
acçáo anti-inflamatória e analgésica.
Fillpendula ulmaría
(L) Maxim. oj « u j j

Preparação e emprego

Ulmeira USO INTERNO


O Infusão com 30-40 g de su-
Anti-reumática midades floridas por litro de
e depurativa água, de que se tomam até 5
chávenas diárias.

USO EXTERNO
Q Compressas de uma infusão
mais concentrada do que aque-
la que se usa internamente (até
80 g): Aplicam-se sobre a zona
dorida ou afectada pela celulite,
durante 10 minutos, duas ou três
vezes por dia.

A S FOLHAS desta planta lem-


bram as do ulmeiro (pág.
734). de onde lhe vem o
nome. Usa-se desde o século XVI con-
tra as dores reumáticas. Actualmente
eonliecem-se-llie muitas outras virtu-
de».

PROPRIEDADES K INDICAÇÕES: AS flor


res, e em menor proporção as folhas, Sinonímia científica: Spiraea ulmaria L.
contêm o glicósido monotropitina, Outros nomes: erva-ulmeira. erva-das-
que por hidrólise, na planta fresca, se -abelhas, rainha-dos-prados.
transforma em salicilato de metilo e Esp.: ulmaria, reina de los prados, hierba
aldeído saiu ílico, e, depois de seta, de las abejas, altarreina, espirea,
em ácido salicflico livre e salicilatos al- filipéndula. floròn.
calinos. Todos estes derivados salicíli- Fr.: (spírée] ulmaire, barbe de bouc,
cos proporcionam, à semelhança do reine-des-près.
Ing.: meadowsweet. queen ol the
ácido acedlsalicílico (aspirina), acção meado w.
anti-inflamatória, analgésica e febrí-
Habitat: Prados húmidos de toda a
fuga. Possuí ainda llavonóides de Europa, excepto a região mediterrânea.
acção diurética. Cria-se nalgumas regiões frias do Norte e
Tem as seguintes aplicações: do Sul do continente americano.
Descrição: Planta vivaz, da família das
• Dores reumáticas, causadas pela ar- Rosáceas, que atinge até 1.5 m de
trose, o reumatismo poliarticular altura. Os caules são erectos e as tolhas
agudo, ou pehi artrite lírica (gota) são prateadas pela face inferior. Dá flores
IO! pequenas, perfumadas, de um branco-
-amarelado, dispostas em ramalhetes
• Dores diversas: Também alivia as do-
terminais.
res osleoarticulaves (lumbago, torci-
Partes utilizadas: as sumidades floridas.
colo, dores nas costas) e as dores ne-
vrálgicas (ciáticas, nevralgias). A sua
eficácia contra as dores liça reforçada
se. além de se ingerir a infusão lOl, se

667
A ulmeira, por conter um
precursor do ácido acetiJsalicilico
(aspirina), é anti-inffamatória e
analgésica. Alivia as dores
osteoarticulares (de ossos e
articulações), como o torcicolo e
o lumbago, ou as vulgares e
incómodas dores das costas.
aplicai localmente em compressas so- tritismo e muitas dores reumáticas Combate igualmente as dores
nevrálgicas.
bre a zona afectaria 101. IOI. Por isso, e pela sua acção anti-in-
llamatória e analgésica, é uma planta Para conseguir uma maior
• Diurética: Por ser potente, mas não ideal para aqueles que sofrem de eficácia convém aplicá-la
irritante, lorna-se sumamente útil no gota. externamente, por meio de
caso de celulite; edemas (retenção de compressas, ao mesmo tempo
líquidos) por insuficiência cardíaca, que se toma em infusão.
• Dissolvente de cálculos: Própria
que costumam manifeslar-se sobretu- para os que sofram de cálculos renais
do nos tornozelos e pés; assim como e areias, especialmente se forem de
para diminuir a ascite (retenção de lí- urato, pois favorece a sua dissolução
quido no abdómen) dos doentes de e eliminação IOI.
cirrose 10).
• Tonificante geral: Aumenta o apeti-
• Depurativa: A ulmeira é uma gran- te, tem efeitos tónicos cardíacos e
de eliminadora de ácido úrico, matos proporciona sensação de bem-estar.
e outras toxinas, pois aumenta a sua O seu uso é recomendado nos estados
excreção pelo rim (acção uricosúri- gripais e catarrais, assim como na con-
ca). Depura o sangue destas substân- valescença de afecções debilitantes
cias ácidas, que causam a gota, o ar- 101.

668
Fraxinus
exceíslorL J O # •J P <

Freixo Preparação e emprego

Um b o m remédio USO INTERNO

contra o artritismo O Decocção ou infusão de fo-


lhas: 30 g por litro de água, a
que se pode acrescentar sumo
de limão para aumentar os seus
efeitos. Tomam-se 3 chávenas
por dia.
O Decocção de casca: 40 g
por litro de água. Ingerem-se 2

D
IOSCÓRIDES assegurava nos
ou 3 chávenas por dia.
seus escritos que as folhas do
freixo socorrem quem tenha © Lágrimas de maná: Tomam-
sofrido uma mordedura de víbora, la- -se 10 a 30 g dissolvidos num
guna e Maitioli, os tradutores da sua copo de água quente, de manhã
obra no século XVI, foram mais lon- em jejum. O efeito laxante pro-
ge, afirmando que as serpentes têm duz-se ao longo do dia. Para as
crianças, reduzir a dose em pro-
medo do freixo, e que nunca se apro-
porção à sua idade.
ximam desta árvore.
Não sabemos em que se baseavam
tão distintos terapeutas, para atribuir
estas virtudes ao freixo. A investigação
científica moderna não conseguiu
confirmá-las. r Árvore-das-gotas-de-neve
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS FO-
LHAS contêm glicósidos flavouóides A árvore-das-gotas-de-neve (Chio-
(quercitina), cumarinas, ácido máli- nanthus virginica L)* cria-se na Amé-
co, cobre, ferro e tanino. Têm pro- rica do Norte e pertence à mesma fa-
priedades diuréticas, depurativas e la- mília do freixo, a das Oleáceas.
xantes. São por isso muito indicadas A casca desta árvore usa-se pelas
em caso de artritismo (reumatismo suas propriedades febrífugas (faz
por excesso de ácido úrico), gola, cál- baixar a febre), digestivas e tonifi-
cantes. Prepara-se uma decocção
culos renais (favorecem a eliminação
com uma colherzinha de café (3 g)
fios cristais de uraio e oxalalo que for-
de casca triturada, por cada cháve-
mam os cálculos), e para combater a
na de água. Tomam-se umas duas
prisão de ventre IOI. chávenas por dia.
A CASCA contém glicósidos (fraxi- • Esp.: fresno florido.
na), assim como diversos açúcares c
resinas. E febrífuga e adstringente.
I louve uma época em que se utilizou Sinonímia científica: Fraxinus oxycarpa Will.
para substituir a quinina. Tem tam- Outros nomes: freixo-comum, freixo-europeu.
bém eleito aperitivo e digestivo 10). Esp.: fresno, fresno común. Fr.: frêne [communj.
As chamadas LÁGRIMAS DE MANÁ, Ing.: [common] ash. European ash, bird's tongue.
Habitat: Lugares húmidos, especialmente as margens dos rios. Existe em
OU simplesmente maná, obtêm-se toda a Europa, excepto na região mediterrânea. Conhecido em quase todas as
com a seiva solidificada de duas espé- regiões de Portugal. Naturalizado na América.
cies de freixo que se criam no Sul da Descrição: Árvore da família das Oleáceas (a mesma da oliveira), de folha
Itália e na Sicília: o Fraxinus ornits L. e caduca, podendo atingir até 20 m ou mais de altura. Tem tronco liso e folhas
o Fraxinus mtunrlifoiia Mil ler. K um la- compostas, com número impar de foliolos (geralmente 9 ou 11). Os frutos são
xante muito eficaz e seguro, cujo agra- secos e alados, em forma de cachos pendentes.
dável sabor o torna muito recomen- Partes utilizadas: as folhas e a casca da árvore.
dável para as crianças l©l.

669
He
procumbêns Dec. oi *

Harpagófito
Poderoso
anti-reumático

S KNIIOR Menheit! Lembra-se da-


quele soldado gravemente ferido
que foi dado como incurável po-
ios médicos alemães? — pergunta o na-
tivo ao seu amo.
Outros nomes: púrpura, semelhantes às da dedaleira
Esp.: harpagófito, harpago, garra dei (pág. 221). 0 seu fruto, que cresce junto
- Claro que me lembro. Acho que diablo, raiz de Windhoek. ao solo, é lenhoso, de 10 a 20 cm de
o pobre não terá conseguido sobrevi- Fr.: harpagophytum. griffe du diable. comprimento, e é provido de umas
Ing.: devils claw. saliências em forma de ganchos. Da raiz
ver paia contar <> que lhe aconteceu. primária, que é tuberosa e muito
Habitat: Originário do Su! da África, das
- Nada disso! Curou-se com uma regiões confinantes com o deserto do comprida, saem raízes secundárias
planta que lhe aplicaram os feiticei- parecidas com os amendoins, de sabor
Calaári na actual Namíbia. Dá-se nos fortemente amargo, que são a parte
ros. terrenos arenosos e argilosos. medicinal.
- Não me digas? Então Lenho que Descrição: Planta vivaz da família das
Pedaliáceas. que chama a atenção Partes utilizadas: as raízes
saber que plaina é essa. secundárias ou bolbos.
pelas suas flores solitárias de cor
Encontramo-nos na África do Sul,
perto do deserto do Calaári e a norte
do rio Orange. Kstá-se no ano de
1901. e acaba de estalai' a revolta dos
Hotentoies contra a colonização \ P Preparação e emprego
alemã. Menheri eia um colono
alemão que trabalhava duramente na
sua exploração agrícola, c que man- Recomenda-se tomar as infusões ou
USO INTERNO
tinha boas relações com os nativos. os preparados farmacêuticos de har-
O Infusão: A dose habituai é de uns
- Vou pedir aos feiticeiros que me 15 g diários (uma colher de sopa) pagófito. antes das refeições.
digam qual c essa planta capa/ de cu- de pó de raiz, infundidos em meio
rai' feridas ião graves - pensava Men- litro de água. Deixar repousar entre USO EXTERNO
heri -. porque de certeza na Europa meia e uma hora. Toma-se 3 ou 4 ve- © Compressas ou fomentações
não a conhecem. zes por dia. empapadas com a mesma infusão
Mas os curandeiros hotentotes ne- O Cápsulas: Devido ao seu sabor já descrita para uso interno, embora
garam-se repetidamente a revelar-lhe amargo, também se apresenta em convenha fazê-la um pouco mais
o segredo. Então, o inconformado co- cápsulas, que contêm pó de raiz, de concentrada. Aplicam-se sobre a zo-
lono conseguiu treinai - um cão. de que se tomam 3 ou 4 por dia, sem na afectada da pele, várias vezes por
maneira a que seguisse os feiticeiros e mastigar. dia.
conseguisse localizar a planta em
questão. Depois de ter reunido uma

670
O harpagófito é um
anti-inflamatório e anti-
-reumãtico de provada
eficácia, e que, em
doses terapêuticas, é
completamente livre de
efeitos secundários
indesejáveis. Por isso
está a ier cada vez
mais utilizado.

ceita quantidade de raízes da plaina, tio ácido úrico no sangue. As suas in- se aplica em uso externo IO.01. Os
que mais (ardo viria a ser identificada dicações são as seguintes: maiores efeitos conseguem-se combi-
como Harpagophytum pivcumbens, en- nando simultaneamente ambas as for-
• Anti-inflamatório e anti-reumático: mas de aplicação 101.
viou-as para a Alemanha, a fim de se-
O harpagófito torna-se especialmen-
rem analisadas. • Depurativo: Facilita a eliminação,
te eficaz nas dores reumáticas cróni-
Desde essa altura, o prestígio desta cas produzidas pela artrose. Obtêm-se pela urina, dos resíduos ácidos do me-
planta não parou de aumentar. K ac- resultados muito hons. confirmados tabolismo, como o ácido úrico, res-
tualmente um dos remédios mais efica- pela investigação clínica, nos casos de ponsáveis pela gota e por muitos ca-
zes de que a fitoterapia dispõe para o artrose cervical ou lombar, das ancas sos de artrite (inflamação das articu-
tratamento das doenças reumáticas e dos joelhos. Passados dois ou três lações) IO.0I.
meses de tratamento, melhora signi- • Antiespasmódico: Tem um efeito re-
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Desde ficativamente a motilidade articular, e laxante sobre espasmos ou cólicas in-
os princípios do século XX, a raiz do desaparece a dor. Veriluou-se que é testinais, cólon irritável, cólicas bilia-
harpagófito tem sido profusamente útil em todos os tipos de reumatismo res c renais IO.OI.
investigada e analisada, especialmen- articular 10.01.
• Hipolipemiante: Faz descer o nível
te em laboratórios alemães. Deseobri- Ao contrário da maior parte dos de colesterol no sangue, e regenera as
ram-se-lhe mais de 40 componentes fármacos anti-inllamaiórios. a raiz do fibras elásticas que formam a parede
activos, entre os quais os glicósidos harpagófito não provoca nenhum efei- arterial, pelo que se torna recomen-
monoterpénicos do grupo dos iridói- to irritante sobre o aparelho digestivo. dável em caso de arteriosclerose
des (glucoiridóides), harpagina, har- Y. completamente isenta de efeitos se- 1O.0I.
pagido e procumbido. A eles se de- cundários nas doses terapêuticas.
vem as suas propriedades analgésicas, • Cicatrizante: Aplicado externamente,
anti-inflamatórias e antiespasmódi- () efeito anti-reumático do harpa- é um excelente cicatrizante de toda a
cas. Também possui acção cicatrizan- gófito produz-se tanto quando si- in- espécie de feridas e úlceras cutâneas
te, e lã/, descer o nível do colesterol e gere por via oral IO.01. como quando 101.

671
IlexaquifollumL
u J J J

Azevinho
Tónico e estimulante
das funções excretórias
Outros nomes:
pica-folha, visqueiro,
azevinho-espinhoso, zebro,
pica-rato, aquifólio, espinha
-sempre-verde.
Esp.: acebo, agrifolio,
cardonera. Fr.: houx.
Ing.: holly.
Habitat: Comum nos
bosques frondosos (soutos,
faiais) da Europa. Também
se encontra nas regiões
montanhosas e frias da
América do Norte e do Sul.
Cultiva-se para fins
ornamentais.

A LGUMA coisa lai ta ria ao In-


verno sem o azevinho com as
suas brilhantes bagas verme-
lhas... Os galos silvestres, dos bosques
setentrionais da Espanha e da Europa,
Descrição: Arbusto de 1 a
5 m de altura, da família
das Aquifoliáceas. Tem
folhas perenes, de cor
verde-escura, muito duras e
rodeadas de espinhos. As
assim como os melros e muitos outros pequenas flores, que
animais da floresta, contam com as ba- nascem nas axilas das
gas do azevinho para o seu sustento folhas, são brancas e
flui ante o Inverno. Por isso deveria rosadas. Os frutos são
acabai" o costume de utilizar este ar- bagas de cor vermelha que
persistem durante todo o
busto nas decorações de Natal, pois Inverno.
que os cortes em grande quantidade
que se fazem no mês de Dezembro Partes utilizadas: as
põem em perigo a sobrevivência de folhas.
muitos animais, para os quais o aze-
vinho é quase o único recurso duran-
te os meses da neve. De lacto, em mui-
tos países europeus este arbusto é pro-
5 Precauções
tegido legalmente.

As bagas vermelhas do azevinho


PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS fo-
lhas do azevinho contêm ilicina, teo-
J J? Preparação e emprego são muito venenosas. Provocam
bromina (substância semelhante à ca- fortes náuseas, vómitos e diar-
lcina, que também se encontra no ca- reias; em grandes doses, provo-
caueiro, pág. 597), dextrose, ácidos cam convulsões e inclusive a mor-
USO INTERNO te. As crianças são particularmen-
ursólico e México, rutina, resina e sais
O Decocção ou Infusão com 40- te susceptíveis de intoxicar-se com
minerais (especialmente de potássio e
-60 g de folhas por litro de água, estas atraentes bagas que, no en-
magnésio).
da qual se tomam, com um pouco tanto, servem de alimento aos ani-
A Tolhas do azevinho têm as se- de mel, até três chávenas por dia. mais do bosque.
guintes propriedades, que na sua
maioria se devem à ilicina e à teobro-
mina:

672
• Anli-reumáticas: Pelo seu efeito de-
purativo, r e c o m e n d a - s e o azevinho
aos artríticos e reumáticos, para lim-
p a r o sangue dos p r o d u t o s ácidos dos
resíduos do metabolismo IO).
• Febrífugas e sudoríficas: Por isso se
e m p r e g a para fazer baixar a lebre, es-
p e c i a l m e n t e em caso de gripe, ca-
tarro ou b r o n q u h e 1©1.
• Diuréticas e laxantes: Têm em con-
j u n t o u m a acção depurativa sobre o
o r g a n i s m o , pois estimulam todas as
funções de eliminação 101.
• Tonificantes do coração e estimu-
lantes, devido ao seu c o n t e ú d o em te-
obromina, cujos efeitos são seme-
lhantes aos da cafeína IOI.
A casca tem sido usada para evitar
os ataques epilépticos, ainda q u e sem
f u n d a m e n t o científico. Em geral, o
azevinho é pouco usado c o m o planta
medicinal, pois r e q u e r um doseamen-
to muito preciso e, mesmo assim, p o d e
provocar náuseas e intolerância gás-
trica.

«Al,

Chá-apalache
A azevinho é um bonito arbusto, cujas bagas
vermelhas são muito venenosas. Em contrapar-
No continente americano exis- tida, a infusão das suas folhas, correctamente
doseada, constitui um eficaz depurativo e anti-
tem algumas espécies seme- -reumático.
lhantes ao azevinho, tanto pe-
lo aspecto como pelos seus
princípios activos, cujas proprie-
dades medicinais costumam ser
semelhantes, como, por exem-
plo, o chá-apalache {Ilex cassine
L), que se encontra nos Estados
Unidos e no México.
Também se conhecem, entre outros, o ar-
busculo designado por erva-de-azeite e pau-de-
-azeite, {Ilex theezans Mart.), próprio do Paraguai
e do Brasil; a planta chamada em castelhano 'yaii-
pón' {Ilex vomitória Ait.), que se encontra no Mé-
xico e nas Antilhas, e a árvore brasileira conheci-
da como caúna {Ilex pseudobuxus Reiss.). Na América do Norte
existe um arbusto ou arbusculo, conhecido em inglês como 'fever
bush', isto é, arbusto da febre {Ilex verticillata [L] Gray. = Prínos
verticiilatus L).
A planta mais conhecida do género Ilex é o mate {Ilex paragua-
yensis St. Hill.) que, pela sua importância e características espe-
ciais, estudaremos separadamente (pág. 182).

673
Rosmarínus
offídnalis L oj t e > ú L

Alecrim Preparação e emprego

Revitaliza, tonifica, USO INTERNO


rejuvenesce... e O Infusão e decocção: 20-40 g
desinflama de folhas de alecrim por litro de
água. Podem tomar-se duas ou três
chávenas por dia.
© Essência: A dose normal é de
3-4 gotas, 3 vezes ao dia.

O ALECRIM é unia cias plantas


aromáticas mais difundidas,
mas nem por isso menos efi-
caz. K difícil sairmos um dia para o
campo no Centro e Sul de Portugal
USO EXTERNO
© Banhos e lavagens com uma
infusão concentrada: 80-100 g por
sem encontrar este nobre arbusto. No litro de água. Deixar repousar du-
Inverno alegra-nos com o verdor da rante 20 minutos e filtrar. Pode-se
sua folha perene, e na Primavera ou aplicar directamente esta decocção
no Verão, com a frescura do seu per- sobre a zona inflamada, ou então
fume. acrescentá-la à água da banheira
para tomar um banho tonificante.
Talvez vejamos até alguma abelha O Gargarejos com a infusão con-
abastecendo-se nas suas florezinhas centrada.
para produzir depois esse excelente
manjar que é o mel de alecrim. 0 Fricções com álcool de ale-
crim: Ver a sua preparação no qua-
O alecrim é conhecido desde tem- dro informativo desta página.
pos muito remotos. Diz-se que os fa-
0 Fricções com essência diluída
raós egípcios mandavam pôr sobre a
em álcool ou azeite, à razão de 2-
sua tumba um raminho de alecrim
-5 ml por cada 100 ml.
para lhes perfumar a viagem ate' ao
país dos m o r t o s . No séc:ulo XIV, a © Fomentações e compressas
rainha Isabel da I lungria, martirizada quentes com a infusão concentra-
da, ou com água quente a que se
pelo reumatismo, r e c u p e r o u a juven-
acrescentam 15-20 gotas de essên-
tude graças a esta planta. De lai ma- cia por litro de água.
neira q u e , q u a n d o j.i tinha 72 a n o s .

O Álcool de alecrim
Outros nomes: alecrinzeiro.
Esp.: romero. romero común. romeo.
aroma de mar, rosmaríno. Fr.: romarin.
Para preparar este álcool, esmaga- Ing.: rosemary
-se num almofariz um punhado de fo- Habitat: Próprio das regiões secas e
lhas verdes de alecrim. Depois de es- quentes do Sul da Europa. Prefere as
magadas, colocam-se num recipien- terras calcárias e costuma
acompanhar as azinheiras e
te com tampa hermética, que con- matagais
tenha 100-150 ml de álcool etílico.
Descrição: Arbusto lenhoso de até um metro de altura, da família das Labiadas.
Deixar repousar durante três dias e As folhas estreitas e alongadas são de cor verde-escura pela face superior e
depois filtrar (ver a fotografia da pá- cobertas de uma penugem prateada pela face inferior. As flores são pequenas e
gina 660). de cor azul ou violeta-claro. Toda a planta exala um agradável aroma canforado.
Aplica-se em fricções, sobre a zona Partes utilizadas: as sumidades floridas.
dorida, com um pano de algodão.

674
6 Água da rainha da Hungria
te em caso fie hipotensão ou de esgo-
tamento físico.
• Diurético e anúcspasmódico: Muito
indicado para as cólicas renais quan-
A chamada água da rainha da Hungria prepara-se com três partes de do se trate de expulsar os cálculos
folhas de alecrim e uma de folhas de alfazema (Lavandula angustifo- IO.OI
lia Miller, pág. 161), num total de 60-70 g.
A maneira de a obter é a mesma que para o álcool de alecrim. Es- • Digestivo: As suas propriedades co-
magam-se as folhas de alecrim e de alfazema colocadas so- lagogas (estimulantes da secreção bi-
bre um pano de algodão, e colocam-se num recipiente com liar), de protector e regenerador he-
tampa hermética com 100-150 ml de álcool etílico. Deixam- pático, e carminativas (eliminadoras
-se repousar durante 3 dias e depois filtra-se. dos gases intestinais), fazem que. to-
A água da rainha da Hungria torna-se muito eficaz para mado depois ílas refeições, facilite no-
fricções e massagens em casos de inflamações articulares. tavelmente a digestão IO.©l.
Todavia, talvez sejam as aplicações
externas aquelas que mais se conhe-
cem, devido à sua grande eficácia:
• Vulnerário e anti-rcumálico: Tem
uma acentuada acção anti-inflamató-
Foi pedida em casamento pelo rei da licos de acção diurética, e flavonóides ria, que o torna ideal para Friccionar
Polónia. Fala-se, desde essa altura, da com efeitos anliespasmódicos. Tem as em entorses, edemas, assim como do-
"água da rainha da Hungria" como seguintes propriedades: res musculares e reumáticas. Aplica-
designação de uma das Formas de -se em Fricções l@.@) (com álcool de
• Tonificante: É a sua acção mais im-
aplicar esta planta. Uma outra reu- alecrim ou com a sua essência), lo-
portante. Os convalescentes, esgota-
mática Famosa, Madame de Sévigné, mentações ou compressas quentes
dos, depressivos, e inclusivamente os
chegou a escrever que estava encan- 191. Kstas últimas são muito eficazes
idosos, encontrarão nas suas infusões
tada com <> alecrim, que para ela era para relaxar a musculatura das costas
um estupendo tónico que lhes devol-
«o alívio de todos os sofrimentos». e acalmar as dores da região cervical,
verá a vitalidade perdida, como fez à
dorsal ou lombar.
rainha da Hungria IO.0I.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- Os banhos com ou infusão ou de- • Cicatrizante e anti-séptico: Estimula
tem uma essência com derivados ter» cocção l©l, e as Fricções com álcool a cicatrização das feridas, úlceras da
penicos, à qual deve a maior parte das I0I ou com essência I0l de alecrim, pele e eczemas 101. Aplicado em for-
suas virtudes medicinais, ácidos fenó- têm um interessante eleito estimulan- ma íle gargarejos IOI, cura as aftas.

O alecrim é uma das


plantas mais
apreciadas nos países
mediterrâneos. E com
razão, pois as suas
virtudes medicinais
sáo múltiplas. Os
banhos com infusão
ou decocção de
alecrim sáo muito
recomendados, pelos
seus efeitos
estimulantes.

675
SalixalbaL
% Ú

Preparação e emprego
Salgueiro-
-branco LÍSO INTERNO
O Decocção de 30 g de casca
Combate eficazmente a e/ou folhas por litro de água, du-
rante 15-20 minutos. Deixa-se re-
dor e a febre pousar outro tanto, e tomam-se 3
ou 4 chávenas por dia, que se po-
dem adoçar com mel.
@ Pó: Pode-se obter triturando a
casca num moinho de café. Ad-
ministra-se dissolvido em água
com mel, antes de cada refeição,
à razão de 3 a 5 g (uma colner-
zinha de café) em cada toma.
0 Infusão com uma colherada
de flores secas por chávena de
água. Podem-se ingerir de 2 a 4
chávenas por dia, especialmente

O SALGUEI RO foi um dos re-


médios vegetais mais usados
»a Assíria e na Babilónia. Des-
de o tempo de Dioscórides, no século
I d.C, os partidários da teoria dos si-
antes de deitar. Esta infusão tem
um acentuado efeito sedativo.

USO EXTERNO
nais continuavam a acreditar que, O Compressas com uma de-
dado que o salgueiro era capa/ de re- cocção mais concentrada do que
sistir bem aos "maus ares" das terras para o uso interno: 70-100 g por
húmidas e pantanosas onde cresce, te- litro de água.
ria de conter alguma substância eficaz © Lavagens da pele com esta
para curar as febres da malária (do mesma decocção.
italiano mala ária, 'mau ar*) e as dores O Irrigações vaginais com o lí-
reumáticas, que frequentemente afli- quido da decocção concentrada,
gem os habitantes de tais lugares. E bem filtrado.
com eleito, o salgueiro usou-se com
êxito como antipirético contra a ma-
lária ou paludismo, e contra outras fe-
bres, ao ponto de se lhe chamar a
"quina europeia".
Em meados do século XIX, Félix Outros nomes: salgueiro, sinceiro, vimeiro-
I loffmann, um químico do laborató- •amarelo.
rio alemão Bayer, fez experiências Esp.: sauce blanco. sauce [álamo],
com extractos da casca de salgueiro. sauce reluciente, balaquera, mimbrera,
Depois de vários processos químicos, salga, salguero, saracho, saz. Fr.: saule
obteve um derivado cujos eleitos anti- [blancj. Ing.: [white] willow.
piréticos e analgésicos eram muito su- Habitat: Comum em bosques húmidos, margens de
periores aos do produto original (a correntes de água e terrenos pantanosos de toda a
Europa. Naturalizado no continente americano.
casca do salgueiro).
Descrição: Árvore ou arbusto da família das Salicàceas,
I loffmann experimentou esta nova de 4 a 20 m de altura, com tronco delgado, casca de cor
substância -o ácido acetilsalicílico- no acinzentada, gretada nos exemplares velhos, e com
seu próprio pai, que sofria de cons- ramos flexíveis. As folhas são lanceoladas e estreitas,
tantes ataques de reumatismo. Foi tal de bordo dentado.
o êxito conseguido, que os laborató- Partes utilizadas: a casca, as folhas e as flores.
rios Bayer decidiram comercializar

676
Y* Outros i Igueiros

Existem cerca de 200 espécies do gé- cações medicinais são idênticas às


nero Salix, além do salgueiro-branco. do salgueiro-branco.
As mais conhecidas são:
As propriedades e usos fitoterápi-
• o salgueiro-da-babilónia [Salix cos das diversas espécies costumam
babylonica L),* ou salgueiro-chorão, ser muito semelhantes, embora al-
que se usa como árvore ornamental; gumas delas só se aproveitem para o
fabrico de cestos com os seus ramos,
• o salgueiro-frágil [Salix fragilis
ou com fins ornamentais em parques
L),** que se cultiva tanto na Europa
e jardins.
como na América, disseminado em
Portugal desde o Minho ao Algarve.
• o salgueiro-de-casca-roxa (Salix * Esp.: sauce llorón.
purpúrea L.),*** arbusto que aparece " Esp.: sauce frágil, bardaguera blanca.
nas margens do Douro, cujas apli- '" Esp.: sauce colorado, sauce rojo.

A decocção de casca de salguei-


ro constitui um excelente anti-
csse derivado da casca do salgueiro Devido ao seu conteúdo em salici- -reumático, devido ao seu conte-
com O nome de aspirina. K a humilde na, o salgueiro possui propriedades ú d o em salicilina. um precursor
aspirina continua a ser o fármaco febrífugas, analgésicas, anti-inflama- químico da aspirina.
mais usado na história da humanida- tórías, anti-reumáticas e ligeiramente Para se obter um efeito mais
de: consomem-se anualmente 40 000 andespasmódicas e sedantes, o que o acentuado, toma-se por via oral
toneladas de aspirinas em todo O faz ser muito útil nos seguintes casos: ao mesmo tempo que se aplica
em compressas sobre as articu-
mundo. lações afectadas.
• Dores diversas: Pela sua acção an-
Desta viv. viu-se confirmado o ve- tiespasmódica e sedante, torna-se mui-
lho aforismo: "A natureza coloca sem- to eficaz para aliviar toda a espécie de
pre o remédio ao lado do mal." A lo- dores, especialmente as de tipo reu-
calização do salgueiro em terrenos mático, assim como as dores fie ori- • Desinfecção da pele e fias mucosas:
húmidos e frios foi o sinal, a pista que gem genital nas mulheres, devidas a Externamente, o salgueiro uiili/a-se
conduziu à descoberta das suas pro- dismenorreia (regras dolorosas) ou a para lavar ferida-s e úlceras tia pele
priedades antipiréticas e analgésicas. espasmos uterinos IO.0I. (chagas) IO.0I, assim como para irri-
gações vaginais em caso de leucorreia
IOI.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A CAS- • Febre: Como febrífugo, pode-se Ao contrário do que possa parecer,
CA, e em menor quantidade as (olhas usai- em todo o tipo de doenças febris a descoberta do ácido acetilsalicilico
e as flores do salgueiro, contêm tani- IO.0I. Oferece a vantagem de tonifi- não substitui o uso do salgueiro. Em-
nos que lhes conferem acção adstrin- car o aparelho digestivo (abre o ape- bora seja certo que o derivado sinté-
gente e tónica, assim como sais mine- tite, combate a pirose ou hiperacidez tico (a aspirina) tem um efeito febrí-
rais e matérias corantes. Porém o seu gástrica e detém as diarreias), graças fugo e analgésico mais rápido e po-
princípio activo mais importante é o ao conteúdo em taninos da sua casca. tente que o produto natural, o sal-
gUcósido salicina, contido também gueiro letn a vantagem de não se í<»r-
nas flores, que por acção da enzima •Excitação nervosa: Pelo eleito se- nar tão irritante para o estômago como
glucosidase pode transformar-se em dante, especialmente das FLOIWS, a aspirina, que produz facilmente gas-
glicose e saligenina. K esta, por oxi- usa-se em caso de nervosismo, ansie- trites agudas, hemorragias e úlceras
dação, converte-se em aldeído salicí- dade e insónia 101. Tcm-se usado des- gastroduodenais. Ao contrário, o sal-
lico, e depois em ácido salicílico. A de tempos muito amigos como antia- gueiro tonifica o aparelho digestivo.
partir deste ácido salicílico obtém-se frodisíaco, seguindo o critério de que, A acção analgésica desta árvore ainda
facilmente o ácido acetilsalicíticoou as- se baixa a febre, também esfriará os é reforçada por um efeito sedante
pirina. que são demasiado ardentes no amor. suave que lhe está associado.

677
Sassafrás
officinaJis Nees. L e
Preparação e emprego

Sassafrás USO INTERNO


0 Infusão com 10-20 g por litro
Depurativo e a n t i t ó x i c o de água; da qual se ingerem até 3
chávenas diárias.
© Essência: A dose habitual è de
1 -2 gotas, 3 vezes ao dia.

Outros nomes: sassafraz. Brasil:


canela-sassafrás. canela-de-
•sassafrás.

O
S ESPANHÓIS d e s c o b r i r a m
Esp.: sasafrás. canela sasafrás.
esta vistosa e aromática árvo-
paio sasafrás, navanché pavame.
re nos bosques da Florida em Fr.: sassafrás. Ing.: sassafrás,
1538. Pouco d e p o i s observaram q u e angue tree.
os índios a usavam para combater a Fe- Habitat: Originário da costa
bre. atlântica da América do Norte,
acha-se difundido pelas Américas
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A cas- Central e do Sul.
ca do tronco e das raízes c o n t é m até Descrição: Árvore da família das
9% de essência, formada por cerca de Lauráceas, que atinge até 20 m
de altura. Tem um tronco grosso,
8 0 % de safrol, 10% de p i n e n o e fe-
com a casca muito rija e
lan d r e n o , e 0 , 5 % de e u g e n o l . Esta avermelhada. Tema
essência é responsável pelas proprie- característica de apresentar
dades do sassafrás: folhas diferentes na mesma
árvore, umas ovaladas outras
• Depurativo, diurético e sudorífico:
lobuladas.
Usa-se contra o r e u m a t i s m o , a gota e
Partes utilizadas: a casca do
o artritismo. Torna-se t a m b é m apro- tronco e da raiz.
priado nas d o e n ç a s infecciosas para
provocar o suor, a urina e. deste
m o d o . a eliminação de toxinas IO.OI.
• Aiiti-scptico: Antigamente Foi um re-
médio muito a p r e c i a d o contra a sífi-
lis e outras d o e n ç a s v e n é r e a s , possi-
velmente devido à sua acção anti-sép-
tica io HI
• Desintoxicante: Tem sido usado Precauções
c o m o a n t í d o t o e m intoxicações p o r
c h u m b o , arsénico, e certas p l a n t a s
c o m o o tabaco, o m e i m e n d r o - n e g r o
ou a lobélia, todas da família das So- Não exceder as doses reco-
lanáceas. Km caso de intoxicação ta- mendadas.
bágica, faz desaparecer as náuseas, vó- A essência é convulsivante em
mitos e cefaleia IO.0I. doses elevadas.
• Estimulante: A acção estimulante da
planta reforça as suas restantes pro-
priedades !©,©!.

678
Ttunus communls L
a*
Preparação e emprego

Norça-preta
USO EXTERNO
Faz desaparecer
O Cataplasmas com a raiz tritu-
os hematomas rada e cozida, que se aplicam até
3 vezes por dia, sobre a zona con-
tusa ou sobre os hematomas.

N ÃO SE DEVE confundir esta


plama venenosa com a salsa-
parrilha (pág. 592), que tam-
bém se enrosca e tem frutos verme-
lhos (esses sim, comestíveis). A dife-
Outros nomes: arrebenta-boi,
baganha. tamo, uva-de-cão.
Esp.: nueza negra, brionia
negra, vid negra, uvas dei
rença entre as duas consiste em que diablo. Fr.: tamier [commun],
os caules da norça-preta não têm es- herbe aux femmes batlues.
pinhos c .são de uma ror mais escura. Ing.: [black] bryony.
Habitat: Cria-se nos bosques e
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz barrancos sombrios do Centro e
do Sul da Europa.
da norça-preta c muito volumosa (até
10 kg) e feculenta. Contém um alca- Descrição: Planta trepadeira.
lóide, a diosgenína, que a torna muito da família das Dioscoreàceas
(em honra de Dioscóndes), que
irritante quando se ingere fwniia oral. atinge até 4 m de altura. O
No entanto, aplicada localmente, caule é fino e estriado, e com
possui notáveis propriedades vulnerá- ele se enrosca noutras plantas.
As folhas têm a forma de um
rias: cuia as contusões e faz desapare- coração. O fruto é uma baga
cer os hematomas que se formam de- vermelha e brilhante.
baixo da pele 101. Por isso é conheci- Partes utilizadas: a raiz.
da em França como herbe aux fernmes
batlues (erva das mulheres espanca-
das).

Precauções

Toda a planta é venenosa em uso in-


terno, assim como os seus frutos.
No caso de intoxicação, provocar o
# *
vómito e administrar carvão vege-
tal.

679
PLANTAS PARA A PELE

UMÁRIO DO CAPITULO
DOENÇAS E APLICAÇÕES PLANTAS
Abcessos 689 Abacateiro 719
Ame 687 Açucena 716
Alopecia, ver Calvície 688 Algodoeiro 710
Beleza da pele 686 Aloés 694
Calosidades 683 Amor-perfeito-bravo 735
Calvície 688 Aquileia = Mile/ólio 69}
Caspa 688 Aristolóquia 699
Celulite 686 Bardana 697
Comichão, ver Prurido cutâneo 684 lianrte-de-padre = Evónimo 707
Condilomas e papilomas 683 Baunilha-dos-jardins 713
Durezas, ver Calosidades 683 Bela-somhra 722
Eczema 685 Betónica 730
Estrias da pele 688 Bonagem-bastarda = liuglossa 696
Feridas e úlceras 682 Buglossa 696
Fungos da pele, ver Micose da pele . . . . 689 Buglossa-oficinal 696
As aplicações locais de
certas plantas medicinais Furúnculos e abcessos 689 Calaguala 724
contribuem, de forma Gretas da peie 683 Capucha 721
muito acentuada, para a Herpes 690 Cavalinha 704
beleza da pele. Irritação da pele 684 Celidónia 701
Micose da pele 689 Cinogiossa 703
Papilomas 683 Consolda-maior 732
Pele seca 687 Consolda-menor 733
Pele, beleza 686 Doce-amarga 728
Pele, comichão, vcrPntrido cutâneo . . 684 liquiseto-dos-campos = Cavalinha . . . . 704
Pele, estrias 688 F.nm-da-trindade == Amor-perfeito-bravo 735
Pele, fungos, ver Micose da pele 689 Fwa-dos-cachos-da-índia = Fitolaca . . 722
Pele, gretas 683 Erva-dos-calos = Favária 726
Pele, irritação 684 Erva-moura 729
Pele, micose 689 Escabiosa-mordida 731
Prurido cutâneo 684 Evónimo 707
Psoríase 686 Favária 726
Sarna 690 Figueira 708
Secura da pele 687 Figueira-da-india 718
Sudação excessiva 687 Fisale 721
Tinha 690 Fitolaca 722
Úlceras da pele 682 Hera 712
Unhas frágeis 688 Hipericáo 714
Verrugas 683 Hipericão-do-gerês 714

680
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Língua-dc-cão = Cinoglossa 703 Sanícula 725


Lwgiin-de-wica = liuglossa
Loendro
Milefólio
Miljumdu = 1-lipericão
696
717
691
714
Sanícula-ammcana
Selo-de-salomão
Tepezcohuite
Tornasse!
725
723
724
713
> y
Nopãl = Figiteim-da-ívdia 718 Ulmeiro 734
Pegomassa = Bardana 697 Ulmeho-ameriaino 734
Algumas plantas medicinais
PoUganuto-da-umériai 723 Unicu 700
tornam-se altamente
Quenopódio-bom-henrique 702 Vermiculária 726 eficazes no cuidado e na
Saiào-curto 727 Verrucária = Tornassol 713 higiene da pele.

O
ORGANISMO de uma pessoa em grande parte, do estado interior do or-
adulta acha-se envolvido por ganismo. As aplicações de plantas medici-
alguns metros quadrados de nais ou de qualquer outro tratamento di-
pele, a que normalmente .só se rectamente sobre a pele, não conseguirá
presta atenção por motivos estéticos. No glandes resultados se o sangue estiver
entanto, a pele desempenha muitas e mui- "sujo" (carregado de impurezas metabó-
to importantes funções para a saúde do licas), se existirem desequilíbrios nervo-
nosso organismo: sos, ou se a alimentação for rica em pro-
teínas e gorduras de origem animal.
• Funções de protecção mecânica, térmi-
ca (contra as mudanças de temperatura) Por isso, em muitos casos, os eczemas e
e biológica (defende-nos dos numerosos outras dermatites melhoram, não apenas
organismos que continuamente nos ro- com as aplicações locais de loções, com-
deiam). pressas ou cataplasmas, que sem dúvida
• Funções de eliminação: Através da pele são eíica/.es, mas também, além disso, com
climina-sc constantemente água, tanto a administração de:
por evaporação (transpiração insensí-
• Plantas depurativas como a bétula ou o
vel) como pela secreção do suor. O suor
amor-perfeito (pág. fi47), que facilitam a
apresenta uma composição semelhante
eliminação por meio da urina e da su-
à da urina, embora com menor concen-
dação, das substâncias residuais que cir-
tração: além de água, contém cloreto de
culam no sangue, e que tendem a depo-
sódio, ureia e muitas outras substâncias.
sitar-se na pele;
A pele foi definida como "o terceiro rim",
pela sua capacidade de eliminai- toxinas • Plantas que melhoram a função do fíga-
e substâncias metabólicas residuais. do, no qual se efectuam numerosos pro-
• Funções sensoriais: A pele dispõe de cessos de desintoxicação das substâncias
inúmeras terminações nervosas, a ponto tóxicas que circulam no sangue (pág.
de ler sido qualificada de "o cérebro exte- 379); e
rior". O estado do sistema nervoso influi
• Plantas laxantes, que evitam a autointo-
directamente sobre a saúde da pele.
xicação que se produz em caso de prisão
A saúde e a beleza da pele dependem, de ventre crónica (págs. 484485).

681
C a p . 2 7 : P L A N I A S PARA A PELE

FERIDAS E ÚLCERAS Cicatrizante, favorece a cura de Compressas com a decocção


AGRIMÓNIA 205 de flores e folhas
Entende-se por f e r i d a uma rotura na úlceras e feridas de cicatrização lenta
continuidade da pele, de causa traumá-
tica. DE D ALEIRA 221 Excelente cicatrizante Compressas com a infusão de folhas
A úlcera também supõe uma rotura na
continuidade de um revestimento cutâ- Cataplasma de folhas frescas.
neo ou mucoso, mas com as seguintes AGRIÃO 270 Facilita a formação de nova pele
loção com o sumo
características:
• Existe uma necrose (destruição) do P7c Emoliente, cicatrizante. Loção com o sumo fresco
AZEDAS
tecido afectado, seja da pele seja das limpa as úlceras e feridas infectadas
mucosas, com perda de substância.
• Não tende espontaneamente para a CAMOMILA 364 Cicatrizante, emoliente, anti-séptica Lavagens com a infusão
cicatrização, como acontece com as
feridas.
Compressas com a decocção
Um dos tipos de úlcera cutânea mais FEL-DA-TERRA 436 Limpa e cura feridas e úlceras da pele
de sumidades floridas
frequentes é a úlcera varicosa, que
se apresenta nos membros inferiores,
em relação com transtor- CARDO-SANTO 444 Combate as infecções, cicatrizante Compressas com a decocção
nos da circulação ve-
nosa (ver pág. 250). Compressas e lavagens
NOGUEIRA 505 Adstringente, cicatrizante, anti-séptica
O tratamento fitoterã

I
com a infusão de folhas e/ou nogalina
pico de ambas as
lesões baseia-se so- S * < _ 510 * | $ ~ e n e r a d W a Compressas e loções
bretudo em plantas com a decocção de sumidades
de acção cicatri-
zante e anti-sèpti- Lavagens com o sumo fresco
ca. ALIARIA 560 Cicatrizante, revitaliza a pele
da planta
Recorde-se que as
feridas limpas ten- Cicatrizante, acelera a cura Compressas com decocção de flores,
dem a cicatrizar es- MARAVILHA 626 de feridas e úlceras da pele cataplasmas com pétalas.
pontaneamente. A loção com sumo fresco das flores
única coisa que se
deve fazer neste T T ' 7 * BICO-DE-
631 Favorece a cura de úlceras e chagas Compressas com folhas esmagadas
caso, além de as su- -CEGONHA
turar, é lavá-las com m
fusões ou decocções RriMcon £7/i Cicatrizante, anti-séptico, estimula Banhos e lavagens com a infusão
de plantas cicatrizantes KOMERO D/4 c i c a t r i z a c ã 0 de feridas e úlceras ou decocção de sumidades floridas
e anti-sépticas. Hipencâo
Quando se trate de feridas ••«.»*.«. em Cicatrizante, anti-séptico. Muito eficaz Lavagens e compressas
infectadas ou a b e r t a s , de cicatri- MILEFOLIO 691 p a r a c u r a r fendas e úlceras com a infusão de sumidades floridas
zação lenta, pode ser útil a aplicação
de cataplasmas ou compressas dessas HERA •JY2 Cicatrizante, cura feridas, Compressas com a decocção
mesmas plantas. úlceras e gretas da pele de folhas, cataplasmas com as folhas
Nas úlceras cutâneas, aplicam-se Modera a reacção inflamatória
igualmente lavagens, com- HIPERICÃO Óleo de hipericão sobre a pele
714 nos tecidos que rodeiam a ferida
pressas ou cataplas- afectada
ou contusão, estimula a epitelização
mas com plantas cica-
trizantes e anti-sép~ e . u b » . . -70K Limpa os tecidos necrosados, Compressas com a decocção de
ticas, mas, além dis- SANÍCULA 725 estimula a epitelização folhas, lavagens com esta decocção
so, recomendam-se
as plantas adstrin- Favorece a cura de feridas Compressas e lavagens
gentes, que elimi- FAVÃRIA 726
e úlceras da pele com o sumo fresco
nam os tecidos ne-
crosados e secam •J-3Ç, Cicatrizante, ajuda a sarar chagas,
as úlceras. A sani- BETÓNICA Compressas com a decocção
feridas e úlceras da pele
cula ó uma das
plantas com maior
capacidade para CONSOLDA- Muito eficaz para acelerar a cura de Compressas com a infusão de raiz,
732 cataplasmas com a raiz esmagada
limpar os tecidos -MAIOR chagas e úlceras de cicatrização lenta
necrosados.
e „ _ j „ . 7f -(- Anti-infecciosa, cicatrizante, Compressas ou loções
Coosoldatmior
EOU.NACEA 755 r egenera os tecidos com a decocção de raiz

682
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

2' 1 P a r t e : D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

CALOSIDADES Compressas com a decocçao de


Também chamadas calos. São endu- •a».»..» oc Calicida. contém ácido salicilico que flores, cataplasmas com pétalas,
recimentos da pele devidos à fricção ou MARAVILHA 626 a m 0 | e C e os calos, durezas e verrugas loção com sumo fresco
pressão excessivas, que aparecem so-
bretudo nos dedos das mãos e dos
pés. O látex da planta
CELIDÓNIA 701 Cura os calos e durezas aplicado sobre a pele
Aplicadas localmente, estas plantas me-
dicinais amolecem as calosidades, por
conterem substâncias como o ácido sa- r,n„„. 7nQ Amolece os calos, durezas O látex branco que se desprende
licihco, capazes de desfazer a dura F.GUE.RA 708 everrugasdapele das folhas aplicado sobre a pele
camada córnea da pele.
Amolece e desinflama Compressas e lavagens
FAVÁRIA 726 os calos e durezas da pele com o sumo fresco da planta

Antimitótico (impede a divisão das Umas gotas de resina da raiz


VERRUGAS PODOFILO 517 células) em aplicação local sobre a
São excrescências cutâneas devidas ao sobre a pele
pele
crescimento excessi-
vo de determinadas Compressas com decocçao de flores,
células da pele. Em u._..«.u. coe Calicida, contém ácido salicilico que cataplasmas com pétalas,
muitos casos são de MARAVILHA 626 a m o l e c e os c a | 0 S i d u r e z a 5 e verrugas loção com sumo fresco
origem vinca.
Aplicadas localmente, es- Antimitótico e antivirico O látex da planta
tas plantas exercem uma
CEI lí)ONIA 701 em aplicação local aplicado sobre a pele
acção antímitótíca (impedem
a mitose ou divisão das célu- 0 látex banco que se desprende
las) e embrandecedora da P,r-,.C.DB 7OR Amolece os calos, durezas
FIGUEIRA 708 e verrugas da pele das folhas aplicado sobre a pele
pele.

Loções ou compressas
TORNASSOL 713 Cura as verrugas, cicatrizante com a decoecão de folhas
Celidónia

CONDILOMAS E PAPILOMAS
São pequenas tumorizações da pele,
semelhantes às verrugas, causadas por Antimitótico (impede a divisão das
virus, que costumam aparecer próximo Umas gotas de resina da raiz
PODOFILO 517 células) em aplicação local
do ânus ou dos órgãos genitais. Papilo sobre a pele
sobre a pele
ma é um termo geral para as tumori-
zações benignas da pele e das mucosas.
Ver também a secção anterior (verrugas).

GRETAS DA PELE Compressas com a decoecão


CARVALHO 208 Seca, desinflama e cicatriza a pele
da casca
São pequenos fendimentos da pele,
geralmente dolorosos, que afectam a
epiderme e a porção superficial da der- Lavagens e compressas
PULMONÃRIA 331 Adstringente, cura as gretas da pele
me. Costumam localizar-se com a decocçao da planta
nas plantas das mãos e
dos pés. A sua causa MORANGUEIRO 575 Seca e cicatriza a pele afectada Compressas com a infusão de folhas
não è bem conhecida, \
embora esteja relacio-
nada com a alergia a Cataplasmas da planta fresca
certos produtos quími- £ PARIETÃRIA 582 Anti-inflamatória, emoliente
esmagada
cos, ou com carên-
cias de vitaminas ou oli- 694 Revitaliza a pele, Loção com o sumo,
goelementos. ALOÉS
dando-lhe resistência e beleza cremes e unguentos
Além de tratar os fac-
tores causais, para Cataplasmas de folhas esmagadas,
a sua cura recomen- «* CINOGLOSSA 703 SS^iSi/SS 0 efiCa2' compressas com o sumo fresco da
dam-as as aplicações contem alantoina planta ou com a decocçao da sua raiz
locais destas plantas.
Compressas com a decocçao,
HERA 712 Cicatrizante, analgésica
Cmogtossa cataplasmas de folhas
i

683
C a p . 2 7 : P L A N T A S PARA A PELE

Doença Planta Pág. Acção Uso

PRURIDO CUTÂNEO ENULA 313 Acalma a comichão da pele Compressas com a decocção de raiz
Vulgarmente conhecido como co-
michão. Pode ser causado por afec-
ções da pele, como por exemplo a sar- CÃLAMO- Sedante suave,
na, assim como por doenças do san- 424 Banhos com a decocção de rizoma
-AROMÁTICO acalma a comichão da pele
gue ou do fígado (a icterícia costu-
ma ser acompanhada de intensa co- Loções ou compressas com o sumo
Sedante, emoliente,
michão). fresco, cataplasmas com as folhas
ERVA-MOURA 729 acalma a comichão da pele,
Uma vez conhecido o diagnóstico do especialmente na vulva e no ânus esmagadas
prurido, podem-se aplicar localmente
estas plantas de acção sedativa e AMOR-
Cicatrizante, anti-inflamatório, Loções e lavagens
suavizante. -PERrerro- 735 com a infusão da planta
-BRAVO
alivia a comichão

IRRITAÇÃO DA PELE TlUA 169 Anti-inflamatória e suavizante da pele Compressas com a infusão de flores
Pode ser causada por factores mecâ-
nicos (roçaduras), químicos (contacto Loção com o óleo
OUVEIRA Suaviza e protege a pele e mucosas
com substâncias irritantes) obtido dos frutos (azeite)
ou físicos (radiações so-
lares ou de outro tipo). Alivia as irritações Compressas e banhos
e inflamações da pele com a decocção de flores e folhas
As aplicações locais
destas plantas emo- Alivia a irritação da pele Compressas com a decocção
lientes (suavizantes) e das mucosas de flores e folhas
pode contribuir para Suaviza a pele, muito indicada para Loção com o óleo
que a pele recupere o
peles secas ou delicadas obtido com as flores
seu aspecto e pureza
naturais. Cataplasmas com as pás
Alivia as irritações da pele
abertas ao meio e aquecidas
MaravWia Compressas com a infusão de raiz,
CONSOLDA- Emoliente, cicatrizante, cataplasmas com a raiz fresca
-MAIOR contém alantoína
esmagada

As compressas empapadas na
infusão ou decocção das
diversas plantas que aqui
recomendamos são de grande
eficácia para combater a
secura e as gretas da pele que
frequentemente afectam as
palmas das mãos.

684
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

ECZEMA CENOURA 133 Suaviza e embeleza a pele, Crua ou em sumo, cataplasmas


fornece caroteno (provitamina A) de cenoura cozida e esmagada
O termo eczema é um sinónimo de
d e r m a t i t e . Abrange, pois, todas as i n -
f l a m a ç õ e s da pele com característi- Compressas com a decocção
CARVALHO 208 Seca, desinflama e cicatriza a pele
cas próprias, tanto do ponto de vista cli- de casca
nico como histológico (microscópico).
0 óleo das sementes
São muitas as causas que podem pro- ONAGRA 237 Nutre a pele, combate as erupções
em cápsulas ou comprimidos
duzir eczema, umas conhecidas e ou-
tras desconhecidas. Além dos factores
agressivos locais Loção com o sumo fresco
ARANDO 260 Melhora os eczemas da pele
que afectam directa- ou com a decocção dos frutos
mente a pele, como
produtos químicos, Cataplasmas com os agriões
AGRIÃO 270 Regenera a pele
radiações, bacté- esmagados, loção com o sumo
rias, w u s , fungos
e parasitas, tam- ikmu.1», 07Q Suavizante. Recomendada Loção ou compressas com o sumo
bém pode ser URTIGA-MAIOR 278 n a s a f e c ç õ e s c r ó n i c a s d a p e | e da planta
causa de eczema
a presença de t o -
x i n a s no san- ALCAÇUS 308 Melhora os eczemas da pele Compressas com a infusão de raiz
gue, que se eli-
minam pela pele,
irritando-a. É o Loções ou compressas com a
» . 030 Muito eficaz para combater
que popularmente se decocção da planta, cataplasmas
bAPONARiA MJ os eczemas e erupções da pele
chama "sangue sujo". com as folhas e/ou raízes

Portanto, a fitoterapia do ecze- Banhos com a infusão


ma e das dermatites em geral, CAMOMILA 364 Anti-inflamatória, anti-séptica
de capítulos florais
requer:
• Aplicações locais ã base de loções, Evita a auto-intoxicaçáo por
compressas e cataplasmas; FUMARIA 389 putrefacção intestinal, e os eczemas Infusão, sumo da planta, extractos
• Tratamento interno à e erupções causados por ela
base de plantas
depurativas como DENTE-DE- 007 Laxante e depurativo, evita Salada, sumo fresco,
a bétula ou o amor- -LEÃO a auto-intoxicação por prisão de ventre ou infusão das folhas
-perfeito-bravo (ver
mais na pág. 647) e Compressas ou loções com a
SALGUEIRINHA 510 Cicatriza e regenera a epiderme
favorecedoras das decocção de sumidades floridas
funções do fíga-
do, como a fumaria
e o dente-de-leão ZARAGATOA 515 Protege e desinflama a pele irritada Cataplasma de sementes
(ver mais na pág.
379).
Loções com o óleo, cataplasmas
RÍCINO 531 Emoliente e cicatrizante
com as folhas frescas esmagadas

ego Diurética, limpa a pele de impurezas


BÉTULA Infusão de folhas e/ou gemas
em caso de eczemas crónicos

Rícino Aumenta a produção de suor


CARDO-
572 e a eliminação de substâncias Decocção da raiz
-PENTEADOR
irritantes da pele

gg. Cicatrizante, anti-séptica, Lavagens e loções com o sumo


MlLEFÓLIO
anti-inflamatória fresco, infusão de sumidades floridas

6 g 4 Cicatrizante, suavizante, Loções com o sumo de aloés,


ALOÉS
aumenta as defesas o sumo em uso interno

Cataplasmas ou compressas
DOCE-AMARGA 728 Emoliente, cicatrizante
com a decoccao de folhas

AMOR-PERFEÍTO- y^5 Depura o sangue de resíduos tóxicos, Infusão com a planta seca, loções
-BRAVO desinflama a pele e lavagens com esta mesma infusão

685
C a p . 2 7 : P L A N T A S PARA A PELE

Doença Planta Pág. Acção Uso

PSORÍASE ALCAÇUS 308 Melhora os eczemas da pele Compressas com a infusão de raiz
É uma doença de causa desconhecida,
em que as células de certas zonas da Alcatrão ou breu vegetal
epiderme se reproduzem com um ritmo PINHEIRO 323 Poderoso emoíiente da pele
aplicado em forma de pomada
maior que o normal. Isto
dá lugar à formação ARRUDA 637 Revulsiva, útil em caso de psoríase Compressas com a infusão
de grossas escamas,
com enrubescimento
da pele. fiq4 Cicatrizante, suavizante, Loções com o sumo de aloés,
ALOÉS
aumenta as defesas o sumo em uso interno
Até ã data, não exis-
te nenhum trata- -._,,_ 10, Cicatrizante, anti-inflamatório, Compressas com a decocção
mento que cure a r-isALE i&i m e | h o r a a pSoriase da planta
psoríase completa- •
mente. Estas plantas n . . .^..».» IOA Regula os processos de imunidade
exercem uma acção ' Decocção de rizoma e raiz triturados
CALAGUALA 724 c e | u | a r na p e | e
benéfica sobre a pele no
seu conjunto, e podem in> AMOR-PERFEITO- yor Depura o sangue de resíduos tóxicos, Infusão com a planta seca, loções
fluir favoravelmente na evo- BRAVO desinflama a pele e lavagens com esta mesma infusão
lução da doença.
Decocção de raiz, extractos,
ycc Cicatrizante, regenera os tecidos,
Aloés EQUINÁCEA compressas ou loções
estimula as defesas
com a decocção, pomadas
c M 101 Devolve um aspecto claro e fresco Lavagens oculares
BELEZA DA PELE F.DALGU.NHOS 131 ^ pà|pebras ^ g ^ com a água de fidalguinhos
As aplicações externas destas plantas
contribuem para limpar e suavizar a pele CENOURA 133 Contribui P ara a s a u d e e a beleza Crua, em sumo. cataplasmas
de forma natural. Não obstante, é pre- da pele de cenoura cozida e esmagada
ciso lembrar o facto de que a beleza da
pele depende tanto ou mais do esta- Abre os poros e limpa a pele,
do interior do corpo do que do exte- TÍLIA 169 combate os efeitos do frio e do vento Banhos de vapor com flores de tília
rior. Uma alimentação sobre a pele
saudável e um "san-
gue limpo" são facto- •**- ?c7 Activa a circulação da pele, Compressas com a infusão
HAMAMÉUA
res insubstituíveis para cicatrizante e adstringente de folhas e casca
se conseguir uma cútis em
estado óptimo. Compressas ou loções
VERÓNICA 475 Suaviza a pele ressequida, cosmética
com a decocção da planta
Cataplasmas com morangos,
MORANGUEIRO 575 Suavizante, limpa e embeleza a pele
loções com o leite de morangos

ROSEIRA 635 Tonifica a pele, limpa a cútis, Loções com a água de rosas
combate as rugas
rq. Revitaliza a pele, Loção com o sumo,
ALOÉS
dando-lhe resistência e beleza cremes e unguentos
SELO-DE- Compressas ou cataplasmas
723 Suaviza e embeleza a cútis
Roseira Cenoura -SALOMÃO com a decocção de rizoma

CELULITE Tonifica os tecidos, reduz a celulite, Loção ou compressas


GILBARBEIRA 259 favorece a circulação venosa com a decocção de rizoma e raiz
É um processo inflamatório do tecido
conjuntivo subcutâneo, causado pelo
depósito de toxinas e pela retenção DENTE-DE- Depurativo, melhora o funcionamento Sumo fresco ou infusão
de água. -LEÃO 397 do fígado, evita a auto-intoxicação de folhas e raiz
A fitoterapia utiliza plantas medicinais
que, aplicadas localmente, limpam a Limpa a pele de impurezas
pele de impurezas, assim como outras BÉTULA 568 em caso de celulite Infusão de folhas e/ou gemas
que, ingeridas por via oral, eliminam o
excesso de líquidos e depuram o
sangue. Ajuda a reduzir o volume Compressas com a decocção,
BODELHA 650
de tecido adiposo cataplasmas com a alga fresca

Compressas com a decoccao,


HERA 712 Desinflama os tecidos subcutâneos
cataplasmas com as folhas
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

ACNE CENOURA 133 Suaviza e embeleza a pele,


fornece caroteno (provitamina A)
Crua ou em sumo, cataplasmas
de cenoura cozida e esmagada
Doença caracterizada pelo apareci-
mento de pústulas que se formam a ONAGRA 237 Nutre a pele, combate as erupções 0 óleo das sementes
partir das glândulas cebáceas da pele. em cápsulas ou comprimidos
As pústulas da acne encontram-se ha- Emolientes, cicatrizantes,
bitualmente infectadas com bactérias AZEDAS 275 Cataplasma de folhas cozidas
limpam a pele
anaeróbias. A cau-
sa determinan- Suaviza e embeleza a pele, Loção ou compressas com o sumo
CEBOLA 294 limpa as peles sujas
te da acne é fresco, cataplasmas de cebola cozida
desconhecida,
embora se saiba COUVE 433 Cicatrizante, vulnerária, limpa a pele Cataplasmas com as folhas cruas
que está relaciona- esmagadas
da com factores he- Cataplasmas com a planta
reditários e hormo- MlLEFÓUO 691 Cicatrizante, anti-séptico, limpa a pele esmagada e quente,
nais. A alimentação rica infusão de sumidades floridas
^ <l em gorduras e a autoin-
Tj i J ^ f . toxicação por prisão de Cicatrizante, suavizante, Loções com o sumo de aloés,
ven
ALOÉS 694 aumenta as defesas o sumo em uso interno
'r \w£s* tre crónica consti-
tuem alguns dos facto- Compressas com a infusão de raiz,
res agravantes. BARDANA 697 Antibiótica. Muito útil na acne cataplasmas de folhas frescas,
e nas infecções cutâneas
As aplicações locais infusão de raízes por via oral
destas plantas medicinais AMOR- Limpa o sangue de resíduos tóxicos Loções e lavagens com a infusão
podem secar as pústulas e -PERFEITO- 735 que intoxicam a pele, da planta, esta mesma infusão
melhorar o aspecto da pele. -BRAVO cicatrizante, anti-inflamatóno por via oral

SABUGUEIRO 767 Sudorífico, depurativo. Útil em caso Compressas ou lavagens


Bardana de eczemas, furúnculos ou acne com a infusão de flores

SUDAÇÃO EXCESSIVA
Pode ser causada por infecções agu-
das ou crónicas, estados de debilidade Reduz a transpiração excessiva,
e desequilíbrios nervosos, entre outras SALVA 638 Infusão de folhas, essência
especialmente a nocturna
causas. Antes de se tomar esta planta,
tem de ser averiguada a causa.

PELE SECA CENOURA 133 Contribui para a saúde e a beleza Crua, em sumo, cataplasmas
da pele de cenoura cozida e esmagada
Para evitar que a água que embebe os
tecidos cutâneos se evapore rapida- 169 Abre os poros e hidrata a pele
TÍLIA Banho de vapor com flores de tília
mente, deixando-a seca e gretada, a
pele está coberta por uma fina camada
de gordura impermeabilizante. ONAGRA
237 Nutre a pele, combate a secura O óleo das sementes
e as erupções da pele em cápsulas ou comprimidos
Estas plantas medicinais protegem e
estabilizam a camada gorda da pele, CASTANHEIRO-
251 Suaviza e protege a pele Banho com a decocção de sementes
com o que se trava o -DA-ÍNDIA
processo de evapora-
ção, aumentando assim a LIMOEIRO 265 Suaviza e hidrata a pele Loções com o sumo diluído em água
hidratação e beleza
da cútis. A 75 Suaviza a pele ressequida pelo frio, Compressas ou loções
VERÓNICA
cosmética com a decocção da planta

LINHO 508 Suaviza e hidrata a pele Loções com óleo de linhaça

ZARAGATOA 515 Protege e desinflama a pele, cosmética ^ f f f f COm aS S e m e n t e S

Cataplasmas com morangos,


MORANGUEIRO 575 Suavizante, limpa e embeleza a pele
loções com o leite de morangos
Castan/ieifo- MADM/II U« GIC Suaviza e hidrata a pele. Muito útil para , „„ - „ A l a r t Ar% m „ , ...
-da-lndia 626 peles
, secas
MARAVILHA c o r a c ou *
delicadas
*£*» Loções com óleo de maravilha
AMOR-PERFErro- jor Combate a secura, as estrias Loções e lavagens
-BRAVO e as rugas da pele com a infusão da planta

687
Ca». 27: PLANTAS PARA A PELE

Doença Planta Pág. Acção Uso

ESTRIAS DA PELE Suavizante, anti-inflamatória. Útil em Compressas com a decoccão da alga,


BODELHA 650
As estrias cutâneas são uma rotura das caso de celulite, estrias e flacidez cataplasmas com a alga fresca
suas libras, elásticas, devida a uma de-
CQA Revitaliza a pele, Loção com o sumo,
generescência do tecido conjuntivo de ALO ES
dando-lhe resistência e beleza cremes e unguentos
que são formadas. Aparecem habitual-
mente durante a gravidez ou em con-
sequência de alterações do peso. A r-uni i-i.ft 7n_ Melhora a flacidez da pele Decoccão ou sumo fresco da planta,
tensão nervosa e a prisão de ventre CAVALINHA /w e d e v o [ v e . J n e a p u r e z a e a elasticidade compressas com a decoccão
^er pàg. 485} favorecem o seu apare-
cimento. AHACATEIRO 719 Hidrata e embeleza a cútis, Loções com óleo de abacate
ABACATEIRO /iy ev|ta as e s t r jas
As aplicações locais com estas plan-
tas contribuem de forma decisiva para AMOR-PERFEITO- 735 Combate a secura, as estrias Loções e lavagens
a sua redução ou desaparecimento. -BRAVO e rugas da pele com a infusão da planta

UNHAS FRÁGEIS Crua, em sumo. cataplasmas


CENOURA 133 Fortalece as unhas
de cenoura cozida e esmagada
As unhas são apêndices ceratinizados
da pele. As carências vitamínicas e mi-
nerais, especialmente de ferro e de silí- ?37 Nutre a pele, O óleo das sementes
ONAGRA
cio, produzem um enrubescimento das combate a fragilidade das unhas em cápsulas ou comprimidos
unhas. Nalguns casos, a afectação das
unhas pode ser o sintoma de uma do- LIMOEIRO 265 Fortalece as unhas Loções com o sumo diluído
ença generalizada do organismo. A apli-
cação destas plantas, tanto em uso in-
terno como externo, contribui para rM/ai INUA 7rvi Favorece a regeneração dos tecidos, Decoccão ou sumo fresco da planta,
endurecer as unhas. CAVALINHA tw especialmente da pele, unhas e cabelo compressas com a decoccão

CALVÍCIE Regenera a pele, Cataplasmas com agriões frescos


AGRIÃO 270
evita a queda do cabelo esmagados, loção com o sumo
É a queda do cabelo, também conheci-
da como alopecia. A maior parte dos Loção ou compressas de sumo fresco
casos aparecem nos homens e estão URTIGA-MAIOR 278 Evita a queda do cabelo sobre o couro cabeludo,
relacionados com os andro génios (hor- infusão da planta
monas masculinas). Os tratamentos lo-
cais com plantas medicinais estimulam
Fortalece o cabelo, evita a sua queda,
e fortalecem os folículos pilosos nos AVENCA 292 pode fazê-lo voltar a nascer Cataplasmas com a planta esmagada
quais nasce o cabelo.
Nalguns casos, a cal- Loção com o óleo das sementes,
vície pode obedecer Emoliente e cicatrizante.
RÍCINO 531 Eficaz contra a calvície
cataplasmas com as folhas frescas
a causas gerais, co- esmagadas
mo carências nutriti-
vas, intoxicações, Detém a progressão da calvície,
doenças sistémi- ABACATEIRO 719 fortalece e suaviza o cabelo
Loção com óleo de abacate
cas ou tensão
nervosa. Compressas com a decoccão
QUINA 752 Tónico capilar
de casca

Estimula o bulbo piloso (a raiz do pêlo), Loções com a maceração alcoólica


Abacate CHAGAS 772
revitaliza o cabelo da planta

CASPA
Caracteriza-se pela produção de esca-
mas em toda a superfície do couro ca- LIMOEIRO 265 Evita a caspa, dá brilho ao cabelo Loções com o sumo diluído
beludo. É uma forma mínima da der-
matite seborreica.
Estas duas plantas constituem uma al-
ternativa aos tratamentos clássicos
com champôs à base de enxofre ou áci-
do salicílico.
ABACATEIRO 719 S S J ? * " ! * 1 ° Câbe, °' Loção com o óleo de abacate
elimina a caspa

688
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEOICINAIS

2 " Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso


^ - Q Anti-inflamatória, melhora os furúnculos Cataplasmas com folhas frescas
FURÚNCULOS E ABCESSOS PETASm
e gânglios inflamados esmagadas
Um furúnculo forma-se pela infecção
de uma glândula pllossebácea (glândulas Cicatrizante, vulnerária, Cataplasmas de folhas esmagadas,
COUVE 433 cruas ou cozidas
produtoras de sebo que se encontram cura abcessos e feridas infectadas
na raiz de cada cabelo). 0 gérmen cau-
sador costuma ser normalmente o esta- Amadurece os furúnculos, borbulhas Cataplasmas quentes da farinha
MANDIOCA 460 misturada com sumo de limão
filococo, que converte o sebo em pus. infectadas e abcessos
O abcesso é um termo mais abrangen- ,-j. Favorece a drenagem e limpeza Cataplasmas com a farinha
ALFORVA
te, que se refere a qualquer acumulação da pele de sementes
de pus numa cavidade formada pela de-
CINCO-EM- C2Q Anti-séptica, cicatrizante, facilita Compressas quentes
sintegração dos tecidos. Pode-se dizer
-RAMA o amadurecimento dos furúnculos com a decoccão de raiz
que o furúnculo é um tipo especial de ab-
cesso. Cura e cicatriza os furúnculos Compressas com a decoccão,
SILVA 541
A fitoterapia serve-se de plantas cicatri- e úlceras da pele cataplasmas com folhas esmagadas
zantes e anti-sépticas, capazes tam Cicatrizante, anti-séptico.
bém de amadurecer os furúncu- Cataplasmas com a planta esmagada
MlLEFÓUO 691 Eficaz no tratamento de furúnculos e aquecida numa frigideira
los e abcessos, permitin- e infecções da pele
do que o pus saia para
o exterior e os teci- «i QUENOPÓDIO- Acelera o amadurecimento Cataplasmas com as folhas
702
dos se regenerem. -BOM-HENRIQUE de abcessos e furúnculos esmagadas

Açucena Favorece a cura de abcessos


FIGUEIRA 708 Cataplasmas de figos
e feridas infectadas, cicatrizante

AÇUCENA 716 Faz amadurecer os abcessos


e furúnculos
Cataplasmas com os bolbos
cozidos e esmagadas
Compressas ou loções com
rn,mi:rr, -ice Antibiótico natural, cicatrizante, a decoccão de raiz, a decoccão
EQUINACEA 755 regeneradora dos tecidos ou preparados farmacêuticos
Peta sríe em uso interno
Antif Compressas ou banhos
MICOSE DA PELE ERVA-CIDREIRA 163 úngica (elimina os fungos), com a infusão de folhas e flores,
tRVA CIDREIRA IM ant§-séptica
É uma infecção por fungos, localizada fricções com a essência
na pele. Existem normalmente fungos
na pele e nas mucosas, que em deter- PlN c ooo Regenera a pele, emoliente, elimina Loções com alcatrão ou breu vegetal,
3
minadas circunstâncias podem tornar- " " os fungos e os parasitas cutâneos obtido por destilação da madeira
-se patogénicos e muito contagiosos. ALOÉS 694 Regenera a pele, combate Loções com o sumo de aloés,
Estas plantas actuam como fungici- o pé de atleta e outras micoses o sumo em uso interno
das, isto é, eliminam os fungos.
FrroLACA 722 Elimina os fungos e parasitas da pele Compressas com a decoccão de raiz

Nos espaços situados entre os dedos dos


pés, localizam-se frequentemente as
micoses, produzidas por fungos
patogénicos. A humidade, a diabetes, a
toma de antibióticos e os estados
carenciais predispõem para as infecções
por fungos.
O tratamento das micoses costuma levar
bastante tempo [mesmo um mês ou
mais). A aplicação diária de compressas
com ai plantas mencionadas na tabela
acima, como se mostra na fotografia,
constitui uma valiosa alternativa ao
tratamento com fármacos fungicidas.

689
C a p . 2 7 : P L A N T A S PARA A PELE

Doença Planta Pág. Acção Uso

SARNA PINHEIRO 323 Regenera a pele, emoliente, elimina Loções com alcatrão ou breu vegetal,
os fungos e os parasitas cutâneos obtido por destilação da madeira
É uma infestação (doença causada
por parasitas) produzida pelo ácaro As flores em cataplasmas
LOENDRO 717 Combate a sarna
»* Sarcoptes scabiei, que mal se vê ou aplicadas em forma de pomada
à vista desarmada. Este para- Loções ou compressas com o sumo
| sita introduz-se na pele, Sedante, emoliente, alivia a comichão
J onde provoca intenso pru-
ERVA-MOURA 729 da pele fresco, cataplasmas com as folhas
esmagadas
rido (comichão), especial-
mente à noite, depois de a ESCABIOSA- Compressas com a infusão da planta,
731 Alivia a comichão da pele
^ pessoa se deitar. -MORDIDA a infusão em uso interno
Potente anti-séptico, insecticida, Compressas ou lavagens
-moura ' TOMILHO 769 antiparasita com a decoccão
Compressas ou lavagens com a
TINHA Norimofl ^ns Adstringente, cicatrizante, decocçao de folhas e/ou nogalina
É uma micose (infecção) muito conta- NOGUE.RA bUb |amatôrjo
antNnf
(cascas verdes)
giosa, que afecta o couro cabeludo,
causada por fungos dermatófitos. Ma- ALOÉS
594 Regenera a pele, combate Loções com o sumo de aloés,
nifestase por queda do cabelo em zo- o pé de atleta e outras micoses o sumo em uso interno
nas delimitadas, com comichão e
lesões da pele. FITO LACA 722 Elimina os fungos e parasitas da pele Compressas com a decoccão de raiz
Estas plantas eliminam os fungos em Loções ou compressas com o sumo
aplicações locais. XiSm
ERVA-MOURA 729 fSS&SUS!^ * fresco, cataplasmas com as folhas
comichão da pele esmagadas
ERVA-CIDREIRA 163 AnfrséPtica, destrói os fungos Compressas ou banhos com a
HERPES infusão, fricções com a essência
É uma infecção causada pelo
vírus do mesmo nome, recidi- 0 látex da planta aplicado
CELIDÓNIA 701 Antimitótica, antivirica
vante (repete-se frequente- sobre a pele afectada
mente), que pode ser mui- Sedante, emoliente, Loções ou compressas com o sumo
to dolorosa e que se ma- ERVA-MOURA 729 acalma a dor e comichão devidas ao fresco, cataplasmas com as folhas
nifesta por pequenas ve- herpes esmagadas
sículas na pele.
Estas plantas tornam-se ULMEIRO 734 Suaviza e desinflama a pele Compressas com a decoccão
muito úteis pela sua acção de casca
antivirica e suavizante AMOR- Loções e lavagens com a infusão
da pele. Erva-
-PERFEÍTO- 735 Cicatrizante, anti-inflamatório da planta, a mesma infusão
^ciôreira -BRAVO em uso interno
Achíllea
millefolium L A 9.

a Preparação e emprego
Milefólio
USO INTERNO
Um cicatrizante O I n f u s ã o : 20 g de sumidades
floridas por litro de água. Tomam-
lendário -se 3 ou 4 chávenas por dia. Con-
vém preparã-la cada vez que for
preciso usá-la, pois, se for deixa-
da durante um certo tempo, ad-
quire uma cor escura e um sabor
muito amargo.

USO EXTERNO
© Lavagens e banhos com uma
infusão de 30-40 g de sumidades
por litro.

E STAMOS na batalha de Tróia,


na Grécia amiga. O grande he-
rói Aquiles, símbolo da foiça e
da coragem, acaba de ser ferido no
calcanhar por uma flecha envenena-
© Tamponamentos nasais: Fa-
zem-se com uma gaze empapa-
da na infusão ou no sumo fresco
da planta.
da disparada pelo sen inimigo Paris. A O Loções: Fazem-se com o s u -
ferida é muito profunda e sangra co- mo fresco da planta espremida,
piosamente. Segundo a lenda, a deu- que se aplica directamente sobre
sa Afrodite lavou o calcanhar ferido a pele afectada (ver o quadro de
do famoso guerreiro com milefólio, "Precauções" na pág. 693).
planta esta que, em honra do mesmo, © Cataplasmas com a planta es-
passou a rhamar-se aquileia. magada e aquecida numa frigi-
deira.
Apesar do tratamento, Aquiles aca-
© C o m p r e s s a s com a infusão
bou por morrei" em consequência da
quente.
ferida no calcanhar. No entanto, o mi-
lefólio tornou-se um companheiro in-
separável dos soldados e guerreiros,
que procuravam curar com ele as suas
feridas. O notável médico espanhol Outros nomes: aquileia, erva-carpinteira, erva-das-
Andrés de Laguna di/.ia desta planta, -cortadelas, erva-do-bom-jesus, erva-dos-carpinteiros,
erva-dos-golpes. erva-dos-militares. erva-dos-soldados.
no século XVI, qtie «serve muito nas
macelão, mão-de-deus, mii-em-rama, mil-folhada, mil-
guerras para curar as feridas». -folhas, pêlo-de-carneiro, prazer-das-
Nas últimas décadas conftrmaram- •damas, salvação-do-mundo, feiteihnha
-se cientificamente as propriedades (Madeira), botão-de-prata (Brasil).
atribuídas a esta planta durante mais Esp.: milenrama, aquilea, hierba de
de dois mil anos, além de se terem Aquiles, hierba de las herídas, hierba de!
soldado, hierba de los carpmteros, [hierba]
descoberto muitas outras. O milefólio meona, alcanfor, milefólio. milhojas, dento
é uma das plantas mais utilizadas em fi- en rama. [ciprés de) perla, ciprés de
toterapia, por isso é também uma das invierno, ciprés de Judea, colchón de pobre, sereno de invierno,
que têm um maior número de nomes artemisa bastarda. Fr.: achilée millefeuille, herbe aux coupures, herbe aux
vulgares diferentes. charpentiers. Ing.: milfoil, [noble]yarrow.
Habitat: Encontra-se vulgarmente nos prados e bermas dos caminhos de toda a
Europa. Espontâneo no Norte e Centro de Portugal.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta contém até 0,8% de essência, Espalhado por todas as regiões temperadas do continente americano.
rica em cineol e a/uleno, princípios Descrição: Planta vivaz da família das Compostas, que atinge de 30 a 60 cm de
activos aos quais se atribui a sua acção altura. As folhas são divididas em pequenos segmentos, e as flores, brancas ou
rosadas, agrupam-se em forma de sombrinha. Toda a planta tem um cheiro a cânfora.
anti •inflamatória, cicatrizante e vulne-
rária, reforçada pela presença de ta- Partes utilizadas: as sumidades floridas.

691
Para combater a
incómoda e inestética
acne, são muito
recomendáveis as
compressas de milefólío,
j u n t a m e n t e com a
ingestão desta mesma
pfanta em infusão.

de suco gástrico) e sobre o fígado (au-


menta a secreção de bílis, acção cola-
goga). Pela sua acção anti-séptica, di-
minui as fermentações intestinais.
Emprega-se com resultados muito
bons nos casos de gastrite crónica, hi-
pocloridria (falta de sucos), dispepsia
(digestão pesada), mau funciona-
mento do fígado, espasmos digestivos
e flatulência (efeito carminativo)
MN.Tomado antes das refeições, é ape-
ritivo.
• Aparelho circulatório: E um grande
depuradordo sangue, que também o
fluidifica (diminui a sua viscosidade),
melhorando assim a circulação. Mui-
to útil na arteriosclerose IOL
• Aparelho genital feminino: O mile-
fólio, pela sua acção emenagoga, re-
gula os ciclos menstruais irregulares e
alivia a dismenorreia (dores espas-
módicas que acompanham algumas
vezes as regras). Pelas suas proprieda-
des hemostáticas, ajuda a deter as re-
gras excessivas e as hemorragias ute-
rinas IO!.
• Externamente, o milefólio destaca-se
pelas suas notáveis propriedades vul-
nerária (cura as feridas e as con-
ninos. Possui também um princípio caz, tanto em uso interno como ex- tusões) , cicatrizante, anti-séptica e he-
amargo (aquiieína) de propriedades terno: mostática (ajuda a parai- as hemorra-
tonificantes sobre o aparelho digesti- gias). Dizia Dioscórides que se torna
vo, assim como ílavonóides e outros • Aparelho digestivo: Pelo seu princí- muito útil «contra as efusões de san-
glicósidos, que lhe conferem proprie- pio amargo, actua como tónico dos gue e contra as chagas recentes». E
dades antiespasmódicas. órgãos digestivos, aumentando tanto uma planta insubstituível no trata-
a sua motilidade como a secreção de mento de feridas, úlceras, chagas, fu-
sucos, necessários para uma boa di- rúnculos, frieiras e gretas. Mességué
As suas aplicações são muito varia- gestão. O efeito é mais acentuado so- define-a como «o mercurocromo e a
das. Trata-se de uma planta muito efi- bre o estômago (aumenta a produção tintura de iodo dos prados e dos cam-
A infusão de milefólio utiliza-se com êxito no tratamento das feridas, úlceras varicosas e demais lesões da pele em que
se precise de um b o m cicatrizante. Também se usa nas queimaduras superficiais. Para se obter um efeito duradouro, faz-
-se primeiramente uma lavagem da zona afectada com a infusão {foto da esquerda); em seguida, coloca-se uma com-
pressa empapada nesse mesmo líquido (foto da direita); e, finalmente, aplica-se uma ligadura para fixar a compressa (foto
inferior).

pOS». Por isso se emprega nos seguin-


tes casos:
-Epistaxe: As gazes, embebidas na
sua infusão ou suíno fresco, intro- il!
duzem-se nas narinas para fazer Precauções
parar as hemorragias nasais 101.
-Antitranspirante e desodorizante:
Combate o mau cheiro dos pés e o
Dado que o milefólio aumenta a pro-
excesso de transpiração 101.
dução de sucos gástricos, devem evi-
-Hemorróidas: K um excelente re- tar ingeri-lo as pessoas que sofram
médio contra as crises hemorroi- de úlcera gastroduodenal.
dais. Desinflama as hemorróidas, Em doses muito elevadas, podem
quando estas incham e doem, e i e- aparecer vertigens e cefaleias (do-
duz-lhes o tamanho 10,01. res de cabeça).
-Acne e eczemas: Nestes casos ob- O sumo fresco do milefólio pode
têm-se bons resultados se, além de produzir na pele fenómenos de 1o-
aplicado localmente 10.0). tam- tossensibilização (um tipo especial
bém se tomar em infusão IO). de alergia). Para os evitar, devem-se
-Beleza: Facilita a eliminação de to- cobriras zonas tratadas, de maneira
xinas pela pele, hmpiuido-n I0.0J. que não lhes dê o sol nas horas se-
Melhora o aspecto da cútis, suavi- guintes à aplicação do sumo.
za ndo-a.

693
Aloé vera
(L)Webb. O

Preparação e emprego
Aloés
USO INTERNO
Suaviza a pele, cicatriza O Azebre: Utiliza-se em forma de
as feridas, e tonifica cápsulas preparadas farmaceu-
ticamente. Como laxante ou pur-
gante, o azebre de aloés actua
lentamente, pelo que se adminis-
tra à noite para obter o efeito no
dia seguinte.

S ERIA bom que pudesses con-


quistar a ilha de Socotra, lá no
oceano Indico - diz Aristóteles
ao seu discípulo, o grande imperador
e conquistador Alexandre, o Grande.
© Gel ou sumo de aloés: To-
mam-se 1 ou 2 colheradas, 3 ou 4
vezes ao dia, dissolvidas em
água, sumo de frutas ou leite. Nor-
malmente, toma-se com as re-
- Ali abundam as palmeiras tamarei- feições. Em caso de úlcera gas-
ras, o incenso e, sobretudo, o aloés, troduodenal, recomenda-se tomá-
que nessa afortunada ilha cresce por lo meia hora antes de cada re-
toda a parte. feição, e antes de se deitar para
- Aprecio as tâmaras e o incenso; dormir.
mas diz-me, mestre Aristóteles: para
que queres as plantas do aloés? USO EXTERNO
- Majestade, nós, os botânicos, mé- © Compressas com sumo de
dicos e sábios desta nobre cidade de aloés: Devem-se manter durante
Atenas, chegámos à conclusão de que todo o dia, humedecendo-as com
não existe melhor cicatrizante do que sumo cada vez que sequem. À
o eel de aloés. Os soldados dos nossos noite, pode-se aplicar um creme
hidratante ou simplesmente azei-
exércitos, que caiam feridos em com-
te, pois o sumo de aloés resseca
bate, encontrarão no aloés o melhor
a pele.
dos seus remédios.
O Loção com sumo de aloés:
- Isso interessa-me muito, Aristóte- Aplica-se 2 ou 3 vezes por dia so-
les. Quero que os meus soldados dis- bre a pele afectada. Convém
ponham dos melhores tratamentos. combinar o seu uso com o de al-
Mas. diz-me: como tendes chegado â gum emoliente (suavizante),
conclusão de que o afoés é tão bom ci- como por exempfo o azeite.
catrizante? © Cremes, unguentos e outros
- Pois é muito simples, Majestade. preparados farmacêuticos à
Sinonímia científica: Aloé barbadensis base de aloés. Normalmente in-
Observámos que, quando se corta Miller
unia das suculentas folhas do aloés, se cluem uma substância emoliente
Espécies afins: Existem mais de 200 ou hidratante.
produz uma rápida cicatrização da espécies de aloés. Juntamente com o
sua própria superfície, cuja finalidade Aloé vera, o mais utilizado é o Aloé
é evitar que se perca o precioso suco ferox Miller.
que contêm. A lógica natural diz-nos Outros nomes: erva-babosa, azebre.
que, se a planta é capaz de regenerar Esp.: aloé, savila, zábila, pita zábiia. Fr.: aloés. Ing.: aloé.
eficazmente a superfície danificada Habitat: Originário do Sul de África, mas expandido pelas regiões quentes e
das suas próprias folhas, também ac- desérticas da América (Antilhas e América Centrai) e Ásia. Em Portugal foram
tuará cicatrizando as feridas dos seres introduzidas cerca de 50 espécies, algumas das quais bem representadas nos
arredores de Lisboa, principalmente na margem direita do Tejo.
humanos que estejam em contacto
com elas. Descrição: Planta da família das Liliáceas, que pode chegar a atingir três ou quatro
metros de altura, pelo crescimento do seu eixo ou tronco central. As folhas são
Sabemos hoje que o aloés pertence carnudas, de forma lanceolada, e com os bordos espinhosos. As flores, de cor
ao grupo das plantas xerólllas, carac- amarela ou vermelha, segundo a variedade, pendem todas de um longo caule.
terizadas por fecharem os estornas das Partes utilizadas: O sumo das folhas.
suas folhas logo que se produza qual-

694
quer corte ou ferida nelas. Deste transparente e de sabor insípido. A aliviar a comichão e facilitar a cicatri-
modo evitam a perda de água. ele se deve a fama que o gel de aloés zação da pele nas doenças exantemá-
K verdade que o aioés foi aplicado tem adquirido nos últimos anos, es- ticas como o sarampo, a rubéola e a
para sarar as feridas de muitos ao lon- pecialmente pela sua acção curativa varicela IO.©l.
go da história. Soldados gregos, gla- sobre a pele. Ê formado por unia mis-
tura complexa de mais de 20 substân- • Beleza da pele: O aloés revitaliza a
diadores romanos e guerreiros de di- pele, conferindo-lhe uma maior pu-
versos impérios foram tratados com cias, como polissacáridos, glicósidos,
enzimas e minerais. Contém acema- reza, resistência e beleza. Aplicado so-
aloés. bre a pele, melhora o aspecto ílas ci-
nan, uma substância imunoestimu-
Houve também um soldado muito lante (que aumenta as defesas). Ao catrizes inestéticas e das estrias, lam-
especial, que cerca de quatro séculos contrário do azebre, o gel de aloés bem se emprega no cuidado do cabe-
depois de Aristóteles e de Alexandre, não tem propriedades laxantes. lo e das unhas IO.01.
o Cirande, morreu em pleno campo
de batalha, domo se fez com outros, Aplicado localmente, são muitas as Ingerido por via oral, o sumo de
também a ele se aplicou aloés sobre o afecções sobre as quais o aloés pode aloés é depurativo e tonificante. Em-
seu corpo ferido e magoado, ainda exercei' eleitos benéficos. As mais im- prega-se como digestivo e também no
que já depois de mento. Referimo-nos portantes são as seguintes: tratamento da úlcera gastroduodenal
a Jesus Cristo, o libertador e salvador 10).
• Feridas, quer sejam limpas quer )»-
da humanidade, um lutador infatigá- fectadas. O sumo de aloés aplica-se Verificou-se experimentalmente
vel contra o mal, de quem se disse que em compressas 101, embora também que o acemanan contido no sumo de
«pelas suas feridas fomos sarados» (I se possa colocar directamente a polpa aloés tem a faculdade de estimular as
S. Pedro 2: 24). O corpo de Jesus foi da folha sobre a ferida. Facilita a lim- defesas do organismo 101. O seu uso
tratado com aloés e mirra, segundo peza da ferida e acelera a sua cicatri- por via interna activa os linfócitos, cé-
relata o capítulo 19 do Evangelho se- zação, reduzindo, além disso, a cica- lulas que, entre outras funções, têm a
gundo S. João. Três dias depois, res- triz. de desunir as células cancerosas, as-
suscitou vitorioso da morte. sim como aquelas que tenham sido in-
• Queimaduras: O gel ou sumo de fectadas pelo vírus da sida. Por isso
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Das su-
aloés aplica-se em compressas duran- está a ser investigado o seu emprego
te os dias seguintes á queimadura l©l. nestas duas pragas do nosso tempo,
culentas folhas do aloés obiêm-se dois
Km queimaduras de primeiro grau, sem que, até ao momento, se tenham
produtos principais: o azebre (espa- bastam dois ou três dias de aplicação.
nhol: acíbar) e o gel de aloés. podido obter resultados concluden-
Km casos mais graves, convém consul- tes.
O AZEBRE: Incisando a superfície tar o especialista. O aloés consegue
das folhas das diversas espécies de acelerar a regeneração da pele dani-
aloés, oblém-se um suco viscoso de ficada e reduzirão mínimo a cicatriz.
cor amarela e sabor amargo, que se
concentra ao calor do sol, ou por Têm-se obtido bons resultados nas Precauções
ebulição. Transforma-se assim numa queimaduras cutâneas causadas por
massa amorfa de cor escura e sabor radiações ionizantes, assim como na
muito amargo, que é o azebre. radiodermite (afecção da pele causa- O gel ou sumo de aloés pode pro-
da pelas radiações). Diz-se que, na Se- vocar reacções alérgicas quando se
O azebre contém de 40% a 80% gunda Guerra Mundial, alguns habi-
de resina, e até 20% de aloína, glicó- aplica sobre a pele. Uma de cada 200
tantes de Hiroshima e Nagasaki que pessoas, aproximadamente, é alérgi-
sico antraquinónico que é o seu prin- sobreviveram às explosões atómicas ca ao aloés. Se, poucos minutos de-
cípio activo. Segundo a dose diária curaram as queimaduras produzidas pois de espalhar umas gotas de su-
com que se empregue, o azebre tem pela radiação, aplicando a si mesmos mo de aloés sobre a pele das costas,
diferentes aplicações IOI: polpa de folhas de aloés directamen- aparecer um ligeiro rubor e comichão,
• até 0,1 g é aperitivo, estomacal e co- te sobre as zonas queimadas. é sinal de alergia ao aloés: ter-se-á
lagogo, facilitando a digestão; de recorrer a outro remédio.
• Afecções da pele: O sumo de aloés
• a partir de 0,1 g actua como laxante aplicado em loção tem uma acção fa- O azebre não deve ser utilizado co-
e como emenagogo (aumenta o fluxo vorável em casos de psoríase e ecze- mo purgante pelas mulheres duran-
menstrual); mas da pele, assim como na acne, pé te a menstruação, nem pelas grávi-
de atleta (infecção por fungos) e her- das, pois provoca congestão dos
• doses de 0,5 g (máximo diário), ac-
pes, entre outras IO). Para reforçar o órgãos pélvicos e contracções uteri-
tua como purgante enérgico e tam-
efeito, recomenda-se tomá-lo também nas. Também não é recomendável
bém ocitócico (provoca contracções para quem sofra de hemorróidas
uterinas). por via oral 101.
(pode fazê-las sangrar). Não se deve
O GEL ou SUMO DE ALOÉS: Obtém- Nas crianças, a loção de sumo de administrar às crianças. Não exce-
-se da polpa das suas folhas carnudas, aloés emprega-se no tratamento do der a dose de 0,5 g por dia.
que deitam um sumo pegajoso, quase eczema causado pelas Iralclas, e para

695
"V para a peie JÊT
Anchusa
o.
azurea Miller

Aiú/ * *
Preparação e emprego

Buglossa
USO INTERNO
Suaviza e embeleza O Infusão de folhas e flores, na
a pele proporção de 30 g por litro de
água.

USO EXTERNO
© Compressas de sumo fresco
de folhas e flores, aplicadas sobre
a zona afectada.

Buglossa-oficinal

A buglossa-oficinal (Anchusa offi-


cinalis L.) diferencia-se da azurea
por ter as flores cor de púrpura.
Estas duas espécies usam-se in-
distintamente, pois as suas pro-
priedades medicinais são as mes-

D A RAIZ desta planta extrai-se


unia tintura vermelha, que é
uni ilus cosméticos mais anti-
gos que se conhecem. O seu nome an-
cusa, derivado do grego, significa 'pin-
mas. Isto faz que alguns dos seus
nomes vulgares se apliquem tam-
bém indistintamente a uma ou a
outra espécie.

tar* ou 'tingir'. Galeno já a recomen-


dava para a maquilhagem feminina,
pois, aplicada no rosto, proporciona à
pele um saudável tom rosado. Este Outros nomes: lingua-de-vaca, borragem-bastarda.
erva-do-fígado, ancusa.
uso está hoje fora de moda.
Esp.: buglosa, ancusa, lengua de vaca, lenguaza.
argamula, chupamieles, hierba melera, raiz de fuego.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a Fr.: buglosse. langue-de-boeuf. Ing.: bugloss. large
planta contém mucilageni. tanino. co- blue alkanet.
lina, pequenas quantidades de alan- Habitat: Campos baldios do Sul da
loína (cicatrizante) e de alcalóides. As Europa, de preferência solos calcários.
FLORES usam-se como sudorífico e Também se pode encontrar entre
diurético IOI. Também possuem uma searas, vinhas e olivais. Conhecida
acção expectorante, devida ao seu nas Américas Central e do Sul.
conteúdo em mucilagem. Descrição: Planta bienal da família das Boraginaceas. de 30
a 80 cm de altura. Tem o caule e as folhas rodeados de pêlos
O sumo fresco das FOLHAS e das rígidos. O nome "língua-de-vaca" alude à forma e à textura das
FLORES aplica-.se como emoliente folhas. As flores são azuladas.
(acalma a inflamação da pele c cias Partes utilizadas: as flores e as folhas.
mucosas), em virtude do seu conteú-
do em alantoína e mucilagem l@i.
Arctíum lappa L
0| *

Preparação e emprego

Bardana USO INTERNO


O Infusão com 50 g de raiz por
litro de água, de que se lomam
Depurativa e sudorífica 2 ou 3 chávenas diárias.
© Maceração de 20-30 g de
raiz triturada num litro de água
(ria, durante 6 horas. Ferver de-
pois o liquido resultante duran-
te um minuto. Tomar 2 ou 3 chá-
venas por dia. Desta forma se
reforçam as suas propriedades
depurativas.

USO EXTERNO

E STA PLANTA chama a atenção,


sobretudo, pelas suas grandes
folhas. Diz-se que os actores de
teatro da antiguidade clássica as utili-
zavam à maneira de máscaras paia co-
© Compressas: Fazem-se
com a mesma infusão ou mace-
ração descritas para o uso in-
terno, mas um pouco mais con-
centradas. Aplicam-se de 2 a 6
brir o rosto. Por isso recebeu o nome vezes por dia, durante 10-15 mi-
latino de personcitin, já que as máscaras nutos.
teatrais se chamavam personae. O Cataplasmas: Com folhas
Não sabemos como se lerá desco- frescas esmagadas num almo-
berto o efeito desta planta sobre a fariz, ou com a raiz cozida, for-
pele, mas bem pode ler acontecido ma-se uma pasta que se aplica
que algum daqueles actores tivesse sobre a pele afectada, durante
uns 10 minutos, várias vezes
acne ou furúnculos na cara. e que,
por dia.
após umas tantas representações, o as-
pecto da sua pele viesse a melhorar. © Loções: Aplicam-se com o
sumo fresco da planta.
Tenha ou não acontecido assim, o
certo é que os efeitos medicinais da
bardana se conhecem desde tempos Outros nomes: bardana-maior,
muito antigos, (.- já foram registados pegamassa. pegamaço-maior, erva-dos-
por Dioscórides, o grande médico •tinhosos, lapa.
grego do primeiro século da nossa Esp.: bardana, lampazo [mayorj,
era. Contudo, na Idade Moderna, de hierba de tos tinosos, hierba dei amor,
anteón. Fr.: [grande] bardane.
lai modo se exaltaram as proprieda-
Ing.: [great] burdok
des desta planta, que lhe puseram o
Habitat: Cria-se perto dos caminhos e
nome de "cura-iudo". O famoso mé- dos lugares habitados, onde abundem
dico londrino do século XVIII, J o h n resíduos humanos ou de animais, de
Hill, acreditou ter achado nela a so- carácter nitrogenado (esterco). Vulgar nas regiões
lução definitiva contra a gota... Ape- temperadas da Europa e da América.
sar disso, morreu com gota aos 59 Descrição: Planta robusta da íamilia das Compostas, que
anos. costuma ultrapassar um metro de altura. Precisa de dois anos
para dar flor (planta bienal). Tem tolhas muito grandes, de até meio metro de largura.
e inclusivamente mais. Os capítulos florais estão guarnecidos de puas. o que lhes
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz permite aderir à roupa ou ao pêlo. Da sua parte superior saem umas florezinhas de
e as folhas da bardana contêm dife- cor rosada ou púrpura. Costuma contundir-se com a bardana-ordinária ou
rentes princípios activos, que justifi- pegamassa-menor (Àrctium minus L.), de propriedades muito semelhantes.
cam as suas propriedades: Partes utilizadas: a raiz e as folhas frescas. Coíhem-se na Primavera
• Antibiótica: A arctiopicrina. contida (imediatamente antes da floração) do segundo ano da planta.
sobretudo na raiz. é um antibiótico ve-

697
O máximo efeito da bardana
na limpeza e embelezamento
da pele consegue-se
tomando tisanas e, ao
mesmo tempo, fazendo
aplicações externas.

A a c ç ã o antibiótica da b a r d a n a
t a m b é m se manifesta sobre o apare-
lho urinário, já q u e é eliminada com
a urina, pelo q u e se r e c o m e n d a o seu
uso em cistites c infecções urinárias
recidivantes IO.@l.
• Depurativa: Devido ao seu conteú-
do em óleo essencial e em sais mine-
rais ricos em potássio, a bardana é um
excelente sudorífico e depurativo. Fa-
cilita a eliminação de substâncias re-
siduais através da pele. Desta forma,
a pele, q u e é t a m b é m um ó r g ã o cx-
cretor, fica limpa e livre de i m p u r e -
zas. Para isso contribui t a m b é m o seu
m o d e r a d o efeito d i u r é t i c o . Reco-
menda-se no caso de gota (excesso de
ácido úrico), de artritismo e de litía-
se renal IO.©}.
• Hipoglicemiante: A raiz faz descer o
nível de glicose no sangue, em parte
devido ao seu c o n t e ú d o em inulina
(hidrato de carbono de utilidade
para os diabéticos, pág. HO). Dá bons
resultados c o m o complemento no tra-
getal de tipo glicosídico, q u e se reve- de infecções cutâneas produzidas p o r t a m e n t o da diabetes, p e r m i t i n d o re-
lou especialmente eficaz contra o es- estafilococos, c o m o abcessos, furún- duzir a dose de insulina ou de medi-
tafilococo, germe causador de muitas culos, fleimões, adenites e quistos ce- cação antidtabética (0.01.
infecções da pele. báceos infectados IO ©.0.01.
• T ó n i c o capilar: Há q u e m use a bar-
O seu uso, t a n t o p o r via i n t e r n a Ê t a m b é m útil nos eczemas cróni- d a n a , n e m s e m p r e com o mesmo êxi-
(infusão o u m a c e r a ç ã o ) c o m o e m cos e na a c n e , assim c o m o nas d o - to, aplicada sobre o c o u r o cabeludo,
aplicação externa (compressas, cata- enças infecciosas eruptivas (escarlati- em loção ou compressas, com a fina-
plasmas ou loção), é indicado no caso na varicela, s r a m p o , etc.) IO.€>,O,0I. lidade de fazer crescer o cabelo 10,01.
Aristolochia
clematitis L.
M 0

Aristolóquia Preparação e emprego

Cura feridas
e contusões USO INTERNO
O Decocção com 30 g de folhas
com flores e/ou raiz seca (a raiz
fresca é muito tóxica). A dose diá-
ria é de 1 ou 2 chávenas(ver o
quadro de "Precauções").

H IPÓCRATES já utilizara esta USO EXTERNO


planta nos panos difíceis, há © Compressas: a mesma de-
quase 2500 anos. Daí a sua eti- cocção do uso interno também se
mologia grega: mistos (excelente) e lo- aplica sobre a zona afectada por
kios (parto). Hoje já quase não se usa meio de compressas de algodão.
internamente, devido ao seu efeito
irritante sobre o aparelho digestivo.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A plan-


ta contém ácido aristolóquico e aris-
toloquina, um alcalóide tóxico seme-
lhante à colquicina (pág. 666); além
de óleo essencial, tanino, resina e uni
princípio amargo. Aplicada interna- Outros nomes: Brasil:
mente possui propriedades emenago- calungo, cipó-mil-homens.
gas (estimula a menstruação) e ocitó- Esp.: clematitide. aristolóquia.
cicas (estimula as contracções uteri- Fr.: aristoloche clématite.
nas durante o parto) MM. Também Ing.: birthworth.
tem sido usada em casos de artrite e Habitat: Frequente nos
reumatismo. vinhedos e terrenos calcários
da Europa Central e
Actualmente apenas se recomenda Meridional. Ocasionalmente
em aplicação externa, pelas suas pro- também se encontra nalgumas
priedades vulnerárias (cura feridas e zonas temperadas da
América.
contusões) e cicatrizantes. Está indi-
cada nas úlceras varirosas, bolhas dos Descrição: Planta vivaz, que
cresce em colónias, da família
pés e unhas encravadas 19). dâS Aristoloquiáceas. Atinge
Também se tem utilizado contra de 30 a 70 cm. Toda ela exala
mordeduras de serpentes, ainda que um cheiro desagradável. As
com resultados duvidosos. llores são de cor amarela
pálida e de forma tubular.
Partes utilizadas: as folhas
com as flores, e a raiz seca.

Precauções

Não se deve usara raiz fresca, já que


assim é muito tóxica.
Não deve ser usada internamente,
senão sob estrita vigilância médica.
Em doses elevadas torna-se abor-
tiva.
Bixa orellana L
o|

Urucu
Remédio contra
as queimaduras
e expectorante

D AS SEMENTES desta árvore


extrai-sc um apreciado coran-
te alimentar vcrmclho-alaran-
jado, Utilizado no México d e s d e antes
da colonização espanhola. O fruto do
urucu usa-se c o m o c o n d i m e n t o , e a
casca fornece uma fibra têxtil.
Os Maias e os Astecas, q u e tinham
notáveis c o n h e c i m e n t o s de fitotera-
pia, já empregavam o u r u c u contra a
lepra. Sabemos hoje q u e esta planta
Outros nomes: urucum, urucueiro, bixa.
apresenta semelhanças botânicas e
Esp.: achiote. bija. bicha, analto. pumacua, urucu, onoto. atole, cacicuto.
químicas com a c h a m u g r a {Hydnocor- Fr.: roucouyer. Ing.: annatto (tree).
puskurzii [King] Warb. = Tdraklogenos
Habitat: México, Antiíhas e regiões quentes da América do Sui. Cultivado pelo
kurziiKing), árvore asiática de q u e se corante de tom vermelho-alaranjado que se obtém das suas sementes.
extrai um óleo q u e a c t u a l m e n t e se
Descrição: Árvore da família das Bixáceas. que atinge 5 m de altura. As suas flores
emprega no t r a t a m e n t o da lepra. são grandes, de cor vermelha. O fruto é uma cápsula ovóide, de uns 4 cm. coberta
de picos moles e com várias sementes no seu interior.
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS FO- Partes utilizadas: As sementes e as folhas.
LHAS, pelo seu c o n t e ú d o em canino,
são adstringentes e cicatrizantes. Com
a sua infusão fa/.ein-.sc gargarejos q u e
melhoram as aftas da boca, faringites
e amigdalites 101.
Lm aplicação externa (lavagens e
O Preparação e emprego
compressas), a infusão de folhas de
UI1ICU apresenta um interessante efei-
to cicatrizante, e m o l i e n t e (suavizan- USO INTERNO O Cataplasmas com o pó das se-
te) e anti-inflamatório. R t c o m e n d a - O Infusão com uma colherada de mentes.
-se o seu e m p r e g o n o s casos de in- sementes por chávena de água. To-
fecções cutâneas, e r u p ç õ e s , queima- mar 2-3 chávenas por dia.
O pó de sementes obtém-se dei-
duras leves e celulite 101. USO EXTERNO xando as sementes em maceração
As SEMENTES c o n t ê m bixina (co- @ Gargarejos com uma infusão fei- durante quatro horas, espremendo-
r a n t e ) e uma resina. A sua infusão ta com 40-50 g de folhas por litro de -as depois, e deixando-as em re-
usa-se c o m o expectorante cm caso de água. pouso ao sol até que a água se eva-
b r o n q u i t e ou asma IOI. O pó q u e se €) Lavagens e compressas, com pore. Misturar uma colherada de pó
obtém delas, dissolvido em óleo, tem esta mesma infusão, sobre a zona em 100 ml de azeite de oliveira, e
p r o p r i e d a d e s e m o l i e n t e s e, em apli- da pele afectada. aplicar sobre a zona queimada.
cação externa, c um e x c e l e n t e r e m é -
dio contra as q u e i m a d u r a s leves IOI.

700
Chalidonlum
majusL
J . )

J~B Preparação e emprego


Celidónia USO INTERNO
O Infusão de 10-15 g de fol-
Cura as verrugas has ou raízes trituradas por li-
tro de água, da qual se podem
beber até duas chávenas por
dia.

USO EXTERNO
© Látex: Aplicam-se umas go-
tas directamente sobre a ver-
ruga ou a pele afectada, prote-

D tOSCORIDESjá mencionava
esta planta no século I cl.C... e
salientava o facto de que as an-
dorinhas facultam a vista aos seus fi-
lhotes tocando-lhes os olhos com um
gendo a pele sã circundante
com adesivo. Costumam ser
suficientes três aplicações diá-
rias durante 2 ou 3 semanas.
pouco de celidónia.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O látex


que mana de toda a planta contém
uns dez alcalóides, dos quais o mais
activo é a quelidonina. Tem proprie- Precauções
dades coleréticas, aniiespasmódicas,
sedativas e ligeiramente soporíferas
(indutoras do sono). Tem sido utili-
zada com êxito em casos de cólicas ne-
frfticas e biliares, icterícia e insufi- Não exceder as doses indica-
ciência hepática, asma e angina de das. Não aplicar sobre feridas
peito IO). abertas.

\'o entanto, devido à sua toxicidade,


hoje ulili/a-se sobretudo por via exter-
na. Os alcalóides do látex têm pro-
priedades antimitóticas e antivíricas.
Outros nomes: erva-andorinha. erva-
Cura as verrugas, o herpes, os calos e •das-verrugas, quelidónia, quelidónia-
calosidades, com bons resultados •maior, grande-quelidónia. ceruda.
mesmo nos casos mais persistentes e di- Madeira: cedronho.
fíceis de tratar (€>l. Esp.: Celidónia mayor. hierba
celidónia. hierba verruguera, hierba
de Ia golondrina. Fr.: [grande]
chélidoine. herbe dhirondelle.
Ing.: [greater) celandine.
Habitat: Muros húmidos e sombrios, escombros e
beiras dos caminhos de toda a Europa. Em Portugal
encontra-se do Minho ao Algarve. Naturalizada na América
do Norte.
Descrição: Planta herbácea vivaz, da família das
Papaveráceas, que atinge de 30 a 100 cm de altura, de flores
amarelas e cheiro fétido.
Partes utilizadas: as folhas, a raiz e o látex de cor amarelada ou alaranjada que
se desprende quando se corta a planta.

701
Chenopodium
bonus-Henrícus L Qj * P

Quenopódio- Preparação e emprego

-bom- USO INTERNO

-henrique O Verdura: Pode-se comer cru


ou cozinhado.

USO EXTERNO
Emoliente e vulnerário © C a t a p l a s m a s : As folhas po-
dem-se aplicar directamente so-
bre a pele afectada, ou então es-
magadas em cataplasmas, fixan-
do-as com uma ligadura e reno-
vando-as de duas em duas ou de
três em três horas.

Outros nomes:
Esp.: zurrón, zurrones, ânserina. pie de ganso,
pie de ánade. armuelle silvestre, buen armuelle.
buen Enrique, hoja de alubia. Fr.: épinard
sauvage, bon Henri. sarron. Ing.: goodking
Henry, allgood. mercury.

A DESIGNAÇÃO bon us-Henri- Habitat: Frequente nas bermas de caminhos e


ÍII\ foi uma homenagem proximidade de lugares habitados em zonas
montanhosas de toda a Europa. O Chenopodium
prestada por Lineu a Henri- álbum L é frequente em Portugal.
que IV, rei de França e de Navarra
Descrição: Planta vivaz da família das
que, um século antes, por volta de Quenopodiáceas, com caule
1600, havia protegido os botânicos herbáceo que atinge até 60 cm de
do seu reino e promovido o desen- altura. As folhas são grandes.
volvimento da agricultura. triangulares e com o bordo ondulado. As
flores são pequenas, em espiga terminal.
As folhas do quenopódio-bom-hen-
Partes utilizadas: As folhas.
rique são muito apreciadas pelos cam-
poneses das montanhas, que as co-
mem à maneira dos espinafres.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Ioda a


planta é rica em saponinas; saís mine-
rais, especialmente de (erro; e vitami-
na C. K depurativa, suavemente la-
xante e antianémica IOJ. A seme-
lhança da erva-formigueira {Clnniapa-
(Uum amhwsiaides l... pág. 139). espé-
cie da mesma Família, que se cria na
América, tem um efeito vermífugo
(elimina os parasitas intestinais).
A sua propriedade mais importan-
te é a vulnerária e emoliente em uso
externo. As folhas aplicam-se esmaga-
das em cataplasmas, ou mesmo direc-
tamente sobre abcessos (acelera a sua
maturação), furúnculos, e sobre úlce-
ras ou chagas de diJíril cicatrização
101.

702
jlossum
ófficínale L Q< t J i

Preparação e emprego

Cinoglossa USO INTERNO

Cura as gretas da pele O Decocção com uma colhera-


da de raiz triturada, por chávena
de água. Toma-se uma chávena
durante todo o dia.

USO EXTERNO
© Cataplasmas com folhas es-
magadas, que se aplicam sobre a

E STA PLANTA foi utilizada des-


de o século XVI, na preparação
de umas célebres pílulas narcó-
ticas descritas pelo célebre cirurgião
francês Ambroise Pare (1510-159»),
pele afectada durante meia hora.
€> Compressas: Aplicam-se com
o sumo fresco da planta ou com
a decocção da sua raiz.
as quais, além de cinoglossa. conti- O Manilúvios (banhos de mãos):
nham ópio, meimendro-negro, aça- Com uma decocção de cinoglos-
frão, incenso e mirra. Hoje. no en- sa, que se prepara com 50 g de
tanto, a cinoglossa já quase não se usa folhas e de raiz por litro de água,
e, praticamente, só se emprega por postas a ferver durante 5 minutos.
via externa.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz


cia planta contem alcalóides (cino-
glossina), um glicósido tóxico (con-
solidina), um princípio amargo (ci-
noglossidina). mucina. alantoína e
abundante tanino. As folhas são par-
ticularmente ricas em alantoína e ta-
~*9
nino. A alantoína é uma substância
emoliente e cicatrizante, Que entra na
composição de várias pomadas e pre-
parados farmacêuticos.
A < inogíossa tem propriedades ads-
tringentes e sedativas. V,m aplicação ex-
terna é emoliente (acalma a pele e as
mucosas inflamadas) e cicatrizante, Outros nomes: lingua-de-cão.
graças ao seu conteúdo em alantoína. Esp.: cinoglosa. lengua de perro, iengua canina.
hierba conejera. Fr.: cynoglosse [officinate] langue-
Utili/.ava-se em infusão como anti- -de-chien. Ing.: hounds-tongue.
diaritica e como peitoral IOJ. mas a Habitat: Difundida por toda a Europa e naturalizada nas
sua principal aplicação é externa, regiões temperadas do continente americano, embora
como cicatrizante nos casos de gretas pouco frequente. Prefere as beiras dos caminhos, os escombros e os terrenos
cutâneas, queimaduras, úlceras per- incultos.
sistentes e feridas de difícil cicatri- Descrição: Planta vivaz da família das Boragináceas. que atinge de 30 a 80 cm de
zação !©.€>!. altura. As folhas são de uma cor verde acinzentada, compridas, brandas e cobertas
de pêlo. As flores são vermelhas, quase cor-de-vinho. Exala um cheiro
Os manilúvios com a decocção de desagradável.
cinoglossa suavizam e hidratam a pele
Partes utilizadas: a raiz seca e as folhas frescas.
das mãos. São de grande utilidade no
caso de estas ficarem demasiado secas
por acção do frio ou pelo contacto
com produtos químicos IQI.

703
Equisetum
arvense L k \

ne Preparação e emprego

Cavalinha USO INTERNO


O D e c o c ç ã o com 40-50 g de
Regenera os tecidos planta por litro de água. Ferver
durante 10 minutos a fogo lento.
Tomar de 3 a 5 chávenas diárias.
© Sumo fresco da planta: 3 co-
lheres de sopa a cada refeição.

USO EXTERNO
© C o m p r e s s a s com uma de-
cocção como a indicada para uso
interno, mas mais concentrada
(100-150 g de planta por litro de
água). As compressas aplicam-
-se localmente sobre a zona afec-
tada, por exemplo, sobre as ma-
mas ou sobre o ânus.
© T a m p o n a m e n t o nasal: Faz-
-se com uma compressa empa-
pada na decocção descrita ante-

A
CAVALINHA é unia p l a n t a riormente, que se introduz dentro
original do ponto de vista do nariz.
botânico, É uma criptogâmi-
ca que, tal como os fetos, se reproduz
por meio de esporos. Os esporos cn-
coniram-se u n i c a m e n t e n o c h a m a d o
caule fértil, q u e cresce na Primavera e
q u e tem a forma de um e s p a r g o . A ca-
valinha, e m b o r a l e n h a raízes, n ã o leni
folhas, n e m flores, n e m p o r t a n t o se- Outros nomes: equiseto-dos-
mentes. •campos, cauda-de-cavalo.
cavalinha-dos-campos. erva-
Há cerca de 20 espécies de equise- carnuda, pinheirinha, rabo-de-asno.
tos, q u e diferem n a a l t u r a d o c a u l e . rabo-de-cavalo. rabo-de-touro.
As propriedades de l o d o s eles s ã o se- Esp.: cola de caballo, equiseto-
melhantes, p e l o q u e nos l i m i t a m o s a -menor, rabo de caballo. Fr.: prêle,
descrever o mais vulgar de iodos, o ar- queue de rat. Ing.: horsetail.
vense ou cavalinha. Habitat: Conhecida em toda a Europa e
América. Cresce nos lugares frescos e
A cavalinha e i a c o n h e c i d a p o r
sombrios de clima temperado, embora também
Dioscórides e go/.ou s e m p r e de m u i t o se encontre em pedregais, beiras de caminhos e
boa r e p u t a ç ã o c o m o p l a n t a m e d i c i - lugares secos. Prefere os solos arenosos.
nal. A n u a l m e n t e é m u i t o a p r e c i a d a Descrição: Planta herbácea, vivaz, da família das
pelo seu elevado c o m e n d o em silício, Equisetáceas. que atinge de W a 30 cm de altura.
o l i g o e l e m e n t o mineral q u e participa Produz dois tipos de caules: uns sào férteis, de cor
nos processos de r e g e n e r a ç ã o dos te- avermelhada e sem ramos, que aparecem primeiro.
cidos. em cuja extremidade há uma espiga com esporos; e outros
estéreis, que aparecem no fim da Primavera, formados por diversos
segmentos articulados, dos quais saem uns ramos muito finos.
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : Ioda a
Partes utilizadas: os caules estéreis e os seus ramos.
planta é m u i t o rica em substâncias mi-
nerais, e s p e c i a l m e n t e silício e potás-
sio. Além disso, c o n t é m u m a saponi-

704
Aplicada em compressas,
a decocção de cavalinha
dá firmeza aos tecidos
mamários. Esta acção è
reforçada se, além disso,
se ingerir também o
líquido da dita
decocção.

nos ligamentos e nos ossos. Nestes te-


cidos, estimula a regeneração das li-
bras de colagénio e elastina que os for-
niam, e que, com a idade, vão per-
dendo consistência e elasticidade. O
silício favorece a "reconstrução" ou
regeneração dos nossos tecidos, pois
sem ele não se pode realizar a síntese
de libras de colagénio ou elasiina
(eleito catalizador).
Embora o silício também se en-
contre nos cereais integrais e na leve-
dura de cerveja, a cavalinha é o vege-
tal com maior proporção de silício orgâ-
nico, isto é, combinado com proteínas
(0,õ%-0,8%). O silício mineral isola-
do, isto é. quimicamente puro, não
pode ser absorvido e assimilado pelo
organismo.
• Rugas e estrias da pele, como con-
sequência do envelhecimento, obesi-
dade ou emagrecimento bruscos, gra-
videz, tensão muscular, etc. Melhora
a flacidez da pele e fá-Ia recuperar um
aspecto limpo e elástico, tanto toma-
da por via oral IO.01. como aplicada
em compressas l€)l.
• Unhas frágeis ou quebradiças IO.01.
na (a equisetonina); flavonóides, a pele). São estas as suas principais in- • Flacidez mamária: Aplicada em
que se deve o seu eleito diurético; di- dicações: compressas sobre a mama, dá firme-
versos ácidos orgânicos; e resinas. Pos- za e tonicidade aos tecidos mamários
sui propriedades remineralizantes, • Processos degenerativos da pele, do
tecido conjuntivo e dos ossos. As úhi- l©l. Este efeito é reforçado se tam-
diuréticas e depurativas, hemostáticas bém se ingerir a decocção IOI.
e. em aplicação externa, cicatrizantes. inas investigações sobre o papel do si-
lício no organismo descobriram que • Ulceras varicosas, abcessos, feridas
este oligoelemento se encontra em infectadas, eczemas, conjuntivites:
Os melhores resultados obtêm-se pequeníssimas quantidades no orga- Aplicada em compressas, dá bons re-
combinando o uso interno (tisanas) nismo), existe na pele, nas unhas, no sultados, em virtude das suas pro-
com o externo (aplicações sobre a esmalte dos dentes, nas cartilagens, priedades cicatrizantes IOI.

705
o Alcalóides na cavalinha
•Artrose (degenerescência da carti-
lagem articular). A cavalinha, graças
ao seu conteúdo em silício e ao seu
eleito depurativo, é possivelmente um
dos poucos tratamentos de fundo que ac-
Na cavalinha e noutras plantas tualmente temos à disposição para
do género Equisetum, alguns in- esta difícil doença lOl.
vestigadores encontraram quan-
tidades muito pequenas de ni- • Osteoporose (perda da consistência
cotina (indícios). Com as doses óssea): O silício estimula a actividade
recomendadas de cavalinha, a dos osteoblastos e libroblastos, as cé-
quantidade de nicotina que se in- lulas do tecido conjuntivo que sinte-
gere é praticamente desprezável, tizam as fibras de colagénio e formam
e não tem quaisquer efeitos so- a matriz do osso IOI.
bre o organismo.
• Raquitismo, fracturas, descalcifi-
Convém esclarecer que os alca-
lóides, como é o caso da nicotina,
cação. O silício facilita a assimilação
são mais abundantes nas plan- e a fixação do cálcio nos ossos IOI.
tas angiospérmicas. Contraria- •Arteriosclerose: As últimas investi-
mente, as algas, os musgos e as gações demonstram que a carência
plantas criptogàmicas (a que per- de silício é um importante factor pre-
tence a cavalinha) praticamente disponente, O silício tem um efeito
não contém alcalóides. preventivo, e possivelmente regene-
rativo, sobre a degenerescência das
artérias, ao estimular a regeneração
das fibras elásticas deterioradas na
sua parede IOI.
• Edemas (retenção de líquidos), li-
tíase renal (cálculos nos rins), in-
fecções urinárias, gota, rxcesso de
ácido úrico, e sempre que se preten-
da um efeito diurético e depurativo
suave mas eficaz. IO.0I.
• Hemorragias: A cavalinha tem um
notável efeito hemostático (detém as
hemorragias), tanto aplicada local-
mente como ingerida por via oral. Km
caso de episiaxe (hemorragia nasal),
aplica-se um lamponamento nasal
com uma compressa empapada na
decocção concentrada IOI. Em caso
de hemorróidas sangrantes, colocam-
A cavalinha é muito -se compressas da decocção sobre o
rica em silício, ânus 101. Em ambos os casos pode-se
oligoelemento que reforçar o efeito hemostático toman-
favorece a do também a decocção ÍOÍ.
regeneração dos
tecidos da pele e Nos casos de hipermenorreia
dos ossos.
(menstruação excessiva), de hemor-
As compressas com
ragias gástricas (devidas, por exem-
uma decocção de
cavalinha são muito plo, a úlcera gastroduodenal) ou
úteis nos casos de bronquiais (causadas, por exemplo,
celulite ou pela tuberculose pulmonar), o uso da
obesidade, pois decocção de cavalinha contribui para
melhoram a flacidez cicatrizar os tecidos sangrantes e para
da pele, deter a hemorragia IOI. Naturalmen-
devolvendo-lhe um
aspecto limpo e
te que, em qualquer destes casos, é ne-
elástico. cessária a assistência médica.

706
Evonymus
europadusL

Preparação e emprego

Evónimo U S O EXTERNO
O Lavagens com uma decocção
Combate os parasitas de 30 g de frutos por litro de água,
da pele aplicadas sobre a zona da pele
afectada pelos parasitas, inclusi-
ve da cabeça. Também se pode
esfregar directamente a pele com
os frutos.
© Fricções: Também se pode
esfregar directamente a pele com
os frutos.

A MADEIRA deste arbusto é de


excelente qualidade para o fa-
brico de diversos utensílios
como, por exemplo, OS lusos com que
antigamente se fiava a lã. Por esia
razão, alguns dos seus nomes vulgares
em diversas línguas provêm da palavra
'luso'.
Outros nomes: barrete-de-padre,
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Km zaragatoa. Brasil: evónimo-da-
ioda a planta, e especialmente nos •europa.
Irmos, encontra-sc o glicósido evoni- Esp.: evónimo, bonetero,
mina, que é o seu princípio activo bonetillo, boj montês, falso boj,
mais importante, além de tanino, áci- paio de cuatro carreras.
dos orgânicos, pigmentos e vitamina Fr.: íusain [noirj, bonnet de
C Tem propriedades cardiotónicas se- prêtre. Ing.: (Europeanj spindle
tree, prick wood.
melhantes às da dedaleira (pág. 221).
e colagogas (provocam o esvaziamen- Habitat: Comum em terrenos
to da vesícula biliar). húmidos e bosques claros de
toda a Europa. Em Portugal ê
Não se recomenda o uso interno do espontâneo no Alto Trás-os- Precauções
evónimo, devido à stia toxicidade (ver -Montes. Naturalizado nas
quadro de "Precauções"). regiões de bosques da América
do Norte.
Aplicados externamente, os frutos Descrição: Arbusto da família
utili/am-se como insecticida e contra das Quelastráceas, que atinge de Por via interna, torna-se tóxico
diversos parasitas do corpo humano, 2 a4m de altura. Os frutos são em doses superiores a 10 g de
como a sarna e os piolhos IO.0I. Hoje, carnudos, muito atraentes, cor- frutos, provocando violentas diar-
devido ao aparecimento dos produtos -de-rosa ou púrpura, e estão reias e transtornos cardíacos.
químicos, já raramente se usam. o que divididos em 4 gomos.
não quer dizer que deixem de ler uti- Partes utilizadas: os frutos.
lidade.

707
Flcus carica L.
Q| *

Figueira
Um antigo remédio
ainda válido

E ZEQUIAS toi um cios monarcas


mais eminentes do reino de
judá, que governou entre os
anos 727 e 698 a.C.
Ora, à semelhança do que aconte-
cera no ano 720 a.C. com o reino de
Israel, o Império Assírio ameaçava
transformar Judá numa província as-
síria. Senaqueribe, o grande conquis- Outros nomes: figueira-mansa, figueira-da-europa, figueira-de-baco. bebereira.
tador assírio, linha cercado Jerusalém, Esp.: higuera, higuera común, higo (extranjero], brevera, brevo, higuera de Egipto.
e a rendição parecia a única saída. Fr.: figuier Ing.: fig tree.
«Resiste aos assírios e confia no Habitat: Amplamente distribuída por toda a bacia mediterrânea, e actualmente
Eterno», disse o profeta Isaías ao rei aclimatada também em regiões secas e soalheiras do continente americano.
Exéquias. Quando a invasão parecia Descrição: Árvore da família das Moraceas. de madeira branda e seiva leitosa, com
iminente, surgiu uma grande epide- folhas grandes e esperas ao tacto. Os figos, impropriamente chamados frutos, são
mia no acampamento assírio, e o po- as inflorescências carnudas da figueira.
deroso exército conquistador vtu-.se Partes utilizadas: os figos e o látex.
obrigado a retirar. O historiador gre-
go Heródoto confirma este episódio
numa das suas crónicas.
Entretanto, quando o rei Ezequias
Jí Preparação e emprego
estava a desfrutar o triunfo que cor-
respondia a ter-se livrado da invasão USO INTERNO USO EXTERNO
inimiga, caiu gravemente enfermo.
Surgiu-lhe uma terrível chaga que lhe O Figos secos: Para combater a €) Cataplasma: Tritura-se um pu-
punha em risco a vida, e que os médi- prisão de ventre, comem-se de nhado de figos frescos, ou de figos
cos que tinha ao seu serviço não eram manhã, em jejum, uns 200 g de fi- secos postos de molho, e com a pas-
capazes de curar. Desesperado, seguiu gos secos postos de molho, de vés- ta resultante prepara-se uma cata-
o conselho de Isaías, o profeta que an- pera. plasma, que se aplica envolvida num
pano fino de algodão sobre a zona
teriormente o tinha animado a resis- ©Decocção: Prepara-se com 10-
-12 figos secos num litro de água ou afectada. Deixa-se ficar durante o
tir aos assírios.
leite. Deixam-se ferver até que o lí- dia e retira-se à noite, lavando bem
«Preparem uma massa de figos e quido se reduza a metade. Para a pele. Também se pode aplicar di-
apliquem-na sobre a chaga», reco- combater as afecções digestivas ou rectamente um figo aberto ao meio.
mendou Isaías. O relato bíblico indica respiratórias ingerem-se 3 ou 4 chá- O Látex: Aplicar umas gotas sobre
que aquela cataplasma deu resultado venas diárias deste líquido, quente. as verrugas, todos os dias, durante
(11 Reis 20:7). A chaga sarou e o rei Os figos cozidos também se podem várias semanas (ver o quadro infor-
Ezequias viveu ainda vários anos. comer. mativo da página seguinte).
Cerca de oitocentos anos mais tar-
de, Dioscórides, o íamos») médico e

708
botânico grego, escrevia o seguinte
acerca dos figos: «Cozidos, esmaga-
dos e aplicados em forma de emplas-
tro, resolvem qualquer dureza, amo-
lecem os lobinhos e amadurecem os
Furúnculos.» K continua salientando
as propriedades cicatrizantes e cura-
tivas que os figos têm sobre Ioda a es-
pécie de chagas e feridas. Terá Dios-
córides tido conhecimento da histó-
ria do rei Exéquias? Pode ser que, de-
pois de ter verificado com os seus pró-
prios doentes a eficiência do remédio
aplicado a Exéquias, o tenha querido
registar no seu livro.
Actualmente, passados 2700 anos,
continuam válidas as recomendações
do profeta [saías. E muitas outras apli-
cações terapêuticas desta velha árvore
se têm vindo a descobrir.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS FI-


GOS são especialmente ricos em açú-
cares: frutose, glicose e sacarose-;
contêm ainda pequenas quantidades
de gorduras e proteínas, assim como
sais minerais, vitaminas A. Bi, B.- e C,
e ácidos orgânicos. O seu uso é reco-
mendado sobretudo aos que sofrem
de prisão de ventre (acção laxante),
às mulheres grávidas e aos que so- Os figos, tanto frescos como
secos, ajudam-nos a equilibrar a
frem de esgotamento físico ou men- nossa dieta, e a curar doenças
tal (acção tonificante) MH. tão diversas como as faringites,
as gastrites, as bronquites, a
O líquido que se obtém da de- tosse seca ou irritativa, ou então
cocção de FIGOS SECOS tem proprie- feridas, abcessos e erupções da
dades emolientes (calmantes) sobre pele.
as mucosas inflamadas, quer do apa-
relho digestivo quer do respiratório.
Dá bons resultados nos casos de fa-
ringite, gastrite, bronquite e tosse
O Leite de figueira
seca ou irritativa [©!.
Aplicados externamente, em forma
0 leite ou lágrima da figueira, como
de cataplasma, os figos são resolutivos
chama Dioscórides ao látex segre-
(favorecem a maturação de abcessos
gado nas folhas e ramos desta árvo-
e inflamações) e cicatrizantes. Utili-
re, contém diversas enzimas capa-
za m-se no caso de feridas infectadas, zes de coalhar o leite e até de dige-
furúnculos, abcessos e fleimões den- rir a carne.
tários l€)l.
Utiliza-se para amolecer os calos e
Seguindo a teoria dos sinais, os fi- eliminaras verrugas. Para o conse-
gos foram usados, segundo dix Font guir, é preciso persistência e aplicá-
Quer, contra «certos inchaços do -lo todos os dias durante várias se-
ânus formados â maneira de figos», manas IO). Também se pode aplicar
quer dizer, contra as hemorróidas. sobre as verrugas uma folha de fi-
Mas apesar da semelhança entre as gueira esmagada e quente, à manei-
formas, os figos não si- mostraram efi- ra de cataplasma.
cazes para combatê-las.

709
Gossypium
herbaceum L. A V

Algodoeiro
Protege a pele e Outros nomes: xilo.
desinflama os Esp.: Algodonero, algodonal,
algodón. Fr.: cottonier.
brônquios Ing.: cotton.
Habitat: Planta originária da
Ásia, embora se encontre
cultivada nas zonas
quentes de quase todo
o mundo.
Descrição: Planta
herbácea da família das
Malváceas, que atinge até

A
NDRÉS de Laguna o famoso

*T'
um metro de altura. As
médico espanhol do século folhas são divididas em 3 ou 5
XVI, que traduziu e comen- lóbulos. As flores são
tou as obras do sábio grego Dioscóri- solitárias e vistosas, com 5
des, disse, referindo-se ao algodão: pétalas de cor amarela ou
branca, e cada uma delas
«Não somente nos cobre, esta planta, com uma mancha de cor
mas ainda nos socorre contra muitas púrpura na sua base. O fruto
enfermidades». ê uma cápsula ovóide de 5-6
cm, que contém várias
Fala-se de algodão hidrófilo (eti- sementes cobertas de uma
mologicamente, 'amigo da água'). fibra branca: o algodão.
porque é capa/ de absorver rapida-
mente grandes quantidades de líqui- Partes utilizadas: as folhas,
as flores, as sementes e a
do. E esta propriedade que permite casca da raiz.
que a pele coberta por uma compres-
sa feita de tecido de algodão se man-
tenha seca e limpa.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS fi-


lamentos das sementes do algodoei-
ro, o algodão, são praticamente celu-
lose pura, com uma finíssima camada
de substâncias gordas e de ácidos
orgânicos. As propriedades hidrófilas
e absorventes do algodão tornam-no
O Preparação e emprego
o melhor material paia pensos e liga-
duras.
Não esqueçamos também que o al- USO INTERNO
godão é a fibra têxtil mais saudável e hi- O Óleo de sementes: Usa-se
giénica, principalmente para a roupa em diversos preparados alimen-
interior. Ás suas propriedades absor- tares e farmacêuticos.
ventes há ainda a acrescentar que não
© Infusão com as flores e as fo-
provoca reacções alérgicas, como
lhas, na proporção de 10 g por li-
muitas vezes acontece com os tecidos
tro de água. E costume acres-
sintéticos.
centasse também um punhado de
As SEMENTES do algodoeiro con- sementes. Tomam-se 3 ou 4 chá-
têm 20% de óleo rico em ácidos gor- venas por dia.
dos polinsatnrados, altamente reco-
mendáveis para quem sofra de exces-
so de colesterol no sangue. Por isso o

710
O algodão é a fibra têxtil
mais saudável e de maior
utilidade. É ideal para peças
de roupa interior, que estão
em contacto directo com a
pele. É com esta fibra que se
fabrica o algodão hidrófilo,
indispensável no tratamento
de feridas e para a aplicação
dos mais diversos produtos
cosméticos ou medicinais
sobre a pele. As tradicionais
ligaduras de algodão
continuam a ser as mais
higiénicas e de mais fácil
utilização.

Óleo de sementes do algodoeiro se


Utiliza na indústria alimentar e far-
macêutica IO), assim como no fabrico
de sabonetes e cosméticos, devido à sua
acção emoliente sobre a pele.
As FOLHAS das FLORES do algodo-
eiro .são ricas em mucilagens, e têm
propriedades emolientes (calmantes
da pele e mucosas inflamadas) e pei-
torais. L lilizam-se em infusão nos ca-
sos de catarro brônquico, para amo-
lecer as secreções e desinflamar as
vias respiratórias 101. Também são
úteis no caso de disenteria ou de co-
lite, pelo seu eleito emoliente e anti-
inflamatório sobre a mucosa intesti-
nal.
A casca da RAIZ do algodoeiro
contém substâncias de acção ocitóci-
ca. semelhante aos alcalóides da cra-
vagem do centeio, que estimulam as
contracções uterinas. Antigamente
administrava-se nos partos difíceis, e
também pata fazer parar as hemor-
ragias uterinas, pois contraindo o
útero impedem-no de continuar a
sangrar. Possui também efeito eme-
nagogo, isto é, que provoca e ajuda a
menstruação. Actualmente yd não se
utiliza para estes fins, porque dispo-
mos de substâncias mais potentes e
seguras.

711
X para a pele ^7
HaderahellxL
k J J
Xí Preparação e emprego

Hera
USO EXTERNO
Cicatrizante O C o m p r e s s a s : Empapam-se
no líquido de uma decocçào de
e analgésica 30 g de folhas por litro de água.
Aplicam-se sobre a zona afec-
tada.
© Banhos: Acrescenta-se esta
mesma decocçào à agua do ba-
nho para obter um efeito rela-
xante e analgésico.
© Cataplasmas: Também se po-
dem usar directamente as folhas,

F ALANDO da hora. diz Andrés cie


Laguna quo, «bebido o seu su-
mo e cheirado, perturba a razão
nem mais nem menos que o vinho».
Talvez fosse por isso que os sacerdotes
que se fixam sobre a zona a tra-
tar, por meio de uma ligadura de
gaze.

de Baco. o deus romano do vinho, se


faziam coroai' com uni ramo de hera.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


plaina contém saponinas uiíerpéni- Precauções
cas. enue as quais se destaca a hede-
rina, que constituem os seus princí-
pios activos. Aplicadas externamente, as
folhas da hera são cicatrizantes e anal-
Os frutos ou bagas da hera são
gésicas. São indicadas nos seguintes
especialmente tóxicos: bastam
casos:
dois ou três para provocar uma
• Feridas de cicatrização difícil, úlce- intoxicação grave numa criança.
ras e gretas <la pele. Aplicaiu-se em As folhas podem desencadear
compressas ou em cataplasmas (0.01. reacções alérgicas.
• Nevralgias e dores reumáticas: As
folhas da hera produzem um efeito
relaxante sobre os músculos e articu-
lações. Acalmam ;i dor e diminuem a
inflamação, quer aplicadas em com-
pressas, quer em banhos com a sua
decocção, quer ainda em cataplasmas Outros nomes: hera-dos-muros, hera-
(0.0.01. -trepadeira, hédera, hedra. hereira.
• Celulite: Os banhos com decocçào heradeira, aradeira.
de hera ajudam a desinflamar os teci- Esp.: hiedra. Fr.: lierre.
Ing.: [Englishj ivy.
dos subcutâneos. lambem se reco-
mendam as compressas (Ol e as cata- Habitat: Cria-se em lugares
plasmas 101. pedregosos de toda a Europa. Naturalizada na
América.
Em uso interno, as folhas da hera já Descrição: Planta trepadeira da família das Araliãceas,
foram utilizadas como antitússico e que atinge até 50 m de altura. O cause é lenhoso, e as
como emenagogo (desencadeiam a folhas palmadas, de cor verde escura. Os frutos são bagas globulosas. de cor
menstruação). No entanto não se reco- negra e cheiro aromático.
mendam desta maneira, devido à sua Partes utilizadas: as folhas jovens frescas.
toxicidade.

712
Hellotropium
europaeum L
a m

Preparação e emprego
Tornassol
USO INTERNO
Desinfecta e cicatriza O I n f u s ã o ou d e c o c ç ã o com
as feridas 20-40 g de folhas por litro de
água, de que se tomam até 3
chávenas diárias.

USO EXTERNO
© Loções sobre a zona da pele
afectada, com a mesma infusão
ou decocção de uso interno.

A S FOLHAS desta planta nio-


vimentam-se seguindo o per-
curso do Sol no céu. Daí o
seu nome vulgar. Dioscórídes já a re-
comendava no século I d.O, para eli-
© Compressas empapadas na
infusão ou decocção.

minar as verrugas. Por isso também se


chama verrucàría.
r* Baunilha-dos-jardins
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a
planta contem o alcalóide heliotropi-
ua. que lhe outorga propriedades Este heliotrópio peruano (Heliotro-
anti-sépticas e cicatrizantes, febrífu- pium peruvianum L, Heliotropium
gas, colagogas (estimula o funciona- arborescensL), a baunilha-dos-jar-
mento da vesícula biliar), e emenago- dins, também conhecida como bál-
gas (activa a menstruação) íOI. samo-de-cheiro, é uma planta mui-
to aromática que se usa como
A sua aplicação mais importante
substituto da quinina devido às
são a.s lesões da pele: feridas, abcessos,
suas propriedades febrífugas; co-
úlceras varicosas, erupções e verrugas, mo anti-inflamatório e anti-sépti-
embora leve muitos dias a eliminá-las co em caso de cistite (inflamação
10.01. da bexiga); e como vulnerário e ci-
catrizante em aplicação externa,
do mesmo modo que o europeu.

Outros nomes: tornesol, verrucàría. erva-das-verrugas.


Esp.: verrucàría, heliotropo (europeo), verruguera,
hierba de las verrugas, tornasol. pendientitos.
Fr.: héliotrope. Ing.: heliotrope.
Habitat: Lugares incultos, campos abandonados e
bermas de caminhos de toda a Europa; em alguns
jardins, como planta ornamental.
Descrição: Planta, de aroma agradável, da família das
Boragináceas, que atinge até 80 cm de altura. Os seus
caules e folhas estão cobertas de pelos suaves. As
flores são pequenas e agrupam-se em ramalhetes
curvados na extremidade.
Partes utilizadas: as folhas.

713
Hypericum
períoratum L
> * . * . *

Hípericáo Preparação e emprego

Excelente remédio para


as queimaduras USO INTERNO
O Infusão com 30-40 g de plan-
ta seca por litro de água. de que

O HIPERICÃO é uma das plantas se toma uma chávena depois de


medicinais que gozavam de maior cada refeição.
reputação na antiguidade clássica,
reputação essa que se tem mantido com USO EXTERNO
0 passar dos séculos. Dioscórídes (século © Óleo de hipericão: Existem
1 d.C) já lalava do hipericão de um modo actualmente vários preparados
muito elogioso. Dix-se que o nome da farmacêuticos que o contém. Apli-
plama deriva do grego hyper (sobre) e ti- ca-se com um pouco de algodão
hni (imagem), porque ela está acima de sobre a pele lesionada ou quei-
tudo 0 que se possa imaginar. mada, que seguidamente se co-
As folhas do hipericão acham-se re- bre com uma gaze ou ligadura.
pletas de umas pequenas bolsas secreto-
ras, visíveis a contraluz, que parecem pe-
quenos orifícios. Daí o nome de pfífora-
litw. No Renascimento, os partidários da
teoria dos sitiais, quiseram ver nas folhas
«perfuradas, mas cicatrizadas», o sinal
que indicava as suas propriedades cica-
trizantes. No século XVIII conhecia-se
esta planta como *'erva-militar". pois era
muito apreciada pelos soldados.
Em Portugal, é particularmente
apreciada a espécie Hypericum androsae-
mum I... o chamado hipericào-do-gerês,
ou androsemo, que reúne excelentes Ouíros nomes: nipencão-vulgar,
milfurada. erva-de-são-joão. mal-
qualidades de grande valor terapêuti- -furada, pelicão. flor-de-são-joão.
co. Frequente na região do Gerês, seu
Esp.: hipérico. hipericón, pericón.
habitat natural, também se pode en- perforada, corazonciilo, cori. hierba de
contrar noutros pontos do Minho, das Ias heridas, hierba de San Juan.
Beiras e mesmo da Estremadura, em lo- sanjuanes. Fr.: millepertuís [perforè],
cais frescos e húmidos. A planta, pere- herbe de Saint Jean. Ing.: Saint John's
wort.
Habitat: Planta distribuída por todo o
mundo. Comum na Europa e na América.
Cria-se nos bosques, terrenos incultos e
Precauções beiras dos caminhos.
Descrição: Planta vivaz de 30 a 60 cm de
altura, òa família das Guiiferas. O seu caule é
erecto, e as folhas translúcidas são perfuradas
por uma multidão de orifícios, como se fosse um
Evitar a acção directa do sol sobre a pano gasto. As flores são amarelas, com 5 pétalas
peie enquanto se estiver a tomar ou a cada uma.
aplicar o hipericão. A hipericina pro- Partes utilizadas: As sumidades floridas (folhas e
duz fotossensibilização, a qual pro- flores) e o seu óleo.
voca o enrubescimento da pele quan-
do se apanha sol.

714
ne, de dois a quatro palmos de aluna,
tem Folhas opostas, obtusas, de bordos
inteiros, com numerosos pontos trans-
lúcidos visíveis ã contraluz, e as flores
formam um ramalhete terminal. As
suas p r o p r i e d a d e s , indicações e ma-
neira de utilizar são as mesmas que as
do hipericão vulgar.
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS fo-
lhas e as llores do hipericão c o n t ê m
um óleo essencial, taninos, flavonói-
des, e um p i g m e n t o v e r m e l h o co-
nhecido c o m o hipericina. O hipericão
apresenta as seguintes propriedades:
• Vulnerário ( q u e sara as feridas e
contusões), devido ao seu c o n t e ú d o
em taninos e à sua essência. Aplicado
localmente, em forma de óleo 101, pos-
sui interessantes acções q u e o t o r n a m
um excelente r e m é d i o para a cura de
feridas e q u e i m a d u r a s :
- Modera a reacção inflamatória nos
tecidos q u e rodeiam a ferida ou a
contusão.
- T e m efeito analgésico local, p e l o
q u e acalma a d o r de forma suave,
ainda q u e persistente.
- E anti-séptico.
- Estimula a epitelização, ou seja, o
revestimento da lesão por pele re-
generada.
Por indo isto, o hipericão já é utili-
O hipericão é altamente apreciado, devido às suas notá-
zado há mais de dois mil anos, para veis virtudes vulnerárias, que desde há milénios têm ga-
curar toda a espécie de feridas, chagas rantido a sua utilização no tratamento das queimaduras.
e, sobretudo, queimaduras. Além disso sabemos hoje que, graças às suas proprieda-
Nas p e q u e n a s q u e i m a d u r a s de pri- des tonificantes e sedativas, tomado em infusão, se mos-
tra muito útil no tratamento da depressão e outros trans-
meiro e s e g u n d o graus, é MIAIS eficien- tornos nervosos.
te que a maioria das pomadas prepara-
das à base de produtos de síntese quí-
mica; nas extensas, ou nas profundas,
recomenda-se sempre o tratamento por
um médico.
Por via interna (Ol o hipericão é:
• Balsâmico e antiespasmódico: Indi- Preparação do óleo de hipericão
c a d o nos casos d e asma, c a l a r r o s
brônquicos e bronquites.
• Digestivo, colagogo e c o l e r é t i c o : Quem quiser seguir os costumes tradi- em maceração durante 20 ou 30 dias,
Ajuda a fazer a digestão, d i m i n u i a cionais, pode preparar o seu próprio óleo remexendo diariamente o frasco. Pas-
acidez do e s t ô m a g o e facilita o fun- de hipericão da seguinte maneira, reco- sado esse tempo, filtra-se o azeite e co-
c i o n a m e n t o da vesícula biliar. mendada pelo botânico espanhol Font loca-se em pequenos recipientes que se
• Tonificante c equilibrador do siste- Quer: guardam bem vedados, num lugar fres-
ma n e r v o s o : A h i p e r i c i n a t e m um Metem-se dentro de um frasco de vidro co e protegido do sol. Cada vez que se
efeito equilibrador do sistema nervo- de boca larga 100gde sumidades (pon- abrir um deles, deve-se deitar fora o
so c foi provado q u e p o d e ajudar os tas dos ramos), colhidas há pouco tem- azeite que ficar por ser usado, pois mes-
q u e sofrem de depressão ou neurose. po, mas já secas. Acrescentam-se 250 mo guardado perderia as suas proprie-
Usa-se em caso de e n u r e s e infantil g de bom azeite de oliveira. Deixam-se dades.
(crianças q u e m o l h a m a c a m a ) .

715
Ullum candldum L.

Açucena m
Um bom remédio para
queimaduras e gretas

A AÇUCENA é u m a planta or-


n a m e n t a l cultivada d e s d e a
mais r e m o t a antiguidade. As-
sim o atesta um vaso e n c o n t r a d o na
ilha de Creta, p e r t e n c e n t e à civili-
Outros nomes: cajado-de-são-josé. Brasil: açucena-branca, copo-de-leite, lirio-dos-
•poetas, palma-de-são-josè, flor-da-imperatriz.
Esp.: azucena, azucena blanca, azucena común, lirio blanco. Fr.: lis {blancj.
Ing.: [madonna] lily.
zação minóica (século XVII a . C ) , em
Habitat: Planta ornamental procedente da Ásia, embora se ache aclimatada a
q u e está p i n t a d a u m a bela a ç u c e n a . Europa e à América.
Hoje encoutra-se nos j a r d i n s de t o d o
Descrição: Planta bolbosa, da família das Liliaceas, cujo caule, que se encontra
o mundo. Mas, cuidado! Q u a n d o co- todo coberto de pequenas folhas, pode atingir um metro de altura. As flores, de cor
locada d e n t r o de um q u a r t o fechado, branca, nascem na extremidade do caule.
especialmente se for de noite, o seu Partes utilizadas: as flores e o bolbo.
forte aroma p o d e provocar sensação
de mal-estar, náuseas e enjoos.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : O bol-
bo e as flores da açucena c o n t ê m di-
versas substâncias a r o m á t i c a s q u e ,
aplicadas localmente, possuem u m a im-
portante acção e m o l i e n t e ( c a l m a n t e
O Preparação e emprego
da pele e das mucosas inflamadas), ci-
catrizante e anti-séptica. A açucena aplica-se só externa- -200 g de bolbos durante 10-15 mi-
mente. nutos. Depois de esmagados, colo-
O ÓLEO cie açucena é um b o m re-
cam-se sobre um pano de algodão e
médio para q u e i m a d u r a s , gretas d o s USO EXTERNO
aplicam-se quentes, sobre a zona
mamilos e eczemas IO). T a m b é m dá O Óleo de açucena: Obtém-se ma- afectada, durante 15-30 minutos.
bons resultados em caso de otite ou cerando as pétalas de 10-12 flores
dores dos ouvidos, a p l i c a n d o u m a s num litro de azeite, durante 9 dias. Esta cataplasma pode-se aplicar 2 ou
gotas no canal auditivo. De três em três dias, filtra-se o azei- 3 vezes por dia, até se conseguir o
Com os BOLBOS cozidos em água e te e acrescentam-se novas pétalas. amadurecimento do abcesso ou fu-
esmagados, prepara-se u m a cataplas- ©Cataplasmas: Cozem-se 100- rúnculo.
ma muito eficiente para a m a d u r e c e r
abcessos e furúnculos 181,

716
Nerium oleanderl.

-CP Preparação e emprego


Loendro
Usa-se contra a sarna
^ m/ USO EXTERNO
O Pomada contra a sarna: Pre-
para-se uma pomada com 250
g de manteiga sem sal, ou outro
veículo gordo, e 150 g de flores
de loendro, que se devem deixar
macerar durante 6 horas.
© Cataplasmas de flores sobre
a zona da pele afectada.

Precauções

D
IOSCORIDES (século I d.C.) O loendro é muito tóxico. A in-
já assinalava que as folhas des- gestão de apenas duas folhas
ta planta «são veneno mortífe- pode ser suficiente para matar
ro dos cães, dos burros, das mulas e de um adulto.
muitos animais quadrúpedes». E, po- Em caso de intoxicação deve-se
deríamos acrescentar, também para recorrer imediatamente ao hos-
os seres humanos. pital.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo-


res, e sobretudo as folhas do loendro,
contém glicósidos, flavonóides, roti-
na, tanino e resinas. Pois bem, o seu
princípio activo mais importante é a Outros nomes: cevadilha, aloendro,
loendreira, loureiro-rosa,
folinerina, glicósido que, por hidróli- espirradeira.
se, se transforma em oleandrigenina.
Esp.: adelfa, azucena de la Hanana.
Esta substância é um potentíssimo car- laurel rosa, berbera, oleandro. narciso,
diotónico, ainda mais activo do que os martinica, yucatán. Fr.: laurier rose.
glicósidos da dedaleira (pág. 221). No Ing.: oleander.
entanto, não se recomenda o seu em- Habitat: Vulgar nos países mediterrâneos, onde
prego por via oral, devida à dificulda- prefere as margens das correntes de água. Cultivada
de em calcular a dose terapêutica, por como planta ornamental em toda a Europa e América.
esta se situar muito perto da dose tó- Descrição: Arbusto de 2 a 4 metros de altura, da
xica. família das Apocináceas. As folhas são lanceoladas e
coriáceas. As flores são grandes, agrupadas em
Nalguns países latino-americanos, ramalhetes, cor-de-rosa, brancas ou vermelhas.
as flores, aplicadas externamente, uiili- Partes utilizadas: as flores.
zam-se para combater a sarna, quer
em pomada quer em cataplasmas
IO 01

717
Opuntia flcus-índíca
(L) Miller. O) A f

Figueira-da
Descrição: Planta suculenta da
-índia família das Cactáceas. Tem folhas
e caules carnudos, com
abundantes líquidos. É formada
por uma série de pás ovais e
As pás do caule carnudas, eriçadas de espinhos.
são emolientes As flores são grandes, de cor
amarela ou vermeíha. O írufo é
alaranjado ou vermelho e está
coberto de espinhos pequenos e

O S ANTIGOS indígenas mexi-


canos já usavam as pás da fi-
gueira-da-índia, ou nupal, co-
mo cataplasmas para curai" feridas e
contusões. Os colonizadores trouxe-
muito finos.
Partes utilizadas: os frutos (figos-
-de-piteira), as flores e as pás.

ram-na para a Espanha, de onde se es-


tendeu rapidamente por toda a costa
mediterrânea.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
FRUTOS são adstringentes, e dão bom
resultado para coitar as diarreias esti- Sinonímia científica: Cactus ficus-
vais IO). O seu sumo nsa-se cm xaro- -indica L.
pe, no México como calmante da tos- Outros nomes: nopal, nopálea,
se I0J. figueira-da-barbaria.
Esp.: nopal, chumbera, higuera de
As FLORES são diuréticas e anties- las índias, [higuera de] tuna. tuna de
pasmódicas, e usam-se em caso de oli- Espana, tuna espanola, tunera,
gúria (escassa produção de urina) c tasajillo alquitia, cardón de México,
de cistite (inflamação da bexiga) 101. choya, palera. Fr.: figuier d'lnde,
figuierde Barbárie. Ing.: Indian fig.
As PÁS contêm abundância de mu* pricklypear.
cilagem e celulose, o que as torna
Habitat: Originária do México e da
emolientes. Usam-se em cataplasmas América Central, mas amplamente
para sarar feridas, contusões e irri- difundida por todo o litoral
tações da pele 101. mediterrâneo. Cria-se nos terrenos
secos e pedregosos.

U Preparação e emprego

USO INTERNO sultante), passando-o por um coador


- - , ' para separar as sementes. Toma-se
O Os frutos devem-se descascar
quente, às colheradas.
com precaução para não lhes tocar
com os dedos, pois os seus nume- 0 Infusão de flores: 20-30 g de flo-
rosíssimos espinhos cravam-se na res por litro de água. Ingerem-se 3
pele com muita facilidade e tornam- 4 chávenas por dia.
-se muito difíceis de tirar. Podem-se
comer frescos ou em xarope. USO EXTERNO
© Xarope: Prepara-se cortando os O Cataplasmas: As pás cortam-se
frutos às rodelas e cobrindo-os com pelo meio, aquecem-se um pouco no
açúcar escuro. Umas dez horas de- forno e aplicam-se directamente so-
pois extrai-se o xarope (o líquido re- bre a zona da pele afectada.

718
Persea
americana Miller L M A I
Sinonímia científica: Persea gratíssima Gaertn.
Outros nomes: abacate, aguacate.
Esp.: aguacate, aguacatero, palto, avocado, cura pagua,
Abacateiro pahua- Fr.: avocatier. Ing.: avocado tree, alligator pear.
Habitat: Originário da América Centrai, a sua cultura
tem-se estendido a outras regiões tropicais e
subtropicais do planeta. Em Espanha, cultiva-se nos
Alimenta, e embeleza a vales subtropicais do Sul da Península, nas províncias
. de Granada e Málaga, e nas Canárias. Também existe.
pele e o cabelo aclimatado, em Portugal e na ilha da Madeira.
Descrição: Árvore da família das Lauráceas, que mede
de 4 a 8 m de altura. As suas folhas são grandes e de
contorno liso. O fruto, de cor verde e com forma de pêra,
contém uma polpa de cor verde ou amarela, e uma
semente esférica ou ovóide e bastante
grande em relação ao fruto.
Partes utilizadas: os frutos (polpa e
semente) e as folhas.

A "ÁRVORE-TESTICU LO" dos


índios mexicanos, que é o que
significa 'aguacate' (abacate)
na língua indígena, foi utilizada des-
de tempos muito antigos pelos Aste-
cas e os Maias como substituto da car-
ne. A sabedoria popular destes povos
levou-os a descobrir as excelentes pro-
priedades nutritivas e calóricas deste
fruto que, à luz dos conhecimentos
científicos actuais, suplanta a carne
pelas suas qualidades dietéticas. Com
efeito, o abacate proporciona de 160
a 200 calorias por 100 g, quantidade
próxima das 230 calorias fornecidas
por um bife de vitela de 100 g, mas
com a vantagem, entre outras, de não
contei nenhum colesterol. As gordu-
ras do abacate, muito digestivas, são
quimicamente semelhantes às do azei-
te de oliveira. O seu conteúdo em pro-
teínas, embora menor que o da carne,
tem a vantagem de não produzir resí-
O Preparação e emprego
duos, como o ácido úrico, que acidifi-
cam e sobrecarregam o metabolismo.
USO INTERNO recer os frutos até ficarem aparente-
A árvore do abacate oferece outras mente apodrecidos. Fervem-se nu-
O Infusão: Prepara-se com 4 ou 5
possibilidades de aplicação medicinal, ma panela com água, e o óleo que
folhas grandes por litro de água. Po-
além das do seu fruto. vem à superfície recolhe-se com uma
dem-se tomar várias chávenas dia-
colher. Posteriormente filtra-se com
riamente.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A pol- um pano para eliminar as impurezas.
© Decoccão: 8-10 sementes esma- Este óleo aplica-se em fricção sobre
pa do FRUTO do abacateiro contém gadas. Ferver até que se forme uma a pele da zona afectada, ou sobre o
de 15% a 25% de lípidos (gordura), pasta ligeira. Filtra-se e toma-se meia couro cabeludo.
constituídos pelos ácidos oleico ( m o chávena do líquido 3 vezes por dia.
mnsaturado), linoleieo (polinsatura-
do) e palmítico (saturado), além de USO EXTERNO O Cataplasmas com a pasta obtida
glícidos, proteínas, sais minerais e vi- O Óleo de abacate: Extrai-se da se- da decoccão de sementes que se
taminas. Destaca-se especialmente o guinte maneira: Deixam-se amadu- prepara para uso interno.
seu elevado conteúdo em ferro orgâ-
nico (facilmente assimilável) e em vi-

719
o Culinária
As FOLHAS da á r v o r e do a b a c a t e
são ricas em substâncias tânicas. No
México e nos países da América Cen-
tral, utili/.ain-se em infusão c o m o di-
gestivas e carminativas (antiflatulen-
tas) {©}. T a m b é m se e m p r e g a m con-
tra as d o r e s de cabeça, aplicando-se
q u e n t e s s o b r e a testa, e m b o r a des-
c o n h e ç a m o s se este costume tem fun-
d a m e n t o científico.
As g r a n d e s SEMENTES do abacate
O abacate pode-se comer só ou aplicam-se trituradas e cozidas, em ca-
acompanhado de saladas, em bati- taplasmas, para fazer a m a d u r e c e r ab- O abacate é mais uma
dos e diversas preparações culiná- dessas maravilhas vegetais
cessos, furúnculos e panarícios IOI. A
rias. Em muitos casos substitui com que o Criador pós ao nosso
água deste m e s m o c o z i m e n t o tam- alcance, para que nos
vantagem a margarina e a manteiga. bém se usa contra a disenteria e os pa- deleitemos satisfazendo o
Prepara-se normalmente com sal, rasitas intestinais 101. nosso paladar e ao mesmo
limão e orégão. tempo conservemos e
No México (az-se um molho a que melhoremos a nossa saúde e
chamam 'guacamol', com abacate, até o nosso aspecto.
tomate e cebola picados, tudo bem
temperado com sal e limão.

lamina Br». Tem p r o p r i e d a d e s antia-


némicas, hipolipemiames (faz descer
o nível de colesterol no sangue, pos-
sivelmente devido à sua elevada pro-
porção de ácidos m o n o e polinsatu-
rados) e digestivas. O sen c o n s u m o é
indicado em casos de a n e m i a , esgo-
t a m e n t o , a u m e n t o do colesterol, hi-
p e r t e n s ã o , gastrite e úlcera gastro-
duodenal.
O ÓLEO de abacate 101. cuja forma
de extracção e x p o m o s na página an-
terior, é um excelente r e m é d i o , cujas
aplicações mais importantes são:
• Afecções da p e l e : e c z e m a s , irri-
tações químicas ou mecânicas, pele
seca ou gretada, etc. Aplicado diaria-
mente sobre a pele do ventre, evita as
estrias das grávidas. Hidrata c e m b e -
leza a cútis, pelo q u e faz parte de nu-
merosos preparados de beleza e cosméti-
cos.
• Elimina a caspa, d e t é m a progres-
são da calvície, fortalece e suaviza o
cabelo.
• Alivia as d o r e s reumáticas, articula-
r e s e m u s c u l a r e s . Aplica-se em fric-
ções.

720
Physalls
viscosa L

Fisale
Cicatriza
e desinflama a pele

Outros nomes: fisálide.


Esp.: camambú, uvilla de
campo. Ing.: ground-cherry.
Habitat: Própria do

E STA PEQUENA plaina cresce à


beira dos c a m i n h o s cio México
e de g r a n d e parte da América.
Os seus frutos são um agradável pre-
sente para os c a m i n h a n t e s .
continente americano,
especialmente das Américas
Central e do Sul. No México
è bastante frequente. Não se
encontra na Europa.
Descrição: Planta da família
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS
das Solanáceas, de 30 a 50
cm de altura. Dá um fruto do
FRUTOS da fisale são diuréticos e sua- tamanho de uma ginja, de
v e m e n t e laxantes. cor amarela ou vermelha.
Os CAULES e as FOLHAS da planta que é comestível e tem um
c o n t ê m saponinas e enzimas (peroxi- agradável sabor agridoce.
dases). A sua dccocção uliliza-se exter- Partes utilizadas: Os frutos,
namente c o n t r a as e r u p ç õ e s da pele, os caules e as folhas.
pelo seu eleito cicatrizante e anti-in-
flamatório 101. Tem-sc utilizado com
êxito em casos de psoríase, aplicando-
-se a sua dccocção em loções l©l.
Esta mesma d e c o c ç ã o de caules e
Tolhas, t o m a d a por via oral, é expec-
torante c antitússica IO!. Preparação e emprego

USO INTERNO
•M» O Decocção com 30 g de cau-
es e folhas por litro de água. Fer-
Capucha ver durante 15 minutos. Tomam-
-se 2 ou 3 chávenas por dia. Po-
de-se adoçar com mel.
Existe uma espécie de fisale, a Phy-
salis angulata L, conhecida em Ca- USO EXTERNO
bo Verde e Angola pelo nome de ca- © Compressas empapadas no
pucha, e na América Central como 'to- líquido da decocção que se usa
mate verde1. internamente.
As suas propriedades são seme- © Loções sobre a parte doente
lhantes às da Physalis viscosa L, e da pele, com este mesmo liqui-
também se emprega como descon- do.
gestiva do fígado.

721
X para a pele ^7
Phytotacca
americana L

O Preparação e emprego
Fitolaca
USO EXTERNO
Ú t i l contra as micoses
O Compressas: Prepara-se
da p e l e uma decocção com 50 g de raiz
cortada às rodelas num litro de
água. Empapar nela compressas
de algodão e aplicá-las sobre a
zona da pele afectada.

C OM AS BAGAS desta p l a n t a
obtém-sc u m a tinta cie c o r
semelhante à da laca, cie o n d e
lhe vem o n o m e . O seu uso em medi-
ciiv.\ é reduzido, d a d o q u e tem efeitos
tóxicos em doses elevadas. Aplicada ex-
ternamente, torna-se m u i t o útil no
tratamento cie a l g u m a s afecções cia
peie.
Outros nomes: erva-dos-cachos-
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A raiz
-da-india, erva-da-américa,
tintureira. Brasil: caruru-de-cacho.
contem saponinas, litolaqnina, a t i d o erva-dos-cachos, tintureira-vulgar.
fórmico, tanino, resina e diversos glí-
Esp.: fitolaca, hierba carmín,
cidos. E um p u r g a n t e e n é r g i c o , com hierba carmesi, carmineira, calalú,
acção emética (provoca o v ó m i t o ) . uva de América, espinaca de
Possui p r o p r i e d a d e s anii-inflamató- América. Fr.: phytolaque, raisin
rias, pelo q u e se tem usado com êxito d'Amérique. Ing.: pokeweed, red
em casos de reumatismo. No e n t a n t o , weed.
devido aos seus eleitos indesejáveis so- Habitat: Originária da América do
bre o aparelho digestivo, recomenda- Norte, acha-se naturalizada na
mos o seu uso unicamente por via ex- Precauções Europa desde há três séculos.
Cresce em terrenos frescos perto
terna. das costas.
Aplicada em c o m p r e s s a s s o b r e a Descrição: Arbusto de folha
Em doses elevadas, a fitolaca é
peie, a raiz. eh» fitolaca é indicada em perene, da i&milia das
tóxica. Fitolacáceas, de caule erecto e
diversas e r u p ç õ e s , e s p e c i a l m e n t e as
causadas por fungos (micoses) e pa- Não ingerir as bagas, que têm folhas grandes. Os frutos são
efeitos tóxicos leves (vómitos e bagas negras ou de cor púrpura,
rasitas ( c o m o a sarna e os piolhos) que amadurecem no Outono.
diarreias).
101. Também se tem utilizado contra
Partes utilizadas: a raiz.
a acne.

V Bela-sombra

Dentro do género Phytotacca evidencia- 'saúco', além de 'hierba carrmrí, desig- 0 sumo das folhas aplicava-se tradicio-
-se a bela-sombra (Phytotacca dioica L.),' nação esta que é talvez a mais usada, nalmente para curar as chagas e feridas.
árvore que pode atingir até 15 m de altu- tanto para a Phytolacca americana como Diz-se que não é conveniente adormecer
ra e se cultiva com fins ornamentais, so- para a dioica. à sombra desta árvore, pois o aroma das
bretudo no Mediterrâneo, nas Canárias, A raiz é purgante e vomitiva, assim co- suas folhas provoca dores de cabeça.
na América do Norte e em diversos países mo as folhas e os frutos, mas não se re-
da América do Sul, onde é conhecida pe- comenda o seu emprego com fins me-
los nomes de 'altasara', 'bellasombra' e dicinais. * Esp.: ombú.

722
Potygonatum
odoratum Druce !\ f

Selo-de-
-salomão
Embeleza a pele

T ODOS os anos sai um novo


caule do rizoma desta planta
que, quando seca e desaparece
no Inverno, deixa no seu rizoma uma
marca, como se Tosse um selo ou si-
nete. Passados vários anos, o rizoma
apresenta uma série de marcas ou se-
los de aspecto peculiar. Por isso os an-
tigos deram à planta o nome de selo-
-de-saloinào. Dioscórides, no século I
d.C.já a recomendava para activar a
cicatrização das feridas.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O ri-


zoma contém amido, mucilagens
(emolientes e anti-inflamatórios). ta- Sinonímia científica: Polygonatum officinale Desf.
ninos (adstringentes e cicatrizantes), Outros nomes: poligonato.
saponinas (diuréticas, expectorantes Esp.: sello de Salomón, poligonato. Fr.: sceau de
e laxativas) e glicoquinina, substância Salomon. Ing.: [European] Solomons seal.
que tem acção hipoglicemiante. Por Habitat: Bosques pouco densos, sobretudo de carvalhos
isso se emprega: ou azinheiras, e terrenos secos e calcários da Europa.
• flomo diurético e hipoglicemiante: Descrição: Planta vivaz da família das Liliáceas, de cujos rizomas (caules
subterrâneos), de cor branca, brota cada ano um caule erecto com grandes folhas
Internamente, têm-se usado como ovais. Depois de se secar o caule, fica no rizoma uma cicatriz circular que lembra um
diurético e como complemento no tra- anel.
tamento da diabetes 101. Partes utilizadas: o rizoma.
• Nas afecções da pele e como cos-
mético: Aplicado externamente, em
compressas ou cataplasmas 10.©!. dá
muito bons resultados no tratamento Jí Preparação e emprego
de hematomas, de contusões e de in-
fecções diversas cia pele (abcessos, pa- «A».
nai •feios, e l e ) . E um valioso cosmético,
que se emprega para suavizar e em-
belezar a cútis.
USO INTERNO
O Decocção de 15-20 g de rizo-
1?Poligonato-da-américa
ma por litro de água, de que se to-
mam 3 chávenas diárias.
Na metade leste da América do Nor-
USO EXTERNO te existe uma espécie de poligona-
Precauções to muito semelhante ao selo-de-sa-
© Compressas de uma decocção
lomão europeu, o Polygonatum mul-
mais concentrada (80-100 g) do
tiflorum L.', que tem as mesmas
que a elaborada para uso interno.
Não exceder as doses de rizoma no propriedades e aplicações.
uso interno. €) Cataplasmas do rizoma esma- * Esp.: Poligonato de América.
gado. Ing.: Solomoris seal.
As bagas e as folhas são muito tó-
xicas.

723
Polypodium
calaguaJa Ruiz * *

Calaguala Preparação e emprego

Depura o sangue
e limpa a pele USO INTERNO
O Decocção, â base de 30 ou
40 g de rizoma e raiz triturados

E STE FETO, próprio do conti-


nente americano, já era muito
apreciado pelos Maias do Méxi-
co a n u s da chegada dos primeiros es-
panhóis. Desde o século XVII que é
por litro de água. Ferver durante
10 minutos e tomar 2 ou 3 cháve-
nas por dia.

usado na Europa, onde se lhe atribuí-


ram muitas supostas virtudes medici-
nais, entre outras a de curar a sífilis.
Hoje conhecemos as suas verdadeiras Polipódios
propriedades.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS em-


pregos mais importantes do rizoma e O Polypodium ieucatomos Poir. é
da raiz da calaguala são: um feto semelhante à calaguala,
cujo extracto, chamado anapsos,
• Sudorífico: Aumenta a produção de entra na composição de vários
suor IO). medicamentos contra a psoría-
• Diurético uricosúrico: Favorece a se e a dermatite atópica.
eliminação de ácido úrico IOI. Existe no México uma espécie
• Depurativo IOI. muito semelhante, o Polypodium
feuillei Bertero, que possui as
• Estimulante e regulador da imuni-
mesmas propriedades da cala-
dade celular (defesas). A sua apli-
guala.
cação mais importante são as
erupções da pele e as doenças auto-
-imunes (artrite reumatóide, colage-
:
nose, psoríase, dermatose, etc.) IOI.
Estão actualmente a desenvolver-se in-
teressantes investigações a este res-
%*i»M' ' '9
peito.

sM.

¥ Tepezcohuite

Existe no México uma outra planta tam-


bém muito útil contra as afecções cutâ-
neas, a Mimosa tenuiflora L. (Mimosa-
-de-ílores-delicadas), conhecida pelo seu
nome local de Tepezcohuite'. Trata-se Outros nomes:
de um poderoso cicatrizante da pele,
Esp.: calaguala, hierba dei lagarto, polipodio, vileún.
que activa a regeneração dos tecidos. É
além disso antibiótico e fungicida. Habitat: Comum nas Américas Central e do Sul. Não aparece na Europa. Cresce
nos lugares húmidos e sombrios, especialmente como parasita sobre o tronco de
Com os extractos da casca desta plan- algumas árvores.
ta, a indústria farmacêutica elabora
cremes e champôs que se usam exfer- Descrição: Feto da família das Polipodiáceas, de folhas ovais e coriáceas. O rizoma
(conjunto de caules subterrâneos) é grosso e coberto de escamas amareladas ou
namente em queimaduras e úlceras avermelhadas.
cutâneas, assim como para a beleza da
Partes utilizadas: o rizoma e a raiz.
pele e do cabelo.

724
Sanícula
europaeaL » - • A

Preparação e emprego

Sanícula USO INTERNO


O Infusão de 30 g de folhas por
Cicatrizante litro de água, de que se tomam 3
e expectorante chávenas por dia, adoçadas com
mel.

USO EXTERNO
© Compressas empapadas no
líquido duma decocção de 50-60
g de folhas por litro de água, que
tenha fervido durante 10 minu-
tos.
€) Cataplasmas de folhas fres-
cas esmagadas sobre a zona le-
sionada.
O Lavagens com a mesma de-
cocção que se emprega para as
compressas.
© Bochechos com o líquido da
decocção.

O NOME desta planta deriva do


latim sanare (curai), e alude
às muitas propriedades que se
lhe haviam atribuído.
Sanícula-americana
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-
tém tanino; alantoína, que lhe confe-
re acção anti-inflamatória; saponinas Na América do Norte existe uma
de acção expectorante: e um óleo es- espécie afim da sanícula-vulgar,
sencial. É cicatrizante, adstringente, a Sanícula marylandica L, da
vulnerária e expectorante. qual se utiliza a raiz com as
Em uso interno, utiliza-se paia acal- mesmas aplicações medici-
mar a tosse e amolecer as secreções nais que a espécie europeia.
em caso de catarro brônquico IOI,
mas as suas aplicações mais importan-
tes são as externas:
• Feridas infectadas, chagas e úlceras
varicosas: Aplicada em compressas ou Outros nomes: sanicula-vulgar.
em lavagens, a sanícula tem um gran- Esp.: sanícula, sanícula europeia,
de poder de limpe/a sobre os tecidos hierba de San Lourenzo. Fr.: sanicle
necrosados, estimulando além disso a d'Europe. Ing.: European sanicle.
epitelização (formação de pele nova) Habitat: Difundida por bosques de árvores de folha
iô.OV caduca, especialmente de laias e carvalhos, da
• Contusões e entorses: As cataplas- metade norte da Península Ibérica e da Europa
Central e Meridional.
mas de sanícula aliviam a inflamação
e favorecem a reabsorção dos hema- Descrição: Planta vivaz da família das Umbeliferas, que atinge de 20 a 50 cm de
altura. As suas folhas são palmadas, têm um longo peciolo e crescem quase
tomas (derrames de sangue) (©1. todas na base.
• Gengivite, aftas, amigdalites e farin- Partes utilizadas: as folhas.
gites 101, em bochechos com a sua de-
cocção.

725
Sedum
telephium L ] J

Preparação e emprego

Favária
USO EXTERNO
Cura as feridas O Compressas e lavagens com
o sumo fresco da planta. Aplicam-
e amolece os calos -se directamente sobre a zona
afectada da pele, 2 ou 3 vezes ao
dia.
© As folhas podem-se conservar
em azeite, como se fazia antiga-
mente, pois torna-se difícil secá-
-las. Aplicam-se sobre a zona
afectada, depois de se lhes retirar
a fina película que as recobre pe-
la face superior.

Vermiculária

A FAVÁRIA pertence à mesma


família botânica do saiãocur-
to (pág. 727). Ambas as plan-
tas se caracterizam pelas suas Folhas
carnudas e pelo seu sabor acre ou pi-
A vermiculária (Sedum acre L.)*,
cante. Eram muito apreciadas na Ida-
também chamada uva-de-cão, é
de Média e na época do Renascimen-
uma planta de 10-15 cm de altura,
to, mas depois caíram no esqueci-
com pequenas folhas carnudas e
mento dos liiolerapeutas. Actualmen-
flores amarelas ou brancas. Toda
te a lavaria volta a ser usada em virtu- a planta tem sabor acre e picante.
de da sua acentuada propriedade vul- A sua composição é semelhante
Outros nomes:
nerária. à da favária. Antigamente tomava-
faváría-maior,
favária-vulgar, -se o seu sumo fresco para as
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a erva-dos-caios. afecções bronquiais.
planta contém tanino, açúcares, mu- teléfio. Actualmente apenas se recomen-
cilagens c um glicósido (teleliósido). Esp.: hierba ca Hera.
hierba de los calos, da o seu uso externo, para amo-
Possui propriedades vulnerárias (cura lecer as durezas e calosidades
hierba calluna, crásula mayor, fabaria.
as feridas e contusões) e emolientes anacansero común, telefio. Fr.: orpin, dos pés, como acontece com a
(suaviza e alivia as partes inflamadas). joubarbe des vignes. Ing.: livelong, favária. O sumo fresco ou uma
Emprega-se nos seguintes casos: orpine. cataplasma com as folhas esma-
• Feridas, úlceras da pele (chagas) e Habitat: Europa Central e do Norte. Em gadas aplicam-se sobre as partes
Portugal surge nos locais áridos e afectadas, várias vezes ao dia, até
queimaduras: As com pressas e lava-
pedregosos da Beira Alta e da ao seu restabelecimento.
gens com o sumo fresco da (avaria fa- Estremadura. É habitual encontrar-se nas
vorecem a cuia das chagas, úlceras e vinhas, crescendo entre as videiras. ' Esp.: pampajarito, pimienta de mu-
queimaduras, especialmente se esti- Descrição: Planta robusta e de folha ros. Fr.: poivre de muraille; Ing.: wall
verem infectadas ou sujas MM. perene, da família das Crassuláceas, que peper.
atinge até 80 cm de altura. A$ foihas são
• Calos e durezas da pele: Ainolecc-os
planas e carnudas, e as flores são de cor
e desinflama-os, permitindo a sua fá- púrpura, avermelhadas ou brancas.
cil extirpação. Por isso também é co- Partes utilizadas: as folhas.
nhecida como erva-dos-calos 10}.

726
Sempervivum
tectorum L

Preparação e emprego

Saião-curto USO EXTERNO


O Cataplasmas com as folhas
Alivia as irritações esmagadas. Mantém-se durante
20-30 minutos, e aplica-se de 2 a
da peie 4 vezes por dia.
© Compressas empapadas no
sumo fresco. Aplicam-se durante
o mesmo tempo e com a mesma
frequência que as cataplasmas.
© Banhos e lavagens: Fazem-
-se com o sumo fresco das folhas
diluído em água, na proporção de
50 ml de sumo por cada litro de
água.

O SAIÃO-CURTO forma um es-


pesso torrão de relva à sua vol-
ta, pelo que antigamente se
usava para cobrir e consolidar os te-
lhados de terra (terraços), assim co-
mo para proteger as casas do raio,
graças à grossa camada que forma.
Dioscórides já o recomendava con-
tra as irritações da pele e as queima-
duras.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con-


tém taninos, a que deve a sua acção
adstringente e anti-séptica, reforçada
pela presença dos ácidos máHco e fór-
mico; e mucilagens, que o tornam
emoliente e vulnerário.
Ainda que antigamente se lenha
usado para o tratamento das diarreias
e disenterias, o seu uso actual é exclu-
sivamente externo:
Outros nomes: saião, sempre-viva-
• Afecções da pele e das mucosas: As -dos-telhados.
irritações da pele, assim como os ca- Esp.: siempreviva mayor, alcachofa
los, frieiras, queimaduras, feridas in- de gatos, pihueta, barba de Júpiter,
fectadas e hemorróidas, melhoram zurracallote. Fr.: grande joubarbe.
quando se lhes aplica o saião-curto. joubarbe des toits, artichaut des toits.
quer em cataplasmas quer em com- Ing.: houseleek, Jupiter'$ beard.
pressas, banhos ou lavagens. Isto deve- Habitat: Regiões de penhascos, muros
-se à sua acção emoliente (anti-infla- velhos e ruínas na Europa Central e
matória) e vulnerária (cicatriza Feri- Meridional. Cultivada como planta ornamental em pátios e jardins.
das e cura contusões) IO 0.01 Descrição: Planta vivaz da família das Crassuláceas. que atinge até 50 cm de
altura. A sua base é constituída por uma roseta de folhas perenes e carnudas. O
• Queimaduras leves: As com [nessas caule, erecto, termina em duas ou três flores de cor vermelha.
de saião-curto aliviam o ardor e a irri- Partes utilizadas: as folhas frescas.
tação próprios da pele queimada.
Aplicam-se alternando o seu uso com
o de óleo de amêndoas amargas I©1.

727
Sdanum
dulcamara L !\

Preparação e emprego
Doce-
-amarga USO EXTERNO
O Cataplasmas com uma de-
cocção de 100 g de folhas em
Alivia as picadas 250 ml de água. A esta decocção
dos insectos pode-se acrescentar farinha de
linho até obter uma massa pas-
tosa. Aplicar sobre a região afec-
tada durante 15 minutos, três ve-
zes por dia.
© Compressas empapadas no
íquido desta decocção. Aplicam-
-se durante o mesmo tempo e
frequência que as cataplasmas.

Precauções

O
N O M E desta planta faz re-
ferencia ao s a b o r das suas ba-
ingerida por via orai, toda a plan-
gas, doces a princípio, amar-
ta é tóxica, especialmente as
gas depois. Algo de parecido aconte-
bagas, embora não cause a mor-
ce com as suas p r o p r i e d a d e s , q u e são
te. Provoca vómitos, diarreias e
uma mistura de efeitos medicinais e
transtornos do sistema nervoso.
tóxicos.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém diversos alcalóides tó-
xicos semelhantes à solanina (solaceí-
na e solaneína, entre outros); além dis-
so, é rica em tanino e saponinas. Pos- Outros nomes: dulcamara,
uva-de-cão, erva-moura-de-
sui propriedades diuréticas, depurati- •trepa, vinha-da-india, vinha-da-
vas, expectorantes e ligeiramente nar- •judeia, vide-da-Judeia.
cóticas. Em séculos passados, e m p r e - Esp.: dulcamara. dulzamara.
gava-se contra a bronquite crónica e a dulciamarga, amaradulce,
asma; mas a c t u a l m e n t e , devido aos amargamiel, emborrachadora,
seus efeitos tóxicos, apenas se usa exter- uva de raposa, uva de zorro,
namente. uvas dei diablo, vid de Judá,
matagallinas. Fr.: douce-amère,
Aplicada s o b r e a p e l e , tem p r o - morelle, vigne de Judée..
priedades emolientes e cicatrizantes. Ing.: [European] bittersweet,
[climbingj nightshade.
Dá bons resultados nas inflamações
m a m á r i a s das m u l h e r e s lactantes Habitat: Vales frescos e húmidos de toda a Europa e regiões
(mastite), nas úlceras e feridas infec- temperadas da América.
tadas, e em t o d o o tipo de eczemas Descrição: Planta vivaz ou subarbusto da família das Solanaceas. que atinge
IO.01. de 60 a 150 cm de altura. Flores com 5 pétalas, de cor violeta e anteras
amarelas. O fruto é uma baga, primeiro verde, depois vermelha quando
No caso de picada de vespa, obtem- amadurece.
-se um certo alívio da dor esfregando Partes utilizadas: os caules, as folhas e as bagas.
umas bagas sobre a zona da picada.

728
Solanum nlgrum L
M * J 1 j

Preparação e emprego

Erva-moura USO EXTERNO


O Loções com o sumo fresco
Alivia a comichão das folhas e dos caules.
© Compressas empapadas no
sumo fresco.
€) Cataplasmas com as folhas
esmagadas.

Outros nomes: erva-do-bicho.


erva-moura-mortai, erva-noiva.

A ERVA-MOURA pertence à fa-


mília das Solanáceas, a mes-
ma da batateira, e ambas
contêm nas folhas e frutos o mesmo
alcalóide: a solanina.
erva-de-santa-maria, redos, solano.
Esp.: hierba mora, solano negro,
tomatera dei diablo, yocoyoco,
llague, morita. laman, hierba
cotones. moradillo de Santa Maria,
quilete. Fr.: herbe maure, morelle
K uma planta originária do Novo
noire. Ing.: [btackj nightshade,
Mundo, onde os antigos indígenas poisonberry.
mexicanos lhe chamavam ckichiquilitl Habitat: Comum nas zonas
e a utilizavam na medicina popular. temperadas da América e da
Os espanhóis hm oduziram-na na Eu- Europa. Cria-se nas sebes, junto
ropa, por onde se espalhou rapida- dos muros e em terrenos incultos.
mente. Descrição: Planta da família das
Solanáceas. que atinge de 10 a 30
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS par- cm de altura. As folhas são de cor
verde escura, com bordos
tes verdes da planta contêm o glicoal-
irregulares. As flores sào brancas.
calóide solanina, cuja concentração é e os frulos. umas bagas negras.
tanto maior quanto mais quente for o Partes utilizadas: as folhas e os
clima onde se desenvolve. A solanina caules.
actua intensamente sobre o sistema
nervoso, produzindo relaxamento
muscular, analgesia c narcose. \'o uso
interno uson-sc como antiespasmódi-
ca. analgésica e sudorífica, mas, devi-
do aos seus eleitos tóxicos sobre o sis-
tema nervoso, actualmente só se utili- Precauções
za por via externa.
Sobre a pele, actua como sedativo e
emoliente. Aplica-se por meio de As bagas tem um sabor doce,
loções, compressas ou cataplasmas mas são tóxicas, embora não
para aliviar o prurido (comichão) da causem a morte.
vulva ou do ânus e para acalmar a co-
ceira no caso de sarna, tinha, herpes
ou outro tipo de erupções 10.©.©!.

729
Stachys offícinalis
(L.) Trevisan
] 1 ]

Preparação e emprego
Betónica
USO EXTERNO
Bom remédio para O Compressas com uma de-
chagas e úlceras cocção de 100 g de planta por ca-
da litro de água. Aplicar local-
mente, várias vezes ao dia, uma
compressa sobre a pele afectada,
mantendo-a cerca de 15 minutos.

O S MÉDICOS da antiga Grécia © Pó de folhas secas: Aspira-se


e Roma consideravam a betó- para provocar o espirro.
nica uma espécie de panaceia.
Conserva-se ainda um texto, atribuído
a um médico do imperador Nero, em
que figura uma lista das 47 doenças
que a betónica consegue curar. Acon-
tece, no entanto, que a maior parte
das propriedades atribuídas a esta
:
planta não puderam ser demonstra-
das, o que também não quer dizer
que não as tenha. Bem poderá acon-
; Hr ^^
tecer algum dia que a investigação
científica venha a dar alguma razão
aos médicos romanos.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A plan- >'


ta contém taninos, substâncias amar-
gas, glicósidos e saponinas. Em uso in-
terno é adstt ingente, se bem que em
doses elevadas possa provocar gas-
trenterite e diarreias. A sua aplicação
mais importante é como vulnerária:
ajuda a sarar as feridas, chagas e úlce-
ras. Dá bons resultados quando se
aplica localmente sobre as úlceras varí-
cosas IOI Sinonímia científica: Bettonica
officinaíis L.
O pó das folhas secas tem acção es-
Outros nomes: cestro.
tei nutatória (provoca o espirro), pelo
Esp.: betónica, bretónica.
que se usa para descongestionar o na-
Fr.: bétoine [officinale). Ing.: betony.
riz em caso de catarro nasal ou sinusi-
Habitat: Própria da Europa
te 101. Ocidental e Meridional. Também
conhecida nas regiões temperadas
do continente americano.
Descrição: Planta da família das
Precauções Labiadas, que atinge até 60 cm de
altura. Distingue-se pelo seu caule
quadrado e pela escassez das suas
folhas, de forma ovalada, que se
acham cobertas de pêlos. As flores,
Não se recomenda o seu uso inter- dispostas numa espiga terminal, são
no, uma vez que pode provocar dis- de cor púrpura ou rosada.
túrbios digestivos.
Partes utilizadas: a planta inteira.

730
Succisa pratensls
Moench.
J .
Preparação e emprego
Escabiosa
-mordida USO INTERNO
O Infusão com 50-60 g de flores,
Alivia a comichão folhas e raízes secas, num litro de
água. Tomam-se 3 ou 4 chávenas
por dia.

USO EXTERNO

O NOME desta planta deriva do


latim scabiês (sarna), porque
na Idade Média se utilizava
contra diversas doenças da pele, in-
cluindo a sarna e a lepra.
© C o m p r e s s a s da mesma in-
fusão que para o uso interno. Apli-
cam-se quentes sobre a zona
afectada, combinando-as com o
uso interno, com a finalidade de
reforçar o seu efeito.
A raiz da escabiosa-mordida parece
terminar bruscamente alguns centí-
metros abaixo do caule. Segundo a
lenda, o diabo, furioso quando soube
das propriedades medicinais da esca-
biosa, cortou-lhe a raiz com uma den-
tada.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta contém um glicósido (escabió-
sido), saponinas e sais minerais, espe-
cialmente potássicos.
A raiz. é particularmente rica em ta-
nino. Tem propriedades expectoran-
tes e depurativas (devido ao seu con- Sinonímia científica: Scabiosa
teúdo em saponinas), e, quando apli- succisa L.
cada externamente, também tem pro- Outros nomes: escabiosa-de-raiz-
priedades vulnerárias. -mordida, roida-do-diabo, morso-do-
F.mprega-se nos seguintes casos, •diabo, morso-diabólico, morte-do-
•diabo.
combinando-se o uso interno com o
externo: Esp.: escabiosa-mordida, mordisco
dei diablo. Fr.: scabieuse, suecise,
• Lesões da pele, especialmente aque- mors du diable. Ing.: field scabious.
las que provocam comichão, como no Habitat: Encontra-se
caso da sarna. Também no herpes, na frequentemente nos prados e
linha e nos eczemas IO,0I. Para se ob- encostas expostas ao sol. em toda a
ter maior efeito, recomenda-se com- Europa. Aparece em Portugal nos
relvados e solos húmidos do Minho,
binar o uso interno (infusão) com o Beiras e Estremadura. Na América
externo (compressas sobre a pele). do Sul pode encontrar-se em regiões
• Bronquite e asma, dado que fluidifi- montanhosas de clima temperado.
ca as secreções dos brônquios e facili- Descrição: Planta vivaz da família
ta a expectoração IO.©). Neste caso das Dipsacâceas, que pode crescer
também se recomenda tomar a in- até 1,20 m de altura. As flores são
azuis ou de um tom violeta, de forma
fusão, além de aplicar compressas esférica, com muitas sementes.
quentes sobre o peito. Cheiro suave e agradável.
• Curas depurativas, pelo suave efeito Partes utilizadas: A raiz, as folhas
diurético, tonificante e também sudo- e as flores.
rífico desta planta IOI.

731
Symphytum
offíanalis L

X.2 Preparação e emprego


Consolda-
USO EXTERNO
-maior A raiz de consolda aplica-se
unicamente por via externa,
sobre feridas, úlceras, con-
Um dos cicatrizantes tusões ou queimaduras.
mais eficazes O Compressas: Prepara-se
uma infusão com 100 ou 200 g
de raiz por litro de água, dei-
xando-a macerar depois duran-
te cerca de duas horas. Empa-
par com este liquido compres-

V ENHA o que segue! -ordena o


médico do interior da sua ten-
da de campanha.
Achamo-nos no segundo século da
era cristã. Uma legião do exército ro-
sas de algodão ou de gaze, e
aplicá-las sobre a zona afecta-
da, renovando-as 2 ou 3 vezes
por dia.
©Cataplasma com raiz de
mano encontra-se na Europa Central, consolda fresca triturada ou es-
a lutar contra os bárbaros. Entre um magada. Renová-la igualmente
grupo de rijos homens alquebrados 2 ou 3 vezes por dia.
pela batalha, cm cujos coipos se mis- €) Bochechos com o líquido da
tura o pó, o sangue e o suor, os ma- maceração usado para as com-
queiros abrem passagem transportan- pressas.
do um pobre legionário ferido.
-Caí do cavalo a lutar com esses
bárbaros...
O médico militai- romano, acostu-
mado a tratar os ferimentos mais atro- Outros nomes: consolda,
consólida-maior, grande-consolda,
zes, examina cuidadosamente o fe- orelhas-de-asno. Brasil: lingua-de-
rido. -vaca.
—Tiveste sorte. Só tens um osso par- Esp: consuelda mayor, borraja,
tido no braço. Vão buscar unias raízes oreja de asno, hierba de las
dessa planta que solda os ossos! —diz o cortaduras, suelda, sfnfito.
médico aos seus servos. Fr.: [grande]consoude, oreille
d'âne. Ing.: tcommon] comfrey,
consoud.
Habitat: Terrenos húmidos do Norte
e do Centro do continente europeu.
Encontra-se em Espanha nalguns
Precauções vales pirenaicos, e, em Portugal, em
relvados e locais húmidos do Minho.
Naturalizada em todo o continente
americano.
Descrição: Planta vivaz da família
A raiz, o caule e as folhas desta das Borragináceas, que atinge de
planta são tóxicos quando se inge- 60 a 100 cm de altura. As folhas
rem, pois contêm o alcalóide sinfitina, sào lanceoladas e decorrentes
tóxico para o fígado, eoglicósido con- (inserem-se directamente no caule),
solidina que provoca paralisia do sis- e acham-se cobertas de pêlos. As
flores são cor-de-rosa, amarelas ou
tema nervoso central e, em grandes violáceas.
doses, paragem respiratória.
Partes utilizadas: o rizoma (caule
subterrâneo) e a raiz.

732
•At.

¥ Consolda-menor
O conteúdo da
consolda-maior em
afantoína confere-lhe um
grande poder
cicatrizante.
Em Espanha encontra-se também Foi provada
uma outra planta, a Symphytum tu- cientificamente a sua
capacidade curativa em
berosum L, conhecida por consolda- chagas, úlceras e
-menor, ou nalgumas línguas moder- queimaduras, assim
nas por pequena-consolda, ou ainda, como em diversos tipos
como neologismo, por consolda-tu- de feridas de difícil
berosa." cicatrização.
As propriedades da consolda-menor,
assim como as suas aplicações, são
as mesmas que as da consolda-
-maior.
'Esp.: consuclda menor.

Enquanto lhe aplica uma cataplas- folhas e o caule da consolda é o sinal A alantoina também actua sobre o
ma de raiz de consokla no braço le- que o Criador pôs nesta planta, paia periósteo, camada de tecido que ro-
sionado, o médico vai animando o le- nos fazer pensar que é capaz de soldar deia os ossos, e a partir da qual se for-
gionário: as feridas e fracturas recentes. O cer- ma o calo ósseo que consolida a frac-
-Aprendi com o sábio Dioscóridcs, to é que, há algumas dezenas de anos, tura. No entanto, não se utiliza em trau-
o meu mestre, que nestas terras se identificou na raiz da consolda matologia, talvez pela dificuldade de
germânicas cresce uma planta capa/, uma .substância chamada alcintoína, aplicação sobre o osso, e já que hoje
de soldar os ossos fracturados. Du- de grande poder cicatrizante, a qual en- se dispõe de outros meios físicos para
rante um mês terás de andar com tra actualmente na composição de di- a consolidação das fracturas.
uma cataplasma feita de raiz dessa versos preparados farmacêuticos.
planta. Mucla-a todos os dias. Podes • Emoliente, ou seja, que acalma a
ter a certeza de que te vai curar o pele e as mucosas inflamadas, devido
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz
braço. ao seu conteúdo em mucilagens. Fa-
da consolda-maior contém alantoina
vorece a cura de eczemas e erupções,
Desde então, a consokla passou a (1%-1,5%), além de glícidos (amido,
assim como de irritações e infla-
acompanhar os soldados e guerreiros sacarose, inulina), abundante mucila-
mações cutâneas IO 01.
de todas as épocas. Tal era a fé que se gem, glicósidos, alcalóides, tanino, co-
tinha nesta planta, que o próprio lina e resinas. Tem as seguintes pro-
Dioscórides garantia que «cozendo priedades: • Adstringente, devido ao seu conteú-
juntamente com a sua raiz uns troços do em taninos. Seca as mucosas e
de carne despedaçada, ajunta vai-se • Cicatrizante, pelo seu conteúdo em coagula os seus capilares sanguíneos.
reduzindo até ficar unida». alantoina. Foi comprovado experi- Os bochechos com raiz de consolda
mentalmente que esta substância es- são indicados no caso de estomatite
Andrés de Laguna, médico espa- timula a proliferação dos fibroblastos, (inflamação da boca), gengivite e fa-
nhol do século XVI, que traduziu e células de tecido conjuntivo que for- ringite 101.
comentou os livros de Dioscórides, mam a cicatriz das feridas. Por isso é
diz que ela «mostra uma grande força muito apropriada para as feridas de Por via interna, a raiz da consolda
em soldar as desuniões de quaisquer cicatrização lenta, nas chagas e úlce- tem propriedades antidiarreicas e pei-
partes ou membros». ras cutâneas, nas queimaduras, e sem- torais (acalma a tosse), mas é preferí-
Segundo os partidários da teoria pre que se queira estimulai a cura de vel usá-la só externamente, datlo que,
dos sinais, a união que existe entre as tecidos contusos ou lesionados IO.01. em uso interno, pode tornar-se tóxica.

733
"V para a pele ^T
Ulmus campestrís L
m 11 O

Ulmeiro
Adstringente
e emoliente

Sinonímia científica: Ulmus minor

A S VIRTUDES m e d i c i n a i s do
ulmeiro são conhecidas d e s d e
a antiguidade clássica. Actual-
mente já foi também descoberto o va-
lor terapêutico do carvão da sua ma-
Miller
Outros nomes: olmo, ulmo,
lamegueiro, mosqueiro, negrilho,
avelaneira-brava.
Esp.: olmo, olmo común, {álamo}
Habitat: É comum enconlrar-se nos
vales frescos e perto de cursos de
deira. água em toda a Europa. Conhecido nas
negrilio. Fr.: orme [champêtrej,
Américas do Norte e do Sul.
ormeau. Ing.: [English] eim,
Descrição: Árvore da família das
European elm.
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : A CAS- Ulmáceas, com tronco rugoso e folhas
CA interior do u l m e i r o c o n t é m tani- ovaladas alternas e de bordo dentado.
no, mucílagens e substâncias amargas. Os frutos têm umas lâminas em forma
Possui p r o p r i e d a d e s a d s t r i n g e n t e s e
emolientes (que suavizam e desinfla-
mam a pele e as m u c o s a s irritadas).
Emprega-se e m caso d e d i a r r e i a o u
n Preparação e emprego
de asa, e crescem em ramalhetes.
Partes utilizadas: a casca interior do
tronco e ramos; o carvão da sua
madeira.
colite. Em uso i n t e r n o tem p r o p r i e -
dades sudoríficas. As suas principais «Al.
aplicações são por via externa: USO EXTERNO
• Doenças da p e l e : e c z e m a s , e r u p - O Compressas de uma de- •p Ulmeiro-americano
ções, furúnculos, h e r p e s , e úlceras e cocção de 20-30 g de casca in-
feridas de difícil cicatrização 101. terior num litro de água, que se
• Conjuntivite simples, produzida p o r põe a ferver durante 10 minutos.
irritação ocular devida a c o r p o s es- Depois de coada, empapa-se Na América do Norte existe uma
tranhos (areia, pó, etc.) vento, sol in- uma compressa que se aplica variedade, o ulmeiro-americano
tenso ou fixação da vista d i a n t e do sobre a zona afectada da pele. (Ulmus fulva Minch.), cuja casca
ecvã do c o m p u t a d o r l€>l. © Lavagens com o líquido bem tem a particularidade de ser mais
coado desta mesma decocção. rica em mucilagem que a do Ul-
• Leucorreia: Para o caso do fluxo va- mus campestrís L. Devido a isto,
ginal, vale aquilo q u e é dito a p r o p ó - © Irrigações vaginais com a
os seus efeitos emolientes são
sito da nogueira (pág. 505) MM. decocção bem filtrada.
ainda mais acentuados
O CARVÃO do ulmeiro usa-se c o m o
absorvente em caso de colite, fer-
mentação intestinal ou intoxicação.

734
Viola tricolor L
& «. IP. / . -5;

Amor- Preparação e emprego

-perfeito- USO INTERNO

-bravo O Infusão com 40 ou 50 g de


planta seca por litro de água, du-
rante 10 minutos. Tomam-se 3
Um grande amigo chávenas diárias. Às crianças dá-
-se a beber de 10 a 20 ml por qui-
da peie lo de peso por dia, dessa mesma
infusão. Não tem perigo de toxici-
dade.

USO EXTERNO
© Loções e lavagens com a
mesma infusão de uso interno.

A S PEQUENAS flores do amor-


-perfeko-bravo, com o seu lon-
go pedúnculo e variado colo-
rido, chamam a nossa atenção pela
sua delicada beleza. A combinação
dos seus usos interno e externo con-
segue os melhores resultados te-
rapêuticos, que são especialmente no-
táveis nas afecções da pele. Outros nomes: erva-da-trindade.
amor-períeito-pequeno.
Esp.: Pensamiento. trinitaria, hierba
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- de la Trínidad. Fr.: pensée [sauvage],
tém mucilagens, Havonóides, tanino, violette tricoloce, berbe de la Tricxité.
ácido salieflico, saponinas e vitamina Ing.: pansy. garden violet.
C. Possui propriedades diuréticas e
depurativas, que se atribuem basica-
mente às saponinas. 1" também laxan-
te, febrífugo (baixa a lebre), sudorí-
fico, ligeiramente antitússico e fluidi-
ficante do sangue.
A aplicação mais importante do
amor-peiicito-hravo são as afecções
cutâneas. Actua tanto no interior do Habitat: Comum em terrenos
organismo, depurando o sangue dos baldios de montanha, prados e
resíduos tóxicos que intoxicam a pele, searas de toda a Europa. Em
como no exterior, pela sua acção ci- Portugal, abunda desde Trás-os-
-Montes até ao Baixo Alentejo.
catrizante e anti-inflamatória. Kmpi c- Naturalizado na América.
ga-se com êxito em todos os tipos cie ec-
Descrição: Pequena planta de 10 a
zemas, inclusive no dos lactentes 40 cm de altura, da família das
(crostas de Leite): nas erupções alér- Violáceas, que chama a atenção
gicas, acne, tinha, impetigo, infecções pelas suas flores solitárias, de longo
diversas, dermatose senil (atrofia da pedúnculo e cor muito variada:
pele dos idosos), psoríase e herpes amarelo, violeta, branco, etc.
IO.©). Partes utilizadas: a planta florida,
de preferência seca.
Lsa-se em loções e lavagens como
cosmético, contra a secura, as estrias e
as rugas da pele I©}.

735
PLANTAS PARA AS INFECÇÕES

SUMÁRIO DO CAPÍTULO
J
DOENÇAS E APLICAÇÕES PLANTAS
Alimentar, infecção ióxica, Açafroa 751
ver Sahnonelose 740 Alamo-negto = Choupo-negro 760
Amebíase 740 Bonina 744
Brucelose 740 Borragem 746
Cólera 740 Borragem-brava 747
Convalescença 739 Buxo 748
Defesas diminuídas 738 Carlina 749
Depressão imunitária, C.arlina-ornamenlal 750
ver Diminuição das defesas 73S Cártamo = Açafroa 751
Difteria 740 Chagas 772
Diminuição das defesas 738 Choupo-negro 760
Doenças febris 738 Choupo-branco 761
Febre, ver Doenças febris 738 Choupo-lremedor 761
Febre de Malta, ver Brucelose 740 Equinácea 755
Em qualquer época da vida, Febre tifóide 741 Flor-do-paraíso = Chagas 772
as plantas medicinais Febris, doenças 738 Frambocseiro 765
podem produzir melhoras Gripe 742 Hipofaé 758
em quem sofra de doenças Imunitária, depressão, Jaborandi 759
infecciosas. ver Diminuição das defesas 738 Margarida = Bonina 744
Infecção tóxica alimentar, Quina 752
ver Sahnonelose 740 (htina-amarela 753
In toxicação ali men ta r, (htina-vermelha 753
verSahnonelose 740 Rorela 754
Malária, ver Paludismo 743 Rosa-canina 762
Malta, febre de, ver Brucelose 740 Sabugueiro 767
Paludismo 743 Salva-esclareia 766
Plantas sudoríficas 737 Tomilho 769
Sahnonelose 740
Sida 742
Sífilis 740
Sudoríficas, plantas 737
Tifóide, febre 741
Tosse convulsa 741
Tuberculose 743

736
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

2* Parte: D c c r i ç a o

A
BANDONAMOS aqui a sequên-
cia anatómica dos capítulos pre- Plantas sudoríficas
cedentes para falar da fitotera-
pia de doenças que afectam,
não um aparelho ou sistema do organis-
mo, mas todo ele no seu conjunto.
As plantas medicinais contribuem paia Estimulam a produção de suor. Este tem uma composição semelhante à da
a cura das doenças infecciosas, por meio urina, embora seja menos concentredo.
As plantas sudoríficas têm um nofáv el eíeito depurativo do sangue e anti-
de três mecanismos: tóxico, e recomendam-se nos segt intes casos: doenças infecciosas ou
febris, sobrecarga por alimentaçâ y excessiva, artritismo provocado por
• Acção antibiótica: Os antibióticos natu- excesso de ácido úrico e intoxicaçi 5es crónicas.
rais contidos nas plantas superiores não
actuam com tanta rapidez e contundên-
cia como os antibióticos purificados e
tratados quimicamente, dos produtos
farmacêuticos. Km contrapartida, po- Planta Página Planta Página
rém, oferecem a vantagem de ser muito Tília 169 Cardo-penteador 572
mais bem tolerados, pois, em geral, sào Cersefi-bastardo 243 Ébulo 590
isentos de efeitos secundários ou tóxi- Cipreste 255 Salsaparrilha-bastarda 592
cos. Acresce ainda que não deprimem as Maravilha 626
Asclépia 298
defesas naturais, como fazem frequente-
Douradinha 299 Salva 638
mente os antibióticos farmacológicos. As
plantas também contêm substâncias Eucalipto 304 Azevinho 672
anti-sépticas, que actuam sobre a super- Guaiaco 311 Sassafrás 678
fície da pele ou das mucosas. Papoila 318 Buglossa 696
Petasite 320 Bardana 697
• Acção depurativa: As plantas facilitam a
eliminação através dos rins, da pele e do Saxífraga 322 Calaguala 724
fígado, das toxinas que continuamente Pulmonária 331 Ulmeiro 734
são produzidas pelo nosso organismo, e Tussilagem 341 Amor-perfeito-bravo 735
muito mais em caso de doença infec- Verbasco 343 Bonina 744
ciosa. Violeta 344 Borragem 746
• Acção imunoestiitiulaxite: Existem plan- Gengibre 377 Buxo 748
tas capa/es de estimulai o sistema imu- Loureiro 457 Carlina 749
nitário, responsável pela produção de de- Lilás 472 Açafroa 751
fesas contra as infecções. Kstas defesas Globulária 503 Jaborandi 759
são de dois tipos: celulares (por exem-
Grama-francesa 559 Choupo-negro 760
plo, os leucócitos ou glóbulos brancos) e
humorais (os anticorpos). Ambas au- BéMa 568 Sabugueiro 767
mentam com os remédios filolerápicos.
Xa luta contra a infecção, as plantas ac-
tuam antes de tudo sobre o "terreno" orgâ-
nico, pondo-o nas melhores condições
paia fazei- frente por si mesmo aos germes.
Não devemos esquecer que o melhor an-
tibiótico fracassará se os mecanismos de
defesa do próprio organismo não actua-
rem de forma eficiente.

737
r Cap. 28: PLANTAS PA3A AS INFECÇÕES
/

Doença Planta Pág. Acção Uso

DIMINUIÇÃO DAS DEFESAS Aumenta a actividade das células


Cru, extractos,
ALHO 230 defensivas do organismo,
A alimentação inadequada, a falta de decocção de dentes de alho
antibiótico natural
exercido físico e o abuso de antibióti-
cos, são algumas das causas que po- P£q Nutritiva, remineralizante,
LUZERNA Brotos tenros, sumo fresco, infusão
dem deprimir o sistema imunitário. Nou- protege contra as infecções
tros casos, a diminuição das defesas
deve-se a doenças graves, como a sida 4 c? Aumenta a produção de leucócitos Maceração, decocção, pó
GENCIANA
ou certos tipos de cancro. (glóbulos brancos) ou extracto de raiz

Além de corrigir os factores causais, Estimula as defesas Decocção da raiz,


EQUINÀCEA 755 preparados farmacêuticos
sempre que seja possível, o uso destas contra as infecções
plantas exerce um notável efe/to imu-
Antiescorbútico, tonificante,
rtoestimulante. 0 seu uso recomenda-
HIPOFAE 758 estimula os processos imunitários Bagas frescas, xarope de bagas
-se em qualquer infecção grave, e sem-
e o tono vital do organismo
pre que se verifique uma redução das
defesas contra as infecções. Estimula as defesas. Recomendada
ROSA-CANINA 762 em todas as doenças infecciosas
Frutos frescos ou em decocção

Sumo de limão integral


DOENÇAS FEBRIS LIMOEIRO 255 "Limpa o sangue", baixa a febre
(incluindo a casca)
Em qualquer caso de febre, deve-se
proceder ao diagnóstico da doença
CAMOMILA 364 Baixa a febre, provoca a transpiração Infusão de capítulos florais
causal, pois são muitas aquelas que a
podem produzir. Deste modo será pos-
sível administrar um tratamento espe- BÊRBERiS 3S4 Acalma a sede, refresca e tonifica Os frutos em xarope ou em doce
cífico.
Estas plantas medicinais consti- .,-, Febrífuga.
QUÁSSIA Decocção da casca da árvore
tuem um complemento do Recomendada nas febres tropicais
tratamento da doença que
causa a febre. Não só LILÁS 472 Febrífugo e sudorífico Infusão da casca da árvore
provocam uma descida
da temperatura, como f- 1 3 Tonificante, febrífuga.
também aumentam a MACIEIRA Decocção da casca
Pode substituir a quinina
sudação, facilitam a
eliminação de toxi- TRAMAZEIRA 515 Fornece vitamina C e ácidos orgânicos. Os frutos (sorvas! maduros,
nas, refrescam e to- Recomendável nas doenças febris crus ou em compota
nificam. Por tudo
isto são mais reco-
mendáveis do que g, ,
os fármacos antipi- v
ê TAMARINDEIRO 536 Refrescante, tonificante Polpa dos frutos

s
réticos.
SILVA 541 Refrescante, tonificante Frutos (amoras), frescas ou em sumo

Salgueiro- GRAMA-
-branco 559 Sudorífica, diurética, depurativa Decocção de rizoma seco
-FRANCESA

AZEVINHO 672 Febrífugo, sudorífico Decocção ou infusão de folhas

SALGUEIRO- Baixa a febre,


-BRANCO 676 tonifica o aparelho digestivo
Decocção ou pó de casca

r-jo Aumenta o suor e a urina,


SASAFRÁS Infusão de casca, essência
e com isso a eliminação de toxinas

-,.. Sudorífica, febrífuga, expectorante,


BONINA Infusão de flores e/ou folhas
facilita a eliminação de toxinas

-j.c Sudorífica,
BORRAGEM Infusão de flores
aumenta a eliminação de toxinas

Baixa a febre, elimina toxinas Maceração ou infusão


QUINA 752 do sangue pelo suor e pela urina da casca do tronco

CHOUPO-
760 Sudorífico, baixa a febre, depurativo Decocção de gemas
-NEGRO

Borragem SABUGUEIRO 767 Sudorífico e depurativo muito eficaz Infusão de flores

738
SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S
V
2J Parto: D e s c r i c A o

Doença Planta Pág. Acção Uso

CONVALESCENÇA AVEIA
l g « Tonificante e equilibradora do sistema Flocos (sementes prensadas)
nervoso, nutritiva cozinhados
É um período intermédio entre os
ESPIRULINA ?7fi Nutritiva, tonificante, . , dessecada
2 /b A alga a e s s e c a d a
saúde, em que o organis- fc revitalizante geral do organismo
mo repara as perdas
4 2c Digestiva, útil para inapetentes
sofridas e normaliza as ANGÉLICA Infusão ou decocção da raiz
funções alteradas. e debilitados
Aplica-se geralmente à CARDO-SANTO 444 Tónico digestivo. Útil em caso
fase de recuperação Infusão ou decocção de folhas
de esgotamento e convalescença
no seguimento de
doenças infecciosas. 468 Tonificante, aperitiva, Os frutos frescos, em compota,
GROSELHEIRA
rica em vitamina C xarope ou sumo
A fitoterapia recorre
a plantas muito úteis GROSELHEIRA-
para facilitar e encurtar -ESPIM
588 Tonificante, rica em vitaminas Bagas frescas, em sumo ou em doce
o processo de conva
lescença, que comple- GlNSENG 608 Tonificante geral do organismo Pó de raiz, extractos
mentam muito bem
outras medidas como
611 Nutritivo, útil em caso de sobrecarga S e m e n t e s c r u a s ou t o r r a d a s
a alimentação ou os Gergelim
SÉSAMO
física ou psíquica
tratamentos de reabilitação
física.
ULMÉIRA 667 Tonificante geral, aumenta o apetite Infusão de sumidades floridas

Infusão ou decocção
ALECRIM 674 Tonificante, revitalizante de sumidades floridas
Sudorí,ic
BONINA 744 3 - febrífuga, expectorante, Infusão de flores e/ou folhas
facilita a eliminação de toxinas
Estimula as defesas. Recomendada
ROSA-CANINA 762 Frutos frescos ou em decocção
em todas as doenças infecciosas
SALVA- 766 T or, 'fi cante > emenagoga, Infusão da planta
-ESCLAREIA antiespasmódica

As tisanas de plantas medicinais são excelentes para


facilitar a recuperação do organismo durante a
convalescença das doenças infecciosas: ajudam a
eliminar toxinas, tonificam e fazem aumentar o
apetite.

739
Cap. 28: PLANTAS PASA AS INFECÇÕES

Doença Planta Pág. Acção Uso

AMEBÍASE
Doença causada pelas amebas, proto-
zoários (animais unicelulares) que cau-
sam diarreias graves (disenteria ame- Destrói as amebas que causam a Extractos em forma de preparados
biana) e afecções hepáticas. Com os IPECACUANHA 438
disenteria amebiana, vomitiva farmacêuticos
extractos deste arbusto tropical fazem-
se preparados farmacêuticos.

BRUCELOSE
Infecção causada pela Brucella melli- Baixa a febre.
AMIEIRO 487 Decocção da casca
tensis, bactéria que se transmite por Útil na brucelose (febre de Malta)
meio do leite e seus derivados, do gado
ovino e caprino (cabras e ovelhas).
Além dos fármacos antibióticos, es-
tas plantas contribuem para a cura da
doença. Pn ftrr,. co/i Antibiótico específico contra o germe Infusão da planta fresca
riLosELA S I M c a u s a d 0 r da brucelose

CÓLERA
Doença produzida pelo vibrião colérico,
que se manifesta com vómitos, diar-
reia liquida e desidratação. Além do
tratamento antibiótico, esta planta Um»*»». 278 g g S * ! , , de colera e disenterja Infusão d a planta
contribui muito positivamente para a
cura. Ver também as plantas contra a
gastrenterite (pág. 481).

DIFTERIA
Doença infantil produzida pelo bacilo
diftérico, que afecta a garganta (faringe
e laringe) e o nariz. Pode chegar a pro- Toques como sumo puro sobre
i «.nrmn OCR Faz desaparecer os bacilos diftéricos as amígdalas ou as fossas nasais
duzir asfixia. Actualmente é bastante LIMOEIRO ^ d as amígdalas ou das fossas nasais com uma zaragatoa de algodão
rara. Os toques com sumo de limão são
um complemento do tratamento es-
pecífico.

•,qg Poderoso adstringente, anti-séptica.


SALMONELOSE BlSTORTA Decocção de rizoma
hemostática
Doença causada por bactérias do gé-
nero Salmonella, que se transmitem por ? OQ Antibiótico, respeita a flora saprófita Cru, extractos,
ALHO
alimentos em mau estado. É acompa- normal, aumenta as defesas decocção de dentes de alho
nhada de gastrenterite grave. Além
destas plantas, tornam-se úteis as re- 510 Adstringente, antidiarreica,
SALQUEIRINHA Infusão das sumidades floridas
comendadas a propósito da gastren- anti-inflamatória
terite (pág. 481).
Mane»* RI i Antidiarreica, absorve as toxinas Os frutos (maçãs) crus,
MACIEIRA ou bacterianas. Eficaz na salmonelose assados ou cozidos

7fiq Antibiótico, combate as putrelacções infusão de sumidades floridas,


TOMILHO
intestinais essência

SÍFILES SALSAPARRILHA- cop Depurativa. Complemento do Infusão de rizoma ou raiz


Doença de transmissão sexual (DTS) -BASTARDA tratamento especifico
produzida pela bactéria Treponema pai-
lidum. Estas plantas compJementam o
tratamento antibiótico específico.
SASSMDAS fi7R Antj-séptico, empregado antigamente Infusão da casca, essência
contra as doenças venéreas

740
A SAUOE PELAS PLANTAS H l !

2" Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

Infusão ou decocção de folhas secas,


FEBRE TIFÓIDE ERIGERÃO 268 Antidiarreico. clisteres com a mesma infusão ou
É causada pela bactéria Salmonella fy- Útil em caso de febre tifóide decocção
phi, que se transmite por água ou ali-
mentos contaminados, especialmente c10 Adstringente, antidiarreica,
SALGUEIRINHA Infusão das sumidades floridas
os mariscos. Manifesta-se com diar- anti-inflamatória
reia grave e estado de intoxicação.
Estas plantas medicinais influem posi- Aumenta as defesas contra as Decocção da raiz,
tivamente na evolução da doença. EQUINÁCEA 755 infecções, estimula os processos
preparados farmacêuticos
de desintoxicação no fígado e nos rins

ALFACE-BRAVA- , CQ Sedante, antitússica, Decocção da planta,


TOSSE CONVULSA -MAIOR acalma a tosse irritativa lactucário (látex), sumo fresco
Doença causada pelo Bacillus
pertussis, que se manifesta AVENCA 292 Acalma a tosse Infusão ou xarope da planta
com ataques de tosse es- e a irritação da garganta
pasmódica que se repetem
ao longo de várias sema- GRINDELIA 310 Antitússica, antiespasmódica Infusão de sumidades floridas, xarope
nas. Estas plantas são
* I muito eficazes para acal- Pétalas cruas, em infusão ou xarope,
mar a tosse e favorecer PAPOILA 318 Acalma a tosse persistente, sedante
decocção de frutos
a cura da doença. Ver
também as plantas reco- SERPÀO 338 Antiespasmódico, anti-séptico, Infusão de sumidades floridas,
mendadas contra a tosse acalma os espasmos de tosse essência
na página 285.
ORÉGÃO 464 Expectorante, Infusão, essência,
acalma a tosse seca ou irritativa inalações com vapor
Decocção de casca e folhas,
CASTANHEIRO 495 Acalma a tosse rebelde
e a irritação da garganta
bocheches e gargarejos
com esta decocção
754 Antibiótica, antitússica.
Rore/a RORELA Infusão ou tintura da planta
Muito útil na tosse convulsa

As tisanas de plantas
medicinais constituem um
bom complemento do
tratamento das doenças
infecciosas, tanto na fase
aguda como na fase da
convalescença.

741
Cap. 28: PLANTAS PARA AS INFECÇÕES

Doença Planta Pág. Acção Uso

GRIPE , CQ Sedante, antiespasmódica,


TÍLIA Infusão de flores e casca
Doença infecciosa causada por um ví- alivia a dor de cabeça
rus, que se manifesta com febre, do-
res musculares, catarro respirató- Decocção de gálbulos (frutos),
CIPRESTE 255 Sudorífico, faz baixar a febre,
rio e tendência para produzir compli- inalações com vapor
balsâmico
cações broncopulmonares.
Não existe um tratamento farma-
cológico específico para a gripe. O Sumo de limão integral
LIMOEIRO 265 Limpa o sangue, faz baixar a febre
melhor que se pode fazer é ajudar o or- (incluindo a casca)
ganismo a vencer por si mesmo a in-
fecção, potenciando os seus meca-
nismos de cura. TUSSILAGEM 341 Sudorífica, depurativa, peitoral Infusão da planta seca
É exactamente assim que actua a fito-
terapia. Estas plantas medicinais au-
mentam a sudação, e com isso a eli- TREVO-D-ÀGUA 463 f j f baixar a febre. As folhas em infusão, sumo ou pó
minação de toxinas, e estimula as de- Útil nos casos de gripe
fesas contra as infecções. Além disso,
fazem baixar a febre e aliviam os
ULME.RA 667 Tonificante geral do organismo, Infusão de sumidades floridas
incómodos próprios da doença.
diurética, depurativa e aperitiva

AZEVINHO 672 Aumenta a sudação e abaixa a febre Decocção ou infusão de folhas

Sabugueiro BONINA 744 Sudorífica, febrífuga, expectorante, Infusão de flores e/ou folhas
facilita a eliminação de toxinas

Buxo Decocção de folhas e/ou casca de


748 Potente febrífugo
raiz

Estimula as defesas contra Decocção da raiz,


EQUINÁCEA 755
as infecções preparados farmacêuticos

7fiP Estimula as defesas, preventiva


ROSA-CANINA Frutos frescos ou em decocção
de todas as doenças infecciosas

SABUGUEIRO 767 Sudorífico e depurativo muito eficaz Infusão de flores

CHAGAS 772 Arrt'bióticc- natural, expectorante, Salada, infusão ou decocção


tonifica e revigora de flores e folhas

SIDA
Não podemos dizer que o uso destas
plantas seia capaz de curar esta difícil Aumenta a actividade
doença, embora alguns assim o tenham ^ W Q 230 das células defensivas do organismo, Cru, extractos,
afirmado. Porém, não há dúvida de que antibiótico natural decocção de dentes de alho
influem positivamente na sua evolução,
estimulando a capacidade do próprio or-
ganismo para lutar contra a doença.
Na realidade, o aumento da capaci-
dade defensiva do organismo parece
ser a melhor estratégia para curar a
sida, pois até agora nunca se conseguiu Aumenta a produção de anticorpos,
a eliminação do virus por meio de fár- EQUINÁCEA 755 estimula as células defensivas, Decocção da raiz,
maços. Estas plantas, juntamente com preparados farmacêuticos
desintoxica o fígado e os rins
um estilo de vida saudável, podem fa-
zer muito para deter a sida.

742
A SAÚDE PELAS P U N I A S UEDICINAIS

2 * Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

TUBERCULOSE LÍQUEN-DA- OQQ Peitoral, expectorante. Complemento Decocção do talo (corpo do líquen)
E a infecção produzida pelo bacilo de -ISLÂNDIA do tratamento antituberculoso seco
Koch ou Mycobactenum tuberculosis.
Trata-se de uma doença de evolução ALCACUS 308 Expectorante, antibiótico Infusão ou maceração de raiz
lenta e insidiosa, que afecta sobretudo desmflama as vias respiratórias
os pulmões, e que se desencadeia ou
agrava por alimentação deficitária •- ÉNULA 313 Acalma a tosse
' Decocção, pó ou extracto da raiz,
por hábitos de vida insalubres. tonifica todo o organismo essência
Estas plantas não curam por si sós a Emoliente e anti-inflamatória sobre
doença, mas favorecem os mecanis- PULMONÁRIA 331 o aparelho respiratório Decocção da planta
mos curativos do organismo, que tanta
influência têm na prevenção e trata- Estimula as defesas contra Decocção da raiz,
mento da tuberculose. EQUINÁCEA 755
as infecções preparados farmacêuticos

PALUDISMO (MALÁRIA) GENCIANA 452 Febrífuga, destrói os protozoários Maceração, decocção,


E a infecção causada pelos protozoá- GENCIANA <^ causadores do paludismo pó ou extracto de raiz
rios (animais unicelulares) do género
Plasmodium, transmitidos pela picada nn«ifl dfi7 Febrífuga. Decocção da casca da árvore
de um tipo de mosquito. Segundo a yuASbw <+o/ Recomendada nas febres tropicais
OMS, é a doença que afecta o maior
número de pessoas em todo o mun- Faz baixar a febre.
do. AMIEIRO 487 Decocção da casca
Útil nas febres palustres
As plantas medicinais desempenham
um papel muito importante no trata- Buxo Decocção de folhas e/ou casca
748 Provoca o suor e faz baixar a febre
mento do paludismo, pois os fármacos de raiz
antipalúdicos derivam todos da qui-
nina que se extrai da casca da árvore Abaixa a febre, antipalúdica,
QUINA 752 elimina toxinas do sangue Maceração ou infusão
da quina, originária da América do Sul. da casca da árvore
pelo suor e pela urina

Para se conseguir ter um corpo saudável e


livre de infecções, não basta combater os
germes que as podem causar. A medicina
actual atribui cada vez maior importância
ao "terreno", isto é, ao próprio organismo,
na luta contra as infecções.
As plantas medicinais não actuam tanto
destruindo os micróbios, como fortalecendo
as defesas do organismo. O seu uso,
j u n t a m e n t e com a adopção de um estilo de
vida saudável, pode fazer mais pela saúde
do que os antibióticos mais potentes.

743
Bellis perennis L

Bonina
Tónico e depurativo
para as doenças
infecciosas

A
BONINA é bela e formosa
{Bellis) e além disso vivaz {pe-
rennis)', mas é dura e resisten-
te como poucas plantas. Quando faz
frio, chove ou cai neve, curva-se e fe- O Preparação e emprego
Outros nomes: margarida,
cha-se. Quando aparece o Sol, abre-se
margarita, bem-me-quer. Brasil:
para o saudar, seguindo-o no seu per- mãe-de-famflia, margaridinha,
curso celeste. A bonina é um tipo de malmequer-branco.
margarida, mais pequena do que a USO INTERNO Esp.: Bellorita, margarita, maya,
vulgar. O Como verdura, especialmente coqueta, pascuita, mancerina,
A Primavera convida-nos a comer crua, em saladas e outros pratos. chirivita. Fr.: pâquerette, petite
marguerite. tng: [wi/dj daisy,
saborosas saladas silvestres, que além © Infusão com uma colherada bellflower.
disso são depurativas c tonificantes. As grande de flores e/ou folhas por ca-
da chávena, de que se ingerem 2 Habitat: Originária do Centro da
FOLHAS da bonina, algo doces, com- Europa, acha-se aclimatada por
binam muito bem com as das azedas ou 3 chávenas por dia. todo o continente. Também se
(que são ácidas) e com as do dente- encontra no continente americano,
-de-leão (um pouco amargas). Mara- USO EXTERNO sobretudo no Norte. Cresce nos
vilhosa combinação de sabores natu- © Compressas com uma de- prados e lugares onde haja erva.
rais! Da próxima vez que for ao cam- cocção de 50-60 g de flores e/ou Descrição: Planta da família das
po na Primavera, desfrute servindo-se folhas por litro de água. Ferver du- Compostas, que não costuma
'à Ia carte' de uma saudável salada sil- rante 2 minutos, e deixá-ía repou- ultrapassar 10 ou 15 cm de altura.
As folhas, amplas e em forma de
vestre. sar durante um quarto de hora an- espátula, formam uma roseta na sua
tes de a coar. ApJicam-se sobre a base. As fíores chamam a atenção
E quem diria que esta inocente
zona da pele afectada, mudando- pelo seu disco amarelo e as suas
plantinha haveria de desafiar a ira dos -as de hora a hora. pétalas brancas ou rosadas.
governantes alemães, que declararam Partes utilizadas: as flores e as
o seu extermínio no final do século folhas.
XVIII? Foi acusada de ser abortiva,
sem que tal acusação tenha podido
ser confirmada. .

744
As flores e as folhas da bonina, aplicadas em compressas so-
bre a testa, ajudam a baixar a febre. Convém, além disso,
tomá-las simultaneamente em tisana.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Nas • Sudorífica, febrífuga (faz baixar a duzidos pela infecção (com o suor e a
folhas, e e s p e c i a l m e n t e nas flores, febre) e e x p e c t o r a n t e . u r i n a ) , e tonifica o o r g a n i s m o , en-
concentra-se a m a i o r p a r t e dos seus c u r t a n d o o período de convalescença.
• Tonificante e aperitiva (abre o ape-
princípios activos medicinais: saponi- Além disso faz baixar a febre e ajuda
tite). a expectorar. Em caso de febre alta.
nas, tanino, ácidos orgânicos (málico,
tartárico, acético, oxálico, e t c ) , sais •Vulnerária (cicatriza as feridas e r e c o m e n d a - s e colocar s o b r e a testa
minerais, inulina, e um óleo essencial. cura as c o n t u s õ e s ) , q u a n d o aplicada compressas com a decocção de flores
externamente. e / o u folhas 101, além de ingeri-la por
Desde o Renascimento, têm-se-lhe via oral.
O uso desta planta é indicado nos
atribuído muitas propriedades» mas as
seguintes casos:
únicas q u e se justificam, em virtude • Traumatismos, contusões, entorses,
da sua composição, são as seguintes: • Doenças febris e infecciosas (gripe, furúnculos, chagas e, em geral, qual-
b r o n q u i t e , catarros, s a r a m p o , escarla- quer lesão da pele ou dos tecidos mo-
• Depurativa, laxante e ligeiramente tina, p a r o ú d i t e , etc.) {©,©1. Facilita a les em q u e se r e q u e i r a u m a acção
diurética. eliminação das toxinas e resíduos pro- anti-inflamatória e cicatrizante (€1.

745
Borago offícinalís L
a 0 A f » 9

Preparação e emprego

Borragem USO INTERNO


O Infusão com 30 ou 40 g de flo-
Um b o m depurativo res e/ou folhas por litro de água.
primaveril Filtrar para eliminar os pelinhos e
adoçar com mel, caso se prefira.
Quando se queira conseguir um
predomínio do efeito sudorífico, de-
vem-se empregar sobretudo as flo-
res. Tomam-se de 3 a 5 chávenas
por dia.
© Sumo fresco das folhas antes
da floração, como depurativo pri-
maveril. Para isso trituram-se e es-
premem-se com um pano fino de
algodão, ou passam-se por uma li-

O SEU NOME, segundo parece,


é de origem árabe: abou rash,
que significa 'pai do suor", em
alusão à acentuada propriedade su-
dorífica das suas Flores.
quidíficadora eíéctrica. fngere-se
um copo de sumo acabado de fa-
zer, todas as manhãs em jejum.
Pode-se combinar com o sumo de
outras plantas depurativas.
La Quintine, o jardineiro do rei ©Óleo de sementes: Existem
Luís XIV de França, considerava-a preparados em forma de cápsulas.
uma verdura deliciosa, e reservou-]he Tomam-se de 75 a 150 mg, três ve-
um lugar especial no jardim real, jun- zes por dia.
tamente com outras plantas depurati-
vas. Apesar disso, talvez por não lhe USO EXTERNO
ter prestado atenção, o famoso rei foi ©Cataplasmas com folhas es-
vítima de diversas doenças: artritismo magadas, que se aplicam sobre as
e gota. entre outras. partes afectadas. As folhas podem
ser cruas ou, então, escaldadas
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a com água a ferver. Neste caso, a
planta contém abundantes sais mine- cataplasma aplica-se quente, o que
rais, especialmente nitrato de potás- facilitará o amadurecimento de fu-
sio, assim como cálcicos e cilícico^. rúnculos e abcessos.
Contém ainda mucilagens e flavonói-
des. São três as suas propriedades
mais notáveis:
Outros nomes: borrage.
Esp.: borraja [común], bora, corrago,
alcohelo. Fr.: bourrache. Ing.: borage.

O Verdura saborosa
Habitat: Originária do Norte de África,
embora cultivada em Ioda a Europa e
América. No Sul da Europa encontra-se
no estado silvestre, em terras arenosas e
expostas ao sol.
A borragem é, em muitos lugares, e
Descrição: Planta herbácea da família das Borragináceas, que atinge entre
com razão, considerada uma exce- 30 e 70 cm de altura. Toda a planta se encontra coberta de pequenos pêlos
lente verdura. tesos de cor branca. As flores são atraentes, de cor azul, violeta ou branca, e
As suas folhas tenras podem-se co- com 5 pétalas.
mer cruas, em salada, ou então co- Partes utilizadas: as folhas, as flores e o óleo das sementes.
zinhadas com batatas ou outras hor-
taliças.

746
Borragem-brava

Na América Central cria-se a cha-


mada borragem-brava (Heliotropum
indicum L.),* também pertencente à
família das Borragináceas e de as-
pecto semelhante ao da borragem
comum.
A sua composição e propriedades
são muito semelhantes às da bor-
ragem. Emprega-se o seu sumo
fresco como loção contra o pruri-
do da pele {comichão), especial-
mente em caso de sarna.

' Esp.: borrajón.

Ás reconhecidas virtudes
gastronómicas da borragem, juntam-
-se as suas propriedades diuréticas e
• Sudorífica (sobretudo as flores): Fa- com outras plantas depurativas (ver depurativas, quando se come como
verdura ou em sumo fresco.
vorece a produção de suor, com o que pág. (547).
se eliminam impurezas e resíduos me- Além disso, o óleo das suas
• Emoliente e anii-inflamalória (ile- sementes faz descer o colesterol e é
tabólicos que circulam pelo sangue. sinflama a pele e as mucosas), devido um regulador hormonal que ajuda a
Daí o ser muito útil nas doenças in- 30 seu conteúdo em mucilagem e normalizar os ciclos femininos.
fecciosas e febris em geral (sarampo, também em proslaglandinas. Aplica- Em aplicação externa, estão
varicela, escarlatina, e t c ) . Dado que sse externamente em forma de cata- demonstradas as suas propriedades
tem ao mesmo tempo uma acção ex- plasma para aliviar as dores da gota e suavizantes e anti-inflamatórias.
pectorante, é especialmente indicada amadurecer os furúnculos e abcessos.
em bronquites agudas, catarros brôn- Conseguem-se igualmente bons re-
quicos, gripes e constipações MM. sultados quando se aplica sobre OS ec-
zemas e queimaduras leves (O).
• Diurética: Aumenta a produção de
urina e a eliminação de ureia, ácido Por sua vez, o ÓLEO DE SEMENTES de
úrico e outras substâncias residuais. borragem apresenta propriedades in-
Interessa portanto a quem sofra de teressantes:
gota, artritismo ou nefrite (inflama- • Hipolipemiante: E muito rico em
ção dos rins) I©). ácido linoleico (um ácido gordo po-
A combinação dos seus efeitos su- linsaturado). Este óleo é, portanto, de
dorífico e diurético fazem da borra- efeitos hipolipemiantes (faz descer o
gem um excelente depurativo do colesterol do sangue) 101.
sangue. A melhor altura para colher • Regulador hormonal: O óleo de se-
e Utilizar as FOLHAS é precisamente mentes de borragem actua também
na Primavera, época do ano em que como regulador do sistema hormonal
são mais convenientes as curas de- e como normalizador dos ciclos em
purativas. Para obter um efeito mais caso de dismenorreia (transtornos da
acentuado, recomenda-se associá-la menstruação) 1©I.

747
Buxus
sempervirensL
• • •
Preparação e emprego

Buxo USO INTERNO


O Decocção de 30-40 g de fo-
Um febrífugo potente lhas e/ou casca de raiz por litro de
mas tóxico água. Podem tomar-se até 3 chá-
venas desta decocção por dia,
adoçada com açúcar escuro, me-
laço ou mel.
USO EXTERNO
© Loções: Fazem-se com uma
decocção concentrada de folhas
(80-100 g por litro de água).

Precauções

Não excedera dose indicada. Em


doses elevadas, pode provocar
vómitos e transtornos nervosos.
Recomenda-se evitar o seu em-
prego em caso de hipotensão,
debilidade, gravidez ou lactação.

O
BUXO utilizava-.se noutras Não o administrar a crianças pe-
épocas para combater as fe- quenas.
bres do paludismo, como
substituto da quinina, originária da
América do Sul e nem sempre dispo-
nível na Europa. Actualmente, o seu
uso como planta medicinal caiu mui-
to, devido à sua toxicidade.

PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Toda a


planta, mas particularmente as folhas
0
e a casca da raiz, contém quatro tipos
de alcalóides esteróides, dos quais o
mais activo é a buxina. A planta é tam-
bém rica em óleo essencial, resina, ta-
nino e vitamina C.
0 0
Possui propriedades sudoríficas, fe-
brífugas e ligeiramente colagogas. Outros nomes: buxo-arbóreo.
Utilizava-se nas doenças febris (gripe Esp.: boj, bujo, fiorde pascua. Fr.: buis. Ing.: box (tree], boxwood.
e paludismo), e nos transtornos da ve-
Habitat: Comum nas zonas montanhosas da Europa Central e
sícula biliar 101. A sua acção febrífuga
Ocidental. Também se cria na costa atlântica da América do Norte e,
é muito acentuada, e pode tornar-se
com menos frequência, nas regiões montanhosas da América do Sul.
útil se fracassarem outros remédios. Descrição: Arbusto da família das Buxaceas, que atinge normalmente
A decocção de folhas de buxo, apli- de um a dois metros de altura. De folhas pequenas, perenes, ovais e
cada em forma de loção sobre o cou- brilhantes. As flores são pequenas, amareladas.
ro cabeludo, nalguns casos é capaz de Partes utilizadas: as folhas e a casca da raiz.
fazer crescer o cabelo (91.

748
Carlina acaulls L Çj\ ^
<. f. 5. <>J

Carlina
Um antibiótico pouco
conhecido

UE SERÁ aquele disco ama-

Q relo t o m o um grande ovo


estrelado, que .se vê naquele
campo?
-Parece um cardo!
Efectivamente, traia-se da carlina, Outros nomes: carlina-oficinal.
uma dessas plantas que não podem Esp: carfina angélica, cardo de San Pelegrin. Fr.: car/ine, articnauf sauvage.
passar despercebidas a caminhantes c Ing.: carline.
excursionistas. Habitat: Vegeta nos prados abertos de zonas montanhosas. Frequente nos Pirenéus
Conta a lenda que Carlos Magno e na Europa Central.
foi avisado, por um anjo, da utilidade Descrição: Pfania espinhosa parecida com um cardo, da família das Compostas,
desta planta para evitar a peste nos que cresce quase rente ao solo com um caule muito curto (menos de 20 cm). O
seus exércitos. Deu-a então a comer a capitulo floral é formado por mais de cem florezinhas de cor amarela escura, que
lodos os seus soldados, que assim se assentam sobre um disco plano de cerca de 10 cm de diâmetro. As folhas são
livraram da ião terrível epidemia. Por radiantes, muito espinhosas.
Partes utilizadas: a raiz (muito profunda: 1 a 2 m) e o capítulo floral (alcachofra).
isso se chama Carlina, em honra do
imperador gaulês. Depois airibuiu-se
a lenda a outro imperador, também
chamado Carlos: o V da Alemanha e I
de Espanha, pai de Filipe II de Es-
panha e I de Portugal.
Tanta foi a fama que a carlina che-
gou a adquirir como preventiva da
O Preparação e emprego
peste, que até o eminente botânico es-
panhol Andrés de Laguna (1499- USO INTERNO do) pode-se comer cozido com ba-
-1560), médico pessoal do papa Júlio O Decocção com raiz triturada {20- tatas ou assado. O seu sabor lembra
III, recomendava a sua raiz como «ad- -30 g por litro de água). Tomam-se o da alcachofra, e é muito aprecia-
mirável remédio contra a pestilência». 2 ou 3 chávenas por dia, mas sem do nalgumas regiões de França, on-
Lamentavelmente, apesar da carlina, exceder a dose, já que pode pro- de a planta é conhecida como 'al-
muitos milhões de europeus conti- vocar náuseas. cachofra silvestre'. Contém os mes-
nuaram a ser vitimados pela peste.
©Como hortaliça: O interior da mos princípios activos que a raiz,
Durante vários séculos, médicos e carlina (o receptáculo floral carnu- embora em menor proporção.
farmacêuticos têm esboçado um cép-
tico sorriso perante as pretensões de

749
A carlina contém substâncias antibióticas, que expli-
cam a sua acção protectora em caso de gripes e cons-
tipações. A decocção da sua raiz consegue fazer as
crianças expulsarem os mo/estos parasitas intestinais.

Laguna. Como é possível prevenir ou na-a útil nos casos de gripe, consti-
curar a peste, uma doença infecciosa pações e catarros (O.OI. Font Quer re-
causada por um microrganismo, me- gista que a raiz da carlina foi utiliza-
diante O uso de uma planta medici- da, com êxito, numa epidemia -em-
«Al- nal"- Porém, numa dessas voltas que a bora não de peste mas de gripe- que
história dá, descobriu-se. não há mui- em 1918 assolou toda a Europa. Isto
Carlina-omamental to tempo, que a carlina contém uma torna-se muito mais verosímil, depois
substância antibiótica: o cai linóxido. de se ter descoberto que a raiz da car-
Actualmente está a ser investigado o lina contém substâncias de acção an-
eleito antibiótico desta substância e as tibiótica.
A variedade acaule da carlina {Car-
suas possíveis aplicações. •Vermífuga. Tomada em jejum du-
lina cynara (D.C.) Pourr. = Carlina
acanthifolia Ml), que cresce rente ao rante quatro ou cinco dias seguidos.
solo, usa-se como planta de jardim. PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A raiz é eficaz contra parasitas intestinais
Para distingui-la das outras carlinas da carlina contém inulina (glícido), (téniase lombrigas) 101.
é costume qualificá-la de ornamen- resina, tanino e um óleo essencial, en- • Tonificante do estômago e colagoga
tal, ou cínara. tre cujos componentes se encontra o (facilita o esvaziamento da vesícula bi-
As suas propriedades medicinais carlinóxido. O conjunto destes prin- liar). É portanto indicada sempre que
são praticamente as mesmas que cípios activos conlere-lhe as seguintes se trate de estimular os processos di-
as da carlina oficinal. propriedades: gestivos: inapetência, digestões pesa-
• Sudorífica e algo diurética. Isto tor- das, gastrites 10.©I.

750
Carthamus
tínctorius L. # o J
Preparação e emprego

Açafroa
USO INTERNO

Sudorífico e purgante O Infusão de 60 g de flores


por litro de água. Tomam-se 1
ou 2 chávenas por dia.
€) Óleo: Uma colherada, em je-
jum, tem efeito purgativo.

Outros nomes: açafrão-bastardo.


saflor. açafrol. cártamo.
Esp.: cártamo, alazor. azafraniilo.
azafrán fafso. Fr.: caríbame [efes
teinturiers}, safran (aux.

A AÇAFROA, ou cártamo, é
uma planta lintória, usada
desde Há muitos séculos para
conseguir um atraente corante ver-
melho, com que as clamas einlxle/am
Ing.: safflower. false saffron.
Habitat: Planta originária da região
mediterrânea, embora se tenha
cultivado em toda a Europa e na
América Hoje é uma planta
o rosto quando a moda o exige rosa- silvestre nas regiões onde se
do. Também se usou para dar um cultivava.
pouco de alegria e cor à sopa dos po- Descrição: Planta anual da família
bres, como substituto do açafrão. das Compostas, de um metro de
altura, com folhas espinhosas e
flores de uma cor entre o amarelo e
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: As flo-
o vermelho.
res comem diversos pigmentos cie
Partes utilizadas: As flores e os
tipo glicosídico, entre os quais a car-
frutos.
tamina é o mais importante. São su-
dorífíca.s e diuréticas. Usam-se nos ca-
sos de febre, gripe ou constipação IO).
Os FRUTOS são muito ricos em
ÓLEO, composto dos ácidos linoleico.
oleico e. em menor quantidade, pal-
mítico e esteárico. Tanto os frutos
com o seu óleo leni limjòrte efeito pur-
gativo. Além disso, por serem ricos em
ácidos gordos insaturados, fazem des-
cer o nível do colesterol no sangue
161.
Devido ao seu forte sabor, o óleo de
cártamo é pouco utilizado. Hoje, em
dietética, existem outros óleos vege- Pormenor das flores da
tais ricos em ácidos gordos insatura- açafroa, cuja cor varia entre
dos: de gérmen de milho, de gérmen o vermelho e o amarelo.
de trigo, de soja. de grainlia cie uva.

751
Clnchona
offícinalis L. i\ £ *J J .
a> Preparação e emprego

Quina
USO INTERNO
O febrífugo e tónico
O Maceração: Deixam-se ma-
por excelência cerar 20-30 g de casca de qui-
na num litro de água durante
uma hora. Administra-se uma
chávena antes de cada uma das
três refeições diárias.
© Infusão com meia colherzi-
nha (de café) de casca de qui-
na triturada ou reduzida a pó por
cada chávena de água. Toma-
-se uma chávena antes de ca-
da refeição, sem exceder as 4
chávenas por dia.

USO EXTERNO
€) Compressas com uma de-
cocção com 30-40 g de casca
por litro de água. Ferver duran-

A QUINA é uma autêntica ri-


queza nacional para os países
andinos da América do Sul.
Crê-se que os Incas já conheciam as
suas extraordinárias propriedades fe-
te 10 minutos. Com o líquido re-
sultante, empapam-se com-
pressas que se colocam sobre a
pele ou o couro cabeludo, du-
brífugas desde tempos muito antigos, rante 10 minutos, três vezes ao
dia.
mas que as mantiveram em segredo
para que os conquistadores espanhóis O Gargarejos e bochechos
ficassem debilitados pelas febres ma- com esta mesma decocção.
láricas (paludismo).

Outros nomes: quineira.


CH = CH
Esp.: quino, [árbo! de la] quina. Fr.: quinquina.
Ing.: cinchona, Peruvian bark.
Habitat: Cresce espontaneamente em regiões
montanhosas do Equador, Peru, Bolívia e norte da
Colômbia, entre os 1500 e os 2500 m de altitude. A
província de Loja, no Equador, é onde se criam os
O-CHi melhores exemplares de quina. Actualmente
cultiva-se também nas Antilhas, na Indonésia (ilha
de Java), na Austrália e em regiões tropicais de
África.
Descrição: Arbusto ou árvore de até 30 m de
altura, da família das Rubiâceas. A casca do tronco
tem uma cor parda ou avermelhada, e a copa,
Fórmula química da quinina, o frondosa, é formada por grandes folhas verdes e
mais importante dos 20 alcalói- opostas. As flores são brancas ou cor-de-rosa.
des contidos na casca da quina.
Com a quinina e seus derivados, Partes utilizadas: A casca do tronco e dos ramos
elaboram-se diversos preparados especialmente, e também a da raiz, trituradas ou
reduzidas a pó.
farmacêuticos de acção antipalú-
dica.

752
Outras quinas & Precauções

Designam-se com o nome de quinas as -se e emprega-se por ter um acentuado


várias espécies de árvores do género efeito tonificante sobre as funções di- Não excederas doses indicadas pa-
Cinchona, da família das Rubiáceas. gestivas, superior ao das demais espé- ra uso interno, já que podem apre-
Conhecem-se umas 18 espécies, mas cies de quina. Cresce espontaneamen- sentasse náuseas e vómitos.
as mais cultivadas e utilizadas sào as te na região de Quito (Equador) e tam-
seguintes: bém no Peru.

• Cinchona officinalis L: É aquela que • Cinchona calisaya Weed.: Chamada


descrevemos nesta página e na ante- quina-amarela. Cresce também de for-
rior, por ser a espécie mais usada e a ma espontânea na Bolívia e no Peru.
primeira que se utilizou. Abunda no Todas as espécies de quina, excepto
Equador. a quina-vermelha, têm as mesmas pro-
priedades. As variações entre umas e
• Onchona succirubra Pavótv. É co- outras devem-se à sua diferente con-
nhecida como quina-vermelha. Cultiva- centração de quinina (princípio activo).

Os condes de Chinchou, vice-reis adstringente; assim como essências, pecialmente nas zonas rurais da Amé-
do Peru, quando regressaram a Es- amidos e princípio amargos. rica do Sul e da Ásia.
panha em 1640, trouxeram consigo,
da América, um bom carregamento Estas são as mais importantes apli- • Estados febris: A quina faz baixar a
de casca de quina. Devido aos seus es- cações da quina: febre causada por muitas outras do-
pectaculares resultados para baixar a enças infecciosas, além do paludismo.
• Paludismo (malária): E provavel- O seu efeito benéfico torna-se mais
febre e como tonificante, o seu uso es- mente a doença que afecta o maior nú-
tendeu-se rapidamente por ioda a Eu- eficiente devido ao facto de favorecer
mero de pessoas no mundo. Caracieri/.a- a eliminação de toxinas sanguíneas,
ropa, em forma de pós, extractos e co- -se por acessos de febre alta e sudação,
zimentos. Em 1920, os farmacêuticos tanto pela pele como pela urina
acompanhados de sonolência, cefa- (acção depurativa). O seu uso é indi-
franceses Pelletier e Caventou conse- leia, náuseas e anemia. E causada por
guiram isolar os princípios activos da cado na gripe, nas infecções virulen-
diversos protozoários do género Plas- tas e em lodo o vipo de infecções cvér-
quina: os alcalóides quinina e cinco- modium, que parasitam os glóbulos
nina, entre outros. nicas IO.©).
vermelhos do sangue, depois de te-
rem sido inoculados pela picada do • Inapetência: Todas as quinas, mas
Actualmente, milhões de pessoas mosquito anófele. especialmente a quina-vermelha, têm
em lodo o mundo beneficiam da qui- um acentuado efeito aperitivo e toni-
na e dos seus derivados, tanto para a Os alcalóides da quina são muito ficante (ver o quadro que figura na
profilaxia (prevenção) individual úteis para tratar a. fase aguda do ataque parte superior desta mesma página).
tomo para o tratamento do paludis- palúdico: baixam a febre, aliviam a Além disso, são muito digestivas (fa-
mo (malária). dor de cabeça e as náuseas, e fazem cilitam a digestão) e combatem as fer-
desaparecer o mal-estar geral produ- mentações intestinais 101.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A
zido pela doença. A casca da quina ê
utilizada com este fim desde o tempo • Cicatrizante: Externamente, a quina é
substância medicinal extraída da cas- um bom anti-séptico e favorece a ci-
ca da quineira, substância essa a que dos Incas IO.0I.
catrização. Usa-se em bochechos e
lambem se dá o nome de QUINA, con- Desde meados do século XX, a in- gargarejos em caso de estomatite (in-
tém mais de 20 alcalóides distimos, vestigação farmacêutica tem desen- flamação da mucosa da boca), aftas,
entre os quais se destacam os dois pa- volvido fármacos antipalúdicos sintéti- piorreia e faringite 101. Também se
res de isómeros quinina-ouinidina e cos, como a cloroquina e a primaqui- aplica em compressas sobre qualquer
cínconina-cinconidina. Estes alcalói- na. que servem também para a pre- lipo de feridas l©J.
des conferem-lhe propriedades febrí- venção da doença.
fugas, antipalúdicas c tonificantes de •Tónico capilar: Dá bons resultados
sabor amargo. Possui ainda taninos Apesar de tudo, a casca da quina em certos tipos de alopecia (queda do
caléquicos, que a tornam fortemente continua a ser utilizada com êxito, es- cabelo) 101.

753
Drosera
rotundlfolla L. oi * KI m J j
Preparação e emprego

Rorela
USO INTERNO
Antibiótico e remédio O Infusão: 15-20 g de planta por
contra a tosse litro de água. Tomam-se 4 ou 5
chávenas por dia.
© Tintura: Torna-se muito útil pa-
ra as crianças, à razão de 5 gotas
por cada ano de idade, repartidas
ao longo do dia, até um máximo
de 30 gotas diárias. Dá-se diluída
em água ou sumo de fruta.

O LHA como aquele mosquito


ficou apanhado nas folha des-
ta planta! - diz um jovem ob-
servador da natureza ao seu compa-
nheiro.
Enquanto os naturalistas observam Outros nomes: orvalhinha,
orvaiho-do-sol.
o curioso fenómeno, o mosquito co-
Esp.: drosera, hierba de la gota.
meça a desaparecer pela acção de atrapamoscas. Fr.: drosera.
uma enzima digestiva, semelhante ao Ing.: sundew.
nosso suco gástrico, segregada pelas Habitat: Espécie pouco
folhas da rorela. Tiata-se de uma plan- frequente, que prefere os
ta carnívora, capa/ de capturar e di- lugares húmidos e
gerir cerca de 2000 insectos durante montanhosos. Na Península
um verão. Ibérica só se encontra na
metade norte. Particularmente.
em Portugal, encontra-se em
PROPRIEDADES K INDICAÇÕES: ioda a Trás-os-Montes. Minho e Beiras.
planta contém nafioquinonas, a mais Naturalizada na América.
importante das quais é a plumbagona. Descrição: Planta vivaz muito
Estas nafioquinonas conferem-Ihe pequena, da família das
uma acção antítússica, béquica, anti- Droserãceas. que não costuma
biótica c antiespasmódica. K compro- ultrapassar os 15 cm de altura.
As folhas nascem junto ao solo.
vadamente eficaz contra os estrepto- em roseta, e são cobertas de
cocos, estafilococos e pneumococos. pelinhos pegajosos a que ficam
Por tudo isto, lorua-sc um remédio presos os insectos.
ideal contra a tcs.se seca ou irritativa Partes utilizadas: a parte aérea
causada por faringite, laringite ou tra- da planta.
queíte. Muito indicada no caso de tos-
se convulsa c de nsmu. Nas bronquites
agudas e crónicas, a rorela acalma a
tosse e facilita a expectoração (0.01.

754
Echinacea
angustífolla D.C.
SI KÉ *. I I Al

-LP Preparação e emprego


Equinácea
USO INTERNO
Cura e previne O Decocção de 30 a 50 g da
a u m e n t a n d o as defesas raiz triturada, por litro de água,
de que se tomam de 3 a 5 chá-
venas diárias.
© Preparados farmacêuticos:
Normalmente, a equinácea apre-
senta-se em diversas formas: ex-
tracto fluido, tintura, cápsulas,
etc. Nestes casos é necessário
seguir as instruções do im-
presso.
USO EXTERNO
€) Compressas com a mesma
decocção que se usa interna-
mente.
O Loções com o líquido desta
mesma decocção.
0 Preparados farmacêuticos:
pomadas, cremes ou outros.

O
S ABORÍGENES dos estados
de Nebraska e Missuri (E, U.
A.), já usavam a raiz da equi-
nácea para curar as feridas infectadas Sinonímia científica: Echinacea
e as mordeduras de serpentes. Nos fi- pallida Nutt.
nais do século XIX. o doutor Meyer.
Outros nomes:
um investigador médico, descobriu as
Esp.: equinácea Fr.: rudbeckie a
propriedades desta planta convivendo
feuilles étroites. Ing,: echinacea.
entre os índios. A partir de então, a purple conetlower.
equinácea leni sido objecto de nume- Habitat: Originária da América do
rosos estudos científicos, que têm vin- Norte. Cresce nas planícies e nas
do a revelar as numerosas virtudes margens arenosas dos rios. sobretudo
desta planta, assim como o seu meca- no vale do grande rio Mississipi, de
nismo de acção. onde ê oriunda. Cultiva-se como
planta medicinal no Centro da Europa.
Hoje a equinácea faz parte de di- Descrição: Planta da família das
versos produtos farmacêuticos, e é uma Compostas, cujos caules ocos podem
das plantas sobre as quais existe um atingir um metro de altura. Apresenta
maior número de estudos científicos rea- umas folhas alongadas, estreitas e
lizados. cobedas de pêlos. As suas flores, cor
de malva, que nascem na
extremidade dos caules, tornam-se
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: A com- muito vistosas.
posição da raiz. de equinácea é muito Partes utilizadas: a raiz.
complexa. Têm-sc identificado nu-
merosas substâncias activas, que po-
dem agrupar-se segundo o seguinte
esquema:

755
/ Óleo essencial: Constituído por
mais de 20 componentes, entre os
quais se destaca o geranil-isobutirato
(61%); contém também terpenos (pi-
neno, tuiona e outros) e cis-l,8-pen-
tadecadieno, substância que, in viiro,
tem propriedades oncolíticas (destrói
as células dos tumores). O óleo es-
sencial parece ser o principal respon-
sável do estímulo imunitário (au-
mento das defesas).
/ Equinacósido. Glicósido constituí- O melhor tratamento antibiótico fracassará se as defesas do organismo não
colaborarem na luta contra a infecção.
do pelos açúcares glucose e ramnose,
que têm um acentuado efeito antibió- A equínácea exerce uma notável acção imunoestimulante (que fortalece as
defesas), aumentando a produção e a actividade dos anticorpos e dos leu-
tico sobre diversos germes, em espe- cócitos (glóbulos brancos) no sangue.
cial sobre o estafilococo dourado.
/ Poliacetilenos, de eleito bacterici-
da e fungicida (destroem as bactérias
e os fungos).

756
% • Anti-inflamatória: Impede a pro-
y Equinácea-purpúrea gressão das infecções, por inibição da
enzima hialuronidase, produzida por
Tratamento do cancro
muitas espécies de bactérias; favorece
a formação do tecido de granulação,
responsável pela cura das feridas; es-
O uso da equinácea dá muito bons
A equinácea-purpúrea [Echinacea timula a reprodução dos íibroblastos,
resultados na correcção da leucope-
porpurea Moench.) diferencia-se da células fundamentais do tecido con-
nia (diminuição de leucócitos) e da
pálida, ou angustifólia, em que as flo- juntivo responsáveis pela regene-
diminuição das defesas na sequên-
res da primeira são, como o nome in- ração dos tecidos e pela formação das cia da aplicação de radioterapia ou
dica, de cor vermelha. cicatrizes. de quimioterapia como tratamento do
As aplicações medicinais destas • Antitóxica: Estimula os processos de cancro.
duas equináceas são as mesmas. desintoxicação no fígado e nos rins,
mediante os quais se neutralizam as
substâncias tóxicas ou estranhas que
circulam pelo sangue.
• Antibiótica e antivírica: Acção que
se tem demonstrado experimental-
mente Ml vilro. No entanto, in vivoó
mais importante a sua acção de estí-
mulo das defesas.
• Anticancerosa, por destruição de
células malignas (efeito até agora só
comprovado in miro).
/ Um factor inibidor da hialuronida- Por tudo isto, as suas aplicações clí-
se, enzima produzida por muitas bac- nicas são as seguintes:
térias. A hialuronidase desintegra o • Doenças infecciosas cm geral: O
ácido hialurónico (componente fun- melhor antibiótico fracassará se as de- dora dos tecidos, aplica-sc nos abces-
damental do tecido conjuntivo) e fesas do organismo não colaborarem sos, feridas ou queimaduras infecta-
permite assim a difusão dos germes na luta contra a infecção. A equiná- das, foliculite, acne sobreinfeciada,
patogénicos. Ao inibir esta enzima, a cea actua sobre o terreno (islo é, so- úlceras da pele incluindo as va ri cosas,
equinácea detém a difusão dos ger- bre o organismo que sofre a in- psoríase, dermatoses e eczemas
mes pelos tecidos. fecção), mais do que destruindo os (©,©,©1. Nestes casos aplica-se tanto
y Resinas, inulina e vitamina C. germes causadores da mesma. Isto externa como internamente IO.©l.
significa que a sua acção é mais lenta, • Picadas de insectos e mordeduras
Como frequentemente acontece
e talvez menos espectacular que a dos de serpentes. Pela sua acção desinto-
em fitoterapia, o extracto da planta
antibióticos; ainda que, em muitos ca- xicante, neutraliza (parcialmente) o
(neste caso da raiz), é muito mais ac-
sos, com melhores resultados a médio veneno c evita o seu alastramento.
tivo do que cada um dos princípios
e longo prazo. O seu efeito é curativo Também se deve aplicar interna IO,©l
activos em separado. Isto deve-se a
e preventivo. Além disso, é isento dos e externamente 10.0,©).
que uns componentes potenciam ou-
efeitos secundários dos antibióticos.
tros e, possivelmente, ao facto de exis- • Afecções prostáticas: Tem um efei-
tirem ainda alguns princípios por Recomenda-se, entre outras, nas to descongestivo sobre a glândula
identificar. doenças infecciosas infantis; na gri- prostática e, sobretudo, evita as fre-
As propriedades fundamentais da pe; na sinusite, amigdalite e infecções quentes infecções urinárias pelo es-
equinácea são as seguintes*. respiratórias agudas e crónicas, espe- vaziamento incompleto da bexiga
• ImunoestimuJante: Aumenta os me- cialmente quando se produzem com IO.©).
canismos de defesa, por uma estimu- frequência (efeito preventivo); na fe-
bre tifóide; nas septicemias (infecção • Tumores malignos: Ainda que até
lação geral não específica, tanto da agora a sua acção contra os tumores
do sangue) de qualquer causa (gine-
imunidade humoral (maior pro- só se tenha demonstrado experimen-
cokSgica, urinária, biliar, etc.) ÍO.ÔI.
dução de anticorpos, activação do sis- talmente in vitro, há razões suficien-
tema de complemento), como da Tem-se aplicado com êxito no tra- tes para se pensar que possa ter uma
imunidade celular (fagocitose: des- tamento da sida, combinada com ou- acção benéfica no caso de tumores
truição dos microrganismos pelos tros remédios, com resultados muito cancerosos. A espera de novas inves-
leucócitos). Produz um aumento do esperançosos tigações, a equinácea só se deve usar
número de leucócitos (glóbulos bran- • Lesões da pele: Pela sua acção anti- como complemento de outros trata-
cos) no sangue. -infecciosa, cicatrizante e regenera- mentos contra os tumores IO.0I.

757
Hippophae
lamnoides L
Í 3 I •
Preparação e emprego

Hipofaé
USO INTERNO
Reconstituinte O Bagas: Os frutos do hipofaé
podem-se comer bem maduros
rico em vitamina C (três punhados por dia), embora
tenham um sabor um tanto ácido.
© Xarope: Ferve-se o sumo das
bagas bem maduras durante 15
minutos, acrescentando-se de-
pois metade do seu peso em açú-
cap. Conserva-se bem tapado
num recipiente de vidro. Tomam-
-se 3 colheradas diárias.

D URANTE a Idade Amiga, pen-


sava-se q u e este arbusto era tó-
xico para os cavalos, de o n d e
lhe vem o n o m e latino de Hippophae
(mata cavalos).
Outros nomes:
Esp.: espíno amarillo. espino falso.
Fr.: argousier. épine marante.
Ing.: sea buckthorn.
Habitat: Disseminado pelas margens de
Sabemos hoje q u e . n ã o só é isento rios e terrenos arenosos de toda a
de q u a l q u e r t o x i c i d a d e , m a s é tam- Europa, mas difícil de encontrar em
Portugal. Naturalizado no continente
bém uma das p l a n t a s q u e se c o n h e -
americano.
cem com maior concentração de vitami-
Descrição: Arbusto espinhoso de 1 a
na C.
3 mde altura, da família das
Eleagnáceas. As suas tolhas são
P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS ba- caducas, estreitas e lanceoladas. As
gas contêm ácidos orgânicos, glicósi- flores são unissexuais (é uma planta
dos flavónicos, caroteno (provitamina dióica), pequenas e de cor verde. O
A), vitaminas do g r u p o B, e sobretu- fruto é uma baga de cor amarela ou
alaranjada.
do vitamina C (cerca de 600 mg por
100 g; de/, vezes mais q u e o limão). As Partes utilizadas: os frutos (bagas).
suas propriedades são:
• Anticscorbútico, tonificante e imu-
noestimulante, devido ao seu conteú-
do em vitaminas (especialmente a O).
É indicado em casos de infecções re-
petidas (diminuição de defesas), gri-
p e , esgotamento físico, a l i m e n t a ç ã o
deficitária e. em geral, s e m p r e q u e se
deseje a u m e n t a r o t o n o vital do orga-
Bem maduros, os frutos
nismo 10.01. do hipofaé rhamnoides
• Cardiolónico suave e activador do contêm abundantes
aparelho circulatório, devido ao seu vitaminas A, B e C. É
necessário identificar bem
conteúdo em glicósidos flavónicos
a planta para não a
10,01. Costuma iitili/ai-se c o m o com- confundir com outras
plemento dos tratamentos digitálicos. semelhantes que podem
•Ligeiramente d i u r é t i c o e aperitivo ser tóxicas.
10.01.

758
Pílocarpus
pennatifolius Lam.
I f\ |
- \# ! W
^
«• I
.

a Preparação e emprego

Jaborandi USO INTERNO


O Infusão com 4-5 g de folhas
Sudorífico eficaz em 250 ml (um quarto de litro)
de água. Como sudorífico, a
pessoa deve tomá-la bem quen-
te e, a seguir, cobrir-se com vá-
rios cobertores.
O Preparados farmacêuticos,
sob a forma de colírio e de in-
jecções hipodérmicas.

E
STA PLANTA era conhecida e
utilizada pelos nativos do Brasil
e do Paraguai, quando os colo-
nos europeus descobriram as suas pro-
priedades medicinais. O nome pelo
qual é conhecido internacionalmente
é precisamente aquele que lhe dão os
indígenas na língua tupi-guarani.
O jaborandi foi trazido para a Eu-
ropa no ano 1874 e. a panir de então.
tem sido objecto de numerosas inves- Sinonímia científica:
tigações fisiológicas. Faz parte de di- Pílocarpus jaborandi Holmes
versos preparados farmacêuticos. Outros nomes:
Esp.: jaborandi. yaborandi.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: O prin- Fr.: jaborandi. Ing.: jaborandi.
cípio activo mais importante das fo- Habitat: Originário do Brasil e distribuído pelas
lhas do jaborandi é a pilocarphia, um regiões tropicais da América do Sul.
alcalóide que possui acções parassim- Descrição: Arbusto da família das Rutaceas que
paticomimeticas, isto é, que reproduz atinge até 1,5 de altura. A superíície das folhas
as acções exercidas pelo sistema ner- está repleta de pequenas bolsas secretoras que.
quando são esfregadas, soltam um cheiro
voso parassimpático: aumenta a se- semelhante ao da laranja.
creção salivai e sudoral: provoca mio-
Partes utilizadas: as folhas.
se (fecha a pupila do olho), fazendo
descera tensão inua-ocular: estimula
os movimentos do tubo digestivo e a
produção de suco gástrico, pancreáti-
co e intestinal; diminui o ritmo cardí- Precauções
aco (bradicardia). Os seus eleitos são
compensados pela atropina.
Utiliza-se sempre que se queira au- O jaborandi contém pilocarpina, um
mentar a produção de suor (gripe. alcalóide que actua sobre o sistema
afecções febris, edemas ou hidropisia) nervoso vegetativo. Deve ser usado
(01. Também em caso de glaucoma sob vigilância médica e respeitando
(aumento da pressão no interior do as doses indicadas.
globo ocular) 101. Deve ser usado sob
trigilância médica.

759
PopulusnlgmL I Q ) t]
L lôl III M

Choupo-
-negro
Sudorífico, balsâmico
e anti-hemorroidal

O
CHOUPO-NEGRO distingue-
-se pelo seu aspecto longilí-
neo, e encontra-sc quase sem-
pre perto dos rios e lagos. E uma ár-
vore muito longeva (pode viver até
300 anos), embora nas últimas déca-
das esteja a ser atacado, especialmen-
te na Europa, por fungos, insectos e
plantas parasitas como o agáríco. Des-
ta forma, os bosques e as plantações
de choupo-negro estão a diminuir. As
árvores também adoecem! No entan-
to, apesar disso, continua a conservar
as suas propriedades medicinais, que
são conhecidas desde a antiguidade
clássica. Outws nomes: álamo-negro, álamo-libico, olmo-negro.
Esp.: chopo-negro. Fr.: peuplier noir. Ing.: [black]poplar.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS GE- Habitat: Comum em bosques húmidos de toda a Europa. Cultivado na Europa e na
América.
MAS foliares (brotos tenros) do chou-
po e, em menor proporção, a CASCA Descrição: Án/ore de folha caduca, da família das Salicàceas, que atinge até 30 m
de altura. Folhas de cor verde-escura, tanto na página superior como na inferior,
dos ramos, contêm um óleo essencial, pecioladas, ligeiramente dentadas e de forma triangular. Ê uma espécie dióica, o que
glicósidos flavonóides e fenólicos (sa- significa que umas árvores têm flores masculinas e outras femininas.
licina e populina) e tanino. As suas Partes utilizadas: as gemas primaveris, a casca e madeira.
propriedades são as seguintes:
• Sudoríficas, febrífugas e diuréticas;
ou seja, que provocam sudação, fazem
baixar a lebre e aumentam a pro- -Et paraçao e emprego
dução de urina, o que as torna parti- ^^^H
cularmente úteis em caso de doenças
febris, e sempre que se queira provo- USO INTERNO
car um efeito depurativo no organis- O Decocção durante 10 minutos com 30-40 g de brotos tenros (gemas) de
mo IOI. choupo por litro de água. Também se podem acrescentar uns fragmentos
• Anti-inflamatórias e anti-reumáticas: de casca. Coar, adoçar a gosto, e tomar 3 ou 4 chávenas por dia.
No uso interno recomendam-sc contra
os ataques de reumatismo, as poliar- USO EXTERNO
trites (inflamação de várias articu- @ Unguento popúleo: Prepara-se com 50 g de brotos tenros de choupo,
lações) e as dores reumáticas cm ge- que se esmagam num almofariz e se misturam com 150 g de gordura (man-
ral (Ol. teiga sem sal ou vaselina). Põe-se em banho-maria durante 2-3 horas, ao
• Balsâmicas e expectorantes: Admi- fim das quais se deve coar com uma gaze ou um lenço fino. Aplicá-lo como
nistram-se nos casos de bronquite loção, 3 ou 4 vezes ao dia, sobre a zona afectada.
aguda e crónica, assim como em todo
o tipo de catarros bronquiais. Desin-

760
o Carvão vegetal
O choupo é muito apropriado para o seu iabrico.

O carvão vegetal de madeira de choupo, finamente reduzido


a pó, actua como um poderoso absorvente de toxinas no tu-
bo digestivo. As aplicações mais importantes do carvão ve-
getai são:
• Antídoto nos casos de intoxicação por plantas ou substân-
cias venenosas (pág. 108).
• Antidiarreico e antitóxico em caso de gastrenterite e coli-
A decocção de gemas de c h o u p o , bem coada e te, assim como no caso de fermentações e putrefacções in-
adoçada com mel, é um b o m remédio para as do- testinais que provoquem óispepsias llatvlentas ou fétidas.
enças broncopulmonares, em virtude das suas pro-
priedades balsâmicas e expectorantes, além de ser su- • Dentífrico: Escovando-se os dentes com carvão vegetal em
dorífica, febrífuga e diurética. pó, estes embranquecem e as gengivas desinflamam-se. O
carvão arrasta o tártaro e os restos de alimentos em putre-
facção que se acumulam entre os dentes e debaixo das gen-
givas.

Outros choupos
ílamam a mucosa bronquial e facili-
tam a p r o d u ç ã o de uma mucosidade
mais fluida, q u e assim se elimina com
facilidade IOI. Existem cerca de 30 espécies de • Choupos da América: o Populus
choupos. Todas elas apresentam pro- balsamifera L. e o Populus canadicans
• C a r v à o : A MADEIRA do c h o u p o é
priedades medicinais muito semel- L, são espécies próprias do conti-
m u i t o a d e q u a d a p a r a fazer carvão hantes, ainda que com efeitos de in-
medicinal (ver o q u a d r o s u p e r i o r ) . nente americano, e de cujos brotos
tensidade variável: tenros, ou gemas, se obtém o bálsa-
• Em USO externo, o UNGUENTO POPÚ- mo de Gilead. A elaboração, as pro-
LEO é um c o m p r o v a d o r e m é d i o con- • Choupo-branco (Populus alba L).*
cujas folhas são de cor prateada na priedades e aplicações do bálsamo de
tra a inflamação das h e m o r r ó i d a s KM. Gilead são as mesmas que as do un-
página inferior, ao contrário das do
Figura d e s d e há três séculos nas far- guento popúleo.
choupo-negro, que são verde-escuras
macopeias de toda a Europa, e conti-
por ambas as faces.
n u a a sei um t r a t a m e n t o válido para
aliviar a congestão e a d o r h e m o r r o i - • Choupo-tremedor (Populus tremu- ' " Esp.: álamo blanco. Fr.: peuplier blanc.
dal. Além do mais c vulnerário, o q u e la L.)," caracterizado pelas suas fol- Ing.: white popler.
q u e r dizer q u e sara as Feridas e con- has darás pela face inferior, e com um
tusões da pele. Aplica-sc, a i n d a q u e longo pecíolo que permite que sejam " Esp.: álamo temblón. Fr.: tremble.
com eficiência duvidosa, para evitara agitadas pelo vento. Ing.: aspen.
q u e d a do cabelo l@i.

761
Rosa canina L
SKT*S
>} u o.

Rosa-canina
Um concentrado
vitamínico...
comp/etamente natural

Q
UE VIRTUDES poderemos
supor que se encontrem nos-
ia planta, de acordo com a
comprovada teoria dos si-
nais? - interroga o professor.
Encontramo-nos numa aula da
Universidade de Bolonha, pelos finais Outros nomes: rosa-de-
•cão, silva-macha, silvão.
do ano 1545. O insigne médico e
Brasil: rosa-bandalha.
botânico espanhol Andrésde Laguna
Esp.: escaramujo, rosa canina,
acaba de obter o grau de doutor nes- rosal silvestre, rosal perruno, una de gato, cinorrodón. Fr.: rosierdes
sa famosa universidade italiana, e di- chiens, rosier sauvage, églantier. Ing.: brierhip, wild brier, eglantine gall.
rige-se agora, segurando um ramo de Habitat: Muito comum nas bermas dos caminhos e bosques de toda a Europa.
rosa-canina, a um grupo de estudan- Naturalizada na América.
tes. Descrição: Arbusto de 1 a 3m de altura, da família das Rosáceas, com caules
- Vejo nos espinhos dos caules os providos de espinhos. As folhas são alternas, com 5 ou 7 folíolos ovais e de bordo
dentes aliados de um cão -diz um dos dentado. As flores têm 5 pétalas cor-de-rosa ou esbranquiçadas. Aquilo a que
estudantes—. Creio que esta planta vulgarmente se chama fruto, de cor vermelha e com forma de azeitona, é na
realidade um pseudofruto, formado pelos restos do cálice da flor.
deve ser boa contra a raiva.
Partes utilizadas: os frutos, as flores, as folhas e a raiz.
- Efectivamente! -diz o professor.—
Assim o confirma o mestre Dioscóri-
des.
Outro dos estudantes abre um dos
frutos da rosa-canina e, depois de ob- Jí Preparação e emprego
servar os Unos pêlos que abundam no
.seu interior, diz:
USO INTERNO dades diuréticas, depurativas e ligei-
- Eu creio que deve ser boa contra ramente adstringentes.
a calvície. Reparem na quantidade de O Frutos frescos: É a melhor ma- €) Decocção de raiz e folhas: 100 g
cabelos finos que há dentro destes fru- neira de aproveitar toda a sua rique- de raiz e/ou folhas de rosa-canina em
tos! za vitamínica. Escolher os que este- litro e meio de água. Ferver até que se
- E porque não poderá ser boa jam bem maduros, abri-los e limpá- reduza a um litro. Tomar várias chá-
para curar o mal da pedra? Já repara- -los bem debaixo da torneira, até lhes venas por dia, como antidiarreico.
ram nas sementes, pequenas e duras. tirar todos os pelinhos e sementes.
que parecem cálculos urinários-' - diz Comer um bom punhado deles cada USO EXTERNO
outro estudante. dia. ©Água-de-rosas: Põe-se a mace-
rar um punhado de pétalas de flor de
O doutor Laguna sente-se satisfeito
© Decocção de frutos: 50-60 g de rosa-canina num copo de água. Pas-
com os seus alunos de Bolonha. Aca- sado um dia, espremer as pétalas e
frutos por litro de água. Tomar 4 ou 5
bam de redescobrir as três proprieda- chávenas por dia. A vitamina C perde- deitá-las fora. Lavar os olhos com o
des que se atribuem â rosa-canina des- se, mas persistem as suas proprie- líquido que ficou.
de o tempo fie Dioscórides, no século
Id.C.

762
Os frutos da rosa-canina, também conheci-
da pelos nomes de rosa-de-cão e stfva-
-macha, são um a u t ê n t i c o reconstituinte
n a t u r a l , q u e c o n v é m a sãos e doentes, a
crianças e adultos.
Pelo seu conteúdo em vitaminas, especial-
m e n t e a C, exerce uma acção preventiva
contra as gripes e constipações.

L a m e n t a v e l m e n t e , a teoria dos si- pelinhos vermelhos e rígidos, m u i t o (provilamina A), e vitaminas Bi, Bs, C,
nais n ã o era mais d o q u e isso: u m a irritantes. Eis a m a n e i r a pitoresca E e P (llavonóides). O c o n t e ú d o em vi-
teoria. Os progressos da química e fia c o m o Font Q u e r os descreve: «Pro- tamina C atinge os 600 mg por 100 g.
farmacologia permitiram, nos séculos duzem uma endiabrada comichão e pofle chegar até aos 800 mg, sendo
XIX e XX, d e s c o b r i r as v e r d a d e i r a s q u a n d o se introduzem e n t r e a camisa inclusive muito superior ao fio limão.
p r o p r i e d a d e s das plantas. E curiosa- e a pele. A mesma, s e g u n d o se c o m a , q u e é de cerca fie :~>0 mg. Assim a rosa-
m e n t e , n e n h u m a dessas três proprie- q u e se sente em volta do orifício anal canina lorna-se um dos vegetais mais ri-
dades q u e . seguindo a diia teoria, se q u a n d o , depois de se c o m e r os frutos cos nesta vitamina, acima tio kiwi ('í00
atribuíam a esia planta, p ô d e ser con- da rosa-canina, os próprios pelinhos, m g ) , da luzerna (183 mg, pãg. 269) e
firmada. Em troca, a investigação após terem escapado incólumes a io- fia groseiheira-negra, Ribes nigrum I..
científica conseguiu pôr a descoberto dos os perigos fias vias digestivas, se (170 mg, pãg. 108). A rosa-canina só é
o u t r a s p r o p r i e d a d e s da rosa-canina. d e s p e d e m assim fio seu hospedeiro.» ultrapassada em vitamina C pela ex-
as verdadeiras, não m e n o s interessan- cepcional nialpíguia (Malpighia fjiuti-
tes q u e as supostas. PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Os cifolia I.., Malpighia glabra I..). fruta
FRUTOS da rosa-canina c o n t ê m diver- q u e , madura» c o n t é m até 2500 mg de
A superfície interna dos frutos da sos açúcares e ácidos orgânicos, assim vitamina Cl p o r cada 100 g. e verde
rosa-canina acha-se c o b e r t a p o r uns c o m o pectina, sais minerais, carotenos p o d e chegar até aos 6000 mg.

763
o Doce cru
de rosa-canina

Uma vez limpos os frutos, esmagam-


-se até reduzi-los a polpa, e acres-
centa-se-lhes o seu peso em açúcar.
Conservam-se assim todas as vita-
minas e tem um sabor agradável. Es-
ta marmelada ou doce, se for guar-
dada no frigorifico, mantém-se em
bom estado durante alguns dias.

As flores da rosa-canina
são excelentes para
preparar a água de
rosas que, aplicada em
lavagens oculares.
alivia as conjuntivites e
blefarites (inflamação
das pálpebras).

As p r o p r i e d a d e s dos FRUTOS da fecciosas, especialmente nas infantis As PÉTALAS das flores c o m e m pec-
rosa-canina são as seguintes: IO.OI. tina, t a n i n o , ácidos o r g â n i c o s e pe-
• Diuréticos e depurativos: Recomen- q u e n a s q u a n t i d a d e s d e essência.
• Tonificantes e a n t i e s c o r b ú t i c o s :
dam-se na hidropisia ( r e t e n ç ã o de lí- C o m o todas as pétalas das rosas (pág.
Lieis em caso de esgotamento físico,
quidos): alimentação sobrecarregada, 635), servem para p r e p a r a r a água de
astenia, fadiga primaveril e convales- r o s a s , c o m a q u a l se o b t ê m m u i t o
cenças IO.0I. Os frutos da rosa-canina rica em carnes e p r o d u t o s de origem
bons resultados ao lavar os olhos afec-
são um autêntico concentrado cie vitami- a n i m a l ; gota e artritismo; e s e m p r e
tados p o r conjuntivite ou blefarite
nas naturais, especialmente da C. Ain- q u e seja precisa a acção de um diuré- (inflamação das pálpebras) 101.
da q u e o escorbuto (falta fie vitamina tico suave com p r o p r i e d a d e s d e p u r a -
tivas IO.ÔI. As FOLHAS e a RAIZ c o n t ê m ácido
C) seja u m a d o e n ç a rara nos países
tânico e são a d s t r i n g e n t e s . Einprc-
desenvolvidos, um s u p l e m e n t o im- Os frutos da rosa-canina já se utili- gam-se em d i a r r e i a s simples e gas-
portante desta vitamina tem um efei- zaram engolidos inteiros, m e s m o com trenterites (€>l.
to tonificante. os pêlos, contra a ténia e demais pa- As d u r a s SEMENTFS da rosa-canina,
• Imunoestimulantes: Os frutos da rasitas intestinais, e m b o r a sem funda- n ã o só c a r e c e m de efeitos sobre os
rosa-canina usam-se c o m o estimulan- m e n t o científico. Alguns atribuíam a cálculos urinários s e g u n d o se pensa-
tes das defesas, especialmente para pre- sua p r e t e n s a eficácia ao facto de os va, c o m o a i n d a , trituradas, libertam
venir gripes e constipações. Muito re- vermes n ã o s u p o r t a r e m a acção d o s u m a essência tóxica para o sistema
comendáveis em todas as doenças in- terríveis pelinhos. nervoso.

764
Rubus Idaeus L
•) U l i .
a> Preparação e emprego

Framboeseiro USO INTERNO


O Os frutos comem-se como
Tonifica e refresca sobremesa, frescos se for pos-
sível, o u , se não, em compota
ou doce.
© Infusão de folhas e flores:
(30-40 g por litro de água). To-
mam-se 2 ou 3 chávenas por dia.

USO EXTERNO
© Bochechos e gargarejos
com a mesma infusão que se
usa internamente.

D IOSCORIDES, há quase dois


mil anos. já recomendava, na
sua Matéria Médica, as fram-
boesas «contra as fraquezas do estô-
mago». Hoje continuam a .ser tão re- Oufros nomes: framboesa,
frescantes e tonificantes como antiga- amora-framboesa.
mente, e constituem uma fonte de vi- Esp.: frambueso, sangúeso,
taminas. chardón, chardonera, mora [de
monte], íresaf de montaria.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: OS fru- Fr.: framboisier. Ing.: [garden]
raspberry, [European] red
tos contêm pectina, açúcares, ácidos raspberry.
orgânicos, sais minerais e vitaminas A,
Habitat: Chase entre rochas de
B e, sobretudo, C. As flores e as folhas
xisto ou granito, nas regiões
contêm, além disso, taninos. montanhosas da Europa. Pouco
Os FRUTOS possuem propriedades cultivado em Portugal. Encontra-
aperitivas, antiescorbúticas, refres- -se naturalizado no continente
americano.
cantes e tonificantes. São muito reco-
mendáveis como refresco no caso de Descrição: Arbusto da família das
Rosáceas, que mede de 1 a 2 m
doenças febris. As curas de framboesas
de altura. Os caules são
tornan-se úteis contra a prisão de ven- espinhosos, embora não tão fortes
tre, o reumatismo e a insuficiência re- como os da sarça. As folhas são
nal e hepática. Estimulam o metabo- esbranquiçadas pela face inferior.
lismo, especialmente os processos de As flores são pequenas, e de um
desintoxicação e eliminação de resí- branco esverdeado.
duos orgânicos IO). Partes utilizadas: os frutos, as
flores e as folhas.
As FLORES e as FOLHAS são adstrin-
gentes, graças ao seu conteúdo em ta-
nino. Usam-se em infusão como anti-
diarreicas l@l e em bochechos e gar-
garejos, contra as inflamações das
gengivas e da garganta (€)}.

765
SaMasdareaL
m
Salva-
-esclareia
Um tónico com
agradável aroma

A SALVA-KSCLAREIA é u m a
bola planta, q u e alegra com o
seu colorido e o seu agradável
aroma os terrenos secos do Sul da Eu-
ropa. A sua essência uliliza-se em per-
fumaria.

P R O P R I E D A D E S E I N D I C A Ç Õ E S : AS FO-
LHAS e as FLORES contêm esclariol e
outros alcalóides a r o m á t i c o s , assim
como tanino, s a p o n i n a , colina e gli-
cósidos. As suas p r o p r i e d a d e s são se-
melhantes às da salva (pág. (538). em-
bora se evidencie e s p e c i a l m e n t e
como tónico, emenagogo e antiespas-
módico. Aplica-se nos seguintes casos:
• Esgotamento, fadiga, debilidade,
convalescença de doenças infecciosas
MH.
• Regras pouco a b u n d a n t e s IOI.
• Espasmos ou cólicas intestinais de-
vidas a fermentações ou a digestões
pesadas 101.
As SEMENTES da salva-esclareia são
ricas em mucilagens, pelo q u e já têm
sido utilizadas para extrair c o r p o s es-
tranhos do espaço conjuntiva] d o s o-
lhos. As mucilagens absorvem a água
c o m o se fossem uma esponja, devido
ao seu p o d e r osmóúco. Q u a n d o se co-
loca d e n t r o da pálpebra u m a semen-
te de salva-esclareia. esta incha, em-
papando-se de água e arrastando para
fora as partículas q u e possa haver den-
tro do espaço conjuntiva! do olho.

766
Sambucus nigra L

Sabugueiro
Bom remédio para
febres e constipações

Outros nomes: sabugueiro-negro.


Brasil: sdbugueirinho.
Esp.: saúco, saúco blanco, saúco
europeo, sabuco, canillero, linsusa.
Fr.: sureau noir. Ing.: [btackj elder,

A S BAGAS do sabugueiro têm


servido de alimento à espécie
humana desde tempos remo-
tos, apesar de que o cheiro cias suas
folhas se pode tornar nauseabundo.
European elder.
Habitat: Frequente nas bermas de
caminhos, margens de rios e
bosques de toda a Europa. Em
Portugal é cultivado, surgindo
Convém distingui!" o sabugueiro de também espontâneo. Encontra-se
uma outra espécie similar, o ébulo ou difundido pelas zonas temperadas e
frias do continente americano.
sahuguciriuho (Sambucus ebullis 1...
pág. 590), cujas flores e folhas têm as Descrição: Arbusto de 2 a 4 m de
mesmas propriedades que as do sabu- altura, da família das Caprífoliáceas,
com folhas caducas, grandes,
gueiro, mas cujos frutos são tóxicos. compostas de 5 ou 7 folíolos
Vejamos alguns pormenores que nos lanceolados e de bordo dentado. As
podem ajudar a distinguir um do ou- flores são esbranquiçadas e
tro". crescem em umbelas. Os frutos são
umas pequenas bagas negras ou
/ ( ) sabugueiro é um arbusto com violáceas-
tronco e ramos lenhosos, enquanto Partes utilizadas: as flores, os
que o ébulo é uma planta herbácea. frutos e a entrecasca do tronco e
/ O sabugueiro tem 5 ou 7 folíolos dos ramos (liber).
por folha, enquanto o ébulo tem 11
OU mais.
/ O s frutos do sabugueiro pendem
quando estão maduros, enquanto os O Preparação e emprego
do ébulo se mantêm erguidos.
/O cheiro do sabugueiro não é táo
forte e desagradável como o do ébulo. USO INTERNO nhecido como xarope de sabuguei-
Tendo era conta fstes sinais, pode- ro (ver o quadro informativo da pá-
O Inlusão de flores: 20-30 g por
mos comer tranquilamente as bagas gina seguinte.
litro de água. Ingerem-se por dia 3 a
do sabugueiro sem qualquer risco de 5 chávenas quentes.
USO EXTERNO
confundi-las com as bagas tóxicas do
O Infusão de folhas: 10-15 g por © Compressas empapadas numa
ébulo. No entanto, não convém abu- litro de água de que se tomam 3-5
sar delas. infusão concentrada (50-60 g por li-
chávenas diárias. tro).
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: AS flo- €> Decocção: 70-100 g de entre- © Lavagens da zona da pele afec-
res, que são as partes mais usadas em casca (líber) por litro de água, da tada ou dos olhos, com a infusão
qual se tomam 3 chávenas por dia. concentrada.
fitoterapia, contêm sais minerais (es-
pecialmente nitrato de potássio), gli- O Os frutos comem-se frescos, ou O Bochechos e gargarejos com
cósidos llavonóides (rutina e querciti- então em forma de um extracto co- esta mesma infusão.
na) e ácidos orgânicos, que lhes con-
ferem propriedades sudoríficas, diu-

767
Precauções

Não comer grandes quantidades de


bagas (frutos) de sabugueiro, pois
podem provocar náuseas e ftito-
lerância digestiva.

o Xarope de sabugueiro

Prepara-se com uma parte de sumo


de frutos e duas de mel. Ferve-se tu-
do até que atinja a consistência de
xarope. Tomam-sede3a6colhera-
das diárias deste delicioso xarope.

lares com a infusão de flores de sabu-


gueiro 10.01.
As FOLHAS do sabugueiro possuem
propriedades semelhantes às das flo-
res, embora a sua infusão se torne
menos agradável devido ao seu forte
cheiro 101.
O LÍBER, ou entrecasca do tronco
rampo, rubéola e escarlatina, com a e dos ramos (a camada que fica de-
réticas, depurativas e anti-inflamató-
sudação provocada pelo sabugueiro pois de raspados superficialmente), é
rias. Pelo seu conteúdo em inucila-
eliminam-se substâncias residuais (to- purgante e diurética. Usa-se desde há
gem, também exercem uma acção la-
xinas), e desce a febre IOI. muito tempo contra os edemas, a hi-
xante suave.
dropisia (retenção de líquidos em
As FLORES de sabugueiro são um • Afecções da garganta: Em boche- todo o corpo) e a ascite ou barriga de
dos sudoríficos e depurativos mais efica- chos e gargarejos, a infusão de flores água (acumulação de liquido na cavi-
zes que se conhecem, e são recomen- é muito recomendável nos casos de dade abdominal) 101.
dadas em todos os estados febris, es- faringite, estomatite e amigdalite IOI.
pecialmente: As BAGAS de sabugueiro contêm
• Afecções cutâneas: Em caso de fu- ácidos orgânicos, açúcares, vitamina
• Catarros, constipações e gripes, rúnculos, eczemas, acne e outras der- C e um glicósido cianogenélico (sam-
para provocar uma sudação abun- matoses, dão muito bons resultados as bunigrina), de toxicidade discutida,
dante e uma acção depurativa e des- compressas e as lavagens com a in- embora se tenha a certeza de que, em
congestionante. Também acalmam a fusão de flores de sabugueiro 10,01. quantidades moderadas, são inofensivas.
tosse (Oí. • Conjuntivites: Aplicain-se compres- Por tudo isto desenvolvem uma acção
• Doenças eruptivas infantis: No sa- sas sobre os olhos e/ou lavagens ocu- tonificante e laxante IO).

768
ThymuswlgarisL |Ç)| j J£ '
L, M M *]

Tomilho
Poderoso anti-séptico e
estimulante natural

O AGRADÁVEL aroma do to-


milho já chamou a atenção
dos antigos Egípcios, que o
utilizavam na preparação dos un-
guentos de embalsamar. Sabemos Outros nomes: tomiího-ord/nárío, tomilho-vulgar, arçã, arçanria, cheiros. Brasil:
poejo, segurelha.
hoje que ;i sua capacidade para impe-
dir a putref acção e a proliferação bac- Esp.: tomillo, tomillo común, tomillo vulgar, tomillo fino, tomillo salsero,
carrasquilla, estremocillo, tremoncillo, senserina. Fr.: thym. Ing: [garden] thyme.
teriana se deve ao seu conteúdo em
Habitat: Originário dos países mediterrâneos, mais frequente nos da parte
úmol e carvacrol, dois poderosos anti- ocidental Prefere os terrenos calcários ou argilosos em regiões montanhosas,
-séplicos. Curiosamente, três mil anos expostas ao sol ou áridas. Encontra-se naturalizado em regiões temperadas do
depois, como prova do seu poder an- continente americano.
timicrobiano, continua a ser empre- Descrição: Pequeno arbusto de até 30 cm de altura, da família das Labiadas, com
gado por embalsamadores e taxider- caules lenhosos tortuosos e muito ramificados. As folhas são muito pequenas,
mistas. ovaladas, com os bordos virados para baixo, e de cor mais clara pela face interior.
As flores são pequenas, terminais, de cor rosada ou branca, com o lábio superior
dividido em 3 dentes superficiais, e o inferior em 2 profundos.
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Con- Partes utilizadas: as sumidades floridas (folhas e flores).
tém 1 %-2% de essência rica nos isó-
meros timol e carvacrol, além de ou-
tros monoterpenos como o p-cimeno,
borneol e geraniol. A esta essência
£P Preparação e emprego
deve o tomilho a maior parte das suas
propriedades. Contém ainda flavo- USO INTERNO O Banhos de vapor e inalações
nóides e ácidos fenólicos que contri- com a essência.
O Infusão: 20-30 g de sumidades
buem para potenciar as propriedades
floridas por litro de água. Tomam-se © Lavagens e compressas com a
da essência. até 5 chávenas diárias. Concentrada decocçao indicada.
(50-60 g por litro), adquire um efeito
estimulante semelhante ao do café ©Loções e fricções com a de-
ou do chá, mas sem os seus incon- cocçao indicada ou com a essência.
venientes. © Banhos: Infusão com 300-500 g
© Essência: Ver o quadro informati- de tomilho em 2-3 litros de água, que
vo da página 771. se acrescenta à água do banho.

OH © Cataplasmas: Envolver folhas e


USO EXTERNO flores de tomilho desprovidas dos ra-
© Bochechos e gargarejos com uma mos, num pano de algodão. Aquecer
decocçao de 100-120 g de sumidades o pano com o tomilho com um ferro
FórmuJa química do por litro de água, que se deixa ferver de engomar ou sobre um aquecedor,
timoJ, principal até que fique reduzida a metade. e aplicá-lo sobre a zona dorida.
QH CH3 constituinte da
essência de tomilho.

769
O t o m i l h o , como podemos ver nesta mesma
página e na seguinte, é uma planta com nu-
merosas e bem comprovadas virtudes medici-
nais. Em forma de cataplasmas quentes, alivia
as dores das cistites e as cólicas renais.

O uso do tomilho é apropriado nos de Koch), e sobre os meningococos cocitose (aumento dos glóbulos bran-
seguintes casos: (causadores da meningite), os pneu- cos no sangue), tal como foi possível
• Anti-séptico (desinfectante): A essên- mococos e os estafilococos. demonstrar experimentalmente. Ao
cia (W tomilho tem um poder anti-sép- contrário dos antibióticos, que depri-
A sua acção anii-séptica locali/.a-sc mem o sistema imunitário (defesas),
tico superior ao do fenole da água oxi- sobre os aparelhos digestivo, respira-
genada. No século XIX e primeira me- o tomilho estimula-o, favorecendo a
tório e o geniturinário, e especial- actividade dos leucócitos (glóbulos
lado do século XX. quando ainda não mente sobre as mucosas da boca e
se conheciam os antibióticos, o tomi- brancos).
garganta, assim como as dos órgãos
lho era considerado o "desinfectante genitais. O uso do tomilho é portanto indi-
dos pobres". Actualmente está bem cado em todas as doenças infecciosas,
comprovada a acção bactericida da A sua acção antimicrobiana c re- em especial as de origem bacteriana
essência de tomilho sobre os bacilos forçada pela capacidade que apre- que afectam os órgãos digestivos, res-
tífico, diftérico, tuberculoso (bacilo senta de estimular o fenómeno da leu- piratórios e geniturinários.

770
• Sistema nervoso: Tonificante geral Esta planta nunca
tio organismo: estimula as faculdades deveria faltar em
nenhuma farmácia
intelectuais e a agilidade mental, mas doméstica, nem na
sem os efeitos secundários do cale ou despensa, como
do chá, os quais substitui com vanta- condimento e para a
gem. Convém tanto nos casos de es- preparação de deliciosas
gotamento físico (astenia, debilidade, sopas de tomi/ho.
hipotensão) como psíquico (perda
de memória, ansiedade, insónia, de-
pressão, irritabilidade nervosa) IO.©).
• Aparelho digestivo: Antiespasmódi-
co, eupéptico (tonificante da di-
gestão) e carminativo (impede as 11a- várfrS' vtfOte'
tulências e :i formação de gases).
Abre o apetite, favorece a digestão e
combate as putrefacções intestinais
por desequilíbrio na flora do cólon. oferece uma acção favorável em caso lismo, causadores do artritismo e da
de infecções nos órgãos genitais ex- gota.
Indicado em gastrentei iles e coli- ternos devidas a higiene deficiente,
tes provocadas por bactérias do gé- Km aplicação externa, o tomilho ali-
diabetes ou outras causas, lauto femi- via igualmente as dores provocadas
nero Salmonella, responsáveis de nu-
ninas (vaginite e vulvile com ou sem por: torcicolo, lumbalgias. ciática, ar-
merosas infecções por alimentos em
leucorreia) como masculinas (balani- trose, etc. 10.0 ©I
mau estado, especialmente durante o
te e postiie, infecção da glande e do
Verão IO.01. • Infecções da pele: Km lavagens e
prepúcio) 101.
•Vermífugo (expulsa os vermes in- compressas, aplica-sc sobre feridas in-
testinais): Particularmente activo so- Aplicado em cataplasmas quentes, fectadas ou de lenta cicatrização, cha-
bre as lenias. Também é insecticida alivia as cólicas renais e as da cistite.
gas, úlceras vaiicosas. frieiras, furún-
de pulgas e piolhos 10.©). • Anti-reumático: Aplicado externa- culos, abcessos, dermatite, etc. 101.
•Afecções bucais e faríngeas: Utili- mente em fricções, banhos e cataplas-
mas, acalma as dores reumáticas pro- Pela sua acção antiparasitária. é
zado em bochechos combate as aftas, muito útil em caso de sarna e de in-
a piorreia e a estomalite (irritação ou vocadas pelo artritismo e pela gota
I©.©.©). Ingerido por via orn/IO.01. o festação por piolhos ou por pulgas
inflamação da mucosa bucal). Em
gargarejos toma-se muito eficaz no tomilho é também diurético e sudorí- • Estimulante capilar: .Aplicado em
tratamento das faringites e amigdali- fico, pelo que exerce uma acção de- loção ou fricção sobre o couro cabe-
tes 161. purativa, eliminando do sangue o ex- ludo, fortalece o cabelo e previne a
cesso de resíduos ácidos do metabo- sua queda 101.
• Aparelho respiratório: Expectoran-
te, antitússico e balsâmico, o que, so-
mado ao seu podei anti-séptico, o tor-
na muito útil em sinusites, laringiles.
catarros brônquicos e bronquites, Essência de tomilho
asma, tosse espasmódica e tosse con-
vulsa. Nestes casos, recomenda-se to-
mar a sua infusão IO) ou essência 101.
• Ingerida por via oral, não exceder a dose de 2 ou 3 gotas, 3 vezes ao dia. Em
além de fazer banhos de vapor e ina-
dose excessiva pode provocar irritabilidade nervosa e descoordenação moto-
lações IO), como se descrevem no
ra. Estes fenómenos apresentam-se com o uso da essência, e muito raramente
quadro junto. com a planta em estado natural.
Recomenda-se o seu uso durante • Localmente, apiica-se em banhos de vapor e inalações (2 ou 3 gotas em meio
as epidemias de gripe, quer em in- litro de água quente), em fricções sobre a parte dorida, ou em lavagens sobre a
fusão quer na tradicional sopa de to- zona da pele afectada. É um tanto irritante para a pele, pelo que é necessário diluf-
milho, quer ainda a polvilhar as sala- -la. Tenha-se em conta que o seu poder anti-séptico se manifesta mesmo em di-
das. luições superiores a 1:3000 (aproximadamente 6 gotas em 1 litro de água).
• Aparelho geniturinário: Pelas suas • Os banhos de vapor fazem-se deitando 3 ou 4 gotas de essência de tomilho em
propriedades diuréticas e anti-sépti- meio litro de água em ponto de ebulição. Respirar os vapores durante 5 minutos,
cas, torna-se indicado nas infecções 3 ou 4 vezes por dia.
urinárias (cistites e glomerulonefri- • As inalações consistem em respirar a essência, após se terem colocado 2 ou 3
tes) IO.0I. gotas sobre as costas da mão ou sobre um lenço.
Aplicado externamente em lavagens.

771
Tropaeolum
majusl.
*J U 9J

Preparação e emprego

Chagas USO INTERNO


O Salada (como tonificante e
Antibiótico natural aperitivo): Usam-se as flores e as
de provada eficácia folhas bem tenras. Combina mui-
to bem com a alface.
€) Infusão ou decocção: (Pre-
para-se com 30 g de flores, folhas
e frutos por cada litro de água. Be-
be-se uma chávena de quatro em
quatro horas.

A S CHAGAS, ou a chagueira, USO EXTERNO


planta originária do Peru, é, © Banho de assento: Um pu-
juntamente com a batata, o to- nhado de flores ou de frutos por
mate e o milho, um dos valiosos pre- cada litro de água. O banho tem
sentes do continente americano ao de ser quente.
continente europeu. Aqueles con- O Loções: Triturar dois punha-
quistadores espanhóis, assombrados dos (cerca de 100 g) de folhas,
por verem diante dos seus olhos tan- flores e sementes frescas de cha-
tas espécies que desconheciam -plan- gueira. Deixam-se macerar, em
tas, aves, insectos—, é bem possível que meio litro de álcool de 96 graus,
a chagueira lhes tenham chamado a durante duas semanas. Pode-se
atenção como simples planta orna- acrescentar à maceração 10 fo-
mental. E foi com esta intenção que a lhas de urtiga, 5 folhinhas de bu-
trouxeram para o velho mundo. No xo e uma colherada de alecrim.
entanto, logo se evidenciaram as suas Filtra-se e, com o líquido obtido,
notáveis propriedades medicinais. Se- esfrega-se energicamente o cou-
gundo parece, foi Francisco Hernán- ro cabeludo.
dez o primeiro a escrever sobre as vir-
tudes desta planta, na sua obra Histo-
ria de las plantas de México, publicada
em 1615.
Foi há alguns anos já que a investi-
gação farmacêutica confirmou, por
meio de análises químicas e provas de
laboratório, que as propriedades me- Outros nomes: chagueira, capuchinhas,
mastruço-do-peru, flor-de-pavão, flor-do-
dicinais atribuídas a esta planta ti- •paraiso.
nham sólido fundamento. Tanto nas Esp.: capuchina, espuela degalán,
suas folhas como nas flores e nos fru- cachaço de muladar, jacinto, mastuerzo
tos, encontra-se uma substância com de índias. Fr.: capucine. Ing.: nasturtium.
acção antimicrobiana, que actua como Habitat: Vulgar nas regiões temperadas
um verdadeiro antibiótico bacteriostáti- da maior parte da América e da Europa.
co, impedindo a reprodução de nu- Cultiva-se como planta ornamental em
merosos microrganismos patogénicos vasos e jardins.
(Bacillus subtilis, Bacillus coli, entero- Descrição: Planta herbácea anual, da
bactérias do género Salmo7ie.Ua, estafi- família das Tropeoláceas, que costuma
lococos, pneumococos, e t c ) . Quantas crescer como trepadeira. Folhas arredondadas, com cinco lóbulos. Flores muito
boas surpresas como esta nos farão vistosas, de cor alaranjada ou vermelha, com cinco pétalas.
muitas outras plantas humildes, quan- Partes utilizadas: as folhas, as flores e os frutos.
do forem analisadas e estudadas a fun-
do?

772
crónicas. O doutor I.eclerc. distinto
médico fitoterapeuta francês, afirma
que, com o uso flesta planta, a ex-
pectoração do bronquítico se fluidifi-
ca, e de mucopurulenta passa a ser
simplesmente mucosa» (acção rauco-
lítica). Também se torna útil em gri-
pes e constipações, devido a que o
seu princípio activo de acção antibió-
tica impregna todo o aparelho respi-
ratório, descongestionando os brôn-
quios e acalmando a tosse IO,01.
• Infecções das vias urinárias: piclo-
nefiite (da pelve renal e do rim), e
cistite (da bexiga) (O.0I.O doutor
Schneider refere experiências que
mostram que, nove horas depois de
se ter ingerido uma salada de chagas,
ainda se detecta na urina o seu prin-
cípio activo de acção antibiótica.
As chagas tèm provado ser uma das plantas antibióticas mais eficazes no tra-
tamento das infecções dos aparelhos respiratório e urinário. Esta planta é, Além das suas propriedades anti-
além disso, o componente indispensável de diversos preparados e champôs bióticas, a planta possui mais as se-
revitalízantes do cabelo. guintes:
• Favorece as funções da pele, devido
ao seu elevado conteúdo de enxofre.
Aplicada localmente, tem um efeito ci-
catrizante sobre as feridas e úlceras.
Regenera e devolve o aspecto saudá-
vel à pele seca; mas sobretudo esti-
Os antibióticos são substâncias pro- como uma apetitosa verdura, em sa- mula o bulbo piloso (a raiz do pêlo),
duzidas por certos seres vivos, para lada, que ainda por cima tem um revitalizando o cabelo e inclusiva-
destruir ou impedir o crescimento de agradável sabor que lembra o da mos- mente fazendo-o crescer. Por isso a
outros seres vivos. tarda. chagueira é uma das plantas que mais
se usam nos tratamentos contra a cal-
A imensa maioria dos antibióticos
PROPRIEDADES E INDICAÇÕES: Todas vície. Rccomenda-se que, para que o
que se usam em terapêutica são pro-
as partes da planta contêm um glieó- seu efeito seja mais intenso, se rape a
duzidos por fungos ou bactérias. As
sido sulfurado, a glicotropeolina, que, cabeça antes de fazer a aplicação da
chagas são tona das poucas plantas su-
periores conhecidas, capazes de produ- pela acção da mirosina, uma enzima planta IO).
zir uma substância natural de acção an- contida na mesma planta e que se li- • Tonificante e revigorixante: Talvez
tibiótica, que apresenta, além disso, as berta quando esta é partida ou tritu- pelo seu elevado conteúdo em vita-
seguintes vantagens sobre os antibió- rada, produz, entre outras substân-
mina C (285 mg por cada 100 g de
ticos convencionais: cias, um óleo essencial sulfuroso de
folhas frescas, enquanto, por exem-
potente acção antibiótica. Depois de
•/ Não destrói a flora bacteriana que plo, o limão tem 50 mg por 100 g de
ter sido ingerida a planta, este óleo es-
normalmente existe no tubo digesti- sencial passa para o sangue e é elimi- polpa) IO.0I.
vo. Com esta planta, não aparece diar- nado através das vias respiratórias e • Reguladora menstrual: Segundo
reia nem desarranjo intestinal, sinto- urinárias. Nestes órgãos, atinge uma Mességué, os banhos de assento com
mas frequentes quando se tomam ou- maior concentração e desenvolve o flores ou frutos da chagueira regulam
tros antibióticos por via oral. seu efeito antimicrobiano, impedindo e normalizam as regras {©}.
•/ Não provoca sensibilizações nem o crescimento e a multiplicação das • Afrodisíaca: Além do mais, parece
reacções alérgicas, tão frequentes bactérias. Isto determina que as duas que, com certo fundamento, se lhe
com o uso de outros antibióticos. indicações mais importantes para o atribuem efeitos afrodisíacos 10,01.
uso das chagas sejam:
/ De aplicação fácil e cómoda; Não Um dos seus nomes vulgares é llor-
precisa de ser injectada por meio de • Infecções das vias respiratórias: si- -do-paraíso, e há mesmo quem lhe
agulha, nem aplicada na forma de um nusite, rinite, faringite, e especial- chame (em espanhol) "llordeamor".
incómodo supositório. Pode comer-se mente bronquite, tanto agudas como Tire a prova!

773
PLANTAS PARA
OUTRAS DOENÇAS
SUMÁRIO DO CAPÍTULO laboratórios e estabelecimentos industriais.
J E interessante o facto de que a dependên-
cia dessas substâncias procedentes de plan-
DOENÇAS E APLICAÇÕES
Alcoolismo 776 tas, como a cocaína ou a heroína, possa ser
Alergias 777 curada ou aliviada também com outras
Cancro 777 plantas. Todas aquelas que são recomen-
Intoxicação 775
dadas para o nervosismo c a ansiedade (ver
pág. 1 10) são muito úteis no tratamento da
Mordedura de répteis 776
toxicodependência, combinadas com ou-
Pediculose 777
tros remédios físicos e psicológicos.
Picada de insectos 776
Piolhos, f/irada, vir Pediculose 777
Queimaduras 775
As toxicodependências socialmente ad-
mitidas, como o alcoolismo e o tabagismo.
Répteis, m orded u ra,
também beneficiam dos tratamentos fito-
ver Mordedura de répteis 776
terápicos, mas só são realmente eficazes
Tabagismo 776
quando se deixe de fumar ou de beber e se
adopte um estilo de vida saudável.

As plantas, inclusive as medicinais-assim

M
ULTIPLAS doenças e trans- como os alimentos- podem causar alergias.
tornos podem ser tratados No entanto também podem contribuir
As queimaduras, as picadas para o tratamento, e sobretudo para a pre-
de insectos e as ou aliviados com o uso das
mordeduras de certos plantas medicinais. O seu venção das doenças alérgicas, como se
répteis, podem ser tratadas número vai aumentando à medida que se expõe na página 777.
com plantas medicinais. investigam as propriedades das plantas
conhecidas, e que se descobrem outras O tratamento do cancro é um dos gran-
ainda desconhecidas. des reptos da medicina. \i aqui, de novo,
encontramos as plantas. O Instituto Na-
Temos seguido, nesta obra. por critérios cional do Cancro dos Kstados Unidos (ver
didácticos, uma ordem anatómica para a pág. 405) vem analisando, há várias déca-
classificação das plantas. Todavia existem das, com o máximo rigor científico, todas
doenças que não afectam um único órgão as plantas do planeta, à procura de substân-
ou parte do corpo em particular, mas se cias anticancerosas. Já foi possível identifi-
repercutem sobre o conjunto do organis- car vários princípios activos atuicancero-
mo. Assim acontece, por exemplo, no caso sos. Por outro lado, está demonstrado que
das toxicomanias, das alergias ou do can- o uso habitual de cenas plantas, medicinais
cro, que incluímos no presente capítulo. e / o u alimentares, é capa/ de prevenir o
As toxicomanias constituem uma das do- cancro.
enças -pelos menos assim se devem consi-
derar- mais nocivas do nosso tempo. Cu- Caro leitor, podemos assegurar que há
riosamente, a maior parte delas são causa- plantas medicinais para todas as doenças,
das por substâncias extraídas das plantas, quer para curá-las quer para preveni-las ou
ainda que processadas quimicamente em simplesmente aliviá-las.

774
A SAUOÍ n u s n.Mtm NIDICINAIS
X
2 * Parte: D e s c r i ç ã o

Doença Planta Pág. Acção Uso

QUEIMADURAS TíUA 169 Anti-inflamatória e suavizante da pele Compressas com a infusão de flores
São as lesões produzidas pela acção do
calor sobre os tecidos. Nas queimadu-
ras do primeiro grau produz-se enru- i\. m-nm* i ã o Suavizante, cura queimaduras Loção com o óleo dos frutos (azeite)
M
bescimento da pele; nas do segundo, OUVEIBA 239 e u | c e r a s da pe5e
empolas; e nas do terceiro, escaras
por necrose e destruição dos tecidos. T,UflU.,.u 3,c Cicatrizante, anti-inflamatório, Compressas com a decocçáo de
IANCHAGEM dZO anti -séptÍCO folhas, pensos de folhas escaldadas
As plantas medicinais aplicam-se nas
queimaduras do primeiro ou do se- Cataplasmas com a maceração
gundo grau, para proteger a pele e ZARAGATOA 515 Protege e desinflama a pele
de sementes
favorecer a sua cica-
trização. Os extractos
de aloés (pág. 694) e RICINO 531 Emoliente, cicatrizante Loções com o óleo das sementes
de tepezcohuite
(pág. 724) são ex-
celentes cicatrizan- «.«»,„• u» COR Suaviza e hidrata a pele. Óleo ou pomada elaborados
tes, com os quais se MARAV.LHA 626 M u i t o u l l | em queimaduras com as flores
conseguem resultados
estéticos muito satisfa- Cicatrizante, não deixa cicatri2
Compressas ou loções
tórios. 0 seu uso está a ALOÉS 694 Muito eficaz em qualquer tipo
com o sumo de aloés
ser introduzido nos ser- de queimaduras
viços hospitalares de ci- Lavagens e compressas
rurgia plástica, para o URVJCU 700 Cicatrizante emoliente com a infusão de folhas,
u
tratamento de queimadu e anti-inflamatorio cataplasmas de pó de sementes
ras graves.
/»...„„, „-«.. -70-3 Emoliente e cicatrizante, Cataplasmas com folhas esmagadas,
CINOGLOSSA 703 contéma |antoina compressas com o sumo fresco
Oliveira
u,m-™«*« 71 A Modera a reacção inflamatória, Loções com o óleo de hipericão
HIPERICAO 714 estimu|aaepite|jzaçã0

Loções com o óleo obtido


AÇUCENA 716 Emoliente, cicatrizante, anti-séptica por maceração das pétalas

Compressas com a infusão de raiz,


Co N SOLDA- Cicatrizante muito eficaz,
732 cataplasmas com a raiz fresca
•MAIOR rico em alantoína esmagada

INTOXICAÇÃO OLIVEIRA 239 Antídoto, excepto nas intoxicações


por fósforo
Óleo dos frutos (azeite)
A intoxicação ou envenenamento
por substâncias químicas, medicamen-
tos, plantas ou alimentos em mau esta- Emética (provoca o vómito).
do, requer em muitos casos trata- VIOLETA 344 Decocção de raiz
Útil em caso de intoxicação
mento hospitalar. Na página 108 dão-
-se mais indicações.
Emético. Útil para provocar o vómito
Estas plantas medi- ASARO 432 Infusão com as folhas ou a raiz fresca
em caso de intoxicação
cinais são úteis por-
que provocam o vó-
mito (acção eméti- Provoca facilmente o vómito, Pó de raiz, xarope
IPECACUANHA 438
ca), retêm as subs- esvazia o estômago
tâncias tóxicas nas
suas partículas (ac-
FAIA 502 Adsorvente, antídoto universal O carvão da madeira
ção absorvente) ou
neutralizam os vene-
nos (antídotos, ac- Antídoto para intoxicações
ção antitòxica) SASSAFRÁS 678 causadas por metais pesados Infusão da casca, essência
e por certas plantas
Antitòxica, estimula Decocção de raiz,
EOUINÀCEA 755
os processos de desintoxicação preparados farmacêuticos
Ipecacuanha
CHOUPO-
760 Adsorvente, antídoto universal O carvão da madeira
-NEGRO

775
C a p . 2 9 : P L A N T A S PARA OUTSAS DOENÇAS

Doença Planta Pág. Acção Uso

ALCOOLISMO Sedante, ajuda a suportar o síndroma


PASSIFLORA 167 de abstinência Infusão de flores e folhas
O tratamento do alcoolismo é muito lon-
go e complexo. Estas plantas, assim
como as recomendadas para o nervo- RABANETE E Aumentam a produção de bílis,
RÁBANO 393 desintoxicam e descongestionam o fígado A raiz crua em salada ou em sumo
sismo e a ansiedade (pág. 141), po-
dem ajudar muito a quem tenha aban-
donado o hábito da bebida. CARDO-DE- Regenera as células hepáticas,
395 desintoxica o fígado Infusão ou decocção de frutos
-SANTA-MARtA

r , no Acelera a eliminação da nicotina,


TABAGISMO Crua ou em sumo
UENOURA I J O r e g e n e r a a s mucosas respiratórias
Ê o conjunto de doenças e transtornos
que se produzem no fumador habitual. Desintoxicante, favorece a eliminação Cru, extractos,
Estas plantas serão realmente úteis ALHO 230 da mucosidade retida,
decocção de dentes de alho
unicamente se a pessoa tiver dei- tira o desejo de fumar
xado definitivamente de fumar. Pa-
ra isso terá de seguir um tratamento Ajuda a vencer o desejo de fumar,
médico e psicológico completo, como ALCAÇUS 308 regenera as mucosas respiratórias Raiz chupada, extractos
o Plano de Cinco Dias para Deixar depois de suprimido o tabaco
de Fumar.
Combate os efeitos negativos
Uma vez deixado o hábito PULMONARIA 331 do tabaco sobre as vias respiratórias Decocção da planta
de fumar, estas plantas depois de se ter deixado de fumar
facilitam e consoli-
dam a r e g e n e - Limpa as secreções acumuladas
, ração dos teci- TUSSILAGEM 341 nos brônquios. Útil nas curas Infusão da planta seca
dos lesionados de desintoxicação do tabaco
pela acção do ta- RABANETE E Expectorantes, antibióticos. Úteis nas
baco. 393 curas de desintoxicação do tabaco A raiz crua em salada ou em sumo
RÁBANO
Actua como antídoto da nicotina
ANIS-VERDE 465 e dos alcatrões do tabaco, limpa os Infusão de frutos, essência
brônquios, elimina o desejo de fumar
CAI Diminui o desejo de fumar,
SILVA Brotos tenros chupados e mastigados
cria aversão ao tabaco
638 Favorece a higiene bucal, acalma Bochechos e gargarejos
SALVA
o ardor da garganta e a tosse com a decocção de folhas
Desintoxicante, antídoto da nicotina.
SASSAFRAS 678 Útil no tratamento da intoxicação pelo Infusão de casca, essência
tabaco

MORDEDURA DE RÉPTEIS
No caso de serpentes venenosas, esta
planta usa-se como complemento do Cicatrizante, anti-inflamatória, As folhas esfregadas directamente
tratamento de urgência, que consiste TANCHAGEM 325 anti-séptica, sobre a pele, cataplasma com folhas
na excisão da ferida e/ou torniquete, protege contra os efeitos do veneno fervidas e esmagadas
além do soro antiofidico, no caso de se
dispor dele.

n, ««Mn ifii Anti-séptica, cicatrizante, Lavagens e compressas


PICADA DE INSECTOS «LFAZfcMA loi com a infusão da planta
d e s i n f | a m a a s p j c a d a s de insectos
Produz uma reacção inflamatória de
tipo histamínico, que pode ser aliviada Cicatrizante, anti-inflamatória, As folhas esfregadas directamente
com as aplicações locais destas plan- TANCHAGEM 325 anti-séptica, sobre a pele, cataplasmas com folhas
tas. protege contra os efeitos do veneno fervidas e esmagadas
As picadas podem infectar-se secun- Cataplasmas com a planta esmagada,
dariamente, pelo que são muito reco- SALSA 583 Alivia as picadas de insectos
loções com o sumo fresco
mendáveis as plantas que, além disso,
têm acção anti-séptica.
As bagas frescas esfregadas
DOCE-AMARGA 728 Alivia a dor da picada
directamente sobre a pele afectada
Decocção de raiz, preparados
EQUINÁCEA 755 Desintoxica e neutraliza os venenos farmacêuticos, compressas ou loções
com a decocção de raiz

776
A SAUDÍ PELAS PLANTAS MEDICINAIS
2" P a r t e : D e s c r j ç ;i o

Doença Planta Pág. Acção Uso

PEDICULOSE
É uma doença parasitária produzida ENULA 313 Vulnerária, destrói os parasitas da pele Compressas com a decocção de raiz
pelo pequeno insecto Pediculos capitis,
conhecido vulgarmente como piolho.
Manifesta-se por comichão e erupção
cutânea
Fricções com a infusão ou com a
Estas plantas combatem os parasitas
POEJO 461 Insecticida, afugenta as traças
essência
da pele e tornam-se muito úteis como
alternativa aos parasiticidas químicos.

Lavagens com a decocção de frutos,


EVÓNIMO 707 ' n s e c ti c 'da, combate os parasitas fricções com os frutos aplicados
da pele directamente sobre a pele

FITOLACA 722 Elimina os fungos e parasitas da pele Compressas com a decocção de raiz

Regula a resposta imunitária,


ALERGIAS especialmente útil na alergia Cápsulas ou comprimidos
O tratamento da alergia requer, em pri- ONAGRA 237
respiratória e cutânea do óleo das sementes
meiro lugar, que se descubra o factor (eczema, dermatite atópica)
causal que a desencadeia; e,
em segundo lugar, tra- Broncodilatadora (recomendada
ÉFEDRA 303 nas crises asmáticas), Extractos dos caules sob a forma de
var a reacção alérgi-
trava as reacções alérgicas diversos preparados farmacêuticos
ca do organismo.
O uso destas plantas,
juntamente com um Antiespasmódica, antialérgica. Decocção, pó ou extracto de raiz,
estilo de vida saudável, ENULA 313 Útil nas alergias respiratórias essência
em que se siga uma
alimentação o mais Modera as reacções alérgicas,
vegetal e crua possí- CAMOMILA 364 previne o seu aparecimento Infusão de capítulos florais
vel (os produtos lácteos
e seus derivados favo- Aumenta a produção de bílis,
recem as reacções alér- FUMARIA 389 anti-bistaminica, antialérgica, Infusão, sumo da planta fresca,
gicas), pode ser um desintoxicante extracto seco
bom complemento +*fc
do tratamento dessen- Fumaria AMOR- Cicatrizante, anti-inflamatório, Loções e lavagens com a infusão
sibilizador especifico. -PERFEITO- 735 "limpa o sangue" de toxinas. da planta seca, a mesma infusão
-BRAVO Recomendado nas alergias da pele por via oral

CANCRO Fornece caroteno (provitamina A),


CENOURA 133 agente antioxidante que previne A raiz crua, cozida ou em sumo
Existem plantas que produzem substân-
o desenvolvimento do cancro
cias antimilóticas, capazes de deter o
crescimento dos tumores malignos. Por
exemplo, as plantas que se usam exter- ALHO 230 Preventivo dos tumores malignos, Cru, extractos,
namente contra as verrugas (pág. especialmente do aparelho digestivo decocção de folhas secas
683), o visco-branco ou o tei-
4Êk xo (pág. 336). Contudo, Destrói as células tumorais (em
VISCO-BRANCO 246
estudo), estimula a imunidade celular Infusão ou maceração de folhas secas
' Z ^ v k muitas destas substâncias
A | / » v encontram-se ainda na fase
de investigação. Preventiva do cancro intestinal,
0 uso habitual destas plantas CEBOLA 294 regula a flora do intestino Crua, em sumo fresco,
exerce uma provada acção e trava os processos de putrefacção cozida ou assada
preventiva do cancro. São

r
muito indicadas para aque-
les que já tenham sofrido Preventiva do cancro, possivelmente
ou que tenham tendência COUVE 433 em relação com o seu conteúdo Sumo da planta fresca
para sofrer desta doença, em caroteno (provitamina A)
devido a factores constitu-
cionais ou hereditários. Previne os tumores malignos,
EQUINÁCEA 755 aumenta os leucócitos. Decocção da raiz,
Útil na radioterapia e quimioterapia preparados farmacêuticos
Equinacea

777
GLOSSÁRIO

GLOSSÁRIO
de fitoterapia e termos biomédicos usados neste livro

Ver também o "índice geral alfabético" na página 794.

Absorvente: Que produz absorção, isto é, que atrai e retém líqui- antiespasmódico: Que impede os espasmos dos órgãos ocos,
dos, fixando-os entre as suas próprias moléculas. como o estômago, a vesícula biliar ou a bexiga, evitando assim
as cólicas.
adsorvente: Que produz adsorção, isto é, que retém líquidos,
substâncias em dissolução ou gases, de um modo que estes se anti-helmintico: Que destrói e expulsa os parasitas intestinais. Ver
fixam sobre a sua superfície. também 'vermífugo'.

adstringente: Que seca e constrmge a pele e as 'mucosas' (ver). Os anti-hemorrágico: Ver 'hemostático'.
produtos adstringentes por 'via oral' tèm efeito 'antidiarreico' e anti-inflamatório: Que reduz a reacção inflamatória, caracterizada
também costumam ser 'anti-hemorrágicos' (ver). pelos quatro sinais clássicos: dor, rubor, calor e tumor. Ver tam-
afrodisíaco: Que aumenta o desejo e a capacidade sexual. O con- bém 'emoliente'.
trário é 'anafrodisíaco' (ver). antilactagogo: Que reduz ou faz parar a secreção de leite nas mu-
alcalinizante: Que provoca uma alcalinização dos fluidos orgâni- lheres lactantes. É o oposto a 'galactagogo' (ver).
cos, especialmente do sangue e da urina. antimitótico: Que impede a mitose, isto é, a divisão (reprodução)
alimentar: Referente à alimentação. Não se deve confundir com 'ali- das células. As plantas com propriedades antimitóticas impedem
a reprodução das células cancerosas.
mentício' (ver).
alimentício: Que tem alimento ou que alimenta. É sinónimo de 'nu- antipirético: Ver 'febrífugo'.
tritivo' (ver). anti-reumático: Que tem uma acção preventiva, curativa ou palia-
amargos: Utiliza-se normalmente no plural quando se refere às tiva sobre as doenças reumáticas.
substâncias amargas contidas nalgumas plantas, e que são em anti-séptico: Que impede o desenvolvimento ou destrói os germes
geral de natureza glicosídica {Ver "Glicósidos", pág. 85). (microrganismos nocivos) localizados na pele ou nas mucosas. Di-
fere dos antibióticos na medida em que actua sobre a superfície
anafrodisíaco: Que diminui o desejo e, nalguns casos, a capacida-
da pele e das mucosas sem penetrar no interior dos tecidos. Ver
de sexual. É o oposto a 'afrodisíaco' (ver).
'microrganismo'.
analéptico: Que estimula a função do coração e do aparelho res-
piratório. Ver também 'estimulante', 'tonificante'. anti-sudorifico: Que diminui a secreção de suor. É o oposto a 'su-
dorífico (ver).
analgésico: Que acalma a dor. Ver também 'anestésico', 'sedante'.
antitérmico: Ver'febrífugo'.
anestésico: Que produz insensibilidade à dor.
antitússico: Que acalma a tosse. Quando a tosse é produtiva
anorexia: Falta de apetite, inapetência. (arrancando mucosidade ou expectoração), não se deve suprimir,
_ nervosa: Doença psicossomática grave, na qual a pessoa por se tratar de um mecanismo defensivo. Ver também 'béquico',
afectada perde o apetite ao ponto de pôr em perigo a sua própria 'peitoral'.
vida. Muitas vezes, quando se tala de 'anorexia*, está-se efectiva-
mente a aludir a 'anorexia nervosa'. antivírico: Que impede o desenvolvimento dos vírus.
anprexigénio: Que produz anorexia, isto é, que acalma o apetite. aperitivo: Que estimula o apetite aumentando a actividade dos
É o oposto a 'aperitivo' (ver). órgãos digetivos. O contrário é 'anorexigénio' (ver).
ansiolitico: Que acalma a ansiedade. Para combater a ansiedade aplicação local: Diz-se dos tratamentos em 'uso externo' (ver) que
usam-se os 'sedativos' (ver). abrangem unicamente uma zona restrita da pele, por oposição a
uma aplicação geral.
antianémico: Produto ou substância que combate a anemia au-
mentando a produção de hematias (glóbulos vermelhos), pelo seu apresentação: Nalguns casos, utiliza-se como sinónimo de 'prepa-
conteúdo em ferro, assim como outros sais minerais, oligoele- rado' (ver).
mentos e vitaminas. Ver também 'remineralizante'. aromaterapia: Tratamento das doenças por meio de essências
antiasmático: Que combate a asma. Ver também 'broncodilatador', (óleos essenciais). Ver também as páginas 94-97.
'peitoral'. aromático: Que contém óleos essenciais (essências) de grande in-
antibiótico: Substância microbicida, isto é, que destrói os micró- tensidade odorifica. Os componentes aromáticos das plantas cos-
bios, a qual é produzida por outros seres vivos, geralmente ve- tumam ser 'tonificantes', e também costumam apresentar pro-
getais inferiores (bactérias ou fungos). Ver também a página 87. priedades 'digestivas' (ver). Ver também 'aromaterapia'.

antidiabético: Ver 'hipoglicemiante'. artificial: Que não provêm directamente da natureza e, portanto,
foi elaborado pelo homem por análise ou síntese de produtos na-
antidiarreico: Que detém as diarreias. É o oposto a laxante' (ver). turais na sua origem. Ver 'natural', 'sintético'.
antiemético: Que detém os vómitos. É o oposto a 'emético' (ver). astenia: Falta ou perda da força e da energia.
antiescorbútico: Que combate o escorbuto' (ver) pelo seu con- primaveril: Aquela que costuma aparecer durante esta es-
teúdo em vitaminas, especialmente a C. tacão do ano.

778
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
G l o s s á r i o

principal. Pode ser positivo mas é, na maioria dos casos, indese-


Balsâmico: Que contém substâncias como resinas, essências e
jável.
óleos de acção suavizante sobre o aparelho respiratório e sobre
a pele. Ver também 'emoliente', 'peitoral'. indesejável: Que se torna inconveniente ou nocivo ao doente,
béquico: Que acalma a tosse devida a ardor ou irritação da gar- e que deve ser ponderado pelo médico, a fim de evitar que o tra-
tamento cure uma doença ou achaque, mas acabe por ser iatro-
ganta. Ver também 'antitússico'.
génico, isto é, que provoque ou agrave outra.
broncodilatador: Que dilata e relaxa os brônquios. Ver também 'an-
tiasmático', 'peitoral'. emenagogo^Que provoca ou facilita o aparecimento das regras ou
menstruação. As substâncias emenagogas tèm, geralmente, uma
função reguladora e normalizadora sobre a menstruação.
C a l i c i d a : Que, em 'aplicação local' (ver), permite ou facilita a eli-
minação dos calos e calosidades da pele. emético: Que provoca o vómito com uma finalidade terapêutica (cu-
rativa). É o contrário de 'antiemético' íverj.
calmante: Ver 'sedativo'.
emoliente: Que exerce um efeito suavizante e 'calmante' (ver) so-
capilar, protector-. Que fortalece e regenera as células que formam
bre a pele e as mucosas inflamadas. Ver também 'anti-inflamatò-
os vasos capilares, pelos quais circula o sangue no seio dos te- rio'.
cidos. Ver também 'hemostático'.
escorbuto: Doença produzida pela falta de vitamina C. 0 escorbu-
cardiotónico: Que aumenta a força de contracção do coração e
to era a doença típica dos marinheiros de outras épocas, cuja die-
melhora o seu rendimento.
ta era deficiente pelo escasso ou nenhum consumo de fruta e ver-
carminativo: Que favorece a expulsão dos gases produzidos pelas dura. O escorbuto maniíesta-se principalmente com anemia, can-
fermentações intestinais. As plantas carminativas são geralmente saço, endurecimento dos músculos das pernas e hemorragias das
ricas em 'essências aromáticas'. gengivas.
cicatrizante: Que estimula a cura das chagas ou feridas até ter fi- espasmolítico: Ver 'antiespasmódico'.
cado restabelecida a continuidade da pele. Ver também 'vulnerá-
rio'. esternutatório: Que provoca o espirro, com o fim de aliviar a con-
gestão nasal.
colagogo: Que facilita o esvaziamento, para o duodeno, da bílis con-
tida na vesícula biliar. Ver também 'colerético'. estimulante Que activa ou melhora as funções, especialmente as
do sistema nervoso. Ainda que o termo por vezes se utilize como
colerético: Que aumenta a quantidade de bílis segregada pelo fí- sinónimo de 'excitante', o seu sentido mais comum é o de 'tonifi-
gado, com o que facilita a digestão das gorduras. Ver também cante' (ver).
'colagogo', 'hepático'.
estomacal - . Referente ao estômago. Usa-se às vezes no sentido de
'digestivo' (ver).
Defesas: Termo que é costume utilizar-se no plural para referir o
sistema imunitário do corpo humano. Ver 'imunoestimulante'. estupefaciente: Que produz um estado de estupor (indiferença) por
alteração das faculdades mentais. Ver também 'narcótico', 'sopo-
demulcente: Ver'emoliente'.
rifero'.
depurativo: Que favorece a eliminação das substâncias tóxicas que
circulam pelo sangue, quer sejam de origem externa (contami- eupéptico: Ver 'digestivo'.
nação química) quer produzidas pelo próprio organismo, como os excitante: Que estimula ou aumenta a actividade do sistema ner-
resíduos do metabolismo das proteínas (por exemplo, ácido úrico voso, geralmente sem fornecer nenhuma substância nutritiva. 0
e ureia). A eliminação destas toxinas faz-se através da urina, do uso continuado de plantas ou outros produtos excitantes produz
suor e do fígado. Ós produtos depurativos são geralmente 'diuré- esgotamento. Ao contrário, as substâncias que têm a proprieda-
ticos' e 'sudoríficos' (ver). de 'tonificante* íverj produzem um estímulo mais suave, porém
isento de efeitos indesejáveis. Ver também 'estimulante'.
desinfectante: Ver 'anti-séptico'.
digestivo: Que favorece a digestão e desinflama as mucosas di- expectorante: Que facilita a expulsão das secreções de mucosi-
gestivas. Ver também 'tónico estomacal'. dade da traqueia e dos brônquios. Actua diminuindo a viscosida-
de do muco que, tornando-se mais fluido, se elimina com maior fa-
diurético: Que faz aumentar a produção e o volume de urina pro- cilidade. Deste modo, os expectorantes limpam os brônquios e
duzida nos rins. Os produtos diuréticos costumam ser ao mesmo acalmam a tosse. Ver também 'mucolrtico'.
tempo 'depurativos' (ver).
externo, uso: Ver 'uso externo'.
doses homeopáticas: São doses que não nos é possível avaiiar
por qualquer dos sistemas de medição de que actualmente dis-
pomos, dado que a substância activa se encontra diluída em quan- Farmacêutico: Relativo à 'farmácia' ou à 'farmacopeia'. Diz-se vul-
tidades infinitesimais. Nesta obra não se recomenda nenhum pro- garmente de quem trabalha num estabelecimento de 'farmácia'.
duto em doses homeopáticas, já que não está provado cientifica- Também se usa como sinónimo de farmacológico' (ver). Ver tam-
mente que tais diluições possam desenvolver acções terapêu- bém 'oficinal'.
ticas. Ver também 'homeopatia'. farmácia: Ciência que ensina a preparar e combinar produtos na-
drástico: Diz-se do 'purgante' (ver) que provoca fortes contracções turais ou artificiais com o fim de curar, aliviar ou prevenir as do-
intestinais, com a correspondente grande eliminação de fezes. enças. Ver 'natural', 'artificial'.
estabelecimento de _: Ou, abreviada e vulgarmente, farmácia:
droga: Em muitas obras médicas, continua a utilizar-se este termo
Estabelecimento onde se vendem produtos 'farmacêuticos' (ver).
no sentido tradicional e genérico de 'medicamento' ou 'princípio
activo' (ver). No nosso livro, a fim de evitar confusões com as dro- fármaco: (do grego pharmakon, através do latim, pharmacum, me-
gas 'estupefacientes' e 'narcóticas' fverj, a que habitualmente se dicamento). Nesta obra, aplica-se a qualquer "medicamento' ela-
chama simplesmente 'drogas', preferimos prescindir deste termo borado por meio de 'síntese química' fverj, e que por isso costu-
no seu sentido genérico. ma ser constituído por relativamente poucos componentes e em
quantidades perfeitamente conhecidas. Ver também 'fitoterapia'.
Efeito secundário: Na aplicação de um 'medicamento' fverj ou tra- farmacologia: Ciência que estuda os 'fármacos' (ver) e as suas
tamento, é o efeito que se produz ao mesmo tempo que o efeito acções sobre o organismo.

779
farmacopeia: Repertório de 'medicamentos' (ver) que se aceitam
Imunoestimulante: Que estimula o sistema imunitário para a pro-
como eficazes para a sua prescrição e uso.
dução de células defensoras (imunidade celular) e de anticorpos
febrífugo: Que produz uma descida da temperatura corporal. (imunidade humoral). Assim se aumentam as defesas contra as in-
fitoterapia: (do grego phyton, planta, vegetal, e therapeutikos, tra- fecções. Ver 'defesas'.
tamento). Tratamento das doenças por meio das plantas medici- insecticida: Que destrói os insectos em geral. Ver também 'para-
nais. Os medicamentos fitoterápicos ou fitoterapêuticos elaboram- siticida'.
-se com partes, extractos ou misturas de uma ou várias plantas, insulina: Hormona produzida pelo pâncreas, a qual é indispensável
pelo que, do ponto de vista químico, são geralmente muito com- para a metabolização da glicose (açúcar). Quando, por um mau
plexos. Ver também 'farmacologia', 'homeopatia', 'medicamento'. funcionamento pancreático, a sua produção é nula ou insuficien-
fluidificante: Que torna um liquido mais fluido. te, aumenta o índice de glicose no sangue Chipergiicemiá, ver).
_ sanguíneo: aquele que diminui a viscosidade do sangue, Os diabéticos, isto é, as pessoas cujo pâncreas não produz sufi-
melhorando deste modo a circulação. ciente insulina, devem vigiar rigorosamente a sua dieta e, em mui-
tos casos, têm de injectar em si mesmos insulina. Não confundir
com 'inulina' (ver).
Galactagogo: .Que favorece a secreção de leite nas mulheres que
amamentam. É o oposto a 'antilactagogo' (ver). interno, uso: Ver 'uso interno'.
galénica: Diz-se das preparações farmacêuticas que contêm um ou inulina: 'Hidrato de carbono' (ver) que existe no rizoma de diversas
vários compostos orgânicos, geralmente de origem vegetal, em plantas, e que é de fácil metabolização, pelo que se recomenda
oposição às preparações de substâncias químicas puras. aos diabéticos. Ver a página 80.
germe: Na linguagem biomédica, é qualquer 'microrganismo' (ver),
Laxante: Que facilita a evacuação das fezes. É o oposto a 'anti-
causador de doença.
diarreico' fverj. Ver também 'purgante'.
lipido: Gordura. Ver a página 80.
Hematúria: Presença de sangue na urina.
local, aplicação: Ver 'aplicação local'.
hemolítico: Que provoca hemólise, isto é, destruição das hematias
(glóbulos vermelhos do sangue).
Medicamento: Qualquer produto mineral, vegetal ou animal, que
hemorroidal: Que favorece a cura das hemorróidas. Ver também cura, previne ou alivia as doenças. Ver também 'fármaco', 'fitote-
'venotónico'. rapia', 'droga'.
hemostático: Que faz parar as hemorragias. Ver também 'capilar, microrganismo: Micróbio. Ser vivo, geralmente unicelular, que ape-
protector'. nas se consegue Ver com a ajuda de um microscópio. 0 termo
hepático: Que favorece o bom funcionamento do fígado. Ver tam- aplica se sobretudo aos micróbios nocivos. Ver também 'germe'.
bém 'colagogo', 'colerético'. mineralizante: Ver 'remineralizante'.
hipercolesterolemia: excesso de colesterol no sangue. mucolitico: Que dissolve ou desfaz o muco, tornando-o mais fluido
hipertensor: Que eleva a pressão arterial. É o contrário de 'hipo- e portanto mais fácil de expulsar. Ver também 'expectorante'.
tensor' (ver). mucosa: Membrana celular que reveste estruturas tubulares e
órgãos ocos, como por exemplo o estômago ou a boca.
hipnótico: Embora em medicina seja sinónimo de 'soporífero' (verj,
não empregamos este termo, para evitar a sua possível confusão
com a hipnose psicológica (ou melhor, parapsicológica) induzida Narcótico: Que provoca um sono pesado (narcose), distinto do
por sugestão, ou inclusivamente auto-sugestão, já que a conside- sono natural. Em pequenas doses, as substâncias narcóticas cos-
ramos contraproducente em todas as suas formas. tumam ser 'estupefacientes' (ver). Ver também 'soporífero'.
hipoglicemiante: Que diminui a concentração de glicose no san- natural: Aquilo que a natureza produz, em contraposição ao 'artifi-
gue. As plantas hipoglicemiantes usam-se no tratamento da dia- cial' ou 'sintético' (ver). Assinafe-se que nem tudo o que é natural
betes e permitem, sob a vigilância do médico, uma redução na é saudável, do mesmo modo que nem tudo o que é artificial ou
dose de fármacos antidiabéticos orais ou de 'insulina' (ver). sintético se deve, por esse facto, rejeitar.

hipolipemiante: Que faz descer o nível de lipidos (gorduras) no san- nutritivo: Que nutre, ou seja, que oferece de modo abundante nu-
gue, especialmente do colesterol e dos triglicéridos. trientes, isto é: hidratos de carbono, proteínas, gorduras, vitami-
nas e minerais. Ver também 'alimentar', 'antianémico', 'reminerali-
hipotensor: Que provoca uma descida da pressão arterial. É o opos- zante', 'antiescorbútico'.
to a 'hipertensor' (ver).
homeopatia: (do grego homoio, semelhante, parecido, e patho_, Ocitócico: Que provoca contracções no útero de modo seme-
padecimento, doença). Classicamente, e segundo o próprio di- lhante ã acção da ocitocina (hormona hipofisária que desencadeia
cionário da Academia (de Madrid), é o «sistema curativo que apli- o parto).
ca às doenças, em doses mínimas [inclusive infinitesimais e ina-
Oficinal: Denominação tradicional de tudo aquilo que se prepara ou
preciáveis], as mesmas substâncias que, em maiores quantida-
elabora nas oficinas de farmácia, ou boticas, como antigamente
des, produziriam no homem saudável sintomas iguais ou pareci-
se chamaram os estabelecimentos que hoje designamos sim-
dos com aqueles que se pretende combater». Alguns dos prepa-
plesmente por 'farmácias' (ver). Muitas das espécies vegetais são
rados homeopáticos utilizam produtos vegetais, mas, ao contrá-
qualificadas como oficinais (officinalis), porque noutros tempos se
rio dos restantes medicamentos -tanto farmacológicos como fi-
usavam nas farmácias para a elaboração de medicamentos, para
toterapêuticos-, segundo os homeopatas, quando a dose diminui,
as distinguir de outras espécies a que se davam outros usos (cu-
a acção terapêutica aumenta, graças ao processo da dinami-
linários, industriais). Ver também 'farmacêutico', 'farmacológico',
zação. Desde há muito tempo que tem vindo a ser investigada a
'galénico'.
validade da teoria da dinamização, mas nunca pôde ser provada
cientificamente. Ver também 'doses homeopáticas', 'fitoterapia', oftálmico: Que tem utilidade no tratamento das afecções dos olhos.
'medicamento'.
oral, via: Ver Via oral'.

780
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
G l o s s á r i o

soporífero: Que induz um sono natural ou semelhante a ele. Não


Parasiticida: Que destrói os Insectos parasitas que afectam a pele
confundir com 'narcótico' nem com 'estupefaciente' (ver).
e o couro cabeludo. Ver também Insecticida',
peitoral: Que actua favoravelmente sobre as afecções do aparelho sudorífico: Que estimula a sudação. É o contrário de 'anti-sudorífi-
respiratório. Ver também 'antitússico', 'béquico', 'broncodilatador', co' (ver).
'balsâmico', 'expectorante',

preparado / preparação: Todo o produto que sofreu um proces- Tónico estomacal: Que aumenta a secreção de sucos digestivos
so com o fim de potenciar as suas propriedades terapêuticas ou no estômago e favorece o esvaziamento deste órgão. Ver tam-
facilitar a sua conservação e uso. Ver 'medicamento', 'fármaco'. bém 'digestivo'.
farmacêutico ou farmacológico: Aquele que é feito num es- tonificante: Que fortalece e incrementa as funções do organismo,
tabelecimento de 'farmácia1 (ver). especialmente do sistema nervoso. Ao contrário dos "excitantes"
fitoterápico: 0 que é feito com produtos vegetais. Ver 'fitote- (ver), os tonificantes não esgotam nem sobrecarregam o sistema
rapia'. nervoso, antes o fortalecem,
homeopático: Ver'homeopatia',
tórpido: Diz-se de um processo que nâo actua com o vigor e a fa-
princípio activo: Componente de uma planta que tem acção cura- cilidade normais. Aplíca-se frequentemente às feridas ou úlceras
tiva ou nutritiva, ao contrário dos componentes inertes, isto é, que de cicatrização lenta ou difícil.
não têm efeitos sobre o organismo.
tóxico: Que intoxica, isto é, que envenena. É costume usar este ter-
purgante: Que provoca uma evacuação diarreica. Os purgantes tem mo para qualificar os produtos venenosos, mas não necessaria-
uma acção 'laxante' (ver) muito intensa, geralmente acompanha- mente mortais. Ver também 'venenoso'.
da de irritação do intestino.
_ drástico: Ver 'drástico'.
Uricosúrico: Que favorece a eliminação, pela urina, do ácido úri-
co do sangue, causador da gota.
Quimioterapia: Tratamento das doenças com produtos de 'sínte-
se química' íveri. Normalmente refere-se aos fármacos emprega- uso externo: Aquele que se faz de todo o produto ou tratamento
dos no tratamento do cancro. Ver também 'fármaco'. que se aplica no exterior do organismo, sem necessidade de ser
absorvido e passar para o sangue. Os gargarejos, bochechos, e
inclusivamente os enemas íclisteres) e irrigações vaginais, consi-
Kecidiva: Repetição duma doença pouco depois Ja conva- deram-se tratamentos externos, pois actuam de formal local. O
(escenca. termo 'uso externo' utiliza-se por oposição a "uso interno' (ver). Ver
também 'aplicação local*.
recidivante: Que provoca ou se manifesta com 'recidivas' (ver).
refrescante: Que acalma a sede e faz descer a temperatura cor- uso interno: Aquele que se faz de todo o produto que penetra no
poral. Ver fambém 'febrífugo'. interior do organismo e é geralmente absorvido, passando para o
sangue. Nesta obra, é sinónimo da ingestão por 'via oral' (ver).
remédio: Para evitar confusões, evitámos o emprego deste termo
no sentido de 'medicamento' (ver).
Vasoconstritor: Que provoca uma contracção no calibre dos va-
remineralizante: Que fornece sais minerais e oligoelementos, com sos sanguíneos, especialmente das artérias; isto é, que tem efei-
o fim de restaurar o equilíbrio mineral do organismo. Vef tdmbém to contrário ao dos 'vasodilatadores' (verj. Ver também 'anti-he-
'antianémico', 'nutritivo'. morrágíco'.
resolutivo: Que provoca a resolução, isto é, o desaparecimento dos vasodilatador: Que dilata os vasos sanguíneos, especialmente .as
inchaços nos tecidos inflamados, causado por hematomas, ab- artérias, permitindo assim uma maior passagem de sangue. É o
cessos ou infecções. Ver também anti-inflamatório', 'vulnerário'. contrário de Vasoconstritor' (ver).
revulsivo: Que, aplicado sobre a pele, causa uma irritação local e
vasoprotector: Ver 'protector capilar'.
um enrubescimento que atrai o sangue dos órgãos internos con-
gestionados, para a pele. Ver também Yubefaciente'.
venenoso: Que inclui veneno, ou seja, substâncias nocivas ã saú-
rubefaciente: Que produz irritação e enrubescimento da pele. Esta de, que provocam transtornos, inclusive a morte, dependendo em
propriedade está ligada à Yevulsiva' íveri. muitos casos da dose. Ver também 'tóxico'.

venotònico: Que favorece a circulação sanguínea no sistema ve-


Secundário, efeito: Ver 'efeito secundário'. noso, tonificando a parede das veias. As plantas venotónicas
usam-se no tratamento das afecções venosas e das hemorróidas.
se d ante: Que acalma a excitação do sistema nervoso. É o oposto
a 'excitante' (ver). Ver também 'analgésico'. vermífugo: Que provoca a expulsão dos vermes que parasitam o in-
sedativo: Ver 'sedante'. testino. Ver também 'anti-helmintico'.

síntese química: Processo de união de diversos produtos quími- via oral: Diz-se daquilo que se ingere pela boca e atinge o aparelho
cos puros no laboratório, para formar um composto. Ver 'sintéti- digestivo.
co', 'fármaco',
vomitivo: Ver'emético'.
sintético: Elaborado por meio de 'síntese química' íverj. É costume
usar-se este termo como sinónimo de artificial, por oposição a 'na- vulnerário: Que favorece a cicatrização das feridas e a cura das
tural' (ver). contusões. Ver também 'cicatrizante'.

761
IRIDADES DE MEDIDA
V

UNIDADES DE MEDIDA
Ver também "Doseamento das tisanas" na página 58.

c . c : Actualmente, os 'centímetros cúbicos' não se usam como medida de volume de líquidos.


Um 'centímetro cúbico1 equivale exactamente a um miJilitro (ml).
cl: Símbolo de 'centilitro', centésima parte do litro: 11 = 100 cl.
cm: Símbolo de 'centímetro', centésima parte do metro; 1 m = 100 cm.
dl: Símbolo de 'decilitro', décima parte do litro: 11 = 10 dl.
g: Símbolo de 'grama', unidade de peso no sistema métrico decimal,
equivalente à milésima parte do quilograma: 1 g = 0,001 kg.
kg: Símbolo de 'quilograma', abreviamente 'quilo'. 1 kg = 1000 g,
I: Símbolo de litro', unidade de medida dos líquidos no sistema métrico decimal:
11 = 1 dm3 = 1000 cm3 ou c.c. - 1000 ml.
m: Símbolo de 'metro', unidade padrão do Sistema Métrico Decimal, aceite hoje universalmente:
1 m = 10 dm = 100 cm = 1000 mm.
mçg: Nalguns impressos utiliza-se como símbolo de 'mícrograma'.
É preferível usar o símbolo internacional ug.
U.I.: Abreviatura de 'unidades internacionais', que era a unidade de medida que se utilizava quando não se podia medir com
exactidão o peso de algumas vitaminas.
Era uma medida dos "efeitos biológicos" de uma substância sobre os seres vivos.
Hoje, que já dispomos de sistemas de medição mais exactos, usam-se os microgramas (ug).
No caso da vitamina A: 1 |jg = 3,33 U.l.
mg: Símbolo de 'miligrama', milésima parte do grama: 1 g = 1000 mg.
ml: Símbolo de 'mililitro', que é a milésima parte do litro: 11 = 1000 ml {1 ml = 1 c.c./cm3).
u: Símbolo de 'micro' ou 'mícron', milionésima parte do metro: 1 m - 1 000 000 JJ; 1 mm = 1000 \i.
ug.: Símbolo do 'micrograma' ou milionésima parte do grama: 1 g = 1 000 000 ug.

Temperatura: Neste livro, para a medição da temperatura, usa-se a escala chamada de Celsius, centesimal ou centígrada.
Nalguns países e publicações em língua inglesa, continua a usar-se a escala de Fahrenheit, na qual 0&C correspondem a 32°F e
100°Ca212T.
Na medição da temperatura corporal normaJ ou de febre, as principais equivalências são:
36°C = 96,8°F; 37°C = 98.6T; 38°C = 100.4T; 39°C = 102,2'F.

782
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
P r o c e d ê n c i a d a s i l u s t r a ç õ e s

PROCEDÊNCIA DAS ILUSTRAÇÕES


Todas as fotografias, salvo aquelas que seguidamente se especificam por páginas, foram executadas por:
LUDWIG WERNER,
ANDRÈS TEJEL,
JORGE D. PAMPLONA ROGER,
GUNTHER KLENK.
Embaixada do Chile em Espanha: págs. 391. 587; Andrès Hernández: pág. 504; Pacifico Marchán: pág. 489; Edouard Naenny: págs. 189, 383;
Gabinete de Turismo da Áustria: págs. 20-21; Gabinete de Turismo da Holanda: págs. 47, 218; Gabinete de Turismo da Suiça: págs. 114, 287,
329, 437; Gabinete de Turismo de Tunes: pág. 718; Jonatán Tejel: pág. 24; José M. Wemdl: pág. 743.
Sobrecapa: Foto Index (fotografia do fundo). Ludwig Werner (retratos).

Os desenhos botânicos foram executados por Ángel S. Chicharro e, como todos os restantes que aparecem nesta obra, são
propriedade da Editorial Safeliz S.L

783
IIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA
ARCTECHE GARCIA, A., Fitoterapia. Vademecum de prescnpción, com a colaboração da Associação Espanhola de Médicos Naturistas
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VALNET, JEAN (entrevista), Un phytothérapeute est d'abord un médecin [Um fitoterapeuta é antes de tudo um médico], Vie et Santé,
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784
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS
B i b l i o g r a f i a

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LEIBOLD, G.( Guia das Plantas Medicinais, Editorial Presença, Lisboa, 1993 (Titulo original: Heilpflanzen, Humboldt-
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OLIVEIRA FEIJÃO, R., Elucidário Fitotogico, Plantas vulgares de Portugal continental, insular e ultramarino, Edição do Instituto Botânico
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PEREIRA COUTINHO, A. XAVIER, Flora de Portugal (Plantas vasculares}, sob os auspícios do Instituto para a Alta Cultura, Ministério da
Educação Nacional, Edição Bertrand (Irmãos), Lda., Lisboa 1939.

RAIMUNDO, A. E CADETE, A., Manual ilustrado de espécies da flora portuguesa, Estação Nacional de Melhoramento de Plantas, Edição
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SÃNCHEZ-MONGE, E. E PARELLADA, Diccionario de plantas agrícolas, Serviço de Publicações Agrárias do Ministério da Agricultura,
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SELECÇÕES OO READER'S DIGEST, Segredos e virtudes das plantas medicinais, Lisboa, 1983.

7*5
ÍNDICE DE NOUES C I E N T Í F I C O S

ÍNDICES ALFABÉTICOS
índices de nomes das plantas
No princípio de cada um dos dois volu-
índice de nomes científicos 784 mes deste livro figura um índice de do-
índice de nomes vulgares 786 enças (págs. 8 e 408) e um índice de
plantas (págs. 12 e 412).
índice geral alfabético 792

ÍNDICE DE NOMES CIENTÍFICOS


Antennaria dioica, 297 Bellis perennis, 744 — marylandica, 493 — aurantium, 153
Abies alba. 290
Anthemis nobilis, 350 Berberis vulgaris, 384 — obovata, 493 — decumanus. 267
— balsamea, 291
Anthyllis vulneraria, 661 Bettonica officinalis. 730 — occidentalis, 630 — limon, 265
— canadensis, 291
Apium crispum, 583 Betula alba, 568 — senna, 493 — limonum, 265
— pectinata, 290
— graveolens, 562 — pêndula, 568 Castanea safiva, 495 — máxima, 267
Acácia arábica, 469
— nodiflorum, 271 — verrucosa, 568 — vesca, 495 — medica, 265. 267
— nilotica, 469
— petroselinum, 583 Bixa orellana, 700 — vulgaris, 495 — sinensis, 153
Achillea millefolium, 691
Arbutus unedo, 563 Borago officinalis, 746 Ceanothus ameiicanus, 191 — vulgaris, 153
Aconitum ferox, 148
— uva-ursi, 564 Brassica arvensis, 664 Centáurea áspera, 437 Cnicus benedictus, 444
— napellus, 148
Arctium lappa, 697 — juncea, 663 — benedicta, 444 Cocculus palmatus, 446
Acorus calamus, 424
Adiantum capillus-veneris, — minus, 697 — kaber, 664 — cyanus, 131 Cochleana armoracia, 394
Arctostaphylos uva-ursi, 564 — nigra, 663 — scabiosa, 436 — officinalis, 356
292
Arenaria rubra, 596 — oleracea, 433 Centaurium erithraea, 436 Coffea arábica, 178
Adónis vernalis, 215
Aesculus hippocastanum, Argemone mexicana, 445 Bryonia alba, 490 — umbellatum, 436 Colchicum autumnale, 666
Aristolochia clematitis. 699 — dioica. 490 Cephaelis ipecacuanha, 438 Columbus coculus, 446
251
Agave americana, 558 Armoracia rusticana, 394 Buxus sempervirens. 748 Cerasus gondouini, 587 Colutea arborescens, 498
Agrímonia eupatoría, 205 Arnica montana, 662 Ceratonia siliqua, 497 Conium maculafum, 155
Agropyrum repens, 559 Artemisia abrotanum, 429 Oactus ficus-indica, 718 Cereis grandiflorus, 216 Convallaria majalis, 218
Alchemilla vulgaris, 622 — absinthium, 428 — grandiflorus, 216 Ceterach officinarum, 299 Convolvulus arvensis, 491
Alliaria officinalis, 560 — cina, 431 Calendula officinalis, 626 Cetraria islandica, 300 — floridus. 491
Allium cepa, 294 — dracunculus. 430 Callicocca ipecacuanha, 438 Chelidonium majus, 701 — jalapa. 499
— salivum, 230 — dracunluoides, 624 Calluna vulgaris, 570 Chenopodium ambrosioides, — purga, 499
— ursinum, 233 — marítima, 431 Caltha palustris, 665 439, 702 — scoparius. 491
Alaus glufaosa, 487 — mexicana, 431 Calystegia sepium, 491 — antfielmínticum, 439 — sepium, 491
— rubra, 488 — vulgaris. 624 Camellia sinensis, 185 — bonus-Henricus, 702 Copaifera officinalis, 571
Aloé barbadensis, 694 Arundo donax, 566 Cannabis saliva, 152 Chionanthus virginica, 669 Coriandrum sativum, 447
— ferox, 694 Asarum canadense, 432 Capsella bursa-pastoris, 628 Chondrus crispus, 301 Corylus avellana, 253
— vera, 694 — europaeum, 432 Capsicum annuum, 354 Chrysophyllum caimito, 302 Costus spicatus, 566
Aloysia citriodora, 459 Asclepias curassavica, 298 — frutescens, 354 Cichorium endívia, 441 Crataegus monogyna. 219.
Althaea officinalis, 190 — incarnata, 298 Carduus marianus, 395 — intybus, 440 220
Ammi majus, 561 — speciosa, 298 Carex arenaria, 559 Cicuta major, 155 — oxyacanlha, 220
— visnaga, 561 — syriaca. 298 Cancã papaya, 435 — officinalis, 155 Crocus sativus, 448
Arianas sativus, 425 — tuberosa. 298 Carlma acanthifolia, 750 — virosa, 155 Cucurbita ficifolia, 606
Anchusa azurea, 696 Asparagus officinalis, 649 — acaulis, 749 Cinchona calisaya, 753 — máxima, 605
— officinalis, 696 Asperula odorata, 351 — cynara, 750 — officinalis, 752 — melopepo, 605
Anemone hepática, 383 Athyrium filix-femina, 500 Carthamus tmctonus, 751 — succirubra, 753 — ovifera, 605
— pulsatilla, 623 Atropa belladonna, 352 Carum carvi, 355 Cinnamomum aromaticum, — pepo, 605
Anethum graveolens, 349 Avena sativa, 150 Caryophyllus aromaticus, 443 — verrucosa, 605
— sowa, 349 192 — camphora, 217 Cuminum cyminum, 449
Angélica archangelica, 426 Darosma betulina, 567 Cássia acutifolia, 493 — cássia, 443 Cupressus sempervirens,
Armoria cherirnola, 489 — cienutela, 567 — angusWolia, 492 — zeytenicum, 442 255
— muricata, 489 — serratífolia, 567 — fistula, 494 Citrus aurantifolia, 267 Curcuma longa. 450

786
A SAÚDE PELAS P L A N T A S M E D I C I N A I S

í n d i c e s a l f a b é t i c o s

— pierreana, 450 — tetrahit. 306 Jumperus communis, 577 Nuphar lutea, 607 Polygonum aviculare, 272
— purpurascens, 450 Galium aparme, 361 Nymphaea alba, 607 — bistortum. 198
— xantorrhiza, 450 — verum, 361 Ivameria triandra, 196 — hydropiper, 274
Cuscuta epithymum, 386 Gentiana lutea, 452 Ucimum basilicurn, 368 Polypodium calaguala, 724
Cynara scolymus. 387 Geranium cicutarium. 631 Lactuca virosa, 160 Oenothera biennis, 237 — feuillei, 724
Cynodon dactylon, 559 — robertianum, 137 Laminaria digitata, 652 Olea europaea, 239 — leucatomos, 724
Cynoglossum officinale, 703 Geum rivale, 195 — hyperborea, 652 Ononis spmosa, 581 — vulgare, 392
Cytisus scoparius. 225 — urbanum, 194 — saccharina, 652 Opuntia ficus-indica, 718 Polystichum filix, 500
Ginkgo biloba, 234 Lamium álbum, 633 Orchis máscula, 512 Populusalba. 761
Datura stramonium, 157 Glechoma hederacea, 307 Laurus camphora, 217 Origanum majorana, 369 — basamifera, 761
Daucus carota, 133 Globularia alypum, 503 — cinnamomum, 442 — vulgare, 464 — canadicans, 761
Dictamnus albus, 358 — vulgaris, 503 — nobilis, 457 Orthosiphon grandiflorus, — nigra, 760
— fraxinella, 358 Glycyrrhiza glabra, 308 Lavandula angustifolia, 161 653 — tremula, 761
Digitalis gandiflora, 222 Gnaphalium dioicum, 297 — latifolia, 162 — stamineus, 653 Portulaca oleracea, 518
— lanata. 222 Gonolobus condurango, 454 — officinalis, 161 Oxalis acetosella, 275 Potentilla anserina, 371
— lutea, 222 Gossypium herbaceum, 710 — spica, 162 — canadensis, 371, 520
— purpúrea, 221 Gratiola officinalis, 223 — stoechas, 162 Panax gmseng, 608 — erecta. 371.519
Dipçacuç fullonum, 572 Grindelia robusta, 3 1 0 — vera, 161 — Quinauefolium. 609 — reptam. 371, 520
— sativus, 572 — squarrosa, 310 Leonorus cardíaca, 224 — repens, 609 — tormentilla, 519
Drosera rotundiíolia, 754 Guaiacum officinale. 311 Levisticum officinale, 578 — schmsegn, 608 Poterium sanguisorbar, 533
Dryas octopetala, 451 Lilium candidum, 716 Panycum dactylon, 559 Primula officinalis. 328
Dryopteris filix-mas. 500 namamelis virgmiana, 257 Limonia aurantifolia, 267 Papa Ver rhoeas, 318 — veris, 328
Harpagophytum Linum angustifolium, 509 — setigerum, 166 Prinus verticillatus, 673
tchinacea angustifolia, 755 procumbens. 670 — catharticum, 509 — somniferum, 164 Prosopis nigra. 497
— pallida, 755 Hedeoma pulegioides, 462 — crepitans, 508 Parietaria officinalis, 582 Prunus avium, 586
— porpurea, 757 Hedera helix, 712 — humile, 508 Passiflora edulis, 168 — capuli, 330
Eleutherococcus senticosus, Helianthus annuus, 236 — lewisn, 509 — incamata, 167 — cerasus, 587
609 Heliotropium arborescens. — usitatissimum, 508 — laurifolia, 168 — laurocerasus, 458
Ephedra distacfiya, 303 713 Lippia citriodora, 459 Persea americana, 719 — melanocarpa, 330
Epilobium alsinifolium, 501 —europaeum, 713 — triphylla, 459 — gratíssima, 719 — serotma, 330
— angustifolium, 501 — indicum, 747 Lithospermum erythorryzon, Petasites hybridus, 320 — spinosa, 372
— hirsutum, 501 — pervianum, 713 579 Petroselinum crispum, 583 — virginiana, 330
Equisetum arvense, 704 Hibiscus abelmoschus. 362. — officinale, 579 — sativum, 583 — x gondouini, 587
Erigeron canadensis, 268 363 — ruderale, 579 Peumus boldus, 390 Psidium guajaba, 552
Erodium cicutarium, 631 — rosa-sinensis, 362, 363 Lobelia inflata, 183 Phaseolus vulgaris, 584 Pulmonaria officinalis, 331
— moschatum, 631 — sabdariffa, 363 — urens, 183 Phoradendron flavescens, Pulsatilla vulgaris, 623
Eryngium campestre, 573 — tiliaceus, 363 Lythrum salicaria, 510 247 Púnica granatum, 523
— rnaritimum, 574 Hieracium pilosella, 504 Phyllitis scolopendrium, 321 Pyrus domestica, 535
Erytliroxylon coca, 180 Hippophae rhamnoides, 758 IVIajorana hortensis, 369 Physalis alkekengi, 585
Eucalyptus globulus, 304 Humulus lupulus, 158 Malpighia glabra, 764 — angulata, 721 Quassia amara, 467
Eugenia caryophyllata, 192 Hydnocarpus kurzii, 700 — punicifolia, 764 — viscosa, 721 Quercus alba, 210
- f l o r i d a , 317 Hydrastis canadensis. 207 Malus silvestris, 513 Phytolacca americana, 722 — amara, 210
Eupatorium ayapana, 388 Hymenaea courbaril, 497 Malva silvestris, 511 — dioica, 722 - i l e x , 210
— cannabinum, 388 Hyoscyamus niger. 159 Mandragora autumnalis, 517 Picraena excelsa, 467 — robur, 208
— collinum, 388 Hypericum androsaemum, — officinalis, 517 Pilocarpus jaborandi, 759 — suber, 210
— perfoliatum, 388 714 Manihot esculenta, 460 — pennatifolius, 759
— purpureum, 388 — perforatum, 714 — utilissima, 460 Pimpinella anisum, 322, 465 Kaphanus raphanistrum,
— staechadosmum, 388 Hyssopus officinalis, 312 Marrubium vulgare, 316 — magna, 322 393
— triplinerve, 388 Marsdenia condurango, 454 — major, 322 — sativus, 393
Euphrasia officinalis, 136 llex aquifolium, 672 Matricaria chamomilla, 364 — saxifraga, 322 Rauwolfia serpentina, 242
Evonymus europaeus, 707 — cassine. 673 Medicago saliva, 269 Pinus pinaster, 323 Rhamnus catnartica, 525
Exogonium purga, 499 — paraguayensis, 182, Melilotus officinalis, 258 — sylvestris, 323 — frangula, 526, 528
673 Melissa officinalis. 163,580 Piper angustifolium, 370 — purshiana, 528
ragus castanea, 495 — paraguensis, 182 Melittis melissophyllum, 580 — nigrum, 370 Rheum officinale, 529
— silvatica, 502 — pseudobuxus, 673 Menisipermum palmatum, Pirus malus, 513 — palmatum, 530
Ferula assafoetida, 359 — theezans, 673 446 Pistacia lentiscus, 197 — rabarbarum, 530
FÍCJS carica. 708 — verticiilata. 673 Mentha piperita. 366 Plantago arenana, 515 — rhaponticum, 530
Filipendula ulmaria, 667 — vomitória, 673 — pulegium, 461 — indica, 515 — undulatum, 530
Foemculum foeniculum, 360 lllicium verum, 455 Menyanthes trifoliata, 463 — lanceolata, 325 Ribes grossularia, 588
— officinale. 360 Inula helenium, 313 Mimosa nilotica, 469 — major, 325 — nigrum, 468, 764
— vulgare, 360 — montana, 662 — tenuiflora, 724 — media, 325 — rubrum, 468
Fragaria vesca, 575 Ipomoea purga, 499 Mirabilis jalapa, 499 — ovata, 515 — silvester. 468
Fraxinus excelsior, 669 íris florentina, 315 Monarda didyma, 634 — psyllium, 515 — spicatum, 468
— ornus, 669 — germânica. 315 — punctata. 634 Podophyllum peltatum, 517 — uva-crispa. 588
— oxycarpa, 669 - p a l l i d a , 315 Myrtus communis, 317 Polygala amara, 327 Ricmus communis, 531
— rotundifolia, 669 — foliosa, 317 — rupestris, 327 Robmia pseudoacacia, 469
Fucusvesiculosus, 650 Jasonia glutinosa, 456 — senega, 327 Rosa canina, 762
Fumaria officinalis, 389 Jateorrhiza miersi. 446 Nasturtium officinalis, 270 Polygonatum multiflorum, — centifolia, 635
Juglans duclouxiana, 505 Nepeta cataria, 367 723 — damascena, 635
Caalega officinalis, 632 — nigra, 506 Nerium oleander, 717 — odoratum, 723 — gallica, 635
Galeopsis dúbia, 306 — regia, 505. 506 Nicotiana tabacum, 183 — officinale, 723 Rosmarmus officinalis, 674
a ÍNDICE DE NOMES VULGARES

Rubia tinctorum, 589 Sarothamnus scoparius, — áspera, 592 Taraktogenos kurzn, 700 Urtica dioica. 278.641,674
Rubus íruticosus, 541 225 — leucophylla, 593 Taraxacum officinale, 397
— idaeus, 765 Sassafras officinalis, 678 — ornata, 593 Taxus baccata, 336 VaCC inium rnyrtillus, 260
Rumex acetosa, 275, 532 Satureja calaminlha, 375 — regelii, 593 Teucrium chamaedrys, 473 — vitisidaea, 261
— crispus. 532 — hortensis, 375 — spruceana, 593 — marum, 473
Valenana oíficinalis. 172
— patientia, 532 — montaria. 374 Solanum dulcamara, 728 Thea sinensis, 185
Saxifraga granulata, 591 — nigrum. 729 Vanilla fragans, 376
Ruscus aculeatus, 259 Theobroma cacao, 597
Ruta graveolens, 637 Scabiosa succisa, 731 Solidago virga-aurea, 594 Thymus serpyllum, 338 — planifolia, 376
Scolopendrium officinale, Sorbus aucuparia, 535 — vulgaris, 338, 769 Veratrum álbum, 452
babai serrulata. 610 321 — domestica, 535 Tilia americana, 171 Verbascum thapsus, 343
Saccharun officinarum, 332 Scrophularia nodosa, 543 Spartium scoparium, 225 — argêntea, 171 Verbena fiastata, 174
Saix alba, 676 Sedum acre, 726 Spergularia rubra, 596 — cordata, 171
— oílicinaVis, 174
— babylonica, 677 — telephium, 726 Spiraea ulmaria, 667 — europaea, 169,171
Selenicerus grandiflorus, Spirulina geitleri, 276 — platyphyllos, 171 Verónica beccabunga, 475
— fragilis, 677
216 — máxima, 276 — tomentosa, 171 — oíficinalis, 475
— purpúrea, 677
Sempervivum tectorum, 727 — platensis, 276 Tragopogon pratensis, 243 Viburnum lantana. 199, 643
Salvia hispânica, 638
Seneciojacobaea, 640 Stachys officinalis. 641,730 Trifolium nigrescens, 340 — opulus, 642
— hispanorum, 638
— viscosus, 640 — palustris, 641 — pratense, 340
— oíficinalis, 638 — prunifolium, 643
— vulgaris. 640 — silvatica, 641 — repens. 340
— pratensis, 638 — tinus, 643
Serenoa repens, 610 Stellaria media, 334 Trigonella foenum-graecum,
— sclarea, 638, 766 Vinca minor, 244
Sesamum indicum, 611 Succisa pratensis, 731 474
Sambucus ebulus, 590, 767
— orientale, 611 Symphytum oíficinalis, 732 Triticum repens, 559 — rósea, 245
— nigra, 767 Sideritis angustifolia, 471 — tuberosum, 733 Tropaeolum majus, 772 Viola odorata, 344
Sanguisorba minor, 533 Silybum marianum, 395 Syringa vulgaris, 472 Tumera diffusa, 613 — tricolor, 735
— officinalis, 534 Sinapis alba, 664 Syzygium aromaticum, 192 Tussilago farfara, 320, 341
Samcula europaea, 725 Viscum álbum, 246
— arvensis, 664
— marylandica, 725 — nigra, 663 I amarindus indica, 536 Ulmus campestris, 734 Vitis viniíera. 544
Santolina Sisymbrium officinale, 211 Tamus communis, 679 — fulva. 734
chamaecyparissus, 470 Smilax aristolochiaefolia, Tanacetum balsamita, 537 — minor, 734 Z e a mays, 599
Saponaria oíficinalis, 333 593 — vulgare, 537 Urginea maritima, 296 Zingiber officinale, 377

ÍNDICE DE NOMES VULGARES


— oriental, 448 — hortense, 387 Alfazema, 161 Ambretas, 131
Abacate, 719
Açafroa, 751 Alcaçus, 308 — brava. 162 Ambrósia-do-méxico, 439
Abacateiro, 719
Acafrol, 751 — da-europa, 308 — de-caboclo, 312 Ameixeira-brava, 372
Abacaxi, 425 Acataia, 274 Alcaravia, 355 Alforba, 474 Amieiro, 487
Abelmosco, 362 Acónito, 148 Alchirovia, 355 Alforfa, 474 — de-oregon, 488
Abeloura, 221 too-tteifoso, 424 Ncorowa, 355 Nfefga, 474 — mosqueado, 257
Abeto-branco, 290 Alecrim, 674 Alforria, 474
— verdadeiro. 424 — negro, 526
—do-canadá, 291 Açucena, 716 Alecrinzeiro, 674 Alforva, 474 — rubro. 488
— pectinado, 290 — branca, 716 Alegra-campo, 592 Alga perlada, 301 . — vulgar, 487
Abioto. 155 Adónis-da-itália. 215 Aleluia, 275 Âmio-maior, 561
— vesiculosa, 650
Abóbora, 605 Agave, 558 Alface-brava, 160 Algebão, 174 — vulgar, 561
— chila, 606 Agrião, 211 — brava-maior, 160 Algebrado, 174 Amor-de-hortelão, 361
— de-coroa, 605 Agrião, 270 — de-coco, 397 Algebrão, 174 — perfeito-bravo, 735
— menina. 605 — das-fontes. 270 — maior, 160 Algodoeiro, 710 — perfeito-pequeno, 735
— moganga, 605 — de-água, 270 — virosa, 160 Alho, 230 Amora-framboesa, 765
— porqueira. 605 Agrimónia. 205 Alfádega, 368 — comum, 230 Ananás. 425
Abraços, 386 Agripalma. 224 Alfalfa, 269 — de-urso. 233 Ancusa, 696
Abrótano. 429 Aguacate, 719 — de-flor-roxa, 269 — vulgar, 230 Androsemo, 714
— fêmea, 470 Aiapana, 388 Alfarrobeira, 497 Aliaria, 560 Anémola, 383
Abrunheiro-bravo, 372 Aipo, 562 — canela, 497 Aljôfar, 579 Anémona, 383, 623
Absintio, 428 — bravo, 562 — das-antilhas, 497 Almecegueira, 197 — dos-jardins. 623
Absinto, 428 — dorio-grande, 562 — das-antilhas. 497 Almeirão, 440 — hepática. 383
Acácia-bastarda, 469 — doce, 562 — de-burro. 497 Alno, 487 — pulsatila, 623
— das-alemãs, 372 — dos-charcos. 562 — galhosa, 497 Aloendro, 717 Aneto. 349
— de-flores-brancas, 469 — hortense, 562 — mulata, 497 Aloés, 694 Angélica, 426
Acaflor, 448 — silvestre, 562 — negra, 497 Alquemila, 622 Anis-da-chma, 455
Açafrão, 448 Álamo-libico. 760 Alfarva. 474 Alquequenje, 585 — estrelado, 455
— bastardo, 666, 751 — negro, 760 Alfavaca, 368, 582 Alteia, 190 — verde, 465
— da-índia, 450 Alcachofra, 387 — de-cobra, 582 Amaracus, 369 Anona, 489

788
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

í n d i c e s a l f a b é t i c o s

Anoneira, 489 Bálsamo-de-cheiro, 713 Capuz, 148 — menor. 436


C/abacinha-riscada, 605
Ansarinha, 371 Barba-de-bode, 243 Caraguatá, 573 Centinódia. 272
— verrugosa, 605
— malhada, 155 — domato, 570 Caralhotas, 221 Cercefi, 243
Cabeia, 354
Antenária, 297 Barbasco, 343 Cardíaca, 224 Cerdeira, 586
Cabelos, 386
Aquifólio, 672 Barbotina. 431 Cardo-bento, 444 Cerejas-de-judeu. 585
Bardana, 697 — de-nossa-senhora. 386 —- cardador. 572
Aquileia. 691 Cerejeira. 586
Cabreira, 183
Araca-goiaba, 522 — maior. 697 — corredor, 573 — americana. 330
Cabresto, 393
Araçauaçu, 522 — ordinária. 697 — de-santa-maria, 395 — brava, 586
Cacapeiro, 221
Aradeira, 712 Barosma. 567 — leiteiro, 395 — da-virgima. 330
Arando, 260 Cacau, 597
Barrete-de-padre, 707 — mariano, 395 — das<erejaspretas, 586
Cacaueiro, 597
— de-baga-vermelha, 261 Basilico. 368 — marítimo, 574 — negra, 330
Cacauzeiro, 597
— vermelha, 261 Baunilha, 376 — morto, 640 Cerseíi-bastardo, 243
Cacto, 216
Arçã, 769 — dos-jardins. 713 — penteador, 572 Cersifi, 243
— grandifloro, 216
Arcanha, 769 Bebereira. 708 — rolador, 574 Ceruda. 701
Café, 178
Arenária, 596 Becabunga, 475 — santo, 444 Cestro. 730
Cafeeiro, 178
— rubra, 596 Bédulo, 568 — santo-mexicano, 445 Ceteraque, 299
— comum, 178
Argençana, 452 Bela-luisa, 459 Cárica, 435 Cevadilha, 717
Cafezeiro, 178
— dos-pastores, 452 — sombra, 722 Cariof ilada, 194 Chá. 185
Caimito. 302
Argentina. 371 Beladama. 352 Cainiti, 302 — maior, 194 — apalache, 673
Aristolóquia, 699 Beladona, 352 Cainito, 302 Carlina, 749 — da-china. 185
Arnica, 662 Beldroega, 518 Cajado-de-são-josé, 716 — oficinal, 749 — da-europa, 475,638
Aroeira, 197 — pequena, 518 Calaguala, 724 — ornamental, 750 — da-franca, 638
Aroeiro, 197 Beloura, 221 Calaminta, 375 Carragaheen. 301 — da-grécia. 638
Arrebenta-boi. 679 Bem-me-quer, 744 Cálamo-aromático, 424 Carrapateiro, 531 — da-india, 185
Arruda, 637 Berbere, 384 Calêndula, 626 Carrasca, 570 — de-frade, 224
Arrúdia, 637 Bérbens, 384 Calipes. 304 Carrasco-loureiro, 210 — de-franca, 163
Artemigem. 624 Berça, 433 Calipse. 304 Carrasquinha, 570 — de-java, 653
Artemísia, 624 Betónica. 641.730 Carriço, 559
Calta, 665 — de-jersey, 191
— comum, 624 — bastarda, 580 — dos-pántanos, 665 — da-areia, 559 — de-nova-jersey, 191
— maritima, 431 — dos-pàntanos, 641 Calumba, 446 Carriola-bastarda, 272 — de-nova-jérsia, 191
— mexicana, 431 — dos-saboianos. 662 Calungo, 699 Carro-de-vénus, 148 — do-méxico, 439
— verdadeira, 624 Bétula, 568 Camédrios, 473 Cártamo, 751 — mate, 182
Árvore-da-goma-arábica, Bico-de-cegonha, 631 Camomila, 364 Caruru-de-cacho, 722 — porrete, 436
469 — de-cegonha-moscada, Carvalheira, 208 — preto, 185
— alemã, 364
— das-gotas-de-neve, 669 631 Carvalhinha, 473, 475 — suíço, 451
— de-paris, 350
— de-morangos, 563 — de-grou, 137 CarvalhinhcKio-mar, 650 — verde, 185
— dos-alemães, 364
Ásaro, 432 — de-grou-robertino. 137 Carvalho, 208 Chagas, 772
— legitima, 364
Asclépia, 298 Bidoeiro. 568 — romana, 350 — alvarinho, 208 Chagueira, 772
Aspargo, 649 Bisnaga, 561 — vulgar, 364 — americano, 210 Chamica, 225
Aspérulaodorifera. 351 — das-searas, 561 Campainhas-de-maio, 218 — branco, 210 Chantage, 325
Assa-fétida, 359 Bistorta, 198 Cana, 566 — comum, 208 Cheiros, 769
Atanásia, 537 Bixa. 700 — marinho. 650 Cherivia. 355
— amarga, 566
— das-farmácias, 537 Bodelha. 650 — cheirosa, 424 — pequeno, 473 Chicória, 440
Auronia, 429 Bola-de-neve, 642 — de-açúcar, 332 Carvi, 355 — amarga, 440
Aveia, 150 Boldo, 390 — doce, 332 Casadinhos, 215 — brava, 440
Avelaneira, 253 Boieira. 607 — sacarina, 332 Casca-sagrada, 528 — do-café. 440
— brava, 734 — amarela, 607 — vulgar, 566 Cáscara-sagrada, 528 Chila. 606
Aveteita, 253 — bíanca, 607 Canabe, 152 Castanheiro, 495 Choupobianco, 761
— de-bruxo, 257 Bolsa-de-pastor, 628 Canafistiila, 494 — comum, 495 — negro, 760
— de-feiticeira, 257 Bom-homem. 316 Cànamo, 152 — da-india, 251 — tremedor, 761
Avenca, 292 Bonina, 744 Canárias. 237 Cataia, 274 Cicuta. 155
— cabelo-de-vénus, 292 Bons-dias, 491 Canela-da-chma, 443 Catapúcia, 531 — aquática, 155
— de-monlpellier, 292 Borrage, 746 — de-sassafrás, 678 Catéria, 367 — da-europa, 155
Avoadeira, 268 Borragem. 746 — sassafrás, 678 Cauda-de-cavalo, 704 — de-atenas, 155
Avoadinha, 268 — bastarda. 696 Caneleira, 442 — de-raposa. 268 — maior, 155
Azebre, 694 — brava. 747 — de-ceilào, 442 Caúna, 182, 673 — menor, 155
Azedas, 275 Botâo-de-prata, 691 Cânfora, 217 Cavalinha, 704 — oficinal, 155
Azedinha-da-horta, 275 Botelho, 650 Canforeira. 217 — dos-campos, 704 — ordinária, 155
Azeitoneira. 239 — crespo, 301 Canforeiro, 217 Ceanoto, 191 — terrestre, 155
Azevinho, 672 Botilhão-vesiculoso, 650 Cânhamo, 152 Cebola, 294 Cidra, 267
— espinhoso, 672 Bredofêmea, 518 — indiano, 152 — albarrâ, 296 Cidrila, 459
— menor, 259 Briónia. 49Ú — verdadeiro, 152 — venenosa, 666 Cinamomo, 442
Azinheira, 210 — branca, 490 Caniquié, 302 Cedronho, 701 Cinco-em-rama, 520
Azinho, 210 — dióica. 490 Capacete-de-jiipiter. 148 Ceguda, 155 — em-rama-americana.
Broeira, 321 Capilária, 292 Cegude, 155 520
Dadiana, 455 Buglossa, 696 — de-montpellier, 292 Celidónia, 701 — folhas, 520
Bafureira, 531 — oficinal, 696 Capim-de-burro, 559 Cenoura, 133 Cineraria, 131
Bafureiro, 531 Burladora, 157 Caprária, 632 - b r a v a , 133 Cmifólio, 223
Baga, 531 Buxo, 748 Capsela, 628 Centáurea, 131 Cmoglossa, 703
Baganha, 679 — arbóreo, 748 Capucha, 721 — áspera, 437 Cipó-chumbo, 386
Balsamita, 537 Buxulo, 564 Capuchinhas, 772 - a z u l , 131 — da-areia, 303
IDICE DE NOMES VULGARES

— mil-homens, 699 Dente-deleão, 397 - de-são-cristóvão, 590 — virgem, 316 — macho, 500
Cipreste, 255 Dentebiwa, 500 - de-são-liacre, 343 Ervedetro, 563 Fidalguinhos, 131
— dos-cemiténos, 255 Dictamno, 358 - de-são-joão, 307, 624, Ervedo, 563 Figueira, 708
Cirio-do méxico, 216 — branco, 358 714 Èrvedo, 563 — da-barbaria, 718
— do-rei, 343 - r e a l , 358 - de-sáo-marcos, 537 Ervinha, 474 — da-europa, 708
Citronela-maior, 428 Digital, 221 - de-são-quirino. 341 Êrvodo, 563 — da-india, 718
— menor, 163 Doce-amarga, 728 - de-são-roberto, 137 Escabiosa-de-raiz-mordida, — de-baco, 708
Cliantos, 498 — lima, 459 -deda, 221 731 — do-egipto, 497
Coalha-leite, 361 Dórico-da-alemanha, 662 -dedal, 221 — mordida, 731 — do-inferno, 157
Cobrinha, 582 Dormideira, 164 - do-bicho, 729 Escalheiro, 219 — mansa, 708
Coca, 180 — brava, 166 -dobom-jesus, 691 Escambroeiro, 525 Figueirinha-do-inferno, 157
Cocleária, 356 Douradinha, 299 - do-bom-pastor, 628 Escancerejo, 535 Filipode, 392
— da-bretanha, 394 Drias, 451 -do-coalho, 361 Escarola, 441 Fisale, 721
— maior, 356 Dulcamara, 728 • do-espirito-santo, 426 Escolopendra, 321 Fisálide, 721
— oficinal, 356 -do-figado, 174,696 — vulgar, 321 Fitolaca, 722
Coentro, 447 Ebulo. 590 - do-pobre. 223 Escova, 225 Flor-cheirosa. 216
Cõlcluco, 666 Éfedra. 303 • do-tabaco, 183 EscQvioha, 131 — da-aurora, 448
— do-outono, 666 Eleuterococo, 609 - doce. 465 Escrofulária, 543 — da-imperatriz, 716
Colombo, 446 Endívia, 441 - dos-alhos, 560 — nodosa, 543 — danoite, 216
Cólquico, 666 Endrão. 349 -dos-bofes, 331 Escroto-canino, 512 — dapaixáo, 167
Colubrina, 198 Endro, 349 -dos-bruxos, 157 Espanta-lobos, 498 — de baile, 216
Colútea, 498 — ordinário, 349 - dos-burros, 237 Espargo, 649 — de-hércules, 448
Cominho, 449 Engatadeira, 158 - dos-cachos, 722 — hortense, 649 — de-himeneu, 364
— dos-prados. 355 Engos, 590 - dos-cachos-da-índia, Espinha-cervina, 525 — de-maio, 218
Cominhos, 449 Enleios, 386 722 — de-veado, 525 — de-páscoa, 623
Condurango, 454 Énula, 313 • dos-calos, 726 — sempre-verde, 672 — de-pavão, 772
Congonha, 182 — campana, 313 dos-cantores, 211 Espinheiro-alvar, 219 — de-são-joão, 624, 714
Congonha-vermelha, 182 Epilóbio, 501 dos-carpinteiros, 691 — branco, 219 — de-seda, 216
Congossa, 244 — peludo, 501 • dos-cavalos, 159 — cambra, 525 — do-noivado, 317
Consolda, 732 Equmácea, 755 •dos-gatos. 172, 367 — cerval, 525 — do-paraiso, 772
— maior, 732 — pupúrea, 757 dos-golpes, 691 — negro, 642 — do-vento, 623
— menor, 733 Equiseto-dos-campos, 704 • dos-gregos, 205 — vinheto, 384 Folhado. 643
— vermelha, 519 Erigerão, 268 - dos-leprosos, 475 Espirradeira, 717 Formigueira, 439
Consolida maior, 732 Erísimo, 211 - dos-militares, 691 Espirulina, 276 Fragária, 575
Consolo-da-vista, 136 — das-boticas. 211 • dos-muros, 582 Estaque, 641 Framboesa, 762
Convalária, 218 Erva-alheira, 560 - dos-passarinhos, 272 Estoirotes, 221 Framboeseiro, 765
Copaíba, 571 — andorinha, 701 • dos-soldados, 691 Estoura-flores, 221 Frango, 397
Copaibeira, 571 — anual, 583 • dos-tinhosos. 697 Estragão, 430 Fràngula, 526
Copaibeiro, 571 — babosa, 694 dos-vasculhos, 259 Estramónio, 157 Fraxmela, 358
Copaífera, 571 — benta, 194 dos-vermes, 537 Estraques, 221 Freixo, 669
Copo-de-leite, 716 — carapau. 510 • envenenada, 352 Eucalipto, 304 — comum. 669
Conandro, 447 — carnuda, 704 • escovinha. 260 Eufrásia, 136
— europeu, 669
Cornogodinho, 535 — carpinteira, 691 formiga, 439 Eupatória, 205
Fruto-de-pitágoras, 497
Coroa-demonge, 397 Eupatório, 205
— carvalha, 473 • formigueira, 439 Fuco, 650
Coronilha-de-frade, 503
— carvalhinha, 473 • forte, 594 — de-avicena, 388 Fumaria, 389
Corriola, 491
— cidreira, 163, 459 fura-paredes, 582 — dos-gregos, 205 Fumo-da-terra, 389
Couve, 433 — coalheira, 361 gateira, 367 Evònimo, 707 Funcho, 360
— galega, 433 — cobra, 490 -hepática, 205 Evônimo-da-europa, 707 - b a s t a r d o . 349
— portuguesa, 433 — da-américa, 722 • leiteira-de-nossa- — ordinário, 360
Craveiro-da índia, 192 — da-muda, 272 •senhora, 331 Faia, 502 — selvagem, 155
Cravina-tfágua, 274 — da-saúde, 272 • luisa, 459 — europeia, 502 — vulgar, 360
Cravinho, 192 — da-trindade, 735 macaé. 224 Falsa-acácia, 469
Cravo-arom atiro, 192 — da-vida, 510 mate, 182 — camomila, 350 Caaiaco, 311
— da-india,' '2 — das-abelhas, 667 • midriãtica, 352 Falso-anil, 632 Galega, 632
— de-cabecinha, 192 — das-azeitonas, 375 molarinha, 389 — sene, 498 Galeopse, 306
— dos-alpes. 662 — das-colheres, 356 moura, 729 Farfara, 341 Galião, 361
Cravoila, 194 — das-cortadelas, 691 moura-de-trepa, 728 Fava-d'água, 463 Gatinha. 581
Croatá-falso, 573 — das-galmhas, 272 moura-furiosa, 352 — dos-pántanos, 463 Gatunha, 581
Curcuma, 450 — das-muralhas, 582 moura-mortal, 729 — rica, 497 Genciana, 452
Cúrcuma, 450 — das-paredes, 582 noiva, 585, 729 Favária, 726 — amarela, 452
Cuscuta, 386 — das-pulgas, 515 pombinha, 389 — maior, 726 — das-boticas, 452
— das-verrugas, 701, 713 •pulgueira, 515 — vulgar, 726 — das-farmácias, 452
Dama-nua, 666 — de-aieite,673 rinchão. 211 fedegoso, 630 — dos-jaídms, 452
Damiana, 613 — de-bicho, 274 roberta, 137 Feijão, 584 Gengibre, 377
Dedalário, 221 — de-íogo, 624 ruiva. 448 Feijoeiro, 584 — amarelo, 377
Dedaleira, 221 — de-moura, 274 • saboeira. 333 Feiteirinha, 691 — das-boticas, 377
— amarela, 222 — de-nossa-senhora, 582 sagrada. 174. 312 Fel-da-terra. 389,436 — silvestre, 432
— de-ílores-grandes. 222 — de-sanfiago, 640 santa, 183 Fenacho, 474 Gengivre, 377
— lanosa, 222 — de-santa-maria, 439, terrestre, 307 Feno-grego, 474 Gerânio, 137
Dedaleiro-verdadeiro, 221 729 ulmeira, 667 Fentelha, 392 Gerbào, 174
Dedode-mercúrio, 666 — de-santana. 582 ursa, 338 Fetodoce, 392 Gergelim, 611

790
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

í n d i c e s a l f a b é t i c o s

Gerivão, 174 Lilás, 472 Macela, 350 Mático. 370


namamélia, 257
Gervão, 174 Lilaseiro, 472 — de-botão, 350 Matricána. 364
— da-virginia, 257
Gerzelim, 611 Lima, 267 — dourada, 350 Medronheiro, 563
Hamamélis, 257
Gibalbeira, 259 — de-umbigo, 267 — flor, 350 — rojante, 564
Harpagófito, 670
Giesta, 225 — doce, 267 — galega, 350 — ursino, 564
Haxixe, 152
— brava, 225 Hédera, 712 Limão-doce, 267 Macelão, 350, 691 Meimendro, 159
— ribeirinha. 225 Hedra. 712 Limoeiro, 265 Macieira, 513 — negro, 159
Giesteira-comtim, 225 Heléboro-branco, 452 — azedo, 265 Madeira-doce, 308 — preto. 159
— das-vassouras, 225 Helianto, 236 Limonete, 163,459 Mãe-de-família, 744 Meiga, 269
Gilbarbeira, 259 Helxina, 582 Língua-cervina, 321 Mafuta, 611 — dos-prados, 269
Gilbardeira, 259 Lingua-de-boi, 321 Magorica, 570 Meliloto. 258
Hera, 712 Maia, 221
Gmgelim, 611 Lingua-de-cão, 703 Mefesa, 163
— dos-muros, 712
Ginjeira, 587 Lingua-de-vaca, 696, 732 Maias, 225 — bastarda, 580
— terrestre, 307
— das-ginjasgalegas, 587 Lingua-de-veado, 321 Majarona, 369 Menianto. 463
— trepadeira, 712 Linheio, 386
— das-ginjas-garrafais, Mal-furada, 714 Menta. 366
Heradeira, 712
587 Linho, 508 Malmequer-branco, 744 — de-cavalo, 634
Hereira, 712
— galega, 587 Hibisco, 362, 363 — bravo, 509 — do-campo, 310 Mentrasto, 367
Ginkgo, 234 Hidraste, 207 — cânhamo, 152 — dos-brejos, 665 Mikm-rama, 691
Ginseng, 608 Hidrastis, 207 — da-terra, 508 Malva, 511 — folhada, 691
— americano, 609 Hiosciano, 159 — das-pradarias, 509 — maior, 511 — folhas, 691
— chinês, 609 Hipericão, 714 — de-cuco, 386 — selvagem, 511 Milefólio, 691
— coreano, 608 — do-gerês, 714 — de-raposa, 386 — silvestre, 511 Milfurada, 714
— russo, 609 — do-inverno, 508 Malvaisco, 190 Milho, 599
— vulgar, 714
— siberiano, 609 — galego, 508 Malvela, 307 — grosso. 599
Hipofaé, 758
— vermelho, 608 — galego-silvestre, 509 Mamão, 435 — maès. 599
Hissopo, 312
Girassol, 236 — mourisco, 508 Mamoeiro, 435 Milola, 363
— das-farmácias, 312
— silvestre, 310 — purgante, 509 Mamona, 531 Mimo-de-vénus, 362
Hortelã-pimenta, 366
Girbão, 174 Líquen-da-islàndia, 300 Mamoneira, 531 Minuana, 237
Húmulo, 158
Girofeiro, 192 Lírio, 315 Mamoneiro, 531 Mirtilo. 260
Globulária, 503 — cardano, 315 Manã-do brasil, 536 Mirto, 317
(nula, 313 Mancanilha, 364
— vulgar, 503 — cárdeno, 315 Moleirinha. 389
inula-campana, 313 Mandioca, 460
Gnafálio, 297 — convale, 218 Monarda, 634
Inulina, 313 Mandioquinha-do-campo,
Goiaba, 522 — de-maio, 218 Mongarica, 570
Ipeca, 438
Goiabeira, 552 — dos-poetas, 716 628 Moranga, 575
Ipecacuanha, 438
Golfão, 607 — dos-vales, 218 Manduba, 460 Morango-do-campo, 303
— amarelo, 607 — florentino, 315 Maniva, 460 Morangueiro, 575
Jaborandi, 759
— branco, 607 Jacinto-da-índia, 426 — germânico, 315 Manjericão-grande, 368 — silvestre, 575
Golfo-amarelo, 607 Jalapa, 499 — pálido, 315 — roxo, 368 Morso-diabólico, 731
— branco, 607 — falsa, 499 — verde, 666 Manjerico-de-folha grande, — do-diabo, 731
Goma-arábica, 469 Japecanga. 592 Lis-dos-tanques, 607 368 Morte-do-diabo. 731
Graciola, 223 Jasónia, 456 Litospermo-americano, 579 Manjerona, 369 Morubá, 467
Graciosa, 223 Jindungo, 354 Lobélia, 183 — brava, 460 Morugem, 334, 504
Grama, 559 Jorgelim, 611 Loendreira, 717 — hortensis, 369 — branca, 334
— canina, 559 Junipero, 577 Loendro, 717 — inglesa, 369 — verdadeira, 334
— da-tosse, 559 Junquilho, 218 Lóios, 131 — selvagem, 460 — vulgar, 334
— das-boticas, 559 — dos-jardins, 131 — verdadeira, 369 Mosqueiro, 734
— dos-nervos, 559 Labaça, 532 Lombrigueira, 439 Manuba, 460 Mostarda, 663
— tina, 559 — crespa, 696 Losna, 428 Mão-de-deus, 691 — branca, 664
— francesa, 559 Lagarinho, 526 — maior, 428 Maracujá, 167 — dos-campos, 664
— portuguesa, 559 Lágrima-de-sangue, 215 Loureiro, 457 — azul, 167 — negra, 663
Graminha, 559 Lamegueiro, 734 — cerejeira, 458 — mirim, 168 — ordinária, 663
Grande-absinto, 428 Laminaria, 652 — comum, 457 — roxo, 168 — preta, 663
— cicuta, 155 Lámio, 633 — de-apolo, 457 Maracujazeiro, 167 Mostardeira, 663
— consoida, 732 — branco, 633 — dos-poetas, 457 Maravilha, 626 Mundianhoca. 630
— genciana, 452 Lamium, 633 — inglês, 458 Marcela, 350 Munhanoca, 630
— quelidónia, 701 Lapa, 697 — real. 458 Margaça-das-boticas, 364 Murta, 317
— salva, 638 Laranja-camoesa, 153 — rosa, 717 Margarida, 744 — cultivada, 317
Granza, 589 — da-baia, 153 — vulgar, 457 Margaridinha, 744 — dos-jardins, 317
Gravatá-do-campo, 573 — de-umbigo, 153 Louro, 457 Margarita, 744 — folhuda. 317
Grindélia, 310 Laranjeira, 153 — cerejo, 458 Maria-fia, 631
— ordinária. 317
— áspera, 310 — amarga, 153 Lúcia-lima, 459 Maro, 473 Murteira. 317
Groselheira, 468 — azeda, 153 Lúparo, 158 Marroio, 316 Musgo-amargo, 300
— comum, 468 — da-china, 153 Lúpulo, 158 — branco, 316 — branco, 301
— dos-cachos, 468 — doce, 153 — trepador, 158 — de-frança, 316 — da-irlanda. 301
— espim, 588 — romã, 153 Luvas-de-nossa-senhora, — vulgar, 316 — da-islàndia, 300
— negra, 468 Lavanda, 161 221 Marrolho. 316 — islãndico, 300
— rubra, 468 Lavândula, 161 — de-santa-maria, 221 Martírio, 167
— vermelha, 468 Legação, 592 Luzerna, 269 Mastruco-do-peru, 772 Nabo-chinès, 393
Guaiaba, 522 Lentisco, 197 — dos-rios. 270 -do-diabo. 490
Guaiaco, 311 Levistico, 578 Macãzeira, 513 Mata-cão, 148.666 Napelo, 148
Guarda-roupa, 470 Liamba, 152 Maceira, 513 Mate, 182 Narciso-do-outono, 666
a rW D ICC DE NOMES VULGARES

Negrilho, 734 Pereiro, 513 Psilio,515 — de-alexandriaj 635 Sanguinho-de-água. 526


Nenas, 221 Persicáriamordaz. 274 Pulicária, 515 — de-cão, 762 Sanguissorba, 533
Nenúfar, 607 — urente, 274 Pulitaina, 582 — de-cenvf olhas, 635 — oficinal, 534
Nèveda, 367,375 Perspicâria-sempre-noiva, Puiitária, 582 — dedamascQj 635 Sanícuía, 725
— dos-gatos, 367 272 Pulmonária, 331 — de-fericó, 635 — americana, 725
Nhambuí, 541 Pervinca, 244 Pulsatila, 623 — do-fapão, 362 — dos-montes, 591
Nogueira. 505 Petasite, 320 — francesa, 635 — vulgar, 725
— preta, 506 — híbrida, 320 Quaresmas, 591 — francesa-dobrada, 63b Santolma, 470
Nepal, 718 Pica-folha, 672 Quartilho, 397 — gálica, 635 Santo nico, 431
Nopálea, 718 — ralo, 672 Quássia, 210,467 — pálida, 635 Sapo n ária, 333
Norca-branca, 490 Piloseia, 504 — amarga, 467 — rubra, 635 Saramago, 393
— preta, 679 — das-boticas, 504 — amargosa, 467 —vermelha, 635 Sarça, 541
Noveleiro, 642 — da s-rarm acras, 504 — da-jamaica, 467 Rosas-de-gueldras, 642 Sargaçovesiculoso, 650
Núfar. 607 Pilriteiro, 219 — do-surirran, 467 Roseira, 635 Sassafrás, 678
Pimenta, 370 Quebra-p anelas, 570 Rosmaninho, 162 Satiriâo-nflâcho, 512
Qrata,6U — aquática, 274- Quero, 570 Rufe, 637 Salirio-macho, 512
Oliveira, 239 — branca, 370 Quelidónia, 701 Ruibarbo, 529 Satureja-das-m ontanhas,
Olmo, 734 — canarim, 370 — maior, 701 — das-hortas, 530 374
— negro, 760 — comum, 370 Quenopõdio, 439 — palmado. 530 Saudades. 131
Onagra, 237 — da-índia, 370 — bonrvrterwique, 7Q2 RuTO-dos-tiiitoreiros, 569 S&xfíraga, 322
Oreganor 464 — tfágua, 274 Quina, 752 — tintória, 589 — branca, 591
Orégão, 464 — cfo-reino, 370 — amarela, 763 Segurelha, 374, 769
— vulgar, 464 — malagueta, 354 — deeaiena, 467 Sabal, 610 — dos-jardins, 375
Orégãos, 369 — negra, 370 — dos.-p abres, 562 Saboeira, 333 Selenicéiea, 216
Orelha-de-lebre, 504 — redonda, 370 —vermelha, 753 Saboneira, 333 Selc-de-safomão, 723
— de-rato, 504 pimentão, 354 Quirteira, 752 Sabugueirínho, 590. 767 Sé m encontra, 431
—de-toupeira, 334 — decaiena, 354 Quinquefolio, 520 Sabugueiro, 590, 767 Semencina, 431
— humana, 432 — de-cheiro, 354 — negro, 767 Semen.te.s-de-aleKar.dria,
Orelhas-de-asno, 732 — doce, 354 Rabanete, 393 Saflor. 751 431
Ortos sifão, 653 Pimenteira, 370 — das-hortas, 393 Saião, 727 Sempre-noiva, 272
Orvalhinha, 754 Pimento, 354 — dexavalo, 394 — curto, 727 — dos-modernos, 272
Orvalho-do-soJ, 754 Pimpinela, 322.533, 534 Rábano. 393 Salepeira-maior, 512 Sempre-verde, 457
— hortense, 533 Rábáo, 393 Salepo-maior, 512 Se mpre-viva-d os-telhados,
raciéneia-dos-jardins, 532 — magna, 322 — maior, 394 Salgueirinha, 510 727
Pagamaco-maior, 697 — menor, 533 — rústico, 394 Salgueiro. 676 Sene, 492
Paliteira, 561 — oficinal, 534 Rabirbaro, 529, 530 — branco, 676 —americano, 493
Palma-chrisli, 531 Pinha, 489 Rabodeasno 704 — chorão, 677 — bastardo, 498
— de-são-josé, 716 Pinheirinha, 704 — de-cavalo, 704 — da-babf!ónia, 677 — da-índia, 492
Panaceia-das-quedas, 662 Pinheira. 323 — de-toura, 704 — decasca-roxa, 677 — de-alexandria, 493
Papaia, 435 — alvar, 290 Rainna-dawioite, 216 — frágil, 677 — de-espanha, 493
Papai eira, 435 — bravo, 323 — das-ervas, 624 Saíicària, 510 — de-meca, 492
Papoifa, 318 — d as-landes, 323 — dos-prados, 667 Salsa, 583 Senécio, 640
— branca, 164 — maritimo. 323 Raiz-doce, 308 — de-ferusalém, 331 — viscoso, 640
— brava, 318 Piripiri. 354 Rapõntfco. 529,530 — dr>monte, 562 Sereno a, 610
— da-india, 164 Piffiteiro, 219 Ratànhia, 196 — hortense, 5&3 Serpão. 338
— das-searas. 318 Pislácia, 197 — doperu, 196 Sal sapa rrilha-bastarda, 592 Serpentária-vermelha, 198
— ordinária, 318 Pistolete, 148 Ratània, 196 — da-jamaica, 593 Serpil, 338
- r u b r a , 318 Pila, 558 Rauvúlfia, 242 —das-honduras, 593 Serpilho, 338
—veimeiba, 318 Piteira, 558 Rauvíoffia, 242 — de-febea, 593 Serpol, 338
—vulgar, 318 Poaia, 438 Recama, 592 — de-vera-cruz, 593 Sésamo, 611
Papoula, 164, 318 PoefofiJo, 517 RedoSj 729 — do-maranhão, 593 Sete-em-rama, 519
Parietária, 582 Poejo, 461, 769 Regaliz, 308 — dopará, 593 Siderita, 471
PasãHoia, 167 — americano, 462 Regaliza, 308 — dweira, 592 Silva, 541
Pata-de-lobo, 512 Polígala, 327 Regoliz, 308 — filipina, 593 — macha. 762
Pau-amarelo, 467 ^ a m a r g a , 327 Resta-boi, 581 — indígena, 592 Silvão. 762
— amargoso, 467 Retama, 225
— da-virgrnia, 327 — mexicana, 593 Sinceiro, 676
— de-azeifA 673 Rícino, 531
— rupestre, 327 Salsffi, 243 Sintro. 428
— doce, 308 Pffcboi, 581
Pofigonato, 723 Salva, 638 Sobreiro, 210
Rinchão, 211
— quássia, 467 — da-américa, 723 — da-catalunha, 638 Sobro, 210
Robinia, 469
— rosa-das-canárias, 491 Polipódio, 392 — das-boticas, 63Ô Solano, 729
Roble, 208
Pé-de-galo, 158 — dcK:arvalho, 392 — das-farmácías> 638 Solda, 519
Roída<io<jiabo, 731
-de-gato.297 Pomo-espinhoso, 157 — dos-prados, 638 — grande, 589
Romã, 523
— de-leão, 622 PortiJlaca, 518 — e se I areia, 766 Solidago, 594
Pega pega, 589 Potentila, 371, 520 Romã ze ira, 523 — mansa, 638 Sorveira, 535
Pegamaço-maior, 697 — anserina, 371 Romeira. 523 — menor, 638 — brava> 535
Pega massa, 697 Pcíentilha, 520 Roquete-dos-jardins, 470 — verdadeira, 638 — dospassarinhos, 535
— menor, 697 Potincoba, 274 Rorela, 754 Salvaçâo-do-mundo, 691 Suftana, 131
Pelicâo, 714 Praz er-das-d amas, 691 Rosa-bandalha, 762 Samambaia, 500
PêJo-de-c arneiro, 691 Primavera, 328 — canina, 762 Sanamunda. 194 Tabaco, 1&3
Pequena-dedaleira, 223 — das-boticas, 328 — da-china, 362 Sanguina, 307 — dos-sa bóia nos, 662
Pequeno-limonete. 470 Prímuía, 328 — da-provença, 635 Sanguinária, 272 — dos-vosgos, 662

792
A SAÚDE PELAS PLANTAS MEDICINAIS

í n d i c e s a l f a b é t i c o s

Tabaibo, 531 — vulgar, 171 — brancos, 343 — ursma, 564 Vime iro-amar elo, 676
Tamarina, 536 Tintureira, 722 Troques, 221 Vinagreira, 275
Tamarindeira, 536 — vulgar, 722 Turnera, 613 Valenana, 172 Vinca, 244
Tamarindeiro, 536 Tocha-espinhosa, 216 Tussilagem, 341 — menor, 172 Vincapervinca, 244
Tamarindo. 536 Tomilho, 338. 769 — fartara, 341 — selvagem, 172 Vinha-da-india, 728
Tamarineira, 536 — ordinário, 769 — silvestre. 172
Tamarineiro, 536 — da-judeia. 728
— vulgar, 769 Ulgebrão, 174 Vara-de-ouro, 594 — do-norte, 158
Tamarinheira, 536 Toranja, 267 Ulmeira, 667 Vareque-vesiculoso, 650
Tamarinheiro, 536 Viola. 344
Torga-ordmária, 570 Ulmeiro, 734 Vela-de-nossa-senhora, 343
Tamarinho, 536 Violeta, 344
Toringia, 267 — americano, 734 Verbasco, 343
Tamo, 679 Tormentila, 519 Verbena, 174,459 — de-cheiro, 344
Ulmo, 734
Tanaceto, 537 Tormentilha, 519 — roxa, 344
Unha-de-asno, 341 - a z u l , 174
Tanásia, 537 Tormentina, 519 Virgáurea, 594
— de-cavalo, 341 — sagrada, 174
Tanctiage, 325 Tornassol, 713 — verdadeira, 594
— gata, 581 Verça, 433
Tanchagem, 325 Tornesol, 713 Visco. 246
Unho-de-cavalo, 341 Verga-de-ouro, 594
— dos-alpes, 662 Toronja. 267 Urbegão. 174 Vermiculária, 726 — americano, 247
— maior, 325 Tramazeira, 535 Urternige, 624 Verónica, 475 — branco, 246
— média, 325 Transagem, 325 Urtiga-branca, 633 Visqueiro, 672
— da-alemanha, 475
— menor, 325 Trepadeira, 491 Vulnerária, 661
— maior, 278 — das-boticas, 475
Taraxaco, 397 — das-balsas. 491 — mansa, 278 — das-farmácias, 475
Tas na, 640 — das-sebes. 491 Urtigão, 278 — macho, 475 X i l o , 710
Tasneira, 640 — dos-tapumes, 491 Urucu, 700 — oficinal, 475
Tasneirinha, 640 Trevo, 340 Urucueiro, 700 Verrucária. 713 Zabumba, 157
Teixo, 336 — aquático, 463 Urucum, 700 Viburno, 199, 643 Zambujeiro, 239
Teléfio. 726 — branco, 340 Urze, 570 Zaragatoa. 515. 707
— americano, 643
Tepezcohuite, 724 — cervino. 388 — arenária, 515
— do-monte, 570 Vicária, 245
Têucrio, 473 — d'água, 463 — da-índia, 515
Usaidela, 439 Vide, 544
Tilia, 169 — dos-charcos, 463 Zebro, 672
Use. 363 — da-judeia, 728
— americana, 171 — dos-prados, 340 UvaKie-cáo, 679. 726, 728 Videira, 544 Zécora. 237
— de-folha-pequena, 171 — violeta. 340 — de-urso, 564 — europeia, 544 Zimbreiro, 577
-híbrida, 171 Trifolio-fibrino, 463 — do-monte, 260 Vido, 568 Zimbro, 577
— prateada, 171 Tróculos. 221 — espim, 384 Vidoeiro, 568 — comum, 577
a I I C E GERAL A L F A B É T I C O

ÍNDICE GERAL ALFABÉTICO

Ver também o "Índice de doenças" no princípio de cada um dos volumes: páginas 8 e 408.

Abortivas, plantas, 101 Amato Lusitano, comentador de - maceração em, 57


Dioscórides, 110 - o mais medicinal, 80
Absinto, licor de, 429
Ambientação com essências, 96 - puro, 240
Abstinência, síndroma de, a passiflora - refinado, 240
Amboima, 450
ajuda a superá-lo, 168 - virgem, 240
Amentílhos, 31
Acemanan, 695 Azeitonas,
América,
Acetilsalicílico, ácido, 667, 676 temperadas com segurelha, 375
plantas medicinais da, 116-117
Ácido acetilsalicílico, 667, 676
- cianídrico, 87 Amido, 78 Baga, 31
- cítrico, 92 Aminoácidos essenciais, 81 Bálsamo anti-reumático, 457
- clorídrico, plantas que incrementam Anapsos, 724 - de copaiba, 571
a sua produção no estômago, 98-99 Anatomia de uma flor, 42, 43 -deGilead, 761
- linoleico e linolénico, 93
Androceu, 43 - do Canadá, 291
- málico, 92
- oleico, 93 Anestésicos locais, 181 Banhos, 65
- oxálico, 93 Angiospérmicas, plantas, 42 - com essências, 97
- salicílico, plantas que contêm, 92-93 Antibióticos nas plantas, 87 - de assento, 65
- tartárico, 92 - plantas que contêm, 86 - de assento, plantas para, 66
- vantagens da chagueira - de mãos (manilúvios), 67
Ácidos gordos, 93
sobre os, 773 - de pés (pedilúvios), 67
- orgânicos, 92
Açúcar de cana, 332 Anti-séptico, grande poder da essência - de vapor com plantas, 70, 71
- para tisanas, 59 do tomtlho, 770 - plantas, para, 65
Açúcares, 78 Antocianinas, 86 Basilico, unguento, 324
Adoçar tisanas, 59 Anuais, plantas, 48 Beleza, leite de morangos, 576
Aglicona, 85 Aquiles dá nome a uma planta, 691 Benidictine, 426
Água da rainha da Hungria, 675 Arbutina, 88 Bíblia, "o Dioscórides", livro mais
- d e alfazema, 162 Argmina, 584 difundido a seguirá, 110
- de cepas, 546 Aristóteles recomenda o aloés, 694 Bienais, plantas, 48
- de fidalguinhos, 132
Armazenamento das plantas, 51 Bílis, dente-de-leão triplica a produção,
- de louro-cerejo, 458
Arnau de Vilanova, primeiro a descrever 398
- de rosas, 635, 636, 762
a vara-de-ouro, 594 Biocatalizadores, 8 1 , 84
- dos carmelitas, 163
- floral, 91 Aromas, poder dos, 94 Bochechos, 72
Aguarrás, 290, 323 Aromaterapia, 94
Bócio hipotiróideo, plantas contra-
Alambique, destilação de essências, 91 Aromáticos, óleos (essenciais), 90 indicadas em caso de, 100
Alantoína, 703, 733 Arrurruz, 450 Bolbo, 29
A\ca)iri)zação, 565 Aspirina, 667 BoJdina, 391
- ácido salicílico, 92 - fórmula química, 390
Alcalóides, 84
- descoberta, 676-677
- plantas com, 85 Bolotas, 208-210
Assassino, origem da palavra, 152
Alcatrão vegetal, 324 Bom Samaritano, usou vinho para
ATP, 220
Álcool, 545 feridas, 545
Atropina, 353
Alexandre, o Grande, e o aloés, 694 Bom uso das especiarias, 450
-fórmula química, 352
Alginatos, 652 Automedicação com plantas, 74 Breu vegetal, 324
Alimento-remédio, maça, 513 Aveleiras silvestres, 253 Bromelina. 425
Almécega, 197 Azebre, 694, 695 Brotos, 269
Amanita falóides, 396 Azeite de oliveira, rei dos óleos, 81 Bruxas e malfeitores usavam
Amarga, substância mais, 453 - cosmético, 241 meimendro-negro, 159

794
A SAÚDE PELAS P L A N T A S MEDICINAIS

í n d i c e s a l f a b é t i c o s

Cabaret, 432 Colheita das plantas, 47 Divertículos, 516


Cabras, vitalidade com pilriteiro, 219 Colher sem devastar, 52 Divisão, em botânica, 33
Colírios, 72 Doseamento das tisanas, 58
Cafeína, 178, 182. 185
- em cacau, 598 Colite, plantas contra-indicadas, 99 Doses, importância, 102, 106
-fórmula química, 179 Colofónia, 324 - importância em plantas
Cálcio, plantas ricas em, 83 potencialmente tóxicas, 102
Colombo e a canela, 442, 443
Cálculos renais (urinários), plantas -para crianças, 58
Colquicina, 666
contra-indicadas, 100 Doses elevadas,
- fórmula química, 666
- renais por ácido oxálico, 100 plantas perigosas em, 104,107
Compressas, 68
Calvície, chagueira contra a, 773 Confusões entre plantas, 108 Duração da vida dos vegetais, 26
Canabinol, fórmula química, 152 Coniina, 156 Eça de Queirós,
Canadá, bálsamo do, 291 Conservação das plantas, 50 referência à beldroega, 518
Cantores, rinchão para a voz, 211 Contaminação das plantas, 47 Ecologia, plantas medicinas e, 52
Cardiovasculares, plantas contra- Contra-indicações das plantas, 98 Ecológicos (naturais), remédios, 112
indicadas nas afecções, 99 Cook, capitão, venceu escorbuto com Efedrina, 303
Cáries, protecção dos ácidos limões, 265 Elastina, regeneração, 705
orgânicos, 92 Copal, 497 Emetina, 438
Carlos Magno, dá nome á carlina, 749 Coração, plantas contra-indicadas, 100 Enemas, 72
Carlos V, dá nome à carlina, 749 Corante de açafroa, para o rosto, 751 Envasilhamento das plantas, 51
- tentativa de curá-lo da gota, 473 Cormófitas, 26 Envenenamento, por cogumelos
Carmelitas, água dos, 163 Cortês, Hernán, e a medicina na (fungos), 396
Caroteno, 134 América, 116 - por plantas, 107
- plantas ricas em, 82 - primeiros socorros, 108
Córtex, 30
Carpelo, 43 Ergotamina,
Cortiça, 23, 210
Carvão vegetal, 108,305, 761 verbena como alternativa, 175
Cosmético superior,
Catalizador, 81 Escorbuto, 266
leite de morangos, 575, 576
Cataplasma, 68 Esculina, 88, 252
Cremes, 64
Caule, 30 Especiaria, a mais cara, 448
- tipos de, 40 Creosote, 502
- a mais lucrativa, 442
Cavalinha, vegetal com mais silício, 705 Crianças, doses para, 58
Especiarias, bom uso, 450
- plantas contra-indicadas, 102
Célula vegetal, 22 Espécie, 33
Cristo, instrumentos de tortura na
Celulose, 79 Espécies vegetais ameaçadas, 52
passionária, 167
Cepas, água de, 546 Esposas abandonadas, como
Cristóvão da Costa, os portugueses e o
Cerveja, lúpulo aromatiza, 158 "recuperar" maridos, 465
ananás, 425 Essência absoluta, 91
Chamugra, 700
Cultura das plantas, 46 Essências, 90
Chartreuse, 426
Curry, 450 - ambientação com, 96
Chineses recomendavam cravinho, 192
Cútis, leite morangos, 575 - emprego terapêutico, 94
Chocolate, 598 -obtenção, 91
Cinarina, fórmula química, 387 Débil idade, plantas - por via interna, 97
Cipreste de Moctezuma, 25, 255 contra-indicadas, 100 - precauções no uso, 90
Citoplasma, 23, 24 Decoccão, 57 Estames, 43
Cítrico, ácido, 92 Desinfectante, grande poder, Estigmas, 30
Citrinos, 267 do tomilho, 770 Estilo de vida são, importância, 74
Classificação das plantas, 33 Destilação, essêncas, 91 -necessidade e utilidade, 114
Clima, influência nas plantas, 45 Diacetilmorfina, 164 Estornas, 38
Clisteres, 72 Diagnóstico médico, necessidade, 74 Eugenol, fórmula química, 193
Clorofila, 76, 77 Difenilglioxal, peróxido de (PDG), 394 Externo, uso, 64
Cloropastas, 24 Digestivas, precauções nas Extinção, plantas ameaçadas, 52
Cocaína, 181 afecções, 98 Extracção de essências con
-fórmula química, 180 Digitalina, 222 dissolventes, 91
Digoxina, 222 Extractos, 62-63
Colagénio, regeneração, 705
-fórmula química, 222 - não convêm (romãzeira), 524
Colesterol, aveia e, 151
Dioscórides, 110 - vantagens e inconvenientes, 62
-azeite de oliveira e, 241
- nozes e, 506 Diurese, tipos de, 556 Ezequias, curado com figos, 708
a Í N D I C E GERAL A L F A B E T I C 1

Falso arrurruz, 450 - flavonóióes, 88 interno, uso, 64


- lactónicos, 88 Intestinal, oclusão, plantas contra-
Família, 33 - saponínicos, 88 indicadas, 99
Fanerogâmicas, plantas, 42 - sulfurados, 90 Intoxicação,
Farelo de aveia, contra o colesterol, 151 Glúcidos, ver Glícidos por cogumelos (fungos), 396
Farmacologia, surgimento, 110 Glucose, ver Glicose -por plantas, 107
Fecundação das flores, 43 Glúten, ausência no milho, 600 - primeiros socorros, 108
Feiticeiros e malfeitores usavam Goma arábica, 469 Inulina, 80
meimendro-negro, 159 lodo, 651
- de alfarroba, 497
Ferro, plantas ricas, 83 - plantas ricas, 84
Gomásio, 612
Fígado, afecções, plantas contra- Irrigação sanguínea, 245
Gordos essenciais, 93
indicadas, 99
- ácidos, 93 Irrigações vaginais, 73
Fitoterapia, Ellen G. White pioneira, 115
Fitoterápicas, preparações, 60 Gorduras, 80 Jesus, embalsamado com aloés, 695
Flor, anatomia, 42 Grãos, 31 - instrumentos da sua tortura na
Gravidez, desaconselhados glicósidos passiflora, 167
Flor de laranjeira, 154 antraquinónicos, 87 - usou vinho sem álcool, 545-546
-essência de, 154 - plantas contra-indicadas, 100,102 Juglona, fórmula química, 505
Flores, 30
- quatro, infusão peitoral, 287 Habitat das plantas, 25
Kempner, dieta de, 514
- tipos, 42 Hábitos de alimentação, 115 Kombu, 652
Folhas, 30 - nocivos, 74-75
- anatomia, 38 Haxixe, 152 Lactação, plantas contra-indicadas, 102
- funções das, 77
Hemorróidas, Lactucário, 160
- tipos, 36-37
plantas contra-indicadas, 99 Lágrimas, da figueira, 709
Fomentações, 70
Hepáticas, afecções, ver Fígado - de maná, 669
- com plantas medicinais, 70
- técnica de aplicação, 69 Hepatopatias, ver Fígado Laguna, Adrés de, tradutor de "o
Heroína, 164 Dioscõrides", 110
Fósforo, 83
Heterosidos, 85 Lavagens oculares, 72
Fotossíntese, 24, 30, 76, 77
Hialuronidase, - vaginais ( = irrigações), 73
Frescas, plantas que devem usar-se, 47
inibida pela equinácea, 756 Leite, aumento de produção, 632
Fricções com essências, 96
Hidrastina, fórmula química, 207 Leite de figueira, 709
Fruto, 31
Hidratos de carbono, 78 Leite de morangos, 575, 576
Frutose, 78
Hidroquinona, 88 - cosmético superior, 576
Fumar (tabaco), 183, 466, 541
Hipertensão, Líber, 767, 768
laalénicas, preparações, 60 plantas contra-indicadas, 99 Limonadas, 267
Gargarejos, 71-72 Hipervitamose A, 135 Limpeza do sangue, 547
Gastrite, plantas contra-indicadas, 98 Hiroshima, ginkgo resistiu, 234 Linalol, 161
Gel de aloés, 695 Hiroshima e Nagasaki, Lineu, 32
Gema, 30, 38 sobreviventes curaram queimaduras - curou a sua gota
Género, 33 com aloés, 695 com morangos, 576
Genina, 85 Hooke, Linhaça, 509
descobridor da célula vegetal, 22 Linimentos, 62
Germinados, 269
Hungria, água da rainha da, 675
Gilead, bálsamo de, 761 Lípidos, 80
Gimnospérmicas, plantas, 42 ícones usados neste livro, Litiase, plantas contra-indicadas, 100
Gineceu, 43 significado, 124-125 - ver Cálculos
Glícidos, 78 Idade das plantas, colheita, 45 Lobelina, 183
Glicose, 78 - dos vegetais, 26 Loções e fricções, 70
Glicósidos, 85 Infância, plantas contra-indicadas, 102 Louro-cerejo, água de, 458
- antocianínicos, 86 Infantis, doses, 58 Luis XIV e a ipecacuanha, 438
- antraquinónicos, 86 Inflorescências, tipos, 41 Lupulmo, 158
- cardiotónicos, 87
- cianogenéticos, 87 Infusão, 56 Maceração, 57
- cumarínicos, 88 - peitoral de quatro flores, 287 - em azeite, 57
- decomposição, 86 Insecticida, poejo, 461 Madame de Sevigné apreciava o
- fenólicos, 88 Insulina, 80 alecrim, 675

796
A SAÚDE PELAS PLANTAS M E D I C I N A I S

í n d i c e s a l f a b é t i c o s

Madeira da vida, 311 Nero, médico de, recomendava Peróxido de difenilglioxal, 394
Madeira, imputrescível, amieiro, 487 betónica, 730 Petitgrain, essência de, 154
Magnésio, plantas ricas em, 83 Néroli, essência, 154 Pilocarpina, 759
Maiwein, 351 Nervosismo, Pintura cosmética, de buglossa, 696
Malfeitores e bruxas usavam plantas contra-indicadas, 100 Pistilo, 43
meimendro-negro, 159 Nicotina, 183
- anis antídoto contra, 466 Planta medicinal, definição da OMS, 27
Málico, ácido, 92 Plantas, ameaçadas de extinção, 52
- fórmula química, 184
Maná, 669 - indícios na cavalinha, 706 - cultura, 46
Manilúvios, 67 - lenhosas, 48
Nogalina, 506
Manteiga de cacau, 598 Plastas, 23
Nomenclatura botânica, 32
- de loureiro, 457 Pocho-cacaua-atl, 597
Nomes das plantas, 32
Maquilhagem, com buglossa, 696 Podofilina, 517
Núcleo celular, 22
- com corante de açafroa, 751 Pólen, 43
Maridos, como "recuperar", as esposas Oclusão intestinal, plantas contra- Pomadas, 64
abandonadas, 465 indicadas, 99 Popúleo, unguento, 760, 761
Marijuana, 152 Oculares, lavagens, 72 Pós, 61
Mástique, 197 Óculos, meliloto "tira", 258 Potássio, plantas ricas, 83
Matéria médica de Dioscórides, 110 Oficinais, preparações, 60 Precauções no uso de plantas
Medicamentos de plantas, 110, 113 Oleico, ácido, 93 medicinais, 74, 98
- diferenças com as plantas, 111 Óleo de alfazema, 162 Preparações fitoterapêuticas, 60
Medicina americana - de avelãs, 254 - galénicas, 60
- de azeitona, 239-241 - oficinais, 60
pré-colombiana, 116-117 - d e gergelim, 612
Medicinal, árvore toda, macieira, 513 Pressão (espremedura),
- de gérmen de milho, 601
essências por, 91
Médicos chineses, recomendavam - de grainha de uva, 547
- de linhaça, 509 Princípios activos
cravinho, 192
- de loureiro, 457 das plantas, 44, 76, 78
Médicos pré-colombianos, 117
- de onagra, 238 Procaína, 181
Medida de plantas para tisanas, 58 - de pulicária, 268 Propriedades das plantas, como se
Meio ambiente, protecção e plantas - d e rícino, 531
medicinais, 52 descobriram. 118-121, 762-763
Óleos, 80 Próstata, adenoma, plantas contra-
Mel, ideal para adoçar tisanas, 59 - essenciais (essências), 90 indicadas, 100
Mel de cana, 332 Oligoelementos, - sementes te abóbora para, 605-606
Melaço, 332 presença nas plantas, 84 - serenoa para, 610
Membrana, da célula vegetal, 23 Olivas, ver azeitonas Proteínas, 81
Menstruação, OMS, definição de planta medicinal, 27 Protófitos, 26
plantas contra-indicadas, 101 Ópio, 164, 165
Mentol, fórmula química, 366 Provitamina A, plantas ricas, 82
Ordem, em botânica, 33 Purificadas, medicamentos à base de
México, História das plantas do, 772
- plantas e medicina Oxálico, ácido, 93 substâncias, 111
antiga no, 116-117
Minerais, 83 Páginas descritivas, Quatro flores, infusão peitoral, 287
explicação, 126-127 "Quebra-óculos", meliloto, 258
Mistura de plantas, 59
Papaína, 435 Quimioterapia, ver Medicamentos
Moctezuma, cipreste de, 25, 255
Papiani-panamacani, 117 Quinina, fórmula química, 752
Morfina, 164
Parênquima, 38 Quinina europeia, 487
-fórmula química, 165
Mortíferas, plantas, 106 Partes das plantas, 27
Mostarda, essência de, 393 Pasteur, preferia a uva ao vinho, 545 Rabaça, 270
Mucilagens, 79 PDG, 394 Rainha das frutas, maçã, 514
-acção, 516 Pecíolo, 31,38 Raios, loureiro,
- zaragatoa, grande conteúdo, 515 Pectina, 79 "protecção" contra os, 457
Mutis, J. Celestino, descobridor de Pedilúvios, 67 Raiz, 29
plantas americanas, 117 Pedras, ver Cálculos Raízes, tipos de, 39
Naturais, remédios, retorno, 112 Pedúnculos, 31 Refrescos, 267
Nebulizados, 63 Pele, leite de morangos, 575 Régio, unguento, 324
Nefrite, plantas contra-indicadas, 100 Período, plantas contra-indicadas, 101 Regras, ver Menstruação
Renais, cálculos, plantas contra- Superiores, vegetais, Urogenitais, afecções, plantas contra-
indicadas, 100 chamados plantas, 26 indicadas, 100
Reserpina, 242 Urtigações, 278
- fórmula química, 242 Tabaco, 183
Uso, externo, 64
- anis antídoto do, 466
Resina de violino, 324 - interno, 64
- lobélia, ajuda a deixar, 183
Resinas, 90 - seguro, das plantas, 74
- silva contra o, 541
Retinol, 135 Tahin, 612
Reumatismo, Vacúolos, 24
Talófitos, 26 Vaginais, irrigações, 73
harpagófito muito eficaz, 671 Tamanho dos vegetais, 25
Rizoma, 29 Valepotriato, fórmula química, 173
Taninos, 93
Rutina ( • vitamina P), 88 Variedades, 33
Tapioca, 460
Vegetais superiores ( = plantas), 26
Sacarose, 78 Tartárico, ácido, 92
Veneno vegetal mais activo, 148
Sais minerais, ver Minerais Taxol, 337
Venenosa, planta mais, da Europa, 148
Salada silvestre, 744 Teina, 185
- do mundo, 148
Salepo, 512 Teísmo, 185
Venenosas, plantas, 106
Salicílico, ácido, plantas que contêm, 92 Teobromina, 182, 598
- d e aplicação medicinal, 103-106
Salmonelose, 514 Teofilina, fórmula quimica, 179
Verlaine,
Sangue, limpeza do, 547 Terebintina, 290, 291, 323, 324 morte por consumo de absinto, 428
Santonina, 431 Terreno, influência sobre as plantas, 45
Vermute, 428
Sapogeninas, 88 Testículos, tubérculos semelhantes, 512
Vida, duração dos vegetais, 26
Saponinas, 88 Texoxo-tlacicitl, 117
Vida sã, importância, 74
Saquinhos para infusões, 56 Timol, fórmula quimica, 769 Vilanova, Arnau de, primeiro a descrever
Saúde, fruto dos hábitos e da Tintura de arnica, 662 a vara-de-ouro, 594
alimentação, 115 Tinturas, 63 Vincamina, fórmula química, 244
Schneider, acção antidisentérica das "Tira-óculos", meliloto, 258 Vinho, desaconselhável em todas as
maçãs, 513 Tisanas, 54-56 suas formas, 545
Secagem das plantas, 50 - adoçar, 59 Vinho de maio, 351
Secas, plantas que devem usar-se, 50 - de uma ou várias plantas, 59
Vitamina A, 82,134
Secreções, 31 - decocção, 56-57
- necessidades diárias, 135
- doseamento, 58
Semente, 31 Vitamina B, plantas ricas, 82
- preparação, 55
Sementes de alfarroba, 497 Vitamina Bi2, 82
Tlama-tepati-ticitl, 117
Senósidos, 493 Tóxica, planta mais, da Europa, 148 Vitamina C, goiaba, muito rica, 522
Sevigné, Madame de, apreciava o - plantas ricas, 82
alecrim, 675 - d o mundo, 148
Tóxicas, plantas, 106 - rosa-canina muito rica, 764
Silício, 84, 705
- de aplicação medicinal, 103-106 Vitamina E, plantas ricas, 82
- plantas ricas, 84
-parcialmente, 106-107 Vitamina P, plantas ricas, 83
Silimarina, 396
Trimetilxantina, 178 Vitaminas, 81
Sinais, teoria dos, 118-121 -fórmula quimica, 179
- exemplos Vivazes, plantas, 48
Tubérculo, 29
de aplicação, 292, 596, 626, 762 Voz, rinchão para a voz, 211
Sinapismos, 68, 663 Tuionas, 429
Vulnerário, definição e etimologia, 661
Síndroma de abstinência, a passtflora Tule, árvore de, 25, 255
ajuda a superar, 168 Wermut, 428
Sócrates, morto por cicuta, 155 Ulcera gastroduodenal, plantas contra-
indicadas, 98 White, EllenG.,
Substância mais amarga, 453 pioneira da fitoterapia, 115
Unguento, 64
Sucos gástricos, plantas que aumentam - basílico, 324
a produção, 98-99 - popúleo, 760, 761 Xantinas, 179
Sumidade, 31 - régio, 324 Xarope de bordo, 59
Sumo de aloés, 694, 695 Urinários, cálculos, plantas contra- - de sabugueiro, 768
Sumos, 60 indicadas, 100 Xaropes, 61

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