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Vítor Francoo3
1 Dr.ª Psicologia clin
nica, adjunto IIII na Universidaade Federal do
o Pará. Docentee e pesquisado
ora da graduaçção e
mestrado em psicolo
ogia clinica e social. apimen
ntel@uevora.p
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2 MS e
em Biologia, Asssistente IV na Universidade Federal do Parrá. Docente e p
pesquisador daa graduação em
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psicologia.
3 Profe
essor Auxiliar na Universidade de Évora. D
Docente e pesqu
uisador em psicologia. vfran
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento.
Évora: Universidade de Évora.
internacionais, nacionais e locais dos pesquisadores de modo que as limitações de
um país, região ou estado seja suprida através de trocas.
Porém uma situação que tem mantido a sua feição polêmica é a do objeto da(s)
psicologia(s). Para as fenomenologias é a consciência intencional voltada para
diversos fins, por exemplo, a transcendência; a elucidação de si mesmo, das
relações e do mundo. Para os behaviorismos, é o comportamento observável direta
e/ou indiretamente; e para as psicanálises, o inconsciente e suas pulsões, porém
considerando‐o de vários modos. Por exemplo, Lacan o concebe estruturado como
linguagem.
Os trabalhos orientados pela psicologia filosófica se valem da:
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento.
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b) indefinição do objeto de estudo, de modo que não desenvolveram
unicidade epistemológica (idéias, temas e problemas ‐ condições
necessárias para alcançar os princípios de cientificidade) que lhe
garanta eficiência técnica, unidade e eficácia metodológica de
intervenção e tratamento.
Franco (2006) preocupa‐se com os limites e as possibilidades dos modelos de
investigação psicológica em psicanálise. Argumenta que a formação, a inserção nos
serviços de saúde, a pratica da transdiciplinaridade como alguns dos dilemas da
produção do conhecimento.
Elenca o que considera desafios da investigação e da produção de saber: ao
longo da minha prática profissional como psicólogo e professor tenho aprendido
sobre as virtudes da pluralidade em Psicologia, acreditando que a unidade possível
da Psicologia está na aceitação de um modelo de compreensão da vida mental que
seja sólido, coerente e útil, mas assumindo que os grandes contributos da
investigação psicológica para a vida dos nossos dias vêm da sua riqueza e
diversidade teórica e metodológica.
Diz o autor: escrevi há uns anos: “As tradicionais fronteiras delimitadoras dos
diferentes domínios do saber, do conhecimento e da investigação, vão‐se tornando
cada vez menos estanques. Deixam de ser espaços de separação e, estando cada
vez mais diluídas, tornam‐se zonas de proximidade enriquecedora e de
sobreposição estimulante, espaços para um trabalho desafiante e fecundo.
No âmbito da Psicologia o contínuo alargamento dos seus domínios de
intervenção e investigação tem permitido uma compreensão da realidade humana
progressivamente mais abrangente, que ultrapassa os limites das suas diferentes
especialidades e se projeta para além das dimensões das várias disciplinas.
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento.
Évora: Universidade de Évora.
Se esta é uma oportunidade e um repto, há, no entanto, alguns perigos: Vivemos
uma época em que as grandes teorias do desenvolvimento e os grandes modelos
explicativos foram colocados de lado, em detrimento de micro‐teorias. Isso tem
repercussões no modo de encarar e operacionalizar a investigação podendo levar a
investigação a ser puramente descritiva, socialmente inútil (se bem que nunca
neutra nem descomprometida) ou então excessivamente pastosa, isto é,
investigação apenas teórica e em que não se dão novos passos mas se fazem
apenas reorganizações do já dito.
Outro desafio neste campo situa‐se ao nível da produção do saber resultante da
clínica. A partir da clínica produz‐se também conhecimento científico (veja‐se
Freud). No entanto, esse conhecimento ao transformar‐se em teoria submete‐se ao
veredicto da investigação, isto é, da sua falsificabilidade e dos seus próprios
limites. É por isso extremamente interessante e útil um modelo como o proposto
por Harris e Meltzer (1990) em que se pode fazer o enquadramento da
investigação. A questão do uso de métodos qualitativos versus quantitativos é
assim de importância menor.
Frazão (2006) observa que em um primeiro estágio de seu trabalho alinhou‐se à
lógica behaviorista cujo desenho experimental da pesquisa baseava‐se na
perspectiva manipulativa funcional, sinonímia da Análise experimental do
comportamento. Neste modelo o plano de pesquisa se dá com o sujeito único.
Quantifica‐se o comportamento antes e depois da introdução da variável
independente e posteriormente busca comprovar se há uma relação condicional
entre a variável dependente e independente.
Atualmente, amplia seu horizonte de compreensão e de análise. Aprofunda os
estudos da ecologia comportamental e psicologia evolutiva. Recorre a uma
metodologia que se vale da estatística inferencial. Tal atualização se deu pelas
avaliações críticas que tem feito aos problemas epistemológicos da psicologia,
especialmente ao behaviorismo e a psicanálise; e pela verificação informal da
limitada relevância dada aos fatores biológicos, um dos eixos do tripé bio‐psico‐
social de constituição do homem. Propõe que os profissionais que militam nestas
vertentes se organizem de modo a produzir conhecimento que as constituam como
ciências independentes.
Após desenvolver estas questões, passemos ao campo de aplicação.
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento.
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CONCEPÇÕES DE PATERNIDADE
Pontes e Cols (2005), afirmam que o padrão ideal passa a ser um pai mais
envolvido e ativo com seus filhos, que brinca e instrui, que leva os filhos para
passear e acampar...Mais educador na vida das crianças (p.201). Rohde (1991)
aponta que a vinda de um filho pode provocar no pai, sentimentos opostos de
satisfação e alegria e exclusão, quando o bebê é percebido como rival ou centro das
atenções maternas. Quanto à interação precoce pai‐bebê, os efeitos do contato,
longo ou restrito, podem diferir consideravelmente entre populações de diferentes
culturas e países, dependendo das normas e atitudes das pessoas sobre o
envolvimento paterno (p.128)
Wiliams & Aiello (2005) revisando a literatura sobre as influências paternas no
desenvolvimento infantil identificaram que as funções do pai eram praticadas de
acordo com o contexto socioeconômico, por exemplo, nos séculos XVI e XVII eram
de provedor financeiro e promover o desenvolvimento moral e religioso; no XIX,
devido à industrialização, estas foram reduzidas. Asseguram que são três as
perspectivas em relação à paternidade: 1. Tradicional, caracterizada pela função
de provedor; 2. Moderna, em que as principais atribuições são promover o
desenvolvimento moral, escolar e emocional dos filhos; 3. Emergente, sugerindo a
participação ativa nos cuidados e criação dos filhos.
Zoja (2005:152) relembra‐nos o sentido da palavra pai, derivado de pater, o
nutritor. Diferencia o pai do genitor, figura formal, criada, a partir do século II dC,
Roma para introduzir a obrigação de dar alimento a quem é colocado no mundo. O
que dá inicio a toda paternidade singular...é o ato de vontade que não é apenas
físico. É a intenção masculina de conceber o filho e formar com ele um vínculo
estável
Cada vez mais ausente do mundo interno que remete ao desenvolvimento
emocional e social dos filhos, a paternidade reflete as diversas crises que a cultura
ocidental engendra: família, subjetividades, representações políticas em todas as
esferas do poder, etc.
Para Zoja, a decadência caracteriza a paternidade no âmbito das funções e da
imagem. Sobre esta última, afirma que o estereotipo é a marca da feição construída
mercadologicamente, os pais são todos jovens, todos belos e seminus. Todos eles
surgem vestidos em jeans e de torso nu, como se as agências de publicidade de
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento.
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todo o mundo tivessem assinado uma espécie de acordo secreto. Com imagens
mais ou menos tediosas, o pai foi reduzido a um corpo. (op.cit. p:229)
Em nossa pesquisa o problema central é examinar as funções que o pai de carne
e osso considera pertencer a sua responsabilidade com o desenvolvimento dos
filhos, para identificar quais atos contribuem para a elaboração de um projeto
humano orientado pela ética do cuidado e amorosidade. O pai não pode ser
necessariamente o sujeito agressivo que assusta a criança e rompe sua simbiose
com a mãe...Mas a simbiose não pode ocupar o lugar de ideal, nem a mãe nem ao
pai indistintamente.
As funções biológica e afetiva do pai são proferidas pelo homem que
conscientemente eleva4 o filho gerado e assumido. Para ser pai não basta saber o
que é o pai: é necessário conhecer o filho e a relação com ele...Heitor retira o elmo.
Formulando um augúrio para o futuro, ergue o filho com os braços e com o
pensamento. Esse gesto será por todos os tempos a marca do pai (Zoja, 2005:84)
Descrever, compreender e explicar são os três horizontes da produção do
conhecimento epistemologias que focalizamos sucintamente neste texto. Os
modelos teóricos que cada um de nós se vale são de base biológica e filosófica.
Acreditamos que o limite de um abre a fronteira para a intervenção do outro, e que
todos colaboram para responder aspectos da problemática psicológica da
humanidade em seus aspectos intra‐subjetivos e intersubjetivos.
Um desses problemas é o exercício da paternidade em uma época de grande
individualismo. Sabemos que os benefícios para a saúde psíquica e social da
criança que vive com um pai são mais amplos. Por exemplo, a aprendizagem das
partilhas, dos valores etc. De que modo alguns homens eborenses estão exercendo
sua paternidade? Há modelos orientadores? Quais as funções que realizam e quais
valores ensinam aos seus filhos? Compreendem e praticam o amor, através de
quais atos? São alguns dos objetivos da investigação qualitativa e quantitativa
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Suscipere: elevar. Verbo. O ato de elevar fisicamente uma criança no ar por um instante significava transferi-la social
e moralmente para um plano mais alto para toda a sua vida. Esta era a escolha do ai: um dom de vida social e moral
para o filho. Zoja, 2005:153
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento.
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realizada em Évora. As respostas serão cotejadas às teses dos sistemas teóricos
que fundamentam este texto.
As inúmeras mudanças que tem ocorrido na organização da família, nos papéis
feminino e masculino nos motivam a questionar o aporte do pai para o
desenvolvimento infantil e cuidados primários. Além disso, variações nos vínculos
familiares, a convivência com vários agentes de paternidade (pai biológico,
padrasto, avô etc), promove a coexistência da criança com várias figuras
masculinas que podem assumir ou não as funções de um pai. A investigação da
paternidade levará em conta variáveis psicológicas, educacionais, sociais,
histórico‐culturais e ecológicas.
Esta investigação tem um caráter intercultural. Faremos em Évora e em Belém,
no Brasil, para identificar semelhanças e diferenças no exercício da paternidade de
homens que são pais biológicos de crianças entre zero e seis anos. Levaremos em
conta um delineamento qualitativo e quantitativo com focalização de variáveis
psicológicas, educacionais, sociais, histórico‐culturais e ecológicas.
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