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Ass  psicologiias  nas  Uniiversidadess  e  Faculdaades  públiccas  e  privaadas  contin


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senddo transmittidas pelos  docentes ccomo um ccorpo polisssêmico de  conhecimeentos. 
Os  problemas 
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de  uiriram  orgganização  sofisticada 
s e exigênciaas de 
resultados  com merciais,  em 
e face  a  gestão  daas  instituiçções  de  en nsino  supeerior, 
atualmente, se  orientarem m pela lógiica do capittal e pela ccriação de  regulamen ntos e 
determinações do que pessquisar. 

Taal  diretriz  está  alinh


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volução/exp pansão  do  capital  fin
nanceiro.  Deste 
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g e  a  psicológicca,  no  qu
ue  se  refeere  ao  qu uesito 
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nciamentoss, são norm malizadas pelas prescrrições de prroduzir con nhecimento o que 
seja  transformaado em maais valia. Paara realizarr tais imposições doiss parâmetro os de 
valorr  desiguall  são  indiccados:  no  campo  acadêmico,  a  formaçção  de  equ uipes 
interrdisciplinarres;  no  campo 
c doss  resultad
dos  comerciais,  fom mentar  diállogos 

1 Dr.ª Psicologia clin
nica, adjunto IIII na Universidaade Federal do
o Pará. Docentee e pesquisado
ora da graduaçção e 
mestrado em psicolo
ogia clinica e social.  apimen
ntel@uevora.p
pt 
2 MS e
em Biologia, Asssistente IV na Universidade Federal do Parrá. Docente e p
pesquisador daa graduação em

psicologia. 
3 Profe
essor Auxiliar na Universidade de Évora. D
Docente e pesqu
uisador em psicologia. vfran
nco@uevora.p
pt 
PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos 
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. 
Évora: Universidade de Évora. 
 
 
internacionais, nacionais e locais dos pesquisadores de modo que as limitações de 
um país, região ou estado seja suprida através de trocas. 

Os  produtores  do  conhecimento  psicológico  seguem  tentando  pós‐modernizar 


as  suas  concepções  de  ciência  refletindo  epistemologicamente  os  seus  objetos  e 
metodologias.  Procuram  efetivar  investigações  orientadas  pelos  princípios  de 
desconstrução  das  metateorias  e  da  inclusão  do  sujeito  informante  no 
delineamento e realização da pesquisa. 

Porém uma situação que tem mantido a sua feição polêmica é a do objeto da(s) 
psicologia(s).    Para  as  fenomenologias  é  a  consciência  intencional  voltada  para 
diversos  fins,  por  exemplo,  a  transcendência;  a  elucidação  de  si  mesmo,  das 
relações e do mundo. Para os behaviorismos, é o comportamento observável direta 
e/ou  indiretamente;  e  para  as  psicanálises,  o  inconsciente  e  suas  pulsões,  porém  
considerando‐o de vários modos. Por exemplo, Lacan o concebe estruturado como 
linguagem.   

Os trabalhos orientados pela psicologia filosófica se valem da:  

1) fenomenologia  husserliana,  a  qual,  embora  possua  inspiração  distinta, 


não  consente aos  psicólogos  saírem  do  campo  metodológico  da  clássica 
trincheira positivista, na medida que se mantém recorrendo à descrição 
das  coisas  mesmas.    Nesta  vertente  o  objeto  é  a  essência,  definida  em 
Dartigues  (1999)  como  o  imutável,  o  que  não  varia.  Tal  determinação 
esbarra  na  impossibilidade  em  criar  estabilidade  para  a  condição 
humana e sua teia de relações (Arendt, 1992).  
2) fenomenologia existencial teísta ou ateísta, cuja proposição (em ambas) é 
recolocar  a  problemática  do  cotidiano  humano  como  pergunta  central, 
preocupada metodologicamente com o esclarecimento  da existência. Em 
seu  bojo  a  corrente  institui  dois  saltos  epistemológicos  no  fazer  da 
psicologia: 
a) compreende  que  a  verdade  apoditica  é  o  objeto  da  filosofia  de 
Husserl; 
b) toma a consciência intencional e relacional como objeto. 
3) fenomenologia  existencial  hermenêutica  que  confirma  a  ruptura  do 
modelo  anterior  e  a  expande  quando  se  prende  radicalmente  a 
investigação dos atos intencionais de consciência expressos em diversas 
linguagens. 
4) Acerca  das  “ciências  psicológicas”,  Frazão  (2006)  afiança  que  em 
conjunto não alcançaram o estatuto epistemológico de ciência, devido às 
seguintes ocorrências: 
a) falta de coerência interna; 

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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos 
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. 
Évora: Universidade de Évora. 

b) indefinição do objeto de estudo, de modo que não desenvolveram 
unicidade  epistemológica  (idéias,  temas  e  problemas  ‐  condições 
necessárias para alcançar os princípios de cientificidade) que lhe 
garanta  eficiência  técnica,  unidade  e  eficácia  metodológica  de 
intervenção e tratamento. 

Descrevendo  seu  modelo  de  trabalho,  Pimentel  (2005)  recorre  a  análise 


fenomenológica do discurso proposta por Ricoeur (1979). Algumas orientações da 
mesma integram a metodologia base que a autora se vale para ponderar os dados 
empíricos. Os estudos de casos e multicasos integram o delineamento da pesquisa 
qualitativa. Deste modo a psicologia fenomenológica existencial hermenêutica vai 
sendo  configurada  não  afeita  as  generalizações.  Quanto  à  dimensão  teórico‐
epistemologica,  os  resultados  encontrados  no  campo  investigativo  são 
compreendidos recorrendo às chaves conceituais oferecidas pela Gestalt‐terapia. 

Franco  (2006)  preocupa‐se  com  os  limites  e  as  possibilidades  dos  modelos  de 
investigação psicológica em psicanálise. Argumenta que a formação, a inserção nos 
serviços  de  saúde,  a  pratica  da  transdiciplinaridade  como  alguns  dos  dilemas  da 
produção do conhecimento. 

Elenca  o  que  considera  desafios  da  investigação  e  da  produção  de  saber:  ao 
longo  da  minha  prática  profissional  como  psicólogo  e  professor  tenho  aprendido 
sobre as virtudes da pluralidade em Psicologia, acreditando que a unidade possível 
da Psicologia está na aceitação de um modelo de compreensão da vida mental que 
seja  sólido,  coerente  e  útil,  mas  assumindo  que  os  grandes  contributos  da 
investigação  psicológica  para  a  vida  dos  nossos  dias  vêm  da  sua  riqueza  e 
diversidade teórica e metodológica. 

Diz  o  autor:  escrevi  há  uns  anos:  “As  tradicionais  fronteiras  delimitadoras  dos 
diferentes domínios do saber, do conhecimento e da investigação, vão‐se tornando 
cada  vez  menos  estanques.  Deixam  de  ser  espaços  de  separação  e,  estando  cada 
vez  mais  diluídas,  tornam‐se  zonas  de  proximidade  enriquecedora  e  de 
sobreposição estimulante, espaços para um trabalho desafiante e fecundo. 

No  âmbito  da  Psicologia  o  contínuo  alargamento  dos  seus  domínios  de 
intervenção e investigação tem permitido uma compreensão da realidade humana 
progressivamente  mais  abrangente,  que  ultrapassa  os  limites  das  suas  diferentes 
especialidades e se projeta para além das dimensões das várias disciplinas.  

Este  movimento  tem  conduzido,  por  um  lado,  à  especialização,  com  o 


surgimento  contínuo  de  novas  áreas  dentro  da  Psicologia  e,  por  outro,  a  novas 
articulações e interligações, com a permuta salutar e criativa de novas perspectivas 
dentro  dos  domínios  mais  clássicos  (Franco,  2004).  É  desafiante,  mas 
recompensador,  tanto  do  ponto  de  vista  profissional  como  acadêmico,  trabalhar 
nessa zona de charneira onde frutifica a investigação. 

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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos 
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. 
Évora: Universidade de Évora. 
 
 
Se esta é uma oportunidade e um repto, há, no entanto, alguns perigos: Vivemos 
uma  época  em  que  as grandes  teorias  do  desenvolvimento  e  os  grandes  modelos 
explicativos  foram  colocados  de  lado,  em  detrimento  de  micro‐teorias.  Isso  tem 
repercussões no modo de encarar e operacionalizar a investigação podendo levar a 
investigação  a  ser  puramente  descritiva,  socialmente  inútil  (se  bem  que  nunca 
neutra  nem  descomprometida)  ou  então  excessivamente  pastosa,  isto  é, 
investigação  apenas  teórica  e  em  que  não  se  dão  novos  passos  mas  se  fazem 
apenas reorganizações do já dito. 

Outro desafio neste campo situa‐se ao nível da produção do saber resultante da 
clínica.  A  partir  da  clínica  produz‐se  também  conhecimento  científico  (veja‐se 
Freud). No entanto, esse conhecimento ao transformar‐se em teoria submete‐se ao 
veredicto  da  investigação,  isto  é,  da  sua  falsificabilidade  e  dos  seus  próprios 
limites. É por isso extremamente interessante e útil um modelo como o proposto 
por  Harris  e  Meltzer  (1990)  em  que  se  pode  fazer  o  enquadramento  da 
investigação.  A  questão  do  uso  de  métodos  qualitativos  versus  quantitativos  é 
assim de importância menor.  

Frazão (2006) observa que em um primeiro estágio de seu trabalho alinhou‐se à 
lógica  behaviorista  cujo  desenho  experimental  da  pesquisa  baseava‐se  na 
perspectiva  manipulativa  funcional,  sinonímia  da  Análise  experimental  do 
comportamento.  Neste  modelo  o  plano  de  pesquisa  se  dá  com  o  sujeito  único. 
Quantifica‐se  o  comportamento  antes  e  depois  da  introdução  da  variável 
independente  e  posteriormente  busca  comprovar  se  há  uma  relação  condicional 
entre a variável dependente e independente. 

Atualmente,  amplia  seu  horizonte  de  compreensão  e  de  análise.  Aprofunda  os 
estudos  da  ecologia  comportamental  e  psicologia  evolutiva.  Recorre  a  uma 
metodologia  que  se  vale  da  estatística  inferencial.  Tal  atualização  se  deu  pelas 
avaliações  críticas  que  tem  feito  aos  problemas  epistemológicos  da  psicologia, 
especialmente  ao  behaviorismo  e  a  psicanálise;  e  pela  verificação  informal  da 
limitada  relevância  dada  aos  fatores  biológicos,  um  dos  eixos  do  tripé  bio‐psico‐
social de constituição do homem. Propõe que os profissionais que militam nestas 
vertentes se organizem de modo a produzir conhecimento que as constituam como 
ciências independentes. 

Sobre  a  unicidade  epistemológica,  pensa  que  a  Análise  Experimental  do 


Comportamento é vanguardista, pois atende aos critérios acima descritos, além de 
realizar investigações interdisciplinares, em que as neurociências são importantes 
interlocutores  que  contribuem  na  elaboração  da  resposta  para  a  questão  que, 
talvez, seja a última fronteira do conhecimento: o que faz fazermos o que fazemos? 
Como  explicar  a  origem  e  o  desenvolvimento  dos  comportamentos  em  homens  e 
animais? 

Após desenvolver estas questões, passemos ao campo de aplicação. 

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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos 
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. 
Évora: Universidade de Évora. 

CONCEPÇÕES DE PATERNIDADE
Pontes  e  Cols  (2005),  afirmam  que  o  padrão  ideal  passa  a  ser  um  pai  mais 
envolvido  e  ativo  com  seus  filhos,  que  brinca  e  instrui,  que  leva  os  filhos  para 
passear  e  acampar...Mais  educador  na  vida  das  crianças  (p.201).  Rohde  (1991) 
aponta  que  a  vinda  de  um  filho  pode  provocar  no  pai,  sentimentos  opostos  de 
satisfação e alegria e exclusão, quando o bebê é percebido como rival ou centro das 
atenções  maternas.  Quanto  à  interação  precoce  pai‐bebê,  os  efeitos  do  contato, 
longo ou restrito, podem diferir consideravelmente entre populações de diferentes 
culturas  e  países,  dependendo  das  normas  e  atitudes  das  pessoas  sobre  o 
envolvimento paterno (p.128) 

Wiliams & Aiello (2005) revisando a literatura sobre as influências paternas no 
desenvolvimento  infantil  identificaram  que  as  funções  do  pai  eram  praticadas  de 
acordo com o contexto socioeconômico, por exemplo, nos séculos XVI e XVII eram 
de  provedor  financeiro  e  promover  o  desenvolvimento  moral  e  religioso;  no  XIX, 
devido  à  industrialização,  estas  foram  reduzidas.  Asseguram  que  são  três  as 
perspectivas em relação à paternidade: 1. Tradicional, caracterizada pela função 
de  provedor;  2.  Moderna,  em  que  as  principais  atribuições  são  promover  o 
desenvolvimento moral, escolar e emocional dos filhos; 3. Emergente, sugerindo a 
participação ativa nos cuidados e criação dos filhos. 

Zoja  (2005:152)  relembra‐nos  o  sentido  da  palavra  pai,  derivado  de  pater,  o 
nutritor. Diferencia o pai do genitor, figura formal, criada, a partir do século II dC, 
Roma para introduzir a obrigação de dar alimento a quem é colocado no mundo. O 
que  dá  inicio  a  toda  paternidade  singular...é  o  ato  de  vontade  que  não  é  apenas 
físico.  É  a  intenção  masculina  de  conceber  o  filho  e  formar  com  ele  um  vínculo 
estável  

Cada  vez  mais  ausente  do  mundo  interno  que  remete  ao  desenvolvimento 
emocional e social dos filhos, a paternidade reflete as diversas crises que a cultura 
ocidental  engendra:  família,  subjetividades,  representações  políticas  em  todas  as 
esferas do poder, etc.  

Entender  a  crise  da  paternidade  requer  focalizar  alguns  pontos  que  a 


configuram.  Por  exemplo:  autoridade,  reduzida  pela  inserção  de  novas  figuras 
masculinas  no  universo  psicológico  das  identificações  que  os  filhos  necessitam 
para  subjetivação  masculina;  instabilidade  do  papel,  instituída  pelos  novos 
provedores  de  recursos:  mãe,  filhos,  e  pela  rapidez  com  que  novas  profissões 
surgem.  Zoja  (op.cit:169)  assegura  que  o  pai  é  –  hoje  –  estavelmente  deprimido. 
Perdeu  o  interesse  pelo  trabalho  e  também  uma  grande  parte  da  sua  relação 
concreta com a família.  

Para  Zoja,  a  decadência  caracteriza  a  paternidade  no  âmbito  das  funções  e  da 
imagem. Sobre esta última, afirma que o estereotipo é a marca da feição construída 
mercadologicamente, os pais são todos jovens, todos belos e seminus. Todos eles 
surgem  vestidos  em  jeans  e  de  torso  nu,  como  se  as  agências  de  publicidade  de 
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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos 
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. 
Évora: Universidade de Évora. 
 
 
todo  o  mundo  tivessem  assinado  uma  espécie  de  acordo  secreto.  Com  imagens 
mais ou menos tediosas, o pai foi reduzido a um corpo. (op.cit. p:229) 

O  mercado  cunhou  a  figura  do  cuidador  para  substituir  a  do  patriarca, 


entretanto,  O  cuidado  primário  do  pai  em  relação  ao  filho  permanece  um  ideal 
nobre ou uma fantasia pouco sincera, na prática, esse fato constitui uma realidade 
absolutamente  minoritária...O  pai  certamente  sabe  ajudar  sua  companheira.  Mas, 
de fato, ele se apresenta como novo companheiro, não como novo pai... Falta‐lhe, 
por  exemplo,  uma  relação  especifica  com  o  ato  de  nutrir  (op.cit.p:  230).  Pela 
velocidade  com  que  os  comportamentos  masculinos  reais  se  modificam 
atualmente  é  difícil  prever  quando  esses  padrões  viriam  a  se  tornar  realidade, 
tampouco  quais  seriam  as  funções  especificas  que  os  distinguiriam  da  mãe.  Por 
enquanto,  o  pai  primário,  dedicado  aos  cuidados  naturais,  é  essencialmente  uma 
fantasia cultural. (op.cit.p:231) 

Em nossa pesquisa o problema central é examinar as funções que o pai de carne 
e  osso  considera  pertencer  a  sua  responsabilidade  com  o  desenvolvimento  dos 
filhos,  para  identificar  quais  atos  contribuem  para  a  elaboração  de  um  projeto 
humano  orientado  pela  ética  do  cuidado  e  amorosidade.  O  pai  não  pode  ser 
necessariamente  o  sujeito  agressivo  que  assusta  a  criança  e  rompe  sua  simbiose 
com a mãe...Mas a simbiose não pode ocupar o lugar de ideal, nem a mãe nem ao 
pai indistintamente. 

As  funções  biológica  e  afetiva  do  pai  são  proferidas  pelo  homem  que 
conscientemente eleva4 o filho gerado e assumido. Para ser pai não basta saber o 
que é o pai: é necessário conhecer o filho e a relação com ele...Heitor retira o elmo. 
Formulando  um  augúrio  para  o  futuro,  ergue  o  filho  com  os  braços  e  com  o 
pensamento. Esse gesto será por todos os tempos a marca do pai (Zoja, 2005:84) 

Descrever,  compreender  e  explicar  são  os  três  horizontes  da  produção  do 
conhecimento  epistemologias  que  focalizamos  sucintamente  neste  texto.  Os 
modelos  teóricos  que  cada  um  de  nós  se  vale  são  de  base  biológica  e  filosófica. 
Acreditamos que o limite de um abre a fronteira para a intervenção do outro, e que 
todos  colaboram  para  responder  aspectos  da  problemática  psicológica  da 
humanidade em seus aspectos intra‐subjetivos e intersubjetivos. 

Um  desses  problemas  é  o  exercício  da  paternidade  em  uma  época  de  grande 
individualismo.  Sabemos  que  os  benefícios  para  a  saúde  psíquica  e  social  da 
criança  que  vive  com  um  pai  são  mais  amplos.  Por  exemplo,  a  aprendizagem  das 
partilhas, dos valores etc. De que modo alguns homens eborenses estão exercendo 
sua paternidade? Há modelos orientadores? Quais as funções que realizam e quais 
valores  ensinam  aos  seus  filhos?  Compreendem  e  praticam  o  amor,  através  de 
quais  atos?  São  alguns  dos  objetivos  da  investigação  qualitativa  e  quantitativa 

4
Suscipere: elevar. Verbo. O ato de elevar fisicamente uma criança no ar por um instante significava transferi-la social
e moralmente para um plano mais alto para toda a sua vida. Esta era a escolha do ai: um dom de vida social e moral
para o filho. Zoja, 2005:153

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PIMENTEL, A.; Frazão, E. & Franco, F. (2007) Fenomenologia, psicodinâmica e comportamentos 
paternos. In, V. Trindade, N. Trindade & A.A. Candeias (Orgs.). A Unicidade do Conhecimento. 
Évora: Universidade de Évora. 

realizada  em  Évora.  As  respostas  serão  cotejadas  às  teses  dos  sistemas  teóricos 
que fundamentam este texto. 

As inúmeras mudanças que tem ocorrido na organização da família, nos papéis 
feminino  e  masculino  nos  motivam  a  questionar  o  aporte  do  pai  para  o 
desenvolvimento infantil e cuidados primários. Além disso, variações nos vínculos 
familiares,  a  convivência  com  vários  agentes  de  paternidade  (pai  biológico, 
padrasto,  avô  etc),  promove  a  coexistência  da  criança  com  várias  figuras 
masculinas  que  podem  assumir  ou  não  as  funções  de  um  pai.  A  investigação  da 
paternidade  levará  em  conta  variáveis  psicológicas,  educacionais,  sociais, 
histórico‐culturais e ecológicas.   

Esta investigação tem um caráter intercultural. Faremos em Évora e em Belém, 
no Brasil, para identificar semelhanças e diferenças no exercício da paternidade de 
homens que são pais biológicos de crianças entre zero e seis anos. Levaremos em 
conta  um  delineamento  qualitativo  e  quantitativo  com  focalização  de  variáveis 
psicológicas, educacionais, sociais, histórico‐culturais e ecológicas.   

BIBLIOGRAFIA
Arendt, Hanna. A Condição Humana. Rio de janeiro: Forense Universitária, 1999 

ABIB,  José  Antônio  Damásio.  1993.  sicol.  Teoria  e.  pesquisa.  9(3):  465‐86 
(set./dez.) 

ATLAN, H. 1972. L´organisation biologique et la théorie de l´information. Hermann, 
Paris. 

Dartigues, André. O que é a Fenomenologia?. SP: Moraes, 1992 

França,  Carlos  psicologia  fenomenológica:  uma  das  maneiras  de  se  fazer: 
SP:Campinas, ed da Unicamp, 1989 

Frazão, Edson da Rocha. Pesquisas quantitativas e qualitativas. Belém, Pará. Anais 
da  I  Semana  Cientifica  do  Programa  de  Mestrado  em  psicologia  clinica  e 
social. Universidade Federal do Pará, 2006 

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