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Ensaio sobre a beleza


2009-02-04 23:02:55 by João Carlos Caribé

Venho desenvolvendo um trabalho de gerenciamento na reforma do Theatro Municipal, um belissimo edifí-


cio histórico no centro do Rio de Janeiro, e ir ao centro para mim é uma eventualidade, e por ser fora da
rotina é relativamente prazeroso. Costumo observar pessoas, o tempo todo, sou um observador nato, presto
atenção em tudo que consigo: Nas pessoas, nos lugares, nos veículos, paisagem urbana, e tudo mais que
estiver no meu campo visual, ou seria melhor dizer no meu campo sensorial? Afinal temos cinco sentidos
para interagir com o mundo e obviamente um estimulo acaba chamando outro. Não costumamos cheirar o
que vemos ou tentamos ouvir o que tocamos, muito menos tocar, o que na verdade gostaríamos, e estamos
vendo, mas estaríamos invadindo o espaço de outra pessoa, e isto deve ser consentido.

Definir o que é belo é uma missão complexa, o belo não pode ser associado apenas aquilo que vemos, pois
afinal se fosse assim, os portadores de deficiência visual não teriam o direito de achar nada belo. A beleza é
um atributo sensorial, o cego julga a beleza com o tato, com o olfato e a audição. Talvez definir que belo é
aquilo que nos proporciona prazer sensorial, seja o mais próximo da definição efetiva que possamos
chegar.

O cheiro agradável, o sabor delicioso, a textura suave, o som emocionante ou paisagem incrível, são
sinônimos de beleza, ou seriam os seus componentes? O atributo sensorial é na verdade o chamariz, e
um belo chamariz provoca uma reação em intensidade proporcional, atrai, chama a atenção, mas não é
tudo, acho que a percepção da verdadeira beleza esta na conjunção dos sentidos, o que chamamos
popularmente de “química”, algo como “rolou uma química” para justificar um intenso relacionamento.

Esta química é na verdade uma harmônica conjunção destes sentidos, uma mistura perfeita, que
percebemos como a beleza. A complexidade é muito maior de que simplesmente a mistura sensorial, não
se trata de alquimia, existem outros componentes como a emoção e o prazer que acabam retroalimentando
esta percepção, percepção esta que varia de um indivíduo para outro.

Tentando ser mais claro, é como se a percepção do belo tivesse além do aspecto sensorial, o tempo,
relacionamento e repetição. Analisando por ai temos que a percepção da beleza vai do evidente para o sutil
com o passar do tempo. Isto explica por exemplo a preferência por alimentos doces e com consistência e
sabor mais evidentes na infância e preferência por alimentos com consistências, docura e sabores mais
sutis na fase adulta. Lembre-se que adolescentes escolhem seus parceiros por padrões meramente
Aristotélicos, a beleza precisa ser evidente, ja o homem maduro percebe as mais discretas sutilezas na
mulher, enxerga muito além das formas, é uma percepção muito mais elaborada. Isto não quer dizer por
exemplo que o homem maduro não seja atraido pela beleza Aristotélica, mas isto deixa de ser a única
regra, o fator tempo, repetição e relacionamento expandem a percepção do belo.

Esta lançada a questão, afinal, o que é a beleza para você?

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