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UNIVERSIDADE CATÓLICA PORTUGUESA

FACULDADE DE PSICOLOGIA E DE EDUCAÇÃO


MESTRADO EM CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA EDUCACIONAL

PSICOLOGIA DA APRENDIZAGEM – UNIDADE 2 SESSÃO 3

Docente: Guilhermina Miranda

Grupo 2
Mestrandos:
- Ângela Santos
- Délia Freitas
- José Augusto Martins
- Mª de Fátima Tomé
- Samuel França

Funchal, 26 de Fevereiro de 2009


Mestrado em Informática Educacional – Psicologia da Aprendizagem

Construtivismo e Instrucionismo no Ensino a Distância: abordagens e estratégias

Historicamente, o Ensino a Distância (EaD) surge como uma modalidade de ensino e


aprendizagem voltada para o ensino de ofícios com baixo valor académico, como por exemplo, os
cursos de costura, de línguas e os cursos electrotécnicos. Este tipo de ensino também é o responsável
pela formação de pessoas que teriam fracassado no ensino tradicional e estariam à margem do
processo educacional. É possível que essa origem do EaD tenha gerado suspeitas e críticas que
permanecem impregnadas no imaginário colectivo, mesmo depois de tantas mudanças.
Belloni (1999) afirma que a maioria das definições no EaD apresenta carácter descritivo e opõe a
sala de aula tradicional ao EaD. A distância é um parâmetro entendido em termos de espaço, havendo
ênfase nos processos de ensino (estrutura organizacional, planeamento e concepção de metodologias,
produção de materiais, etc.), com pouca ou nenhuma referência aos processos de aprendizagem
(características e necessidades dos estudantes, modos e condições de estudo, níveis de motivação, etc.)
e à ideia de auto-aprendizagem.
O ensino instrucionista ou tradicional, influenciado pelas teorias behavioristas, tem por objectivo
transferir um conhecimento pré-definido, hierarquizado e compartimentalizado ao aluno, que funciona
com um repositório de informações. Os conteúdos são apresentados de acordo com um plano prévio de
ensino. Como o conhecimento resultante é desconectado, tende a manter-se inerte, podendo,
posteriormente, vir a ser esquecido. Nesta abordagem, os erros são punidos e o aluno é passivo.
O instrucionismo é a base do sistema adoptado na maior parte das escolas actuais. O
construtivismo opõe-se ao paradigma instrucionista.
Segundo a teoria construtivista de Piaget, cada indivíduo possui um mecanismo de aprendizagem
próprio antes de ir para a escola. Para Piaget, desenvolve-se a capacidade intelectual interagindo com
objectos do ambiente, sem ensino explícito. A meta é uma exploração activa, onde se constrói o
conhecimento, ao invés de se instruir através de aulas e lendo livros.
A construção do conhecimento resulta da interacção social, onde a educação se baseia num
conjunto de problemas motivadores e realistas. Os problemas reais têm um enorme potencial para o
aluno, porque, tipicamente, requerem um grande número de conhecimentos e habilidades para a sua
resolução e encorajam o aluno ao demonstrar aplicações desse conhecimento no quotidiano.
A resolução de problemas é uma forma de aprendizagem interessante porque aprende-se mais
profundamente técnicas para resolver problemas que são importantes, questionando, procurando
respostas em diferentes fontes, considerando diversas perspectivas, trocando visões com outros e
construindo o seu próprio conhecimento.
O construtivismo defende que os erros ajudam a entender acções e conceitualizações. O aluno
construtivista é activo no processo. A construção do conhecimento nem sempre é simples, mas esta

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Mestrado em Informática Educacional – Psicologia da Aprendizagem

dificuldade é produtiva: um sistema educacional que tenta tornar tudo fácil e agradável acaba evitando
que ocorram importantes progressos na aprendizagem.
Na tabela a seguir são apresentadas as principais diferenças entre o modelo tradicional e o
construtivista.
Tabela 1. Comparação entre o modelo tradicional e o modelo construtivista

Modelo Instrucionista Modelo Construtivista

• Estudantes trabalham fundamentalmente • Estudantes trabalham fundamentalmente


sozinhos; em grupos;
• O acompanhamento rigoroso do currículo • Busca pelas questões levantadas pelos
pré-estabelecido é extremamente valorizado; alunos é extremamente valorizada;
• As actividades curriculares baseiam-se • As actividades baseiam-se em fontes
fundamentalmente em textos e exercícios primárias de dados e materiais manipuláveis;
presentes em livros; • Avaliação da aprendizagem está
• Avaliação da aprendizagem é vista como interligada ao ensino e ocorre através da
separada do ensino e ocorre, quase que observação do professor sobre o trabalho dos
totalmente, através de testes. estudantes.

No âmbito dos ambientes no Ensino a Distância, focamos:


• a presença do diálogo/conversação síncrona/assíncrona aluno-aluno, no contexto de
aprendizagem em colaboração e interacção social;
• a dinâmica de interacção na dimensão de troca/cooperação/construção conjunta na realização
das actividades em rede;
• a apresentação de meios/ferramentas/softwares em rede que gerem motivação intrínseca;
• a actuação como observador/interventor em oposição ao organizador/transmissor nas
actividades em rede mediadas pelo professor;
•o desenvolvimento de processos mentais superiores em oposição à memorização/retenção de
informação;
• incentivo à exploração/descoberta na construção de conhecimento na dimensão do
construtivismo social no acesso/interacção a ambientes virtuais;

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• a intervenção/criação de conflitos cognitivos, do ponto de vista individual, e principalmente


sócio-cognitivos, do ponto de vista do grupo;
•o incentivo à interacção/cooperação/construção do conhecimento, além do simples acesso à
informação disponibilizada em rede.

Em suma, o instrucionismo não busca um ensino individualizado para cada aluno, tendendo a ser
homogéneo e padronizado. Uma forma de transpor as limitações impostas pelo modelo instrucionista é
a adopção de conceitos da teoria construtivista nos modelos pedagógicos utilizados. Neste modelo, o
professor tem a função de ser um facilitador no processo de aprendizagem e não apenas um
transmissor do conhecimento. O foco principal passa ser o aluno e não o professor. O professor tem
como principal função motivar o aluno no espírito crítico e em investigação, além de orientá-lo em
trabalhos cooperativos com os demais colegas no processo de construção do conhecimento.

Grupo 2: Ângela Santos, Délia Freitas, José Augusto Martins, Maria de Fátima Tomé, Samuel França

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