You are on page 1of 70

Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIME

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríam)
APRESErsTTAQÁO
DA EDigÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanga a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanga e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenga católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.
Eis o que neste site Pergunte e
Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaieca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.
Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.
Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR


Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e
passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicagáo.
A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaga
depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
aA / \ACf\¿\ i ¿tí

ANO XI — N« 132 DEZEMBRO DE 197


ÍNDICE
Pág.

"Um Passo, mais um passo!" 513

I. NASCER OU NAO NASCER ?

1) "No Brasil o clero e o govérno sao natalistas, porque nio


tém familia I

Mas os dentistas e sabios sao em favor da contencSo da


natalidade I

É verdade ?" 517

II. NAO-VIOLENCIA OU REVOLUCAO ?

2) Os documentos de Medellin,... gérmens de urna Igreja


nova I

Em que sentido ?" 528

III. CRITICA LITERARIA

3) "Pedro, pedra fundamental da Igreja...


Auténticas palavras de Jesús em Mt 16,17-19 ?" 533

IV. TRADUCAO MELINDROSA

4) "Urna dúvlda de traducSo: '... será ligado (desligado)


no céu1 ou 'terá sido ligado (desligado) no céu', em Mt 16,19 ?" ... 543

V. SANTOS E "SANTOS"

5) "O Imperador Carlos Magno da Franca é um santo es


candaloso t
Como se explica que tenha sido canonizado ?" 548

VI. "ORAQAO AOS MACONS"

6) "Urna sensacional oracfio divulgada pela Magonarla em


nossa cldade... Sabe alguma colsa a respeito ?" 564
Resentía de Llvros 557

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA


"UM PASSO,
MAIS UM PASSO!"

Antoine de Saint-Exupéry, no sau livro «Terre des hom-


mes», refere urna historieta altamente significativa:

O aviador Guillaumet caiu certa vez a 6.500 m de altitude


na cordilheira dos Andes, em pleno invernó. Viu-se logo cer
cado pelo gélo e pela nevé, gravemente amea?ado de perecer.
Um tanto perplexo a principio, esperou que se acalmasse a tem-
psstade que o envolvía, e resolveu pdr-se em marcha pelas mon-
tanhas a ver se encontrava um ser humano que o socorresse.

No seu arduo percurso, Guillaumet escorregava e caía,


sucessivas vézes. la mesmo perdendo o instinto de conservagáo,
como sói acontecer em tais casos. Todavia resistía a tentagáo
de se deixar morrer de frió e inercia, pois dizia consigo mesmo :
«Minha mulher, se ela julga que estou em vida, julga que estou
camirfhando. Os companheiros julgam que estou caminhando.
Todos tém confianga em mim. Eu seria um covarde se nao
caminhasse». Assim pensando, levantava-se, e prosseguia a
dura caminhada; procurava nao refletir para nao ser acome
tido pslo desespero. Certa vez, porém, viu-se prostrado sobre
a nevé, já prestes a capitular; sem fórcas, antevia a morte
com serenidade.
Contudo pós-se a pensar na esposa: caso se deixasse
morrer naquele local em rampa, o seu cadáver no próximo
veráo seria arrastado para um precipicio, e ninguém mais o
encontrarla. Entáo a Companhia de Seguros nada pagaría,
de ¡mediato, á sua esposa, pois so após quatro anos de desapa
recido é que seria legalmente tido como defunto! Via, porém,
a cinqüenta metros de distancia um penhasco que emergía.
Se fósse morrer naquela altitude, o seu corpo seria mais fácil
mente encontrado no próximo veráo, e sua mulher sem demora
receberia a conveniente paga financeira. Mobilizando entáo suas
últimas fórcas, pós-se de novo em marcha. Enquanto cami-
nhava, dizia: «O que salva, é dar um passo. Mais um passo.
É sempre o mesmo passo que temos de xecomegar». Final
mente, como fruto désse esfórco titánico, Guillaumet conse-
guiu atingir urna estrada; e um caminháo que ai passava, o
recolheu, ainda em tempo para lhe salvar a vida !
Mais tarde, ao contar essa historia, observava o herói:
«O que fiz, juro-o, nunca animal algum o taria feito».
É difícil ler essa historia sem perceber ao menos algo da
sua rica mensagem.
A caminhada através das neves, desafiando nossas foreas
físicas c moráis, nao nos lembra ela a imagem de nossa vida
aqui na térra ? Como pode, as vézes, parecer arduo prosse-
guir o dia-a-dia! Nao obstante, assim como Guillaumet foi
salvo do perigo e da tentagáo de desfalecer, qualquer de nos,
viandantes, pode ser salvo.
E qual foi o segrédo da salvacáo de Guillaumet ?
— De pronto, diremos : a sua perseveranca, a sua inque-
brantável tenacidade. «O que salva, é dar um passo. Mais ura
passo». É recomecar constantemente.
E Guillaumet foi perseverante (salvando-se em conse-
qüéncia), porque teve brío; nao quis desdizer o seu nome ou
o conceito que outros faziam a seu respeito: «Julgam que
estou caminhando. Éles tém confianga em mim. Seria um
oovarde...»
Mas, além de brío, Guillaumet teve o que é maior : o amor,
o amor que diferencia o cristáo tenaz do estoico intrépido e
do faquir heroico. Pensou na triste sorte de sua esposa viúva,
que ficaria totalmente desamparada se ele nao tivesse a cora-
gem de caminhar ao menos cinqüenta metros mais. E foi ésse
amor que o levou ao sacrificio e, finalmente, a salvagáo. «O que
fiz, ésse gesto de amor cheio de fidelidade, eu o juro, nunca
animal algum o teria feito!»
Tenacidade sustentada pelo amor ao brío e, mais ainda,
pelo amor ao próximo (no qual brilha a face do Cristo),
sejam estes os grandes valores que nos levaráo, também a
nos, á salvagáo, ou seja, a Casa do Pai!
Está para se concluir em nossa caminhada o passo de 1970.
Comegaremos, com a graga de Deus, o passo de 1971. Passo
por passo,... sem dúvida no claro-escuro da fé e na sofre-
guidáo do amor; mas cortamente passo após passo, sempre no
mesmo caminho que leva por Cristo ao Pai. Que Ele, o Primo
génito, nos assista em seu misterio de Natal, infundindo em
nossos coracóes renovada dose de amor, a fim de nao desfale-
cermos na caminhada, mas, guiados pela fórga do Espirito,
nos raerguermos e prosseguirmos indefectivelmente !
A todos Santo Natal e Feliz Ano Novo!
E.B.
MINHA SÚPLICA

Dá-me, Senhor, a ooragem de urna máe


e a dedicacáo de um bom pai.

Dá-me, Senhor, a simplicidade de urna crianza


e a consciéncia de um adulto,

Dá-me, Senhor, a prudencia de um astronauta


e a.ooragem de um salva-vidas.

Dá-me, Senhor, a humildade da lavadeira


e a paciencia do enfermo.

Dá-me, Senhor, <o idealismo de um joviem


e a sabedoria de um velho.

Dá-me, Senhor, a disponibilidade do bom Samaxitano


e a gratidao do aoolhido.

Dá-me, Senhor, tudo de bom que cu veja em meus irmáos,


a quem tantas dádivas deste.

Que assim, Senhor, eu me aproxime de um santo,


Ou melhor, seja, eu como Tu queres :

Perseverante como o Pescador


io esperancoso como o cristáo.

Que permaneca no caminho do Tea Filho,


e no servido dos irmáos!
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Ano XI — N9 132 — Dezembro de 1970

I. NASCER OU NAO NASCER ?

1) «No Brasil o clero e o go.vérno sao nalalistas, porque


nao tcm familia!

Mas os dentistas e sabios sao cm favor da contengao da


natalidade!
É vcrdade ?»

Em sintese: O Dr. Mario Víctor de Assis Pacheco publicou em 1968


o livro "Neocolonlalismo e controle da Natalidade", em que, partindo de
argumentos nao filosóficos ou teológicos, mas médicos, sociológicos e mo
ráis, mostra os inconvenientes do anticoncepclonismo. A obra é particular
mente Interessante por evidenciar flue a posigáo da Igroja na encíclica
"Humanae Vitae" nao é singular nem contraria aos interésses da humani-
dade contemporánea.

Resposta: Nao raro a Igreja é apres«ntada como porta-


-voz singular e anacrónica do combate ao anticoncepcionismo;
os argumentos de Paulo VI, em sua encíclica «Humanae Vitae»,
sao tidos como sutis e alheios á realidade; quem os queira se
guir (diz-se), arr¡sca-se a induzir sobro o mundo urna catás
trofe de fome e miseria.

Ora diante desta posigáo é útil observar dois pontos:

1) A Igreja nao ó natalista. «Ser natalista» significa ser


indiscriminadamente em favor da natalidade. A Igreja, porém,
preconiza a paternidade responsável e o planejamento da fa
milia; ao casal toca determinar o .número de filhos que ele
possa gerar e criar em condicóes dignas. Sómente o modo como
a prole há de ser limitada é ponto controvertido: a Moral
católica recusa o uso de anticoncepcionais, porque contrariare

— 517 —
G_ *PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 1

as leis da natureza e, conseqüentemente, á lei de Deus; todo


meio esterilizante que torne possível o ato sexual sem «perigo»
de prole, é condenável aos olhos da consciéncia crista. Cf.
«P.R.» 98/1968, pp. 49-60.

2) A recusa de anticoncepcionais nao é simplesmente


urna posicáo católica. É também a atitude de abalizados pen
sadores que nao se inspiram na fé crista, mas em razóes de
índole social, económica e médica. Um dos mais recentes es-
pécimens désse modo de pensar é o livro do Dr. Mario Víctor
de Assis Pacheco : «Neocotonialismo e Controle da Natalidade»,
editado pela «Civilizagáo Brasileira» em 1968. Poderia ser ci
tada neste contexto também a clássica obra de Josué de Castro:
«Geopolítica da Fome», 2 vols., 8' edicáo 1968, Editora Bra-
siliense.

Ñas páginas que se seguem, proporemos breve sintese de


alguns tópicos do livro do Dr. Assis Pacheco, Livre Docente de
Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina da Universidade
do Brasil e Presidente da Associacáo Médica do Estado da
Guanabara.

Antes de entrar no assunto, porém, o autor destas linhas dése ja


ressalvar que nSo compartilha em tudo as posicSes políticas que o Dr. Assis
Pacheco adota. A presente apreciado nada pretende sugerir no setor Ideo
lógico. Interessa-se apenas por mostrar como o combate ao anticoncepcio-
nismo é movido nSo sonriente por teólogos o moralistas, mas também por
um médico e sociólogo (que naturalmente representa urna corrente de
¡ntelectuais) com argumentos cuja valldade o leitor poderá julgar.

1. A tese do livro

1. Em poucas palavras, a posicáo do Dr. Assis Pacheco


assim se pode resumir: o anticoncepcionismo, que táo grande
voga tem obtido no Brasil e nos países subdesenvolvidos, como
se fós93 condicáo essencial para preservar tais nac.óes da fome
negra, em última análise é incentivado por povos capitalistas,
que tém interésse em impedir o aumento populacional dos povos
pobres, a fim de os explorar económicamente numa atitude
neocolonialista.

2. Mais precisamente, o autor explica seu pensamento nos


seguintes termos:

No fim do século XVIII teve inicio a revolueáo industrial.


A máquina passou a substituir o homem ñas usinas e ñas

— 518 —
«NEOCOLONIALISMO E CONTROLE DA NATALIDADES 7

fábricas, ocasionando desemprégo, miseria e revolta entre os


operarios das antigás manufaturas. «Os proprietários puderam,
gragas as máquinas, aumentar sua produgáo com a redugáo
do número de operarios a pagar, mas temiam a revolta das
massas desempregadas» (p. 26). Foi entáo que levantou a voz
o célebre economista inglés Robert Malthus, lancando em 1798
a tese de que as populacóes doravante cresceriam em propor-
gáo geométrica enquanto a produgáo de géneros nao aumenta
ría senáo em proporcáo aritmética, ou seja, esquemáticamente:

Populacáo do globo: 1 — 2 — 4 — 8 — 16 — 32 —
64 — 128...

Recursos alimentares: 1 — 2 — 3 — 4 — 5 — 6 — 7
— 8 — 9...
Donde concluía Malthus que seria necessário reduzir a na-
talidade. O alvitre do pensador inglés foi acatado em sua época
como sabia sentenga. Aconteceu, porém, que as previsóes de
Malthus nao se cumpriram: os recursos alimentares do globo
tém-se multiplicado; além disto, as populagóes européias pude
ram importar das colonias da África e do Novo Mundo os
nutrimentos necessários á sua subsistencia.

Por outro lado, o desemprégo ocasionado pela revolucáo


industrial foi devidamente combatido, de modo que houve paz
entre os proprietários das máquinas e os operarios que as
manejavam. Em conseqüéncia, o nome e a tese de Malthus
foram relegados para o esquecimento até os últimos decenios.

Todavía, após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945)


deu-se nova revolugáo no mundo: certos países (Polonia, Bul
garia, China...) adotaram o regime socialista; muitas das
nacóes que existiam como colonias na África e na Asia se
cmanciparam c, juntamente com os povos latino-americanos,
adquiriram a consciéncia de que 92 deveriam desenvolver
técnica e industrialmente. Ora, diz Assis Pacheco, a nova si-
tuacáo constituí perigo e ameaca para a economía dos países
capitalistas do Ocidente; estes tém interésse em manter esta
cionarios os povos subdesenvolvidos, a fim de os explorar fi-
nanceiramente; para tanto, um ótimo alvitre é a contengáo
da natalidade nos paisas do Terceiro Mundo. Destarte concluí
o Dr. Assis Pacheco que o aníiconcepcionismo ou neomalthu-
sianismo, hoje em dia táo propalado entre as nagóes subdesen-
volvidas (inclusive no Brasil), serve aos interésses políticos e
económicos das nagóes industrializadas e é por estas fomentado

— 519 —
8 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 1

iniquamente no exercicio de certo neocolonialismo. O autor


observa que «o instrumento da atual política neomalthusiana,
a pilula hormonal anticoncepcional, é justamente fabricado nos
países que vém perdendo suas colonias, como a Inglaterra, a
Bélgica, a Holanda, a Alemanha, a Italia, a Franca e os Es
tados Unidos da América, países que se abastecem na América
Latina de materias-primas diversas e especialmente de miné-
rios raros e estratégicos» (p. 30).

3. O Dr. Assis Pacheco ilustra a sua tese citando decla


rares de dentistas e médicos norte-americanos que sugerem
francamente as nacóes subdesenvolvidas a diminuicáo das suas
respectivas populagóes, aínda que isto implique rebaixamento e
estagnacáo para tais povos.

Asslm William Vogt, em "Road To Survival" (O Caminho da Sobrevi


vencia), escreve:

"A proflssáo médica moderna, cuja ética ainda repousa sobre dúbios
conceltos emitidos por um homem ignorante que viveu há mais de 2000 anos
— Ignorante em termos de mundo moderno — continua a acreditar que é
seu dever manter vivo o maior número possivel de pessoas... A verdade
é que os' tratamentos médicos e os progressos sanitarios sao responsáveis
de hoje vlverem em miseria crescente mllhoes de pessoas. Urna das grandes
vantagens naclonais do Chile, talvez a maior que possua, é seu alto nivel
da mortalidade. E a maior tragedia que po'deria sofrer a China atualmente,
seria a reducáo de seu nivel de mortalidade" (citado em "Neocolonialis
mo. ..", p. 8).

Robert Cook, em "Human Fertility — The Modern Dilema" (Fertilidade


Humana — O dilema moderno), afirma:

"A elimlnacáo de urna serie de doencas contagiosas do seio de urna


populacáo que nfio tem o bastante para comer, bem como o ato de trazer
k luz urna caudal de novos seres humanos em urna economia incapaz de
manter até mesmo sua atual populacáo, representa convite certo ao desas
tre... Logo depois da bomba atómica, a fflrca mals nefasta do mundo é a
fecundidade irrestrita" (citado em "Neocolonialismo..." p. 9).

Outro dentista, G. F. Winfield, é do segulnte alvitre:

"Parecerá rematada heresla sugerir que nos próximos vlnte ou trinta


anos se deixe de combater, com todas as armas de que dispóe a medicina
moderna, as graves epidemias da China. O futuro bem-estar do povo chinés
depende mais da reducáo dos nasctmentos que da dlmlnulcfio de óbitos"
(transcrito de "Neocolonialismo..." pp. 8s).

Tais autores chegam a censurar a ética médica e a apli


cado dos recursos modernos de higiene para ocasionar dimi
nuicáo das populagóas subdesenvolvidas. Pergunta, porém, o
Dr. Assis Pacheco: por que tais estudiosos nao sugerem medi-

— 520 —
«NEOCOLONIALISMO E CONTR6LE DA NATALIDADE» 9

das que tirem da pobreza os povos subdesenvolvidos? Por que


julgam que estes se deveráo manter sempre atrasados e po
bres? Por que nao adiantados e ricos também?
Mais aínda: a fim de favorecer a contengáo da natalidade,
escritores de responsabilidade propóem as mais estranhas táti-
cas. Assim, por exemplo, o Presidente da Sociedade Británica
Interplaneteria, Arthur Clarke, declarou:

"Estou persuadido de que o controle dos nascimentos será universal-


mente pratlcado de hoje a urna geracSo. A religiSo cessará de se opor...
Se as pllulas se revelarem Ineflcazes a longo prazo, |ustlflcar-se-á a este
rilizado do homem por melos químicos. A malor parte dos homens (Icaria
cortamente feliz de ser esterilizada após ter tldo o número de filhos que
desejarem, com a condlgáo de poder fazer antes um depósito num banco
de esperma, para o caso de mudar o seu modo de pensar" (transcrito de
"Neocolonlalismo..." p. 23).

O professor Isaac Asimov, assistente de bioquímica da Uni-


versidade de Bostón, escreve o seguinte:

"Um fato me surpreende. É que nem todas as práticas sexuais acarre-


tam necessáriamente a concepgSo. Sob a pressSo do cresclmento geomé
trico da populagSo, as manelras de expressño sexual hoje condenadas pela
moral conformista podoriam ser encorajadas como moráis numa sociedade
que as julgará úteis, se nao inevitávels. As práticas consideradas como
'contra a natureza' de forma hetero e homossexual bem se poderiam tornar
legáis, moráis, nos próximos anos futuros. E, quem sabe, tais práticas pode
riam ser mesmo reconhecidas como patrióticas ?" (citado em "Neocolo
nlalismo. .." p. 23).

Como se vé, as perversóes sexuais, mesmo o homossexua-


lismo, teriam foros de legalidade ou «patriotismo», segundo as
concepcóes de certos arautos do neomalthusianismo.

4.' Na verdade, assevera o Dr. A5sis Pacheco, os prog


nósticos de fome mundial em caso de aumento da populagáo
do globo sao discutiveis. A FAO deu a saber que nos últimos
anos a producto mundial de alimentos cresceu na razáo do 3%
ao ano, ao passo que o aumento da populagáo no mesmo espaoo
de tempo foi de 1,5%. A quantidade de trigo produzido nos
E.U.A. é tal que o govérno norte-americano mandou para
usar 10% das lavouras de trigo naquele país; o Govérno inde-
niza os agricultores para que nelas nao plantem. Essa medida
nao deu o resultado esperado, porque a produgáo por hectare
aumentou em virtude de novas técnicas e do uso de fertili
zantes.
Por conseguinte, a solugáo do problema da explosáo de
mográfica nao consiste em se limitarem os nascimentos, mas,

— 521 —
10 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 1

antes, em se promoverem a fraternidade e o intercambio entre


os povos, a fim de que os mais abastados e desenvolvidos aju-
dem as nagóes mais pobres a se desenvolver; pensem em dis
tribuir benévolamente os alimentos que a térra produz para
que todos se possam sentar á mesa do banquete da vida.
5. A título de complemento, pode-se observar que o Pre
sidente Lyndon Johnson, dos E.U.A., compartilhava o pessi-
mismo de Malthus e, por isto, favorecía o controle da natali-
dade. Em mensagem ao Congresso norte-americano (1965),
anunciou a nova política dos E.U.A.:

"Procurarel novas formas para utilizar nossos conheclmentos no es*


fñrco para controlar a explosáo demográfica mundial, em confuto com a
crescente escassez das fontcs de géneros alimenticios".

Mais: no próprio dia em que se divulgou a encíclica


«Humanae Vitae» (30/VII/1968) o Presidente Johnson sancio-
nou urna lei que prorrogava o programa «Alimentos para a
Paz» até 1970, mas que, ao mesnio témpo, dispunha fóssem
levados, antes do mais, em consideragáo os países que adota-
vam oficialmente o controle da natalidade.
Com essa atitude do Presidente Johnson pode-S3 confron
tar a que refere Walter Lowdermilk: éste escritor assistiu a
urna conferencia internacional a que estavam presentes dele
gados afro-asiáticos; em dado momento, o representante da
Nigeria declarou que a fome já os havia atingido a todos;
contudo, quando foi feita a tentativa de incluir o controle da
natalidade entre as resolucóes da conferencia, os africanos
corajosamente recusaram-se, exclamando: «Isto é um embuste
do homem branco para conservar em níveis baixas o número
de negros. Nos queremos mais gente, para ter mais poder nos
Conselhos Mundiais» (transcrito de «Neocolonialismo...»
p. 21).

6. Após apresentar seu repudio ao anticoncepcionalismo


por motivos sócio-políticos, o Dr. Assis Pacheco cataloga as
contra-indicagóes que a Medicina formula contra a pilula anti
concepcional (meio hoje em dia geralmente preconizado para
conter a natalidade).
Donde o novo titulo nesta exposigáo:

2. Medicina e pilula

1. Em setembro de 1967, o Conselho da XXI Assembléia


da Associagáo Médica Mundial, reunido em Madrid, decidiu

— 522 —
«NEOCOLONIALISMO E CONTROLE DA NATALIDADE» 11

«... condenar qualquer método de esterilizacáo definitiva, bem


como todo tipo de planificagáo limitada que atenta contra a
liberdade e a dignidade humanas. O Conselho concluiu também
que os anticoncepcionais por via oral ocasionam prejuízos orgá
nicos e sobretudo contra a personalidade feminina* («Diario
de Noticias» da Guanabara, de 19/IX/67).

Nao obstante, as empresas produtoras de pílulas anticon


cepcionais afirma, através dos seus numerosos meios de pro
paganda, que ésses preparados nao produzem efeitos secunda
rios nocivos de relevo e que, quando muito, os para-efeitos sao
passageiros. Ao observar isto, acrescenta o médico Dr. Assis
Pacheco: «É claro que o capital investido na producáo, propa
ganda e venda das pílulas quer lucros e, como sempre, lucros
¡mediatos e elevados, antes que, esclarecidas pelos médicos ou
atingidas pelas complicagóes, as mulheres deixem de usá-las».

A seguir, o autor menciona os mais conhecidos para-


-efeitos da pilula: hemorragias intermenstruais, mal-estar geral,
engorda acentuada, .náuseas, vómitos, tensáo mamaria dolorosa,
depressáo e exaltagáo psíquica, enxaqueca, queda do cábelo,
manchas na pele, palpitares, dores anginosas, pré-cordiais, dis
turbios visuais, doengas do sistema nervoso...

2. Na verdade, as pílulas anticoncepcionais ainda nao


foram .suficientemente estudádas. Sabe-se que em nao poucos
casos olas aprcseotam suas contra-indicagóes; nao obstante,
váo sendo vendidas ao grande público, sem que se possam pre
ver os efeitos que daí resultará©. O Dr. Assis Pacheco atribuí
parte déste mal aos interésses comerciáis das industrias farma
céuticas: désejosas de vender os seus produtos, nao levam em
conta a dignidade da pessoa humana ou das mulheres que assim
váo servindo de cobaias. A propósito escreve o autor:

"Temos em máo boletim confidencial da DivisSo de DocumentacSo


Médica da empresa sulca 'Produtos Químicos CIBA S/A', onde se lé, a
propósito d.e conferencias realizadas pela Dra. Eleanora Mears i no Brasil,
o seguirte':
'A classe médica, os sacerdotes das diversas Igrejas, os sociólogos,
todos enfim estao com as esperanzas voltadas para os ovulostátlcos. Parece
que de agora em diante nenhum médico pode deixar de tomar posigáo em
face do problema. E, após as brllhantes conferencias da Dra. Mears, esta
posicáo será a mais favorável possivel... Prevemos, pois, um mercado em

1 A Dra. Mears pronunciou em S3o Paulo, no mes de maio de 1965,


urna serie de palestras favoráveis á pilula.

— 523 —
12 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS»» 132/1970, qu. 1

ascensao vertical para os ovulostálicos. A Ciba, um dos mais importantes


produtores déstes comprimidos, deve acompanhar éste movimento'.

Referindo-se ás afirmacoes da Ora. Mears, diz aínda o Boletim Confi


dencial de Ciba: 'Podemos ter confianca nestas afirmacSes, pois até hoje
nenhum grupo de medicamentos foi tSo exaustivamente estudado em táo
grande número de pessoas como os ovulostáticos1. E a( está a confissáo
tácita desta vasta experiencia in anima nobili. Repitamos e grifemos a con-
fissáo: '... pois até hoje nenhum grupo de medicamentos fol táo exaustiva
mente estudado em táo grande número de pessoas como os ovulostáticos'"
("Neocolonialismo...", p. 114).

3. Também merece atengáo outra observagáo do autor


do livro:
A trombose tem sido urna das freqüentes consaqüéncias do
uso das pílulas anticoncepcionais. Em vista do fato, a empresa
norte-americana «Mead Johnson Endochimica» retirou do co
mercio do Brasil os seus anovulatórios («Ovex» e «Ovex-
-Seqüéncia»), conforme carta que o Dr. Assis Pacheco e muitos
outros médicos receberam e que apresenta o seguinte teor:

"Prezado Doutor,

É filosofia e procedimento de nossa Companhia manter a classe médica


a par de todos üs desenvolvimentos científicos que se relnclonam com os
nossos produtos.

O propósito desta carta é comunlcar-lhe certos fatos relativos ao


acetato de megestrol, um dos ingredientes dos nossos produtos Ovex e
Ovex-Seqüéncia. Essa progesterona está agora á venda nao sámente no
Brasil, mas também em outros paises da América Latina, Inglaterra, países
da Comunidade Británica, e em varios outros. Apesar da seguranca e da
eficacia de urna nova formulacao ser comprovada em estudos com animáis,
e também por intermedio de estudos clínicos com seres humanos, é prática
normal, como sem dúvida é de seu conhecimento, a continuacáo de pos
teriores estudos a longo prazo com animáis... Nao obstante a nossa firme
opiniao quanto á seguranca do acetato de megestrol, estamos voluntaria
mente suspendendo a venda désses produtos no mercado, á espera da cla-
rificacao dos dados de toxicidade em questao..."

A tal documento o Dr. Assis Pacheco faz o seguinte co


mentario:

"Louvamos a dec.lsáo da empresa norte-americana em suspender a


venda do suas pílulas, mas a empresa agiría melhor se desse divulgacfio
pública de sua correta medida, a fim de evitar que as farmacias e drogarías
existentes em nosso Imenso Brasil continuassem a vender seu vasto estoque
daqueles produtos... O público consumidor saberla que as pílulas aínda
n3o estSo suficientemente estudadas em suas doses e graus de toxicidade"
("Neocolonialismo...", pp. 118-120).

4. O autor analisa outrossim o procedimento de certos


médicos que receitam a pílula á condicáo de que a mulher inte-

— 524 —
«NEOCOLONIALISMO E CONTROLE DA NATALIDADE» 13

ressada permanega sob controle médico freqüente, isto é, mien-


sal ou bimestral. E observa:

"Em minha opiniáo, o controle científico é práticamente impossível, a


nao ser quando se trata de mulheres muito ricas. Realmente, como seria
feito o controle honesto e científico pelo médico ? Vejamos o vulto das
despesas: a cliente pagarla a consulta do médico e comprarla um vidro de
anticoncepcional; dentro de um ou dois meses voltaria para nova consulta
e poderla se limitar a pagar apenas o prego da consulta, pois de nada se
queixaria, mas talvez dissesse ao médico que engordara muito, estaria meio
nervosa ou teriam Irte surgido algumas varizes. O honesto e competente
médico precisaría entSo de conferenciar com um nutrólogo, que certamente
prescreveria um regime de emagrecimento e um medicamento para diminuir
o apetite; o neuropsiqulatra Indicado darla sua receita para a insania táo
freqüente entre as consumidoras de pHuías e, conforme o caso, poderla
aconselhar a sonoterapla em regime de internac&o hospftalar, para curar
urna melancolía mals grave ou urna pslcose agresslva mals perigosa. Outras
clientes poderiam se queixar de que as regras faltaram, com fundados re
celos de estarem grávidas; o médico, para tirar as dúvidas e tranquilizar a
cliente, pedirla um teste de laboratorio, agtndo asslm científicamente. Outras
doentes, acometidas de hemorragia intermenstrual, também freqüente durante
o uso das pflulas, estarlam temerosas do cáncer. Que fazer? Científicamente,
impóe-se urna raspagem do útero e o exame histopatológico do material
obtldo. Leltor, vá somando as despesas e apreensóes que um cuidadoso
controle científico exige.

Em outro mes, a cliente nota a presenta do um 'carocinho' no scio e


pensa logo em cáncer; val ao médico e éste científicamente aconoelha a
procurar um clrurgiáo, plástico de preferencia, para remover o carocinho,
e recomenda a nccessidade do exame do tumor extirpado, por competente
patologista. E, se Infelizmente fór cáncer, será feita a amputacáo do seio,
certamente com bons resultados porque o médico surpreendeu precoce-
mente o tumor maligno. Grande número de tais operadas pode ter longa
sobrevida.

Certo mes, a cliente aparece queixando-se de enxaqueca ou de pertur-


bacees visuais ou ainda dizendo estar com um braco meio 'esquecido', e o
médico vigilante e competente, que receitou as pflulas, aconselnara sua
cliente a que procure um oculista e um neurologista para os exames neces-
sários, Inclusive o Indispensável exame de fundo de dlho.
Ouem poderá arcar com tantas despesas para tomar pílulas sob con
trole vigilante e nem sempre com eficientes resultados ? Imagine-se aínda
como ficará o sistema nervoso da mulher, perambulando em duvidas do
glnecologista para o nutrólogo, déste para o psiquiatra e outros especialistas,
fazendo regimes para emagrecer, escrava de remedios diversos, urna pilha
tensa de ñervos á flor da pele, aguardando numerosos resultados de exames
subsidiarlos, os quais podem ser pésslmos ? Em geral, tais mulheres tor-
nar-se-ao física e psíquicamente táo desagradáveis que dentro de pouco
tempo n3o precisar£o usar as pílulas, pois os maridos nao mais as suportarao.
A tese de que o medicamento só deve ser tomado quando receitado
por médico é certa, mas com a pílula. que nao é medicamento, pois a con-
cepcfio nao é doenca, de pouco adiantará o controle médico, a nSo ser para
o diagnóstico do cáncer genital, do espasmo arterial, da castra$áo, do dia
bete Incipiente, etc." ("Neocolonlallsmo...", pp. 121-123).

— 525 —
14 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 1

5. Talvez, porém, impressione o leitor o grande número


de artigos e escritos qus asseveram a plena inocuidade da pilula
anticoncepcional. Tenham-se em vista, entre outras publicagóes,
os «Anais Brasileiros de Ginecología» 61: 61/258, 1966. Pode-se
notar, todavía, que em nenhum désses escritos há referencia
bibliográfica a numerosos autores que tém feito serias restri-
cóes á pilula, apontando as mais variadas complicacóes decor-
rentes do uso das mesmas. A seguir, adverte o Dr. Assis Pa
checo:

"A fim de que médicos jovens ou nSo especializados e leigos mais


Interessados no assunto nao suponham que haja unanimldade favoréve' ao
uso das pflulas, e para que possam optar com conheclmento de causa,
relacionaremos de modo resumido uma serle de comunicacdes estrangeiras
a propósito das mais diversas complicares que. tém ocorrido com mulheres
que usam as pllulas e os DIU" ("Neocoloniallsmo...", p. 125).

Ssgue-se uma lista de vinte e um livros ou artigos do teor


indicado.

6. Assis Pacheco considera também a atitude daqueles


que alegam o grande número de abortos praticados no Brasil,
a fim de justificar a distribuicáo de meios anticoncepcionais
como a pilula e o DIU. Lembra entáo que no Brasil o número
total de abortos provocado foi estimado em 250.000 para o
ano de 1965, «bem menos do quo o milháo. o meio tantas vézcs
anunciado por tréfegos antinatalistas. Tínhamos em 1965 uma
populaáco de 82.222.000 habitantes, com cérea de 18 milhóes
de mulheres em idade de procriar e nessas condicóes 250.000
abortos reprosentam sómente 1,3%. Convenhamos que para
táo pequeña incidencia nao se justifica desviar vultosos capi-
tais, que seráo muito melhor aplicados em salvar a vida de
milhóes de doentes, especialmente de criangas com carencias
alimentares, infestadas de vermes, atingidas por infeegóes di
versas. As astronómicas quantias recebidas do exterior para
campanhas de limitagáo da natalidade em massa seriam muito
mais úteis também e de emprégo mais ético se usadas para
ajudar a corrigir as causas de muitos abortos espontáneos que
ocorrem principalmente em muflieres que, mesmo sem serem
ricas, desejam ter filhos» («Neocolonialismo.. .», pp. 135s).

Poder-se-iam extrair numerosos outros tópicos do livro


do Dr. Assis Pacheco que tentam realcar a inconveniencia da
limitagao da natalidade por meios artificiáis. O problema da
fome, segundo ésse autor (acompanhado por nao poucos ou
tros), resolver-se-á pela exploragáo das riquezas alimentares
que a térra realmente fornece aos seus habitantes, assim como

— 526 —
«NEOCOLONIALISMO E C0NTR6LE DA NATALIDADE» 15

pela equitativa distribuigáo de tais produtos. Para tanto,


requer-sa naturalmente que os povos abjurem suas tendencias
egoísticas e tomem mais profunda consciéncia de que sao ir-
máos e solidarios entre si.

Conclusao

Acabamos de citar nestas páginas o testemunho de abali


zado médico e professor, o qual rejeita o anticoncepcionismo
nao por razóes filosóficas e teológicas, mas por motivos médi
cos, sociológicos e moráis. É claro que o livro do Dr. Assis
Pacheco nao póe termo final ao debate, mas, ao contrario, pode
suscitar contra-argumentos. Ssmpre se poderá dizer que em tal
ou tal caso particular a pílula nao acarretou mal algum.

Como quer que seja (e abstrac.au feita da linha política


que o Dr. Assis Pacheco insinúa), o livro é altamente interes-
sante, porque, partindo de premissas «leigas» e apontando dados
concretos e práticos, chega as conclusóes que a filosofía e a
teología proclamam na encíclica «Humanae Vitae». A Igreja,
portante, nao é táo alheia ao pensamiento moderno e á íeali-
dade concreta, quando levanta a voz contra o anticoncepcio
nismo. Pode-se mesmo dizer, sem preconceito, que é a sabe-
doria dos sáculos que fala através da Esposa de Cristo, sabe-
doria que parece absurda quando os sentimentos bradam mais
do que a razáo, mas que se manifesta em toda a sua limpidez
a quem a queira considerar com inteligencia serena e objetiva.

— 527 —
16 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 2

II. NÁO-VIOLÉNCIA OU REVOLUgAO ?

2) «Os documentos de Medellín, ... gérmens de urna


Igreja nova!

Era que sentido?»

Resposta: Sabe-se que o Episcopado Latino-Americano ou


CELAM (Conferencia Episcopal Latino-Americana) estéve reu
nido em sua Segunda Assembléia Plenária na cidade de Me
dellín (Colombia) desde 26 de agosto até 6 de setembro de 1968.
Como resultado de seus trabalhos, publicou um documentarlo
intitulado «Presenga da Igreja na atual transformado da Amé
rica Latina». Éste consta de seis estados atinentes respectiva
mente aos seguintes temas: Justina, Paz, Familia e Demografía,
Educacáo, Juventude, Pastoral das Massas, Pastoral das Élites,
Catequese, Liturgia, Movimento de Leigos, Sacerdotes, Religio
sos, Formaeáo do Clero, Pobreza da Igreja, Colegialidade ou
Organicidade Pastoral, Meios de Comunicacáo Social.

Estes documentos propcem diretrizes cuidadosamente ela


boradas em vista da at,áo missionária ou apostólica da Igreja
na atual conjuntura latino-americana. Nao raro tais normas
tém sido evocadas para justificar tal ou tal atitude ou movi
mento de católicos no setor .social.

Ora, a fim de evitar mal-entendidos a respeito, algumas


autoridades da Igreja tém-se feito ouvir, indicando o genuino
sentido dos documentos de Medellín. Foi o que fez, por exem-
plo, o Cardeal D. Eugenio Sales em entrevista concedida ao
«Jornal do Brasil» (Rio de Janairo) em 21/IX/70. Semelhante
declaracáo foi feita por Mons. Eduardo Pironio, Bispo argen
tino e Secretario Geral do CELAM, tendo em vista os seqües-
tros e atos de violencia que últimamente sa registraram na
América Latina.

Traduzimos abaixo essa declaragáo, tomando como base o


texto publicado na revista argentina «Criterio» n* 1603, de
10/DÍ/1970, p. 615s.

Eis como a redagáo da revista introduz as páginas de


Mons. Pironio:

— 528 —
DOCUMENTOS DE MEDELL1N

"Mons. Eduardo Pironlo, Secretario Geral do CELAM, faz-nos chegar


estas páginas destinadas a esclarecer, na base dos recentes acontecimentos,
o genuino sentido dos documentos de Medellín".

A seguir, lé-se o texto da entrevista:

1. A dois anos de distancia, continua sendo a Confe


rencia de Medellín um Pentecostés para a Igreja da América
Latina ?

— Nao há dúvida de que sim, contanto que entendamos bem as coi


sas e nao as destorzamos. Em outras palavras : ... contanto que recordemos
que Pentecostés significa plenitude do misterio pascal e inicio de urna Igreja
mlsslonéria.
Medellin, como Pentecostés, fol essenclalmente um 'aconteclmento sal-
vlfico1, um feito religioso, urna realizacáo evangélica. Fol urna profunda reno-
vacao da Igreja latino-americana pela fórca Interior do Espirito, que consa-
grou os apostólos na santidade. Se esquecermos que, no fundo de MedelKn,
há urna primordial exigencia de santidade que compromete a todos nos,
nunca compreenderemos Medellín.

Essenclalmente MedelKn introduz na Igreja da América Latina um espi


rito novo, é o sópro vivificante do Espirito de Pentecostés que convida á
conversáo. A exigencia primordial de Medellín é esta seria necessidade de
mudanca profunda, que transforma radicalmente os crlstáos e se compromete,
mediante a fé, com o cotidiano da historia.
Pentecostés é o momento da santificacáo dos apostólos e da criacáo
de urna auténtica comunidade missionária. Se hoje talamos de Pentecostés
a propósito de Medellín, temos de entender essencialmonte estas tres coisas:
convers3o, comunháo, missao. O Espirito muda radicalmente os cristáos para
que os crlstSos mudem o mundo. Ele os integra na unidade, distribuindo-lhes
carismas diversos. E os envia ao mundo como consagradas testemunhas da
Páscoa.

2. Por que se desfigura Medellín ?

— Porque nao se fez um esfórco serio para interpretar Medellin em


seu essencial contexto evangélico. Tém-se lido os documentos de Medellin
com precipitacao, a partir de um enfoque exclusivamente sociológico, sem
tentar penetrar seu genuino contexto teológico.
Há gente interessada (por motivos de esquerda ou de direita) em apre-
sentar Medellin como urna inexplicável temporalizacao da Igreja ou urna
absurda incitacao á violencia. Em nome de MedelKn proclama-se freqüente-
mente a anarquía e se favorece a ruptura... É certo que Medellín denuncia
urna situacSo de pecado, condena a violencia institucionalizada e exige urna
troca radical das estruturas. Mas de modo nenhum justifica ou apota a
violencia revolucionaria, que nao é crista nem evangélica. Medellín é um
chamado evangélico á conversao dos principáis responsáveis da promocSo
humana integral dos homens e dos povos. — E é bom que comecemos por
examinar a nos mesmos e batermos no peito com sinceridade em vez de
lanzar fácilmente sobre os outros as primeiras pedras.

— 529 —
18 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 2

Desfigura-se lamentávelmente Medellín quando se identificam, sem mais,


evangelizado e promogao humana, assinalando-se á Igreja a tarefa primaria
e exclusiva de promover a libertado histórica (socio-económica e temporal)
do homem. Nao é esta a missáo da Igreja nem o auténtico sentido da líber-
tagáo crista. 'A Igreja tem urna finalidade escatológica e de salvagSo, que
sómente no século futuro ela poderá alcangar plenamente' (Const. 'Gaudium
et Spes' n? 40). Poderíamos quebrar de novo a harmonía a que aspira o
Concilio, quando diz: 'A missáo da Igreja é religiosa e, por éste motivo,
plenamente humana' (ib. n? 11).

3. Como se relacionan) em Medellín evangelizado e


promocao humana ?

— Antes do mais, Medellín realfa a necessidade de uma auténtica


evangelizarlo no continente. Ou seja, a urgencia de se proclamar a men-
sagem de Cristo pela palavra e o testemunho. Esta é a missáo essenclal da
Igreja e o compromisso fundamental do cristao. A Igreja procura a salvacSo
definitiva dos homens. Isto só é possivel mediante a fé em Cristo, o Senhor
(cf. Rom 10,9), em cujo nome (excluido qualquer outro) se nos oferece a
salvacio (At 4,12). A tarefa essencial do cristao frente ao homem de hoje,
oi;e o interpela e desafia, é sempre 'anunclar-lhe a Boa-Nova de Jesús'
(At 8,35).

Em conseqüéncia, Medellín exige uma profunda revisáo da manelra


como se transmite a mensagem, se provoca a conversao e se instaura a fé.
A estes objetivos tendem o esforgo de uma pregacáo, de uma catequese e
de uma Liturgia auténticamente renovadas. Trata-se de penetrar a fé em
toda a sua riqueza e de expressá-la em todas as suas exigencias.
Asslm se harmonizam a evangelizado e a promocSo humana. Estas
sao realidades distintas, as quais, porém, mutuamente se evocam. O plano
em que se encontram, é o da salvacio integral do homem. Se a evangellzacSo
é plena, ela compreende necessáriamente o campo da promocSo humana.
Se a promogao humana é integral, ela supóe essencialmente a lluminacáo
evangélica, e desemboca na incorporado em Cristo vivo, incorporacáo que
se faz mediante a fé e a caridade. A evangelizagáo tende a iluminar, a partir
do amor de Cristo, toda a realidade do homem. Fazendo que éste participe
do misterio pascal, a evangelizagáo tende a dar-lhe desde já o gozo de
uma MbertacSo que só estará consumada na gloria.

4. Qual o sentido cristao da llbertacáo ?

— é o que nos descreve a Biblia ao longo da historia da salvagSo,


e o que encontra sua expressSo máxima no misterio pascal de Cristo morto
e ressuscltado. Cristo é essencialmente o Salvador, o Redentor, o Liberta
dor. Nao é, porém, um restaurador político nem seu reino é déste mundo.
Cristo nos liberta do pecado, da leí e da morte. O caminho para a llbertagSo
é o espirito das bem-aventurancas.

'Para sermos livres é que Cristo nos libertou' (Gal 5,1). Por ceiio, a
plena libertagao supde a plena extingáo de todas as servldóes que hoje
oprimem o homem e o impedem de ser o artífice de seu próprlo destino.
Nao é cristáo o dominio do homem pelo homem, de um povo por outro povo.

— 530 —
DOCUMENTOS DE MEDELL1N 19

Todavia a NbertacSo crista é, antes do mais, superacSo de pecado, exi


gencia de santidade e esperance da gloria. 'Agora, livres do pecado e es-
cravos de Deus, frutHlcals para a santidade e o vosso Jim é a vida eterna"
(Rom 6,22). A libertacfio nao se reduz ao setor meramentn interior e esca-
tológlco (abarca a totalidade do homem e de sua historia). Contudo nem
por isto ela se reduz ao plano socio-económico e político. No conceito do
cristSo, a tibertacño tende a criar 'o homem novo, feito segundo Deus em
justica e santidade verdadeiras1 (Ef 4,24). 6sse homem novo surge sempre,
como em Cristo, da atividade interior do Espirito que torna fecundos o
definhar e a morte. A libertacáo trazlda por Cristo é inspirada pela justica
e o amor. Ela é expressa pela paz. Ela é realizada pela suprema doacáo de
Cristo até a cruz.

5. Que tipo de Igreja surge após Medellín ?

— Surge a única e Invariável Igreja de Jesús Cristo, que nao deixa de


se renovar sob a acfio do Espirito Santo até que pela cruz Ela chegue á
luz sem ocaso (Const. 'Lumen Gentlum1 n? 9). Nao se trata de urna Igreja
originalmente nova, como se antes tlvesse sido Infiel ao Evangelho,... ou
como se recentemente tivesse descoberto sua missao ou se houvesse com
prometido a realizá-la. O Espirito a purifica e a renova para que exprima e
realize entre os homens o Senhor ressuscitado. Isto é essencial na Igreja
que surge em Medellín: sua identldade com Jesús Cristo. Esta nota supóe
a progressiva transformagao de todos os cristaos em Cristo.
Há, porém, aspectos novos, que é preciso sublinhar em nossa Igreja.
Antes do mais, sua inquietude central em prol de urna auténtica evangeli-
zacáo Sem descuidar ou subestimar a funcáo sacramental ou cultural (essen-
clalmente o misterio da Igreja), hoje se acentúa fortemente a missao pro-
fética1,... no verdadeiro e pleno sentido da palavra. Temos um continente
balizado, mas apenas superficialmente evangelizado. Torna-se mister ilumi
nar a fé, torná-la madura, e comprometé-la com a vida.
Por conseguinte, trata-se da preocupacio essencialmente religiosa com
a salvacáo integral do homem e a promocáo solidaria dos povos. Sem perder
de vista sua perspectiva divina e escatológica, a Igreja se ¡nsere na historia
e se encarna no processo da atual transformacao do continente.
Finalmente, a Igreja latino-americana toma conscléncia de sua vocacSo
especifica a viver em perfeita comunháo com a Igreja universal. Ela tem
alao de próprio a oferecer á variada riqueza da única Igreja de Cristo, e
sente-se obrigada a se desabrochar sob a acSo do Espirito, guardando a
sua esséncia original.

6. Qual seria, a dois anos de distancia de Medellín, a


exigencia mais premente da Segunda Assembléia Geral do
Episcopado Latino-Americano ?

Que nos esforcemos seriamente por penetrar o conteúdo religioso


dessa Assembléia e procuremos realizar a sua mensagem na íntegra. A

1 Missao proíética, no caso, significa a proclamacáo e a trans-


missao da palavra de Deus ou da doutrina sagrada.

— 531 —
20 *PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 2

primeira coisa que se nos pede, é que sejamos suficientemente pobres para
sentir-nos necessitados de conversSo e nao nos arvoremos em possessores
absolutos da verdade1.

Urna exigencia fundamental e Inadiável de Medellin é que todos nos,


cristáos, vivamos realmente a unidade. Que nao violemos fácilmente a co-
munháo a pretexto de salvar a autenticidade pessoal, a fidelidade ao Evan-
gelho ou o servigo aos Irmfios. Compete-nos procurar juntos os caminhos
do Senhor e comprometer-nos juntos a realizar a voz do Espirito.

Medellin exige de nos, cristáos, que sejamos os servidores dos homens.


E nos o seremos na medida em que nos convertermos em singelos e ocultos
servidores de Cristo. Ou seja,... na medida em que Cristo vlver plenamente
em nos. Porque o mundo espera da Igreja a sua salvacSo. E o único que
salva, é Cristo".

As ponderagóes de D. Pironio aqui transcritas fazem, de


certo modo, eco a declaracóes do mesmo prelado proferidas
por ocasiáo da solenidade de Páscoa de 1970 e publicadas em
SEDOC, setembro 1970, cois. 333-337. Pode-93 dizer que consti-
tuem a auténtica interpretagáo do pensamento do episcopado
latino-americano diante das convulsóes que o nosso continente
vai experimentando.

1 «Nao se julgar possuidor absoluto da verdade» quer dizer no


caso: conservarse aberto para aprender, nao menosprezar de ante-
máo o que se diz ou faz íora da Igreja Católica. — Nao significa,
porém, relativismo religioso, como se o Credo professado pela Igreja
Católica nao fósse a irrevogável e iníalivel Palavra de Deus.

— 532 —
PEDRO, PEDRA DA IGREJA 21

III. CRÍTICA LITERARIA

3) «Pedro, pedra fundamental da Igreja...

Auténticas palavras de Jesús em Mt 16,17-19?»

Em síntese: O texto de Mt 16,17-19 tem tftdas as características de


palavras provenientes dos labios mesmos de Jesús (ipslsslma verba), dado
o seu caráter (ortemente semítico. Grande número de expressdes al ocorren-
tes supoem o ambiente palestinense e o estilo da pregacSo de Jesús. Além
disto, a resposta de Jesús a Pedro é exigida pelos precedentes mesmos da
narracSo: o silencio de Me explica-se por motivos varios, entre os quais
está o fato de que Me reproduz a pregacáo de Pedro (Pedro era reticente
quando se tratava de suas prerrogativas pessoais).

Resposta: Últimamiante vem sendo de novo muito estu-


dado o primado do Apostólo Pedro. A crítica filológica e lite
raria levanta a questáo em termos que suscitam a atengáo do
grande público. Tenha-se em vista a edigáo do Novo Testa
mento recentemente langada pala Sociedade Bíblica do Brasil,
com aprovagáo católica, edigáo que será diretamente objeto do
artigo n* 4 déste fascículo. — Ñas páginas que se seguem, con
sideraremos o texto de Mt 16,17-19 em suas linhas gerais.

1. Auténticas palavras ? — Os manuscritos

1. O motivo principal pelo qual se questiona a autenti-


cidade de Mt 16,17-19, é o fato de que só se encontra no
Evangelho de S. Mateus, embora Me e Le refiram, como Mt,
os respectivos precedentes.

Eis, pois, o episodio de que se trata, na recensáo de cada


qual dos Evangelhos sinóticos :

— 533 —
22 -PKRGUNTE E RESPONDEREMOS.* 132/1970, qu. 3

Mt 16 Me 8 Le 9

11 Chegou Jesús á re- " Saiu Jesús com " Certa vez Jesús se
giáo de Cesaréia de Fi- seus discípulos para as retirou á parte para re
lipe e perguntou a seus aldeias de Cesaréia de zar e estavam com ele
discípulos: "Quem dizem Filipe. Pelo camlnho in- sómente seus discípulos.
os homens que é o Filho terrogou seus discípu Perguntou-lhes : "Quem
do homem ?" los, dizendo: "Quem di dizem as multidSes que
zem os homens que eu eu sou ?"
" Éles responderam :
sou ?"
"Uns dizem que é Jo§o " Responderam-Ihe :
Batista; outros, Elias; ou- 11 Responderam-Ihe : "Uns dizem que sois
tros, Jeremías ou algum "Uns dizem que sois Joáo Batista; outros,
dos profetas". Joáo Batista; outros, Elias; e outros dizem
Elias, e outros supóem que um dos antigos
13 "E vos, diz-lhes Je
que sois algum dos pro profetas ressuscitou".
sús, quem dizeis que eu
fetas".
sou ?" 31 "E vos, disse-lhes Je
°" Pergunta-lhes en- sús, quem dizeis que eu
"Tomando a palavra,
táo: "E vos quem dizeis sou ?"
Simao Pedro disse: "Vos
que eu sou ?" Tomando a palavra,
sois o Cristo, o Filho do
Pedro respondeu-lhe: Pedro respondeu : "Vos
Deus vivo".
"Vos sois o Cristo I" sois o Cristo de Deus I"
17 Em resposla, Jesús
Ihe declarou: "Bem-aven-
turado és, Slmáo, filho
de Joñas, porque nio fol
a carne e o sangue que
te revelou islo, mas slm
meu Pal que está no
céu.'" Eu, por mlnha vez,
te digo que tu és Pedro o
sdbre essa pedra edifica
re! mlnha Igreja e as por
tas do inferno nlo pre-
valeceráo contra ela. " E
eu te daret as chaves do
reino do céu. Tudo que
ligares sdbre a térra, se
rá ligado no céu, e tudo
que desligares sdbre a
térra, será desligado no
Céu".

" Ao mesmo tempo, or- * E Jesús proibiu-lhes :l Mas ele Ihes orde-
denou aos seus discípu severamente que dis- nou em tom severo que
los que a ninguém dls- sessem isto a qualquer a ninguém dissessem
sessem que ele era o pessoa. isso.
Cristo.

Como se vé, Mt tem a mais, sobre Me e Le, o elogio de


Jesús ao Apostólo (v. 17) e a promsssa do primado (w. 18-19).
Em Me e Le, Jesús nao responde ao Apostólo, mas manda a
todos os discípulos que se calem a respeito de quanto haviam
ouvido dos labios de Pedro.
PEDRO, PEPRA DA IGREJA 23

Pergunta-se entáo: que valor atribuir á sscgáo própria de


Mt 16,17-19, cuja importancia é capital para a eclesiologia?
— Em resposta, deve-se distinguir entre crítica externa e
crítica interna do texto. Passemos á primeira.

2. A crítica externa 6 a que cstuda os códices antigos e


a transmissáo do texto sagrado.
Verifica-se que a tradigáo dos manuscritos, desde os pri-
meiros séculos, é quase unánime ao consignar o texto de Mt
16,17-19 na sua integra; nao havia oscilacáo entre os copistas
ou entre as familias literarias de códices. Também as tradu-
Cóes antigás do texto de Mt apresentam sem lacuna a passa-
gem ácima. Disto 93 concluí que os w. 17-19, próprios de Mt,
pertencem realmente, como parte integrante, ao texto grego
de Mt.
Esta afirmagáo pode ser corroborada por um exame da
edicáo crítica do Novo Testamento grego devida a Kurt Aland,
Matthew Black... das «United Bible Societies». O aparato
crítico nao menciona variante alguma relativa a Mt 16,17-19.
Examinemos agora outro criterio de autenticidade.

2. Auténticas palavras ? — Lingüística

O fato de que sómente Mt consigna as palavras de Jesús


em Mt 16,17-19, tem sugerido a alguns estudiosos a hipótese
de que tais palavras nao se devem a Jesús mesmo, mas, sim,
as comunidades cristas que no decorrer dos séculos I e II te-
riam concebido e formulado tais dizeres; fora da Palestina,
posslvelmente na Siria, a veneragáo tributada ao Apostólo Sao
Pedro haveria inspirado essa proclamagáo ficticia imaginaria
mente feita por Jesús a Pedro. Em conseqüéncia, o primado
de Pedro nao seria o resultado do genuino pensamento de
Cristo, mas correspondería apenas as tendencias de determi
nadas faecóes do Cristianismo primitivo, faegóes que encontra-
ram a expressáo de seu modo de pensar através de Mt.
Os protestantes geralmente impugnam a autenticidade de
Mt 16,17-19. Todavía mesmo entre éles existem estudiosos de
grande autoridade que nao hesitam em reconhecer a genuini-
dade de tal passagem; tenham-se em vista J.-J. van Allmen
e Osear Cullmann (na bibliografía déste artigo).
Ora o exame filológico de Mt 16,17-19 revela a índole
notávelmente arcaica ou semítica désses dizeres, índole arcaica

— 535 —
24 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS* 132/1970, qu. 3

que faz crer, se trate de palavras do próprio Cristo proferidas


em ambiente palestinense. Com efeito, levem-se em oonsidera-
C§o os seguintes tópicos:

1) o ritmo estrófico: «Tu és o Cristo. Tu és Pedro...»

2) O macarismo' «Feliz es tu...», muito freqüente ñas


Escrituras. Tenham-me em vista as oito bem-aventurancas de
Mt 5,3-11; Le 6,20-22, assim como Le 10,23; ll,27s; 14,15.. .
O livro dos Salmos apresanta 26 vézes a fórmula «Feliz é aquéle
que...»; o dos Proverbios, oito vézes.

3) O apelativo «Simáo, filho de Joñas». Jesús chama o


discípulo por seu nome judeu completo, mencionando a respec
tiva filiagáo, como ocorre em Is 1,1; Zac 1,1; Sof 1,1. Bar-Yona,
no texto grego, pareoa ser a contragáo de Bar-Yohanna, filhó
de Joáo.

4) A expressáo «carne e sangue» designa, em linguagem


semítica, a natureza humana com suas faculdades naturais;
cf. Eclo 14,18; Gal 1,16; Rom 7,5; 1 Cor 15,15; Ef 6,12; Hebr
2,14.

5) "O Pai que está nos. céus» é outro semitismo. A afir-


iii;k;;íu <lc Jr-sus ;i I'edr.-) faz ero nítido a MI. 11,27: «Ninguém
conhece o Filho senüo o lJai».

6) A assonáncia «Tu és Pedro, e sobre esta pedra...»


nao se entendería nem cm latim (P«trus, prctra) ncm em prego
(Potros, pétra). Ela supóe o aramaico, lingua falada por Jesús,
em que o termo Kepha permanece invariável. Chama especial
mente a atsncáo o fato de que nem o substantivo grego Pétros
nem o aramaico Kepha eram utilizados como nomes próprios
antes- de Jesús. Foi o Senhor quem, num gesto inédito, mudou
o nome de Simáo para Kepha (cf. Jo 1,42; Me 3,16; Le 6,14);
tal gesto inédito nao teria sentido se nao preparasse o troca-
dilho e a promessa contidos em Mt 16,17s.

O texto grego apresenta na primeira parte da frase Pétros


e na segunda petra, o que bem se comprende, pois a forma
masculina Pétros (existente em grego) era mais adaptada a
designar o varáo do que a forma feminina pétra. Tanto Pétros

1 Macarismo vem do grego makários, feliz. Significa "proclamacSo de


felicidads".

— 536 —
PEDRO, PEDRA DA IGREJA 25

como petra em grego significa pedra, com a diferenca, porém,


de que pétra significa rocha, grande, ao passo que pétros se
refere a pedra que posea ser arremessada á máo livie. No
texto de Mt 16,18, como dito, o emprégo sucessivo de Pétros
e pétra se deve á afinidade entre Petras e o género masculino.
As mudangas de nome sao assaz freqüentes no Antigo Tes
tamento: indicam novo relacionamento entre a pcssoa que no-
meia e a que é nomeada; designam outrossim o encargo ou a
tarefa de quem recebe o nome. Sejam mencionados os casos
de Abraáo e Sara (cf. Gen 17,5-15), Jaco (cf. Gen 35,10),
Josué (cf. Núm 13,16), Eliacim (cf. 2 Rs 23,34), Sedecias (cf. 2
Rs 24,17). No caso do Apostólo, o significado do episodio é
claro: Simáo será a pedra fundamental ou a rocha inabalável
sobre a qual Jesús construirá a sua Igreja.
As expressóes «pedra fundamental» e «construir», em sen
tido figurado, sao bíblicas. O profeta Isaías (28,16) diz que
Javé coloca urna pedra fundamental em Siáo. Os rabinos,
apoiando-ss em Is 51,ls, ensinavam que Abraáo era o funda
mento sobre o qual Deus construiría o mundo. — Nao há dú-
vida, Cristo fica sendo sempre o fundamento invisivel da Igreja
(cf. 1 Cor 3,10s; 1 Pe 2,6-8; Ef 2,20); mas Pedro tornou-se o
fundamento visivel após a Ascensáo do Senhor.
7) A palavra «Igreja» vem do grego ekklesía, que na
linguagcm profana significa urna convocagao do povo. No texto
bíblico grego dos LXX, corresponde aos vocábulos qahal e edah,
que designam a comunidade de Israel ou o povo de Deus (cf. Dt
31,30; Jz 21,1; Prov 5,14). No Evangelho, vem a ser o grupo
de discípulos que Jesús reuniu e que haveriam de ser o novo
povo de Deus.
Precisamente a presenca do yocábulo «Igreja» em Mt 16,18
torna suspeita, para muitos críticos, esta passagem do Evan
gelho. Terá Jesús realmente falado de Igreja? Nao pregou Ele
o remo de Deus, que haveria de por fim á historia e renovar
a face da térra?
— Nao há dúvida, Jesús anunciou a vinda do Reino
(malkouth) de Deus ou dos céus. Mas ésse reino nao acarre-
taria urna catástrofe iminente; ao contrario, haveria de se cons
tituir lentamente através dos sáculos; é o que insinuam certas
parábolas, como a do grao de mostarda, que comeca pequeño
e se torna árvore pujante; a do fermento que levanta a massa
(cf. Mt 13,31-33); a do joio e do trigo, que devem crescer no
mesmo campo até que venha a época da messe (cf. Mt 13,
24-30. 36-43). Entre a morte de Jesús e a consumacáo da his-

— 537 —
2G «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 3

tória devia correr um certo tempo (cf. Me 2,18-20; Le 21,24).


Jesús mesmo nao teria formado Apostólos, se estes nao hou-
vessem de continuar a obra do Mestre, tomando-se «pescadores
de homens» (cf. Me 1,17; 3,13-19).

8) «As portas do inferno...», eis outra locugáo típica


mente semítica. «Inferno» é a traducáo de Hades (grego) e
sheol (aramaieo). Designa a regiáo dos mortos ou a própria
morte. As portas eram, entre os orientáis, os lugares mais mu
nidos e fortalecidos de urna cidade, pois por elas é que entrava
o invasor. Por conseguinte, «as portas do inferno» designam,
em Mt 16,18, o poderío da morts ou as potencias do mal que,
depois de ter arrastado os homens para o pecado, o podem
precipitar na morte eterna. Ora, construida sobre a rocha que
é Pedro, a Igreja de Cristo nao sucumbirá aos ataques do mal,
mas será indefectivel (cf. Mt 7,24s; Le 6,47s; Mt 28,20).

9) «Dar-te-ei as chaves do Reino dos céus». A seme-


lhanca da Cidade da Morte, a Cidade de Dsus tem suas portas,
pelas quais só pode entrar quem seja digno. Por isto é que
Pedro recebe as chaves do Reino dos céus; compets-lhe abrir
e fechar o acesso do Reino, na qualidade de mordomo. O pleno
sentido da imagem das chaves se depreende do texto de Is
22,20-22, onde o profeta, em nome de Deus, promete ao rei
Eliacim as chaves que simbolizaráo o seu poder: «Naquele dia,
chamarei o meu servo Eliacim, filho de Heldas... Ele será
como um pai para os habitantes de Jerusalém e para a Casa
de Judá. Porei sobre os seus ombros a chave da Casa de Davi;
ele abrirá, e nao haverá quem feche; fechará e nao haverá
quem abra».
As chaves como insignia do poder ocorrem também em
Apc 3,7. Em Mt 16,19 elas caracterizam a funcáo eminente
de Pedro na Igreja de Cristo.
Ainda outro semitismo ocorre em Mt 16,19, o qual merece
ser consicterad? á parte.

3.

— a construcáo passiva e o ernprégo da expressáo «nos


céus». Tais artificios eram neosssários para se evitar o uso

— 538 —
PEDRO, PEDRA DA IGREJA 27

do santíssimo nome de Javé. Equivalem a «o Senhor Deus o


ligará ou desligará»;
— o binomio «ligar-desligar» (asar e sherá ou hithir) era
técnico na linguagem rabínica para designar, primeiramente
no plano disciplinar, a excomunháo que podia ser imposta (de
modo a ligar) ou retirada (de modo a desligar). Ulteriormente,
significava decisóes doutrinárias ou jurídicas, que ou proibiam,
declaravam ilícito (ligavam), ou permitiam, declaravam licito
(desligavam).
Os atos assim praticados eram tidos pelos rabinos como
válidos e confirmados diante do supremo juízo de Deus (vejam-
se os textos citados á p. 34 [546]). Entre os judeus que levavam
vida comunitaria sob urna Regra, o binomio «ligar e desligar»
também era usual na acepgáo indicada. Tenha-se em vista o
que diz o «Documento de Damasco» a respeito do mebaqqer
ou Vigilante, Superintendente da comunidade: «Ame os mem-
bros da comunidade como um pai ama seus filhos e carregue
todos os fardos déles, como faz um pastor em relacáo ao seu
rebanho; ele desligará todos os nos dos seus liames de modo
que nao haja alguém oprimido ou esmagado na sua congre-
gagáo» (13,9-10).
Tais consideragóes sugerem a conclusáo: Jesús tencionou
confiar a Pedro (como mordomo ou detentar das chaves do
Reino) o poder de admitir neste ou de excluir a quem Pedro
julgasse oportuno receber ou rechacar; entregou-lhe também
o poder cte governar a comunidade mediante decisóes oportunas
em materia de doutrina e moral. As sentengas de Pedro have-
riam de ser confirmadas pelo próprio Deus.
Eis, porém, que urna dúvida de gramática se póe a esta
altura... Será considerada no artigo n« 4 déste fascículo.
— Por ora passemos a

4. Ulteriores observares

1. O primado que Jesús promete a Pedro, é realmente


conferido a éste Apostólo em Jo 21,15-17, onde Jesús por tres
vézes diz a Pedro: «Apasoanta meus cordeiros (ou ovelhas) !»
Leve-se em consideragáo também a solene declaragáo de
Jesús, que coloca Pedro em lugar singular e eminente: «Simáo,
Simáo, eis que Satanás vos reclamou para joeirar-vos como
trigo. Mas roguei por ti, para que nao desfaleca a tua fé; e
tu, quando voltares, confirma teus irmáos !■» (Le 22,31s).

— 539 —
28 fPKRGUNTE E RESPONDEREMOS* 132/1970, qu. 3

Ésfess textos revelam claramente em Jesús a intengáo de


conferir ao Apostólo Pedro urna fungáo de primazia em relagáo
nao sómente a todos os fiéis, mas também frente aos seus
demais irmáos no episcopado.

2. Verdade é que em Mt 18,18 Jesús diz a todos os Apos


tólos o que afirma a Pedro em particular:
«Em verdade vos digo: tudo que ligardes na térra, será
ligado no céu; e tudo que desligardes na térra, será desligado
no céu».
Déste texto se segué que os doze Apostólos (Pedro e os
onze restantes) possuem poder de magisterio e jurisdigáo para
governar a S. Igreja oolegialmente. Jamáis, porém, os onze
estáo capacitados para exercer atos válidos sem Pedro, pois
a sua autoridade sem éste é nula. Mais: o que Jesús confiou
aos doze simultáneamente, confiou-o a Pedro em particular,
de sorte que éste pode por si só exercer válido govérrro sobra
o rebanho de Cristo. Há, pois, dois poderes nao adecuadamente
distintos um do outro, mediante os quais a Igreja pode ser
regida: ou o dos doze Apostólos (incluindo necessáriamente
Pedro) ou o de Pedro só (o qual geralmente nao age sem
ouvir seus irmáos .no episcopado). Cf. «P. R.» 121/1970, pp.
29-36.

3. A prioridade de Pedro entre os Apostólos ó manifes


tada ainda através de outras passagens do S. Evangelho :
Pedro neste é nomeado 114 vézes, ao passo que Joáo (o
qual l'he vem logo a seguir) é mencionado 38 vézes apenas.
Muitas vézes Pedro é o porta-voz dos doze: cf. Me 10,28;
Mt 15,15; 18,21; 19,27; Le 12,41; 18,28; Jo 6,68; 13,6-10.24.
Por ocasiáo da pesca milagrosa, Pedro desempenha a funcáo
principal (cf. Le 5,1-11); caminha sobre as aguas (cf. Mt 14,
28s); paga o imposto do Templo tanto em seu nome como no
de Jesús (cf. Mt 17,24-27).

5. O silencio de Me e Le

Resta agora explicar por que sómente Mt refere a resposta


de Jesús a Pedro (cf. Mt 16,17-19), ao passo que Me e Le
a silenciam.
Observe-se, antes do rnais, que as palavras de Jesús em
Mt 16,17-19 estáo harmoniosamente concatenadas com seus
antecedentes e parecem realmente ter ai seu lugar próprio.

— 540 —
PEDRO, PEDRA DA IGREJA 29

— Com efeito, quando Jesús interrogou seus discípulos, inter-


rogou-os em vista de urna resposta, resposta esta que devia
levar a alguma conclusáo. Todavia, se logo após a confissáo
de Pedro, Jesús impós silencio, sem julgar favorável ou desfa-
vorávelmente as palavras do Apostólo, nao se vé por que Jesús
langou a questáo. Numa consideragáo objetiva do texto sagra
do, verifica-se que há um hiato na narragáo de Me e Le, hiato
que Mt preenche harmoniosamente; a investidura de Pedro
por parte de Jesús dá pleno sentido ao episodio. Por conse-
guinte, «o que se deve explicar, comenta o P. Lagrange, nao
é o mais de Mt, mas, sim, o silencio de Me (seguido por Le)»
(«Commentaire sur Saint Matthieu». París 1923, p. 321).
Quais seriam entáo as razóes do silencio de Me ?
— Eusébio de Cesaréia (f 340) indicava a humildade de
Pedro, de cuja pregagáo Marcos é o arauto; o Apostólo terá
evitado narrar o que fósse em favor de sua exaltagáo. Há tam-
bém quem julgue que Marcos e Lucas, escrevendo para gen
tíos convertidos, preferiram deixar de lado urna secgáo mar
cadamente aramaizante. A estas razóss pode-se acrescentar
outra,' muito plausível:

O Evangelho de Mateus é, por excelencia, o Evangelho da


Igreja, isto é, de urna comunidade que se organiza. Essa comu-
nidade é a continuagáo do antigo povo de Deus; é a comuni
dade da Nova Alianga. Jesús ai aparece como o novo Moisés,
que ultrapassa o seu prototipo. Néste contexto, Mt 16, 18s re
fere a investidura daquele que ssrá o representante de Jesús
na comunidade; ésse representante prosseguirá a obra de Jesús,
como Josué continuou a tarefa de Moisés ao guiar a assem-
bléia de Israel (cf. Núm 27,15-23; investidura de Josué). — Ora
o tema «Igreja» nao aparece com a mesma énfass em Me e Le;
por conseguinte, compreende-se que estes dois outros relatos
evangélicos nao nos tenham consignado o trecho de Mt 16 táo
relacionado com a Igreja.
Vé-se assim que a própria crítica, objetivamente movida,
reeonhece a autenticidade de Mt 16,17-19.

Bibliografía:

Autores católicos:

W. J. Tobln, "La primauté de Plerre selon les Évanglles", em "Lumen


Vitae" XXII (1967) 629-673.
J. J. Weber, "Permanence des promesses faltes á Pierre", em "Assem-
blées du Seigneur" n? 84. París 1967, pp. 27-46.

— 541 —
30 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970. qu. 3

O. Porler, "Petrus", em "Lexikon für Theologie und Kirche" VIII. Frei-


burg i./Br. 1963, cois. 334-341.
A. Vogtle, "Blnden und Losen", em "Lexikon für Theologie und Kirche"
XII, ib. 1953, cois. 480-483.
B. Rlgaux, "Témoignage de l'Évangile de Matthieu". Desclée de Brouwer
1967.

ídem, "Témoignage de l'Évangile de Marc". Desclée de Brouwer 1965.


M. Burnler, "Perscrutando as Escrituras". S. Marcos" (I-V). Petrópolis
1969.

"San Pietro". Brescia 1967. Atas da XIX Semana Bíblica promovida


pela Socledade Bíblica Italiana em 1966.
P.-C. Landucci, "La promessa del Primato", em "Palestra del Clero"
XLVII (1968), pp. 212-222.
Ch. Journet, "Primauté de Pierre dans la perspective protestante et
dans la perspective catholique". Paris 1953.

Autores nao católicos:

O. Cullmann (protestante), "Petrus, Jünger-Apostel-Martyrer". Zürich


1960 2.
J. J. von Allmen (protestante), "Pierre", em "Vocabulaire Biblique".
Neuchátel 1954, pp. 198-201.
Cassien (oriental ortodoxo), "Saint Pierre dans l'Église du Nouveau
Testament. Le probléme de la primauté", em "Istina" 1954, p. 279.

--— X

«Nao vejo bem o. que, após a minha morte, tenei a mais,


além do que possuo desde ja. ..
Verei o bom Deus, é verdatfe. Mas, quanto a estar com
file, já o tenho por completó ja na térra».

(S. 'Teresa de Lisieux)

— 542 —
«TERÁ SIDO DESLIGADO» ? 31

IV. TRADUgÁO MELINDROSA

4) «Urna dúvida de traducao: •... será ligado (desli


gado) no céu' ou terá sido ligado (desligado) no céu', em
Mt 16,19 ?»

Em sintese: A traducáo "terá sido ligado (desligado)..." é pouco


feliz, pols nao leva em conta a índole do original grego, onde ocorie o
futuro Indicativo do verbo efnal (ser) acompannado de participio perfelto
passivo. Esta construcáo, no idioma grego do Novo Testamento, nao signi
fica urna acáo futura anterior a outra acSo futura, mas designa o modo
da acáo Indicada (alias, os lempos do verbo grego, fora do indicativo,
significam modos de acáo, e nao passado, presente ou futuro). O participio
perfeito passivo em Mt 16,19 designa algo de definitivo e permanente a
ocorrer no futuro, sem conotar necessárlamente anterloridade em relacfio
a outro futuro. Donde se deduz que melhor seria traduzir: "será definitiva
mente ligado (desligado) nos céus". Textos do Ndvo Testamento, assim
como numerosos dizeres dos rabinos coletados no Talmud, confirmam esta
última ¡nterpretacáo.

Rcsposta : O texto grego de Mt 16,19 apresenta o seguinte


teor ;

«Ho can deéseeis epi toes gees estai dcdcmúncn «n tois


ouranois,
kai ho ean lyseeis epi tees gees estai lelyménon en tois
ouranois».

Texto que a edigáo. do Novo Testamento publicada pela


Sociedade Bíblica do Brasil (segundo Joáo Ferreira de Almeida
e revisores recentes), traduz por
«O que ligares na térra, terá sido ligado nos céus,
E o que desligares na térra, terá sido desligado nos céus» *.
«Terá sido» em vez da tradicional forma «será»,... por
que o texto grego usa participios perfeitos passivos (dedemé-
non e lelyménon), o que sugere aos tradutores da Sociedade
Bíblica a idéia de futuro anterior.
Segundo tal interpretagáo de Mt 16,19, Pedro nao teria
senáo a fungáo de declarar ou tornar pública a sentenga pro
ferida peto Pai do céu sobre os fiéis. Pedro nao exerceria juris-

1 Esta traducio se lé também na edigáo do Novo Testamento doada


pelos monges protestantes de Taizé ao Brasil.

— 543 —
32 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS;- 132/1970, gu. 4

digáo nem magisterio própriamente ditos. Será fiel tal inter-


pretagáo ao texto sagrado ?
— Antes do mais, que diz a gramática ?

1. A gramática

A maneira de traduzir ácima referida nao leva em conta


o sentido exato do participio perfeito associado ao futuro, em
grego. Esta construgáo nao significa neoessáriamente agáo fu
tura anterior a outra agáo futura (= futuro anterior), mas,
sim, (via de regra) agáo simplesmente futura cujo efeito será
duradouro e definitivo. Indica um estado que se verificará no
futuro e será permanente.
É o que se depreende do ensinamento de abalizados gra
máticos :

1) A «Greek Grammar» de Goodwin e Gulick, Ginn and


Co., p. 270, n* 1268, observa :
«The future perfect denotes that a future act will be imme-
diate, dccisive or permancnt; e. gr.
phráze, kai peprácsstai, Speak and it shall be (no sooner
said than done), Ar. Pl. 1027;l
ou Kreontos prostatou gegrápsetai, I shall not he enrolled
under the patronage of Creon, S.O.T., 411;
tethnecsei, He will be dead».

2) A «Greek GTammar for CoUsgcs» de Herbert Weir


Smyth, American Book Co., p. 436, ensina :
«1955. The future perfisct denotes a future state resulting
from a completed action : ananegrápsomai, I shall stand en-
rolled; dedésetai, he shall be kcpt in prison; e thyra keklésetai,
the dtíor will be kept shut. Ar. Lys. 1071...
1956. When stress is laid upon complete fulfilbnsnt, the
future perfect may imply rapidity, immediate consequence, or
certainty, of action accomplished in futura : phrazei, kai pe-
prácsetai, Speak, and it shall be done instanter, Ar. Pl. 1027.
Euthys Ariaios aphestezei ooste philos emin oudeis lelépsetai,
Ariaeus will soon withdrawn, so that will shall have no friend
left. X. A. 2.4.5.

1 Em portugués : "Fala, e certamente será felto" ou "Tao logo fales,


será feito".

— 544 —
«.TERA SIDO DESLIGADO» ? 33

1957. The future perfect may have an imperatíve forcé


(1917) : eirésetai gar talethés, For the trath shall (let it) be
spoken. I. 7. 76.
1958. When the perfect has the forcé of a present, the
future perfect is used like a simple future (1946) : keklésomai,
I shall be the ñame...»

3) A famosa obra de Blass-Debruimer «Grammatik des


neutestamentlichen Griechisch». Gottingen 12 1965, p. 215 trata
da conjugagáo perifrástica do verbo. Afirma entáo que o verbo
eínai (ser) com o participio, muitas vézes na lingua clássica
— e mais freqüentemente no grego do Novo Testamento—,
nao é senáo urna maneira perifrástica de exprimir o passado
e o futuro simples. Cita entáo como exemplos os textos de Mt
16,19 e Mt 18,18, onde o verbo eínai no futuro seguido de par
ticipio perfeito equivale ao futuro simples (expresso com énfase
ou de maneira a indicar urna agáo definitiva).

Assevera Blass-Debrunner: «Ein Fut. Perf. (Fut IH)


kommt im NT nicht vor. — Nao ocorre no N.T. exemplo de
futuro psrfeito (futuro III)» (p. 215). O futuro II vem a ser,
no caso, o futuro simples construido perifrásticamente.

4) No seu livro «An idiom-book of N.T. Gnsek (Cam


bridge University Press 1953), C. F. Moule, filólogo anglicano,
comenta Mt 16,19 nos seguintes termos : «... seems more na-
turally to mean shall be found than shall have be found (through
it might be stretcbad to mean shall be fiound to be bound; so
18,18; Le 12,52)».
A abalizada tradugáo da Biblia de Jerusaiém apresenta o
texto seguinte : «... ce sera tenu dans les cieux pour lié,...
délié», o que sugere confirmagáo de sentenca primeiramente
proferida por Pedro na térra.

5) M. Zerwick, em «Analysis philologica No.vi Testamenti


Graeci», Romae 1953, p. 41, ao comentar Mt 16,19, nota:
«éstai fut. med. eimi. dedeménon pet pf pass. deoo; pf : defi-
nitive». Zerwick, portanto, nao atribuí a construgáo de Mt 16,19
o sentido de um futuro anterior, mas, sim, o de urna agáo
realizada em termos definitivos (definitiv©).
Alias, sabe-93 que os chamados «tempos» em grego' (como
em hebraico) nem sempre significam tempos (passado, pre
sente e futuro), mas, sim, modos da agáo, principalmente
quando ocorrem fora do indicativo.

— 545 —
34 *PERPUNTE K RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 4

Nos escritos mesmos do Novo Testamento, encontram-se


exemplos de futuro dito «segundo» (em grego) ou «anterior»,
que tém evidentemente o valor de um futuro simples. Assim:
Le 12,52 : esontai apó tou nyn pente en heni oikooi diame-
merismenoi, tre:s epi dysin kai dyo epi trisin.
Note-se : esontai... diamemerisménoi... Ferreira de Al-
meida traduz muito bem a frase por: «Daqui por diante esta
rá» cinco divididos numa casa : tres contra dois, e dois contra
tres», em vez de «Daqui por diante teráo sido: divididos...»,
o que nao teria sentido.
Hebr 2,13: egóo ésomai pepoithóos ep'autou. Na tradu
gáo de Ferreira de Almeida: «Eu porei nele a minha con-
fianca», em vez de «Eu terei posto néle a minha confianga».
Sámente em Mt 16,19 é que o texto de Ferreira de Almei
da deixa seus saos principios de tradugáo. Por qué ?...
A bem dizer, portanto, a reta tradugáo de Mt 16,19 há
de ser:
«O que ligares na térra, estará definitivamente ligado no
céu,... estará definitivamente desligado...»
ou

«O que ligares na térra, será e permanecerá ligado nos


céus...»
Nao é, pois, recomendável, á luz da lingüística mesma,
traduzir éstai com participio perfeito em Mt 16,19 por um
futuro anterior. — Esta conclusáo se confirma pela considera-
gáo de outro elemento, ou seja, do Talmud.

2. E o Talmud ?

O Talmud é. urna coletánea de dizeres rabinicos que a


tradigáa judaica codificou através dos séculos, de sorte que
mediante essa obra se pode reconstituir a mente dos mestres
de Israel contemporáneos e pouco posteriores a Cristo.
No Talmud encontram-se numerosas sentencas de rabinos
atinentes a «ligar-desligar». Através de um exame atento désses
textos, verifica-se que, para os rabinos, urna sentenga proferida
por um conselho ou um tribunal religioso na térra nao era
simplesmente a declaragáo de algo que o Senhor já tivesse
determinado no céu, mas, ao contrario, era algo de determi
nante e decisivo, que Javé ratificava ou confirmava no céu.
Abaixo váo transcritos alguns espécimens de tais dizeres
de rabinos colhidos na obra de Strack-Billerbeck, «Kommentar
zum Neuen Testament aus Talmud und Midrasch». I, 5» ed.,

— 546 —
¿TERA SIDO DESLIGADO» ? 35

München, pp. 738.747. — O leitor nao se impressionará com


a simploriedade de tais afirmagóes rabínicas (o Talmud está
cheio de historietas semelhantes). O que importa, é verificar
que já os mestres de Israel tinham consciéncia de que Deus
pode conceder aos homens o poder de decidir e definir em
nome do próprio Deus. É sobre éste fundo de cena que se háo
de entender o «ligar-desligar» e o resto do texto de Mt 16,19.
Tenhamise em vista as seguintes passagens:
ExR 15 (76?): "Os anjos adidos ao ministerio disseram diante de
Deus: 'Senhor do universo, quando determinarás as testas, conforme o
que está escrito em Dan 4,14... ?' Ele respondeu : 'Eu e vos confirma
remos o que os filhos de Israel determinaren! e os anos jubilares que éles
dispuserem'".
P' Slq 53b: "R. Hoschala ensinou : 'Quando a corte judiciárla infe
rior resolve e decreta: Éste é o primelro dia do ano, entáo diz Deus aos
anjos, seus ministros: Instalal a cátedra do julgamento, convocal o defensor
e o acusado, pola a corte Inferior decretou e díase: Éste ó o primelro día
do ano. No primelro día do ano Deus se senta para julgar o mundo'".
R. Pinochas e R. Chilqljja disseram em nome do rabino Simao: "Todos
os anjos adidos ao ministerio reuniram-se na presenga de Deus e disseram:
'Senhor do universo, quando será o primelro día do ano T Ele respondeu :
'É a mim que perguntais ? Eu e vos interrogaremos a cdrte judiciárla In
ferior' ".
ExR 15 (77<9. A determinacSo de celebrar um ano de treze meses
foi baixada por dez anclaos. Quando os nossos mestres se reuniram para
decretar um ano mais longo, congregaram-se dez anciáos experimentados
na escola, estando o representante do sinedrio com oles. Fecharam as
portas e trataram do assunto durante a noite Intelra. A mela-nolte disseram
ao representante do sinedrio: 'Queremos tornar éste ano mais longo, de
sorte que ele tenha troze meses. Queres decretá-lo conosco ?' Ele res
pondeu : 'Concordo com o vosso alvltre'. EntSo desceu urna luz e se colo-
cou diante deles; asslm ficaram sabendo que Deus havia confirmado a
sentenca déles. O que éles determinaran^ determlnou-o Deus com éles".
Targum relativo a Cántico 8,13: "Salomfio dlsse no fim de sua pro
fecía : 'No futuro, o Senhor do universo dirá á coletlvldade de Israel: Del-
xa-me ouvlr a doutrina, a voz de tuas palavras, sempre que te sentas para
absolver e para condenar; eu confirmare! tudo que tlveres dito' ".

Estes e outros textos que se poderiam ainda aduzir, consti-


tuem o fundo de cena á luz do qual háo de ser interpretados
o «ligar-desligar» e a funcáo dos céus em relagáo» as sentencas
da térra, em Mt 16,19 : ao juízo terrestre os rabinos atribuiam
prioridade e caráter decisivo, definitivo.
Donde se vé que também pelo recurso ao Tamuld ss torna
claro que a auténtica tradugáo de Mt 16,19 nao é «terá sido
ligado... terá sido desligado...», mas, sim, «será definitiva
mente ligado... desligado».
É, pois, para desejar que se revejam quanto antes as
edigóes do Novo Testamento portadoras da nova e infeliz tra
dugáo de Mt 16,19!

— 547 —
36 SAO CARLOS MAGNO ?

V. SANTOS E "SANTOS"

5) «O Imperador Carlos Magno da Franga c um santo


escandaloso!

Gomo se explica tenha sido canonizado' ?»

Em sínlese: Carlos Magno é a figura de um monarca que intencionou


sinceramente ser cristáo, mas nao pode evitar as marcas de sua índole de
guerreiro bárbaro. A tradicáo popular e a literatura medieval o enalteceram
sem medir termos, mas, sim, impressionadas pela obra do Imperador. Na
realidade, Carlos Magno pos (¡m á era caótica Iniciada pelas invasóes bár
baras e proporclonou aos seus contemporáneos concordia, cultura e pros-
poridade. O Imperador Frederico Barbarroxa, em luta contra o Papa Ale-
xandre III, constituiu um antipapa denominado Pascoal III; éste, atendendo
aos interésses políticos de Barbarroxa, "canonlzou" ou declarou santo
Carlos Magno. Tal proclamacáo fol Ilícita; todavía encontrou eco ontre os
crlstáos de Aquisgrano e de certas regides da Franja e da Alemanha, que
passaram a venerar "Sao Carlos Magno". Els a origem déste tftulo, que
nao tem fundamento ñas declarares oficiáis da Igreja e que a reforma do
Calendario litúrgico já levou em considéraselo.

Rcsposta: A figura histórica do Imperador Carlos Magno


pode ser tida como ambigua; ela se presta a interpretares
diversas. Além do que, a lenda e a simpatía populares con-
correram para que se transmitiese um perfil aureolada de Car
los Magno, pouco correspondente á realidade.

Abaixo proporemos brevemente o esbógo biográfico de


Carlos Magno, ao que se acrescentaráo sucintos comentarios.

1. Esboco biográfico

Carlos nasceu provávelmente em 742, do mordomo Pepino


o Breve e daquela que seria posteriormente a rainha Berta no
reino dos Francos. Seus genitores só se casaram em 749 (mis
teriosa atitude !)

Pouco se sabe da infancia de Carlos. Quando Pepino fale-


ceu em setembro de 768, o reino dos Francos foi dividido entre
Carlos e seu irmáo Carlomano, que comecaram a reinar inde-
pendentemente um do outro. Mas em 771 morre Carlomano,

— 548 —
«EERGUNTE E RESPONDEREMOS» 13¿/197Ó, qu. 5 37

e Carlos se torna o único rei dos Francos, após ter hábilmente


afastado da heranga do trono os dois" filhos de Carlomano.

A raínha-máe Berta havia levado de Pavia (Italia) para


a Franca a filha do rei dos lombardos. Persuadiu seu filho a
que se casasse com tal princesa, a fim de favorecer a política
de alianca entre francos e lombardos. Carlos Magno, porém,
uma vez feito único rei, resolveu despedir sua esposa lombarda,
que regressou para Pavia, e voltou-se contra Desiderio, rei dos
lombardos. Em 774 venceu éste adversario, e colocou sobre a
própria cabeca a coroa lombarda, dizendo-se entáo «por graga
de Deus, rei dos francos e dos lombardos, e patricio dos ro
manos».

Sem esperar a queda do reino lombardo (que ele atacara


na primavera de 774), Carlos desceu a Roma e confirmou o
Papa Adriano I como senhor do Estado Pontificio, que Pepino
o Breve havia fundado em 716 K

Após ter dilatado o seu dominio sobre a Saxónia, a Ba-


visra e a Panónia, Carlos mais uma vez desceu a Roma; no
dia de Natal do ano de 800, entrou na basílica de S. Pedro
para orar. Quando se reerguia após a oragáo, o Papa Leáo III
aproximou-se déle e lhe colocou uma coroa imperial sobre a
cabega, enquanto a multidáo aclamava: «A Carlos Augusto,
coroado por Dsus, grande e pacífico Imperador, vida e Vitoria !»
Éste gesto, a quanto parece, nao foi improvisado, mas, sim,
cuidadosamente preparado por Carlos Magno, que aspirava
ao título de Imperador.

Estava assim restaurado o Imperio Romano no Ocidente,


tendo o reino dos francos como esteio principal. O aconteci-
mento tornou-se fator de certa prosperidade para o Ocidente,
mas nao pode deixar de ferir os ánimos dos bizantinos, que
em Constantinopla diziam continuar sem ruptura o Imperio da
antiga Roma. Nao obstante, em 812 o Imperador Miguel de
Bizáncio mandou uma embaixada a Aquisgrano, capital de Car
los Magno, a fim de saudar seu «irmáo, o Imperador Carlos».
Feito grande monarca, Carlos desenvolveu suas conquistas
militares ao norte, ao nordeste e a leste da Europa; tentou en
trar também na Espanha mugulmana.

1 A respeito do poder temporal dos Papas, sua origem e sua razSo


de ser, veja "P.R." 125/1970, pp. 213-223.

— 549 —
38 SAO CARLOS MAGNO?

Tornou-se outrossim fautor da cultura de sua gente : a


literatura, as artes, a filosofía estavam em lamentável declí-
nio, quando Carlos Magno, embora fósse um guerreiro inculto,
nasolveu chamar para a sua corte em Aquisgrano os sabios
de que ele teve noticia. Alcuino, das ilhas anglo-saxónicas,
Paulo Diácono, Pedro de Pisa, Paulino de Aquiléia, da Italia;
Clemente e Dungal, da Irlanda; Angilberto e Eginardo, da
Gália.

O setor religioso foi também zelosamente considerado por


Carlos Magno, que nao se furtou a certo cesaropapismo (inge
rencia excessiva de César em questóes próprias da Igreja).
O Imperador legislou sobre o ensino da fé, sobre a formacjto
dos sacerdotes e a Liturgia; fomentou os mosteiros, escolheu
bispos e arcebispos, com o quais deliberava sobre todos os as
pectos da vida do pais.

Finalmente após 46 anos de reinado, Carlos Magno veio


a falecer no dia 28 de Janeiro de 814, fulminado por pleurisia
galopante. A respeito escreveu Eginardo, o biógrafo do Impe
rador : «Quando Carlos morreu, o mundo perdeu seu pai».
Tal foi, por certo, a opiniáo de todos os contemporáneos.

A figura de Carlos Magno foi em breve cercada de lendas


e aureolada. Os milhares de homens simples que lhe deveram
quase meio-século de prosperidade, assim como os intelectuais
e artistas por ele beneficiados, encarregaram-ss de transmitir
á posteridade a imagem de um «aureus Carolus» ou cíe um
«Carlos áureo». Foi tido como o Imperador «de barba flo
rida» *. Os pósteros evocaram sua voz forte como o trováo, os
sessenta mil clarins que precediam seu cávalo de tornsios e
batalhas, os milhares de cadáveres acumulados sob a sua «espa
da feliz»; elogiaram seu espirito de eqüidade, suas justas cóle
ras, suas palavras afáveis e gentis, seu comportamento casto e
sabio !... Em conseqüéncia, o Carlos Magno da literatura tor
nou-se um prototipo ou paradigma de Imperador, prototipo
ideal que paira bem ácima do que foi o Carlos Magno da his
toria.

1 Esta expressSo é Inspirada por um anacronismo : a moda bízantino-


-árabe do sóc. X descrevia os ocidentais de projegáo como sendo homens
de grande cabelelra e barba.

— 550 —
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 5 39

2. Tragos pessoais de Carlos Magno

Inegávelmente, Carlos Magno abriu nova fase da historia


da Europa, pondo fim a crise provocada pelas invasóes bár
baras e incentivando a cultura e o prograsso da civilizagáo.
Trouxe, porém, em si os traeos marcantes de guerreiro franco.
Possuia estatura alta e robusta, dotada de saúde férrea; entre-
gava-se com prazer aos exercícios físicos, como a natacáo, a
caga e os jogos violentos. Seu apetite era devorador; era capaz
de consumir urna lebre inteira acompanhada de quatro ou
cinco outras iguarias. Tal natureza era difícilmente refreada
pelo sexto e o nono mandamentos da lei de Deus: casou-se
quatro vézes; tsve dez ou doze concubinas. A corte de Aquis-
grano nao era edificante, pois, além do mau exemplo do mo
narca, havia o das respectivas filhas, a quem Carlos nao quería
permitir o casamento, preferindo tolerar relagóes clandestinas.

Em suma, a moral de Carlos Magno foi a de um homem


bárbaro, que teve certamente estima psla fé e pelos valores
cristáos; nao conseguiu, porém, libertar-se dos ímpetos e dos
desmandos de sua natureza rude. Só Deus, o Supremo Juiz,
pode julgar a consciéncia désse homem, avaliando o grau de
sua responsabilidade.

Como soberano, Carlos Magno ao menos ensinou bons prin


cipios moráis e procurou difundi-los, as vézes mesmo recor-
rendo á imposigáo violenta (que Carlos, em sua cansciéncia
pouco esclarecida, julgava em tal caso licita e necessária).
Evitou o luxo e a ostentacáo; cultivou a justiga (á porta de seu
palacio mandou colocar um sinal para que todo plebeu, neces-
sitado de justiga, pudesse pedi-la ao Imperador); procurou re
primir as rixas e contendas entre os grandes e pequeños do seu
reino, promovendo a ordem, fator de prosperidade e bem-estar.
Foi rigoroso na prática da oragáo pessoal (os cronistas refe-
rem que assistia de bom grado a longos oficios litúrgicos, mes-
ciando sua voz á dos cantores sacros); entregava-se também a
jejuns rigorosos (que, para Carlos Magno, eram sacrificios espe
cialmente arduos). Tinha sempre urna Biblia a seu alcance, e
déla lia diariamente um trecho. Um presbítero chamado Ca-
tulfo deixou-íhe urna famosa carta em que o exortava a amar
a Deus ácima de todas as coisas. Deus que o tirara do nada
e que lhe confiara o govérno... Deus a quem Carlos presta
ría coritas de seus atos no fim da vida. Compenetrado disto.
Carlos Magno afirmava que quería fazer da fidelidade a Cristo
o eixo da sua vida; em sua «Admoestagáo geral» de 789 deixou

— 551 —
40 SAO CARLOS MAGNO t

urna exposigáo de principios sobre os quais urna sociedade


crista deve repousar. O Imperador professava a certeza de
«representar Deus na térra e de ter por tarefa a exaltagáo da
sua Lei» : «a mim, dizia ele, compete com o auxilio da mise
ricordia divina defender a Santa Igreja de Deus em toda parte
pelas armas». Em poucas palavras: pode-se dizer que Carlos
Magno iiutriu um ideal cristáo e scntiu-se chamado a execu-
tá-lo; todavia a sua índole pessoal e a moldura geral dos
séc. VIII/K fazem que o ardor cristáo de Carlos Magno tenha,
na prática, deixado a desejar. '

3. Canon¡za$ao de Carlos Magno

Apesar das evidentes falhas moráis de sua vida, Carlos


Magno foi declarado santo pela Igreja ?
Nao. O que a historia registra, é apenas o seguinte:
no século XII, o Imperador da Alemanha Frederico Barbarroxa
estava em luta com o Papa Atexandre III, procurando dominar
a península itálica. A fim de se opor com a aparéncia de auto-
ridade ao Pontífice, Barbarroxa promoveu em territorio ale-
máo a eleigáo de um antipapa — Guido de Crema—, qus
tomou o nome de Pascoal III (1164-1168). Éste joguéte do
monarca germánico e de seu chanceler Reinaldo de Dassei cano-
nizou ou solenemente declarou santo o Imperador Carlos Mag
no; a cerimónia se realizou na catedral de Aquisgrano aos 29
de dezembro de 1165. Evidentemente tal proclamagáo obedecía
a intenses políticas, pois era destinada a exaltar o poder im
perial e prestigiar Barbarroxa na sua agáo prepotente contra
o Papado. Pascoal III nao era o Papa legítimo; por isto nao
tinha autoridade para canonizar quem quer que fósse. A Igreja
jamáis reconheceu oficialmente o seu ato ilegal. Acontece,
porém, que em Aquisgrano a pretensa canonizagáo de Carlos
Magno diau origem a que se cultuasse anualmente a memoria
do Imperador junto ao respectivo túmulo, escolhendo-se para
tanto a data de aniversario da morte (28 de Janeiro). De Aquis
grano o culto de «S. Carlos Magno» se propagou para algu-
mas regióes da Franga e da Alemanha, tornando-se célebre
em Poitou. No século XVIT, a Universidade de Paris procla-
mou «Sao Carlos Magno» seu patrono; os estudantes francesas
muito estimaram e estimam a figura do monarca «santo».

Os inicios da reforma litúrgica sob Sao Pió X restringiram


em 1912 a veneragáo de Carlos Magno apenas á cidade de

— 552 —
»PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 5 41

Aquisgrano, da qual o Imperador é tido como padroeiro. As


mais recentes revisóes do Calendario santoral sob Paulo VI
tém por fim preciso eliminar os equívocos acarretados pala
historia e pela piedade popular.

Como se vé, a Igreja nunca declarou santo ou canonizou o


Imperador Carlos Magno. Registrou-se apenas o gesto político
de Frederico Barbarroxa e de seu «Papa» Pascoal III. Este
gesto pode ter iludido a muitos fiéis, dando assim foros de apa
rente legitímidade á veneracáo pública de «S. Carlos Magno»;
os ánimos do povo, e também de certos pastores da Igreja,
estavam propensos a cultuar a memoria do Imperador, visto
que a literatura e a poesía aureolavam cada vez mais a figura
do monarca, atribuindo-lhe predicados e feitos de santo. Te-
nha-se presente o fato de que a Idade Media e os sáculos
posteriores tiveram pouco senso critico; foram assaz falhos
em historiografia; aceitaram fácilmente como realidade histó
rica estórias que ssrvissem á edificagáo e piedade. Leve-se em
conta também que a autoridade suprema da Igreja ou o Papa
nem sempre era informada com a devida presteza do que acon
tecía á distancia de Roma ou da Italia. Assim muitos aconte-
cimentos 32 desencadeavam na Franca, na Alemanha, na In
glaterra, na Espanha..., provocando situacdes consumadas
poueos desejáveis, sem que o Papa tivesse tido participacáo
ñas mesmas. Tal foi o que se deu com o surto e a propagagáo
da veneracáo de Carlos Magno.

Numa palavra, verifica-se que a Carlos Magno nao se deve


atribuir o título de «Santo». O historiador Daniel-Rops pre-
fere, com acertó, realgar outro título do monarca : «Pessoal-
mente cristáo aproximativo, talhado a golpes de machado no
rugoso lerího germánico, Carlos é, no plano da historia, urna
testemunha de Deus, como Salomáo, como Constantino, como
Justiniano, e é a urna política auténticamente crista que,
apesar das suas faltas, ele visa» («L'Église des temps barba
res». París 1956, p. 470).

— 553 —
42 MACONARIA E CRISTIANISMO

VI. "ORAgAO AOS MACONS"

6) «Os macons de nossa cidade, numa sessao solane trans


mitida pela Radio. Difusora, leram esta oracüo. Dcpois a publi-
caram em forma de 'santiniio' coinernorativo. Sabe alguma coisa
a respeito ?»

Estas palavras foram enviadas á redacáo de «P.Tl.» acom-


panhadas do texto da mencionada orac.áo, que vai abaixo
transcrito :

ORAQÁO AOS MAQONS1

Oracao escrita por S.S. o Papa Joáo XXIII,


poucos dias antes de sua morte, e que deverla ser
rezada em todas as Igrejas Católicas.

— Signore e Grande Architetto, ci umiliamo ai Tuoi piedi...

Senhor e Grande Arquiteto do Universo, nos humilhamos a


teus pés e invocamos o teu perdáo pela heresla que, no decor-
rer dos séculos, nos impediu de reconhecer em nossos irmáos
macons os teus fiéis prediletos. Temos lutado contra a liber-
dade.de pensamento, pois nao tínhamos compreendido que o
primeiro dever de urna religiáo, como justamente afirma o
Concilio, consiste em reconhecer o direito de nio crer em
Deus. Temos também perseguido todos os que, pertencendo
a mesma Igreja, haviam aberto o caminho á verdade, filiando-se
as Lojas com sereno desprézo ás injurias e ameacas. Acredi
tamos louca e cegamente que um sinal da cruz pudesse ser
superior a tres pontinhos postos em pirámide. De tudo isso
nos arrependemos amargamente, Senhor, e te imploramos de
nos fazer ter juntamente com teu perdáo também um com-
passo, que sem dúvida alguma sobre os nossos altares de
compensado (?) estaría bem melhor que os velhos crucifixos.
Amém.

Nota do Tradutor: Esta traducio foi feita literalmente,


detxando portante aos leitores a sua devid a . interpretado.
Publicado no jornal "Tribuna Italiana" de 8/X/1966, coletado
pelo Ir .'. Luso Arnaldo P. Simoes. Traduzida pelo Ir .*. Nilo
Marchettl.

i Tal é a fórmula do original que recebemos.

— 554 —
sPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970, qu. 6 43

Pergunta-se : será auténtica tal prece atribuida ao Papa


xxm ?
A resposta negativa é sugerida por dois motivos que ime-
diatamente saltam aos plhos :

1) O conteúdo da dita oragáo refere proposigóes que


absolutamente nao se enquadram dentro da mensagem crista,
mesmo após a renovagáo conciliar : a cruz será sempre um
símbolo auténticamente cristáo e indispensável na pregagáo
do Cristianismo. Com efeito, Sao Paulo diz :

"Nos pregamos o Cristo crucificado... A linguagem da cruz é poder


de Deus para os que se salvam... Cristo me envlou... a pregar o Evan-
gelho, nfio, porém, com sabedorfa de palavras, a flm de nao se desvirtuar
a cruz de Cristo" (1 Cor 1, 23.18.17).
"A Deus aprouve reconciliar consigo todas as coisas, pacificando, pelo
sangue da cruz de Cristo, tanto as da térra como as dos céus" (Col 2,20).

Como se vé, a cruz está no centro da cosmovisáo e da


pregagáo cristas. É pela cruz de Cristo que tudo toma sentido
novo, segundo Sao Paulo. Por conseguinte, jamáis se poderá
pensar em substituir na iconografía crista a cruz por tres pon-
tinhos em pirámide ou pelo compasso; estes símbolos nao tém
relagáo com a mensagem do Evangelho. O Papa Joáo XXIII,
cuja piedade era notoriamente amiga do Rosario e dos ele
mentos tradicionais, nao pode ter sido o autor das palavras
que a «oragáo» lhe atribuí.

2) O texto da prece parece aludir á Declaragáo do Con


cilio do Vaticano II relativa la Liberdade Religiosa, pois diz :

"Temos lutado contra a liberdade de pensamento, pois nño tfnhamos


compreendldo que o prlmeiro dever de urna religiSo, como justamente afirma
o Concillo, consiste em reconhecer o dlreito de nao crer em Deus".

Ora o documento do Vaticano II' referente á Liberdade


Religiosa data de 7 de dezembro de 1965. O Papa Joáo XXm,
porém, morreu em junho de 1963. Por conseguinte, jamáis
éste Pontífice poderia ter feito a referencia ácima : «como afir
ma o Concilio». Quando Joáo XXIII faleceu, nao existia decla
ragáo conciliar sobre a Liberdade Religiosa !

Note-se, alias, que éste documento é mal entendido pelo


autor da «Oragáo», pois nunca o Concilio intencionou declarar
que «o primeiro dever de urna religiáo consiste em reconhecer
o direito de nao crer em Deus». O que o Vaticano II afirmou,
é que a nenhum homem é licito constranger o seu próximo a

— 555 —
41 MACONARIA E CRISTIANISMO

abandonar ou abracar qualquer crenga religiosa, pois nem o


ateísmo .nem a fé se impóem pela violencia. Todo ser humano,
por conseguinte, deve ser deixado livre para dizer, em cons-
ciéncia, Sim ou Nao a Deus. Disto nao se segué que a fé e a
indiferenga religiosa sejam atitudes equivalentes entre si.
O Concilio chegou a declarar explícitamente:

"O próprlo Deus manifesta ao género humano o caminho pelo qual os


homens, servjndo a Ele, poderiam salvar-se e tornar-se fellzes em Cristo.
Oremos que essa única e verdadeira religláo se encontré na Igreja Católica
e Apostólica. Os homens todos estao obrlgados a procurar a verdade, sobre-
tudo aquela que diz respeito a Deus e á sua Igreja e, depols de conhecé-la,
a abracá-la e a pratlca-ta" (Decl. "Dlgnitatls Humanas" n? 1).

3) Até hoje estáo vigentes os cánones da Igreja que con-


denam as sociedades secretas, entre as quais está a Magonaria;
cf. Código de Direito Canónico, can. 2335; 1240 § 1 e 684.
Acontece, porém, que a Magonaria anglo-saxónica dita «regu
lar» atualmente nao é sempre urna sociedade filosófica anti-
cristá, mas freqüentemente apenas urna associagáo de índole
humanitaria ou de assisténcia profissional; visa a levar seus
adeptos ao fiel cumplimento dos deveres para com os demais
homens; urna Loja macónica regular pode chegar a profisssar
o Cristianismo, caso os seus membros sejam cristáos (é o que
se dá, por vézes, nos países anglo-saxónicos). — Todavía nos
países latinos e latino-americanos a Magonaria (dita «irregu
lar» pelos próprios macons) foi, e ainda parece ser, infensa á
Igreja. Por isto entre nos tém pleno vigor os cánones que ve-
dam aos fiéis católicos a filiagáo a Lojas magónicas. A Mago
naria, tendo combatido acerbamente o Cristianismo na Franga,
na Italia, na península ibérica e nos países latino-americanos,
nunca poderia ter sido identificada pelo Papa Joáo XXIII com
«os fiéis prediletos de Deus».

Estas consideragóes evidenciam sobejamente a falsidadc


da oragáo transcrita atrás e atribuida ao Papa Joáo XXIII.
Nao se poderia dizer que tal pega é um veiculo intencional de
confusáo do povo brasileiro e de deturpagáo da figura da
Igreja ?

A respeito das relagóes entre a Igreja e a Magonaria ve-


ja-se « P.R.» 121/1970, pp. 3-15.

Estéváo Bettencourt O.S.B.

— 556 —
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970 45

ERRATA

Em «P.R.» 130/1970, p. 42 [458], linhas 13 e 14, é mencionado o


Padre Torrigiani como Geral dos Jesuítas. Na verdade, foi Cardeal
Secretario de Estado do Papa Clemente XIII. O equivoco nao altera
o sentido da historia narrada nessas páginas de «P.R.».

RESENHA DE LIVROS

Doutrina católica dialogada, pelas Religiosas dos Santos Anjos.


Colecao «Credo», 1' volume.—Edicáo do Colegio dos Santos Anjos,
Rio de Janeiro 1970, 140x200 mm, 232 pp.

Manual de doutrina destinado a ginasianas de 11 a 13 anos de


idade. Sob a forma de diálogo, comenta os doze artigos do Credo;
urna serie de fatos e exemplos, poesias c cánticos ilustra a exposigáo
doutrinária. Inegávelmente as autoras do livro se esforcaram por
dar a obra um caráter didático e penetrante. Procuraram haurir das
fontes mais puras da doutrina católica: S. Escritura, Tradicao, Con-
cilios e magisterio da Igreja. Contudo seria para desejar que o texto
do Manual fflsse mais inspirado também por proposicOes sadias das
ciencias teológicas contemporáneas: por exemplo, as pp. 46-48 ensina
que Dcus fez o mundo om seis dias, que podem ser entendidos como
periodos (quando na verdade os dias de Gen 1 sao dias que tém ma-
nha e tarde, dias de 24 h, mas dias imaginarios, concebidos pelo
poeta sagrado para transmitir-nos tao sómente verdades religiosas);
a p. 48 afirma-sc a criacáo direta de todas as especies de animáis, sem
se levar cm conta a evolugáo (que o autor sagrado e o magisterio da
Igreja nao intencionam negar). Nestes e em outros pontos, o Manual
poderla ser atualizado no auténtico sentido da palavra. O Credo nao
muda, mas a nossa maneira de entender certas passagens da S. Escri
tura diferc da dos antigos, pois hoje dispomos de mais recursos filo
lógicos e literarios para penetrar na Biblia; esta, sem deixar de ser
a Palavra de Deus, reveste-se de um expressionismo humano, que o
magisterio da Igreja mais e mais leva em conta nos nossos dias.

Em suma, saudamos os esforcos de renovaejio da catequese. Nao


há, porém, quem nao deseje que se evitem os extremos, tanto o das
semiverdades quase heréticas como o do tradicionalismo tímido e
estéril.

Palavra de Deus na historia dos homens, por Frei Carlos Mesters


O. Carm., 1» volume. — Editora Vozes, Petrópolis 1970, 110x160 mm,
214 pp.

O autor é um dos grandes exegetas que atualmente temos no


Brasil. Interessa-se especialmente por mostrar o sentido concreto e
existencial das Escrituras, colocando a sua mensagem dentro do voca
bulario dos homens e dentro das circunstancias de nosso tempo. O vo-

— 557 —
46 RESENHA DE LIVROS

lume ácima é a reedicáo de urna obra lancada pela Editora «O Lutador»


de Manhumirim em 1969. Nesse livro, Frei C. Mesters focaliza vinte
íiguras ou episodios da Biblia, tentando desenvolver o seu significado
para os tempos atuais: assim como a Palavra de Deus e seus arautos
foram outrora freqüentemente mal entendidos e rejeitados, nao é
para admirar que também em nossos dias sofram repulsa e perseguí-
cao. O autor esforca-se por escrever em estilo simples e popular; é
original em muitas páginas. Todavía fica margem para se perguntar
se nao exagera um pouco certas comparacóes entre quadros antigos
e situacóes contemporáneas do povo de Deus. A sua preocupacáo de
ser existencial e popular (no bom sentido) nao lhe faz correr o risco
de banalizar e vulgarizar ? Nao se torna ele, por vézes, unilateral ?
— Eis as impressóes que colhemos ao ler as páginas do livro ácima;
expondo-as, nao pretendemos negar que a leitura da obra possa ser
útil e recomendada a quem a souber ler.

Os Atos dos Apostólos. Infancia da Igreja, por Georges Delarue;


traducáo do francés por M. Cecilia de M. Duprat. ColecSo Bíblica.
— Edicñes Paulinas, Sao Paulo 1970, 150 x 225 mm, 253 pp.

Nao temos aqui um comentario dos Atos dos Apostólos, mas


um livro de espiritualldade; explana temas aptos a nutrir a oracao,
á margem do texto dos Atos. Como quer que seja, o autor oferece
ao leitor a ocasiáo de penetrar no livro bíblico; Delarue p5e em relevo
as grandes linhas do texto sagrado, estimulando assim o cristáo a
procurar reler e entender melhor as páginas de S. Lucas.

Progresso e Progressismo, por Maritain, Chesterton, Corcáo,


Dawson, de Corte, Lage. Serie «Cadernos Permanencia». — Editora
Agir, Rio de Janeiro 1970, pp. 252, 145x220 mm.

Eis urna coletánea de artigos que versam sobre o conceito e as


manifestacóes do progresso em nossos dias. Os autores denunciam
o culto exagerado de novidades que, sob o titulo de progressismo, si
gnifica depauperamento da cultura e dos valores humanos. Alguns
dos capítulos da obra devidos a Jacques Maritain, G. K. Chesterton,
Christopher Dawson sao extraídos de obras já publicadas por ésses
autores, a fim de integrar a coletánea dos «Cadernos Permanencia»;
outros, principalmente os de Gustavo Corcáo e Alfredo Lage, sao
de lavra recente e inéditos.

O livro é todo inspirado por grande erudlcáo no setor da filosofia


e das ciencias naturais; está ricamente documentado, quando /ala das
manifestacOes do progresso. Os artigos de CorcSo ocupam toda a
segunda parte do livro (pp. 44-144); exprimem com fidelidade a mente
déste autor: zeloso da verdade (como, alias, todo homem deve ser),
nem sempre é equilibrado e objetivo ñas suas criticas; por vézes
ataca proposlcóes de um adversario que ele nao compreendeu devi-
damente (o que é extremamente lamentável). Pode-se notar que á

— 558 —
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 132/1970 47

p. 11 diz que «Haeckel loi o Teilhard de Chardin do século XIX», nao


levando em conta que Haeckel era materialista, ao passo que Teilhard
morreu como sacerdote fiel á Companhia de Jesús; á p. 119 recorre ao
sarcasmo (o que é mui pouco científico, se nao sintoma de fraqueza).
A p. 124, a afirmagáo de que «tudo é milagre e misterio» deve-se
ao desejo de contradizer Heinrich Fríes, mas é ambigua. — Como se
vé, as críticas fcitas por «Progresso e Progressismo» deveráo ser lidas
com esclarecido <;spirito critico.

A Escritura na Tradlgüo, por Henri de Lubac S.J.; tradugáo das


monjas beneditinas da Abadía de Santa María (Sao Paulo). Colecáo
Bíblica n' 8. — Edigóes Paulinas, Sao Paulo 1970, 150 x 225 mm, 221 pp.

Éste livro contém, em reedigáo, tres capítulos do Pe. de Lubac


publicados em outras obras (menos acessíveis) do mesmo autor:
versam s6brc a espiritualidade dos Padres da Igreja e dos autores
medievais, que liam a Escritura Sagrada com olhar profundamente
sobrenatural, procurando compreendé-la estritamente á luz de Cristo
e da Igreja. Nao raro afastavam-se do sentido literal, cedendo á ale
goría; nem tudo que diziam, no terreno da lingüistica e da arqueo-
logia, poderia hoje ser sustentado (compreende-se bem); todavía o
que importa, é a mentalidade désses mestres, que tinham vivo senso
de Cristo e profunda afinidadc com as verdades da fé.

A leitura désse livro ajudará o leitor a nao cair no estudo pura


mente científico (lingüístico, literario, arqueológico, historicista...)
da Palavra de Deus, pois entreterá a visáo de fé.

E.B.

A Radio Vera-Cruz do Rio de Janeiro (PRE2


1430 KHZ) apresenta todos os domingos, as 6h
SOmin da manha, o programa

VERDADE E VIDA

na palavra de fr. Estéváo Bettencourt


OS.B.
AO LEITOR AMIGO!

Encerramos, com a graca de Deus, mais um ano de

trabalho em nossa Revista. Ela nasceu do desejo de

ajudar, e é sustentada exclusivamente por éste pro

grama : possa ela servir a pensar, a dissipar dúvidas

e firmar certezas ! Fomos feitos para a Verdade, ie a

esta aspiramos com todas as fibras do nosso ser.

Todavía, para que possamos cumprir nosso programa,

precisamos do. auxilio de nossos leitorcs: mandem-

nos suas críticas, observacócs >c sugestoes, a fim de

que tenhamos subsidios para melhorar (dentro de

nossas limitábaos) o nosso servido.

É com essa colaboracao que contamos ao findar o

Ano <Ui 1070. Prt'cisjmios do intiTcfimbio «um nosso.s

leitores, sempre bcnvindos a Caixa Postal 2.666, Rio

de Janeiro (GB), ZC - 00.

— 560 —
3
ÍNDICE 1970 ■:'"'M

ERGUNTE

Responderemos
ÍNDICE 1970

(Os números á direita indicam respectivamente fascículo, ano de edigáo,


questáo focalizada « página)

ACONFESSIONAL OU PLURICONFESSIO-
NAL ? 127/1970, qu. 6, p. 319.

ADESAO A VERDADE e bloqueios emocio


náis 131/1970, qu. 2, p. 481.

ADONIS OU TAMUS e Redensáo crista ... 123/1970, qu. 3, p. 121.

AGENCIAS NOTICIOSAS e respansabilidade


moral 129/1970, qu. 3, p. 399.

ALFRINK, CARD., e fidelidade ao Papa .. . 131/1970, qu. 4, p. 498.

ALMA HUMANA e imortalidade 123/1970, qu. 2, p. 104.

ALUCINOGENOS 126/1970, qu. 1, p. 237.

AMADURECIMENTO DA PERSONALIDA-
DE E CELIBATO 122/1970, qu. 4, p. 78.

ANAMNESÉ NA LITURGIA 124/1970, qu. 2, p. 192.


ANGUSTIA DA JUVENTUDE 127/1970, qu. 4, p. 305.

ANO INTERNACIONAL DA EDUCAgAO . 125/1970, qu. 4, p. 224.

ANTICONCEPCIONAL (Medicina e Moral) 132/1970, qu. 1, p. 517.

ANTIJESUITISMO DE POMBAL 130/1970, qu. 4, p. 459.

ANTROPOLOCIA ESTRUTURALISTA .... 124/1970, qu. 1, p. 143.

APRESENTACAO DE JESÚS NO TEMPLO 121/1970, qu. 2, p. 21.

ARCA DA ALIANQA, carregada de eletrici-


dade 126/1970, qu. 4, p. 263.

ARIGÓ, ZÉ 131/1970, qu. 3, p. 489.

"ASSOCIATED PRESS" (AP) 129/1970, qu. 3, p. 400.

ASTRONAUTAS 125/1970, editorial ;

126/1970, qu. 4, p. 257.

AUTENTICIDADE DE Mt 16, 17-19 132/1970, qu. 3, p. 533.

— 3 —
B

BATISMO DE CRIANCAS (razáo de ser) . 129/1970, qu. 1, p. 382.


-BBAT GENERATION" e drogas 126/1970, qu. 1, p. 240.
BEBÉ PROVETA 122/1970, qu. 1, p. 51.
BEM E MAL : SUBJETIVO E OBJETIVO . 124/1970, qu. 6, p. 184.

131/1970, qu. 2, P. 481.

BUDISTAS E CELIBATO DO CLERO 131/1970, qu. 5, p. 505.

"CADÁVER — SOMBRAS" na Biblia 123/197.0, qu. 2, p. 110.


CA1M, com quem se casou 3 25/1970, qu. 2, p. 203.
CANONIZASAO DE CARLOS MAGNO .... 132/1970, qu. 5, p. 552.
CARISMA E INSTITUISÁO NA IGREJA .. 124/1970, qu. 5, p. 179;

CARLOS MAGNO, esbóco biográfico 132/1970, qu. 5, p. 549.


CARTA PASTORAL DO EPISCOPADO CHI- , „ ,„.
LEÑO 125/1970, qu. 3, p. ¿¿¿,
DO EPISCOPADO HO
LANDÉS 131/1970, qu. 4, p. 502;
PÚBLICA DE MONS. BLUYSSEN,
BISPO DE HERTOGENBOSCH .. 131/1970, qu. 4, p. 500.
CASAMENTO DE CAÍM 125/1970, qu. .2, p. 203;
DO CLERO 122/1970, qu. 4, p. 77.
CASAMENTOS MISTOS 127/1970, qu. 1, p. 279.
CATEQUESE E «EDUCACÁO NOVA" .... 128/1970, qu. 5, p. 357.
CEIA DO SENHOR E MISSA 124/1970, qu. 2, p. 150.
CELAM E UNIVERSIDADE CATÓLICA .. 131/1970, qu. 1, p. 476.

CELIBATO DO CLERO (•"*£** d° ^ 122/mo> qu. 4. p. 77;


(debate na Holanda) 131/1970, qu. 4, p. 500;
(testemunho de um
budista) 131/1970, qu. 5, p. 505.
CIBELE E ATIS e Rédenlo crista 123/1970, qu. 3, p. 122.
CISMA NA HOLANDA ? : 131/1970, qu. 4, p. 498.
COLEGIADO NO GOVÉRNO DA IGREJA . . 121/1970, qu. 3, p. 32.

— 4 —
™. CU. 3, ,,. 404.

COMPANHIA DE JESÚS E POMBAL .... 130/1970, qu. 4, p. 449.

COMUNIDADES DOS PRIMEIROS CRIS-


TÁOS EM JERUSALÉM e vida religiosa. 128/19(0, qu. 3, p. 352.
CONCfLIO DO VATICANO I (significado). 122/1970, qu. 5, p. 82;
PASTORAL HOLANDÉS (con-
clusáo e ecos) 131/1970, qu. 4, p. 498.

CONFERICAO DO PRIMADO A PEDRO


cm Jo 21, 15-17 e em Le 22, Sis 132/1970, qu. 3, p. 539.
CONFISSAO SACRAMENTAL E SIGILO . 124/1970, qu. 4, p. 164.
CONSELHOS E PRECEITOS 128/1970, qu. 3, p. 342.
CONSTITUigAO "PASTOR AETERNUS" . 122/1970, qu. 5, p. 89.
CONSUMO DE DROGAS 126/1970, qu. 2, p. 240.
CONTESTACAO DENTRO DA 1GREJA '.. 121/1970, qu. 3, p. £7;
124/1970, qu. 5, p. 1(2.

CONTROLE DA NATALIDADE 132/1970, qu. 1, p. 517.


COSMOVISAO CRISTA NA EDUCAgAO .. 131/1970, qu. 1, p. 473.
CRIANCAS E BATISMO 129/1970, qu. 1, p. 382.
CRIANgAS-LÓBO 123/1970, qu. 1, p. 9í>.
CR1SE DE FÉ 127/1970, qu. 4, p. 309;

Dt/o!JVENTUDE ■ (d-mcns5es-e- ■""• 127/1970,


DE VOCAgóES, por qué ?
w™- «*■4-p-308:
qu. 4, p. 310.
CRISTIANISMO HUMANITARIO 127/1070, qu. 4, p. 309.
"CRISTO RECRUCIFICADO", romance Ae
Nikos Kazantzakis 126/19(0, qu. 4, p. 265.
CRITICA DO TEXTO DE Mt 16, 17-19 .... 132/1970, qu. 3, p. 535.

CULTURA DE MASSA 120/1970, qu. 3, p. 398.


CURSILHOS DE CRISTANDADE 131/1970, qu. 1, p. 480.

DANIEL PROFETA o setenta semanas 121/1970, qu. 2, p. 22.


DANILLO NUNES E "PASCOA DE SAN-
GUF" l¿n/liliV, qu. i, p. ui

— 5 —
DEGENERAQÁO DA PALAVRA ESCRITA. 129/1970, qii. 3, p. 403.

DEUS. AUTOIi DA VIDA, segundo as Es


crituras 128/1970, qu. 1, p. 329.
DEUSES ASTRONAUTAS ? 126/1970, qu. 4, p. 257.

"DÍA DO SENHOR", segundo os Profetas .. 121/1970, qu. 2, p. 24.

DINAMARCA E PORNOGRAFÍA 123/1970, qu. 4, p. 128.

DINHEIRO SALVA AS ALMAS ? 126/1970, qu. 3, p. 245.

DIONISIO ZAGREU e Redencáo crista 123/1970, qu. 3, p. 120.

DÍPTICO DE ANUNCIAQÓES E NASCI-


MENTOS (Le 1-2) 121/1970, qu. 2, p. 18.

DOCUMENTOS DE MEDELLÍN e renova-


efio da Igreja 132/1970, qu. 2, p. 528.

DROGAS E MÍSTICA 126/1970, qu. 1, p. 235.

ECUMENISMO E CASAMENTOS MISTOS . 127/1970, qu. 1, p. 279.

EDUCACÁO, ANO INTERNACIONAL DA . 125/1970, qu. 4, p. 225;


EXTRA-ESCOLAR 125/1970, qu. 4, p. 230;
MORAL E CÍVICA 127/1970, qu. 6, p. 318;
PERMANENTE 125/1970, qu. 4, p. 225.

"EDUCACÁO NOVA" (fichas catequeticas) . 128/1970, qu. 5, p. 357.

EINSTEIN, ALBERT e relatividade 130/1970, qu. 1, p. 419.

ENDURECIMENTO DO CORACÁO 131/1970, qu. 2, p. 482.

ENGENHARIA GENÉTICA 122/1970, qu. 1, p. 51.

ENSINO DE RELIGIAO ÑAS ESCOLAS CA


TÓLICAS 131/1970, qu. 1, p. 477.

«ERAM OS DEUSES ASTRONAUTAS ?", de


Erich van Dániken 126/1970, qu. 4, p. 257.
EROTISMO EM NOSSOS DÍAS 123/1970, qu. 4, p. 128;
129/1970, qu. 3, p. 404.

ESCATOLOGIA BÍBLICA 123/1970, qu. 2, p. 104.


-ESCOLA CATÓLICA (razáo de aer) 131/1970, qu. 1, p. 469;
ROMÁNTICA E MITOS J 30/1970, qu. 2, p. 434.

ESCOLAS PARTICULARES CONFESSIO-


NAIS 131/1970, qu. 1, p. 476.
ESPOSAS DE PASTORES EM INQUÉRITO. 130/1970, qu. 3, p. 442.

_ 6 —
ESTADO PONTIFICIO, origcm e razáo de ser 125/1970, qu. 3, p. 215.
■ESTILO SEMITA EM Mt 16, 17-19 132/1970, qu. 3, p. 538.
ESTIMULANTES 126/1970> ^ l> * 237-
ESTRUTURALISMO E DESMITIZAQAO DO
HOMEM 124/19*0, qu. i, p. 14<3.
ESTUPEFACIENTES 126/1970, qu. 1, p. 236.
EUCARISTÍA : SACRIFICIO E CEIA 124/1970, qu. 2, p. 150.
EUNUCOS em Mt 19, 10-12 128/1970, qu. 3, p. 347.
EVANGELIZADO E PROMOgAO HUMANA 132/1970, qu. 2, p. 530.
EVANGELHO DA INFANCIA, segundo Lucas |21/1970, qu. 2, p. 27;
E RADICALISMO 128/1970, qu. 3, p. 349.
EXISTENCIALISMO E MORTE 129/1970, qu. 1, p. 374;
128/1970, qu. 1, p. á¿6.

FÉ E BATISMO 129/1970, qu. 1, p. 382.


■FÉ CRISTA E OPINIÁO PÚBLICA 121/1970, qu. 4, p. 40.
FECHAMENTO DE EDUCANDARIOS CA-
TÓLICOS 131/1970, qu. 1, p. 479.
FECUNDAgAO ARTIFICIAL 122/1970, qu. 1, p. 54.

0. ,,u. 2, ,.. 436.

. 128/1970, qu. 5, p. 357.

FIM JUSTIFICA MEIOS ? 124/1970, qu. fi, p. 182.

GENE, funeao no processo de fecundado ... 122/1970, qu. 1, p. 52.


GÉNERO LITERARIO DE Le 1-2 121/1970, qu. 2, p. 26.
GENITORES DE SAO JOAO BATISTA ... 121/1970, qu. 2, p. 19.
GRANDES MITOS DE REDENgAO 123/1970, qu. 3, p. 119.

HABITANTES EM OUTROS PLANETAS . 126/1970, qu. 4, p. 260.


HELENISMO e sorte final 123/1970, qu. 2, p. 109.
HERÓIS PAGAOS SALVADORES 123/1970, qu. 3, p. 116.
HOEFFNER, CARD., e celibato do clero .... 122/1970, qu. 4, p. 77.
HOLANDA e cisma religioso 131/1970, qu. 4, p. 498.
HOMENS SOB RECEITA ? 122/1970, qu. 1, p. 51.
HORA DOS SANTOS 127/1970, qu. 4, p. 311.
"HUMANAE VITAE" ENC. e Medicina 132/1970, qu. 1, p. 517.

IGREJA DOS POBRES 131/1970, qu. 1, p. 478;


E MACONARIA 121/1970, qu. 1, p. 3;
NA ÉPOCA DOS APOSTÓLOS .... 121/1970, qu. 3, p. 31;
NAO OBRIGA A CELIBATO 122/1970, qu. 4, p. 78;
O QUE É 124/1970, qu. 5, p. 176;
SUBTERRÁNEA 124/1970, qu. 5, p. 172.
«IGREJA, TÚMULO DE DEUS?", de Robeit
Adolfs ' 125/1970, qu. 3, p. 213.
IMAGENS E VOCABULARIOS DOS MITOS 130/1970, qu. 2, p. 441.
IMORTALIDADE DA ALMA NA BÍBLIA . 123/1970, qu. 2, p. 104.

131/1970, qu. 1, p. 483.

129/1970, qu. 3, p. 398.

1^7/1970, qu. 3, p. 298.

INDIANAS RELIGIOSAS 131/1970, qu. 7, p. 511.


INDIFERENQA PELA MORTE 129/1970, qu. 1, p. 372.
INDIFERENTISMO RELIGIOSO DE EX-

ESTABELECIMEN : 131/1»™. <.«• 1. P- «8.


INDUSTRIALIZASÁO DO l.IVRO 129/1970, qu. 3, p. 403.
INFANCIA DE JESÚS EM Le 1-2 121/1970, qu. 2, p. 16.
INFERNO EM Mt 16 • 132/1970, qu. 3, p. 538.
INQUÉRITO ENTRE ESPOSAS DE PAS- 442
TORES PROTESTANTES 130/1970, qu. 3, p. 44Z.
INQUISICAO E TORTURA 122/1970, qu. 3, p. 67.
INSTINTO DE IMORTALIDADE DO HO- p_ ^
MÜiJIn.

INSEMINACAO ARTIFICIAL 122/1970, qu. 1, p. 51.

— 8 —
«ÍNTER MIRIFICA" E MEIOS DE COMU-
NICAgAO SOCIAL 121/1970, qu. 4, p. 39.
INTERVENCAO ARTIFICIAL NO GENO-
TIPO 122/1970, qu. 1, p. 65.

JESUÍTAS E MARQUÉS DE POMBAL .... 130/1970, qu. 4, p. 449.

JESÚS CRISTO consciéncia plena de sua


missáo redentora 127/1970, qu. 2, p. 291;
"quem és tu?" (can$áo). 127/1970, qu. 2, p. 288;
e as criansas 129/1970, qu. 2, p. 389.

JOAO BATISTA E JESÚS 121/1970, qu. 2, p. 16.


JOVEM RICO EM Mt 19 128/1970, qu. 3, p. 345.
JUÍZO PARTICULAR E JU1ZO FINAL .. 123/1970, qu. 2, p. 104.
JUNG, CARL, E RELIGIAO .' 128/1970, qu. 6, p. 367.
JUVENTUDE E DROGAS 126/1970, qu. 2, p. 239;
E SUICIDIO 127/1970, qu. 4, p. 305.

KAZANTZAKIS, Nikos e "Cristo recrucifi-


cado» 126/1970, qu. 4, p. 265.
KEPHA, PEDRA, PEDRO EM Mt 16 132/1970, qu. 3, p. 536.

LC 1-2, género literario 121/1970, qu. 2, p. 26.


LÉGER, CARD., e contestagáo na Igreja .. 121/1970, qu. 4, p. 45.
LEÍ E AMOR ■ 125/1970, qu. 3, p. 222.
LIBERDADE DO PADRE EM RELACAO A
PARTIDOS 127/1970, qu. 3, p. 300.
LIBERTACAO, em sentido cristao 132/1970, qu. 2, p. 530.
LIBERTINISMO 123/1970, qu. 4, p. 128.
"LIGAR —DESLIGAR" entre os judeus .... 132/1970, qu. 3, p. 539.
LINGÜISTICA E ESTRUTURALISMO .... 124/197ÍI, qu. 1, p. 145.
LITURGIA DA MISSA (nova tradu?áo) .... 124/1970, qu. 3, p. 156.

— 9 —
LIVRO explorado comercialmente 129/1970, qu. 3, p. 403.
"LOBO DA ESTEPE", de Hermann Hcase .. 128/1970, qu. 6, p. 363.
"LOGOS" E "MYTHOS" 130/1970, qu. 2, p. 440.
LONGEVIDADE DOS PATRIARCAS BÍBLI
COS 120/1970, qu. 4, p. 263.

MAQONARIA E CRISTIANISMO 121/1970, qu. 1, p. 4;


132/1970, qu. 6, p. 554.

MAE DO MESSIAS 121/1970, qu. 2, p. 19.


MALAQUIAS PROFETA e (Ha do Senhoi- . 121/1970, qu. 2, p. 23.

MALTHUS E CONTROLE DA NATALI-


DADE 132/1970, qu. 1, p. 518.
MANDAMENTOS E CONSELHOS no Evan-
gelho 128/1970, qu. 3, p. 342.
MARXISMO, COMO ENCARA A MORTE . 129/1970, qu. 1, p. 373.
MEDELLIN E DESENVOLVIMENTO .... 132/1970, qu. 2, p. 529.

MEDICINA E PÍLULA ANTICONCEPCIO


NAL 132/1970, qu. 1, p. 522.

MEDIDAS EFETUADAS PELO HÓMEM e


relatividade 130/1970, qu. 1, (i. 424.
MEIOS DE COMUNICAQÁO DE MASSA,
responsabilidade dos 129/1970, qu. 3, p. 398 ¡
E FIM 124/1970, qu. 6, p. 182.

MEMORIAL E MISSA 124/1970, qu. 2, p. 152.


"MIDRASH", género literario de Le 1-2 .... 121/1970, qu. 2, p. 26.
MINISTERIO SACERDOTAL LIVRE DE
POLÍTICA 127/1970, qu. 3, p. 294.
MISSA, em sufragio das almas 126/1970, qu. 3, p. 254;
no5áodc 124/1970, qu. 2, p. 152.
MISSAO DA IGREJA E RECURSOS HU-
MANOS '2>/1970, qu. .i, )>. 2¿0.
MÍSTICA K DROGAS 120/1970, qu. 1 e 2, p. 241.
MITO, o que é 130/1970, qu. 2, p. 430.
MITOS NA BIBLIA ? 130/1970, qu. 2, p. 439;
MITOS N^BIBUA ¿¿jJÉNCAO CRISTA . 123/1970, qu. 3, p. 123.

— 10 —
MODAS INDECOROSAS 123/1970, qu. 4, p. 128.
MOISÉS E O PENTATEUCO 126/1970, qu. 4, p. 264.
MONOTEÍSMO DA BfBLIA 130/1970, qu. 2, p. 439.
MORAL DA INTENQÁO 124/1970, qu. 6, p. 184.
MORTE DO HOMEM segundo estruturalístas 124/13'íO, qu. 1, p. 143;
E JUIZO FINAL 123/1970, qu. 2, p. 104;
seu sentido para o hornero de hoje .. 129/1970, qu. 1, p. 371.
MOVIMENTO FÍSICO E RELATIVIDADE. 130/1970, qu. 1, p. 419.

MT 16, 17-19 (primado de Pedro), autentica-


dade e traducáo 132/19 ¡0, qu. 3 e 4, pp. 533
e 543.

MUTAgOES NO GENOTIPO 122/1970, qu. 1, p. 53.

NAO VIOLENCIA OU REVOLUQÁO ? .... 132/1970, qu. 2, p. 528.


«NEOCOLONIALISMO E CONTROLE DA
NATALIDADE", de Mario Víctor de Assis
Pacheco 132/1970, qu. 1, p. ol,.
NIKOS KAZANTZAKIS, escritor grego .... 126/1970, qu. 4, p. 265.
NIXON, PRESIDENTE, e drogas nos E.U.A. J2G/197O, <|ii. 1 c '¿, p. 244.
NOVA TRADUCÁO DA LITURGIA 124/1970, qu. 3, p. 156.
NOV1DADE CRISTA e mitos pagaos 123/1970, qu. 3, i>. 116.
NOVO "ORDO MISSAE» PROMULGADO
POR PAULO VI 124/19,0, qu. ¿, l>. 1»4.

OPINIAO PÚBLICA NA IGREJA 121/1970, qu. 4, p. 37.


■'ORACÁO AOS MACONS" 132/1970, qu. fi, p. 554.
ORDEM BENEDITINA 131/1970, corr. miúda, p. 512.
OSIRIS (e Redencao crista) 123/1970, qu. 3, p. 119.
OZA, fulminado cm punicáo ■■• 126/1970, qu. 4, ).. 262.

PADRE NA POLÍTICA 127/1970, qu. 3, p. 294.


PALAVRA HUMANA e seu valor 129/1970, qu. 3, p. 399.

— 11 —
PANTEÍSMO E SA RAZAO 129/1970, qu. 4, p. 401.

"PASCOA DE SANGUE", de Danillo Nunes. 125/1970, qu. 1, p. 191.


PASOLINI e «Teorema» 122/1970, qu. 2, p. 59.
PEDRO, PEDRA DA IGREJA 132/1970, qu. 3, p. S33.
PERSONALIDADE HUMANA E CELIBATO • 122/1970, qu. 4. p. 78.
PÉTROS E PETRA (em grego) 132/1970, qu. 3, p. 536.
PILULA ANTICONCEPCIONAL 132/1970, qu. 1, p. 522.
PIÓ XII c tortura 122/1970, qu. 3, p. 75.

"5222; EDUARD0.1. -em .en!l:eVÍSta. SGl>" 132/1970, qu. 2, p. 529.


-DA 128/1970, qu. 1. p. 327.
POBREZA NA IGREJA 125/1970, qu. 3, p. 220.
PODER DE JAVÉ SOBRE O "SHEOL" ... 128/1970, qu. 1, p. 328;
TEMPORAL DOS PAPAS 125/1970, qu. 3, p. 215.
POLÍTICA E" PRESBÍTEROS 127/1970, qu. 3, p. 294.
POMBAL E JESUÍTAS 130/1970, qu. 4, p. 449.
PORNOGRAFÍA Ig/JJTO. O». }. Pp 128;

«PORTAS DO INFERNO" 132/1970, qu. 3, p. 538.


PRIMADO DE PEDRO 132/1970, qu. 2, p. 533;
PRIMAUO Di, ^«^ C0LEGIALIDADE. 121/1970, qu. 3, p. 29.
PRUDENCIA E OPINIAO PÚBLICA 121/1970, qu. 4, p. 41.
PSICODÉLICOS 126/1970, qu. 1 e 2, p. 235.
PURGATORIO, em que consiste 126/1970, qu. 3, p. 245.

"QUARTA DIMENSAO», segundo Einstein . 130/1970, qu. 1, p. 427.

RADICALISMO DO EVANGELHO 128/1970, qu. 3, p. 349.

- N0- CR1S" 123/1970, qu. 3, p. 116.


— 12 —
RELATIVIDADE SEGUNDO EINSTEIN .. 130/1970, qu. 1, p. 419.
RELIGIAO AWNFBg^^ BJPLDW- 127/1970, qu. 6, p. 321 e 323;

BAESEC1%CÍDU.CACA° M0RA-L l«/»70, qu. 6. p. 319.


RELIGIOSAS INDIANAS EM FOCO 131/1970, qu. 7, P. 511.
RESSURREICAO DOS MORTOS e sorte pos- ^^ ^ ^ p ^

como enten-
de-la ... 128/1970, qu. 1, p. 327.

RIQUEZA DO VATICANO 127/1970, qu. 5, p. 313.


RISCOS MORÁIS DA POLÍTICA 127/1970, qu. 3, p. 298.
ROMA EM HERESIA ? 124/1970, qu. 2, p. 150.

SACRAMENTO DA FÉ (batismo de crian- ^ ^ ^ ? ^


5as)
SALMOS "MÍSTICOS" SOBRE A MORTE . 123/1970, qu. 2, p. 110.
SALVACAO NOS MITOS E NO CRISTIA-
NISMO l¿o/iu iu» qu. o, p. no.
SEGRÉDO DA CONFISSAO 124/1970, qu. 4, p. 164.
SETENTA SEMANAS DE DANIEL 121/1970, qu. 2, p. 22.
"SHEOL" (mansáo dos mortos) 123/1970, qu. 2, p. 110.
"SIDARTA",' de Hermann Hesse 129/1970, qu. 3, p. 407.
SIGILO DA CONFISSAO SACRAMENTAL 124/1970, qu. 4, p. 164.
SÍNODO MUNDIAL DOS BISPOS EM 1969
(controversia suscitada) 1¿1/1 J<u, qu. ó, p. oo.

SITUACAO DE PECADO E MEDELL1N .. 132/1970, qu. 2, p. 529.

129/1970, qu. 3. p. 398.

SÓCRATES E JESÚS CRISTO (confronto) 128/1970, qu. 2, p. 337.


SORTE POSTUMA entre morte e juízo final. 123/1970, qu. 2, p. 104.
SUENENS, CARD., e c&ntesta?áo na Igreja . 121/1970, qu. 4, p. 44.
SUFRAGIOS PELOS DEFUNTOS 126/1970, qu. 3, p. 253.
SUICIDIOS DE ADOLESCENTES 127/1970, qu. 4, p. 307.
"SUPERSTAR" (cancáo inglesa) 127/1970, qu. 2, p. 289.

— 13 —
T

TALMUD e "ligar - desligar" 132/1970, qu. 4, p. 546.

128/1970, qu. 1, „ 337.

TELEVISAO e responsabilidade moral 129/1970, qu. 3, p. 400.


TEMPO, quarta dimensáo 130/1970, qu. 1, p. 419.
TEOLOGÍA DOS MITOS 130/1970, qu. 2, p. 439.
"TEOREMA", de Pier Paolo Pasolini 122/1970, qu. 2, p. 59.
TORTURA, histórico e juízo moral 122/1970, qu. 3, p. 66.
TRADUgAO DA NOVA LITURGIA 124/1970, qu. 3, p. 156;
DE Mt 16, 17-19 132/1970, qu. 3, p. 543.
"TRÁFICO" DE IRMAS INDIANAS 131/1970, qu. 7, p. 511.

UNIVERSIDADE CATÓLICA (razáo de ser) 131/1970, qu. 1, p. 473.


"UNTERGROUND CHURCH" 124/1970, qu. 5, p. 172.

VATICANO E RIQUEZA 125/1970. qu. 3, p. 213;

VELHICE E MORTE 131/1970, qu. 6, p. 508.


VER A DEUS APÓS A MORTE 123/1970, qu. 2, p. 104. .

VERDADE NA CARIDADE 127//1!!7Ü> q"' ]' P" ^í?'


RELATIVA OU ABSOLUTA .. 129/1970, qu. 4, p. 411.
VERNÁCULO NA MISSA 124/1970, qu. 3, p. 162.
VIDA QUE CONTINUA APÓS A MORTE . 123/1970, qu. 2, p. 104;
RELIGIOSA E EVANGELHO 128/1970, qu. 3, p. 342.
VIOLAgAO DO SIGILO SACRAMENTAL . 124/1970, qu. 4, p. 171.
VOCASÁO PROVISORIA 128/1970, qu. 3, p. 335.
VOCACÓES SACERDOTAIS E CELIBATO. 122/1970, qu. 4, p. 79.
VON DANIKEN, ERICII, jornalista e ficcio- ^^ ^ ^ ^ ^

Zft ARIGÓ 131/1970, qu. a, p. 489.

— 14 —
E D I T O R I A I S

A COPA DO MUNDO 127/1970, p. 277.

A REALIDADE DECISIVA 126/1970, p. 233.

ANTES TARDE DO QUE NUNCA ! 121/1970, p. 1.

APOLO 13 125/1970, p. 189.

".. .ATOS E OMISSOES" 124/1970, p. 141.

CADA VEZ MAIS DE CADA VEZ MENOS ! 130/1970, p. 417.

DEQUE... E PARA QUÉ...! 129/1970, p. 369.

"ENTRE SOMBRAS, MAS COM PIDELIDADE..." .. 131/1970, p. 465.

ESTRANHO ENCONTRÓ 128/1970, p. 325.

QUASE TUDO... DE QUASE NADA ! 122/1970, p. 49.

QUEÍVI NAO VIVE COMO PENSA ACABA PENSANDO


COMO VIVE ! 123/1970, p. 93.

"UM PASSO, MAIS UM PASSO !" 132/1970, p. 513.

— 115 —
LIVROS APRECIADOS

ADOLFS, ROBERT — IGREJA, TÚMULO DE DEUS ? 125/1970, p. 213.

AUGRAS, MONIQUE — OPINIAO PÚBLICA. TEORÍA


E PESQUISA 128/1970, 3* capa.

BALTHAZAR, HANS URS VON — O CRISTAO NA


HORA DECISIVA,
CÓRDULA 121/1970, p. 48.

BOUCHARD, FRANCOIS — A JUVENTUDE DA IGRE


JA OU A GRANDE TEN-
TAgAO MODERNA 129/1970, p. 415.

CLARKE, ARTHUR C. — PERFIL DO FUTURO 125/1970, p. 232.

COX, HARVEY — QUE A SERPENTE NAO DECIDA


POR NOS ! 124/1970, 3' capa.

CRUCHON, GEORGES — PSICOLOGÍA PEDAGÓGICA,


volume I : AS TRANSFOR-
MACOES DA INFANCIA .. 121/1970, 3- capa.

DANIKEN, ERICH VON — ERAM OS DEUSES AS


TRONAUTAS ? 12fi/1970, p. 257.

DELARUE, GEORGES — OS ATOS DOS APOSTÓLOS,


INFANCIA DA IGREJA ... 132/1970, p. 558.

DILLENSCHNEIDER CL. — O DINAMISMO DE NOS-


SA FÉ 127/1970, 3* capa.

DIVERSOS — DOUTRINA CATÓLICA DIALOGADA .. 132/1970, p. 557.


DIVERSOS — INTRODUCTO A BÍBLIA, COM ANTO
LOGÍA EXEGÉTICA. volume II : EPÍS
TOLAS DO CATIVEIRO, PASTORAIS,
HEBREUS, CATÓLICAS, APOCALIPSE 123/1970, p. 137.

DIVERSOS — PASTORAL DA PENITENCIA. FUN


DAMENTOS 126/1970, p. 276.

DIVERSOS — PROGRESSO E PROGRESSISMO 132/1970, p. 558.

EPISCOPADO PARANAENSE — MISSAO E RENOVA-


DA IGREJA ... 131/1970, p. 512.

FROSSARD, ANDRÉ — DEUS EXJSTE. EU O EN-


CONTREI 126/1970, p. 275.

GOFFI, TULLO — OBEDIENCIA E LIBERDADE


PESSOAL 130/1970, p. 463.

GRASSO, D. — DIALOGO SOBRE A FÉ 123/1970, p. 137.

— 16 —
GRELOT, PEDRO — REPLEXÓES SOBRE O PRO
BLEMA DO PECADO ORIGI
NAL ,..'. ' 130/1970, p. 462.

HARING, BERNARD — SHALOM: PAZ. O SACRA


MENTO DA RECONCILIA-
. CAO 126/1976, p. 276.

HESSE, HERMANN — O LOBO DA ESTEPE 128/1970, p. 363.


HESSE, HERMANN — SIDARTA 129/1970, p. 407.

IDO-C n" 1 — DEUS ESTA MORTO ? RELIGIAO E


ATEÍSMO NUM MUNDO EM MUTA-
CAO 124/1970, p. 188.

JESOIRENS, RODOLFO e SYLVIA VILLAC — HOJE


SERA MELHOR. DIALOGO E DEBATES
COM OS JOVENS 130/1970, p. 464.
KAZANTZAKIS, NIKOS — O CRISTO RECRUCIFI-
CADO 126/1970, p. 265.

RLOPPENBURG, BOAVENTURA — O CRISTAO SE


CULARIZADO . 125/1970, p. 231.
KNOCH, OTO — A CARTA DO APOSTÓLO TIAGO... 129/1970, p. 416.
LUBAC, HENRI DE — A ESCRITURA NA TRADICAO 132/1970, p. 559.
MAERTENS, THIERRY e JEAN FRISQUE — GUIA
DA ASSEMBLÉIA CRISTA, vols. 1 o 2.. 121/1970, p. 47 e
123/1970, p. 139.

MARTINS, W. VALLE — RISCOS DA FÉ 126/1970, 3* capa.


MATURA, THADÉE — CELIBATO E COMUNIDADE.
OS FUNDAMENTOS EVAN
GÉLICOS DA VIDA RELI
GIOSA 123/1970, p. 138.

MERTON, THOMAS — A IGREJA E O MUNDO SEM


DEUS 123/1970, p. 139.

MESTERS, CARLOS — PALAVRA DE DEUS NA HIS


TORIA DOS HOMENS 132/1970, p. 557.

MESTERS, CARLOS e FRANCISCO TEIXEIRA — RE


ZAR OS SALMOS HOJE 121/1970, p. 47.

NUNES, DANILLO — A PASCOA DE SANGUE .... 125/1970, p. 191.

PACHECO, MARIO VÍCTOR DE ASSIS — NEOCO-


LONIALISMO E CONTROLE DA NATA-
LIDADE 132/1970, p. 517.

PINCKNEY, EDWARD e CATHEY PINCKNEY — PSI-


CANALISE, A MISTIFICACAO DO SÉ-
CULO 125/1970, p. 232.
RAHNER, KARL — O HOMEM E A GRACA 129/1970, p. 415.
RAHNER, KARL — TEOLOGÍA DA POBREZA 121/1970, 3» capa.
RATZINGER, JOSEPH — O QUE É SER CRISTAO .. 121/1970, p. 48.
ROCHA, MATEUS — O TORMENTO DE DEUS .... 129/1970, p. 414.
ROCHA, MATEUS — QUEM É ÉSTE HOMEM ? .... 126/1970, p. 275.
ROSAS, PAULO — VOCACAO E PROFISSAO 129/1970, p. 416.
ROSSANO, PIERO - MEDITARES SOBRE SAO

SEGUNDO, J. L. _ AomCONCEPCAO CRISTA DO

SHEEN J FULTON — MARCAS DE PASSOS NA


FLORESTA SOMBRÍA .... 123/1970, p. 140.

TALEC, PIERRE — O SINAL DA FÉ 127/1970, p. 324.

TORRES, JOAO CAMILO DE OLIVEIRA — O OCASO


DO SOCIALISMO, A MARGEM DA "POPU-
LORUM PROGRESSIO" 125/1970, 3* capa.
VILELA, LUCIA JORDAO — NAO ESTOU 86 130/1970, p. 464.
WALCHEREN, PIERRE VAN DER MEER DE —
MAGNÍFICAT. DIARIO 1936-1962 ... 126/1970, 3* capa.

ZBIK FRANCISCO — DO EVANGELHO DO CORÁCEO


/,mK.,*KA«v,iD^ w coRACAO DO EVANGELHO 131/1970; 3- capa.

— 18—
NO PRÓXIMO NÚMERO :

Mitos na Biblia ?

«Meu bom José, meu pobre amigo...»

Oracáo continua : como ?

Ecos da Igreja do silencio

Gregorio Vil ¡ político ou pastor ?

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»

, í porto comum CrS 25,00


Assinatura anual I '
1971 I porte aéreo CrS 30,00

Número avulso de qualquer mes e ano CrS 2,00


Número especial de abril de 1968 CrS 3,00
Volumes encadernados: 1957 a 19G9 (prego unitario) .. CrS 20,00

Índice Geral de 1957 a 1964 Cr$ 10,00

índice de qualquer ano Cr$ 2-00


Encíclica «Populorum Progressio» CrS 1,00
Encíclica «Humanae Vitae» (Regulacáo da Natalidade). Cr$ 1,00

EDITORA BETTENCOURT LTDA.

REDACAO ADMDíKTBACAO
Caixa postal 2.666 Rúa Senador Dantas, 117, sala 1134
ZC-00 TUL'. 2219178
Rio de Janeiro (GB) Rio de Janeiro (GB) -ZC-06

You might also like