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Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LIN.E

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizacáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoriam)
APRESENTAQÁO
DA EDigÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanca a todo aquele que no-la
pedir (1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questoes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
¥_ vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abengoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confisca


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
índice
pig.

TEMPO E ETERNIDADE 4gg

"Reveladnos" sensacional sobre


"VIDA APÓS A VIDA" 501

Qual o futuro da humanldade ?


VALORES E MUDANZA SOCIAL 507

Caso controvertido:
"A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE" 520

Urna dúvida que se esclarece:


A PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANCAS 530

LIVROS EM ESTANTE 537

ÍNDICE 1977 541

COM APROVACAO ECLESIÁSTICA

■ a •

NO PRÓXIMO NÚMERO :

Urna entrevisto de Erich von Daniken. — O casamento de Gilda de


Abreu e a reencarnacáo. — Nostradamus e suas profecías. Os
«Novos Filósofos» franceses.

«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»

Assinatura anual Cr$ 100,00

Número avulso de qualquer mes Cr$ 10,00

(A partir de Janeiro 1978)

REDAgAO DE PR ADMINISTRACAO
rntva T>natni 9 fian Ltvraria Missionárla Editora
£n £
ZC0°
Blw MéxIco- 168-B (Castelo)
20.000 Rio de Janeiro (RJ)
20.000 Rio de Janeiro (RJ) Tel.: 224-0059
TEMPO E ETERMDADE
Em fim de ano, fácilmente tomamos conscíéncia de-
estarmos vivendo no tempo (que geralmente nos parece pas-
sar depressa),... tempo que um dia cederá á eternidade.

E que é a eternidade?

Certamente nao há de ser concebida como longa serie


de dias, meses e anos ou como um tempo que nunca se aca
bará. Tal caricatura de eternidade seria penosa e enfado-
nha. — Também nao conceberemos a eternidade como algo
de totalmente novo e inédito em nossa existencia. E por qué?

A eternidade, para nos, será o encontró com Deus visto


face-a-face. Conhecemo-Lo atualmente através das penum
bras da fé. Um dia, Ele se nos revelará sem sinais interme
diarios. Por conseguinte, o mesmo Bem Infinito que hoje
entrevemos como peregrinos, se nos descubrirá plenamente e
será a nossa Grande Resposta para todo o sempre. É por
isto que todo cristáo, no fim do ano especialmente, pergunta
a si mesmo: Quem é Deus para mim? Deixou, um pouco
mais, de ser uma palavra abstraía? ... uma fórmula filosó
fica? ... um desmancha-prazer? ... um Juiz terrível? É Ele
o Grande TU com o qual dialogo c que dá estrutura a mi-
nha vida?

Mais ainda: se há continuidade entre a vida presente e


a futura, vé-se que vamos construindo a eternidade através
dos atos desta existencia terrestre. Sim; a vida humana neste
mundo muitas yezes poderá parecer «banal»: reduz-se, nao
raro, a uma serie de gestos, em aparéncia, insignificantes.
Na verdade, porém, esses atos sao grandes e vém a ser por
tadores de eternidade em virtude da atitude interior com que
os realizamos.

Para ilustrar esta verdade, imaginemos urna obra de arte,


como um painel ou uma escultura. Materialmente falando,
essa obra é táo somente o resultado de uma serie de pince
ladas, das quais cada uma vale pouca coisa. Mas o que faz
o valor inegável de cada um desses atos mínimos e do con
junto resultante é o pensamento do artista; é este que, em
última instancia, move o pincel ou o cinzel e se espelha nos
respectivos atos, de tal modo que a síntese dos gestos do
artista é a expressáo do seu genio ou da sua graga. Assim

— 499 — _.. . —-
através de cada um dos atos mínimos do pintor ou do escul
tor constrói-se algo que nao é simples pinceladas ou cinze-
ladas. Ora o mesmo se diga em relagáo á vida humana; é
mediante os gestos simples e modestos de cada dia que vamos
exprimindo a nossa intuicáo artística e construimos a nossa
eternidade. Em outros termos: é mediante nossos atos de
cada dia que vamos afirmando e aprimorando a nossa ati-
tude diante de Deus,... diante daquele que um dia se nos
revelará por completo.

Construir, mediante gestos que passam (aparentes ninha-


rias), algo que nao passa..., tal é a voca§áo e a grandeza
do cristáo. Isto é possível nao necessariamente pelo fato de
realizarmos grandes facanhas, mas, sim, pelo fato de pro-
curarmos dar urna alma a nossos atos, tornando-os expres-
sóes de nossa adesáo incondicional ao Senhor. É esta atitude
interior que metamorfoseia a vida terrestre.

Aínda com outras palavras: queiramo-lo ou nao, cada


um dos nossos atos tem repercussáo definitiva:... reper-
cussáo forte e bela se for ato consciente e dinamizado pela
uniáo com o Senhor.

A consciéncia destas verdades nos leva a valorizar cada


vez mais o tempo, qualquer que seja a nossa idade cronoló
gica. O fato de estarmos para comegar novo ano (... ano
que os antigos chamariam «ano de graga») nos lembra que
o tempo passa e é cada vez mais breve (cf. ICor 7,29), cada
vez mais próximo do Definitivo; incoercivelmente, este vai
penetrando sempre mais em nossa vida, como, na aurora, o
claráo do sol nascente vai penetrando cada vez mais as tre-
vas da noite.

Recordado disto, o cristáo procurará em 1978 viver ainda


mais dos valores que ficaráo para sempre. A escola da vida
o ensina a escalonar cada vez mais nítidamente os bens que
o cercam, fazendo do Eterno o luzeiro que ilumine cada um
dos seus passos de peregrino, e a fonte de energia que dina-
mize cada qual dos mais simples gestos dése artista que, em
última análise, deve ser todo discípulo de Cristo!

E.B.

A TODOS OS NOSSOS LEITORES


FELIZ NATAL E PRÓSPERO 1978!
A diregáo de PR

— 500 —.
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Ano XVIII — N* 216 — Dezembro de 1977

"Revelares" sensactonais sobre

«vida após a vida»


Em slntese: A revista "Selegoes" publicou em setembro 1977
(pp. 120-136) o artigo "Vida após a vida", que condensa o livro "Afler Ufe"
do Dr. Raymond A. Moody Jr. publicado em 1975. O artigo apresenta, em
forma breve, relatos de pessoas que estiveram ás margens da morte física,
mas se recuperaran! e, em conseqüéncia, contaram suas experiencias. Tais
depolmentos tém nítidamente caráter espirita; concebem o Além, com a
sua topografía, á semelhanQa do aquém ; afirmam que os espirites no Além
tém um corpo espiritual, que nao deve ser identificado com o que S3o
Paulo menciona em 1Cor 15,44, mas com o perispfrito ou corpo astral de
que fala o espiritismo. Nos depoimentos em foco, a sorte final parece ser
a mesma para todos os homens, o que é conforme com a doutrina espirita.

Dadas estas características do artigo, conclui-se que nao pode ser


tido como expressio do pensamento cristáo, o qual é sobrio ñas suas con-
cepcSes concernentes á vida postuma.

Comentario: O periódico «Selegócs do Reader's Digest»,


em seu número de setembro de 1977, pp. 120-136, publicou
um artigo intitulado «Vida após a vida». Trata-se da sín-
tese do livro «After Life» (Após a vida) do Dr. Raymond
Moody Jr., o qual refere as experiencias de pessoas que pas-
saram por coma e voltaram ao estado de consciéncia. Ter-
-se-ia assim um vislumbre do que seja a vida no Além, tema
este que suscita sempre interesse do público. Eis por que,
ñas páginas subseqüentes, vamos apresentar as principáis
linhas dos depoimentos de tais pessoas e algumas reflexóes
sobre os mesmos.

— 501 —
4 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

1. Os depoimentos

O Dr. Raymond Moody Jr. diz que, durante os últimos


doze anos», encontrou grande número de individuos que pas-
saram pela «experiencia da quase morte». Observa que os
respectivos testemunhos apresentam elementos comuns, os
quais devem corresponder á realidade objetiva, pois, em hipó-
tese contraria, nao teriam explicagáo. Sao cento e cinqüenta
os casos catalogados pelo autor em tres categorías:

1) experiencias de pessoas que foram reanimadas


depois que os médicos pensavam já estarem mortas;

2) experiencias de pessoas que, durante acidentes ou


graves doengas, se aproximaram da morte fisiológica;

3) experiencias de pessoas que, tendo estado a beira


da morte, recuperaram lucidez; contaram suas impressóes a
amigos que finalmente as relataram ao Dr. Moody Jr. Este
prefere os depoimentos dos dois primeiros tipos.

Para melhor informar o leitor, transcrevemos, a seguir,


um dos relatos mais típicos dos que o Dr. Moody Jr. apre-
senta:

"Um homem está morrendo. Assim que atinge o ponto de maior des-
falecimento fisiológico, ouve o médico declará-lo morto. Comeca entüo a
escutar um ruido incómodo, urna campainha ou um zumbido forte e, ao
mesmo tempo, senté que se move rápidamente através de um túnel escuro
e comprido. Oepois disto, descobre que está lora do seu próprio corpo
físico, á distancia, como se fosse um espectador. Colocado nesse ponto
de observacao privilegiado, observa a tentativa de reanlmacáo. Repara que
ainda possui um 'corpo', mas um de natureza distinta e com poderes multo
diferentes dos do corpo físico que deíxou para tras.

Depressa chegam outros para o conhecerem e ajudarem. Vislumbra os


espíritos de párenles e amigos que já morreram. Um espirito amável e
benigno {um ser de luz) aparece á sua frente. Este ser faz-lhe urna per-
gunta, nao verbal, para levá-lo a avallar a sua vida e ajuda-o, mostrando-the
urna retrospectiva instantánea dos fatos mais importantes déla.

A dado momento, descobre-se a si próprio aproximando-se de urna


especie de barreira ou fronteira que representa aparentemente o limite
entre a vida terrena e a seguinte. Contudo ele senté que tem de voltar á
Térra, que a hora da sua morte ainda nao chegou. Nesta ocasüo, resiste,
pois ja está tomado pela sua experiencia na outra existencia e nao quer

10 livro em foco foi publicado em 1975.

— 502 —
«VIDA APÓS A VIDA»

vollar. Está imbuido de sentimentos intensos de alegría, amor e paz. Apesar


desta sua atitude, de alguma forma ele volta a seu corpo físico e vive.

Posteriormente tenta contar a outros, mas senté dificuldade em fazé-lo.


N5o encontra palavras adequadas para descrever estes episodios sobrena-
lurais. Também é ridicularizado e deixa de falar no assunto. A experiencia
todavía afeta profundamente a sua vida" (art. citado, p. 121s).

2. Que concluir de tais depoimentos ?

Proporemos as seguintes observacóes:

1) Os testemunhos em foco apresentam o Além como


se fosse semelhante ao aquém: constaría de realidades mate-
riais e topográficas, dentro das quais os espíritos aparecem
revestidos de corporeidade... Tais descricóes nao sao raras
nos artigos e livros que tentam desvendar o Além; estes sao
geralmente de inspiracáo kardecista, condizendo bem com a
filosofía do espiritismo, que se compraz em admitir, sem pro-
vas, os espíritos desencarnados a se mover no espaso. En-
tende-se que a fantasía de pessoas que tenham estado em
coma, estimulada por leituras e conversas, haja projetado,
como relatos de vida «fora do corpo», as estórias coletadas
pelo Dr. Moody Jr... Em se tratando de revelagóes do
«sobrenatural» ou do «transcendental», todo estudioso deve
exercer certo espirito de crítica, pois o terreno é p.xifusa-
mente explorado por pretensos arautos, que dizem poder
desvendar o Além quando na verdade nao estáo senáo criando
e projetando ficgóes. Ser crítico nao significa negar de ante-
máo ou peremptoriamente, mas exigir provas e credenciais —
o que é de bom alvitre em qualquer pesquisa; a verdade só
pode lucrar pelo fato de ss apresentarem os seus compro-
vantes. Pois bem; o Dr. Moody Jr. nao indica, em favor
da veracidade dos relatos transcritos, senáo o fato de serem
semelhantes entre si. Ora isto nada prova; é muito fácil
explicar tais paralelos pelo fato de que todos tendemos a
imaginar o Além á semelhanca do aquém, proporcionando-
-nos o reencontró com nossos parentes e amigos falecidos. A
bibliografía já existente inspira os novos «videntes», que
desta forma, mediante as suas «revelacóes», confirmam o
que leram, nao o que realmente viram. Em verdade, quem
aceita como auténticas imagens do Além as narracóes cata
logadas por Moody Jr., faz um ato de fé, que é totalmente
gratuita ou destituida de fundamento.

— 503 —
6 «PERGUNTE E RESPONDEREMOSi> 216/1977

2) O corpo espiritual mencionado em tais relatos cor


responde ao que os espiritas chamam «aura» e «perispírito».
Na verdade, Alian Kardec admite que os espíritos desencar
nados tenham em torno de si urna poreáo de fluido que lhes
serve de envoltorio e que ele chama «aura». Assim, por
exemplo, descreve Kardec a «aura»:

"Cada um de nos tem seu fluido próprio, que o envolve e acompanha


em todos os movimentos, como a atmosfera acompanha cada planeta (sic!).
É multo variável a extensao da ¡rradiacáo dessas atmosferas Individuáis.
Achando-se o espirito em estado de absoluto repouso, pode essa irradiacáo
ficar circunscrita nos limites de alguns passos; mas, atuando á vontade,
pode alcancar distancias infinitas (slc I). A vontade como que dilata o
fluido, como o calor dilata os gases... Em seu movimento de translagáo.
cada um de nos leva consigo a sua atmosfera fluldlca, como o caracol a
sua concha; esse fluido, porém, deixa vestigios da sua passagem; delxa
um como sulco luminoso, inacessível aos nossos sentidos" ("Obras postu
mas" pp. 100s).

O perispírito nao é senáo urna poreáo de fluido conden-


sado. Eis palavras de Alian Kardec:

"O perispírito é urna condensacáo desse fluido em torno de um


foco de inteligencia ou alma" ("A Génese", p. 262).

O perispírito também é chamado «corpo astral», «corpo


ódico», «od»... Afim a este conceito é o de «ectoplasma» e
o de «forga ecténica».

Ora, ñas «relevagóes» coletadas pelo Dr. Moody Jr., o


«corpo espiritual», como dito, há de ser identificado com o
«corpo astral» ou o «perispírito». Pergunta-se, porém: como
chegou Alian Kardec a saber da existencia dos fluidos e das
suas condensagóes em torno dos espíritos desencamados?

Talvez alguns leitores católicos tendam a identificar o


corpo espiritual mencionado no livro do Dr. Raymond
Moody Jr. com o «corpo espiritual» de que fala o Apostólo
Sao Paulo em ICor 15,44. A identificacáo carecería de fun
damento, pois os pressupostos das «revelacóes» em foco nao
sao os de Sao Paulo. O Apostólo tem em vista a ressurrei-
gáo dos mortos que se dará no fim dos tempos •; Paulo
nunca propóe visóes da vida postuma; apenas na carta aos
Filipenses diz que déseja morrer para estar logo com Cristo,
em vez de peregrinar mais longamente sobre a térra: «O

1 Alguns autores católicos contemporáneos acham que ela se dará


logo após a morte — o que é gratuito e discutivel.

— 504 —
«VIDA APÓS A VIDA*

meu desejo é partir e estar com Cristo, pois isso me é muito


melhor» (Fl 1,23). Note-se como é sobria a expressáo do
Apostólo. Tal sobriedade, de resto, deve caracterizar a lin-
guagem do cristáo frente as realidades fináis.

3) Para o cristáo, a morte é o desfecho da peregrina-


cáo terrestre. Logo após esta, a criatura é julgada por Deus,
isto é, penetrada pela luz divina, para que possa reconhecer
claramente o bem e o mal que tenha feito. O cristáo entra
logo depois na fruicáo da sorte que tenha preparado para si
mesmo: ou a visáo de Deus face-a-face, caso tenha a alma
isenta de pecados1; ou a definitiva separacáo de Deus, que
se chama «o inferno». Ora chama a atengáo o fato de que
as «revelacóes» cancelam explícitamente o céu e o inferno:
«Na maioria dos casos, a idéia de castigo/recompensa na
outra vida é abandonada e repudiada, até por muitos que
foram habituados a pensar nesses termos» (p. 128). Mais
urna vez, tem-se aqui um trago espirita: o kardecismo julga
que através de reencamagóes sucessivas os espíritos se puri-
ficam, de modo que, ao fim das suas diversas existencias na
térra ou em outros planetas, todos merecem a recompensa
definitiva.

O Cristianismo, baseado no Evangelho, afirma que há


urna só passagem do homem pela térra, durante a qual o
Senhor Deus lhe proporciona todos os meios de santificagáo.
Caso a criatura, consciente e voluntariamente, rejeite a graca
de Deus, colherá as conseqüéncias desta negativa; o Senhor
respeitará a sua livre op;áo. Repetidamente o Senhor Jesús
o deu a entender, como se depreende de Mt 5,22-29; 10,28;
13, 40-42. 49s; 18,8; 25, 1-13. 14-30. 41-46. O cristáo que
procure ser fiel á sua vocagáo, tem a certeza moral de que
está a caminho da Casa do Pai; sabe outrossim que Deus é
sumamente justo, de modo que jamáis poderla cometer a
mínima injustiga.

0 «ser de luz» cuja visáo é descrita nos depoimentos


do livro do Dr. Moody Jr., em linguagem crista é o próprio
Deus na riqueza infinita de sua vida. O Cristianismo, porém,
ensina que o encontró com o Senhor e a experiencia de
Deus nao sao algo de reservado para a vida postuma; já
na térra o cristáo fiel á sua vocagáo experimenta a pre-

1 O purgatorio postumo é a ocasiáo de purificacao que o Senhor


Deus oterece a quem morra com um amor a Deus aínda incoerente ou
entravado por resquicios do pecado.

— 505 —
8 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

senca de Deus, do qual é templo vivo; ser cristáo significa


«ser filho de Deus» ou participar da vida trinitaria mediante
os sacramentos, dos quais a Eucaristía é o principal.

Sao estas algumas reflexóes que a leitura do artigo


«Vida após a vida» sugere. Verifica-se que se trata de pági
nas procedentes da fantasía humana, tendo como premissas
as teses do espiritismo.

A propósito devem-se recomendar as obras de Frei Boa-


ventura Kloppenburg sobre o espiritismo e as do Pe. Osear
Quevedo sobre parapsicología:

B. Kloppenburg, O Espiritismo no Brasil. Ed. Vozes, Petrópolis 1960.

ídem, O Reencamacionismo no Brasil. Ed. Vozes, Petrópolis 1961.

O. González - Quevedo, A Face Oculta da Mente. Ed. Loyola, S3o


Paulo, 25? edlcfio, 1976.

ídem, As Forcas Físicas da Mente, 2 vols. Ed. Loyola, Sao Paulo 1974.

tdem, O que é Parapsicología. Ed. Loyola, Sao Paulo, 1974.

AMIGO(A) LEITOR(A),

NAO SE ESQUECA DE COLABORAR COM PR

NA CAMPANHA DE NOVAS ASSINATURAS. CINCO

NOVAS ASSINATURAS DÁO DIREITO A SEXTA

GRATUITA.

— 506 —
Qual o futuro da humanidade ?

valores e mudanca social

Em sintese: Vivemos numa época essencialmente marcada por mu-


dangas. E o futuro nos impoe ulteriores e serias transformacSes, visto que
o estado de animo dos homens de hoje é de ¡nsatisfacfio e conflltos ; o
homem á vítima de paradoxos que ele mesmo criou para si mediante o
progresso industrial desenfreado. A humanidade poderá mudar para melho-
res condicdes, como também para plores situacdes de vida individual e
social. A mudanca para melhor deverá proceder de urna conversio do
homem para certos valores; importa mais mudar o homem para que este
mude o sistema, do que explodir o sistema para entáo construir um
homem novo.

Ora há sinais de que a mudanca futura ocorrerá no bom sentido,


pois o homem contemporáneo experimenta vivamente a crise gerada pelo
descontrolado avanco tecnológico e ¡á pensa em procurar valores trans
cenderíais, éticos e religiosos; preocupa-se com a pessoa humana e eom
os seus valores próprios. Em suma, dois caminóos se apresentam ao
homem de hoje posto em crise: ou a mudarla violenta dos sistemas
sociais, económicos e estruturals para mudar o homem, ou a mudanca
(conversao) do homem para mudar os sistemas sociais e as estruturas Ora
este segundo alvitre pode ser mafs lento, mas é mais justo e, por'isto
mais duradouro.

O presente artigo corresponde ao texto da palestra profe


rida pelo Dr. Paulo Cavalcanti da Costa Moura, psicólogo
e Vice-Diretor do «Jornal do Brasil», no X Encontró de Lí
deres e Homens com Poder Decisorio realizado no Sumaré
(Rio de Janeiro) aos 5 e 6 de agosto de 1977.

Somos profundamente gratos ao articulista por mais esta


valiosa colaboracáo prestada a PR. O texto levanta o pro
blema da angustia do homem de hoje e, recorrendo a argu-
mentagáo acessível a todo leitor, mesmo nao cristáo, apre
senta urna solucáo que é humana e, ao mesmo tempo, crista.

1. Palavra-síntese : MUDANZA

A vida é um processo dinámico e, por isto, o mundo


nunca foi estático. Mas, neste final de século, que marca o

— 507 —
10 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

alvorecer de um novo milenio, a palavra-síntese, que melhor


caracteriza o mundo agitado em que vivemos, talvez seja a
palavra mudanca.

Nos tempos atuais, o volume de mudancas que nos atin-


gem, é simplesmente maior do que nossa capacidade de per-
cepcáo. Há tanta coisa em mudanga que mais fácil se torna
perguntar o que nao mudou do que o inverso.

Entre algumas dessas mudancas de grande impacto sobre


o homem, a comunidade e as instituigóes, podem-se indicar:

Conhecimentos e informagóes
Tecnología
Comunicagóes
Economía em geral, e o fenómeno multinacional em
particular
Estilo de vida e mobilidade social
Valores e comportamento humano
Novas formas de participagáo política dos individuos,
dos Estados e dos blocos de nagóes.

Mudanga, ñas suas origens, na sua dinámica, nos seus


efeitos, no seu planejamento e no seu controle, constituí a
preocupagáo dominante que leva os especialistas a se debru-
garem sobre o fenómeno na tentativa de compreendé-lo e de
poder influir no processo. É que, se por um lado existe urna
forte motivagáo para decifrar o fenómeno, por outro lado o
homens e suas instituigóes sentem a necessidade de promo
ver mudangas relevantes, dirigindo o processo mais do que
apenas observando. Neste sentido, o grande desafio das lide-
rangas está em se assumirem como antes promotores de mu
danga. Compreender que estamos imersos num mundo em
mudangas (que nestes dias sao cada vez mais aceleradas e
nos atingem mais profundamente, pessoal, social e institucio-
nalmente), discernir quais as mudangas relevantes, criar con-
digóes de adaptagáo positiva ao processo e planejar a assimi-
lagáo dessas mudangas, orientando ou reformulando valores,
atitudes e comportamentos, eis ai a formidável tarefa que os
líderes tém diante de si.

Em nossa era, chegamos á construgáo de um sistema


social que se mostra bastante paradoxal e carregado de con-
flitos. Temos mais poder do que em qualquer outra época

— 508 —
VALORES E MUDANCA SOCIAL 11

histórica, e somos impotentes para solucionar urna grande


parte das questóes fundamentáis do homem contemporáneo.
E sentimos que esta situagáo conflitiva se está complicando
de tal forma que a medio prazo forgará urna solucáo, talvez
orgánica, pacifica e construtiva, mas talvez mecánica, agres-
siva e destrutiva.

Erich Fromm, um dos bons representantes do huma


nismo contemporáneo, sintetizou este quadro, quando diz que
chegamos a urna encruzilhada: «Urna estrada leva a urna
sociedade completamente mecanizada em que o homem é um
indefeso dente de engrenagem da máquina — se nao á des-
truigáo pela guerra termonuclear; a outra leva a um renas-
cimento do humanismo e da esperanga — a urna sociedade
que póe a técnica a servigo do bem-estar do homem» (em
A BevolucSo da Esperanza).

2. Sistemas sociais e ¡magem do homem

Nossos sistemas sociais, onde se inclui o económico, e


que a maioria das pessoas senté como crescentemente insa-
tisfatórios, nao sao sistemas independentes de nossas crengas
fundamentáis. Os sistemas sócio-económicos sao modulados
por nossos comportamentos, que dependem de nossas motiva-
góes, que por sua vez resultam das imagens do homem que
construímos e que, na esséncia, constituem os nossos valores.

Cada época histórica constrói sua «imagem do homem»,


que é urna percepgáo global da própria humanidade, tanto
individual, como coletiva em relagáo a como senté e percebe
o próprio eu, os semelhantes e o cosmos. Logo, a imagem
ó um conjunto de percepgáo sobre as origens do homem, sua
natureza essencial, suas habilidades e características, suas
relagóes sociais e seu lugar e valor no universo.

Essas imagens, que os homens fazem de si mesmos, domi-


nam toda a cultura e sao de fundamental importancia, por
que inspiram e orientam as formas pelas quais a sociedade
modela suas instituicóes, educa sua juventude e age em todos
os setores que Ihe sao significativos. Todas as decisóes, sejam
públicas, sejam privadas, necessária, ainda que nem sempre
conscientemente, pressupóem alguma visáo do homem, do seu
valor e posigáo no mundo.

— 509 —
12 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

A política social é, portante, diretamente dependente da


imagem que cada grupo social faz do homem. Por exemplo,
se adotarmos certas «verdades», tenderemos a assumir certas
conseqüéncias:

Hipóteses (imagens) Conseqüéncias

1. O homem é separado da 1. Relagóes expoliativas com


natureza e superior a ela. a natureza.

2. O homem é parte da natu 2. Ado;áo de urna «ética eco-


reza ou deve estar unido lática», de base conserva
a ela. dora.

3. O homem é urna máquina. 3. Ignorar os aspectos náo-


-íisicos da natureza hu
mana.

4. O homem tem urna natu 4. Nossa tarefa é nos adap-


reza completa e fixa. tarmos (e as instituigóes)
a natureza.

5. A natureza humana é um 5. Nossa tarefa é compreen-


processo que permite um der a natureza dessa evo-
continuo desenvolvimento. lugáo e projetar as insti-
tuigóes para ajudar o ho
mem no seu desenvolvi
mento integral.

6. O homem é um ser con 6. Nossa tarefa é prover re


dicionado pelas condicóes cursos ao sistema sócio-
hereditarias e ambientáis. -económico para forgar as
condutas «certas» (tecno
cracia social, fascismo, so
cialismo).

7. O homem sofre condicio- 7. Nossa tarefa é a da educa-


namentos, mas tem capa- Cáo para escolhas e exer-
cidade de auto-determina- cicios da liberdade respon-
nagáo (livre-arbítrio). sável (democracia).

Diferentes épocas criam diferentes imagens, e o que é


apropríado a um periodo pode nao o ser para o periodo seguinte.
As imagens que se mostraram adequadas para guiar a tran-
sigáo de um mundo agrario e de baixa tecnologia para um

— 510
VALORES_E_MUDANCA_SOCIAL 13

mundo industrial e de alta tecnología, certamente já nao sao


apropriadas para a transigáo nos rumos da sociedade pós-
-industrial, que se vai configurando. Sociedades afluentes
que já estáo ingressando no pós-industrialismo, sentem essa
inadequagáo, como um todo. Ñas sociedades ainda nao ple
namente industrializadas (e sobretudo nos países subdesen-
volvidos), a inadequagáo é sentida mais ao nivel das pessoas,
que por suas condigóes intelectuais e(ou) económicas, vivem
o drama de habitarem urna regiáo subdesenvolvida com a
mentalidade e as aspiragóes de um ser afluente.

3. Porodoxos

No momento atual, a insatisfacáo é urna constante. De


varios ángulos se pode concluir o fato paradoxal de que,
apesar de tantas coisas estarem táo melhores, o contexto
geral está táo pior:

1") O homem, apesar de todo seu poder, conhecimento


e capacidade, é cada vez mais o lobo do homem. Torna-se
mais superficial e menos humano. Há prosperidade, mas falta
Justina social. Há poder e há aspiragáo, mas falta realiza-
gáo. Há mais capacidade, mas falta felicidade. Há mais pro
cura, mas há menos encontró. Há mais capacidade de ter e
menos coragem de ser.

2Í>) A sociedade, com urna tecnología mais potente do


que nunca, criou novos problemas, dificéis de resolver: dete-
rioracáo ambiental e dilapidagáo dos recursos naturais; deca
dencia dos grandes centros urbanos; crescentes ameagas de
desemprego; necessidades crescentes de capital e baixa pro-
dutividade; síntomas de urna patología psicossocial de gravi-
dade crescente (alienagáo, crises existenciais, baixo senso de
comunidade, aumento de doengas mentáis, aumento de crime
e de condutas margináis, permissividade ética, adesáo cres
cente a fórmulas exóticas de comportamento mágico e reli-
giosidade deturpada).

3') Nos países menos avangados, além dos problemas


anteriores, ainda se observa: excesso populacional e aumento
da pobreza; inadequagóes na distribuigáo de alimentos; vulne-
rabilidade e dependencia as flutuagóes dos pregos internacio-
nais, aos países mais ricos e as corporagóes multinacionais;
aumento dos contrastes nacionais, com o desnivel crescente

— 511 —
14 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

entre ricos e pobres, áreas rurais e urbanas, etc. (Alvin


Toffler, no seu livro O Espasmo da Economía, cita que o
total das vendas de 140 multinacionais amerioanas passa de
US$ 380 bilhóes, o que é maior que a soma de todos os
PBN's» do mundo, á excecáo dos EUA e da Uniáo Soviética).

Nao deixa de ser curioso o fato de que, em grande parte,


esses complexos problemas atuais sao derivados do próprio
éxito que o processo social criou e, em particular, a tecno-
logia. É como se a cada nova conquista, em si mesma válida
e meritoria, novos problemas aparecessem:

- Reducáo da mortalidade. - Possibilidades de destruicáo


em massa (nuclear e bio
- Alto nivel científico-tecno lógica) .
lógico.
- Desemprego, alienacáo.
- Automagáo, racionalizacáo.

- Eficiencia nos sistemas de - Desumanizagáo do traba-


produgáo. lho, poluigáo ambiental.

- Progressos ñas comunica- - Excesso de informagóes,


cóes. ameagas á privacidade.
- Afluencia, crescimento
bruto. - Dilapidagáo de recursos na-
turais, «eonsumerismo», au
- Superpopulacáo. Populagáo mento dos contrastes so-
nao ativa. ciais.

Como já se disse, o Estado industrial desenvolveu urna


maravilhosa capacidade de chegar ao ponto desejado, mas
nao tem idéia de para onde está indo. Tem poder, mas nao
tem diregáo. E Gailbraith, na mesma linha, afirma: «Sou
levado a concluir que somos servidores, no pensamento e na
agáo, das máquinas que nos criamos para nos servirem».

Verifica-se, pois, que vivemos urna situacáo conflitiva,


onde os valores, imagens e atitudes que foram necessários
para nos conduzirem até a situagáo atual, sao agora os
grandes obstáculos para que possamos evoluir na diregáo de
um próximo estágio de desenvolvimento. Willis Harman (Di-
retor do Center for the Study of Social Policy, Stanford
Research Instítute), chamou a isso de «anomalía fundamen
tal», definida por ele mesmo como:

1PBN = Produto Bruto Nacional.

512 —
VALORES E MUDANCA SOCIAL 15

• Os objetivos básicos do sistema, que dominaram a era


industrial...

(progresso material, propriedade privada do capital,


máximo retorno nos investimentos, livre-empresa, etc).
• .. .E que tém sido perseguidos, através de um com
plexo de objetivos intermediarios,...
(que incluem eficiencia, produtividade económica,
crescimento continuado do poder tecnológico, cresd-
mento constante da produgáo e do consumo).

• .. .Resultaram em processos e estados...


(por exemplo, extrema especializagáo e divisáo do
trabalho, substituigáo compulsiva do homem pela
máquina, consumo estimulado, obsolescencia plane-
jada, dilapidagáo dos recursos comuns, degradagáo
ambiental, aumento da pobreza mundial).

• ... Que culminam na contrafagáo das finalidades


humanas...

(por exemplo, enriquecimento das fungóes do traba


lho, autodeterminagáo, auto-realizagáo, conservacio-
nismo, preocupagoes humanitarias, estabilidade mun
dial, justa distribuigáo da riqueza global).

Ou, em outras palavras, as microdecisóes (como as do


mundo dos negocios), mesmo boas, nao levam necessaria-
mente ás boas macrodecisóes. É exatamente daí que sur-
gem as necéssidades de mudangas relevantes, tanto ñas insti-
tuigóes dominantes como ñas próprias atitudes e imagens que
os individuos formaram para Ihes orientar a agáo.

4. Críse, fator de mudanza

A mudanca social (como também a mudanga pessoal, ou


a organizacional) é um processo aínda nao totalmente deci-
frado na sua dinámica psicológica. Mas, por pouco que se
saiba (e nao é assim táo pouco, o que já se conhece do pro
cesso), a mudanga costuma ocorrer em decorréncia de urna
crise e obedece a certas fases.

As origens (no caso das mudangas sociais) podem ser


externas ou internas.

— 513 —
.16 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

a) Meio Exterior:

• Processo de inovagáo, especialmente tecnológica


• Processo de crescimento (complexidade, diferen-
ciacáo)

b) Meio Interior:

• Processos de conflito (guerras, por exemplo)

• Processos ideológicos (valores, imagens, etc.)

A crise significa o ponto de inflexáo na curva de evolu-


C§o do processo, quando se senté o impasse entre o ritmo
anterior e o novo ritmo que se impóe.

As crises geram ansiedade, mas nao sao necessariamente


ruins. Crise (do grego, krisis) significa «momento decisivo»,
e é exatamente esta característica que deflagra o processo
de mudanga.

Quanto as fases, o processo de mudangas costuma obe


decer á seqüéncia seguinte:

a) Percepcáo (pessoal ou institucionalmente, chegamos


a alterar nossas percepgóes, seja pelo impacto das
informagóes, seja pela constatacáo das insuficiencias
vividas na situagáo atual).

b) Mudanga de atitude (no estado anterior, quando a


percepgáo se altera, tornamo-nos mais abertos e,
assim, por diminuir a resistencia e as defesas, pode
mos chegar a alterar nossas atitudes, nossas ima
gens, nossas bases comportamentais).

c) Decisáo pela mudanga (correspondendo á adogáo inte


rior de um novo padráo de comportamento, mesmo
que aínda nao exteriorizado).

d) Exteriorizagáo (o novo padráo, já assumido interior


mente, comega a se explicitar, e essa transigáo é deli
cada, porque o peso do sistema anterior aínda é
muito forte, o que provoca certa tendencia «regres-
siva»).

— 514 —
VALORES E MUDANCA SOCIAL 17

e) Estabilizacáo (com o exercício dos novos padroes,


aos poucos, o novo estado prepondera sobre o ante
rior). Até que nova crise inicie um novo ciclo de
mudangas.

No caso social, essa dinámica poderá ser mais ou menos


acelerada, mais ou menos tensa, mais ou menos agressiva,
tudo dependendo das dimensóes da crise e de outros fatores
circunstanciáis.

Ela poderá ser acelerada e pacifica, porque, hoje, já exis-


tem condigóes de infra-estrutura económica, e porque os
meios de comunicagáo social sao muito avangados. A mu-
danga será muito mais de valores do que de mecanismos.
Mas poderá, também, ser tensa, conflituosa e demorada, acen
tuando (ñas fases iniciáis) certos desequilibrios, que geram
agressividade. Ou poderá ameagar de tal forma a situacáo
vigente que haveria a tentativa de um retorno forgado aos
estados iniciáis, retorno este possivelmente estribado em for
mas autoritarias de intervengáo estatal. Mas, depois, o pro
blema poderia tornar-se táo grave (exacerbagáo da crise)
que a sociedade se sentiría forcada a experimentar novos
modelos, mais orgánicos e mais flexíveis.

O importante é considerar que a mudanga nao precisa


ser violenta, nem ameagar as conquistas já obtidas. É muito
mais urna questáo de conversáo do que de revolucáo. Mais
um problema de valores do que de estruturas. Importa mais
mudar o homem, para que este mude o sistema, do que explo-
dir o sistema, para entáo construir um novo homem.

Aínda citando o trabalho de W. Harman, «enquanto tai-


vez seja irreal esperar que os EUA e outras nagóes indus
trializadas possam limitar voluntariamente seu próprio con
sumo de recursos físicos, e partilhar mais equitativamente
sua riqueza com as nagóes menos afluentes, também pode
ser igualmente irreal pensar que essas nagóes ricas nao sejam
forgadas a fazer tal escolha. Pois, como bem disse o Pri-
meiro Ministro Canadense, Lester Person, nenhum planeta
pode sobreviver meio escravo, meio livre, meio engolfado na
miseria, meio imerso nos supostos prazeres de um consumo
quase ilimitado... nem a ecología, nem nossa moralidade,
poderiam sobreviver a tais contrastes».

Nossa crise atual deriva, portante, desses paradoxos, que


nos mesmos criamos. Mas, «se há vantagens numa crise,

— 515 —
J18 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/197"

urna délas é que isso nos obriga a voltar nossa atengáo para
o Homem, seus valores e suas condigóes de vida» (Rollo May,
ftlan's Scarch foí Himself).

Estamos desafiados a propor solugáo aos paradoxos dos


lempos atuais. Urna nova sociedade terá que se de^rontar,
pelo menos, com as seguintes questóes:

a) O continuo crescimento económico ó necessário, mas


intolerável ñas suas conseqüéncias.

b) A redistribuigáo global da riqueza é necessária, mas


mostra-se impraticável.

c) O maior controle social do desenvolvimento tecnoló


gico e das decisóes económicas é necessário, mas
colide com os principios da livre-empresa.

d) A racionalizacáo e a automagáo sao necessários ao


aumento da produtividade, mas trazem desemprego.

e) Os valores e premissas que possibilitaram o indus


trialismo sao impotentes e inadequados para orientar
a sociedade global, mas sao potentes para gerar o
aumento de riqueza.

Manter esses paradoxos só servirá para aumentar a ten-


sáo. Reverter aos padrees anteriores seria urna tentativa
autocrática e frustrada de impedir a evolugáo. Resolvé-los é
a missáo dos que exercem lideranca. Esta solugáo nunca será
fácil, porque exigirá condicóes difíceis de executar: reconci
liar um estado de escassez de recursos com urna nova cul
tura de frugalidade; dar solugóes satisfatórias ao dilema do
controle social das decisóes económicas; assegurar maior
eqüidade na redistribuigáo da riqueza; prover oportunidades
para urna plena e valorizada participacáo do individuo na
vida social.

Aurelio Peccei, em comunicado ao Clube de Roma (em


Momento de Decisao, de Mesarovic e Pestel), sintetízou mag
níficamente a dificuldade atual:

«O homem se entregou com tanto afinco a construir


sistemas artificiáis cada vez maiores e mais com
plexos que ficou difícil para ele controlá-los, per-

— 516 —
VALORES E MUDANgA SOCIAL 19

dendo oom isso o senso do seu destino e, ao mesmo


tempo, o senso de sua comunháo com a natureza e
com o transcendente».

5. Otimismo

Existem, contudo, serios indicios de que a crise atual já


está atingindo o nivel da mudanca de atitudes. Urna vez que
a percepcáo já se alterou, passou a existir urna consciéncia
da necessidade de mudanga. É claro que esta consciéncia
aínda nao é universal, porque ainda (possivelmente) tantos
estáo táo presos aos seus privilegios atuais que nao podem
aceitar a necessidade de mudanga. Mas, por outro lado, além
de já existirem diversos polos geradores de mudanca, que
tendem a se irradiar e crescer de importancia, existe um tal
estado de desintegragáo e de alienagáo no conteúdo mais
humano da vida que mesmo essas pessoas privilegiadas; aca-
bam por alterar suas percepgóes (a incidencia de doengas
mentáis e de doengas psicossomáticas, as neuroses, o número
de suicidios, o apelo as drogas, os mecanismos de fuga, a
solidáo e as crises existenciais sao exemplos reais desse tipo
de desintegraeáo, que transformou a angustia no tema domi
nante da psicología da última década).

Entre os síntomas positivos, que denunciam a insatisfa-


gáo com a situagáo atual e a procura de um novo estilo de
vida, podemos indicar:

a) A énfase na autodeterminagáo (dos individuos, de


grupos minoritarios, na afirmagáo da mulher, na
autonomía das comunidades, etc.).

b) A énfase na qualidade de vida (na procura de rela-


cionamentos mais auténticos, na crítica ao excessivo
valor dado ao status social e aos bens materiais, na
pressáo sobre a responsabilidade social das empre
sas, etc.).

c) A énfase no controle da tecnología (no clamor con


tra as fontes de poluigáo, ñas pressóes pelo controle
social da técnica, etc.).

d) A énfase na procura de urna ética ecológica (nos


movimentos pelo conservacionismo e contra a des-

— 517 —
20 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

truicáo do meio ambiental, na tónica de que o ho-


mem é parte da natureza e nao independente déla).

e) A énfase na procura dos significados transcenden-


tais da vida (no movimento humanista, no reconhe-
cimento científico de que o homem é urna unidade
físico-espiritual, na redescoberta dos valores religio
sos, na procura de experiencias metapsíquicas, etc.).

Como foi dito atrás, esses síntomas positivos nao cons-


tituem aínda urna consciéncia universal. Mas á medida em
que eles se fortalecerem e se espalharem, como é a tendencia
previsível, entáo estaremos, de fato, nos rumos de um novo
estilo de vida, que substituirá a imagem do «homem eco
nómico», fruto do racionalismo e da Revolucáo Industrial,
por urna nova imagem, sem dúvida mais humana e, por isto,
mais próxima dos valores cristáos.

Pois, se os sistemas sócio-económicos dependem dos cora-


portamentos e estes dependem das motivagóes, e se as moti-
vacóes dependem das imagens e as imagens dependem dos
valores, a mudanga relevante e produtiva obedece á mesma
hierarquia: os sistemas seráo mudados pelas decisóes; os com-
portamentos pela educacáo; as motivacóes pelas atitudes; as
imagens pelas percepcóes, e os valores pela conversño.

A grande dicotomía está nestas op;óes: para urna visáo


mecanicista, própria da era que estamos deixando, o sistema
será mudado de fora para dentro, rompendo-se as estrutu-
ras, para daí atingir o homem. Na visáo crista, o sistema
será mudado de dentro para fora, através da conversáo (mu-
danca) dos homens, que atingiráo as estruturas. O primeiro
caminho poderá ser até mais rápido, mas contera sempre um
componente de violencia contra a transcendencia da pessoa
humana. O segundo poderá ser mais lento, mas será mais
justo e, por isso, mais duradouro. Pois, como diz o Evan-
gelho, «nao vim destruir a lei ou os profetas; nao vim ab-
-rogar, mas levar a consumagáo» (Mt 5,17).

Paulo Gavalcanti da Costa Moura

Referencias:

Bennis, W.-Bene, K. — Ttie Plannlng of Change (Hott, Rinehart, 1969).

Brenner, S. - Molander, E. — Is the Ethics of Business Changing ?


(Harvard Business Revlew, Jan-Feb, 1977).

— 518 —
MUDANCA E VALORES SOCIAIS 21

Bugenthal, James — Challenges of Kumanislic Psychology (MacGraw


HiJI, 1967).

Campbell, J. et alü — Changing Images of Man (Stanford Research


Insiitute, May, 1974).

Davidson, J. Justin — The Top of Ihe World is Fíat (Harvard Business


Review, March-April, 1977).

Fromm, Erich — A Revolucáo da Esperanca — Por Urna Tecnología


Humanizada (Zahar, 1975).

Harman, Willis — Towards a Transinduslrial Society (Stanford Research


Institute, May 1977).

— Whlch Future for Tomorrcw ? (Stanford Research Institute, July.


1977).

— Valúes in a Changing Sociely (Stanford Research Institute, March,


1977).

May, Rollo — Psicología e Dilema Humano (Zahar, 1973).

— Marn's Search for Himself (W. Norton Co, 1953) (existe tradugao
brasiieira. Ed. Agir, Rio de Janeiro).

Mesarovic, M. e Pestel, E. — Momento de DecisSo — O Segundo


Informe ao Clube de Roma (Agir, 1975).

Toffler, Alvin — O Espasmo da Economía (Civilizagáo Brasiieira, 1977).

» • *

ESTIMADO ASSINANTE,

AGRADECEMOS SUA PRONTIDÁO EM RENO

VAR A ASSINATURA PARA 1378.

A Diregio de PR

— 519 —
Caso controvertido:

a biblia na linsuagem de hoje

Em sínlese: "A Biblia na Linguagem de Hoje" é urna edic3o do


Novo Testamento preparada pela Sociedade Bíblica (protestante) do Brasil
e aprovada pela Comissáo Episcopal de Pastoral da Conferencia Nacional
dos Bispos do Brasil. A segunda edicáo da mesma está menos carregada
de falhas teológicas e lingüisticas do que a primeira; todavia ainda se
ressente de defeitos de tradugáo, dos quais alguns afetam a própria dou-
trina da fé; assim, por exemplo, as passagens de Rm 1, 17; Gl 3,11 ;
Mt 16,19; Le 2, 7; Rm 3,25; 5, 9 ; Ef 1, 7... Outras falhas vém a ser
impropriedades, principalmente quando os tradutores evitam palavras con
sagradas, aceitas até mesmo pelo povo, como Evangelho, Alianza, pará
bola. .., substituindo-as por outras que nao tém a mesma riqueza de signi
ficado e conotapóes que os vocábulos clássicos possuem. Em suma,
"A Biblia na Linguagem de Hoje" é em muitos casos urna interpretacSo,
por vezes tendenciosa (protsstante), que, além de nao exprimir objetiva
mente o sentido do texto bíblico, confirma o povo na sua pouca cultura,
em vez de o ajudar a elevar o seu nivel cultural.

Comentario: É corlamonlo um anscio de todos os pas


tores do povo de Deus difundir o conhecimento da Biblia e,
para tanto, dispor de tradugáo moderna, de teor acessível a
todos os leitores, mesmo aos menos cultos. Em vista disto,
a Sociedade Bíblica dos Estados Unidos da América, com a
qual outras Sociedades Bíblicas (protestantes) vém colabo
rando, lancou pela primeira vez em 1964 a tradugáo intitu
lada «Good News for Modern Man. The New Testament
in Today's English Versión» (Boas-Novas para o hornera
moderno. O Novo Testamento vertido para o inglés do hoje).
Tal tradugáo serviu de modelo para outras congéneres, que
sucessivamente foram sendo feitas para o francés, o alemáo,
o espanhol e o portugués, todas contendo apenas o Novo
Testamento.

Em portugués do Brasil, «A Biblia na Linguagem de


Hoje» (doravante citada como BLH) conheceu a sua pri
meira edigáo em 1973. Em nome da Comissáo Episcopal
de Pastoral da Conferencia Nacional dos Bispos, o Sr. Bispo
D. Mario Gurgel houve por bem «aprovar o uso dessa edi
cto por parte de todos os católicos de lingua portuguesa».

— 520 _
A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE 23

A primeira edigáo de «A Biblia na Linguagem de Hoje»


suscitou divergencias entre os fiéis católicos, dos quais alguns
se mostraram entusiastas adeptos dessa tradugáo, enquanto
outros a combateram. As críticas foram tais que, antes de
dar aprovagáo á segunda edigáo de tal Biblia, a CNBB no-
meou urna comissáo encarregada de fazer a revisáo do texto
traduzido, cotejando-o com os origináis gregos, a fim de
averiguar a fidelidade do texto portugués. Essa comissáo
levou suas conclusóes ao conhecimento da Comissáo Episco
pal de Pastoral da CNBB; esta, após conversagóes com a
Sociedade Bíblica do Brasil e emendas feitas ao texto da
primeira edigáo, resolveu dar sua aprovagáo á segunda
edigáo.

É o texto assim aprovado e editado que vamos agora


analisar de mais perto.

1. Corregoes oportunas

Pode-se dizer, antes do mais, que a segunda edigáo da


BLH é preferível a primeira, pois nesta foram feitas corre-
góes necessárias. Assim

1) Em Le 1, 34 María responde ao anjo: «Sou virgem»,


em vez da tendenciosa expressáo «Ainda sou virgem» da
primeira edigáo. O texto anterior insinuava que María, ainda
sendo virgem, deixaria, um dia, de ser virgem.

2) A palavra bispo aparece em lugar de líder da pri


meira edigáo. O mesmo se diga a respeito de diácono, em
vez de servidor da primeira edigáo. Trata-se de palavras
técnicas, que nao podem ceder a outras de uso nao técnico.
Note-se, alias, que os vocábulos líder e servidor geralmente
designam pessoas que exercem fungóes numa sociedade, mas
nada exprimem do valor sacramental que toca aos ministe
rios (djaconato, presbiterado, episcopado) na Igreja Cató
lica. Para os católicos, os diáconos, presbíteros e bispos nao
sao meros funcionarios da Igreja, mas sao marcados pelo
sacramento da Ordem (que os protestantes nao reconhecem)
e exercem seus ministerios pelo poder do próprio Cristo; é
o Senhor quem diz: «Eu te batizo», «Eu te absolvo», «Isto
é meu corpo...»

— 521 —
24 <rPERGUNTE E RESPONDEREMOS> 216/1977

3) No tocante ao casamento, os textos de Mt 5,31s


e 19, 8s, que insinuavam ser o divorcio reconhecido pelo
Senhor, foram retocados. Comparem-se, por exemplo, os
seguintes textos entre si:

Mt 5,32 (1* edigáo): «Digo a voces: se um homem se


divorciar de sua mulher que lhe é fiel, será culpado de ela
cometer adulterio se ela se casar de novo. E o homem que
casar com ela, também comete adulterio».

Mt 5,32 (2* edicáo): «Eu digo: todo homem que se


separar de sua mulher, a nao ser em caso de adulterio, é
culpado de torná-la adúltera, se ela se casar de novo. E o
homem que se casar com ela, também comete adulterio».

Note-se que na segunda edigáo já nao há insinuagáo de


divorcio. Apenas se pode discutir a cláusula «a nao ser em
caso de adulterio». A palavra grega pornéia parece corres
ponder a zenüt do aramaico e significa uniao incestuosa on
ilegitima, nao adulterio (este é a violacáo de urna uniáo
legítima).

Todavía, ao lado destas observagóes positivas, é preciso


registrar falhas que continuam a afetar a traducáo de
«A Biblia na Linguagem de Hoje».

2. Pontos que tocam a fe

Registraremos os quatro seguintes:

1) Em 1,17b; Gl 3,11b, onde se lé: «Quem é aceito


por Deus por meio da fé vivera». O original grego diz sim-
plesmente: Ho de dikaios ek pisteoos zeesetai — o que, ao
pé da letra, significa: «O justo, porém, pela fé vivera». Com
estes termos, que sao retirados da tradugáo grega do livro
do profeta Habacuc (2,4) e que háo de ser interpretados á
luz do mesmo, Sao Paulo quer ensinar que «a pessoa reta
ou santa vivera (.= tem e terá a vida eterna) pela fé, ou
seja, pela fidelidade á Palavra de Deus».

Todavia a tradugáo da BLH é ambigua, pois pode ser


entendida no sentido de que «a pessoa que, mediante a fé,
se tornou justa ou aceita por Deus, obterá a vida eterna».

— 522 —
A BIBLIA NA IJNGUAGEM DE HOJE 25

A tradugáo francesa correspondente á BLH professa


explícitamente este modo de ver, dando a ler: «Celui qui est
juste aux yeux de Dieu par la foi, vivra» (Gl 3,11; Rm 1,17),
o que significa: «Aquele que é justo aos olhos de Deus pela
fé, vivera». Ora esta é urna doutrina luterana que nao cor
responde ao que o profeta Habacuc e o Apostólo Sao Paulo
querem dizer no caso. Alias, é de notar que a primeira edi-
cáo de BLH colocava urna virgula após «por meio da fé»,
insinuando exatamente que «quem foi justificado pela fé,
vivera». A segunda edigáo, após as observagóes feitas pela
comissáo revisora, já nao traz a vírgula, mas deixa o texto
em ambigüidade, podendo ainda ser entendido no sentido
luterano.

Ainda nos chama a atengáo o teor de Rm 1,17a na pri


meira edigáo de BLH: «O Evangelho mostra como Deus nos
aceita: é por meio da fé, e somente pela fé». — Esta fór
mula era urna profissáo explícita da doutrina luterana da
«sola fides» (somente a fé). A segunda edigáo dissipou a
tendenciosidade da primeira neste ponto, dando a ler: «O
Evangelho mostra que Deus nos aceita por meio da fé, do
comego ao fim» (tirou-se o somente).

Para se dissipar toda obscuridade do texto da BLH,


seria preciso guardar a palavra justo (dilcaios) e nao a subs
tituir por «aceito por Deus» (o que vem a ser um participio
passado e atrai o instrumental «por meio da fé»).

2) Le 2,7: «Entáo (María) deu á luz o seu primeiro


filho». Em portugués usual, a expressáo «primeiro filho»
insinúa «segundo, terceiro, quarto...», ou seja, a teoría de
que os chamados «irmáos de Jesús» eram filhos de María
e José.

Ora a palavra grega prootótokos, traduzida por «pri


meiro filho», há de ser entendida no contexto da mentali-
dade semita que Le 1-2 supóe. Em hebraico e aramaico, a
palavra bekor, primogénito, nao designava sempre o pri
meiro, mas, sim, por vezes, o bem-amado, pois, na verdade,
o primeiro filho é aquele no qual, a principio, se concentra
todo o amor de pai e máe. O primogénito era pelos israe
litas julgado alvo de especial amor da parte de Deus, pois
devia ser consagrado ao Senhor desde os seus primeiros dias
(cf. Le 2,22; Éx 13,2; 34,19). A palavra «primogénito» podia
mesmo ser sinónima de «unigénito», pois que um e outro

— 523 —
26 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

vocábulos na mentalidade semita designam «o bem-amado».


Tenha em vista, por exemplo, Zc 12,10s:

"Derramare! sobre a casa de Davl e sobre os habitantes de Jerusalém


um espirito de graca e de oracfio, e eles voltario os seus olhos para
Mim. Quanto áquele que traspassaram, chorá-lo-So como se chora um fllho
unigénito; pranteá-lo-io como se prantela um primogénito".

Aqui se vé nítidamente que sao sinónimos entre si os


termos «unigénito» e «primogénito» (inseridos no paralelismo
poético), significando, em ambos os casos, o bem-amado.

Por conseguinte, traduzir «prootótokon» por «primeiro


filho» equivale a fazer urna opcáo ou urna interpretacáo do
texto, que nao condiz com o contexto da Biblia.

Na verdade, os «irmáos de Jesús», mencionados em


Mt 13,55s; Me 6,3, nao eram filhos de María, mas primos de
Jesús, ou seja, filhos de Cleofas ou Alfeu, que era irmáo de
S. José (o pai adotivo de Jesús). Esta afirmagáo resulta da
análise de diversos textos do Evangelho, que sumariamente
aqui váo indicados:

a) Nunca o Novo Testamento fala de filhos de María


e José. Somente Jesús é dito «filho (putativo) de José» e
«o filho de María» (com artigo). Todavía em certas passa-
gens do Evangelho a expressáo «filhos de María» seria mais
natural do que «irmáos de Jesús», caso se tratasse propria-
mente de innatos. Em Me 3,31-35, por exemplo, a repeticáo
«máe de Jesús... irmáos de Jesús» é estilísticamente monó
tona e pesada; mais lógico seria dizer: «María e seus (outros)
filhos». Também em At 1,14 seria mais compreensível a fór
mula «... com María, a máe de Jesús, e seus filhos».

b) Jesús, aos doze anos, foi com José e María a Jeru


salém, participando da peregrinacáo de Páscoa. Essa viagem
deve ter durado cerca de quatorze días ao menos. Como se
depreende de Le 2,43, José e María permanecerán! era Jeru
salém durante os sete dias da festa; ora isto permite dizer
que María nao pode ter deixado em casa e por tanto tempo
filhos pequeños, ou seja, irmáos de Jesús no sentido estrito
da palavra.

c) Jesús, ao morrer, confiou sua máe a Joáo, o discí


pulo bem-amado. A única explicacáo plausível para este fato
é a que já os antigos escritores da Igreja propunham: María

— 524 —
A BtBLIA NA LJNGUAGEM DE HOJE 27

nao tinha outro filho; dai a necessidade de entregá-lo aos


cuidados de Joáo, filho de Zebedeu, membro de outra fami
lia. Este gesto do Senhor seria incompreensível, se María
tivesse outros filhos em casa!

d) Lé-se em Mt 1,25: «José nao conheceu María (= nao


teve relacóes com María) até que ela desse á luz um filho
(Jesús)». Deste texto deduzem alguns comentadores que,
depois do nascimento de Jesús, José teve relacóes conjugáis
com Maria. Tal interpretagáo, porém, nao leva em conta
urna peculiaridade da linguagem bíblica (semita): a expres-
sáo até que corresponde ao grego heos hou e ao hebraico
'ad ki. Ora sao conhecidas as passagens da S. Escritura em
que essas partículas ocorrem para designar apenas o que se
deu (ou nao se deu) no passado, sem se indicar o que havia
de acontecer no futuro. Tenha-se em vista, por exemplo:

Gn 8,7: o corvo que Noé soltou após o diluvio, nao vol-


tou á arca «até que as aguas secassem». Significaría isto
que depois do diluvio o corvo voltou á arca?

Aínda hoje na vida cotidiana nao se recorre a seme-


lhante modo de falar, quando, por exemplo, se diz: «Tal
homem morreu antes de ter realizado os seus planos» ou
«antes de ter pedido o perdáo»? Poderia alguém concluir
disto que, depois da morte, o defunto executou os seus desig
nios ou pediu perdáo? Diz-se outrossim: «O juiz condenou o
acusado antes de o ter ouvido»; seria licito deduzir destas
palavras que o ouviu depois de o ter condenado? Estés
sao casos em que se faz referencia ao passado, prescindindo
do futuro. Tal locucáo era freqüente entre os semitas e cons
tituí, sem dúvida, a base pressuposta do texto de Mt 1,25,
como alias bem reconhecem críticos protestantes do valor de
Klostermann. Em conseqüéncia, a traducáo mais clara da
passagem de Mt 1,25 seria: «Sem que ele (José) a tivesse
conhecido (isto é, tomado em consorcio marital), ela (Ma
ria) deu á luz...». Análogamente diriamos para explicar
as frases ácima citadas: «Tal homem morreu sem ter exe-
cutado o seu designio»; «o juiz condenou o acusado sem o
ter ouvido»; «as aguas do diluvio secaram sem que o corvo
regressasse á arca».

Veja-se a respeito dos «irmáos de Jesús» o longo artigo


de PR 180/1974, pp. 481-490.

Voltemos as observagóes relativas ao texto de BLH.

— 525 —
28 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

3) At 20,28; Km 3,25; 5,9; Ef 1,7; 2,13; Cl 1,20:


Hb 10,29; 13,20; lPd 1,19; Ap 1,5; 5,9. — A palavra gregá
hairaa é ai traduzida nao por sangue, como sería de prever,
mas por morte. — Ora, se bem que a morte possa em alguns
casos lembrar sangue, nao se deveria deixar de usar o vocá-
bulo sangue em tais passagens, pois é este que póe em relevo
o valor da morte de Cristo como sacrificio ou como vitima
de expiagáo pelos pecados do mundo. O caráter sacrificial
da morte de Cristo é essencial á mensagem do Novo Testa
mento.

4) Mt 16,19. Diz Jesús a Pedro, conforme a BLH:


«Eu lhe darei as chaves do Reino do céu; o que vocé proibir
na térra, será proibido no céu, e o que permitir na térra
será permitido no céu».

Os tradutores puseram «proibir-permitir» em lugar de


«ligar-desligar». Ora o binomio «ligar-desligar» (em aramaico,
asar e sherá ou hithir) é da linguagem técnica rabínica; signi
fica, antes do mais, atos de jurisdigáo, pelos quais os rabinos
excomungavam (ligavam) ou absolviam da excomunháo (des-
ligavam). Ulteriormente significava decisóes doutrinárias ou
jurídicas, que ou proibiam, declaravam ilícito (ligavam) ou
permitiam, declaravam licito (desligavam). — Donde se vé
que a tradugáo «proibir-permitir» nao abrange todo o con-
teúdo do texto original, reduzindo-o a materia de Moral,
quando, na verdade, o que Jesús entrega a Pedro, conforme
o texto original, é o poder de governar a Igreja tanto no
plano jurídico, como no da Moral e no da doutrina. A pró-
pria imagem das chaves, que Jesús consigna a Pedro, lem-
bra a jurisdigáo, ou seja, o poder de abrir e fechar a comu-
nháo com a Igreja em nome do Senhor Jesús. As sentencas
de Pedro sao confirmadas pelo próprio Deus.

Em conseqüéncia, teria sido necessário conservar o bino


mio «ligar-desligar» na tradugáo; o seu significado técnico
poderia ser explicado no vocabulario da BLH (pp. 719-728).
Qualquer tentativa de substituir o binomio «ligar-desligar»
equivale a urna interpretagáo, que pode ser tendenciosa,
como é de fato no caso da BLH. — A propósito do signi
ficado de tal binomio na teología dos rabinos antigos, veja
PR 132/1970, pp. 538s. 543-547.

As mesmas observagóes devem ser feitas a respeito de


Mt 18,18, onde reaparece o binomio «ligar-desligar», desta

— 526 —
A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE 29

vez para designar o poder de jurisdigáo e magisterio que


toca aos doze apostólos reunidos em colegiado.

3. Impropriecfades de tradugáo

Enunciaremos as seis seguintes:

1) O texto da BLH nao usa o vocábulo alianca, subs-


tituindo-o por acordó; cf. Le 22,20; Hb 10,29... — Ora a
palavra alianza é teológicamente consagrada; tem ressonán-
cias que acordó nao tem. Na verdade, importa usar a pala-
vra alianza (que nao é de todo estranha ao povo), pols o
seu emprego abre ao leitor o acesso aos escritos que tratam
da teología da alianca, ao passo que a omissáo deste vocábulo
o torna cada vez mais hermético ao leitor de pouca formagáo
religiosa.

2) A primeira bem-aventuran;a (Mt 5,3) reza na BLH:


«Felizes os que sabem que sao espiritualmente pobres...»
Ora a primeira bem-aventuranga nao consiste em saber...,
mas, sim, em viver; ela é dirigida aqueles que tém um cora-
gáo simples, humilde e despretensioso como é o dos pobres
(anawim), que o Antigo Testamento muito louva na medida
em que sao os fiéis de Deus, despojados de qualquer ilusáo
a respeito da escala dos valores; os anawim sao os que con-
fiam em Deus, e nao em si, como fazia S. Teresinha do
Menino Jesús, que viveu intensamente a primeira bem-aven-
turanca.

3) Em Hb 11,1 a BLH dá a ler: «A fé é a certeza


de que existem as coisas que nao vemos».

Nesta frase, aparece duas vezes a palavra «certeza» para


traduzir vocábulos gregos diferentes, a saber: hypostaste
(garantía, penhor) e élenchos (demonstracáo, prova). Per-
cebe-se, pois, que a tradugáo é pobre em recursos de voca
bulario, com detrimento da significagáo do texto bíblico
traduzido.

4) O termo parábola nao ocorre na BLH, mas é subs


tituido por comparadlo; cf. Mt 13, 3. 10. 13. 18... Embora,
no caso, haja certa equivalencia de vocábulos, pergunta-se:
por que nao conservar o termo parábola, que também é con
sagrado na linguagem bíblica e que poderia ser esclarecido no

— 527 —
30 «PEKGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

vocabulario da BLH, ocasionando ao povo simples a apren-


dizagem de urna palavra importante da linguagem bíblica?

5) Observe-se que BLH nao utiliza o verbo tomar, mas,


sim e sempre, pegar. — Ora nao se pode dizer que tomar
seja palavra erudita ou desconhecida ao povo; o que é certo,
é que pegar é nao apenas popular, mas até mesmo vulgar e
pouco elegante, principalmente numa traducáo bíblica. Te-
nham-se em vista os dizeres de Jesús em

Le 22, 17-19: «Entáo J.^us pegou o cálice, deu grabas


a Deus, e disse:

— Peguem isto e repartam entre voces...

Depois pegou o pao e agradeceu a Deus...»

Mt 35, 1-S: «Jesús disse: Naquele dia o Reino do céu


será como dez mogas que pegaram as suas lamparinas e saí-
ram para se encontrar com o noivo. Cinco eram sem juízo,
e cinco ajuizadas. As mocas sem juízo pegaram suas lam
parinas, mas nao airanjaram óleo de reserva».

6) Mais: o vocábulo «Evangelho» é geralmente omi


tido em favor de Boas-Noticias (cf. Me 1,1. 14) ou também
de Boas-Noticias do Evangelho (cf. 2Cor 9,18), expressáo
esta que é redundante e desnecessária.

7) Por último, note-se que na BLH há passagens em


evidente desacordó com a gramática portuguesa, como aque-
las em que o verbo obedecer rege objeto direto, e nao indi-
reto; assim Rm 4,13s; 5,14...

4. Conclusao

Como se pode perceber, a BLH nao é simplesmente urna


tradugáo, mas vem a ser, em mais de um caso, urna inter-
pretacáo. Verdade é que todo tradutor tem nao raro que
interpretar o texto que ele verte. Todavía este fato ocorre
com mais freqüéncia e mais serias conseqüéncias quando o
tradutor, de caso pensado, procura evitar vocábulos consa
grados pelo uso, como se dá na BLH. E diga-se de pas-

— 528 —
A BIBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE 31

sagem: a interpretagáo dada ao texto da BLH, cá e lá, é


evidentemente protestante. — Daí nao se poder recomendar
o uso da BLH nem para católicos, nem para protestantes,
pois uns e outros necessitam, antes do mais, de ler o texto
bíblico na sua realidade táo objetiva quanto possível.

Ademáis, há quem indague — e com razáo — se é


oportuno usar linguagem rude ou mesmo incorreta na tra-
ducáo da S. Escritura. Está claro que esta nao deve ser
proposta ao grande público em linguagem rebuscada ou «pre
ciosa», mas, apesar de tudo, há de valer-se de vocabulario e
estilo de bom timbre, condizentes com a dignidade da men-
sagem bíblica. O próprio povo aspira a elevar seu nivel de
cultura, de modo que so poderá mostrar-se grato a quem o
ajude a compreender um bom linguajar portugués que nao
deixe de ser simples. Julgamos que nao se devem evitar as
palavras técnicas do vocabulario bíblico como Evangelho,
parábola, alianca e outras muitas, pois tém suas conotacóes
que outras, tidas como equivalentes, nao possuem; o que elas
possam apresentar de insólito, seja explicado ao pé da página
do texto bíblico ou em glossário próprio, de modo que per-
cam sua estranheza para o leitor nao iniciado.

Em conseqüéncia de quanto foi dito, sugeriríamos que


a BLH tivesse por título «A Biblia interpretada em Lingua
gem Popular», visto que a linguagem de hoje é também a
linguagem de nivel medio e até mesmo a erudita.

Eis o que nos convinha observar, em termos sumarios,


a respeito da BLH.

— 529 —
Uma dúvida que se esclarece:

a primeira confissáo das criancas

Em sfntese: Este artigo aborda a praxe recente de se abrir o acesso


das criancas á Primeira Eucaristía sem que se confessem previamente.
Este costume, oriundo em alguns países após o Concillo do Vaticano \\,
foi tolerado pela Santa Sé nos seus primelros anos, mas em 1971, 1973 e
1977 foi rejeitado (apenas ocorre notar que em 1971 a Santa Sé previa
que alguns Bispos, desejosos de prosseguir na experiencia, se entendessem
a respeito com a Sé Romana). Atualmente eslió vedadas todas as expe
riencias neste sentido, ficando, pois, de pé a praxe instaurada por Pió X,
segundo a qual a enanca, desde a idade da razio (sete anos aproximada
mente), deve ser iniciada nos sacramentos da ReconciiiacSo e da Eucaristía.

As razóes de tal insistencia de Roma sSo compreensiveis:

A enanca que saiba distinguir entre o bem e o mal, senté necessi-


dade de perdáo. Ora compete á catequese cultivar e incutir sadiamente
essa necessidade, mostrando, entre os meios pelos quals Deus perdoa, o
sacramento da Reconcillacáo. Embora este só seja estritamente necessário
nos casos de pecado grave, é altamente recomendável tanto aos adultos
como ás criancas, mesmo que só haja pecados leves, como tem afirmado
repetidamente o magisterio da Igreja nos últimos tempos. Além do que
é de se observar que pouco pedagógico seria omitir a prática da con
fissáo nos exercícios da iniciacao cristi se tal prática deve integrar a
vivencia do fiel católico durante toda a sua vida; se essa prática nao é
aprendida desde a infancia, pode «car sendo algo de estranho na vida
do fiel católico, com grave detrimento para este.

Leve-se em conta, porém, a necessidede de apresentar á enanca o


pecado e a reconciliagáo em termos tais que, sem deixar de ser fiéis á
verdade, evitem o apavoramento religioso.

Comentario: Sabe-se que nos últimos anos o sacramento


da Confissáo se tornou objeto de dúvidas e incertezas, pois
muitos apregoaram que fora abolido ou que poderia ser subs
tituido simplesmente por absolvicáo coletiva. Esta insegu-
ranca afetou também a praxe de preparar as criancas para
a primeira Confissáo sacramental a ser feita antes da pri
meira Comunháo Eucaristica; em alguns países, após o Con
cilio do Vaticano II (1962-1965), comecaram as criancas a
ser preparadas para a primeira Comunháo sem a prática da
Confissáo sacramental. Ora a nova catequese levou a Santa

— 530 —
PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANCAS 33

Sé a se pronunciar sobre o assunto, oferecendo aos pastores


de almas principios que devem reger o seu comportamento
pastoral.

É esse pronunciamento da Santa Sé que vamos abaixo


colocar em seu contexto histórico e sumariamente comentar.

1. Breve histórico

Foi o Santo Padre Pió X quem incitou os fiéis católicos


á freqüentacáo assídua da S. Eucaristía, nao excluidas as
criancas que tivessem atingido o uso da razáo. Ainda im
buidos de mentalidade jansenista (segundo a qual era pre
ciso ser santo antes de se aproximar da Eucaristía), muitos
fiéis nos séc. XVIII e XEX receavam participar da S. Comu-
nháo. Ora Pió X teve o grande mérito de combater tal
mentalidade lembrando que a Eucaristía nao é propriamente
um premio para os bons, mas um subsidio de Deus para a
santificagáo dos cristáos sinceramente dispostos e um antí
doto do pecado. Por isto, desde o uso da razáo, dizia Pió X,
seria necessário que as criancas tivessem acesso á Comu-
nháo Eucarística, fazendo entáo previamente a sua Confis-
sáo sacramental. Tal foi a exortacáo contida no Decreto
«Quam singulari», que em 1910 fixou a idade para a pri-
meira freqüentagáo dos dois mencionados sacramentos:

"A Idade do discernimento tanto para a Confissáo como para a


Comunháo é aquela em que a crianga cometa a raciocinar, ou seja, o
sétimo ano de idade aproximadamente, com varlac&es para mais ou para
menos. Desde entáo comeca a obrlgacio de cumprlr os dois preceitos
da Confissio e da Comunháo".

A própria ordem de enumeracáo, no texto ácima, mos-


trava que aquela (a Confissáo) devia anteceder a esta
(a Eucaristía).

As palavras de Pió X deram grande impulso á piedade


eucaristica; de modo especial, incentivaran! o acesso das
criangas aos sacramentos desde a idade em que comece o
uso da razáo. Eis, porém, que após o Concilio do Vati
cano II alguns pastores de almas julgaram oportuno refor
mar tal costume: a Comunháo Eucarística seria postergada
para idade mais madura (dez, onze anos ou mais) e nao
necessitaria de ser precedida de primeira Confissáo desde

— 531 —
34 cPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

que se pudesse presumir nao haver pecado grave na vida dos


candidatos á primeira Comunháo.

O novo costume tendo-se alastrado, a Santa Sé, por


meio da S. Congregagáo para o Clero, publicou um Diretó-
rio Catequético Geral datado de 11 de abril de 1971. Este
documento contém um apéndice, que aborda especialmente
«a iniciagáo aos sacramentos da Penitencia e da Eucaristía»,
tendo em vista a situagáo vigente em alguns países católicos.
Eis a parte desse texto que vem ao caso:

"Nos últimos tempos, em algumas regióes da Igreja, foram feitas cer


tas experiencias com relacao á iniciacáo aos sacramentos da Penitencia
e da Eucaristía, que causam dúvida e perplexidade.

Visando a antecipar convenientemente a Comunháo das criancas,


evitar na futura vida crista certas perturbares psicológicas, que podem
provir do uso apressado da Confissao, fornecer urna educacáo melhor do
espirito de penitencia e urna preparacáo catequótica mais sólida para a
própria Confissao, julgaram alguns que as criancas deveriam ser admitidas
á primeira Comunháo sem a previa recepcao do sacramento da Penitencia.

Na verdade, porém, o acesso ao sacramento da Penitencia desde o


inicio da idade do uso da razio, suposto, naturalmente, que venha pre
cedido por urna compreensiva e prudente preparacáo catequética, n§o
prejudica as criancas. O espirito da penitencia pode ser ulteriormente de
senvolvido por urna instrugáo catequética continuada também depois da
primeira Comunháo. Do mesmo modo poderá crescer o conheclmento e a
estima do grande dom que Cristo delxou aos homens pecadores no sacra
mento do perdao que devem receber, e da reconciliac.áo com a Igreja.

Isto n§o impediu que em alguns lugares se tenha introduzido o uso


de intercalar regularmente um periodo de alguns anos entre a primeira
Comunháo e a primeira Confissao. Em outros lugares realizaram-se inova-
goes mais cautelosas: ou a primeira Confissao nSo foi postergada de
multo tempo, ou, outras vezes, levou-se em conslderacáo o juizo dos pais
que preferem que as criancas recebam o sacramento da Penitencia antes
da primeira Comunháo.

O valor da prática comum

O Sumo Pontífice Pió X declarou: 'O costume de nSo admitir &


Confissao ou nao absolver as criancas que já atlngiram o uso da razáo é
totalmente reprovávet' (Decreto Quam singular) Vil, AAS, 1910, p. 583).
Entretanto, difícilmente se poderá atender ao direito que tém as crlangas
balizadas de confessarem os seus pecados, se ao entrarem na Idade do
uso da razáo nao forem bondosamente preparadas e conduzldas ao sacra
mento da Penitencia.

Também ó necessário ter presente a utilidade da ConfissSo, que con


serva a sua forca, mesmo quando diz respeito somente a pecados veniais;

— 532 —
PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANCAS 35

confere um aumento da graga e da caridade, aumenta as boas dlsposlcSes


das criancas para a recepcáo da Eucaristía e ajuda no aperfeicoamento
da vida crista. Asslm parece que nao se pode excluir a utllidade da Con-
flssSo em nome daquelas formas penitenciáis ou do ministerio da palávra
com as quais se cultiva a virtude da Penitencia ñas criancas. Estas formas
de penitencia podem ser usadas frutuosamente junto com o sacramento da
Penitencia, preparado por urna catequese apropriada. A experiencia pastoral
da Igreja, comproyada por numerosos testemunhos, também atuais, mostra-
-Ihe o quanto a idade chamada 'do uso da razao' seja apta a fazer com
que a graca batismal das criancas, pela recepcSo bem preparada dos sa
cramentos da Penitencia e da Eucaristía, produza os primeiros frutos, que
depois naturalmente deverio aumentar com o auxilio de urna catequese
continuada.

Depois de considerada toda a questáo, tendo presente a prática comum


e geral, que nSo pode ser violada sem o beneplácito da Santa Sé, ouvldas
as Conferencias Episcopais, esta mesma Santa Sé julga que deve ser con
servado o costume vigente na Igreja de fazer preceder a ConfissSo á pri-
melra Comunhüo. Isto nao impede que tal costume seja complementado e
aperfeicoado de varias maneiras, por exemplo, por meio de urna celebra-
cSo penitencial comum antes ou depois do acesso ao sacramento da
Penitencia.

A Santa Sé nao desconhece as razdes e circunstancias especiáis das


diferentes regióes, mas exorta os Bispos a que neste assunto de nao
pequeña importancia n§o se afastem do uso em vigor, sem primeiro esta-
belecer com ela um diálogo.

No espirito da comunháo hierárquica, tampouco permitan) que os


párocos, educadores ou instituicdes religiosas comecem ou continuem a
abandonar a prática vigente.

Ñas regióes onde já foram introduzidas novas práticas que se afastem


notavelmente da antiga, é necessário que as Conferencias Episcopais sub-
metam tais experiencias a novo exame. Se depois desejarem prolongá-las,
nao o facam sem antes se comunicarem com a Santa Sé, que os ouvirá
de bom grado, e procedam de acordó com a mesma" (Apéndice nn. 3-5).

Como se vé, em 1971 a Santa Sé lembrava o valor do


costume instituido por Pió X e pediu aos Srs. Bispos vigias-
sem para que continuasse a ser observado. Tolerava, porém,
que em casos excepcionais se mantivesse a nova praxe desde
que houvesse para tanto razóes ponderosas a serem subme-
tidas á Santa Sé; esta julgaria da oportunidade ou nao, de
levar adiante, em determinadas regióes, a experiencia ino-
vadora.

Contudo a palavra emanada de Roma em tal ocasiáo


nao parece ter aclarado suficientemente a questáo, de modo
que nao suscitou a almejada volta á prática mais antiga,
instaurada por Pió X.

— 533 —
36 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

Em vista dos fatos, as Sagradas Congregagóes para os


Sacramentos e o Culto Divino e para o Clero, aos 24/5/1973,
publicaram a Declaragáo conjunta «Summus Pontifex», que
confirmou o costume, vigente na Igreja, de fazer preceder, no
caso das criancas, a Confissáo sacramental á primeira Co-
munháo, e determinou explícitamente que, ao se findar o
ano escolar 1972-1973, deveriam cessar as experiencias em
sentido contrario, que haviam sido permitidas temporaria e
condicionalmente em 1971, no Apéndice do Diretório Cate-
quético Geral.

Todavía também esta Declaragáo nao logrou por termo


á prática ¡novadora... Em conseqüéncia, varios Bispos e
sacerdotes dirigiram-se -a Santa Sé pedindo-lhe mais um pro-
nunciamento sobre a qúestáo. Foi o que ocasionou a inter-
vengáo datada de 20/5/1977, cujo texto vai abaixo transcrito:

"A respeito da dúvida: 'Se é licito depois da Declaracáo do dia 24


de malo de 1973 antepor ainda, por modo de regra geral, a Primeira Co-
munhao á recepcao do sacramento da Penitencia naquelas paróquias onde
nestes últimos anos vigorou tal costume':

As Sagradas Congregares para os Sacramentos e o Culto Divino e


para o Clero, ccm a aprovacáo do Sumo Pontífice, responde ram : Negativa
mente, e segundo a mente da mencionada Declaragáo.

A mente da Declaragáo era que, passado um ano de sua promulgacSo,


cessassem todas as experiencias de receber a primeira sagrada Comunháo
sem a recepcSo previa do sacramento da Penitencia, para que, segundo
o espirito do Decreto Quam singular!, se restaurasse a disciplina'da Igreja.
Roma, dia 20 do mes de maio do ano de 1977".

Como se vé, esta última Declaragáo corrobora as ante


riores, afirmando que desde 1974 deveriam estar extintas as
experiencias em foco.

Pergunta-se agora:

2. E por que ?

As razóes que levaram a Santa Sé a insistir na praxe


instaurada por Pío X, podem ser assim apresentadas:

1) Desde que chega ao uso da razáo, a crianga con


cebe as nogoes do bem e do mal. A consciéncia moral, que
é inata em todo homem, proclama-lhe o seu ditame básico:

— 534 —
PRIMEIRA CONFISSAO DAS CRIANQAS 37

«Pratica o bem, evita o mal». Após a prática do bem, a


crianga senté a aprovagáo íntima de sua consciéncia, donde
resulta a alegría de haver realizado uma boa agáo. Parale
lamente, após ter cometido o mal, a crianga experimenta a
voz da consciéncia que a remorde e lhe suscita o desejo de
obter perdáo e reconciliagáo. Esse perdáo é-lhe oferecido
pelos país, familiares e também pelo próprio Deus.

Ora cabe á catequese a tarefa de ajudar a crianga a


conceber e cultivar o desejo do perdáo, incutindo já nos
pequeninos uma seria aversáo ao pecado e o ^propósito de
corresponder generosamente ao amor de Deus. Toca tam
bém aos catequistas explicar a crianga como esse perdáo do
pecado pode ser obtido...; entre outros meios, seja pro-
posto o sacramento da Penitencia, que é necessário para
quem caiu em pecado grave.

Como se compreende, a catequese relativa ao pecado e


á reconciliagáo há de ser praticada de modo que desperté
nao só o arrependimento pelas falhas cometidas, mas tam
bém a confianga e a esperanga no amor do Pai Celeste, que
é sempre o mesmo e recebe a sua criatura com a inabalável
ternura que só Deus pode conceber.

2) Leve-se em conta outrossim que a reconcUiagáo sacra


mental, embora só seja estritamente obrigatória para quem
tenha cometido pecado grave, é também recomendável a
quem só tenha pecados leves ou veníais. É o que a S. Igreja
vem ensinando repetidamente, mesmo nos últimos tempos; a
chamada «confissáo de devogáo» se justifica por ser um
canal especialmente rico da graca de Deus, apto a contri
buir mais eficazmente do que outros meios para a santifi-
cagáo da criatura. A propósito podem-se citar as palavras
que introduzcm o novo Ritual da Penitencia:

"... Quanto aos que caem em pecados veníais, sentindo sua fragili-
dade na vida cotidiana, adquirem torcas pela celebracSo freqüente da
Penitencia para alcanzar a plena liberdade dos filhos de Deus...

... o uso freqüente e fervoroso deste sacramento é muito útil contra


os pecados veníais. Pois nao se trata de mera repetigSo ritual nem de
uma especie de exerclcio psicológico, mas de um esforco assfduo para
aperfelcoar a graca do Batismo a fim de que, trazando em nosso corpo
a mortiflcagSo de Cristo, a vida de Jesús se manifesté cada vez mais em
nos. Nessas condicdes, os penitentes, enquanto se acusam de faltas ve-
niais, devem preocupar-se sobretudo em assemelhar-se mais plenamente
a Cristo e em obedecer ccm maior atencSo á voz do Espirito Santo" (rft 7).

— 535 —
38 *PERGÜNTE E RESPONDEREMOS» 216/1977

Tais observacóes aplicam-se á confissáo das mangas que


tenham chegado á idade do discernimento. Provavelmente
muitos pastores e catequistas acreditam que, em táo tenra
idade, ainda nao cometam pecados graves. Pois bem; sem
querer discutir esta suposigáo (que nao deixa de ser supo
sigáo, para a qual nao há evidencia absoluta), deve-se notar
que, mesmo no caso de ter apenas pecados leves, a crianga
só pode ser beneficiada pelo acesso (devidamente preparado)
ao sacramento da Penitencia. Desde que ela compreenda a
grandeza do sacramento que lhe é oferecido, receberá o dom
da grasa de modo a unir-se mais intimamente a Cristo e
ao Pai.

3) Tome-se em consideragáo também o aspecto peda


gógico da questáo: se o fiel católico é chamado a receber o
sacramento da Penitencia periódicamente durante a sua vida,
mesmo que só tenha faltas leves, entende-se que a pedagogía
da fé, desde os seus primordios, inclua a prática da Con
fissáo sacramental. Se esta, que para certas pessoas se pode
tornar ardua, nao é colocada nos exercícios da iniciacáo
crista, difícilmente será integrada posteriormente na vivencia
do fiel católico; ficará sendo, em muitos casos, um elemento
estranho a essa vivencia, com grave detrimento para o fiel
católico.

Como dito, a preparacáo das criangas á Confissáo sacra


mental requer, por parte do catequista, compreensáo da psi-
cologia da respectiva idade, a fim de se evitarem os incon
venientes resultantes da inadequada catequese. Sim; o mes-
tre procurará comunicar ao catequizando, com fidelidade á
sá doutrina, as nogóes do pecado, reconciliagáo, amor de/a
Deus, propósito, emenda, sem, porém, recorrer a artificios
pseudo-didáticos que exploram o sentimentalismo vazio ou o
apavoramento. Para tanto, preparar-se-á oportunamente, con
tando com a graga de estado.

Eis o que a propósito do problema da primeira Confis


sáo das criangas pensa e ensina a S. Igreja. A dificuldade
nao é exclusiva dos países do hemisferio Norte, mas ocorre
também em nosso Brasil, onde é de crer seja, sem demora,
dissipada.

Esteváo Bettencourt O.S.B.

— 536 —
LIVROS EM ESTANTE

Religlóes da humanidade, por W. O. Piazza. — Ed. Loyola S§o


Paulo 1977, 140 x 210 mm, 372 pp.

O autor é sacerdote jesuíta, professor de Fenomenología Religiosa e


de Teologia Fundamental na Faculdade Teológica de Sao Leopoldo e da
PUC do Rio Grande do Sui. Procurou sintetizar o histórico e a mensagem
de mais de trinta grupos religiosos, desde a pré-história até as rellgióes
afro-brasileiras de nossos dias. W. Piazza distingue quatro grandes atitudes
religiosas, em fungió das quais classiflca as crencas religiosas da huma
nidade :

— a atitude da Inlegracáo, que tende a Integrar o homem dentro


dos ritmos da natureza. Tal seria o caso das rellgiSes dos povos primitivos,
cuja organizagáo social nao val além da forma tribal (cf. p. 7);

— a atitude da servfdáo, que considera os deuses como grandes


senhores do céu, da térra e das regióes Inferiores, aos quals os homens
devem servigos e homenagens, em troca de beneficios imediatos. Tal seria
o caso das religiSes do antigo Egito, da antiga Mesopotámia, dos gregos,
dos romanos, dos celtas, dos incas, dos astecas... (cf. p. 51);

— a atitude da libertando, que supñe estar o homem em situacSo


degradante e se propoe libertá-lo da mesma mediante ascese (renuncia) e
meditacfio. Ncste conjunto se colocam as rellgióes de Maní (dualismo
persa), o gnosticismo, as correntes religiosas da India, o confucionismo...,
que s9o predominantemente pantelstas ou monistas (cf. pp. 197s);

— a atitude da salvacáo, que supóe um Deus único pessoal soberano,


justo e misericordioso, que perdoa o pecador arrependido e Ihe oferece
a salvacáo. Esta se diferencia da libertacáo, porque é dom ou grasa de
Deus, ao passo que a 1ibertac3o resulta do esforco do homem (cf. pp. 304s).

O estilo do livro é sucinto, mas procura sempre abranger os pontos


essenciais de cada sistema religioso. Sabe por em relevo a unicldade
inconfundfvel da mensagem crista, que é mais de urna vez afirmada, todavía
sem polémica ; ao contrario, o autor aprésenla as crengas nao cristas como
tentativas humanas de elevar-se a Deus e como melos da pedagogía do
Senhor para atrair a si os homens dentro das posslbilldades culturáis de
cada povo (cf. p. 370). Esta poslc§o nao é relativista nem contraria ao zelo
missionário do Cristianismo, mas leva em conta as vias ocultas de salvacáo
que Deus oferece aqueles a quem nao propicia o conhecimento explícito
do Evangelho. Apenas desejaríamos perguntar ao autor por que, de relance,
menciona o Cristianismo á p. 197, como se fosse urna reÜgiSo de libertagáo,
quando na verdade o mesmo autor aborda o Cristianismo entre as religioes
de salva<;áo; tal página merecerla revisao em próxima edicáo.

Em suma, congratulamo-nos com o autor do livro pelo éxito da sua


obra, que recomendamos aos estudiosos interessados em reconhecer ainda
melhor a esséncia da novldade crista.

— 537 —
40 «PERGUNTE E RESPONDEREMOS? 216/1977

CNBB. Corminháo e Responssbllidadc, pelo Pe. Gervasio Fernandes


de Queiroga. — Ed. Paulinas, SSo Pauto 1977, 145 x 220 mm, £03 pp.

A Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil tem estado freqüente-


mente em foco na vida brasileira, pois vem acompanhando a vida nacional
com alguns pronunciamentos, que visam a defender os direllos do homem,
"¡magem e semelhanca de Deus", mas nem sempre tem sido feliz ou, ao
menos, bem compreendida na execucSo da sua tare fe.

O presente livro, que se deve a um grande estudioso de Filosofía e


Direito na diocese de Cajazeiras (PB), é o resultado de longo e minucioso
trabalho realizado em Roma e no Brasil em vista do doutoramento em
Direito Canónico na Pontificia Universidade Gregoriana (Roma). O autor,
embora dé enfoque prevalentemente jurídico á sua obra, nSo deixa de
levar em conta o aspecto teológico da Igreja (Comunhio e Corresponsa-
bilidade) e a tarefa pastoral da mesma.

O livro, que saiu do prelo em outubro de 1977, precisamente quando


a CNBB completava vlnte e cinco anos de existencia, pretende mostrar ao
público o que realmente a CNBB tem sido e tenciona ser. A pos a funda-
mentagSo teológica, deduzida dos textos do Concilio do Vaticano II, o
autor descreve a historia pormenorizada da CNBB desde os ¡mediatos ante
cedentes da sua fundacSo até hoje ; apresenta a estrutura da Conferencia
e seu funcionamento, dando a ver que se trata de urna expressáo da
comunhao e da corresponsabilidade que devem animar os bispos do Brasil
(como os de qualquer país), facilitando-Ihes a atuacSo pastoral.

O leitor, em contato com tal livro, tomará conhecimento de muitos


fatos interessantes cuja documentacSo tem estado latente nos arquivos
da CNBB; conhecerá também as boas intencfies e os ideáis dos que
trabalharam e trabalham na Conferencia, precisamente numa fase em que
só se conhecem os aspectos (geralmente sumarizados) que a imprensa
noticia. Temos assim á disposicao do público um livro de grande en ver-
gadura doutrinária, histórica, jurídica e pastoral, que representa contribulcáo
inédita para a historia da Igreja no Brasil, merecendo, pois, os sinceros
encomios dos estudiosos.

O sentido da vida. Ascese crista e psicología dinámica, por D. Val-


fredo Tepe, O. F. M. — Ed. Vozes, Petrópolis, 8? edipfio, 1977, 140 x 210 mm,
162 pp.

O livro "O sentido da vida" de D. Valfredo Tepe, blspo de llhéus (BA),


sai agora na Editora Vozes, depois de ter atingido sete edigóes na Editora
Mensageiro da Fé — o que bem revela o valor da obra. O autor é formado
em Psicología. Com o instrumental desta, como também com sólidos conho-
clmentos de Teología, Ascética e Mística, procura elucidar os grandes temas
da concepcSo crista da vida e dos valores: liberdade, renuncia. Ideal,
castidade, virgindade, paixdes, amor, etc. Vai assim descortinando urna
visáo sadia e profunda da vocacSo do cristáo á santidade. Ajuda outrosslm
o leitor a penetrar com perspicacia em questSes difíceis ñas quais natu-
reza e graca se entrelagam.

O leitor do livro encontrará a continuacáo das Idéias do autor na


obra subseq'üente "Sexo ou Prazer ?" da Ed. Mensageiro da Fé, que fazo-
mos votos seja reeditada em breve. Trata-se de dols livros de enorme peso
ha formacSo e na orientacio de vida de um cristlo ; deveriam lé-los todos
os que disponham de base cultural media.

— 538 —
LIVROS EM ESTANTE 41

A PalxSo de Teresa de Ltsieux, por Guy Gaucher. Traducáo do fran


cés pelo Pe. Mauricio Ruffler. —Ed. Loyola, S8o Paulo 1977, 140x210mm
238 pp.

Este estudo procura pfir em relevo urna face de Santa Teresa de


Usíeux que geralmente é pouco explanada, a saber: a sua tempera forte
e corajosa, capaz de sofrer duramente em silencio ou mesmo com um
sorriso nos labios. Teresa quls "morrer de amor", e ofereceu-se a Jesús
para O Imitar até as últimas conseqüéncias no ocultamento e na simplici-
dade da vida do Carmelo. Ela mesma pedirá ao Senhor: "Eu déselo a
cruz! Amo o sacrificio! Chamai-me, Senhor, estou pronta para sofrer
Sofrer pelo vosso amor parece-me urna delicia. Jesús, meu Bem-iAmado
quero morrer por vosso amor". '

SSo os "Últimos Coloquios" (Dernlere Enlretlens) da Santa, palavras


de Teresa enferma colhldas por Madre Inés entre abril e setembro de 1897
(ano da morte), que permitem penetrar melhor na intimidado heroica dessa
Religiosa Carmelita falecida com 24 anos de Idade, vftima de tuberculose.

O autor é médico e estuda os falos com meticulosidade, reamando


os aspectos que o olho clínico, melhor do que outro, pode ver.

A vida de Nossa Senhora, recontada em ¡lustracSes de Nazareth Costa,


em versos de Odylo Cosía, Fllho. — Ed. Agir, Rio de Janeiro 1977,
310x235 mm, 72 pp.

Odylo Costa, Filho, membro da Academia Braslleira de Letras, Imbuido


de profundo espirito cristáo, passou para o estilo poético as poucas passa-
gens que o Evangelho e a TradicSo crista nos entregaram a respeito da
Virgem Santisslma. A esposa do poeta ilustrou o trabalho com suas aqua-
relas, que mostram grande delicadeza e finura. O livro, em seu conjunto,
é urna pequeña mostra de arte religiosa a cantar os louvores da Santa
MSe de Dgus... e dos homens. Enquanto felicitamos os dois beneméritos
autores, fazemos votos para que essa obra tenha ampia penetracSo em
nosso público, que poderá fazer déla o objeto de interessante presente de
Natal, de aniversario ou de formatura!

E. B.

— 539 —
PREZADO(A) LEITOR(A),

DESEJANDO-LHE FELIZ NATAL E PRÓSPERO


1978, A DIRECÁO DE PR AGRADECE O SEU INTE-
RESSE POR NOSSA REVISTA, AO MESMO TEMPO
QUE ESPERA CONTINUAR A CONTAR COM A SUA
VALIOSA COLABORACÁO.

NAO LHE SERÁ ESTRANHO O AUMENTO NO


PREQO DA ASSINATURA QUE SE NOS IMPÓE
PARA 1978 : PASSARÁ PARA CR$ 100,00. EM
1977 MAJORAMOS O PREQO EM TERMOS INFE
RIORES AS NOSSAS NECESSIDADES. O AUMEN
TO QUE PROPOMOS, AÍNDA É MÓDICO DENTRO
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AJUDANDO-NOS A PROPAGAR A BOA LEITURA !

A DIREQÁO DE PR

- 540 —
ÍNDICE 1977

ERGUNTE

Responderemos

CONFRONTO
ÍNDICE 1977
(Os número? á direita indicam respectivamente fascículo,
ano de edicáo e página)

ABORTO: comercializacáo na Inglaterra 213/1977, p. 388.


ADOCÁO DE FILHOS E LEGISLADO BRA-
SILEIEA 213/1977, p. 405.
"AMA E FAZE O QUE QUISERES": interpre-
tacóes abusivas 207/1977, p. 116.
AMOR E SEXO 207/1977, p. 116.
ANTICRISTO NA BIBLIA 209/1977, p. 217.
APARigóES E MILAGRES NA TEOLOGÍA .. 210/1977, p. 261.
"APARICOES", livro de Erich von Daniken 210/1977, p. 256.
ABESC EM ASSEMBLÉIA 213/1977, p. 408.

B
«BEBÉS PARA QUEIMAR", livro de LitchfieW
e Kentish 213/1977, p. 377.
BESTA NO APOCALIPSE 209/1977, p. 220.
BIBLIA E HOMOSSEXUALISMO 207/1977, p. 111.
"BÍBLIA NA LINGUAGEM DE HOJE": comen
tario 216/1977, p. 520.
BIO-EMPÓRIOS OU MERCADOS DE VIDA 211/1977, p. 279.

c
CARTA 77 211/1977, p. 303.
CASAMENTO: preparasSo próxima 214/1977, p. 448.
RELIGIOSO DE CATÓLICOS EM
CRISE 213/1977, p. 391.
CATÓLICOS E REGULAMENTAgAO DO DI
VORCIO 214/1977, p. 429;
215/1977, p. 493.

"■CIENCIA CRISTA": s-eita e mensagem 205/1977, p. 37.


CIENCIAS HUMANAS E ENSINO BRASI-
LEIRO 208/1977, p. 175.
CONFISSAO DAS CRIANCAS: necessária ... 216/1977, p. 530.
CONSUMISMO E EROTISMO NA VIDA DE
HOJE 200/11)77, p. 55.
CONTESTACAO NA IGREJA 208/1977, p. 164;
p. 171;
214/1977, p. 415.
CREDO APOSTÓLICO: inspirado? 206/1977, p. S2.

— 542 —
ÍNDICE DE 1977 45

■CREMACÁO DE CADÁVERES E A IGREJA 215/1977, p. 468.


CRISE, FATOR DE MUDANCA HOJE 216/1977, p. 513.
CURANDEIROS DAS FILIPINAS 212/1977, p. 340.
CURAS E "CURAS" 212/1977, p. 347.

DESAPARECÍ MENTÓ DO PECADO SE


GUNDO K. MENNINGER 205/1977, p. 16.
DESPERTAR DE SENSO CRITICO CRISTAO
(PMC) 209/1977, p. 230.
DEUS SEGUNDO "PERFECT LIBERTY" .... 205/1977, p. 29.

DIREITOS HUMANOS VIOLADOS 205/1977, p. ,3;


211/1977, p. 303.
DISSIDENTES POLÍTICOS NA U.R.S.S. E
PSIQUIATRÍA 207/1977, p. 120.
DIVORCIO NO BRASIL: consecuencias canónicas 214/1977, p. 429;
— regulamentasáo 215/1977, p. 493.

ECONOMÍA DA URSS SEGUNDO SAKHAROV 209/1977, p. 197.


EDUCACAO PARA O AMOR: -preventiva do
divorcio 214/1977, p. 447.
EL PALMAR DE TROYA E VISOES 208/1977, p. 153.
EMOTIVIDADE E RAZAO ÑAS SEITAS MO
DERNAS 210/1977, p. 243.
ENCONTRÓ DE EDUCADORES (ABESC) .... 207/1977, p. 175.
ENSINO NO BRASIL E CIENCIAS HUMANAS 208/1977, p. 175.
ERA DA LUZ E JOHREI 208/1977, p. 147.
ERI-CH VON DÁNIKEN, quem é? 210/1977, p. 259.
ESCOLA CATÓLICA: documento de Roma 215/1977, p. 479.
ESPIRITISMO E VIDA POSTUMA 216/1977, p. 501.
ESSÉNIOS K JESÚS 206/1977, p. 72.
ESTERILIZACAO HUMANA E CASAMENTO . 214/1977, p. 450;
NA INDIA 211/1977, p. 292.

EVANGELIZAgAO E ESCOLA CATÓLICA .... 215/1977, p. 479.


EVANGELHOS: estrutiua 206/1977, p. 68;
— veracidade 210/1977, p. 264.
EXAMES PSICOLÓGICOS E DIREITOS DO
HOMEM 205/1977, p. 3.
EXORCISMO NA ALEMANHA: caso de Klin-
genberg 207/1977, p. 125.
46 ÍNDICE DE 1977

"FACE (A) HUMANA DE DEUS", livro de


John Robinson 210/1977, p. 269.
FÉ NECESSARIA PARA O SACRAMENTO
DO MATRIMONIO 213/1977, p. 396.
FRENESÍ DE VIDA E INDIFERENCA RELI
GIOSA 206/1977, p. 55.

"GRAgA (A) LIBERTADORA NO MUNDO",


livro de Leonardo Boff 207/1977, p. 130.
GRUPOS RELIGIOSOS NOS KSTADOS UNI
DOS 206/1977, p. 07.

HARE-KRSNA: que é? 210/1977, p. 235.

HOMOSSEXUALISMO LEGALIZADO? 207/1977, p. 107.


HINDUISMO E HARE-KRSNA 210/1977, p. 236.

"HEXAÉMERON" E SENTIDO DO TRABALHO 212/1977, p. 323.

IGREJA E CREMACÁO DE -CADÁVERES ... 215/1977, p. 468.


IGREJA E "IGREJAS" 208/1977, p. 173.
"IGREJA (A) E O HOMOSSEXUAL", livro de
John McNeill 207/1977, p. 107.

IGREJA MESSIÁNICA E JOHREI 208/1977, p. 143.


INDIFERENCA RELIGIOSA: os porqués 206/1977, p. 51.
INDUSTRIALIZACÁO TECNOCRATA 236/1977, p. 55.
INGLATERRA E ABORTO 213/1977, p. 377.
"INTELLIGENTZÍA" OCIDENTAL E COMU
NISMO 209/1977, p. 200.
IRRESPONSABILIDADE COLETIVA E PE
CADO 205/1977, p. 20.
IRWIN, ASTRONAUTA RELIGIOSO 215/1977, p. 460.

JAPONESAS, RELIGIOES: "PERFECT LI-


BERTY" 205/1977, p. 27;
IGREJA MES-
SIÁNI'CA 208/1977, p. 143;

SEICHO-NO-I6 211/1977, p. 314.

— 544 —
ÍNDICE DE 1977 47

JESÚS DOS 12 AOS 30 ANOS 206/1977, p. 61.


"JESÚS RESPONDE A UM PADRE", livio de
Aldemar Ferrarri 206/1977, p. 77.
JOHREI: que é? .208/1977, p. 143.

KADAR, J. E PAULO VI 213/1977, p. 367.


KÜNG, HANS: "SER CRISTAO" 209/1977, p. 225.

LAVAGEM DE CRANIO E MOONISMO 212/1977, p. 358.


LEFÉBVRE, D: desenrolar do caso 214/1977, p. 415;
e a TradicSo 208/1977, p. 171.
LEÍ DO ABORTO NA INGLATERRA 213/1977, p. 378.
LITURGIA DE S. PIÓ V 208/1977, p. 167.

MATRIMONIO CRISTÁO : no?5es básicas 213/1977, p. 392:


RELIGIOSO INVALIDO 214/1977, p. 442.
MEDITACAO E ASCESE ÑAS SEITAS ORIEN
TÁIS 210/1977, p. 247.
MEIOS DE COMUNICACAO SOCIAL : sua in
fluencia 214/1977, p. 449.
MENNINGER K., E CONCEITO DE PECADO. 205/1977, p. 14.
MERCADOS DE VIDA: que sao? 211/1977, p. 279.
"MEU PAÍS E O MUNDO", livro de André
Sakharov 210/1977, p. 263.
MILAGRES: canceituacáo teológica 210/1977, p. 263.
"MISSA DE S. PIÓ V" : que 6 ? 208/1977, p. 164.
MÍSTICA E ASTRONAUTAS 215/1977, p. 459.
MOONISMO: oi-igens e expansáo 212/1977, p. 354.
MUDANCA : palavra-síntese de nossos tempos .. 216/1977, p. 506.
MULHERES E ORDENACAO SACERDOTAL .. 209/1977, p. 202-
210/1977, p. 248.'

NASCIMENTO VIRGINAL: falsas ¡nterpretacóes 206/1977, p. 81;


textos bíblicos 216/1977, p. 523.
NÚMERO 666 (Ap 13,18): interpretacoes 209/1977, p. 220.

— 545 —
ÍNDICE DE 1977

OBEDIENCIA RELIGIOSA: opiniáo nova 212/1977, p. 337.


ORACÁO LITÚRGICA: opiniáo nova 212/1977, p. 336.
ORDENACÁO SACERDOTAL DE MULHERES:
documento de Roma 209/1977, p. 202;
ORDENACÁO SACERDOTAL DE MULHERES
E ECUMENISMO 210/1977, p. 248.
"OSTPOLITIK" DO VATICANO 213/1977, p. 367.
"O EXORCISTA", filme 209/1977, p. 223.

PALMAR DE TROYA, EL 208/1977, p. 153.


PANTEÍSMO ÑAS CRENgAS HINDUÍSTAS .. 210/1977, p. 244;
20G/1977, p. 84.

PARADOXOS DA VIDA MODERNA 216/1977, p. 510.

PASTORAL DO MATRIMONIO E DIVORCIO .. 214/1977, p. 443.


"PECADO (O) DE NOSSA ÉPOCA", livro de
Karl MENNINGER 205/1977, p. 14.

"PERFECT LIBERTY": escola religiosa japonesa 205/1977, p. 27.

POBREZA RELIGIOSA : opinióes novas 212/1977, p. 334.


POLI-CÍA NA U.R.S.S 209/1977, p. 194.
PRIVILEGIO PAULINO 214/1977, p. 438;
PETRINO 214/1977, p. 439.

"PROFECÍA (A)", filme 209/1977, <p. 214.

PROFESSOR : missáo 208/1977, p. 176.

PROFESSORES DA ESCOLA CATÓLICA 215/1977, p. 490.

PSICANALISE E DIREITOS HUMANOS 205/1977, p. 3.


PURGATORIO : falso conceito 206/1977, p. 83.

REANIMACÁO EM MEDICINA 211/1977, p. 279.


REENCARNACAO : discussúo da tese 210/1977, p. 244.
RENOVACÁO DA IGREJA : contestac.6es 206/1977, p. 87;
208/1977, p. 171.

REPOUSO DO 7? DÍA NA BIBLIA 212/1977, p. 327.


ROBINSON J.: "A FACE HUMANA DE DEUS"
(livro) 210/1977, p. 269.
RÚSSIA COMUNISTA E DISSIDENTES POLÍ
TICOS 207/1977, p. 122.
RÚSSIA SOVIÉTICA SEGUNDO A. SAKHAROV 209/1977, p. 187.

— 546 —
ÍNDICE DE 1977 49

SAKHAROV A. E CONTESTACAO NA RÚSSIA 209/1977, p. 187.


SECÜLARIZACAO E ESCOLA CATÓLICA 215/1977, p. 481.
SEGUNDA VINDA DE CRISTO: falsas profecías . 206/1977, p. 83.
SEICHO-NO-IÉ : que é ? 211/1977, p. 314.
SEITAS CONTEMPORÁNEAS: significado .... 207/1977, p. 95;
Haré Krsna ... 210/1977, p. 235.
SEMANA TEOLÓGICA NACIONAL VI 208/1977, p. 182.
"SER CRISTAO", livro de Hans Küng 209/1977, p. 225.
SEXO E AMOR 207/1977, p. 116.
SISTEMAS SOCIAIS E IMAGEM DO HOMEM. 216/1977, p. 508.

TÉCNICAS PSICANALÍTICAS 205/1977, p. 7.


TESTES PSICOLÓGICOS E DIREITOS HUMA
NOS 205/1977, p. 4.
TESTEMUNHO DE VIDA: resposta á indiferenca
religiosa 206/1977, p. 59.
TRABALHO EM PERSPECTIVA BÍBLICA 212/1977, p. 323.

URBANIZAQAO CRESCENTE 206/1977, p. 54.


U.R.S.S. E CONTESTAgAO 209/1977, p. 187;
207/1977, p. 122.

VALORES E MUDANCA SOCIAL 216/1977, p. 506.


VASECTOMIA E CASAMENTO 214/1977, p. 450;
211/1977, p. 292.
VAZIO DA VIDA : fenómeno hodierno 206/1977, p. 56.
"VIDA APÓS A VIDA", artigo de "Sele?óes" .... 216/1977, p. 501.
VIDA RELIGIOSA : tem futuro ? 212/1977, p. 329.
VISITA DE JANOS KADAR A PAULO VI ... 213/1977, p. 367.
VISÓES PARTICULARES: que pensar? 206/1977, p. 78;
208/1977, p. 163;
214/1977, p. 425s.

VON DANIKEN, E. : quem é? 210/1977, p. 259.

— 547 —
50 ÍNDICE DE 1977

ED1TORIAIS

A DESUMANIZAQAO DO HOMEM 213/1977, p. 365.

A IGREJA : SIM OU NAO ? 212/1977, p. 321.

ALELUIA EM 1977 209/1977, p. 185.

DIVERGENCIA ENTRE IRMAOS 208/1977, p. 141.

DIVORCIO E CIVILIZAQÁO 211/1977, p. 277.

HOMEM E MAQUINA 205/1977, p. 1.

IR ATÉ O FIM 214/1977, p. 413.

"NO SILENCIO DA MINHÁ NOITE..." 210/1977, p. 233.


"PAI CELESTIAL, A GENTE SONHA...!" .... 206/1977, p. 49.

"SE EXISTES, DA-ME A LUZ !" 215/1977, p. 457.

TEMPO E ETERNIDADE 216/1977, p. 501.

TEMPO OPORTUNO 207/1977, p. 93.

LIVROS APRECIADOS

ANDRADE FILHO. José H. de — EDUCACÁO


MORAL E CÍVICA, 19 grau 213/1977, 3^ capa

AUCLAIR, Marcelle — A ALEGRÍA PELO


EVANGELHO 214/1977, p. 456.

BACIOOCHI. Joseph de — JESÚS CRISTO NOS


DEBATES DOS HOMENS 212/1977, p. 364.

BENTON, Teggic — UM HOMEM CONTRA A


SECA 210/1977, 3? capa

BÜHLMANN. Walbnrt — O TERCEIRO MUNDO


E A TERCEIRA IGREJA 214/1977, p. 454.

CHARPENTIER. Etienne — DOS EVANGELHOS


AO EVANGELHO 213/1977, p. 412.

COSTA, Nazareth e Odylo Filho — A VIDA


DE NOSSA SENHORA 216/1977, p. 539.

CÜENOT, Michel — ESCUTA MEU POVO 205/1977, p. 46.

DATTLER. Frederico — O MISTERIO DE SA


TANÁS. DIABO E INFERNO NA BIBLIA E
NA LITERATURA UNIVERSAL 215/1977, p. 497.

— 548 —
ÍNDICE DE 1977 5Í

DIVERSOS AUTORES — A RELIGIAO DO


POVO 214/1977, p. 456.

DUMAS, Benoit A. — AS DUAS FACES DA


IGREJA. ENSAIO DE TEOLOGÍA POLÍ
TICA 211/1977, p. 319.

EQUIPE DIOCESANA DE CATEQUESE DE


S. ANGELO (RS) — LIBERTAgAO-PASCOA.
ROTEIRO CATEQUÉTICO 214/1977, p. 455.

FANTONI, Bruno — MAGIA E PARAPSICOLO


GÍA 213/1977, p. 411.

FOLLEREAU, Raoul — SE CRISTO AMANHA


BATER A SUA PORTA; VOCÉ O RECO-
NHECERA? 206/1977, 3? capa

GAUCHER, Guy — A PAIXAO DE TERESA


DE LISIEUX 216/1977, p. 539.

GORGULHO, G.S. e ANDERSON. Ana Flora


— NAO TENHAM MEDO ! APOCALIPSE . 213/1977, p. 412.

GRASSO, Domenico — A MENSAGEM DE


CRISTO 210/1977, p. 276.

GRÜNDEL. Johannes — OS DEZ MANDAMEN-


TOS NA EDUCACAO PARA PAÍS E EDU
CADORES 215/1977, 3? capa

GUZZO. Enzo Campos — PASTORAL UNIVERSI


TARIA. UMA PROPOSTA 'CONCRETA 211/1977, 3? capa
HARING, B. — MEDICINA E MANIPULACAO . 215/1977, p. 498.

HOORNAERT. Eduardo e outros — HISTORIA


DA IGREJA NO BRASIL 212/1977, 3? capa

INSTITUTO DIOCESANO DE ENSINO SUPE


RIOR DE WÜRZBURG — TEOLOGÍA PARA
O CRISTAO DE HOJE. Volume 4: IGREJA,
MISTERIO DE SALVACAO 211/1977, p. 319.

JEREMÍAS, Joachim — AS PARÁBOLAS DE


JESÚS 20(1/1977, p. 91.

LACERDA, M.ilton — OS SETE SINAIS DO


AMOR 207/1977, p. 140.

LACOMBE, Amórico Jacobina — PARA A HIS-


TrtRTA DAS ORIGENS DA UNIVERSIDA-
DE CATÓLICA 205/1977 p. 48.

LUCCHESI. Vitório — BEM-AVENTURADOS


OS PUROS DE 'CORACAO 213/1977, 39 capa
MARAN, Julio — FILOSOFÍA DO YOGA 209/1977, p. 232.
MARTINS, Waldemar Valle — LIBERDADE DE
ENSINO 208/1977, 3? capa

— 549 —
52 ÍNDICE DE 19T7

MENDONCA, Eduardo P. de — FILOSOFÍA DOS


ERROS 208/1977, 3? capa
MONCHAUX, Maria Claudia — A VERDADE
SOBRE OS BEBÉS 206/1977, p. 92.
PFEIL, Hans — DEUS E O MUNDO TRÁGICO. 212/1977, p. 363.

PIAZZA, Waldomiro — RELIGIOES DA HUMA-


NIDADE 216/1777, p. 537.
PORTO, Humberto — JUDEUS E CRISTAOS ... 208/1977, p. 184.

QUEIROGA, Gervasio Fernandes de — CNBB.


COMUNHÁO E RESPONSABILIDADE .. 216/1977, p. 538.

RAVALICO, Domenico — A CRIAC.ÁO NAO É UM


MITO 214/1977, p. 435.
RIBEIRO Jr., Jorge Claudio — A VÉSPERA DO
MILAGRE " 207/1977, p. 140.
ROCHA, Mateus - PROJETO DE VIDA RADICAL 210/1977, p. 274.

ROSAPE, David E. — ORACÁO DIARIA COM A


BIBLIA 206/1977, p. 92.
ROWLEY, H. H. — A FÉ EM ISRAEL. AS
PECTOS DO PENSAMENTO DO ANTIGO
TESTAMENTO 209/1977, p. 232.

RUIJS, Raúl — A MESA DA PALAVRA. SUB


SIDIOS PARA A PREGA<?ÁO E A LITUR
GIA. Ano A — TEMPO DO ADVENTO .... 215/1977, 3? capa

SCHEFFCZYK, Leo — O HOMEM MODERNO E


A IMAGEM BÍBLICA DO HOMEM 208/1977, p. 184.

SCHMAUS, Michael —A FÉ DA IGREJA. Vol. II:


CRISTOLOGIA : 1. OS PRESSUPOSTOS .. 205/1977, p. 45.

STRIEDER, Inácio — DEUS SE ESCONDE NA


VIDA. TEMAS PARA REFLEXAO E
ORIENTACAO 205/1977, p. 4747

TEPE, Valfredo — O SENTIDO DA VIDA.


ASCESE CRISTA E PSICOLOGÍA DINÁ
MICA. 216/1977, p. 538.
THYMA, Paúl — GUIA ILUSTRADO DA FE-
CUNDIDADE PERIÓDICA FEMININA 210/1977, 3? capa

VANNUCCHI, Aldo — FILOSOFÍA E .CIENCIAS


HUMANAS , 211/1977, 3? capa
VILELA, Orlando — A VIOLENCIA NO MUNDO
ATUAL 209/1977, 3? capa
VILLACA, Antonio Carlos — O PENSAMENTO
CATÓLICO NO BRASIL 207/1977, p. 140.

— 550 —
CARO LEITOR,

COLABORE COM PR NA CAM-

PANHA DE NOVOS ASSINAN-

TES. ASSIM VOCt INCENTIVARÁ,

O INTERCAMBIO DE IDÉIAS,

CÍENTE DE QUE SAO AS IDÉIAS

QUE MOVEM O MUNDO!


SEMEIA SEMPRE

Urna voz — No grande Cosmos, tu és um semeador,


tu és presenca e pessoa.

Nao podes fugir á responsabilidade de semear...

Nao digas : O solo é áspero...


o sol quelma...
chove freqüentemente...
a sementé nao serve...
Nao é lúa missáo julgar a térra, o teimpo e as coisas.
TUA MISSÁO É SEMEAR.
19 Grupo — As sementes sao abundantes, e geimlnam fácilmente.
29 Grupo — Um pensamenlo, um gesto, um sorriso,
urna promessa de alentó,
um aperto de mao, um conselho amigo,
um pcuco de agua...
19 <Grupo — N3o semeies, porém, descuidadamente,
como alquém que apenas se desincumbe de um Irabalho,
ou cumpre urna simples oferta.
29 Grupo — Semeia com interesse, com amor, com atencSo,
como quem enconlra nisso o motivo de sua felicidade!
Todos — E, ao semear, nao penses : Quanto me daráo ?
Úuanta será a colheila ?
Urna voz — Recorda que nao semeias para te enriquecer, aguardando o
ganho multiplicado.
Semeias porque nao podes viver sem dar,
porque nao podes seivir a Dcus sem servir a tcdos
os irmáos, os demais homens.
És dono de ti e da vida, quando trocas o teu pcuco com o outro.
Sem esperar recompensa, serás recompensado.
Sem esperar riqueza, emiquecer-te-ás.
Sem pensar na colheila, terás leus bens multiplicados.
1? Grupo — Porque semeias num Reino onde dar é receber,
onde enhenar a vida é perd§-la paia ercontrá-la,
onde gastar, servindo, é crescer, transformar.
2? Grupo — Semeia sempre, em ledo leneno, om todo lempo, a boa sementé,
com amor, com carinho,
como se esllve:ses serrear.do o próp:io coracha; o
sangue a regará.
Urna voz — Sai, Semeador, pa.te, prepara-te levando contigo tudo o que
tens, e acolhe o cue o oulro te pode dar.
Vigía e vela.

Tcdos — Lembra-le de que o fruto é para paitlhar,


a olóiia é para o Pal.
E, na slmpllcidade, dize : Ob;igado!
Sé, pote, um semeador,
agora,

aqui,
e já!

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