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A energia gerada na reação é suficiente para fornecer o calor necessário para a
fusão dos metais. Os metais compostos de ferro e molibdênio por apresentarem
densidade maior que a escória irão por gravidade fluir para baixo deixando um
composto sobreposto formado de alumina (óxido de alumínio) e demais elementos
provindos dos agentes escorificantes e de elementos contidos no óxidos reagentes .
Após resfriamento da reação duas camadas são formadas, uma de ferro-molibdênio
abaixo e outra de escória sobreposta. A liga de ferro-molibdênio é fisicamente
separada da escória e comercializada para as empresas siderúrgicas e de
fundições. O subproduto, a escória, por ser submetida a altas temperaturas
apresenta-se calcinada e de forma vítrea. Esse resíduo é de difícil aceitação. As
concentrações de alumínio contido na escória não atraem o interesse de empresas
que utilizam a alumina como matéria-prima para seus produtos. Alem da escória a
reação aluminotermica gera bastante particulados e fumaça, requerendo
equipamentos de contenção como filtros-mangas. Deve-se mencionar o custo
ambiental associado a produção do alumínio em termos de consumo de energia
elétrica e a geração de resíduos causadores de impactos ambientais inerentes ao
processamento da bauxita (minério utilizado na produção de alumínio). Não utilizar
o alumínio pode, portanto ser uma boa proposta em termos ambientais.
Para tanto, esta monografia “Substituição do Alumínio por hidrogênio como redutor
de óxidos de ferro e molibdênio na produção de Ferro-Molibdênio, utilizando plasma:
Uma Solução Limpa” apresentou a proposta de utilização de hidrogênio como
redutor submetendo a reação num reator à plasma.
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A relevante importância de evitar ou pelo menos mitigar a geração de poluentes, e a
busca por alternativas de materiais que consomem menos energia dão o enfoque
ambiental que permeia esse trabalho. Se aliado a essas vantagens ainda
conseguir-se benefícios financeiros, torna-se ainda mais atraente esta proposta.
O trabalho divide-se em introdução; uma abordagem nos conceitos de oxi-redução;
um exame superficial no entendimento básico de plasma e sua aplicação técnica;
aplicação, especificações e o mercado de ferro-molibdênio; um estudo da proposta
de redução de óxidos metálicos, especificamente os óxidos de ferro e molibdênio,
por hidrogênio em reator à plasma e por último análises dos resultados, discussões
e propostas, conclusão e referências bibliográficas.
Ao longo da leitura, é possível conhecer e comparar dois processos de obtenção de
metais . O processo tipicamente utilizado da aluminotermia e o processo por
redução à hidrogênio. Como proposta, foi apresentado a produção de ferro-
molibdênio em reator à plasma utilizando como redutor o hidrogênio, descrevendo
as vantagens em termos ambientais e de custo produtivo.
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CAPÍTULO 1
OXI- REDUÇÃO
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A produção de metais esta relacionada a processos metalúrgicos. Esses
processos iniciam-se com a extração do metal de interesse na sua forma
oxidada, ou em forma de sulfetos que é a condição encontrada na natureza na
sua forma bruta. Por exemplo, o ferro pode ser encontrado na natureza na forma
de óxido de ferro, o molibdênio na forma de sulfeto de molibdênio. O minério que
contem o metal, necessita ser submetido a processos que possibilitem a
produção desse no seu estado elementar. Esses processos quebram as ligações
com o seu oxigênio ou sulfeto, isolando o metal de interesse comercial. O estudo
relacionado aos mecanismos que compreende as reações químicas envolvidas
nestes processos é denominado de redução e oxidação. No caso, o objeto de
estudo dessa monografia, é a produção de uma liga de ferro-molibdênio. A
produção de ferro-molbdênio é proveniente de seus respectivos óxidos metálicos,
ou seja, óxido de ferro e óxido de molibdênio. Faz-se jus, portanto apresentar
um breve conceito dos mecanismos de oxidação e redução, conforme
apresenta-se a seguir:
1.1 Oxi-Redução
Oxi-redução é um fenômeno muito freqüente em nosso dia a dia. O fogo é um
exemplo comum de oxi-redução , pois quando se queima a madeira, por
exemplo, hidrocarbonetos reagem e liberam vapor d´água e dióxido de carbono
conforme a equação abaixo:
Reagentes Produtos
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Outro exemplo de cotidiano da óxi-redução é quando o ferro enferruja
Quando um ferro (ou certos aços ) enferruja, forma-se um óxido de ferro (III)
hidratado, de composição variável:
(ESFMP,2007)
Como este óxido não adere ao metal, devido à presença de H2O de hidratação, a corrosão
prossegue continuamente, podendo causar enormes prejuízos materiais.
Neste exemplo ocorreu a oxidação do Ferro.
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1.1 Conceitos de Oxi-Redução:
Na + Cl NaCl
Reagentes Produtos
Neste caso o Sódio cedeu um elétron que possuía na última camada para o
elemento Cloro que passou de 7 elétrons na última camada para 8 elétrons. .
Também como o Sódio perdeu elétrons dizemos que ele sofreu uma oxidação, já
o Cloro por adquirir mais um elétron sofreu redução.
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Resumindo:
+1 -1 +1 -2 +1 +1 -1 +1 -2 +1
Note acima que os elementos químicos quando da passagem de reagentes para produtos não
alteraram seu número de oxidação. No entanto quando ocorre variação do NOX, então ocorre
a reação de oxi-redução.
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A seguir apresenta-se a redução do óxido de ferro utilizando como redutor o
monóxido de carbono.
+3 -2 +2 -2 0 +4 -2
Ou seja no exemplo acima, verifica-se que quando o Ferro ganha elétrons passa do
número de oxidação de +3 para 0 significando que ele foi reduzido e por sua vez o
carbono que teve seu NOX de reagente a produto passado de +2 para +4 então
dizemos que ele foi oxidado. Assim segundo este conceito a Reação de oxi-redução
é aquela em que a formação de produtos está vinculada a uma transferência de elétrons entre
determinados átomos ou íons das substâncias reagentes.
(FONSECA, MARTHA REIS MARQUES DA,; 2001 pag 490)
Quadro 2
Quadro 3
(THERMIT,2007)
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intensidade do processo de oxi-redução, em reações aluminotérmicas, onde o agente redutor
sempre é o alumínio, depende exclusivamente do potencial do agente oxidante. Quanto mais
nobre for o metal, maior é a facilidade de reduzir o óxido metálico. Devido a este fato, quanto
mais nobre o agente oxidante, maior a intensidade da reação aluminotérmica.
(THERMIT,2007)
A equação n° 6 indica genericamente essa reação:
MO2 + Al M + Al2O3
Reagentes Produtos
Entalpia de Fusão
Todo processo químico envolve uma transmissão de energia geralmente ligada a processos
térmicos. A energia desprendida ou gasta é definida como calor de fusão H. Por definição,
processos químicos que produzem calor são processos exotérmicos, enquanto processos que
consomem calor são chamados processos endotérmicos. Em processos exotérmicos os
reagentes cedem energia para o ambiente, portanto H é negativo, enquanto em processos
endotérmicos H é positivo.
O calor de fusão geralmente é indicado em Kj e refere-se a um mol dos reagentes.
A oxidação destes metais portanto, é um processo exotérmico, no qual é liberada uma certa
quantidade de calor. Em um processo de redução uma quantidade de calor equivalente será
absorvida. Numa reação de 214g de THERMIT é liberado um calor de formação equivalente a
850 Kj, ou seja, para 1Kg de THERMIT este valor corresponde a 3970 Kj. Esta quantidade de
calor é transferida ao produto da reação, que seriam a escória - Al2O3 - e o ferro, aquecendo o
mesmo até 2400ºC
(THERMIT é o nome dado a patente de uma reação aluminotérmica aplicada em solda de trilhos de
trem que será explanado no capítulo 2 – Aluminotermia)
(THERMIT,2007)
A reação aluminotémica para ocorrer depende de uma energia inicial aplicada para
ativar a reação que posteriormente se auto-propagará. Essa energia é definida como
energia de ativação.
Energia de Ativação
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Quando, em proporções estequiométricas, mistura-se óxido de um metal com
alumínio somente ocorrerá a reação se for iniciada com uma influência externa
definida como energia de ativação. Uma vez fornecendo a energia inicial para
ativar a reação ela se auto-propagará.
Para que a reação seja iniciada é necessária uma certa "energia de ativação". Muitos
químicos tentaram introduzir esta energia de ativação através do aquecimento da mistura
aluminotérmica. A conseqüência deste fato era uma reação de forma explosiva. Atualmente na
aluminotermia a energia de ativação é introduzida por um acendedor especial
(THERMIT,2007)
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Li, K, Ca, Na, Mg, Al, Zn, Fe, Cd, Co, Ni, Sn, Pb, H, Cu, Ag, Hg, Pd, Au, Pt
Aumento do poder como agente oxidante (REDUÇÃO)
Quando os átomos de dois elementos A e B têm ambos tendência a ceder ou a receber elétrons, não
pode se formar uma ligação iônica entre eles. Os átomos com tendência a ceder elétrons apresentam um,
dois ou três elétrons na camada da valência; são todos átomos de metais, com exceção dos átomos de
Hidrogênio e Hélio.
Assim,
Os átomos com tendência a receber elétrons apresentam quatro, cinco, seis e sete elétrons na camada
da valência; são os átomos dos não-metais e do Hidrogênio. Um átomo fica estável quando possui 8
elétrons na camada de valência, então se você tiver um átomo que possui 6 elétrons na camada de
valência e outro átomo que tem 2 elétrons na ultima camada os dois elétrons do primeiro átomo serão
doados para o segundo elemento assim ele adquiri configuração de gás nobre (teoria do octeto), é o que
chamamos de ligação iônica. Agora se você tiver dois elementos que possuem 6 elétrons na
ultima camada eles compartilharam 2 pares de elétrons desta maneira os dois átomos se
estabilizam pelo que chamamos de ligações covalentes.
(FISICA.NET/QUÍMICA, 2007)
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Para que um redutor consiga reduzir um óxido metálico a reação de oxidação desse
redutor deve ter uma energia livre ou energia de Gibbis mais negativa do que a
reação de oxidação do metal. Como o objetivo desse trabalho é propor a
substituição do redutor alumínio por hidrogênio na produção de ferro-molibdênio,
tem-se que verificar a possibilidade dessa reação acontecer. O capítulo 4 desse
trabalho discutirá a possibilidade dessa reação ocorrer. Faz-se imperativo portanto
conhecer alguns princípios envolvidos nas relações termodinâmicas desses óxidos.
A obtenção dos metais a partir dos seus óxidos usando carbono ou outros metais,
bem como a decomposição térmica envolvem diversos aspectos que será
apresentado a seguir.
A variação de energia livre de Gibbs ∆G deve ser negativa para um reação
espontânea.
LEE, J.D, 1996 (pag.93)
∆G = ∆H - T∆S
Onde:
Exemplo:
diagrama de Ellingham
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M – Metal + ½ O2 MO
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graficamente para uma série de reações que envolvem a transformação de metais nos seus
respectivos óxidos. Esse gráfico denominado diagrama de Ellingham (para óxidos), é mostrado
na tabela 4 acima.
Diagramas semelhantes podem ser construídos para a reação de uma molécula-grma de
enxofre. Dessa forma, pode-se obter um diagrama de Ellingham para sulfetos. Procedendo-se
analogamente, pode-se obter o diagrama para haletos. O diagrama de Ellingham para óxidos
mostra diversos aspectos importantes:
1. Todos os gráficos para transformações dos metais nos correspondentes óxidos são
inclinados para cima, pois as variações de energia livre se tornam mais positivas com o
aumento da temperatura, conforme discutido anteriormente.
2. ∆G Os gráficos são lineares até o momento que os metais fundem ou vaporizam. Nesse
caso , há uma grande variação de entropia devido a mudança de estado físico, que
provoca uma alteração na inclinação das retas (por exemplo a reta para o processo
3. Hg HgO muda de inclinação a 356°C, quando o mercúrio passa para o estado
gasoso. Analogamente, a linha para o processo Mg MgO muda de inclinação a
1.120 C.
4. Em alguns casos, o gráfico cruza a linha correspondente a ∆G = 0, numa temperatura
suficientemente elevada. Abaixo dessa temperatura a energia livre de formação do óxido é
negativa de modo que o óxido será estável. Acima dessa temperatura a energia de
formação do óxido será positiva, e o óxido se torna instável. Nesse caso ele deveria se
decompor gerando o metal e o oxigênio.Teoricamente é possível decompor todos os
óxidos nos metais respectivos e oxigênio, desde que atinja uma temperatura
suficientemente elevada. Na prática somente os óxidos de Ag, Au, e Hg podem ser
decompostos a temperaturas suficientemente baixas, para que os elementos possam ser
obtidos a partir da decomposição térmica dos seus óxidos.
5. Em vários processos, utiliza-se um metal puro para reduzir o óxido de outro metal.
Qualquer metal reduzira o óxido de outro metal situado acima dele no diagrama de
Ellingham, porque a energia livre dessas reações será negativa e igual à diferença entre os
valores de energia livre entre os dois gráficos, na temperatura em questão. Por exemplo, o
alumínio reduz prontamente o FeO (óxido de ferro), CrO (óxido de Cromo) e NiO (óxido de
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Níquel) por meio da reação aluminotérmica conhecida como reação Thermite, mas o
alumínio não será capaz de de reduzir o MgO (óxido de magnésio, a temperaturas
inferiores a 1500°C.
Reagentes Produto
Equação – 9
Formação de dióxido de carbono
2C + ½ O2 2CO
Reagentes Produto
Equação – 10
Formação do Monóxido de carbono
Na equação 9 acima onde ocorre a formação de dióxido de carbono o volume CO2 produzido é
igual ao volume de O2 consumido, de modo que a variação de entropia é muito pequena. Por
isso, o ∆G da reação praticamente não se altera em função da temperatura, e o gráfico de ∆G
em função de T é quase uma reta horizontal.
A Equação 10 acima onde ocorre a formação de monóxido de carbono a reação produz dois
volumes de CO para cada volume de oxigênio consumido. Portanto ∆S é positiva e ∆G se torna
cada vez mais negativo a medida que aumenta a temperatura T. Consequentemente, a reta
correspondente a essa reação no diagrama de Ellingham tem uma inclinação negativa.
LEE, J.D, 1996 (pag.94 e 95)
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(Quadro 6 - Diagrama de Ellingham para o carbono)
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LEE, J.D, 1996 (pag.95)
Analogamente, a redução de óxidos mais estáveis, tais como TiO2 (dióxido de titânio), Al2O3
(alumina) e MgO (óxido de Magnésio), é teoricamente possível, mas não é utilizada na pratica
devido aos altos custos e dificuldades operacionais decorrentes do emprego de temperaturas,
extremamente elevadas. Uma limitação no uso do carbono pra a obtenção de metais é
decorrente de sua reação com os metais a altas temperaturas formando carbetos.
Muitos metais ocorrem como sulfetos. Embora o carbono seja um bom agente redutor para
óxidos, ele é um agente redutor fraco para sulfetos. A razão pelo qual o carbono é capaz de
reduzir tanto óxidos metálicos a temperaturas elevadas é a inclinação negativa da linha ∆G°/ T
para o CO. Não existe um composto de enxofre análogo ao CO que apresente um gráfico de
∆G°/ T com uma inclinação negativa pronunciada. Por isso os sulfetos são normalmente
calcinados ao ar para formarem óxidos, antes de serem reduzidos com carbono.
Equação – 11
Calcinação de um Sulfeto Metálico
Equação – 12
Formação de água (referente a curva da Energia de Gibbs pela
Temperatura)
Analogamente, o hidrogênio tem um espectro limitado como agente redutor para a obtenção de
metais a partir de seus óxidos, uma vez que a linha
∆G°/ T apresenta inclinação positiva, e é paralela à linha de muitos óxidos metálicos.
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(Quadro 7 - Redução de óxidos por hidrogênio no diagrama de Ellingham)
(DEMBOSKY, VLADIMIR pág 366 )
Portanto somente os metais com linhas metal óxido metálico situados
acima da linha do hidrogênio serão reduzidos, e essa situação não muda em
função da temperatura. Outro problema associado ao uso de hidrogênio
decorre da reação de muitos metais com hidrogênio, formando hidretos. Caso
o hidrogênio permaneça dissolvido no metal (hidretos interticiais) as
propriedades do metal serão alteradas significativamente.
LEE, J.D, 1996 (pag.93)
Neste trabalho, será apresentada a reação que envolve os conceitos expostos acima
de oxidação e redução de metais. Como o objetivo desse trabalho é demonstrar
teoricamente a possibilidade de processar a redução de óxido de molibdênio e de
ferro por hidrogênio ao invés do processo aluminotérmico para evitar a geração de
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resíduos sólidos e a emissão de gases e particulados, tratar-se-á no próximo
capítulo de entender o processo conhecido como aluminotermia.
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CAPÍTULO 2
ALUMINOTERMIA
2.1 Aluminotermia
A aluminotermia é uma reação química onde se utiliza o alumínio como redutor.
A sua história é descrita conforme abaixo:
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A história da aluminotermia, ou seja a produção de calor através do alumínio, está intimamente
ligada à descoberta e ao estudo do alumínio. O alumínio foi obtido pela primeira vez por
Wöhler em Göttingen no ano de 1827. Na exposição internacional de Paris em 1855 eram
expostos pequenas barras de Alumínio com alto custo de produção. Desde então o alumínio
atraiu o interesse de vários pesquisadores. Na França e na Inglaterra surgiram as primeiras
fábricas de alumínio. Começaram a ser produzidos talheres, jóias e brinquedos de alumínio.
Somente a possibilidade de produzir corrente elétrica em grandes quantidades e a baixo custo
criou condições, para a exploração do alumínio em escala industrial, através do processo
eletrolítico descoberto por Bunsen no ano de 1854. Com o auxílio da eletrólise passou-se a
produzir alumínio nos Estados Unidos em 1855. A partir desta data a produção de alumínio foi
ampliada continuamente acarretando uma redução contínua do seu preço.
Após a utilização desse processo eletrolítico o alumínio passou a fazer parte do cotidiano.
Os fundamentos da aluminotermia estão na ação redutora do alumínio, descobertas em 1856
por Tissier e aplicada por Wöhler em 1858.
Vários pesquisadores, porém, perceberam que devido à reação violenta, inerente aos
processos de oxi-redução envolvendo alumínio, os cadinhos se rompiam.
(THERMIT, 2007)
O fato de os cadinhos (recipiente de material refratário onde a reação ocorre) se
romperem levaram aos estudos procurando entender e controlar essa reação, sendo
assim o professor Hans Goldschimdt ( será apresentado uma breve biografia no
segundo subtítulo deste capítulo) desenvolveu o processo denominado
aluminotermia conforme descrito abaixo:
Somente o professor Hans Goldschimdt descobriu em 1897 um método para, através de uma
inflamação inicial desencadear um processo de reação controlado e portanto tecnicamente
viável. Quando iniciada a reação em um único ponto de uma mistura aluminotérmica criada por
Goldschimdt (denominada THERMIT), uma devido a reação ser exotérmica expande-se de
forma contínua sobre a mistura. Desta forma desvendou-se a condição básica para a utilização
industrial da aluminotermia. Inicialmente apenas metais isentos de carbono (Cr, Mn, Ti, V, Mo,
W, Ni, Co), que serviam de elementos liga na indústria de aço, eram obtidos através desta
técnica. Goldschimdt porém logo reconheceu o quanto a quantidade de calor liberada nas
reações aluminotérmicas era proveitosa para aplicações no ramo da soldagem.
A primeira solda THERMIT realizada em trilhos do tipo fenda foi realizada em 1899 na cidade
de Wuppertal na Alemanha. Atualmente trilhos para bondes, ferrovias, pontes rolantes e peças
em geral são soldadas pelo processo de soldagem THERMIT.
(THERMIT, 2007)
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Observa-se na figura 2 a soldagem de trilhos de
trem, realizada no final do século XIX. Até hoje
as soldagens de trilho são feitas utilizando esse
processo. Hoje os operários utilizam
equipamentos de proteção individual o que não
Soldagem de trilhos
se observa na foto.
Figura 2
O segundo subtítulo deste capítulo apresenta
uma breve história biográfica do professor Hans
Goldschimdt.
Hans Goldschmidt nasceu em 1861 , o Segundo filho de Theodor Goldschmidt. Como seu pai
e seu irmão mais velho Karl Goldschmid, ele estudou química na universidade de Berlim,
onde, como estudante de um famoso professor Robert-Wilhelm Bunsen, tornou-se um
destacável estudante de química. Após obter seu doutorado em 1888, ele se juntou a gerência
da “Chemische Fabrik Th. Goldschmidt “ Nos trinta anos seguintes Hans Goldschmidt
prosseguiu no desenvolvimento e pesquisa de novos produtos num tipo de divisão de
laboratório, embora seu irmão o visse mais como um empresário político e social.No entanto
Hans Goldschmidt tornou-se o mais destacável químico da sua época. Ele esta
inextricavelmente ligado a aluminotermia. O processo thermit originalmente desenvolvido por
ele para a preparação de metais livre de carbono, tornou-se um método padrão para soldagem
de trilhos em ferrovias utilizado amplamente no mundo.
(DEGUSSA, 2007)
2.3 Conceito
O conceito de aluminotermia é apresentado neste trabalho conforme abaixo:
O conceito de aluminotermia trata-se tipicamente de um processo que envolve uma reação do
alumínio com um óxido metálico, dando como resultado o metal envolvido e óxido de alumínio,
com liberação de calor. O processo produz coalescência de metais, pelo aquecimento dos
mesmos. Seu surgimento se deu no final do século dezenove, com a denominação patenteda
(classe 075 e subclasse 959) "Thermit®" (às vezes dita "Thermite®") pela empresa
Goldschmidt AG (West Germany) (Orgotheus Inc., USA). O químico Hans Goldschmidt
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descobriu que a reação exotérmica entre o pó de alumínio e um óxido metálico pode ser
iniciada por uma fonte externa de calor. Por ser altamente exotérmica, esta reação pode ser
auto sustentada, e pode ser com ou sem pressão. Para aplicações em soldagem, o metal de
enchimento é obtido do metal líquido que se forma na reação química [O'Brien1991].
O processo da reação aluminotérmica tem como base o fato do alumínio extrair oxigênio de
óxidos de outros metais para formar óxido de alumínio e liberar grande quantidade de calor.
"Por exemplo, a reação do alumínio com óxido de ferro, produz óxido de alumínio e ferro
líquidos, com temperatura de 3000°C (5400°F)" [Sheridan1996].
Por outro lado, a reação pode ser utilizada em um cilindro fechado, em bombas incendiárias e
"foguetes pirotécnicos - fogos de festas" especiais para grandes alcances. O óxido de ferro
"perde seu oxigênio" para o alumínio e a reação que se segue é muito violenta e rápida,
deixando o ferro fundido na base do cadinho. Esta reação é mostrada no exemplo que se
segue.
Óxido metálico + alumínio = metal + Óxido de alumínio + calor conforme equação n° 13 abaixo
(INFOSOLDA, 2007)
Esta reação é uma das mais utilizadas, e a relação em peso é de três partes de óxido de ferro
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Aditivos também podem ser usados para aumentar a fluidez e baixar a temperatura de
solidificação da escória.
O'Brien1991.
(INFOSOLDA, 2007)
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As reduções feitas pelo processo aluminotérmico não se restringiram apenas as reduções de
óxidos de ferro, na obtenção de ferro, como nos processos de soldagem de trilhos de trem.
Outros óxidos foram obtidos com sucesso por esse processo. Por exemplo, o Cromo metálico
foi descoberto por Louis-Nicholus Vauquelin em 1797 na França. Nos anos seguintes o metal
foi obtido pela redução por carbono de crocoíta (cromato de chumbo, PbCrO4) ou cromita
(cromato de ferro, FeCr2O4). , um mineral de cromo cuja a cor inspirou Vauquelin a dar ao
metal o nome atual. Cromo, que vem da palavra grega Chrôma, que significa cor. O Ferro
contendo cromo foi primeiramente produzido na metade do século 19 e o primeiro uso do
cromo como agente de liga na produção de aço ocorreu na década de 1860 . Em 1893
Henri Moissan fundiu óxido de cromo e carvão num forno elétrico para produzir ferro-cromo.
Até hoje, este processo permanece como método comercial de produção de Ligas, muito
embora esse método continua a evoluir influenciado pelas mudanças de mercado , tecnologia
e matéria-prima. Em 1809 Hans Goldschmidt um ciêntista alemão produziu cromo puro pela
redução aluminotermica de óxido de cromo.
A seguir será exibida uma foto que demonstra a reação aluminotermica. Pode-se
observar a grande quantidade de fumaça. Nota-se também a claridade resultante de
uma reação extremamente exotérmica.
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Figura 4
Reação alumininotérmica pra produção de Ferro-Vanádio
(TKL ,2007)
capítulo.
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CAPÍTULO 3
PLASMA
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3.1 Conceito de Plasma
Plasma é comumente definido como quarto estado da matéria. Cada um dos quatro
estados da matéria – sólido, líquido, gasoso e plasma é caracterizado por uma certa
magnitude da energia de ligação das partículas que constituem a matéria. Uma
certa quantidade de energia deve ser adicionado para transformar a matéria de um
estado para o outro. Para ocorrer a transformação da matéria em plasma a energia
cinética das partículas deve exceder a energia de sua ionização.
(DEMBOVSKY,VLADMIR,1985 pag 9)
Figura 5 - Matéria no estado gasoso e no estado de plasma. Note que antes havia
uma gás de átomos neutros e em seguida um gás de íons e elétrons livres .
(Ipp, 2007)
Do ponto de vista físico, não há uma clara diferença entre o plasma e o gás. O
plasma possui muitas propriedades dos gases e o seu comportamento esta em
conformidade com as leis físicas válidas para o gás.
(DEMBOVSKY,VLADMIR,1985 pag 9)
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A propriedade específica que distingue um gás de um plasma se torna perceptível
sob a presença de um forte campo magnético, onde o plasma adquire propriedades
não isotrópicas.. Desta forma a diferença fundamental entre um plasma e um gás
não ionizado é o seu comportamento sob um campo eletromagnético.. As partículas
carregadas eletricamente presentes no plasma são afetadas externamente por
campos eletros-magnéticos, e também interagindo umas com as outras. O campo
elétrico aplicado é tão intenso que cada partícula é afetada por uma multidão de
outras partículas. Consequentemente, a energia de ligação entre as partículas será
mais forte no plasma do que num gás ionizado.
(DEMBOVSKY,VLADMIR,1985 pag 9)
(FARSIDE, 2007)
33
O Langmuir, junto com o seu colega Lewi Tonks, faziam investigações físicas e
químicas de bulbos de filamento de tungstênio, com a intenção de encontrar um
caminho de estender em muito a vida do filamento (objetivo alcançado
eventualmente).
(FARSIDE, 2007)
No processo, ele desenvolveu a teoria de camadas de plasma que são as camadas
divisionais que se formam entre o plasma ionizado e superfícies sólidas. Ele
também descobriu que certas regiões do tubo de descarga de plasma apresentam
variações periódicas de densidade de elétrons, que atualmente denominamos ondas
Langmuir. Isto foi a gênese da física de plasma. De maneira bastante interessante,
a pesquisa de Langmuir atualmente ainda forma a base teórica da maior parte do
plasma utilizado para processar técnicas para fabricar circuitos integrados. Depois
de Langmuir, a pesquisa de plasma gradualmente se estendeu em outras
direções, das quais cinco são especialmente significantes.
Primeiramente, o desenvolvimento da transmissão de rádio levou à descoberta da
ionosfera da Terra.
Ionosfera - Refere-se a um plasma fracamente ionizado pela radiação solar, que se estende
de uma altitude de 50 km até 10 raios terrestres com densidade e temperatura variáveis (109 a
1012 partículas carregadas/m3 , 102 a 103 K).
(INPE, 2007)
Uma camada de gás parcialmente ionizado na atmosfera superior irá refletir ondas
de rádio, e será responsável pelo fato no qual os sinais de rádio poderem ser
recebidos quando o transmissor é colocado num lugar alto. Infelizmente, a ionosfera
também ocasionalmente absorve e altera ondas de rádio. Por exemplo, o campo
magnético da Terra provoca ondas com polarização diferente (quanto à orientação
do campo magnético) e por conseguinte propaga-se em velocidade diferente,
originando um efeito que pode dar a origem "a sinais fantasma " (isto é, sinais que
chegam um pouco antes, ou um pouco depois que o sinal principal). Para entender,
e corrigir possivelmente, algumas deficiências na comunicação de rádio, vários
cientistas, como E.V. Appleton e K.G. Budden, sistematicamente desenvolveram a
teoria da propagação de onda eletromagnética por um plasma magnetizado não
uniforme.(FARSIDE, 2007)
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Em segundo lugar, os astrofísicos reconheceram rapidamente que a maior parte do
Universo se compõe de plasma, de modo que para uma melhor compreensão de
fenômenos astrofísicos requer um melhor conhecimento da física do plasma. O
pioneiro neste campo foi Hannes Alfvén, que por volta de 1940 desenvolveu a teoria
de “magnetohydrodyamics”, ou MHD, no qual o plasma é tratado essencialmente
como um fluido de condução.
Esta teoria foi amplamente empregada com sucesso para investigar manchas
solares, chamas solares, o vento solar, a formação de estrela e diversos outros
tópicos da astrofísica. Dois tópicos tiveram determinado interesse em MHD,
A teoria da reconexão magnética e a teoria de Dínamo. A reconexão magnética é
um processo pelo qual as linhas de campos magnéticos repentinamente modificam a
sua topologia: podendo dar a origem à conversão súbita de energia magnética em
forma de energia termal, bem como a aceleração de algumas partículas carregadas
a energias extremamente altas. Geralmente, pensa-se em ser este o mecanismo
básico por detrás de chamas trêmulas solares. A teoria de Dínamo estuda como o
movimento de um fluido MHD pode dar a origem à geração de um campo magnético
macroscópico. Este processo é importante porque tanto os campos magnéticos
terrestres como solares decairiam rapidamente (comparativamente em termos
astrofísicos) não fossem eles mantidos pela ação do Dínamo. O campo magnético
da Terra é mantido pelo movimento do seu núcleo fundido, que pode ser tratado
como um fluido MHD a uma aproximação razoável.
(FARSIDE, 2007)
35
Falando em termos gerais, a física de plasma teórica primeiro emergiu como uma
disciplina matematicamente rigorosa nesses anos. Não surpreende, que a maior
preocupação dos físicos de Fusão era o de compreender como um plasma
termonuclear pode ser controlado (aprisionado), por um campo magnético na maior
parte dos casos, e investigar como devido a instabilidade de muitos plasmas se
ocorreria seu (escape) ou descontrole.
(FARSIDE, 2007)
(INPE, 2007)
36
Os mecanismos de liberação de energia e aceleração de partículas foram baseados
em pesquisas que utilizaram a teoria do plasma confinado por campo magnético das
pesquisas de fusão, da teoria de ondas de plasma da ionosfera física, e da noção de
reconexão magnética.
(FARSIDE, 2007)
(FARSIDE, 2007)
37
3.1.3 Terceiro Conceito de Plasma
A força eletromagnética é geralmente observada nas moléculas e átomos estáveis
que formam os cristais sólidos. De fato, as disciplinas de Química e Física do estado
sólido tem estudado amplamente, como principal assunto, buscando desenvolver-se
em entender as estruturas essencialmente estáticas e as conseqüências da força
eletromagnética.
Os sistemas estruturados têm energias de ligação maiores do que a energia termal
ambiente. Colocado em um ambiente suficientemente quente, eles decompõem-se:
p. ex., os cristais fundem-se, as moléculas dissociam-se. Similarmente em
determinadas temperaturas ou quando extrapolam-se as energias de ionização
atômicas, os átomos de mesmo modo decompõem-se em íons eletronegativamente
carregados e íons positivamente carregados. Essas partículas carregadas, não
estão de forma alguma livres: de fato, elas são fortemente afetados por campos
eletromagnéticos . No entanto,, devido as cargas não estarem fortemente unidas, o
ambiente torna-se capaz de movimentos coletivos de grande vigor e complexidade.
Tal ambiente é definido como plasma.
(FITZPATRICK,RICHARD;2007)
(FITZPATRICK,RICHARD;2007)
38
Os Plasmas que resultam da ionização de gases neutros (estáveis) geralmente
contêm números iguais de carga positivas e negativas. Nesta situação, os fluidos
opostamente carregados são fortemente ligados, e tendem a neutralizar
eletricamente um a ou outro em escalas de comprimento macroscópicas. Tais
plasmas são denominados quasi-neutrals ("quase" porque os pequenos desvios da
neutralidade exata têm conseqüências dinâmicas importantes de certos tipos de
plasma). Plasma fortemente non-neutral, que pode até conter cargas de só um sinal,
ocorre principalmente em experimentos de laboratório: o seu equilíbrio depende da
existência de campos magnéticos intensos, sobre os quais o fluido carregado gira.
Plasmas terrestres também não são muito difíceis de encontrar. Eles ocorrem em
relâmpagos, lâmpadas fluorescentes, vários experimentos de laboratório, e em
crescentes aplicações em processos industriais. De fato, a descarga incandescente
tornou-se recentemente o principal meio na fabricação de micro-circuito. O líquido e
mesmos os sistemas de estado sólido podem ocasionalmente expor os efeitos
eletromagnéticos coletivos que caracterizam o plasma: por exemplo, o mercúrio
líquido expõe muitas formas dinâmicas, como ondas Alfa, que ocorrem em plasmas
convencional.
(FITZPATRICK,RICHARD;2007)
39
Outros exemplos de ocorrência de Plasma é a aurora boreal
A aurora boreal é um fenômeno causado pela interação dos ventos solares com os
pólos magnéticos terrestres, que são constituídos por partículas carregadas
eletricamente. São fenômenos luminosos caracterizados por faixas brilhantes e
coloridas no céu observados nos pólos Norte e Sul.
(INPE, 2007)
40
Figura 7 - Aurora Boreal sobre o Mar Báltico
(Fonte: METZ, HUGO LEONARDO- 2003)
41
Figura 8 - Aurora no hemisfério Norte da Terra, registrada na freqüência ultravioleta
pelo satélite Polar
(Fonte: METZ, HUGO LEONARDO- 2003)
(INPE, 2007)
42
são gerados. A capacidade do forno a plasma de aceitar finos sem uma prévia pelotização
(aglomeração) representa um importante atrativo.
Os fornos convencionais são geralmente do tipo de arco submerso, que exigem grande
quantidade de carga pelotizada para permitir permeabilidade para os gases escaparem da
zona de reação, o que reduz a produtividade do forno quanto à quantidade de carga
admissível. Além disso, a condutividade elétrica é largamente dependente das características
do agente de redução carbonáceo. Variação na condutividade limita o nível de potência obtido
no forno. Assim, a qualidade do redutor é de grande importância e redutores de alta qualidade
e alto custo devem ser empregados.
43
O gás sob o estado de plasma apresenta boa condutividade elétrica e alta
viscosidade quando comparado a um gás no estado normal.
Tanto corrente contínua como a corrente alternada podem ser utilizados para a
geração de plasma, mas o processo com corrente contínua predomina amplamente
até o momento.
(PLASMA,PIRÓLISE 2007)
44
Fig.11 Corte de uma tocha de plasma, mostrando o processo de criação do jacto de plasma
As tochas de arco de plasma podem ser de arco não transferido ou arco transferido.
O arco não transferido é o arco produzido no interior do dispositivo de geração que
contém os eletrodos e do qual sai o gás aquecido. O calor necessário para a fusão
do metal é transmitido somente pelo gás . As tochas de arco transferido utilizam um
eletrodo emissor, estando o receptor do arco localizado fora da tocha, podendo ser
um outro eletrodo ou o material sob aquecimento interligado ao circuito através de
um eletrodo.
45
Figura 12
Segundo Dembosky, quando o substrato apresenta carga positiva como por exemplo
o óxido de ferro, então os elétrons dispersos no arco elétrico e os íons negativos
serão atraídos, situação que ocorre conforme a figura xx com arco transferido. Já
utilizando, arco não transferido os elétrons serão atraídos pelo eletrodo do canhão
ou tocha e apenas o (gás) plasma será bombardeado sobre o substrato. A entalpia e
a energia de Gibbs no primeiro caso será mais negativa e portanto mais favorável a
reação.
46
O capítulo 3 apresentou os conceitos de plasma e sua aplicação em indústria
metalúrgica. A proposta desse trabalho é o de propor a redução de óxido de ferro III
e óxido de molibdênio por redução com hidrogênio num forno à plasma, para a
produção de liga de ferro , sendo neste caso o objeto desse estudo o ferro-
molibdênio. Mas, o que são ferro-ligas? E o que é ferro-molibdênio? . O próximo
capítulo não só responde a estas perguntas, mas como informa a situação dessa
liga ferrosa no mercado.
47
CAPÍTULO 4
FERRO-MOLBDÊNIO
48
4.1 Ferro-Ligas
As ferroligas, como o próprio nome diz, são ligas de ferro com outros elementos
químicos, como manganês, silício, cromo, níquel, nióbio,molibdênio, tungstênio
entre outros. Além de outras aplicações, as ferroligas destacam-se por serem um
insumo absolutamente indispensável para a indústria siderúrgica, sendo utilizadas
na elaboração de todos os tipos de aço. O silício metálico é utilizado pelas indústrias
de alumínio, química (na fabricação de silicone) e eletrônica (na fabricação de
semicondutores e células solares).
A produção de ferroligas vem aumentando a sua concentração ao longo dos anos.
Segundo a A B R A F E (Associação Brasileira de Ferro Ligas) atualmente,
embora haja cerca de cinqüenta e sete países produtores, os oito maiores são
responsáveis por oitenta por cento da produção mundial
O setor é fortemente voltado para o mercado externo, que consome
aproximadamente 56% do volume produzido, o que corresponde a 73% do
faturamento. Atualmente, Japão, Estados Unidos e alguns países europeus, como
Reino Unido e Alemanha, são os principais importadores mundiais de ferroligas.
A indústria nacional de ferroligas e silício metálico supre quase a totalidade (~94%)
da demanda interna e, além disso, exporta aproximadamente 55% da sua produção,
representando aproximadamente 70% do seu faturamento. No período de 1995-
2000, a indústria foi responsável por US$3,6 bilhões de exportações e US$1,8
bilhões de vendas para o mercado interno. Quando se considera as exportações e o
suprimento da demanda interna, a indústria contribuiu com uma redução de 18% no
déficit da balança comercial brasileira nos últimos 6 anos. Um pequeno volume de
ferroligas é importado, correspondendo principalmente às ligas cujos minérios não
são encontrados no Brasil.
(ABRAFE – 2007)
49
O segmento de Ferro-Ligas exerce função de destaque no Brasil, em especial como
fonte supridora de insumos para a indústria siderúrgica, responsável por cerca de
90% da demanda interna; como também pela contribuição ao saldo da balança
comercial.
No cenário mundial, com base em 2004, o país com aproximadamente 1,0 Mt,
posiciona-se em 6° lugar, com cerca de 4% da produção mundial. A produção em
2005, por falta de informações foi estimada em 940 mil toneladas e o consumo
aparente em 613 mil t.
As exportações, apresentaram crescimento de 7,4% em volume e 18,3 % em valor,
alcançando em 2005, 377 mil t e US$ 712 milhões, respectivamente; com destaque
para as ferro-ligas de Nióbio (Nb) (US$ 424 milhões) , Manganês (Mn) ( US$ 123
milhões) e Silício (Si) (US$ 102 milhões) que representara 91% das exportações. No
caso das importações houve um crescimento de 2,4% em volume e 100% em valor.
O saldo comercial foi de US$ de 510 milhões em 2005.
A industria de Ferro-Ligas é formada por 13 empresas que em conjunto, produzem
grande parte dos diferente tipos de ligas. O parque industrial de ferro-ligas possui 83
fornos, totalizando uma capacidade instalada de 1.344 mil toneladas e potencia de
1.225 (MVA)
(Secretaria de Geologia, Mineração e transformação Mineral, 12° edição)
Os dados obtidos acima fornecem uma idéia da importância que esse seguimento
representa no contexto da economia brasileira.
O objeto de estudo desse trabalho é a ferro-liga de ferro-molibdênio, cuja as
características , as reservas mundiais e sua produção são apresentadas a seguir.
50
4.2 Ferro-Molibdênio
O ferro-molibdênio é uma liga constituída como o próprio nome diz de ferro e
molibdênio. Este produto é aplicado nas aciarias. Segundo a “IMOA” ( International
Molybdenum Association) , quando da produção de aço inoxidável a adição de até
7% de molibdênio melhora significativamente a resistência a corrosão numa ampla
variedade de ambientes. O que interessa na composição do aço é a adição do
molibdênio, sendo o ferro pertencente a liga apenas um veículo que proporciona
facilidade de incorporação no processo de produção de aço inoxidável.
O molibdênio em proporções controladas melhora propriedades físicas do aço
como a dureza, tensão à ruptura e maleabilidade.
(IMOA 2007)
51
(Figura 14 -Ferramentas contem molibdênio para atender as exigências necessárias
para sua utilização.
(IMOA 2007)
52
4.3 Definição de Molibdênio
Uma breve consideração da origem da palavra molibdênio é apresentada a seguir:
A palavra molibdênio vem do grego molybdos (como chumbo). Em 1778, o químico sueco
Carl Wilhelm Scheele verificou que a molibdenita era um mineral de um novo elemento. Antes
disso, era confundida com grafite ou minério de chumbo. De forma impura, foi separado pela
primeira vez por Hjelm em 1782.
O principal minério é a molibdenita (sulfeto de molibdênio MoS2). Existem outros de menor
importância comercial.
Pode ser produzido a partir do molibdato de amônia. Também é obtido como subproduto da
mineração de cobre e de tungstênio.
É um metal de aparência branca prateada, muito duro, entretanto mais macio e dúctil que o
tungstênio. Tem um elevado módulo de elasticidade e, entre os metais mais comuns, somente
o tungstênio e o tântalo têm ponto de fusão mais alto. É um importante componente de liga,
uma vez que aumenta a dureza e a tenacidade do aço. Também aumenta a resistência em
altas temperaturas.
(IMOA, 2007)
53
O quadro 7 abaixo apresenta algumas propriedades físicas do Molibdênio
Algumas Propriedades:
4.4 Produção/Reservas
Apresenta-se aqui as reservas de minerais contendo molibdênio no mundo, sua
distribuição entre os principais países, dados da produção ferro-molibdênio e
comercialização.
54
As reservas mundiais de molibdênio contido estão avaliadas em cerca de 8,6 milhões de
toneladas métricas. Três paìses detém 7,1 milhões de toneladas, correspondente a 82,5%
dessas reservas. A China com 3,3 milhões de toneladas (38,4%), Estados Unidos com 2,7
milhões de toneladas (31,4%) e o Chile, com 1,1 milhões de toneladas (12,7%). Na sua grande
maioria, elas ocorrem em dois tipos de depósitos: de molibdênio primário (a mais importante
fonte de molibdênio) e de cobre pórfiro, onde neste último caso, o molibdênio é aproveitado
como co-produto ou subproduto do minério de cobre. Outros depósitos, como em skarns, veios
de quartzo e greisens, podem também conter concentrações econômicas de molibdenita. Os
três maiores depósitos mundiais de molibdênio primário, se situam nos Estados Unidos. São as
minas Henderson, no Colorado, Questa, em Novo México e Thompson Creek, em Idaho. A
mina Clímax, no Colorado, grande produtora de concentrado de molibdenita, encontra-se
inativa desde 1995. No Canadá, destaca-se a mina Endako. Os depósitos de cobre pórfiro,
formam duas aglomerações marcantes. Uma, no sudoeste dos Estados Unidos, onde são
explotadas dezenas de minas, destacando-se as minas Bagdad e Sierrita, no Arizona, Bingham
Canyon, em Utah e as de Montana e Novo México; e outra, nos Andes Ocidentais do Chile e
Peru, onde são explotadas nove minas, destacando-se as minas Chuquicamata e El Teniente,
ambas no Chile. No Brasil, as reservas não oficiais são modestas. Elas foram avaliadas pela
CVRD (Companhia Vale do Rio Doce) , no depósito de cobre do Salobo, na Serra dos Carajás,
em Marabá, no Pará, de minério de molibdênio (molibdenita), da ordem de 110.000 toneladas
de molibdênio contido, cujos teores variam de 50 a 250 g/t de minério. Na região Seridó dos
Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, Nordeste do Brasil, na Província Scheelitífera
da Borborema, existem depósitos de skarns onde a molibdenita associa-se em concentrações
econômicas com a scheelita, Nas décadas de 1970/1980, nas minas Brejuí e Barra Verde, em
Currais Novos, no Rio Grande do Norte e Timbaúba, em Frei Martinho, na Paraíba, já foram
produzidos concentrados de molibdenita. Não há dados de reservas oficiais destas minas. Um
outro depósito é o do Sítio Cruxatu, em Barra de Santana, no município de Jucurutu. Outros
depósitos também surgem como opção de aproveitamento do minério de molibdênio, como co-
produto ou subproduto, que são: da esmeralda/berilo verde de Carnaíba-Socotó, da região de
Pindobaçu-Campo Formoso, na Bahia; dos skarns com scheelita, das minas Brejuí e Boca de
Lage, em Currais Novos, no Rio Grande do Norte; dos minérios de urânio de Poços de Caldas
e titânio de Caldas, em Minas Gerais e dos minérios de cobre e ouro de São Gabriel, no Rio
Grande do Sul. Na região do rio Tapajós, foram detectados depósitos (inéditos) epitermais de
ouro, cobre e molibdênio, de idade proterozóica do Brasil.
Fonte:Departamento Nacional de Produção Mineral Ligado ao ministério das minas e Energia.
-DIDEM (Diretoria de Desenvolvimento e Economia Mineral )(Mineral Commodity Sumaries –
2004
55
28,5 mil toneladas (17,5%), e em conjunto, eles produzem 103,9 mil toneladas,
correspondendo a 80,5% do total mundial. No Brasil, não há atualmente registro oficial de
produção de concentrado de molibdenita. Existe uma produção garimpeira, estimada em torno
de 5 toneladas métricas/ano de concentrado de molibdenita recuperada artesanalmente,
como subproduto da exploração de esmeralda/berilo verde, da região de Carnaíba, em Campo
Formoso, na Bahia, Nordeste do Brasil. No segmento metalúrgico, há uma produção modesta
de ferro-molibdênio e de pó de molibdênio. No plano mundial, o molibdênio vem tendo
aumentos consideráveis de preços nestes últimos anos, superior a 400%, a ponto de
influenciar o aumento dos preços do aço. A demanda chinesa por molibdênio é um dos
principais fatores que influenciam o crescimento da produção desta commodity. O molibdênio é
um anti-corrosivo usado no aço
Fonte:Departamento Nacional de Produção Mineral Ligado ao ministério das minas e Energia.
-DIDEM (Diretoria de Desenvolvimento e Economia Mineral )(Mineral Commodity Sumaries –
2004
.
56
Brasil - - - - -
Armênia (2) 400 2,1 3.500 4.000 3,1
Estados Unidos 5.400 28,3 32.600 34.100 26,8
Canada 910 4,8 7.500 7.500 5,9
Chile (3) 2.500 13,1 29.500 31.400 24,7
China 8.300 43,6 29.300 30.000 23,6
Irã 140 0,7 1.700 1.700 1,3
Kazequistão 200 1,0 230 225 0,2
México 230 1,2 3.400 3.500 2,8
Peru 230 1,2 9.500 9.500 7,5
Russia 360 1,9 2.900 2.900 2,3
Outros 380 2,1 2.340 2.250 1,8
Total 19.000 100 123.000 127.000 100
57
58
Quadro 10 – Produção brasileira de ferro-ligas de 2001 a 2005
Fonte: MME (ministério das minas e energia) – ABRAFE Associação Brasileira dos produtores de
Ferro-Ligas.
Molibdênio 60 – 65 % 65 -75 %
Carbono Máximo 0,10 % 0,10 %
Enxofre Máximo 0,10 % 0,10 %
Silício Máximo 1,50 % 1,50 %
Cobre Máximo 1,00 % 1,00 %
Quadro 12 – Especificação Técnica do ferro-molibdênio,
59
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS NBR-5905/Dez. 1989. Rio
de Janeiro: ABNT, 1990)
60
Ponto Eutético
A fusão de qualquer material puro a pressão constante ocorre em uma única temperatura.
Desta forma, fases líquidas e sólidas coexistem apenas nesta temperatura. Quando resfriado,
a temperatura de um material líquido irá decrescer gradualmente até ser atingido o ponto de
fusão. Neste instante o material começará a cristalizar, levando ao envolvimento de um calor
latente na interface sólido-líquido, mantendo a temperatura constante ao longo do material.
Uma vez o material esteja completamente sólido, o resfriamento gradual é reiniciado. O
patamar de solidificação permite que o ponto de solidificação do material seja identificado em
uma curva da temperatura versus tempo.
(WENDHAUSEN ,2007)
A maioria dos sistemas que possuem dois ou mais componentes exibe um intervalo de temperatura
no quais as fases líquidas e sólida estão em equilíbrio. Ao invés de uma temperatura de fusão, o
sistema agora tem duas temperaturas diferentes, e assim a temperatura do liquido e a temperatura
sólido são necessárias para descrever a mudança de líquido para sólido. A temperatura da fase
líquida é a temperatura acima da qual o sistema está inteiramente líquido, a temperatura da fase
sólida, por sua vez, representa o ponto abaixo do qual todo o material está sólido. Entre estes dois
pontos os estados líquido e sólido estão em equilíbrio. Quando a temperatura do liquido é atingida, a
solidificação começa, e ocorre uma redução na taxa de resfriamento causada pelo calor latente e
uma conseqüente redução do gradiente da curva de resfriamento.
(WENDHAUSEN ,2007)
61
Quando a solidificação aproxima-se do final a taxa de resfriamento é novamente alterada, permitindo
que a temperatura do solidus seja determinada. Como pode ser visto no diagrama abaixo, estas
mudanças no gradiente permitem que a temperatura do liquido TL, e a temperatura sólido TS sejam
obtidas.
MoO3 + 3C Mo + 3CO
Reagentes Produtos
2/3MoO3 + Si Mo + SiO2
Reagentes Produtos
63
Esse processo é conhecido como aluminotermia onde o trióxido de molibdênio e a
hematita (óxido de ferro Fe2O3) são misturados com alumínio em pó em proporções
estequiométricas.
MoO3 + 2 Al Mo + Al2O3
Reagentes Produtos
Entalpia da reação n° 16
∆ Hf (MoO3) = - 180.39 Kcal/mol
∆ Hf (Al2O3) = -399.09 Kcal/mol
∆ Hf = ∆ Hprodutos - ∆ Hreagentes
-399.09 – (-180.39)
∆ H - 218.7 Kcal/mol ou - 915,0 Kj/mol
Reação exotérmica
Equação 17 – Redução do
óxido de ferro III por
Entalpia da reação n° 17
alumínio
∆ Hf (Fe2O3) = - 198.5 Kcal/mol
∆ Hf (Al2O3) = -399.09 Kcal/mol
∆ Hf = ∆ Hprodutos - ∆ Hreagentes
∆ Hf = -399,09 – (198.5)
∆ H = - 200.59 Kcal/mol ou - 839,3 Kj/mol
Reação exotérmica
O valores de entalpia de formação são dados à 25°C da tabela 2-220 do livro Perry”s Chemical
Engineers Handbook
64
São adicionados ainda à mistura cal, fluoreto de cálcio, que servirão de sais
fundentes e escorificantes. O ferro-silício é acrescentado para promover a redução e
agir como escorificante.
(RISS.A; KHODOROVSKY- 196-?)
Fluorspar and lime are normally added to the aluminothermic mix in order to lower
the meltingpoint of the slag and to decrease slag viscosity, improving conditions for
ferro-niobium/slagseparation and thus maximizing recovery.
THE EVOLUTION OF FeNb MANUFACTURING
Clóvis Antonio de Faria Sousa
http://www.us.cbmm.com.br/english/sources/techlib/science_techno/table_content/su
b_1/images/pdfs/006.pdf
65
Oxido de Manganês MnO 0.162
Pentóxido de Vanádio V2O5 0.117
Trióxido de Tungstênio WO3 0.088
Oxido de Estrôncio SrO 0.040
Òxido de Zirconio ZrO2 0.019
Oxido de zinco ZnO 0.015
As tecnologias limpas são processos industriais novos ou alterações dos processos existentes
que visam reduzir não só os impactos ambientais mas principalmente o consumo de energia e
matérias-primas utilizadas durante um determinado processo tecnológico.
Os sistemas de produção industrial exigem recursos: materiais (matéria-prima); energia, usada
para transportar e processar a matéria – prima bem como água e ar. Os sistemas de produção
atuais são lineares ou cradle-to-grave*( ciclo de vida único) e com freqüência usam
substâncias nocivas e recursos finitos em vastas quantidades e em ritmo acelerado.
O objetivo da produção limpa é atender a necessidade da sociedade atual de produtos de
forma sustentável, ou seja, usando com eficiência materiais e energias renováveis, não
nocivos, conservando ao mesmo tempo a biodiversidade. Os sistemas de produção limpa
usam menos matéria-prima, menos água e energia.. A produção limpa leva ao
66
desenvolvimento e implementação de tecnologias mais limpas nos processos produtivos. As
tecnologias limpas são importantes ferramentas do desenvolvimento sustentável e parte
integrante do mercado das tecnologias de futuro.bem diferente das tecnologias de fim de tubo.
(MARQUES,BRUNO JOSÉ et al Introdução a Engenharia do Ambiente – O ambiente
e as Tecnologias Limpas [200-?] )
Assim enquanto que a produção limpa é uma ação preventiva, que tem como
objetivo de reduzir ou mitigar a geração de resíduos, emissões e efluentes as
técnicas de fim-de-tuboy são aquelas que visando minimizar o impacto ambiental de
determinados resíduos, trata-os antes de liberá-los para o meio ambiente. Assim, o
fim-de-tubo acaba por ser a última alternativa para tratamento de resíduos que não
puderam ser evitados no processo, considerando-se uma alternativa de remediação
enquanto que a produção limpa é uma proposta de solução.
67
* cradle to grave literalmente do berço ao tumulo referindo-se a processos sem abordagem
ambiental, sem reaproveitamento, reciclagem ou reutilização de materiais.
y
Fim-de-tubo termo utilizado para tecnologias que tratam os resíduos sem se preocupar em
gera-los menos ou não gera-los
Esta monografia procurou aplicar este conceito de tecnologia limpa. O capítulo 4
abordou conceitos, mercado, e produção do ferro-molibdênio. O capítulo 5 apresenta
a possibilidade de através da tecnologia limpa substituir o alumínio como redutor
pelo hidrogênio evitando a geração de resíduo composto de alumina calcinada. Com
hidrogênio a geração de subproduto passa a ser vapor d’água.
68
para a execução de testes. Esse trabalho não pretende encerrar todos os cálculos
termodinâmicos necessários para promover as reações pertinentes à proposta.
Pretende-se com esses cálculos demonstrar a possibilidade dessa reação ocorrer e
a necessidade das reações de redução por hidrogênio ocorrerem num ambiente de
plasma. O capitulo 5 enfatiza as vantagens de tecnologias que utilizam hidrogênio
como redutor, bem como as perspectivas para a aplicação dessa tecnologia no
desenvolvimento de alternativas eficientes e mais ambientalmente corretas.
CAPÍTULO 5
REDUÇÃO DE ÓXIDOS DE FERRO E
MOLIBDÊNIO POR HIDROGÊNIO NA
PRODUÇÃO DE FERRO-MOLBDÊNIO
69
5.1 Cálculos termodinâmicos nas reações de redução de óxidos
por hidrogênio
Equação 18 - Redução do
Calculando a Entalpia da reação n° 18: trióxido de molibdênio por
hidrogênio
∆ Hf (MoO3) = - 180.39 Kcal/mol
∆ Hf (H2O) = -57,7979 Kcal/mol
∆ Hf = ∆ Hprodutos - ∆ Hreagentes
3 x ( -57,7979) – (-180,39) = ∆ H + 7 Kcal/mol ou + 29,7 Kj/mol
Reação endotérmica
70
∆ S° = + 125.34 J / mol K°
∆ Gr° = ∆ H - T ∆ S
∆ Gr° = 29.7 – (298 x 125.34 X 10-3)
∆ Gr° = - 7.65 Kj/ mol . K°
Adotando o mesmo procedimento para a redução por hidrogênio do óxido de ferro III
(hematita)
71
Os valores termodinamicos apresentados nas reduções com hidrogênio foram extraídos do
Departamento de Química da Universidade de Sheffield Inglaterra e são acessados através
da rede mundial de computadores no endereço webelements. com (acessado em Abril de
2007)
∆ Gr° = ∆ H - T ∆ S
∆ Gr° = 105 – (298 x 141.39 X 10-3)
∆ Gr° = + 62.9 Kj/ mol K°
OBS: Os valores termodinamicos apresentados nas reduções com hidrogênio foram extraídos
do Departamento de Química da Universidade de Sheffield Inglaterra e são acessados
através da rede mundial de computadores no endereço webelements. com (acessado em Abril
de 2007)
Essas reações então, como visto acima sendo endotérmicas necessitam receber
energia para ocorrerem, diferentes das reações reduzidas com o alumínio que
liberam energia. Necessita-se, no entanto saber se essa reação é
termodinamicamente possível.
Assim para que o hidrogênio seja capaz de reduzir um óxido metálico a reação deve
ter a energia de Gibbis < 0 , ou seja a reação de formação de água apresentada na
equação 20 deve ter a energia de Gibbis mais negativa do que a reação do metal
com o oxigênio para uma mesma temperatura.
H2 + 1/2 02 H2O
Reagentes Produtos
72
Calculando a energia de Gibbs para a reação da equação n° 20
H2 + 1/2 02 H2O
Reagentes Produtos
Entropia da Reação n° 20
∆ Sr° H2 = + 130,68 J/mol °K
∆ Sr° H2O = + 188,83 J/mol °K
∆ Sr° O2 = + 205,14 J/mol °K
∆ S°f = ∆ S°produtos - ∆ S°reagentes
188,83 – ( 130,68 + ½ 205,14)
∆ Sf° = - 44,42 x 10-3 KJ/mol °K
Entalpia da reação n° 20
∆ H H2O = -57,7979 Kcal/ mol x 4,184
∆ H = -241,8 KJ/mol
Mo + 3/2 O2 MoO3
Reagentes Produtos
73
OBS: Os valores termodinamicos apresentados nas reduções com hidrogênio foram extraídos
do Departamento de Química da Universidade de Sheffield Inglaterra e são acessados
através da rede mundial de computadores no endereço webelements. com (acessado em Abril
de 2007)
Entalpia da reação n° 21
Equação 22 – Oxidação
do ferro
Entropia da reação n° 22
∆ Sr° Fe O (s) = + 87,40 J/mol °K
2 3
Entalpia da reação n° 22
∆ H MoO = -198,5 Kcal/ mol x 4,184
3
∆ H = -830,52 KJ/mol
∆ Gr° = ∆ H - T ∆ S
∆ Gr° = (-830,52 ) – ( 298 °K X 274,87 x 10-3)
74
∆ Gr° = - 912,43 KJ/mol. K° - Oxidação do Ferro
OBS: Os valores termodinamicos apresentados nas reduções com hidrogênio foram extraídos
do Departamento de Química da Universidade de Sheffield Inglaterra e são acessados
através da rede mundial de computadores no endereço webelements. com (acessado em Abril
de 2007)
75
Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Tratamentos Térmicos,
Mecânicos e Químicos, atuando principalmente nos seguintes temas: plasma, nitretação
iônica, plasma sintering, nitretação a plasma e catodo oco.
(Texto informado pelo autor) currículo do sistema Lattes (http://lattes.cnpq.br)
Última atualização do currículo em 09/01/2007
Equação 23 - Entalpia de
dissociação do hidrogênio
76
Equação 25 Redução do oxido de
ferro III por hidrogênio em plasma
(DEMBOSKY, VLADIMIR pág 269 )
ψ H ( mH ) 1 / 2
X =
( ) + ψ H ( mH ) 1 / 2 + ψ H ( mH )
2 2
ψ H 2 mH 2 1/ 2
+ +
1/ 2
Equação 26 - Fração
molar do H2
Y =
ψ H mH ( ) 1/ 2
(
ψ H 2 mH 2 ) 1/ 2
+ ψ H ( mH ) 1/ 2
+ ψ H + ( mH + ) 1/ 2
Equação 27 – Fração
molar do H
Z=
ψ H mH
+ ( + ) 1/ 2
ψ H 2 mH 2 ( ) 1/ 2
+ ψ H ( mH ) 1/ 2
+ ψ H + ( mH + ) 1/ 2
Equação 28 – Fração
molar do H+
77
átomos e íons por superfície de área reagida do hidrogênio sobre o substrato (óxido
metálico) é dada:
x=
(
1.74 X 10 23 3.347 x 10 −27 ) 1/ 2
(
1.74 X 10 23 3.347 x 10 −27 ) 1/ 2
(
+ 2.79 X 10 27 1.674 x 10 −27 ) 1/ 2
(
+ 3.91 x 10 36 1.674 x 10 −27 ) 1/ 2
Equação 26
Equação 27
Equação 28
-10 -10
X = 6.29 x 10 ; y = 7.14 x 10 ; Z≈ 1
A entalpia da reação n° 29 redução do óxido ferro por hidrogênio é dada neste caso:
78
Fe2O3 + 3H2 2Fe + 3H2O
Reagentes Produtos
79
Entalpia da reação n° 18
∆ H°298 = ∆ Hf (MoO3) = - 754.76 Kj/mol
∆ H°298 = (3 ∆ H°298)H2O -
- {( ∆ H°298)MoO + 3x2y. ½ (3x ∆ H°dis)H2 + 3x 2 z[ ½ (3 ∆ H°dis)H2 +(3 ∆ H°ion)H] }
3
Para calcular a energia de Gibbs das reações de redução por hidrogênio do óxido de
ferro III (Fe2O3) e do trióxido de molibdênio (MoO3) são necessário os cálculos de
entalpia já calculados conforme equações 18 e 19 e os cálculos de entropia. A
seguir apresenta-se os cálculos de entropia dessas duas reações.
80
Calculando agora a Entropia da reação n° 19 .
(S°298 ) (Fe2O3) * = 87,40 J/k° mol
(S°298 ) (Fe) = 27,2 J/k° mol
(S°298 ) (H2O) = 188.72 J/k° mol
(S°298 ) (H2) = 130.59 J/k° mol
∆H ° dis 402.00
(∆S°dis ) (H2) = ≈ ≈ 109 J / K . mol
Tdis 3700
∆H °ion 958.000
(∆S°ion ) (H) = ≈ ≈ 56.0 J / K . mol
Tion 17.000
A entropia da reação n° 19
se da seguinte maneira:
81
já calculados conforme equações n° 26, 27 e 28.
Entropia da reação n° 19
∆S°298°K = [ (2x 27,2) + (3x 188.72) - { 87,40 + (3x 6.29 x 10-10 x 3x 130.59) +
+ 3 x 2 7.14 x 10-10 x ½[(3x 130.59 + 3x109] +
+ 3 x 2 x 1 [ ½(3x130.59 ) + ½(3x109) + (3x56]
Equação 18 - Redução
do trióxido de molibdênio
por hidrogênio
82
Calculando agora a Entropia da reação n° 18.
(S°298 ) (Mo2O3) * = 77.78 J/k° mol
(S°298 ) (Mo) = 28,7 J/k° mol
(S°298 ) (H2O) = 188.72 J/k° mol
(S°298 ) (H2) = 130.59 J/k° mol
∆H ° dis 402.00
(∆S°dis ) (H2) = ≈ ≈ 109 J / K . mol
Tdis 3700
∆H °ion 958.000
(∆S°ion ) (H) = ≈ ≈ 56.0 J / K . mol
Tion 17.000
Entropia da reação n° 18
∆S°298°K = [ (2x 28.7) + (3x 188.72) - { 77.78 + (3x 6.29 x 10-10 x 3x 130.59) +
+ 3 x 2 7.14 x 10-10 x ½[(3x 130.59 + 3x109] +
+ 3 x 2 x 1 [ ½(3x130.59 ) + ½(3x109) + (3x56]
83
(Adaptado Dembosky,Vladimir pág. 281 e 282)
*Os dados de entalpia do óxido de ferro (MoO 3) foram extraídos Departamento de Química da
Universidade de Sheffield Inglaterra e são acessados através da rede mundial de
computadores no endereço webelements. com (acessado em Abril de 2007)
a energia de Gibbis
∆ Gr° = ∆ H - T ∆ S
84
∆ Gr° = - 7665,82 - (298 x 2039,96 x 10-3)
∆ Gr° = - 8273,5 Kj/mol. K°
Para a reação n° 18
MoO3 + 3H2 Mo + 3H2O
Reagentes Produtos
Equação 18 - Redução do
trióxido de molibdênio por
hidrogênio
∆ H°298 (MoO = - 7741,38 Kj/mol
3)
a energia de Gibbis
∆ Gr° = ∆ H - T ∆ S
∆ Gr° = - 7741,38 - (298X 2052,58 x 10-3)
∆ Gr° = - 8353,05 Kj/mol . K°
85
Assim quando a superfície do material a ser reduzido, o óxido de ferro (Fe 2O3) e o
óxido de molibdênio (MoO3) , sofrerem a ação de um campo elétrico e for
carregado eletricamente com uma carga negativa , e aplicando-se a energia do
plasma ocorrerá como visto um grande aumento negativo da energia livre de Gibbis
indicando uma extrema probabilidade de a reação ocorrer e seu equilíbrio estar a
favor do produto desta reação.
(DEMBOSKY, VLADIMIR pág 288 )
Equação 18 - Redução do
trióxido de molibdênio por
hidrogênio
86
O quadro a seguir facilita a visualização para demonstrar a diferença da reações
sem e com a utilização de tecnologia à plasma.
87
5.2 Aplicações industriais de redução de óxidos metálicos por
hidrogênio
Esse subtítulo visa demonstrar alguns exemplos de redução de óxidos metálicos por
hidrogênio utilizando a tecnologia do plasma. O artigo técnico intitulado “ Plasma
Metallurgy: current state, problems and prospects” (Plasma metalúrgico: estado
atual, problemas e perspectivas) apresentado no 14° simpósio internacional de
plasma químico, Praga, Republica Tcheca, de 2 a 6 de agosto de 1999 nas páginas
1853 a 1861 apresenta exemplos de sucesso com aplicações de processos
utilizando plasma que asseguraram um aumento de produtividade e melhorias de
condições ecológicas. Este artigo cita a redução de óxido de ferro na produção ferro
nas aciarias por processo convencional e cita as alternativas com redução por
hidrogênio.
Processo convencional: Em altos fornos, são incorporados o minério de ferro que
esta na forma de óxido e portanto necessita ser reduzido a ferro. A redução utiliza
carvão como redutor que é denominado coque. Coque metalúrgico (carvão) é um
material que provem de carvão metalúrgico de tipo betuminoso, ele age como
elemento redutor do óxido de ferro e termogênico, ou seja, o aproveitamento do
poder calorífico para obter a energia necessária para a redução. Alem do carvão
betuminoso o coque de petróleo, óleos e gases naturais, são também utilizado
como combustíveis e redutores neste processo. São incorporados sais fundentes
como o calcáreo e a fluorita. Sais fundentes são sais que favorecem o processo de
fusão do metal através do seu poder calorífico.
O artigo em questão “ Plasma Metallurgy: current state, problems and prospects”
(Plasma metalúrgico: estado atual, problemas e perspectivas) cita que a produção
de ferro metalúrgico pelo processo convencional é responsável por 23% da poluição
atmosférica. O beneficiamento de coque gera poluição ambiental prejudicial a saúde
humana através de emissões de benzopireno* uma substância gerada na
carboquímica, nos altos-fornos que é cancerígeno.
(YU. V. TSVETKOV 1999)
* benzopireno é uma substância gerada nos altos-fornos da produção metalúrgica do ferro que
é cancerígeno. (GALVÃO, JOÃO BAPTISTA FILHO Aspectos técnicos e econômicos do meio
ambiente, Artigo 32 09/1989.)
88
Desta forma , o desenvolvimento de alternativas de produção de ferro sem a
utilização de coque metalúrgico não é acidental. É o caso de uma grande planta
eletrometalúrgica em construção (em 1999) na cidade de Oskol na Rússia onde
gás natural será beneficiado em gás de síntese formado principalmente de metano e
hidrogênio que servirá de redutor na produção de ferro esponja onde posteriormente
será refundido num forno elétrico. Uma outra alternativa de produção de ferro sem
coque é bem similar a esta. Utiliza forno a plasma para produzir gases redutores
onde existe a possibilidade de gerar esses gases a partir de combustível e
biomassa de baixa qualidade. Esse mesmo gás fornece energia para movimentar
turbinas de uma estação elétrica. A figura a seguir demonstra três rotas diferentes de
produção de ferro citadas. A primeira destaca a produção de ferro utilizando coque,
que é o processo tradicional. A segunda demonstra a redução direta com gás
seguido de refusão em forno elétrico e a terceira transforma combustível e biomassa
de baixa qualidade em gases de síntese que servirão como agentes redutores do
óxido de ferro e fontes de energia para uma turbina de geração de eletricidade
utilizada no próprio sistema.
89
Figura 18 Produção de ferro por três rotas diferentes
(I) Comparação do processo tradicional
(II) Redução direta com gás (CO + H2) seguida de fusão em forno elétrico.
(III) Método utilizando plasma
90
Figura 19 - Esquema de uma planta industrial de
plasma de redução com hidrogênio.
1. Silo para matéria-prima
2. Alimentador de matéria-prima
3. Gerador de plasma (tocha)
4. Reator
5. Filtro-mangas
6. Roscas sem fim para aduzir o produto
7. Silo receptor do produto.
91
Pode-se destacar ainda no artigo a comparação de consumo de energia elétrica
quanto a produção de alguns metais no tocante a sua produção tradicional e a
produção utilizando a redução por hidrogênio em ambiente de plasma.
Consumo de energia
Produto elétrica (KWh/Kg)
Produção Processo à
tradicional plasma
Tungstênio 5.83 3.21
Molibdênio 10.8 8.0
Cobalto 9.17 4.5
Carbeto de titânio 36.7 10.8
(Quadro 17 – Comparação de consumo de energia elétrica na produção de alguns
metais utilizando processo tradicional e à plasma.)
Adaptado de ( YU.V. TSVETKOV, 1999)
92
O teste foi realizado utilizando tecnologia de plasma com hidrogênio com 99,99 % de
pureza e trióxido de tungstênio com média de tamanho de partícula de 35 µ m e
pressão de 7 mbar e temperatura entre 800 e 1000 °C no forno com geração de
corrente contínua.
(GILSON GARCIA DA ; SILVA – 2005)
93
Figura 20 Redução de Trióxido de Tungstênio com hidrogênio em
reator à plasma.
Fonte (GILSON GARCIA DA ; SILVA – 2005)
Segundo Vladimir Dembosky o hidrogênio apesar de não ser o redutor mais eficiente
oferece tantas vantagens técnicas que o torna uma proposta bastante atrativa. As
partículas de hidrogênio ativas no plasma são capazes de reduzir muitos óxidos
metálicos com uma incomum alta reatividade .
(DEMBOVSKY,VLADMIR,1985 pag 365)
A redução por hidrogênio em plasma depende efetivamente de um layout onde o
óxido metálico é exposto a um fluxo de hidrogênio que deve estar sempre seco e
sem a presença de vapor de água.
94
O óxido metálico no plasma é evaporado e depois atomizado (transformado em pó).
A separação do metal ocorre no processo de resfriamento enquanto que o oxigênio
se une ao hidrogênio. Pode ocorrer que a condensação do metal ocorra numa
temperatura tal que nem todo o óxido metálico foi reduzido. Neste caso o óxido
metálico deixaria a zona de reação junto com o metal tornando o processo de
redução incompleto. Alem do mais a mistura de óxido e metal é altamente
susceptível a um processo de recombinação o que pode então desfazer o processo
de redução, ou seja, do metal retornar a condição oxidada.
O ideal é que o processo permita que o metal comece a condensar primeiro sendo
removido a medida que o óxido continue a ser reduzido até o final. Este problema
é apontado na pratica em reduções de trióxido de tungstênio para a obtenção de
tungstênio metálico e da produção de molibdênio a partir de trióxido de molibdênio
por plasma a hidrogênio.
(DEMBOVSKY,VLADMIR,1985 pag 366 e 367)
95
Sabe-se conforme apresentado no quadro 8 que o molibdênio funde a temperatura
de 2623°C o que implica em garantir no projeto de um forno, refratários que
suportem serem submetidos a esta temperatura. O ferro funde a 1538°C (MSPC –
2006) , porem quando da formação de ferro-ligas na concentração nominal de 60%
de molibdênio e 40 % de ferro a temperatura de fusão necessária é de 1542°C.
Sendo assim, os materiais utilizados num forno projetado para trabalhar numa
temperatura de 1542°C apresentam custo inferior do que o forno onde são
submetidas temperaturas de 2623°C o que permite uma maior disponibilidade de
alternativas quanto aos refratários por exemplo , podendo afetar favoravelmente o
custo na construção do forno.
O processo de produção de ferro-molibdênio por esta alternativa poderia levar
algumas vantagens, que se faz jus na comparação pelo processo convencional
utilizando a aluminotermia. Desta feita apresenta-se a seguir algumas comparações
pertinentes.
Comparação do processo aluminotermico com o de redução a
hidrogênio em plasma.
O mercado geralmente comercializa Ferro Molibdênio 60/40 ( 60% Mo e 40%Fe)
Assim para 100 Kg de Ferro-Molibdênio apresentam-se as equações balanceadas
estequiometricamente:
MoO3 + 2 Al Mo + Al2O3
143,9 53,8 95,9 101,8 (massa molegular)
90,0 33,7 60Kg 63,7
Equação 16 – Redução do trióxido de
molibdênio por alumínio
96
Conforme apresentado nas equações 16 e 17 o consumo de alumínio para a
produção de 100 Kg de Ferro-molibdênio é de 53 Kg.
Quadro
Insumos para a18 Adaptado
produção de : Boletim
de alumínio primário Técnico – ABAL/Produtores de
1000 Kg 53 Kg
Alumínio Primário - 20072003)
(ano-base
Alumina
1919 kg/t Al 101,7 kg
Energia elétrica
15,0 MWhcc/t Al 0,795 MWhcc
Criolita
8,0 kg/t 0,424 kg
Fluoreto de alumínio
19,7 kg/t 1,04 kg
Coque de petróleo
0,384 kg/kg Al 0,02 kg
Piche
0,117 kg/kg Al 0,006 kg
Óleo combustível
44,2 kg/t 2,34 kg
97
O hidrogênio como redutor:
Equação 18 - Redução do
trióxido de molibdênio por
hidrogênio
Equação 19 - Redução do
óxido de ferro III por
hidrogênio
98
5.3 Produção do hidrogênio
A maior parte do hidrogênio produzido no mundo (principalmente nos Estados
Unidos) em escala industrial é pelo processo de reforma a vapor, ou como um
subproduto do refino de petróleo e produção de compostos químicos. A reforma de
vapor utiliza energia térmica para separar o hidrogênio do carbono no metano ou
metanol, e envolve a reação destes combustíveis com vapor em superfícies
catalíticas.
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
99
Cada kilograma de hidrogênio equivalem a 11.891 Nm3 (normal metro cúbico) em
volume. Normal metro cúbico equivale ao metro cúbico na condição de 15°C e 1 atm
de pressão . (fonte: LINDE GAS - 2007 )
Os 6 kilograma de hidrogênio equivalem então a 71.346 Nm3 .
O Custo do Hidrogênio
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
100
A refrigeração do hidrogênio a esta temperatura utiliza o equivalente a 25 ou 30% de
sua energia total, e requer materiais e manipulação especiais. Para resfriar
aproximadamente 0,5kg de hidrogênio são necessários 5kWh de energia elétrica.
101
102
Comparação de custo e consumo de energia
Alumínio X Hidrogênio
Para a produção de 100 Kg de ferro-molibdênio
Energia
Massa
Redutor Elétrica Custo US$
Kg
MW/h
Fonte 1 Fonte 2
5,7
7,2 a 13,70*
Eletrolise
hidrogênio 6 0,3425 14,4 H2
cilindro
Reforma a
5,07 -
vapor
aluminio 53 0,7950 148,96 (+ 22,79 para atomizar)
Quadro 19
Fonte 1 - alkimia.tripod
Fonte 2 - Paulo F. P Ferreira et al – 2005 “Produção de hidrogênio utilizando
energia vertida turbinável de Itaipú: calculos de custo e comparação com o
gás natural na cidade de São Paulo “
103
Na forma líquida: o hidrogênio produzido é liquefeito para ser transportado em
vasos criogênicos por via rodoviária ou ferroviária. Na forma líquida o hidrogênio
apresenta uma maior densidade energética, diminuindo os custos de transporte.
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
(ALKIMIA.TRIPOD - 2007)
Esse trabalho ainda aponta para mais duas tecnologias para obtenção de hidrogênio
apresentadas sucintamente. A primeira trata da pirólise de hidrocarbonetos a plasma
que utiliza como redutor tanto o hidrogênio como o carbono, com a desvantagem de
resultar desse processo a emissão de CO2 que é indesejável para o efeito estufa,
porem como declarado pelos autores como será visto a seguir este é o primeiro
104
processo com combustíveis fósseis capaz de produzir uma quantidade mínima de
gases de efeito de estufa.
(FUELCELLSTORE – 2007)
106
etanol e uma de água deionizada em volume. A bomba comprime a mistura até 200
psi (libra por polegada ao quadrado) para um aquecedor (boiler) onde ocorre sua
vaporização. A mistura segue para o reator onde é convertida em hidrogênio com
uma pequena quantidade de água que é retirada através de um processo que utiliza
catalisador. Os gases residuais junto coo fluxo de água são arrastados por
nitrogênio resultando em emissões de CO2 e água.
(FUELCELLSTORE – 2007)
107
O último capítulo apresenta a análise e discussão dessa proposta, e aponta para
outras melhorias.
108
O meio ambiente esta na pauta de quase todas as discussões técnicas abordadas
nas relações inter-governamentais, ganha cada vez mais destaque na mídia e se
tem pelo menos a sensação de que as pessoas estão mais preocupadas em como
cuidar melhor do nosso planeta. O desenvolvimento tecnológico deve sempre
caminhar na busca de alternativas que possam evitar ou reduzir a geração de
poluentes, mitigar os efeitos negativos causados ao meio ambiente inerente aos
processos produtivos e tratar seus resíduos gerados e dispor racionalmente dos
recursos naturais. Este trabalho procurou aderir a esses princípios. É de interesse
notar a busca, por exemplo, de alternativos aos combustíveis de origem fóssil,
grandes causadores das emissões do efeito estufa. Neste sentido, destaca-se o uso
de biocombustíveis como o etanol e mais recentemente o biodisel. Observa-se neste
cenário o desenvolvimento no uso do hidrogênio como fonte geradora de energia
para os meios de transporte e produção de eletricidade. Os agentes redutores,
utilizados na metalurgia também são enfocados na busca de alternativas melhores
em termos ambientais e econômicos. Um exemplo disso foi o apresentado no
capitulo 5 onde cita que a produção de ferro metalúrgico pelo processo
convencional é responsável por 23% da poluição atmosférica e também aponta para
o desenvolvimento de alternativas de produção de ferro sem a utilização de coque
metalúrgico. É o caso de uma grande planta eletrometalúrgica em construção (1999)
na cidade de Oskol na Rússia onde gás natural será beneficiado em gás de síntese
formado principalmente de metano e hidrogênio que servirá de redutor na produção
de ferro. Uma outra tecnologia semelhante utiliza forno a plasma para produzir
gases redutores onde existe a possibilidade de gerar esses gases a partir de
combustível e biomassa de baixa qualidade. Esse mesmo gás fornece energia para
109
movimentar turbinas de uma estação elétrica da empresa. Embora, observa-se a
utilização de metano, o que trás como conseqüência as emissões de CO 2 ainda
assim o uso do plasma permite que a decomposição do hidrocarboneto em
hidrogênio e carbono seja o primeiro processo com combustíveis fósseis capaz de
produzir uma quantidade mínima de gases de efeito de estufa .Um desenvolvimento
de tecnologia similar a esta para a redução de ferro a partir de gás natural esta
sendo desenvolvida no CTA (Comando Geral de Tecnologia Aeroespacial) na cidade
de São José dos Campos por uma empresa incubada no departamento de materiais
do CTA chamada “Polaris”.
110
escala industrial, diferentemente da Rússia, pais de sua nacionalidade. Porem
acredita ser simples este desenvolvimento.
O Doutor Alberto Carlos Pereira Filho apreciou muito a idéia e aconselhou recorrer a
FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) afim de buscar
verbas para o desenvolvimento desse projeto.
Tsvetkov no seu artigo “ Plasma Metallurgy: current state, problems and prospects”
(Plasma metalúrgico: estado atual, problemas e perspectivas) de 1999 compara a
produção de quatro elementos metálicos, Tungstênio, Molibdênio, Cobalto e Carbeto
de tungstênio conforme apresentado no quadro 15 . A comparação é entre a
utilização de hidrogênio em plasma como redutor e processos convencionais (não
cita a tecnologia aplicada no processo convencional).
Somando a diferença entre o consumo de energia elétrica dos quatro elementos,
tem-se uma redução de 57,6 %, o que torna atrativa a redução proposta neste
trabalho.
Para a produção de 100 Kg de ferro-molibdênio com a concentração de 60% de
molibdênio e 40% de ferro comparou-se o consumo de energia elétrica necessária
para a produção dos reagentes hidrogênio e alumínio (0,3425 e 0,795 MW/h
respectivamente) o que representa aproximadamente 57 % de consumo a menos.
Considerando ainda a produção de 100 Kg de ferro-molibdênio o custo para o
alumínio atomizado (pó) é de US$ 171,75 contra de 7,2 a 14,4 dólares do
hidrogenio, considerando o valor do hidrogênio produzido por eletrolise, e de 5,07
dólares produzidos pelo processo de reforma a vapor. Uma segunda fonte informa o
custo de US$ 5,7 para o processo eletrolítico e sendo a aquisição do hidrogênio em
cilindros criogênicos (hidrogênio liquido) , então o custo sobe para US$ 13,70.
Os valores financeiros apresentados comparativamente referem-se a cotação do
alumínio no mercado e ao custo de produção do hidrogênio. Desta situação tem-se
que considerar o hidrogênio produzido na própria planta. Assim no capitulo 5
apresentou-se a proposta de incluir na própria planta o equipamento para a
produção de hidrogênio. Segundo o fabricante o equipamento ocupa dimensões
similares ao de um microondas.
O processo de redução por hidrogênio em plasma apresenta a vantagem ainda da
não utilização de escorificantes utilizados como o cal e a florita (fluoreto de cálcio).
O custo a menos dependerá da quantidade de escorificantes formulada aplicada
pelo fabricante.
111
Quanto a escoria gerada pelo processo aluminotermico que poderia se evitada na
redução por hidrogênio, para título de exemplo, um fabricante produziu no ano de
2006 aproximadamente 150 toneladas de ferro-molibdenio gerando 220 toneladas
de escoria . A escoria corresponde a 59,5 % da massa inicial da reação.
Se for considerado a carga de 18 toneladas para cada viagem realizada para o
transporte da escória ao seu destino , tem-se então 12 viagens no ano. Isto
certamente reflete em custos de transporte e disposição de resíduos que podem ser
avaliados dependendo de distâncias e valores de frete praticados em cada caso.
Não foi possível quantificar a quantidade de fumaça e particulados que deixariam
de se emitidas utilizando o processo de redução por hidrogênio.
Conclusão:
112
A produção sustentável da eletricidade torna-se um ponto vital na viabilidade da
eletrolise, dado que esta acarreta dois terços do seu custo. Sendo assim, as
energias renováveis, tais como a estações hidroelétrica, eólicas, geotérmicas,
solares e a biomassa, protagonizam um papel nestes desenvolvimentos.
(MARQUES ,ANA RITA 2004)
(ABRAFE – 2007)
113
Referenciais Bibliográficos
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CERÂMICA Guia de Compras 2006 – Siderurgia
Brasileira e Metais não Ferrosos
ALKIMIA
114
alkimia.tripod.com/curiosidades/hidrogenio.htm Acessado em 19/04/2007
CARY, HOWARD B., Modern Welding Technology,4th ed., 7-4 Thermit Welding,
Columbus (Ohio): Prentice
Hall, 1998, p223-226;
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