You are on page 1of 31

INTRODUÇÃO

Jonathan Edward, pastor congregacional


norte-americano, foi o mais destacado teólogo e
erudito da Nova Inglaterra no período colonial no
século XVIII. Edawrds, nasceu a 5 de outubro de
1703, em East Windor, Connecticut. Recebeu os
graus de Bacaharelado em Artes e Mestrado em
Artes na Universidade de Yale. Em 1727 foi
ordenado e empossado como pastor assistente da
igreja de seu avô, Solomon Stoddard faleceu em
1729, Edwards tornou-se o pastor efetivo da
igreja.

Em 1734 o reavivamento religioso, parte


do Grande Despertament, chegou à sua igreja.
Seu famoso sermão “Pecadores nas Mãos
de um Deus Irado” (1741), foi proferido durante
esse reavivamento.
PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO

"... a seu tempo, quando resvalar o seu pé." -


Deuteronômio 32:35

Nesse versículo os ímpios e incrédulos


israelitas, que eram o povo visível de Deus, e que
viviam debaixo de Sua graça, são ameaçados com
a vingança do Senhor. Apesar de todas as obras
maravilhosas que Deus operara em favor desse
povo, este permanecia sem juízo e destituído de
entendimento, como está escrito no versículo 28.
E mesmo sob todos os cuidados do céu
produziram fruto amargo e venenoso, conforme
verificamos nos dois versículos anteriores.
A declaração que escolhi para meu texto, "A
seu tempo, quando resvalar o seu pé", parece
subentender as seguintes questões, relativas à
punição e destruição que aqueles ímpios israelitas
estavam sujeitos a sofrer:
1. Que eles estavam sempre expostos à
destruição, assim como está sujeito a cair todo
aquele que se coloca de pé, ou anda por lugares
escorregadios. A maneira como serão destruídos
vem aí representada pelo deslize de seus pés. A
mesma citação encontramos no Salmo 73:18-19:
"Tu certamente os pões em lugares escorregadios,
e os fazes cair na destruição".
2. Faz supor também que estavam sempre
sujeitos a uma súbita e inesperada destruição, à
semelhança daquele que anda por lugares
escorregadios e a qualquer instante pode cair.
O ímpio não consegue prever se num
momento ficará de pé, ou se, em seguida, cairá.
Quando cai, cai subitamente, sem aviso, como
está escrito também no Salmo 73:18-19: "Tu
certamente os pões em lugares escorregadios, e
os fazes cair na destruição. Como ficam de súbito
assolados! Totalmente aniquilados de terror!"
3. Outra coisa implícita no texto é que os
ímpios estão sujeitos a cair por si mesmos, sem
serem derrubados pelas mãos de outrem, pois
aquele que se detém ou anda por terrenos
escorregadios não precisa mais do que seu próprio
peso para cair por terra.
4. E também a razão pela qual ainda não
caíram, e não caem, é por não haver chegado
ainda o tempo determinado pelo Senhor. Pois está
escrito que quando este tempo determinado, ou
escolhido, chegar, seu pé irá resvalar. E então
serão entregues à queda, para a qual já estão
predispostos por causa do próprio peso. Deus não
os susterá mais em lugares escorregadios, mas vai
deixá-los sucumbir. Então, nesse exato momento,
cairão em destruição, à semelhança daqueles que
transitam em terrenos escorregadios, à beira de
precipícios, e não conseguem se manter de pé
sozinhos, caindo imediatamente e se perdendo ao
serem abandonados.
Eu insistiria agora num exame maior das
seguintes palavras: não há nada, a não ser a boa
vontade de Deus, que impeça os ímpios de caírem
no inferno a qualquer momento.
Por mera boa vontade de Deus, me refiro à
Sua vontade soberana, ao Seu livre-arbítrio, o qual
não é restringido por nenhuma obrigação, nem
tolhido por qualquer tipo de dificuldade. Em última
análise, sob qualquer aspecto, nada, exceto a
vontade de Deus, tem poder para preservar os
ímpios da destruição por um instante sequer.
A verdade dessa observação transparecerá
nas seguintes considerações:
1. Não faltapoder a Deus para lançar os
ímpios no inferno a qualquer momento. A mão dos
homens não é suficientemente forte quando Deus
Se levanta. O mais forte deles não tem poder para
resistir-Lhe, e ninguém consegue se livrar de Suas
mãos.
Ele não só pode lançar os ímpios no inferno,
como pode fazê-lo com a maior facilidade. Muitas
vezes, uma autoridade terrena encontra grande
dificuldade em dominar um rebelde, o qual acha
meios de se fortalecer e se tornar mais poderoso
pelo número de seguidores que alicia. Mas com
Deus não é assim. Não há força que resista ao Seu
poder. Mesmo queas mãos se unam, e que
enormes multidões de inimigos do Senhor juntem
suas forças e se associem, serão todos facilmente
despedaçados. São como montes de palha seca e
leve diante de um furacão, ou como grande
quantidade de restolho perto de chamas
devoradoras. Nós achamos fácil pisar e esmagar
uma lagarta que se arrasta pelo chão. Achamos
fácil também cortar ou chamuscar um fio de linha
fino que segura alguma coisa. Então, é simples
para Deus, quando Lhe apraz, lançar Seus
inimigos no inferno profundo. Quem somos nós,
que imaginamos poder resistir Aquele ante eu ja
repreensão a terra treme, e perante quem as
pedras tombam?
2. Eles merecem ser lançados no inferno.
Assim, a justiça divina não se interpõe no caminho
dos ímpios; nem faz objeção pelo fato de Deus
usar Seu poder para destruí-los a qualquer
momento. Muito pelo contrário, a justiça fala assim
da árvore que produz frutos maus: "...pode cortá-
la; para que está ela ainda ocupando inutilmente a
terra?" (Lucas 13:7). A espada da justiça divina
está o tempo todo erguida sobre suas cabeças, e
somente a mão de absoluta misericórdia e a mera
vontade de Deus podem detê-la.
3. Os ímpios já estão debaixo da sentença
de condenação ao inferno. Eles não só merecem
ser lançados ali, mas a sentença da lei de Deus,
esse preceito de eterna e imutável retidão que o
Senhor estabeleceu entre Si mesmo e a
humanidade, também se coloca contra eles, e
assim os mantém. Portanto, tais homens já estão
destinados ao inferno, "...o que não crê já está
julgado." (João 3:18). Assim, todo impenitente
pertence, verdadeiramente, ao inferno. Ali é o seu
lugar, ele é de lá, como lemos em João 8:23: "Vós
sois cá de baixo" e para lá é destinado. Este é o
lugar que a justiça, a Palavra de Deus e a sentença
de Sua lei imutável reservam para ele.
4. Assim sendo, eles são objetos da ira e
da indignação de Deus, que se manifestam
através dos tormentos do inferno. E a razão de não
descerem ao inferno agora mesmo não é pelo fato
do Senhor, em cujo poder se encontram, estar
menos irado com eles no momento, ou, pelo
menos, não tão encolerizado como está com
aquelas miseráveis criaturas a quem Ele
atormenta no inferno, as quais experimentam e
sofrem ali a fúria de Sua indignação. Sim, Deus Se
acha muito mais furioso com um grande número
de pessoas que está vivendo na terra agora, talvez
de modo tranqüilo e confortável, do que com
muitos daqueles que estão experimentando as
chamas do inferno. Portanto, a razão porque Deus
ainda não abriu a Sua mão e os liquidou, não é por
Ele não Se importar com suas iniqüidades, ou não
Se ofender. O Senhor não Se parece com eles,
embora pensem que sim. A fúria de Deus arde
contra eles, sua condenação não demora. O
abismo está preparado, o fogo está pronto, a
fornalha incandescente está ardendo, pronta para
recebê-los. As chamas vermelhas queimam. A
espada luminosa foi afiada e pesa sobre suas
cabeças. O inferno abriu a sua boca debaixo deles.
5. O diabo está pronto a cair sobre os
ímpios, para apoderar-se deles como coisa sua, no
momento em que Deus o permitir. Eles lhe
pertencem, suas almas encontram-se em seu
poder e sob o seu domínio. As Escrituras os
apresentam como propriedade de satanás (Lucas
11:21). Os demônios os espreitam, estão sempre
ao seu lado, à sua direita, esperando por eles
como leões esfaimados e enfurecidos que vêem
apresa, aguardando ahoradeagarrá-la,porém são
restringidospor enquanto. Se Deus retirasse Sua
mão, a qual os refreia, eles cairiam sobre suas
pobres almas num instante. A velha serpente está
pronta para dar o bote. O inferno escancara sua
boca para recebê-los. E se Deus permitisse, seriam
rapidamente engolidos e consumidos.
6. Nas almas dos pecadores reinam
aqueles princípios diabólicos que os faria arder
agora mesmo no inferno, se não fosse a restrição
imposta por Deus. Existe na própria natureza
carnal do homem uma potencialidade alicerçando
os tormentos do inferno. Há aqueles princípios
corruptos que agem de maneira poderosa sobre
eles, que os dominam completamente, e que são
sementes do fogo do inferno. Esses princípios são
ativos e poderosos, de natureza extremamente
violenta, e se não fosse a mão restringidora do
Senhor sobre eles, seriam logo destruídos. Iriam
arder em chamas da mesma forma que a
corrupção e a rebeldia fazem arder os corações
das pessoas condenadas, gerando nelas os
mesmos tormentos. As almas dos ímpios são
comparadas nas Escrituras com o mar agitado
(Isaías 57:20). Por enquanto Deus controla as
iniqüidades deles pelo Seu imenso poder, como
faz com as ondas enfurecidas do mar, dizendo:
"Virão até aqui, mas não prosseguirão". Mas se
Deus retirasse deles Seu poder refreador, seriam
todos tragados por elas. O pecado é a ruína e a
miséria da alma. Ele é destrutivo pela própria
natureza. E se Deus o deixasse sem controle, não
seriapreciso mais nadapara tornar as almas
humanas absolutamente miseráveis. A corrupção
no coração do homem é algo cheio de fúria
incontrolável e sem freio. Enquanto os pecadores
viverem aqui, essa fúria será como fogo reprimido
pelas restrições divinas. Ao passo que, se fosse
liberada, incendiaria o curso natural da vida. E
como o coração é um poço de pecado, este
mesmo pecado iria imediatamente transformar a
alma num forno incandescente ou numa fornalha
de fogo e enxofre, caso não fosse restringido.
7. O fato de não haver sinais visíveis da
morte por perto, não quer dizer que haja, por um
momento, sequer segurança para os ímpios. O
fato do homem natural ter boa saúde, de não
prever que poderia deixar este mundo num minuto
por um acidente, de não haver perigo visível à sua
volta, nada disso lhe serve de segurança.
Contínuas e inúmeras experiências humanas, em
todas as épocas, nos mostram que não existem
provas de que o homem não esteja à beira da
eternidade, ou de que seu próximo passo não
venha a ser no outro mundo. Os caminhos e
meios, invisíveis e imprevistos, de chegar lá são
incontáveis e inconcebíveis. Os homens não
convertidos caminham por cima das profundezas
do inferno, sobre uma superfície frágil onde
existem várias áreas quebradiças, também
invisíveis, as quais não conseguirão agüentar o
seu peso. As flechas da morte voam ao meio-dia
sem serem vistas. O olhar mais atento não pode
distingui-las. Deus tem muitas maneiras diferentes
e misteriosas de tirar os homens pecadores do
mundo e despachá-los para o inferno. Não há nada
que faça crer queo Senhorprecise da ajuda de um
milagre, ou que necessite Se desviar do curso
natural de Suaprovidênciapara destruir qualquer
pecador, a qualquer momento. Desde que todos
os meios para fazer os ímpios deixarem este
mundo estão de tal forma nas mãos de Deus, tão
absoluta e universalmente sujeitos ao Seu poder e
determinação, segue-se que a ida dos pecadores
para o inferno a qualquer momento, depende
simplesmente da vontade de Deus - quer usando
meios ou não.
8. O cuidado e aprudência dos homens
naturais em preservar suas vidas, ou o cuidado de
terceiros em preservá-las, não lhes dá segurança
por um momento sequer. A providência divina e a
experiência humana testificam isso. Existem
evidências claras de que a sabedoria dos homens
não lhes é segurança contra a morte. Se não fosse
assim, haveria uma diferença entre a morte
prematura e inesperada de homens sábios e
prudentes, e dos demais. Mas o que acontece
realmente? "Como morre o homem sábio? Assim
como um tolo." (Eclesiastes2:16).
9. Todo o esforço e artimanha dos ímpios
para escaparem do inferno não os livram do
mesmo, nem por um momento, pois continuam a
rejeitar a Cristo, e portanto permanecem ímpios.
Quase todos os homens naturais que ouvem falar
do inferno alimentam a ilusão de que vão escapar
dele. Quanto a sua própria segurança, confiam em
si mesmos. Vangloriam-se do que fizeram, do que
estão fazendo e do que pretendem fazer. Cada um
traça seu próprio plano, pensa em como evitar a
condenação, e se vangloria de que irá tramar tão
bem todas as coisas que seu esquema, com
certeza, não falhará. Na verdade, eles ouvem dizer
que poucos serão salvos, e que a maior parte dos
homens que j á morreram foi para o inferno; mas
cada um deles se imagina capaz de planejar
melhor a própria fuga, do que os outros puderam
fazer. Dentro de si mesmos dizem que não
pretendem ir para esse lugar de tormento, e que
pretendem tomar todo o cuidado necessário,
esque-matizando as coisas de tal forma a não
terem possibilidade de falhar. Todavia os
insensatos filhos dos homens iludem-se
miseravelmente quanto a seus próprios planos. A
confiança que depositam na própria força e
sabedoria é o mesmo que confiar na fragilidade de
uma sombra. A maior parte daqueles que antes
viveram debaixo da dispensação da graça, e agora
estão mortos, sem dúvida alguma foi para o
inferno. E não é por terem sido menos espertos do
que os que ainda estão vivos, nem por terem
planejado as coisas de tal forma que não lhes
assegurou o escape. Se pudéssemos falar com
eles, um a um, e perguntar-lhes se, quando vivos,
esperavam ser vítimas de tamanha miséria, sem
dúvida ouviríamos todos dizer: "Não, eu nunca
pensei em vir para cá. Eu tinha esquematizado as
coisas de maneira bem diferente. Pensei que iria
conseguir algo melhor para mim, que meu plano
era adequado. Pensei em meprecaver melhor, mas
tudo aconteceu de maneira tão repentina. Não
esperava por isso naquela época, e nem daquela
maneira. No entanto, tudo veio como um ladrão. A
morte foi mais esperta que eu. A ira de Deus foi
rápida demais para mim. Oh, maldita insensatez!
Eu me gabava, e me deleitava em sonhos vãos
quanto ao que faria no futuro. E justamente
quando eu mais falava de paz e segurança, me
sobreveio uma súbita destruição".
10. Deus não Se sujeita a nenhuma
obrigação, nem a nenhumapromessa de manter o
homem natural fora do inferno por um momento
sequer. Ele não fez absolutamente nenhuma
promessa de vida eterna, ou de libertação ou
proteção da morte eterna, senão aquelas que
estão contidas na aliança da graça - as promessas
concedidas em Cristo, no qual todas as promessas
são o sim e o amém. Mas obviamente os que não
são filhos da aliança da graça não têm interesse
na mesma, pois não crêem em nenhuma das suas
promessas, e nem têm o menor interesse no
Mediador dessa aliança.
Portanto, apesar de tudo que os homens
possam imaginar ou pretender sobre promessas
de salvação, devido suas lutas pessoais ebuscas
incessantes, deixamos claro e manifesto que
qualquer desses esforços ou orações que se façam
em relação à religião, será inútil. A não ser que
creiam em Cristo, o Senhor, de modo nenhum
Deus está obrigado a conservá-los fora da
condenação eterna.
Então, os homens impenitentes estão detidos
nas mãos de Deus por cima do abismo do inferno.
Eles merecem o lago de fogo e para ele estão
destinados.
Deus Se acha terrivelmente irritado. Seu
furor para com eles é tão grande, quanto para com
aqueles que já estão agora sofrendo o suplício da
fúria de Sua ira no inferno. Esses ímpios não
fizeram absolutamente nada para abrandar ou
diminuir Sua cólera, portanto o Senhor não está de
modo algum preso a qualquer promessa de
livramento, nem por um momento sequer. O diabo
espera por eles, o inferno já escancarou a sua
boca para tragá-los. O fogo latente em seus
corações agrava-se agora querendo explodir. E
como continuam sem o menor interesse no
Mediador, não existem meios, ao alcance deles,
que lhes possa dar segurança. Em suma, eles não
têm refúgio e nada onde se segurar. O que os
retém a cada instante é a absoluta boa vontade
divina e a clemência sem compromisso, sem
obrigação, de um Deus enraivecido.

APLICAÇÃO

Essa mensagem pode despertar as pessoas


não convertidas para o significado do perigo que
estão correndo. Isso que vocês escutaram é o caso
de todo aquele que não está em Cristo. Esse
mundo de tormento, isto é, o lago de enxofre
incandescente, está aberto debaixo de seus pés.
Ali encontra-se o terrível abismo de chamas que
ardem com a fúria de Deus, e o inferno com sua
imensa boca escancarada. E vocês não têm onde
se apoiarem, nem coisa alguma onde se
segurarem. Não existe nada entre vocês e o
inferno, senão o ar, e só o poder e o favor de Deus
podem sustentá-los.
Provavelmente vocês não têm consciência
dessas coisas, acham que vão conseguir se livrar
do inferno, e não vêem nisso tudo a mão de Deus.
E olham as coisas ao seu redor, como o bom
estado de sua saúde física, os cuidados que
tomam de suas vidas, e os meios que usam para
sua própria preservação. Mas essas coisas não
representam nada. Se Deus retirasse Sua mão,
elas de nada valeriam para impedir -lhes a queda;
elas valem tanto como a brisa tênue que tenta
sustentar uma pessoa no ar.
Suas iniqüidades fazem vocês pesados como
chumbo, pendentes para baixo, pressionados em
direção ao inferno pelo próprio peso, e se Deus
permitisse que caíssem vocês afundariam
imediatamente, desceriam com a maior rapidez, e
mergulhariam nesse abismo sem fundo. Sua
saúde, seus cuidados eprudência, seus melhores
planos, toda a sua retidão, de nada valeriam para
sustentar e conservar vocês fora do inferno. Seria
como tentar segurar uma avalancha de pedras
com uma teia de aranha. Se não fosse a
misericórdia de Deus, a terra não suportaria vocês
por um só momento, pois são uma carga para ela.
A natureza gemepor causa de vocês. A criação foi
obrigada a se sujeitar à escravidão,
involuntariamente, por causa dacorrupção
devocês. Não é com prazer que o sol brilha sobre
vocês, para que sua luz alumie vocês para
pecarem e servirem a satanás. A terra não produz
de bom grado os seus frutos para satisfazer a
luxúria de vocês. Nem está disposta a servir de
palco à exibição de suas iniqüidades. Não é
voluntariamente que o ar alimenta sua respiração,
mantendo viva a chama dos seus corpos,
enquanto vocês gastam a vida servindo os
inimigos de Deus. As coisas criadas por Deus são
boas e foram feitas para que o homem, por meio
delas, servisse ao Senhor. Não é com prazer que
prestam serviço a outros propósitos, e gemem
quando são ultrajadas ao servirem objetivos tão
contrários à sua finalidade e natureza. E a própria
terra vomitaria vocês se não fosse a mão soberana
dAquele a quem vocês tanto têm ofendido. Eis aí
as nuvens negras da ira de Deus pairando agora
sobre suas cabeças carregadas por uma
tempestade ameaçadora, cheias de trovões.
Nãofosse a mão restrin-gidora do Senhor, elas
arrebentariam imediatamente sobre vocês. A
misericórdia soberana de Deus, por enquanto,
refreia esse vento impetuoso, do contrário ele
sobreviria com fúria, sua destruição ocorreria
repentinamente, e vocês seriam como palha
dispersada pelo vento.
A ira de Deus é como grandes águas
represadas que crescem mais e mais, aumentam
de volume, até que encontram uma saída. Quanto
mais tempo a correnteza for reprimida, mais
rápido e forte será o seu fluxo ao ser liberada. É
verdade que até agora ainda não houve um
julgamento por suas obras más. A enchente da
vingança de Deus encontra-se represada. Mas, por
outro lado, sua culpa cresce cada vez mais, e dia a
dia vocês acumulam mais e mais ira contra si
mesmos. As águas estão subindo continuamente,
fazendo sua força aumentar mais e mais. Nada, a
não ser a misericórdia de Deus, detém as águas,
as quais não querem continuar represadas e
forçam uma saída. Se Deus retirasse Sua mão das
comportas, elas se abririam imediatamente e o
mar impetuoso da fúria e da ira de Deus iria se
precipitar com furor inconcebível, e cairia sobre
vocês com poder onipotente. E mesmo que sua
força fosse dez mil vezes maior do que é, sim, dez
mil vezes maior do que a força do mais forte e
vigoroso diabo no inferno, não valeria nada para
resistir ou deter a ira divina.
O arco da ira de Deus já está preparado, e a
flecha ajustada ao seu cordel. A justiça aponta a
flecha para seu coração, e estica o arco. E nada,
senão a misericórdia de Deus - um Deus irado! -
que não Se compromete e a nada Se obriga,
impede que a flecha se embeba agora mesmo
com o sangue de vocês.
Assim estão todos vocês que nunca experi-
mentaram uma transformação real em seus
corações pela ação poderosa do Espírito do Senhor
em suas almas - todos vocês que não nasceram de
novo, nem foram feitos novas criaturas,
ressurgindo da morte do pecado para um estado
de luz, e para uma vida nova nunca
experimentada antes. Por mais que vocês tenham
modificado a conduta em muitas coisas, e tenham
possuído simpatias religiosas, e até mantido
umaforma pessoal de religião com suas famílias e
em particular, indo à casa do Senhor, sendo até
severos quanto a isso, mesmo assim vocês estão
nas mãos de um Deus irado. Somente Sua
misericórdia os livra de ser, agora, neste
momento, tragados pela destruição eterna.
Por menos convencidos que vocês estejam
agora quanto às verdades ouvidas, no porvir serão
plenamente convencidos. Aqueles que já se foram,
e que estavam na mesma situação que a sua,
percebem que foi exatamente isso que lhes
aconteceu, pois a destruição caiu de repente sobre
muitos deles, quando menos esperavam, e quando
mais afirmavam viver em paz e segurança. Agora
eles vêem que aquelas coisas nas quais puseram
sua confiança para obter paz e segurança eram
nada mais que uma brisa ligeira e sombras vazias.
O Deus que mantém vocês acima do abismo
do inferno abomina vocês; Ele está terrivelmente
irritado e Seu furor, contra vocês queima como
fogo. Ele vê vocês como apenas dignos de serem
lançados no fogo. E Seus olhos são tão puros que
não podem tolerar tal visão. Vocês são dez mil
vezes mais abomináveis a Seus olhos do que é a
mais odiosa das serpentes venenosas para olhos
humanos. Vocês O têm ofendido infinitamente
mais do que qualquer rebelde obstinado ofenderia
a um governante. No entanto, nada, a não ser a
Sua mão, pode impedi-los de cair no fogo a
qualquer momento. O fato de vocês não terem ido
para o inferno a noite passada e de terem tido
permissão de acordar ainda aqui neste mundo,
depois de terem fechado os olhos ontem para
dormir, atribui-se ao mesmo favor. Não existe
outra razão porque vocês não foram lançados no
inferno ao se levantarem pela manhã, a não ser o
fato da mão de Deus tê-los sustentado. E não
existe outra razão porque vocês não caiam no
inferno neste exato momento.
O pecador, pense no perigo terrível em que
se encontra! É sobre uma grande fornalha de
furor, sobre um abismo imenso e sem fim, cheio
do fogo da ira, que você está pendurado, seguro
pela mão de Deus, cujo furor acha-se tão
inflamado contra você, como contra muitas
pessoas já condenadas no inferno. Você está
suspenso por uma linha tênue, com as chamas da
cólera divina lampejando à sua volta, prontas para
atearem fogo e queimá-lo por inteiro. E você
continua sem interesse no Mediador, sem nada
onde se agarrar para poder se salvar, nada que
possa afastar as chamas da cólera divina, nada de
seupróprio, nada que tenha feito ou possa vir a
fazer, para persuadir o Senhor a poupar sua vida
por um minuto sequer. Considere, então, mais
detidamente vários aspectos dessa cólera que
ameaça você com tão grande perigo:
1. A quem pertence essa ira? E a ira do
Deus infinito. Se fosse somente a ira humana,
mesmo a do governante mais poderoso,
comparativamente seria considerada como coisa
pequena. A ira dos reis é bastante temida,
principaimente dos monarcas absolutos, que
possuem os bens e as vidas de seus súditos
inteiramente sob o seu poder,para serem usados
quando bem entenderem.
"Como o bramido do leão é o terror do rei; o
que lhe provoca a ira peca contra a sua própria
vida." (Provérbios 20:2). O súdito que enfurece
esse tipo de governante arbitrário, sofre os
maiores tormentos que se possa conceber, ou que
o poder humano possa infligir. Entretanto, os
maiores principados da terra, em toda a sua
grandeza, majestade e poder, mesmo revestidos
de seus grandes terrores, não são mais do que
vermes débeis e desprezíveis que rastejam no pó,
quando comparados com o grande e todo-
poderoso Criador e Rei dos céus e da terra. Mesmo
quando estão enraivecidos e sua fúria chega ao
máximo, é muito pouco o que podem fazer. Os reis
da terra são, perante Deus, como gafanhotos.
Valem menos que nada. Tanto o seu amor quanto
o seu ódio são desprezíveis. A ira do grande Rei
dos reis é muito mais terrível do que a deles, tal
como é maior a Sua majestade. "Digo-vos, pois,
amigos meus: não temais os que matam o corpo
e, depois disso, nada mais podem fazer. Eu,
porém, vos mostrarei a quem deveis temer: Temei
aquele que depois de matar, tem poder para
lançar no inferno. Sim, digo-vos, a esse deveis
temer." (Lucas 12:4-5).
2. É à ferocidade de Sua ira que vocês
estão expostos. Lemos, com freqüência, sobre a
ira de Deus, como por exemplo em Isaías 59:18:
"Segundo as obras deles, assim retribuirá: furor
aos seus adversários". E também em Isaías 66:15:
"Porque, eis que o Senhor virá em fogo, e os seus
carros como um torvelinho,para tornar a sua ira
em furor, e a sua repreensão em chamas de fogo".
E assim é em muitos outros lugares da Bíblia.
Lemos também em Apocalipse 19:15: "...o lagar
do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso".
Essas palavras são incrivelmente aterradoras. Se
estivesse escrito apenas "a ira de Deus", isso já
nos faria supor algo bastante temível. Mas está
escrito: "o furor da ira de Deus", ou seja, a fúria de
Deus, o furor de Jeová! Oh, quão terrível deve ser
esse furor! Quem pode exprimir ou conceber o que
essas palavras contêm ? Contudo não é apenas
isso que está escrito, e sim "o furor da ira do Deus
todo-poderoso". Essas palavras dão a entender
que uma grande manifestação de Seu poder
onipotente vai acontecer. Através dela Ele infligirá
aos homens todo o furor de Sua ira. Assim como
os homens costumam manifestar sua própria força
através do furor de sua ira, a onipotência divina
irá, da mesma forma, se enfurecer e se manifestar.
Então, qual será a conseqüência de tudo isso? O
que será do pobre verme que vier a sofrer todo
esse mal? Que mãos serão tão fortes, e que
coração conseguirá suportar tanto furor? A que
terrível, inexprimível, inconcebível abismo de
miséria irá chegar a pobre criatura humana que
será vítima disso tudo!
Pensem bem, vocês que estão aqui agora, e
que permanecem em estado pecaminoso. O fato
de Deus vir a efetivar o furor de Sua ira, torna
implícito que Ele infligirá esse castigo sem
compaixão. Quando Deus olhar a indescritível
aflição do seu estado, e vir como seus tormentos
são absolutamente desproporcionais à sua força, e
como suas pobres almas estão esmagadas,
imersas em trevas eternas, não terá compaixão de
vocês, não irá deter a execução de Sua ira, ou, de
forma alguma, tornar mais leve Sua mão. Nessa
hora Deus não usará de misericórdiapara com
vocês, nem conterá Seu vento impetuoso. Ele não
terá consideração para com o seu bem estar, e
nem irá evitar que vocês sofram. Na verdade, fará
com que sofram na medida exata que Sua rigorosa
justiça vier a requerer. Nada será modificado só
pelo fato de ser difícil para vocês suportarem.
"Pelo que também eu os tratarei com furor; os
meus olhos não pouparão, nem tereipiedade.
Ainda que me gritem aos ouvidos em alta voz,
nem assim os ouvirei." (Ezequiel 8:18). Deus está
pronto, agora, a u:;ar de compaixão para com
vocês. Hoje é o dia da misericórdia. Vocês podem
clamar neste instante, e ter esperanças de
alcançar Sua graça. Mas quando o dia da
misericórdiapassar, seu lamento, o pranto mais
doloroso, os gritos, serão em vão. No que diz
respeito ao seu bem estar, vocês estarão
completamente perdidos e alienados de Deus. O
Senhor não terá outra opção senão a de entregá-
los ao sofrimento e à miséria. E vocês continuarão
não tendo outra perspectiva, pois serão vasos de
ira, preparados para a destruição. Não haverá
outro uso qualquer para tais vasos, senão o de
enchê-los da ira de Deus. Quando clamarem ao
Senhor, Ele estará tão longe de consolá--los que,
inclusive, está escrito a esse respeito que Deus
irá, simplesmente, "rir e zombar" de vocês
(Provérbios 1:25-26, etc).
Vejam quão terríveis são essas palavras do
grande Senhor: "O lagar eu o pisei sozinho, e dos
povos nenhum homem se achava comigo; pisei as
uvas na minha ira; no meu furor as esmaguei, e o
seu sangue me salpicou as vestes e me manchou
o traje todo". (Isaías 63:3). É quase impossível se
conceber palavras que tragam em si uma
manifestação maior destas três coisas: desprezo,
ódio e fúria de indignação. Se clamarem a Deus
por consolo, Ele estará longe de querer vir
consolar vocês, ou de querer demonstrar-lhes
qualquer interesse ou favor. Ao contrário, o Senhor
simplesmente irá esmagá-los sob Seus pés. E
apesar de saber que, ao pisoteá-los, vocês não
poderão suportar o peso de Sua onipotência, ainda
assim Ele não vai Se importar, e irá esmagá-los
debaixo de Seus pés, sem piedade, espremendo o
seu sangue e fazendo com que o mesmo espirre
longe, manchando Suas vestes, maculando Seu
traje. Ele não só irá odiá-los, como devotará a
vocês o maior desprezo. Lugar algum será
considerado próprio para vocês, a não ser debaixo
de Seus pés, para serem pisados como a lama das
ruas.
3. A miséria a que vocês estão sujeitos é
aquela que Deus lhes infligirá, a fim de
demonstrar a força da ira do Senhor. Deus tem em
Seu coração a intenção de mostrar aos an jos e
aos homens, não só a excelência do Seu amor,
como a severidade de Seu furor.Às vezes os
governantes da terra resolvem mostrar a força de
sua ira através de castigos extremos que mandam
infligir sobre aqueles que os enfurecem.
Nabucodonosor, o poderoso e arrogante rei do
império dos cal deus, demonstrou seu furor
quando, ao se irritar com Sádraque, Mesaque e
Abdenego, ordenou que se acendesse a fornalha
de fogo ardente sete vezes mais do que o normal.
Como era de se esperar, a fornalha foi aquecida
intensamente, até atingir o mais alto grau que
poderia produzir. O grande Deus também quer
revelar a Sua ira, e exaltar Sua tremenda
majestade e grandioso poder através dos
sofrimentos desmedidos de Seus inimigos. "Que
diremos, pois, se Deus querendo mostrar a sua ira,
e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita
longanimidade os vasos da ira, preparados para a
perdição." (Romanos 9:22).
E visto que esse é o Seu desígnio e o que Ele
determinou, ou seja, mostrar quão terrível e
ilimitada é a ira, a fúria e a indignação do Senhor,
Ele o mostrará realmente. Será realizado algo
horrendo, muito terrível.
Quando o grande e furioso Deus tiver Se
levantado e executado Sua terrível vingança sobre
o mísero pecador, e o desgraçado estiver sofrendo
o peso e o poder infinito de Sua indignação, então
Deus chamará o universo inteiro para contemplar
a imensa majestade e o tremendo poder que nEle
existe. "Os povos serão queimados como se
queima a cal, como espinhos cortados arderão no
fogo. Ouvi vós ,os que estais longe, o que tenho
feito; e vós, que estais perto, reconhecei o meu
poder. Os pecadores em Sião se assombram, o
tremor se apodera dos ímpios; e eles perguntam:
Quem dentre nós habitará com o fogo devorador?
Quem dentre nós habitará com chamas eternas?"
(Isaías33:12-14).
Assim será com vocês que não são
convertidos, se permanecerem nesse estado. O
poder infinito, a majestade e a grandiosidade do
Deus onipotente serão exaltados em vocês através
da inexprimível força dos tormentos que lhes
sobrevirão. Vocês serão atormentados napresença
dos santos anj os e napresença do Cordeiro.
E quando estiverem nesse estado de
sofrimento, os gloriosos habitantes do céu sairão
para contemplar esse espetáculo horrendo, e
verão como é a ira e a fúria do Todo-poderoso. E
quando virem todas essas coisas, se prostrarão e
adorarão Seu grande poder e majestade. "E será
que de uma lua nova à outra, e de um sábado a
outro, virá toda a carne a adorar perante mim, diz
o Senhor. Eles sairão, e verão os cadáveres dos
homens que prevaricaram contra mim; porque o
seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se
apagará; e eles serão um horror para toda a
carne." (Isaías 66:23-24).
4. É uma ira eterna. Já seria algo terrível
sofrer o furor e a cólera do Deus todo-poderoso
por um momento. Mas vocês terão de sofrê-lapor
toda a eternidade. Essa intensa e horrenda miséria
não terá fim. Ao olhar para o futuro, vocês verão à
frente uma interminável eternidade, de duração
infinita, que irá devorar seus pensamentos e
assombrar suas almas. E vocês irão se desesperar,
com certeza, por não conseguirem nenhum
livramento, termo, alívio ou descanso para tanta
dor. Saberão também, que terão de sofrer até à
última gota por longos séculos, por milhões e
milhões de anos, lutando e pelejando contra essa
vingança inclemente e todo-poderosa. Então,
depois de passar por tudo isso, quando tantos
séculos os tiverem consumido, saberão que tudo
não passa apenas de uma gota de água quando
comparado ao que ainda resta. Portanto, seu
castigo será, com certeza, infinito. Oh, quem
poderia exprimir o estado de uma alma em tais
circunstâncias? Tudo o que pudermos dizer sobre o
assunto, vai nos dar, apenas, uma débil e frágil
visão da realidade. Ela é inexprimível,
inconcebível, pois "Quem conhece o poder da ira
de Deus?"
Quão horrendo é o estado daqueles que
diariamente, a cada hora, se encontram em perigo
de sofrer tamanha ira e infinita miséria! Mas esse
é o caso sinistro de toda alma que ainda não
nasceu de novo,por mais moral, austera, sóbria e
religiosa que seja. Oxalá vocês pensassem em
todas essas coisas, sejam jovens ou velhos. Há
razões de sobra para acreditar que muitos
daqueles que ouviram o evangelho certamente
estarão expostos a esse tormento por toda a
eternidade. Não sabemos quem são eles, nem o
que pensam. Pode ser que estejam tranqüilos
agora, escutando esta mensagem sem se
perturbarem muito, e que estejam até se gabando
de que, no caso deles, conseguirão escapar. Se
soubéssemos que dentre os nossos conhecidos
existe uma pessoa, uma só, sujeita a sofrer tal
tormento como seria doloroso para nós
encararmos o assunto. Se conhecêssemos essa
pessoa, sempre que a víssemos uma tal visão
seria terrível para nós. Iríamos todos levantar
grande choro, e prantear por sua causa. Mas,
infelizmente, em vez de umapessoa só, é provável
que muitos se lembrem destas exortações
somente no inferno! E inúmeras pessoas podem
estar no inferno em breve tempo, antes mesmo do
ano terminar. E aqueles que estão agora com
saúde, tranqüilos e seguros, podem chegar lá
antes do amanhecer. Todos os que dentre vocês
continuarem até o fim em estado natural
pecaminoso, e que conseguirem ficar fora do
inferno por mais tempo, estarão lá também em
breve. Sua condenação não tardará; virá de
súbito, e provavelmente para muitos de vocês, de
maneira repentina. Vocês têm toda razão em se
admirarem de não estar ainda no inferno. É o caso,
por exemplo, de alguns conhecidos seus, que não
mereciam o inferno mais do que vocês e que antes
aparentavam ter possibilidade de estarem vivos
agora tanto quanto vocês. Para o caso deles já não
há esperança. Estão clamando lá em extrema
penúria e perfeito desespero. Mas aqui estão
vocês, na terra dos vivos, cercados pelos meios da
graça, tendo a grande oportunidade de obter a
salvação. O que não dariam aquelas pobres almas
condenadas, desesperadas, pela oportunidade de
viver mais um só dia, como o que vocês desfrutam
neste momento!
E agora vocês têm uma excelente ocasião.
Hoje é o dia em que Cristo abre as portas da
misericórdia depar em par, e Se coloca de pé
clamando e chamando em alta voz aos pobres
pecadores. Este é o dia em que muitos estão se
reunindo a Ele, se apressando em chegar ao reino
de Deus. Inúmeras estão vindo diariamente do
norte, sul, leste e oeste. Muitos que estavam até
bem pouco tempo nas mesmas condições
miseráveis que vocês estão felizes agora, com os
corações cheios de amor por Aquele que os amou
primeiro, e os lavou de seus pecados com Seu
próprio sangue, regozijando-se na esperança de
ver a glória de Deus. Como é terrível ser deixado
para trás num dia assim! Ver os outros se
banqueteando, enquanto vocês estão penando e
se definhando! Ver os outros se regozijando e
cantando com alegria no coração, enquanto vocês
só têm motivos para prantear por causa do
sofrimento de seus corações, e de lamentar por
causa das aflições de suas almas! Como podem
vocês descansar por um momento sequer em tal
estado de alma? Será que suas almas não são tão
preciosas como as almas daqueles que, dia a dia,
estão se juntando ao rebanho de Cristo?
Não existem, porventura, muitos que, apesar
de estarem há longo tempo neste mundo, até hoje
não nasceram denovo, epor isso são estranhos à
comunidade de Israel, e nada têm feito durante a
vida, a não ser acumular ira sobre ira para o dia do
castigo? Oh senhores, o caso de vocês é, sem
dúvida, extremamente perigoso. A dureza de seus
corações e sua culpa são imensas. Acaso vocês
não vêem como geralmente pessoas de sua idade
são deixadas para trás na dispensação da
misericórdiadeDeus? Vocês precisam refletir e
despertar de seu sono, pois jamais poderão
suportar a fúria e a ira do Deus infinito.
E vocês que são rapazes e moças, irão
negligenciar este tempoprecioso que desfrutam
agora, quando tantos outros jovens de sua idade
estão renunciando às futilidades da juventude e
acorrendo céleres a Cristo? Vocês têm neste
momento uma oportunidade, mas se a
desprezarem, sucederá o mesmo que agora está
acontecendo com todos aqueles que gastaram em
pecado os dias preciosos de sua mocidade,
chegando a uma terrível situação de cegueira e
insensibilidade.
E vocês crianças, que não foram convertidas
ainda, não sabem que estão indo para o inferno
onde sofrerão a horrenda ira daquele Deus que
agora está encolerizado contra vocês dia e noite?
Será que vocês ficarão felizes em ser filhos do
diabo, quando tantas outras já foram convertidas
e se tornaram filhos santos e alegres do Rei dos
reis?
Oxalá todos aqueles que ainda estão fora de
Cristo, pendentes sobre o abismo do inferno, quer
sejam senhoras e senhores idosos, ou pessoas de
meia idade, quer jovens ou crianças, que possam
dar ouvidos agora aos chamados da Palavra e da
providência de Deus. Este ano aceitável do Senhor
que é um dia de grandes misericórdias para
alguns, sem dúvida será um dia de extremo
castigo para outros. Quando negligenciam suas
almas os corações dos homens se endurecem, e
sua culpa aumenta rapidamente. Podem estar
certos, porém, que agora será como foi nos dias
de João Batista. O machado está posto à raiz das
árvores; e toda árvore que não produz fruto, deve
ser cortada e lançada no fogo.
Portanto, todo aquele que está fora de Cristo,
desperte e fuja da ira vindoura. A ira do Deus
todo--poderoso paira agora sobre todos os
pecadores. Que cada um fuja de Sodoma: "Livra-
te, salva a tua vida; não olhes para trás, nem
pares em toda a campina; foge para o monte, para
que não pereças."
"E assim, conhecendo o temor do Senhor,
persuadimos aos homens." "De sorte que somos
embaixadores em nome de Cristo, como se Deus
exortasse por nosso intermédio. Em nome de
Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com
Deus." (2 Coríntios 5:11-20; 6:2). "Buscai o Senhor
enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está
perto. Deixe o perverso o seu caminho, o iníquo os
seus pensamentos; converta-se ao Senhor, que se
compadecerá dele, e volte-se para o nosso Deus,
porque é rico em perdoar."(Isaías 55:6-7). Amém.
Jonathan Edwards, pastor congregacional
norte-americano, foi o mais destacado teólogo e
erudito da Nova Inglaterra no período colonial no
século XVIII. Edwards nasceu a 5 de outubro de
1703, em East Windsor, Connecticut. Recebeu os
graus de Bacharelado em Artes e Mestrado em
Artes na Universidade de Yale. Em 1727 foi
ordenado e empossado como pastor assistente da
igreja de seu avô, Solomon Stoddard, em
Northampton, Massachusetts. Quando Stoddard
faleceu em 1729, Edwards tornou-se o pastor
efetivo da igreja.
Em 1734 o reavivamento religioso, parte do
Grande Despertamento, chegou à sua igreja. Seu
famoso sermão "Pecadores nas Mãos de um Deus
Irado" (1741), foi proferido durante esse
reavivamento. O fato de Edwards ter disciplinado
os jovens por lerem literatura "imoral", e de ter-se
negado a ministrar a Ceia do Senhor a membros
não convertidos da igreja, levaram-no a
exoneração em 1750.
Entre 1751 e 1757 ele serviu como
missionário entre os indígenas norte-americanos,
em Stockbridge, Massachusetts. Edwards tornou-
se presidente do College of New Jersev
(atualmente Princeton University), em 1758, mas
faleceu naquele mesmo ano de varíola.
PECADORES NAS MÃOS DE UM DEUS IRADO

Este tão conhecido sermão de Jonathan


Edwards foi proferido em 8 de julho de 1741 em
Enfield, Connecticut (Estados Unidos), por ocasião
do grande despertamento que houve naquela
região. Quase todos os que a ele se referem dizem
que foi acompanhado pelo poder de Deus de
forma extraordinária, causando um impacto
inesquecível naqueles que o ouviram. Desde então
tem sido publicado em várias línguas, trazendo
proveito espiritual a milhares de pessoas em toda
parte do mundo.
A oração fervorosa dos publicadores é que
Deus Se digne conferir bênçãos semelhantes aos
leitores brasileiros.

PUBLICAÇÕES EVANGÉLICAS SELECIONADAS


Rua 24 de Maio, 116 - 3o andar - Salas 14/17
Caixa Postal 1287 - 01059-970 - São Paulo -
SP

You might also like