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Estratégia do Programa Saúde da Família - PSF e Programa

Agentes Comunitários – PCS no Estado de Santa Catarina.

Breve histórico do Programa de Saúde da Família e do Agente Comunitário de


Saúde no Brasil

No início da década de 80, alguns países iniciaram os primeiros passos nessa


direção, aparecendo Canadá, Cuba, Inglaterra e outros, como pioneiros das
mudanças nos serviços primários de saúde de reconhecida resolutividade e impacto,
mundialmente. Das experiências mundiais e as realizadas em vários pontos do
território brasileiro é elaborada a estratégia de reorganização da Atenção Primária ou
Básica, denominada de “Programa de Saúde da Família e de Agentes Comunitários
de Saúde”, o PSF e o PACS. O PSF iniciou-se no Brasil como estratégia no ano de
1994, por meio de uma parceria entre o Ministério da Saúde/MS e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância/UNICEF. A estratégia mostra que oferecer às famílias
serviços de saúde preventiva e curativa em suas próprias comunidades resulta em
melhorias importantes nas condições de saúde da população. A estratégia da saúde
da família surgiu com o propósito de alterar o modelo assistencial de saúde,
centrado na doença, no médico e no hospital. Privilegiava a parte curativa em
detrimento da preventiva. O PSF veio como resposta às necessidades de uma
atenção integral desenvolvida por equipe multiprofissional, ao indivíduo e à
comunidade, com intensa participação da comunidade.
O objetivo da estratégia foi implementar os princípios do Sistema Único de
Saúde (SUS), de integralidade, universalidade, eqüidade e participação social.
Estruturado como uma estratégia para dar conta do processo de
reorganização da rede de atenção básica ou primária, o PSF, por essa
potencialidade seria também uma estratégia de reorganização de todo o sistema.
Dos aspectos relevantes da estratégia compreende a territorializaçao com a
adscrição de clientela /criação de vínculo equipe-usuário e o aumento da oferta de
serviços de saúde e de suas áreas de abrangência.
No Brasil a implantação do PACS, surge em 1991 com trabalhos de pessoas
da comunidade treinadas, capacitadas e supervisionadas por profissionais de saúde.
O PACS foi criado baseado em experiências anteriores bem sucedidas, constituindo-
se em uma estratégia que agrega idéias de proporcionar a população o acesso e a
universalização do atendimento à saúde, descentralizando as ações.
A implantação do PSF e do PACS ocorre por adesão espontânea dos Estados
e municípios que cumprem os seguintes requisitos:
Estar habilitado na Norma Operacional Básica do SUS/NOB-SUS/96; elaborar
projeto de implantação do PSF/PACS de acordo com as diretrizes do programa;
Ter aprovação de sua implantação do PSF/PACS pelo Conselho Municipal de
Saúde/CMS;
 Garantir a inclusão da proposta de trabalho do PSF/PACS no Plano Municipal de
Saúde;
 Garantir a infra-estrutura de funcionamento da Unidade de Saúde do PSF;
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 Garantir a integração do PSF à rede de serviços de saúde complementares , de


forma a assegurar a referência e contra-referência quando os problemas exigirem
maior grau de complexidade para sua resolução;
 Manter a organização de uma equipe composta por (01) profissional médico, (01)
profissional enfermeiro, (01) profissional auxiliar e/ou técnico de enfermagem
podendo ser acrescido ou não de Agente Comunitário de Saúde/ACS.
 Garantir a integração do ACS na rede básica dentro da área de abrangência do
PACS;
 Garantir o programa de educação continuada para a equipe do PACS;
 Ter 01 enfermeiro supervisor para cada 30 ACS, em plena parceria entre a União,
Estados e municípios, co-responsáveis na proteção da saúde da população
brasileira.

Histórico do Programa de Saúde da Família e do Agente Comunitário de


Saúde em Santa Catarina

Em Santa Catarina, a implantação da estratégia do PSF iniciou em 1994,


com o intuito de melhorar a qualidade dos serviços básicos de saúde,
proporcionando assistência à população de maneira integrada, hierarquizada e
regionalizada, buscando maior resolutividade dos serviços, prevenindo doenças e
promovendo a saúde da população.
A partir de 1998 acelerou-se a implantação das equipes de PACS,
consideradas como uma estratégia transitória para o estabelecimento de vínculos
entre serviços de saúde e a população.
O quadro demonstrativo abaixo traz dados relativos ao acompanhamento,
qualificação e implantação das equipes de saúde da família, dos ACS de equipes de
saúde bucal de dezembro de 1997 a dezembro de 2003. As informações sobre o
número de equipes e de ACS atuantes são imprecisas.

ano Nº de PSF ACS ano ESB


municípios Modalidade I Modalidade II
Impl. Qual. Impl. Qual.
Qual. Impl. Qual. Impl.
12/1997 - 148 - 1.085 - - - - - -
12/1998 42 - 103 366 348 - - - - -
12/1999 103 - 164 2.254 2.215 - - - - -
12/2000 190 - 381 - 4.501 - - - - -
12/2001 272 724 658 6.102 7.012 143 161 197 01 02
11/2002 286 978 889 8.066 7.535 223 249 318 01 03
12/2003 292 1063 996 8.516 8.027 235 379 426 03 05
Fonte: MS/SIAB.

Em 1999 houve um crescimento do número de ACS devido à implantação de


equipes de PACS. Mais uma vez o financiamento do MS seria um fator importante, pois o
repasse de um salário mínimo por ACS cobria boa parte dos gastos com os agentes. Em
novembro de 1999, a nova modalidade de financiamento estimulou a implantação das
equipes de PSF, havendo conversão de equipes de PACS para equipes de PSF. Esse
crescimento acelerado foi até o ano de 2002. A partir de 2003, a SES sinalizou para o
cumprimento das diretrizes da estratégia o que poderia ter influído na diminuição do
número de novas equipes. A implantação das ESB iniciou em 2001 e segue em ritmo
acelerado.
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Formação das Equipes de Saúde da Família e de Agentes Comunitários de


Saúde

Uma equipe de saúde da família é formada por: médico (01), enfermeiro (01),
técnico e/ou auxiliar de enfermagem (01) e agente comunitário de saúde, este último
o número de profissionais varia de acordo com a população da área assistida. A
contratação dos profissionais, obedecendo aos aspectos legais, fica a cargo dos
municípios.
A atuação das equipes é baseada em territorialização, que trabalha com área
de abrangência definida e que fica responsável pelo cadastramento e o
acompanhamento da população adscrita a esta área. A recomendação é que a
equipe seja responsável por no mínimo 2.400 e, no máximo 4.500 habitantes (média
obtida dos dados do IBGE/1991), o ACS pode acompanhar um número mínimo de
400 e, máximo de 750 habitantes residentes em uma micro-área. A formação,
capacitação e educação continuada das equipes fica sob responsabilidade dos
Pólos de Capacitação do PSF inicialmente financiadas com recursos do projeto do
REFORSUS.
A equipe de saúde da família tem como função promover o conceito de saúde como
direito à cidadania, humanização do atendimento à saúde, consultas médicas e de
enfermagem, prevenir doenças e identificar fatores de riscos, visitas domiciliares e
reuniões com a comunidade.
A inclusão das equipes de saúde bucal/ESB, inseridos no PSF em fevereiro de
2001, com o objetivo de melhorar o acesso da população aos serviços, é o primeiro
passo na ampliação da organização das equipes. A equipe é formada por
odontólogo (01), atendente de consultório dentário/ACD (01) na Modalidade I,
acrescido de técnico de higiene bucal/THD (01) na Modalidade II incluídos na
estratégia da saúde da família.

Sistema de Informação de Atenção Básica de Saúde - SIAB

O SIAB é um banco de dados (software), com informações importantes e


abrangentes na área da saúde desenvolvido pelo Centro de Processamento de
Informações do SUS/DATASUS do Rio de Janeiro em 1998, com o objetivo de
agregar, armazenar e processar as informações prioritárias para a as equipes do
PSF/PACS.
Além do uso local dos dados, esses são importantes para o acompanhamento
das atividades das equipes pelas secretarias municipais, estaduais e Ministério de
Saúde cuja função é acompanhar, avaliar e diagnosticar o estado de saúde (parcial)
dessa população, permitindo a adequação dos serviços de saúde oferecidos.
As informações contidas no SIAB são recolhidas em fichas de cadastramento e
de acompanhamento e analisadas a partir dos relatórios de consolidação dos dado.
Em Santa Catarina, o SIAB foi implantado a partir de julho de 1998 nas
Regionais de Saúde, respectivamente aos seus municípios até dezembro daquele
ano.
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Porém, alguns dados do SIAB apresentam distorções numéricas, como é o


caso do cadastramento familiar, indicando possíveis erros na coleta e digitação dos
dados.
Em setembro de 2000, foi editada a Portaria nº 1013/MS, estabelecendo aos
municípios a obrigatoriedade da “alimentação” mensal do SIAB, sob pena de ter os
recursos do Piso da Atenção Básica bloqueados àqueles que não cumprissem o
estabelecido. Essa medida impulsionou ainda mais a expansão da implantação do
Sistema de Informação nos municípios, uma vez que, a inclusão e a “alimentação”
regular dos dados do SIAB passava agora a interferir diretamente sobre o
financiamento das equipes, ou seja, de acordo com os dados de cadastramento.
O SIAB serve como fonte para vários tipos de pesquisas, produz relatórios
que auxiliam as equipes, unidades de saúde e gestores municipais a conhecer a
realidade sócio-sanitária da população atendida.
É importante colocar que a Coordenação Estadual do PACS/PSF de Santa
Catarina vem trabalhando desde 2003 junto às Regionais de Saúde e municípios
para sanar tais problemas.

Monitoramento realizado pelo Ministério da Saúde

Em abril de 2002 o MS realizou monitoramento nas 777 equipes de Saúde da


Família em Santa Catarina que revelou dados objetivos referentes à implantação e
funcionamento do PSF no Estado.
Durante o monitoramento de 2002 foram verificadas algumas irregularidades:
dificuldades relacionadas aos recursos humanos (contratação do profissional médico
que cumpra jornada de trabalho de 40 horas/semanais);
UBS com estrutura física inadequada para execução de atividades;
Carga horaria dos Profissionais da Equipe, entre outras.

 Supervisões realizadas às equipes de saúde da família:

No ano de 2003 foi elaborado um roteiro de supervisão e foram feitas visitas


em um grande número de municípios distribuídos em todo o Estado. Após o
Monitoramento do MS realizado em abril de 2002, As supervisões eram realizadas
em conseqüência de denúncias e da avaliação resultante do mesmo, onde eram
priorizados os municípios que apresentavam irregularidades. Atualmente, as
supervisões são realizadas de rotina ou, quando necessário, em casos da existência
de denúncia (documentada) justificando dessa forma, uma averiguação imediata da
situação relatada.
As supervisões realizadas nas equipes de saúde da família são atividades
eminentemente de apoio. Objetiva-se a superação das dificuldades encontradas,
através da discussão e a busca de consenso técnico/administrativo com os
profissionais e os gestores.
No ano de 2003, baseado no roteiro do Monitoramento do MS nas equipes
do PSF em SC no ano de 2002, foi elaborado um novo roteiro de supervisão
adaptado de acordo com as características do Estado.
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As supervisões nas equipes de saúde da família são realizadas pelos técnicos


da Coordenação Estadual de Saúde da Família da SES e das Regionais de Saúde,
utilizando-se para tanto, do roteiro. O contato inicial é feito com as Gerências das
Regionais de Saúde, que participam na elaboração do cronograma de visitas aos
municípios e posteriormente, no local, com o Secretário Municipal de Saúde. A
entrevista é efetuada com membros da equipe do saúde da família e quando
possível com a participação da comunidade mediante depoimentos. A média de
duração de uma supervisão é de aproximadamente 04 horas.
Após supervisão na Unidade Básica de Saúde/UBS, procede-se retorno ao
gestor municipal para esclarecimento e sugestões das informações anteriormente
averiguadas. Na Coordenação Estadual é feito o relatório sobre a supervisão
realizada onde são inseridos, quando necessário, o Termo de Ajuste da Comissão
de Intergestores da Bipartite/CIB, aprovado em reunião do dia 27/05/03, onde são
estabelecidos prazos conforme o Termo
No período de janeiro a dezembro de 2003, foram visitadas 160 equipes,
distribuídas em 69 municípios pertencentes as 14 Regionais de Saúde.

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