You are on page 1of 2

Poema Me

No mais fundo de ti Eu sei que te tra, me. Tudo porque j no sou O menino adormecido No fundo dos teus olhos. Tudo porque ignoras Que h leitos onde o frio no se demora E noites rumorosas de guas matinais. Por isso, s vezes, as palavras que te digo So duras, me, E o nosso amor infeliz. Tudo porque perdi as rosas brancas Que apertava junto ao corao No retrato da moldura. Se soubesses como ainda amo as rosas, Talvez no enchesses as horas de pesadelos. Mas tu esqueceste muita coisa; Esqueceste que as minhas pernas cresceram, Que todo o meu corpo cresceu, E at o meu corao Ficou enorme, me! Olha - queres ouvir-me? s vezes ainda sou o menino Que adormeceu nos teus olhos; Ainda aperto contra o corao Rosas to brancas Como as que tens na moldura; Ainda oio a tua voz: Era uma vez uma princesa No meio do laranjal... Mas - tu sabes - a noite enorme, E todo o meu corpo cresceu. Eu sa da moldura, Dei s aves os meus olhos a beber. No me esqueci de nada, me.

Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo as rosas. Boa noite. Eu vou com as aves. Eugnio de Andrade, Poesia I 1. Neste poema, o poeta afirma eu sei que tra, me. (v. 2). 1.1 Explicita a forma como se revela essa traio na relao entre me e filho. 2. A imagem esttica do retrato adormecido (v. 4) evolui para o dinamismo Eu sada moldura (v. 33). 2.1 Refere os factores que determinaram essa evoluo. 3. Ao longo do poema est patente a dualidade perda / recuperao. 3.1 Indica o modo como se concretiza. 3.2 Refere a importncia da reiterao do advrbio ainda (vs. 23, 25, 28). 3.3 Identifica a figura de estilo presente em rosas to brancas (v. 26) e explicita o seu valor expressivo. 4. Interpreta a simbologia subjacente referncia a aves (v. 38). II 1. Selecciona do texto dois conectares discursivos e classifica-os. 2. O percurso de vida do sujeito potico expresso atravs de verbos que nos transportam para momentos diferentes. 2.1 Inventaria as formas verbais que se referem ao passado e as que se reportam ao presente. 2.2 Tira concluses. III O crescimento de um adolescente implica transformaes fsicas e psicolgicas, vividas, de modo mais ou menos consciente, pelo prprio e observadas com interesse pelos adultos, sobretudo por aqueles que lhe esto mais prximos (a famlia, os amigos). Muitas vezes, surgem dvidas, conflitos e uma adaptao contnua s novas realidades. Num texto autobiogrfico, de 100 a 150 palavras, relembra as modificaes que tens experienciado, ao longo da tua vida, bem como as mudanas nas relaes com os teus familiares mais queridos.

You might also like