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ISSN 1981-1594 Edição Especial Decreto 6.

640/08 - Número 73, 03 de abril de 2009


Decreto 6.640/2008
Patrimônio espeleológico brasileiro sob ameaça
Por Marcos Paulo de Souza Miranda* - Promotor de Justiça Coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do
Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais

C
omo sabido, o patrimônio espeleológico brasileiro, reduzindo econômico sem controle ou compro-
espeleológico (do grego drasticamente o status protetivo misso com a preservação de valores
spelaion = caverna), é cons- então existente, na medida em que: constitucionalmente protegidos, tais
tituído pelo conjunto de ocor- a) Dispensou (art. 5º, a) do processo como o meio ambiente e o
rências geológicas que criam for- de licenciamento ambiental os esta- patrimônio cultural, o que revela
mações especiais e cavidades natu- belecimentos situados em áreas de menosprezo ao princípio do desen-
rais no solo tais como grutas, caver- potencial espeleológico (as áreas volvimento sustentável, consagrado
nas, lapas, abrigos sob rochas etc., que, devido à sua constituição no art. 170, V, do texto magno
considerados bens da União a teor geológica e geomorfológica, sejam vigente.
do disposto no art. 20, X, da suscetíveis do desenvolvimento de Ante o exposto, não resta dúvida
Constituição Federal brasileira. cavidades naturais subterrâneas, que a recente alteração da proteção
A proteção das cavernas é de como as de ocorrência de rochas às cavidades naturais subterrâneas,
fundamental importância tanto sob o calcárias - já mapeadas pelo Centro suas áreas de influência e das áreas
ponto de vista do patrimônio cultural Nacional de Estudo, Proteção e de ocorrência de cavidades ou de
(comumente nelas se encontram Manejo de Cavernas - CECAV), o potencial espeleológico (todas
vestígios arqueológicos e paleon- que antes era exigido pelo art. 3º do expressamente protegidas pelo
tológicos) quanto do ponto de vista Decreto 99.556/90; b) Permite a Decreto 99556/90), colocando em
do meio ambiente natural (recarga destruição de cavidades conside- risco mais de 70% do patrimônio
de aqüíferos, rios subterrâneos e radas como de "baixa relevância" espeleológico brasileiro, não pode-
lençóis freáticos; abrigo para espé- sem qualquer tipo de compensação ria se dar por meio de Decreto, mas
cies animais ou vegetais endêmicas patrimonial ou ambiental (art. 4º, § somente por meio de lei como exigi-
e ameaçadas de extinção; proteção 5º); c) Permite a destruição de cavi- do pela Constituição Federal em seu
de minerais raros e formações de dades com base em critérios não art. 225, § 1º., III.
grande beleza cênica). corroborados pelos cientistas e Desta forma, o Decreto é fla-
O Decreto Federal 99.556/90 especialistas na área, pelo próprio grantemente inconstitucional.
estabeleceu regime jurídico próprio Centro Nacional de Estudo, Pro- Não bastasse esse aspecto, o
para a proteção de cavidades natu- teção e Manejo de Cavernas (que se Decreto n. 6.640/2008 representa,
rais subterrâneas existentes no ter- manifestou veemente contra à pro- no contexto da ordem jurídico-am-
ritório nacional (art. 1º.), para as posta por meio da Nota Técnica Nº. biental brasileira, um inegável retro-
suas áreas de influência (art. 2º) e 065/2008/CECAV) e sem qualquer cesso socioambiental (há evidente
para áreas de ocorrência de cavi- discussão com a sociedade. redução ou retrogradação do nível
dades naturais subterrâneas ou de Segundo dados da Sociedade de proteção que, até então, revestia
potencial espeleológico (art. 3º). Brasileira de Espeleologia, com o o patrimônio espeleológico bra-
Assim, as cavernas e as áreas já novo regramento, 70% das cavernas sileiro), o que também é vedado,
referidas foram alçadas à categoria brasileiras correm o risco de desa- pois a doutrina constitucionalista
de espaços territoriais especial- parecer, o que constitui uma ameaça censura a aniquilação de conquistas
mente protegidos, ao abrigo do que sem precedentes ao meio ambiente protetivas, de forma que a tutela nor-
dispõe a Constituição Federal e ao patrimônio cultural de nosso mativa deve se operar de modo pro-
Brasileira em seu art. 225, § 1º, III, país, cujas origens se prendem a gressivo no âmbito das relações
sendo a sua supressão permitida pressões econômicas e políticas, jurídicas, a fim de não retroceder
somente através de LEI. levadas a efeito por empreendimen- jamais a um nível de proteção infe-
Entretanto, em 07 de novembro tos (mormente mineradores e produ- rior àquele já alcançado.
de 2008 foi editado Decreto nº 6.640, tores de energia elétrica), numa Dita norma está na contramão de
que alterou de maneira significativa ação claramente voltada para a toda uma tendência, não só
o quadro de proteção do patrimônio indução de um desenvolvimento nacional, mas mundial, de evitar e
coibir danos ambientais, sobretudo com base em estudo jurídico elabo- Federal ADIN em relação ao Decreto
relacionados a bens de valor cultural rado por Ana Maria Moreira 6640, de 07 de novembro de 2008. A
e, como tais, irrepetíveis e irrepro- Marchesan (Promotora de Justiça no ação, com pedido de cautelar para
duzíveis. Estado do Rio Grande do Sul), José suspender o ato impugnado, rece-
Ademais, se as cavidades são Eduardo Ramos Rodrigues (Advo- beu o número 4218 e foi distribuída
consideradas bens da União por gado da Fundação Florestal do ao Ministro Eros Grau, que em 16 de
força do texto constitucional (art. 20, Estado de São Paulo), Marcos Paulo março entendeu que "A hipótese
X), jamais o Decreto poderia auto- de Souza Miranda (Promotor de reveste-se de indiscutível relevância"
rizar a supressão das mesmas sem o Justiça coordenador da Promotoria e, por isso, já determinou a oitiva do
estabelecimento de medidas com- Estadual de Defesa do Patrimônio Presidente da República sobre a
pensatórias de cunho patrimonial e Cultural e Turístico de Minas Gerais), ADIN em 10 dias. Em seguida serão
ambiental, definidos com base em Sandra Cureau (Subprocuradora- ouvidos o Advogado Geral da União
critérios técnicos objetivos, que Geral da República, Coordenadora e o Procurador-Geral da República.
assegurem o efetivo ressarcimento da 4ª Câmara de Coordenação e Após o processo será submetido ao
aos cofres públicos (no que tange ao Revisão do Ministério Público Plenário do STF para decisão.
aspecto patrimonial) e as correspon- Federal), Zani Cajueiro Tobias de Assim, encontra-se nas mãos da
dentes medidas compensatórias de Souza (Procuradora da República Suprema Corte Brasileira o futuro do
cunho ambiental/cultural. em Minas Gerais), todos especialis- valioso patrimônio espeleológico
O diploma em comento, como tas na defesa do meio ambiente e brasileiro.
editado, assegura verdadeiro patrimônio cultural, representaram ----------------------------------------
enriquecimento sem causa aos ao Procurador-Geral da República, * Membro efetivo do Instituto Histórico e
empreendedores, que poderão Antônio Fernando dos Santos, Geográfico de Minas Gerais. Especialista em
destruir o patrimônio espeleológico requerendo a propositura de Ação Direito Ambiental. Doutorando em Ciências
Jurídicas e Sociais.Professor de Direito
brasileiro sem qualquer contraparti- Direta de Inconstitucionalidade Processual Ambiental no Curso de Pós
da financeira ou ambiental. (ADIN) em face do malfadado Graduação do Centro de Atualização em
Tendo em vista o que foi acima Decreto. Direito - Belo Horizonte - MG. Secretário Geral
exposto, em 26 de novembro de Em 10 de março de 2009 o da Associação Brasileira do Ministério Público
de Meio Ambiente (ABRAMPA). Autor do livro
2008 a Associação Brasileira do Procurador-Geral da República Tutela do Patrimônio Cultural Brasileiro. Belo
Ministério Público de Meio Ambiente, propôs perante o Supremo Tribunal Horizonte: Del Rey, 2006.

Decreto, Manifesto e Revelações


Por Adriano Gambarini

E
m novembro do ano passado o das cavernas em quatro níveis de noventa dias aos empreendimentos
governo federal assinou o De- relevância. Num extremo, as caver- ou atividades já instaladas em re-
creto 6.640, com intuito de nas de relevância máxima serão pro- giões cársticas, para protocolar uma
substituir o antigo Decreto de tegidas, no outro, cavernas de re- solicitação de adequação ao novo
1990 (99.956). Na opinião de uma levância baixa poderão ser destruídas Decreto. Um Decreto ambiental que
grande parcela da sociedade espe- sem a necessidade de qualquer com- dá mais tempo para os empreendi-
leológica, foi um gesto incompreen- pensação ambiental. E as de alta se- mentos do que para os técnicos
sível, com a idéia de objetivar o que é riam trocadas por outras duas com definirem a melhor forma de pro-
subjetivo. O antigo Decreto tinha a relevância equivalente, seguindo um teção?
principal linha estratégica: para qual- contexto regional. O fato é que a discussão sobre o
quer ação que pudesse comprometer O problema está na subjetividade Decreto sacudiu uma poeira há tem-
uma cavidade natural subterrânea se desta determinação de relevância. pos varrida para debaixo dos tapetes,
fazia necessário um estudo dos Uma caverna considerada irrelevante e talvez tenha sido um dos aconteci-
impactos ambientais. do ponto de vista geológico pode ser mentos relacionados à Espeleologia
Para os empreendedores, isto biologicamente de suma importância. que mais deram repercussão na
'engessava' o desenvolvimento eco- E aí? Como resolver esta equação? mídia: Jornal Nacional, Jornal da
nômico do país, já que tais estudos Para tanto, o Decreto tenta definir os Band, Estadão, Folha de São Paulo,
demandam tempo, e considerando a atributos dados às cavernas em Rádio Eldorado e outras mídias
carência de técnicos suficientes nos acentuados, significativos ou baixos, impressas de menor abrangência
órgãos ambientais responsáveis, a e os estudos considerando enfoque falaram e escreveram sobre as
morosidade era ainda maior. regional ou local. Ou seja, um método questões levantadas. Sem contar
Como o Brasil vive um momento nada prático, com uma quantidade com um sem número de aparições
cujas propostas governamentais es- enorme de variáveis. em mídia digital.
tão mais ligadas ao desenvolvimento Para finalizar esta equação, ficou Em dezembro, às vésperas do
do que à conservação ambiental, o determinado que a metodologia para natal, um grupo de espeleólogos
Decreto 6.640 foi proposto justa- classificação dos critérios de relevân- contrários ao Decreto fez uma pas-
mente para permitir que atividades cia deveria ser definida em sessenta seata na Avenida Paulista, em SP,
em áreas cársticas pudessem ser dias, contado a partir da data de pu- com intuito de trazer à sociedade civil
feitas com mais rapidez. Na prática, blicação do Decreto (07/11/2008). um pouco de informação a respeito
este Decreto prevê a categorização Estranhamente, foi dado um prazo de do tema. O "Manifesto dos Ca-
pacetes" juntou cerca de 200 pessoas ralizada uma última reunião para a versíveis, mediante licenciamento
de vários lugares e grupos de espe- finalização do ato normativo (o que ambiental.".
leologia, que distribuíram panfletos inclui as metodologias) para que o Além disso, o parágrafo 5º não
explicativos, cartazes e faixas. Muitas Decreto tão polêmico seja homologa- obriga o empreendedor a adotar
pessoas que pararam para ouvir, den- do e colocado em prática. Entretanto, medidas e ações para assegurar a
tro da caótica rotina paulistana, cabe ressaltar que pesquisadores e preservação de outras cavidades na-
perceberam sua responsabilidade representantes da sociedade civil turais subterrâneas no caso de
sobre o tema, já que as cavernas têm organizada propuseram mudanças empreendimento que ocasione im-
sido alvo de turismo ecológico em ao Decreto 6.640, apontando as fa- pacto negativo irreversível em cavi-
todo o país, e qualquer atividade que lhas e brechas e que ainda espera-se dade com grau de relevância baixo.
possa interferir neste ambiente estará uma resposta do Sr. Rômulo Mello, Segundo o procurador-geral, esta
afetando não apenas os espeleólo- presidente do ICMBio. Enquanto isto, e outras alterações fizeram com que
gos, mas também aqueles que bus- uma medida cautelar ajuizado pelo o Decreto tomasse para si o papel de
cam um contato maior com a Procurador Geral da República, traçar o regime de exploração desses
natureza. Ao anoitecer, acenderam Antonio Fernando Souza, do espaços, adotando critérios não-de-
seus capacetes e caminharam a par- Supremo Tribunal Federal, previu a terminados pela comunidade científi-
tir do MASP até o prédio da Fiesp. inconstitucionalidade de uma série de ca para, pretensamente, eleger sítios
Renata Falzoni, repórter da ESPN e artigos do atual Decreto 6640. Por que devam, ou não, ser preservados.
grande ativista das causas ambien- exemplo, o artigo 2º do Decreto O procurador-geral afirmou ainda
tais, documentou o movimento. 99556, que determinava que a utiliza- que a alteração do regime jurídico de
Se toda esta exposição deu algum ção das referidas cavidades e de sua terrenos geológicos têm de ser classi-
retorno, fica por conta do que tem área de influência deveriam ser feitas ficados como espaços territoriais es-
sido discutido após os míseros mediante legislação específica e pecialmente protegidos, como deter-
sessenta dias: em janeiro realizou-se somente dentro de condições que mina o artigo 225, parágrafo 1º, inciso
uma reunião geral com a formação assegurassem sua integridade física III, da Constituição Federal. E esse
de oficinas, onde o ICMBio abriu a e a manutenção do equilíbrio ecológi- regime, ainda que previamente fixado
discussão para propor metodologias co, foi subvertido no atual Decreto, ao em decreto, só pode ser suprimido
e aplicação dos critérios, sendo que determinar que "A cavidade natural ou alterado por lei.
as áreas específicas (biologia e subterrânea classificada com grau de Será esta atitude do procurador-
geologia) já colocaram suas su- relevância alto, médio ou baixo poder geral uma luz no final do conduto?
gestões de métodos. No dia 17/03 foi ser objeto de impactos negativos irre-

Relevância de sistemas subterrâneos:


método é essencial
Por Eleonora Trajano

U
ma pergunta que muitos relevância. O novo decreto apenas Decreto 6640 estabeleça quatro
vêm se fazendo: o que consolidou a mudança, de maneira classes de relevância, na prática, e
exatamente o Decreto 6640 completamente enviesada e dei- logicamente, temos um primeira
mudou? A resposta é sim- xando poucas saídas. grande dicotomia, qual seja, caver-
ples: mudou todo o princípio da Não é meu objetivo, neste curto nas de relevância máxima (protegi-
conservação do patrimônio espe- artigo, analisar o Decreto, e sim das) versus cavernas não de
leológico brasileiro. Pelo Decreto focar na lógica dos critérios de relevância máxima (não protegi-
anterior, o de n. 99.556, de 1º de classificação por relevância e suas das). É esta dicotomia que nos
outubro de 1990, todas as caver- conseqüências. É fato que todas interessa e é aqui que aparece um
nas eram protegidas a priori, o que as propostas de critérios de re- dos grandes problemas do De-
equivale a dizer que todas as ca- levância, incluindo as do CECAV, creto.
vernas são relevantes até prova em de Auler & Piló e a minha própria Logicamente, pode-se provar a
contrário, em consonância com o para biologia, baseiam-se na pre- existência de um atributo, mas não
princípio central da Conservação, sença de determinados atributos, sua ausência. Ou seja, ausência de
que é o da Precaução/Prevenção. com ou sem pesos, dependendo evidência não é evidência de
Com o novo Decreto, a situação da proposta. O Decreto 6640 é ausência. Esta é a base da própria
inverteu-se completamente: agora claro, não admitindo dúvidas: cavi- Ciência, estruturada sobre os fun-
é necessário demonstrar a relevân- dades que possuam pelo menos damentos lógicos propostos de
cia, uma vez que há cavernas que, um dos 11 atributos listados no maneira clara por Popper. Na lin-
a menos que haja prova em con- parágrafo 4º do Artigo 1º (sem guagem do teste de hipóteses, a
trário, não são relevantes. Ou seja: pesos) são de relevância máxima e hipótese inicial (Ho - H zero), que
muda absolutamente tudo. Mas devem ser protegidas, garantia era anteriormente de relevância
sejamos francos: essa inversão de que o Decreto anterior dava a (máxima), passou, com o Decreto
foco é anterior à publicação do todas as cavernas do território 6640, a ser de não relevância. Ora,
Decreto 6640, ela apareceu no exa- nacional. Ou seja, anteriormente constatação da existência de qual-
to momento em que se falou pela toda e qualquer caverna brasileira quer um dos 11 atributos acima
primeira vez em classificação por tinha relevância máxima. Embora o passa a ser suficiente para falsear
Ho, i.e., para demonstrar relevân- meio subterrâneo, o que implica no sadores a serviço dos interesses
cia máxima, mas o oposto não é uso de diferentes métodos de de seus empregadores (e, con-
verdadeiro: não existe qualquer amostragem. sequentemente, de seus próprios).
possibilidade de demonstrar, cabal Quanto à cobertura espacial, é De fato, deixar a cargo dos
e absolutamente, Ho, pois a qual- evidente: a área mínima de amos- empreendedores a contratação
quer momento um atributo pode tragem deve ser o sistema subter- dos serviços para estudos ambien-
ser detectado - a menos, é claro, râneo onde a caverna se insere. tais configura-se em claro conflito
que a caverna seja conveniente- Aqui reside uma das maiores fa- de interesses e não deveria ser
mente destruída. Em outras pa- lhas técnicas, tanto do Decreto permitido, se não por outros
lavras, é logicamente impossível 6640 como de seu predecessor, o motivos, ao menos por questões
classificar qualquer caverna como Decreto 99.556, que fazem referên- éticas. O correto é dar a respon-
de relevância não-máxima (alta, cia explícita a cavernas e não à sabilidade de seleção e supervisão
média ou baixa, isto é, para nossos unidade biológica dos ecossis- das equipes que realizam tais estu-
fins, irrelevante). temas subterrâneos que, como o dos aos órgãos ambientais compe-
Temos aqui um dilema lógico, próprio nome diz, são os sistemas tentes, embora quem pague pelos
cuja solução reside no método. O subterrâneos. Apenas para exem- serviços sejam, como é de direito,
que faz a Ciência com suas hipóte- plificar, sem ir muito além, a pre- os empreendedores.
ses iniciais? Procura corroboração, sença do atributo VII Art. 1º, pará- Estudos ambientais não devem
através de um número tão grande grafo 4º do Decreto 6640 - "hábitat ser tratados com leviandade, so-
de dados que torne Ho altamente essencial para preservação de bretudo quando o que está em
provável, mesmo que impossível populações geneticamente viáveis jogo é a própria sobrevivência de
de ser demonstrada. Interessante- de espécies de troglóbios endêmi- ecossistemas inteiros. O rigor pro-
mente, o Decreto 6640, em seu cos ou relictos" -, só pode ser veri- posto não é preciosismo, mas ape-
Artigo 5º, deixa em aberto a me- ficada a partir da análise de todo o nas o mínimo necessário para uma
todologia de aplicação dos cri- sistema. análise aproximada das conse-
térios para classificação de ca- Finalmente, um aspecto polêmi- quências de perturbações im-
vernas, e é aqui que devemos ficar co, não por falta de robustez cien- postas a sistemas complexos. Os
nossa atenção e nossos esforços. tífica (ao contrário), mas simples- chamados RAPs - Rapid Asses-
Discutirei brevemente alguns méto- mente porque desagrada os men- sment Protocols, conveniente-
dos de corroboração de Ho dentro tores do decreto 6640, ansiosos mente adotados em muitos casos,
da Biologia, em grande parte por seu lucro rápido e fácil, é a não foram desenvolvidos para os
porque os sistemas biológicos são, cobertura temporal. A sazona- objetivos de estudos ambientais
sem dúvida alguma, os mais com- lidade dos sistemas subterrâneos, em áreas pretendidas para em-
plexos e os mais vulneráveis, por frequentemente mais acentuada preendimentos e, portanto, não
sua escala temporal. que no meio epígeo, é fato ampla- devem ser aceitos como única
A questão principal é a repre- mente conhecido. Estudos biológi- fonte de dados. Isto se aplica não
sentatividade da amostragem cos abrangendo anos consecu- apenas ao Decreto 6640, e não
visando à detecção dos atributos tivos frequentemente apontam apenas aos sistemas subterrâneos,
acima, a qual pode ser desmem- para diferenças importantes entre tratando-se de princípios gerais
brada em três aspectos principais: anos. Outro fato. A cronobiologia, para estudos ambientais visando à
freqüência de amostragem, cober- que estuda os ritmos biológicos, já proteção de todo e qualquer am-
tura espacial e cobertura temporal. estabeleceu que, para se definir biente natural.
Existem muitos estudos sobre fre- padrões cíclicos, são necessários
qüência mínima de amostragem estudos cobrindo pelo menos três
em levantamentos biológicos e há vezes o período do ciclo que se
consenso em torno do uso das pretende definir, ou seja, para a
chamadas curvas de acumulação definição de padrões sazonais são
(a curva do coletor é um caso par- necessários pelo menos três anos
ticular) ou, na sua forma aleato- de estudo. Na prática, estudos
rizada, de rarefação, que são gráfi- ecológicos e de biodiversidade
cos onde se plotam as ocasiões de mostram que frequentemente nem
coleta de dados contra o número sequer esses três anos são sufi-
cumulativo de espécies. Uma cientes, apontando para quatro ou
determinada área só será conside- cinco anos como o mínimo
rada como bem conhecida quanto necessário para uma compreensão
à sua fauna e flora quando as cur- consistente do funcionamento dos
vas desses gráficos atingirem a ecossistemas.
assíntota (o número acumulado de Os métodos acima, e outros
espécies descobertas tende à esta- equivalentes em objetivos e ro-
bilidade, independente da quanti- bustez, podem ser aplicados em
dade de novas coletas). Ob- qualquer estudo ambiental. Alegar
viamente, para os fins do Decreto que não são factíveis é uma inver-
6640, o levantamento deve incluir dade, que tem sido utilizada como
todos os táxons com ocorrência no justificativa inclusive por pesqui-
Protesto dos capacetes
Por Ericson Cernawsky Igual e Maria Cristina Albuquerque - Grupo Pierre Martin de Espeleologia

T
oda ação gera uma reação, e amparada pelo prévio conhecimento rer de todo o ato público.
com o Decreto 6640 não have- e apoio das autoridades compe- "Você já visitou uma caverna
ria porque ser diferente. Este tentes e que fosse realizada neces- como esta? Assim, começava nosso
decreto surgiu clandestina- sariamente em local de notória visi- inquisidor panfleto com uma belíssi-
mente, no simples ato de uma cane- bilidade. E para engrossar o caldo e ma ilustração de caverna e constata-
tada nitidamente impulsionada pela importância da ocasião, o manifesto mos o quanto é desconhecida nossa
pressão econômica dos grandes recebeu o (valioso) apoio da SBE atividade e este fascinante e frágil
empreendedores e do marketing do (Sociedade Brasileira de Espe- ecossistema.
crescimento a qualquer custo. leologia). Tornamos pública nossa indig-
E assim, no dia 22 de nação, recebemos apoio da popu-
Adriano Gambarini

Dezembro de 2008, as lação e nos fortalecemos.


18h00min, o Protesto dos Sabemos da grande responsabi-
Capacetes iniciou sua con- lidade que temos na preservação
centração no vão livre do das cavernas, sua área de influência
MASP, em plena Avenida e o quanto temos que denunciar
Paulista, com autorização e atos como estes a sociedade.
assistência do 11º BPM/M - Por volta das 20h30min horas,
Batalhão de Policia Militar após o anoitecer, com os capacetes
Metropolitano. acesos, a manifestação seguiu em
Por conseqüência das passeata pelas calçadas da Avenida
fortes chuvas ocorridas Paulista até o edifício da FIESP, por
nesta data, no período da onde ficou por aproximadamente 30
Com o prévio conhecimento da tarde, alagando inúmeros córregos, minutos e retornou ao vão livre do
minuta do decreto, a comunidade rios e vias de acesso,

Adriano Gambarini
espeleológica brasileira já havia em alguns casos até
iniciado um amplo movimento de impedindo a chegada
reação, com diversas entidades e de manifestantes do
organizações se pronunciando atra- interior à cidade de
vés de ofícios, manifestos, cartas de São Paulo, a manifes-
repúdio, abaixo assinados, etc.. tação acabou tendo
Sua aprovação dependia apenas uma participação infe-
de um ato do governo. rior à prevista.
A reação se mostrava mais Mesmo assim, tive-
necessária do que nunca, a comu- mos a participação de
nidade intensificou o movimento, aproximadamente 200
mas era preciso mais, a manifes- pessoas, caracterizadas pelas indu- MASP, encerrando por volta das
tação "burocrática" não se mostrava mentárias de espeleólogos, com 22h00min.
suficiente, era hora de colocar a cara macacões, mochilas e principal- Nesta noite, a Paulista ficou mais
na rua e com isso surgiu a idéia do mente os capacetes, munidos de iluminada! A ação do Decreto 6640
Protesto dos Capacetes. faixas e cartazes de protesto ao continua e temos a obrigação de
A idéia evoluiu diante do consen- Decreto 6640 e panfletos que foram continuar nossa reação!
so de uma manifestação pacífica, distribuídos aos pedestres no decor-

Ensaio
Escalas temporais e relevância de
empreendimentos
Por Eleonora Trajano

U
ma das graves e evidentes afetados pelo mesmo. O que tem sobretudo os de mineração e
falhas do já famigerado sido divulgado em defesa do hidrelétricas. A insistência em
Decreto 6640, que "flexibi- Decreto são alegações genéricas, torno desse argumento clama por
liza" o uso de cavernas, i.e., que atingem seu desafortunado uma análise racional, ponderada
abre brechas para a destruição de ápice no parecer do Deputado e, sobretudo, bem ajuizada do
várias, é a não inclusão de valo- José Otávio Germano, relator do que significa exatamente "inte-
ração do próprio empreendimento Projeto de Decreto Legislativo nº resse nacional", começando pela
que, lógica e eticamente, deveria 1.138 (que determina a sustação Nação.
ser contraposta à valoração dos do Decreto nº 6.640), de interesse É senso comum que o con-
sistemas subterrâneos que seriam nacional de empreendimentos, ceito de Nação inclui presente,
passado e futuro, o que significa mos que não! as necessidades em uma escala
várias gerações parcialmente De fato, a grande maioria temporal minimamente razoável.
superpostas. Da experiência pas- dos projetos de empreendimentos, No momento, a melhor alternativa
sada, aprendemos como utilizar o como os de mineração, limita sua são as usinas termo-nucleares,
presente para planejar o futuro. O análise (e propaganda) de ganhos única opção de larga escala eco-
Brasil, com seus 500 anos de sociais e econômicos, na forma de nomicamente viável para as
existência como nação (con- empregos e algumas benfeitorias hidrelétricas e que tem sido adota-
siderando seus primórdios, mes- para a população local, em 20-30 da em vários outros países,
mo sem uma organização que anos, chegando ocasionalmente muitos compelidos a fazê-lo pelo
possa ser chamada de nacional), perto de 50. Mesmo a produção de simples falta de recursos hídricos
abrigou, digamos, 25-30 ge- insumos básicos a partir do cal- apropriados.
rações, o que é pouco. É razoável cário, como aqueles para a cons- "A tendência de a abundân-
imaginar a continuidade da nação trução civil, considerados bens cia de riquezas naturais enfraque-
Brasil por um período futuro equi- minerais de utilidade social, cer as instituições e solapar o
valente. Quando se fala em nação, abrangendo a sociedade como um desenvolvimento sustentado das
é esta escala que devemos ter em todo, tem horizonte limitado em nações é quase uma maldição."
mente. vista do aparecimento de alternati- "Os países cuja economia se
Note-se que essa noção vas menos custosas ambiental- assenta principalmente sobre o
está claramente incorporada ao mente e viáveis a mais longo pra- comércio de produtos naturais
arcabouço legislativo brasileiro, zo, como é o caso do concreto são levados [....] a cometer uma
como podemos ver nas palavras feito de cinzas e outros resíduos e série de erros e desmazelos que
de C. Anson: "Considerado direito do cimento sustentável (que utiliza impedem a modernização da
fundamental de terceira geração, silicato de magnésio e não só não sociedade". Estas palavras da
o direito ao meio ambiente eco- emite, como absorve CO2). economista Eliana Cardoso, reti-
logicamente equilibrado caracteri- É importante ressaltar que, radas do livro 1808 (de Laurentino
za-se por sua meta-individuali- além das hidrelétricas e da mine- Gomes) e escritas acerca da
dade, vale dizer, transcende a ração, empreendimentos agrícolas decadência de Portugal no fim do
esfera puramente individual para em larga escala também compro- século XVIII, caem como luva no
atingir uma quantidade indetermi- metem ecossistemas subterrâ- atual modelo brasileiro de desen-
nada de pessoas" (O Carste, neos, pela poluição, erosão e ari- volvimento e têm poder pre-
16(4): 126). dificação. monitório. Enquanto restarem
Abrindo parênteses: só É evidente que, em uma pro- rios, construamos hidrelétricas.
existe uma situação em que o jeção estendida para 100 anos, a Sobram florestas? Tiremos ma-
interesse do indivíduo coincide escala de análise que deve ser deira. Ainda há vastas áreas de
com o da nação, que é aquela em adotada, os benefícios desses Cerrado, planas e férteis? Der-
que a própria sobrevivência da empreendimentos se diluem, ao rubemos para plantar soja e algo-
nação está ameaçada dentro de passo que os custos ambientais se dão. Há minérios? Exploremos
uma escala temporal igual ou infe- mantêm, uma vez que esse perío- sem dó nem piedade, enquanto
rior ao de uma geração, o que do ainda é uma escala temporal ainda existirem jazidas.
poderia ocorrer no caso de popu- muito pequena para a recuperação Cabe-nos, como sociedade
lações pequenas ameaçadas por total de sistemas complexos, como organizada e comunidade com
guerras ou epidemias. Certamente os biológicos. Ainda, se comparar- conhecimento técnico em es-
não é o caso do Brasil, sobretudo mos os benefícios de qualquer peleologia, rejeitar modelos eco-
em vista sua extensão geográfica atividade sustentável, é provável nômicos arcaicos, que perpetuam
e alta população. que, nessa escala de análise, estes o corrupto modelo extrativista e
Pode-se argumentar que suplantem os de atividades não mercantilista da colonização por-
500 anos para frente é demasiado, sustentáveis e altamente impac- tuguesa, hibridado com o modelo
que muita coisa pode mudar tantes. Somente neste contexto norte-americano de consumo
nesse tempo. Diminuamos, então, podemos legitimamente falar em desenfreado e desperdício, não
nossa escala temporal de análise interesse nacional. O que tem sido permitindo que cavernas sejam
para algo factível: dentro de uma feito até o momento é a defesa, destruídas de forma leviana, sem
expectativa de vida individual de baseada em argumentos fala- estudos ambientais corretos e
90+ anos, cada vez mais comum ciosos, dos interesses de grupos sem uma justificativa que repre-
em vista dos avanços da medici- pequenos, porém de grande poder sente de fato o interesse da
na, cabem 4-5 gerações super- econômico e político. Nação. É preciso levantar as duas
postas - todos conhecemos al- O caso das hidrelétricas é cortinas de fumaça atrás das
guém que é tataravô(ó). Ou seja, é ainda pior: energia hidrelétrica já é quais se escondem interesses
perfeitamente razoável fixar nossa obsoleta, é passado, e não futuro. pessoais espúrios, representadas,
escala de análise de relevância de Não é concebível teimar em um por um lado, por pretensos "estu-
empreendimentos em 100 anos, tipo de solução para a demanda dos" ambientais, os quais têm
que é inclusive o tempo que uma humana de energia que é das estado muito longe de se quali-
única pessoa pode viver. Existe piores em termos de custo-benefí- ficar como tal, e, por outro, do tão
algo próximo a isso? Todos sabe- cio e que certamente não proverá aclamado "interesse nacional".
CECAV finaliza a metodologia para
a classificação do grau de relevância
das cavernas
Por Flávio Henrique Santos

D
ando continuidade ao que para a determinação da relevância A proposta apresentada possui
determina o Decreto 6.640, de uma caverna, e sim na pre- o aprofundamento técnico com-
o CECAV realizou no dia 18 sença de uma única característica patível com o tempo que foi
de março de 2009 a última que, se encontrada, define a disponibilizado para sua elabo-
reunião para a elaboração da pro- relevância da cavidade. Essa abor- ração, e traz os instrumentos
posta final do ato normativo para dagem a princípio apresentou-se necessários para sua atualização e
classificação das cavidades natu- mais apropriada, principalmente correção. Outro ponto importante
rais subterrâneas. Na reunião par- pelo pouco tempo disponível para foi a participação que se procurou
ticiparam especialistas da área de sua elaboração. A proposta trouxe conseguir com as entrevistas e
biologia, geologia, representantes inovações, como a necessidade oficinas realizadas, propiciando a
do Instituto Brasileiro de Mi- de consulta pública para os colaboração de diversas institui-
neração - IBRAM, da Companhia empreendimentos causadores de ções governamentais e sociais no
Vale do Rio Doce, bem como a impactos negativos irreversíveis e processo. Merece destaque a
equipe técnica do CECAV. Embora a criação de um Comitê para ausência do IBAMA que, fora a
o IBAMA tenha sido convidado, acompanhar a aplicação do ato entrevista, não participou das
não enviou nenhum representante normativo nos processos de licen- reuniões técnicas. Atitude incom-
para a reunião, mesmo sendo o ciamento ambiental. Devido ao patível com a posição do Instituto,
assunto de total interesse do reduzido número de participantes, já que será o responsável por
Instituto, já que os critérios serão após a apresentação, iniciou-se a aplicar o ato normativo nos
utilizados em processos de licen- discussão ponto a ponto da pro- processos federais de licencia-
ciamento ambiental. A Redespeleo posta. Da discussão realizada mento ambiental.
Brasil, também convidada para a merecem destaque três pontos Ao final desse ciclo de reuniões
reunião, mantendo sua posição que não obtiveram consenso: 1) a e oficinas fica claro que esse é so-
contrária a Decreto e tudo o que necessidade de realização de con- mente o primeiro passo no proces-
ele determina, não enviou repre- sulta pública, 2) a identificação de so de estabelecimento do ato nor-
sentante. somente um atributo como sufi- mativo, que deverá ser publicado
A reunião foi aberta por Rita de ciente para definir a relevância de pelo MMA. Etapa que foi comprida
Cásssia Surrage de Medeiros, uma cavidade e 3) a necessidade com responsabilidade e empenho
Chefe interina do CECAV, que de estudos biológicos por 2 anos. pelo CECAV. Contundo, os próxi-
apresentou as ações desenvolvi- Ao final da reunião foi informado mos passos de acolhimento da
das pelo Centro, com apoio do que seria entregue dia 20 de proposta pelo MMA e sua dis-
Instituto Ambiental Brasil Sus- março ao Ministério do Meio cussão com o alto escalão do
tentável- IABS, como parte dos Ambiente a proposta final de ato MME devem ser acompanhados
desdobramentos acordados du- normativo já contendo as con- de perto pela sociedade, cobrando
rante a oficina realizada em Bra- tribuições apresentadas durante a a continuidade de sua partici-
sília, nos dias 26 e 27 de janeiro de reunião, juntamente com o rela- pação na elaboração deste ato
2009. Após a oficina, especialistas tório de seu processo de cons- normativo, para que as discussões
e representantes de órgãos gover- trução. Também seria entregue um que estão por vir não terminem em
namentais envolvidos ao tema documento contendo os principais acordos de conveniência política
foram entrevistados para se mani- pontos que deveriam ser aprimora- entre os Ministérios.
festar sobre a proposta em cons- dos no Decreto 6.640.
trução e sobre o Decreto 6.640.
Dentre os representantes dos Expediente
órgãos governamentais entrevista- Comissão Editorial: Artigos assinados são de responsabilidade
Adriano Gambarini, Alexandre de Oliveira dos autores. Artigos não assinados são de
dos estavam: IPHAN, DNPM MME
Lobo, Ericson Cernawsky Igual, Flávio responsabilidade da comissão editorial.
e IBAMA. Henrique Santos, Helio Shimada, Ingo
Após a explanação inicial foi Wahnfried, Maria Elina Bichuette. A reprodução de artigos aqui contidos
apresentada a proposta final do depende de autorização dos autores e deve
Colaboradores: ser comunicada à REDESPELEO BRASIL pelo e-
ato normativo para classificação Eleonora Trajano, Marcos Paulo de Souza mail: conexao@redespeleo.org.
das cavidades naturais subter- Miranda.
râneas. A proposta, diferente da O Conexão Subterrânea pode ser repassado,
Revisão: Ingo Wahnfried. desde que de forma integral, para outros e-
metodologia em que o CECAV vi- mails ou listas de discussão.
nha trabalhando, não foi baseada Diagramação: Carlos H. Maldaner.
Logotipo: Daniel Menin.
na análise conjunta de atributos
Divulgação
Spéléo Secours Français (SSF) e
Grupo Bambuí organizam curso de
resgate em cavernas
Por Daniel Viana - Grupo Bambuí de Pesquisas Espeleológicas

O
Grupo Bambuí de Pesquisas tura em módulos, bem como a sua tivos, sendo que os apoios finan-
Espeleológicas em conjunto realização nas duas regiões com ceiros já obtidos possibilitaram
com o Spéléo Secours Fran- grande concentração de cavernas cobrar uma taxa de inscrição de
çais (SSF), comissão da Fé- busca viabilizarem a participação do apenas R$ 150,00 para participar
dération Française de Spéléologie maior número possível de inte- em um módulo teórico ou R$ 250,00
(FFS), referência mundial em res- ressados. para participar em ambos os módu-
gate em cavernas, está organizando O curso será bastante abran- los: teórico e prático.
um curso de Formação em Resgate gente, com programa que incluirá As vagas são limitadas!!!
em Cavernas. O curso tem apoio da algumas das especialidades do res-

Thierry Aubé SSF 30


Redespeleo, SBE e FFS. A principal gate em cavernas, além das técnicas
de resgate. Os principais
Thierry Aubé SSF 30

aspectos do resgate em
cavernas serão aborda-
dos, sendo dividido em
tópicos entre os quais:
gestão do resgate e orga-
nização; equipamentos;
regras de segurança;
primeiros socorros; comu-
nicação; progressão hori- Instrutores:
zontal e progressão verti- Christian Dodelin
cal. O objetivo é que os Presidente da Comissão de Resgate
alunos tenham oportu- em Cavernas da UIS desde 2005.
finalidade difundir o conhecimento nidade de aprender todas as Presidente do Spéléo Secours
sobre técnicas de resgate em caver- funções necessárias num resgate Français de 1996 a 2004.
nas no Brasil, através de aulas teóri- em cavernas, sendo que o programa Organizador e co-organizador de
cas e práticas, além da discussão foi feito exclusivamente para este cursos de resgate internacionais na
das semelhanças e diferenças nos curso, buscando abordar os França desde 1997.
desafios do resgate em cavernas no desafios específicos encontrados Conselheiro Técnico Nacional do
Brasil e na França. Uma oportu- atualmente na prática da espeleolo- Spéléo Secours Français desde
nidade única de ter contato com as gia no Brasil. 1986.
técnicas mais avançadas do mundo Serão duas opções para o módu-
ministradas por alguns dos mais lo teórico: em Belo Horizonte, no fe- Jean François (Jef) Perret
conceituados instrutores franceses. riado da semana santa, nos dias 10, Presidente do Spéléo Secours du
11 e 12 de Abril, em Gard de 1996 a 2006. Conselheiro
Thierry Aubé SSF 30

horário integral e em São Técnico Departamental desde 1990.


Paulo, nos dias 13 a 16 de Conselheiro Técnico Nacional do
Abril, de 19:00 às 22:30h. Spéléo Secours Français desde
Para o módulo prático as 2007. Instrutor nacional de técnicas
atividades estão progra- de desobstrução em resgate.
madas para cavernas
próximas a Intervales, nos Olivier Sausse
dias 18 a 21 de Abril, Chefe de Equipe do Spéléo Secours
aproveitando o feriado de du Gard desde 1994.
Tiradentes. Os alunos
poderão participar em Daniel Viana
A participação é aberta a qual- apenas um dos módulos teóricos ou Coordenador da Comissão de
quer espeleólogo, filiado a qualquer participar em um dos módulos teóri- Segurança e Resgate em Cavernas
grupo ou associação de espeleolo- cos e do prático. do Grupo Bambuí. Stage de
gia, bem como a bombeiros e vo- Os interessados em participar Formation Equipier/Chef d´Équipe
luntários com interesse em resgate deverão enviar email para: espeleo- International do Spéléo Secours
em cavernas que tenham experiên- resgate@gmail.com Français em 2001.
cia prévia em espeleologia. A estru- Este curso não tem fins lucra-

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