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Resumo
O principal objetivo desse trabalho é propor instalações ecoturísticas na Área de Proteção Am-
biental (APA) Algodoal-Maiandêua / Maracanã-Pará como alternativa de gestão, viabilizando
a prática de atividades orientadas sob o paradigma da sustentabilidade. Na coleta de dados
primários foram realizadas pesquisas qualitativas. Para identificar as instalações ecoturísticas de
maior demanda real, os métodos utilizados foram à observação sistemática e entrevistas, estas
últimas realizadas com os empresários, os turistas e a população local, visando combinar certo
grau de quantificação à observação. Pesquisas bibliográficas e digitais também foram efetu-
adas, com o intuito de levantar modelos de instalações físicas para propor os mais adequados
para a realidade da APA.
Abstract
The main objective of this work is to consider ecotouristics installations in the Area of Environmental
Protection (APA) Algodoal-Maiandêua/Maracanã-Pará as alternative of management, making
possible practical of activities guided under the paradigm of the sustentability. In the collection
of primary data, qualitative research had been carried through. To identify the ecotouristics
installations of bigger real demand, the used methods had been the systematic comment and
interviews, these last ones carried through with the entrepreneurs, the tourists and the local po-
pulation, aiming at to combine certain degree of quantification to the comment. Bibliographical
and digital research had been also effected, with the intention of raising models of physical
installations to consider most adequate for the reality of the APA.
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ISSN: 1677-6976 Vol. 8, N° 3 (2008)
Gestão ambiental em unidades de conservação: reflexões e proposta acerca das instalações (eco) turísticas na Área de Proteção Ambiental Algodoal-Maiandeua, Maracanã-Pará
1. Considerações iniciais ção e a ampliação das áreas verdes como a
alternativa mais barata e viável para combater
O ser humano traz consigo a necessidade de
a poluição, até que mudanças tecnológicas
descoberta e exploração de novos territórios e
permitam o desenvolvimento e o consumo, a
o espaço natural sempre representou o meio a
partir de energia não poluidora.
ser desbravado. Essa exploração resultou em
grandes conquistas no campo tecnológico Crescimento ou desenvolvimento susten-
Por outro lado, provocou danos irreparáveis dentro de padrões de respeito à natureza e
ao ecossistema, descaracterizando áreas na- de harmonia com ela. É também crescer res-
turais e degradando recursos essenciais para peitando os valores e culturas das pessoas e
é uma das maiores motivações das viagens esta questão, onde inicialmente apresentam
de lazer entre os turistas. O crescimento da um texto que alguma autoridade diria com
mais longa das pessoas; a busca da popula- expandindo, crescendo; lugares maravilhosos
ção, principalmente urbana, por ambientes estão sendo explorados racionalmente para
sociais, são fatores que influenciam no cresci- tadas? Estão tendo a mesma sensação de
mento observado das atividades turísticas rea- estarem participando dos benefícios propor-
lizadas em espaços rurais e naturais. Aspectos cionados por essa expansão? Ou ficarão para
aliados como um microclima mais agradável, elas as sobras do turismo? Lixo, fim do sossego,
Seja pela expansão do meio urbano, seja Assim, justifica-se porque o conceito de
pelo enfoque mundial que vem sendo dado às Tudo que é usado ou apreciado, por al-
mudanças climáticas globais e à necessidade guma razão tem valor. Contudo, o que tem
de trabalhar com tecnologias mais limpas e valor para uns pode não ter necessariamente
* Administradora de empresas com habili-
tação em gestão ambiental pelo Instituto garantir o seqüestro do gás carbônico (CO2), o mesmo valor para outros. Muitos e diversos
de Estudos Superiores da Amazônia – IE-
SAM (2007). bruxamar@yahoo.com.br percebe-se a ocorrência da valorização das valores formam o sistema de valores de uma
** Bacharel em turismo pela Universidade áreas protegidas. pessoa, de um grupo ou de uma sociedade.
Federal do Pará – UFPA (2003), mestre em
cultura e turismo da UESC/UFBA (2006),
membro integrante do grupo de pesquisa O tema tem sido discutido por técnicos e Alguns valores, dentro desse sistema, são mais
em Cultura e Turismo: Políticas e Planeja-
mento da UESC, professor e coordenador pesquisadores de países desenvolvidos e em fortemente percebidos do que outros. Percep-
do curso de turismo do Instituto de Estudos
Superiores da Amazônia – IESAM. Autor do desenvolvimento com mais freqüência desde ção esta que tem muito a ver com os interesses
livro: Turismo – planejamento e políticas
públicas na Amazônia, lançado pela o evento mundial Eco-92, ocorrido no Estado pessoais de cada um. Todavia, alguns aspectos
editora E-Papers em 2007. wilkernobrega@
yahoo.com.br do Rio de Janeiro, considerando a preserva- têm supremacia nessa percepção, como por
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exemplo, influências culturais, ética e religião. lecimento desses sistemas de áreas naturais
Nesse sentido, Berkemüller (1989) afirma que, protegidas teve como marco fundamental a
em linhas gerais, os valores podem ser clas- criação em 1872 do Parque Nacional de Yel-
sificados em três tipos: valores não-tangíveis lowstone nos Estados Unidos, ainda que a defi-
(éticos, estéticos, culturais, recreativos, cientí- nição do conceito de Parque já houvesse sido
ficos, educativos), valores ecológicos e valores delineada anteriormente por George Catlin,
econômicos. em 1830 (McCormick, 1992) e que outros tipos
A gestão ambiental é também uma questão de áreas protegidas tenham existido, definidos
de princípio. Princípio que se origina do autên- antes dessa data. Segundo Câmara e Cândido
tico DS, que deve sempre considerar um juízo (1986, citado por Câmara, 1993) existem vários
de valor construído a partir de uma escala de exemplos de parques que foram criados no
valores com base nos três tipos anteriormente mundo, anteriormente ao Parque Nacional de
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Gifford Pinchot foi seu maior representante, o mento do número de áreas naturais protegidas
qual acreditava que a conservação deveria se estabelecidas em países em desenvolvimento
basear em três princípios: desenvolvimento, o foi a preocupação da comunidade internacio-
uso dos recursos pela geração presente; pre- nal com a rápida perda da biodiversidade em
venção do desperdício; e o desenvolvimento todas as regiões do planeta, principalmente
dos recursos naturais para todos (McCormick, nos trópicos. Simultaneamente, esses países
1992). em desenvolvimento passaram a perceber
ideais de Muir e Pinchot acerca dos objetivos divisas através do turismo e como instrumento
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de monitoramento, pesquisa e educação vida. Um controle mais seguro só será possível,
ambiental das condições dos ecossistemas com bases científicas e monitoramento mais
envolvidos. adequado, com a evolução do conheci-
por ações práticas em muitos países. Em 1985 objetivos e as instituições responsáveis para
um dos principais temas das discussões foi Segundo Angher (2005), o controle am-
a questão envolvendo populações e áreas biental de áreas verdes ou áreas naturais
naturais protegidas. Alguns conceitos e neces- protegidas, compreendendo a flora e a fauna
sidades saíram fortalecidos e foram debatidos silvestres, bem como a proteção e a preserva-
posteriormente, na Conferência Mundial das ção de espécies exóticas, é uma obrigação
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desen- dos municípios e estados, da União e de todos
volvimento (Rio 92), realizada na cidade do Rio os cidadãos. Desde a década de 1980, como
de Janeiro, Brasil, no mesmo ano. Nessa Con- regra, os municípios começaram a criar uma
ferência dois importantes documentos foram estrutura voltada à gestão ambiental, os Con-
produzidos: a Agenda 21 e a Convenção da selhos Municipais de Defesa do Meio Ambiente
Biodiversidade. (CONDEMAS), que constituíram um núcleo
Qualquer projeto de gestão, avaliação, inicial para a criação e implantação das Se-
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No âmbito do Governo Federal, mais espe- Um sério problema a ser vencido pelos
cificamente no Ministério do Meio Ambiente, países mais pobres tem sido a manutenção
o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos das unidades de conservação e vigilância
Recursos Naturais Renováveis − IBAMA têm sido das mesmas, que precisam ser permanentes
o principal gestor e responsável pelo controle e, portanto, há dificuldades de obtenção de
da flora e da fauna brasileiras. Este órgão ope- recursos para arcar com esses custos. Nesse
ra nos estados através de superintendências sentido, o ecoturismo tem se apresentado
regionais. Em alguns estados, onde a infra-es- como uma opção válida, movimentando, no
trutura de gestão é muito deficitária, o IBAMA turismo mundial, números significativos. Assim,
é o órgão oficial responsável pelo controle da a utilização de instalações que conduzam à
fauna e da flora. percepção e interpretação ambiental são as-
Nos anos de 1990 e 2000, em todo o Brasil, pectos de extrema importância e necessidade
foi gerado um esforço com a finalidade de para viabilizar práticas ecoturísticas rumo a um
tão de unidades de conservação. O Zonea- gias múltiplas, em que as mais utilizadas são a
tivo, envolvendo a sociedade como um todo, temática e entrevistas, visando combinar certo
boração do Plano de Manejo, o ideal é que se foram realizadas com os participantes desta
meio físico. Os Planos de Manejo também pre- que é o vilarejo de maior relevância turística da
da infra-estrutura, a gestão da visitação pública, Esta pesquisa teve início em abril de 2007,
atividades de educação ambiental, proteção, através da realização de investigações biblio-
fiscalização, interação sócio-ambiental e apoio gráficas com o propósito de identificar instala-
à regularização fundiária. ções e facilidades ecoturísticas para propor as
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mais adequadas para a APA Algodoal-Maian- das expedições realizadas por exploradores,
deua. Quanto às observações, também foram aventureiros, cientistas e naturalistas europeus
executadas, de maneira sistemática, a partir do em regiões selvagens e distantes do velho
mês de abril do mesmo ano, quando passaram mundo e, principalmente, do novo mundo
a ser registradas de forma escrita e fotográfica. (PIRES, op. cit.).
No mês de agosto do ano supracitado iniciou- Para situar o turismo, e a partir dele o próprio
se a etapa da investigação com entrevistas ecoturismo, como um fenômeno de viagem
realizadas com os participantes da pesquisa na com larga abrangência e repercussão eco-
APA Algodoal-Maiandeua e, posteriormente, nômica e social, haverá de se remeter a uma
as perguntas e respectivas respostas mais rele- perspectiva histórica mais contemporânea,
vantes para o tema em pesquisa foram analisa- precisamente ao contexto surgido após o
das, comentadas e representam a demanda final da Segunda Guerra Mundial, quando a
real por instalações (eco) turísticas. sociedade civil passa a incorporar os processos
tecnológicos nas comunicações e nos trans-
3. O ecoturismo e suas nuances portes. A partir daí a emergência de amplos
através de instalações físicas segmentos sociais que também passaram a
O sentimento de nostalgia e a curiosidade ter acesso aos bens de consumo, entre eles as
em relação às regiões longínquas sempre viagens, que começavam a ser proporciona-
estiveram entre as necessidades básicas e dos através do desenvolvimento econômico
imediatas do ser humano. Para Pires (2002), de larga escala que então se verificava.
em todas as épocas, a história da humani-
Entre os fatos históricos e o processo
dade está pontuada de iniciativas que dão
de desenvolvimento da atividade turística, per-
conta do interesse humano pela natureza,
cebe-se uma ampla relação, quando, então,
não apenas como retratam as fases históri-
essa atividade é tratada como um produto, até
cas da civilização e do desenvolvimento da
a fase de reflexão sobre suas conseqüências
humanidade referentes à exploração e ao
danosas, principalmente sobre os aspectos
aproveitamento, mas também no sentido de
naturais. Dessa forma, é válido e oportuno citar
seu desfrute pessoal com benefícios físicos,
a seguinte afirmação:
culturais, psicológicos e espirituais. Essas inicia-
O ecoturismo surgiu como uma possível
tivas, em suas essências, permitem tomá-las
ferramenta de conservação contrapon-
como antecedentes remotos do que atual-
do-se ao turismo de massa, incentivado
mente se concebe como turismo na natureza Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
de forma direta e/ou indireta pelos
ou de natureza, em meio à ampla gama de movimentos de esquerda, hippies e am-
motivações de viagem e às tipologias de bientalistas, durante as décadas de 1960
e 1970, tendo maior repercussão a partir
turismo conhecidas atualmente.
da Conferência de Estocolmo, no ano
Registros notáveis do ponto de vista de sua de 1972, e, posteriormente, na Rio-92
influência civilizatória, numa perspectiva his- (Nóbrega, 2007, p.53).
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senvolvimento sustentável, ligado intimamente confluência dos fatores ambientais e
ao ecoturismo. antrópicos. O objetivo é a integração do
visitante com o meio natural e humano, e
A clara opção do turismo na natureza pelo a população local participa dos serviços
uso e consumo turísticos dos recursos naturais prestados aos turistas. O ecoturismo prio-
e o amplo sentido que essa expressão denota riza a preservação do espaço natural em
que é realizado e seu projeto contempla
fazem com que exerça uma ascensão concei-
a conservação antes de qualquer outra
tual sobre o termo ecoturismo, considerado por
atividade. O termo “ecoturismo” está
alguns autores como um tipo especial de turis- estreitamente vinculado ao conceito
mo na natureza. As controvérsias sobre a corre- de turismo verde, não sendo incorreta
a identificação. A diferença, mais que
ta utilização da terminologia e a interpretação
conceitual, é histórica, no sentido de que
de seu significado são amplamente constata-
turismo verde é uma terminologia anterior
das, a partir do próprio meio acadêmico, até ao ecoturismo e atualmente muito menos
porque, muitas vezes, são nos conceitos que os utilizada (Pires, 2002, p.104).
conflitos e problemas gerados na dinâmica dos No contexto europeu, as bases e princípios
acontecimentos e na profusão de realidades inspirados no paradigma do desenvolvimento
que os envolve vão desembocar, em busca de de bases sustentáveis, a partir dos quais o turis-
respostas e orientações supostamente isentas mo rural deve se desenvolver, o identifica com
e soberanas. a concepção atual do próprio ecoturismo e
Pires (2002) afirma que as ambigüidades e parte da premissa, seus elementos básicos, de
interpretações equivocadas em torno dos con- que deve harmonizar os interesses do turismo,
ceitos de ecoturismo no Brasil, por exemplo, se do meio ambiente e das comunidades locais
verificam em ocasiões diversas corriqueiramen- e ter como referência os princípios a seguir
te, como em eventos profissionais promovidos (WWF-Brasil, 2003):
pelo trade turístico, na promoção e marketing 1. Utilização dos recursos de maneira susten-
de produtos, no front operacional, na mensa- tável;
gem e nos documentos oficiais, assim como
2. Ações para revitalizar as economias locais;
no meio acadêmico, que apenas agora está
3. Projetos e gestão de qualidade;
despertando para o devido tratamento dessa
questão. Esse tipo de abordagem é, então, ma- 4. População local integrada;
téria recente e qualquer iniciativa no sentido de 5. Não massificação, baixo impacto e susten-
estabelecer postulados rígidos ou conceitos e tabilidade, por meio de desenvolvimento
definições pretensamente definitivas incorrerá planejado e controlado. Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
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determinados segmentos dessa atividade, ambiental para promover a interpretação da
como por exemplo, o ecoturismo. natureza, além da melhor demarcação das
de um determinado grupo de turistas e onde que não poluam visualmente o ambiente e que
esses modos de vida servem como parâmetro transmitam a mensagem de forma planejada,
para o DS, intervindo na crise ecológica que vi- constituindo uma forma rápida de informação
garantir um controle sobre o meio ambiente. auto-guiadas devem ser cuidadosamente pré-
estabelecidas e planejadas para que o turista
Para a WWF (2003), o princípio da viabilida-
consiga se deslocar, conhecer, compreender
de ambiental, segundo o qual o ecoturismo
e perceber o meio natural visitado (Hanai; Silva
deve ser desenvolvido com o controle dos
Neto, op. cit.).
impactos, de forma a não gerar danos irrever-
síveis ao local visitado, inclusive como forma de A ausência de instalações turísticas em
não comprometer o próprio negócio, subsidia Áreas de Proteção Ambiental que permitam a
via, controlar o impacto de visitação em áreas atributos por meio da interpretação do meio
naturais é um enorme desafio que, contudo, ambiente faz com que muitos visitantes levem
não deve ser menosprezado. Assim, proble- seus hábitos urbanos e requisitem o ambiente
humana exigem uma postura preventiva para atividades habituais de lazer, considerando-o
equilibrar o uso, e pró-ativa, de maneira que a apenas como cenário para suas necessidades.
experiência depende da capacidade senso- lações físicas adequadas nas áreas naturais e
rial. Nos espaços naturais de visitação é possível em suas proximidades são fundamentais para
sons, olhando por outras referências, aguçan- apropriadas devem ser aplicados a fim de
minimizar o impacto sobre o meio ambiente, Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
do a visão, sentindo cheiros, percebendo as
variações de temperatura e umidade etc. É fornecer certo grau de auto-suficiência funcio-
necessário que as atividades de conscienti- nal e contribuir para a melhoria da qualidade
zação comecem desde o início da visitação, da experiência do visitante.
ainda na entrada do espaço turístico, pois o Os turistas atuais são física e intelectual-
contato inicial com ambientes naturais através mente mais ativos, cada vez mais se tornam
de placas informativas e interativas favorece sensíveis às questões do meio ambiente e às
uma mudança de comportamento, catalisan- questões sociais, procurando visitar destinos tu-
do atitudes positivas no meio visitado (Hanai; rísticos bem projetados e evitando aqueles mal
Silva Neto, 2006). planejados que tenham problemas ambientais
No caso de trilhas e roteiros auto-guiados a e sociais. Quando não há infra-estrutura ou
locais naturais, onde as visitas são realizadas programas de visitação, o turista desvaloriza
sem condutores, há a necessidade de elabo- o aproveitamento e a apreciação da área
ração do sistema de sinalização e de interação visitada e do local turístico.
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Infere-se que o comportamento dos visi- ambiental para identificação da flora e
tantes em locais e atrativos naturais esteja outros aspectos curiosos (árvores, plantas,
relacionado diretamente à existência de ins- tocas de animais, etc.).
talações específicas de turismo: as instalações 2. Instalações que minimizam os impactos am-
ecoturísticas, que permitem a oportunidade de bientais físicos das atividades de visitação:
observação, de aprendizado e de conserva- controlam as ações de impactos dos turistas
ção dos espaços naturais, propiciando expe- sobre a área natural visitada, mitigando os
riência íntima e de cumplicidade do visitante efeitos negativos, como: pisoteio e compac-
com a natureza, estimulando a percepção, tação do solo, erosão em trilhas, ampliação
a sensibilização e possíveis reflexões sobre o de trilhas e caminhos secundários; acesso
ambiente visitado. e destruição de ambientes frágeis. Exem-
Pelo fato das instalações ecoturísticas serem plos: passarelas, decks de contemplação,
estruturas de intervenção em frágeis ambientes demarcação de trilhas; contenção de
naturais, mesmo com o objetivo de conser- barreiras, canais de drenagem.
vação do ambiente de visitação, modificam 3. Instalações que proporcionam maior fa-
a paisagem e as características espaciais cilidade de acesso e segurança física ao
naturais. Desta forma, torna-se necessário a visitante: promovem maior facilidade de
adequação do projeto, pois, segundo Ander- acesso e segurança dos visitantes aos lo-
sen (1999, p.202), “ainda hoje, infelizmente, cais naturais. Exemplo: trilhas demarcadas,
muitas das instalações supostamente voltadas pontes, passarelas, corrimões, meios de
para o ecoturismo são grosseiras intromissões
sinalização, placas indicativas, escadas,
na paisagem”.
parapeitos.
As instalações ecoturísticas têm funções de
Instalações adequadas no local de visi-
facilitar a prática de atividades turísticas em
tação permitem ao turista perceber que a
ambientes naturais, uma vez que são constru-
visita é algo fora do usual, torna mais rica a
ções especiais que permitem melhor qualidade
experiência e converte-se em oportunidade
de experiência aos visitantes e diminuem os
preciosa de aprender a valorizar e a sentir a
efeitos dos impactos da visitação. Segundo
natureza. Buscam também mitigar o problema
Hanai e Silva Neto (2006), decorrentes de suas
da súbita popularização do turismo (turismo
funções principais, as instalações ecoturísticas
em massa) em áreas naturais, preparando
podem ser de três tipos:
adequadamente o ambiente para visitação
Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
1. Instalações que propiciam melhor qualidade mais controlada.
da visitação e experiência estimulante dos
turistas na natureza: permitem a compreen- 4. Caracterização da área
são do local visitado pela interpretação am- estudada e reflexões acerca das
biental e, conseqüentemente, possibilitam a instalações (eco) turísticas na
sensibilização e conscientização ambiental, APA Algodoal-Maiandeua
propiciando a desejável integração dos As Áreas de Proteção Ambiental apresen-
visitantes nos espaços naturais. Exemplos: tam como objetivo básico, proteger a diversi-
sistema de trilhas; placas informativas e pai- dade biológica, disciplinar o processo de ocu-
néis educativos (estabelecendo claramente pação e assegurar a sustentabilidade do uso
as regras de comportamento e orientando dos recursos naturais e culturais. Respeitados os
o visitante na apreciação da natureza); limites constitucionais, podem ser estabelecidas
mirantes; espaços para atividades educa- normas e restrições para a utilização de uma
tivas; placas e materiais de interpretação propriedade privada localizada em uma APA.
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As condições para a realização de pesquisa nº 5.621, de 27 de novembro de 1990, é subor-
científica e visitação pública nas áreas sob do- dinada administrativamente ao município de
mínio público serão estabelecidas pelo órgão Maracanã, localizado na Amazônia Atlântica,
gestor da unidade. Nas áreas sob propriedade litoral nordeste do estado do Pará. Segundo a
privada, cabe ao proprietário estabelecer as Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
condições para pesquisa e visitação pelo públi- Estatística (IBGE), é constituída por duas ilhas
co, observadas as exigências e restrições legais denominadas Algodoal e Maiandeua, porém,
(Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000). as comunidades residentes consideram que
A Área de Proteção Ambiental Algodoal- seja apenas uma ilha denominada Maiandeua,
Maiandeua, criada por meio da Lei Estadual sendo a principal vila chamada de Algodoal.
As ilhas de Algodoal e Maiandeua situam-se abrangendo uma área de 2.378 ha, sendo 385
no litoral nordeste do estado, na microrregião ha da ilha de Algodoal, contendo a vila de
geográfica do Salgado, entre as coordenadas Algodoal, a praia da Princesa e uma área com
geográficas aproximadas de 00º 34’ 45’’ a 00º mangues, restingas e dunas; e 1.993 ha da ilha
37’ 30” de Latitude Sul e 47º 32’ 05’’ a 47º 34’ 12” de Maiandeua, onde se localizam os vilarejos
de Longitude (W.Gr.); limitam-se com o oceano de Fortalezinha, Mocoóca e Camboinha e as
Atlântico ao Norte, com o furo do Mocooca ao localidades de Camaleão, Passagem e Pedra
Sul, com o rio Maracanã a Leste e com o rio Chorona, assim como praias e uma vasta área
Marapanim a Oeste. Elas estão separadas por de mangue, além de áreas de terra firme com
um furo intermitente denominado “furo Velho”, vegetação alterada (Lobato, 1999).
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Para se chegar à Algodoal via Marudá, o Instalações mais adequadas para a prática
percurso é de 160 km, com saída de Belém e do ecoturismo ou (eco) turísticas são raras na
mais uma travessia de barco de aproximada- APA Algodoal-Maiandeua. Portanto, as insta-
mente 40 minutos. Já o acesso via Maracanã lações disponíveis em toda a unidade de con-
é mais longo, pois, com saída de Belém, a servação se propõem a subsidiar o turismo hoje
viagem é de aproximadamente 3 horas pela praticado naquela área, o qual se manifestou
estrada, tempo necessário para fazer o per- já há algumas décadas e se expandiu de ma-
curso de 170 km. neira acelerada e voltada basicamente para
pelo estabelecimento de ecossistemas di- centros urbanos como Belém, São Paulo e até
versificados e com limitações que devem ser mesmo de outros países, bem como da própria
recursos naturais ali existentes. Isso se deve ao A acelerada expansão do turismo continua-
fato de serem áreas transicionais submetidas rá em altas taxas, segundo expectativas de
à interação de processos continentais, mari- Molina (2001) e da WWF-Brasil (2001), e haverá
nhos e atmosféricos extremamente dinâmi- significativo acréscimo no volume de viagens
cos. A costa paraense apresenta morfologia voltadas para o relacionamento do homem
peculiar, dada sua localização geográfica e com a natureza, tendendo para o crescimento
processos hidrodinâmicos, caracterizada por exponencial do número de pessoas que visitam
um complexo sistema de estuários em que parques e áreas naturais. Porém, sabe-se que a
coexistem ambientes dominados por marés atividade turística não planejada provoca uma
e ondas, onde a maioria encontra-se isenta crescente, intensa e constante pressão sobre os
de ações antrópicas com impacto ambien- espaços naturais utilizados como atrativos, bem
tal significativo. Devido à costa paraense como sobre o patrimônio histórico e cultural de
se apresentar extremamente recortada, em uma dada área.
função da presença de complexos sistemas O conceito de capacidade de carga e os
estuarinos dominados por macro marés, essa impactos da visitação em áreas naturais estão
configuração levou Barbosa e Pinto (1973) a associados a dois tipos de relações: Homem-
defini-la como “costa de rias”. Homem e Homem-Ambiente. Este conceito
Contudo, o alto potencial para variados leva aos seguintes tipos de capacidade de im-
tipos de uso, a carência de mapeamento geo- pactos: capacidade material (condições dos Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
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com outros indivíduos interferem nos objetivos dos animais), com procedimentos construtivos
psicológicos do visitante que busca na viagem de mínimo impacto. As construções de ins-
tranqüilidade e contato com a natureza, pode talações ecoturísticas devem se adaptar às
ocorrer esta sensação (Takahashi, 1998). condições do ambiente natural com design
Muitos dos atores que residem ou utilizam coerente e soluções arquitetônicas harmô-
aquele espaço geográfico não observam nicas, simples e interessantes, que evitam os
visitação, como, por exemplo, marcas e ves- visual dos espaços naturais.
tígios humanos nos locais naturais, e também Para a construção das instalações ecotu-
não vêem estas alterações como danos. rísticas sugere-se o uso de materiais e maté-
Além disso, a grande maioria dos visitantes rias-primas regionais, que devem ser duráveis
não deixa de ter uma experiência menos e de procedência ambientalmente correta.
satisfatória por causa do dano ou muda seu A concepção adequada e conveniente de
comportamento. padrões construtivos das instalações ecotu-
Os visitantes devem perceber que a pre- rísticas deve contemplar conceitos culturais,
visitados, principalmente dos espaços naturais em sintonia com a natureza. Deve prever e
conservados, da mesma forma que a existên- contemplar, também, os usos atuais e poten-
cia de outros visitantes influencia na qualidade ciais dos espaços naturais e capacidade de
Assim, Hanai e Silva Neto (2006) recomen- deve considerar e prever mudanças ambien-
dam que estudos de concepção de projetos tais decorrentes de processos naturais no local
devam ser realizados para definir os tipos e de implantação das instalações ecoturísticas
ração da população local e do visitante com natural de recursos hídricos). Nesses projetos
adequado nos espaços atrativos naturais; são, a função de interpretação dos recursos
naturais existentes nos percursos, minimização Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
e provoquem a percepção, interpretação
e conscientização ambientais. O estudo, de largura, traçado que evite o avanço sobre
planejamento e projeto de instalações eco- ambientes frágeis, ou que perturbe a vida
turísticas deverá levar em consideração as animal ou vegetal (Hanai; Silva Neto, 2006,
técnicas e materiais alternativos, os conceitos p.217).
construtivos culturais do local, o custo baixo, O projeto de instalações ecoturísticas deve
a arquitetura e estruturas ambientalmente contemplar elementos e aspectos que garan-
integradas aos espaços naturais e em sintonia tam a segurança individual e conjunta dos
com a natureza. visitantes em espaços naturais perigosos. O
As instalações ecoturísticas devem respeitar projeto deve contemplar ainda, a possibilidade
e se adequar às fragilidades ecológicas da e a viabilidade de acesso a deficientes físicos
área, adaptando-se as construções às carac- aos espaços naturais de visitação, necessi-
terísticas naturais da região (ciclos naturais, tando para isso de instalações ecoturísticas
variações sazonais, hábitos e comportamentos adaptadas a funções especiais.
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Gestão ambiental em unidades de conservação: reflexões e proposta acerca das instalações (eco) turísticas na Área de Proteção Ambiental Algodoal-Maiandeua, Maracanã-Pará
As instalações ecoturísticas são meios para para que se promova uma efetiva conserva-
promover a percepção e interpretação am- ção da natureza.
biental, podendo influenciar diretamente no Assim, apesar da maioria dos entrevistados
comportamento dos visitantes. Essas instala- do trade turístico afirmar que utiliza instalações
ções permitem a oportunidade de observação, ecoturísticas em seus empreendimentos, ob-
de aprendizado e, conseqüentemente, de servou-se que grande parte destas instalações
conservação dos espaços naturais, propician- são meramente construções voltadas para a
do experiência íntima e de cumplicidade da atividade turística convencional, como por
população local e do visitante com a natureza, exemplo, quartos, suítes, chalés, entre outros,
influenciando em suas atitudes. Além disso, que foram mencionados como instalações
podem diminuir os possíveis impactos ambien- ecoturísticas, onde até mesmo o próprio em-
tais físicos e proporcionar melhor manejo das preendimento como um todo é considerado
atividades de visitação em áreas naturais, pelo seu proprietário como uma instalação
oferecendo uma preciosa oportunidade de ecoturística. Essa verificação pode ser consta-
despertar o homem para a necessidade de tada, também, pelas afirmações dos turistas,
se valorizar e sentir a natureza. nas quais a maioria declara não existir tais
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Figura 4 – Local de relaxamento e contemplação denominado “gazebo”
• Para o trade turístico, instalações dessa na- tal importância para a proteção da APA
• Para o turista, além de proporcionar segu- É grande o número de teóricos que con-
rança, maior conhecimento a respeito da cordam que o verdadeiro ecoturismo deve
flora, da fauna e da cultura local, essas oferecer benefícios socioeconômicos com
facilidades também despertam a per- participação da população e proporcionar
cepção do visitante, conscientizando-o e o bem-estar dos envolvidos com a atividade,
comprometendo-o a realizar uma visitação na qual estão presentes elementos como:
mais responsável, com menos impacto compromisso e conservação da natureza,
possível, pois permitirão uma percepção respeito e valorização das culturas tradicionais,
maior e mais apurada do grau de inter- preservação dos hábitos e costumes da comu-
ferência negativa que poderia causar nidade receptora, experiência interpretativa
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do ambiente, prática de educação ambiental bilitação ambiental, bem como, mais recen-
e formação de consciência ambientalista e temente, por meio das pesquisas realizadas e
responsabilidade social. apoiadas em bases científicas referenciadas
neste trabalho, foi assegurado um suporte que
5. Considerações finais permitiu a construção dessa proposta, pois, de
Tomando como referência o principal acordo com Lindberg e Hawkins (1999), insta-
objetivo deste trabalho, foi possível identificar lações físicas adequadas nas áreas naturais
propor as mais adequadas à Área de Proteção instalações adequadas devem ser aplicados,
za-se a recomendação feita por Hanai e Silva biente, fornecer certo grau de auto-suficiência
Neto (2006), de que estudos de concepção funcional e contribuir para a melhoria da qua-
vações, corroboradas pelas entrevistas, que rantes; espaços para atividades educativas;
onde as mais comuns são instalações para curiosos (árvores, plantas, tocas de animais,
hospedagem, bem como instalações relati- etc.). Além disso, sugerem-se instalações que
vas a bares e restaurantes. Instalações mais minimizem os impactos ambientais físicos das
instalações (eco) turísticas são raras na APA cks de contemplação, demarcação de trilhas;
Algodoal-Maiandeua. Logo, a grande maioria contenção de barreiras e canais de drenagem. Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
das instalações disponíveis em toda a unidade Finalmente, acredita-se que são fundamentais
de conservação se propõe a subsidiar o turismo instalações que proporcionem maior facilidade
hoje praticado naquela área, o qual se mani- de acesso e segurança física ao visitante, como
festou já há algumas décadas e se expandiu de por exemplo: trilhas demarcadas, pontes, pas-
maneira acelerada e voltada, basicamente, sarelas, corrimões, meios de sinalização, placas
para a geração de trabalho e renda de um indicativas, escadas e parapeitos.
número significativo de “forasteiros” provenien- Entretanto, é de fundamental importância
tes de centros urbanos como Belém, São Paulo, ressaltar que, de acordo com Hanai e Silva
e até mesmo de outros países, bem como da Neto (2006), o estudo, planejamento e projeto
própria população local. de instalações ecoturísticas deverá levar em
Nesse contexto, com os conhecimentos consideração as técnicas e materiais alter-
adquiridos a respeito do gerenciamento de nativos, os conceitos construtivos culturais do
maneira geral e, especialmente, com a ha- local, o custo baixo, a arquitetura e estruturas
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ambientalmente integradas aos espaços na- de America del Sur. Caracas: Editorial Nueva
turais e em sintonia com a natureza. Sociedad/UICN, 1992.
Pelo exposto, a principal mensagem pro- AMEND, S. Parque Nacional El Ávila. Caracas:
posta nesse trabalho permite entender que GTZ-Instituto Nacional de Parques, 1991.
todos os seus componentes, cujo objetivo é a ANDERSEN, D.L. Uma janela para o mundo na-
natural, onde as pessoas ocupam um lugar In: LINDBERG, K.; HAWKINS, D.E. Ecoturismo:
privilegiado e junto com os seus semelhantes um guia para planejamento e gestão. São
pressuposto é a existência de uma política am- BASTOS, M.N.C. Caracterização das formações
biental no contexto do exercício da cidadania vegetais da restinga da Princesa, ilha de
de todos os membros da sociedade. Portanto, Algodoal-Pará. Tese (doutorado), Universi-
ressalta-se que a gestão ambiental é o ato de dade Federal do Pará/Centro de Ciências
administrar, de dirigir ou reger os ecossistemas Biológicas. Belém. 1996. 261p.
naturais e sociais em que se insere o homem, ______ (Org.). Alterações ambientais na ve-
em um processo de interação que atenda ao getação litorânea do nordeste do Pará. Márcia Joana Souza Monteiro e Wilker Ricardo de Mendonça Nóbrega
desenvolvimento das atividades humanas, In: PROST, M.T.; MENDES, A.C. (orgs.). Ecos-
à preservação dos recursos naturais e das sistemas Costeiros: Impactos e Gestão
características essenciais do entorno, dentro Ambiental. Belém: Museu Paraense Emílio
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