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2 – Objetivos da experiência 04
4 – Contextualização 08
5 – Justificativa 09
6 – Resultados 13
7 – Avaliação 14
8 - Anexos
8.1 – Fotos 15
8.2 - Notícias na internet 22
8.3 - Reportagens publicadas em jornais e revistas 26
8.4 - Textos apresentados em congressos e publicados em revistas, 30
fruto do trabalho realizado com quadrinhos.
8.5 – CD-Room do I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino
(cópia)
8.6 – DVD do II Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino (cópia)
3
1 – Projeto Gibiteca na escola
Ter uma gibiteca numa sala de aula não é uma novidade, mas ter uma gibiteca em
uma escola, com espaço próprio e com autonomia para desenvolver pequenos
projetos escolares é o que faz do nosso empreendimento um diferencial, tanto na
escola, quanto na nossa cidade. Temos um acervo variado, com cerca de 3300
exemplares, superando acervos existentes em bibliotecas e gibitecas públicas de
outras partes do Brasil.
4
2 – Objetivos da experiência
Nosso projeto começou com um objetivo bem simples: estimular a leitura entre os
alunos do Ensino Fundamental.
Com o tempo, outros objetivos foram sendo incorporados, dada à proporção que o
projeto alcançou:
A gibiteca atende a toda a escola, mas tem seu trabalho voltado especialmente para
as séries avançadas do ensino fundamental. A justificativa para isto é bem simples:
os professores das séries iniciais já usam quadrinhos. Nas séries avançadas, os
quadrinhos não eram explorados, algumas vezes por preconceito, outras por
desinformação. Os alunos do 8º e 9º ano já não tinham mais tanto interesse por este
ou qualquer outro tipo de leitura. Então, quebrar esta resistência se tornou uma
forma de ampliar as possibilidades de trabalho dentro da escola.
Entre os professores, tivemos várias experiências com quadrinhos que deram certo.
A professora Roseane Peres Rocha decidiu tornar as avaliações de matemática
mais interessantes para os alunos da 6º ano do Ensino Fundamental. Ela utiliza
tirinhas da Turma da Mônica para montar problemas matemáticos desafiando os
alunos a fazerem o mesmo. Para a professora, o uso dos quadrinhos nas atividades
desperta a atenção dos alunos que, inclusive, preocupam-se com pequenos
detalhes quando preenchem os balões: "Eles colocam a fala errada do Cebolinha e
sublinham as palavras que estão erradas”.
Outra professora que investiu nos quadrinhos foi Mary Ângela Carraro Dibo, que
trabalha com a disciplina língua portuguesa. Preocupada com os péssimos
resultados dos alunos do 7º ano, nas primeiras avaliações do 2º bimestre de 2007 –
notadamente erros de ortografia e interpretação – a professora decidiu mudar a
rotina das suas aulas. Uma vez por semana, dividia os alunos em dois grupos. Uma
metade fica na biblioteca e a outra é encaminhada à Gibiteca, sendo que em cada
semana os grupos se alternam. Lá os alunos faziam uma aula de leitura livre. O
resultado foi uma melhora no desempenho dos alunos nas aulas e nas avaliações.
Muito além da leitura, muito mais do que um espaço físico, com prateleiras e caixas
cheias de revistas em quadrinhos, a Gibiteca representa uma mudança de
mentalidade, uma mudança na forma de se elaborar avaliações, de preparar aulas,
de trabalhar em equipe. O projeto gibiteca tem estimulado professores a
compartilharem saberes, a dividirem idéias e a se valorizarem enquanto profissionais
do ensino. A cada artigo publicado, a cada comentário feito em rádio ou jornal
impresso sobre o projeto, mais os professores se sentem sujeitos do processo
educativo, mais ativos, mais valorizados.
8
4 –Contextualização
A Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado localiza-se no Bairro Bela Vista, na
cidade de Leopoldina, Minas Gerais. Trata-se de um bairro de periferia onde
encontramos muitas famílias com baixa renda, sendo comum o número de filhos
ultrapassar o número de quatro crianças.
Nossa escola é uma escola com poucos recursos e onde o problema da leitura e da
escrita é muito grave. Nossos alunos vêm de realidades diversas, muitos de famílias
desestruturadas, pobres e sem condições de ter livros ou mesmo revistas em
quadrinhos em casa. Alguns vêm da zona rural e não têm acesso à biblioteca.
Incentivar a leitura na escola é uma forma de não excluí-los.
Mas mesmo com pouco espaço e com o prédio necessitando de reparos, o projeto
de se criar uma gibiteca foi muito bem aceito pelos professores da nossa escola. É
claro, alguns se sentiram incomodados em ter que rever alguns de seus hábitos
antigos de ensino; outros sentiram-se motivados e desafiados. O importante é que o
projeto trouxe algo de novo: uma maior participação da comunidade escolar. Alunos,
professores e pais de alunos entendem a gibiteca como um ganho, uma vitória para
a comunidade. A gibiteca se tornou um ambiente de inclusão.
A escola pública não exclui por incompetência intelectual, mas porque faz parte da
sua constituição. Nossa escola foi concebida como um instrumento de força, de
poder pelas nossas elites. Talvez não possamos nunca romper totalmente com esse
paradigma, mas creio que podemos fazer da escola igualmente um espaço de
reação, através de um ensino voltado para o desenvolvimento e valorização do
indivíduo, do sujeito histórico. É possível transformar, mudar esse quadro de
exclusão ou, na pior das hipóteses, tentar minimizá-lo. Acreditamos que a leitura é
uma ponte para esta transformação.
9
5 – Justificativa
Há algum tempo, o papel do professor das séries finais do ensino fundamental era
limitado a desenvolver o conteúdo com o qual trabalhava na sala de aula – história,
geografia, matemática, ciências, etc. –, sem se preocupar com algo fundamental: a
leitura e a interpretação. Estas eram habilidades que deveriam se desenvolvidas tão
somente nas aulas de português e literatura. No entanto, temos hoje uma realidade
muito mais complexa: nossas crianças e jovens lêem pouco e geralmente são
incapazes de compreender o que estão lendo.
Embora não sejam consideradas por alguns especialistas uma forma de literatura,
as HQs são um tipo de leitura que se popularizou no Brasil e em todo o mundo no
último século. A comunhão entre imagem e texto torna sua leitura mais agradável,
além de ajudar as crianças, e mesmo os leitores mais velhos, a desenvolverem
habilidades de interpretação bem avançadas, uma vez que não se interpreta apenas
os símbolos gráficos, mas também as imagens. Outra vantagem das HQs é o fato de
poderem ser adaptadas a todos os conteúdos, mesmo aqueles aparentemente
improváveis, como matemática, física ou química.
1
CARVALHO, DJota. A educação está no gibi. Campinas/SP: Papirus, 2006. p. 38-39.
2
Disponível em: http://gibitecacom.blogspot.com/2007/09/mec-prepara-nova-remessa-de-
quadrinhos.html, capturado em 30 de setembro de 2007.
3
Disponível em: http://www.jornal.ufrj.br/jornais/jornal26/jornalUFRJ2622.pdf, capturado em: 04 de
agosto de 2007.
11
Um outro ponto positivo para os quadrinhos é que sua leitura pode ser realizada de
uma forma diferente da do livro. Há uma grande probabilidade de que uma HQ seja
lida e relida várias vezes. Esta releitura geralmente obedece a ritmos diferentes,
tornando-se, em geral, mais lenta e presa aos detalhes.
O estudante deve aprender a trabalhar as informações que adquire através da
leitura. Usar os quadrinhos como uma forma de expressão do aluno que, desafiado
a exercitar sua capacidade criativa, acaba por criar seu próprio conhecimento. As
HQ’s ajudam os estudantes a compreender melhor o conteúdo estudado em sala de
aula. A informação, quando transformada em História em quadrinhos, é
compreendida numa velocidade maior, tanto que é cada vez mais freqüente o uso de
tirinhas ou fragmentos de histórias em quadrinhos em livros didáticos.
É claro que os problemas do ensino não vão se resolver com o uso dos quadrinhos.
O trabalho com a leitura é gradativo e se dá um passo de cada vez. Cada aluno tem
seu tempo de aprender e não são as necessidades ou as imposições de metas que
irão mudar isto. No entanto, este aprendizado pode receber um estímulo a mais
através dos quadrinhos. Citando Cabrini:
A Gibiteca é um apoio para o professor que deseja diversificar as suas aulas. Ela
não garante por si só o êxito do aluno, mas ela fornece a ele a possibilidade de
ampliar seus horizontes e de desenvolver sua capacidade de ler. Por outro lado, ela
também age diretamente na auto-estima dos professores. Eles passam a dar mais
valor ao seu trabalho e a se sentirem também valorizados. O professor redescobre o
prazer da leitura e, também, o prazer de ser um profissional do ensino, um educador.
4
SANTOS, G.M.M. et al. Desenvolvimento de Histórias em Quadrinhos, uma importante ferramenta
didático-pedagógica em ações de Educação Ambiental. In: FÓRUM BRASIILEIRO DE EDUCACAO
AMBIENTAL, 5., 2004, Goiânia. Resumos... Goiânia: UFG, 2004.
5
CABRINI, Conceição et alii. O Ensino de História: revisão urgente. 5. ed. São Paulo: Brasiliense,
1994, p.32
12
como Rui Barbosa e Gilberto Freire, só para citar alguns, foram ávidos leitores de
quadrinhos e os defendiam como uma forma saudável de leitura e como formadora
de bens leitores.
13
6 – Resultados
Nossos alunos passaram a ter mais interesse pela leitura e nos cobram,
constantemente, o direito de pegar mais gibis emprestados, de ficar mais tempo na
gibiteca. De uma forma geral, podemos citar como alguns dos resultados desta
experiência de trabalho:
- o uso dos quadrinhos deslocou-se das aulas de língua portuguesa para outros
conteúdos: professores de matemática, ciência, geografia e inglês passaram a
utilizar quadrinhos e reconhecem que eles prendem mais atenção dos alunos e
ajuda na sua aprendizagem;
De ano para ano são feitos ajustes com base nas sugestões dadas pelos alunos,
pelos professores. Observando o funcionamento da gibiteca e os problemas que
surgem diariamente (com conservação e organização do acervo, empréstimos,
horários de trabalho) vou fazendo mudanças e adaptações. Os professores são
chamados a participar e tem liberdade de criação.
Pela avaliação do IDEBs, 2005, 2007, referente a nossa escola e E. M. Judith Lintz
Guedes Machado, mostra uma melhora nos nossos índices.
No que toca a leitura, pudemos perceber que os nossos alunos estão buscando a
uma diversificação dos gêneros de quadrinhos, o que comprava um interesse maior
em conhecer outros tipos de leitura, como pode ser verificado na tabela abaixo,
relativa aos empréstimos realizados no ano de 2007:
Alunos do 9º ano (na época 8ª série) separando as doações recebida pela gibiteca,
em outubro de 2006.
16
8.2.1 – Gibiteca.Com
Tudo começou com uma pequena sala. Com a colaboração de alunos da 8ª série,
em 2006, um depósito foi disponibilizado para o projeto. Os alunos carregaram
livros, arrumaram estantes, fizeram a limpeza e teve inicio a Gibiteca.
"Porque aprendi muito lendo quadrinhos. Foi praticamente uma das primeiras coisas
que li, mesmo minha família não podendo comprar. Eu lia na casa dos meus primos,
na Biblioteca Pública. Acho que sou uma boa leitora porque lia muito quadrinhos",
afirmou.
A Gibiteca conta com um blog dos mais bacanas, atualizado com notícias do espaço
e informações em geral sobre quadrinhos. Para conhecer, clique aqui.
Olá Amigos
Caros amigos e leitores do Caldeirão de Idéias hoje vamos falar e apresentar um
dos blogs mais legais do "pedaço". Trata-se da Gibiteca.Com da minha amiga de
lista a Natania Nogueira - professora e historiadora que criou o Projeto Gibiteca na
Escola Municipal Judith Lintz Guedes Machado, Leopoldina (MG) e a idealizadora
dos I e II Seminários sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino, outro grande sucesso.
O blog Gibiteca.Com tem por objetivo divulgar textos e idéias referentes ao uso de
HQs (Histórias em Quadrinhos, gibis ou banda desenhada) nas escolas, oferecer
sugestões de leitura e relatar experiências relacionadas ao Projeto Gibiteca.
Para quem ainda não se convenceu se o projeto e viável, vejam só o blog já atingiu
a fantástica marca de 50.000 mil acessos. Além do Gibiteca.Com ela mantem outro
blog igualmente fantástico, o Brasil: História e Ensino. Este blog e destinado a seus
trabalhos sobre a História de Leopoldina, sobre História do Ensino e Educação.
Fonte: http://www.universohq.com/quadrinhos/2008/n08052008_05.cfm
O objetivo é mostrar aos nossos professores que eles podem utilizar este recurso
para tornar o ensino mais prazeroso, e que a leitura é a chave para o
desenvolvimento do aluno na escola.
Introdução
Nas próximas linhas vamos mostrar como uma gibiteca pode mudar a rotina de uma
escola, a forma como ela pode integrar alunos, professores e funcionários em torno
de atividades lúdicas que estimulam a criatividade e abrem as portas para novos
horizontes, novas perspectivas.
O ensino no Brasil não vai bem. É um fato inegável. As novas gerações não estão
“letradas”. Nossos jovens não criaram o hábito da leitura e por isto possuem uma
grande dificuldade em fazer associações, em interpretar textos simples, em
compreender o que pedem os professores, o que está escrito nos livros. Desta
forma a aprendizagem acaba ficando comprometida e o fracasso se não se faz
visível nos índices de retenção escolar, aparece claramente nas avaliações globais
realizadas pelo Estado, devido à incapacidade no ato de ler.
Saber ler e escrever não é simplesmente o ato mecânico de juntar sílabas e emitir
sons. A leitura é uma atividade complexa que exige do leitor a capacidade de
interpretar o texto; de identificar e compreender o contexto no qual ele está inserido;
de identificar idéias e signos nele contidos. Nas palavras de PLATÃO E FIORIN:
7
GONÇALVES, Jussemar Weiss . O campo da história na Escola Pública. In: Qual história? Qual
ensino? Qual cidadania? – Porto Alegre: ANPUH, Ed. Unisinos, 1997p. 77
8
CABRINI, Conceição et. alii. O Ensino de História: revisão urgente.- 5a ed – São Paulo:
Brasiliense, 1994, p.32
31
“Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da
individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de
outra, constrói-se um texto para, através dele, marcar uma
posição ou participar de um debate de escala mais ampla que
está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples
notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem
sempre uma intenção por trás.”9
José Moysés ALVES também tem uma visão positiva a respeito do uso dos
quadrinhos nas escolas, com forma de incentivar o gosto pela leitura. Segundo ele:
9
FIORIN, José Luis, SAVIONI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. 2a edição
– São Paulo: Editora Ática, 1991, p. 13.
10
CALAZANS, Flavio Mario de Alcântara. História em quadrinhos na escola. – São Paulo: Paulus,
2004. p. 11.
11
ALVES, José Moysés. Histórias em quadrinhos e educação infantil. Psicol.cienc. prof. Brasília,
vol..21, num.3, set. 2001. Disponível em: < http://scielo.bvs-
psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-32001000300002&lng=pt&nrm=is>. Capturado
em: 05/02/2006.
32
“... alunos que lêem gibis têm melhor desempenho escolar do
que aqueles que usam apenas o livro didático – entre os
estudantes da 4ª série da rede pública, a HQ aumenta
significativamente a performance do aluno: entre os que
acompanham quadrinhos, o percentual das melhores notas
nas provas aplicadas foi de 17,1%, contra 9,9% entre os que
não lêem. Mais ainda, esta pesquisa mostra que professores
que lêem revistas em quadrinhos obtêm melhor rendimento
dos alunos, pois conhecem melhor o universo dos estudantes
e se aproximam deles usando exemplos deste universo como
paradigma para as aulas. A pesquisa mostra , entre outras
coisas, que , entre os alunos da 4ª série cujos professores
lêem HQs, a proficiência em leitura é mais alta do que entre
aqueles cujos professores não têm o hábito de ler gibis. Na
rede pública, 36% dos alunos de leitores de gibis têm
proficiência média alta e alta, contra 31,5% dos que não
lêem.”12
Uma das vantagens de se trabalhar com histórias em quadrinhos é que elas não
possuem uma faixa etária exata: há quadrinhos para todas as idades, da educação
infantil até a universidade. Na Europa, por exemplo, ensina-se latim usando-se
Asterix. Asterix e outras HQ’s européias são publicadas em latim com esta finalidade
e com uma tiragem relativamente grande. O preconceito que existe com relação aos
quadrinhos é construído em cima da idéia de que eles são coisa de criança ou, em
alguns casos, coisa de menino. Há HQ’s de todos os gêneros e para todos os
gostos. Algumas são adaptações de clássicos da literatura, outras possuem um
argumento tão complexo que são indicadas para adultos com um certo grau de
conhecimento literário.
Como professora de História, tenho feito algumas experiências com o uso de HQ’s
com meus alunos, tanto no Ensino Fundamental, quanto no Ensino Médio. O
estudante deve aprender a trabalhar as informações que adquire através da leitura.
Uso os quadrinhos como uma forma de expressão do aluno que, desafiado a
12
CARVALHO, DJota. A educação está no gibi. – Campinas, SP: Papirus, 2006. p. 38-39.
13
ALVES, José Moysés.Op. Cit. , 2001.
33
exercitar sua capacidade criativa, acaba por criar seu próprio conhecimento. As HQ’s
ajudam os estudantes a compreender melhor o conteúdo estudado em sala de aula.
Os bons resultados obtidos com meus alunos foram a motivação para que um
projeto ainda mais ambicioso fosse então concebido: a criação de uma gibiteca 15.
Não apenas um espaço dentro de uma biblioteca, mas um espaço exclusivo para
armazenar e manusear HQ’s. Propus, então, à diretoria da escola Municipal Judith
Lintz Guedes Machado e aos colegas professores da Educação Infantil e do Ensino
Fundamental que aderissem ao projeto. Por meio da gibiteca, desenvolveríamos
atividades em todas as áreas, incentivando a leitura, a produção de textos e arte por
parte dos alunos. A idéia foi bem aceita e assim nasceu a Gibiteca Escolar.
Criar a Gibiteca foi, antes de mais nada, um exercício de integração. Toda a escola
se envolveu no projeto. Alunos, professores, direção, funcionários da limpeza,
especialistas e funcionários técnico-administrativos. O processo de instalação da
gibiteca durou cerca de um ano. Primeiro conseguimos o espaço físico, depois
começamos a pedir e receber doações de HQ’s. As doações foram feitas por
colecionadores particulares, professores, alunos, gibitecas16 e editoras. Por época da
inauguração, em 11 de maio de 2007, tínhamos um acervo aproximado de 1600
exemplares, em vários formatos e gêneros.
Mas não basta simplesmente criar o espaço na escola, é preciso também mostrar
que ele é funcional e que pode ajudar no trabalho de todos os professores. Por esta
razão organizamos o I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino17. O
Seminário foi organizado pela escola com o apoio da Secretaria Municipal de
Educação, tendo como público-alvo professores da educação infantil e do ensino
fundamental. O objetivo era demonstrar que o uso das histórias em quadrinhos
podia ser um caminho para o processo de ensino/aprendizagem e que elas
poderiam ser usadas em todos os conteúdos, não sendo apenas prerrogativa das
14
SILVA, Diamantino da . Quadrinhos para Quadrados. Porto Alegre; Bels, 1979. p. 106
15
Grosso modo, a gibiteca é um espaço destinado ao armazenamento e divulgação de Histórias em
Quadrinhos, que pode ser público ou não. Nas gibitecas os leitores têm acesso a uma enorme
variedade de quadrinhos (terror, ficção científica, humor, aventura, etc.) e nelas este tipo de material
literário pode receber um tratamento apropriado, que inclui a conservação de exemplares, de
publicação recente, ou aqueles considerados raros. A primeira gibiteca inaugurada no Brasil foi a
Gibiteca de Curitiba, em 1982. A maior gibiteca do Brasil é mantida por um organismo do Estado: a
Gibiteca Henfil. Órgão do Departamento de Bibliotecas Infanto-Juvenis da Secretaria de Cultura do
município de São Paulo, ela foi inaugurada em 1991 e conta com o maior acervo do país, 100.000
exemplares.
16
A Gibiteca da USP, através do professor Waldomiro Vergueiro fez importantes doações para a
Gibiteca Escolar, ainda no ano de 2006.
17
O I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino foi realizado no dia 18 de maio de 2007 e teve a
participação dos professores: Waldomiro Vergueiro (USP), Octavio Aragão (UFES), Arthur Soffiat
(UFF) e Valéria Fernandes (Colégio Militar de Brasília).
34
séries iniciais. O seminário atendeu a 230 professores das redes municipal de
ensino de Leopoldina, pública e privada de Leopoldina..
A Gibiteca é um apoio para o professor que deseja diversificar as suas aulas. Ela
não garante por si só o êxito do aluno, mas ela fornece a ele a possibilidade de
ampliar seus horizontes e de desenvolver sua capacidade de ler. Por outro lado, ela
também age diretamente na auto-estima dos professores. Eles passam a dar mais
valor ao seu trabalho e a se sentirem também valorizados. O professor redescobre o
prazer da leitura e, também, o prazer de ser um profissional do ensino, um educador.
3 – AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS
Aos poucos estão surgindo experiências que vão apresentando bons resultados no
uso dos quadrinhos na sala de aula, através da Gibiteca Escolar da Escola Municipal
Judith Lintz Guedes Machado. Vamos destacar, neste primeiro momento, três
iniciativas. A primeira é a da professora de série inicial Maria de Fátima Alves que
desenvolveu uma pequena oficina de HQ’s com alunos da escola, em diversos
estágios de aprendizagem, que freqüentam dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, para os quais ministra aulas de reforço. São meninos e meninas de
idades variadas com quem ela resolveu fazer um trabalho motivador: estudar sobre
folclore produzindo uma HQ.
19
GIESTA, Nágila Caporlíngua. Histórias em quadrinhos: recurso no ensino e na investigação
educacional In: XIII Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino, Recife/PE. Anais do XIII
ENDIPE, 2006.
36
"Eles colocam a fala errada do Cebolinha e sublinham as palavras que estão
erradas”. Roseane dá uma dica: ela usa os quadrinhos com balões em branco que
ela retira do site http://www.4shared.com/. Ela vai em shearch files e digita a palavra
quadrinhos. Lá ela encontra diversos documentos em word e pdf sobre o assunto e
seleciona o material que usa em suas aulas. A própria professora se sente
estimulada a montar suas atividades. O desafio serve como estímulo para o
trabalho.
4 – As parcerias
20
CALAZANS, Op. Cit. p. 17
37
Faz parte deste projeto a busca de parcerias com membros da comunidade e com
organizações governamentais e não-governamentais. O Projeto Gibiteca tem sido
divulgado por meio eletrônico através de um blog21. Nele são registradas as
experiências realizadas pelos professores, as atividades promovidas pela gibiteca e
disponibilizados textos sobre HQ’s. Recebemos a colaboração de profissionais
ligados à área, através de pequenos artigos e, é claro, os comentários deixados
pelos leitores e os resultados das enquetes que realizamos ocasionalmente.
Alguns grupos já fizeram contatos conosco através do site e nos ofereceram, além
de doações, apoio para nossas atividades. Entre estas pessoas e instituições temos
educadores, ilustradores, editoras, quadrinistas, escritores, colecionadores, enfim,
pessoas que se interessam pela divulgação das HQ’s nas salas de aula e que
acreditam na sua função educativa. O uso da internet tem sido uma estratégia
importante, seja como forma de divulgar o trabalho realizado na Gibiteca, seja como
canal de comunicação com outros profissionais, possibilitando a troca de
experiências e informações.
Conclusão
Para muitas pessoas que tomam conhecimento do projeto, usar as HQ’s nas
escolas, como instrumento de ensino pode parecer uma novidade. Mas não é bem
assim. Já existem no Brasil e mesmo no exterior várias iniciativas de aproximar o
leitor – jovem ou adulto – das histórias em quadrinhos.23 No Brasil há gibitecas
21
www.gibitecacom.blogspot.com
22
HagáQuê é um software, um editor de histórias em quadrinhos com fins pedagógicos desenvolvido
na Unicamp. O HagáQuê foi desenvolvido de modo a facilitar o processo de criação de uma história
em quadrinhos por uma criança ainda inexperiente no uso do computador, mas com recursos
suficientes para não limitar sua imaginação. E, como resultado do crescente uso por pessoas com
necessidades especiais, o software vem passando por um processo de redesign visando melhorar
sua acessibilidade. Para mais informações acesse o site http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/
23
. Em Portugal, por exemplo, temos a Bededeteca de Lisboa (lá as HQ’s são chamadas de banda
desenhada, nos países de língua francesa elas são as bande dessinées), na França há no Museu de
Angoulème a Fanzinothèque de Pottiers Criada em 1989 por iniciativa do “Conseil Communal des
Jeunes de Poitiers”, a Fanzinoteca desenvolve suas atividades em duas direções: a documentação e
38
espalhadas por várias cidades do país, mas ainda são em número reduzido. Embora
as HQ’s sejam uma mídia popular, ainda há quem restrinja o espaço que elas
ocupam como forma de leitura, ensino e comunicação.
Pode parecer que o uso de HQ’s e a criação de gibitecas nas escolas esteja aqui
sendo apresentado como um remédio milagroso para o ensino. Não é esta a nossa
intenção. Colocar uma gibiteca ou promover pequenos projetos e adaptar o uso dos
quadrinhos nas salas de aula é uma das várias propostas que a escola pode acolher
a fim de valorizar o ensino, seus alunos e seus professores. Esta é a experiência
que tenho vivenciado com o projeto Gibiteca Escolar. Em pouco tempo de
funcionamento, ela tem despertado na escola o desejo de ser melhor, de ir ao
encontro de novos desafios e a ser cada vez mais autônoma. Nossos alunos são
criados em comunidades carentes onde a realidade é dura. Muitos vão à escola
porque lá eles encontram um prato de comida e um copo de leite. Agora eles estão
encontrando também um espaço para sonhar, para expressar suas idéias e para
desenvolverem habilidades que nem mesmo sabiam que existiam.
Referências
FIORIN, José Luis, SAVIONI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. - 2. ed. São Paulo: Editora Ática, 1991.
SILVA, Diamantino da. Quadrinhos para Quadrados. Porto Alegre: Bels, 1979.
40
Resumo: A História em Quadrinho é uma mídia popular que há mais de 100 anos
está presente em nosso cotidiano, despertando em muitos o prazer pela leitura e
pela arte. Infelizmente, muitas crianças e jovens, notadamente os que residem na
zona rural nos bairros de periferia, não têm acesso a este recurso e uma forma mais
extensa. Partindo desta constatação, foi colocado em prática um projeto de leitura,
interdisciplinar, que se desenvolve a partir da instalação de uma gibiteca em uma
escola pública, localizada em um bairro de periferia. Nesta apresentação iremos
relatar resultados, fazer indagações e arriscar algumas previsões sobre as
vantagens deste recurso na formação de jovens leitores.
Introdução
Segundo Moysés Alves (2001), o uso dos quadrinhos nas escolas pode ajudar a
despertar nas crianças o gosto pela leitura, pois permite desenvolver nas crianças,
por exemplo, o hábito de “brincar sozinho”, desenvolvendo a criatividade da criança
e ajudando a desenvolver seu raciocínio desde bem cedo, abrindo caminho para a
exploração de textos mais complexos, sem que o ato da leitura se torne algo
cansativo.
Uma das vantagens de se trabalhar com histórias em quadrinhos é que elas não
possuem uma faixa etária exata: há quadrinhos para todas as idades, da educação
infantil até a universidade. Na Europa, por exemplo, ensina-se latim usando-se
Asterix. Infelizmente, no Brasil, existe ainda um certo preconceito em relação aos
quadrinhos, quer por parte dos alunos, quer por parte dos professores. Há uma
tendência em se classificar os quadrinhos como um gênero narrativo inferior e
inadequado para leitura em algumas idades. Da mesma forma há, também, uma
tendência de se rotular alguns destes gêneros como inadequados para “meninas”,
tal como acontece com os quadrinhos de aventura e de super-heróis, considerados
“coisa de menino”. Um dos desafios de se trabalhar com quadrinhos é justamente
vencer este tipo de postura e mostrar que gosto literário independe de idade ou
sexo.
Segundo Nágila Caporlingua Giesta, vivemos em uma sociedade cada vez mais
escrita, onde a leitura é uma atividade de integração. Sendo assim, as HQ’s são um
recurso a mais na inserção das crianças no mundo das letras, dependendo do
professor encontrar o caminho para introduzir o aluno neste universo (GIESTA,
2006).
2 – A implantação do projeto
Nossa experiência com o uso dos quadrinhos nas escolas tomou corpo com a
criação de uma Gibiteca Escolar, um projeto realizado a médio prazo e que envolveu
toda a escola, oferecendo a professores e alunos oportunidades de aprenderem
juntos. A Gibiteca é um espaço destinado ao armazenamento e divulgação de
Histórias em Quadrinhos. Ela oferece aos leitores uma enorme variedade de
quadrinhos (terror, ficção científica, humor, aventura, etc.). A primeira gibiteca
inaugurada no Brasil foi a Gibiteca de Curitiba, em 1982. A maior gibiteca do Brasil é
mantida por um organismo do Estado: a Gibiteca Henfil. Órgão do Departamento de
Bibliotecas Infanto-Juvenis da Secretaria de Cultura do município de São Paulo, ela
42
foi inaugurada em 1991. Existem gibitecas que constituem sessões de grandes
bibliotecas, como a Gibiteca da Biblioteca Pública Infantil Aglaé Fontes, em
Aracaju/SE.
Neste primeiro momento a maior parte as doações foram feitas por pessoas de
outras cidades e mesmo, de outros Estados. O processo de instalação da gibiteca
durou cerca de um ano e contou com a ajuda de membros da comunidade, que
doaram seu trabalho para ajudar a decorar e organizar a Gibiteca. No início do ano
letivo de 2007, com as instalações praticamente prontas, recebemos os professores
da escola para lhes apresentar seu novo espaço de trabalho. A inauguração ocorreu
oficialmente no dia 11 de maio de 2007, contando com a presença de autoridades
locais, ligadas ao ensino. Tínhamos, então, um acervo aproximado de 1600
exemplares, em vários formatos e gêneros.
O passo seguinte foi levar nossa idéia para outras escolas. Para fazer isto, foi
organizado I Seminário sobre Quadrinhos, Leitura e Ensino, com apoio da
Secretaria Municipal de Educação, tendo como público-alvo professores da
educação infantil e do ensino fundamental. O objetivo era demonstrar que o uso das
histórias em quadrinhos podia ser um caminho para o processo de
ensino/aprendizagem e que elas poderiam ser usadas em todos os conteúdos, não
sendo apenas prerrogativa das séries iniciais.
Durante o ano de 2007 procuramos tornar o espaço da Gibiteca cada vez mais
atraente. Para tanto conseguimos a doação de computadores feita por empresas
particulares, Ongs ou por membros da nossa comunidade. Atualmente contamos
com seis computadores em funcionamento, onde os alunos podem ler e criar gibis.
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Firmamos no início do ano uma parceria com o CEFET/Uned- Leopoldina que tem
oferecido gratuitamente cursos de informática básica e edição de histórias em
quadrinhos para nossos alunos e, posteriormente, para nossos professores.
Super- Álbuns Infantis Mangás Inglês Educativas Raridades Repetidas Suspense Total
heróis
1243 200 443 149 92 220 50 166 57 2620
A Internet foi uma ferramenta muito importante para o êxito do projeto. A construção
de um blog com a finalidade de divulgar os trabalhos realizados na Gibiteca, assim
como disponibilizar referentes aos quadrinhos nos possibilitou expandir nossos
contatos.
Uma das preocupações que tivemos durante o ano de 2007 foi de tentar manter um
registro daquilo que nossos alunos estavam lendo. A cada semana, quando eram
realizados os empréstimos de revistas em quadrinhos, os alunos assinavam o livro
de empréstimos e nele era registrado o título da Hq que estava sendo emprestada.
A partir destes dados pudemos verificar as preferências dos alunos, levando em
conta as doações que eram recebidas. Para facilitar o estudo, dividimos os meses
de maio a novembro em três períodos, como pode ser verificado na tabela abaixo:
No último período conseguimos recursos para comprar mangás, que até então eram
em número muito reduzido, mas cuja leitura estava aumentando gradativamente. O
aumento do acervo, no mês de novembro, fez com que muitos alunos se
interessassem mais por este gênero. Ao adquirir os títulos levamos em conta a
preferência dos alunos: as meninas gostavam de Sakura e Vídeo Girl AI, enquanto
que os meninos queriam Dragon Ball e Cavaleiros do Zodíaco. Tendo em visto o
curto período em que este material ficou disponível, o crescimento da leitura pode
ser considerado muito significativo.
A segunda experiência foi realizada pela Roseane Peres Rocha, que decidiu tornar
as avaliações de matemática mais divertidas para os alunos da 5ª série do Ensino
Fundamental. Ela utilizou tirinhas da Turma da Mônica para montar problemas
matemáticos e desafiando os alunos a fazerem o mesmo. Para a professora, o uso
dos quadrinhos nas atividades desperta a atenção dos alunos, que inclusive
preocupam-se com pequenos detalhes quando preenchem os balões: "Eles colocam
a fala errada do Cebolinha e sublinham as palavras que estão erradas”.
Uma vez que os resultados foram positivos, a professora pretende repetir a atividade
neste ano de 2008 e tem também se interessado em buscar outras formas de usar
quadrinhos no ensino da matemática. Para isto, uma ferramenta importante está
sendo a Internet, onde ela recolhe o material que usa para montar duas avaliações.
Outra professora que investiu nos quadrinhos foi Mary Ângela Carraro Dibo, que
trabalha com a disciplina língua portuguesa. Preocupada com os péssimos
resultados dos alunos da 6ª série, nas primeiras avaliações do 2º bimestre -
notadamente erros de ortografia e interpretação - a professora decidiu mudar a
rotina das suas aulas. Uma vez por semana dividia os alunos em dois grupos. Uma
metade fica na biblioteca e a outra é encaminhada à Gibiteca, sendo que em cada
semana os grupos se alternam. Lá os alunos faziam uma aula de leitura livre. Além
dos alunos terem melhorado seu desempenho nas aulas e nas avaliações, até a
disciplina da turma - que tinha muitos problemas desde o início do ano – também
mudou.
Mary Ângela destaca que os alunos preferem as aulas na gibiteca pelo ambiente
agradável e despojado, diferente da biblioteca, onde eles ficam sentados em
cadeiras e mesas. A professora observa que na biblioteca os alunos folheiam livros e
muitas vezes não os lêem. Já na gibiteca a atenção com a leitura é bem maior. Ela
assinala que o apelo visual das HQ’s é um fator importante, pois o desenho prende a
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atenção e mesmo que o aluno "pule" algumas falas, ele consegue entender a
história graças à leitura das imagens.
A oficina dura cinco dias e está sendo desenvolvida com a ajuda da professora
eventual. Nela os alunos aprendem a montar HQ´s e a produzir materiais diversos
como a TV quadrinhos e o Porta Gibis, e são incentivados a terem sua mini-gibiteca
em casa. O interesse dos alunos pela atividade é grande e tem sido desenvolvida na
2ª e 3ª séries do fundamental.
Cabe ao professor avaliar a melhor forma de utilizar as HQ’s com seus alunos.
Alguns autores sugerem que os quadrinhos podem ser trabalhados de três formas
básicas: a) através da análise critica da história; b) incentivando a criação de
histórias em quadrinhos pelos próprios alunos; c) utilizando os quadrinhos como um
meio de expressão e conscientização política.
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Conclusão
Para muitas pessoas que tomam conhecimento do projeto, usar as HQ’s nas
escolas, como instrumento de ensino pode parecer uma novidade. Mas não é bem
assim. Já existem no Brasil e mesmo no exterior várias iniciativas de aproximar o
leitor – jovem ou adulto – das histórias em quadrinhos. Em Portugal, por exemplo,
temos a Bededeteca de Lisboa (lá as HQ’s são chamadas de banda desenhada, nos
países de língua francesa elas são as bande dessinées), na França há no Museu de
Angoulème a Fanzinothèque de Pottiers.
Pode parecer, a primeira vista, que o uso de HQ’s e a criação de gibitecas nas
escolas esteja sendo apresentado como uma solução milagrosa para os problemas
que enfrentamos no ensino. Este equívoco talvez seja responsável pela resistência
de muitos profissionais do ensino em aceitar os gibis e outras mídias nas escolas.
Elas não substituem o professor nem são suficientes para formar nossos estudantes.
Mas são instrumentos didáticos importantes que podem auxiliar neste processo.
A Gibiteca é um apoio para o professor que deseja diversificar as suas aulas. Ela
não garante por si só o êxito do aluno, mas ela fornece a ele a possibilidade de
ampliar seus horizontes e de desenvolver sua capacidade de ler. Ela também age
na auto-estima dos professores. Eles passam a dar mais valor ao seu trabalho. O
professor redescobre junto com o aluno o prazer da leitura e acaba promovendo sua
auto-formação, construindo seu conhecimento, aprimorando suas metodologias de
trabalho, deixando de ser apenas um profissional do ensino, mas sobretudo um
educador.
Referências
FIORIN, José Luis, SAVIONI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e
redação. - 2. ed. São Paulo: Editora Ática, 1991.
SILVA, Diamantino da. Quadrinhos para Quadrados. Porto Alegre: Bels, 1979.