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aa SINDROME DE ALIENACAO PARENTAL Luta desigual S&o pais e m&es que, por razGes que lhes s&o alheias, deixaram de poder exercer esse papel. Conheca as consequéncias da manipulacdo das criancgas contra os seus pais e a forma de vencer esta guerra For Leoner Antolin Teixeira, uando acedemos, a. um dos muitos blogues sobre o tema, jercebemos sontimentos 8 tristeza, desespero, angiistia Mas, pelo meio, também ha ‘esperanga. De que a vida no sea tao injusta e devolva a este pai, como a tantos outros, © direito de exercer 0 papel que the 6 devido: 0 de pai “Habituei-me, embora sem me conformar, a adormecer sem noticias do meu filho, sabendo apenas que estava algures em Angola, na companhia da mae. Habituei-me, depois, uma vez mais sem me conformar, a adormecer imaginando que 0 mou filho estaria algures ‘em Angola na companhia de alguem da confianca da mae. Mas... E agora? Sera possivel habituar-me a adormecer sem saber onde esta 0 Gongalo?”, escreve este pai preocupado. Tal como ele, tantos outros pais escrevem textos na Internet, porque ai encontram uma das suas armas de luta. ‘Sem qualquer tipo de lei em sua proteccao, travam um combate, muitas vezes solitario, com apenas uma certeza: a vontade de ter o seu filho 78 Luswoman | Abel de voltal Mas 0 que 6, afinal, a Sindrome de Alienagao Parental? Como se define? E que armas estaréo ao dispor destes eternos combatentes? “0 alerta que ADEFINIGAO deixo a todos Nao @ um fenémeno novo, 08 pais ou mies mas ganhou recentemente uma que so vitim: nova defini¢ao. Caracterizado, etre aniigamente, como uma stuacdo 4, Simrome de ‘manipulacao da crianca \Pareuad> contra o pai ouamae’,comum —_@ que denunciem numa situagao pés-divorcio, hoje todos ganhou o nome de Sindrome 05 problemas, de Alienacao Parental (SAP), ene termo proposto pelo psiguiara "0 de vergonha, infantil Richard Gardner, pees em 1985, Esta situagao as autoridades verifica-se quando 6 criada, © 20 Ministério por um dos progenitores, Pabilea” uma relagdo de exclusividade, nplanne igueiredo, com 0 objectivo de banir 0 outro. cee Neste sentido, a crianga, a associacao {que nao tem qualquer tipo Acolher de contacto com um dos progenitores, expressa apenas sentimentos negativos relativamente a esse e positivos em relagao ao outro. Ana Vasconcelos, pedopsiquiatra, explica-nos or outras palavras: “Quando é colocada a hipotese de estarmos perante 0 Sindrome de Alionagao Parental, ¢ porque existe um grupo de sinais ou de sintomas, como a perturbagao psicolégica de um dos elementos. Ou seja, remete-nos logo para a psicopatologia. Eo que ¢ esta perturbacao? E quando 0 comportamento deste progenitor, e a forma de se relacionar com os outros, j4 6 considerado anormal. Por outras palavras, quando esta pessoa faz com ‘que 0 outro progenitor perca alliberdade de ser um pai ou uma mae com as condigbes de parentalidade que se exige numa relagdo normal entre um aduito e uma crianga que ¢ seu filho ou sua filha. Portanto, os lagos de fiiacao 880 perturbados. Eisto acontece porque aquela crianga ¢ tomada ccomo arma de arremesso por um dos progenitores, que assim exerce a sua dor. E esta, geralmente, esta associada a um outro factor psicolégico: o medo de perder, ‘0 medo de desamparo. Geralmente, estas pessoas foram, na adolescéncia, criangas com relagdes de dependéncia fortes e que, quando as figuras de dependéncia desapareceram ou deixaram de gostar delas, por alguma razdo, como “O que é uma mé resolugao da SPA? Euma crianga deixar de falar a0 Pali, com quem corta lagos fisicamente, MAS ficar a chorar um pai dentro dela!, Vasconcelos, pedospiquiatra Portanto, 0 alerta que deixo a todos os pais e maes 6 que tenham o maior dos cuidados ra disputa de questées como © poder paternal e que ndo se esquegam nunca do bem-estar dessa terceira parte envolvida ‘no processo, que é, no fundo, a parte mais importante!" Ana Vasconcelos avanca com exemplos para ilustrar esta situagao: "Ha situacoes gravissimas ao nivel da psicopatia e em que, por exemplo, a mae, sem se aperceber, poe em risco a vida dos filhos... Mas literalmente, a vidal Porque fica num desespero tal, que substitu Informagées uteis ASSOCIACAO ACOLHER Associagio de Apolo 205 Pals Divorciados © Filhos Desprotegidos Viseu: Rua Miguel Bombarda, 66 A Tel. 232 089 246 acolherno.sapo.pt ASSOCIACAO PAIS PARA SEMPRE Associacao para a Defesa dos Filhos dos Pais Separados Lisboa: Rua Actor Vale, 26, 2° C wonw-paisparasempre.eu CNPCIR Comissao Nacional de Proteccdo das Criancas e dos Jovens em Risco Lisboa: Rua Castilho, 24, 7° esq. Tel. 213 114 900 wnw.enpelrpt 59 Lawoman | Abe! © instinto de sobrevivencia da espécie (caracteristico nas mulheres, que faz com que cuidem das suas ‘crias’) pelo instinto de sobrevivencia pessoal! Este desespero resulta ‘em consequéncias psicolégicas complicadas para esta crianga, porque nao percebe muito bem o que se passa na cabega daquela mae... Sente apenas uma estranheza muito grande, porque sente que tem de ficar do lado desta mae, para poder cuidar dela, porque ela nao esta bem. Mas, ao mesmo tempo, sente necessidade de estar com 0 pai, mas nao pode, porque ndo pode abandonar a mae. E um confito de fidelidade enlouquecedor!” ‘Sindrome o ationacao Parental, de Jose Manwe' com pretécio de Eduardo Si. Caleidescéio ‘QUEM ESPERA DESESPERA! e495 Esperanga, forga e coragem sio conceitos sempre presentes para estes pais ou maes, numa luta que parece nao ter fim. No caso de José Rosa, pai de Heitor, hoje com 11 anos, a persisténcia foi um factor determinante. “Quando comegaram as ameacas, no sentido de eu abandonar a vida do meu fiho (que se verificaram logo apés o seu rnascimento), pensei de imediato: ‘Nao vou desist! Eu sou pai e quero exercer esse meu papel até ao fim!” E ai comegou uma grande guerra de afastamento! Comegou a luta em tribunal e ficou decidido que eu poderia ver 0 meu filho de 15 om 15 dias. Pelo meio, dezenas de ameacas. Por exemplo, ao fim de sete meses e meio de vida, 0 tio do lado materno ameagava-me: “Ou cedes 0 mitido a familia ou alguém Ihe faz a cabeca de forma a que fique a odiar-te, rejeitando por completo ser teu fiho!’ Resultado: o Heitor foi'me entregue 15 dias depois, fa gaguejar e a chorar, de olhos esbugalhados, a dizer que nao queria ir com 0 papa, porque © papa era maul Uni todas as minhas forgas e nunca desisti, Com 2 anos e meio, ele ja me dizia: ‘Papa, para casa da mama nao! A avé bate-me a quinta-feiral’ A avé materma batia-he se sabia que ele falava ‘comigo ou queria vir ter comigo. Aos 4 anos e meio, como o.ameagavam e Ihe batiam, incitando-o a mentir, ele dizia: ‘Nao te preocupes papa, porque eu ja sei enganar os maus!’ E os maus eram a avé e 0 tio maternos. Hoje, com 11 anos, 6 uma crianga estavel. Claro que ainda tenho uma longa luta pelo meio... Sou licenciado em Psicologia Clinica ¢, para me poder defender melhor, tirei a pos-graduacao em Mau Trato Infantil... Sei que a minha luta ainda néo chegou ao fim... Mas reconquistei o meu filho @ isso 6, de facto, 0 mais importante”, relembra José Rosa. No caso de Maria Gil, forga coragem foram, desde sempre, conceitos presentes, ‘como sublinha: ‘A minha forga diaria € 0 amor que me une aos meus filhos. © tempo tem sido o meu maior amigo. Tento viver um dia de cada vez, com a coragem que me 6 possivel e com a esperanca de que um dia os meus filhos percebam 0 quanto gosto deles", conta esta mae, cujos filhos © pai virou contra ela. Getty mage: acontece na situagao de separagao conjugal, sentem uma catastrofe emocional téo grande, que ficam com uma forma distorcida de ver 0 mundo e passam a encaré:1o com uma necessidade de sobrevivénoia maxima. E desta forma, perdem © discemimento afectivo ‘emocional necessario para perceberem que estao a prejudicar esta crianga, porque o que sentem & que para consequirem sobreviver, tem de proceder desta forma afirma a pedopsiquiatra, (AS CONSEQUENCIAS: Numa luta injustamente travada a trés, a terceira parte, a que nao tem culpa em todo 0 processo, @ a que sofre mais, como nos explica Manuel Figueiredo, presidente da associagao Acolher ~ Associagao de Apoio 0s Pais Divorciados e Filhos Desprotegidos. "Muitas vezes, esta situagao, que pode ser causada nao 86 pelos pais, mas também pelos avés especialmente as avos maternas, tem consequéncias psicolégicas graves para a crianga, a terceira parte envolvida neste proceso. Esses problemas podem ser, por exemplo, a diminuigao do rendimento escolar, a quebra em termos de relacionamentos socials, so criangas geralmente tristes, timidas, influenciaveis. E estas caracteristicas repercutem-se, mais tarde, no rumo de vida que vao tomar. ' ' 1 ' ' 1 1 1 O que diz a le’ ASindrome de Alionagdo Parental ndo esta prevista na lel, mas, uma vez que é considerada tim acto de abuso da crianga, pode serulgada como tal, com base em ® Cédigo Civil na nova versio de Dezembro de 2008. © Orga de Apoi \ca0 Tutelar de Menores: artigos 147 A, 148 © 180. * Lei de Proteccdo de Criancas, e Jovens em Perigo: artigos 3e 4. ! © Convencao Europeia sobre 0 Exercicio do Direito das Criancas do Conselho da Europa, Estrasburgo, de 25/01/1996. * Convengio Relativa as Relacdes Pessoais no que se Refere as Criancas do Conselho da Europa, Estrasburgo, de 15/5/2003. ® Recomendacdo Rec 19 do Conselho de Ministros do Conselho da Europa ‘aos Estados Membros sobre a Politica a uma Parentalidade Positiva, Estrasburgo, de 13/12/2006. ‘bei | inxwoman 79

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