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ASTRONOMIA
NO JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO
2007 - 2009
1
Luz "errada" ofusca maratona astronômica
Cidades do Chile e da Espanha combatem poluição luminosa, que impede
observação do céu e desperdiça energia elétrica
Luz que "vaza" em excesso para o espaço é principal inimigo de jornada de cem
horas de observação que marca Ano da Astronomia
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0104200901.htm
2
CÉU VIRTUAL:
PROJETO MUNDIAL PÕE TELESCÓPIOS À DISPOSIÇÃO DO PÚBLICO
A maratona 100 Horas de Astronomia, que vai colocar telescópios à disposição do público leigo
a partir de amanhã, poderá ser acompanhada ao vivo ou pela internet. No Brasil, várias
cidades fazem parte da programação, algumas com astrônomos profissionais, outras com
amadores. Todos os eventos no país estão listados no site do projeto
(www.astronomia2009.org.br). O Brasil, ontem, era o segundo país com mais atrações
listadas, 146. Na internet, o interessado poderá observar imagens enviadas por 80
observatórios ao redor do mundo. As fotografias poderão ser encontradas no site
internacional do projeto (www.100hoursofastronomy.org).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0104200902.htm
3
ciência
Imagine que um grupo de cientistas tem, hoje, acesso a 250 mil fotografias de galáxias
espalhadas pelo universo. E que eles precisam classificar todas elas, uma a uma, para dar
continuidade às suas pesquisas sobre o cosmo.
É exatamente aí que você se encaixa, com seu conhecimento quase nulo sobre astronomia. O
pulo do gato, que faz com que sua contribuição de amador gere frutos científicos, está no
"Galaxy Zoo 2" (www.galaxyzoo.org), site que pede ajuda a internautas do mundo inteiro para
classificar as galáxias fotografadas pelo telescópio do Sloan Digital Sky Survey -projeto
financiado por instituições de países como os Estados Unidos, o Japão e o Brasil.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1603200905.htm
4
Dupla acha buracos negros "siameses"
Corpos com centenas de milhares de vezes a massa do Sol giram um em torno do
outro, bem no centro de uma galáxia
Observação do fenômeno foi feita de maneira indireta, por meio da luz emitida
pela matéria que está prestes a ser engolida para sempre
RICARDO MIOTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0503200901.htm
5
BEATRIZ BARBUY
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0803200901.htm
6
Cometa "na contramão" será visível hoje
Lulin, astro que aparenta ter duas caudas, terá brilho máximo nesta noite e poderá
ser visto com binóculos, se não chover
RICARDO MIOTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O cometa Lulin, esverdeado, rápido, vindo de longe, circulando no sentido oposto ao dos
planetas e com duas caudas, poderá ser visto no céu com brilho máximo na madrugada de
hoje para amanhã, com ajuda de binóculos. Vale a pena: ele não deve voltar por aqui nos
próximos milhões de anos.
Já era possível ver o Lulin aumentando o seu brilho no céu havia alguns dias, mas ele atinge
agora a sua aproximação máxima com a Terra. Estará a cerca de 60 milhões de quilômetros,
menos de metade da distância entre a Terra e o Sol.
Para observar o astro errante no seu momento mais luminoso, será necessário estar em um
lugar com céu limpo e longe das luzes da cidade. A Lua, pelo menos, deve colaborar: estará no
fim da fase minguante e não ofuscará a observação.
Se as condições forem favoráveis, será possível ver o cometa a olho nu. Ter um binóculo à mão
é recomendável. Mas é melhor não contar com o bom tempo: o Sol aparece hoje entre nuvens
no país inteiro e pancadas de chuva podem acontecer. Na noite de hoje, o cometa aparecerá
perto de Saturno (veja quadro à direita).
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2302200901.htm
7
ASTRONOMIA
O Lulin, um cometa esverdeado descoberto há dois anos, terá sua aproximação máxima
da Terra na madrugada de segunda-feira para terça-feira (23 e 24) e poderá ser visto
com ajuda de binóculos. Ele estará a cerca de 60 milhões de quilômetros, menos da
metade da distância entre Terra e o Sol.
O cometa é verde por causa da estrutura de seus compostos de carbono e porque têm
cianogênio, um gás tóxico.
Sua órbita, ao contrário do que ocorre na maioria dos cometas, é no sentido horário.
Esta é a primeira passagem de Lulin perto do Sol, dizem astrônomos, porque ele ainda
preserva a maior parte dos seus gases. Quando ele se aproximar da estrela, o chamado
"vento solar" deve varrer esses gases, formando a cauda do cometa.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1802200905.htm
8
Telescópio no Chile turbina astronomia produzida no Brasil
Com brasileiros controlando 31% do observatório Soar, produção científica de
grupos nacionais triplicou na área
EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA (CHILE)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0202200901.htm
9
Para astrônomo, observatório é como videogame
DO ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA
Trabalhando no Chile, o astrônomo Luciano Fraga, 32, troca a noite pelo dia para
comandar as observações no Soar, que tem o Brasil como investidor majoritário.
Diferentemente de astrônomos mais "românticos", ele não faz questão de trabalhar junto
do telescópio. Para Fraga, manipular um dos maiores observatórios do mundo é como
jogar videogame. Ele faz tudo desde uma estação de trabalho em sua casa, numa colina
na cidade de La Serena, no litoral do Chile.
Não que estar ao lado da praia traga vantagem recreativa. Por causa da água gelada, em
um ano e sete meses Fraga entrou no mar apenas um dia. Mas ele não dispensa um farto
risoto de frutos do mar.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0202200902.htm
10
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2901200902.htm
11
ESPAÇO
Os astrônomos foram mais rápidos do que os biólogos, e Galileu venceu Darwin dentro
da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Ontem, na sede da instituição em Paris (França), ocorreu a cerimônia de abertura do
Ano Internacional da Astronomia, que terá muitas atividades no Brasil.
O ano de 2009, marca os 400 anos em que Galileu olhou pela primeira vez para o céu
com um telescópio, mas são comemorados também os 200 anos de nascimento de
Darwin e os 150 anos de seu livro "A Origem das Espécies".
No Brasil, a abertura oficial do ano em homenagem à astronomia ocorrerá na noite de
terça-feira, no Planetário da cidade do Rio de Janeiro. Entre as atividades, há a
apresentação da Escola de Samba Unidos da Tijuca que, neste ano, defenderá na
avenida o enredo "Uma odisseia sobre o espaço".
A grande missão no Brasil, segundo Augusto Damineli, coordenador do ano da Unesco
no país, é fazer com que as pessoas olhem mais para o céu.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1601200902.htm
12
Telescópios do Havaí detectam metano na atmosfera
de Marte
Na Terra, gás está relacionado com atividade biológica e erupção de vulcões
DA REUTERS
Uma série de observações da atmosfera de Marte, feitas por três telescópios no Havaí,
mostram uma vasta quantidade de metano -gás tipicamente envolvido em processos
biológicos- misturado com vapor d'água durante o verão boreal.
A Nasa afirma que não há evidência de que seres vivos estejam produzindo o metano
(também produto de atividade vulcânica), mas diz que a mistura de gases é a notícia
mais favorável à existência de vida no planeta vermelho até agora.
A descoberta está descrita na edição de hoje da revista "Science", e os pesquisadores
concederam uma entrevista coletiva para divulgar a notícia.
"A questão que mais atrai está relacionada mesmo à origem do metano em Marte",
afirma Michael Mumma, da Nasa.
Segundo o cientista, o gás, que é a molécula mais simples de carbono com hidrogênio,
foi produzido por fontes existentes em áreas aquecidas no hemisfério Norte marciano.
"Organismos vivos produzem mais de 90% do metano atmosférico da Terra; o resto é
de origem geoquímica. Em Marte, o metano poderia ter a assinatura dessas duas
origens."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1601200903.htm
13
Inglês usou telescópio para ver a Lua antes de Galileu
Historiador apresenta mapa lunar de Thomas Harriot datado de julho de 1609
Uso de instrumento para astronomia só foi feito pelo italiano 4 meses mais tarde;
britânico omitiu trabalhos para evitar ser perseguido
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1501200901.htm
14
Apagão em estrela reforça teoria de cientista brasileiro
Eta Carinae, na verdade, é um sistema com dois astros; atrito entre ambas
bloqueia passagem de raios energéticos
EDUARDO GERAQUE
ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA (CHILE)
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1301200903.htm
15
Quando astro explodir, noite vai virar dia na Terra
DO ENVIADO ESPECIAL A LA SERENA
Para quem vive no hemisfério Sul, pode haver algum mês nos próximos anos em que a
noite vire praticamente dia. Tudo por causa da Eta Carinae.
A explosão definitiva dessa estrela, que pode ocorrer "a qualquer momento" -hoje ou
daqui a muitos séculos-, deve liberar uma energia equivalente à luminosidade de dez
luas cheias. "Seria praticamente um mês sem noite", calcula Augusto Damineli, da USP
(Universidade de São Paulo).
O cataclismo galáctico provavelmente dará origem a um buraco negro. Apesar de não
destruir Eta Carinae B, a explosão poderia afetar Terra.
Só não vai afetar por uma questão de sorte. "As emissões de raios gama de um evento
como esse atravessam todo o Universo como um tiro", diz o astrônomo brasileiro.
"Mas a Terra não está na direção exata dessa emissão. Como estamos a 45 graus, não
corremos riscos."
Apesar de ser difícil saber quando a morte definitiva da Eta Carinae A vai ocorrer -
estrelas como essa não passam dos 3 milhões de anos- Damineli lembra que o apagão
observado ontem poderá ajudar a completar mais informações da dupla. "Ainda
precisamos explicar melhor o papel de cada um dos atores nessa peça. Já sabemos que
são dois" afirma, transmitindo segurança.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1301200905.htm
16
Marcelo Gleiser
O ano da astronomia
Começou a grande festa dos céus. 2009 é o Ano Internacional da Astronomia. Por todo
o mundo, centenas de conferências, palestras, livros e documentários irão celebrar a
ciência dos céus. No Brasil, entre várias celebrações, telescópios serão distribuídos em
escolas.
Por que 2009? Em 1609, dois eventos marcaram o início de uma nova era: o italiano
Galileu Galilei apontou o seu telescópio para os céus, mudando definitivamente a nossa
concepção dos astros e, mais importante, o nosso lugar no cosmo. No mesmo ano, o
astrônomo alemão Johannes Kepler publicou o seu "Astronomia Nova", que, como já
diz o título, propôs uma nova astronomia, baseada na descrição das causas por trás dos
movimentos celestes: planetas giram em torno do Sol devido a uma força e não por
estarem presos a esferas de cristal. Na mesma obra, Kepler mostra que as órbitas
planetárias, por milênios descritas como sendo circulares, são, na verdade, elípticas.
Tanto na obra de Galileu quanto na de Kepler, são os dados e as observações cuidadosas
que determinam a nova ciência dos céus. Galileu não inventou o telescópio. A
descoberta é atribuída a um holandês, em 1608. O que Galileu fez foi aperfeiçoar o
instrumento, aumentando a sua potência. A sua grande sacada foi usar o instrumento
para estudar o céu noturno, com o intuito de criticar a filosofia de Aristóteles e seus
seguidores.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0401200903.htm
17
Dupla de físicos enxerga Universo em gota d'água
Em nível molecular, estudo imita interação entre campo magnético e gravidade
Experiência que utiliza levitação gera gotículas que reproduzem tanto núcleos
atômicos quanto grandes buracos negros
IGOR ZOLNERKEVIC
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma gota d'água pode revelar segredos sobre planetas, núcleos atômicos e até buracos
negros, indica um novo experimento. Cientistas observaram o que acontece com um
pingo do líquido quando posto para "levitar" sob forças eletromagnéticas. E, pelo visto,
na física, como na canção de Chico Buarque, quase qualquer interação "pode ser a gota
d'água".
Quando giram rapidamente, as gotas criadas pelos físicos Richard Hill e Laurence
Eaves, da Universidade de Nottingham (Reino Unido), adotam forma de amendoim ou
triângulo.
A tecnologia que faz com que as gotas parem no meio do ar é a mesma que fez um sapo
levitar, em uma pesquisa ganhadora do infame Prêmio IgNobel, em 1997.
A aplicação de um campo magnético 10 vezes mais intenso que o de um imã de
autofalante faz com que a água das gotas produza seu próprio campo magnético como
reposta.
"A força magnética [da água] contrabalança a força da gravidade em nível molecular,
por todo o objeto", explicou Hill. "Podemos investigar como as coisas se comportam no
espaço, aqui no solo."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2212200801.htm
18
ASTRONOMIA
Quatro séculos atrás, o astrônomo dinamarquês Tycho Brahe desafiou colegas ao relatar
o surgimento daquilo que achava ser uma nova estrela no céu, em 1572, que sumiu após
brilhar por um ano. Só agora, porém, cientistas descobriram o que exatemente ele
avistara.
Na época, o fenômeno ajudou Brahe a argumentar que os objetos celestes além dos
planetas não eram imutáveis. Astrônomos modernos já sabiam que aquilo na verdade foi
uma supernova -a explosão de uma estrela-, mas não de qual tipo. Um estudo na revista
"Nature" afirma agora que Brahe viu a morte de uma estrela do tipo anã branca. De
tanto engolir matéria de outra estrela vizinha, sua gravidade cresceu e a fez entrar em
colapso.
O cientistas só conseguiram estudar o fenômeno tão antigo usando uma espécie de "eco
luminoso". A luz da supernova passou pela Terra há muito tempo, mas parte dela
atingira nuvens cósmicas de poeira, fazendo-as brilhar mais tarde. Esse brilho é o que
foi analisado agora.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0412200802.htm
19
Áreas contempladas incluem mudança do clima,
astrofísica e estudos dos EUA
DA REDAÇÃO
DO ENVIADO A BRASÍLIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2811200802.htm
20
ASTRONOMIA
SONDA VAI ESTUDAR FRONTEIRA DO SISTEMA SOLAR
A Nasa lança amanhã uma nova sonda espacial para estudar os limites do Sistema Solar. A
Ibex, que é do tamanho de um pneu de caminhão, será levada ao espaço por um foguete
Pegasus, lançado desde um avião sobre o Pacífico e orbitará a Terra a 322 mil quilômetros de
distância. A espaçonave não-tripulada investigará por que a fronteira da heliosfera -a distância
máxima até onde o vento solar viaja- parece estar recuando.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1810200805.htm
21
ASTRONOMIA
Nunca antes na história das medições dos ventos solares feitas pelas agências espaciais
americana e européia -que começaram há 50 anos- a intensidade desse fenômeno esteve
tão baixa.
Essa calmaria, decorrente provavelmente da alteração dos fluxos magnéticos do Sol,
segundo os cientistas, pode reduzir o escudo natural proporcionado pela heliosfera
(vasta zona de vários bilhões de quilômetros de diâmetro que serve como "trilho" para o
vento de partículas que saem do Sol).
Essa falha no escudo natural do Sistema Solar, registrada pela sonda Ulisses, que há 17
anos estuda o astro, pode fazer com que os raios cósmicos, provenientes de outros
lugares da Via Láctea, penetrem com mais facilidade nas vizinhanças da Terra, segundo
Ed Smith, responsável pelo projeto.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2509200804.htm
22
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1609200802.htm
23
outro mundo
DANIEL SOLYSZKO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Numa noite escura de Alpinópolis, no sul de Minas Gerais, Vinicios e um amigo subiram a serra
para observar o céu e as estrelas. Estavam dentro do carro e, de repente, olhando para trás,
viram uma cratera próxima à uma árvore, com luzes coloridas. "Abrimos o vidro do carro e
ouvimos um barulho estranho, mas ficamos com medo de sair porque a gente não sabia bem o
que era."
Apesar de já ter interesse por astronomia, o estudante, na época com 16 anos, se tornou
obcecado pela ufologia após esse contato imediato assustador.
Hoje, aos 20, Vinicios Batista Dias criou um site sobre o tema, o UFO Zone
(www.ufozone.com.br). Para manter sua página sempre atualizada, ele pesquisa arduamente
tudo o que encontra sobre o assunto.
"Procuro investigar um pouco para saber a opinião dos especialistas em ufologia e depois tirar
minhas conclusões." Entre outras atividades, ele também monitora satélites, na esperança de
se deparar com algum caso de avistamento.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm1509200806.htm
24
TENDÊNCIAS/DEBATES
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz2808200809.htm
25
Brasileiros vão à caça de planetas gigantes
Pesquisadores capitaneados pelo Observatório Nacional ainda usarão telescópio nos Estados
Unidos para estudar região central da Via Láctea
CLAUDIO ANGELO
EDITOR DE CIÊNCIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2408200802.htm
26
Energia misteriosa faz dez anos sem ganhar explicação
Força que faz Universo crescer de forma acelerada desafia físicos teóricos, e
astrônomos ainda esperam "ajuda do céu"
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das maiores descobertas da história da astronomia está completando uma década
neste ano, mas cientistas não têm muita motivação para comprar um bolo e tornar a data
uma comemoração. Em 1998, dois grupos de pesquisa independentes descobriram que o
Universo está se expandido de maneira acelerada -algo que ninguém esperava. Passados
dez anos, a força que move esse fenômeno já tem um nome -energia escura-, mas
ninguém ainda sabe o que ela é.
"Não estamos mesmo muito mais perto da resposta do que estávamos antes", disse à
Folha Robert Kirshner, astrônomo da Universidade Harvard, de Cambridge (EUA).
"Mas estamos bem convencidos hoje de que essa coisa existe, e esse sinal não se foi nos
últimos anos. Na verdade se tornou melhor, mais evidente."
Kirshner foi um dos astrônomos com papel crucial na descoberta de 1998. Ele inventou
uma maneira de analisar a luz de supernovas (explosões de estrelas) em galáxias que se
afastam da Terra a alta velocidade para estimar quão distantes elas estão. Sob liderança
de Adam Riess, ex-aluno de Kirshner, astrônomos usaram essa técnica para fazer um
grande mapeamento do Universo, mostrando que as galáxias mais distantes estão se
afastando cada vez mais rápido.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1506200801.htm
27
Nova geração de supertelescópios renova esperança
DA REPORTAGEM LOCAL
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1506200802.htm
28
+ Marcelo Gleiser
Sempre que menciono buracos negros, detecto no rosto das pessoas um misto de
fascínio e terror. Como podem meros restos mortais de estrelas ser capazes de criar
rupturas no aspecto mais fundamental da realidade, a continuidade do espaço e do
tempo? Não é exagero dizer que buracos negros representam a fronteira entre o racional
e o absurdo, entre o possível e o desconhecido.
Se os buracos negros sugam tudo e não emitem luz, como sabemos que eles existem?
Na verdade, a história não é bem assim. Quando a matéria é acelerada na direção de um
buraco negro, como água escoando por um ralo de banheira, ela pode emitir radiação.
Essa radiação, de natureza eletromagnética, pode ser de vários tipos: se for na
freqüência da luz visível, podemos vê-la. Se for no infravermelho ou no ultravioleta,
temos de usar telescópios especializados nessas freqüências.
Hoje, a astronomia usa muitas janelas para ver os céus.
Dentre as várias assinaturas eletromagnéticas dos buracos negros, a mais espetacular é
criada pelos gigantes da ordem, estruturas com massas que podem chegar a milhões ou
até centenas de milhões de massas solares. Por incrível que pareça, esses monstros
cósmicos habitam o coração da maioria das galáxias. Mesmo a nossa Via Láctea tem
um buraco negro gigante, com massa equivalente à de 3 milhões de sóis.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1506200805.htm
29
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1206200803.htm
30
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0805200802.htm
31
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2504200803.htm
32
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1004200802.htm
33
ESPAÇO
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0804200803.htm
34
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0204200804.htm
35
Eclipse lunar total é visível hoje a partir da meia-noite
Lua entrará na sombra da Terra e ficará com aspecto escuro e avermelhado
Segundo astrônomos, uma condição tão favorável quanto esta para observar outra
vez o fenômeno não ocorrerá no Brasil até 2015
DA REDAÇÃO
A Lua entra em eclipse total na madrugada de hoje para amanhã entre 0h01 e 0h51
(horário de Brasília). O fenômeno -caracterizado pelo bloqueio da luz solar que chega
ao satélite quando a Terra está na sua frente- será visível de todo o Brasil e de diversos
países banhados pelo oceano Atlântico (veja mapa à direita).
O que se observará não é um enegrecimento total da Lua; ela ficará avermelhada e mais
escura. Isso ocorre porque, apesar de ela não receber luz solar direta durante o
fenômeno, ela receberá raios solares que passam pela atmosfera terrestre e são
desviados. Esse processo privilegia raios de luz com cores próximas ao vermelho.
Quem quiser observar todo o fenômeno terá de acompanhá-lo a partir das 21h34,
quando começa o eclipse parcial. Neste processo, parte do satélite fica encoberto, com a
aparência de um biscoito mordido.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2002200801.htm
36
ASTRONOMIA
Os planetas rochosos como Vênus, Marte e a Terra são mais comuns na Via Láctea do
que os cientistas imaginavam. Dados apresentados por Michael Meyer, da Universidade
do Arizona, indicam que de 20% a 60% das 309 estrelas parecidas com o Sol na galáxia
não agregam matéria gasosa, e sim formadas por poeira rochosa.
"O resultado é empolgante por causa da alta quantidade de planetas como a Terra",
disse o cientista durante uma conferência em Boston.
As informações apresentadas por Meyer foram coletadas pelo telescópio espacial
Spitzer, da Nasa.
A inferência sobre a constituição dos planetas é feita de forma indireta. O telescópio
analisa apenas a poeira que gravita ao redor das estrelas parecidas com o Sol e não a
constituição do planeta em si.
Ao todo, os cientistas estudaram seis grupos desses astros, com idades que variaram de
3 milhões a 3 bilhões de anos.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1902200804.htm
37
ASTRONOMIA
GRUPO DESCOBRE SISTEMA ESTELAR "IRMÃO" DO SOL
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1502200805.htm
38
ASTRONOMIA
Um par de galáxias detectado na década de 1970 só pôde ter os detalhes de sua colisão vistos
agora, graças ao Telescópio Espacial Hubble. As galáxias, batizadas NGC 3808 e NGC 3080A,
localizadas na constelação de Leão (a 300 milhões de anos-luz da Terra), formam juntas o par
Arp 87. Elas estão em plena fusão, induzida pela gravidade. Poeira, gás e estrelas fluindo de
um dos braços da NGC 3808 (a galáxia maior, espiral) formam um envelope em torno da
3808A. A forma da "ponte" entre as duas sugere que estrelas da galáxia maior foram
capturadas pela gravidade da menor.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe3010200704.htm
39
ASTRONOMIA
Uma série de imagens novas do Observatório Keck, do Havaí, revelaram uma cobertura
de nuvens em quase toda a atmosfera de Titã, a maior lua de Saturno. Uma parte do
satélite do planeta provavelmente está sob uma garoa constante de metano, substância
conhecida na Terra como o componente principal do gás natural.
A descoberta foi divulgada ontem, quando pesquisadores apresentaram a análise de
imagens do telescópio ultrapotente situado em Keck.
Cientistas já tinham evidências de que existia chuva em Titã, mas foi a primeira vez que
se viu uma área sob constante precipitação. A região de "tempo ruim" é um território
acidentado batizado pelos astrônomos de Xanadu.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1310200702.htm
40
ASTRONOMIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O "fim do mundo" previsto pelos astrônomos para daqui a 5 bilhões de anos poderá não
acontecer como imaginado, graças à descoberta de um planeta que conseguiu sobreviver
à fase de "gigante vermelha" da sua estrela.
Estrelas nascem, vivem da fusão de elementos produzindo energia e morrem. O Sol é
uma estrela em idade madura. Hidrogênio no seu núcleo se funde formando hélio e
gerando energia.
Quando seu núcleo parar de "queimar" e se tornar todo hélio, o Sol vai entrar na fase de
gigante vermelha, podendo expandir seu raio em mais de cem vezes. Durante esse
crescimento, os planetas mais próximos, como a Terra, poderão ser engolidos.
Esta, pelo menos, era a teoria com a qual a ciência trabalhava até então. Uma equipe de
23 pesquisadores liderada por Roberto R. Silvotti, do Instituto Nacional de Astrofísica,
de Nápoles, Itália, descobriu um planeta que escapou de ser engolido.
Sua estrela, a V391 Pegasi, já passou pela fase de gigante vermelha. Em artigo na
"Nature" o grupo conta que a estrela, ao se expandir, diminuiu em 70% a distância até o
planeta. Mas depois perdeu quase metade da massa, por motivos desconhecidos. Com a
diminuição da atração gravitacional da estrela, o planeta migrou para uma órbita mais
distante.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1309200703.htm
41
ASTRONÁUTICA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1310200703.htm
42
ASTRONOMIA
A imagem do rastro de uma estrela binária em processo de morte está fornecendo aos
cientistas uma forma inédita de medir a perda de massa de astros nesse estado.
À primeira vista os astrônomos até pensaram se tratar de um novo cometa, mas logo
observaram que a estrela Mira está deixando para trás uma cauda gigantesca de
oxigênio, carbono e nitrogênio. É a primeira vez que os cientistas observam esse
fenômeno.
A cauda já está com uma distância de 13 anos-luz (um ano luz equivale a 9,5 trilhões de
quilômetros) e foi detectada pelo telescópio Galaxy Evolution Explorer, da Nasa. Hoje,
Mira está a 350 anos-luz da Terra, na constelação da Baleia, atravessando a Via Láctea
a 130 km/s. O material que ela está perdendo provavelmente vai formar novas estrelas e
planetas no Universo.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1608200703.htm
43
Regina Silveira recria céu em mostra
Metáforas celestes e preocupações cosmológicas permeiam as três obras feitas pela
artista para a exposição "Ficções", no ES
GABRIELA LONGMAN
ENVIADA ESPECIAL A VILA VELHA (ES)
Regina Silveira chegou aos céus, ou pelo menos recriou-os em "Ficções", mostra
inaugurada na quinta-feira passada no Museu Vale do Rio Doce, em Vila Velha (ES).
Ao longo de um ano de diálogo com o curador, Adolfo Montejo Navas, ela concebeu,
modificou e construiu as três obras da exposição.
"Entrecéu" é responsável pelo impacto inicial. Ao entrar no espaço, o visitante é
recebido por um corredor de 35 m de comprimento revestido de um céu azulado com
nuvens -foto impressa sobre vinil adesivo.
Teto e parede foram também revestidos, gerando uma espécie de túnel celeste.
"Não tem horizonte neste trabalho. Você tem que entrar na cápsula. Eu queria
justamente criar um lugar impossível, queria deixar as pessoas desorientadas", diz a
artista.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0208200715.htm
44
ESPAÇO
O astronauta brasileiro Marcos Pontes, que está sendo investigado pela Procuradoria da
Justiça Militar em São Paulo por supostos crimes de "ato de comércio", divulgou nota
anteontem negando as acusações. Ele diz que trata-se de um procedimento "padrão,
legítimo e rotineiro" e que está tranqüilo de "não haver absolutamente nada de irregular"
em suas atividades.
Há suspeitas de que Pontes lucre com uma escola em Bauru (interior de SP) e com um
site que vende artigos em seu nome, o www.conexaoespacial.com, segundo o jornal "O
Estado de S. Paulo". O Código Militar proíbe qualquer prática comercial.
Apesar de o tenente-coronel ter entrado para a reserva logo após voltar da Estação
Espacial Internacional, os lucros configurariam crime enquanto ele estava na ativa. No
ano passado havia suspeita de que ele estaria cobrando por palestras.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1107200702.htm
45
ASTRONOMIA
Uma equipe de astrônomos anunciou ontem ter encontrado sinais da mais antiga galáxia
já observada, uma descoberta que pode trazer pistas sobre as origens do Universo.
A partir de observações feitas no telescópio gigante Keck, localizado no Havaí, um
grupo do Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia) detectou uma luz que teria
surgido quando o Universo tinha apenas 500 milhões de anos (a idade estimada é de
13,5 bilhões de anos).
"Acreditamos que esta é uma das primeiras gerações de estrelas que nasceram quando o
Universo ainda estava na infância", disse Richard Ellis, um dos responsáveis pelo
achado.
Os cientistas acreditam que nos primeiros 300 mil anos após o Big Bang, o Universo era
extremamente quente e não tinha estrelas. Os objetos identificados podem ajudar a
compreender a etapa seguinte, quando as estrelas começaram a brilhar.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1107200703.htm
46
ASTRONOMIA
DA REDAÇÃO
Uma imagem captada pelo Telescópio Espacial Spitzer mostra um berçário de estrelas
localizado da constelação de Órion, anunciaram cientistas na última sexta-feira.
Astrônomos acreditam que uma supernova (explosão estelar) há 3 milhões de anos
tenha dado origem ao material que formou estrelas recém-nascidas na região da
constelação que representa a cabeça do caçador grego.
Na imagem (veja foto acima), manchas verdes indicam a presença de moléculas
orgânicas formadas com a queima de carbono. As nuvens vermelhas e alaranjadas são
gás aquecido pelas estrelas da região.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2105200702.htm
47
Agência espacial dos Estados Unidos apresenta o
sucessor do Hubble
DA FRANCE PRESSE
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1205200703.htm
48
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1005200703.htm
49
astronomia
No mundo da lua
Munidos de telescópios, jovens se dedicam à observação do céu e participam de
competições
DA REPORTAGEM LOCAL
Preste atenção nesse mapinha redondo aí em cima. Hoje, às 20h, é assim que vai estar o
céu.
Esse mapa se chama planisfério e é uma representação da esfera celeste. Serve para
reconhecer as constelações.
Todas as bolinhas representadas são estrelas que podem ser observadas a olho nu, se
você estiver num lugar sem muita luz (fora das cidades grandes) e se as nuvens
ajudarem.
"Os planetas estão em constante movimento, por isso não estão representados", explica
Ulisses Capozzoli, editor da revista "Astronomy Brasil". Ele é o responsável por acertar
o planisfério que está publicado nesta página.
Ver estrelas
Para alguns adolescentes essa história de astronomia já virou mania. Catarina Amarante,
14, estudante da 8ª série, começou a se interessar pelo assunto há quatro anos. "É bonito
ver coisas que as pessoas nem imaginam que existem", afirma.
Apesar de ainda ser iniciante no assunto, ela já conseguiu achar sozinha uma nebulosa
(uma nuvem de gás e de poeira de onde surgem estrelas ou que são deixadas por uma
estrela morta), observando o céu de Bertioga (litoral norte de São Paulo), com seu
telescópio.
"Perco totalmente a noção do tempo. Já passei mais de quatro horas no telescópio",
conta a estudante, que já ganhou medalha de ouro em uma olimpíada de astronomia.
E foi justamente por conta de uma olimpíada que o estudante Bryan Levy, 14, tomou
gosto pelo assunto. "Gosto de estudar a formação das constelações e do sistema solar",
diz.
Por conta de seu bom desempenho, Renata Harumi, 15, ganhou um telescópio de
aniversário e sempre o leva para a praia, onde é mais fácil ver estrelas. "Depois de
começar a estudar, passei a olhar para o céu de um jeito diferente", diz.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/folhatee/fm0705200704.htm
50
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0305200704.htm
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Animação aborda ciência e astronomia
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
NATGEO E EU
Quando: diariamente, das 6h às 12h
Onde: National Geographic Channel
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1604200716.htm
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O sonho de Kepler
Cientista foi autor do primeiro conto de ficção sobre extraterrestres
Em ciência, existem alguns casos famosos de sonhos que inspiraram grandes descobertas. Um
deles foi o do químico alemão August Kekulé. Após anos tentando desvendar a estrutura do
benzeno, Kekulé, em um devaneio diurno, visualizou uma serpente mordendo o próprio rabo,
como no símbolo do Ourobouros. Daí deduziu que o benzeno tivesse a estrutura de um "anel"
com seis átomos de carbono. Einstein também inspirou-se em fantasias diurnas para criar suas
teorias ousadas. Numa delas, imaginou-se cavalgando ao lado de uma onda de luz. Note que
esses "sonhos" não eram do tipo noturno, mas visões alegóricas que ocorriam durante o dia.
Outros cientistas e filósofos usaram alegorias para polemizar ou para atingir uma faixa maior da
população, não especializada nas suas disciplinas. Dessas alegorias, talvez a primeira delas, seja
o "Sonho", de Johannes Kepler, publicado postumamente em 1634. Como os leitores do meu
romance "A Harmonia do Mundo" sabem, para mim Kepler é um dos personagens mais
relevantes e fascinantes da história da ciência, arquiteto, junto com Galileu Galilei e,
posteriormente, Isaac Newton, da grande revolução copernicana que, no final da Renascença,
redefiniu a visão de mundo da sociedade européia.
"Sonho" é um conto de ficção científica -que eu saiba, o primeiro a tratar da possibilidade de
vida extraterrestre. No caso, Kepler usou a Lua como cenário. Como afirmou nas amplas notas
que acompanham o conto, seu objetivo foi usar o movimento da Lua como argumento em favor
do movimento da Terra. Para tal, Kepler usou a astronomia da época com tremenda coragem
intelectual, proclamando que a Lua era muito mais parecida com a Terra do que os filósofos e a
Igreja pregavam. Nosso satélite não era feito de éter e sim de pedra, e tinha crateras e
montanhas como a Terra. Kepler adicionou também rios, mares e lagos, onde as criaturas
lunares nadavam. Ele imaginava esses seres como sendo inteligentes, capazes, por exemplo, de
construir barcos tal como nós aqui na Terra.
Existem duas raças de seres, os Subvolvanos e os Privolvanos. (Os nomes são inspirados pelo
fato de esses seres verem a Terra revolver nos céus.) Os Privolvanos habitam as regiões do lado
oculto da Lua e nunca vêem a Terra. Suas noites são escuras e frias. Seus dias muito quentes. Já
os Subvolvanos estão sempre de frente para a Terra. Suas noites são claras, já que, para eles, a
Terra tem o tamanho de 15 luas para nós. Um dia e uma noite para as criaturas da Lua
equivalem a um mês terrestre.
Kepler cria uma realidade mágica para justificar sua viagem até a Lua. Influenciado pela mãe,
que quase foi queimada na fogueira acusada de bruxarias, conjurou espíritos das sombras
capazes de transportar seres humanos pelo espaço. O conto é uma homenagem à sua mãe e à sua
crença em uma realidade paralela àquela explicada pela ciência. Mas se a fórmula para se
chegar à Lua era mágica e sobrenatural, a análise da astronomia sob o ponto de vista dos seres
lunares é firmemente baseada em cálculos e observações. Outros seres espalhados pelo espaço
terão visões diferentes do céu; não somos os únicos a olhar para a noite e a medir o cosmo.
Na descrição das criaturas, Kepler chega a mencionar seres "monstruosos e gigantescos",
"esponjosos e porosos", formas de vida adaptadas à realidade lunar, completamente diferentes
das encontradas aqui. Ou seja, 250 anos antes de Wallace e Darwin, Kepler antevê que a vida se
adapta às condições locais, a semente da idéia da evolução por seleção natural. Nada mal para
um mero "sonho".
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA) e autor
do livro "A Harmonia do Mundo"
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0804200702.htm
53
Nasa adota cautela para voltar à Lua
Nova política e orçamento apertado não impedirão a missão tripulada prevista
para 2015, diz o engenheiro do projeto
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro anos após a perda do ônibus espacial Columbia, a Nasa está sucumbido a
política da cautela. O antigo bordão "Mais rápida, mais barata e melhor", que marcou a
administração da agência espacial dos EUA na virada do século, vem desaparecendo de
vez do repertório dos seus engenheiros.
Mesmo com esse cuidado (e sem garantia de orçamento), a Nasa exibe confiança de que
levará astronautas de volta à Lua em 2015. A missão seria um "trampolim" para
chegada depois em Marte.
Hoje, mesmo avessa a bordões, a agência poderia adotar um slogan como "Assuma
riscos, não falhe". Este é o título de uma palestra que Brian Muirhead, ex-engenheiro-
chefe do JPL (Laboratório de Propulsão a Jato) -o grande berçário de tecnologias da
Nasa- vem ministrar no Brasil no mês que vem (para empresários, não para cientistas).
Em entrevista por telefone à Folha, Muirhead, que acaba de assumir a chefia de
engenharia do futuro programa tripulado à Lua, falou sobre o novo espírito da agência.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2603200701.htm
54
ASTRONOMIA
Imagem de radar mostra gelo no pólo sul de Marte; camadas mais grossas aparecem em vermelho, e as
finas em violeta
Imagens de radar do Pólo Sul de Marte revelam que a região tem tanto gelo que o
planeta seria coberto por uma camada de água de 11 metros de profundidade se ele
derretesse.
Tanta água poderia facilitar futuras missões tripuladas a Marte; poderia permitir sua
colonização; e, num cenário radical, permitir que o planeta se tornasse mais parecido
com a Terra.
Mas tudo isso ainda é ficção, apesar de a realidade ser impressionante. Toda essa água é
pura, como mostra o radar. E ainda falta analisar imagens do pólo Norte.
As imagens foram feitas pela sonda Mars Express, da Agência Espacial Européia. Os
dados analisados agora são de observações de 2005 e 2006, nas quais foi possível
sondar o solo até 3,7 km abaixo da superfície no pólo.
"Os depósitos em camadas do pólo Sul de Marte cobrem uma área tão grande quanto
uma boa parte da Europa. A quantidade de água que eles contêm já foi estimada antes,
mas nunca com o grau de confiabilidade que este radar torna possível", afirma Jeffrey
Plaut, da Nasa, um dos líderes do estudo.
Para que exista ou tenha existido vida em Marte, essa água toda teria de, em algum
momento do passado, ter existido na forma líquida. Isso deve ter acontecido antes,
como mostram marcas na superfície marciana -que exigiriam, para serem feitas, uma
boa quantidade de líquido, ainda mais que o que existe hoje na forma de gelo.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1603200702.htm
55
ASTRONOMIA
Um objeto do tamanho de Plutão foi destruído 4,5 milhões de anos atrás em uma
violenta colisão nos confins do Sistema Solar, e os restos do impacto ainda são visíveis.
A descoberta, anunciada pelo astrônomo Michael Brown -o mesmo que descobriu Eris,
planeta-anão maior que Plutão- revelou a primeira família de asteróides (os restos da
colisão) além de Netuno.
Brown conseguiu rastrear a colisão no tempo a partir da descoberta de outro planetóide
na região. O objeto, registrado com a sigla "2003 EL61", ainda não tem nome, mas foi
apelidado de "Santa" (Papai Noel, em inglês) porque foi visto pela primeira vez pouco
antes do Natal daquele ano.
"Santa" é o terceiro maior objeto do cinturão de Kuiper, a região orbital de Plutão e
Eris. Ele tem forma irregular e gira extremamente rápido, característica que intrigou os
cientistas. "Ele gira tão rápido que se esticou na forma de uma bola de futebol
americano meio esvaziada e pisoteada", disse Brown em comunicado a jornalistas.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1503200702.htm
56
ASTRONOMIA
O calor do Sol pode deixar os terráqueos letárgicos, mas outros habitantes do Sistema
Solar estão girando mais rápido por conta dele: os asteróides.
A descoberta está descrita em três artigos nas edições on-line das duas principais
revistas científicas multidisciplinares, a norte-americana "Science" e a britânica
"Nature".
O movimento acelerado dos asteróides se deve ao chamado efeito Yorp, nome dos
cientistas que o teorizaram -Yarkovsky-O'Keefe-Radzievskii-Paddack. Ele acontece
quando a energia solar atinge objetos assimétricos. Basicamente, uma face grande do
asteróide recebe a radiação do Sol, e depois gira fazendo face ao frio do espaço. Ela
então emana mais radiação infravermelha do que outra menor, acelerando o giro.
Um dos estudos, na "Nature" mostrou que nos últimos 40 anos a rotação do asteróide
1862 Apollo cresceu a ponto de fazê-lo dar um giro extra em torno de si para cada volta
que ele dá em torno do Sol.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0803200705.htm
57
Peru abriga observatório de 2.300 anos
Conjunto de 13 torres em Chankillo, no litoral do país, é a ferramenta astronômica
mais antiga das Américas, diz estudo
Lugar é anterior à civilização Inca e deve ajudar a explicar origem do culto ao Sol
entre os povos andinos; local pode ter tido importância política
O nascer do Sol no solstício de inverno (21 de junho) visto de um ponto demarcado em Chankillo
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma dupla de arqueólogos anuncia hoje a descoberta do mais antigo observatório solar das
Américas. O complexo de pedra com 2300 anos -um conjunto de 13 torres construídas numa
montanha junto à cidadela de Chankillo, no litoral do Peru- servia como uma espécie de
calendário para marcar eventos que deveriam ter importância social ou religiosa numa
civilização anterior.
"As torres, vistas desde a parte baixa do observatório, são uma espécie de grande régua no
horizonte que permite medir o movimento do sol conforme o passar dos dias, das semanas e
dos meses", disse à Folha o arqueólogo Ivan Ghezzi, da PUC (Pontifícia Universidade Católica)
do Peru, principal autor da descoberta.
Em um estudo com o astrônomo Clive Ruggles, da Universidade de Leicester (Inglaterra),
publicado hoje na revista "Science", Ghezzi lista evidências celestes e culturais para mostrar
como funcionava o observatório (veja quadro ao lado). O sítio de Chankillo está sendo
escavado desde 2001, mas até agora não havia uma hipótese consistente para explicar a
função das 13 torres.
"Foi uma grande surpresa descobrir que 1.800 anos antes dos incas, temos evidências
materiais arqueológicas tangíveis daquilo que nós já sabíamos que eles praticavam", diz
Ghezzi. O sítio também data de uma época anterior aos observatórios maias mais antigos. Os
povos da América Central, porém, tinham uma tradição astronômica independente e distinta
da dos incas, dizem os autores da descoberta.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0203200701.htm
58
ASTRONOMIA
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0902200704.htm
59
Cometa só voltará daqui a 100 mil anos
Descobridor do astro mais brilhante do gênero dos últimos 42 anos diz que
visibilidade será melhor na próxima semana
Cometa McNaught é flagrado no céu de Christchurch, Nova Zelândia, anteontem; visibilidade é melhor
em cidades mais ao sul
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
O descobridor do cometa que corta o céu do hemisfério Sul neste mês é um astrônomo
autodidata que não se considera cientista. "Sou um observador", diz Robert McNaught, um
escocês emigrado para a Austrália, que guardou na gaveta seu diploma de psicólogo para
trabalhar com astronomia. Desde que começou sua carreira tardia, o homem que dá nome ao
cometa mais brilhante dos últimos 42 anos já descobriu outros 31, a maioria deles no
Observatório Siding Spring, perto de Sydney. Em entrevista à Folha, McNaught falou um pouco
sobre seu trabalho.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2001200701.htm
60
ASTRONOMIA
As chuvas que afetam principalmente o Sudeste estragaram parte da festa, mas o cometa
McNaught ainda pode ser visto a olho nu -e fotografado- em todo o Brasil pelo menos
até sábado. Com instrumentos, será visível quase até o fim do mês.
O astro é o mais brilhante de seu gênero a passar perto da Terra nos últimos 42 anos. É
cem vezes mais brilhante que o Halley, que se aproximou pela última vez daqui em
1986.
Ele pode ser observado em qualquer lugar de onde se possa ver o pôr-do-sol, desde que
não haja muitas nuvens. Basta olhar na direção do poente. O ideal é procurá-lo cerca de
meia hora após o crepúsculo. Anteontem, por exemplo, o McNaught ainda era visível
por volta das 20h.
O cometa fez no fim-de-semana sua aproximação máxima do Sol. Agora ele se afasta da
Terra, e pode ser que não volte nunca mais: alguns astrônomos aventam a possibilidade
de que ele seja aniquilado na sua passagem de raspão pela estrela.
Por enquanto os astrônomos não se arriscam a prever seu destino: nem a massa nem o
período do McNaught foram determinados.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1801200704.htm
61
ASTRONOMIA
A passagem do cometa McNaught perto da Terra servirá para estudar sua composição e
revelar dados sobre a composição do aglomerado de matéria que existia nesta região do
Universo antes de o Sistema Solar se formar.
O McNaught é um dos corpos que povoam a chamada Nuvem de Oort, um conjunto de
cometas com órbitas longas, que se estendem para muito além de Plutão -cerca de 100
mil vezes além da distância que a Terra está do Sol.
"Se o cometa não sofreu muitas interações com outros objetos, pode conter informações
interessantes sobre a origem do Sistema Solar", diz Francisco Jablonski, astrônomo do
Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). "A espectroscopia [separação da luz
por cores] pode calcular a proporção relativa dos elementos químicos que o compõem."
Observações estão sendo feitas por grandes telescópios da Terra e pelas sondas Stereo e
Soho, mas os melhores dados só devem ser colhidos dentro de algumas semanas, pois
agora esses instrumentos sofisticados podem ser ofuscados pela luz do Sol.
Alguns astrônomos aventam a possibilidade de o cometa ser aniquilado pelo desgaste
que sofre ao passar perto do Sol, mas ninguém se arrisca dar certezas. "Ainda não foi
possível determinar nem a massa do cometa nem o período", diz Jablonski.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1601200705.htm
62
ASTRONOMIA
O cometa McNaught, astro mais brilhante do gênero nos últimos 30 anos, poderá ser
observado no céu do hemisfério Sul já na noite de hoje.
O cometa fez sua aproximação máxima com o Sol na última sexta-feira. Nesta noite,
estimam astrônomos, ele fará sua aproximação máxima com a Terra e poderá ser visto
no horizonte. Segundo o site de astrônomos amadores "Southern Comets", ele rivalizará
em brilho com Vênus.
Para observar o McNaught é preciso olhar para o céu logo após o pôr-do-Sol na direção
do poente, de preferência usando binóculos. Os melhores locais para observação são
longe de luzes urbanas e com o céu limpo. Vênus, que estará no oeste, também pode ser
usado como ponto de referência.
O McNaught foi descoberto em agosto pelo astrônomo australiano Robert McNaught,
mas só ficou claro que ele seria tão brilhante quando se aproximou do Sol.
Ele é seis vezes mais brilhante que o cometa Hale-Bopp, que fez sua última passagem
em 1997, e cem vezes mais brilhante que o Halley, que decepcionou muita gente em sua
aparição de 1986.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe1501200702.htm
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Nova sonda busca planetas candidatos a abrigar vida
Telescópio espacial francês terá uma de suas bases de operação no Maranhão
RAFAEL GARCIA
DA REPORTAGEM LOCAL
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe2612200601.htm
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