You are on page 1of 66

Projeto

PERGUNTE
E
RESPONDEREMOS
ON-LINE

Apostolado Veritatis Spiendor


com autorizagáo de
Dom Estéváo Tavares Bettencourt, osb
(in memoríetrñ)
APRESENTAQÁO
DA EDIQÁO ON-LINE
Diz Sao Pedro que devemos
estar preparados para dar a razáo da
nossa esperanca a todo aquele que no-la
pedir {1 Pedro 3,15).

Esta necessidade de darmos


conta da nossa esperanca e da nossa fé
hoje é mais premente do que outrora,
'.■" visto que somos bombardeados por
numerosas correntes filosóficas e
religiosas contrarias á fé católica. Somos
assim incitados a procurar consolidar
nossa crenca católica mediante um
aprofundamento do nosso estudo.

Eis o que neste site Pergunte e


Responderemos propóe aos seus leitores:
aborda questóes da atualidade
controvertidas, elucidando-as do ponto de
vista cristáo a fim de que as dúvidas se
dissipem e a vivencia católica se fortaleca
no Brasil e no mundo. Queira Deus
abencoar este trabalho assim como a
equipe de Veritatis Splendor que se
encarrega do respectivo site.

Rio de Janeiro, 30 de julho de 2003.

Pe. Esteváo Bettencourt, OSB

NOTA DO APOSTOLADO VERITATIS SPLENDOR

Celebramos convenio com d. Esteváo Bettencourt e


passamos a disponibilizar nesta área, o excelente e sempre atual
conteúdo da revista teológico - filosófica "Pergunte e
Responderemos", que conta com mais de 40 anos de publicacáo.

A d. Esteváo Bettencourt agradecemos a confiaca


depositada em nosso trabalho, bem como pela generosidade e
zelo pastoral assim demonstrados.
ANO XXXVI DEZEMBRO 1995 403
"Por mais um pouco de tempo..." (Ap 6,11)

As Seitas: Desafio urgente

Afinal Jesús teve irmáos?

Santa Joana d'Arc condenada e reabilitada

Meninas e Senhoras servindo ao altar?

A Missa Afro

"Conversando com as almas do purgatorio", por Eugenia von der Leyen

Urna vida heroica sobre rodas


KtKUUN 111 KtSfUNUbREMOS DEZEMBRO1995
Publicacáo Mensal N°403

Diretor Responsável SUMARIO


Estévao Bettencourt OSB
Autor e Redator de toda a materia
"Por mais um pouco de Tempo. "
publicada neste periódico (Ap 6.11) 529

Fala a Conferencia Episcopal Portuguesa:


Diretor-Adminislrador: As Seitas: Desafio urgente 530
D. Hildebrando P. Martins OSB
Reflexoes sobre um tema polémico:
Afinal Jesús teve Irmáos? 537
Administracáo e distribuicáo:
Esclarecendo a historia:
Edicóe's "Lumen Christi" Santa Joana d'Arc condenada e
Rúa Oom Gerardo, 40 - 5° andar - sala S01 reabilitada 549
Tel.: (021) 291-7122
Praxe recente:
Fax (021) 263-5679
Meninas e Senhoras servindo ao
Altar? 555
Endereco para correspondencia: Perplexidade:
Ed. "Lumen Christi" A Missa Afro seo
Caixa Postal 2666
Revelacóes particulares:
Cep 20001-970 - Rio de Janeiro - RJ
"Conversando com as Almas do Pur
gatorio", por Eugenia von der Leyen 567
Vale a pena:
Impressao e EncademacJo
Urna Vida Heroica sobre Rodas 573

COM APROVACÁO ECLESIÁSTICA


"MARQUES SARAIVA"

, NO PRÓXIMO NÚMERO:

Desafio das Seitas (Joáo Paulo II). - "Origem dos Varios Grupos Cristáos". -
¡uando é que tal ou tal Uso foi introduzido na Igreja? - A Noite de Sao Bartolomeu
24/08/1572). -Guarabandal: Sim ou Nao? - O Casamento de Emerson Fittipaldi. -
)s Escándalos da Proveta.

(PARA RENOVACAO OU NOVA ASSINATURA: R$ 25,00)


(NÚMERO AVULSO r$ 2,50).

-O pagamento poderá ser á sua escolha:

1. Enviar EM CARTA cheque nominal ao Mosteiro de Sao Bento do Rio de Janeiro cruzado ano
tando no verso: "VÁLIDO SOMENTE PARA DEPÓSITO NA CONTA DO FAVORECIDO" e
onde consta "Cód. da Ag. e o N° da C\C, anotar: 0229 -02011469-5.

2. Depósito no BANCO DO BRASIL, Ag. 0436-9 Rio C/C 0031-304-1 do Mosteiro de S Bento do
Rio de Janeiro, enviando, a seguir, xerox da guia de depósito para nosso controle.
13. VALE POSTAL pagável na Ag. Central 52004 - Cep 20001-970 - Rio
Sendo novo Assinante. é favor enviar carta com nome e endereco legiveis
Sendo renovacSo. anotar no VP nome e endereco em que está recebendo a Revista
J
CENTRAL

"POR MAIS UM POUCO DE TEMPO "

(Ap6.11)

O fim do ano se associa á aproximacio do fim de um sécülo e do !lm 0


«Je
um milenio. A vida no Brasil, como em outras partes do mundo, é difícil; a
decadencia dos costumes e a derrocada de variados sonhossuscitam em muí-
tos inseguranca e desconfianza... Esta gera a expectativa de drástica interven
go divina no mundo atual. Nao faltam "profecías"...!
Outra pode sera atitude de quem se volte mais detidamente para a Palavra
de Deus. O livro do Apocalipse, no seu cap. 6, recapitula toda a historia da
humanidade: é marcada por guerras, fome, peste e morte... É esta a trama de
séculos e sáculos,... decorrente do pecado (cf. Ap 6,1-8). Ao contemplarem tal
quadro, os mártires no céu, vitimasda iniqüidade, exprimem seu ándente anseio
de restauracáo da ordem: "Até quando, Senhor, tardarás a fazer justica contra
os habitantes da térra?". Todavía esse "até quando...?" nao recebe a resposta
esperada; nao foi revelado aos justos o termo final da historia, mas foi-lhes dito
que tivessem paciencia "por mais um pouco de tempo, até que se completasse
o número de seus companheiros e irmáos que iriam ser vítimas como eles" (Ap
6,10s). Isto querdizer: através dos tempos, de geracáo em geracáo, vao-se
formando os cidadáos da Jerusalém Celeste; a historia correrá até que se com
plete o número dos habitantes da bem-aventurada Cidade.
A resposta de Ap 6,11 lembra a do patráo que pediu aos colaboradores
impacientes que aguardassem o tempo oportuno para separar o joio e o trigo
(Mt13,29s).
Vé-se, pois, que o anseio dos justos pelo fim da iniqüidade e a Vitoria
definitiva do bem sobre o mal é algo que perpassa toda a historia dos homens.
O Senhor reconhece este valor, ou seja, a nao acomodacáo dos seus fiéis, mas
nao responde como estes desejariam. Antes, em outra passagem do Apocalipse
lemos a norma: "Que o justo pratique ainda a justica e que o santo continué a se
santificar", enquanto o injusto comete ainda a injustica e o sujo continua a se
sujar (Ap 22,11). Com o passardos tempos, parece que as posicSestendem a
se definir cada vez mais nítidamente; se a iniqüidade é sempre mais requintada,
a santidade há de ser também mais e mais esmerada.
Em suma, tal é a auténtica resposta que os justos háo de dar á inclemen
cia dos tempos, pois na verdade aquilo de que o mundo de hoje mais precisa, é
a santidade daqueles que professam a fé em Jesús Cristo. Nao sem motivo.
Este atribuiu aos seus discípulos a tarefa de serem sal da tema e luz do mundo:
"Briihe a vossa luz diante dos homens para que, vendo as vossas boas, glorifi-
quem vosso Pai que está nos céus" (Mt 5,13-16).
Seja esta a conclusáo que os cristios hio de tirar dos sinais de nossos
tempos. Natal é um convite a renascerespiritualmente, e o Novo Ano um apelo
a recomegar com mais maturidade, pois é preciosa oportunidade oferecida pela
grapa de Deus.
E.B.

529
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS"

Ano XXXVI - N° 403 - Dezembro de 1995

Fala a Conferencia Episcopal Portuguesa:

AS SEITAS: DESAFIO URGENTE

Em síntese: Os Bispos de Portugal, preocupados com o problemas


das seitas em seu país, analisam as causas da expansáo das mesmas:
as seitas parecem responder á procura de solugáo rápida para difículda-
des e angustias do homem de hoje; oferecem enquadramento comunita
rio aos deslocados, sem-lar, propoem algo de transcendente ao mundo
farto de racionalismo e materialismo... Dito feto, os Bispos propoem medi
das pastorais em resposta ao fenómeno: renovar as paróquias, reforgan-
do sua índole de solidariedade entre os fiéis; fomentara catequese, prin
cipalmente no que concerne ás fontes da fé (S. Escritura, Liturgia, Tradi-
gao crista); tornar mais viva e vivida a bracáo, especialmente a Liturgia;
promover a nova evangelizagáo, atingindo a cultura do país... O Docu
mento dos Bispos de Portugal é de atualidade também para o Brasil, pois
toca em varios pontos que afetam igualmente a vida da Igreja entre nos.

* * *

'A Conferencia dos Bispos de Portugal publicou, aos 27 de abril de


1995, urna Carta Pastoral sobre as novas correntes religiosas que inva-
dem as sociedades contemporáneas na América, na Europa e em outros
continentes. O Documento faz rápido inventarío das ditas "seitas" atuais;
examina as principáis causas da sua expansáo e propóe diretrízes pasto
rais sugeridas pelo desafio urgente. O valor de tal Carta ultrapassa as
fronteiras de Portugal; tem seu significado também no Brasil, onde o pro
blema é muito vultoáo e exige respostas claras e urgentes tanto da parte
do clero como da parte dos leigos católicos.

Eis por que, a seguir, publicamos os principáis trechos do referido


Documento.

530
AS SEITAS: DESAFIO URGENTE

O TEXTO DO EPISCOPADO PORTUGUÉS

Sobretodo depois da Guerra de 1939-45, surgiram em Portugal va


rios grupos ou movimentos religiosos, a que genéricamente daremos o
nome de seitas, algumas bem merecendo a designacáo proposta pelo
Parlamento Europeu (Resolucáo de 22.5.1994) de "novas organizares
atuando a coberto da liberdade religiosa".

Por urna certa associacáo de idéias, é ainda de referir um novo sur


to de práticas supersticiosas. Váo elas desde os horóscopos e velhas
bruxarias ás práticas espiritas, mágicas e até demoníacas. Algumas re
clamam-se de fundamento científico e alcancam audiencia nalguns mei-
os de comunicacáo social...

AS SEITAS HOJE, POR QUÉ?

A proliferacáo das seitas é hoje um fenómeno universal. As Igrejas


tradicionais foram as primeiras a preocupar-se com ele, vendo as seitas
como fatores de desorientacáo e divisáo. Os procedimentos duvidosos,
irregulares e até condenáveis de algumas seitas levaram os Estados a
intervir, por vezes policialmente...

Também em Portugal as seitas sao numerosas e diversificadas. Urnas


afirmam-se cristas; outras provém de diferentes sistemas religiosos ou
espirituais, nomeadamente do Oriente; outras ainda baseiam-se em con-
cepgñes filosóficas ou humanistas. As primeiras sao, na perspectiva des-
ta Instrucáo, as que mais interessa considerar, tanto mais que sao aque-
las que maior número dos nossos fiéis atraem. Reclamam-se em geral da
Biblia, lida quase sempre de maneira fundamentalista, nao raro acresci-
da de livros apócrifos e de mensagens dadas como "reveladas" ou "pro-
féticas".

Vivem muito da personalidade dos seus líderes. Carecem de um


corpo de doutrína coerente e minimamente fundamentada. Mais que pres
tar culto a Deus, cerne da religiáo, procuram dar resposta ás ansiedades
dos que a elas acorrem em busca de solucao para os seus males. Nao
faltam as que medem a "fé" dos seus aderantes pelo volume das ofertas
recebidas. O acolhimento caloroso e o clima emocional que proporcio-
nam, exercem sobre eles notável atracáo. O proselitismo e a propagan
da, por vezes com o recurso a poderosos meios publicitarios, conseguem
largas clientelas. Nao raro usam técnicas de manipulacáo psicológica e
social.

531
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

As seitas atraem, sobretodo, as pessoas traumatizadas por altera-


cóes profundas de ordem psicossomática ou sócio-cultural. É o que em
geral ocorre em caso de doenca ou de desenraizamento familiar, profissi-
onal ou geográfico. Por isso tém éxito principalmente nos meios urbano e
suburbano e nos tempos de mutacáo sócio-cultural.

Nestas circunstancias, as seitas aparecem como salvadoras, ofere-


cendo respostas diretas ás ansiedades mais sentidas. E quais sao estas
ansiedades? Podemos considerar mais comuns as seguintes:

a) Necessidade de enquadramento comunitario, sentida nos


sem-lar ou sem-família, nos deslocados, desenraizados ou sos. As seitas
aparecem a oferecer-lhes atencáo, acolhimento, fratemidade, calor hu
mano, protecáo.

b) Procura de resposta a dificuldades e angustias da vida. As


seitas aparecem a oferecer solucóes simples e pragmáticas, versóes
simplificadas ou partíais das verdades e dos valores tradicionais, inter-
vencóes "sobrenaturais" de salvacáo, e, se necessário, curas.

c) Desejo de identidade pessoal e de integracao cultural, num


mundo volúvel, desconcertante e hostil. As seitas aparecem a oferecer
experiencias espirituais fortes, que, num aparente respeito pela heranca
religioso-cultural das pessoas, Ihes deixam largo espaco á emocáo, á
espontaneidade, á participacáo, conseguindo mesmo a recuperacáo de
situacóes de marginalidade ou de alienacáo.

d) Ansia de afirmacáo pessoal, num mundo, mesmo eclesial, que


dissolve a personalidade no anonimato da massificacao e da burocracia.
As seitas aparecem a oferecer consideracáo, oportunidade de expres-
sáo e de intervencáo, sentido de pertenca a um grupo de élite, experien
cia de compromisso e de responsabilidade.

e) Busca do transcendente, num mundo farto de racionalismo e


de materialismo, estranhamente aberto ao misterioso, ao profético, ao
escatológico, ao divino. As seitas (de ordem crista) aparecem com a Bi
blia na máo, com o apelo á oracáo e ás mais profundas interrogacóes
humanas, com a oferta de direcáo espiritual dum mestre.

ATITUDE PASTORAL

As seitas, causa de perturbacáo espiritual, discordia e divisáo ñas

532
AS SEITAS: DESAFIO URGENTE

comunidades e familias cristas, sao um mal que Jesús Cristo anunciou


como perigo constante na historia da Igreja. Já nos primordios do Cristia
nismo elas foram motivo de grande preocupacao para os Apostólos, como
se pode verificar nos escritos de S. Joáo e de S. Paulo. Nos tempos fer
vorosos da Idade Media, elas surgiram com forca, tendo sido combatidas
por santos pregadores e missionários de renome.

No discurso inaugural da IV Assembléia Geral do Episcopado Lati


no-Americano (S. Domingos, 12.10.92), Joáo Paulo II deu particular rele
vo ao problema pastoral das seitas, que associa ao da secularizacáo. "É
urgente enfrentar a sua expansáo agressiva", diz o Papa, que a seguir
denuncia os apoios financeiros ao seu proselitismo, como "estrategia vi
sando destruir (na América Latina) a unidade católica"...

É obrigacáo dos sagrados pastores defenderem os fiéis dos perigos


que para eles representarem as seitas. Por isso, nao basta adverti-los. É
necessário proporcionar-lhes urna catequese específica, baseada numa
seria formacáo crista de base. Essa catequese deve contemplar particu
larmente os seguintes conteúdos de fé, propostos de maneira clara, aces-
sível e prática:

a) As fontes da fé crista, concretamente a Biblia, lida como a Igre


ja a lé, e o Magisterio eclesiástico. Promover a ¡niciacáo bíblica do povo e
fazer a divulgacáo criteriosa dos documentos da Igreja sao medidas ur
gentes.

b) VisSo da fé crista sobre Deus, Jesús Cristo, a Igreja e a


Graca, de forma a libertar os fiéis da concepcáo paga da religiáo, como
relacáo utilitaria com o divino, para Ihes dar a visáo sobrenatural do pro-
jeto de Deus a nosso respeito. As seitas, em geral, oferecem urna visáo
redutora e mesmo falsa destas realidades transcendentes.

c) As fontes da vida crista, nomeadamente a oracáo, a liturgia e


os sacramentos, vividas na sua pureza e plenitude, sem expectativas mági
cas.

d) O sentido crístao do sofrimento, da doenca, da morte e da


vida eterna, cuja falta dá origem ás ansiedades a que as seitas ofere
cem respostas geralmente engañosas.

ALGUMAS PROPOSTAS DA IGREJA

Nao basta, porém, denunciar as seitas e prevenir os fiéis dos peri-

533
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

gos que elas constiiuem para a sua fé e salvacáo eterna. É preciso en


frentar o ayanco das seitas com medidas pastorais bem pensadas e pos
tas em prática com prudencia e determinacáo. Alias, reconhece o Papa,
"este avanco póe em relevo um vazio pastoral, resultante da falta de
formacáo que mina a identidade crista das massas católicas, ás quais se
nao tem prestado a devida atencáo (...), o que as deixa á mercé do seu
ativo proselitismo".

Podemos perguntar: por que será que as seitas tém tanto poder
atrativo, ao contrarío do que parece estar a acontecer com a verdadeira
Igreja de Cristo? É nisto que elas sao um desafio á Igreja. A resposta a
este desafio tem de comecar a ser dada no ámbito da própria Igreja.
Pressupóe urna renovacáo, ou mesmo urna reconversáo pastoral - nao
será a isto que o Papa chama "nova evangelizacáo"? - que, inspirada no
Concilio Vaticano II, se processe principalmente em dois níveis: o da pas
toral paroquial e o da cristianizacáo do mundo moderno.

É ao nivel da Igreja local, cóncretizada na paróquia, que a acáo


evangelizadora e santificadora da Igreja atinge a generalidade dos fiéis.
É nela que estes tém direito de encontrar a Palavra de Deus, os sacra
mentos, a experiencia de comunháo fraterna e a iniciacáo e educacáo
ñas práticas da vida crista. Mas é necessárío que a paróquia Ihes prodi-
galize tudo isto de forma adequada ás suas situacóes, necessidades e
maneiras de ser, sentir, falar e viven

Sem esquecer os progressos já conseguidos na renovacáo da pa


róquia entre nos, temos de reconhecer que, pelas dificuldades de supe
rar imagens, linguagens e ratinas caducas, muitas paróquias só conse-
guiráo cumprir bem a sua missáo depois de um grande esforco de
reconversáo orgánica e pastoral. Tendo presentes as deficiencias mais
comuns ou mais relacionadas com o avanco das seitas, atrevemos-nos a
propor as seguintes linhas de renovacáo ou reconversáo paroquial:

a) Imprimir na paróquia forte dimensao comunitaria, em muitos


casos só possível se ela se transformar em comunidade de pequeñas
comunidades. Que a paróquia se tome comunidade de fé, de amor, de
celebracáo, de missáo: comunidade aberta, acolhedora, fraterna, viva,
atenta a todos e aos problemas de cada um.

b) Cuidar muito da formacáo dos fiéis, pela evangelizacáo,


catequese, educacáo crista, iniciacáo bíblica, litúrgica, apostólica,
ecuménica. Que a formacáo seja continua, inculturada, atualizada, de
forma a permitir-lhes dar respostas de fé ás interrogacóes da vida e pro-

534
ASSEITAS: DESAFIO URGENTE

jetar essas respostas nos ambientes e estruturas sociais. Recordamos a


este propósito a nossa recente "Instrucáo Pastoral sobre a Formacáo
Crista de Base dos Adultos".

c) Tornar mais vivas e vividas a oracáo e a liturgia, dando lugar


á criatividade, á participacáo, á alegria, dentro da larga margem de liber-
dade deixada pelas normas litúrgicas. Que a pregacáo seja menos teóri
ca e moralizante, e mais bíblica, vital e testemunhada; que a pastoral
sacramental se purifique de quanto possa parecer magia.

d) Prestar renovada atencáo ás expressoes da piedade po


pular, purificando-as dos aspectos espurios e enriquecendo-as de con-
teúdos bíblicos, catequéticos e devocionais. Cultive-se urna esclarecida
devocáo aos santos, e particularmente a Nossa Senhora.

e) Responsabilizar pastoral e apostólicamente os fiéis, prepa


rándoos e enquadrando-os orgánicamente para o exercício de ministe
rios, funcóes e atividades apostólicas. Dé-se particular atencáo á pasto
ral das vocacóes, como védente necessáría de todas as expressoes da
vida eclesial. Criem-se estruturas de diálogo e participacáo.

0 Renovar a imagem do padre (pároco), de maneira a aparecer


sempre como homem de Deus, pastor, sacerdote, educador da fé, missi-
onárío. Que seja visto sempre afável, disponível, totalmente entregue ao
exercício da sua missáo de assegurar a unidade, e o dinamismo apostó
lico da comunidade paroquial. Desaparecam dele os traeos de clericalis
mo e de autoritarismo, para que só brílhem os de pai, profeta e santo.
Complementarmente, que ele e a paróquia se abram ao diaconado per
manente, descobríndo a originalidade e a importancia deste ministerio
ordenado.

Mas, como dissemos, nao basta atuar ao nivel paroquial. É neces-


sário simultáneamente um esforco de cristianizacáo do mundo atual, de
modo a superar as disfuncóes que em grande parte estáo na orígem do
presente éxito das seitas. Isto implica nomeadamente o que se vem cha
mando evangelizacáo da cultura, segundo o pensamento da Exortacáo
Apostólica Evangelii Nuntiandi, entendendo a cultura no sentido que
Ihe dá a Constituicáo conciliar Gaudium et Spes (n.53). Desta
evangelizacáo depende o clima ambiental favorável á vida equilibrada,
honesta, solidaría e aberta ao transcendente para a generalidade das
pessoas.

Esta evangelizacáo da cultura é um dos aspectos específicos da


nova evangelizacáo, preconizada pelo Santo Padre com tanto empenho.

535
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

Ela compete a todos na Igreja, mas especialmente aos leigos e ás institui-


cóes eclesiais mais ligadas á vida do mundo. Tém aqui lugar importante
as diversas formas de apostolado laical e, particularmente, a Acáo Cató
lica geral e especializada, que urge, portante, promover e dinamizar.

CONCLUSÁO

Sabemos que esta nossa reflexáo carece de ser aprofundada, e


que as conclusóes e orientales agora propostas precisam de ser con-
cretizadas, para que levem á necessáría renovacio das nossas dioceses
e paróquias.

Confiamos esta ingente tarefa aos nossos presbiterios, ao laicado


comprometido, aos institutos religiosos e afins, e ás instancias diocesanas
e nacionais da Igreja; e recomendamo-la muito particularmente á prote-
cáo e intercessáo de Nossa Senhora, Máe de Deus e nossa Máe, Rainha
e Padroeira de Portugal.

Fátima, 27 de Abril de 1995.


Conferencia Episcopal Portuguesa

QUE FAZER?

O Documento dispensa comentarios. É notorio que aos 29, 30 e 31


de agosto pp., a convite do Pontificio Conselho para a Familia, se reuni-
ram na diocese de Petrópolis (RJ) cerca de quarenta peritos da Europa e
da América Latina a fim de estudar o problema das seitas em regióes
latino-americanas. Chegaram a conclusóes semelhantes ás da Confe
rencia Episcopal Portuguesa. Todos percebem que o problema é urgen
te; nao basta refletir sobre o mesmo, mas faz-se mister agir eficazmente a
fim de consolidar a fé do povo católico. Todos, clérigos e leigos, devem
sentir-se responsáveis pela resposta a dar ás seitas, renovando suas
instituicóes e, especialmente, o seu testemunho de vida, pois muitas pes-
soas hoje dáo mais valor á sinceridade e coeréncia de quem prega do
que á Verdade anunciada. Deus fala á Igreja também por meio dos que
estáo fora da Igreja, fazendo ver aos seus fiéis a premente necessidade
de assumirem fielmente seu lugar de sal da térra e luz no mundo (cf. Mt
5,13-16).

536
Reflexáo sobre um tema polémico:

AFINAL JESÚS TEVE IRMÁOS?

O Professor André Leonardo Chevitarese, da Universidade Federal


do Rio de Janeiro (Instituto de Filosofía e Ciencias Sociais), enviou á
redacáo de PR interessante artigo. Na qualidade de historiador e soció
logo, pesquisou o uso das palavras "irmáos" e "irmás" entre os judeus e
os povos que os cercavam na Antigüidade. Oferece assim um
embasamento aínda mais sólido para se dizer que os "irmáos" de Jesús
nao eram filhos do pai e da máe de Jesús, mas parentes ou familiares
mais distantes.

Trata-se de estudo original e serio, que agradecemos ao Prof. André


Leonardo e publicamos com prazer ñas páginas que se seguem.

INTRODUQÁO

A revista L'Histoire 186 (1995) 80-5 publicou recentemente urna


interessante entrevista com Michel Tardieu, professor do Collége de
France, especialista em religides. O referido professor analisa diferentes
questóes envolvendo a vida de Jesús Cristo. As questóes que Ihe sao
apresentadas, estáo diretamente associadas com alguns livros recente-
mente publicados, entre os quais se destaca aquele denominado Jesús
de Jacques Duquesne.

Logo no inicio da entrevista, Michel Tardieu procura mostrar as dife


rentes possibilidades de se analisar urna questáo extremamente polémi
ca colocada por Jacques Duquesne, qual seja: parece provável que Je
sús teve irmáos e irmás. Entre as outras possíveis formas de se analisar
o problema dos irmáos e irmás de Cristo, Tardieu aponta a tese (p. 80),
segundo a qual as palavras "irmáos", e "irmás" do grego evangélico de-
vem ser situadas no seu sentido semítico, isto é, elas nao designam ape
nas os filhos e filhas da mesma máe, mas, como no aramaico da época
de Jesús ou aínda como no árabe, os parentes próximos, os familiares.

Gustaríamos de nos situar diante de um problema táo polémico, a

537
_10 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

partir da perspectiva assinalada por Michel Tardieu. Partindo do pressu-


posto de que o Novo Testamento se caracteriza pela realizacáo das pro-
messas feitas por Deus no Antigo Testamento, logo, o primeiro estando
diretamente conectado ao segundo, e que a regiáo onde se situam as
pregacóes de Jesús Cristo, mesmo sob o dominio de Roma, cujo Imperio
nunca se caracterizou por ser urna unidade económica, social e religiosa,
apresenta urna base cultural diferente daquela advinda do mundo greco-
romano, buscaremos verificar o sentido em que as palavras irmáo, irmá
sao aplicadas na Biblia. Comecaremos analisando alguns exemplos for-
ñecidos pelo Antigo Testamento.

1. NO ANTIGO TESTAMENTO

No livro do Génesis (13,8) aparece urna disputa envolvendo os pas


tores de Abraáo e Ló.

O primeiro dirige as seguintes palavras ao segundo:

"Que na~o haja discordia entre mim e ti, entre os meus pastores e os
teus, pois somos írmeos".

Nao deixa de ser curioso o fato de Abraáo aplicar o termo irmáo ao


se dirigir a Ló, tendo em vista que no capítulo anterior (12,5) do referido
livro, este último é apresentado como sendo sobrinho de Abraáo. Este
tipo de tratamento, como será observado nos exemplos seguintes, revela
o modelo de familia extensiva, onde as diferentes partes componentes
estáo integradas em tomo de um mesmo núcleo básico, congregados em
tomo de um antepassado comum que os identifica e os faz compartilhar
das mesmas práticas sociais e religiosas. É nesta perspectiva que se
pode compreender, em contextos táo diferentes, a mesma forma de tra
tamento dispensado entre os membros de urna familia. Analisemos as
passagens: a primeira délas está contida no livro de Génesis (29,10-14).
Ao ser informado por Raquel da presenca de Jaco, Labáo corre ao seu
encontró e o recebe calorosamente. Jaco Ihe expóe as altercacóes que
teve com Esaú. Entáo Labáo Ihe disse:

"Sim, tu és de meus ossos e de minha carne".

A segunda passagem encontra-se no livro do Génesis (37,2-27).


Ela diz respeito á historia de José. Após decidirem eliminá-lo físicamente,
os seus irmáos mudam de idéia ao ouvirem as palavras de Judá:

"De que nos aproveita matar nosso irmao e cobrírseu sangue? Vinde,
vendamo-lo aos ismaelitas, mas nSo ponhamos a mao sobre ele: é nosso
irmSo, da mesma carne que nos".

538
AFINAL JESÚS TEVEIRMÁOS? 11_

A última passagem está localizada no livro dos Juizes (9,1-2).


Abimelec profere as seguintes palavras aos irmáos de sua máe, bem
como a todo o clá da casa paterna de sua máe:

"Dizei, pego-vos, aos homens notáveis de Siquém: Que será melhor


para vos: que setenta homens, todos os filhos de Jerobaal, dominem
sobre vos, ou que um só homem domine? E lembrai-vos de que eu sou
osso vosso e carne vossa".

Tres contextos diferentes, tres expressdes básicamente iguais, como


se fossem urna fórmula pré-estabelecida que servisse para lembrar, ou
mesmo para reforcar, linhas de parentesco entre os diferentes membros
da familia. Labáo é tio de Jaco (29,10-12) e, no entanto, ele vé o seu
sobrínho como sendo parte integrante dos seus ossos e da sua carne. O
que leva Labáo a pensar que Jaco seja formado do seu próprío corpo? A
mesma situacáo é apresentada por Abimelec em relacáo aos irmáos da
sua máe, portanto, seus tios. O que leva Abimelec a pensar que ele é
osso e carne dos seus tios e do seu próprío clá? Que esta posicáo seja
assumida por Judá em relacáo a José é bastante compreensível, em ter
mos do que se compreende atualmente por familia, já que se trata de
irmáos, filhos de um mesmo pai. Nao ficam claras, entretanto, a julgar por
valores modernos, as posicóes de Labáo e de Abimelec. Deve-se ter em
mente que estamos diante de urna cultura bem diferente da nossa, que
apresenta urna concepcáo de familia muito mais ampliada do que aqueta
que costumamos ter nos días atuais.

2.0 FUNDO DE CENA ANTIGO

A dificuldade em perceber esta diferenca cultural se deve, em gran


de parte, ao nosso patente desconhecimento das sociedades antigás,
em particular, da romana, cujo dominio hegemónico sobre vastas áreas
territoriais foi significativo, inclusive sobre a regiáo da Palestina. Obser
vemos algumas délas.

Admite-se, de ¡mediato, mas de maneira equivocada, que a domina-


cáo romana ñas áreas mediterráneas tena proporcionado um padráo
cultural único entre as suas diferentes partes integrantes, ¡ncluindo ai a
própría Palestina. Deve ser observado que o Imperio Romano nao visava
a atingir tal objetivo, mesmo porque nao teria sido urna tarefa fácil de ser
alcancada. Urna rápida observacáo num mapa que englobe o vasto terri
torio dominado pelos romanos, mostrará que esta era urna tarefa impos-
sível de ser realizada. Entre as áreas submetidas ao seu controle esta-
vam, por exemplo, o Egito, a Grecia, a península Ibérica e as Gálias. A

539
fg "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995 .__

própría construcáo do Imperio, aínda nos seus promórdios, portante, na


Italia, demonstra que Roma procura garantir as diferencas, em termos
dos acordos e tratados assinados entre ela e os diferentes povos ali
situados, entre os quais podem ser citados: gregos, etruscos, samnitas.
As aliancas estabelecidas entre Roma e a pluralidade de povos subordi
nados á sua autoridade, produziram diferentes niveis ñas esferas da
política e das relacoes económicas e socíais que envolveram a capital do
Imperio e os seus integrantes. Se o Imperio romano conseguiu organizar
urna certa unidade ñas instancias administrativa e militar, ele produziu
também urna gama extremamente rica e variável de possibilidades ao
nivel político, económico e social, incluindo ai o religioso, responsáveis
pela integracáo e manutencáo do próprio Imperio (Beard, M. and Crawford,
M., Rome in the Late Republic. London: Duckworth, 1985).

A base cultural sobre a qual estavam assentados os alicerces do


Imperio Romano, era muito diferente daquela da Palestina. O mundo
greco-romano era, por esséncia, pagáo. A sua sociedade estava organi
zada no modelo clássico de cidadania e, apesar da térra ser a principal
fonte de riqueza, o espaco urbano era reconhecido como o lugar privile
giado para a acáo do cidadáo. As duas principáis línguas faladas no
Imperio eram o grego e o latim. Na sua parte oriental, e a mais rica, pre-
dominava básicamente o grego, enquanto que, na ocidental, era o latim
a língua por excelencia. Deve ser observado, contudo, que as élites ro
manas conheciam, em sua grande maioria, o grego. Este era um dos
requisitos indispensáveis para o membro da élite romana ser reconheci
do, pelos seus próprios pares, como um homem culto e civilizado. Partin-
do destes pressupostos, toma-se extremamente difícil entender no con
texto da cultura clássica algumas situacóes apresentadas no Antigo Tes
tamento. Observemos alguns exemplos.

3. VOLTANDO AO ANTIGO TESTAMENTO

No segundo livro dos Reis encontram-se dois episodios integrados


no mesmo contexto narrativo. Eles fazem parte da historia de Jeú. No
primeiro deles (2 Reis 10, 6-7) ocorre a seguinte passagem:

"Jeú escreveu-lhes urna segunda carta, em que dizia: 'Se estáis do


meu lado e queréis ouvir-me, tomai as cabegas dos homens da familia de
vosso senhor e vinde ter comigo amanhá a esta hora em Jezrael'. (...)
Logo que a carta Ihes chegou as maos, pegaram os filhos do reí, degola-
ram todos os setenta e, pondo suas cabegas em cestos, enviaram-nas
para Jezrael".

540
AFINAU JESÚS TEVEIRMÁOS? 13

O segundo episodio (2 Reis 10,12-14) situa-se quase que em segui


da ao anterior:

"Jeú partiu para Samaría. Estando a caminho, em Bet-Eced-dos-


Pastores, encontrou os irmáos de Ocozias, rei de Judá, e perguntou:
'Quem sois?' Eles responderán): 'Somos irmáos de Ocozias e deseemos
para saudar os filhos do reí e os filhos da rainha-mae'. Ordenou Jeú:
'Prendei-os vivos!' Foram apanhados vivos e degolados na cisterna de
Bet-Eced. Eram quarenta e dois e nenhum foi poupado".

O terceiro exemplo é extraído do primeiro livro das Crónicas (1Cr


15,3-10). Ele diz respeito aos preparativos para a trasladacáo da Arca:

"Entáo Davi reuniu todo Israel em Jerusalém para fazer subir a Arca
de lahweh ao lugar que havia preparado. Congregou os filhos de Aaráo e
os filhos de Levi: dos filhos de Caat, Uriel, o oficial, e seus cento e vinte
irmáos; dos filhos de Merari, Asaías, o oficial, e seus duzentos e vinte
irmáos; dos filhos de Gersan, Joel, o oficial, e seus cento e trínta irmáos;
dos filhos de Elisafá, Semeías, o oficial, e seus duzentos irmáos; dos
filhos de Hebron, Eliel, o oficial, e seus oitenta irmáos; dos filhos de Oziel,
Aminadad, o oficial, e seus cento e doze irmáos".

É difícil encontrar um exemplo, advindo dos textos dássicos greco-


romanos, de urna casa que possuísse urna familia táo numerosa quanto
aquetas propostas ñas tres passagens citadas ácima. Concretamente, o
único exemplo que pode ser citado, específicamente no caso grego, é
aquele referente aos cinqüenta filhos de Egito e as cinqüenta filhas do
seu irmáo Danau, conhecidas como as Danaides. Nao há dúvidas de que
se trata de um caso extremamente raro e mesmo assim nao chega nem
perto dos números de irmáos propostos no livro das Crónicas. Ainda com
relacáo ao caso do exemplo grego, deve ser observado que ele está
inserido na narrativa dos mitos daquela sociedade. Apenas sob esta pers
pectiva é que o grego poderia admitir um número táo grande de irmáos e
/ ou irmás numa mesma familia. Os tres exemplos advindos da Biblia, no
entanto, nao sao analisados como narrativas míticas, mas, literalmente,
como acontecimentos reais que tiveram lugar no mundo dos homens.
Nao deixa de ser inquietante o fato de historias traduzidas para o grego
serem incompreensíveis ou, pelo menos, inaceitáveis para a maior parte
dos leitores desta língua, principalmente porque Ihes falta qualquer tipo
de paralelo entre as narrativas que estáo sendo propostas e as suas
realidades passadas ou presentes. Urna forma de superar a inquietacáo
levantada ácima é tentar responder as seguintes questóes: quem tradu-
ziu o Antigo Testamento para o grego? Quem era o público alvo desta
traducáo?

541
14 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

As duas questóes devem ter como ponto de partida a própria inser-


cáo dos judeus no ambiente cultural grego. Apesar de se detectarem
contatos anteriores entre judeus e gregos, as relacoes entre estas duas
culturas só seráo plenamente desenvolvidas a partir das conquistas de
Alexandre. Para sermos mais precisos, somente com a dominacáo da
Palestina pelos Ptolomeus é que haverá urna necessidade, por parte dos
gregos, de se conhecerem os judeus. Ao longo dos dois séculos seguin-
tes, em contrapartida, percebe-se a presenca de comunidades judias na
regiáo de Cirene, no Egito, na Grecia, particularmente em Sícion, Esparta,
Délos, Cós e Rodes e em Roma. Da capital do Imperio eles sao expulsos
no ano de 139 a.C. por propaganda religiosa ofensiva. Ñas margens do
ambiente cultural grego, percebe-se também a presenca de comunida
des judaicas, especialmente na Babilonia. Este quadro ajuda a visualizar
a insercáo dos judeus em ambientes culturáis diferentes, tanto sob o
ponto de vista dos diversos níveis de gradacáo que os fizeram aproximar
e / ou distanciar do centro de profusáo da cultura grega, quanto sob a
influencia que o uso de diferentes línguas e costumes pode ter no interior
das suas comunidades. Tudo isto sugere urna grande dificuldade de se
construir urna unidade no judaismo, principalmente, a partir das conquis
tas de Alexandre.

O processo que envolveu a traducáo da Biblia para o grego foi lon


go. Esta iniciativa coube, básicamente, aos judeus localizados no Egito,
eles mesmos mais propensos á influencia da helenizacáo do que os ju
deus da Palestina. Este processo teve o seu inicio no final do terceiro
século, estando a tarefa concluida em meados do primeiro sáculo a.C.
Ele se destinava quase que exclusivamente ás comunidades judaicas
disseminadas no interior do mundo grego, tendo em vista a inexistencia
de qualquer dado helenístico que mostré que um náo-judeu se tenha
tornado judeu ou simpatizante porque lera a Biblia. Mesmo a primeira
citacáo da Biblia por um filósofo grego só aconteceu no primeiro século
da era crista.1

Na traducáo dos textos sagrados do hebraico para o grego houve


urna preocupacáo em ser o mais fiel possível, em manter as estruturas
culturáis que os judeus conheciam e praticavam, nao só pela tradicáo
escrita, mas, também, pela tradicáo oral. Os tradutores judeus egipcios
ao aplicarem a palavra irmáo ou ¡rmá para outros membros da familia,
mesmo que o próprio contexto do texto revelasse outras relacoes de paren-

1 Sobre as questdes contidas nesle parágrafo e no anterior, ver Momigtiano. A., A Descober-
ta Helenística do Judaismo a Gregos, Judeus e Romanos de Antloco III a Pompeu, ¡n: Os
Limites da Helenizacáo. Rio de Janeiro: Zahar. 1991, pp. 71-88, 89-109; ver também
Momigliano, A., La Religión en Atenas, Roma y Jerusalén. in: De Paganos, Judíos y
Cristianos. México: Fondo de Cultura Económica. 1992. pp. 127-56.

542
AFINAL JESÚS TEVEIRMÁOS? 15

tesco, como, por exemplo, primos, primas, sobrinhos ou mesmo parentes


distantes, estavam simplesmente mantendo urna situacáo plenamente
aceita pelas diferentes comunidades judaicas dentro e fora do mundo
helénico. Nao deixa de ser significativo o fato do vocabulario grego co-
nhecer palavras que designassem primo (anepsiós) e párente
(syggenés) e, ao mesmo tempo, elas nao terem sido empregadas. O
fato délas nao terem sido aplicadas nos referidos textos vem somente
reforcar o argumento que está sendo enfatizado.

Retornemos ao Antigo Testamento e analisemos algumas situacóes


onde é flagrante a aplicacáo deste modelo de familia entre os judeus.

No primeiro livro das Crónicas (1Cr 23, 21-22) encontra-se a se-


guinte passagem:

"Filhos de Merarí: Mooli e Musi. FHhos de Mooli: Eleazar e Cis.


Eleazar morreu sem deixar filhos, mas teve fílhas que foram desposadas
pelos filhos de Cis, seus irmáos."

No segundo livro das Crónicas (2Cr 36,9-10) observa-se a seguinte


colocacáo:

"Joaquim tinha dezoito anos quando comegou a reinar e reinou tres


meses e dez días em Jerusalém; fez o mal aos olhos de lahweh. No fím
do ano, o rei Nabucodonosor mandou prendé-lo e conduzi-lo a Babilonia
junto com os objetos preciosos do Templo de lahweh, e constituiu Sedecias,
seu irmáo, como rei sobre Judá e Jerusalém."

No Cántico dos Cánticos (Ct 4,9-10) depreendem-se os seguintes


versos:

"Roubaste meu coracao, minha irme, noiva minha, roubaste meu


coragao com um só dos teus olhares, urna volta dos colares. Que belos
sao teus amores, minha irm§, noiva minha; teus amores sSo melhores do
que o vinho, mais fino que os outros aromas é o odor dos teus perfumes."

Há urna perfeita coeréncia, nos tres exemplos ácima citados, da con-


cepcáo que os judeus faziam da familia, mesmo que nesta concepcáo
haja situacóes difíceis para o grego entender. No primeiro exemplo fica
muito claro que os filhos de Cis nao poderiam ser considerados irmáos
das filhas de Eleazar, mas sim primos. O segundo exemplo coloca Sedecias
como irmáo de Joaquim, quando na verdade, no livro dos Reis (2Rs 24,17),

543
16 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

este último é apresentado como sobrinho de Sedecias. No terceiro exem-


plo, a noiva toma-se irmá do noivo, sem que para isso os tradutores
judeus egipcios tenham que dar qualquertipo de explicacáo para os seus
leitores. Todos os judeus compreendiam muito bem o porqué de a noiva
ser tratada como irmá do noivo nos versos do livro dos Cánticos. Mesmo
tendo a sua disposicáo urna língua muito mais rica em termos de vocabu
lario que o hebraico e o aramaico, os judeus do Egito mantiveram na
traducáo grega da Biblia a mesma simplicidade na classificacáo das rela-
cóes de parentesco verificada nos textos em hebraico, urna simplicidade
estranha aos olhos dos gregos, porém perfeitamente compreensível para
todas as comunidades judaicas disseminadas na cultura helénica.

4. PASSEMOS AO NOVO TESTAMENTO

Analisemos, agora, aquelas passagens no Novo Testamento onde


aparecem empregadas as palavras irmáo (adelphós) e irmá (adelphé)
de Jesús. Devem ser observadas, porém, algumas questdes previas. Para
o cristáo, de ¡mediato, o Novo Testamento é a rea I izacao plena das pro-
messas de Deus ao povo hebreu. Elas foram concretizadas em Jesús
Cristo, o Filho de Deus vivo. Como este pressuposto é válido para os
cristáos do mundo inteiro, o Novo Testamento deve ser inserido numa
linha de continuidade com todas as tradicóes e crencas do povo judeu,
contidas nao apenas nos livros do Antigo Testamento, mas, também, no
próprio cotidiano das comunidades judaicas. Urna outra importante ques-
táo refere-se ao local onde ocorreram as pregacóes e peregrinajes de
Jesús Cristo. Tanto aquele quanto estas estáo situadas na Palestina, que
continua a ser o centro do judaismo. É nesta regiáo que o Senhor esco-
Ihe os seus discípulos e é para os judeus que ele dirige as suas prega
cóes. Nao deve ser perdido de vista, portanto, que o Novo Testamento
está plenamente envolvido no ámbito do judaismo, refletindo comporta-
mentos culturáis que, como vimos anteriormente, sao muito particulares.

a) Há básicamente oito passagens que mencionam os irmáos e ir-


más de Jesús. Duas délas estáo contidas no Evangelho de Sao Mateus
(12, 46; 13,55). Observemos respectivamente cada urna das passagens:

"Estando aínda a falar ás multiddes, sua máe e seus irmáos estavam


/ora, procurando falar-lhe. Jesús respondeu áquele que o avisou: 'Quem
é minha máe e quem sao meus irmáos?' E, apontando para os discípulos
com a máo, disse: 'Aquí estáo a minha máe e os meus irmáos, porque
aquele que fízer a vontade do Pai que está nos Céus, esse é meu irmáo,
irmá e máe'".

"De onde Ihe vém essa sabedoría e esses milagres? Nao é ele o

544
AFINAL JESÚS TEVEIRMÁOS? 17

fílho do carpinteiro? Nao se chama a máe deíe Maña e os seus irmáos


Vago, José, Simáo e Judas? E suas irmás nao vivem todas entre nos?"

Nao deixa de ser curiosa, ñas duas passagens, urna nítida preocu-
pacáo do Evangelista em estabelecer urna dissociacáo entre os país e os
irmáos de Jesús. Na primeira passagem, a máe do Senhor aparece
dissociada dos irmáos de forma muito clara, o que é revelado, inclusive,
pelo emprego da conjuncáo grega kaí por parte de Sao Mateus. Na se
gunda passagem esta característica torna-se aínda mais evidente, já que
existe o cuidado do Evangelista em fazer de José e María os país exclusi
vos de Jesús. Os irmáos e irmás mencionados estáo diretamente relacio
nados com Jesús e nao, como deveria ser esperado, como filhos e filhas
dos pais do Senhor.

b) Duas outras passagens fazem parte do Evangeiho de Sao Mar


cos (3,31-32; 6,3). Elas aparecem no mesmo contexto apresentado em
Sao Mateus. Observamos cada urna délas respectivamente.

"Chegaram entáo sua máe e seus irmáos e, ficando do lado de fora,


mandaram chamá-lo. Havia urna multidáo sentada em torno dele. Disse-
ram-lhe: 'Eis que tua máe, teus irmáos e tuas irmás estáo lá fora e te
procuram' (...)".

"Nao é este o carpinteiro, o fílho de María, irmáo de Tiago, José,


Judas e SimSo? E suas irmás neo estSo aquí entre nos?"

Observa-se o mesmo comporiamento estilístico de Mateus em Mar


cos! Mas será simplesmente um problema de estilo? Marcos procura se
parar claramente, ñas duas passagens, a máe de Jesús dos irmáos do
Senhor. Nao deixa de ser curiosa, na segunda citacáo, a preocupacáo do
Evangelista em frisar que Jesús havia aprendido a profissáo do seu pai.
Poderia ser levantado, inclusive, a partir do argumento do silencio, que
Jesús tena exercido a profissáo do seu pai. Esta questáo, entretanto,
nao vem ao caso, neste momento. O que pode ser observado nesta pas
sagem, no entanto, é a sutileza de Sao Marcos ao situar José como sen
do o pai de Jesús, sem o relacionar com os demais irmáos do Senhor.

c) A quinta referencia, na análise deste objeto, está presente no


Evangeiho de Sao Joáo (7,3-5). Ela esta situada num contexto diferente
daqueles mencionados anteriormente. Vejamos a passagem:

"Disseram-lhe, entao, os seus irmáos: 'Parte daqui e vaipara a Judéia,


para que teus discípulos vejam as obras que fazes, pois ninguém age ás

545
18 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

ocultas, quando quer ser publicamente conhecido. Jé que fazes tais coi
sas, manifesta-te ao mundo!' Pois nem mesmo os seus irmáos críam nele".

O sentido da palavra 'irmáo' nesta passagem é extremamente vago


O contexto parece sugerir que se trata muito mais de parentes do que,
propriamente, de irmáos camais, isto é, filhos dos mesmos pais.

d) Nos Atos dos Apostólos (1,13-14) está localizada mais urna refe
rencia aos irmáos de Jesús.

"Tendo entrado na cidade, subiram á sala anterior, onde costuma-


vam ficar. Eram Pedro e Joño, Tiago e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu
e Mateus, Tiago, fílho de Alfeu, e Simio, o zelota; e Judas, o fílho de
Tiago. Todos estes, unánimes, perseveravam na oragao com algumas
mulheres, entre as quais María, a máe de Jesús, e com os irmños dele".

A última linha desta passagem se toma extremamente intrigante.


Com efeito, é difícil de entender o porqué de Lucas, o autor dos Atos,
nao ter sido mais objetivo na vinculacáo de María como máe dos irmáos
de Jesús. Bastaría, para tanto, ser direto na sua narrativa. Por que o
autor nao optou por escrever 'entre as quais María, a máe de Jesús, e
seus filhos?1. Qual a razáo da sua opcáo pouco objetiva em tomar claro o
grau de parentesco existente entre María e os irmáos de Jesús? Por que
sempre o mesmo comportamento estilístico, que procura dissociar o pai
e a máe de Jesús dos irmáos de Jesús?

e) As duas últimas passagens que mencionam os irmáos de Jesús


estáo localizadas ñas Epístolas de Sao Paulo. A primeira délas está con-
tida na primeira carta aos Corintios (9,4-5):

"Nao temos o direito de comeré beber? Nao temos o direito de levar


conosco urna mulher irmá fadelphén gynaíkaj, como os outros apostó
los e os írmeos do Senhor e Cefas (Pedro)?'

A segunda passagem encontra-se na Epístola aos Gálatas:

"Em seguida, após tres anos, subi a Jerusalém para avistar-me com
Cefas (Pedro) e fíquei com ele quinze dias. Nao vi nenhum apostólo, mas
somente Hago, o irmSo do Senhor".

As duas passagens citadas estáo localizadas em contextos que pa-


recem associar com a idéia de parentes. Nao há nada de concreto que
permita afirmar que os irmáos de Jesús sejam filhos dos pais de Jesús ou
de pelo menos um deles. Nao deve causar estranheza o fato de Paulo,

546
AFINAL JESÚS TEVEIRMÁOS? 19

mesmo escrevendo para comunidades gregas, utilizar a palavra irmio


num sentido extremamente ampio. Sobre esta questáo, dois pontos de-
vem ser observados. De ¡mediato, os gregos e os romanos possuíam
urna idéia de familia muito mais ampia do que aquela formulada hoje em
dia. Moses Finley, um dos maiores historiadores da antigüidade clássica
deste século, chamava a atencáo para este ponto, quando escreveu:

"(...) Nem em grego nem em íatím existe qualquer palavra que expri
ma o sentido vulgar moderno de familia, como quando dizemos, porexem-
plo, vou passar o Natal com a minha familia. O vocábulo latino familia
tinha um vasto ieque de signifícados: todas as pessoas livres ou nao, sob
a autorídade do paterfamilias, o chefe da casa; ou todos os descenden
tes de um antepassado comum; ou todos os bens de urna pessoa; ou
simplesmente todos os seus criados (assim a familia Caesaris compre-
endia todos os escravos pessoais e libertos ao servico do imperador mas
nao incluía nem a mulher nem os seus fílhos). Tal como no sentido grego
de oikós, há urna forte tónica no sentido de propríedade" (Finley, M.I., A
Economía Antiga. Porto: Afrontamento, 2a. ed., 1986, pp. 20-1).

Esta longa citacáo deixa transparecer que os leitores das epístolas


do apostólo Paulo tinham um conhecimento muito mais ampio acerca de
familia do que o nosso. Este pressuposto dispensava os primeiros auto
res cristáos de explicacóes suplementares, tais como estas que estáo
sendo dadas agora. A outra observacáo refere-se ao emprego de pala
vras muito pouco comuns na Biblia. Mesmo quando se dirigía aos gre
gos, Paulo nao usava palavras específicas que ajudassem a caracterizar
melhor o grau de parentesco entre os individuos de urna mesma familia.
Um dos raríssimos casos onde esta regra nao pode ser aplicada, encon-
tra-se na Epístola aos Colossenses: Ñas suas saudacóes fináis (4,10),
Paulo lanca máo da palavra anepsiós, primo, referindo-se a Marcos,
primo de Barnabé. Para nos, infelizmente, estas situacóes sao extrema
mente raras. Elas sugerem, no entanto, muito cuidado da nossa parte,
no momento de analisarmos a Biblia, para evitarmos cometer anacronis
mos históricos.

Antes de concluirmos estas rápidas reflexóes, gostaríamos de


retomar ao Evangelho de Sao Joáo. Há um episodio (19, 25-27) muito
interessante envolvendo a máe de Jesús. Observemos a referida passa-
gem:

"Estavam junto á cruz de Jesús sua máe e a irmá de sua máe, María
de Clopas, e María Madalena. Jesús, pois, vendo a máe, e junto déla o
discípulo a quem amava, disse a sua máe: 'Mulher, eis ai teu fílho'. De-

547
20 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

pois disse ao discípulo: 'Es ai a tua máe'. E desde aqueta hora, o discí
pulo tomou-a em sua companhia (alaben o mathetés autén eis tá ídiaj".

Trata-se de urna passagem com elevado grau de complexidade. Como


entender a atitude do Senhor em atribuir ao seu discípulo Joáo a respon-
sabilidade de cuidar da sua máe? Nao devería esta atribuicáo ficar ao
encargo do 'filho' mais velho de María e nao de Joáo, que, apesar de ser
um discípulo, nao era párente de Jesús? Neste caso, urna pergunta sur
ge quase que de forma espontánea: onde estavam os ¡rmáos de Jesús?
Como ñas Ciencias Humanas nao se deve trabalharcom o argumento do
silencio, sugiro urna explicacáo táo obvia quanto aquela decisáo do Se
nhor em passar a responsabilidade dos cuidados da sua máe para Joáo:
Jesús nao tinha irmáos, porque, se os tivesse, nao tena tomado tal atitu
de. Dos parentes do Senhor estavam presentes María e a sua irmá. Ne-
nhum outro membro da sua familia é mencionado nos demais evangelistas
(Mt. 27,55-56; Me. 15,40-41; Le. 23,49). Pregado na cruz e antevendo a
morte se aproximar, a decisáo de Jesús é perfeitamente lógica e coeren-
te. Já tivemos oportunidade de observar em Mateus (12,46) a posicáo de
Jesús diante de quem seria a sua familia. A posicáo que Ele assumiu
naquele momento, se manteve firme até o fim. Questionando-se acerca
da familia, disse Jesús, apontando para os seus discípulos: "(...) Aqui
estáo a minha máe e os meus ¡rmáos (...)". Nada mais coerente, portante,
do que a sua decisáo de entregar a sua máe para o discípulo que Ele
amava.

André Leonardo Chevitarese


R. Ministro de Godoy, 1454/24
05015-001. Perdizes. Sao Paulo - Sao Paulo

A propósito ver

Estéváo Bettencourt O.S.B., DIÁLOGO ECUMÉNICO, 3* edicáo, Ed.


Lumen Christi, Rio de Janeiro 1989, pp. 207-217.

PR 358/1992, pp. 119-123;


PR 370/1993, pp. 124s;
PR 376/1993, pp. 414s;
PR 398/1995, pp. 3Ó5s;

548
Esclarecendo a historia:

SANTA JOANA D'ARC


CONDENADA E REABILITADA

Em sintese: Santa Joana d'Arc, jovem francesa, sentiu-se chama


da pelo Céu para defender a Franca, que se achava em guerra contra a
Inglaterra. Após brílhante vitória, que ela obteve chefíando um batalháo,
fot presa pelos ingleses, que a levaram ao tribunal da Inquisigáo, acusan
do-a de bruxaria - o que naquela época (século XV) era muito grave. Os
ingleses obtiveram a condenagáo de Joana sob o pretexto de mau com-
portamento da jovem. Faleceu em 1431. Todavía pouco após a sua morte
comecou a ser reabilitada mediante dois processos que investigaram os
trámites tendenciosos da condenagáo: em 1455 a autoridade do reí de
Franga inocentou Joana, ocorrendo o mesmo no ano seguinte por parte
da autoridade eclesiástica. A reabilitagáo se consumou com a canonizagSo
de Joana d'Arc em 1920. - Para entender devidamente o caso de Joana
d'Arc, faz-se mister reconstituir a mentalidade de sua época, como se
verá ñas paginas deste artigo.

A figura de Joana d'Arc tomou-se famosa tanto na historia da Igreja


como na historia universal, por ter sido condenada á morte numa estrate
gia, só explicável pelas circunstancias do século XV, e por ter sido pron
tamente reconhecida como inocente tanto pelo poder civil como pela au
toridade eclesiástica. A fé e a entrega a Deus consagraram a pessoa da
heroína, que foi canonizada ou incluida no canon (catálogo) dos Santos
em 1920.

As páginas subseqüentes proporáo o relato do caso.

1. OS PRECEDENTES

O cenário histórico em que aparece Joana d'Arc, é o da guerra dita


"dos Cem Anos" (1337-1453) entre a Franca e a Inglaterra.

Em 1415 Henrique V da Inglaterra invadiu a Franca com o intuito de


derrubar o rei Carlos VI. Os invasores encontraram apoio da parte da
Borgonha, cujo duque Filipe o Bom reconheceu Henrique V da Inglaterra

549
22 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

como legítimo soberano da Franca; ao mesmo tempo, Carlos VI, cuja


saúde mental estava abalada, deserdou seu filho e nomeou o monarca
inglés herdeiro e regente do país. Em 1422, morreram Henrique V e Carlos
VI. O filho deste, Carlos Vil, fez-se coroar em Poitiers, e estabeleceu sua
corte em Bourges, enquanto os ingleses caminhavam em territorio fran
cés e assediavam a cidade de Orieáes. Carlos Vil era figura fraca, que
nada fazia para deter os invasores, mas, ao contrario, permitía que ho-
mens ineptos e gozadores dirigissem o seu povo.

Foi entáo que entrou em acáo urna jovem de 17 anos, que prometía
salvar a Franca.

2. INTERVEN5ÁO DE JOANA

Joana nasceu em Domrémy, de familia camponesa, aos 6 de Janeiro


de 1412. Nao aprendeu a ler e escrever, mas possuía profundo senso
religioso. Aos 13 anos de idade, comecou a ouvír certas vozes, que ela
identificou com as de S. Miguel Arcanjo, S. Catarina de Alexandria e S.
Margarida; exortavam-na a ir socorrer a Franca.

A este propósito já se póe urna questáo debatida: as revelacóes que


Joana anunciava e que se repetíram até a sua morte, nao teráo sido
mero fenómeno de alucinacáo? - Note-se que a alucinacáo significa um
estado patológico, fonte de falsos juízos e de comportamento moral des
controlado. Ora em toda a conduta de Joana d'Arc nao há vestigios de
prostracáo física nem de aberracáo intelectual ou de incoeréncia de di-
zeres e atitudes; ao contrario, clarividencia e firmeza notáveis se mani
festara m. Toma-se, por conseguinte, difícil, se nao ilógico, sustentar a
tese das "alucinacóes".

Somente tres anos mais tarde, em 1428, a jovem resolveu atender


aos apelos celestes. Um tío levou-a entáo á presenta do capitáo Robert
de Baudricourt, delegado do reí em Vancouleurs. Vendo-a, o oficial des-
prezou-a, devolvendo-a a seu pai; este ameacou afogá-la. Joana voltou
a procurar o capitáo, impressionando-o por sua energía. Roberto man-
dou-a ter com o rei Carlos Vil, acompanhada por urna escolta de seis
homens, que deviam defendé-la na caminhada por estradas perigosas.
A donzela pediu e obteve também um cávalo e trajes masculinos (mais
adaptados á missáo militar que ela empreendia). Chegando em Chinon
aos 6 de marco de 1429, Joana identificou o rei dissimulado entre os
seus cortesáos. Logo Ihe pediu soldados para ir levantar o cerco de
550
SANTA JOANA D'ARC CONDENADA E REABILITADA 23

Orleáes. Todavía aquela jovem de 17 anos, vestida de trajes masculinos,


nao inspirava confianca. Tendo insistido, Joana foi submetida a interro
gatorios e exames sobre a fé e a moral pelo espaco de tres semanas; já
que o laudo resultou favorável, Carlos Vil reconheceu o possível valor do
empreendimento de Joana.

A situacáo para a Franca era táo grave que somente urna interven-
cáo do Céu podería salvar a nacáo. O reí concedeu-lhe entáo um peque-
no batalháo destinado a ir socorrer a sitiada cidade de Orleáes, que es-
tava para cair. Joana nao combateria, mas estimularía os guerreiros,
empunhando um estandarte branco, sobre o qual estava a figura de Cristo
entre dois anjos. Finalmente, aos 8 de maio de 1429 os ingleses muito
imprevistamente levantaram o cerco de Orleáes, dando entrada na cida
de a Joana d'Arc e sua tropa.

Assim vitoriosa, a jovem quis levar Carlos Vil a Reims para que rece-
besse a sagracao regia - o que se deu a 17 de julho de 1429. Ao lado do
monarca, a benemérita heroína Ihe disse entáo: "Gentil roí, maintenant
est faict le plaisir de Dieu... Gentil reí, agora está feito o prazer de
Deus".

Joana dava por finda a sua missáo, quando o rei Ihe pediu continu-
asse a guerra. A donzela, dócil, muito se empenhou pela reconquista de
París, mas aos 23 de maio de 1430, perto de Compiégne, foi presa pelos
burgúndios, aliados dos ingleses. Estes a compraram pelo preco de 10.000
francos-ouro, e a levaram para Ruáo, onde Joana deveria ser julgada.
Aos ingleses interessava nao apenas mantera donzela encarcerada, mas
também destruir o seu prestigio aos olhos do público. - Este plano have-
ria de ser executado mediante pretextos religiosos que, para os homens
da época, eram os mais persuasivos.

3. A MENTALIDADE DO SÉCULO XV

Nao se poderiam entender adequadamente o processo e as maqui-


nacóes empreendidos contra Joana d'Arc se nao se levasse em conta a
mentalidade de ingleses e franceses da época:

a) Joana dera á sua missáo militar um caráter religioso, dizendo que


Oeus quería por seu intermedio libertar a Franca. - Por conseguinte, os
inimigos, para desprestigiá-la, tentaríam demonstrar que Joana de modo

551
24 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

nenhum podía ser enviada de Deus, por estar sob a influencia do de


monio, como herege, bruxa, impostora, etc. - Caso isto ficasse com
provado, também o rei Carlos Vil perdería a sua autorídade; sería eviden
te que se aliara a urna fílha de Satanás, por obra da qual havia sido
sagrado. Os franceses poderiam entáo perder a esperanca de obter a
vitória final.

b) A mentalidade popular da época era levada a crer que vitória


obtida em guerra era sinal de que Deus apoiava o vencedor. Ora os
ingleses haviam conseguido um triunfo retumbante em Azincourt (1415),
onde cinco mil guerreiros tinham prostrado toda a cavalaria francesa,
lutando um soldado contra seis cavaleiros. Táo fulgurante vitória, pensa-
va-se, só tena sido alcancada com a colaboracáo do Céu; donde podiam
muitos concluir que Joana contradizia ao curso dos acontecimentos so
bre o qual Deus já proferirá o seu juizo.

c) A própria conduta de Joana se prestava a deturpacñes... As cala


midades que assolavam a Franca havia cerca de 75 anos, excítavam a
imaginacáo popular, provocando o surto sucessivo de falsos taumaturgos
e visionarios. Como naquela hora se distinguiría Joana de urna Catarina
de la Rochelle ou do pastor Guilherme de Gévaudan, comprovadas víti-
mas da ilusáo? - Além disto, o espirito medieval podía fácilmente escan-
dalizar-se com a figura de urna jovem vestida de cavaleiro a cavalgar
junto com urna tropa de soldados; ora tal era o caso de Joana. Ninguém
concebía que urna virgem crista se pudesse apresentar nesses termos.
Compreende-se entáo que muitos dos contemporáneos da heroína se
tenham podido iludir a seu respeito.

d) Será preciso levar em conta também a colaboracáo da Universi-


dade de París, setor de grande autoridade, que os ingleses ganharam
para a sua causa. O espirito que entáo animava os professores dessa
instituicáo, nao era muito sadio. Tendiam a considerar-se os luzeiros da
S. Igreja; os mais moderados entre eles ficavam céticos ao ouvir falar de
Joana; muitos, porém, Ihe eram enérgicamente contrarios. A pobre cam-
ponesa, com seus poucos anos de idade, deixava-se guiar por pretensas
visóes mais do que pelas idéias dos professores; quería passar por mais
perita do que os capitáes do exército, sem pedir venia nem autorizacáo
aos doutos lentes!

Á luz destas características da mentalidade da época, analisemos


agora

55?
SANTA JOANA D'ARC CONDENADA E REABILITADA 25.

4.0 DESFECHO DA HISTORIA DE JOANA

Os ingleses, tendo que apelar para motivos religiosos na sua acáo


contra a jovem guenreira, encontraram apoio valioso na pessoa do bispo
de Beauvais, Pierre Cauchon, todo devotado á causa dos invasores e,
por isto, refugiado em Ruáo, territorio possuido pelos ingleses.

Nao foi difícil encontrar pretexto para se iniciar um processo contra


Joana: as suas apregoadas mensagens celestiais forneciam fundamento
a acusacóes de bmxaría e heresia! Cauchon foi constituido presidente
do respectivo tribunal. Para dar ao júri o aspecto e a autoridade de tribu
nal da Inquisicáo (tribunal oficial da S. Igreja!), chamaram a participar da
mesa o Vice-ínquisidor de Ruáo, Jean Lemaitre. Cauchon convidou ain-
da grande número de assessores e jurados, aos quais o governo inglés
fez saber que tinha meios para os coagir, caso rejeitassem participar do
processo; 113 juristas aceitaram a intimacáo, dos quais 80 pertenciam á
Universidade de París.

O júri era de todo ilegítimo, pois Cauchon nao tinha sobre Joana
nem a autoridade de bispo diocesano nem a de legado pontificio. A San
ta Sé nao fora em absoluto informada da constituicáo de tal tribunal.

Contudo o processo foi encaminhado. A jovem sofreu maus tratos


físicos e moráis; submetida a interrogatorios capciosos, que visavam a
arrancar-lhe a confissáo de heresia e supersticáo, respondeu sempre
com simplicidade e nobreza; chegou a apelar para o Santo Padre: "Peco
que me levéis á presenca do Senhor nosso, o Papa: diante dele respon-
derei tudo o que tiver que responder". "Tudo que eu disse, seja levado a
Roma e entregue ao Sumo Pontífice, para o qual dirijo o meu apelo!". Em
váo, porém, apelou.

Finalmente, após peripecias diversas, Joana foi fraudulentamente


condenada qual herege, relapsa, apóstata, idólatra. Entregue ao braco
secular, sofreu a morte pelas chamas aos 30 de maio de 1431, enquanto
olhava para o Crucifixo e orava. Na última manhá de sua vida, ainda dizia
Joana a Cauchon: "Eu morro por causa de V.S.; se me tivésseis colocado
nos cárceres da Igreja,... isto nao tena acontecido."

A opiniáo pública viu-se profundamente abalada pelo ocorrido. Ape-


sar de todas as acusacóes, a massa do povo ainda tinha Joana na conta
de vítima da injustica de seus inimigos. Conseqüentemente, pouco de-
pois de entrar solenemente em Ruáo (dezembro de 1449), o rei Carlos

553
26 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

Vil deu inicio a urna revisáo do processo condenatorio, revisáo que termi-
nou favorável á jovem. Seguiu-se em 1455 o inquérito pontificio, já que
Joana fora abusivamente sentenciada em nome da Inquisicáo: após nu
merosos interrogatorios, o arcebispo de Reims, aos 7 de julho de 1456,
perante numerosa assembléia de clérigos e leigos em Ruáo, publicou a
conclusáo do "processo do processo", reabilitando a memoria da donzela.

De modo oficial e solene, a Igreja restaurou a memoria de Joana


d'Arc, reconhecendo-lhe os méritos e a santidade em 1920.

Por que tanto se fez esperar essa completa reabilitacáo?

Os tempos que se seguiram ao ano de 1456, foram de reacáo con


tra o espirito e a vida da Idade Media: na época da Renascenca o adjeti
vo "gótico" vinha a ser sinónimo de "bárbaro"; quebravam-se os vitrais
das catedrais para substitui-los por vidracas brancas; o famoso poeta
Pierre de Ronsard (t 1585), imitador dos clássicos gregos e latinos, qua-
lificava o período medieval de "séculos grosseiros"; mais tarde, Voltaire
(t 1778) e aínda Anatole France (t 1924) mostravam-se diretamente
infensos á jovem guerreira de Domrémy. Foi preciso que a opiniáo públi
ca em geral proferisse um juizo mais objetivo sobre a Idade Media para
se pensar em exaltar a figura táo característicamente medieval de Joana
d'Arc.

Em conclusáo: a condenacáo de Joana d'Arc é fato histórico profun


damente doloroso. Jamáis, porém, poderá ser considerado fora do con
texto do séc. XV, que bem o marca e ilumina.

Trata-se de um processo inspirado por interesses políticos e nacio-


nais e justificado perante a opiniáo pública do séc. XV mediante pretextos
religiosos (pretextos que podiam impressionar naquela época). Lamen-
tavelmente houve prelados e clérigos que se prestaram ao papel de juízes
de Joana d'Arc. Nao procederam, porém, em nome da autoridade supre
ma da Igreja, mas, sim, por autoridade a eles conferida pelo reí da Ingla
terra.

Entende-se, pois, que a S. Igreja, de maneira oficial e solene, tenha


procedido á reabilitacáo e canonizacáo de Joana d'Arc.

554
Praxe recente:

MENINAS E SENHORAS
SERVINDO AO ALTAR?

A Santa Sé divulgou urna Nota em que aprova a praxe, já vigente em


algumas dioceses, segundo a qual meninas e senhoras servem ao altar
como acolitas. Este uso tem fundamento no Código de Direito Canónico,
mas deve ser objeto de ulterior legislacáo. Ademáis toca a cada Bispo,
ouvido o parecer da respectiva Conferencia Episcopal, definir se a praxe
é conveniente ou nao em sua diocese; por conseguinte, nao é da compe
tencia dos párocos tomar a iniciativa de instituir tal praxe ñas suas paró-
quias. Mais: a faculdade de servir ao altar, quando concedida nos termos
ácima, é sempre temporaria e nao definitiva.

A seguir, vai publicado o texto da Santa Sé, ao qual se acrescentará


o teor da posicáo do Sr. Arcebispo de Niterói diante da questáo.

(.ANOTADA SANTA SÉ

Roma, 15 de marco de 1994.

Excia. Reverendíssima,

Julgo ser meu dever comunicar aos Presidentes das Conferencias


Episcopais que será brevemente publicada em "Acta Apostolicae Sedis"
urna interpretacáo auténtica do can. 230 § 2 do Código de Direito
Canónico.

Como é sabido, pelo referido can. 230 § 2, estabelecia-se que:

"Laici ex temporánea deputatione in actionbus liturgias munus lectorís


implere possunt; Ítem omnes laici muneríbus commentatoris, cantoris aliisve
ad normam iuris fungí possunt".

Últimamente fora solicitado ao Pontificio Conselho para a Interpreta-


cao dos Textos Legislativos se as funcóes litúrgicas, que, segundo o es
tipulado no citado canon, podem ser confiadas aos leigos, poderiam ser
desempenhadas indistintamente por homens e mulheres e se, entre tais

555
28 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

funcóes, se poderla incluir também a de servir ao altar, em pé de igualda-


de com as outras funcóes indicadas pelo mesmo canon.

Na reuniáo de 30 de junho de 1992, os Padres do Pontificio Conse-


Iho para a Interpretacáo dos Textos Legislativos examinaram a seguinte
dúvida, que Ihes fora posta:

'Utrum ínter muñera litúrgica quibus laici, sive viri sive mulleres, iuxa
C.I.C. can. 230 § 2, fungi possunt, adnumerari etiam possit servitium ad
altare'.

"Pódese incluir o servigo ao altar entre as tarefas litúrgicas que os


leigos - homens ou mulheres - podem desempenhar, de acordó com o
canon 230 § 2?"

A resposta foi a seguinte: "Affirmative et iuxta instructiones a Sede


Apostólica dandas".

"Afirmativamente e de acordó com as Instrugóes que serao dadas


pela Sé Apostólica'1.

Posteriormente o Sumo Pontífice Joáo Paulo II, na audiencia conce


dida em 11 de julho de 1992 ao Exmo. e Revmo. Mons. Vincenzo Fagiolo,
Arcebispo emérito de Chieti-Vasto e Presidente do mencionado Conse-
Iho para a Interpretacáo dos Textos Legislativos, confirmou tal decisáo e
ordenou que fosse promulgada. O que brevemente acontecerá.

* * *

Ao comunicar a essa Conferencia Episcopal quanto fica dito, sinto o


dever de precisar alguns aspectos do can. 230 § 2 e da sua interpreta-
cao auténtica:

1) O can. 230 § 2 tem caráter permissível e nao impositivo: "Laici (...)


possunt". Portanto, a autorizado dada a este propósito por al
guns Bispos nSo pode minímamente ser invocada como obligato
ria para os outros Bispos.

De fato, compete a cada Bispo em sua diocese, ouvido o pare-

556
MENINAS E SENHORAS SERVINDO AO ALTAR? 29.

cer da Conferencia Episcopal, emitir um juízo prudente sobre como


proceder para um regular incremento da vida litúrgica na própria diocese.

2) A Santa Sé respeita a decisáo que alguns Bispos, por determina


das razóes locáis, adotaram, com base ao previsto no can. 230 § 2, mas
contemporáneamente a mesma Santa Sé recorda que sempre será
muito oportuno seguir a nobre tradicáo do servico ao altar pelos
meninos. Isto, como se sabe, permitiu inclusive formar coroín has.

3) Se, em qualquer diocese, com base no can. 230 § 2, o Bispo


permitir que, por razóes particulares, o servico do altar seja prestado
também por muiheres, isso deverá ser bem explicado aos fiéis, á luz da
norma citada, e recordando que ela encontra já uma larga aplicacáo no
fato de as muiheres desempenharem muitas vezes o servico de leitor na
liturgia e poderem ser chamadas também a distribuir a Sagrada Comu-
nháo, como Ministros Extraordinarios da Eucaristía, e realizarem outras
funcdes, como previsto no § 3, do mesmo can. 230.

4) Deve aínda ficar claro que os referidos servicos litúrgicos dos


leigos sao cumplidos "ex temporánea deputatione" a criterio do Bispo,
sem que haja qualquer direito a desempenhá-los por parte dos leigos,
homens ou muiheres que sejam.

* * *

Ao comunicar quanto referido, esta Congregacáo para o Culto Divi


no e a Disciplina dos Sacramentos quis cumprir o mandato recebido do
Sumo Pontífice de dar instrucóes para ilustrar o can. 230 § 2 do C.D.C. e
a interpretacáo auténtica desse canon, que aproximadamente será
publicada.

Assim, os bispos poderáo desempenhar melhor a sua missáo de


serem, na própria diocese, moderadores e promotores da vida litúrgica,
no ámbito das normas vigentes na Igreja Universal.

Em profunda comunháo com todos os membros dessa Conferencia,


tenho o prazer de me professar devmo. no Senhor,

(a) Antonio M. Card. Javierre


Prefeito da Congregacáo para o Culto
Divino e Disciplina dos Sacramentos.

557
30 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

II A POSIQÁO DO SR. ARCEBISPO DE NITERÓI

Circular 24/95

Niterói, 26 de junho de 1995.

Assunto: SÓ MENINOS E HOMENS COMO


ACÓLITOS, NA ARQUIDIOCESE.

Prezado (a)

Apesar de já ter manifestado meu pensamento sobre este assunto


em algumas ocasioes, só agora venho fazé-lo por escrito. Junto com esta
Circular, todos estaráo recebendo a carta da Congregacáo do Culto Divi
no e Disciplina dos Sacramentos enviada ao Presidente da CNBB, que a
transmitiu a todos os Bispos do Brasil, em 1994.

Inicialmente, diante de um possível pensamento de que minha atitu-


de seria antifeminista, recordó duas medidas que tomei, logo ao chegará
Arquidiocese: 1) Todas as pessoas do sexo feminino podem tocar o que
há de mais sagrado para a Igreja - o Corpo e o Sangue de nosso Senhor
Jesús Cristo -, já que permití a Comunháo na máo para elas e todos os
fiéis; 2) Além disto, algumas mulheres podem nao só tocar a Eucaristía,
mas, ainda mais, permití que elas a distribuissem e levassem a seus ¡r-
mios e irmás.junto com o alimento da Palavra de Deus, e no mesmo pé
de igualdade que os homens, que também sao Ministros Extraordinarios
da Comunháo Eucarística.

1) Dito isto:

Lembro com o n° 1 da citada carta, que a autorizacáo dada por al-


guns Bispos nao pode ser invocada como "obligatoria" para os outros
Bispos.

558
MENINAS E SENHORAS SERVINDO AO ALTAR? 3±

2) A Santa Sé "respeita" a decisáo de alguns Bispos, mas recorda


que sempre será muito oportuno continuar com a nobre tradicáo de re
servar o servico do altar somente aos meninos e que permanece a obri-
gacáo de manter os grupos de coroinhas. (Alias, quantos padres e bis
pos comecaram ai seu caminho para o sacerdocio ministerial!).

Sendo assim, na Arquidiocese de Niterói, o servico mais direto ao


altar, que é exercido pelos coroínhas e acólitos, fique reservado somente
a pessoas do sexo masculino. O mesmo se diga em outros casos como:
levar a cruz processional, as velas, o turíbulo, lavar as máos do celebrante,
etc.. O presbiterio, inclusive, deve ser reservado aos homens, salvo quan-
do as ministras estáo atuando na distribuicáo da Sagrada Comunháo.

Continua de pé, é claro, a participacáo feminina na Liturgia como


leitoras, comentadoras, cantoras e outras funcóes, dentro do Di-
reito.

Muito devem o mundo e a Igreja ás mulheres, a comecar por


nossas queridas máes, ás nossas professoras e catequistas, e, ácima
délas, a María, Máe de Deus, por quem nos veio o Salvador. A ela entre
go esta Circular, na certeza de que fará entender a todos seu profundo
espirito eclesial.

Com urna béncáo,


o servo em Cristo,

Dom Carlos Alberto Navarro


Arcebispo de Niterói

559
Perplexidade:

A MISSA AFRO

Em síntese: O rito de Missa Afro exibido pela televisáo aos 20/08/


95 nao passa de um ensaio infeliz de inculturagao, que de modo nenhum
gozava da aprovacáo do Papa Joáo Paulo II, ao contrario do que foi
declarado. Tratase, antes, de urna iniciativa local, cujos mentores visa-
vam a utilizar símbolos da cultura africana para exprimir afee a Liturgia
católicas; acontece, porém, que o espetáculo daí resultante nño atingiu a
sua fínalidade, que era elevar as mentes a Deus em atitude de oragáo;
lembrou muito mais os festejos folclóricos do nosso povo, associados a
Carnaval e a cultos nao cristáos. A inculturagáo tem em vista aproveitar
expressóes da cultura africana, asiática e indígena para transmitirás ver
dades do Evangelho; estas sao destinadas a todos os povos e devem ser
apresentadas aos destinatarios de tal maneira que as possam compre-
ender e viver, sem que percam a sua identidade africana, asiática ou
indígena. Esta tarefa de inculturagéo é delicada e difícil, como se pode
depreender da iniciativa mal sucedida de que nos deu noticias a televi
sáo. - Importa frisar que o espetáculo assim apresentado nao represen
ta os rumos ofíciais da Igreja Católica. Quanto á escrava Anastácia, é
notorio que e/a nunca existiu; o seu rosto recoberto de máscara se deve
á fusSo de duas gravuras que representavam rostos masculinos! A bio
grafía respectiva se deve ao Sr. Volando Guerra, falecido em 1983, que,
com a melhor das intengóes, reuniu documentos diversos dos quais re-
sultou a estória da escrava Anastácia.

Nos últimos tempos algumas paróquias do Brasil tém apresentado


aos fiéis o espetáculo de Missa com instrumentos musicais, cantos, ges
tos e símbolos que lembram fortemente o folclore popular ou mesmo o
Candomblé, a Umbanda, o Carnaval... Um dos momentos mais expressi-
vos desses novos rituais foi a celebracáo exibida pela TV Globo em seu
programa "Fantástico" de 20/08 pp: além de dancas, paramentos forte-
mente coloridos, pipocas, foi ostentada a imagem da "Escrava Anastácia",
que nunca existiu, sendo entáo presidente da celebracáo um Cardeal da
S. Igreja. O espetáculo, presenciado por espectadores de todo o Brasil,
causou impacto profundo, de mais a mais que a emissora de televisáo
afinmou que tal ritual fora aprovado e abencoado pelo Papa. A guisa de
confirmacáo desta falsa noticia, a TV Globo mostrou quadros de urna
Missa celebrada por Joáo Paulo II utilizando símbolos africanos na basílica
de Sao Pedro em Roma.

560
AMISSAAFRO 33

Que dizer a propósito? O ritual da Missa será mudado? Os símbolos


que lembram folclore e festas populares tornar-se-áo habituáis na Igre-
ja?

É preciso responder, de ¡mediato, que tais ensaios, especialmente o


que a TV apresentou em 20/08..., sao tentativas infelizes ou mal sucedi
das de ¡nculturacáo, tentativas que contraríam as instrucóes oficiáis da
Santa Sé. Esta preconiza a ¡nculturacáo dentro de moldes dignos, que
preservem ou mesmo favorecam o caráter sagrado e orante da Liturgia.
Vejamos, pois, o que a Igreja entende por "¡nculturacáo".

1.INCULTURAQÁO

A Liturgia é o exercício continuado do sacerdocio de Jesús Cristo,


que, com a sua Santa Igreja, adora, agradece, suplica e desagrava Deus
Pai. Ora a Igreja é a hierarquia e o povo santo de Deus; em conseqüén-
cia, o povo católico toma parte nesse culto sagrado que a Igreja unida a
Cristo presta ao Pai... E toma parte segundo os seus moldes própríos de
expressáo: língua, gestos, símbolos... aptos a significar o louvor a Deus
e as preces do coracáo humano. Cada povo tem o direito de se exprimir
diante de Deus segundo os seus cañáis típicos de manifestacáo ou, numa
palavra, conforme a sua cultura1.

É por isto que na S. Igreja existem, desde épocas antigás, diversos


ritos litúrgicos e, em particular, diversos ritos de celebracáo da Eucaris
tía: além do romano, há os ritos orientáis (o bizantino, o melquita, o
maronita...) e os ritos ocidentais menos propagados (o ambrosiano, o
visigótico, o Nones...). Acontece, porém, que, ao expandir-se para a Áfri
ca, a Asia e a América, os missionáríos levaram o rito latino romano, com
seus símbolos e gestos..., assaz diversos do linguajar dos povos nao
europeus. Em conseqüéncia, o Cristianismo tomou, por vezes, a feicáo
de urna religiáo de europeus para europeus ou ocidentais..., religiáo muito
estranha aos povos da África, da Asia e da América indígena. Para que

1 Assim define cultura o Concilio do Vaticano II;

"Pela palavra cultura indicam-se todos os elementos pelos quais o homem aperfei-
goa e desenvolve as suas variadas qualidades de alma e de corpo; procura subme-
ter a seu poder, pelo conhecimento e pelo trabalho, o orbe terrestre; torna a vida
social mais humana, tanto na familia quanto na comunidade civil, pelo progresso
dos costumes e das instituigóes; enfim, exprime, comunica e conserva em suas
obras no decurso dos tempos as grandes experiencias espirituais e as aspiracdes,
para que sirvam ao proveito de muitos ou mesmo de todo o género humano" (Cons-
tituicáo Gaudium et Spes n" 53)

561
34 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

um filho de qualquer desses povos se fizesse crístáo, devería deixar de


se sentir africano, asiático, indígena? Haveria dilema entre as culturas
nao européias e a mensagem crista, de modo que quem optasse por
urna devería renunciar a outra? Um africano que se faca cristáo, deverá
desintegrar-se de sua nacáo?

- Está claro que nao. O Cristianismo é essencialmente católico, uni


versal, destinado a todos os povos; ele deve levar o ser humano á sua
plena realizacáo, adotando tudo o que haja de válido e sadio no
expressionismo humano para louvar e suplicar a Deus. Eis por que nos
últimos decenios a Igreja tem apregoado a inculturacáo da S. Liturgia.

Donde se vé que inculturar é assumir, dentre os elementos da cultu


ra (linguagem, gestos, símbolos...) de cada povo, aqueles que possam
ser veículos fiéis e dignos da fé católica, nao deteriorada nem adultera
da. Pode acontecer que em certas regióes determinados símbolos sejam
muito significativos de reverencia e louvor, mas que em outras partes do
mundo nada signifiquem ou até exprimam o contrario; basta lembrar o
uso do chapéu por parte dos homens (o ocidental tira o chapéu em sinal
de respeito, ao passo que o judeu o coloca sobre a cabeca para signifi
car a mesmacoisa).

A inculturacáo assim concebida é tarefa muito delicada e difícil. Deve


levar rigorosamente em conta a sensibilidade, a psicologia, os costumes
dos povos mais diversos, a fim de nao suscitar, por parte de quem a
considera, interpretares indesejáveis ou falsas. Deve evitar todas as
expressoes populares já consagradas pelo folclore carnavalesco ou quase
carnavalesco, como também todos os símbolos característicos de cultos
nao católicos.

Eis o que a propósito dizia o Concilio do Vaticano II em 1963:

"A Igreja nao deseja impor na Liturgia urna forma rígida e única para
aquetas coisas que n§o dizem respeito á fé ou ao bem de toda a comuni-
dade. Antes, cultiva e desenvolve os valores e os dotes de espirito das
varias nagóes e povos. O que quer que nos costumes dos povos nao
esteja ligado indissoluvelmente a superstigóes e erros, Ela o examina
com benevolencia e, se pode, o conserva intato. Até, por vezes, admite-o
na própria Liturgia, contanto que esteja de acordó com as normas do
verdadeiro e auténtico espirito litúrgico" (Constituigáo Sacrosanctum
Concilium n° 38).

"Salva a unidade substancial do rito romano, dése lugar a legítimas


variagóes e adaptagdes para os diversos grupos, regióes e povos, princi-

562
AMISSAAFRO 35

pálmente nos territorios de missño, também quando forem reformados os


livros litúrgicos" (ibid. n° 38).

"A competente autoridade eclesiástica., considere acurada e pru


dentemente o que, das tradigóes e da índole de cada povo, se pode
oportunamente admitir no culto divino. As adaptagóes que paregam úteis
ou necessán'as sejam propostas á Sé Apostólica, para serem introduzidas
com o seu consentimento" {ibid. n" 40,1).

Em 1975 o Santo Padre Paulo VI assim se exprimía, falando da pre-


gacáo do Evangelho em geral:

"O Evangelho e, conseqüentemente, a evangelizagáo nao se identi-


ficam por certo com a cultura, e sSo independentes em relag§o a todas
as culturas. E, no entanto, o Reino que o Evangelho anuncia, é vivido por
homens profundamente ligados a urna determinada cultura, e a edificagSo
do Reino nao pode deixar de servirse de elementos da cultura e das
culturas humanas. O Evangelho e a evangelizagáo independentes em
relagáo ás culturas nao sao necessariamente incompatíveis com elas,
mas suscetíveis de as impregnar a todas sem se escravizar a nenhuma
délas" (Exortagao Apostólica Evangelium Nuntiandi n° 20).

O Papa Joáo Paulo II tem presidido a celebrares que utilizam a


simbologia de povos nao europeus, todavía dentro dos parámetros da
reverencia indispensável á Sagrada Liturgia. Quaisquer que sejam os
gestos e sinais aplicados á Liturgia, deverao sempre contribuir para que
se levem as mentes a Deus numa atitude de oracáo e adoracáo. Caso
este objetivo nao seja atingido, mas, ao contrario, se provoque dispersáo
e perplexidade entre os fiéis, os símbolos nao podem ser considerados
auténticos.

É á luz de tais ponderacóes que se deyem avaliar as tentativas de


adotar elementos culturáis novos para enriquecer sadiamente o ritual
católico.

Quanto á Escrava Anastácia, deve-se dizer o seguinte:

2. A "ESCRAVA ANASTÁCIA"

A devocáo a "Escrava Anastácia" está baseada numa lenda, pois


cultua urna personagem que nunca existiu.

2.1. COMO SURGIU A LENDA?

Em 1971 houve urna solenidade, com toda razáo, cara aos homens
de cor. a trasladacáo para o mausoléu, na Catedral de Petrópolis, dos
restos mortais da Princesa Isabel e de seu marido o Conde d'Eu. Antes
de seguirem em 29/7/1971 para lá, ficaram, para urna vigilia cívica, na

563
36 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

igreja do Rosario. Para acentuar o merecimento da Princesa na questáo


da Abolicáo da Escravidáo, organizou o Servico do Patrimonio Histórico e
Artístico do entáo Estado da Guanabara uma exposicáo iconográfica no
museu desta igreja e, a pedido do diretor deste, Sr. Yolando Guerra (t
30/11/83), ficou após o encerramento da exposigáo uma ampliacáo foto
gráfica, feita pelo Servico do Patrimonio, da ilustracáo dum livro francés
que apresentava, como diz o título do desenlio, "chátiment des esclaves
(Brésil)"- "Castigo dos escravos no Brasil". O "poster" está aínda no Mu
seu.

O resto é totalmente inventado do Sr Yolando Guerra. Condoído


pela apresentacáo dos castigos e influenciado pelo interesse desperta
do entre os visitantes, comecou a escrever sobre o assunto (ele já tinha
escrito anteriormente artigos sobre a igreja do Rosario, a escravidáo, a
Princesa Isabel, a Umbanda) e avancou pouco a pouco: comecou achan-
do que se tratava de uma mulher escrava (se bem que inicialmente co-
mentasse "que nada se sabia déla"); achou que "poderla ter sido" - e
apresentou uma biografía completa com o nome Anastácia, princesa
banto-Angola, ligada a Abaeté-Bahia e Rio. Até acrescentou uma "prece"
de sua autoría, nesta "Oferta de Yolando Guerra". Tudo isso consta de
documentos impressos ou mimeografados pelo Sr. Yolando Guerra.

2.2. E A ORIGEM DO "POSTER"?

Em 1817 visitou o Rio de Janeiro um escritor e desenhista francés,


Jacques Étienne Victor Arago.

Como outros dessa época, participou de uma expedicáo científica,


encarregado da documentacáo iconográfica. Desenhou (pois nao existia
máquina fotográfica) e seus trabalhos foram, por técnicos especializados,
transformados em litografías, algumas coloridas, outras em preto e bran-
co.

Observou, com espirito crítico e bastante negativo, a sociedade bra-


sileiro-portuguesa da época, ficando particularmente penalizado e es
candalizado com o sofrimento dos escravos. No livro Viagem ao redor
do mundo. Memoria de um cegó, conta muitos detalhes e a certa altu
ra descreve dois dos castigos observados: "Olhe aquele homem que pas-
sa por lá, com um anel de ferro, ao qual é adaptada uma haste do mesmo
metal, fortemente presa á nuca: é um escravo que tentou fugir"; "Eis um
outro cujo rosto é totalmente coberto por uma máscara de flandres, na

564
AMISSAAFRO 37

qual foram abertos dois furos para os olhos; o miserável comeu térra e
capim para se suicidar... "Para mostrar isso, juntou os dois castigos numa
só ilustrado, alias nao com toda precisáo. Pois a haste da "gargantilha"
costumava ser mais alta, para cumprir a finalidade: dificultar a fuga pelo
mato, embaracando-se nos galhos. E, se bem que existisse também urna
máscara em forma de brídáo, era mais usada a máscara total. Temos
gravuras de muitos outros visitantes do Brasil nessa época.

Portante: 1° - o sr. Arago reúne numa só figura o castigo que tinha


observado em dois homens;

2o - ele, que em outros trechos menciona os nomes dos escravos


em questáo, aqui apresenta um anónimo (em lugar de dois);

3o - numa edicáo de 1840, é fácil ver que quis apresentar um ho-


mem e nao urna "mulher de extraordinaria beleza" (as ilustrares de ou-
tras edicóes nao puderam ser controladas por ele, que tinha ficado cegó);

4° - a ilustracáo é em preto e branco. Portante é pura fantasía falar


de "olhos azuis";

5o - fantasía igual é afirmar que este "retrato" da escrava Anastácia


foi encontrado entre as cinzas da igreja após o incendio de 25/3/1967.
Nao sobraram quadros a óleo, quanto menos um papel fotográfico (I),
levado á igreja em 1971, como explicamos. O sr. Guerra comenta clara
mente que, antes de 1971, nao se sabe nem se diz algo sobre o assunto.

Assim, devemos chegar á conclusáo de que, por mais justo que seja
compadecer-se com o sofrimento dos escravos negros, nao podemos
aceitar o culto litúrgico duma figura que nao existiu, baseando-nos numa
gravura que nao apresenta urna mulher, mas um homem (melhor: dois
homens). Um movimento popular surgiu pela fantasía inventora do sr.
Volando Guerra. Esta fantasía pode servir para um romance, um filme, se
quisermos.

Apesar de tudo, assumiu características de urna "devocáo": com ora-


cóes, pedidos e agradecimentos por gracas recebidas (promessas), con-
feccáo e venda de santinhos com oracóes, medalhas, estatuetas em ges-
so, "posters", livrinhos impressos com urna suposta biografía, missas á
escrava Anastácia, velas - e até um movimento para pedir a canonizacáo
litúrgica. Um esperto, afastado pelos responsáveis da Irmandade de N. S.

565
38 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

do Rosario, se colocou ñas imediacóes da igreja, com um grande saco


aberto e um cartaz, pedindo contribuicóes "para as despesas da
canonizacáo" da "Escrava - Princesa", da "Princesa - Deusa", da "Deusa
- Escrava11.

2.3. A NOTA DA CURIA ARQUIDIOCESANA DO RIO

Em vista dos resultados atrás publicados, entende-se que a Curia


Arquidiocesana do Rio de Janeiro tenha publicado a seguinte nota.

"ESCRAVAANASTÁCIA"
"O culto dos Santos sempre foi objeto de especiáis cuidados por
parte da Igreja, pois o exemplo de suas vidas é proposto como modelo de
santidade a ser imitado.

Assim sendo, antes que urna pessoa falecida seja declarada Santa
oficialmente, sua vida é submetida a serios exames e pesquisas, efetuados
por estudiosos competentes, como vem acontecendo, por exemplo com
o Venerável Pe. Anchieta e outros.

Nestes últimos decenios, tendo surgido um certo movimento de culto


popular á "Escrava Anastácia", a Autoridade Eclesiástica viu-se na obri-
gacáo de promover estudos e pesquisas sobre este assunto, a fim de
que a piedade dos fiéis possa ter um sólido e firme suporte e nao seja
eventual mente, decepcionada na sua boa fé. Os estudos, em fase dé
conclusáo, sao negativos quanto á autenticidade da existencia dessa
personagem.

Determina-se aos Sacerdotes que se abstenham de aceitar inten


ses de Missa de acáo de gracas ou por outro qualquer motivo á "Escra
va Anastácia". Tal determinacáo, naturalmente, nao impede que sejam
aceitas por almas dos escravos.

Rio de Janeiro, 26 de agosto de 1987

Dom Romeu Brigenti


Vigário Geral e Moderador da Curia"

O interesse da Igreja, no caso, é evitar que a piedade se torne me


ramente sentimental e quase irracional, basendo-se em "estórias" nao
devidamente reconhecidas e avaliadas. A atitude da autoridade eclesi
ástica está longe de significar descaso do problema da escravatura, que
deve ser abordado na base de fatos históricos e nao sobre fundamentos
lendários.

566
Revelagóes particulares:

'CONVERSANDO COM AS ALMAS


DO PURGATORIO"

Por Eugenia von der Leyen

Em síntese: A princesa Eugenia von der Leyen (1867-1929) diz ter


tido visóes de almas do purgatorio; ter-lhe-ao aparecido sob formas de
seres humanos e animáis asquerosos; ter-se-áo irritado com ela, porjul-
garem que ela nao os sufragava suficientemente; em suma, teráo ator
mentado a vidente desde 1921 a 1929. A princesa narra as ocorréncias
no livro em foco. - A propósito notamos que nao é de crer que as almas
do purgatorio aparegam na térra com tanta freqüéncia e assumam for
mas corpóreas tao diversas; as almas do purgatorio estáo separadas de
seus corpos, aguardando a ressurreigSo da carne no fim dos tempos. O
livro concebe o purgatorio como um lugar de tormentos semelhantes aos
do inferno, o que é falso e deturpa a idéia de purgatorio. Este é um esta
do em que as almas dos falecidos se arrependem de haver perdido tem-
po na térra alimentando com lerdeza e complacencia os "pecadinhos" de
cada dia.

* * *

Váo-se multiplicando os casos de "revelacóes" particulares em nos-


sos dias. Entre todas merece atencáo o que afirma a Sra. Eugenia, Prin
cesa von der Leyen, de familia bávara, a respeito de aparicóes de almas
do purgatorio e do estado em que se encontram as mesmas. O livro já
conhecia quatro edicóes alemas em 1985 e foi publicado no Brasil em
1994 com o título "Conversando com as almas do Purgatorio"1. Além das
noticias transmitidas por Eugenia von der Leyen, o livro contém Apresen-
tacáo, Prólogo de Arnold Guillet, Prefacio do Dr. Peter Gehring, editor da
obra, e alguns anexos, como "A doutrina da Igreja sobre as Almas do
Purgatorio" do Pe. Kaspar Demmeler, "O sofrimento purificador" de Ro
mano Guardini, "As Almas do Purgatorio segundo a doutrina de Sao
Bernadino de Sena" e Oracáo pelas almas do Purgatorio.

1 Editora Ave Maña, Rúa Marüm Francisco 656, 01226-000 SSo Paulo (SP), 140 x 210 mm. 223
PP

567
40 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

As páginas subseqüentes apresentaráo brevemente alguns traaos


do livro em questáo e um comentario aos mesmos.

1.TRAQOSDELIVRO

A princesa Eugenia von der Leyen und zu Hohengeroldseck nasceu


aos 15 de maio de 1867 em Munique (Aiemanha). Desde 1921 até o ano
de sua morte, diz-se que gozou do carisma especial de contactar almas
do purgatorio, com as quais conversava. O seu diretor espiritual, Pe.
Sebastiáo Wieser, estimulou-a a escrever as suas experiencias e acom-
panhou a vidente nos últimos doze anos de vida déla.

Eugenia von der Leyen deixou, em conseqüéncia, seus apontamen-


tos, quase á guisa de um diario, onde relata os seus coloquios com as
almas do purgatorio, que Ihe apareciam sob a forma de seres humanos
(homens e mulheres) desfigurados e horrendos ou até sob a forma de
animáis asquerosos (macacos, serpentes...). Um deles tinha o corpo
esburacado e penetrado por vermes:

"Vi o que é simplesmente indescrítivel. Seu corpo estava inteiramen-


te como que esburacado, e em cada cavidade se mexiam milhares e mi-
Ihares de vermes. Tudo nele estava sendo roído por vermes e mais ver
mes. Acho que nunca em minha vida eu tinha visto algo tao nojento" (p. 155).

Tal corpo era "o símbolo dos pecados que ainda deviam ser pagos"
(ibid.).

"10 de outubro - Passei urna noite medonha. Talvez essas visitas


fagam parte da necessáría renuncia á minha vontade própria. Quero,
pois, referir apenas os tatos, e neo quero lastimar-me.

O macaco tem o tamanho de urna porta; enraivece-se qual louco


enfurecido. Parece nem escutar a minha oragSo. Entrou pela janela, o
que para mim já tem urna conotagSo sinistra. Expele seu bafo no meu
rosto e bufa qual animal selvagem. Be quis estrangular-me, mas eu colo
que/ depressa meu crucifixo de agonizantes no meu pescogo, e ai me
deixou.

14 de outubro - O macaco vem todos os dias, mais exatamente to


das as noites. Eu estranho que tenha o couro molhado como se viesse

568
"CONVERSANDO COM AS ALMAS DO PURGATORIO" 41_

da chuva. Mas estou contente que essa alma aparega em forma de ma


caco e nao de cobra; pois, se fosse de cobra, seria demais para mim".

Pode também haver figuras mais brandas e tranquilas:

"30 de maio - Eu estava ajudando as Irmas do Hospital no arranjo


de flores. (Era véspera da festa do Corpo de Deus.) Por algum tempo,
fiquei sozinha, quando veio Benedito e se pos ao meu lado. Perguntei-
Ihe: "Benedito, sofres muito?" Ele fez que nao com a cabega. Continuei:
"Em pouco tempo estarás no céu?" Meneou a cabega afirmativamente. -
"Costumas andar por aqui?" Outra vez o gesto afirmativo com a cabega.
Parecía estar muito á vontade, tal como em vida, de avental azul e de
mangas arregagadas. Ficou olhando algum tempo, saiu porta afora, até
a casa, e sumiu.

Gragas a Deus que a governanta nao vem mais; posso dormir sos-
segada".

A vidente refere que esses visitantes do além chegavam a agredí-la


físicamente; punham-se em luta contra ela, pois julgavam que ela nao os
sufragava suficientemente com oracóes e sacrificios:

"28 de novembro - A m§o de Egolf parecía estar fingida de sangue.


Perguntei-lhe: "Por que tua mao está sangrando?" - "Por causa do meu
pecado". - "Nunca se soube que mataste Susana?"- "Nao. Mas a ti devo
confessá-lo". - "Quem foi Susana?" - "Urna menina inocente". - "Nao
quero saber dos pecados que cometeste". Ai explodiu em uivos, pegou
meu braco, agitou-o violentamente e disse urna palavra que nSo compre-
endi. Entendí apenas "domítico". Deve ter-lhe custado muito fazer essa
confíssáo, pois caiu no chao e gemía terrívelmente. Depois de Ihe ter
dado agua benta, acalmou-se e ficou comigo até a madrugada. Já que o
sonó para mim é um prazer, quis ele forgar-me a renunciar ao descanso,
pois tenho-lhe dado bem pouco até agora".

Em outra ocasiáo Eugenia refere que foi visitada por urna alma sob
forma de macaco: "Ele me olhava de modo táo comovedor que tive de
acariciá-lo. Ao tocar nele, senti a graixa suja do seu corpo" (p. 154).

Há almas que podem passar o seu purgatorio "nos lugares onde


pecaram; outnas o passam ao pé dos altares... para adorar o Santíssimo
Sacramento; sofrem menos do que padeceriam no purgatorio. Enxergam
Jesús com os olhos da fé e, ao mesmo tempo, com a alma. Na sua pre-
senca, os seus sofrimentos diminuem de intensidade" (p. 205).

569
42 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

No purgatorio haverá fogo,... "fogo que penetra sobretudo as partes


do corpo com as quais se pecou. Embora o corpo tenha sido deixado na
térra, a alma tem a sensacáo de possui-lo aínda, para que ele participe
do castigo que Deus a ele impós" (p. 204).

A duracáo do purgatorio, para cada alma, pode estender-se por vi ri


te, quarenta anos ou mais, ou também menos do que isto (cf. p. 207).

Quanto aos sufragios que se facam na térra pelas almas do purga


torio, é de notar que nem sempre constam da celebracáo de Missas, pois
"estas nao aproveitam a quem nao acreditou no valor da S. Missa antes
de se converter á fé" (p.154).

Em suma, sao estes os principáis tragos que o purgatorio apresenta


no Diario de Eugenia von der Leyen e nos escritos que acompanham
esse Diario na obra que estamos recenseando.

Importa agora tecer algumas consideracóes a respeito.

2. PONDERANDO...

Quatro pontos vém á mente de quem reflete sobre as ¡mpressionan-


tes noticias do livro em foco.

1. Revelacóes particulares. Trata-se de visóes e aparicóes de


índole pessoal ou particular, que nunca poderáo ser impostas á fé dos
cristáos. A Igreja afirma que a Revelacáo das verdades de fé está encer
rada com a geracáo dos Apóstelos, de modo que nenhum artigo de fé
pode ser acrescentado ao patrimonio revelado por Deus. As revelacóes
particulares sao possíveis; Deus pode querer, mediante tal recurso, incu-
tir ou corroborar os artigos de fé; geralmente o que elas propóem, é urna
exortacáo á oracáo e á penitencia. As demais mensagens tém que ser
confrontadas com as verdades de fé para se examinar a conformidade
das mesmas com a fé da Igreja.

2. Purgatorio = castigo. Quem lé o Diario de Eugenia von der Leyen,


tem a impressáo de que o purgatorio é um castigo infligido pelo Senhor
Deus a quem morre portador de resquicios de pecados antigos. Esta

570
"CONVERSANDO COM AS ALMAS DO PURGATORIO" 43

maneira de entender é ¡nadequada. Nao se trata de um castigo, mas de


urna expressáo da misericordia divina, que concede á alma do falecido a
ocasiáo de fazer o que devia ter feito na vida presente; é durante esta
peregrinacáo que o crístáo se deve desapegar de todo resquicio de pe
cado, de tal modo que, logo após o término da caminhada terrestre, pos-
sa entrar na visáo de Deus face-a-face. Caso o crístáo nao o faca antes
de morrer, tem a ocasiáo, oferecida pela misericordia divina, para o fazer
postumamente.

3. Fogo no Purgatorio. O purgatorio está longe de ser um lugar de


fogo e de tormentos físicos. As almas do purgatorio se acham separadas
dos respectivos corpos, de modo que nao sao afetadas por agentes físi
cos; nem revestem corpos esburacados por vermes, nem corpos de ani
máis...

A purificacáo postuma se faz pelo repudio do pecado e de suas rai-


zes. Nao temos nocáo alguma de quanto tempo isto possa durar (exclua-
se a contagem em anos); cada qual leva para o além urna carga maior ou
menor de resquicios do pecado; embora as almas do purgatorio tenham
o seu amor voltado para Deus, esse amor aínda é contraditado por som
bras de pecado, com as quais é impossível ver a Deus face-a-face. A
própria alma do crístáo, ao verificar, após a vida terrestre, que ainda é
incoerente e portadora de resquicios de pecado, quer purificar-se es
pontáneamente; ela sabe que nao pode sustentar a presenca de Deus
face-a-face se é marcada por algum trago de incoeréncia.

4. Voltar á Térra? A Sra. Eugenia von der Leyen diz ter visto muitas
e muitas almas do purgatorio em visita á Térra sob formas sensíveis;
Deus Ihes tena permitido aparecer assim. Na Térra essas almas teriam
assumido atitudes passionais, violentas, á semelhanca de quaisquer ou-
tros seres humanos. Ora isto parece produto de fecunda imaginacáo:
nao é de crer que as almas do purgatorio, que precisamente estáo a se
purificar dos resquicios do pecado, venham á Térra mostrando-se
passionais para os seus irmáos neste mundo. Recomenda-se a todos os
cristáos cautela diante de pretensos fenómenos extraordinarios; nao raro,
é simplesmente a fantasía dos "videntes" que projeta tais imagens. Afina!
o purgatorio nao é um cárcere, donde, por permissáo de Deus, os prisio-
neiros saem de licenca e vém solicitar com animosidade e impaciencia os
sufragios dos seus irmáos neste mundo.

571
44 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

Em suma, é de lamentar que o livro em foco dissemine táo caricatural


nocáo de purgatorio, nocáo que mais corresponde a representa9Óes fol-
clóricas ou teatrais do que á realidade mesma. - Na verdade, o purgato
rio é um estado, nao um lugar, sem fogo e sem estímulos físicos..., esta
do postumo no qual a alma do crístáo verifica que foi negligente e tibia
em relacáo á sua principal tarefa, que era preparar seu encontró final
com Deus, a Beleza Infinita a ser contemplada face-a-face. Verificando
que perdeu tempo (kairós, em grego) e oportunidades antes de morrer,
a alma sofre por ver diferida a hora do seu encontró face-a-face com
Deus... diferido porque Ihe resta o dever de resgatar o tempo perdido ou
de proceder ao repudio e ao desanraigamento total dos tragos de pecado
com os quais tenha passado deste mundo para o além. É um sofrimento
nobre e espontáneo, inspirado pelo amor a Deus e o horror ao pecado.
Tal nocáo de purgatorio é muito lógica; decorre necessariamente das
premissas da fé crista, e se coaduna harmoniosamente com a 00930 de
Deus Santo e Misericordioso. Além do mais, está contida nos textos bíbli
cos de 2Mc 12,36-45 e 1Cor 3,10-15; deve-se mesmo dizer que já fazia
parte do patrimonio da fé dos judeus pré-cristáos, que a transmitiram aos
cristáos.

A propósito ver ulteriores considerares em

PR 402/1995, pp. 526;


PR 295/1986, pp. 557s;
PR 306/1987, pp. 458s;
PR 361/1992, pp. 265s;
PR 371/1993, pp. 154s;
PR 376/1993, pp. 400.

Curso de Novíssimos ou Escatologia, Escola "Mater Eclesiae", Caixa


postal 1362, 20001-970 Rio (RJ).

AOS SEUS LEITORES E AMIGOS A REVISTA PR DESEJA AS


MELHORES GRAQAS E BÉNQÁOS DO SENHOR JESÚS, EM VIS
TA DE SANTO NATAL E FELIZ 1996, QUE A TODOS ENCAMINHE
PARA A PLENITUDE DA VIDA!

572
Vale a Pena:

UMA VIDA HEROICA SOBRE RODAS

Em síntese: O Pe. Luis de Moya, com quarenta e dois anos de


idade, sofreu um acídente de carro que o deixou tetraplégico ou paraliti
co das pernas e dos bragos. Ao contrario dos quejulgam a vida destitui
da de sentido em tais condigóes, o padre reagiu muito bem ao desafío;
sabe ocupar seu tempo com oragao e trabalho, embora dependa de pes-
soas que Ihe assistam continuamente; consegue tornarse útil ao próxi
mo, chegando a ministrar aulas de Etica na Universidade de Navarra,
como fazia antes do acídente. - E testemunho eloqüente da galhardia e
da confíanga que Ihe sao inspiradas por saber por que e para que vive,
como filho de Deus e caminheiro para a Casa do Pai.

É freqüente dizer-se que urna vida deficiente física ou mental nao


vale ser vivida. Daí as campanhas pró-eutanásia e pró-aborto, no mundo
contemporáneo. Ora a experiencia de pessoas deficientes desmente tal
modo de pensar. Já foi citado em PR 402/1995, pp. 506-514 o caso de
Helen Keller, cega, muda e surda desde criancinha e, apesar disto, escri
tora de nivel universitario. Apraz trazer ao público do Brasil também a
figura do Pe. Luís de Moya, médico, professor da Universidade de Navarra
(Espanha), 42 anos, que, embora tetraplégico (paralítico de bracos e
pernas), tem superado as angustias de seu estado físico, dando belo
testemunho de coragem; porcerto os valores religiosos o sustentam nessa
sua caminhada.

Vai, a seguir, apresentado o caso do Pe. de Moya como é noticiado


pelo jornal REDACCIÓN, da Universidade de Navarra em sua edicáo de
dezembrode 1994.

I. A NOTÍCIA

Sorri, reza, sofre, escreve, graceja, escuta música, sai em excur-


sóes... quer bem e se senté querido. Isto tudo Ihe acontece sem que se
levante da sua cadeira, apenas movendo um pouco a cabeca. O que

573
46 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

salta aos olhos no Pe. Luís de Moya é a sua imobilidade, conseqüéncia


de um acídente de tránsito sofrido em 1991. Apesar de ter conhecido
momentos difíceis no CTI da Clínica Universitaria, ele eré que vale a pena
viver.

Um dos mu ¡tos pormenores que ¡mpressionam a quem fala com esse


sacerdote sentado em sua cadeira de rodas, sao as suas máos imobiliza-
das sobre as pernas. Máos que um día tocaram enfermos quando ele
estudava Medicina na Universidade Complutense; máos que, consagra
das a Deus, abencoaram matrimonios, ministraram o perdáo, elevaram
sobre o altar o Corpo de Cristo sacramentado, máos que apertaram mui-
tas máos no espaco de 42 anos.

O Pe. Luís nao se refere á sua situacáo como algo de trágico:

"Embora eu esteja consciente de que perdí algumas ¡acuidades que


me eram importantes, o fundamental nao mudou. Continuo sendo gente,
porque conservo o que faz serhomem, a saber, a minha condigno espiri
tual. Como sacerdote, posso continuar a realizar o que de verdadera
mente valioso eu realizava antes: celebrar a Santa Missa, atender a con-
fissóes..., querer bem aos meus semelhantes".

LER E ESCREVER MEDIANTE COMPUTADOR

Com poucos meses de convalescéncia na Clínica, o Pe. Luís fixou


para si um horario de trabalho intenso para aproveitar o tempo. A cabeca
Ihe permitiu estudar e estudava. Quando recebeu a cadeira de rodas,
que ele controla com o queixo, comecou a deslocar-se por toda parte,
desde que nao houvesse barreiras arquitetónicas. Mediante um compu
tador e um programa adequado, ele pode ler em urna tela e escrever em
seu próprío texto.

De vez em quando, grupos de universitarios o convidam a um andar


de estudantes para passar algum tempo com ele em troca de idéias.

O TESTEMUNHO DO ENFERMO

"Por mais que me parecesse duro o sofrimento, nunca pensei que


seria algo insuportável. Vejo pessoas que sofrem sem saber descobrir o
sentido do sofrimento. Nos últimos dias compreendi a riqueza das pesso
as que cuidam dos enfermos. Neo há por que aplaudir o Pe. de Moya;
sejam aplaudidas, sim, as pessoas que me ajudam. As horas de dedica-
gao e carinho da parte délas nao tém prego".
574
UMA VIDA HERÓICASOBRE RODAS 47

O Pe. Luís se refere aos médicos e sanitarístas da Clínica, aos seus


país e aos membros do Opus Dei que dele tratam no Colegio Maior Aralar:
"Sou feliz porque me sinto benquisto, porque estou com minha familia, na
qual sou como um menino de um ano, com as diferencas que o bom
senso sugere... Preciso continuamente de alguém que esteja ao meu
lado ou, ao menos, acessível. Com a cabeca posso dirigir a cadeira de
rodas, mas nao posso cocar a orelha, nem atender ao telefone ou abrir a
porta".

Diante da reacáo de pacientes que, ñas mesmas circunstancias, so-


licitam a eutanasia, observa o Pe. Luís:

"Tive contato com outros tetraplégicos, e verífíquei que o seu princi


pal problema é a ignorancia e a falta de fé. Talvez nao tenham tido a
mesma sorte que eu, de aprofundar o sentido da vida. Somos imagem e
semelhanga de Deus, criados por Ele para que - se quisermos - tenha-
mos um destino feliz na etemidade e também nesta vida.

Parece-me urna loucura querer morrer ou deixar de existir. Estou


consciente da minha liberdade e de que tenho a vida em minhas mSos,
mesmo que e/as nao se movam. Alguns julgam que a vida nos é dada
para mero gozo material, para tirar o máximo partido em materia de pra-
zer, poder ou riqueza. Creio que a vida, se/a como for no plano físico,
merece ser vivida. Com a ajuda de Deus que pego todos os dias, tenho a
esperanga de chegar ao termo em vista do qual Ele me deu a existencia".

A JORNADA DO PE. LUÍS

O Pe. Luís assim descreve o seu día, usando de bom humor;

"Levanto-me, ou melhor, mobilizam-me as 6h 45min. Rezo durante


certo tempo e concelebro a S. Missa. Após o café da manhá, ponho-me a
trabalhar com o computador até me levarem á Clínica - para a reabilita-
gao - ou ao oratorio para atender ás confíssóes.

Depois do almogo, converso um pouco e volto a trabalhar; oferego


diregao espiritual a universitarios ou preparo material para pregagóes.
Seguem-se outro segmento de oragáo, a ceia e me levam para a cama.
Aínda que nao parega, tenho o tempo bastante ocupado".

E estaría mais ocupado a partir de fevereiro de 1995, quando o pa-

575
48 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

dre voltaria a ministrar algumas aulas de Ética na Escola de Arquitetura,


como fazia antes do acídente.

II. COMENTANDO...

O testemunho do Pe. Luís de Moya é valioso, porque mostra como


urna existencia tida como fadada á infelicidade pode ser vivida com ga-
Ihardia e alegría. Bem se diz que a felicidade é feita pelo homem, e nao
se encontra feita. Sem dúvida, a fé é elemento poderoso para levantar o
ánimo e ajudar a manter confianca e esperanca no futuro. Quem sabe
por que vive, valoriza e estima cada minuto de sua existencia. Ora é certo
que nenhuma motivacáo é táo forte e eloqüente quanto aquela que se
deriva da fé.

Vé-se, pois, que é precipitado e afoito pleitear o aborto e a eutana


sia sob alegacáo de que determinado tipo de existencia será desgracado
e nao valerá a pena de ser conservado. O que importa nos casos de
deficiencia física, é assistirao paciente, ajudando-o a descobrirreferenciais
que possam inspirar coragem e estímulo. Quem consegue superar a ten-
tacáo de desánimo, toma-se herói e pode ser enumerado entre os gran
des vultos da historia. Tais foram Helen Keller, Marie Heurtin, Marta Obrecht,
Ana María Poyet...

Tal é também o Pe. Luís de Moya.

CARO(A) LEITOR(A),

POR OCASIÁO DO NATAL DÉ AOS SEUS AMIGOS UM PRE


SENTE QUE TORNE VOCÉ PRESENTE A ELES TODOS OS ME
SES DO ANO NOVO. OFERTANDO-LHES UMA ASSINATURA DE
PR, VOCÉ AJUDARÁ SEUS IRMÁOS E IRMAS A REFLETIR. AS
VEZES, SO NAO HÁ MAIS FÉ, PORQUE NAO HÁ ESCLARECÍMEN-
TOS. A FÉ É A LUZ QUE GUIA OS PASSOS DOS HOMENS PELAS
ESTRADAS DESTA VIDA.

576
Pergtinte

Responderemos

índice Geral de 1995

577
50 TERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

ÍNDICE

(Os números á direita indicam, respectivamente, fascículo,


ano de edicáo e página)

ABORTO ERELACÓES PRÉ-MATRI MONIAIS 392/1995, p. 28.


NA ENC. "O Evangelho da Vida" 399/1995, p. 340.
O NSo da Medicina 402/1995, p. 523.
Legalizacio na Bélgica 395/1995, p. 188.

ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA ARGENTINA


E ABORTO 402/1995, p. 523.
ADICTO: quem é? 392/1995, p. 37.
ALANO PENA, D.: aparicoes em S. Sebastiáo do
Alto 395/1995, p. 172.
ALUCINACÁO: que é? 401/1995, p.461.

AMULETOS E CONTAGIO ESPIRITUAL 394/1995, p. 137.


ANÓNIMOS, GRUPOS DE AJUDA MUTUA:
enderecos 392/1995, p. 47.

APARICOES EM SAO SEBASTIÁO DO ALTO 395/1995, p. 171.


APARICÓES E REVELAQÓES EM GERAL:
como julgá-las? 400/1995, p. 386.

APOCALIPSE: interpretado 397/1995, p.259.


ARAÚJO, FRANCISCO ALMEIDA: testemunho
eucarístico 393/1995, p. 78.
"A RELIGIÁO DE JESÚS, O JUDEU" por Geza
Vermes 402/1995, p. 495.
AUSCHWITZ: vida no campo de concentracáo 401/1995, p. 434.
AUTORIDADE NA IGREJA: contestacáo 393/1995, p. 70.

"A VIDA HUMANA NAO É MAIS SAGRADA"


(Maurizio Morí) 402/1995, p.515.

BATISMO, FÉ E OBRAS - para os Batistas 396/1995, p.218.


BATISTAS: historia 396/1995, p.215.
BESTA DE APOCALIPSE 13,18: n° 666 397/1995. p. 272.
578
ÍNDICE GERAL 51

BEGLIOMINI, HELIO: relaodes pré-matrimoniais 392/1995, p. 25.


BÍBLIA E LIVRE EXAME: pilastra do protestantismo. 397/1995, p. 278.
- leitura e interpretacáo na RCC 396/1995, p. 229.
BISPOS DA CHINA: 'TRABALHEMOS POR
MELHORES TEMPOS" 400/1995, p. 413.
"BREVE HISTORIA DOS BATISTAS" por J. Reís
Pereira 396/1995, p. 215.
BUDISMO ECONVERSÁOAO CATOLICISMO 401/1995, p. 444.

CARDOSO DE MENEZES, EURÍPEDES, E


PROTESTANTES 395/1995, p. 165.
CASAS MAL ASSOMBRADAS: explicacáo 294/1995, p. 138.
CASTRACÁO DE MENI NOS E VOZ DE SOPRANO .. 398/1995, p. 335.
CELIBATO EELSIMARCOUTINHO 394/1995, p. 126.
CESCA.OLlVIO.-OSIMEOSANGUE" 393/1995, p. 84.
CHINA-CARTA PASTORAL DOS BISPOS 400/1995, p.413.
CIENCIA CRISTA: que é? 401/1995, p. 468.
CIÉNTISTASEDEUS:testemunhosdefé 393/1995, p. 57.
CNBBETFP 398/1995, p. 325;
E RCC 396/1995, p. 226.
COELHO, PAULO, "Na Margem do Rio Piedra" 392/1995, p. 16.
COMUNHAO EUCARlSTICA E COMUNHAO
ECLESIAL 394/1995, p. 115.
DE DIVORCIADOS NOVAENTÉ CASADOS:
Carta da Santa Sé 394/1995, p. 109;
400/1995, p. 401.
"CONVERSANDO COM AS ALMAS DO
PURGATORIO" por Eugenia von der Leyen 403/1995, p. 567.
COUTINHO, ELSIMAR, e celibato 394/1995, p. 126.
CORREA DE OLIVEIRA, PÜNIO: quem foi? 398/1995, p. 316.
CRIAQAO E EVOLUgAO DO HOMEM: síntese 393/1995, p. 55.
CRISTIANISMO: RELIGlAO EUROPÉIA? 401/1995, p. 447.
CRISTOLOGIA: ACORDÓ ENTRE ASSlRIOS E
OCIDENTAIS 395/1995, p. 156.
"CRUZANDO O LIMIAR DA ESPERANQA" pelo
Papa Joio Paulo II 395/1995, p. 183.
CROSSAN, JOHN DOMINIO, "QUEM MATOU
JESÚS?" 399/1995, p. 347.
CUBA: apelo dos Bispos 394/1995. p. 141.
"CURA ENTRE GERAQÓES" por Robert Degrandis.. 394/1995, p. 131.
CURSO PARA NOIVOS: que dizer? 392/1995, p. 30.

579
52 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

DANIEL 9,24-27-exegese 397/1995, p. 251.


DEGRANDIS, ROBERT, "Cura entre Geracóes" 393/1995. p. 54;
DEUS CIRURGIÁO 393/1995, p. 54;
OLEIRO 393/1995, p. 53.
DIVAGACÓES DO ESPÍRITU FORA DO CORPO 394/1995, p. 139.
DIVISÁO DA IGREJA NA CHINA 400/1995, p. 415.
DIVORCIADOS NOVAMENTE CASADOS E
SACRAMENTOS 394/1995, p. 109;
"DOCUMENTOS CONFIDENCIAL DE JOÁO
PAULO III" por Francisco de Juanes 393/1995, p. 70.
DOMESTICACÁO DO ANIMAL E EDUCACÁO DA
CRIANQA 393/1995, p. 62.
DOMINGO CRISTÁO: historia eespiritualidade 399/1995, p. 354.
DUQUESNE, JACQUES e Evangelho 398/1995, p. 304.

ELSIMARCOUTINHOe celibato 394/1995, p. 126.


EMBRIÓES HUMANOS: manipulagáo 399/1995, p. 341.
"EM BUSCA DE SENTIDO. UM PSICÓLOGO NO
CAMPO DE CONCENTRAQÁO" por Viktor
E. Frankl 401/1995, p. 434.
ENEAGRAMA: que é? 401/1995, p. 450.
EPISCOPADO PORTUGUÉS E SEITAS 403/1995. p. 530.
"ESCRAVA ANASTÁCIA": nunca existiu 403/1995, p. 530.
ESCRITURA: pontos controvertidos 396/1995, p. 217.
"ESPIRITISMO. DIMENSÓES OCULTAS DA
REALIDADE" por Pier Angelo Gramaglia 401/1995, p. 456.
ESPIRITO FORA DO CORPO - DIVAGAQÓES 394/1995, p. 139.
ESPIRITUALIDADE DO DOMINGO 399/1995, p. 359.
ESTADO DO VATICANO: porqué? 394/1995, p. 98.
EUCARISTÍA: testemunho de ex-pastor batista 393/1995, p. 78;
NOS EVANGELHOS 400/1995, p. 406;
PARA OS BATISTAS 396/1995, p. 219.
EUTANASIA na ene. "O Evangelho da Vida" 399/1995. p. 342.
EVANGELHO DE SAO MATEUS, QUANDO FOI
ESCRITO? 398/1995, p. 290.
EVANGELIZAQÁO NA CHINA 400/1995, p. 414.
EXORCISMO E CURAS NA IGREJA UNIVERSAL DO
REINO DE DEUS 402/1995, p. 489.

580
Índice geral 53

FÉ SEM OBRAS: pilastra do protestantismo 397/1995, p.277.


FOLENA,GIULIO."ESCRAVOS DO PROFETA". 398/1995. p. 316.
FRANKL,VIKTOR,"EM BUSCA DE SENTIDO" 401/1995, p. 434.

GAILLOT JACQUES - Bispo de Evreux 398/1995. p. 327.


GRAMAGLIA, PIER ANGELO. "ESPIRITISMO..." 401/1995. p. 456.
GRUPOS ANÓNIMOS DE AJUDA MUTUA:
enderegos 392/1995. p. 47.
GUIMARÁES,ATlLASINKE;respostadaTFP 401/1995, p.463.

HELEN KELLER: "A HISTORIA DE MINHA VIDA".... 402/1995. p. 506.


HEREDITARIEDADE DE MALES MORÁIS
E FÍSICOS 394/1995, p. 136.
HERODES, OS MAGOS E JESÚS 398/1995. p. 309.
HISTORIA DA EVANGELIZAQAO NA CHINA 400/1995, p. 414.
DO TEXTO DO EVANGELHO DE
SAO MATEUS 398/1995, p. 293.
HISTORICIDADEOO 4o EVANGELHO 402/1995, p. 500.
DOS MILAGRES DE JESÚS 395/1995. p. 152.
HOMICIDIO E LEGÍTIMA DEFESA 399/1995, p. 339.
HOMEMÉ MACACO APERFEICOADO? 393/1995. p. 61.

IDADE DO GÉNERO HUMANO 393/1995, p. 56.


"IGREJA CRISTA EVANGÉLICA" - Euripedes
Cardoso de Menezes 395/1995, p. 165.
IGREJA-concelto paraos batistas 396/1995. p. 221.
E APARICÓES 400/1995. p. 388.
E ÉTICA SEXUAL 394/1995, p. 128.
PARTICULAR E RCC 396/1995. p.226.
PERSEGUIDA NA CHINA 400/1995. p. 417.
UNIVERSAL DO REINO DE DEUS: métodos.. 402/1995, p. 482.
IMAGENS PARA OS BATISTAS 396/1995, p.222.
INCESTO: que é? 397/1995, p. 282.
INCULTURACAO: que é? '. 403/1995. p. 561.
INDISSOLUBIUDADE DO MATRIMONIO E
EUCARISTÍA 394/1995, p. 109.
INSTITUTOS SECULARES: que sao? 399/1995. p. 374.

581
54 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

INTELIGENCIA DO HOMEM E INSTINTO DO ANIMAL:


comparacáo 393/1995, p. 62.
"IRMÁOS DE JESÚS" quemforam? 395/1995, p. 172.

JACQUES DUQUESNE e Evangelho 398/1995, p. 304.


JACQUES GAILLOT-Bispo de Evreux 398/1995, p. 327.
JESÚS TEVE IRMÁOS? 403/1995, p. 537.
JOÁO PAULO II, HOMEM DE 1994 396/1995, p. 194.
"CRUZANDO O LIMIAR..." 395/1995, p. 183.
JOANA D'ARC: condenada e reabilitada 403/1995, p. 549.
JUANES, FRANCISCO DE, "DOCUMENTOS
CONFIDENCIAS DE JOÁO PAULO MI" 393/1995, p. 70.

KELLER, HELEN: autobiografía e cartas 402/1995, p. 506.


KIRKWOOD, ANNIE, "MENSAGENS DE MARÍA
PARA O MUNDO" 399/1995, p. 382.

"LADRÓES DE DEUS", por María Winowska 396/1995, p. 201;


399/1995, p. 362.
LAURENCE VIDAL E QUMRAM 399/1995, p. 352.
LEÍ CIVIL E LEÍ MORAL 399/1995, p. 343.
NATURAL 393/1995, p. 76.
LIMBO: topografía segundo M.Valtorta 393/1995, p. 92.
UNGUAGEM HUMANA, Sinal da inteligencia 393/1995, p. 65.
LITURGIA E RCC 396/1995, p. 230.

MACK, BURTON L, L, "O EVANGELHO PERDIDO". 398/1995, p. 295.


MAGOS E JESÚS 398/1995, p. 308.
MAIN, JOHN, "O MOMENTO DE CRISTO. ATRILHA
DA MEDITAQÁO" 392/1995, p. 2.
MANIPULACÁO DE EMBRIÓES HUMANOS 399/1995, p. 341.
MANTRA: no hinduísmo e no Catolicismo 392/1995, p. 5.
MARANATHA: mantra? 392/1995, p. 3.
MARÍASANTÍSSIMA EOS SANTOS: veneracáo 392/1995, p. 28.
MARÍA VALTORTA: revelacóes? 393/1995, p. 90.

582
ÍNDICE GERAL 55

MATEUS: historiado Evangelhode 398/1995, p. 293.


MEDITAgAO CRISTA segundo J. Main: jufzo 392/1995. p. 8.
MENINAS E SENHORAS SERVINDO AO ALTAR 403/1995, p. 555.
"MENSAGENS DE MARÍA PARA O MUNDO" por
ANNIE KIRKWOOD 399/1995, p. 382.
MÉTODOS PSICOFlSICOS E CORPORAIS PARA
REZAR 392/1995. p. 13.
MILAGRES DE JESÚS E PORTENTOS EXTRA-
EVANGÉLICOS 395/1995, p. 150.
MILENARISMO DISCUTIDO 397/1995, p.251.
MISSA AFRO: crítica 401/1995, p. 443;
403/1995, p. 555.
MÍSTICA DO ENEAGRAMA 401/1995, p. 453.
MITO ELOGOS(VERDADE) NOS EVANGELHOS... 398/1995, p. 301.
MONOFISITAS PROFESSAM A FÉ DE
CALCEDONIA 395/1995. p. 156.

"NA MARGEM DO RIO PIEDRA EU SENTEI E


CHOREI" por Paulo Coelho 392/1995, p. 16.
NARCÓTICOS ANÓNIMOS 392/1995, p. 36.
NEIVA.TIA, eVal.edoAmanhecer 395/1995, p. 175.

OBJETOS VOADORESNAO IDENTIFICADOS: culto... 401/1995. p. 457.


"O EVANGELHO DA VIDA" - Encíclica de Joáo
Paulo II 399/1995, p.338.
"O EVANGELHO PERDÍ DO" por Burlón L. Mack 398/1995, p. 295.
"O HOMEM DO ANO DE 1994" - artigo de Time 396/1995, p. 194.
"O MOMENTO DE CRISTO. ATRILHA DA
MEDITAgAO" por John Main 392/1995. p. 2.
ORAgAO CRISTA E ORAgAO HINDUÍSTA 392/1995. p. 10.
ORIGEM DO HOMEM E DA MULHER NA BÍBLIA.... 393/1995, p. 52.
"O PURGATORIO" por Dolindo Ruotolo 396/1995, p. 237.
"OSIMEOSANGUE-porOlívioCesca..... 393/1995, p. 84.
"OS LADRÓES DE DEUS" por María Winowska 396/1995, p. 201 e
399/1995, p. 362.

PAÍS DE SANTA TERESINHA DE LISIEUX:


fama de santidade 393/1995, p. 94.

583
56 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS' 403/1995

PANSEXUALISMOEELSIMARCOUTINHO 394/1995, p. 128.


PAPIROLOGIAEDATACÁODOSEVANGELHOS.... 398/1995, p. 290;
398/1995, p. 299.
"PARUSIA OU A PRÓXIMA VOLTA DE CRISTO",
por Leo Persch 397/1995. p. 242.
PECADO ORIGINAL NO NOVO TESTAMENTO 398/1995, p. 306.
PENA DE MORTE: encíclica "Evangelho da Vida".... 399/1995, p. 339.
PERCEPCÁO DO UNIVERSAL sinal da inteligencia.. 393/1995, p. 63.
PEREIRA, REÍS, "BREVE HISTORIA DOS
BATISTAS" 396/1995, p. 215.
PERSCH, LEO, "PARUSIA OU A PRÓXIMA VOLTA
DE CRISTO" 397/1995, p. 242.
PROTESTANTISMO: PRINCIPÁIS UNHAS
DOUTRINÁRIAS 397/1995, p. 273.

PSICOPATOLOGIA DO ESPIRITISMO 401/1995. p. 462.


PURGATORIO: debate pela imprensa 402/1995, p. 526;
HvrodeDolindoRuotrilo 396/1995, p. 237;
Nvro de Eugenia vonderLeyen 403/1995, p.567.

QUEDADO ESTADO PONTIFICIO 394/1995, p. 102.


"QUEMMATOU JESÚS? "-artigode "Veja" 399/1995, p. 347.
QUILOMBOS: historia 400/1995, p.427.
QUMRAN E PAPIROS BÍBLICOS 399/1995, p. 352.

REFLEXAO, sinal da inteligencia 393/1995, p. 67.


REINiSCH.FRANZ-martirizado pelo nazismo 392/1995, p. 25.
REUGIÁO, FATOR TÍPICAMENTE HUMANO 393/1995, p. 68.
RENOVACÁO CARISMÁTICA CATÓLICA: diretrizes
da CNBB 396/1995, p. 226.
RESTÁURAQÁO DO ESTADO PONTIFÍCIO 394/1995, p. 105.
"RIQUEZAS" DO VATICANO: esclareclmento 394/1995, p. 107.
RUOTOLO, DOLJNDO, "O PURGATORIO" 396/1995, p. 237.

SÁBADO OU DOMINGO? 399/1995, p. 354.


SANTOS: intercessores nossos 396/1995, p. 224.

584
ÍNDICE GERAL 57

SCHWERY, HENRI, BISPO DE SION. E VASSULA.. 400/1995, p. 394.


SEITAS: desafio urgente 403/1995, p. 530.
"SEJA O AMOR O ÚNICO VENCEDOR" (PAULO VI).. 394/1995, p. 141.
SERRA, ANGELO, E ORIGEM DO SER HUMANO ... 402/1995, p. 518.
SETENTA SEMANAS DE DANIEL 9, 24-27 397/1995, p.251.
SEXÓLICOS ANÓNIMOS: quem sao? 400/1995, p.420.
SINAIS EXTRAORDINARIOS ES.JOÁO DA CRUZ... 392/1995, p. 23.
SOBREVIVENTES DE INCESTO ANÓNIMOS:
quem sao? 397/1995, p. 281.
SOPRANO E CASTRACAO DE MENINOS 398/1995, p. 335.
SVETLANA STALIN: conversáo 394/1995, p. 117.

TERESINHA DE LISIEUX, FILHA DE SANTO CASAL. 393/1995. p. 94.


THIEDE, CARSTEN PETER, E ORIGEM DOS
EVANGELHOS 399/1995, p. 352.
TÍA NEIVA E VALE DO AMANHECER 395/1995, p. 180.
TRADICÁO. FAMILIA E PROPRIEDADE (TFP): que é?. 398/1995. p. 316;
TRESMONTANT, CLAUDE, E ORIGEM DOS
EVANGELHOS 399/1995, p. 350.

"UMA NOVA LUZ NA VIAGEM DO HOMEM"


- artigo de "Veja" 393/1995, p. 50.

VALE DO AMANHECER: que é? 395/1995, p. 175.


valle, Alvaro, e zumbí dos palmares 400/1995, p. 427.
VALTORTA, MARÍA, E REVELACÓES 393/1995, p. 90.
VASSULA RYDEN - mensagens discutidas 400/1995, p. 394.
VATICANO, ESTADO DO: historia 394/1995, p. 98.
VERMES, GEZA, "A RELIGlAO DE JESÚS,
O JUDEU" 402/1995, p. 495.
VIDA HEROICA SOBRE RODAS 403/1995, p. 573.
HUMANA. QUANDO COMECA? 402/1995, p. 518.
SAGRADA 402/1995, p. 515.
NO CAMPO DE CONCENTRACÁO 401/1995, p. 436.
VIDAL LAURENCE. E QUMRAN 399/1995, p. 352.
VIDENTE'TÍA NEIVA" 395/1995. p. 176.
"VOCÉ PODE AMAR SUA VIDA" por Louise L. Hay... 401/1995. p. 463.

585
58 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

ZUMBÍ DOS PALMARES: quem foi? 400/1995, p. 427.

EDITORIAIS

"A FIM DE OFERECERDES SACRIFICIOS


ESPIRITUAIS..."(1Pd2,5) 399/1995, p. 337.
"DESEJO PARTIR E ESTAR COM CRISTO" (Fl 1,23)... 402/1995. p. 481.
"ELE ME AMOU E SE ENTREGOU POR MIM"
(Gl 2,20) 394/1995, p. 97.
"GUARDEI A FÉ ..." (2Tm AJ) 401/1995, p. 433.
"GUARDEI O DEPÓSITO" (1Tm 6.20) 398/1995. p. 289.
MÁE DE DEUS 396/1995, p. 193.
"MOSTRA-MEATUABELEZA!"(Ex33,18) 392/1995, p. 1.
"Ó MORTE. ONDE ESTÁ A TUA VITORIA?"
(1Cor 15.55) 395/1995, p. 145.
"PARA A VIDA DO MUNDO..." (Jo 6.51) 400/1995, p. 385.
"PORMAISUMPOUCODETEMPO..."(Ap6,11)... 403/1995, p. 529.
"SAO UMA LEGlAO ..." 393/1995. p. 49.
SEJA HERÓI! 397/1995. p. 241.

LIVROS APRECIADOS

ABIB, Padre Joñas. Eu e minha Casa serviremos


ao Senhor 395/1995. p. 187.
ANTONIAZZI, Alberto e outros.'Nem Anjos, nem
Demonios. Interpretagóes Sociológicas do
Pentecostallsmo 402/1995, p. 524.
ARENAS, Octavio Luiz. Jesús, Epifanía do Amor
do Pal 398/1995, p. 334.
BÍBLIA. Traducio Ecuménica (TEB) 394/1995, p. 143.
COMBY, Jena. Para ler a Historia da Igreja. Vol. II:
Do Século XV ao Sáculo XX 398/1995, p. 326.
FEITOSA, Padre Antonio. A Religlao e a Ciencia.. 395/1995, p. 190.
GALINDO, Florencio. O Fenómeno das Seitas
Fundamentalistas 401/1995, p. 455.
MARTINA, Giacomo. S.J. Historia da Igreja de
Lutero a nossos Dias. Vol. I - A Era da Reforma... 397/1995, p. 258.
MOTTA, José Barros. Casamentos Nulos na Igreja
Católica. Nova Dimensio Explícita do
Atual Código de Direito Canónico 401/1995, p. 476.

586
ÍNDICE GERAL 59

ONOFRE, Jean-Marie. A Grande Novidade que


nos traz Felicidade 398/1995, p. 302.
PEREIRA, Ney Brasil. Sirácida ou Eclesiástico 392/1995, p. 15.
PESSINI, Leocir e outros. Problemas atuais de
Bioética 402/1995, p.525.
SABINO, Fernando. Com a graca de Deus. Leitura
fiel do Evangelho inspirada no humor de
Jesús 395/1995, p. 192.
SANTOS, Bento Silva. Fé e Sacramentos no
Evangelho de Sao Joáo 402/1995, p. 505.
Teología do Evangelho de Sao Joao 392/1995, p. 35.
VIGNE.Pedro. O risco de ser humilde 394/1995, p. 125.

PRESENTES DE NATAL

COLECÁO DE 19 OPÚSCULOS "POR QUE NAO. . . ? ":

PORQUE NAO SOU PROTESTANTE? POR QUE NAO SOU ESPÍRI-


TA? POR QUE NAO SOU ATEU? POR QUE NAO SOU MACOM? POR
QUE NAO SOU ROSA-CRUZ? POR QUE SOU CATÓLICO? O FENÓMENO
RELIGIOSO: SIM OU NAO? JESÚS, DEUS HOMEM? A RESSURREICAO
DE JESÚS: FICCAO OU REALIDADE? OS MILAGRES DE JESÚS: HISTO
RIA OU MITO? JESÚS SABIA QUE ERA DEUS? OS NOVOS MOVIMEN-
TOS RELIGIOSOS. POR QUE NAO SOU TESTEMUNHA DE JEOVÁ? POR
QUE NAO SOU JOHREI... SEICHO-NO-IÉ? O ESTADO DO VATICANO. RE-
ENCARNACÁO: PROS E CONTRAS. QUINZE QUESTÓES DE FÉ. "O BIS-
COITO DA MORTE". POR QUE SOU AQUARIANO (NOVA ERA)?

13 CURSOS POR CORRESPONDENCIA

S. ESCRITURA, INICIACÁO TEOLÓGICA, TEOLOGÍA MORAL, HIS


TORIA DA IGREJA, LITURGIA. SOBRE OCULTISMO, PARÁBOLAS E PA
GINAS DIFlCEIS DO EVANGELHO, DOUTRINA SOCIAL DA IGREJA, DIA
LOGO ECUMÉNICO, NOVISSIMOS (ESCA-TOLOGIA), FILOSOFÍA,
CRISTOLOGIA, MARIOLOGIA.

PEDIDOS DE INFORMACÓES E ENCOMENDAS SEJAM DIRIGIDOS


A ESCOLA "MATER ECCLESIAE", CAIXA POSTAL 1362, 20001-970, RIO
(RJ). OS VOLUMES PODEM SER ADQUIRIDOS SEM OBRIGACÁO DE
PROVAS.

CONHECA MELHOR A SUA PROFISSAO DE FÉ. NINGÚÉM AMA O


QUE NAO CONHECE. MAIS AMAMOS AQUILO QUE MELHOR CONHE-
CEMOS.

587
|60 "PERGUNTE E RESPONDEREMOS" 403/1995

Caro(a) leitor(a)

Em nossas días registramos ándente sede de misticismo e valores reli


giosos. O materialismo da época parece provocar esta reacio. Ora "PER
GUNTE E RESPONDEREMOS" tem programa precisamente consideraras
questdes desafiadoras de nossos tempos para dar-lhes urna resposta cris
ta tranquila e seria.
Queira colaborar com a sua revista, proporcionando-lhe novos assinan-
tes. O período de Natal e Ano Novo é de presentes e lembrancas. Tome-se
presente e lembrado aos seus amigos, oferecendo-lhes urna assinatura de
"PERGUNTE E RESPONDEREMOS". Cinco assinaturas novas dáo dire'ito
a urna de cortesía. Queira, pois, utilizar o cupom abaixo:
P __ ___, ___, ___» ■ ___, ___, ___, ___, ___, ___, ___ ___, ___a ____. ____, _._. _^_» •_-_- ■_--. ■__■ -___, -__ -_

Assinaturas novas:

1) Nome:
Endereco:
(logradouro, número)
Cidade e Estado: CEP:

2) Nome:
Enderego:
(logradouro, número)
Cidade e Estado: CEP:

3) Nome:
Endereco:
(logradouro, número)
Cidade e Estado: CEP:

4) Nome:
Endere9o:
(logradouro, número)
Cidade e Estado: CEP:

5) Nome:
Enderego:
(logradouro, número)
Cidade e Estado: CEP:

Assinatura de Cortesía:
Nome: -
Endereco:
(logradouro, número)
Cidade e Estado: CEP:

Caso a assinaura de cortesía seja destinada a alguém que nao o


próprio angariador de assinaturas, queira-nos dizer o nome de quem faz
a cortesía, para que o indiquemos ao beneficiado.

588
(9¡ edicao)

Cóniem: Nota histórica e teológica-lns-


trucáo "Immensae Caritatis"-
Culto Eucarístico fora da Mis-
sa.

A - Ritos de distribuicáo da Comu-


nháo:

1. Duarnte a Missa; Fora da Mis-


sa, sem Sacerdote (rito solerte
e rito simples).

2. Em casa do enfermo (solene e


simples).

3. Sob a forma de Viático.

B - Investidura dos Ministros (com e


sem Missa).
R$4,80
C - ApresentacSo á Comunidade.

D - Rito de delegacáo.

LITURGIA PARA O POVO DE DEUS, 4a ed. por D. Cario Fiore SDB e D. Hildebrando
Martins OSB.
É a Constituidlo sobre a Liturgia (Sacrosanctum Concilium) explicada aos fiéis,
em todo o seu conteúdo (Principios gerais, Aguo Pastoral, o Misterio da Euca
ristía, os Sacramentos (com os seus ritos), o Oficio divino, o Ano litúrgico, a
Música e a Arte sacras), com breves questionários para estudo em grupos. -
215págs R$6,00

LITURGIA DAS HORAS»Instrucáo geral: {importancia da Oracáona vida da Igreja, a


Santifícacáo do dia, os diversos elementos da Liturgia das Horas, Celebracóes
ao longo do ciclo anual, Celebrado comunitaria). -100 págs R$ 4,80

JTURGIA DA MISSA - Ordinario para celebragáo da Eucaristía com o povo. 25a


edicáo atuaiizada, em preto e vermeiho. Traducáo oficial da CNBB, contendo as
11 Oracóes Eucarísticas, com acréscimo das aclamacóes e novos textos. -
108 págs R$1,45.

Pedidos pelo Reembolso Postal.

EDIQÓES "LUMEN CHRISTI"


Mosteiro de Sao Bento - Caixa Postal 2666
20001-970 - Rio de Janeiro, RJ
GREGO BÍBLICO, de autoría de Irma Cristina Penna de Andrade, OSB. Nao é
urna Gramática clássica. É um instrumento para quem desejaraprimorarsua
cultura bíblica. É um cadernode 213 páginas, manuscrito diligentemente pela
autora e xerografado. Os exemplos apresentados para o estudo da língua gre-
ga sao extraídos dos textos bíblicos, urna iniciacáo ao estudo do Novo Testa
mento R$ 30,00.

EM COMUNHÁO

Revista do Mosteiro de S. Bento do Rio de Janeiro


AnoXX-Julho-Agosto1995n°110 i

Destina-se a Oblatos beneditinos e pessoas interessadas em assuntos de j


espiritualidade bíblica e monástica. - Além de artigos. contém traducoes, e ¡
comentarios bíblicos e monásticos e ainda a crónica do Mosteiro - Assinatura :
anual: r$ 18,OO. í

-ARTE PARA A FÉ, nos caminhos tragados pelo Vaticano II. i


2a. edicao revista e ampliada. Complemento: O Código de Direito Canónico de I
1983 e a arte sacra. Autor: Mons. Guílherme Schubert. 1987. 385p... R$ 9,00. i

O livro destina-se a todos quantos tém de tratar de urna ou outra maniera da ¡


construcáo. decoracáo e aparelhamento de novas igrejas e cápelas e da adap- i
taglo de templos existentes á liturgia renovada pelo Concilio Vaticano II: de !
um lado clérigos e religiosos que os promovem; do outra: arquitetos, projetis- j
tas, construtores, artistas, artesáos que os executam). ■
i

-Pedido pelo Reembolso Postal. •

RENOVÉ QUANTO ANTES SUA ASSINATURA DE PR.

RENOVACÁOOU NOVA ASSINATURA: 1996: R$25 00)


NÚMERO AVULSO R$ 2,50).

"PERGUNTE E RESPONDEREMOS" DE 1995:


Encademado em percalina. 590 págs. com índice.
(Número limitado de exemplares) R$ 45.00
(Para pagamento, veja 2a. capa)
ou pelo Reembolso Postal.

You might also like