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Prezado Internauta:

O grande número de perguntas que nos chegam impedem uma resposta imediata como
gostaríamos de dar.
Realmente há muita literatura adventista nas livrarias do SELS – Serviço Educacional Lar e
Saúde (ou diretamente com a CPB – Casa Publicadora Brasileira) que trata de Isaias 66:23
e a doutrina do sábado de forma geral bem como sobre a lei de Deus. Apresentaremos aqui
alguns pontos, sobre sua perguntas, que podem ser aprofundados depois por você.

1) O sábado
A expressão “... de um sábado a outro virá toda a carne a adorar perante mim, diz o
Senhor.”

A passagem trata de uma promessa para a Nova Terra quando não haverá pecado. A
interpretação deve considerar (1) o contexto da guarda do sábado em Israel e (2)
especialmente do livro de Isaías. No contexto de Israel a expressão não significava “todo
dia”, mas era uma referência específica às reuniões semanais da guarda do sábado.
Nenhuma interpretação séria pode se basear apenas em comparações com frase do mundo
moderno. Na cultura de Israel se considerava o sábado de maneira destacada como dia de
guarda. Quando se queria mencionar a semana normalmente dizia-se: “em sete dias”, “por
sete dias”.
Eis alguns pontos importantes:

a) REDUNDÂNCIA - Aplicar a expressão como “todos os dias da semana” exigiria,


por uma questão de coerência, que a expressão “de uma lua nova à outra”
também significasse “de um mês a outro”, ou seja, “todos os dias do mês” (a lua
nova era uma festa que marcava o início de um novo mês - Num, 10:10; 28:11-
14). Seriam duas frases seguidas, redundantes e desnecessárias. Para que dizer
“de sábado a sábado” e “de mês a mês” se as duas estariam significando a mesma
coisa ou: “todos os dias”?
b) HARMONIA TEMÁTICA - Outra razão é a harmonia temática. Na criação do
mundo o sábado é mencionado como memorial estabelecido por Deus. O sábado
teria sido não fosse o pecado, dia memorial eterno da comunhão com Deus no
Éden, lembrança dele como Criador. Na recriação Isaías estabelece a retomada
do plano interrompido, o sábado volta a sua função original entre todos os povos.
O tema do sábado esquecido pela humanidade e depois restaurado para a
humanidade.
c) A IDÉIA NÃO EXCLUI O SENTIDO SECUNDÁRIO DE ADORAÇÃO
CONTÍNUA - Continua o Handbook: “Isaías 66:23 afirma que os redimidos
viriam ‘de uma lua nova a outra, e de um sábado a outro’. A construção desse
verso pode ser interpretada de duas maneiras. Os redimidos [1] virão em cada lua
nova e em cada sábado, ou eles [2] poderiam vir constantemente, de um sábado a
outro. Assim os redimidos estariam adorando constantemente diante do trono de
Deus.” Isso, porém, não anula a especificidade do sábado como dia de guarda
na nova Terra, que é a idéia principal da passagem, pois a mesma atmosfera de
contínua adoração coexistia no Éden, antes da entrada do pecado, com um dia
determinado de repouso estabelecido por Deus (Gên 2:1-3; Êx. 20:8-11).
d) CONTEXTO CULTURAL E TEOLÓGICO DE ISRAEL - As expressões, de
fato, significavam para o israelita da época simplesmente que em cada dia de
sábado e em cada início de mês o Senhor convocaria Seu povo, pois assim eles
tinham sido ensinados e estavam acostumados a fazer. Dificilmente seria
entendimento naquela cultura como sendo simplesmente “todos os dias do mês e
todos os dias da semana”.
e) CONTEXTO DO LIVRO DE ISAÍAS - O Handbook of Seventh-day Adventist
Theology, vol. 12, 950 declara:
“A nova Jerusalém seria o centro do Reino. Para o Monte de Sião viriam ‘as nações’
e ‘os povos’ aprender os caminhos do Senhor para andar em seus passos (Isa. 2:2,3;
Miq. 4:1). O Remanescente de Israel retornaria para adorar no Santo Monte do
Senhor (Isa. 27:13). Aqueles que amaram e guardaram Seus sábados viriam para a
‘casa de oração para todos os povos’ (Isa. 56:6-8). Estrangeiros seriam bem vindos
(Isa. 66:20)”. Note que a interpretação está de acordo também com Isaías 56 que
prometia “nome eterno” aos “estrangeiros” que guardassem o sábado, sendo deste
modo “servos Seus”. A Promessa da guarda do sábado no futuro entre os fiéis é
afirmada no capítulo 56:1-7 e reafirmada em 66:23. Um dia específico, portanto.
f) HARMONIA LINGUÍSTICA – Ainda o Handbook: “A primeira interpretação
coloca mais ênfase nos dias particulares de adoração, enquanto a segunda enfatiza
a perpetuidade da adoração. Enquanto a primeira interpretação está mais em
harmonia com o significado da língua original, a riqueza espiritual da segunda
interpretação não necessita ser excluída.”
Portanto, Isaías 66:23 trata primeiramente do sábado do sétimo dia e em segundo lugar (ou
simultaneamente) enfatiza o clima de adoração contínua que prevalecerá na Nova Terra.

2) A lei cerimonial ao lado da arca da aliança e o decálogo.

a) Lembramos que os evangélicos ou protestantes que declaram que não havia


diferença entre lei moral e cerimonial demonstram desconhecer as declarações
de eminentes líderes e teólogos, bem como as confissões, credos e declarações
de fé deles mesmos e que eles, antes dos adventistas já advogavam, baseados na
Bíblia, essa diferença.
b) Citamos alguns mencionados na obra que recomendamos: Subtilezas do Erro, do
Pr. Arnaldo Christianini, CPB, S. Paulo, capítulos 11 e 12: Faziam diferença
entre lei moral e cerimonial: William Taylor (batista) em “seu opúsculo, Os dez
mandamentos” pp. 5, 6 e 42; Hopkins Strong (batista) em sua Systematic
Theology, vol. 408; a Confissão Helvética, cap. 12, 4º parágrafo; Os 39 artigos
da Igreja da Inglaterra (anglicana) (1571) art. VII; a Revisão Americana dos
artigos da igreja Episcopal (1801) art. VI; a confissão de fé de Westminster
(1647) cap. 19 incisos I a VII; a confissão de fé Batista, de Filadélfia (1688); os
25 artigos de fé da igreja Metodista (1784) e muitos outros exemplos poderiam
ser citados. Esses exemplos (e outros) podem ser encontrados na obra de
referência histórica de Philip Shaff, Creeds of Chistendom.
Portanto, não é uma diferença inventada pelos adventistas e nem é recente.
c) O fato de haver princípios morais no “livro da lei” não interfere com a natureza
especial do decálogo: dado diretamente e escrito pelo dedo de Deus (enquanto o
livro foi escrito depois por Moisés). Os dez mandamentos foram, em seguida,
colocados dentro da arca enquanto o livro ficou fora e ao lado dela. Aliás, no
próprio livro da Lei (Pentateuco) estavam transcritos os dez mandamentos sem
que a perpetuidade destes se transmitisse às leis cerimoniais e civis de Israel, ou
a transitoriedade e aplicabilidade local das leis civis se tornassem eternas e
universais como o decálogo.
d) Para um cotejo de passagens bíblicas referentes à lei moral e cerimonial
comparadas recomendamos o capítulo 12 do Subtilezas do Erro já mencionado.
Nessa comparação se percebe a nítida e irrefutável diferença de origem, natureza
e abrangência das duas leis. Esse é o entendimento bíblico, da Igreja Adventista
do Sétimo Dia e dos bons teólogos e confissões de fé das igrejas protestantes e
evangélicas.

3) Daniel 8:14 e a tradução “o santuário será purificado”. Estaria correta a tradução


“purificado” nesse texto?
A expressão “será purificado” está bem analisada em inúmeras obras adventistas que tratam
de Daniel 8:14. Os pontos abaixo foram retirados principalmente da obra 101 Questões
sobre o Santuário e sobre Ellen White, publicada pelo Centro de Pesquisas Ellen G. White,
IAE, S. Paulo, 1988, pp. 29, 30:
O trabalho de Desmond Ford foi amplamente refutado em livros e artigos. Enquanto ele diz
que traduzir nitsdaq como “purificado” “certamente não é o caso” (p. 290) reconhece, na
mesma obra (à página 348): “É verdade que entre os muitos sentidos secundários de tsadaq,
poder-se-ia invocar o de ‘purificar’.” (grifo nosso). Por que então, questionou a
possibilidade da tradução como “purificar” em Daniel 8:14?
Vejamos os fatos:
a) O TESTEMUNHO DOS TRADUTORES - A comparação de várias
traduções da Bíblia, de como traduziram o texto, demonstra que muitos
tradutores (não somente os adventistas) consideraram “purificar” ou
sinônimos como tradução correta para nitsdaq em Dan. 8:14.

b) LÉXICOS HEBRAICOS - A raiz da palavra hebraica NITSDAQ


“purificado” é TSADAQ cuja tradução pelos léxicos é: “declarar justo”,
”justificar”, “vindicar” e pode também significar “ser limpo ou puro”.
c) USO NO ANTIGO TESTAMENTO - Paralelismo hebraicos no livro de Jó
provam isso: em 4:17 e 17:9 tsadaq (justo) é igualado com taher (puro); em
15:14 tsadaq é novamente igualado a zakah (puro). O paralelismo é uma
forma poética hebraica identificada por especialistas na qual o pensamento
da primeira linha é repetido numa seguinte. Os chamados “paralelismo de
sinônimo” servem de chave para identificar o significado em palavras
paralelas como um verdadeiro dicionário de sentido das palavras bíblicas. É
o que ocorre nos casos mencionados: a própria Bíblia fornece o sentido de
“nitsdaq” ao identificar sua raiz tsadaq como “puro”. Assim, a tradução
“purificar” para nitsdaq é correta. Poderíamos encerrar aqui, mas tem mais...
d) O SIGNIFICADO DE NITSDAQ PARA OS JUDEUS EM DANIEL 8:14 -
A LXX (Septuaginta) é uma tradução que foi feita pelos judeus (do hebraico
para o grego) cerca de dois séculos antes de Cristo. Ela é frequentemente
citada pelos apóstolos ao registrarem passagens do AT. Temos na LXX que
os setenta sábios judeus traduziram nitsdaq por “purificado” no texto de
Daniel 8:14.
Assim, considerando as traduções, os léxicos, os paralelismos na Bíblia e a
tradução da LXX concluímos que a tradução “purificar” está mais do que
fundamentada e correta.
Para maiores informações lei a obra mencionada ou outras sobre o tema que pode
ser adquirida através dos SELS/CPB.

Que a graça do Senhor Jesus, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo esteja com
você. (II Cor. 13:13)

Pr. Demóstenes Neves da Silva

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