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Novas fronteiras da POR BENILTON BEZERRA JR. E FRANCISCO ORTEGA A 72 MENTE&CEREBRO NOVEMERO 2008 sujeto. Em vez de processose normas uma figure universal do humano, Esta. esas rontcirs nunca se fixam, modifi de funcionamento subjetvounwersis, forma subjetva, que se tornou hege-_cando-e permanentemente & medida Co que se pretende comprccndcr nesse nica nos dhimos dois séculos nas que alteragGes estruturais a sociedade {mito € caminho pessoal que evou _sociedades complexas modemas, nio. acarretam mudancas concomitantes tum determinado individuo a sentir, € encontrada em formagdes socials no imaginério social, na relagio dos pensar, agire sofrer do jeto que Ihe € ierirquicaseholistas, como a Grecia individuos entre si € com 0 universo peculiar Seno primeirocasosctratade Antiga, a sociedade de castas indiana social ao redor. cstudar o que todos temos em comum, vas culturas pré-colombianas. Nesta, A velocidade crescente com que no segundo.o queimportaé aquilo que a totalidade da estrutura social preva-_profundas transformagies scio-his ‘cada um tem de diferente lece inteiramente sobre os individues t6ricas, culturas tecnoldgicas vém particulares, Seo sujeito moderno ests ocorrendo desde a segunda metade INDIVIDUO PSICOLOGICO ‘sempre as voltas com a necessidade de do século XX, tem suscitado questo Entre um plano e outro encontramos a construirsua identidade, escolher seus namento acirrado de algumas dessas dimensio do patalr, ouseja,relerente _caminhosedeterminarseudestino, para fronteiras. Em vérios campos algumas tudo aquilo que no espace subjetivoé 0 individuo das ociedadestradicionaisdelas vém sendo abertamente dis ccomium a muitos individuos, mas nioa 0 sentido da existéncia e 0 significado cutidas ¢ reorganizadas. Pelo menos todos. Nesta perspectiva, a pesquisa se de suas experiéncias individuais $30, quatro desss limiares ~ entre mand volta para oselementos que organizam —determinados por instincias que trans e hansen, naturale abil, worm © umcertocampo de produciosubjctiva, cendem a ele - a tradicio, 0 mito, 0 paolo, e morte corpo —sa0 alvo desse ‘no interior do qual alguns processosde —_divino. Se o sujeito modemo tende a _intenso processo de debate subjetivacio se constituem como nor- sofrerporcausa doefeitodilaceradorde Um fator de grande impacto tem mativos, ouseja, se oferecem ouse im confltos intemos sobre os quais tenta sido o intenso desenvolvimento ¢ piem aos individuos como modelares exercer alyumdominio,o individuodas difuso das biotecnologias ¢, em es ‘ouideais. Aqui,oqueimporta entender sociedades tradicionais tende a ver na__pecal, da gendmica. A mamipulacio S30 as formas subjtivas enweendradas fonte de suas algSes o chogue entre intencional das propriedades naturais fem certos contextos s6cio-histéricos _forgas maiores que ele, que o atraves- da vida comeg@ a escrever um novo particulars, influenciadas por fatores sam, libertam ox subjugam, capitulo na historia da selegao natural politicos, sociais, antropologicos, Podemos afirmarque cadamomen- €a produgao de dispestivos tecnol epistemoldgicos ¢ tecnocientificos to histricoexibe cenasfontiasdsib- _gicos que exploram as possibilidades que mudam muito de um contexto jg, horizontes de possibilidades, de interface e interaglo com tecidos para outro ppostos&disposigto dos individuos que _vivosvem promovendo uma verdadeira Para dar um exemplo, podemos dele fazem parte, e que thes permitem _permeabilizagdo das fronteiras entre rmenciomar a figura comum do“‘indivi- organizar a percepgio da realidade, a natureza earifcialidade duo psicoldgico modemo” Marcado — maneira como a vida pessoal € expe: (cinema constitu: um catalisador pelo cutivo da intimidade e dos sent--imentada, os sentidos atribuidos aos fundamental desta fensdo entre © que rmentos privados, dotado de uma visio fatos da existéncia, os julgamentos —€ natural e artificial € mostra‘s¢ um desi mesmo como ser live racional e levados em conta para a tomada de instrumento interessante para observar auténomo, esté longe de representar decisoesetc. Asimcamooshorizontes, como 0s avangos biotecnologicos \WW)W/MENTECEREBRO.COM BR (MENTESCEREBRO 73 —_——}—— sw 7 vem cmbaralhando o terreno, Desde 2 monstnuosidade produzida pela na- tureza, como se vé no filme O homsoa tbfonte, de David Lynch, atéaaberragio. produzida pela mio humana, como 05 filmes Blade naour, de Ridley Seott, aw Gattca, de Andrew Niccol, cinema vem se empenhando em rever 0 que signa ser “humano" ‘No cinema de David Cronenberg também deparamos com as mais diver: sas transformabes que 0 corpo pode sofner ~ como acantece em A osca Em filmes conse Scammers: sa mente pose explain, Viodrome a sindromedo wd, ou XétexZ, ocorpo também éencenado de ‘maneita tio hortenda que provoca abje ‘@o edesejo de superagao. Ainsistencia do dirctor em mostrar todo tipo de aberragio, corte, feria, fluid, viscera, mutagéo genética e metistase corporal ‘que provocam simultaneamenteatragao. repulsa, constitu) uma espécie de metacomentirio sobre a tendéncia contemporanea de reencantamento do abjeto, tomando-se abjetode interesse Nibidinal ou de controle técnico-racio: nal SGo exemplos de uma “nova carne (que desafia as concepgdes tradicionais, de normalidade, as fronteras entre na -MENTES CEREBRO tural artlicial ¢ normal e patolégico so problematizadas € redesenhadas Um outro fendmeno de surpreen- lentes consequéncias tem sido a cres cente poltizagao das fronteras entre nnormalidade e patologia, O apareei mento dem novo vocabaiinie de auto escrigao cm que temas médicos que dizem respeito a constantes biokégicas ‘xt desviosanatémicos cfsiolégicosen ‘rani na linguagem comum, efomecem aitérios para a deserigio dos individuos cde um pomto de vista moral e politico tem uazido & cena piiblica atores © ‘movimentos novos, Esta redescrigao politizagio das tronterasentrea norma lidade ea patologia tem permitidouma valorizagio de certas singularidades anatomotisioligicas ~ antes conside- radas desvios da normalidade, © que hoje aparecem como novas formas de Vida, novas normatividades, diferentes dos modelos de normalidade conven: cionais, A reivindicagao publica do ‘estatuto de dfeenga, a0 inves de doo para condigies tradicionalmente de- signsdas como mérbidas tem suscitado debates que poem em que os critérios tradicionais de definigao dos limites centre saide e patologia. Considerar deficiéncias, transtor: ‘ngs neurologicose singularidades ana tomotisiolégicascomo navasmanciras de existr, com suas normatividades préprias, permite a revalorizagao ddessas singularidades e, com isso, a recuperagao da dignidade ética para Se no ambito universal a proposta é estudar o que todos tém em comum, no individual importa 0 que levou o individuo a sentir, pensar e agir do j 10 que Ihe é peculiar «ssesindividuos. Cada vez mais surdos nfo se véem como portadores de uma patologia da audigto, ¢ sim de um trago bioldgico que os define como uma minoria cultural lingistica. Do mesmo modo, aschamados autistas de alto funcionamento (que em termos erais correspondem a individuos diagnosticados com a sindrome de Asperger) vém se organizando social: mente em torne do mavimento da ewoivsdad, queconsidera autismo ‘io como uma doenga a sr tratada, © se for possvel, curada, mas como uuma diferenca hurmana que deve ser respeitada e cutivada janto a outas diferencas tis como racais, sexuais, entre outras. De mode sila a0 que ‘ocorreu com 0 movimento er toro dos direitos dos homossexuas, ees autisias cunharam um apelida com fos utonis ee BENILTON BEZERRA JR. pscanalst. FRANCISCO ORTEGA 6 sf. Ambo sb po ‘eres do sul de Medici Seil a UER, pesqusadores do Progta de tos « Pesguses da Aco edo Suto (eps), na mera sug. Param do projet de Ccoperacs intctval rsi-Aleants (Capes Daad) “O sujet cerebral palo das Iroc ra sociedad contemporanea" Ongar coltnea Wine ses ‘tert (Relare Dams, 2007). Paci 6 organzain do Congres nema ‘oral Novas ries de bjt, ase reazad entre osdas 19621 Senovembc, "fio oe nee. Mas ormages sobre o vento a pig. 9 desta edi. = NOVEMBRO 2008

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