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Integração e Inteligência Colectiva:

Mais-valias para a Pesquisa e Recuperação de Informação


Filipe Manuel dos Santos Bento
Universidade de Aveiro, Serviços de Documentação
3810-193 Aveiro, Portugal | Tel: +351 234 370 346
E-mail: fil@ua.pt

Resumo
Este artigo explora as preciosas mais valias que o cenário emergente da
Convergência nos Media apresenta na pesquisa e recuperação de informação
bibliográfica ou científica. Enquanto a integração de informação lida com a pesquisa e
recuperação de diferentes fontes de modo a entregar dinamicamente essa informação ao
utilizador, de uma maneira uniforme e integrada, a Inteligência Colectiva constitui uma
preciosa mais valia que a componente participativa pode trazer a este processo, pelos
seus contributos para o fluxo “Dados  Informação  Conhecimento  Sabedoria”.
Esta segunda vertente é analisada em mais detalhe, identificando-se os benefícios que
apresenta, mas também possíveis pontos fracos; numa segunda secção do artigo são
apresentados dois casos de estudo que representam o melhor que se faz ao nível de cada
uma das vertentes mencionadas, no contexto dos sistemas de informação bibliográfica.

Palavras-chave: pesquisa de informação, integração de informação, media


participativos, inteligência colectiva.

1. A Inteligência Colectiva da Web 2.0 (Folksonomias) e a Recuperação de


Informação
No paradigma da web 2.0, as folksonomias1 permitem aos “prosumers”2, actores

Sobre este artigo: o presente estudo baseia-se no trabalho desenvolvido no âmbito da unidade curricular
“Culturas de Convergência nos Média”, da responsabilidade dos docentes Prof.ª Doutora Lídia Oliveira
Silva (Universidade de Aveiro) e Prof. Doutor José Azevedo (Universidade do Porto), a quem o autor
encarecidamente agradece por terem sensibilizado para as importantes mais valias associadas aos media
participativos e à Inteligência Colectiva. Esta disciplina teve lugar em Novembro e Dezembro de 2008,
como parte curricular do Programa Doutoral em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais
(doutoramento conjunto da Universidade de Aveiro e da Universidade do Porto).
1 Termo cunhado em 2004 por Thomas Vander Wal na resposta a Gene Smith quando este perguntou aos
membros da lista de distribuição do AIfIA (“Asilomar Institute for Information Architecture”) sobre o
que assumem ambos os papéis de produtores e consumidores de informação, a
possibilidade de descreverem documentos com cabeçalhos de assuntos, marcadores ou
tags (termo original em inglês), sem obedecer a regras específicas de indexação. Dada a
sua natureza, uma indexação feita com base em folksonomias (também chamada de
“social tagging”) apresenta uma série de vantagens, mas também um vasto conjunto de
problemas que deve ser tido em conta, aquando da sua adopção.
Na verdade, tal como Isabella Peters e Wolfgang Stock defendem (Peters e Stock,
2007: 3), este tipo de indexação não deve ser considerado como uma classificação, pois
as tags não possuem qualquer tipo de notação ou relações entre si. Não deixa contudo
de ser uma indexação, que usa termos não controlados (Furnas et al., 2006; Peters,
2007, citados por Peters e Stock, 2007: 5) e que não obedece a um vocabulário
estruturado. Efectivamente, a sua proliferação e crescimento exponencial deve-se a tal,
isto é, a não haver uma base de autoridades ou alguém que controle a terminologia
usada, quer pelos criadores dos documentos, quer pelos consumidores dos mesmos.
Seria impensável exigir a estes “indexadores” (os referidos “prosumers), voluntários
num ambiente colaborativo na sua quase totalidade, que seguissem determinadas
normas ou que aprendessem a nomenclatura, organizada hierarquicamente, própria de
um determinado controlo de autoridades.
Por outro lado, o elevado dinamismo de algumas matérias, propício a um frequente
aparecimento de novos termos, é melhor “acompanhado” com uma indexação que não
esteja restrita a um vocabulário controlado ou estruturado, sendo que o aumento e
actualização (melhoria, de um modo genérico) de um dicionário ou controlo de
autoridades com vocabulário controlado pode beneficiar destas folksonomias. Vander
Wal (2004) avança que “as tags, a sua frequência e distribuição são fontes para novos
termos controlados, para modificações de alguns termos já existentes no vocabulário ou
mesmo extinção de alguns conceitos”, isto seguindo a lógica de uma “categorização
bottom-up” (ibid., citado por Peters e Stock, 2007: 18). Isto é, enquanto na construção
clássica de um vocabulário controlado, controlo de autoridades, se segue uma
categorização “top-down” (do mais genérico para o mais específico), o enriquecimento
deste vocabulário alimentado por folksonomias é feito dos termos específicos (tags),

que achavam do fenómeno da "Social Tagging" e desta “classificação”; resposta colocada à posteriori no
seu blog, Atomiq (http://atomiq.org/), em 3 de Agosto de 2004 (Smith, 2004).
2 Termo cunhado por Alvin Toffler em 1980 na sua obra “A Terceira Onda“ (Toffler, 1980).
agrupando-as ou colocando-as hierarquicamente dentro de uma categoria ou termo mais
genérico, numa determinada ontologia específica (categorização “bottom-up”, do mais
específico para o mais genérico).
A “liberdade” de se usar uma indexação que não esteja restrita a um vocabulário
controlado, tem contudo um preço, não devendo este ser imputado às tags em si, mas
sim ao comportamento dos “prosumers” (Shirky, 2004, referindo-se à falta de precisão
na atribuição de tags): nas folksonomias o mesmo termo pode ser encontrado em
diferentes formas (exemplo: singular / plural ou abreviaturas), não existe controlo de
sinónimos ou homónimos e erros ortográficos ou de digitação são muito frequentes. De
acordo com um estudo efectuado em 2006 e apresentado no artigo “Foksonomies:
Tidying up tags?”, publicado na revista científica “D-Lib Magazine” (2006, vol. 12, nº
1), cerca de 40% das tags presentes no Flickr, um serviço online de gestão e partilha de
fotos (Butterfield e Fake, 2004), e 28% das do Del.icio.us (actualmente “Delicious”),
um serviço online de “Social Bookmarking” (Schachter, 2003), “estavam ou mal
escritas, com termos de uma língua não disponível no software, codificadas de um
modo não entendido pelo dicionário do software, eram palavras compostas, construídas
a partir de duas ou mais palavras ou como uma mistura de termos de vários idiomas”
(Guy e Tonkin, 2006, disponível em http://www.dlib.org/dlib/january06/guy/
01guy.html).
Mesmo que nenhum dos casos mencionados acima ocorra, a indexação de um
determinado documento, tags atribuídas, pode ser considerada como a não “mais
correcta” para uma elevada percentagem de outros “prosumers”. E a razão para tal
acontecer, quer as ocorrências relatadas no estudo, quer a não revisão dos restantes
“prosumers” na indexação atribuída pelos “prosumers” anteriores, deriva de um único
facto, muito simples. Na verdade, esta razão facilmente se identifica quando se
contextualiza este tipo de indexação, nomeadamente o momento em que a mesma é
efectuada e qual a sua razão (porque é atribuída): a atribuição de tags a um determinado
documento é feita na sua esmagadora maioria de acordo com os interesses pessoais de
cada “prosumer”. Isto pode ser facilmente verificado, analisando algo tão simples como
a motivação para a atribuição de tags. Efectivamente, Golder e Huberman (2006),
defendem que “uma quantidade significativa da indexação com tags, se não toda, é feita
para uso pessoal e não para benefício público” (isto é, não é motivada pelo interesse que
possa ter para a descoberta desse documento pela comunidade). Tal comportamento
pode variar de acordo com o serviço, sendo que um bom exemplo ocorre num dos
serviços mencionados anteriormente, Del.icio.us (e daí talvez a razão dos 28% de tags
não “correctas” encontradas no estudo atrás mencionado, neste serviço).
Efectivamente, temos que considerar 3 tipos de indexação, associados aos 3
diferentes grupos de actores que podemos ter no contexto da criação, disponibilização e
utilização de um determinado documento: do(s) autor(es), dos indexadores profissionais
(interpretes do documento) e dos utilizadores. Isabella Peters e Wolfgang Stock (Peters
e Stock, 2007: 17), citando Kipp (2006), propõem o esquema apresentado na figura 3
como uma interpretação de como estes 3 tipos de indexação se intrusão à volta do
documento, nos diferentes contextos (“environment”).

ontologia
classificação
thesaurus

actor:
interprete

documento

actor: actor:
utilizador autor

análise do texto
folksonomias integral/citação
contexto

Figura 1: Os três diferentes tipos de actores (autor[es], indexadores profissionais e utilizadores) e os


respectivos tipos de indexação (ilustração adaptada de Peters e Stock, 2007: 17).

Apesar de geralmente recorrer a palavras-chave em tudo semelhantes às tags


encontradas nas folksonomias, a indexação feita pelo autor distingue-se
fundamentalmente da atribuída pelos “prosumers” no facto de ser motivada pela
atribuição de termos que ajudem o máximo possível na descoberta do documento, isto é,
o mais “universais” possível. Esta tentativa de “benefício público” é elevada a um grau
superior pelos indexadores profissionais, que interpretam o documento,
contextualizando-o a um determinado domínio do saber (“aboutness”), recorrendo para
tal à análise da “literatura, necessidades, actores, tarefas, domínio, actividades, etc”
(Mai, 2006, citado por Peters e Stock, 2007: 17).
Uma mais valia da indexação feita por profissionais com base numa determinada
ontologia, classificação ou thesaurus, é que é passível de ser alvo de um controlo de
qualidade, pelos próprios ou outros indexadores que façam a revisão dessa mesma
indexação. Com as folksonomias somos tentados a dizer que não há controlo de
qualidade, mas na verdade este existe e a web tem um editor: “todos”, como defende
Clay Shirky (2004) no post “Folksonomy”, blog “Many-to-Many”
(http://many.corante.com/).
Enquanto no paradigma da indexação por profissionais, o controlo de qualidade é
feito à priori, isto é, antes da disponibilização do documento, na indexação baseada em
folksonomias esse controlo de qualidade ocorre depois do documento ser publicado /
disponibilizado: “quanto mais pessoas colocarem tags ou comentarem um determinado
documento, mais relevante parece ser o mesmo para essas pessoas” (Peters e Stock,
2007: 18).
O artigo que contempla a quase totalidade das vertentes expostas nesta secção, quer
os prós, quer os contra, "Folksonomy and information retrieval", sintetiza as vantagens
ou benefícios da adopção de uma indexação baseada em folksonomias, enunciando que
estas (Peters e Stock, 2007: 19):
– representam um uso autêntico da linguagem (referindo-se ao uso de termos em
linguagem natural – algo que pode ser muito benéfico na recuperação de informação
usando linguagem natural, a grande tendência actual);
- permitem várias interpretações (isto é, cruzar os dados para retirar várias ilações ou
obter novos dados);
- são métodos baratos de indexação (referindo-se ao carácter voluntário na atribuição de
tags pelos “prosumers”);
- são a única maneira de indexar informação em massa, na web;
- podem ser fontes para o desenvolvimento e actualização de ontologias, thesauri ou
sistemas de classificação;
- dão o controlo de qualidade “às massas”;
- permitem a pesquisa e a navegação entre tags (browsing);
- permitem o uso de neologismos (isto é, palavras novas ou novas acepções);
- podem ajudar na identificação de comunidades (melhor, dos elementos que pertencem
a uma dessas comunidades virtuais, isto quando os sistemas guardam e permitem a
consulta da relação “utilizador - tags colocadas”);
- são fontes para sistemas de recomendação colaborativa;
- sensibilizam os utilizadores para a importância da indexação da informação.
Um dos pontos referidos acima, o facto das folksonomias poderem ajudar na
identificação de comunidades, é algo que se pode identificar como uma mais valia,
única, pois só se pode obter com as mesmas, dado o ambiente colaborativo em que as
estas surgem. Efectivamente, estando na possa da relação “utilizador - tags” é possível
exteriorizar quem são os utilizadores (melhor os “prosumers”) mais activos numa
determinada matéria e desta forma identificar os elementos dessa comunidade virtual,
num determinado sistema. Quiçá, a partir dessas ligações, podemos extrapolar as
ligações dessas matérias a outras relacionadas, via tags que os utilizadores de uma
determinada comunidade usam para descrever documentos, que eventualmente terão
alguma relação entre si. Esta relação será tão mais provável quanto maior for a
percentagem de utilizadores dessa comunidade que tenha “marcado” uma grande parte
de um determinado conjunto de documentos.
Por outro lado, a possibilidade do uso de neologismos referida acima,
nomeadamente a adopção desses termos por outros “prosumers” (mencionada no estudo
efectuado por Mathes, 2004: 10), é também só por si um importante factor de criação e
identificação das comunidades “ad-hoc” referidas no parágrafo anterior.

2. Convergência de Fontes e de Conteúdos


Os casos de estudo que se apresentam a seguir ilustram “o estado da arte” em
relação ao que melhor se faz no campo da integração de informação proveniente de
várias fontes e decerto iremos ver num futuro próximo o uso generalizado de algumas
destas funcionalidades nos Catálogos de Pesquisa Bibliográfica (OPACs) de uma
grande parte das Bibliotecas. O “movimento 2.0” já chegou às Bibliotecas (“Library
2.0”) e não fora o facto do desenvolvimento e alteração dos OPACs estar condicionado,
na sua grande maioria, pela Software House que desenvolve o Sistema de Gestão
Integrada de Bibliotecas (“SGIB” ou “ILS” em Inglês, Integrated Library System),
decerto teríamos já a pesquisa e recuperação de informação em Catálogos
Bibliográficos enriquecida com as mais valias que a convergência de fontes e
conteúdos, num ambiente de preferência colaborativo, fornecem. Isto é, para além do
importante valor da indexação feita por profissionais da informação (indexadores
profissionais), teríamos a componente de Inteligência Colectiva, construída
dinamicamente com as contribuições dadas pelos utilizadores da Biblioteca (neste caso
seriam também eles “prosumers”). De notar que recentemente começaram a haver
pequenos passos neste sentido; nomeadamente, no caso concreto do sistema Aleph
(desenvolvido pela empresa Israelita, Ex Libris), a casa-mãe deste software
disponibilizou um script que permite a pesquisa e ligação no registo bibliográfico, no
OPAC da Biblioteca, ao registo no “Google Books” caso este exista, de um modo
automático (sem intervenção dos catalogadores).

Figura 2: Registo Bibliográfico no Catálogo da Universidade de Aveiro


com ligação ao registo correspondente no Google Books (© 2002-2009 Ex Libris Ltd. / Serviços de
Documentação da Universidade de Aveiro)

Os casos de estudo que se apresentam de seguida representam cenários práticos,


exemplos que se recomendam sejam seguidos pelos Catálogos Bibliográficos como uma
maneira eficaz de tirar proveito da convergência nos media, neste caso dos Livros
(versão impressa) e da Web, de modo a permitir à Biblioteca a prossecução da sua
missão, “contribuir para desenvolver a aprendizagem, a investigação, a formação
contínua e o desenvolvimento cultural e social dos cidadãos” (parte da declaração da
missão dos Serviços de Documentação da Universidade de Aveiro [2007]).
2.1 Caso de estudo 1: ambiente não colaborativo (convergência executada
tecnologicamente por algoritmos informáticos) - Google Books
Executada por meio de algoritmos que cruzam os dados presentes nos vários
subsistemas do Google, a convergência de conteúdos presente no Google Book Search
(“Pesquisa de livros do Google” para Portugal, doravante designado como Google
Books) permite-nos obter uma série de dados relacionados com a versão impressa do
livro, para além da pré-visualização do mesmo (limitada a algumas páginas ou mesmo o
livro na integra, de acordo com as permissões negociadas com o editor). Em “Acerca
deste livro” e numa primeira secção, temos logo acesso a um conjunto de informação
básica sobre o livro, a uma imagem reduzida da capa, ao resumo e a um conjunto de
links que nos permitem comprar um exemplar ou localizar uma biblioteca que o tenha
para empréstimo. Ainda nesta secção, é nos dada a possibilidade de adicionar esta obra
à nossa biblioteca particular no Google Books (associada à nossa conta Google), assim
como o classificar e escrever uma crítica.

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Figura 3: Google Books - imagem reduzida da capa, resumo, links para serviços
associados, para a adição à biblioteca do utilizador e para a classificação
e escrita de uma critica desta obra (©2009 Google)

Baseada em informação retirada directamente do livro, a secção seguinte permite-


nos aceder ao índice e efectuar uma pesquisa por palavra solta dentro no próprio livro,
com links para as páginas respectivas na pré-visualização do mesmo, em ambos os
casos (índice e resultados da pesquisa).

Figura 4: Google Books - índice e pesquisa por palavra solta no


texto integral do livro (©2009 Google)

A convergência de fontes e conteúdos é elevada a um grau superior nas secções


seguintes, começando pelas passagens mais populares do livro ou frases citadas no
mesmo que estejam presentes noutros livros no Google Books, sendo possível aceder
directamente à lista de livros que tem essa mesma passagem e a uma pré-visualização
do mesmo, sempre que essa página esteja disponível. Apesar de, na sua grande maioria,
as obras não estarem disponíveis em texto integral, isto é, de não ter todas as páginas
disponíveis na pré-visualização, o Google Books tem essas obras digitalizadas na
integra e deste modo pode efectuar a pesquisa na obra completa.
Ainda na mesma secção, temos a possibilidade de consultar críticas presentes em
vários sites na internet, recolhidas pelo motor de pesquisa do Google.

Figura 5: Google Books - passagens presentes noutros livros e críticas encontradas na net
(©2009 Google)
A secção seguinte é relacionada com esta e alimentada quer pelo motor de pesquisa
do Google para páginas Web (páginas Web que fazem referencia a esta obra, blogs
incluídos), quer pelo Google Scholar (“Google Académico” para Portugal), com a
relação de artigos ai presentes que referenciam a obra em questão. De notar que para
efectuar tal ligação o Google Scholar analisa e indexa o texto integral do artigo e não
apenas os dados presentes no registo do mesmo como a informação relativa ao autor,
título, ano, palavras-chave ou resumo.

Figura 6: Google Books - páginas Web e artigos no Google Scholar que referenciam esta obra
(©2009 Google)

Um sistema automático de recomendação sugere de seguida alguns livros


relacionados e uma lista de “Termos-Chave” é elencada, presumivelmente gerada de
modo automático com base na frequência no documento desse termo (ou termos
compostos), tendo uma ligação para a sua pesquisa na obra (funcionalidade comentada
acima, pesquisa por palavra solta dentro no próprio livro).

Figura 7: Google Books – recomendação de livros relacionados (©2009 Google)


Finalmente, e na versão actual, é nos mostrado um mapa mundo com uma
sinalização das localidades / cidades referidas no livro, tendo cada ponto no mapa a
passagem ou passagens em que essa mesma localidade é referida, assim como o link
para a(s) respectiva(s) página(s).

Figura 8: Google Books – locais mencionados na obra, com as passagens onde os mesmo são referidos e
links para as respectivas páginas (©2009 Google)

2.2 Caso de estudo 2: ambiente colaborativo - LibraryThing


Como mencionado acima, no caso do Google Books a obtenção dos dados
relacionados com a obra é feita via algoritmos de obtenção directa dos dados noutras
fontes, sub-sistemas do Google, em que a componente colaborativa é mínima
(classificar a obra ou escrever uma crítica, sendo que até ao momento o autor não
observou nenhum resultado prático que fique visível para os restantes utilizadores). No
caso apresentado de seguida, LibraryThing, ocorre o oposto: as entradas principais,
informação “extra” aos dados bibliográficos, são inseridas pelos seus utilizadores,
“prosumers” deste sistema.
Efectuando uma pesquisa, obtemos na página de cada obra uma série de
informações construídas a partir das contribuições dos “prosumers” deste sistema: desde
o número de utilizadores que tem essa obra na sua biblioteca, críticas, classificação
média atribuída, uma nuvem de tags, a recomendações e mesmo “anti-recomendações”.
Esta informação é contudo enriquecida pelo sistema, como por exemplo, com ligações a
sistemas externos para a compra, empréstimo ou troca do exemplar dessa obra e o
famoso sistema de recomendação de outras obras relacionadas, sistema proprietário da
LibraryThing (para mais informações sobre este sistema consultar Starr, 2007: 17).
Figura 9: LibraryThing – convergência e integração de informação, na sua grande maioria “social”,
na página de cada obra (imagem: ver informação de copyright em nota de rodapé3)

Toda a contribuição para esta “informação social” relativa a uma determinada obra
pode ser dada por cada utilizador quando a adiciona à sua biblioteca, como por exemplo
atribuir tags, classificar ou escrever uma crítica.

Figura 10: LibraryThing – registo da obra na biblioteca do utilizador e acesso


às ferramentas de inserção de “informação social”

Como esta “informação social” é colocada num ambiente colaborativo, estando


visível para os restantes utilizadores, assim como todas as relações “utilizador - obras
que tem na biblioteca”, “utilizador – tags ”, “utilizador - críticas”, “utilizador – obras
recomendadas” ou mesmo “utilizador - grupos”, o sistema potencia o aparecimento

3 Todas as imagens capturadas de ecrãs parciais, representativas das funcionalidades presentes em


LibraryThing.com: © 2009 LibraryThing e/ou membros da LibraryThing, autores, editoras, bibliotecas,
designers de capas, Amazon, Bol, Bruna, etc.
“natural” de comunidades “ad-hoc”, assim como a identificação dos utilizadores que a
constituem. Deste modo é muito fácil criar redes sociais entre utilizadores que partilham
os mesmos interesses, facilitando a descoberta de novas obras por recomendação dos
restantes membros do grupo.

Figura 11: LibraryThing – página pessoal do utilizador, a partir da qual é


possível deduzir os seus interesses literários

Figura 12: LibraryThing – grupo de utilizadores “Books that made me think”,


com as componentes de blog e “Group Talk”, um fórum aberto aos utilizadores.
Efectivamente, esta passagem de volta ao papel via recomendação obtida na web
ou de outras informações colocadas pelos utilizadores, tendo como ponto de partida
uma obra impressa (papel), é sem dúvida o resultado de maior valia neste sistema. Para
além das recomendações, o sistema permite que os seus utilizadores coloquem
informação da sua livraria ou biblioteca preferida (incluindo a sua localização e fotos da
mesma), assim como a informação de futuros eventos.

Figura 13: LibraryThing – livrarias, bibliotecas e eventos (em localidades


próximas do utilizador).

3. Conclusão
Componentes web 2.0 e o ambiente participativo e colaborativo associado ao seu
uso podem ajudar no enriquecimento de sistemas de pesquisa e recuperação de
informação, promovendo a Inteligência Colectiva pela partilha do conhecimento,
avaliando os recursos encontrados, de modo a que os utilizadores seguintes, ao
efectuarem uma pesquisa semelhante, obtenham em primeiro lugar os resultados mais
pertinentes (ciclo “Encontrar  Avaliar  Compreender  Partilhar”). Se incluirmos
nesses sistemas uma componente de agregação de conteúdos, preferencialmente usando
algoritmos inteligentes de recuperação de informação relacionada, pode-se dotar os
utilizadores de um ponto de pesquisa rico em conteúdos, quer por ser um agregador de
várias fontes, quer pela sua componente participativa/colaborativa, com possíveis mais
valias na criação e identificação de comunidades de utilizadores com interesses comuns.
4. Referências Bibliográficas
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