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TERRA LIVRE

PARA A CRIAÇÃO DE UM COLECTIVO AÇORIANO DE ECOLOGIA SOCIAL

BOLETIM Nº8 MAIO DE 2009

- 20 TESES CONTRA O CAPITALISMO VERDE

- DIVERSIDADE EM TEMPOS DE INCERTEZA

- O ESPECISMO E A EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DO SOFRIMENTO

- FANÁTICOS E RADICAIS, NÓS?


20 TESES CONTRA O CAPITALISMO VERDE

(1) a actual crise económica mundial marca o fim


da fase neoliberal do capitalismo; (6) o "Green Deal" discutido por Obama, pelos
partidos verdes e pelas corporações multinacionais
(2) além das crises económica, política e está mais relacionado com o bem-estar das
climática, existe uma nova crise atormentando o corporações do que das pessoas;
mundo: a "biocrise", que é o resultado da mistura
suicida entre o ecossistema que garante a vida (7)o "Capitalismo Verde" não vai pôr em questão
humana e a necessidade constante de expansão do o poder daqueles que mais poluem, mas vai
capital; despejar mais dinheiro nessas empresas, para
ajudá-las a manter os seus lucros mediante
(3) A "biocrise" fornece aos movimentos sociais pequenas mudanças ecológicas, que serão muito
uma oportunidade histórica: a de expor a jugular pequenas e tomadas muito tarde;
do capitalismo, ou seja, a sua incessante e
destrutiva necessidade de se expandir; (8) num mundo configurado pelo "capitalismo
verde", os salários irão estagnar ou cair para cobrir
(4) o "New Deal" verde já não o da agricultura os custos da "modernização ecológica";
orgânica e do "faça você mesmo", mas sim uma
proposta de que esta fase "verde" do capitalismo (9) justificado pela ameaça de crise ecológica, o
deve continuar gerando lucros através da Estado do "capitalismo verde" será autoritário, irá
modernização de certas áreas de produção (carros, gerir as agitações sociais que necessariamente irão
energia, etc); emergir do aumento do custo de vida (comida,
energia, etc) e do decréscimo dos salários;
(5) esta segunda versão do capitalismo verde não
será capaz de resolver a "biocrise" (mudanças (10) no "capitalismo verde", os pobres serão
climáticas e outros problemas ecológicos como a excluídos do consumo, enquanto os mais ricos
redução da biodiversidade), mas conseguirá lucrar terão que "ajustar" o seu comportamento
com ela, o que em nada altera a rota de colisão destrutitvo indo às compras e salvando o planeta
entre as economias de mercado e a biosfera; ao mesmo tempo;
(17) estas soluções incluem não aos acordos de
(11) do ponto de vista da emancipação social e livre comércio, não às privatizações, não à
ecológica, o "capitalismo verde" será um desastre flexibilização dos mecanismos de controle mas
do qual não conseguiremos recuperar; sim à soberania alimentar, sim ao decrescimento,
sim à democracia radical e sim a deixar os
(12) os grandes grupos ambientais passarão a recursos naturais onde eles se encontram;
desempenhar o mesmo papel que os sindicados
desempenharam na era Fordista - agir como (18) configurados como um movimento
válvulas de escape para assegurar que as emergente por justiça global, devemos lutar contra
exigências de mudança social e que a nossa raiva dois inimigos - as mudanças climáticas e o
ficarão contidas dentro dos limites estabelecidos capitalismo "fossílico" responsável por elas e, por
pelo capital e pelos governos; outro lado, também será preciso lutar contra o
emergente "capitalismo verde", que não vai
(13) na década passada, apesar de Kyoto, não só interromper o processo destrutivo, mas sim limitar
cresceu a concentração de gases de efeito estufa a nossa capacidade de actuar para a impedir a
na atmosfera, como ainda foi aumentada a taxa de destruição;
crescimento destas emissões;
(19) mudanças climáticas e acordos de livre
(14) longe de resolver crises, o comércio de comércio não são a mesma coisa, mas o protocolo
carbono e as medidas a ele associadas servem de Copenhagen será uma instância regulatória, da
apenas como escudo político para que as emissões mesma forma que a OMC foi central para o
de gases de efeito estufa continuem a ser feitas capitalismo neoliberal; então, como relacionar as
impunemente; duas coisas? o grupo dinamarquês KlimaX
argumenta: um bom acordo é melhor do que
(15) para muitas comunidades do Sul do planeta, nenhum acordo - mas nenhum acordo é melhor do
estas falsas soluções (biocombustíveis, "desertos que um mal acordo;
verdes" e comércio de carbono) muitas vezes
configuram uma ameaça maior do que as próprias (20) a chance dos governos sairem de
mudanças climáticas; Copenhagem com um "bom acordo" é
praticamente zero; o nosso objectivo deve ser
(16) soluções reais para a crise climática não vêm exigir soluções reais, se isso não for possível,
de governos e corporações, vêm de baixo, da devemos esquecer Kyoto e impedir Copenhagem.
sociedade global e dos movimentos que lutam por
justiça climática; Texto de: Tadzio Mueller e Alexis Passadakis
Fonte: Ondas 3 (http://ondas3.blogs.sapo.pt/)
DIVERSIDADE EM TEMPOS DE INCERTEZA
maior dependência em fontes e recursos comuns
Neste momento, um conflito de paradigmas está a para satisfazer necessidades materiais e abstractas.
ser encenado em todo o mundo, naturalmente
resultando numa peça cujo conteúdo reflecte uma No Ocidente foi-nos vendido um remédio amargo
história complexa de causas e efeitos. sob a forma de argumentos neodarwinianos
que confundiram natureza com cultura. Ainda pior
é o facto de termos sido tão eficazes a vender este
remédio ao Terceiro Mundo. Acabámos por
realmente acreditar que o actual absurdo
Behemoth socioeconómico é o resultado de uma

tendência evolucionária, que entende os seres


humanos como basicamente egoístas,
constantemente envolvidos em competição,
sobrevivência e guerra. Ao ler os pensadores
ocidentais, de Adam Smith a Sigmundo Freud,

Por um lado, o negócio em grande escala promove somos levados a acreditar que estes traços são um
um crescimento global monocultural, de cima para produto da nossa natureza.

baixo, baseado no capital e na energia. Por outro


lado, observamos a destruição do humano, do No entanto, não será possível que estes brilhantes

tecido social e económico das nossas vidas, tudo filhos do Ocidente tenham andado a descrever o
em nome de uma economia de casino de avançada Homus Industrialis em vez do Homo Sapiens.
tecnologia, numa escala cada vez maior e mais Confundimos a natureza com a cultura e
anónima em termos de responsabilidade. A vendemo-nos a um paradigma mais poderoso do
palavra crescimento num contexto deste tipo que o Comunismo ou o Capitalismo: estamos
parece amargamente irónica, tendo em conta a subjugados pela Tecnologia.
destruição dos ecossistemas e a taxa de extinção
registada, que é a mais alta desde o período Ninguém nega que as fomes que assolaram a Índia
Devoniano. Ainda mais amargo é o facto da no último século tenham diminuído muito, em
destruição da biodiversidade estar a ser destruída parte devido aos híbridos introduzidos para
em nome de uma estandardização monocultural. aumentar a produção. Mas o altruísmo desses anos
Não é apenas por mera coincidência que estes transformou-se agora numa loucura expansionista.
problemas são acompanhados por uma grande Explorando apenas esta avenida da loucura do

perda de diversidade cultural humana e uma ainda século XXI, o agronegócio, ouvimos os apelos à
estandardização, expansão, comida para todos,
mas a expansão agro-industrial trouxe a variedades e cultivares locais e ibéricas. O que os
devastação; os seus fertilizantes e pesticidas gigantes agro-industriais não conseguem ver é que
envenenam a terra, a terra marginal cresce a sobrevivência agrícola, ou melhor, a nossa
exponencialmente, a erosão desenfreada está a sobrevivência literal, depende da diversidade.
levar milhares de anos de desenvolvimento do Quando o Híbrido RTY354/7 tiver transformado o
solo numa única chuvada e uma falange de chão em pó e esvaziado os nossos bolsos, quando
híbridos monocultural fica mais do que nunca a mudança de clima tiver transformado Portugal
susceptível a pragas. Apesar dos críticos das no Magrebe da Europa, então virar-nos-emos para
colheitas geneticamente manipuladas poderem grupos como a Colher Para Semear à procura das
citar a segurança, genes estranhos, reacções antigas variedades de trigo que conseguem resistir
alérgicas e a introdução acidental de genes em a uma seca no Alentejo, tolerar o sal e, apesar da
populações selvagens, o perigo mais real e sua forma diferente e cor estranha, podem
iminente nesta nossa aldeia global é a perda alimentar-nos, e alimentar-nos bem.
acelerada de variedades geneticamente únicas,
aliado ao patenteamento de sequências genéticas. Texto: Columba Moore - Prof. de Biologia
Tradução de Julieta Andrade - Prof. de Língua
Apenas há duzentos anos, os agricultores estavam Portuguesa, ambos em St. Dominic´s School
a melhorar activamente a segurança das suas Fonte: Boletim «Gorgulho», da Associação
futuras colheitas e solo ao encorajarem a «Colher para Semear»
biodiversidade agrícola. Centenas de milhares de
variedades de plantas e animais datam dessa
época. São um testamento de gerações de
agricultores seleccionando plantas e animais,
perfeitamente adaptados às condições locais,
ecótopos, habitats, através de uma sinergia entre
transferência de nutrientes, protecção e
produtividade. Será que vamos perder esta
preciosa diversidade em troca de uma mão cheia
de prata? Num esforço de evitar a perda deste Consultar o boletim completo no seguinte

capital genético, grupos de horticultores e endereço:

agricultores preocupados com a situação http://gaia.org.pt/system/files/sites/default/files/go

juntaram-se para proteger a extraordinária riqueza rgulho12.pdf

de material genético que é a herança natural de


Portugal. Não se trata de um Sebastianismo de
Legumes, um questionável conservadorismo
lusitano, mas sim de uma corrida racional e
pragmática contra o tempo para salvar milhares de
O ESPECISMO E A EVIDÊNCIA CIENTÍFICA DO SOFRIMENTO
consoante as características desse indivíduo
Uma das principais razões que tem levado milhões relacionadas com o seu interesse em ter
de pessoas em todo o mundo a optar por uma determinado direito.
alimentação vegetariana é sem dúvida o respeito
pelos animais, ou por outras palavras, o O argumento desta visão é o de que o sofrimento
imperativo moral em não promover a exploração e dos animais, mesmo não sendo desejável, não é
o sofrimento desnecessário inerente à criação de comparável com a complexidade, com as
animais para alimentação. necessidades e interesses dos humanos, pelo que o
respeito pelos animais deverá vir sempre no fim
das prioridades humanas. Em sua defesa, sempre
que são acusados de não reconhecerem a
igualdade entre o sofrimento e a vontade de
preservação da integridade física entre humanos e
animais, acusam os defensores dos animais de
usarem argumentos antropomorfistas, ou seja, de
transporem características dos humanos para os
animais sem qualquer base científica e de bom-
senso.

O sofrimento, apesar de ser uma experiência


psicológica desagradável, não é um acidente de
percurso na evolução das espécies, mas sim uma
enorme vantagem evolutiva. Numa situação
negativa que provoque uma experiência sensitiva,
a entidade capaz de sofrer afasta-se da origem da
dor e cria uma memorização, uma catalogação da
Estes argumentos sentem uma grande resistência origem dessa dor, para que numa situação futura
na sociedade ocidental em que vivemos, por nela semelhante consiga antecipar-se criando uma
imperar uma filosofia antropocêntrica (por vezes resposta mais adequada às pressões negativas
auto-denominada como humanista), que é externas de que é alvo.
necessariamente especista por atribuir mais ou
menos direitos a um indivíduo consoante a espécie É claro que é impossível compreendermos a
a que este pertence, uma característica tão totalidade da experiência de sofrimento noutros
irrelevante como o sexo ou a cor da pele, e não seres da mesma forma que o fazemos em nós
mesmos, mas os avanços recentes na biologia,
particularmente na etologia (ciência que estuda do como no caso dos peixes, o processem de forma
comportamento animal e das bases do diferente da dos humanos (Chandroo et al. 2004).
comportamento humano) e nas neurociências têm,
de forma cada vez mais clara, desmistificado a Para começar os vertebrados possuem um sistema
ideia de que as emoções primárias, como interesse límbico, que é responsável pela origem das
de auto-preservação da integridade física, emoções básicas como o medo e a ansiedade, e
interesse em manter-se livre de qualquer que é essencial para a distinção entre uma situação
sofrimento físico e psicológico, são distintas entre agradável e uma desagradável. Possui ainda a
humanos e restantes animais sencientes. função de memorização e aprendizagem das
relações espaciais onde o animal vive. No caso
Para podermos avaliar a existência ou não de dor, dos peixes, é o telencéfalo que possui estas
devemos dividi-la em vários níveis: i) a funções, uma vez que os peixes não possuem
nocicepção que é o conjunto de percepções propriamente um sistema límbico diferenciado
iniciadas nos receptores mecânicos, térmicos e (Chandroo et al. 2004).
químicos do corpo que são enviadas para o
cérebro e resultam numa resposta automática (por
exemplo, dos músculos quando nos picamos numa
agulha); ii) reacções emocionais negativas como o
medo, a ansiedade, a frustração, a depressão ou o
sofrimento; iii) mecanismos conscientes de
avaliação, antecipação e respostas
comportamentais à situação de dor.

Recorrendo ao conhecimento actual, podemos


dizer que existem alguns animais que possuem
apenas a primeira classe de dor, como as lesmas
(Pastor et al. 1996) e insectos (Tracey et al. 2003),
por possuírem nociceptores mas sem existir
informação – até à data – que indique a presença
de outros graus de percepção de dor. Outros
animais, como as esponjas do mar ou vários tipos
Para além disso, todos os vertebrados possuem
de parasitas microscópicos, não possuem sequer
uma medula espinal, responsável pela transmissão
esta característica, uma vez que não possuem
do sinal enviado pelos nociceptores para o
qualquer estrutura nervosa diferenciada. Por outro
cérebro, e ainda o próprio cérebro, responsável
lado, é assumido que todos os vertebrados -
pela centralização e integração dos sinais
peixes, répteis, aves e mamíferos (Sneddon et al.
recebidos, enviando em seguida os estímulos que
2003) possuem os três níveis de dor, mesmo que,
correspondem à resposta ao estímulo. Um estudo
sobre as estruturas do cérebro necessárias à expectativas (Overmier et al. 1990). Outros
existência de consciência concluiu que um estudos comportamentais, desta vez em salmões,
telencéfalo diferenciado e integrado com outras indicaram claramente a existência de stress
estruturas era essencial, o que existe em todos os psicológico ao medir os níveis de stress numa
vertebrados, mesmo em peixes (Baars 2002). situação em que se esvaziava ao lentamente o
tanque onde estes nadavam, sem nunca chegar a
privar os peixes de oxigénio ou comida (Schreck
et al. 1995).

Sem querer cansar o leitor com todas as


evidências já estudadas, relembro mais uma
situação que quase toda a gente já deve ter
presenciado. Tal como nos humanos, muitos dos
animais que são capazes de fazer um
processamento complexo da dor mostram várias
alterações comportamentais e psicológicas em
situações de stress continuado: diminuição de
apetite, inibição de comportamento social,
libertação de hormonas de stress, alteração os seus
Outro exemplo é-nos dado pelos estudos
padrões respiratórios e cardiovasculares e exibição
realizados por Sneddon et al (2003), que mostram
movimentos e comportamentos repetitivos e
que através do uso de morfina em trutas se obtém
estereotipados (Sneddon et al. 2003). Exemplo
uma redução no comportamento de resposta à dor
disto é o balançar ininterrupto dos elefantes e
bem como uma alteração do ritmo cardíaco, em
outras alterações de comportamento observáveis
condições de estímulos nocivos. Uma vez que os
nos animais do circo por serem treinados e
peixes produzem substâncias igualmente capazes
castigados até aos limites da sua exaustão física e
de modular a sua percepção de dor este grupo
psicológica.
conclui que a relação entre os peixes e os
estímulos negativos não são apenas reflexivas mas
Estes dados científicos mostram que os animais
também emocionais.
têm características, interesses e necessidades que
vão bem mais longe do que a sua simples reacção
Inúmeros estudos comportamentais já mostraram
ao ambiente.
também que todos os vertebrados (incluindo
peixes) conseguem aprender a evitar certas
A argumentação especista, para defender o seu
situações negativas, mesmo que estas sejam
lado, frequentemente coloca ainda cenários de
inicialmente positivas, o que significa que
dilema, para nos provar que nessas situações
conseguem, conscientemente, construir de forma
qualquer pessoa escolheria a vida de um ser
dinâmica projecções mentais de criação de
humano, preterindo a de um animal. É o exemplo humanos mas, pelo contrario, não define o
dos esquimós que têm de comer peixe, o exercicio comportamento e valores dos humanos, como
da casa a arder em que só podemos salvar o bebé alguns insistem).
ou o coelho, ou o da ilha deserta onde só estamos
lá nós e um carneiro – sem qualquer outro tipo de
fonte de alimento.
Mas, embora estes dilemas obriguem qualquer
“amigo dos animais” a dar uma resposta
embaraçosa (ou dão a impressão que a sua teoria
não é consistente ou dão uma resposta diferente
daquela que qualquer humano daria), a maneira
correcta de abordar estes cenários é que,
independentemente daquilo que fizéssemos nestes
cenários fictícios, a verdade é que no nosso dia-a-
dia não existem verdadeiros dilemas. As nossas
opções nunca se resumem apenas entre comer
carne ou não comer nada, nem se limitam tão A discriminação especista do sofrimento de uma
pouco a ficar em casa a olhar para as paredes ou ir espécie em relação ao de outra espécie é tão
a um circo ou a uma tourada para nos divertirmos. moralmente injustificável como o racismo, a
xenofobia ou o sexismo. E tal como nos
Tendo tudo isto em conta e salientando que do movimentos sociais que combateram estas
ponto de vista ético não existe qualquer discriminações, a luta pelos direitos dos animais
característica relevante nos animais não-humanos tem também de se mostrar unida e plural. E mais
sencientes que nos leve a não considerar com importante ainda: não pode ficar indisponibilizada
igual interesse o seu sofrimento, então é na gestão paternalista da negligência e desrespeito
imperativo dar os mesmos direitos básicos e da sociedade pelos animais, mas antes focada na
essenciais a humanos e animais não-humanos, tais desconstrução das estruturas que vivem da
como o direito a existir livre de sofrimento e a não exploração dos animais para acumularem capital e
morrer. Daqui não se conclui que uma vaca deva que investem esse capital na exploração de ainda
votar ou um porco deva poder tirar a carta de mais animais. Esta luta faz-se primeiro com um
condução. Estes animais não possuem estes boicote individual ao consumo de produtos que
interesses ou capacidades, ao contrário dos incluem sofrimento animal. E em segundo lugar
humanos. com o trabalho e colaboração em grupos que
fazem acções pelos direitos dos animais e pela
Assim, a necessidade destes direitos resulta escolha de estratégias arrojadas que optem pelo
directamente da existência de senciência e não de ataque inteligente e consequente - onde lhes doer
uma argumentação jurídica (que é definida pelos mais - às verdadeiras indústrias de exploração de
animais, como os criadores de animais Pastor, J., Soria, B. and Belmonte, C. (1996).
(domésticos e para alimentação), os biotérios, os "Properties of the nociceptive neurons of the leech

circos e zoos, ou as empresas tauromáquicas, segmental ganglion." Journal of Neurophysiology


75(6): 2268-2279.
sendo que a informação do público, através de
bancas informativas, promoção de debates ou
Schreck, C. B., Jonsson, L., Feist, G. and
distribuição de panfletos é uma estratégia
Reno, P. (1995). "Conditioning improves performance
obrigatória.
of juvenile chinook salmon, Oncorhynchus
tshawytscha, to transportation stress." Aquaculture
Referências 135(1-3): 99-110.
Baars, B. J. (2002). "The conscious access
hypothesis: origins and recent evidence." Trends in Sneddon, L. U., Braithwaite, V. A. and Gentle,
Cognitive Sciences 6(1): 47-52. M. J. (2003). "Do fishes have nociceptors? Evidence
for the evolution of a vertebrate sensory system."
Chandroo, K. P., Duncan, I. J. H. and Moccia, Proceedings of the Royal Society B: Biological
R. D. (2004). "Can fish suffer?: perspectives on Sciences 270(1520): 1115-1121.
sentience, pain, fear and stress." Applied Animal
Behaviour Science 86(3-4): 225-250. Tracey, W. D., Wilson, R. I., Laurent, G. and
Benzer, S. (2003). "painless, a Drosophila Gene
Overmier, J. B. and Hollis, K. L. (1990). "Fish Essential for Nociception." Cell 113(2): 261-273.
in the think tank: learning, memory and integrated
behavior." Neurobiology of Comparative Cognition:
204-236. Texto: Hugo Evangelista (Biólogo)

WWW.TERRALIVREACORES.BLOGSPOT.COM

terralivreacores@gmail.com
FANÁTICOS E RADICAIS, NÓS?

Há quem tenha ficado escandalizado com as tenta provar “cientificamente” que os


posições de quem se tem oposto à touros não sofrem quando são picados.
legalização da sorte de varas nos Açores
acusando- os de radicalismo e fanatismo. Vergonhoso é o silêncio das associações de
defesa do ambiente que pululam pelos
Claro que estas pessoas não assumem que Açores. De que lado estão os núcleos da
estão do outro lado da barricada e pela Quercus nos Açores, a Azórica, os
"calada" ou pelo silêncio cúmplice vão Montanheiros, a Gê-Questa, etc., etc.?
apoiando a minoria assumida de pseudo-
aficionados (tal como os classifica um
promotor de corridas à portuguesa). Afinal, o que queremos?

Vergonhosa tem sido a posição de alguns 1- Que seja respeitada a Declaração


"jornalistas" que protestam quando recebem Universal dos Direitos dos Animais, aprovada
mails dos opositores à sorte de varas, pela Unesco a 15 de Outubro de 1978;
quando, independentemente da sua posição
pessoal, deveriam noticiar as iniciativas com 2- Que os dinheiros públicos não sejam
rigor e imparcialidade. usados para o apoio a actividades que
fomentem a tortura animal;
Vergonhosa e segundo parece impune foi a
posição dos deputados que participaram na 3- Que haja respeito pelas tradições e
tenta ilegal realizada na ilha Terceira e de cultura açorianas;
todos os que vão subscrever ou votar
favoravelmente a proposta de lei que 4- Que o bom nome dos Açores não seja
pretende legalizar a sorte de varas sem manchado a nível internacional pela
estarem mandatados pelos seus eleitores. introdução da sorte de varas, prática
importada de Espanha para gozo e proveito
Vergonhoso tem sido o silêncio mantido pela de meia dúzia de Miguéis de Vasconcelos.
comunidade científica (sobretudo biólogos e
veterinários) que não denuncia um pretenso TB
estudo (posto em causa em Espanha) que

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