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Por um lado, o negócio em grande escala promove somos levados a acreditar que estes traços são um
um crescimento global monocultural, de cima para produto da nossa natureza.
tecido social e económico das nossas vidas, tudo filhos do Ocidente tenham andado a descrever o
em nome de uma economia de casino de avançada Homus Industrialis em vez do Homo Sapiens.
tecnologia, numa escala cada vez maior e mais Confundimos a natureza com a cultura e
anónima em termos de responsabilidade. A vendemo-nos a um paradigma mais poderoso do
palavra crescimento num contexto deste tipo que o Comunismo ou o Capitalismo: estamos
parece amargamente irónica, tendo em conta a subjugados pela Tecnologia.
destruição dos ecossistemas e a taxa de extinção
registada, que é a mais alta desde o período Ninguém nega que as fomes que assolaram a Índia
Devoniano. Ainda mais amargo é o facto da no último século tenham diminuído muito, em
destruição da biodiversidade estar a ser destruída parte devido aos híbridos introduzidos para
em nome de uma estandardização monocultural. aumentar a produção. Mas o altruísmo desses anos
Não é apenas por mera coincidência que estes transformou-se agora numa loucura expansionista.
problemas são acompanhados por uma grande Explorando apenas esta avenida da loucura do
perda de diversidade cultural humana e uma ainda século XXI, o agronegócio, ouvimos os apelos à
estandardização, expansão, comida para todos,
mas a expansão agro-industrial trouxe a variedades e cultivares locais e ibéricas. O que os
devastação; os seus fertilizantes e pesticidas gigantes agro-industriais não conseguem ver é que
envenenam a terra, a terra marginal cresce a sobrevivência agrícola, ou melhor, a nossa
exponencialmente, a erosão desenfreada está a sobrevivência literal, depende da diversidade.
levar milhares de anos de desenvolvimento do Quando o Híbrido RTY354/7 tiver transformado o
solo numa única chuvada e uma falange de chão em pó e esvaziado os nossos bolsos, quando
híbridos monocultural fica mais do que nunca a mudança de clima tiver transformado Portugal
susceptível a pragas. Apesar dos críticos das no Magrebe da Europa, então virar-nos-emos para
colheitas geneticamente manipuladas poderem grupos como a Colher Para Semear à procura das
citar a segurança, genes estranhos, reacções antigas variedades de trigo que conseguem resistir
alérgicas e a introdução acidental de genes em a uma seca no Alentejo, tolerar o sal e, apesar da
populações selvagens, o perigo mais real e sua forma diferente e cor estranha, podem
iminente nesta nossa aldeia global é a perda alimentar-nos, e alimentar-nos bem.
acelerada de variedades geneticamente únicas,
aliado ao patenteamento de sequências genéticas. Texto: Columba Moore - Prof. de Biologia
Tradução de Julieta Andrade - Prof. de Língua
Apenas há duzentos anos, os agricultores estavam Portuguesa, ambos em St. Dominic´s School
a melhorar activamente a segurança das suas Fonte: Boletim «Gorgulho», da Associação
futuras colheitas e solo ao encorajarem a «Colher para Semear»
biodiversidade agrícola. Centenas de milhares de
variedades de plantas e animais datam dessa
época. São um testamento de gerações de
agricultores seleccionando plantas e animais,
perfeitamente adaptados às condições locais,
ecótopos, habitats, através de uma sinergia entre
transferência de nutrientes, protecção e
produtividade. Será que vamos perder esta
preciosa diversidade em troca de uma mão cheia
de prata? Num esforço de evitar a perda deste Consultar o boletim completo no seguinte
WWW.TERRALIVREACORES.BLOGSPOT.COM
terralivreacores@gmail.com
FANÁTICOS E RADICAIS, NÓS?