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HOMEM E MULHER E SEUS VÍNCULOS SECRETOS

A necessidade do vínculo aparece através da afirmação “Não existe um


Eu, se não houver um Outro...”. O Outro é necessário como fonte de
conhecimento do próprio eu e introdução do novo e da diferença.
Não existe um “Eu”se não houver um “Outro” que lhe forneça os
contornos de sí mesmo, que lhe permita formar a própria imagem, a própria
identidade.
A presença do “outro” e o convívio com o “diferente”, com o “alheio”,
possibilitam novas experiências de vida, novos exercícios, novas inscrições no
aparelho psíquico de todas as partes vinculadas. Fica bem claro que o outro é
o outro, e não uma extensão do eu.
“Homem e mulher”, abrange a semelhança, enquanto seres da mesma
espécie e a diferença enquanto indivíduos, gênero e algumas funções. A
questão gênero, vale como metáfora, pois masculino e feminino constituem-
se em padrões de referência, assinalando a diferença e sugerindo a
fecundidade da relação.
A relação entre pessoas encontra sua significação e o limite da mesma
no contexto, organizando um campo que poderemos chamar de contexto do
vínculo.
A vida organiza-se ao redor e através de eventos que se repetem. A
convivência anterior garante inscrições organizadoras mas estas se mantêm
em pleno funcionamento apenas por algum espaço de tempo. A idéia do
retorno, associada à intenção de levar algo consigo para os seus, torna-se
elemento central na tentativa de conservar tanto a lucidez quanto o próprio
vínculo.
Nas história de amor, o que importa não são os fatos em sí, mas a
qualidade e a vinculação que os motiva e nutre. É natural e desejável que o
objeto eleito tenha muito em comum com a família de origem e com a
sociedade na qual vive o sujeito. As afinidades facilitam o dia a dia, tornando
posível o entendimento. Bons vínculos dependem da autorização familiar e
esta algumas vezes se estabelece no terreno das representações, o discurso
pode ser muito diferente da realidade, os estímulos formais para bons enlaces
nem sempre correspondem a uma genuína autorização para que eles se
concretizem.
Um casamento implica mudanças substanciais, na vida do novo par em
suas famílias e em seus amigos. Lugares e funções modificam-se. Novas
formas de funcionamento consolidam-se. Há escolhas e há renuncias. Há
ganhos e há perdas. Há mudanças, e estas afetam todas as partes mais
diretamente envolvidas, seja por parentesco ou por afetividade.
O “sim” oficializa a aliança seja ela de que maneira for. Em laços dessa
natureza, existe alguma espécie de vínculo, justificada por algo que concerne a
ambos os parceitos.
Famílias de fronteiras cerradas exigem dos filhos uma adesão impar, de
tal modo que eles dificilmente estarão livres para uma relação que envolva
vínculos mais significativos e amorosos, que sejam gratificantes fortes e
duradouros. O modelo que melhor se encaixa às exigências de famílias
retensivas, de fronteiras cerradas, encontra-se exatamente no seu polo oposto:
nas famílias de fronteiras difusas.
Nas famílias de fronteiras permeáveis há uma demarcação clara de
territórios, há uma natural e fecunda troca de estímulos. A formação do self
está inserida no encontro entre um recorte vertical (transgeracional) e
horizontal (atual).
Neste contexto um passado não historizado, parece algo sem sentido,
sem nexo. Existem elos de ligação entre os fatos vividos e o reconhecimento
da própria história, incluindo dados relevantres com relação à história
familiar.
A questão dos vínculos, mais uma vez, apresenta-se com força total. O
que não é visto não é lembrado? Pode até não ser claramente lembrado em
imagens e palavras, mas continua vivo e presente, fazendo-se reproduzir
geração após geração, até que o enigma seja decifrado e os conflitos referentes
a ele sejam devidamente ressignificados e elaborados.
Parte da história não pertence diretamente ao sujeito nem à sua
geração, mas sim àqueles que os precederam. Nele se revela uma espécie de
condensação, pois ele se identificacom o objeto e com certos atributos da
história da família. É o que se chama de “telescopagem das gerações”.ou
“transgeracional”.
O processo de historização ilumina presente, passado e futuro. Dando
nexo aos fenômenos que se passam. A alienação a esse processo, limita
horizontes, impede ou dificulda as saídas e estimula a compulsão à repetição,
aprisionando os pares em atitudes que estão a serviço de identificações
limitadoras.
Desvendar segredos, conhecer os fatos e reconhecer-se neles é um
processo delicado. Quando são descritos e comentados dados da história
pessoal e familiar costuma-se fazer uma seleção natural dos dados e uma
seleção subjetiva de significados. O que não pode ser dito e descrito,
transforma-se em história, estabelecendo conexões lógicas e afetivas,
adquirindo um sentido próprio, distorcido, dando origem a sintomas e/ou
atuações.
Na escolha do cônjuge, para que uma aliança forme-se e sustente-se
com bases em mitos de felicidade, faz-se necessário um acordo, em grande
parte inconsciente, por parte do casal. Este acordo inspira-se na história
familiar de cada um dos parceiros, ou seja, na “telescopagem das gerações”.

Solidão diz respeito a todos nós, em sua essência não tem a ver com
abandono. Tem a ver com unidade, com integridade do eu, com
reconhecimento e respeito a um eu a a um tu diferentes, coincide com uma
estratégica, que permite interiorização, gestação, renascimento.

Sexo virtual: O espaço virtual abre possibilidades para a fantasia, sem


necessidade de auto identificação, ou seja, de assumir direta e claramente a
origem pessoal dos desejos explicitados. O anonimato protege o sujeito de ser
apontado naquilo que o envergonha e o intimida. A homossexualidade latente
pode ser vivida de forma indireta, através de personagens criados pelo
internauta, personagens estes que, a um só tempo, revelam-no e o encobrem.
O que é permitido, e até desejável no terreno virtual pode ser
considerado antiestético e vergonhoso no plano real. Manter-se longe e
desconhecido permite o prolongamento do elo que se estabelece entre as
pessoas que diminuem o investimento em relações diretas e preferem cultivar
amor e sexo em relações virtuais.
Se já não lhes cabe escolher a parceira e o local para uma relação direta,
a associação entre ambos em buscas virtuais dá margem à atuação de
inúmeros fantasmas insconcientes. Neste caso não há estabelecimento de
vínculos.

Direito à privacidade: dificuldades conjugais levam a que um filho seja


facilmente empregado para representar o vínculo e, paralelamente, sustentar a
distância. Os pais não lutam para garantir um espaço privativo, no qual circule
uma intimidade ímpar, exlusivamente deles.
Administrar cenas do cotidiano exige um bom equilíbrio emocional,
uma compreensão formal e/ou intuitiva da evolução humana. Por que levar um
bebê a se imiscuir no leito e na intimidade de seus pais?
O respeito à privacidade não pode ser confundido com desinteresse e
desatenção, sob pena de gerar sentimentos de abandono. A capacidade de
respeitar e fazer respeitar a privacidade própria e alheia é indicativo de bom
desenvolvimento intrapsíquico e social.
Erotização Precoce: a escolha de parceiros inspira-se e orienta-se em
experiências infantis armazenadas no mundo insconscientes. Os mecanismos
de adaptação e defesa do ego são essenciais nesse processo, levando os
indivíduos a se “reconhecerem” na massa anônima e a se ajustarem no seu
convívio, seja ele prolongado, instável ou fugaz.
Erotismo e agressividade na infância e na adolescência constituem-se
em uma realidade biopsicossocial bastante expontânea. A busca de imediata
descarga de tensões e do prazer pelo caminho mais curto encontra resposta nas
relações interpessoais e estas são determinantes no que diz respeito à
construção da saúde e da doença, do funcional e dos disfuncionais.
A exposição precoce da infância e da adolescência a uma carga erótica
excessiva apresenta, entre outras consequências o aumento da agressividade e
das condutas anti sociais; denuncia um grave problema social e, sobretudo, um
concluio entre pais descuidados, provavelmente, em muitos casos, parceiros
em disfunções e/ou perversões sexuais.
Em nossa sociedade atual, um expressivo número de adultos abandona
seus filhos a si mesmos e procuram suprir desinteresse e desatenções através
de recursos sobre os quais deixam de ter qualquer controle. A exposição a uma
sobrecarga de estímlos eróticos pode expressar também abandono: encerrados
em seus quartos, com livre acesso a qualquer meio de comunicação e a
qualquer estímulo visual ou auditivo, crianças e adolescentes buscam bem
mais do que descarga de tensões e asas à imaginação: buscam consolo para a
solidão, buscam povoar um mundo deserto e, muitas vezes, seduzir os amigos
para que se tornem cúmplices e companheiros em um exílio emocional
compartilhado.
A capacidade de acolher a criança e o adolescente, respeitando-os em
seus desenvolvimento, reconhecendo-os e validando-os em seu gênero,
pressupõe que os pais tenham evoluído em sua identidade sexual e em sua
capacidade de amar e ser amados. Submetê-los a estímulos eróticos precoces,
inadequados e excessivos significa desatenção e irresponsabilidade, muito
provelmente, dificuldade ainda mais sérias e mais profundas.

O sujeito fóbico: o medo por si só é um fenômeno natural e importante


na preservação da vida e da integridade física e psíquica da pessoa, ele varia
em sua intensidade, dependendo da extensão do perigo ao qual está exposto e
das condições de adaptação e defesa.
A fobia diz respeito as uma categoria especial de medos, pois estes são
infundados e desproporcionais à situação de perigo. Tem como defesa básica a
evitação compulsiva do objeto de temor. Não é que o fóbico não queira
enfrentar aquilo que o amedronta: ele simplesmente não consegue. Quando
obrigado a fazê-lo, sua resposta é de uma angústia insuportável, de pânico até.
Medos irracionais e desproporcionais repercutem intensamente nas
relações estabelecidas, delimitando horizontes e induzindio pessoas
significativas a girarem ao seu redor. Essa relação pode funcionar de modo
encobridor, porque se evidenciam as pressões do paciente no sentido de ser
cuidado, levando o profissional a não perceber como o meio de origem
contribui para que ele seja mantido em sua própria patologia, a serviço de
necessidades inconscientemente compartilhadas. Nesse contexto, entra em
cena também o parceiro eleito para as relações amorosas e sexuais.
A psicodinâmica relaciona e ilustra fartamente os transtornos de
ansiedade, com ênfase nas fobias, a temas ligados a ansiedade de separação, a
fantasias de castração, ao processo edípico, às identificações e ao
desenvolvimento de mecanismos de defesa. As famílias, em especial os pais,
estão diretamente envolvidos nesses processos.
Observar o contexto relacional, os diferentes passos de uma história que
se repete, poderá ser até indispensável para que o paciente possa compreender
seus mecanismos, vindo a desenvolver novas adaptações e defesas.
Em considerável número de casos, observa-se o contrário: evidências
supostamente indesejáveis podem funcionar como ingredientes essenciais à
química do amor. Ansiedades elevadas tornam-se razões de ternura e encanto,
geram envolvimento fiel e cuidadoso, além de um desejo sexual intenso. Em
geral, o parceiro eleito apresenta um caráter fóbico subjacente. Isso ocorre
porque seu parceiro também tem ganhos secundários, o princiapal deles é
quase sempre o controle. Este só se tranquiliza às custas dos medos e das
inibições apresentados por aquele.

Envolvimentos sem envolvimento: As patologias narcísicas graves são


mais raramente tratadas em psicoterapias, pois a busca de ajuda pressupõe
certo grau de autocrítica, de humildade e de tolerância a frustrações.
A psicoterapia pressupõe uma relação objetal, oposta às relações de
caráter narcisista: Eu sou Eu, e o Outro também é um Eu; temos afinidades e
diferenças, acordos e divergências; temos direitos e deveres, e ambos
merecemos ser valorizados, respeitados e levados em consideração. A postura
radical do terapeuta, tentando uniformizar atendimentos, abordagens,
sintetizando em demazia e impondo teorias, pode indicar várias de suas falhas
pessoais. Entre elas, fantasias de onipotência, jogos de poder e atuação de
uma série de impulsos e fantasias inconscientes.
Por estas razões, o exercício da psicoterapia deveria ser,
simultaneamente, ciência, técnica e arte. A sensibilidade e a capacidade de
sintonizar consigo mesmo e com o outro, aliada a um saber sempre
incompleto, mas tão amplo e profundo quanto possível, indicam os caminhos
do fazer terapêutico e instigam a um estudo, a uma busca constante.

O mistério dos triângulos: A qualidade dos vínculos iniciais e atuais


possibilita uma crescente autonomia, possibilitando a conservação de antigos
vínculos. Do ponto inicial à relação dual, o produto humano pode expandir-se
em uma crescente complexidade, em um contínuo desenvolvimento pessoal,
que sómente pode ocorre se também for interpessoal..
Sob o ponto de vista intrapsíquico e psicorrelacional, a ligação diádica
aprisiona, ao passo que a triangular dá margem a movimentações
potencialmente libertadoras. Observar e compreender o que se passa nos
triângulos humanos muitas vezes constitui em chave para deslindar mistérios e
abrir novas portas. Uma região delimitada por linhas pode consituir-se em um
abrigo, ponto de refrência e partida – não necessáriamente em uma praça de
guerra ou uma área permanentemente fechada.
A confiança básica na relação a dois, tranquiliza e dá margem a um
novo patamar de confiança que se instala na relação a três. A confiança
adquirida a partir de uma saudável ligação a três diminui o potencial retentivo,
mutuamente limitador, que caracteriza a relação exclusivamente dual.
Um filho precisa ser acolhido, fazer parte de um meio que o proteja, o
encoraje em seu desenvolvimento. Nesse contexto, que sob alguns importantes
aspectos será necessariamente triangular, aprende o que significa “estar dentro
ou estar fora”. Em um triângulo ninguém é tudo para todos o tempo inteiro. A
dor da exclusão fornece as garantias de libertação e a certeza de que não se
transformará em um prisioneiro do triângulo familiar.
Precisa ser acolhido mas não retido, observado, reconhecido,
confirmado, mas não vigiado ou perseguido.
Édipo supunha fazer parte de um determinado triângulo original, mas as
pessoas que realmente eram seus pais eram-lhe desconhecidas, de modo que
ficou desorientado ao ouvir as profecias do Oráculo. Sua concepção era
rejeitada pelo pai, Laio, tendo sido viabilizada a partir de uma decisão
materna, unilateral e enganosa.
A adoção de Édipo também se deu em clima de segredos e mentiras.
Uma grande diferença estava na cumplicidade do casal que o adotara como
filho, permitindo-lhe uma triangulação afetuosa. Segundo o mito circulava
proteção e amorosidade nesse triângulo, mas a omissão acerca das origens, o
encobrimento com relação a importantes verdades que Édipo tinha o direito de
conhecer, deixou-lhe outras marcas. Édipo teve a sua história simbolicamente
enegrecida pela cegueira, muito antes de, em gesto de desespero, acabar com
seus próprios olhos.
A traingulação original deixa marcas decisivas.
O filho representa a sobrevivência de suas famílias de origem, sendo
como tal, recebido, reconhecido e amado a partir de uma perspectiva
transgeracional. As fronteiras interfamiliares estão bem definidas, “este”filho
pertece a “este”casal, e não a seus avós, a não ser como netos; não a seus tios,
a não ser como sobrinhos.
O desemparo natural da criança em seus primeiros anos de
desenvolvimento resulta em uma significativa vulnerabilidade em relação aos
seus primeiros vínculos.

Patologia dos triângulos: a união entre homem e mulher, ao frutificar,


resulta em três elementos, e o terceiro evidencia o intercâmbio, sugere o
amor.Tal espaço poderá abrir-se e permitir passagem, de modo que cada
elemento desse grupo relacione-se com outros significativos, complexizando-
se a vinculação familiar e os triangulos.
Observa-se na situação triádica mais comum a que envolve pais e filhos,
que este geralmente tem como função desviar a atenção do casal em seus
conflitos conjugais. São os pais que designam aos filhos as funções que ele
deverá assumir e o fazem através de uma série de mensagens verbais e não
verbais que induzem e reforçam determinadas atitudes, ao mesmo tempo em
que desencorajam ou impedem a adoção e o desenvolvimento de determinados
comportamentos.

Família: casa, lar ou prisão: em ligações familiares demasiadamente


estreitas, a tendência é que a busca por psicoterapia seja acompanhada por
grande ambivalência, pois apego e confiança em relação a terceiros são
desencorajados e sentidos como traição. Ao estabelecer uma alianca fecunda,
são introduzidas mudanças que necessariamente se refletem nos demais elos
significativos, desestabilizando-os e introduzindo novos valores, nem sempre
bem vindos.
Enfrentar as expectativas de um grupo familiar exigente, de uma mãe
voraz ou de um pai intransigente que anuncia descontentamento e oposição,
gera um enorme desequilíbrio, quebrando a sensação de unicidade e dando a
idéia de separação, rompimento, abandono.
A psicoterapia vincular de casal ou de família, seja ela de orientação
psicodinâmica ou sistêmica, tende a ser menos sofrida, uma vez que propicia
uma compreensão mútua e o crescimento conjunto, tende a ser menos
conflituada também, porque a pessoa do psicoterapeuta participa do grupo
familiar no setting terepêutico, evidenciando sua disponibilidade em favor de
todos os membros da família, sem priovilegiar ninguém em particular. Os
sentimentos de traição tornam-se inexistentes ou são menores e parecem
menos ameaçadores. O paciente percebe mais facilmente que seus familiares
não estão sendo crriticados, ameaçados e condenados, mas também são
compreendidos, aceitos e profundamente respeitados pela pessoa de seu
psicoterapêuta.

Escolha de parceiros: A escolha de parceiros é, em grande parte


inconscientemente motivada. Suas raízes estão no que foi interiorizado, mas
também a serviço de um meio presente, passado e futuro.
Alguns pares apostam em uma espécie de “esperança crônica”, capaz de
se renovar cada vez que são ultrapassadas as situações penosas, alimentando-
se assim, por muitos e muitos anos, uma aliança aparentemente insatisfatória e
até mesmo insustetável. Inclusive a busca de auxílio terapêutico, em algumas
relações aparentemente falidas, tem um único objetivo inconsciente: aliviar o
sofrimento até o ponto em que nada tenha realmente que mudar.
O amor romântico move muitas relações pessoais. Transcende a mera
atração sexual, embora quase sempre a inclua, em sua essência, contém uma
séria de identificações, afinidades, que resultam em admiração, ternura,
desejo, respeito e cuidados.
Ele tende a ser abençoado naqueles contextos em que dá forma a idéias
compartilhadas pelas famílias de origem de ambos os parceiros fortificando-
lhes um narcisismo sadio ou patológico ele retrata e fortalece identidades,
prometendo continuidade às tarefas que vem sendo repassadas através de
gerações.

Psicoterapia on-line: A orientação psicodinâmica e distancia apontam,


para a relação terapêutica direta como algo essencial ao processo
psicoterápico, e ambas enfatizam a riqueza da linguagem analógica em um
processo que, usando ou não a interpretação como principal instrumento, vai
muito além daquilo que as palavras podem traduzir. No contato via
computador, falta uma quantidade expressiva de mensagens não verbais, o
que interfere poderosamente no processo, prejudicando ambas as partes.
Uma psicoterapia via internet pode soar como uma grande aventura,
mexendo com a imaginação, sem introduzir mudanças no plano real.

O terapeuta, o indivíduo e seus contextos: o contexto terapêutico diz


respeito ao setting e a tudo o que dele faz parte, deve ser estável, único e
relativamente neutro. Dele fazem parte os honorários fixos e únicos, o tempo
definido para cada sessão, a responsabiliade mútua o local regular que permite
privacidade, sigilo, etc. O objetivo desse ambiente é favorecer a aliança
terapêutica e o desenvolvimento do trabalho psicanalítico.
Fazem parte desse contexto: a pessoa do paciente e a pessoa do
terapeuta, devidamente associados a partir de motivos e objetivos que dizem
respeito ao processo. Ambos também participam de um contexto bem mais
amplo. Ao qual se integram trocando vantagens.
A integração dos insigths obtidos e todo o processo de elaboração
depende, em boa parte do que ocorre também no mundo externo do paciente
em terapia, ou seja, no seu aqui e no seu agora familiar e sociocultural. O
sucesso psicoterapêutico depende da adesão e do apoio por parte do sistema,
seja em terapia de casal e de família, seja em psicoterapia indivual.
A aliança terapêutica, deve ter algumas características importantes, no
que diz respeito à sua permeabilidade e às áreas de equilíbrio entre o indivíduo
e o compartilhado, entre as diferenças, as divergências, as semelhanças e as
afinidades

Do vínculo familiar ao vínculo terepêutico: Estar vínculado significa


estar ligado, aliado, mutuamente envolvido. Implica um “nós”, ou seja, uma
estrutura cuja representação mental abrange bem mais que a soma de dois
“eus”, já que nela circulam influências recíprocas, capazes de interfereir nos
registros passados, nas impressões do presente e na história futura de pares
interligados. Vincular-se é inerente ao ser humano.
A aliança terapêutica é em sua essência um processo vincular. Pode ser
tomada como origem, consequência e expressão do vínculo entre paciente e
terapeuta. Algo que se passa no plano inconsciente de ambos os parceiros
mobilizando-os e proporcionando-lhes algo de novo, de único, de mutuamente
enriquecedor.
Um dos aspectos importantes dos bons vínculos estabelecidos entre
pessoas, dentro ou fora de suas famílias e de suas relações terapêuticas, é a
sensação ou a certeza de que algo mudou, para cada uma das partes
envolvidas, pois vincular-se significa “fazer a diferença”. Se houver
separação, ainda que esta implique dor, a presença de um segue viva na
memória, em grande parte inconsciente, do outro.

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