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Iluso (In)Autntica Nada do que , na medida em que aparece, existe no singular; tudo o que est destinado a ser percebido

o por algum Mais uma vez. Permitiu-se alhear do mundo incognoscvel, sem ser capaz de o deixar ou de o transcender. Voltou a rever a sucesso de imagens que o atormentava h anos. At hoje no conhecia aquelas vozes, nem conseguia estabelecer qualquer tipo de associao entre o seu passado e o seu presente. As mesmas imagens continuavam a condicionar as sombras de um futuro incerto, sem que nada pudesse fazer para alterar o rumo dos acontecimentos. Tinha medo. Mesmo sabendo que o seu fundamento racional podia condicionar os meios de diminuir um qualquer perigo iminente, ou at pr em risco a sua prpria sobrevivncia. De regresso ao mesmo mundo, continuou a ser como queria aparecer. Continuou a simular, a enganar intencionalmente e a iludir quem o ouvia. No fundo, era esta a lgica da mundaneidade das coisas vivas1(Arendt, 1999, p.28). No sabia se aquelas imagens correspondiam a simples miragens, que desapareciam quando examinadas mais de perto, ou se permaneciam inerentes a uma condio da qual no podia fugir. Ainda assim, estava disposto a pagar um preo alto pela iluso da sua prpria aparncia, mesmo sabendo que os erros de uma auto-apresentao, eram bem mais evidentes do que a inevitabilidade das propriedades evidenciadas pela automostrao.

A mundaneidade das coisas vivas significa que no existe nenhum sujeito que no seja tambm um objecto e no aparea como tal a uma outra criatura, que garanta a sua realidade objectiva. Arendt, Hannah. (1999), A Vida do Esprito: Volume I Pensar, Lisboa, Instituto Piaget.

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