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MODELOS EDUCACIONAIS

Em um de Outubro de 1964, efectuei pela primeira vez a minha matrícula na escola


primária e no dia sete desse mesmo mês entrei para a escola. Era um ensino de
rigor e disciplina, ninguém entrava ou saía da escola sem consentimento da Senhora
Professora. Os Alunos menos comportados eram repreendidos com réguadas nas
mãos ou com uma cana-da-índia na cabeça. Os livros não podiam estar riscados ou
dobrados, a bata não podia estar suja. Para se passar de classe fazia-se a chamada
prova escolar e na 4ª classe fazia-se exame. Para além do óleo fígado de bacalhau
que éramos obrigados a beber todos os dias, não se passava de classe ou se fazia
exame se não fizéssemos prova de que éramos competentes. A Senhora Professora
era muito respeitada por toda agente na aldeia e a sua autoridade moral
sobrepunha-se à do regedor.
Como só fiz exame da 4ª classe e admissão em virtude de na minha aldeia não
haver outra via de ensino, só em 1982 na Escola Nuno Gonçalves em Lisboa concluí o
2ª ano transitando para a escola Dª Luísa de Gusmão na Penha de França. De 1987 a
1990, na escola Secundária de Jaime Cortesão em Coimbra, estudei em regime
nocturno até ao 3ª ano do Curso Geral de Administração e Comércio que não concluí
por não ter conseguido fazer a disciplina de matemática.
Durante o tempo em que estudei à noite tínhamos diversas disciplinas e
chegávamos a fazer vários testes no mesmo dia. Entrava às 19h30 e saíamos às
23h40. Trabalhava o dia todo e por vezes à noite e aos fins-de-semana. Era muito
difícil conciliar este método de estudo, com a família, o trabalho e a escola, o que
me levou a afastar-me por algum tempo, mas continuei sempre com a ideia de voltar,
até que surgiu esta oportunidade de frequentar um Curso Reconhecimento,
Validação e Certificação de Competências - RVCC Básico, que concluí no ano de
lectivo de 2007- 2008. Foi uma experiência muito boa, pois levou-me a reviver todo
o meu passado de estudante a profissional. Elaborámos trabalhos muito formais, o
método de ensino era muito bom e a equipa de formadores era excelente. No final
do curso elaborámos um trabalho e o meu foi sobre os museus. Obrigou-me a fazer
muita pesquisa, mas creio ter-me saído bem. Exigiu muito de nós mas, eu penso ter
correspondido à exigência dos Professores. Foi uma experiência que voltava a
repetir.
A dissemelhança entre este método de ensino e o ensino regular, é que o
aluno demonstra ao Professor que sabe e tem conhecimentos, e que adquiriu
competências ao longo da vida, enquanto no ensino regular o professor é o único que
parece ter conhecimentos e que os transmite aos Alunos pelos quais serão
avakiados.
Se olhar para o meu passado escolar, reconheço que o ensino já passou pur
muitas alterações. Antes os Alunos eram disciplinados, tinham que demonstrar que
sabiam. Reprovavam por faltas ou indisciplina. Relacionando a escolaridade
tradicional com o processo EFA: na escola tradicional os cursos são direccionados
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para uma determinada vertente profissional, ou não. O método de ensino é
diferente, o aluno tem de demonstrar ao Professor que sabe, estudam durante o dia
e levam três anos para concluir o 12º ano, pode dizer-se que têm outro grau de
exigência embora a idade seja outra, o que requer também maior exigência dos
Professores. Quanto a preocupações em boa parte têm só as escolares, enquanto
que os alunos do curso EFA têm preocupações profissionais, familiares entre
outras. Têm que ter um maior rigor e o seu grau de exigência é maior, pois ninguém
se compadece com os seus, com o esforço que lhes é exigido seja a nível
profissional ou familiar, por vezes tem que abdicar da sua vida familiar em prol da
escolar e na sua vida profissional ninguém se compadece com as sua preocupações,
embora ele esteja a lutar por uma maior dignidade profissional, mas o futura há-de
recompensá-lo.
Quanto à relação entre Aluno e Professor: esta relação deveria ser a melhor
possível, uma vez que a escola é a oficina da vida e os senhores professores
deveriam ser mais compreendidos, mais respeitados tanto por Alunos como por pais,
se fizermos uma pequena retrospectiva daquilo que era o ensino antigamente hoje
não temos comparação possível, a escola é olhada como um deposito de alunos, os
pais depositam os filhos à porta da escola delegando todas as responsabilidades nos
Professores sem que para isso lhes concedam autonomia. O Professor é visto como
uma pessoa com deveres e o Aluno com direitos. Concedeu-se muita liberdade sem
se terem atribuído responsabilidades. Como Aluno deste curso EFA, penso que
tenho o melhor relacionamento com os senhores professores e estou aberto a
correcções que me possam fazer. Tento cumprir o melhor que posso e sei, na
pontualidade sou muito rigoroso comigo mesmo, salvo por questões meramente
profissionais. Estes professores que temos estão sempre aberto ao diálogo e
dispostos a ajudarem-nos naquilo que nos precisamos, embora também compreenda
que noutras turmas do mesmo curso possa haver pessoas menos elegantes.
O principal desafio enfrentado pelos educadores neste novo cenário está
ligado à mudança de comportamento. E essa mudança vai desde a sua própria
adequação às novas tecnologias, passando pelo método de ensino e chegando a
formação autónoma do Aluno. O Professor passa a assumir, na sociedade do
conhecimento, um papel diferente, o de facilitador da aprendizagem e o aluno
também se reveste numa nova postura, a de aprendiz.
Compreendo, que devido a uma delapidação que o ensino tem sofrido a função
de Professor é cada dia mais difícil mas estou ciente que um dia esta dificuldade
irá desaparecer porque a sociedade vai compreender que do ensino vem o futuro,
futuro esse que só se consegue graças a um bom método de ensino. E, se queremos
ter um futuro mais promissor e não queremos ser governados por pessoas menos
competentes, devemos investir no ensino na escola e darmos aos Professores a
dignidade que eles merecem.

Coimbra, 1 de Maio de 2009.

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José António da Costa Silva

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