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br/webdesign
2 anos de
Webdesign!
Abasteça sua mente:
Matéria especial sobre
livros e revistas
o que
sobe e o que
case Charlie
Brown Jr R$ 7,90
comunitário”
direitos autorais
3
Equipe
Editorial
quem somos
Direção Geral
Trilhas no Parque Laje Adriana Melo
adriana@arteccom.com.br
Dessa vez decidimos fechar a última Direção de Redação
Luis Rocha
edição do ano da Webdesign não com previsões
luis@arteccom.com.br
para 2006, mas com uma retrospectiva 2005, Criação e Diagramação
:: A Arteccom não se responsabiliza por informações e opiniões contidas nos artigos assinados, bem como pelo teor dos anúncios publicitários. :: Não é permitida a reprodução de textos ou imagens sem autorização da editora.
Jane Costa
no Parque Laje. Fazíamos piqueniques, visitávamos as exposições, jane@arteccom.com.br
Gerência de Tecnologia
descobríamos trilhas, escalávamos, enfim... Hoje vejo que ele nos ensinou
Fabio Pinheiro
muito mais que História, nos fez pessoas mais corajosas, sociáveis e fabio@arteccom.com.br
Desenvolvimento Web
confiantes. O tempo todo recebemos todo o tipo de influências,
Eric Nascimento
ensinamentos, devemos estar atentos para aprendermos e crescermos eric@arteccom.com.br
Produção gráfica
www.prolgrafica.com.br
Adriana Melo
Distribuição
www.chinaglia.com.br
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menu
apresentação
pág. 4 quem somos
pág. 5 menu
contato
pág. 6 emails
pág. 6 fale conosco
portfólio
pág. 12 veterano: Made
pág. 18 calouro: André Rodrigues
matéria de capa
pág. 20 entrevista: Luli Radfahrer
pág. 28 sobe ou desce?
pág 38 debate: o que voou mais alto
e-mais
pág. 44 abasteça sua mente
pág. 49 estudo de caso: charlie brown jr.
pág. 54 tutorial: JavaScript orientado às normas do W3C
com a palavra
pág. 58 mercado de trabalho: Michel Lent Schwartzman
pág. 60 marketing: René de Paula Jr.
pág. 62 bula da Catunda: Marcela Catunda
pág. 64 webdesign: Luli Radfahrer
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emails
do momento é o AJAX. Acho que sobre internet: número de isoladamente para cada uma
Assunto: Portfólios
seria oportuno publicar algo na pessoas com acesso à web, das alterações que solicitam em
seção “Tutorial”. Outra coisa números estimados de quantos suas páginas, o que não deixa
Acabei de cadastrar meu
que me chamou a atenção, e sites existem, usuários com de ser interessante para nossa
portfólio na página inicial do
atualmente estou viciado, são acesso por banda larga etc, empresa. Entretanto, o penoso
site. Porém, não sei se aquele
os podcasts. Freqüentemente, tanto no Brasil quanto no trabalho de “suporte telefônico”
campo é também para cadastro
assino e escuto vários sobre mundo. Esses indicadores nos que, além de interromper uma
na seção “Portfólio Calouro”.
tecnologia. Quem sabe poderia mantêm sempre atualizados do tarefa que está em andamento,
Caso não seja, manifesto aqui
existir um podcast da revista, crescimento e rumo da internet. dispende tempo e dispersa a
meu enorme interesse em fazer
debatendo sobre um assunto Grato, concentração do programador,
parte dessa seção da revista.
apresentado na mesma ou Junior Venturin Daniel acaba passando batido - sem
Grato e parabéns pela melhor junior@via-i.com.br
algum outro relacionado na remuneração - e o cliente
revista de design para web do
área? tem enorme dificuldade em
MUNDO! Revolucionaram o Gostamos de sua idéia, Junior.
Jéferson Silveira compreender que esse trabalho
design digital! Atenciosamente, jeferson@wddesign.com.br Vamos tentar providenciar, ok?
André Rodrigues
deve sim ser valorizado em
Abraços,
andre@rodriguesdesign.com.br espécie :-) Escrevi tudo isso
Adriana.
Ótima sugestão, Jéferson! Em janeiro, para pedir que vocês usem a
falaremos sobre Web 2.0, tema no “manutenção mensal” como
André, sua sugestão foi valiosíssima
qual o AJAX faz parte. Além disso, Assunto: Manutenção de sites pauta para uma matéria. Valeu,
para a nossa equipe. Antes era um
vamos procurar algum especialista Carla
espaço apenas para os iniciantes, hoje
para desenvolver um tutorial sobre Olá, pessoal. Somos assinantes carla@polvo.com.br
dividimos este link em dois: portfólio da Webdesign aqui na Polvo
esta tecnologia. Sobre o podcast:
freelance e portfólio agência. Acho e muitas vezes as matérias Como poderíamos deixar de atender
vamos discutir em nossa próxima
que assim conseguiremos atender de revista nos deram esse pedido de vocês, já que, como
reunião de pauta, ok? Obrigado,
melhor a demanda. E parece que você respaldo para sugestões mencionou, estamos colaborando
Luis Rocha.
teve sorte... Confiram na página 18! ou discussões com nossos para seus projetos.
Assunto: Indicadores Web clientes a respeito de serviços
Ficamos muito honrados! Atender
Assunto: AJAX relacionados a seus websites.
às necessidades de nossos leitores
Ultimamente, temos percebido
Gostaria de sugerir a criação de é nossa principal função. Aguarde!
uma dificuldade imensa em
Trabalho com desenvolvimento uma seção dedicada totalmente
“justificar” a cobrança de
web e compro a revista desde a indicadores, assim como
um valor (mensal, quinzenal ERRATA: Na edição de outubro
seu lançamento. Primeiramente as revistas populares (Veja
etc) de manutenção para os (nº22), página 38, publicamos
gostaria de parabenizá-los pelo etc) possuem indicadores
trabalhos que entregamos: erroneamente a foto do leitor
ótimo trabalho e compartilhar econômicos. A idéia é ter uma
os clientes acabam pagando Eduardo Laghi Jr.
algumas dicas. Uma sensação página exclusiva de indicadores
:: Os emails são apresentados resumidamente. :: Sugestões dadas através dos emails enviados à revista passam a ser de propriedade da Arteccom.
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direito na web
Cookies
Os cookies podem ser considerados uma invasão à privacidade?
Daniel Campos (danielwrc@ig.com.br)
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clipping
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clipping
Google oferece obras literárias
completas na internet
(06)
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portfólio veterano :: Made
Made:
a perfeita tradução da palavra empreendedorismo
Tudo começou na PUC-Rio. Alunos do curso de Engenharia de Computação, Bruno Pacheco e Fábio
Dias acabaram se tornando também colegas de departamento na Brasilseg. O trabalho na área de Dados
e Informações, gerenciando a intranet da empresa, serviu para que a dupla almejasse um futuro bem dife-
rente do mundo do emprego convencional.
Era o conceito de empreendedorismo que começava a fascinar a dupla. “Chegamos à conclusão que,
com o nosso conhecimento técnico e jogo de cintura, poderíamos montar nossa empresa e não seria nada
muito diferente do que estávamos fazendo”, revelam Bruno e Fábio.
Assim, a primeira iniciativa em conjunto tomaria corpo em meados de 1997, quando o embrião da Made
Internet Services surgiria no escritório da casa de Fábio. “Os primeiros clientes vieram ainda nessa época,
através de contatos de familiares e amigos e de nosso ex-gerente da Brasilseg. O curioso é que alguns
desses trabalhos ainda estão no ar, como o site da empresa DryTec e o Portal WebSaúde. Mas, mesmo
com alguns bons clientes, a tarefa de buscar novos negócios no mercado era muito complicada, pois não
tínhamos nem escritório próprio e algo que nos desse muita credibilidade”, relatam.
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portfólio veterano :: Made
Mas nada disso diminuiria o ânimo dos rapazes. Para
Instituto Gênesis PUC-Rio X
vencer esse obstáculo, eles submeteriam, em 1998, um
Criado em 1996, conta com nove unidades operacionais:
plano de negócios ao Instituto Gênesis da PUC-Rio comunicação, financeira, informação, jurídica, marketing,
(Incubadora Tecnológica). “Com a aprovação no edital, a projetos e captação de recursos, qualidade, recursos
humanos e TI. Incentiva a formação de empreendedores, a
Made passou para um nível profissional, com suas próprias
geração de empreendimentos e o incentivo a ações de
instalações e recursos de infra-estrutura e assessorias, responsabilidade social do indivíduo.
Incubadora”, apontam.
Os frutos seriam colhidos quatro anos mais tarde. O resultado de tudo isso? “Atualmente, contamos com
“Depois desse tempo, a Made foi graduada pelo instituto e 20 profissionais na equipe, além de possuirmos grandes
se mudou para a Barra da Tijuca, para um escritório próprio. clientes que conquistamos ao longo de nossa história,
Após vários projetos pequenos, conseguimos contratar os como Rede Globo, Warner Music, Fundação Getúlio Vargas,
primeiros estagiários. Ao fechar um contrato com nosso Módulo Security, dentre outros”, contam Fábio e Bruno, hoje
primeiro grande cliente (Rede Globo), entramos numa curva diretores da empresa.
de crescimento e ampliamos sua equipe e sua estrutura”, Lição: conhecimento em gestão é fundamental
Nesse processo de evolução, a empresa passaria Made, algumas lições foram aprendidas, diante das
ainda por uma estruturação em departamentos. “Na área dificuldades enfrentadas por quem escolhe o caminho do
de Planejamento estão os Diretores, que também atuam empreendedorismo. “A primeira dificuldade envolvia as
ativamente na geração de Novos Negócios junto com habilidades gerenciais, já que o sócio mais velho tinha 22
os Gerentes de Contas. Na Produção, ficam diretor de anos quando a empresa foi criada”, relata Fábio Dias.
arte, designers, desenvolvedores HTML, programadores, Segundo ele, apesar da obstinação de sua equipe,
analistas e produtores de conteúdo. O gerente de cada faltavam vivência no mercado e uma formação em
área cuida do recrutamento, treinamento, avaliações de gestão. “Desta forma, métricas gerencias, processos de
desempenho dos profissionais e ‘quality assurance’ dos desenvolvimento, conhecimento das leis brasileiras e
www.made.com.br
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portfólio veterano :: Made
explica Fábio Salles, gerente de produção. designer de web se preocupa com fatores que vão muito
Outro exemplo são os gerentes de contas e projetos além do aspecto estético de uma peça, tendo sempre em
da empresa. “Eles possuem formação em publicidade e mente para quem se está desenvolvendo o trabalho”, diz
Na área de design, o perfil é constituído por pessoas da abrir um escritório em São Paulo para ampliar nossas
área de Desenho Industrial, com ênfase em Comunicação operações e base instalada. A empresa sempre atendeu clientes
Visual. Além do conhecimento técnico e teórico, é exigido do Estado de SP, como, por exemplo, a divisão comercial e de
que o profissional compreenda qual será o papel exercido emissoras afiliadas da TV Globo”, explica Bruno.
Além disso, eles almejam aumentar a participação
no segmento de campanhas online. “Incluindo não só a
produção e a criação de arte, que já é um dos focos da
Made como produtora web, mas na criação da campanha e
o planejamento de mídia e veiculação. Nossa meta é prestar
esse serviço para os atuais clientes que possuem uma
enorme demanda por esse tipo de trabalho, complementando
o que já prestamos atualmente e, em paralelo, ganhar novos
clientes através dessa nova frente”, complementa.
E tudo isso movido ao sentimento que levou a
Curso online desenvolvido em parceria com a Módulo Security
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portfólio veterano :: Made
empresa a ter tudo o que já conquistou. “Definitivamente, Case Embratel
montar uma empresa no Brasil não é uma tarefa das mais
simples, demandando perseverança, determinação e
espírito aventureiro. A falta de credibilidade no mercado,
as dificuldades de acesso ao crédito e inexperiência nos
processos gerenciais acabam temperando um cenário que,
na maioria das vezes, quase não apresenta atrativos. Mas a
estabilidade está no emprego tradicional? Os sócios da Made
acreditam que não, entendendo que o progresso está no
empreendedorismo”, afirmam Bruno e Fábio.
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portfólio veterano :: Made
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portfólio calouro :: André Rodrigues
Design na web
como sinônimo de prazer
Aos 21 anos, André Rodrigues já experimentou os principais desafios da profissão
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entrevista :: Luli Radfahrer
O PAPEL DO DESIGNER
NA WEB DO FUTURO
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entrevista :: Luli Radfahrer
Como definir a palavra futuro? Dentre as explicações,
A falta de padronização e de regras
o dicionário Houaiss aponta para um “conjunto de fatos,
acontecimentos relacionados a um tempo que há de vir; básicas é tão grande que o elemento
existência futura”.
Seria possível imaginar os próximos passos da Era que mais se procura em um website é
Digital? O que fazemos hoje, que não faremos mais; e
que tipo de conhecimentos não dominamos hoje, que a ferramenta de busca
passaremos a dominar no futuro?
Para traçarmos um pouco do amanhã na internet, website é a ferramenta de busca.
conversamos com Luli Radfahrer, PhD em Comunicação Em resumo: qualquer tendência para tornar o design
Digital e Professor-Doutor da ECA-USP, e um dos principais relevante e adequado à mensagem que transmite é
personagens nos processos evolutivos já ocorridos na web bem-vinda, o resto é firula e terá sempre vida curta. Os
brasileira. Boa leitura! primeiros sites de banco, acredite você, tinham um balcão
Wd :: Com sua experiência na área, você poderia 3D na tela inicial. Os de companhias aéreas também. No
citar quais foram as principais transformações futuro, riremos de coisas como o estilo “portal” que todos
ocorridas no mercado de design para web (conceitos os sites têm hoje (três colunas, como uma página de jornal)
que sumiram e apareceram, tendências que deram e, é claro, de letras tridimensionais que piscam, pulam e
certo e errado etc.)? explodem quando se abre um site.
Luli :: É incrível que uma área com tão pouco tempo Wd :: Em palestra recente, você apontou que
de vida tenha tido tantas mudanças e regras “definitivas” “o objetivo de qualquer tecnologia é desaparecer”.
caírem por terra. De todas as que via em 1993, a única que Como a internet se insere neste contexto?
ainda vale - e acredito que valerá para sempre -, é que Luli :: Desaparecer, entenda bem, não quer dizer
webdesign é “só” design, ou seja, as regras de legibilidade, acabar, mas tornar-se invisível. E, em parte, isso já
unidade, composição e harmonia que valem para a acontece com a internet. Você não sabe o caminho que seu
sinalização de um supermercado e para a diagramação de e-mail segue, não configura servidores ou roteadores e
um livro, valem para cá. até a criação de uma conta de e-mail já foi dez vezes mais
Já ouvi que Flash não presta - e concordo que complicada que tudo isso.
as introduções em Flash acabarão em breve (ou você Com a banda larga, ninguém mais perde tempo em se
consegue imaginar uma abertura para o Google?). Pop- “conectar”, nem faz sentido contar kbytes, a não ser que
ups, interstitials e layers em HTML para propaganda são sua conexão seja via modem em GPRS (General Packet
espaços estúpidos e não devem ter vida longa. Tecnologias Radio Service). Isso é que é desaparecer. Chegará a um
esquisitas, muito específicas, como VRML (Virtual Reality ponto que, como celulares em regiões bem servidas, não se
Modeling Language) ou mesmo RealAudio, não farão preocupará mais com a tecnologia, mas com a relação.
história. Já houve gente grande defendendo que botões A prova disso é que você gesticula quando fala ao
deveriam ter a cara de botões (3D etc) e que as barras de celular ou briga com o aparelho quando a rede não funciona.
navegação deveriam ser presentes em todas as páginas. Isso é desaparecer. Quando sua CPU trava, quem sofre é o
Até isso mudou. A falta de padronização e de regras básicas mouse (ou o monitor). Isso é desaparecer - é só chamar a
é tão grande que o elemento que mais se procura em um atenção quando não funciona, como uma escada rolante.
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entrevista :: Luli Radfahrer
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entrevista :: Luli Radfahrer
HTML e Flash são o papel couché do designer de 2010
Wd :: O professor Otávio Silveira, em entrevista
recente para a Webdesign (edição 23), disse que “a
internet, aos poucos, está atravessando as barreiras
dos PCs, dando seus saltos por outros territórios,
como os celulares, a televisão, os aparelhos
domésticos etc”. Quais mudanças esse novo cenário
traz para o cotidiano do profissional que trabalha
com web? O que eles fazem hoje, que não farão mais
no futuro; e o que não dominam hoje, que passarão
a dominar?
Luli :: É a verdade mais óbvia - e só o começo. Ela vai
também para roupas, geladeiras, câmaras, casas, carros.
O designer tem que, acima de tudo, conhecer o que a
tecnologia permite e onde ela será usada. Mais ou menos
como um designer gráfico deve conhecer os tipos de papel
existentes, seus acabamentos e manuseio, o mesmo deve
ser usado para o designer de tecnologias digitais.
Não adianta sair decorando Flash ou actionscripts, mas
pensar como se pode usar um PSP (Play Station Portable)
como mídia e o que inserir nele que seja relevante. Caso
contrário se estará sempre na rabeira da história. O
designer gráfico não precisa conhecer a gramatura e LPI
de cada papel que usa - para isso existe o produtor gráfico
- mas deve saber, dentre a gama de materiais oferecidos,
qual será o mais interessante. HTML e Flash são o papel
couché do designer de 2010.
Wd :: É possível imaginar quais habilidades
humanas e tecnológicas serão necessárias para se A internet desaparecerá porque será
fazer design na web no futuro?
Luli :: Design, design, design! Informação, como a energia elétrica - tão onipresente
atualização, pesquisa, briefing, conhecimento de público,
relevância. O resto é papo de marqueteiro ou de quem não que só será percebida quando falhar
sabe o que faz.
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entrevista :: Luli Radfahrer
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Para ser honesto, acho que o que se faz
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Apesar de todas as suas inovações e vantagens, a ditam caminhos próprios. Em termos de planejamento
internet é um campo de trabalho que experimenta também e funcionalidades, por exemplo, o internet banking
oscilações ocorridas em outras áreas. Principalmente quando do Brasil é o melhor do mundo”, afirma Michel Lent
falamos do uso de tecnologias e conceitos profissionais. Schwartzman, sócio-diretor da agência 10’Minutos e
Talvez hoje você possa ter um amplo domínio sobre mestre em Telecomunicações Interativas pela New York
determinada área envolvendo a web. Porém, em um University.
mercado onde tudo evolui (e desaparece) muito rápido, Para Carlos Bahiana, professor da PUC-Rio e
lembre-se que essa realidade poderá provavelmente se coordenador do curso de pós-graduação em Design de
tornar obsoleta num piscar de olhos. Interfaces da Unicarioca, o país exerce um papel muito
Chegamos ao último mês do ano e uma das mais de ocupação (uso) do que de desenvolvimento.
principais dúvidas de quem atua na área é saber se “Basta ver o que aconteceu com o Orkut. É verdade
seus conhecimentos (tanto em tecnologias, como nos que estamos estabelecendo nosso jeito de fazer as
conceitos) continuaram em alta ou se caíram em desuso. coisas, uma competência na aplicação das tecnologias
Para responder tal pergunta, nada melhor do que ouvirmos e de Web Standards. Exemplo disso é o pessoal da
a opinião dos profissionais envolvidos diretamente com o Tableless.com.br”, cita.
mercado de internet. E para quem acha demorada a adoção de novas
Criamos ou seguimos tendências? tendências por aqui, a explicação envolveria o receio
É bem provável que você tenha ouvido e lido diversas de se investir em projetos com expectativa de retorno
vezes nesse ano termos como Web 2.0, AJAX, Wiki, incerto. “Aqui no Brasil, seja qual tecnologia a gente
Redes Sociais (Friendster, Gazzag, LinkedIn, Orkut etc),
Web Standards (Padrões Web), entre outros. Diante de Web 2.0 X
todas essas novidades, qual seria a realidade brasileira? Termo de referência sobre as recentes transformações que
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“As ferramentas que estimulam a interação e a comunicação
Sobe ou desce?
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“Hoje, são tanto modelos de mídia, muito mais criativos e impactantes, que já
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não faz mais sentido utilizar os velhos pop-ups” Adriana Menescal (Sirius Interativa)
interfaces da Globo.com.
“Uma tecnologia, dita Web 1.0, ainda tem
Já as ferramentas ligadas à interação se tornaram
assunto principal na pauta dos profissionais. “Falamos bastante fôlego para crescer: os gerencia-
muito em AJAX e em ferramentas Wiki, que são conceitos
dores de conteúdo”
relacionados à revolução que está sendo chamada de
Web 2.0. É o amadurecimento dos projetos para a web Carlos Bahiana (PUC-Rio)
que passa pela participação de pessoas. As ferramentas
que estimulam a interação e a comunicação entre seres Lembrando ainda que esse cenário foi beneficiado
humanos estão em alta”, destaca Memória. pelo fato de os blogs e suas variantes atingirem seu
Tudo isso estimulado pela visão de que a web é um auge como ferramentas de publicação. “Por outro lado,
dos canais ideais para a aproximação com o público-alvo. eles começam a mostrar suas limitações em termos de
“Considero que o grande avanço da internet nesse ano foi personalização, serviços agregados, espaço em disco etc.
consolidar-se como uma ferramenta de relacionamento. Por isso, curiosamente uma tecnologia dita Web 1.0 ainda
Não só pessoal, mas principalmente no ambiente tem bastante fôlego para crescer, na medida em que se
corporativo. As empresas investiram muito na criação de torna cada vez mais fácil adotá-la: os gerenciadores de
sites e campanhas, onde a comunicação com seu usuário é conteúdo”, revela Carlos Bahiana.
bastante intensa”, relata Paulo Roberto Kendzerski, diretor No entanto, o professor ressalta que são poucos
da agência WBI Brasil. os que se aproveitam das vantagens dessa tecnologia.
“É impressionante a quantidade de pessoas, inclusive já
com bagagem web, que desconhecem os CMS (Content
“O consumidor unido - com blogs e fotob-
Management System - gerenciador de conteúdo), sejam
logs - jamais será vencido” pagos ou gratuitos. Vemos inclusive muito site ser criado
de modo artesanal, página a página, com alimentação
Alessandro Barbosa (E-life Comunicação)
por FTP e necessidade de alterar dezenas (eventualmente
centenas) de arquivos HTML a cada atualização de design.
Outro fator que contribuiu para o aumento de
Isso é absurdo! Ainda se se tratassem de hotsites pequenos
investimentos na área foi o conceito de “consumer-
e efêmeros, tudo bem, mas acontecem mesmo com sites
generated media” (mídia gerada pelo consumidor). “As
institucionais permanentes”, critica.
organizações descobriram que o consumidor pode ser um
A conseqüência disso é que passamos a conhecer
aliado ou o inimigo número um no quesito reputação.
outra tendência que começa a cair: a de associar cada tela
Observamos isso em alguns fenômenos ocorridos neste
de conteúdo a um novo arquivo a ser carregado. “Muitos
ano (veja o Box da próxima página). Este poder vai crescer
desenvolvedores ainda estão atrelados à idéia de ‘uma tela,
cada vez mais e as empresas terão que redimensionar
um arquivo’, o que também é um tiro no pé em termos de
suas estratégias para se incluírem neste novo mundo. O
administração do sistema”, completa Bahiana.
consumidor unido - com blogs e fotoblogs - jamais será
Ainda no quesito desuso, um parece ser unânime
vencido. Por mais estúpida que pareça esta afirmação”, diz
na indicação dos profissionais: os pop-ups. “Algumas
Alessandro Barbosa Lima, diretor da E-life Comunicação.
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“Quantos sites você conhece que “Como é fácil desenvolver em PHP,
usam tamanhos de fonte em pixels?” também é fácil fazer besteira”
Carlos Bahiana Cristiano Dias
crescimento foi evidente, a sensação é que tais conceitos Programação: sobe PHP, desce Java?
ainda precisam evoluir na cabeça de quem produz na Na área de programação web, os especialistas
internet brasileira. “Acho que naturalmente as empresas observaram que a tecnologia Java começa a apresentar
que produzem websites têm se preocupado mais com a sinais de desaceleração em seu uso, ficando restrito às
questão da facilidade de uso. Mas ainda temos muito que grandes empresas. “Cada um com seu cada um e, no
evoluir. Ainda não chegamos lá”, analisa Felipe Memória. ambiente rápido ‘pra ontem’ da web, desenvolver um
A opinião é compartilhada pelo professor Bahiana, site ou portal usando Java acabou ficando inviável. Ele
que cita alguns obstáculos para o progresso dos temas. vai continuar com seu lugar mais do que consolidado no
“Estamos vivendo tempos interessantes. Avançamos em mundo corporativo, mas ninguém hoje tem condições de
algumas áreas de ponta, em experimentação, mas temos gastar R$ 1 milhão e 12 meses de projeto em um portal.
um enorme atraso em fundamentos básicos de Usabilidade, Quando ele entrar no ar já estará ultrapassado e qualquer
por exemplo. Quantos sites você conhece que usam ciclo de atualização será um novo projeto. Numa grande
tamanhos de fonte em pixels? Se algo banal assim ainda empresa, demorar 12 meses para lançar um novo sistema,
acontece, imagine o resto”, aponta. não é nenhuma novidade. Certo ou errado é assim que elas
A realidade também se aplica quando falamos em operam desde sempre”, relata Cristiano Dias.
Acessibilidade e Arquitetura da Informação (AI). “É muito Mas se a complexidade no desenvol-vimento em Java
comum confundir ‘validar no Bobby (atual WebXACT)’ ou represente uma boa oportunidade para outras linguagens,
‘validar no daSilva’ com ‘ser acessível’. Acessibilidade é a precariedade na hora da programação ainda representa
uma possibilidade e uma orientação, mas está longe de um obstáculo para sua plena adoção. “O contraponto é que
ser realidade. AI é outra área em que se publica e se na web muita gente ainda acha que ‘fazer site’ é sentar na
discute muito, mas é pouco utilizada na prática. Regras frente do teclado e sair codificando. Nem tanto, é preciso
básicas, como criar estruturas de conteúdo largas e baixas aprender um pouco com a metodologia corporativa.
(mais abrangência do que profundidade) e o melhor É necessário planejar, modelar e (principalmente)
desempenho da memória de curto prazo nos famosos documentar. É por isso que as linguagens ‘só da web’,
‘7+/-2 itens’ são recomendações simples e conhecidas há como PHP e ColdFusion, sofrem para conquistar mercado
anos, mas quem as usa?”, questiona Bahiana. nas grandes empresas: muita gente faz muita porcaria
com elas. Como é fácil desenvolver em PHP, também é
7+/-2 itens X fácil fazer besteira. Você pode deixar para lá algum passo
Confira o artigo “Implications of Memory, Structure and Scent for
importante do desenvolvimento, que vai voltar mais tarde
Information Retrieval”
(research.microsoft.com/users/marycz/chi981.htm) para puxar seu pé”, alerta.
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Apesar disso, Cristiano acredita que esse cenário pode Serviços Online do British Council Brazil.
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E um dos principais segredos para que o sucesso no
uso de Flash seja alcançado envolve o estudo do perfil
de usuário. “O Flash usado no Vibezone da Coca-Cola
(www.cocacolavibezone.com.br) faz muito sentido: casa
direitinho com o tema do evento, com o público-alvo e
potencializa a influência junto aos clientes. Por outro lado,
quando gerenciava um portal de terceira idade, durante
um teste de usabilidade vi um senhor arrancar o plug que
ligava o PC à tomada quando viu o pop-up para instalação
do Flash subir à tela. Quando perguntei, surpreso, o
porquê de ele ter feito isso, o senhor me respondeu: ‘Você
não viu? Era um vírus!”, conta Nino Carvalho.
Dessa forma, sua aplicação deve respeitar os
conceitos da boa utilização dos meios online. “O grande
erro cometido em relação ao Flash foi tratá-lo como uma
exceção e não aplicar a ele todas as regras que se aplicam
nas outras tecnologias. Arquitetura da Informação, por
exemplo, também precisa ser aplicada no Flash”, diz
Calligaris. “O Flash continua em alta, mas no caso da
adoção de regras de usabilidade em geral, tenho visto
ainda muito uso inapropriado, às vezes provocado por
busca
pressão de cliente que insistem em ‘animar’ seus sites a “Os sites de
ntíssimos
são importa
qualquer custo”, acrescenta Carlos Bahiana.
Como andam o marketing e a publicidade
o de
na web para captaçã
s”
novos cliente
Esse ano parece ter confirmado o papel da internet
como meio estratégico para divulgação e fortalecimento
de marcas. Para que tal objetivo fosse alcançado, um Nino Carvalho
l Brazil)
dos recursos de marketing online mais explorados foi o
(British Counci
Search Engine Marketing (SEM - Marketing em Sites de
Busca). “Cresceu muito este ano e ainda irá fazer barulho
por um tempo. No entanto, depois de reportagens sobre
o ‘vício’ dos principais mecanismos de busca, acho que
o crescimento poderá desacelerar. Além disso, os sites
de busca são importantíssimos para captação de novos
clientes, mas o que é mais lucrativo em longo prazo é
manter e fidelizar seus clientes”, explica Nino.
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Outras campanhas muito utilizadas foram as que sim aproveitar o melhor de cada meio de acordo com um
envolveram o marketing viral. “Considero uma das mais objetivo em comum”, constata Cezar Calligaris.
eficazes e que maior retorno trouxe às empresas que Desenvolvendo a experiência no uso
investiram nesta estratégia. Isso porque o internauta O sobe e desce de tecnologias e conceitos em 2005
participa da ação. Quando ele indica para alguém um acabou por fortalecer uma tendência para se atingir a
produto, serviço, ele, na verdade, está avalizando essa plenitude envolvendo a criação e o desenvolvimento
marca, está sendo ativo no relacionamento. E isso é na internet. “Antropologia, sociologia, psicologia e
fundamental para uma empresa avaliar o perfil do seu etnologia vão nos ajudar a entender como se compõem
público e como ele ‘enxerga’ determinada empresa”, relata e se comportam grupos de pessoas, quais seus valores e
Paulo Roberto Kendzerski. motivações, como lidar com as emoções e os desejos. Não
Em termos de publicidade online, o entendimento é envolve só Usabilidade, mas uma completa experiência, na
que a principal mudança envolveu os modelos estratégicos. qual o website tem seu papel que só se completa através
“Os anunciantes estão pulverizando cada vez mais as suas de outras mídias e outros dispositivos”, explica Carlos
verbas e migrando-as da publicidade tradicional para a Bahiana.
internet, marketing direto e outros meios que possibilitem Ou seja, caminhamos para um ambiente de total
obter medidas mais confiáveis de retorno. As agências convergência. “A idéia, então, não é de que um dispositivo
estão fazendo todo tipo de tentativa para não perder sua ou uma mídia vingue, eliminando as outras, mas do
parte da verba e por isso estão mudando seus modelos entendimento do papel de cada dispositivo e mídia no
de atendimento. Basta ver a quantidade de agências processo de experiência do usuário, cada um oferecendo
que está investindo em departamentos de internet. Uma aquilo o que é melhor e se completando através dos
das palavras-chave nesse aspecto é a integração. O que outros. Não vamos mais falar de webdesign, design gráfico
algumas delas não entenderam é que integração não é ou design de interface, mas de Experience Design: o
apenas ter o mesmo visual para uma campanha, mas projeto de uma experiência completa de uso”, orienta.
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Web 2.0: novos métodos de desenvolvimento
:: Abel Reis
Vice-Presidente de Tecnologia e
Projetos da Agência Click
www.agenciaclick.com.br
“2005: Evoluções depois das Revoluções. A evolução e outras inovações que farão a vida dos programadores um
das tecnologias de internet já não se faz por grandes saltos mar de delícias... Mas isso é outra história.
em padrões ou técnicas. Sinal de amadurecimento. Hoje, VoIP (Voz sobre IP). É verdade! Enfim,`a ficha caiu´.
este progresso acontece principalmente por soluções con- Pessoas - as jurídicas e as físicas - que têm custos de
struídas a partir de bases já bem consolidadas. Esse ano telefonia expressivos viram que VoIP funciona. Ainda
parece confirmar tal avaliação. mais integrado aos messengers! Ah! O MSN Messenger 7!
Vamos a um bom exemplo: os padrões RSS e Podcasting. Ganhou as massas no Brasil e veiculou algumas das mais
Ambos nasceram como protocolos para distribuição de originais ações de mídia online em 2005 (Coca-Cola, você
conteúdo (textos, áudios) na web baseados no padrão XML não viu?!?).
que se (re)confirmou como um autêntico `esperanto´ da Sim, esse ano também fica na memória pelo impor-
comunicação entre sistemas e dispositivos pela internet. tante boom nas ações de mídia online no país. Não apenas
Vale ressaltar que essas evoluções são mais incríveis porque banners engraçadinhos. Ações inovadoras e de alto impacto
são simples. publicitário que exploraram plenamente os (atuais) recur-
Por outro lado, firmou-se o conceito das aplicações sos do meio. Junte-se a isso também o crescimento dos
RIA (Rich Internet Application), que prometem (e estão investimentos de anunciantes na web, como decorrência do
cumprindo) trazer para a navegação na web, a fluência e o ponto de maturidade que a internet alcançou no Brasil e o
ritmo típicos da experiência desktop. Que o digam as plata- aumento consistente do comércio eletrônico B2C (Business
formas Flash e Flex da Macromedia. Tudo apontando para to Consumer). No mais: a briga `.Net x Java´, DHTML em
um novo conceito: a Web 2.0. Veremos novos métodos de baixa e milhões de celulares à procura da `killer applica-
desenvolvimento de aplicações web, bibliotecas de scripts tion´. Bem-vindo, 2006.”
turbinando browsers, APIs de web services em larga escala,
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:: Adriana Menescal
Sócia-diretora da Sirius Interativa
www.sirius.com.br
Artigo “Why Microsoft can’t best Google” X Nós, a web - parafraseando o Dan Gilmour, que em
http://blogs.zdnet.com/SAAS/?p=13&part=rss&tag=feed&s seu livro “We the media” fala sobre o impacto dos blogs
ubj=zdblog
na mídia, estamos testemunhando uma grande revolução
no fazer e pensar a web no qual ferramentas de auto
eles trabalham com um paradigma ultrapassado, no qual os
expressão e colaboração causam um impacto cada vez
ciclos de atualização acontecem a cada três anos e o Google
maior. Wikis começam a entrar nos ambientes corporativos,
trabalha em um ambiente de contínua atualização e co-
recursos de classificação social, como os que encontramos
laboração, onde o seu conjunto de usuários participa ativa-
no Flickr, Delicious, Technorati ou 37 Signals, nos permitem,
mente no processo de melhoria. O Gmail, por exemplo, vem
através de tags, novas formas de localizar a informação e
sofrendo todo o tempo micro-atualizações, muitas vezes
as transferências peer-to-peer (P2P), através do BitTorrent,
imperceptíveis, mas que do ponto de vista da sua qualidade
já ocupam mais de um terço de todo o tráfego na web,
de interação já o tornaram um produto muito melhor. É o
segundo analistas da CacheLogic. E na China, eles querem
estado de “beta perpétuo”, como disse Tim O’Reilly, em
controlar a web..."
um recente artigo.
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debate
:: Professor Everaldo Bechara Adoção de novos conceitos trazem economia e retorno
Coordenador acadêmico do Centro
de Treinamento iLearn do investimento de forma imediata
www.ilearn.com.br
“Muitas novas idéias foram lançadas em 2005, mas fico feliz que outras tantas, não muito novas, foram consolidadas,
tais como a adoção dos Padrões Web (Web Standards), a Arquitetura da Informação e a Usabilidade.
As corporações estão, cada vez mais, se conscientizando da importância na adoção destes novos conceitos e obtendo
economia e retorno do investimento de forma imediata. Algumas tecnologias e conceitos passaram pelo processo de con-
tínua evolução. Nesta categoria, poderia citar os RSS, os pop-ups (cada dia mais chatos, embora eficientes), a publicidade
online, o Flash (e o RIA), os Browsers com “B” maiúsculo (família Mozilla e tantos outros que seguem os Padrões), por
exemplo. Outras prometem bastante evolução no mundo corporativo brasileiro, tais como: blog, podcast, CMS (Content
Management Systems) e software livre (Linux, PHP, MySQL etc).
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Houve uma explosão na penetração de celulares que trouxeram o aspecto de mobilidade para a internet
Ao mesmo tempo, surgem modelos de interação entre pessoas, gerando comunidades que funcionam de forma
orgânica, sem um controle centralizado (Orkut, BitTorrent). A digitalização dos conteúdos (vídeo, áudio) e o aumento
da banda na base instalada possibilitaram uma distribuição em escalas massivas, gerando uma revolução já em
andamento na indústria fonográfica (iTunes), e que começa na TV e no Cinema. Em paralelo, houve uma explosão
na penetração de celulares que trouxeram o aspecto de mobilidade para a internet.
Podemos então começar a identificar alguns fatores que tem tido e terão papel importante no futuro.
O crescimento exponencial de informação na web demandará por formas eficientes de criar relevância na
informação. Neste momento, o Google tem o reinado da busca, mas fiquemos de olho, pois a Microsoft
já demonstrou abertamente que está entrando neste jogo. Na publicidade, o modelo Google Adsense
quebra o paradigma da compra tradicional de espaço, gerando quantidades significativas de receita.
O RSS inverte a direção da mídia tradicional: o conteúdo agora vai até o usuário. O DRM (Digital
Rights Management) é a forma encontrada pela indústria de conteúdo para proteger seus
ativos. Os Tags invertem a dinâmica clássica da taxonomia: o conteúdo se “autoclas-
sifica” baseado em parâmetros pré-determinados. Como sites se tornaram
verdadeiros aplicativos, o uso de processos bem estabelecidos no pro-
jeto se tornam cruciais. Assim, disciplinas como Arquitetura e
Usabilidade ganham cada vez mais importância.”
:: Marcello Póvoa
Sócio-Diretor da MPP Solutions
www.mppsolutions.com
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Abasteça sua mente
O tempo passa, o tempo voa, e a sopa de letrinhas de tudo o que aconteceu no último período”, completa Luiz
(ASP, PHP, RSS, CSS, XHTML etc), envolvendo tecnologias e Siqueira, editor da revista WWW.
conceitos de internet, continua a crescer numa velocidade Onde encontrar bom conteúdo
sem igual. Para ajudar quem precisa ficar por dentro das princi-
Então, se você não quer ficar desatualizado, é preciso pais novidades, vamos revelar quais revistas e livros andam
acompanhar este ritmo alucinante. Mas como? Um curso fazendo a cabeça de alguns profissionais de destaque no
superior pode ser uma opção, porém boa parte das grades mercado de internet.
curriculares das universidades brasileiras ainda passa por A revista americana Wired (www.wired.com.br/wired)
um processo de adaptação quando falamos da web. parece ser uma unanimidade entre os especialistas. “É a
Assim, o atalho nesta caminhada é ler o máximo de bíblia, fundamental para uma existência completa”, resume
publicações que apontam as tendências no ambiente digi- Roberto Cassano, editor executivo da agência Selulloid Ag.
tal. E talvez seja essa a razão para se explicar o fascínio “Ela é um clássico de qualquer lista. Os artigos abordam
que faz com que os leitores separem, semanalmente ou temas como cultura, negócios e tecnologia, sempre com
mensalmente, parte de seus orçamentos para comprar uma um olhar no que está por vir. Importante para planejar
revista ou livro. e antecipar tendências”, relata Sérgio Carvalho, sócio da
“Gasta-se dinheiro com revistas - pouco, aliás -, mas Sirius Interativa.
economiza-se tempo. Informações que estão dispersas, Outra bem cotada é a Fast Company. “É uma revista
desconectadas, contraditórias, parciais e soltas na inter- mensal, que cobre o que há de mais atual no mundo dos
net, a custo zero, estão reunidas e editadas com critério nas negócios, em particular nas áreas de design, inovação
revistas, analisadas, mastigadas, colocadas em contexto, e tecnologia. Há até uma edição especial de design
vistas sob um prisma crítico de quem entende do assunto. (www.fastcompany.com/design)”, recomenda Claudio
Pelo menos nas boas revistas é assim que acontece”, aponta Toyama, Chief Experience Strategist da Brand Experience
Sandra Carvalho, diretora de redação da revista INFO. “O | Studio.
nome revista vem de ‘rever’. Logo a função de toda revista Mas as opções não param por aí. “Valorizamos muito
é trazer para os leitores uma revisão com mais profundidade a HOW e a Communications Arts, tanto nas suas edições
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Abasteça sua debate
mente
impressas como as revistas eletrônicas. A Communications
é uma revista tradicional americana que fala de design,
tecnologia, usabilidade e design de interação, além de “Design e tecnologia
publicar portfólios e edições anuais bem legais. Já a HOW é são inseparáveis”
mais clássica, excelente, que trata de design gráfico de uma Bate-papo: Bryn Mooth,
forma geral, suas intervenções e impactos na sociedade, editora da revista HOW
prêmios, marcas, identidades corporativas”, afirma Cesar (confira a versão original,
em inglês, no site
Paz, diretor da AG2 (Agência de Inteligência Digital).
www.arteccom.com.br/webdesign)
Apesar de recorrer cada vez mais a internet como
meio de informação, Michel Lent Schwartzman, sócio-dire-
Wd :: Qual o segredo do sucesso da HOW?
tor da agência 10’Minutos e mestre em Telecomunicações
Bryn :: Nós temos um papel muito bem definido
Interativas pela New York University, ressalta que as re-
na comunidade de design, que é trazer para os de-
vistas ainda possuem forte influência na formação do pro-
signers informação e inspiração para que eles possam
fissional. “É claro que existe espaço para ótimas revistas
se tornar profissionais de sucesso. A HOW é diferente
dedicadas ao assunto. Mas, neste
das outras revistas, que exibem com freqüência bons
caso, eu fico mesmo com a
projetos de design, mas não apresentam informação
Webdesign”, revela.
significativa que ajudem os designers a fazer seus
Em termos de livros,
trabalhos no dia-a-dia.
a recomendação é que a lei-
Wd :: Quais tecnologias e conceitos você apon-
tura não seja focada somente
taria como fundamentais para os profissionais de
em publicações voltadas para a
design atualmente?
web. “É claro que é importante ler sobre internet,
Bryn :: Quase todas as tecnologias que você
tecnologia e técnicas, mas para mim, o grande dife-
pode pensar que influenciam o design - telefones ce-
rencial é o conhecimento geral de design, artístico e cultur-
lulares e PDAs, computadores e TVs, broadcasting e
al. O design está muito além da janela do seu navegador. É
podcasting. Designers utilizam todas estas tecnologias
essencial ler muito sobre movimentos artísticos, história do
para comunicação e criação. E eles vão desenvolver
design, designers importantes, processos criativos, idéias e
ou embalar conteúdo para todas estas tecnologias.
arte”, explica Gui Borchert, diretor de arte da agência R/GA
Design e tecnologia são inseparáveis.
em Nova York. “Prefiro abordar aqueles menos técnicos,
Wd :: Muitas vezes, as revistas são as grandes
mas que façam os profissionais pensarem um pouco mais
responsáveis pela divulgação de novas tecnologias
no impacto da profissão em nossas comunidades, além de
e conceitos. Você poderia citar alguns casos envol-
‘abrir a cabeça’ para outros aspectos não comumente abor-
vendo a atuação da HOW?
dados em escolas de design”, complementa Toyama.
Bryn :: O melhor exemplo são os anuários de
design da HOW. Os profissionais buscam nessas
Em dezembro, comemoramos dois anos de existência. eles poderão observar várias tendências - mais so-
Confira, na página 48, as edições que mais fizeram a cabeça fisticação em embalagens, cores mais elegantes,
de nossos leitores.
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Abasteça sua mente
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Abasteça sua mente
- “Latino: America Grafica - Contemporary Graphic primeiro e fazer o público querer comprar depois?
Design Compilation”: para quem curte arte digital, é uma - “The rise of the Creative Class”, de Richard Florida
fonte de inspiração bacana. Uma coletânea de artistas da - examina como e porque a sociedade atual valoriza tanto a
América Latina, um pouco antigo, mas vale a pena. Para criatividade. Muito interessante para designers e qualquer
quem se interessa pelo tema, vale uma visita ao site da pessoa trabalhando com a classe criativa.
editora Die Gestalten (www.die-gestalten.de) e uma olhada
geral nos livros de lá. Serviço: onde encontrar revistas internacionais?
- “The Tipping Point”: livro de marketing que estuda fenô- Uma boa opção é a empresa paulista Assineshop.com
menos virais, moda e propagação de costumes e atitudes. (www.assineshop.com.br), especializada em venda de assi-
Muito interessante em um momento onde tudo se espalha e naturas de revistas importadas. O site disponibiliza algumas
se perde com enorme velocidade, na ruas, na internet, em das principais publicações internacionais sobre tecnologia e
nossos pensamentos. design - Wired, Fast Company, Business 2.0 etc.
- “Creative Advertising: Ideas and Techniques from
the World’s Best Campaigns”: tem uma boa coletânea
de propagandas interessantes, além de falar um pouco dos Dicas de livros em português
processos de geração de idéias e formatos de brainstorm- - “design / web/ design”, por Luli Radfahrer:, fala de
ings. Uma boa fonte de inspiração para quem curte boas todos os aspectos que envolvem o web design.
idéias e um approach criativo mais tradicional. - “Design para a Internet, Projetando a Experiência
- “Writing: Urban Calligraphy and Beyond”: estuda di- Perfeita”, por Felipe Memória: uma visão atual sobre os
versas formas de caligrafia urbana, desde grafite até tipo- conceitos de navegabilidade e usabilidade (saiba mais, na
grafia popular e instalações artísticas. O poder da tipografia edição de Janeiro).
em um trabalho de design por si só já seria motivo suficiente - “Projetando Websites”, por Jakob Nielsen: usabi-
para que se estude cada aspecto e manifestação da forma lidade e relação com o internauta são os principais temas
escrita. Curtir nesse livro as mais diversas e originais formas abordados neste livro.
de se expressar palavras graficamente é uma ótima forma - “Homepage: Usabilidade 50 Web Sites Desconstruí-
de dar uma sacudida em caso de monotonia tipográfica. dos”, por Jakob Nielsen e Marie Tahir: os autores ana-
lisam 50 sites e oferecem sugestões para melhorar o design
Biblioteca comentada, por Claudio Toyama para a usabilidade.
- “Metaphors we live by”, de George Lakoff e Mark - “Da cor a cor inexistente”, por Israel Pedrosa: es-
Johnson - trata de metáforas que usamos em nosso cotidi- tudo completo sobre a importância da cor e seus fenômenos
ano e como elas influenciam a nossa percepção de realidade interferentes na visão.
e as nossas interações com a mesma. - “As Cores na Mídia”, por Luciano Guimarães: realiza
- "Não me faça pensar”, de Steve Krug - trata de usabi- uma análise crítica do uso da cor em jornais, revistas, sites
lidade de uma forma bem irreverente e descontraída. e telejornais.
- “In the Bubble: Designing in a Complex World”, - “A Cor como Informação”, por Luciano Guimarães:
de John Thackara - basicamente, questiona o papel das referência atual para o uso do fenômeno cromático.
inovações tecnológicas na sociedade. Estas invenções são
realmente necessárias? Ou é o famoso caso de inventar Fonte: Banana Design (www.bananadesign.com.br)
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Participação dos assinantes
Nestes dois anos da Webdesign, qual foi a edição que você
mais gostou? Por quê?
Edjames Oliveira
edjames_oliveira@yahoo.com.br
Diego Mascarenhas
diego@diegomascarenhas.com.br
Disnay Batista
disnay@hotmail.com
Seria quase impossível falar apenas de uma edição que mais gostei.
Cada uma tem um tema que considero importante, pois aí está
o grande diferencial em relação às outras revistas. Já que tem
que ser uma, apenas uma, então vamos lá: gostei da edição de
fevereiro de 2005 (nº 14), onde o tema é “Quanto cobrar???”, pois trata de um assunto
extremamente importante para quem opta pelas aventuras do “freelance”. Dentre outras,
a matéria demonstra como o profissional deve organizar seu tempo na hora de elaborar
um projeto.
Éric Coutinho
email@ericcoutinho.com
Bruno Lima
pereira.bruno@ig.com.br
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debate
estudo de caso :: Charlie Brown Jr.
estudo de caso :: Charlie Brown Jr.
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estudo de caso :: Charlie Brown Jr.
l atualizado,
Por não ter justamente um site oficia
extra-oficiais
a banda ficou sujeita à informações
Wd :: Durante o projeto, vocês utilizaram dois pro-
gramadores de PHP. Por que a escolha do PHP e não do
ASP?
Ludmilla :: Utilizamos a linguagem que os clientes exi-
gem, seja ASP, JAVA, PHP. Quando é indiferente, normalmente
optamos pelo PHP. Alguns fatores levam a esta escolha, como,
por exemplo, a maioria dos hostings terem menor custo de
hospedagem em PHP do que para ASP. Simpatizamos bastante
com o Open Source, por sua segurança e evolução.
Wd :: A banda participou da criação do novo site www.charliebrownjunior.com.br
Vale citar que o Charlie Brown Jr. ainda não tinha lançado
um site oficial de peso. Durante a fase de transição que pas-
sou no início deste ano, a banda ficou sujeita à informações
extra-oficiais por não ter justamente um site oficial atualizado,
que seria o principal veículo de comunicação com seu público-
alvo. O resultado disso acabou sendo a publicação de diversas
inverdades em sites de fãs-clubes e mídia em geral.
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estudo de caso :: Charlie Brown Jr.
brainstorm
Charlie Brown teve alguma influência na hora do de- e uma pesquisa com alguns fãs da banda, além de coleta de
senvolvimento? De que forma? Quais são as principais informações com os próprios músicos, foram essenciais para
“iscas” para atrair o internauta? elaborarmos a estrutura e conteúdo do site, além de itens
Ludmilla :: O novo CD da banda acabou de ser lançado importantes que deveriam compô-lo. A idéia era que ele fosse
e as letras das músicas não constam no encarte, estão diagramado para dispor, da melhor forma, o entretenimento
d i s p o n í v e i s e x c l u s i va m e n t e n o s i t e . e o conteúdo.
Outras atrações são os vídeos e as fotos Wd :: O novo site foi desenvolvido
exclusivas, além do Tour Reports, seção através do uso do Flash. Qual o motivo
Tecnologia que permite
que relata o dia-a-dia da banda, shows e da escolha dessa tecnologia no pro-
o envio de informação
bastidores. multimídia através de cesso de criação?
pacotes, utilizando redes
A rádio virtual é outro diferencial, Ludmilla :: O Flash permitiu que
de computadores, sobretudo
onde os visitantes podem ouvir as músicas criássemos toda a interatividade para dar
a internet.
em streaming. O público visitante é com- Fonte: http://pt.wikipedia.org/ vida ao layout, além de implantar recursos
wiki/Streaming
posto, em sua maior parte, por fãs adoles- interessantes com agilidade de produção.
centes, jovens, homens e mulheres. Integramos o Flash com XML para dar ve-
Durante o período de pesquisa, iden- locidade no acesso às informações, além de
tificamos mais de 30 blogs e fotologs de fãs, que a partir de ir ao encontro do dinamismo do target. Um exemplo é a parte
agora têm o site oficial como principal fonte de informação do grafite, onde o usuário customiza o site pichando o muro,
e, o que é melhor, informações verídicas e inéditas. A criação recurso que pôde ser bem explorado no Flash.
do site está diretamente ligada a eles: o visual é moderno,
usando a estética do grafite, da arte na rua e do skate.
O site foi diagramado para
Wd :: Quais fatores influenciaram no processo de dispor, da
Arquitetura da Informação do novo site?
melhor forma, o entretenime
nto e o conteúdo
Ludmilla :: A facilidade para se buscar as informações Wd :: Apesar da navegação baseada no Flash,
a Mkt Virtual disponibilizou um “acesso rápido via
HTML”. Por quê?
Ludmilla :: O acesso via HTML foi implantado para o
perfil de usuário que busca conteúdo dinâmico, que, no
caso, são as notícias, a agenda e o Tour Reports. O aces-
so rápido também foi necessário devido aos profis-
sionais de imprensa e os fãs-clubes. Além
disso, o site atende ao internauta
que não disponibiliza de acesso à
banda-larga ou possui um com-
putador mais lento.
Wd :: O site fun-
ciona da mesma ma-
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estudo de caso :: Charlie Brown Jr.
neira se o internauta utilizar o Internet Explorer ou outros projetos que enriqueceram nosso portfólio, porém o
Campanha online
o Mozilla Firefox, por exemplo. Você acredita que a site do CBJR é um dos “âncoras” desenvolvida
que temosporhoje. Obtivemos
Suzana
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tutorial
JavaScript orientado
às normas do W3C
Alexandre Junqueira
Professor do Centro de Treinamento iLearn
falacom@iLearn.com.br
Deseja acrescentar interatividade em uma página web? indústrias fundada em 1961, voltada para a padronização
Sim? Então, você precisa de JavaScript e está é uma boa de tecnologias de informação e comunicação.
oportunidade para começar a estudá-lo. O JavaScript segue uma das especificações da ECMA,
E para você que já trabalha com JavaScript, aproveite a o ECMA-262, que descreve os aspectos da linguagem de
oportunidade para consolidar alguns aspectos fundamentais programação ECMAScript.
desta tecnologia, necessários para implementá-la de forma Existem outras implementações do ECMAScript, o Action-
orientada às normas do W3C. Script por exemplo, a linguagem de programação da Macrome-
Boa leitura! dia (www.macromedia.com) implementada no Flash.
Por ter a mesma base de implementação, as duas lin-
O que é JavaScript? guagens, JavaScript e ActionScript, são semelhantes em
JavaScript é uma linguagem de programação, diversos aspectos.
criada em 1995 por Brendan Eich da Netscape (http: Especificações como o ECMA-262 são extremamente
//www.netscape.com/), para acrescentar interatividade às importantes. É fundamental que os fabricantes de dispositi-
páginas web. vos de acesso sigam as especificações do ECMA e do W3C.
O primeiro dispositivo com suporte ao JavaScript foi o O JavaScript e as especificações do W3C
Netscape Navigator 2.0. Atualmente, quase todos os disposi- Um projeto orientado às especificações do W3C é
tivos de acesso à web incluem uma versão do JavaScript. constituído de três camadas: estrutura, apresentação e
Por ser uma linguagem de script implementada nos comportamento.
dispositivos de acesso, browser, por exemplo, o JavaScript Na camada “estrutura”, está o conteúdo da página,
é considerado uma tecnologia “client-side”. estruturado por uma das seguintes linguagens de marcação
Existe uma versão “server-side” do JavaScript, seme- do W3C: HTML, XHTML ou XML.
lhante a outras tecnologias como ASP, ColdFusion e PHP, Na camada “apresentação”, aparece o conjunto de re-
que é pouco utilizada. gras para formatação do conteúdo, por meio da linguagem
A implementação “client-side” do JavaScript não acessa de formatação do W3C, o CSS.
banco de dados, por isto, precisa trabalhar em conjunto com E finalmente, na camada “comportamento”, temos o
alguma tecnologia “server-side”. JavaScript interagindo com as outras camadas por meio
Nas aplicações modernas, o JavaScript interage com do DOM.
outras linguagens que acessam bancos de dados, enviando DOM
e recebendo informações do servidor. DOM, Document Object Model (http://www.w3.org/
ECMAScript DOM/), é a solução do W3C que fornece as diversas lin-
A ECMA, European Computer Manufacturers Associa- guagens de programação, um meio comum para acessar e
tion (www.ecma-international.org/), é uma associação de manipular os elementos e propriedades de uma página.
54
tutorial
Atenção, alguns dispositivos, como o Internet Explorer, mações e folhas de estilo. Por isto, é fundamental codificar
por exemplo, possuem uma versão modificada do DOM. scripts leves, para que o carregamento da página não seja
O programador de JavaScript deve procurar por prejudicado.
soluções compatíveis com o DOM do W3C, e evitar os A importância da simplicidade
recursos proprietários, para ampliar e promover a com- Os programadores que utilizam linguagens robustas,
patibilidade. como Java, estão acostumados com um modelo de pro-
Compatibilidade com diversos dispositivos e gramação que envolve a criação de bibliotecas de código
plataformas reutilizáveis.
Existem outras tecnologias com o mesmo propósito do É comum encontrar na internet, bibliotecas de JavaS-
JavaScript. A Microsoft (http://www.microsoft.com/), por cript escritas por programadores Java. Tais bibliotecas são
exemplo, desenvolveu o VBScript que funciona apenas no extremamente abrangentes, contendo dezenas e até cen-
browser Internet Explorer em plataforma Windows. tenas de funções.
Outra linguagem de script criada pela Microsoft é o O problema destas bibliotecas é que por serem muito
JScript, uma implementação do ECMAScript semelhante ao abrangentes, tornam-se pesadas, aumentando o tempo de
JavaScript com alguns recursos proprietários adicionados. download de uma página.
Apesar de ter sido desenvolvido pela Netscape, o Você não precisa de uma bazuca para matar um mos-
JavaScript, está implementado nos diversos dispositivos e quito. Por isto, cuidado com as bibliotecas genéricas de
plataformas existentes no mercado, inclusive no Internet JavaScript.
Explorer. Para projetos web, o ideal é que sejam desenvolvidos
Por ser independente de dispositivo e plataforma, o scripts mais simples e personalizados para atender a ne-
JavaScript é a escolha ideal em projetos para internet. cessidades especifícas, com menos código escrito para não
Diferenças e semelhanças com outras linguagens atrapalhar o download das páginas.
As linguagens de programação são semelhantes em Acrescentando interatividade
diversos aspectos, principalmente as que foram projetadas Com JavaScript, você tem acesso direto aos elementos
sobre a mesma base, como acontece com as implementa- que compõem uma página: imagens, campos de formulário,
ções do ECMAScript. textos, regras de estilo e outros.
Mas, apesar das semelhanças sintáticas, existem O JavaScript pode ser escrito diretamente na página,
grandes diferenças relacionadas ao ambiente em que a junto com o HTML, ou pode estar em um arquivo externo
linguagem está implementada, e os fins para o qual foi pro- com a extensão “js”, exemplo: “script.js”.
jetada. Um script, geralmente, é composto por “ações” que são
O JavaScript é freqüentemente confundido com executadas quando acontece algum “evento”, então temos
outra linguagem de programação, o Java, certamente pela dois fundamentos no JavaScript: ações e eventos.
semelhança do nome. Um exemplo de “ação” do JavaScript é a validação dos
Uma particularidade do JavaScript que o diferencia campos de um formulário de cadastro em uma página. E
de outras linguagens, como o Java, é o fato de que ele é um exemplo de “evento” é o ato de enviar o formulário de
interpretado pelo dispositivo do usuário. cadastro.
O dispositivo precisa fazer o download do código, junto Relacionando um “evento” com uma “ação”, criamos
com os outros elementos vinculados a página: imagens, ani- um “comportamento”. Exemplo: quando o formulário de
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tutorial
cadastro for enviado os campos serão validados. haverá um atributo “onclick” invocando a função e passando
Lembra das três camadas? Estrutura, apresentação o parâmetro que representa o tamanho da fonte.
e comportamento? Pois é isto que acontece na camada Escreva o seguinte código no corpo da página, em
comportamento, uma série de eventos relacionados a uma qualquer posição, entre os elementos <body> e </body>:
série de ações.
Alterando o tamanho do texto de uma página <a href=”#” onclick=”setFontSize(‘100%’)”>normal</a>
A seguir, vamos construir um recurso de acessibilidade, <a href=”#” onclick=”setFontSize(‘120%’)”>médio</a>
que permite ao usuário alterar o tamanho do texto de uma <a href=”#” onclick=”setFontSize(‘150%’)”>grande</a>
página.
É um recurso útil para usuários portadores de baixa Pronto, carregue a página no browser de sua preferên-
visão, que, clicando em um link, podem escolher um dos cia e faça o teste clicando em uma das opções.
três tamanhos de texto: normal, médio e grande. Atenção: o JavaScript é uma linguagem que faz dis-
Crie uma página HTML ou XHTML e acrescente alguns tinção entre letras maiúsculas e minúsculas. Esteja sempre
parágrafos com texto para que você possa visualizar o resul- atento a este aspecto.
tado da ação que irá alterar o tamanho do texto da página. Fique atento ao que está acontecendo
O primeiro passo é escrever uma função para executar O JavaScript está em alta, existem excelentes aplicações
a ação que criaremos. A sintaxe do JavaScript para isto é: disponíveis na web, que são ótimas fontes de inspiração:
- Gmail (http://gmail.google.com), serviço de webmail
function [nome da função] ([parâmetro(s)]) gratuito do Google, é um ótimo exemplo de interface rica
{ que faz uso extensivo e inteligente do JavaScript.
[ação]; - Google Suggest (http://www.google.com/webhp?
} complete=1), enquanto você digita a palavra que deseja
pesquisar, vai recebendo sugestões do Google.
A função deve ser escrita em uma área especial da - Google Maps (http://maps.google.com/), veja você
página, demarcada com o elemento “script”, e só será mesmo.
executada quando for invocada por algum evento. - del.icio.us (http://del.icio.us), um sistema para or-
Para incluir a ação na página, escreva o seguinte có- ganizar seus links favoritos, e compartilha-los com outros
digo no cabeçalho do documento, em qualquer posição, usuários. Experimente usar este serviço e se surpreenda.
entre os elementos <head> e </head>: Conclusão
Espero que você tenha gostado desta introdução. Há
<script type=”text/javascript”> muito a ser dito sobre JavaScript, mas os fundamentos que
function setFontSize(size) abordamos representam um sólido começo para você.
{
document.body.style.fontSize = size; Um abraço e sucesso em seus projetos!
}
</script>
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Michel Lent Schwartzman
tutorial
mercado de trabalho
A hora da sofisticação
O mercado está cheio de oportunidades - mas só para aqueles que
decidirem se especializar
Sorriso de orelha a orelha. Não disse? Eu disse! Disse que as coisas estavam caminhando
bem, que a gente ia sair da depressão, que haveria demanda pelos serviços, que logo logo a
gente ia ter de volta um mercado agitado, como nos velhos tempos. Minto. Melhor que nos
velhos tempos, sem aquela loucura dos investimentos de risco, construídos sobre o nada.
Nem demorou tanto e estamos aqui: mercado agitado, clientes demandando de forma con-
stante, coerente. Acabou a época do “preciso de um website não sei pra quê”. A maioria dos que
investem hoje em dia já sabe muito bem para quê e quanto mais experimentam, mais descobrem
o meio e mais investem. Precisamos crescer. Mais espaço físico, computadores, software, gente.
Um time forte e competente, precisamos (isso mesmo! isso mesmo!) CONTRATAR!
Necessitamos de bons designers de interface. Bons, não, os melhores! E o mercado já tem
gente muito boa. Uma turma cada vez melhor, muitos premiados internacionalmente. Junto com
a turma da interface, precisa vir a turma da TI. Um não funciona sem o outro. O programador de
hoje é um cara diferente. Uma turma fera que começa cada dia mais cedo. Imagina, tem gente
programando PHP desde os nove, fazendo música, jogando bola. Uma beleza! Resolvido.
OK, teremos uma ótima produção. Mas, e o resto da equipe? Oh-oh. Alguém aí perguntou
“que resto da equipe?”, hum, olha aí o problema. E a oportunidade. Um bom designer de inter-
face e um programador, com a ajuda de um bom redator, podem entregar uma boa produção.
E isso pode ser suficiente para alguns casos específicos, clientes pequenos realizando projetos
de internet bem pontuais.
Mas, quando estamos falando de projetos maiores, mais complicados e de longa duração,
a produção (design + tecnologia) é apenas uma parte pequena do time. E hoje em dia, a mais
comum.
Projetos grandes precisam, antes e acima de tudo, de um excelente atendimento. Funda-
mental é o gerente de projetos para os prazos e controle de qualidade. Projetos complexos exi-
gem arquiteturas de informação e definições funcionais detalhadas, para garantir que o produto
saia de acordo com o planejado em termos de escopo e prazo. E claro, projetos precisam de
planejadores que irão definir os produtos, estratégias, ações de mídia e investimentos.
Eu falei em oportunidade. Você já viu onde ela está? Então procure hoje no mercado qualquer
tipo de profissional que não seja de produção (designer, programador, redator) e você vai entender
do que estou falando. Procure um bom atendimento. Tente encontrar um bom planejador de
mídia. Coloque um anúncio procurando um gerente de projetos experiente e você verá.
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“Alô você que está entrando no mercado agora, ou
mercado de trabalho
que está no mercado e não consegue entrar. Está na
hora de se especializar ”
Verá na sua caixa 82 currículos de ‘webdesigners’ com a concorrência e, do outro, as empresas procurando design-
cursos de Dreamweaver, Flash e ASP, procurando por um ers de interface, programadores actionscript, planejadores,
estágio ou uma oportunidade ‘pelamordedeus’ em marketing/ atendimentos, redatores especializados, gerentes de projeto,
internet/comunicação. Você procura atendimento, vem ‘web- sem encontrar.
designer’, você procura planejamento vem ‘webdesigner’, você Capicce? Alô você que está entrando no mercado agora,
procura gerente de projetos vem ‘webdesigner’, você procura ou que está no mercado e não consegue entrar. Está na hora
um diretor de arte vem ‘webdesigner’. Alguém aí já sacou? de se especializar. Entenda que as empresas de internet pre-
Galera, nosso mercado está SATURADO de ‘webdesign- cisam mais do que ‘webdesigners’, que as equipes são multi-
ers’ e generalistas. Sim, há demanda por essa turma que faz disciplinares. Descubra qual é sua, aproveite o momento e seja
de tudo, mas a concorrência é ENORME e cada dia vem mais feliz na sua carreira. Mas ande rápido! A hora de se sofisticar
gente fazer o mesmo. De um lado do mercado, a saturação e é agora.
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René de Paula Jr.
marketing
Diretor de conteúdo do Yahoo Brasil. É profissional de internet desde 1996, passou pelas
maiores agências e empresas do país: Wunderman, AlmapBBDO, Agência Click, Banco Real ABN
AMRO. É criador da “usina.com”, portal focado no mundo online, e do “radinho de pilha”
(www.radinhodepilha.com), comunidade de profissionais da área.
rene@usina.com
Design em Revista
Revista é bom
Meu pai me conta que na sua infância no interior de São Paulo a Seleções do Reader’s Di-
gest era esperada com ansiedade. Tenho pilhas de Wired que me recuso a jogar fora. E as Fast
Company então? E a Business 2.0? Pilhas.
Jornal ninguém guarda nem aguarda. Jornal simplesmente vem. Revista não: ela surge,
enfim, radiante e perfumada.
Não me pergunte por quê. Colorido o jornal é. Fotos também tem. O papel bom, será? O
formato?
Pense nas revistas que você gosta. Esta aqui, por exemplo. Há algo nela que te agra-
dou uma vez e você encontra de novo, edição após edição: a profundidade dos artigos, o
tone and manner ( o tom e a abordagem), o mix de articulistas, os temas, e por aí vai. Se
algum desses aspectos mudar, você vai estranhar: “o que aconteceu com esta revista? Ela
não é mais a mesma”.
Revistas têm uma “cara” e isso não é por acaso. Em algum momento definiram seu
perfil editorial, seu formato, seu público, e a cada edição um time profissional junta os
elementos todos, cada um vindo de um lado, e costura o quebra-cabeças tão bem que a
revista parece um bebê nascido de uma romântica noite de amor. E o parto, sofridíssimo?
E a gestação tumultuada? Nem se adivinha.
Uma boa revista, assim como um bom site ou um bom produto qualquer, é uma boa
experiência, uma experiência intelectual, tátil, visual, olfativa, afetiva etc. A embalagem
da vitamina é um horror, coisa que só o Wolverine abre? Ops, experiência ruim. Você teve
dúvidas com o DVD, mas o call-center te orientou direitinho? Experiência boa. Você
clicou no link e o servidor deu pau? Experiência ruim.
Experiência é algo que vai além da guerra perpétua “é-lindo” x “funciona”: experiência
vai desde o site até a embalagem, do preço camarada até aquele telefonema simpaticíssimo
perguntando se você está feliz com a compra. Experiência engloba cada vez mais coisas.
OK, você é um especialista, e só te cabe fazer uma dessas coisas. O que vão fazer depois
disso não te compete, certo? Nesta revista, por exemplo, meu papel é mandar um artigo
decente, no tamanho adequado, no prazo correto, e ponto. Há outros colaboradores cuja
função é ilustrar os artigos, enquanto um outro zela pela diagramação.
Se você é um especialista, por que se preocupar com a tal da experiência do usuário?
Simples: num projeto complexo ou você é parte da solução ou é do problema. Ponto. A tal
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“Uma boa revista, assim como um bom site ou um
marketing
bom produto qualquer, é uma boa experiência,
uma experiência intelectual, tátil, visual, olfativa,
afetiva”
da experiência final só vai ser consistente e redonda se Pois é, fomos enganados. Alguém nos convenceu que
cada um dos colaboradores... colaborar. Não cumpriu o genialidade é improviso, é inspiração, nasce por arroubos
prazo? Não leu o briefing? Mandou fora da especificação? criativos, que rigor e método é coisa para quem não tem
Desculpe, mas mesmo que você seja o rei da cocada preta, talento. Balela: Picasso dominava as técnicas clássicas,
que tenha diplomas e prêmios, que seja lindo... você é parte Beethoven rabiscava as partituras, os acrobatas do Cirque
do problema, e se não se corrigir a solução pode incluir... de Soleil se esfalfam o dia inteiro para poder dar uma piru-
excluir você. eta graciosa.
Fui direto demais? Fui pouco romântico? Então tá. Anos atrás me pediram para não cobrar de criativos
Falemos de arte, então. Van Gogh, que tal? que cumprissem prazos, que respeitassem cronogramas,
Todos nós gostamos de Van Gogh. Atormentado, ins- que lessem todos os emails.
pirado, impulsivo. Bem, era o que eu pensava até ontem: Criação é jardim-de-infância?, eu retruquei. Se eu
numa matéria da Lúcia Guimarães descobri que o Van Gogh fosse um de seus criativos, ia me sentir tratado como um
era, antes de mais nada, um desenhista extraordinário. Lin- bocó (Jardim-de-infância, aliás, é um dos primeiros casos
dos, os desenhos. Ele desenhava em detalhe, inclusive, os notórios de Experience Design: dê uma olhada no sempre
quadros que planejava pintar. Planejava meticulosamente. excelente Boxes and Arrows (www.boxesandarrows.com).
Por essa você não esperava, não? Você não imaginava Voltando aos acrobatas: circo só é mágico porque não
que esse artista genial planejasse e concebesse de antemão, há mágica, há suor e compromisso.
rascunhasse, refizesse. E não me venha com truques. ;)
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Marcela Catunda
bula da Catunda
A é? Então tá.
A vida como ela é, mas não precisava ser
- Pelo amor de Deus, por que tá tudo tão parado? A vida congelou? Tão subindo os
créditos? Abre a janela aí? Vê se tem alguém se mexendo. Olha aí nesse mapa, algum
trânsito de Mercúrio com Netuno? Alguma quadratura...
Enquanto enlouqueço minha astróloga, lavo umas verduras. Nada mais relaxante do
que lavar uma alface, um pé de espinafre, cortar uma couve. Sei lá. Enobrece.
É impressionante como tem épocas que as coisas não acontecem naquele aspecto
profissional, ou, até acontecem. Mas estou Hollywood demais para aceitá-las. Pô, mas será
que é pecado querer mais? E Papai Noel, será que existe?
Mais um ano chegando ao seu derradeiro fim e cá estou eu vivendo aquela coisa
retrospectiva. Comecei pelos melhores momentos, claro. Sou uma pessoa que me disfarço
bem de otimista.
Pesando isso e aquilo, rompo 2005 menos nobre, mas no balanço geral, mais madura.
É aquela coisa de tudo na vida ter os dois lados...
Nesse ano que se encerra eu me virei, me desvirei, cambalhotei, batalhei, ganhei e
sambei, sambei, sambei. Momento camarins!
Freelei em boas agências, para grandes produtoras, para as pequenas, médias e
canalhas também. Até que nem levei tanto calote nesse ano.
Pela primeira vez na minha vida de freelar eu disse mais “nãos” do que “tá! Eu faço”
e isso teve resultados.
Trabalhei menos pra quem não confiava e mais para os ponta firme. Apostei menos?
Talvez sim, ou pensando bem, talvez pela primeira vez eu tenha verdadeiramente apostado
em mim.
A poupança vai mal, obrigada. Mas 2006 tá chegando e enquanto existir calendário
existirá esperança e umas faturas das Lojas Americanas pra eu pagar.
- Então, o projeto é aquela coisa lei de incentivo. Se sair eu te pago.
- Não, obrigada.
- A coisa toda é sua cara, mas agora só vou investir em produção. Você faz o roteiro e
quando tiver patrocínio, eu te repasso a verba.
- Repassa a verba? De repente me senti fazendo algo ilegal. Cruzes.
- Você entra no risco e a gente divide o lucro. O que acha?
- Hum. Acho ruim.
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“ Freelei em boas agências, para grandes produtoras,
bula da Catunda
para as pequenas, médias e canalhas também. Até
que nem levei tanto calote nesse ano.. ”
- Preciso daquele texto só seu. Você faz e depois a caminho do final de América?
gente deposita na sua conta. Não.
- Ahãm. E dá pra você pedir os dados para depósito Romperei o ano novo com os votos de sempre. Dese-
ou assim como eu vocês já pressentiram que vão me dar jando para todos o mesmo que desejo pra mim. Um montão
calote? de coisas boas. Um ano prazeroso, muito trabalho, cria-
- Você faz, a gente mostra pro diretor e se ele gostar tividade pra dar e principalmente vender, reconhecimento,
a gente compra. saúde, sucesso, amor, alegrias, experiências, felicidades e
- Pô, como vocês são legais. Vão mostrar pro dire- tudo mais e mais e mais.
tor? Puxa. Vocês têm alguma sala aqui em que eu possa Que 2006 seja mais que mais um ano. Que ele seja
chorar um pouco. É que fiquei tão emocionada com essa “duca”. Que ele faça a diferença. Que ele me projete (mas
proposta. se for pra muito longe, sem que eu bata a cabeça), que ele
Não faço. Não faço. Não faço. E não fiz. me ensine, que ele me proporcione idas e vindas a Amazon,
Tô pensando em ter um agente. Deve ser legal ter um. Os e que me traga, leve e deixe cada vez mais perto dos que
atletas têm, atores, artistas plásticos também. Esse povo todo amo e admiro.
tem agente e começam com a letra A. Eu também quero. Um grande, imenso e gigantesco 2006 para todos
Então penso no que pedir pro Bom Velhinho. Uma TV vocês.
nova? A minha tá um lixo, tá tão escura que, quando a cena E não é que o Bial diz algo como: não sei o que, não
é noturna, é preciso reconhecer os atores pela voz. Será sei o que lá pra você, porque o resto a gente corre atrás?
que peço as parcelas quitadas por um ano do meu plano de Então. Se embora correr.
saúde? Ou uma viagem internacional? Nacional? De bote. E leia na minha camiseta: A é? Então tá.
A nado? Tirando baldinho de água da balsa como a Sol a
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Luli Radfahrer
webdesign
Muita gente fala em talento específico para direção de arte e design, seja ela em
qualquer mídia (embora em breve todas as mídias sejam vídeo, mas isso é outra história).
Por mais que alguns espertos queiram defender uma reserva de mercado, ninguém nasce
sabendo e já é senso comum que até o mais talentoso designer precisa de educação e re-
ciclagem para não se atolar no mercado. O que poucos param para pensar é que pode-se
martelar por aí a falta de acesso às boas escolas ou mesmo a exclusão digital, mas o fato é
que as boas escolas não costumam ensinar muito mais que um bom livro ou conversa. Às
vezes, menos até. Principalmente quando o assunto é o processo criativo.
O fato real é que o profissional de criação de produtos de comunicação (de anúncios a
websites) tende a ser muito preguiçoso, ególatra e reciclante. Poucos procuram desenvolver
sua capacidade de percepção visual, ou mesmo seu texto – e para fazer isso só se é preciso
ver e ler, mas ver e ler as coisas certas. Não é se visitando website que se aprende a fazer
webdesign, muito pelo contrário – isso tende a restringir o horizonte criativo, pois a maioria
das soluções é muito, muito parecida. A mesma coisa pode ser dita sobre texto: quanto mais
se pratica a leitura, mais rápido se lê e melhor se escreve. Em países de melhor educação
e mercado mais desenvolvido (que é muito mais fácil de chamar de “primeiro mundo”, que
buscar as verdadeiras razões para seu sucesso), designers são críticos de arte ou curadores
de exposições, redatores escrevem romances nas horas vagas.
Pois ao contrário de matemática, física ou filosofia, que precisam de altas doses de ra-
ciocínio abstrato, ou de áreas técnicas que demandam equipamento caro e especializado, os
objetos de estudo para o processo criativo estão verdadeiramente ao alcance de qualquer um.
Aliás, a maior queixa que se faz em nosso país é que esses espaços são, geralmente, muito
pouco freqüentados. Me refiro a museus e bibliotecas – quantas vezes você já foi a algum
deles neste mês? Bimestre? Semestre? Ano? Biênio? Qüinqüênio? Vida? Por que a maioria
das pessoas só os visita quando viaja, se é que os visita?
Muita gente reclama da baixa ocupação dos museus, mas parte da culpa é de seus or-
ganizadores. É certo que obras de arte devam ser admiradas, mas há um exagero na forma
com que se tratam artistas e correntes. Em muitas exposições, é mais complicado entender
o texto de apresentação que as obras mostradas. Alguém enfiou na cabeça deles que ser in-
telectual significa escrever difícil, e muitos fazem questão de apresentar as peças em códigos
herméticos, com textos incompreensíveis. Isso, para mim, só dificulta o acesso.
Assim, os que se dedicam a estudar arte clássica passam a pertencer a uma espécie
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“É melhor não gostar de Rembrandt que não
webdesign
saber nada dele"
de ordem secreta – os Eruditos – e colocam barreiras sobre cruzar a porta de algum santuário – talvez até peregrinar para
barreiras para dificultar o caminho de quem queira admirá-las ele – e se ajoelhar perante a divindade. É uma pena.
sem compromisso. As artes “populares”, por sua vez, fazem Por isso, se você pretende fazer bom design, sugiro uma
exatamente o contrário. O resultado é para lá de previsível: mudança de atitude que pode ser bem diferente do que ensina-
mesmo nas lanchonetes das melhores universidades e escolas ram na escola. Você deve concordar comigo que nenhum dos
de arte, discute-se Quentin Tarantino vs. Pedro Almodóvar, grandes artistas (nem mesmo Pablo Picasso) é um semideus.
Walt Disney vs. Cartoon Network, mas nunca Renoir vs. Cé- Se é assim, deixe de ver a obra deles como intervenção divina
zanne – quem os faz é “culto” (ou pedante mesmo). Juro que e a veja como quem examina se um tomate está bom: olhe por
adoraria ver escrito na parede de entrada de uma exposição: todos os lados, tire suas conclusões e faça a sua própria inter-
“Van Gogh é brilhante e deprê. Antes ele que você. O resto é pretação. É melhor não gostar de Rembrandt que não saber
por sua conta.” nada dele, e o mesmo vale para texto. É melhor ler uma versão
As pessoas parecem ter vergonha de expressar sua simplificada de Hamlet que procurar o original só para saber
ignorância, ou de tentar acabar com ela. É mais chique ter – pedantemente – citar o “ser ou não ser” em inglês.
preconceito com relação a um tipo de manifestação (cinema Por falar em inglês, faça como os britânicos e americanos
iraniano, por exemplo) que confessar sua ignorância sobre o fazem e torne a visita a um museu um programa divertido,
tema. O mesmo acontece com a música, clássica ou até gêne- como quem vai conhecer uma nova cidade, não como quem
ros mais modernos, como Jazz. Por mais que tenham nome, toma vitaminas para aumentar a “cultura”. Uma vez lá den-
Thelonious Monk ou Miles Davis são “só” música, consumi-los tro, se uma sala chamar a sua atenção, tente pensar no que
dá o mesmo trabalho que Brahms, Beethoven, Beatles, Back- passou pela cabeça do curador ao organizá-la. Qual foi seu
street Boys ou Britney Spears. critério, por que as obras estão dispostas dessa maneira e as-
No século passado, alguns movimentos mostraram que sim por diante. Em vez de fotografar os quadros (você sempre
“arte” é uma forma diferente de se olhar para um objeto. poderá comprar um postal muito melhor, sem contar que não
Para eles, qualquer coisa poderia virar arte, qualquer coisa vai tomar uma bronca do segurança), experimente examiná-
MESMO, até um bidê ou uma foto de jornal. Seu alvo predi- los como se fossem fotografias – repare no enquadramento e,
leto? A Mona Lisa, tão falada em tempos de Código Da Vinci. principalmente, na luz. Não na iluminação do museu, mas nas
Marcel Duchamp desenhou um bigode e cavanhaque sobre cores que o pintor usou para reproduzir luzes e sombras.
uma reprodução dela e escreveu as letras L.H.O.O.Q. embaixo Um dia, quando você menos esperar, verá na foto que
(em francês, essas letras têm o som de “ela tem um traseiro está prestes a bater uma cor especial, uma coisa meio Rem-
telas de silk screen, e fez o mesmo com a Santa Ceia. Hoje, A mágica está feita. E não tem volta.
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