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A ação foi movida um grupo de funcionários residentes em Aracaju (SE). Eles trabalhavam na
linha de produção de calçados e informaram que, durante o contrato de trabalho, vivenciaram
situações de constrangimento. As idas ao sanitário eram limitadas e, quando o superior
hierárquico se encontrava presente, deveria consentir a saída.
As idas ao banheiro eram controladas pela substituição dos crachás: quando o funcionário ia
ao banheiro, deixava o seu pendurado em vassouras e colocava um especial, sinalizando que
fazia uso do sanitário. Segundo o relato, aconteceu de haver chefes que cronometravam essas
idas, e, se ultrapassassem os cinco minutos, iam buscar os funcionários. Havia somente um
crachá para cada setor, de modo que somente um empregado podia parar a produção para
usar o banheiro. A situação chegou a tal ponto, que eles ingeriam pouco líquido para não ter
que ir ao banheiro. Ao mesmo tempo, havia também controle de saída para beber água.
O trabalho dos empregados muitas vezes era cronometrado: um supervisor, com o cronômetro
na mão, se posicionava na frente do empregado cuja produção não fosse considerada
satisfatória e contava seu tempo. Caso as metas não fossem atingidas, eles eram chamados
em mesa redonda, onde eram repreendidos, segundo eles, na frente de todos, com palavrões,
xingamentos e ameaças de perda do emprego. Muitos funcionários, em razão das pressões e
falta de ergonomia no ambiente de trabalho, desenvolveram doenças ocupacionais e
problemas psicológicos.
Tais fatos foram anteriormente objeto de ação civil pública movida pelo Ministério Público do
Trabalho, na qual a Hispana foi condenada por danos morais no valor de 240 mil reais,
cabendo a cada funcionário o valor de 20 mil reais, mais 300 mil reais, a ser revertido ao FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador), por danos morais coletivos. A empresa foi condenada
ainda a abster-se de adotar no ambiente de trabalho qualquer prática de constrangimento,
coação e humilhação aos empregados.
Ao julgar recurso de revista da empresa, o ministro Ives Gandra destacou em seu voto que,
independentemente dos motivos que justificariam o zelo pela produtividade, a empresa deveria
observar critérios de razoabilidade, uma vez que “é responsável direta pela qualidade das
relações e do ambiente de trabalho e adotar medidas compatíveis com os direitos da
personalidade constitucionalmente protegidos”. ( RR-1186/2007-004-20-00.5)
04/06/2009
Primeira Turma rejeita cobrança de honorários de profissional autônomo
Em seu voto, o ministro Lelio Bentes descreve o quadro atual, no qual “o trabalho
subordinado cedeu lugar a novas formas de prestação de serviços, de caráter
pretensamente autônomo”, e em que mais de 50% da força de trabalho atua no
mercado informal, “prestando serviços sem vínculo contratual com um empregador
e sem gozar de proteção legal”. Segundo a avaliação do relator, é essa parcela do
“público-alvo original”, que estava fora da relação de emprego formal, que a
ampliação da competência da Justiça do Trabalho busca alcançar. A inserção
abrange, assim, o trabalho autônomo equiparável ao de operário ou artífice e
aquele prestado por trabalhador com “autonomia meramente nominal”, tais como
prestadores de serviços eventuais em domicílio e “chapas” de caminhões. A decisão
segue o entendimento da Súmula nº 363 do Superior Tribunal de Justiça. ( RR –
1110/2007-075-02-00.5)
04/06/2009
Distribuidora farmacêutica pagará R$ 50 mil por revistar empregado
Mas a ministra Dora Costa chamou a atenção para o fato de que compete ao
município, responsável pela implantação do PCCS, fazer a avaliação. Por isso, não
era possível aceitar o entendimento do TRT de que a empregada simplesmente
“não cumpriu com os pressupostos indispensáveis de avaliação pela Comissão de
Maturidade”, na medida em que o município não instituiu a referida comissão.
A ministra Dora também destacou que o TRT não esclareceu quais seriam os
critérios de avaliação para se conceder a promoção por merecimento, como, por
exemplo, assiduidade, produtividade ou disciplina. Por outro lado, esse fato não
poderia desautorizar a concessão do benefício, já que cabia ao município provar
que a empregada não preenchia os requisitos necessários para conquistar a
promoção – o que não ocorreu. Para a ministra, portanto, as condições para a
concessão da promoção por merecimento deveriam ser consideradas atendidas.
O mesmo entendimento sobre o caso teve o ministro Márcio Eurico Amaro. Dessa
forma, a Oitava Turma do TST, por maioria de votos, concluiu que são devidas à
empregada as diferenças salariais decorrentes das promoções bienais por
merecimento previstas no Plano de Cargos do Município de Ilhéus, ficando vencida
a relatora, ministra Maria Cristina Peduzzi. ( RR – 159/2006-491-05-00.5)
04/06/2009
TRT de Rondônia e Acre prorroga inscrições de concurso para juiz
A bancária defendeu a tese de que essa exigência da norma coletiva não podia
prosperar, porque desconsiderava a perícia médica da previdência social. O banco
rebateu com o argumento de que a norma coletiva era clara ao estipular que a
complementação podia ser suprimida se o médico indicado pelo banco concluísse
pela possibilidade de retorno ao trabalho do empregado. Como o benefício tem
caráter extralegal, a empresa disse que cumpriu à risca o que foi acordado com a
categoria, pouco importando a conclusão de outros profissionais.
Ressalvas
A análise do caso começou no TST pela Quarta Turma, que rejeitou o recurso do
trabalhador e esclareceu que a CLT não se opõe “à hipótese de se ajustar regime
de compensação de 12 por 36 horas, por meio de negociação coletiva, tendo em
conta a norma do artigo 7º, inciso XIII, da Constituição, segundo a qual é facultada
a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção
coletiva de trabalho”.
Na sessão especial que está sendo realizada hoje no Tribunal Superior do Trabalho
desde as 9h, a Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) confirmou, por
oito votos contra seis, a validade da negociação coletiva feita pelo Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC e a Volkswagen do Brasil, em 1998, que resultou no
parcelamento em 12 meses de parte da participação nos lucros e resultados aos
funcionários da montadora.
Por nove votos contra quatro, a Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-
1) do Tribunal Superior do Trabalho decidiu, na sessão especial de hoje (28), que
os arquitetos e engenheiros contratados por meio de concurso público, cujo edital
previa expressamente que a jornada de trabalho diária a ser prestada seria de oito
horas, não têm direito à jornada específica para os bancários, de seis horas de
trabalho por dia. A decisão foi tomada em dois recursos envolvendo profissionais
(uma arquiteta e um engenheiro) da CEF que pleiteiam o direito à jornada de
bancário e, consequentemente, o recebimento como extra da sétima e oitava horas
trabalhadas por dia.
Os ministros Milton de Moura França, João Oreste Dalazen, Carlos Alberto Reis de
Paula, Vantuil Abdala, João Batista Brito Pereira, Maria Cristina Peduzzi, Guilherme
Caputo Bastos, Maria de Assis Calsing e o juiz convocado Douglas Alencar
Rodrigues integram a corrente majoritária que negou o enquadramento desses
profissionais como bancário e confirmou a validade da jornada diária de oito horas
de trabalho exigida no edital do concurso público ao qual se submeteram.
No segundo processo relativo a terceirização julgado hoje (28), desta vez nas
Centrais Elétricas de Goiás, a Seção Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1)
do Tribunal Superior do Trabalho acolheu, por maioria de votos, embargos em
recurso de revista do Ministério Público do Trabalho e considerou irregular a
contratação de trabalhadores terceirizados para desempenhar atividades-fim na
empresa. A empresa terá seis meses para substituir os trabalhadores terceirizados.
Em votação apertada (8 a 6), a SDI-1 rejeitou a interpretação da Lei 8987/1995
que atribuía à expressão “atividades inerentes” o sentido de “atividade-fim”,
adotada pelo Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (GO) ao considerar
regular a terceirização na CELG.
A ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho teve por objetivo
obrigar a CELG a observar normas de segurança e medicina do trabalho e proibir a
prática de terceirização. O MPT relatou a ocorrência de acidentes fatais envolvendo
operários do setor de energia elétrica da CELG e da empreiteira COMAR. O
sindicato da categoria apresentou denúncia de que os empregados das
empreiteiras contratadas pela CELG comprovavam sua qualificação apenas com
apresentação de cópia da carteira de trabalho. De acordo com o MPT, o número de
acidentes de trabalho aumentou significativamente a partir de 1993, quando
começaram as terceirizações na CELG. Naquela época, ocorreram 87 acidentes em
816 dias; em 1996, foram 132 acidentes em apenas 270 dias. A CELG, em sua
defesa, afirmou que, desde a sua criação, a construção e a manutenção de
subestações e redes de alta e baixa tensão são terceirizadas – e que a terceirização
é necessária ao seu próprio funcionamento.
Na sessão de hoje, Aloysio Corrêa da Veiga reiterou seu voto e defendeu que o que
se tem de repelir é a precarização. “A Súmula 331 obriga quem contrata a fiscalizar
o contratado, ao responsabilizar subsidiariamente o tomador de serviço, impedindo
o descumprimento da legislação trabalhista e a fraude. Impedir a terceirização
estaria na contra-mão da história.”
A corrente divergente aberta pelo ministro Lelio Bentes e seguida pelo ministro
Vieira de Mello Filho teve a adesão dos ministros João Oreste Dalazen, Carlos
Alberto, Horácio de Senna Pires, Rosa Maria Weber, Maria de Assis Calsing e pelo
juiz convocado Douglas Alencar Rodrigues. Seguiram o relator os ministros Vantuil
Abdala, Brito Pereira, Cristina Peduzzi, Guilherme Caputo Bastos e o presidente do
TST, ministro Milton de Moura França.
Na decisão sobre a ação civil pública movida pelo Ministério Público do Trabalho, o
Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região (RN) baseou-se na Lei Geral das
Telecomunicações (Lei nº 9.475/1997), que prevê, em seu artigo 94, inciso II, a
possibilidade de “contratar com terceiros o desenvolvimento de atividades
inerentes, acessórias ou complementares ao serviço”. Para o TRT/RN, esse
dispositivo afastou a aplicação da Súmula 331 do TST, que restringe a terceirização
às atividades de vigilância, conservação e limpeza e em serviços especializados
ligados à atividade-meio do tomador de serviços. A Quarta Turma do TST rejeitou
(não conheceu) o primeiro recurso do MPT ao TST, ensejando os embargos à SDI-
1.
Os ministros Vantuil Abdala, João Oreste Dalazen e Carlos Alberto Reis de Paula e o
juiz convocado Douglas Alencar Rodrigues seguiram o ministro Vieira de Mello
Filho. O relator, ministro Brito Pereira – que inicialmente havia votado pelo
conhecimento e pelo não provimento do recurso, ou seja, pelo acolhimento e, na
análise do mérito, pela regularidade da terceirização – reformulou sua posição e
seguiu a corrente agora majoritária, no sentido de não haver condições para a
apreciação do mérito dos embargos. O mesmo fez o ministro Aloysio Corrêa da
Veiga. O ministro Lelio Bentes Corrêa - que, na sessão anterior, divergiu do
ministro Brito Pereira quanto ao mérito, considerando irregular a terceirização -
também reformulou seu voto no sentido do não-conhecimento. Esta corrente,
assim, acabou obtendo a maioria dos votos.
Confira, abaixo, alguns dos principais temas que devem ser discutidos hoje:
Terceirização
Discute a legalidade de terceirização de atividade-fim nas empresas de telefonia e
concessionárias de energia elétrica.
Jornada 12 X 36 horas
Discute a validade de norma coletiva que institui turnos ininterruptos de
revezamento com duração semanal do trabalho superior a 44 horas.
Anistia
Trata das condições para a concessão de anistia aos servidores públicos e
empregados da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional e
empresas públicas e sociedades de economia mista exonerados ou demitidos no
Governo Collor.
Imunidade de jurisdição
Discute se a imunidade de jurisdição de organismos internacionais (ONU/PNUD) é
absoluta ou relativa, em causas de natureza trabalhista.
28/05/2009
SDI-1 retoma discussão sobre terceirização nas teles e elétricas
O processo que envolve a Telemar Norte-Leste S.A. (Oi) começou a ser julgado no
dia 5 de março deste ano, mas o julgamento foi interrompido pelo pedido de vista
regimental formulado pelo ministro Horácio de Senna Pires. Trata-se de ação civil
pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho da 21ª Região (RN) contra a
contratação de trabalhadores terceirizados pela Telemar, considerada regular pela
Justiça do Trabalho da 21ª Região, com base na Lei Geral das Telecomunicações.
Os embargos em recurso de revista são do Ministério Público, visando à reforma da
decisão.
O relator, ministro João Batista Brito Pereira, votou pela rejeição dos embargos do
Ministério Público, que busca a reforma da decisão e a declaração da ilegalidade da
terceirização. A ministra Maria de Assis Calsing abriu divergência, sinalizando no
sentido da irregularidade
Entre as matérias que serão discutidas nesta quinta-feira (28) pela Seção
Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1) do Tribunal Superior do Trabalho,
órgão responsável pela uniformização da jurisprudência, está a questão que
envolve engenheiros da Caixa Econômica Federal (CEF) aprovados em concurso
público para jornada de trabalho de oito horas por dia. Em ações trabalhistas, estes
profissionais têm pleiteado enquadramento como bancário e, consequentemente, o
direito à jornada reduzida de seis horas diárias e o recebimento, como horas
extras, do período trabalhado após esta carga horária. Há precedentes da SDI-1 e
da SDI-2 em sentidos opostos a partir da interpretação da mesma norma legal (Lei
nº 4.950A/1966), ou seja, dispondo que engenheiros pertencem à categoria
diferenciada e que devem ser enquadrados como bancários.
A divergência foi aberta pelo ministro Aloysio Corrêa da Veiga. Para ele, a jornada
do bancário de seis horas é uma normal legal, e um edital de concurso não pode
alterar esta regra. “A jornada de trabalho de seis horas atinge advogados e
engenheiros, salvo se tivessem, por privilégio legal, uma jornada menor, como é o
caso dos médicos”, afirmou. Até o momento, acompanharam a divergência aberta
por Corrêa da Veiga os ministros Lelio Bentes Corrêa, Rosa Maria Weber e Vieira de
Mello Filho. O recurso em exame pela SDI-1 contesta decisão da Segunda Turma
do TST, que considerou o autor da ação trabalhista – contratado para exercer as
funções de engenheiro – pertencente à categoria profissional diferenciada por força
de estatuto profissional, sem direito, portanto, ao regime legal dos bancários.
A Petrobras interpôs embargos à SDI-1 e alegou que deveria ter sido aplicada ao
caso a Orientação Jurisprudencial 191 do TST que dispõe sobre os contratos de
empreitada e isenta o empreiteiro da responsabilidade subsidiária. Mas a SDI-1
confirmou o entendimento de terceirização da Sétima Turma. Destacou o relator,
ministro Horácio Senna Pires, que, de acordo com o próprio Regional, a Northcoat
foi contratada para realizar “serviços de pintura industrial em equipamentos,
estruturas e tubulações com respectivo apoio de limpeza industrial e montagem de
andaimes”, os quais são “serviços contínuos de mantença das plataformas de
exploração petrolífera”.
A Costa Cruzeiros Agência Marítima e Turismo Ltda. terá de pagar pelos serviços de
uma camareira brasileira de acordo com a legislação trabalhista do Brasil. A Oitava
Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou (não conheceu) recurso de revista
da empresa contra a condenação imposta pelo Tribunal Regional do Trabalho da 2ª
Região (SP).
"Se o risco da atividade é único e exclusivamente meu, então posso utilizar de todos os
recursos que garantam o sigilo das informações de meu negócio."
Esta é uma das muitas afirmações que os empregadores se utilizam para demonstrar que
o monitoramento é possível e que em nada fere o princípio constitucional da
inviolabilidade da intimidade e do sigilo de correspondência pessoal.
Esta norma, embora disponha sobre correspondência de forma geral, faz menção,
sob o aspecto ora analisado, até pela época da promulgação da constituição, às
correspondências enviadas por correio e que poderiam ser enviadas no endereço
da empresa e em nome do empregado.
Esta situação se torna peculiar uma vez que o empregado pode morar em
determinado local, mas estar trabalhando em local diverso, seja por necessidade
particular, seja por necessidade profissional.
Este entendimento está traduzido em uma decisão recente do TST que manteve a justa
causa do empregado pelo uso indevido do e-mail eletrônico. Veja a notícia na íntegra.
Neste caso, o monitoramento pode ser feito de forma virtual pelo empregador, ou seja,
embora não seja permitida a visualização do conteúdo, pode-se controlar o link de
acesso de endereços eletrônicos, seja através de tempo despendido em determinada
página, seja através de bloqueio de acesso às páginas na internet que não estão ligadas
ao interesse do empregador ou à atividade profissional.
LEGISLAÇÃO
A Lei 9.528/97 que alterou a Lei 8.212/91 dispõe quais são as verbas indenizatórias
pagas aos trabalhadores em que não há incidência do INSS, das quais podemos citar as
férias indenizadas e o 1/3 adicional constitucional, a indenização de que trata o art. 479
da CLT, o valor correspondente à dobra da remuneração de férias, entre outras. No
entanto, dentre as verbas indenizatórias citadas pela lei, não consta o aviso prévio
indenizado.
Embora o referido decreto não se manifesta quanto a incidência de INSS sobre o reflexo
do aviso sobre as férias e 13º salário, poderíamos ter dois entendimentos quanto a esta
questão:
O entendimento que consta na alínea "b" acima é o que dispõe a Instrução Normativa
RFB 925/2009, ao estabelecer que, para fins de informação no SEFIP, o 13º Salário
correspondente ao Aviso Prévio deve ser informado no campo 'Base de Cálculo 13º
salário da Previdência Social'.
Partindo deste pressuposto, se o aviso prévio indenizado deve ser considerado como
salário-de-contribuição e assim fazer base para cálculo do INSS quando do pagamento
pelo empregador, justo seria então que, se o empregado é quem desse origem imediata à
rescisão e tivesse então o desconto do aviso, também deveria este ser considerado como
salário-de-contribuição para fins de abatimento na base de cálculo de INSS das verbas
rescisórias, assim como as faltas e atrasos no caso do pagamento de salário mensal.
Sobre este viés, ainda que a proporção de empregados demitidos em relação aos
empregados que pedem demissão sejam relativamente eqüidistantes, da mesma forma
como é questionado o desconto do INSS sobre o aviso prévio indenizado por parte do
empregador, deveria também haver um posicionamento da Previdência Social quanto ao
aviso prévio descontado do empregado, estabelecendo se deve ou não ser considerado
(como redutor) para a composição da base de cálculo das verbas rescisórias.
Neste caso, o empregado estaria contribuindo, no mesmo mês, sobre o valor do aviso
prévio da empresa anterior e também sobre o salário normal da empresa em que foi
contratado. Embora esta situação gere o desconto de duas contribuições no mesmo mês
ao empregado, a contagem de tempo de contribuição para efeito de aposentadoria é de
apenas um mês, já que o tempo em relação ao aviso prévio indenizado é desconsiderado
pela Previdência Social, pois esta, embora tenha recebido duplamente, irá considerar
apenas um mês de trabalho para fins de contagem de tempo de contribuição para a
aposentadoria.
A Previdência quer levar isto adiante com base no argumento de que a Justiça
Trabalhista garante o aviso prévio indenizado como tempo de serviço, daí a justificativa
de se incidir o tributo. Entretanto, é indiscutível que as empresas, com base na própria
hierarquia da lei e na jurisprudência, vão recorrer ao Judiciário e terão vantagem sobre a
questão do não pagamento do tributo.
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) entende que não há cobrança de tributo sobre
qualquer parcela indenizatória. Podemos observar nas Jurisprudências abaixo, decisões
unânimes sobre a não incidência de INSS sobre o aviso prévio indenizado e nem sobre o
13º salário indenizado, entendendo os Ministros da Suprema Corte de que o aviso
prévio não é parte do salário de contribuição.
JURISPRUDÊNCIAS
ACÓRDÃO - RECURSO DE REVISTA - HOMOLOGAÇÃO JUDICIAL DE
ACORDO CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA NATUREZA
INDENIZATÓRIA DAS VERBAS AJUSTADAS. As partes celebraram acordo,
mediante quitação da inicial e do contrato de trabalho, ajustando o pagamento de R0,00,
conforme ata da fl. 10. Na mesma ata foram discriminadas as parcelas indenizatórias,
sendo R2,00 a título de aviso prévio indenizado e R$ 278,00 a título de indenização por
dano moral. No Recurso de Revista, o INSS sustenta que (a) o acordo firmado entre as
partes versou exclusivamente sobre parcelas de natureza indenizatória, não guardando
equilíbrio com os pedidos de natureza remuneratória avençados na inicial.
Considerando que o acordo judicialmente homologado não necessita guardar correlação
com os pedidos da inicial e que não foi identificado conluio entre as partes para fraudar
o INSS, não merece reforma o acórdão regional. Diante do exposto, nego provimento
ao recurso. PROC. Nº TST-RR-543/2005-003-04-00.7. Relatora - MARIA CRISTINA
IRIGOYEN PEDUZZI. Data 07-03-2007.
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA. INSS. ACORDO
JUDICIAL. INCIDÊNCIA DA CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. AVISO
PRÉVIO INDENIZADO. PARCELA INDENIZATÓRIA. INCIDÊNCIA.
DESPROVIMENTO. Não há impedimento legal para que as partes transacionem o
pagamento apenas de verbas de natureza indenizatória, nas quais não há incidência de
contribuição previdenciária. Uma vez que o eg. Tribunal Regional entendeu pelo caráter
indenizatório da verba referente a aviso prévio indenizado, não há que se falar em
violação dos artigos 28, § 9º, da Lei nº 8.212/91, 487, § 1º, da CLT e 150 § 6º e 195, I, a,
da CRFB/88. O Regional negou provimento ao recurso ordinário da autarquia
previdenciária, consignando que o fato gerador das contribuições previdenciárias
somente ocorre com o pagamento de salário (art. 195, a, da CF), não havendo como
atribuir natureza salarial ao aviso prévio indenizado, vez que não é exaustiva a
enumeração das parcelas que não integram o salário de contribuição, prevista no artigo
28, § 9º, da Lei 8.212/91, até porque dela não consta, por exemplo, a indenização
compensatória de 40% do FGTS, sobre a qual obviamente não incide a contribuição
previdenciária e que, igualmente, encontra-se enumerada dentre as parcelas
indenizatórias previstas no artigo 214, § 9º, alínea a e d do Decreto 3.048/99, o qual
inclui o aviso prévio indenizado nas parcelas não sujeitas à contribuição previdenciária.
O agravo de instrumento, portanto, é infértil, nada produzindo. Por tais razões, NEGO
PROVIMENTO ao agravo de instrumento. ISTO POSTO ACORDAM os Ministros da
Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, unanimemente, conhecer do agravo de
instrumento e, no mérito, negar-lhe provimento. Brasília, 28 de fevereiro de 2007.
PROC. Nº TST-AIRR-170/2005-066-03-40.7. Relator JUIZ CONVOCADO JOSÉ
RONALD C. SOARES. Data 28-02-2007.
REPOSTO BEM PREPARADO É ESSENCIAL NA HORA DA AUDIÊNCIA
Por Dra. Deise Botelho
A Notificação Judicial de uma Reclamação Trabalhista chega à empresa. E agora?
Para tanto, não basta ao Preposto apenas comparecer, pessoalmente, na audiência para
representar a empresa. O preposto deve conhecer os fatos envolvidos na ação e
posicionar-se de forma condizente com os procedimentos no judiciário trabalhista.
Muitas empresas ainda não dão a devida importância ao preparo e postura dos
profissionais que irão representá-las como prepostos em audiências, delegando
profissionais que desconhecem os procedimentos judiciais, as posturas na audiência, a
importância e os compromissos que serão assumidos com os depoimentos destes em
juízo.
Logo, o seu preparo poderá evitar a ocorrência de enormes prejuízos à empresa, sendo o
custo do investimento certamente inferior ao risco de uma decisão desfavorável, por
simples descuido ou despreparo.