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ASPECTOS DE SEGURANÇA AMBIENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE

ALDO PACHECO FERREIRA

TESE SUMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE

PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO

GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA BIOMÉDICA.

Aprovada por:

--------------------------------------------------
Prof. Carlos Roberto Strauss Vieira, M.Sc.

--------------------------------------------------
Prof. Marcelo Martins Werneck, PhD.

-------------------------------------------------
Prof. Antonio Gianella Neto, D.Sc.

-------------------------------------------------
Prof. Ubirajara Aluízio de Oliveira Mattos, D.Sc.

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

AGOSTO DE 1996
FERREIRA, ALDO PACHECO
Aspectos de Segurança Ambiental em
Unidades de Saúde (Rio de Janeiro)
1996.
170 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.SC.,
Engenharia Biomédica, 1996)
Tese - Universidade Federal do Rio de
Janeiro, COPPE
1. Controle Ambiental em Unidades de
Saúde
2. Engenharia Clínica
3. Segurança Hospitalar
4. Recomendações
I. COPPE/UFRJ II. Título
Quanto ao motivo que me impulsionou foi muito
simples. Para alguns, espero, esse motivo
poderá ser suficiente por ele mesmo. É a
curiosidade - em todo caso a única espécie de
curiosidade que vale a pena ser praticada com
um pouco de obstinação: não aquela que procura
assimilar o que convém conhecer, mas que
permite separar-se de si mesmo. De que valeria
a obstinação do saber se ele assegurasse apenas
a aquisição dos conhecimentos e não, de certa
maneira, e tanto quanto possível, o descaminho
daquele que conhece? Existem momentos na vida
onde a questão de saber se se pode pensar
diferentemente do que se pensa, e perceber
diferentemente do que se vê, é indispensável
para continuar a olhar ou a refletir.
Michel Foucault
Agradecimentos

Aos amigos e funcionários das diversas Unidades da Fundação


Oswaldo Cruz, pela colaboração em experimentos, observações,
discussões técnicas, utilização de equipamentos, bibliotecas e
computadores.

Ao Dr. Eduardo Vieira Martins, Vice-Presidente de


Desenvolvimento Tecnológico e Produção, pelo interesse ao trabalho e
suas implicações, propiciando que profissionais da Fiocruz tenham
seus horizontes abertos e que possuam pós-graduação nas diversas
áreas da Saúde, ganhando assim a Instituição que se fortalece como
um todo.

Aos Professores do Programa de Engenharia Biomédica da


COPPE/UFRJ, pela formação e ensinamentos.

Ao corpo técnico de funcionários do Programa de Engenharia


Biomédica, pela atenção e convívio.

Ao Professor Dalton Marcondes Silva do Departamento de


Saneamento e Saúde Ambiental, da Escola de Saúde Pública -
Ensp/Fiocruz.

Ao Engenheiro de Segurança Cosme Rangel Campista "in memorian",


que tão cedo nos deixou.

À Dra. Anne Marie Medeiros Vaz, Coordenadora do Programa de


Gestão de Lixo Hospitalar no Município do Rio de Janeiro.

Ao Professor Carlos Roberto Strauss Vieira que aceitou mais este


desafio na orientação desta tese.

Aos técnicos da FIOCRUZ, Waldney Gonçalves Menezes e Luís Sérgio


Cardoso Santos, pelos inestimáveis préstimos para o desenvolvimento
de medições utilizadas em vários tópicos desta dissertação.
Aos colegas da turma de Mestrado de 1993, pela convivência
harmoniosa e agradável.
Agradecimentos Especiais

A minha querida mãe, Sra. Léa Ferreira, pela vida e


determinação.

Aos meus queridos filhos, Fernanda e Fábio, pelo sentido da


vida.

A minha tia, Sra. Laís Guerreiro, pelo carinho.

A Regina Célia Torres Chousa, pelo amor, companheirismo e


dedicação.
ÍNDICE

PÁGINA
FOLHA DE ROSTO................................................ i

FICHA CARTOGRÁFICA............................................ ii

DEDICATÓRIA................................................... iii

AGRADECIMENTOS................................................ iv

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS...................................... vi

ÍNDICE........................................................ vii

RESUMO........................................................ xvi

ABSTRACT......................................................xviii

CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO...................................... 1

CAPÍTULO II - HISTÓRICO....................................... 5

CAPÍTULO III - ASPECTOS DE SEGURANÇA NO USO DE GASES


ANESTÉSICOS.................................... 9

III.1 - Histórico: A prática anestésica..................... 9

III.2 - Introdução.......................................... 10

III.3 - Aspectos teóricos e experimentais................... 11

III.3.1 - Anestésicos de Uso Geral...................... 11


III.3.2- Riscos no Uso de Anestésicos................... 13
III.3.2.1 - Introdução............................... 13
III.3.2.2 - Morbidade entre Anestesistas............. 13

III.3.2.2.1 - Dano Citogenético................... 14

III.3.2.2.2 - Incidência de Anormalidades Fetais


em bebês nascidos de Profissionais
Femininos........................... 15

III.3.2.2.3 - Hepatite por Halotano............... 16

III.3.2.2.4 - Morbidade Psiquiátrica: Suicídio.... 17

III.4 - Recomendações de Normas Técnicas.................... 18

III.5 - Avaliação Experimental dos Níveis Residuais de Gases


Anestésicos em Centros Cirúrgicos................... 19

III.5.1 - Introdução.................................... 19

III.5.2 - Coleta de Amostras............................ 19

III.5.3 - Testes........................................ 20

III.5.3.1 - Metodologia empregada na coleta de gases


anestésicos.............................. 21

III.5.3.1.1 - Medições da concentração de halotano 21

III.5.3.1.2 - Medições da concentração de óxido


nitroso............................. 21

III.5.4 - Resultados.................................... 22

III.6 - Discussão........................................... 24
III.7 - Recomendações para a Prevenção da Poluição Ambiental
por Gases Anestésicos............................... 25

III.7.1 - Sistemas Coletores............................ 26

III.7.1.1 - Sistemas Ativos.......................... 26

III.7.1.1.1 - O efeito Bernoulli e o Sistema


Venturi......................... 26

III.7.1.1.2 - Utilização de Linhas de Vácuo.. 28

III.7.1.1.3 - O Sistema de Ar Condicionado.... 28

II.7.1.2 - Sistema por Absorção...................... 28

CAPÍTULO IV - A ÁGUA EM UNIDADES DE SAÚDE .................... 29

IV.1 - Introdução........................................... 29

IV.2 - Aspectos teóricos.................................... 30

IV.2.1 - Constituintes Básicos da água.................. 30

IV.3 - Recomendações de Normas Técnicas..................... 31

IV.4 - Metodologia para Análises Laboratoriais.............. 32

IV.4.1 - Coleta de Amostras............................. 32

IV.4.2 - Testes Químicos................................ 33

IV.4.2.1 - Alcalinidade.............................. 34

IV.4.2.2 - Dureza Total.............................. 34


IV.4.2.3 - Cálcio.................................... 34

IV.4.2.4 - Magnésio.................................. 34

IV.4.2.5 - Cloretos.................................. 35

IV.4.2.6 - Ferro Total............................... 35

IV.4.2.7 - Nitratos.................................. 35

IV.4.2.8 - Cloro Residual............................ 35

IV.4.3 - Testes Físicos................................. 36

IV.4.3.1 - Cor....................................... 36

IV.4.3.2 - Turbidez.................................. 36

IV.4.3.3 - pH........................................ 37

IV.4.4 - Testes Microbiológicos......................... 37

IV.4.4.1 - Procedimentos Experimentais............... 37

IV.5 - Resultados........................................... 38

IV.6 - Discussão............................................ 40

IV.7 - Recomendações quanto à Doenças de Veiculação Hídrica. 40

CAPÍTULO V - A IMPACTAÇÃO AMBIENTAL PELO ESGOTO............... 42

V.1 - Introdução............................................ 42

V.2 - Aspectos teóricos..................................... 44


V.2.1 - Constituintes Químicos.......................... 44

V.2.2.- Constituintes Físicos........................... 47

V.2.3 - Riscos Potenciais do Esgoto..................... 47

V.3 - Recomendações de Normas Técnicas...................... 48

V.4 - Avaliação Experimental................................ 50

V.4.1 - Coleta de Amostras.............................. 50

V.4.2 - Testes.......................................... 51

V.5 - Resultados............................................ 55

V.5.1 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)............ 55

V.5.2 - Demanda Química de Oxigênio (DQO)............... 55

V.6 - Discussão............................................. 56

V.7 - Recomendações para o Tratamento de Efluentes de


Unidades de Saúde..................................... 57

V.7.1 - Tratamento por Desinfecção...................... 57

V.7.1.1 - Agentes Físicos............................ 57

V.7.1.2 - Meios Mecânicos............................ 58

V.7.1.3 - Radiação................................... 58

V.7.1.4 - Agentes Químicos........................... 58


V.7.2 - Tratamento para Áreas não Esgotadas............. 59

CAPÍTULO VI - LIXO HOSPITALAR................................. 61

VI.1 - Introdução........................................... 61

VI.2 - Aspectos teóricos e experimentais.................... 62

VI.2.1 - Definição de Resíduos Hospitalares............. 62

VI.2.2 - Tipos de Resíduos Hospitalares................. 63

VI.2.3 - Composição dos Resíduos Hospitalares........... 65

VI.2.4 - Manipulação dos Resíduos Hospitalares.......... 66

VI.2.4.1 - Qualidade Microbiológica do Lixo Hospitalar 66

VI.3 - Recomendações de Normas Técnicas..................... 68

VI.4 - Avaliações práticas em Hospitais do Rio de Janeiro... 70

VI.5 - Resultados........................................... 71
VI.6 - Discussão............................................ 73

VI.7 - Recomendações para o Gerenciamento do Lixo Hospitalar 74

VI.7.1 - Formas de Tratamento........................... 75

VI.7.1.1 - Incineração............................... 76

VI.7.1.2 - Esterilização a Vapor - Autoclavagem...... 79

VI.7.1.3 - Esterilização a Gás....................... 81


VI.7.1.4 - Inativação Térmica........................ 82

VI.7.1.5 - Desinfecção Química....................... 82

VI.7.1.6 - Irradiação................................ 83

VI.7.2 - Riscos operacionais no trato com Resíduos


Hospitalares................................... 84

VI.7.3 - Destinação Final............................... 87

VI.7.3.1 - Aterro Sanitário.......................... 88

CAPÍTULO VII - ILUMINÂNCIA EM ÁREAS HOSPITALARES.............. 89

VII.1 - Introdução.......................................... 89

VII.2 - Aspectos teóricos e experimentais................... 89

VII.2.1 - Acuidade Visual............................... 89

VII.2.2 - Eficiência Luminosa........................... 90

VII.2.3 - Brilho........................................ 91

VII.2.3.1 - O desconforto pelo brilho............. 92

VII.3 - Recomendações de Normas Técnicas.................... 92

VI.4 - Avaliações experimentais realizadas no Instituto


Fernandes Figueira................................... 96

VII.4.1 - Medições de níveis de lux..................... 96

VII.4.1.1 - Resultados de medições em áreas do


Instituto Fernandes Figueira.......... 96

VII.4.2 - Avaliação dos níveis de brilho................ 97

VII.4.2.1 - Cálculo da constante de brilho em áreas


do Instituto Fernandes Figueira....... 98

VII.4.2.1.1 - Resultados do cálculo do índice de


brilho........................... 102

VII.5 - Discussão........................................... 102

VII.6 - Recomendações quanto ao nível de iluminância


hospitalar.......................................... 104

CAPÍTULO VIII - VENTILAÇÃO HOSPITALAR......................... 105

VIII.1 - Introdução......................................... 105

VIII.2 - Aspectos teóricos e experimentais.................. 105

VIII.2.1 - Os Princípios da Ventilação.................. 105

VIII.2.2 - Fluxo Laminar................................ 106

VIII.2.3 - Sistemas de Ventilação....................... 108

VIII.3 - Recomendações de Normas Técnicas................... 108

VIII.4 - Avaliações práticas no controle de patógenos nos


sistemas de Segurança nos Sistemas de Ventilação
Hospitalar......................................... 110

VIII.4.1 - Amostragens de Microrganismos ............... 110


VIII.4.1.1 - Procedimentos.......................... 110

VIII.4.2 - Resultados................................... 111

VIII.5 - Discussão.......................................... 113

VIII.6 - Recomendações quanto ao controle de patógenos na


Ventilação Hospitalar.............................. 114

VII.6.1 - Desinfecção do ar............................. 115

CAPÍTULO IX - RISCO FÍSICO PROVOCADO PELO RUÍDO EM UNIDADES


DE SAÚDE........................................ 117

IX.1 - Introdução........................................... 117

IX.2 - Aspectos teóricos.................................... 117


IX.2.1 - A Física do Som................................ 117

IX.2.2 - Elementos de um Estudo Básico sobre Ruídos..... 118

IX.3 - Recomendações de Normas Técnicas..................... 119

IX.4 - Diagnóstico Sonoro Ambiental - Avaliação prática..... 120

IX.5 - Discussão............................................ 122

IX.6 - Recomendações quanto ao nível sonoro hospitalar...... 122

CAPÍTULO X - CONCLUSÃO........................................ 124

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................... 129

ANEXOS........................................................ a/i
Resumo da tese apresentada a COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.).

ASPECTOS DE SEGURANÇA AMBIENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE

Aldo Pacheco Ferreira

Agosto, 1996

Orientador: Carlos Roberto Strauss Vieira

Programa: Engenharia Biomédica

Esta dissertação discute aspectos de segurança no controle do ambiente

hospitalar, enfatizando processos operacionais e ações eficazes para diminuir os

riscos neste complexo sistema. Todos os serviços médicos são afetados por

sistemas de meio ambiente e este fato merece atenção prévia em todos os níveis.

Os temas estudados neste trabalho são relacionados a gás anestésico,

resíduos, água, esgotos, iluminação, ruído e sistema de ventilação. A

complexidade da prestação de cuidados à saúde, que se baseia na ciência e

engenharia, o engenheiro clínico é um dos mais novos membros da prestação de

cuidados à equipe de saúde. As unidades de saúde têm planejado alcançar

necessidades de atenção a saúde dos pacientes, sem perceber os efeitos

ocupacionais hospitalares. Quanto aos cuidados à saúde, em termos de tecnologia

e utilização, depende mais e mais sobre as decisões feitas pelo engenheiro

clínico.

Sistemas de segurança confiáveis devem ser instalados, e as práticas,

políticas e procedimentos instaurados, para minimizar os riscos para os

pacientes, funcionários e visitantes. As variações de controle ambiental são


originam taxas significativas, devendo-se garantir pronta e eficaz correção de

qualquer condição de defeitos, propiciando que avaliação no ambiente seja mais

ativa do que reativa impedindo que haja resultados adversos no hospital naqueles

que buscam saúde.

Existe a crença de que nem a morte ou riscos graves a danos corporais seja

aceitável se medidas razoáveis possam ser tomadas a fim de impedi-las. Sejam

quais foram as razões, tornou-se evidente que uma considerável atenção está

centrada na segurança hospitalar. É também destacada a importância na

reavaliação de leis e regras para regular atividades no ambiente hospitalar.


Abstract of thesis presented to COPPE/UFRJ as partial fulfillment of

requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.).

ASPECTOS DE SEGURANÇA AMBIENTAL EM UNIDADES DE SAÚDE

Aldo Pacheco Ferreira

August, 1996

Thesis Supervisor: Carlos Roberto Strauss Vieira

Department: Biomedical Engineering

This dissertation discuss security aspects in the hospital

environment control, emphasizing processes and effective operating

actions to decrease risks in this complex system. All medical

services systems are affected by environment and this fact deserves

prior attention on all levels.

The subjects studied in this work are related to anesthetic gas,

waste, water, sewer, illumination, noise and ventilation system.

The complexity of health care delivery, which is based on

engineering and science, the clinical engineer is one of the newest

members of the health care delivery team. The units of health have

planned reach patients health care necessities without realizing the


occupational effects in hospital professionals. As health care, in

terms of technology utilization, depends more and more on decisions

made by clinical engineer.

Comprehensive safety systems should be installed, and practices,

policies, and procedures instituted, to minimize hazards to

patients, hospital staff, and visitors. The environmental control

variations are the principal origin of significant rates, assuring

ready and effective correction of any defective condition,

propitiating that environment appraising will be more active than

reactive hindering adverse results in the hospital search of health.

There is a wide faith that nor death risk or serious corporal

damage is acceptable if reasonable steps could be taken in order to

prevent them. Whichever will be the reasons it has become obvious

that a considerable attention is being focused in hospital security.

It is also detached the importance in reevaluating laws and

rules to regulate activities in hospital environment.


CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Essa dissertação tem como objetivo geral estudar o ambiente

hospitalar, discutindo aspectos de segurança. Desta forma, foram

utilizados recursos metodológicos distintos, que podem ser

basicamente caracterizados como: revisão da literatura,

reconstituição de experiências e experiências elaboradas.

Para isso, fez-se alguns experimentos no intuito de avaliar as

reais condições de funcionamento do ambiente hospitalar, abordando

fatos e ações.

Para fins de melhor sistematização, este trabalho foi dividido

em tópicos que expressam as principais vertentes do ambiente

hospitalar.

Assim sendo, procurou-se, inicialmente, no Capítulo II, expor as

origens históricas do hospital, suas bases conceituais, a evolução

hospitalar ao longo do tempo e suas formas mais contemporâneas.

Num segundo momento, no Capítulo III, pretendeu-se mostrar

experimentalmente os níveis residuais de gases anestésicos em

centros cirúrgicos, suas implicações no corpo técnico e mecanismos

de segurança.

Nos Capítulos IV, V e VI, estudou-se os riscos da impactação

ambiental da água utilizada em laboratórios e unidades de saúde, do

esgoto e do lixo hospitalar, com análises laboratoriais,

recomendações alternativas quanto a formas de tratamento e

disposição final dos resíduos gerados.


Nos Capítulos VII, VIII e IX, analisou-se a iluminação, a

ventilação e os efeitos causados por ruídos em unidades de saúde, e

no Capítulo posterior, a Conclusão geral do trabalho.

A promoção da saúde e da segurança constitui um objetivo

fundamental no âmbito da melhoria das condições de vida e de

trabalho, as quais devem ser inseridas numa abordagem integrada e em

estreita relação com um conceito global de saúde, utilizando como

base o avanço tecnológico, a busca da melhoria das condições de

operações dentro de hospitais, visando minimizar os riscos desse

complexo sistema.

Tais aspectos do ambiente hospitalar foram selecionados para

aprofundamento, por envolverem dados preocupantes apontados pelos

levantamentos bibliográficos, bem como merecerem destaque no plano

geral de ação em segurança hospitalar.

O ambiente hospitalar requer algum tipo de análise sistemática

na área da segurança, onde esforços efetivos devem ser buscados para

minimizar prejuízos evitáveis a pacientes e profissionais.

Isso pode refletir a possibilidade de que essa segurança poderá

ser alcançada através de uma legislação atualizada e conseqüente

conscientização dos perigos ocupacionais da área hospitalar. Há uma

larga crença de que nenhum risco de morte ou dano corporal sério é

aceitável se usadas medidas de prevenção de acidentes.

A dedicação profissional com a saúde e com a segurança pode

estar implícita nas funções desenvolvidas no hospital. Entretanto,

para ser efetiva, deve existir alguma compreensão específica do que

fazer e como fazer. Boas intenções devem ser suplantadas por

habilidades específicas, conhecimento relevante e informação técnica


adequada. Dessa forma, impõem-se a necessidade de providenciar a

atuação prática de procedimentos de segurança.

Se de um lado deve estar perfeitamente assegurado o pleno

atendimento as funções fundamentais do hospital:

• a assistência aos doentes,

• o aperfeiçoamento de médicos, enfermeiras e pessoal técnico-

administrativo,

• a participação em programas de saúde pública e medicina

preventiva,

• o incentivo à pesquisa técnica e científica;

de outro, deverá estar garantido um perfeito esquema funcional

ativo, que deverá processar-se para que todo seu complexo

operacional se desenvolva com adequado padrão de qualidade e

serviços de absoluta segurança para o paciente e todo o corpo

técnico.

Quaisquer que sejam as razões, o ambiente hospitalar requer uma

atenção especial em segurança. Profissionais ligados à área

hospitalar estão tornando-se conscientes da importância da relação

entre o individual e a organização coletiva, e a maneira pela qual

os problemas ocupacionais podem estar sendo influenciados pelos

fatores ambientais.

McFARLAND (1986) relata que os procedimentos de segurança, em

especial na área hospitalar, devem ser abordados como uma "doença

não contagiosa, mas de proporções epidêmicas"; recomendando ainda

que especialistas em segurança, como epidemiologistas, concentrem


esforços sobre as interações entre o hospedeiro, o agente e as

variáveis do ambiente. Como epidemia, os aspectos de segurança

devem ser avaliados, analisando a incidência e a relação aos fatores

ambientais.

Há de se ter uma melhor compreensão do ambiente hospitalar, onde

o trabalho com segurança constituir-se-á em sistemas amplos de

prevenção de acidentes, acoplando-se ao dia-a-dia mecanismos

advindos do avanço tecnológico que muito ajudarão neste

monitoramento.
CAPÍTULO II

HISTÓRICO

Os hospitais atuais têm atrás de si uma tradição e constituem um

aspecto inseparável entre a medicina e a prática médica, sendo em

última instância, instituições que alcançam em nossos dias uma

enorme ação social, política e econômica. A trajetória hospitalar

pertence, sem dúvida, ao patrimônio cultural da história da

humanidade.

Como o hospital comportou-se através dos tempos?

As diferentes circunstâncias durante, aproximadamente, dois

milênios de história refletem a interrelação histórica e social que

condicionaram no passado e determinam no presente, não só os modelos

arquitetônicos, como também os fins e a natureza destes centros

assistenciais.

Escritos médicos do século V e VI a.C. por HIPÓCRATES DE COS que

viveu de 460 a 375 a.C., destaca-se como a primeira enciclopédia da

história da medicina, direcionando alguns livros para as

preocupações com o ambiente.

Os livros que integram a coleção hipocrática, correspondem a

concepções e escolas diferentes integrando momentos separados por

quase dois séculos de diferença. Situava-se cronologicamente entre

o ano 430 e 380 a.C., descrevendo sobre a teoria da medicina, a

moral médica, o exercício profissional, saberes anatômicos e

fisiológicos, consagrando-se no prognóstico das enfermidades,

clínica médica, cirurgia, patologia médica e problemas terapêuticos

(RIERA, 1985). Estes livros discorriam sobre "os ares, águas e


lugares", onde Hipócrates alerta ao médico sobre a necessidade de

colocar especial atenção, para o correto exercício profissional, no

clima da localidade, nas variações das estações do ano, os ventos, a

formação da flora, suas águas, valorizando enfaticamente as

referências ao marco geográfico, climático, natural e antropológico.

A história da segurança despertou na Revolução Industrial, na

metade do século XIX. Enquanto as fábricas eram superiores em

termos de produção, foram muitas vezes inferiores em valores

humanos, saúde e segurança, partindo daí os primeiros

questionamentos sobre condições de segurança no trabalho.

Especificamente, a segurança hospitalar começou a ser aplicada

nos hospitais que serviram nas duas grandes guerras mundiais.

Até este momento, os hospitais tinham características puramente

religiosas. O Hospital nasceu como um lugar para isolar os pobres,

um espaço onde se realizava a caridade, e não como um lugar

terapêutico: o personagem ideal do hospital até o século XVIII não é

o doente que é preciso curar, mas o pobre que está morrendo

(FOUCAULT, 1986).

Mas o hospital constituía-se, já no século XVIII, em lugar

insalubre. Na passagem para a Idade Contemporânea, tendo como marco

a Revolução Francesa, surgiu um novo tipo de arquitetura e

organização funcional dos hospitais, qualitativamente diferente de

seus predecessores. Se concretiza, então, como um lugar

privilegiado de prática médica, concebido com um rígido controle,

sobretudo que envolvesse o doente, como a qualidade do ar e a

temperatura do ambiente; além das aplicações farmacêuticas e


cirúrgicas, passou-se a valorizar a ação do meio sobre o doente como

instrumento para debelar sua enfermidade.

A estrutura, organização e finalidade hospitalar têm estreita

correlação com os avanços e progressos tecnológicos. Os hospitais

foram, gradativamente, adequando suas dependências, de acordo com as

exigências e nível científico da medicina. Determinadas

especialidades, com enorme desenvolvimento e incidência social,

exigiram a criação de centros hospitalares especializados.

Entretanto, em termos de segurança, teve-se através dos tempos

ações isoladas. Florence Nightgale, enfermeira na I Grande Guerra

Mundial, com seu posicionamento profissional, ficou como o primeiro

marco histórico.

A evolução hospitalar não foi acompanhada no que diz respeito

aos aspectos insalubres para os especialistas de prática médica.

Assim, como demonstra a literatura, desde Hipócrates, dados do

ambiente eram importantes para cura de pacientes. Através do avanço

tecnológico melhorou-se em muito as intervenções médicas, entretanto

só a partir de 1967, ou seja no século XX, é que começa a ter-se

preocupações claras de incidências danosas ocupacionais a

profissionais da área hospitalar, devido a práticas médicas,

especialmente resíduos de gases anestésicos (VAISMAN, 1967).

O hospital tem uma trajetória secular e universal, cujos

elementos comuns são logo identificados nas várias sociedades e

culturas. A despeito disso, os hospitais em todo mundo cada vez

mais se parecem, resultado, principalmente, da similaridade

progressiva dos perfis epidemiológicos e da aproximação das culturas

dos países que se industrializam e se desenvolvem dentro do mesmo


modo de produção, da universilização e uniformidade das tecnologias

médicas.

A história hospitalar constitui um capítulo inseparável da

história da cultura humana. Alguns aspectos mágicos e sacerdotais

ainda remanescem; afinal, lidar com limiares tão críticos como a

vida e a morte, suscita expectativas desconhecidas.


CAPÍTULO III

ASPECTOS DE SEGURANÇA NO USO DE GASES ANESTÉSICOS

III.1 - Histórico: A prática anestésica

A busca pelo alívio da dor nas intervenções cirúrgicas teve

sempre a atenção dos pesquisadores, já que essa constituía um

empecilho operacional para o desenvolvimento de algumas técnicas de

cura, notadamente a cirurgia. Na cronologia de utilização de

anestésicos (tabela III.1), data do século XIX os primeiros dados

científicos, quando Crawford Long, no ano de 1841, removeu um tumor

do pescoço de um paciente utilizando como agente anestésico éter

dietílico. Em 1844, Horace Wells e Gardner Colton protagonizaram a

primeira demonstração pública anestésica utilizando óxido nitroso e

em 1847, James Simpson, na Inglaterra, descreveu a utilização

anestésica do clorofórmio (SMITH, 1982).

Tabela III.1: Cronologia de utilização dos agentes anestésicos.

Agentes Anestésicos Ano de Introdução


Éter dietílico 1841
Óxido Nitroso 1844
Clorofórmio 1847
Ciclopropano 1933
Tricloroetileno 1934
Fluroxeno 1954
Halotano 1956
Metoxiflurano 1960
Enflurano 1974
III.2 - Introdução

Na evolução hospitalar, ressalta-se a importância de

propriedades com vasopressores e inflamabilidade no uso de

anestésicos, suporte fundamental para que as cirurgias pudessem ser

mais duráveis, melhor restabelecimento de pacientes, etc. Porém,

com o passar dos anos, problemas ocupacionais com anestesistas

começaram a ter espaço na literatura.

O ambiente insalubre dos hospitais e, principalmente, das salas

cirúrgicas, produz alterações patológicas sobre a equipe de saúde,

ocasionando enfermidades ocupacionais (VAISMAN, 1967). A partir

dessa publicação, pioneira no relato de anormalidades entre

anestesistas, outros pesquisadores prosseguiram estudos

pormenorizados, na busca de identificar o nível de letalidade dos

gases anestésicos, discutir mecanismos de segurança; porque, até

então, só se atentava para os efeitos sedatórios dos anestésicos e

não suas implicações de uso. Foram diagnosticadas diversas

anormalidades ocasionadas por anestésicos, provocando, assim, um

questionamento dos procedimentos de segurança na sala cirúrgica.

Na busca de segurança em anestesia, no que diz respeito aos

resíduos ambientais, propõe esse capítulo um estudo bibliográfico

das alterações orgânicas causadas pelas diversas modalidades de

anestésicos, discutir procedimentos de segurança, alertar quanto ao

uso indiscriminado de diferentes anestésicos, avaliar

experimentalmente os resíduos ambientais de anestésicos em centros

cirúrgicos com base nas Normas da NIOSH - National Institute for

Occupational Safety and Health e buscar soluções para a destinação

dos gases anestésicos residuais.


O anestesista estando exposto a longas jornadas diárias, inala

drogas que, pelo seu efeito residual e aditivo, provocados, em

geral, pela concentração ambiental elevada, produzem em seu

organismo diversas alterações com conseqüências nocivas a sua saúde,

ressaltando, dentre outras, o aparecimento de manifestações

gastrintestinais, cutâneas, hematopoiéticas e pulmonares (BRUCE &

BACH, 1975). Observa-se, também, que estas drogas produzem, ainda,

depressão da medula óssea com leucopenia (NUNN et al., 1982a;

PARBROOK, 1967), lesão hepática (CHENOWETH, 1971) e imunodepressão

(VILJANEN et al., 1993), dentre outras.

III.3 - Aspectos teóricos e experimentais

III.3.1 - Anestésicos de uso geral

Em geral, a anestesia é raramente produzida pela administração

de um simples agente e ainda assim, a combinação dos agentes pode

variar consideravelmente, dependendo do treinamento e preferências

do anestesista. A seleção dos agentes é um procedimento complexo

dependente do tipo de intervenção cirúrgica, a condição do paciente,

etc. Na prática cirúrgica atual há grande utilização como

veiculadores anestésicos, o halotano (1,1,1, triflúor-2-cloro-bromo-

etano) e o óxido nitroso (N2O). Uma das poucas substâncias

inorgânicas que produzem anestesia geral é o óxido nitroso. É

formado pela desidratação do nitrato de amônio (NH4NO3), sendo um gás

inerte, incolor, com sabor e odor da noz. Não é explosivo, nem

inflamável, mas com o O2 é um comburente, facilitando as reações de

combustão. Tem hoje amplo uso em anestesia não como agente único,
tendo em vista sua baixa potência anestésica, mas como agente

potencializador dos efeitos anestésicos inalatórios e venosos.

A tabela III.2 demonstra os anestésicos de uso geral,

apresentando suas funções químicas.

TABELA III.2 - Função química dos principais agentes anestésicos.

Grupo Função Grupo Função


Funcional Química Funcional Química
R-H Hidrocarboneto R1-O-R2 Éter
R-OH Álcool R-C≡N Nitrila
Ar-OH Fenol R-X Derivado
halogenado
O Aldeído O Ácido orgânico
|| ||
R-C-H R-C-OH
R-NH2 Amina primária R1-NH-R2 Amina secundária
R1-N-R2 Amina terciária O Amida
| ||
R3 R-C-NH2
O Éster O Sal orgânico
|| ||
R1-C-O-R2 R-C-OMe

Fonte: NOCITE, 1993.

A quase totalidade dos anestésicos habitualmente utilizados são

compostos orgânicos com funções químicas definidas e estabelecidos

na prática médica mundial. Porém, apareceram pesquisadores

preocupados com os efeitos mórbidos causados pelos atuais

anestésicos, tendo-se expectativas de, nas novas descobertas,


aparecerem compostos que tenham um comprometimento metabólico

ínfimo. Para isso, avança-se no melhor conhecimento da

farmacocinética e farmacodinâmica de anestésicos, almejando alcançar

compostos que combinem baixa solubilidade no sangue e grande

estabilidade molecular.

Outro ponto a ser levado em consideração é que o efeito do óxido

nitroso reduz a concentração alveolar mínima de outros agentes

inalatórios, sendo aditivo e não sinergístico, isto é, a analgesia

do óxido nitroso soma-se a do halogenado, diminuindo as necessidades

desse em anestesia cirúrgica.

III.3.2 - Riscos no uso de anestésicos

III.3.2.1 - Introdução

O conceito de poluição causando seqüelas tem se avolumado nos

textos literários, denotando que a atmosfera dos centros cirúrgicos

está invariavelmente contaminada por gases anestésicos.

Na ausência de precauções especiais de sistemas de

descontaminação destes ambientes, aumentará a indução de diversas

anormalidades orgânicas nos profissionais que atuam no centro

cirúrgico, em especial nos anestesistas, pelo efeito cumulativo.

III.3.2.2 - Morbidade entre anestesistas

O primeiro estudo sobre morbidade entre anestesistas foi feito

por VAISMAN na Rússia, em 1967. Este trabalho inspirou vários

autores a experimentações biológicas e pesquisas epidemiológicas, na


tentativa de avaliar o risco ocupacional aos profissionais do centro

cirúrgico.

III.3.2.2.1 - Dano Citogenético

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, o teste de maior

segurança na avaliação de danos genéticos a partir de exposições

ocupacionais por agentes anestésicos, dá-se por estudos

citogenéticos. Alguns autores direcionaram seus estudos para os

efeitos mutagênicos celulares induzidos por gases anestésicos (BADEN

et al., 1976; WHITE et al., 1979; NATARAJAN, 1990). Estas mutações

contribuem significativamente para doenças humanas e malformação

congênita. Em situações típicas de exposição ocupacional, novas

lesões são aplicadas sobre o ácido desoxiribonucleico (DNA) de

linfócitos de indivíduos, os quais, não sendo reparados ou mal

reparados, caracterizam-se como aberrações cromossomiais (NUNN et

al., 1982b).

A freqüência esperada de aberrações pode ser baixa, a menos que

a exposição seja alta, como é o caso de profissionais de longa

atuação no ofício. Tal fato foi descrito por NATARAJAN (1990), em

pesquisa realizada com anestesistas e de alguns profissionais do

centro cirúrgico, com resultados que explicitaram a alta incidência

de metáfases aberrantes nos linfócitos. A incidência aumentada de

aberrações cromossomiais nos casos estudados foi relacionada ao

potencial carcinogênico de agentes anestésicos, uma vez que 90% dos

carcinogênicos são também mutagênicos.

O óxido nitroso (N2O) não é mutagênico sozinho, mas potencializa

o efeito mutagênico de anestésicos voláteis como o halotano que,


também analisado isoladamente, não expressou caráter mutagênico

(WHITE et al., 1979; BADEN et al., 1977; WASKELL, 1978; STURROCK &

STRUMIN, 1985; BASLER & ROHRBORN, 1989). Segundo Baden, o halotano

em combinação com o N2O em experiências de laboratório com Drosophila

evidenciaram mutações letais.

A combinação de N2O e anestésicos voláteis, comumente

administrada à pacientes na maioria das cirurgias, formam os

resíduos ambientais das salas de operação, inalados assim pelo corpo

técnico, em especial os anestesistas, sendo este quadro agravado

onde sistemas de segurança estejam obsoletos ou, ainda pior,

ausentes.

O óxido nitroso oxida o íon cobalto da vitamina B12 inativando-

a, já que essa atua como um cofator na síntese de folato, metionina

e tiamina, e assim interferindo com a síntese de DNA. Exposições a

altas concentrações de óxido nitroso causam anemia megaloblástica,

leucopenia e neuropatia. Mudanças megaloblásticas ocorrem em

pacientes expostos a óxido nitroso por longos períodos, após

múltiplas exposições e no período imediatamente após a operação

(AMOS et al., 1982).

III.3.2.2.2 - Incidência de anormalidades fetais em


bebês nascidos de profissionais
femininos
Outros estudos ressaltam os efeitos às exposições crônicas

residuais de gases anestésicos sobre profissionais femininos,

indicando incidências de anormalidades fetais em bebês provenientes

dos mesmos.
Vários autores têm associado o trabalho operacional de

anestesistas a efeitos deletérios sobre a gravidez, incluindo altas

taxas de abortos espontâneos, malformação congênita e infertilidade

involuntária (COHEN et al.,1971; KNILL-JONES et al., 1972).

Existem dados que suportam a afirmação de que a exposição a

gases anestésicos evidenciam riscos de abortos espontâneos e a

magnitude do aumento deste risco é aproximadamente 30% (BURING et

al., 1985), sendo o agente causativo o óxido nitroso (VANIO, 1987).

PHAROAH et al. (1977) demonstraram que concepções ocorridas quando a

mãe encontrava-se em trabalho de rotina na prática anestésica,

resultavam em taxas maiores de bebês com baixo peso ao nascer, altas

taxas de natimortos e maiores malformação congênita do sistema

cardiovascular, quando relacionadas ao grupo de mulheres de outras

atividades hospitalares. Entretanto, diferenças significativas não

foram encontradas para outras malformações.

III.3.2.2.3 - Hepatite por Halotano

A utilização de halotano induz necrose hepática. Existem alguns

trabalhos que ressaltam a função hepática anormal em anestesistas

expostos a baixas concentrações de halotano no desempenho da função

(LINGS, 1988), e isso tem levado, ocasionalmente, à hepatites

clínicas (BELFRAGE et al., 1966; KLATSKIN & KIMBERG, 1969; STURROCK

& STRUMIN, 1985).

É importante ressaltar, que em todos os casos, os testes para

hepatite infectiva se mostraram negativos. Outro dado é que o


hábito de consumo de bebida alcoólica não influenciou os testes, não

interferindo nos resultados obtidos. Outro dado a ser levado em

consideração é que o desenvolvimento de cirrose após a hepatite

recorrente representou uma parcela desprezível dos casos estudados.

III.3.2.2.4 - Morbidade Psiquiátrica: Suicídio

Dados de mortalidade demonstram um excesso de mortes devido ao

suicídio, como evidencia NEIL e colaboradores em trabalho realizado

em 1987, após uma pesquisa sobre índices de mortalidade entre

anestesistas, na Inglaterra, por um período de 27 anos; o que é

confirmado, também, no estudo em anestesistas americanos quando

comparados a outros médicos de especialidades diferentes, no

trabalho realizado por LEW (1979). Outra conclusão nas pesquisas é

que as taxas de suicídio são particularmente altas entre

anestesistas com menos de 55 anos. BRUCE & BACH (1975) evidenciam

que a taxa de suicídio entre anestesistas é maior do que o dobro

quando comparadas a outros grupos sócio-econômicos da população em

geral.

Mas como seria o perfil psiquiátrico destes especialistas?

Segundo REDFERN (1990) postula-se algumas explanações, como por

exemplo:

- "A anestesia atrai pessoas que são mais prováveis tentar

suicídios que outros médicos."

Anestesistas diferem de médicos em geral, sendo mais tensos e

mais introvertidos (REEVE, 1980). REEVE também aponta que 20% dos

anestesistas têm personalidade com perfil idêntico ao aqueles

pacientes que tentam o suicídio (REEVE, 1984).


- "O trabalho de um anestesista é mais provável assumir a

direção do stress, ansiedade e eventualmente inabilidade de

governar-se."

Característicos períodos de ansiedade aguda, com crise de

questionamento sobre a validade de viver ou morrer, levam a um

significante risco de morte prematura por overdose ou suicídio

(McNAMEE et al., 1987).

A consistência de dados sobre a morbidade psiquiátrica em

anestesistas, indica a necessidade de um aprofundamento nestas

questões. Essa morbidade é causa dos resíduos anestésicos

cumulativos ou o anestesista tem um perfil psicológico diferente?

O incremento nas taxas de suicídio é pertinente a uma reflexão

desta morbidade psiquiátrica.

III.4 - Recomendações de Normas Técnicas

Há muitos sistemas designados para o transporte de gases

residuais e vapores do centro cirúrgico como um todo; todavia,

carecem de regulamentos normativos obrigatórios. Devido a isso,

algumas instituições mundiais estão envolvidas na quantificação

residual de gases anestésicos, destacando-se dentre outras, NIOSH,

dos Estados Unidos, que padronizou níveis residuais máximos em

rotina com óxido nitroso de 25 partes por milhão (p.p.m.). Para

anestéticos halogenados, o limite recomendado é 2 p.p.m. quando

utilizado sozinho e 0,5 p.p.m. em combinação com óxido nitroso.

Estas concentrações limite foram adotadas para todos os centros

cirúrgicos. Entretanto, a maior dificuldade com qualquer avaliação


de níveis anestésicos nas salas de operação é que as concentrações

não são uniformes, variando temporariamente, ou seja, pelo ciclo

respiratório e pelo estágio de operação, além de difundirem

espacialmente no ambiente. Abarca a literatura, recentes técnicas e

procedimentos que indicam resultados efetivos, mas que, ainda,

clamam por padronizações respaldadas por estudos mais profundos de

Instituições Normativas. Sem tirar o mérito das duas publicações

mundiais sobre sistemas coletores, sendo estas, a AENOR (Associacion

Española de Normalizacion y certificacion), com a Norma PNE 110-012,

Anesthetic Gas Scavenging e a NFPA (National Fire Protection Agency,

USA), com a Norma 56-A, Standard for the use of inhalational

anesthetic, ainda assim, é evidente a não difusibilidade de tais

procedimentos, bem como uma avaliação precisa e adequada de cada

situação particular (a que se destina o hospital, quais serão as

cirurgias a serem executadas, qual a complexidade dos sistemas de

segurança, etc.).

III.5 - Avaliação Experimental dos Níveis Residuais de Gases


Anestésicos em Centros Cirúrgicos do Instituto Fernandes
Figueira

III.5.1 - Introdução

Em geral, na prática usual cirúrgica as concentrações utilizadas

são: 60% de óxido nitroso + 1% de halotano. Para que se tenha uma

idéia, em ambientes sem sistemas coletores alcançam-se concentrações

de 120 ppm e 2 ppm, respectivamente.

Para que se meça a contaminação ambiental é necessário que se

leve em conta a taxa de fluxo de ventilação volumétrica no ambiente.


É importante que o volume da sala seja especificado para que se

possa ter idéia do fator de diluição provável ocorrido no ambiente.

III.5.2 - Coleta de Amostras

O tipo de técnica visando a avaliação da poluição ambiental,

depende principalmente das disponibilidades de equipamentos. Têm-se

descrito na literatura duas metodologias: a cromatografia gasosa e

espectrofotometria por infravermelho. Um ponto a ser levado em

consideração é que a espectrofotometria por infravermelho de baixas

concentrações de halotano induz a resultados duvidosos, pela

susceptibilidade da técnica a interferência por álcoois. Devido a

isso, os experimentos práticos foram feitos utilizando-se a técnica

da cromatografia gasosa.

Os primeiros trabalhos a se deterem em tais procedimentos como o

de AUSTIN et al., (1978) evidenciaram técnicas de coleta de amostras

para análises por cromatografia gasosa, empregando seringas

plásticas, de vidro ou ainda sacos de nylon.

Outra possibilidade de medir concentrações de halotano e óxido

nitroso, com cromatografia gasosa, é um método que determina as

concentrações dos gases tanto no ambiente como no sangue. É o método

proposto por DOUGLAS et al., (1970).

III.5.3 - Testes

Devido aos fatos expostos anteriormente, realizaram-se

experimentos utilizando a técnica da cromatografia gasosa nos

laboratórios do Instituto de Biofísica (UFRJ), de Química Analítica

(Fiocruz), de Química da Universidade Santa Úrsula, de amostras


colhidas no Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, utilizando o

equipamento Air Sampler (Gallenkamp & Co. Ltd).

O ar residual foi amostrado continuamente no primeiro momento

com sistema coletor (Sistema Venturi + Ventilação) e, depois, sem

sistema coletor, durante sessões de intervenções cirúrgicas e os

resultados obtidos representam a média dos níveis residuais de

agentes anestésicos durante a sessão de coleta. As amostras foram

colhidas num raio de 1,5 m em torno da mesa cirúrgica, em cirurgias

de pelo menos 1/2 hora, 60-70 cm acima da cabeça do paciente. O

fluxo de gases foi de aproximadamente 9 l/min.

III.5.3.1 - Metodologia empregada na Coleta de Gases


Anestésicos
A técnica envolvida nesta etapa foi a de adsorção química dos

gases, empregando-se tubos de adsorção específicos para a pesquisa

de halotano e para a pesquisa de óxido nitroso, os quais se

constituíam internamente com 0,8 g de material adsorvente e um

suporte cromatográfico. Após a sessão de coleta os tubos foram

submetidos a uma desabsorção térmica e procedeu-se a análise por

cromatografia gasosa.

III.5.3.1.1 - Medições da Concentração de Halotano

As concentrações de halotano foram medidas com a utilização de

um detetor de ionização por chama a 250°C, após separação em coluna

de vidro de 2,13 m, com um diâmetro interno de 3,18 mm, a 80°C,

através de um suporte sólido (Chromosorb W - 100/120 malhas),


tratado com óleo de silicone OV-101. O gás carreador utilizado foi

Hélio com um fluxo de 20-50 l/min e o volume de amostra de 0,1 ml.

III.5.3.1.2 - Medições da Concentração de Óxido


Nitroso
As concentrações de óxido nitroso foram medidas com a utilização

de um detetor de captura eletrônica, com fonte radioativa de

Níquel 63 (espaço de pulso de 150 µs) a 250°C, após separação em

coluna de vidro de 3 m, com um diâmetro interno de 3,2 mm, a 80°C,

através de um suporte sólido (Porpaq Q - 80/100 malhas). O

carreador usado foi Argônio com um fluxo de 25 l/min e o volume da

amostra de 0,5 ml.

III.5.4 - Resultados

Chegou-se aos seguintes resultados (tabela III.3) de

concentração residual média de óxido nitroso e halotano, com sistema

coletor e sem sistema coletor. O procedimento de análise foi

baseado nas normas da NIOSH.


Tabela III.3: Expressa a concentração residual em ppm encontrada no
centro cirúrgico de óxido nitroso e halotano, com sistema coletor e
sem sistema coletor.

Procedimentos Óxido nitroso (ppm) Halotano (ppm)

Sem sistema coletor (n=3) 108 - 269 - 430 3 - 1 - 7

Com sistema coletor (n=7) 13 - 53 - 32 - 25 - 0,3 - 1,3 - 0,4 -

29 - 42 - 38 0,8 - 0,7 - 0,8 -

1,7

Legenda: n = número de amostras colhidas para teste

ppm = partes por milhão

Para melhor visualização dos resultados obtidos, expressam-se

graficamente valores em ppm comparativos do uso de anestésicos, com

sistema coletor e sem sistema coletor (gráficos III.1 e III.2).

Gráfico III.1: Concentração residual de valores em ppm de óxido


nitroso

500

450

400

350

300
Sem Sistema Coletor
250
Com Sistema Coletor
200

150

100

50

0
Gráfico III.2: Concentração residual de valores em ppm de
halotano

4 Sem Sistema Coletor


Com Sistema Coletor
3

III.6 - Discussão

A poluição na sala de cirurgia deve ser monitorada e caminhos

encontrados para minimizar as fontes de poluição. Os fatores que

afetam as concentrações residuais dos gases anestésicos para os

quais o pessoal do centro cirúrgico está exposto, em especial os

anestesistas, são muitas (geralmente níveis acima dos recomendados),

mas incluem a ventilação da sala, o sistema coletor de resíduos

ambientais e o tipo de circuito anestésico em uso.

No hospital em que foi feita a avaliação, a mecânica de

despoluição está prejudicada pelo sistema de ar condicionado, com

previsão nominal de 5 a 7 trocas/hora, o que é muito aquém de

eficiência prevista na literatura (25 trocas/hora), ficando em torno

de 70% ineficiente, corroborando com os resultados ruins observados

nas medições.

Os resultados indicaram níveis médios acima dos recomendados

pela NIOSH, tanto para halotano (3,6 ppm sem sistema coletor e 0,85
com sistema coletor), quando o indicado é no máximo 0,5 ppm; quanto

para óxido nitroso (269 ppm sem sistema coletor e 33 com sistema

coletor), quando o indicado é no máximo 25 ppm.

Este dado reforça a posição de que a monitoração ambiental em

centros cirúrgicos deva fazer parte de um programa de controle

residual de gases anestésicos. Outro ponto, também, é sistematizar

o controle de eficiência dos sistemas despoluidores utilizados na

prevenção residual de anestésicos

As evidências apresentadas constituem motivação suficiente para

que se estude o problema de concentração de vapores anestésicos

residuais em salas cirúrgicas, utilizando para isso, como ferramenta

básica, dados da engenharia clínica na instalação ou adequação dos

sistemas coletores e uma coleta aleatória para medição dos níveis

residuais dos gases e a verificação periódica dos equipamentos

anestésicos.

III.7 - Recomendações para a prevenção da Poluição Ambiental por


Gases Anestésicos
No intuito de diminuir-se as concentrações dos agentes

anestésicos inalacionais para os quais os anestesistas estão

expostos, sistemas coletores foram introduzidos nos anos 70. A

extensão da poluição ambiental depende basicamente de:

- a quantidade de vapores anestéticos empregada;

- o tamanho e estrutura arquitetônica do centro cirúrgico;

- a eficiência do sistema coletor;

- a quantidade de resíduos oriundos do escapamento dos

equipamentos anestéticos.
Classifica-se o centro cirúrgico, para efeitos de avaliação da

contaminação ambiental por gases anestésicos, em três (3)

categorias:

- salas sem sistema de ventilação ou sistema coletor;

- salas com sistema coletor;

- salas com sistema de ventilação.

A redução a traços da poluição ambiental de gases e vapores é

bastante difícil de ocorrer, devido a vazamentos através das

máscaras e através das conexões das mangueiras. Porém, é possível

diminuir drasticamente suas concentrações pelo cuidado em não

permitir escapes gasosos pelo uso de sistemas e fluxos menos

poluidores e, principalmente, pela utilização disseminada de

sistemas antipoluidores.

III.7.1 - Sistemas Coletores

Uma variedade de controles para a eliminação dos agentes

anestésicos residuais devem ser incorporados aos sistemas de

anestesia. Estes sistemas são comercialmente acessíveis, embora em

certos casos, com modificações efetivas possam ser fabricados nas

oficinas do hospital. Todos os sistemas coletores devem coletar os

gases residuais e dispo-los em algum ponto seguro.

III.7.1.1 - Sistemas Ativos

Este sistema proporciona a movimentação de gases, expelindo-os

para a atmosfera.
III.7.1.1.1 - O efeito Bernoulli e o Sistema Venturi

O sistema venturi, em linhas gerais, consiste em um tubo que tem

na sua parte alongada uma constrição (figura III.1). Utilizando o

efeito Bernoulli, quando o gás passar através do tubo será acelerado

ao encontrar essa constrição.

Figura III.1. Esquema geral de funcionamento do sistema venturi

Dessa forma, obtêm-se um fluxo aéreo de escape direcionado,

utilizando o efeito Bernoulli, com fácil adequação no sistema de

infra-estrutura do centro cirúrgico e que, segundo VANE et al.

(1990) e WARD (1987), a concentração residual atingiria níveis

razoáveis semelhantes àqueles preconizados pela NIOSH.

Contudo, é importante ressaltar que esta adequação subentende

uma complementação fundamental do sistema de ventilação,

proporcionando um incremento valoroso no fluxo de ar que será

expelido para a atmosfera. Em alguns modelos de venturi existem

depressões no intuito de vencer a perda de carga que o sistema

necessita, gerando pressão negativa no interior do sistema para que


se utilize, a princípio, as correntes de ar natural em seu

funcionamento.

Sem dúvida, com os recentes estudos de introdução e uso

generalizado de sistemas coletores no centro cirúrgico, sobretudo de

países da Europa, têm-se obtido queda de concentrações nos níveis de

agentes anestésicos voláteis.

III.7.1.1.2 - Utilização de Linhas de Vácuo

Nesse sistema adapta-se uma linha de vácuo na mangueira de saída

condutora do volume de gás exalado, direcionando-o a local de escape

seguro. Esse sistema deve ter uma pressão balanceada para que se

evite uma pressão negativa excessiva ao paciente (não mais que 5

mmHg).

III.7.1.1.3 - O Sistema de Ar condicionado

A freqüência de trocas de ar no centro cirúrgico, levando-se em

conta a capacitação de ar no ambiente e, consequentemente, a

depuração do mesmo em virtude dos resíduos ambientais, induz uma

adequação física das instalações, o que na prática demonstra ser de

qualidade excelente a ocorrência de 27 trocas de ar/hora. (DAVENPORT

et al., 1980).

III.7.1.2 - Sistema por Absorção

A utilização de métodos alternativos se torna eficaz, dependendo

da natureza e periodicidade de manipulação com gases anestésicos

(ex.: pequenas cirurgias), proporcionando a remoção de vapores

anestésicos voláteis com a utilização de carvão ativado na forma


compacta (aldasorber). Esse produto comercializado é de

possibilidade imediata de utilização e tem grande valia quando o

agente anestésico é o halotano. Porém, não demonstra efetividade

quando o agente indutor anestésico é o óxido nitroso (WARD, 1987).


CAPÍTULO IV

A ÁGUA EM UNIDADES DE SAÚDE

IV.1 - Introdução:

A linha geral sobre a qualidade da água é a proteção à saúde

pública, visando assegurar a confiabilidade do fornecimento através

da eliminação ou redução a concentrações mínimas de contaminantes

químicos ou biológicos, sabidamente perigosos à saúde. A proposta

desse capítulo é analisar os critérios usados para identificar estes

contaminantes da água, bem como avaliar a qualidade da água em

unidades de saúde.

Água pura é um produto artificial, assim as águas naturais

possuem substâncias em sua composição, em solução ou em suspensão, em

proporções muito variadas, podendo modificar consideravelmente as

propriedades, os efeitos e os usos.

A água de uso hospitalar deve ter suas características físico-

químicas e biológicas controladas e dentro de parâmetros de qualidade

definidos, em especial a de uso para hemodiálise a qual tem

fundamental importância para pacientes crônicos, uma vez que estes

usam água com muita freqüência para seu tratamento (anexo I). Deve

estar isenta de microrganismos e com os constituintes químicos dentro

dos limites preconizados (American Public Health Association).

A qualidade da água de uso hospitalar deve ser avaliada levando-

se em consideração que a mesma deve atender aos seguintes aspectos:

• não carrear poluentes além dos níveis permitidos;

• receber tratamento prévio dos resíduos ou agentes poluidores;


• possibilitar a detecção e correção de perigos potenciais no que se

refere a patógenos;

• não ser contaminada em qualquer parte do seu ciclo, por despejos

radioativos ou metais pesados provenientes dos laboratórios.

IV.2 - Aspectos teóricos

IV.2.1 - Constituintes Básicos da Água

A água possui constituintes químicos que estão presentes de

acordo com a composição do solo, tais como: fósforo, flúor, cloro,

ferro, manganês, cálcio, magnésio, nitratos, sulfatos, cromatos e

fosfatos; sendo diretamente importantes para o crescimento da fauna

microbiana, na prevenção da cárie dentária, com características de

desinfecção e controle microbiológico. Outros como o ferro, quando

exposto a altas concentrações de oxigênio, transforma-se na forma

férrica, insolúvel e estável, que se precipita dando a água uma cor

ferruginosa, causando problemas às instalações hidráulicas.

Os constituintes indesejáveis da água são indiscutivelmente

aqueles que são capazes de ter impacto direto sobre a Saúde Pública e

para os quais os valores padrões foram estipulados. Sistemas

efetivos para remoção destes contaminantes são de uso comum e incluem

técnicas tais como: destilação, osmose reversa, cloração, floculação

e decantação, filtração em leitos de areia, adsorção por carvão

ativado, troca iônica e filtração ultrafina.

Os problemas associados com constituintes químicos tornam-se

evidentes, primeiramente, por sua habilidade de causar efeitos

adversos após períodos prolongados de exposição e, em particular são


contaminantes que possuem propriedades tóxicas cumulativas, tais como

metais pesados e substâncias carcinogênicas. Da mesma forma podem na

presença de outros constituintes orgânicos e inorgânicos, formarem

subprodutos também perigosos e a avaliação desses não considera o

potencial de interação de cada substância com outros compostos

presentes.

Apesar da literatura mundial estar balizada em determinados

parâmetros de avaliação da qualidade da água de uso geral, sem ater-

se em caráter especial à de uso hospitalar, testes básicos devem ser

feitos em intervalos regulares de acordo com a capacidade do

abastecimento, estoque da água, periodicidade de manutenção, etc; bem

como testes aleatórios que busquem a avaliação de possíveis

contaminantes eventuais, mas de qualquer modo perigosos, podendo-se

destacar:

- arsênio

- bário

- cromo hexavalente

- herbicidas

- cianetos

- inseticidas

- selênio

IV.3 - Recomendações por Normas Técnicas

A Organização Mundial de Saúde (1987) expressa os cuidados com a

qualidade da água de uso hospitalar quanto as suas características

físicas, químicas e biológicas, uma vez que várias doenças

importantes podem ser transmitidas por veiculação hídrica destacando-


se: Febre tifóide, paratifóide, as disenterias (amebianas e bacilar),

hepatites infecciosas, gastroenterites, esquistossomose e cólera.

A potabilidade da água refere-se a presença de até 04

coliformes/100 ml. Pesquisas freqüentes de organismos fecais

significa o mais sensível e específico modo para assegurar a

qualidade higiênica da água (Code of Federal Regulations - FDA/USA).

Escherichia coli pode ser usada como indicador da poluição fecal ou

eficiência de tratamento.

IV.4 - Metodologia empregada para análises laboratoriais

As metodologias empregadas para análises laboratoriais envolvem

uma padronização de métodos de laboratório de grande importância,

visando que a qualidade da água testada seja uniforme em diferentes

Laboratórios Nacionais e Internacionais, como as preconizadas pela

International Organization for Standardization.

IV.4.1 - Coleta de Amostras

As amostras foram coletadas em laboratórios do Campus da Fiocruz

em drenos localizados imediatamente após filtragem (figura IV.1), em

volumes de 250 ml, acondicionadas em frascos de vidro neutro

estéreis, mantidos a 4°C, em geladeira, até a realização das provas

(prazo máximo 48 horas), seguindo as orientações da NBR 9898 (1987).


Figura IV.1: Esquema básico de Filtragem de Água

IV.4.2 - Testes Químicos

Foram realizados testes nas amostras coletadas no Departamento

de Saneamento Saúde Ambiental, da Escola Nacional de Saúde Pública -

Fiocruz, analisando a água utilizada nos diversos setores localizados

no Campus da Fiocruz, em especial, os laboratórios de pesquisa e a

Unidade hospitalar (Hospital Evandro Chagas).

Apesar de ter em consideração a complexidade do experimento,

direcionei o trabalho, primeiramente, para ensaios laboratoriais

químicos, por já ter identificado a presença de filtros com resinas

de troca iônica nestes setores antes da distribuição pela respectiva

Unidade, o que impossibilitaria a princípio uma contaminação

biológica expressiva.
IV.4.2.1 - Alcalinidade

A alcalinidade é causada por sais básicos, em especial o sódio e

o cálcio. O sistema químico predominante na água natural é o

equilíbrio dos íons bicarbonato e carbonato, tendo usualmente maior

prevalência o íon bicarbonato. Apesar da alcalinidade estar sempre

associada a outros constituintes e de não ter nenhum significado

sanitário, ainda assim expressa indicações do grau de tratamento da

água, pelo balanceamento iônico.

IV.4.2.2 - Dureza Total

A dureza é definida como a soma de cátions polivalentes

expressados em uma quantidade equivalente de CaCO3, sendo que os

cátions mais comuns são os de cálcio e de magnésio. Uma importância

particular de dureza elevada é a tendência para o desenvolvimento de

incrustação de carbonato de cálcio. Outro problema é que águas com

níveis pequenos de dureza, em função do pH e oxigênio dissolvido,

podem ser corrosivas, atacando principalmente equipamentos.

IV.4.2.3 - Cálcio

O cálcio é um dos elementos mais freqüentes na água nas

condições naturais. Outro ponto importante é que o corpo humano

necessita de doses diárias de cálcio, nos níveis de 0,7 a 2,0 mg/dia.

IV.4.2.4 - Magnésio

O magnésio é um elemento indispensável ao homem e também

comumente encontrado na água.


IV.4.2.5 - Cloretos

Em geral concentrações de cloreto de cálcio e cloreto de sódio

aparecem na água dissolvidos na forma iônica, sendo indicativos do

sabor da água.

IV.4.2.6 - Ferro Total

Quando a concentração férrica encontra-se acima dos níveis

atóxicos (≤0,3 mg/l) é favorável ao desenvolvimento das ferro-

bactérias, aliada a necessidade humana diária ser também em torno de

0,3 mg/dia. Quando a água ressalta o caráter ferruginoso,

apresentando concentrações superiores a este valor, proporciona danos

sérios às instalações hidráulicas.

IV.4.2.7 - Nitratos

O nitrogênio apresenta-se na água em várias formas dependendo do

nível de oxidação, entretanto, o nitrato é a forma mais oxidada do

nitrogênio, com indicativos de ser o ânion mais estável. Em altas

concentrações aparecem como indicadores de grande contaminação

biológica, propiciando enorme fonte nutritiva a microrganismos.

IV.4.2.8 - Cloro Residual

A cloração da água tem sido aplicada em situações de emergência

desde 1850, período que corresponde ao término das grandes epidemias

(Peste Negra - Europa, Cólera Asiática - Londres, Cólera - Hamburgo,

Febre Tifóide - Suíça, etc.). A importância da desinfecção da água

está intimamente ligada ao problema da sua segurança sanitária,

conseguida através da eliminação dos agentes capazes de produzir as


doenças de veiculação hídrica. Dessa forma, o emprego da desinfecção

no tratamento da água permitiu que se conseguissem resultados

excelentes na eficiência do sistema de controle com a eliminação de

vários tipos de doenças.

Outro ponto é que desinfetantes químicos usados no tratamento da

água resultam na formação de subprodutos, alguns potencialmente

perigosos. Contudo, o risco à saúde a partir desses subprodutos são

extremamente pequenos em comparação com os riscos associados a uma

desinfecção inadequada.

IV.4.3 - Testes Físicos

IV.4.3.1 - Cor

A água quimicamente pura e isenta de partícula em suspensão

reflete uma cor azul. Essa cor é o resultado da refração da luz

pelas moléculas da água.

IV.4.3.2 - Turbidez

A turbidez é provocada pela presença de impurezas orgânicas e

inorgânicas em suspensão, desde a fina dispersão coloidal até

suspensão grosseira. As impurezas orgânicas (microrganismos, óleos,

gorduras, etc.) e as impurezas inorgânicas (argila, areias, sílica,

etc.), geralmente, são provenientes da erosão dos solos por efeito

das chuvas, da poluição das águas pelos esgotos ou resíduos

industriais. Assim, o grau de turbidez depende da concentração e da

natureza das impurezas, bem como do tamanho destas partículas.


IV.4.3.3 - pH

O pH (logaritmo do inverso da concentração de íons hidrogênio)

em abastecimento de água é significativo pois diz respeito ao

processo de tratamento da água e pode contribuir para a corrosão das

instalações hidráulicas e do sistema de distribuição, adicionando

contaminações de ferro, cobre, zinco e cádmio.

IV.4.4 - Testes Microbiológicos

Os patógenos quando presentes na água, em certas ocasiões,

propiciam o aparecimento de doenças, principalmente as legioneloses

(PACHERE, 1993). Em tais casos, essas doenças se tornam sérias

devido a multiplicação dos microrganismos, sobretudo onde não ocorra

atenção especial no tratamento e inspeção da água utilizada.

Após a liberação do corpo do seu hospedeiro, os microrganismos,

gradualmente, perdem viabilidade e a habilidade de infectar. A taxa

de decaimento é usualmente exponencial; porém, devido a presença de

nutrientes, esses microrganismos podem ter grau infectivo durante o

decaimento e, ainda assim, serem importantes veículos de transmissão

de doenças.

IV.4.4.1 - Procedimentos Experimentais

1) Material utilizado:

- placas de Petri com agar lactosado.

- séries de garrafas Roux com 100,0 ml de caldo lactosado.

- séries de tubos com 10,0 ml de caldo verde brilhante,

contendo tubos de Durhan.


2) As amostras das águas a serem testadas foram filtradas em volumes

de 100,0 ml, em filtros com membrana esterilizante (0,45µ).

Inoculou-se cada membrana em garrafas Roux contendo caldo lactosado e

incubou-se em estufa bacteriológica a 35ºC, durante 48 horas.

3) As que tiveram crescimento bacteriano, inoculou-se 0,1 ml de cada

garrafa em tubos com caldo verde brilhante com tubos de Durhan e em

placas de Petri com agar lactosado e tornou-se a incubar a 35°C por

24/48 horas, para confirmar em caso (+), a presença de coliformes.

Após 48 horas houve crescimento bacteriano com formação de gás,

caracterizando a presença de coliformes. Para confirmação procedeu-

se o exame microscópico (Gram), observando-se a presença de

coliformes (Gram negativo).

IV.5 - Resultados

Os resultados das análises químicas, análises físicas e análises

microbiológicas estão consolidados nas tabelas IV.1, IV.2 e IV.3,

respectivamente.
Tabela IV.1: Resultados das análises químicas

Testes Valores obtidos Métodos


(mg/l)
Alcalinidade
a hidróxidos 0
a carbonatos 0 determinação direta
a bicarbonatos 38
Dureza Total 46 determinação direta
Cálcio 8,8 EDTA
Magnésio 5,83 determinação direta
Cloretos 150 Mohr
Ferro total 0,05 ortofenantrolina
Nitratos 2,66 ácido fenoldisulfônico
Cloro residual 0,9 ortotolidina

Tabela IV.2: Resultados das análises físicas

Testes Valores obtidos Métodos

Cor 13 unidades Hazen aqua tester

Turbidez 6 unidades Jackson turbidímetro de Hellige

pH 6,4 potenciométrico

Tabela IV.3: Resultados das análises microbiológicas

Testes Valores obtidos Métodos

Agar lactosado + microbiológico

Caldo lactosado + microbiológico

Caldo verde brilhante + Gram


(06)
IV.6 - Discussão

Os resultados indicam que a avaliação da água de serviço

apresenta aspectos físicos e químicos dentro dos padrões globais;

entretanto, em nível microbiológico, apresenta uma indicação

ligeiramente acima do limite preconizado para critérios de

potabilidade. Como a característica do hospital do Campus da Fiocruz

não prevê pacientes em estado pós-operatório, não indica portanto

perigo iminente de contaminação, mas precisando rever o sistema de

filtragem e monitorar a qualidade da água, incluindo pesquisa para

identificar a possível presença de Legionella pneumophila (Centers

for Disease Control and Prevention, 1992).

A eficiência dos filtros na remoção de bactérias varia com a

carga de bactérias e com um efetivo pré-tratamento; e, em

determinadas situações, não se pode excluir a desinfecção da água

após a filtração. Entretanto, hoje a literatura é clara nos diversos

controles da água, principalmente em áreas hospitalares com

especialidades médicas de ponta, necessitando testes rotineiros e em

pontos escolhidos ao acaso da linha de água e em alguns casos da água

de abastecimento da fornecedora, para que na observância de

alterações da qualidade da água, ter-se resultados que possam

auxiliar a manutenção do prédio das ações a serem tomadas.

IV.7 - Recomendações quanto a doenças de veiculação hídrica

Com a descoberta em 1977 (McDADE et al.) de um patógeno de

veiculação hídrica (Legionella pneumophila), causador de pneumonia, a

qual, em certos casos, tem comprometimento direto com a morte em

pacientes em fase de recuperação operatória; surgiram em alguns


centros internacionais, pesquisas direcionadas a avaliação da

presença, grau de infectividade e modo de controle da água (ATLAS et

al. 1995).

Haugh e colaboradores (1990), concluíram que 5,3% das amostras

estavam contaminadas com L. pneumophila, (Dublin Hospital), com

contagens variando de 3,0x10² - 2,5x10³ /litro. Outro dado importante

foram as pesquisas realizadas por Bollin et al. (1985) e WOO et al.

(1986), demonstrando potencial modo de transmissão de L. pneumophila

através de chuveiros, humidificadores e aparelhos de ventilação

pulmonar. Contudo, em circunstâncias especiais, são indispensáveis

testes complementares a, principalmente, enteroviroses e

legioneloses.
CAPÍTULO V

A IMPACTAÇÃO AMBIENTAL PELO ESGOTO

V.1 - Introdução

Esse capítulo está direcionado a observância da impactação

ambiental causada pelos despejos de laboratórios de Unidades de

Saúde, os quais trabalham com vários agentes etiológicos causadores

de inúmeras doenças.

Os corpos d'água (rios, lagos, lagoas, etc.), têm

características físicas e químicas que influenciam enormemente o

ambiente aquático, afetando os tipos e número de organismos que aí

se desenvolvem. Quantidades adicionais de material orgânico,

nitrogênio e fósforo oriundos das águas de drenagem e de despejos,

resultam num maior crescimento de fitoplâncton e acúmulo de

biomassa, com trocas em organismos presentes. Se a quantidade de

material orgânico for bastante elevada, o oxigênio dissolvido pode

ser reduzido e causar impacto adicional no balanço da comunidade

aquática.

A Lei Federal n° 6938 (1981), que dispõe sobre a Política

Nacional do Meio Ambiente, discorre sobre poluição como a ″degradação

da qualidade ambiental″ resultante de atividades que direta ou

indiretamente:

• prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

• criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;

• afetem desfavoravelmente a biota;

• afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente;


• lancem matérias ou energias em desacordo com os padrões ambientais

estabelecidos.

Tais considerações redundam em sistemas de saneamento que se

desenvolvem em função do estabelecimento de prioridades relativas às

fontes de energia mais usadas, dentre as quais, o sistema de

tratamento de esgoto. A Organização Mundial de Saúde (1987), define

saneamento como o "controle de todos os fatores do meio físico do

homem que exercem ou podem exercer efeito deletério sobre seu bem-

estar físico, mental ou social".

Os crescentes usos requerem a construção de sistemas de

esgotamento maiores e em maior número, observando, principalmente no

âmbito hospitalar, o tratamento preliminar, devido a uma grande

quantidade de microrganismos nesses despejos, evitando que esses

possam servir como veículos que facilitem a transmissão de doenças

aos usuários a jusante do corpo receptor. Assim, de uma forma

global, saúde, saneamento e controle da poluição se relacionam

diretamente.

O estabelecimento de um sistema de esgotos adequado para um

hospital exige um trabalho cuidadoso de engenharia. A determinação

de dimensões necessárias das tubulações está relacionada com a

estimativa da quantidade de águas servidas, estabelecendo dimensões

e declividades convenientes para as canalizações. É essencial que a

aplicação ótima de tais tecnologias seja incorporada dentro de uma

infra-estrutura contemporânea de tratamento de esgoto, para

maximizar os benefícios de controle ambiental.


V.2 - Aspectos teóricos

V.2.1 - Constituintes químicos

De uma forma geral, o esgoto pode ser caracterizado de

diferentes maneiras. É sabido que o conteúdo do esgoto determina as

características do manuseio, estabelecendo, também, as metodologias

de uso destas.

Direciona-se tais testes para determinar a porção volátil de

sólidos devido a presença de materiais orgânicos. Estes são

fundamentais e muito necessários às características analíticas do

esgoto.

Nitrogênio orgânico

Fornece a matéria nitrogenada total existente no líquido,

excetuando a existente em forma de nitrogênio amoniacal, nitritos e

nitratos e se transforma em amoníaco por decomposição anaeróbia e em

nitritos e nitratos pela aeróbia.

Nitrogênio amoniacal

Acusa a quantidade de nitrogênio existente em forma de hidróxido

de amônia e sais amoniacais.

Nitrogênio albuminóide

É o amoníaco que se desprende quando se aquece o líquido

residual com uma solução alcalina de permanganato de potássio.


Gás sulfídrico

Sua presença no líquido do esgoto indica decomposição anaeróbia.

Em grandes quantidades dá odores na estação de tratamento, o que

significa demanda química de oxigênio.

Nitritos e nitratos

O ensaio de nitritos indica a quantidade e nitrogênio que foi

parcialmente oxidado enquanto que o de nitratos mostra o progresso

da completa oxidação e estabilidade.

Cloretos

Os efluentes hospitalares são mais ricos em cloro. Sua medida é

útil para determinar o período de detenção nos tanques de

sedimentação.

Demanda química de oxigênio (DQO)

Tem por finalidade avaliar a combustão química úmida de todo o

material carbonatado da amostra.

Oxigênio dissolvido

O esgoto fresco pode conter uma pequena quantidade de oxigênio

dissolvido procedente do abastecimento d'água, mas após tratamento

completo, sua presença torna-se uma indicação muito importante da

eficiência do mesmo. A redução para menos de 3 a 5 mg/l pode causar

impactação adversa no ambiente aquático.


Demanda de cloro

A cloração de líquidos residuários tem caráter de desinfecção.

A demanda será a diferença entre a quantidade adicionada e o

residual.

Valor do pH

É a concentração de íons hidrogênio. O líquido residuário

oxidado terá um pH de cerca de 7,3. Este ensaio é o mais importante

no tratamento do esgoto e indica normas para o estabelecimento de um

valor ótimo e bem definido de pH.

Demanda bioquímica de oxigênio (DBO)

Misturando-se o oxigênio com um esgoto que contenha bactérias,

produzir-se-á a decomposição aeróbia da matéria orgânica instável

até que seja atendida a sua necessidade de oxigênio. A quantidade

de oxigênio absorvido durante este processo (DBO), dá uma indicação

importante sobre a quantidade de matéria orgânica contida na

amostra. Expressa-se na forma diferencial:

dL
= − KL
dt

onde:

L= demanda de oxigênio

t= tempo em dias

K= constante associada com dias e temperatura


V.2.2 - Constituintes físicos

O esgoto sanitário é composto de 99,9% de água e 0,1% de sólidos

em suspensão e em solução, com DBO da ordem de 250 mg/l (VIEIRA,

1993). Seu tratamento é essencial para a proteção da saúde pública,

e regulamentações seguras devem ser observadas para o lançamento de

efluentes líquidos de unidades de serviços de saúde, pois cerca de

50 tipos de infecções podem ser transmitidas (FEACHEM et al., 1988).

Os mecanismos específicos envolvidos incluem biodegradação,

através da biosíntese de enzimas, acumulação, precipitação

biologicamente induzida, filtração biológica e a formação de

barreiras biológicas. Assim, a biodegradabilidade do efluente

envolve diversos fatores, ressaltando-se dentre outros: o pH, a

presença de substâncias químicas, os tipos de microrganismos, a

concentração de oligoelementos e nutrientes, o teor de sais e a

temperatura do efluente (NT-202, 1986).

V.2.3 - Riscos potenciais do esgoto

O vírus HIV tem sido detectado em vários fluidos corporais

(saliva, sêmen, leite materno), secreções cervicais e em fezes.

Entretanto, ANSARI et al. (1992) detectaram sua presença em

efluentes hospitalares através da reação em cadeia por polimerase.

Entendo que a transmissão de HIV ocorre através de contato sexual,

via parenteral e perinatalmente da mãe para o feto. E o fato de

vírus patogênicos que são liberados nas fezes de indivíduos

infectados serem freqüentemente detectados em sistemas de águas

servidas (CASSON et al., 1992), tem levado pesquisadores a

identificar outras fontes de contaminação, como YOLKEN & VISCIDI


(1991), os quais argumentam que os vírus HIV liberados nas fezes

podem ter um importante papel na transmissão a hospedeiros que

possam utilizar, sobretudo por ingestão oral, as águas advindas e

não tratadas ou mal tratadas, contaminadas por esses agentes

infecciosos no despejo do esgoto ″in natura″ ao corpo receptor.

V.3 - Recomendações de Normas Técnicas

Realizaram-se várias análises laboratoriais a fim de determinar

as características dos líquidos residuários, assim como a qualidade

do tratamento, para que se possa drenar à rede coletora dentro dos

limites recomendados.

Para a determinação da DBO, (DBO5), orientei-me na metodologia

padronizada pela FEEMA (MF 439.R1, 1981).

Para a determinação da DQO, orientei-me na metodologia

padronizada pela FEEMA (MF 440.R1, 1981).

Em geral, um esgoto sanitário apresenta potencial de risco à

saúde da população pela presença de diversos patógenos (tabelas V.1,

V.2, V.3 e V.4), uma vez que possuem, em média, concentrações de

microrganismos, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (1987),

pode-se assim agrupar:


Tabela V.1: Patógenos Helmintos
HELMINTOS NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml
ANCYLOSTOMA ATÉ 10³
ÁSCARIS ″
ENTEROBIUS ″
FASCÍOLA ″
HYMENOLEPIS ″
NECATOR ″
SCHISTOSSOMA ″
STRONGYLOIDES ″
TAENIA ″
TRICHURIS ″

Tabela V.2: Patógenos Protozoários


PROTOZOÁRIOS NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml
BALANTIDIUM ATÉ 10³
ENTAMOEBA ″
GIARDIA ″

Tabela V.3: Patógenos virais


VÍRUS NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml
ADENOVÍRUS 10²-104
ENTEROVÍRUS ″
VÍRUS DA HEPATITE A ″
REOVÍRUS ″
ROTAVÍRUS ″

Tabela V.4: Patógenos bacterianos


BACTÉRIAS NÚMERO DE MICRORGANISMOS/100 ml
COLIFORMES 106-109
SALMONELLA 101-104
SHIGELLA 101-104
STREPTOCOCCUS 105-106
VIBRIO 103-105
YERSÍNIA 101-102

Fonte: World Health Organization, Technical Report Series, 1987.


V.4 - Avaliação experimental

V.4.1 - Coleta de Amostras

Procedeu-se a coleta de amostras (representação esquemática -

figura V.1) após tratamento e a representação de outros pontos

identificam o funcionamento da estação como um todo, dando a idéia

do conjunto. A metodologia de coleta, preservação e análises de

amostras, seguiram a indicação do ″Standard Methods for the

Examination of Water and Wastewater″ (1989).

Figura V.1: Representação esquemática do ponto de coleta de


amostras

O ponto a é o ponto de entrada de esgoto bruto e de recalque do

material até o tanque de aeração, que é representado pelo ponto b.

As amostras do ponto a devem espelhar as condições do esgoto bruto

que chega à estação de tratamento, revelando qual o tipo de afluente

a ser tratado.

O ponto b, o tanque de aeração, deve fornecer informações a

respeito da principal unidade da estação, que é o local onde se


processa o consumo da matéria orgânica. Dados como oxigênio

dissolvido, sólidos e pH transmitem o funcionamento do processo,

mostrando o grau de eficiência.

O ponto 1, que é o ponto escolhido para testes, representa o

efluente final depois de passar por todo o tratamento, propiciando a

avaliação das condições do resíduo a ser lançado no corpo receptor,

indicando a viabilidade do sistema.

O ponto c representa o lodo recirculado, onde pode-se verificar

de que maneira se opera a estação pela análise das condições do

lodo, tais como sedimentalidade, idade do lodo, etc.

O risco natural de um esgoto doméstico, face aos microrganismos

presentes, é potencializado frente a um esgoto hospitalar, uma vez

que outros microrganismos também podem estar presentes no efluente.

Para isso, em termos de formas de tratamento, foram levados em conta

os seguintes parâmetros:

• tipo de doentes internos;

• localização do hospital com relação à rede pública de esgotamento

sanitário;

• múltiplos fins das águas dos corpos receptores.

V.4.2 - Testes

O projeto de tratamento de efluentes no hospital Evandro Chagas

(Fiocruz), dá-se em duas etapas:

1) Caixa coletora de efluentes: dosagem de cloro (6 a 12 ppm)

2) Acondicionamento do esgoto total da Instituição na estação de

tratamento, setorizada no interior do Campus.


O projeto da estação de tratamento de efluentes do Campus da

Fundação Oswaldo Cruz (figura V.2) visa atender às necessidades

hidráulicas-sanitárias da Instituição que é o centro brasileiro de

referência em saúde pública e, como tal, não deve menosprezar o

potencial patogênico de seus resíduos, justamente por serem fonte de

inúmeras doenças.

Figura V.2: Esquema do fluxograma de processo de tratamento de


efluentes da Fiocruz.

Foi desprezada a influência de substâncias tóxicas inibidoras do

processo biológico de tratamento, oriundas das pias de laboratórios,

face à pequena quantidade lançada e a grande diluição final

resultante.

O processo de tratamento é uma das variantes do processo de

lodos ativados denominada de aeração prolongada, que se caracteriza

pelo elevado tempo de detenção no tanque de aeração (superior a 24

h) e um baixo fator de carga que varia de 0,05 a 0,1 Kg de DBO/Kg de


sólidos suspensos voláteis. Variações na concentração da

alimentação vão afetar diretamente os teores de remoção, mas não

devem interferir na qualidade do efluente obtido, que necessita

apresentar estabilidade de DBO e DQO.

Conforme demonstra os dados levantados de dimensionamento da

Estação de Tratamento (tabela V.5), fazem parte as seguintes

unidades: grade manual, medidor de vazão de esgoto e de lodo

recirculado, tanque de aeração, decantador, câmara de contato de

cloro, casa de cloração, elevatória de recirculação de lodos, leito

de secagem de lodos.
Tabela V.5: Valores característicos da estação de tratamento

Vazões de carga orgânica

vazão média 18 l/s

vazão máxima horária 57 l/s

concentração de esgotos 200 mg DBO/l

307 mg DQO/l

carga orgânica média 307 Kg DBO5/dia

Tanque de aeração

relação A/M 0,05 Kg DBO5/(Kg SSV x dia)

concentração de SSV 3000 mg/l

tempo de detenção 32 h

volume útil 2048 m³

altura útil 3,5 m

largura x comprimento 17,1 x 34,2 m

Decantador secundário

taxa de aplicação de sólidos 2,5 Kg/(m² x h)

quantidade de sólidos 518 Hg SSV/h

área necessária 207,2 m²

diâmetro adotado 17 m

altura periférica 3 m

tempo de detenção 3,3 h

Recirculação de lodos

índice volumétrico 100 ml/g

concentração de sólidos 10000 mg/l

Índice: A/M - relação alimento/microrganismo


SSV - sólidos suspensos voláteis

DBO - demanda bioquímica de oxigênio

DQO - demanda química de oxigênio

V.5 - Resultados

V.5.1 - Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

D1 - D2

DBO (mg/l) = ------------ X 100 ⇒ 17 mg/l (média de 3 testes)

Índice:

DBO5 = quantidade de oxigênio necessária para estabilizar a matéria

orgânica presente na amostra, em 05 dias, a 20°C em condições

aeróbicas.

D1 = oxigênio dissolvido na diluição da amostra antes da incubação

D2 = oxigênio dissolvido na diluição da amostra após incubação

p = percentagem da amostra na diluição

V.5.2 - Demanda Química de Oxigênio (DQO)

(B-A) x N x 8000

DQO (mg/l) = -------------------- ⇒ 10 mg/l (média de 3 testes)

S
Índice:

B = volume da solução de sulfato ferroso amoniacal gasto na

titulação do branco

A = volume da solução de sulfato ferroso amoniacal gasto na

titulação da amostra

N = normalidade da solução de sulfato ferroso amoniacal

S = volume de amostra utilizada

V.6 - Discussão

O incremento e controle de regulamentos ambientais têm,

marcadamente, aumentado o volume gerado de esgoto e a complexidade

de requerimentos de disposição. Está claro que somente estruturas

efetivas de operação para o tratamento de esgoto, usando tecnologias

apropriadas, serão adequadas a encontrar os objetivos de qualidade

ambientais.

Por ser dotada de vários laboratórios de pesquisa em saúde e

trabalhando com diversos tipos de microrganismos, concentrei na

estação de esgotos os testes para uma avaliação global do processo,

quer vindo do hospital Evandro Chagas, do laboratório de hanseníase,

do posto de saúde da Escola Nacional de Saúde Pública ou dos

diversos outros setores de trabalho com pesquisas em: aids, febre

amarela, raiva, poliomielite, doença de Chagas, etc.

Os resultados obtidos refletem o alto grau de eficiência da

estação de tratamento, em relação a testes realizados no esgoto

bruto (ponto a), girando em torno de 97% (DQO) e 75% (DBO). Isto

denota a remoção de microrganismos durante o processo. Vale


ressaltar que neste caso o controle do lodo ativado é fundamental

para que tais índices de eficiência sejam alcançados.

V.7 - Recomendações para o Tratamento de Efluentes de Unidades de


Saúde
Como as características de qualidade de efluentes de unidades de

saúde, geralmente, não são aceitáveis para o lançamento direto nos

corpos receptores, estes são tratados para corrigir tais diferenças

através de parâmetros de controle. Assim, pode-se utilizar diversas

metodologias pontuais, mas sempre que possível direcionando para

estações de tratamento de esgoto (ETE).

V.7.1 - Tratamento por desinfecção

A desinfecção causa uma destruição seletiva dos microrganismos

causadores de doenças. Para esse tratamento, os procedimentos se

dividem em: agentes físicos, meios mecânicos, radiação e agentes

químicos.

V.7.1.1 - Agentes físicos

Agentes físicos geralmente usados são formas de calor. A

autoclavação de resíduos biológicos de pacientes com doença

infecciosa grave é uma técnica utilizada em pequena escala; a

utilização de água quente em pontos de visita da rede de esgoto,

cuja linha provém de setor destacado para tratamento, só é eficaz

quando o agente infeccioso são bactérias não esporuladas.


V.7.1.2 - Meios mecânicos

Os meios mecânicos de desinfecção de esgoto com os respectivos

percentuais de eficácia, segundo WHO (1987), são:

Processo % de remoção
Peneiras finas 10 - 20
Peneiras grossas 0 - 5
Caixas de areia 10 - 25
Decantação 25 - 75

Estes processos são, de alguma maneira, úteis em algumas

situações de tratamento, porém, conforme denota o percentual de

remoção de DBO, suas utilizações são casuísticas, direcionadas pelo

poder aquisitivo da construção e/ou fazendo parte de um sistema

intermediário mais complexo de ação.

V.7.1.3 - Radiação

A utilização de raios gama que são emitidos de isótopos, tais

como cobalto 60, prende-se a monitoração intensa para que se evite

níveis de materiais radioativos excedendo aos limites especificados

(Nuclear Regulatory Commission, USA).

V.7.1.4 - Agentes químicos

Utiliza-se fenóis e compostos fenólicos, álcoois, iodo, cloro e

seus compostos, bromo, metais pesados, compostos de amônio

quaternário, peróxido de hidrogênio, álcalis e ácidos. De todos os

desinfetantes químicos, o cloro é o mais utilizado mundialmente no

controle de microrganismos patogênicos (WATER RESEARCH CENTER,


1979). O uso de ozônio na redução de material orgânico e patógenos

nos efluentes hospitalares (NG et al., 1994), tem obtido uma

crescente utilização nos países desenvolvidos, impelida pelo

controle dos órgãos sanitários e pela diminuição de espaços que

propiciem a elaboração de novas estações de tratamento. Observei

esta modalidade de tratamento no hospital Rio Mar, localizado na

Barra da Tijuca, com tecnologia da White Martins. Constatei a

eficiência do processo, verificando no efluente uma concentração

residual de 0,15 mg/l. Seguiu o processo e na fase final, após

adição de 16 ppm de O3/l ao efluente, constatou-se após 10 minutos de

finalizado o processo, nível zero de concentração residual. Apesar

de ser uma tecnologia cara e somente acessível a poucos, tal

procedimento não causa dano no local de despejo do efluente, neste

caso a Lagoa de Camorim.

V.7.2 - Tratamento para áreas não esgotadas

Métodos prescritos para estes fins:

- sumidouro

Fossa séptica - valas de infiltração

- filtro anaeróbio

Lagoa anaeróbia

Lagoa facultativa unicelular

Digestor anaeróbio de fluxo ascendente

Lagoa aerada

Valo de oxidação

Tratamento eletrolítico

Filtro de bambu
Os dados de cobertura por serviços de saneamento publicados pela

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES, em

seu XIX catálogo nacional - CABES, publicado em Julho/94, mostram

dados preocupantes. Segundo esses dados, somente 38% da população

do país se encontra ligada às redes coletoras de esgoto.

Dessa forma, é grande a responsabilidade quanto a destinação dos

efluentes hospitalares dessas áreas, necessitando a utilização de

tecnologias apropriadas e a proteção ao meio ambiente, impedindo a

disseminação de patógenos e a contaminação sistemática do lençol

freático.
CAPÍTULO VI

LIXO HOSPITALAR

VI.1 - Introdução

Propõe esse capítulo discutir mecanismos que possam tornar

eficazes os procedimentos inerentes à manipulação do lixo

hospitalar. Para isso, trabalhou-se em hospitais com variadas

especialidades como o hospital Lourenço Jorge, o hospital Miguel

Couto, o hospital Sousa Aguiar, o hospital Pedro Ernesto e o

Instituto Fernandes Figueira, avaliando a rotina de descarte de

resíduos, observando as práticas hospitalares impelidas por mutações

e novas formas de doenças apresentadas no decorrer dos tempos,

gerando resíduos qualitativamente e quantitativamente mais

perigosos.

A aquisição de dados para uma completa avaliação ambiental do

lixo hospitalar, inclui análises químicas, físicas e biológicas.

Devido a sofisticação relativamente aumentada em relação as opções

de manipulação e de disposição em níveis ambientalistas aceitáveis,

torna-se necessário uma caracterização racional do lixo hospitalar

desde sua geração e coleta setorizada, providenciando uma avaliação

correta, o que ocasionará em direcionamento seguro para estes

resíduos gerados.

VI.2 - Aspectos teóricos e experimentais

VI.2.1 - Definição de Resíduos Hospitalares

Os vários organismos nacionais e internacionais que vem tratando

do assunto apresentam classificações divergentes sobre a definição


destes resíduos. Segundo algumas Instituições Internacionais, tais

como: Environmental Protection Agency (EPA) e Centers for Disease

Control (CDC), os termos lixo hospitalar, lixo médico e lixo

infeccioso são freqüentemente usados inapropriadamente como

sinônimos.

Lixo hospitalar refere-se a todo lixo sólido, biológico ou não

biológico, que é descartado e não intencionado para uso suplementar,

como o lixo administrativo, o lixo orgânico e o lixo médico. Lixo

médico refere-se a materiais gerados como resultado do diagnóstico

de pacientes, tratamento ou imunização e lixo infeccioso refere-se a

porção do lixo médico que pode transmitir uma doença infecciosa,

como o lixo microbiológico.

É importante ressaltar que apesar do lixo infeccioso ser capaz

de produzir doenças infecciosas, esta constatação requer

considerações dos fatores necessários para a indução de doenças, as

quais incluem dose, susceptibilidade do hospedeiro, presença de um

patógeno, e este patógeno deve possuir uma virulência suficiente e

também quantidade suficiente para causar uma doença infecciosa. Sem

contudo deixar de admitir o perigo deste material, não se deve

deixar de observar em que condições este lixo será manuseado.

Quando examinando a designação do lixo como infeccioso pelos

procedimentos operativos do CDC e da EPA, emergem pontos de vista

que em prática requerem em muito o bom senso dos estabelecimentos

hospitalares, para bem direcionar as atividades inerentes à esta

manipulação.

Outro ponto sempre questionável e discutido por vários

pesquisadores é saber: Todo o resíduo produzido em serviços de saúde


é perigoso ou nocivo? "Resíduo perigoso" são resíduos que devido a

sua quantidade, concentração ou característica física, química ou

infecciosa, possam:

• Causar ou contribuir significativamente para um aumento na

mortalidade, ou causar doenças irreversíveis ou incapacitantes;

• Constituir perigo presente, substancial ou potencial à saúde

pública ou ao meio ambiente, quando inadequadamente tratado,

estocado, transportado ou descartado, ou de outra manipulado.

O caráter "nocivo" está descartado, baseando-se em dados da

literatura que afirmam que a parte infecciosa do lixo hospitalar

curiosamente não é expressiva, somente 15% (RUTALA, 1992).

VI.2.2 - Tipos de Resíduos Hospitalares

A conceituação dos resíduos hospitalares induz a busca de uma

diretriz que acarrete em um correto gerenciamento e, sobretudo, para

que as portarias, normas e decretos advindos destas interpretações

estabeleçam coerência na legislação. Um componente chave na

avaliação dos efeitos de um programa de gerenciamento do lixo

hospitalar é identificar os tipos e a quantidade de lixo produzido

por paciente.

A taxa média de geração do lixo hospitalar é função do número de

leitos. Dados da literatura indicam que pacientes hospitalizados

geram em torno de 7 kg/dia (RUTALA & MAYHALL, 1992). Enquanto

hospitais são considerados os geradores principais de resíduos

devido ao grande volume por eles produzidos, representam somente uma


parcela de geradores. Há outros significativos contribuidores, tais

como: clínicas veterinárias, clínicas odontológicas, clínicas

médicas, laboratórios de patologia clínica, farmácias e, em

proporções desprezíveis no contexto global mas importantes no

descarte seguro, os diabéticos que fazem uso sistemático de seringas

na aplicação de insulina e os usuários de drogas injetáveis (gráfico

VI.1).
Gráfico VI.1: Percentual de Resíduos Médicos / Estabelecimentos

farmácias

lab. patologia clínica

clínicas médicas

clínicas odontológicas

clínicas veterinárias

hospitais

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%

Fonte: RUTALA & WEBER, 1991.

Sendo os procedimentos médicos mundialmente idênticos, os dados

obtidos por RUTALA & WEBER (1991) servem de balizadores para os

profissionais que gerenciam a manipulação e disposição destes

rejeitos. É importante que os resíduos gerados por clínicas,

laboratórios e farmácias também obedeçam aos critérios que norteiam

os resíduos hospitalares, levando em conta o tipo, o grau de

contaminação, a segurança na disposição final, etc. Para que isso

aconteça, torna-se de grande valia o esclarecimento dessa faixa da

população que faz uso deste material potencialmente perigoso, dos

procedimentos de descarte, através de campanhas esclarecedoras e

discussões em vários segmentos da sociedade.


VI.2.3 - Composição dos Resíduos Hospitalares

Para seleção e um método mais eficiente de tratamento do lixo

hospitalar, a análise de composição dos resíduos hospitalares é uma

informação fundamental.

O lixo hospitalar (gráfico VI.2) é constituído por uma mistura

heterogênea (LI & JENQ, 1993), composto de plástico (≅14% do peso),

sólidos celulósicos secos (≅46% do peso), sólidos celulósicos úmidos

(≅19% do peso) e não-combustíveis (≅21% do peso).

Gráfico VI.2: Percentual de Composição dos Resíduos Hospitalares.

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Fonte: LI & JENQ, 1993.

A taxa de geração dos resíduos hospitalares em termos

quantitativos depende, evidentemente, do número de leitos, das

especialidades médicas, como também do número de leitos na Unidade

de Tratamento Intensivo (UTI); contudo, a composição dos resíduos

mantém esta proporcionalidade.

A parte do lixo combustível é constituída por: papel, materiais

têxteis, papelão, galhos de árvore, folhas, restos alimentares e


plásticos. A parte do lixo não-combustível compõe-se basicamente de

metal e vidro.

VI.2.4 - Manipulação dos Resíduos Hospitalares

VI.2.4.1 - Qualidade Microbiológica do Lixo Hospitalar

Na manipulação com resíduos hospitalares, pode-se facilmente

enontrar microrganismos cujo o habitat natural seja o solo ou a água

(Pseudomonas sp e Bacillus sp), assim como microrganismos

oportunistas pertencentes à flora do homem ou de animais, como as

bactérias do grupo coliforme (Escherichia coli, Klebsiella sp,

Enterobacter sp), Proteus sp, Staphylococcus sp, Streptococcus sp e

Candida sp.

Vários estudos têm quantitativamente e qualitativamente avaliado

o conteúdo microbiológico do lixo hospitalar, correlacionando a

presença de microrganismos nestes com a flora normal humana (tabela

VI.1). BLOCK & NETHERTON (1988), investigaram a possibilidade de

sobrevivência de patógenos em experimentos com amostras coletadas no

lixo e apesar das condições adversas para a manutenção do potencial

infectivo destes microrganismos, estes sobreviveram em média de 5 a

8 dias, sem que se disseminassem para os rejeitos que se encontravam

próximos. MOSE & REINTHALER (1985), encontraram maior variedade de

espécies bacterianas em resíduos hospitalares.


Tabela VI.1: Microrganismos encontrados no lixo hospitalar e
percentual médio encontrado na flora normal humana.

I II III IV
Escherichia coli 100% - 80% 20%
Klebsiella 80% - 80% -
Enterobacter 80% - 80% 80%
Proteus 80% - 80% 80%
Pseudomonas sp 20% - 80% 1%
Bacillus sp 100% - - -
Streptococcus sp 100% 100% 80% -
Staphylococcus sp 80% 100% 80% 100%
Fontes: SOBSEY et al., 1975; ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY, 1986;
BRENNIMAN & ALLEN, 1993; HARDING & GREEN, 1993.
(I) trato intestinal (III) trato genital
(II) trato respiratório (IV) pele

VI.3 - Recomendações de Normas Técnicas

O princípio fundamental para que se possa legislar sobre

resíduos em serviços de saúde é o estabelecimento de balizadores que

identifiquem propósitos de ação, e que segundo a EPA, "Toda

Instituição de Saúde que gera resíduos infectantes, químicos ou

radioativos, tem a obrigação moral e legal de dispor destes resíduos

de forma que se constituam no menor risco ao meio ambiente e à saúde

pública" (Environmental Protection Agency, 1989).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas através da Norma

Técnica Brasileira (NBR 12808 - Resíduos de serviços de saúde -

Janeiro de 1993) classifica os resíduos de serviços de saúde de

hospitais que atuam no país quanto aos riscos potenciais ao meio

ambiente e à saúde pública.


As Normas do CDC consideram cinco tipos de resíduos hospitalares

como infectantes: material microbiológico, material patológico,

carcaças de animais infectados, sangue e material pérfuro-cortante.

A EPA inclui ainda todo o resíduo proveniente de pacientes com

doenças transmissíveis e que estejam em isolamento.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, através da

Resolução nº 5 de 5 de Agosto de 1993, definiu procedimentos mínimos

para o gerenciamento dos resíduos sólidos, com vistas a preservar a

saúde pública e a qualidade do meio ambiente.

Conforme a NBR nº 10.004 (1987) da Associação Brasileira de

Normas Técnicas - ABNT, os resíduos sólidos obedecem a seguinte

definição: "Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam

de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.″ Ficam

incluídos nesta definição o lodo proveniente de sistemas de

tratamento de água, o lodo de estações de tratamento de esgoto,

resíduos gerados em equipamentos e instalações de controle de

poluição.

Utilizando a NBR 12808 (ABNT, 1993), os resíduos sólidos

hospitalares assim são agrupados:

Grupo A: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e

ao meio ambiente devido a presença de agentes biológicos.

Enquadram-se nesse grupo:

Sangue e hemoderivados; animais usados em experimentação, bem como

os materiais que tenham entrado em contato com os mesmos; excreções,

secreções e líquidos orgânicos; meios de cultura; tecidos, órgãos,


fetos e peças anatômicas; filtros de gases aspirados de área

contaminada; resíduos advindos de área de isolamento; restos

alimentares de unidade de isolamento; resíduos de laboratórios de

análises clínicas; resíduos de unidades de atendimento ambulatorial;

resíduos de sanitários de unidade de internação e de enfermaria e

animais mortos a bordo dos meios de transporte; objetos perfurantes

ou cortantes, capazes de causar punctura ou corte, tais como:

lâminas de barbear, bisturi, agulhas, escalpes, vidros quebrados,

etc.

Grupo B: resíduos que apresentam risco potencial à saúde pública e

ao meio ambiente devido as suas características químicas.

Enquadram-se nesse grupo:

a) drogas quimioterápicas e produtos por elas contaminados;

b) resíduos farmacêuticos (medicamentos vencidos, contaminados,

interditados ou não-utilizados);

c) produtos perigosos, conforme classificação da NBR 10.004 da ABNT

(tóxicos, inflamáveis e reativos).

Grupo C: rejeitos radioativos.

Enquadram-se nesse grupo:

Materiais radioativos ou contaminados com radionuclídeos,

provenientes de laboratórios de análises clínicas de medicina

nuclear e radioterapia.

Grupo D: resíduos comuns.


VI.4 - Avaliações práticas de acompanhamento em hospitais do Rio

de Janeiro

Para o desenvolvimento prático deste tópico foram feitas

inspeções em horários alternados, durante três meses, no hospital

Universitário Pedro Ernesto, hospital Souza Aguiar, hospital Miguel

Couto, hospital Lourenço Jorge e Instituto Fernandes

Figueira/Fiocruz, observando-se a coleta dos resíduos nas áreas

críticas, não-críticas e semi-críticas dos hospitais pesquisados,

atentando para o grau de risco dos resíduos gerados, para que se

tenha como decorrência uma operacionalização segura e eficaz,

repercutindo em facilidades para as aplicações de técnicas de

tratamento e destinação final.

Em geral, o processamento de operacionalização do lixo

hospitalar, segundo BAILEY (1986), redunda nos seguintes passos:

• identificação do lixo infeccioso e separação do lixo comum,

preferivelmente na fonte de geração;

• acondicionamento e manuseio apropriado;

• transporte e área de estocagem adequada até disposição final.

De um modo geral esses foram os balizadores paras as observações

de campo.

VI.5 - Resultados

A tabela VI.2 reflete o consolidado das observações realizadas

nos hospitais pesquisados.


Tabela VI.2: Resultado dos procedimentos de coleta e tratamento do

lixo hospitalar

HOSPITAIS
Procedimentos
HLJ IFF SA MC HUPE

Incineração sim não sim não não


Esterilização não sim sim sim não
a vapor
Esterilização sim sim sim sim sim
a gás
Inativação sim sim sim sim sim
térmica
Desinfecção sim sim sim sim não
química
Irradiação sim sim sim sim não

índice:
HLJ - Hospital Lourenço Jorge
IFF - Instituto Fernandes Figueira
SA - Hospital Souza Aguiar
MC - Hospital Miguel Couto
HUPE - Hospital Universitário Pedro Ernesto

A manipulação dos rejeitos dá-se de forma adequada através de

uma identificação específica da parte infecciosa, sendo estes

resíduos administrados de forma globalizada, tendo no propósito de

gerenciamento o direcionamento para uma redução de custos e eficácia

no tratamento.

Dessa forma, apesar dos graves problemas encontrados nos

hospitais da rede pública, sobretudo na questão financeira que tanto

penaliza a gerência hospitalar, emerge com qualidade e competência

uma diretriz que visa, dentre outros pontos, as seguintes intenções:


• identificar as áreas produtoras de lixo infeccioso;

• dar tratamento seguro a este material;

• considerar as outras áreas como produtoras de lixo doméstico;

• ter um programa de coleta seletiva dos outros resíduos não

considerados infecciosos, com fins a reciclagem (papel, plástico,

metal, vidro); proporcionando, principalmente, uma redução

considerável no volume do lixo gerado.

VI.5 - Discussão

No Município do Rio de Janeiro, encontra-se em fase de

implantação gradativa nos hospitais de sua rede e, já implantado no

hospital Lourenço Jorge, hospital Souza Aguiar e o hospital Miguel

Couto, a coleta setorizada do lixo hospitalar, com base nas recentes

discussões propiciadas pela literatura. Têm-se procedimentos

semelhantes no Instituto Fernandes Figueira.

Após a coleta seletiva dos resíduos, a parte infecciosa

acondiciona-se em contêineres especiais, mas por falta de infra-

estrutura não ocorre nenhum tratamento, sendo estes resíduos levados

em caminhões coletores da Comlurb para a disposição em depósito de

lixo do Município do Rio de Janeiro, localizado no Jardim Gramacho,

o qual não possui nenhuma condição de operar, já que não é um aterro

sanitário e sim um vazadouro a céu aberto. Apesar dos resíduos

serem colocados em vala isolada, ainda assim é bastante questionável

essa manipulação. A remoção dos rejeitos do hospital Fernandes

Figueira é terceirizada, porém a disposição final também se dá no

vazadouro da Comlurb.
VI.7 - Recomendações para o Gerenciamento do Lixo Hospitalar

O gerenciamento do lixo hospitalar pode ser eficiente com custos

efetivamente reduzidos no contexto global, através de um programa

seletivo, baseando-se nos seguintes passos (PETTS, 1994):

• identificação do lixo infeccioso com separação do lixo geral,

preferivelmente na fonte;

• acondicionamento e manipulação em condições apropriadas, para

controle do perigo que este lixo representa;(*)

• tratamento;

• transporte para estocagem temporária em área adequada;

• disposição final.

(*) Acondicionamento próprio do lixo infeccioso até sua destruição

ou disposição é o elemento crucial do programa de gerenciamento,

para prevenir contaminação de pessoas ou o ambiente.

Assim, é de se esperar que no fluxo operacional hospitalar, as

áreas de risco sejam identificadas, tendo como base as

classificações utilizadas por Normas Técnicas Brasileiras (ABNT) e

FEEMA (Nacionais) e/ou Instituições afins, como CDC e EPA

(Internacionais), tendendo, assim, dispender maiores recursos nesse

gerenciamento, como também atacar com qualidade a parte realmente

problemática do lixo hospitalar (tabela VI.2).


Tabela VI.2: Resíduos Hospitalares e Métodos recomendados de
descarte/tratamento.

Fonte / tipo de resíduo médico Resíduo Método de Resíduo Método de descarte /


Infectante¹ descarte / Infectante² tratamento²
tratamento¹
microbiológico SIM E, I SIM E, I, IT, Q
sangue/derivados SIM E, I, ES SIM E, I, ES, Q
patológico SIM I SIM I, EIT, CS
pérfuro-cortantes SIM E, I SIM E, I
doenças em isolamento NÃO - SIM E, I
carcaças contaminadas, SIM E, I SIM I, EIT
partes de corpo
contaminados de NÃO - opcional se considerado RI
laboratório
autópsia e cirurgia NÃO - opcional se considerado RI
unidade de diálise NÃO - opcional se considerado RI
equipamentos contaminados NÃO - opcional se considerado
RI
Fonte: RUTALA & MAYHALL, 1992.
índice:
I - incineração
E - esterilização a vapor
Q - desinfecção química
ES - esgoto sanitário
IT - inativação térmica
CS - cremação ou sepultamento
RI - resíduo infectante
EIT - esterilização a vapor com incineração ou trituração

(1) CDC - Centers for Disease Control

(2) EPA - Environmental Protection Agency

VI.7.1 - Formas de Tratamento

Atualmente, a literatura mundial reconhece as seguintes formas

de tratamento dos rejeitos hospitalares:

• incineração

• esterilização a vapor
• esterilização a gás

• inativação térmica

• desinfecção química

• irradiação

VI.7.1.1 - Incineração

A incineração é um processo de transformação de resíduos

combustíveis em resíduos inertes, por meio de queimas em altas

temperaturas e sob condições controladas.

A incineração do lixo hospitalar é entendida como tendo muitas

vantagens. Altas temperaturas são capazes de destruir compostos

infecciosos. Uma redução significante do volume (cerca de 90%),

pode ser alcançada. Os custos com disposição são grandemente

reduzidos, uma vez que o lixo residual não precisa ser disposto em

aterro especializado. Poucos pré-requisitos são requeridos, em

relação a outros métodos de tratamento.

Porém, ocorre uma preocupação marcante acerca das emissões do

incinerador que queima o lixo hospitalar, se essas emissões podem

conter microrganismos ou substâncias tóxicas. A observação com

emissões do incinerador revelam a presença de altos níveis de metais

tóxicos, como por exemplo: cádmio (Cd), cromo hexavalente (Cr+6),

chumbo (Pb), mercúrio (Hg), policlorada dibenzo-p-dioxina (PCDD) e

policlorado dibenzofurano (PCDF) (VOGG et al., 1987). Esses gases

devem passar por um filtro eletrostático e serem condensados, e o

líquido produzido por essa condensação passar por tratamento de

neutralização. Entretanto, a completa eliminação de todos os metais

ou cloro não é considerado possível, mas os administradores


hospitalares podem eliminar a aquisição de produtos contendo cloro e

outros metais e melhorar as práticas de segregação do lixo,

induzindo, assim, a redução dos problemas do lixo como um todo.

Os incineradores atualmente disponíveis podem ser agrupados em

três categorias:

• Sistema modular de ar rarefeito;

• Sistema modular de excesso de ar;

• Fornos rotatórios.

O tamanho dos incineradores varia de 45 Kg/h a 3600 Kg/h. O

mecanismo básico de funcionamento dá-se em uma câmara primária de

combustão que opera a uma temperatura entre 760°C e 982°C e câmara

secundária de combustão que opera a uma temperatura acima de 1093°C

em condições de excesso de ar. O ar adicional permite minimizar a

formação dos produtos de combustão incompleta (PCI), gerados como

resultado do alto conteúdo de plásticos nos resíduos dos Serviços de

Saúde. O tempo de retenção para gases nesta câmara deverá ser de

0,5 a 2 segundos e a sobrecarga deverá ser evitada para impedir a

formação dos PCI’s. A EPA recomenda ainda a monitoração biológica

através de testes pela semeadura no lixo a ser incinerado de

Bacillus subtillis variedade niger.

Para a incineração, também torna-se importante a caracterização

físico-química dos resíduos hospitalares:


Poder Calorífico

O Poder Calorífico tem especial importância na operação de

incineradores, os quais visam, também, a recuperação do calor gerado

durante a incineração dos resíduos (anexo II).

Umidade

O teor de umidade dos resíduos sólidos são constituídos,

principalmente, pela quantidade de matéria orgânica neles presente;

assim, esse teor médio encontra-se na faixa de 50% a 60%. Como, por

exemplo, os resíduos oriundos da maternidade e centro cirúrgico,

devido a grande concentração de matéria orgânica, em especial, a

placenta, sangue e tecidos humanos.

Teor de Carbono

O teor de carbono está relacionado com o valor do poder

calorífico e dos sólidos voláteis, evidenciando também o teor de

matéria orgânica. A determinação mais expressiva da concentração de

carbono encontra-se nas amostras provenientes da maternidade,

situando-se na faixa de 30%.

Teor de Hidrogênio

O teor de hidrogênio encontrado nos resíduos hospitalares,

encontra-se na faixa de 2,5% a 5,0%. Esse valor está relacionado

com a quantidade de matéria orgânica, ressaltando a quantidade de

material plástico presente.


Sólidos Voláteis

O teor de sólidos voláteis indica de que maneira os resíduos

hospitalares podem ser reduzidos em relação ao peso e ao volume,

devido a grande quantidade de compostos que possam ser

volatilizados. Dentre os materiais combustíveis, destacam-se o

papel, o plástico, o papelão e a gaze.

VI.7.1.2 - Esterilização a Vapor - Autoclavagem

Consiste no tratamento do resíduo infectante com vapor saturado

a uma temperatura de 121°C, sob pressão. A autoclavagem é de

comprovada eficácia na esterilização de instrumentais cirúrgicos,

campos cirúrgicos e resíduos de laboratório de patologia clínica,

principalmente microbiológicos. Os materiais a serem autoclavados

devem ser coletados em sacos plásticos, colocados em contêineres de

aço ou polipropileno e introduzidos na autoclave. O tamanho da

carga e o material contido no contêiner afetarão o período

necessário para o material do resíduo alcançar a temperatura ideal

para a esterilização. Em geral, as condições recomendadas para a

esterilização são de 45 minutos.

Recomenda-se a esterilização a vapor dos resíduos oriundos de

isolamento, sangue e derivados pérfuro-cortantes contaminados.

Alguns problemas inerentes à esterilização por vapor devem ser

analisados. O primeiro diz respeito a composição variada do resíduo

infectante. Alguns materiais requerem mais tempo e maior

temperatura que outros; isto porque alguns resíduos têm maior

capacidade de aquecimento e menor condutividade de calor que outros.

Alguns são úmidos, outros secos; alguns são ácidos, outros


alcalinos. Isso torna a operação mais difícil. Será preciso então

padronizar as cargas.

Outro problema seria a conteinirização do resíduo para evitar o

derrame; com isso o ar ficaria retido no contêiner, impedindo a

penetração do vapor; portanto, o conteúdo seria submetido à

esterilização ao calor seco ao invés de vapor, necessitando maior

tempo de exposição e aumento de temperatura. Assim, o aumento de

temperatura e a duplicação ou triplicação do tempo de exposição pode

resolver este problema. Alguns fabricantes de esterilizadores

recomendam para estes casos, o uso de 132°C, 28 a 30 atmosferas de

pressão de vapor, ao invés de 121°C e 15 atmosferas de pressão de

vapor, que são normalmente utilizadas em autoclaves de laboratório.

Uma forma de se contornar o problema é adicionar água ao conteúdo

dos contêineres, o que produziria um vapor internamente. Outra

forma é abrir o contêiner antes da esterilização ou puncionar os

sacos plásticos para permitir a penetração do vapor e retirar o ar

do interior.

A esterilização a vapor, embora efetiva e de baixo custo, tem

limitações. Não é ideal para todos os resíduos hospitalares, tais

como os da quimioterapia, os quais não são destruídos, ou químicos

voláteis que seriam vaporizados e disseminados pelo vapor da

autoclave. Não se presta também para grandes quantidades de fluidos

corporais e outros líquidos, ou carcaças de grandes animais que

demoram muito a aquecer. Finalmente, a esterilização a vapor não

reduz o volume do resíduo ou modifica sua aparência externa, como

ocorre com outros métodos.


Para operar uma autoclave, com o máximo de eficácia, as

seguintes considerações devem ser observadas:

• Todo excesso de ar deve ser removido da câmara principal. A

presença de ar dilui o vapor e diminui a penetração do resíduo.

Dessa forma, todas as tampas de frascos devem ser desapertadas

antes de serem colocadas em autoclave e todos os pacotes

resistentes ao calor abertos.

• Os tipos de resíduos recomendados para a autoclavação são

específicos. Resíduo de baixa densidade é facilmente penetrado

pelo vapor e requer um curto período de residência. Partes

corporais, entretanto, não são facilmente penetradas e necessitam

de um tempo de residência prolongado.

• O operador deve estar familiarizado com os resíduos específicos e

as limitações operacionais da autoclave para assegurar o

tratamento efetivo de todos os resíduos. A monitoração periódica

do equipamento e do resíduo tratado é essencial para o efetivo

controle de qualidade. Válvulas de pressão e termômetros devem

ser monitorados a cada ciclo de tratamento e qualquer

peculiaridade registrada.

VI.7.1.3 - Esterilização a Gás

É o processo de tratamento onde os resíduos são esterilizados

por um produto químico vaporizado numa câmara selada. Em geral, são

utilizados o óxido de etileno e o formaldeído.

Embora o maior uso desses gases seja na esterilização e

descontaminação de instrumentos cirúrgicos no hospital, podem também

ser utilizados na esterilização de resíduos. Porém, a desvantagem


de utilização deste processo em grande escala é o alto custo de suas

instalações e o alto risco de exposição dos operadores, devido ao

grau carcinogênico destes gases.

A EPA não recomenda o uso em larga escala. Recomenda apenas a

sua utilização apenas como método de tratamento para a

descontaminação de instrumentos cirúrgicos e acessórios

potencialmente contaminados, ou ainda, acessórios ou equipamentos

que não possam sofrer a ação do calor para a sua esterilização.

VI.7.1.4 - Inativação Térmica

Inativação térmica ou esterilização a calor seco é o processo

pelo qual os resíduos infectantes são esterilizados pela exposição

ao calor. A ausência de vapor protege o material cortante e

pontiagudo e outros materiais sensíveis ao vapor da corrosão durante

o processo. Os materiais que devem ser esterilizados utilizando

esta metodologia são os instrumentos cirúrgicos de cortes, óleos,

pós e gordura.

A inativação térmica é usada tanto para resíduos sólidos quanto

para líquidos e, em geral, a sua maior utilização dá-se para

resíduos líquidos de grande volume. Entretanto, a sua utilização

para resíduos sólidos prevê uma monitoração severa, uma vez que a

esterilização ao calor seco é menos eficiente que a esterilização a

vapor, pois não tem a vantagem de penetração de vapor no resíduo.

VI.7.1.5 - Desinfecção Química

É a inativação do resíduo pela adição de quantidades limitadas

de produtos químicos (percloreto de sódio, peróxido de hidrogênio,


quaternários de amônia, cetonas) ou pela imersão do resíduo em

desinfetante químico. O resíduo gerado é inicialmente triturado

para assegurar maior poder de penetração do agente químico, o qual

tem a finalidade principal de desintegrar o material orgânico,

destruindo assim os contaminantes. Durante o processo de trituração

uma solução de hipoclorito de sódio a 5% deve ser aspergida sobre o

resíduo. Os líquidos resultantes são lançados em rede pública e o

resíduo sólido é então coletado e descartado como não infectante em

aterro sanitário.

VI.7.1.6 - Irradiação

É o processo de esterilização do resíduo através da irradiação

ionizante de uma fonte, como por exemplo, o cobalto 60 para destruir

agentes infecciosos. As principais formas de irradiação possíveis

de utilização são: as irradiações gama, irradiação ultravioleta e

irradiação infravermelha. A irradiação infravermelha e ultravioleta

tem pouca utilidade nos resíduos hospitalares devido ao pequeno

poder de penetração. Já a irradiação gama tem emprego significante

devido a pouca demanda de eletricidade e o não aquecimento do

material irradiado.

Para controle, a monitoração segundo a EPA, deve ser feita

quinzenalmente pela semeadura de esporos de Bacillus pumilus, no

material a ser irradiado.


VI.7.2 - Riscos operacionais no trato com resíduos

hospitalares

As emissões do Incinerador

Pesquisas laboratoriais sobre combustão de polietileno

polipropileno e polivinil têm indicado emissões de partículas de

monóxido de carbono, etano, etileno, propano, propileno e ácido

clorídrico e a incineração de plásticos revela também outros

contaminantes como PCDD e PCDF. EKLUND et al. (1986, 1987, 1988)

encontraram que é suficiente combinar fontes de carbono variadas,

tais como, fenol, propano e metano com oxigênio e HCl entre 400°C a

950°C para sintetizar compostos clorados, incluindo PCDDs e PCDFs.

Os produtos perigosos que poderiam estar presentes nas emissões

de um incinerador incluem o ácido clorídrico (HCl), monóxido de

carbono (CO), óxido de nitrogênio (NO), dióxido de enxofre (SO2),

polibifenilas cloradas (PCB’s), dioxinas, furanos e particulados

incluindo compostos de mercúrio, arsênico, cádmio e cromo. O HCl

não é somente tóxico, mas altamente corrosivo; para tanto,

incineradores necessitam do complemento de equipamentos anti-

poluição, tais como escovadores úmidos de ar, sistemas secos de

coleção e precipitadores eletrostáticos. Após tratamento, esses

gases são condensados e o líquido produzido por essa condensação

passa por tratamento para neutralização da poluição. Além disso, as

chaminés devem ter pelo menos 100 metros de altura, facilitando a

dispersão dos gases.

A EPA afirma que ″está comprovada uma ligação entre as dioxinas

e o câncer″. A ligação foi provada com testes em cobaias de


laboratório, cujas reações orgânicas à poluição são semelhantes

àquelas verificadas em seres humanos. A dioxina pode causar câncer

quando entra em uma célula, alterando seu código genético. A célula

começa a se reproduzir de forma errada causando a doença. A

contaminação se dá, basicamente, através da cadeia alimentar, quando

a substância cai em um alimento depois consumido pelo homem.

A NBR 11175 de Julho de 1990 (Incineração de resíduos sólidos

perigosos - Padrões de desempenho), fixa parâmetros nacionais para a

observância de procedimentos operativos de incineração, ressaltando

o controle ambiental (anexo III).

Vários passos para minimizar os riscos com a incineração dos

resíduos hospitalares podem ser utilizados, como os descritos a

seguir:

 Reduzir a colocação de metais no incinerador (*) e indicar a

esterilização por autoclavação e disposição em local apropriado de

um aterro sanitário.

(*) Materiais metálicos (bisturis, agulhas, etc.) esterilizados,

seguidos por trituração ou solidificação e disposição em aterro

sanitário, podem reduzir emissões de Cr+6 a níveis desprezíveis.

 Introduzir um programa de segregação estrita, tal como eliminar o

uso de lixos gerais no incinerador e requerer dos responsáveis

químicos das firmas fornecedoras de materiais hospitalares, que os

produtos destinados a área infecciosa não contenham chumbo(Pb),

cádmio (Cd) ou cromo (Cr).


 Reduzir a dependência sobre plásticos clorados, reduzindo

simultaneamente emissões de HCl, o que também pode incluir o

desenvolvimento de substituto para materiais a base de PVC e

polietileno.

 Implementar o treinamento do operador, melhorando como

conseqüência o limite da possibilidade da formação de PCDD e PCDF na

combustão.

Cloro e Cloretos

É importante o conhecimento das quantidades de cloro e cloretos

presentes nos resíduos hospitalares, para controle ambiental da

qualidade do ar, uma vez que estes em processos incinerativos

transformam-se em ácido clorídrico (HCl), e em grandes quantidades

(geralmente acima dos 3%), são responsáveis diretos pela formação de

chuva ácida.

Teor de Enxofre

O enxofre presente nos resíduos hospitalares não deve assumir

valores maiores de 2%, porque do ponto de vista ambiental, se este

material for incinerado, a partir desta concentração adquire caráter

tóxico. Todavia o valor médio encontrado é de 0,5% (VELZY et al.,

1990).

Nas análises particularizadas dos resíduos das diversas áreas

hospitalares, o lixo obtido do setor de ortopedia foi o que mais

contribuiu em enxofre, relação esta associada a grande quantidade de

gesso nele presente.


VI.7.3 - Destinação Final

A avaliação do impacto ambiental constitui no primeiro e mais

crucial estágio decisório, uma vez que o sistema de disposição final

é um conjunto de unidades, processos e procedimentos que visam o

lançamento de rejeitos ao solo, garantindo-se a proteção da saúde

pública e a qualidade do meio ambiente.

Nos últimos anos a inquietação pública sobre a disposição do

lixo hospitalar tem marcadamente aumentado. O incremento do medo

público sobre o lixo hospitalar é potencializado devido aos riscos

hipotéticos destes rejeitos na transmissão do vírus da aids,

hepatite B e outros agentes associados com doenças transmissíveis

pelo sangue.

Através da falta de compreensão dos modos de transmissão, o medo

de uma doença fatal como a aids e o desleixo das instalações

hospitalares, desprovidas, em geral, de verbas para manutenção de

sua infra-estrutura básica, acentua-se uma pressão nos dirigentes da

área de saúde (federal, estadual e municipal) para que se viabilize

regulamentos normativos a respeito do lixo hospitalar. Entretanto,

apesar dos regulamentos constrangedores existentes, deve-se buscar

soluções para uma boa prática ecológica e sanitária na disposição do

lixo hospitalar, avaliando os fatores legais, técnicos, econômicos e

seguros.

VI.7.3.1 - Aterro Sanitário

O aterro sanitário consiste, em síntese, na compactação e

recobrimento diário do lixo (IKEGUCHI, 1994).


FRANTZIS (1993) considera o termo aterro sanitário muito

simplístico, provavelmente antiquado e não incluindo todos os

requerimentos que os aterros modernos têm de abarcar. Um termo mais

adequado seria aterro ambiental, que pressupõe o seguimento de pré-

requisitos de um aterro moderno, ou seja, critérios ambientais, de

engenharia e econômicos (anexo IV).


CAPÍTULO VII

ILUMINÂNCIA EM ÁREAS HOSPITALARES

VII.1 - Introdução

A luz compreende radiações de 4000 a 8000 Angstroms (Å), tendo

como característica fundamental a de excitar a retina, produzindo as

sensações luminosas. O controle e direção da emissão de luz,

particularmente em áreas hospitalares com situações de risco

iminente, como em centros cirúrgicos, berçários de alto risco,

unidade de terapia intensiva, etc., denotam a necessidade de bom

nível de iluminância para a execução eficiente e confortável das

atividades médicas.

Tendo-se como base dados da literatura, procurou-se fixar os

valores de iluminância para funcionarem como índices de referência.

Tais valores estão baseados em lux, que corresponde ao fluxo

luminoso de um lúmen por metro quadrado.

VII.2 - Aspectos teóricos e experimentais

VII.2.1 - Acuidade visual

O espectro de recepção do olho humano é variável e em ambientes

hospitalares tornam-se fundamentais ajustes fotométricos, uma vez

que a variabilidade temporal e espacial no recinto ressalta marcada

diferença a tempo e posição. BLACKWELL (1990) propõe um novo

conceito de ″capacidade visual para assimilar informação″ como mais

apropriado, se as condições de iluminação permitirem um profissional

em atividade detectar luz em aproximadamente 1/20 do segundo.


VII.2.2 - Eficiência luminosa

As luzes devem ser direcionadas para uma iluminação máxima

prevista na área de trabalho. Dados nas variações das durações de

exposição influem nas decisões do que seja mais apropriado para as

aplicações das situações práticas visuais, particularmente onde o

uso máximo tem de ser feito com extrema perícia.

A iluminação compreende grandezas tais como:

• Fonte luminosa, que é a fonte de energia radiante que é sentida

pelo olho humano, ou seja, é visível;

• Fluxo luminoso descreve a energia visível emitida por uma fonte. É

a fração da energia total relacionada com o sentido humano da

visão;

• Intensidade luminosa é uma medida da emissão luminosa em uma dada

direção;

• Iluminância é definida como um fluxo luminoso incidente sobre uma

superfície, por uma unidade de área da mesma. Permite descrever um

ambiente luminoso, de uma forma quantitativa;

• Luminância exprime a real sensação luminosa tal como é recebida

pelo olho.

O nível de iluminação ambiental em hospitais contribui,

efetivamente, a retinopatias de prematuros e padrões de segurança

devem ser rediscutidos. GLASS et al. (1985) identificaram problemas

em crianças de berçários que permaneciam por longos períodos.


Embora com exposição duradoura em uma tensão elevada de oxigênio e a

imaturidade da retina serem associadas aos fatores que contribuem a

danos na retina, o fato potencializador é a exposição à luz. Outro

ponto é que estando a taxa de sobrevivência de prematuros aumentada,

em especial, aqueles com menos de 1000 gramas ao nascer, tem havido

também concomitante aumento de retinopatia prematura, já que

exposições à luz em demasia resultam em danos a fotoreceptores, ao

epitélio pigmentado e ao coróide, estruturas essas envolvidas no

transporte de oxigênio na retina.

O espectro de recepção do olho humano varia entre indivíduos:

com o tempo, com a idade e com o estado de saúde; entretanto,

ajustes fotométricos a ambientes devem providenciar visão eficiente,

confortável e segura, observando três conceitos fundamentais: como

queremos ver, qual a quantidade de iluminação necessária e a

qualidade da luz. Segundo GLOTZBACH et al. (1993) a variabilidade

da intensidade luminosa em enfermarias de recém-natos sob cuidados

intensivos modula os ritmos biológicos destes.

VII.2.3 - Brilho

Brilho é um fenômeno subjetivo, isto é, uma expressão na forma

de sensação visual. O olho não funciona com eficiência completa

quando da presença de luminosidade não desejada no campo visual.

Quando limiares de alta iluminação no campo visual, alguma forma

de brilho irá resultar, gerando um contraste à percepção, com

redução direta na habilidade de ver objetos.


VII.2.3.1 - O desconforto pelo brilho

O desconforto pelo brilho é causado, principalmente, em

iluminação de interiores, como resultado direto de iluminação

excessiva por grande quantificação de lâmpadas por área ou luz do

sol através de janelas, resultando incapacidades fisiológicas do

olho associadas ao músculo iridomotor que controla o diâmetro da

pupila. Segundo HOPKINSON & COLLINS (1970), a investigação do

brilho é, de fato, um caso clássico com severas limitações de

métodos para a avaliação quantitativa exata dos aspectos ambientais

de interiores (tabela VII.1).

Tabela VII.1 - Valores limites de índices de brilho

Ambiente índice limite de brilho

Laboratórios 28

Áreas administrativas 19

Enfermarias 13

Centro cirúrgico 10

VII.3 - Recomendações de Normas Técnicas

Para ajustes fotométricos a NBR 5413 (1982), preconiza que a luz

ou energia radiante (Q) é visualmente avaliada como energia radiante

e para fins de cálculos representada como:

760

Q = ∫ K λU λ d λ
380
onde:

Kλ = eficácia luminosa espectral

Uλ = energia radiante espectral

dλ = distância da fonte ao receptor

Os valores limite de brilho são dependentes de avaliações

subjetivas, proporcionadas a partir de métodos experimentais de

quantificação dos efeitos do desconforto ao brilho. Segundo IES

(1978), têm-se:

Constantes de brilho Critérios de desconforto

600 intolerável
150 inconfortável
35 aceitável
8 perceptível

CATEGORIAS

1.Ambientes onde o brilho não é permitido: índice limite 10

2.Ambientes onde o brilho deve ser mínimo: índice limite 13

3.Ambientes onde o grau de diferentes brilhos podem ser permitidos

dependendo da natureza do trabalho, da sensibilidade da pessoa, do

tempo na sala, junto com o grau de atenção demandado pelo

trabalho: índice limite 16 - 28

Os valoes preconizados para iluminância de áreas hospitalares

são explicitados na tabela VII.2. Porém para efeito de cálculo, o


nível de iluminância média do campo de trabalho têm-se de acordo com

a fórmula (IES/CP-29; 1978):

A(M-1) (N-1) + B(M-1) + C(N-1) + D

I=-------------------------------------

MN

sendo:

I= iluminância média do campo de trabalho

A= média aritmética das oito medidas efetuadas

B= média aritmética das quatro medidas efetuadas

C= média aritmética das quatro medidas efetuadas

D= média aritmética das duas medidas efetuadas

M= número de fontes de luz por fileira

N= número de fileiras por fontes de luz


Tabela VII.2: Níveis recomendados de iluminação para ambientes

hospitalares

Área Nível de iluminação (lux)


Laboratórios
coleta de amostras 100
patologia 200
sala de microscopia 50
geral 100

Enfermarias
geral 100
observações e tratamento 500 a 1000

Centro cirúrgico
geral 250
mesa operatória 2500

Centro obstétrico
geral 250
mesa operatória 2500

Berçário
geral 50 a 100

Corredores
geral 100
centro cirúrgico 200
centro obstétrico 200

Cozinha
geral 300

Unidade de Tratamentos Intensivos


geral 300
tratamento 1000

Salas administrativas
geral 150
trabalho intermitente 300

Fontes: IES, 1978; NBR 5413, 1982; STONER, 1987.


VII.4 - Avaliações experimentais realizadas no Instituto Fernandes
Figueira

VII.4.1 - Medições de níveis de lux

Para as realizações das medições foi utilizado um luxímetro

PANLUX eletronic, GOSSEN GMBH, em toda área hospitalar, durante o

fluxo de trabalho. As medidas foram tomadas a 0,75 m do piso, em

pequenas áreas de 0,4 m x 0,4 m, observando-se os critérios de

medições preconizados pela NBR 5413 (1982), chegando aos resultados

expressos a seguir.

VII.4.1.1 - Resultados de medições em áreas do Instituto

Fernandes Figueira

A tabela VII.3 reflete o resultado das medições.

Tabela VII.3: Resultados de medições em áreas do Instituto


Fernandes Figueira

Local Iluminação (lux)

Laboratórios 150 - 220 - 300


Enfermarias 200 - 280- 400
Centro cirúrgico 2400
Berçário 100 - 150
UTI 200 - 450 - 500
Corredores 50 -70 -200 - 250
Áreas administrativas 100 -180 - 250 - 400
Sala de necropsia 500
Sala de computação 300
VII.4.2 - Avaliação dos níveis de brilho

A avaliação e o controle da claridade, em especial o desconforto

provocado pelo brilho excessivo, leva em conta a natureza do

ambiente e a duração do tempo de atuação neste ambiente, ocasionando

um efeito inibitório nos processos de retina, com marcante redução

da percepção ao contraste do objeto em foco.

Os resultados obtidos de várias investigações evidenciam que a

sensação de brilho está relacionada diretamente a luminância da

fonte (figura VII.1).


Figura VII.1: Ângulo sólido = A cos φ cos θ / d2

Fonte: The Ergonomics of Lighting, 1970.

VII.4.2.1 - Cálculo da constante de brilho em áreas do


Instituto Fernandes Figueira
Vários sistemas de projeção podem ser utilizados no estudo

fotométrico. Para esta avaliação deu-se preferência, especialmente,

às projeções senoidais.

Para chegar aos valores limites do índice de brilho, utilizou-se

o cálculo do ângulo sólido com a Equação (2), substituindo-se os

dados encontrados no cálculo da constante de brilho, obtido da

expressão na Equação (1), substituindo-se na Equação (3), chegando-

se ao índice de brilho:
(Bs1,6 W0,8)/Bbϕ ² (1)

onde,

Bs é a iluminância da fonte;

W é o ângulo sólido;

Bb é a iluminância média geral; e

ϕ o ângulo formado entre a direção da visão e a direção da fonte

de brilho.

A cos θ cos φ/d² (2)

onde,

A é a área luminosa de uma instalação projetada em um plano

horizontal ou vertical, em posição de linha não paralela à linha de

visão;

θ e φ o ângulo entre a normal e plano de projeção e a direção da

fonte do observador no plano horizontal e vertical; e

d é a distância da fonte ao observador.

10 log10(constante de brilho) (3)

Testes práticos

a) Laboratório de genética
a.1 Cálculo do ângulo sólido (W)

a.1.1 Cálculo do ângulo θ

vértice B= ponto de luz


vértice C= centro de bancada

a²= b² + c² c= 1,33 m ⇒ 4,36 pés


a²= 1,33²+ 2,53² b= 2,53 m ⇒ 8,30 pés
a²= 8,1698
a = 81698
,
a = 2,86m ⇒ 9,38 pés

cateto oposto a B 2,53


sen B= ------------------ = -------- = 0,88462
hipotenusa 2,86

θ = arc sen 0,88463 = 62,2°

a.1.2 Cálculo do ângulo φ

vértice B= Centro de bancada


a²= b² + c² b= 0,78 m
a²= 0,78² + 2,15² c= 2,15 m
a= 2,29 m

cateto oposto a B 0,78


sen B= ------------------- = ------ = 0,34061
hipotenusa 2,29
φ= arc sen 0,34061 = 19,9°

a.1.3 Ângulo sólido (w)

W= A cos θ cos φ / d²

onde Área A = 2,4 m x 0,45 m ⇒ 7,874 pés x 1,476 pés = 11,62 pés²

W= 11,62 cos 62,2º cos 19,9º / 9,38²

W= 0,0579172

a.2 Cálculo da Constante de Brilho

Constante de brilho = (Bs1,6 W0,8 / Bb ϕ²)

onde:

Bs= 270 lux ÷ 10,76 = 25,09294 foot-Lamberts

W = 0,0579172

Bb= 178 lux ÷ 10,76 = 16,54275 foot-Lamberts e ϕ em esterorradianos,

ficando:

área em pés² x seno do ângulo


ϕ = -----------------------------------------------------
distância² em pés do ponto em teste ao foco de luz

11,62 x sen 62,2º


= ------------------- = 0,1168256
9,38²

Constante de brilho:
=(25,092941,6 x 0,05791720,8)/(16,54275 X 0,1168256²)

= 78,6764537

a.3 Índice de brilho

= 10 log10 constante de brilho

= 10 log10 78,6764537 = 19

As demais áreas encontram-se explicitadas na tabela VII.4.


VII.4.2.1.1 - Resultados do cálculo do índice de

brilho

Os resultados do índice de brilho encontrado encontram-se


explicitados na tabela VII.4.

Tabela VII.4: Resultados obtidos para o cálculo do índice de

Brilho de algumas áreas do Instituto Fernandes

Figueira.

Área Ângulo Ângulo Ângulo sólido Constante Índice Valores


θ φ (w) de brilho de limite
brilho
(em (em (em
graus) graus) esterorradianos)

Laboratório 62,2° 19,9° 0,0579172 78,6764537 19 28


de Genética

Centro 68,8° 24,4° 0,307 13,63155846 11 10


cirúrgico

Centro 72,2° 17,3° 0,29913 10,4316121 10 10


obstétrico

5ª enfermaria 67,7° 19,4° 0,3013 17,1719212 12 13

6ª enfermaria 71° 20,8° 0,2301 24,1511192 14 13

Berçário 70,9° 18,2° 0,27061 19,1414789 13 13

Administração 73° 19,3° 0,041316 123,1212119 21 19

VII.5 - Discussão

Má iluminância incide diretamente na deterioração das

atividades. Também é importante atentar para o nível de iluminação,


os quais não dependem somente da quantidade de luz, mas da

distribuição dessa luz em todo campo visual. Quando o alto nível de

luz localizada é requerida como em salas cirúrgicas, em especial no

ponto de operação, a iluminação geral deve ressaltar a diferença a

outros locais da sala para assegurar condições visuais confortáveis.

Os resultados obtidos frente aos valores de iluminância,

encontram-se dentro dos níveis preconizados em toda área hospitalar.

Tal fato deve-se a atenção expressa do setor de manutenção aos

critérios de iluminação hospitalar.

A iluminação para pacientes acamados deve providenciar um

ambiente agradável. As cores reproduzidas por fontes de luz e

ambientais constituem-se em efeitos psicológicos e terapêuticos.

Os valores limite de brilho para algumas áreas (laboratório de

genética, centro obstétrico, 5ª enfermaria, berçário) encontram-se

nas faixas aceitas. Entretanto, os valores limite de brilho do

centro cirúrgico, 6ª enfermaria e sala de administração necessitam

de ajustes para que se obtenha um equilíbrio determinado para estas

áreas especificadas pelo IES (1962, 1978).

Os resultados obtidos de várias investigações evidenciam que a

sensação de brilho está relacionada diretamente a iluminância da

fonte. A observância de tais procedimentos diminuirá, em muito, os

efeitos adversos causados pelos níveis de iluminação deficiente,

tomando-se como base os vários prismas discutidos nesse capítulo,

bem como nas normas regulamentadoras que visam estabelecer

parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às

condições psico-fisiológicas dos profissionais, de modo a permitir


um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente (NBR 5413,

1982).

VII.6 - Recomendações quanto ao nível de iluminância hospitalar

Em geral, a iluminação em hospitais apresenta muitos problemas

envolvendo as variabilidades das condições visuais ambientais.

Quando o alto nível de luz localizada é requerida como em salas

cirúrgicas, em especial no ponto de operação, a iluminação geral

deve ressaltar a diferença a outros locais da sala para assegurar

condições visuais confortáveis. Na área de operação deve-se ter

2500 lux e a iluminância geral 250 lux. Já ROBINSON et al. (1990)

evidenciam que as medidas de iluminância de berçários deve ser de 50

lux à noite e 470 lux durante o dia.

O valor da iluminância média do campo de trabalho deve espelhar

as condições da natureza e características das fontes de luz, tensão

elétrica no ponto de fornecimento da energia, altura e posição do

campo de trabalho.

A energia radiante pode ser avaliada tendo-se como base o fluxo

radiante, que representa a taxa de tempo do fluxo de qualquer parte

do espectro de energia radiante em Ergs/segundo e o fluxo luminoso,

medido em lúmens ou lux.


CAPÍTULO VIII

VENTILAÇÃO HOSPITALAR

VIII.1 - Introdução

Esse capítulo tem por objetivo discutir o sistema de ventilação

hospitalar, juntando, para isso, observações de campo e dados da

literatura mundial.

Os contaminantes são especialmente perigosos em ambientes

hospitalares, sobretudo nos centros cirúrgicos. O controle,

portanto, deve ser exercido no campo da higiene pessoal, na

manutenção de um ambiente limpo e na caracterização microbiológica

destes microrganismos, determinando o impacto sobre a saúde humana.

Não há dúvida de que algumas infecções utilizam-se do ar como meio de

dispersão de seus microrganismos patogênicos. Em seu livro ″Notas

sobre Hospitais″ (1863), Florence Nightingale reconheceu a

importância da ventilação para alcançar satisfatório tratamento

médico, denotando como causa principal as condições insalubres dos

ambientes hospitalares. Uma ventilação adequada tem se convertido em

um fator principal no desempenho de serviços médicos modernos.

VIII.2 - Aspectos teóricos e experimentais

VIII.2.1 - Os princípios da ventilação

A ventilação hospitalar ocorre, principalmente, por sistemas

mecânicos, sendo conseqüência de fatores, a destacar:


• a necessidade de conduzir a ventilação nas áreas internas do

hospital;

• a necessidade de estruturas seladas nos serviços médicos modernos

para tratamento, isolamento e propósitos de segurança;

• a necessidade do controle da umidade, temperatura e qualidade do

ar.

Qualquer tipo de ventilação está direcionada a eliminação de

contaminantes ou suplementação de ar, como resultado da energia

aplicada ao sistema, denotando um alto conteúdo de energia provocada

pelo incremento da pressão total com componentes tanto de energia

cinética como energia potencial. A pressão estática e a de

velocidade se somam a pressão total na corrente de ar, a qual flui

através do sistema de ventilação.

A pressão estática é a energia que abre o conduto de um sistema

de pressão positiva ou fecha num sistema de pressão negativa, tendo

como finalidade básica o salvamento das perdas de ar provocadas pela

fricção no sistema de condutos. Da mesma maneira, a pressão de

velocidade é a energia que faz com que o ar em um sistema flua a uma

velocidade dada.

VIII.2.2 - Fluxo laminar

O fluxo de ar na maioria dos sistemas industriais de ventilação

é turbulento, sendo expresso pelo Número de Reynolds que é uma

quantidade adimensional, porém denotando o fluxo laminar contra

regiões turbulentas, em função da velocidade e temperatura. Assim, é

claro que na maioria dos sistemas de ventilação, o fluxo de ar se


encontre bem dentro da região turbulenta. Contudo, no ambiente

hospitalar se utiliza o fluxo laminar, em especial nos centros

cirúrgicos (anexo V).

Nos últimos anos, em certas salas de hospitais se têm adotado

sistemas de ventilação de fluxo laminar (figura VIII.1)

Figura VIII.1: Desenho esquemático de fluxo laminar horizontal e


fluxo laminar vertical.

A área mais comum para esse tipo de instalação é a sala de

operações, se bem que esses sistemas podem ser utilizados em outra

áreas, como as salas de isolamento de pacientes. Preferencialmente,

o fluxo de ar dentro de salas com potencial de infecção elevado devem

ser servidos por sistemas que proporcionem fluxo unidirecional e com

escoamento laminar. O fluxo laminar é representado pelo número de

Reynolds inferior a 2100. Nesta região, o ar flui em um curso

linear, sem misturas ou turbulências que possam perturbar o fluxo.

Esses sistemas operam tanto em direções verticais quanto horizontais,

transportando materiais carregados de partículas de ar a um sistema

de filtros para sua eliminação antes da recirculação na sala (anexo

VI).
VIII.2.3 - Sistemas de ventilação

Nos sistemas de ventilação para uso hospitalar, destacam-se a

ventilação geral, a ventilação de diluição e a ventilação local de

expulsão, com os seguintes propósitos:

• suplemento de ar artificial;

• eliminação de contaminantes;

• dissolução de contaminantes.

Em termos gerais, uma ventilação adequada inclui qualquer

sistema que proporcione um fornecimento de ar artificial a todas as

áreas requeridas. As fontes de contaminantes do ar são,

invariavelmente, os ocupantes das salas que os disseminam através de

partículas de pele, gotas de secreção expelidas pela boca ou pela

respiração (SEAL and CLARK, 1990).

VIII.3 - Recomendações de Normas Técnicas

Quanto aos aspectos de segurança nos sistemas de ventilação

mecânico do ar, esse deve proporcionar uma fonte constante e

confiável de movimento do ar. Para alcançar o controle de

contaminantes, se requer grandes suprimentos de ar não contaminado,

em tais proporções que possam evitar a acumulação progressiva de

contaminantes (STANLEY, 1981).

A capacidade de renovação da atmosfera local depende da

velocidade (dp/dt) de inserção do agente poluidor, pois, se esta

velocidade for muito grande, não dá tempo da atmosfera se reciclar,

sobrevindo daí os efeitos da poluição.


Assim:

6
403 x α x 10 x EG

Q = ---------------------------- x K

MW x LV

onde:

Q = grau de ventilação (pés³/min)

α = gravidade específica do produto

EG= grau de evaporação do produto

MW= peso molecular do produto

LV= valor limite do produto (*)

K = fator de segurança

(*) valor estabelecido pelo American Conference of

Governamental Industrial Hygienists - ACGIH

É importante ter-se a flora normal do ambiente mapeada, a


temperatura e o nível de umidade do ar controlados, atentando para
fatores que possam possibilitar o desenvolvimento de microrganismos
potencialmente patogênicos, até porque existe no ambiente hospitalar
uma flutuação de microrganismos que adquirem resistência à
antibióticos, oscilações bioquímicas (NICOLELIS & BACCALA, 1991),
indicando, assim, que os procedimentos de higienização ambiental
também devem ser monitorados e alterada a aplicação quando ficar
evidenciada resistência. O ambiente hospitalar apresenta respostas
populacionais cíclicas em termos do nível de susceptibilidade a
desinfetantes comumente empregados.

VIII.4 - Avaliações práticas no controle de patógenos nos sistemas


de ventilação hospitalar
VIII.4.1 - Amostragem de microrganismos

Existem poucos métodos padronizados de amostragem de qualidade

do ar. Procedi coleta de amostras nas áreas do Instituto Fernandes

Figueira/Fiocruz, durante o fluxo de trabalho, em sessões de coleta

na parte da manhã (imediatamente após a limpeza) e na parte da tarde

(após fluxo de atendimento), para avaliar o nível microbiológico

aéreo local.

Em resposta ao incremento da conscientização de problemas da

poluição do ar e de sua higienização, considerações enfáticas têm

tido lugar, em especial, microrganismos patogênicos.

Áreas:

• áreas de circulação

• enfermarias

• berçário

• maternidade

• laboratórios

• centro cirúrgico

VIII.4.1.1 - Procedimentos

A avaliação da presença de contaminantes foi feita com técnicas

bacteriológicas, utilizando meios de cultivo que propiciam o

desenvolvimento de patógenos em placas de Petri com agar sangue e

agar triptcaseína-soja espalhadas sobre bancadas, mesas, etc. Após

exposição por 15 minutos, as placas foram fechadas e levadas à estufa

para incubação. Todas as placas com agar sangue foram levadas a


37ºC. As placas com agar triptcaseína soja foram divididas em três

partes: a primeira parte foi incubada a 25ºC (pesquisa de fungos), a

segunda parte a 37ºC (bactérias aeróbias) e a parte restante, em

anaerobiose, a 37ºC. O número total de colônias reflete as unidades

de formação de colônias/m³ (UFC/m³), como também a média de três

testes, de tal forma que a área pesquisada seja representativa do

ambiente (Farmacopéia Brasileira, 1988).

VIII.4.2 Resultados

Não houve diferenças significativas nas amostras colhidas no

período da manhã e no período da tarde.

A observação do material incubado foi feita diariamente por 14

dias e, na observância do crescimento de microrganismos, esses foram

identificados de acordo com as técnicas laboratoriais afins (COWAN,

1974).

Os resultados são apresentados na tabela VIII.1, evidenciando os

tipos de microrganismos encontrados nas diferentes áreas, em unidades

formadoras de colônias por m³ (UFC/m³).


Tabela VIII.1: Microrganismos encontrados na pesquisa do ambiente

hospitalar no Instituto Fernandes Figueira

Número de microrganismos (UFC/m³)

ÁREAS

A B C D E F G

Centro cirúrgico pediátrico 2 φ 1 φ 3 1 1

Centro cirúrgico ginecológico 3 2 4 2 7 1 φ

1ª Enfermaria φ 1 6 3 4 φ 2

5ª Enfermaria 2 1 3 2 1 φ 6

Berçário(Unidade de pacientes graves) 2 1 1 φ φ φ φ

Berçário intermediário φ 1 2 φ φ 1 φ

Berçário normal 2 φ 1 1 φ 1 φ

Maternidade 2 2 3 2 1 2 1

Laboratório de patologia φ φ 2 φ φ 1 φ

Laboratório de análises clínicas 3 φ 4 2 3 2 1

Pátio 8 7 23 11 9 4 9
Legenda:

A = Staphylococcus aureus

B = Klebsiella pneumoniae

C = Escherichia coli

D = Proteus mirabilis

E = Pseudomonas aeruginosa

F = Bacillus subtilis

G = Candida albicans

VIII.5 - Discussão

A contenção das fontes constitui a parte essencial da higiene do

ar. A recirculação do ar ambiente aquecido ou resfriado através de

contínua filtração é uma técnica permitida mesmo em centros

cirúrgicos, embora tenha como principal atrativo a economia de

energia que proporciona.

Os microrganismos identificados encontram-se em nível baixo

quando compara-se o quantitativo das áreas pesquisadas, algumas, em

especial, com a utilização de sistemas mecânicos de ventilação e

todas com rígido controle asséptico com as áreas de circulação

externa. Entretanto, sem descartar o perigo microbiológico, estes

não refletem uma população variada, comum nas dependências

ambulatoriais de hospitais gerais de grande porte.

A maior parte da contaminação em hospitais cai na categoria

altamente tóxica, requerendo sistemas de ventilação de expulsão local

(STANLEY, 1981). A ventilação por diluição é fundamental para

centros cirúrgicos, onde se requer as trocas por hora dos agentes

anestésicos utilizados, áreas laboratoriais; porém, não é apropriada


as áreas comuns e enfermarias, sobretudo em hospitais de grande

porte.

VIII.6 - Recomendações quanto ao controle de patógenos na


ventilação hospitalar
O nível microbiológico aéreo do hospital pesquisado encontra-se
baixo. Entretanto para todas as áreas hospitalares deve-se
permanentemente ter o fluxo aéreo controlado.
Quando o ar é expulso de uma área de grandes concentrações de

microrganismos ou a patogenicidade destes indique medidas protetoras

máximas ocorre descarregamento exterior através de dutos providos de

filtros esterilizantes ou precipitadores em sua parte terminal. É

fundamental um impulsor de ar ou ventilador para fazer com que o ar

contaminado circule pelo sistema de expulsão local.

Em áreas de manipulação com produtos químicos, em especial gases

anestésicos, CHARNLEY (1964) preconiza a utilização de uma fórmula

matemática que reflete o planteamento normal da ventilação por

diluição, expressando os requerimentos desde o ponto de vista de

volume de ar como trocas de ar por hora (em pés³/min).

Segundo DAVENPORT (1976), espera-se que o centro cirúrgico tenha

27 trocas/hora e que nas outras dependências hospitalares tenha-se um

fluxo de pelo menos 10 l/s por pessoa (RUOTSALAINEN et al., 1994), o

que representa em média 5 trocas/hora.

Vários fatores podem afetar seu funcionamento. O fator mais

importante é a manutenção regular dos sistemas de filtração;

entretanto, os fatores que podem afetar adversamente o sistema de

ventilação incluem o freqüente abrir e fechar portas, o movimento de

pessoal, a exposição de pelo capilar e facial e a atividade


supervigorosa, o que proporciona o movimento de biopartículas que se

acumulam em superfícies horizontais, reativadas na corrente de ar

pela ação dos movimentos de gente na sala.

VIII.6.1 - Desinfecção do ar

O formol era até pouco tempo o único desinfetante gasoso

verdadeiramente eficaz, com o qual se procedia a desinfecção terminal

dos quartos de doentes contagiosos (NAYAK et al., 1993). Os vapores

de formol são, entretanto, muito irritantes para as mucosas e, assim,

não podiam ser usados para a desinfecção de ambientes ocupados.

Lâmpadas ultravioletas, cujo valor desinfetante foi estabelecido por

WELLS (1936-1942), tendo seu emprego utilizado em áreas específicas

como complemento às desinfecções locais (BERG et al., 1992).

Porém, pulverizações de hipoclorito de sódio a 1% (NaClO) e

propileno glicol (CH3CHOHCH2OH) têm se constituído em meio seguro e

econômico. A condição essencial para a eficácia de tais

pulverizações é que as partículas do líquido dispersado sejam

suficientemente pequenas e permaneçam suspensas durante algum tempo,

a fim de que possam entrar em contato com as gotículas de

microrganismos presentes no ar.

A desinfecção é função direta da intensidade do agente físico ou

químico empregado. A dinâmica deste processo dá-se pela relação de

velocidade dx/dt, que é proporcional à concentração de substância não

transformada (a-x) que diminui exponencialmente em função do tempo

(t) a partir da concentração inicial (a).


dx

----- = K (a-x)

dt

− kt
(a-x)= a . e

No caso particular da desinfecção (a-x), corresponde ao número

de microrganismos sobreviventes (A) e x ao número inicial (Ao):

− kt
A= Ao . e
CAPÍTULO IX

RISCO FÍSICO PROVOCADO PELO RUÍDO EM UNIDADES DE SAÚDE

IX.1 - Introdução

O ruído representa um grande problema no ambiente hospitalar. É

um produto da atividade humana e da operação de sistemas mecânicos,

sendo fruto do avanço tecnológico, propiciado, fundamentalmente,

pela a inserção de equipamentos em diversas áreas operacionais e

pela maioria dos hospitais estarem em centros urbanos e assim

inseridos nos problemas sonoros das cidades.

O equipamento médico que utiliza o som na forma de alarmes é de

primordial importância como indicador da condição do paciente e da

interpretação deste som por parte do profissional. Contudo, muitos

destes sons úteis e necessários podem considerar-se coletivamente

como uma moléstia e de influência negativa no processo de cura.

IX.2 - Aspectos teóricos

IX.2.1 - A física do som

O som é uma vibração com um nível de energia e uma freqüência

que pode impressionar o sistema auditivo do homem. Se propaga no ar

na forma de ondas em uma série de compressões e rarefações. Esses

movimentos aerotransportados são percebidos pelo ouvido através do

canal auditivo, onde se chocam com a membrana timpânica, produzindo

uma vibração simpática que é transmitida até a perilinfa,

estimulando as células dentro do ouvido interno, a qual é

interpretada pelo cérebro mediante a conexão com o nervo auditivo.


IX.2.2 - Elementos para estudo básico sobre ruídos

Ruído é um agente físico ambiental, representado por uma

vibração de freqüência audível, com intensidade desagradável e/ou

perigosa, que pode gerar danos no sistema auditivo. A intensidade

do som é medida em decibéis, unidade de medida da onda sonora, da

qual é constituído o som que bate no tímpano do ouvido e o faz

vibrar. O som além da intensidade é caracterizado também pela

freqüência, ou seja, o número de vibrações emitidas. A nocividade

do som é dada pela pressão combinada com a freqüência.

Para calcular os níveis de ruído, têm-se como base o uso de uma

escala de medição. A escala de decibel (dB), denominada assim em

honra a Alexandre Graham Bell, se define com a relação:

 2 
P 
dB =10 log  
 P0 

donde P é a pressão do som medido em (N/m²) e P0 é uma pressão do som

de referência (2 x 10-5 N/m²), que representa o limite da condição

humana. Teoricamente, se estabelece o valor mais alto no limite da

dor em torno de 140 dB e assim, a difusão de pressões do som real

oscila em um intervalo de 0-140 dB.

A natureza da escala de decibéis é uma consideração importante

em qualquer esforço realizado, com o fim de reduzir os níveis de

ruído. Tais níveis se encontram tipicamente nas diferentes

dependências hospitalares, sendo suficientemente altos, podendo

permitir perigos especiais a pacientes devido a idade, condição e

tratamentos especiais com drogas.


O ruído no hospital pode produzir tanto moléstia como perigo

para à saúde. Estudos prévios de ruído têm sugerido modificações

acústicas na estrutura do hospital e têm documentado largas fontes

de ruído e seus níveis. A maior parte do ruído em equipamentos e

maquinário é produzida por um excesso de vibração. A vibração pode

fazer que vibrem outros objetos de ruído geral, sendo geralmente

resultado de partes frouxas, ajuste deficiente e manutenção

inadequada.

O controle de ruídos é fundamental no hospital moderno. O

conhecimento dos problemas ocasionados pelo ruído é um primeiro

passo no controle ambiental.

IX.3 - Recomendações de Normas Técnicas

Aponta a literatura que os níveis de ruídos em hospitais devem

cair, preferencialmente, no intervalo de 50-85 dB. Um paralelo a

esta observação é a norma de ruído industrial atual que delimita em

90 dB o nível máximo de exposição contínua por 8 horas. O hospital

requer níveis controlados, considerando principalmente os benefícios

da calma durante o processo de recuperação (MINCKLEY, 1968).

Existe certa evidência que os níveis de ruído em incubadoras

podem ser surpreendentemente altos. A parte o perigo físico, há

outra discussão na literatura médica sobre os efeitos no ajuste

psicológico do recém-nascido. FALK & WOODS (1973) demonstraram que

os pacientes sob tratamento com antibióticos aminoglicosídicos se

expõem a um risco maior de perda de audição em presença de níveis de

som superior a 58 dB. Outros estudos têm demonstrado que o ruído

pode ter um efeito adverso no eixo pituitário-adrenal (HENKIN &


KNIGGE, 1993) assim como no sistema cardiovascular (GEBER &

ANDERSON, 1977), porém, devido a dados insuficientes, é impossível

fixar critérios estritos que não afetarão adversamente as funções

cardiovasculares e endócrinas.

Outros estudos têm documentado níveis de ruídos excessivos na

sala de operação (SHAPIRO & BALLAND, 1972). Os alarmes causam os

ruídos mais irritantes. Registraram sons de até 108 dB em períodos

de intervenção cirúrgica, devido a vários fatores, tais como:

alarmes das máquinas de monitoramento dos gases anestésicos, vozes

da equipe, outros equipamentos gerais.

A extensão de reações fisiológicas tende a incrementar quando o

nível de ruídos é intenso, quando é aperiódico ou quando é

incontrolável, advindo reações como dilatação pupilar, aumento da

secreção de adrenalina, elevação da pressão sangüínea, aumentando o

nível de stress, sobretudo em pacientes conscientes em parte ou

total durante a intervenção cirúrgica.

IX.4 - Diagnóstico sonoro ambiental - Avaliação prática

Para avaliar o nível de ruído, fez-se diversas incursões no

Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, em quatro horários distintos:

na madrugada - de 05 às 6 da manhã, no período da manhã - de 10 às

11 horas, à tarde - das 14 às 15 horas e no período da noite - das

21 às 22 horas.

O ruído pode se apresentar de diversas formas, gerando grande

dificuldade quanto a determinação de uma forma de avaliação

confiável e, por conseguinte, dificultando a criação de limites de


tolerância compatíveis com a natureza humana. As áreas hospitalares

têm característica de ruído intermitente, com picos de ação durante

determinados períodos, retornando após a um patamar mínimo de

intensidade acústica. Os resultados encontram-se na tabela IX.1, a

qual reflete as medidas realizadas em variados períodos no Instituto

Fernandes Figueira/Fiocruz, utilizando-se como equipamento de medida

o decibilímetro - Simpson (Model 886), previamente aferido pelo

INMETRO.
Tabela IX.1: Níveis de decibéis (dB) em setores do Instituto

Fernandes Figueira

ÁREA Nível de Ruído (dB)


Corredores 50
70
75
Unidade de pacientes graves 60
70
95
Pediatria 60
80
Centro cirúrgico 50
95
Hall de espera 60
80
Área externa 60
80
105

IX.5 - Discussão

Ruídos no ambiente hospitalar constituem-se num problema diário,

podendo induzir a efeitos deletérios sobre o ser humano e a

qualidade do trabalho exposto a ele. É um típico estressor

ambiental com claros efeitos à saúde. As administrações

hospitalares devem estar atentas aos ruídos internos, devendo

providenciar inspeções e avaliações permanentes.

A existência de níveis potenciais perigosos em certas áreas do

hospital, como o centro cirúrgico, sala de recuperação, berçários,

indicam necessidade de monitoramento constante. Sem dúvida, as

plantas hospitalares devem prever tratamento anti-acústico nas


dependências mais importantes do hospital, impedindo assim problemas

operacionais, porque em função do número de leitos, da finalidade

hospitalar, vão influir diretamente no volume de internações e

intervenções médicas diárias, ou seja, é melhor prevenir os futuros

problemas que impor medidas nem sempre possíveis na tentativa de

encontrar-se soluções.

IX.6 - Recomendações quanto ao nível sonoro hospitalar

A correlação entre o nível de ruído e o número de pessoas pode

controlar-se mediante a adoção de políticas de zonas silenciosas e

certas medidas de isolamento de ruído (cortinas, proteções,

isolamentos, etc.). Em muitos casos, uma manutenção melhorada pode

solucionar o problema de certa forma, ainda que se possa necessitar

de alguns dispositivos de controle de ruído para ganhar uma

significativa redução. A nível de maquinário, a maioria dos

dispositivos de controle de ruído reduz a vibração mediante

isolamento ou amortecimento. É importante o estabelecimento de uma

faixa de segurança de no máximo 85 dB (LOEB, 1986). No caso de

necessidade de diminuição do nível de ruídos em determinadas áreas,

deve-se reconhecer que as reduções são logarítmicas e que uma

redução de 10 dB se considera excepcional e pode ser muito custosa

(PETERSON et al., 1974).


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ANEXO I

Cuidados especiais de água para hemodiálise:

Fator Observações

Distribuição através de tubulação

a) tamanho tamanhos superdimensionados em diâmetro


interno e comprimento aumentam o
reservatório de bactérias.
b) construção juntas rugosas, terminações cegas e
ramificações não devem ser usadas,
podem atuar como reservatório de
bactérias.

c) tanques de armazenamento são indesejáveis pois atuam como


reservatórios de bactérias. Se
presentes devem ser desinfectados
rotineiramente.

Equipamentos de diálise

a) simples passagem o desinfetante deve ter contato com


todas as partes do circuito da máquina.
b) banho recirculante o projeto das bombas de recirculação e
máquinas permite níveis de contaminação
em massa. É recomendada desinfecção
durante a noite.
ANEXO II

Defini-se Poder Calorífico em duas abordagens:

- Poder calorífico superior: é a quantidade de calor

desprendida por um quilo de combustível (papel, etc.) para queimar-se

por completo, resultando anidrido carbônico e água.

- Poder calorífico inferior: é a quantidade de calor

desprendida por um quilo de combustível, produzindo gás carbônico e

vapor d'água.

A diferença resultante entre os dois poderes caloríficos é o

calor necessário para vaporizar a água. Assim, o poder calorífico

pode ser determinado, em geral, por dois procedimentos:

a) pela análise estimativa dos constituintes do resíduo: somando os

poderes caloríficos dos componentes multiplicados pelas respectivas

quantidades. 1 Kg de hidrogênio dá origem a 9 Kg de água. O

nitrogênio existente não participa da combustão, ou seja, entra e sai

inativo. Todo o oxigênio se liga ao hidrogênio formando água. O

flúor, fósforo, cloro, etc., apresentam em geral concentrações

desprezíveis. O poder calorífico do carbono é igual a 8140 Kcal/Kg.

O poder calorífico do hidrogênio é igual a 34462 Kcal/Kg e o poder

calorífico do enxofre é igual a 2165 Kcal/Kg.

Assim, obtêm-se o poder calorífico (superior e inferior) em

Kcal/Kg, através das seguintes fórmulas:


Poder Calorífico Superior=8140 C + 34462 [H - (O/8)] + 2165 S

Poder Calorífico Inferior=8140 C + 29000 [H - (O/8)] + 2165 S - 600A

Definição:

A= quantidade de água
C= quantidade de carbono
H= quantidade de hidrogênio
O= quantidade de oxigênio
S= quantidade de enxofre

b) por ensaio de laboratório: é realizado em calorímetros, como a

bomba de Mahler ou de Parr, utilizando uma amostra de peso conhecido

do combustível (geralmente 1 grama), previamente seca à 100°C por 1

hora, à 30 atmosferas de oxigênio. Por contato externo, através de

um fio de platina de poder calorífico conhecido, o material é

inflamado. Mede-se a diferença de temperatura provocada em banho de

água, onde está imerso o aparelho. Este resultado é mais preciso,

uma vez que o método de ensaio anterior apesar de valioso, em seus

cálculos não leva em conta o calor liberado pela dissociação

molecular dos compostos presentes no resíduo hospitalar, nem as

perdas de combustível nas cinzas.


ANEXO III

O controle ambiental pode ser monitorado, de acordo com os

requisitos gerais de operação, análise do resíduo, padrões de

emissão, etc., corrigindo as emissões da seguinte maneira:

14

Ec = ---------- Em

21 - Om

Onde:

Ec = emissão corrigida para o teor de oxigênio referido

Em = emissão medida

Om = quantidade de oxigênio medido


ANEXO IV

Com o advento de um conceito de aterro sanitário a partir dos

Estados Unidos, no início dos anos 70, o aterro sanitário tem sido

largamente reconhecido como uma das tecnologias que realiza

ambientalmente legítimo tratamento e disposição do lixo.

O uso de critérios para a seleção de um local apropriado, deve

minimizar riscos à saúde, impactos ambientais e custo e maximizar a

aceitabilidade pública. Isto inclui parâmetros geotécnicos, análises

da estabilidade do solo, critérios de seleção para enterramento de

materiais, medidas de segurança e controle de qualidade de instalação

de trincheiras, avaliação da qualidade e quantidade do líquido

lixiviado (chorume), arquitetura das lagoas apropriadas de

estabilização do líquido lixiviado e monitoramento e tratamento da

contaminação das águas subterrâneas e superficiais próximas ao

aterro, devido a percolação do chorume.

Critérios Ambientais: - hidrologia

- amenidade visual

- distância

- uso da terra

Critérios de Engenharia: - local físico

- acessibilidade

- topografia

- solo

- clima
Critérios Econômicos: - aquisição da propriedade

- desenvolvimento do local

- distância da disposição

- custo anual

Na relação cruzada entre os tópicos anteriormente descritos,

deve-se prevenir a poluição causada pelo líquido percolado nas águas

superficiais e subterrâneas, devendo-se evitar solos com

permeabilidade inferiores que 10-7m/s-1, dando-se preferência àqueles

que impeçam a migração do líquido percolado a lugares subterrâneos do

solo.

Quanto ao recobrimento do lixo diário, atualmente, utiliza-se

como base de sustentação uma membrana sintética de PVC (cloreto de

polivinil) de espessura entre 1,0 e 1,5 mm. Recobrimento asfáltico

ainda em uso em alguns países ou térreo utilizado na grande maioria,

deve gradativamente ter seu uso desestimulado pelos danos em

proporções variadas causados no ambiente.

Para reduzir danos ambientais devido a produção do líquido

percolado, sistemas de drenagem são necessários para interceptar e

desviar este material. Assim, os sistemas empregados para este

propósito são:

- drenagem instalada ao longo da periferia do local de

disposição,

- drenagem das águas pluviais acumuladas,

- drenagem das águas de superfície.


Estes drenos são interligados e o líquido coletado é armazenado

em um sistema coletor para futuro tratamento. O sistema de

tratamento está diretamente relacionado a qualidade do material

percolado, afetado pelo tipo e espécie do lixo, pré-tratamento do

lixo, idade do aterro, etc.

O processo de tratamento está compreendido em quatro fases:

- pré-tratamento e igualamento,

- tratamento biológico,

- tratamento físico-químico,

- tratamento do sedimento.

O tratamento biológico é favorecido para líquidos percolados

gerados a partir de materiais biodegradáveis ou gerado de lixo

fresco. O tratamento físico-químico destina-se a líquidos percolados

a partir de lixo não combustível, resíduos de incinerador ou

produzidos de deposição antiga. Pré-tratamento e igualamento ajuda a

manter a qualidade para futuro tratamento biológico. Os sedimentos

produzidos após tratamento do material percolado devem ser retornados

ao aterro após desidratação.

De qualquer maneira deve-se observar a saturação do local

utilizado para aterro. Após constatação de inviabilização de

utilização como área de disposição de lixo, deve-se evitar

construções pesadas no local.


ANEXO V

Define-se o Número de Reynolds como:

DVe

Re= -----

onde:

D= diâmetro do conduto (em pés)

V= velocidade linear média do fluxo de ar (pés/seg)

e= densidade do fluxo (lb/pés³)

µ= viscosidade do fluxo (lb/pés)

Critérios para estabelecimento de fluxo aéreo

< Re < 2100: Fluxo Laminar

2100 < Re < 4000: Região de Transição

< Re < 4000: Fluxo Turbulento


ANEXO VI

A poluição de um determinado meio pode, com algumas restrições,

ser definida pela equação diferencial:

Y(t)= eln y(t)

P(t)

y(t)= ------ onde:

v v= volume em metros cúbicos

P= metros cúbicos do poluente

dp

------ = - y(t)

dt

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