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UNIVERSIDADE TIRADENTES – UNIT

CURSO DE DIREITO

CRIMINOLOGIA

AUTOR DO DELITO

Diego Thompson Campos Déda


Flávia Almeida Melo
Letícia de Oliveira Dória
Liberty Agostinho Soares Menezes
Marina de Jesus Carvalho
Mirelle Déda G. B. Cruz
Sandra Rejane Alves

Turma: N08

Aracaju/SE
2009
DIEGO THOMPSON CAMPOS DÉDA

FLÁVIA ALMEIDA MELO

LETÍCIA DE OLIVEIRA DÓRIA

LIBERTY AGOSTINHO SOARES MENEZES

MARINA DE JESUSCARVALHO

MIRELLE DÉDA G. B. CRUZ

SANDRA REJANE ALVES

PERFIL DO AUTOR
SOB A ÓTICA DA VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS

Trabalho apresentado à disciplina


Criminologia, como requisito para obtenção
de nota da 2ª Unidade, requisitado pela
professora Araci Bispo.

Aracaju/SE
2009
"A idade não é aquela que a gente tem,
mas a que a gente sente".

(Garcia Marquez)
________________________________________________________Agradecimento

Agradecemos à professora e amiga Araci Bispo por ter-nos proporcionado a


oportunidade de desenvolver um bom trabalho na busca do entendimento e
compreensão acerca de vários aspectos abordados pela Criminologia e a
orientação e contribuição para nossa formação acadêmica.
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5

01. A CRIMINOLOGIA E SEUS PENSADORES ................................................................. 6

02. PERFIL DO AGRESSOR PARA A ESCOLA CLÁSSICA .............................................7

03. PERFIL DO AGRESSOR PARA A ESCOLA CORRECIONALISTA ........................ 8

04. PERFIL DO AGRESSOR PARA A ESCOLA POSITIVA ............................................. 8

05. PERFIL DO AGRESSOR PARA A 3ª ESCOLA ............................................................13

06. PERFIL DO AGRESSOR PARA A ESCOLAMODERNA ALEMÃ ...........................13

07. PERFIL DO AGRESSOR DO CRIME DE VIOLÊNCIA CONTRA OS IDOSOS

.................................................................................................................................................. 14

08 - Aspectos Gerais do Crime de Violência Contra o Idoso .,,,,,,,,,,,,,........,,. 15

09. COMO DENUNCIAR O CRIME .................................................................................... 18

10. CONCLUSÃO ....................................................................................................................

19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 20


ANEXO ..................................................................................................................................... 21

INTRODUÇÃO

A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas,


assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem
estar e garantindo-lhes o direito à vida
§ 1º - os programas de amparo aos idosos serão executados preferencialmente
em seus lares.
§ 2º - aos maiores de 65 anos é garantida a gratuidade dos transportes
coletivos urbanos.
(artigo 230 da Constituição Federal)

O direito surge inspirado pelo ideal de preservação dos valores humanos e, via de
conseqüência, destina-se a disciplinar uma vida comunitária harmônica orientada pela
finalidade do bem comum, sendo o homem o principal personagem da cena social.
Entretanto, violado o pacto comum de convivência, quebrada a harmonia da vida societária,
seus valores essenciais, não se pode abstrair a atuação das normas legais pertinentes, que
devem incidir diretamente na pessoa do infrator.
Dessa forma, várias Escolas Penais se propuseram a estudar e caracterizar os autores dos mais
variados delitos penais.
É em meio a esse contexto que o presente trabalho analisará o autor do delito, que é um dos
estudos da criminologia, sob a ótica do crime de violência contra o idoso.
A violência contra idosos é uma violação aos direitos humanos e é uma das causas mais
importantes de lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e desesperança dessa faixa
etária.
O trabalho é composto por diversos tópicos que podem ser lidos na seqüência indicada no
índice, garantindo assim, uma melhor compreensão dos temas, de modo especial para aqueles
que ainda não estejam suficientemente familiarizados com o assunto, como nós estudantes de
Direito.
1 – A Criminologia e seus Pensadores

A palavra criminologia significa estudo do crime, que advém do latim crimino (crime) e
do grego logos (estudo).
Conforme dados históricos, nos mais remotos tempos da humanidade, já se
evidenciavam indivíduos com conduta criminosa de forma que os antigos pensadores
demonstravam preocupação com tais pessoas.
Para Platão, entre os anos de 427 – 347 a.C, “o meio, as más companhias, os costumes
dissolutos, podem converter as pessoas inexperientes, os jovens, em criminosos”. E
complementando, Santo Agostinho, que viveu por volta de 354 – 430 depois de Cristo,
afirmava que “a pena devia ser uma medida de defesa social e contribuir para a regeneração do
culpado, além de implicitamente conter uma ameaça e um exemplo”.
Tais pensadores e tantos outros, como Aristóteles e Montesquieu, mostra-se mais atuais
do que nunca, ao abordarem os aspectos relevantes ao crime, como a vítima, o fato social e a
pessoa do criminoso. Além dos renomados pensadores:
Beccaria (1738 – 1794) “Dos Delitos e das Penas”
Cesare Lombroso ( 1835 – 1909) “Stigmata”
Enrico Ferri (1856 – 1929) Sociología Criminal
Raphael Garófalo – 1884 – Criminología

“É a ciência que estuda o fenômeno criminal, a vítima, as determinantes


endógenas e exógenas, que isolada ou cumulativamente atuam sobre a pessoa e a
conduta do delinqüente, e os meios labor-terapêuticos ou pedagógicos de
reintegrá-lo ao grupamento social”.

Podemos então extrair um simples conceito da criminologia, como sendo a ciência que
estuda o crime e suas variáveis: o autor do delito, a vítima e o controle social, com finalidade
de prevenir a ocorrência os delitos.
O pesquisador em neurobiologia, o chileno Humberto Maturana, destaca que "…cada
pessoa diz o que diz, e ouve o que ouve, segundo sua própria determinação estrutural."
(Maturana e Varela, 1995, pg. 219) e que os humanos sofrem mudanças tanto pela própria
dinâmica estrutural internas, seja como mudanças estruturais desencadeadas em nossas
interações com o meio.
"Como resultado disso, a conduta de um ser vivo é adequada somente se suas
mudanças estruturais ocorrem em congruência com as mudanças estruturais do meio, e isso só
ocorre enquanto sua estrutura permanecer congruente com o meio durante seu devir de
contínua mudança estrutural."

2 - Perfil do Agressor para a Escola Clássica


Pode-se dizer que a Escola Clássica, também chamada de escola humanitária, surgiu no
final do século XVIII, tendo Cesare Beccaria como um dos seus principais filósofos. Em sua
obra intitulada “Dos Delitos e das Penas”, formou-se por um conjunto de idéias, teorias
políticas, filosóficas e jurídicas, sobre as principais questões penais.
Embora não houvesse uma postura unitária, a escola clássica defendeu que, o fato é o
que importa e não a análise do agressor, em que, não havia diferença entre o homem
delinqüente e o não-delinquente, tendo em vista que, para ela, a responsabilidade penal se
fundamenta no livre arbítrio. Ou seja, a pena para os clássicos, era uma medida repressiva,
aflitiva e pessoal, que se aplicava ao autor de um fato delituoso que tivesse agido com
capacidade de querer e de entender sendo que, o inimputável, por não ter livre arbítrio era
penalmente irresponsável, ficando alheio ao sistema penal.
Enfim, de acordo com tal escola o crime não é uma entidade de fato, mas de direito, já
que o crime só pode ser entendido como um mau uso da liberdade em uma concreta situação. O
ser humano, dotado de razão e livre-arbítrio, atua movido pela procura do prazer (hedonismo) e
a ordem social resulta de um consenso em torno de valores fundamentais, visando o bem-estar
de todos (contrato social). Assim, a conduta criminosa é uma escolha racional, uma opção do
criminoso que avalia os riscos e benefícios da empreitada criminosa, ou seja, o delinqüente é
um pecador e optou pelo mal embora pudesse e devesse respeitar a lei. Logo, a pena (castigo) é
necessária e suficiente para acabar com a criminalidade.

3 - Perfil do Agressor para a Escola Correcionalista


Pode-se dizer que a escola correcionalista surgiu na Alemanha, em 1839, tendo como
fundamento o sistema filosófico de Krause, pertencente ao movimento do idealismo romântico
alemão, durante a primeira metade do século XIX. No entanto, na Espanha foi onde encontrou
os seus principais seguidores, que cultuaram o famoso correcionalismo espanhol de matiz
eclético.
Alguns dos doutrinadores que se dedicam ao estudo das escolas penais apontam como
uma das principais características da Escola Penal Correcionalista o fim único de pena, ou seja,
emenda correção do deliquente.
O fato é que, o agressor, para os correcionalistas, é um ser anormal, incapaz de uma
vida jurídica livre, constituindo-se, por isso, em um perigo para a convivência social, sendo
indiferente a circunstância de tratar-se ou não de imputável. Como se constata, não dá nenhuma
relevância ao livre-arbítrio. O criminoso é um ser limitado por uma anomalia de vontade,
encontrando no delito o seu sintoma mais evidente e por isso, a sanção penal é vista como um
bem. Dessa forma, o delinqüente tem o direito de exigi sua execução e não o dever de cumpri-
la. Ao Estado cabe a função de assistência às pessoas necessitadas de auxilio (incapazes de
autogoverno). Para tanto, o órgão púbico deve atuar de dois modos: a) restringindo a liberdade
individual (afastamento dos estímulos delitivos); e b) corrigindo a vontade defectível. O
importante não é a punição do delito, mas sim a cura ou emenda do delinqüente.
Portanto, é na Escola Penal Correcionalista que se inicia o pensamento, mesmo que de
forma indireta, na ressocialização do delinqüente através da pena, no momento em que se busca
a cura do delinqüente. Trata-se aqui a pena como meio de controle social, não mais como uma
mera retribuição ao crime praticado.

4 - Perfil do Agressor para a Escola Positiva


Em fins do século XIX, a idéia de um liberalismo estremado, seja no campo político ou
econômico, tornava-se insustentável. O capitalismo sem limites havia conduzido as sociedades
européias industrializadas e uma situação social e jurídica verdadeiramente desumana.
No campo filosófico, passada a euforia do Iluminismo, na eficácia absoluta do
conhecimento racional vai cedendo lugar ao predomínio do conhecimento experimental. A
verdade deve ser filha da ciência, que nunca erra, e não da razão. Busca-se assim, com base na
experiência e na observação, uma explicação científica para todos os fenômenos da realidade
cósmica, inclusive para o crime, visto então como fenômeno humano e social. É exatamente
neste contexto que vamos encontrar as condições necessárias ao surgimento das idéias
constituidoras da Escola Positiva.
Com o surgimento do período criminológico, novos rumos do Direito Penal são
traçados, com o estudo do delinqüente e a explicação causal do crime. Instala-se a escola
positiva que teve três fases e seus principais representantes:

1ª Fase ou Fase Antropológica


César Lombroso (l836-l909), médico legista, psiquiatra italiano, professor universitário
e criminologista, é considerado criador da Escola Positiva (Lombroso "L'uomo delinquenti"
1875).
Tornou-se famoso por seus estudos e teorias no campo da caracteorologia: a relação
entre características físicas e mentais do homem. Publicou em 1875, o que seria a obra-prima
da Escola Positiva, O Homem Delinqüente, dando início à Antropologia Criminal.
Lombroso formulou sua teoria do criminoso nato através de vários estudos que tiveram
como causa certo episódio. Num dia, pela manhã, quando o mesmo estava fazendo a necropsia
de um cadáver verificou que este tinha características de certos animais vertebrados inferiores,
foi então que, subitamente, lhe veio a relação entre o criminoso, os animais e o homem
primitivo. Posteriormente formulou a teoria do atavismo.
Segundo a teoria lombrosiana, certos homens, por efeito de uma regressão atávica,
nascem criminosos, como outros nascem loucos ou doentios. A criminalidade proviria de forma
inelutável, de fatores biológicos. O indivíduo viria ao mundo estigmatizado por determinados
sinais de degenerescência, com malformações e anomalias anatômicas ou funcionais,
relacionadas com o seu psiquismo. Colheu Lombroso abundantes dados, que foi formulando
como a síntese ou média indicativa do homem delinqüente por tendência natural.
Figurava ele o criminoso nato caracterizado por uma cabeça sui generis, com
pronunciada assimetria craniana, fronte baixa e fugidia, orelhas em forma de asa, zigomas,
lóbulos occipitais e arcadas superciliares salientes, maxilares proeminentes (prognatismo), face
longa e larga, apesar do crânio pequeno, cabelos abundantes, mas barba escassa, rosto pálido.
O homem criminoso estaria assinalado por uma particular insensibilidade, não só física
como psíquica, com profundo embotamento da receptividade dolorífica (analgesia) e do senso
moral. Como anomalias fisiológicas, o mancinismo (uso preferente da mão esquerda) ou a
ambidestria (uso indiferente das duas mãos), além da desvulnerabilidade. Ou seja, uma
extraordinária resistência aos golpes e ferimentos graves ou mortais, de que os delinqüentes
típicos pronta e facilmente se restabeleceriam. Seriam ainda, comum entre eles, certos
distúrbios dos sentidos e mau funcionamento dos reflexos vasomotores, acarretando a ausência
de enrubescimento da face. Tal fato não seria apenas resultante do déficit moral, mas de
autêntica tendência orgânica.
Além de outros caracteres que Lombroso atribuía aos criminosos nato, como: insensibilidade
dolorífica (por isso o uso de tatuagens), atrofia do senso moral, imprevidência, preguiça,
vaidade, impulsividade e epilepsia, senão com sinais exteriores pelo menos uma epilepsia no
estado larval.
Contudo, Lombroso reconheceu que os estigmas arrolados não que determinantemente
indiquem que qualquer pessoa que tenha algum desses caracteres seja um criminoso, pois
existem indivíduos honestos e normais que apresentam algum desses. O fato é que, porém,
esses estigmas são encontrados em proporção muito maior entre os criminosos.
Para a Escola Positiva o crime está longe de ser um ente jurídico como na Escola
Clássica, mas é um fato humano oriundo de fatores individuais, físicos e morais. Esta Escola
não se restringiu apenas as teses de Lombroso, ao lado destas que é antropológica aparece a
sociológica e a jurídica.

2ª Fase ou Fase Sociológica - (Ferri, "Sociologia Criminal" 1877);


Enrico Ferri (l856-l929), considerado o maior vulto da Escola Positiva, criador da
Sociologia Criminal, elabora sua obra I nuovi orizzonti del diritto e della procedura penale em
1880, diz ser a sociologia criminal ciência enciclopédica do crime, da qual o direito penal
constituiria um capítulo, o que não nos parece procedente. Ferri foi o pai da sociologia
criminal. Foi ele que deu expansão ao trinômio causal do delito – fatores antropológicos,
sociais e físicos. Pregou a responsabilidade social em substituição à moral – o homem só é
responsável porque vive em sociedade, isolado em uma ilha, não tem qualquer
responsabilidade. Respondia assim a objeção dos Clássicos de que negado o livre arbítrio o
determinismo levava a impunidade, pois iníquo seria punir quem fatalmente praticaria crimes.
Acrescentava Ferri que, assim como o homem não é livre, também não o é o Estado, na sua
necessidade de reprimir o crime, para defesa do direito e da sociedade.
Mais do que a repressão deu ele importância à prevenção, sugerindo então, medidas que
denominou substantivos penais, destinadas a modificar condições mesológicas, principalmente
as sociais e econômicas, de efeitos ciminôgenos.
Ferri prega que a pena deve ser indeterminada, adequada ao delinqüente, e visar ao
reajustamento para o convívio social. Classificou os criminosos em cinco grupos: natos, loucos,
habituais, ocasionais e passionais.
Os criminosos natos foram minuciosamente explorados acima. O criminoso louco, do
fundador da escola permanece na classificação de Ferri, contrariando os postulados clássicos,
para os quais a expressão era contraditória, pois o louco não pode ser delinqüente, mas
compreensível na Escola Positiva, para a qual a responsabilidade é social. A espécie, aliás
abrangia também os matóides, ou indivíduos situados na zona que se estende entre a sanidade e
a enfermidade psíquica. Os habituais são produtos do meio. Mais do que os fatores endógenos
influenciam os exógenos. Em regra inicia sua vida criminosa bem cedo e por pequenos delitos,
a que correspondem penas de curta duração, cumpre-as em prisões inadequadas, onde, em
contato com outros delinqüentes mais se corrompe. Reincide genérica ou especificamente, mas
de ordinário, passa de pequenos delitos para mais graves. O criminoso ocasional é fraco de
espírito, sem firmeza de caráter e versátil. É impelido pela ocasião criada por fatores diversos,
como a miséria, influência de outros, esperança de impunidade etc. O passional, em regra é
honesto, mas de temperamento nervoso e sensibilidade exagerada. Seu crime geralmente ocorre
na juventude. Age sem premeditação e sem dissimular. Confessa o delito e arrepende-se, pelo
que, freqüentemente se suicida. Dividindo as paixões em sociais e anti-sociais, preconiza
tratamento excessivamente brando, que raia pela impunidade, o que encontrou resistência dos
próprios adeptos da escola. Na prática forense, esse tipo de delinqüente é desvirtuado,
porfiando-se com discursos mais ou menos hábeis, por que assim seja considerado todo
matador de mulher.
Além de Ferri, Garofalo e Liszt também classificaram o delinqüente. Modernamente
Benigno di Tullio apresentou sua classificação: ocasionais, constitucionais e enfermos mentais,
compreendendo estes os delinqüentes loucos e loucos delinqüentes. Entre nós o professor
Hilário Veiga de Carvalho classifica assim o delinqüente: mesocriminoso, mesocriminoso
preponderante, mesobiocriminoso, biocriminoso preponderante e biocriminoso, obedecendo a
prevalência do fator mesológico ou biológico.

3ª Fase ou Fase Jurídica – (Garófalo "Criminologia" 1885).


Rafael Garófalo é o iniciador da fase jurídica. Sua obra principal é “Criminologia”, em
1885. É o sistematizador das aplicações da antropologia e da sociologia ao direito penal.
Dividiu seu livro em duas partes: o delito, e, o delinqüente e a repressão penal. Na última parte
é que se observa o labor jurídico.
Garofalo buscou um conceito de crime que pairasse acima das legislações, procura criar
o delito natural que é a ofensa feita à parte do senso moral formada pelos sentimentos altruístas
de piedade e probidade. Considera o patrimônio moral indispensável de todos os indivíduos em
sociedade. Da concepção de anomalia moral, chega a conclusão de que o critério da medida
penal deve ser a periculosidade. Define-a como a perversidade permanente e ativa do criminoso
e a quantidade do mal previsto que se deve temer por parte dele.
No tocante a repressão afasta-se da escola, o fim da medida penal é principalmente a
eliminação, seja pela pena de morte, seja pela deportação ou relegação.
Garofalo é considerado o jurista dos primeiros tempos da Escola Positiva ao lado de
Fioretti, Puglia, Berenini, Magno, Altavilla, Florian, Grispigni etc.
Resumindo podemos dizer que os fundamentos desta escola são: a) método indutivo, b)
o crime como fenômeno natural e social oriundo de causas biológicas, físicas e sociais, c)
responsabilidade social como decorrência do determinismo e da periculosidade, d) a pena tendo
por fim a defesa social e não a tutela jurídica.
Por utilizar o método indutivo, foi ela até chamada de Experimentalista. O crime e o
criminoso devem ser expostos à observação e à análise experimental, como os fenômenos
naturais. O delito não é um ente jurídico, como queriam os clássicos, mas um fato humano,
resultante de fatores endógenos e exógenos, que dever ser estudado sobretudo à luz da
criminologia, ou mais precisamente, pela antropologia e sociologia criminal. Não podia a
escola, determinista que era aceitar a responsabilidade moral, o homem é responsável por viver
em sociedade, e a medida penal é dada pela periculosidade. Finalmente a pena tem por escopo a
defesa social, não havendo, por conseguinte correspondência precisa entre ela e o crime. A
sanção pode ser aplicada mesmo antes da prática delituosa, como só acontece com certas
condutas compreendidas no estado perigoso, ociosidade, embriaguez, desonestidade, falta de
decoro, etc.
Críticas foram feitas não somente a Lombroso como a Ferri, Garofalo e seus seguidores,
entretanto, são inegáveis os méritos desta escola, as altas contribuições, sua luta contra a
criminalidade e na elaboração de institutos jurídicos penais. Disse José Frederico Marques:
“Mesmo que se não abrace a orientação que o positivismo italiano imprimiu aos estudos penais,
só um extremado sectarismo poderia pretender obumbrar ou diminuir a repercussão e valor do
movimento científico inaugurado por Lombroso e toda a nova escola”.

5 - Perfil do Agressor para a 3ª Escola


A terceira escola, também conhecida como Escola Crítica, surgiu no início do séc. XX e
tentou conciliar preceitos clássicos e positivistas. Seus expoentes foram Bernardino Alimena,
Giuseppe Impalomeni e Carnevale, tendo como principais postulados:
- Respeito a personalidade do direito penal, que não pode ser absorvido pela sociologia
criminal;
- Inadmissibilidade do tipo criminal antropológico, fundando-se na causalidade e não
fatalidade do delito;
- Reforma social como imperativo do Estado na luta contra a criminalidade;
- A pena tem por fim a defesa social.
O fato é que, a terceira escola, distingue o imputável do inimputável, sem se fundar,
porém, no livre-arbítrio e sim na determinação normal do indivíduo. Substituí a noção da
imputabilidade pela de perigosidade.
Por fim, de acordo com o renomado autor, Cesar Roberto Bitencourt,
O crime, para esta escola, é concebido como um fenômeno social e individual,
condicionado, porém, pelos fatores apontados por Ferri. O fim da pena é a defesa
social, embora sem perder seu caráter aflitivo, e é de natureza absolutamente
distinta da medida de segurança.
Em outras palavras, apesar de utilizar-se da medida de segurança e buscar a defesa
social Terza scoula ainda ignora qualquer hipótese de ressocialização do agressor. A pena serve
apenas para afastar o criminoso do meio social.

6 - Perfil do Agressor para a Escola Moderna Alemã


Surge na Alemanha, por volta do último quartel do séc. XIX, outra escola eclética que
considerava o crime um fato jurídico, com implicações humanas e sociais. Combate à idéia de
Lombroso a cerca do criminoso nato, contudo aceita que são motivos para a formação do
delinqüente os fatores individuais e externos (físicos e sociais) com especial relevo os
econômicos.
Von Liszt é o principal representante de tal escola. É dele a teoria de que a pena tem
tanto função preventiva geral (em relação a todos os indivíduos) quanto especial (recaindo
particularmente sobre o delinqüente).
Em linhas gerais as concepções que emanaram destas escolas foram:
1º Sustentavam, como os positivistas, a necessidade de investigação de ordem antropológica e
sociológica, através do método experimental. Repeliram, no entanto, a criminalidade congênita;
2º Pregavam a necessidade de distinguir o Direito Penal (na forma dogmática) das ciências
criminais como a sociologia e criminologia;
3º A finalidade da pena é a proteção da sociedade (prevenção), no entanto, a pena não perde seu
caráter aflitivo (castigo);
4º Concorda, como na Escola Clássica, com a concepção da responsabilidade moral, embora
não fundamentada no livre arbítrio, pois o crime, além de um fato jurídico, é também um
fenômeno humano e social;
5º Foi preocupação destas escolas, evitar discussões metafísicas a respeito do livre arbítrio e do
determinismo;
6º Com relação aos inimputáveis, entendiam que eles não deveriam ficar alheios à
responsabilidade penal, como queriam os clássicos, e nem serem apenados como os imputáveis,
como queriam os positivistas, mas sim deveriam sofrer medidas acauteladoras.
Entre os adeptos da Escola Moderna Alemã (Von Liszt) fundou-se, em 1888, uma
sociedade internacional com a finalidade de discutir, estudar e propor providências de ordem
prática no Direito Penal em benefício da prevenção e da repressão.

7 - Perfil do Agressor do Crime de Violência Contra o Idoso


No que se refere às características dos agressores, os filhos mais velhos se destacam
como os agressores de todos os tipos de maus-tratos, seguidos pelas filhas, pelos genros e por
último, aparece os cônjuges.
Com relação à idade dos agressores, as faixas de maior freqüência foram dos 34 aos 39
anos, seguidas dos 29 aos 34 anos, e na minoria os agressores com mais de 49 anos. Em outras
palavras, a grande maioria dos agressores possuem idade superior aos 29 anos, sendo que no
que concerne à relação de idade e sexo, o agressor do sexo feminino possui mais de 34 anos.
A maioria dos agressores vivem com as vítimas e dependem delas financeiramente, o
que fortalece a idéia de que o fator econômico está associado ao abuso.
Com relação à posição dos agressores no mercado de trabalho, mais da metade deles
não trabalham, portanto são desempregados, sendo que a grande minoria é aposentado, e a
parte restante exerce algum tipo de trabalho.
Referindo-se ao problema econômico, o agressor freqüentemente ameaça e agride a
vítima com a finalidade da doação de um bem, da antecipação de uma herança ou para evitar
gastos desnecessários ou inúteis feitos pelos idosos. Outra característica detectada nos
agressores é que alguns são usuários de álcool e drogas. Este dado foi obtido por informação
dos próprios idosos quando notificaram a agressão à polícia.
Quanto aos tipos de violência, podemos observar que o predominante é a agressão física
com lesão corporal, associada a outros tipos de violência (psicológica, abandono, negligência,
apropriação indevida e tentativa de homicídio), alcançando a metade dos idosos masculinos e
pouco menos da metade das mulheres.
As mulheres foram mais atingidas que os homens nos tipos de violência psicológica,
abandono e negligência e somente as mulheres foram vítimas de apropriação indevida e
tentativa de homicídio.
Estes resultados demonstram uma porcentagem bastante elevada de violência física com
lesão corporal em idosos de ambos os sexos, o que leva a deduzir uma intenção deliberada de
infringir dor e sofrimento ao idoso, provocando sérios traumas físicos, morais, psico-
emocionais e sociais.

8 - Aspectos Gerais do Crime de Violência Contra o Idoso


Vivemos dias de grande avanço tecnológico, o que possibilita maior qualidade de vida e
de saúde. Esse avanço, obviamente bom, traz consigo um problema – o envelhecimento
populacional em todo o mundo. O progresso inegável da medicina tem permitido que a
população idosa alcance padrões de bem-estar nunca vividos antes; medicamentos, tecnologias
de diagnóstico, recursos de intervenção sobre o corpo permitem prolongar a saúde, reduzir a
doença e, com isso, aumentar a autonomia física do idoso. Porém, as pessoas e instituições não
estão preparadas para lidar com as questões sociais e psíquicas típicas do envelhecimento,
gerando um conjunto de sofrimentos socialmente impingidos aos idosos. Destaca-se aí a
violência, que aumenta muito em todo o mundo.
Nos EUA, mais de dois milhões de idosos sofrem maus-tratos a cada ano; dados
disponíveis indicam que apenas 19% dos casos chegam a conhecimento público, percebidos
por vizinhos ou policiais. Quatro em cada cem idosos canadenses sofrem algum tipo de
violência; como é típico nos casos de violência em família, a maioria dos sofrimentos
impingidos a idosos no ambiente doméstico não é registrada.
A velhice, antes tida como questão privada, integra-se à agenda pública com a
contribuição da Gerontologia. O arcabouço normativo atual se admite, de forma consensual,
que os cuidados para com os idosos são de responsabilidade conjunta da família, da sociedade e
do Estado; assim, revisita-se a centralidade da família, tendo o
Estado como apoio. Parece razoável que o idoso seja destinatário do cuidado prioritário na
família, já que ali é que se desenvolvem e exercem os vínculos básicos do indivíduo e se
confere identidade ao sujeito. Contudo, não se deve olvidar que naquela pequena célula social
se dão inúmeras formas de violência contra seus os membros mais frágeis, entre os quais estão
as mulheres, crianças e os idosos.
Não se deve, porém acreditar que a violência dirigida ao idoso é de interesse exclusivo
do espaço privado. Se o lar é o epicentro dessas violências, por outro lado há que se reconhecer
a participação da sociedade contemporânea, que coloca novas demandas na vida familiar,
alterando os papéis sociais tradicionais e as estruturas que sustentam a vida familiar.
Há poucas décadas, a mulher desempenhava o papel de cuidadora sem acumular as
tarefas que hoje se lhe impõem. Familiares próximos não cuidam mais de seus ascendentes,
dando azo a que se verifique hoje altos índices de violências contra idosos ocorrendo por conta
da convivência de diferentes gerações na mesma unidade doméstica.
Evidência de que o convívio plurigeracional já não pode mais garantir uma velhice bem
sucedida.
É o empobrecimento da população que força o convívio entre as gerações, em face da
estrutura e crescimento desorganizado das cidades, somados à ausência de políticas públicas
para a saúde e a assistência social, deixando a população idosa à mercê da violência social,
psicológica e física. Destarte a indigência social e econômica contribui sobremaneira na
construção e consolidação do fenômeno da violência. Em outras palavras, a violência estrutural
pode ser a pedra de toque da violência que atinge o homem e a família.
Acrescente-se a isso o fato de que o idoso perdeu seu lugar de depositário da
experiência familiar e comunitária. Inversamente, a sociedade hodierna estimula o indivíduo a
adotar estratégias de combate à deterioração e à decadência; velhice e envelhecimento são,
dessa forma, concepções que trazem à tona questões como a degeneração, a decadência, o
desequilíbrio demográfico e o custo das políticas sociais.
O prolongamento da vida fez surgirem dificuldades próprias do envelhecimento como o
convívio com portadores das muitas doenças degenerativas que atingem os idosos, comumente
caracterizadas pelo declínio cognitivo. Assim, o idoso tem sua imagem associada à decadência,
à perda de habilidades cognitivas e de controles físicos e emocionais, fundamentos importantes
da autonomia dos sujeitos. Várias doenças crônicas colocam-nos em situação de dependência,
demandando cuidados para os quais a família nem sempre está disponível. Nesse processo, o
idoso ganha o status de objeto da técnica médica, que tende a tratar os processos biológicos do
envelhecimento à parte de parâmetros culturais e sociais.
Neste contexto, cria-se um caldo de cultura que impulsiona a violência, esta sendo
entendida como um ato (único ou repetido) ou omissão que cause dano ou aflição ao idoso e
que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança.
As violências contra o idoso manifestam-se de três formas principais:
Estrutural – desigualdade social provocada pela pobreza e a discriminação expressada de
múltiplas formas (Só 25% dos idosos no Brasil vivem com três salários mínimos ou mais).
Institucional – é aquela levada a efeito pelas instituições assistenciais de longa permanência
(Em vários asilos e clínicas os idosos são maltratados, despersonalizados, destituídos de
qualquer poder e vontade, faltando-lhes alimentação, higiene e cuidados médicos adequados).
Também refere-se a aplicação ou omissão na gestão das políticas sociais (serviços de saúde,
assistência, previdência social).
Interpessoal – ou familiar, refere-se às interações e relações do cotidiano. Abusos e
negligências, problemas de espaço físico nas residências e por dificuldades econômicas,
somadas a um imaginário social que considera a velhice como “decadência”, são
particularmente relevantes.
Além dos três tipos acima, categorias foram estabelecidas internacionalmente para
designar as diversas formas de violência mais praticadas contra a pessoa idosa. São elas:
Abuso físico, maus tratos físicos ou violência física – uso da força física para obrigar os
idosos a fazerem o que não desejam, para feri-los, provocando incapacidade ou morte.
Abuso psicológico, violência psicológica ou maus tratos psicológicos – agressões verbais que
visam aterrorizar os idosos, humilhar, restringir sua liberdade e isolá-lo da convivência social.
Abuso sexual, violência sexual – ato sexual com pessoas idosas por meio de violência física
ou ameaças.
Abandono – violência que se manifesta pela deserção ou ausência dos responsáveis
governamentais, institucionais ou familiares de prestarem assistência a uma pessoa idosa
necessitada de proteção.
Negligência – recusa ou omissão de cuidados básicos, devidos e necessários aos idosos, pela
família ou instituições.
Abuso Financeiro e econômico – é a exploração ilegal ou imprópria dos idosos, ou utilização
não consentida por eles de seus recursos financeiros e patrimoniais.
Autonegligência – diz respeito à conduta da pessoa idosa que ameaça sua própria saúde ou
segurança, devido a recusa de cuidar de si mesma.
É importante frisar que a violência doméstica e os maus-tratos a idosos não devem ser
entendidos fora do contexto da violência social / estrutural em que os indivíduos e as
comunidades estão inseridos.
O medo do idoso em denunciar a violência doméstica está relacionado ao fator “perda
dos laços afetivos com a família”. A resistência à violência doméstica de 91,8% dos
entrevistados ultrapassa os limites do suportável, de acordo com os relatos dos entrevistados.
Eles são capazes de contar suas histórias de angústia, com riqueza de detalhes, porém, o fato de
dirigirem-se a uma Unidade Policial para registrarem a denúncia de um fato delituoso contra
sua própria prole, é algo que lhes causa mais dor que as agressões físicas, psicológicas,
econômicas e negligenciais sofridas no dia-a-dia.

9 - Como Denunciar o Crime


O Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741 de 2003, é uma Lei Especial que particulariza essa
faixa etária e reafirma seus direitos constitucionalmente reconhecidos, define as obrigações das
instituições para idoso e garante a prioridade no atendimento, os direitos à vida, à dignidade, à
seguridade social, ao esporte, ao lazer, à cultura, à moradia, num sistema de proteção, além de
prever sanções em caso de violação de seus direitos.
A vítima idosa, ao sofrer agressão, de qualquer natureza, pode recorrer aos meios legais
e invocar a aplicação da Lei Especial, com a finalidade de garantir que os atos contra si não
mais acontecem e para que o agressor seja penalizado.
Na nossa cidade, em Aracaju/SE, nós temos a Delegacia de Atendimento a Grupos
Vulneráveis, localizada à Av. Augusto Maynard, nº 247, no Bairro São José, onde o idoso ou
qualquer outra pessoa, como visinhos e parentes podem denunciar as situações de maus tratos
para com o idoso. Será instaurado um inquérito, a fim de colher informações sobre os fatos
relados, em investigações feitas pelos policiais e pela assistente social.
Existem diversos órgãos especializados no atendimento a esse público, como o Disque
Idoso, como telefone para contato nº 0800 79-0500; a Promotoria do Idoso: (79) 3216-2400;
SOS Idoso da Fundação de Desenvolvimento Comunitário de Sergipe: (79) 3179-2671;
Conselho Estadual dos Direitos e Proteção do Idoso: (79) 3179-7686 e a Gerência do Idoso da
Secretaria de Estado de Combate à Pobreza, da Assistência Social e do Trabalho: (79) 214-3266
ramal 310.
10 – Conclusão
As discussões que envolvem o perfil do criminoso, sua conduta e a maneira de
ressociáza-lo advém ao longo dos anos, nas mais diversas civilizações da humanidade. Os
pensadores como Sócrates e Platão já mostravam esta preocupação e foram os precursores dos
estudos na área de identificação e formação do delinquente.
A criminologia surge então para estudar não somente o agressor, como também o crime,
a vítima e o controle social, com o objetivo de evitar crimes reiterados. Foram nas escolas
penais para o debate filosófico de tais fatores que surgiram as mais diversas hipóteses sobre o
perfil do autor do crime, conforme abordado em nosso trabalho.
Entretanto, para traçar a personalidade do agressor, atualmente fala-se no elemento bio-
psico-social. Volta a tomar força os estudos de endocrinologia, que associam a agressividade do
delinqüente à testosterona (hormônio masculino), os estudos de genética ao tentar identificar no
genoma humano um possível conjunto de "genes da criminalidade" (fator biológico ou
endógeno), e ainda há os que atribuem a criminalidade meramente ao ambiente (fator
mesológico), como fruto de transtornos como a violência familiar, a falta de oportunidades, etc.
Nos crimes cometidos contra idoso, o perfil básico do agressor é um adulto de meia-
idade, geralmente um filho, em geral financeiramente dependente da vítima e com problemas
mentais e/ou dependente de álcool ou de drogas.
São de longas datas os registros de violência praticada contra pessoas acima dos 60 anos
de idade. É difícil compreender que no auge do séc. XXI manifestações desta natureza ainda se
encontrem em ascensão.
É repugnante o fato de um indivíduo, dito humano, externar atitudes tão animalescas a
ponto de causar lesões, seja ela física ou psico-social contra outro da mesma espécie, ainda
mais quando falamos de pessoas que necessitam de atenção especial, como são nossos idosos.
Mais alarmante ainda quando o agressor descente da vítima ou ainda quando os
agressores são os visinhos, netos, noras, cuidadores de idosos, ou até mesmo aqueles que lhes
prestam serviço, como médicos, atentendes de supermercado, funcionário de bando, entre
outros. Fato este que muitas vezes as vítimas a se calarem, alhiados a falta de informação.
Precisamos de políticas públicas que venham assegurar os direitos da população idosa e
de uma atenção especial quanto a aplicabilidade da Lei e suas sanções. Nossos jovens devem
ser educados para aprenderem a respeitar os mais velhos, a população brasileira está cada vez
mais envelhecendo, e ainda não somos civilizados suficientemente para saber entender e
respeitá-los.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FARIAS JÚNIOR, João. Manual de Criminologia. 3ª ed. Ver. E at. Curitiba: Juruá, 2000.

MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. 4ª ed. RT. São

Paulo, 2002.

Disponível no site: http://www.criminologia.kit.net/. Acessado em 25/05/2009.

Estatuto do Idoso
ANEXO

Entrevista

Estatuto do Idoso por Vicente Faleiros, Professor da UCB


(03/10/2008 - 14:23)

Idosos em questão Vicente de Paula Faleiros*


1- Quais os principais avanços alcançados com a implantação do Estatuto do Idoso no
Brasil?
O Estatuto do Idoso, ou melhor, da Pessoa Idosa, é uma lei que particulariza para essa faixa
etária, os direitos fundamentais previstos na Constituição. Considera o envelhecimento um
direito personalíssimo e sua proteção um direito social (art.8°). Em conseqüência, definem a
garantia de prioridade para a pessoa idosa, os direitos à vida, à dignidade, à seguridade
social, ao esporte, ao lazer, à cultura, à moradia, num sistema de proteção. Define as
obrigações das instituições para idosos e prevê sanções em caso de violação de seus direitos.
2 - A população idosa é o grupo que apresenta, atualmente, as taxas mais elevadas de
crescimento no Brasil e em outros países. O que significa esta mudança no perfil e a que se
atribui este envelhecimento da população?
Em três décadas a proporção de idosos será igual á de crianças e adolescentes no Brasil. A
longevidade é uma conquista social, com suas vantagens e suas exigências. O impacto de
uma população idosa não se traduz em peso negativo mas em estímulo ao consumo, ao
turismo, à criação de emprego de cuidadores, à vida cultural, ao convívio intergeracional.
3 – O Brasil está preparado para atender esta população?
O Brasil ainda não está preparado para atender a essa população, mas como ela previsível, o
planejamento de ações pode ser feito de acordo com a legislação vigente. Cada município
precisa trabalhar nos próximos quatro anos para definir, alocar recursos e executar um plano
para as pessoas idosas, conforme sua realidade e as orientações do Plano Internacional sobre
Envelhecimento aprovado em Madrid em 2002. Existem normativas federais que definem
parâmetros e políticas para a pessoa idosa, mas a execução de ações depende dos
municípios. A Lei Orgânica da Assistência Social garante o Benefício de Prestação
Continuada aos idosos pobres, a Previdência Social garante aposentadorias e pensões a 80%
dos idosos e o SUS e a Saúde da Família atendem a grande maioria dessa população.
4 – Quais são as necessidades do País em relação ao cuidado com seus idosos?
Temos que nos preocupar tanto com a prevenção de doenças como com o atendimento
adequado da população dependente, que vai crescer. Como preconiza a ONU é necessário
que se promova o envelhecimento ativo que compreende tanto a participação dos idosos na
sociedade e nas políticas como a atividade física e vida saudável. É ainda fundamental que
nos eduquemos devidamente para conviver com uma população idosa sem discriminação, ou
seja, com respeito à dignidade da pessoa envelhecente.
5 – Quais os avanços que a Política Nacional do Idoso traz para esta parcela da população?
A Política Nacional da Pessoa Idosa (PNI), aprovada pela Lei 8842/1994 preconiza a
participação dos idosos e a integração das políticas. A implementação dos conselhos de
direitos da pessoa idosa está avançando nos municípios. O Conselho Nacional de Direitos da
Pessoa Idosa (CNDI) existe desde 2002 e existem Conselhos Estaduais. Em 2006 foi
realizada a Iª Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa com mais de 700 pessoas e
foi elaborado o Plano Nacional de Enfrentamento da Violência contra Pessoa Idosa. Várias
pesquisas, dentre as quais a que coordenei sobre violência, estão sendo realizadas. No Brasil
já existem quatro mestrados de gerontologia/geriatria. A Sociedade Brasileira de Geriatria e
Gerontologia (SBGG) tem contribuído para fazer avançar conhecimento nessa área.Alguns
municípios estão promovendo um trabalho em rede e implementando serviços
especializados.
6 - Qual o papel do poder público na questão? E o da sociedade?
Estado, sociedade e família são co-partícipes na questão da proteção à pessoa idosa.
Estamos convivendo com profundas na família, que tem sido a âncora histórica dessa
proteção. Hoje a rede primária da família, mais reduzida e com novos arranjos da
conjugalidade não dá conta do cuidado necessário aos idosos. Por isso a rede de serviços
pública é fundamental e precisa estar articulada numa diversidade de serviços que vai desde
o atendimento em domicílio, aos centros de convivência, centros dia, hospitais dia, hospitais,
instituições de longa permanência. A iniciativa privada também precisa oferecer residências
adaptadas e com projetos adaptados às pessoas de mais idade. A política de acessibilidade
precisa ser implementada nas cidades, nas ruas, nos edifícios, de forma inclusiva para toda a
população dependente. Os descontos em espetáculos e isenção de pagamento no transporte
podem promover trocas sociais e contribuir para diminuir o isolamento.

7 - Como o senhor avalia a rede de proteção social que vem sendo implantada pelo Sistema
Único de Assistência Social para garantir os direitos do idoso?
A implementação dos CRAS - Centros de Referência da Assistência Social e dos CREAS-
Centros Especializados de Assistência Social é fundamental para desenvolver o acesso aos
benefícios, promover projetos com as pessoas idosas, conforme a realidade local, e prestar
serviços especializados como o enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. A visão
territorial do SUAS leva em conta a diversidade de condições em que vivem os mais velhos,
pois o envelhecimento se dá na desigualdade de classes, de condições sociais, de histórias
familiares. A atual coorte de idosos ainda tem baixa escolaridade e contribui muito com sua
renda para manter os descendentes desempregados.
8 - Muito tem se falado que, em breve, haverá mercado extenso para os chamados
“cuidadores de idosos”. O senhor concorda?
A demanda por cuidadores vai crescer, mas é preciso pensar em profissionais especializados
como gerontólogos e geriatras nos serviços já existentes. Como as famílias estão em
condições difíceis de cuidar devidamente dos idosos, é necessário uma política articulada em
rede para atendimento e que contrate pessoas para serviços coordenados como atendimento
diversificado em domicílio.
9 – Como o senhor vê as instituições destinadas a abrigar idosos no Brasil?
No Brasil há relativamente poucos idosos em instituições, apenas um por cento, comparado
com outros países. Há uma diversidade de instituições, mas a maioria tem a marca da
filantropia. É preciso um protocolo para seu funcionamento, apoiado nas Normas da
ANVISA e apoio para que os percapitas sejam decentes. A fiscalização das mesmas está
melhorando tanto pelo Executivo como pelo Ministério Público.
10 - De acordo com estudos, os idosos são freqüentemente vítimas de insultos e
espancamentos. O que leva alguém a agredir um idoso?
A questão da violência precisa ser vista na sociedade e na família. Existe o "idadismo", o
preconceito em relação à idade na consideração do velho como descartável, incapaz ou
atrasado. Por exemplo, na família, não é muitas vezes escutado para dar opiniões, escolher o
lugar de estar, ou mesmo o programa de televisão. A violência é potencializada pelo
desemprego, pelo alcoolismo ou uso de outras drogas, a baixa escolaridade e dependência do
agressor em relação ao idoso e também pela história familiar de violência. Recomendo a
leitura do trabalho "Violência contra a pessoa idosa: ocorrências, vítimas e agressores",
publicado pela Editora Universa da Universidade Católica de Brasília e que resulta de uma
pesquisa por mim coordenada.
11 – Pela sua experiência e estudos na área, que pontos o senhor destacaria como
fundamentais para assegurar qualidade de vida ao idoso?
As pessoas idosas precisam de renda, acesso e serviços de saúde, de trocas sociais e de
projetos de vida. A velhice é uma etapa da vida com desenvolvimento social e pessoal. Não
se termina o desenvolvimento quando se chega à velhice. As pessoas, a sociedade e o Estado
precisam compreender isso.
12 - O envelhecimento da população gera um impacto na família e na sociedade. Como
preparar a sociedade para este quadro?
A educação tem um papel fundamental. As escolas precisam propiciar maior convivência
entre gerações, pois as atuais gerações de crianças e adolescentes vão envelhecer um dia. O
envelhecimento deve fazer parte da transversalidade dos currículos escolares com uma visão
realista de uma etapa da vida em desenvolvimento e não com uma infantilização (vovozinho
pra cá, vovozinha pr lá) ou supervalorização do idoso . O idoso precisa re-aprender
constantemente a conviver com as novas gerações e a família deve estar aberta ao diálogo
das necessidades dos idosos e dos jovens.
13 - Como os jovens poderiam conviver melhor com as pessoas da terceira idade?
Como assinalei é preciso um diálogo de necessidades, projetos e recursos entre as gerações,
os jovens ouvindo os idosos e vice-versa.
14 – Existe ainda muito preconceito em relação ao idoso. Qual o senhor consideraria o mais
grave?
Todo preconceito é grave, pois parte do pressuposto de que o outro deva ser igual ao que
penso ou idealizo e não como sujeito de direitos, cidadão merecedor de respeito. O
desrespeito é o fundamento do preconceito e significa a falta de consciência do outro, de sua
história, de sua palavra, de sua opinião, de sua divergência. Ouvir o velho, o louco, a
criança, o pobre e dar expressão a sua palavra, a seus projetos e a suas propostas são formas
de combater o preconceito.
15 – O senhor destacaria alguma frase que resumisse o que significa a pessoa idosa para a
família, comunidade e para o país?
Lembro-me de uma frase de Garcia Marquez: "a idade não é aquela que a gente tem, mas a
que a gente sente".
*Vicente de Paula Faleiros é assistente social, doutor em sociologia, professor titular aposentado da UnB, pesquisador do CNPq e
professor da Universidade Católica de Brasília. Autor, consultor, poeta.

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