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CURSO DE DIREITO
CRIMINOLOGIA
AUTOR DO DELITO
Turma: N08
Aracaju/SE
2009
DIEGO THOMPSON CAMPOS DÉDA
MARINA DE JESUSCARVALHO
PERFIL DO AUTOR
SOB A ÓTICA DA VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS
Aracaju/SE
2009
"A idade não é aquela que a gente tem,
mas a que a gente sente".
(Garcia Marquez)
________________________________________________________Agradecimento
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 5
.................................................................................................................................................. 14
19
INTRODUÇÃO
O direito surge inspirado pelo ideal de preservação dos valores humanos e, via de
conseqüência, destina-se a disciplinar uma vida comunitária harmônica orientada pela
finalidade do bem comum, sendo o homem o principal personagem da cena social.
Entretanto, violado o pacto comum de convivência, quebrada a harmonia da vida societária,
seus valores essenciais, não se pode abstrair a atuação das normas legais pertinentes, que
devem incidir diretamente na pessoa do infrator.
Dessa forma, várias Escolas Penais se propuseram a estudar e caracterizar os autores dos mais
variados delitos penais.
É em meio a esse contexto que o presente trabalho analisará o autor do delito, que é um dos
estudos da criminologia, sob a ótica do crime de violência contra o idoso.
A violência contra idosos é uma violação aos direitos humanos e é uma das causas mais
importantes de lesões, doenças, perda de produtividade, isolamento e desesperança dessa faixa
etária.
O trabalho é composto por diversos tópicos que podem ser lidos na seqüência indicada no
índice, garantindo assim, uma melhor compreensão dos temas, de modo especial para aqueles
que ainda não estejam suficientemente familiarizados com o assunto, como nós estudantes de
Direito.
1 – A Criminologia e seus Pensadores
A palavra criminologia significa estudo do crime, que advém do latim crimino (crime) e
do grego logos (estudo).
Conforme dados históricos, nos mais remotos tempos da humanidade, já se
evidenciavam indivíduos com conduta criminosa de forma que os antigos pensadores
demonstravam preocupação com tais pessoas.
Para Platão, entre os anos de 427 – 347 a.C, “o meio, as más companhias, os costumes
dissolutos, podem converter as pessoas inexperientes, os jovens, em criminosos”. E
complementando, Santo Agostinho, que viveu por volta de 354 – 430 depois de Cristo,
afirmava que “a pena devia ser uma medida de defesa social e contribuir para a regeneração do
culpado, além de implicitamente conter uma ameaça e um exemplo”.
Tais pensadores e tantos outros, como Aristóteles e Montesquieu, mostra-se mais atuais
do que nunca, ao abordarem os aspectos relevantes ao crime, como a vítima, o fato social e a
pessoa do criminoso. Além dos renomados pensadores:
Beccaria (1738 – 1794) “Dos Delitos e das Penas”
Cesare Lombroso ( 1835 – 1909) “Stigmata”
Enrico Ferri (1856 – 1929) Sociología Criminal
Raphael Garófalo – 1884 – Criminología
Podemos então extrair um simples conceito da criminologia, como sendo a ciência que
estuda o crime e suas variáveis: o autor do delito, a vítima e o controle social, com finalidade
de prevenir a ocorrência os delitos.
O pesquisador em neurobiologia, o chileno Humberto Maturana, destaca que "…cada
pessoa diz o que diz, e ouve o que ouve, segundo sua própria determinação estrutural."
(Maturana e Varela, 1995, pg. 219) e que os humanos sofrem mudanças tanto pela própria
dinâmica estrutural internas, seja como mudanças estruturais desencadeadas em nossas
interações com o meio.
"Como resultado disso, a conduta de um ser vivo é adequada somente se suas
mudanças estruturais ocorrem em congruência com as mudanças estruturais do meio, e isso só
ocorre enquanto sua estrutura permanecer congruente com o meio durante seu devir de
contínua mudança estrutural."
FARIAS JÚNIOR, João. Manual de Criminologia. 3ª ed. Ver. E at. Curitiba: Juruá, 2000.
MOLINA, Antonio García-Pablos de; GOMES, Luiz Flávio. Criminologia. 4ª ed. RT. São
Paulo, 2002.
Estatuto do Idoso
ANEXO
Entrevista
7 - Como o senhor avalia a rede de proteção social que vem sendo implantada pelo Sistema
Único de Assistência Social para garantir os direitos do idoso?
A implementação dos CRAS - Centros de Referência da Assistência Social e dos CREAS-
Centros Especializados de Assistência Social é fundamental para desenvolver o acesso aos
benefícios, promover projetos com as pessoas idosas, conforme a realidade local, e prestar
serviços especializados como o enfrentamento da violência contra a pessoa idosa. A visão
territorial do SUAS leva em conta a diversidade de condições em que vivem os mais velhos,
pois o envelhecimento se dá na desigualdade de classes, de condições sociais, de histórias
familiares. A atual coorte de idosos ainda tem baixa escolaridade e contribui muito com sua
renda para manter os descendentes desempregados.
8 - Muito tem se falado que, em breve, haverá mercado extenso para os chamados
“cuidadores de idosos”. O senhor concorda?
A demanda por cuidadores vai crescer, mas é preciso pensar em profissionais especializados
como gerontólogos e geriatras nos serviços já existentes. Como as famílias estão em
condições difíceis de cuidar devidamente dos idosos, é necessário uma política articulada em
rede para atendimento e que contrate pessoas para serviços coordenados como atendimento
diversificado em domicílio.
9 – Como o senhor vê as instituições destinadas a abrigar idosos no Brasil?
No Brasil há relativamente poucos idosos em instituições, apenas um por cento, comparado
com outros países. Há uma diversidade de instituições, mas a maioria tem a marca da
filantropia. É preciso um protocolo para seu funcionamento, apoiado nas Normas da
ANVISA e apoio para que os percapitas sejam decentes. A fiscalização das mesmas está
melhorando tanto pelo Executivo como pelo Ministério Público.
10 - De acordo com estudos, os idosos são freqüentemente vítimas de insultos e
espancamentos. O que leva alguém a agredir um idoso?
A questão da violência precisa ser vista na sociedade e na família. Existe o "idadismo", o
preconceito em relação à idade na consideração do velho como descartável, incapaz ou
atrasado. Por exemplo, na família, não é muitas vezes escutado para dar opiniões, escolher o
lugar de estar, ou mesmo o programa de televisão. A violência é potencializada pelo
desemprego, pelo alcoolismo ou uso de outras drogas, a baixa escolaridade e dependência do
agressor em relação ao idoso e também pela história familiar de violência. Recomendo a
leitura do trabalho "Violência contra a pessoa idosa: ocorrências, vítimas e agressores",
publicado pela Editora Universa da Universidade Católica de Brasília e que resulta de uma
pesquisa por mim coordenada.
11 – Pela sua experiência e estudos na área, que pontos o senhor destacaria como
fundamentais para assegurar qualidade de vida ao idoso?
As pessoas idosas precisam de renda, acesso e serviços de saúde, de trocas sociais e de
projetos de vida. A velhice é uma etapa da vida com desenvolvimento social e pessoal. Não
se termina o desenvolvimento quando se chega à velhice. As pessoas, a sociedade e o Estado
precisam compreender isso.
12 - O envelhecimento da população gera um impacto na família e na sociedade. Como
preparar a sociedade para este quadro?
A educação tem um papel fundamental. As escolas precisam propiciar maior convivência
entre gerações, pois as atuais gerações de crianças e adolescentes vão envelhecer um dia. O
envelhecimento deve fazer parte da transversalidade dos currículos escolares com uma visão
realista de uma etapa da vida em desenvolvimento e não com uma infantilização (vovozinho
pra cá, vovozinha pr lá) ou supervalorização do idoso . O idoso precisa re-aprender
constantemente a conviver com as novas gerações e a família deve estar aberta ao diálogo
das necessidades dos idosos e dos jovens.
13 - Como os jovens poderiam conviver melhor com as pessoas da terceira idade?
Como assinalei é preciso um diálogo de necessidades, projetos e recursos entre as gerações,
os jovens ouvindo os idosos e vice-versa.
14 – Existe ainda muito preconceito em relação ao idoso. Qual o senhor consideraria o mais
grave?
Todo preconceito é grave, pois parte do pressuposto de que o outro deva ser igual ao que
penso ou idealizo e não como sujeito de direitos, cidadão merecedor de respeito. O
desrespeito é o fundamento do preconceito e significa a falta de consciência do outro, de sua
história, de sua palavra, de sua opinião, de sua divergência. Ouvir o velho, o louco, a
criança, o pobre e dar expressão a sua palavra, a seus projetos e a suas propostas são formas
de combater o preconceito.
15 – O senhor destacaria alguma frase que resumisse o que significa a pessoa idosa para a
família, comunidade e para o país?
Lembro-me de uma frase de Garcia Marquez: "a idade não é aquela que a gente tem, mas a
que a gente sente".
*Vicente de Paula Faleiros é assistente social, doutor em sociologia, professor titular aposentado da UnB, pesquisador do CNPq e
professor da Universidade Católica de Brasília. Autor, consultor, poeta.