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Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Geyza Dalmásio Muniz

Monografia apresentada ao Curso de Desenho Industri-


al — Programação Visual do Centro de Artes da Univer-
sidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial
para obtenção do grau de Bacharel em Desenho Indus-
trial — Habilitação em Programação Visual. Orientador:
Prof. Dr. Gilberto Kunz.

Vitória, agosto de 2008.


Comissão Examinadora Geyza Dalmásio Muniz

Projeto de embalagem de
________________________________ perfume feminino de luxo
Prof. Dr. Gilberto Kunz
Orientador

Monografia apresentada ao Curso de Desenho Indus-


________________________________ trial — Programação Visual do Centro de Artes da Uni-
versidade Federal do Espírito Santo, como requisito
Prof. Marlus Pires parcial para obtenção do grau de Bacharel em Dese-
nho Industrial — Habilitação em Programação Visual.
Orientador: Prof. Dr. Gilberto Kunz.

________________________________

Prof Ms. Paulo Cezar Pinheiro Guedes

Aprovada em ____________ de 2008.


À minha querida avó Martha
A Magnum Cândido, que aceitou fazer a modelagem em
Agradecimentos 3D das embalagens, mesmo se preparando para mudar
de estado, fazendo um trabalho com esmero e ótimo re-
A Deus, pela força e coragem de seguir adiante em mais sultado.
esta etapa de minha vida.
Aos integrantes do Atelier Tacto, que confeccionaram a
A minha família e amigos, que me apoiaram e incentiva- embalagem de cerâmica pra mim e me ajudaram a en-
ram a dedicar-me a este projeto, emprestando seus ouvi- contrar soluções para os problemas que surgiram na
dos nos momentos de angústia. produção da peça.

A meu orientador e querido amigo Gilberto Kunz, que me A todas as pessoas que, de uma maneira ou de outra,
incentivou e cobrou resultados nos momentos apropria- contribuíram para a elaboração deste projeto, me dando
dos, não me deixando desanimar. apoio, estímulo para prosseguir e dividindo seus conhe-
cimentos comigo.
Ao amigo Cézar Guedes, que co-orientou este trabalho e
me ajudou fornecendo alguns materiais para pesquisa e
seu precioso tempo.

Ao amigo Marlus Pires, por me apoiar no desenvolvimen-


to deste projeto, contribuir com algumas fontes para mi-
nha pesquisa e aceitar participar de minha qualificação.

A professora Regina Rodrigues, que, mesmo sem tempo,


conseguiu me ajudar com seus conhecimentos e suas
habilidades na execução da parte pratica do trabalho.

A Rogério Oliveira, designer que conheci através da in-


ternet e que muito me ajudou a desvendar este fasci-
nante universo da embalagem de perfume.

A Possatto Usinagem, especialmente a Ricardo Possatto,


amigo que me ajudou na confecção dos mock-ups, dedi-
cando seu tempo, seus equipamentos e me dando força.
Resumo
Busca desvendar um pouco do fascínio que as embala-
gens provocam nas pessoas, fazendo com que estas de-
cidam por um determinado produto dentre tantos dispo-
níveis no mercado.

Pretende responder, ao longo de seu desenvolvimento,


as seguintes questões: como a embalagem pode inter-
ferir na relação do consumidor com o perfume de luxo?
Em que medida a embalagem interfere na decisão de
compra de perfumes de luxo?

Apresenta uma proposta de embalagem de perfume de


luxo feminino, inspirada na arte indígena e preocupada
com a preservação do meio-ambiente, unindo o artesanal
ao industrial, propondo inovação no setor através da utili-
zação de novos materiais.

Palavras-
Palavras-chave: design, embalagem, perfume, luxo, con-
sumo, artesanal, arte indígena.
O luxo no Brasil ..................................................................... 45
Sumário
Democratização do luxo ..................................................... 46
Introdução ............................................................
.................................................................
..............................
..................
............. 11
11

Capítulo 3 — A Embalagem .........................


...................................
............................
.......................
............. 48
Capítulo 1 — A Indústria de Cosméticos ........
..................
..................
...............
.......
..... 14
História da embalagem ....................................................... 49
Segmentação ......................................................................... 16
História da embalagem no Brasil ..................................... 52
Expansão ................................................................................ 16
Definição e classificação das embalagens .................... 53
Perfumes ................................................................................. 19
Funções da embalagem ..................................................... 56
História .................................................................................... 19
Estratégia de marketing ...................................................... 57
Contribuição dos povos à perfumaria ............................. 20
Embalagens de perfume .................................................... 58
O perfume e a moda ........................................................... 25
O processo de criação ........................................................ 58
O perfume no Brasil ............................................................. 26

Influências do perfume ....................................................... 29


Capítulo 4 — O Projeto da Embalagem de Perfume .... 61
Anatomia de um perfume .................................................. 30
Briefing .................................................................................... 62

Estudos de campo ............................................................... 64


Capítulo 2 — O Luxo e o Consumo .............
...........................
.................
..............
.......
.... 35
Análise de perfumes femininos ......................................... 67
O consumo de bens de luxo ............................................. 36
Geração de alternativas ...................................................... 68
O consumo e suas influências na atualidade ................ 40
Estudos de cor ...................................................................... 70
Definições do luxo ................................................................ 42
Estudos de tipografia ........................................................... 71
Definição de materiais ......................................................... 72

Mockups ................................................................................. 74

Resultado final ....................................................................... 76

Considerações Finais .......................................


.............................................
......................
............
............
......... 85

Referências .......................................................
...............................................................
...........................
.....................
........... 88
88

Anexo .............................................................
....................................................................
................................
................
............
.............
......... 96

Apêndice .............................................................................. 10
1077
Introdução | 11
Introdução | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Na era da globalização, em que a competitividade se a- a concorrência. No entanto, com o desenvolvimento da


cirra, onde os concorrentes possuem a mesma qualidade tecnologia, atingiu-se cada vez melhor qualidade e surgiu a
e a mesma tecnologia, elementos que tornem o produto necessidade de novos meios de diferenciação. É neste
diferente são cada vez mais valorizados. momento que se percebe o potencial da embalagem.

A subjetividade tem sido a peça chave para a diferencia- Os fabricantes perceberam que deviam comunicar sim,
ção. Tocar no ponto certo do público-alvo é o que se mas de forma diferenciada com o seu público-alvo. Estu-
busca ao trabalhar-se a estética das embalagens. Criar dar seus hábitos, suas preferências para assim poder
um vínculo afetivo, fazer com que o consumidor sinta que conquistá-los com o produto certo. O mercado passou,
aquele produto foi feito exclusivamente para ele, tornou- então, a ser mais personalizado. E a embalagem tem
se o objetivo dos fabricantes, principalmente na área da contribuído muito para isso.
cosmetologia.
Atualmente, tem-se discutido muito as formas da emba-
Assim, a indústria de cosméticos, perfumaria e higiene lagem proporcionar esta diferenciação. A indústria de
pessoal tem buscado diferenciar cada vez mais as emba- cosméticos, perfumaria e higiene pessoal tem buscado
lagens dos seus produtos. Embalagem não é mais sinô- desenvolver o mercado da embalagem de luxo. Por esta
nimo de proteção e armazenamento. Há muito tempo a razão, a presente pesquisa pretende explorar este mer-
embalagem ampliou seu leque de funcionalidades. Co- cado onde as experiências são o que despertam a aten-
municar já tem sido uma função que a embalagem ado- ção do público-alvo deste segmento. As pessoas com
tou desde a época da Revolução Industrial. Contempora- maior poder aquisitivo pagam o que for necessário para
neamente, o objetivo é comunicar e transmitir os valores obterem qualidade e novas experiências.
certos ao público específico.
O interesse em desenvolver este projeto de graduação
No início da industrialização, o que predominava era a na área de embalagem de cosméticos foi despertado a
produção em larga escala, em série, vários produtos i- partir da atratividade e sensibilidade encontrada nas
guais para alcançar o maior número de consumidores embalagens de perfume, especificamente. As emoções
possível. Conseqüentemente, houve uma saturação do que as embalagens despertam são muito interessantes
mercado e todos queriam vender seus produtos acumu- de serem estudadas, assim como a estética das mes-
lados com a grande produção. A concorrência se basea- mas. Desta maneira, esta pesquisa visa desvendar um
va nos preços. Vendia mais quem tinha melhores ofertas. pouco desse fascínio que as embalagens provocam nas
pessoas, fazendo com que estas decidam por um de-
Passou-se a valorizar também a qualidade dos produtos. terminado produto dentre tantos disponíveis no merca-
Quem tinha melhor qualidade e melhores preços ganhava do. Para percorrer este caminho, pretendeu-se respon-
12 | Geyza Dalmásio Muniz
Introdução | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

der, ao longo de seu desenvolvimento, as seguintes Quanto aos capítulos que compõem esta pesquisa, o ca-
questões: como a embalagem pode interferir na relação pítulo A Indústria de Cosméticos, apresenta um panora-
do consumidor com o perfume de luxo? Em que medi- ma geral da indústria em questão até desembocar no
da a embalagem interfere na decisão de compra de per- ponto específico do trabalho que é a perfumaria, uma vez
fumes de luxo? que este setor está inserido dentro da indústria de cos-
méticos.
Buscou-se desvendar as questões que envolvem o con-
sumo de perfume de luxo, as novas funções da embala- Já no capítulo O luxo e o Consumo, expõe-se as questões
gem assim como aspectos subjetivos das consumidoras e pertinentes a este mercado em expansão, como por e-
os diferentes tipos de perfume. Para tanto, foram utilizados xemplo, as motivações de compra de bens de luxo, além
livros para um embasamento teórico mais profundo e de direcionar este conceito que se mostra relativizado.
pesquisas na Internet para maior abrangência do conhe-
cimento. O capítulo A Embalagem aborda a história da embala-
gem de um modo geral e no Brasil, sua definição, fun-
Realizaram-se visitas de campo em fábricas de cosméti- ções e como se desenvolve seu processo de criação, de
cos e lojas de perfumes, pesquisa na Internet em busca modo a interar o leitor nesse universo tão complexo.
de informações sobre as consumidoras de perfume de
luxo, uma vez que seria inviável, pelo tipo de público, ter No capítulo O Projeto da Embalagem de Perfume apre-
contato direto com um número razoável de pessoas. senta-se toda a trajetória do desenvolvimento da proposta
Também se observou as consumidoras nos pontos de elaborada para o perfume fictício Terra Brasilis, nome es-
venda, além da troca de informações com profissionais colhido dentro do projeto.
da área de embalagem e perfumaria.
Acredita-se que esta pesquisa possa interessar a pesso-
Neste trabalho desenvolveu-se uma proposta de embala- as que queiram saber como o design pode interferir di-
gem para um perfume de luxo destinado ao público fe- retamente no sucesso de um produto de modo efetvo,
minino, com base em toda a pesquisa realizada sobre o assim como para aqueles que trabalham na área de
público, o consumo, os elementos subjetivos envolvidos embalagem e de perfumaria.
na compra e utilização de perfumes de luxo, as fragrân-
cias e a relação delas com a embalagem e seu público
consumidor e ainda o processo de criação de embala-
gens. A fim de auxiliar no desenvolvimento do projeto de
criação de embalagem para perfume, embalagens exis-
tentes no mercado foram analisadas e comparadas.
13 | Geyza Dalmásio Muniz
Capítulo 1

A Indústria de Cosméticos | 14
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

A origem da palavra portuguesa “cosmético” é a palavra Na antiga Grécia, óleos para banho e outros produtos de
grega “ko·sme·ti·kós”, que significa “hábil em adornar”. A embelezamento eram usados, mas muitas mulheres
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) define morriam envenenadas pelo chumbo contido nas máscaras
produtos de higiene pessoal, perfumes e cosméticos faciais que utilizavam.
(HPPC) como:
Em Roma, fabricavam-se diversos produtos para realçar a
... preparações constituídas por substâncias na- beleza, como pós para tornar a pele mais alva, carvões
turais ou sintéticas, de uso externo nas diversas para pintar olhos e sobrancelhas, carmim para as faces,
partes do corpo humano, pele, sistema capilar, produtos abrasivos para clarear os dentes, dentre outros.
unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e Os óleos consumidos eram produtos naturais, como os
membranas mucosas da cavidade oral, com o que se obtinham do azeite de oliva; os perfumes, usados
objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, per-
tanto por mulheres como por homens, eram extraídos de
fumá-los, alterar sua aparência e ou corrigir odo-
flores ou especiarias, com resinas naturais empregadas
res corporais e ou protegê-los ou mantê-los em
bom estado1. como fixadores.

Entretanto, mesmo sem uma definição e aparente “razão” Cosméticos para o rosto, tinturas para o cabelo, perfumes
para o uso dos cosméticos, desde o princípio das civili- e sais de banho já eram utilizados na Europa medieval.
zações o homem já fazia uso dos mesmos.
A introdução dos perfumes na França é atribuída à
Há milhares de anos homens e mulheres já se preocu- Catarina de Médicis. Os orientais utilizavam largamente
pavam com a beleza. Foram encontrados em túmulos perfumes, assim como os povos indígenas da América e
egípcios de aproximadamente 3.500 a.C. indícios do da África.
uso de pintura para os olhos e ungüentos aromáticos.
Os egípcios pintavam os olhos para evitar a contempla-
ção direta do deus Sol. Utilizavam para isso, gordura
vegetal e animal, cera de abelhas, mel e leite no preparo
de cremes para a pele.

1
Disponível em:
http://www.anvisa.gov.br/cidadao/cosmeticos/define.htm. Último
acesso em 26 de agosto de 2007.

15 | Geyza Dalmásio Muniz


A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Segmentação 3. Perfumaria:
Perfumaria: perfumes e extratos, águas de colô-
nias, produtos pós-barba etc.
A Anvisa (Associação Nacional de Vigilância Sanitária)
classifica os produtos da indústria de Higiene Pessoal,
Perfumaria e Cosméticos (HPPC) de acordo com o nível Já os produtos, estão divididos em:
de risco para os usuários. Os perfumes se enquadram 1. Produtos para higiene
na classificação de Risco de Nível 1, onde também se 2. Cosméticos
encontram loções pós-barba, xampus, escovas dentais 3. Perfumaria
entre outros. Neste nível estão os produtos de higiene 4. Produtos para bebês
pessoal, cosméticos e perfumes que se caracterizam
por possuírem propriedades básicas ou elementares,
cuja comprovação não seja inicialmente necessária e O foco deste trabalho encontra-se no segmento de per-
não requeiram informações detalhadas quanto ao seu fumaria. No entanto, faz-se necessário uma contextuali-
modo de usar e suas restrições de uso, por causa das zação da indústria de cosméticos, de um modo geral,
características intrínsecas do produto (Capanema, Velas- para melhor entendimento do setor visado.
co, Palmeira Filho e Noguti, 2007).

A indústria de HPPC é um segmento da indústria química


cuja atividade básica é a manipulação de fórmulas e divi- Expansão
de-se em três segmentos:
A produção e o uso de cosméticos intensificaram-se no
1. Higiene pessoal:
pessoal: composto por sabonetes, pro- século XX, sobretudo pelo aperfeiçoamento das em-
dutos para higiene oral, desodorantes, absorven- balagens e pela promoção publicitária desses produtos.
tes higiênicos, produtos para barbear, fraldas Como os produtos cosméticos passaram a ser neces-
descartáveis, talcos, produtos para higiene capi- sários para a higiene pessoal, não só para satisfazer a
lar etc. vaidade, os homens passaram a consumi-los, impulsio-
nando a produção e gerando uma forte concorrência
2. Cosméticos:
Cosméticos: produtos de coloração e tratamento do setor. Entre as inovações da indústria de cosméticos
de cabelos, fixadores e modeladores, maquiagem, destacam-se o tubo descartável, no final do século XIX,
protetores solares, cremes e loções para pele, de- e os produtos químicos para ondulação dos cabelos, os
pilatórios etc. xampus sem sabão, os laquês em aerossol, as tinturas

16 | Geyza Dalmásio Muniz


A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

de cabelo menos tóxicas, e a pasta de dentes com flúor, fatores relevantes para a competitividade das empresas,
no século XX. destaca-se a importância dos ativos comerciais, como
marca, embalagens e canais de comercialização e distri-
No entanto, a vaidade feminina tem se intensificado buição4.
cada vez mais desde os tempos mais remotos. Na
contemporaneidade, a busca pela beleza tornou-se uma Segundo Capanema, Velasco, Palmeira Filho e Noguti
necessidade imposta pelos meios de comunicação, (2007), em relação à diversificação dos produtos, existe
principalmente com a inserção da mulher no mercado uma segmentação das empresas, no mercado consumi-
de trabalho, nos anos 20, especificamente no Brasil. dor, de acordo com faixa etária, gênero, raça e poder
aquisitivo.
No cenário mundial, o mercado de cosméticos, perfumaria
e higiene pessoal é dominado pelos países desenvolvidos. Ainda seguindo os autores, o setor de HPPC mantém re-
Este fato ocorre devido a existência de marcas fortes e lações estreitas com outros setores de produção. Além de
mundialmente consolidadas e da capacidade nas áreas ser classificado como um dos segmentos da indústria
técnica e produtiva exibidas pelas multinacionais do ramo, química em razão da utilização e sintetização de ingredien-
que formam uma barreira econômica através de suas filiais tes mantém ligação com a indústria farmacêutica para de-
espalhadas pelo mundo, impedindo a entrada de novos senvolvimento e pesquisa de princípios ativos, além de fito-
concorrentes2. terápicos ou medicamentos originados de material
botânico e de seus extratos. Também tem forte demanda
A indústria de HPPC caracteriza-se pela presença de de produtos da indústria de embalagens. Por se tratar de
grandes empresas internacionais, com atuação global, di- um setor muito segmentado, os principais componentes
versificadas ou especializadas nos segmentos de higiene de custo das empresas variam de acordo com os produ-
pessoal, perfumaria e cosméticos, e pelas pequenas e tos fabricados ou com a linha de produtos (higiene, per-
médias empresas nacionais, em grande número, focadas fumes etc.). Outro fator que representa uma parcela signi-
na produção de cosméticos3. ficativa dos custos são as embalagens, sejam elas de
papelão, plástico ou vidro. Esse segmento é muito sensível
Uma característica peculiar desse setor é a constante ne-
à apresentação de seus produtos e, portanto, investe
cessidade de apresentar novidades. Para cumprir esse
sempre em design e novos materiais para as embalagens.
objetivo, muitos recursos são investidos anualmente em
lançamentos e promoções de novos produtos. Entre os

2
Garcia e Furtado, 2002 apud Capanema, Velasco, Palmeira Filho e
Noguti, 2007
3 4
Capanema, Velasco, Palmeira Filho e Noguti, 2007. Ibidem.
17 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Segundo a Abihpec (Associação Brasileira da Indústria A distribuição dos produtos no país é feita, principalmente,
de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos), a indús- por três meios: vendas diretas, rede de lojas franqueadas e
tria brasileira de HPPC vem apresentando um cresci- canais tradicionais (supermercados e farmácias, entre ou-
mento significativo nos últimos anos, tendo passado de tros).
um faturamento de R$ 8,3 bilhões em 2001 para R$
15,4 bilhões em 2005. O Brasil ocupa a sexta posição entre os principais mer-
cados consumidores nacionais. No entanto, o mercado
De acordo com a Abihpec,
Abihpec alguns fatores como os des- brasileiro vem crescendo de maneira expressiva e está
critos abaixo poderiam explicar o acentuado crescimento entre os mercados mais importantes do mundo. Empre-
desse setor nos últimos anos: sas nacionais como Natura e O Boticário estão expan-
dindo aos poucos sua atuação no exterior. A preocupa-
1. Participação crescente da mulher no mercado ção dessas empresas é desenvolver estratégias de
de trabalho; fixação do produto (marcas e canais de comercialização
e distribuição) fora do Brasil ao invés de exportar artigos
2. Incorporação de novas tecnologias de produção com pouca diferenciação de mercado5.
pelas empresas com conseqüente aumento da
produtividade. Com isso, os preços ao consumidor A Natura e O Boticário conseguiram consolidar suas
tiveram aumentos menores do que os índices de marcas no mercado brasileiro, conquistando, assim, uma
preços da economia em geral; posição de destaque, estando até mesmo na liderança
em alguns segmentos, mesmo sendo bem diferenciadas
3. Lançamentos constantes de novos produtos as estratégias adotadas por essas duas empresas. En-
que atendem cada vez mais às necessidades do quanto a Natura optou pela venda direta como único ca-
mercado; nal de comercialização de seus produtos, O Boticário se
destaca por comercializar seus produtos através de lojas
4. Aumento da expectativa de vida, o que traz a ne- exclusivas em sistema de franquia.
cessidade de conservar uma aparência mais jo-
vem; Percebendo o importante papel da inovação dentro da
indústria de HPPC elaborou-se o Manual de Oslo, que,
5. Aumento significativo do consumo de produtos em sua terceira edição, de 2005, alarga o conceito de i-
cosméticos masculinos. novação. Essa publicação da Organização para a

5
Capanema, Velasco, Palmeira Filho e Noguti, 2007.
18 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que Os óleos essenciais são obtidos através da destilação de
busca a padronização a nível global dos conceitos de i- plantas, flores e ervas, como a lavanda, rosas, jasmins,
novação, inclui agora, além das inovações de produto e sândalos e frutas cítricas. Já os fixadores são compostos
processo, as inovações organizacionais e de marketing. por âmbar, bálsamos, entre outros, o que lhes dão o po-
der de fixar a fragrância. A quantidade de álcool varia de
Na indústria de HPPC, o lançamento constante de novida- acordo com o tipo de perfume que se deseja obter.
des no mercado é fator crítico de sucesso. Essas inova-
ções podem ser, de fato, novos produtos como advir de Cada essência possui a sua particularidade e personali-
mudanças sutis em aspectos como uma nova cor, uma dade, em função da combinação dos diversos aromas.
nova fragrância, uma nova funcionalidade ou uma nova Possuem diferentes tempos de absorção, reação e eva-
embalagem. Sendo assim, segundo o Manual de Oslo, poração, variando de acordo com cada tipo de pele e di-
uma simples troca de embalagem que traga ao produto versos fatores. Emoções, doenças, pílula anticoncepcio-
nova funcionalidade pode ser considerada inovação de nal (e outras drogas), mudança hormonal, puberdade,
produto. Ainda que um novo design de embalagem não gravidez e também a menstruação e a menopausa, influ-
confira a um produto novas funcionalidades ou utilidades, enciam o odor corporal e o perfume que se usa, bem
poder-se-ia caracterizar a mudança como uma inovação como a preferência por certos aromas. Isso explica por-
de marketing. A introdução de novos canais de venda, que o mesmo perfume exala cheiros diferentes em dife-
bem como novas técnicas de promoção, também são ca- rentes pessoas.
racterizadas como inovações de marketing6.

História
Perfumes
A palavra perfume vem do latim “per fumum”, que signifi-
Perfume é uma sensação olfativa agradável, dificilmente ca “através da fumaça”. Os mais antigos cheiros conhe-
descrita com precisão pelas palavras escritas ou ditas. É cidos são os da fumaça que exalava da queima de ma-
uma mistura de óleos essenciais aromáticos, álcool e deiras, especiarias, ervas e incensos, o que explica a
água. As essências são originadas da natureza (flores, fru- origem do nome. O perfume originou-se a partir de 3.000
tos, madeiras, especiarias e outros) e depois sintetizadas a.C., na civilização egípcia, povo o qual mais contribuiu
em laboratórios. para a perfumaria.

6
Ibidem.
19 | Geyza Dalmásio Muniz
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Através da fumaça, o homem primitivo tomou conheci- Cântico dos Cânticos, atribuído ao rei Salomão (970-931
mento dos perfumes que exalavam das florestas em a.C), encontra-se a maior referência sobre a importância
chamas. Antes mesmo de dominar o fogo, o homem sen- do perfume no antigo Oriente. Em alguns trechos, cada
tiu os cheiros que algumas árvores com troncos odorífi- versículo revela o encantamento amoroso entre o rei Sa-
cos, como o cedro e o pinheiro, soltavam no ar. lomão e a jovem Sulamita, num texto perfumado, cheio
de comparações entre um jardim e a intimidade dos dois
Depois, quando o fogo foi dominado, o homem passou amantes.
a queimar madeiras, folhas e resinas para sentir o aroma
que lhe agradava e melhorar o cheiro dos alimentos, as-
sim como durante as oferendas aos deuses.
Contribuição dos povos à perfumaria
Inicialmente, o perfume era à base de ceras, gorduras, ó-
leos vegetais e sabões misturados a ervas7. Todos os tem- No Egito Antigo, foram desenvolvidas diversas substâncias
plos da Babilônia, Assíria, Egito, Roma e Grécia tinham aromatizantes de uso religioso, para invocar os deuses,
seus perfumistas. Os mais antigos frascos de perfume co- como incensos e óleos perfumados. Eles também quei-
nhecidos datam de 5000 a.C., eram fabricados na Meso- mavam ervas, que liberavam diversos aromas e passaram
potâmia e no Egito com alabastro e pedra, materiais prefe- a compor banhos aromáticos, pomadas e perfumes pes-
ridos por não serem porosos8. No século I, com a soais dos egípcios.
descoberta do vidro pelos fenícios, os perfumes ganharam
uma nova embalagem, reduzindo sua volatilidade e ga- Como os egípcios acreditavam na eternidade, na reen-
nhando formas e cores. carnação, utilizavam fragrâncias como mirra, musgo de
carvalho, resina de pinho, entre outros ingredientes com
O uso de essências aromáticas aparece em relatos bíbli- propriedades antimicrobianas, no ritual de mumificação a
cos desde o Velho Testamento. Em sinal de gratidão por fim de conservarem o corpo o máximo possível, obtendo
ter sido salvo do Dilúvio, Noé teria queimado madeira de resultados que são admirados até hoje. Também acredi-
cedro e mirra, mesma substância oferecida de presente tavam que seus pedidos e orações chegariam mais rápi-
ao Menino Jesus pelos Reis Magos, além do incenso e do aos deuses se viajassem nas nuvens de fumaça aro-
do ouro, relato presente no Novo Testamento. No livro mática que subiam aos céus.
7
Delas, A fascinante história do perfume. Disponível em O perfume tinha fundamental importância no campo da
http://www.alunosonline.com.br/barra/index.htm?url=http://delas.ig.
com.br/materias/185001-185500/185289/185289_1.html. higiene pessoal. Um dos mais antigos complexos perfu-
8
Fonte: mados, o kyphi, costumava ser queimado para aliviar a
http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/64MPerfum.htm.
Último acesso em 29 /11/2007.
ansiedade e alegrar os sonhos, curando a alma.
20 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

A fórmula e os poderes terapêuticos do kyphi aparecem atléticos, na Síria. Os fenícios marcaram seu nome na
nas anotações do historiador grego Plutarco, datadas do perfumaria com a arte do vidro, que ganhou novo impul-
início da era cristã9. so quando os sírios desenvolveram a técnica de insufla-
ção de vidro e os romanos inventaram o cachimbo de
Cleópatra (69 — 30 a.C) última rainha do Egito, costuma- sopro.
va usar kyphi em pontos estratégicos do corpo, assim
como henna nos cabelos e Kohl nas pálpebras. Conta-se Os árabes foram responsáveis pela distribuição do co-
que Cleópatra seduziu o general romano Marco Antonio nhecimento por suas viagens comerciais. Os comercian-
atraindo-o para sua galeria cheia de velas perfumadas à tes levavam aromas da Ásia para o Mediterrâneo e eram
base de óleos essenciais extraídos das flores de henna, recebidos com festa por suas caravanas carregadas de
açafrão, menta e zimbro. perfumes e especiarias. No século IX, navegadores ára-
bes chegaram à China e levaram ao seu cotidiano di-
Os hindus também apresentavam a correlação entre per- versos aromas do leste asiático, como a flor de laranjei-
fume e espírito, assim como os egípcios. Também eram ra, a cânfora e o almíscar.
politeístas e sua principal deusa era Shiva, cuja identida-
de aromática era o jasmim. As estátuas dos deuses eram A perfumaria desempenhou importante papel no co-
lavadas com perfumes de sândalo e almíscar. mércio do leste asiático, contribuindo com o estabele-
cimento das rotas das ilhas orientais, elo entre a China e
O uso dos aromas permeou as religiões e a cultura india- o Mar Negro.
nas. A Índia era o jardim do mundo, com vasta lista de
aromas. Sândalo, patchuli, vetiver, nardo, benjoim, agar- Na mesopotâmia os perfumes eram essenciais na vida
wood, jasmim e rosas eram encontrados com abundân- de um casal, apesar de também terem uso religioso. Os
cia e foram utilizados na medicina e nas religiões variadas árabes celebravam o encontro amoroso com aromas.
ao longo dos séculos. Também produziram uma literatura para perpetuar seus
ensinamentos, como ”O Jardim Perfumado”, de Shaykh
As fragrâncias faziam parte do dia-a-dia na cultura islâmi- Nefzawi, obra editada em 188610.
ca, que incluía excelentes conceitos sobre higiene e culti-
Por volta do século X, a destilação dos óleos essenciais
vava os prazeres dos sentidos. O incenso, que não podia
das rosas foi descoberta por Avicena, o mais famoso
faltar nas comemorações, era encontrado em casas, pa-
médico árabe, criando, assim, a Água de Rosas. A desti-
lácios, e até nas tendas nos desertos. O perfume estava
presente até mesmo em eventos públicos, como os jogos

9 10
Ashcar, 2001. Ibidem.
21 | Geyza Dalmásio Muniz
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lação tornou-se possível com o desenvolvimento do a- res à categoria de arte, inspirando-se na cerimônia do
lambique. chá, Cha-do (caminho do chá).

A cultura chinesa traz consigo uma grande valorização Ainda praticada atualmente, o koh-do consiste na associ-
dos aromas. Para os chineses, havia uma tênue distinção ação de uma seqüência de bastões aromáticos a poe-
entre drogas e remédios, perfumes e incensos — as subs- mas. Ou seja, são criados versos perfumados por cada
tâncias que nutrem corpo e espírito. A cânfora, por e- um dos participantes a partir das memórias olfativas a
xemplo, era apreciada como estimulante gástrico, trans- que cada um deles é remetido ao cheirar cada incenso.
formada em calmante na forma de chá e, adicionada ao
vinho, ganhava uso culinário11. Os japoneses também criaram uma linguagem escrita
para os aromas. Nesse alfabeto datado do século XVIII,
Além dos cheiros, os chineses contribuíram para a per- 54 ideogramas representavam combinações de cheiros e
fumaria com o desenvolvimento da porcelana, que in- temas evocativos das estações. Os japoneses apreciavam
crementou o comércio de óleos essenciais. O aperfeiço- de tal forma os prazeres do olfato que criaram hábitos e
amento da porcelana permitiu aos alquimistas chineses embalagens especiais para cultivá-los12.
aquecer aromas a altas temperaturas, além de consegui-
rem extrair o álcool etílico do vinho, permitindo a produ- Na Grécia Antiga, os gregos trouxeram novas fragrâncias
ção regular de álcool a partir da Renascença. de suas expedições e usavam perfumes que tivessem ca-
racterísticas medicinais13.
O néroli, óleo extraído da flor de laranjeira, também foi
criação do leste asiático. Este óleo tornou-se ingrediente Apreciadores de incensos e fórmulas aromáticas, os gre-
chave das águas-de-colônia por seu luminoso acento gos acreditavam atrair a atenção dos deuses ao usá-los.
floral. No leste asiático, o cheiro fazia parte de uma fór- Aplicavam perfumes nos mortos a fim de atrair bons
mula estética equacionada para garantir o equilíbrio dos presságios, usavam-no antes e após as refeições e até
ambientes, favorecendo os cinco sentidos. mesmo na comida.

Bons exemplos são os jardins da dinastia Ming (séculos Segundo a mitologia grega, os deuses do Olimpo ema-
XV a XVII) que jogavam com formas, texturas, cores e a- navam aroma de ambrosia quando visitavam os mortais,
romas de modo a enaltecer as quatro estações do ano. um sinal de sua natureza divina. Em contrapartida,

Os japoneses criaram um ritual para a apreciação do in-


Imagem retirada do livro de Re- 12
nata Ashcar, Brasilessência, 2001
censo, o Koh-do (caminho do cheiro), elevando os odo- 13
Ashcar, 2001, p. 31.
Fonte: http://www.americanas.com.br/cgi-
bin/WebObjects/AcomHome.woa/wa/materia?mat=1818. Último.
11
Ashcar, 2001, p. 29. Acesso 29/11/2007.
22 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

os simples mortais utilizavam perfumes para obter a seu espaço no mundo da perfumaria, utilizando seus co-
clemência dos deuses. nhecimentos desta arte de todas as formas: em rituais re-
ligiosos, práticas funerárias, hábitos cotidianos da vida
Por volta de 800 a.C, as cidades de Atenas e Corinto já privada ou pública (até os teatros municipais eram borri-
exportavam óleos de flores e plantas maceradas — ro- fados com aromas)16.
sas, lírio, íris, sálvia, tomilho, manjerona, menta e anis.
Desde essa época os aromas eram populares entre os Nos banquetes romanos saciavam-se todos os sentidos,
gregos14. privilegiando-se o olfato. Além de comida e bebida, os
convidados eram saudados com fragrâncias de flores,
O primeiro tratado sobre cheiros foi escrito por Teofras- ungüentos perfumados e espirais de incenso.
to, por volta de 330 a.C, no qual detalhou receitas de
preparos aromáticos e perfumes, apontando prazos de Na Roma Imperial, as perfumarias vendiam ungüentos
validade e indicando usos terapêuticos. Outro grego, em jarros cerâmicos e perfumes em frascos de vidro.
Galeno, contribuiu no século II com um tratado repleto Sedentos de recipientes mais sofisticados, os italianos
de receitas, combinando mais de 150 plantas, partes de desenvolveram o vidro em substituição à cerâmica, mui-
animais, minerais e pedras preciosas, permanecendo to utilizada pelos gregos, tornando-se mestres na arte
como referência até a Idade Média. do vidro soprado.

Os romanos também contribuíram muito para a expan- Um século após o nascimento de Cristo expandiu-se o
são da perfumaria. O intenso consumo de aromas — es- comércio de essências perfumadas, iniciado pelos ára-
timulado pela criação das rotas para Arábia, Índia e China bes. Estes levavam para os países do Ocidente noz mos-
— foi registrado por historiadores e poetas. Usavam vários cada do Tibete, sândalo da Índia e cânfora da China. Os
aromáticos, como rosas, íris, narciso, açafrão e musgo de romanos destacaram estas essências desenvolvendo a
carvalho misturados aos importados: canela, cardomo- arte dos banhos e massagens eróticas. No Oriente, os
mo, noz-moscada, gengibre, aloé e nardo. Também ex- perfumes sempre tiveram uma forte relação com as práti-
ploraram as variadas propriedades medicinais e terapêu- cas espirituais. Dessa forma, a história do perfume está li-
ticas dos aromas15. gada, inicialmente, a uma sensualidade primitiva; em se-
guida ao Divino e místico, sendo queimado no altar de
No século I, cerca de 500 toneladas de mirra e 250 tone- todas as religiões e retorna ao profano como sedução e
ladas de olíbano chegavam a Roma por mar. Sob influ- adorno, destinado à elite.
ência da Grécia e do oriente, os romanos logo ocuparam

14
Ashcar, 2001, p. 33.
15 16
Ashcar, 2001, p. 34. Ashcar, 2001, p. 35.
23 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Na Idade Média, os árabes começaram a produzir perfu- rada na rainha da Hungria: a Água da Rainha da Hun-
mes para uso pessoal e medicinal. Os perfumes penetra- gria, o primeiro perfume batizado e o primeiro prepara-
ram na Europa no século XII, através das Cruzadas (expe- do em base alcoólica.
dições militares cristãs nos séculos XII e XIII), período em
que eram usados exclusivamente na higiene pessoal e nos Em 1533, Catarina de Médici transferiu-se para a França
banhos públicos, a fim de se evitar doenças. para se casar com o rei Henrique III, levando consigo
seu perfumista pessoal, Renato Bianco — conhecido
A perfumaria adormeceu no Ocidente com a queda de como René Blanc — que fundou a primeira butique de
Roma durante a alta Idade Média (entre os séculos V e perfumes de Paris, impulsionado a produção e a co-
X), deixando vestígios apenas na medicina e farmácia mercialização de produtos aromáticos.
praticadas nos mosteiros com ervas aromáticas. A igreja
cristã condenou o uso de incensos, tidos como instru- A partir do século XVII, o perfume tornou-se objeto de lu-
mento de idolatria, e de perfumes, considerados aces- xo na Europa, destinado somente à nobreza, uma vez
sórios da luxúria. No entanto, como a cultura dos chei- que apenas reis, rainhas e membros da corte poderiam
ros estava enraizada no modo de vida, gradualmente o utilizá-los. Este período foi o auge das fragrâncias “animá-
cristianismo incorporou algumas antigas crenças olfati- licas”, ou seja, perfumes intensos que usavam civete e
vas, e no século VI o incenso passou a ter importante musk em sua composição. No Renascimento, a moda
papel no ritual cristão17. foi a utilização de perfumes doces, florais ou frutais18.

Em 1320, os italianos aperfeiçoaram a destilação de ál- No século XVIII, os perfumes foram reconhecidos por sua
cool, surgindo logo depois a primeira destilaria em Mo- sensualidade, através da proliferação de novas fragrân-
dena. O invento permitiu a criação de spirituous water cias e frascos. No aspecto religioso, os cristãos passaram
(esplêndidas águas ou águas espirituosas, como eram a perfumar as cinzas na Quarta Feira de Cinzas19.
chamados os primeiros perfumes e as bebidas alcoóli-
Durante o desenvolvimento da Renascença, nos séculos
cas). A descoberta foi muito útil para propósitos terapêu-
XVII e XVIII, a perfumaria cresceu. A receptividade a novas
ticos e higiênicos, uma vez que muitas das substâncias
idéias e a paixão por substâncias e aromas exóticos e
eram usadas contra epidemias.

Com o desenvolvimento científico, o extrato resinoso foi


18
retirado, resultando no alecrim destilado. Desta forma, Fonte:
http://www.alunosonline.com.br/barra/index.htm?url=http://www.hist
surgia em 1370, a precursora da água-de-colônia, inspi- oriadetudo.com/perfume.html.
19
Fonte: http://www.americanas.com.br/cgi-
bin/WebObjects/AcomHome.woa/wa/materia?mat=1818. Último
17
Ashcar, 2001, p. 40. acesso 29/11/2007.
24 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

intrigantes — o que se tornou símbolo de luxúria e prestígio ções ao longo das décadas. Segundo Melo22, “obedien-
— propiciaram a proliferação de perfume20. tes aos padrões de comportamento vigentes, o perfume
e a roupa juntos, configuram as noções de elegância ao
Na contemporaneidade, já no século XIX, com o progres- longo do tempo e constituem a expressão dos gostos de
so da química, permitindo a reprodução artificial de chei- cada época. O perfume faz parte da moda. Ambos en-
ros encontrados na natureza, o perfume ficou mais aces- volvem todo um conceito, evidenciam um estilo de vida e
sível à classe média. Surgiram, assim, as matérias-primas estimula a fantasia”.
sintéticas. A cidade de Grasse, França, se transforma na
capital mundial da perfumaria, por suas essências e ma- A década de 1920 foi uma das mais criativas na perfu-
térias-primas. maria, pois as notas olfativas tentavam acompanhar a
evolução da moda. Foi neste ano que nasceu Chanel nº
5, o primeiro perfume com materiais sintéticos. Conta-se
que sua criação teria sido um erro do assistente do per-
O perfume e a moda fumista francês Ernest Beaux. Em vez de apenas 1% de
aldeído undecilênico, a solução recebeu acidentalmente
Em 1911, Paul Poiret21 lançou com o nome de Rosine
uma dose dez vezes maior. A fragrância resultante foi
(nome de sua filha mais velha), o primeiro perfume total-
considerada extraordinária e deu início a um intenso
mente concebido por um costureiro — fragrância, frasco,
uso dos aldeídicos na fabricação de perfumes. Outro
embalagem, publicidade, distribuição. Desta forma, ata-
mérito deste perfume foi reforçar a associação entre o
cou o monopólio francês, iniciativa de grande importân-
uso do perfume e o jogo da sedução. A discussão ga-
cia percebida nos dias de hoje. A partir de então, perfu-
nhou destaque na década de 50, quando a atriz Marilyn
me e moda tornaram-se indissociáveis. Os maiores
Monroe declarou que usava apenas uma gotinha de
nomes da moda desenvolveram perfumes, transferindo
Chanel nº 5 para dormir23.
todo o luxo e glamour de suas coleções para este artigo,
o qual muitas vezes sustenta a moda. Influenciadas pelo sucesso de Chanel nº 5, a maioria
das grandes maisons criam um departamento de per-
A moda e a perfumaria sofreram influências das trans-
fumaria, desenvolvendo assim, paralelamente à alta-
formações sociais e econômicas, refletidas em suas cria-

22
Melo, Geraldo de. A cultura do perfume — Parte II. Disponível em
20
Ashcar, 2001, p. 43. http://www.uraonline.com.br/beleza/bel-07/cultura-do-perfume.html.
23
21
Paul Poiret foi um estilista que revolucionou o vestuário e interviu Fonte:
nos diferentes campos estéticos de sua época (início do século XX). http://www.areliquia.com.br/Artigos%20Anteriores/64MPerfum.htm.
25 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

costura, atividades ligadas a produtos de luxo, em es- Nos anos de 1970 a indústria da perfumaria explode e
pecial a do perfume de costureiro24. descobre-se a categoria dos orientais para mulheres
provocantes.
Na década de 1930, as notas orientais (misturas com
baunilhas) tiveram destaque, ocorrendo o retorno de al- Em 1980 houve um incremento dos perfumes florais do-
gumas fragrâncias clássicas. O perfume que ainda é ces, surgindo os “florientales”. Iniciou-se a época do con-
considerado o mais caro da indústria francesa foi criado sumismo.
nesta década: Joy, de Jean Patou25. Seu preço deve-se
à proporção utilizada de jasmim-de-Grasse e de rosa-da- A década de 1990 foi marcada por fragrâncias leves e
Bulgária, além do muguet e ylang-ylang, e pelo frasco frescas, com temas lembrando a água. Também há um
desenhado em cristal Baccarat26. retorno aos clássicos.

Depois da guerra, nos anos de 1940, a esperança em Enfim, nos anos de 2000 percebe-se uma volta ao roman-
tempos melhores fez com que surgissem as notas verdes tismo através do uso de florais e o aumento de lançamen-
como para despertar o aroma agradável e a paz dos tos, com muita variedade para todos os gostos. Os perfu-
campos. Lançam-se também perfumes para mulheres mes do novo milênio parecem revelar os anseios da nova
sensuais. era com nomes sugestivos e personalidades distintas.

Nos anos de 1950, época do Rock´n´Roll, as fragrâncias Quanto ao futuro, não há como prever, pois não há limi-
tornam-se mais comportadas e a perfumaria americana tes para a imaginação dos criadores.
iguala-se à francesa.

A década de 1960 foi marcada por grandes mudanças


de comportamento com fragrâncias que evocavam a li- O perfume no Brasil
berdade. Na era Woodstock, há a predominância de no-
No Brasil, o perfume começou a ser utilizado com a vin-
tas florais e aldeídicas em quase todas as criações.
da da corte portuguesa, em 1808. Os perfumes vinham
de outros países, principalmente da Inglaterra, e somente
após alguns anos a produção local de artigos de luxo foi
permitida.
24
Baudot, 2002, p. 95.
25
Estilista nascido em 1880 que destacou-se na alta-costura por sua
simplicidade e preocupação com a funcionalidade sem perder a lu-
O Brasil Imperial consumia perfumes em quantidades
xuosidade. impressionantes. Registros da época mostram que em
26
Fonte: http://www.ebyblos.com.br/b2c/infos.asp?page=9&id=27.
Acessado em 24/11/07
26 | Geyza Dalmásio Muniz
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1867, durante o reinado de D.Pedro II, o Brasil encon- no mercado atual, surgiram no início do século XX e
trava-se entre os maiores importadores de perfumes marcaram a história da perfumaria brasileira.
franceses. Com a criação de uma taxa aduaneira para
manufaturados importados, em 1844, a substituição de Após a Segunda Guerra Mundial, os “anos dourados”,
importações pelas instalações de fábricas no país foi como ficou conhecida a década de 50 pelo período prós-
impulsionada27. pero desfrutado pelo Brasil, o perfume já não era um luxo
para poucas. A concorrência da época desencadeou uma
A imigração italiana contribuiu muito para a história da variedade de produtos do setor de perfumaria, cosmética
perfumaria, da cosmética e dos artigos de toalete no Bra- e higiene pessoal. As mulheres se inseriram definitivamen-
sil. Muitos italianos vinham para trabalharem nas lavouras te na vida profissional, política e social e passaram a con-
de café, mas alguns partiam para outros ramos de traba- sumir mais produtos pessoais.
lho, como a perfumaria.
O público masculino também ganhou uma variedade de
Durante a Primeira Guerra Mundial, as dificuldades de produtos para o cuidado pessoal.
importação incentivaram o crescimento da economia
brasileira e a produção local. Em 1920, mil estabeleci- A empresa de cosméticos americana Avon se inseriu no
mentos industriais foram registrados. Metade desses es- Brasil em 1959, consagrando-se como a pioneira no país
tabelecimentos surgiu a partir de 1915, também devido na comercialização de perfumaria e cosmética pelo canal
a política de incentivo à industrialização dos governos de venda domiciliar. Além de revolucionar o setor especí-
republicanos28. fico, abriu oportunidades para a mulher que tinha o cam-
po de trabalho limitado. Com isso, houve uma grande
Durante as primeiras décadas do século XX, a casa mudança do papel feminino nas comportadas famílias da
Granado e outras similares produziram vários produtos classe média. A companhia enfrentou o preconceito ao
de toalete, como águas-de-colônia, pó-de-arroz, dentifrí- trabalho feminino e dificuldades com a legislação vigente
cios, talcos, loções capilares e creme de barbear. — não havia a figura da revendedora como categoria pro-
fissional. Na década de 80, a Avon se consagrou na mai-
Alguns se tornaram ícones de mercado, como a Água or empresa do setor29.
Inglesa, o Polvilho Antisséptico e o Sabonete de Gliceri-
na, fabricados até hoje pela Granado. Produtos como o O primeiro perfume de luxo brasileiro surgiu em 1965
sabonete Gessy e Phebo e o Leite de Rosas, presentes na cidade de São Paulo: Rastro, criado por Aparício Ba-
sílio da Silva. A água-de-colônia seduzia pela fragrância
27
Melo, Geraldo de. A cultura do perfume — Parte I. Disponível em de lavanda e pelo frasco todo em vidro, inclusive a tam-
http://www.uraonline.com.br/beleza/bel-07/cultura-do-perfume.html.
28 29
Ashcar, 2001, p. 108. Ashcar, 2001, p. 124.
27 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

pa, feito à mão. Anos depois, Giovanna Kupter causou o cor vinho, o que chamou a atenção de representantes. O
mesmo impacto no universo infantil, lançando em 1975 sistema de franquia surgiu naturalmente.
a lavanda Giovanna Baby. Ambos partiram de grifes so-
fisticadas da moda (decoração e confecção infantil, res- Em meio a crise econômica dos anos 80, o mercado se-
pectivamente) e conquistaram uma requintada clientela. letivo ao qual se destinava a perfumaria e a cosmética
era inexpressível e o varejo era dominado por artigos
A Natura foi criada em 1969, ganhando o Brasil na dé- populares de higiene pessoal, no qual o desodorante
cada de 80. Seu posicionamento sempre foi a busca era o perfume mais difundido.
constante da realização de sonhos, na crença nas pesso-
as mais como seres humanos do que como consumido- Em 1979 surgia a primeira farmácia de manipulação com
res, no bem-estar, na importância das relações. ares de butique: O Boticário. Miguel Krigsner, criador da
empresa, começou a oferecer produtos prontos e deu
De 1969 a 1974, a Natura encontrava-se em seu primeiro certo. Seu lançamento foi a colônia Acqua Fresca que fez
ciclo, no qual lutou num mercado dominado por marcas muito sucesso, levando o empresário a expandir o negó-
estrangeiras, lançou o novo conceito de cosmética tera- cio através do sistema de franquias.
pêutica com produtos baseados em princípios ativos na-
turais e atendimento personalizado. Venceu crises eco- Em 1980 surgia a L’acqua di Fiori, localizada em Belo Ho-
nômicas ocorridas nas décadas de 80 e 90 e manteve-se rizonte, Minas Gerais, fundada por Marlene e Leopoldo
firme. Na década de 90 iniciou seu segundo ciclo, tor- Mesquita. Esta também adotou o sistema de franquias.
nando-se mais ágil operacionalmente e alavancando a in-
A Pierre Alexander foi fundada em 1981, em Porto Ale-
ternacionalização da marca. Atualmente, em seu terceiro
gre, por Luís Felipe de Paola Osório, o qual adotou o
ciclo, prioriza a excelência das fórmulas e a comercializa-
sistema de venda direta. O carro-chefe da empresa foi o
ção dos produtos de acordo com as necessidades indi-
creme desodorante.
viduais. Mudou o logotipo e o slogan que interpreta sua
razão de ser “Bem Estar Bem”, a relação harmoniosa do A partir do Plano Real (1994) e da equivalência da moe-
indivíduo consigo mesmo e com o mundo que o cerca. da brasileira com o dólar americano (até 1998), foram
Também entrou na área de saúde com compostos e su- lançados produtos capazes de concorrer com os interna-
plementos vitamínicos. cionais. Com a desvalorização do real, a moeda nacional,
o preço dos importados tornou-se muito elevado para a
Em 1976, surgiu a Água de Cheiro, criada por Elizabeth
maior parte da população, que passou a consumir produ-
Pimenta, no bairro Savassi em Belo Horizonte. Era uma
loja de perfumes naturais que tinha como diferencial as
embalagens artesanais, exclusivos saquinhos de feltro na
28 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

tos nacionais de primeira linha como os de O Boticário e Influências do perfume


Natura30.
Atualmente, o perfume é capaz de revelar a personalida-
Na década de 80, as mulheres, emancipadas, partiram de das pessoas, bem como sua classe social, uma vez
em busca da feminilidade sem abrir mão de suas con- que um pequeno frasco pode atingir valores muito eleva-
quistas. O poder de sedução era enfatizado por suas fra- dos.
grâncias preferidas, mais ricas e sensuais. Para conciliar
os distintos papéis de mãe, esposa e executiva, predomi- O perfume pode apresentar cheiros diversos quando a-
naram três direções diferentes de perfumes: nostalgia plicado em pessoas diferentes. Isso ocorre devido os o-
romântica (florais doces), nostalgia clássica (chipres e cá- dores corporais serem únicos e resultarem da alimenta-
lidos) e nostalgia sensual (florais orientais)31. ção, das características pessoais, dos lipídeos e ácidos
graxos que a pele exala. A temperatura da pele interfere
Na década de 90, a globalização proporcionou a expan- diretamente na vaporização do perfume, e conseqüen-
são de fronteiras. Um perfume podia ser aceito por uma temente, no cheiro exalado34.
enorme multiplicidade de pessoas de diversas culturas.
Se as chances de um conceito original eram reduzidas, Além de revelar a personalidade de uma pessoa, o per-
por outro lado, ampliava-se a possibilidade de penetração fume pode influenciar o estado de espírito de cada um.
em mercados bem variados32.
Ao penetrarem pelas narinas, os aromas encontram o sis-
No início do século XXI, a indústria brasileira de perfu- tema límbico (conhecido antigamente como cérebro das
maria e cosmética dedica-se à criação de produtos ino- emoções), responsável pela memória, sentimentos e emo-
vadores, utilizando todos os recursos tecnológicos dis- ções. Quando uma mensagem aromática penetra neste
poníveis. Há dinamismo, liberdade criativa e experiência sistema, provoca sensações de euforia, relaxamento, se-
suficientes para grandes vôos. Com a colaboração de dação ou estimulações neuroquímicas.
verdadeiros artistas capazes de integrar um conceito ao
conteúdo de um perfume, é possível haver mudanças Mesmo não estando mais associados a religiões ou ritu-
no perfil do mercado e grande crescimento33. ais sagrados, o ato de enfeitar-se ainda é carregado de
símbolos. Cada um procura, mesmo que inconsciente

30 34
Ashcar, 2001, p. 139. A magia do cheiro. Disponível em
31
Ibidem, p. 165. http://www.alunosonline.com.br/barra/index.htm?url=http://delas.ig.
32
Ibidem, p. 166. com.br/materias/185001-185500/185289/185289_1.html. Acesso
33
Ibidem, p. 175. em: 21/10/2007.
29 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

mente, através dos símbolos presentes nos produtos que Anatomia de um perfume
usa, colocar sua personalidade em evidência e buscar a
identificação com um grupo específico35. Segundo Ashcar39, a força de um perfume depende,
basicamente, da concentração de fragrância e das
Ashcar36 afirma que o uso do perfume, conscientemente matérias-primas utilizadas em sua concepção. Do ponto
ou não, sempre esteve ligado à arte da sedução. Diz a- de vista técnico, um perfume consiste na mistura de várias
inda que, essencial nesta tarefa, ele constitui um traço substâncias, naturais ou químicas, dissolvidas em álcool.
marcante de nosso caráter e desenha nossa imagem. Ao pé da letra, a palavra perfume aplica-se somente o
De acordo com Ashcar37, a percepção do cheiro de- extrato, — o tipo de mistura que contém a mais alta
pende não só da sensação que ele evoca, mas também proporção de fragrância concentrada e com o menor teor
das emoções que resgata. Diretamente ligado à memó- de álcool possível — as outras misturas quase sempre
ria, o sentido do olfato possui o misterioso poder de levam água. A concentração de fragrância é o fator
capturar a essência exata das nossas experiências, ao determinante na nomenclatura dos tipos de “perfume”, do
mesmo tempo tão difíceis e tão fáceis de reviver, por mais leve ao extrato.
meio de uma simples lembrança. A concentração de uma fragrância pode ser classificada
Quando se está muito tenso e nervoso, um aroma de la- de acordo com a quantidade de óleos aromáticos
vanda é capaz de relaxar e induzir ao sono, ajudando em diluídos em um solvente (mais comumente etanol e
casos de insônia. Quando se está apático, deprimido, infe- água). Os perfumes se dividem em cinco grupos40:
liz, o aroma de bergamota ajuda na recuperação. Aromas
de limão, vetiver e eucalipto melhoram a concentração, Parfum (extrato de perfume): possui aroma intenso e a
enquanto os de alecrim aliviam o cansaço38. maior concentração de essências, entre 15%-35% de
compostos aromáticos. Como são muito fortes, não são
adequados ao clima tropical, sendo pouco comerciali-
zados. O fixador41 tem um poderoso efeito de fixação

39
Ashcar, 2001, p. 59.
40
Os valores da quantidade de concentração de essências variam a
cada fonte pesquisada. Para transcrever aqui, selecionou-se a que se
35
Allérès, 1999. apresentou mais adequada.
36 41
Ashcar, 2001, p. 53. Fixador não é um elemento extra adicionado na fabricação de per-
37
Ibidem, p. 59. fumes. A fixação do perfume, ou seja, que resiste por várias horas, se
38
DELAS. A fascinante história do perfume. Disponível em: deve às notas de fundo (ou de base) que são constituídas por ingre-
http://delas.ig.com.br/materias/185001- dientes mais densos e persistentes, proporcionando uma difusão
185500/185289/185289_1.html. Acesso em: 21/10/2007. mais lenta.
30 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

podendo prolongar-se por até 24 horas. O exagero na perfume "se abrir" e reconhecer as outras essências. São
aplicação pode provocar dores de cabeça e até mesmo extremamente voláteis e muito leves. Baseiam-se em li-
intoxicação acompanhada por náusea. mão, laranja, bergamota, lavanda, pinho, eucalipto e folha
de chá dentre outras. Quando um perfume é muito fres-
Eau de Parfum / Parfum de toilette (EDP): varia de 10- co, suas notas são quase todas voláteis, por isso seus a-
18% de compostos aromáticos. Seu efeito de fixação romas duram menos tempo, por volta de 15 minutos.
chega a ultrapassar 12 horas.
Notas de coração ou de corpo: são as do meio da com-
Eau de Toilette (água de toilette - EDT): são fragrâncias posição para onde vão aromas mais equilibrados. Elas
mais discretas, adequadas ao clima tropical. Compõem-se que dão a personalidade ao perfume. Expressam o tema
de 5-10% de concentração de essências. São comumente principal da fragrância. São sentidas assim que o com-
encontradas comercialmente. Sua fixação não passa de 8 posto aromático seca na pele. São utilizadas essências
horas. menos voláteis e mais pesadas, como as de flores, folhas
e especiarias, dentre elas o tomilho, o cravo, aldeídos,
Eau de Cologne (água de colônia - EDC): bem suaves, cominho, pimenta. As notas de coração ou de corpo são
são fragrâncias com baixa concentração de essências, liberadas a partir do aquecimento da pele e duram em
variando entre 3-5%. A fixação dura no máximo até 5 torno de 40 minutos.
horas.
Notas de fundo ou de base: são aquelas da base da
composição para onde vão os aromas mais fortes, con-
Splash: possuem no máximo 3% de concentração de
sistentes, pesados. São os que têm maior poder de fixa-
fragrância.
ção (de duração), ou seja, depois de um bom tempo
são eles que se evidenciam. Pouco voláteis, os ingredi-
O termo Deo Colônia é apenas utilizado no Brasil e
entes evaporam lentamente. São notas mais densas,
refere-se a fragrâncias com baixíssima concen-tração de
como as de resina, de madeira e de origem animal, co-
essências e sua fixação dura entre 2 horas e 4 horas.
mo por exemplo, o musk, o castor, o almíscar e o civet..
A estrutura de um perfume é composta por três partes
A união das notas forma os acordes que compõem as
chamadas de notas. São elas:
fragrâncias. As fragrâncias também são classificadas em
Notas de cabeça ou de saída: são as primeiras sensa- famílias olfativas
olfativas.
tivas A classificação dessas famílias varia de
ções que se tem ao passar o perfume. É o momento que acordo com os fabricantes e podem se subdividir em
determina se o perfume agrada ou não. Por isso, deve-se várias outras.
deixar passar um tempo após a aplicação para sentir o
31 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

As famílias femininas se diferem das masculinas. São ções do ano. Divide-se em seis subcategorias: verde, frutal,
elas42: fresco, floral, aldeídico e doce.

Famílias femininas Floral verde


Fragrâncias com acentuado e característico frescor verde
Floral — Verde, Frutal, Fresco, Floral, Aldeídico, Doce em harmonia com a composição floral. São aromas leves
e voláteis utilizados para puxar os aromas de baixo, das
Oriental — Amadeirado, Especiado
notas de corpo para a saída.
Chipre — Frutal, Animal, Amadeirado, Fresco, Verde
Floral frutal
Lavanda — Fresca, Almiscarada Caracteriza-se por elementos frutais radiantes, alguns de
caráter bem dominante. Os temas utilizados, combinados
Famílias masculinas com os buquês florais, são variáveis — cassis, abacaxi,
damasco, pêssego ou maçã, entre outros.
Fougère — Fresco, amadeirado, Ambarado
Floral fresco
Oriental — Especiado, Ambarado Versão bem apreciada pelas brasileiras inclui todos os
Chipre — Amandeirado, Couro, Conífero, Fresco, Cítrico temas leves, suaves e primaveris — em geral impressões
baseadas no jacinto, lírio-do-vale e flor de laranjeira. Pode
Como a pesquisa está focada em fragrâncias femininas, apresentar toques refrescantes de bergamota ou outros
serão descritas apenas as famílias femininas. componentes ativos. Engloba águas-de-colônia puras e
leves, como as que combinam jasmim com acordes her-
Floral bais frescos.
É nesta família que se reúne a maior concentração de per-
Floral floral
fumes femininos, com fragrâncias apreciadas em todo o Os verdadeiramente florais, com predominância de flores
mundo. Muitas delas apresentam acordes claramente re-
em toda a estrutura do perfume. Rosa e jasmim são os
conhecíveis que lembram fragrâncias puramente florais.
temas favoritos, mas outras flores, como ilangue-ilangue,
Outras trazem em sua composição impressões florais par-
narciso, tuberosa, íris e cravo, também podem participar
ticulares de certas regiões ou locais em específicas esta-
deste buquê.
42
A classificação das famílias olfativas foi retirada do livro Brasiles-
sência, de Renata Ashcar, que selecionou referências clássicas, os tí-
tulos mais importantes dentro da categoria para abordar em seu li-
vro.
32 | Geyza Dalmásio Muniz
A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Floral aldeídico Eles são combinados com madeiras secas de facetas


Combina buquês florais realçados pela cuidadosa adi- pronunciadamente doces ou mesmo com elementos a-
ção de aldeídos, que enfatizam seu corpo, sua persona- nimais. Podem aparecer acordes florais (jasmim, ilan-
lidade. gue-ilangue) em altas porcentagens, além de materiais
sintéticos que trazem a essas fragrâncias um persistente
Floral doce toque feminino.
Intensa e encorpada direção olfativa, também chamada de
“floriental”. No final dos anos 70, surgiram novas variações
Chipre
do tema, partindo das nuances florais doces até os mati-
zes com fortes direções orientais. É caracterizada pela presença de notas cítricas de ber-
gamota em harmonia com um fundo de musgo de carva-
Oriental lho, patchuli ou outras madeiras nobres, originárias da
região do mediterrâneo. O nome remete ao primeiro per-
Notas orientais despertam associações com as legendá-
fume com essa combinação olfativa, inspirado na legen-
rias fragrâncias de As Mil e Uma Noites, com seus aromá-
dária ilha grega homônima: o Chypre, lançado em 1917
ticos bálsamos e resinas, também evocam as preciosas
por François Coty. O sucesso foi tanto que gerou uma
especiarias indianas. Ricos e quentes, são tipicamente
nova família olfativa.
almiscarados ou especiados, traduzindo sempre volúpia
e exotismo. Chipre frutal
Caracterizado e realçado por acentos frutais, semelhan-
Oriental ambarado tes ao aroma do pêssego, que personalizam a combi-
Também chamada oriental doce, essa categoria é ca-
nação, garantem a tenacidade da fragrância e dão cará-
racterizada por um toque sutil de frescor, contrastado
ter ao produto.
com sua base de especiarias (como baunilha ou outros
elementos doces), desenhando na imaginação uma e-
Chipre animal
xótica femme fatale.
Este grupo inclui a variedade de interpretações Chipre
Oriental especiado que, com o tempo, gerou novas evoluções no campo de
Ingrediente inconfundíveis, como as especiarias culinárias perfumes femininos. Os componentes animais transmi-
— cravo, noz-moscada e canela, entre outras — definem a tem uma tenacidade ainda maior para a sua radiante fe-
categoria dando o acento spicy (apimentado). minilidade.

33 | Geyza Dalmásio Muniz


A Indústria de Cosméticos | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Chipre amadeirado Lavanda fresca


A característica mais marcante dentro deste grupo é o Caracterizada por seu frescor e leveza, sem compromisso
forte acento de patchuli. A harmonia do patchuli com a com complexos aromáticos, representa uma nota de la-
rosa vem sendo incrementada com releituras criativas vanda quase pura, que agrada de homens e mulheres.
em diferentes combinações.
Lavanda almiscarada
Chipre fresco Dentro do mesmo conceito de água-de-colônia, com
Aqui estão as mais fiéis e puras criações da família, bem também extremamente difundido por todo o país. Sua
próximas dos precursores remotos. Os modernos descen- personalidade encontra-se no contraste do frescor das
dentes reafirmaram o nome Chipre graças à sua excelente notas de lavanda com as persistentes notas de fundo
aceitação de mercado e à riqueza de evoluções do tema. almiscaradas.

Chipre verde Algumas famílias olfativas são mais usadas em perfumes


Encontram-se as composições com acentuados acordes
femininos e outras em masculinos, no entanto, não existe
verdes caracterizados por herbáceos ou suaves variações
uma regra. Atualmente, perfumes unissex têm se tornado
encontradas em interpretações de acordes florais.
comum. O primeiro exemplar foi o Le Sien, de Jean Pa-
tou, lançado em 1931.
Lavanda
Desde 1994, quando Calvin Klein lançou o CK One, as
Nas classificações internacionais, esta é uma família olfa-
fragrâncias de uso compartilhado (unissex) ainda são
tiva particularmente masculina. No Brasil, porém, em ra-
uma grande tendência de mercado. A explicação refere-
zão de vários aspectos culturais peculiares, ela se posi-
se à oposição dos perfumes masculinos e femininos que
ciona como uma das preferências nacionais femininas, é
era feita antigamente. Para elas, eram produzidas fra-
apreciada por mulheres de todas as idades. Exala leveza,
grâncias predominantemente florais e, para eles, as cítri-
em comparação com as outras famílias olfativas, e tem
cas e amadeiradas. Com o tempo, os homens aderiram a
no frescor a nota predominante. Sua estrutura é a base
fragrâncias mais suaves e adocicadas. Ao mesmo tempo,
para dois temas distintos: o fresco, adequado ao nosso
observou-se que boa parte da venda de perfumes mascu-
clima úmido e tropical; e o almiscarado, ligado à sensua-
linos era consumida por mulheres. Assim, percebendo-se
lidade da mulher brasileira. Lavanda é sinônimo de alfa-
essa tendência, passaram a criar os perfumes unissex.
zema, nome que batiza vários frascos.

34 | Geyza Dalmásio Muniz


Capítulo 2

O Luxo e o Consumo | 35
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

O mercado de luxo tem se desenvolvido e tomado pro- O consumo de bens de luxo


porções cada vez maiores, inclusive aqui no Brasil. O pró-
prio governo brasileiro tem incentivado a expansão deste O consumo envolve muito mais questões do que pare-
mercado através da exportação de produtos com maior ce. Como explica Solomon:
valor agregado, destacando-se a Agência de Promoção
das Exportações do Brasil (Apex Brasil), que organiza e- O consumo se constitui em um processo con-
tínuo. Vai muito além da troca de valor monetá-
ventos no exterior e abre o mercado para as empresas
rio por uma mercadoria ou serviço. Envolve
brasileiras. O setor de cosméticos e perfumes brasileiros
questões que influenciam o consumidor antes,
vendeu por volta de US$400 milhões em 200643. durante e depois da compra, e também todo o
processo de busca, escolha e tomada de deci-
No entanto, no século XXI, a palavra “luxo” ganhou diver-
são de compra de um produto, a experiência
sas conotações, tendo seu conceito relativizado. Agora, durante o consumo, o desempenho do produto
fala-se em diversos níveis de luxo, atingindo classes soci- após a compra e as conseqüências que essa
ais mais populares. O que é luxo para uns, pode não ser compra traz. Quando se fala de consumo, se
para outros. A valorização ecológica, utilização do tempo fala não só de objetos tangíveis, mas de expe-
escasso, tranqüilidade, segurança, lazer e educação são riências, idéias e características intangíveis
significados agregados ao “luxo” e se sobrepõem ao a- (SOLOMON, 2002 apud AMUI, 2006, p. 7).
cúmulo de riquezas em vários países.
Conforme Carlos Ferreirinha, ex-presidente da Louis Vuit-
Se para alguns luxo é ter condições financeiras para ad- ton44 no Brasil, os lojistas e prestadores de serviços não
quirir seu objeto de desejo, para outros pode ser a dis- oferecem produtos, apenas experiências. Para Ferreiri-
ponibilidade de tempo para desfrutar da vida em família, nha, “produtos suprem necessidades, experiências su-
por exemplo. prem desejos através da emoção”, conclui45. Atualmente,
as pessoas de maior poder aquisitivo estão dispostas a
gastarem pequenas fortunas para vivenciarem experiên-
cias únicas, proporcionadas pelos bens de luxo.

44
Louis Vuitton é uma das marcas do principal grupo de marcas de
luxo, o LVMH (Varella, O império do Luxo, artigo do site da revista
Veja).
45
Roberto Lopes, “Eles Entendem de Luxo”, revista Welcome Con-
43
Faggiani, 2006, p.14. gonhas, setembro de 2007, p. 31.
36 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Os produtos de luxo46, aparentemente, sempre foram va- identidade, uma vez que vive em uma sociedade na qual
lorizados e procurados, mostrando sua constância e per- se dissolve em suas referências culturais e sociais, ge-
sistência de códigos de diferenciação social47. O uso de rando novas necessidades e valores a cada dia49.
um determinado bem de luxo pode determinar o nível do
consumidor na hierarquia social, na distinção de classes Os produtos do mundo contemporâneo estão imbuídos
econômicas. de significado e sendo assim, refletem nossa imagem
como espelhos, fazendo-nos descobrir aspectos de nós
Segundo Lipovetsky (2005), desde o Paleolítico que os mesmos, como coloca Diechter (1970).
homens mantinham algum tipo de luxo, seja pelos ador-
O consumo constitui um universo de significa-
nos, tatuagens ou prazer pelas festas. Os templos da Anti-
ção capaz de modelar as práticas cotidianas.
güidade são um exemplo disso, com suas grandiosidades
Nele, os indivíduos se reconhecem uns aos ou-
físicas e decorativas. Há uma necessidade de beleza para tros e constroem suas identidades, imagens
satisfazer os sentidos. Sempre vivemos cercados de luxos trocadas e reconfirmadas pela interação social
de diferentes proporções. (ORTIZ, 1996, p. 170 apud FAGGIANI, 2006, p.
11).
As pessoas estão em constante busca pela diferenciação,
e para obtê-la, buscam o consumo de bens de alto pa- Desta forma, tudo o que é consumido torna-se indicador
drão. Há um desejo em ser diferente, em estabelecer de individualidade, identidade, gosto e estilo do consu-
uma personalidade particular e individual, distante dos midor50.
modelos convencionais48.
Conforme Baudrillard (1981), é o código presente em
Com a multiplicidade cultural resultante da globalização, cada objeto e em cada relação de consumo que classi-
o homem atual está em constante transformação de sua fica o indivíduo que o consome. A concorrência entre as
classes e a luta pela distinção sustentam a efemeridade
46
Em um nível abaixo dos produtos de luxo encontram-se os produtos do consumo, fazendo com que os consumidores este-
“upmarket” e/ou “premium”. Juntos, formam uma faixa de mercado
chamada de “produtos de prestígio” ou “produtos de alto padrão”. A jam sempre procurando inovações e deixando para trás
definição de “premium” é bem semelhante à de “luxo”. A diferença é o que não é mais novidade.
que, os produtos de luxo são produzidos por empresas que atuam ex-
clusivamente no final de um conjunto contínuo que abrange todos os
tipos de produtos à disposição. Não são versões sofisticadas de pro-
dutos comuns, como normalmente ocorre com os produtos “premi-
um”, que tanto podem ser produzidos por uma empresa que atua em
diversas faixas de mercado, quanto por empresas voltadas ao luxo.
(FAGGIANI, 2006).
47 49
Lipovetsky, 1989, apud Faggiani, 2006, p. 9. Silva, 2004 apud Faggiani, 2006, p. 10.
48 50
Nietzsche, 2005, apud Faggiani, 2006, p. 12. Featherstone, 1996 apud Faggiani, 2006, p. 11.
37 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Como afirma Silva (2004), a principal influência da nova O luxo não é ditado ou imposto pelas necessi-
identidade do homem atual é a indústria cultural51 que, dades básicas, mas sim pela concepção de pra-
através de símbolos e significados aliados à globalização, zer, transformando sonhos em necessidade. A-
massifica e transforma produtos em mercadorias de fácil tualmente, no nosso mundo globalizado, onde a
qualidade não é mais um diferencial dos produ-
assimilação e aceitação, além de modelar os desejos e
tos e serviços, mas um aspecto inseparável, se
necessidades humanos52. compete mais pelo apelo original e pela emoção
e sentimentos que se desperta nos consumido-
De acordo com Faggiani (2006), a indústria cultural utili-
res através de signos e símbolos (FAGGIANI,
za imagens, signos e símbolos evocativos de sonhos,
200, p. 12).
anseios, ambições e fantasias que sugerem uma identi-
dade ao consumidor. Os produtos de prestígio incitam a Os significados atribuídos aos bens de luxo não são
sofisticação individual e o status, funcionando como ob- construídos apenas individualmente, mas também soci-
jetos de ascensão social e de pertencimento a um de- almente. Os indivíduos possuem motivações e interes-
terminado grupo ou classe social. ses diferentes uns dos outros. Existem fatores psicológi-
cos, sociais, culturais e ambientais que implicam nessa
O simbólico é um componente determinante na escolha escolha53.
dos produtos de luxo e torna-se um diferencial, especial-
mente quando os produtos de luxo têm as mesmas fun- Como define Twitchell (2000), o surgimento da sociedade
ções, materiais, qualidades e preços. de consumo apenas consolidou o desejo de consumir que
já existia. Ele afirma que esse desejo encontrou uma opor-
De acordo com Faggiani (2006), as estratégias para se- tunidade com a Revolução Industrial de se manifestar. An-
duzir os compradores de produtos de luxo e premium tes da Revolução Industrial, só não se consumia tanto
são diferentes das utilizadas para o consumo de massa. porque as pessoas não tinham tanta escolha e tampouco
O consumo de bens de prestígio apresenta característi- essa diversidade de objetos para desejar.
cas tangíveis do produto, como design, matéria-prima,
durabilidade, conforto. Assim, com o surgimento da sociedade de consumo, os
bens passam a depender mais do seu significado social
do que de sua utilidade funcional. O valor simbólico
contido nos produtos tornou-se o principal combustível
51
O que é produzido pelo sistema industrializado de produção cultural para sua compra e uso. Assim como a escolha por pro-
(TV, rádio, jornal, revistas, etc.) elaborado de forma a influenciar, au-
mentar o consumo, transformar hábitos, educar, informar, pretenden- dutos ou marcas, o consumo é regido por códigos que
do-se ainda, em alguns casos ser capaz de atingir a sociedade como
um todo (Neto, 1996).
52 53
Hall, 2002 apud Faggiani, 2006, p. 11. Faggiani, 2006, p. 13.
38 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

enfatizam a análise e a relação entre os objetos54. Con- bens, privilegiando aspectos tangíveis como design e
forme Da Matta, qualidade (assemelhando-se com a teoria do consumo
conspícuo de Veblen); e a outra afirma existir uma possi-
o valor simbólico se adiciona ao valor de uso e
bilidade de extensão de si mesmo e expressão de valores
ao valor de troca, para permitir, tal como ocorre
individuais ou de um grupo, onde a característica simbó-
também nos sistemas tribais e tradicionais, a sua
associação sensível, imagística, concreta, com
lica é destacada.
qualidade e relações humanas que a sociedade
Desta forma, como existem várias motivações para o
define como preciosas e importantes. (DA
MATTA 1984, apud AMUI, 2006, p. 11-12).
consumo, existe um público variado para o consumo de
bens de prestígio.
Segundo Veblen (1965), no passado o objetivo do con-
sumo era exibir os produtos como sinal de diferenciação Mudanças no mercado de luxo foram identificadas pela
e status, e não usufruir a qualidade destes. Para Veblen, a Risc International (2001)56 entre as décadas de 80, 90 e
riqueza em si possui significado social, ela deve ser exi- 2000. Conforme dados da empresa, nos anos 80 preva-
bida, e não simplesmente consumida ou possuída. leceu o hedonismo e a ostentação, ou seja, competição
de status, marcados pela ascensão dos yuppies57. Já a
Como afirmam Strehlau e Aranha (2002), os bens de luxo década de 90 teria sido marcada menos pela ostenta-
funcionam como forma de distinção e reconhecimento ção e mais pela responsabilidade e ética, onde o luxo
social. Para as classes mais favorecidas esses produtos teria servido à arte de viver, saindo da competição social
são formas de diferenciação das outras classes. Através e indo para a satisfação pessoal58.
dos avanços contínuos no consumo, as classes inferiores
desejam os modelos adquiridos pela classe superior, fa- Os anos 2000, por sua vez, teriam iniciado uma época de
zendo com que o luxo os distanciem ainda mais55. Assim, prazer, com os produtos de luxo servindo a uma erotiza-
esses bens transformam-se em objetos de hierarquia so- ção da vida diária59.
cial, gerando uma satisfação pela exibição de riqueza Conclui-se, portanto, que os bens de luxo atendem a
monetária. propósitos diferentes e a consumidores diversificados. A
A pesquisa de Dubois e Duquesne (1993) identificou du-
as formas de acesso a bens de luxo: uma diz que a os-
tentação é o principal motivo para a aquisição desses 56
Risc Internatonal é uma empresa de consultoria européia que es-
tuda os principais mercados de luxo do mundo anualmente.
57
Homem jovem, bem-suedido profissionalmente (Ferreira, 1999).
54 58
Faggiani, 2006, p. 13.. Dubois, Laurent, 1996 apud Faggiani, 2006, p. 27.
55 59
Allérès, 2000 apud Faggiani, 2006, p. 26. Risc, 2001 apud Faggiani, 2006.
39 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

multiplicidade na oferta do luxo é o reflexo da diversida- sensação de glória e satisfação (Manu apud
de da sociedade. Sousa, 2000 apud Faggiani, 2006, p. 29).

Assim, a real necessidade é a da diferenciação, e não Na atual sociedade, o grau de sucesso é medido pelo
do objeto em si. Conforme Faggiani (2006), o desejo acúmulo de riquezas e pela disponibilidade de consumo
pode ser visto como capricho da alma, ou seja, os pro- de bens materiais. “(...) Comentando sobre a cultura do
dutos têm valor porque satisfazem vontades do espírito. consumo, as pessoas gastam um dinheiro que não pos-
Muitas pessoas se permitem adquirir produtos de luxo suem, pra comprar coisas que não necessitam, para im-
como forma de compensação do sofrimento com uma pressionar pessoas que não conhecem” (Penna, 1999
situação de vida indesejável. apud Faggiani, 2006, p. 29).

A fronteira entre desejo e necessidade é muito sutil. Para


Faggiani (2006), apesar do mercado atual produzir falsas
necessidades, o que para alguns consumidores possa O consumo e suas influências na atualidade
ser falsa necessidade, para outros pode ser essencial.
O aumento da produção e da oferta de bens materiais,
O ser humano precisa do supérfluo e desnecessário para conseqüência da Revolução Industrial, colaborou com a
viver, pois somente o essencial não o atende. Segundo formação de uma sociedade consumista61.
Coelho (2000), “transferimos sonhos e expectativas para
o objeto”. A ideologia do consumo gera uma competição pelo a-
cúmulo de riqueza entre os povos das sociedades indus-
De acordo com Sousa60, “(...) na medida em que são triais. O desejo de poder aliado ao desejo material des-
preenchidas as necessidades básicas, as pessoas pas- comedido gera um círculo vicioso, mais prestígio social e
sam a procurar produtos que respondam a expectativas maior necessidade de poder62.
sociais e pessoais mais elevadas”.
Segundo Fromm (1982), consumir é um círculo vicioso
Desejamos produtos que preencham nossas porque, da mesma maneira que abranda a ansiedade,
necessidades emocionais porque quando eles requer o aumento do consumo porque este logo que
vão além das necessidades mecânicas, utilitá- concretizado deixa de satisfazer.
rias e funcionais, não apenas tornam-se neces-
sários em nossas vidas, mas apresentam uma

61
Penna, 1999 apud Faggiani, 2006, p. 17.
60 62
Sousa 2000 apud Faggiani, 2006, p. 28-29 Faggiani, 2006, p. 17.
40 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Fromm (1982) afirma que, possuir alguma coisa propor- A partir das visões citadas anteriormente sobre o con-
ciona um sentido de identidade, onde objetos e pessoas sumo, conclui-se que o simbólico prevalece sobre a
se fundem e estas passam a ser o que possuem. função utilitária do produto, principalmente nos bens de
consumo de luxo.
O consumo como distinção, com o objetivo de obter pres-
tígio e reconhecimento do poder, faz com que as classes De acordo com Slater (2001) o consumo se tornou a
superiores gastem de forma esbanjadora e ostensiva, exi- maneira pela qual a sociedade passou a assimilar sua
bindo suas riquezas e luxos. Veblen63 expôs essa idéia a- própria cultura. Baudrillard (1995) afirma que o consu-
través de sua teoria do consumo conspícuo,
conspícuo ou seja, o mo transformou-se na forma de comunicação da socie-
consumo como forma de demonstrar aos outros a capaci- dade contemporânea. Os significados dos produtos se
dade de comprar determinados bens. Essa demonstração revelam na relação de uns com os outros, e não indivi-
tem, ao mesmo tempo, um objetivo de imitação das clas- dualmente.
ses superiores e de distinção das classes inferiores.
Engel, Blackwell e Miniard (2000), afirmam que as deci-
Para Campbell (2001), os consumidores se esforçam sões de consumo são conseqüência da união de certos
para consumir produtos que os aproximem dos grupos fatores que interagem entre si de modo dinâmico, como
almejados e se afastam dos considerados inferiores, fatores pessoais referentes a diferenças individuais, refe-
classificando os indivíduos em seguidores e esnobes64. rentes a influências ambientais e referentes aos proces-
Seguidores são os consumidores que decidem por um sos psicológicos dos consumidores.
bem ao ver que outros o consomem. Esnobes são a-
queles que vão rejeitar um produto ou serviço justamen- Kloter (2000) define os fatores culturais, sociais, pessoais
te porque está sendo consumido por determinado indi- e psicológicos como responsáveis pelo comportamento
víduo ou grupo. de compra, destacando os fatores culturais como os de
maior e profunda influência.
Conforme a definição de Rocha (2003), toda compra é
social. Assim, nota-se que o consumo é um fator social Assim, “a partir do momento que cultura e consumo são
com capacidade para gerar representações coletivas, tratados conjuntamente, o consumo deixa de ser produ-
emoções codificadas, sentimentos obrigatórios e pen- zir, comprar e usar objetos para se tornar um sistema
samentos. Rocha afirma que os bens assumem um sig- simbólico, por meio do qual a cultura manifesta seus
nificado sentimental a partir de seu consumo. princípios, categorias, idéias, valores, identidades e pro-
jetos” (Rocha, 2000 apud Faggiani, 2006, p. 23).

63
Veblen, 1899 apud Faggiani e Amui, 2006.
64
Campbell, 1987 apud Walther, 2002, p. 23.
41 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

O sistema de signos e símbolos vinculados aos objetos pessoa às avaliações favoráveis ou não, à emoção e às
nunca foi tão forte e representativo da ordem social como tendências de ação em relação a algum bem ou idéia68.
atualmente. Baudrillard65 afirma ser justamente isso que
difere a sociedade atual das anteriores: “o mundo do O consumidor também pode ser influenciado por fatores
consumo é um conjunto de signos e significados interli- sociais como grupos de referência, família, papéis e posi-
gados e interdependentes e oferece uma maneira de so- ções sociais. Os grupos de referência influenciam direta ou
cialização aos seus indivíduos”. indiretamente o comportamento do consumidor e ajudam
a formar um autoconceito. O conceito formado de si
A cultura tem grande influência no comportamento do mesmo faz com que este tome atitudes levando em con-
consumidor, pois afeta os objetos, a estrutura de consu- sideração a visão das pessoas que toma referência, dei-
mo, a tomada de decisão de cada pessoa e a comunica- xando-se influenciar para ser aceito no grupo. No entanto,
ção numa sociedade66. A cultura permite que o consu- a família é a organização de compra de produtos de con-
midor se coloque no lugar do outro e enxergue a si sumo mais importantes da sociedade69.
mesmo da mesma forma que os outros. Isso acontece
porque todos passaram pelo mesmo processo de civili-
zação, com os mesmos símbolos e códigos67.
Definições do luxo
As escolhas pessoais podem ser influenciadas ainda por
quatro fatores psicológicos importantes: motivação, per- Etimologicamente, “luxo” deriva da palavra “luxus”, em la-
cepção, aprendizagem e crenças e atitudes. As necessi- tim, que significa “abundância, refinamento”. Tentou-se
dades levam as pessoas a agir por suas motivações, ou aproximar este conceito, erroneamente, de dois termos
seja, fatores internos que impulsionam os indivíduos a parecidos, de lux (luz), referindo-se ao brilho, esplendor, e
tomar atitudes que satisfaçam suas necessidades. A per- luxuria (luxúria), relacionado com ostentação, prazer, vai-
cepção leva os indivíduos a selecionar, organizar e inter- dade70. Segundo Faggiani71, atualmente luxo está associ-
pretar as informações. A aprendizagem gera mudanças ado à extravagância, ao supérfluo, ao poder material,
no comportamento de uma pessoa em conseqüência embora este conceito esteja se modificando.
das experiências vividas. Crença é um pensamento que
Anteriormente, o luxo foi associado ao acesso a mercado-
se sustenta até o fim e atitude é a resistência de uma
rias raras, como por exemplo, temperos que eram conse-

68
Faggiani, 2006, p. 21.
65 69
Baudrillard, 1981 apud Faggiani, 2006, p. 23. Ibdem.
66 70
Faggiani, 2006. Castarède, 2005 apud Faggiani, 2006, p. 32.
67 71
Solomon, 1983 apud Amui, 2006, p. 12. Faggiani, 2006, p. 32.
42 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

guidos apenas com as grandes navegações, vindos do O- Também se relaciona com o raro, com o exclusivo, por
riente e levados para as cortes européias. Depois da Revo- isso torna-se caro74.
lução Industrial, os produtos que eram considerados bens
de luxo tornaram-se comuns72. Outra palavra que está relacionada ao luxo é a tradição.
Preservar o tradicional, manter as raízes, valorizar o passa-
Segundo o sociólogo Domenico de Masi73, na socieda- do são elementos importantes do luxo75.
de industrial “os ricos exibiam a própria opulência, so-
bretudo para surpreender, intimidar e reforçar o poder No entanto, atualmente o luxo assumiu outras conotações,
que tinham e a insuperável distância que os separava principalmente nos países desenvolvidos. Está relacionado
da massa”. com a utilização do tempo escasso, a valorização de
consciência e atitudes ecológicas, segurança, conforto,
Para Lombard (1989), produtos de luxo são aqueles de qualidade de vida, praticidade, compromisso social, entre
qualidade superior, caros, raros, esteticamente bem ela- outros.
borados, dotados de uma marca famosa e adquiridos
por uma clientela especial. O indivíduo valoriza mais essas características do que as
aparências e ao acúmulo de riquezas76.
Já para Vigneron e Johnson (2004), produtos de luxo são
Hoje em dia o luxo é relativo. Cada indivíduo o
aqueles que, ao serem utilizados, aumentam a auto-
vê a seu modo. Para um sobrecarregado pre-
estima do consumidor, independente da sua utilidade
sidente de empresa, luxo é tempo. Para um
funcional. De acordo com eles, esses produtos satisfa- agricultor, é a sociabilidade, que pode tradu-
zem as necessidades psicológicas e funcionais dos con- zir-se numa boa refeição em companhia dos
sumidores, mas são os benefícios psicológicos que re- amigos (Castarède, 2005: 33 apud Faggiani,
presentam o principal fator de diferenciação entre um 2006, p. 34).
produto de luxo e os outros.
O luxo ainda pode ser classificado em vários níveis, cuja
O luxo se associa a um código, comportamento, como- percepção influencia diretamente na escolha de um con-
didade, conforto, a valores éticos e estéticos, ao reco- sumo77. Um produto pode ser mais ou menos luxuoso de-
nhecimento, ao prazer e à satisfação e requinte. pendendo do contexto onde está inserido, e adquire con-
ceitos muito particulares: o que para uma pessoa é

74
Castarède, 2005 apud Faggiani, 2006, p. 33.
75
Faggiani, 2006, p. 33.
72 76
Ibidem, p. 33. Ibidem.
73 77
Domenico de Mais, 2000 apud Faggiani, 2006, p. 33. Bearden, Etzel, 1982, apud Amui, 2006, p. 19.
43 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

considerado luxo, para outra pode ser considerado uma Deste modo, nos últimos anos, o “luxo” transformou-se
necessidade78. de “prestígio” (símbolo de status social) em “conquista”
(símbolo de desenvolvimento e evolução pessoal e pro-
Como define Faggiani (2006), na globalização o luxo está fissional). Ou seja, o que antes era visto como direito de
associado a um sentimento de prazer da alma e não do berço, de linhagem, tradição, nobreza, hoje é visto como
espetáculo ou escândalo. Está mais ligado à individuali- conquista, liderança, capacidade de realização80.
dade e essência da escolha do que à evidência do valor
ou da exclusividade. Assim, percebe-se que os artigos de luxo possuem diver-
sos níveis de valores e significados, alguns universais e
Inicialmente houve uma confusão entre “luxo, bens e ri- inerentes, que variam de acordo com o tempo e a socie-
queza” com o “excesso e ostentação” das mesmas, dade81.
transformando o luxo em vilão. Entretanto, percebe-se
que o luxo, atualmente, aproxima-se mais com o ser do Faggiani (2006) afirma que o novo luxo será desmateria-
que com o ter, aproxima-se cada vez mais da perfeição, lizado e se sustentará no desenvolvimento do indivíduo.
da excelência, do primor, do conforto, do progresso e da
O luxo do futuro se sustentará no desenvolvi-
realização de sonhos, emoção e desejo79.
mento do indivíduo, fisicamente, moralmente
Segundo De Masi (2000), o luxo se afastará cada vez e espiritualmente. O luxo será cada vez mais
mais do excesso para se aproximar do que é necessário uma nova maneira de ser do que um objeto
material, menos extravagante e mais autênti-
à vida. Voltaire (1978) considera o luxo como o aperfei-
co. O novo luxo possibilitará ao ser humano
çoamento das “artes úteis”, que declarava o supérfluo redescobrir seu tempo livre, o lazer e a quali-
como coisa altamente necessária. Ele afirma que o “luxo dade de vida, e será caracterizado pela inteli-
não é uma prerrogativa exclusiva do rico, cada homem gência e pelo bom gosto. O luxo deve se de-
pode valer-se dele segundo suas condições patrimoniais, parar novamente com sua verdadeira função
a fim de embelezar a vida por meio dos vários estimulan- que é da identidade (Faggiani, 2006, p. 43).
tes possíveis que lhe são franqueados”.

O luxo continua sendo uma raridade. Mas o que é raro


hoje pode não ser o que era ano passado (Faggiani,
2006, p. 34).

78 80
Vigneron e Johnson, 2004 apud Amui, 2006, p. 19. Faggiani, 2006, p. 35.
79 81
Ibidem. Ibidem, p. 36.
44 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

O luxo no Brasil São Paulo, por exemplo, é a única cidade do mundo a


ter quatro lojas da Montblanc. O estilista italiano Giorgio
O Brasil se encontra entre os dez maiores mercados de Armani também escolheu São Paulo para instalar a úni-
luxo do mundo. Perde apenas para os EUA, na América. ca loja na América Latina. Além destas, encontram-se
O mercado movimentou em torno de US$2 bilhões no em São Paulo grandes marcas como Armani, Cartier,
último ano82. Montblanc, Versace ou Louis Vuitton, entre outras.

Em 2003, o brasileiro consumiu US$ 150 milhões em São inúmeras as razões que podem explicar o interesse
perfumes importados de luxo, valor que não inclui com- de tantas marcas importantes pelo Brasil, dentre elas,
pras em free-shops, diretamente no exterior ou no con- destacam-se o crescimento constante da economia brasi-
trabando. Em 2004, houve um crescimento de 18% no leira, a qual tornou-se no 9° maior PIB do mundo em
primeiro semestre em relação ao mesmo período do 2004; a eliminação de restrições fiscais e burocráticas
ano anterior83. que limitam as viagens ao exterior; o sistema de crédito
do país que facilita o acesso da classe média ao luxo a-
De acordo com Faggiani (2006), no Brasil o luxo ainda é través de pagamentos parcelados; o livre acesso de mu-
associado ao excesso, esplendor,desperdício e ostenta- lheres a produtos de moda e que satisfaçam a auto-
ção, talvez por ser um país novo e emergente com rela- estima; a evolução do papel da mulher na sociedade,
ção aos EUA. O luxo ainda está relacionado ao antigo ti- que hoje gera renda e consome bens de luxo, e ainda, a
po de luxo exibicionista. No entanto, o luxo hoje pode ser aceitação pelo homem dos cuidados com a aparência e
o sonho ou aspiração de cada um, não precisa estar re- com a moda85.
lacionado, necessariamente, a um produto ou serviço.
Além disso, as exportações brasileiras têm crescido a
Embora à primeira vista pareça que o Brasil não seja um cada ano, quase o dobro da expansão do comércio
lugar ideal para a venda de luxo, as pessoas adquirem mundial, conforme a Organização Mundial do Comércio
produtos por impulso e se deixam levar pela emoção. (OMC). Exportações por diversas empresas brasileiras
O país apresentou um crescimento em torno de 35% têm apresentado ótimos resultados, como por exemplo,
nos últimos cinco anos no mercado de luxo84. Várias a empresa L’acqua di Fiori, fabricante de perfumes, que
empresas do segmento estão investindo aqui no país. tem seus frascos exibidos nas vitrines de grifes dos Emi-
82
rados Árabes como artigo de luxo, vendido a US$7086.
Faggiani, 2006, p. 36.
83
Alencastro, 2004. Gosto pelo luxo cresce no Brasil.
Brasil Disponível em
http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=E7D0B2
15-CCCE-C96D-09594728A3D9D90E&mes=novembro2004. Último
85
acesso em 1º de abril de 2008. Ibidem.
84 86
Faggiani, 2006, p. 39. Ibidem, p. 40.
45 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Todo esse avanço tem relação com o design, uma vez Democratização do luxo
que as transformações e diferenciação do mercado ex-
terno se devem, além do aspecto tecnológico, princi- Segundo Allérès (2000), a indústria do luxo é composta
palmente ao design que envolve desde a modernização por três tipos de setores: os acessíveis (luxo massificado),
de garrafas, frascos e rótulos à criação de marcas pró- intermediários e os inacessíveis (alto luxo).
prias mais fortes, ferramentas para desempatar a guerra
do mercado mundial atual, o qual demanda cada vez O luxo inacessível diz respeito ao luxo extremo, da alta
mais incrementos para a agregação de valor aos produ- costura, dos palácios e iates, refere-se ao valor monetário.
tos. O consumidor deste tipo de luxo está cada vez mais exi-
gente e a compra do produto em si já não basta. As pes-
O design instiga a emoção. Sendo o luxo, algo relativo, soas não compram artigos de luxo apenas por seus altos
o design pode inventar novos luxos e nichos, ao gosto e preços, mas pelos outros valores que o produto carrega
alcance de cada um87. consigo, como tradição, funcionalidade, status, moda, de-
sign, entre outros. O mais importante é a pessoa saber va-
Apesar do design ter sido visto, há pouco tempo, como
lorizar o produto, dentro de um determinado estilo de vida.
supérfluo e elitista, ele inclui significados aos bens de
O luxo vai além da satisfação de uma mera necessidade e
luxo, não apenas referentes ao mundo, mas também
da demonstração de riqueza, reside na experiência emo-
aos homens informando a singularidade do indivíduo
cional a que todos têm direito89.
que os usam. As associações simbólicas dos produtos
podem ser utilizadas para enfatizar diferenças de estilo No luxo intermediário encontram-se objetos mais acessí-
de vida, demarcando relações sociais88. veis, elegantes, de bom gosto e refinamento, como um
vestido de festa da Chanel, por exemplo.
De artigo de luxo, o design passa a ser assumido e ado-
tado como estratégia de diferenciação e valorização para O luxo acessível é caracterizado pelo uso de objetos e ser-
empresas em relação à concorrência, tornando-se fator viços que incorporam marcas de prestígio, produtos dife-
de distinção para os próprios bens de luxo. renciados do consumo comum. Um exemplo é o perfume
Chanel nº5. Nesse segmento luxo é a “excelência no fa-
zer”, no acabamento e na entrega de um bem90.

De acordo com Lipovetsky (2005) o luxo humaniza.


Demonstra que o ser humano não é regido apenas por

Vestido de Gabrielle Chanel 87


Faggiani, 2006, p. 42. 89
Ibidem, p. 44.
88 90
Ibidem, p. 13. Ibidem, p. 45.
46 | Geyza Dalmásio Muniz
O Luxo e o Consumo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

necessidades básicas, que é mais complexo e precisa grande, a empresa já lança outra linha de perfume com a
humanizar suas necessidades. Assim, o luxo torna-se assinatura de Emanuel Ungaro, mantendo a idéia de levar
produto essencial para toda a sociedade. para um público muito maior os encantos das marcas de
luxo e alta-costura93.
O luxo para a classe média é o princípio de um novo as-
pecto do consumo, conhecido como “Masstige” ou “Mass- Para a classe média, em sua maioria, reduzir alguns tipos
tígio”, termo elaborado a partir da combinação de “massa” de despesa para investir no luxo garante a afirmação so-
e “prestígio”, ou seja, “prestígio para as massas”. Trata-se cial que busca, além da sensação de afirmação da per-
de artigos de prestígio focados para a classe média, com sonalidade e de uma aproximação ao único e diferencia-
altos preços, porém não impossíveis91. do94.

Empresas de luxo conhecidas estão se dedicando a este Como afirma Faggiani (2006), a busca de status, através
novo tipo de consumo de luxo, lançando novos produtos a de marcas luxuosas, transforma-se num ritual diário de
cada dia para clientes não tão ricos economicamente, busca intensa em alcançar um novo estilo de vida. O im-
como Armani Exchange, Chaps com Ralph Lauren e Mer- portante não é ter (ser rico) e sim “parecer” ser.
cedes com Classe A. Um exemplo recente é o lançamento
das fragrâncias Rouge (feminina) e Noir (masculina) de Desta forma, verifica-se que os três principais fatores que
Christian Lacroix pela Avon. De acordo com a empresa, a caracterizam o luxo atualmente são a individualização, a
Avon está investindo no mercado de luxo com objetivo de emocionalização e a democratização95.
democratizá-lo, visão que compar-tilha com Lacroix.
Segundo Alberto Moreau, diretor executivo de Marketing
da Avon Brasil, o luxo, atualmente, não está
necessariamente relacionado ao alto custo de um produto
e sim, a marca e seu valor. "Estamos dando mais um
passo para reafirmar o compromisso da Avon em
proporcionar alto conceito em design e qualidade. Quem
antes não teria um vestido Lacroix agora pode desfrutar de
todo o luxo e sofisticação do estilista, por meio de seus
perfumes", explica92. Como o sucesso das fragrâncias foi
93
Coluna de Glória Kalil, disponível em
91
Ibidem. http://chic.ig.com.br/materias/481001-
92
Roberta Ristori, disponível em 481500/481476/481476_1.html. Acesso em 1º de abril de 2008.
94
http://arnaldorabelo.blogspot.com/2007/10/avon-avana-em-direo-ao- Faggiani, 2006, p. 46.
95
luxo.html. Acesso em 1º de abril de 2008. Ibdem.
47 | Geyza Dalmásio Muniz
Capítulo 3

A Embalagem | 48
A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

A embalagem desenvolveu-se juntamente com a huma- Posteriormente, utilizaram-se artefatos de cerâmica, teci-
nidade ao longo da história. Esteve presente desde a dos, vidros e metais. As primeiras garrafas rústicas de vi-
necessidade inicial do homem de armazenar e transpor- dro surgiram por volta de 3.000 a.C., sendo utilizadas pa-
tar água e alimentos em algum recipiente até o início ra perfumes, óleos e cosméticos. São consideradas as
das atividades comerciais, que disseminaram o uso das primeiras embalagens feitas para o consumo. Com o de-
embalagens. senvolvimento da técnica de sopro no ano 300 a.C., as
garrafas passaram a ser confeccionadas com mais rapi-
Atualmente, a embalagem tornou-se item fundamental da dez e em tamanhos variados. Neste mesmo período sur-
vida do ser humano, assim como das atividades de qual- giram as primeiras tampas de argila ou chumbo, e a utili-
quer empresa. Encontra-se em todos os produtos, com zação da madeira como caixotes e barris, o que permitiu
diversas formas e funções, acompanhando a evolução o transporte de líquidos.
das tecnologias, tornando-se mais eficiente, estratégica e
atrativa. Conforme Moura e Banzato (2000), “vivemos Aparentemente, a identificação do produto e do fabri-
num mundo de produtos embalados. Praticamente, to- cante iniciou-se com o aumento do uso de recipientes
dos os produtos vendidos são embalados, seja na forma de vidro, marcadas em muitas tampas de argila ou
final, seja nas fases intermediárias de fabricação e trans- chumbo utilizadas.
porte."
Os romanos desenvolveram o processo de fabricação de
embalagens de vidro e introduziram muitas inovações
História da Embalagem nas embalagens no Ocidente.

Entretanto, com a queda do Império Romano, as emba-


A embalagem surgiu com a necessidade do homem nô-
lagens sofreram poucas modificações até durante a re-
made em conter, proteger, transportar e armazenar seus
nascença, período em que surgiram algumas inovações
alimentos. Para isso, utilizou recursos provenientes da na-
como a fabricação do papel e a impressão.
tureza, como folhas, palhas, conchas, troncos ocos, cou-
ro, crânios e bexigas de animais. Estima-se que as primei-
A fabricação de vidro se difundiu na Inglaterra durante o
ras embalagens conhecidas datem de 4.000 anos antes
século XVII, e o vidro passou a substituir o couro e o barro.
de Cristo.
Até o final da Idade Média, as embalagens mais utilizadas
Em seguida, vieram os artigos em cestaria de diversos
eram:
tipos de fibras trançadas, e depois os recipientes feitos
de argila.
49 | Geyza Dalmásio Muniz
A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Materiais Tipo de embalagem Johann Gutemberg, por volta de 1450, o que permitiu o
Couro Sacolas, garrafas, couro amar- uso dos rótulos de papel.
rado
Barro Potes, jarras, vasos, tigelas, Desta forma, a embalagem, assim como os rótulos, foi
urnas desenvolvida para atender as novas necessidades.
Tecido Sacos, tecidos amarrados
Madeira Barris, caixas, tonéis, baús Com o aumento da produção de embalagens de vidro e
Pedra Pequenos potes, jarras rótulos de papel, a indústria farmacêutica se desenvolveu.
Metais Potes, xícaras, tigelas Talvez tenha sido a primeira indústria a usar embalagens
Vidro Jarra, garrafas, xícaras, tigelas mais extensivamente na venda de produtos de consumo.
Fibras Vegetais ou lascas Cestos e esteiras
de madeira A Revolução Industrial e o aumento da necessidade de
embalagens fizeram surgir formatos mais convenientes
As grandes navegações trouxeram a descoberta de no- como a lata, o saco de papel e a caixa de papel/papelão.
vos lugares, estabelecendo novas rotas comerciais e
novos mercados. Estava iniciada a globalização. Nos 50 anos, subseqüentes à Revolução Industrial, me-
tade do século XVIII, aconteceram mais inovações do
Com o aumento das distâncias percorridas, a carência que foi verificado desde o início da civilização.
de embalagens mais resistentes e duradouras que con-
servassem os produtos por mais tempo aumentou. A O aumento da produção e a diminuição dos custos oca-
necessidade de identificação dos produtos que atraves- sionados pelo rápido desenvolvimento de dispositivos
savam as fronteiras de seus países de origem também mecânicos e refinamentos no motor a vapor resultaram
se intensificou. na expansão dos mercados. Conseqüentemente, os fa-
bricantes de embalagem desenvolveram equipamentos e
A identificação do produto e da embalagem difundiu-se acessórios para acompanhar o crescimento da produção
com o aperfeiçoamento96 da técnica de impressão por de artigos de consumo: novos tipos de tampas surgiram,
embalagens a vácuo foram comercializadas e equipa-
mentos de fabricação de garrafas foram melhorados.
96
Segundo Moura e Banzato (2000), a primeira impressão sobre pa-
pel, a partir de blocos de madeira entalhada, ocorreu na China por
volta de 868 d.C. A utilização dos blocos de madeira individuais para
impressão de caracteres teria acontecido também na China, em
1041 d.C.
50 | Geyza Dalmásio Muniz
A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

O descobrimento da litografia, em 1798, possibilitou a A propaganda aliada à identificação da embalagem


reprodução de ilustrações e a impressão a cores no pa- permitiu ao consumidor selecionar melhor o produto. A
pel, tornando-se o meio mais avançado da época na de- embalagem unitária ganhou ênfase por proteger melhor
coração de embalagens metálicas. o produto, atendendo às necessidades dos consumido-
res, e por reduzir os custos na distribuição em massa,
No final do século XIX e início do século XX, ocorreu atendendo aos anseios dos fabricantes.
uma mudança significativa na Inglaterra e nos Estados
Unidos. Houve aumento no volume de produção com o Quando os fabricantes perceberam as vantagens que a
contínuo aperfeiçoamento do sistema produtivo e cons- propaganda podia oferecer ao exaltar as qualidades do
tante aumento da concorrência, gerando uma super- produto e criar uma imagem favorável a sua marca, a
produção. Os produtos não eram mais consumidos au- embalagem passou a ter uma nova função, a de levar a
tomaticamente, dando margem para o consumidor fazer marca até o consumidor.
uma seleção e tornar-se mais exigente. Assim, verifica-
ram-se várias alterações no mercado e na embalagem. Somente na década de 1930 é que o valor da embala-
Muitas das inovações tiveram origem nos Estados Uni- gem como instrumento de marketing foi reconhecido.
dos. Ela passou a representar a marca, informar e atrair o
consumidor para a compra. Assim, problemas de apa-
No contexto da busca pelo consumidor de melhor quali- rência visual como forma, cor e estética das embala-
dade a preços baixos e da demanda dos trabalhadores gens receberam tratamento especial, tornando-as emba-
por melhores salários e menor jornada de trabalho, foi lagens mais atrativas.
desenvolvido o sistema de produção em massa, visando
o aumento no consumo. Outro fator que contribuiu para o sucesso da embalagem
foi a adoção do sistema de auto-serviço, primeiramente
Os consumidores buscavam primeiro a segurança, e de- nas lojas de departamento e depois nos supermercados
pois a qualidade, tudo isso a preços baixos. A relação en- dos Estados Unidos, nas décadas de 1940 e 1950, em
tre produto e consumidor propiciou o surgimento de uma diferentes setores do varejo. Desta forma, a embalagem
legislação que controlasse o saneamento e a pureza dos passou a substituir o balconista, agregando a função de
produtos, além de suas condições de identificação e se- informar e vender o produto.
gurança. Também promoveu o uso da embalagem unitá-
ria e impulsionou a propaganda. Assim, a embalagem passou a ser vista como estratégica
para as empresas. Uma forma de instigar, atrair, seduzir

51 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

os consumidores e fazê-los perceber as qualidades, os dores de todo o mundo, principalmente da Inglaterra, se


benefícios do produto e a imagem do fabricante. inseriram no mercado brasileiro, trazendo várias emba-
lagens como caixas de vidro, cerâmica, garrafas varia-
A partir da década de 1960, surgiram consumidores com das e barris de cerveja.
maior poder aquisitivo e dispostos a pagar preços mais al-
tos por embalagens melhores e mais convenientes. Foi a partir do período Imperial, portanto, que o Brasil
passou a produzir diversas manufaturas, como vidros,
Com o advento de um novo perfil de consumidores, maior frascos e garrafas. Uma das primeiras fábricas de garra-
atenção foi dada ao aspecto visual das embalagens, com fas e garrafões do Brasil foi fundada em Salvador pelo
o intuito de atender a este público. É neste momento que português Ignácio Siqueira. O café torrado e moído foi
começam a surgir as embalagens luxuosas e sedutoras. um dos primeiros produtos produzidos no Brasil e co-
mercializados pré-acondicionados.

No início da produção brasileira, as embalagens tinham


História da embalagem no Brasil apenas a função de conter os produtos, como os barris.
Os produtos perecíveis eram pesados no balcão e ven-
Antes do descobrimento do Brasil, os índios brasileiros didos a granel.
confeccionavam artesanalmente cestas, samburás e ba-
laios com fibras da vegetação local, em vários tamanhos Durante o período de 1816 a 1831, eram utilizados latões
e para diversas finalidades. de metal para o transporte de leite, pipas para a cachaça
e caixas de madeira para mercadorias variadas.
Com a invasão holandesa, em 1637, alguns vidreiros a-
companharam o príncipe Maurício de Nassau a fim de No auge das exportações de açúcar e café, entre 1846 e
montarem uma oficina para oferecer copos, vidros planos 1851, inicia-se uma nova indústria de embalagens: os sa-
e frascos à realeza. cos de juta são usados para o transporte de café e as
caixas de madeira para o açúcar. A sacaria surgia nas fa-
No entanto, o Brasil passou a desenvolver-se com a zendas, onde se aproveitavam as fibras nativas em teares
chegada da Corte Portuguesa ao país, em 1808. A par- artesanais. Logo se modificou com a importação de juta
tir de então, as atividades econômicas da metrópole fo- da Índia, sendo fabricada, posteriormente, de forma in-
ram transferidas para a colônia. Desta forma, Dom João dustrial.
VI abriu os portos às nações amigas e permitiu o fun-
cionamento de fábricas e manufaturas no país. Merca-

52 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Em 1861, a indústria vidreira cresceu no Rio de Janeiro e A criação do código de barras também é atribuída ao cres-
se espalhou por outras províncias, fabricando cálices, cimento dos supermercados, pois esta invenção agilizou o
compoteiras, taças, frascos e garrafas de todos os tipos. pagamento dos produtos no caixa.
Assim, iniciou-se a indústria das embalagens de vidro.

No início do século XX, os imigrantes italianos trouxeram


Definição e Classificação das Embalagens
para o Brasil latas de tomate siciliano, massas napolita-
nas, dentre outros artigos. A maioria das embalagens era
produzida dentro das próprias empresas que se forma- A definição do que seja embalagem pode ser de inúmeras
vam no país. Elas compravam papel, madeira e latas de maneiras de acordo com o ponto de vista. Pode ser o
aço, além de imprimirem seu próprio rótulo. meio de apresentar o produto com o intuito de gerar ven-
das, sob o ponto de vista do profissional de marketing; um
Com o desenvolvimento do comércio, principalmente meio de proteger o produto durante a movimentação, es-
dos supermercados, as embalagens passaram, além de tocagem e transporte, para alguém do setor de distribui-
conter e proteger o produto, a também vendê-los. ção; ou ainda, um meio de satisfazer o desejo de consumo
do produto, de acordo com o consumidor.
A marca foi criada para identificar os fabricantes, ates-
tando a qualidade e origem dos produtos. No entanto, No entanto, de uma maneira mais completa, Moura e
nas prateleiras dos supermercados, servia também para Banzato (2000) definem:
diferenciar um produto do outro. Desta forma, a embala-
[...]é o conjunto de artes, ciências e técnicas utili-
gem tornou-se o veículo da marca, a síntese do produto.
zadas na preparação das mercadorias, com o
Para o consumidor a embalagem é o produto, não há
objetivo de criar as melhores condições para
distinção. seu transporte, armazenagem, distribuição, ven-
da e consumo ou, alternativamente, um meio de
Com o aumento do número de supermercados que se assegurar a entrega de um produto numa con-
instalaram nas grandes cidades, surgiram várias inova- dição razoável ao menor custo global. (MOURA
ções na produção de embalagens. Devido a distância e BANZATO, 2000, p. 11).
dos supermercados das fábricas, as embalagens deve-
riam permitir o transporte e garantir a estabilidade e es-
tocagem dos produtos por longos períodos. Deste mo-
do, a embalagem passou a acumular mais funções:
conter, proteger, armazenar, vender e promover.

53 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

De forma mais genérica, Moura e Banzato (2000) defi-


nem a embalagem como “elemento que protege o que
vende além de vender o que protege”.

Gurgel (2007) define o que é embalagem da seguinte ma-


neira:

As embalagens são invólucros, recipientes


ou qualquer forma de acondicionamento
removível, ou não, destinados a cobrir,
empacotar, envasar, proteger, manter os
produtos, ou facilitar sua comercialização
(GURGEL, 2007, p. 1).

Para Mestriner (2002, p. 4), “a indústria de embalagens


utiliza uma ampla gama de materiais, processos de equi-
pamentos de produção, técnicas e sistemas de impres-
são e rotulagem em uma complexa cadeia produtiva”.

Independentemente do ponto de vista adotado para se


definir o que é uma embalagem, é consenso que se trata
de um mundo complexo, que reúne vários setores, mo-
vimenta a economia mundial com cifras expressivas e
desempenha papel determinante no sucesso de uma
empresa, além de interferir nos hábitos, comportamentos
e costumes de uma sociedade.

De acordo com Moura e Banzato (2000), a embalagem


pode ser classificada de várias maneiras, como é apre-
sentado a seguir:

54 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

FUNÇÕES

PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA QUATERNÁRIA QUINTO NÍVEL


É a embalagem que É o acondicio- Geralmente são Envolve as terciá- É a unidade con-
contém o produto, namento que as caixas de rias e facilita a teinerizada ou as
que está diretamente protege a primá- transporte que movimentação e embalagens es-
em contato com ele. ria, o contenedor. acondicionam as o transporte. peciais para en-
primárias e se- vio a longas dis-
cundárias. tâncias.

FINALIDADE

DE CONSUMO EXPOSITORA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA TRANSPORTE E INDUSTRIAL OU ARMAZENAGEM


EXPORTAÇÃO MOVIMENTAÇÃO
Embalagens que Além de trans- É destinada a pro- Protege o produto Protege o material du- Tem a função de
levam os produtos portar visa ex- teger o produto, durante diversos rante a estocagem e a proteger o material
ao consumidor, as por o produto. suportando as modos de trans- movimentação de um dos agentes exter-
primárias ou se- Possui apelos condições físicas porte, facilitando conjunto industrial, entre nos, físicos, quími-
cundárias. Tor- de venda. encontradas no estas operações. fábricas de uma mesma cos e parasitas ve-
nam o produto a- processo de carga, empresa ou entre forne- getais ou animais.
traente e transporte, descar- cedor e clientes, como
vendável. ga e entrega. os paletes.

MOVIMENTAÇÃO

MANUAL MECÂNICA
Não adequada à operação com empilhadeira ou outro Possui quantidades grandes de volume a ser transportado, as
veículo industrial, cujo peso não exceda a 30kg. movimentações são muitas e as distribuições ou alturas são
grandes, ou o peso passa de 30kg, necessitando de movimen-
tação mecânica.

UTILIDADE

RETORNÁVEIS NÃO RETORNÁVEIS / ONE WAY


Retorna à origem geralmente É utilizada em um único ciclo da sua
para reutilização industrial. distribuição. Pode ser aproveitada pe-
lo destinatário.

55 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

De acordo com a classificação acima, as embalagens A comunicação deve levar a informação ou as mensa-
projetadas aqui se classificam em primária (frasco de vi- gens através da forma, dimensão, cor, gráficos, símbolos
dro), secundária (de cerâmica) e terciária (cartucho de e impressões.
papel cartão); embalagem de consumo; e não retornável,
embora seja reciclável. A utilidade facilita a interação entre a embalagem e aqui-
lo que entra em contato com ela. Características como
abertura, fechamento e dosagem de seu conteúdo são
Funções da embalagem alguns exemplos comuns.

Já Mestriner (2002) apresenta várias funções como no


As primeiras funções da embalagem, como visto, foram
quadro a seguir:
conter, transportar e armazenar os alimentos. Com o
avanço da civilização, novos costumes e comportamen-
Funções Primárias Conter/Proteger
tos, a embalagem foi gradativamente incorporando no- Transportar
vas funções. Econômicas Componente do valor e do custo de
produção
Matérias-primas
Conforme Moura e Banzato (2000), a embalagem pode Tecnológicas Sistemas de acondicionamento
exercer quatro funções: contenção, proteção, comunica- Novos materiais
Conservação de produtos
ção e utilidade. Mercadológicas Chamar a atenção
Transmitir informações
A contenção refere-se à habilidade da embalagem em Despertar desejo de compra
Vencer a barreira do preço
conter as unidades, não permitindo vazamento ou esca- Conceituais Construir a marca do produto
pe do produto. Formar conceito sobre o fabricante
Agregar valor significativo ao produto
Comunicação e Marke-
Marke- Principal oportunidade de comunica-
A função de proteção permite a embalagem proteger seu ting ção do produto
conteúdo dos perigos ocasionados pela manipulação, Suporte de ações promocionais
movimentação, estocagem, transporte e condições at- Sociocultural Expressão da cultura e do estágio de
desenvolvimento de empresas e
mosféricas. Deve proteger o produto de qualquer acaso, países
até o uso final, garantindo, assim, suas qualidades e ca- Meio Ambiente Importante componente do lixo urbano
Reciclagem/Tendência mundial
racterísticas iniciais. Existe a proteção mecânica (choque, Tabela retirada do livro Design de Embalagem: Curso Básico, de
vibração, compressão, empilhamento) e físico-química (o- Fábio Mestriner, 2002, p. 4.
xidação, temperatura, umidade, radiação solar).

56 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Para Gurgel (2007), a embalagem de um produto pre- Aparência/Conceito


enche algumas funções como: Alguns tipos de produtos exigem embalagens sofistica-
das e caras, por representarem status e para desperta-
Tecnológicas rem o desejo do consumidor, como os cosméticos, per-
Proteção mecânica, física e química. fumes e objetos funcionais de luxo.

Mercadológica Diante das funções apresentadas anteriormente, o proje-


Importante função de comunicação do conceito merca- to elaborado nesta pesquisa preocupou-se com as fun-
212 Splash Feminino, Carolina dológico, relacionando-se com as atividades de vendas. ções de apresentação/conceito, marketing e proteção,
Herrera uma vez que se faz necessário um recorte para que não
Aspectos Logísticos se exceda os limites de um projeto de graduação.
Mudança da rota de transporte do produto, caso o trajeto
cause avarias à mercadoria transportada, por exemplo,
com redesenho do ponto de fragilidade da embalagem Estratégia de Marketing
e/ou produto.
No mercado atual onde a competitividade é acirrada, os
Aspectos Econômicos e Funcionais produtos devem se destacar de seus concorrentes, pa-
Atenção ao custo e cumprimento das funções de con- pel muitas vezes destinado à embalagem, no qual torna-
tenção e transporte, além de novas utilidades após o se uma potente ferramenta de marketing.
consumo do produto, prolongando, assim, a vida útil da
embalagem. De acordo com Moura e Banzato (2000, p. 31), “na con-
Délices Feminino, Cartier corrência comercial, uma embalagem diferenciada se
Finalidade transforma, então, em uma das mais poderosas armas,
Adequação da embalagem às necessidades específicas pois um produto esteticamente apresentado impõe des-
de cada produto e à linha de produção. taque e superioridade sobre os demais.”

Proteção Para Mestriner (2002), o design de embalagem é um fa-


Dependendo da fragilidade do produto, é necessária pro- tor decisivo no cenário competitivo atual e também uma
teção contra choques, quedas, variações climáticas, luz, poderosa ferramenta de marketing. Para ele, “a impor-
umidade, entre outras. tância do bom design está no fato de ele agregar valor
cumulativo a cada uma das etapas do processo, resul-
tando ao final em uma embalagem que eleva o trabalho
Omnia Amethyste, Bvlgari de todos os envolvidos” (Mestriner, 2002, p. 31).

57 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Conforme Mestriner (2005), existem quatro estratégias tória, constatou-se que a fragrância é o principal motivo da
básicas para posicionar bem um produto: compra, mas a embalagem ajuda e influencia bastante.
Em caso de dúvida entre duas fragrâncias, a embalagem
1. Pode-se inovar e criar algo que não exista na cate- torna-se fator decisivo.
goria, diferenciando o produto e apelando para a cu-
riosidade do consumidor; De acordo com Mestriner (2002, p.16) “a embalagem
de perfume sempre foi um espaço para a vanguarda do
2. Quando um produto compete em uma categoria desenho ampliar suas possibilidades artísticas e concei-
com linguagem visual unificada, pode-se romper es- tuais.” A linguagem visual da indústria de cosméticos e
Shalimar, Guerlain sa linguagem, destacando o produto dos demais; perfumaria do início do século XX trouxe para adornar
seus produtos o repertório do estilo art nouveau, dando
3. Um novo padrão visual pode ser estabelecido em início à incorporação, de forma intencional, de um com-
categorias que estejam defasadas ou cujo mercado ponente de moda, vinculando os produtos ao que acon-
ainda não tenha adotado a linguagem atual ou as tecia no cenário artístico e cultural da época.
novas tecnologias existentes;
As tampas dos perfumes também merecem atenção es-
4. Se o produto estiver fora da linguagem visual da ca- pecial e são campo fértil para os designers. Conforme
tegoria que se pretende inseri-lo, torna-se necessário Mestriner (2005), “elas precisam ser sempre muito ex-
adaptá-lo a essa linguagem. pressivas, pois compõem a personalidade do produto.”

A indústria de perfumes se empenhou no desenvolvimento


Live Luxe, Jennifer Lopez de tampas diferenciadas que atribuíssem personalidade ao
Embalagens de perfume
produto, além de protegê-lo, desde o século XIX. Nesse
período, a tampa já era um detalhe importante, trabalhada
Segundo Mestriner (2002, P. 32), “desenhar frascos de
de forma quase independente do frasco.
perfume é o sonho de todo designer de embalagem”. Tal
desejo se dá por existir uma mística em torno da persona-
lidade do produto. A criatividade encontra solo fértil no
segmento da perfumaria, pois o apelo visual do produto é O processo de criação
fundamental para atrair o consumidor e ajudar a concluir a
venda. Em pesquisas realizadas na internet e em conver- O design compreende a atividade de desenhar para a
Nina, Nina Ricci sas com as vendedoras das perfumarias do Shopping Vi- indústria seguindo uma metodologia de projeto que
considera a função a ser realizada pelo produto final, as
58 | Geyza Dalmásio Muniz
A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

características técnicas da matéria-prima e do sistema 4. Conhecer a concorrência


produtivo utilizado em sua confecção, as características O produto precisa enfrentar a concorrência no ponto-
e necessidades do mercado e do consumidor. de-venda, portanto, deve-se conhecer in loco as con-
dições em que ocorrerá a competição.Deve-se estudar
Muitos fatores devem ser considerados no desenvolvi- o ponto-de-venda, cada concorrente, analisar a lingua-
mento de uma embalagem. Mestriner (2002) apresenta gem visual da categoria e compreendê-la.
10 pontos-chave a serem incluídos em um projeto de
embalagem, baseando-se em sua experiência profissio- 5. Conhecer tecnicamente a embalagem a ser de- de-
nal. São eles: senhada
A linha de produção e de embalamento, a estrutura
1. Conhecer o produto dos materiais utilizados, as técnicas de impressão e
É necessário conhecer bem o produto, suas caracte- decoração, o fechamento e a abertura devem ser co-
rísticas, composição, diferenciais de qualidade e prin- nhecidos cuidadosamente para se evitar erros e pre-
cipais atributos, incluindo seu processo de fabricação. juízos ao projeto.
Assim, a embalagem deverá expressar o produto de
maneira condizente. 6. Conhecer os objetivos mercadológicos
Os objetivos de marketing no mix de comunicação e
2. Conhecer o consumidor as diretrizes comerciais do projeto precisam ser co-
Saber quem compra e utiliza o produto é fundamen- nhecidos para se determinar os parâmetros nortea-
tal para estabelecer um processo de comunicação dores do projeto e deverão ser atendidos pelo de-
efetiva através da embalagem. Deve-se conhecer as sign final apresentado.
características do consumidor, seus hábitos e atitu-
des referentes ao produto e a motivação que o leva a 7. Ter uma estratégia para o design
consumi-lo. Em grandes projetos é aconselhável que De posse de todas as informações enumeradas ante-
se contrate pesquisas especializadas em avaliar a rela- riormente, deve-se definir uma estratégia para o de-
ção do consumidor com o produto e determinar o per- sign. Conforme Mestriner (2002) “a função da estra-
fil destes. tégia na metodologia é fazer com que as premissas
básicas do projeto sejam equacionadas e indiquem
3. Conhecer o mercado uma direção a ser seguida no processo de design
O mercado onde se insere o produto tem caracterís- para responder aos objetivos traçados.”
ticas próprias, devendo ser estudado e analisado pa-
ra que o design da embalagem não fuja do objetivo.

59 | Geyza Dalmásio Muniz


A Embalagem | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

8. Desenhar de forma consciente uma vez que a apresentação é de suma importância e


Necessita-se realizar o trabalho de forma consciente determina a venda do produto, pois é a embalagem que
e metódica, com criatividade, porém sem fugir dos traz a primeira imagem do produto ao mercado.
objetivos estratégicos do projeto.
Na tabela abaixo encontra-se o método de trabalho apre-
9. Trabalhar integrado com a indústria sentado por Gurgel (2007).
Para o projeto ter sucesso, deve-se conhecer a indús-
tria que vai produzir a embalagem. Segundo Mestriner Método de Trabalho
(2002), é através das indústrias que novas tecnologias 1ª Etapa — Definição da proposta de trabalho
chegam aos designers. O trabalho em conjunto com a Fase Tema
indústria possibilita solucionar os possíveis problemas Primeira Atendimento das necessidades dos consumidores
das melhores maneiras possíveis. Segunda Avaliação do custo da embalagem
2ª Etapa — Desenvolvimento tecnológico
Fase Tema
10. Fazer a revisão final do projeto Terceira O desenvolvimento da embalagem
Quando a embalagem final chega ao mercado, o Quarta O desenvolvimento dos desenhos finais da embala-
designer e o cliente devem fazer uma visita de cam- gem
po. Apenas nos pontos-de-venda, em condições re- Quinta O sistema de informações do projeto da embalagem
ais de competição, é que se torna possível avaliar o
3ª Etapa — Avaliação econômica do projeto
resultado final e propor eventuais melhorias ou ajus-
Fase Tema
tes, além de evitar pequenas falhas no futuro.
Sexta A correção de rumos
Sétima A viabilidade comercial da embalagem
Com base nos pontos-chave apresentados, Mestriner Oitava A revisão crítica
(2002) estabelece uma metodologia de cinco passos: Brie- Tabela retirada do livro Administração da Embalagem, de Floriano
fing, Estudo de Campo, Estratégia de Design, Desenho e do Amaral Gurgel, 2007, p. 179.
Implantação.
Desta forma, conclui-se que, embora cada autor apresen-
Moura e Banzato (2000) estabelecem cinco critérios a tado possua uma metodologia própria, todos investigam
serem considerados no planejamento de uma embala- os fatores envolvidos no processo de desenvolvimento da
gem: Função, Proteção, Aparência, Custo e Disponibili- embalagem, como aspectos funcionais, estéticos, mer-
dade. Conforme os autores, alguns critérios predomi- cadológicos e logísticos, atentando-se para os detalhes,
nam em cada caso específico. No caso dos cosméticos com o intuito de projetar uma embalagem que atenda a
e perfumes, o critério predominante é o da aparência, todos os requisitos necessários.

60 | Geyza Dalmásio Muniz


Capítulo 4

O Projeto da Embalagem de Perfume | 61


O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Por se tratar do último trabalho a ser desenvolvido na quem é o consumidor, quanto custa, quais os benefí-
universidade, decidiu-se por realizar, além da pesquisa cios, onde será vendido, etc. Essas informações são
teórica, um projeto prático de embalagem de perfume obtidas do cliente, embora muitas vezes, este não pos-
para exercício do que foi aprendido durante a vida a- sui todas as informações necessárias, cabendo ao de-
cadêmica. signer complementá-las.

Como o curso de Design Gráfico é um curso prático, Como neste projeto não há um cliente real, coube a mim
com muitos projetos desenvolvidos, com o devido em- fazer todo o levantamento através de pesquisa de cam-
basamento teórico, evidentemente, nada mais natural po, por meio de livros e pela internet. Para conhecer um
do que criar um projeto para encerramento da gradua- pouco mais sobre as possíveis consumidoras, por se tra-
ção. tar de um público de classe econômica mais elevada,
uma vez que se trata do segmento de luxo, buscou-se in-
Optou-se por projetar um perfume pelo fato deste objeto formações nas comunidades sobre perfume do site de
permitir um trabalho mais estético, sem deixar de lado a relacionamentos Orkut. A internet também foi utilizada
parte funcional da embalagem, além do interesse pes- para conseguir informações dos perfumes, como ima-
soal sobre o assunto. Escolheu-se perfume feminino pe- gens, fragrâncias, notas, famílias olfativas, quantidade
la proximidade com o universo da mulher, uma vez que contida nos frascos, entre outras.
faço parte dele, e por ter uma maior possibilidade de
criação, uma variedade de elementos mais ampla. Observando-se os sites de venda de perfumes, per-
cebeu-se que na maioria deles, todos os perfumes
Tomada esta decisão, umas das primeiras ações foi ga- possuem uma descrição, um discurso publicitário, se
rimpar na internet tudo o que se referia à perfumes fe- assim pode-se dizer. Talvez isso se dê pelo fato de não
mininos, além de bibliografia sobre o assunto, embora ser possível sentir a fragrância pela internet, e tal dis-
muito escassa, principalmente no estado do Espírito curso ajuda na escolha do perfume. Alguns sites ainda
Santo. apresentavam a opinião das consumidoras, o que
também colabora na tomada de decisão.

No caso dos perfumes, esse discurso publicitário acaba


Briefing tornando-se um briefing sintetizado e disfarçado, pois
nele constam especificações sobre o produto, como as
O briefing é o início de um projeto de design. Consiste
notas que compõem o perfume, a família olfativa, o pú-
no levantamento de todas as informações referentes
blico-alvo, assim como alguns aspectos subjetivos.
ao projeto, como por exemplo, o que é o produto,

62 | Geyza Dalmásio Muniz


O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Para a definição do briefing do perfume cuja embala- para sugerir uma possível composição, uma vez que o
gem é projetada neste trabalho, fez-se um levantamento perfume em si não exista e foge aos objetivos desta
da descrição de todos os perfumes femininos com ape- pesquisa.
lo sensual que foram encontrados na internet, tanto na-
cionais quanto importados. A sedução foi o tema esco- Desta forma, o discurso do perfume Terra Brasilis foi
lhido por ser o que, em sua origem, todos os perfumes definido como o seguinte:
fazem, ou seja, seduzem, de acordo com Ashcar (2001). “Um perfume envolvente, com notas que reme-
tem a feminilidade, sensualidade e garra da
Realizado o levantamento, analisou-se cada um dos dis-
mulher brasileira. Toda a energia que vem da
cursos de modo a observar o que mais se aproximava terra transformada numa sedutora fragrância.
do idealizado, em busca de uma base para a composi-
ção do briefing do perfume em questão, e de diferenci- Floral oriental amadeirado. Possui notas de
ação, para que não se tornasse igual a um já existente. rosa branca, orquídea, jasmim, peônia verme-
lha, flor de laranjeira, baunilha, âmbar, sânda-
No entanto, desde o início, almejava-se trabalhar com a lo, patchouli, vetiver, musk, flores e madeiras
feminilidade, com o brasileiro, a natureza, a mulher e a do oriente.
arte indígena. Seguindo estes preceitos, delimitou-se os
Para mulheres de espírito livre, únicas, de
objetivos e definiu-se o nome da fragrância: Terra Brasi-
personalidade marcante e que sabem o que
lis. Tal delimitação fez-se necessária porque, quando querem da vida. A força da natureza ao seu
um projeto é aberto demais, torna-se mais difícil de de- alcance.
senvolvê-lo. Foi verificado se havia algum perfume com
este nome através de pesquisa na internet, e como não Inspirada na primeira mulher brasileira, a indí-
foi encontrado, Terra Brasilis ficou sendo o nome da gena, que extrai da terra tudo o que há de
fragrância, sugerindo os conceitos de natureza e brasili- melhor.”
dade de forma poética.
Na tabela a seguir encontram-se outras informações a-
Para definir algumas das possíveis notas presentes no cerca do produto que não aparecem no discurso.
perfume, a fim de materializar um pouco mais a aura da
fragrância, levantou-se as notas mais recorrentes nos
perfumes sensuais femininos que foram analisados,
como relatado anteriormente. Assim, selecionaram-se as
mais representativas para compor a fragrância, embora
não se saiba o resultado de suas combinações, apenas
63 | Geyza Dalmásio Muniz
O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Quantidade 75 ml perfumes é sinônimo de prazer para algumas (ou várias)


do produto pessoas. Elas sentem fascínio ao desvendarem novas
Público-
Público-alvo Mulheres brasileiras a partir de 20 anos, da
classe A e B
fragrâncias.
Diferencial Produto exclusivo que alia o artesanal ao
industrial, valorizando a nacionalidade do Quem critica os viciados em perfume diz que com vá-
produto rios não se possui uma “identidade perfumística” e a-
Pontos de Principais perfumarias e sites de venda de caba não sendo reconhecido pelo seu perfume. No en-
venda perfumes tanto, outro diz que, como usa um perfume diferente
para cada ocasião, os perfumes marcam ocasiões e
pessoas diferentes. Umas o reconhecem por um tipo
Estudos de campo de perfume, e outras por outro.
Na primeira etapa do trabalho, foram realizadas inúme- Em algumas comunidades havia enquetes sobre qual
ras pesquisas na internet, além de visitas a fábricas de marca de perfume era a melhor, dentre as opções ofe-
cosméticos e lojas de perfumes. recidas, geralmente de empresas nacionais. Em pelo
menos duas delas, O Boticário ganhava com boa mar-
Dentro das pesquisas da internet, buscaram-se infor-
gem, deixando em segundo lugar a Natura.
mações sobre perfumes, grifes e usuários nas comuni-
dades do Orkut,
Orkut uma vez que neste tipo de site há a Também foram encontradas discussões sobre a impor-
exposição de informações pessoais espontâneas, além tância da embalagem do perfume. As mulheres, prin-
do Google,
Google site de buscas. Através desta pesquisa, ob- cipalmente, acreditam que a embalagem é uma ótima
teve-se uma relação de comunidades relacionadas à arma de venda, pois algumas delas já compraram per-
perfumes, nas quais haviam, não em todas, debates fumes por causa da embalagem. Umas acabaram gos-
sobre alguns temas, como a questão da identidade ol- tando da fragrância, outras não. Também foi dito que a
fativa. embalagem torna-se fator de desempate na dúvida en-
tre duas fragrâncias, além do preço.
O debate desenvolveu-se a partir de uma crítica de um
amigo ao outro sobre a quantidade de perfumes que Através das comunidades do Orkut,
Orkut chegou-se a sites
este último usava. No entanto, a maioria das pessoas de venda de perfumes onde obteve-se nomes, imagens
participantes concordaram que o interessante é ter vá- e descrições de várias grifes de perfumes, contribuindo
rios perfumes pra se escolher o mais adequado a cada significativamente para a análise dos mesmos.
ocasião, como ao dia, à noite, trabalho, momentos es-
peciais e até mesmo estado de espírito. Comprar e usar

64 | Geyza Dalmásio Muniz


O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Na internet encontrou-se uma entrevista à Bárbara exemplo, lançou o perfume Lily Essence, inserindo-se
Kern, diretora de Marketing e Vendas da RR e Passion no mercado de luxo democrático, produzido com a so-
empresas que distribuem perfumes e cosméticos de fisticada técnica de enfleurage97, extraindo artesanal-
várias marcas como Gucci, Dolce & Gabanna, entre mente óleos essenciais. A exclusividade também é
outras. Nesta entrevista, Kernaponta os perfis dos con- uma característica dos produtos de luxo, ou seja, pou-
sumidores de perfumes de luxo, principalmente as mu- cos podem possuí-los, embora o conceito de luxo seja
lheres. Como a entrevista mostra-se bem proveitosa relativo, variando de acordo com o nível social e eco-
para o trabalho, ela encontra-se disponibilizada na ín- nômico.
tegra em anexo.
Outra característica de perfume de luxo é a espessura do
Quanto às visitas às lojas de perfume, visitou-se a Per- vidro dos frascos, informação obtida em conversa por e-
fumagia, O Boticário e a L’acqua di Fiori, localizadas no mail com o designer de embalagem de O Boticário, Ro-
Shopping Vitória. gério Oliveira, responsável pelos designs de alguns per-
fumes, como os frascos da linha Sophie, do Styletto, do
Em entrevista às vendedoras, confirmou-se o que foi di- Connexion e da linha Nativa Spa. Quanto mais espesso e
to pelos consumidores de perfume nas comunidades mais uniforme o fundo do frasco, por exemplo, mais
do Orkut, ou seja, a embalagem é um dos fatores de- premium se torna o produto. A qualidade do vidro tam-
cisivos na compra dos perfumes considerados Top de bém confere status de luxo ao perfume. Em uma fábrica
Linha. As vendedoras disseram que muita gente com- de vidro, conforme Oliveira, existem 5 níveis de qualida-
pra perfume por causa da embalagem, embora a qua- de. Quanto mais alto o nível de qualidade, mais cristalino
lidade do produto seja fundamental. (e perto do cristal) ele fica. Segundo Oliveira, “um vidro
que vai ser pintado, como o do Rouge [da Avon], não
Quando perguntada sobre a relação dos perfumes de lu-
precisa ter toda esta qualidade, pois a pintura esconde a
xo com personalidades da alta costura, a vendedora da
maioria dos defeitos”.
Perfumagia afirmou existir esta proximidade. Além de
nomes da alta costura, os perfumes também recebem os Quando um perfume é lançado no mercado, o primeiro
nomes de grandes joalherias ou grifes de outros segmen- impacto causado no consumidor é o visual. Busca-se
tos, como Mont Blanc, empresa especializada em cane-
tas de luxo. 97
Técnica que consiste na exposição de pétalas de flores por um
determinado tempo a uma camada de gordura, até que essa fique
Os perfumes possuem uma história de origem e fabri- saturada com o óleo da planta. O óleo exalado pelas plantas e ab-
sorvido pela gordura forma uma “pomada” que é lavada com álco-
cação. Quanto mais tradicional o processo de produ- ol e filtrada, permitindo a extração do óleo essencial da gordura.
ção, mais luxuoso se torna o produto. O Boticário, por Esse álcool é destilado para obter o óleo essencial das flores, cha-
mado de absoluto, puro e totalmente natural.
65 | Geyza Dalmásio Muniz
O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

uma aceitação visual de seu público-alvo. Assim, a em- Marco Antônio mostrou o material que utiliza para pro-
balagem torna-se fundamental neste processo. jetar as embalagens, as mostras que armazena e as re-
vistas que a empresa assina para mantê-lo bem infor-
Segundo a vendedora da L’Acqua di Fiori, as cores mado. Também explicou como é o seu trabalho. O
das embalagens relacionam-se com as fragrâncias. designer apenas projeta a embalagem principal e
Tons de azul e verde são utilizados em fragrâncias re- manda a planta para que uma agência de propaganda
lacionadas ao mistério. Os tons de vermelho, rosa e vi- ou escritório de design, geralmente localizados em SP,
nho são utilizados em perfumes doces. Já os tons a- façam o layout, a programação visual da embalagem.
marelos estão relacionados com fragrâncias fortes e Quando o layout retorna em suas mãos, Marco Antônio
secas, utilizadas com freqüência em perfumes mascu- verifica se tudo está dentro do padrão estabelecido pe-
linos. la empresa e das normas vigentes dos órgãos respon-
sáveis pela fiscalização das informações presentes nos
As visitas às fábricas Adcos (ES) e Natura (SP), não fo-
rótulos.
ram muito proveitosas. A Adcos é uma empresa que
trabalha com cosmética de tratamento e não com per-
Para descobrir se um material será adequado ou não
fumaria. Esta visita se deu quando ainda não se havia
ao produto que irá conter, o profissional trabalha em
definido qual ramo da indústria de cosméticos seguir.
parceria com a equipe de desenvolvimento dos cos-
A visita na Adcos foi realizada junto de uma turma de méticos e com os fornecedores. Como o desenvolvi-
pós-graduação em Cosmetologia do Salesiano. mento de uma embalagem exclusiva fica inviável para
a empresa em termos financeiros, as embalagens são
Durante a visita conheceu-se a estrutura física, o de- escolhidas dentro dos padrões existentes, apenas a-
senvolvimento de fórmulas, a produção, o envase, o perfeiçoando-as e personalizando-as para que tenham
armazenamento no depósito e a expedição. características da Adcos, de modo que não interfira
tanto nos custos.
Como o objetivo pessoal da visita era o setor de emba-
lagem, enquanto a turma de pós-graduação conversa- Depois de apresentado o trabalho de Marco Antônio,
va com o responsável da elaboração das fórmulas, eu seguiu-se a visita na parte de produção, onde se conhe-
e mais dois colegas fomos para a sala de Marco Antô- ceu as máquinas que preparam o produto, além do se-
nio, responsável pelo controle de qualidade e desen- tor de envase. Marco Antônio não pôde acompanhar es-
volvimento de embalagens, sob sua orientação. ta etapa, mas se colocou à disposição para uma nova
visita ou esclarecimentos de dúvidas.

66 | Geyza Dalmásio Muniz


O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

A visita à Natura não foi proveitosa porque, embora Análise de perfumes femininos
produza perfumes além de cosméticos - e recentemen-
te produtos alimentares orgânicos — não permitiu a uti- Elaborou-se uma pesquisa na internet abrangente, onde
lização das informações transmitidas pela guia da visi- foram encontradas 135 marcas diferentes, sendo a
ta, por esta não ter autorização pra falar em nome da maioria delas com vários perfumes femininos, totalizan-
Natura. Também não se obteve contato com a equipe do 745 perfumes distintos. A partir de então, analisou-se
de desenvolvimento dos perfumes, embora tenha-se cada um dos perfumes de modo a observar suas seme-
tentado. lhanças, diferenças e aspectos mais atrativos.
Durante a visita, apenas conheceu-se a estrutura física
da fábrica, e observou-se o setor de embalamento dos De uma forma geral, observou-se que as formas mais
Água di Cheiro produtos pra distribuição, de longe. utilizadas são as retas, ovais, triangulares e orgânicas,
curvilíneas. Os perfumes mais ousados são contidos
Também buscou-se informações na internet que pudes- em frascos com formas especiais, com metáforas visu-
sem levar a um contato com profissionais da área da ais, como de corpos femininos, flores, corações, jóias...
empresa O Boticário, para uma possível visita. No entan- Formas representativas do universo feminino. As for-
to, apenas encontrou-se o Rogério Oliveira no final da mas também dependem muito do público visado. As
pesquisa, o que não diminui a importância do contato, mais ousadas geralmente são para perfumes mais se-
mas impossibilitou uma possível visita à fábrica. dutores. Alguns são bem exuberantes.

A partir das informações obtidas nas pesquisas de cam- As tipografias são desenhadas para harmonizarem
po, conclui-se que, para elaborar um projeto de embala- com o conjunto, transmitindo a personalidade do per-
gem, deve-se interagir com a equipe de desenvolvimento fume. No entanto também é muito utilizado fontes com
O Boticário do produto em si, principalmente no caso dos perfumes, serifas e cursivas.
pois as fragrâncias interferem na personalidade do mes-
mo, assim como no aspecto visual e emocional que a Os cartuchos geralmente são retangulares, são poucas
embalagem proporcionará. Percebeu-se também que a as empresas que dão uma atenção especial para eles,
parceria com os fornecedores de matéria-prima das em- procurando inovar através de formas, materiais e fe-
balagens é fundamental para a implantação do projeto, chamento.
evitando prejuízos para ambas as partes. Os frascos apresentam o mínimo de informação possí-
vel, ficando a cargo das embalagens secundárias apre-
Agatha Ruiz de la Prada sentá-las, como o nome, quantidade e classificação (eau
de parfum, parfum, colônia, entre outras).
67 | Geyza Dalmásio Muniz
O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Primeiras alternativas Apesar da maioria dos cartuchos apresentarem apenas so exige que o frasco do perfume seja único,
elementos gráficos, como traços, linhas, manchas e personalizado ao extremo, pois ele é a ex-
cores, alguns apresentam desenhos ou imagens dos pressão máxima de seu conteúdo. (Mestriner,
frascos ou da natureza, normalmente flores. 2005, p. 52)

O formato do vidro, as “lapidações” diferenciadas dão Seguindo este parâmetro de diferenciação da embala-
um ar de requinte maior. Os designers têm buscado gem pela forma, buscou-se inspiração na arte indíge-
explorar bem o vidro, suas faces multifacetadas. na. Desde o princípio almejou-se trabalhar com formas
que remetessem à mulher brasileira, inspirando-se na
O formato e o material da tampa interfere muito na ori- índia. Chegou-se a pensar em fazer do frasco um bus-
ginalidade da embalagem primária. to de índia estilizado, como nas imagens ao lado.

No Apêndice, encontram-se alguns dos perfumes cujas No entanto, pensou-se que esta forma poderia ser vista
embalagens são mais interessantes, seja quanto à for- como um certo tipo de “imitação” das embalagens de
ma, tipografia, elementos gráficos, materiais ou siste- Jean Paul Galtier. Além disso, uma forma mais abstrata,
mas de fechamento. faria com que todas as mulheres brasileiras pudessem
se ver representadas pelo frasco, o que seria mais difícil
se o frasco fosse o busto de uma índia. Desta forma, ini-
ciou-se o desenvolvimento de formas mais abstratas.
Geração de alternativas
De acordo com Mestriner (2005), a forma é o principal
elemento de diferenciação na embalagem. Para ele,
Segunda alternativa
“produtos que têm muita personalidade e precisam ex-
pressá-la de maneira categórica devem colocar como
ponto relevante de sua embalagem uma forma diferen-
ciada”. Mestriner exemplifica essa situação com o caso
da indústria de perfumes finos, afirmando que cada per-
fume é uma identidade complexa, individualizada, devi-
do a sua personalidade aromática.
Perfumes da marca Jean Paul Galtier
O consumidor desses produtos, por sua vez,
busca um perfume com o qual ele se identifi-
ca, a ponto de torná-lo o ‘seu’ cheiro. Tudo is-
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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Outras alternativas Algumas Inspirações

Partido adotado
Bonecas da tribo dos índios Carajás.

Como se vê nas figuras ao lado, procurou-se utilizar


formas arredondadas, com o intuito de representar o
Arte indígena de diversas tribos. Cerâmica Marajoara.
corpo feminino, de maneira mais sutil, mantendo uma
relação com a arte indígena, que pode ser observada na
semelhança com as bonecas carajás. No entanto, a pre-
sença da inspiração indígena se evidencia mais na em-
balagem de cerâmica, a qual assemelha-se a uma ca-
baça e apresenta um cordão que serve de fecha-
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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

mento da peça e de decoração. Para manter esta rela- Na primeira, o desenho em preto é uma veste que envolve toda a
ção, ainda optou-se por fazer uma pintura característica caixa. Na segunda, o contorno cinza são frestas que permitem a vi-
sualização do conteúdo da caixa.
da arte indígena na cor preta e em baixo relevo, lem-
brando as peças de cerâmica marajoara. O cordão foi
finalizado com penas em cor clara e vermelhas, fazendo
a ligação com a cor do frasco de vidro. Estudos de cor
Chegou-se a esta forma da embalagem de cerâmica Embora a forma seja o elemento diferenciador da em-
contornando a de vidro. Como a forma mostrou-se a- balagem mais importante, a cor torna-se o principal e-
Frasco de vidro propriada dentro dos objetivos propostos, apenas foi fei- lemento da comunicação, pois provoca estímulo visual
to alguns ajustes na proporção. como nenhum outro.
Quanto à embalagem de papel cartão, optou-se por As cores provocam reações e estímulos em seus re-
mantê-la no formato retangular, com algum diferencial, ceptores e podem ser associadas a idéias, lembranças
em papel Duplex Branco, de 350g/m² de gramatura, e sensações.
para suportar o peso das embalagens de cerâmica e
de vidro. De acordo com Farina (1986), “nas artes visuais, a cor
não é apenas um elemento decorativo ou estético. É o
Opções de cartucho
fundamento da expressão.” Para Farina, a cor é uma
linguagem individual que faz o homem reagir a ela su-
Embalagem de cerâmica
bordinado às suas condições físicas e às suas influên-
cias culturais. Seu valor de expressividade a torna um
elemento importante na transmissão de idéias.

Sendo assim, buscou-se utilizar cores comuns à arte in-


dígena. As mais usadas por eles são o preto e o verme-
lho normalmente extraídos do jenipapo e do urucum,
respectivamente.

Conforme Luciano Guimarães (2000, p. 118), o verme-


lho “[...] é a cor da maçã do Paraíso (fonte de pecado),
Embalagem de cerâmica com o
cordão trabalhada no computa- do vinho e das vestimentas de Baco, de Dionísio, do
dor

70 | Geyza Dalmásio Muniz


O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

amor carnal, da paixão, do coração, dos lábios, do ero- Estudos de tipografia


tismo, e da atração.”
Assim como a cor evoca sensações e associações a
Dentre as sensações cromáticas destacadas por Farina uma série de atributos, a tipologia também pode ser u-
(1986) para a cor vermelha, estão: tilizada para agregar valor ao produto.
Associação material: rubi, cereja, guerra, perigo, vida, A tipografia merece uma atenção especial, uma vez
sol, fogo, chama, sangue, combate, lábios, mulher, con- que também personifica o produto e consiste em ele-
quista, etc. mento-chave da identidade do produto.
Associação afetiva: dinamismo, força, energia, furor, in- Segundo Mestriner (2005),
tensidade, paixão, vigor, calor, excitação, emoção, a-
ção, etc. expressar essa personalidade com letras, enfa-
tizando seu diferencial, é uma das principais ta-
O vermelho vem do latim vermiculus (verme, inseto - a refas do designer, pois existem muitos produ-
cochonilha da qual se extrai uma substância escarlate, o tos que têm como elementos de comunicação
carmim). Esta cor é chamada de carmesim e simboliza apenas o logotipo e o fundo. (MESTRINER,
uma cor de aproximação, de encontro. 2005, p. 57).

Desta forma, utilizou-se o vermelho na coloração do Como o projeto baseou-se na arte indígena, no artesa-
frasco de vidro e em algumas penas do cordão que en- nato, buscou-se uma tipografia que fosse bem gestual,
volve a embalagem de cerâmica, fazendo assim, uma li- com imperfeições que deixassem o fazer manual bem
gação da embalagem secundária com a primária. aparente. A tipografia escolhida, Rage Italic,
Italic apresenta a
inclinação da caligrafia, ressaltando o movimento gestu-
Foi definido que a embalagem de cerâmica seria na al e dando um certo requinte ao logotipo.
cor natural de terracota para aproximar-se da cerâmica
indígena. No entanto, algumas imperfeições foram encontradas
e corrigidas para manter um logotipo harmônico.

Para os textos informacionais da caixa do perfume, uti-


lizou-se o tipo HelveNueThin.
elveNueThin

Também houve preocupação com a tipografia utilizada


na monografia, buscando uma que fosse leve, uma vez
que o tema abordado é o perfume, mas que mantivesse
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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

a leitura confortável, sem perder a legibilidade. Desta Com o vidro pode-se


pode produzir embalagens de baixo
forma, utilizou
utilizou-se a Sans Ligth para o texto e a HelveN
HelveNu- custo, higiênicas, atraentes, resistentes ao tempo, ca-
c
eThin para os títulos. lor, ácidos e álcalis.

O vidro é composto basicamente de areia, carbonato de


sódio e calcário. A coloração do vidro é realizada pela
Definição de materiais adição de óxidos metálicos como ferro, cobre, manga-
mang
nês e cromo. A cor vermelha, rubi, é adquirida com a
Conhecer os materiais a serem utilizados na embal
embala- adição de óxido de ouro ou selênio.
gem é fundamental.
Existem vários tipos de vidros, resultantes de formula-
formul
Deve-se
se fazer uma pesquisa ddos possíveis materiais a ções diferentes, cada um com características próprias
serem utilizados, para que seja selecionado o que m
me- e adequados a diversas finalidades.
lhor atenda os objetivos do projeto, preservando a in-
A principal propriedade do vidro é a transparência. A
tegridade do produto
produto.
falta de resistência ao choque térmico pode se melho-
melh
Conforme Moura e Banzato (2000), o material determina rada pela adição de tempera. Embora seja permeável à
as propriedades formais que a embalagem poderá aas- luz, este problema pode ser contornado pela coloração
coloraçã
sumir,
umir, ou seja, “cada material possui características cons- do vidro.
trutivas próprias que são condicionad
condicionadas por técnicas e
Dentre as outras propriedades do vidro estão: reciclabi-
tratamentos específicos” (Moura e Banzato, 2000, p.81).
lidade, dureza, não absorvência, ótimo isolante elétrico,
Vidro baixa condutividade térmica, recursos abundantes na
natureza e durabilidade. Suas principais desvantagens
Durante a pesquisa na internet e o estudo de campo, são o peso e a fragilidade.
constatou-se
se que o vidro é o material mais apropriado
para conter o perfume por não ser poroso, evitando aas- As garrafas, as embalagens de cosméticos e outros re-
r
sim, a volatilidade do perfume. Os egípcios utilizavam a cipientes de vidro são produzidos por um processo au-
a
cerâmica para conter perfumes e produtos cosméticos, tomático que combina a prensagem (para a formação
no entanto, com a descoberta do vidro pelos fenícios no da boca do recipiente) e o sopro (para a formação
for do
século I, a cerâmica foi substituída pelo vidro. interior do recipiente).
Seqüência resumida do proces-
so de sopro O processo automático típico de fabricação de garrafas
e frascos por sopro é o seguinte: despeja-se
despeja um pouco
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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

de vidro fundido num molde estreito e invertido e se de sabores quando forem lavadas em temperaturas ele-
faz pressão com ar contra o fundo do molde, que cor- vadas ou com detergentes adequados.
responderá ao gargalo da garrafa. Depois é aplicado
um defletor sobre a parte superior do molde. Uma in- Reutilizável: Recipientes de vidro acabam sendo reutili-
jeção de ar que entra pela parte inferior, através do zados de maneira diferente daquela em que foram pro-
gargalo, produz parte da garrafa. A garrafa semi- duzidos. Podem ser utilizados para armazenar alimentos
pronta, chamada esboço, é transportada pelo gargalo; ou até como objetos de decoração, como no caso de
depois é virada e depositada em outro molde, onde alguns perfumes.
recebe um sopro que lhe dá a forma definitiva. Em ou-
tro tipo de máquina, utilizada para recipientes de boca Cerâmica
larga, o esboço é prensado dentro do molde com um
êmbolo, antes deser soprado no molde definitivo. Os Como a inspiração para o projeto foi a arte indígena, e
frascos pouco fundos, como os potes usados para pretendia-se alcançar a diferenciação por meio da ino-
cosméticos, são feitos por prensagem98. vação, foi decidido a utilização da cerâmica como uma
segunda embalagem, a fim de agregar valor ao produto,
O vidro possui três importantes qualidades que o dife- associando-o à cerâmica marajoara, famosa por suas
rencia de outros materiais utilizados em embalagens:
belíssimas peças, confeccionadas pelos índios da ilha
de Marajó, cercada pelos rios Amazonas e Tocantins, e
100% Reciclável: O vidro é infinitamente reciclável. Um
pelo Oceano Atlântico.
recipiente de vidro reciclado possui as mesmas quali-
dades de um fabricado com matérias-primas virgens, Observando as demais artes dos indígenas, optou-se
independentemente do número de vezes que o material por utilizar um cordão de palha com acabamento de
for utilizado. sementes e penas, sofisticando a peça, tornando-a um
possível objeto de decoração, após o término do per-
Retornável: As embalagens como garrafas de refrigeran- fume.
tes e cervejas podem ser reaproveitadas diversas vezes,
sem que haja problemas de deformação ou absorção A cerâmica confere uma imagem artesanal, desejada
neste projeto, uma vez que o artesanal é único, e ex-
clusividade é considerada luxo nos dias atuais.
98
Fonte: http://www.sucatas.com/vidro.html. Acessado em 11 de .
junho de 2008.

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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Papel Mock-up99
Como o vidro e a cerâmica são materiais frágeis, fez-se
necessário a adoção do cartucho de papel cartão. Além Depois de definida a forma e feito os ajustes em pro-
do mais, a caixinha do perfume facilitaria o transporte porções e simetria, desenvolveu-se o mok-up do frasco.
do produto, além de proporcionar uma mídia para in-
formações pertinentes à venda do mesmo, como com- Primeiramente, foi realizada a modelagem do frasco em
posição, código de barras, quantidade e nome do pro- argila. Depois, a partir do modelo de argila, confeccionou-
duto. se o molde de gesso.

O papel é ainda um dos mais econômicos e versáteis O passo seguinte foi fazer o mock-up de resina. No en-
Frasco inicial em argila tanto, como o molde de gesso apresentou algumas ir-
materiais de embalagem. É o mais amplamente usado
devido ao seu baixo custo, baixo peso e facilidade de regularidades conseqüentes de sua confecção, um no-
processamento. vo molde foi produzido, corrigindo tais imperfeições,
mas de resina de poliéster.
Conforme Gurgel (2007), o cartucho deve apresentar
as seguintes características: Para conseguir um mock-up do frasco oco de resina, fo-
ram utilizados os dois moldes, o positivo e o negativo. O
• Prestabilidade no corte e vinco; positivo foi lixado para ter suas medidas reduzidas para
• Elasticidade; que, quando este estivesse dentro do negativo, ficasse
• Leveza; uma folga que seria a espessura do frasco, área onde
• Resistência; se coloca a resina.
Molde de gesso do frasco
• Rigidez;
Com a tampa do frasco, foi feito um modelo de argila, e
• Imprimibilidade;
em seguida o molde de gesso, como feito com o frasco.
• Solidez à luz;
• Inalterabilidade ante os produtos contidos. A embalagem de cerâmica também exigiu a confecção
de molde de gesso, uma vez que sua produção direta,
Assim, o cartucho do perfume assume a função de pro- por ser uma peça oca, tornou-se inviável.
teção, informação e atratividade no ponto de venda.

Materiais e os primeiros moldes


99
Modelo que reproduz de maneira fiel o futuro produto, mas que
não funciona.
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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

A peça de argila foi feita no torno, inteiriça. A partir daí, proporcionando um melhor entendimento do projeto e
retirou-se o excesso, deixando-a reta. No torno ela foi permitindo ver possíveis modificações.
produzida toda circular, porque é a única forma possí-
vel de ser feita. Passos da confecção do mock-up de cerâmica:

Observando-se o frasco em resina, a peça de cerâmica


foi retocada manualmente, de modo a obedecer a for-
ma do frasco.

A seguir, o molde de gesso foi produzido. Após sua se-


Molde positivo de resina de poli-
éster cagem, fez-se a peça oca, com barbutina. Como a bar-
butina disponível não era da cor escolhida, a peça re-
cebeu banho de engobe para ficar com o tom mais
comum da cerâmica indígena. O engobe também foi u-
tilizado para pintar o desenho na cerâmica.

O cordão que amarra a embalagem de cerâmica foi


produzido com palha da costa trançada, miçangas de
sementes e penas coloridas, predominando tom verme-
lho, para fazer ligação com a cor do frasco.

Molde negativo de resina de Paralelamente à confecção dos mock-ups físicos, fo-


poliéster ram desenvolvidas as modelagens em 3D do frasco,
da embalagem de cerâmica e do cartucho de papel
cartão.

Foram desenvolvidos os mock-ups físico e digital para


garantir que ao menos um deles estivesse pronto a
tempo de concluir a monografia.

Molde de gesso da tampa Embora o mock-up físico do frasco não tenha ficado
fiel ao projeto, mostrou as dimensões reais da peça,

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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Resultado final
Após os estudos realizados sobre a perfumaria, o luxo, a
embalagem e seu processo de criação e a arte indíge-
na, chegou-se às formas definitivas.

A seguir encontram-se as imagens do projeto final e os


desenhos técnicos.

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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

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O Projeto da Embalagem de Perfume | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

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Considerações Finais | 85
Considerações Finais | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Uma longa jornada foi percorrida até aqui. Muita pes- ainda os problemas obtidos no decorrer do trabalho, o
quisa na internet, em livros, visitas de campo, conversas que tomaram boa parte do tempo da pesquisa.
com profissionais de várias áreas, enfim, um trabalho
árduo, porém gratificante, que serviu para um grande Entretanto, considero satisfatório o resultado obtido, den-
aprendizado. tro de um projeto de graduação. Muitas vezes meu orien-
tador, Gilberto Kunz, me repreendia, dizendo não se tra-
Este tema foi proposto justamente com este objetivo: a- tar de uma dissertação ou tese.
prender mais sobre uma área tão interessante e tão pou-
co abordada no curso de Desenho Industrial da Ufes, a O assunto embalagem de perfume é tão fascinante que
embalagem. Um dos motivos é que a embalagem está não dá vontade de parar de pesquisar, observar, analisar,
mais inserida na área do design de produto do que do desenvolver. Ainda mais em se tratando do universo fe-
gráfico, embora ela seja uma interseção entre ambas. minino, tão rico, e do mercado de luxo, que permite um
investimento maior no projeto.
O universo da embalagem é bem amplo, o que me levou
a fazer um grande recorte para que o trabalho não se A inspiração indígena foi um desafio de aliar o que à
tornasse tão extenso. No entanto, esse recorte garante a primeira vista parece totalmente oposto ao luxo. No en-
possibilidade de novas pesquisas na área, com outro en- tanto, com a relativização deste conceito, percebe-se
foque, até mesmo dentro do setor de perfumaria. que é perfeitamente possível aliar o artesanal com o re-
quinte. Afinal, exclusividade tem sido a palavra de or-
Uma possível parceria com a indústria, com uma empre- dem deste setor, e nada mais exclusivo do que uma pe-
sa de perfumaria e cosmética engrandeceria muito o tra- ça artesanal, que uma nunca é exatamente igual à
balho, no entanto as tentativas foram sem sucesso. outra.

Afinal, com a concorrência cada vez mais acirrada dos Contudo, acredito que, como em qualquer projeto, sem-
tempos atuais, as empresas tornam-se receosas em a- pre há o que melhorar. Porém, é necessário chegar a um
brir suas portas para o aprendizado de profissionais e ponto final para a conclusão do projeto.
estudantes, que não estejam em seu quadro de funcio-
nários. Pretendo desenvolver a proposta, e, se possível, comer-
cializar a idéia com alguma empresa do setor de perfu-
O tempo do projeto também é curto para se conseguir maria e cosmético que tenha interesse em desenvolver
os contatos certos e a confiança de grandes empresas produtos levando em consideração o significado cultural,
como Natura e O Boticário, por exemplo. Somando-se social e ambiental do artesanato, para um público que
busca a qualidade e a distinção.

86 | Geyza Dalmásio Muniz


Considerações Finais | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Já na parte final deste trabalho, tive conhecimento da optaram pela embalagem mais bonita e atraente. Nos si-
empresa Amazon Green, do Pará, que trabalha com uma tes de venda de perfumes, a embalagem e o discurso
proposta bem semelhante, buscando a diferenciação a- publicitário do perfume possuem um peso ainda maior.
través da inovação no uso de materiais e utilizando o ar- Afinal, na internet, ainda não é possível sentir cheiro, pelo
tesanal através da mão-de-obra indígena e de recursos menos numa tecnologia acessível.
naturais da região, respeitando a natureza.
Enfim, o conjunto de embalagens aqui propostas para o
Esta empresa foi divulgada em matéria na revista Pack, do suposto perfume Terra Brasilis foi coerente com o objeti-
mês de junho de 2008, nº 130, da editora Banas. Seus vo estabelecido, destacando-se dos demais pela própria
produtos estão sendo exportados para a França e a Itália. temática, pela inovação no uso dos materiais escolhidos
(cerâmica, palha, sementes e pena), pela atratividade das
O principal material utilizado pela Amazon Green é a formas e cores.
madeira, embora tenham alguns cremes em potes de
cerâmica, além de intenção de expandir os tipos de ma- Espero ter contribuído com um pouco mais de esclare-
teriais. cimento do universo da embalagem, da perfumaria e do
mercado de luxo, e aberto caminhos para novas pesqui-
Em relação às questões propostas no início deste traba- sas.
lho (como a embalagem pode interferir na relação do
consumidor com o perfume de luxo? Em que medida a
embalagem interfere na decisão de compra de perfu-
mes de luxo?), estas foram respondidas no desenvolver
do texto.

A embalagem, juntamente com a qualidade do produto,


influencia a decisão de compra do consumidor, agre-
gando valor e diferenciando-o do concorrente.

O usuário do produto cria uma relação afetiva com o per-


fume proporcionada pelas lembranças ocasionadas por
este e pela primazia da embalagem.

É evidente que os perfumes são escolhidos por sua fra-


grância. No entanto, há pessoas que já escolheram um
perfume por sua embalagem e algumas que na dúvida,
87 | Geyza Dalmásio Muniz
Bibliografia | 88
Bibliografia | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

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95 | Geyza Dalmásio Muniz


Apêndice | 96
Apêndice | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Embalagens de perfumes mais interessantes e diferentes

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Apêndice | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

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Apêndice | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

1- Flagrant, Água de Cheiro 34- Dior Addict 2, Dior 65- Agua de Agatha Ruiz de La Prada, Agatha
2- Iatsu, Água de Cheiro 35- J'adore, Dior Ruiz de La Prada
3- Poema, Água de Cheiro 36- Sicily, Dolce&Gabanna 66- Corazón de Agatha Ruiz de La Prada
4- Cairo, Água de Cheiro 37- Black Cashmere, Dona Karan 67- Flor de Agatha Ruiz de La Prada
5- Eternus Fem., Água de Cheiro 38- Apparition, Emanuel Ungaro 68- Relic, Água de Cheiro
6- Loop Pink, Água de Cheiro 39- L'Eau d'Issey Summer, Issey Miyake 69- Sing Pop, Água de Cheiro
7- Flowers, Gilles Cantuel 40- Intimately For Her, David Beckham 70- CH, Carolina Herrera
8- Arrogance Pour Elle, Arrogance 41- L'Instant de Guerlain, Guerlain 71- Boucheron, Boucheron
9- Visit for Women, Azzaro 42- Beyond Paradise, Esteé Lauder 72- Ultra Violet, Paco Rabanne
10- Mirror Woman, Água de Cheiro 43- Amarige Mariage, Givenchy 73- Echo Woman, Davidoff
11- Temptation, Animale 44- Nexity for Woman, Euroluxe 74- Be Delicious, DNKY
12- Tomorrow, Avon 45- Amarige Ylang-Ylang - Mayotte 2006, Gi- 75- Jaguar Woman, Jaguar
13- Christian Lacroix Rouge For Her, Avon venchy 76- Boss Femme, Hugo Boss
14- Cristal Aura, Avon 46- Pacific Paradise, Escada 77- Jungle L' Elephant, Kenzo
15- Diesel® Fuel For Life, Diesel 47- Guess, Guess 78- Lalique Le Parfum, Lalique
16- Trouble, Boucheron 48- Glow, Jennifer Lopez 79- Tendre Kiss, Lalique
17- Hypnotic Poison, Dior 49- Vòlgere Black, L’acqua di Fiori 80- Kate, Kate Moss
18- Fantasy, Britney Spears 50- Ototemo, L’acqua di Fiori 81- FlowerbyKenzo Légère, Kenzo
19- Curious, Britney Spears 51- Façonnable, Façonnable 82- KENZOAMOUR, Kenzo
20- Noa, Cacharel 52- Fendi Palazzo, Fendi 83- Summer by Kenzo, Kenzo
21- Miss Dior Chérie EDP, Dior 53- Forum Verão 2008, Forum 84- Organza, Givenchy
22- Pink Tonic, Azzaro 54- Emporio Armani City Glam, Armani 85- Traveller n1
23- Nº 5, Chanel 55- Armani Code, Giorgio Armani 86- I Loewe You, Loewe
24- Azzaro Now, Azzaro 56- Amarige Millésime 2005 - Mimosa de 87- Lalique, Lalique
25- Initial EDP, Boucheron Grasse, Givenchy 88- Hypnôse, Lancôme
26- Liberté, Cacharel 57- Modern Quartz, Molyneux 89- Curve Crush, Liz Claiborne
27- Cool Water Game, Davidoff 58- Ange ou Démon, Givenchy 90- L'Eau du Temps, Nina Ricci
28- Celine Oriental Summer, Celine 59- Very Irrésistible Sensual EDP, Givenchy 91- Subtil, Salvatore Ferragamo
29- Murmure, Van Cleff & Arpels 60- The One, Dolce&Gabanna 92- Amor Amor, Cacharel
30- Eternity, Calvin Klein 61- Elite Model Attitude, Elite 93- Arpège, Lanvin
31- Belle EDP, Contém 1g 62- Emporio Armani, Giorgio Armani 94- Soir de Lune , Sisley
32- Tender Touch, Burberry 63- Caline Night, Grés 95- Lotto, Lotto
33- Rapture Cologne, Victoria’s Secret 64- Insolence Edição de Aniversário, Guerlain 96- Angel Schlesser, Angel Schlesser
Apêndice | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

97- Angel, Tierry Mugler 120- Kriska Flores, Natura 144- Eau de Rubylips, Salvador Dalí
98- Quizás, Quizás, Quizás, Loewe 121- Sol de Natura, Natura 145- Eau de Lys, Marina de Bourbon
99- Rumeur, Lanvin 122- Kaiak Natura Fem., Natura 146- Stella, Stella McCartney
100- Lolita Lempicka, Lolita Lempicka 123- Perfume do Brasil Natura Ekos, Natura 147- Opium, Yves Saint Laurent
101- Trésor Eau éticenlante, Lancôme 124- Myriad, O Boticário 148- Cinéma, Yves Saint Laurent
102- First Love, Van Cleff & Arpels 125- Accordes Harmonia, O Boticário 149- Roberto Cavalli Serpentine , Roberto Cavalli
103- Femme de Montblanc, Montblanc 126- Acqua Fresca, O Boticário 150- Sea & Sun in Cadaquès, Salvador Dalí
104- Miss Sixty, Miss Sixty 127- Arbo, O Boticário 151- Love By, Ulric de Varens
105- Rouge Royal, Marina de Bourbon 128- Floratta in Blue, O Boticário 152- Varens Desire, Ulric de Varens
106- L, Lolita Lempicka 129- Glamour, O Boticário 153- UDV Pour Elle, Ulric de Varens
107- Asteria, Marina de Bourbon 130- Lily Essence, O Boticário 154- Bright Crystal, Versace
108- Stella In Two Peony, Stella McCartney 131- Rhea, O Boticário 155- Sexy Little Things Oh la la, Victoria’s Secret
109- V, Valentino 132- Royalty, O Boticário 156- Rock in Rose, Valentino
110- Incanto Charms, Salvatore Ferragamo 133- Blue Planet, Myfa 157- Al salaam
111- F By Ferragamo, Salvatore Ferragamo 134- Just Cavalli Her, Roberto Cavalli 158- Shocking, Elsa Schiaparelli
112- Laguna, Salvador Dalí 135- Just Cavalli Pink, Roberto Cavalli 159- Morisco, Myrurgia
113- Cheap and Chic, Moschino 136- Envy Me, Gucci 160- Altier, Janet
114- Funny, Moschino 137- Paul Smith London, Paul Smith 161- Brigand, Jaunet
115- Due, Natura 138- Gi, Racco 162- Yvotimã, Amazon Green
116- Ekos Essência do Brasil Breu Branco, Na- 139- Oscar Bamboo, Oscar de la Renta 163- Amazon Green
tura 140- Roberto Cavalli Oro, Roberto Cavalli 164- HaKuchi, Amazon Green
117- Humor 1, Natura 141- Laguna Caneta, Salvador Dalí
118- Humor 2, Natura 142- Lapidus Woman, Ted Lapidus
119- Sintonia de Natura, Natura 143- Alien, Tierry Mugler

106 | Geyza Dalmásio Muniz


Anexo | 107
Anexo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Entrevista com Bárbara Kern que os homens estão cada vez mais preocupados com seu
bem-estar físico e mental, o que os leva ao mundo dos cuidados
Diretora de Marketing e Vendas da RR e Passion, empresas que pessoais.
distribuem perfumes e cosméticos de marcas como Gucci, Dol-
ce & Gabbana, Narciso Rodriguez, Valentino, Jean Paul Gaultier, Qual a faixa de idade dos compradores desse mercado?
Montblanc, entre outras. Não existe uma idade específica. A relação do olfato com a
memória e o bem-estar que essa lembrança traz não se restrin-
Qual o perfil de quem compra perfumes de luxo? ge a uma faixa etária.
São pessoas com mais de 20 anos de idade, sofisticadas, es-
tilosas, seguras de si, que se envolvem com as marcas, que Quais perspectivas de crescimento desse mercado?
amam o luxo e querem produtos de qualidade. São consumi- O mercado da perfumaria demonstrou crescimento estável na
dores exigentes com produtos que escolhem para uso pes- última década. De acordo com dados da Associação Brasileira
soal. Para elas, a imagem da marca é importante, mas sua o- da Indústria de Higiene Pessoal e Cosméticos — a ABIHPEC —,
pinião prevalece: querem sempre algo único. o nicho de fragrâncias no Brasil passou de 19 milhões de tone-
ladas comercializadas em 2001 para 24,7 milhões de tonela-
Quais as fragrâncias mais procuradas? das em 2006. Esses números nos mostram que as perspecti-
Todas têm uma participação muito interessante, destaco algu- vas são positivas em relação à continuidade do crescimento e
mas: Calvin Klein, Dolce&Gabanna, Hugo Boss, Montblanc, Issey amadurecimento do setor nos próximos anos. É importante
Miyake, Jean Paul Gaultier, Gucci, Lacoste, Davidoff, Joop!, Pu- ressaltar que não existem dados e números oficiais sobre per-
ma, ADIDAS e Gabriela Sabatini. fumaria importada e que os dados descritos acima, são do
mercado brasileiro de fragrâncias como um todo.
O que fez o mundo dos perfumes tornar-
tornar-se um nicho glamou-
glamou-
roso nos últimos 10 anos? Existe algum novo nicho de mercado a ser explorado nos
Cada vez mais o consumidor se conscientiza de que o perfume próximos anos?
traduz um momento, um sentimento, uma lembrança e até Existem alguns novos caminhos que já estão sendo trilhados
mesmo a sua personalidade e o seu estado de espírito. Como na perfumaria, como as categorias lifestyle e celebridades.
esse consumidor está sempre evoluindo, mudando, não se Mas ainda há muitos mercados a serem descobertos e estu-
contenta em usar um simples perfume por boa parte da vida — dados pelas casas de perfumaria.
como em outras épocas. Ele busca inovação e produtos im-
pactantes. Trata-se de investimento no mapeamento de tendências sociais
e comportamentais num determinado grupo de pessoas. A par-
Quem compra mais perfume no Brasil, os homens ou as mu- mu- tir da identificação dessas “tendências de comportamento” é
lheres? que se busca o desenvolvimento de uma fragrância correlata e
As mulheres estão mais abertas às novidades. Elas ousam mais, da parceria com uma marca cujos valores se identifiquem com
estão preparadas para vivenciar experiências, além de estarem essa tendência e perfil de público.
mais “antenadas” com as tendências. Mas também observamos
108 | Geyza Dalmásio Muniz
Anexo | Projeto de embalagem de perfume feminino de luxo

Em sua opinião, qual a principal diferença dos perfumes iim- m- pêssego, abacaxi, melão, maracujá e manga aos tons florais.
portados para os nacionais? É indicada para as mulheres que se sentem sempre jovens e
O perfume é a mistura de várias matérias-primas, como folhas, que não se restringem aos limites que o corpo impõe.
flores, madeiras, raízes, frutas, etc., cada uma com um cheiro
mais ou menos volátil (efeito de evaporar). Por isso, alguns per- Otimismo
Otimismo e inovação: a família olfativa Floral Fresca tem notas
fumes têm uma aplicação de essência mais ou menos concen- de saída refrescantes como um buquê de flores brancas, com
trada. Os perfumes importados, dependendo do seu fabricante, grande irradiação. Os perfumes desta família são para as mu-
inserem maior ou menor quantidade de essência em sua com- lheres inovadoras, que amam a vida e são sempre otimistas.
posição. No caso da fabricação nacional, ele é elaborado ape-
nas para o padrão da pele da mulher brasileira. Realização: a família Floral Doce é formada por buquês mais
quentes, de notas polvorosas e nuances orientais. É indicada
Qual o maior diferencial da RR Perfumes e Cosméticos neste para a mulher que luta pela vida, é individualista e voltada para
cenário? a própria realização.
A RR Perfumes e Cosméticos foi criada a partir de uma oportu-
nidade nos cenários político e econômico do País, que foi a a- Luxo e simplicidade: As mulheres de características contras-
bertura do mercado aos produtos importados, em 1990. Somos tantes como urbana e naturalista, moderna e conservadora de
uma das pioneiras no segmento de perfumes e cosméticos e lí- seus valores, luxuosa e simples, buscam os perfumes da famí-
der em fragrâncias de prestígio desde 2002. Para vocês terem lia Floral, que se baseia em balanços de elementos florais de
uma idéia, detemos uma participação de mercado estimada em rosas, tuberosas, jasmim, violeta e outras flores.
35%. Nosso diferencial é a parceria com seis das onze maiores
fabricantes de perfumes e cosméticos do mundo, o que garante O vulcão adormecido: os perfumes Orientais Ambarados têm
o selo de qualidade RR na venda de seus produtos. fragrâncias associadas às notas do oriente como âmbar, mirra,
incenso, sândalo e notas de baunilha e bálsamo. Combinações
Bárbara Kern indica: "Os perfumes descrevem uma persona-
persona- de elementos cítricos, com fundo culinário doce. Esse é o perfil
lidade" da mulher que aparenta frieza, mas na verdade tem um vulcão
Descubra qual é a sua fragrância adormecido dentro de si.

Zen, preza pelo bem-


bem-estar: Baseada em notas florais combina- Praticidade: para as mulheres mais práticas, que mantém o
das aos tons verdes frescos de folhas, caule e vegetais frescos, equilíbrio entre corpo e mente, a família olfativa é Chipre Fres-
a família olfativa Floral Verde é para uma mulher mais zen, que co, que é a interpretação mais leve das notas de Chipre, com
procura bem-estar interno e cuja feminilidade é interpretada na nuances frescas e frutais.
espiritualidade dos jardins japoneses.
Fonte:
Jovialidade, impetuosidade: a fragrância Floral Frutal é uma http://gowheresp.terra.com.br/novo/materias/66/materiaBarb
combinação de acordes frutais de fácil identificação como araKern.html. Último acesso: 10/11/2007

109 | Geyza Dalmásio Muniz


Este trabalho foi impresso em agosto de 2008,
em impressora jato de tinta.
As fontes utilizadas foram a Sans Light e HelveNueThin.
O papel utilizado foi o Reciclato 75g/m² da
Companhia Suzano de Papel e Celulose.
Os papéis perfumados que iniciam os capítulos
foram feitos artesanalmente.
A capa teve impressão a laser no gloss paper 180g/m²
com laminação realizada na Micromaflo.

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