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INTRODUÇÃO
A qualidade da energia elétrica constitui na atualidade um fator crucial para a
competitividade de praticamente todos os setores industriais e dos serviços. O setor
da energia elétrica encontra-se, sobretudo nas duas últimas décadas, a atravessar
profundas mudanças devido a um número considerável de fatores como (a) a
alteração da natureza de cargas consumidoras e da forma como a energia elétrica é
hoje utilizada, (b) a liberalização, desregulamentação (ou re-regulamentação) em
curso a nível mundial, (c) a proliferação de autoprodutores, (d) o aparecimento de
novas tecnologias de geração e (e) o peso crescente das questões ambientais
associadas às tecnologias de geração, têm provocado grandes alterações no modo de
funcionamento do setor (http://www.ipv.pt/millenium/20_arq1.htm).
1
Esta será a referência básica adotada no decorrer do trabalho. Quando conveniente outras referências
serão citadas.
Qualidade da Energia – Fundamentos básicos (Mário Oleskovicz) 4
de capacitores, curto-circuito nos sistemas elétricos, operação de cargas com
características não-lineares, etc.
Quanto ao nível da QE requerido, este é que possibilita uma devida operação
do equipamento em determinado meio para o qual foi projetado. Usualmente, há
padrão muito bem definido de medidas para a tensão, de onde convencionalmente
associa-se a QE à qualidade de tensão, já que o fornecedor de energia pode somente
controlar a qualidade da tensão, mas não tem controle sobre a corrente que cargas
particulares e ou específicas podem requerer. Portanto, o padrão aceito com respeito
à QE é direcionado a manter o fornecimento de tensão dentro de certos limites.
No passado, os problemas causados pela má qualidade no fornecimento de
energia não eram tão expressivos, visto que, os equipamentos existentes eram pouco
sensíveis aos efeitos dos fenômenos ocorridos e não se tinham instalados, em
grandes quantidades, dispositivos que causavam a perda da qualidade da energia.
Entretanto, com o desenvolvimento tecnológico, principalmente da eletrônica de
potência, consumidores e concessionárias de energia elétrica têm-se preocupado
muito com a qualidade da energia. Isto se justifica, principalmente, pelos seguintes
motivos:
• Os equipamentos hoje utilizados são mais sensíveis às variações na
qualidade da energia. Muitos deles possuem controles baseados em
microprocessadores e dispositivos eletrônicos sensíveis a muitos tipos de
distúrbios;
• O crescente interesse pela racionalização e conservação da energia elétrica,
com vistas a otimizar a sua utilização, tem aumentado o uso de
equipamentos que, em muitos casos, aumentam os níveis de distorções
harmônicas e podem levar o sistema a condições de ressonância;
• Maior conscientização dos consumidores em relação aos fenômenos ligados
à qualidade da energia, visto que aqueles, estão se tornando mais
informados a respeito de fenômenos como interrupções, subtensões,
transitórios de chaveamentos, etc., passando a exigir que as concessionárias
melhorem a qualidade da energia fornecida;
• Integração dos processos, significando que a falha de qualquer componente
tem conseqüências muito mais importantes para o sistema elétrico;
200
150
100
50
0
1960 1970 1980 1990 2000
Ano
Concessionária Cargas Eletrônicas
2
Todas as ilustrações apresentadas neste documento foram obtidas do projeto referenciado.
Qualidade da Energia – Fundamentos básicos (Mário Oleskovicz) 6
Figura 3 - Custo estimado - Interrupção de até 1 min
RP – Regime Permanente
(V)
22.5k
20k
17.5k
15k
12.5k
10k
7.5k
5k
2.5k
-2.5k
-5k
-7.5k
-10k
-12.5k
0 5m 10m 15m 20m 25m 30m 35m 40m t(s)
(V) : t(s) (1)p2a
3.1 Sobretensão
Podemos designar uma sobretensão como sendo um aumento no valor eficaz
da tensão CA, maior do que 110% (valores típicos entre 1,1 e 1,2 p.u.) na freqüência
do sistema, por uma duração maior do que 1 min (Tabela 2). Sobretensões,
usualmente resultam do desligamento de grandes cargas ou energização de um banco
de capacitores. Taps dos transformadores incorretamente conectados também podem
resultar em sobretensões no sistema.
Geralmente, são instalados nas indústrias bancos de capacitores, normalmente
fixos, para correção do fator de potência ou mesmo para elevação da tensão nos
circuitos internos da instalação. Nos horários de ponta, quando há grandes
solicitações de carga, o reativo fornecido por estes bancos é desejável. Entretanto, no
horário fora de ponta, principalmente no período noturno, tem-se um excesso de
reativo injetado no sistema, o qual se manifesta por uma elevação da tensão.
Com relação às conseqüências das sobretensões de longa duração, estas
podem resultar em falha dos equipamentos. Os dispositivos eletrônicos podem sofrer
danos durante condições de sobretensões, embora transformadores, cabos,
disjuntores, TCs, TPs e máquinas rotativas, geralmente, não apresentam falhas
imediatas. Entretanto, tais equipamentos, quando submetidos a repetidas
sobretensões, poderão ter as suas vidas úteis reduzidas. Relés de proteção também
poderão apresentar falhas de operação durante as sobretensões. Uma observação
Qualidade da Energia – Fundamentos básicos (Mário Oleskovicz) 27
importante, diz respeito à potência reativa fornecida pelos bancos de capacitores, que
aumentará com o quadrado da tensão, durante uma condição de sobretensão.
Dentre algumas opções para a solução de tais problemas, destaca-se a troca
de bancos de capacitores fixos por bancos automáticos, tanto em sistemas das
concessionárias como em sistemas industriais, possibilitando um maior controle do
nível da tensão e a instalação de compensadores estáticos de reativos.
3.2 Subtensão
Já a subtensão apresenta características opostas, sendo que agora, um
decréscimo no valor eficaz da tensão AC para menos de 90% na freqüência do
sistema, também com uma duração superior a 1 min, é caracterizado (Tabela 1).
As subtensões são decorrentes, principalmente, do carregamento excessivo de
circuitos alimentadores, os quais são submetidos a determinados níveis de corrente
que, interagindo com a impedância da rede, dão origem a quedas de tensão
acentuadas. Outros fatores que contribuem para as subtensões são: a conexão de
cargas à rede elétrica, o desligamento de bancos de capacitores e, conseqüentemente,
o excesso de reativo transportado pelos circuitos de distribuição, o que limita a
capacidade do sistema no fornecimento de potência ativa e ao mesmo tempo eleva a
queda de tensão.
A queda de tensão por fase é função da corrente de carga, do fator de potência
e dos parâmetros R e X da rede, sendo obtidos através da equação (1).
onde:
∆ V- queda de tensão por fase;
I - corrente da rede;
R - resistência por fase da rede;
X - reatância por fase da rede;
cos φ - fator de potência.
A partir da equação (1) pode-se concluir que aqueles consumidores mais
distantes da subestação estarão submetidos a menores níveis de tensão. Além disso,
V[%]
0
-2
-4
-6
-8
Distância
Fp. Médio=0.85 Fp. Médio=0.7
100
80
60
40
20
0
Nominal Queda - 2.5% Queda - 5% Queda - 7.5% Queda - 10%
12
10
0
Queda - 5% Queda - 10% Queda - 15%
Ramal
Alim. Principal
Ramal
Defeituoso
400
300
Tensão [%]
Envoltória da Tensão de
115% 106%
100 Tolerância do Computador
Falta de Energia de
87%
0 Armazenamento 30%
0.001 0.01 0.1 0.5 1.0 6 10 30 100 1000
Tempo em Ciclos (60 Hz)
Tensão (% da Nominal)
80
60
40
20
0
0.1 1 10 100 1000
Tempo em ciclos
Região de Má Operação:
VCR’s
Fornos de Microondas
Relógios Digitais
Figura 19 - Limiares de tensão para operação segura de vídeos, microondas e
relógios digitais
Sem
Com
b) Utilização de UPS’s
Os tipos básicos de UPSs (Uninterruptile Power Supply) fundamentam-se
nas operações on-line e standby. A UPS híbrida, que corresponde a uma
variação da UPS standby, também pode ser usada para interrupções de
longa duração.
A Figura 22 mostra uma configuração típica de uma UPS on-line. Nesta
topologia, onde a carga é sempre alimentada através da UPS, à tensão CA
de entrada é convertida em tensão CC, a qual carrega um banco de baterias,
sendo esta então, invertida novamente para tensão CA. Ocorrendo uma falha
no sistema CA de entrada, o inversor é alimentado pelas baterias e continua
suprindo a carga.
Banco
(N.m)
140
120
100 Conjugado
80
do motor
60
40
20
-20 Conjugado
da carga
-40
-60
-80
-100
-120
-140
0 200m 400m 600m 800m 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 t(s)
80
60
40
20
0
0 2 3,5 5
Desequilíbrio [%]
Deseq. de Corrente Deseq. de Tensão
Magnitude [%]
120
100
80
60
40
20
0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
Ordem Harmônica
Equil. Deseq.
6.1 Nível CC
A presença de um componente CC na tensão ou corrente em um sistema de
energia CA é denominado nível CC. Este pode ocorrer como resultado de um
distúrbio ou devido à operação ideal de retificadores de meia-onda.
O nível CC em redes de corrente alternada pode levar à saturação de
transformadores, resultando em perdas adicionais e redução da vida útil. Pode
também causar corrosão eletrolítica dos eletrodos de aterramento e de outros
conectores.
6.2 Harmônicos
Tecnicamente, um harmônico é um componente de uma onda periódica cuja
freqüência é um múltiplo inteiro da freqüência fundamental (no caso da energia
elétrica, de 60 Hz).
Harmônicos são fenômenos contínuos, e não devem ser confundidos com
fenômenos de curta duração, os quais duram apenas alguns ciclos. Distorção
harmônica é um tipo específico de energia suja, que é normalmente associada com a
crescente quantidade de acionamentos estáticos, fontes chaveadas e outros
dispositivos eletrônicos nas plantas industriais. Estas perturbações no sistema podem
normalmente ser eliminadas com a aplicação de filtros de linha (supressores de
150
100
50
-50
-100
-150
-200
1.455 1.46 1.465 1.47 1.475 1.48 1.485 1.49 1.495 1.5 1.505 t(s)
nmáx
∑ Vn2
DHVT = n >1 2 × 100(%) (1)
V1
nmáx
∑ I n2
DHI T = n >1 × 100(%) (2)
I12
onde:
Qualidade da Energia – Fundamentos básicos (Mário Oleskovicz) 56
DHVT = distorção harmônica total de tensão
DHIT = distorção harmônica total de corrente
Vn = valor eficaz da tensão de ordem n
In = valor eficaz da corrente de ordem n
V1 = valor eficaz da tensão fundamental
I1 = valor eficaz da corrente fundamental
n = ordem da componente harmônica
A “Distorção Harmônica Individual” é utilizada para a quantificação da
distorção individual de tensão ou corrente, ou seja, para determinar a porcentagem de
determinado componente harmônico em relação à sua componente fundamental. As
equações (3) e (4) expressam tais definições.
Vn
DHVI = x100 (%) (3)
V1
I
DHI I = n x100 (%) (4)
I1
onde:
DHVI - distorção harmônica individual de tensão.
DHII - distorção harmônica individual de corrente.
Para fins práticos, geralmente, os componentes harmônicos de ordens
elevadas (acima da 50ª ordem, dependendo do sistema) são desprezíveis para
análises de sistemas de potência. Apesar de poderem causar interferência em
dispositivos eletrônicos de baixa potência, elas usualmente não representam perigo
aos sistemas de potência.
No passado não havia maiores preocupações com harmônicos. Cargas com
características não lineares eram pouco utilizadas e os equipamentos eram mais
resistentes aos efeitos provocados por harmônicas. Entretanto, nos últimos anos, com
o rápido desenvolvimento da eletrônica de potência e a utilização de métodos que
buscam o uso mais racional da energia elétrica, o conteúdo harmônico presente nos
sistemas tem-se elevado, causando uma série de efeitos indesejáveis em diversos
c) Reguladores
• fornos de indução controlados por reatores saturados;
• cargas de aquecimento controladas por tiristores;
• velocidade dos motores CA controlados por tensão de estator;
• reguladores de tensão a núcleo saturado;
• computadores;
• eletrodomésticos com fontes chaveadas, etc.
Como já foi dito, as distorções harmônicas causadas pela operação de tais
equipamentos e dispositivos, causam alguns efeitos indesejáveis ao sistema elétrico.
Estes efeitos podem ser divididos em três grandes grupos. Nos dois primeiros
Cabos
Dentre os efeitos de harmônicos em cabos destacam-se:
• Sobreaquecimento devido às perdas Joule que são acrescidas;
• Maior solicitação do isolamento devido a possíveis picos de tensão e
imposição de correntes pelas capacitâncias de fuga, provocando aquecimento
e conseqüentemente uma deterioração do material isolante.
Outro aspecto importante que deve ser destacado refere-se ao carregamento
exagerado do circuito de neutro, principalmente em instalações que agregam muitos
aparelhos eletrônicos, como microcomputadores, onde há uma predominância muito
grande do terceiro harmônico. Este se caracteriza por ser de seqüência zero, portanto,
propaga-se pelo neutro podendo dar origem a tensões perigosas quando estas
correntes circulam por malhas de terra mal projetadas.
Com relação ao nível de distorção de tensão, abaixo do qual os cabos não são
expressivamente afetados, este é dado pela equação (5).
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 10% (5)
Transformadores
Um transformador, quando submetido a distorções de tensão e corrente,
experimentará um sobreaquecimento causado pelo aumento das perdas Joulicas,
3
x10
70
60
50
40
30
20
10
0
0 6 12 18 24 30 36
Distorção Harmônica Total de Corrente (%)
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 10% (a vazio) (8)
Motores de Indução
Um motor de indução, operando sob alimentação distorcida, pode apresentar,
de forma semelhante ao transformador, um sobreaquecimento de seus enrolamentos.
Este sobreaquecimento faz com que ocorra uma degradação do material isolante que
pode levar a uma condição de curto-circuito por falha do isolamento. A Figura 32
mostra uma estimativa do acréscimo das perdas elétricas num motor de indução, em
função da distorção total de tensão presente no barramento supridor.
2
∞
Vn
∑ ≤ 1,3% a 3,5% (9)
n = 2 n
Máquinas Síncronas
Pelo fato de estarem localizados distantes dos centros consumidores, as
unidades geradoras, responsáveis por grandes blocos de energia, não sofrem de
forma acentuada as conseqüências dos harmônicos injetados no sistema. Entretanto,
em sistemas industriais dotados de geração própria, que operam em paralelo com a
concessionária, tem sido verificado uma série de anomalias no que se refere à
operação das máquinas síncronas. Dentre estes efeitos destacam-se:
• Sobreaquecimento das sapatas polares, causado pela circulação de correntes
harmônicas nos enrolamentos amortecedores;
• Torques pulsantes no eixo da máquina; e
• Indução de tensões harmônicas no circuito de campo, que comprometem a
qualidade das tensões geradas.
Assim, é importante que uma monitoração da intensidade destas anomalias
seja efetuada, com o propósito de assegurar operação contínua das máquinas
síncronas, evitando transtornos como perda de geração. No caso de instalações que
utilizam motores síncronos, as mesmas observações se aplicam.
2
∞
Vn
∑ ≤ 1,3% a 2,4% (10)
n = 2 n
Bancos de Capacitores
Relembramos que bancos de capacitores instalados em redes elétricas
distorcidas podem originar condições de ressonância, caracterizando uma
sobretensão nos terminais das unidades capacitivas.
Em decorrência desta sobretensão, tem-se uma degradação do isolamento das
unidades capacitivas, e em casos extremos, uma completa danificação dos capacitores.
Além disso, consumidores conectados no mesmo PAC (Ponto de Acoplamento
Comum) ficam submetidos a tensões perigosas, mesmo não sendo portadores de
cargas poluidoras em sua instalação, o que estabelece uma condição extremamente
prejudicial à operação de diversos equipamentos. Entretanto, mesmo que não seja
caracterizado uma condição de ressonância, um capacitor constitui-se um caminho de
baixa impedância para as correntes harmônicas, estando, portanto, constantemente
sobrecarregado, sujeito a sobreaquecimento excessivo, podendo até ocorrer uma
atuação da proteção, sobretudo dos relés térmicos.
Estes efeitos, isolados ou conjuntamente, resultam na diminuição da vida útil
do capacitor. Uma equação empírica (11) estima a vida útil de um capacitor.
7 , 45
1
VU = (11)
S ⋅ T
onde:
VU - vida útil em p.u.;
S - valor de pico da sobretensão em p.u.;
T - sobretemperatura em p.u.
De posse da equação (11) é possível traçar o comportamento da vida útil de
capacitores para vários valores de sobretensão e sobretemperatura. A Figura 33
ilustra a redução da vida útil dos capacitores em função da temperatura.
Qualidade da Energia – Fundamentos básicos (Mário Oleskovicz) 63
Figura 33 - Vida útil versus Sobretemperatura em capacitores
Dispositivos de Proteção
Estes dispositivos, quando submetidos a sinais distorcidos, podem atuar de
maneira incorreta, não retratando a real condição operacional do sistema.
Uma recomendação para o limite de operação de relés quando submetidos a
sinais distorcidos é apresentado pela equação 14.
∞
∑
n= 2
(Vn) 2 ≤ 5% (14)
6.3 Interharmônicos
São formas de ondas de tensões e correntes que apresentam componentes de
freqüência que não são múltiplos inteiros da freqüência com a qual o sistema é
suprido e designado a operar (50 ou 60 Hz). Estas inter-harmônicas podem
aparecer como freqüências discretas ou como uma larga faixa espectral. Podem ser
encontradas em redes de diferentes classes de tensões. As principais fontes são os
conversores de freqüência estáticos, cicloconversores, motores de indução e
equipamentos a arco. Sinais “carrier” em linhas de potência também podem ser
considerados como interharmônicos.
Os efeitos deste fenômeno não são bem conhecidos, mas admite-se que os
mesmos podem afetar a transmissão de sinais carrier (portadores) e a induzir flicker
(oscilação) visual no display de equipamentos como tubos de raios catódicos.
6.5 Ruído
Com respeito aos ruídos, estes podem ser definidos como sinais elétricos não
desejáveis com um conteúdo do espectro abaixo de 200 kHz, superposto à tensão e
corrente do sistema de energia nos condutores de fase ou obtidos sobre os condutores
neutros, ou ainda, nos sinais da linha.
Pode ser causado em sistemas de energia por equipamentos eletrônicos,
circuitos de controle, equipamentos a arco, cargas com retificadores de estado sólido
e fontes chaveadas e, via de regra, estão relacionados com aterramentos impróprios.
O problema pode ser atenuado pelo uso de filtros, isolamento dos transformadores e
condicionadores de linha.
• Flutuações Aleatórias
A principal fonte destas flutuações são os fornos a arco, onde as amplitudes
das oscilações dependem do estado de fusão do material, bem como do nível de
curto-circuito da instalação.
• Flutuações Repetitivas
Dentre as principais fontes geradoras de flutuações desta natureza tem-se:
- Máquinas de solda;
- Laminadores;
- Elevadores de minas e
- Ferrovias.
• Flutuações Esporádicas
A principal fonte causadora destas oscilações é a partida direta de grandes
motores. Os principais efeitos nos sistemas elétricos, resultados das oscilações
causadas pelos equipamentos mencionados anteriormente são:
- Oscilações de potência e torque das máquinas elétricas;
- Queda de rendimento dos equipamentos elétricos;
- Interferência nos sistemas de proteção e
- Efeito flicker ou cintilação luminosa.
Em relação aos efeitos em motores elétricos, o conjugado desenvolvido é
diretamente proporcional ao valor RMS da tensão e, estando os motores submetidos
a tensões flutuantes, estes passam a apresentar torques oscilantes no eixo. A Figura
37 mostra as curvas de conjugado eletromagnético e de carga de um motor de
indução quando da presença de tensões oscilantes aplicadas ao estator, onde se
verifica oscilações no conjugado motor, de amplitudes consideráveis.
120
Conjugado do
motor
100
80
60
40
20
0
Conjugado
-20
da carga
-40
-60
-80
-100
-120
-140
0 200m 400m 600m 800m 1 1.2 1.4 1.6 1.8 2 2.2 t(s)
Interrupção 1,0
Afund. com tensão mínima abaixo de 0,8
50%
Afund. com tensão mínima (50 e 70%) 0,4
Afund. com tensão mínima (70 e 90%) 0,1
DEFINIÇÕES:
Características do distúrbio
Monitores
~ Dispositivo
Autotransformador
variável
sob teste
13,8 kV
Alimentador 01
Alimentador 02
Fonte
60 Hz 138 kV Alimentador 03
Trafo Trafo
Trafos Distr. Trafo Trafos Trafo Distr. Trafos Trafo
~ 1e2 3 Part 1 4, 5, 6 e 7 Part 2 13 8, 9 e 10 Part 3
Sistema
equivalente
Transformador da Trafo
subestação Part 4 Trafos
138/13,8 kV BC1 BC2 BC3 11, 12 e 14
15/20/25 MVA
∆ carga carga
*
15000
10000
5000
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
Tempo (s)
Elevação de tensão
Outro distúrbio pode ser caracterizado por um aumento da tensão eficaz do
sistema (entre 10-80% da tensão, na freqüência da rede, com duração de meio ciclo a
1 min) e freqüentemente ocorre nas fases sãs de um circuito trifásico, quando ocorre
um curto circuito em uma única fase (Figura 43).
15000
10000
5000
Tensão (V)
0
-5000
-10000
-15000
-20000
Tempo (s)
Interrupção
Uma interrupção ocorre quando o fornecimento de tensão ou corrente de
carga decresce para um valor menor do que 0,1 p. u. por um período de tempo que
não excede 1 min (Figura 44). As interrupções podem ser resultantes de faltas no
sistema de energia, falhas nos equipamentos e mal funcionamento de sistemas de
controle. As interrupções são medidas pela sua duração desde que a magnitude da
tensão é sempre menor do que 10% da nominal.
15000
10000
5000
0
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
-20000
Tempo (s)
15000
10000
5000
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
0.00 0.05 0.10 0.15
Tempo (s)
Oscilação transitória
Também como para os casos anteriores, um transitório oscilatório é uma
súbita alteração não desejável da condição de regime permanente da tensão, corrente
ou ambas, onde as mesmas incluem valores de polaridade positivos ou negativos. É
caracterizado pelo seu conteúdo espectral (freqüência predominante), duração e
magnitude da tensão. Estes transitórios são decorrentes da energização de linhas,
corte de corrente indutiva, eliminação de faltas, chaveamento de bancos de
capacitores e transformadores, etc.
15000
10000
5000
Tensão (V)
-5000
-10000
-15000
Tempo (s)
Em geral a cor cinza é associada para cada cela para indicar sua energia na
decomposição. Considere a Figura 49 abaixo.
1 ∞ t −b
TCW (a, b ) = ∫ x(t )g a dt (1)
a −∞
onde a é a dilatação ou fator de escala e b é o fator de translação, e ambas as
variáveis são contínuas. É claro da equação 1 que o sinal original no domínio do
tempo x(t), com uma dimensão, é mapeado para uma nova função no espaço, de
dimensão dois, através dos coeficientes de escala e de translação pela TW. O
coeficiente da TW, em uma particular escala e translação - TCW(a,b), representa
quão bem o sinal original x(t) e a Wavelet mãe escalada e transladada se combinam.
Então, o conjunto de todos os coeficientes TCW(a,b) associados a um particular sinal
é a representação do sinal original x(t) com respeito a Wavelet mãe g(t).
Podemos visualizar a Wavelet mãe como uma função associada ao tamanho
da janela de dados. O fator de escala a e o tamanho da função associada à janela são
interdependentes, isto é, pequenas escalas implicam em pequenas janelas.
Conseqüentemente, podemos analisar componentes com pequenas faixas de
freqüência de um sinal com um pequeno fator de escala e componentes com largas
faixas de freqüência com um grande fator de escala, capturando, portanto, todas as
características de um sinal em particular.
A TW engloba um infinito conjunto de Wavelet devido à necessidade da
Análise de Multiresolução (AMR). Na AMR, as funções Wavelets são usadas para
construir blocos para decompor e construir o sinal em diferentes níveis de resolução.
A função Wavelet gerará uma versão detalhada do sinal decomposto e a função
escalamento gerará uma versão aproximada do sinal decomposto. Há muitos tipos de
Wavelets mães que podem ser empregadas na prática. Uma Wavelet mãe muito
empregada para uma grande faixa de aplicações é a Daubechies Wavelet. Esta é
idealmente aceitável para detectar um sinal com baixa amplitude, curta duração e
com rápido decaimento e oscilação, típico dos sinais encontrados em sistemas de
energia.
Análoga à relação existente entre a transformada contínua de Fourier e a
Transformada Discreta de Fourier (TDF), a Transformada Contínua Wavelet tem
1 k − nb a m
TDW (m, k ) = ∑ x(n )g o o
(2)
m ao
m
ao n
onde g(.) é a Wavelet mãe e os parâmetros de escala e de translação a e b são funções
de um parâmetro inteiro m, isto é, a = a om e b = nbo aom , que permite uma expansão da
família originada pela Wavelet mãe, gerando as Wavelets filhas. Nesta equação, k é
uma variável inteira que se refere a um número particular de amostra de um
determinado sinal de entrada. O parâmetro de escala permite o aumento da escala
geométrica, isto é, 1, 1/ao, 1/ao2, ... A saída da TDW pode ser representada em duas
dimensões de maneira similar a TDF, mas com divisões muito diferentes no tempo e
na freqüência.
Pela simples troca entre as variáveis n e k e rearranjando TDW temos:
∑ x(k )g (a )
1
DWT (m, n ) = −m
o n − bo k (3)
m
a o
k
D j (n ) = ∑ h(k )A j −1 (n − k )
k
A j (n ) = ∑ l (k )A j −1 (n − k )
k
onde l e h são vetores dos filtros passa baixa e alta respectivamente. D1 e Aj são os
detalhes e as aproximações na resolução j, j =1, 2, ..., J. Aj-1 é a aproximação do nível
imediatamente acima do nível j, k =1, 2, ..., K, onde K é o comprimento do vetor
filtro.
H L
2 2
D1 A1
Nível 1
H L
2 2
D2 A2
Nível 2
H L
2 2
D3 A3
Nível 3
Neste trabalho utiliza-se como wavelet mãe a família das Daubechies, mais
precisamente a daubechies de ordem 4, ou db4. Conforme mostrado em ARRUDA et
al. (2002) e também em muitos artigos desta área, esta wavelet mãe é bastante
adequada para decomposição dos distúrbios mencionados.
20
0 (a)
-20
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
1
0 (b)
-1
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
2
0 (c)
-2
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
1
0 (d)
-1
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06 0.07 0.08 0.09 0.1
Tensão (kv)
0.5
-0.5
-1
0.04 0.042 0.044 0.046 0.048 0.05 0.052 0.054 0.056 0.058
tempo (s)
2000
1000
amplitude
-1000
-2000
0.04 0.042 0.044 0.046 0.048 0.05 0.052 0.054 0.056 0.058
tempo (s)
Etapas na análise
Para uma melhor compreensão e definição dos principais termos empregados
que se referem ao assunto delineado, apresentam-se a seguir os fenômenos
caracterizados e analisados no decorrer deste trabalho (DUGAN et al., 1996).
Afundamento de tensão: Dependendo da localização da falta e das condições
do sistema, a falta pode causar um decréscimo temporário de 10-90% no valor
eficaz da tensão do sistema, permanecendo este distúrbio por um período de meio
ciclo até 1 min.
Elevação de tensão: Outro distúrbio que pode ser caracterizado por um
aumento da tensão eficaz do sistema (aumento entre 10-80% da tensão, com duração
Qualidade da Energia – Fundamentos básicos (Mário Oleskovicz) 116
de meio ciclo a 1 min) e que freqüentemente ocorre nas fases sãs de um circuito
trifásico, quando ocorre um curto circuito em uma única fase.
Interrupção: Uma interrupção ocorre quando o fornecimento de tensão ou
corrente de carga decresce para um valor menor do que 0,1 p.u., por um período de
tempo que não excede 1 min.
Ruído: Com respeito aos ruídos, estes podem ser definidos como sinais
elétricos não desejáveis com um conteúdo do espectro abaixo de 200 kHz,
superposto à tensão e corrente do sistema de energia. Geralmente a amplitude típica é
menor que 1% da tensão fundamental.
Oscilação transitória: É uma súbita alteração não desejável da condição de
regime permanente da tensão, corrente ou ambas, onde as mesmas incluem valores
de polaridade positivas ou negativas. É caracterizada pelo seu conteúdo espectral
(freqüência predominante), duração e magnitude da tensão.
Conclusões
Neste trabalho, abordou-se o emprego da técnica de Análise de Resoluções
Múltiplas (ARM) para detectar, localizar e classificar o distúrbio agregado às formas
de ondas de tensão. Além do exposto, os fenômenos delineados também foram
classificados segundo a sua natureza, utilizando-se de uma arquitetura de Rede
Neural Artificial (RNA).
O emprego da RNA vêm validar os resultados observados na Análise
Quantitativa do Limiar (AQL) no que diz respeito à classificação dos fenômenos.
Como justificado, os módulos MC (Módulo Completo - AQL) e MI (Módulo
Inteligente - RNA) desempenharão suas funções em paralelo. Em primeira instância,
com apenas meio ciclo de pós-fenômeno, teremos a detecção do distúrbio (ARM) e a
classificação do mesmo (MI). Assim, as medidas preventivas ou paliativas ao