You are on page 1of 80

- Os anos 1960

Profa. Ms. Priscilla


Ramos da Silva
Figuração
• Após a onda da abstração, que dominou
os anos 1950: retomada da figuração, em
seus diferentes encaminhamentos, no
mundo todo.
• Desejo de realidade, de ancorar a arte no
mundo real e cotidiano.
Panorama histórico
• Estavam superados os horrores e as
ruínas da Segunda Guerra Mundial.
• Sistemas de produção em expansão.
• Crescimento do consumo, com suas
promessas de conforto e bem-estar.
• Os anos 1960 são de euforia, de
hegemonia dos valores culturais norte-
americanos.
Pop Art
• Tendência mais decisiva no quadro das
vertentes figurativas dos anos 1960.
• Introduz na arte uma contribuição muito ampla,
de temas e técnicas inéditos.
• Técnicas tradicionais vistas como “anacrônicas”.
• Nova iconografia: estrelas do cinema, marcas
de produtos, heróis de histórias em quadrinhos
e desenhos animados, cantores do rádio e da
TV, etc.
• Multidão de imagens artificiais e híbridas:
imagens que vêm em avalanche, povoando
todos os cenários do cotidiano urbano.
Mescla dos meios
• A linguagem da arte apresenta múltiplas e
novas modalidades: relevos pintados,
ambientes, objetos, caixas pintadas,
composições que incorporam elementos
estofados ou inserem objetos do
cotidiano.
• Quebra da autonomia e da pureza das
técnicas convencionais.
Pop Art: absorção no Brasil
• Com a infiltração da pop art norte-americana,
rapidamente a cultura brasileira absorveu e
redimensionou essa influência.
• São assuntos da arte símbolos de grande poder
comunicacional: figuras de TV como o popular
Chacrinha, jogos de futebol, personagens de
crimes passionais, cantores da Jovem Guarda e
outras figuras marcantes do imaginário do
momento.
Arte, comunicação e política
• A arte torna-se muito mais comunicação,
desejosa de assumir um papel comunicacional
atuante na sociedade, de mesclar-se à vida da
massa, por meio de signos facilmente
reconhecíveis.
• No Brasil, a partir de 1964, com a instauração
do regime militar ditatorial, com a cruel
repressão dos direitos fundamentais do cidadão,
desencadeou expressões da arte que
desempenham um papel de resistência, uma
temática crítica e denunciadora. Arte polêmica,
comprometida com ideais políticos, sociais e de
liberdade.
Golpe Militar - 1964
• Esse marcante acontecimento leva vários
artistas a direcionar seu fazer artístico com os
anseios de liberdade, da resistência da
cidadania ao arbítrio militar.
• O interesse popular e social, que impregna as
manifestações artísticas, entram em confronto
com o regime militar e ditatorial.
• Vanguardas neo-realistas e neo-figurativas
permanecem ligadas ao pensamento de
esquerda.
Arte e revolução
• No Brasil dos anos 1960, para os jovens, o
papel do artista é não mais o de um criador ou
pesquisador de estéticas, mas o de
“revolucionário consequente”.
• Crítica da realidade brasileira: militarismo,
violência, fome.
• Artistas como agentes culturais criadores,
participantes de um amplo movimento político e
didático.
• Centros Populares de Cultura (CPCs).
AI-5 - 1968
• AI-5: Ato institucional que dissolve o
congresso e suspende os direitos civis.
Grupos/tendências - SP

• Realismo Mágico - Wesley Duke Lee


• Figuração Fantástica – José Roberto
Aguilar
• Arte Concreta Semântica – Waldemar
Cordeiro e Maurício Nogueira Lima
• Grupo Rex – Wesley Duke Lee, Nelson
Leirner, Geraldo de Barros, Carlos
Fajardo, José Resende
Wesley Duke Lee
Lee, Wesley Duke
A Zona , 1965
acrílica e óleo sobre tela
130 x 97 cm
Coleção Particular
Lee, Wesley Duke
A Zona: a Vida e a Morte , 1965
técnica-mista, c.i.d.
55 x 42 cm
Lee, Wesley Duke
O Guardião; a Guardiã; as
Circunstâncias (Tríptico),
1966
técnica-mista
197 x 107 cm; 150 x 56 cm;
136 x 60 cm
José Roberto Aguilar
Aguilar, José Roberto
Série do Futebol I , 1966
esmalte sintético a aerosol sobre tela
113,8 x 146,5 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo - MAC/USP
Aguilar, José Roberto
Sem Título , ca. 1965
Óleo sobre tela, c.i.d.
73 x 92 cm
Aguilar, José Roberto
Abstrato , 1965
óleo sobre tela
130 x 103 cm

Marcos Históricos
1965 - Opinião 65
Aguilar, José Roberto
Sem Título , 1965
esmalte sobre tela, c.i.d.
96,5 x 130 cm
RIO DE LUZ
Tinta acrílica sobre manequins, lâmpadas fluorescentes e monitor de vídeo
Waldemar Cordeiro

Cordeiro, Waldemar
Ambigüidade , 1963
tinta alumínio e espelho sobre tela
75 x 150 cm
Cordeiro, Waldemar
Popcreto para um Popcrítico , 1964
Madeira pintada, colagem com enxadão
82 x 82 cm
Coleção Particular
Cordeiro, Waldemar
Contra o Naturalismo Fisiológico Op. , 1965
madeira e rodas de bicicleta
110 x 150,5 cm
Coleção Particular
Cordeiro, Waldemar
Contra os Urubus da Arte
Concreta Histórica , 1964
montagem com calota, guidão
e roda de triciclo
110 x 80 cm
Cordeiro, Waldemar
Viva Maria , 1966
bandeira com feltro
68 x 98 cm
Coleção Particular
Cordeiro, Waldemar
Auto-Retrato Probabilístico , 1967
montagem com fotos e palavras sobre chapas de acrílico
34,5 x 29,5 x 31 cm
Coleção Particular
Cordeiro, Waldemar
O Beijo , 1967
objeto eletromecânico e fotografia p&b sobre papel
50 x 45,2 x 50 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo
Antonio Saggese

Descrição: Objeto eletromecânico simulando movimento da imagem de uma boca.


Maurício Nogueira Lima

sem título, 1966


acrílica s/ aglomerado
79,5 x 80 cm
coleção Roberto Carlos
foto Alê Rodrigues
Argh!, 1968
acrílica s/ aglomerado
120 x 120 cm
coleção Selma Sevá
sem título, 1970
acrílica s/ tela
100 x 100 cm
coleção Gesel Himmelstein
foto Alê Rodrigues
Maurício Nogueira Lima
Não entre à esquerda, 1964
Acervo MAM-SP
Grupo Rex
• União temporária, de 1966 a 1967, que
associava Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros,
Nelson Leirner, Nicolas Vlavianos, Tereza
Nazar, Thomaz Souto Correa, Frederico Nasser,
José Resende e Carlos Fajardo.
• Cooperativa de artistas cujo objetivo era
questionar a precariedade do sistema da arte.
• Jornal: Rex Time.
• Galeria: Rex Gallery &Sons.
• Após um ano do início do grupo, decidem fechar
a galeria com um happening de Leirner.
Grupo Rex
Rex Time
• Happening “Não-exposição”: convidava o público a
cortar as correntes que prendiam os quadros às paredes
e levar tantas obras quanto possível.
Happenings de Leirner e Lee:
• baseiam-se em uma subversão das
condições habituais de exposição, em
uma clara referência às condições do
mercado de arte.
• Relação não-hierarquizada com o
espectador (participação do público)
• Visão desmistificadora da arte
Nelson Leirner
Leirner, Nelson
O Porco , 1966
porco empalhado em engradado de madeira
83 x 159 x 62 cm
Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil
Registro fotográfico Romulo Fialdini
Leirner, Nelson
A-doração , 1966
painel com oleografias, pintura e néon em ambiente cortinado circular,
com roleta em frente
201 x 160 x 260 cm
Coleção Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand (São Paulo,
SP)
Homenagem a Fontana II, 1967
Leirner, Nelson
O Grande Combate , 1985
imagens de santos, divindades afro-brasileiras, bonecos infantis e réplicas de animais
Coleção do Artista
Antonio Henrique Amaral

Ditador, 1967
Banana, 1968
Brasiliana 9 (1969)
Campo de batalha 5, 1973
Campo de batalha 25, 1974
Cláudio Tozzi

1967
Veja o nú, 1968
Tozzi, Claudio
Bandido da Luz Vermelha , 1967
liquitex sobre hardboard
95 x 95 cm
Coleção do Artista
Tozzi, Claudio
Usa e Abusa , 1966
tinta em massa e acrílica sobre madeira
33 x 52 cm
1967
A subida do foguete, 1969

Astronautas, 1969
Grupos/Tendências/Eventos - RJ
• Neoconcretrismo - Fundadores: Amilcar de
Castro, Ferreira Gullar, Franz Weissmann, Lygia
Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim, Theon
Spanudis. Integrantes: Aluísio Carvão, Hélio
Oiticica, Hércules Barsotti, Roberto Pontual,
Willys de Castro e outros.
• Neo-realistas – Antonio Dias, Carlos Vergara,
Rubens Gerchman, Roberto Magalhães, Pedro
Escosteguy
• Mostras: Opinião 65, Opinião 66 e Nova
Objetividade Brasileira.
Antonio Dias

A luta diária, 1966


Dias, Antonio
Um Pouco de Prata para Você , 1965
técnica-mista
122 x 122,2 x 15,5 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM/RJ
Dias, Antonio
Coração para
Amassar , 1965
acrílico sobre tela,
estofado, retro-
iluminado
95 x 109 cm
Coleção do Artista
Dias, Antônio
Nota sobre a Morte Imprevista , 1965
técnica-mista sobre hardboard e tecido
150 x 122 cm
Coleção do Artista
Dias, Antonio
A História Errada , 1966
guache e nanquim
26 x 36 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Criança, 1968
Pedro Escosteguy

Escosteguy,
Pedro
Linha de
Força [Ação]
, 1965
mista sobre
madeira
120 x 150 cm

Coleção
Particular
Rubens Gerchman
Gerchman, Rubens
Concurso de Miss , 1965
acrílica sobre tela
140 x 280 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Gerchman, Rubens
Os 99 Heróis do Estádio , 1965
nanquim e guache sobre papel, c.i.e.
50 x 65 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Rubens Gerchman,
É proibido dobrar à
esquerda, 1965
Guache s/ papel,
54.1 x 74.4 cm
Prêmio Aquisição
II Jovem Desenho Nacional

Registro do início de sua produção artístista conhecida como ‘fase negra’, na qual multidões negras,
de indivíduos anônimos, cobriam todo, ou quase todo, o espaço da tela e/ou do papel;
“É proibido dobrar a esquerda”, particularmente, parece denunciar, em entremeio a crítica
da massificação do ser humano na dinâmica própria da sociedade capitalista contemporânea,
a atmosfera de ‘caça as bruxas’ que se instaurou no país, logo após o golpe militar de 1964.
Gerchman, Rubens
A Bela Lindonéia , 1966
acrílica, vidro bisotê e colagem sobre madeira
90 x 90 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Gerchman, Rubens
O Homem da Estrela Solitária , 1967
guache e nanquim sobre papel
51 x 12 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - MAM RJ
Gerchman, Rubens
Os Desaparecidos , 1968
acrílica sobre tela
120 x 102 cm
Coleção Jean Boghici
Opinião 65
• Primeira manifestação artística coletiva de vanguarda
após o golpe de 1964.
• A mostra tinha caráter político, instigando os artistas a
opinarem sobre a situação política brasileira e,
paralelamente, sobre a sua própria arte.
• Participaram da exposição não apenas os neo-realistas
cariocas como alguns jovens atuantes em São Paulo,
entre eles Waldemar Cordeiro (antigo concretista), e
José Roberto Aguilar, e antigos integrantes do
movimento neoconcreto, como Ivan Serpa e Hélio
Oiticica, que pela primeira vez apresenta os seus
Parangolés, além de artistas estrangeiros radicados em
Paris.
Hélio Oiticica
Propostas 65 - SP
• Alguns meses mais tarde, em dezembro de 1965,
Waldemar Cordeiro articula a exposição e os debates
realizados na FAAP durante a Propostas 65, os quais
abriram espaço para discussão, entre artistas e críticos,
sobre a neovanguarda no Brasil.
• O evento, nos mesmos moldes de Opinião 65, pretendia
discutir as diferentes tendências realistas de vanguarda
no país não apenas através da mostra da produção dos
artistas, como também de uma série de debates.
• O conteúdo da mostra ia muito além dos referenciais
realistas. A exposição enfrentou um problema de
censura quando as autoridades excluíram as obras do
poeta Décio Bar, o que o levou, e a Mário Gruber, a
retirar suas obras.
Nova Objetividade Brasileira - 1967
• A mostra Nova Objetividade contou com a participação dos críticos
Mário Pedrosa, Mário Schenberg, Sérgio Ferro, Frederico de Morais
(este curador da mostra, entretanto levada a termo por Mário
Barata), além de Waldemar Cordeiro e Hélio Oiticica. Participaram
da exposição quarenta artistas, alguns de rápida passagem pelas
artes plásticas, outros de importante renome.
• No catálogo da mostra foi lançado o ideário da Nova Objetividade,
formulado por Hélio Oiticica através do texto Esquema Geral da
Nova Objetividade. O documento destacava:
- a vontade construtiva da herança concretista e neoconcretista
- a superação das categorias tradicionais de artes plásticas e a
tendência para o objeto
- o abandono do esteticismo formalista em favor de uma abordagem
semântica voltada para os problemas éticos, políticos e sociais
- a emergência das questões da anti-arte e a tendência para as
manifestações coletivas abertas à participação do público

You might also like