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Apresentação 03
Introdução: O Ensino da Língua Portuguesa 05
1 Compreendendo a Comunicação 08
1.1 A Importância de Falar e Escrever bem 09
1.2 A Leitura 10
1.3 O Domínio do Idioma é hoje elemento de primeira necessidade 11
1.4 O Ato de Ler 14
1.5 As Leituras 15
1.6 Apostando na Leitura 17
1.7 Por que estudar a Língua Portuguesa? 18
2 Linguagem, língua, signo e fala 21
2.1 Signos Verbais e Signos Não-Verbais 21
2.2 Língua 21
2.3 Elementos Estáveis e Instáveis da Língua 22
2.4 Fala 23
2.5 Língua Falada e Língua Escrita 24
3 Variedade e Unidade da Língua Portuguesa 26
4 O Processo de Comunicação 27
4.1 Métodos de Comunicação 29
4.2 Barreiras da Comunicação Eficaz 31
4.2.1 Superando as Barreiras 32
5 Funções da Linguagem 33
6 Níveis da Linguagem 38
1 Redação Oficial 71
1.1 Princípios da Redação Oficial 71
1.2 Segredos da Redação na Correspondência 72
2 Correspondência 73
2.1 Memorando 73
2.2 Ofício 75
2.3 Introduções e fechos 77
2.4 Procuração 78
2.5 Relatório 79
3 Formas de Tratamento utilizadas na Redação Oficial 80
3.1 Aprenda a se expressar na Língua Escrita 83
4 Mensagens Eletrônicas - Email 84
4.1 Exemplário de Mensagens Eletrônicas 86
4.2 Por trás das carinhas - Internet 87
5 Leitura Complementar – Texto: A Cidadania Plena, em uma Sociedade 88
como a nossa, so é possível para os leitores.
REFERÊNCIAS 89
2
Apresentação
3
Passar-se-á a compreender que quando um profissional codifica suas idéias em
mensagens, à medida que se comunica com outra pessoa, ele precisa refletir na sua
habilidade, atitude, conhecimento e sistema-sócio-cultural, de forma à reduzir, minimizar
ou mesmo eliminar, qualquer distorção no processo de comunicação.
Hoje, no mercado globalizado e emergente, falar e escrever bem faz o
diferencial, já que são ferramentas imprescindíveis para o eficaz desempenho do processo
de comunicação de qualquer máquina administrativa, condição sine qua non tanto para a
manutenção quanto para um especial marketing pessoal.
Seja bem-vindo (a) ao processo pela busca do saber, onde você é um sujeito
ativo e o professor um mediador, e que juntos, possamos estabelecer uma cumplicidade
valorizada por curiosidade, motivação e exigência, propiciando a finalidade principal do
ensino universitário: o exercício da crítica na pesquisa, no ensino e na extensão.
Lembro que todas as orientações para a formatação e uniformização dos
trabalhos acadêmicos estão apresentadas e seguem os critérios da ABNT - Associação
Brasileira de Normas Técnicas, através das Normas Brasileiras Regulamentadoras - NBR s
6.023 (Referências) e 10.520 (Citações), como aqueles definidos pelo UNICEUMA.
Bons estudos!
4
Introdução: O Ensino da Língua Portuguesa
5
O ensino da língua portuguesa e suas linguagens não deveria ser apenas tarefa
do professor de Português, mas de todos os professores, pois ela é fundamental em todas as
áreas do conhecimento.
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MÓDULO I –
FUNDAMENTOS
LINGUISTICOS DA
COMUNICAÇÃO
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1 Compreendendo a Comunicação
Caso contrário, ninguém saberá que ela foi tomada. A melhor idéia, a sugestão
mais criativa, ou o melhor plano, não podem acontecer sem comunicação. Os profissionais
precisam então de habilidades de comunicação.
O QUE É COMUNICAÇÃO?
Um outro ponto que se deve ter em mente é que a boa comunicação é muitas
vezes definida de forma errônea pelo comunicador como concordância, em vez de clareza
de compreensão. Por exemplo, se alguém discorda de nós, é comum supormos que a pessoa
simplesmente não compreendeu inteiramente a nossa posição.
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Vale ressaltar que este estudo tem o foco voltado para a comunicação
interpessoal.Trata-se da comunicação entre duas ou mais pessoas, em que as partes são
tratadas como indivíduos e não como objetos.
Entretanto, para que esses indivíduos alcancem seus objetivos assim como uma
maior capacitação e qualificação, é preciso dedicação em um instrumento imprescindível,
indispensável, portanto, impenhorável: A leitura.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Comente, livremente, o texto do Prof. Emanoel Sousa Costa, sobre o que é Comunicação.
Boa sorte!
Escrever e falar bem não são tarefas fáceis, isso é fato. Mas, de certo modo,
qualquer pessoa pode sim escrever corretamente e expressar de maneira clara suas idéias
através da fala. Isto é praticamente algo acessível à todas as pessoas, dependendo de uma
série de fatores que, normalmente, podem ser conseguidos individualmente, sem
dependência de mestres ou incentivos de qualquer natureza. Claro que a habilidade de
combinar palavras, aliada à capacidade de inventar ou narrar histórias e descrever cenários
interessantes são bastante
pessoais. Todo o conhecimento adquirido com o estudo da língua
Mas não se trata portuguesa facilita o nosso convívio social. É através dele que
se torna possível expressar, com lucidez, idéias, sensações e
aqui de escrever textos
opiniões de forma culta e agradável, sem causar
complexos, falar uma língua constrangimentos ou algo parecido. Com todo o seu estoque de
extremamente rica em seu palavras e regras, a língua portuguesa acaba por se
vocabulário, coisas de difícil transformar num elo de entendimento entre as diferentes
entendimento para a maioria classes sociais, além, naturalmente, de revelar um mundo de
das pessoas, e que exige riqueza em sabedoria para todo ser social que almeja o
estudo mais aprofundado da sucesso, não somente como detentor de conhecimentos, mas
língua. Não se trata de também como ser humano.
transformar todos em exímios Daniele Amaral
escritores e oradores
eloquentes; trata-se de algo bem mais simples: escrever e falar de forma adequada, clara,
fazendo o receptor entender exatamente o que se quer dizer. É simples, mas não é o que se
observa. Tanto que salta aos olhos e ouvidos um texto relativamente bem escrito ou um
discurso um pouquinho mais cuidadoso que seja.
Por exemplo, em uma seleção ou entrevista de emprego, quem será que leva a
melhor? Aquele candidato que redigiu seu currículo com certo cuidado ou aquele que não
teve habilidade para tal? Aquele que sabe se expressar diante do entrevistador ou aquele
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que titubeia na construção da fala? E olha que, dependendo do emprego pretendido, não é
exatamente necessário ter um domínio das letras digno de uma cadeira na Academia
Brasileira de Letras.
Dessa forma, no dia-a-dia nota-se a importância de falar e escrever bem:
conquista-se o respeito das pessoas, os lugares de destaque na sociedade, a liderança de um
grupo, a promoção na empresa. E quanto maior o domínio da escrita e da fala, maior o nível
de conhecimento, e vice-versa, representando um movimento cíclico. O importante é tomar
a iniciativa, dar o primeiro passo.
Evidentemente, nenhum ser humano nasce escrevendo ou lendo, é preciso ser
treinado. E após essa conquista, torna-se necessário o aprimoramento, através do ato de ler
e escrever. Parece algo óbvio, não é? Mas, então, por que as pessoas não fazem isso? E se o
fazem, por que não fazem bem? Afinal, não basta ler, é preciso ler “bem”. Ler como lazer
não é como ler para aprender, infelizmente. Para aprender mais é preciso analisar o texto,
aprender com as construções, o modo como o autor descreve a história e os vocábulos
utilizados.
Finalmente, pratica-se a escrita e a fala “imitando” o que se leu, e com o tempo
escrever e falar se tornam algo simples e natural, sem que haja esforço para isso,
aproveitando as vantagens que a boa escrita e a boa fala podem proporcionar.
1.2 A Leitura
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A responsabilidade pelo ensino da leitura e produção de textos não é exclusiva
do professor da Língua Portuguesa, mas é seu compromisso prioritário. E para o sucesso
desse projeto não é suficiente prover o aluno de um estoque de conhecimentos gramaticais,
nem habituá-lo à analisar e produzir frases isoladas: é necessário dar um passo além, já que
a construção de um texto envolve mecanismos mais complexos do que a mera justaposição
de uma frase ao lado de outra. O passo além, consiste em descrever os mecanismos de
construção textual e capacitar o aluno a operar com eles.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Explicite a sua compreensão sobre o texto acima, explicando a dupla aptidão que
ninguém pode ignorar.
Boa sorte!
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projetos de vida bem-sucedidos e no campo profissional pode fazer a diferença entre o
emprego e o desemprego.
Se socialmente, um indivíduo que se expressa ou escreve mal é visto com
ressalvas, na esfera profissional essas ressalvas multiplicam-se, com um agravante: a
desconfiança não fica restrita à habilidade de comunicação, mas também à competência
profissional.
Sem contar que a forma como você se expressa, seja oralmente ou por escrito, é
o indicativo primeiro do seu grau de instrução, sua postura diante da vida, seu tipo de
personalidade. Quem escreve e fala bem, demonstra pensamento sistematizado, raciocínio
lógico e clareza de idéias.
É como se sua forma de se comunicar “contasse” um pouco de sua história. E
mais do que isso: é o meio que você utiliza para se relacionar com as outras pessoas, com o
mundo.
Português fluente?
A exigência atual é de um terceiro idioma (o inglês já é uma espécie de
pressuposto), porém, muitos ainda se dedicam ao aprimoramento do seu primeiro idioma.
Os sinais estão por toda parte. Nunca foram publicados tantos livros sobre o uso correto do
idioma: há sites que literalmente dão aulas do idioma e tiram dúvidas via internet, como,
por exemplo, www.portugues.com.br e www.gramaticaonline.com.br;. Sem contar que
bons profissionais deste ramo, como o professor de português Pasquale Cipro Neto, e o de
expressão verbal Reinaldo Polito, ganharam status de celebridade. São convidados para
palestras com auditórios lotados, participam de programas de entrevistas, disparam o índice
de audiência de programas de auditório.
Dificuldade coletiva
Apesar da preocupação com o domínio efetivo do idioma, a realidade é que a
maioria dos brasileiros tem um nível de conhecimento sofrível e poucos são os que
dominam a norma culta do idioma. Tanto, que o domínio do português passou de obrigação
à diferencial. E esta não é uma realidade nova. Há anos a prova de língua portuguesa
(gramática, literatura e a temida redação) é eliminatória nos vestibulares do País para
qualquer curso, mesmo para os ligados às disciplinas de Exatas e Biológicas. Para ingressar
no mercado de trabalho, a exigência permanece no processo seletivo. Por motivos óbvios.
Afinal, na era do conhecimento e da informação, uma comunicação com clareza e
objetividade é obrigatória.
Alicerce humano
Se você sempre encheu o peito para declarar o seu ódio ao idioma e na escolha
do curso universitário fugiu das carreiras da área de humanas para livrar-se do incômodo de
estudar a língua portuguesa... pior para você. A linguagem é a base de tudo e sem ela o
domínio de todos os outros aprendizados fica comprometido. Por exemplo, considera-se
que não há mais lugar para o engenheiro que não sabe redigir um relatório, o médico que
não tem habilidade para “traduzir-se” para o paciente, o líder – de qualquer segmento – que
não consegue conduzir uma reunião com começo, meio e fim.
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O mundo do trabalho, com o avanço tecnológico, mudou muito. Hoje
predominam a força do trabalho em equipe, negociações, fusões e cooperações. Ações estas
que exigem habilidade para a comunicação articulada, fluente e clara.
Portanto, vale ressaltar que aqueles que só se preocupam com o ato de falar
devem estar cientes que grande parte da comunicação com o mercado, que antes era feita
por telefone, agora é feita por e-mail. Já imaginou a idéia que um cliente poderá fazer de
você e da sua empresa vendo erros grosseiros de troca de “s” por “ç”, crimes com as
conjugações verbais e pior, textos confusos e desconexos.
13
1.4 O Ato de Ler
14
capacidade de duvidar. Afinal, será essa a única maneira de organizar a vida? Será esse o
único mundo que somos capazes de fazer? Não será possível pensar a humanidade em
outros termos? Esse exercício da dúvida é sempre benéfico, pois oferece condições de
superar as leituras mais imediatas da realidade, atingindo releituras importantes para quem
se preocupa com a saúde social e física do ser humano.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
1.5 - As Leituras
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invistam na vontade de “descansar a cabeça”, oferecendo assim um elenco de informações
e idéias que reforçam os valores sociais dominantes. Isso também é relativo, pois há quem
defenda esses valores.
Portanto, lembre-se: a leitura intelectual implica uma atitude crítica, voltada não
só para a compreensão do “conteúdo” do texto, mas principalmente ligada à investigação
dos procedimentos de quem o produziu. Por isso, ao ler, levante sempre a questão: “Mas, o
que pretendia quem escreveu isto?”.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Defina, em uma frase cada uma das seguintes leituras: leitura sensorial; leitura
emocional e leitura intelectual.
Boa sorte!
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1.6 Apostando na Leitura
Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da vida, a leitura
de livros necessita de aprendizado mais regular, que geralmente acontece na escola. Mas
leitura, seja de mundo ou de livros, só se aprende e se vivencia de forma plena
coletivamente, em troca contínua de experiências com os outros. É nesse intercâmbio de
leituras que se refinam, reajustam e redimensionam hipóteses de significado, ampliando
constantemente a compreensão dos outros, do mundo e de si mesmo.
Da proibição de certos livros (cuja posse poderia ser punida com a fogueira) ao
prestígio da Bíblia, sobre a qual juram as testemunhas em júris de filmes norte-americanos,
o livro, símbolo da leitura, ocupa lugar importante na sociedade.
Foi o texto escrito que o mundo ocidental elegeu como linguagem que
representa a cidadania, a sensibilidade e o imaginário. É ao texto escrito que se confiam as
produções de ponta da ciência e da filosofia; é ele que regula os direitos de um cidadão para
com os outros, de todos para com o Estado e vice-versa.
Pois a cidadania plena, em sociedade como a nossa, só é possível – se e quando
ela é possível – para leitores. Por isso, a escola é direito de todos e dever do Estado: uma
escola competente, como precisam ser os leitores que ela precisa formar.
Daí, talvez, o susto com que se observa qualquer declínio na prática de leitura,
principalmente dos jovens, observação imediatamente transformada em diagnóstico de uma
crise da leitura, geralmente encarada como anúncio do apocalipse, da derrocada da cultura e
da civilização.
São os livros uns mestres mudos que ensinam sem fastio, falam a verdade sem
despeito, repreendem sem pejo; amigos verdadeiros, conselheiros singelos; e assim
como a força de tratar com pessoas honestas e virtuosas se adquirem insensivelmente
os seus hábitos e costumes, também à força de ler os livros se aprende a doutrina que
eles ensinam. Forma-se o espírito nutre-se a alma com os bons pensamentos; e o
coração vem por fim experimentar um prazer tão agradável, que não há nada que se
compare; e só o sabe avaliar quem chegou a ter a fortuna de o possuir.
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1.7 Por que estudar a Língua Portuguesa?
18
regula pela escrita, pelo livro, pelo cheque, pelo documento, o domínio linguistico passa a
ser não só um objetivo, mas uma necessidade. É através da língua que se alcançam os
objetivos pessoais e sociais, em um caminho que começa na escola e se expande para a
vida.
A língua: uma leitura do mundo
Pensando a língua como uma forma de conhecimento que vai além da
linguagem, isto é, que não serve apenas para a comunicação, pode-se dizer que ela permite
ler a sociedade através de seus costumes e instituições. Um exemplo: uma estátua, uma
catedral, são formas de linguagem, um modo de ler de forma particular um tempo e uma
circunstância que liga o homem à uma certa realidade. E essa leitura revela-se capaz de
determinar a importância de uma obra e ao mesmo tempo, estabelecer relações com uma
consciência viva.
Por que estudar a língua?
Se a língua, no caso, o idioma português, permite essa abrangência do mundo,
por que é tão difícil o seu estudo? Talvez se possa dizer que, na realidade, o que dificulta o
aprendizado é a circunstância de que na fase escolar, a matéria de Língua Portuguesa é vista
como uma simples disciplina do programa, quando, de fato, é muito mais do que isso. O
estudo da língua materna é um processo que acompanha o sujeito de forma permanente,
fazendo com que, quanto maior o domínio de sua própria língua, maior também a
possibilidade de conhecer o mundo.
As outras “línguas”
Ocorre que a vida moderna está marcada por um desenvolvimento como
certamente não se conheceu antes, mas também por uma dinâmica que faz com que o
mundo se abra à novas linguagens, representadas pela cultura que traz as mais recentes
tecnologias, bem como por uma necessidade de acompanhar essa nova realidade. Desse
modo, pode-se dizer que, além do estudo e conhecimento da nossa própria língua, estamos
todos comprometidos com outras realidades culturais que obrigam à essa educação
permanente. Vale ressaltar que como vivemos em um país em desenvolvimento, ficamos à
mercê de uma nova linguagem, representada pelos estrangeirismos, isto é, palavras que
usamos na comunicação corrente mas que no entanto, provém de outras línguas,
especialmente o idioma inglês. Embora seja um fenômeno linguistico comum à todas as
línguas, é necessário saber que a inclusão de termos novos significa não somente a
apreensão de uma nova palavra, mas também a assimilação de uma nova cultura.
Não é demais lembrar que é através da própria língua que nos tornamos
brasileiros e, portanto, é pela língua portuguesa que isso é possível. Muitas vezes, por
desconhecimento de certas realidades, acabamos preterindo a língua materna em favor de
uma outra. Isso é natural. O estudo sistemático na escola possibilita ver, compreender e
rever isso. Torna-se discutível, o uso de termos e expressões estrangeiros sem que isso
represente uma necessidade, ou o que é pior: quando isso é feito por mera imitação.
O real conhecimento da própria língua se situa como um dos aspectos mais
importantes não só do estudo escolar, mas, principalmente, da vida prática, na medida em
que é por esse conhecimento que o indivíduo se reconhece como pessoa e como cidadão.
(Texto de Volnyr Santos, doutor em Letras, professor de Língua Portuguesa e Literatura na PUCRS).
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“Estudamos a língua portuguesa para nos distanciarmos de nossa condição
animalesca, nos tornando pessoas humanas, que dialoga e interage no meio em que
vive. Devemos conhecer a fundo nossa língua para usá-la como instrumento de
transformação social, promovendo e enriquecendo a cultura. Quem lê fala e escreve
bem, é luz para os indivíduos que não têm visão crítica da realidade. E mais, além de
detectar os problemas, apresenta soluções. Podemos concordar que o estudo de nossa
língua nos leva a enfrentar os problemas sociais vantajosamente, além de enfrentar o
mercado de trabalho em melhores condições.”
Elvisley Araújo
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2. Linguagem, língua, signo e fala
Os signos verbais são as palavras que constituem uma língua. Por exemplo:
Os signos não-verbais referem-se à qualquer outro signo que não seja a palavra
falada ou escrita. Esses signos são criados com desenhos, sons, cores etc.
Considera-se que uma linguagem não é um simples amontoado de signos, mas
um conjunto de signos que se relacionam entre si, de forma organizada, formando um
sistema. Quando os signos se organizam, afirma-se que eles constituem uma linguagem.
Por isso, é possível falar em linguagem do trânsito, linguagem da matemática, linguagem
dos gestos, linguagem da música e outras.
Linguagem é todo sistema organizado de signos que serve como meio de comunicação
entre os indivíduos.
2.2 Língua
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fazendeiros, como um bando assustado, cruzavam-se nas ruas a perguntar uns aos outros, o
medo nos olhos e na voz:
- Será que não vai parar?
- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Inglês
In that year of 1925, when the idyll of the mulatto girl Gabriela and Nacíb the
Arab began, the rains continued long beyond the proper and necessary season. Whenever
two planters met in the street, they would ask each other, with fear in their eyes and voices:
“How long can this keep up?”
- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Italiano
In quell’anno 1925, quando sbocciò L’idillio della mulatta Gabriella e
dell’arabo Nacib, il periodo delle piogge s’era tanto prolungato oltre il naturale e il
necessario che i proprietari sostavano sugli angoli delle strade, come gregge smarrito, per
chiedersi l’un l’altro, la paura negli occhi e nella voce:
- Finirà?
- Trecho do romance “Gabriela, cravo e canela” em Espanhol
En aquel año de 1925, cuando floreció el idilio de la mulata Gabriela y del
árabe Nacib, la estación de las lluvias habíase prolongado más allá de lo normal y
necessario, a tal punto que los plantadores, como un rebaño asustado, al entrecruzarse en
las calles se perguntaban unos a otros, con miedo en los ojos y en la voz:
- ¿No parará nunca?
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Em relação à modificação no tempo considera-se que há termos que deixam de
ser empregados ou passam a ser empregados em um só sentido, sem contar as palavras
novas que se incorporam à língua, enriquecendo-a. Televisor, por exemplo, é uma palavra
que só passou a fazer parte do vocabulário no início de 1931, quando esse aparelho foi
inventado. O mesmo observa-se com o celular.
Destaca-se que também ocorrem mudanças no espaço, no local em que se
emprega a língua. Dessas mudanças surgem diferenças que no entanto, não chegam à
impossibilitar a comunicação entre falantes da mesma língua que vivam em locais diversos.
Vale ressaltar que a gíria consiste no exemplo mais evidente da instabilidade da
língua.
Leia o fragmento:
Me olhando assim, cara? Eu relaxei numa boa e fechei os olhos, ela começou a levar
um som em inglês que num sacava, cara, era um lance da gente se falar sem se falar
que durou até o céu ficar pretão.
2.4 Fala
23
Comparando os textos, conclui-se:
a) os três títulos tratam do mesmo assunto;
b) os três redatores empregaram o mesmo código: a língua portuguesa;
c) os redatores obedeceram às regras de funcionamento do português, como
qualquer falante da língua que deseje comunicar-se adequadamente.
Apesar dessas semelhanças, os textos não são iguais, porque cada emissor
empregou a língua a sua maneira, com seu estilo próprio, individual.
Cada usuário da língua faz uso individual do código. A essa utilização pessoal,
particular da língua, dá-se o nome de fala.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
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falado e o código escrito, cada um com suas regras próprias de funcionamento. Entre elas
destaca-se:
A língua falada se concretiza por meio da emissão dos sons da língua, os fonemas. Na
escrita, utilizam-se as letras, que não mantêm uma correspondência exata com os fonemas:
há letras que representam fonemas diferentes (a letra x, por exemplo, em exame, xadrez e
sintaxe); há fonemas representados por mais de uma letra; há até casos em que a letra não
representa nenhum fonema (h em homem, por exemplo). Fatos como esses fazem com que
a ortografia se torne complexa; ora, é óbvio que essa questão afeta diretamente o manejo da
língua escrita, tendo reduzida influência sobre o código falado.
O código oral conta com elementos de expressividade que o código escrito não consegue
reproduzir com muita eficiência. Destaca-se a acentuação e a entonação, capazes de
modificar completamente o significado de certas frases e que só são parcialmente
recuperáveis por certas construções da língua escrita. Há, por exemplo, várias formas de
falar a palavra sim, podendo-se até atribuir-lhe significação oposta à usual.
Na escrita, o que se pode fazer são construções do tipo:
O uso de algumas estruturas gramaticais é bastante diferente nos dois códigos. Enquanto
a língua falada utiliza exclamações e onomatopéias e produz frases muitas vezes inacabadas
ou com rupturas de construção, a língua escrita desenvolve frases mais logicamente
construídas, evitando a repetição de termos, comum durante a fala. Além disso, certos
tempos verbais (como o pretérito mais-que-perfeito simples: cantara, bebera e sentira, por
exemplo) e certas construções (com o pronome relativo cujo, por exemplo) são
praticamente exclusivos da língua escrita.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
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3 Variedade e Unidade da Língua Portuguesa
b) Sociais: o português empregado pelas pessoas que têm acesso à escola e aos meios de
instrução difere daquele empregado pelas pessoas privadas de escolaridade. Algumas
classes sociais, assim, dominam uma forma de língua que goza de prestígio, enquanto
outras, são vítimas de preconceito por empregarem formas menos prestigiadas. Cria-se,
desta maneira, uma modalidade de língua – a norma culta -, que deve ser adquirida
durante a vida escolar e cujo domínio é solicitado como forma de ascensão profissional
e social. O idioma é, portanto, um instrumento de dominação e discriminação.
Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos
desenvolvem a fim de evitar a compreensão por parte daqueles que não pertencem ao
grupo. O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil dos
integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma
quadrilha de contrabandistas. Assim se formam as gírias, variantes linguisticas sujeitas
à contínuas transformações;
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ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
1) Ei. Bichim.. Isso é um assalto... Arriba os braços e num se bula nem faça fumaça...
Arrebola o dinheiro no mato e não faça pantim, se não enfio a pexeira no teu bucho e
boto teu fato de fora. Perdão meu Padim Ciço, mas é que eu tou com uma fome da
moléstia...
2) Ô sô, prestenção... Isso é um assarto, uai... Levanta os braço e fica quetin quié mió
procê... Esse trem na minha mão tá chei de bala... Mió passá logo os trocados que eu
num tô bão hoje... Vai andando, uai!... Ta esperando que, sô ??
3) Ô guri, fica atento báh... Isso é um assalto... Levanta os braço e te aquieta, tchê!...
Não tente nada e cuidado que esse facão corta uma barbaridade, tchê... Passa as pilas
pra cá! E te manda a lá cria, senão o quarenta e quatro fala.
Boa sorte!
4 O Processo de Comunicação
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As atitudes influenciam o comportamento. O sujeito possui idéias
preconcebidas a respeito de diversos assuntos, e estas idéias afetam as comunicações. Além
disso, deve-se considerar que o indivíduo é restrito em suas atividades comunicativas pela
extensão de seu conhecimento a respeito de um assunto particular.
Não se pode comunicar o que não se sabe; e se o conhecimento for muito
extenso, é possível que o receptor não compreenda a mensagem. É claro que a quantidade
de conhecimento que se possui a respeito de um assunto afeta a mensagem que se quer
transferir. Finalmente, como as atitudes influenciam o comportamento, o mesmo ocorre
com a posição no sistema sócio-cultural em que o sujeito está inserido.
Dessa forma, considera-se que as crenças e os valores atuam de forma a
influenciar como fontes de comunicação. A medida que um administrador codifica suas
idéias em mensagens, quando se comunica com seus empregados, ele precisa refletir na sua
habilidade, atitude, conhecimento e sistema sócio-cultural, de forma a reduzir qualquer
distorção no processo.
A própria mensagem pode causar distorção no processo de comunicação,
independentemente do aparato de suporte usado para transmiti-la. A mensagem é o produto
físico real codificado pela fonte. Quando se fala, o discurso é a mensagem. Quando se
escreve, o que está escrito é a mensagem. Quando se faz gestos, o movimento dos braços e
a expressão do rosto são a mensagem.
A mensagem é afetada pelo código ou grupo de símbolos que são usados para
transferir significado, o próprio conteúdo da mensagem e as decisões que a fonte toma ao
selecionar e organizar tanto os códigos quanto o conteúdo. Cada um, destes três segmentos,
pode agir de forma a distorcer a mensagem.
O canal é o meio escolhido pelo emissor para mandar a mensagem. Os canais
comuns são: o ar para a palavra falada e o papel para a palavra escrita. Se você decide
transmitir à um amigo em uma conversa frente a frente algo que aconteceu a você durante o
dia, você está usando a palavra falada e gestos para transmitir a sua mensagem. Mas você
tem opções. Uma mensagem específica – por exemplo, um convite para uma festa – pode
ser comunicada oralmente ou por escrito.
Em uma organização, certos canais são mais apropriados para determinadas
mensagens. Obviamente, se o edifício está em chamas, um memorando para divulgar o fato
não é apropriado! Se algo é importante, tal como a avaliação de desempenho de um
empregado, um administrador pode querer utilizar canais múltiplos – por exemplo, uma
exposição oral, seguida por uma carta por escrito resumindo os pontos. Isto diminui o
potencial de distorção.
O receptor é o indivíduo para o qual a mensagem é dirigida. Mas antes dela ser
recebida, os símbolos que ela contém devem ser traduzidos para uma forma que possa ser
compreendida pelo receptor. Esta é a decodificação da mensagem. Assim como o
codificador estava limitado por suas habilidades, atitudes, conhecimento e sistema sócio-
cultural, o receptor também é limitado por esses mesmos fatores. Assim como a fonte deve
ter habilidades para escrever ou falar.
Nesse sentido, considera-se que o receptor deve saber ler ou ouvir, e ambos
devem conseguir raciocinar. O nível de conhecimento de uma pessoa influencia sua
habilidade de receber, assim como o de enviar. Além disso, as atividades de background
cultural do receptor podem distorcer a mensagem que está sendo transferida.
A última ligação no processo é o feedback. Quando um receptor decodifica a
mensagem recebida e ela é colocada de volta no sistema, tem-se um feedback. Ou seja, o
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feedback faz com que a mensagem volte ao emissor, e assim fornece uma verificação da
sua compreensão.
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diferente de um sorriso. O movimento das mãos, as expressões faciais e outros gestos
podem comunicar emoções ou temperamentos como agressão, medo, timidez, arrogância,
alegria e raiva.
O termo entonação refere-se à ênfase que uma pessoa dá a palavras ou frases.
Para ilustrar a forma como elas podem alterar o significado de uma mensagem, pense no
aluno que pergunta algo ao professor. Ele responde: “O que você quer dizer com isso?” A
reação do estudante irá variar, dependendo do tom da resposta do professor. Um tom macio
e suave cria um significado diferente do que se ele for abrasivo e colocar uma forte ênfase
na última palavra. A maior parte das pessoas perceberia a primeira entonação como vinda
de alguém que procura de forma sincera esclarecer as coisas, enquanto a segunda sugere
que a pessoa está sendo agressiva ou defensiva.
O fato de que toda comunicação oral também possui uma mensagem não-
verbal, não pode ser excessivamente valorizado. Por quê? Porque o componente não-
verbal, normalmente, é o que causa maior impacto. Um pesquisador descobriu que 55% de
uma mensagem oral são oriundos da expressão facial e postura física, 38% da entonação e
apenas 7% das palavras que estão realmente sendo ditas.
Hoje em dia utiliza-se diversos meios eletrônicos sofisticados para transmitir
comunicações. Além dos meios mais comuns, como o telefone por exemplo, tem-se o
circuito fechado de televisão, computadores acionados por voz, reprodução por fotocópia,
software multimídia, aparelho de fax e diversos outros aparelhos eletrônicos, como o
celular, que podem ser usados juntamente com a fala ou o papel, para criar uma
comunicação mais eficaz. Talvez aquele que esteja crescendo de forma mais rápida, seja o
correio eletrônico (e-mail), que oferece aos indivíduos a possibilidade de transmitir de
forma instantânea, mensagens escritas, através de computadores que estão ligados com o
software adequado. As mensagens ficam no terminal do receptor, esperando para serem
lidas à sua conveniência. O correio eletrônico é rápido e barato. Pode ser usado para enviar
a mesma mensagem para dezenas de pessoas simultaneamente. Seus outros pontos fortes e
fracos são aproximadamente equivalentes aos da comunicação por escrito.
“O indivíduo que não lê se transforma no pai que se mantém ao largo dos livros ou no
professor sem leitura, ao qual falta a consciência crítica necessária para o exercício de
educar.”
Claudia Costin
30
4.2 Barreiras da Comunicação Eficaz
31
4.2.1 Superando as Barreiras
32
Restringir as Emoções: Seria ingênuo supor que o emissor sempre se comunica de uma
maneira inteiramente racional, sabendo que as emoções podem distorcer e encobrir de
forma violenta a transferência do significado. Um administrador que está emocionalmente
perturbado por uma questão tem maior chance de receber mal as mensagens que chegam e
não conseguir expressar sua mensagem de forma clara e precisa. O que ele pode fazer? A
resposta mais simples é evitar qualquer outra comunicação até ter recuperado a sua
compostura.
Observar Sinais Não-verbais: Se ações falam mais alto do que palavras, então é
importante observar suas ações para assegurar-se de que elas se alinham e reforçam as
palavras que vão junto com elas. Observa-se que as mensagens não-verbais têm muito peso.
Dado este fato, o comunicador eficaz observa seus sinais não-verbais para ter certeza de
que eles também estão transmitindo a mensagem desejada.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Boa sorte!
5 Funções da Linguagem
33
As funções da linguagem são: Referencial, Informativa ou Denotativa; Emotiva
ou Expressiva; Fática ou de Contato; Conativa ou Apelativa; Metalinguistica; Poética.
• Função Referencial, Informativa ou Denotativa
FURTO
Carro oficial furtado na porta de uma lanchonete
Um veículo pertencente à Prefeitura Municipal de São Luís foi furtado, no final de semana,
da porta da Lanchonete Mariscaldos, na Vila Vem Quem Quer. Até o encerramento desta
edição os suspeitos Alex e Sansão ainda não haviam sido encontrados. Maiores detalhes na
edição de amanhã.
“Minto”. Sua decadência, suas lamentações eram mentiras, vazio, ele se empurrava para o
vácuo, à superfície de si mesmo, para fugir à pressão insustentável de seu mundo
verdadeiro. Um mundo negro e terrível que fedia a éter. Era um atrevido e um criminoso...
Sem lirismo. Teria o filho ou iria arriscar a vida nas mãos de um charlatão... “Casa com ela,
falso boêmio, casa com ela, tu estás na idade da razão, deves casar”.
Jean Paul Sartre (filósofo)
34
- No texto lido predomina a função emotiva ou expressiva da linguagem.
No texto lido predomina também a função emotiva, pois o autor expressa sua
opinião. São comuns em textos desse tipo, os pontos de exclamação e de interrogação.
Os autores de novelas devem se convencer de uma vez por todas que mostrar pornografia
para as crianças não é modernismo nem avanço.
Folha de São Paulo
“Na próxima semana haverá prova. Estudaste Português? Vais ao Show da Sexta na
Batuque? Não está chovendo. É isso aí! Vai ser hiper legal! Não acha?”
Observa-se que:
- O texto não é objetivo. Trata-se de uma fala vaga, cheia de rodeios. Na verdade, o emissor
transmite pouca informação;
- O emissor testa o canal com o ouvinte: “Estudaste...?, Vais ao show...?, “Não acha ?
No texto predomina a função fática da linguagem. Neste caso, a informação que
se transmite é secundária, pois o objetivo mais imediato do emissor é simplesmente manter
aberto o canal de comunicação entre ele e o ouvinte.
Além de ser utilizada para testar o canal, a função ocorre também quando:
a) quer iniciar a comunicação: - Olá! Como vai?
b) visa prolongar o contato com o emissor: - Ele não cansa nunca... Concorda comigo? Não
acha?
c) deseja interromper o ato de comunicação: - Outra hora, amigo, eu volto a te ligar.
35
Analisando os exemplos acima de textos com função conativa ou apelativa,
observa-se que:
- O objetivo do emissor é influenciar o comportamento do receptor, levando-o a adquirir o
produto ou mudar de opinião;
- Os textos estruturam-se em torno de verbos no modo imperativo (expressam ordem,
desejo, convite, apelo...);
- Há clara intenção em convencer o receptor a mudar de opinião, alterar condutas já
estabelecidas, suscitando estímulos, impulsos para provocar reações no receptor. Daí o
nome de função conativa, termo relacionado ao verbo latino conari, cujo significado é
promover, suscitar, provocar estímulos. Os sinais de trânsito são exemplos de função
apelativa, na linguagem não-verbal.
• Função Metalinguistica
• Função Poética
Inscrições na areia
(Cecília Meireles)
36
é um reforço no esforço do que o autor quer expressar. Esse aspecto é fundamental para a
impressão que o emissor quer provocar no leitor. Destaca-se os seguintes recursos:
a) as rimas, o ritmo e a sonoridade do texto: tem/nem, nenhuma/espuma, quem/tem,
perfuma/nenhuma;
b) o emprego de imagem. O autor emprega uma linguagem que o leitor é capaz de
visualizar o que expressa: “rosa de espuma”. A imagem, portanto, torna o texto mais vivo,
mais correto, mais próximo da realidade.
Com a utilização desses recursos, o autor demonstra a valorização à construção
da mensagem. Quando isso acontece, ou seja, o emissor enfatiza a construção e a
elaboração da mensagem, afirma-se que nessa mensagem predomina a função poética. O
predomínio dessa função em uma mensagem distingue-a de outras empregadas no
cotidiano.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
37
6 Os Níveis de Linguagem
Essas distinções são um pouco fluidas, uma vez que se estabelecem segundo
critérios heterogêneos. A distinção linguagem popular/linguagem cuidada, por exemplo,
apóia-se num critério sociocultural, ao passo que a distinção linguagem informal/linguagem
oratória se apóia, sobretudo, numa diferença de situação. O mesmo indivíduo não
empregará a mesma linguagem ao fazer um discurso e ao conversar com os amigos num
bar.
Ademais, na expressão oral, as incorreções gramaticais são geralmente em
função de restrições materiais: dificilmente poderá um comentarista esportivo manter uma
linguagem cuidada ao descrever e comentar uma partida de futebol ao vivo.
De modo geral, a linguagem cuidada emprega um vocabulário mais preciso,
mais raro, e uma sintaxe mais elaborada que a da linguagem comum. A linguagem oratória
cultiva os efeitos sintáticos, ritmos e sonoros e utiliza imagens.
As linguagens familiar e popular recorrem às expressões pitorescas, à gíria e
muitas de suas construções são tidas como “incorreções graves” nos níveis de maior
formalidade.
38
A língua escrita é geralmente, mais elaborada que a língua falada. Aí os níveis
são menos numerosos e diretamente relacionados com o condicionamento sociocultural.
Os vocabulários próprios de determinadas regiões, determinadas profissões,
ciências ou técnicas levam ainda à definição de outros níveis, segundo critérios diferentes.
Vê-se, então, que a noção não é muito precisa. O essencial é ter consciência desses níveis
de linguagem na medida em que determinam o bom funcionamento da comunicação.
Tentar adaptar a própria linguagem à do interlocutor já é efetuar um ato de comunicação.
É difícil imaginar como um professor daria suas aulas se não empregasse uma
linguagem acessível às crianças; entretanto, a preocupação de levar os alunos à utilização
da linguagem comum obriga o mestre a recorrer a uma linguagem um pouco mais
trabalhada que a de seus ouvintes, tanto no vocabulário quanto na sintaxe. A comunicação
envolve, neste caso, uma reelaboração.
(Texto de Francis Vanoye. Usos de Linguagem.)
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Promova uma entrevista com um interlocutor a sua escolha, abordando qualquer tema
em, no mínimo, cinco perguntas. Ao final, sem que ele saiba, procure identificar qual
o nível de linguagem detectado nas respostas.
Boa sorte!
39
MÓDULO II –
TÉCNICAS DE
PRODUÇÃO TEXTUAL
E EXPRESSÃO ORAL
40
1 Noções de Parágrafo (Comunicação e Socialização)
Lembre-se o leitor como se fez gente: sua casa, seu bairro, sua escola, seus
amigos. A comunicação foi o canal pelo qual os padrões de vida de sua cultura foram-lhe
transmitidos, através do qual aprendeu a ser “membro” de sua sociedade – de sua família,
de seu grupo de amigos, de sua vizinhança, de sua nação. Foi assim que adotou a sua
“cultura”, isto é, os modos de pensamento e de ação, suas crenças e valores, seus hábitos e
tabus. Isso não ocorreu por “instrução”, pelo menos antes de ir para a escola: ninguém lhe
ensinou propositadamente como está organizada a sociedade e o que pensa e sente a sua
cultura. Isso aconteceu indiretamente, pela experiência acumulada de numerosos pequenos
eventos, insignificantes em si mesmos, através dos quais travou relações com diversas
pessoas e aprendeu naturalmente a orientar seu comportamento para o que “convinha”.
Tudo isso foi possível graças à comunicação. Não foram os professores na escola que lhe
ensinaram sua cultura: foi a comunicação diária com os pais, irmãos e/ou amigos, na casa,
na rua, nas lojas, no ônibus, no jogo, no botequim, na igreja, que lhe transmitiu as
qualidades essenciais da sociedade e a natureza do ser social.
Contrariamente ao que alguns pensam, a comunicação é muito mais do que os
meios de comunicação social. Esses meios são tão poderosos e importantes na vida atual,
que as vezes se esquece que eles
representam apenas uma mínima parte da “Se socialmente, um indivíduo que se expressa
ou escreve mal é visto com ressalvas, na esfera
comunicação total.
profissional, as ressalvas multiplicam-se, com um
Alguém fez, uma vez, uma lista agravante: a desconfiança não fica restrita à
dos atos de comunicação que um homem habilidade de comunicação, a competência
qualquer realiza desde que se levanta pela profissional também é questionada.”
manhã até a hora de deitar-se, no fim do Revista Vencer
dia. A quantidade de atos de comunicação é
simplesmente inacreditável, desde o “bom-
dia” à sua mulher, acompanhado ou não por um beijo, passando pela leitura do jornal, à
decodificação de números e cores dos ônibus, que o leva ao trabalho. O pagamento ao
cobrador, a conversa com o companheiro de banco, os cumprimentos aos colegas no
escritório, o trabalho com documentos, recibos, relatórios, as reuniões e entrevistas. A
visita ao banco e as conversas com seu chefe, os inúmeros telefonemas, o papo durante o
almoço, a escolha do prato do menu, a conversa com os filhos no jantar, o programinha de
televisão, o diálogo amoroso com sua mulher antes de dormir, e o ato final de comunicação
num dia cheio dela: “boa-noite”.
A comunicação confunde-se, assim, com a própria vida. Somente se percebe a
sua essencial importância quando, por um incidente ou uma doença, se perde a capacidade
de se comunicar. A comunicação é uma necessidade básica da pessoa humana, do homem
social.
41
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
a) uma introdução, que vai de “Lembre-se o leitor...” até “... de sua nação”. É o
ponto em que o autor apresenta o assunto: a aquisição da cultura via
comunicação.
b) um desenvolvimento, que vai de “Foi assim que...” até “... para o que
‘convinha’”. Nessa altura, o autor expõe como o cotidiano comunicativo forma o
ser social.
c) uma conclusão, que vai de “Tudo isso foi possível...” até o final. O autor
explicita sua colocação: é a comunicação cotidiana que transmite à criança os
valores sociais.
Boa sorte!
42
telégrafo, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a
língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu
código substitutivo escrito. E através dela, o contato com o mundo que nos cerca é
permanentemente atualizado.
Nas grandes civilizações, a língua é o suporte de uma dinâmica social, que
compreende não só as relações diárias entre os membros da comunidade, como também
uma atividade intelectual, que vai desde o fluxo informativo dos meios de comunicação de
massa até a vida cultural, científica ou literária.
(Texto de Dino Preti)
Prezado estudante, analisando o texto acima, observa-se que Dino Preti utilizou de
maneira bastante produtiva as pessoas gramaticais. Observe como no primeiro
parágrafo, em que são feitas colocações de caráter mais científico, o autor utiliza a
terceira pessoa do discurso (“... parece ter sido..”, “... acredita-se...”, “... seu
papel...”). Já no segundo, em que a experiência individual de cada um dos leitores é
importante para a consistência da argumentação, o autor passa a utilizar a primeira
pessoa do plural (“... nascemos...”, “... nos cerca...”, “... começamos...”, “... nossa
vida em sociedade...”). Essa mudança de tratamento atrai o leitor, fazendo-o
cúmplice, co-participe daquilo que o autor afirma.
O terceiro parágrafo sintetiza o movimento empregado: inicia-se na terceira pessoa,
enumerando fatos e idéias e encerra-se na primeira pessoa do plural, convidando-nos
à participação.
Perceba, assim, como um recurso linguistico simples pode exercer um importante
papel nas relações autor-texto-leitor.
43
dúvida de que dispondo de palavras suficientes e adequadas à expressão do pensamento de
maneira clara, fiel e precisa, tem-se melhores condições de assimilar conceitos, refletir,
escolher, julgar, do que outros cujo acervo léxico seja insuficiente ou medíocre para tarefa
vital da comunicação.
Pensamento e expressão são interdependentes, tanto é certo que as palavras são
o revestimento das idéias e que, sem elas, é praticamente impossível pensar. Como pensar
que “amanhã tenho uma aula as 8 horas”, se não prefiguro mentalmente essa atividade por
meio dessas ou de outras palavras equivalentes? Não se pensa in vácuo. A própria clareza
das idéias está intimamente relacionada com a clareza e a precisão das expressões que as
traduzem. As próprias impressões colhidas em contato com o mundo físico, através de
experiência sensível, são tanto mais vivas quanto mais capazes de serem traduzidas em
palavras – e sem impressões vivas não haverá expressão eficaz. É um círculo vicioso, sem
dúvida: “... nossos hábitos linguisticos afetam e são igualmente afetados pelo nosso
comportamento, pelos nossos hábitos físicos e mentais normais, tais como a observação, a
percepção, os sentimentos, a emoção, a imaginação”. De forma que um vocabulário escasso
e inadequado, incapaz de veicular impressões e concepções, mina o próprio
desenvolvimento mental, tolhe a imaginação e o poder criador, limitando a capacidade de
observar, compreender e até mesmo de sentir. “Não se diz nenhuma novidade ao afirmar
que as palavras, ao mesmo tempo que veiculam o pensamento, lhe condicionam a
formação. Há século e meio, Herder já proclamava que um povo não podia ter uma idéia
sem que para ela possuísse uma palavra”, testemunha Paulo Rónal em artigo publicado no
Diário de Notícias, no Rio de Janeiro, e mais tarde transcrito na 2ª edição de Enriqueça o
seu vocabulário (Rio, Civilização Brasileira), de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.
Portanto, quanto mais variado e ativo é o vocabulário disponível, tanto mais
claro, profundo e acurado é o processo mental da reflexão. Reciprocamente, quanto mais
escasso e impreciso, tanto mais dependentes estamos do grunhido, do grito ou do gesto,
formas rudimentares de comunicação capazes de traduzir apenas expansões instintivas dos
primitivos, dos infantes e dos irracionais. (Texto de Othon Moacir Garcia)
44
4 Os Dicionários, as Palavras e os Textos
“O livro sendo o mesmo para todos, uns percebem dele muito; outros pouco; outros
nada. Cada um conforme a sua capacidade. Pois, o livro é um surdo que responde, um
cego que guia, um morto que vive, e não tendo ação em si mesmo, move os ânimos e
causa grandes efeitos.”
(OS SERMÕES – Padre Antonio Vieira)
- escolha bem as palavras, evitando aquelas muito técnicas ou rebuscadas, assim, sua
comunicação será clara e precisa;
- evite também palavras estrangeiras, gírias e outras que geram duplas interpretações;
- use com moderação adjetivos e advérbios e ligue corretamente as idéias, usando
expressões como: então, assim, contudo, porém etc;
- pesquise sinônimos, antônimos ou crie analogias.
46
• CONCISÃO
Trata-se de deixar o texto mais curto, porém, sem perder sua essência. Portanto:
• COERÊNCIA
É a harmonia das informações. É ligar as idéias de forma linear e sequencial de
modo à formar um texto equilibrado. Portanto:
• MUSICALIDADE
Quando se escuta Mozart, Chopin ou mesmo um frevo, percebe-se que as
músicas possuem um ritmo, uma harmonia e sons diferentes. Dessa forma, ao escrever,
deve-se notar a sonoridade das letras e do conjunto que elas constituem. Caso contrário, o
texto fica monótono e o leitor simplesmente vai embora.
• LEITURA
Sem a diversificação da leitura é quase impossível redigir bem, pois é com ela
que se aprende novas frases e expressões, novas formas de se relacionar com o mundo,
aprendendo ainda a raciocinar, que por sua vez, consiste no primeiro passo para escrever
bem.
Mas se o pensamento é confuso, como enriquecer o vocabulário e/ou colocar no
papel o que se pensa?
47
• ELEGÂNCIA
Aparece quando o texto une todas as características citadas, permitindo uma
combinação idêntica àquela das notas musicais em uma partitura barroca.
OUTROS CONSELHOS PRÁTICOS:
ler o texto várias vezes – de preferência em voz alta – para achar as repetições de
palavras ou idéias;
ampliar o vocabulário, variando as leituras diárias;
ter sempre à mão uma gramática e um dicionário;
estudar e fazer cursos de redação para se aperfeiçoar e tirar dúvidas;
procurar empregar palavras novas sempre que as aprender;
aprender com os diversos autores, de Machado de Assis à Fernando Sabino, e com
livros técnicos, além de jornais e revistas;
escrever tudo que vem à mente para depois organizar o texto;
planejar o que vai escrever, executando um plano de idéias principais.
6 Coesão Textual
48
6. COMPARAÇÃO: com, assim como.
7. CONCESSIVO: mesmo que, ainda que, embora, posto que.
8. CONCLUSÃO: em suma, em síntese, em resumo, logo, portanto, por fim.
9. CONDIÇÃO: se, caso, desde que, a não ser que, a menos que.
10. CONSEQÜÊNCIA: com efeito, assim, consequentemente, de modo que, de sorte
que, de forma que, de maneira que.
11. CONTINUIDADE: além de, ainda por cima, bem como, outrossim, também;
12. DÚVIDA: talvez, provavelmente.
13. ÊNFASE: até, até mesmo, no mínimo, no máximo, só.
14. EXCLUSÃO: apenas, exceto, menos, salvo, só, somente, senão.
15. EXPLICAÇÃO: a saber, isto é, por exemplo, pois, porque, porquanto, ou seja.
16. FINALIDADE: para que, afim de que, para(+ infinito).
17. INCLUSÃO: inclusive, também, mesmo, até.
18. OPOSIÇÃO: mas, porém, contudo, entretanto, todavia, mesmo que, apesar
de(+infinito), pelo contrário, ao contrário, diversamente.
19. PRIORIDADE: inicialmente, antes de tudo, acima de tudo, em primeiro lugar.
20. PROPORÇÃO: à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.
21. RESTRIÇÃO: apenas, só, somente, unicamente.
22. RETIFICAÇÃO: aliás, ou melhor, digo, retificando.
23. TEMPO: antes, depois, já, posteriormente, quando, logo que, assim que, toda vez
que, enquanto.
OBS: Não é demais lembrar que o contexto onde estiver o texto é que reservará a noção
que se quer dar ao mesmo. A expressão das idéias, portanto, do pensamento, é que irá
determinar quais os elementos mais indicados e que devem ser utilizados para que de
fato seja transmitida uma mensagem clara.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
49
Sem preconceito – Primeiro de tudo livre-se do fantasma que sobrevoa o “curso de
português”. Independentemente da sua idade ou do seu grau de escolaridade, estudar o
idioma mostra que você atingiu um grau de maturidade e sofisticação extrema. Indica
seriedade e preocupação com o seu desenvolvimento. Não tenha medo de mencionar até
mesmo no seu currículo. Estudar a língua portuguesa é um diferencial. Outra coisa: a
reciclagem no estudo faz com que você se livre dos preconceitos, mitos e teorias
ultrapassadas que insistem em rondar o idioma.
Realismo e disciplina – Segundo os especialistas, um ponto importante que precisa ser
encarado é que o estudo do idioma é eterno. “Não tem fim. É um eterno desafio”, diz
Pasquale. O professor explica ainda que a tarefa vai além do estudo permanente, inclui
também uma postura favorável ao aprendizado contínuo. “É preciso estar inquieto, ser
curioso, é preciso pesquisar”, completa. De acordo com Laurinda Grion, a busca deve ser o
errar menos, porque o erro vai sempre acontecer, é inevitável: “A língua portuguesa é
complexa”, diz.
Reciclagem e atualização – Isto é feito com leitura atenta de jornais, revistas, observar os
outros. Cursos de reciclagem em ortografia, análise sintática e redação são fundamentais,
principalmente para que você se liberte de certos conceitos errados. “Afinal, quem é que
nunca ouviu falar que vírgula serve para respirar?, pergunta Pasquale.
Gramática? – O ensino do idioma melhorou muito. Há bons cursos e o inadequado método
de decorar regras já ficou pra trás. Pasquale afirma que é necessário dominar certos
mecanismos, o resto é entendimento. “Gramática não é o fim. Nunca foi e nunca será. Ela é
o meio. Fico doido com perguntas de certo e errado. Depende. Tudo depende”, diz ele.
Para quem tem medo de nomenclaturas e teorias complicadas, o conselho é não se
preocupar. Pasquale afirma que muitas vezes nem é necessário utilização de terminologia e
dá um exemplo: há dificuldade de entender o tempo verbal “passado (pretérito) mais-que-
perfeito”. Vamos lá. O passado perfeito refere-se à uma ação inteira, completa. Um passado
feito completamente, acabado até o fim. Portanto, passado perfeito: eu fiz o pacote. No
passado mais-que-perfeito a conjugação é fizera. “Quando ela chegou (passado perfeito) eu
já fizera (mais-que-perfeito) o pacote.” É uma ação mais velha do que o passado perfeito,
portanto é um passado “mais-que-perfeito”. Para aprender o português não é preciso
decorar regras e palavras difíceis.
Cultive o hábito de ler – Pasquale afirma que o exercício que não pode faltar no
aprimoramento do idioma é o ato de ler. E reconhece a dificuldade que envolve a leitura,
principalmente na vida atual. “Ler é uma atividade penosa, exige concentração, silêncio,
raciocínio, solidão. Ler não se faz com a galera, com a turma. Hoje as pessoas vivem em
bando e tudo tem que ser feito em bando. Ler não é
“Ler não se faz com a galera, com a
algo que se faz em bando. É o oposto disso. Em
turma. A leitura é uma atividade penosa,
tempos de vida moderna, do celular, cadê a exige concentração, silêncio, raciocínio,
concentração? Cadê a solidão? Nestes tempos, ler é solidão”.
difícil”, conclui. O professor acredita que há muita
hipocrisia e que não se enfrentam as coisas como
elas são. “As pessoas querem o tempo todo
confusão, se afastam de si, têm medo delas mesmas.
Neste contexto não há espaço para a leitura”. Pasquale Cipro Neto
50
É bom lembrar que para a apreensão do conteúdo (sem este componente, a
leitura é inútil) que é lido, é preciso: acuidade intelectual, capacidade de abstração,
refinamento, imaginação e sensibilidade. Assim, é essencial ler com qualidade, com
atenção, com reflexão e se necessário, ler, reler.
7 O Parágrafo no Texto
51
devenir. Como a realidade é a objetivação da idéia, encontra-se também em devenir que,
em Hegel, se caracteriza pelo processo dialético entre idéias com síntese, que é sempre
mais real e completa, passando, por sua vez, a ser nova tese contra a qual se erguerá outra
antítese, e assim até ser atingida a idéia absoluta.(Desenvolvimento). Portanto, em Hegel,
negação tem valor construtivo.”(Conclusão).
EXTENSÃO DO PARÁGRAFO
Há parágrafos de uma ou duas linhas como há os de páginas inteiras. Não é
apenas o senso de proporção que deve servir de critério para bitolá-lo, mas também, o seu
núcleo, a sua idéia central.
A composição é um conjunto de idéias associadas, cada parágrafo, - em
princípio, pelos menos – deve corresponder a cada uma dessas idéias, tanto quanto elas
correspondem às diferentes partes que o autor julgou conveniente dividir o seu assunto. É a
divisão do assunto que depende, em sua maioria, a extensão do parágrafo, admitindo-se,
por evidente, que as idéias mais complexas se possam desdobrar em mais de um parágrafo.
PARÁGRAFO – PADRÃO
O parágrafo-padrão é aquele de estrutura comum e eficaz, presentes sobretudo,
na dissertação e descrição de três partes: introdução, representada, na maioria dos casos,
por um ou dois períodos curtos iniciais, em que se expressa de maneira sumária e sucinta a
idéia-núcleo, central (o tópico frasal); desenvolvimento, isto é, a explanação dessa idéia-
núcleo; E a conclusão, mais rara, nos parágrafos pouco extensos, ou naqueles em que a
idéia central é menos complexa.
Exemplo: Não há cidadania sem efetivo acesso à justiça. Não há acesso à
justiça se esta apenas atende à parcela da população que consegue desfrutar os recursos mal
distribuídos da sociedade de consumo. Não há acesso à justiça se grande parte da população
não detém os meios concretos para exercê-lo e socorre-se de mecanismos primitivos de
justiça privada, em que a violência converte-se no cenário do cotidiano. Não há acesso à
justiça quando o Estado se revela impotente para responder as demandas reais da sociedade,
inclusive através de seu poder competente.
8 Tópico Frasal
52
de governos declaradamente ateus, como o da União Soviética, não poderem evitar em seu
meio a Sacralização do Estado, que ocupa o lugar antes tomado por Deus (conclusão)”
TIPOS DE TÓPICOS
- A televisão não faz bem às pessoas. (opinião)
-Alguns programas de televisão, em virtude de seu caráter ideológico, violento
e massificativo, prejudicam o crescimento intelectual e humano das pessoas.
(argumentativo)
FRASE-GUIA
O parágrafo é iniciado por uma frase ou período que encerra uma idéia básica,
que constitui o Tópico Frasal.
TÉCNICAS DE ELABORAÇÃO DO TÓPICO FRASAL
Exemplos:
- Para aprender a escrever é preciso ler. (obscuro – sem pormenor)
- A aprendizagem de técnicas de redação não se faz sem a leitura de escritores
contemporâneos, como Fernando Sabino, Rubem Braga, Autran Dourado, bem como sem a
prática constante de exercícios redacionais. (claro – pormenorizado)
Classificação de tópicos-frasais: Declaração inicial, definição, divisão, alusão
histórica, interrogação, implícito ou diluído no parágrafo.
Exemplo: “Não há sofrimento maior do que o da privação da justiça. As
crianças o trazem no coração com os primeiros instintos da humanidade, e, se lhes magoam
essa fibra melindrosa, muitas vezes nunca mais o esquecem, ainda que a mão, cuja áspera
as lastimou, seja a do pai extremoso ou a da mãe idolatrada.”
Tipos de desenvolvimento do guia-frasal: explanação da declaração inicial,
contraste, enumeração, exemplificação, causa-consequência, resposta à interrogação, tempo
e espaço.
Exemplo: “O valor é sempre bipolar. A bipolaridade possível no mundo dos
objetivos ideais, só é essencial nos valores, e isto bastaria para não serem confundidos com
aqueles. Um triângulo, uma circunferência são e a esta maneira de ser, nada se contrapõe.
Da esfera dos valores, ao contrário, é inseparável a bipolaridade, porque à um valor se
contrapõe um desvalor; ao bom se contrapõe o mau; ao belo, o feio; ao nobre, o vil; e o
sentido de um exige o do outro. Valores positivos e negativos se conflitam e se implicam
em um processo. (Miguel Reale)
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Boa sorte!
53
9 A Estrutura do Texto
54
O processo de explanação obedece à uma linha lógica de raciocínios
encadeados, geralmente realizados em três fases: explicação, discussão e demonstração.
Explicação (ou apresentação): Explicar consiste em apresentar o sentido de uma
noção, analisar, esclarecer o ambíguo, o obscuro, tornando evidente o que estava
implícito.
Discussão: Refere-se ao desenrolar do raciocínio, ao exame de oposições
contrárias, que são confrontadas, comparadas, num processo dialético que envolve a
tese e a antítese, como a fusão das duas.
Demonstração: É a fase complementar da análise, é a dedução lógica do
trabalho. Consiste em utilizar a argumentação adequada ao tipo de raciocínio.
Apresenta-se uma sequência de argumentos concatenados, cada qual comprovando uma
parte do discurso.
• CONCLUSÃO
É a parte final do trabalho, o arremate. É a decorrência lógica do processo de
argumentação. Complementa a introdução, na qual anuncia-se o que se vai fazer. Na
conclusão, confirma-se o que foi feito. Se a introdução pode ser considerada um “trailer” do
trabalho, a conclusão é um “replay”. É a parte menos extensa da redação, deve ser breve e
concisa.
Nas redações menos extensas, de 30 linhas, para facilitar a clareza da
exposição, desdobra-se o desenvolvimento em duas partes, que poderão ser organizadas
por: oposição de idéias, vantagens e desvantagens, causa e consequência, comparação...
Nas redações de quatro ou cinco laudas, bastam 2(dois) ou 3(três) parágrafos.
Nas redações de 30 linhas, muitas vezes uma só linha é o suficiente para a conclusão.
A linguagem deve ser objetiva, por exemplo: A análise dos dados permite
concluir-se que... Conclui-se, com base nos argumentos apresentados que... De tudo que foi
exposto, conclui-se que...
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
PAPA PAULO.
PAPA, PAULO.
SONHA JOSÉ.
SONHA, JOSÉ.
Pontuação “é a arte de dividir, por meio de sinais gráficos, as partes do discurso que não
têm entre si ligação intima, e de mostrar do modo mais claro as relações que existem entre
essas partes”
Júlio Ribeiro
Sinais Pausais: Vírgula (,) Ponto (.) Ponto e Vírgula (;) Dois pontos (:)
Sinais Melódicos: Ponto de interrogação (?) Ponto de Exclamação (!) Reticências (...)
Aspas (“ ”) Parênteses ( () ) Colchetes ([]) Travessão (-)
USA-SE A VÍRGULA:
1- Entre os termos da oração
a) Em caso de aposto:
- Reginaldo de Castro, notável advogado, tem apresentado larga contribuição para o novo
Código Civil.
b) Em caso de vocativo:
- Que idéias tétricas, meu senhor!
c) Em caso de enumeração:
- Bacharéis, Advogados, Juízes, Desembargadores estão envolvidos, compromissadamente,
com as reformas do Poder Judiciário.
56
d) Em datas:
- São Luís, de de 200...
e) Com certas palavras e/ou expressões explicativas, conclusivas, retificativas ou
enfáticas tais como: pois, porém, outrossim, isto é, a saber, assim, bem, com efeito, sim,
não, ou melhor, digo, por exemplo, etc.:
- Com efeito, valeu a pena o nosso esforço.
- Todos viram o filme, ou melhor, a maioria.
f) Em caso de Zeugma(supressão do verbo);
- Excelente profissional, aquele rapaz
- Alessandra lê contos; Rafhaela, romances.
- O ENADE, perto de você.
g) Com Adjuntos adverbiais, especialmente quando deslocados:
- No banquinho de três pés, o caboclo enrolava seu cigarro.
OBS: Se o adjunto for curto, mesmo deslocado, não precisa ser isolado por vírgula, a não
ser que haja uma sequência de adjuntos:
-O Diretor voltou hoje.
-Hoje o Diretor voltou.
Hoje, agorinha mesmo, inesperadamente, o Diretor voltou.
h) Adjunto modificando uma oração inteira:
- Lamentavelmente, ela não foi à nova Europa.
i) Nome de rua e nº do imóvel:
- Rua 21 de novembro, 7023.
j) Antes de ETC:
- O juiz mostrou-se calmo, amável, educado, etc.
l) Em casos de gradação:
- Aqui, canta-se; ali, dança-se; acolá, bebe-se.
m) Em orações assindéticas:
- “Eu pensei em mim, eu pensei em ti, eu chorei por nós” G.Gil.
n) Para separar orações sindéticas, exceto as iniciadas com a conjunção e:
- A palestra foi interessante, porém tudo foi ilustrado.
- Estuda, trabalha e ainda pratica esporte.
57
d) Entre o aposto e a palavra fundamental.
- O orador romano Cícero era senador.
e) Entre o verbo e o último termo do sujeito composto.
- A terra, o céu, o mar são obras de Deus.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
O PONTO E VÍRGULA
Muitos daqueles antigos livros de poesias populares eram interessantes; porém a maioria do
povo daquela cidade do interior desconhecia a existência deles.
b) Separar orações Coordenadas que já venham quebradas por vírgula:
Com razão, aquelas pessoas, muitas vezes, reivindicam seus direitos; porém os insensíveis
burocratas, em tempo algum, deram atenção a elas.
c) Separar vários itens de um, considerando uma enumeração:
Considerando:
a) A valorização;
b) As altas de juros;
c) E o crescente desemprego.
DOIS PONTOS
58
b) Para dar início a uma sequência que explica, esclarece, desenvolve, discrimina uma idéia
anterior.
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
A Escola lugar onde crianças e jovens passam grande parte do seu tempo é
de certa forma a responsável pela projeção de valores e posturas que influenciarão
decisivamente a vida dessas pessoas. Ultimamente preocupada em atender exigências
teóricas de uma educação em moda e na tentativa de acertar dedicar-se à transmissão
de saberes científicos o que de certa forma é válido. Contudo não é válido esquecer
que ao tomar por base a ideologia científica e tecnológica deixa de trabalhar o
imaginário o sonho a fantasia presentes na leitura de bons livros que têm perdido lugar
para outras práticas. Práticas que incapacitam as nossas crianças de sonhar e
impossibilitam-nas o despertar para um mundo de imaginação e criatividade só
possíveis e plenas no ato de ler e consequentemente no de escrever.
Não devemos permitir que nada nem mesmo a mais avançada tecnologia
dos modernos micros responsáveis pela tão falada “viagem” nos roube um prazer que
só a leitura o folhear o revirar das páginas de um livro pode nos proporcionar. Aliás é
necessário que façamos certas restrições à esse modelo virtual que se convencionou
chamar de viagem. Por quê? Nesse viajar pela INTERNET a criança depara-se quase
sempre com “modelos” educativos nada saudáveis para o seu crescimento intelectual
social espiritual enfim. Necessário é refletir sobre de que forma estão sendo educadas.
É preocupante o poder que os meios de comunicação especialmente a TV
que invade indistintamente as casas têm exercido sobre os seres humanos indicando-
lhes “o melhor caminho” seduzindo escancaradamente as crianças com “sonhos”
fúteis pequenos grosseiros manipuladores de valores anti-cristãos anti-sociais anti-
culturais transformando-as em consumidores de coisas marionetes conduzidas pelo
que há de mais grotesco em certos programas e quadros exibidos em horários
inoportunos.
Acreditamos que um país lembrando Monteiro Lobato “se faz com
homens e livros” porque ler é adquirir conhecimento e cultura esperanças de um
mundo mais humano e melhor.
59
11 Expressão Oral
O ato de falar é um diferencial que vale ouro para aqueles que dominam bem a
arte. Em contrapartida, a falta de domínio pode significar um passo gigante para o fracasso
em negociações, relacionamentos e empreendimentos. Cerque-se de cuidados e comece o
seu desenvolvimento. Há muitos cursos e workshops de expressão verbal (uma dica: os
mais eficientes são os que contam com muitos exercícios práticos), porém, verifique a
qualidade do seu domínio na escrita e não esqueça de estar atento ao conteúdo. Afinal,
técnicas para falar melhor, sem conteúdo, são um exercício inútil.
Seja você mesmo. A linguagem precisa ser adequada – mais formal ou menos
formal – à ocasião e este é um dos motivos do erro número um da comunicação verbal: a
falta de naturalidade. Segundo Reinaldo Polito, a maioria das pessoas, quando precisa ser
mais formal, adota um estilo que não é dela. Por quê? “Primeiro é inconsciente. Quanto
mais importante for o ouvinte, mais tendência você terá para tentar impressioná-lo, para
que ele tenha uma idéia positiva à seu respeito. Como você tenta projetar uma imagem que
não é sua, acaba ficando uma comunicação deficiente, artificial”, diz Polito.
“Ela também precisa ser adequada à ocasião, é como usar uma roupa. Imagine
você em uma pelada dizendo: por favor, passe-me a bola”, completa Laurinda Grion.
Prezado estudante, você pode estar pensando: Escrevo bem, logo falo bem?
Quanto à esta questão, considera-se que se você tem um bom texto e acha que
será fácil, Reinaldo Polito explica que não é bem assim. Escrever e falar são atividades
diferentes. Tanto o ato de escrever como o de falar, exigem conhecimento e treinos
específicos. O mestre dá o exemplo de dois brasileiros famosos. “O escritor Luís Fernando
Veríssimo se preparou ao longo da vida para o ato da escrita. Ele é muito preparado inte-
lectualmente, escreve maravilhosamente bem, mas para falar... nada. Já o comunicador
Silvio Santos não tem preparo intelectual, nem escreve, mas fala maravilhosamente bem”,
afirma.
Ainda de acordo com Polito, muitas pessoas que falam bem atrapalham-se na
hora de escrever, pois na escrita não se tem a liberdade que se tem na fala... Do outro lado,
aqueles que dominam a habilidade de escrever têm dificuldade de falar bem, pois se
preocupam tanto com o rigor que se sentem tolhidos. Sem contar que na expressão verbal
entram outros elementos como a entonação, o ritmo da fala, o pensar rápido, que não existe
na escrita. Já no texto escrito, pode-se corrigir, ratificar, substituir palavras, rever, explica
Polito.
Mas atenção: a base de ambas é o ato de pensar bem. “Quem pensa bem e fala
bem tem condições de escrever bem. Quem pensa bem e escreve bem nem sempre
tem condições de falar bem”, afirma Polito. Isto não quer dizer que quem escreve
bem não fale bem. Quer dizer que o aprendizado não é tão automático.
60
O dia-a-dia é uma escola. Um ponto de apoio importante é o hábito de, antes
de falar, organizar o raciocínio. Faça isto sempre. No cotidiano, seja um observador atento
da sua forma de comunicação e das outras pessoas do seu convívio. Tenha consciência dos
seus erros e lute para consertá-los. Polito explica que algumas pessoas têm o hábito de
interromper a fala e esperar que o outro termine a frase ou entenda-a incompleta mesmo. Se
for o seu caso, livre-se já deste vício. “Além de correr o risco de não ser compreendido, ou
ser mal interpretado, você deixa de exercitar a sua capacidade de verbalização, a sua
articulação”, diz ele. E, detalhe, se você se acostuma, a tendência é ir reduzindo cada vez
mais a sua verbalização.
“Isto é muito comum em ambientes familiares. Muitas famílias comunicam-se
por grunhidos. Às vezes, o entendimento se dá pela inflexão da voz, pelo gesto, mas não
pode-se deixar que isto substitua a verbalização”, completa. Mas reflexão sobre a
comunicação vai além disto. Procure pensar no sentido das palavras que você costuma usar.
Os adjetivos, por exemplo, varie-os. Estude outros sinônimos dos adjetivos mais
recorrentes no seu dia-a-dia e alterne o uso dos sinônimos. Estude mesmo, entenda o
significado, não vá cometer gafes. E não esqueça de “usar” o conhecimento do seu
interlocutor. Quando não entender uma palavra ou expressão, pergunte, peça detalhes,
aprenda e incorpore ao seu vocabulário.
Ative o vocabulário. Não adianta você ler um livro, descobrir uma palavra
nova, pesquisar o significado e depois não utilizar. Polito explica que há um vocabulário
ativo e outro que se conhece mas não se usa, ou seja, um vocabulário que está desativado.
Ative este vocabulário! O domínio só vem com o uso. Não há nada pior do que ficar
substituindo palavras por “coisa”, “troço”, “aquela pecinha” etc. Muitas vezes a falta de
palavras para se comunicar não é nervosismo, é falta de vocabulário mesmo. E não
economize no aprendizado. “Quanto mais amplo e abrangente for o vocabulário, mais
pronta, desenvolta e segura será sua comunicação”, afirma Polito.
Plante-se em terreno fértil. O ambiente em que você vive é muito importante.
Se você convive com intelectuais, com pessoas bem formadas, automaticamente se
expressará melhor. “Veja o Lula, as conquistas dele na capacidade de expressão vêm do
estudo, mas também do seu convívio com intelectuais que sempre se aproximaram do PT.
Como ele é inteligente, aprendeu. É o mesmo com a criança. Se os pais conjugam bem os
verbos, articulam mais as palavras, elaboram concordâncias, a criança aprenderá a falar
bem de forma mais rápida”, atesta.
Tudo automático. Depois de tantas lições, cuidados e regras, a pergunta que
vem é: como pode haver naturalidade, depois de tudo isto? A naturalidade, na verdade, é a
prova da assimilação das lições e só vem com o tempo mesmo. Nesse caso, a naturalidade é
o fruto do empenho. No seu livro “Como se
tornar um bom orador e se relacionar com a
“A palavra é o dorso por onde caminham
imprensa” (Editora Saraiva), Polito cita o nosso raciocínio e sentimentos. Sem ela,
depoimento do famoso advogado criminalista dificilmente poderíamos externar o que
Waldir Troncoso sobre a sua luta para a pensamos ou queremos.”
automatização de conceitos aprendidos no seu
ato de comunicar. “Enquanto o orador estiver
preocupado com a palavra que vai dizer, com o
verbo que vai conjugar, com o adjetivo e o
substantivo que irão compor a frase que deverá Reinaldo Polito
61
refletir o seu pensamento, estará preso à forma da comunicação e sofrerá, com isto, um
rebate de produtividade. Só depois que o orador não tiver mais que pensar no que vai dizer
e em como vai dizer é que terá incorporado a automatização da fala e poderá transmitir suas
idéias sem o atrelamento à forma.”
Essa é uma conquista que requer anos de estudo, experiência, prática e
observação. “É importante observar e aprender novos termos para a ampliação do
vocabulário, mas é fundamental que eles sejam usados. Se não existir a prática, as novas
palavras serão inúteis”, conclui Polito.
62
MÓDULO III –
A GRAMÁTICA
NORMATIVA E O
TEXTO
63
1 O Processo de Coordenação e Subordinação
OUTROS EXEMPLOS:
- DE CAUSA
(coordenação)
- Estudou demais e cansou.
(subordinação)
- Porque estudou demais, cansou.
- DE CONSEQUÊNCIA
(coordenação)
- Estudou demais, logo cansou.
(subordinação)
- Estudou tanto, que cansou.
64
- DE COMPARAÇÃO (constrói-se confrontando elementos)
(coordenação)
- Ele estudou como se fosse o melhor.
(subordinação)
- Ele estudou mais do que o outro.
- DE CONDIÇÃO E HIPÓTESE
(coordenação)
- Estudes, e serás feliz.
(subordinação)
- Uma vez que estudes, serás feliz.
- DE OPOSIÇÃO
(coordenação)
- Estuda muito, mas não aprende.
(subordinação)
- Embora não aprenda, estuda muito.
- DE TEMPO
(coordenação)
- Estudou, formou-se, hoje, é profissional.
(subordinação)
- Formou-se grande profissional, assim que terminou os estudos.
2 Sintaxe
65
O USO DA ÊNCLISE
1. Com verbos no início da frase:
- Emprestaram-me os livros.
- Revelaram-nos os segredos.
2. Verbo no imperativo afirmativo:
- Todos, retirem-se imediatamente.
3. Com verbo no gerúndio:
- Retirou-se, deixando-nos a sós.
4. Verbo no Infinitivo Pessoal:
- Era necessário esperá-la por instantes.
- Calou-se para não magoar-se
- Calou-se para não me magoar
O USO DA MESÓCLISE
Somente é possível quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro de
pretérito, desde que o verbo não venha precedido por palavra atrativa.
Exemplos:
- Entregar-me-ão os processos ainda hoje.
- Entregar-me-iam os processos ainda hoje.
- Não me entregarão os processos
- Nunca me entregariam os processos.
O USO DA PRÓCLISE
É obrigatória quando houver palavra atrativa antes do verbo, desde que entre a
palavra atrativa e o verbo não haja pausa marcada na escrita por sinal de pontuação.
Principais Palavras Atrativas:
a) De sentido negativo:
(não, nunca, jamais, nada, ninguém, etc.)
- Nada nos interessa no presente.
- Ninguém lhe dava valor.
b) A maioria dos advérbios:
- Sempre me convidavam para audiências.
- Aqui se estuda com afinco.
c) Conjunções subordinativas e pronomes relativos:
- Quando me falaram não dei crédito.
- Há acontecimentos que nos causam dó.
d) Pronomes indefinidos e Pronomes demonstrativos neutros:
- Tudo se acaba no decorrer do tempo.
- Aquilo nos diz respeito.
e) Orações interrogativas:
- Quem te falou sobre o assunto?
- Quando nos devolverão os documentos?
66
f) Orações iniciadas por palavras exclamativas ou optativas:
- Quanto nos vale essa boa lembrança!
- Deus te abençõe.
Rara tem sido a vez, ao longo de tantos anos de prática pedagógica, por isso
política, em que me tenho permitido a tarefa de abrir, de inaugurar ou de encerrar encontros
ou congressos.
Aceitei fazê-lo agora, da maneira, porém, menos formal possível. Aceitei vir
aqui para falar um pouco da importância do ato de ler.
Me parece indispensável, ao procurar falar de tal importância, dizer algo do
momento mesmo em que me preparava para aqui estar hoje; dizer algo do processo em que
me inseri enquanto ia escrevendo este texto que agora leio, processo que envolvia uma
compreensão crítica do ato de ler, que não se esgota na decodificação pura da palavra
escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta
não possa prescindir a continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a
percepção das relações entre o texto e o contexto.
Ao ensaiar escrever sobre a importância do ato de ler, eu me senti levado – e até
gostosamente – a “reler” momentos fundamentais de minha prática, guardados na memória,
desde experiências mais remotas de minha infância, de minha adolescência, de minha
mocidade, em que a compreensão crítica da importância do ato de ler se veio em mim
constituindo. Ao ir escrevendo este texto, ia “tomando distância” os diferentes momentos
em que o ato de ler se veio dando na minha experiência existencial. Primeiro, a “leitura” do
mundo, do pequeno mundo em que me movia; depois, a leitura da palavra que nem sempre,
ao longo de minha escolarização, foi a leitura da “palavramundo”.
A retomada da infância distante, buscando a compreensão do meu ato de “ler” o
mundo particular em que me ouvia – e até onde não sou traído pela memória -, me é
absolutamente significativa. Neste esforço a que me vou entregando, re-crio, re-vivo, no
texto que escrevo, a experiência vivida no momento em que ainda não lia a palavra.
Me vejo então na casa mediana em que nasci, no Recife, rodeada de árvores,
algumas delas como se fossem gente, tal a intimidade entre nós – à sua sombra brincava e
em seus galhos mais dóceis à minha altura eu me experimentava em riscos menores que me
preparavam para riscos e aventuras maiores.
A velha casa, meus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das
avencas de minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu primeiro
mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei. Na verdade, aquele mundo
especial se dava a mim como o mundo de minha atividade perceptiva, por isso mesmo
como o mundo de minhas leituras.
Os “textos”, as “palavras”, as “letras” daquele contexto – em cuja percepção me
experimentava e, quanto mais o fazia, mais aumentava a capacidade de perceber – se
67
encarnavam numa série de coisas, de objetos, de sinais, cuja compreensão eu ia aprendendo
no meu trato com eles, nas minhas relações com meus irmãos mais velhos e com meus pais.
(Texto de Paulo Freire)
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
68
Escreve-se Porque (quando se tratar de conjunção explicativa ou causal – nesse caso,
geralmente equivale a “pois”).
Ex: Faltou ao Seminário porque estava viajando.
Escreve-se Porquê (quando se tratar de um substantivo).
Ex: A sociedade sabe o porquê dos problemas sociais.
69
MÓDULO IV
REDAÇÃO OFICIAL E
CORRESPONDÊNCIA –
EMAIL
70
1 Redação Oficial
A preocupação principal deve ser com uma linguagem sóbria e clara, isenta de
pleonasmos, circunlóquios, juízos de valor, repetições, chavões, clichês, frases forçadas e
sem nenhum proveito. Há necessidade de procurar continuamente novos caminhos, aplainar
os já trilhados para se alcançar eficácia na correspondência oficial ou particular.
Na redação oficial, as palavras têm significados preciosos, caracterizados de
idéias ou fatos. De um lado, a ausência de preocupação com a precisão vocabular, na
maioria das vezes, gera equívocos, conflitos e prejuízos; de outro lado, o uso do código
fechado favorece uma comunicação clara e objetiva.
71
14. Cabeçalho ou timbre são os dizeres impressos na folha a ser usada para a
digitação da mensagem;
15. Uso de diplomacia, mas sem chegar ao servilismo;
16. Inferior para superior redige: Solicitamos envie ou providencie;
17. Superior para inferior: Solicito envie ou providencie.
A ementa deve ser clara e concisa; localiza-se no alto, à direita. Toda referência
à elementos constantes de outros documentos deve ser feita citando-se a página ou folha
onde se encontra.
As expressões usadas não devem ser curtas e claras, somente devem ser
precisas.
72
2 Correspondência
2.1 Memorando
Na administração pública o memorando representa a forma de correspondência
entre autoridades de um mesmo órgão ou entre diretores e chefes ou vice-versa. Serve para
comunicações internas sobre assuntos rotineiros. Caracteriza-se, portanto, pela
simplicidade, concisão e clareza. Pode ser considerado um ofício em miniatura.
Pode ter caráter meramente administrativo, ou se empregado para a exposição
de projetos, idéias, diretrizes, etc., a serem adotados por determinado setor do serviço
público.
Sua característica principal é a agilidade. A tramitação do memorando em
qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de procedimentos
burocráticos. Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos
ao memorando devem ser dados no próprio documento e no caso de falta de espaço, em
folha de continuação. Esse procedimento permite formar uma espécie de processo
simplificado, assegurando maior transparência à tomada de decisões, e permitindo que se
historie o andamento da matéria tratada no memorando.
No memorando devem constar:
a) número do documento e sigla de identificação de sua origem (ambas as informações
devem figurar na margem esquerda superior do expediente). Exemplo: Memorando nº
19/DJ (nº do documento: 19; órgão de origem: Departamento Jurídico).
b) data (deve figurar na mesma linha do número e identificação do memorando):
Exemplo: Memorando nº 19/DJ Em 12 de Abril de.......
c) destinatário do memorando: no alto da comunicação, depois dos itens a e b acima
indicados; o destinatário é mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplo: Ao Sr. Chefe
do Departamento de Administração.
d) assunto: resumo do teor da comunicação, datilografado em espaço um:
assunto: Administração. Instalação de microcomputadores.
e) Texto: desenvolvimento do teor da comunicação. O corpo do texto deve ser iniciado 4
cm ou quatro espaços duplos (‘espaço dois’) verticais, abaixo do item assunto, e
digitado em espaço duplo (‘espaço dois’). Todos os parágrafos devem ser numerados,
na margem esquerda do corpo do texto, excetuados o primeiro e o fecho (este
procedimento facilita eventuais remissões à passagens específicas, em despachos ou em
respostas à comunicação original);
f) fecho:
Atenciosamente, ou Respeitosamente, conforme o caso.
g) nome e cargo do signatário da comunicação: 4 cm ou quatro espaços duplos (‘espaços
dois’) verticais após o fecho.
73
Observe abaixo um exemplo de memorando:
4 cm
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria
que o equipamento fosse dotado de “disco rígido” e de monitor padrão “EGA”.
Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um “processador de texto”, e
outro “gerenciador de banco de dados”.
4 cm
74
2.2 Ofício
O Ofício é texto proveniente de uma autoridade, que consiste em comunicação
de qualquer assunto de ordem administrativa, ou estabelecimento de uma ordem; distingue-
se da carta por apresentar caráter público e só poder ser expedido por órgão da
administração pública, como uma secretaria, um ministério, uma prefeitura e outros. O
destinatário pode ser órgão público ou um cidadão particular.
É uma participação escrita em forma de carta que as autoridades das secretarias
endereçam à seus subordinados. É um meio de comunicação por escrito dos órgãos do
serviço público. O que o distingue de uma carta é o caráter oficial de seu conteúdo.
As partes de um ofício são:
1. Timbre ou cabeçalho: dizeres impressos na folha, símbolo (escudo, armas);
2. Índice e número: iniciais do órgão que expede o ofício, seguidas do número de
ordem do documento. Separa-se do índice do número por uma diagonal. O
número de ofício e o ano são separados por hífen: Of. Nº DRH/601-2008 =
Ofício número 601, do ano de 2008, expedido pelo Departamento de Recursos
Humanos;
3. Local e data: na mesma altura do índice e do número. Coloca-se ponto após o
ano: Brasília, 20 de setembro de ...
4. Assunto ou ementa: só justificável quando o documento é extenso. Assunto:
Exoneração de Cargo.
5. Vocativo ou invocação: tratamento ou cargo do destinatário - Senhor Presidente,
Senhor Diretor. Na correspondência oficial não se usa Prezado Senhor.
6. Texto: exposição do assunto. Se o texto for longo, pode-se numerar os parágrafos
a partir do segundo, que deverá receber o número 2. Se o texto do ofício ocupar
mais de uma folha, escrevem-se 10 linhas na primeira folha e o restante nas
demais. Nesse caso, colocam-se endereço e iniciais na primeira folha. Repetem-
se o índice e o número das demais folhas, acrescentando-se o número da folha.
Exemplo: Ofício nº 52/ - fl.2
7. Fecho ou cumprimento final: não será numerado.
8. Assinatura: nome do signatário, cargo e função. O designativo do cargo ou
função deve ser separado por vírgula do nome do signatário. Trata-se de um
aposto:
José Carlos, Marcos da Silva,
Supervisor Presidente.
75
Observa-se que a palavra anexa deve concordar em gênero e número com
o substantivo a que se refere.
10. Endereço: fórmula de tratamento, nome civil do receptor e cargo ou função do
signatário, seguidos da localidade e do destino.
11. Iniciais: primeiras letras dos nomes e sobrenomes do redator e digitador. Usar
letras maiúsculas. Se o redator e o digitador forem os mesmos, basta colocar
iniciais após a barra diagonal: /MIR.
5,5 cm 6,5 cm
2,5 cm 10 cm
Ofício nº DRH/601-08
1,5 cm
Brasília, 27 de setembro de...........
Senhor Deputado,
5 cm 1,5 cm
3. Nos termos do Decreto nº 22, a demarcação de terras indígenas deverá ser precedida de
estudos e levantamentos técnicos que atendam ao disposto no art. 231, §- 1º, da Constituição
Federal. Os estudos deverão incluir aspectos etno-históricos, sociológicos, cartográficos e
fundiários. O exame deste último aspecto deverá ser feito conjuntamente com o órgão federal ou
estadual competente.
2 cm
76
1 cm
2,5 cm
Os estudos técnicos elaborados pelo órgão federal de proteção ao índio serão publicados
juntamente com as informações recebidas dos órgãos públicos e das entidades civis
acima mencionadas.
Atenciosamente,
2,5 cm
(Nome e
cargo do signatário)
INTRODUÇÕES -Vimos, por intermédio do presente, levar ao conhecimento de V. Sa. que ...
ANTIGAS - Este tem por finalidade levar ao conhecimento de V. Sa. que ...
INTRODUÇÕES - Comunicamos a V.Sa. que...
ATUAIS - Informamos a V. Exa. que...
FECHOS - Com os protestos de estima e apreço...
ANTIGOS - Com os protestos de elevada estima e distinta consideração.
- Aproveitamos o ensejo para reafirmar a V. Sa. nossos protestos de estima e
apreço.
FECHOS - Atenciosas saudações.
ATUAIS - Respeitosas saudações.
- Atenciosamente.
- Respeitosamente.
77
2.4 Procuração
Texto-base para
qualquer PROCURAÇÃO
procuração
................................................,............................................,..................................................
(nome) (nacionalidade) (estado civil)
...........................,............................,..............................,..................,......................................
(profissão) (residência) (cidade) (Estado)
............................,...................................,................................,............................................
(nome) (nacionalidade) (estado civil)
...................,............de...................de.........
Texto
específico
(assinatura com firma reconhecida)
Testemunhas
..................................
..................................
78
2.5 Relatório
É narração ou exposição, escrita ou oral, sobre um ou vários fatos, em que se
discriminam seus aspectos e elementos. É dirigido ao superior hierárquico e dele consta
exposição circunstanciada sobre atividades em função do cargo que exerce.
Os dados que constam no relatório são:
1. Título: Relatório.
2. Invocação: fórmula de tratamento; cargo ou função da autoridade a quem é
dirigido. Exemplos: Sr. Presidente, Exmo. Sr. Governador.
3. Texto: exposição do assunto.
4. Fecho: fórmula de cortesia. Pode-se usar as mesmas fórmulas do ofício.
5. Local e data
6. Assinatura: nome, cargo ou função da autoridade ou servidor que apresenta o
relatório.
Modelo de relatório:
RELATÓRIO
_______________,
Presidente.
79
3 Formas de Tratamento utilizadas na Redação Oficial
AUTORIDADES DO ENDEREÇAMENTO
PESSOALMENTE ABREV.
PODER EXECUTIVO EM ENVELOPES
CIVIS
Excelentíssimo Senhor
Ministros de Estados Vossa Excelência V.Exª.
Ministro
Excelentíssimo Senhor
Secretário-Geral da Presidência
Secretário-Geral da Vossa Excelência V.Exª.
da República
Presidência da República
Excelentíssimo Senhor
Consultor-Geral da República Vossa Excelência V.Exª.
Consultor-Geral
Excelentíssimo Senhor
Secretários da Presidência da
Secretário da Presidência da Vossa Excelência V.Exª.
República
República
Excelentíssimo Senhor
Embaixadores Vossa Excelência V.Exª.
Embaixador
Advogado-Geral da União e
Excelentíssimo Senhor
Membros da Advocacia-Geral da Vossa Excelência V.Exª.
Advogado-Geral da União
União
Procurador-Geral de Estado e
Excelentíssimo Senhor
Membros da Procuradoria-Geral Vossa Excelência V.Exª.
Procurador-Geral
de Estado
80
Governos Estaduais Secretário
MILITARES
AUTORIDADES DO ENDEREÇAMENTO
PESSOALMENTE ABREV.
PODER LEGISLATIVO EM ENVELOPES
Presidente, Vice-Presidente e
Excelentíssimo Senhor
Membros da Câmara dos Vossa Excelência V.Exª.
(cargo respectivo)
Deputados e do Senado Federal.
Excelentíssimo Senhor
Deputados Federais e Estaduais Vossa Excelência V.Exª.
Deputado
Presidente e Membros de
Excelentíssimo Senhor
Tribunal de Contas da União e Vossa Excelência V.Exª.
(cargo respectivo)
dos Estados
81
Superior Tribunal de Justiça (cargo respectivo)
(STJ)
Excelentíssimo Senhor
Auditores da Justiça Militar Vossa Excelência V.Exª.
Auditor
Presidente e Membros do
Excelentíssimo Senhor
Tribunal Superior do Trabalho Vossa Excelência V.Exª.
(cargo respectivo)
(TST)
AUTORIDADES DO
MINISTÉRIO PÚBLICO ENDEREÇAMENTO
PESSOALMENTE ABREV.
E DEFENSORIA EM ENVELOPES
PÚBLICA
Procurador-Geral da República e Excelentíssimo Senhor
Membros da Procuradoria-Geral Procurador-Geral da Vossa Excelência V.Exª.
da República República
Procurador-Geral de Justiça e
Excelentíssimo Senhor
Membros da Procuradoria-Geral Vossa Excelência V.Exª.
Procurador-Geral de Justiça
de Justiça
AUTORIDADES ENDEREÇAMENTO
PESSOALMENTE ABREV.
ECLESIÁSTICAS EM ENVELOPES
Papa Santíssimo Padre Vossa Santidade V.S.
82
Eminentíssimo Senhor Vossa Eminência V.Em.ª
Cardeais
Cardeal Reverendíssima Rev.ª
Monsenhorias, Cônegos e
Reverendíssimo Senhor Vossa Reverendíssima V.Rev.ª
Superiores Religiosos.
Vossa Eminência ou
V.Em.ª ou V.Em.ª Rev.ª Eminentíssimo Senhor
Vossa Eminência Reverendíssima
Vossa Reverendíssima ou
V.Rev.ª ou V.S.ª Ver.ª Reverendíssimo Senhor
Vossa Senhoria Reverendíssima
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Mercosur”, editados pela Atlas, e que acaba de lançar “Comunicação & Objetividade”
(Editora STS), é especialista no assunto e afirma que a resistência na atualização das cartas
ainda é grande. “Em muitas empresas a carta continua andando mal das pernas. Ainda há
chefes que não aceitam a nova redação, simples, direta e objetiva”.
Manuela, que ministra palestras, principalmente para secretárias, conta que o
principal comentário é que elas desejam que o chefe estivesse presente, ou, então, que
Manuela fizesse uma palestra especial para os chefes. O profissional quer se atualizar,
escrever dentro de um padrão mais moderno, porém a chefia ainda está presa aos modelos
do passado.
A professora tem uma coleção de frases descabidas, geralmente enviadas por
suas alunas. Conheça algumas delas: “Sem mais, com estima e consideração receba um
grande amplexo”; “No interesse de granjear sua simpatia, subscrevemo-nos...”; “Em anexo,
junto à carta que segue hoje pelo correio, envio 3 notas promissórias...”; “Assim sendo,
enviamos a presente proposta para lembrá-los da nossa existência e colocamo-nos mais
uma vez ao seu inteiro dispor, firmando-nos mui, Atenciosamente”; “Nos desculpem por
nossa longa carta, mas era necessária para mencionar todas as nossas propostas. (3
páginas)”. Atenção: todas as frases acima são verídicas.
“Uma carta comercial tem que ser simples e objetiva, como se você estivesse
falando pessoalmente com o receptor. Ela tem que prender a atenção logo no primeiro
parágrafo, para que o leitor continue lendo”, diz a professora.
Manuela afirma que os formalismos e as palavras rebuscadas podem ser
dispensados do começo ao fim. “O início da carta deve ser rápido e sem preparação; no
meio, você deve expor claramente o motivo da carta, e o encerramento deve, basicamente,
atender aos seguintes objetivos: Levar o leitor a fazer aquilo que deseja dele ou deixar boa
impressão sobre o remetente, caso não se pretenda a ação do destinatário”, ensina.
E o traço para a assinatura? “Não é preciso. Apenas mencione: Atenciosamente
ou Cordialmente, para terminar a sua carta. Se tiver que agradecer, mencione: Grato(a) pela
atenção”.
Forma e Estrutura
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrônico é sua flexibilidade.
Assim, não interessa definir forma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso
de linguagem incompatível com uma comunicação oficial.
No campo assunto, do formulário de correio eletrônico, a mensagem deve ser
preenchida de modo a facilitar a organização documental, tanto do destinatário, quanto do
remetente.
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utilizado, preferencialmente, o
formato Rich Text. A mensagem que encaminha algum arquivo deve trazer informações
mínimas sobre seu conteúdo.
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de confirmação de leitura. Caso
não seja disponível, deve constar na mensagem pedido de confirmação de recebimento.
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Valor documental
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensagem de correio eletrônico
tenha valor documental, isto é, para que possa ser aceito como documento original, é
necessário existir certificação digital que ateste a identidade do remetente, na forma
estabelecida em lei.
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vocabulário (repertório); se dispuser de algumas informações sobre seu comportamento,
melhor ainda.
A comunicação, para estabelecer-se, necessita desses conhecimentos, e talvez o
grande problema da maioria das pessoas que não são hábeis para elaborar uma mensagem
resida na excessiva confiança de que para comunicar-se basta conhecer a língua.
Há obstáculos que devem ser levados em conta, como: preconceitos,
preferências, que se constituem em ruídos na comunicação. Um comunicador de sucesso
dedica-se à elaborar textos do mesmo nível linguístico de seu interlocutor.
Se você é desajeitado com as palavras e a elas não se dedica, possivelmente não
aprenderá a redigir mensagens comunicáveis. Um dos segredos da comunicação está no uso
das palavras: escolha-as como se fosse um cozinheiro selecionando produtos para fazer um
prato delicioso. Examine as palavras, considerando seu perfume, as reações que podem
provocar, sua cor, seu gosto, o som que estabelecem.
Escreva com clareza, apresentando suas idéias em ordem direta: sujeito + verbo
+ complemento. Use poucos adjetivos e advérbios. É preciso transmitir idéias e elas são
transmitidas por substantivos.
Estruturalmente, o texto deve ter um vocativo (saudação inicial), a mensagem
propriamente dita, uma despedida respeitosa e assinatura (nome do remetente).
A saudação inicial deve ser composta: nome da pessoa, seguido de dois pontos:
- Prezado Moisés:
- Tereza Araújo:
- Cecília Meireles:
Ao digitar seu texto, evite o excesso de destaque, como uso de letras
maiúsculas, itálico, sublinhado, negrito (bold), aspas e outros. Ocupe-se, sobretudo, com a
coesão das idéias. Elas precisam estar relacionadas umas com as outras. Por isso, é
recomendável o uso de frases curtas (de até 15 palavras), de orações coordenadas:
- Estou enviando o livro que me pediu.
- Aguardo sua resposta até 18 horas.
Enfim, substitua todas as expressões que você perceber que podem gerar
dúvidas. A comunicação é eficaz quando consegue alcançar seu objetivo.
- Quando eu vir refere-se ao verbo ver.
- Quando eu vier refere-se ao verbo vir.
É de destacar a conjugação dos verbos: mediar, ansiar, remediar, incendiar e
odiar, que pedem um e antes de i:
- Medeio
- Anseio
- Remedeio
- Incendeio
- Odeio
Verificamos que ainda não recebemos sua resposta à nossas solicitações de 3-3-20...
Por favor, queira enviar-nos sua proposta.
Solicitamos-lhe uma descrição rigorosa da qualidade de seus produtos.
Gostaríamos que nos informasse sobre a garantia de seus produtos.
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Para o andamento equilibrado de nossos pedidos, gostaríamos de saber o nível de seu
estoque para o produto X.
Os estudiosos da linguagem têm, nos últimos anos, dado uma grande atenção ao
fenômeno da escrita via meio eletrônico. Alguns preconizaram que o uso de editores de
texto significaria o fim da opressão gramatical, pois todos os que dominassem as
ferramentas adequadas estariam para sempre livres das armadilhas ortográficas que
espreitam os redatores a cada linha produzida.
Outros pensadores, mais desconfiados, acenaram com o depauperamento geral
da língua escrita, pois ninguém mais estaria obrigado a estudar as regras gramaticais.
Bastaria um simples clique e os mais absurdos erros estariam automaticamente corrigidos,
sem a menor necessidade do uso de conhecimentos aprofundados da língua por parte do
aspirante a escritor.
O tempo foi passando e começou a ficar claro que o simples fato de saber
manejar um computador não habilitava ninguém a posar de escritor, pois sem uma mínima
capacidade de concatenar as idéias de nada adianta ter à mão instrumentos que apenas
corrigem palavras e períodos. Sem a menor interferência na construção lógica da idéia, que
é a alma e a força motriz da construção de qualquer bom texto.
Mais recentemente, com a popularização da Internet, com o uso cada vez mais
corrente da correspondência eletrônica (e-mail), com a repentina febre de MSN, Orkut e de
mensagens enviadas por aparelhos de telefonia móvel, vieram à baila as discussões
acadêmicas acerca das abreviações impostas às palavras. E, ainda, sobre o uso constante
dos ícones gráficos (as chamadas carinhas) como substitutos de palavras, ou mesmo, de
frases inteiras.
Quase do dia para noite, alguns vocábulos tiveram a grafia alterada nas
mensagens eletrônicas. Palavras como: aqui, também, você, quando, não e beleza passaram,
sem a menor cerimônia, a ser grafadas como aki, tb, vc, qdo, naum e blz. Pior o que parecia
apenas um “modismo” de adolescentes, encantados com a possibilidade de uma
comunicação prática e instantânea, transformou-se em uma espécie de vocabulário paralelo,
praticamente obrigatório para os frequentadores de salas de bate-papo (os famosos chats) e
para os usuários dos inúmeros sites de relacionamento.
Tal fenômeno, o da abreviação exagerada, vem preocupando alguns estudiosos
pouco afeitos à aceitação de uma das leis mais respeitadas do Universo: a do menor
esforço. Outros professores entendem que a linguagem, aparentemente, cifrada na Internet,
não oferece perigo, desde que os usuários atentem sempre para a diferenciação contextual
na empregabilidade dos signos linguísticos. Por tal perspectiva, então, escrever uma carta
comercial ou um requerimento em internetês (como alguns vêm chamando a nova grafia)
seria tão esdrúxulo e inusitado como tentar manter uma conversação on line, usando tão
somente as normas ortográficas em vigor, desprezando o código usual dos demais
internautas.
Mas essa discussão ideológica, que ainda vai longe, acaba, de uma forma ou de
outra, escondendo um outro problema ainda mais sério: o despreparo ortográfico de alguns
navegantes virtuais, que nem sabem usar a norma padrão, nem se adaptaram à variante
codificada.
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Desse modo, em uma passada por alguns sites, pode-se coletar as preciosidades
transcritas a seguir: “nossão”, “almentar”, “tosso pra que ele seje felis”, “segure essa
oportunidade o macimo que pulder”, “vc e mais inportante q qualque coisa”, “desiluzão”,
“é perca de tempo”, “surjir” e “conhecir ela”, entre outras anomalias.
Bem, como pode ser visto, ninguém, em sã consciência, irá culpar apenas a
Internet pelas incorreções supracitadas. Isso pode ser um aviso para que se pare de discutir
o que não leva a nada e para que se passe à repensar o tipo de educação escolar que é
oferecida aos nossos jovens.
(Texto de José R. Neres Costa - Professor Universitário)
ATIVIDADE DE APRENDIZAGEM:
Primeiro crie uma situação qualquer, a seu critério e a partir desta situação elabore um
memorando, um ofício e um email.
Depois, elabore um mini-relatório sobre as atividades desenvolvidas no decorrer deste
módulo.
O fato de que os jovens não gostam de ler, que lêem mal ou lêem pouco, é um
refrão antigo, que de sala de professores à congressos de educação, ressoa pelo país afora.
Em tempo de vestibular, o susto transporta para a imprensa e, ao começo de cada ano letivo
a terapêutica parece chegar à escola, na oferta de coleções de livros infantis, juvenis e
paradidáticos que apregoam vender, com a história que contam, o gosto pela leitura.
Talvez, assim, pacifique corações saber que desde sempre – isto é, desde que se
inventaram livros e alunos – se reclama da leitura dos jovens, do declínio do bom gosto, da
bancarrota das belas letras! Basta dizer que Quintiliano, mestre-escola romano, acrescentou
a seu livro “Institutione Oratoria” uma pequena antologia de textos literários, para garantir
um mínimo de leitura para os estudantes de retórica. No século 1 da era cristã!
Estamos, portanto, em boa companhia. E temos, de troco, uma boa sugestão, se
cada leitor preocupado com a leitura do próximo, sobretudo leitores-professores, leitores
pais-e-mães, leitores tios-e-tias, leitores avôs-e-avós, montar sua própria antologia e
contagiar por ela outros leitores, sobretudo leitores-alunos, leitores filhos-e-filhas, leitores
sobrinhos-e-sobrinhas, leitores netos-e-netas, por certo a prática de leitura na comunidade
representada por tal círculo de pessoas, terá um sentido mais vivo. E a vida será melhor,
iluminada pela leitura solidária de histórias, de contos, de poemas, de romances, de
crônicas, e do que mais falar a nossos corações de leitores que, em tarefa de amor e
paciência, apostam no aprendizado social da leitura.
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