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A GAZETA – Vitória (ES) – 3ª Feira, 8 de julho de 1969 (Publicação)

MANHÃS E TARDES DA VIDA


Paulo Lima Trindade

As mocidades têm os seus sonhos, as suas ilusões de belezas de um mundo, que parece

eternizar-se no simples balbucio da palavra – jovem.

Só a muito custo, às vezes, se dão pelo fato de que as criaturas todas são mortais: nascem,

crescem, envelhecem e morrem... E que todas as formas vivas da Natureza obedecem a este mesmo

diapasão.

No início, para todas as coisas, sempre houve algo semelhante a u'a mocidade cheia de

promessas: no homem, os ternos anos da sua juventude; na flor, o suave desabrochar do primeiro

botão; no tempo, o dealbar de uma bela manhã de sol.

Depois, esses acidentes sofrem as primeiras e naturais mutações. A transformação, a

desintegração dos elementos essenciais à beleza das formas, e por fim a velhice, encerrando o

capítulo da vida, em seres que na Criação palmilharam caminhos inteiramente diversos.

As existências parecem inteiramente homogêneas na sua forma de reagir no tempo e no

espaço. Manhãs, tardes, noites, para todas as formas de vidas no Universo, segundo os sábios

ditames da Criação. Todas as estradas da vida parecem conduzir a um fim colimado: a velhice e a

morte!

Muitos de nós, envaidecidos, às vezes, pela ilusão de uma duradoura juventude, quase não

nos apercebemos dessa metamorfose que a mãe Natureza observa de forma inexorável. É necessário

considerar a velhice como um estágio natural da vida, e não como um acidente a que apenas

estivessem sujeitos umas poucas pessoas.

Se você é jovem e naturalmente ainda não se apercebeu disso, faça uma experiência: ponha-

se no cimo de um monte, manhã cedo e espere dali que venha do infinito a inebriante beleza no

nascer do dia. Depois, inteligentimente, compare-a com a tarde, com o crepúsculo, quando vier, e

observe a perfeição da Natureza, nessa marcha inexorável para o Nada espécie de fim natural a que

estão sujeitas todas formas de belezas efêmeras do Universo!


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Espere a sua tarde com dignidade, com muitos dos velhos de hoje se dignaram a esperar. E

não seja um egoísta. Procure propiciar aos jovensde então, um pouco desta manhã feliz que você

hoje usufrui, sem se ultrajar quando alguém sob qualquer pretexto lhe disser que você é um velho

imbecil, decrepito e inteiramente desajustado.

Aproveito a nossa lição.

FIM

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