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Pedro Markun

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Felipe Meyer
Daniela Silva
Editores

Daniela Silva
Felipe Meyer
Júlia Almeida Alqueres
Redação

Paulo Ramos
Sebastião Seabra Acho que não...
mas o que tem
Colaboração a ver
quadrinhos com
Felipe Meyer a flip?
Sobre artes de Will Eisner e Gustave Doré
Capa

Felipe Cunha
Felipe Meyer
Gil Tokio
Quadrinhos

Felipe Meyer
Diagramação
Eu já falei que
Daniela Silva vamos fazer uma edição só
Revisão sobre quadrinhos durante a
FLIP?
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pedimos que você também escolha licenças brandas na hora de assino embaixo!
licenciar as produções que derivem do que você encontra aqui.
Texto: Felipe Meyer Arte: Leandro Robles
Sandman foi aclamado como um concordante, entre os acadêmicos, que
quadrinho para intelectuais e Neil Gai- muitas vezes o suposto conteúdo da
man, seu criador, elogiado por suas mensagem só significa algo a depender
capacidades literárias. Os elogiadores da maneira como a forma o modula. Em
esquecem que quadrinhos não são um Sandman, não importa apenas a
subgênero literário como o romance ou o descrição alto-astral que Gaiman faz da
conto. O quadrinho é uma arte autônoma Morte, como também cada acessório que Sandman, personagem
– até onde se é possível separar uma arte reveste seu corpo e a maneira como criado pelo escritor
da outra nos tempos atuais. arruma os cabelos. A Morte se porta britânico Neil Gaiman,
como uma cantora gótica dos anos 80, convidado da FLIP
Analisando a nomeação do Sandman mas com um lado punk bastante vívido, no ano passado
como “ascendente às esferas literárias”, informações não contidas em seus textos
parto para a divisão vista nos quadrinhos: de descrição pela HQ, mas que se
texto e imagem. Os textos de Gaiman são configuram também como conteúdo.
ditos literários e capazes de uma Nesse aspecto, não se pode esquecer
narração surpreendente. As imagens, que cada recordatório (caixinha de texto)
menos comentadas que os textos, são possui diagramação e colorização
tidas por muitos dos críticos da obra própria em Sandman, o que dá forma a
como responsáveis pelo clima de terror. A cada um dos textos escritos.
inserção do texto de Gaiman no
paradigma do “bem escrito” e do “bom Portanto, os quadrinhos da série
contador de histórias” opõe-se aos de- Sandman não devem ser vistos como
senhos que operam apenas para literários, pois não são puro conteúdo e
complementar o conteúdo das histórias. forma escritas. O desenho é diferente da
Servem apenas para dar forma ao escrito escrita e possui seus conteúdos e
por Gaiman. formas. E conteúdo e forma, não importa
em qual arte seja, encontram-se mis-
Nesse sentido, os críticos têm se cigenados e imiscíveis. Note, por
resguardado à tradicional visão de que exemplo, a sensação que temos ao
repousa na Literatura o dom de narrar escutar a música como Smells Like Teen
boas histórias. Transpondo-se aos Spirit na versão original cantada pelo
quadrinhos, esse conceito conforma a Nirvana e na versão da inglesa Tori Amos:
crença de que no roteiro (literário) é apenas a forma que muda, ou os
residiria o conteúdo narrativo, enquanto sentimentos que afloram na audição são
que nos desenhos, estaria a forma que outros? Creio que conteúdo e forma
apresenta o conteúdo. Uma idéia mudam igualmente.
bastante frágil, mas que ainda domina a
maneira como os quadrinhos são Por fim, é bom perceber que não é
encarados e que cria um conflito binário dom exclusivo ou supremo da Literatura o
bizarro entre forma (como sendo os de contar histórias. Quadrinhos, cinema e
quadrinhos) x conteúdo (representado quaisquer outras artes podem fazer isso
pelo roteiro dos quadrinhos, mas tendo com igual competência. O recon-
sua representação máxima, neste caso hecimento literário da obra Sandman é
específico, na Literatura). bastante importante exatamente por
validar esta competência narrativa, e só.
A divisão em forma e conteúdo vem Quadrinhos e Literatura são artes, por
sofrendo críticas há muito tempo, dos igual, mas que possuem contornos
formalistas russos aos teóricos da diferentes. Sem oposições, sem
formatividade da arte. É cada vez mais necessidade de dicotomias baratas.
- Olha, você é feia... não que eu possa ter mais que metade da minha idade, eu palavras são as suas verdades. Que cara
apontar um detalhe teu que me desa- nem poderia confiar a você os meus é essa? É, eu sou do sul, sim, por isso que
grade, uma parte do corpo que não esteja detalhes, os meus lugares... Eu olho pra sei onde fica Concórdia e sei que fica
em conformidade. Se fosse o caso, eu você aqui, e por favor, não chore, mas eu muito distante do que eu quero pra mim;
certamente teria algum amigo para lhe olho pra você e não sinto absolutamente assim como fica muito difícil continuar
indicar, pois sou do tipo que conhece nada, entende? Se houvesse desse essa conversa sem ser redundante: você
médico pra tudo, sabe, os lugares que encontro uma faísca, eu juro que me é uma moça que aparenta inteligência,
frequento, as pessoas com quem convivo atreveria a ela, porque realmente estou discrição... e determinação, afinal, veio de
são cheias de indicações de saúde e precisando... estou precisando de al- tão longe para me conhecer, de tão longe
estética, portanto se pudesse lhe ajudar guém, mas não como você; eu sei que para me convencer, que fico até muito
em alguma coisa, eu ajudaria, mas é que pode parecer pretensão minha, aos triste por ver que você é você, e não
olhando agora pra você, não consigo sessenta anos fazer exigências quanto às conseguir diante disso lhe dar uma boa
sequer pensar numa solução. É que pode possibilidades femininas, mas é notícia do futuro. Porque não vai haver
ser algo muito pessoal, uma coisa minha justamente por já estar velho que eu futuro pra nós, compreende? Talvez seja
que me defende das tuas características preciso ser coerente, preciso ser muito jovem para compreender, mas tem
físicas; pois é como se você me decidido, não posso mais querer acreditar que acreditar em mim, pois já sou um
afrontasse, embora eu saiba com clareza nas coisas, é preciso que olhe e acredite, homem experiente, um homem que viveu
que não estás a fim de me invocar de não que borrifem em mim o seu perfume na França e conheceu mulheres bonitas,
forma alguma; eu compreendo que és do para que eu consiga senti-lo; até porque mulheres que poderiam estar hoje aqui
jeito que és pela tua natureza, pelo que não vou gostar, não gosto das coisas comigo, que falavam várias línguas e
lhe é próprio, e dizendo agora essas impostas, não gosto dessa obrigação numa delas a gente poderia se entender,
coisas pra você, eu penso até na beleza urgente de ter que gostar de alguém; pra mas não... eu optei pelo vazio da minha
que há nisso, nessa determinação em que, sabe? Pra ter mais organização na sala, pelo silêncio tumultuado das minhas
assumir traços familiares que para muitos minha vida, pra ser mais previsível? E gavetas, por dar eu mesmo o nó na minha
não seriam motivo de orgulho, mas que quem é que quer a minha previsibilidade? gravata, e estou bem assim, não acha?
em ti passeiam pela vida como um Quem é essa pessoa que aguarda que eu Estou até muito bem assim, para um
bordado. Eu espero que entendas me torne mais isso ou aquilo? Deus? Eu homem de quase sessenta anos, gerente
também o meu lado, que alcances a não acredito em Deus, eu acredito em de uma secretaria com quase oitenta
minha linha de raciocínio tão alta e mim e no que acredito, e não me entenda servidores, você iria dar conta? Eu penso
distante do teu mundo; está aí: nossos mal, que eu não sou um descrente; há até que sim, eu penso que sim... e pode
mundos parecem não coincidir, você me muita coisa no mundo para se acreditar procurar outro que lhe queira, sabe? Deve
disse que nasceu em Concórdia, e há de numa só. Eu já morei na França, aquilo lá haver lá fora um monte de gente que
concordar comigo que São Paulo não tem é um caos também, as pessoas são precisa de alguém como você, homens e
nada a ver com isso, basta olhar para o promíscuas, eu era um promíscuo, sabia? mulheres; não se limite ao gênero
trânsito, para os shoppings, as ruas Você iria querer passar muito tempo ao masculino porque, é verdade, a gente só
comprimidas de gente, carros e lado de alguém como eu? Confiaria em vê peito e bunda; e alguns, como eu,
motocicletas. Sem falar nos prédios, nos alguém que foi sexualmente dispersivo? veem também cara e desprezam co-
museus, nos teatros. Você já foi ao Quando estava conversando com uma ração. Nós somos assim, eu sou assim, e
teatro? Mas digo teatro com grandes mulher no café, me detinha no pensa- você é uma moça muito educadinha,
atores, com atores “globais”; você já mento que seguia as dimensões de outra muito queridinha, mas é feia. Eu também
esteve no MASP, visitou a OCA? Con- que ali passava, e antes de sair, deixava sou feio. Somos ambos muito feios para
hece a Avenida Paulista? Fica há poucas meu cartão com a moça do caixa; meses andarmos juntos. Precisamos nos acom-
quadras daqui, eu até aconselho você, já depois é que me lembrava, aí ligava pra panhar de pessoas bonitas para que a
que veio de tão longe para me conhecer, ela e nós saíamos juntos, e ríamos juntos, sociedade não nos perceba como agora
até aconselho que caminhe por lá, que e até quase me casei com uma dessas eu estou percebendo você, entende? É
visite a Casa das Rosas ou a Livraria francesas, mas ainda bem que não fiz, bom até que a gente nem seja visto junto,
Cultura; não sei se gosta de ler, não que fiquei no mundo semi-só. É tão bom, nem prolongue mais essa agonia, e cada
chegou a comentar nada comigo, mas entende? Ter a desculpa de que não um tome seu rumo... não, não, por favor,
acho que moças assim, sem pretensões tenho uma mulher pontuando a minha não chore aqui. As pessoas vão ver, as
estéticas, devem preferir uma boa leitura vida, de que não tenho alguém que me pessoas estão vendo, ali oh, o Marcílio,
a ter que passar as tardes no salão; e caracterize, que anote meus recados, que aquele cara adora me criticar pelas
também, quem sou eu para me intrometer me testemunhe. Além disso, se fosse costas; agora viu você chorando diante de
no teu dia-a-dia, que apesar de você ter para ter uma, assim, como você está mim, nossos braços quase se encos-
vindo até mim sem hora marcada, eu não sugerindo, eu iria preferir que fosse tando, vai pensar besteira... Que tem
sou tão descabido a ponto de ficar agora bonita, que é para eu ter no que me mais essa: homem só pensa besteira!
lhe fazendo mil perguntas; você chegou amparar quando me sentisse desa- Acho melhor mesmo você sair daqui
tão determinada a ser o que é e me nimado ou realmente enjoado dela; decidida a procurar uma mulher; mulhe-
mostrar que é bonito isso... O que foi? porque eu não iria querer olhar de manhã res se compreendem, se confortam, se
Você tá chorando? Não chore, por favor. cedo para uma mulher feia fazendo o meu confidenciam... Olha, eu preciso ir, tenho
Não fica bem pra mim, entende? Na café, sinceramente não me veste bem uma reunião agora e... bem, outra hora a
minha idade, eu não posso mais perder essa fantasia; estou sendo muitíssimo gente se fala... me manda teu currículo
tempo, até porque não sei de que tempo honesto com você, porque apesar de que vou ver o que posso fazer. Mas pra
estamos falando, eu já tenho quase morar aqui, eu sou gaúcho, e os gaúchos secretária realmente não dá.
sessenta anos, você sabia? Você sabia não têm receio de ferir ninguém com
disso quando veio me procurar? Deves palavras quando sabem que suas
Deixando de lado as diferenças óbvias, num teste para o mercado americano é pura ções como um Alan Moore... Ao menos eu
o que falta para o mercado nacional de ficção científica Então eles abaixam a crista e espero. Henfil, sempre genial, dizia que não
quadrinhos poder ser comparado ao norte- eu consigo passar uma ou outra coisa pra fazia um gibi todo mês simplesmente porque
americano? eles, do contrário fica impossível. O ego Gilberto Gil ou Chico Buarque não gravavam
inflado é o maior entrave dum aspirante a um disco mensalmente (risos).
SEABRA: Quando um editor e agente de desenhista. Eu dou a maior força pra eles.
artistas competente como o Joe Prado fala Força para que façam uma boa faculdade e Você recentemente adaptou para os
que não tem como fazer HQ de super-herói no para que leiam mais (eles não lêem nada). O quadrinhos o "Memórias Póstumas de
Brasil, ele não está falando que não há gente meu querido e extremamente talentoso Brás Cubas", de Machado de Assis. Adap-
competente aqui para fazer isso. Obviamente [desenhista] Roger Cruz disse uma coisa tações desse tipo não inibem os jovens
ele está dizendo que não há dinheiro que interessantíssima numa entrevista recente. leitores de buscarem as obras originais?
pague um trabalho desses, ainda mais nos Ele falou da importância do aspirante a
moldes que se pratica hoje em dia lá nas desenhista saber se apresentar a alguém. SEABRA: Acho que inibe, e muito, se a
[editoras norte-americanas] Marvels e DCs da Nem isso eles sabem. São muito malcriados. obra for mal adaptada, mal condensada... Isso
vida, extremamente sofisticado. Se quando Claro que tudo isso é resultado da acontece muito com Homero. Duvido que
era uma HQ (o comic book ou gibi) rudimentar, deteriozação escolar. O primário de hoje é um algum garoto tenha sentido vontade de ler
a prima pobre das de tiras de jornais, as lixo. O ginásio idem. O colegial, nem se fale. Homero depois que lhe for imposto ler essas
revistas em quadrinhos já seriam duras de se condensações estúpidas. Toda adapta-
imitar aqui no Brasil, imagine agora! Claro que Quanto à falta de leitura por parte dos ção/condensação de Ulisses é medíocre e
por outro lado eu acredito no jeitinho seus alunos, esse é um problema que enfadonha. E o pior é que a repetição
brasileiro, na improvisação e na criatividade atinge a muitos brasileiros. Para você, os exagerada e mal feita banalizou uma obra
de quem não tem grana. Em fazer revistas em quadrinhos têm influência na construção incalculavelmente extraordinária. Provavel-
quadrinhos como fez a Grafipar de Curitiba, de um hábito de leitura? mente isso só tem a ver com a linguagem. No
baratas e em grande quantidade de títulos, livro se pode tudo e se tem tempo pra tudo; no
mas tendo um bom editor capitaneando. SEABRA: Eu não acredito nessa cinema o tempo é limitado (na maioria das
Alguém competente, criador. Cláudio Seto era baboseira oriental de que “a imagem vale por vezes o diretor e os atores também) e nos
esse editor. Ele sabia que para ter um produto mil palavras”. Sou de uma época onde os quadrinhos, o problema é o número das
nas bancas, todo mês, e manter a produção e leitores de HQ eram retratados (pelos próprios páginas e o “quanto” irá se pagar aos autores
uma certa qualidade, ele precisaria bancar um desenhistas) como retardados. Se aparecia (risos)... Adaptar Memórias Póstumas de Brás
profissional de HQ. Garantir uma produção num quadrinho um sujeito lendo gibi, era o Cubas foi um dos meus maiores erros,
certa com um pagamento mínimo, e no dia idiota da história. Mas [os quadrinhos] sendo primeiro porque não se paga por um trabalho
certo. Caso contrário nada vai pra frente. uma arte popular, de fácil digestão, e desses aqui no Brasil, segundo porque foi
individual, era e é de se esperar que pessoas lamentável socar 176 páginas de textos
Você hoje dá aulas de desenho e menos capazes entrem de cabeça nela. O excepcionais em 40 páginas de gibi... A
anatomia, certo? O que você tenta passar cinema é uma grande baboseira, só que não é síntese exagerada acaba com o sabor, o
aos seus alunos sobre a situação do nada individual, então ninguém nunca o encanto e o brilho dum escrito desse nível.
quadrinho nacional e como isso afeta as condenou como sendo mídia de retardado, Danifica todo o significado. O mesmo não
ambições profissionais deles? muito pelo contrário. Eu faço parte de duas ocorreu com os outros títulos da mesma
épocas distintas, uma, nos anos 60, onde por coleção. Eram contos, e foram publicados em
SEABRA: Eu já ferro com a cabeça deles influência direta dos EUA, Dr. Frederic forma de quadrinho, mas integralmente... E
logo de cara. Deixo bem claro que o mercado Wertham, A Sedução do Inocente, artistas de talento como Josmar Fevereiro e
não existe, que eles desenham mal pra MaCarthysmo, etc, se queimavam gibis nas Francisco Vilachã souberam acrescentar,
cacete, que se aparecer alguém com talento praças, educadores e padres tiravam aos somar com seus traços, à beleza dos textos.
no meio deles será um milagre e que passar supetões os gibis das nossas mãos... E Mesmo assim eu ainda sou aquele cara
depois, nos anos 80, onde se iniciou uma desconfiado... Antiquado, que acha que a
tremenda reviravolta e os quadrinhos pau- imaginação é muito mais importante do que
latinamente passaram a ser parte intrínseca você receber tudo pronto e mastigado. Por
dos livros didáticos, chegando até a parecer mais que eu aprecie quadrinhos, eu prefiro
um certo comodismo dos autores desses muito mais os monstros do [escritor]
livros, sempre procurando bons exemplos H.P.Lovecraft que eu concebo na minha
gramaticais nas tiras e páginas dos qua- mente, do que os mesmos monstros
drinhos. O que eu posso dizer é que se meu concebidos por diversos artistas. Eviden-
filho lesse apenas gibis eu ficaria muito temente que há casamentos entre autores
preocupado. Um dia desses li um artigo que se igualam às obras ou acrescentam
excelente dum professor de faculdade aqui da (algumas vão até além), mas isso, como tudo
minha cidade. Um mea culpa sobre o fato dele mais, são honrosas exceções. Podemos citar
(e todos nós) não estar mais conseguindo ler 2001, Uma Odisséia no Espaço, do Kubrick,
como antigamente. Talvez os quadrinhos não ou O Iluminado, do Kubrick (risos)... Bom, isso
sejam o único vilão da história. Se você ler tudo em se tratando de adaptações. No caso
qualquer livro simples, de entretenimento, de textos originais feitos para as HQs, a
como um romance policial, ele terá mais situação se inverte. Duvido que um livro de
conteúdo e qualidade de texto que qualquer super-herói ou um filme seja melhor do que
gibi ou filme... É evidente que há autores trabalhos de artistas como Jack Kirby ou Stan
extraordinários nos quadrinhos, mas eles são Lee. São gêneros que nasceram com a
bons excepcionalmente. O tipo de produção e linguagem, e creio que não há como separar
o que se paga por roteiros de quadrinho irá isso. Pode-se fazer diferente. Melhor, eu
sempre impedir que rolem coisas melhores. É duvido.
também evidente que sempre haverá exce-
O homem primitivo riscava nas os gregos, em seus palácios e casas, americano Richard Outcault, criador do
paredes de sua caverna narrativas gostavam de fazer desenhos em alto personagem Yellow Kid (menino ama-
gráficas: desenhos que mostram tais relevo e foi, assim, que nossa civilização relo) e o primeiro a introduzir nas HQs um
aven-turas são encontrados nas grutas conheceu as Olimpíadas através de his- de seus mais tradicionais elementos, o
de Lascaux, na França, e Altamira, na tórias contados por imagens nos vasos e balão de texto; mas há também quem
Espanha. Depois, vieram as escritas dos nas estátuas gregas. A origem das puxe a sardinha para o lado do ítalo-
assírios e dos babilônios até que, nas propriamente ditas Histórias em Quadrin- brasileiro Angelo Agostini, que trinta
pirâmides do Egito, foram reproduzidas hos, no entanto, é um tema ainda polê- anos antes aplicava nas aventuras do
imagens das batalhas, de cerimônias mico, principalmente entre brasileiros: personagem Nhô Quim o tripé "ilustra-
religiosas e da vida dos faraós. Também uns dizem que seu pioneiro foi o norte- ção, texto e sequência", para muitos a
fundamentação para os quadrinhos
tradicionais.

Independentemente da paternidade
da criança, uma coisa é certa: o
nascimento das histórias em quadrinhos
(ou HQs, ou artes sequenciais, ou "gibis")
significou o surgimento de uma
linguagem extremamente popular, de
fácil assimilação e favorável à contínua
experimentação. Se a princípio essa
linguagem estava fortemente atrelada ao
puro entretenimento e às manifestações
da indústria da cultura de massa, hoje ela
interage com praticamente todas as
outras expressões culturais e inspira
infindáveis discussões sobre seus va-
lores artísticos, educacionais e, inclusive,
literários.

"Para a linguística, imagem é texto e,


portanto, literatura", explica o pedagogo
e linguista Alexsandro Santos, da
Secretaria de Educação da Prefeitura
Municipal de São Paulo. Para ele, os
quadrinhos são um gênero da literatura, e
não uma expressão artística indepen-
dente. Já o jornalista e blogueiro Paulo
Ramos, autor do livro A Leitura dos
Quadrinhos, discorda: "Minha leitura é a
Felipe Meyer sobre arte de Will Eisner

de que existem diálogos evidentes entre


as duas áreas. Mas quadrinhos são
quadrinhos e literatura é literatura", disse
ele em entrevista ao programa Entre-
linhas, da TV Cultura.

Outra bandeira levantada por estu-


diosos e aficcionados das HQs é a do
caráter educacional do meio, de certa
forma endossado pelo constante uso de
tiras e charges em concursos públicos,
vestibulares e livros didáticos. A relação
entre quadrinhos e aprendizado vêm
sendo debatida há anos e é consenso
entre teóricos contemporâneos das
áreas de literatura infantil e de letramento 2006 têm incluído obras em quadrinhos responsáveis pela delinquência e ati-
visual que o apoio da imagem tem efeito na relação de títulos selecionados, em tudes violentas dos jovens norte-
positivo sobre a leitura das crianças. Esta número que cresce a cada ano (em 2009 americanos. Wertham constatou que,
constatação, aliada a uma popularização foram vinte títulos em quadrinhos entre os entre os jovens problemáticos
do conceito de domínio público e de escolhidos, entre os cerca de 230 mil que atendia, uma constante era o gosto
licenças de uso como o Creative Com- livros que serão distribuídos ao custo de por quadrinhos, e rapidamente deduziu
mons (saiba mais sobre ele na página 2) mais de 54 milhões de reais). Apesar do que as duas coisas tinham de estar
fez crescer em importância e em volume incentivo que surge com a conquista de ligadas. Entre outras acusaçõe, ele
de produção um gênero dos quadrinhos um cliente tão ilustre, Alexandre Linares, afirmava em seu livro que os super-heróis
chamado de "literatura em quadrinhos", um dos responsáveis pela adaptação do Batman e Robin compunham um casal
ou seja, obras literárias clássicas romance A Relíquia, de Eça de Queiroz, homossexual e que a Mulher Maravilha
transpostas para a linguagem das HQs. acredita que o gênero ganhou força muito era lésbica.
antes, pois seria uma forma de ajudar os
"No livro se pode tudo e se tem tempo quadrinhistas brasileiros a melhorar os Tais suspeitas foram levadas tão a
pra tudo, no cinema o tempo é limitado e roteiros e, assim, ganhar prática e expe- sério que vários pais fizeram fogueiras
nos quadrinhos, o problema é o número riência na roteirização de histórias. com revistas e o senado norte-americano
das páginas", afirma o desenhista Se- instaurou uma comissão de investigação
bastião Seabra, que recentemente “É óbvio que existem editoras sobre o assunto. O caso resultou ainda
adaptou para o gênero o romance de oportunistas, que têm feito adaptações na criação do Comic Code, um código de
Machado de Assis, Memórias Póstumas com pouco cuidado, às pressas e com o conduta (ou de censura, dirão alguns)
de Brás Cubas e acredita que, se mal claro intuito de vender para o Governo. que dizia o que podia e o que não podia
condensadas, as adaptações acabam Por outro lado, tem permitido quadrin- ser publicado pelas editoras. Com o
inibindo o público mais jovem de ir em histas a viverem de Quadrinhos”, com- passar dos anos o código passou a ser
busca das obras originais. Ele admite, no pleta. Mas não há uma fórmula pronta cada vez menos e menos respeitado, até
entanto, que quando se vence os que garanta o sucesso de uma adap- entrar em desuso, mas o período em que
obstáculos de formato, os resultados tação, alerta o mestre em Estudos reinou serviu para reforçar a visão de
podem ser excepcionais. O também Literários Lielson Zeni: "É preciso uma grande parte da população de que
desenhista Felipe Cunha, indicado ao preocupação muito grande com a histórias em quadrinhos são exclu-
Troféu HQMix (o "oscar" dos quadrinhos qualidade, que a adaptação seja muito sivamente um produto voltado para
brasileiros) em 2009 pela revista boa no seu novo meio, independente do crianças, e ao qual é proibido abordar
independente Eterno, é de opinião original. Tanto que existem adaptações temas como violência, sexo, racismo,
completamente diferente. Para ele, a em diversos meios que ficam muito drogas, entre outros. Os fãs agradecem a
adaptação de clássicos torna-os parecidas com os originais, mas tornam- quem não deu ouvidos a esse rótulo e
acessíveis a uma nova geração que de se muito chatas”. permitiu que surgissem quadrinhos
outra forma talvez nunca fosse adultos (o que, importante ressaltar, não
apresentada a essas obras. A Sedução do Inocente é o mesmo que "quadrinhos porno-
gráficos") como o Watchmen, de Alan
Não só as editoras (de quadrinhos ou As opiniões a respeito do aspecto Moore (recentemente transposto para as
não) têm investido no gênero como pedagógico dos quadrinhos, no entanto, telas do cinema), Cavaleiro das Trevas,
também o governo tem se dedicado a por muito tempo estiveram pendendo de Frank Miller e Maus de Art Spi-
integrá-lo às políticas públicas, como é o para o outro lado da balança. Em 1954 o egelman, títulos que revolucionaram o
caso do PNBE (Programa Nacional psicólogo Frederic Wertham inflamou os meio e até hoje são considerados tão
Biblioteca da Escola), criado em 1997 ânimos de pais e professores ao escrever bons quanto (ou até superiores a) di-
com o objetivo de formar bibliotecas o livro A Sedução do Inocente, que versos clássicos da literatura.
escolares em todo o país e que desde levantava a teoria de que as HQs eram

Dom Quixote na visão de Gustave Doré


A mídia informativa costuma explorar muito Os dois apresentadores do
os modismos. Se um assunto encontra eco na telejornal, Carla Vilhena e Cesar Tralli,
população, é forte candidato a ganhar uma suíte, registraram numa nota-pé (nome do
jargão jornalístico para uma reportagem que dá texto lido do estúdio após a exibição da
sequência a determinado tema. Quando essas reportagem) que Eisner é um autor
ondas de modismo ocorrem, qualquer caso reconhecido mundialmente e que
semelhante ganha imediatamente os holofotes, apenas a adequação da obra era
mesmo que, numa análise fria, merecesse discutida. É um claro e tardio mea culpa
apenas uma nota ou até nem ser noticiado. público. Exatas duas semanas antes, os Uma das cenas
mesmos âncoras questionaram, sim, a polêmicas da graphic
Nesses casos, há o sério risco de o modismo qualidade de "Dez na Área, Um na novel Um Contrato com
se sobrepor ao juízo jornalístico. Valoriza-se Banheira e Ninguém no Gol", álbum feito Deus, acusada de
incitar à pedofilia
muito o que não merecia tanto destaque. Basta por diferentes autores nacionais e
olhar um pouco atrás o caso da morte da menina destinado ao leitor adulto. O livro foi
Isabela Nardoni, em que a mesma informação foi comprado pelo governo de São Paulo e
exaustivamente noticiada. seria levado a estudantes da terceira
série. O governo admitiu a falha. No
Está ocorrendo exatamente isso na "SPTV", o governador José Serra
cobertura da entrada de quadrinhos nas escolas. classificou a obra de muito mau gosto,
Isso fica bem claro numa matéria do dia 02/06 do um horror. Carla Vilhena se mostrou
"SPTV 1ª Edição", telejornal paulista da TV chocada na primeira pergunta feita a
Globo. A reportagem informa que o álbum "Um Serra.
Contrato com Deus e Outras Histórias de
Cortiço", de Will Eisner, é outra obra distribuída O discurso da mídia sobre o caso
pelo governo com conteúdo inadequado a mudou. Há sinais claros disso na
alunos. Neste caso, da sexta série (em torno de reportagem em pauta. Tralli e Carla
11 anos). Vilhena explicitaram um tardio - embora
educativo a eles e ao público - atestado
O livro, reeditado pela Devir em 2007, integra de que a cobertura anterior teve falhas,
a lista de obras deste ano do PNBE (Programa assim como o processo seletivo. Mas
Nacional Biblioteca da Escola). O programa do fica a pergunta aos pauteiros do "SPTV
governo federal distribui livros e quadrinhos a 1ª Edição": valia a matéria?
escolas de todo o país.
Observando o caso friamente,
Ainda segundo a reportagem, o livro foi descolado das reportagens recentes, é
descoberto por uma diretora de escola de Ferraz algo que pouco se sustenta
de Vasconcelos, cidade da Grande São Paulo. jornalisticamente. É de espantar que tenha sido
Ela identificou a obra na biblioteca, frequentada levado ao ar, ainda mais na Globo. A imprensa corre também o risco de cometer
por alunos de sexta série. Nas palavras da erros nesse processo. Os casos da Escola Base
repórter Daiane Garbin, da Globo, "pelo nome, o É de uma obviedade absurda dizer que uma e do Bar Bodega, ambos da década de 1990, são
livro de quadrinhos parece inofensivo, mas, obra direcionada a adolescentes e adultos esteja tristes exemplos disso. Noticiou-se por semanas,
virando as páginas, o que se encontram cenas de numa biblioteca. Mesmo sendo um espaço à exaustão, a culpa de um grupo de pessoas.
sexo e violência. Em uma cena, haveria frequentado por crianças. O óbvio é que isso Nenhuma era culpada. A correção rendeu uma
referência à pedofilia e à prostituição infantil". Ela ocorre em qualquer biblioteca escolar. Há livros nota, meses depois. Isso quando houve
destaca também uma cena em que o pai para diferentes públicos. Inclusive o infantil. correção.
esbofeteia a mãe e arremessa um bebê no sofá. Cabe a uma bibliotecária controlar o acervo e o
Tudo fartamente ilustrado. A diretora não aparece empréstimo. O alarde da diretora evidencia um
na matéria. claro despreparo dela. Essa, talvez, seria a
matéria. Será que a diretora - que não aparece na Março de 2009 – Livro de Geografia, usado
pela 6ª série nas escolas públicas de São
À reportagem da Globo, vale reforçar, o matéria - viu inadequação também nas obras
Paulo, mostrava o Paraguai duas vezes em um
ministério da Educação disse que a obra é literárias presentes no acervo do PNBE? Por que mapa da América do Sul e excluía o Equador.
adequada a estudantes do ensino médio, com o foco só no álbum em quadrinhos? Qual o
mais de 15 anos. E que cabe às escolas a contexto das histórias mostradas no álbum de Maio de 2009 – O livro Dez na área, um na
responsabilidade pelos empréstimos. Eisner? O tema era sexo, violência e alusão a banheira e ninguém no gol foi distribuído como
pedofilia? Ou eram histórias humanas, situadas material de apoio aos alunos da 3ª série de São
A polêmica em torno de "Um Contrato com nos cortiços nova-iorquinos, onde o autor passou Paulo, sendo em seguida acusado de conter
Deus" (que já se extendeu para outros estados - a infância? Enfim: a obra foi lida? palavrões, situações impróprias e apologia ao
crime. O governador José Serra classificou o
veja o box) se restringe a duas cenas, sempre livro como de extremo mau gosto, o que gerou
lembradas fora do contexto em que foram Mais um fato poria a pauta à prova: o revolta em profissionais dos quadrinhos.
produzidas. Numa, uma menina de dez anos ministério da Educação está correto. A obra foi
levanta o vestido e mostra a calcinha para o selecionada para o ensino médio, de modo a Junho de 2009 – Educadores de SP
síndico do prédio onde mora. A estratégia, isso compor bibliotecas escolares. A lista do PNBE questionaram o conteúdo de Um Contrato com
não é lembrado, é para roubar o dinheiro dele. É inclui para o mesmo público outras duas obras de Deus, de Will Eisner, distribuído às escolas pelo
nessa cena que é visto sinal de pedofilia. No Eisner - "O Sonhador" e "A Força da Vida" - e MEC. Não houve recolhimento dos livros e o
Ministério orientou cuidado aos bibliotecários.
outro momento polêmico, um pai bêbado toma o duas nacionais - "Domínio Público - Literatura em
Semanas depois um vereador de União da
bebê das mãos da esposa e o arremessa no sofá. Quadrinhos" e "O Alienista", vencedora de um Vitória, no Paraná, proibiu o álbum na escola
Depois, bate na mulher. Prêmio Jabuti em 2008. em que é diretor e cobrou a repetição da
medida em todas as escolas da cidade. Mais
As duas cenas integram contos diferentes da Os modismos acabam, é questão de tempo. recentemente, o governo do RS orientou às
obra, ambientada na vida dos cortiços nova- São sobrepostos por outros modismos. Mas, até escolas do estado que retirassem de seu
iorquinos da década de 1930. Foi onde o autor lá, esse modus operandi da imprensa tende a dar acervo essa e outras duas obras (O Jogador e
nasceu e passou a juventude. A obra foi um dos corda a um novelo que já não tem mais linha. E O Nome do Jogo) de Eisner. Em resposta, A
secretária de Educação Básica do MEC, Maria
cinco títulos em quadrinhos listados em 2008 passa pelo sério perigo da perda do critério do Pilar, defendeu o envio de álbuns em
para serem distribuídos neste ano a escolas do jornalístico, de destacar algo que não merecia quadrinhos de Eisner a escolas de todo o país e
ensino médio, que tem alunos acima dos 14 ser noticiado. Como neste caso sobre a obra de afirmou que as bibliotecas escolares devem ser
anos. Will Eisner. plurais e representar o pensamento
contemporâneo.
em quadrinhos
Temos visto com muita ressalva atitudes recentes de retirada de obras
as de escolas. Entende mos tratar-se de
do norte-americano Will Eisner de bibliotec
um exemplo de desconh eciment o sobre o conteúd o do material .

uma época
Levar tal material à escola corrige um equívoco histórico no Brasil. Houve
somente por serem quadrinh os. A
no país em que os quadrinhos eram nocivos
censura a eles escondia motivos de ordem política e comerci al.

o fantasma
Retomar tais discursos, calcados na falta de argumentos sólidos, revive
de 60, 70 anos atrás.
com forte eco
Assim como a literatura, os quadrinhos são forma de leitura autônoma,
como confirma a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, divulgada
entre os alunos,
em 2008.
do ensino
O argumento de que os livros de Eisner são inadequados ao estudante
direcion ados, é frágil e revela uma leitura equivoca da e parcial
médio, a quem foram
do conteúdo, resumido a poucas cenas.
e “O Nome do
“Um Contrato com Deus e Outras Histórias de Cortiço”, “O Sonhador”
de vida, ambient adas nos EUA nas décadas iniciais do
Jogo” mostram histórias
século 20.
autor, que
As situações que podem agredir a uns integram a realidade vivida pelo
passou a infância e a juventud e na mesma época, nessas situaçõe s.

respeitados
Apesar das dificuldades, Eisner, falecido em 2005, tornou-se um dos mais
autores de quadrinhos do mundo.
Unidos. O
São dele alguns dos primeiros romances gráficos produzidos nos Estados
publicaç ões produzid as por autores brasileir os.
gênero encontra em 2009 várias
e de
A escola tem a função de levar o mundo ao estudante por meio de leituras
práticas de letramen to, inclusive visual.
direcionados
Os três quadrinhos em pauta oferecem tais conteúdos, acentuados se
aos alunos por meio de práticas pedagóg icas afins.

a da
Reiteramos a qualidade das três obras do PNBE (Programa Nacional Bibliotec
e defende mos que podem, sim, ser levadas aos estudan tes do ensino médio.
Escola)
simples
E devem integrar bibliotecas escolares, e não serem retiradas dela. O
das séries
controle de empréstimo das obras resolve as questões de acesso a alunos
iniciais.
e não de
Os argumentos em contrário têm se mostrado infundados, fruto de receio
ico, oferecem rico material a ser
fatos. Dos pontos de vista do conteúdo e pedagóg
usado com os alunos.
Rafael Andrade de Souza tem 7 anos e é
morador de Paraty. Ele estava passeando
pela cidade com seu pai, na primeira noite
do festival, quando nos contou que vai
participar da flipinha com sua professora –
aliás, junto com eles, estarão quase 10000
crianças e 600 professores, que vêm das
escolas da região para aproveitar a festa.
Rafa também contou que ele e seus colegas
vão usar uma camiseta branca com uma
imagem do escritor Manuel Bandeira,
pintadas por eles mesmos. "Mas ele já
A Carolina Cobbett, de 9 anos, nos enviou esses
morreu, né?", explicou o menino.
lindos desenhos dos lugares em que ela mais
Se você também tiver feito alguma obra de
gosta de estar, inspirada pela cidade ideal de
arte especialmente para a flipinha, envie pra
Manuel Bandeira, Pasárgada.
gente! Peça para os seus pais tirarem uma
foto e mandarem para o e-mail
contato@jornaldedebates.com.br

Já o lugar favorito da Thais Alqueres é a sua chácara em Poços


de Caldas, onde ela pode praticar à vontade sua brincadeira
favorita: pique-esconde!

Ei! Você que está participando da Flipinha! Nós queremos publicar seu desenho no Jornal de Debates!
Peça para seus pais levarem seu desenho para a nossa redação, que fica ao lado da Livraria da FLIP, no centro histórico da cidade. Eles também podem
mandar sua obra pra gente por e-mail. Nosso endereço é contato@jornaldedebates.com.br.
Sua arte vai poder ser vista e copiada por muitas outras crianças e adultos (se seus pais quiserem saber mais informações sobre sobre isso, eles podem
ler a informação sobre Creative Commons, na página 2). Não é legal?
Contamos com você!

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