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I
Nuno, especulador imobiliário, compra, em Janeiro de 2006, um terreno
inóspito a Diogo, convencido que em breve ali se construiria um
empreendimento turístico que iria valorizar a região. Na verdade o terreno
não interessaria a Nuno se Isabel, vereadora da Câmara Municipal, não o
tivesse convencido da construção do referido empreendimento turístico.
Diogo, por seu turno, sabe que não se construirá ali empreendimento
algum, mas cala-se, na esperança de obter melhor preço. O negócio fecha-
se assim por 75.000 euros, mas Diogo e Nuno combinam declarar apenas
50.000 “ para efeitos fiscais”.
Hoje, ciente de que foi “enganado”, Nuno invoca a nulidade do negócio
com fundamento na divergência entre o valor real e o valor declarado. Se
assim não se entender, Nuno considera que o negócio nunca seria válido,
pois, se não tivesse sido convencido da construção do empreendimento
turístico, nunca teria comprado o terreno. Além disso, Inês, proprietária de
um terreno vizinho, que tem que atravessar o de Diogo para ter acesso à
via pública, pretende igualmente invalidar o negócio, para exercer o direito
de preferência que considera que lhe assiste.1
Inês é amiga de Diogo, mas desconhecia a “combinação”.
Diogo defende-se afirmando que, tendo Nuno participado do conluio,
invocar agora a invalidade do contrato seria uma “contradição inadmissível
à face do art. 334 do Código Civil”.
II
QUESTÕES ALTERNATIVAS
ESCOLHA APENAS DOIS GRUPOS
III
IV
2
Cf. os arts. 627º ss Código Civil
3
Cf., entre outros, o art. 1270 do Código Civil.
V
O negócio seria assim válido pelo valor de 75.000, o que resulta, tanto do
aproveitamento do negócio dissimulado, como da caducidade do direito de
pedir a sua anulação com fundamento em erro.
TOTAL:………………………………………………………………………………. 6
II
TOTAL:………………………………………………………………………………. 6
III
3. A condição não seguiu a forma exigida para o negócio, pois não foi logo
aposta na escritura. Apesar de a lei não o referir, MENEZES CORDEIRO
entende que tal seria necessário por haver uma unidade entre a condição e o
restante negócio. Este entendimento já foi seguido na jurisprudência, vg. no Ac.
RCb 26-Set.-2000 (António Geraldes). A seguir-se esta posição, a condição seria
nula (cf. art. 220). Porém, era defensável que se argumentasse no sentido da
aplicação do art. 221, considerando a condição como uma estipulação acessória
posterior (embora a suposta “acessoriedade” seja muitíssimo discutível).
Deviam retirar-se as consequências devidas da posição adoptada: a condição
era ou não inválida.
5. A questão das rendas reporta-se ao regime dos frutos (in casu, frutos civis cf.
art. 212/2) na pendência da condição. A regra é a da retroactividade da
condição (art. 276), pelo que o efeito resolutivo retroactuaria ao momento da
celebração do contrato. Porém, o art. 277/3 vem afastar esta regra quanto à
aquisição dos frutos referindo que o adquirente a título condicional pode
adquirir os frutos nos mesmos termos do possuidor de boa fé (art. 1270). Como
o regime dos frutos na posse de boa fé é matéria de Direitos reais, deveria
apenas referir-se que a aquisição das rendas vencidas desde Março por parte de
Teresa, estava sujeita ao regime do art. 1270, ex vi art. 277/3.
6. Enquanto negócio jurídico, o acordo que deu origem à fiança era nulo, ou por
indeterminabilidade de objecto, ou por violação da ordem pública (cf. art. 280).
Pelo que Custódio nada tinha a pagar.
TOTAL………………………………………………………………………………… 3
IV
TOTAL………………………………………………………………………………… 3
1.Contrato celebrado com coacção moral, art. 255/1, com a consequência do art.
256 (a anulabilidade do negócio). Referência aos pressupostos da anulabilidade:
- ameaça;
- ilicitude da ameaça;
- dupla causalidade da ameaça;
- finalidade de extorquir a declaração negocial;
Neste caso, não parece haver ilicitude da ameaça – não há cominação de um
mal ilícito, isto é, de um mal que a parte ameaçada não esteja juridicamente
obrigada a suportar (a denuncia às autoridades por um crime).
TOTAL: ……………………………………………………………………………….. 3
PONDERAÇÃO GLOBAL:…………………………………………………………. 2
TOTAL FINAL:……………………………………………………………………. 20
Maio de 2009,
Ricardo Bernardes e
Lara Geraldes