A Architertura da Rouastenca em Portugal
Por ALBRECHT HAUPT
Parte II-O PALTZ
Iv
THOMAR
Ao claustro do cemiterio nas trazeiras da
egreja adhere ainda uma quadra magnifica
da mesma era, a sacristia. Nos lados mais
estreitos abrem-se as janellas, adornadas de
couracas e quatro hermétas; nos mais lar-
gos dois possantes arcos, como alargamento,
aguentados
por finas pi-
a a a lastras. O
J i
lango_ princi-
pa (7 pal do recinto
ostenta. uma
abobada de bergo e caixotdes. O conjunto da ar-
chitectura, de pedra de cér clara, realcada de oiro
por toda a parte. Por cima da entrada principal,
um portico formoso a par de singélo, sobre colu-
mnas doricas acantonadas, da érade 1620, e como
tal, coevo de Felippe III. A architectura é nimia-
mente portugueza, pertencente ao cyclo dos Al-
vares, que a essa data funccionavam em Coim-
bra.
Obra monumental é, sem contestacdo, o in-
gente acqueducto, levando agua a distancia de cinco
kilometros, galgando, por duas vezes, sobre sober-
bos arcos, uns valles, fundos. Vem por fim cingir-
se directamente aos muros do mosteiro, decorando-o
com as suas profundas arcadas, nas quaes se ins-
ruavra pe wnra wana pa conerigie even as janellas das cellas. Coroam os pilares4B4 A RENASCENCA EM PORTUGAL
IeTERIOR DE SANTA Manta DA concetcio
uns corucheus e pyramides rematadas
com a cruz de Christo.
Esta magnifica obra de cantaria, uma
das mais perfeitas em todo o paiz, foi,
segundo reza a inscripcdo, principiada
em 1505 por Felippe II de Castella e
concluida em 1613 por Felippe III.
O mosteiro, em 1834, como alids
quasi tudo do mesmo genero em Por-
tugal, foi votado sistematicamente a0A RENASCENCA EM PORTUGAL 435
desamparo, salvo, porém, parcialmente,
mercé dos esforcos do fallecido mar-
quez de Thomar, que adquiriu uma
parte, comquanto pouco mais restasse
do que as paredes nuas, roubada a or-
namentacao, as pinturas da egreja des-
apparecidas, o maximo numero, ¢ um
montdo de ruinas por todos
os lados.
Abaixo da immensa méle
do mosteiro, para a banda
dacidade,campeiainsulada,
n'uma chan do desladeiro,
uma bonita egrejinha, Nos-
sa Senhora da Conceicio,
oriunda, egualmente, do
tempo de Jodo III. E’ seve-
ra, tambem, a sua construc-
<0, e approxima-se do estylo
classico; muito singela exte-
riormente, de cantaria, com
um frontio liso, pilastras jo-
nicas, nos angulos, e uma cu-
pula, baixa, no encruzamento
das naves. As janellas, coroa-
das por frontées, descansam
sobre misulas, as quaes se
acham dispostas de mui no-
tavel maneira, obliquando
para o lado de fora, lucu-
bragiio perspectivica, com
a qual topamos tambem em
Evora (egreja da Graga).
A formosura do interior ex-
cede, em muito, a do exterior.
E’ de trez naves a egreja, a abobada
de bergo estribando sobre primoro-
sas columnas corinthias com abacos
rectilineos; por cima do cruzeiro er-
gue-se um tectoesconso, a modo de
cupula, sombrio, mais parecendo a abo-
bada de um claustro, adornado de
caixotées, por forma algum tanto con-
fusa.
‘As janellas apresentam feicio iden-
tica ds do exterior, e com as mesmas
misulas em perspectiva.
O interior, néo muito espagoso, os-
tenta, porém, gragas 4 formosura dos
materiaes de construccféo e nobreza
das formas, aspecto puro e aprimorado.
Paira sobre elle um reflexo da primi-
tiva Renascenca ita-
Tiana; o conjunto evoca
involutariamente 0 no-
me de Brunellesco,
PORMENORES DAS COLUMNAS DO INTERIOR De SANTA MARLA D4 CONCEIGIO
supposto permeie entre a época deste
artista e da construc¢do da egreja.
‘As minudencias, sobre tudo, osten-
tam por toda a parte elegancia e finu-
ra; as bases das columnas gracilmente
enfeitadas com ornatos correspondendo
aos angulos de plintho, a fothagem
ornamental tenue e com pouco relevo.
A egreja apresenta a data de 1379.
E nfo obstante, contando ainda pela