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I Encontro de Adolescentes

do Fórum Nacional DCA


ANO 1 // JUNHO DE 2009 // EDIÇÃO Nº 1

Participação infantil foi foco do Iº


Encontro de Adolescentes do FNDCA
e do adolescente, até chegar aos dias
de hoje. Ela apresentou como foi a
conquista e a luta pela garantia de di-
reitos no Brasil, que apesar dos avan-
ços ainda tem muito que melhorar.
A Participação Infantil que pouco
é exercida de fato no país e, às vezes
chega a ser simulada por governos e
ONGs, foi abordada de forma clara,
objetiva para os presentes, por ser
uma discussão importante para a efeti-
vação e para o fortalecimento de ou-
tros espaços e redes de defesa.
Na linha da valorização da par-
ticipação, os Jovens Jornalistas, Ana
Ana Paula e rechos de la Infancia México e repre- Paula e Talisson Leite, juntamente com
Talisson Leite sentante da REDLAMYC - Rede Latino- uma educadora do Acre, coordenaram
Americana e Caribenha pelos Direitos o último dia do Encontro, na sistemati-

O
da Criança e do Adolescente, Gerardo zação das oficinas.
1º Encontro de Adolescen- Sauri, que abordaram, além da Partici- No dia anterior, houve espaço para
tes do Fórum Nacional pação Infantil, também outros temas descanso e integração, quando todos
dos Direitos da Criança e como representações sociais, direitos os educadores e adolescentes tiveram
do Adolescente reuniu ao da criança e do adolescente, adulto- um momento de lazer, com direito a
longo dos dias 26 a 29 de maio, em centrismo, adultocracia e androcentris- piscina e churrasco.
Brasília – DF, aproximadamente 120 mo. Os adolescentes tiveram voz e se
pessoas, entre educadores e adolescen- O evento foi intenso e proporcio- expressaram como os adultos. Vários
tes de 53 instituições representadas. O nou muito conhecimento. Na palestra adolescentes se sentiram ativos em re-
evento teve como objetivo geral a de uma das apoiadoras do Encontro, lação à luta, pois nunca tinham partici-
Participação Infantil, tema trabalhado Andréia Barreto, coordenadora geral pado de espaços de tamanha grandeza
em palestras, debates e dinâmicas em da KNH (Kindernothilfe) Brasil, região e levaram esta experiência para suas
grupo. sudeste e centro-oeste, foi apresenta- comunidades. E, apesar da triste rea-
As atividades foram coordenadas do um pouco da historia e da situação lidade de muitos adolescentes, saíram
pela Secretária executiva do FNDCA, vivenciada pela infância nas socieda- fortalecidos para fazer valer os direi-
Jimena Grignani, e pelo pedagogo e des antigas (medieval a moderna), que tos da criança e do adolescente, não
Diretor Executivo da Red por los De- não respeitavam os direitos da criança esquecendo também dos seus deveres.

Entrevista Ping Pong Conquistas e desafios Opinião de quem foi


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s t a p i n g pon
r e v i g
E n t C
Jovem Jornalista: Em suas falas, o se-
Jovens Jornalistas: No seu ponto de nhor diz que o adultocentrismo é uma
vista de que forma o Fórum Na-
resistência que permanece ao longo da
cional DCA pode contribuir
para a participação dos história. Com a nossa influência na to-
adolescentes? mada de decisões esta realidade vem
Nerinalva: Vejo que o Nerinalva Alcântara: se modificando. Para alcançarmos a
Fórum pode estar junto PLAN de São Luis do participação que buscamos o que ain-
aos outros estados, nos Maranhão. da falta?
Fóruns DCAs Estaduais, Gerardo: Eu creio que nós temos que
fomentando a participa-
aprender mais sobre distintas formas
ção dos adolescentes, bus-
cando uma proposta metodo- de participação, sobretudo permitir
lógica de inserção dos adolescentes e que meninos e meninas possam tomar
depois para levá-la para o poder pú- decisões nos espaços como Conanda,
blico. A partir disto monitorar essas Conselhos Municipais, Conselhos Esta-
propostas e as políticas públicas que duais e Fóruns. Outra participa-
favoreçam o modo de vida desses Gerardo Sauri: Diretor
ção importante é o da vida
adolescentes, como uma forma que Executivo da Red por los
cotidiana na família, nas
venha atender aquilo que os adoles- Derechos de la Infancia
centes esperam das políticas públicas e organizações, escolas e
México e representante
não aquilo que os adultos imaginam instituições. Nada disso é
da REDLAMYC - Rede
que será o melhor. Queria agradecer a fácil, porque significa que
Latino-Americana e
oportunidade e dizer que a comunica- os adultos têm que apren-
ção é um fator essencial para divulgar Caribenha pelos Direitos
der a compartilhar o poder

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os DCA nas comunidades e incentivar da Criança e do Adoles-
da decisão.
os demais adolescentes a buscarem cente.
uma nova forma de se expressar.
Jovens Jornalistas: Como o aprendiza-
Jovens Jornalistas: A seu ver o Fórum do adquirido neste Encontro ajudará a
Nacional DCA teve suas expec- fomentar a participação infanto-juve-
tativas atendidas com a rea- nil no Brasil?
lização deste Encontro? Andreia: O evento confirmou que esta-
Jimena: O Fórum Na- mos no caminho certo de investimen-
Jimena Grignani -
cional DCA acredita que to nas crianças e adolescentes como
atingiu seu objetivo ao Secretaria Nacional do Mariana Teixeira e
Fórum Nacional DCA. pessoas capazes de participar, opinar e
propor o I Encontro de Talisson Leite
adolescentes do FNDCA. decidir. No entanto, é um grande de-
safio, mostrar e “fazer” as instituições

A
Optamos por uma meto-
dologia que contempla a acreditarem no potencial das crianças Convenção Inte
construção desta participação em e adolescentes, envolvendo-os na to- Diretos da Cria
nossos espaços de origem, e que tam- mada de decisão e em todas as etapas de marco acon
bém nos provocasse a pensar outras do projeto. Acredito que conseguire- tória. Um grupo
formas de atuação não apenas a que mos fomentar a participação a partir organizado pela Comissã
estamos acostumados. Proporcionar Humanos da ONU (Org
do momento que as próprias crianças
também um espaço onde os adoles- Nações Unidas) o ratifico
centes pudessem pensar suas realida- e adolescentes, começarem a reivindi- me aprovação na Assemb
des e seus direitos e por consequência car mais esse lugar, lugar de direi- ONU, em 20 de novemb
as violações que ocorrem. A adesão to. E é assim que começamos o tratado mais completo
dos adolescentes à proposta de traba- a trabalhar: EMPODERAN- da infância e é usado até
lho, o pronto retorno que temos de Andréia Barreto – DO as próprias crianças e dos os países do mundo,
adolescentes que já estão reproduzin- Coordenadora da KNH adolescentes. Chega de dos Estados Unidos e da
do esta discussão em suas organizações Brasil região sudeste e não assinaram a conven
ficar tentando convencer
e o desejo expresso de dar sequência centro-oeste. tado traz uma reflexão s
a esta proposta, são exemplos de que os adultos de que os ado-
das crianças e adolescen
nossas expectativas foram atingidas lescentes são capazes, a ló-
dade e tem como princíp
plenamente. gica agora é que eles mesmos não discriminaçã
mostrem que o SÃO”.

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ng t as e d e s a fi o
Co nq u i s s
ista: Em suas falas, o se-
o adultocentrismo é uma na Constituição Federal de 1988 do
e permanece ao longo da Artigo 227, que estabelece os direitos
a nossa influência na to- básicos das crianças e dos adolescentes
isões esta realidade vem em todo o território nacional. O pas-
do. Para alcançarmos a so seguinte foi a promulgação, no dia
que buscamos o que ain- 13 de julho de 1990, do Estatuto da
Criança e do Adolescente (ECA), fruto
da mobilização da sociedade civil or-
creio que nós temos que
ganizada, e que fortalece o princípio
s sobre distintas formas da prioridade absoluta para crianças e
ão, sobretudo permitir adolescentes.
e meninas possam tomar Desta forma, o ECA desde sua
espaços como Conanda, criação nos leva a uma reflexão quan-
unicipais, Conselhos Esta- to às mudanças ocorridas, dificuldades
Fóruns. Outra participa- e resultados vivenciados. Por exem-
importante é o da vida plo, no avanço da sociedade civil,
tidiana na família, nas promovendo espaços de discussão e
aos poucos de capacitação e inserção
rganizações, escolas e
dos adolescentes nas Conferências,
nstituições. Nada disso é Fóruns, Conselhos de Direito e Tutela-
ácil, porque significa que res, ONGs, e visando à elaboração de
s adultos têm que apren- políticas públicas específicas, inclusive
r a compartilhar o poder no orçamento público. E propiciando

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ecisão. ainda a participação dos adolescentes
e sua influencia nas decisões.
E por isso o I Encontro de Adoles-
istas: Como o aprendiza-
centes do Fórum Nacional dos Direitos
neste Encontro ajudará a da Criança e Adolescente, em Brasília,
articipação infanto-juve- transformou-se no espaço de promo-
ção da participação infanto-juvenil,
ento confirmou que esta- do aprendizado de temáticas e meto-
nho certo de investimen- dologias e da troca de experiências.
as e adolescentes como Palestras, debates, dinâmicas e traba-
Mariana Teixeira e superior da criança e do adolescente, lho em grupo, conduzidos por Gerar-
es de participar, opinar e
Talisson Leite a sobrevivência e o desenvolvimento. do Sauri (Diretor Executivo da Red
ntanto, é um grande de- Mas, ao voltarmos na história, en- por los Derechos de la Infancia México
e “fazer” as instituições

A
tenderemos o porquê de tanta preo- e representante da REDLAMYC - Rede
no potencial das crianças Convenção Internacional dos cupação, mobilização e prioridade à Latino-Americana e Caribenha pelos
s, envolvendo-os na to- Diretos da Criança é o gran- fase infanto-juvenil. Nas sociedades Direitos da Criança e do Adolescente)
são e em todas as etapas de marco acontecido na his- antigas era comum abandonar, ven- e Jimena Grignani (Secretária Nacio-
Acredito que conseguire- tória. Um grupo de trabalho der, matar as crianças e expor recém- nal do FNDCA), poderão ser levados
r a participação a partir organizado pela Comissão de Direitos nascidos, caso fossem da classe social a cada realidade e multiplicadas para
Humanos da ONU (Organização das pobre. Na época medieval, por sua outros adolescentes.
que as próprias crianças
Nações Unidas) o ratificou por unâni- vez, as decisões eram tomadas pelo No decorrer das atividades tam-
s, começarem a reivindi- me aprovação na Assembléia Geral da Rei Feudal e acatadas, principalmen- bém foram trabalhados outros temas
esse lugar, lugar de direi- ONU, em 20 de novembro de 1989. É te por mulheres e crianças, pois não que envolvem o direito à participa-
é assim que começamos o tratado mais completo dos direitos existiam espaços para participação nas ção, como a Convenção Internacional
rabalhar: EMPODERAN- da infância e é usado até hoje por to- decisões. Mesmo no período moder- dos Direitos da Criança; as Represen-
O as próprias crianças e dos os países do mundo, com exceção no, a sociedade surgiu vendo a criança tações Sociais da Infância, que enfo-
dolescentes. Chega de dos Estados Unidos e da Somália que como um ser incapaz de saber o que cam as crianças como propriedades;
car tentando convencer não assinaram a convenção. Este tra- quer, dependendo sempre de um adul- o adultocentrismo e o patriotismo.
s adultos de que os ado- tado traz uma reflexão sobre o papel to. Foram ainda discutidas as formas que
das crianças e adolescentes na socie- Já no Brasil, na década de 80, foi a sociedade usa para fazer acontecer
centes são capazes, a ló-
dade e tem como princípios básicos: a registrada uma fase de discussões, a participação infanto-juvenil, como-
agora é que eles mesmos não discriminação, o interesse debates, movilizações e formação participativa, simbólica, decorada e a
m que o SÃO”. das organizações. Esta fase também manipulada.
compreende a inserção

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O p i n i ã o d e q ue m
foi

]] ]] - Essencial é levar a
- A falta de com-
promisso e má elaboração
dos planos de capacitação são

] ]
- Participação virou
um dos principais desafios para - A educação permite
criança e o adolescente para moda, principalmente
promover a participação às crianças e aos adolescentes o
participarem, para capacitá-los e na política.
infantil. seu desenvolvimento e possibili-

]
fazê-los sentirem-se importantes e

]
partes de sua comunidade. ta que mostrem suas capa-
- As crianças e adoles- cidades.
centes têm os mesmos direitos
- Não só damos a

]]]
que os adultos e mais, por serem - Será
eles direitos, mas tam- que a pobreza leva
bém deveres e respon- sujeitos em desenvolvimento.
- Um direito não é a participação infantil a ser
sabilidades.
garantido quando vio- uma necessidade?
la outro. - Participação não é
- Governos e Ongs abrir o espaço, mas é dar in-
- As representa-
promovem eventos para formação para que a criança ou
ções sociais bloqueiam
simular a participação infantil, adolescente possa participar no
as ideias e pensamentos de
que às vezes acontecem em processo de tomada de
crianças e adolescen-
um ou dois dias. decisões.
tes.

Roberto: Estou
Todo o no evento representando
Ednamara: Irei aprendizado adquirido a ABNT- Associação Brasileira de
repassar e divulgar o fornecerá que tipo de viabili- Magistrados, Defensores Públicos da
Estatuto da Criança e Ado- dade como proposta de solução Infância e da Juventude-, que tem como
lescente (ECA), além de algumas e ação na mecanização de pro- objetivo aprimorar o sistema de justiça dos
ideias que tive em relação à parti- blemas enfrentados na situa- DCA e garantir que eles sejam cumpridos. O
cipação infantil e, divulgar nas feiras ção da criança e do ado- que acredito que seja mais importante para
culturais as leis contra a violência sexual lescente? minha entidade é a forma de participação
contra crianças e adolescentes, pois, no das crianças e dos adolescentes, como uma
meu bairro já houve muitas tentativas de forma de garantir o protagonismo infantil,
abuso. Vou informar também a popu- Devide: Vou le- ou seja, dando voz aos adolescentes, exer-
lação do bairro sobre os direitos da var muito conhecimento cendo os mecanismos de participação.
criança e do adolescente. (Edna- adquirido no evento, porque tive Para mim isso foi o mais importante
mara de Oliveira Santos – 15 a oportunidade de conhecer pessoas que aconteceu aqui. (Roberto
anos – São Luiz do Mara- de todo Brasil, cada qual com pensamen- Hilsdorf Rocha – 37 anos
nhão, Maranhão) tos diferentes. Irei repassar o que aprendi em – São Paulo).
palestras, auditórios, nas escolas e falando ou
explicando os artigos do ECA. E vou brigar pelos
direitos da criança e adolescente, porque eles tam-
bém fazem parte da sociedade. E para a agente é o
futuro, pois devemos planejar para saber dos nossos
direitos. Direitos e deveres, pois não adianta ter só
direitos. Temos a liberdade de falar e expressar
nossas razões e emoções e, através disso, pode-
mos colocar nossos sentimentos, pois este é
o caminho certo. Se for só bagunça não
dá, temos direitos e deveres. (Devi-
de da Silva Ferreira- 16 anos
– Rio Branco – Acre)

EXPEDIENTE
Grignani (Associação Brasileira de Educação e Cultura - ABEC/
Marista); Secretária Adjunta: Rachel Niskier (Sociedade Brasilei-
ra de Pediatria – SBP); Secretário de Finanças: Antônio Pereira
da Silva Filho (Federação Nacional dos Empregados em Insti-
tuições Beneficentes, Religiosas e Filantrópicas – FENATIBREF);
Jornal do I Encontro de Adolescentes do FNDCA
Secretária de Articulação: Iolete Ribeiro (Conselho Federal de
Ano 1 - junho de 2009
Psicologia – CFP).
Edição nº 1
Suplência:
Coordenadora: Mariana Teixeira
Salesianos e Movimento Nacional de Meninos e Meninas de
Responsáveis: Ana Paula Felix e Talisson Leite - jovensjornalis-
Rua (MNMMR).
tas@yahoo.com.br
Conselho Fiscal:
Realização: Fórum Nacional DCA
Federação das Associações Cristãs de Moços – ACM, a Pastoral
Diagramação: Insight Comunicação e Cultura LTDA
do Menor da CNBB e União Geral dos Trabalhadores – UGT.
Revisão: Susana França
Suplentes: Organização de Direitos Humanos Projeto Legal e
Fórum Nacional DCA:
Comunidade Baha’i.
Quadra 05, Bloco N, Lote 01, sala 221, Brasília (DF) – 70.070-
Secretaria Executiva Fórum Nacional DCA:
913 - (61) 3323-6992 – forumdca@forumdca.org.br – www.
Secretária executiva: Selma Batista – Assistente: Cláudia Gisele
forumdca.org.br.
Alves
Secretariado Nacional
Assessoria de Comunicação Social: Luís Cláudio Alves
Secretária Nacional: Jimena

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