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TRIBUNAL DE CONTAS DO EST~O ~'_' <.A_4~, .:

PROCESSO TC N° 01968/07
·1"secret( do Tribunal P1enfl. 1/10

Administração Direta Municipal. Prefeitura Municipal de Alagoa


Grande. Prestação de Contas do Ex-prefeito Hildon Régis
Navarro Filho, relativa ao exercício de 2006. Emissão de parecer
contrário à aprovação das contas, com recomendações. Emissão,
em separado, de Acórdão com imputação de débito, aplicação de
multa, declaração de atendimento dos preceitos da LRF,
representação à Delegacia da Receita Federal do Brasil e
determinação de análise da legalidade dos pagamentos
efetuados à empresa COPIAL, durante 2008.

PARECER PPL TC)r 12009


1. RELATÓRIO
Examina-se a prestação de contas do Ex-prefeito de Alagoa Grande, Sr. Hildon Régis Navarro Filho,
relativa ao exercício financeiro de 2006.
A Unidade Técnica de Instrução desta Corte, após realização de inspeção in loco e análise da
documentação encaminhada, emitiu o relatório preliminar às fls. 1652/1668, evidenciando os seguintes aspectos
da gestão:
1. a prestação de contas foi encaminhada ao Tribunal no prazo legal, contendo os demonstrativos
exigidos pela Resolução RN TC 99/97;
2. o Orçamento, Lei nO 850/2005, de 20/10/2005, estimou a receita e fixou a despesa em R$
22.946.515,60 (vinte e dois milhões, novecentos e quarenta e seis mil, quinhentos e quinze reais e
sessenta centavos) e autorizou a abertura de créditos adicionais suplementares até o limite de 100%
(cem por cento) deste valor;
3. a receita orçamentária arrecadada, subtraindo-se a parcela para formação do FUNDEF, atingiu R$
14.624.566,44, correspondente a 63,73% da previsão;
4. a despesa orçamentária realizada, totalizando R$ 12.719.149,53, correspondeu a 55,42% da fixação
no orçamento, distribuída nas categorias CORRENTE e CAPITAL nas respectivas proporções de
87,48% e 12,52%;
5. os créditos adicionais foram abertos e utilizados dentro do limite estabelecido em lei e com fontes de 1/
recursos suficientes; l
6. o Balanço Orçamentário apresenta superavit equivalente a 13,03% da receita orçarnentáría l
arrecadada; ~
7. o Balanço Patrimonial apresenta deficit financeiro no valor de R$ 63.920,43;
...

8. o Balanço Financeiro apresenta saldo para o exercício seguinte no montante de R$ 1.446.651,50,


totalmente depositado em Bancos;
9. a dívida municipal importou em R$ 1.510.971,93, correspondendo a 10,33% da receita orçamentária
arrecadada no exercício em análise, totalmente registrada em flutuante. Em relação ao exercício
anterior, observa-se um acréscimo de 35,2%;
10. os gastos com obras e serviços de engenharia foram objeto de análise por esta Corte, obtendo
julgamento regular, conforme Acórdão AC1 TC 155/2008;
11. regularidade no pagamento dos subsídios pagos aos Agentes Políticos;
12. as aplicações em manutenção e desenvolvimento do ensino corresponderam a 28,58% da receita de i--.

r
impostos, cumprindo o comando do art. 212 da Constituiçã Federal; \;
13. os gastos com remuneração dos profissionais do magi ér alca valor equivalente a 61,86% ,"
da receita do FUNDEF; rl!/~,
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PROCESSO TC N° 01968/07 FI. 2110

14. o repasse ao Poder Legislativo alcançou 8% da receita tributária e transferida no exercício


precedente, cumprindo as determínações do art. 29-A, § 2°, incisos I e 111,da Constituição Federal;
15. os relatórios de gestão fiscal e de execução orçamentária referentes a todo o exercício foram
devidamente publicados e encaminhados ao TCE/PB dentro do prazo estabelecido;
16. não há registro de denúncia envolvendo o exercício de 2006;
17. por fim, enumerou as seguintes irregularidades:
17.1. a despesa com pessoal do ente atingiu montante equivalente a 68,27% da receita corrente
líquida, sendo 65,6% do Poder Executivo e a diferença, do Legislativo, em desacordo com
os arts. 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, sem indicação de medidas adotadas ou
a adotar, em virtude da ultrapassagem de que trata o art. 55 da mesma lei;
17.2. falta de previsão orçamentária dos gastos com INSS patronal, resultando na necessária
abertura de créditos especiais para cobertura da despesa;
17.3. demonstrativos incorretamente elaborados, em virtude da não consolidação dos balanços do
Fundo Municipal de Saúde;
17.4. não contabilização da dívida fundada resultante do parcelamento junto ao INSS;
17.5. contabilização equivocada da receita de capital como receita corrente, distorcendo o valor
da receita corrente líquida;
17.6. realização de despesas sem a obrigatória antecedência de licitação, totalizando R$
506.584,97, equivalentes a 3,98% da despesa orçamentária realizada, referentes à:
17.6.1. limpeza urbana, tendo como credora a empresa SENGEL Serviços de Construção
Ltda, no valor de R$ 305.328,00;
17.6.2. serviços de engenharia, tendo como credora a empresa CELTA Construções e
Empreendimentos Ltda, na importância de R$ 134.852,72;
17.6.3. serviços de pavimentação, tendo como credora a firma Rosilda do Nascimento
Silva, no montante de R$ 23.449,83;
17.6.4. aquisição de material de construção, tendo como credora a empresa JR Projeto e /

17.7.
17.8.
Construção Ltda, importando em R$ 21.614,42; e

despesa não comprovada com combustíveis, totalizando R$ 21.884,15;


grande parte da frota municipal se encontra com licenciamento em atraso;
6/.
17.6.5. locação de veículos, tendo como credor Everton Fernandes Sobral, no valor de R$ {
21.340,00.
. :/
,
/

..•

17.9. despesa não comprovada com INSS, na importâncía de R$ 229.653,83, sendo R$


211.319,86 extra-orçamentária e R$ 18.333,97 orçamentária;
17.10. apropriação indébita de valores consignados em folha de pagamento, referentes ao INSS,
totalizando R$ 139.475,32;
17.11. pagamento de juros, totalizando R$ 4.882,52, decorrente de recolhimento intempestivo do
INSS;
17.12. não empenhamento da despesa com INSS, no valor de R$ 926.800,94, contrariando o
comando do art. 35 da Lei nO4320/64; I
17.13. os valores informados ao INSS, através da GFIP, parcela do segurado, não correspondem r I
àqueles apresentados na folha de pagamento; ~
17.14. descaso na conservação da frota municipal; e
17.15. aplicação de 14,95% da receita de impostos em ações

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PROCESSO TC N° 01968/07 FI. 3/10

Em virtude das irregularidades anotadas no item "17" e sub-itens, o interessado, regularmente notificado,
apresentou as justificativas e documentos de fls. 1677/3421.
Posteriormente, através do Documento TC n° 21828/08, fls. 342415085, o Causídico solicitou a junção de
vasta documentação.
O Relator, após informação da Auditoria de que a defesa ainda não tinha sido analisada, autorizou a
anexação e análise das novas peças.
A Auditoria, no relatório de análise de defesa às fls. 5124/5135, entendeu elididas as falhas relacionadas
à contabilização equivocada da receita de capital como receita corrente, não empenhamento do INSS patronal e
descaso na conservação da frota municipal. Reduziu os valores da despesa sem licitação de R$ 506.584,97
para R$ 84.491,35, das despesas não comprovadas com combustíveis de R$ 21.884,15 para R$ 8.688,00, das
despesas não comprovadas com INSS de R$ 229.653,83 para R$ 216.114,21 e da apropriação indébita das
consignações previdenciárias de R$ 139.475,32 para R$ 25.139,39. Quanto aos demais itens, manteve o
entendimento inicial, conforme comentários a seguir resumidos:
1. A DESPESA COM PESSOAL DO ENTE ATINGIU MONTANTE EQUIVALENTE A 68,27% DA
RECEITA CORRENTE LíQUIDA, SENDO 65,6% DO PODER EXECUTIVO E A DIFERENÇA, DO
LEGISLATIVO, EM DESACORDO COM OS ARTS. 19 E 20 DA LEI DE RESPONSABILIDADE
FISCAL, SEM A INDICAÇÃO DE MEDIDAS ADOTADAS OU A ADOTAR, EM VIRTUDE DA
ULTRAPASSAGEM DE QUE TRATA O ART. 55 DA MESMA LEI
Defesa - Ao alegar que os cálculos da Receita Corrente Líquida elaborados pela Auditoria (R$
15.580.350,88) não refletem a realidade apresentada nos demonstrativos contábeis, exibiu a
importância de R$ 19.634.927,30 como RCL calculada a partir do doc. 02, inserto às fls. 1698/1713,
evidenciando que a despesa com pessoal (R$ 10.653.246,90) alcançou 54,25% daquele valor.
Acrescentou, ainda, que, deduzindo-se as obrigações previdenciárias patronais, que somaram R$
1.751.855,27, a aplicação é reduzida para 42,49% da RCL.
Auditoria - Com base na documentação apresentada pela defesa, a RCL atingiria R$ 18.030.207,30,
portanto, diferente do valor apontado nos argumentos. Adiantou que os demonstrativos contábeis
apresentam-se eivados de erros, conforme item 4 do relatório inicial (fls. 1654/1655) e que o item ...'
"8.1.1." do mesmo relatório, fl. 1660, exibe consistentemente os itens que compõem a RCL. Por fim,
ressaltou que o Parecer PN TC 12/2007, além de afrontar o disposto no art. 18 da LRF, sua aplicaç~
não retroage a eventos anteriores a sua publicação.
Ú I

2. FALTA DE PREVISÃO ORÇAMENTÁRIA DOS GASTOS COM INSS PATRONAL, RESULTA


NA NECESSÁRIA ABERTURA DE CRÉDITOS ESPECIAIS PARA COBERTURA DA DESPESA
Defesa - Justificou tratar-se de caso excepcional lastreado pelo art. 41 da Lei nO 4320/64.
Acrescentou a existência de dotação específica em outras secretarias, a exemplo da Educação.
Auditoria - Concordou com a existência de dotações da espécie nas Secretarias de Educação e de
Ação Social, fls. 161/320. Entretanto, ressaltou que as demais unidades orçamentárias não
dispuseram de dotação específica para esta despesa, que é claramente previsível, não se
enquadrando, portanto, em situação de excepcionalidade.
3. DEMONSTRATIVOS INCORRETAMENTE ELABORADOS, EM VIRTUDE DA NÃO
CONSOLIDAÇÃO DOS BALANÇOS DO FUNDO MUNICIPAL DE SAÚDE
Defesa - Ao alegar tratar-se de erros formais que não maculam as contas do gestor, informou que as
correções foram efetuadas, conforme documentos de fls. 1699/1713.
r
Auditoria - A irregularidade envolve todos os principais demonstrativos contábeis, distorcendo a real \. \~.
situação patrimonial do município, e sua correção foi intempestiva. T

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4. NÃO CONTABILIZAÇÃO

INSS
DA DíVIDA FUNDADA RESULTA

f1 (;;
DO PA~t:l.P.lvIENTO JUNTO AO
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PROCESSO TC N° 01968/07 FI. 4/10

Defesa - Justificou que o INSS não informou a tempo a importância negociada, conforme
mencionado no relatório da Auditoria, item "4.4".
Auditoria - A informação foi solicitada no início de 2007 e a inspeção do Tribunal ocorreu em agosto
de 2008, portanto, houve tempo suficiente para reiteração do pedido.
5. REALIZAÇÃO DE DESPESAS SEM A OBRIGATÓRIA ANTECEDÊNCIA DE LICITAÇÃO,
TOTALlZANDO R$ 84.491,35
Defesa - quanto à limpeza urbana (R$ 39.427,10), alegou que decorreu da TP nO02/2005, cujo
contrato, no valor de R$ 590.957,52, vigorou de 16/03/2006 a 16/03/2007, data em que recebeu
aditivo, com prorrogação de prazo por três meses e acréscimo de R$ 147.739,38 ao valor contratado.
No atinente aos serviços de pavimentação (R$ 23.449,83), alegou que a despesa decorreu do
Convite n° 53/2005, tendo como credor FC Projetos e Construções Ltda, conforme NE 205, fl. 2005, e
não Rosilda do Nascimento Silva, como anotou a Auditoria. No tocante à aquisição de material de
construção (R$ 21.614,42), justificou que a despesa foi licitada através da TP nO04/2004, cujo
contrato vigeu por 180 dias, a partir de 09/07/2004, no valor de R$ 599.142,06, com posterior
aditamento de R$ 46.537,61.
Auditoria - Quanto à limpeza urbana, admitiu os argumentos, porém ressaltou que o valor do
contrato somado ao aditivo atinge R$ 736.696,90, enquanto foi paga a importância de R$ 776.124,00,
sendo R$ 470.796,00 em 2005 e R$ 305.328,00 em 2006, subsistindo R$ 39.427,10 desprovidos de
licitação. No tocante aos serviços de pavimentação, o gestor apresentou apenas cópia da Nota de
Empenho, faltando os demais documentos de despesa. No atinente aos materiais de construção, o
contrato vigorou até 09/01/2005 e o aditamento foi celebrado em 17/08/2005, portanto, por ser
intempestivo, é nulo.
6. DESPESA NÃO COMPROVADA COM COMBUSTíVEIS, TOTALlZANDO R$ 8.688,13
Defesa - Anexou os documentos de fls. 2782/2884.
Auditoria - As Notas de Empenho nO1051 e 1709, nos respectivos valores de R$ 5.223,00 e R$
3.465,13, perfazendo R$ 8.688,13, não estão acompanhadas de recibos, notas fiscais e cópias de /t
cheques. ( i

7. GRANDE PARTE DA FROTA MUNICIPAL SE ENCONTRA COM LICENCIAMENTO EM ATRASO ~ I

Defesa - Anexou documentos extraídos do site do DETRAN, na tentativa de comprovar


regularidade da situação dos veículos da Prefeitura.
Auditoria - Permancem em situação irregular os veículos do Fundo Municipal de Saúde e os cedidos
pela Fundação Nacional de Saúde.
8. DESPESA NÃO COMPROVADA COM INSS, NA IMPORTÂNCIA DE R$ 216.114,21, SENDO R$
166.085,69 EXTRA-ORÇAMENTÁRIA E R$ 50.028,52 ORÇAMENTÁRIA
Defesa - No tocante à parcela orçamentária, a Auditoria não incluiu as Notas de Empenho nO381 e
413, nos respectivos valores de R$ 31.694,55 e 14.971,40, perfazendo R$ 46.665,95. No que
concerne à despesa extra-orçamentária, a Auditoria não considerou repasses no total de R$
157.085,73, conforme documentos de fls. 2924/2947, e nem consignações ao INSS descontadas
diretamente do FPM, no valor de R$ 59.152,25.
Auditoria - Quanto à movimentação orçamentária, a NE 413 foi considerada na análise inicial, '
conforme documento de fl. 1513, e a NE n° 381, no valor de R$ 31.694,55, foi erroneamente \

r
classificada em "Vencimentos e Vantagens Fixas" em vez de "Obrigações Patronais", não tendo sidor ...
/
considerada inicialmente. Ressaltou que dita despesa não foi devidamente c p~ ada, elevando o~\.
valor da despesa orçamentária não comprovada com obrigaçõ s patron . ae 18.333,97 para R$
50.028,52.

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Já no tocante à movimentação extra-orçamentária, o gestor logrou comprovar retenções efetuadas na


conta corrente do FPM, na importância de R$ 45.234,17. Desta forma, subsistem sem comprovações
despesas previdenciárias na importância de R$166.085,69.
9. APROPRIAÇÃO INDÉBITA DE VALORES CONSIGNADOS EM FOLHA DE PAGAMENTO,
REFERENTES AO INSS, TOTALlZANDO R$ 25.139,39
Defesa - Alegou que as retenções efetuadas em dezembro de 2006 foram recolhidas ao órgão
previdenciário em janeiro de 2007, no valor de R$ 66.309,25, e que, após levantamento do setor
competente, restou constatado saldo a pagar das retenções efetivadas em 2006, no valor de R$
48.026,68, devendo ser recolhido até setembro de 2008.
Auditoria - Ao constatar o recolhimento de R$ 66.309,25 e de R$ 48.026,68, ressaltou que,
subtraindo essas importâncias do valor inicialmente indicado como apropriação indébita (R$
139.475,32), verifica-se que subsistiu como retida em folha de pagamento e não recolhida ao INSS a
importância de R$ 25.139,39. Na mesma oportunidade, entendeu que ao gestor deveria ser imputada
a importância de R$ 11.114,39, por juros e multas decorrentes do recolhimento em 2008 de
obrigações previdenciárias relativas a 2006.
10. PAGAMENTO DE JUROS, TOTALlZANDO R$ 4.882,52, DECORRENTE DE RECOLHIMENTO
INTEMPESTIVO DO INSS
Defesa - Alegou que as datas dos ingressos dos repasses federais e estaduais motivaram a opção
de quitação de alguns compromissos em detrimento de outros, gerando juros. Ressaltou a
inexistência de dolo ou má-fé.
Auditoria - O procedimento gerou prejuízos ao erário.
11. OS VALORES INFORMADOS AO INSS, ATRAVÉS DA GFIP, PARCELA DO SEGURADO, NÃO
CORRESPONDEM ÀQUELES APRESENTADOS NA FOLHA DE PAGAMENTO
Defesa - Alegou que decorreu da falta de registro de muitos servidores no PIS/PASEP,
impossibilitando a inserção dos dados atinentes à retenção. Acrescentou que estaria concluindo o
cadastramento de todos os servidores para posterior regularização mediante pagamento da diferença
através de GPS.
Auditoria - Ao mencionar que o gestor não apresentou contestação, enfatizou que o procedimen
prejudica sobremaneira o segurado quanto à obtenção de benefícios previdenciários, como sal' .
família, auxílio maternidade, aposentadoria, auxílio doença, entre outros.
12. APLICAÇÃO DE 14,95% DA RECEITA DE IMPOSTOS EM AÇÕES E SERViÇOS PÚBLICOS DE
SAÚDE
Defesa -Inicialmente, informou que a falha não constou da conclusão do relatório inicial da Auditoria,
adiantando que a despesa alcançou R$ 1.303.052,00, equivalentes a 15,29% da receita de impostos,
conforme documento 31, fl. 3283.
Auditoria- O município repassou para o FMS o montante de 2.488.756,42. Desse total, conforme
informação prestadas pelo Secretário de Finanças (f1.1601), a quantia de R$ 1.150.139,42 foi
proveniente de convênios com o Estado e a União. Portanto, o valor dos recursos repassados para o
Fundo com origem em impostos e transferências foi de R$ 1.338.617,00. \
No tocante às exclusões, o montante de R$ 64.351,83 deu-se em virtude da aquisição de j
combustiveis para a PM de Alagoa Grande no valor de R$ 28.448,40 e por excesso de consumo de ( \ y
combustíveis, por parte do FMS, na ordem de R$ 35.903,43, conforme cópia da PCA do FMS (fls. 0:.
1644/1651). Após as exclusões, a importância aplicada atingiu R$ 1.263.277,25, correspondentes a
14,82 % da receita de impostos e transferências.

Instado a se manifestar, o Ministério Público junto ao TC


entendimento a seguir resumido:
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1. GASTOS COM PESSOAL


"A teor do Parecer Normativo PN TC 12/2007, a contribuição patronal não integra a despesa
com pessoal de Poderes e Órgãos, para os fins do art. 20 da Lei Complementar nO101/2000 (LRF).
Nesse sentido, com a exclusão das obrigações patronais nos gastos com pessoal da Prefeitura
Municipal de Alagoa Grande, os limftes estabelecidos na LRF estão integralmente cumpridos."
2. FALTA DE PREVISÃO NA LOA DOS CRÉDITOS ORÇAMENTÁRIOS PARA O PAGAMENTO DO
INSS EMPRESA
"Com efeito, só consta previsão da LOA de créditos para pagamento de obrigações
patronais nas Secretarias de Educação e Ação Social, de tal forma que caberia a abertura de créditos
adicionais especiais, devendo os mesmos serem previamente autorizados por lei e com expressa
indicação da fonte dos recursos, em observância a imperativos constitucionais (art. 167, inciso V, da
CF/88) e legais (arts. 42 e 43 da Lei 4320/64), com vistas ao planejamento, equilíbrio e legalidade
orçamentária das finanças públicas."
3. DIVERGÊNCIAS NOS DEMONSTRATIVOS CONTÁBEIS
4. NÃO CONTABILIZAÇÃO DE DíVIDA PREVIDENCIÁRIA RESULTANTE DE PARCELAMENTO
JUNTO AO INSS
As correções procedidas pelo gestor nos Balanços Patrimonial, Orçamentário e Financeiro
sanam a falha e, quanto à não contabilização de dívida negociada junto ao INSS, as providências
adotadas pelo gestor de solicitação dos valores ao órgão previdenciário podem justificar a relavação
da falha.
5. DESPESA NÃO LICITADA
"...sem prejuízo dos preceitos resguardados na Lei nO8666/93, o caso vertente comporta
relevação, visto que não se vislumbra prejuízos reais para os cofres públicos, já que as despesas
efetuadas corresponderam aos serviços prestados e aos produtos adquiridos. "
6. DESPESAS NÃO COMPROVADAS COM AQUISiÇÃO DE COMBUSTíVEIS, NO VALOR DE R$
8.866,00
As notas fiscais nO 96503 e 97391, fls. 2863 e 2857, respectivamente, comprovam as
despesas descritas nas Notas de Empenho nO1051, no valor de R$ 5.223,00, e 1709, na importânci /
,-
de R$ 3.465,13.
7. LICENCIAMENTO EM ATRASO DE PARTE DA FROTA MUNICIPAL
Após a análise da defesa, subsiste irregular o licenciamento de três veículos. A falha denota
desorganização administrativa, cabendo recomendar ao gestor proceder à regularização, com vistas
a evitar aplicação de multas por parte do DETRAN.
8. DESPESAS NÃO COMPROVADAS COM INSS
"O Órgão Auditor identificou a realização de despesas não comprovadas com INSS, no valor
de R$ 216.114,21. Com efefto, a defesa não anexou aos autos qualquer comprovação através de
GPS ou por meio de retenção direta do FPM.
Nesse sentido, o ressarcimento ao Erário se apresenta como uma das medidas aplicáveis
pela Lei de Improbidade Administrativa (Lei nO8429/92) quando da ocorrência de atos que acarretam
apropriação indevida de bens ou valores públicos, favorecem o enriquecimento ilícito proveniente do r
dinheiro público, causam prejuízo ao erário (art. 9° da Lei nO8429/92) ou que vão de encontro aos"y-
Princípios da Administração Pública. Por isso, é necessário se ater ao disposto . 5° da Lei nO ~
8429/92, que afirma 'ocorrendo lesão ao patrimônio público por a ão ou omi a, olosa ou culposa,
do agente ou de terceiro, dar-se-á o ressarcimento do dano'."

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9. APROPRIAÇÃO INDÉBITA PREVIDENCIÁRIA, NO VALOR DE R$ 25.139,39, DESPESAS COM


JUROS E MULTAS POR ATRASO NO PAGAMENTO DO INSS E INFORMAÇÕES DIVERGENTES
ENTRE A GFIP E FOLHA DE PAGAMENTO
'~ Auditoria verificou que o valor de R$ 25.139,39 não foi efetivamente repassado ao INSS.
Como até a presente data, a autoridade responsável não apresentou quaisquer documentos que
comprovem a transferência de tais numerários a este órgão, resta caracterizada a apropriação
indébita.
Com efeito, o recolhimento das contribuições previdenciárias viabílíza a seguridade social no
país e é um dever legal da Administração. O seu descumprimento, além de violar direito subjetivo do
servidor (infração ao § 13° do art. 40, cle a alínea 'a', do inciso I, do art. 195 da CF), ocasiona
irregularidade na prestação de contas (item 2.5 do Parecer Normativo PN TC 52/04).
Outrossim, a Auditoria detectou que o recolhimento em 2008 de contribuições retidas dos
servidores em 2006 ocasionou o pagamento de juros no montante de R$ 11.114,39, bem como o
recolhimento intempestivo do INSS através de GPS também acarretou juros no valor de R$ 4.882,52.
Além disso, as GFIP encontram-se erroneamente elaboradas, já que as informações
prestadas ao INSS por meio delas não correspondem aos valores retidos nas folhas de pagamento,
conduzindo a uma divergência no valor de R$ 319.875,63, o que denota desorganização
administrativa e financeira por parte da Prefeitura Municipal de Alagoa Grande.
Portanto, em deferência aos princípios da legalidade e do planejamento, cabe
recomendação para que equívocos dessa natureza não se repitam, já que acarretam prejuízos aos
demais trabalhadores sujeitos à incidência da contribuição previdenciária (INSS) e danos ao Erário
Municipal em virtude da aplicação de multas e juros advindos do recolhimento a menor."
10. APLICAÇÃO EM AÇÕES E SERViÇOS PÚBLICOS DE SAÚDE
"A Emenda Constitucional nO 29/2000 e o art. 77, do Ato das Disposições Constitucionais
Transitórias, introduziram limites mínimos a serem observados na aplicação em ações e serviços
públicos de saúde.
No caso em apreço, o percentual efetivamente aplicado correspondeu a 14,82% da receita
de impostos, inclusive transferências, não atendendo ao mínimo exigido constitucionalmente de 15%.
É indispensável que se observe a finalidade de melhoria das ações e serviços públicos de
saúde e os meios de execução orçamentária e controle, com vistas à harmonia entre a ação ;;
administrativa e o bem estar social, conforme art. 198 da CF. Todavia, este Órgão entende que a./
ínfima diferença comporta relevação." ~~.
11. POR FIM, pugnou pelo(a): ~<.
10.1. EMISSÃO DE PARECER CONTRÁRIO à aprovação das contas; W
10.2. DECLARAÇÃO DE ATENDIMENTO INTEGRAL às disposições da Lei de Responsabilidade
Fiscal;
10.3. IMPUTAÇÃO DE DÉBITO ao Sr. Híldon Régis Navarro Filho, no valor de R$ 216.114,21,
referente a despesas com INSS sem comprovação;
10.4. APLICAÇÃO DE MULTA nos termos do art. 56 da LOTCE/PB; e
10.5. RECOMENDAÇÃO à Administração Municipal de Alagoa Grande, no sentido de evitar toda e
qualquer ação administrativa que venham a macular as contas de gestão municipal.
2. PROPOSTA DE DECISÃO DO RELATOR

r.o.at'
O Relator entende que não são suficientes para motivar a emissão de parecer contrário à aprovação das
presentes contas, as falhas relacionadas à (1) falta de previsão na LOA dos créditos o entários para
pagamento do INSS empresa; (2) incorreção dos demonstrativos, em ra ão da falt e onsolidação dos
~:~nços do Fundo Mun~ipal de Saúde; (3) despesa não licitada.no valor e $ 84 1. •
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PROCESSO TC N° 01968/07 FI. 8/10

da despesa orçamentária realizada; (4) licenciamento em atraso de parte da frota municipal; (5) pagamento em
atraso de obrigações previdenciárias, ocasionando juros e multa; e (6) divergência de informações entre as GFIP
e os valores apresentados nas folhas de pagamento.
As demais irregularidades dizem respeito à despesa não comprovada com combustíveis e INSS, excesso
nos gastos com pessoal, apropriação indébita de consignação previdenciária e aplicação de apenas 14,82% da
receita de impostos em ações e serviços públicos de saúde.
Quanto à despesa não comprovada com combustíveis, os documentos insertos aos autos comprovam
devidamente a despesa, conforme apurou o Parquet.
No tocante ao excesso nos gastos com pessoal, a exclusão das obrigações patronais, na forma
disciplinada pelo Parecer Normativo PN TC 12/2007, enquadra a despesa aos limites legais, conforme entendeu
o Parque!.
No atinente à aplicação em saúde, a Auditoria, em manifestação inicial, anotou que o gestor aplicou valor
equivalente a 14,95% da receita proveniente de impostos, sem, no entanto, incluir no rol das irregularidades.
Apesar da omissão, o gestor se manifestou sobre o item, tendo a Auditoria concluído pela aplicação de 14,82%.
O Relator entende que a falha pode ser relevada, em virtude da modicidade da diferença entre o valor aplicado e
o limite mínimo de 15%, conforme também entendeu o Parque!.
No que concerne à apropriação indébita de consignações previdenciárias e à despesa sem comprovação
com INSS, o Relator, em concordância com o Parquet, entende que constituem motivos para emissão de
Parecer contrário à aprovação das contas. .
Quanto à apropriação indébita, a Auditoria anotou, inicialmente, que o SAGRES apresenta como valores /
retidos dos servidores e pagos ao INSS, respectivamente, R$ 541.616,97 e R$ 402.141,65, exibindo a diferença (ri,
de R$ 139.475,32 como indevidamente apropriada pela Prefeitura. Após a análise da defesa, constatou q
foram recolhidos R$ 114.335,93, subsistindo R$ 25.139,39.
No caso específico da despesa com INSS sem comprovação, verifica-se, de fato, registro de pagamento
de natureza orçamentária no SAGRES, elemento econômico "Obrigações Patronais", na importância de R$
471.443,80. As comprovações por documentos dizem respeito à retenção direta na cota-parte do FPM, no valor
R$ 350.499,92, bem assim à parcela da empresa paga através de GPS, na importância de R$ 102.609,91,
perfazendo R$ 453.109,83, conforme levantamento da Auditoria à fi. 1666. Desta forma, permanece sem
comprovação a despesa orçamentária informada como paga no SAGRES, na importância de R$ 18.333,97.
No tocante à parcela extra-orçamentária, verifica-se registro de pagamento no sistema SAGRES de R$
402.141,65, apropriados em "Consignações - INSS". Como comprovação de tal pagamento, foram apresentadas
Guias de Recolhimento Previdenciário - GPS, no valor de R$ 190.821,76, conforme levantamento da Auditoria à
fi. 1666. Em sede de análise da defesa, a Auditoria acatou documentos encartados pelo gestor, solicitados
desde a ocasião da inspeção in loco, na importância de R$ 45.234,17, subsistindo sem comprovação R$
166.085,69.
Diante do exposto, constata-se que não foram devidamente comprovadas despesas com INSS,
registradas no SAGRES como pagas, no total de R$ 184.419,66, sendo R$ 18.333,97 de natureza orçamentária
e R$ 166.085,69, extra-orçamentária.
Assim, acompanhando a manifestação do Parquet, exceto no que se refere ao valor da imputação, o
Relator propõe aos Conselheiros do TCE/PB que: \
a) EMITAM PARECER CONTRÁRIO à aprovação das presentes contas, em razão da falta de \
recolhimento ao INSS de consignações previdenciárias efetuadas em folha de pagamento, no í::-+_
valor de R$ 25.139,39, e da evidente falta de comprovação de despesas com obrigações
previdenciárias devidas ao INSS, contabilizadas como pagas, o valor de R$ .:419,66;
f \

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b) DECLAREMINTEGRALMENTEATENDIDOSos preceitosda i Respon .. ade Fiscal;

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PROCESSO TC N° 01968/07 FI. 9/10

c) IMPUTEM DÉBITO ao Prefeito, Sr. Híldon Régis Navarro Filho, na importância de R$ 184.419,66
(cento e oitenta e quatro mil, quatrocentos e dezenove reais e sessenta e seis centavos), referente às
despesas com INSS sem comprovação, indicadas como pagas no SAGRES;
d) APLIQUEM MULTA ao gestor, na importância de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco erais e dez
centavos), em virtude das irregularidades anotadas no presente processo, com fulcro no art. 56,
inciso 11, da Lei Orgânica do TCE/PB;
e) REPRESENTEM junto à Delegacia da Receita Federal do Brasil, acerca da irregularidade
relacionada ao recolhimento previdenciário ao INSS, para as providências a seu cargo; e
D RECOMENDEM ao gestor maior observância dos mandamentos legais norteadores da Administração
Pública, contidos na Constituição Federal e nas Leis nO101/00, 4320/64 e 8666/93, bem como dos
normativos emanados do Conselho Federal de Contabilidade.

o processo foi relatado na sessão plenária de 17 de dezembro de 2008, tendo o patrono do Prefeito, na
fase de sustentação oral, solicitado a anexação de documentos que, segundo ele, comprovariam as despesas
efetuadas com contribuições previdenciárias. Nessa ocasião, o Relator e o Tribunal se manifestaram
contrariamente à recepção das novas peças.
Iniciada a votação, os Conselheiros José Marques Mariz e Antônio Nominando Diniz Filho acompanharam
a proposta de decisão do Relator, sendo que este último acrescentou a necessária verificação, por parte da
Auditoria, da legalidade dos pagamentos efetuados à empresa COPIAL. O Conselheiro Fernando Rodrigues
Catão pediu vista do processo, agendando-o para a sessão extraordinária do dia 18/12/2008.
O processo voltou a ser debatido na sessão plenária de 03 de março de 2009, tendo o Tribunal decidido,
por maioria de votos, pela emissão de parecer contrário à aprovação das contas, conforme proposto pelo
Relator. Acompanharam a proposta o Conselheiro Flávio Sátiro Fernandes e o Auditor Substituto de Conselheiro . /t
Marcos Antônio da Costa. Proferiram voto favorável à aprovação os Conselheiros Fernando Rodrigues Catão e /' Á
Fábio Túlio Filgueiras Nogueira. \
- -\
3. DECISAO DO TRIBUNAL PLENO
Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC n° 01968/07; e
CONSIDERANDO que a declaração de atendimento integral aos preceitos da LRF, a imputação de
débito, a aplicação de multa e a representação à Secretaria da Receita Federal do Brasil, aprovadas por maioria,
constituem objetos de Acórdão a ser emitido em separado;
CONSIDERANDO que, em seu voto, o Conselheiro Antônio Nominando Diniz Filho, ressaltou a
necessária verificação, por parte da Auditoria, das despesas efetuadas com a empresa COPIAL, durante o
exercício de 2008. Determinação que deve figurar também em Acórdão;
CONSIDERANDO o mais que dos autos consta;
Os MEMBROS do TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DA PARAíBA (TCE-PB), por maioria, na sessão
plenária realizada nesta data, decidem:
EMITIR PARECER CONTRÁRIO À APROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS ANUAIS DO
MUNICípIO DE ALAGOA GRANDE, relativa ao exercício de 2006, de responsabilidade do Ex-prefeito Híldon
Régis Navarro Filho, em razão da falta de recolhimento ao INSS de consignações previdenciárias efetuadas em \\
folha de pagamento, no valor de R$ 25.139,39, e da evidente falta de comprovação de despesas com
obrigações previdenciárias devidas ao INSS, contabilizadas como pagas, no valor de R$ 184.419,66, ~,j,\ \ .

recomendando-se maior observância dos mandamentos legais norteadores da Administração Pública, contidos
na Constituição Federal e nas Leis n° 101/00, 4320/64 e 8666/93, bem como dos normativos emanados do
Conselho Federal de Contabilidade.
Publique-se.
Sala das Sessões do TCE-PB - Plenário Ministf1 1 . o. Cfl
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PROCESSO TC N° 01968/07 FI. 10/10

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