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SEGUNDA-FEIRA, 27 DE JULHO DE 2009

A16 VIDA& O ESTADO DE S.PAULO

EDUCAÇÃO
SEGUNDA-FEIRA TERÇA-FEIRA QUARTA-FEIRA QUINTA-FEIRA
Educação Saúde Meio Ambiente Ciência

CURRÍCULO
PAULO LIEBERT/AE - 19/8/2008

Programa
NÚMEROS

78 mil
Jovens já foram atendidos desde
o início do projeto, há 9 anos

aumenta 1.650
Professores, agentes de saúde e
de ação social foram envolvidos

uso de nicípios de Minas, Espírito San-


to e Bahia – em várias dessas
cidades, as prefeituras assumi-

preservativo ram o projeto, expandindo-os


para toda a rede.
Para o ginecologista Aníbal
Faundes, professor da Uni-
camp e consultor da Organiza-
ção Mundial de Saúde (OMS), o
Educação sexual também não programa foi eficaz em gerar
mudançaspositivasnocompor-
antecipou idade em que há relações tamento sexual de adolescen-
tes sem antecipar ou estimular
a prática sexual, comprovando
com uma experiência brasilei-
Simone Iwasso de Reprodutiva de Campinas e ra o que estudos internacionais
do Instituto de Comunicação e já mostravam. “Há uma série
Programa de educação sexual Informação Científica e Tecno- de estudos no mundo que mos-
implementado a um grupo de lógica em Saúde da Fiocruz. tram a eficácia de programas
mais de 4,5 mil alunos da rede Chamado de Programa de bem estruturados de educação
estadual de Minas conseguiu Educação Afetivo-Sexual sexualeaexperiênciadessepro-
dobrar o uso regular do preser- (Peas), o projeto primeiro capa- jetoemMinascontribuiparaes-
vativocomparceirocasual eau- citou todo o corpo docente das se conhecimento”, diz.
mentar em 68% o uso de méto- escolas, fazendo com que pro-
dos anticoncepcionais na últi- fessores refletissem sobre seus CONSENSO
ma relação sexual. Além disso, conhecimentos e práticas se- Mesmocomexperiênciaspositi-
aintervençãonão teve efeitoso- xuais. Em seguida, foram pro- vas como essa, ainda falta con-
bre a idade da primeira relação postas atividades para os ado- sensonasescolaspúblicasepar-
sexual ou na prática de ativida- lescentes de 10 a 19 anos dentro ticulares em torno do tema. Pe-
des sexuais dos adolescentes – e fora de sala de aula – o objetivo la recomendação do Ministério
alegação frequente de quem é foi levantar debates e discus- da Educação (MEC), a educa-
contrário a aulas sobre o tema. sões sobre prevenção de doen- çãosexualdeveria estarpresen-
“Os dados do programa po- ças sexualmente transmissí- te no contexto das demais disci-
dem contribuir para reduzir a veis e gravidez não planejada. plinas do currículo escolar. A
resistência daqueles que ex- SecretariaEstadualdeSãoPau-
pressam a preocupação de que lo, por exemplo, recomenda pa-
a educação sexual estimula ati- Debates falavam de ra as classes a partir da 7ª série.
vidades sexuais,já quenão exis- Escolas particulares começam
tem evidências para tal cren- prevenção a com orientações e conversas
ça”, explica a médica Heloisa doenças e gravidez aos 10 anos.
Andrade, coordenadora técni- indesejada “Essa pesquisa ressalta que
ca do projeto. Ela conta que o devemos trabalhar a educação
foco das reflexões em nenhum sexual. Há grande número de
momentoestimulou a abstinên- Os estudantes deveriam de- dados que mostram que onde
cia, mas sim o comportamento senvolverprojetosligadosaote- há programas qualificados, há
sexual responsável. ma da sexualidade e da saúde uma queda na gravidez na ado-
Implementado pelas Secre- reprodutiva, elaborando pro- lescência e nas relações sexuais
tarias de Educação e Saúde do gramas de rádio, produção de sem proteção”, afirma Maria
Estado em parceria com a Fun- jornal escolar, peças de teatro, INICIAÇÃO – Pesquisa mostrou que início das relações sexuais ocorreu, em média, entre 16 e 18 anos Helena Vilela, diretora executi-
dação ArcelorMittal, o projeto entre outros. Em todos os pro- vado InstitutoKaplan, quetam-
abrangeu 20 escolas públicas dutos, eles deveriam discutir e tarem quanto a questões relati- centagemdeestudantesquede- lares do País mostrou que 22% bém desenvolve projetos do ti-
dequatro municípios,totalizan- apresentar aos colegas os da- vasàsexualidade”, complemen- clarou já ter tido ou ter relações delesperderamavirgindadean- po com jovens.
do4.795estudantes.Asaulasfo- nosprovocadosàsaúde porprá- ta a coordenadora-geral do sexuais foi de 30% – os dados tes dos 15 anos. Elaressalta que, para ser efe-
ram ministradas no período de ticas sexuais inseguras. “Após Peas, Zulmira Braga. sãosemelhantes aosapresenta- O projeto foi criado há nove tivo, um projeto não deve ape-
um ano letivo e os resultados fo- o programa, eles adquirem Apesquisamostrouqueaini- dos por outras escolas com as anos e já atingiu 78 mil estudan- nas levar informação para o jo-
ramacompanhadosporpesqui- maior conhecimento e respon- ciação das atividades sexuais mesmas condições socioeconô- tes e 1.650 professores, agentes vem, precisa fazer com que ele
sadores da Universidade Esta- sabilidade sobre sua saúde, in- ocorreu, em média, em torno micas e geográficas. Para se ter de saúde e de ação social. Atual- reflita e entenda que uma mu-
dual de Campinas (Unicamp), clusive passando a procurar dos 16 anos entre meninos e dos uma ideia, pesquisa com 6.308 mente, ele está sendo aplicado dança de comportamento será
doCentro dePesquisas emSaú- mais o professor para se orien- 18 anos entre meninas. A por- estudantes de colégios particu- nasescolaspúblicasdeonzemu- benéfica para ele. ●

NECESSIDADES ESPECIAIS
9
+

Gagossão
Gagos têmprejudicados
pior desempenho
na escola TERCEIRA IDADE
Inscrições em cursos
da USP vão até quarta
Termina na quarta-feira o pra-
Pesquisa inglesa mostra diferença de aprendizado entre crianças com dificuldade na fala zo para se inscrever em um dos
cursos da Universidade Aberta
à Terceira Idade (UnATI) da
USP. Em 2007, o programa te-
Alison Whyte dades especiais relativas à fala, relatou ter encontrado profis- diz Elaine Kelman, uma das te- cky Vachhari, de 18 anos. ve 7.011 pessoas matriculadas.
THE GUARDIAN
linguagem e comunicação atin- sionais “frustrados” e pais rapeutas da fala e da linguagem Ser ignorado na classe po- AsaulassãorealizadasnaEsco-
gem o patamar esperado no en- “marcadosporexperiênciasne- do centro. “Algumas delas brin- de ser devastador para a au- la de Artes, Ciências e Humani-
“Qual é o seu nome?” parece ser sino do inglês, comparado a gativas”. Os relatos das crian- cam com o problema. Suas ca- toestima de um aluno, mes- dades (EACH), no câmpus da
uma pergunta simples. Mas is- 80% das demais crianças. ças eram “desiludidos”, “dire- pacidades acadêmicas, sociais mo que o professor esteja zona leste, e os interessados de-
so pode levar Max, de 8 anos, a A diferença no ensino da ma- tos” e “desconcertantes”. eintelectuaispodem sersufoca- procurando uma maneira de vem ter mais de 60 anos e fazer
uma luta consigo mesmo pela temática é de 46%, e nas ciên- Ao longo da pesquisa, ele das.Elasnãoestãoatingindo to- poupar a criança do cons- matrículapessoalmente. Há va-
sua dificuldade para falar. Boca cias, 41%. De acordo com Ber- acompanhou o Secretário da do o seu potencial.” trangimento. “Não posso gasgratuitasparapalestras,ofi-
aberta, pé batendo contra o cow, isso poderia ser evitado se Educação da Inglaterra e País Os pesquisadores pediram a participar de apresenta- cinas e disciplinas de gradua-
chão, ele tenta obrigar as pala- as crianças recebessem o aten- de Gales, Ed Balls, numa visita grupos de crianças e jovens de ções, não posso fazer coisas ção, preenchidas de acordo
vras a sair. Pessoas que sofrem dimento de que necessitam. ao Centro Michael Palin, que idades entre 2 anos e 18 anos como falar para um grupo de com a ordem de chegada. Para
de gagueira enfrentam dificul- A gagueira é um dos distúr- oferece tratamento para crian- que sofrem de gagueira para pessoas, e isso faz com que graduação,éexigido ensinomé-
dades para conversar, contar bios da fala mais comuns e afeta ças de toda Grã-Bretanha. Os que escolhessem as mensagens eu deixe de responder mui- dio. Tel.: (0--11) 3091- 1016.
uma história, fazer uma piada, cinco entre cada cem crianças. dois ficaram impressionados que, segundo eles, os professo- tas perguntas para as quais
expressar uma opinião – tudo Maspesquisasrecentesrealiza- aoouvirumgrupodeadolescen- res mais precisariam escutar. sei a resposta”, conta Sa- VESTIBULAR
aquilo que ajuda a compor nos- das pelo Centro Michael Palin tes descrevendo suas experiên- Eles então reuniram o material muel Zack, de 10 anos. FGV abre processo
sa identidade social. cias na escola. em dois DVDs – um para os es-
Os pensamentos se formam Como resultado, o Departa- pecialistas e coordenadores da seletivo para Rio e SP
nos seus cérebros, mas ficam Professores não mento de Crianças, Escolas e área de necessidades especiais ‘As pessoas O processo seletivo dos cursos
engasgados a caminho da boca. Famílias encomendou ao cen- e o outro para professores em de graduação oferecidos pela
Eles podem ser pessoas espiri- sabem lidar com o tro a produção de um material geral. tendem a pensar Fundação Getulio Vargas
tuosas, divertidas, de pensa- problema em sala que fosse capaz de conscienti- Philip Bennett, de 8 anos, diz: que sou lerdo’, (FGV), no Rio e em São Paulo,
mento ágil e cheios de opinião, de aula, diz estudo zar educadores a respeito do “Não contei ao meu professor conta aluno está com as inscrições abertas.
mas o que vemos quando olha- problema. Foi criado então um porque sinto muito medo. Isso Os interessados têm até o fim
mos para um gago é uma pes- Programa deInformação sobre me deixa triste. Às vezes eles da tarde de 13 de agosto para
soa que parece ter engolido a para Crianças com Gagueira, a Gagueira, que será implemen- tentam me ajudar de uma ma- Não se sabe ao certo as ra- aproveitar as condições espe-
própria língua. Esse descom- na Grã-Bretanha, mostram que tado emtodas as regiõesdo país neira ruim, como ‘ande logo zõesdagagueira,masacredi- ciais na taxa de inscrição e pa-
passo pode prejudicar a autoes- muitos professores não sabem a partir de setembro. com essa frase’. Às vezes eles ta-sequeascausasdoproble- gar apenas R$ 75. Depois das 18
tima de uma criança no univer- como lidar com o problema. acham que a gagueira é inven- ma sejam múltiplas. Há um horas do mesmo dia, o valor co-
so escolar e sua aprendizagem. Em 2007, o governo pediu ao DEPOIMENTOS ção minha.” componente genético e cer- brado passará para R$ 150. As
A lacuna no desempenho parlamentar britânico John “Alguns professores nos disse- Algumas das crianças dizem tas pesquisas indicam que inscrições se encerram no dia
educacional entre crianças Bercow que avaliasse os servi- ram que nunca encontraram que são considerados menos in- pode haver algum distúrbio 28 de setembro. Em São Paulo,
com desordens na fala e as de- ços prestados às crianças com crianças com gagueira em suas teligentes do que as demais. na rede neural do cérebro. A as provas serão realizadas em
mais crianças na Inglaterra e necessidades especiais relacio- turmas, mas sabemos que isto é “As pessoas tendem a pensar gagueira geralmente come- novembro e dezembro e no Rio,
País de Gales é imensa. Ao con- nadas à fala, linguagem e comu- estatisticamente improvável. que sou mentalmente lerdo ou ça entre 2 e 5 anos de idade, e nodia 25deoutubro.Mais infor-
cluírem o ensino fundamental, nicação. No seu relatório, publi- Essas crianças são especialis- portador de alguma deficiên- é muito mais comum entre mações no endereço www.fgv.
25% das crianças com necessi- cado em julho de 2008, Bercow tas em esconder a gagueira”, cia,masnãosou”,completou Ri- os meninos. ● br/vestibular.

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