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Dossier editado por

POUS (Partido Operário de Unidade Socialista)


RUE (Comissão Nacional pela Ruptura com a UE)

Introdução
Campanha para exigir ao governo
A Proibição dos Despedimentos

Neste dossier estão publicados os relatos dos encontros realizados –


antes, durante e após a campanha eleitoral para o Parlamento
Europeu – por representantes do POUS e da RUE, no âmbito da
luta para exigir ao Governo a proibição dos despedimentos.
Aguarda-se, ainda, a resposta do PS ao pedido da audiência que lhe
foi solicitada.
Por outro lado, a direcção da UGT respondeu ao pedido de
audiência com uma frase lacónica: “Tomamos nota da vossa
preocupação”.

Carta assinada por 1100 trabalhadores e outros cidadãos………. 2


Carta ao PS……………………………………………..……....... 2 e 3
Relato dos encontros com:
 CGTP ……………………………………………………....... 3 e 4

 BE ……………………………………………………..……. 4 e 5

 PCP ……………………………………………………………… 5

 CT dos Trabalhadores do sector das Alfândegas .…………… 6

 CT da Petrogal .………………………………………………… 7

 CT da Portugal Telecom .………………………………….. 8 e 9

 CT da EPAL ………………………………………………. 9 e 10

 CT da TAP …………………………………………………… 11

 Sindicato Nacional dos Trabalhadores Vidreiros…………... 12

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Carta assinada por 1100 trabalhadores e outros cidadãos

O Governo pode e deve proibir Se queremos salvar o conjunto da sociedade,


todos os despedimentos! temos que salvar a sua classe trabalhadora!
Restituição do dinheiro dado aos especuladores Esta é a vontade legítima do povo trabalhador!
para salvar os postos de trabalho actuais Então, é mais do que legítimo exigir ao Governo
e criar novos! do PS que tome medidas, com carácter de urgência,
que proíbam efectivamente os despedimentos.
Durante o mês de Janeiro, a média diária de Obviamente que serão precisos meios financeiros
trabalhadores que ficaram sem o seu posto de para intervencionar as empresas, reestruturá-las, criar
trabalho foi de 354, mais de 14 por hora. 11 mil só novos postos de trabalho, no quadro de um Plano de
num mês, a sangria não pára!... salvação da economia nacional. E para isso, devem
ser restituídas de imediato às instituições estatais os
25 mil milhões de euros que foram dados como aval
Portugal foi integrado em 1986 na CEE / União aos banqueiros e especuladores, para serem
Europeia (UE). Desde aí – através dos tratados e das investidos na garantia dos postos de trabalho, quer no
instituições que constituem a actual UE – tem sido sector público, quer no sector privado!
imposto ao povo trabalhador português o princípio 25 mil milhões de euros, à média de 1000 euros
sagrado de que “a concorrência é livre e nada a mensais, significaria garantir 1 milhão de postos de
pode obstaculizar.” trabalho durante quase 2 anos!
No sistema capitalista, o único direito que é Quanta riqueza se poderá produzir neste país,
reconhecido a um trabalhador, é o de vender a sua quanto desenvolvimento poderá ser realizado, se o
força de trabalho, é o direito a ser explorado, no dinheiro for restituído a quem de direito, para salvar
quadro regulamentado por leis gerais, transpostas
a sociedade portuguesa?
para os contratos colectivos e os estatutos
profissionais. O que os trabalhadores esperam de todos os
sindicatos, da UGT e da CGTP, é que se unam para
A situação em que vivemos é a de que até este exigir ao Governo que tome todas as medidas para
direito nos é negado, quer pelo desemprego, quer proibir os despedimentos e criar mais postos de
pela precariedade (um terço dos trabalhadores trabalho.
portugueses já pertence à categoria de precários),
quer pelo novo Código laboral, destruindo assim a Por isso nos dirigimos às Direcções da CGTP e da
única força social de onde sai toda a riqueza, a única UGT para que organizem a mobilização unida de
força social com capacidade para garantir a todos os trabalhadores e dos seus sindicatos,
civilização, o progresso, a democracia, a cultura e a exigindo ao Governo a proibição dos despedimentos.
paz.

Carta ao PS

Assunto: Pedido de audiência mês, os despedimentos continuam, enquanto as ofertas de


trabalho são muito poucas e precárias.
Como todos sabemos, o processo de despedimentos em Onde vamos parar? Trata-se da destruição da classe
massa não pára. trabalhadora, da destruição da força social que garante a
vida organizada, a produção de riqueza – sem a qual
Os números oficiais publicados pelo IEFP (Instituto do nenhum serviço público poderá ser mantido, além de se
Emprego e da Formação Profissional) indicam que, só no estar a retirar o próprio direito à sobrevivência de centenas
passado mês de Março, 65743 trabalhadores inscreveram- de milhar de famílias.
se nos Centros de Emprego, tendo o IEFP registado a
colocação num novo trabalho de apenas 4824. Foi assim É urgente tomar medidas para parar com esta sangria.
uma média de mais de 80 trabalhadores despedidos em Poderão existir diferentes concepções sobre a organização
cada hora. E, dia pós dia, semana após semana, mês após económica e social da sociedade que desejamos.

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Pela nossa parte, cidadãos que integramos a lista do POUS O PS é o maior partido português e está em maioria absoluta
candidata ao Parlamento Europeu, consideramos que uma na Assembleia da República, estando o seu Secretário-Geral
saída positiva para o nosso país implica que os recursos da na chefia do Governo.
Nação sejam colocados ao serviço de um Plano de Então, por que não aprovam os seus deputados uma Lei para
reconstrução nacional – nomeadamente os da Banca e dos proibir os despedimentos? Com o objectivo de vos expormos
outros sectores estratégicos da economia – o que exige a a nossa opinião sobre este problema, vimos pedir à Direcção
ruptura com a União Europeia, as suas instituições e os seus do PS que se digne receber uma delegação da lista do POUS
Tratados. Mas, independentemente do acordo sobre esta candidata ao PE.
posição, não é crucial o entendimento de todas as
organizações que se reclamam da defesa do socialismo e dos
trabalhadores, não é urgente ser adoptada uma lei que proíba Saudações democráticas
todos os despedimentos?
A cabeça-de-lista do POUS
O Secretário-Geral do PS, José Sócrates, acaba de reafirmar
“que nada o move mais do que o problema do desemprego” e
que “o nosso dever é combater” o crescimento do
(Carmelinda Pereira)
desemprego.

Dirigente da CGTP recebe delegação


Um grupo de militantes de gerais e enquadrados na luta pelo meses na sua profissão, outros
diferentes tendências políticas, emprego com direitos, contra o noutra profissão completamente
incluindo sindicalistas, foi recebido desemprego e a precariedade, díspar, desde a caixa de um
por Arménio Carlos, membro da contra a utilização abusiva por supermercado a um serviço de
Comissão Executiva da CGTP, no parte do patronato do lay-off e dos telefone. Esta situação de
dia 7 de Abril de 2009. despedimentos encapotados mobilidade torna os trabalhadores
Este encontro visou colocar a traduzidos nas rescisões por «mútuo muito frágeis e será necessário criar
direcção da Central sindical a par da acordo».” uma estrutura na CGTP que permita
campanha política que consideram “Poderá haver, aqui ou acolá, uma apoiá-los no trabalho em que se
vital: a de exigir ao Governo que ou outra medida, mas não será encontrassem, pois era muito difícil
proíba todos os despedimentos e, ao possível conseguir alterar as leis serem eles a ir procurar outro
mesmo tempo, dizer que aquilo que laborais sem uma mudança de sindicato, quando precisavam tanto
esperam da CGTP é que coloque rumo; a questão central é romper de apoio;
esta palavra de ordem como com estas políticas. É preciso - Os trabalhadores da Função
objectivo central nas suas acções combater a chantagem patronal Pública, que acabaram de perder o
para defender os direitos dos sobre o emprego, os salários e os vínculo no início deste ano, estão a
trabalhadores. horários de trabalho. Vamos criar ser pressionados para abandonarem
esperança e confiança nos os contratos de trabalho, para
Das respostas de Arménio Carlos à aceitarem a “mobilidade especial”,
trabalhadores para resistirem e
delegação destacamos:
reclamarem alternativas – tal como ou a serem levados a pedir a
“É de saudar a vossa iniciativa, foi expresso na Manifestação do reforma antecipada. Se todos os
sobretudo numa altura em que a passado dia 13 de Março – e exigir sectores se unissem, perante esta
ofensiva contra os direitos, que a economia esteja ao serviço ofensiva, seria muito importante;
liberdades e garantias dos dos trabalhadores, do povo e do - Retomando o lema da necessidade
trabalhadores tem sido sistemática, país, e não subordinada aos de mudar de rumo, reforçaram que
ao ponto de haver vários interesses dos grandes grupos tal exigência passaria pela proibição
sindicalistas com termo de económicos e financeiros.” dos despedimentos, fosse em que
identidade e de residência, como No diálogo que teve lugar, os situação fosse. As medidas para
meio de pressão policial para os militantes da delegação afirmaram salvar as empresas, para as
tentar condicionar na sua estar a participar nas acções da reestruturar, etc., seriam feitas
participação na luta contra as CGTP – ao nível das organizações salvaguardando os postos de
políticas do Governo e contra as sindicais a que pertencem – e trabalho, com a mobilização dos
acções de algumas entidades chamaram a atenção para as recursos necessários para tal
patronais.” seguintes questões: objectivo, como os trabalhadores
“Naturalmente que a CGTP-IN é - A situação de precariedade é tão portugueses já mostraram ser
contra os despedimentos e a forma grande, nomeadamente nos capazes aquando da Revolução do
como muitos deles estão a ser feitos. professores, que muitos se vêem 25 de Abril.
Assim, teremos em consideração a obrigados a aceitar trabalhar uns
vossa proposta nos objectivos mais
3
Informaram que esta campanha Arménio Carlos despediu-se da
estava a ser realizada em mais delegação expressando o sentimento
países da Europa, dando o exemplo de que éramos sempre bem-vindos à
da França, onde se prepara uma sede da CGTP e que esperava por
marcha sobre Paris – com o mesmo nós no Primeiro de Maio.
objectivo de exigir ao Governo a A delegação respondeu que irá
proibição dos despedimentos – e prosseguir a sua batalha política,
que dirigentes do PCF terão que considera vital para a defesa da
afirmado estar de acordo com esta vida de cada trabalhador e do nosso
palavra de ordem. país.

Relato do encontro entre as delegações do POUS/RUE e do BE,


realizado no dia 22 de Junho de 2004, na sede do BE, em Lisboa

Carmelinda Pereira, Paula Montez, dos despedimentos nas empresas este objectivo é necessária mobiliza-
Margarida Pagarete, Maria Helena que derem lucro e a abolição do sigilo ção de todos os recursos do País,
Gomes – membros da Lista bancário, para que possam ser nomeadamente a renacionalização do
POUS/RUE às eleições para o PE – e evitadas as falências fraudulentas. sector energético, medida que o BE
José Guimarães, apoiante desta lista, também defende.
Avança, ainda, com a exigência de
foram recebidos por José Gusmão e
medidas de protecção social aos O POUS considera que um tal
Rogério Moreira, dirigentes do BE.
desempregados. plano exige um Governo que adopte
Objectivo do encontro: trocar
uma política em que o eixo
opiniões sobre a possibilidade de uma O BE tem a preocupação de
determinante seja o da defesa dos
acção em unidade para exigir a ganhar uma maioria – pelo menos na
interesses dos trabalhadores e de
proibição dos despedimentos. opinião pública e, se possível, social
todos os postos de trabalho, sob pena
Do diálogo havido, tomamos nota – para, depois, a traduzir em maioria
de ser continuado o processo de
do seguinte: política.
destruição da Segurança Social e dos
Quer o BE quer o POUS Procura encontrar plataformas de outros serviços públicos.
consideram de extrema gravidade a luta entre todos quantos estão com a
Foi sublinhado que a palavra de
situação dos despedimentos em massa mesma preocupação, ajudar a
ordem de proibição dos
e do trabalho precário. alavancar lutas nas empresas de
despedimentos, para os membros da
grande dimensão, sem contudo
O BE caracteriza a actual situação Lista POUS/RUE, não é propaganda.
pretender impor-se às organizações
como “uma catástrofe social imensa” É sim um objectivo em torno do qual
dos trabalhadores nas empresas.
e coloca como primeira prioridade do se batem para ajudar à realização da
seu programa político a luta pelo Reconhece que existe uma maioria unidade para um mesmo fim de todas
emprego. de esquerda, procura dar o seu os partidos políticos que se reclamam
contributo para que esta se da defesa dos interesses dos
solidifique, avançando com a trabalhadores e do socialismo,
Para o POUS, defender os postos expectativa da alternativa possível. independentemente da opinião que
de trabalho é defender um direito possam ter sobre a União Europeia.
inalienável que permite aos Tem a preocupação em avançar
com propostas que possam ser Consideram que este objectivo não é
trabalhadores sobreviver na sociedade sindicalista; é um objectivo político,
em que vivemos e, em simultâneo, maioritárias, pondo reticências
que traduz uma opção pelo
defender os sectores produtivos da naquelas que lhe retirem apoio, como socialismo, uma opção pela ruptura
sociedade, sem os quais não haverá é o caso da proposta do POUS de com as medidas do sistema
futuro. Aceitar a situação em que se exigência de proibição dos
capitalista, que os diferentes governos
vive, seria aceitar a morte anunciada. despedimentos.
têm posto em prática até esta data, em
O BE – no seu programa eleitoral A Lista do POUS/RUE considera Portugal.
em elaboração e discussão pública – que é necessário encontrar uma
resposta para todos os trabalhadores, Há quem levante o problema das
aponta como medidas imediatas a pequenas ou médias empresas
exigência de revogação do Código do e não apenas aqueles que estão em
empresas lucrativas. Para conseguir insolventes. Pois será com uma
Trabalho, bem como a proibição

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política cuja lógica seja a da defesa ajudar a realizar a unidade da classe
sindicais, em defesa da proibição
de todos os postos de trabalho, de trabalhadora – a qual só pode ser
dos despedimentos, independente-
proibição dos despedimentos que realizada tendo por base as suas
mente das posições que cada uma
poderão e deverão ser criadas ou organizações. A delegação do BEpossa ter noutros assuntos.
apoiadas as redes ou associações ficou de transmitir estas posições à
A Lista do POUS/RUE considera
dessas empresas, a partir das quais Mesa do Bloco de Esquerda. que será através dessa unidade que
poderão ser canalizados os recursos
necessários para as manter, com os Por sua vez, a Lista do se poderá ajudar o conjunto dos
seus postos de trabalho. POUS/RUE ficará a aguardar uma trabalhadores a derrotarem as
resposta, ao mesmo tempo que irá políticas que decorrem das
É convicção da Lista do continuar a agir – com os meios directivas da União Europeia e dos
POUS/RUE que, se o BE avançasse democráticos ao seu alcance – no seus tratados.
também uma tal proposta, isso seria sentido de contribuir para a reali- Trata-se de uma questão vital
um extraordinário impulso para a zação da unidade dos trabalhadores para os trabalhadores e para a
mobilização dos trabalhadores, para com as suas organizações políticas e sociedade no seu conjunto.

Relato do encontro entre uma delegação da Lista do POUS/RUE e um dirigente do PCP

No passado dia 24 de Junho uma ainda mais profunda, e que há muitos sectores estratégicos da economia (como
delegação de militantes da Lista do anos que o PCP vinha a alertar que isto é o caso da energia, dos transportes e das
POUS/RUE – constituída por iria acontecer. telecomunicações).
Carmelinda Pereira, Joaquim Pagarete, Referindo-se à intervenção do PCP Jorge Pires citou o caso do BPN, em
José Guimarães e Teresa Fernandes – foi na sociedade portuguesa, Jorge Pires que o Governo nacionalizou a parte
recebida, na sede do PCP, por um afirmou: “Temos a força institucional arruinada do banco, injectando-lhe
membro da Comissão política deste que vocês conhecem, temos feito um milhões, para depois a voltar a
partido, Jorge Pires. esforço muito grande para que os privatizar, deixando os activos valiosos
Começando por afirmar que não era trabalhadores venham para a luta, e na mesma nas mãos dos especuladores.
objectivo dos militantes da Lista do muitos trabalhadores já perceberam que É como ficar com “os ossos” e deixar-
POUS/RUE dar qualquer lição ou só as eleições não irão alterar grande lhes “a carne”. O Governo recusou a
concorrer com o PCP, Carmelinda coisa.” proposta do PCP que defendeu a
Pereira apresentou a razão de ser do Comentou, em seguida, a situação na nacionalização do banco por inteiro,
pedido daquele encontro, como sendo a Auto-Europa, como sendo um transformando-o num banco especiali-
expressão da vontade em contribuir para laboratório do imperialismo em zado para apoiar as pequenas e médias
a unidade de todas as organizações dos Portugal, onde desde há muitos anos os empresas.
trabalhadores, única maneira de poder trabalhadores têm sido levados a perder A este propósito lembrou, ainda, a
ser imposto ao Governo a proibição dos direitos em troca da chantagem de preocupação com o futuro dos 4500
despedimentos. José Guimarães reforçou segurar o seu posto de trabalho. trabalhadores do BPN.
esta posição, afirmando que se tratava da Jorge Pires falou, também, da Esta exposição levou a delegação a
defesa da classe trabalhadora e da sua situação das pequenas e médias defender a necessidade do PCP utilizar a
existência – já que os trabalhadores não empresas – que são o suporte do tecido sua enorme força na sociedade
podem viver senão do seu trabalho – produtivo e que não têm apoio nenhum. portuguesa – em particular no seio dos
bem como da sobrevivência da própria Neste sentido, os despedimentos – que já trabalhadores – através das organizações
sociedade portuguesa. ultrapassam os 600 mil – só poderão sindicais e CT’s, lembrando como estas
continuar, numa situação em que na aprovaram a renacionalização dos
Jorge Pires saudou a nossa iniciativa,
agricultura a situação é igualmente de sectores estratégicos da economia
pelo interesse relevante da mesma,
catástrofe, dando como exemplo o que nacional, no seu último Encontro, para
afirmando: “Vamos colocar como tema
está a acontecer aos produtores de leite, levantar a mobilização com todas as
central – no debate na Assembleia da
incapazes de poder competir com a outras organizações, a fim de impor ao
República desta tarde, com o Primeiro-
colocação de leite que vem do governo de Sócrates a proibição dos
ministro – o desemprego e a destruição
estrangeiro a 39 cêntimos o litro. despedimentos. Este era o objectivo que
do tecido produtivo.” Explicou, ainda,
Mostrando, assim, que a resposta ao norteava toda a acção dos militantes da
que todos os indicadores mostravam que
problema central do desemprego só Lista do POUS/ RUE.
Portugal se encontrava numa profunda
poderá ser feita com a defesa do tecido Jorge Pires disse à delegação que iria
recessão e que, segundo vários analistas,
produtivo nacional, o que exige a colocar a nossa proposta na próxima
iria haver uma segunda vaga da crise
renacionalização da Banca e dos outros reunião da Comissão Política do PCP.

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Encontro com trabalhadores da Alfândega do aeroporto de Lisboa

Uma delegação da lista do desta fronteira externa da Europa. Em toda a sua legislatura, este
POUS/RUE às eleições para o governo não parou de diminuir os
Parlamento Europeu, foi recebida, Foi deste profissionalismo que poderes e a capacidade de
no dia 30 de Maio, por nos falou a delegação da CT pré- intervenção destes trabalhadores,
trabalhadores da Alfândega do sente no encontro, quando nos disse: retirando-lhes direitos como a
aeroporto de Lisboa, no quadro da licença de cinco dias em período
campanha pela proibição dos “Somos 150 funcionários na invernal, importante se pensarmos
despedimentos desenvolvida por Alfândega de Lisboa, dos quais 50 em equipas trabalhando por turnos,
esta lista. estão ligados ao serviço da sala de como forma de dividir e gerir entre
bagagem do aeroporto, trabalhando si o período de férias; a retirada da
Esta delegação integrou a cabeça por turnos (com equipas de 7), 24 dignidade de usufruir de dois dias
de lista, Carmelinda Pereira, sobre 24 horas. de nojo por perda de um parente
acompanhada de mais três dos seus próximo (tios, por exemplo). E o
membros: Helena Gomes, Joaquim Do desempenho dos trabalha- que mais virá por aí, se até mesmo
Pagarete e Paula Montez. dores alfandegários resulta também já se considera a possibilidade da
uma parte de receitas do para o perda de suplementos correspon-
Da parte dos trabalhadores Orçamento do Estado, através da dentes a cerca de 30% do
daquele sector encontravam-se três cobrança de taxas alfandegárias. vencimento!
elementos, um deles Director do
serviço e outro membro da Ainda não temos o problema do A estes problemas há também
Comissão de Trabalhadores. desemprego, mas temos outros que juntar o novo sistema de
problemas como resultado da perda avaliação, de incentivo à compe-
A reunião realizada permitiu-nos do vínculo ao Estado, com a tição, sujeito a quotas, gerador de
ficar com uma representação da vida aplicação da lei 12 –A/2008, tal injustiças no seio das equipas de
deste sector da Função Pública, da como foi feito a todos os outros trabalho, minando as relações
sua importância para a sociedade e trabalhadores da Função Pública, humanas, com perda ou ganho de
para o Estado e, ainda, dos com excepção daqueles que estão benefícios, o que é destruidor da
problemas com que estão confron- ligados a funções de segurança ou cooperação entre pares.
tados os seus trabalhadores. de soberania do Estado Português.”
Os trabalhadores das Alfândegas
É assim que podemos fazer o As consequências para estes defendem a manutenção do vínculo
seguinte retrato: trabalhadores são ainda mais graves, ao Estado com todas as
pois, da sua leitura, pode deduzir-se prerrogativas que até agora lhes
“A importância de manter a que é esvaziado o conteúdo permitiram exercer funções de
segurança e a legalidade nas funcional do serviço, um serviço segurança da sociedade e do Estado.
nossas fronteiras” que é também de segurança; já que
são eles que estão no terreno da
Uma Alfândega capaz de manter apreensão das mercadorias ilícitas
a segurança e a qualidade dos seus que chegam à fronteira de passagem POUS
serviços, exige um grupo de traba- para o espaço nacional e para os
lhadores formados e qualificados, outros países da União Europeia,  (fax): 21 325 78 11
vinculados profissionalmente a um como é o caso das armas, dos http://pous4.no.sapo.pt
Estado que deposite nestes capitais ilícitos, do tabaco, das
profissionais a sua confiança, exija espécies protegidas (fauna e flora), E-mail: pous4@sapo.pt
o seu profissionalismo e lhes dos objectos culturais, e, com risco
garanta a possibilidade de manterem para a saúde pública, os medica-
as suas carreiras, devendo para isso mentos contrafeitos e os alimentos
Sede: Rua de Santo
ser-lhes atribuídos os poderes sem controlo, se poderá garantir a António da Glória, nº 52
necessários ao exercício pleno das segurança e a legalidade do espaço B, cave C, 1250 – 217
suas funções: zelar para que a nacional, bem como enquanto Lisboa
criminalidade não penetre pelas fronteira de passagem para outros
fronteiras., garantindo a segurança países da Europa. Telefone: 213225931

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“A Petrogal para Portugal, não para o grande capital!”

Encontro com uma Começou por frisar que, desde A nossa batalha continua a ser
delegação da Comissão de 1975, a posição da CT tem sido a mesma: queremos uma empre-
Trabalhadores da Petrogal, em sempre a mesma: defendemos a sa ao serviço dos trabalhadores
25-5-2009 nacionalização e a fusão de todas portugueses, subordinada aos
as empresas do sector dos interesses do Estado.
Carmelinda Pereira, Helena Petróleos na Petrogal (que hoje é
Gomes, Jaime Crespo, Joaquim uma parte da holding da energia Nos seus primeiros anos a
Pagarete e Teresa Fernandes – – a Galp Energia). O nosso Petrogal serviu de “Banco do
todos membros da lista do slogan sempre foi: “A Petrogal Estado”. Em seguida, em troca
POUS/RUE às eleições para o para Portugal, não para o de um encaixe de 400 ou 500
PE – reunimos com Augusto grande capital!”. milhões de contos, os lucros cho-
Valério e Hugo Basto, da rudos que a empresa continuou a
Comissão de Trabalhadores da Em 1976, quando houve o dar foram transferidos para os
Petrogal (Galp Energia), no processo de nacionalização e de bolsos da ENI e do Américo
passado dia 25 de Maio de 2009. verticalização de todo o Sector Amorim (que detêm cada um
dos Petróleos, a Petrogal passou 33% do capital, sendo os
Carmelinda Pereira reafirmou de 3000 para 7000 trabalhadores. restantes 25% de uma
aos delegados da CT a razão Hoje, tem apenas 2300. multinacional com nome inglês –
daquele pedido de encontro: a a “Free Float”).
acção da Lista do POUS/ RUE, O processo de privatização
para ajudar a criar as condições desta empresa iniciou-se em Com a privatização, aumentou
que imponha ao Governo todas 1989 (quando Cavaco Silva era a exploração dos trabalhadores
medidas para proibir os despedi- Primeiro-ministro e Mário (sujeitos às “polivalências”, tam-
mentos, põe na ordem do dia a Soares era Presidente da bém chamadas “multivalências”
necessidade de mobilizar todos República) com a passagem da – estar sempre preparado para
os sectores estratégicos do país. Petrogal EP a Petrogal SA. fazer outro tipo de trabalho).
Sendo a Petrogal um deles,
vimos apresentar à sua CT esta Entre 1981 e 1989 Por outro lado, há cada vez
posição. representantes da CT tinham mais recurso ao trabalho de em-
assento no Conselho Fiscal da presas subcontratadas (“outsour-
Augusto Valério disse que ele empresa, deixando de estar cing”): os empreiteiros e subem-
e o seu colega estavam ali com representados a partir daí, o que preiteiros representam muitos
um mandato definido em reunião coincidiu com sucessivos golpes milhares de trabalhadores, ainda
da Comissão Nacional de Traba- para a destruição da empresa mais do que os perdidos pela
lhadores da Petrogal, tornando como entidade pública. empresa.
claro que o único movimento em
que participavam era o das CT’s, Actualmente, a parte pública E, ainda, os novos trabalha-
dores não têm os mesmos direitos
não estando a sua CT directa- está reduzida a 8% (a Parpública
sociais e garantias que os que já cá
mente ligada a nenhum sindicato tem 7% e a CGD tem 1%). E os
estão. Não têm a mesma reforma,
ou partido. Em seguida, deu as sucessivos governos têm nem salários, nem Segurança
seguintes informações sobre a apostado em vender o que é Social. São trabalhadores “de
evolução da empresa. ainda público. segunda”!

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“Nunca o mundo teve tantas condições para ser melhor!”

“Defendemos a renacionalização da TELECOM: estão em causa a soberania, a


economia, a empresa, os trabalhadores e as pensões de reforma.”

Quatro membros da lista do “Ter emprego é considerado um


Notemos que há empresas que
POUS/RUE (Carmelinda Pereira,
gastam mais dinheiro em privilégio”
Margarida Pagarete, Paula Montez e
telecomunicações do que em
Rosa Pereira) que reuni-ram, no dia A administração da PT diz aos
salários e como são milhões de
5 de Junho, com três membros da trabalhadores que, hoje, é um
pessoas a utilizá-las, uma alteração
CT da TELECOM, entre os quais o privilégio ter emprego.
mínima num tempo de telefone,
seu Coordenador, Francisco Como tal, os trabalhadores terão
traduz-se em ganhos de milhões.”
Gonçalves. que abdicar de direitos para manter
o seu emprego. Ao mesmo tempo
“As receitas da Empresa devem que a administração apresenta
Do diálogo havido, destacamos ser canalizadas para como meio de ultrapassar a crise,
algumas intervenções dos militantes investimento produtivo” despedir.
da CT onde era manifesto o desejo Há um aumento generalizado de
de agir, numa acção comum, para “Um sector destes é demasiado trabalho precário na PT. Estão a
defender os interesses do país, importante para estar nas mãos de ser usados estagiários, ao arrepio
colocando em primeiro plano a capitalistas. Os seus lucros da lei.
necessidade da renacionalização da fabulosos que deviam ser Um estagiário licenciado recebe
PT. Destacamos, ainda, a sua canalizados para investimentos agora 650 euros, quando antes
consciência sobre o sentido de produtivos, vão essencialmente para entrava na empresa a ganhar 1100
responsabilidade nas funções que os grandes accionistas, que os euros.
desempenham como representantes jogam na Bolsa, com a agravante Os gestores consideram que os
dos trabalhadores, numa empresa de não pagarem impostos, enquanto trabalhadores ganham demasiado.
tão relevante para o nosso país. os pequenos accionistas pagam ao Assim, foi possível a assinatura de
Disseram os membros da CT: Estado 20% do seu lucro. Para um acordo com as direcções
poderem escapar a este pagamento, sindicais, segundo o qual só
os grandes accionistas utilizam a receberam aumento os
“Nunca pomos os interesses estratégia de receber os lucros trabalhadores com salários até
pessoais acima do interesse através d uma empresa sediada na 1350 euros. Este aumento foi de
colectivo. Estamos muito honrados Holanda, denominada BV. É o caso 1%. Além disso, foi distribuído um
por sermos contactados; quer dizer do grande accionista BES, que vai prémio de 250 euros a cada
que somos reconhecidos como receber de lucro 50 milhões de trabalhador da empresa, quer
estrutura que tenta melhorar as euros. aqueles que foram aumentados quer
coisas. O Governo pode intervir na empre- os restantes.
sa, nomeadamente na distribuição Todos estes valores correspondem a
Já que as telecomunicações são destes dividendos, quer através da uma quantia inferior àquela que
estratégicas para qualquer sua «golden share», quer através da quatro administradores tiveram
economia, a nossa responsabilidade Caixa Geral de Depósitos (que como prémio!
nesta Comissão de Trabalhadores é detém 6% do capital social). Depois, ainda é feita propaganda
acrescida. Segundo as prerrogativas junto da opinião pública, dizendo
decorrentes desta posição do que os trabalhadores da PT são uns
A evolução dos recursos tecnoló- Estado, a distribuição dos privilegiados, comparando-os com
gicos, em matéria de comunica- dividendos acima de 45% dos os de outros sectores que ganham
ções, faz com que os mesmos lucros tem que ter o voto favorável muito menos.
tenham um papel cada vez mais do Estado. Ora a distribuição foi de Entretanto, o dinheiro do Fundo de
predominante nas receitas do nosso 90% dos lucros, e o Estado não Pensões dos trabalhadores é
país. Trata-se de um sector que interveio em nada disso, na também lançado na especulação. É
chega a dinamizar mais receitas Assembleia Geral da empresa do assim que este Fundo sofreu uma
que a própria Banca. passado dia 28 de Março.” perda de 650 milhões de euros.

8
“O que interessa é o lucro” “O discurso do POUS é
globalmente a nossa maneira de António Guterres, por imposição do
“Estão a ser consumidos os pensar” Tribunal Europeu de Justiça, que
recursos do país. Até do ponto de não aceitou que o Estado português
vista da qualidade da vida urbana e “Tudo isto é tão claro. Nunca o tivesse ficado, na primeira revisão,
da harmonia dos espaços, a PT está mundo teve tantas condições para com o direito de manter – no sector
a regredir de forma brutal. as pessoas terem uma vida melhor. público – 51% do capital das
Manuela Ferreira Leite vendeu a Se for o Estado a ter o controlo empresas que, até então, eram
rede de distribuição, fazendo assim desta empresa, podemos exigir ao consideradas como “conquistas
o Estado português abdicar da Governo outra forma de a gerir. irreversíveis das classes trabalha-
«auto-estrada» da comunicação que Fizemos o 25 de Abril para ser doras”, por proposta do Grupo
era antes pública. seguido outro caminho. parlamentar do PS, na Assembleia
A ANACOM obriga a PT a ceder É por isso que admiro a luta dos Constituinte de 1976.
essa rede, em nome da concor- professores e o discurso do POUS é Agora, está de novo colocada a
rência, e permite que as empresas globalmente a nossa maneira de imposição de nova revisão
construam novas redes. Chega a pensar. Constitucional, já que a Comissão
haver prédios com quatros redes. É Defendemos a renacionalização da Europeia colocou outra vez o Estado
a qualidade da vida urbana que está PT. Português no Tribunal Europeu de
a ser posta em causa pelo lucro. São mais os que trabalham do que Justiça, por este manter ainda uma
Nós não aceitamos esta política; os que mandam. Se nós nos posição em empresas como a PT,
por isso, há pessoas nesta empresa juntarmos todos …” através da “golden share”.
a incomodar. Mas nós dizemos aos
administradores: fomos eleitos; Esta exigência obrigou já à revisão (1) - A União Europeia decidiu
mais de 50% dos trabalhadores da Constituição portuguesa, por que todos os governos têm que
votaram em nós, enquanto vocês duas vezes. A primeira, no governo nacionalizar os sectores das comuni-
foram nomeados.” (1) de Cavaco Silva e a segunda no de cações, dos transportes e da energia.

“Somos hoje a metade dos trabalhadores daquilo que já fomos e a empresa tem vindo
a dar lucros ao longo dos anos…”

Encontro com a Comissão de sendo que no concelho de Lisboa Decide-se, então, constituir a
Trabalhadores da EPAL (Empresa também vende água directamente. empresa holding Águas de
Pública de Águas Livres, SA) Hoje em dia, a EPAL somente exerce Portugal, que passou a controlar
essas funções na margem norte do 68 empresas, entre elas a EPAL,
Carmelinda Pereira, Helena Carvalho e Tejo, com venda por parte dos SMAS cujo modelo de gestão é
Margarida Pagarete, membros da lista do (Serviços Municipais de Água e alterado desde aqui.
POUS/RUE às eleições para o PE, Saneamento). Nas outras regiões do Hoje, a Águas de Portugal tem
reunimos com José Martins, Presidente da país são os próprios municípios que apenas 67 empresas, tendo já
Comissão de Trabalhadores da EPAL e tratam de todo o ciclo de abaste- uma delas sido vendida; apenas
mais cinco dos onze membros desta CT – cimento da água. três destas apresentam lucros,
distribuídos pelas várias filiais (Olivais, Assim, a EPAL é uma empresa entre elas a EPAL.
Vila Franca de Xira, Lisboa-sede,…) – no regional, fazendo parte da holding Embora assim seja, José
passado dia 2 de Junho, em Lisboa. Águas de Portugal. Martins considera que “a EPAL
não é bem gerida”. Não há
José Martins começou por fazer uma Durante a legislatura em que Guterres admissões na empresa que com-
descrição histórica da organização da era Primeiro-Ministro, surgiu o pensem as saídas de trabalhado-
empresa, dizendo que esta já existe há 140 projecto de transformação da EPAL res para reforma e pré-reforma,
anos – sob o nome de CAL (Companhia de numa empresa de carácter nacional, sendo que o Conselho de Admi-
Águas Livres) desde o seu início e, após o que gerisse e distribuísse a água em nistração prefere entregar o tra-
25 de Abril, de EPAL. Nesta data, a todo o país; mas esse projecto vem a balho que é necessário fazer na
empresa possuía 1756 trabalhadores, tendo ser chumbado, principalmente com a empresa a empresas prestadoras
agora 788, menos de metade. oposição do então Presidente da de serviços, as chamadas “em-
As funções da empresa compreendem a Câmara Municipal do Porto, preiteiras” ou “outsourcings”.
captação, o tratamento, a adução e a Fernando Gomes.
distribuição (com transporte) de água,

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É por esta política, verificada desde a saneamento (o tratamento das águas reconstrução nacional e um
constituição da holding e integração da residuais) que é hoje em dia controlado bastião na defesa da água e
EPAL nesta, que o número de trabalhadores pelos SMAS dos vários municípios. Os contra a sua privatização
da empresa tem vindo a cair drasticamente SMAS e a EPAL estão agora em (hoje na ordem do dia e
ao longo dos anos e que ela tem cada vez negociações. presente nas directivas da
mais quadros superiores e menos operários. Os princípios deste projecto têm o União Europeia), e que as
acordo da CT, pois esta considera que Comissões de Trabalha-
Por exemplo, nos sectores do atendimento “o ciclo urbano da água está parado”, dores – como estruturas
telefónico, da segurança e da limpeza, os sendo que através dele é possível fazer democráticas eleitas pelos
funcionários já são inteiramente de fora da reciclagem e reutilização da água trabalhadores, e conquista
empresa. Também nas reparações e nas residual, o que é muito importante da Revolução do 25 de
oficinas o mesmo está a acontecer. E, ainda, devido à situação de falta de água em Abril – não defendem só os
os novos trabalhadores não têm os mesmos que vivemos; a transformação da água trabalhadores, mas também
direitos sociais e garantias que os que já lá salgada em doce só existe em Porto a instituição de que fazem
estão. Não têm a mesma reforma, nem Santo, e é um processo muito parte.
salários, nem Segurança Social. São dispendioso. No entanto, a EPAL não
trabalhadores “de segunda”. possui condutas específicas para este Felicitou os membros da CT
tipo de trabalho e as condutas de por continuarem a cumprir
José Martins afirma que a água dá sempre saneamento não se encontram em este papel. Referiu o pro-
lucro, sendo que a única coisa que cabe ao condições, estando calculada no valor blema do estatuto diferente
Conselho de Administração (CA) é de 150 milhões de euros a reabilitação que têm os trabalhadores
controlar as despesas e investimentos face só das existentes em Lisboa. Se se contratados, explorados e
às receitas. Só no exercício de 2008 foram verificasse a passagem desta função sem qualquer garantia
estimados 26,5 milhões de euros de lucros. para a EPAL, seria esta a arcar com as social. Questionou porque
despesas. dão prejuízo as empresas da
José Martins relatou-nos uma situação com Os membros da CT não concordam Águas de Portugal, exceptu-
que os trabalhadores estão a ser com este investimento, para além de ando aquelas três empresas,
confrontados pelo CA. Passa-se que este que, apesar de não haver problemas de referindo o grande montante
propôs em Março, numa Assembleia Geral pessoal na área administrativa, se se que foi dado para estancar o
da EPAL, que – em vez de haver uma verificasse a mudança seria mais buraco do BPN e conclu-
distribuição de lucros pelos trabalhadores, complicado em termos de técnicos no indo que há dinheiro e
como sempre foi e como consta dos terreno, visto que não podem ser os capacidade de trabalho para
estatutos da empresa – haja a atribuição de mesmos a tratar da parte da água a situação ser outra,
um prémio aos trabalhadores, que seria, em potável e da parte da água residual. seguindo o princípio de que
relação ao ano de 2008, no valor de 1 Para a CT é necessário salvaguardar a “todos sabemos tudo e
milhão e 400 mil euros. O Presidente da CT empresa em termos além de que, todos podemos tudo”.
conta que esta mudança faz parte de uma apesar de não económicos e
directriz do ministro Vieira da Silva para financeiros. José Martins interveio
que – colocando tudo no mesmo bolo e ainda para se referir à
fazendo parecer que há aumento de custos Outra questão que é factor de
questão dos fundos
com o pessoal – haja mais 11% de retenção apreensão para a CT é a da alienação
para a Segurança Social do que aquilo que de património não afecto à exploração comunitários, que diz não
acontece agora. A CT está contra esta pertencente à EPAL, que lhe foi serem devidamente apro-
situação e está a realizar uma luta para que vendido a preço irrisório ou cedido, veitados e que na
ela não se verifique, sendo que já pediu um por ser uma empresa pública. Pensam Empresa se limitam a
parecer jurídico sobre o assunto e elaborou também que a mudança que o CA quer discutir o timing de
um comunicado aos trabalhadores. realizar das instalações da sede aplicação dos mesmos.
principal da Av. da Liberdade para os
O Presidente da CT falou-nos ainda de outra Olivais pode estar relacionada com Para além disto, diz que
situação, que desde Maio está a ser posta em esta situação e estão em alerta quanto a as empresas não podem
prática na EPAL. Trata-se do Projecto isso. A seguir à exposição de José ser privadas para concor-
“Visão EPAL” – elaborado pelo Boston Martins, Carmelinda Pereira interveio
rer a estes fundos, como é
Consulting Group, uma empresa dos EUA para explicar o porquê da Lista POUS/
contratada pelo CA da EPAL – que visa pôr RUE ter pedido para reunir com a CT o caso do programa
a EPAL a controlar todo o ciclo da água; ou com a EPAL. Explicou que a empresa PESAAR-2.
seja, que passe a controlar também o é um pilar num futuro plano de

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«O Governo tem que ser soberano!
E, não andarmos aqui ao sabor de grandes grupos económicos, nacionais e transnacionais!»

Encontro com uma delegação da “A TAP tem 7 mil trabalhadores que Estes não são os interesses dos
Comissão de Trabalhadores fazem o seu melhor para que a trabalhadores, mas sim das
da TAP companhia tenha o seu melhor administrações.
desempenho. Todos nos esforçamos Segundo V.B. e também explicitado
para que a empresa, garanta os nos comunicados, o Governo tem
Carmelinda Pereira, Helena Wallis e melhores padrões de qualidade.” conhecimento de todas estas
Joaquim Pagarete, todos membros da Esta afirmação está explicitada num situações, mas submete-se aos
Lista do POUS/RUE às eleições para dos comunicados da CT, de 12 de interesses de grandes grupos
o PE, reunimos com Vítor Baeta – Fevereiro de 2009, a propósito da económicos. É neste contexto que os
presidente da Comissão de Administração pretender entregar a trabalhadores estão a ver os seus
Trabalhadores da TAP, e com um manutenção da frota a uma empresa direitos a ser postos em causa.
responsável da Comissão de adquirida no Brasil – a VEM: “Estão “Não estivesse o Governo apenas
trabalhadores da Groundforce, sector em causa interesses financeiros da preocupado com os lucros dos
da TAP já privatizado. O encontro TAP e a imagem e o prestígio da grandes grupos económicos – e com
teve a presença da jornalista da RDP nossa manutenção e Engenharia”. a fixação de privatizar a TAP e a
– Raquel …, no passado dia 27 de Estes trabalhadores fizeram já frente a ANA – e seguramente não enfrentaria
Maio de 2009. várias crises da empresa. Não hoje as gravíssimas dificuldades que
Carmelinda Pereira reafirmou aos baixaram os braços quando a TAP foi se vão conhecendo. Os trabalhadores
delegados daquelas CT’s a razão empurrada para o abismo na não podem deixar de exigir uma
daquele pedido de encontro: «A acção “negociata com a Swissair”, tal mudança desta política de destruição
central da Lista do POUS/ RUE – como aquando da subida escandalosa de empresas públicas.” –
para ajudar a criar as condições que do preço da gasolina, tendo os seus Comunicado da CT, de 20 de Abril de
imponha ao Governo todas medidas salários sido congelados. 2009.
para proibir os despedimentos – põe A empresa está a dar um prejuízo “(…) teremos que defender os nossos
na ordem do dia a necessidade de diário de 213 mil euros, atingindo, em direitos e o futuro da Companhia” –
mobilizar todos os sectores 2008, 30 milhões de euros de Comunicado da CT de 8 de
estratégicos do país. Sendo a TAP um prejuízo, em virtude da aquisição pela Novembro de 2008.
deles, vimos apresentar à CT esta TAP de uma empresa falida, a VEM, Vítor Baeta afirmou que é necessário
posição.» situada no Brasil. que o Governo seja soberano, em vez
Do diálogo havido – e da informação Os trabalhadores perguntam: de andar ao sabor dos interesses de
contida em vários comunicados da “Andamos a trabalhar para quê e grandes grupos económicos nacionais
CT, que estes trabalhadores tiveram a para quem?” e transnacionais.
gentileza de nos fornecer – extraímos Os salários dos trabalhadores
o seguinte relatório. representam apenas 19%das receitas «O conceito de internacionalismo é
São trabalhadores e militantes – da empresa. o das comissões de trabalhadores e
profundamente ligados à defesa da não dos comités de empresa»
classe trabalhadora que representam, Contra a privatização
ligados à defesa da TAP como Na organização da luta do conjunto
empresa pública e a todas as De acordo com as directivas da União
dos trabalhadores para defender os
conquistas do 25 de Abril – que falam Europeia que impõem a privatização
direitos destes – que têm estado a ser
aos militantes do POUS/RUE é à de todo o sector de transportes, o
retirados ou a ser postos em causa – e
jornalista da RDP. governo de António Guterres des-
para defender a TAP como empresa
membrou-a em vários sectores –
pública, agem no quadro da Comissão
“Somos contra a privatização da Unidades de Negócios, preparando
de Trabalhadores e trabalham com os
Companhia. Pensamos que ela é assim a venda da mesma por partes.
sindicatos.
demasiado importante para o país, Carmona Rodrigues, no tempo do
Recusam ser um comité de empresa:
tanto em termos económicos como governo de Santana Lopes, apoiando-
«Não somos nenhum comité de
sociais. Não faz sentido o Governo se no decreto já feito, vendeu a parte
empresa, nem queremos vir a ser. Se
estar a abrir mão desta empresa. de serviços de terra, o sector de
o fôssemos, teríamos que ser ao
A TAP tem vendas no valor de 2,2 mil “Handling”.
milhões de euros, representando 2,5% mesmo tempo “Maria trabalhadora”
Este está agora desregulamentado, a
do PIB; é a maior exportadora e “Maria Patroa”. Não queremos
funcionar de forma deficiente. As
nacional” – diz-nos Vítor Baeta (V. que os trabalhadores percam, nem
consequências recaem sobre a TAP,
B.). queremos perder a nossa consciência
que abarca com os prejuízos causados
A propósito da crise, V. B. explicou: de classe!»
por privados.

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“Vai ter que ser a luta dos trabalhadores que vai ter que resolver isto”

Esta poderá ser a conclusão extraída do encontro, O mesmo problema se coloca às cerâmicas e às
realizado a 28 de Maio, entre uma delegação da empresas de injecção de alumínio, não estão a ser
Lista do POUS/RUE e representantes da direcção do abastecidos pela Lusitânia Gás.
Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Vidreira, Talvez fosse uma ideia a reflectir: fazer uma acção
no período da campanha para as eleições ao como a que foi feita para defender o SAP (Serviço
Parlamento Europeu. de Atendimento Permanente – na Saúde), unindo
todos os sectores – com os seus sindicatos e
Da parte da direcção sindical participaram três comissões de trabalhadores –, os vereadores e
dirigentes sindicais: o Coordenador Nacional (Vítor
representantes dos partidos políticos dos
Otão) e dois dirigentes regionais (Evangelino Nabeiro e
Etelvina Rosa). trabalhadores, numa Assembleia da população,
A Lista do POUS/RUE era representada por convocada pelo Presidente da Assembleia
Carmelinda Pereira, Aires Rodrigues e José Simões Municipal. Se esta Assembleia conseguir impor a
(operário da cristalaria). redução dos custos energéticos será possível a
No diálogo centrado sobre o problema dos sobrevivência de algumas empresas, e a
despedimentos, pode relatar-se as seguintes notas: manutenção dos postos de trabalho.”
“Era fundamental que não existissem mais
despedimentos”, começou por dizer Vítor Otão, numa Em seguida, Carmelinda Pereira, lembrando as acções
intervenção em que explicou: “Só desde 1999 foram dos trabalhadores da Marinha Grande, em vários
extintos no sector do vidro 1000 postos de trabalho, momentos da vida nacional – acções que abriram o
estritamente directos; a estes correspondem depois caminho a viragens na situação ou ajudaram outras
mais de 1000 postos de trabalho extintos, indirectos, populações a mobilizarem-se pelos mesmos objectivos
relacionados com o sector. – afirmou que seria de grande importância que ali, na
O sector da cristalaria é aquele onde a situação tem Marinha Grande, pudesse ser posta de pé uma iniciativa
sido mais grave. Agora é a chapa de vidro que está a para a unidade para defender os postos de trabalho e
começar a sofrer as consequências da crise e vai ser proibir os despedimentos.
também o vidro para o sector automóvel, com a crise Deverão ser os dirigentes sindicais a encontrar a forma
neste sector. de levar para a frente esta iniciativa.
O único sector que ainda está de boa saúde é o da
embalagem. Mas, neste sector tem sido a substituição A resposta à concretização de uma tal proposta
de postos de trabalho efectivo por postos de trabalho ficou em aberto, mas Evangelino Nabeiro afirmou,
precário. a este propósito:
“Hoje é possível mobilizar os trabalhadores para
Temos feito tudo para que a situação se inverta. Fomos
recebidos, mais do que uma vez, pelos grupos defender os postos de trabalho.
parlamentares, pedindo a alteração no preço do gás, Por vezes, são os trabalhadores que avançam
uma das razões que mais tem afogado o sector da propostas novas de luta à frente de nós, dirigentes
cristalaria. sindicais. Os investimentos para os bancos foram
feitos com o nosso dinheiro. Se há dinheiro para
Mas também há gestões fraudulentas. Os ataques são defender aqueles especuladores, então por que não
por toda a parte. Os professores têm feito tanto esforço, houve dinheiro para defender a Marividros, a
para que isto não chegasse ao ponto a que chegou. Canividro, a Dâmaso – dinheiro que é necessário
Vai ter que ser a luta dos trabalhadores que vai ter que aplicar, mas sob o controlo dos trabalhadores?
resolver isto.” Temos que exigir do Governo medidas para
defender o sector da cristalaria. Isto é a raiz do
Aires Rodrigues, partindo do exemplo do preço do
gás, afirmou por sua vez: povo da Marinha Grande. São mais de 250 anos.
“Ao pedido de abaixamento do preço do gás – que é O pessoal já passou por tantas lutas… Dantes
quase o dobro daquele que é praticado nas grandes diziam: «Olha lá estão os sacanas dos comunistas
empresas garrafeiras, na prática multinacionais– os da Marinha Grande!». Agora, são os trabalhadores
deputados e o Governo responderam que tal pedido de outras zonas do país a dizer que têm que fazer
não podia ser satisfeito. como na Marinha Grande!”.

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